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SINDICATO Nasce um novo
Sindicato página 2
PEC 555 Extinguir
contribuição dos
aposentados
é questão de
justiça página 3
UNA-SE Movimento abre
Manifestações página 3
Jornal da Asbin, jul/2014 Informativo da Associação dos Servidores da Agência Brasileira de Inteligência Brasília-DF Ano 4 /N° 28
Jornal da ASBIN
——Sandro Torres Avelar——
Secretário de Segurança Pública
do Distrito Federal
“Assim, a Contrainteligência é importante
para a soberania de nosso país, a gente
tem que estar atento também para isso
aí”.
Página 5
Novo sindicato conta com apoio da CSPB e da Nova Central
Agora é oficial. Após cinco reuniões para
discutir criação, estatuto, eleição e diretoria pro-
visória, um grupo de servidores de vários estados
do Distrito Federal (Sede); do Rio de Janeiro; de
São Paulo; de Goiás; de Minas
Gerais; do Mato Grosso; do Mato
Grosso do Sul e do Rio Grande
do Sul, resolveram construir a
história, - fundar o Sindicato dos
Servidores da Agência Brasileira
de Inteligência (SINDABIN). A
mais nova representação de a-
brangência nacional de forma
pacífica e bastante construtiva.
Nossa base para fortalecer será muito im-
portante nesses primeiros anos de vida da nossa
entidade. Será decisiva nesse processo de forta-
lecimento do Sindicato, a participação cotidiana
de todos os servidores e servidoras e, certamen-
te, isso ocorrerá com naturalidade.
A pro-fundação conta com o apoio do presi-
dente João Domingos, da Confederação dos Ser-
vidores Públicos do Brasil (CSPB) e do presidente
José Calixto Ramos, da Nova Central dos Servido-
res dos Trabalhadores (NCST) e assessorados
pelos advogados Lineu, Caroline, Jesualdo e Bea-
triz.
Em um primeiro momento, convocaremos
uma assembleia pra votação pela fundação do
Sindicato que terá a denominação de SINDABIN
e em seguida a aprovação do estatuto e a elei-
ção da primeira diretoria provisória da entidade.
A assembleia também deverá aprovar a
filiação deste Sindicato à Confederação dos Ser-
vidores Públicos do Brasil (CSPB) e da Nova Cen-
tral dos Servidores dos Trabalhadores (NCST). A
primeira eleição direta para eleger a próxima di-
retora do Sindicato deverá ocorrer em julho de
2017.
Historicamente, as entida-
des sindicais têm demonstrado
que detém uma força política
considerável, principalmente,
como instrumento de política
sindical e nas negociações cole-
tivas.
Pois bem, pensando nisto, dialogando com
alguns associados da ASBIN e buscando realizar
o anseio coletivo das bases, chegou-se ao enten-
dimento que este é o momento oportuno para
darmos mais um passo em direção ao fortaleci-
mento da atividade de inteligência e de nossa
categoria profissional, criando o SINDABIN. “Este
trabalho tem o propósito de esclarecer os proce-
dimentos e as questões acerca do registro e da
fundação da entidade sindical e seus efeitos e
reflexos nas questões sociais com o foco cons-
tante nos preceitos postulados da Liberdade Sin-
dical insculpidos na Convenção nº 87 da Organi-
zação Internacional do Trabalho e dos princípios
constitucionais da Carta Política de 1988, enfati-
zando na problemática da interferência do Esta-
do na criação das entidades sindicais”, disse a
advogada Caroline.
Jornal da ASBIN Informativo da Associação
dos Servidores da Agência Brasileira de Inteligência
End.: Setor Policial Sul Quadra1 Bloco W CEP 70610-200
Tel.: 61 3445-1997/Fax.: 3445-8661
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2 | JORNAL DA ASBIN JULHO/ 2014 - Ano 4 | Nº 28
SERVIDOR
Nasce um novo sindicato com apoio da CSPB e da Nova Central REPRESENTAÇÃO | Mais força para servidores
Extinguir contribuição de aposentados e corrigir pagamentos
O movimento “Una-se”, criado no seio da
ANFIP, reúne mais de 30 associações e sindica-
tos e conta com sete centrais em todo o país.
Dentre outras, iniciou nesta terça-feira, 5, a série
de manifestações que serão realizadas em vá-
rios estados brasileiros.
