jornal folha popular

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FOLHA POPULAR FOLHA POPULAR Lauro de Freitas - BA Edição Setembro / 28- 14 e-mail: [email protected] Quilombolas marcham pela defesa e preservação do Quingoma Em marcha, dezenas de quilombolas fecharam a Estrada do Côco em protesto contra a construção da estrada que cortará o quilombo do Quingoma A comunidade do quilombo de Quingoma interditou a Estrada do Côco (BA 099) no ultimo dia 13 em protesto contra a construção da Via Expressa. Segundo lideranças locais, trará grandes impactos negativos à comunidade. Moradores do quilombo, membros dos conselhos de Igualdade Racial e Direitos da Mulher e integrantes dos movimentos sociais marcharam rumo a Câmara Municipal para participar de uma audiência pública que discutiu os impactos sociais e ambientais que podem ser gerados com a construção da Via Expressa na região quilombola. A audiência foi resultado da provocação que os quilombolas fizeram à Defensoria Pública do Estado, que convocou representantes da concessionária Bahia Norte, responsável pela construção da estrada, Fundação Palmares, INEMA (Instituto do Meio Ambiente), AGERBA/SEINFRA, SEPROMI e o governo municipal. O clima foi tenso do início ao fim da audiência, mas ficou acordado entre as partes envolvidas, que a concessionária dará todas as informações que a comunidade solicitar. As lideranças quilombolas, contudo, pediram o embargo imediato das obras e alega desrespeito por parte da concessionária, e que em nenhum momento, ouviu a comunidade nem apresentou um plano de contrapartida socioambiental. A representante da concessionária Bahia Norte, Leana Mattei, disse entender o medo e a revolta da comunidade e que já está acostumada a lidar com essa situação. Segundo a representante, muitos especuladores aproveitam o momento para colocar terror na comunidade no intuito de obter vantagens e anexar territórios que possam ser valorizados com o empreendimento da obra. Mattei afirma, ainda que não há como apresentar um plano de ação e redução dos possíveis danos sem antes fazer um estudo no local e saber qual o tamanho do impacto à comunidade. Para o presidente da Câmara Municipal, Antônio Rosalvo Batista, a construção da Via Expressa é uma necessidade não só para Lauro de Freitas, mas para toda Região Metropolitana de Salvador. Segundo ele, uma parcela grande da população sofre muito com o trânsito caótico nos horários de pico e exemplifica dizendo que trabalhadores precisam acordar cinco horas da manhã pra chegar ao local de trabalho, que na maioria das vezes nem é tão longe de suas casas. "Precisamos mudar isso, contudo, é preciso também analisar com cuidado os problemas e impactos que podem gerar pra comunidade quilombola. Eu acredito que o diálogo é a melhor ferramenta pra o entendimento entre as partes envolvidas e esta casa estará sempre de portas abertas pra ajudar nessa relação”, afirma. Ao final da audiência foi criada uma comissão para fazer o acompanhamento das ações futuras. Segundo o Defensor Público, Dr. Gilmar Bittencourt, a audiência cumpriu o papel de provocar o diálogo e trazer as informações que a comunidade precisa saber. Perguntado se há possibilidade da suspensão da obra, ele afirma que sim, informando que se os procedimentos não forem cumpridos, a justiça pode sim, pedir o embargo, até que tudo esteja devidamente em consonância com as normas de desenvolvimento das cidades. A vereadora Naide Brito entende que deve ser considerado o fato que quando o projeto da Via Metropolitana foi pensado, a comunidade do Quingoma não tinha a certificação de comunidade quilombola. Ainda defende que primeiro se faça a delimitação das terras quilombolas para só então dá continuidade a construção da via, levando em conta essa delimitação O Superintendente da SUPIR, Cláudio Reis, representante do governo municipal na audiência disse que é indiscutível a importância da Via para o desenvolvimento do município e da região metropolitana, mas que ao mesmo tempo, o governo municipal atua no sentido de garantir a integridade territorial, cultural da comunidade quilombola que historicamente vem sendo castigada e não pode mais sofrer nenhum tipo de cerceamento. “Ali vivem pessoas, temos uma vida ali. Nascemos, nos criamos naquelas terras. Nossos pais e avós plantaram e colheram frutos naquelas árvores, pescaram naqueles rios. Isso não poder ser arrancado da gente”, disse emocionada uma representante quilombola. “Precisamos nos entender, para que possamos entrar na comunidade, fazer o estudo, para só então poder apresentar um plano de redução de danos’

