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Jornal da Vila Ano 1 - n. 0 3 Maio de 1978 Cr$ 2,00 HISTORIA DA VILA Os moradores da Vila Liviero contam à reporta- gem do Jornal da Vila como, depois da passagem da Anchieta, aquele pedaço da região deixou de ser uma imensa chácara, para se tornar um bairro po- puloso e carente na periferia de São Paulo. E, o que é mais importante: apesar da favela e das neces- sidades ainda não atendidas, lembram um passado de lutas que trouxe alguns frutos para a sua popu- lação. Conheça a Vila Liviero, na pag. 4. PROTESTO NO LIXÃO No Savério, si população se reuniu no dia 7 de maio para lembrar os dois anos do lixão, e exigir uma creche no lugar tomado pelo lixo. A manifestação reuniu mais de 500 pessoas, e provocou a seguinte reação do chefe da administração regional: "Praça, talvez. Creche, não!" Leia na pâg. 5 SIDNEYMAGAL Entrevista Pag. 8 Vila das Mercês, 1.° de Maio: pelo aumento salarial e pela greve FUTEBOL Festival Varzeano Pag. 7 Tratar dos dentes é luxo. Popular mesmo é o boticão pag. 2 Hipertensão: o que você tem a ver com essa campanha? Pag. 2 O governo pretende mexer no FGTS pag.s Na Component, pagamento em dia é milagre Pag. e

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Jornal da Vila Ano 1 - n.0 3 Maio de 1978 Cr$ 2,00

HISTORIA DA VILA

Os moradores da Vila Liviero contam à reporta- gem do Jornal da Vila como, depois da passagem da Anchieta, aquele pedaço da região deixou de ser uma imensa chácara, para se tornar um bairro po- puloso e carente na periferia de São Paulo. E, o que é mais importante: apesar da favela e das neces- sidades ainda não atendidas, lembram um passado de lutas que trouxe alguns frutos para a sua popu- lação. Conheça a Vila Liviero, na pag. 4.

PROTESTO NO LIXÃO

No Savério, si população se reuniu no dia 7 de maio para lembrar os dois anos do lixão, e exigir

uma creche no lugar tomado pelo lixo. A manifestação reuniu mais de 500 pessoas, e

provocou a seguinte reação do chefe da administração regional:

"Praça, talvez. Creche, não!" — Leia na pâg. 5

SIDNEYMAGAL Entrevista Pag. 8

Vila das Mercês, 1.° de Maio: pelo aumento salarial e pela greve

FUTEBOL Festival Varzeano Pag. 7

Tratar dos dentes é luxo.

Popular mesmo

é o boticão pag. 2

Hipertensão: o que você tem a ver com essa campanha? Pag. 2

O governo pretende mexer no FGTS pag.s

Na Component, pagamento em dia é milagre Pag. e

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GOVERNADOR DE SÃO PAULO E «ELEITO» COM 4 VOTOS

O povo brasileiro conheceu o mes passado o nome de 22 governadores do pais, depois de ficar completa- mente de fora dò espetáculo, que de quatro em quatro anos repete o mesmo ato. É a repetição é tanta xiue para São Paulor por exemplo, foi indicado Laudo Natel- que já dirigiu -os paulistas em duas. ocasiões anteriores, com uma incompetência que só é compará- vel à de Paulo Egydio ou Abreu Sodré.

Embora o escolhido para São Paulo tenha tido, com maior vantagem a seu iavor na hora da escolha, a capacidade de -conseguir votos para o governo, ele nunca conseguiu ganhar, sozinho, uma eleição. Em 62, na cola de Adhemar de Barros, que iinha grande prestígio, e era candidato ao governo, ele conseguiu ser eleito vice-govemador. Mas perdeu a prefeitura em 65

para Faria Lima, e só assumiu o governo em conse- qüência da cassação de Adhemar, em 66. Da outra vez, trazendo na bagagem, como «carta de recomenda- ção», o fato de ter presidido o São Paulo Futebol Clube, e ter feito um governo sem expressão, Natel foi nomeado pelo presidente Mediei (também nomeado), para governar de 71 a 74.

Este ano, nem a Arena apitou na decisão da escolha de Laudo, que partiu do presidente Geisel, do futuro presidente general Figueiredo, mais um par de asses- sores. Resta esperar por novembro (caso aconteçam as eleições parlamentares que estão previstas) para-saber se esse processo agrada o povo, ou se ele vai manifestar o protesto à sua exclusão das decisões da vida nacio- nal, votando contra o governo.

CARIE: BURACO NA BOCA OU NO BOLSO Vinte milhões de brasileiros são com-

pletamente desdentados. E trinta por cento da população vai atingir os 30 anos sem nenhum dente. As afirmações são do professor de Odontologia Pre- ventiva Sérgio Weine, e apenas mos- tram o dia-a-dia da maioria das pes- soas, quer por falta de .recursos, acaba por arrancar os dentes cariados em vez de tratá-los.

O Jornal da Vila consultou algumas pessoas da região para saber o que elas fazem quando* um dente começa a doer. Não deu outra. Quase todas res- ponderam que procuram as clinicas populares, que na placa de anúncio, já traz escrito: Extração - 10,00.

Tratamento é caro

Clenilda Nunes de Oliveira, 15 anos, da Vila Brasilina, vai gastar Cr$ 1.000,00 para arrancar os dentes e co- locar uma ponte, na Clinica Geral da av. N. Sra. das Mercês. Ela não quis fazer tratamento porque os dentes esta- vam muito estragados e ia sair caro. Cada extração, em compensação, lhe saiu por dez cruzeiros. Além dessa cli- nica, existem outras duas na região - na praça da Arvore e na rua Vergueiro - que arrancam dentes pelo mesmo pre- ço. Elas atendem mais ou menos 100 pessoas por dia. E como cobram pouco, não cuidam das condições de higiene.

Mas justamente porque a população não tem como gastar com tratamento das cáries, as clinicas populares vão se multiplicando. E em São Paulo, exis- tem perto de 200 atualmente. A maio- ria não verifica se é mesmo necessário extrair o dente, usa material de segun- da mão - pois o original é importado e muito caro, não desinfeta os instru- mentos.

Por outro lado, uma extração nos consultórios particulares da região cus- ta Cr$ 30,00, uma obturação fica em CrS 100,00 e um tratamento de canal - quando é feito - custa mais de CrS 1.000,00. Segundo o prof. Germano Tabacof, da Universidade Federal da Bahia, «apenas 15% da população bra- sileira tem recursos para freqüentar consultórios».

Cárie não mata

Restaria recorrer ao INPS, mas lá também o tratamento é o de urgência.

isto é, extração e cirurgia da boca. E mesmo assim, dos 19 milhões de bene- ficiários do Instituto, no estado de São Paulo, foram atendidas apenas um milhões e 800 mil pessoas no ano pas- sado.

