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Impresso Especial 7317034806/2006-DR/MG LEEPP CORREIOS LEEPP LIVRARIA ESPÍRITA EDIÇÕES “PEDRO E PAULO” JORNAL DA MEDIUNIDADE UBERABA-MG INFORMATIVO JANEIRO/FEVEREIRO ANO 2009 N.º 15 Eurícledes Formiga EDITORIAL 1 - QUAL É O OBJETIVO DO “ENCONTRO DOS AMIGOS DE CHICO XAVIER”? O objetivo principal do Encontro dos Amigos de Chico Xavier e Sua Obra é justamente aquele de congregar os estudiosos e admiradores da insuperável obra mediúnica do notável psicógrafo, aqueles que se fizeram amigos dos exemplos de vida do medianeiro querido, aqueles que se dispõem a seguí-lo nos ensinamentos de caridade e amor que nos legou em nome do Cristo. É uma maneira de perpetuarmos a sua presença amorosa e humilde entre nós, saudosos de sua companhia, mas certos de que a tarefa continua na espiritualidade superior em favor de um Espiritismo simples, que venha trazer Jesus de novo para o coração do povo. 2 - COMO ENTENDE AS OBRAS MEDIÚNICAS DE CHICO XAVIER, EM FACE DA CODIFICAÇÃO? O nosso querido amigo José Martins Peralva, escritor e estudioso espírita de renome, costumava afirmar que a obra de Chico Xavier é ciclópica. De fato, o alcance do que os espíritos fizeram através de Chico Xavier ainda está muito longe de ser avaliado. É uma obra destinada a varar os séculos, nos tempos futuros. Temos de reconhecer que ainda muito pouco se conhece sobre ela. Estamos ainda no início dos estudos sobre a importância da obra que Chico Xavier nos legou. Afinal, são 440 títulos de livros já publicados, alguns deles em vários idiomas, em todos os gêneros literários, trazendo-nos elucidações evangélicas que revolucionaram a compreensão sobre a missão do Cristianismo na Terra; informando-nos de maneira clara e precisa sobre as consequências de nossos atos, tendo em vista a vida futura; descortinando-nos a vida espiritual com esmero em detalhes impressionantes; trazendo-nos de volta a poesia dos grandes mestres versejadores da lingua portuguesa; revelando-nos romances históricos de características épicas sobre determinados tempos do caminhar humano; consolando familiares saudosos e aflitos pela partida dos entes mais caros e informando- lhes que a vida continua além da morte do corpo físico. São cartas, crônicas, contos, apólogos, poemas, sonetos, trovas, romances, ensaios, novelas, fábulas, análises críticas, missivas consoladoras, pensamentos em frases, enfim todo tipo de gênero literário e suas subdivisões, trazidos pela capacidade mediúnica única de Chico Xavier, atestando-nos a realidade da vida além túmulo pela autenticidade de seus autores espirituais. Nunca na História da Humanidade tivemos algo desta ampla magnitude, a não ser naqueles tempos do Cristianismo nascente, quando a própria presença de Jesus, Nosso Divino Mestre, inaugurava para nós a “Era do Espírito”. Com o advento da Doutrina dos Espíritos no século XIX e com a obra esclarecedora de Chico Xavier no século XX chegamos à materialização do projeto do Cristo na face da Terra e podemos dizer que definitivamente o Consolador cumpre a sua função de renovar os caminhos humanos para a Vida Maior. 3 - POR QUE A INFORMALIDADE DO ENCONTRO? Porque os espíritas estão fartos de congressos realizados com toda “pompa e circunstãncia”. Temos observado por aí inúmeros deles que mais parecem congressos mundanos com cobranças de taxas de participação exorbitantes, com a separação dos palestrantes em áreas VIPs, com a definição de médiuns principais como se oráculos fossem e tudo isto muito longe do coração popular. Ora, Chico Xavier nos ensinou exatamente o contrário: Simplicidade, humildade, coerência, aproximação com os sofredores, com os mais pobres, respeito pelas diferenças, consideração para com a pessoa humana e não para com os seus títulos e posses. Então não poderíamos realizar um encontro de amigos de Chico Xavier que não fosse na mais pura e mais simples informalidade. 4 - O APOIO DOS ÓRGÃOS UNIFICADORES DO ESPIRITISMO NO BRASIL SERIA BEM-VINDO PARA OS ORGANIZADORES DO ENCONTRO? Sim, claro! Tivemos a participação da Federação Espírita Brasileira e da União Espírita Mineira no I Encontro, realizado em abril passado, em Uberaba. Ambos os Presidentes das Federativas usaram a palavra naquela ocasião. Para o segundo encontro, teremos novamente a palavra do Nestor João Masotti, Presidente da FEB. Creio que os órgãos unificadores estarão compenetrados de suas mais altas responsabilidades em apoiar todas as iniciativas que visem à divulgação da vida e da obra de Chico Xavier, por reconhecerem nele um autêntico servidor do Cristo! 5 - O QUE TERIA A DIZER AOS QUE CRITICARAM A REALIZAÇÃO DO I ENCONTRO EM UBERABA? Certamente, não estiveram lá para sentirem o clima de saudade, gratidão, carinho, fraternidade e amor que nos envolveu naqueles inesquecíveis dias. Se estivessem lá, sua opinião teria sido diferente. Uma coisa há que ser registrada, a organização do Encontro não emite nem emitirá convites especiais para ninguém. Divulgamos o encontro na mídia espírita em todas as partes do País e até do Exterior. Aqueles que se sentiram sintonizados com a amizade e o respeito à obra do médium Chico Xavier estiveram lá espontaneamente. Podemos afirmar que a convocação foi muito mais pelo coração, de alma para alma, e aqueles que se sentiram tocados por este chamado ali estiveram com alegria e paz, solidariedade e união. Ano que vem, teremos o II Encontro, e este convite será renovado. Quem se sentir amigo de Chico Xavier e de sua obra, mesmo que não o tenha conhecido fisicamente na face da Terra, que se apresente em Pedro Leopoldo, entre 18 e 19 de abril de 2009. Em Uberaba, tivemos cerca de 2.500 pessoas do Brasil e do Exterior que para lá se dirigiram, às próprias expensas, unicamente para atender este chamado do coração. Em Pedro Leopoldo, este chamado se renova e certamente outros companheiros virão para comungar conosco estes momentos de paz, de amizade e reconhecimento genuínos. 6 - NO MOVIMENTO ESPÍRITA, HÁ INTERESSES CONTRÁRIOS À OBRA MEDIÚNICA DE CHICO XAVIER E MESMO À SUA VIVÊNCIA COMO ESPÍRITA E MÉDIUM? Creio que os interesses contrários à obra mediúnica de Chico Xavier e à sua vida de renúncia e amor ao Evangelho de Jesus e à Doutrina Espírita são os mesmos que atuaram em desfavor do Cristo e de Allan Kardec. Lembro-me de quando Chico, em conversas reservadas conosco, se referia a esses inimigos ocultos. São os lobos em pele de ovelhas que enxameiam por toda parte e até mesmo nos círculos do Movimento. Copiaram-lhe as páginas mediúnicas, mas não conseguem copiar-lhe os exemplos. Apropriaram-se dos nomes dos espíritos venerados, mas teimam em atuar em causa própria. Certamente, se incomodam muito com o alcance da obra xavieriana. É a ignorância travestida de vaidade e ilusão. Isto no remete à lembrança do ensinamento do Cristo, segundo o qual, é necessário que o joio cresça junto ao trigo. Mas um dia virá a ceifa, não é mesmo? Vamos pedir a Jesus por eles, porque, certamente, não sabem o que fazem. II ENCONTRO NACIONAL DOS AMIGOS DE CHICO XAVIER E SUA OBRA Nos próximos dias 18 e 19 de abril, Pedro Leopoldo, terra natal do intérprete de “Há Dois Mil Anos”, estará sediando o “II Encontro Nacional dos Amigos de Chico Xavier e sua Obra”, numa promoção conjunta das Alianças Municipais Espíritas de Pedro Leopoldo e de Uberaba, contando ainda com o apoio de diversos órgãos do Movimento de Unificação. A exemplo do que, no ano passado, aconteceu em Uberaba, a organização do Evento espera um número de participantes estimado em 3.000 pessoas, provenientes de várias partes do Brasil. A obra mediúnica de Chico Xavier, afirmando-se como complemento natural da Codificação Kardequiana, vem, principalmente após o desenlace do médium, merecendo estudos detalhados por parte de espíritas e não-espíritas que lhe destacam o inestimável valor. Em 2001, por exemplo, Alexandre Caroli Rocha, em sua tese de mestrado em Literatura na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), apresenta excelente trabalho sobre o “Parnaso de Além-Túmulo”, concluindo que, nesta primeira obra da lavra mediúnica de Chico, editada em 1932, todos os princípios básicos da Doutrina Espírita se encontram exarados através da linguagem universal da Poesia. Outros autores, como Magali Oliveira Fernandes, que, sob o título “Chico Xavier, um Herói Brasileiro no Universo da Edição Popular”, transformou em livro o resultado de sua tese de doutorado, no Programa de Pós-Graduação de Comunicação e Semiótica da PUC de São Paulo, vêm, exaustivamente, pesquisando a influencia pessoal do médium na cultura e na espiritualidade de nossa gente. Bernardo Lewgoy, mestre em Antropologia Social pela UFRGS (1992) e doutor em Antropologia pela USP (2000), editou, em 2004, “O Grande Mediador”, com o subtítulo “Chico Xavier e a Cultura Brasileira”, considerando na contracapa de seu livro: “Tamanha é a influência de Chico Xavier na formação do imaginário religioso espírita, tão ampla é a difusão de suas obras e biografia, que se pode afirmar que estamos diante de um fenômeno religioso de características míticas, composto em vários níveis...” Enfim, Chico Xavier já não pertence mais apenas e tão-somente aos espíritas! Se é que, algum dia, ele nos pertenceu com exclusividade. Eleito, numa pesquisa realizada pela revista “Época”, em 2006, ao lado de Ruy Barbosa, “o brasileiro mais importante da História”, Chico extrapolou o âmbito da própria Doutrina, que tão bem soube vivenciar em seus 75 anos de verdadeiro apostolado. Mais do que portentoso e autêntico fenômeno mediúnico – o maior de todos os tempos –, ele foi e continua sendo um fenômeno humano equiparado a Sócrates e Francisco de Assis, a Teresa de Ávila e Madre Teresa de Calcutá, que se notabilizaram pela sabedoria, mas, sobretudo, pela inexcedível capacidade de amar! Por estes motivos e outros mais, justifica-se a realização de um Encontro com o propósito de se aprofundarem estudos em torno do médium e do homem Francisco Cândido Xavier. De caso pensado ou não, equivocam- se os que imaginam que nos reunimos em Uberaba e nos reuniremos em Pedro Leopoldo com o intuito de idolatrar a figura do médium, que não carece de um reconhecimento propriamente espírita. O que nos moveu, nos move e moverá sempre é a tomada de consciência de que o estudo de sua Obra e de sua Vida tem, para nós outros, caráter de urgência, se é que, verdadeiramente, almejamos servir à Causa a que ele serviu como ninguém. No próximo número deste jornal, estaremos divulgando toda a programação do referido Encontro. 105 – PROCESSO DE REENCARNAÇÃO P – Você poderia explicar-nos como se dá o processo da reencarnação? Você sabe, depois da apresentação daquela novela “A VIAGEM”, pela televisão, muita gente tomou conhecimento desse fenômeno, ou seja, o espírito é doutrinado em vários planos ou estágios espirituais; depois recebem “autorização” para voltar à Terra, visitar seus lares, seus parentes e até mesmo reencarnar novamente. Gostaríamos que você nos dissesse algo a respeito. R – Tecnicamente, eu não poderia explicar a questão do renascimento em seus primórdios, mas estou certo de que a escolha e a preparação, apenas são facultadas àqueles espíritos que as merecem. Determinadas criaturas, por seus méritos pessoais ou pelos méritos dos pais que as vão receber, podem perfeitamente escolher o gênero de atividades a que se dedicarão na Terra, mas, estou certo, de que muitos renascimentos precipitados são efetuados sem qualquer preparação e obedecem ao livre-arbítrio das pessoas, que nem sempre respeitam as leis da vida e que atraem para o seu campo emotivo, para o seu grupo doméstico, espíritos que renascem como agentes de regeneração da própria pessoa ou do grupo que os recebe. (Extraído do livro “Encontros no Tempo”, editado pelo IDE – Araras, SP) CHICO XAVIER FALA SOBRE A REENCARNAÇÃO IIº ENCONTRO DOS AMIGOS DE CHICO XAVIER – ENTREVISTA COM GERALDO LEMOS NETO – Lançamento Editora DIDIER Tel/Fax: (17) 3421-2176 Site: www.mariadenazare.com.br E-mail: [email protected]