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Edição 30 do Jornal Folha Popular

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Page 1: Jornal Folha Popular

FOLHA POPULARFOLHA POPULARLauro de Freitas - BA Edição Setembro / 28- 14 e-mail: [email protected]

Quilombolas marcham pela defesa e preservação do Quingoma

Em marcha, dezenas de quilombolas fecharam a Estrada do Côco em protesto contra a construção da estrada que cortará o quilombo do Quingoma

A comunidade do quilombo de Quingoma interditou a

Estrada do Côco (BA 099) no ultimo dia 13 em protesto

contra a construção da Via Expressa. Segundo lideranças

locais, trará grandes impactos negativos à comunidade.

Moradores do quilombo, membros dos conselhos de

Igualdade Racial e Direitos da Mulher e integrantes dos

movimentos sociais marcharam rumo a Câmara Municipal

para participar de uma audiência pública que discutiu os

impactos sociais e ambientais que podem ser gerados com a

construção da Via Expressa na região quilombola.

A audiência foi resultado da provocação que os

quilombolas fizeram à Defensoria Pública do Estado, que

convocou representantes da concessionária Bahia Norte,

responsável pela construção da estrada, Fundação

Palmares, INEMA (Instituto do Meio Ambiente),

AGERBA/SEINFRA, SEPROMI e o governo municipal.

O clima foi tenso do início ao fim da audiência, mas

ficou acordado entre as partes envolvidas, que a

concessionária dará todas as informações que a comunidade

solicitar. As lideranças quilombolas, contudo, pediram o

embargo imediato das obras e alega desrespeito por parte da

concessionária, e que em nenhum momento, ouviu a

comunidade nem apresentou um plano de contrapartida

socioambiental.

A representante da concessionária Bahia Norte, Leana

Mattei, disse entender o medo e a revolta da comunidade e

que já está acostumada a lidar com essa situação. Segundo a

representante, muitos especuladores aproveitam o

momento para colocar terror na comunidade no intuito de

obter vantagens e anexar territórios que possam ser

valorizados com o empreendimento da obra. Mattei afirma,

ainda que não há como apresentar um plano de ação e

redução dos possíveis danos sem antes fazer um estudo no

local e saber qual o tamanho do impacto à comunidade.

Para o presidente da Câmara Municipal, Antônio

Rosalvo Batista, a construção da Via Expressa é uma

necessidade não só para Lauro de Freitas, mas para toda

Região Metropolitana de Salvador. Segundo ele, uma

parcela grande da população sofre muito com o trânsito

caótico nos horários de pico e exemplifica dizendo que

trabalhadores precisam acordar cinco horas da manhã pra

chegar ao local de trabalho, que na maioria das vezes nem é

tão longe de suas casas.

"Precisamos mudar isso, contudo, é preciso também

analisar com cuidado os problemas e impactos que podem

gerar pra comunidade quilombola. Eu acredito que o

diálogo é a melhor ferramenta pra o entendimento entre as

partes envolvidas e esta casa estará sempre de portas abertas

pra ajudar nessa relação”, afirma.

Ao final da audiência foi criada uma comissão para

fazer o acompanhamento das ações futuras.

Segundo o Defensor Público, Dr.

Gilmar Bittencourt, a audiência

cumpriu o papel de provocar o diálogo

e t razer as informações que a

comunidade precisa saber. Perguntado

se há possibilidade da suspensão da obra, ele afirma

que sim, informando que se os procedimentos não

forem cumpridos, a justiça pode sim, pedir o embargo,

até que tudo esteja devidamente em consonância com

as normas de desenvolvimento das cidades.

A vereadora Naide Brito entende que

deve ser considerado o fato que quando

o projeto da Via Metropolitana foi

pensado, a comunidade do Quingoma

não tinha a certificação de comunidade

quilombola. Ainda defende que primeiro se faça a

delimitação das terras quilombolas para só então dá

continuidade a construção da via, levando em conta

essa delimitação

O Superintendente da SUPIR, Cláudio

Reis, representante do governo

municipal na audiência disse que é

indiscutível a importância da Via para o

desenvolvimento do município e da

região metropolitana, mas que ao mesmo tempo, o

governo municipal atua no sentido de garantir a

integridade territorial, cultural da comunidade

quilombola que historicamente vem sendo castigada e

não pode mais sofrer nenhum tipo de cerceamento.