Conforme os especialistas, o atendi- mento dentário é assim tão deficiente por dois motivos: primeiro, o custo alto, e segundo, o fato de que cárie não mata, o que é verdade só em parte. O prof. Fausto Badini, presidente da As- sociação Paulista de Odontopediatria, explicou que «dentes cariados e denta- duras mal ajustadas podem provocar câncer na boca, deficiências na visão, doenças reumáticas, enfartes, proble- mas nos rins e no estômago». Isso por- que os germes de uma infecção no dente circulam através do sangue, diri- gindo-se a outros órgãos.

Como prevenir a cárie ?

Colocando flúor na água consumida pela população, dizem os dentistas. Mas prá isso, seria necessário primeiro que as cidades tivessem redes de abas- tecimento que atingissem todos os bairros. E o que acontece é o contrário. A população que não tem recursos para ir ao dentista é a que também não recebe em casa a água encanada.

Outra medida seria evitar o açúcar na alimentação das crianças. Mas ai, dizem os especialistas, «como vamos fazer uma campanha e competir com a Copersucar, por exemplo, que manda comer mais açúcar, se o governo não nos fornece a verba para propaganda».

Alimentação e higiene

Em menos de dois meses a cárie pode evoluir, atingir o nervo do dente e provocar uma infecção. Ela é uma do- ença que atinge e destrói as partes duras do dente. Surge quando os mi- cróbios que normalmente vivem na bo- ca se misturam com os restos de comida que ficam entre os dentes e produzem um ácido que destrói o esmalte do dente.

Por isso os -dentistas afirmam que, para evitar as cáries, o máximo que dá para recomendar à população, é que coma menos açúcar e escove os dentes no minimo uma vez por dia. Uma outra forma, seria a pessoa seguir uma ali- mentação onde todos os dias ela comes- se duíis porções de carne, quatro por- ções de vegetais e cereais, e bebesse quatro copos de leite. Num pais onde 95% da população ganha até cinco salários mínimos, entretanto, essa ou- tra forma, eles sabem é impossível.

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Sua pressão

vai bem? Se a Organização Mundial de Saúde

- OMS - dedicou este ano de 78 para a luta contra a hipertensão, no mundo inteiro, o que a população brasileira tem a ver com isso? Essa é uma campa- nha, no. mínimo, estranha. Principal- mente quando sabemos que no Brasil, os problemas mais graves, e que estão ainda longe de serem resolvidos, envol- vem doenças do tipo de Chagas, a esquistossomose, as verminoses. É, o que é muito pior, incluem os índices assustadores de mortalidade infantil, devido à falta total de recursos de gran- de parte da população para alimentar direito os filhos, e proporcionar-lhes condições-mínimas de vida saudável.

O médico Adolfo Barcelini, da Socie- dade Brasileira de Cardiologia - SBC — (uma associação que reúne estudiosos dos problemas do coração) trata logo de explicar, como que se desculpando, que a SBC é obrigada a participar dessa campanha, porque ela é mun- dial, e foi recomendada pela OMS. Ele afirma ainda que a hipertensão é uma doença que pode evoluir sem que a pessoa perceba que sofre de pressão alta, e que acaba trazendo problemas de hemorragias cerebrais (ou derrame, como são chamados), além de compli- cações no coração. Diz que a pessoa que come muito sal, fuma muito, não se movimenta no trabalho, é que está mais exposta ao perigo da doença, etc, etc.

Mas embora o médico Adolfo acredi- te que não faz muito sentido uma cam- panha de combate à hipertensão hoje, no Brasil, destaca que a SBCnão pode esquecer que sua função é cuidar- da força de trabalho da nação. «É preciso que o indivíduo que está produzindo para o pais - diz ele - tenha seu perío- do de produtividade muito grande. Não fique nas filas do INPS porque tem pressão alta, não se ponha -inválido porque teve uma complicação cerebral, ou qualquer coisa assim. Ê com isso que nós, da SBC, nos preocupamos, embora reconhendo que as prioridades de saúde no Brasil são outras».

E foi por. isso que, semanas atrás, não se via outra coisa nos ônibus, re- partições, fábricas e pontos de grande concentração de pessoas, a não ser os cartazes, dizendo: «Controle a hiper- tensão» - «Não abandone o tratamen- to».

O que interessa, entretanto, é saber se alguém já ficou na fila do INPS por causa da pressão alta. Ou será que não é o contrário. A pressão aumenta por causa das filas intermináveis.

Jornal da Vila Uma publicação da Editora Ca- raguatá Ltda.

Redação e Administração: Av. Cursino, 3861 - Vila Moraes Diretor Responsável: Laís Fur- tado Tapajós - MTPS 10.545 - SJPESP 4945 Composição e Impressão: Em- presa Jornalística AFA, Av. Li- berdade, 704 - São Paulo.

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Jornal da Vila

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Já se fala em mudar o FGTS

Enquanto o governo pensa apenas em aumentar a multa que o patrão paga sobre o Fundo, os trabalhadores pro- põem mudança que traga estabilidade.

Pela primeira vez, depois de 12 anos, o governo admitiu, este mês, a possibi- lidade de fazer alterações no Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. O Ministro do Trabalho, Arnaldo Prieto afirmou: «E quase certo que a multa paga pelas empresas, por demitir em- pregados sem justa causa, passe de 10 para 20% sobre o saldo do Fundo de Garantia do empregado dispensado». Mas acrescentou que é preciso encon- trar maneiras de evitar queos emprega- dos provoquem sua própria demissão, pensando no dinheiro que podem le- vantar. E já adiantou uma alternativa: passar metade da-multa paga pelo em- pregador para a conta do empregado, no PIS.

A primeira brecha

Dois julgamentos - um no Tribunal Superior do Trabalho, em 77, e outro na Junta de Conciliação e Julgamento de São Bernardo - abriram a primeira brecha no Fundo, pois os empregados demitidos sem justa causa entraram com processo para receber o que teriam direito pela lei da estabilidade. Ganha- ram com base no artigo 165 da Consti- tuição.

Na opinião do advogado trabalhista Almir Pazzianoto, se processos desse tipo continuarem acontecendo, talvez eliminem mais de 50% da rotatividade da mão-de-obra, já quetrarão mais des- pesas para o patrão, que pensará duas vezes antes de botar alguém na rua.

Trabalho e não emprego

«Hoje, com o Fundo de Garantia, o trabalhador pode falar que está traba- lhando, mas não que está empregado», afirmou Marcolino dos Santos, da Ali- perti, e um dos candidatos da oposição (chapa 3) às eleições do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo.

