jornal brasil atual - bebedouro 25
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www.redebrasilatual.com.br BeBedouro
nº 25 Abril de 2013
DistribuiçãoGratuita
jornal brasil atual jorbrasilatualJornal Regional de Bebedouro
Novo prefeito mantém obra de Pronto Atendimento parada
Pág. 3
saúde
sai ou não sai?
Presidenta tem aprovação recorde e supera até Lula
Pág. 7
Pesquisa
dá-lhe, dilma!
Santander precisa de gente para trabalhar nas suas agências
Pág. 2
trabalho
olho no banco
educação
Edmar faz Ciências Sociais, Vanessa, Engenharia e Agenor formou-se em Som e Imagem
Pág. 4-5
Pobres, negros e índios estão na universidade
Considerada capital nacional da fruta, colhedores vivem maus dias na cidade
laranja
dureza no Pomar
2 Bebedouro
expediente Rede brasil atual – bebedouroeditora Gráfica atitude ltda. – diretor de redação Paulo Salvador editor João de Barros Redação Enio Lourenço e Lauany Rosa Revisão Malu Simões diagramação Leandro Siman Telefone (11) 3295-2800Tiragem: 10 mil exemplares distribuição Gratuita
editorial
Bebedouro continua a ser chamada de Capital Nacional da Laranja, atribuindo-se os louros de uma citricultura que, a cada safra, lhe aumenta seu status e envergadura em todo o país. De fato, a cidade continua em alta no segmento, ainda que, ao longo dos anos, tenha perdido posições: segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2010 o mu-nicípio já ocupava a sétima colocação entre as cidades brasilei-ras produtoras de laranja, com mais de 350 mil toneladas, atrás de outras cinco cidades paulistas e uma baiana. A desgraça maior, contudo, é a vida dos colonos nesses pomares, assunto da reportagem da página 6 desta edição.
Outra desgraceira danada diz respeito à questão da saúde na cidade. O município recebeu grana do governo federal para construir uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), mas desde dezembro – não se sabe por que –, a obra parou. Di-ante do descaso de nossas autoridades municipais, é possível que a cidade tenha de devolver R$ 1,5 milhão ao Ministério da Saúde. Uma vergonha. Felizmente, há na educação uma bela notícia. É que a política de cotas do governo federal já mostra os primeiros resultados de inclusão social, botando pobres, ne-gros e índios na universidade. É isso. Boa leitura!
outono
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jornal on-line
bancários: campanha do agasalho Coleta vai até 31 de maio nas agências bancárias
solidariedade
O Sindicato dos Bancá-rios iniciou em 10 de mar-ço mais uma Campanha do Agasalho. Os pontos de coleta são as agências ban-cárias da cidade, onde há cestos com a logomarca da campanha. Para a dirigente sindical Shirlei Paixão, “a campanha é um momento em que todos devem de-monstrar solidariedade aos mais necessitados”. A coleta
vai até 31 de maio e o material arrecadado será entregue a en-
tidades de assistência social de Bebedouro.
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santander precisa de bancáriosSindicato quer fim das demissões e mais contratações
trabalho
As três agências do Banco Santander de Bebedouro re-tardaram a abertura em meia hora, no dia 11 de abril, em protesto organizado pelo sin-dicato da categoria. As ma-nifestações foram realizadas em todo o país. O objetivo era chamar a atenção da dire-ção do banco espanhol para a necessidade de uma política interna que vise parar com as demissões que vêm ocorrendo na rede de agências, contratar mais funcionários, melhorar as condições de trabalho e, por consequência, o atendimento aos clientes.
O Santander lucrou, no Bra-sil, R$ 6,3 bilhões no ano pas-sado. “Esse resultado”, segundo o dirigente sindical Fábio Alves Medeiros, “significou 26% do
lucro mundial do banco, portan-to é plenamente possível que o banco atenda as justas reivindi-cações dos bancários. A entida-de sindical da categoria solicita também, por meio de uma Carta Aberta distribuída aos clientes,
apoio às reivindicações e pede o envio de mensagens para os pre-sidentes do banco na Espanha e no Brasil através dos e-mails: <presidê[email protected]> e <presidê[email protected]>.
3Bebedouro
bebedouro pode perder dinheiro que veio para a uPa
vereador pede esclarecimentos dados ainda valem?