“Ali vivem pessoas, temos uma vida ali. Nascemos,

nos criamos naquelas terras. Nossos pais e avós

plantaram e colheram frutos naquelas árvores,

pescaram naqueles rios. Isso não poder ser arrancado

da gente”, disse emocionada uma representante

quilombola.

“Precisamos nos entender, para que possamos

entrar na comunidade, fazer o estudo, para só então

poder apresentar um plano de redução de danos’

Page 2: Jornal Folha Popular

Pág - 02 FOLHA POPULAR Maio - 15

‘Como é que pode ter educação se é preta?’Está em curso na comarca

de Lauro de Freitas o julgamento

do mais notório caso de injúria

rac ia l j á reg i s t rado nesse

município. O processo será

julgado pela Dra. Antônia Marina

Aparecida de Paula Faleiros e já

tem data marcada para a oitiva

das testemunhas, duas audiências

já foram realizadas.

O fato ocorreu no dia 29 de

novembro do ano passado, por

volta das 11:30 da manhã no

estacionamento de um açougue no bairro de Vilas do

Atlântico. Em depoimento, a vítima, Cida da Silva,

contou à polícia que estacionou seu veículo e se dirigiu

ao interior da loja. Em seguida foi chamada por uma

funcionária para retirar o veículo, pois estava

impedindo a saída de outro veículo. Ao voltar para o

estacionamento, Cida foi racialmente agredida pela

proprietária do referido veículo que expeliu frase de

cunho racial. “Como poderia ter educação se é

preta?”.

Cida explica que o

veículo da agressora estava

mal estacionado ocupando

duas vagas e que por esse

motivo ficou com a saída

obstruída. “Eu tive o cuidado

de avisar a uma funcionária

que o carro era meu e que

poderia me chamar caso o

outro veículo tivesse que sair

antes de mim', afirma.

Desnorteada e perplexa

com as palavras da agressora,

Cida não teve reação a não ser de retirar o veículo e

chorar muito. Só depois, recuperada do susto e

recomposta da ação racista, decidiu agir.

“Não vou permitir que isso caia no esquecimento.

Dezenas de mulheres negras como eu, são todos os dias

agredidas e humilhadas nessa cidade por pessoas como

essa senhora, que se acham superiores pelo fato de

serem brancas. Vou até o fim, e tenho certeza que a

justiça será feita”. Afirma Cida ainda muito

emocionada.

Para Michele Brito, coordenadora do Coletivo de

Entidades Negras – CEN de Lauro de Freitas, esse caso

é importante para que outras mulheres e homens negras

e negros possam ter a coragem de denunciar o racismo,

pois segundo ela, só com a denuncia e a punição dos

agressores conseguiremos inibir essa prática

vergonhosa.

Cida conta com o apoio dos movimentos sociais,

Conselhos da Igualdade Racial e da Mulher e da

Superintendência de Promoção da Igualdade Racial de

Lauro de Freitas.

A prefeitura de Lauro de

Freitas através das Secretarias de

Meio Ambiente, Educação,

Juventude e a Superintendência

de Promoção da Igualdade Racial

em parceria com Orooni, Rede

Jovens de Candomblé realizará

e n c o n t r o q u e d e b a t e r á

comunicação, meio ambiente e

sustentabilidade. A iniciativa é do

Coletivo de entidades Negras e da

Fenacab que pretendem reunir no

dia 14 de junho no Centro de Referência da

Cultura Afro-brasileira, em Portão, cerca de 200

jovens adeptos e simpatizantes da religião de

matriz africana.

O encontro terá como momento principal

uma roda de diálogo com o renomado

antropólogo Dr. Vílson Caetano UFBA e a

especialista em redes sociais Luciene Reis.

Ambos abordarão os aspectos e as contribuições

que as civilizações africanas deixaram como

legado enfatizando a responsabilidade

ambiental que esse seguimento religioso tem no

cuidado com a natureza.

