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Jonas o eremita que desceu iluminado
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A descida do eremita
Jb.campos
APRECIAÇÕES PREFACIAIS
Para corroborar com o sentido, o teor, a riqueza e a abrangência da
mensagem contidos nesta obra, desejo, de início, tecer algumas
palavras a respeito do autor do livro, meu bondoso e dedicado ami-
go João Batista de Campos.
O primeiro contacto social com o Campos foi tão marcante que
mantemos até hoje uma sólida e fecunda amizade. Desde que o co-
nheci e até hoje, dificilmente passamos uma semana sem nos falar-
mos.
Na maior parte dos nossos contactos telefônicos, abordamos assun-
tos bíblicos, área de grande conhecimento do Campos, já que em
sua juventude foi um dedicado pregador protestante. Por este moti-
vo, todas as vezes que preparo os sermões a serem apresentados
nas igrejas protestantes tradicionais (presbiteriana e metodista)
nas quais exerço o meu ministério, nunca deixo de consultar o Cam-
pos que, com bondade, tolerância e espírito verdadeiramente cris-
tão, sempre me orienta com muita competência na estruturação da
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mensagem a ser levada ao meu aprisco. Ainda que não quisesse, a
divina providência se encarregaria de fazer com que o Campos es-
crevesse esta obra de auto-ajuda a todos os que dela tomarem co-
nhecimento. Uma mensagem que vale a pena ser lida e, sobretudo,
vivida.
Muito do que aqui está escrito e proposto ajudou-me na superação
da fase crítica da minha vida.
Hoje, estou convencido de que os ensinamentos sábios e cristãos,
contidos nesta obra foram os responsáveis pelo meu reencontro na
e com a vida. Sou reconhecido, portanto, pela honra em produzir
este prefácio e agradecido ao irmão Campos que me fez ver o mun-
do sob uma nova óptica e até ousar ser feliz.
São Paulo, 10.01.2000
Paulo Q. Marques
Ph. D - Livre-docente da Universidade de São Paulo -
(USP)
João Batista de Campos, ou Campos, para os amigos, tem o dom da
palavra – e da audição, ele traz para o papel, ou melhor dizendo,
para as teclas do seu computador, livros inteiros, com muita facili-
dade, sempre levando uma mensagem dignificante e terapêutica, a
quem dela necessita.
Seu autor é tão claro e cristalino como a mais pura água que brota
de uma nascente: nada esconde. Ele é! Campos não nos furta da
fonte de seus aprendizados / ensinamentos, mostrando-nos ainda, o
modo como chegar a eles.
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Ao término do livro, e ainda sob o impacto do tamanho de sua hu-
mildade, pude perceber um dos alcances profundos de suas pala-
vras, no que se refere a identificações que existem entre duas ou
mais almas. Como ele mesmo diz, nada deve ser tão importante
como o nosso irmão e, ajudando o próximo, estamos ajudando a nós
mesmos, galgando degraus em nossa escalada espiritual.
Vejo ainda, que o mais importante, é cair a semente em terra fecun-
da, e que possa vivificar e dar frutos. É o que propõe a obra de
J.B.Campos nessa mensagem recebida. Que possa o Divino Mestre
iluminá-lo para que possamos receber em breve outras obras tão
valiosas.
São Paulo, 14-01-2000
Cleide Monteiro Mourão
Psicóloga Clínica
Às vezes, até mesmo acidentalmente, nos deparamos com coisas tão
grandes e tão formidáveis que a nossa primeira reação é ficar man-
samente observando, procurando entender seu significado, sua
mensagem e o porquê de nos ter sido dada a oportunidade de pre-
senciá-las. Parece-me que quanto mais evoluímos na senda da vida,
mais expostos ficamos a acontecimentos singulares, verdadeira-
mente mágicos e que encerram, em sí só, sabedoria e ensinamentos
que efetivamente não são nem deste tempo nem deste mundo.
Porém, neste quadrante de tempo em que nos é dado viver, é co-
mum olhar-se e não ver; ouvir-se e não escutar. Na verdade, agindo
como máquinas (insensíveis e irracionais) nos vemos predispostos
por condicionamentos físicos, culturais e psicológicos na mais total
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e absurda descrença, reduzindo os mais fantásticos acontecimentos
à simples fatos normais da vida.
E é em meio a esse mundo mágico e maravilhoso que devo necessa-
riamente inserir esse insigne mestre, o meu amigo e companheiro
de jornada João Batista de Campos, que apenas num toque de mão
e num abraço – ao nos cumprimentar - nos transmite força, energi-
a, otimismo. E com suas palavras, quase sempre eivadas da mais
primitiva simplicidade, nos lança num vôo estratosférico a planos e
mundos pelos quais passamos repetidas vezes e que a vida presente
nos fez esquecer.
Vale a pena conferir.
SP - 19/01/2000
Nicodemo Sposato Neto
Advogado - Jornalista, Assessor de Imprensa da Escola Politécnica
da Universidade de São Paulo - (USP). Presidente da Avilesp.
Agradecimentos.
Não tenho palavras para exprimir aos amigos que apreciaram esta
modesta obra, e já que a emoção me estouva a mente, resumo o meu
grande desejo, que brota do mais profundo de minh’alma - tudo de
bom a esses generosos irmãos de missão.
Sem cabotinismo, ou jactância, esforço-me para deixar toda a hon-
ra e glória aos nossos Amparadores e principalmente ao nosso Pai,
Deus o Criador de todas as coisas.
Com abraços campônios,
Campos
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A DESCIDA DO EREMITA
- Amigo leitor, de onde viemos e para onde vamos?
Estes escritos têm a pretensão de lhe mostrar o caminho pelo qual,
você, caro amigo leitor, encontrará o seu próprio caminho rumo à
tão almejada felicidade.
Você poderá achar este intróito um tanto petulante, porém, afir-
mamos-lhe, que nasceu do ímo da nossa alma, creia!
Desejamos-lhe prazerosa leitura, com a honra desta dedicatória,
pois, você é o causador maior do nosso ensejo de escrever.
A DESCIDA DO EREMITA
Capítulo 1
A MONTANHA DOIRADA
Lá do alto, bem do alto da montanha descia o homem, também co-
nhecido pela alcunha de: “O Homem da Montanha”.
Descia para viver seu aprendizado, que era realmente muito dife-
rente do convencional.
Houvera vivido longos dias no cume daquela montanha de porte
médio, pouco admirada pelos homens, talvez pelo desinteresse mi-
neral exploratório, oxalá, interesses latentes e futurólogos por pe-
dras britadas, mesmo assim lá estava vivendo o eremita.
Vegetariano por força circunstancial.
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Jonas, o nome do profeta-horticultor, muito jovem ainda, subira ao
monte e descobrira uma gruta, buraco da natureza, o qual, sem a
menor sombra de dúvida, passou a figurar como objeto de sua pai-
xão.
Seu grande sonho, como ele próprio dizia, era a paleontologia.
Sendo residente contumaz daquela loca incrustada no granito re-
fratário e gélido, sem fazer o menor sentido para alguns poucos
conhecedores deste seu novo endereço que, somente por este simples
fato, proferiam palavras ignominiosas a seu respeito, referenciando
ao seu modo de vida tão incomum.
Ao lado esquerdo daquela enxovia, a alguns metros, um escarpado
com suas bordas floridas e uma beleza verdejante central, faziam-se
notórios os valores vegetarianos de Jonas.
Um veio d’água da grossora de polegar de pessoa normal, escorria
de dentro da gruta, como se fosse gente grande em sua perenidade,
cujo curso fora direcionado para o belo escarpado vergel, sendo
pelo sistema de irrigação hidráulico, natural e por gravidade, con-
feccionado em mangueiras, imerso sob a Alameda das Formigas,
com placa indicativa, estando grafado na entrada da caverna, so-
mente um número, o: 1 (um).
Alameda das Formigas, nome este que Jonas arranjou para endere-
ço, inspirado no grande formigueiro que existia no caminho que
levava à entrada daquela enorme caverna.
Então, Jonas, movido pelo seu espírito parnasiano, escreveu estes
versos inspirado nas formigas trabalhadeiras daquele local.
FORMIGA
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Perturbas o homem
Tirando-lhe o alimento.
Atribulas o tanto,
Sem alento.
Atrás de inventos,
Ensacando vento.
Que não o socorrem.
Partindo para brigas,
Quais só lhe traz fadigas.
Em vão, luta inglória,
Estás na história.
Na inocência,
Haja sementes.
No teu conjunto
És um exército
No teu exercício.
Ao sono de anjo
De homem-arcanjo.
Trabalhas,
Perturbas,
Derrubas.
E, o anjo dorme.
És operosa
Na inoperância,
Passa indelével,
O anjo acorda irritado.
- E, o seu invento?
Granulado ao relento.
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Ou enterrado
Em forma líquida,
Porém, não liquida.
Oh. formiga,
Vê se te liga.,
Tenhas piedade.
O anjo, já foi à Lua,
Avenidas e ruas,
Não encontrou remédio.
Caiu no tédio,
Sem cair em si.
Coitado, não sabe nada,
É aleijado
Pobre coitado,
À um Saci.
Mas, tu formiga,
És a ferida,
Tenhas piedade.
Pobre do homem,
Anjo se acha.
- E agora?
Já era hora.
Eis a pergunta:
Que aqui se encaixa:
- Quem é o malvado?
- Quem luta por cima?
Eis nossa cisma:
- Quem luta por baixo?
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Jonas, há anos fora pesquisar aquelas paredes graníticas, e no seu
encanto de viajor daquelas entranhas terrestres, não mais pensava
em retorno, porém, agora descia ermitão, extra-sensorial mais do
que nunca, como que renascendo do útero empedernido daquela
montanha encantada, das alturas de seus mil e oitocentos metros do
nível do mar.
E, lá vinha ele para uma nova maneira de conduzir sua vida cá
embaixo, junto de outros mortais, e chegava com outros conheci-
mentos, os quais muitas pessoas ditas normais, nem imaginavam
conhecê-los
Vivendo por longos 14 anos de reclusão intensa, por livre e espontâ-
nea vontade, dentro daquele submundo.
Para sua razoável sobrevivência, Jonas se obrigara ao plantio de
uma hortícola para o seu sustento, e como o tempo lhe era sobejo,
não se esqueceu das flores, deixando assim o pátio de sua residência
requintado de muito egoísmo, já que ali estava vivendo em plena
solidão, apesar de miríades de espíritos estarem juntos dele, admi-
rando suas odoríficas e verdejantes plantas.
Não recebia visita alguma, salvo: “uma na vida, outra na morte”.
Ratificamos: o local era povoado por seus mentores espitirituais.
Consorciou a beleza e a utilidade daquelas plantas, pois, este rodeio
de flores em volta de suas hortaliças, era impregnado de muita sa-
bedoria, pois, além de evitar as pragas, embelezava o lugar encan-
tado.
Jonas aprendera que, o Cravo de Defunto, nome vulgar desta bela
flor, combatia vários tipos de insetos nocivos às suas verduras, e
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que o Gergelim dizimava as formigas cortadeiras, e que o Girassol e
a batata-doce cumpriam o mesmo papel etc.
A Montanha Doirada, como ele mesmo a batizara, era o seu verda-
deiro paraíso terrestre.
Porém, lá vinha o ermitão acompanhado do seu profundo esoteris-
mo, montanha abaixo.
Nos seus primeiros dias de hábitat montanhês, notou que o local
compunha-se de enorme quantidade de calcário, proporcionando
enormes galerias e largos corredores, fossado pela própria nature-
za.
Jonas teve de se haver com o medo, frio, fome e outras preocupa-
ções rotineiras de pessoas comuns, e até mesmo com a saudade que
sentia da família, ao qual implorava o retorno de filho pródigo,
porém, não perdulário como fora aquele jovem da parábola do
Mestre Maior, o Cristo. até porque, naquela situação nem tinha
como gastar.
LUCAS [15]
13 Poucos dias depois, o filho mais moço ajuntando tudo,
partiu para um país distante, e ali desperdiçou os seus bens, viven-
do dissolutamente.
14 E, havendo ele dissipado tudo, houve naquela terra uma
grande fome, e começou a passar necessidades.
15 Então foi encontrar-se a um dos cidadãos daquele país, o
qual o mandou para os seus campos a apascentar porcos.
16 E desejava encher o estômago com as alfarrobas que os
porcos comiam; e ninguém lhe dava nada.
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17 Caindo, porém, em si, disse: Quantos empregados de meu
pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome!
18 Levantar-me-ei, irei ter com meu pai e dir-lhe-ei: Pai,
pequei contra o céu e diante de ti;
19 já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me co-
mo um dos teus empregados.
20 Levantou-se, pois, e foi para seu pai. Estando ele ainda longe,
seu pai o viu, encheu-se de compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao
pescoço e o beijou.
21 Disse-lhe o filho: Pai, pequei conta o céu e diante de ti; já não sou
digno de ser chamado teu filho.
22 Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa,
e vesti-lha, e ponde-lhe um anel no dedo e alparcas nos pés;
23 trazei também o bezerro, cevado e matai-o; comamos, e regozi-
jemo-nos,
24 porque este meu filho estava morto, e reviveu; tinha-se perdido,
e foi achado. E começaram a regozijar-se.
32 era justo, porém, regozijarmo-nos e alegramo-nos, porque este
teu irmão estava morto, e reviveu; tinha-se perdido, e foi achado.
Quiçá, o bom-senso e a santimônia de Jonas, teria um futuro seme-
lhante ao filho pródigo, desta bela parábola de Jesus.
Já na sua maioridade, nada pudera ser feito contra a sua própria
vontade, por parte da família, a qual muito se empenhara para tal.
Seus pais, tentaram discretamente interná-lo numa clínica de re-
pouso, alegando que o querido filho necessitava de um tratamento,
por ser usuário de drogas, como se ele fosse dependente químico, e
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este fato o deixou muito entristecido com seus pais, embora, não
houvesse má intenção pelas partes genitoras.
Jonas, ruminou muito aquela escabrosa acusação paterna, que lhe
doera n’alma, somente por amor aos pais, ele esqueceria o aconte-
cido, e assim o fez.
Porém, naqueles momentos, Jonas ainda não estava preparado
para perdoar aquele constrangimento, posto que estava ali para
um aprimoramento espiritual.
Todavia, até entendeu o desentendimento dos seus queridos pais,
que de tudo são capazes por um filho, pois, esperavam um futuro
promissor e extraordinário do garoto.
Mas, este, após o encontro com o buraco da montanha, abandonara
até seus estudos de egiptologia, e outros, que por ventura fossem o
de fossar a terra
E, lá descia o homem, após 14 anos de pleno isolamento.
- Por que vinha Jonas, e para quê?
Pois bem, Jonas quando chegou lá na caverna para seus estudos
fósseis, passionalmente acabou encontrando algumas pedras semi-
preciosas, porém, elas não o impressionaram tanto, quanto a paz
do lugar encantado.
(A paz em si, lhe era a maior riqueza, portanto, amava profunda-
mente aquela paz.)
Escreveu ele, que aquela gruta era de grande magia, e que provo-
cava delírio sobre o ser humano.
Enfronhado na idéia de encontrar alguma coisa interessante que,
pudesse acrescentar aos seus estudos, acabou achando outros valo-
res.
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No dia em que ali chegou, acabou envolvendo-se tanto com suas
pesquisas que, notou já ser alta hora da noite, e apenas cochilou por
pouco tempo, acabando por findar o seu pernoite, sem ter sido esta
a sua intenção, pois não pretendia ali permanecer.
Mas, no dia subseqüente se achou dormindo, recostado sobre uma
lápide de pedra fria, pois, nela a natureza havia feito um trabalho
realmente artístico e inigualável, tornando-a reluzente e de rara
beleza, que o mancebo ao ver a si mesmo refletido nela, ficou mara-
vilhado, e se comparou a Narciso, o pai do narcisismo. Narciso,
aquele que se vendo no reflexo d’água, se acha o máximo.
Pensativo, recordando de seus sonhos, associando os acontecimen-
tos como pura realidade, onde tudo se fundia.
Neste encantamento, Jonas se absteve da sua vida de muito luxo e
mordomia, e por que não dizermos: luxúria.
Abdicando de seus bens, que eram tantos, sendo um dos herdeiros
mais jovens dos irmãos, perdendo apenas pora o caçula, fazendo
parte de uma família abastada, e grande empresária, não vacilou
em viver no ostracismo, rico em outras heranças que pertencem de
fato e de direito a todos os filhos da grande mãe natureza.
Assim como qualquer herança leva certo tempo para que o seu her-
deiro a receba, o mesmo acontece com a herança natural, que todos
nós num determinado dia haveremos de recebê-la.
No seu segundo dia de habitante de caverna, começara sua grande
atividade para se tornar um troglodita.
Sentiu fome, e teria de retornar ao seu lar, porém, seu pai o procu-
rou, levando-lhe alimentos.
Havia ele, combinado com o próprio pai para ali fazerem aquela
visita, porém, seu progenitor, não pôde acompanhá-lo a contento,
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por motivos de compromissos com negócios, mas reapresentou-se
ao filho, impregnado de muitas preocupações.
Ali naquele reencontro, Jonas procurou explicar ao pai que, gosta-
ria muito de voltar ao seio familiar, porém, uma força maior exigia
que permanecesse por mais tempo no local, e o pai ficou abismado
com tal atitude, repreendendo-o rigidamente, mostrando as neces-
sidades de se preparar nos estudos, e na administração das em-
presas da família:
- Jonas, fizemos de tudo para mantermo-lo dentro dos moldes nor-
mais de um ser comum, e, é isso que você nos dá como retorno?
Pobre pai, estava chocado com aquela atitude do filho.
Porém, o jovem filho respondeu ao pai:
- Perdoe-me, papai, estou muito bem, não se preocupe, estou em
casa, posto que toda esta terra lhe pertence.
Nisto, ele tinha toda razão, pois, aquela montanha repousava sobre
as terras de uma das fazendas de seu pai, próxima à uma cidadela.
Estagiando por mais um dia, que se prolongou por outros tantos,
Jonas começava o estudo da introspecção, inteligentemente não
perdera aquela oportunidade, imbuído de um enorme desejo de
saber.
- Saber o quê? – Se os seu estudos empíricos, ficaram bem longe do
sopé daquela montanha.
O silêncio, e o frio daquele local solitário, desajustaria qualquer
cidadão.
Em compensação, o Sol, conhecido pelos pobres mortais, como o Rei
dos astros, visitava-o como se fosse o primeiro ser entre os rurais e
urbanos, que o deixava em exultante regozijo.
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Jonas, levantava-se lá pelas 6 horas da manhã, o que não tinha a
menor importância, pois, não era como seus irmãos e pais, os quais
tinham uma enorme obrigação social dentro das empresas, com a
dura sina de prestar contas aos seus empregados e subordinados,
além das infindáveis tributações da vida, enfim não passavam de
meros: “senhores-escravos”.
Aos praticar seus relaxamentos, admirava os belos animais, que a
fauna lhe presenteava, ao alcance de sua jovem visão, e que os mais
atrevidos vinham até suas mãos para delas receberem certos tipos
de alimentos.
Capítulo 2
O MAGNETISMO DAS PEDRAS
Naquela solidão preciosa, olhando para as pedras, que apenas lhes
serviam de talismãs, com suas magnitudes magnéticas, Jonas, pen-
sava agora em assuntos que lhe eram novos, e começava a conjetu-
rar consigo mesmo, sobre a vida humana e seu verdadeiro sentido.
- De onde teria ele vindo, como e por quê?
Naquela indagação que se fazia naqueles comenos (momentos),
enquanto perfurava aquelas pedras com suas ferramentas manu-
ais, ao mesmo tempo em que uma britadeira mental como se fosse
elétrica, perfurava-lhe o cérebro.
Agora, um fato estranho lhe acontecia ao dormitar.
Na passagem do estado de consciência ao estado de sono profundo,
apareciam-lhe pessoas que elucidavam suas intrigantes perguntas.
- Como? – Isso parece pura idiotice.
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Idiotice, ou não, o homem iluminado descia.
No limiar do aprendizado, sofria muito com sua luta interior, ora se
achando desequilibrado, ora crendo piamente nos seus devaneios.
Às vezes, discutindo rispidamente com os personagens de suas vi-
sões, achando que seus ensinamentos lhe eram impostos.
Aqueles momentos de sonhos acordados, fizeram com que Jonas
lutasse mais ainda, pois, eram desafiadores.
Pelejou demais com seu subconsciente, já meio desacreditando em
suas visões, e julgando-as frutos de suas alucinações, demência ou
qualquer coisa do gênero.
Na sua grande teimosia, resolveu arriscar tudo, para ver o final
daquela história, se é que teria condições para tal façanha, jogando
tudo, não perdera nada na sua pertinácia, segurando firmemente a
idéia deste desafio, pensou:
- Como pode; o homem lutar tanto?
Estando ele no meio de pessoas e coisas, tem suas preocupações e se
estiver em completo isolamento, como é o meu próprio caso, idem.
- Quantos problemos temos para resolver, hein?
Ali, iniciava uma luta renhida entre Jonas e seu interior, seu Eu
Maior, seu Substrato, sua Essência, seu Espírito.
Houveram muitas discussões entres eles e seus mentores, ampara-
dores, enfim orientadores espirituais, bem como com os atrevidos e
atrasados irmãos do mundo etéreo os quais necessitam de nossas
luzes, tal qual nós de nossos mentores.
Ou melhor expressando: entidades menos esclarecidas e outras
refertas de sabedoria e bondade.
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Aqui vai uma adenda de Jonas: nada de alusivo, ou pejorativo a
nenhuma alma existente, posto que apenas optamos e apelamos ao
amor divino!
Perturbado, pensou: jogarei o que possuo para ver o final de tudo
isto.
- Pois, de que me vale esta vida?
- De quanto tempo me valerei dela?
Tudo aqui me parece passageiro e muito rápido, não ficarei atrela-
do aos bons ensinamentos de meus pais, parentes e amigos. Quero
mais!
A vida não pode se resumir em assuntos tacanhos, chatos e perecí-
veis como vencer meus adversários ou derrotar meus semelhante e
depois erguer minha bandeira de vitória sobre humilhadas criatu-
ras de minha própria convivência.
Já vi isso antes, há milênios, pai vem sendo derrotado pelo filho,
irmão matando irmão, e vai por aí afora.
- Que vitórias são essas?
Podemos começar lá nos primórdios do Velho Testamento bíblico,
Caim matou Abel, seu irmão.
Gênesis ; 4
8 Falou [Caim] com o seu irmão Abel. E, estando eles no campo,
[Caim] se levantou contra o seu irmão Abel, e o matou.
A descida continuava, lá vinha ele.
Capítulo 3
Jonas o eremita que desceu iluminado
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BATISMO DO LAGO
Jonas se deleitava com o lago, que do lado destro da gruta, se fir-
mava com o peso de grandes paquidermes, eram águas vindas de
várias vertentes, cujo peso de milhões de quilogramas, em litros,
deixava o lugar muito leve e de uma beleza esplendorosa.
Jonas, deixara suas finíssimas banheiras de hidromassagens, e até
suas massagistas domésticas para desfrutar do Lago Verde, nome
este testemunhado pelos seus amigos de aparições constantes, que
numa bela noite estrelada, e na presença da tríade, que forma as
Trê Marias, da Constelação Estelar de Órion, às margens do grande
lago, confirmaram onomasticamente (referente a nome) em come-
moração batismal de : Lago Verde.
Existia nas profundezas daquele lago, uma passagem que saía para
dentro da caverna, por um túnel sifonado, situando-se ao mesmo
nível de um enorme salão subterrâneo, posto que o lago situava-se
num local mais baixo do que a entrada daquela gruta.
Aquelas águas eram de pureza assoberbada, realmente cristalina, e
uma certa vez, Jonas mergulhou de olhos abertos e, qual sua sur-
presa ao notar o sifão forjado pela própria natureza, e corajosa-
mente foi investigar aquela passagem, e acabou saindo para o lado
interno do salão e, ficou deslumbrado com tanta beleza natural.
Retornou pelo mesmo caminho, chegando novamente ao lago.
Jonas, durante o dia estudava as rochas, ouvindo os murmúrios de
muitas entidades desencarnadas que conheciam muito sobre pe-
dras, e que lhe transmitiam seus conhecimentos de grandes utilida-
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des, e que jamais aprenderia em lugares normais, onde habita a
massa humana.
Estamos falando das energias rupestres, (das pedras).
Também, estava sempre pronto a receber de muitos mentores espi-
rituais, mensagens de ordem ética e moral, as quais lhe trouxeram
a grande estabilidade emocional de mestre extra-sensorial, que fora
o valoroso Jonas.
