jornal expressão ed. 8 abril de 2010

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Um talento a cada Eles estão em todos os lugares. Já fazem parte do cenário de Manaus. São os artistas de rua, que utilizam sua arte para poder sobreviver às intempéries das grandes cidades. As vezes confundidos com desocupados, em outros admirados pela ousadia, não tem quem ainda não tenha se deparado com alguns desses personagens nos semáforos da cidade. Quem não ficou impressionado com os malabarismos que eles fazem (muitas vezes envolvendo até fogo) para conseguir uns trocados. Mas, de onde vem? Por que estão nessa vida? Como vêem Manaus? Essas e outras perguntas foram feitas a esses protagonistas da arte urbana em uma reportagem que tenta abordar um pouco do cotidiano dessas pessoas. Jornal Laboratório do curso de Jornalismo - Ano 2 - Edição 8 - Abril de 2010 Saiba como a cozinha amazonense é diversificada, exótica e saboro- sa. Aqui você vai encontrar as preferências da casa, além de conhe- cer os sabores que encantam pessoas do mundo inteiro. Praças do Centro de Manaus estão repletas de atividades para descon- trair desde crianças até os mais ve- lhos. Descubra a diferença entre o grafite e a pichação e como essas duas for- mas de manifestação podem ser con- sideradas arte ou vandalismo. ESQUINA Foto: Beatriz Bezerra Foto: BROCK Foto: Izabel Guedes 6 4 10 8 Comidas Típicas Entretenimento Arte urbana 3 Conheça um pouco mais do amazonense que é sinônimo de Literatuna em Manaus Entrevistamos Tenório Telles

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Jornal Expressão Ed. 8 Abril de 2010

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Page 1: Jornal Expressão Ed. 8 Abril de 2010

Um talento a cada

Eles estão em todos os lugares. Já fazem parte do cenário de Manaus. São os artistas de rua, que utilizam sua arte para poder sobreviver às intempéries das grandes cidades. As vezes confundidos com desocupados, em outros admirados pela ousadia, não tem quem ainda não tenha se deparado com alguns desses personagens nos semáforos da cidade. Quem não ficou impressionado com os malabarismos que eles fazem (muitas vezes envolvendo até fogo) para conseguir uns trocados. Mas, de onde vem? Por que estão nessa vida? Como vêem Manaus? Essas e outras perguntas foram feitas a esses protagonistas da arte urbana em uma reportagem que tenta abordar um pouco do cotidiano dessas pessoas.

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Saiba como a cozinha amazonense é diversificada, exótica e saboro-sa. Aqui você vai encontrar as preferências da casa, além de conhe-cer os sabores que encantam pessoas do mundo inteiro.

Praças do Centro de Manaus estão repletas de atividades para descon-trair desde crianças até os mais ve-lhos.

Descubra a diferença entre o grafite e a pichação e como essas duas for-mas de manifestação podem ser con-sideradas arte ou vandalismo.

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Comidas Típicas

Entretenimento Arte urbana

3Conheça um pouco mais do amazonense que é sinônimo de Literatuna em Manaus

Entrevistamos Tenório Telles

Page 2: Jornal Expressão Ed. 8 Abril de 2010

Cultura Brasileira: Um olhar sobre a culinária

Culturas urbanas no cenário amazonense

“Morei no centro, e fiz muito trabalho por lá, fiquei dois anos perto do porto, sempre senti muita saudade da minha mãe, mas voltar não ia

adiantar nada, por isso nunca procurei voltar”.

Você já parou para observar como as pessoas são diferentes e como cada um encontra uma alternativa diferenciada para se divertir, refletir e até mesmo ganhar um ‘dinheirinho extra’? Pois é, tudo isso e muito mais você pode encontrar nas chamadas Culturas Urbanas, ou tribos urbanas, como também são conhecidas.

Essas culturas estão presentes em todos os lugares, seja na perife-ria ou alta sociedade. Todos fazem parte de um grupo e estão inseridos em uma cultura que se modifica de tempos em tempos.

Para analisar mais de perto e tornar público certos aspectos, que muitas vezes estão escondidos na sociedade, a equipe do Expressão se destacou às ruas do Centro de Ma-naus, a fim de verificar como essas relações acontecem na cidade.

Nesta edição você, leitor, vai conferir o que as praças do Centro têm de melhor e como as famílias podem se divertir sem colocar suas vidas em risco. Hoje, elas são mais de cinco, onde tanto as famílias ama-zonenses quanto os turistas podem passear, ler um bom livro, assistir os artistas da casa e encontrar com os amigos.

E por falar em artista, temos uma reportagem sobre os artistas de ruas, ou seja, aquelas pessoas que fazem dos sinais de trânsitos e das esquinas palcos para mostrar seus talentos, além de ganhar um dinheiro a mais para ajudar na renda familiar. Saiba quais são os desafios, os en-traves, as tristezas, mas também as alegrias de quem trabalha nas ruas.

Está com fome? Aqui não faltam opções de locais onde você pode

saborear um prato típico da região e conhecer as peculiaridades da comida amazonense. Além de tudo isso, você vai ler sobre as diferenças entre grafitismo e pichação, isto é, vai aprender a diferenciar as duas modalidades de pinturas e ver que uma é manifestação artística, cha-mada de street art, ou arte na rua, e a outra é vandalismo, sem falar em crime ambiental.

E mais: saiba como é a vida de quem mora nas ruas. Nosso repór-ter conversou com um rapaz que vive pelas ruas de Manaus. Ele contou como chegou a esse ponto e como superou as dificuldades do dia a dia.

Não perca mais tempo. Mergulhe fundo no universo da leitura e apre-cie o que temos de melhor.

Boa Leitura!

Não podemos falar de cultura brasileira sem falar da culinária tão diversificada que temos. A nossa comida, que tanto serve para mis-turar quanto para combinar, segue na mesma lógica do nosso mito de origem (três raças formadoras ori-ginais: branco, negro e índio). Possu-ímos uma “culinária relacional” para falar de uma sociedade também relacional. O código da comida ex-prime tão bem a sociedade quanto a política, a economia, a religião e a família. Lévi-Strauss chamou aten-ção para o “cru” e o “cozido”, não só como dois estados pelos quais passam os alimentos, mas também como modalidade que exprime as transformações sociais.

Por exemplo, no Brasil relaciona-mos mulher e comida, o doce com o feminino e o salgado indigesto para as coisas que nos “cheiram” duras e cruéis. De acordo com Lévi-Strauss, o cru exprime um estado de selva-geria (natural) e o cozido está re-lacionado ao universo socialmente elaborado, definido como cultura ou ideologia. A relação entre comida e

o nosso cotidiano é tão forte que, di-zemos que o “apressado come cru” para falar de alguém que não sabe esperar.