Uma das prioridades na pauta do UNA-SE,
do qual a ASBIN faz parte, é a votação e aprova-
ção da PEC 555/2006 (extingue a cobrança da
contribuição dos aposentados e pensionistas do
serviço público) e do PL 4434/2008 (corrige as
aposentadorias do INSS observado o número de
salários da época da concessão). Além disso, o
movimento visa à valorização do idoso e dos tra-
balhadores do serviço público e da iniciativa pri-
vada.
Defensores dos aposentados no Congresso
Nacional, o senador Paulo Paim e os deputados
Arnaldo Faria de Sá, Cleber Verde e Marçal Filho
compuseram a mesa da Comissão em apoio à
categoria. Sá afirmou que a idade avançada não
é motivo para desistir da luta, “somos velhos,
mas estamos muito vivos e vamos continuar na
luta”.
PEC 555 /PL 4434 | “Una-se” foi criado no meio da ANFIP, reúne várias entidades
Da esquerda para direita Dep Luiza Erundina, Presidente da CO-
BAP Warley Martins, senador Paulo Paim, Dep Cleber Verde,
Presidente da ANFIP, Margarida Lopes e o Presidente do MOSAP
Edson Heubert
PEC 555/PL 4434 | Entidades unidas pressionam
Movimento Una-se abre manifestações na Câmara
No dia 05/08, o
presidente da ASBIN,
Robson Vignoli, em
conjunto com os diri-
gentes sindicais de
várias entidades, de-
legados regionais e
quatro aposentados,
participaram do im-
portante trabalho na
Câmara em prol da
PEC 555.
Os colegas vo-
luntários, puderam
perceber o quanto é
importante a aborda-
gem e a explicação
aos deputados sobre
a PEC 555. Muitos
nem imaginam que os
aposentados continu-
am descontando o
PSS no contracheque,
salvo raríssimas exce-
ções.
A presença de
todos aposentados na
Câmara é imprescindí-
vel, pois ajuda e muito
o nosso trabalho, das
associações, dos sin-
dicatos e das federa-
ções.
Assim que os
SERVIDOR
3 | JORNAL DA ASBIN JULHO / 2014 - Ano 4 | Nº 28
REAJUTE DA MENSALIDADE DO KRAV MAGÁ
Devido ao aumento crescente de nossos
custos, informamos que, a partir do dia 01-
/09/2014, a mensalidade da Prática Esportiva
KRAV MAGA passará a ser R$ 100,00 (cem reais).
PEC 555/PL 4434 | Entidades unidas pressionam
parlamentares tomem
conhecimento da in-
formação, passam a
apoiar a aprovação da
PEC 555.
Estamos plan-
tando a semente. Te-
mos que continuar
regando e cuidando,
pois em breve tere-
mos o resultado posi-
tivo: a aprovação da
PEC 555. Nós acredi-
tamos nessa luta!
Em nome da AS-
BIN agradecemos a
presença dos delega-
dos, inclusive dos 4
aposentados. Precisa-
mos, a cada convoca-
ção, aumentar essa
participação. Na próxi-
ma, talvez tenham o
dobro! Assim vamos
ter mais poder de
pressão. Obrigado pe-
lo apoio!
Em nome da ASBIN, agradece-
mos a presença de todos
Presidente da Câmara alega dificuldade em votar
projetos antes das eleições
PL 4434/08 e PEC 555| Comitiva do movimento Una-se foi à presidência da Câmara
O presi-
dente da Câ-
mara dos De-
putados, de-
putado Henri-
que Eduardo
Alves, rece-
beu, na última
terça-feira, 5,
uma comitiva
do movimento
Una-se. O mo-
vimento reivin-
dica a votação
do PL 4434/08, que trata do reajuste das apo-
sentadorias, e da PEC 555, que derruba a co-
brança da contribuição previdenciária dos servi-
dores públicos federais aposentados.
Ciente da
situação das
propostas, aler-
tou que não
devem ser vo-
tadas antes
das eleições,
devido, inclusi-
ve, à falta de
quórum na Ca-
sa. “Após o se-
gundo turno
das eleições, eu
posso garantir
que os projetos serão votados”, disse Henrique
Eduardo Alves. A mobilização continuará mesmo
assim.