E, a descida continuava, lá vinha o conselheiro Jonas.
- Como é possível, alguém deixar o amor familiar para se filiar ao
nada?
O nada não existe, por isto ele se juntava ao todo universal, sem se
preocupar com qualquer objeção que se lhe pudesse ser feita.
Forças estranhas seguravam-no ali, pois, era uma pessoa talhada
para tais atividades, este aprendizado é muito simples, porém, o ser
humano, estando sempre envolvido com valores opostos, agem em
suas lutas incessantes pela sobrevivência, ou seja: pela ânsia de
muito possuir, sem se preocupar se vai sobrar aos famélicos e se-
quiosos irmãos necessitados.
Por estas deduções todas, é que Jonas descia montanha abaixo para
passar seus conhecimentos na prática, as suas grandes teorias já
praticadas no mundos astral.
Já acostumando-se ao o silêncio natural, atendo-se aos cantos dos
pássaros e ao zunir dos ventos, e às atitudes de outros animais,
estava muito feliz com a ausência humana, provando a si mesmo,
que o homem é um ser muito adaptável às situações diversas, sendo
tudo possível na vida de um homem ou mulher, desde de que te-
nham boa vontade.
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Solitário, conversava consigo mesmo, até atingir o ápice da concen-
tração, pela qual encontrava-se com seres evoluídos, que para se
evoluírem mais, teriam de transmitir seus ensinamentos aos seres
preparados, como era o caso de Jonas.
Ensinos pragmáticos e fiéis, sem aumentar nem tirar, como nos
ensina a cosmoética da verdade etérica.
E, isto tudo, para a evolução de mestre e discípulo, ambos com o
privilégio de receber e transmitir aprendizados, no afã de galgarem
os degraus da eternidade.
Pensava Jonas, como é possível tantos seres humanos se acotove-
rem, e atropelando uns aos outros, na maioria das vezes em solidão
total, através do estresse que muito coopera através de desespera-
das preocupações do cotidiano, e com tantas escolas, não aprende-
rem os procedimentos essenciais da vida simples de pessoas felizes,
como os que tenho aprendido nesta minha pseudo solidão, junto de
meus verdadeiros companheiros de estrada eterna.
Longe de tudo, e de todos, obtenho tudo graciosamente, como o ar
puro que respiro, a água cristalina que bebo, a vista maravilhosa
da paisagem natural que Deus Pai me tem concedido e incontáveis
bens.
Em sintonia com ondas etéricas de vários rótulos, vivendo em ou-
tras dimensões, Jonas aprendia desde a mais simples matemática,
ou aritmética à mais profunda anatomia humana.
Conseguindo, em muitas projeções andar por muitos hospitais, in-
dústrias e escolas deste nosso planeta, onde desaprovava o como-
dismo humano, pois, no estado em que se encontrava, tinha muito
mais entusiasmo energético para desenvolver a própria evolução de
profissional deste nosso mundo.
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Em outras esferas, aprendia muito sobre naves ocultas de locomo-
ções espaciais, conhecidas aqui pelos humanos como Discos Voado-
res, desenvolvendo esses estudos todos, sem arredar os pés daquela
loca, onde agora era o seu lar e laboratório de ordem cósmica, ou
seja: laboratório, que se encontra dentro de cada ser humano que,
porventura queira aprender a usá-lo.
Os salões naturais daquela loca eram fenomenais, com medidas
gigantescas para estarem dentro de rochas de pedra.
Chegavam a medir 80 metros de largura por 110 de comprimento
por 100 de altura, e traziam em si verdadeiras obras de arte, escul-
pidas pela natureza, brotando de seus átrios estalagmites, como
plantas que cresciam através de milênios, bem como estalactites,
expondo lindíssimos candelabros, que cintilavam pela luz advinda
das aberturas de algumas fendas, abastecidas pela estrela menor e
de quinta grandeza.
Lagos tranparentes, apresentavam suas águas cristalinas em tons
azulados, formando outros matizes, conforme o sol ou a lua em
tempos beneplácitos, iluminavam suas covas de alguns metros de
profundidade.
Aquele lugar mistico, era considerado de singela beleza, ao rivalizá-
lo com outros que Jonas já conhecera no mundo astral, sem sair de
dentro daquela fortaleza.
Viajando por lugares espetaculares, a exemplo de um plano no qual
esteve, visitando uma fábrica de alimentos sintéticos, e do aprovei-
tamento cíclico da natureza daquele lugar, onde a união daquele
povo adiantado, era simplesmente invejável.
Jonas o eremita que desceu iluminado
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Recepcionando muitos seres diferentes em suas aparências, não se
vexava em pedir conselhos, ajuda em sabedoria para para prestar
auxílio aos seus irmãos humanos, quiçá, à humanidade.
Relatava Jonas somente em pensamento aos seus visitantes, que
muitas vezes agraciavam-no com ótimas receitas de fazer o bem,
através dos pensamentos energéticos, que culminam em energizar
ambientes, independentemente de distância.
Assim, procurava influenciar seus pais e irmãos em seus negócios,
bem como nas suas atitudes humanitárias, sendo que nestas encon-
tra-se a maior bem-aventurança humana, segundo os conceitos do
eremita, e dos grandes luminares da humanidade.
Encontrava-se com músicos renomados, da clássica erudição musi-
cal, ouvia Chopin, List, Lobo e tantos outros e, até trocava idéias
com eles, sempre aprendendo com esses mestres melodiosos, atre-
vendo-se até em escrever algumas melodias, com seus parcos co-
nhecimentos de fusas e semifusas mescladas com colcheias.
Agora, descia o eremita, para aplicar seus conhecimentos os quais
aprendera no mundo extrafísico.
Estava por chegar o homem.
Aos descer, pensava sobremaneira num dos seus mais fiéis compa-
nheiros, Ciríaco, um cão selvagem que, a mais de 7 anos apareceu
no local para lhe fazer companhia, mais conhecido por Ciro, pois,
este cognome (apelido) soava mais suave e lépido.
Na sua sabedoria, Jonas era amigo de Ciro, porém nem tanto ínti-
mo, para não condicioná-lo à dependência da amizade protecionis-
ta, como agem homens, países e povos, onde o mais forte, torna-se
mais forte ainda, e o mais fraco, mais fraco.
Jonas o eremita que desceu iluminado
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Capítulo 4
ALA DAS PESQUISAS
Certo dia, Jonas encontrou um rocha de cor rosada e começou a
olhá-la de maneira que sua visão ficou turva, baralhada, e naquele
torpor foi transportado a um lugar de indescritível beleza e confor-
to.
Maravilhado, menos desejo tinha de se retirar de dentro da caver-
na, como se existissem verdadeiros tesouros no âmago daquelas
rochas.
Chegando a um lugar chamado: Alas de Pesquisas Cibernéticas,
compostas de muitos mestres nestes assuntos.
Aprendeu muito com Tino, um grande mestre que lhe mostrou o
mundo do futuro, através de um telão em outras dimensões, onde
eles podiam adentrá-lo e participar de todos os movimentos daque-
las pessoas e, na prática extrafísica, aprendeu muito sobre cáculos
aritméticos e financeiros, que o fez pensar:
- Nostradamus, Pitágoras, Sócrates, Decartes. deveriam ter fre-
qüentados tais lugares, nos quais tenho me metido ultimamente,
prevendo um futuro de maneira quase precisa, deixando escritas de
suas visões, bem como outros seres iluminados, que vaticinaram o
futuro da terra, porém, os homens estão extremamente distraídos
em seus negócios, para se darem conta destes fatos, realmente são o
inconsciente coletivo que atravanca o progresso da humanidade,
posto que a maioria pensa mal.
O que significa, ter eu saído lá do ensino convencional, para vir
aprender aqui no nada, num lugar extremamente diferente, assun-
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 24
tos ou matérias nas quais não tinha o mínimo prazer, e, aqui ao
fazê-lo, sinto-me na maior alegria.
E, este povo maravilhoso de senso e atitude simples, sem ferir uns
aos outros, todas trabalhando em prol do próximo, isto deve ser o
tão decantado paraíso divino do mundo religioso, onde se “conse-
gue” pelo dízimo e ofertas, as indulgências (compra do perdão) de
pecados, aqui o mestre ironizou, pode crer.
Toda essa maravilha, dentro de um pequeno espaço, representando
os universos, como nada sabemos de nada.
Resmungou o ermitão.
Até então, não se apercebera de quanta amplidão de consciência
estava ganhando com essas experiências.
Como uma pessoa da Idade da Pedra, transladada a uma megaló-
pole em sua parafernália, com certeza ficaria apavorada dentro de
seus parcos conhecimentos, diante de tantas máquinas, pois, seria
plenamente subserviente a tantos deuses de aço.
Desta maneira, Jonas se preparava, até a contragosto para assom-
brar os mortais, cá embaixo da Montanha Doirada.
E agora, mais do que nunca, descia o iluminado.
Naquela solitude clausura, que lhe daria um futuro promissor de
grande alegria, continuava a visitar e ser visitado por seres que,
estão bem perto dos humanos, esperando uma chance para se co-
municarem, porém, a cegueira humana está realmente de portas
fechadas para um resgate carmico mais rápido, o qual poderá se
procrastinar (prorrogar) por séculos, e até milênios, que pena, tan-
ta cegueira.
Jonas o eremita que desceu iluminado
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Sempre acontece, de surgir um bom pensamento criativo em algu-
ma cabeça, e aí se ouve: Eureca, eureca, (achei) ascendeu-se a fa-
mosa luzinha da inteligência humana.
Quem recebe essa gloriosa luz nem sempre sabe o que está aconte-
cendo, muito menos o seu processo criador, que logo cai no esque-
cimento.
Oxalá, se pergunte a um psicólogo, que logo vai dando sua sábia
explicação, revestida de grande autoridade:
“- Esse é, o processo mnemônico aflorado do subconsciente. coisa e
tal!”
Sendo sempre um diagnóstico cheio de lógica, porém, sem maiores
detalhes e explicações convincentes, apenas, palavras de um profis-
sional que passou a vida toda estudando para expressar dizeres bo-
nitos e verdadeiros, dentro de seus conceitos acadêmicos padroni-
zados.
Capítulo 5
AS APARIÇÕES
Jonas, pouco se importando com os ditos e os não ditos, aprofunda-
va-se em seus estudos esotéricos, dizendo para si, que os homens
sempre sofismam sobre seus pensamentos e, em suas patranhas não
deixam que outros pobres mortais possam unir outras cabeças,
também mortais, para se instruírem unilateralmente, pelo medo de
serem sobrepujados. (é, a malévola concorrência invejosa dos hu-
manos).
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 26
No entanto, impondo seus ensinos aos seres condicionados, posto
que o homem aculturado já fez coisas absurdas e destrutivas no
decorrer da história da humanidade.
Porém, Jonas estava pronto e descia pelos caminhos íngremes da
montanha.
Existia bem defronte à boca da caverna, uma plataforma na qual
Jonas trabalhara com as próprias mãos, lapindando o granito,
quem sabe o que é cinzelar um material tão duro, pode imaginar o
que deve ter passado o nosso obstinado ermitão, transformando-o
em uma confortável poltrona de pedra, para troglodita (morador
de caverna). é claro.
Localizava-se na direção do sol poente, ali passava longas horas em
contemplativa meditação extrafísica, afrouxava suas poucas peças
de roupa, e mirando a verdejante paisagem, respirava profunda-
mente, até entrar em êxtase e ser conduzido à esferas inefáveis,
Ciro, seu fiel guardião também o fitava em profunda concentração,
e como fiel vigia postava-se dele a uns 20 metros de distância.
E, às vezes o próprio guru, se dizia: - Como gostaria de ter a fideli-
dade de Ciro!
Ciro, vivia normalmente da caça e de legumes que Jonas lhe oferta-
va de quando em quando.
Jonas, tinha também um plantel de galinhas caipiras, que
completava sua dieta ovo-vegetariana.
Suas poedeiras tinham nomes como: Zefa – Zenaide – Romilda e,
outros respeitáveis, e elas ficavam bem guardadas de Ciro e de ou-
tros animais silvestres como raposas, jaguatiricas etc. Precatada-
mente, Jonas evitava os gatunos noctívagos, sem se esquecer de
velar por Terêncio, o rei do galinheiro.
Jonas o eremita que desceu iluminado
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Suprimento de apoio era fornecido pelo seu nababo (ricaço) papai,
que prontamente o mandava através de seus motoristas, que deixa-
vam sob a responsabilidade de alguns moradores do local, que e-
ram especialistas em escalar aquela pequena montanha, com pa-
gamento à vista pela entrega do suprimento.
E, também atuavam como mensageiro ao guru, o qual chamavam
de: “O Guru Maluco”.
Voltando a falar de seus galináceos, moradores em repartições bem
organizadas, divisando com outras, onde ficavam algumas codor-
nas, angolas e perus, aquele galinheiro era bem construído, induzi-
da por mãos mestras vindas do cosmo, sendo um verdadeiro arte-
sanato, coisa de artista mesmo.
E, lá se encontrava Jonas em seu areópago (“tribuna”), distituído
da presença humana, porém, em estado alterado de consciência,
vislumbrava uma multidão, e falava a uma nação, um grande povo,
dissertando sobre suas visões para outras visões, porém, aquilo era
de uma realeza sem limites, a ponto do guru pensar viver puras ilu-
sões nesta vida de homens mortais e, que a própria realidade de
tudo seria suas verdadeiras visões.
- E, não seriam mesmas?
Jonas, tinha consciência de que quase todos humanos, teriam e te-
rão de chegar àqueles conhecimetos, mesmo que parcialmente, ou
seja, na sua essência têm a grande potencialidade em lidar com coi-
sas extra-sensoriais, extrafísicas, ou com assuntos do mundo invisí-
vel, do espírito etc. como ele estivera lidando em toda sua vida.
Nesta visão específica, Jonas testemunhava aquelas pessoas com
seus conhecimentos, atuava como um líder do mundo espiritual,
bem como recebia também seus ensinamentos, deixando aquela
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 28
tribuna, penetrava entre eles, cedendo o seu lugar de mestre para o
de discípulo.
- Que surpresa seria tudo isso?
E, lá vinha o iluminado.
Jonas, na curiosidade de poucas pessoas que o visitavam, descrevia
suas visões, exortando-as de como e, quando deveriam agir no seu
dia-a-dia, tornando-as mais felizes e bem com a vida.
Pregava que, somente através da meditação e da introspecção pro-
funda, o ser humano chegaria ao autoconhecimento para desfrutar
do equilíbrio, paz, alegria, amor e uma enorme verborragia, se
assim o quisermos.
Essas atitudes, concorriam ainda mais para chamá-lo de estafermo,
mentecapto, energúmeno, louco, desvairado, bem. seus adjetivos
eram muitos, pelo simples fato de terem ciúme de alguém que che-
gou mais perto de Deus, assim falaram do Filho do Homem, de Só-
crates, Gandhi, Buda, Maomé, e tantos mil.
A inveja, sobre o ser que se ilumina, é sacrificial pela própria igno-
rância do homem, que faz sofrer aquele que já sabe sofrer, mas não
resiste o sofrimento da dor de sua própria inveja por falta de sabe-
doria”
Ser invejoso, é ser burro em demasia, e perdoe-nos os animais, que
são inteligentes perto desses burros específicos.
Com o passar do tempo, seus amigos e familiares já o tachavam
como uma pessoa de mente doentia, procurando evitar aquele as-
sunto esdrúxulo e hilário, como costumavam-se expressar e às vezes
escapava um verbete. “estapafúrdio”, sinonímia de pessoas metidas
à bestas, já que anteriormente aventamos sobre o tão útil amigo do
homem, o burro, aliás, um verbete que deveria ser banido do pejo-
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 29
rativo, já que uma espécie de burro menor ainda, um jumento fez a
Entrada Triunfal de Jesus à cidade de Jerusalém:
Mateus: 21
MATEUS [21]
5 Dizei à filha de Sião: Eis que aí te vem o teu Rei, manso e montado
em um jumento, em um jumentinho, cria de animal de carga.
6 Indo, pois, os discípulos e fazendo como Jesus lhes ordenara,
7 trouxeram a jumenta e o jumentinho, e sobre eles puseram os seus
mantos, e Jesus montou.
8 E a maior parte da multidão estendeu os seus mantos pelo cami-
nho; e outros cortavam ramos de árvores, e os espalhavam pelo
caminho.
9 E as multidões, tanto as que o precediam como as que o seguiam,
clamavam, dizendo: Hosana ao Filho de Davi! bendito o que vem
em nome do Senhor! Hosana nas alturas!
Capítulo 6
O LARÁPIO
Numa de suas visões, Jonas saiu em projeção astral, (semelhante a
um sonho, embora, careça de profunda explicação ao laico no as-
sunto), continuando: e pairou sobre uma cidade a ele desconhecida.
Porém, leu na sua entrada a já conhecida frase: “Bem-vindo” a Ma-
rajó.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 30
E das alturas, com olhar aquilino, (olhar de águia), via a movimen-
tação do povo, descontraidamente notava as atitudes mais triviais
das pessoas.
Ao espiar uma feira-livre, notou que um senhor, já de certa idade,
roubava algumas frutas, colocando-as sutilmente em uma sacola.
Tomou a decisão de seguir aquele velho, larápio, na curiosidade de
averiguar ainda mais aquele senhor em suas atitudes.
Era um senhor de cabelos brancos, e de boa postura, bem trajado e
dentro da moda, acima de qualquer suspeita.
O mestre se perguntou:
- O que levaria tal criatura agir àquela maneira compulsiva?
Após vários furtos, o gatuno enveredou-se por um lugar ermo da
cidade, indo ter com uma família paupérrima, encontrando-se com
muitas crianças maltrapilhas e desnutridas.
Qual foi a surpresa de Jonas, aquele homem de certa elegância e
respeitabilidade, simplesmente distribuiu o fruto do furto com aque-
las crianças, que alegremente se atiravam em seus braços.
Porém, o “Robin Wood” (personagem que roubava dos ricos para
distribuir aos pobres) evadira-se rapidamente do local, enquanto,
Jonas continuou a segui-lo em espírito, por assim dizer, o gatuno
adentrou-se numa casa normal de pessoas simples, e Jonas tomou
outro destino que não ferisse a cosmoética de projetor de mundos
astrais, invadindo sua privacidade familiar.
Pensou muito, sobre aquela projeção e, decidiu que continuaria com
suas investigações, porém, com anuência de seus mentores astrais,
assim que os encontrasse, como de fato era uma ocorrência corri-
queira na vida do projetor-eremita encontrá-los, e assim o fez.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 31
- Sirkis, por acaso, você conhece um senhor que reside na rua Ta-
moyo, na cidade de Marajó?
- Sim, o senhor Freijó!
- A sua curiosidade sobre essa pessoa é bastante interessante, pois,
este é um homem que serve de exemplo às religões.
À estas, pelos seus próprios ensinos, fatalmente são induzidas a um
julgamento prévio, como é o caso de Freijó.
Porém, quero frisar e muito bem frisado, que jamais tive a intenção
de aludir que os atos desse senhor sejam corretos.
Mas, deixo para você, meu caro conservo Jonas, que medite sobre
coisas como essas, que são anômalas aos ensinos apregoados pelos
religiosos, e até mesmo pelos ensinos das leis, que regem os homens
em suas jurisprudências.
Falarei sobre esse senhor Freijó, que conceitua seus atos como se
eles fossem os mais íntegros de todos, ele é um homem aposentado,
tendo um modesto salário.
Esse vício, que alguns chamam de doença de cleptomania, Freijó o
adquiriu em sua juventude, na nefasta intenção de ajudar aos me-
nos favorecidos, embora, não entenda a lei de causas e efeitos, já
que nem tudo é possível ser feito antes de seu tempo, conquanto,
tenhamos de dispender esforços no elã de trazer o bem e a paz em
todos os planos de vidas universais.
Se está pensando, que somente você viu Freijó furtando, está redon-
damente enganado, ele já foi pego muitas vezes e até já ficou preso
pelos seus atos de furtar alimentos para repartir com os pobres, po-
rém, depois que a população teve ciência de sua cleptomania e a sua
causa, hipocritamente passou a fazer vistas grossas, colocando
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 32
panos quentes sobre suas atitudes em função dos miseráveis daque-
la cidade.
- Será que, os lesados feirantes não cometem o mesmo delito, sem
sequer dividir com mais ninguém o produto de seus roubos camu-
flados pelas qualidades, medidas, pesos e preços de suas mercado-
rias?
- Sem nenhuma alusão à indução ao crime, não existe nessas situa-
ções todas, nenhuma espécie de compensação?
- Quem poderia ser o justo pretor dessas causas?
Pois, Jonas descia montanha abaixo, justamente para expor seu
aprendizado aos ignorantes irmãos, que faziam uso de muita hipo-
crisia, que é a maneira mais cruel de se pregar mentiras, ou mentir
a si próprio, sem nenhuma repulsa ou mazela àqueles que tanto o
pejoraram em suas atitudes de anacoreta (eremita – ermitão –
isolado).
Jonas, num de seus encontros com Agnelo, um desses seres de alta
evolução espiritual, dotado de grande sabedoria cósmica e de espi-
rituosidade fora de série, porém, com peso em seus ditames, pois,
jamais fora leviano em suas palavras e, Jonas aprendeu mais uma
lição.
Ambos, andarilhavam aleatoriamente por uma bela e tranqüila
avenida arborizada, criada com muita arte e paciência ecológica,
quando repentinamente, foram convidados por alguém, a visitarem
uma fábrica de máquinas de confeccionar roupas, aceitando aquele
convite puderam testificar a simplicidade artesanal daquele eficien-
te trabalho, apesar de serem computadorizados, fez com que Jonas
ficasse meditativo, fazendo-o se perguntar:
- Por que um automóvel terreno, tem de ter tantas peças?
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 33
- Será, mesmo necessário tanta complicação?
Aqueles teares eram de uma simplicidade tão grande, que o deixou
deveras incomodado, ao ver seus testes “in loco” a rapidez e a per-
feição daquela produção de teste que o deixou pasmo.
Conduziram Jonas a uma sala, pedindo sempre a sua autorização,
no que sempre foi muito cordato, introduziram em sua caixa crani-
ana um minúsculo aparelho, como se fora um “chip” de computador
e, lhe disseram que após aquela pequena e simples cirurgia, ele en-
tenderia melhor aqueles processos, mas sua curiosidade era tanta
que o fez perguntar:
- Mestre Crispim, por que tanto ritual, tantos dogmas, tendo em
vista tanta potencialidade, ou poder em suas mãos?
Apesar de Jonas, não ter se expressado corretamente, Crispim lia
muito bem seus pensamentos e lhe respondeu:
- Meu filho Jonas, até no acasalamento, que representa a maior
simbologia da criação divina, existem os rituais, principalmente no
mundo animal, sendo que no ato sexual entre homem e mulher nada
deixa a desejar, pois, sem o jogo do amor, o prazer não teria a
mesma intensidade virtual, ou etérica, sentimentos inexplicáveis
pela sabedoria humana.
Na dança, no ato de ouvir maviosas melodias, tudo isto tem a fun-
ção de alimentar a alma, até nas refeições convencionais, se não
houver uma espécie de ritual, uma preparação psicossomática,
certamente o alimento não terá uma boa digestão, pois, se tudo
fosse simplificado de modo que dispensássemos o tempo a ser usa-
do, estaríamos em plena ociosidade psicofisiológica, e não vamos
esquecer o velho ditado: “cabeça fazia é, oficina do Diabo”.
Jonas o eremita que desceu iluminado
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- Quanto a esta cirurgia, Jonas, é muito normal a praticarmos em
cérebros humanos, que são inconscientes, e que por aqui passaram
sem se dar conta, e hoje são prósperos em diversas áreas humanas,
desde o mais alto altruísta ao nababo senhor de muitos bens.
- Você terá de aprender tanto, até seus irmãos o chamarem de: O
Iluminado, porém, não se envaideça, posto que você não passa de
mais um deles, simples mortal, portanto, seja humilde!
Receberá intuição muito aguçada, que deixará os sábios boquiaber-
tos, pois, terá o seu campo vibracional aberto somente para as boas
e inteligentes manifestações, que o farão um ser maravilhoso aos
olhos de seus semelhante, mas jamais se esqueça, cuidado com a
vaidade, mormente aquela recheada de hipocrisia.
Eis, uma adenda de relevada importância consciencial: “enquanto,
você se regozijar no bem do seu próximo, este mesmo irmão, não
terá o seu nobre sentimento, pois, enciumado tentará atribuir-lhe
prejuízos”.