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Page 1: JORNAL DA MEDIUNIDADE LEEPPsobre o “Parnaso de Além-Túmulo”, concluindo que, nesta primeira obra da lavra mediúnica de Chico, editada em 1932, todos os princípios básicos

ImpressoEspecial

7317034806/2006-DR/MG

LEEPP

CORREIOS

LEEPPLIVRARIA ESPÍRITA EDIÇÕES “PEDRO E PAULO”

JORNAL DA MEDIUNIDADE

UBERABA-MG – INFORMATIVO JANEIRO/FEVEREIRO – ANO 2009 – N.º 15

Eurícledes Formiga

EDITORIAL

1 - QUAL É O OBJETIVO DO “ENCONTRO DOS AMIGOS DE CHICO XAVIER”?O objetivo principal do Encontro dos Amigos de Chico Xavier e Sua Obra é justamente aquele de

congregar os estudiosos e admiradores da insuperável obra mediúnica do notável psicógrafo, aqueles que se fizeram amigos dos exemplos de vida do medianeiro querido, aqueles que se dispõem a seguí-lo nos ensinamentos de caridade e amor que nos legou em nome do Cristo. É uma maneira de perpetuarmos a sua presença amorosa e humilde entre nós, saudosos de sua companhia, mas certos de que a tarefa continua na espiritualidade superior em favor de um Espiritismo simples, que venha trazer Jesus de novo para o coração do povo.

2 - COMO ENTENDE AS OBRAS MEDIÚNICAS DE CHICO XAVIER, EM FACE DA CODIFICAÇÃO?O nosso querido amigo José Martins Peralva, escritor e estudioso espírita de renome, costumava afirmar

que a obra de Chico Xavier é ciclópica. De fato, o alcance do que os espíritos fizeram através de Chico Xavier ainda está muito longe de ser avaliado. É uma obra destinada a varar os séculos, nos tempos futuros. Temos de reconhecer que ainda muito pouco se conhece sobre ela. Estamos ainda no início dos estudos sobre a importância da obra que Chico Xavier nos legou. Afinal, são 440 títulos de livros já publicados, alguns deles em vários idiomas, em todos os gêneros literários, trazendo-nos elucidações evangélicas que revolucionaram a compreensão sobre a missão do Cristianismo na Terra; informando-nos de maneira clara e precisa sobre as consequências de nossos atos, tendo em vista a vida futura; descortinando-nos a vida espiritual com esmero em detalhes impressionantes; trazendo-nos de volta a poesia dos grandes mestres versejadores da lingua portuguesa; revelando-nos romances históricos de características épicas sobre determinados tempos do caminhar humano; consolando familiares saudosos e aflitos pela partida dos entes mais caros e informando-lhes que a vida continua além da morte do corpo físico. São cartas, crônicas, contos, apólogos, poemas, sonetos, trovas, romances, ensaios, novelas, fábulas, análises críticas, missivas consoladoras, pensamentos em frases, enfim todo tipo de gênero literário e suas subdivisões, trazidos pela capacidade mediúnica única de Chico Xavier, atestando-nos a realidade da vida além túmulo pela autenticidade de seus autores espirituais. Nunca na História da Humanidade tivemos algo desta ampla magnitude, a não ser naqueles tempos do Cristianismo nascente, quando a própria presença de Jesus, Nosso Divino Mestre, inaugurava para nós a “Era do Espírito”. Com o advento da Doutrina dos Espíritos no século XIX e com a obra esclarecedora de Chico Xavier no século XX chegamos à materialização do projeto do Cristo na face da Terra e podemos dizer que definitivamente o Consolador cumpre a sua função de renovar os caminhos humanos para a Vida Maior.