Movimento Una-se na Câmara de Deputados, em Brasília: Reivindicações são ouvidas e
o movimento continua
4 | JORNAL DA ASBIN JULHO/ 2014 - Ano 4 | Nº 28
SERVIDOR
Agradecemos também ao apoio
da ex-Corregedora da ABIN Del
DPF Maria do Socorro Tinoco
Robson Vignoli entrevista Sandro Avelar
O presi-
dente da AS-
BIN, Robson
Vignoli entrevis-
tou o secretário
de Segurança
do Distrito Fe-
deral, Sandro
Torres Avelar.
Presiden-
te: O senhor é o
secretário mais
jovem do governo Agnelo Queiroz. Por quanto
tempo foi secretário e qual o resultado desse
cargo dentro de um governo?
Secretário: Sim. Eu fui o secretário de Segurança
Pública mais novo da história do DF; eu tinha 40
anos. Sou o segundo em longevidade, fiquei três
anos como secretário de Segurança. A rotativida-
de desse cargo é muito alta, o gasto é muito
grande. Só teve um secretário que ficou mais
tempo do que eu, dentre os vinte e tantos que
me antecederam, que foi o General Athos.
Eu tenho uma preocupação grande, com o
fato de que, como secretário de Segurança Pú-
blica, observava o esforço das corporações em
conter a criminalidade, e percebia nitidamente
que o aumento da violência não é algo que pode
ser resolvido tão somente com a atuação da polí-
cia.
Na verdade, as polícias têm o papel de
“dique de contenção” da criminalidade. Esse di-
que de contenção da criminalidade é preparado
para suportar uma determinada carga, um volu-
me. Se esse volume cresce demais, o dique não
suporta, não está preparado para conter. Por
exemplo: uma criminalidade causada por meno-
res de idade. Eles aprenderam cada vez mais a
utilizar o fato de que são menores, para se furtar
de responder por crimes graves; com a gravida-
de que poderia ser a pena – é o caso do crack
que explodiu no país.
Houve um aumento significativo, a ponto
de se espalhar por todo o país e se tornar um
problema de Segurança Pública para o país intei-
ro. Hoje, entre as 50 cidades mais perigosas do
mundo, você tem 16 brasileiras. São 16 capitais
brasileiras entre as 50 cidades mais perigosas
do mundo. Se você considerar que o mundo tem
mais de 7 bilhões de habitantes, então você vê
que é um percentual elevadíssimo: ter mais de
30% daquelas cidades mais violentas do mundo.
Tem outro componente importantíssimo,
que é o criminoso reincidente. O criminoso que é
por diversas vezes retirado de circulação, preso
várias vezes e a lei acaba beneficiando-o com o
retorno rapidamente às ruas. Então você fala: a
polícia prende, o juiz solta.
Não é verdade: o que solta é a lei. A lei
que prevê determinados benefícios, que favore-
. “O criminoso é um inimigo comum, o
terrorista é um inimigo comum; temos
atribuições diferentes para enfrentar o
mesmo inimigo, então essa soma de
esforços é fundamental”, afirma o
secretário de Segurança Pública,
Sandro Torres Avelar, 44
anos, é delegado da Polícia Fede-
ral há 16 anos. No currículo, a-
cumula os cargos de diretor do
Sistema Penitenciário Federal no
Ministério da Justiça; delegado
de combate ao crime organizado
na Superintendência da Policia
Federal no Distrito Federal; pre-
sidente da Associação dos Dele-
gados de Policia Federal por dois
mandatos; membro da Comissão
da Reforma do Código de Proces-
so Penal no Senado Federal; pro-
fessor de direitos humanos na
Academia Nacional de Polícia
Federal e presidente da Fundação
da Polícia Federal.
| A S B I N Associação dos Servidores da Agência Brasileira de Inteligência
ASBIN ENTREVISTA Nº.2
Por Robson Vignoli, presidente da Associação dos Servidores da Abin JULHO/ 2014 - Ano 4 | Nº 28—Página 5
ce também criminosos
reincidentes, que rapi-
damente voltam às ru-
as e retornam a delin-
quir, como o caso re-
cente aí: o caso Bruno.