Chamamos de “pão-duro” quem é avarento. A expressão “pão, pão, queijo, queijo” separa coisas, acon-tecimentos e pessoas. Ficamos com “água na boca” quando vemos algo que é gostoso, ou podemos ser pe-gos “com a boca na botija”, e, quando estamos vitoriosos, estamos com a “faca e o queijo na mão”. Uma pes-soa está por cima da “carne seca” quando ela possui poder.

Ou seja, a comida está presente em toda a manifestação cultural, in-clusive nos ditados populares. Mas existem comidas e comidas. E como não poderia deixar de ser, o mun-do das comidas não nos leva para o mercado ou para o governo, mas para casa, para os parentes e ami-gos, para os nossos companheiros de teto e de mesa. Os americanos são diferentes de nós, pois eles si-tuam o cru na casa e o cozido na rua. Nós fazemos o oposto: o cru fala mais do mundo de fora, da rua,

enquanto o cozido pertencia à socia-bilidade caseira.

Certamente, a comida também serve para identificação cultural, de-finindo grupos, classes ou pessoas. Os americanos inventaram o fast food (alimentos rápidos) e assim co-mem em pé, sentados, com estra-nhos ou amigos, sós ou acompanha-dos. Os brasileiros, que vivem para comer, saboreiam os alimentos não só com a boca, mas também com os olhos, o nariz, a boa companhia e, finalmente, com a barriga.

Essa comida deve ser bem tem-perada, saborosa, degustada com calma, em harmonia, sentando e cercado de pessoas amigas. E para estabelecer identidade dizemos que queijo é comida de rato, leite é comi-da de nenéns, osso é comida de ca-chorro, milho de galinha, sanduíche de americano, churrasco de gaúcho, vatapá de baiano, angu de mineiro, polenta ou bisteca coisa de paulista, feijoada de carioca e jaraqui (peixe), tucumã, dentre outras variedades é coisa da Amazônia, mais especifica-mente, dos amazonenses.

| Kelly Melo

UniNorteCentro Universitário do Norte

Laureate InternationalUniversities

PresidenteWaldery Areosa Ferreira

ReitoraMaria Hercília Tribuzy de

Magalhães Cordeiro

Pró-Reitora AcadêmicaLeny Xavier Louzada

Diretora de Ensino e deGraduação

Maria Izolda de Oliveira Barreto

Coordenadores Curso deComunicação

Prof. Gustavo Soranz GonçalvesProf. Márcio Pessoa

ExpedienteCurso de Comunicação Social

Jornalista ResponsávelProf. Leila Ronize

Mtb 179-AM

EdiçãoKelly Melo

Projeto Gráfico e DiagramaçãoKleiton Renzowww.r3nzo.com

RedaçãoMelri Lima

Diárcara RibeiroThiago Freire

Danielle CastroLarissa VelosoIzabel Guedes

FotografiaSaleyna Borges

Bruno LimaAna Beatriz Bezerra

EXPRESSÃOé o Jornal Laboratório do curso

de Jornalismo do UniNorte, elaborado pela Agência Experi-mental de Comunicação (Agex).

EndereçoRua Hauscar de Figueiredo, 290

- Centro Manaus AmazonasCEP 06020-190

Fone (92) 3212-5053

Blog Dialogwww.dialog.blog.br

·Edição nº 8 - Abril de 2010

Jornal Expressão

Editorial

Manaus 19 de Abril de 20102

Expediente

João Paulo, 17 anos. Personagem da reportagem “A vida nas ruas”, pag. 11.

Page 3: Jornal Expressão Ed. 8 Abril de 2010

Jornal Expressão: Quando sur-giu seu interesse pela cultura?

Tenório Telles: Meu interesse por assuntos culturais surgiu na adolescência. Acompanhava os acontecimentos da vida cultural bra-sileira pelas revistas Isto é e Leia Li-vros e, a partir daí, fui me inteirando dos movimentos, autores e artistas que problematizavam a realidade brasileira e os grandes desafios do ser humano em nosso tempo.

Expressão: Quando o senhor co-meçou a apoiar a cultura local?

Tenório: Esse trabalho de pro-

moção cultural começou em 1996 quando conheci o livreiro e editor Isaac Maciel. Iniciamos o trabalho de organização da Editora Valer e, a partir de então, começamos esse empreendimento cultural em que se transformou a Livraria Valer.

Expressão: Que projetos o se-nhor desenvolve, hoje, para promo-ver a cultura local?

Tenório: Temos várias iniciativas e as mais importantes são o projeto Quarta Literária, o Festival Literário Internacional da Floresta (Fliflores-ta), Exposições de Artes Plásticas, estímulo à criação literária, a publi-cação de autores jovens, o resgate de obras importantes da cultura regional, o incentivo à criação de bibliotecas populares, o trabalho da Câmara Amazonense do Livro e Leitura (Call), trabalho de promo-ção de leitura nas escolas públicas, a formação de professores na área de leitura, entre outros.

Expressão: Como funcionam esses projetos? Quem pode parti-cipar?

Tenório: Alguns projetos são abertos ao público, como a Quarta Literária e o Flifloresta. Outros são organizados para um público es-pecífico, previamente selecionado, como os cursos de formação e ofi-cinas.

Expressão: Como o senhor vê o cenário cultural de Manaus atual-mente?

Tenório: Manaus avançou muito nos últimos 12 anos. É perceptível em todas as áreas, ações e ativi-dades, em todos os campos artís-ticos. E o mais importante é o sur-gimento de novos talentos. Muitos jovens se destacando na literatura, no cinema, no teatro... Entendo que vivemos um momento de renova-ção artística na cidade de Manaus. Acredito que isso tem relação com a ampliação das oportunidades de acesso ao ensino superior, sobretu-do com o surgimento de novas fa-culdades e universidades, inclusive estendendo-se para o interior.

Expressão: O senhor acredita que algo poderia ser feito de forma diferente?

Tenório: As coisas sempre po-dem mudar. Tudo depende do tra-balho, da iniciativa, da capacidade de fazer das pessoas. Penso que é necessário provocar o poder pú-blico para que, no futuro, possa-mos ter um projeto cultural efetivo para o Estado do Amazonas, como forma de descentralizar as ações, para que não fiquem limitadas a Manaus.