Porque, depois da criação do FGTS, ficou muito mais fácil para as empresas dispensarem seus empregados. Basta pagar os 10% sobre o depósito do Fundo do trabalhador. E é com base nisso que quando chega a época do reajuste, os patrões começam a despe- dir os empregados, colocando novos no lugar. Ele- tem pouca despesa, por um lado e, quando chega o reajuste, os empregados novos só recebem a parte correspondente aos meses de firma que têm.

Ou, então, acontece-diferente. Como no caso dos metalúrgicos, de São Pau- lo, que conseguiram que o reajuste fosse integral para toda a categoria, independente de quantos meses de firma tenha o trabalhador. Neste caso, as empresas do setor esperam o mês do reajuste, para conhecer o índice, e, imediatamente, começam a demitir os empregados, contratante outros por sa- lários mais baixos.

Para ter uma idéia do que isso provo- ca no salário do trabalhador, basta lembrar que nos anos de 70 e 71, quando os metalúrgicos tiveram au- mentos de 26% e 21% - o que soma 53,7% - em conseqüência da rotativi- dade, a maioria da categoria recebeu um aumento real de-46,3%. Ou seja, perdeu 7,4% da porcentagem do rea- juste a que tinha direito, em apenas dois anos.

Outro exemplo, que ilustra bem o que é a rotatividade, foi a atitude da Chrysler que, com 3777 funcionários, demitiu 943 no ano passado, para readmitir, logo depois 944.

E sem contar que a rotatividade, lembram os sindicalistas, dificulta a organização dos trabalhadores. Pois quando eles começam a se conhecer e discutir seus problemas numa fábrica, são dispensados, e perdem qualquer possibilidade de continuar o contato com os colegas.

Como melhorar o FGTS

Quando foi criado, em 1966, o Fun- do de Garantia foi combatido pelo mo- vimento sindical, que defendia a manu- tenção da lei da estabilidade, a qual garantia ao empregado uma indeniza- ção da empresa no casa de demissão sem justa causa. Isso significava um salário por ano de serviço na firma, ou dois salários por anos de serviços para os empregados com mais de 10 anos de firma.

Hoje, entretanto, os trabalhadores não desejam a extinção pura e simples do FGTS. O que se propõe é que a retor- muiação do Fundo inclua a estabilidade do trabalhador a partir de seu primeiro dia de trabalho.

1.° de Maio ^O que é bom não vem de graça"

Com músicas compostas por um gru- po da região, foi comemorado o Io de maio em frente à Igreja da Vila das Mer- cês. Os participantes repetiam, com os músicos:

<<10 de Maio Abrem as portas dos estádios

Sindicato é só-festança Pirulito prás crianças

Bandeirinha em cada mão Fecha a portados estádios Vira o jogo, acaba a farsa

O que é bom não vem de graça»

À comemoração começou com uma peça de teatro que contava a história dos oito operários de Chicago que, em 1887, morreram na luta por um dia de trabalho de 8 horas. Eram duzentas pessoas, aproximadamente, que se reu- niam no pátio da igreja. Um número pequeno para a região, em virtude da organização apressada da manifesta- ção, da pouca divulgação, e das outras festas promovidas por algumas fábricas locais.

Depois da peça, intercalados pela apresentação do grupo de música, vie- ram os discursos, que reivindicavam aumento de salário, liberdade sindical, melhores condições de trabalho e direi- to de greve.

Em Santo André, as duas mil pes- soas que se reuniram na sede do Sindi- cato dos Metalúrgicos discutiram a si- tuação dos trabalhadores. Em Osasco, apesar da manifestação contar com uma maioria de estudantes, o assunto foi o mesmo.

No Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, a sala foi lotada por traba- lhadores que aplaudiram muito mais as palavras dos oradores da oposição do que o discurso de Joaquim Andrade, presidente do Sindicato.

Em diversos outros bairros.os traba- lhadores se reuniram para discutir seus problemas, O que prova isso? Que pelo menos um certo número de crabalhado- res está começando a perceber que piqueniques, shows e discursos de auto- ridades não vão resolver seus proble- mas.

O grande presente

Quem esperava um grande presente no dia Io de Maio se decepcionou. O reajuste anual do salário mínimo foi a miséria de sempre. Em São Paulo, que tem o maior salário do país, ele será de Cr$ 1.560.00. Só com despesas de ali- mentação, que são 48% de sua despesa total, uma família de quatro pessoas gastaria CrS 2.036,00. Assim, o salário mínimo de um trabalhador deveria ser CrS 4.236,00 para pagar o indispensá- vel, quase três vezes mais do que foi determinado pelo governo.

A festa oficial

Talvez para ajudar o trabalhador a esquecer, as festas oficiais do Io de Maio foram animadas. No CERET (Centro Esportivo e Recreativo do Tra- balhador), no bairro do Tatuapé, as cem mil pessoas presentes receberam sanduíches e refrigerantes de graça, assistiram a um show com Vanusa e Os Originais do Samba e torceram num jogo de futebol. Viram também de per- to o governador Paulo Egydio Martins e o futuro governador Laudo Natel. Até o general Geisel compareceu e, em seu dis- curso, reconheceu que os salários são baixos. Dois dias depois. Lula,-presi- dente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema, respondia a ele pelos jornais: «Se ele admite que os salários-são baixos, porque não os au- menta, com todo o poder que tem?«

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O QUE VAI MAL 4MOS BAIRROS

GIBI NA ESCOLA

Maria Terezinha Felix, da Vila das Mercês, reclama da Escola Municipal de Io Grau N. Sra. das Mercês, onde seus três filhos estudam: «Tem criança boa que não aprende porque a maioria das professoras ensina mal. Já teve professora que pedia prós alunos levarem gibi prá aula. Enquanto eles liam, ela ficava fora da classe».

A higiene da escola, segundo ela, também é muito ruim. «AN classes e as vidraças são imundas, o banhei- ro é tão fedido que a gente sente o cheiro da rua, tem piolho que não acaba, vira e mexe as crianças pegam boqueira porque não lavam direito as canecas. Não é porque o aluno é filho de gente pobre que a escola tem que ser suja».

UMA OU DUAS VILAS?

«Já procuramos a Regional do Ipiranga duas vezes pedindo calçamento para nossa vila, mas a resposta é sempre a mesma: não temos verba». Quem diz isso é João Durant Maia, morador da casa 4 da vila localizada à Rua São Fernando, 160, Vila Santo Estéfano. «Só com o armamento é que a Light coloca iluminação pública. Enquanto isso, as crianças que vem da escola à noite, são uma preocupação», diz Francisco Maurício Rosa, morador há nove anos da casa 6.