Já está de volta, come-
çou a treinar lá em um
time de Minas, depois
de ter dado cabo da
Eliza Samudio. Ela nun-
ca mais vai aparecer. E
isso é só um caso, há
milhões de casos com
pessoas que cometem crimes e rapidamente
voltam às ruas e retornam a cometer crimes.
O criminoso não é recuperado e volta a
cometer crimes, volta a ser um problema de polí-
cia. O Brasil tem que enxergar que mudanças
legislativas são necessárias. Um trabalho pre-
ventivo é mais do que necessário.
Você tem que tirar os menores das ruas,
você tem que ter colégio em tempo integral para
que esses jovens não estejam nas ruas, que eles
estejam aprendendo a fazer algum ofício. Você
tem que ter lazer, cultura, esporte, para essa ju-
ventude que está engrossando a camada de cri-
minosos, tornando insustentável para a polícia
conter toda essa criminalidade que está sendo
gerada.
Então não é à toa que essa violência cres-
ceu, a ponto de fazer com que 16 capitais brasi-
leiras figurem no ranking das 50 cidades mais
violentas do mundo. E eu lembro que o Distrito
Federal já foi uma dessas capitais. Em 2013, à
custa de muito trabalho, um trabalho integrado,
com o envolvimento das nossas corporações,
que passou a ser feito pelas polícias aqui. Nós
conseguimos retirar o Distrito Federal desse ran-
king lastimável.
Presidente: Secretário,
dentro desse contexto,
como o senhor vê a situ-
ação do Entorno na
questão da criminalida-
de para o DF?
Secretário: Seríssimo. A
situação do Entorno me-
rece uma atenção muito
especial, porque, geo-
graficamente, o Entorno
está muito mais próxi-
mo de Brasília do que
de Goiânia, a capital de Goiás, por isso é muito
normal, muito comum que pessoas que residem
no Entorno passem todos os dias aqui, no Distri-
to Federal.
São pessoas trabalhadoras, que contribu-
em com a mão de obra que é utilizada pela capi-
tal, são pessoas que prestam seus serviços aqui
e voltam para lá tão somente para dormir. Várias
cidades do Entorno se tornaram praticamente
cidades dormitório.
Só que, tanto no que diz respeito à saúde,
quanto à educação, quanto à segurança tam-
bém, todo o nosso planejamento, todos os nos-
sos recursos são feitos de forma a atender aque-
la demanda da capital, que já não é pequena.
Nós temos hoje, dentro da capital,
2.800.000 uma população estimada, sem consi-
derar a população do Entorno, contando com
esta, estamos com quase 4.200.000 de habitan-
tes, já estamos batendo na casa aí dos
7.000.000 estimados.
É necessário que haja uma atenção espe-
cial para o Entorno. O governo federal tem que
dar uma atenção especial ao Entorno, e tanto o
estado de Goiás, como o Distrito Federal, têm
que somar os esforços para poder atender a es-
“A Inteligência é fundamental. Temos que investir em Inteligência,
porque, investindo na Inteligência, estamos investindo em segu-
rança, em qualidade de vida para os nossos habitantes, para toda
a sociedade do país”, declara Sandro Avelar.
ESPECIAL| Criminalidade entre capitais brasileiras é alta
| A S B I N Associação dos Servidores da Agência Brasileira de Inteligência
ASBIN ENTREVISTA Nº.2
Por Robson Vignoli, presidente da Associação dos Servidores da Abin JULHO/ 2014 - Ano 4 | Nº 28—Página 6
sa demanda. O fato de
que, geograficamente, as
cidades do Entorno estão
distantes de Goiânia, pre-
judica muito essas cida-
des, na medida em que
muitas vezes, a atenção
do governo de Goiás se
volta naturalmente a so-
lucionar problemas da
região metropolitana de
Goiânia, ou outras cida-
des que estão mais próxi-
mas, e é natural que uma
cidade mais distante não
tenha a mesma atenção daquelas que estão
próximas da capital. E, como o estado de Goiás
entende que por serem cidades muito próximas
de Brasília, e por trabalharem em Brasília, aque-
las pessoas também devem ser objetos da aten-
ção de Brasília.
