jornal marco - edição 292

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Aos 101 anos, Raimunda Luzia da Conceição dá um exemplo de compreensão da importância do voto para a consolidação do processo democrático. Mesmo desobrigada de votar, ini- cialmente por ser analfabeta e, depois pela idade, ela tirou este ano seu título eleitoral e espera que a eleição municipal, que acontecerá em 7 de ou- tubro, seja a primeira, mas não a última. Por outro lado, há o eleitor que pretende manifestar seu descontentamento com os políticos, anulan- do ou votando em branco. Entrevistado pelo MARCO, o cientista político Rudá Ricci alerta que esse comportamento é uma falsa demons- tração de revolta. “Não gera absolutamente nada. O voto branco é computado como voto válido, mas se confunde com indecisão, não como protesto”, observa. Com a proximidade da eleição, as campanhas chegam cada vez mais às ruas e os programas com as propagandas dos candidatos veiculados pela televisão e rádio, no horário eleitoral gra- tuito, passam a ser mais assistidos e comentados. Há quem aproveite o momento político para con- seguir trabalho temporário, distribuindo ‘san- tinhos’ dos postulantes aos cargos, agitando ban- deiras, colocando adesivos em carros ou tomando conta de ‘cavaletes’ distribuídos em praças e vias públicas. Páginas 10, 11, 12 e 13 marco LaboratóriodeJornalismodaFaculdadedeComunicaçãoeArtesdaPucMinas LaboratóriodeJornalismodaFaculdadedeComunicaçãoeArtesdaPucMinas LaboratóriodeJornalismodaFaculdadedeComunicaçãoeArtesdaPucMinas jornal Pedestres e motoristas que passam pelas ruas Jacutinga e Tito Novaes reclamam da sinalização e reivindicam instalação de semáforo. Página 4 Motoristas e praticantes de caminhadas têm relação quase nunca harmoniosa em muitas vias públicas na capital mineira. Página 8 Após ostracismo, Sérgio Mallandro vive uma fase produtiva na carreira.Ele revela estreia de progra- ma no Multishow e filme em Las Vegas. Página 16 Setembro • 2012 Ano 40 • Edição 292 YASMIN TOFANELLO YASMIN TOFANELLO RAÍSSA PEDROSA ELEIÇÕES MOBILIZAM CIDADÃOS Comunidade do Beira Linha protesta Insatisfeitos com a proposta de inde- nização feita pela Prefeitura, moradores da área do Beira Linha, no Bairro São Gabriel, protestam contra a desapropri- ação de seus imóveis. Ao todo, são 288 famílias a serem removidas de suas casas nessa área, e o que mais os preocupam, é que terão que deixar o bairro por não conseguirem comprar uma casa ou apartamento com o valor pago por seus imóveis. Página 6 Museu da FEB é revitalizado em BH Novas referências agora identificam o Museu da Força Expedicionária Brasileira, no Bairro Floresta. O monumento ao soldado anônimo, o “Praci- nha”, ou mesmo “Guarda Belo”, como era chamado pelos flanelinhas, foi transferi- do da Praça Afonso Arinos, e um canhão de guerra foi trazi- do do Rio de Janeiro. Com mais atrativos, o número de visitantes aumentou de 110 para 1 mil pessoas por mês. Página 8 Lazer sobre as águas do parque Na Lagoa dos Barcos, em meio a mar- recos e pombos, e entre uma ponte e um chafariz, pessoas de todas as idades remam tranquilamente seus barcos no Parque Municipal de Belo Horizonte. Apesar de ser uma forma antiga de lazer, pois estão lá há 60 anos, os barcos ainda são uma das principais atrações. Casais e famílias inteiras utilizam-se dos barcos, que são construídos e mantidos pelo barqueiro Ivanilton Almeida Rodrigues, que adminis- tra o negócio. Página 14 SARA MARTINS ANA CAROLINA SIMÕES RAISSA PEDROSA

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Jornal Marco, FCA, PUC MINAS

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Page 1: Jornal Marco - Edição 292

Aos 101 anos, Raimunda Luzia da Conceição

dá um exemplo de compreensão da importância

do voto para a consolidação do processo

democrático. Mesmo desobrigada de votar, ini-

cialmente por ser analfabeta e, depois pela idade,

ela tirou este ano seu título eleitoral e espera que

a eleição municipal, que acontecerá em 7 de ou-

tubro, seja a primeira, mas não a última. Por

outro lado, há o eleitor que pretende manifestar

seu descontentamento com os políticos, anulan-

do ou votando em branco. Entrevistado pelo

MARCO, o cientista político Rudá Ricci alerta

que esse comportamento é uma falsa demons-

tração de revolta. “Não gera absolutamente nada.

O voto branco é computado como voto válido,

mas se confunde com indecisão, não como

protesto”, observa.

Com a proximidade da eleição, as campanhas

chegam cada vez mais às ruas e os programas

com as propagandas dos candidatos veiculados

pela televisão e rádio, no horário eleitoral gra-

tuito, passam a ser mais assistidos e comentados.

Há quem aproveite o momento político para con-

seguir trabalho temporário, distribuindo ‘san-

tinhos’ dos postulantes aos cargos, agitando ban-deiras, colocando adesivos em carros ou tomandoconta de ‘cavaletes’ distribuídos em praças e viaspúblicas. Páginas 10, 11, 12 e 13

marcoLaboratóriodeJornalismodaFaculdadedeComunicaçãoeArtesdaPucMinas•LaboratóriodeJornalismodaFaculdadedeComunicaçãoeArtesdaPucMinas•LaboratóriodeJornalismodaFaculdadedeComunicaçãoeArtesdaPucMinas

jornal

Pedestres e motoristasque passam pelas ruasJacutinga e Tito Novaesreclamam da sinalizaçãoe reivindicam instalaçãode semáforo. Página 4

Motoristas e praticantesde caminhadas têmrelação quase nunca harmoniosa em muitasvias públicas na capitalmineira. Página 8

Após ostracismo, SérgioMallandro vive uma faseprodutiva na carreira.Elerevela estreia de progra-ma no Multishow e filmeem Las Vegas. Página 16

Setembro • 2012Ano 40 • Edição 292

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ELEIÇÕES MOBILIZAM CIDADÃOS

Comunidade do Beira Linha protesta

Insatisfeitos com a proposta de inde-

nização feita pela Prefeitura, moradores

da área do Beira Linha, no Bairro São

Gabriel, protestam contra a desapropri-

ação de seus imóveis. Ao todo, são 288

famílias a serem removidas de suas casas

nessa área, e o que mais os preocupam, é

que terão que deixar o bairro por não

conseguirem comprar uma casa ou

apartamento com o valor pago por seus

imóveis. Página 6

Museu da FEB é revitalizado em BHNovas referências agora

identificam o Museu da Força

Expedicionária Brasileira, no

Bairro Floresta. O monumento

ao soldado anônimo, o “Praci-

nha”, ou mesmo “Guarda

Belo”, como era chamado

pelos flanelinhas, foi transferi-

do da Praça Afonso Arinos, e

um canhão de guerra foi trazi-

do do Rio de Janeiro. Com

mais atrativos, o número de

visitantes aumentou de 110

para 1 mil pessoas por mês.

Página 8

Lazer sobre as águas do parque

Na Lagoa dos Barcos, em meio a mar-recos e pombos, e entre uma ponte e umchafariz, pessoas de todas as idades remamtranquilamente seus barcos no ParqueMunicipal de Belo Horizonte. Apesar deser uma forma antiga de lazer, pois estão

lá há 60 anos, os barcos ainda são uma dasprincipais atrações. Casais e famíliasinteiras utilizam-se dos barcos, que sãoconstruídos e mantidos pelo barqueiroIvanilton Almeida Rodrigues, que adminis-tra o negócio. Página 14

SARA MARTINS

ANA CAROLINA SIMÕES

RAISSA PEDROSA

Page 2: Jornal Marco - Edição 292

n

BRUNO COSTA

DANIEL DE PAULA

MARCOS ROBERTO1º PERÍODO

Os moradores dos bairrosConjunto Califórnia 1, CoraçãoEucarístico e Dom Cabral recla-mam da falta de coleta sele-tiva. No Califórnia 1, a situ-ação é ainda pior: além dacoleta seletiva deficiente, obairro sofre também com aescassez de lixeiras nas viaspúblicas. Segundo a aten-dente Jaqueline Pereira, 41anos, há cerca de um anouma grande lixeira, queatendia aos comerciantesfoi retirada. Para contornara situação, o lixo comercialacaba sendo descartadocomo lixo doméstico, geran-do um enorme problema,para resíduos altamenteperecíveis, como as sobrasde carne do açougue, já quea coleta não é diária.

Josiane Galvão, assisten-te na Associação dos Mora-dores, reconhece o proble-ma e afirma que a insta-lação de várias lixeiras nobairro só foi possível graças aintervenção da própria associação.

Já no Coração Eucarístico eDom Cabral a maior queixa é

quanto a retirada de um contentorde lixo reciclado, localizado emfrente à PUC. "Bairros de classemédia e alta, como o CoraçãoEucarístico, que apresentam maiorconsumo, deveriam ser cobertospela coleta seletiva", diz VâniaVeloso, 52 anos, proprietária de

uma papelaria. O comercianteCarlos Hebert, 49, concorda coma reclamação e afirma que o con-tentor de recicláveis era bem uti-

lizado pelos moradores da região,ficando quase sempre cheio, entre-tanto era alvo constante de de-predações, inclusive por catadores."Tornou-se difícil reciclar", lamen-ta Carlos.

A Prefeitura de Belo Horizonteinforma, por meio de nota, que o

serviço de coleta seletivaestá passando por reformu-lação, em consequência, in-clusive, do mau uso e cons-tantes depredações. Atual-mente, a coleta porta a por-ta já foi implementada em30 bairros, atendendo 354mil moradores e saturandoa capacidade de processa-mento das associações ecooperativas. Não há pre-visão para implantação deserviços na região.

Em relação à falta de li-xeiras no Califórnia 1, aPrefeitura de Belo Horizon-te afirma, também em nota,que o bairro é atendido porsete cestos de lixo e que serábeneficiado, em breve, coma instalação de novas lixei-ras próximas aos pontos de

ônibus, como parte de um progra-ma que aumentará para 20 mil onúmero de cestos no município.

2 ComunidadeSetembro • 2012jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

jornal marcoJornal Laboratório da Faculdade de Comunicação e Artes da PUC Minas www.pucminas.br . e-mail: [email protected]

Rua Dom José Gaspar, 500 . CEP 30.535-610 Bairro Coração Eucarístico Belo Horizonte Minas Gerais Tel: (31)3319-4920

Sucursal PucMinas São Gabriel: Rua Walter Ianni, 255 CEP 31.980-110 Bairro São Gabriel Belo Horizonte MG Tel:(31)3439-5286

Diretora da Faculdade de Comunicação e Artes: Profª. Glória Gomide Chefe de Departamento: Profª. Maria Libia Araújo BarbosaCoordenador do Curso de Jornalismo: Profª. Francisco BragaCoordenadora do Curso de Comunicação / São Gabriel: Profª. Alessandra GirardiCoordenador do Curso de Jornalismo (São Gabriel): Prof. Jair Rangel

Editor: Prof. Fernando Lacerda Subeditor: Profª. Maria Libia Araújo Barbosa e Prof. Mário Viggiano Editor Gráfico: Prof. José Maria de Morais

Monitores de Jornalismo: Carolina Sanches, Fabiana Gatti, Felipe Augusto Vieira,Joana Diniz Aragão, Ígor Passarini, Marina Neves, Michelle Oliveira, Mouni Dadoune Raíssa Pedrosa Monitoras de Fotografia: Raquel Dutra e Yasmin TofanelloMonitora de Diagramação: Marcela Noali

Fotolito e Impressão: Fumarc . Tiragem: 12.000 exemplares

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ÍGOR PASSARINI, 4º PERÍODO

Na primeira edição deste semestre, o MARCOentra no contexto político e traz reportagens quemostram como a população tem reagido à campa-nha eleitoral municipal e de que forma o temaeleições 2012 tem atingido as comunidades. Sãoapresentadas situações que servem de exemplo,como a de Francisco de Assis dos Santos que já par-ticipou de quase quarenta eleições e que, mesmoliberado de votar desde 1989, faz questão deexercer o direito como cidadão.

É uma época em que é comum ver panfletos esantinhos jogados pela rua, além dos tradicionaiscarros de som que provocam poluição sonora poronde passam. Nesse número, mostramos que essaprática divide opiniões no Bairro CoraçãoEucarístico. Já em Itabirito, o Ministério Público e oscandidatos da cidade encontraram uma soluçãopara este problema. Foi assinado o Termo deAjustamento de Conduta (TAC) que prevê aproibição desse tipo de propaganda eleitoral. A ati-tude repercutiu positivamente na cidade e propiciouum contato mais próximo do eleitor às propostas decada candidato, já que estes tem que recorrer acomícios e passeatas para alcançar o público.

Também mostramos a matéria sobre o Núcleode Estudos Sociopolíticos (Nesp) que desde 2006tem como objetivo levar até as pessoas a formaçãoe aprendizagem sobre política, mostrando entre ou-tras coisas, o que um voto pode representar e aimportância de se fazer um acompanhamento maisdetalhado de todo o processo junto à comunidade.Parte do material ministrado nessas palestras serátransformado em textos que serão utilizados a par-tir do ano de 2013 em debates sobre política e cor-rupção na disciplina Filosofia II, que faz parte detodos os cursos da Puc Minas.

Tomar a iniciativa e procurar soluções junto aosórgãos competentes para tentar resolver os proble-mas da comunidade em que vive. Foi o que fezGilson Pereira Dias, morador do Bairro João Pinheiro,que enviou uma reinvidicação à BHTrans pedindo ainstalação de dois semáforos na Avenida VereadorCícero Idelfonso em decorrência do número excessi-vo de acidentes ocorridos no local. No último mês,depois de dois anos de espera, a solicitação foi aten-dida e a obra realizada. Outro fato que teve umretorno positivo foi a reportagem sobre a boca delobo à Rua Madre Mazarello, no Bairro DomCabral. Dois dias após os repórteres do MARCOapurarem sobre o problema e ouvirem a denúnciados moradores, a situação foi resolvida.

Com muita descontração e respostas afiadas,Sérgio Mallandro é o entrevistado deste mês. Emum papo divertido, ele fala sobre o atual momentodos programas de humor no Brasil, do seu dia a diano stand up, de projetos futuros e até da época emque se aventurou como canditato a vereador emSão Paulo.

A importância dovoto consciente na eleição 2012

editorialeditorialeditorialeditorialeditorialeditorialeditorialeditorialEDITORIAL

expedienteexpedienteexpedienteexpedienteexpedienteexpedienteEXPEDIENTE

A autora da foto que ilustra a matéria “Escola pro-move aulas de skate”, publicada à página 12 daedição 291, em julho último, é a estudante de jorna-lismo Ana Carolina Simões.

jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas jornalmarcoERRAMOS

PARÓQUIA SÃO JOÃOBOSCO DE CARA NOVAA reforma que se iniciou há cerca de um mês promete trazer melhorias no atendimento à comunidade do Dom Bosco

n

FELIPE ALVES GIUBILEI3º PERÍODO

"Uma coisa são os so-nhos que a gente tem, ou-tra coisa é a realizaçãodesses sonhos", observapadre Edecildo JoséAntônio Prado da Silva,49 anos, referindo-se àsreformas que estão emandamento na ParóquiaSão João Bosco, onde atuahá dois anos e meio.

Vendo a necessidade depreservar o patrimôniomaterial da paróquia ebuscar dar condições deum atendimento maisqualificado a toda deman-da da comunidade, padreEdecildo, o grande ideali-zador da reforma, resolveuarregaçar as mangas e bus-car soluções para que estesonho saísse do papel.

Para que isto se tornas-se realidade, além da aju-da dos fiéis com suas ofer-tas e pagamento de dízi-mos, usaram recursos con-quistados através de umempréstimo ao fundo desolidariedade das paró-quias, uma instituição li-gada à igreja católica quefaz empréstimos sem co-brar juros. "Ainda estamospagando, inclusive", com-pleta padre Edecildo.

A reforma ainda não se-rá feita na igreja propria-mente dita. Ela, que teveinício em Outubro de2010, já contou com amelhoria da quadra poli-esportiva que atualmenteatende a escolinhas defutebol e vôlei e do antigooratório, que ficou fecha-do por cinco anos e hoje

se tornou um centro pas-toral que atende mais deduzentas crianças que es-tão na catequese e mais decem jovens que estão nacrisma. Além das reuniõesde todas as pastorais daigreja que também aconte-cem no local.

A atual reforma que seiniciou há aproximadamen-te um mês, está voltada pa-ra a melhoria da secretaria,da sacristia, do salão paro-quial e da casa paroquial.Segundo padre Edecildo,essas obras estão sendo fei-tas para trazer benefíciosque até então eles não ti-nham por lá. Por exemplo,uma capela do santíssimosacramento que será cons-truída para acolher os fiéisdurante o dia, para quepossam ter um cantinho de

oração e de adoração. Ba-nheiros também serãoconstruídos, inclusive sani-tários para deficientes, re-curso que eles também nãotinham. "Esta reforma serámuito boa para nós que fre-quentamos a paróquia. Elaficará mais bonita, nos fa-zendo se sentir ainda maisacolhidos do que nos senti-mos hoje", comenta AnaLuzia Magalhães, 56, fre-quentadora da Paróquia.

Além das reformas, exis-te a ideia de um acréscimoem termos de construçãona paróquia, porém, nadaestá definido. "Está em pro-jeto ainda. Algumas ar-quitetas estão trabalhandonisto", informa padre Ede-cildo.

A igreja em si tambémpassará por reforma, mas

ainda sem data para o iní-cio das obras. Segundo opadre, haverá pintura pordentro e por fora, talvez pi-so. A futura obra visa os 60anos da paróquia, a seremcompletados no dia 31 dedezembro deste ano.

Como a obra é basica-mente financiada pelos fi-éis e suas contribuições, aobra caminha devagar. Àmedida que eles vão con-tribuindo, o dinheiro é in-vestido na reforma. "Eu ve-jo que sonho mais que aminha capacidade de rea-lizar esses sonhos. Mas aospouquinhos, a gente perce-be que está atendendo es-sas expectativas que tam-bém havia no coração dosnossos fiéis", completa pa-dre Edecildo.

FELIPE GIUBILEI

Falta de coleta seletiva é problema

RAQUEL DUTRA

Padre Edecildo e os funcionários que participam da reforma da Paróquia São João Bosco

Os sacos de lixo são jogados de forma aleatória na calçada

Page 3: Jornal Marco - Edição 292

3ComunidadeSetembro • 2012 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

PARCERIA ENTRE

COMERCIANTES E PM

Celso da Glória Lessa, dono de um supermercado, idealizou a parceria junto com a PM

YASMIN TOFANELLO

O elevado número de assaltos à estabelecimentos no Coração Eucarístico resultou na implantação da parce-

ria. A queda de furtos e roubos alcança os 11% e é ainda mais expressiva no Dom Cabral, atingindo 20%

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CLARA BERNARDES DE ALMEIDA

DOUGLAS SILVA PEREIRA

JÉSSICA DE FREITAS DIAS1º PERÍODO

Com o objetivo de reduzir aelevada frequência de assaltos aosestabelecimentos comerciais loca-lizados à Rua Imbiaçá, no BairroDom Cabral, foi estabelecida umaparceria entre a Polícia Militar ecomerciantes. O tenente RaphaelAntônio Campos Silva, 30 anos,do 9º Batalhão da PMMG, res-ponsável pelo setor em que estálocalizado o Bairro Dom Cabral,conta que teve sua atenção des-pertada pelo fato da área ser alvoconstante dos assaltantes.

Isso o levou a procurar o co-merciante Celso da Glória Lessa,51 anos, proprietário do Super-mercado Coelho, que propôs aparceria. Segundo o tenente, aequipe que faz o policiamento naregião é a mesma diariamente, oque permite a relação de confi-ança entre comerciantes e poli-ciais, possibilidade essa que facili-ta, e muito, a ação e, consequente-mente, a eficiência da PM.

Desse modo, é comum que aose sentirem ameaçados, os pro-prietários de estabelecimentoscomerciais possam ligar para oBatalhão da Polícia Militar ou,diretamente, para determinadosmembros da equipe.

O sistema de monitoramento éfeito por meio de rondas diárias,além dos policiais em pontos es-tratégicos, já que a ideia é a pre-sença do policiamento para que sepossa intimidar os delinquentes."Precisamos dar o apoio necessá-rio aos comerciantes e moradorespara que se sintam seguros, e essaparceria visa exatamente essaajuda mútua, que já está acarre-tando resultados", afirma o tenen-te Raphael.