Seus irmãos não enxergam muito bem, são caolhos, de espíritos
medíocres, por este motivo deverá descer Jonas, desça desse seu
pedestal chamado: Montanha Doirada, é chegada a sua hora.
O verdadeiro artista não tem apego às suas obras, tanto que tudo o
que pensarmos já existem plasmados em alguma parte dos univer-
sos, qualquer de nossos pensamentos ficam registrados no etéreo,
nunca mais desaparecem, são seres vivos, somos deuses e, deus é na
sua essência criador, creia, e analise bem o que nos disse o salmista
Davi, ratificado por Jesus: “ Vós sois deuses filhos do Altíssimo”.
Salmos: 82
6 Eu disse: [Vós sois deuses], e filhos do Altíssimo, todos vós.
Jonas o eremita que desceu iluminado
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João: 10
34 Tornou-lhes Jesus: Não está escrito na vossa lei: Eu disse: [Vós
sois deuses]?
Tudo aquilo que você tem visto, ouvido, e pronunciado fica gravado
no seu subconsciente, ou alma, ou no cosmo.
Você, no seu pouco tempo em que viver, será tão ínfimo perto da
longevidade que terá em outras esferas astrais.
Ao retornar ao seu plano físico, será um ser de grande versatilida-
de, podendo exercer muitas profissões, principalmente a de ensinar
coisas duradouras, que alentarão muitas almas cambaias pelo so-
frimento material.
Será de extrema criativida, porém, não pense que estará criando
alguma coisa nova, não se envaideça, tudo o que fizer já é criação
divina, e apenas será transmitido a você, que é um privilegiado
instrumento nas mãos de Deus.
Esta é, uma verdade quase absoluta, porém, paradoxal, tudo está aí
bem perto de você, como se você estivesse debaixo de um pé de fru-
tas, porém, como existem muitas árvores frutíferas, sobejam muitos
frutos e passam desapercebidos pela fartura, e no seu desinteresse,
esses frutos despencam de seus galhos, apodrecendo, trasformam-
se em húmus, composto orgânico que alimentará muitas outras
espécies de vidas, portanto, este, é o ciclo de eterna movimentação,
onde nada se perde e tudo se transforma, como já afirmava o gran-
de “Darwin”.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 36
Tudo está em constante movimento, as pedras, os homens, sua pele,
nada é, ou está estático, esta estagnação não existe na natureza
cósmica.
Porém, essa aparência cíclica não se repete na realidade, o tempo e
o espaço fazem grandes mudanças nessas aparentes repetições.
Jonas, depois de outras andanças, voltou e recordou dos neurônios.
Capítulo 7
OS NEURÔNIOS
Certa feita, sob o teto de pedra de sua residência, econtrava-se Jo-
nas em estado alterado de consciência, como costumeiramente pra-
ticava, estimulando seu eu maior a deixar seu corpo, com muita
consciência, pois, esta prática estava lhe dando muita sabedoria e,
como haveria de ser bastante óbvio, estava radiante.
Saindo para um passeio ali no interior uterino de pedra, que era seu
vestibular, o qual estava prestando para transmissor de consciên-
cia, ou seja: mestre em projeciologia consciencial, ou melhor, ensi-
nar como se viver em consciência quase plena, senão, plena mesmo,
ao padrão humano.
Cujo aprendizado, dá ao aprendiz uma aura personalizada, forte e
suave ao mesmo tempo, e de sabedoria, quanto à ética pessoal.
Seria a arte de espargir energia sobre outras entidades, a fim de
ajudá-las e também receber ajuda.
Somente a simples presença de pessoas destas práticas, até mesmo
inconscientemente, já deixa qualquer ambiente impregnado de rara
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 37
tranqüilidade e racionalidade, donde procede o bom-senso e o equi-
líbrio, reinando a paz no local.
Inibindo qualquer resquício de sentimentos baixos, que assaltam as
pessoas supreendentemente.
Daí, fato notório, porém, imperceptível pela maioria, na admiração
das pessoas ditas carismáticas.
Naquela divagação, foi tomado de súbito por um clarão muito in-
tenso, porém, suportável, e seres reluzentes em cores variadas lo-
comoviam cumprimentando-se mutuamente com suas mão, porém,
muito rapidamente. Jonas apreciando aqueles movimentos, colo-
cou-se entre eles, e como um deles, mas longe de acompanhá-los em
sua agilidade, e teceu comparações:
- Seriam estes seres, neurônios de alguma cabeça inteligente?
Notava que, aquelas criaturas de formato meio homem, meio robô,
pois, suas fisionomias diferenciavam e muito da de Jonas, levavam
e traziam informaçoes em suas mãos, semelhantemente aos antigos
carteiros, porém, com uma rapidez indescritível.
Correspondendo entre si de forma anacrônica e sem sincronismo
convencional, algo bastante estranho, pois ao confrontar em sua
mente, com a maquinária por ele conhecida, nada batia com nada,
diferente por não seguir um rítmo compassado, próprio e peculiar
ao executar determinado serviço em série, ali aqueles correspon-
dentes agiam de forma totalmente descompassada e, nem por isto
havia alguma colisão, a exemplo do trânsito automobilístico que
Jonas conhecia muito bem, em seus antigos passeios pelas belas
avenidas de grandes cidades, apesar das desastrosas e mortais
colisões.
Voltou a repetir a mesma frase:
Jonas o eremita que desceu iluminado
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- Como não sabemos nada de nada!
E lá vinha o visionário.
Rivalizou tudo aquilo com elétrodo, ou eletródio também conhecido
vulgarmente pelos professores e engenheiros como eletrodo, fazen-
do uma comparação entre o prazer e a dor, o sofrer e o gozar, en-
tendendo-se que se faz necessário esse eletrodo, o qual pode provo-
car estímulo de prazer ou dor, e conforme sua dosagem podem re-
dundar no mesmo efeito.
Concluindo que, o perigo do desequilíbrio do prazer, pode se trans-
formar em dor e vice-versa.
Daí o sistema penitenciário estar falido, posto que não reabilita pelo
processo fustigatório, pois, o criminoso é realmente sadomasoquis-
ta, sentindo o prazer de sofrer e de fazer sofrer.
Estas condições impostas pela desgraçada filosofia do egoísmo hu-
mano, estraçalha até com a constituição de uma nação.
Conjeturou com seus botões:
- O que daria maior prazer ao homem, ingerir 5 quilogramas de
mel de uma só vez, ou outro tanto do mais puro molho de pimenta?
Neste momento uma voz lhe fala:
- Descerá em breve, neurônio Jonas, pois terá de expor aquilo que
aprendeu aqui em seus dias graníticos.
Jonas, achava muito mais confortável o seu aprendizado do que ir
ensinar à muitas cabeças ocas, que certamente o chamariam de
aloprado.
Tentou ali uma discussão com aquela voz, debaixo da fortaleza de
pedra, porém, amistosamente entendeu que deveria deixar o seu
egoísmo de apenas aprender confortavelmente, ficando no anoni-
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 39
mato e, que deveria distribuir o que aprendera graciosamente com
seus irmãos, somente isto validaria seus conhecimentos.
E, foi lhe dito também:
- Meu caro Jonas, preste muito atenção!
- De que lhe valeriam muitos bens dessa vida terrena, se somente
você habitasse a face desse planeta?
- Apenas seria o herdeiro de tudo, e daí, para que lhe serviriam tan-
tos bens?
- Portanto, descerá meu querido irmão e, verá quanta alegria o
espera.
Sair do seu aconchego petrificado, lhe seria desconfortante sobre-
maneira, porém, recordou-se de suas primeiras lições, do frio cor-
tante lhe fustigando o corpo, a fome lhe assolando o estômago, a
falta de algum remédio que, de costume sempre usava, até então
não tinha consciência que a doença é um fantasma do psicossoma.
Acostumara-se de tal maneira com a nova vida que relutara em
voltar.
- Mas, lá vinha o sábio Jonas.
Rapidamente confirmou, tanto faz dar na cabeça, como na cabeça
dar, no fundo tanto fez como tanto faz. dor, prazer, céus e infernos,
o meu e todos os problemas humanos residem na ignorância e no
medo.
Capítulo 8
A DESCIDA
Compenetrado descia Jonas.
Jonas o eremita que desceu iluminado
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O caminho era um tanto complicado e o seu coração estava um
tanto apertado por ter de deixar o lugar que tanto lhe aprazia.
Juntou um pouco das galinhas que lhe sobraram, pois, já havia
doado uma parte delas aos rapazes que às vezes lhe traziam rações
e outros alimentos e até correspondências etc.
Despediu-se de Ciro – desta vez descia mesmo!
A passos lentos deslizava lá de cima, no caminho encontrou com
algumas pessoas que o cumprimentaram, e Jonas lhes perguntou
como faria para chegar até a próxima cidadela, pois, há muito não
andava por aquele caminho.
Sua prosa era somente para chamar atenção daqueles campesinos,
para poder conversar com aquelas pessoas simples e humildes.
Então, Jonas faz uma oferta aos rapazes:
- Vamos negociar, vocês me ensinam o caminho e, em troca lhes dou
duas dessas minhas galinhas a cada um de vocês. feito?
Responde-lhe o mais afoito dos três rapazes:
- Não é necessário não, senhor, nós lhe ensinaremos o caminho ao
senhor, de graça.
Jonas retrucou:
- Tá bom, então vou dar uma galinha para cada um de vocês, tá
certo?
Responde o mais velho:
- Já que o senhor insiste!
Estava doido para se livrar daquelas galinhas, que lhes pesam os
ombros, posto que estavam dependuradas num varapau improvi-
sado pelo eremita.
Andou um bocado, a uma altitude de 800 metros, avistou lá embai-
xo alguns barracos que davam a impressão de uma favela com suas
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 41
antenas de televisão, que o deixou encabulado, pois, quando chegou
ali, jamais imaginou, um dia encontrar alguém morando nas ime-
diações.
Chegando até aqueles casebres, soltou o que lhe restava de galiná-
ceos para regalo daquelas pessoas, e o seu também, enquanto al-
guns curiosos vinham encontrá-lo, e, logo surgiu a pegunta:
- O senhor é o homem lá de cima?
- Sou, por quê?
- Porque temos a curiosidade de conhecê-lo.
- Muito prazer, eu sou Jonas.
- O prazer é nosso, eu sou Nelson e esse é o Moacir.
- Eu morei 14 anos lá em cima e, por que nunca recebi a visita de
vocês?
- Por que o doutor Tiago, o pai do senhor, nos permitiu que morás-
semos aqui, com uma condição incondicional, a de nunca subirmos
a molestar seu filho Jonas, o senhor.
- Muito obrigado seu Jonas por nos dar atenção.
- Por nada, pois, esta é a minha obrigação!
Pensou Jonas, é o progresso avançando por todos os lados.
Caminhou por alguns quilômetros até chegar à cidadezinha, e pro-
curou uma condução que o levasse até a sua cidade, porém, sem
usar a influência familiar.
Indicaram-lhe um motorista de praça que peremptoriamente se
negou ao préstimo, já que Jonas confessou não ter dinheiro para a
corrida e, que a acertaria quando chegasse na residência de seus
pais.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 42
Ficou por ali, no único posto de gasolina existente, esperando por
uma carona, quando repentinamente vai encostando uma cami-
nhão para reabastecer, e estava com uma carga bem grande.
Apesar de ser um caminhão baú, dava para perceber seu peso pelo
ranger do seu molejo, e pelas marcas no chão de seus pneus.
Pediu carona ao motorista, dizendo, que em troca lhe descarregaria
o caminhão, já que o mesmo ía exatamente para sua cidade.
Porém, o motorista se desculpando, falou:
- Amigo, gostaria muito de ajudá-lo, mas não o conhecendo não me
arriscaria, desculpe-me, mas tem havido muitos crimes por aí, o
senhor me entende, não é.
- Sim, naturalmente que sim, de qualquer maneira lhe fico agrade-
cido, só pelo fato do senhor me dispensar sua honrosa atenção.
Imitando o campônio, que lhe dirigira quase a mesma frase.
Encostou-se num muro a espera de uma nova oportunidade, quan-
do o motorista do caminhão cismou em chamá-lo, e:
- Venha cá, amigo, vou arriscar um olho, vou lhe conceder esta ca-
rona, conquanto, o senhor terá realmente de descarregar minha
carga, que não é nada fácil. Combinado!
- Sim, vamos lá!
E, lá se foram rumo à cidade de onde Jonas partira há 14 anos.
Jonas viajava junto a carga, enquanto, o motorista e sua família
composta de mulher e um filho íam na boléia do caminhão.
O caminhão pesado, subia uma estrada asfaltada, lentamente.
Repentinamente o caminhão parou, enquanto, Jonas se encontrava
em profunda meditação ali dentro do baú, como bom projeciologis-
ta que o era, já estava sabendo do que se tratava.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 43
Quando abriu-se a porta do baú, e entraram alguns homens por-
tando armas de alto calibre e olhando para todos os lados não vi-
ram Jonas inerte na sua meditação profunda, pois, ele praticava a
arte de se passar por algo de menor significância, portanto, sem
despertar o menor interesse em quem quer que fosse.
Uma criatura insignificante em seu valor.
Jonas, com o que aprendera saiu do baú sem que ninguém o visse e
mexeu na parte elétrica do caminhão, de modo que, impossibilitou o
roubo daquela carga valiosa, e assim os bandidos desistiram de
suas maléficas ações.
Jonas, conseguia praticar a desintegração molecular de seu corpo
físico, tornando-se um espírito, numa explicação assim bem gros-
seira, como acontecera com o apóstolo Pedro quando esteve numa
prisão:
ATOS [12]
1 Por aquele mesmo tempo o rei Herodes estendeu as mãos sobre
alguns da igreja, para os maltratar;
2 e matou à espada Tiago, irmão de João.
3 Vendo que isso agradava aos judeus, continuou, mandando pren-
der também a Pedro. (Eram então os dias dos pães ázimos.)
4 E, havendo-o prendido, lançou-o na prisão, entregando-o a qua-
tro grupos de quatro soldados cada um para o guardarem, tencio-
nando apresentá-lo ao povo depois da páscoa.
5 Pedro, pois, estava guardado na prisão; mas a igreja orava com
insistência a Deus por ele.
Jonas o eremita que desceu iluminado
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6 Ora quando Herodes estava para apresentá-lo, nessa mesma noi-
te estava Pedro dormindo entre dois soldados, acorrentado com
duas cadeias e as sentinelas diante da porta guardavam a prisão.
7 E eis que sobreveio um anjo do Senhor, e uma luz resplandeceu na
prisão; e ele, tocando no lado de Pedro, o despertou, dizendo: Le-
vanta-te depressa. E caíram-lhe das mãos as cadeias.
8 Disse-lhe ainda o anjo: Cinge-te e calça as tuas sandálias. E ele o
fez. Disse-lhe mais; Cobre-te com a tua capa e segue-me.
9 Pedro, saindo, o seguia, mesmo sem compreender que era real o
que se fazia por intermédio de um anjo, julgando que era uma vi-
são.
10 Depois de terem passado a primeira e a segunda sentinela, che-
garam à porta de ferro, que dá para a cidade, a qual se lhes abriu
por si mesma; e tendo saído, passaram uma rua, e logo o anjo se
apartou dele.
Logo após a retirada dos gatunos, Jonas saiu ao socorro do moto-
rista e sua família, econtrando-os amarrados em uns tronco de
árvores a uns poucos metros do veículo.
Estando tudo em ordem, partiram para seus destinos.
Veja amigo leitor, que tratamos muito sobre nossos amparadores,
mentores espirituais, ou anjos da guarda, como queira entender, e
quando referimo-nos a Deus nos ajudar, com certeza estamos tra-
tando de seus anjos que nos auxiliam.
E até para refrescar sua memória, anteriormente lhe foi dito:
- “Vós sois deuses, filho do Altíssimo”.
Capítulo 9
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 45
O REENCONTRO
Chegaram na cidade onde morava a família de Jonas.
O caminhão encostou numa enorme fábrica para a devida descar-
ga, e o motorista que já notara alguma virtude energética em Jo-
nas, e compadecido, começou ajudá-lo a descarregar a carga.
Terminado aquele serviço, e para surpresa de Jonas, lá vinha uma
pessoa muito conhecida, era o doutor Tiago, que saíra de dentro da
fábrica dirigindo-se ao escritório pelo átrio do estabelecimento.
Ao passar pelo caminhão nem se deu conta do filho, que por detrás
do pai lhe bateu no seu ombro esquerdo, e lhe disse:
- Doutor Tiago, por que tanto orgulho, já não conhece mais o seu
insurgente filho?
O impacto foi tão grande, que o velho quase teve uma síncope, e
chorando copiosamente lhe respondeu:
- Jonas, meu amado filho, que prazer enorme em revê-lo!
Chorando, ficou abraçado ao filho que também lacrimejava, en-
quanto o canhestro (desajeitado) motorista, abismado assistia a
cena.
Aquele momento emocionante ficou marcado na memória do moto-
rista, que mesmo sem entender nada, mais tarde desandou a narrar
a história do desconhecido que o livrara dos ladrões, e que descar-
regara a carga do próprio pai. e até acrescentava um pouco mais
para valorizá-la.
A família, deu uma festa comemorativa pela chegada de Jonas, que
a aceitou normalmente, deixando a todos perplexos.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 46
Estava irreconhecível, não podia ser o mesmo, categoricamente não
podia ser o mesmo menino Jonas, raquítico e doentio de outrora,
hoje um homem de 1,80 m esbanjando saúde, carisma e inteligên-
cia, aliás, muita sabedoria.
Seus irmãos foram refratários ao aceitá-lo como novo membro da
família, até que se convenceram pelas evidências naturais de ir-
mãos e fatos.
Na festa, que fora no dia seguinte de sua chegada, houve muita
curiosidade por parte de suas belas primas, tios, parentes e velhos
amigos, pois, Jonas dera um verdadeiro “show” de conhecimentos
na noite anterior na presença de boa parte deles, deixando seus
irmãos de queixos caídos.
O próprio pai, estava tão orgulhoso, que ordenou aos criados que o
vestissem decentemente para a respectiva festa.
Na grande festa, pomposa e requintada, com toda etiqueta, lá esta-
va o homem todo arrumado.
O orador era o diretor jurídico das empresas de Tiago, encarregado
de fazer as apresentações.
Jonas, um ser diferente, radiante, com tamanha paz e serenidade
começava a contagiar a todos.
- Quem seria aquela pessoa bem apessoada a ser homenageada?
Esta era a pergunta de muitos, que ignoravam o fato.
Era um dos herdeiros de tamanha fortuna, que despreocupadamen-
te estava emanando suas energias contagiantes ao ambiente.
Logo, lhe ofereceram o uso da palavra, que o fez com muita desen-
voltura, contagiando mais ainda pela sua maneira carismática de
tratar com aquele público, respondendo sabiamente todas as per-
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 47
guntas sobre assuntos intrincados, porém, não para o guru ilumi-
nado, Jonas.
Discursou inspiradamente, como sempre o fizera aos seus irmãos
do mundo astral.
Após as festividades, reuniu-se a família, e o assunto era um só:
- O que fazer com Jonas?
- Ficaria morando com a família? – até aí tudo bem.
- Mas, e o seu trabalho?
Alguns sugeriram, deixá-lo ocupando a vacância de uma diretoria,
até para encher lingüiça, ou apenas para preencher uma vaga de
um velho diretor que negava-se a morrer, tal a sua longevidade.
Sem que ninguém esperasse, lá estava Jonas integrando o cargo de
conselheiro das empresas.
Pediu apenas para opinar sobre qualquer assunto inerente aos seus
conhecimentos, junto das empresas.
Pediu carta branca para tomar tal atitude, e que politicamente lhe
deram.
Enquanto, seus irmãos conjecturavam jocosamente:
- Quais conhecimentos?
Capítulo 10
A FÁBRICA DE BISCOITOS
O primeiro dia de trabalho de Jonas, foi numa fábrica de biscoitos,
que não estava indo nada bem.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 48
Começou visitando todos os departamentos, desde os departamen-
tos mais sofisticados até o departamento de sucateamento de biscoi-
tos, onde ficavam os refugos.
Logo de cara, como se diz na gíria, ficou invocado com tanto des-
perdício de biscoitos defeituosos e quebrados.
Providenciou imediatamente sua reciclagem, e logo de cara foi ar-
rumando enguiço com os engenheiros de alimentos e nutricionistas,
porém, pedia sempre a presença de seu mentor maior: Ovídio, que
realmente era de alta evolução e que dava assistência ao guru Jo-
nas, nos laboratórios astrais sempre tinha um jeito de acertar os
erros daquele departamento, que colocavam aqueles profissionais
sob a égide moral de Jonas, que era um emissário especial.
Aquela providência tomada pelo conselheiro Jonas, acabou redun-
dando numa enorme economia para aquela unidade do conglome-
rado.
Aquelas atitudes de Jonas, foram tomadas sem consultar o conselho
de diretoria, e foi convocado e chamado a atenção, pela qual pediu
suas desculpas, justificando sua boa intenção etc.
Em contrapartida, humildemente explicou que seus resultados fala-
riam mais alto do que qualquer tertúlia flácida para adormecer
vacum, (conversa mole para boi dormir) frase que emcabulou a
diretoria, que se fechou em copa para não dar azo à sapiência do
guru.
Após, passados dois meses, chegaram os resultados daquele seu
trabalho específico, pois, convocaram uma reunião e simplesmente
tiveram de elogiar seus serviços, posto que “contra fatos não há ar-
gumentos”, tiveram de se dobrar ante a humildade de Jonas, o Con-
selheiro.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 49
Cumprindo-se aqui, um sábio provérbio do rei Salomão: “Aonde a
humildade vai a honra chega primeiro”.
No setor de produção, dialogou com muitos funcionários, sentindo
na própria pele seus problemas.
Convocou uma reunião de diretoria e, pediu que retirassem o siste-
ma fechado de televisão, posto que aquilo era um fator inibidor à
produção dos funcionários etc.
Aquele pedido causou enorme celeuma no grupo todo, afinal era um
pedido afoito, porém, advindo de um herdeiro das empresas. e que
se conceituara com a elevação econômica da fábrica de biscoitos
que, já estava quase abrindo o bico (quase falindo), tal a monta de
seus prejuízos, além do que, também descobrira algumas falcatruas
de grande monta, que caiu o queixo da diretoria, enfim, o conselhei-
ro era realmente um coringa atuando em todas as áreas das empre-
sas.
Aquele seu pedido, foi aceito e lavrado em ata.
Exigia que, suas opiniões fossem documentadas de forma sucinta e
clara.
Tornou-se o conselheiro mais carismático das empresas, ía almoçar
com os funcionários no restaurante da fábrica, o que não condizia
muito com a filosofia das empresas, porém, o homem estava fazen-
do acontecer.
Tratava com todos os setores, das vendas, compras, contabilidade,
estoque, logística, custos e muito mais.
Com muita sutileza, falava com todos os funcionários de per si, in-
teirando-se de seus problemas, mesmos os de ordem particular,
claro que, no elã de prestar ajuda.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 50
Com mente firme e auspiciosa convocou nova reunião, lavrando em
ata novo pedido, concessão de 45 minutos diários para uma reunião
com todos os funcionários.
Nova polêmica, mas foi assim concedido, posto que suas práticas
davam mais que certo.
Nesse horário concedido, o conselheiro reunia-se com os funcioná-
rios para praticar um relaxamento psicofisiológico, e também for-
necia-lhes um formulário para que eles levassem para suas casas e
o preenchessem com suas sugestões sobre o melhoramento da fábri-
ca etc.
Com muita perseverança e paciência, transimitia-lhes um pouco de
consciência coletiva, não se colocava como líder, e sim como a um
deles e tudo que lhe sugeriam, respeitava profundamente, tanto
prós como contra.
No dia em que aventou este assunto, começou discursando assim:
Amigos e amigas, sou um operário, e quero estar integrado na con-
fiança de vocês.
- Tudo bem?
Expectativa e silêncio total.
Peço a todos; prestarem bastante atenção.
Convoquei uma reunião de diretoria, e empenhei minha palavra na
cooperação de todos.
Pois bem, com toda liberdade, que quero todos tenham, peço àque-
les que não quiserem participar deste nosso diálogo de 45 minutos,
retomem seus lugares de trabalho sem o menor constrangimento,
deixo claro também que, estes 45 minutos serão remunerados pela
empresa.
Jonas o eremita que desceu iluminado
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O período será escolhido por vocês, e por votação, se de manhã, ou
à tarde.