De certa forma, a gente tem se esforçado
para dar essa atenção. Mas acaba que a região
do Entorno fica prejudicada, porque os governos
precisam realmente somar os esforços pra po-
der atender essa demanda, e o governo federal,
que é responsável, por exemplo, pelo pagamen-
to dos salários dos policiais civis e militares da-
qui do Distrito Federal, também precisa ter aten-
ção especial, para que não haja um desequilí-
brio, como ocorre hoje no Entorno. É isso, há ne-
cessidade de uma atenção especial tanto do go-
verno do DF, como de Goiás, bem como uma
atenção muito especial do governo federal.
Presidente: Secretário, qual a sua leitura, no a-
tual contexto nacional, acerca da necessidade
de se aprimorar a integração entre os órgãos de
segurança e a atividade de Inteligência?
Secretário: Eu acho fundamental. É fundamen-
tal; nós temos que somar os nossos esforços,
também porque somos órgãos de Estado. A gen-
te tem que se unir, como emblematicamente
aconteceu nesse período de Copa do Mundo,
aqui em Brasília. Nós tivemos o privilégio de co-
ordenar o Centro de Comando e Controle aqui
no Distrito Federal, um centro integrado de co-
mando e controle, com o apoio tanto de forças
de outros estados, como o apoio de órgãos fede-
rais: tanto das Forças Armadas, como da Abin,
da Policia Federal, da Policia Rodoviária Federal.
Os esforços com a nossa polícia aqui do Distrito
Federal e de outros estados também conosco.
Essa troca de informações de Inteligên-
cia, essa troca de equipamentos de tecnologia
que foram disponibilizados, isso tudo é funda-
mental, para que a gente possa combater o ini-
migo comum. O criminoso é um inimigo comum,
o terrorista é um inimigo comum; nós temos atri-
buições diferentes para enfrentar o mesmo ini-
migo, então essa soma de esforços é fundamen-
tal.
Presidente: Neste ano de 2014, o Brasil foi pal-
co de um evento de dimensões internacionais,
que foi a Copa do Mundo. Podemos creditar o
sucesso, no campo da segurança, em todas as
“Até para que continuemos tendo essa paz, devemos ter o domínio da informação. Em caso de
necessidade, devemos estar preparados para uma pronta resposta”, salienta Avelar.
| A S B I N Associação dos Servidores da Agência Brasileira de Inteligência
ASBIN ENTREVISTA Nº.2
Por Robson Vignoli, presidente da Associação dos Servidores da Abin
ENTREVISTA| Brasil tem 16 capitais no ranking de cidades violentas do mundo
JULHO/ 2014 - Ano 4 | Nº 28—Página 7
cidades-sede, diga-se de passagem, à integra-
ção efetivamente ocorrida entre as forças de se-
gurança pública, Defesa e Inteligência de Esta-
do, neste caso tendo a Abin como instância coor-
denadora?
Secretário: Com certeza, essa soma de esforços
foi o segredo do sucesso de tudo que aconteceu
em termos de segurança pública durante a Copa
do Mundo. Como tudo deu certo, as pessoas po-
dem equivocadamente, pensar que nós não tí-
nhamos problemas para resolver.
Tínhamos problemas severos, em alguns
estados, tivemos situações iminentes de risco
sério tanto para atletas, como para torcedores
brasileiros ou vindos de outros países – risco
severo para as forças policiais, para as forças de
segurança. Mas, com o trabalho de Inteligência
que foi realizado antes, a gente conseguiu se
antecipar e impedir que algumas ações crimino-
sas fossem praticadas, durante esse período.
(Se ocorresse algum incidente), poderia gerar
um desgaste muito
grande para imagem do
nosso país.
Presidente: Então, pode-
mos concluir que, mes-
mo não tendo feito boni-
to dentro do campo de
futebol, fizemos bonito
no campo da conjunção
de esforços para garan-
tir a tranquilidade e se-
gurança de torcedores,
turistas, delegações e
dos cidadãos em geral?
Secretário: Sem dúvida,
o nosso time se mostrou
muito mais integrado,
com maior capacidade de ajudar, dentro do nos-
so campo (que foi o campo do trabalho de Inteli-
gência e de segurança), do que lamentavelmen-
te o que a seleção brasileira mostrou dentro dos
gramados. A nossa capacidade de integração,
mostrou uma sintonia muito maior do que nos-
sos jogadores, dentro de campo.