Desde que o projeto foi implan-tado na Rua Imbiaçá, a taxa defurtos e roubos diminuiu 11% noBairro Coração Eucarístico. Aqueda foi ainda mais significativano Bairro Dom Cabral, caindo em20%, no período de janeiro a agos-to de 2012 em relação ao mesmoperíodo de 2011.

Outra forma que os comercian-tes, em particular, encontraram

para afastar os bandidos foi colo-car uma placa "avisando" que aliexiste a parceria com a PM."Alguns comerciantes tiveram re-ceio de colocar a placa exposta,pois os assaltantes poderiam ficarchateados, e puseram a placa den-tro do estabelecimento. A questãoé que a gente precisa intimidar",diz Celso. "Não há esse risco derepresália, a placa é uma identifi-cação do projeto", explica o te-nente, rebatendo a causa do temordesses comerciantes. Segundo ele,nessa fase o programa visa a pre-venção, para que não haja rein-cidência, o que levaria os comer-ciantes a baixarem as portas.

Com o projeto ainda em fase deadaptação, há elogios e alguns pon-tos a serem melhorados. "Acho quea presença da polícia melhorou bas-tante a questão da segurança na ruae a blitz realizada algumas semanasatrás foi fantástica", comenta TiagoTorres Machado, 28 anos, proprie-tário da Lanchonete Cabral.

Mas, ele ainda vê problemascomo, por exemplo, a falta de revis-tas constantes e sugere que hajauma ronda mais periódica.

O cabeleireiro Milton Batista,47, enfatizou a eficiência do pro-jeto da PM. "Inicialmente, naregião, tínhamos muitos assaltos,além de alguns homicídios. Essaação da polícia ajudou bastante,visto que a tendência era piorar.Uma das ações que chamouatenção foi a blitz realizada algu-mas semanas atrás", observa.

Questionados sobre a aceitaçãoda comunidade, todos os entrevis-tados foram enfáticos ao dizer

que esta foi 100% a favor da ini-ciativa. As reuniões para discutiraspectos críticos são, a princípio,realizadas mensalmente. Quandoé necessária reunião extra, a soli-citação é feita ao tenenteRaphael. A respeito da reinci-dência, revelaram que houveassaltos depois da implantação daparceira, mas existe a compreen-são de que o projeto é recente eprecisa de aprimoramentos.

Iniciativa de morador é conquista para comunidaden

FELIPE AUGUSTO VIEIRA

MOUNI DADOUN5º E 7º PERÍODO

As Ruas Nogueira da Gama eMarquês de Lavrádio, que fazemesquina com Avenida VereadorCícero Idelfonso, antiga AvenidaDelta, foram alvo de reclamaçõesde moradores da região do BairroJoão Pinheiro, por causa das batidase do rápido fluxo de trânsito, umadas causas desses acidentes. No lo-cal existiam duas rotatórias que, deacordo com pedestres e moradores,não evitavam que acidentes e atro-pelamentos acontecessem. Outraqueixa é sobre a dificuldade de aces-so entre os Bairros João Pinheiro eDom Cabral que concentramestabelecimentos comerciais queatendem aos bairros.

Em nome da comunidade e natentativa de resolução dos proble-mas, o despachante autônomoGilson Pereira Dias, 59 anos, quemora próximo à avenida, fez umasolicitação oficial à BHTrans em 7de maio de 2010 para que asrotatórias fossem retiradas e quefossem instalados dois semáforos

no local, com a intenção de facili-tar o trânsito de pedestres. Aresposta chegou em 30 de julho,através de um documento daBHTrans, que informava a apro-vação à sua solicitação, e no dia 9de agosto último, foram instaladosos semáforos. "Aqui já teve muitoacidente. Colocaram uma rota-tória, qual eu fui contra, mas osacidentes continuaram", explica.

Essa luta que durou dois anosnasceu de vários acidentes ocorri-dos na região. Em um deles, umavizinha de Gilson foi atropelada."Muitos tinham medo de atra-vessar a avenida. Eu mesmo ficavaapreensivo. O pedestre tambémnão faz sua parte, quando nãoespera o sinal abrir e nem os carrospassarem, mas a implantação desinalização ajuda a evitar aci-dentes, e já dá para sentir e ver amelhora", afirma. Ele ainda serecorda de ter que pedir para queos carros parassem para a travessiade pessoas idosas, que ficavammuito tempo aguardando pelaoportunidade de atravessar. "Mui-tas vezes eu parava e pedia paraque dessem preferência para os

transeuntes", conta.Segundo ele, a comunidade e os

motoristas da região reagiram deforma positiva às mudanças.Gilson não faz parte da associaçãode bairro e nem tem cargo político."Foi um pedido meu e uma con-quista da comunidade. Sou com-promissado com a comunidade,voluntário e preocupado com osproblemas dela. Não precisa ser lí-der para agir em prol da comuni-dade", afirma.

A estudante Richelle Stephanie,17, confirma que era muito difícilatravessar de um lado da Avenidapara o outro. Principalmente porvolta das 12h. "Após a implan-tação desses semáforos, está muitobom para atravessar agora comesses semáforos. Antes era muitodifícil atravessar, ir fazer comprasdo outro lado da avenida, agoraestá melhor", diz.

Em contrapartida, o comer-ciante Paulo Lara Júnior de 46,afirma que mesmo com a implan-tação dos semáforos, os carros con-tinuam em alta velocidade. "Anti-gamente, quando ainda não tinhanem rotatória, morriam aproxi-

madamente oito pessoas por ano.Agora, com a colocação do semá-foro, o problema é a velocidadeque os carros descem a avenida.Tem que colocar alguma coisa paracontrolar a velocidade dos veícu-los, seja por meio de radar, placasde alerta ou redutores de veloci-dade. Há poucos dias um cami-nhão bateu em um ônibus, pornão ter visto o sinal", alega.

MAIS CONQUISTAS A implan-tação dos semáforos não foi a únicaconquista da comunidade, por meiode Gilson. Frequentadores da PraçaChuí, próxima a Avenida CíceroIdelfonso, também reclamavam decoqueiros que causavam acidentes,principalmente com crianças. Gilsonconseguiu a retirada dos coqueirospor intermédio da Prefeitura.

A falta de lixeiras fazia da praçaum local sujo, de acordo com odespachante. Gilson tomou a ini-ciativa de cortar galões de água,furá-los na base e fazer destes, lixei-ras, o que, de acordo com ele,melhorou o local para lazer, con-forme publicado na edição 286 doMARCO.

RAQUEL DUTRA

Após dois anos de espera, Gilson comemora semáforo

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MICHELLE OLIVEIRA4º PERÍODO

A cada quatro anos, acontecem no Brasilas eleições para os cargos de vereador eprefeito. 2012 é um ano de eleger os gover-nos dos municípios. Segundo a diretora doCartório da 331° Zona Eleitoral, MariaLúcia Lachini, o Bairro São Gabriel possui20 candidatos a vereador que residem nobairro. Nenhum dos postulantes ao cargode prefeito e vice-prefeito moram ali.

O número pode ser considerado alto emfunção do bairro não ser grande. Por ser umbairro residencial, as pessoas conhecemumas as outras e costumam dar preferênciaaos candidatos locais. Este é o caso da aten-dente e moradora Marta Martins Caldeiraque diz já ter seu candidato escolhido porconhecê-lo e saber do seu caráter. "Eu doupreferência por votar em candidato do bair-

ro. O que escolhi para eleger conheço deoutra campanha e vou continuar apoiandoenquanto valer a pena", afirma.

Também morador do bairro, LucianoTadeu garante que, em primeiro lugar, dápreferência aos candidatos locais, mas nãoexclui votar em gente de outras regiões."A preferência é dos candidatos do bairrocaso tenham feito algo a favor do local, masse não houver bons candidatos, dou prefe-rência a outros", diz.

As propostas dos candidatos têm sido va-riadas. Através de banners, pinturas, qua-dros e sites, eles expressam o que pretendemfazer. Há promessas de melhorias nascondições de acessibilidade, transporte maisjusto, melhoria na saúde local. Destacam-setambém os pedidos de apoio baseados naideia de votar em gente que conheçam.

Rede de esgoto aberta, policiamento, as-faltamento, saúde, educação e lazer foram

algumas das melhorias desejadas pelos mo-radores entrevistados pelo MARCO. A bal-conista e moradora Márcia Cristina Barbosadiz que gostaria que melhorassem algunsaspectos no bairro. "A rede de esgoto aber-ta, o asfalto, o policiamento, a segurança emgeral são assuntos que acredito quevereadores possam resolver", opina. Martadiz que a saúde é o que mais precisa nomomento. "Faltam médicos no posto desaúde. Falta tudo", acrescenta.

A vendedora e moradora Briana Paula deOliveira Assunção conta que analisa antesde tomar a decisão. "Na escolha do meucandidato, eu avalio a sua ficha se for candi-dato à reeleição. Também analiso as pro-postas", diz. O Bairro São Gabriel assimcomo o restante da cidade está com umgrande número de propagandas eleitorais.São os então chamados santinhos sendoentregues nas portas dos estabelecimentos

comerciais, cavaletes em acostamentos ecalçadas, banners e placas por casas e murospintados. Impossível passar pelas ruas e nãopercebê-las.

REIVINDICAÇÃO O presidente daAssociação dos Moradores do Bairro SãoGabriel, Sebastião Freitas, relata que amudança mais recente que a população estáempenhada em conseguir é a ampliação doitinerário do ônibus que serve ao bairro,levando-o para a parte em que ele nãopassa.

"Muita gente vem aqui pedindo isso. Nãohá nenhuma linha que passe no outro ladodo bairro que leve diretamente aos hospi-tais", afirma. Ele conta que foi feito umabaixo-assinado com 800 assinaturas,entregue à BHTrans. "Também tive umareunião com a BHTrans, que disse que seráfeito um estudo sobre o assunto", completa.

Alto número de candidatos a vereador no Bairro São Gabriel

Page 4: Jornal Marco - Edição 292

4 ComunidadeSetembro • 2012jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

MOTORISTAS E PEDESTRES EM PERIGOA má sinalização e a falta de semáforos, além de pouca iluminação, são problemas para pedestres e motoristas que transitam pelas Ruas Jacutinga e Tito Novaes, no Bairro Minas Brasil

YASMIN TOFANELLO

Cruzamento entre ruas Jacutinga e Tito Novaes no Minas Brasil é desafio diário aos motoristas que ali trafegam

n

AMARANE SANTOS

JULIANA LACERDA3º PERÍODO

Maria de OliveiraAndrade, 56 anos, téc-nica de exportação,quase presenciou umacidente entre carrosenquanto concedia en-trevista ao MARCO.“Os carros deveriamvir devagar, mas...Olha lá, a van quasebateu naquele carro,estão vendo?”, narrouatônita, a moradorada Rua Jacutinga, es-quina com Tito No-vaes, no Bairro MinasBrasil. Depois de re-portagem feita pelojornal há um mês, a e-quipe do MARCOvoltou ao local e cons-tatou que o problemacontinua. Ainda nãofoi colocado o semá-foro para controlar omovimento de veícu-los nas duas ruas e osacidentes continuam.

Segundo Marli daConceição Miranda,51 anos, auxiliar gerale de limpeza da Pa-róquia São LuizGonzaga, situada àRua Tito Novaes, osmoradores estão apre-ensivos. Ela conta que,principalmente aos fi-nais de semana, o mo-vimento é intenso e aimplantação de um se-máforo é urgente. “Opessoal tem muita di-ficuldade para atra-vessar porque vêm car-ros de todos os lados,não existe a mão úni-ca. Eu mesma quasefui atropelada”, recla-ma.

Além de Marli, o pa-

dre José Resende, res-ponsável pela paró-quia, também de-monstrou preocupa-ção. Para ele, falta a-tenção aos motoristasque não respeitam oscruzamentos, dirigemem alta velocidade ecausam acidentes to-dos os dias. “À noite éo pior horário, pareceo Egito, de tantas pes-soas e tantos carrospassando. O trânsitofica bem agarrado e eumesmo já fui vítima,essa semana. Um mo-toqueiro bateu no meucarro”, conta.

Segundo padre José,houve uma reuniãocom a BHTrans para

discutir o problema. “Areivindicação da co-munidade é a seguinte:foi feita a reforma doasfalto, ficou ótimo,mas temos que tomarprovidências. Muitagente até deixa de vir àmissa porque tem me-do do trânsito. Se pos-sível poderiam mudara mão e contramão a-qui na porta da igreja.A BHTrans ficou de re-solver isso com maisrapidez, tanto sobre asinalização, o redutorde velocidade e tam-bém uma rotatória pa-ra o trânsito fluir, masainda não obtivemosresposta. O que a co-munidade quer é a me-

lhoria do trânsito e orespeito à vida huma-na”, conclui.

A reunião citada porpadre José foi feita emjunho de 2012 com oobjetivo de decidirquais medidas poderi-am ser tomadas. Emnota ao MARCO, aBHTrans informouque elaborou um pro-jeto que prevê im-plantação de gradis,sinalização vertical(placas) e horizontal(pinturas no asfalto).“O objetivo é aumen-tar a segurança dosmotoristas e pedestres.A previsão de execuçãoé setembro deste ano”,diz a nota.

A falta de ilumi-nação nas ruas TitoNovaes e Jacutinga éoutro problema en-frentado por mora-dores e pedestres.Como consequência,as ruas acabam vi-rando refúgio demoradores de rua eassaltantes, deixan-do os moradorespreocupados. Asmissas celebradas ànoite estão ficandomais vazias na Pa-róquia São LuizGonzaga, segundo opadre José Resende.“Na missa da noitemuitas pessoas estãodeixando de vir,porque as ruas sãomuito escuras prin-cipalmente, a Jacu-tinga”, observa.

Para SilvanaAmorim, a principalrazão da escuridãosão as árvores queobscurecem as luzesdos postes e tornama rua um ponto demarginalidade. “Ailuminação aqui ébem ruim, acho quesão essas árvoresque atrapalhammuito”, reclamaSilvana. Ela ainda a-credita que uma boasolução seria a im-plantação de câme-ras na região. “Achoque se melhorarem ailuminação, ajudabastante no proble-

ma. O olho vivotambém seria muitoimportante, se tives-se, nos daria maissegurança”, diz.

Já Marli daConceição Mirandacrê que as árvoressão o principal es-conderijo dos as-saltantes. “Saio daigreja às 18h30 enunca aconteceu na-da comigo, mas te-nho medo de passaraqui, fica muito es-curo. Além disso, opessoal se escondeatrás das árvores pa-ra assaltar”, conta.

Em nota aoMARCO, a Compa-nhia Energética deMinas Gerais (Ce-mig) informa quepara avaliar a ilumi-nação das duas ruasé necessário que osmoradores liguemno número 116 esolicitem a Desobs-trução da Ilumi-nação Pública. Sefor preciso poda deárvores, a entidaderealiza de sete a 14dias após a solici-tação. No caso deretirada de algumaárvore ou colocaçãode novos postes deluz, é necessário asolicitação à Pre-feitura para que sejaautorizada. A Cemigapenas presta o ser-viço.

Falta de iluminação deixa moradoresinseguros e ‘olho vivo’ é reivindicado

Numeração invertida gera problemas aos moradoresn

ÍGOR PASSARINI

MARINA NEVES4º PERÍODO

De um lado, onde de-veriam ter números pa-res, também existem nú-meros ímpares. Do ou-tro, números ímpares semisturam com os pares.E como se não bastasse,o número 230 está aolado do 161. Uma situ-ação que deixa confusosmoradores, pedestres eentregadores na RuaDom João Antônio dosSantos, no Bairro Cora-ção Eucarístico.

"As pessoas vêm defora e é difícil encontraro número, porque nãosegue a ordem numéri-ca", conta o aposentadoJosé Andrelino dosSantos, 83 anos. Elerelembra que essa situ-ação já aconteceu váriasvezes, quando seus ami-gos foram visitá-lo e atémesmo com entregado-res. "Esses dias mesmo orapaz veio trazer umaescada aqui, não encon-

de uma farmácia loca-lizada no Coração Eu-carístico, conta que, nocomeço, se atrapalhavacom a desordem da nu-meração, mas hoje, porestar trabalhando há umano e meio na região, elejá se acostumou.

João também acres-centa que uma possívelsolução para evitar no-vos transtornos seriaque a Rua Dom JoãoAntônio dos Santosfosse nos dois sentidos."O ponto negativo é quea rua é mão única e se agente passa do pontotem que dar volta e issogasta tempo. Não chegaa ser muito complicadoporque é uma rua curta,então, é só ir devagar nasegunda vez, mas sefosse mão dupla ajudavabastante", diz.

ALTERAÇÃO Encontraro número desejado dei-xou de ser um problemapara os moradores deum edifício localizado à

Avenida Ressaca, noBairro Coração Eucarís-tico. Como retratado naedição 291 do JornalMARCO, dos quatroimóveis que apresenta-vam o problema, apenasum deles foi soluciona-do. "Ninguém achava onúmero do nosso prédiose você não desse umareferência", relembra amoradora Arlete Mar-tins, 75 anos.

Agora, após a instala-ção de uma placa provi-sória no edifício, indi-cando a mudança do nú-mero 245 para 125, ascomplicações geradaspela desordem numéricadiminuíram. É o que ex-plica Maria CleuzaMollica, 72 anos. "Porenquanto não estamostendo consequências ne-gativas porque coloca-ram uma placa que tema numeração nova e aantiga. A única questãoé que agora temos quemudar o número para ascorrespondências", co-menta.José Andrelino dos Santos conta que já teve problemas provocada pela desordem dos números da rua onde mora

trou a rua e teve quevoltar uma segundavez", relata. A esposa deJosé Andrelino, CorinaPinto dos Santos, 76anos, ainda completa di-zendo que algumas en-tregas costumam voltar.

Jarbas de Oliveira, 38anos, dono de um salãolocalizado no bairro, re-vela que muitos clientesreclamam da numeraçãodesordenada da rua,

sendo frequente o usode referências para que apessoa ache o local cor-retamente. "Você só con-segue localizar o ende-reço aqui se alguém lheder referências: ah, é dolado do posto, é do ladode uma casa, é do ladodo prédio cor tal; aí simvocê consegue localizardireito o que você quer,a numeração que vocêdeseja", conta.

O cabeleireiro aindadeclara que muitos mo-toqueiros passam buzi-nando à procura de in-formações. "Quantas ve-zes eu escuto motoboybuzinando por ali per-guntando: o número talfica para lá ou para cá?Isso já aconteceu váriasvezes", observa Jarbas.João Antônio Marque-zino, 24 anos, motoboy

YASMIN TOFANELLO

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5ComunidadeSetembro • 2012 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

SÃO GABRIEL ENFRENTAEXCESSO DE TRÁFEGO Falta de obras viárias e descaso do governo são causas da lentidão no trânsito na região apontada por pessoas que transi-

tam por ali diariamente. Pequenas vias de acesso à PUC não comportam o grande número de veículos circulando no local

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LEIDIANE SOUSA

LUCIANO CRUZ2º PERÍODO

Lentidão, engarrafamen-to e trânsito complicadonos horários de pico hámuito tempo deixaram deser uma realidade apenasdos grandes corredores detráfego de Belo Horizonte.Hoje, muitos bairros da ca-pital enfrentam essa difícilrotina, mas sem a atençãoque os principais corredo-res recebem por parte dasautoridades.

É o caso do Bairro SãoGabriel, na Região Nordes-te, localizado justamenteentre três importantes viasda capital – Anel Rodoviá-rio, Avenida Cristiano Ma-chado e Via 240. Falta deinfra-estrutura, grande flu-xo de veículos e falta de -educação por parte dos mo-toristas complicam aindamais a situação que torna-se crítica nos horários demaior movimento. Um dosprincipais acessos ao bairroe à unidade da PUC Minas,a Rua Jacuí é um bomexemplo.

Muito utilizada por mo-toristas que vem da Aveni-da Cristiano Machado, arua é alvo constante de re-clamações por parte dosque fazem o trajeto diaria-

Grande número de automóveis na rotatória de acesso à PUC Minas causa transtorno e lentidão no trânsito local

LEIDIANE SOUSA

mente e de moradores daregião. "O trânsito na Jacuíestá bastante caótico. Achoque deveria ser analisadoum projeto de melhoria pa-ra área", comenta ÉrikaFabiana Marinho, de 36anos, estudante do 6º perío-do de Ciências Contábeisda PUC Minas, CampusSão Gabriel e que utilizadiariamente o ônibus parachegar à universidade.

