jornal da universidade de coimbra – junho 2006
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Versão integral da edição n.º 4 do mensário “Jornal da Universidade de Coimbra”, que se publicou em Coimbra. Director: Jorge Castilho. Foram publicados quatro números. Junho de 2006. Para além de poderem ser úteis para o público em geral, estes documentos destinam-se a apoio dos alunos que frequentam as unidades curriculares de “Arte e Técnicas de Titular”, “Laboratório de Imprensa I” e “Laboratório de Imprensa II”, leccionadas por Dinis Manuel Alves no Instituto Superior Miguel Torga (www.ismt.pt). Para saber mais sobre a arte e as técnicas de titular na imprensa, assim como sobre a “Intertextualidade”, visite http://www.mediatico.com.pt/manchete/index.htm (necessita de ter instalado o Java Runtime Environment), e www.youtube.com/discover747 Visite outros sítios de Dinis Manuel Alves em www.mediatico.com.pt , www.slideshare.net/dmpa, www.youtube.com/mediapolisxxi, www.youtube.com/fotographarte, www.youtube.com/tiremmedestefilme, www.youtube.com/discover747 , http://www.youtube.com/camarafixa, , http://videos.sapo.pt/lapisazul/playview/2 e em www.mogulus.com/otalcanal Ainda: http://www.mediatico.com.pt/diasdecoimbra/ , http://www.mediatico.com.pt/redor/ , http://www.mediatico.com.pt/fe/ , http://www.mediatico.com.pt/fitas/ , http://www.mediatico.com.pt/redor2/, http://www.mediatico.com.pt/foto/yr2.htm , http://www.mediatico.com.pt/manchete/index.htm , http://www.mediatico.com.pt/foto/index.htm , http://www.mediatico.com.pt/luanda/ , http://www.biblioteca2.fcpages.com/nimas/intro.htmlTRANSCRIPT
Immanuel Wallersteindoutorado Honoris Causa
Futsal da AAC venceLiga Universitária
UC sitiadaem Junho de 1969
DDIIRREECCTTOORR:: JoRGE CASTILHODDIIRREECCTTOORREESS--AADDJJUUNNTTOOSS:: DINIS MANUEL ALVES E MÁRIO MARTINS
AAPPRREENNDDEERRAA BBRRIINNCCAARRNNOO HHOOSSPPIITTAALLPPEEDDIIÁÁTTRRIICCOO
PPAAGGIINNAA 1166
DDEESSTTAAQQUUEESS
1144
1199
2233 ee 2244
ACADEMIA GENEROSA
NNOOVVEESSÉÉCCUULLOOSSDDEE MMEEMMÓÓRRIIAAEESSCCRRIITTAA
PPAAGGIINNAA 77
ARQUIVO DA UCAALLGGUUMMAAIINNVVEESSTTIIGGAAÇÇÃÃOOSSEERRVVEE IINNTTEERREESSSSEESSCCAAMMUUFFLLAADDOOSS
PPAAGGIINNAASS 44 ee 55
AFIRMA IRENE SILVEIRA
Número 4Junho 2006
PPAAGGIINNAA 33
PPAAGGIINNAASS 2200 ee 2211
PPAAGGIINNAA 22
FCTUC VENCE PROJECTO PIONEIROA NÍVEL MUNDIAL
VVeennttoossddee pprrooggrreessssoonnaa UUCC
ESTÁDIO UNIVERSITÁRIO DE COIMBRA
ÀÀ eessppeerraaddaa rreeqquuaalliiffiiccaaççããooAAFFIIRRMMAA AAUUTTOORR DDEE EESSTTUUDDOO SSOOBBRREE EESSTTUUDDAANNTTEESS DDAA UUCC
ÉÉ ffaallssoo qquuee aa mmaaiioorriiaaddeeffeennddaa aa vviioollêênncciiaa
TRÊS UNIVERSIDADES REPRESENTAM IDEIAS DE NEGÓCIO
CCaavvaaccoo SSiillvvaa pprreessiiddeeaa ffiimm ddee ccuurrssoo nnaa UUCC
PPAAGGIINNAASS 88 ee 99
A Universidade de Coimbra está a testar
para a Brisa um sistema de câmaras de vi-
gilância “inteligentes”, que detectam de for-
ma automática situações anómalas nas
auto-estradas.
A Brisa tem já mais de meio milhar de câ-
maras instaladas nas diversas auto-estradas
do País. De acordo com um Administrador
daquela empresa concessionária de auto-es-
tradas portuguesas, no respectivo centro de
controlo regista-se uma média de 450 inci-
dências por dia, a maior parte relativas a pe-
didos de assistência, por avaria, mas tam-
bém por acidentes.
Em função do que é detectado, o centro faz
accionar os meios adequados – ou os bombei-
ros e a emergência médica, ou a GNR ou as-
sistência técnica para viaturas avariadas.
A novidade do novo sistema, cujo protó-
tipo está a ser testado na FCTUC, é que de-
tecta automaticamente situações de risco,
sem necessidade de intervenção humana,
imediatamente para elas alertando – desde
um veículo que pára na berma, até algum
que surja em contra-mão, passando pelos
acidentes.
O sistema deverá estar totalmente opera-
cional até final do corrente ano e os seus re-
sultados estão a ser tão positivos que já
despertaram mesmo o interesse de uma con-
cessionária de auto-estradas do Brasil, que
poderá vir a adquiri-lo para funcionar do ou-
tro lado do Atlântico.
NOTÍC IAS2 JJoorrnnaall ddaa UUnniivveerrssiiddaaddeeJunho 2006
FICHA TÉCNICA
Director:JORGE CASTILHO
Directores Adjuntos:DINIS MANUEL ALVES
MÁRIO MARTINS
Concepção e edição gráfica:AUDIMPRENSA
E-mail:[email protected]
Telefone:239 854 150
Fax:239 854 154
ImpressãoCORAZE - OLIVEIRA DE AZEMEIS
ISSN: 1646-4133
Depósito Legal n.º 241489/06
TRÊS UNIVERSIDADES APRESENTAM EM COIMBRAIDEIAS DE NEGÓCIO
CCaavvaaccoo SSiillvvaa pprreessiiddeeaa ffiimm ddee ccuurrssooddee eemmpprreeeennddeeddoorriissmmoo
O Presidente da República preside no próximo dia
20 de Junho (terça-feira), às 16H30, no Auditório do
Edifício Central da FCTUC (no Pólo II) à sessão de en-
cerramento do Curso de Empreendedorismo de Base
Tecnológica, um projecto promovido pelas Universi-
dades de Coimbra, Aveiro e Beira Interior e pelo CEC
(Conselho Empresarial do Centro) – Câmara de
Comércio e Indústria do Centro.
O curso visa contribuir para a criação de novas em-
presas de base tecnológica, estimulando a inovação
com base em tecnologias desenvolvidas nas unidades
de I&D das três Universidades da Região Centro, e irá
agora culminar, depois de um ano de trabalho, com a
apresentação dos resumos dos planos de negócio das
15 equipas envolvidas.
Para além de Cavaco Silva, a sessão contará com a
presença de várias outras entidades que têm assumido
papel de relevo no apoio e estímulo à inovação e em-
preendedorismo.
A sessão de apresentação dos 15 planos de negócio,
que representam outras tantas oportunidades de negó-
cio promissoras, está marcada para as 14 horas, e todos
os interessados poderão contactar as várias equipas par-
ticipantes no curso para aprofundar alguns aspectos dos
conceitos de negócio desenvolvidos. Para as 16,30 horas
está marcada a sessão de encerramento, em que usarão
da palavra o Presidente do CEC, António Almeida Hen-
riques, o Reitor da Universidade da Beira Interior, Manuel
Santos Silva, a Reitora da Universidade de Aveiro, Maria
Helena Nazaré, o Reitor da Universidade de Coimbra, Fer-
nando Seabra Santos, e o Presidente da Republica, Aní-
bal Cavaco Silva.
Pedro Saraiva, Pró-Reitor da Universidade
de Coimbra, acaba de ser nomeado como
consultor da Presidência da República para a
área do Ensino Superior.
Um outro docente da Universidade de
Coimbra, Manuel Antunes, da Faculdade de
Medicina, fora já escolhido por Cavaco Silva
como consultor para a área da Saúde.
PPeeddrroo SSaarraaiivvaannaa PPrreessiiddêênncciiaa ddaa RReeppúúbblliiccaa
INOVAÇÃO E MAIS SEGURANÇA NAS AUTO-ESTRADAS PORTUGUESAS
Sistema de “câmaras inteligentes”está a ser testado na FCTUC
O Departamento de Engenharia Civil da FCTUC vai elabo-
rar um estudo da sinistralidade na rede urbana rodoviária
da cidade de Lisboa, em parceria com o Laboratório
Nacional de Engenharia Civil.
O estudo propõe-se analisar as zonas onde se regista
maior número de acidentes, de molde a poder identificar as
suas causas. Por isso foram escolhidas algumas zonas da
área de Lisboa, para que se identifiquem as principais cau-
sas dos acidentes e se tomem medidas para as eliminar ou
atenuar, adoptando depois essas medidas noutras zonas
do País, com vista a diminuir a sinistralidade rodoviária em
Portugal.
Espera-se que este estudo, que é financiado pela FCT
(Fundação para a Ciência e Tecnologia) possa dar importan-
te contributo para diminuir o elevadíssimo número de víti-
mas de acidentes em Portugal.
Departamento de Engenharia Civilestuda sinistralidade de Lisboa
3JJoorrnnaall ddaa UUnniivveerrssiiddaaddeeJunho 2006
NOTÍC IAS
FCTUC VENCE PROJECTO PIONEIRO A NÍVEL MUNDIAL
VVeennttooss ddee pprrooggrreessssoo nnaa UUCCA Faculdade de Ciências e Tecno-
logia da Universidade de Coimbra
(FCTUC) foi a vencedora da candida-
tura a um projecto de investigação eu-
ropeu para o desenvolvimento das
torres metálicas mais resistentes do
Mundo para os parques eólicos.
Trata-se do projecto “HISTWIN” (High
strength steel tower for wind turbines
- Torres eólicas em aço de alta resis-
tência), que será realizado em parce-
ria com mais três Universidades euro-
peias e com três empresas industriais,
uma siderurgia e uma resseguradora,
bem como a empresa Repower Por-
tugal SA que, para além de uma fábri-
ca de torres eólicas já em funciona-
mento, irá abrir em Portugal mais
duas unidades fabris – uma de pás e
outra de componentes mecânicas.
Está na base do projecto a fabrica-
ção das torres metálicas mais altas,
mais resistentes, com durabilidade
superior e financeiramente mais aces-
síveis, aumentando, assim, significa-
tivamente a potência dos aerogera-
dores a instalar.
O Contrato–Programa, recentemen-
te assinado em Bruxelas, prevê o iní-
cio do projecto no próximo dia 1 de
Julho, para um prazo total de execu-
ção de três anos, e que corresponde
a um orçamento global de 1.4 mi-
lhões de euros, dos quais 225 000
euros para a FCTUC.
Para o Presidente do Departamen-
to de Engenharia Civil da FCTUC, Luís
Simões da Silva, este projecto assu-
me uma extraordinária importância
“porque vai permitir que a indústria
portuguesa se torne líder, a nível
mundial, nesta área”.
“Há uma implicação directa na in-
dústria nacional. Exportar estas novas
torres metálicas, representa vitalida-
de para a economia portuguesa”, sa-
lienta o catedrático da FCTUC.
Outro aspecto, não menos impor-
tante, deste investimento, é a criação
de novos postos de trabalho.
Na classe das Fontes de Energia
Renováveis, é na energia eólica que
mais se tem apostado na Europa, du-
rante a última década.
Segundo Luís Simões da Silva, “o
objectivo principal deste projecto é o
desenvolvimento da próxima geração
de torres eólicas metálicas que pos-
sam assegurar soluções competitivas
para turbinas eólicas com multi-me-
gaWatts de potência”.
O investigador acrescenta que “ao
longo destes três anos vai ser apli-
cado aço de alta resistência (S460)
a torres eólicas, permitindo estrutu-
ras mais leves, mais fáceis de trans-
portar e, consequentemente, mais
económicas”.
E conclui:
“Dado que as torres eólicas estão
sujeitas a acções dinâmicas cons-
tantes, os problemas de fadiga e
instabilidade põem problemas tec-
nológicos importantes, pelo que se
prevê o desenvolvimento de liga-
ções inovadoras para ultrapassar
estes problemas. Uma das tarefas
específicas da FCTUC, em colabora-
ção com a Repower Portugal, será o
ensaio, à escala real, dessas novas
ligações e a instrumentação (em fun-
cionamento real e durante 2 anos)
de uma torre eólica a construir em
Portugal”.
ACORDO DE COOPERAÇÃO CELEBRADO COM A IBERDROLA
EEnneerrggiiaass aalltteerrnnaattiivvaass ppaarraa aa UUCCA Universidade de Coimbra celebrou um
protocolo com a Iberdrola, líder mundial
na produção de energias alternativas, no
sentido de que esta empresa espanhola
venha a “alimentar” a UC com esse tipo
de energias.
Em contrapartida, a UC, através dos seus
recursos humanos e técnicos, prestará co-
laboração à Iberdrola em domínios muito
diversos.
Como referiu o Administrador da ampre-
sa espanhola Pina Moura, a intervenção
da UC pode verificar-se, por exemplo, em
acções de auditoria energética, em arma-
zenagem de energia, “nomeadamente pon-
derando projectos ligados ao hidrogénio”
e a preparação de recursos humanos.
De registar que a Iberdrola tem previs-
tos investimentos na ordem dos 1.500
milhões de euros em parques eólicos na
Região Centro, para os quais prevê criar
cerca de 700 postos de trabalho.
Pina Moura salientou a necessidade de
garantir “recursos humanos altamente qua-
lificados, quer para a construção destes
projectos quer, posteriormente, para a
sua operação”.
MONTEMOR-O-VELHOQUER PÓS-GRADUAÇÃO
O Presidente da Câmara Municipal de
Montemor-o-Velho, Luís Leal, lançou há
dias um desafio à Universidade de Coimbra
para que crie um curso de pós-graduação
em Energias Alternativas, a funcionar no
concelho. Para justificar este pedido que
dirigiu ao Reitor, o autarca referiu que Mon-
temor-o-Velho vai beneficiar, no respecti-
vo Parque de Negócios, de um grande in-
vestimento de capitais estrangeiros exac-
tamente na área das energias alternati-
vas, o que, sublinhou, seria excelente en-
quadramento para o referido curso.