Acho imprescindível a presença de todos, para que dialoguemos
sobre assuntos do nosso bem-estar pessoal e do grupo, pois, trata-se
de qualidade de vida.
No entanto, repito será o nosso, e o meu particular prazer em tro-
carmos idéias, pois, creio que será de real valia a presença de todos,
se for possível.
Peço também a todos, que não se vexem em fazer qualquer pergun-
ta, mesmo que vocês não achem suas perguntas pertinentes nem
muito inteligentes, pois, muitos de nós chegamos a nos menosprezar
com algumas infantilidades, pela falta de auto-estima, como esta
por exemplo, de não acharmo-las muito inteligentes.
Pura bobagem, temos 45 minutos para uma conversa descontraída
e, todos os dias.
Podemos, talvez ampliá-la para 1 hora, dependendo do nosso pro-
gresso.
Explicou que, sem querer interferir no horário daquela reunião, o
qual seria escolhido por votação secreta, e que sua opinião seria de
que se fosse realizadas nas primeiras horas da manhã, um tanto
melhor, pois, a intenção era uma psicoterapia de grupo.
E, foi além, se vocês estiverem dispostos a darem mais 1/2 hora de
seus tempos, poderemos praticar o relaxamento e a meditação, que
é um relaxamento psicossomático (mente e físico) profundo, para
enfrentarmos o dia com mais força e equilíbrio emocional, pensem.
se vocês fossem pagar um tratamento terapêutico e todos os dias,
isto lhes custaria muito dinheiro, no entanto, aqui ele estará sendo
gratuito, ou melhor, vocês estão ganhando literalmente, sendo re-
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 52
munerados, posto que, servirá para o enfrentamento do dia-a-dia
no nosso mundo profissional, bem como no segmento de nossa vida
familiar e particular.
- E, o que aconteceu?
O profeta, que desceu da Montanha Doirada, com o apoio dos fun-
cionários, fez com que aquela unidade prosperasse sobremaneira,
com muito trabalho, paz e união entre os seus colaboradores.
Naquela promissora liderança, seus pais e irmãos começaram a
freqüentar tais reuniões, ouvindo as palavras de Jonas, que muda-
vam as personalidades humanas, modificando as atitudes dos fun-
cionários, e se perguntavam, onde teria o ermitão aprendido tanto
para modificar o estado de espírito dos homens.
Naquelas reuniões, até curas físicas foram plasmadas, ele teve de
tomar muito cuidado, sempre explicando que, ali estava Deus junto
aos homens de bem e que se davam ao trabalho, posto que Deus tra-
balhava incessantemente para manter o seu poder universal, e que
ali não era igreja e sim, um lugar abençoado e chamado “pão nosso
de cada dia”, como reza o Pai Nosso, sinônimo de trabalho prazero-
so.
E citava os trechos bíblicos, posto que, leu os envangelhos de ponta
à ponta, nos seus dias de clausuras lá na montanha:
Êxodo: 20
9 Seis dias trabalharás, e farás todo o teu [trabalho];
Enciumados com a sabedoria, e o carisma do profeta, alguns subi-
ram à Montanha Doirada atrás de alguma pista, que lhes indicasse
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 53
tanta educação e polidez tão poderosa, e que pudessem habitar num
só ser.
Porém, decepcionados nada puderam encontrar, pois, tais virtudes
encontravam-se no interior de Jonas, o Iluminado.
Pois, o guru continuava em suas peregrinações ocultas, aprendendo
mais e mais, era ávido discípulo e mestre.
Após 10 anos de convivência com a família, foi compelido a aban-
donar o cargo de Conselheiro-Executivo das empresas, deixando-as
em ótima situação financeiro-social.
Agora sim, era o filho-irmão querido, que prestava serviços inesti-
máveis às empresas, ao grupo. No segmento das finanças e sociais,
posto que os funcionários não mais faziam greves, e aumentaram a
produção sobremaneira, reduzindo as reclamações drasticamente.
Realmente um milagre acontecera, o grupo parecia mais um con-
glomerado religioso, ou melhor, uma família que permanecia uni-
da, através dos aconselhamentos de Jonas, sabedoria vinda das
esferas cósmicas, dos mundos esotéricos, ou extrafísicos, que a ciên-
cia, ou cientistas podem explicar, pois, são conhecimentos inefáveis,
porém, são fatos e, “contra fatos não há argumentos”.
Jonas, já descera da montanha e cumprira aquela sua etapa junto à
sua querida família, aparentemente tão estranha, como aquela do
mecânico que, às vezes sujava-se todo consertando máquinas, como
prensas, tornos e até computadores lá das indústrias, que emperra-
vam, bem como encontrava-se numa reunião de diretoria ou de
vendas e “marketing”.
E os elogios lhe eram constantes, sua fama continuava em alta, e o
iluminado mestre, como era revenciado nas empresas, título que
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 54
considerava tão desprezível perto de tantos mestres-mentores, com
os quais contatava freqüentemente no mundo astral.
Chegou incontáveis vezes ministrar aulas de vendas, tendo conse-
guido grande melhoria no faturamento das empresas.
Certa vez, mandaram chamá-lo, como último recurso para uma
reunião com o departamento de vendas, pois, o pessoal carecia de
ânimo, estímulo, entusiasmo.
Lá, chega Jonas trajando um macacão puído e sujo de graxa, en-
quanto, o diretor daquele departamento fazia um longo discurso,
chamando a atenção dos vendedores diante de um quadro de ano-
tações sobre índices, cotas, metas a serem cumpridas etc.
Alguns vendedores, vendo aquele mecânico ali, esboçavam certo ar
de riso e de desprezo e se perguntavam:
- O que faz entre nós um mecânico, será que quebrou o carro do
chefe?
Respondia outro:
- Não, veio para engraxar nossas vendas, para que elas deslisem
melhor.
- Mas, dormindo assim, acho que não vai engraxar nada aqui.
E, a galhofaria continuava durante o longo discurso do marketólo-
go diretor.
Jonas, quando não fazia alguma coisa, meditava, portanto, perma-
necia de olhos fechados em suas projeções pelo ambiente.
Terminado aquele discurso, o diretor dirigiu-se com todo respeito a
Jonas, apresentando-o aos funcionários que, eram no total de 50
pessoas.
Os engraçadinhos se amofinaram, quando lhes foi dito que Jonas
era um dos donos do grupo.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 55
Jonas, começa o diálogo, e usa verbetes eruditos, que faz com que
haja sempre uma pergunta sobre tal palavra, já no intuíto de puxar
um diálogo com a rapazida das vendas.
- Meus amigos, o que vocês acham da concorrência?
- Creio que, vocês sentem ojeriza por ela.
É bem possível, que os primeiros colocados em vendas até façam
apologia à ela.
Quero me pactuar com vocês, porém, me parece um tanto difícil, sei
que o que falarei, lhes parecerá utópico, mas apenas parecerá.
Fez uma pausa, e continuou.
Como alguns de vocês aventaram sobre minhas graxas e, que estou
aqui para engraxar suas vendas, e que estou aqui também para
dormir, quiçá, para consertar o carro do chefe, vejam amigos, vocês
estão em um número de 50 profissionais da melhor qualidade, mas
falo de meia dúzia de vocês, que nada deixam a desejar, porém, este
assunto, eu trago à baila para lhes mostrar que o bom vendedor
terá de usar o sexto sentido, pois, estando sentado na frente, perto
da tribuna e de costas à platéia, pude saber perfeitamente da goza-
ção que me fizeram nas últimas poltronas desta sala, e até gostei
bastante das galhofas que me fizeram, acho que a vida deve ser
uma comédia e não um drama, parabéns.
Neste exato momento páro, para que alguém se manifeste com suas
perguntas.
Levantou-se um vendedor de aparentemente 35 anos e:
- Prezado diretor, realmente essa fala confirma nossa brincadeira
toda, pela qual lhe peço desculpas em nome dos demais, embora, o
faça sem seus consentimentos, sem declinar nomes, pela ética do
bom-senso.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 56
Responde o eremita:
- Gostei muito da sua franqueza, amigo.
- Antonio João, senhor!
- Não me chame de senhor, sou um companheiro que gosta de ven-
der também, apenas quero acrescentar que, no momento não posso
derimir dúvidas sobre o fato ocorrido, pois, trata-se de projeciolo-
gia, assunto que se distende muito, mas um dia qualquer, se houver
interesse posso conversar amiúde com quem for laico no assunto.
Após, alguns meses, Jonas formou um grupo da área de comunição
das empresas, enfim, de relações públicas, e fundou um curso de
projeciologia, e os extra-sensoriais foram aproveitados nas áreas
de vendas, marketing, propaganda, relações humanas e até mesmo
da área de produção, como engenharia etc.
Aquele curso, foi providencial, pois, o grupo alçou vôo espetacular
rumo ao progresso.
Continuou o eremita:
Voltemos a falar da concorrência.
- Que tal se usarmos o bom-senso e a ética, se deixarmos a ganância
e nos atermos somente ao trabalho, como um objeto de prazerosa
responsabilidade.
Perdoem-me, jamais chamaria alguém de irresponsável, sem ter
um forte motivo, e neste particular, o irresponsável aqui sou eu,
pois, enquanto, vocês todos mantêm uma boa aparência em seus
ternos e gravatas, apresento-me engraxado, liso como quiabo, nem
podendo me aproximar de vocês, para não borrá-los.
A platéia mexeu-se, diante de um discurso tão formal e informal,
simultâneo, advindo de uma roupa cheia de graxa, fato raro naque-
le setor.
Jonas o eremita que desceu iluminado
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Bem, Jonas prosseguiu:
- Para aqueles que não sabem, ocupo o espaço de conselheiro do
grupo “Couch”, treinador talvez. tendo livre acesso a qualquer de-
partamento, podendo opinar sobre qualquer assunto que suponha
ter algum conhecimento, e o mais importante é: tudo é anotado e
depois votado para um sim ou um não.
Quero deixar claro que, a mim pouco me importa o resultado do
meu trabalho de instrutor-conselheiro, já que o faço de coração
aberto, na mais íntegra sinceridade.
O doutor Fred, naturalmente fará um relatório sobre esta minha
fala nesta reunião.
Doutor Fred, era o diretor de “marketing” que o precedera em seu
longo discurso.
Obviamente já estava no local a secretária de Fred, fazendo as de-
vidas anotações.
Novo burburinho e, Jonas continuou:
Voltemos às vendas, amigos, este tema é, realmente fascinante.
Qualquer profissional, que não venda os seus serviços ou produtos
jamais terá algum sucesso na vida.
Até num namoro, se não vender a imagem ao parceiro, não se obte-
rá o sucesso, e neste caso vende-se de tudo.
O velho, discretamente “inocente”, vende seus bens para uma bela
jovem, ou vice-versa.
O jovem, negocia sua beleza, saúde, status, e até mesmo a honesti-
dade.
O pai, ao chantagear o filho para conservá-lo dentro de um bom e
saudável padrão, vende-lhe alguma idéia ilusória ou não, pois, tra-
ta-se do seu querido herdeiro.
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E assim. em tudo está a danada da venda, às vezes dissimulada de
propaganda.
Na religião, esporte, escola, família enfim em qualquer setor social
configura-se disfarçadamente a venda.
A venda, meus colegas, é a alavanca em qualquer setor da vida
humana, creiam!
A venda, é o progresso!
Vejam meus amigos, aqui um mecânico vendendo a vocês a própria
idéia da venda.
Educadamente, um vendedor chamado Eduardo, faz uma pergun-
ta:
- Jonas, me chamo Eduardo, e a verdade nisso tudo como é que fica,
se me parece tudo sofisma (mentira) uma boa venda, aos moldes do
seu discurso.
- Obrigado pela pergunta, Eduardo, em primeiro lugar devemos
saber realmente o que é verdade, existe a relativa, que verdadeira-
mente existe, e a absoluta, que realmente não existe.
- Como? - Não entendi.
- Vou ser sucinto e, todos vão entender: se todos aqui fossem mu-
çulmanos, e todas suas esposas estivessem aqui de biquini, mesmo
que aqui fosse uma praia, posto que, no islamismo ortodoxo a mu-
lher, é peremptoriamente proibida de mostrar seu rosto, e o seu
corpo então. pelo amor de Alá, meus amigos.
– O que aconteceria?
No entanto, se vocês todos fossem católicos, nada aconteceria, com
certeza!
- Então eu faço a pergunta, o que é verdade?
A minha verdade, pode ser a mais escabrosa mentira ao meu irmão.
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Aliás, este assunto levantado pelo Eduardo foi providencial, pois, o
bom vendedor na realidade não vende, deixa o comprador com-
prar, assim ele compra a sua verdade e fica com sua mentira, dei-
xando o vendedor praticamente livre de responsabilidades.
Mas, para isto necessita-se de muita arte de vender.
- Vocês, não acham mesmo, que vender a própria arte de vender, a
grandes vendedores, é muito difícil?
- Existe o lado reverso da moeda, tem-se na venda um preconceito
de que ela se presta a indivíduo falaz, trapaceiro, mentiroso, for-
mando um cataclismo dentro da nossa classe, afora meu macacão,
é claro.
Risos.
Amigos, o setor social do nosso grupo está intimamente atrelado ao
departamento o qual vocês são responsáveis.
Necessitamos de vendas, pois, delas depende o meu salário, os seus
salários, e o que é mais notável ainda, o setor produtivo, sendo o
mais sofrido de todos, posto que lá estão as pessoas mais humildes e
necessitadas, depende de vocês, porque venda é sinônimo de fatu-
ramento e este, representa dinheiro, remédio, comida etc.
Alguém vociferou:
- Falar é fácil, o senhor conhece o que diz, na prática?
- Amigo, se falar é fácil, é exatamente isso que você deve fazer, pois,
terá grande êxito nas suas vendas!
- E. Como nós; infelizmente não tivemos a oportunicade de nos co-
nhecermos intimamente, eximiu-se-lhe o direito de me fazer essa
pergunta, portanto, afirmo-lhe pleonasticamente, tendo em vista o
que pronunciei anteriormente.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 60
Se falar é fácil, ou não, nesta profissão torna-se preponderante a
fala, de outra maneira tornar-se-ia muito difícil.
Jonas representava muito bem, parecendo que os deuses do palcos
agiam e falavam por ele, pois, o seu interesse não era totalmente
materializado, não tendo muitas necessidades de bens materiais,
despojado de vaidades, apenas cumpria os seus compromissos as-
trais, na orientação de seus semelhantes, já que era solteiro, portan-
to, tendo de preocupar-se consigo mesmo.
Mais uma vez, seus conselhos foram úteis às vendas, e elas aumen-
taram substancialmente.
E, Jonas pensou:
- Não faz muito sentido tantas preocupações, mesmo pelas nobres
causas, a tranqüilidade deve imperar nos nossos corações, pois, ela
é a maior riqueza, já que esta vida é mesmo curta demais.
Lembrou-se de sua infância, como se fosse hoje, jogando bolinha de
gude com seus coleguinhas de infância.
Chegou a hora de uma nova separação.
Abraços e choros, e tudo aquilo que acontece em despedidas, lá se ía
o nosso ermitão à outras plagas.
Tomaria um avião e, desceria como acontecera quando desceu da
montanha, porém, desta vez seria bem diferente.
Uma nova etapa a se cumprir.
Não levaria consigo muitas coisas, pouco dinheiro, pouca roupa,
sementes de hortaliças e outros quetais.
Tendo viajado por muitos lugares a serviço das empresas, conheceu
uma ilha que o deixou encantado.
Notou em seus habitantes muita simplicidade, pessoas autênticas e
felizes, e humildes em todos os sentidos.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 61
Em uma de suas meditações esteve também naquela ilha, pesqui-
sando a energia emanante daquele povo.
Palestrou com muitas pessoas, saboreou muitas frutas tropicais, e a
atividade principal dos ilhéus era o plantio do mamão.
Capítulo 11
A PANE
Sem mais nem porquê, iniciou-se sua retirada perplexa, somente
aos olhos de seus amigos e parentes, que não entendiam a sua re-
pentina saída missioneira, uma constante em sua vida de ilumina-
ção sensitiva.
Dentro daquele avião, que o levaria para aquela ilha encantadora,
sentado ao lado de uma formosa donzela, que começou a lhe dizer
palavras que indubitavelmente eram fora de série.
Sem nunca tê-lo visto, ela lhe disse:
- Jonas, você tem-se conduzido à maneira muito especial, embora,
também tenha praticado atos triviais, peculiares aos humanos.
Porém, sem envolvência, desvencilhado de seus valores humanos,
você está de parabéns.
Esteja preparado, sua jornada é longa.
Continue assim, pois, está recebendo aquilo que tem plantado, aliás
a única verdade que se pode dizer absoluta é esta: “Colherás aquilo
que plantares” – como relata o livro eclesial, o qual o apóstolo Paulo
escreveu aos “Gálatas”:
Gálatas: 6
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 62
7 Não vos enganeis; Deus não se deixa escarnecer; pois tudo o que o
homem semear, isso também ceifará.
Terá de continuar a ajudar muitas pessoas, tanto neste plano como
no plano astral.
E, ela continuou:
- Você se encontra nesta nave pelos desígnios cósmicos, e nessa sua
instrospecção poderá ver o futuro que lhe espera muito em breve,
verá perfeitamente os próximos acontecimentos, podendo visualizar
os motivos, bem como a conduta que terá de tomar para se safar de
situações difíceis, nem tanto por você, mas por aqueles que estarão
com você e sob a sua égide espiritual.
Todos serão surpreendidos pelos flagelos desta vida, creia, minha
missão é ajudá-lo.
Não tema, nem se atemorize diante da luta, combata o bom comba-
te e guarde a fé, como bem disse novamente o apósto Paulo, na car-
ta que escreveu ao irmão Timóteo, seu “filho na fé” cristã.
II-Timóteo: 4
7 Combati o [bom combate], acabei a carreira, guardei a fé.
Depois de uma pequena pausa, continuou a jovem:
- Lembra-se das plantações de mamões, e da sua grande safra, e da
sua colheita?
Tratava-se uma visão, onde Jonas convivera no plano astral com
aquela gente e seus plantios,
Pois, eis novamente a descida do eremita.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 63
Jonas ouvia atentamente aquela rapariga, que nem lhe revelara o
seu nome.
Identificando-se com tais fatos, ajeitou-se na poltrona, cerrou seus
olhos pensando amistosamente na linda jovem que lhe dizia aquelas
palavras, porém, logo que ressuscitou seu olhar, viu que alguns
passageiros estavam a olhá-lo com olhares abismados, atônitos e
murmurando entre si.
Resolveu olhar à bela donzela, mas no canto esquerdo daquele as-
sento, o que viu foi um velho de barbas brancas, que dormia pacifi-
camente um sono de anjo.
Sem muita admiração, voltou à prática de sua costumeira medita-
ção.
O seu eu interior, exteriorizou-se do seu invólucro carnal, e desceu
até uma mata e numa cordilheira localizou uma enorme árvore,
parecendo-se com uma sequóia milenar, com muitos metros de al-
tura.
Porém, aquela região não era apropriada àquela espécie.
Volatilizando sobre a mata, chegou à uma bela cachoeira, com um
porém, aquele véu de águas distava a uns 3 quilômetros daquela
enorme árvore.
Enquanto voltava ao seu estado normal, sentiu um forte sacolejar
no avião, e a tripulação em pânico, e fez se ouvir a voz trêmula da
aeromoça, a dizer:
- Senhores passageiros, não fiquem preocupados, ouve um pequeno
problema com a nossa nave, que será sanado em alguns minutos.
Enquanto, o avião pegava um vácuo, e os passageiros ficavam com
seus corações a saírem pelas suas bocas.
Jonas o eremita que desceu iluminado
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O comissário, um jovem que era também apaixonado pelo assunto
esotérico, e notando aquela serenidade de Jonas, aproximou-se-lhe
e, perguntou:
- Desculpe-me, mas o senhor não entra em pânico, não?
- Sim, meu jovem, fico com muito medo do medo, que deixa esses
cidadãos com tanto medo!
Enquanto conversavam o avião perdia altitude, e aqueles passagei-
ros já estavam para complicar ainda mais aquela situação.
Em desespero, alguns tentavam retirar seus cintos de segurança,
cada um querendo resolver o seu problema particular.
Ouviu-se um estrondo, e em seguida o raspar dos galhos das árvo-
res nas asas do aparelho.
Aquilo, durou alguns segundos, até que tudo ficasse estático, inclu-
sive a nave.
De imediato, ouviram-se os agradecimentos aos santos e a Deus.
Pessoas importantes, que pareciam deuses em seus altares, chora-
vam abraçadas, sem o menor preconceito.
Um pudico senhor, engravatado à italiana, e vestido à inglesa, cho-
rava copiosamente no ombro de um travesti, enquanto uma fervo-
rosa senhora, negava-se a desatar seu forte abraço a uma prostitu-
ta, “strip” de cabaré.
- Seria amor?
- Arrependimento?
- Medo?
O comissário que parlamentava com Jonas, deslizara sobre o cor-
redor do avião, indo amontoar-se com muitas bagagens, perto dos
pilotos.
Jonas, ria de alegria e de sarcasmo, e exclamava:
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 65
- Como somos insignificantes em nossos sentimentos egoísticos.
Logo que, se acalmaram os ânimos, sem nenhuma vítima fatal,
somente escoriações e luxações, começaram os primeiros socorros.
Presentes, três médicos, puseram-se a trabalhar sobre os machuca-
dos e, lá estava o homem que havia descido da Montanha Doirada,
e agora por força oculta encontrava-se numa outra bela montanha,
e com muita gente necessitando de seus préstimos.
O avião estava em destroços, e os relógios da população marcavam
9,30 horas, e, como o dia estava começando, teriam de trabalhar
rapidamente no aproveitamento do tempo. Tanto que, ouviu-se
uma voz grave, pedindo calma, porém, advertindo:
- Minha gente, tempo é vida, apressemo-nos!
Era a voz do profeta Jonas.
Realmente, o dia estava ensolarado de alegria, apesar dos pesares.
Alguns dos tripulantes saíram em busca de socorro, embrenhando-
se na mata, porém, logo se deram conta de que a situação era muito
mais complicada do que parecia.
Jonas, recordando e confirmando suas visões sobre a grande árvo-
re, que na realidade servira de breque àquela aeronave, falou:
- Senhoras e senhores, estamos todos no mesmo barco, ou avião, ou
na mesma mata, estamos realmente “perdidos no mato e sem ca-
chorro”.
Peço aos amigos, que poupem seus esforços, pois, temos de nos ar-
rumarmos por aqui mesmo, com muita calma e sutileza, não so-
mente pelo momento hostil no qual vivemos, bem como no trata-
mento de um para com o outro.
Nada de jactância, cabotinismo, empáfia, orgulho, temos de apren-
der que: aqui somos todos iguais, somos todos “iguais”.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 66
As pessoas queriam ouvi-lo e, ele prosseguiu:
Para começar, temos de eleger um líder, que deverá ser escolhido
por votação, e na minha modesta opinião, isso dever ser feito da
maneira mais rápida possível.
Quem sabe se, pedindo para que todos levantem os braços, para que
se configure o eleito, e para isto teremos de ter candidatos.
Urge, que se faça uma rápida pesquisa com respeito curricular dos
candidatos, que mais se aproxime de sobrevivência, principalmente
em selva.
Depois desta eleiçaõ, sugiro que se faça uma cartilha básica, no que
tanja à ética, moral e bom-senso para que haja respeito mútuo en-
tre nós.
Ao pronunciar tais palavras, foi vaiado por alguns, que concluí-
ram:
- Está pensando que somos selvagens?
Veio a réplica, incontinenti:
- Não, ainda não, é muito cedo para conclusões, mas daqui a algum
tempo saberemos, apesar de estamos numa selva, não quer dizer
que sejamos selvagens, porém, quero recobrar suas memórias, cri-
me hediondo pratica-se nos centros urbanos de pessoas pseudo civi-
lizadas, onde certamente o índio desfaleceria somente de pensar em
habitar tal ambiente “inóspito”.
E Jonas, proseguiu:
Notem bem, meus senhores, que cuidado absurdo é este.
Porém, com o passar dos dias, irão estar mais cautelosos do que eu
estou neste momento.
Foi interrompido por uma dama muito bem vestida, e pelo tipo, era
uma perua daquelas, cricri, como se diz na gíria.
Jonas o eremita que desceu iluminado
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- Senhor.
- Jonas, seu criado!
Senhor Jonas, provavelmente o senhor está tomando nosso precioso
tempo com suas palavras sensacionalistas, querendo chamar a
nossa atenção para o senhor.