A situação se complica

ainda mais na rotatória querecebe o fluxo de veículosdo Anel Rodoviário, pelaRua São Gregório, em dire-ção à Cristiano Machado eVia 240, segundo RoldãoPaz Félix, de 46 anos, quetrabalha há 23 como moto-rista de ônibus – os dois úl-timos na linha 810 (EstaçãoSão Gabriel/Dom Silvério)."O principal acesso (ao SãoGabriel) é pela Jacuí e pelaVia 240. Encontra tudo

(fluxo de veículos) ali narotatória e por isso dá con-gestionamento. Já foi colo-cado um semáforo ali, massó piorou", afirma. A largu-ra insuficiente da Rua Jacuíé um dos motivos do trânsi-to complicado. "A soluçãoseria deixar a Jacuí em mãoúnica", sugere Roldão.

O semáforo também nãoresolveu o problema na opi-nião de Luiz Fernandes, de35 anos, também motoris-

ta. Na profissão há 12 anos,os últimos cinco passadosna linha 3503 A (SãoGabriel/ Santa Terezinha),Luiz também recomendaintervenção da Prefeiturana Rua Jacuí. "Tinha quemelhorar muito aquele iti-nerário ali atrás da Estação(Rua Jacuí), talvez duplicar,porque no horário de entra-da da faculdade (PUCMinas) fica insuportávelpassar por ali. Já colocaramum semáforo (na rotatória)e piorou, daí tiraram há umano ou mais. Se alargassema Jacuí, para passar maiscarros de uma vez, melho-raria bastante", diz.

Mas não é só a falta deinfraestrutura e o excessode veículos que contribuempara o trânsito complicadona Rua Jacuí. Também a fal-ta de educação por partedos motoristas piora aindamais a situação. "O proble-ma não é só porque a Jacuíé estreita. Não se respeita apreferência na rotatória.Aqui prevalece a lei do maisesperto", afirma CarlosAlberto Duarte da Silva,48, e morador do BairroSão Gabriel desde que nas-ceu. Proprietário de umadistribuidora de gelo locali-zada justamente na esquinaentre as ruas Jacuí e SãoGregório, em frente à rota-tória, Carlos ainda mencio-na que o alto fluxo de veícu-los é bom para os negócios,mas ruim para os morado-res que muitas vezes encon-tram dificuldades até mes-mo para saírem com seuscarros da garagem nos horá-rios de pico.

A também moradora daRua Jacuí, Terezinha Augus-ta da Silva, 65, destaca amesma dificuldade enfren-tada por quem mora ali eprecisa sair de casa nos ho-rários de maior movimento.

"É muito complicado. Paraa gente sair da garagem émuito difícil, tem de espe-rar bastante", diz. Morado-ra do bairro desde quenasceu, Terezinha tambémacredita que o alargamentoda Rua Jacuí seria uma boamedida, pois ela é um aces-so ao Anel Rodoviário e àVia 240.

RODOVIÁRIA A cons-trução do novo terminalrodoviário de Belo Hori-zonte, junto à estaçãoBHBus, no São Gabriel,promete grandes mudançaspara a situação do trânsitona região. O investimentoserá de R$ 56,5 milhões,R$ 6,5 direcionados exclu-sivamente à melhoria da es-trutura viária ao redor doempreendimento. "Com es-sa obra, o eixo da Rua Jacuíserá deslocado. Teremos al-terações em todo sistemaviário do entorno. Com issoaquela rotatória (esquinadas ruas Jacuí e São Gre-gório) sofrerá alteraçõestambém. Já existe um proje-to rodoviário pré-aprovadojunto ao DNIT", confirma ogerente de Ação RegionalNorte e Nordeste daBHTrans, Luiz FernandoLibânio.

Sobre uma medida a cur-to prazo para minimizar osproblemas da Jacuí, aBHTrans confirma a reali-zação de uma 'operação pre-sença' na região da rotató-ria. "De imediato estaremoscolocando uma equipe, atécom o objetivo de monito-rar e acompanhar o trânsitodurante os horários de picoda manhã e da noite”,observa Luiz FernandoLibânio.

Comércio no bairro não atende aos moradoresn

LEONARDO APOLINÁRIO

MARCOS TADEU

2º PERÍODO

Moradores do Bairro SãoGabriel, na Região Nordeste deBelo Horizonte, reclamam dacarência no comércio local. Deacordo com as pessoas que aliresidem, faltam mais estabele-cimentos, que dariam maioropção na hora das compras.

Henrique Barreto, que morahá 25 anos no São Gabriel,

acredita que para os moradoresem geral o comércio nãoatende. "Geralmente eu nãocompro nada no bairro, sócompro aqui coisa de urgência,as compras saem caras e aqualidade não é tão boa", expli-ca Henrique.

Para Carla Regina, o co-mércio não a atende às expec-tativas. "Os preços são bemmais caros que nos outros luga-res", observa. Carla ainda contaque a diferença nos preços dos

produtos de um hipermercadono bairro é mais alto do que emprodutos de marcas melhoresna mesma rede de hipermer-cados no Bairro Cidade Nova.

Existe também um outroproblema, o comércio se con-centra apenas na Rua Ana-purus, região central do bairro,dificultando para os moradoresque moram no entorno.

Para esses moradores, o co-mércio que predomina no bair-ro são os bares. Segundo a Se-

cretaria Municipal de Finanças,no Bairro São Gabriel existem816 estabelecimentos ativos,entre comércio, indústria eprestação de serviços.

Se para os moradores o co-mércio é insuficiente, para oscomerciantes uma insegurança.Marcelo Leite, proprietário deum salão de beleza, há 12 anostrabalha no bairro, reclama daviolência. Ele já foi vítima deassalto seguido de sequestro."Me assaltaram, me colocaram

dentro do meu carro e me leva-ram para a porta da minhacasa, sorte que meu carro esta-va com defeito, a porta abriu eeu me joguei", conta.

Segundo Marcelo, muitoscomerciantes deixam de inves-tir no comércio por medo, poisa falta de policiamento faz comque os estabelecimentos bai-xem as portas entre 18h e 19h,com o objetivo de evitar a açãode bandidos.

Falta de agências bancárias prejudica populaçãon

ÍGOR PASSARINI

MARINA NEVES4º PERÍODO

Pagar contas, realizardepósitos ou simplesmen-te sacar dinheiro pode setornar uma tarefa difícil ecansativa para os morado-res do Bairro Minas Brasil.A falta de agências bancá-rias no local tem obrigadoa comunidade a procuraralternativas em bairrospróximos, como PadreEustáquio e Coração Eu-carístico. É o caso da mo-radora Fátima Ladeira, 58anos, que ressalta o perigoe o tempo gasto para sedeslocar até um caixa ele-trônico. “Toma tempo,porque tem que pegar ôni-bus para ir e é perigoso agente ficar andando comdinheiro por aí”, explica.

Nem mesmo na Aveni-da Ressaca, principal viado bairro e ponto de co-mércio, os moradores dis-põem de agências. A úni-ca opção é uma lotéricaque oferece apenas umaparcela dos serviços reali-zados em bancos. A sóciado local, Elizabeth Mi-randa, 57 anos, exemplifi-ca o fato dizendo que con-tas atrasadas e pagamen-tos acima de R$ 700 nãopodem ser feitos na casalotérica. Para Neide Melo,57 anos, moradora dobairro há 38, a situaçãogera incômodo. “Atrapa-lha, porque eu, por exem-plo, cuido do meu neto;então eu tenho que ir láem cima e levar ele. Issotoma tempo e a idade jánão permite”, conta. Ou-tra pessoa que enfrentadificuldades é Clemilda Casa lotérica é a única opção para os moradores do Minas Brasil

Gonçalves Bispo, 51, fun-cionária de um restau-rante do bairro. A alterna-tiva utilizada por ela parapagar seus boletos bancá-rios é pedir ao chefe parasair mais cedo do serviço.“Hoje mesmo eu me atra-sei e vou ter que pagar sóamanhã. Se tivesse agên-cia aqui perto, dava umpulinho correndo e paga-va”, pondera Clemilda.

Maurício de CarvalhoSousa, 41, dono de umaagência de viagens naAvenida Ressaca, tambémacredita que facilitaria terum banco por perto. Eleaponta a existência de fa-tores que dificultam a ins-talação desses estabeleci-mentos. “Uma coisa queeu acho que dificulta avinda de bancos pra cá é afalta de imóveis adequa-dos. Banco precisa de uma

loja grande, com seguran-ça, estacionamento fácil; eaqui na região não temuma loja com essas carac-terísticas. Dependeria deconstruir para poder aten-der à uma agência bancá-ria”, esclarece Maurício.

Apesar dos transtornoscausados pela ausência deagências bancárias nobairro, o Presidente da As-sociação de Moradores doMinas Brasil, CamilloJesuíno Netto, 77, revelaque nunca houve recla-mações dos moradoressobre isto. Todavia, eleafirma que essa situação éincômoda. “Eu preciso pe-gar transporte público queé um outro problema, poisnão existe uma linha aquido bairro”, acrescentaCamillo.

YASMIN TOFANELLO

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6 ComunidadeSetembro • 2012jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

DESAPROPRIAÇÃO GERA PROTESTOSMoradores do Beira Linha, área localizada no São Gabriel, protestam contra a desapropriação de casas feita pela Prefeitura. De acordo com proprietários, indenização não é satisfatória

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EMANUEL GONÇALVES

IZABELLA SIQUEIRA2º PERÍODO

Nos últimos meses mo-radores do Bairro São Gabrieltêm realizado protestos cons-tantes contra a desapropriaçãode imóveis na área conhecidacomo Beira Linha. Foram reali-zados bloqueios das passagensde carros na entrada do bairrodurante o horário de pico. Mo-radores afirmam que o valoroferecido pela Prefeitura deBelo Horizonte não é sa-tisfatório, uma vez que essesvalores não seriam suficientespara a compra de casas dentroda região do São Gabriel, sendonecessário mudança para algu-ma cidade da Região Me-tropolitana de Belo Horizontepor causa da falta de opção.

"Esta remoção foi muito ruimpara nós moradores, não deupara comprar uma casa do jeitoque eu queria. Queria ter com-prado uma casa aqui perto,agora vou ter que me mudar pa-ra o Bairro Morro Alto, Vespa-siano. A prefeitura me deu R$52 mil e a casa que comprei cus-tou R$ 60 mil, ainda terei quecompletar outros R$ 8 mil commeu salário de aposentada",relata Marlene Ribeiro deSouza, de 78 anos.

Como alternativa para as 288famílias a serem desapropria-das, a Prefeitura oferece o reas-sentamento em apartamentosconstruídos em três terrenoslocalizados no Bairro Belmonte,situado próximo à nova Rodo-viária. O reassentamento obe-dece as diretrizes da PolíticaMunicipal de Habitação e con-ta com a construção de 144

apartamentos em unidades ha-bitacionais. As famílias queaderirem a esta opção terãoacesso ao benefício Bolsa Mora-dia no valor de R$ 500 para co-brir os custos de aluguel até aentrega dos apartamentos, pre-visto para 2013.

Há também a opção pela in-denização que já foi previa-mente avaliada por técnicos daCompanhia Urbanizada e deHabitação de Belo Horizonte(Urbel) obedecendo aos pa-drões técnicos da AssociaçãoBrasileira de Normas Técnicas(ABNT). Essa alternativa é con-siderada insatisfatória pelosmoradores, como é o caso deTerezinha Augusta da Silva, de65 anos, filha de um dos pri-meiros moradores do bairro,Messias Tertuliano da Silva. "OBeira Linha começou a nascerpor volta de 1957, com a cons-trução da linha ferroviária, masessa linha nunca foi usada. Eunasci aqui, vi o São Gabriel nas-cer. Não tinha nada aqui. Agoratenho que sair da minha casa ea Prefeitura está pagando muitopouco, não dá para compraruma casa no bairro e o apar-tamento é pequeno demais parauma família", conta a apo-sentada.

Pedro Veríssimo, responsávelpela Assessoria de Imprensa daUrbel, observa que as recla-mações dos moradores aconte-cem devido à discordância dospadrões técnicos da ABNT. "Emáreas de ocupação irregular,como é o caso da Vila SãoGabriel, a legislação em vigornão permite que o valor do ter-reno incida no cálculo da inde-nização. A avaliação leva emconta apenas o tamanho da

IZABELLA SIQUEIRA

Bairro Dom Bosco sofre com problemas de trânsito

Área conhecida como Beira Linha é alvo de desapropriação e valor de indenização oferecido pela Prefeitura não agrada moradores

área construída (metro quadra-do) e a qualidade dos materiaisempregados na construção dabenfeitoria, cujos preços sãorevistos anualmente para finsde atualização", revela.

Segundo ele, os critérios téc-nicos da avaliação da benfeito-ria obedecem aos padrõesdefinidos pela Associação Bra-sileira de Normas Técnicas(ABNT). No caso do moradordiscordar do valor da avali-ação, ele pode solicitar umanegociação que poderá ou nãoresultar numa revisão dos pre-ços da planilha, que é semprepautada por critérios técnicos.A Prefeitura já se reuniu comos moradores do São Gabrielpara tratar especificamente

deste assunto, inclusive em au-diência pública convocada pelaCâmara de Vereadores de BH.

"Toda mudança implica emresistência. Isto é intrínseco ànatureza humana e às relaçõessociais. Usualmente um pro-cesso de remoção gera apre-ensões e incertezas, pois as fa-mílias afetadas de forma geralcriaram raízes e laços de con-vivência na comunidade, alémde se utilizarem de equipamen-tos e serviços públicos (escola,postos de saúde) existentes naregião. Para evitar o máximo detranstornos possível, a Pre-feitura realiza um trabalho deacompanhamento social comas famílias, pelo qual esclarecee explica todas as etapas do

processo", diz Pedro Veríssimo,ao avaliar os motivos da resis-tência dos moradores.

Ainda não existe um prazopara a desapropriação dosmoradores, porém, segundo aUrbel, 28 famílias já receberamindenização e deixaram suasmoradias e outras 28 já aderi-ram ao reassentamento nosapartamentos e estão morandode aluguel ou procurando umanova residência para alugar atéa entrega das unidades ha-bitacionais. O processo dedesassentamento das famíliasdemandará alguns meses, oque é considerado normal pelaUrbel, em se tratando de umempreendimento de tal vulto.

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MOUNI DADOUN

RAQUEL DUTRA7º E 4º PERÍODOS

A rotatória da AvenidaIvaí é cenário de frequentesacidentes. De acordo comSebastião Duarte, de 54anos, que trabalha há oitona linha S54 como moto-rista de ônibus, cujo pontofinal é próximo ao local, ainstalação de um quebra-molas não foi suficientepara resolver o problema.Sobre uma das maiorespreocupações do bairro, osfrequentes acidentes comveículos que transitam narotatória, o motorista aindaacrescenta "A sinalização épéssima e o semáforo fazfalta. A pouca sinalizaçãoexistente não tem eficiên-cia", alega.

Moradora do bairro há40 anos, Rosana Simões, de52, alega que motoristas demotos e carros não res-peitam a pouca sinalização,além de transitarem em altavelocidade. Ela ainda sugerea implantação de faixas depedestres e semáforos. "Arotatória é muito perigosa,ninguém respeita nada.Sempre tem batida. Motospassam muito depressa enão vêem sinalização. Mo-torista nenhum aqui nobairro respeita os pedes-tres", explica.

Rosana alega que aAvenida é ponto-chave do

bairro, além de ser porta deentrada para a Paróquia SãoJoão Bosco e, por ser umlocal de movimento, a re-gião merecia uma sinaliza-ção mais eficiente e melhor."A falta de sinalização é evi-dente e um dos motivoscausadores de tantos aci-dentes. É muito ruim paraatravessar. Eles precisam termais prudência", analisa.

Vera Lúcia Silva, de 48anos, é dona de um restau-rante em frente à rotatória eexplica que já presencioudiversos acidentes. Assimcomo Sebastião, a comer-ciante opina que um que-bra-mola não é suficiente."Quase todos os dias têmbatidas nessa rotatória.Sempre tem reclamaçãosobre a falta de sinalização.Para os pedestres é horrível,os carros não param para agente atravessar. Princi-palmente na Rua Severo,que faz esquina com arotatória, e não tem ne-nhum quebra-mola", recla-ma.

O taxista José WanderleyFilho, de 36 anos, trabalhahá oito no bairro e diz queesses acidentes sempreacontecem, mas ao con-trário de outros moradorese frequentadores do bairro,ele acredita que o problemanão seja a falta de sinaliza-ção. "As pessoas não res-peitam a parada obri-gatória. Na verdade, não

acho que falte sinalização,falta mesmo é atenção dosmotoristas e, principal-mente, respeito. Tem umaplaca grande de paradaobrigatória além de quebra-mola", comenta.

POLUIÇÃO SONORAO trânsito não é o únicoproblema do bairro. Apoluição sonora tambémafeta a qualidade de vidados moradores. Muitos re-clamam de carros que tran-sitam com o som extrema-mente alto, em sua maioriapropagando músicas e co-mo Rosana Simões diz, a"barulhada" começa às seteda manhã". "É realmentemuito incômodo. As pes-soas não têm nem cultura,nem educação. A gente éobrigado a escutar o que ooutro quer, isso é ridículo",alega.

Rosângela Simões, 62,reclama do volume dos car-ros de som, mas o que maisa incomoda é o barulho dosaviões do aeroporto CarlosPrates, bem próximo aoDom Bosco "A poluiçãosonora desse aeroporto étão grande que o som datelevisão fica no volumemáximo. Com o som naaltura normal não dá paraescutar nada. Até final desemana os barulhos sãoconstantes", comenta.

De acordo com a Pre-feitura de Belo Horizonte, o

A pouca sinalização, a falta de semáforos e faixas de pedestre geram problemas para motoristas e pedestres

desenvolvimento do BairroDom Bosco se iniciou nadécada de 1940, logo após ainauguração do AeroportoCarlos Prates em 1936.Atualmente, o aeroportonão funciona com vôoscomerciais, mas possui umcentro de formação de pilo-tos, o Aeroclube do Estadode Minas Gerais, além deser ativo para vôos nãoregulares e o funcionamen-

to de empresas de táxisaéreos (por exemplo de he-licópteros).

A psicóloga Aline Lemos,de 34 anos, afirma quealém do incômodo com obarulho dos aviões, o medode que um caia sobre o bair-ro, ou até sobre sua residên-cia, é intensificado devidoao fato de o aeroporto seruma escola de treinamentode pilotos, em que a fre-

quência de aulas é perma-nente. "Além do barulhodos aviões, é muito perigosoque um caia. Várias vezesaviões já caíram", diz.

A Infraero, por meio desua assessoria de comuni-cação, não se posicionousobre as reclamações demoradores do bairro em re-lação ao barulho dos aviõese ao temor por acidentes.

RAQUEL DUTRA

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7ComunidadeSetembro • 2012 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

Praça ainda precisade limpeza frequente einstalação de lixeiras.Moradores entrevista-dos relatam que a últi-ma limpeza completada praça foi feita naépoca da instalação dosaparelhos de ginástica.

"Antes na praça nãotinha nada, apenas su-jeira e o espaço", contaMaria Lucia Costa, mo-radora do bairro. Agora,com a instalação dosaparelhos de ginástica,os frequentadores dapraça tem uma opçãode atividade física, mastodos reclamam da su-

jeira e da falta de lixei-ras na região. A únicaalternativa é usar as li-xeiras improvisadas naporta de um bar, insta-ladas pela proprietária."Eu cuido da minhaporta, varro, coloco aslixeiras" diz a comer-ciante Maria Nina deSá.

Os moradores espe-ram que com a insta-lação da academia a céuaberto, a praça recebamais atenção, uma lim-peza constante, e maisinvestimentos, já querepresenta um ponto delazer e encontro dos

moradores da região. "Opovo respeita, os idososvem com as crianças,mas é sempre precisomelhorar, realizar umamanutenção", ressaltaHelvio Reis, diretor cul-tural da Amabadoc.

De acordo com a Pre-feitura, a varrição e apintura da Praça daComunidade é feitapela Gerência de Jar-dins e Áreas Verdes daRegional Noroeste(Gerjav-No) toda sema-na e a troca lixeiras é deresponsabilidade doServiço de LimpezaUrbana. A varrição nas

ruas do entorno dapraça é feita toda sexta-feira pela Gerência deLimpeza Urbana. A as-sessoria de comuni-cação da Regional No-roeste informou que háuma manutenção peri-ódica na praça peloPrograma Bairro Vivo,que acontece de 20 em20 dias. A assessoriainformou também quese o morador quiserfazer qualquer tipo desolicitação, tanto demanutenção quanto delimpeza, basta entrarem contato com a PBHpelo telefone 156.