JOÃO PAULO HENRIQUES
O mandato de dois anos (2004/2006)
de Irene Silveira à frente do Conselho
Científico da Faculdade de Farmácia da
Universidade de Coimbra terminou há
pouco tempo, com o balanço a ser “po-
sitivo”. “Estive um mandato, porque
achei que era a minha obrigação. Após
deixar a Reitoria, concorri para que a
Faculdade estabilizasse, uma vez que
considero que tem grandes potencialida-
des, mas que têm de ser mostradas”, su-
blinha a Professora Catedrática.
A avaliação da Licenciatura pelo Conse-
lho Nacional de Avaliação do Ensino Su-
perior (CNAVES), o relatório preliminar da
equipa de acreditação do curso da Licen-
ciatura em Ciências Farmacêuticas da Or-
dem dos Farmacêuticos (OF) e a definição
do modelo de curso(s) no âmbito do Pro-
cesso de Bolonha foram alguns dos as-
pectos que propôs e conseguiu tratar
com sucesso. A reformulação dos pontos
críticos enunciados pela OF assumiu-se
como uma prioridade para a qual consi-
dera “ter contribuído”.
“Por exemplo, os nossos farmacêuticos
não têm de fazer exame na Ordem. Para
isso tive de implantar um novo modelo
de estágio, o que foi um grande desafio”,
refere a Professora Catedrática, que des-
taca ainda a intervenção ao “nível das es-
pecialidades do Doutoramento”. Segun-
do Irene Silveira, a implantação do Pro-
cesso de Bolonha vai “exigir maior acom-
panhamento do professor e vai fazer a
revolução necessária no Ensino”.
Na Universidade, garante, “ensina-se
ao mesmo tempo que se investiga e é
esta a sua grande mais-valia”, remeten-
do-se ao caso particular da Faculdade de
Farmácia para provar a afirmação.
“Temos disciplinas de opção em que os
alunos trabalham nos projectos de inves-
tigação em curso. No Laboratório de
Bromatologia, por exemplo, temos mui-
tos alunos que ficam aos sábados até às
20H00 ou mais”, confidencia, antes de
classificar de “muito gratificante ver o in-
teresse dos jovens pela investigação”.
Apesar de muitos falarem em “geração
rasca”, Irene Silveira assume “a existên-
cia de muitos alunos empenhados, traba-
lhadores e inovadores”, o que vai permi-
tir que “o nosso país vá para a frente”,
embora considere necessário que “Portu-
gal tenha a capacidade de dar os meios
necessários para que eles possam desen-
volver as suas capacidades”. A falta de
apoio à investigação é apontada como
um problema grave e as dificuldades eco-
nómicas do país também não ajudam.
“No nosso caso concreto, vivemos mui-
tas vezes com o metabolismo basal a nível
financeiro. A investigação na nossa área é
muito cara e, para além dos reagentes,
das colunas, precisa de equipamentos ca-
ríssimos que custam milhares de euros”,
explica Irene Silveira, que, no entanto, não
ENTREV ISTA4 JJoorrnnaall ddaa UUnniivveerrssiiddaaddeeJunho 2006
Os riscos alimentares e ambientais em saúde pública são um dos projectos
em curso no Laboratório de Bromatologia. A avaliação qualitativa e quantitativa
da exposição da população portuguesa a resíduos de pesticidas através da
monotorização em fluidos biológicos e em alimentos integra os objectivos do
projecto, que pretende ainda avaliar o teor de micotoxinas em alimentos
portugueses e monotorizar o seu teor no soro e em urina com vista a conhecer
o risco de exposição da população portuguesa. A avaliação do potencial de
exposição da população portuguesa a fármacos antimicrobianos através da
determinação dos seus resíduos em alimentos e águas e o desenvolvimento de
uma estratégia clínica para aplicação em caso de intoxicação alimentar devido
a agonistas adrenérgicos também figuram na lista, que pretende elaborar o
estudo de fitoesterogénios e de fitosteróis no alimento e em fluidos biológicos
e a sua relação com a prevenção do cancro e de doenças cardiovasculares. A
nutrição e educação para a saúde é uma das metas.
PPrroojjeeccttoo ffuunnddaammeennttaallppaarraa aa ssaaúúddee ppúúbblliiccaa
LABORATÓRIO DE BROMATOLOGIA TRABALHA NA ÁREA DOS ALIMENTOS E DA ÁGUA
““AAllgguummaa iinnvveessttiiggaaççããoo sseerrvvee interesses camuflados”IRENE SILVEIRA LAMENTA QUE AS OPORTUNIDADES NÃO SEJAM DADAS A QUEM MOSTRA RESULTADOS_
se deixa abater pelas contrariedades: “É
bom haver para fazer não aquilo que gos-
taríamos, mas aquilo que vamos conse-
guindo fazer e não podemos parar”.
A Directora do Laboratório de Broma-
tologia reconhece que “os espaços físi-
cos são importantes, mas ainda mais são
as pessoas”, acrescentando que “as
novas instalações vão criar uma melhor
articulação entre as aulas e a investiga-
ção”. Para Irene Silveira, “alguma inves-
tigação em Portugal serve interesses
mais ou menos camuflados e que resul-
tam”, revoltando-se por “as oportunida-
des e os meios para trabalhar não serem
dados a quem mostra resultados”.
O Laboratório de Bromotalogia trabalha
há muitos anos na área dos alimentos e
da água, tendo, entretanto, também exe-
cutado trabalhos com líquidos biológicos.
“O avanço tecnológico conduziu à conta-
minação e ao uso de substâncias quími-
cas estranhas ao nosso organismo, que
proporcionaram maior quantidade de ali-
mentos e essa foi a nossa principal área
de investigação”, assume, antes de lem-
brar que “a investigação no contexto da
saúde passa pela prevenção”.
Mais tarde, a ligação com a indústria
alimentar e agro-alimentar impulsionou a
investigação deste tipo de questões e
proporcionou ter equipamento que, ga-
rante Irene Silveira, “de outra maneira
nunca teríamos”. As ligações com a in-
dústria agro-alimentar e a área veteriná-
ria ainda hoje se mantêm, assim como
com hospitais e algumas extensões de
saúde, reconhecendo que “as questões
relacionadas com a segurança alimentar
são cada vez mais valorizadas pelos con-
sumidores”.
“Hoje em dia, o controlo que se faz dos
alimentos _ quer os que se produzem em
Portugal, quer os que importamos _ não
existe por problemas economicistas”, su-
blinha a Professora Catedrática, exempli-
ficando de pronto:
“Sei que há laboratórios em Lisboa e
no Porto que estão sem pessoas e, até
há pouco tempo, não tinham equipamen-
to”, disse, manifestando ainda que “não
há razões para se estar tranquilo, porque
sabemos que o controlo não é efectuado
e a vigilância também não se faz”.
5JJoorrnnaall ddaa UUnniivveerrssiiddaaddeeJunho 2006
ENTREV ISTA
Maria Irene Oliveira Costa Bettencourt
Noronha Silveira nasceu, em Leiria, há
61 anos. Em 1966, entrou na Universi-
dade de Coimbra no curso de Medicina,
mas por causa da cadeira de Anatomia
– “na altura, recorria a mortos e não a
modelos como actualmente” – transfe-
riu-se, imediatamente, para Farmácia.
Concluída a Licenciatura, fez o Douto-
ramento já casada e mãe de um filho.
Com dois netos e um filho de 40 anos,
a Professora Catedrática começou a dar
aulas em 1970 como monitora no tem-
po do Ministro Veiga Simão. A Directora
do Laboratório de Bromatologia leccio-
na as cadeiras de Bromatologia e Análises Bromatológicas I,
Controle de Medicamentos em Alimentos, Hidrologia e Análises
Hidrológicas e Nutrição e Dietética. Exerceu, durante quase cinco
anos, funções na Reitoria com o Reitor Fernando Rebelo. Na Fa-
culdade de Farmácia foi, entre 2004 e 2006, Presidente do Con-
selho Científico, onde antes tinha sido Presidente do Conselho
Pedagógico e Vice-Presidente do Conselho Directivo.
PE
RF
IL
e iinntteerreesssseess ccaammuuffllaaddooss””
REPORTAGEM6 JJoorrnnaall ddaa UUnniivveerrssiiddaaddeeJunho 2006
CONCURSO NO ÂMBITO DA VIII SEMANA CULTURAL DA UC
““AA AArrttee ddee LLeerr”” pprreemmiioouueessttuuddaanntteess ddee PPaalleeooggrraaffiiaa
JOANA MARTINS
Foram entregues, no passado dia 25 de
Maio, os prémios referentes ao concurso
“A Arte de Ler”, projecto inserido na VIII
Semana Cultural da Universidade de Coim-
bra.
O concurso, que teve este ano a sua ter-
ceira edição, passava por descodificar ma-
nuscritos medievais e despertou, sobretu-
do, o interesse de estudantes de cursos de
Paleografia. Luís Rêpas foi o primeiro clas-
sificado no desafio, Aires Fernandes alcan-
çou o segundo lugar e Francisco Ferraz, ex--aequo com Duarte Freitas ocuparam a ter-
ceira posição (todos da Universidade de
Coimbra, com excepção de Francisco Fer-
raz, da Universidade do Porto).
Mais de duas dezenas de estudantes con-
correram ao prémio, entre os quais alguns
da Universidade de Salamanca. Foi assim
conferido ao concurso uma “dimensão na-
cional e internacional”, tal como salientou
Maria José Azevedo, Directora do Arquivo
da Universidade de Coimbra, instituição or-
ganizadora do projecto, juntamente com a
Reitoria da Universidade. O principal objec-
tivo do concurso passa por “estimular o re-
curso a fontes manuscritas e medievais”,
referiu Maria José Azevedo, sendo que as
provas foram constituídas por um docu-
mento do século XIV e outro do século XVI.
Os prémios foram entregues pelo Reitor da
Universidade de Coimbra, Seabra Santos,
que aproveitou para referir a importância des-
te tipo de iniciativas no panorama da cultura
portuguesa. O Reitor salientou ainda a dificul-
dade dos pergaminhos decifrados pelos con-
correntes, “prova de conhecimento e de
aprofundamento das matérias estudadas” e
“aproveitamento da nossa História, recolhen-
do ensinamentos deixados pelos antigos”.
REITOR ABORDOUTRANSFORMAÇÕES NA UC
Seabra Santos fez ainda referência às
transformações que têm vindo a ocorrer na
Universidade de Coimbra, na medida em
que se tem vindo a notar uma tendência
no aumento de estudantes nas pós-gradu-
ações, mestrados e doutoramentos. Parale-
lamente está a verificar-se o decréscimo no
número de alunos de graduação.
O Reitor sublinhou ainda, nesta fase de
mudança, o facto de estar a ser feita a
adaptação que resulta da “integração do
ensino superior no espaço europeu”. Numa
breve referência ao Processo de Bolonha,
Seabra Santos teceu algumas considera-
ções, sublinhando que a Universidade de
Coimbra “optou por fazer este processo
com serenidade e calma, não precipitando
a reestruturação dos cursos”. Assim, salien-
tou que, em Coimbra, “as reestruturações
continuarão a garantir a qualidade das li-
cenciaturas” e que a Universidade não ali-
nhará em métodos que desprestigiem as
instituições.
A entrega dos prémios culminou com a
actuação do Coro Misto da Universidade
de Coimbra.
AAssppeeccttoo ddaa cceerriimmóónniiaa ddaa eennttrreeggaa ddooss pprréémmiiooss AAccttuuaaççããoo ddoo CCoorroo MMiissttoo ddaa UUnniivveerrssiiddaaddee ddee CCooiimmbbrraa
7JJoorrnnaall ddaa UUnniivveerrssiiddaaddeeJunho 2006
REPORTAGEM
ARQUIVO DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA
NNoovveessééccuulloossddeemmeemmóórriiaaeessccrriittaa
JOANA MARTINS
O Arquivo da Universidade de Coimbra
guarda documentos que datam desde o
século XII até aos dias de hoje. Compila-
ção valiosa de escritos e documentação,
o Arquivo é alvo de uma grande procura
da parte de estudantes, investigadores e
leitores de todo o mundo. Maria José
Azevedo Santos é Directora do Arquivo
da Universidade desde 2003 e é também
a primeira mulher a desempenhar um
cargo de Direcção nesta instituição.
No que respeita à quantidade e à qua-
lidade o Arquivo da Universidade de Coim-
bra encontra-se “entre os maiores e os
mais importantes a nível europeu e até
mundial”, salienta a Directora da institui-
ção ao “Jornal da Universidade”. Com
uma média de um milhar de leitores por
ano, o Arquivo esgota muitas vezes a ca-
pacidade da sua sala de leitura, que pode
receber apenas 18 pessoas. A documenta-
ção contida no Arquivo está, de uma ma-
neira geral, acessível ao público. Existem
apenas algumas restrições, nomeadamen-
te no que respeita a um núcleo do
Instituto de Medicina Legal, constituído
por documentos dos séculos XIX e XX.
Nos últimos três anos, milhares de do-
cumentos foram tratados e acondiciona-
dos em capas. A humidade, temperatura
e luminosidade são condições que de-
vem ser tidas em conta quando se trata
da protecção dos documentos, de forma
a evitar a sua degradação. No entanto,
tal como refere a Directora do Arquivo, é
preciso algum esforço e sacrifício, na me-
dida em que a equipa que com ela traba-
lha é constituída por apenas 15 funcioná-
rios.
Maria José Azevedo trabalhou desde
sempre com documentação. Historiadora
Medievalista, a Directora do Arquivo foi
aluna de vários dos Directores daquela
instituição e reconhece que existe uma
tradição, no seu crescimento como uni-
versitária, ligada ao documento, afirman-
do todo o seu respeito e reconhecimento
pelo valor dos que a antecederam.
Segundo Maria José Azevedo, “arquivar
é um acto cultural de inteligência e civis-
mo”. Arquivar significa “recolher a memó-
ria”. Assim, tal como sublinha a Directora
do Arquivo, na medida em que a memó-
ria é de todos, cada cidadão tem “uma
responsabilidade relativamente ao patri-
mónio escrito”.
JOÃO PAULO HENRIQUES
O sociólogo Elísio Estanque e o histo-
riador Rui Bebiano divulgaram, durante o
colóquio internacional “Movimento Estu-
dantil – Dilemas e Perspectivas”, que de-
correu, em Maio, no auditório da Facul-
dade de Economia da Universidade de
Coimbra (UC), os resultados de um estu-
do que abrangeu 2.830 alunos da UC e
foi realizado ao longo de 2005 e 2006.