3 - POR QUE A INFORMALIDADE DO ENCONTRO?Porque os espíritas estão fartos de congressos realizados com toda “pompa e circunstãncia”. Temos

observado por aí inúmeros deles que mais parecem congressos mundanos com cobranças de taxas de participação exorbitantes, com a separação dos palestrantes em áreas VIPs, com a definição de médiuns principais como se oráculos fossem e tudo isto muito longe do coração popular. Ora, Chico Xavier nos ensinou exatamente o contrário: Simplicidade, humildade, coerência, aproximação com os sofredores, com os mais pobres, respeito pelas diferenças, consideração para com a pessoa humana e não para com os seus títulos e posses. Então não poderíamos realizar um encontro de amigos de Chico Xavier que não fosse na mais pura e mais simples informalidade.

4 - O APOIO DOS ÓRGÃOS UNIFICADORES DO ESPIRITISMO NO BRASIL SERIA BEM-VINDO PARA OS ORGANIZADORES DO ENCONTRO?

Sim, claro! Tivemos a participação da Federação Espírita Brasileira e da União Espírita Mineira no I Encontro, realizado em abril passado, em Uberaba. Ambos os Presidentes das Federativas usaram a palavra naquela ocasião. Para o segundo encontro, teremos novamente a palavra do Nestor João Masotti, Presidente da FEB. Creio que os órgãos unificadores estarão compenetrados de suas mais altas responsabilidades em apoiar todas as iniciativas que visem à divulgação da vida e da obra de Chico Xavier, por reconhecerem nele um autêntico servidor do Cristo!

5 - O QUE TERIA A DIZER AOS QUE CRITICARAM A REALIZAÇÃO DO I ENCONTRO EM UBERABA?

Certamente, não estiveram lá para sentirem o clima de saudade, gratidão, carinho, fraternidade e amor que nos envolveu naqueles inesquecíveis dias. Se estivessem lá, sua opinião teria sido diferente. Uma coisa há que ser registrada, a organização do Encontro não emite nem emitirá convites especiais para ninguém. Divulgamos o encontro na mídia espírita em todas as partes do País e até do Exterior. Aqueles que se sentiram sintonizados com a amizade e o respeito à obra do médium Chico Xavier estiveram lá espontaneamente. Podemos afirmar que a convocação foi muito mais pelo coração, de alma para alma, e aqueles que se sentiram tocados por este chamado ali estiveram com alegria e paz, solidariedade e união. Ano que vem, teremos o II Encontro, e este convite será renovado. Quem se sentir amigo de Chico Xavier e de sua obra, mesmo que não o tenha conhecido fisicamente na face da Terra, que se apresente em Pedro Leopoldo, entre 18 e 19 de abril de 2009. Em Uberaba, tivemos cerca de 2.500 pessoas do Brasil e do Exterior que para lá se dirigiram, às próprias expensas, unicamente para atender este chamado do coração. Em Pedro Leopoldo, este chamado se renova e certamente outros companheiros virão para comungar conosco estes momentos de paz, de amizade e reconhecimento genuínos.

6 - NO MOVIMENTO ESPÍRITA, HÁ INTERESSES CONTRÁRIOS À OBRA MEDIÚNICA DE CHICO XAVIER E MESMO À SUA VIVÊNCIA COMO ESPÍRITA E MÉDIUM?

Creio que os interesses contrários à obra mediúnica de Chico Xavier e à sua vida de renúncia e amor ao Evangelho de Jesus e à Doutrina Espírita são os mesmos que atuaram em desfavor do Cristo e de Allan Kardec. Lembro-me de quando Chico, em conversas reservadas conosco, se referia a esses inimigos ocultos. São os lobos em pele de ovelhas que enxameiam por toda parte e até mesmo nos círculos do Movimento. Copiaram-lhe as páginas mediúnicas, mas não conseguem copiar-lhe os exemplos. Apropriaram-se dos nomes dos espíritos venerados, mas teimam em atuar em causa própria. Certamente, se incomodam muito com o alcance da obra xavieriana. É a ignorância travestida de vaidade e ilusão. Isto no remete à lembrança do ensinamento do Cristo, segundo o qual, é necessário que o joio cresça junto ao trigo. Mas um dia virá a ceifa, não é mesmo? Vamos pedir a Jesus por eles, porque, certamente, não sabem o que fazem.

II ENCONTRO NACIONAL DOS AMIGOS DECHICO XAVIER E SUA OBRA

Nos próximos dias 18 e 19 de abril, Pedro Leopoldo, terra natal do intérprete de “Há Dois Mil Anos”, estará sediando o “II Encontro Nacional dos Amigos de Chico Xavier e sua Obra”, numa promoção conjunta das Alianças Municipais Espíritas de Pedro Leopoldo e de Uberaba, contando ainda com o apoio de diversos órgãos do Movimento de Unificação.

A exemplo do que, no ano passado, aconteceu em Uberaba, a organização do Evento espera um número de participantes estimado em 3.000 pessoas, provenientes de várias partes do Brasil.

A obra mediúnica de Chico Xavier, afirmando-se como complemento natural da Codificação Kardequiana, vem, principalmente após o desenlace do médium, merecendo estudos detalhados por parte de espíritas e não-espíritas que lhe destacam o inestimável valor. Em 2001, por exemplo, Alexandre Caroli Rocha, em sua tese de mestrado em Literatura na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), apresenta excelente trabalho sobre o “Parnaso de Além-Túmulo”, concluindo que, nesta primeira obra da lavra mediúnica de Chico, editada em 1932, todos os princípios básicos da Doutrina Espírita se encontram exarados através da linguagem universal da Poesia.

Outros autores, como Magali Oliveira Fernandes, que, sob o título “Chico Xavier, um Herói Brasileiro no Universo da Edição Popular”, transformou em livro o resultado de sua tese de doutorado, no Programa de Pós-Graduação de Comunicação e Semiótica da PUC de São Paulo, vêm, exaustivamente, pesquisando a influencia pessoal do médium na cultura e na espiritualidade de nossa gente.

Bernardo Lewgoy, mestre em Antropologia Social pela UFRGS (1992) e doutor em Antropologia pela USP (2000), editou, em 2004, “O Grande Mediador”, com o subtítulo “Chico Xavier e a Cultura

Brasileira”, considerando na contracapa de seu livro: “Tamanha é a influência de Chico Xavier na formação do imaginário religioso espírita, tão ampla é a difusão de suas obras e biografia, que se pode afirmar que estamos diante de um fenômeno religioso de características míticas, composto em vários níveis...”

Enfim, Chico Xavier já não pertence mais apenas e tão-somente aos espíritas! Se é que, algum dia, ele nos pertenceu com exclusividade.

Eleito, numa pesquisa realizada pela revista “Época”, em 2006, ao lado de Ruy Barbosa, “o brasileiro mais importante da História”, Chico extrapolou o âmbito da própria Doutrina, que tão bem soube vivenciar em seus 75 anos de verdadeiro apostolado. Mais do que portentoso e autêntico fenômeno mediúnico – o maior de todos os tempos –, ele foi e continua sendo um fenômeno humano equiparado a Sócrates e Francisco de Assis, a Teresa de Ávila e Madre Teresa de Calcutá, que se notabilizaram pela sabedoria, mas, sobretudo, pela inexcedível capacidade de amar!

Por estes motivos e outros mais, justifica-se a realização de um Encontro com o propósito de se aprofundarem estudos em torno do médium e do homem Francisco Cândido Xavier.