Moradores reclamam de sujeira no local

BOCA DE LOBO É RECONSTRUÍDAn

RAÍSSA PEDROSA5º PERÍODO

Uma boca de lobo, situ-ada à Rua Madre Maza-rello no Bairro Dom Ca-bral era motivo de incô-modo para os moradoresdo local, afinal havia setornado abrigo para mor-cegos e punha em riscoquem passava por lá pelafalta de grades de prote-ção. O problema, no en-tanto, não mais existe. Aboca de lobo, que era dotipo gaveta, foi trocadapor uma simples, com can-toneira e quadro de gre-lha, um serviço realizado

pela Gerência de Manu-tenção da Regional Noro-este.

Há aproximadamenteum ano, a boca de lobo co-meçou a ser motivo depreocupação para os mo-radores da região e motivode mobilização da equipede zoonoses do posto desaúde Dom Cabral, quefunciona, provisoriamen-te, ao lado da boca de lo-bo. Fiscal da equipe dezoonozes do posto, PedroLazarino conta que umhomem que mora emfrente à boca de lobo pro-curou-o pois estava pre-ocupado com a quantida-de de morcegos no local.

Pedro ligou para a Pre-feitura, que atendeu à so-licitação e limpou o localpouco tempo depois. "Euque liguei no 156 (telefo-ne da PBH) para solicitaro serviço, atenderam emmenos cinco dias", lembra.

Adão Talvani de Almei-da, engenheiro e moradorpróximo à boca de lobo,foi quem procurou a ajudade Pedro Lazarino. "Comoele está sempre aqui cui-dando para evitar ratos,essas coisas, eu falei comele para procurar o pes-soal, como já tem um de-partamento da Prefeituraaqui, foi mais fácil", co-menta Adão. Segundo ele,

sua maior preocupação foicom a quantidade de mor-cegos que transitavam porali. "Os morcegos não che-garam a me incomodar di-retamente, mas quando eupassava por ali, eu viamuitos deles entrando esaindo. Morcego trás do-ença", alega.

O formato da boca delobo dava condições deacúmulo de lixo e atraíaanimais, bem como a faltade uma grade e proteçãogerava o risco de uma pes-soa, principalmente crian-ças, cair dentro dela.Pedro ressalta a importân-cia de haver grades de pro-teção nos bueiros e boca

de lobo. "As grades deproteção nos bueiros sãode fundamental importân-cia, além de dificultar aentrada de lixo tambémdiminui os possíveis abri-gos para bichos, sem con-tar os riscos de acidente",afirma. Além disso, Pedrocompleta que, apesar dehaver limpeza por parteda Prefeitura, o acúmulode lixo deve deve vir daconsciência dos morado-res. "O mais importante édar destino correto ao lixo,não deixar acumulado emcasa e nem atirar em viaspúblicas", observa. A Ge-rência de Limpeza Urbanada Regional Noroeste

(Gerlu-NO), informouque a limpeza das bocasde lobo e bueiros é feita acada 60 dias de acordocom contrato anual.

De acordo com a Ge-rência Regional de Zoo-noses da Regional Noro-este (Gerczo-NO), quan-do há infestação de ratosou outros animais que tra-zem riscos à saúde em lo-cais como bueiros, osmoradores devem entrarem contato com a Prefei-tura através do Serviço deAtendimento ao Cidadão(SAC) pelo 156 ou ir pes-soalmente à Regional doseu bairro.

A boca de lobo como estava antes, sem grade, representava perigo para transeuntes da Rua Madre Mazarello

Praça recebe equipamento para atividades físicasn

ANA LETÍCIA DINIZ

ANDRÉ CORREIA

LANA NAVES

SÉRGIO MARQUES1º PERÍODO

Em julho de 2012 aPraça da Comunidade, lo-calizada no Bairro DomCabral, recebeu seus equi-pamentos de academia acéu aberto. A comunidadeelogia a chegada dos apare-lhos e comenta sobremudança na movimenta-ção da praça. "Pessoas quevocê via que às vezes fi-cavam dentro de casa, ca-deirantes, a gente tá vendoesse pessoal frequentando,

usando, estão podendousufruir mais da praça.Esses aparelhos foram óti-mos", comenta SimoneCornélio, moradora dobairro há 40 anos. "Aindanão venho todo dia, maspretendo usar mais", ob-serva Noelina Alves, mora-dora do bairro, que tam-bém disse passear com seuneto na praça, aos sábados.

Mas os elogios parampor aí. Apesar da disponi-bilidade dos aparelhos, apraça não recebeu maisnenhum cuidado ou aten-ção especial às demais ne-cessidades, e moradores

pedem por melhorias. Re-clamam da falta de manu-tenção, tanto no localquanto nas quadras queficam ao lado, e que foramreformadas pela última vezem 2000, no último jogoque foi realizado no local.

"A quadra está sem ilu-minação, sem traves, semsegurança, e o vestiário fe-chado todo cheio de entu-lho", diz Caio, estudantede 11 anos, usuário daquadra. De acordo comArmando José Caldas, se-gundo secretário da Asso-ciação de Moradores eAmigos do Bairro Dom

Cabral, o pedido de umareforma geral das quadrase do vestiário já foi enca-minhado à Prefeitura, e a-guarda aprovação dos ve-readores, que está previstapara votação no final doano. "Hoje, não tem vasosanitário, lavatório, chu-veiro, a parte elétrica foitoda roubada. A quadra devôlei há muito tempo nãose utiliza, e a de petecatambém. Não tem nem osmastros para colocação dasredes", comenta.

O secretário também re-vela que, os aparelhos nãoseriam instalados no cen-

tro da praça, e sim no en-torno das quadras, queficam próximas, mas pormotivos de necessidadesde reforma, cujo pedido jáfoi encaminhado, os apare-lhos precisariam ser retira-dos para melhoria do piso.Sendo assim, eles foraminstalados nesse local, casocontrário, seriam destina-dos à outra praça, emoutro bairro. "Achei queficou desorganizado, por-que ocupou o espaço ondeficavam as barraquinhas.Dava para usar um espaçomais reservado", dizAlcione Bezerra, que mo-

rou 14 anos no bairro, eainda frequenta a praça.

Há também a necessi-dade de segurança no local.Moradores reclamam dapresença de vândalos eusuários de drogas, princi-palmente à noite. "Deveriater um policial, ou umguarda municipal, paratomar conta do patrimô-nio. O aparelho que soltou,foi por causa do uso, masjá foi guardado na creche",diz Helvio Reis, diretorcultural da Associação deMoradores e Amigos doBairro Dom Cabral(Amabadoc).

Apesar dos benefícios dos aparelhos de ginástica, a praça continua suja

RAQUEL DUTRA

RAQUEL DUTRARAISSA PEDROSA

Problema vinha gerando transtorno há mais de um ano para moradores do Bairro Dom Cabral. Além do acúmulo de lixo, era comum encontrar até morcegos e ratos no local

Após o Jornal MARCO entrar em contato com a Sudecap, a situação foi resolvida com a colocação de um bueiro

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8 CidadeSetembro • 2012jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

DE CARA NOVA E COM

MUITOS ATRATIVOSn

SARA MARTINS FONSECA4º PERÍODO

O "Guarda Belo", comoos flanelinhas da PraçaAfonso Arinos apelidarama estátua do veterano daSegunda Grande Guerraque ali se encontrava,voltou a ser "Pracinha"(nome dado aos soldadosdo Exército Brasileiro queforam enviados para inte-grar as forças aliadas con-tra o nazi-fascismo). Ago-ra, ele está perto de quemrepresenta os reais vetera-nos, do espaço que oshomenageia e de um ca-nhão original de guerra,trazido do Rio de Janeiro apedido do general-de-divi-são Ilídio Gaspar Filho,comandante da 4ª RegiãoMilitar, que tem sua sedeem Belo Horizonte.

Ambos foram recente-mente trazidos para umacasa verde de arquiteturaantiga, no número 199 daAvenida Francisco Sales,no Bairro Floresta, queabriga há cerca de 20 anos,o museu da ForçaExpedicionária Brasileira(FEB). As peças chegaramem 19 de maio, em umaação que envolveu quaseuma centena de pessoas."Fizemos uma operaçãomuito legal. Saímos domuseu pela manhã comum comboio de carros mi-litares antigos, passamosno batalhão onde estava ocanhão e o colocamos emcima de um caminhão comum guindaste. Depois pas-samos no centro pegamos

o pracinha e o trouxemospara cá. Na hora que ocolocamos em cima do ca-minhão, o Cap. DivaldoMedrado, o veterano queestava conosco, falou: 'es-tamos levando o nosso ir-mão para casa'", conta ovice-presidente do Museu,Marcos Renault Coelho,52 anos.

Os monumentos foramoficialmente inauguradosem uma cerimônia queocorreu oito dias depois,em 27 de maio. Eles seencontram no canteiro daAvenida em frente ao mu-seu, região que pode vir ase chamar "Largo do Praci-nha", caso seja aprovado oprojeto de lei enviado àCâmara Municipal. As du-as peças valorizam a área echamam a atenção daspessoas para o museu, queera o principal objetivo.

A vinda do "Pracinha" edo canhão de guerra fezparte de um processo derevitalização do museu daFEB que durou cerca deum ano e foi coordenadopelo vice-presidente Mar-cos Renault. O museuestava com uma infra-estrutura precária, fachadapouco atraente e as peçasem acomodações inade-quadas. "A casa, o acervo,o moral do pessoal estavatudo muito baixo, porquea população não conhece abonita história dos pra-cinhas. Como não havia oconhecimento, não haviatambém investimento a-qui", diz Marcos.

Os responsáveis pen-

saram em transferir omuseu para dentro do 12ºBatalhão de Infantaria eentregá-lo aos cuidados doExército. "Eu fui contra,porque muito embora asForças Armadas sejamgrandes incentivadores donosso museu, para os civisvisitarem um museu den-tro de um quartel é muitocomplicado, por questõesde segurança, torna-seburocrático", afirma ovice-presidente. "No Exér-cito acontece o seguinte,civil tem que chegar pedirlicença ao inspetor do diae um soldado vai acom-panhando o visitante. Asvisitas ficam sem liberdadede ver museu", explica otenente Geraldo Taitson,91, veterano de guerra queguia os visitantes pelomuseu.

O espaço ficou quatromeses fechado para umareforma na infraestrutura.E no dia 12 de dezembrode 2011 foi reinauguradocom uma nova cor, novospisos e um letreiro que oidentifica. Do acervo fo-ram tiradas todas as peçasmal conservadas. "Hoje, acasa está limpa, está chei-rosa, com um piso limpo,os móveis estão de acordo,o acervo está bem acondi-cionado, as vitrines estãonovas e nós temos segu-rança", conta Marcos. Oroteiro de visitas foi remo-delado e o museu agorafaz parte do Circuito Cul-tural da Prefeitura de BeloHorizonte. "Esses homensforam daqui até a Itália

sem saber para onde iam,sem saber se iam voltar,para garantir que hoje nóspudéssemos viver em paz,e ter uma democracia noBrasil. Alguém lutou paraisso, alguém morreu paraisso, nós temos que noslembrar deles", afirmaMarcos Renault.

VISITANTES Reinau-gurado, o Museu da ForçaExpedicionária Brasileira,saiu de um patamar de110 visitantes por mêspara mais de 1000. A con-tabilidade é feita por umalista, na qual as pessoas es-crevem o nome, idade,cidade, e-mail e comoficaram sabendo do mu-seu. O vigia Odair AntônioLuiz, 38, cobra a assina-tura de todos, até dascrianças. Nessa tabela épossível ver nomes dehomens e mulheres detodas as idades.

Segundo o vigia OdairAntônio, que trabalha aosfins de semana pela ma-nhã, o público é sempreassim, variado e as pessoastêm se mostrado admi-radas com a qualidade domuseu. Lucimeire deSenna, 42 anos, e SérgioAmorim, 42, já levaramseu filhos Augusto, 12, eBruna 8, há vários mu-seus, e descobriram recen-temente que havia umsobre a FEB.

A professora Lucimeireficou surpreendida e gos-tou de ver um pouco dahistória da Segunda Guer-ra. Sérgio elogiou a conser-

SARA MARTINS

Marcos Renault: Museu da FEB ajuda a lembrar dos que morreram lutando

Instalação do monumento em homenagem ao soldado anônimo, que ficava na Praça Afonso Arinos, e de um canhão

de guerra, transferido do Rio de Janeiro, revitaliza Museu da FEB, que passa a receber número maior de visitantes

vação do material e se in-teressou pelos jornais daépoca. Augusto reparounos uniformes dos solda-dos. "Eu estou fazendo umtrabalho para a escola, otema do meu grupo foiinvenções. Eu escolhi otraje do soldado do futuro,é bom olhar como era otraje do soldado do passa-do para conhecer e com-parar com o do futuro",afirma.

Zemh Teixeira, 48, queacompanhava seu filhoGuilherme de 4 anos aomuseu, ficou encantadocom recepção do lugar. "Euachei o atendimento exce-lente, o guia é ilustradíssi-mo, tem muitas infor-

mações e destaca as coisas

interessantes". As visitas

são guiadas por pracinhas,

os visitantes podem ouvir

detalhes e curiosidades da

boca de quem esteve na

guerra. Os veteranos, po-

rém, vão preparar novos

guias para contar às histó-

rias que eles viveram. "Nós

que fomos para a guerra

estamos todos com mais

de 90 anos, temos que

arranjar civis para tomar

conta, eles terão que fazer

um estágio aqui para saber

tudo o que aconteceu na

guerra e falar com os visi-

tantes", afirma o tenente

Geraldo Taitson.

Conflitos entre motoristas e pedestres nas viasn

GABRIELA GARCIA

LUÍSA BORGES

YASMIN TOFANELLO

4º PERÍODO

Barato, popular e aces-sível, a caminhada é umaalternativa cada vez maisprocurada por pessoas queanseiam uma vida saudá-vel. A maioria dos pedes-tres que optam por prati-car esse esporte muitas ve-

zes se depara com algunsobstáculos, como a faltade infraestrutura e espaçonas calçadas. Como con-sequência, muitos passama ocupar a lateral das ruase avenidas, tumultuando otrânsito e dificultando arelação com os motoristas."Alguns grupos de corre-dores atrapalham o trânsi-to, porque ficam um dolado do outro e, com isso,

acabam ocupando umaparte da rua", afirma aaposentada Fátima Olivei-ra, 57 anos, moradora doBairro Belvedere, RegiãoCentro-Sul de Belo Hori-zonte.

O grande fluxo de pe-destres que pratica cami-nhada e corrida no bairro,segundo moradores, preju-dica o trânsito e incomodaos motoristas que dirigem

na região. "Acho que aspessoas que caminham ecorrem atrapalham o trân-sito. Também dirijo e jásaio da garagem atenta,porque muitas vezes aspessoas estão no pique eacabam não olhando paraatravessar a rua", conta aadvogada Flávia Fagundes,27 anos, que mora noBelvedere e também pos-sui o hábito de caminharpelo bairro. Segundo ela,mesmo com as ruas largas,os pedestres têm o cos-tume de caminhar no localdestinado aos carros.

Os moradores, pedes-tres e motoristas cobrammaior conscientização detodos para garantir que asituação seja resolvida, demodo a não prejudicarninguém. "Mais da metadedos carros que param aquisão das pessoas que estãocorrendo. Quando entrono meu carro vou devagar,pensando que aquela pes-soa que está correndo po-deria ser eu", afirma oadvogado Raynner Rocha,

39 anos, que possui o há-bito de correr no Belve-dere somente aos finais desemana. De acordo com oadvogado, deveria haverbom senso de ambas aspartes.

Pensando em alternati-vas que solucionem o pro-blema entre os motoristase os pedestres, alguns mo-radores acreditam que aPrefeitura de Belo Hori-zonte deveria investir naconstrução de pistas decooper, destinadas nãosomente a corredores, mastambém a ciclistas. "Achoque se urbanizassem aLagoa Seca e fizessemmais pistas de caminhada,melhoraria muito a situ-ação", sugere o engenheiroe morador do bairro, PauloRios, 59 anos.

Buscando resolver omesmo problema presenteno Belvedere, os mora-dores do bairro São Bentose mobilizaram e conse-guiram, há vinte anos,uma autorização para fe-char parte da Avenida

Bento Simão, todas as ma-nhãs, com o intuito deproporcionar aos pedestresum espaço destinado acorridas e caminhadas.Segundo o vendedor deágua de coco, LeonidasRoberto, 42 anos, respon-sável por fechar a avenida,a iniciativa não atrapalhao trânsito, uma vez que obairro possui outra aveni-da que exerce a mesmafunção.

A área não é só frequen-tada por corredores, mastambém por pais que le-vam seus filhos para cami-nhar acreditando que o lo-cal é seguro para tal ativi-dade. Para a moradora dobairro, Juliana Coimbra,38 anos, a alternativa dofechamento da avenida foidecorrente do risco a queesses pedestres eram sub-metidos. "Com certeza éuma medida de segurança.Se não fosse fechado, nãoteria como crianças peque-nas passearem aqui", cons-tata a moradora.Praticantes de caminhada do Bairro Belvedere têm que dividir espaço com os carros e correm risco de acidentes

YASMIN TOFANELLO

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9SaúdeSetembro • 2012 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

O trabalho de Fer-nando Mineiro foi reco-nhecido por diversos es-tudiosos da área e osucesso do livro foiampliado pela RocheFarmacêutica que patro-cinou a distribuição decartilhas informativassobre o transtorno ondeforam convidados aescrever nas cinco edi-ções grandes perso-nalidades brasileiras en-tre eles estão: "MarioPrata, Carlos Heitor Co-ny, Juca Kfouri, Robertoda Matta e Walcyr Car-rasco", além dos autoressempre no fim das carti-lhas há textos de Fer-nando Mineiro e deestudiosos da área.

Fernando Mineiro,observa a importânciados trabalhos desen-volvidos pelos pacientespara controlar a respi-ração, principalmenteem situações de pânico.Segundo ele, essa respi-ração é baseada na respi-ração diafragmática evi-tando a torácica. Oautor do livro diz que éinteressante uma ali-mentação saudável emque se evite alimentosde difícil digestão queformem gases, como:pepino, melancia, pi-mentão e jiló, moderan-do também o consumode feijão, cebola e repo-lho. Alimentos que pos-suem cafeína podem setornar gatilhos deacionamento das crisescomo, café, chá mate,chocolate e refrigerantesa base de cola. “Segurarsono e exercícios físicosextenuantes tambémpodem servir de tram-polim para situaçõesdifíceis para o paciente”,diz.

Fernando conta tam-

bém como é árduo o tra-balho de manter oGrupan em atividade,em função da escassezde recursos.

Ele destaca o integralapoio que recebe de suaesposa, Rúbia Coelii,desde a fundação dogrupo em 12 de se-tembro de 1999. Contaque o grupo se mantémsem apoio governamen-tal e falta voluntários.“Eu não consigo volun-tários pra me ajudar nes-se trabalho, porquequando a pessoa conse-gue superar o sofrimen-to que ela passou foitanto que ela não quernem saber, ela pede atépara deletar o e-maildela, que ela não querreceber essas mensa-gens, ela quer esqueceresse passado", comenta.

Estas mensagens asquais Fernando se referesão enviadas por e-mailcomo forma de motiva-ção e instrução aos por-tadores, diz que temmais de cinco mil pes-soas cadastradas no pro-jeto, ressaltando quemuitas são de outros es-tados e algumas de ou-tros países. Todo esseempenho e ampla acei-tação nestes 12 anos foicausa da formação demais de 25 grupos de a-poio pelo país dos quaisquatro ainda resistem,segundo ele.

Para outras informa-ções o endereço doGrupan é Rua Sucurin°720. Bairro São Geral-do (Belo Horizonte). Otelefone é (31) 3487-2669 e o e-mail é[email protected]. Oendereço do Bem Estar éRua Anori, 23 - BairroSão Gabriel, telefone(31) 3447-0061.

Grupan necessita deapoio e do trabalhode voluntários

DIAGNÓSTICO E QUALIDADE DE VIDARecentes descobertas a respeito do transtorno do pânico foram fundamentais na hora da identificação da doença e da busca por tratamento apropriado por parte dos indivíduos afetados

n

PEDRO FONSECA

2° PERÍODO

Portador do transtorno dopânico, em estado controla-do, Fernando Mineiro, pre-sidente do Grupo de Apoioaos Portadores do Transtornodo Pânico (Grupan) de BeloHorizonte e autor do livro"Tenho a síndrome do pâni-co, mas ela não me tem!", a-juda com sua experiência àspessoas enfretarem a doençapopularmente conhecida co-mo síndrome do pânico. Ho-je, convidado por importan-tes entidades para ministrarpalestras já chegou a falarpara 250 psiquiatras emGoiânia, é um autodidataespecialista em transtorno dopânico e faz uma conside-ração importante para a com-preensão do distúrbio: "Opaciente do TP não é umdoente mental. Seu distúrbioé químico genético de neuro-transmissores".