O colóquio integrou-se no projecto de
investigação “Culturas Juvenis – Diferen-
ça, Indiferença e Novos Desafios Demo-
cráticos”, que está a ser desenvolvido no
Centro de Estudos Sociais (CES) sob orien-
tação dos dois investigadores da UC. Um
estudo que revelou, entre outros aspec-
tos, que as populações estão menos par-
ticipativas nas instituições.
As diferentes análises das respostas
sobre as praxes académicas geraram polé-
mica, razão pela qual Elísio Estanque consi-
derou terem sido feitas “interpretações
abusivas e precipitadas”. Segundo o inqué-
rito, as praxes académicas devem repudiar
qualquer forma de violência física ou sim-
bólica e respeitar quem não quiser aderir,
revelando ainda que devem ser revistas de
modo a receber melhor os novos alunos.
Elísio Estanque garantiu que “é falso
que um terço dos inquiridos concorde
com a prática de actos de violência fí-
sica ou simbólica”, porque o inquérito
apenas permitia assinalar no máximo
três afirmações de um conjunto de
oito, não contemplando respostas de
sim ou não. Os dados revelados corres-
pondem a “quadros do software”, que
vão ser alvo de uma “análise multivaria-
da” e só depois haverá conclusões a
retirar.
O estudo tem a importância de trazer
uma informação mais sistemática e con-
sistente, que os investigadores esperam
poder contribuir para reactualizar o co-
nhecimento histórico e sociológico exis-
tente sobre a temática do movimento es-
tudantil e não só, uma vez que também
tem como preocupação de fundo a ques-
tão do associativismo e da participação
cívica.
REPORTAGEM8 JJoorrnnaall ddaa UUnniivveerrssiiddaaddeeJunho 2006
As diferenças entre os anos 60 e os dias de hoje são enormes, razão pela
qual estabelecer comparações se afigura como algo extremamente complicado.
A reflexão em torno de algumas ideias feitas relativamente ao passado é uma
das metas do estudo de Elísio Estanque e Rui Bebiano.
“Nos anos 60, a Universidade de Coimbra tinha menos estudantes e as
condições eram muito diferentes”, explica o sociólogo, ressalvando que “as
condições eram tão adversas que era mais fácil unir as pessoas em torno de
um objectivo como acabar com a guerra colonial, democratizar a Universidade,
mudar o regime e conquistar a democracia”.
Nos dias de hoje, as causas são mais difíceis de encontrar e ainda é mais
complicado encontrar objectivos comuns a todos. “Os estudantes são em maior
número, o que cria maior diversidade e faltam causas que sejam motivadoras
e mobilizadoras da massa dos estudantes”, conclui.
FFaallttaamm ccaauussaass mmoobbiilliizzaaddoorraass
EELLÍÍSSIIOO EESSTTAANNQQUUEE EE RRUUII BBEEBBIIAANNOO DDIIVVUULLGGAAMM EESSTTUUDDOO SSOOBBRREE OOSS UUNNIIVVEERRSSIITTÁÁRRIIOOSS DDEE CCOOIIMMBBRRAA
CCoonnttrriibbuuttoo ppaarraa oo mmoovvii mento estudantil
9JJoorrnnaall ddaa UUnniivveerrssiiddaaddeeJunho 2006
REPORTAGEM
vi mmeennttoo eessttuuddaannttiillCARÁCTERREGIONALDA UNIVERSIDADE
l Alunos com família
no concelho de Coimbra: 2200,,11%%
l Alunos com família
no resto do distrito: 1155,,22%%
l Alunos com família
no resto da região Centro: 3355%%
PROFISSÕESDOS PAIS
l Filhos de profissionais não
qualificados: 3300,,55%%
l Filhos de quadros dirigentes
ou intermédios: 2233,,55%%
l Filhos de empregadores: 2211,,11%%
l Filhos de trabalhadores
por conta própria: 1144,,66%%
ONDE VIVEM
l No centro histórico
de Coimbra: 2222,,11%%
l Em outros bairros dentro
da cidade: 5555,,88%%
l Periferia: 1100,,88%%
COM QUEMMORAM
l Com colegas
em apartamentos
arrendados: 2299,,77%%
l Com os pais: 2244,,77%%
l Em quartos arrendados
a particulares: 2233,,55%%
l Em residências
universitárias: 99,,66%%
l Em apartamentos
próprios ou dos pais
(mas independentes): 88,,88%%
l Em casa de outros
familiares: 22,,44%%
Em repúblicas: 11,,11%%
Deve manter-se como está ...................................................................................... 55%%
Deve ser revista no sentido da não discriminação entre homens e mulheres .... 1188%%
Deve ser revista de forma a receber melhor os novos alunos ............................ 5522%%
Deve ser completamente abolida, pois é uma violência........................................ 33%%
Deve ser limitada aos cerimoniais académicos ...................................................... 88%%
Deve ser rigorosamente aplicada de acordo com o Código da Praxe ................ 2288%%
Deve repudiar qualquer forma de violência física ou simbólica .......................... 6688%%
Deve ser facultativa e respeitar quem não quiser aderir .................................... 7722%%
CCOONNSSIIDDEERRAAMM QQUUEE AA PPRRAAXXEE AACCAADDÉÉMMIICCAA......
A Universidade e o movimento estu-
dantil é um campo social importante
para o estudo de Rui Bebiano e Elísio
Estanque. Ainda assim, a reflexão e a
análise que pretendem fazer não se fica
por aqui. Enquanto cidadãos e cientis-
tas sociais, estão preocupados com o
facto de “todo um conjunto de sinais
revelar um certo afastamento e indife-
rença da população relativamente às
instituições”.
Os investigadores pretendem que o
projecto contribua para conhecer as no-
vas dimensões do que foram as experiên-
cias dos movimentos estudantis dos anos
60 e conhecer melhor a forma como essa
influência no contexto da UC é ainda sig-
nificativa enquanto factor de construção
e estruturação da identidade colectiva
dos estudantes de Coimbra, que tem uma
tradição muito forte.
A tendência de distanciamento da maio-
ria dos estudantes relativamente aos ór-
gãos dirigentes da Associação Académica
de Coimbra (AAC) é um dado importante.
Apesar de não ser propriamente uma no-
vidade _ basta olhar para os resultados
das participações nas eleições _, Elísio
Estanque sublinhou que “o estudo tinha
uma série de perguntas em que quería-
mos saber se a AAC é uma organização
elitista e que promove, sobretudo, o
acesso à política, o que mereceu cerca de
48 por cento de concordância”.
A distância dos universitários relativa-
mente a instituições da vida pública e de-
mocrática, como é o caso dos partidos
políticos, foi outra das conclusões. Os es-
tudantes dão fraca importância aos parti-
dos e às repúblicas estudantis, que são
significativas em Coimbra do ponto de
vista cultural, embora reconheçam, por
exemplo, muita importância à UC e às
Nações Unidas.
As preocupações com doenças, nomea-
damente com a SIDA, a pobreza e a fome
figuram no topo das escolhas dos univer-
sitários, que se manifestaram ainda preo-
cupados com as questões do ensino e o
acesso ao emprego. A necessidade de maior
investimento em estágios e a maior articu-
lação entre a UC e o mercado do emprego
são apontadas como prioridades.
DISCURSO DOS MEDIA10 JJoorrnnaall ddaa UUnniivveerrssiiddaaddeeJunho 2006
DINIS MANUEL ALVES *
33 ddee JJaanneeiirroo ddee 11999999.. OO KKaaaakkssbbuurrgg
eennccaallhhaa aaoo llaarrggoo ddaa FFiigguueeiirraa ddaa FFoozz.. As
primeiras informações alertavam para a
possibilidade de uma catástrofe ecoló-
gica naquela praia. Como tal se não
veio a verificar, a âncora que permitiu
manter o assunto em antena durante
mais algum tempo, com muitos direc-
tos à mistura, fundeou na mais que
certa impossibilidade do barco vir a ser
removido do local em que se encontra-
va, causando assim graves incómodos
numa cidade interessada em apostar
cada vez mais no turismo de Verão. Os
dois alarmes foram soando em conjun-
to nas páginas da imprensa, nos recep-
tores de rádio e nos televisores. No 24Horas (RRTTPP11) de dia 3 de Janeiro [1999]
já se faziam referências ao perigo, que
residia agora no combustível do navio.
O PPúúbblliiccoo de dia 4 titulava Derramede combustível iminente; o diário 2244hhoorraass avisava, na primeira página: Po-luição ameaça porto da Figueira daFoz. Nas interiores, o mesmo tom: Pe-rigo ecológico na Figueira da Foz. O DDNNtambém assustava, a páginas 23:
Derrame ameaça a Figueira. Mas a pri-
meira página assustava mais ainda:
“Bomba” ao largo da Figueira, assimrezava o título. No subtítulo podia ler-
se Carga de petroleiro avariado podederramar e causar prejuízos graves.
Na rádio, no dia 4, às 9h, a TTSSFF con-
siderava que o perigo de derrame eraiminente. Às 9h30 falava-se em risco
de maré negra, risco anulado no infor-
mativo das 13h. A AAnntteennaa 11 dissipara o
risco às 12h, apesar das preocupações
referidas às 17h. Às 12h, a RReennaasscceennççaalembrava que as 26 toneladas de com-bustível retidas nos tanques do navioencalhado ao largo da Figueira da Fozsão a grande preocupação da Pro-tecção Civil, também dos ambientalis-
tas.
No Telejornal (RRTTPP11, 20h) de dia 4, o
pivot informava: (…) Nos seus tanquesencontram-se 36 toneladas de com-bustível, o que está a constituir umforte motivo de preocupação para asautoridades marítimas portuguesas. Es-ta afirmação não era suportada por
qualquer declaração, no mesmo senti-
do, feita pelas autoridades marítimas. No sumário do Directo XXI (TTVVII, 21h),
o pivot avançava: Navio encalhadocom 36 toneladas de combustível podeprovocar um desastre ecológico naFigueira da Foz. A trasfega do combus-
tível deverá começar nas próximas ho-ras. O navio poderá já não ter salvação.Um exagero se comparado com as de-
clarações do responsável pela Pro-
tecção Civil, na peça subsequente: Apreocupação que temos neste momen-to, enquanto Serviço Municipal deProtecção Civil é o gasóleo que aindapermanece dentro do navio que, nãosendo um risco enormíssimo, é umrisco que existe. Num segundo excerto,
inserido na mesma peça, diz Lídio
Lopes: (…) Para além do gasóleo edesse derrame possível ... do riscoque existe, embora com pouca proba-bilidade.
E Andrade Monteiro, comandante da
Capitania do Porto da Figueira da Foz,
afirma que a trasfega não envolve pe-rigo. Passado o perigo da maré negra,
o alarmismo transfere-se para a opera-
ção de trasfega, também para a forte,
fortíssima? probabilidade do Kaaksburgvir a morrer na praia, ingloriamente es-
facelado.
Dia 5, no Primeiro Jornal, Baganha
Fernandes, do Serviço Anti-Poluição da
Direcção Geral da Marinha , considera-
va que se estava perante uma situaçãonão muito preocupante, na medida emque temos 36 mil litros de gasóleo,que é uma quantidade relativamentepequena (…).
Depoimento em sintonia com o vei-
culado pelo JJNN do mesmo dia 5 (Des-mantelamento do navio parece vir a sera solução), e na boca do mesmo Ba-
ganha Fernandes. Neste artigo, aquele
responsável garantia que as preocupa-ções ambientais são “poucas”, por setratar de “uma pequena quantidade decombustível” e, também, porque a em-presa que vai proceder à remoção é“conhecida e de confiança”.
No mesmo dia, o DDNN avançava com
informação diferente, surpreendente-
mente vinda do mesmo responsável.
Baganha disse ao DDNN que “os riscos,apesar de calculados”, poderiam au-mentar, caso se viessem a concretizar“as condições desfavoráveis do mar”.Afirmações que sustentavam o título
Trasfega preocupa Marinha.No dia 5 (7h, 8h30), a RReennaasscceennççaa
também se referia à trasfega como
operação de alto risco.
O Directo XXI de dia 5 suavizava o
alarmismo do dia anterior: Já começoua operação de trasfega. A ProtecçãoCivil diz que o risco é mínimo, mas osbombeiros estão de prevenção máximano local.
KKaaaakkssbbuurrgg,, aa ““bboommbbaa”” qquuee só rebentou nos media
11JJoorrnnaall ddaa UUnniivveerrssiiddaaddeeJunho 2006
DISCURSO DOS MEDIA
Os media começavam a desencalhar
do assunto. A operação de trasfega ter-
minou no dia 6, facto reportado pelaRRTTPP11 (Jornal da Tarde e Telejornal, 13h e20h), pela TTVVII (TVI Jornal, 2.ª ed., 13h
30), pela RRTTPP22 (Jornal 2, 22h), pelas rá-
dios, aqui ainda no dia 7.
A SSIICC despedira-se do Kaaksburg logo
no dia 5 (Último Jornal), quebrando
assim uma promessa feita por Rodrigo
Guedes de Carvalho, no Primeiro Jornal.A operação de trasfega iniciara-se pou-
cos minutos antes de um directo efectu-
ado pela estação, levaria mais ou menos
24 horas. O pivot despede-se do repór-
ter que efectuara o directo, dizendo:
Que é como quem diz… 24 horas, ama-nhã, por esta altura do Primeiro Jornal,aqui estaremos para saber se de facto aoperação correu pelo melhor, como to-dos desejam.
A trasfega correu bem, não houve
qualquer problema, figueirenses e portu-
gueses quase poderiam dormir em paz
não fosse outro problema delicado: pôr
o barco a navegar de novo. O PPúúbblliiccoo de
dia 5, que suavizara os riscos de catás-
trofe ecológica, não era peremptório a
dizer que o navio tinha que ser desman-
telado (“Kaaksburg’ permanece encalha-do na Figueira da Foz - Empresa espa-nhola retira combustível”).
No Telejornal de dia 5 vaticinava-se
desfecho diferente:(…) Quanto ao desti-no do barco, o mais certo é ser desman-telado em plena praia. A mesma conjec-
tura na 1.ª edição do TVI Jornal de 5 de
Janeiro. Os jornalistas autores do vaticí-
nio declaravam em conformidade com
títulos da imprensa daquela manhã: Asolução vai ser desmantelar o navio, lia-se no 24 horas. Desmantelamento donavio parece vir a ser a solução, lia-se
no JJNN.
No dia 6, o PPúúbblliiccoo também aventava
a hipótese: Navio encalhado pode vir aser desmantelado na praia da Cova-Gala, lia-se, a subtítulo do artigo intitula-
do Trasfega do combustível deve termi-nar hoje. No dia 7 também a RReennaass--cceennççaa entrou no coro do desmantela-
mento.