Daqui a algumas horas estaremos a salvo, posto que estarão à nos-
sa procura.
Quero que saiba, sou uma pessoa de muito dinheiro e de relevada
importância social para ficar neste esquecimento.
Então, replica o mestre Jonas:
- Meus amigos, não querendo polemizar com ninguém, tampouco
me importa a importância com a qual os senhores se apresentem
aqui, já que somos todos iguais, peço rapidez na votação para se
eleger o líder, antes que anoiteça, pois, aqui há pessoas que não
sabem nem nunca sentiram o que é, um crepuscular selvagem, exis-
tem os animais noctívagos etc.
- Cadê nosso líder?
Pergunta Jonas.
Um senhor empresário, pede a palavra:
- Meus amigos, estou com o senhor Jonas, tem ele o meu apoio, es-
tamos num lugar onde nossas vaidades não têm a menor importân-
cia., teremos de objetivar essa votação de maneira rápida, estamos
perdendo muito tempo.
E, para começar, tomo a liberdade em convocá-los, começando por
mim:
Sou engenheiro químico e, trabalho na industrialização farmacêuti-
ca, sem a menor experiência em sobrevivência, apesar de certa vez
ter sido seqüestrado, mas tive sorte, após um longo sofrimento,
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 68
escapei por um descuido qualquer dos bandidos que eram pés-de-
chinelos.
E o empresário concluiu: pedindo que cada um fizesse sua ficha
curricular, conforme surgerira Jonas, e assim o fizeram.
Porém, antes perguntou a Jonas:
- E o senhor, Jonas?
- Fui Conselheiro Empresarial, e já tive alguma experiência em mo-
rar em mata.
O empresário, aparentava seus 65 anos, e devolveu a palavra a
Jonas, após ter dado muita força às palavras de Jonas, seu nome
era Jarbas.
- Como disse o senhor Jarbas, tomem cada um dos senhores um
papel e anotem suas profissões e experiências que julgarem úteis à
nossa convivência e sobrevivência.
Não nos esqueçamos do provérbio:
“A união faz a força”.
Naquele mesmo dia, organizaram o sistema de votação, analisaram
o currículo de cada um e, elegeram o líder, pura formalidade, posto
que, quem liderou tudo fora o eremita, que ali estava para tal fina-
lidade, como acontece com nossos governadores, que sempre são
dirigidos pelo próprio sistema cósmico, e jamais têm consciência
deste fato.
Quiseram colocar Jonas numa das chapas, porém, ele não aceitou.
O sol já se punha, e Jonas tomou o devido cuidado em arrumar le-
nha para uma duradoura fogueira.
Bandearam-se junto ao fogo, e ali pernoitaram.
Uns, amedrontados com os movimentos que faziam os animais de
hábitos noturnos, mal cochilaram naquela primeira noite.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 69
No dia seguinte, a maior preocupação era com os produtos enlata-
dos que sobraram da malfadada viagem, pois, em pouco menos de
um dia já estavam pela metade, talvez, dando para mais um dia e
meio ao máximo.
Jonas, aproveitanto a reunião matinal, falou:
- Amigos, tenho uma proposta a fazer a todos.
Ao lado norte, existe um belo e saudável lençol de água, de onde
poderemos sobreviver sem maiores traumas.
Minha proposta, é bem simples: é pedir para que todos rumemos
para lá, e sendo apenas realista, devo lhes alertar que, estamos
isolados nestas cordilheiras, e quanto antes construírmos nossas
cabanas, melhor!
Aquelas pessoas ouviram atententamente suas palavras, porém,
alguém bradou:
- Esse cara tá bêbado, para não dizer desvairado.
Era um jovem estudante, e parecia ser um mancebo revel (rebelde).
- Amigo, não estou bêbado, estou muito sóbrio e convicto do que
estou falando.
- O senhor tem jeitão de mapoteca mesmo!
- Não precisará se desculpar, meu ancho jovem, após confirmar
tudo aquilo que aqui estou afirmando.
- Como pode o senhor, saber do que há nesta mata?
Responde o eremita:
- Intuição, meu jovem. intuição.
Quando Jonas deu esta resposta, ouviu-se em uníssono aquelas
pessoas exclamarem: - Oh. Ele, também é profeta.
Em seguida o jovem, o inquire:
- O que o senhor quer dizer com: ancho jovem?
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 70
- Sem nenhuma ofensa, quero dizer ensimesmado efebo (jovem). que
sem dúvida, é melhor que: embriagado rapaz.
As pessoas, ouvindo o palavreado de Jonas, começaram se atinar
mais aos seus conselhos.
Alguém interveio:
- Nisto todos somos unânimes, quem pode nos garantir que existe
mesmo água no lado norte, como disse o senhor Jonas?
Agora era a voz de Paulo, o atleta ao qual, Jonas respondeu:
- Paulo, só existe uma maneira de sabermos, é irmos constatar.
Paulo, era uma atleta internacional, com várias medalhas, até de
ouro.
Vamos senhor Jonas, eu o acompanharei, e tomara; exista mesmo
essa “fonte da juventude” como o senhor aludiu.
Depois, nada tenho a perder, tenho de praticar exercício mesmo.
Andaram 3 km guiados por uma bússula de bolso, que Jonas carre-
gava consigo.
O jovem quase não falava, mas quando chegaram na zona das á-
guas, começou a inquisição por parte do atleta, que fazia toda sorte
de pergunta sobre o local paradisíaco.
- Como o senhor sabia da existência deste maravilhoso local, seu
Jonas?
- Paulo, pode me tratar por você, e sobre suas perguntas terei o
maior prazer em respondê-las.
Lentamente, voltaram carregando vasilhas com o precioso líquido e
Jonas ía respondendo as curiosas perguntas de Paulo.
- Paulo, o fato de estarmos a sós, é providencial, pois, você foi o
escolhido para testificar minhas visões e anunciá-las.
- Farei isto de muito boa vontade, Jonas.
Jonas o eremita que desceu iluminado
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- Fico-lhe muito grato, Paulo.
Paulo escutou aquela prosa, meio céptico, porém, nada podendo
fazer diante dos fatos.
Chegaram sorrateiramente e ouviram o murmúrio daquela gente, e
Paulo tomado por um espírito brincalhão, fez uma brincadeira de
mau-gosto, o que até foi bom para que Jonas avaliasse o estado de
espírito daquela gente.
Paulo, falou:
- Minha gente, tenho uma péssima notícia, não existe o tal rio cau-
daloso e mais coisa nenhuma.
Aquelas pessoas foram afetadas em suas emoções e, lançaram pa-
lavras de baixo calão sobre Jonas e, até ameaçaram açoitá-lo com
alguns cipós e pedaços de paus.
Jonas, tomou a frente e:
- Calma amigos, há bem pouco tempo, quando aqui chegamos, fa-
lamos sobre selvageria.
– Lembram-se?
Jonas continuou, pois bem, amigos, peço-lhes muita calma, posto
que o nosso atleta Paulo acaba de fazer uma brincadeira, que nem
mesmo eu esperava, fui pego de surpresa.
Paulo, meio envergonhado, redime-se de seu gesto, e explica a ver-
dade dos fatos.
- Senhores, é incrível, porém, veraz, está tudo lá como predisse o
nosso profeta Jonas, e para provar os fatos, trouxemos águas, que
estão embaixo daqueles arbustos, e desculpem-me a bricadeira de
mau-gosto.
Capítulo 12
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 72
A CACHOEIRA
Cada um, pegou sua bagagem, e partiram rumo ao local da cacho-
eira, seguindo o cicerone Jonas.
Alguns íam trocando idéias, e até duvidando de tudo aquilo, ao
mesmo tempo em que aventavam: é impossível que duas pessoas
aparentemente idôneas estejam tramando uma farsa tão desastro-
sa.
- E, a troco de quê?
Para Jonas, aquele lugar era como a Montanha Doirada, um ma-
ravilhoso paraíso verde, com suas águas cristalinas.
Fizeram muitas tentativas para se safarem daquela situação.
O comandante havia feito um esforço descomunal para falar ao
rádio do avião, e nada conseguira, pois, um robusto galho de uma
árvore perfurara a fuselagem da nave atingindo em cheio o rádio,
danificando-o por completo.
Nada mal, tinham água, muita água.
E a comida?
Bem, junto deles havia um botânico de madura idade, que muito os
ajudou com brotos de bambu, raízes. além dos tubérculos, outras
ervas comestíveis etc.
Jonas, tinha as sementes que trouxe para semear onde imaginava
ficar, na formosa ilha, e era um bocado delas, hortaliças, legumino-
sas, e teria de usá-las ali para a sobrevivência de tanta gente.
Com um pouco de sacrifício, chegaram ao fim da marcha, e estupe-
fatos exclamaram:
- Oh. que maravilha!
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 73
Extasiados, contemplavam a cortina prateada que descia de uma
montanha, numa queda de mais de 40 metros de altura.
Mais um pernoite e, no dia seguinte começaram a preparar o a-
campamento, utilizando as madeiras de espessura mediana, até
para facilitar o trabalho, aquele dia se pôs e mais uma noite nascia,
acompanhada de uma lua cheia, que substituia o alvorecer.
Alvoreceu e, logo bem cedo, mãos à obra.
Jonas pediu, que se apresentasse um voluntário para que fossem
atrás de alimentos, enquanto alguns engenheiros e construtores
cuidavam das cabanas etc.
Um senhor dispôs-se acompanhá-lo, era Demóstenes, um médico de
muitas cirurgias.
Jonas, ía mostrando algumas plantas e falando de suas utilidades.
Curioso, o companheiro o inquiriu:
- Jonas, você estudou botânica?
Responde-lhe, Jonas:
- Sinto desapontá-lo doutor Demóstenes, estudei sim, porém, não à
maneira empírica, e com estas momenclaturas.
- Jonas, dá para você se explicar melhor?
- Sim, doutor, desde a minha mais tenra idade, costumava praticar
uma meditação profunda, que muito intrigava meus pais, e profes-
sores, que nada podiam fazer, uma vez que minhas notas escolares
eram exemplares.
Relaxando e concentrando minha mente, meus trabalhos e estudos
atingiam seus fins colimados.
- Como isso é possível, de uma maneira tão simples?
- Demóstenes, posso tratá-la à maneira informal?
- Sim, claro.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 74
- Desmóstenes, o que vou lhe dizer, espero não escarnecê-lo, tendo
em vista sua inteligência e cultura.
É perfeitamente possível, aqui, neste instante contatarmo-nos com
seres completamente desconhecidos da maioria das pessoas, atra-
vés da nossa mente, nosso espírito, nosso eu maior, inconsciente,
subconsciente, conciex, enfim espero, tenha entendido até aqui, pois,
são frases simples e corriqueiras do nosso cotidiano.
Dentro de uma comunição muito rápida, muito além do que imagi-
namos, a exemplo da velocidade da luz, do pensamento e até mesmo
atemporal, ou simultânea.
São fatos extremamente peculiares, ligamos o rádio e, ouvimos a
voz de alguém quase sem limite de distância aqui na Terra, trans-
mitindo mensagens, fatos que alucinariam qualquer um de nossos
ancestrais.
Nós, temos o mau hábito de dissociarmos tudo. através de classifi-
cações.
Exemplo: corpo da alma, alma do corpo, corpo do espírito, espírito
corpo, alma do espírito, mente da consciência, e por aí vai.
Ou seja: estamos classificando coisas que, ainda não são do nosso
inteiro conhecimento, embora, as nomenclaturas médicas sejam
extremamente úteis à medicina.
Mas, na classe médica, existe também uma concorrência tacanha,
entre alopata e homeopata por exemplo, ao invés de se digradia-
rem, porque não se unirem.
Agora, fala o doutor:
- É bem interessante ouvir alguém, neste fim de mundo, falando
sobre assuntos tão simples e que, não conseguimos enxergar no
nosso ambiente de trabalho.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 75
- Isto acontece aqui, pelo simples fato de no seu dia-a-dia, você, não
dispender de tempo para tratar de assuntos aparentemente desin-
teressantes.
Eis os motivos de cair uma aeronave, para que possamos ter uma
lição de vida mais profícua já que, quem está vivo tem de saber so-
breviver.
O condicionamento mercantilizado e convencional humano, é que
leva o homem a não pensar, eu diria a ele para: despnotizar-se.
Repentinamente, Jonas exclamou:
- Estamos salvos.
- Estamos é, perdidos, balbuciou o médico.
- Araucária, Demóstenes, araucária.
- Vamos fabricar algum artefato de madeira, Jonas?
- Veja aquelas árvores, com seus 35 metros de altura mais ou me-
nos, e com diâmetro de até 3 metros.
- Você não gosta de pinhão cozido, Demóstenes?
- Claro que sim, ainda mais nesta situação, em tais circunstâncias.
- Pois é, teremos de tomar cuidado, para não nos congestionarmos
de tanto comê-los, podemos até nos adoecer. Embora, tenhamos
alguém junto de nós, que fez o juramento hipocrático.
Jonas, pronunciou aquela frase, sem saber muito bem se era cor-
respondente ao pai da medicina, Hipócrates.
O médico, pensou logo num futuro distante:
- Jonas, essa planta pode ser cultivada?
- Não, absolutamente, somente a mãe natureza pode encarregar-se
dessa agricultura, através de uma ave chamada Gralha Azul, esta
ave enterra suas sementes no solo, para depois desenterrá-las para
se alimentar delas, porém, a natureza faz com que elas se esqueçam
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 76
de algumas, que brotarão maravilhosamente para o bem geral do
ecossistema.
Como faz com a nossa memória, impondo sobre ela muitos lapsos,
para que outros nossos irmãos possam tirar proveito da nossa falha
mental.
Chamo isso de: distração de concorrência.
Demóstenes, o clima aqui é de temperado para frio.
- Como pode você saber sobre o clima daqui?
- Pura dedução, doutor, pois este é o clima do verdadeiro hábitat
dessa magnífica espécie de árvore.
- Como poderemos apanhar aquelas pinhas, Jonas?
- Não se preocupe, é somente olhar ao chão e encontrará uma infi-
nidade delas.
- Para nossa sorte, Demóstenes, é como tomar doce de criança, ou
bater em bêbado.
Encheram 4 sacolas, que outrora serviram para transportar coisas
muito importantes, porém, agora nada mais importante do que um
simples amontoados de pinhões.
Prontos para o retorno, Jonas fez uma brincadeira:
- Estamos perdidos, Demóstenes.
- Como, você é o nosso guia, e as suas visões?
Voltearam e voltearam, e o vate (profeta) preconizou:
- Eis aqui minhas visões, Demóstenes, mostrando-lhe a bússula
sacada de seu bolso.
Jonas, havia tomado todos os cuidados no que se dizia respeito aos
pontos cardeais.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 77
Chegaram ao acampamento com as sacolas cheias, e ao serem vis-
tos, foram aclamados pelas suas perspicácias por tirarem bom pro-
veito daquela situação.
Fizeram um belo assado dos pinhões daquelas araucárias, e todos
compartilharam daquele banquete.
Alguns religiosos, para ser mais preciso, dois padres e dois pastores
evangélicos, faziam parte do grupo.
Um deles, não contendo a curiosidade, perguntou a Jonas:
E, logo surgiram perguntas do tipo:
- Desculpe-me senhor Jonas, mas corre entre nós que o senhor se diz
um profeta, um visionário.
- Poderia nos falar a respeito?
Era o padre Frederico, argüindo o ermitão.
- Sim, com o maior prazer, e insisto que ninguém me trate de se-
nhor, pois, o Senhor está nos céus.
- Quero esclarecer que, desde a minha mais tenra idade, cotumava-
me entregar às profundas meditações, com minha mente limpa à
maneira evangélica, como disse o Mestre Jesus: “Aquele que olhar a
uma mulher com olhar impuro, já adulterou com ela”, querendo
ensinar que a maior maldade humana está no pensamento, posto
que o ato de orar é comungar com Deus, é estar em comunhão com
o Amor, até porque Deus é, Amor!
Como realmente está escrito:
I-João:4
8 Aquele que não ama não conhece a Deus; porque [Deus é amor].
Mateus: 5
Jonas o eremita que desceu iluminado
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28 Eu, porém, vos digo que todo [aquele que olhar] para uma mu-
lher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela.
E, como fazia Jesus, sem a menor comparação ao Mestre dos mes-
tres, gosto de me insular em orações profundas, tendo o privilégio
de me encontrar com meus irmãos do mundo astral e, às vezes vou
até planos maravilhosos que, não dá para explicar aos meus ir-
mãos, como relatou o poliglota Saulo, da cidade de Tarso, o apósto-
lo Paulo à igreja de Corintho:
Fui arrebatado até o terceiro céu, e vi e ouvi coisas inefáveis, as
quais não são possíveis relatar aos homens.
Corínthios: 12
2 Conheço um homem em Cristo que há catorze anos (se no corpo
não sei, se fora do corpo não sei; Deus o sabe) foi [arrebatado] até o
terceiro céu.
4 que foi arrebatado ao paraíso, e ouviu palavras [inefáveis], as
quais não é lícito ao homem referir.
Mateus: 17
3 E eis que lhes apareceram[ Moisés e Elias], falando com ele.
Lucas: 19
30 E eis que estavam falando com ele dois varões, que eram[ Moisés
e Elias],
Mateus: 14
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 79
23 Tendo-as despedido, [subiu] ao monte para orar à parte. Ao
anoitecer, estava ali sozinho.
Lucas: 9
28 Cerca de oito dias depois de ter proferido essas palavras, tomou
Jesus consigo a Pedro, a João e a Tiago, e [subiu] ao monte para
orar.
Aliás, Jesus apregoou muito a sabedoria divina, e desprezou a dos
aculturados homens das letras:
Lucas: 10
21 Naquela mesma hora exultou Jesus no Espírito Santo, e disse:
Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste
estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos [pequeni-
nos]; sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado.
Porém, voltando às minhas narrativas, quando entro em estado de
êxtase, ou em catarse, ou em alfa, como queiram entender, apesar
de saber que se trata de projeção astral, recebo informações, as
quais devo transmiti-las no afã de ajudar o meu próximo. Como se
fosse uma profecia.
Quero afirmar que, estes dotes não são privilégios meus, são de
todos aqueles que se dispuserem a desenvolvê-los, como de fato,
chegará um momento na eternidade que todos teremos de desen-
volver aquilo procrastinarmos, ou adiarmos.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 80
Quando jovem, no princípio de minha missão, sofri muita discrimi-
nação, muitos me tinham por obsedado, louco e outros adjetivos, os
quais nos dias atuais até me são elogios.
Agora é a vez de Cristóvão, padre mais velho e experiente na her-
menêutica eclesial:
- Meu filho Jonas, insinuas-te a comparar com o profeta Jonas, ou
com o apóstolo Paulo?
Jonas, sentiu estar ouvindo perguntas viperinas, que como relhos,
zurzindo a lhe açoitar seus tímpanos.
- Jonas, grande Jonas, profeta e servo do Deus Altíssimo!
O homem que foi vomitado nos arredores de Nínive, por estar em
desobediência ao Pai.
JONAS [2]
1 E orou Jonas ao Senhor, seu Deus, lá das entranhas do peixe;
10 Falou, pois, o Senhor ao peixe, e o peixe vomitou a Jonas na ter-
ra.
Quanto ao grande Paulo, “o homem que combateu o bom combate e
guardou a fé,” e que também aprontou lá suas traquinagens, quan-
do encontrava-se em algum aperto, que tal a mentira por exemplo:
O grande Paulo se disse romano de nascimento, quando na verdade
nasceu na Cidade de Tarso da Cilícia na Judéia
Atos: 21
39 Mas Paulo lhe disse: Eu sou judeu, natural de Tarso, cidade não
insignificante da [Cilícia]; rogo-te que me permitas falar ao povo.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 81
Atos: 22
27 Vindo o comandante, perguntou-lhe: Dize-me: és tu romano?
Respondeu ele: Sim sou.
28 Tornou o comandante: Eu por grande soma de dinheiro adquiri
este direito de cidadão. Paulo disse: Mas eu [o sou de nascimento].
Portanto, não me comparo a ninguém, sou um pobre mortal, aqui
vivendo pela graça, pela qual vós sois salvos, Padre Cristóvão.
Atos: 15
11 Mas cremos que somos salvos [pela graça] do Senhor Jesus, do
mesmo modo que eles também.
Agora é a vez de Clarindo, o pastor:
- Irmão Jonas, a comparação, realmente é um tanto exagerada em
se tratando do apóstolo Paulo.
Jonas, interrompe aquela fala:
- Afirmo a todos vocês, meus companheiros, não ficarei aqui pole-
mizando, discutindo o sexo dos anjos, porém, na casa de nosso Pai
há muitas moradas.
João: 14
2 Na casa de meu Pai há [muitas moradas]; se não fosse assim, eu
vo-lo teria dito; vou preparar-vos lugar.
- Jonas, porque você perde tanto tempo com coisas utópicas, como
suas visões?
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 82
- Pois, a mim você me parece uma pessoa inteligente.
- Por que não procura algo produtivo, que possa trazer bens às pes-
soas, bens reais, palpáveis, duradouros, algo concreto, ao invés de
ilusões?
Era Prado, grande goleiro de futebol.
- Meu caro e jovial atleta Prado, vou lhe fazer uma pergunta bem
óbvia, que não poderá negar sua resposta, até porque, não estou
sendo entrevistado por nenhum repórter, onde este se limita apenas
a perguntar, o que facilitaria extremamente sua vida de inquisitor.
- Você gosta de futebol?
- Realmente, é uma pergunta que não posso negar sua resposta,
gosto, é claro que gosto!
- Pois bem, vamos movimentar essa bola, sua bola, por que pertence
ao seu metiê de pessoa ativa e inteligente, além da sua grande utili-
dade como profissional.
- Temos aqui um pessoal, que dá para formar um time e ainda so-
bra torcedores.
Fico feliz e, até agradecido por provocações como dessa natureza,
pois, elas poderão nos dar a oportunidade de explanarmos nossos
conhecimentos.
- Quando, alguém ensina alguma coisa e não a coloca em prática,
então, este alguém não é muito digno de crédito, como a velha má-
xima: “Faça o que eu mando, mas não faça o que eu faço”.
Voltemos ao futebol, caro Prado, você acabou de dizer dos meus
devaneios, das minhas ilusórias visões, e dos meus pensamentos
doentios.
No seu campo de futebol, estão vários atletas, lá onde você é um
goleiro. que há muitas décadas correm sofregamente atrás de uma
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 83
coisa arredondada chamada de bola, e que insitem em movimentá-
la com os pés.
Meu querido Prado, você, sendo uma pessoa inteligente, já está se
apercebendo para onde você vai sendo levado pela minha fala, e já
está se preocupando com suas evasivas - não é verdade?
Porém, como você externou sua fala publicamente, e eu a ouvi pu-
blicamente, espero que a sua educação permita-me concluir a mi-
nha.
Pois, essa bola, lá no meio do campo, qualquer um de nós poderia
pegá-la com as mãos e baldeá-la para o fundo da rede, sem a menor
utilidade, e lembre-se de que você, caro Prado, fez uma grande alu-
são à minha inutilidade.
Digamos até, que houvesse alguma necessidade premente de se
movimentar uma bola, mas mobiliza-se vários jovens fortes, saudá-
veis, que ao invés de estarem fazendo nada correndo atrás de uma
bola, estivessem cuidando de alguma latrina, ou de uma família
pobre, ou estudando, ou praticando alguma coisa palpável e de
utilidade humana, talvez plantar, colher, levantar paredes, medi-
car, enfim trabalhando em alguma profissão mais produtiva e con-
creta.
No entanto, eles estão também mobilizando milhões de ociosos his-
téricos, que se matam entre si, desperdiçando o dinheiro que não
tem, tirando o pão da mesa dos filhos para irem se matar nas ar-
quibancadas dos jogos mais inúteis.
Muitos, ainda morrem de ataques fulminantes, recheados das mais
reles ignorância.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 84
Movimentam imprensa, aviões, automotivos de todos os tipos, pro-
vocando enormes engarrafamentos, desastres, pancadarias, ecori-
ações, luxações e mortes.
E, ao final de toda essa panacéia (remédio para tudo), que não pas-
sa de pracebo (remédio que não faz nenhum efeito) aos seus anseios
psicológicos, lá está uma inocente bola, causadora de tantos males.
Aliás, quero aproveitar este gancho para descrever o efeito da fé,
“tudo é possível àquele que crê”, são palavras messiânicas, para nos
dizer que, sem a nossa fé, nada se alcança nesta vida.