Segundo informações da Regional do Ipiranga a vila é oficial e pode constar dos planos da Prefeitura para asfaltamento. Além disso, a Prefeitura aprovou em abril, uma lei através da qual os moradores poderão requerer à Secretaria de Obras, autorização para realizar melhoramentos nas localidades oficiali- zadas pela Prefeitura. Resta saber porém,.se a vila, apesar de oficial pode ser autorizada a receber ou a realizar os melhoramentos.

No mapa da Prefeitura a vila é em forma de U, com duas entradas pela rua. São Fernando. Uma delas está asfaltada e iluminada, e separada do restante da vila por um muro. A Adm. Regional do Ipiranga prometeu enviar uma fiscalização até o fim do mês para averi- guar a real situação da Vila. Além de quererem saber se são duas ou uma vila, os moradores gostariam de ter uma resposta para o seu pedido.

Do lado da Anchíeta, a história do Liviero

Passou a via Anchieta, vieram as fábricas, e os trabalhadores atrás de emprego.

A vila Liviero, que era uma grande chácara, começou a virar um bairro

Waldomiro Previtalli, Joaquim e Francisco Nunes

A história da Vila Liviero começou com a via Anchieta, Ela era uma grande chácara da família Liviero, que, com a chegada da estrada que atraiu as fábricas e os operários, foi sendo loteada e vendida. A família Liviero iniciou a venda-dos terrenos à partir da margem da Anchieta, onde fica o Hospital Charcot, em direção ao interior dando origem aos Jardins Tapira, Santa Ofélia e Liar.

«Naquela época, os terrenos não eram baratos», diz Nazareno Marione que mora no Liviero e trabalha em São Caetano, «mas dava para um operário comprar.

Porque os salários até 64 acompanhavam o custo de vida.

Depois é que foi ficando mais difícil, porque o governo começou a política contra a inflação, arro- chando os salários. E quem vai ter condição de pagar, hoje. 150 a 200 mil por um pedaço pequeno de terra?»

Por outro lado, com a ida das fábricas, os terrenos foram valorizando. Hoje, os prédios imensos, os pátios gramados, dão uma idéia da riqueza das indústrias instaladas na vila, em contraste com a ausência de muitos recursos, sentida pela população.

«Na Vila Liviero não tem médico,nem hospital. Banco, só no Sacomã. Não tem praça, nem taxi, nem parque infantil. E a escola só tem até o ginasial. Na Vila Liviero ninguém tem vez», reclama Vanda do Nascimento, uma garota de 10 anos de idade que chegou com um ano na vila.

A luta vem de longo tempo

Desde que chegaram na vila, vindos do interior à procura de trabalho, que os operários do Liviero batalham para trazer ao bairro algumas melhorias.

Tudo foi feito através de movimentos, abaixo-assina- dos, da Sociedade Amigos. «Desde a construção da igreja - conta Francisco Nunes, de 50 anos, e há 15 anos na vila - ao asfalto, escola, posto e esgoto. As nossas iniciativas foram dando certo. Fundamos a comunidade paroquial, e aí, fomos vendo que o bairro tinha jeito de crescer».

E foi aproveitando esse entusiasmo que eles funda- ram, em 1962, a Sociedade de Assistência Social (SAS), mais tarde transformada em Sociedade Amigos de Bairro (SAB). Seu primeiro presidente, que liderou o processo de fundação, foi Waldomiro Previ- talli. Ele tinha 25 anos na época, e ficou oito na direção da sociedade.

«As lutas foram duras. Era um trabalho danado, andar na prefeitura atrás de providência. Mas tivemos a felicidade de conseguir, com o tempo, boas amizades com o prefeito Faria Lima, em 66, e então a coisa melhorou. Tanto que quando eu sai da sociedade já tinha asfalto na avenida principal e em parte de outras ruas, tinha telefone público, linha de ônibus e escola

para as mil e duzentos crianças daqui», conta Waldo- miro.

Outra conquista, que era uma reivindicação espera- da pelos moradores, diz Waldomiro, foi a passarela sobre a via Anchieta, pois a vila não podia mais ficar assistindo os atropelamentos de gente daqui, que não tinha outro jeito de ir pro trabalho ou prá escola, sem atravessar a Anchieta. Sem contar - diz-ele - que a via era o elemento de ligação do bairro com o resto da cidade e o ABC, a únicaiorma de comunicação da Vila Liviero, isolada e esquecida dos governantes».

A favela cercou o seu Joaquim

Mas com o desenvolvimento da Vila Liviero, promo- vido principalmente pela presença das fábricas (são 20 na região, que empregam a maioria dos 50.000 habi- tantes do bairro em idade de trabalhar) e pelo aumen- to dos empregos, começaram a chegar os migrantes, geralmente nordestinos. Os preços dos terrenos já eram tão altos que não dava mais^prá pagar. Começa- ram a aparecer, então, os .primeiros barracos, Quem conta é o seu Joaquim, que chegou no Liviero no começo dos anos 70, comprou umlerreno, ergueu uma casa pequena, de alvenaria, e foi cercado pelos barra- cos, com o passar do tempo. Hoje, sua casa está no meio da favela.

« Como os donos não apareciam, não vigiavam, os nordestinos, que chegavam do dia pra noite, foram se acomodando, levantando os barracos. Hoje, pode con- ferir, já tem umas duzentas famílias morando aqui, na favela.

Masque compraram terreno, só-eu mesmo, e o seu Jorge, um conhecido meu, que com a favela, preferiu sair e alugou sua casa».

Joaquim, cearense, diz que ainda ientou impedir que os nordestinos erguessem os barracos. Ele avisava que o terreno tinha dono que eles iam ser despejados mais cedo ou mais tarde. «Teve nego que quis até me bater, por isso», diz ele.

Como não foi possível expulsar os novos moradores do terreno, Joaquim cearense deu logo um jeito de tirar proveito da situação. Além de fornecer luz para os barracos (a conta do mês sai por volta de 3,500 cruzeiros, que ele reparte entre cada família beneficia- da), «tenho aqui um botequim onde vendo arroz, feijão, farinha,tudo fiado, pro pessoal. E isso não me traz nenhum problema. Eles me pagam direitinho, porque é tudo trabalhador».

E hoje, embora morando no meio da iavela, e reclamando da dificuldade que é lutar para conseguir armamento, água encanada - pois os barracos são colados uns aos outros, não tem espaço - ele vai tocando seu negócio.

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Lixão do Savério: O que que ele merece?

Creche! Creche!

Ao som de músicas de protesto, os moradores do Jardim .São Savério "comemoraram" os dois anos de existência do lixâo.

Mas a Regional insiste em ignorar o problema.

Para o administrador regional do Ipiranga, Alfredo Rossi, o problema do lixão do Savério está resolvido: «Nãovamos.jogar mais nada lá. Agora, se aparecer cami- nhão jogando lixo, o pessoal que chame a rádio-patru- Iha e mande prender». Esta é, segundo ele, a solução. E a resposta que encontrou à manifestação que os moradores do bairro organizaram no dia 7 de maio para «comemorar» os dois anos de existência do lixão e pedir providências.