Depois de 19 meses, foram feitas apenas 43% das obras da Unidade de Pronto Atendimento
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Desde dezembro, as obras da Unidade de Pronto Aten-dimento (UPA) de Bebedouro – que vinha sendo construída anexa ao Hospital Municipal Júlia Pinto Caldeira – estão paradas. Após um ano e sete meses do lançamento da pedra fundamental pelo ex-prefeito João Batista Bianchini, o Ita-liano, a cidade corre o risco de perder o convênio com o Ministério da Saúde, que já liberou R$ 1,5 milhão para a construção do equipamento de saúde, e ter de devolver o di-nheiro ao órgão.
Segundo o diretor de Enge-nharia, Planejamento e Obras, Gilmar Feltrin, a empresa responsável pela construção, DCN Engenharia e Comér-cio, de Barretos, não cumpriu com o contrato e pediu repasse maior de verbas para prosse-guir a construção. “Tínhamos um dado que apontava 80% da área do terreno construída, mas
constatamos que apenas 43% das obras foram concluídas até o momento” – argumenta.
O Departamento Jurídi-co da Prefeitura acionou o Ministério Público e entrou em litígio com a construtora. “A priori, nós notificamos a DCN, para que ela retome as obras, mas não o fizeram. Sem
resposta, a gente entrou com um processo no Ministério Pú-blico, pois teremos que arcar com um ônus de quase R$ 600 mil para levantar a UPA. Que-remos a devolução do dinheiro repassado a essa empresa de engenharia” – diz Feltrin.
O diretor conta que o valor total da obra foi licitado em
R$ 2.334.696,00 e a contra-partida do município era de R$ 404.409,32. “Não posso dizer se a modalidade de lici-tação foi equivocada, mas sei que é uma conta que não fe-cha, pois ainda faltariam mais de R$ 400.000,00, que não se sabe de onde viriam.” E com-plementa: “Nós estamos no
limite dos prazos do convênio. Tentamos resolver o proble-ma para fazer uma licitação emergencial e contratar outra empresa de engenharia, mas também não podemos cometer equívocos com o Tribunal de Contas do Estado”.
O diretor de Saúde, Dr. Eurico Medeiros Júnior, afir-ma que fará uma reunião com agentes do Ministério da Saú-de, em Brasília, para tentar postergar o prazo do convê-nio. “Hoje não há perspecti-va de quando concluiremos a UPA. Porém, não pode-mos perder o dinheiro de sua construção. Temos de achar uma maneira de viabilizar outras formas de captação de recursos para concluir a obra e também não perder outros convênios com o governo fe-deral, como a Academia de Saúde, novas Unidades Bási-cas de Saúde (UBS) e refor-mas nos equipamentos.”
O vereador Luís Carlos de Freitas (PT) pede esclare-cimentos sobre a morosidade do processo de construção da UPA. O parlamentar também solicita os relatórios de me-dições, o cronograma físico e financeiro da Prefeitura e as providências da nova Ad-ministração Pública. “Houve irregularidades da adminis-tração passada na construção da obra. No entanto, solicitei o relatório de vistorias, para saber as medições da Prefei-tura no local e não obtive.
Quero saber quem foram os responsáveis, quem produziu os documentos. Falta clareza de informações de por que houve a paralisação da UPA. Precisamos esclarecer essa questão” – afirma o petista.
Freitas reitera que a Pre-
feitura pode ser condenada a devolver o dinheiro em-penhado no convênio. “Esse problema implica na con-fiabilidade de nossas ações e responsabilidades, fator fundamental para aquisição de novos empreendimentos junto ao governos federal e estadual. É o caso do tra-tamento da rede de esgoto, que temos 33% não saneado, e precisamos de R$ 20 mi-lhões. Ou da revitalização do Córrego Parati, que também exige um investimento alto.”
Até o final desta edição, a assessoria de imprensa da Prefeitura não sabia infor-mar o tamanho total do ter-reno e a área da UPA a ser construída. A capacidade de atendimento da população, as especificidades médicas e o quadro de profissionais que comporá o novo equipa-mento de saúde também não foram detalhados. De acordo com uma nota publicada no site da Prefeitura, em agos-to de 2012, a área seria de 2.118 m², com 1.382 m² de
construção. O atendimen-to 24 h contaria com quatro médicos (dois clínicos gerais e dois pediatras), corpo de enfermagem, profissionais de raios X e demais funcio-nários, informações que po-derão ser alteradas.