De caso pensado ou não, equivocam-se os que imaginam que nos reunimos em Uberaba e nos reuniremos em Pedro Leopoldo com o intuito de idolatrar a figura do médium, que não carece de um reconhecimento propriamente espírita. O que nos moveu, nos move e moverá sempre é a tomada de consciência de que o estudo de sua Obra e de sua Vida tem, para nós outros, caráter de urgência, se é que, verdadeiramente, almejamos servir à Causa a que ele serviu como ninguém.

No próximo número deste jornal, estaremos divulgando toda a programação do referido Encontro.

105 – PROCESSO DE REENCARNAÇÃO

P – Você poderia explicar-nos como se dá o processo da reencarnação? Você sabe, depois da apresentação daquela novela “A VIAGEM”, pela televisão, muita gente tomou conhecimento desse fenômeno, ou seja, o espírito é doutrinado em vários planos ou estágios espirituais; depois recebem “autorização” para voltar à Terra, visitar seus lares, seus parentes e até mesmo reencarnar novamente. Gostaríamos que você nos dissesse algo a respeito.

R – Tecnicamente, eu não poderia explicar a questão do renascimento em seus primórdios, mas estou certo de que a escolha e a preparação, apenas são facultadas àqueles espíritos que as merecem. Determinadas criaturas, por seus méritos pessoais ou pelos méritos dos pais que as vão receber, podem perfeitamente escolher o gênero de atividades a que se dedicarão na Terra, mas, estou certo, de que muitos renascimentos precipitados são efetuados sem qualquer preparação e obedecem ao livre-arbítrio das pessoas, que nem sempre respeitam as leis da vida e que atraem para o seu campo emotivo, para o seu grupo doméstico, espíritos que renascem como agentes de regeneração da própria pessoa ou do grupo que os recebe.

(Extraído do livro “Encontros no Tempo”, editado pelo IDE – Araras, SP)

CHICO XAVIER FALA SOBRE A REENCARNAÇÃO

IIº ENCONTRO DOS AMIGOS DE CHICO XAVIER– ENTREVISTA COM GERALDO LEMOS NETO –

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Editora DIDIERTel/Fax: (17) 3421-2176Site: www.mariadenazare.com.brE-mail: [email protected]

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Página 2 JANEIRO/FEVEREIROJORNAL DA MEDIUNIDADE

Geraldo Ribeiro da Silva - Grupo Espírita Batuíra / São Paulo

Uma das práticas do Espiritismo mais empregadas é o diálogo com os espíritos. Ela decorre do intercâmbio com o mundo espiritual. Embora no Velho Testamento encontremos afirmações, proibindo o diálogo com os espíritos, no Novo Testamento nada há que o descredencie. Ao contrário, o próprio Jesus nos deu o exemplo, ao dialogar com os espíritos Elias e Moisés, no Monte Tabor. Se Ele agiu assim, é porque o diálogo com os chamados ‘mortos’ nada tem de anormal; é facultado ao homem e tem sua utilidade. Não acreditamos que Jesus iria cometer um simulacro; também não há nenhuma passagem no Evangelho em que o Mestre tenha reprovado o diálogo com os desencarnados.

Nós, espíritas, não achamos que conversar com os espíritos é um desrespeito a eles. Ao contrário, esta prática, quando conduzida de maneira respeitosa e disciplinada, termina sendo um momento alegre e de recordações gratificantes.

Ao se comunicar conosco, os espíritos demonstram que estão ‘vivos’ e dão o testemunho da continuidade da vida. Podemos dizer que é uma vitória da vida sobre a morte, esta que é tão temida entre os incrédulos ou entre os que têm a fé vacilante. Para desvendar este mistério, é importante observar o que diz o Espiritismo.

Kardec pergunta: “O que é o espírito?” A resposta é encontrada em O Livro dos Espíritos, q. 76: “O espírito é o ser inteligente da criação”. É, portanto, um ser que pensa, sente e age. É uma individualidade única. No Planeta não encontramos duas pessoas exatamente iguais. Esta é mais uma das provas da sabedoria divina.

Kardec pergunta: “O que é a alma?” A resposta nós a encontramos em O Livro dos Espíritos, q. 134: “É um espírito encarnado”. A condição de encarnado confere ao espírito ter que passar por experiências no campo físico, obrigando-o a ter que trabalhar, para sobreviver. Ao buscar os elementos necessários à vida, evolui, especializa-se e progride sempre.

Sabemos que nós não estamos enclausurados na matéria, nem nos mantemos incomunicáveis com espíritos libertos do corpo físico. Em alguns momentos, através do pensamento, nós nos comunicamos com eles e trocamos experiências. Quando dormimos, é comum entrarmos em contato com os que nos precederam no mundo espiritual, reafirmando laços de amizade ou

Num exercício de futurologia, imaginemos daqui a 200 anos a seguinte situação: Um pesquisador da área de religião (ou mesmo um jornalista, por que não?) interessado em escrever um artigo – quiçá um livro – sobre este assunto no século XX e início do XXI no Brasil. Certamente, após a sua longa e meticulosa revisão bibliográfica, ele se deparará com um quadro admirável de sincretismo religioso. Observará que, em dado momento, curiosamente se firmou uma religião singular no País, isto é, o Espiritismo. Surpreso, ele constatará que os pilares dessa doutrina não foram erigidos na Pindorama, mas na Europa. Curioso, nosso pesquisador descobrirá que o chamado Codificador do Espiritismo era francês, intelectual e pessoa muito estimada no seu tempo.

Nosso investigador, em sua busca apaixonada por fatos e dados, notará que a Doutrina dos Espíritos teve, no Brasil, respeitáveis e admiráveis defensores. Eles levaram seus postulados adiante, não obstante as enormes dificuldades materiais, de organização e incompreensões de que foram alvos. Na lista de respeitáveis expoentes da Doutrina, um lhe chamará a atenção de modo muito especial, não apenas pelo destacado papel desempenhado por este personagem, mas também pelo seu comportamento coerente e ilibado, bem como pela sua intensa dedicação. A figura do médium Francisco Cândido Xavier lhe despertará – e ele não conseguirá negar – um acentuado encantamento. Difícil – provavelmente pensará o nosso pesquisador – imaginar que tal pessoa tenha existido naqueles tempos tão obscuros da Humanidade.

Dando continuidade ao seu labor, o pesquisador apurará que Chico Xavier (pois era ele assim popularmente conhecido) psicografara – e o dado lhe causará enorme impacto, logo ele, que é tão chegado às palavras e ideias - 412 obras espíritas. Ainda perplexo, descobrirá que Chico abdicara de receber um único centavo sequer por elas. Saberá que o emblemático personagem do Espiritismo brasileiro fazia absoluta questão de que a renda proveniente da venda dos seus livros fosse carreada para as obras assistenciais às quais ele, sempre imbuído de muita ternura, também se dedicava. A Wikipédia do futuro, muito provavelmente, o apontará como o maior médium de todos os tempos.

Uma outra informação lhe produzirá um misto de respeito e admiração. Ou seja, o fato de que o médium – paralelamente ao imenso trabalho literário que lhe tomou praticamente a vida inteira – também atendia

DE “O LIVRO DOS ESPÍRITOS”130. Se a opinião de que há seres criados perfeitos e superiores a todos os outros é errônea, como se explica a sua presença na tradição de quase todos os povos?— Aprende que o teu mundo não existe de toda a eternidade e que, muito antes de existir, já havia espíritos no grau supremo; os homens, por isso, acreditaram que eles sempre haviam sido perfeitos.

DE “O LIVRO DOS MÉDIUNS”“Vocês falam da reencarnação e se espantam que este princípio não tenha sido pregado em certos países; mas lembrem-se de que num país onde o preconceito de cor reina soberano, onde a escravidão está enraizada nos costumes, teriam repelido o Espiritismo, simplesmente porque proclama a Reencarnação, porque a ideia de que o senhor possa tornar-se escravo reciprocamente pareceria monstruosa. Não era melhor fazer aceitar primeiro o princípio geral, para daí tirar mais tarde as consequências?” (Cap. XXVII – “Contradições e Mistificações”)

DE “O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO”“Há pessoas a quem repugna a Reencarnação, com a ideia de que outros venham a partilhar das afetuosas simpatias de que são ciosas. Pobres irmãos! O vosso afeto vos torna egoístas; o vosso amor se restringe a um círculo íntimo de parentes e de amigos, sendo-vos indiferentes os demais.”