Mais de 500 pessoas se reuniram em volta de um palanque armado no meia da lixo, ao lado de uma enorme garrafa de «champanha» cheia de água de esgoto e de um «bolo de aniversário» feito de lama e lixo. O protesto era também contra a não canalização de um córrego e a falta de calçamento de uma viela do bairro. Ao som de «Marinheiro -Sós tocado pelo

'•, Conjunto Metamorfose-Cultura Periférica, os morado- : resdo Savério iam puxando os refrões das músicas: O

prefeito está quieto/ Não tem jeito não/ Só mandando caminhão/ Não tem jeito não/ Manda só impuridade/ Não tem jeito não/ Atrapalhando a região.

As histórias do lixão

Numa carta aberta dirigida ás autoridades, os mora- dores contavam da situação dramática de quem vive ali perto: do menino que ficou cego por causa da cal depositada no lixo, do homem que perdeu a mão num dia que oJixo pegou fogo, denúncias que o Jornal da Vila publicou em seu número 1. Recentemente, outros casos vieram se somar aos primeiros: uma criança de 4 meses, mordida por um rato, morreu e outra ficou atrofiada.

. No lugar -do lixão, os moradores querem uma cre-

che. A Regional insiste em que ali será erguida uma praça, porque-o local está destinado a uma área verde.

Alfredo Rossi confirma, em entrevista dada no dia 8 de maio: «Vai ser uma praça, mas não temos nenhuma programação - para saber quando ela será feita. O problema da creche não é de nossa responsabilidade, mas do COBES. Os moradores devem ir reclamar lá».

Córrego traz encefaiite

«Nossa filha, com 8 meses, já falava e andava. Um dia, ela ficou doente e nós levamos para a Clínica Infantil Planalto e, depois, para o Hospital São Luís. Nos dois lugares foi constatado, por exames, que era encefaiite causada por um vírus da água do córrego. Agora, ela não anda nem fala mais, só vive na cama ou no colo». Geraldo Ribeiro Chaves, pai da menina, morava na rua E, n0 3, onde passa o córrego que os moradores querem que a Prefeitura canalize.

Naviela 7, outra das reclamações, o cano da Sabesp está completamente descoberto e como a água da chuva desce por ali, o lugar se transforma num rio. As crianças não têm mais passagem para irà escola e se o cano estourar há o perigo das casas desabarem com a enxurrada.

O administrador regional também não tem uma solução para isso: «Não temos nenhum prazo para execução desses melhoramentos porque a verba que recebemos é muito pouca para atender todos os bair- ros». Deoclides Drigo e Hélio Mariano, moradores há 11 anos no lugar, não se surpreendem: «Fiscal só aparece por aqui nos primeiros dias do ano para entregar os impostos ou para multar casa sem planta. E só para essas coisas que eles sabem onde fica o bairro».

O QUE VAI MAL 'MOS BAIRROS

RUA ABANDONADA

A rua César Batista, na Água Funda no trecho que vai da Av. Abraão de Moraes até a Miguel Stefano, não tem asfalto, esgoto e iluminação e há lixo jogado por toda a parte. Cento e cinqüenta moradores assina- ram um pedido à Regional do Ipiranga que prometeu uma solução até o fim do ano. Luís Carlos Brandão, morador do n0 104, tem escrito aos jornais reclamando do abandono em que se encontra a rua.

Pascoal Pedro Zanardi, morador do no-504, diz que depois que a Av. Abraão de Moraes foi construída, a situação piorou. Fecharam o acesso que dava para a avenida e transformaram a rua, durante a construção da avenida, em depósito de lixo.-Um córrego semi-^ca- nalizado joga ali esgotos de casas, restos de um laboratório químico e de um matadouro de galinhas, transformando o lugar num foco de sujeiras e mau cheiro.

Os moradores pedem que a Prefeitura aplaine e alinhe a rua. Coloque guias e rede de esgotos, saneie e canalize o córrego e, por fim, que asfalte a rua. Só então poderão obter da Light a iluminação públicaque só é colocada em ruas que tenham, pelo menos, guias e sarjetas.

NÃO TEM LUZ

Na rua Enrico Caviglia, Vila Moraes, no trecho que vai da Av. Fuzaro até a Cursíno, a Light colocou 15 postes de iluminação mas as luzes não vieram até agora. Em princípios do ano passado, Sofia de Souza, moradora do local, enviou um abaixo-assinado do pessoal da rua reclamando providências. Não teve resposta.

Em outro trecho da-rua, na esquina com a Sacadura Cabral, um terreno cheio de entulho, mata lixo e bichos rnbrtos está atrapalhando a vida dos morado- res. Hilda Pinto Torres, .do n0 187, já foi falar diversas vezes com o fiscal da Prefeitura, mas até agora nenhu- ma providência foi tomada.

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QUEM TRABALHA NA COMPONENT TÁ AZARADO

«A Component é uma firma de 600 operários mas parece fábrica de fundo de quintal. Pagamento, nego só vê com 10, 15 dias de atraso. Os banheiros são uma vergonha de tão sujos. O Fundo de Garantia, eles não depositam. Acidente de trabalho tem toda hora». Quem fala é um funcionário da Component, uma fir- ma que funciona na rua Prof. Aprigio Gonzaga, no Jabaquara, há 15 anos fa- bricando isqueiros para exportação e peças e acessórios de plástico para a indústria automobilística. Nenhum dos entrevistados quis se identificar: sabem que dar informações à imprensa eqüivale a ser despedido no dia seguinte. Mas contaram tudo, uma grande novela dra- mática sobre as condições em que traba- lham lá:

«Essa história do atraso de pagamen- to existe desde que a Component era um barracão. Eu já participei de várias mrvimentaçoes lá dentro para protes- tar contra isso. O pessoal chegava pro chefe e dizia que não ia trabalhar en- quanto não saísse o pagamento. E pa- rava mesmo. Daí eles resolviam rápido, às vezes no mesmo dia. Agora, eles estão abusando mais porque tem muita gente"nova na firma. Todo dia tem 6, 7 caras sendo admitidos porque o pessoal não agüenta e acaba saindo. Tem tam- bém muito menor, meninas e meninos, uns 300. É mais fácil deles dominarem, porque o menor tem pouca informação, às vezes nem percebe direito o que está acontecendo».