Expressão: Quais foram suas conquistas pessoais até o momen-to? Pode atribuí-las a algum fato es-pecífico, além da força de vontade?

Tenório: Minha maior conquista

foi o aprendizado. Amadureci muito com todo esse trabalho, vencendo resistências e incompreensões. En-tendo que tudo foi resultado do es-forço, da perseverança, do apoio de muitas pessoas que se juntaram a essa iniciativa para contribuir com a construção de uma realidade na vida cultural de Manaus. Os livros e a leitura foram determinantes na minha história. Sem o conhecimen-to não se faz nada.

Expressão: Que mensagem o senhor pode deixar para os jovens amazonenses?

Tenório: Estou certo de que as coisas podem ser diferentes. O mundo pode ser diferente e, conse-quentemente, o ser humano pode ser igualmente diferente: cidadão, solidário e proativo nas relações com a sociedade. Precisamos tra-balhar para que possamos ter uma sociedade mais esclarecida, preparada e compromissada com a cidadania, com o processo civili-zatório. Acredito muito nos jovens, mas é preciso gerar oportunidades de crescimento. Criar os espaços e condições para que possam ter acesso ao conhecimento, às artes, a um processo de construção da consciência que seja criativo, liber-tário e inovador. Enfim, o desafio é trabalhar e construirmos de forma diferente. Que possamos ser me-lhores, essa é a grande questão. Afinal, tudo passa e o que fica é o seu legado.

Jornal Expressão

Entrevista“Minha maior conquista foi o aprendizado”

“Os livros e a leitura foram de-terminantes na minha história. Sem o conhecimento não se faz nada.”

3Manaus 19 de Abril de 2010

Nascido no município de Anori, interior do Amazonas, Tenório Telles, 46, é hoje um dos grandes nomes da cultura local. Fundador da livraria Valer, é formado em Letras e Direito pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam). O que muitos não sabem é que, de Costa do Cabaleana, comunidade próxima a Manacapuru, onde Telles aprendeu a decifrar as primeiras letras, sua mãe o trouxe para Manaus, para que pudesse

estudar e almejar um futuro próspero. Assim, ele seguiu apaixonado pela leitura e pela produção literária, diferente da maioria das pessoas daquela comunidade, em que o analfabetismo era dominante. Hoje, Tenório Telles ocupa a cadeira de número 16 da Academia Amazonense de Letras, desde 2001. O escritor é uma referência da cultura amazonense, desenvolvendo vários projetos culturais, principalmente voltados para os jovens. Ele fala de seus projetos e seu envolvimento com o cenário cultural amazonense em uma entrevista exclusiva à repórter Larissa Veloso.

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Page 4: Jornal Expressão Ed. 8 Abril de 2010

O Amazonas é cheio de riquezas e belezas natu-rais. Um lugar onde a di-

versidade cultural é marcante, que alcança até a culinária, repleta de ingredientes inigualáveis.

Um dos pratos principais é o peixe. Seja assado, cozido, ou adap-tado às mais diversas receitas, está sempre presente na mesa do amazonense. Quem resiste a uma deliciosa caldeirada, daquelas de deixar qualquer um com água na boca? E o pirarucu a casaca? Sem contar aquele tambaqui assado na brasa. Ficou com água na boca? Pois é, só de imaginar já dá vontade de correr para o restaurante mais próximo, não é?

Mas nem só de peixe vive o ama-zonense. Na região há uma diversi-dade de frutas com sabores exóti-cos, como o tucumã, o açaí, o buriti, a pupunha e o cupuaçu, que com criatividade fazem parte desse car-dápio regional.

Aproveitando a oportunidade, a empresária Rita de Queiroz resol-veu investir na produção de licor. Ela está no ramo há mais de 9 anos

e acredita que a região tem uma ri-queza de sabores, mas que ainda é pouco explorada. “Nossa Amazônia é muito rica, temos coisas que em lugar nenhum do mundo existe. Sa-bores que só se prova aqui”, disse.

“Aproveitei essa diversidade e in-vesti no ramo de licores regionais, que além de ser uma forma de ga-nhar dinheiro, serve para mostrar um pouco da cultura gastronômica da nossa região”, completa.

O sabor dessas riquezas tam-bém é investido em bombons, su-cos, sovertes e biscoitos, dentre outras receitas. Algumas, inclusive, originárias de outras regiões do país e adaptadas com ingredien-tes regionais.

A culinária amazonense é bem vista e elogiada. Pessoas de vários lugares do mundo já provaram o que o cardápio local tem de me-lhor. Sara Ballarini, 22, é de Vi-tória, Espírito Santo. Ela veio para Manaus a trabalho. Provou o car-dápio regional e acredita que ele é bem diferente de muitos lugares. “A culinária amazonense é bem exótica e diferente. No caso dos

peixes principalmente. O pirarucu a casaca é uma delicia. De todos foi o que mais gostei”, elogia.

Outra coisa que chama a aten-ção não só do caboclo amazonense, mas de todos que visitam o estado, é o café regional. Fugindo do tradi-cional, o x-caboquinho faz o maior sucesso. Quem nunca comeu um?

Até quem não é amazonense não resiste a essa invenção.

Igson de Azevedo, 43, trabalha com café regional há 22 anos. Na banca, que é montada todos os domingos no centro da cidade, ele oferece um cardápio diversifica-do para quem quer tomar aquele delicioso café regional. E confirma

o sucesso do pão com tucumã e queijo. ”A maioria dos clientes pe-dem o x-caboquinho. Do que é ofe-recido, ele com certeza, é o nosso carro chefe, é o que tem mais saí-da”, confirma.

Mistura cultural

Já deu para perceber que a re-gião amazônica tem um cardápio

rico e saboroso. E tem de tudo um pouco. Com a mistura cultural entre nordestinos, paraenses, pau-listas, gaúchos, asiáticos e outros, o cardápio fica ainda mais apetito-so. Por conta dessa miscigenação, a mesa regional dispõe de sabores adaptados, com ingredientes e pra-tos típicos de outras regiões do

Brasil e do mundo.

Por exemplo, você já comeu sushi em Manaus? Isso também é possível aqui. Na cidade existem restaurantes especializados na culinária oriental, onde você pode degustar os mais variados pratos dessa cultura. E pra quem prefere aquele churrasco à moda gaúcha, o que não falta na cidade são aquelas churrascarias oferecendo o verda-deiro sabor da comida gaúcha. Se quiser, também pode provarr uma comidinha com o verdadeiro sabor nordestino. Tudo isso sem precisar sair de Manaus. Que beleza, não é!