O repouso do cargueiro passou a ser
sobressaltado só de longe a longe, a
partir de então. Dia 12, a TTSSFF adiantava
que o material necessário para retirar o
barco encalhado deveria chegar nesse
mesmo dia, ou a 13 de Janeiro.
Dia 15, Jornal da Tarde e Telejornal(RRTTPP11) davam conta da continuação dos
trabalhos para a remoção do navio. Dia
19 a SSIICC reapareceu, com o Primeiro
Jornal lembrando que o cargueiro conti-
nuava à espera de ser rebocado. No dia
seguinte, na mesma estação, mas no
Jornal da Noite, informava-se da impos-
sibilidade de rebocamento do navio,
tendo este, em consequência, que ser
desmantelado.
Chegado Março, lembrou a RReennaass--cceennççaa, às 12h de dia 12, que o caso con-
tinuava por resolver. Cinco dias mais
tarde, era o País Regiões Coimbra (RRTTPP11)a pontuar o mesmo. Dia 22, neste mes-
mo informativo regional consolidou-se a
tese do desmantelamento.
O Primeiro Jornal de 1 de Abril relem-
brou aos telespectadores a teimosia do
Kaaksburg, ou a impotência do Homem
em conseguir libertar-se do pesadelo. A
9, nova notícia no País Regiões Coimbra,desta feita provocada por posição da
autarquia figueirense, que ameaçava
processar o Estado português por mor
dos prejuízos causados pela mais que
inevitável operação de desmantelamen-
to. A mesma informação, três dias de-
pois, mas no regional emitido para todo
o território, o País País.A 19 de Abril procedeu-se à última ten-
tativa de remoção do navio, operação
de mau sucesso, que se prolongou por
três dias (a 19 na RReennaasscceennççaa, 14h; SSIICC,,Último Jornal; RRTTPP11, País Regiões Coim-bra; a 20 na SSIICC, Primeiro Jornal e ÚltimoJornal; RRTTPP11, País Regiões Coimbra; naRReennaasscceennççaa e na TTSSFF, em vários informa-
tivos; a 21 na RRTTPP11, País RegiõesCoimbra).
A odisseia terminaria a 16 de Maio de
1999. O Homem vencera o ferro, tam-
bém os elementos, o lenço branco foi
agitado apenas pela RRTTPP11, RRTTPP22 eAAnntteennaa 11. Às 8h de 7 de Maio, a Antena
1 informava que o Kaaksburg já ia mar
alto fora, rumo a Vigo.
Não houve maré negra, não houve ca-
tástrofe ecológica, a bomba ao largo da
Figueira não rebentou, a operação de
trasfega do combustível decorreu sem
mácula. O navio não teve que ser des-
mantelado.
* iinn ““MMiimmeettiissmmooss ee ddeetteerrmmiinnaaççããoo ddaa aaggeenn--
ddaa nnoottiicciioossaa tteelleevviissiivvaa _ AA aaggeennddaa--mmoonnttrraa ddee
oouuttrraass aaggeennddaass””,, 495-497, Dinis Manuel
Alves, Abril 2005.
(Dissertação de Doutoramento na área deCiências da Comunicação, especialidade deDiscurso dos Media, apresentada à Facul-dade de Letras da Universidade de Coimbra,sob a orientação do Prof. Doutor FranciscoRui Cádima e a co-orientação da Prof. Dou-tora Isabel Nobre Vargues).
e ssóó rreebbeennttoouu nnooss mmeeddiiaa
FESTA DA MÚSICA12 JJoorrnnaall ddaa UUnniivveerrssiiddaaddeeJunho 2006
INICIATIVA DA ALLIANCE FRANÇAISE COM A COLABORAÇÃO DA UC
OOiittoo hhoorraass ddee mmúússiiccaa vvaarriiaaddaa eemm ffeessttaa ooff erecida a CoimbraVai decorrer em Coimbra, no próximo dia 21
de Junho (quarta-feira), a 1.ª Festa da Música,
organizada pela Alliance Française em parce-
ria com diversas entidades, entre as quais a
Universidade de Coimbra.
Trata-se de uma “maratona musical” que se
inicia às 16 horas e se prolonga até à meia-
noite, com a actuação de diversos grupos dos
mais variados géneros, numa oferta à cidade.
De facto, esta invulgar manifestação artísti-
ca decorre ao ar livre (junto à sede da Allian-
ce Française de Coimbra, na Rua Pinheiro
Chagas), durante oito horas, e é gratuita, a ela
podendo assistir todos os interessados.
Embora seja a primeira vez que esta “Festa
da Música” se efectua em Coimbra, em Fran-
ça ela celebra este ano a 25ª edição, e ao
longo do último quarto de século tem vindo
a realizar-se em diversos outros países e tam-
bém em Portugal, mas noutras cidades.
Isso mesmo referiu ao “Jornal da Universi-
dade” Alain Didier (Delegado-Geral das Allian-
ces Françaises em Portugal), que esclareceu:
“Não é um festival. É uma grande manifes-
tação popular, gratuita, aberta a todos os par-
ticipantes, amadores ou profissionais, que de-
sejem actuar, e que mistura todos os géneros
musicais, músicas de todo o mundo e dirige-
se a todos os públicos. Tem como objectivo
popularizar a prática musical e familiarizar o
público para todas as expressões musicais”.
UMA PARTICIPAÇÃOMUITO VARIADA
Alain Didier (que é também o Director da
Alliance Française de Coimbra), revelou-nos o
programa provisório desta 1.ª Festa da Músi-
ca de Coimbra, pelo qual se nota a adesão a
esta iniciativa de muitos grupos da cidade, de
géneros muito diversos, desde a chamada mú-
sica popular até à designada música clássica.
Isso mesmo se pode confirmar na listagem dos
grupos participantes (que se publica em caixa).
Mas variado é também o conjunto das enti-
dades que se aliaram à Alliance Française de
Coimbra para esta curiosa manifestação cultural.
Para além da Reitoria da Universidade de
Coimbra, integram a parceria a Câmara Mu-
nicipal de Coimbra, o Conservatório de Músi-
ca de Coimbra, o Conservatório Regional de
Coimbra, o Instituto Superior de Engenharia
de Coimbra, a Escola Superior de Educação
de Coimbra, diversos órgãos de comunicação
social (para além do “Jornal da Universida-
de”, a Rádio Universidade de Coimbra, a TV5
Monde, a RDP, a ESEC-TV, o jornal “Centro”,
o “Diário As Beitras”, o “Diário de Coimbra”)
e ainda várias empresas (a FNAC, a Dan Cake,
cafés FEB e Águas do Luso).
25 ANOS A PROMOVERA MÚSICA E INTERCÂMBIOSCULTURAIS
Como acima se refere, a Festa da Música
comemora no próximo dia 21 o seu 25º ani-
versário.
Foi lançada em França em 1982 e esten-
deu-se a outros países da Europa em 1985,
no âmbito do Ano europeu da Música.
A partir de 1995, diversos organismos pú-
blicos e privados juntaram-se para co-organi-
zar uma Festa Europeia da Música em cada
O Pró-Reitor Gouveia Monteiro usando da palavra na apresentação da Festa da Música
13JJoorrnnaall ddaa UUnniivveerrssiiddaaddeeJunho 2006
FESTA DA MÚSICA
eerreecciiddaa aa CCooiimmbbrraadia 21 de Junho, “para testemunhar, através
de um evento comum, a sua vontade de fa-
vorecer um melhor conhecimento das reali-
dades artísticas actuais dos seus países, e
desenvolver intercâmbios, no domínio musi-
cal, entre os países da União Europeia e com
os países da Grande Europa”.
Esta circunstância é sublinhada pelos ele-
mentos responsáveis pela coordenação inter-
nacional da Festa da Música, que trabalha
em Paris (mas cuja actividade pode ser con-
sultada no sítio www.fetedelamusique.cultu-
re.fr), que acrescentam:
“Este evento apresenta-se sob a forma de
grandes manifestações locais em cada um
dos países ou em cada uma das colectivida-
des parceiras, e tem como objectivo favore-
cer os encontros multilaterais entre músicos
europeus. A Festa europeia da Música tem
por vocação reforçar a cooperação europeia
com o apoio de parceiros interessados, tor-
nar visíveis as colaborações entre os parcei-
ros, e deseja assim contribuir para o desen-
volvimento de uma Europa Cultural”.
DECLARAÇÃO DE PRINCÍPIOS
Com o espírito atrás mencionado, a Festa da
Música apoia-se mesmo numa Declaração de
Princípios, aprovada em 1997 numa reunião
internacional, em Budapeste, e que inclui os
seguintes pontos:
“1 - A Festa europeia da Música decorre,
todos os anos, no dia 21 de Junho, dia do
Solstício de Verão.
2 - A Festa europeia da Música é uma
celebração da música viva destinada a re-
alçar a amplitude e a diversidade das prá-
ticas musicais, de todos os géneros de
música.
3 - A Festa europeia da Música é um apelo
à participação espontânea e gratuita que se
dirige tanto aos individuos ou conjuntos
que praticam canto ou um instrumento de
música como às instituições musicais, para
que tanto os amadores como os músicos
profissionais se possam exprimir.
4 - Todos os concertos são gratuitos para
o público.
5 - A Festa europeia da Música é maiorita-
riamente uma festa ao ar livre que decorre
nas ruas, nas praças, nos jardins públicos,
nos pátios... Locais fechados podem também
associar-se se aplicarem a regra do acesso
gratuito ao público. A Festa europeia da
Música é a ocasião de ocupar ou abrir excep-
cionalmente ao público locais que tradicio-
nalmente não são locais de concertos: mu-
seus, hospitais, edifícios públicos...
6 - A Festa europeia da Música é um dia
excepcional para todas as músicas e para
todos os públicos. Os co-organizadores com-
prometem-se a promover, neste âmbito, a
prática musical e a música viva, sem espírito
nem fins lucrativos.
7 - Os co-organizadores comprometem-se
a respeitar o espírito e os princípios fundado-
res da Festa europeia da Música tais como
enunciados nesta carta”.
MMúússiiccaa sseemm ppaarraarr aattéé àà mmeeiiaa nnooiitteeComo se refere no texto principal, a
Festa da Música decorre no próximodia 21 (quarta-feira), das 16 às 24 ho-ras, em plena rua (que será cortada aotrânsito) junto à sede da Alliance Fran-çaise (na Rua Pinheiro Chagas, n.º 60,por trás da Escola Secundária de JoséFalcão).
O programa provisório inclui a partici-pação dos seguintes grupos (a quepodem vir a juntar-se vários outros):
- Grupo de Flautas e Danças Regionaisdo Externato de João XXIII
- Orquestra da Escola de Música doColégio de São Teotónio
- Coro infantil - Conservatório de Músi-ca de Coimbra
- Orquestra de Cordas do Conserva-tório Regional de Coimbra
- Coro dos Pequenos Cantores de Coim-bra
- Conjunto de Cordas dirigido pelo Ma-estro João Ventura
- Escola de Guitarra do Instituto Su-perior de Engenharia de Coimbra (ISEC)
- Sociedade Filarmónica de Vila Novade Anços
- Alunos do 1º ano da Licenciatura em
Professores de Educação Musical do En-sino Básico- ESEC
- Alunos do 3º ano da Licenciatura emProfessores de Educação Musical doEnsino Básico- ESEC
- Coro Misto da Universidade de Coim-bra
- Canto - Conservatório de Música deCoimbra
- Associação Cultural Coimbra Menina eMoça com o seu Grupo de Fados «Guitar-ras de Coimbra» - ISEC
- Instrumentos de Arco - Conservatóriode Música de Coimbra
- Percussões - Conservatório de Músi-ca de Coimbra
- Conjunto de saxofones - Conservató-rio de Música de Coimbra
- Quinteto de Metais - Conservatóriode Música de Coimbra
- Conjunto de Clarinetas - Conservató-rio de Música de Coimbra
- Orquestra de Sopros - Conservatóriode Música de Coimbra
- Flauta Transversal - Conservatório deMúsica de Coimbra
- Cordas Dedilhadas - Conservatóriode Música de Coimbra
REPORTAGEM14 JJoorrnnaall ddaa UUnniivveerrssiiddaaddeeJunho 2006
SOCIÓLOGO NORTE-AMERICANO DOUTORADO HONORIS CAUSA PELA FEUC
IImmmmaannuueell WWaalllleerrsstteeiinn ffaallaa ddoo ppaappeell ffuuttuurroo ddooss EEUUAAO sociólogo norte-americanoImmanuel Wallersteinfoi distinguido com o doutoramentoHonoris Causa pela FEUC(Faculdade de Economia daUniversidade de Coimbra) nopassado dia 11 de Junho. E no diaseguinte proferiu, na referidaFaculdade, uma conferência sobreo papel dos Estados Unidos daAmérica do Norte no futuro.
Immanuel Wallerstein (professor jubila-
do da Universidade Estadual de Nova
Iorque e Investigador Senior da Univer-
sidade de Yale) recebeu esta distinção da
Universidade de Coimbra pelo sua activi-
dade na área da sociologia mas também
pela interdisciplinaridade da sua obra ci-
entífica, na qual aborda perspectivas his-
tóricas, políticas, económicas e, nos últi-
mos anos, filosóficas.
A cerimónia iniciou-se, como é tra-
dicional, com a saída do Cortejo da Bi-
blioteca Joanina até à Sala Grande doa
Actos (Sala dos Capelos), onde Immanuel
Wallerstein recebeu as insígnias doutorais.
Foi apresentante Boaventura Sousa Santos,
estando o elogio do novo Doutor a cargo
de Carlos Fortuna. Como é da praxe, foi
também feito o elogio do apresentante,
desta feita por João Arriscado Nunes.
No final da cerimónia, o cortejo dirigiu-se
à Sala do Senado, onde Immanuel Wallers-
tein recebeu o diploma de Doutor pela
Faculdade de Economia da Universidade
de Coimbra (FEUC).
PAPEL DOS ESTADOS UNIDOSEM CONFERÊNCIA NA FEUC
No dia seguinte (segunda-feira, dia 12),
Immanuel Wallerstein proferiu uma confe-
rência na Sala Keynes da FEUC, subordina-
da ao tema “A Post-American World: The
Coming Decades”.
Nesta conferência (que contou com os
apoios da Fundação para a Ciência e a Tec-
nologia e da Fundação Calouste Gulben-
kian), abordou as relações internacionais e
especificamente o papel que os Estados
Unidos e outras nações podem vir a desem-
penhar no mundo nas próximas décadas.