DE “O CÉU E O INFERNO”“O espírita sério não se limita a crer; ele crê porque compreende, e compreende porque se dirige ao seu julgamento; a vida futura é uma realidade que se desenrola sem cessar aos seus olhos; ele a vê e a toca, por assim dizer, em todos os instantes; a dúvida não pode entrar em sua alma.” (Segunda Parte – Exemplos, Cap. I – “A Passagem”)

DE “A GÊNESE”“Unicamente o progresso moral pode assegurar a felicidade dos homens sobre a Terra, pondo um freio às más paixões; unicamente ele pode fazerem reinar entre os homens a concórdia, a paz e a fraternidade.” (Cap. XVIII – “Sinais dos Tempos”)

Conversando com os Espíritostentando solucionar antigos conflitos. Por isso a recomendação dos Benfeitores é para que, antes de dormir, oremos e peçamos a Deus encontros espirituais que nos ajudem a melhorar.

O espírito pode comunicar-se com o homem, através da mediunidade? Esta pergunta pode ser respondida com outra pergunta: O homem livre pode comunicar-se com outro que esteja privado momentaneamente da liberdade? Se a resposta é sim, por que não admiti-la em relação àqueles que já partiram para a Pátria Espiritual?

Para dialogar com os espíritos, o concurso dos médiuns se justifica porque muitos deles ainda se encontram extremamente ligados às coisas deste mundo; por isso precisam do contato físico, a fim de despertar para a vida no Além (é como se eles se sentissem momentaneamente encarnados!).

Segundo O Livro dos Médiuns, o diálogo com os espíritos, só deve ser praticado com propósitos elevados; nenhuma prática deve ser feita visando à diversão! Agir desse modo é como querer ‘brincar com fogo’; pode passar por apuros! E, mais, devemos nos valer de bons médiuns, médiuns seguros e responsáveis. Kardec nos exemplificou como dialogar com os espíritos. Foi criterioso. Escolheu bons médiuns. Preparou-se. Elaborou e fez perguntas consistentes. Ouviu com atenção e pacientemente o que a Espiritualidade tinha a dizer-lhe. Como resultado, codificou o Espiritismo.

Conversar com os espíritos é uma arte: exige tato e conhecimento doutrinário.

No diálogo com eles, aprendemos que a vida não se restringe apenas a uma passagem pela Terra; fica evidente para nós a imortalidade da alma e seu estado feliz ou infeliz, após a morte do corpo físico, confirmando-se, assim, o ensino de Jesus: “A cada um segundo suas obras”.

Um lembrete para aqueles que conversam com os espíritos: Eles não são iguais nem em conhecimentos nem em qualidades morais, e que não se deve tomar ao pé da letra tudo o que eles dizem. Cabe às pessoas sensatas separar o bom do mau. – “O Livro dos Espíritos”, Introdução, cap. 10.

E para completar o que os Espíritos nos ensinam na codificação, meditemos no que diz João, Epístola 1ª, cap. 4, v. 1: Meus bem-amados, não creais em qualquer Espírito; antes, provai se eles procedem de Deus.

“Francisco Xaviervisto do futuro”

Anselmo Ferreira Vasconcelos(Fraternidade Espírita “Irmã Lina” - Casa da Esperança, São Paulo)

centenas de pessoas que o procuravam quase que diuturnamente. Eram pessoas que haviam perdido parentes muito queridos e que o procuravam, na esperança de que ele pudesse receber alguma mensagem de alento do ente desencarnado, conforme a expressão usada pelos espíritas. Ao que parece, todos saíam do local onde vivia Chico Xavier carregando a mensagem recebida como se fosse uma joia muito valiosa presa ao coração. Eram horas e mais horas de fatigante trabalho mediúnico – assim descortinará o pesquisador em questão – voltado à mais pura caridade. Pessoas que antes ali chegavam sofridas, chorosas e sedentas de alento retornavam aos seus lares ostentando resignação e uma força indescritível. Em outras palavras, prontas para a continuidade da vida. Elas sentiam igualmente muita paz e um bem-estar difícil de descrever que partia daquele ser tão franzino, mas, paradoxalmente, tão forte ao mesmo tempo que as envolvia e as revigorava. O nosso pesquisador deverá pensar como era especial aquele homem. Que magnetismo descomunal dele emanava!

Por outro lado, compulsando inúmeras obras espíritas, encontrará uma que lhe proporcionará uma certa sensação de lamento, por não estar presente. A obra em questão deverá ser Chico Xavier, à Sombra do Abacateiro. Ali ele colherá valiosíssimos fatos e ens inamentos l ig ados ao médium. Certamente pinçará alguns para citar no seu trabalho cuidadoso. Um deles, narrado pelo autor da referida obra, referir-se-á a um interessante comentário emitido pelo médium em 22 de janeiro de 1983, no qual ele observou que “Quando demonstramos boa vontade, aceitação, os Benfeitores da Vida Maior nos auxiliam a descobrir o caminho...” Neste ponto, o nosso pesquisador já terá identificado que Chico Xavier era um homem dotado de uma sabedoria invulgar, considerando-se a maneira como opinava sobre coisas que iam muito além do campo religioso.

Em outra obra, ficará encantando, ao perceber a simetria dos ensinos de Jesus e o comportamento do médium. Lerá, em algum momento da sua investigação, que Chico ponderou que: “O exemplo é uma força que repercute, de maneira imediata, longe ou perto de nós... Não podemos nos responsabilizar pelo que os outros fazem de suas vidas; cada qual é livre para fazer o que quer de si mesmo, mas não podemos negar que nossas atitudes inspiram atitudes, sejam no bem quanto no mal.” Assim sendo, após centenas de fatos e histórias comoventes protagonizados pelo médium, provavelmente o nosso pesquisador concluírá que Chico Xavier é uma rara pepita. Por isso, ele merecerá um capítulo – talvez um livro – à parte na História do Espiritismo.

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JANEIRO/FEVEREIRO Página 3 JORNAL DA MEDIUNIDADE

Márcia Queiroz S. Baccelli

Mais uma vez, é chegado o Natal, quando comemoramos o nascimento de Jesus.A Natureza veste-se de alegria e de rara beleza.O Sol abre o dia com o seu sorriso, e a noite é coberta pelas estrelas.Sinto sua presença; sinto Chico que está conosco, novamente convidando-nos à

tarefa da caridade.Você nos diz à inspiração:- repartam o leite e o pão...- distribuam remédios aos doentes sem nome...- socorram os velhinhos que vivem em solidão...- estendam a mão consolando os aflitos...- perdoem e esqueça as ofensas...- orem e vigiem em seus próprios passos...- pensem somente no bem a fazer...Chico, as mensagens dos entes queridos psicografadas por você revitalizaram a

fé de tantas famílias, renovando-lhes a certeza de que a morte não é o fim e de que todos continuaremos a viver em outras dimensões!

A certeza da imortalidade da alma é capaz de transformar a saudade em esperança, sustentando a paz de muitos irmãos.

Você nos legou o conhecimento da Verdade em seus livros, mais de 400!, psicografados por suas mãos, dissipando o materialismo e a ignorância, para que possamos descerrar o véu da incredulidade e crer em outros planos de Vida no Universo infinito!

Você reacendeu a luz da fé raciocinada em nossos corações e a certeza de Deus em nossos destinos!

A sua paz é tamanha, que, ao estarmos contigo, sentimos flutuar o pensamento e uma felicidade indescritível envolve o nosso coração!...

Com o próprio exemplo, você nos ensinou o caminho para encontrarmos Jesus, através do devotamento e da abnegação, buscando exemplificar o amor puro para com toda a Humanidade.