“Ocorre pelo acionamentoindevido do nosso alarmenatural, as amigdalas cere-brais em situações de perigoirreais", explica FernandoMineiro. É uma doença queatinge cerca de 4% da popu-lação brasileira, reconhecidapela Organização Mundialde Saúde (OMS) em 1993.O que se sabe sobre otranstorno é que pode sercontrolado, por meio depsicoterapia e remédios, per-mitindo que aqueles atingi-dos pela doença possam teruma vida normal e saudável.Para ter tal qualidade de vidaé necessário o acompanha-mento psicológico, através degrupos de apoios, de umpsiquiatra, apoio da família eamigos, além de muita de-dicação ao tratamento.

Segundo os estudos deFernando Mineiro, que cons-tam de seu livro, as es-tatísticas indicam que adoença atinge de 2 a 5% dapopulação mundial, podendoocorrer em qualquer idade,embora a proporção maiorestá entre os 20 e 35 anos,afetando três mulheres paracada homem. Até os presentesestudos segundo o livro, filhose irmãos tem 25% de pos-sibilidades de ter TP e nãoexiste prevalência de raça oucondição sócio econômica,constando entretanto que oindivíduo urbano está maispropenso do que o rural.

Fernando, hoje com 66 a-nos, conta que sua primeiracrise foi aos 14, quando tra-balhava em um banco erepentinamente vieram "a-queles sintomas horríveis”.“A sensação é de morte imi-nente, fui socorrido, melevaram ao médico do banco

e quando cheguei lá já tinhapassado, o médico falou:'não, não tem explicação',naquela época nem a medici-na sabia do que se tratava",conta. Os seguintes sintomassão gerais aos portadores, epodem servir de informaçãopara o correto diagnóstico dadoença: calafrios, confusãomental, dor ou desconfortono peito, fechamento da gar-ganta, medo de morrer, medode enlouquecer, sudorese, bo-ca seca, palpitações ou taqui-cardia, entre outros. Essessintomas não acontecem aomesmo tempo.

Ele passou 35 anos da vi-da sem diagnóstico sobre adoença. Outras doenças, noentanto, foram erroneamentediagnosticadas e há cerca de12 anos lendo um jornal, sedeparou com um laboratórioque convidava aqueles queapresentavam alguns dos sin-tomas descritos anterior-mente a serem voluntáriospara o teste de um novoremédio durante oito meses.Constatado pelo laboratórioque os sintomas de FernandoMineiro não eram apenas decunho físico-biologico, e deacordo com as clausulas docontrato, ele fez o tratamen-to com os remédios indica-dos por um tempo de umano. Foi aí que entrou na fasede controle que mantém atéhoje, já sem a ajuda da psi-quiatria, mas aplicando téc-nicas e conhecimentos queadquiriu e desenvolveu du-rante sua pesquisa pessoalpara descobrir porque estadoença o acometia.

Fernando Mineiro, dizque 20% da doença pode serresolvida através de remédiose os outros 80% dependemdo portador. “Ele tem queseguir a medicação, quem vaisuspender é o médico, aínesse sentido entra o Grupanpara mudar a cabeça da pes-soa mostrar que isto é tran-quilo, e ela consegue superar"afirma. A grande barreira deum portador é se assumirperante a sociedade e porisso Fernando Mineiro dizque 80% do trabalho é feitovia internet, e o grupo agequando as pessoas já come-çam a se libertar destesmedos e começam a frequen-tar as reuniões, com trêsmeses de participação a me-lhora no paciente já é signi-ficativa.

Ele também conta umpouco sobre o livro que estáem sua terceira edição e queconsidera como "manual doportador" e diz que é onde oindividuo começa a ter orien-tação sobre a doença e, con-sequentemente, seus fami-liares sabem por onde come-

Fernando Mineiro tem a síndrome do pânico em estado controlado

PEDRO FONSECA

çar a ajuda. A psicóloga Rosemeire

Cunha Soares, com 10 anosde profissão, atende volun-tariamente em alguns dias dasemana pacientes na Regiãodo São Gabriel no EspaçoBem Estar Consultório dePsicologia e Psicopedagogia,e diz que não necessariamen-te a síndrome do pânico estárelacionada com algum trau-ma. "Inicialmente não, só quena clínica tudo é avaliadocaso a caso", explica. Ela tam-bém relaciona o transtornodo pânico a outras doençaspsicológicas. "É muito co-mum a síndrome do pânicovir junto ou após um quadrodepressivo" e ainda cita ofator discriminação. "O queacontece muito na saúdemental é que as pessoas têmtanta aversão da loucuratanta dificuldade de se abrircom os fatores emocionais,que elas vão protelando abusca por tratamento, elasvão empurrando o máximoque elas podem. Então,quando a pessoa chega a bus-car o tratamento já está emum grau mais severo, geral-mente quando chega paraum psicólogo e um psiquiatrajá passaram por vários médi-cos", observa.

A psicóloga conta que háo risco de isolamento da pes-soa, quando a doença não étratada de forma correta."Para evitar que a crise venhao local mais seguro seria opróprio domicilio, então apessoa vai ter vários prejuí-zos porque, se ficar em casa é

a reposta que eu tenho,mesmo que não seja a minhacura, eu vou evitar sair e aí seeu evito sair eu não vou estu-dar, não vou trabalhar, nãovou me relacionar, então osprejuízos vão vindo", diz.Rosemeire confirma os avan-ços no tratamento da doen-ça. "O avanço dos estudostem feito muita diferença simnos tratamentos, a saúdemental evoluiu muito, por-que tudo antigamente eraloucura hoje nem tanto,houve uma época onde tudoera marginalizado e hoje jánão mais, hoje a gente traba-lha com a saúde mentalinclusa e não reclusa antesisolava o paciente, hoje trazo paciente para a sociedade",analisa.

Segundo Rosemeire, éimprescindível o acompanha-mento dos profissionais daárea. "Eu gosto muito dessaparceria com o psiquiatra,porque ele conhece meu tra-balho e eu conheço o dele", eainda ressalta o papel dafamília no tratamento. Opapel da família é extrema-mente importante, porqueessa pessoa precisa de muitaatenção e compreensão”,avalia. “Não é uma atençãoexagerada, é uma atenção namedida, e essas pessoas quetem geralmente quadro de-pressivo, síndrome do pânicoe outros transtornos psi-quiátricos elas tendem a sermuito carentes, muito sozi-nhas, elas são mal compreen-didas", acrescenta.

Consumir compulsivamente pode ser um distúrbio n

JULIANA SILVEIRA

2º PERÍODO

Comprar pode pareceruma atividade inofensiva eaté pode ser uma distraçãopara algumas pessoas, masquando se torna um hábitoexcessivo, deve-se atentar pa-ra um possível distúrbiocompulsivo, uma doença psi-cológica chamada oniomania(mania de comprar).

Atualmente, há umainversão de valores e o "ter"começa a valer mais do que o"ser". As pessoas já cresceminclinadas ao consumo. ParaAndré Junqueira Caetano, 50anos, professor de CiênciasSociais da PUC Minas, oconsumo de determinadosbens é relacionado a algunsvalores sociais para supriruma falta ou realizar um

desejo e o apelo midiático aoconsumo agrava essa si-tuação.

"Evidentemente isso éilusório. A gente tem umasociedade cada vez mais con-sumista, no sentido de quetodo desejo é uma falta equalquer falta pode ser supri-da pelo consumo de bens nãoessenciais", afirma. Consumirhoje se tornou um costume.Entretanto, os consumidorescompulsivos, ou shopaholics,vão além da necessidade deter um bem material. “Elesconsomem pelo prazer decomprar, pela simples von-tade momentânea de ad-quirir”, acrescenta.

Doraci Cristina Ferreira,57, investigadora da PolíciaCivil, compra apenas pelasensação de bem-estar, masdiz que depois volta a ficar

deprimida. "Eu me alivio bas-tante. Mas é só na hora. Essasensação de ter e de compraré na hora", revela Dora, comoé conhecida, que já chegou ater oito cartões de crédito e agastar R$ 1 mil em um únicodia. Ela compra de tudo,desde toalhas, pratos e ta-lheres a roupas, sapatos ejóias, e tem uma coleção deesmaltes. "Tem esmalte queaté seca sem eu usar", afirma.

Após seis empréstimos pa-ra quitar as dívidas, Doraestá organizando a vida fi-nanceira e agora só tem maisum empréstimo pendente.Questionada se usa tudo oque compra, ela diz: "Não éque eu não use tudo o que eucompro, é que não dá tem-po". No Natal e no AnoNovo a investigadora com-prou três vestidos para cadaocasião, porque gosta de ter

diversidade na hora de esco-lher o que vai usar.

O consumismo é uma pa-tologia em que o impulso decomprar alivia desconfortosemocionais, sociais, financei-ros e psicológicos que a pes-soa sofre ou sofreu na infân-cia. De acordo com a psicólo-ga Nina Rosa Magnani, o atoda compra proporciona umprazer semelhante ao da de-pendência química, e, namaioria dos casos, o objetoda compra não lhe será nadaútil. Às vezes o indivíduo se-quer vai tirar aquele produtoda caixa. Mas quando o pro-duto desejado é adquirido,uma sensação imediata de sa-tisfação toma conta do con-sumista. Para a especialista, oconsumismo, ao contrário desolucionar os problemas pes-soais, causa mais desordemnas relações afetivas e profis-sionais.

Doraci Cristina compra tantas coisas que nem chega a usar e se endivida

RAQUEL DUTRA

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10Economia / PolíticaSetembro • 2012jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

PELAS LENTES DA SUSTENTABILIDADEEm Itabirito, indústria ótica inova com tecnologia sustentável através da substituição de matéria-prima sintética para armações de óculos por material não poluente e de alta durabilidade

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VINICÍUS DIAS2º PERÍODO

Produção baseada emmaquinário desenvolvi-do com tecnologia pró-pria, aliada ao conceitode sustentabilidade é aestratégia traçada pelaIndústria Ótica Espe-rança, instalada em Ita-birito, na Região Cen-tral de Minas Gerais,para confeccionar suasarmações e enfrentar aconcorrência do merca-do chinês. Em atividadedesde o segundo semes-tre de 1999, a empresa,que desenvolve a LinhaTortuga, nos moldesrecei-tuário (grau) e so-lar, gera 50 empregosdiretos – 80% dos car-gos são ocupados porjovens itabiritenses,contratados a partir deum projeto de primeiroemprego – e opera coma capacidade produtivade 20 mil unidadesmensais.

A linha, cujo título –em espanhol – remeteaos primórdios da in-dústria ótica, quando ocasco de tartaruga era oprincipal substrato dafabricação de armações,tem em sua matéria-prima um diferencial.Os produtos sintéticos,comumente utilizados,são substituídos peloacetato de celulose, ma-terial não poluente e dealta durabilidade. "Oacetato, fornecido emchapas, é recortado pe-ça a peça. Na sequên-cia, passa pelo processo

VINÍCIUS DIAS

O maquinário utilizado na produção de óculos é construído pela própria indústria, além de ser fruto do reaproveitamento de outros equipamentos

RECONHECIMENTO

Em julho último, aIndústria Ótica Es-perança foi homena-geada na categoriaóculos solar do Prê-mio Show de Forne-cedores 2012. ParaEustáquio Almeida,fruto da qualidadeempregada nas mer-cadorias. "Os nossosóculos solares sãofeitos com lentes deótima qualidade epossuem bom filtroultravioleta", afir-ma. Promovida pelaFederação das Asso-ciações Comerciaisdo Estado da Bahia(FACEB), a honrariaobjetiva valorizarempresas nacionaisque se destaquemno fornecimento debens, produtos e ser-viços ao seu corpode filiadas.

Três meses antes,a Tortuga participouda Expo Abióptica,maior evento domercado ótico brasi-leiro, realizado anu-almente em SãoPaulo. A feira, quereúne expositoresnacionais e interna-cionais, tem o obje-tivo de apresentaros lançamentos enovidades do setor.Em 2012, ano desua décima edição,estima-se que 25 milpessoas tenham com-parecido ao local.

de polimento em tam-bores, para, posterior-mente, receber as do-bradiças. Após a pinturafinal, o produto é co-mercializado", revela ofundador da empresa,Eustáquio Soares deAlmeida, 66 anos, queatua há mais de três dé-cadas no ramo ótico.

O elevado custo dasmáquinas automáticas,conhecidas comoCNCs, que realizamprodução em série, foi oponto de partida para odesenvolvimento de tec-nologia própria, prin-cipal responsável pelo ê-xito na relação custo-be-nefício. De acordo com

as estimativas do geren-te-geral, Helbert LopesMartins, 36 anos, a a-doção dos padrões asiá-ticos elevaria em cercade 20% o preço de seuproduto final. "As má-quinas utilizadas na fá-brica foram produzidaspor nós mesmos, atra-vés do reaproveitamen-to de outras, já usadas,e de materiais reciclá-veis, como o ferro", diz.

MERCADO A crescen-te importação de pro-dutos chineses pelomercado nacional é umadas principais ameaçasao sucesso da Tortuga.Neste cenário, Eustá-

quio Almeida temapostado em modelospersonalizados paraatrair os consumidorestupiniquins. "Devido àalta carga tributária,temos dificuldade decompetir com os pro-dutos chineses, quesão os nossos princi-pais concorrentes. Nos-sa vantagem sobre eles,é que criamos modelosmelhor adaptáveis. Tra-balhamos com óculosmais individualizados,produzidos em sériespequenas e desenha-dos para os rostosbrasileiros", afirma.

A fim de aprimorar oprocesso produtivo, a

empresa mantém pes-quisas de tecnologiasecológicas para a colo-ração das armações. Deacordo com o gerente,a proposta é aliar mo-da e sustentabilidadeem um só produto. "Umdos diferenciais da li-nha, hoje, é a parte dapintura das peças. Tra-balhamos acompanhan-do a moda atual, quepossui grande agilida-de. Nessa pintura, uti-lizamos produtos reci-cláveis e o próprioacetato, que, diluídoem acetona, compostoorgânico, se transfor-ma em tintura para osóculos", conclui.

Nesp realiza projeto de conscientização polítican

ALEXANDRE CUNHA

DANIEL COSTA

SAULO COELHO1º PERÍODO

Desde que foi criado em2006, o Núcleo de EstudosSociopolíticos (Nesp) trabalhacom campanhas especificas deformação e aprendizado para aseleições, a cada biênio. Naseleições municipais deste ano, oórgão acrescentou novas formasde veiculação dos materiais devídeo sobre formação política,que foram produzidos duranteo ano, e foram primeiramentedisponibilizados no Youtube edepois gravados em DVD’scom 10 programas de cinco aseis minutos cada sobre for-mação política, que foram dis-tribuídos entre paróquias daArquidiocese de Belo Horizon-te e colégios católicos, acom-panhados de uma cartilhainstrutiva sobre a utilização domaterial.

Segundo o coordenador dogrupo gestor do Nesp, RobsonSávio Reis Souza, o projeto temcomo intenção, a formaçãopolítica das mais diversas for-mas (seminários, workshops,palestras), trabalhando comuma metodologia de ajudar aspessoas a criar grupos, paraacompanhamento político, mas

não apenas partidário. "A ideiaé que, as pessoas compreendamque, numa democracia repre-sentativa como a nossa, em queelegemos representantes, aqualidade dos representantesdepende do nosso voto, da nos-sa escolha criteriosa. Primei-ramente, para escolher bem,significa conhecer o passado, asvinculações políticas, e debatercom os candidatos, comoestratégia para primeiro sele-cionar e escolher bem, e segun-do, a ideia de que para escolherbem, tem que acompanhar osque foram eleitos", descreve.

O projeto eleições carregaesse foco em que a intençãonão é de conscientização, e simcom a formação e aprendiza-gem sobre política. E o Nesptambém não trabalha com vin-culação aos órgãos políticos,pois isso traria a ideia deinfluência do mesmo sobre oprojeto. Então, todos os recur-sos de financiamento que oprojeto recebe para a produçãode seus meios de disseminaçãosão oriundos da PUC Minas."Nós não queremos ser os ilu-minados que sabem de tudo,nós não queremos pensar poreles, mas sim ajudá-los a pensarpor si próprios, esse é o objeti-vo do Nesp", diz Robson.

Na PUC Minas além da

divulgação dos projetos do Nesp,nos dias 4 e 5 de setembro, foramrealizados seminários sobre ética eeleições, e o objetivo foi um debatesobre a ética na política, valorizan-do-se a importância da escolha doseleitos. Esse material será transfor-mado em textos, que serão utiliza-dos como subsídios a partir do anode 2013 em parte da matéria dadisciplina Filosofia II, comum atodos os cursos da universidade,um debate sobre a política e cor-rupção.

O projeto conta também com apresença de voluntários e de estagi-ários da PUC Minas em pesquisas,

mapeamentos e metodologias.Bruno Márcio de Castro Reis, 23anos, ex-estagiário da área demapeamento do Nesp, diz que apesquisa de mapeamento de gru-pos e práticas de fé e política, vemsendo desenvolvida desde 2009 aolongo da Arquidiocese de BH. Osgrupos de fé e política das comu-nidades são dedicados à partici-pação junto às comunidades. Semse prender apenas à política par-tidária, estes grupos vão desdedistribuição de cestas básicas,reivindicações e a organização dedebates.

O propósito do mapeamento é

identificar, descrever e carac-terizar os grupos, para saberquais são esses grupos e conhe-cê-los, sabendo quais são aspráticas, o histórico e como elessurgem. Após o mapeamentodos grupos, o Nesp trabalhacom o assessoramento e forma-ção de lideranças, capacitaçãode religiosos, e, a partir dosresultados da pesquisa foramfeitos subsídios e materiais parapromover as formações do pro-jeto eleições 2012. Os resulta-dos da pesquisa vêm sendoregistrados ao longo da mesma,e quando é feito o retorno àsparóquias para a apresentaçãodos resultados da pesquisa, éobtido um feedback das comu-nidades e das práticas dos gru-pos sobre a pesquisa.

Segundo Bruno Reis, é umaexperiência muito rica, no sen-tido de aprendizado. "Desdeuma análise dos grupos pes-quisados, quanto uma apri-moração da minha escrita, eupercebo como resultado daexperiência da pesquisa. Hojeeu ingressei no mestrado deciências sociais, com muita con-tribuição do Nesp, pois foi umestágio na área sociopolítica, eesse olhar político contribuiubastante para eu ingressar nomestrado", afirma.Robson Sávio Reis. é coordenador do Nesp e pretende promover atividades como palestras

FELIPE AUGUSTO VIEIRA

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11PolíticaSetembro • 2012 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

DÚVIDA E INDECISÃONA HORA DE VOTAR

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NAYARA TOMAZ

WILKER CRUZ3 º PERÍODO

No próximo dia 7 de outubroos eleitores irão às urnas emtodo o Brasil, para eleger emsuas cidades os novos prefeitose vereadores. Em Belo Horizon-te, de acordo com as pesquisaseleitorais, a disputa está restritaao prefeito Márcio Lacerda(PSB), que tenta a reeleição, e opetista Patrus Ananias. Osdemais candidatos a adminis-trar a capital mineira são:Alfredo Flister (PHS), Maria daConsolação (PSOL), Pepe(PCO), Tadeu Martins (PPL) eVanessa Portugal (PSTU).

Parte da população de BeloHorizonte tem se mostradoindecisa, de acordo com essaspesquisas, e alguns eleitoresadmitem não estar acompa-nhando as campanhas e propos-tas dos candidatos. É comumencontrar eleitores frustradospelo fato de o sistema políticodo país ter nos últimos anos,causado desconfiança nos brasi-leiros. Por isso, há aqueles quefalam em votar em branco ounulo.

O eletricista Leandro Ema-nuel, 26 anos, que mora noBairro Cabana, diz ainda nãoter definido seu voto, mas nãodescarta a possibilidade deanulá-lo. Já o desempregadoDaniel Linhares da Silva, 31anos, morador do Bairro SãoPedro, na Zona Sul de BeloHorizonte, pretende fazer deseu voto nulo, uma forma deprotesto devido à insatisfaçãocom a política em geral do país.Apesar da sua decisão já toma-da, ele recomenda o voto cons-ciente, que as pessoas procuremconhecer o candidato no qualestão depositando o seu voto.