QUEM ÉIMMANUEL WALLERSTEIN
Immanuel Wallerstein começou a sua
carreira académica na Universidade de
Columbia (Nova Iorque), como professor
e investigador da África colonial e pós-co-
lonial de meados do século passado. A
sua visão cosmopolita e progressista en-
contra-se, hoje, consagrada no epíteto de
“fundador” da escola do sistema-mundo,
perspectiva holística da economia e da
sociedade capitalista, interpretadas ao
sabor de longos ciclos histórico-tempora-
is e amplas escalas geográficas, que cul-
tivou na esteira de famosos intelectuais,
politólogos e historiadores como Fernand
Braudel.
Da vasta obra de Immanuel Wallerstein –
que agrega centenas de títulos (livros e ar-
tigos), alguns traduzidos em mais de duas
dezenas de línguas – destacam-se os volu-
mes sobre o “Modern World-System” e a
“Capitalist World-Economy” que revelam a
sua mais original inovação teórica e episte-
mológica.
Ocupou diversos cargos internacionais,
como o de Presidente da Associação Inter-
nacional de Sociologia. Como sinal da sua
proeminente actividade académica e inte-
lectual, várias universidades, espalhadas
por todo o mundo, já lhe outorgaram o
grau de doutor “honoris causa”.
A sua relação directa com Portugal foi,
num primeiro momento, resultado de in-
vestigações sobre a história económica em
que fez referência ao trabalho de Vitorino
Magalhães Godinho e, num segundo mo-
mento, no plano das referências sobre a
economia colonial africana e os movimen-
tos de libertação nacional das várias coló-
nias portuguesas.
Já no início dos anos 80, a sua relação
com o país fundou-se na relação de coope-
ração que estabeleceu com docentes e in-
vestigadores da Faculdade de Economia da
Universidade de Coimbra, e em particular,
com o Centro de Estudos Sociais (CES), do
qual é investigador associado.
EXPOSIÇÃOBIBLIOGRÁFICA
Como complemento desta conferência,
pode ser visitada na Biblioteca da FEUC.
até ao dia 16 de Junho, uma exposição bi-
bliográfica relativa à obra de Immanuel
Wallerstein.
A mostra engloba dezenas de trabalhos
de Wallerstein, alguns da referida Biblio-
teca, outros pertencentes a bibliotecas de
outros Departamentos da UC e ainda a
colecções particulares. A exposição foi or-
ganizada por Álvaro Garrido e Rosário
Pericão.
IImmmmaannuueell WWaalllleerrsstteeiinn jjáá ccoomm aass iinnssííggnniiaass ddoouuttoorraaiiss ccoonncceeddiiddaass ppeellaa UUCC
mmmmaannuueell WWaalllleerrsstteeiinn llaaddeeaaddoo ppoorr aallgguunnss ddooss ppaarrttiicciippaanntteess nnaa cceerriimmóónniiaa pprreessiiddiiddaa ppeelloo RReeiittoorr IImmmmaannuueell WWaalllleerrsstteeiinn llaaddeeaaddoo ppoorr BBooaavveennttuurraa SSoouussaa SSaannttooss,, sseeuu aapprreesseennttaannttee
15JJoorrnnaall ddaa UUnniivveerrssiiddaaddeeJunho 2006
NOTÍC IAS
CCaarrooss ccoolleeggaass::
Venho, por este meio, expressar a minha profunda
tristeza e revolta perante situações que não me deixam
indiferente e prestar homenagem a uma grande amiga e
lutadora: a Vanessa.
Os tempos mudam, mas nem tudo evolui na mesma
medida. Há alguns meses que tenho lidado diariamente
com uma rapariga bonita, simpática e deficiente neuro-
muscular.
Durante todo este tempo, tenho reparado em porme-
nores que, para mim, passavam despercebidos. A maior
parte das ruas têm os passeios desnivelados, as lojas e
espaços públicos não têm acessos, os autocarros não
estão adaptados de forma a que ela conheça melhor a
cidade que a acolheu, a Faculdade onde estuda não tem
rampa de acesso, apesar de já estar prometida... Só que,
tal como em muitos outros casos, também neste a obra
tem-se ficado pela promessa.
Mas, tudo isto para dizer que ambas participámos no
cortejo da Queima das Fitas e o cenário que nos era
apresentado era ambivalente. Por um lado, era bonito e
espectacular, onde alunos e pais de alunos demonstra-
vam o seu sentimento de felicidade. Afinal, a Queima
das Fitas é uma festa. Mas, ao mesmo tempo, era tam-
bém um cenário desolador. A falta de bom senso, a falta
de educação cívica e a falta de atenção por parte das
pessoas para situações como a da Vanessa, fizeram com
que os vidros das garrafas se fossem amontoando nas
ruas. Será que ninguém se apercebe que quando se
deixa uma garrafa de vidro no chão ela pode partir-se e
magoar alguém (como, aliás, aconteceu)? Para pessoas
que têm a sua mobilidade condicionada, como no caso
da Vanessa, a situação é ainda pior. Ela não furou as
rodas da cadeira que usa para se deslocar, mas… E se
furasse? Estariam a privar uma colega de participar num
momento tão importante da sua vida, não só académi-
ca como também pessoal!
Em cortejos futuros, a organização não deveria ter
mais atenção para estes aspectos que pouco dignificam
os estudantes e a universidade? Por que razão não se
colocam mais contentores ao longo do trajecto do cor-
tejo? Por que razão não hão-de as pessoas colocar as
garrafas em locais próprios ou juntá-las em vez de as ati-
rarem para qualquer lado? Para além de mostrarem bom
senso e boa educação, estariam a ajudar pessoas que,
como a Vanessa, estão limitadas e que, por desleixo de
alguns, se podem ver privadas de participar naquilo que
tanto anseiam.
Depois da festa, penso que chegou o momento de re-
flectir. Mudam-se os tempos, mudem-se as atitudes.
Opinião
AINDA A PROPÓSITO DO CORTEJO DA QUEIMA DAS FITAS
CCaarrttaa aabbeerrttaa aaooss eessttuuddaanntteess ddaa UUCC
CCrriissttiinnaa CCaassttrroo(aluna do 1.º ano da Faculdade de Psicologia
e Ciências da Educação da UC)
ADERENTES TÊM DIVERSOS BENEFÍCIOS
EEssttáá aa sseerr ccrriiaaddaa RReeddeeddee AAnnttiiggooss EEssttuuddaanntteess ddaa UUCC
Começou a ser construída, no corrente mês de
Junho, uma Rede de Antigos Estudantes da
Universidade de Coimbra. Apesar de estar no iní-
cio, conta já com mais de uma centena de ade-
sões.
Esta iniciativa visa, segundo fonte da Reitoria,
“reforçar os laços entre a Universidade e todos os
seus Antigos Estudantes, e promover a comunica-
ção e troca de experiências permanentes, ao nível
académico, profissional e social”.
Ao antigos estudantes da UC que aderirem a
esta Rede podem usufruir de uma série de servi-
ços, entre os quais: acesso a informação sobre a
Universidade de Coimbra; oportunidades de for-
mação adicional; recrutamento e gestão de carrei-
ra; acesso à Rede de Especialistas da
Universidade de Coimbra; benefícios e descontos
diversos; participação em eventos culturais, des-
portivos e sociais.
Como se depreende, este conceito de antigo es-
tudante não é equivalente ao de “estudante anti-
go”, isto é, mesmo os que agora acabaram o res-
pectivo curso podem já integrar a rede. Como re-
ferem os seus responsáveis, “a Rede está aberta
a todos quantos foram estudantes da
Universidade de Coimbra, através de qualquer
uma das suas Faculdades, ou para os que preten-
dem manter uma ligação estreita à Universidade”.
Os interessados em aderir a esta nova Rede
podem proceder ao respectivo registo electrónico
através do endereço www.uc.pt/encontros.
Quaisquer informações adicionais poderão ser
solicitadas através do telefone 239 853 123 ou do
telemóvel 96 44 53 222.
CURSO DE 5 ANOS PODE SER FEITO EM 4
FCTUC cria “Via Rápida”para os melhores alunosA Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de
Coimbra (FCTUC) acaba de criar a Via Rápida para os melhores
alunos.
Esta medida, pioneira no país, permite aos estudantes com
melhor aproveitamento a conclusão em apenas 4 anos de um
curso com a duração normal de 5 anos.
A Via Rápida, aprovada por alunos e professores, avança já
no próximo ano lectivo (2006 / 2007) para os novos
estudantes e pretende, de acordo com o Presidente do
Conselho Directivo da FCTUC, João Gabriel Silva, “atrair os
melhores alunos para a Faculdade de Ciências e Tecnologia,
criando condições para que possam concluir o seu curso um
ano mais cedo”.
João Gabriel Silva defende que “uma escola de excelência
como a FCTUC deve premiar os bons alunos, promovendo a
diferenciação positiva”. E conclui:
“Este estímulo é decisivo para a vida académica do aluno
que, ao finalizar o seu curso mais cedo, pode prosseguir mais
rapidamente para um mestrado ou doutoramento”.
Assumindo-se como uma escola europeia de investigação, a
FCTUC pretende, também, neste contexto de excelência, atrair
mais estudantes estrangeiros, assegurando uma escola
atractiva.
A FCTUC está na primeira linha da inovação e investigação,
encontrando-se envolvida em projectos de investigação
científica cujo financiamento ascende a 32 milhões de euros.
De assinalar que 12 dos seus Centros de Investigação foram
classificados com Excelente ou Muito Bom pela Fundação para
a Ciência e Tecnologia.
O Gabinete de Comunicação e Identidade (GCI)
da UC está a criar uma “newsletter” electrónica,
com periodicidade mensal, e de que foi já elabo-
rada uma edição experimental.
A primeira edição completa da “newsletter”
será distribuída no próximo mês de Julho a cerca
de 2 mil elementos da UC cujos endereços de e-
mail são conhecidos pelo GCI (como é referido no
citado número experimental a que o “Jornal da
Universidade” teve acesso). É também feito um
apelo aos membros da Comunidade Universitária
no sentido de colaborarem.
Os contributos, para que possam ser incluídos
no primeiro número da “newsletter”, a editar em
Julho, deverão ser enviados até ao próximo dia
26 de Junho para [email protected], ou contactan-
do a dr.ª Marta Rio Torto através do telefone 239
859 819.
UUCC eeddiittaa ““nneewwsslleetttteerr”” eelleeccttrróónniiccaa
ACADEMIA16 JJoorrnnaall ddaa UUnniivveerrssiiddaaddeeJunho 2006
PROJECTO LEVA MATEMÁTICA AO HOSPITAL PEDIÁTRICO
AApprreennddeerr aa BBrriinnccaarr
ANTÓNIO JOSÉ FERREIRA
Sílvia Barbeiro e Adérito Araújo, do De-
partamento de Matemática da FCTUC e
dois dos principais mentores do projecto
“Aprender a Brincar”, acederam a falar ao
“Jornal da Universidade” com o objectivo
de dar a conhecer mais pormenores so-
bre as acções que visaram levar a Mate-
mática às crianças internadas no Hospital
Pediátrico de Coimbra.
Trata-se de um projecto financiado pela
Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT),
através do Programa Ciência Viva, e que
conta com o envolvimento de diversas enti-
dades: Hospital Pediátrico de Coimbra, De-
partamento de Matemática da Faculdade de
Ciências e Tecnologia da Universidade de
Coimbra, Associação Portuguesa de Estu-
dantes de Física, Agrupamento de Escolas
Martim de Freitas, Núcleo de Estudantes de
Matemática e Engenharia Geográfica da As-
sociação Académica de Coimbra e Núcleo de
Estudantes do Departamento de Física da
Associação Académica de Coimbra. Conta
ainda com a participação de alunos dos De-
'partamentos de Física e Matemática, em re-
gime de voluntariado. Após uma dezena de
sessões, o balanço é apontado como fran-
camente positivo.
De acordo com os responsáveis, “a hos-
pitalização é, na maioria dos casos, um
momento agressivo, doloroso e assusta-
dor para a maioria das pessoas, sobretu-
do crianças, e nem sempre atitudes pura-
mente farmacológicas são suficientes pa-
ra suprimir esse desconforto”. Tendo pre-
sente que “a debilidade física em que se
encontram os doentes nem sempre é
acompanhada por uma diminuição das
suas capacidades intelectuais”, este pro-
jecto visa “promover parcerias com vári-
as instituições de ensino e associações
de estudantes, no sentido de serem de-
senvolvidas actividades que estimulem o
gosto pela ciência nas crianças interna-
das no Hospital Pediátrico de Coimbra e,
em especial, nas que frequentam a esco-
la aí instalada. Em termos mais concre-
tos, é objectivo deste projecto promover
actividades semanais dinamizadas por
alunos dos Departamentos de Matemáti-
ca e de Física da FCTUC e acompanhadas
pelos educadores e enfermeiros do Hos-
pital. Pretende-se também que estas acti-
vidades possam ser continuadas na au-
sência dos alunos universitários envolvi-
dos no projecto”.
Do programa de acção constam diver-
sas actividades que “exploram áreas da
Matemática e da Física, das quais se des-
tacam jogos de estratégia, teoria dos gra-
fos, paridade, divisibilidade, grandes nú-
meros, óptica, astronomia, electricidade,
electromagnetismo, mecânica clássica e,
entre outros, termodinâmica“.
OO oobbjjeeccttiivvooddee ddeesseennvvoollvveerr oo ggoossttooppeellaass cciiêênncciiaass nnaass ccrriiaannççaass
iinntteerrnnaaddaass eesstteevvee nnaaggéénneessee ddoo pprroojjeeccttoo““AApprreennddeerr aa BBrriinnccaarr””,,llaannççaaddoo ppeelloo DDeeppaarrttaammeennttooddee MMaatteemmááttiiccaa ddaa FFCCTTUUCCee ccuujjoo bbaallaannççooéé eexxttrreemmaammeenntteeppoossiittiivvoo
17JJoorrnnaall ddaa UUnniivveerrssiiddaaddeeJunho 2006
DESPORTO
AAC E OAF ASSINAM PROTOCOLO DE ENTENDIMENTO
FFiimm ààss ddiivveerrggêênncciiaassO entendimento que se impunha! Com
mediação de Seabra Santos, Reitor da
Universidade de Coimbra, e perante re-
presentantes de várias secções desporti-
vas, os Presidentes da Associação Acadé-
mica de Coimbra e do Organismo Autó-
nomo de Futebol, respectivamente Fer-
nando Gonçalves e José Eduardo Simões,
assinaram um protocolo que põe termo
aos problemas do passado e abre pers-
pectivas de maior proximidade e trabalho
conjunto no futuro.