O que comer e onde comer

É fato que a culinária regional é muito saborosa, porém na corre-ria do dia a dia, o amazonense não pode se deixar levar simplesmente pelas aparências. Com a falta de tempo alguns cuidados devem ser tomados na hora de degustar pra-to preferido.

A nutricionista Nina Laredo dá algumas dicas para escolher me-lhor onde fazer a famosa boquinha.

“A melhor maneira de escolher onde se deve comer, é olhar ao redor, ver um lugar limpo, pessoas uniformizadas e a exposição da co-mida”, alerta a especialista.

Além dos cuidados com o local, Laredo também adverte para o consumo exagerado de gordura, sal e açúcar. Ela afirma que toda comida fica mais saudável quando as frituras e carnes gordas são evi-tadas. Agora basta seguir as dicas da nutricionista e se deliciar com a gastronomia amazonense.

Jornal Expressão

Sabores amazônicos agradam gregos e troianos

Manaus 19 de Abril de 20104

Gastronomia

Com tanta diversidade cultural, o cardápio amazônico recebe toques especiais

A feira que funciona aos domingos, na avenida Eduardo Ribeiro, oferece uma variedade de produtos regionais que agradam manauaras e turistas

A diversidade das frutas amazônicas dá origem a deliciosos licores finos

| Izabel Guedes

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Page 5: Jornal Expressão Ed. 8 Abril de 2010

O Amazonas é cheio de riquezas e belezas natu-rais. Um lugar onde a di-

versidade cultural é marcante, que alcança até a culinária, repleta de ingredientes inigualáveis.

Um dos pratos principais é o peixe. Seja assado, cozido, ou adap-tado às mais diversas receitas, está sempre presente na mesa do amazonense. Quem resiste a uma deliciosa caldeirada, daquelas de deixar qualquer um com água na boca? E o pirarucu a casaca? Sem contar aquele tambaqui assado na brasa. Ficou com água na boca? Pois é, só de imaginar já dá vontade de correr para o restaurante mais próximo, não é?

Mas nem só de peixe vive o ama-zonense. Na região há uma diversi-dade de frutas com sabores exóti-cos, como o tucumã, o açaí, o buriti, a pupunha e o cupuaçu, que com criatividade fazem parte desse car-dápio regional.

Aproveitando a oportunidade, a empresária Rita de Queiroz resol-veu investir na produção de licor. Ela está no ramo há mais de 9 anos

e acredita que a região tem uma ri-queza de sabores, mas que ainda é pouco explorada. “Nossa Amazônia é muito rica, temos coisas que em lugar nenhum do mundo existe. Sa-bores que só se prova aqui”, disse.

“Aproveitei essa diversidade e in-vesti no ramo de licores regionais, que além de ser uma forma de ga-nhar dinheiro, serve para mostrar um pouco da cultura gastronômica da nossa região”, completa.

O sabor dessas riquezas tam-bém é investido em bombons, su-cos, sovertes e biscoitos, dentre outras receitas. Algumas, inclusive, originárias de outras regiões do país e adaptadas com ingredien-tes regionais.

A culinária amazonense é bem vista e elogiada. Pessoas de vários lugares do mundo já provaram o que o cardápio local tem de me-lhor. Sara Ballarini, 22, é de Vi-tória, Espírito Santo. Ela veio para Manaus a trabalho. Provou o car-dápio regional e acredita que ele é bem diferente de muitos lugares. “A culinária amazonense é bem exótica e diferente. No caso dos

peixes principalmente. O pirarucu a casaca é uma delicia. De todos foi o que mais gostei”, elogia.

Outra coisa que chama a aten-ção não só do caboclo amazonense, mas de todos que visitam o estado, é o café regional. Fugindo do tradi-cional, o x-caboquinho faz o maior sucesso. Quem nunca comeu um?

Até quem não é amazonense não resiste a essa invenção.

Igson de Azevedo, 43, trabalha com café regional há 22 anos. Na banca, que é montada todos os domingos no centro da cidade, ele oferece um cardápio diversifica-do para quem quer tomar aquele delicioso café regional. E confirma

o sucesso do pão com tucumã e queijo. ”A maioria dos clientes pe-dem o x-caboquinho. Do que é ofe-recido, ele com certeza, é o nosso carro chefe, é o que tem mais saí-da”, confirma.

Mistura cultural

Já deu para perceber que a re-gião amazônica tem um cardápio

rico e saboroso. E tem de tudo um pouco. Com a mistura cultural entre nordestinos, paraenses, pau-listas, gaúchos, asiáticos e outros, o cardápio fica ainda mais apetito-so. Por conta dessa miscigenação, a mesa regional dispõe de sabores adaptados, com ingredientes e pra-tos típicos de outras regiões do

Brasil e do mundo.

Por exemplo, você já comeu sushi em Manaus? Isso também é possível aqui. Na cidade existem restaurantes especializados na culinária oriental, onde você pode degustar os mais variados pratos dessa cultura. E pra quem prefere aquele churrasco à moda gaúcha, o que não falta na cidade são aquelas churrascarias oferecendo o verda-deiro sabor da comida gaúcha. Se quiser, também pode provarr uma comidinha com o verdadeiro sabor nordestino. Tudo isso sem precisar sair de Manaus. Que beleza, não é!

O que comer e onde comer

É fato que a culinária regional é muito saborosa, porém na corre-ria do dia a dia, o amazonense não pode se deixar levar simplesmente pelas aparências. Com a falta de tempo alguns cuidados devem ser tomados na hora de degustar pra-to preferido.

A nutricionista Nina Laredo dá algumas dicas para escolher me-lhor onde fazer a famosa boquinha.

“A melhor maneira de escolher onde se deve comer, é olhar ao redor, ver um lugar limpo, pessoas uniformizadas e a exposição da co-mida”, alerta a especialista.

Além dos cuidados com o local, Laredo também adverte para o consumo exagerado de gordura, sal e açúcar. Ela afirma que toda comida fica mais saudável quando as frituras e carnes gordas são evi-tadas. Agora basta seguir as dicas da nutricionista e se deliciar com a gastronomia amazonense.

Sabores amazônicos agradam gregos e troianos

Jornal Expressão 5Manaus 19 de Abril de 2010

Com tanta diversidade cultural, o cardápio amazônico recebe toques especiais

O cardápio tem influência nordestina, gaúcha e até asiáticas

É possível tomar um tradicional café regional com direito a todas as iguarias amazônicas em muitos espaços da cidade

Feira Av. Eduardo Ribeiro

O que é:

Feira da Avenida Eduardo Ribeiro

Onde fica:

Todos os domingos a partir das 7h da manhã na Avenida Eduar-do Ribeiro no centro de Manaus.