Testes foram feitos com os tais pracebos, e qual a surpresa, muitos
alcançaram suas curas pela fé em medicamentos plenamente inó-
cuos (que não tem a mínima condição curativa) – uma espécie de
tapeação contra os pacientes, que alcançaram suas curas.
Vejamos então: nem sempre quem é tapeado, realmente o é.
E, Jonas conclui seu pensamento:
Eu, Jonas, o homem das ilusões, professando gratuitamente estes
ensinamentos que são para mim a mais pura verdade, pergunto:
- Prado, você é um profissional de alguma produtividade?
- Eu Jonas, gosto de futebol, e apenas rivalizei perguntas ilusórias,
posto que a própria vida é ilusória, e você, vivendo de jogo, devia
pensar mais em fazer sua pergunta, a quem nada cobra, na inten-
ção apenas de ajudar o próximo, lembrando-se que a palavra cura,
eleva e salva, mas pode machucar, ferir e matar.
Aquele pessoal, ouvindo a preleção de Jonas e sua exegese (versado
em alguma matéria), passaram a chamá-lo de mestre Jonas.
Realmente, o profeta havia descido da Montanha Doirada para
ensinar muitos incautos da palavra, aqueles que inocentemente
olham no rabo do próximo sem olhar ao próprio.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 85
Jonas convocou uma reunião com 40 pessoas, as quais julgava ap-
tas para o trabalho de sobrevivência, e propôs que todas participas-
sem do plantio e da colheita, quando alguém o interrompeu:
- Jonas, plantar o que, e como?
Era Vieira, um fazendeiro criador de muitas cabeças de gado.
Jonas, sabia o nome de todos eles, neste particular treinava muito
para ser mnemônico, e lhe respondeu:
- Vieira, poderá cooperar conosco nos orientando em nossos planti-
os, pois, trago comigo muitas sementes de hortaliças e leguminosas.
De certa maneira, produziremos húmus, juntando os restos de ali-
mentos, mais as folhas secas e a própria terra virgem e escura, que
indica certa qualidade para uma bela horta, e mais os peixes desse
caudaloso rio, poderemos sobreviver muito bem até o momento em
que achemos um jeito de irmos embora deste paraíso.
- Mas, Jonas, você quererá produzir húmus?
– Faremos um minhocário neste local, sem nenhum recurso, cadê as
vacas e seus estrumes para alimentarmos os invertebrados?
- Vieira, não se apoquente, quiçá, seu conhecimento demonstrado
sobre adubação natural, nos ajude, posto que já comentamos sobre
adubação natural do próprio local.
Jonas, era muito divertido, fazendo associação com palavras (tro-
cadilhos), realmente era muito engraçado e espirituoso o eremita.
- Falando sério, Jonas, e as ferramentas para começarmos?
Pergunta-lhe Vieira.
Todos fizeram muitas perguntas, e puseram mãos à obra.
Foram até os destroços do avião, tiraram todas as peças possíveis, e
as conduziram até o acampamento, forjaram algumas ferramentas
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 86
com o auxílio de algumas outras, que encontraram numa grande
caixa de ferramentas aéreas, se é assim que se pode dizer.
Fabricaram um pequeno forno, para as eventuais fundições de ou-
tras ferramentas, sempre sob a égide de Jonas, que trazia orienta-
ção de seu mentor que, conhecia tudo de fundição.
Um fator muito importante e fundamental, foi quando na primeira
reunião, Jonas pediu que, todos depojassem de seus fósforos e is-
queiros, muitos fumantes ficaram irritadiços, mas lentamente fo-
ram entregando-os sob a proteção de Oswaldo, um evangélico que,
jamais fumou em sua vida, e que ía controlando aqueles objetos
preciosos e necessário à sobrevivência.
Jonas, sempre conversava com seus mentores que, o autorizaram a
praticar a psicopirogenia consciente (produzir fogo através do po-
der mental ou extrafísico), se fosse o caso, porém, que ficasse bem
longe da pirotecnia (demonstração egocêntrica de algum ilusionis-
mo).
Com uma das rodas do avião, fizeram um roda d’água, com bam-
bus de 6 polegadas de diâmetros, cortados em seus respectivos go-
mos, respeitando seus nós, fizeram os cochos de captação de água,
acoplados na roda, conjugado à ela, improvisaram um gerador de
energia, com a grande ajuda de Vicente um engenheiro eletricista
dos bons, que havia se cansado de fabricar gerador em sua fábrica.
As geringonças sucateadas do avião, serviram para gerar força
elétrica, e até fizeram uso das lâmpadas da aeronave.
Aquele trabalho em conjunto, demonstrava a todos uma lição a qual
jamais viram em qualquer faculdade, era a necessidade imperante
que os uniam radicalmente, ela trazia a todos muita disciplina e
respeito.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 87
Jonas, ministrava os mesmos conceitos que usara na fábrica de
biscoitos, por onde passou por longa experiência de relações huma-
nas, embora, no início lhe fora muito difícil, pois, ali existiam mui-
tos sabichões.
Muitos deles, por força circunstancial de sobrevivência, entraram
em profunda depressão, e Jonas acostumado com as agruras da
vida, usava sua tranqüilidade para amainar o desespero e a dor da-
quelas pessoas, o eremita era tolerante sobremaneira com aqueles
seres deprimidos, pois, era grande conhecedor consciente de suas
vidas pregressas, e de que a dor do espírito suplanta qualquer dor
física.
Uma senhora, estava desvairando, logo aquela que no primeiro dia
de selva se dizia muito rica e importante no seu status social.
Sobre ela, Jonas fez um bondoso trabalho, usando suas energias e
experiências de conselheiro, através de psicoterapia e até terapia de
vidas passadas, coisa difícil de se aplicar em quem está se endoi-
dando de vez.
Como Jonas, já era conceituado, após essas curas, então passou a
ser um fenômeno inexplicável aos doutores e cientistas do acampa-
mento.
Com a TVP – Terapia de Vidas Passadas, que é uma regressão hip-
nótica ao paciente, que retorna às suas vidas pregressas e, passa
pelos seus bons momentos, e também pelos traumas mais cruéis, e
ao passarem pelos seus traumas, são induzidos a tirar de seus sub-
conscientes suas mazelas, e a se conscientizarem de que eles não
pertencem mais à suas vida presentes, e por este motivo, deixam
seus medos, fobias das tragédias de suas outras vidas.
Jonas o eremita que desceu iluminado
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Roseli, uma adolescente, perambulava pelo acampamento, exigindo
certos cuidados, falava sozinha, e sentia muita falta de seu namo-
rado.
Certo dia, Roseli desapareceu, a busca foi incessante.
Encontraram-na sobre uma árvore de uns 20 metros de altura. Lá
estava ela a saborear as folhas daquela árvore, dizendo-se um pan-
da.
Chamaram um membro do grupo, um psicólogo clínico, para resol-
ver aquele problema inerente à sua profissão, aquela chamada lhe
fora empolgante que, começara a pensar em abrir seu consultório
no acampamento.
Chegando ao pé da árvore, o profissional começou a conversar com
Roseli, na tentativa de que ela descesse da árvore, porém, debalde
foi o seu esforço, enquanto, Roseli continuava a se dizer um panda,
e panda vive nas galhadas das árvores, alimentando de suas deli-
ciosas folhas.
Jonas, cautelosamente aproximou-se e, falou com Roseli:
- Olá, Panda-roseli, tudo bem por aí?
- Oi mestre Jonas, tudo bem!
Jonas repete a pergunta:
- E, com você, tudo em riba?
- Sim, melhor agora!
- Estou-me alimentando destas deliciosas folha.
- Você, Panda-roseli, deve estar tirando uma com a nossa cara,
pois, panda que se preza, com fica aí comendo folha de um ipê roxo,
olhe para suas flores e, verá que estou percebendo sua brincadeira.
Ainda mais você, estudante de agronomia, com especialidade em
folhagens vegetais.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 89
Desce daí, Panda-roseli, que vou lhe arrumar um belo pé de eucalíp-
to para você degustar suas folhas, elas sim, são: alimento adequado
a um verdadeiro panda.
Roseli, desceu rapidamente e abraçou-se ao mestre Jonas, e ambos
rumaram ao acampamento, embora, pairassem dúvidas sobre a-
quelas cabeças, sobre coala e panda.
Conquanto, os religiosos-fanáticos, acharam que o mestre havia
mentido escrachadamente ao fazer aquele teatro com Roseli, mais
parecendo dores de cotovelos daqueles hipócritas, achando-se muito
verdadeiros.
Porém, logo ouviram de Jonas as palavras de Paulo aos romanos:
“Seja todo o homem mentiroso e somente Deus verdadeiro”, citando
o respectivo verseto bíblico.
Romanos: 3
4 De modo nenhum; antes seja Deus verdadeiro, e todo homem
[mentiroso]; como está escrito: Para que sejas justificado em tuas
palavras, e venças quando fores julgado.
O pessoal todo testemunhou aqueles feitos de Jonas, e até para pre-
encher o tempo, propuseram reuniões psicoterápicas em determi-
nados dias da semana, e assim foram se adaptando mais às hostili-
dades da selva.
Roseli, foi mais uma que alcançou sua cura.
Diógenes, foi outro caso, era uma pessoa muito forte e consumidora
de drogas, dessas alucinógenas, e ressentindo da sua falta, começou
a entrar em parafuso.
Jonas o eremita que desceu iluminado
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Um americano chamado “Richard” havia quebrado uma perna, e
fora enfaixada com talas de bambu, improvisadas pelos médicos do
acampamento, e estava em recuperação, e perambulava pelo local
com um par de muletas improvisada em medeira de pau-d’arco,
enquanto, Diógene alucinadamente o abordou:
- Mister “Richard”.
O velho americano, ao ser assolado pelo aloprado, que já detinha
fama de viciado, encostou num amontoado de pessoas, e esperou o
ataque do hercúleo mancebo.
- Deixe de ser egoísta, Míster “Richard”, deixe-me dar uma voltinha
nessas suas muletas.
“Richard”, trêmulo entregou-lhe as muletas, e o jovem obsedado as
usou até dizer chega, devolvendo-as com milhões de agradecimen-
tos.
Aquela palhaça toda, fez a platéia delirar em risos.
Misturado à eles estava um senhor, também psicólogo, que muitas
vezes tentava algumas malvadezas, como não podeira faltar um
espírito de porco. utilizava a hipnose sedutora para aliciar algumas
possíveis jovens do acampamento.
Vivia essa pessoa em sua veleidade libidinosa, (tara sexual).
Sempre que Jonas fazia um prédica, essa pessoa se distanciava e, o
iluminado sempre percebia tal atitude.
Num certo dia, Jonas o procurou para uma conversa amigável,
admoestando-o mostrou-lhe, que ele poderia ser muito útil naquela
comunidade, conversaram tanto que Jonas usou suas técnicas de
impregnação extra-sensorial para acalmar aquela deficência men-
tal, mais uma cura, e o psicólogo passou a ser bastante útil aos seus
irmãos de acampamento.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 91
Conviviam entre eles, uns atores de teatro e televisão, que ali mon-
taram espetáculos, exercitando seus dons, invocando os espíritos
das artes dramáticas.
Jonas, sempre saía à cata de algum recurso em prol do acampa-
mento, e sua precisão era tamanha, que nunca perdera sua viagem.
Encontrou palmeiras, donde extraíram o palmito, e com suas folhas
revestiram as paredes e a cobertura da cabana e, naquela cobertu-
ra não apareceu um goteira sequer, ficando relativamente confor-
tável.
Construíram latrinas e lacraram-nas com enormes pedras, cinze-
lando-as com ponteiros de aço forjado com alguns metais retirados
do avião.
Jonas, conhecia bastante de fundição e temperava-os com precisão
assustadora.
Deixando-os no fogo, contava o tempo conforme os movimentos de
sua própria respiração, dando a têmpera exata para cada ferra-
menta, conforme o serviço a ser executado, enquanto, os intelectuais
admiravam o ecletismo de um mestre que falava o seu idioma cor-
retamente.
Aquelas fossas, hermeticamenta lacradas, fermentavam os excre-
mentos juntamente com outros dejetos naturais na produção de
gás, o qual era usado para alimentar um fogão improvisado e que
cozinhava para todo o pessoal, suas mangueiras condutoras de gás,
ou melhor sua tubulação, fora confeccionada pelas mangueiras
plásticas que sobraram do avião.
Resumidamente, fizeram um biodigestor.
Além, de um fogão à lenha que, muito contribuía.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 92
Único problema era produzir o fogo, os acendedores estavam sendo
usados.
Coisa que se resolveria mais tarde, através de um índio, perito em
acender fogo com suas técnicas indígenas, e que ensinaria Jonas o
processo, com as folhas secas e a madeira certa etc.
A água corria pelos centros de taquaras, ou bambus, bem, os bam-
bus eram uma dádiva de Deus, ninguém podia imaginar encontrá-
los ali, graças aos nativos que já os conheciam e deles faziam uso.
Havia ali pelas imediações, uma reserva enorme dos tais bambus, e
deles usava-se tudo, principalmente seu broto que se assemelha com
o palmito, realmente uma delícia.
Logo que começaram a construção da grande cabana, chegaram a
um consenso, contruí-la e dividi-la de acordo com a necessidade de
cada família, ou de cada pessoa.
Neste particular, contaram com o apoio e a experiência do mestre
Jonas, que a eles pediu que lhe cortassem dois cipós nas respectivas
medidas de 12 metros aproximadamente.
Escolheram um lugar mais ou menos plano, e começaram o desma-
tamento, aproveitando algumas madeiras de lei, e de espessura
média para as colunas de sustentação (pilotis), após o desmate que
foi feito em poucas horas, Jonas pegou os cipós, esticando um sobre
o outro em formato de cruz, e com o metro de lasca de bambu, que
havia confeccionado, mediu os ângulos internos e externo no ponto
crucial, e chegou ao ângulo de 90° (ângulo reto), daí pra frente
tudo ficou muito fácil, improvisou um prumo de 2 metros, com um
fino cipó, e uma pedra na ponta, e o nível foi tirando aos poucos,
com um pedaço de mangueira transparente, que logo serviria para
inteirar o condutor de gás.
Jonas o eremita que desceu iluminado
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O galpão media 100 m2, portanto, um espaço de 2,5 m2 por pessoa,
até que era um belo espaço para quem estava perdido numa selva.
Fizeram divisões com bambus lascados e trançados, revestidos com
folhas de palmeiras. As portas e janelas seguiam o mesmo padrão e
suas dobradiças eram bem simples, porém, suficientes, pelo sistema
pivotante, sendo encaixado um dentro do outro, de modo que abri-
am-se e fechavam-se com muita facilidade.
Ah. Para se fazer o devido metro, a ferramenta principal, Jonas, foi
até o pneu do avião e leu na sua borracha a sua devida medida di-
ametral, e, simplesmente com uma cordinha mediu-o de extremo a
extremo, aquela medida que em geometria é: corda, e que divida em
2, é raio, obtendo uma medida quase exata, e daí foi dobrando até
chegar ao décimo de um metro, e o resto foi confeccionado com me-
didas acima de 10 cm, fácil, não.
Nas reuniões, o mestre começou ensinar àquelas pessoas a medita-
ção com a finalidade de despojá-las do medo condicionado, e isto foi
muito bom, que ao se livrarem do degredo, cada qual formou um
grupo de conhecimentos esotéricos, daí se saber os motivos de tanta
batalha para se chegar ao conhecimento evolutivo humano.
Essas reuniões eram confortáveis, já que, eles adaptaram as poltro-
nas do avião e cada um tomava a sua para assisti-las ao ar livre
nas noites, ou tardes amenas.
À noite, sempre conservava-se uma fogueira e um vigia.
Capítulo 13
O APIÁRIO
Jonas o eremita que desceu iluminado
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Certa manhã, Jonas, acordara com um zumbido, sentou-se na cama
feita pelas suas próprias mãos, tecidas com cipós e acolchoada com
capim.
Espreguiçando-se, sentiu umas dores pelas costas, sintomas de al-
guma escoliose e, murmurou:
- Se minha cama é dura, meus sonhos são suaves!
Prestando atenção ao zumbido, achou tratar-se de alguma altera-
ção na pressão atmosférica, talvez a sua pressão arterial estivesse
com alguma oscilação. No entanto, levantou-se e colocou suas rou-
pas puídas, que eram compostas por um calção e uma camiseta, e o
antigo, sujo e surrado sapato de cromo alemão, sendo usado apenas
pelas palmilhas que ainda exitiam.
Saiu para fora do acampamento, era uma manhã que prenunciava
um dia ensolarado, pois, esfumaçava aquela cordilheira umedecida
pelo orvalho, e o zumbido continuava persistente. Encasquetado,
percebeu que aquele ruído vinha de uma direção e resolveu rumar à
ela, porém, no meio do caminho, resolveu voltar, e demarcou o lu-
gar, com a intenção de voltar.
Sua caminhada não foi tão curta, posto que andara 1/2 hora, mais
ou menos, e quando chegou, alguns já estavam acordados, e fora
cumprimentado alegremente por Danilo, um farmacêutico que o
ajudava sobremaneira nas preparações de chás aromáticos e medi-
cinais nas horas de necessidades, com a co-adjuvância de Geórgia,
mulher de meia idade, uma nutricionista que se fizera muito neces-
sária também, na alimentação daquela tropa.
Danilo, fumava uma maçaroca de ervas secas, secava-as ao sol, as
quais extraía da mata, folha a folha com o maior desvelo, como
num ritual xamânico.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 95
Enrolada no capricho daquele ritual, era verdadeiro charuto cuba-
no, só para avaliar a sua qualidade.
Após saudar Jonas, Danilo perguntou:
- Dormiu fora, saiu para alguma gandaia, cuidado Jonas, existem
muitas índias bonitas por aí. Estou de olho em você!
Jonas, riu da brincadeira do amigo, e respondeu-lhe:
- Acordei com um zumbido e, saí ao seu encalço, andei um bocado
sem ver absolutamente nada, porém, aquele som não silenciava.
- Pois, saiba Jonas, também acordei com tal zoada, e até pensei que
fizesse parte da minha labirintite, posto que, após minhas amnésias
sinto um atordoamento seguido de tal zumbido, que sempre me
enerva.
Agora, eram Jonas e Danilo a procurar a causa do tal zumbido,
rumaram até o local demarcado por Jonas, quando exclama:
- Danilo, olhe o que estou vendo.
Danilo, assustado com a exclamação do eremita, retruca:
- O que foi, rapaz, assim você me mata do coração.
- Abelhas, e pelo que me parece, são das boas.
- Se forem tão boas assim, não nos picarão.
Coitado do Danilo, nem terminou a frase, foi ferroado na ponta do
nariz, que o fazia espirrar com constância, enquanto, Jonas o ad-
vertia:
- Pare com isso, assim seremos atacados por todas elas.
- Ham. ham. ham. atchim, não depende de mim. ham. ham.
Apesar da picadas, voltaram felizes ao acampamento.
Estudavam uma forma de cultivá-las, criando uma colméia, sabe-
dores de suas utilidades, no uso de adoçantes, remédios através da
própolis, geléias, compotas gelatinosas etc.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 96
Apesar de adoçarem com a estévia, erva que substituía o açúcar,
somente o sal ficou fora do contexto.
Guardariam aquele secredo entre os dois, porém, até quando?
Em comum acordo, resolveram precaver o pessoal, pois, seria mui-
to perigoso contar com a sorte, havendo entre eles algumas crian-
ças, ou talvez alguém alérgico às picadas das abelhas etc.
Pegaram alguns cestos tecidos de bambus, e friccionaram algumas
ervas no seus interiores, como chamariz às abelhas.
Umas picadas daqui, outras dali, conseguiram extrair uma quanti-
dade de mel que teria de ser guardada a sete chaves, ao menos na-
queles momentos, até que a produção um dia aumentasse.
As abelhas, até que foram condescendentes com o novo lar, ali por
perto do acampamento.
Jonas, advertiu a todos que, no caso de um ataque, que eles corres-
sem à parte mais rasa do rio, e ficassem submersos o maior tempo
possível.
Também, não se esqueceu de fazer muita apologia sobre elas e suas
utilidades.
Explicou que, sem a rainha, a colméia toda estava perdida.
Falou sobre as operárias, que esterilizavam e produziam o mel.
E, quando uma delas morria, era retirada imediatamente da col-
méia e levada para bem longe.
Referiu-se também às guardiãs, que não permitiam a entrada de
nenhum intruso, mesmo sendo outra abelha, que não pertencesse ao
clã.
Concluiu, elogiando a simetria na construção dos favos, coisa divi-
na, disse ele.
Jonas o eremita que desceu iluminado
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Capítulo 14
O FELINO
O que estava perturbando realmente aquela gente, eram os felinos,
que a noite vinham à procura de alimentos, restos de comidas e de
caças, e os mais medrosos ao ouvirem o triturar de ossos dos cate-
tos, caíam em horripilante depressão.
Em conversa com o líder do grupo, Jonas fez uma acordo para que
se colocasse um vigia próximo da fogueira, que deveria durar a
noite toda, para evitar ataques de algum animal.
Obviamente, com tantas pessoas, essa vigilância seria revezada de
vigia a cada 2 horas.
Um segurança, tagarela de primeira linha, certa noite dormiu, e o
seu turno prolongou, já que, o segurança da ativa acordava o que
seria seu substituto, e quando acordou, deparou com uma jaguatiri-
ca (oncinha de pequeno porte, mais para um gato selvagem, porém,
muito feroz).
O gabola se borrou todo, fazendo um escândalo, que acordou a co-
munidade toda e que o acudiu em seu histerismo.
No dia seguinte, em conversa, alguém lhe tira um sarro:
- E aí Agnaldo, você é tão garganta, por que se borrou todo com a
presença daquele gato?
O jovem Agnaldo, respondeu:
- De raiva, por não conseguir pegá-lo!
Todos riram, enquanto, Agnaldo dava uma de que não estava en-
tendendo a gozação dos colegas!
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 98
Jonas, achou tempo para artes, explorando uma jazida de calcário,
experiente que era nos tempos da Montanha Doirada, e fez belíssi-
mas esculturas que povoavam os arredores da cabana.
Capítulo 15
A MALÁRIA
Após um ano de vivência naquele lugar, Jonas, teve o grande desejo
de explorar mais o local.
Um belo dia, saiu sozinho mata adentro, andou o dia todo por aque-
las cordilheiras sem qualquer preocupação, esquecendo-se até de
sua bússola.
Saiu do acampamento com pensamentos impolutos, dirigido pelos
seus amparadores.
Aquele dia fora realmente muito curto, quando deu de fé já eram 16
horas, e o guru estava definitivamente perdido, até porque, guru
também se perde.
Repentinamente, começou a sentir um frio descomunal, colocando
sua mão direita sobre sua testa, diagnosticou alto grau de febre.
Cansado, sentou-se sobre um tronco meio chamuscado por um raio
qualquer da mãe-natureza.
Lembrou-se da brincadeira que havia feito com Demóstenes, quan-
do lhe disse que estavam perdidos, lá junto das araucárias e seus
pinhões, e sussurrou:
- Agora sim, estou realmente perdido.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 99
Tirou de sua bolsa de juta, em pedaço de carne de caça. O silêncio
era cruel e estranho, sentia-se um marujo em plena calmaria, pre-
conizando com certeza uma grande tempestade.
Nenhum vento, apenas o ar gélido acompanhava aquele silêncio.
De súbito, o silêncio foi quebrado pelas quebras de gravetos.
O que será? – pensou: um animal dos grandes.
Jonas, carregava consigo um bordão de madeira, relativamente
leve, porém, de madeira muito resistente, com uma ponta de metal,
tal qual uma lança, para simplificar.
A lâmina da lança, merece um destaque especial, Jonas, capricha-
va, era extremamente cortante e pontiaguda.
Aquele tronco chamuscado, no qual estivera sentado para o ligeiro
lanche, media de 10 a 12 polegadas, portanto, não lhe era uma pro-
teção tão adequada para o tropel que se formara ali nas imedia-
ções.
Jonas, bastante apreensivo, preparou-se para o que desse e viesse.
Logo, se fez ouvir um grito apavorante, com a lança em riste, ele vê
passar à sua frente um indiozinho, um pequeno garoto em desaba-
lada aflição.
Imaginou, que em seguida passaria o famigerado animal selvagem,
dito e feito!
No seu instinto extra-sensorial, lançou sua arma a qual foi atingir
exatamente a jugular de uma enorme onça pintada.
O garoto índio, desaparecera.
Agora, tinha aos seus pés de quirongoze, uma onça imolada.