4 Bebedouro
Pobres, negros e índios chegam pela porta da frente
Por uma nova cultura. e bota cultura nisso
62% da população apoia política de cotas, que revoluciona o ensino superior no país Por Cida de Oliveira
educação
Voltar à escola e ter um trabalho longe da rotina exte-nuante do canavial. O sonho do índio terena Agenor Cus-tódio, que dos 12 aos 18 anos
cortava cana em Aquidauana, no Mato Grosso do Sul, foi conquistado aos 39 anos, ao se formar em Imagem e Som pela Universidade Federal de
São Carlos (UFSCar). Agora, ele pode passar na seleção do programa de mestrado da ins-tituição e disputar uma vaga na área de audiovisual ou na carreira acadêmica. A 230 km da capital, a UFSCar é uma das dez melhores universida-des do país, segundo o Minis-tério da Educação.
Agenor teve dificuldades para estudar. Adolescente, lar-gou a escola para trabalhar. Aos 21 anos matriculou-se no ensino médio, que só concluiu aos 28 – mesmo assim, en-trou na Faculdade de Turismo numa universidade pública de seu Estado. Estava no tercei-ro ano, mas parou por falta
de dinheiro para alimentação, moradia e transporte. Mas o sonho não morreu. Em 2008 ingressou na UFSCar graças à cota para indígenas; em mar-ço, ele colou grau. “De outra forma seria impossível entrar numa universidade pública, gratuita, prestigiada, estudar, pesquisar e ter a chance no mestrado” – diz.
Sua vizinha de república, Vanessa David de Campos, 23 anos, aluna de Engenharia de Produção, tem grandes expec-tativas. Ingressou na UFSCar em 2008, na cota dos negros. Primeira universitária da famí-lia, a futura engenheira cresceu na periferia pobre de Taubaté
(SP). Estudou em escola públi-ca e, até o ensino médio, acre-ditava que toda faculdade era paga. Aprendiz numa indústria de autopeças, Vanessa fez mo-delação industrial – um curso técnico no Senai, junto com o colegial –, para entrar mais cedo no mercado de trabalho. Nos fins de semana, tinha aulas num cursinho popular.
Aos 18 anos, viajou sozi-nha pela primeira vez e se ma-triculou em São Carlos. Sem computador portátil e com dinheiro que mal dava para o xerox, enfrentou dificuldades. “Tive muitas desilusões. Em-bora não seja declarado, o ra-cismo existe” – afirma.
Ex-metalúrgico, Edmar Neves da Silva, 21 anos, do terceiro semestre de Ciên-cias Sociais, entrou na fa-culdade por meio da cota para oriundos da escola pública. Cursou a primeira metade do ensino funda-mental na rede municipal de Mogi-Guaçu (SP), depois seguiu na rede estadual até o ensino médio. “A formação foi muito ruim” – lembra o estudante, que queria chegar ao ensino superior público, gratuito e de qualidade.
O que o ajudou a suprir as falhas foi uma bolsa de um curso pré-vestibular par-ticular, que ganhou em 2010, quando trabalhava de dia e estudava à noite e nos fins de semana. Dirigente do di-
retório acadêmico da UFSCar, Edmar é o segundo da família numa faculdade. A irmã mais velha cursou Administração com bolsa integral do Progra-ma Universidade para Todos (ProUni) e faz pós-graduação em Marketing. Os pais não con-cluíram o ensino fundamental.
Porém, ainda há gente que paga colégios caros para os filhos chegarem às universida-des públicas, que se incomo-dam de vê-los dividir salas de aula com negros, indígenas e estudantes pobres – antes da adoção de cotas, em 2004, eles não estariam ali. Esse incômo-do acabará quando a elite se conscientizar de que as boas escolas públicas são mantidas pelos impostos de todos.
Há também casos como o
da fisioterapeuta Sílvia Marti-nez, que pagou boa escola par-ticular para a filha que ficou na lista de espera da Universida-de de Brasília (UnB). “Se não houvesse vagas reservadas
para as cotas, ela teria entrado. É uma mudança de mentalida-de, que leva gerações para ser assimilada. Mas é uma ques-tão de justiça social, vale a pena” – opina.