O acordo assinado pretende uma maior
regulação na relação entre as duas insti-
tuições da cidade de Coimbra. Ultrapas-
sadas de vez estão questões que se
prendiam com dívidas antigas, havendo a
promessa de que todos os pagamentos
passarão a ser feitos a tempo e horas, de
modo a que o normal funcionamento das
secções não seja posto em causa, e com
a utilização do emblema, definitivamente
utilizado por ambas as partes, pondo-se
termo à multiplicidade de símbolos que
chegou a verificar-se. A utilização conjun-
ta de espaços desportivos está igualmen-
te prevista, aventando-se a possibilidade
de concentração de jogos das camadas
jovens no Estádio Universitário.
Uma nova forma de cálculo nos valores
do Bingo, mais clara e objectiva, é outro
dos pontos do protocolo.
Em relação ao Bingo, registe-se ainda
que a nova sala de jogos, no Estádio
Cidade de Coimbra, aguarda aval camará-
rio, prevendo-se que a inauguração possa
coincidir com o início da nova época des-
portiva.
Trata-se, em suma, de um acordo que
encerra as divergências do passado e que
lança bases de entendimento para uma
cooperação mais frutífera no futuro, da
qual todos terão a tirar o maior partido,
as instituições envolvidas e a própria ci-
dade.
PROTOCOLO COM A UC DISPONIBILIZA RESIDÊNCIA PARA ESTUDANTES-ATLETAS
MMoonntteemmoorr--oo--VVeellhhoo ddáá bboomm eexxeemmppllooddee aalliiaannççaa eennttrree eessttuuddooss ee ddeessppoorrttoo
O Presidente da Câmara Municipal de
Montemor-o-Velho, Luís Leal, prometeu
que já no próximo mês de Setembro a
autarquia vai disponibilizar duas residên-
cias para albergar estudantes universitá-
rios que sejam, simultaneamente, atletas
de alto rendimento na canoagem.
A promessa foi feita no passado dia 21
de Maio, na cerimónia de assinatura de
um protocolo entre a referida autarquia, a
Universidade de Coimbra (UC) e a
Federação Portuguesa de Canoagem
(FPC).
Luís Leal classificou a UC como parcei-
ro estratégico e considerou a FPC como
aliada, tendo desafiado outras organiza-
ções desportivas a aderirem a este pro-
jecto que pretende transformar o Centro
Náutico de Montemor-o-Velho numa es-
trutura de excelência, única a nível nacio-
nal.
O repto foi lançado, nomeadamente, às
federações de natação, de remo e de tria-
tlo, sublinhando Luís Leal as excelentes
condições que Montemor-o-Velho pode
proporcionar como local privilegiado para
a prática de desportos náuticos.
O Presidente do executivo municipal
montemorense revelou ter tido a promes-
sa do Governo, através do Secretário de
Estado Laurentino Dias, de que o Centro
Náutico local será considerado como um
dos empreendimentos prioritários no pró-
ximo Quadro Comunitário, esperando-se
que em 2008 o complexo esteja total-
mente construído.
O Presidente da FPC, Mário Miguel
Santos, considerou este protocolo como
sendo de grande importância para o de-
senvolvimento da canoagem no nosso
País.
Também o Presidente do Comité
Olímpico Português (COP), Vicente de
Moura, elogiou o Centro Náutico de Mon-
temor-o-Velho e realçou a sua importân-
cia para o desenvolvimento dos despor-
tos aquáticos, sublinhando depois o sig-
nificado do protocolo, já que aliava o
desporto de alto rendimento ao ensino
universitário. Teve ainda palavras de
muita simpatia para a Câmara Municipal
de Montemor-o-Velho e para o respectivo
Presidente, aproveitando para referir que
o desenvolvimento do desporto no nosso
Pais se fica a dever, em boa parte, às au-
tarquias locais.
Por seu turno, o Reitor da Universidade
de Coimbra, Seabra Santos, considerou
também que o protocolo se revestia de
grande interesse e pioneirismo, facilitan-
do uma evolução qualitativa nas carreiras
académicas e desportivas dos jovens es-
tudantes e atletas. Seabra Santos lem-
brou haver muitos e bons exemplos nou-
tros países, que aqui se devem seguir, fa-
cilitando o acesso dos estudantes à com-
petição de alto nível.
O complexo que a Câmara Municipal de
Montemor-o-Velho vai disponibilizar já a
partir de Setembro, engloba as duas uni-
dades residenciais, onde os estudantes
têm condições para aliar as suas activida-
des escolares com o treino desportivo. O
complexo permitirá igualmente albergar
estudantes estrangeiros.
Cerimónia de assinatura do protocolo
Luís Leal
DESPORTO18 JJoorrnnaall ddaa UUnniivveerrssiiddaaddeeJunho 2006
PEDRO REBELO APONTA RESPONSÁVEIS PELA CONQUISTA DA TAÇA NACIONAL DE CADETES EM BASQUETEBOL
““OO êêxxiittoo ddeevvee--ssee ààss aatletas”
ANTÓNIO JOSÉ FERREIRA
“Quando fui convidado para treinar
esta equipa fiquei um pouco apreensivo,
pois vinha de um ciclo a treinar seniores
masculinos na AAC e no Olivais“. São pa-
lavras de Pedro Rebelo, treinador da
equipa de Cadetes Femininos da AAC que
recentemente venceu a Taça Nacional da
categoria. “O meu receio”, prossegue,
“prendia-se com o facto de ir treinar me-
ninas dos 13 aos 15 anos, cada uma com
a sua maneira de ser, e isso preocupava-
-me pois tinha receio de ser um pouco
agressivo na maneira de querer as coisas
e elas ficarem melindradas. Além disso, o
plantel era muito escasso pois no princí-
pio tínhamos apenas três ‘miúdas’ de se-
gundo ano e quatro de primeiro. Depois
juntaram-se duas Iniciadas e lá começá-
mos a nossa longa caminhada, acabando
com onze atletas inscritas neste escalão”.
No entender de Pedro Rebelo “o êxito
deveu-se a muito trabalho por parte das
atletas, que tiveram uma percentagem de
presenças nos treinos muito perto dos
cem por cento e assimilaram a maneira
de jogar que lhes incuti, baseada numa
grande entreajuda em todos os sectores,
defender muito bem, todas ao ressalto e
depois uma arma muito forte que era o
contra-ataque. E nunca baixar os braços,
sobretudo nas adversidades. Foi por tudo
isto que ao longo de quase 40 jogos só
perdemos dois no Campeonato Regional
e outros dois na Taça Nacional. Em suma,
estas ‘miúdas’ foram espectaculares a
todos os níveis”.
Uma caminhada vitoriosa tem sempre
vários obreiros e Pedro Rebelo não es-
quece todos aqueles que contribuíram pa-
ra a conquista da Taça Nacional: “Quero
agradecer às atletas juniores, que nos
ajudaram treinando com assiduidade com
a nossa equipa. São elas Inês Rebelo, Te-
resa Barbosa, Liliana Almeida, Luísa Nora,
Mafalda, Ana Coimbra, Joana Serôdio e
mais uma ou outra que de vez em quan-
do apareciam e nos permitiam fazer uns
treinos mais ‘puchadinhos’. Sem esque-
cer as ajudas do Presidente, dos Direc-
tores e Seccionistas, nomeadamente Edu-
ardo Seixas, João Horácio, Carmo Rebelo
e Fátima Coimbra. Uma palavra final para
o João Medeiros, que nos ajudou a fazer
com que a verdade desportiva falasse
mais alto, e a todos aqueles que com pão,
carne e outras ‘ajudazitas’ nos deixaram
ir até onde fomos. Espero que este êxito
faça com que as entidades olhem mais
para os nossos jovens, pois temos maté-
ria-prima mas não temos apoios quase
EESSTTUUDDAANNTTEESS FFEESSTTEEJJAARRAAMM CCOONNQQUUIISSTTAA DDAA TTAAÇÇAA
BBaannhhoo ddee ggllóórriiaa
AA ccoonnqquuiissttaa ddaa TTaaççaa NNaacciioonnaall ffooii ffeesstteejjaaddaa ppeellaass ““eessttuuddaanntteess”” ddee ffoorrmmaa ““ssuuii ggeenneerriiss““,, ccoomm ddiirreeiittoo aa bbaannhhoo nnaass áágguuaass ddee VViiaannaa ddoo CCaasstteelloo..EEssttáá ddee ppaarraabbéénnss ttooddoo oo ggrruuppoo ddee ttrraabbaallhhoo qquuee ttrroouuxxee aa TTaaççaa ppaarraa CCooiimmbbrraa::SSoorraaiiaa SSeeiixxaass,, FFiilliippaa JJooããoo,, RRiittaa CCaannaass,, RRaaqquueell FFiilliippee,, FFiilliippaa GGrraaddee,, IInnêêss CCuunnhhaa,, PPaattrríícciiaa FFiiddaallggoo,, SSaarraa FFiilliippee,, JJooaannaa NNeevveess,, SSooffiiaa CCaarroolliinnaaee RRiittaa BBiiggoottttee ((aattlleettaass));; PPeeddrroo RReebbeelloo ((ttrreeiinnaaddoorr));; CCaarrmmoo RReebbeelloo ((ddiirriiggeennttee));; EEdduuaarrddoo SSeeiixxaass ee JJooããoo HHoorráácciioo ((sseecccciioonniissttaass))..
Depois de vários anosno basquetebol sénior,o gosto pela modalidadelevou Pedro Rebeloa aceitar o desafiode treinar uma equipa deformação. O resultado estáà vista, com a conquistada Taça Nacional pelaequipa de CadetesFemininos da AssociaçãoAcadémicade Coimbra (AAC)
PPeeddrroo RReebbeelloo
pagina18-19.qxp 22-06-2006 0:54 Page 1
19JJoorrnnaall ddaa UUnniivveerrssiiddaaddeeJunho 2006
àss aattlleettaass””
A “capitã” Soraia Seixas foi a porta-voz
do grupo de trabalho para “explicar” ao
Jornal da Universidade o êxito obtido na
Taça Nacional. “Contrariamente a todas as
expectativas“, adianta, “a época teve um
balanço muito positivo. Inicialmente poucos
acreditavam que pudéssemos chegar tão
longe, mas com esforço e muito trabalho,
aliados a um grande espírito de equipa,
tudo foi possível“.
O segundo lugar na zona norte da Taça
Nacional garantiu o apuramento para a “Final
4”, momento das grandes decisões. “O mais
difícil estava conseguido“, lembra a “capitã”
da Académica, para quem “o facto de termos
chegado à fase final já era motivo de orgulho
e já superava todas as expectativas. Mas o
nosso objectivo foi sempre vencer a Taça
Nacional e foi para isso que lutámos, tendo
sido o nosso acreditar, dedicação e empenho
factores preponderantes nessa luta“. No jogo
decisivo, depois de ultrapassada a Quinta
dos Lombos (47-34), as “estudantes” leva-
ram a melhor sobre a Escola Limiana (57-53)
num jogo onde “o nervosismo de estarmos
na final e o cansaço apoderaram-se de nós e
não iniciámos a partida da melhor maneira.
No entanto, nunca duvidando das nossas ca-
pacidades e sem nunca desistirmos, demos
a volta, e após um desafio bastante equilibra-
do e sofrido tornámo-nos, meritoriamente,
nas novas detentoras da Taça Nacional. Con-
seguimos assim um feito histórico, na medi-
da em que inscrevemos pela primeira vez o
nome da AAC numa das mais importantes
competições do basquetebol feminino portu-
guês“. A conquista do ceptro foi festejada de
forma pouco habitual pois “como prometido,
após a cerimónia de entrega da Taça, rumá-
mos para a praia onde, ainda com o equipa-
mento de jogo, mergulhámos todas de mãos
dadas no mar. O enorme contentamento que
nos invadia fez esquecer a água gelada, o frio
e o vento“.
Soraia Seixas aproveitou a conversa com
o “Jornal da Universidade” para dar conta
que “se chegámos onde chegámos, não o
devemos exclusivamente a nós. A união e o
espírito de equipa, a dedicação e o trabalho
foram factores decisivos, mas nada teríamos
conseguido sem o apoio incondicional e a
colaboração extrema, não só do treinador,
Pedro Rebelo, com quem muito aprende-
mos e a quem devemos a posição obtida,
mas também do próprio organismo da
Académica, da directora Carmo Rebelo e
dos seccionistas João Horácio e Eduardo
Seixas, bem como familiares e amigos que
foram presença assídua ao longo de todas
as competições. Em nome da equipa, só
tenho a agradecer a essas pessoas que
sempre acreditaram em nós e desde o iní-
cio souberam do nosso valor e nos conside-
raram capazes de um feito a este nível. A
todos o nosso sincero agradecimento“.
A terminar, um lamento deixado pela “ca-
pitã” de equipa das “estudantes”: “Depois
de uma época de méritos e inquestionavel-
mente positiva, apenas é de lamentar o
facto de só termos uma atleta na selecção
distrital. Apesar do respeito pela opção, tal
não pode deixar de provocar uma certa tris-
teza e mágoa, pois só demonstra que nem
todos reconheceram o nosso valor“.
SORAIA SEIXAS CAPITANEOU EQUIPA DA ACADÉMICA
““CCoonnsseegguuiimmooss uumm ffeeiittoo hhiissttóórriiccoo””
SSoorraaiiaa SSeeiixxaass
nenhuns. A Câmara Municipal de Coimbra
foi excepção, ajudando-nos com o tran-
sporte nos jogos da Taça Nacional”.
A terminar, registámos o exemplo de
Pedro Rebelo por ter aceite treinar uma
equipa de formação numa altura em que
não está à frente de qualquer equipa sé-
nior. Respondeu que “apenas fiz o que
gosto, que é estar ligado ao basquetebol,
desde os Minis aos Seniores. O trabalho
tem que ser feito com gosto e seriedade
e é isso que me traz aqui”.
AAC CONQUISTOU LIGA UNIVERSITÁRIA DE FUTSAL
ÉÉppooccaa vviittoorriioossaa
A equipa sénior de futsal univer-sitário da AAC conquistou, recen-temente, a Liga Universitária deFutsal, depois de ter levado devencida a “Final Four” disputadaem Vila Real. Segue-se, agora,uma competição na Sérvia, entreos vencedores de vários países
BRUNO GARRIDO
A temporada correu de feição. Aolongo das dezoito partidas, os comanda-
dos de Pedro Bastos passearam superi-oridade, tendo apenas sido batidos emduas ocasiões, somando no total quinzevitórias. No início da temporada, o ob-jectivo passava por “chegar à segundafase”, segundo o técnico academista. Naopinião deste, “o triunfo no campeonatofoi mais que merecido, pois a carreiraque realizámos não deixou dúvidas aninguém que fomos a melhor equipa”. Aboa performance da AAC permitiu-lhegalgar os obstáculos necessários paraque “a vitória no ‘play-off’ e a conse-quente passagem à Final Four” se tor-nassem também uma meta a atingir. Avitória nas meias-finais, por 4-3, ante aUBI, abriu caminho para a final, na quala AAC se superiorizou à UM (2-1), apósprolongamento.