O nosso meio de campo funcionou. O mei-
o de campo da seleção brasileira, infelizmente,
não funcionou. Então a gente via a zaga dando
chutão, cobrando que os atacantes resolvessem
sozinhos, sem a participação do meio de campo,
o que no nosso caso não aconteceu. Esse traba-
lho de integração foi fundamental, para que nós
tivéssemos jogos tranquilos.
E eu digo o seguinte: um dos grandes le-
gados da Copa foi justamente essa capacidade
de planejarmos essas ações em conjunto e exe-
cutarmos em conjunto aquilo que foi planejado.
E se tornou uma das grandes virtudes, um dos
pontos altos da Copa do Mundo, esse trabalho
de segurança que todos nós desenvolvemos.
Presidente: Que medidas podem ser tomadas
por parte dos nossos representantes, seja do
“A nossa capacidade de integração, mostrou uma sintonia muito maior do que nossos jogadores,
dentro de campo. O nosso meio de campo funcionou”.
| A S B I N Associação dos Servidores da Agência Brasileira de Inteligência
ASBIN ENTREVISTA Nº.2
Por Robson Vignoli, presidente da Associação dos Servidores da Abin
ESPECIAL| Entrevistado comenta sobre criminalidade
JULHO/ 2014 - Ano 4 | Nº 28—Página 8
Executivo ou do Legisla-
tivo, para que este pa-
drão de qualidade, vis-
to no evento Copa do
Mundo, se perpetue e
se espalhe para outras
regiões do país?
Secretário: Eu acho que
se devem valorizar os
profissionais da área
de Segurança Pública e
da área de Inteligência.
É preciso que haja essa
valorização, que a gen-
te insista nesses traba-
lhos que buscam o en-
trosamento dessas á-
reas, com troca de in-
formações, com troca
de tecnologia, com centros integrados, onde ha-
ja essa participação mútua, cada um cumprindo
seu papel, mas ajudando no cumprimento do
papel do colega, da corporação.
É preciso que a gente tenha essa menta-
lidade, que tenhamos profissionais dessas áreas
ocupando assentos no Congresso Nacional, no
Poder Executivo, mas especialmente no Legisla-
tivo. Porque até hoje, lamentavelmente, a gente
percebe um distanciamento muito grande de
pessoas que fazem leis e de pessoas que são às
vezes assessoradas, quase que por neófitos em
matéria de segurança, e vêm leis muito distan-
tes da realidade que estamos vivendo nas ruas.
Então essa falta de sincronismo, essa
falta de sintonia, entre quem está fazendo as
leis e a realidade do país, é que tem levado ao
aumento da criminalidade em todo o Brasil. Eu
gosto de citar um caso de um secretário de Se-
gurança de um estado no Nordeste, um estado
que, teoricamente, é até pacato. Ele dizia o se-
guinte: que hoje ele tem um desespero muito
grande, como por exemplo, o crack, que já dei-
xou de ser um problema só da capital, ou da re-
gião metropolitana da capital, invadiu o interior
do estado, do Nordeste. Os assaltos a postos de
gasolina, a bancos, com utilização de explosivos
ou armamentos pesados, se multiplicaram signi-
ficativamente, em razão de que o crack está en-
fronhado no interior, na área rural daquele esta-
do.
Ou seja, o crack, por exemplo, se tornou
um problema nacional. Hoje a maior parte dos
problemas relacionados com Segurança Pública
Nacional envolve o crack; é o bandido reinciden-
te, o criminoso que comete o mesmo crime vá-
rias vezes e continua nas ruas; é a questão do
menor de idade, que hoje representa 40% dos
crimes contra o patrimônio, sejam furtos, sejam
roubos.
Então é problema nacional, que tem que
ser tratado dentro do Congresso Nacional, para
“Então essa falta de sincronismo, essa falta de sintonia, entre quem está fazendo as leis e a
realidade do país, é que tem levado ao aumento da criminalidade em todo o Brasil”.
| A S B I N Associação dos Servidores da Agência Brasileira de Inteligência
ASBIN ENTREVISTA Nº.2
Por Robson Vignoli, presidente da Associação dos Servidores da Abin
ESPECIAL| Secretário elogia interação durante a Copa
JULHO/ 2014 - Ano 4 | Nº 28—Página 9
ESPECIAL| Secretário de Segurança Pública do DF fala de criminosos reincidentes
que haja uma discussão realmente profícua e
realista dos problemas que estamos vivendo. No
que diz respeito à Segurança Pública, hoje, infe-
lizmente, nós temos pouquíssimos representan-
tes das nossas corporações, das nossas forças
de segurança, das nossas forças de Inteligência,
dentro do Congresso Nacional, para poder contri-
buir para esse debate.