Estourou a mesa a pontapé

Depois do dia 10, quando os caras vêem que o pagamento não sai, começa em geral a tartaruga: todo mundo tra- balha devagar que é pra produção di- minuir. Mas às vezes os chefes não se tocam. Então é fresa que quebra, broca pra furar plástico que nego estraga de propósito. O cara gasta 40 brocas num dia para furar 2.000 peças, quando o normal é furar 3.000 peças com uma broca só. Teve um cara lá, uma vez, que estourou a mesa a pontapé. O cara era pião, tava muito bravo e disse pro encarregado: «Paga que eu não estouro mais». E o que o encarregado ia

falar pra um baiano daqueles de dois metros de altura?»

Menor cheira gás o dia inteiro

«- Tem menina de 14, 15 anos tra- balhando com gás butano o dia inteiro. Eles dão 4 litros de leite por dia para umas 25 pessoas. Na montagem, só tem uma escada. Se der um incêndio, todo mundo morre. Elas trabalham sob um teto de zinco, de folhas onduladas. No verão, é um calor desgraçado, tem me- nina que desmaia. Há um tempo atrás não tinha nem maça na enfermaria. A gente levava as meninas no ombro. Eu cansei de ver comentário de diretor: «O que tá faltando pra elas é homem».

O cara perdeu o dedo e voltou pra trabalhar

«A segurança da gente é nula e o cara que se machuca é sempre considerado culpado. Mas o pessoal também às vezes é fogo. Aconteceu um caso de um cara que perdeu o dedo de manhã e à tarde voltou pra trabalhar. Esse cara tinha que perder toda a mão pra apren- der... Como o problema do pagamento é o mais sério, ele encobre as outras coisas que acontecem, o pessoal acaba esquecendo. Uma vez apareceu um vendedor lá monstrando um dispositivo de segurança para aprensa. O cara não podia acionar a prensa sem estar com as duas mãos fora do alcance dela. O

troço foi instalado para demonstração, sem o dono da firma saber. Quando ele viu, ficou uma fera porque a produção diminuía. Lógico que diminuía: o cara segurando o ferro e empurrando com a mão vai mais rápido a produção... e o dedo dele também.»

Banheiro? Sai de perto!

«Na montagem, tem 300 meninas e 5 banheiros. Na fábrica inteira, tem dois faxineiros só. Então o banheiro é uma calamidade pública. Tem vigia pra não deixar o pessoal ficar muito tempo. Quem trabalha na linha tem que pegar uma chapinha que fica circulando pra poder ir ao banheiro. O refeitório tam- bém é caso de policia. Fica embaixo de uma sessão que trabalha com ácido. Ele escorre no chão do refeitório e o cheiro é insuportável.

Cadê o Fundo de Garantia?

«No ano passado, a firma não deposi- tou o FGTS. O cara era despedido, chegava no banco e só tinha o Fundo até 1976. O 13° este ano saiu dia 4 de janeiro quando a obrigação é pagar até o dia 23 de dezembro. Acho que eles tavam gozando nós: ocheque não tinha fundo. O adicional de insalubridade passou anos sem ser pago, até o pessoal abrir um processo. Agora eles cortaram

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a hora extra, mas antes também a gente não recebia hora extra nas férias e no 13o».

Alguém avisou o fiscal «Há uns dois meses o sindicato cha-

mou a gente pra uma reunião pra con- versar sobre o atraso de pagamento. Quando chegou lá tinham dois direto- res do departamento pessoal na reu- nião. Ninguém abria a boca. Até que um resolveu desembuxar: «Senhores, tem elementos da diretoria da firma aqui e assim não vai dar para falar* 0 pessoal do sindicato, então, fingiu que era uma surpresa pra eles e pediu para os dois se retirarem. Mas foi o próprio sindicato que tinha convidado eles. De- pois de muita conversa melosa, eles falaram que iam mandar um fiscal no dia 10 para ver se o pagamento saía. Se não saísse, a gente entrava na Delega- cia do Trabalho com um pedido para fazer greve. Quando chegou dia 10, a firma pediu pro pessoal assinar um papel dizendo que tinha recebido o pagamento. Eles falaram: «A moça já tá preenchendo os cheques, daqui a meia hora vocês recebem». O pessoal assinou... e depois não recebeu. À tar- de, o fiscal apareceu e estava tudo em ordem, todos os recibos assinados. Al- guém avisou que o fiscal ia, acho que foi o próprio sindicato. O que eles queriam na reunião é ganhar votos da gente para as próximas eleições».

Churrasco A CHAPA 3 — OPOSIÇÃO SINDICAL convida os operários metalúrgicos da região para um churrasco dia 10 de junho, às 17 h, na Igreja do Parque Bristol. Os convites podem ser re- tirados nas igrejas do Par- que Bristol, Vila Moraes e Vila Brasilina.

FUTEBOL 2.° Festival Varzeano de Futebol

ST

Club Athletic Parenthes

Realizou-se no estádio da A.A. Dia- mante Negro, na Vila das Mercês, dias 30 de abril e Io de maio, o 2o FESTI- VAL VARZEANO DE FUTEBOL, promovido pelo Club Athletic Paren- thes da Vila Moraes e Promoção de Esportes Saúde.

No dia 30, na categoria C, a equipe do Dolimar FC do P. Bristol venceu por 2x1 o EC Xique Xique; na categoria B a SE Vila Reunidas venceu por 2x0 a AE Caça e Pesca; o Internacional perdeu para o Onze Amigos por 2x1; o Atlético da V. Moraes depois de um empate de 0x0, acabou vencendo o Canarinho FC do P. Bristol por 3x2 na cobrança de pênaltis; e o Xique Xique venceu por 1x0 o Dolimar FC. Na categoria A o jogo entre AE Caça e Pesca e SE Vila Reunidas foi resolvido no pênalti a favor do Vila Reunidas; o Onze Amigos venceu o Internacional por 1x0 também na disputa de pênaltis; o Canarinho FC venceu o Atlético de V. Moraes por 2x1; e o Dolimar FC fez 3 gols e sofreu 1 do EC Xique Xique na disputa de pênaltis, depois do empate de 0x0 no tempo regulamentar.

No dia Io de maio o jogo programa- do na categoria dentão não se realizou

I Copa da Vila

Campeonato de futebol para equipes A e B promovido pela PRO- MOÇÃO DEÉSPORTES SAÜDE.