De seguida, a Briosa vai jogar à Sér-via, onde defrontará equipas vencedo-ras das competições dos seus países.A expectativa para esta prova é a me-lhor, como sublinha Pedro Bastos: “Nãoconheço a qualidade dos adversáriosmas a nossa mentalidade não se alte-ra, é sempre entrar em qualquer jogopara ganhar”. Não seria possível atin-gir esta fase se não fosse a “união dogrupo”, que, para o treinador da AAC,foi o segredo da excelente temporadarealizada.
NNoo eenntteennddeerr ddee PPeeddrroo BBaassttooss oo ttrriiuunnffoonnoo ccaammppeeoonnaattoo ffooii mmeerreecciiddoo
OO ggrruuppoo ddee ttrraabbaallhhoo ddaa AAAACC vveenncceeuu aa LLiiggaa ddee FFuuttssaall UUnniivveerrssiittáárriioo
FFuutteebbooll ee MMaatteemmááttiiccaaO Departamento de Matemática da Facul-
dade de Ciências e Tecnologia da Universi-
dade de Coimbra (FCTUC), vai promover no
dia 17 de Junho (sábado) uma iniciativa inti-
tulada "A Matemática e o Futebol".
Esta actividade surge no âmbito do projec-
to “Actividades Matemáticas”, a decorrer no
primeiro piso do Departamento de Matemá-
tica da UC.
Destinada a jovens dos 10 aos 15 anos,
seus pais e professores, “A Matemática e o
Futebol” inicia-se às 14 horas com a trans-
missão do jogo de futebol Portugal – Irão,
em ecrã gigante, prosseguindo, às 16 horas,
com a sessão “A Matemática e o Futebol” pe-
los professores Ana Almeida e Filipe Oliveira.
Segundo os organizadores desta curiosa
iniciativa, durante a sessão vão ser propos-
tos vários exercícios aos estudantes. Por
exemplo:
“Quantos jogadores, no mínimo, terão de
participar no Campeonato do Mundo para
termos a certeza absoluta que estão presen-
tes pelo menos dois, cujos nomes tenham as
mesmas primeira e última iniciais?”.
Não sabe responder? Parece-lhe complica-
do? Vá assistir a esta sessão e certamente
modificará essa ideia…
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ENTREV ISTA20 JJoorrnnaall ddaa UUnniivveerrssiiddaaddeeJunho 2006
JOAQUIM DINIZ VIEIRA FALA DA REQUALIFICAÇÃO DO ESTÁDIO UNIVERSITÁRIO
““OOss pprroojjeeccttooss ssããoo ffuunn damentais”Cerca de 16 milhões de euros.Sem IVA. Foi esta a verba esti-mada, em 2004, aquando da ela-boração de um estudo detalhadocom vista à requalificação doEstádio Universitário de Coimbra(EUC), fundamental para propor-cionar melhores condições a cen-tenas de utilizadores, universitá-rios e conimbricenses em geral. Dois anos volvidos, numa alturaem que muitos passos já foramdados, o “Jornal daUniversidade” conversou comJoaquim Diniz Vieira, Director doEUC e membro da Comissão parao Plano de Desenvolvimento da-quele complexo desportivo
ANTÓNIO JOSÉ FERREIRA E BRUNO GARRIDO
QQuuaannddoo ssee oouuvviiuu ffaallaarr,, ppeellaa pprriimmeeiirraa vveezz,,
nnaa rreeqquuaalliiffiiccaaççããoo ddoo EEssttááddiioo UUnniivveerrssiittáárriioo
((EEUUCC))??
Estou à frente do EUC desde Novembro de
2003 e logo nessa altura, quando surgiu o
convite para assumir o cargo, a Reitoria ma-
nifestou a intenção de proceder à requalifica-
ção do Estádio, como objectivo a desenvol-
ver a curto prazo. Isso veio a verificar-se logo
de seguida, com a constituição de uma Co-
missão para o Plano de Desenvolvimento do
EUC, formada por António Gomes Martins
(Vice-Reitor, coordenador), Raimundo Men-
des da Silva (Pró-Reitor), João Roquette (Pre-
sidente do Estádio Universitário de Lisboa),
Joaquim Diniz Vieira (Director do Estádio Uni-
versitário de Coimbra), Ricardo Lino (mem-
bro da Direcção-Geral da AAC) e Eduardo
Cabrita (membro do Conselho Desportivo da
AAC). Esta nomeação teve autorização da
Ministra da Ciência e do Ensino Superior da
altura.
JJáá nneessssaa aallttuurraa hhaavviiaa,, eennttããoo,, aa ccoonnvviiccççããoo
ddee qquuee uummaa oobbrraa ddeessttaass sseerriiaa vviittaall ppaarraa eessttee
eessppaaççoo??
Exactamente. Já existia alguma degrada-
ção e para que este espaço pudesse ser ape-
tecível, não só para a prática do desporto
universitário mas para o público em geral,
uma vez que este é um espaço aberto à ci-
dade, teríamos que dar condições e daí esta
necessidade de requalificação.
NNeessttee mmoommeennttoo,, eemm qquuee ppoonnttoo eessttããoo aass
ccooiissaass??
Na elaboração deste relatório (do plano
de desenvolvimento do EUC) foram traça-
das as grandes linhas de intervenção.
Temos intervenções a nível das edificações,
a nível das áreas funcionais exteriores e
este plano de desenvolvimento tem em si
toda a intenção de levar por diante esse
tipo de intervenções. Mas para o fazer, era
necessário que algo se concretizasse num
documento que reunisse todas as inten-
ções que estavam neste plano, que surge
coma forma de um plano de ordenamento,
que deve ser agora entregue pela equipa
de projectistas.
QQuuaaiiss aass iinntteerrvveennççõõeess ddee ffuunnddoo qquuee sseerrããoo
lleevvaaddaass aa ccaabboo??
Requalificados e conservados serão os pa-
vilhões 1 e 3, ao passo que o pavilhão 2, o
mini-pavilhão e a antiga piscina serão demo-
lidos. Vão também surgir novas edificações,
como o Centro Aquático que será erigido no
local onde agora se situa o mini-pavilhão. Na
zona sul do EUC será construído um novo
pavilhão, que funcionará como Complexo
Desportivo. Existirá também uma requalifica-
ção dos campos de ténis, sendo que dois
deles passarão a ser cobertos. Existe tam-
bém uma interacção deste plano com o pro-
grama Polis, que define a construção de uma
via que passará entre o pavilhão 1 e o edifí-
cio situado em frente a este.
UUmmaa oobbrraa ddeessttaa mmaaggnniittuuddee eennvvoollvvee vveerrbbaass
aassssiinnaalláávveeiiss.. DDee oonnddee vviirráá oo ffiinnaanncciiaammeennttoo
ppaarraa qquuee ssee ccoonnccrreettiizzee??
Esse era um dos pontos que nos preocu-
pava quando formámos a comissão.
Contamos com financiamentos provenientes
do Ministério, mas este tipo de intervenção
tem, também, que ser aberto a parcerias
com a Câmara e a outro tipo de investimen-
tos que sustentem um valor deste género,
além do auto-financiamento. A Universidade
participaria com um investimento na ordem
dos 10% do valor total da intervenção e ad-
mite-se que os parceiros públicos e privados
possam ter uma participação de cerca de
15%. A Câmara Municipal de Coimbra tem
manifestado por diversas ocasiões o seu em-
penho no co-financiamento do projecto. Os
restantes 75%, necessariamente, têm que ter
origem em programas de financiamento do
Estado, através do Ministério, do IDP e de
verbas do PIDAC ou outras a que o EUC e a
própria Universidade se possam candidatar.
Estamos a falar de um valor que, na altura,
se estimava, em cerca de 16 milhões de
euros, sem IVA.
PPaarraa qquuaannddoo ssee pprreevvêê qquuee CCooiimmbbrraa ppoossssaa
uussuuffrruuiirr ddeessttaa iinnffrraa--eessttrruuttuurraa,, jjáá rreeqquuaalliiffiiccaaddaa??
Em 2004 a nossa previsão apontava para
cinco anos, mas é evidente que estas situa-
ções dependem sempre das verbas. Para
nós os projectos são fundamentais, porque
se eles ainda não existem quando se conse-
guem as verbas as coisas acabam por se
fazer de forma atabalhoada. Por isso, a
nossa grande aposta foi termos projectos já
elaborados. E nesse sentido estão a ser ela-
borados três projectos: de requalificação da
tribuna, que era dos edifícios mais degrada-
dos do EUC. É um espaço central e de servi-
ços e que comporta uma série de balneários
que estão extremamente degradados; do
Centro Aquático; e de requalificação dos cor-
tes de Ténis. São três projectos muito impor-
tantes, não só porque são estruturantes, no
caso da tribuna, mas também pela oferta
que o Centro Aquático, por exemplo, pode
proporcionar.
DOMINIC CROSS FOI PORTA-VOZ DO CONSELHO DESPORTIVO
““OObbrraa ddee ggrraannddee iimmppoorrttâânncciiaa””Em representação do Conselho Desportivo
da AAC (CD), órgão que superintende a acti-
vidade das secções desportivas, Dominic
Cross afirmou ao “Jornal da Universidade”
que “a requalificação do EUC é uma obra de
grande importância, pois este encontra-se
num estado bastante degradado. A requalifi-
cação está nas mãos da Reitoria, que, ao
que sei, está bastante empenhada na obra“.
Grande parte das secções da Associação
Académica de Coimbra utilizam o EUC, pelo
que a sua “requalificação será importante
para as diversas modalidades, para que pos-
sam melhorar a sua prática desportiva e ter
outras condições que de momento não dis-
põem“. Dominic Cross deu conta de proble-
mas presentes com que o CD se depara, al-
guns “bastante complicados. Por exemplo,
quando chove o ringue do pavilhão nº1 fica
molhado, o que dificulta a prática da patina-
gem. E mesmo os balneários estão em con-
dições lamentáveis“.
Com esperança de que a requalificação
do EUC seja uma realidade, a breve
prazo, o representante do CD sabe que
“não é por falta de empenho que a obra
não avança, no entanto a reitoria tem tam-
bém em mãos outras obras de monta,
como a criação do Pólo de Saúde e de
uma Faculdade de Desporto e Educa-
ção Física. Depois destas obras con-
cluídas, penso que o processo avança-
rá“, concluiu.
JJooaaqquuiimm DDiinniizz VViieeiirraa
DDoommiinniicc CCrroossss
21JJoorrnnaall ddaa UUnniivveerrssiiddaaddeeJunho 2006
ENTREV ISTA
n ddaammeennttaaiiss””
“O Estádio Universitário marcou muita
coisa na minha vida! Primeiro como jo-
gador de futebol da Associação Aca-
démica de Coimbra, onde durante mui-
tos anos utilizei aquele estádio e onde
inclusivamente tive uma lesão que me
afastaria do futebol. Mais tarde, como
treinador, aquele campo tornou a ser
uma parte de mim próprio. Pisei muitas
vezes aquela relva e muitas vezes lá
treinei, à chuva, ao vento, ao sol. Mui-
tos e muitos estudantes e jogadores da
Académica comigo por ali passaram. Ali
treinavam também praticamente todas
as secções da Académica e criava-se
uma grande amizade entre todos, de tal
forma que muitas vezes esperávamos
uns pelos outros no final dos treinos. E
muitas vezes fazíamos aqueles almoços,
de tertúlia, entre todas as modalidades.
O Estádio Universitário, na altura, unia
todas as secções da AAC e toda a juven-
tude que praticava desporto. Hoje, infe-
lizmente, parece-me que essa vertente
não está tão enraizada como antiga-
mente. Fiquei muito satisfeito quando
numa das manifestações culturais da
Associação Académica, o Sr. Secretário
de Estado se prontificou e garantiu que
aquela área ia ser recuperada. Espero
que isso seja uma realidade e que o
Estádio Universitário seja adaptado às
realidades do presente. Tem condições
como poucos sítios em Portugal para se
poder fazer uma parque desportivo com
todas as exigências actuais e não pode,
de maneira nenhuma, continuar a ser
desprezado ano após ano. Não pode-
mos continuar a assistir à contínua de-
gradação, que é uma realidade no dia-
a-dia. Espero que aquelas palavras, que
nos deixaram a todos com muita espe-
rança, sejam realmente para cumprir“.
MMeemmóórriiaass ddoo EEssttááddiiooAAoo lloonnggoo ddee mmaaiiss ddaa qquuaattrroo ddééccaaddaass ddee aaccttiivviiddaaddee,, oo EEssttááddiioo UUnniivveerrssiittáárriioo ddee
CCooiimmbbrraa sseerrvviiuu ddee ““ooffiicciinnaa”” ddee ttrraabbaallhhoo aa ssuucceessssiivvaass ggeerraaççõõeess ddee aattlleettaass,, ddee
mmaaiiss ddee vviinnttee mmooddaalliiddaaddeess,, ee ffooii ppaallccoo ddee ddiissttiinnttooss êêxxiittooss ee vvaarriiaaddaass eemmooççõõeess..
PPaarraa ccoommpplleemmeennttoo ddoo ttrraabbaallhhoo qquuee aapprreesseennttaammooss ssoobbrree aa rreemmooddeellaaççããoo ddaaqquuee--
llee eessppaaççoo ddee ffoorrmmaaççããoo ddee ddeessppoorrttiissttaass ee cciiddaaddããooss,, oo JJoorrnnaall ddaa UUnniivveerrssiiddaaddee
oouuvviiuu ddooiiss aannttiiggooss pprraattiiccaanntteess,, ddooss tteemmppooss eemm qquuee CCooiimmbbrraa ffaallaavvaa mmaaiiss aallttoo
nnoo ppaannoorraammaa ddeessppoorrttiivvoo nnaacciioonnaall,, ppaarraa qquueemm oo EEssttááddiioo UUnniivveerrssiittáárriioo ccoonnttiinnuuaa
aa sseerr uummaa eennoorrmmee rreeffeerrêênncciiaa..