Um estudo dos pesqui-sadores Jacques Velloso e Claudete Batista Cardoso, da UnB – a primeira a adotar cotas para negros e pardos, em 2004 –, verificou que as cotas mais que dobraram as chances desses candidatos. Para completar, em agosto de 2012, a presidenta Dilma sancionou a lei de ingresso nas universidades federais e nas instituições federais de ensino técnico de nível médio. O prazo é de quatro anos para que as instituições reservem metade das vagas para estudantes do ensino médio de escolas públicas. Desse percentual, metade é para estudantes de famílias com renda de até 1,5 salário mínimo per capita.
graças às cotas, vanessa, edmar e agenor chegaram lá
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5Bebedouro
a voz da elite branca como vencer o preconceito
Por meio da imprensa con-servadora, os porta-vozes da classe social que o ex-gover-nador paulista Cláudio Lembo batizou de “elite branca” es-palham uma visão enviesada, segundo a qual as cotas ferem a igualdade e o mérito acadê-mico, são ineficazes porque o problema está na péssima qualidade do ensino básico público, e não na má distribui-ção de renda, rebaixam o nível acadêmico, desfavorecem os brancos mais pobres em de-trimento dos negros e prejudi-cam essa população ao estig-matizá-la como incompetente.
Todos esses mitos vão sendo derrubados. Em 2006 e 2008, pesquisas do institu-to Datafolha indicavam que mais de 80% da população aprovava as cotas. Em feve-reiro, o jornal O Estado de S. Paulo publicou uma pesquisa do Ibope que mostra que 62% dos entrevistados – dois em cada três brasileiros – apoiam cotas em universidades públi-cas para alunos negros, pobres e estudantes da escola pública.
A pesquisa foi realizada em todas as regiões brasileiras e
constatou que é maior (77%) o apoio às cotas para os de baixa renda, seguido por 64% de aprovação às baseadas em critério de raça. A oposição é maior entre os entrevistados brancos, das classes A e B, mo-radores das capitais, nas regiões Norte e Centro-Oeste. E menor entre os que estudaram da 5ª à 8ª série, emergentes da classe C, nordestinos e moradores do interior. Segundo o jornal, os que buscam ascensão social e econômica são mais simpáticos a políticas que aumentem suas chances de chegar à faculdade. A pesquisa mostra que, em to-das as camadas sociais, o apoio é maior que a contrariedade.
“De 2004 a 2011, a pro-porção de pessoas pertencen-tes à faixa de menor renda aumentou no ensino superior, passando de 0,6% para 4,2%. No mesmo período, a inserção dos negros saltou de 5% para 8,8% e dos pardos, de 5,6% para 11%” – diz o professor João Feres Júnior, do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa da Uni-versidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
Na ava-liação de frei David Raimundo dos Santos, 60 anos, diretor da
ONG Educação e Cidadania de Afrodescendentes (Educa-fro), a aprovação das cotas é fruto dos argumentos sólidos dos defensores da medida. “Com humildade, sabedoria e vigor, as pessoas esclare-cem à opinião pública, o que não ocorre com os críticos que estão em 90% das repor-tagens contrárias publicadas nesses 10 anos” – diz.
O juiz f e d e r a l W i l l i a m D o u g l a s , 45 anos, do Rio de Janei-
ro, era contrário às cotas dos negros, mas passou a defendê-las. Branco, filho de pai lavrador e mãe ope-rária, ele não crê mais em “heroísmo”. “Minha filha estuda em colégio caro, de professores bem pagos e óti-ma estrutura, mas a maioria das crianças pobres estuda em escolas sem professores, carteiras ou banheiros. Não é justo exigir o mesmo de-sempenho na hora de entrar na universidade” – diz.
As cotas valem apenas para o ingresso na facul-dade. A permanência e a conclusão são por conta do aluno. Com o mesmo grau de exigência nos cursos, os cotistas superam as de-ficiências do ensino básico e rendem igual ou melhor
que os não cotistas. Em 2008, o desempenho acadêmico dos cotistas negros era de 6,41 e dos vindos de escolas públicas 6,56, acima do 6,37 dos não cotistas. Além disso, a taxa de conclusão dos cursos era maior.
Embora as universida-des estaduais paulistas não adotem o sistema de cotas, a Unicamp concede pontos adi-cionais na nota do vestibular dos egressos da rede pública. A comissão para o vestibular constatou que a nota média desses alunos beneficiados foi mais alta que a dos demais.