A saudade de você é imensa, tanta, que desejaríamos voltar no tempo, para vê-lo outra vez e ouvir a sua voz soando baixinho a dizer:

- Fique aqui, junto a mim, mais um pouquinho!...

Quando menino, conheci um homem diferente dos demais... Numerosas pessoas, inclusive os meus pais, reuniam-se em torno daquela figura humilde e simpática para escutarem a sua voz meiga e doce.

Nessa época, tive oportunidade de acompanhar e participar de algumas distribuições periódicas que o mesmo, com a ajuda de valorosos amigos, realizavam na periferia de Uberaba, em benefício dos irmãos carentes da nossa cidade.

Mesmo criança, já compreendia o que ali se passava à sombra de frondoso abacateiro... De fato, ainda estava longe de cogitar quanto às realidades espirituais da Vida, no entanto já atinava com os motivos daquela multidão em torno dos seus passos: Ele tinha um bom coração!

Nas tardes de sábado, então, era comum acompanhar meus pais à antiga Vila do Pássaro-Preto, onde sempre me deparava com enorme fila de pessoas que se aglomeravam, buscando a assistência fraterna...

Eram muitos sacos de pães, caldeirões de sopa, caixas de leite, enxovais para bebês, brinquedos e até mesmo algum dinheirinho – tudo endereçado à caridade em nome de Jesus!

Lembro também que naquele recanto bucólico havia um cômodo fechado, de aspecto bem simples, onde se realizava a transmissão dos passes e a fluidificação de água.

Naquela época, não entendia muito bem o que ali se processava, mas já estava habituado a tomar passes e ficava aguardando a minha vez.

Enquanto isso, a reunião em torno do Evangelho se dava sob a orientação de nosso inesquecível Chico, que, com a c o l a b o r a ç ã o d e a l g u n s o u t r o s companheiros se alternavam na fala sucinta em torno da lição do dia... Que saudade desse tempo!

Penso que eu, meus familiares e tantas outras pessoas ficamos tanto a

N o s s o s “ m o r t o s ” q u e r i d o s , principalmente pai e mãe, às vezes são esquecidos pelos filhos no momento da prece evocativa. A maioria somente se lembra deles (do pai e da mãe) no Dia de Finados. Comportamento natural, por se tratar de pessoas que desconhecem o Espi r i t i smo. Ignorando a Lei da Reencarnação, oram exclusivamente para o espírito (único) da mãe ou do pai.

Justo lembrar: segundo Gabriel Delanne, em seu livro “Evolução Anímica”, dificilmente identificaríamos uma mulher como nossa mãe na primeira encarnação que tivemos no planeta Terra. Isto, porque fomos criados como princípios inteligentes, evoluímos através dos seres inferiores e, somente muito depois, alcançamos o ingresso na humanidade. Talvez possamos falar em uma primeira mãe quando atingimos a escala humana, mas e as anteriores, as mães que tivemos quando ainda na escala animal?

Adeptos de outras crenças e seitas que só admitem a unicidade da vida, não têm a mínima noção da pluralidade post mortem dos ascendentes paternos e maternos. Pesquisando o assunto, à luz da Codificação consubstanciada em “O Livro dos Espíritos”, detive-me na instigante intuição: Nossas mães são várias!

Quando o nosso espírito é designado para a primeira encarnação no planeta Terra, temos, naturalmente, uma primeira mãe e, nas reencarnações sucessivas, outras mães.

Ninguém se lembra do marco zero da

“De outro modo, que pretenderia o leitor existisse nas camadas invisíveis que contornam os mundos ou planetas, senão a matriz de tudo quanto neles se reflete?!... Em nenhuma parte se encontraria a abstração ou o nada, pois que semelhantes vocábulos são inexpressivos no Universo, criado e regido por uma Inteligência Onipotente! Negar o que se desconhece, por se não encontrar à altura de compreender o que se nega, é insânia incompatível com os dias atuais. O século convida o homem à investigação e ao livre exame, porque a Ciência nas suas múltiplas manifestações vem provando a inexatidão do impossível dentro do seu cada vez mais dilatado raio de ação. E as provas da realidade dos continentes superterrenos encontram-se nos arcanos das ciências psíquicas transcendentais, às quais o homem há ligado muito relativa importância até hoje.

O que conhece o homem, aliás, do próprio planeta onde tem renascido desde milênios, para criteriosamente rejeitar o que o futuro há de popularizar sob os auspícios do Psiquismo?... O seu país, a sua capital, a sua aldeia, a sua palhoça ou, quando mais avantajado de ambições, algumas nações vizinhas cujos costumes se nivelam aos que lhe são usuais?...

Por toda parte, em torno dele, existem mundos reais, exarando vida abundante e intensa: e, se ele o ignora, será porque se compraz na cegueira, perdendo tempo com futilidades e paixões que lhe sabem ao caráter. Não perquiriu jamais as profundezas oceânicas – não poderá mesmo fazê-lo, por enquanto. Não obstante, debaixo das águas verdes e marulhentas existe não mais um mundo perfeitamente organizado, mas um universo que assombraria pela grandiosidade e ideal perfeição! No próprio ar que respira, no solo onde pisa encontraria o homem outros núcleos organizados de vida, obedecendo ao impulso inteligente e sábio de leis magnânimas fundamentais no Pensamento Divino, que os aciona para o progresso, na conquista do mais perfeito! Bastaria que se munisse de aparelhamentos precisos, para averiguar a veracidade dessas coletividades desconhecidas que, por serem invisíveis umas e outras apenas suspeitadas, nem por isso deixam de ser concretas, harmoniosas, verdadeiras!

Assim sendo, habilite-se, também, desenvolvendo os dons psíquicos que herdou da sua divina origem... Impulsione pensamento, vontade, ação, coração, através das vias alcandoradas da Espiritualidade Superior... e atingirá as esferas astrais que circundam a Terra!”

CHICO,O EMISSÁRIO DE JESUS

VILA DO PÁSSARO-PRETOThiago Silva Baccelli

dever em gratidão àquele fiel escudeiro do Cristo, por toda a paciência e a generosidade que ele sempre teve para conosco, nos ensinando através de exemplos singelos a nos conduzir para Jesus.

Por outro lado, é verdade que ninguém se modifica da noite para o dia; contudo, paulatinamente, com trabalho árduo e sincero, lograremos alcançar novos estágios evolutivos!

E o que nos dá esta certeza é a crença na imortalidade da alma, pois o espírito caminha sempre, inelutavelmente, em direção ao progresso.

Quanto mais temos oportunidade de estudar a Doutrina Espírita, mais temos compreendido que nós, espíritas, não somos melhores do que alguém em absolutamente nada; pelo contrário, em muitas vezes, somos, sim, os mais necessitados!

A m e n s a g e m e s p í r i t a é extraordinária, advinda dos Planos Superiores da Vida, porém nós, espíritas em geral, somos espíritos antigos e endividados perante a Justiça Divina.

Chico Xavier é exceção, assim como tantos outros Seareiros da Verdade e do Bem, que descem a estas plagas cumprindo com extremado desassombro os seus deveres, como autênticos missionários da Luz!

E a você, querido Chico, fica aqui expresso o nosso sincero agradecimento por todos os momentos que pudemos desfrutar de sua companhia na Terra.

Sabemos que não necessita de nossas preces, porém temos o costume de rogar a Deus em favor dos nossos entes queridos, e seu nome sempre esteve e estará vivo em nossa lembrança, como se fosse um dos membros mais estimados de nossa família consanguínea, pois é desta maneira que sempre o sentimos!

Thiago Silva Baccelli é orador espírita, Psicólogo Clínico e Bacharel em Direito.

e-mail: [email protected]

Mães são váriasJosé Jacyntho de Alcântara (Belo Horizonte - MG)[email protected]

nossa escala evolutiva... Falamos e escrevemos “reencarnação”, que nada mais é do que encarnação com o prefixo “re”, que significa repetição, movimento. Isto posto, passemos ao motivo principal de nossa pesquisa. Caro leitor/a: “Se conseguires um bom lugar para assistir ao show da vida, com certeza verás o grande espetáculo.” O rio jamais seria o que é, não foram a nascente e os afluentes bilaterais. Nossa primeira mãe – que antes de ser já o era – é uma das razões de nossa encarnação.