O secretário municipal de meio ambiente,

Márcio Crusoé explica que o Orooni está no

calendário das atividades alusivas a semana do

meio ambiente porque esse seguimento é um dos

mais interessado na preservação dos rios, das

matas e dos demais elementos da natureza, pois

fazem desses, seus objetos de culto. Ainda

segundo o secretário, a prefeitura municipal

distribuirá cerca de 3000 mudas de árvores,

incluindo o Baobá, árvore sagrada para os

r e l i g i o s o s d e m a t r i z

africana.

Alé do Orooni, outras

atividades acontecerão na

semana do meio ambiente.

Veja o calendário:

1º de junho - Plantio de

mudas nativas na região do

Capelão e Parque São

Paulo;

1º de junho - Plantio de

mudas nativas na localidade do Jaiba em Areia

Branca;

1º de junho - Palestra sobre resgate de

mamíferos aquáticos, na Guarda, das 9h às 11h;

2 de junho - Seminário APA Joanes Ipitanga

na Unime;

2 de junho - Palestra sobre resgate de

mamíferos aquáticos, na Guarda, das 13h às 15h;

3 de junho - Seminário APA Joanes Ipitanga

na Unime;

3 de junho - CAPS infantil visita o projeto

Tamar na Praia do Forte;

5 de junho - Plantio de 20 mil mudas nativas

de manguezal em Buraquinho;

10 de junho – Fórum de Meio Ambiente Dia

Mundial no Cine

Teatro;

Por: Ricardo Andrade

Semana do meio ambiente terá

encontro com jovens de terreiro

Lauro de Freitas - Bahiawww.jornalfolhapopular.blogspot.com

[email protected]

Responsável DiretoresMichelle BritoGabriel RochaRosana Galo

Colunistas Rilk MC

Ana LuziaYogi Nkrumah

Colaboradores

Marcos RezendeNilton Tourinho

Sônia Lima

Revisores Élcio Gomes

Yuri SilvaSamuel Trindade

Fotografia Tom FrançaA. Borges Posse de Conscientização e Expressão

Movimento Hip hop

Grupo Folha

Quatrocentos serviços e

atendimentos prestados em uma

semana a comunidade de Areia

Branca. Esse foi o saldo do projeto

" C u i d a n d o d o s e u B a i r r o "

apresentado pelo Prefeito Márcio

Paiva. A culminância da ação,

realizada entre os dias 18 e 22, na

Administração Regional (AR),

ocorreu na manhã deste sábado (23), na Escola Edivaldo Boaventura.

O prefeito Márcio Paiva, a primeira dama Adriana Paiva, vice-

prefeito Bebel Carvalho, todo secretariado, lideranças comunitárias e a

comunidade participaram da festa de encerramento. O gestor da cidade

entregou, um a um, os 48 alvarás de funcionamento que foram emitidos

pela Secretaria de Planejamento (Seplan) durante a semana.

visivelmente emocionado, o prefeito comentou sobre a satisfação de

promover o projeto. "Aproximar ainda mais a Prefeitura da

comunidade, sempre sonhei com isso", disse.

O líder comunitário que reside na localidade há 39 anos, Eliezer

Guimarães, elogiou bastante a iniciativa. "Ficamos muito satisfeitos. É a

prefeitura trabalhando dentro do nosso bairro, pertinho da gente",

comentou. A dona de casa Maria da Conceição que buscou os serviços

do projeto, na última sexta-feira, comentou sobre a grandiosidade do

"Cuidando do seu Bairro". Ela esteve no stand da Secretaria da

Juventude e Trabalho (Sejut) e inscreveu os dois filhos para possíveis

vagas de emprego. "Uma maravilha!", disse.

Em paralelo ao encerramento do "Cuidando do seu Bairro", a

Prefeitura Municipal de Lauro de Freitas (PMLF), através da Secretaria

de Saúde (Sesa), promoveu mais uma edição do "Saúde em Ação

Cuidando da Nossa Gente". Mais de 700 serviços de saúde foram

oferecidos a comunidade de Areia Branca, na Escola Edivaldo

Boaventura. A Prefeitura muito em breve anunciará qual a próxima

localidade a ser agraciada pelo "Cuidando do seu Bairro" e as

respectivas datas.

Cida Silva, mulher, negra e advogada vítima de Racismo em Vilas do Atlantico

Sede do fórum criminal em Lauro de Freitas onde o processo será julgado

"Cuidando do seu Bairro" contabilizou cerca de 400 atendimentos

Márcio Crusoé,Secretário Municipal de Meio Ambiente

DECOM - PMLF