Inscrições com AÍRTON na rua General Enrico Caviglia, 915, na Vila Moraes, das 18 às 20h30rou-no JORNAL DA VILA na av. Cursino 3681 - sala 4, das 15 às 18 h.

porque o América de Diadema não compareceu para enfrentar o GR 7 de Setembro. Na categoria C o EC Ban- deirante venceu por 2x1 o Cruzeiro FC; e o CA Parenthes yenceu o Amedaid FC por 4x1. Na categoria B o EC Bandeirante perdeu para o Fluminense FC por 2x0; o CR Flamengo venceu por 2x1 a SE Palmeiras; e o CA Parenthes empatou em 1x1 com o Jardim C do P. Bristol. Na categoria A o Blimp FC loja lOempatou com o Galo da Saúde: 1x1; o CR Flamengo venceu a SE Palmeiras por 2x1. No jogo principal do Festival, o CA Parenthes jogando çom Alvim (Wagner), L. Pereira (João), Gerson, Rey, Raimundo (Baianinho), Feio, Luiz, Vadinho, Gege, Cláudio (Lan- dinho) ejWalter venceu por 6x0 a equi- pe do Jardim FC que jogou com Jacy, Joaquim, Antônio, Ferreira, J. Rober- to, Antônio Carlos, Zezinho, Esmael, J. Batista, Abran e J. Leite.

PLACAR DE ABRIL

1 EÒUIPES A IMPERADOR FC SE PALMEIRAS 2x2 1x2 CANARINHO FC CRUZEIRO FC 1x8 1x2 EC BANDEIRANTE EC BAHIA 1x5 1x2 CRUZEIRO FC SÈ PALMEIRAS 2x0 3x1 CA PARENTHES LIVIEIR0 FC 0x1 1x2 IMPERADOR FC EC M. ESTELA 2x1 3x0 CANARINHO FC CR FLAMENS0 2x1 3x3 CRUZEIRO FC ÚNICO FC 0x1 6x0 EC BANDEIRANTE AITI FC 0x1 1x1 DOLIMAR FC GRÊMIO fC 2x1 2xí DOLIMAR FC CR FLAMENGO 5x0 4x1 CRUZEIRO FC CR FLAMENGO 5x0 3x1 EC BANDEIRANTE LIVIEIR0 FC 1x2 1x1 CRUZEIRO FC DOLIMAR FC 4x0 2x3 IMPERADOR FC VASOUINHQ FC 1x0 0x0 CA PARENTHES EC H. ESTELA 0x0 CA PARENTHES CANARINHO FC 0x0 CANARlNhÒ Ft DOLIMAR FC VT 0x1 DOLIMAR fC VT EC M. ESTELA 2x1 DOLIMAR FC VT CRUZEIRO FC 2x1 DOLIMAR FC VT CANARINHO FC 2x1

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PARQUE DA ÁGUA FUNDA

Av. Prof. Abraão de Moraes, esqui- na com a rua Elisa Silveira (Água Fun- da). Horário: de segunda à sexta, das 17 às 22 h. e sábado e domingo, das 9 às 22h30. Preço: 5,00 por brinquedo.

BAILES SOBERANO

R. Vergueiro, 4687. Horário: sexta e sábado, das 22 ás 4h; domingo, das 19h30 às 4 h. Preços: sábado, 40,00; sexta e domingo, 20;00. Damas não pagam. Atrações: 13 de maio: Origi- nais, do Samba; 24 de junho: Jair Ro- drigues.

VIOLA DE OURO/ASA BRANCA

R. Silva Bueno, 2591, Ipiranga. Ho- rário: sábados e vésperas de feriado, das 22 às 4h; domingo, das 19 às 24. Preços: sábado, 70,00; domingo, 35,00. Damas não pagam. Atrações: 13 de maio: Agepê;-27 de maio: Agnaldo Timóteo; 10 de junho: 5idney Magal.

MÁRIO ZAN

Av. Eng. Armando Arruda Pereira, 1152 (estação Jabaquara do Metrô). Horário: sábado, das 22 às 4h; domin- go, das. 19 às 24 h. Preços: sábado:* cavalheiros, 40,00 e damas, 10,00; do mingo: cavalheiros, 25,00 e damas 10,00.

METROPOLITANO

Av. Jabaquara, 1337 (estação Saúde do Metrô)..Horário: sexta, sábado e véspera de-feriado: das 22 às 4h; do- mingo: baile jovem, das 20 às 2 h. Preços: -sexta, sábado e véspera de fe- riado: cavalheiros, 25,00 e damas, 5,00; sábado: cavalheiros, 30,00 e da- mas, 10,00.

FARMÁCIAS DE PLANTÃO Dia 13 de maio: Todas as farmácias es- tarão abertas. Dia 14 de maio: Água Funda: Parque do Estado (Av. Miguel Stefano, 2.497), Sta. Ri- ta de Cássia (Av. Miguel Stefano, 2.016); Vila Brasiiina: Farmajar (R. São José, 659); Vila Moraes (R. Nestor Macedo, 5). Iwata (Av. do Cursino, 2.941), Droga Nóbrega (Av. do Cursino, 3.469, Dalva» (R. São Fernan- do, 118), Santa Angela (Av. do Cursino, 3.040); Vila N.S. das Mercês: São Pedro (Av. Padre Arlindo Vieira, 1.277), Sarros (Av. Pe. Arlindo Vieira, 3.309), Droga Mar- celo (R. Dom Vilares, 991), Carina (Av. Pe. Arlindo Vieira, 2.292).

Dias 20 e 21 de maio: Água Funda: Paulino (Av. Miguel Stefano, 2.234); Jardim São Sa

vério: Jussara (Rua D, 25-B); Vila Brasiiina: Evolução (R. Evolução, 298), Dom Vilares (R. Dom Vilares, 540); Vila Moraes: São Fernando (R. São Fernando, 482); Vila N. S. das Mercês: Drogalello (Av. N.S. das Mer- cês, 816); Telma (Av. Pe. Arlindo Vieira, 3.100), Eliana (Av. Pe. Arlindo Vieira, 1.957) Droga Maiu (Av. Pe. Arlindo Vieira, 1.511). Dia 25 de maio: Estarão abertas as farmá- cias que fizeram plantão dia 14 de maio. Dias 27 e 28 de maio: Estarão abertas as farmácias que fizeram plantão dias 20 e 21 de maio. Dia 10 de Junho: Todas as farmácias esta- rão abertas. Dia 11 de junho: Estarão abertas as farmá- cias que fizeram plantão dias 20 e 21 de maio.

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SIDNET MAGAL O SANGUE DAS MENINAS FERVE POR ELE

O novo ídolo não liga para quem o acusa de usar o sexo para fazer sucesso. As fãs o perseguem, gastam

muito dinheiro para lhe dar presentes e se contentam em receber beijinhos de longe. Quem ganha mais com isso:

elas ou ele ?

Queremos o Maga!!

Queremos o Maga!!

Programa do Bolinha, sábado, 5 ho- rai: da tarde. Sidney Magal é esperado pelas mil pessoas, a maioria mulheres entre 15 a 25 anos, que gritam seu nome e levantam para o alto fotos do cantor. De repente, o delirio começa: todo de preto, blusão branco transpa- rente, o peito nu: onde se vê um enorme leão dourado preso a uma cor- rente, ele entra no palco. Não se conse- gue ouvir mais nada. O auditório grita como que tomado de uma histeria cole- tiva. Meninas choram, se amassam e esticam os braços em frente do palco na esperança de alcançá-lo.