Outra resposta ao discurso de que a política de cotas seria demagógica e os beneficiados abandonariam o curso vem de um estudo da Universidade Federal da Bahia (UFBA). A maioria dos cotistas já cum-prira a maior parte dos cré-ditos das disciplinas e o seu desempenho estava entre os mais altos em cursos como Matemática, Física, Engenha-ria Elétrica, Ciências Biológi-cas, Odontologia, Farmácia,
os negros na universidade são uma novidade nas aulas
Filosofia, Comunicação, Nutrição, Psicologia e Di-reito. Os cotistas também estavam menos sujeitos a reprovação por faltas.
Primeiro aluno a ingres-sar na UFBA por meio de cotas, Icaro Vidal formou-se em Medicina em 2011. Negro e oriundo da escola pública, viu graduarem-se inúmeros grupinhos de es-tudantes brancos, formados nas melhores escolas parti-culares de Salvador. Nunca fez parte de nenhum deles, tampouco sentiu na pele preconceito por ser cotista. Mas sabe que existia, de for-ma velada.
Médico do Programa de Saúde da Família da Prefei-tura de Salvador e servidor estadual num instituto de cri-minalística, Icaro torce pela educação brasileira. “As cotas facilitam a entrada na faculdade, mas não são tudo. É preciso melhorar a escola pública. Atendo adultos e crianças de 12 anos que não sabem ler nem escrever.”
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Flagrante: o doutor icaro atende seus pacientes
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o drama dos colhedores de laranja de bebedouro
os problemas no trabalho de quem coleta a fruta
Da Califórnia brasileira resta o calor do sol sob o qual se trabalha Por Enio Lourenço
agricultura
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bebedouro, Gonçalves dos Santos, o Salo, lamenta a per-da que a monocultura da cana- -de-açúcar trouxe a São Paulo. “Há muito tempo, Bebedouro perdeu destaque na produ-ção citricultora nacional e os maiores prejudicados são os trabalhadores que dependem da colheita da fruta para so-breviver” – afirma.
Para Salo, um motivo do fim da Califórnia brasileira – apelido da cidade nos anos 80 – é o cartel de empresas responsáveis pela exportação do suco de laranja, que deter-minam tudo sobre a safra do cítrico. “A produção da laran-ja está nas mãos das famílias
Cutrale, Fischer (Citrosuco), Ermírio de Moraes (Citrovita) e da multinacional Dreyfus. Como eles têm as fazendas,
não compram a produção do pequeno produtor. Se o pe-queno produz, por exemplo, quatro caminhões, ele vende
apenas dois, joga o excedente no lixo e os postos de trabalho vão diminuindo” – diz.
Outro problema são as
As condições de traba-lho, ao longo dos anos, se deterioram e a qualidade de vida na colheita da laranja está em decadência – o piso dos colhedores de laranja entre junho e fevereiro é de R$ 690. Um bom profissio-nal colhe mais de 100 caixas de laranja (27 kg cada) por dia e pode alcançar R$ 1.200 no fim do mês.
Ao final da safra, a pro-dução diminui e os emprega-dores passam a pagar menos pela colheita. É o caso de Donizete de Freitas, 44, que, com todos os encargos tra-balhistas, recebeu R$ 275 na última quinzena de trabalho em fevereiro, quando cole-tou 198 caixas. E, na entres-
safra, nem todos conseguem o seguro-desemprego.
Em 1995, o ex-presidente FHC sancionou uma lei que facilitou o acesso ao crédito ru-ral e à criação de cooperativas de trabalhadores rurais, mas desmobilizou a categoria e os sindicatos perderam força nas negociações salariais. Assim, as cooperativas negociaram os acordos com as indústrias citri-cultoras. De acordo com o co-lhedor de laranja Géldo Pereira, 51 – há 32 anos na profissão –, esse foi o momento em que os trabalhadores rurais saíram mais prejudicados e obtiveram perdas irreparáveis de salário real. “As indústrias incentiva-ram os trabalhadores a montar cooperativas. Eles falavam pra
doenças nos pomares. Con-siderado o câncer da laranja, o greening foi identificado no Brasil em 2004. Causado por algumas bactérias, como a Candidatus liberibacter, a doença não tem cura e a única forma de controle é a erradi-cação total dos pés afetados. Segundo a Coordenadoria de Defesa Agropecuária do Es-tado, em 2012, 7,2 milhões de plantas foram arrancadas dos pomares paulistas. “An-tigamente o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) realizava fiscalização nas fa-zendas e obrigava os produ-tores a erradicar a peste dos pomares. Hoje a tarefa é de-les, que não o fazem comple-tamente.”