A noite já dava sinal de sua presença, e a febre e seus calafrios tam-
bém chegavam juntos com ela.
- O que seria aquela tremedeira – malária?
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 100
Jonas, cambaio sentia uma lassidão muito provocativa, tentando se
locomover foi barrado por aquele tremelique beribérico.
Encostou-se sobre um pé de canjerana, entrando num estado de
torpor, nada mais viu, a não ser seus costumeiros trabalhos astrais.
Foi até um plano, onde muitas entidades estavam sofrendo agruras
atrozes, enquanto, prestava ajuda àquelas pessoas, não imaginava
seu corpo febril.
Chegou a um lugar, onde jovens e velhos banhavam-se numa enor-
me lagoa.
Até que estava gostando de ficar ali, mas percebeu que aquelas pes-
soas falavam muitas obscenidades, subiu sobre uma pedra e come-
çou a falar:
- Meus amigos, quero que saibam, estou aqui para ajudar, porém,
espero reciprocidade, pois, ao me permitirem ajudá-los, estarão me
ajudando também.
Depois, de muitos conselhos, tomava aquelas pessoas pelas mãos,
transladava-as aos seus respectivos planos evolutivos.
Notava também a presença de seu amparador a lhe orientar.
Após tanto trabalho, volitando para outros lugares, acordou sobre
uma fornalha de carvão a sapecá-lo na sua totalidade corporal.
Estava entre um estrado de taquara e outro, feito à sanduíche de
mortadela, estava entre duas “fatias de pão”.
Enquanto, um índio jogava no seu corpo, um líquido aromático, e
outro girava-o lentamente, com se fosse uma carne de churrasco,
que o fez imaginar:
- Agora sim, estou sendo temperado para uma bela ceia canibalesca
ao rufar desses tambores, enquanto, esses antropófagos, comedores
de carne humana daçam ao meu redor.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 101
Jonas, pensou bastante sobre aquela situação, mas nada o fazia
sentir algum desconforto ou dor.
Subitamente, notou a presença daquele indiozinho, qual ele salvara
da onça.
E, ao alcance de sua visão, lá estava esticado o couro da onça com o
furo no pescoço e ao seu lado o seu bordão.
Aquele vislumbre foi alentador, apesar de já estar sentindo bastante
calor.
Percebia que, o fogo era cuidadosamente controlado, para que não
ofendesse seu corpo.
Aqueles índios resmungavam muito entre si, sem ligar a mínima a
Jonas.
Até que enfim, tiraram o eremita daquela sauna e o conduziram à
uma taba, onde um índio cheio de penas e penachos, falava e falava
em sua língua, como que benzendo-o.
Jonas, estava embrulhado em muitas peles de animais, e o suador
lhe parecia infinito.
E, sempre aparecia uma jovem índia a lhe trazer guisados e sopa de
raízes etc.
À medida que o profeta ía se restabelecendo, tentava-se comunicar
com os silvícolas, fazendo desenhos e mímicas obteve relativo suces-
so.
Permaneceu entre eles por dez dias, como hóspede de honra.
Quando estava pronto para regressar, fez desenhos da cordilheira e
da fabulosa cachoeira, mas os indíos não viam a cachoeira com
bons olhos, talvez como mau agouro, índio tem dessas coisas.
Com alguns cocares e flexas, retornou ao acampamento acompa-
nhado de um enorme guerreiro que, ali conhecia como ninguém,
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 102
que o deixou próximo do acampamento, e com seus braços cruzados
batia sobre seu próprio peito em sinal de respeito e agradecimento
ao profeta Jonas, por seu filho o indiozinho salvo por Jonas.
Jonas, muito feliz adentrou o acampamento, seu relógio de pulso
marcava 15 horas, o povo estava reunido discutindo o seu sumiço.
Ganhara Jonas o couro daquela onça como agradecimento dos ín-
dios, e com ela assustava o pessoal do acampamento, que mais uma
vez, se surpreendia com o eremita.
Na realidade, o grande líder ali era Jonas, apesar do eleito oficiali-
zado.
Jonas chorou, emocionado com tantas lágrimas pelo povo derra-
mado pela sua falta.
O ermitão pensou em amor, fraternidade, fidelidade, amizade e em
seguida fez um discurso, até porque, discurso era com ele mesmo,
que homem para gostar de falar.
O mais interessante é, que eles viveram tanto tempo naquele local
sem jamais serem molestados por um indígena sequer.
Muito ao contrário, dali pra frente, Jonas visitava com certa fre-
qüência aquela tribo, até aprender falar o seu idioma, sempre a-
companhado de Danilo com quem tinha bastante afinidade filosófi-
ca.
Nas primeiras visitas àquela tribo, os índios ficaram apreensivos
com a presença de Danilo, porém, com a habilidade de Jonas, co-
municando-se com os nativos, tudo se arranjou.
Num certo dia, um outro americano, “John”, ficou apavorado ao ver
por entres as árvores o índio guardião, rondando o acampamento.
Era exatamente o guerreiro, pai do indiozinho, que havia conduzido
Jonas de volta ao acampamento.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 103
Numa das visitas de Jonas a aldeia, descobriu que, aquele índio
estava incumbido de vigiá-los no sentido de vê-los seguros contra
algum mal.
Era o guardião dos caras pálidas.
Capítulo 16
O RETORNO
Certo momento, dois jovens, que já não mais agüentavam aquela
vida na selva, e no desejo de serem resgatados, foram até o que
havia restado do avião e atearam fogo, com um tanto de combustí-
vel que esconderam em um galão hermeticamente fechado, junta-
mente com algumas madeiras que cortaram para o devido fim, às
ocultas, é claro.
Imaginaram que a fumaça desencadearia o desejado resgate.
A carbonização foi grande e, nada do que eles imaginaram aconte-
ceu, continuou como dantes.
Depois de quase 2 anos, ensinando e aprendendo com aquela comu-
nidade, que já estava crendo ser ali o único lugar deste mundo.
Jonas, se manifestou:
- Meus amigos, chegou a hora de partirmos.
O visionário Jonas, literalmente falando, teve uma visão, na qual se
lhe apresentou um senhor muito polido, um sábio desses que inte-
gram a faculdade de manipular a mente humana, os “sábios” deste
mundo, nossos governantes, marionetes das forças cósmicas.
Com consciência plena daquela situação, Jonas lhe pediu uma dica
de como saírem daquela mata, e o espectro então, lhe disse:
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 104
- Irmão Jonas, até poderia lhe conceder esse seu pedido, mas o ne-
garei não em função de você, mas de toda essa tripulação perdida,
para sua própria evolução, porém, lhe deixo uma prerrogativa,
procure e achará o caminho.
Quero lhe dizer também, que todos fazemos parte de um contexto
evolutivo e, quanto antes você intuir o caminho de volta, estarei
evoluindo mais rapidamente também, ficarei livre de mais um com-
promisso com vocês, você me entende, não é.
Jonas, estava explanando sua visão ao povo, pois, recebera a anu-
ência para fazê-lo.
Atentamente, todos escutavam-no no maior silêncio, pois, o respeito
lhe era grande tendo em vista sua comprovada sabedoria.
Em sua prédica, Jonas, pediu 4 voluntários para começar a busca
do caminho do retorno.
Escolheram uma manhã, bem cedo, e Jonas escolheu o rumo oeste e
partiram.
Sofreram, andando 4 dias e 4 noites, com pequenos intervalos para
o descanso.
Finalmente chegaram a uma praia.
Avistaram um casebre, e um velho fumando num cachimbo, e um
cão a ladrar os visitantes.
De longe, Jonas gritou:
- Oh. Meu senhor.
O velho entrou rapidamente e pegou uma espingarda, e abrindo a
janela retrucou:
- Quem são ôceis?
- Nós estamos perdidos há 2 anos, embrenhados nessa selva, o nos-
so avião caiu!
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 105
- Chegue devagá, e tome cuidado!
Era um velho caiçara ressabiado com presenças estranhas.
- Olhe o cão, ele pode nos atacar.
- Num sinhô, eu tô aqui.
Aproximaram-se:
- Prazer, meu senhor, abaixe essa arma ela pode ferir alguém.
- O que o sinhô qué aqui.
- Meu nome é Jonas.
- O meu é Mingo-pescadô.
- Senhor Mingo, somos tripulantes daquele avião que caiu há 2 anos
nessa mata.
- Proquê o sinhô dexô o bicho caí?
- Não, sei Mingo, nada pudemos fazer.
- Seu Mingo, o senhor pode nos ajudar, existem mais 36 pessoas
perdidas naquelas matas.
O caiçara, meio desconfiado, ficou pensativo por um instante e:
- Sô Mingo, na minha canôa só cabe eu mais o sinhô, posso levá o
sinhô comigo até Curupeba, êta vilinha de gente inchirida sô.
Pousaram ali naquela choupana, e no dia seguinte, bem cedinho
partiram, remaram, por 2 longas horas, enquanto seus 3 compa-
nheiros, desfrutavam de uma bela praia no casebre de Mingo-
pescadô.
Chegaram a um povoado, onde moravam 100 famílias, onde Mingo
barganharia seus pescados por arroz, feijão, pão, fumo etc.
Ali, recomendado por Mingo, pousou novamente na casa de um
chefe da vila, que o acoselhou a procurar recurso na cidade mais
próxima, onde existia polícia, corpo de bombeiros e tudo mais, desta
vez viajaria numa barcaça, mais acomodado.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 106
Chegou àquela cidade, e foi ter logo com a polícia, que foi muito
cordial com ele.
Voltaram numa bela e confortável lancha, mais parecendo um pe-
queno iate, alguns dias a mais e lá estavam todos reunidos no a-
campamento.
Os policiais e um repórter fotográfico, que instigado pelas autori-
dades juntou-se a eles para fazer uma matéria que repercutiria por
muitos lugares.
Ao chegarem, ficaram encantados com tanta criatividade, filma-
ram tudo e todos.
Aquela matéria alentou muitos corações, que já tinham seus paren-
tes como mortos naquele acidente aéreo.
Aquela tripulação foi levada para Virgínia, e para surpresa de Jo-
nas era exatamente a cidade na qual pretendia morar, antes do
acidente que mudou o curso de sua história.
Ao ali se encontrar, soube que aquela floresta pertencia à própria
ilha, onde moraria por longos anos de sua vida.
Ao chegarem, foram recebidos pela primeira dama e o prefeito da-
quela cidade, o casal estava pratocinando uma estada a todos, no
melhor hotel de Virgínia, até que se encontrassem com seus paren-
tes.
O hotel de luxo tinha vista para o mar.
A primeira dama era Dona Marta, pessoa muito amiga de Jonas,
que veio abraçá-lo com lágrimas nos olhos, juntamente com Dukerk
o prefeito.
Jonas, passou horas relatando ao casal tudo sobre o acidente e suas
sagas na selva.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 107
Dona Marta, tinha 65 anos e, dedicava-se integralmente aos menos
favorecidos, os pobres de Virgínia.
Jonas, foi morar num cômodo nos fundos da casa do prefeito Du-
kerk, e começava sua nova vida junto aos ilhéus.
Jonas, ao andarilhar pelas ruas de Virgínia, encontrou um senhor
caído sobre uma calçada, tentando soerquer-se, a princípio pensou
Jonas, estar aquela criatura embriagada, observando também que
sua cútis era muito clara, quase caucasiana, logo deduziu que se
tratava de um estrangeiro.
Aproximando-se dele, quis ajudá-lo, porém, foi repudiado com as
seguintes palavras:
- Senhor, não o conheço, mas agradeço a sua intenção.
- Pode deixar-me, levantarei e andarei pelas minhas próprias for-
ças.
Jonas, deixou-o e ficou analisando suas ações, firmando sobre seus
artelhos, com suas pernas trêmulas, cambaio, prosseguiu por uns
40 metros e veio a cair novamente.
Quando Jonas, ameçou ir ao seu socorro, foi interrompido por um
senhor:
- Desculpe-me a intromissão, porém, se fosse o senhor não faria
isso.
- Por quê? – Perguntou Jonas.
- Fui muito íntimo dessa pessoa, seu nome é Fred, ou melhor: “Frie-
drich”, de origem germânica, um gênio da cibernética, conhecido
como: “O Computador Humano”.
A sua história é muito triste.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 108
Sendo ele, alto executivo nessa área de computação, conheceu o
mundo todo, tal o seu prestígio, a trabalho inclusive, fora muito
requisitado pelos seus próprios méritos.
Morava ele numa mansão, junto com sua bela esposa e filhos.
Não faz muito tempo, sofreu um derrane cerebral, que parece tê-lo
invalidado pelo resto de sua vida.
Ficou internado um bom tempo, e afastado definitivamente de suas
funções.
Foi ferido no seu orgulho de grande profissional, e pessoal.
Não se sabe o porquê, mas ele deixou sua família e todos seus bens
para morar com sua irmã solteira e mais velha, que além de ser sua
procuradora oficial, também cuida de suas frustrações.
Se o senhor for discreto, poderá notar uma senhora de preto do
outro lado da rua, pois, é ela, que de certa forma não se atreveria
em ir ajudá-lo, note que ela usa um chapéu e um véu sobre a face,
assim ela se disfarça todos os dias, acompanhando-o sem que ele se
dê conta da sua presença.
Finalizando, disse que por coincidência veio morar na mesma cida-
de em que estava morando, e se apresentou a Jonas.
- Meu nome é Dirk, sou americano, escolhi esta ilha para morar,
estou aposentado.
- Chamo-me Jonas, às suas ordens e sou também novato por aqui, e
não sou aposentado.
Jonas e Dirk, tornaram-se bons amigos, pois, comungavam da
mesma idéia de ajudar ao próximo.
Dirk o convidou para uma reunião em sua casa, e lá se encontra-
vam pessoas de índole filantrópica.
Porém, eram cidadãos envaidecidos.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 109
Propuseram um debate sobre filantropia cada um querendo ser
mais altruísta do que outro.
Um dizia que doava isto, e outro aquilo, e dava para se notar que
eram somas elevadas.
Jonas, sendo instigado, falou:
- Meus amigos, bens são bens de várias maneiras e formas.
Comecemos pelos bens desta vida, sendo muito nobre por parte de
todos no desejo de dividir seus bens com os pobres, ou melhor, parte
de seus bens. Mas, vocês não devem se esquecer dos bens de ordem
etérica e cósmica como as boas intenções, como o amor, a paz, a
temperança, tolerância, estes bens abstratos são mais concretos do
que se possa imaginar.
Além, do prato de comida, vem o bom aconselhamente jungido à
boa atenção, acompanhado de um largo sorriso com demonstração
de alegria.
Estes bens, são tão espetaculares que, refazem a saúde psicossomá-
tica do ser humano.
Portanto, pela nossa maneira de ser estaremos influenciando nos-
sos irmãos, e isto é uma grande caridade.
“ O cipó acompanha o pau”.
“Filho de peixe, peixinho e´”
“Dize-me com quem andas, que direi quem és”.
Esta última frase de Jesus, pode nos ensinar, que a grande caridade
está no exemplo, o qual fala mais alto do que as palavras.
Falarei aos amigos, sobre um grão de areia.
Entre o grão de areia e o homem, existe bem pouca diferença, na
multidão de grãos de areia, lá está mais um, formando longas prai-
as.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 110
Na multidão, também lá esta o homem, metido a importante, leva-
do pelos ventos, pelas águas, sem domínio, sem saber para onde ir.
Na sua insignificante soberbia, vaidade e orgulho, achando-se o
máximo e até pensando que sem ele os demais grãos não vão subsis-
tir.
A caridade torna-se precária, quando não praticada no total ano-
nimato, e um tanto sofismável quando enaltecem o homem, como
Casa de Caridade Fulano de Tal.
Disse-nos Jesus: “O que fizer a mão esquerda, que a direita não
veja”
Mateus: 6
3 Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua [mão esquerda] o
que faz a direita;
Nas praias e arranha-céus, lá estão eles: o homem e o grão de areia
formando paredes colossais de concreto. São os homens convivendo
com os grãos de areia em plena solidão.
Nestas compilações de idéias concluímos que, somos dirigidos e
pouco dirigimos, pela falta de conscientização mental, pois, deve-
mos buscar a melhor direção para sairmos da contramão.
Os caminhos são difíceis, mas persistindo, eles se amenizarão, tor-
nando-se brando e prazerosos, porque as leis da natureza são in-
quebrantáveis.
E, Jonas prosseguiu:
Nas querências dessas plagas, passaremos como o grão de areia
levado pelo vendaval.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 111
Todavia, jamais seremos esquecidos, somos ínfimos tanto quanto
importantes!
Somos uma grandiosa partícula universal, jamais podendo ser des-
cartável.
Tal qual:
A flor,
O beija-flor,
O jardim,
A paisagem.
O eterno fim do começo.
O grão de areia.
A eternidade.
Jonas, bem que tentou falar palavras mais racionais, aos seus con-
ceitos, porém, falou o que falou e ponto.
Foi instrumento do seu eu interior, como sempre o foi, e resmungou:
- Sou um grão de areia também, talvez uma pluma que flutua nas
asas da brisa.
Aquelas pessoas entenderam a mensagem, percebendo que o assun-
to era sobre a humildade, que tanto honra o ser humano, que fica
longe da hipocrisia.
Dirk, e os demais, ao término daquela reunião, insistiram para
falar com Jonas e começaram propondo-lhe um cargo numa enti-
dade filantrópica.
Jonas, foi claro e evidente ao dizer-lhes que estava pronto para
cooperar com a entidade, porém, sem nenhum vínculo.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 112
Neste empenho de ajudar os outros, Jonas deixara tudo, partindo
com afinco rumo à sua meta.
Às vezes, Jonas se projetava em visitas aos seus familiares, não se
esquecendo da Montanha Doirada, que realmente estava em com-
pleto abandono.
Jonas, tentava sempre que podia, o anonimato, porém, as notícias
corriam e como sempre dependia do prefeito e da primeira dama
para efetuar suas caridades, acabava ficando atrelado ao casal e
exposto à língua do povo.
Certo dia, Jonas foi chamado pelo casal para um bate-papo no ga-
binete do prefeito, e foi convidado para participar ativamente da
mundo político do casal.
Jonas, odiava a política.
E, aquela lengalenga continuou:
- Jonas, o que leva um homem bem apessoado, culto e inteligente
agir de maneira tão antagônica à da maioria?
- Eu, como prefeito de Virginia, era assim. Não sei como pude mu-
dar, acho que somente para poder ter como prestar ajuda ao povo,
embora, a máfia da política muito me impeça.
O prefeito foi meio pretensioso na sua fala. mas, sem seguida veio-
lhe a respostas lacônica de Jonas.
- Prefeito Dukerk, por si só, sua pergunta já foi respondida!
Os três continuaram conversando amistosamente, quando o inter-
fone interrompeu a conversa.
Era um dos assessores do prefeito, insistindo num assunto que jul-
gava importante.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 113
Dukerk atendeu seu assessor, dispensando-o logo em seguida pelo
interfone mesmo, e disse a sua secretária, que aquela tarde não
estava para mais ninguém.
Retomando a conversa com Jonas:
- Caro Jonas, nós pensamos muito para chamá-lo para esta conver-
sa, eu e Marta, ficamos apreensivos, achando uma conversa bas-
tante delicada para tratarmos com você, sendo conhecedores de sua
personalidade e filosofia de vida, mas achamos que valia a pena a
tentativa.
- Muito bem, em que posso ser-lhes útil?
- Propomos a você que ocupe uma das nossas secretarias, exata-
mente a que está vaga, a do Bem-Estar Social.
- Note bem, Jonas, não estamos pedindo nada, absolutamente nada
para nós, e sim para o povo carente de Virgínia, até porque Marta
já tem uma certa idade para assumir esta pasta, portanto, pela
nossa amizade e consideração não vejo como poderá negar esse
grande favor a nós e à Virgínia.
A sutileza do prefeito foi enfática e contundente que desmontou as
respostas de Jonas, que foi direto:
- Se aceitar, assumirei essa secretaria, certo?
- Sim, secretário Jonas, respondeu-lhe o prefeito.
Jonas, naquele momento parou um pouco para pensar, e com a
mão segurando o queixo, pronunciou:
- Amém!
Recordando-se dos seus debates pastorais, fez uso deste verbete de
origem hebraica.
Capítulo 17
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 114
A POLÍTICA
Quem diria, o eremita que desceu da montanha, agora metido em
política.
Politizava-se pela necessidade que se fazia premente.
- Jonas, agora você pode trabalhar melhor em prol de todos - falou
Dukerk
- Desculpem-me, não serei mais um jogral aqui nesta corte?
Perguntou o profeta, sapecando um termo provençal.
- Não nos ofenda - replicou Durkerk.
- Descupem-me, é apenas um brincadeira.
- Saiba Jonas, a nossa intenção é, lançá-lo candidato a prefeito!
Pois, somos idosos, e temos de escolher um candidato à altura do
cargo, esperamos que não haja recusa.
- Prefeito, existem tantas pessoas de confiança e competência, por
que eu?
- Jonas, os fatos não se apresentam apenas como nós queremos.
- Sendo você, espiritualista, ou pensa que nós não temos conheci-
mento disso, então vou lhe dizer o porquê da nossa decisão. Dormí-
amos, eu e Marta, num 5 estrelas lá no Caribe, quando tive uma
espécie de sonho, que em minhas dúvidas era uma fenomenal visão.
Não sei se você vê assim esses acontecimentos, Jonas.
São coisas do espírito, as quais não consigo entender muito bem,
como um vibrátil sutil de um acorde musical que, passa indelével e,
se não nos atentarmos ao fato, não mais lembraremos da sua sono-
ridade.
Dukerk, novamente deu uma pausa pensativa, e continuou:
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 115
- Pois bem, nesta visão eu vi uma silhueta, em seus mínimos deta-
lhes, como posso visualizá-la agora e que me falou:
- Dukerk, sou o eremita Jonas, responsável por Virgínia, a mim me
foi confiada esta responsabilidade, para conduzi-la de acordo com a
dignidade humana.
A silhueta, era o seu biótipo perfeito.
- Despertei-me daquela visão, sonho, sono ou sei lá o que.
Levantei-me, preparei alguns documentos que necessitaria naquela
viagem, enquanto, Marta dormia um sono profundo.
E, curioso é, que ela nunca se levanta depois de mim.
Logo chegou o nosso café, juntamente com ele o jornal e, comecei lê-
lo, no momento em que Marta se aproximava, dizendo:
- Duk, sonhei que um tal Jonas vai sucedê-lo na Prefeitura de Virgí-
nia – o que você acha?
- O mais interessante ainda, foi que no jornal havia um relato que
estava lendo sobre um prefeito que se chamava Jonas em um cidade
qualquer do país, e concluiu:
- Sabe Jonas, isto já faz muito tempo, e nós nem nos conhecíamos
ainda.
Na primeira vez em que nós nos encontramos, lembrei-me nitida-
mente da tal visão, e Marta me fez a já esperada pergunta:
- Duk. Não seria esse o tal Jonas, o novo prefeito de Virgínia?
- Com todo o respeito e consideração que nutrimos por você, como
se fosse o filho que não tivemos, esta identificação não é debalde,
meu filho.
Jonas, já estava apar de seu futuro, apenas, fazia o jogo da humil-
dade, até para dar exemplos aos seus imãos-discípulos.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 116
- Dukerk, não creio no acaso, tive muitas visões para estar aqui, que
se faça cumprir os desígnios de Deus!
Jonas, começou a notar que o meio político era ao mínimo hilarian-
te ao seu conceito de místico.
Porém, rivalizou com as forças antagônicas universais, porque se-
ria diferente entre homens políticos deste grão de areia, o planeta
Terra.
O tempo passava, e Jonas cuidava de sua secretaria com muita
dignidade, quando morreu o Secretário de Obras.
Lá se foi o guru, acumular mais um cargo interinamente. Teve de se
esforçar muito, pois, não tinha o menor desejo, ou motivação para
assumir aquela responsabilidade.
Resignadamente, entendendo os desígnio das forças extrafísicas, foi
envolvendo-se cada vez mais com os negócios do município tam-
bém.
Através de comparações de preços, (licitações) foi obrigado a ver e
entender sobre as disprepâncias dos valores de antes, aos atuais, e
quantas manipulações escusas e antipatrióticas foram auditadas
nos muitos documentos licitatórios de contratações das grandes e
pequenas obras, e nas compras de seus materiais.