Atrações: Barracas de Café Regional; Comidas Típicas; Arte-sanatos; Confecções e Produtos Regionais.

Informações:

www.cultura.am.gov.br

Page 6: Jornal Expressão Ed. 8 Abril de 2010

Jornal Expressão Manaus 19 de Abril de 20106

As ruas, esquinas e sinais de trânsito oferecem bem mais que árvores, asfalto,

luz vermelha e concreto aos mo-radores e visitantes de Manaus. A cada sinal, as ruas se tornam palco para artistas, onde a criatividade é o fator principal para chamar aten-ção e conseguir um dinheiro extra.

Quando o semáforo da avenida João Valério, esquina com a Djalma Batista fecha, entra em cena os ma-labares com fogo de Autista Natural (codinome do artista), 22, que ga-nha até R$ 50 diariamente. Com a cabeça cheia de sonhos e um rosto já cansado, o malabarista luta para conquistar seus minutos de fama. “Quero que todo mundo me conhe-ça”, afirma. Pela quarta vez em Ma-naus, Autista veio de Lion, França.

O talento vem de berço, pois seus pais também eram artistas. Entre-tanto, mesmo com tanta tradição, Autista conta como é difícil a vida de quem depende das ruas para sobreviver. “Quem vive nessa vida sente na pele a frieza das pesso-as, o medo da aproximação, a falta

de um sorriso, de um obrigado, de qualquer gesto que demonstre afe-to. Tudo isso faz parte do meu co-tidiano”.

Além da rejeição, a violência ur-bana é outro problema que os ar-tistas devem superar. “No Rio de Janeiro fui seqüestrado e foi difícil convencer os homens de que eu era apenas um artista que buscava mostrar o meu trabalho”, comenta Autista.

Já para o malabarista Gefferson Guerreiro, 22, trabalhar na rua é viver um dia por vez, conhecer lu-gares novos e culturas diferentes. “É por isso que deveríamos ser mais respeitados”, enfatiza.

De acordo com o antropólogo Cristian Pio Ávila, o artista de rua é valorizado por muitas pessoas, po-rém há outras que não reconhecem seu trabalho como arte. “A arte co-meçou nas ruas e não no museu. O artista de rua muitas vezes vai se alimentar das referências múltiplas que o mundo globalizado oferece, e a transforma em algo novo e tam-bém regional. Exemplo é o couver

Capa

Os artistas de rua se apresentam, principalmente nos semáforos das grandes avenidas, usando criatividade para chamar atenção

Respeitável público com vocês, os artistas de rua

| Diácara Ribeiro

Para sensibilizar os motoristas rola até engolir fogo para ganhar a grana

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Page 7: Jornal Expressão Ed. 8 Abril de 2010

do Michael Jackson, onde todas as pessoas que o assiste sabem que ele é da nossa terra, e assim acon-tece com outros artistas também”, avalia.

Outras formas de se fazer arte

Os artistas se apresentam nas ruas das grandes metrópoles para gente apressada e que se dispõem a gastar alguns minutos para apre-ciar as performances.

O círculo está formado na aveni-da Eduardo Ribeiro, Centro. Pessoas

se aglomeram em volta de uma es-tátua, mas não é uma qualquer. As estátuas vivas fazem a alegria, prin-cipalmente das crianças, que apre-ciam o trabalho com entusiasmo.

Com o corpo pintado com uma tinta especial, as estátuas só ace-nam ou mudam de posição quando alguém deposita um ‘dinheirinho’ na lata que fica ao lado do artista.

Além desses, outros artistas tam-bém se destacam na capital ama-zonense, como é o caso de Thiago Silva, 35, conhecido com Tiririca do

Amazonas, o Rambo da Amazônia, o Picolé do Aranha e grupos musicais que se apresentam nos ônibus da ci-dade e aproveitam para vender seus cd’s ao custo de R$10.

Para o universitário Ralph Breno, 20, a ideia de cantar e tocar nos co-letivos é uma alternativa para divul-gar o trabalho. “Eu gosto das música por que elas são bonitas e acho que o trabalho deles é pouco reconheci-do. Assim, eles apresentam suas músicas, já que os meios de comuni-cação não mostram”, comenta.

Jornal Expressão 7Manaus 19 de Abril de 2010

Respeitável público com vocês, os artistas de rua

ENQUETE - Qual a sua opinião sobre os artistas de rua?

Vida louca

Hedre José, 25, Estudante Kênia Leal, 22, Estudante Fábio Almeida, 25, Vigilante Edy Cruz, 22, Estudante Renata Alencar, 27, Estudante

“São pessoas que não são re-conhecidas pelo que fazem. De-veria ter uma associação para ampará-los”.

“Vida louca vida. Vida breve. Já que eu não posso te levar.

Quero que vocë me leve”.(Vida louca Vida, de Cazuza)

“Acho legal, até o ponto deles não atrapalharem no trânsito da cidade”.

“É difícil sobreviver dignamente sem estudo, essa é uma forma de ganhar a vida com honestida-de. Deveria ter mais incentivo”.

“Um estilo de vida,não querem trabalhar com horário, são li-vres”.

“Essa é uma iniciativa interes-sante. Divulgar seu trabalho na rua,já virou cultura”.

Para Gefferson Guerreiro, trabalhar nas ruas é viver um dia de cada vez

Esta música é composição de Lobão e Bernado Vilhena, cantada por Cazuza. Ela ex-pressa, muitas vezes, a vida do artista que vive na rua e que vive uma vida louca. Sabendo que o crime não compensa, trabalha mostrando arte.

Assim acontece no Cen-tro de Manaus, onde público é heterogênio: São idosos, jo-vens, crianças, executivos e etc. Todos param um pouco e observam a performance do artista.

Debaixo de sol e de chuva, eles sempre estão presen-tes, mostrando o que sabem fazer. Este saber é um modo nada fácil de sobreviver. Os artistas o fazem não só por dinheiro, mas para mostrar arte e cultura a outras pes-soas. Essa maneira de pensar não é muito bem compreen-dida por muitos, nem valori-zado, no entanto o trabalho é árduo e exige esforço físico e emocional.

Para a socióloga Sâmia Feitosa, a massa demonstra aversão a esse tipo de arte por desconhecer sua origem. “Os artistas de rua são pro-dutores de cultura popular, mas temos preconceito com esse tipo de trabalho porque não temos uma compreensão abrangente de cultura, por isso mantemos uma relação de indiferença”, avalia.