Após a primeira mãe e a primeira encarnação, não mais se fala em encarnação, mas reencarnações. Assim, coordenando as idéias, se tivermos quatro reencarnações, teremos cinco mães. A mãe da primeira encarnação mais as quatro mães das outras quatro reencarnações.

“A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás, mas deve ser vivida olhando-se para a frente.” – Itinerantes da eternidade, entre contritos e comovidos, contemplamos o ontem e o hoje que se abraçam à luz das estrelas... É axiomático: o amor de mãe é o único sentimento que se iguala ao próprio Amor de Deus. As mães, neste ou em outros planos da Criação, jamais se esquecem de seus filhos. Por isto nosso coração se alegra, ao saber que temos várias mães na Pátria dos Espíritos. Aleluia! Afinal, é ela (ou são elas) que, naturalmente, se impõem na condição de Rainha da Vida, sendo as estrelas mais brilhantes na constelação do Amor Universal!

REFLITAMOS NESTE TRECHO EXTRAÍDO DE OBRA“MEMÓRIAS DE UM SUICIDA”, PSICOGRAFADO

PELA MÉDIUM YVONNE A. PEREIRA:

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Página 4 JANEIRO/FEVEREIROJORNAL DA MEDIUNIDADE

Conselho Editorial: LEEPPJornalista Responsável: Juvan de Souza NetoRegistro: SC 01359JPRevisão gramatical: Fausto De VitoDiretores: Edson de Sousa Marquez / Mário Alexandre AbudProjeto gráfico e Impressão:

Editora Vitória Ltda.E-mail: [email protected]ço p/ correspondência:

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Carlos A. Baccelli

O livro “Nosso Lar”, da lavra mediúnica de Chico Xavier, cujo prefácio traz o ano de 1943, é repleto de preciosas lições em seus 50 capítulos. Todavia, sem que os parágrafos de cada um deles sejam minuciosamente estudados, com atenção redobrada para o que contêm nas entrelinhas, muitas informações sobre a Vida Espiritual não serão assimiladas pelo leitor apressado.

Um dos exemplos é o capítulo 47 da aludida obra, intitulado “A Volta de Laura”.

Laura, dentre os personagens de maior participação no enredo de “Nosso Lar”, é a mãe de Lísias, amigo de André Luiz. Assim que recebe alta hospitalar, é em sua casa que o médico desencarnado passa a residir, já que nenhum de seus familiares habitava a cidade, situada em região superior do Umbral.

Preparando-se para voltar à Terra, onde se encontraria novamente com Ricardo, seu esposo, que a havia precedido na reencarnação, a mãe de Lísias recebe, em sua residência, a solidariedade de vários amigos da Colônia.

O ambiente, embora Laura se mostrasse preocupada às vésperas do regresso, chega a ser festivo, conforme descreve André Luiz:

“Povoava-se a encantadora residência

de melodias e luzes. As flores pareciam mais belas.

Numerosas famílias foram saudar a companheira prestes a regressar. Os visitantes, na maioria, cumprimentavam-na, carinhosos, ausentando-se, sem maiores delongas; no entanto os amigos mais íntimos lá permaneceram até alta noite.”

*

Vejamos como a situação, de certa maneira, contrasta quando se dá o inverso, ou seja, quando o espírito se desprende do corpo pela desencarnação, voltando ao Mundo Espiritual! Quase sempre, o ambiente do velório, que antecede o féretro propriamente dito é lúgubre, em nada tendo evoluído ao longo dos séculos e concorrendo para a descrença em torno da imortalidade do ser.

*

Entrando a conversar com o Ministro Genésio, que procurava animá-la, Laura, detentora de milhares e milhares de horas de serviço prestadas à comunidade, externa três preocupações básicas, que constituem o objetivo deste arrazoado. Digamos que o assunto que destacaremos seja o tema central do capítulo sob análise. Vamos à primeira delas, na palavra da abnegada senhora.

“ – Tenho solicitado o socorro espiritual

de todos os companheiros, a fim de manter-me vigilante nas lições aqui recebidas. Bem sei que a Terra está cheia da grandeza divina. Basta recordar que o nosso Sol é o mesmo que alimenta os homens; no entanto, meu caro Ministro, tenho receio daquele olvido temporário (o destaque é nosso) em que nos precipitamos. Sinto-me qual enferma que se curou de numerosas feridas... Em verdade, as úlceras não mais me apoquentam, mas conservo as cicatrizes. Bastaria um leve arranhão, para voltar a enfermidade.”

*

Ela, compreensivelmente, estava com medo do esquecimento do passado! De

“NOSSO LAR” E “A VOLTA DE LAURA”

fato, trata-se de um dos maiores empecilhos para o espírito que, sequer se recordando de seu tempo de permanência no Plano Espiritual, perde contato com a sua essência divina, chegando a confundir-se com o corpo que não é ele!

Rebatendo a sua primeira objeção, o Ministro Genésio responde com sabedoria:

“ – Não ignoro o que representam as sombras do campo inferior, mas é indispensável coragem, e caminhar para diante. Ajudá-la-emos a trabalhar muito mais no bem dos outros que na satisfação de si mesma.”

E conclui: “ – O grande perigo, ainda e sempre, é a

demora nas tentações complexas do egoísmo.”

*

Prosseguindo no diálogo, Laura evidencia a sua segunda grande preocupação:

“ – Aqui – tornou a interlocutora sensatamente -, contamos com as vibrações espirituais da maioria dos habitantes educados, quase todos, nas luzes do Evangelho Redentor; e, ainda que velhas fraquezas subam à tona de nossos pensamentos, encontramos defesa natural no próprio ambiente. Na Terra, porém, nossa boa intenção é como se fora bruxuleante luz num mar imenso de forças agressivas.”

*

A influência do meio – eis a segunda causa do receio da mãe de Lísias, consequente da primeira, o esquecimento do passado!

Recordamo-nos aqui de um trecho da oração de Jesus em favor dos discípulos, estando Ele prestes a deixar a Terra: “Já não estou no mundo, mas eles continuam no mundo, ao passo que eu vou para junto de ti. Pai santo, guarda-os em teu nome, que me deste, para que eles sejam um, assim como nós. Quando eu estava com eles, guardava-os no teu nome que me deste, e protegi-os, e nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura. (...) Não peço que os tires do mundo; e, sim, que os guardes do mal.”

*

Rebatendo o argumento de Laura, o interlocutor replicou com sabedoria:

“ – Não diga isso – atalhou o generoso Ministro. — Não dê tamanha importância às influências das zonas inferiores. Seria armar o inimigo para que nos torturasse. O campo das ideias é igualmente campo de luta. Toda luz que acendermos, de fato, na Terra, lá ficará para sempre, porque a ventania das paixões humanas jamais apagará uma só das luzes de Deus.”

*

A terceira preocupação é levantada pelo “funcionário das Contas”, em corroboração às ponderações do Ministro Genésio:

“ – E não podemos esquecer que Laura volta à Terra com extraordinários créditos espirituais. Ainda hoje, o Gabinete da Governadoria forneceu uma nota ao Ministro do Auxílio, recomendando aos cooperadores técnicos da Reencarnação o máximo cuidado no trato com os ascendentes biológicos que vão entrar em função para constituir o novo organismo de nossa irmã.”

Como que se lembrando de algo essencial, a senhora emendou:

“ – Ah! é verdade – disse ela. — Pedi essa providência para que não me encontre demasiadamente sujeita à lei da hereditariedade. Tenho tido grande preocupação, relativamente ao sangue.”

*

Sintetizando, temos as três grandes preocupações de D. Laura, apontando as

principais dificuldades para o espírito que se conscientiza da importância da Reencarnação: esquecimento do passado (referindo-se aos vínculos da mente com os compromissos de ordem superior), influência do meio e, finalmente, os ascendentes biológicos!