Mestre em Ciências SociaisRudá Ricci considera que o votonulo é uma falsa demonstraçãode revolta. “Não gera absolu-tamente nada. O voto branco écomputado como voto válido,mas se confunde com indecisão,não como protesto”, diz. Paraele, a pressão para a reformapolítica com ampla participaçãodo cidadão seria o caminhomais adequado.

Há aqueles, como é o caso daempregada doméstica AntôniaAuxiliadora, 44 anos, moradora

de terem que conciliar o traba-lho, a família e outras atividadesprofissionais ou pessoais. Alémdo dia a dia corrido, é sempreobservada a falta de confiançana classe política.

A analista comercial Gleici-lene Teixeira, 21 anos, que morano Bairro Belmonte, diz nãoacreditar em política, porquehoje muitos políticos não cum-prem com seu compromisso nãocorrespondendo às expectativasda população. Para ela, as pes-soas estão cada vez mais pen-sando em si, e com isso estãodeixando de acompanhar e co-brar os candidatos eleitos emseus mandatos, fazendo comque, os políticos deixem a dese-jar.

Rudá Ricci diz que o fatorque desmotiva a população emrelação à política é o descaso doeleito. “Não aparece depois deeleito, não discute suas pro-postas, não presta contas, tudoo que faz acaba sendo usadopara proveito do eleito”, analisao cientista político.

O especialista deixa comoorientação para o eleitor obser-var entre os candidatos, a com-binação entre histórico de vida,propostas e apoios que recebe. Eseu conselho para um votoconsciente é: “Levar a sério aeleição”.

“Não deixe para escolher noúltimo dia, a partir do santinhoque recebe poucas horas antesde entrar na seção eleitoral.Deve-se tentar analisar porqueum candidato disputa com ou-tro? Por qual motivo não estãojuntos? E, ao descobrir as dife-renças que os afastam, escolheraquele que está mais de acordocom suas aspirações e forma dever o mundo”, sugere. “O quetemos de lembrar é que umeleito é representante e o me-lhor representante é o nossoreflexo. Temos que votar naque-le que mais se aproxima do quesomos”, acrescenta.

Uma parte da indecisão da população é devido à falta de acompanhamento da campanha dos candidatos

do Bairro Jaqueline, na RegiãoNorte da capital mineira, quemesmo se dizendo frustrada coma política, avalia as propostas econhece os atuais candidatos.

O assistente fiscal GeorgeBastos, 33 anos, morador doBairro Glória, não cogita votarem branco ou nulo. Apesar deainda não ter se decidido, dizque tem o candidato Patrus(PT), como principal opção devoto, recordando os anos em queele ocupou o cargo na Prefeiturade Belo Horizonte de 1993 a1996. E também por não estaracompanhando os demais can-didatos. Mas ele diz estar satis-feito com o que vem sendo tra-

balhado atualmente na gestão doprefeito Márcio Lacerda (PSB)em termos de obras e investi-mentos para sediar jogos da copado Mundo de 2014 na cidade. Aacompanhante de idosos Ivonede Sousa Alves, 56 anos, tam-bém apoia o candidato do PT,com base em seu trabalho comoex-prefeito.

O cientista político Rudá Riccicaracteriza em sua análise afilosofia de trabalho dos doisprincipais candidatos a prefeitode Belo Horizonte. “Lacerdanunca escondeu seu apreço pormétodos de gestão de tipoempresarial. E Patrus nuncaescondeu seu ideário identifica-

do com a Teologia da Libertação.Algo como água e azeite”, obser-va.

O especialista critica a falta deefetividade política no cotidianoda população. Segundo ele, essasituação provoca o desinteressenos cidadãos e os afasta de umacompanhamento mais próximoe efetivo. Uma solução, de acor-do com Rudá Ricci, seria incluira disciplina de política nos cur-rículos escolares, para garantiruma formação mais voltada paraa cidadania.

Os eleitores menos ligados aoscandidatos e às suas propostasjustificam que falta tempo parafazer as avaliações devido ao fato

Para quem não escolheu o candidato ainda, uma dica de especialistas é não se decidir na última hora, baseado em “santinhos” distribuídos

MARCOS TADEU

Votos de idosos nas eleições crescem na capitaln

FELIPE RENNÓ GOMES1º PERÍODO

Em passos curtos eapertando os olhos paraenxergar, Francisco deAssis dos Santos entra nasala e se ajeita no sofá paraconversar. Apesar da cabe-leira completamente bran-ca, o tempo lhe foi ge-neroso ao manter umasaúde física e mental dedar inveja, já na altura deseus 91 anos de idade.Pela atual legislação elei-toral, o último pleito emque seria obrigado a votarfoi em 1989. Mesmoassim, Francisco contacom orgulho que desde os18 anos nunca "falhou"com a democracia e conti-nuará exercendo o direitoenquanto a saúde permitir.

Com o aumento na mé-dia de idade da populaçãobrasileira, casos como o de

Francisco dos Santos setornam cada vez mais co-muns. De acordo com oTribunal Superior Eleitoral(TSE), a população idosade Belo Horizonte, nafaixa etária superior a 70anos, que irá votar nessaseleições municipais, au-mentou em 28.033 pes-soas, entre as eleiçõesmunicipais de 2008 e omês de julho deste ano.Esta faixa etária já repre-senta aproximadamente8,5% do eleitorado. Alémda ordem natural de enve-lhecimento da população,esses números qualificama população idosa a ser degrande importância nacontagem geral de votos.

De acordo com o pro-fessor Malco Braga Ca-margos, doutor emCiência Política pela PUCMinas, dados de pesquisade opinião mostram o ido-

so como quem define ovoto mais em cima dahora. É um eleitor menosdecidido, mais sensível àvolatilidade do processo epor isso importante paradefinir uma eleição. O ci-entista político ainda lem-bra que o fato de ter maisidosos cadastrados nãosignifica necessariamentemais votos nas eleições,pelo fato de não seremobrigados a votar, porémquanto mais participaremdo processo, mais eles se-rão enxergados pelas cam-panhas e pelos políticos.

Na contramão daquelesque abdicam do voto como passar dos anos, Rai-munda Luzia da Con-ceição dá o exemplo deque nunca é tarde demaispara votar, ou em seu casopeculiar, nunca é tardedemais para começar avotar. Já com 101 anos de

idade, nunca foi obrigadaa votar por ser analfabeta,mas, assim comoFrancisco, mesmo comidade avançada, reúnecondições físicas e faculda-des mentais, e com o in-centivo da família, fez esteano o título eleitoral, eespera que a primeiraeleição não seja a última.

Malco Camargos cons-tata também que o idosomuitas vezes, mais do queexigir políticas públicaspara si, pensa em escolherbons governantes paragarantir um bom futuropara as gerações que estãopor vir. Raimunda temmuitos motivos para se-guir esta lógica, poisquando já se tem 16netos, 34 bisnetos e 25tataranetos para cuidardela, é preciso pensar bemmais à frente, nostatataranetos quem sabe. Aos 101 anos, Raimunda Luzia fez o primeiro título eleitoral

FELIPE AUGUSTO VIEIRA

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12PolíticaSetembro • 2012jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

Intensificar o contatodireto com os eleitoresdos quatro cantos da ci-dade é a estratégia ado-tada por candidatos ita-biritenses após a assina-tura, no início de agosto,do Termo de Ajustamen-to de Conduta (TAC). Oacordo, que redefiniu asregras para a propagandapolítica municipal e es-timulou a redução dosgastos de campanha, foio ponto de partida paraque os postulantes à Pre-feitura definissem meiosalternativos para a divul-gação e exposição desuas propostas.

Vereadora há ummandato pelo PSDB, aadvogada Celina Rodri-gues da Cunha Oliveira,55 anos, é a candidataao cargo máximo do Exe-cutivo local. Para ela, oTAC veio em um bommomento. "Vejo combons olhos, porque dácondição de igualdadeaos candidatos. Há can-didatos que, infelizmen-te, não possuem condi-ção financeira de compe-tir com os que têm mui-to dinheiro e os elei-tores, às vezes, não en-tendem. Acho, inclusive,que poderia ser estendi-da à questão dos comí-cios", afirma.

Mesmo com a res-trição dos meios de pro-paganda, a tucana nãoacredita que sua campa-nha tenha sido afetada."A campanha não foiprejudicada, porque issoé um respeito ao eleitor",pontua. De acordo comCelina, a “sola de sapa-to” é um dos pilares desua jornada. "Aumentou

o corpo a corpo, e acre-dito que, nas próximaseleições, voltará o queera antes: a conversacom o eleitor, a apresen-tação de propostas degoverno", ressalta.

Vereador há quatromandatos e presidenteda Câmara Municipalpor duas vezes, Alexan-der Silva Salvador deOliveira, 52 anos, doPSB, pleiteia retornar aocargo de prefeito, queocupou - de forma inte-rina - durante onze me-ses e quatro dias do a-tual quadriênio. Em suaopinião, o inédito acor-do trouxe consequênciaspositivas. "Para a cam-panha, para os candi-datos e, até mesmo, parao financeiro, foi muitosaudável, porque nósnão vamos mais ter quegastar com aquela quan-tidade de coisas", diz ocandidato a prefeito.

Entusiasmado com areceptividade dos elei-tores, Alex, como é co-nhecido na cidade, temaprovado os novos mol-des da campanha. "Esta-mos fazendo o corpo acorpo com mais intensi-dade. Como tenho fa-cilidade de andar, e gos-to do tête-à-tête, estouadorando", conta. Parao pessedista, equalizar adisputa foi o grandemérito do TAC. "Nor-malmente, aquele que ti-nha mais dinheiro tinhaa possibilidade de fazeruma campanha maior eganhar, mesmo sem ser omelhor candidato", en-cerra.

Novos meios paramesmos resultados

CAMPANHA “LIMPA” EM ITABIRITOn

VINICIUS DIAS

2º PERÍODO

A excessiva poluição so-nora e visual, marca carac-terística dos períodos decampanha eleitoral, já fazparte do passado na políti-ca de Itabirito, cidade lo-calizada a cerca de 55 qui-lômetros de Belo Horizon-te. Visando restringir asações de propaganda noatual pleito, os candidatosa prefeito e vereador domunicípio firmaram umaparceria com o MinistérioPúblico do Estado de Mi-nas Gerais (MP-MG), umTermo de Ajustamento deConduta (TAC). Os elei-tores itabiritenses - quetotalizam 36.441, de acor-do com dados do TribunalRegional Eleitoral de Mi-nas Gerais (TRE-MG) -,satisfeitos com os resulta-dos práticos, fazem ques-tão de exaltar o clima detranquilidade.

O acordo, inédito nahistória local, proíbe apintura de muros, a circu-lação de carros de som ealto falantes com jingles, ainstalação de cavaletes emvias públicas e a utilizaçãode fogos de artifício du-rante - e até dez dias após- o pleito. Em caso de des-cumprimento dos termosfixados, está prevista mul-ta no valor de R$ 2 mil,que será destinada à As-sociação de Proteção eAssistência aos Conde-nados (APAC) da cidade.Até o fechamento destaedição, nenhum candidatohavia sido punido.

O juiz eleitoral da Co-marca de Itabirito, Antô-nio Francisco Gonçalves,46 anos, revela que houveaceitação unânime porparte dos candidatos. "Asugestão de celebrar oTAC partiu do MinistérioPúblico. Houve o apoio daJustiça Eleitoral, que colo-cou, em reunião anterior à

VINICIUS DIAS

assinatura, para os candi-datos. Eles deliberaram eaceitaram as propostasapresentadas", afirma. "É aprimeira vez em que faze-mos um acordo assinadopor todos. Na eleição pas-sada, chegamos a fazer umacordo, mas era mais sim-plista", completa.

ELEITORES Empresáriado ramo de vestuário hámais de uma década,Teresinha dos Reis PassosNiquini, 47 anos, convivecom os carros de som que,em períodos de corridaeleitoral, trafegam pelaAvenida Queiroz Júnior,principal via da cidade,onde está situada sua loja.Ela é só elogios ao TAC."Para mim, foi a melhorcoisa que poderia ter acon-tecido. Estou aqui no Cen-tro e tenho que trabalhar.

Nas campanhas anterio-res, o som foi o que maisme atrapalhou. Neste ano,podemos trabalhar tran-quilamente e até observarmelhor a campanha", con-ta.

Aos 72 anos, José daPaz Santos, técnico emmecânica, também vê combons olhos a limitação dosmeios de propaganda elei-toral. Para ele, que residena cidade há 45 anos, acampanha deve se basearno contato direto entreeleitores e candidatos."Achei muito boa essa res-trição, porque existeabuso. Cada partido quersempre aparecer mais queo outro. A campanha deveser feita com diálogo, como candidato mostrando asua capacidade e o quepode oferecer à população.Estou de acordo", afirma.

INDEFINIÇÃO Estudantedo curso de Administraçãoda PUC Minas, AndréFilipe Ferreira LimaMendanha, 19 anos, parti-cipará pela primeira vezdo pleito municipal. Fazeras escolhas não tem sidonada fácil. "Pelo fato de acampanha ter sido res-tringida, não é possívelconhecer todos os can-didatos, o que dificulta adefinição do voto", revela.Ainda assim, ele endossa odiscurso elogioso às novasregras. "As modificaçõesforam positivas, pois nãotem muito barulho nempoluição visual. A campa-nha é feita no corpo acorpo, que é uma forma deconhecer melhor os can-didatos. Os políticos, apartir de agora, serão elei-tos pelas propostas, e nãomais pelas melhores pro-pagandas", finaliza.

Parceria do Ministério Público com candidatos a prefeito e vereador do município estabelece a redução da poluição visual e sonora. População está satisfeita com a proposta alternativa

Em Itabirito, um acordo entre candidatos e Ministério Público definiu a campanha sem poluição sonora e visual

Panfletagem eleitoral divide opiniões no Coreu

Cabos eleitorais em ação de campanha na Avenida Delta

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MATEUS SANTOS TEIXERA

VICTOR ALVES

1º PERIODO

Candidatos à CâmaraMunicipal e à Prefeitura deBelo Horizonte realizaramcampanha política na Praçada Federação e nas entradasda PUC Minas no BairroCoração Eucarístico desde odia 6 de julho, data em queo Tribunal Superior Eleito-ral (TSE) liberou a propa-ganda eleitoral. Tais can-didatos são moradores dobairro e recorrem à panfle-tagem, a carros de som e àcolocação de cavaletes paraconquistar a simpatia earrecadar o voto de quemcostuma passar pelo local.

Essa é uma estratégia tra-dicional que compõe o ce-nário nos arredores do Bair-ro Coração Eucarístico emano de eleição e que divideopiniões. Segundo LucasLopes, 20, cabo eleitoral deuma candidata à vereadorado bairro, panfletar ainda éa melhor forma de propa-ganda dos ideais de um can-didato. "Os panfletos atin-gem um número maior depessoas e de forma direta",

alega Lucas. Em contraparti-da, o funcionário de umasorveteria, responsável pelalimpeza da calçada, e quenão quis se identificar, écontra essa forma de cam-panha, pois, segundo ele, asujeira aumenta e dificulta otrabalho. Já Lucas acreditaque a poluição existe, mascada um deve exercer opapel de cidadão e jogar opanfleto no lixo e não nasruas.

Para Júlio Sérgio, 36, mi-litante e apoiador de umcandidato do Bairro, a rela-ção face a face vinda daentrega direta de panfletosaproxima o eleitor do can-didato. "Há quem recebe osnossos santinhos, se interes-sa pelo assunto e questionasobre o candidato", diz. Emrelação ao lixo provenienteda campanha, Júlio se de-fende: "eu entrego o panfle-to na mão das pessoas, cabea elas serem educadas e nãojogarem nas ruas ou atémesmo nem aceitar o pa-pel". Ele também disse que,em uma campanha eleitoral,tudo é válido. Júlio Sérgioacredita que só não podehaver comercialização de

voto e ofensas entre can-didatos. Além disso, ele fezuma ressalva para a consci-entização do voto: "Já vimuitas pessoas pegando umpanfleto no chão e indovotar de forma aleatória,sem conhecer o candidato. Épreciso ter consciência, co-nhecer para quem está indoo nosso voto."

Entretanto, Cir Maciel,76, frequentador da região,

disse que a panfletagem édesnecessária, pois, segundoele, a maioria das pessoasnão vota em candidatosdesconhecidos. "Eu voto na-quele que eu conheço e queeu sei que fará um bom tra-balho", diz. O aposentadoalegou também que, ao rece-ber um papel com o nomede um candidato, ou ele jogana lixeira ou ele entrega paraoutra pessoa. Além disso, ele

RAQUEL DUTRA

disse que o número de lixei-ras espalhadas pelo bairro éinsuficiente em tempos decampanha, o que induz al-gumas pessoas a jogarem opanfleto recebido no chão.

Desde o primeiro semes-tre de 2012, algumas cam-panhas publicitárias vêmsendo divulgadas nas mídiascom o intuito de conscienti-zar a população a adotaruma campanha eleitorallimpa. De acordo comMarcelo Duarte, dono dorestaurante A Granel, situa-do à Praça da Federação, taiscampanhas têm surtidoefeito pelo menos no bairro,já que, segundo ele, o fluxode panfletagem tem sidomenor em comparação comoutras eleições. "De manhã,os cabos eleitorais vêm napraça e deixam cavaletes. Ànoite, voltam e recolhem",diz. Entretanto, Marceloacredita que a quantidadede papéis espalhados pelobairro deve aumentar com aproximidade das eleições.Além disso, ele disse tam-bém que alguns candidatosa vereador são moradorespróximos e que alguns delespedem aos donos de estabe-

lecimentos próximos à praçapara distribuir panfletospara seus clientes. Marcelodiz que é contra essa ati-tude, pois crê que não fazbem para imagem de qual-quer casa comercial vincularo nome a um candidatopolítico.

Para Marcell Moraes,ambientalista e candidato avereador, o fato é que a pan-fletagem gera nada mais quelixo eleitoral. Ele acreditaem uma campanha susten-tável que evite o desma-tamento causado pela in-dustrialização do papel. Pa-ra isso, Marcell sugere a in-ternet como meio para di-vulgação de propostas, ten-do em vista que o contatoda população com esse tipode mídia só tem aumentadonos últimos tempos. Entre-tanto, como nem toda popu-lação tem acesso à internet,o ambientalista diz queusará apenas 10% de mate-rial gráfico em sua campa-nha, em comparação aosoutros candidatos. Aindaassim, a maior parte das pe-ças será impressa em papelreciclável.

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13Política / ComportamentoSetembro • 2012 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

A mais nova ocupa-ção ligada às campa-nhas eleitorais são osvigilantes de placas mó-veis ou cavaletes.Adriana Ferreira, de 22anos, está desemprega-da, mas se ocupa desseserviço durante as cam-panhas. Ela fica deprontidão ao lado dapropaganda de um doscandidatos a vereadorde Belo Horizonte e serevolta com a falta de e-ducação das pessoasque passam pela praçada Savassi. "Estamostrabalhando distribuin-do panfletos e vigiandoplacas. As pessoas rejei-tam muito. Assim quepegam, amassam e jo-gam no lixo."

Rafael Magalhães

também trabalha nessemeio e explica comofunciona: "A gentechega aqui às duas ho-ras e sai às sete. Rece-bemos R$ 600 por mêsmais o transporte." Eleafirma que existem gru-pos e turnos. "No meugrupo são onze pes-soas", revela.

Em relação ao pes-soal que recebe os pan-fletos, fica dividido:"Metade das pessoasque a gente dá os pan-fletos aceita. Muitaspessoas rejeitam", con-ta. O trabalho é árduo,segundo ele. "É ohorário inteiro entre-gando panfletos, não épor meta. Temos queentregar o máximo quepuder", salienta.

Panfleteiros pedemrespeito às pessoas

CAMPANHAS POLÍTICASE O IMPACTO NAS RUASPensar em novas estratégias para as campanhas políticas e atrair a atenção do público ainda é um desafio. Opinião dos

eleitores quanto às campanhas é dividida. Alguns acham interessante o formato atual e outros gostariam de ver inovações

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CAMILA SARAIVA GONÇALVES3º PERÍODO

Fontes desligadas emuitas bandeiras balan-çando na Praça da Savas-si. Essa é a visão mais co-mum em tempos de cam-panhas políticas nesserecém-reformado centrocomercial, cultural e de la-zer, que dá espaço para di-vulgação e propagandapolítica. Na tarde de quin-ta-feira, dia 23 de agosto,pedestres de Belo Hori-zonte transitavam pelaAvenida Cristóvão Colom-bo e Avenida Getúlio Var-gas e volta e meia se de-paravam com santinhos edesviavam de cavaletes es-palhados pela calçada.