FFRRAANNCCIISSCCOO AANNDDRRAADDEE - FUTEBOL
““PPaarrttee ddee mmiimm pprróópprriioo””
“Desportivamente, o Estádio Univer-
sitário foi onde vivi os maiores tempos
de glória, tanto a nível nacional como
internacional, ganhando muitos títulos
para a Associação Académica e para
Coimbra, com aquele pavilhão sempre
cheio de pessoas entusiastas. Além dis-
so as secções funcionavam como uma
família e todos víamos os jogos uns
dos outros. Começávamos ao sábado
de manhã e acabávamos ao domingo à
noite, vendo e apoiando o futebol, o at-
letismo, o andebol, o voleibol, o rugby,
o esgrima, etc. Era uma união especta-
cular entre todos. Talvez por isso eu
gostasse que aquele complexo voltasse
a trazer para Coimbra e para a AAC
tudo o que outrora me deu a mim“.
CCAARRMMOO RREEBBEELLOO - BASQUETEBOL
““UUnniiããoo eessppeeccttaaccuullaarr””
MAIS DE 40 ANOS DE ACTIVIDADE
MMaarrccaass ddoo tteemmppooO Estádio Universitário de Coimbra (EUC)
foi inaugurado em 1963, inserido num Pro-
grama de Desenvolvimento do Desporto
Universitário, em que assumiu especial im-
portância a construção dos Estádios Uni-
versitários de Lisboa, Porto e Coimbra.
O EUC depende da Reitoria e está situado
na margem esquerda do rio Mondego, a
cerca de 500 metros do centro da cidade
(Largo da Portagem). Com localização privile-
giada, o EUC, implantado numa área de 5
hectares, serve a actividade desportiva orien-
tada e promovida pela Associação Aca-
démica de Coimbra, o ensino e a investiga-
ção no âmbito da Faculdade de Ciências do
Desporto e Educação Física da Universidade
de Coimbra, Escolas do Ensino Básico e
Secundário e outras entidades institucionais,
estando também à disposição da comunida-
de local. Além das áreas administrativas e ofi-
cinas, inerentes ao seu funcionamento, o EUC
possui um auditório com 90 lugares, 2 cam-
pos relvados, uma pista de atletismo (500
metros), 1 campo de futebol (solo semiesta-
bilizado), várias áreas de recreação, 9 cam-
pos de ténis, um campo polivalente desco-
berto, com iluminação, uma parede de esca-
lada, dois pavilhões com várias áreas despor-
tivas para Basquetebol, Andebol, Hóquei em
Patins, Voleibol, Badminton, Futebol de
Salão, Ginástica Desportiva e Rítmica, Judo,
Karate, Culturismo, Halterofilia, Luta, Tiro com
Arco, Esgrima, Boxe, etc. O novo Pavilhão
Gimnodesportivo (Pavilhão III), serve o ensi-
no (Faculdade de Ciências do Desporto e
Educação Física), as competições escolares,
universitárias e federadas, os treinos das
Secções Desportivas da AAC, actividades de
Formação e Animação Desportiva
Universitária (alunos, docentes e funcioná-
rios). Este pavilhão dispõe de um espaço
para o público (500 lugares sentados) e de
um recinto desportivo polivalente, com 61m
x 28m, em soalho envernizado. Funciona
ainda no EUC uma pista de velocidade de
Radiomodelismo.
O EUC possui um Restaurante Univer-
sitário com funcionamento dependente
dos Serviços Sociais e uma Sala de Mus-
culação e de Treino Cardio-Vascular. En-
contra-se já em funcionamento um novo
sistema de video-vigilância, que permite
oferecer maior segurança em zonas perifé-
ricas do Estádio Universitário, e nos espa-
ços desportivos descobertos, particular-
mente no Inverno.
A cabo de mais de 40 anos de activida-
de, toda a área de actividade do EUC está
naturalmente degradada, apesar dos me-
lhoramentos que ao longo dos tempos fo-
ram sendo introduzidos. Daí que, natural-
mente, o anúncio de breve remodelação
feito em Janeiro passado pelo Secretário
de Estado da Juventude e Desportos tenha
caído como “sopa no mel” na comunidade
estudantil, em particular, e nos conimbri-
censes, de uma forma geral. Seis meses
volvidos, o Jornal da Universidade procu-
rou conferir junto de Laurentino Dias o
ponto da situação em relação à boa nova
então avançada. Sem êxito, apesar das di-
versas tentativas.
CCaarrmmoo RReebbeelloo
FFrraanncciissccoo AAnnddrraaddee
REPORTAGEM22 JJoorrnnaall ddaa UUnniivveerrssiiddaaddeeJunho 2006
COMPLETOU AGORA MEIO SÉCULO
BBiibblliiootteeccaa GGeerraall ddaa UUCCpprreecciissaa ddee mmaaiiss eessppaaççoo
O edifício da Biblioteca Geral da
Universidade de Coimbra completou ago-
ra meio século de existência. Trata-se de
uma das maiores bibliotecas portuguesas
e a maior biblioteca universitária do País,
albergando actualmente mais de um mi-
lhão de livros e outros documentos. En-
tre eles algumas preciosidades, como
uma primeira edição de “Os Lusíadas”,
as “Tábuas da Índia de D. João de Cas-
tro”, grande parte dos manuscritos de Al-
meida Garrett e a biblioteca pessoal de
Oliveira Martins.
Para assinalar a efeméride, foi aberta
uma exposição no exacto dia em que a
Biblioteca foi inaugurada há 50 anos: 29
de Maio.
Na oportunidade, o actual Director da
Biblioteca, Carlos Fiolhais, sublinhou que
ela continua a ser um espaço de excelên-
cia no que concerne ao respectivo es-
pólio, mas deixa muito a desejar no que
toca à funcionalidade.
Por isso Carlos Fiolhais defendeu que
se aproveitasse o espaço da actual Peni-
tenciária de Coimbra para ali instalar uma
“Casa do Conhecimento”, que incluiria a
Biblioteca Geral da Universidade e a
Biblioteca Municipal de Coimbra (curiosa-
mente duas das poucas bibliotecas por-
tuguesas que beneficiam do chamado
“depósito legal”, isto é, a lei determina
que obrigatoriamente lhes sejam remeti-
dos exemplares de tudo quanto se edita
em Portugal, desde os livros até aos
jornais e revistas).
A exposição comemorativa do meio sé-
culo do edifício (que pode ser visitada até
ao dia 15 do próximo mês de Julho), inclui
plantas e alçados da autoria do arquitecto
Alberto José Pessoa, fotografias e outros
documentos alusivos à Biblioteca.
Foi inaugurada, no início do corrente mês de Junho, uma
nova Livraria-Loja da Universidade de Coimbra. Está localizada
no átrio da Biblioteca Geral da UC, que foi objecto de pro-
fundas obras de melhoramento. Assim, este novo espaço
proporciona melhores condições de atendimento aos utentes,
que beneficiam ainda de uma área de exposição mais alargada.
Nova livraria-loja da UC
FOI A PRIMEIRA EDIFICAÇÃO EM PORTUGAL EXPRESSAMENTE PARA O ENSINO MÉDICO
Assinalados 50 anos da construçãoda Faculdade de Medicina de Coimbra
O Conselho Directivo da Faculdade de
Medicina da Universidade de Coimbra pro-
moveu, no dia 5 de Junho, uma série de ini-
ciativas destinadas a assinalar os 50 anos
do edifício onde a Faculdade funciona, e
que foi o primeiro, em Portugal, construído
de raiz expressamente para o Ensino Médico.
O programa incluiu uma comunicação in-
titulada “O Edifício da Faculdade de Me-
dicina - Arte, Política e Cidade”, por Nuno
Rosmaninho, docente do Departamento de
Línguas e Culturas da Universidade de
Aveiro, que aludiu à história daquela cons-
trução e ao respectivo enquadramento nos
aspectos citados.
Depois deste olhar para o passado de
um edifício muito marcante para o ensino
da Medicina, não só em Coimbra mas em
todo o País e mesmo em termos interna-
cionais, foi a vez de se abordar o futuro.
De facto, é sabido que dentro em breve a
Faculdade de Medicina passará para novas
instalações que estão a ser construídas no
chamado Pólo das Ciências da Saúde
(Pólo III), junto aos Hospitais da
Universidade de Coimbra. Assim, Manuel
Santos Rosa, Vice-Presidente do Conselho
Directivo da Faculdade de Medicina, apre-
sentou um “projecto de memória futura”.
Este projecto, que deverá estar patente no
edifício da Rua Larga aquando da transfe-
rência para o Pólo III, terá por intuito re-
cordar a importância daquela construção
para a Medicina Portuguesa, destacando
diversos aspectos do ensino e da investi-
gação que ali se praticaram ao longo de
mais de meio século.
Foi ainda inaugurada uma exposição, que
inclui documentos muito interessantes,
como fotografias da Rua Larga antes e de-
pois da construção do edifício e reprodu-
ções de notícias alusivas à respectiva inau-
guração oficial, a 29 de Maio de 1956.
Na cerimónia estiveram presentes o actual
Presidente do Conselho Directivo da
Faculdade de Medicina, Francisco Castro e
Sousa, e diversas outras entidades, tendo a
ela presidido o Reitor da UC, Fernando
Seabra Santos, que enalteceu o papel de-
sempenhado pela Faculdade de Medicina
ao longo deste meio século e mostrou o
seu optimismo relativamente ao futuro do
ensino da Medicina em Coimbra. O Reitor
teve ainda um comentário bem humorado,
revelando que aquele edifício e ele próprio
têm exactamente a mesma idade, mas que
a Faculdade de Medicina “está melhor con-
servada”.
23JJoorrnnaall ddaa UUnniivveerrssiiddaaddeeJunho 2006
HISTÓR IA
EM JUNHO DE 1969
UUnniivveerrssiiddaaddee ddee CCooiimmbbrraa ssiittiiaaddaa
A 17 de Abril de 1969 era inaugurado o
edifício da Matemática da Universidade
de Coimbra.
O então Presidente da AAC, Alberto
Martins (actual líder da bancada socialis-
ta na Assembleia da República), apesar
de ver rejeitado, dias antes, o pedido ao
Reitor para intervir na sessão, ousou le-
vantar-se e pedir a palavra.
O Presidente da República, Américo To-
más, levantou-se, perplexo com a ousa-
dia do Presidente da AAC, e depois de
sepulcral silêncio que durou largos se-
gundos, balbuciou: “Está bem. Mas antes
fala o sr. Ministro…”.
Mal o Ministro acabou o discurso, o
Chefe do Estado abandonou a sala, fugin-
do ao que prometera, e sendo por isso
vaiado pelos estudantes – coisa nunca
antes vista!...
Os estudantes da UC fizeram a sua pró-
pria cerimónia inaugural, manifestando a
discordância com a política do Governo
de então (que tinha como Ministro da
Educação o historiador, e posteriormente
apresentador de televisão, José Hermano
Saraiva).
Nesse mesmo dia a PIDE (polícia políti-
ca) prendia os dirigentes da AAC.
Em sinal de protesto contra as medidas
repressivas do regime, a Academia de Coim-
bra (então composta por cerca de 8 mil
alunos) decidiu, em Assembleia Magna
em que participaram mais de 5 mil estu-
dantes, fazer greve geral aos exames.
O Governo tentou boicotar essa greve,
e no dia 1 de Junho de 1969 (data do iní-
cio dos exames nas diversas Faculdades)
a cidade de Coimbra foi invadida por
grandes contingentes de forças especiais
da GNR (em viaturas militares e a cavalo)
e pela “Polícia de Choque” da PSP, que
cercaram toda a zona da Universidade com
dois objectivos: destroçar, pela força, os
piquetes de greve feitos pelos estudan-
tes; e escoltar os alunos que decidiram
“furar” a greve geral (uma percentagem
muito reduzida).
Assim se agudizou o processo que fi-
cou conhecido como “Crise Académica de
69”, com o movimento estudantil de
Coimbra a assumir tamanhas proporções
que foi impossível o regime abafar o que
estava a passar-se, pese embora as vio-
lentas cargas policiais que se repetiram
contra os estudantes – e de que a própria
população não raro foi também vítima. A
censura prévia impedia as notícias nos
órgãos de comunicação social nacionais,
que tentavam dar conta da situação nas
entrelinhas… Mas as rádios e os jornais
estrangeiros deram grande destaque a
esse movimento que acabaria por forçar
Marcelo Caetano a substituir o Ministro
da Educação e a permitir reformas no
sector. Apesar disso, os líderes estudan-
tis, depois da prisão, foram forçados a in-
terromper os seus cursos e a ingressar
nas Forças Armadas, e espalhados por
vários quartéis do País. Aí encetaram um
trabalho de sensibilização e politização
de muitos dos militares do quadro, pelo
que, desta forma, tiveram importante con-
tributo para o Movimento das Forças Ar-
madas que viria a depor o regime cinco
anos mais tarde, a 25 de Abril de 1974,
através de um golpe militar que devolve-
ria a Liberdade ao País, que de então pa-
ra cá vive em Democracia.
ÃÃllbbeerrttoo MMaarrttiinnss ffaallaannddoo nnaa sseessssããoo ddee 1177 ddee AAbbrriill ddee 11996699 AAmméérriiccoo TToommááss aacceeddee aa ddeeiixxaarr ffaallaarr oo PPrreessiiddeennttee ddaa AAAACC,, mmaass mmiinnuuttooss ddeeppooiiss aabbaannddoonnaa aa ssaallaa
CCooiimmbbrraa eemm eessttaaddoo ddee ssiittiioo nnoo ddiiaa 11 ddee JJuunnhhooddee 11996699,, ddaattaa ddoo iinníícciioo ddooss eexxaammeess nnaa UUCC
AAssppeeccttoo ddaa AAsssseemmbblleeiiaa MMaaggnnaa nnooss JJaarrddiinnss ddaa AAAACC ccoomm aa ppaarrttiicciippaaççããoo ddee mmiillhhaarreess ddee eessttuuddaanntteess
24 JJoorrnnaall ddaa UUnniivveerrssiiddaaddeeJunho 2006
ÚLT IMA
Im gem históricaa
CCoonnttaaccttooss ddaa OOrrddeemm ddooss EEnnffeerrmmeeiirrooss –– SSeeccççããoo RReeggiioonnaall ddoo CCeennttrroo::Av. Bissaya Barreto n.º 191 c/v 3000-076 Coimbra
Tel.: 239 487 810 Fax: 239 487 819 [email protected] Site: http://src.ordemenfermeiros.pt
A Ordem dos Enfermeiros saúda a Universidade de Coimbra pela viabilização de um espaço regular de informação, aberto à intervenção externa.O Presidente do Conselho Directivo Regional do Centro da Ordem dos Enfermeiros
EEnnff..ºº AAmmííllccaarr ddee CCaarrvvaallhhoo
““AA EENNFFEERRMMAAGGEEMM PPEELLAA SSAAÚÚDDEE CCOOMM AASS PPEESSSSOOAASS””
A 1 de Junho de 1969 era este o aspecto das Escadas Monumentais.As razões podem ler-se na página anterior