agentes são ex-funcionários administrativos demitidos das grandes citricultoras. “São os gatos, os atraves-sadores. Nós lutamos para acabar com os condomínios, que não respeitam os traba-lhadores, sonegam impostos e direitos trabalhistas e horas extras” – diz. Ele comenta que no Estado existem “uns 30 condomínios”, que tercei-rizam a contratação da mão de obra da produção e não se preocupam com os encargos trabalhistas e a parte social de quem faz a colheita. “Pe-dimos fiscalização do Minis-tério do Trabalho, mas eles quase nunca aparecem para autuar as irregularidades dos condomínios.”
gente abrir uma casinha, cha-mar outros trabalhadores, fazer pequenas assembleias. Foi aí que os trabalhadores perderam a força de se organizar e o seu poder de negociação. Hoje, o pessoal deveria ganhar no míni-mo R$ 0,80 por caixa coletada, mas recebeu R$ 0,42”.
A Lei também proporcio-nou o avanço nos condomí-nios, forma de organização em que os proprietários agem como intermediários na con-tratação de mão de obra na lavoura para as indústrias de processamento. No caso da laranja, Salo afirma que esses
géldo e donizete revelam quanto ganham: r$ 275
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7Bebedouro
society do três marias
situação só piora
Aposenb vence quadrangular inicial do torneio
Futebol
O colhedor Géldo Pereira lembra que a desvalorização da profissão faz os colonos trocarem a lavoura por ou-tros postos na cidade, como a construção civil. “Quem vai coletar 100 caixas de la-ranja, oito horas por dia, de-baixo do sol e ganhar R$ 40? Com um carrinho de sorvete na rua se ganha mais. Um servente de pedreiro tira R$ 300 por semana, algo difícil para um colhedor de laran-ja conseguir na roça.” Salo confirma que, em 12 anos, a categoria passou de 7.000 para 2.500 trabalhadores rurais na cidade (incluindo os cortadores de cana-de-açúcar). No entanto, Géldo é cético ao pensar numa greve para obter uma negociação mais justa com o setor. E lamenta: “Antes da colhei-ta, eles prometem mundos e fundos e nunca cumprem, como o piso de R$ 1.150”.
O colega Donizete de Freitas vê a greve como uma tática suicida, porque não en-xerga união entre os sindica-tos da região. “A gente pode fazer greve em Monte Azul e Bebedouro, mas aí o sindica-to de Barretos, por exemplo, vai lá e assina o acordo co-letivo, sem consultar as de-mais bases da região. Aí, não adianta. Por isso, o Cutrale se considera o dono do mun-do e faz o que quer na mesa de negociação.”
Uma solução viável para os colhedores de laranja é a luta por melhorias no vale alimentação. “Antes, as fir-mas ofereciam cestas bá-sicas. Hoje a Monte Citrus oferece R$ 84; a Cutrale, R$ 150, mas ninguém pode
faltar, mesmo com atestado médico, senão perde o bene-fício. Se as firmas pagassem R$ 250 de vale alimentação seria uma vitória, porque eles não dão R$ 0,01 de salá-rio acima da inflação.”
O gerente regional do Mi-nistério do Trabalho e Em-prego (MTE) de Barretos, Mário Henrique Scannavi-no, diz conhecer as práticas irregulares dos condomínios e indústrias citricultoras de-nunciadas pelo Sindicato de Bebedouro. “Mesmo com apenas cinco funcionários para a região, a gente autua essas irregularidades. Se a gente constata um local inadequado para a refeição, ausência de barraca sanitá-ria, de água fresca, trans-porte ruim, aplica-se a lei e as multas previstas.” Mário afirma já ter encontrado “tra-balho infantil na colheita da laranja, com migrantes tra-balhando com filhos de 6 a 10 anos no pomar.”
O colhedor Géldo e o sindicalista Salo não veem a fiscalização do MTE nos la-ranjais. “A gente pede, mas eles não aparecem. Quando vão às roças, o patrão sabe da inspeção.” Mário nega: “Se isso existir, o funcioná-rio é exonerado na hora do serviço público federal.”
No domingo, 7 de abril, um quadrangular de apresentação abriu mais um Campeonato de Futebol Society, no Jardim Três Marias, organizado pela SABES – Sociedade Amigos de Bairros do Extremo Sul –, em parceria com o CEM – Centro Esportivo Munici-pal –, do Jardim Santaella. O Aposenb sagrou-se campeão diante do Monte Azul por 3 a 1, depois de bater o Jabotica-bal por 2 a 0. O Monte Azul, segundo colocado, venceu o CPP, na primeira rodada, tam-bém por 2 a 0.