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Jornal Expressão Manaus 19 de Abril de 20108

Manaus

Praças para brincar, refletir e se divertir| Melri Lima

O Teatro Amazonas funciona como pano de fundo para as famílias que vão se divertir no Centro Cultural Largo de São Sebastião

Comidas típicas? Tem. Palhaço? Tem. Algodão doce? Também tem.

Tudo isso e muito mais faz parte do cenário das praças do centro de Manaus, que hoje são mais de cinco, onde o público desfruta des-de comidas típicas a espetáculos culturais.

Nelas, que servem desde pas-seio familiar a point de reunião en-tre amigos, namorados e lugar de reflexão, passam os mais variados grupos de pessoas. A culinária amazonense também marca pre-sença. Lá, os visitantes podem sa-borear diversos sabores como o do tacacá, do vatapá e do baião de dois. Mas nem todo mundo gosta dessa miscelânea de coisas. “Acho que na praça do relógio não deveria ter comidas típicas. É um local mui-to aglomerado, tem muitos camelôs e deveria ser mais planejado”, disse Isabel Amorim, 24, estudante.

O que mais atrai os turistas e até mesmo quem mora na capi-tal é o entretenimento, que é visto ao ar livre e mobiliza quem estiver passando. Cantores de Música Po-pular Amazonense (MPA), peças teatrais, concerto de óperas, mos-tras de curtas-metragem e ainda os casarões, que remetem a épo-

ca da Bela Epoque, estão em todas partes e em todas as praças. “Todo e qualquer entretenimento deveria está voltado ao centro de Manaus, exatamente no largo de São Sebas-tião”, afirma Carlos Alexandre, 24.

Ele lembra que no Largo do São Sebastião há eventos interessan-tes, mas falta divulgação e planeja-mento por parte das autoridades. “Aqui no Largo sempre tem alguma atração, mas não é divulgado, não tem panfletos, aí as pessoas me-nos favorecidas acabam ficando de fora”, comenta.

Outro atrativo do Largo é o Bon-dinho, onde as crianças podem se divertir com personagens clássi-cos dos desenhos animados como a Olivia Palito, Cuca e a Mônica, sem contar os palhaços que animam a garotada, junto com o colorido do algodão doce. Sem esquecer ainda dos lanches e restaurantes, como

o African House, que oferecem pra-tos típicos e sucos com sabores exóticos para atrair a população.

Raio-x das praças no Centro de Manaus

Para quem freqüenta as praças, sabe que cada uma delas possui a sua identidade. Um exemplo disso é o Largo de São Sebastião, que pos-sui como pano de fundo o Teatro Amazonas e a igreja de São Sebas-tião, com o seu estilo Neoclássico. Há também os casarões antigos, que são abertos ao público e que chamam a atenção de quem passa por perto.

Outra opção é o complexo da Praça da Polícia, revitalizada recen-temente, onde as pessoas encon-tram bancas de revistas, bibliotecas e internet gratuita. A nova paisagem e a restauração do Palacete Provin-cial ajudou a melhorar o visual da

praça, além de proporcionar um acréscimo na cultura local. “Gosto muito do ambiente das praças de Manaus, venho mais na do Largo e na Praça da Polícia, porque tem internet grátis, passa filmes dentro do Museu, que também é grátis, e muita gente não sabe”, disse o es-tudante Júnior Moreira, 16”.

A Praça do Relógio não de fica de fora. Quem pensa que o público não aprecia esta praça, engana-se, pois ela também é palco de muita ani-mação, há apresentações que vão desde shows evangélicos a apre-sentações humorísticas. Os covers também enchem os olhos de quem passa. “Acho que falta melhorar muito a Praça do Relógio, o governo deveria fazer reforma, como fez nas outras praças para que tenhamos um visual mais bonito na entrada da cidade”, enfatizou Renata Coimbra, 23.

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Inaugurada na sexta-feira, 28 de abril, a praça da Saudade chega com o desafio de resgatar o formato original. Mas, ao mesmo tempo que deixa muitos admirados o formato convidativo aos namorados, deixa muitos manauaras cautelosos com a reforma. Muitos esperavam mais opções de lazer para a família, uma vez que foi noticiado a tendência de fazer daquele lugar um espaço pa-recido com o Largo de São Sebas-tião.

De acordo com a Prefeitura de Manaus a determinação é retomar

a praça em sua forma original, tra-balho que inclui as residências no entorno como aconteceu com o Largo de São Sebastião.

A primeira providência foi a de-molição de um prédio que funciona-va como um órgão governamental, além de dois banheiros públicos e um palco. Dos monumentos que ficaram restou apenas àquele que faz parte da história da Praça da Saudade, a estátua de Tenreiro Aranha, primeiro presidente da Província do Amazonas. No traçado original da praça, datado de 1932,

o monumento a Tenreiro Aranha ficava no centro e a partir dele sur-giam os passeios em forma radial com oito braços de acesso e duas circunferências ao seu redor.

Também não haverá as bancas de comida que enchiam os espaços da Praça. A idéia é transformar as residências no entorno em centros gastronômicos. Ainda segundo a Prefeitura, 119 pessoas foram ca-dastradas pela Associação dos Ex-positores da Praça da Saudade, in-teressados na atividade. A proposta apresentada pelos técnicos prevê no espaço físico da praça apenas bancas de tacacá e de revista, e te-lefone público, todas seguindo o esti-lo adotado no Largo, e ainda, alguns vendedores de pipoca. As demais atividades que hoje se estabelece-ram no local ficarão no entorno.

Um pouco de história

A praça 5 de Setembro em Ma-naus, batizada pelo povo de “Praça da Saudade”, foi inaugurada em 1865 e inicialmente era conhecida como Largo da Saudade.Passou à denominação de praça em 1897, mas só em 1932 foram construídos os jardins e passeios.

Jornal Expressão 9Manaus 19 de Abril de 2010

Praças para brincar, refletir e se divertir

Praça 5 de Setembro: Saudade restaurada com projeto originalPraça é reduto dos artistas que fazem daquele lugar palco para suas apresentações em busca de uns trocados

Monumento em homenagem a Tenreiro Aranha

ENQUETE

Qual a sua opinião sobre as praças de Manaus?

Praça do Relógio

Praça da Polícia

Praça do Largo S. Sebastião

Praça 5 de Setembro

Edivaldo Araújo, 29

Ana Júlia, 38.

Vera Costa, 40 anos.

Roberto Monteiro, 32.

Vera Costa, 40.