Quanto aos ascendentes biológicos, não é nosso propósito fazer uma abordagem mais detalhada do assunto num resumo como este, todavia eles foram mencionados pelo Cristo, no cap. 14, versículo 38, das anotações de Marcos: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca.”

*

Além dos esclarecimentos óbvios insertos no capítulo aqui ligeiramente estudado, notemos quanto a oportunidade da Reencarnação, principalmente para quem nela já se encontra, necessita ser encarada com maior responsabilidade. D. Laura voltaria a Terra sob o aval de si mesma, merecendo cuidados especiais dos técnicos da Reencarnação, mas o que dizer-se dos milhares e milhares que reencarnam, no mundo todo, à mercê das circunstâncias infelizes que talharam com as próprias mãos? Quantos a se debaterem no visco das imperfeições e mazelas, das quais não conseguem desvencilhar-se, esquecidos de que “a Reencarnação é sempre uma tentativa de magna importância”? Até quando, para a maioria de nós outros, a Reencarnação será um círculo vicioso de provas repisadas?...

*

O “conhecereis a Verdade, e a Verdade vos libertará” deve, pelos adeptos da Doutrina Espírita, ser igualmente entendido como emancipação espiritual da cadeia das reencarnações, o que somente lograremos, sobretudo, superando a pesada influência do meio neste mundo de provas e expiações!

*

Encerrando este breve estudo, meditemos no que Emmanuel, no excelente “A Caminho da Luz”, de sua lavra espiritual, escreveu no cap. XIX, quando aborda o tema “As Cruzadas e o fim da Idade Média”. Reportando-se aos equívocos dos espíritos que sucumbiram nas ilusões do mundo, frustrando as expectativas do Mundo Espiritual Superior, considerou: - “No Infinito, reúnem-se os emissários do Divino Mestre, em assembleias numerosas, sob a é g i d e d o s e u p e n s a m e n t o misericordioso, organizando novos trabalhos para a evolução geral de todos os povos do Planeta. Lamentam a inabilidade de muitos missionários do Bem e do Amor, que, partindo dos Espaços, saturados dos melhores e mais santos propósitos, experimentam no Orbe a t ra i ção das p róp r ias fo rças , influenciados pela imperfeição rude do meio a que foram conduzidos.” (destacamos)

E conclui que, neste sentido, nem Luís IX, que seria mais tarde o presidente espiritual da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, fundada por Kardec, se havia isentado: - “Muitos deles se deixavam deslumbrar pelas riquezas efêmeras, mergulhando no oceano das vaidades dominadoras, estacionando nos caminhos evolutivos, e outros, como Luís IX, de França, se excediam no poder e na autoridade, cometendo atos de quase selvajaria, cumprindo os seus sagrados deveres espir i tuais com poucos benefícios e amplos prejuízos gerais para as criaturas.”

(Transcrito do “Anuário Espírita 2009”, edição IDE - Araras, SP)

“Nosso Lar” deve ser a obra mais lida dentre as psicografadas por Chico Xavier. Pelo menos é a mais vendida: já ultrapassou a marca de um milhão e seiscentos mil exemplares. Como traz as primeiras consistentes narrativas sobre as realidades do pós-morte, constitui-se num repositório de lições fundamentais, que se estendem nos demais livros de André Luiz. Mas, se muitos leram “Nosso Lar”, nem tantos compreenderam suas lições e menos ainda conseguiram transitar da compreensão teórica até a vivência prática. Por isso convém ainda muita leitura e reflexão, como no esforço que temos desenvolvido no Grupo de Estudos das Obras Psicografadas por Chico Xavier, nas tardes de sábado, na Fraternidade Espírita “Casa do Caminho”, em Belo Horizonte, iniciativa que recomendamos que se multiplique.

São muitas as lições de “Nosso Lar”, mas nos chamaram mais atenção os capítulos 34, 35 e 36. No capítulo 34, André Luiz narra sua primeira experiência de assistência a espíritos recém-chegados do Umbral.. Ele contém o diálogo travado com uma senhora latifundiária e escravista, que comunicou o alívio de ter deixado o que ela entendia ser o Purgatório que sua religião lhe ensinou. Isso porque foi católica, sempre se confessou com o Padre Amâncio e procurou ser fiel à Igreja. Mas, no exercício de suas atividades senhoriais, considerava “natural” a escravidão e nunca hesitou em determinar aos feitores a imposição de disciplinas aos escravos, mesmo que em alguns casos isso custasse a saúde ou a vida dos infelizes, e em comercializar parte deles, ainda que ao preço da separação de pais, mães e filhos. Afinal, era esta a regra do jogo social, tanto que bispos e padres também tinham escravos, como ela lembrou. Contudo essa vida “normal” custou-lhe cerca de cinquenta anos de padecimentos nas regiões umbralinas....

No capítulo 35 está o reencontro de André Luiz com Silveira, um senhor que contraiu dívidas com o pai do autor e foi cobrado impiedosamente, tendo falido. A intransigência do pai na condução dos negócios foi apoiada por André Luiz, ainda jovem, mas contou com a oposição de sua mãe, que intercedeu, sem sucesso, em favor do devedor. Ressalte-se que na época em que a narrativa foi escrita a condescendente mãe de André Luiz encontrava-se albergada em dimensão superior à Colônia Nosso Lar, enquanto seu pai ainda padecia agruras da vida umbralina. Mas nada mais “natural” do que a implacável cobrança de dívidas: o SPC conta milhões de inscritos, os fóruns reúnem milhares de ações de execução e falência, onde se incluem como autoras as empresas mantidas por instituições cristãs.

Pelo que narrou André Luiz, percebe-se que tanto no escravismo como no capitalismo as regras sociais tiveram e têm importante papel na determinação do comportamento dos homens e das mulheres e, consequentemente, de seu destino espiritual. A maior parte das pessoas comete erros mais ou menos graves, não porque estejam transgredindo normas societárias, mas exatamente por se comportarem como cidadãos exemplares, fiéis cumpridores do ordenamento jurídico e dos costumes e hábitos, inclusive aqueles que os dogmas eclesiais recomendam, aprovam e sancionam. Porém deve-se reconhecer que estas condutas estão totalmente afastadas dos ensinamentos de Jesus. Afinal, bastaria à mulher escravista ou ao pai de André Luiz ou a qualquer um de nós uma leitura sistemática dos Evangelhos, para ali encontrar orientações precisas sobre o perdão incondicional e tantos outros ensinamentos preciosos e, fundamentalmente, o exercício do amor ao próximo como orientação basilar.

No capítulo 36, a mãe de André Luiz orienta o filho, e a todos nós, sobre qual deve ser a norma de conduta: não basta não fazer o mal: é preciso agir permanentemente na realização do bem, pois nossos passos evolutivos dependem antes de tudo da nossa capacidade de doação ao próximo. Logo é preciso desobstruir nossa visão e entender, por exemplo, que não é “natural” uma pessoa em idade produtiva estar desempregada e muitas vezes diante da ação de credores implacáveis. Devemos reconhecer as minguadas condições de moradia, alimentação, higiene, vestuário e outras em que vivem as pessoas desfavorecidas. Cabe reconhecer a insuficiência do atendimento à saúde, o custo elevado do transporte, a precariedade do sistema de educação, enfim, todas as mazelas que decorrem de uma ordem societária cuja lógica é a acumulação de rendas e riquezas por uns poucos em detrimento da maioria. Isso não é “natural” e nem inevitável. Foi a História da Humanidade que nos trouxe até aqui e ela pode ser modificada, desde que se aja ampla e conscientemente nesta direção. Os espíritas em geral sabem disso e alguns até são reconhecidos pelas ações assistenciais que desenvolvem. Resta saber se estamos fazendo tudo o que podemos e devemos diante das circunstâncias ou se mais tarde, depois da morte, lamentaremos não ter feito o que era preciso, como nos demonstram as lições de “Nosso Lar”.

LIÇÕES DE“NOSSO LAR”

Antonio Baracat