"Aqui na Savassi real-mente está bastante fortea campanha. Acho até queo excesso está incomodan-do, está atrapalhando umpouco o tráfego de carros",comenta o consultor imo-biliário Anthony Araújo,60 anos. Já para RenataCaff, 23 anos, as campa-nhas estão boas. "Essasbandeiras são interessan-tes. Mas esse negócio dejogar papel suja a cidadeinteira, não concordo",ressalva.

Além de observaçõessobre as campanhas, al-guns preferem não entrarno mérito político, por teruma visão negativa de tu-do que envolve os candi-datos, tanto as promessasque não se cumpremquanto à falta de interessedo candidato depois que éeleito. "Com sinceridade?Eu detesto campanha elei-

Santinhos, cavaletes e outras modalidades de propaganda política tomam conta da Praça da Savassi

RAÍSSA PEDROSA

toral sabia? Não gostoporque toda vida eles fa-lam a mesma coisa e nun-ca que faz. Tenho pavordessa época", contou, fran-zindo a testa, a cozinheiraMatilde da Silva Ribeiro,de 47 anos.

Segundo o cientista po-lítico Malco Braga Camar-gos, professor na PUC Mi-nas e diretor do InstitutoVer Pesquisas e Estratégia,deve-se ter uma reflexãoem relação ao desinteressepelas campanhas políticas."A gente tem que ter umareflexão, o que leva ao de-sinteresse da política euma reflexão sobre a co-bertura que a mídia faz so-bre política. Os casos, asboas leis, os bons debateslegislativos, as ações defiscalização feitas, as

propostas de leis difer-entes do executivo, têmuma cobertura muitomenor do que uma lei quecai por ridículo ou um atode corrupção específico deuma pessoa. Uma banal-ização da vida política apartir da mídia traz odesinteresse das pessoas. Acampanha seria um espaçode renovação de esper-ança, planejar quatro anosmelhores para sua vida",afirma.

O estudante de econo-mia Gabriel Brasil, 19anos, não vê novidade nascampanhas políticas dacapital mineira. "Eu estouachando mais do mesmo.Não tem muita novidade,ainda não vi nada interes-sante", afirma. Esse quesi-to criatividade nas cam-

panhas está começando asurgir. Malco citou umexemplo: um festival depapagaios realizado naPraça do Papa, no domin-go, 26 de agosto. "Nuncatinha tido festival de pipasvermelhas. É uma cam-panha que junta o lúdicocom a política. Essa novaforma de fazer agradatambém a população. En-tão é o pessoal de criaçãode campanhas pensandoem estratégias para supe-rar a rejeição do eleitor napolítica", analisa.

O estudante de econo-mia também revela queacompanha o processo po-lítico de outra forma: " Euacompanho pela internet."A rede de computadores éoutro meio de impactar apopulação no período de

eleições. "Esse impacto édiferenciado. Quanto me-nor a escolaridade, quantomenor a renda do eleitor,maior o impacto do veícu-lo da televisão e do rádio.Quanto maior a renda,maior a escolaridade, mai-or é o impacto de outrosmeios, jornal e internet.As campanhas têm açõesdiferenciadas para públi-cos diferenciados", explicao cientista político.

Outro quesito nas cam-panhas são os santinhosdistribuídos pelas ruas."Depende do santinho queme entregam. Na maioriadas vezes eu acabo jogan-do fora, porque são candi-datos que não me interes-sam e além do mais époluição", relata a profes-sora e enfermeira JanaínaCornélio, de 40 anos. Háuma explicação para essedescaso com os impressos:"A distribuição de materialimpresso tem diminuído,por quê? Não só porquesuja, mas porque o resulta-

do é pequeno. As pessoastêm pouca paciência praficar lendo aquele tanto dematerial. Então tem se tro-cado por algumas formas:o carro de som tem sidomuito utilizado nessacampanha, agora normati-zado em relação aonde elepode circular, com qual al-tura de som e quais horá-rios".

A reação da população àpolítica é uma questão his-tórica, e, segundo MalcoCamargos, o período daditadura militar interferehoje, no modo como todosenxergam a política."Quando você se informa,você escolhe melhor. Agente vai se acostumandocom o processo de escolha.Nós ficamos um longotempo nesse país semvotar, então o exercício dademocracia vai apri-morando a nossa quali-dade de voto. A cada qua-tro anos você reflete se oseu voto valeu a pena ounão", explica.

As perspectivas e realizações após o diploma n

AMARANE SANTOS3º PERÍODO

O mercado de trabalho é ocaminho mais percorrido pe-los recém-formados. Entre-tanto, não foi esse o caminhoescolhido por Carlos AntonioCaetano, de 26 anos. Comapenas oito meses de forma-do em Sistemas de Informa-ção, ele já iniciou o mestradoe pretende seguir carreira naárea acadêmica como profes-sor e pesquisador dentro deuma universidade. "Tinhacomo meu objetivo seguircarreira acadêmica. Já queriafazer isso no quarto períodode sistemas e decidi que fariamestrado após a formatura",explica.

Ele percebeu a vocaçãopara dar aulas quando eramonitor de algumas matériasdo curso e também quandoparticipou da iniciação ci-entífica, um processo dentroda universidade onde alunosde graduação atuam como jo-vens pesquisadores em proje-tos de pesquisa.

Ao se formar, Carlostrabalhou alguns meses emuma empresa até sair o resul-

tado do mestrado. Ele afirmaque pouco antes de sabersentiu medo de não con-seguir realizar os objetivos eser obrigado a estar no mer-cado e fora do mundoacadêmico. A graduação foiconcluída na PUC Minas ecom alegria recebeu a notíciade que havia passado nomestrado da UniversidadeFederal de Minas Gerais(UFMG). Ao ser questionadosobre a realização dos sonhosprofissionais, Carlos diz como fôlego de um recém-forma-do que ainda está no meio doprocesso: "Meus planos aindaestão sendo concretizados,pois ainda tenho que termi-nar o mestrado e fazer odoutorado também, aindaestou no meio do caminho.

Quando o formando pegao diploma dentro de umcanudo é que ele percebe querealmente a trajetória profis-sional começou. Entretanto,o que deixa o estudante maisconfiante para iniciar a jor-nada de trabalho são os está-gios dentro da universidade.Foi o que aconteceu comRaffael Patrício de Souza, 25anos. Formado há oitomeses, ele iniciou o estágio

durante o último ano decurso e já foi contratadoantes mesmo de se formar."Iniciar como estagiário ébom justamente pra vocêcriar um vínculo com a em-presa depois de formado". Orecém-formado afirma quenem todo conteúdo exigidono mercado de trabalho é ex-posto em sala de aula. Paraele a grade curricular devepassar por algumas transfor-mações. "Algumas coisas nemprecisaria ter tanto, como asmatérias repetidas, igual cul-tura religiosa que tem duas.Nem tudo a faculdade conse-gue me dar, muita coisa temque buscar por fora", conta oanalista de sistemas que con-seguiu alcançar os objetivosde iniciar a carreira em umagrande empresa. Raffael afir-ma que só não está cem porcento satisfeito porque nãoestá atuando na área dainformática que mais gostaque é programação em web."Esse modelo de progra-mação em análise de sistemasé o que mais oferece vagas naárea de informática. Váriasempresas trabalham com essemodelo. A área que tenhomais interesse é um mercado

novo, mais fechado, tem pou-cas empresas em BeloHorizonte que trabalhamcom ele", afirma.

MERCADO DE TRABALHO

Não são todos os formandos,no entanto, que conseguememprego na área de forma-ção. Foi o que aconteceu comIngrid Caldeira Martins, 30,formada em Economia naPUC Minas. Após a formatu-

ra em 2009, ela perdeu váriasoportunidades de emprego ese encaminhou para outraárea de atuação. "Não mearrependo de ter feito o cursode economia, mas creio quefui imatura em minhadecisão", acredita. Hoje, In-grid trabalha em uma escolade idiomas, apesar de estarsatisfeita, se iniciasse nova-mente a jornada na facul-dade a gerente de relaciona-

mentos faria o curso de Re-lações Públicas, voltado paraum contato maior com opúblico. "Não trabalho naárea de economia, mas meencontrei, pois faço o que eumais gosto, que é lidar comas pessoas, ter relacionamen-to humano e o melhor detudo isso, tenho sido reco-nhecida pelo meu trabalho ehoje estou realizada", res-salta.

Filipe da Costa Matos,22, se formou há dois mesesem Sistemas de Informaçãoe se sente satisfeito, pois oplano de sair contratado foirealizado. "Trabalho na áreaque eu esperava, em progra-mação web. Estou muito sa-tisfeito com relação ao que asoutras áreas fornecem depoisque terminam o curso.Ganho bem, mas pretendoganhar ainda mais." Eleespera por uma oportunida-de de trabalhar fora do país.Para isso, o analista de sis-temas tem que esperar porum chamado da empresaque, com frequência, enviapessoas para outros países.Agora só estou esperando aminha vez de ser chamado",conta.

Raffael Patrício conseguiu emprego assim que se formou

MARCELA NOALI

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14ComportamentoSetembro • 2012jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

UM SUCESSO SOBRE AS ÁGUASHá 60 anos, passear de barco no Parque Municipal é tradição e diversão que ultrapassa gerações. Aproximadamente 300 visitantes por semana optam pelo passeio na Lagoa dos Barcos

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ANA CAROLINA SIMÕES

JULIANA SILVEIRA2º PERÍODO

O Parque Municipal Amé-rico Renné Giannetti que ficalocalizado no centro da capi-tal mineira foi fundado em 26de Setembro de 1897, e éconsiderado o patrimônioambiental mais antigo de BeloHorizonte. Reúne cerca de280 espécies de árvores e abri-ga aproximadamente 50 espé-cies de animais. Em uma áreade 182 mil metros quadradosé possível desfrutar de diver-sas formas de lazer, e uma dasmais diferenciadas é o passeiode barco.

Há 60 anos os barcos fazemsucesso entre o público, sendouma forma de lazer queremete a tranquilidade eocupa seu lugar em um dospontos turísticos mais visita-dos de Belo Horizonte. O par-que tem por volta de 150 milvisitantes por semana e cercade 300 pessoas optam pelopasseio no lago, que temclientes fiéis, que após anoscontinuam frequentando o lo-cal e que passam a tradiçãopara seus filhos.

Ivanilton Almeida Rodri-gues, 52 anos, é uma das maisconhecidas personalidades doparque, trabalhando comobarqueiro desde março de1976 e atendendo os clientescom extrema animação. Eleconta que considera o parquecomo sua segunda casa, poisjá fez muitas amizades, adorao ambiente tranquilo e gostade trabalhar com pessoas detodos os tipos. Ivanilton falada história que mudou sua vi-

ANA CAROLINA SIMÕES

Barqueiro desde 1976, Ivanilton Almeida Rodrigues, considera o parque municipal sua segunda casa e é local onde conheceu sua esposa

da, conheceu sua esposa pertoda lagoa quando a convidoupara um passeio. Juntos atéhoje, com cinco filhos, elesente felicidade e prazer aolembrar como tudo começou.“A história que mais me mar-cou foi essa mesmo, eu conheciela e chamei para dar umavolta de barco e a gente tá re-mando até hoje juntos, enten-deu? Tenho 31 anos de casa-do”, conta o barqueiro.

Os barcos de passeio são

fabricados e tem sua manu-tenção feita pelo próprioIvanilton em suas horas vagaspara garantir a segurança ebem estar dos usuários. Alémdisso, compras e outras coisasque tenham de ser resolvidastambém são providenciadaspor ele, uma vez que o dono efundador Otácilio Pintavário jáfaleceu. Ele diz cuidar de tudoe administrar as atividades.

Famílias inteiras são atraídas

pelos barcos com o intuito dese divertir. São pessoas deidades e locais diferentes queadoram o passeio e garantemque pretendem repetir. Como éo caso do casal Chiara MarceloMoreira de Jesus e IsmaldoSantiago Martins, ambos de24 anos, que vieram da cidadede Prudente de Morais, próxi-ma a Sete Lagoas, para visitar acapital e experimentaram odivertido passeio pela primeiravez. “Gostamos muito do par-

que, pois é um ambientefamiliar. Quando tiver fi-lhos quero trazê-los aqui”,afirma Chiara.

Além dos cuidados comos barcos, é necessária tam-bém uma atenção especialvoltada para as lagoas, queestão sob a responsa-bilidade da Fundação deParques Municipais da Pre-feitura de Belo Horizontedesde Janeiro de 2005. Oparque tem três delas:Lagoa dos Marrecos, Lagoados Barcos e Lagoa doQuiosque, que são abaste-cidas pela transposição deáguas da nascente lo-calizada na área da Fun-dação Hemominas, naAlameda Ezequiel Dias, emfrente ao parque.

A Lagoa dos Barcos,como o próprio nome diz éonde acontecem os pas-seios, é permeável com ofundo de barro, e a oxige-nação do local é aumentadapelo chafariz presente den-tro da lagoa, e por uma cas-cata localizada perto deuma lanchonete. A limpezaé diária, utilizando-se pe-neiras, e é realizada pelosresponsáveis pelos barcos.

Segundo Tatiani Cordei-ro Anunciação de Souza,Chefe de Departamento doCentro da Fundação deParques Municipais, a segu-rança consiste no uso decoletes salva-vidas e mo-nitoramento direto dosfuncionários, além de umatela no entorno da lagoapara evitar queda deusuários.

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GLEIDSON ALVARENGA

RAPHAEL ROCHA3º PERÍODO

De motel para reproduçãoassistida à escolinha de boasmaneiras, essas são apenas umasdas diversas regalias que seencontram no Animalle MundoPet, que foi inaugurado há cercade dois meses no Bairro Guti-errez, em Belo Horizonte. Oshopping tem oito andares econta com 40 funcionários, amaioria biólogos e veterinários.

Não só cães e gatos, mas oespaço recém-inaugurado tam-bém tem peixes, roedores e algu-mas aves de espécies diferen-ciadas como o Lóris Bailarino,um pássaro que se exibe paratodos os clientes mostrando suashabilidades e suas cores exube-rantes, colorindo ainda mais oambiente.

Há um salão destinado a fes-tas e eventos para comemoraçõesrelacionadas aos animais de esti-mação e que pode ser reservadopara exóticos acontecimentos,como festas de aniversário e atécasamentos.

"Os proprietários do shopping

sentiram a necessidade de criarum empreendimento como esteem Belo Horizonte, devido aogrande número de animais deestimação e a carência de lugarescomo este na capital. Há shop-pings semelhantes a esse em SãoPaulo, mas não com uma es-trutura como essa", explica AlineFreitas, gerente de marketing eeventos do local.

O shopping oferece os serviçosde clínica veterinária, academia,escola, motel, banho e tosa,hotel, salão de festas, praça dealimentação, farmácia, clínicaodontológica e o famoso ofurôque tem sido um dos serviçosmais procurados pelos clientes.Nas lojas é possível encontrartodos os tipos de adereços paraos animais, como: roupas dediversos modelos, colônias,lenços umedecidos e até fraldasdescartáveis". São muitos 'mi-mos' feitos para agradar tanto osanimais quanto seus donos",ressalta.

Ainda segundo Aline Freitas,no local pode ser encontradauma das mais completas farmá-cias veterinárias de Belo Ho-rizonte. "Recebemos elogios de

varias clínicas veterinárias porobter produtos e serviços queeram difíceis de encontrar nacapital", enfatiza.

O shopping conta ainda comum espaço de treinamento elazer para os cães, o "Day Care".Este espaço funciona como uma"escolinha" que ensina boasmaneiras e adestra os animais."Antes de fazer parte da 'escoli-nha' os cães passam por umaavaliação, onde é possível perce-ber o nível de estresse e ansie-dade do animal", esclarece a trei-nadora Fernanda Pessoa. A pri-meira etapa da avaliação para ocachorro fazer parte da "escoli-nha" é o passeio na rua, onde otreinador consegue apurar quaisnecessidades ele deve dar maisatenção na hora do treinamento.

Fernanda Pessoa descrevetambém o perfil das famílias queprocuram os serviços do "DayCare". São famílias que não pos-suem empregada doméstica eque não podem dedicar a aten-ção necessária para o bem estardo animal. "Os cães possuemmuita energia e precisam perdê-las durante o dia, aqui é um

Primeiro shopping para animais domésticos em BH

O espaço denominado “Day Care” proporciona diversão e disciplina aos cães

ótimo lugar pra eles se exer-citarem e gastar um pouco de-las", esclarece.

Encantada com o local, a pro-fessora Sandra Moraes, 38 anos,observa que faltava um lugarcomo esse em Belo Horizonte. "Émuito bom encontrar um lugartotalmente dedicado a cuidar dasaúde e do bem estar dos nossosanimais de estimação", elogia ainiciativa dos proprietários. Do-

na da poodle Lala, de três anos,disse que conheceu o localatravés de amigos que já utili-zaram os serviços do shopping eque foi muito bem recomendado.

O Animalle Mundo Pet é semdúvida um dos lugares maisinovadores e acolhedores de BeloHorizonte, pois além de ser umagrande novidade para a capital,atende as necessidades tanto dosanimais quantodos seus donos.

YASMIN TOFANELLO

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15ComportamentoSetembro • 2012 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

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ISABELLA BARBOSA

ISABELLE RÊDA2º PERÍODO

Cantora desde os noveanos, Camila Campos co-meçou sua carreira se apre-sentando com a banda docolégio em que estudava edesde então não paroumais. Agora, aos 23 anos, acantora mineira se destacano cenário da música bra-sileira. Apesar de ser aman-te de pop rock e rock, elaopta por uma junção dorock com a música gospel."A gente tem grandes can-tores no trabalho gospelque vem crescendo, masuma cantora pop, commuita guitarra, metais, maisrock'n'roll, não tem. E eugosto muito, e imagino quemuitos jovens também

gostam", afirma. Camila cresceu ouvindo

a mãe cantar e se espelhounela para o começo da car-reira. Já seu pai é pastor e,segundo a artista, isso ainfluenciou muito a seguir acantar música gospel, junta-mente com sua convivênciadentro da Igreja. Mesmocom o incentivo da família,ela segue carreira por von-tade própria. Antes daascensão da carreira, Ca-mila Campos teve a oportu-nidade de gravar um EPpromocional, intitulado"Profetiza".

O projeto é um sonhorealizado para ela, que com-pôs todas as músicas. O ta-lento mineiro ainda contousobre a viagem para a Chinano final de 2011, onde can-tou para aproximadamentecinco mil pessoas em um

evento promovido por umaigreja. "Acho que foi a coisamais louca que eu fiz naminha vida, foi uma expe-riência maravilhosa" dizCamila, que ainda completaque crê no que canta paraque cada pessoa seja toca-da, impactada por aquilo,causando mudança.

Destaque no programaRaul Gil, do SBT, que temrepercussão nacional, eladiz que a participação noprograma foi essencial paraa decolagem de sua carreira:"Pessoas de muitos lugaresforam tocadas pelo meu tra-balho. Recebi muitos con-vites também, que até en-tão só ficava aqui em BH,Minas. Agora estou come-çando a ir para outroslugares como Porto Alegre,Maceió, que eu não espera-va e que eu tenho certeza

que foi a televisão, que meproporcionou", diz.

Apesar de ser destaquesda música gospel mineiraCamila já pensou em desis-tir de sua carreira, poiscomo em toda profissão,existem empecilhos e bar-reiras a serem vencidas.Mas o amor pela músicafalou mais alto. "Quem seenvolve com música, apai-xona, ainda que a pessoatenha carreiras distintas",afirma Camila.

A cantora formou-se anopassado em psicologia e re-vela gostar dessa área.Porém, ela trabalha apenascom a música, sua ver-dadeira paixão, que des-creve ser imensa assimcomo o sentimento dequando está no palco, ou naigreja cantando. Ela aindarevela que fica ansiosa antes

de cada apresentação: "Na-da melhor que estar ondevocê se sente bem. Dá umfrio na barriga, na televisãoentão não é um frio, é umiceberg".

A cantora e compositoratem planos para um futuro,que ela acredita ser bempróximo: a gravação de um

CD e de um DVD. Parachegar ainda mais pertodesse sonho ela compõecanções no seguimentoevangélico e afirma que jáestá preparada para essanova fase de sua vida. "Estátudo lá no meu cadernoesperando a hora certa”,observa.