Rosiele Amora, 27 anos.

Atanasia Moreira, 85 anos.

“Há algo de bom sim, comidas típicas, cultos religiosos também são interessantes”.

“Gosto de trazer os sobrinhos, ainda mais em época de fim do ano, conversar aqui também é muito bom”.

“Aqui é muito tranqüilo, pode-mos passear sem medo, trazer crianças para brincar e se diver-tir, vir à igreja ou ficar sentado de frente pra ela”.

“Venho sempre para encontrar os amigos, gosto do ambiente e dos eventos que encontro aqui”.

“Gosto da localização da pra-ça, sem contar que o local é bem tranqüilo”.

“Gosto de vir a passeio sempre, o lugar é interessante e tranqüilo, acontece vários eventos”.

“A praça ficou muito bonita após a revitalização. Gosto daqui, te-nho lembranças da minha juven-tude.

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Considerada uma forma de expressão de street art, ou arte urbana. Os bons grafiteiros se esmeram no uso de cores e muitos deles estão nas galerias de arte, expondo seus trabalhos.

Atacam desde telhados até viadutos para registrar sua marca. Poluem visualmente a cidade com rabiscos em forma de protestos, manifestações e demarcação de território.

Jornal Expressão Manaus 19 de Abril de 201010

Desde a Pré-história, o ho-mem já sentia a necessida-

de de se comunicar. Por isso, nas paredes das cavernas, ele pintava imagens de caçadas, festas e ritu-ais como formas de comunicação. Milhares de anos depois, os estudio-sos utilizaram esses rabiscos para interpretar os fatos ocorridos na-quela época.

O tempo passou, mas ainda hoje as pinturas nas paredes são usa-das. Entretanto, agora ela surge em um outro formato. Os grafites e as pichações invadem o espaço urba-nos e dividem opiniões. No primeiro, o autor mostra seus trabalhos nas galerias de arte e pode vendê-los para a elite. No segundo, entra em cena o vandalismo, onde os muros, paredes, fachadas de prédio e pe-destais de estátuas são rabiscados como formas de protesto, manifes-tações e até mesmo como demar-cação de território.

Para o estudante de turismo Kennedy Valente Brandão, 21, gra-fite é arte. Ele deixou a pichação e ingressou na carreira de grafiteiro. “Comecei como pichador, depois quis me especializar e decidi ser um grafiteiro. Aprendi novas técnicas de desenhos e, hoje, trabalho dese-

nhando por lazer”, comenta.

As pichações deixam marcas agressivas, poluem visualmente os espaços, causando repúdio e indig-nação nas pessoas. Isso é observa-do quando nos deparamos com os muros e fachadas de prédios antigos rabiscados. Nesse caso, a inscrição não é arte, mas sim vandalismo.

No Brasil, a pichação é conside-rada vandalismo e crime ambiental, de acordo com os termos do art. 65 da Lei 9.605/98 (Lei dos Cri-mes Ambientais), que estipula pena de detenção de 3 meses a 1 ano, e multa, para quem pichar, grafitar ou por qualquer meio, denegrir edifica-ção ou monumento urbano. Todavia, os juízes vêm adotando a aplicação de penas alternativas, como o forne-cimento de cestas básicas a entida-des filantrópicas ou a prestação de serviços comunitários pelo infrator.

Apesar das controvérsias, o gra-fite têm conquistado a atenção do público, principalmente dos jovens. Segundo o Sociólogo Carlos Trinda-de Campos, 43, é preciso ter cons-ciência do que se faz. “Os jovens realmente se interessam por isso, mas uma coisa é trabalhar a arte e outra bem diferente, é sair poluindo

a cidade com bobagens escritas nos muros”, alerta.

A origem

Etimologicamente, grafite vem do italino graffiti (plural de graffito), que é uma técnica de decoração mural. Essas inscrições feitas em pare-des, estão presentes na sociedade desde o Império Romano. Por muito tempo, a técnica foi vista como um assunto irrelevante, mas atualmen-te o grafite já é considerado uma forma de expressão de artes visu-ais, mais especificamente, da stre-et art ou arte urbana, onde o artista aproveita os espaços públicos para criar uma linguagem intencional e interferir na cidade.

Considera-se grafite uma inscri-ção caligrafada ou um desenho pin-tado ou gravado sobre um suporte que não é normalmente previsto para esta finalidade. Entretanto ain-da há quem não concorde, equipa-rando o valor artístico do grafite ao da pichação, que é bem mais contro-verso.

Vandalismo no Cristo Redentor

Recentemente, um dos principais pontos turísticos do Brasil, conside-rado uma das sete maravilhas do

mundo, também foi alvo dos pichado-res. Na madrugada de 15 de abril, o Cristo Redentor amanheceu com pi-chações, em partes dos braços, que diziam “Onde está a engenheira Pa-trícia” e “Quando os gatos saem os ratos fazem a festa”. Os pichadores fizeram uma espécie de protesto e colocaram em pauta o caso de uma engenheira chamada Patrícia que teve uma estranha morte e que até hoje não foi solucionada.

O monumento passa por uma reforma. Para chegar ao topo, os pichadores usaram os andaimes, e no momento do vandalismo, as câmeras de segurança estavam desligadas, por conta das chuvas e deslizamentos que interditaram o bondinho do Corcovado e as princi-pais vias que levam até as fechadas do Cristo.

O governo investiga investiga o caso, que alcançou repercussão mundial.

| Danielle Castro

Grafiteiros Vs PichadoresArte e vandalismo nas ruas

Criatividade ou Vandalismo?

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Acordar todos os dias, tomar um banho, escovar os den-

tes e sair para escola. Essas coisas fazem parte do dia a dia normal de qualquer adolescente. Mas imagine tudo isso, sem ter onde morar, sem ter uma casa, uma cama pra dormir, ou um banheiro para se reservar.

João Paulo (o sobrenome será omitido para preservar o persona-gem), 17, tem a mesma rotina des-ses adolescentes, mas com uma diferença, não tem onde morar. Sua vida é nas ruas. Seu banho em uma torneira qualquer, junto com a higie-ne bucal. O jovem vive nas ruas de Manaus, há mais de seis anos pe-rambulando, buscando sempre um destino incerto, um horizonte sonha-do. Mesmo com tantas incertezas e reveses, João tem uma certeza, ele é livre. “Não tenho muitas vezes o que comer, não tenho casa nem fa-mília. Mas eu faço o que quero, vou pra onde quero, ninguém tenta me impedir”, afirma o jovem, que não se considera feliz, porém acredita que liberdade é o primeiro passo para al-mejada felicidade.