Acaba que são geradas leis que estão
muito distantes da realidade do país. Então é
preciso que haja, sim, um engajamento, do Con-
gresso Nacional e das Câmaras Legislativas dos
diversos estados, mas eu digo especialmente do
Congresso Nacional, que são matérias que de-
vem ser debatidas no Congresso Nacional, para
que a gente tenha legislações mais realistas, le-
gislações mais adequadas à realidade do país.
Presidente: E como o senhor vê o papel da Inteli-
gência de Estado neste contexto?
Secretário: É fundamental; a Inteligência impede
o acontecimento do crime. A prevenção é muito
mais importante do que
a repressão, e a Inteli-
gência se dispõe a isso.
Ela é dada a isso, a evi-
tar que aconteçam cri-
mes, a evitar que acon-
teçam atentados e atos
terroristas, atos que de
alguma maneira geram
desequilíbrio na estru-
tura, seja do âmbito
municipal, estadual, ou
federal.
Então, a Inteligência é
fundamental. Temos
que investir em Inteli-
gência, porque, inves-
tindo na Inteligência, estamos investindo em se-
gurança, em qualidade de vida para os nossos
habitantes, para toda a sociedade do país.
Presidente: O Brasil é um país de dimensões
continentais. Faz fronteira com 10 países e en-
contramos problemas mais diversos nestas regi-
ões. Como o senhor vê o papel da Inteligência
como ente preventivo e/ou antecipador de fatos
que possam colocar em risco, naquelas áreas, a
soberania pátria?
Secretário: Por mais que tenhamos, já há algum
tempo, período de paz em nosso continente, on-
de aparentemente não existem ameaças iminen-
tes à nossa soberania, é preciso que haja a Inte-
ligência para que isso se conserve assim.
É preciso que tenhamos a capacidade de
entender o processo político que está aconte-
cendo nos demais países, e caso haja a possibili-
dade de se colocar em risco nossa soberania, a
Inteligência se dispõe a impedir que sejamos
pegos de surpresa. Então, tanto no que diz res-
peito à Abin, quanto à Inteligência das nossas
“É fundamental; a Inteligência impede o acontecimento do crime. A prevenção é muito mais
importante do que a repressão”.
| A S B I N Associação dos Servidores da Agência Brasileira de Inteligência
ASBIN ENTREVISTA Nº.2
Por Robson Vignoli, presidente da Associação dos Servidores da Abin JULHO/ 2014 - Ano 4 | Nº 28—Página 10
ENTREVISTA| Avelar fala de contrainteligência
Forças Armadas, é um papel fundamental.
A Inteligência política, as informações que
venham a dar amparo ao nosso governo a tomar
decisões até de cunho político, que afetam áreas
da economia, não só a área de segurança nacio-
nal. Isso é fundamental. Ainda que tenhamos
hoje uma situação de relativa tranquilidade, uma
situação de paz que vem se perpetuando por
muitos anos, com nenhuma ameaça iminente, é
claro que até para que a gente continue tendo
essa paz, devemos ter o domínio da informação.
Em caso de necessidade, devemos estar prepa-
rados com uma pronta resposta.
Presidente: O senhor também acredita que um
dos caminhos para a evolução e eficiência da
Atividade de Inteligência seria uma maior atua-
ção no exterior?
Secretário: Acredito. Isso traz maturidade para o
nosso profissional de Inteligência e traz para o
país a tranquilidade de saber que aquele profis-
sional está trazendo informação de fora, que
com certeza vai se juntar a um grande cabedal
de informações que temos, para gerenciar um
país de dimensões continentais como é o Brasil.
Presidente: Em um país
com destaque no cenário
mundial como o Brasil, é
importante o serviço de
Contrainteligência?