Cantora gospel é destaque no Brasil

Jovens revivem brincadeiras de criança nas ruasn

ANA PAULA CERQUEIRA

GILVAN MEIRELES

RENAN PACHECO2º PERÍODO

No Bairro Novo Pro-gresso, divisa de Contagemcom a Região Noroeste deBelo Horizonte, onde, após oexpediente às sextas-feiras,um grupo de jovens transfor-ma a Rua Castelo Nuevo nu-ma grande quadra delineadacom pedras soltas do asfalto.É dessa forma que os vizi-nhos relembram os momen-tos de descontração da infân-cia que viveram juntos.

“A gente brincava quandoera criança, mas aí cada umcresceu, uns foram trabalhar,outros estudar. Só quando aMarcela voltou a morar na

rua é que ela animou todomundo a brincar de novo”,conta Marcella Karinne, de19 anos. As brincadeiras re-começaram por influência deuma ex-moradora, que vol-tou a residir ali neste ano. Asatividades se reiniciaram comoito pessoas. Hoje já são 16jovens brincando na rua.

O clima de cidade de in-terior toma conta da rua.Vizinhos se gritam da cal-çada chamando um ao outro,a bola aparece, os times semontam e a brincadeira estáautorizada a começar. Umarua asfaltada, estreita e combaixa iluminação é o bas-tante para os “Peter Pans” doNovo Progresso brincaremsem hora para acabar, algoque é recente desde que o Jovens do Novo Progresso brincam de bola à noite após reunirem os amigos

ÍGOR PASSARINI

bairro se tornou um lugarmais seguro pra se viver.

Entre jovens de 15 a 24anos, há espaço para os baixi-nhos. Sofia Vitória Moreira,7 anos, não perde uma brin-cadeira na sexta à noite, querfazer parte do seu própriomundo no meio de gigantes.A “cartinha branca” da tur-ma, chamada assim por seusamigos mais velhos, não temmedo das bolas rápidas daqueimada, corre de um ladopara o outro assim como seuscompanheiros de time. Acompetitividade é algo no-tável nas brincadeiras, comogente grande, para eles brin-car é coisa séria, o rouba-ban-deira, a corda, o elástico têmsuas regras e são seguidas àrisca pelo grupo.

CUIDADOS E quando ojogo fica sério, vale tudo parasalvar uma bola. Com tantavontade, não se vê nem o queestá na frente e aí que aci-dentes podem acontecer.Cleber Alvarenga, 15, contaque já bateu com a cabeça nomeio fio e já viu um colega seratropelado por uma bicicleta.

Realmente os jogos na ruasão divertidos, mas podem serperigosos também. Perguntadase havia algum parque ouquadra no bairro, ScheilaAndrade, 20, explicou a si-tuação. "Há uma quadra daIgreja, porém é preciso pagaruma taxa para usá-la, o quedeixa a rua como a únicaopção viável", conta a veteranadas brincadeiras na Rua Cas-telo Nuevo.

DUPLA JORNADA DE DONAS DE CASAPor prazer ou por falta de opção, mulheres têm de se multiplicar para realizar várias tarefas. Essa é a vida de donas de casa que trabalham fora e ainda cuidam da casa e da família

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MICHELLE OLIVEIRA

DÉBORA FERREIRA4º PERÍODO

O que as mulheresMariana Chaves, Apare-cida da Silva, RosildaGomes e Idirlene Jesustêm em comum? Todaselas são donas de casa etrabalham ou já trabalha-ram fora. Arrumar, cozi-nhar, lavar, passar, cuidarda família e, em algunscasos, trabalhar fora não épara qualquer um. A re-compensa, como afirmam,é o bem-estar da família.

Para Aparecida da Silva,43 anos, ser dona de casa éum privilégio porque estácuidando das pessoas queama. "É dar de mim mesmapara aqueles que tantonecessitam de mim. É umadádiva de Deus", afirma.Mas nem todas encaram arotina de dona de casa coma mesma tranquilidade. Acorretora Mariana Chaves,36, dona de casa e mãe dedois filhos, acha a rotinacomplicada. "Os horáriossão cronometrados para tu-do", conta.

Segundo Rosilda Go-mes, 36, é ótimo trabalharfora e ser dona de casa.Mas conta que quandotrabalhava fora, às vezestinha vontade de aban-

donar o emprego e cuidarapenas do lar. "Eu deixavameu filho em casa aos cui-dados dos outros e ele mepedia para ficar com ele.Quando eu pensava nele,dava vontade de abando-nar o serviço", diz Rosilda,que atualmente apenascuida da família.

Além de terem a casacomo dever, elas são bas-tante diferentes entre si.Cada uma age de acordocom a própria personali-dade. Algumas são maiscaseiras outras já traba-lham fora e ainda conse-guem um tempo para saire se divertir à noite. Mas oque as tornam tão iguais éconseguir desempenhar asatividades, apesar da vidacorrida e ainda assim es-tarem com disposiçãotodos os dias para estar alicuidando das pessoas queamam.

Mariana diz existirvários tipos de donas decasa. "Existem as cômodas,as que são dependentes deseus maridos e as mil utili-dades. Acredito que meencaixo no último", opina.Rosilda conta que se en-caixa no quadro das de-dicadas.

De acordo com a auxi-liar administrativa e estu-dante Idirlene Jesus, 27,

não é fácil como parece,mas é muito gratificante."Trabalhar, ser dona decasa e mãe ao mesmo tem-po é muito gostoso e capa-citante. Existe sim estresseno dia a dia, mas peço aoSenhor que me dê calma eforça. Assim, eu me sintomais tranquila", conta.Idirlene de segunda asexta-feira deixa seu filhona escola e vai para o tra-balho. A noite ela deixa ofilho com o pai e vai à fa-culdade.

Com rotinas diferentes,Idirlene, Mariana e Apa-recida tem em comum acorreria. Mariana acordaàs 6h30 para levar o filhoao colégio. Depois, ela re-solve os problemas emcasa, faz o almoço e cuidado seu outro filho e do seumarido até chegar o ho-rário de ir para o trabalho.Aparecida, sai cedo para oestágio e cuida da casa edos filhos à tarde. À noiteela se dedica aos estudos.Rosilda, que até pouco

tempo trabalhava fora,dedica o dia aos cuidadosdomésticos.

Alguns filhos gostam deter as mães por mais tem-po em casa. É o caso doestudante Leandro Cha-ves, 15, filho mais velhode Mariana. "Ela cuida demim, do meu irmão e dacasa", conta. Ele ainda re-lata que apesar de cuidarda casa e trabalhar fora, amãe ainda tem tempo desair com eles e atendê-losno que precisam. O filho

de Rosilda, Bruno Dias,19, diz que ser dona decasa é transformar umacasa em lar, é saber cuidarde todos. Para ele o ser-viço de casa tem que serdividido. "Eu tento ajudarminha mãe com os afaze-res de casa", diz. RobertaViana, 19, filha de Apare-cida, fala que a dedicaçãoda mãe ao lar é essencial,pois trabalha e estuda,ficando muito tempo forade casa. "Minha mãe con-segue arrumar tempo paratudo", afirma.

DIREITOS Segundo oMovimento das Donas deCasa de Minas Gerais(MDC-MG), um dos di-reitos mais atuais conquis-tados pelas donas de casafoi a possibilidade deaposentadoria e o anda-mento em Brasília do pro-jeto de aposentadoria paradonas de casa acima de 60anos e de baixa renda, apartir de dois anos decontribuição ao INSS. Aentidade desenvolve pro-gramas de educação parao consumo, palestras ecampanhas, atividades pa-ra terceira idade e partici-pação nas mídias e redessociais com dicas de con-sumo consciente e reapro-veitamento de alimentos.Adirlene Jesus passeia com sua família. Além de dona de casa, ela trabalha fora e cuida do filho

DÉBORA FERREIRA

Camila Campos ganhou fama em programa nacional de calouros

ISABELLA BARBOSA

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Sérgio Mallandro EntrevistaHUMORISTA

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ISABELLA BARBOSA, ISABELLE RÊDA, LUCAS BORGES, LUISA SENNA E RAÍSSA PEDROSA

2º E 5º PERÍODOS

Sérgio Neiva Cavalcanti, o Serginho Mallandro, nasceu no Rio de Janeiro, em

1955, no dia das crianças, 12 de outubro, e ao longo de sua carreira seu objetivo foi o

de fazer as pessoas rirem. A carreira do humorista cruza com várias figuras célebres

da televisão brasileira, como Silvio Santos, mentor e pessoa que o lançou na carreira de

comediante; Xuxa, com quem trabalhou no Programa Paradão da Xuxa, na Globo, e

com Chico Anísio, na Escolinha do Professor Raimundo. Na televisão o carioca fez

sucesso com o programa Oradukapeta, do SBT, em que se destacava o quadro Porta

dos Deseperados. O participante escolhia entre três portas, uma com prêmios e duas

com monstros. Outro quadro famoso era a Pegadinha do Mallandro. Serginho atuou

em 12 filmes, e gravou discos: 10 Lp's. Depois do sucesso, o apresentador viveu época

de ostracismo, em que passou por um período de esquecimento, até voltar a se destacar

no reality show, a Fazenda, em 2010, e agora vive um bom momento. "Se você plan-

tou coisas boas, você vai sempre colher coisas boas. Hoje, estou colhendo os frutos das

coisas que plantei, das coisas que eu fiz da minha vida", conta. Este ano, Serginho

Mallandro gravou o reality show, "Vida de Mallandro", no Multishow, em que expõe

sua rotina diária. Em outubro, ele estreará outro programa no mesmo canal, chamado

"Papo de Mallandro", além disso gravará um filme em Las Vegas, com direção de

André Morais. Em sua nova fase na carreira, Sérgio adotou os stands up, apresen-

tações humorísticas em teatros, como o novo jeito de fazer humor, sempre respeitando as

diferenças de cada um. "O humor tem que ser uma brincadeira, não pode ultrapassar

os limites”, afirma. “No humor, por mais que não tenha censura, você não pode brin-

car com uma pessoa que tem um defeito físico”, acrescenta Mallandro.

ra minha ex-mulher e meus filhos estavamlá. É um reality do dia a dia, um realitydiferente de "A Fazenda". "A Fazenda" étrancado, com uma porção de maluco euma porção de bichos, cheio de mato.Então não é a sua casa. Você tem que con-viver com aquelas pessoas ali. Para mimtambém não é difícil, porque eu gosto daspessoas. Eu me aproximo das pessoas. Tempessoas que fogem umas das outras, tempessoas que se aproximam. Eu gosto de meaproximar das pessoas. Então, para mim,conviver com 10, 14, 15 numa fazenda foio maior barato. Eu adorei. Me apaixoneipelo avestruz, sinto saudades do avestruz.O avestruz é meu parceiro.

n Qual foi a aceitação da sua família ao ser exposta em Vida de Mallandro?

O que é belo é para ser mostrado. Eutenho muito orgulho da minha família. Eeu acho que o que você ama, o que vocêgosta, acha bonito, tem que mostrar paraas pessoas. Não tive nenhum problema emmostrar minha família, a minha casa.Acho que faz parte, que é uma curiosidadeque as pessoas têm. No início eles ficarammeio assim, mas eu falei "bicho, qual é oproblema? A família aqui é uma famílianormal, unida". Mas eles se amarraram, arepercussão foi muito boa, a maior audiên-cia do Multishow. As críticas foram positi-vas, todo mundo adorou, todo mundo sediverte. Então, a minha missão é levardiversão para as pessoas. E eu acho que euconsegui o meu objetivo, de fazer as pes-soas se distraírem, se divertirem.

n Quais são seus planos para o futuro?Como será seu novo programa noMultishow?

Eu sou um cara que estou sempre sonhan-do. Eu gosto de sonhar. O homem nãomorre quando ele desiste, morre quandodeixa de sonhar. Eu quero fazer um pro-grama novo agora, que eu vou começar noMultishow e que vai chamar "Papo deMallandro", com estreia em outubro. Pro-jetos profissionais, eu vou agora fazer umfilme em Las Vegas, com a direção deAndré Moraes. Talvez a gente faça a 2ªtemporada no final do ano do "Vida deMallandro", e estou rodando o Brasil todocom meu stand up, que é a coisa que eumais gosto. Eu tenho uma banda também,a banda "SalciFufu" que faz show para osuniversitários. Meus planos profissionaissão esses. Amorosamente eu quero termais uns sete filhos, sempre bom né?

n Você conviveu com vários artistas con-sagrados como Chico Anysio, Sílvio Santos,Xuxa. Quem foi a pessoa que mais teinspirou para você seguir sua carreira?

Olha, eu não tive uma inspiração assim.Tive alguns ídolos, eu gostava dos Três Pa-

tetas da minha época e acom-panhava muito os filmes doChaplin. Mas eu nunca fuiassim de copiar aquela pessoapara ser aquela pessoa, eununca tive disso. Eu admiravao trabalho das pessoas e essescaras eram os meus prediletos.Eu gostava muito dos TrêsPatetas, eu parava na televisãopara ficar vendo, adorava edava muita risada. Mas eununca tive isso de imitar

aquela pessoa, de ser inspirado por aquelapessoa. Mas eu admirei muita gente, eusempre admiro até hoje. Hoje, por exem-plo, em BH, eu admiro o Graffite, da rádio98 FM, gosto muito do Dudu e dessa mo-lecada. Estou sempre ligado neles aqui.

n De onde surgiu o apelido Mallandro com dois "L's"?

Eu peguei o apelido de malandro porqueeu penetrava no escuro quando eu eragaroto, 11 anos, porque eu não tinha di-nheiro, para não pagar eu penetrava. Umdia eu penetrei num lugar muito difícil eum amigo meu me perguntou como euconsegui, aí eu falei "penetrei, meu irmão".Daí ele disse "tu é malandro", eu chorei nahora porque não gostei do apelido e oapelido pegou. Quando eu virei artista eubotei Mallandro com 2 L's para pareceruma família tradicional da Itália. Tudotem sua origem. Napoleão não teve aoportunidade de fazer o "Rá", perdeu achance. Então são palavras profundas quetem que ser ditas de dentro para fora, nãoé à toa. Ninguém faz um "Rá" a toa. Porexemplo, ao invés de falar 'bom dia' vocêchega ao seu amigo e fala "ié ié". O "bomdia" está por fora hoje em dia. Quandoalguém vem te cobrar alguma coisa vocêfala "Pegadinha do Mallandro", e pronto,ninguém paga nada, ninguém faz nada efica tudo legal.

IRREVERENTE SIM, MAS POLITICAMENTE CORRETO

n Como você lidou com o período de menor visibilidade em sua carreira? E como você se reergueu?

Eu sempre gostei de dar risada para a vida.Às vezes, quando você não está no ar comum grande programa, você está em umgrande momento na sua vida. Então, porexemplo, eu hoje estou numa emissora detelevisão que é o Multishow, fazendo umprograma, mas também não é um canalaberto e estou no melhor momento daminha vida. Faço os meus shows, eu façocinema. Algodoeiro não nasce em maçã, sónasce em algodão. Então, você tem queprocurar ser o melhor dos algodões. Vocêtem que fazer na televisão tudo que vocêsente. Muitas vezes eu não quis estar emum programa de televisão porque eu via

que não ia fazer sucesso. Eu achava quetudo bem, esse eu não vou fazer

porque de repente não é o meumomento de fazê-lo. Eu gostode fazer o que eu sinto, gostoe acredito. Você tem quefazer sempre o que você

acredita. Acho que Deus medeu a benção, sou muito agrade-

cido a Deus pelo meu trabalho,pelo que eu faço. Eu faço o que eu

gosto. Eu vivo do meu trabalho,tenho minhas empresas. Não

preciso fazer um pro-grama só para estar

no programa. O la-vrador só sente oaroma daquiloque ele colhe.Se você plan-tou coisasboas, vocêvai semprecolher coi-sas boas.Hoje, es-tou colhen-

do os frutosdas coisas que

plantei, dascoisas que eufiz da minha vi-da. Você temque fazer o quevocê gosta. Nãopode estar na te-levisão só porestar na tele-visão. A minhapegada é essa,eu faço o queeu gosto.

n Você se candidatou a vereador e não foieleito (em São Paulo, em 2008). O quevocê acha que faltou na campanha?

Não fui eleito porque ninguém sabia queeu era candidato. Não apareci na televisão,então ninguém sabia. Eu andava na rua etodo mundo pedia autógrafo, fazia "gluglu", fazia "ié ié" mas não sabia que eu eracandidato. Mesmo assim, tive 23 milvotos. Mas é porque eu queria fazer algu-mas creches. Eu tenho uma creche, entãoeu achava que como vereador eu poderiater mais creches. Mas ainda bem que eunão entrei porque não era minha praiatambém. Deus sabe o que faz. Eu não iaconseguir realizar nada do que eu realizoaqui fora. Aqui fora eu realizo muito maisdo que se eu estivesse lá dentro.

n Nas últimaseleições para de-putado, o comedi-ante Tiririca utilizouo humor comoestratégia política.Em sua opinião issoé certo?

Cada um sabe desi. Eu não sei o queo Tiririca tem em mente, não sei o que elevai poder fazer em benefício do público,então nós não podemos julgar nada. Mas aforma de você conquistar as coisas, atravésdo humor você sempre conquista, nãoimporta o quê. Às vezes uma mulher, vocêquer conquistá-la, você começa fazê-la rir eela vai e entra na tua. Quando ela perceber,ela não sabe nem porque ela está contigo,ela está rindo e fala "é, estou rindo e vocêé um cara simpático". Então o humor ésempre uma estratégia para você abrir por-tas. E é o maior barato. E a política já éuma comédia mesmo, então pode fazer rirque todo mundo vai rindo, vai se distrain-do, vai se divertindo, tá ótimo "bicho".

n Você participou de reality shows de segmentos diferentes, como A Fazenda e Vida de Mallandro. O que você tentou passar para o público?

Eu estava de férias no "A Fazenda", tenteicurtir minhas férias, me chamaram paraparticipar e eu fui. Aí fiquei lá curtindo.Curti os bichos. Mas ali eu fui o que eu soumesmo, na vida real. Fiquei um mês noprograma. Você vê que ali eu não falei malde ninguém, não ficava fazendo fofoqui-nha de nada. Eu sou assim na minha vidareal, gosto de brincar, gosto de me divertir,gosto de sair, e foi o maior barato. Já o "Vi-da de Mallandro" é um reality diferente,um reality dentro da minha casa, onde mo-

n Mallandro, o que você acha dos novos artistas de stand up?

Tem muita gente boa aí, essa molecada émuito boa. Muita gente bacana.

n Fora do stand up, o que você acha dos artifícios utilizados para fazer piada?

Acho maravilhoso. Se isso faz com que apessoa possa se sentir feliz e rir, eu achoque está valendo. O Pânico e o CQC sãoprogramas muito vistos, todo mundo gos-ta muito. É uma linguagem nova. Achoque ninguém tem que passar do limite,ninguém tem que fazer mal a ninguém. Ohumor tem que ser uma brincadeira, nãopode ultrapassar os limites. Cada um sabedos seus limites, eu sei dos meus e cadaum tem que saber do seu. Eu acho que nohumor, por mais que não tenha censura,você não pode brincar com uma pessoaque tem um defeito físico. Ele tem umdefeito físico e você não pode fazer piadasobre isso.

n Como jurado do Prêmio Multishow de Humor, qual a sua expectativa emrelação às novas promessas do humor?

No programa do Multishow de Humormuita gente às vezes não tem graça, outrosàs vezes têm talento, mas não possuem umtexto muito forte. De repente se fosse maisbem dirigido e com um texto forte, pu-desse se sair melhor. Mas eu acho que dalisempre vai sair algum bom humorista.

n O público que te acompanha nessa novafase da sua carreira é o mesmo de antes ouvocê percebe um público mais jovem?

Tem cada vez mais gente assistindo aostand up, acho que está na moda. Temprogramas com concurso de stand up. Ummenino aqui de Belo Horizonte ganhou oconcurso do programa da Ana Hickman, oThiago Carmona. A televisão está fazendoconcursos de stand up, vários teatros,então cada vez está aumentando mais onúmero. Eu, por exemplo, fiz um showagora no teatro Positivo, em Curitiba. Erapara 2400 pessoas, e eu fiz duassessões em um dia, é muitolouco. O público está au-mentando cada vez mais.Primeiro que o povoprecisa rir, porque omundo está muito dra-mático, na televisãotem muita tragédia.Então, você pode virpara um teatro, ir pa-ra um bar, dar risada.Eu acho que todomundo quer rir, é bompara aliviar as ten-sões.

[ ]“O HUMOR TEMQUE SER UMA

BRINCADEIRA, NÃOPODE ULTRAPASSAR

OS LIMITES“

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