Liberdade. Essa palavra que nos dicionários tem o significado de “livrar-se para fazer o que quiser”, vai muito além. Como disse Clarisse Lispector, “Liberdade é pouco, o que eu desejo ainda não tem nome”. É uma palavra que vai além, talvez seja a isso que João queira chegar. Em um lugar ou sentimento ainda sem nome.

Passado deixado pra trás

Com apenas 11 anos de idade,

João Paulo teve que tomar uma dura escolha, que mudaria toda sua vida. Sair de casa.

João perdera sua mãe em um acidente de trabalho. “Não lembro bem, foi uma grande confusão, mas sei que minha mãe morreu no rio, pois ela trabalhava na beira como lavadeira”, afirma o órfão. O seu pai, ele nunca conheceu. “Meus irmãos me falaram que era um vendedor de coisas que vinha à cidade, mas nunca minha mãe chegou a falar a verdade pra gente, é apenas mais uma histó-ria da minha vida que eu não sei se é verdade”.

Tudo isso aconteceu em uma pe-quena cidade do interior do Amazo-nas. Mais exatamente em Carauari, a 787Km, em linha reta, da capital do Estado, porém inclui-se, ainda, uma viagem de barco leva mais de cinco dias. E foi assim que o peque-no João Paulo veio a Manaus, com apenas 11 anos de idade. “Quando minha mãe morreu, meu irmão mais velho começou a me bater, chegava em casa todos os dias bêbado, e me explorava, eu tinha que fazer todo o serviço de casa e ainda conseguir di-nheiro, não aguentei aquela situação e fugi”.

O garoto então conseguiu com o dono do barco viajar para Manaus e, em troca, trabalhou no maquiná-rio do “recreio”, como são chama-dos os barcos de linha que fazem a viagem entre as cidades para passageiros. Assim, sem nada, sem ninguém, João Paulo chegou a Manaus.

Vida nas Ruas

Quando chegou, ele viveu nas ruas do centro, mendigando e fa-zendo pequenos trabalhos na feira. “Morei no centro, e fiz muito trabalho por lá, fiquei dois anos perto do porto, sempre senti muita saudade da mi-nha mãe, mas voltar não ia adiantar nada, por isso nunca procurei voltar”. João conta que sempre teve muita sorte por encontrar pessoas que, mesmo sem estender muito a mão, o ajudaram em alguma coisa. “Tem muita gente que ajuda, mas a maioria delas some, eu entendo que às vezes as pessoas têm medo, mas mesmo assim sou agradecido”, afirma.

Hoje ele não vive mais no cen-tro, dorme nas proximi-

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Djal -ma Batista. “O centro foi muito difícil para mim, sofri abusos e violência, mas aprendi a viver nas ruas”. Mes-mo com as dificuldades, freqüenta uma escola municipal na Djalma Ba-tista, cursando a sexta séria do pri-mário, e sonha um dia arranjar um trabalho de verdade.

Indiferença

Viver nas ruas pode parecer com-plicado para pessoas que moram em uma casa e tem uma estrutura

mínima pra viver. “Quando nós mo-ramos nas ruas não percebemos o mundo e ao mesmo tempo estamos atentos a tudo. Quando estamos fa-zendo nossas coisas, como dormir, escovar os dentes e trocar de roupa, o mundo não importa, parece que ele não existe”, afirma o jovem.

O mesmo acontece com as pes-soas em seus carros, os moradores de rua são invisíveis, parecendo es-tarem em um mundo paralelo, “no começo é difícil, você se sente como um ninguém, mas depois acabamos entendendo, e percebemos que é melhor assim, porque as pessoas em seus carros não nos entendem, sempre acham que somos vagabun-dos, é melhor que elas não nos vejam mesmo”.

Jornal Expressão

Diário de um personagem: a vida nas ruas

11Manaus 19 de Abril de 2010

Diário de um personagem

Muitos moradores de rua deixam suas casas em busca de uma “liberdade”, a qual não precisam dar satisfação a ninguém sobre seus atos

| Thiago Freire

A vida nas ruas

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Jornal Expressão Manaus 19 de Abril de 201012

Para quem quer conhecer mais sobre tribos urbanas, aqui vai uma boa dica: leia o livro “Tribos Urbanas, você e eu”, de Wilma Regina da Silva. A autora é assistente social, pesquisadora do Departamen-to de Teologia e Ciências da Religião e mestre em Ciências Sociais na PUC-SP.

No livro, a autora propõe um agradável bate-papo com o leitor sobre as diferentes formas de ser jovem no Brasil e como lidar com elas. Além disso, Wilma Regina mostra como o perfil dos jovens vêm se modificando ao longo dos anos, desde os “roqueiros” até os “internautas”, explorando a questão da música, visual esté-tico, ideologia e símbolos des-ses grupos.

“Tribos Urbana, você e eu”, é um livro indicado para toda a família. Com a proposta de sa-bermos respeitar aquele que é diferente de nós, para que também nossas diferenças se-jam respeitadas, Wilma Regina fala de sonhos, respeito, espe-rança, medo, receios, rebeldia e descortas.

Não perca mais tempo! Descubra a que Tribo você per-tence!

Kelly Jheniffer Santos de Melo

Estudante de Jornalismo

Fumaça e fogo

No dia 19 de abril um incên-dio destruiu pelo menos seis lojas no centro de Manaus. O fogo começou por volta das 15h30 e foi controlado por volta das 17h30. Não houve vítimas. Agora o prédio passa por uma reforma.

O mês terminou com greve em Manaus. Na tarde do dia 30, os rodoviários declararam paralisação dos ônibus, após o Tribunal Regional do Trabalho considerar legal a ação. Eles reivindicam por aumento sala-rial e por redução da jornada de trabalho.

F.O.G.O

#GreveManaus

Dica de leituraBarélândia

Uma erupção vulcânica na Islândia liberou fumaça pre-ta e vapor branco no dia 14 de abril, levando uma geleira a derreter e provocar inundação que ameaçou danificar rodovias e pontes. A nuvem de fumaça saiu da cratera abaixo de uma camada de 200 metros de gelo da geleira Eyjafjallajokull.

Por causa das fortes chuvas que caíram sobre o Rio de Janeiro, durante o mês, vários acidentes aconteceram. Um desses foi o deslizamento no Morro do Bumba. O local antes era um lixão que, com o acúmulo de água na terra e o lixo ainda depositado, sofreu o acidente. Mais de 200 pessoas morreram em todo Rio de Janeiro.

Resposta da natureza