Secretário: Sim, perfeita-
mente, eu acho que no
Brasil de hoje (é impor-
tante). Isso está provado,
temos casos que já gera-
ram até escândalo, onde
o Brasil foi claramente
objeto e análise de Inteli-
gência estrangeira, seja
no campo da economia
ou em qualquer outro
campo. Assim, a contrainteligência é importante
para a soberania de nosso país, devemos estar
atentos também para isso aí, para que a gente
possa fazer o nosso trabalho de contrainteligên-
cia, para assegurar nossas informações, para
assegurar que informações estratégicas sejam
bem conservadas. Mas, da mesma maneira que
a gente tem que amadurecer nosso processo de
Inteligência, com profissionais atuando fora do
país, a gente tem que desenvolver o processo de
contrainteligência, para assegurar a soberania
do nosso país.
Presidente: Senhor secretário, podemos concluir
que, a partir de agora, o modelo de sucesso na
área de segurança demonstrado na Copa do
Mundo é um caminho sem volta?
Secretário: Eu espero que sim. Não há como fa-
zer segurança pública sem informação, e o gran-
de legado, o grande marco, da segurança públi-
ca durante a Copa do Mundo, (há aqueles que
vão dizer que foi a tecnologia, aqueles que vão
“Assim, a contrainteligência é importante para a soberania de nosso país, a gente tem que estar
atento também para isso aí”.
| A S B I N Associação dos Servidores da Agência Brasileira de Inteligência
ASBIN ENTREVISTA Nº.2
Por Robson Vignoli, presidente da Associação dos Servidores da Abin JULHO/ 2014 - Ano 4 | Nº 28—Página 11
ROBSON ENTREVISTA| Secretário de Segurança Pública afirma que Inteligência é fundamental
dizer que foi a aquisi-
ção de câmeras de mo-
nitoramento), mas eu
tenho certeza, na condi-
ção de ex-secretário
que ajudou no planeja-
mento, que ajudou a
fazer com que aconte-
cesse essa aproxima-
ção entre as diversas
corporações, entre ór-
gãos de segurança, ór-
gãos de Inteligência,
seja dos estados, seja
do governo federal – eu
tenho certeza de que o grande legado, o maior
legado, foi a integração dessas forças. A integra-
ção é o legado que tem que ser perpétuo, nós
temos obrigação de
brigar por isso.
Presidente: Suas consi-
derações finais:
Secretário: Agradecer
essa oportunidade de
estarmos conversando
aqui sobre Segurança Pública, sobre Inteligên-
cia. São áreas afins, são áreas irmãs, uma não
existe sem a outra, e a gente tem que buscar,
sim, fortalecer esse grande laço que foi criado
no advento dos grandes eventos. A Copa do
Mundo foi o primeiro deles, outros estão se a-
proximando, mas nós temos que buscar aperfei-
çoar o nosso profissional, seja da área de Inteli-
gência, seja da área de
Segurança Pública.
Investir nesse profis-
sional e formar novos
profissionais já com
essa mentalidade, não
com uma mentalidade
segregacionista, de
trabalhar apartado, não; os nossos profissionais
têm que ser formados com essa nova mentalida-
de, de integração de esforços, integração das
nossas forças, porque o inimigo comum está do
outro lado da trincheira. O inimigo comum é o
criminoso que atua dentro de Brasília, é o terro-
rista que vem de fora, e a gente tem que estar
do mesmo lado; nós estamos ombreados do
mesmo lado da trincheira.
Presidente: Secretário, muito obrigado por esta
entrevista. Espero vê-lo novamente, em outra
situação; agradeço muito a sua atenção. Muito
obrigado.
“Não há como fazer segurança pública sem informação, e o
grande legado, o grande marco, da segurança pública durante a
Copa do Mundo”.
“Eu tenho certeza de que o grande legado, o maior
legado, foi a integração dessas forças. A integração
é o legado que tem que ser perpétuo, nós temos
obrigação de brigar por isso”.
| A S B I N Associação dos Servidores da Agência Brasileira de Inteligência
ASBIN ENTREVISTA Nº.2
Por Robson Vignoli, presidente da Associação dos Servidores da Abin JULHO/ 2014 - Ano 4 | Nº 28—Página 12
“A Copa do Mundo foi o primeiro deles, outros
estão se aproximando, mas nós temos que bus-
car aperfeiçoar o nosso profissional, seja da á-
rea de Inteligência, seja da área de Segurança
Pública. Investir nesse profissional e formar no-
vos profissionais já com essa mentalidade”.