«Sou como você já sabe Amante latino

Eu gosto das mulheres Da noite e do vinho»

No palco, o rapaz de 1 metro e noventa, 25 anos cabelos despenteados, canta e dança sensualmente, oferecen- do beijos erótivos à platéia. O forte da dança é o movimento dos quadris, um apelo sexual evidente.

Sidney Magal não liga para quem o chama de cafona e o acusa de usar o sexo para chamar atenção. Ou com as críticas que lhe fazem por se valer de um preconceito tão ultrapassado como o de ser machão. «Eu gosto que me considerem o símbolo-sexy do Brasil», conta ele à reportagem do Jornal da Vila. «No começo, me preocupei de não ser aceito pelas mães- das meninas, delas não gostarem do meu modo de dançar. Depois vi que esse gênero de machão agradou».

Sidney Magal começou sua carreira incentivado pela família. Com 12 anos, cantava em festinhas de escola e pro- grama infantis de televisão. Com 18, gravou o primeiro compacto, uma ver- são de Love Story, com o nome de Sidney Ross. Depois foi para a Europa onde mudou o nome verdadeiro de

Sidney Magalhães para Sidney Magal e ondenãp. fez sucesso.

«Aqui no Brasil, resolvi tentar um gênero mais popular e gravei «Se te agarro com outro, te mato» que foi meu primeiro sucesso. Depois disso vieram os shows, programas de TV e dois LPs».

«Ai, eu te amo, meu amor E o meu sangue ferve por você»

Programa do Bolinha outra vez. O palco está repleto de flores, cartas, bilhetes jogados pelas fãs. Nos shows que Magal faz, as meninas costumam

jogar bijuterias e até jóias que ele guar- da num baú,

«Elas jogam as coisas mais incríveis. Tenho mais de dez relógios de ouro, anéis de brilhante, correntes de prata. Já jogaram até sutiã e um cartão de doa- dora de sangue pra dizer que o sangue dela fervia por mim».

Vamos fazer oba-oba Porta da Tupi, sexta-feira, meio-dia.

Acabou o programa do Cunha Neto, no

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estúdio, onde Magal se apresentou. As fãs conseguiram entrar e agora se des- pedem dele no Fiat branco que sai do portão. De repente, a moça de cabelos compridos, olhos verdes, bem vestida, sai do prédio e recebe o primeiro puxão de cabelos. Depois um tapa. E começa a chorar. As fãs de Magal a atacam, batem sem dó.

«Ela pegou o telefone do Magal. Pau nela», grita Marta Maria Justina, sol- teira, 22 anos, doméstica, uma das maiores fãs do cantor. Rosa, 23 anos, tamém doméstica e do fã-clube, expli- ca: «A nossa briga chama oba-oba, quer dizer que vamos bater em alguma mulher que paquerou o Magal»

Ele gosta de vinho francês

Cada vez que vem a São Paulo, Ma- gal recebe presentes: anéis, pulseiras, bebidas. Nos aniversários, a festa é de

NA PORTA DA TUPI.O OBA-OBA

arromba: as fãs se reúnem dividem as despesas, convocam a imprensa.

«Uma vez uma fã comprou um ovo] de Páscoa pra mim de Cr$ 80,00 ei ficou com Cr$ 10 ,00 no bolso. Já tevá menina que dormiu em banheiro de aeroporto pra me esperar. Uma pôs ndl filho o meu nome e na filha o nome da minha mãe. Eu faço um papel de assis- tente social pra elas. São pessoas quej têm uma necessidade de afeto muito' grande e que acham muito importante o carinho que dou a elas».

Os anéis de prata que Magal usa] foram dados por Rosa. «Cada um custou j Cr$ 85,00. No aniversário do ano passado comprei um urso de pelúcia de CrS 900,00. Ele gosta de vinho francês; a gente sempre dá. Custa CrS 250,00 uma garrafinha de nada. Ganho] CrS 1.800,00 e gasto todo o meu ordfr3 nado com meu filho e o Magal. Eu] trabalho pra burro. Meu filho fica lá no Jardim Campos com uma mulher que toma conta. Quando o Magal tá em São Paulo, eu largo tudo: emprego, filho, só pra ir onde ele vai. Namorado? Eu quero distância. Um dia meu noivo me viu macaqueando no programa do Chacrinha e brigou comigo. Depois dis- so resolvi não arrumar mais namorado. Não saio desse emprego porque a pa- troa deixa eu faltar pra ver o Magal e me adianta dinheiro pra comprar pre- sente para ele».

Chibadeira só quer beijar

Aeroporto de Congonhas, sexta- feira, 2 horas da tarde. Magal vai viajar para Batataes. Elisabete Braga, a Bete, está chorando. O cantor reclama delas terem batido na menina na porta da Tupi: «Assim vocês me prejudicam. Eu preciso ter mais fãs». Rosa explica o que aconteceu: «Aquela menina era chibadeira. Chibadeira só quer abra- çar, beijar o Magal, mais nada. Nós damos presente, vamos aplaudir nos shows, levamos fotos, compramos re- vista que têm votação de melhor cantor pra ele ganhar. Só a revista Amiga, que custa CrS 25,00, nós compramos um monte pra ele ter muitos votos. E nós não ganhamos um tostão com isso. As chibadeiras dizem: «Eu, hein? Ele não me dá meu ordenado».

Maria Ivete Ferreira, 18 anos, diz que gastou na quinta-feira CrS 10,00 de revista só pra votar no cantor. E você, Maria, também não pensa em abraçar e beijar o Magal? «Eu, não. Ele é um ídolo. Também nem adianta pen- sar, que ele não ia sair com a gente mesmo. Minha satisfação é saber que ele dá um carinho especial pra nós. Não tenho segunda intenções».

«Eu não esquento a cabeça E nem vivo chorando»

Cansado, mas sorridente, Sidney Magal toma o avião. Despede-se de todas, acena de longe. Ele depende dessas meninas que preferem não pen- sar em suas vidas difíceis, em seus salários baixos, nos filhos criados por ai. Sidney Magal está começando a vencer. E não pensa em muitas coisas mais: «Jornal que tem política eu fecho. Só leio crime e história em quadrinho. Sempre votei só por simpatia, não sei se o cara é do MDB ou da Arena. Acho que o destino do país está traçado, não tem o que mudar. Eu não esquento a cabeça. Cebola a CrS 40,00 o quilo? Isso não é comigo. O que a gente pode fazer?» Rosa, Marta, Bete também não sabem o que fazer diante dos proble- mas de suas vidas. E preferem - como ele - não esquentar a cabeça.