O Campeonato existe há 16 anos. O presidente da SABES, João Paulo de Oli-veira, o Diquinho, explica que seu principal objetivo é
a interação positiva dos bair-ros da cidade, reforçando os laços de amizade e respeito. Empolgado, Diquinho agrade-ceu ao bom público presente, que acompanhou os três jogos do quadrangular. “Espero ver todos aqui de novo nos jogos oficiais da competição.”
O campeonato pra valer co-meçará no sábado seguinte, dia 13, com a participação de 21 equipes, divididas em três gru-
pos: Grupo A – Sol Dourado, Oficina Onofre Maradona, Inova, Três Marias, Mecat Service Portuguesa, Sport Boys e Boa Vista. Grupo B – Pizzaria Sorriso, Jardim Marajá, Estrela União, Boa Vista B, Kataclisma, Jardim Aeroporto e Estrelinha Junio-res Manchester. Grupo C – 3M Juniores, Jornal A Cidade (MAP), Força Vital, União, Ziquita, Milan e Art Sol.
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dilma: 63% de avaliação positivaGoverno da presidenta tem avaliação melhor que Lula
Pesquisa
Segundo o Instituto Bra-sileiro de Opinião e Estatísti-ca (Ibope), em março, Dilma Rousseff bateu novo recorde e atingiu 63% de bom ou ótimo – maior percentual desde mar-ço de 2011, quando começou a pesquisa. Outros 29%, dos 2002 entrevistados em 143 municípios brasileiros, con-sideram o governo regular e 7% afirmam que ele é ruim ou péssimo. A aprovação do modo de governar subiu 1%, alcançando 79%, contra 17% dos que desaprovam. A con-fiança na presidenta subiu de 73% para 75%. E o otimismo para os próximos 16 meses de
mandato cresceu três pontos, chegando aos 65%. Três fato-res possibilitaram a manuten-ção da avaliação positiva do governo Dilma: baixa taxa de desemprego aliada à manuten-ção da renda familiar, os pro-
gramas sociais e a personali-dade e o carisma da presidenta da República.
A pesquisa revela ainda que 61% dos brasileiros con-sideram o governo de Dilma igual ao do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva. Mas, pela primeira vez, aumentou o número de favoráveis a Dil-ma frente a Lula. Dessa vez 20% da população conside-rou o atual governo melhor do que o anterior, que ficou com 18%. Em dezembro, a pesqui-sa mostrava que 21% dos bra-sileiros viam o governo Lula como melhor, enquanto 19% optavam pela presidenta.
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Foto síntese – matriz de são joão batista
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horizontal – 1. Quem faz pesquisa 2. Sigla do Rio Grande do Sul; Nome das plantas que causam irritação na pele 3. Que contém ópio; Liga Oficial Pokémon 4. Quadro-negro; Radical NO2, que torna mais ácida a molécula da qual faz parte 5. A letra R; Visto que 6. Tribunal Administrativo Tributário; Classe de compostos orgânicos com um radical hidroxila ligado a um núcleo de benzeno 7. Tornar mais fino 8. Sorri; Indica a pessoa que fala e funciona como sujeito da oração; Bashar Hafez al-, dirigente sírio 9. Cidade do Ceará; As três primeiras letras do alfabeto; Music Theatre International 10. Lugar com água e vegetação no meio de um deserto; Designa orelha.vertical – 1. Trabalhador que vive apenas de seu salário 2. Casual, fortuita 3. Tenda, ou abrigo subterrâneo dos povos nômades do centro da Ásia; Símbolo do ósmio 4. Por pouco; Fonema correspondente à letra L 5. Nome de um bairro carioca; Plural de água 6. Que não tem bom sabor, insípido 7. Comuna da Suíça, localizada no Cantão Valais; Antônimo de forte 8. Símbolo de prata; Pau-d’arco, árvore de madeira muito resistente 9. Distúrbio da visão que impede a percepção de cores 10. Sobrenome do general que é patrono da Arma de Cavalaria do Exército Brasileiro; Antigo Testamento 11. Trecho musical que se executa depois de uma cerimônia.
sudoku
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Palavras cruzadas
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