Guardou para si muitos segredos, posto que seus mentores o permi-
taram agir assim, dizendo: - Queremos você vivo para arrumar o
que lhe for possível nesse antro e nessa horda, ou corja de homens
egoístas e desalmados, que pensam em roubar e guardar o produto
do roubo para nada, atrasando assim o desenvolvimento de um
povo, aliás, como continuará sendo o seu planeta todo, por muitos e
muitos anos, até que a natureza necessite repor suas energias, atra-
vés de suas devastadoras forças, através de vendavais, tufões, fura-
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 117
cões e muitos mísseis criados pelo próprio energúmeno ser humano
na sua autopunição.
Agiu inteligentemente, ouvindo os conselhos etéreos, pois, se se en-
volvesse nos escândalos não teria tempo para uma boa gestão, po-
rém, foi comendo pelas beiradas.
Na verdade, julgava-se simples orientador da ordem cósmica para
com os seres humanos e não; austero auditor.
Os fornecedores, tentaram muitas vezes suborná-lo, pois, desconhe-
cia sua idoneidade moral e ética, sempre polido, até se fazendo pas-
sar por inocente, quando lhe ofereciam propina, ele respondia an-
gelical e cinicamente:
- Oh. Meu amigo, esse desconto ainda é pouco, porém, se você der
tal desconto, eu fecho o negócio com a sua empresa. Aquele cinismo
incomodava os fornecedores, porém, não comprometia a vida de
Jonas.
Numa reunião parlamentar, a assembléia estava completa e, o pre-
feito perguntou a Jonas:
- Como vão as secretarias, Jonas?
- Vão Bem, senhor prefeito!
Replica a pergunta, o prefeito:
- E a de Obras?
Naquele momento, muitos ali, tremeram nas suas bases, e alguns
aventaram não ser aquele assunto a pauta da reunião. Eram aque-
les que tinham seus rabos presos às falcatruas e negociatas depre-
ciativas à economia municipal.
- O prefeito Dukerk, foi enfático na pergunta:
Então vem a resposta inteligente do secretário Jonas:
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 118
- Vai muito bem obrigado, haja vista a economia que fizemos nesses
últimos meses, excelência.
- Alguma fraude detectada, meu caro secretário?
- Senhor prefeito, para que isso se confirme necessitaremos de longo
tempo, além do que, a nossa testemunha maior já não está entre
nós, (o secretário falecido) e estamos em fim de mandato, o que
truncaria em breve, qualquer auditoria.
Os mesmos manifestantes, apoiaram Jonas na sua dissertiva e dis-
seram, ufa.
Porém, um deles faz uma provocação:
- Jonas, deixará o barco correr à mercê dos ventos?
Era um vereador, querendo ver o circo pegar fogo.
- Não necessariamente, meu nobre edil, e se estou entendendo, o
colega está propondo uma drástica auditoria, de acordo com sua
autoridade nesta vereança, fica aqui proposto que essa auditoria
seja executada por uma empresa que não pertença ao município de
Virgínia e, que obviamente já deveria ter sido feita, posto que audi-
tar é da alçada desta casa, aliás, vereador é, sinônimo de fiscal.
Aquele vereador aquietou-se até o final daquela reunião e, de vez
em quando, Jonas fazia algumas perguntas capciosas e até insinu-
antes àqueles políticos.
Alguns meses se passaram e Duk adoeceu, já em sua avançada ida-
de, vai se retirando da vida política, deixando Jonas nas mãos do
novo prefeito, o qual vai tirando aquela Secretaria de Obras de sua
égide, e para Jonas aquilo pouca importância tinha, até porque
faltavam apenas 3 meses de mandato àquele prefeito.
Jonas, continuava tranqüilamente com seu altruísmo.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 119
Marta não tinha filho e, considerava o eremita como seu querido e
único filho.
Um dia ela lhe perguntou:
Meu querido filho Jonas, noto que você não dá a mínima importân-
cia à sua campanha a prefeito.
- Por quê?
- Mamãe Marta, não se preocupe, se este for meu sortilégio, para
não dizer sacrilégio, serei o prefeito virginiano, apesar de ser de
peixes.
Marta, riu meigamente com a brincadeira do eremita, que havia
descido para mais uma liderança.
No dia da apuração dos votos, a ausência de Jonas era perturbado-
ra.
- Estaria ele cuidando de alguma alma desesperada?
Jonas, jamais desejara ser um barnabé elitizado, porém, foi eleito, e
agora “saíra à chuva e teria de se molhar”.
Aceitando cordialmente o leme daquele barco, o timoneiro-eremita
descia para alcançar o ápice de sua gloriosa missão espiritual.
- E a primeira dama, se Jonas era solteiro
Quis que Marta cuidasse da assistência social, mas já estava decré-
pita com a morte do marido, estava realmente muito cansada, aí foi
eleita uma outra senhora caridosa e aquele problema ficou resolvi-
do.
Em uma noite, repousava Jonas em estado letárgico, e notou que da
palma de sua mão surgia uma pequena fumaça, como se fora a de
um cigarro aceso, que o intrigou.
- Fumaça, ora, ora, eu não fumo!
Jonas o eremita que desceu iluminado
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Porém, aquela fumaça foi plasmando de forma lenta e sucessiva,
até se transformar em um ser de forma horripilante.
Jonas, acostumado com tais visões, brincou:
- Queira-me desculpar, mas você é muito feio.
A réplica foi imediata.
- Você também é horroroso, pena que tenha de estar aqui para atu-
rar tanta feiura.
- Meu amigo Jonas, digamos que você ampliasse uma ameba, que
de tão bela nem dá para ser vista, ou então uma lindíssima borbole-
ta, mas falemos da ameba, dessas que fundem a cabeça dos micro-
biologistas, a exemplo daquelas que colocadas em ambientes herme-
ticamente fechados, sem alimentos, tampouco oxigênio, e elas so-
brevivem e por luxo, constróem seus casulos.
Ficaria você, horrorizado com tamanhas deformações e aberrações
naturais, tanto da inteligente ameba, quanto da líndissima borbole-
ta.
São as visões dos retículos, meu amigo.
Bem, vamos ao que mais interessa, eremita.
Jonas, você tem uma missão para cumprir nesta cidade, não vai ser
fácil, por isso mandaram um ser horripilante como eu, para lhe
dizer que, “quem vê cara não vê coração”.
Ou seja: “o diabo não é tão feio, quanto pintam”.
“Nem tudo que brilha, é ouro” e “nem tudo que balança, cai”.
As aparências enganam!
Trabalhe de maneira honesta, como já está acostumado em toda
sua vida, ajude, pois, é isto que tem feito até agora, está de para-
béns.
Jonas o eremita que desceu iluminado
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Chame-me de Micro, até porque fiz um esforço danado para ficar
tão feio assim, posto que de forma normal, sou passável, digamos
assim.
O meu mundo é, bem mais evoluído do que o seu, itra-universo, ou
intragalático, se assim você o quiser.
Jonas, entendeu tratar-se de um ser microcósmico.
Ele proseguiu:
- Jonas, estou aqui nesta empreitada de aparelhá-lo psicologica-
mente nessa sua empreitada de gerir Virgínia.
Veja, quanto falta para os homens galgarem esses degraus evoluti-
vos de conhecimentos. Eles nem imaginam um prefeito, conversan-
do com uma entidade tão horripilante, horrível criatura cósmica,
pois, se assim soubessem, você seria um maldoso feiticeiro, e eu,
inocentemente, seria Lúcifer, ou o Diabo.
- E, o que devo fazer, Micro?
- Escreva aí, vai.
- Escrever o quê?
- Oh. Jonas, ditarei a você uma diretriz básica de governo, para lhe
ajudar, se você se interessar, caso contrário, tem o livre-arbítro de
fazê-lo à sua maneira.
Jonas, escreveu muitas páginas daqueles ensinamentos, até que
chegou a hora da despedida do monstro que novamente lhe falou:
- Meu querido amigo, pense mais sobre a história da: “BELA E A
FERA”, e entenderá melhor o amor.
- Jonas, se a maioria soubesse que sofre influência estimulantes de
seres semelhantes a mim – o que fariam, ou pensariam?
Sou feio apenas aos seus olhos, porém, muito belo aos de minha
espécie.
Jonas o eremita que desceu iluminado
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Quando você se acostumar a me ver com olhos verdadeiros, me
achará um cavalheiro tão elegante e belo, tal qual a você!
Jonas, não seja pretensioso somente pela estética, ou melhor, não
seja por nada.
Você, também estranha a minha voz, pois, saiba, ela é maviosa lá
no meu mundo, aos ouvidos dos meus irmãos.
Jonas, apenas ouvia aquela criatura e se pautava ao silêncio, embo-
ra, ficasse ansioso para dizer alguma coisa.
O estranho ser prosseguiu:
Falemos mais, do que interessa:
Não se esqueça dos homens, pobres arrogantes, que sobrevivem em
deletério.
Aproveite todas as oportunidades para doutriná-los, essa é a sua
maior missão, mostrar aos seus, o caminho da sabedoria, até por-
que, existem apenas 2 maneiras de se alcançar o autoconhecimento:
1. O caminho da DOR
2. O caminho da SABEDORIA
Através da conscientização dessas pseudo importantes pessoas, as
mais humildes serão beneficiadas.
Seja paciente com os “sábios-ignorantes” dessa vida, pois, se apre-
sentarão a você em situações difíceis.
São poucos os homens públicos que não se deixam levar pela ideolo-
gia alheia, e um idealista pode mudar a humanidade, veja o caso de
“Hitler e seu idealismo nazista”, fez muitos estragos, induzindo mui-
tas cabeças de homens “inteligentes” que foram cegos de consciên-
cia.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 123
Poderia lhe citar Alexandre “O Grande” – Napoleão Bonaparte –
Nero e tantos outros.
Volto a lhe dizer, ensine-os pela escrita, fala, e muito mais pelos seus
bons exemplos.
Aquela aula de Micro para Jonas chegara ao fim e:
- Bem, caudilho Jonas, a prosa está muito boa, mas tenho de voltar
ao meu mundo, fique na paz e no amor do Deus de todos universos.
Aquela criatura foi se desvanecendo, tal qual, quando se apresen-
tou.
Jonas guardou com muito carinho todas aquelas anotações e as
usava oportunamente.
Virgínia, com 70 mil habitantes, vivia da agricultura e da pesca,
motivo pela qual falou-se tanto em sementes.
Jonas, agora, mais do que nunca, se aplicaria em prol daquela gen-
te e sua agricultura.
Jonas, teve uma velha lembrança de quando era muito jovem:
Conhecera Max, um senhor bem-sucedido na sua velha profissão de
vendedor.
Ele era amigo da família de Jonas, e despertara grande curiosidade
no mancebo, em saber daquele sucesso todo, para alguém que co-
meçara do nada, como um modesto servente de pedreiro, profissão
muito honrosa, mas não para quem tinha outras ambições.
Nas horas vagas ele vendia perfumes, que sua esposa fabricava em
casa, e também passou a representar algumas firmas comerciais do
mesmo ramo.
Uma vez, Jonas perguntou a Max:
- Senhor Max, como se faz para obter sucesso com vendas?
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 124
- No meu caso, tenho certeza que foi a meditação, se é que tenho
algum sucesso.
- Poderia o senhor discorrer sobre o assunto?
- Jonas, quando me iniciei no ramo das vendas, antes de ir visitar o
meu prospecto, orava e pedia a Deus que me guiasse até ele.
Porém, começou a me implicar uma idéia. - como poderia eu, um
ínfimo vendedor de perfumes, molestar um Deus tão maravilhoso
com minhas miseráveis vendas?
Não desisti, nas minhas orações, comecei a mudar a maneira de
orar, pedia a Deus o necessário, como que rezasse o Pai Nosso, e
depois imaginava-me fazendo altos negócios com meus clientes, e
aquela meditação transformava-se em sonho, até chegar em proje-
ção consciente.
Usava uma técnica muito natural, visitava o meu cliente como se
fora um grande amigo, sem pensar no que poderia vender a ele, e
naturalmente, me esforçava muito para agir àquela maneira sim-
plista, até que começou a dar um grande resultado, eu não mais era
vendedor, passei a ser artista na arte de fazer o meu cliente com-
prar.
Aquilo fora maravilhoso, era uma mágica, que não saberia lhe ex-
plicar.
E, Max proseguiu:
Meditava durante semanas, encontrando-me a falar com meu clien-
te e, muito mais a ouvir suas façanhas.
Conseqüentemente, recebendo polpudos pedidos.
Com o passar do tempo, comecei a entender que me projetava até o
cliente, que não sendo do metiê extra-sensorial, não tinha a menor
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 125
consciência do que estava acontecendo, somente a sua essência ti-
nha essa consciência.
Como se você sonhasse a noite toda, Jonas, e no outro dia não se
lembrasse de nada de seus sonhos.
Quando a humanidade desenvolver esses dotes latentes em todos
nós, direcionados ao bem-comum, pois, no astral a lucidez é infini-
tamente maior, então a boa intenção propiciará aos humanos um
mundo melhor.
- Max, isso que você está me falando, elimina toda a sorte de mal-
dade.
- Não, em absoluto, não disse nada disso, pois, se se eliminasse todo
o mal, não seria necessária a meditação.
Entenda, Jonas, somente o fato de se colocar no mercado um novo e
interessante produto, já se faz muito trabalhaso, posto que, a con-
corrência irá fazer de tudo para que o produto aborte.
Infelizmente, aí está o sinônimo de muitas maldades humanas, e se
você quer saber, até crime de morte se insere neste contexto.
Basta olhar para as nações e notar sua grande corrida armamen-
tista, principalmente pelo interesse econômico.
Então, Jonas se perguntou:
- Por que não aplicar essa meditação aqui em Virgínia, além do que
já tenho feito.
E não deu outra, longas madrugadas contemplativas se sucederam.
Neste específico caso de homens públicos, era diferente de se tratar,
não era como lá na fábrica de biscoitos.
Carecia-se de muita sutileza, pois, era um sistema hipócrita, onde os
interesses pessoais eram realmente muito aguerridos.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 126
Jonas, foi ganhando a consciência daqueles parlamentares, fazen-
do-se passar por dominado, deixando que os sabichões comprassem
suas idéias ao invés de vendê-las.
A primeira coisa que fez ao tomar posse, foi lavrar um documento e
registrá-lo em cartório e nele rezando que, ele, o prefeito, por sua
livre e espontânea vontade, ficaria apenas com a metade de seu sa-
lário, e que outra metade seria doada aos pobres da cidade.
Fato que, deveria ser notório, porém, sem hipocrisia, para servir de
exemplo aos maus políticos.
Iniciou o seu trabalho, mexendo logo com a cadeia pública, com a
aquiescência do governo estadual. O que não deixou de gerar gran-
de polêmica. Estava periodicamente com os presos, orientando-os
em suas recuperações.
Trocava muitas idéias jurídicas com os magistrados, até conseguir
que aquele presídio, se encaixasse em um pecúlio aos presidiários,
através de seus próprios trabalhos.
Usou quadras poliesportivas, recuperando crianças das ruas, não
somente de Virgínia, mas das cidades da redondeza, com a coope-
ração de outras prefeituras.
Era participativo, até chegava atuar como árbitro nas partidas de
futebol da rapaziada.
Tendo entre eles um garoto deficiente físico, e Jonas, fez dele um
líder, para aconselhar os atletas em geral.
Alguns intelectuais batiam muito na tecla da educação, e Jonas
fazia-os entender que, primeiro teriam de alimentar os jovens para
depois ensiná-los.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 127
Num terreno fértil de 1 hectare, pertencente a prefeitura, Jonas,
com a cooperação dos jovens, fez uma enorme horta, com o apoio de
Josafá, um engenheiro agrônomo.
Construíram também, uma cozinha industrial, para atender as
creches e o presídio.
A adubação provinha do lixo reciclado, que a prefeitura comprava
dos moradores, abatendo nos seus impostos, economizando bastan-
te com aquela compostagem orgânica.
Incentivou as artes plásticas, a música, a literatura, e outras mani-
festações artístico-culturais.
Com o decorrer dos anos, Virgínia tornou-se uma cidade modelo,
com sua fama além-mar.
Terminou sua gestão, e ouve grande manifestação para que ele
continuasse na política, porém, o eremita cumpria mais uma etapa
na sua vida de conselheiro do mundo extrafísico.
Jonas, agora escreveria livros sobre suas experiências, no afã de
orientar seus leitores no caminho do bem-estar social.
“O Acampamento dos Deuses” - este foi um de seus “best-sellers”.
Neste livro inspirado, e psicografado por entidades evoluídas, onde
pensava falar de suas experiências, acabou escrevendo sobre expe-
riências de outras entidades, que o fizeram escrever outro livro:
“Guiado Pelo Espírito”, neste ela escreve sobre um personagem que
se deixava levar pelo espírito, que na sua modesta simplicidade
orientava as autoridades, sem que fosse apercebido, através de seus
dons telepáticos e clarividênticos, influenciva os governantes, sem
macular sequer seus carmas, a não ser: melhorá-los.
Morreu Marta, e Jonas resolveu voltar à sua cidade natal.
Fizeram uma grande festa de despedida.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 128
A contragosto de Jonas, ficaram grafadas em algumas lápides de
Virgínias nas praças públicas, em pedra e bronze, muitas homena-
gens a ele.
Lugar encantador era aquela ilha, com muitos amigos, porém, ja-
mais voltaria para aquela gente boa.
Chegou à sua cidade, mais honrarias: “Bem-vindo eremita Jonas, o
esperamos de braços abertos”.
Seus pais, já eram falecidos, e ele recebera uma grande herança a
qual deixou para seu irmão caçula administrar.
Jonas, agora morava num apartamento de cobertura, com todo
conforto e dedicava-se de corpo e alma às escritas.
Com ele vivia sua tia Lica, que o auxiliava nos afazeres domésticos,
bem como na datilografia de seus livros.
Jonas, saía muito pouco de casa, e quando o fazia, imiscuía-se entre
o povo, sem ser notado, ninguém podia imaginar a saga daquele
ancião em suas experiências de “vidas”.
Seus livros, foram escritos com apurada acuidade, como um calí-
grafo preocupado, redesenhando o esboço do gancho no vórtice de
uma letra na formação de uma palavra.
O talentoso Jonas, escreveu coisas misteriosas sobre a Atlântida,
seu povo e sua sabedoria, teoricamente provando que aqui existi-
ram civilizações muito adiantadas, confirmadas por muitos histori-
adores.
O ermitão que desceu da montanha, escreveu tanto que suas edições
ganharam espaço na imprensa.
Foi muito assediado pelas revistas da época, para que ocupasse
algumas de suas colunas, Televisões namoraram suas palestras,
sendo até convidado para se imortalizar numa Academia de Letras.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 129
Não aceitou qualquer desses convites, chegando até guardar em
segredo o seu número de telefone para não ser molestado.
Assim agia, e nunca mais deixou de escrever até os fins de seus dias.
Contou em um de seus livros, que ao bater numa pedra, lá na ca-
verna da Montanha Doirada para extrair uma saliência granítica,
ela funcionou como uma maçaneta, abrindo-se uma entrada e, com
curiosidade foi se adentrando à ela, quando foi tomado de surpresa,
caindo num vácuo por alguns minutos, que o colocou em grande
aflição e medo.
Esses acontecimentos também alterariam o curso de sua história,
como se fosse uma reencarnação, ao despencar naquele fosso escuro
após a entrada que se abrira.
Sincronizadamente ele via em “flashs” muitas paisagens em cores
estranhas, como se viajasse num trem bala, talvez.
Aquilo tudo era aterrador, até que a velocidade foi diminuindo, e
planou sobre um piso reluzente, com um enorme portal aberto em
sua frente que dava a um salão que se perdia de vista.
Viu enormes vaga-lumes que bailavam sobre o alto do salão, em
ziguezagues iluminando todo o ambiente com muita luminosidade,
semelhante à luz do dia.
Notou que alguns se enfraqueciam em suas incandescências, en-
quanto, outros se fortaleciam no espaço de alguns segundos.
Jonas, agora mais encantado que preocupado, saindo para o infini-
to salão, viu ao seu lado direito um paredão, que não dava para
mensurar sua altura nem seu comprimento, e nele existiam várias e
enormes portas abertas.
- O que poderia sair daquelas portas?
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 130
O piso era reluzente da cor dourada-envelhecido, os portais eram
patinados puxado para o verde musgo.
Aquele local tão requintado que o fez pensar em: KGB – FBI – CIA –
UFOS – NASA etc.
E a coragem, para se pôr para dentro daquelas enormes portas?
Saiu com determinação para chegar até aquelas portas.
Aproximou-se sorrateiramente e. seja o que Deus quiser.
Encostou em um dos batentes e deu uma olhadela, e estremeceu-se
ao ver um humanóide que sinalizava para que ele se achegasse.
Estavam em uma reunião, e eram criaturas de porte médio.
Encontravam-se num salão de 500 m2 aproximadamente.
Jonas, aprumou-se e dirigiu-se até a criatura que lhe havia acena-
do, e que esboçava um sorriso amigável, como se fora de Jonas um
velho conhecido.
O que deixou Jonas bastante admirado, foi a sua fala, conversava
no idioma de Jonas, e sem a menor dificuldade, lhe disse:
- É coisa rara recebermos visita lá de cima, como é o seu nome?
- Jonas!
- O que veio fazer aqui embaixo?
- Estou aqui por descuido.
Os demais componentes da reunião estavam calmos, e ingeriam
alguma coisa.
- Jonas, você está um tanto nervoso, calma, já o esperávamos, nada
acontece por acaso.
E, o anfitrião continuou:
- Jonas, antes que você pergunte, temos muitas teorias sobre nossa
origem.
Jonas o eremita que desceu iluminado
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Habitávamos o seu mundo, quando houve uma grande guerra e,
refugiamo-nos aqui pela cratera de um vulcão inativo, tal qual seus
cientistas que alimentam a ilusão de irem para outros planetas
para se livrarem de uma hecatombe terrestre.
- Não é verdade?
- Sim, também acho que sim!
Respondeu-lhe o eremita.
Jonas, naquele momento já encontrava forças, para suas respostas
mais concisas.
Continuou a falar aquela criatura bronzeada.
- Basta você atentar para a “Guerra nas Estrelas”, uma guerra psi-
cológica com um título impressionante imposta pela nação ameri-
cana, como um tigre mostrando suas assustadoras garras à sua
vítima indefesa.
Na caverna aí em cima, por muitos séculos, nossos ancestrais subi-
am até lá para fazer laboratório, como você está fazendo, por uma
outra via.
Temos muitas coisas ocultas que, não poderemos revelar a ninguém
que nos visite.
Portanto, quando você voltar às suas atividades de humano, não se
lembrará de quase nada, apenas o necessário para sua evolução.
Recordará sim, como se fosse um sonho indelével, porém, será pri-
vilegiado em algumas lembraças, porém, não recordará de suas
origens.
Muitos de vocês já estiveram por aqui, nos ensinaram muitas coi-
sas, como também aprenderam, tanto em se tratando de nossos
idiomas, como coisas de ciências e práticas do cotidiano de vocês,
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 132
porém, nada podem lembrar como se estivessem passado por um
estado hipnótico profundo.
E, o sábio concluiu:
- Jonas, tudo isto que estou lhe falando acontece também com seus
irmãos lá da terra, como viajar inconscientemente, bem como com
consciência, para receber e repassar ensinamentos, às vezes lem-
brando-se das ocorrências e outras não.
Jonas se perguntou:
- E o montante de terra tirada daqui?
A resposta veio rapidamente:
- Já lhe falei que, entre nós existem muitos segredos que ainda não
se pode aventar.
Jonas, foi colocado no centro daquela reunião, cofortavelmente, e
ensinaram-lhe muitas coisas, bem como lhe fizeram muitas pergun-
tas, enquanto, Jonas era alimentado por um alimento a ele desco-
nhecido.
Ensinaram ao eremita a técnica de apagar o fogo, escalar e descer
lugares íngremes, transportar grandes volumes e pesos, pois, ali,
viu enormes pedras levitarem sob tais técnicas, que o fez lembrar
das pirâmides do Egito.
- Aqueles blocos, não teriam sido transportados assim? – pensou o
eremita.
Certa vez lá em Virgínia, estava Jonas na praia, quando um navio
cargueiro pegou fogo, enquanto acionava-se o corpo de bombeiros,
Jonas, praticamente apagou aquele que fora um grande começo de
incêndio.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 133
Este fato, foi muito discutido pela imprensa e pelo povo, e quando
lhe perguntavam, sobre o que tinha feito, ele brincava, assoprei o
fogo com a boca, ela estava cheia de água.
Enquanto, estava nas profundezas da terra, lá em cima sua família
tinha colocado até a polícia para procurá-lo, e já haviam-no consi-
derado morto.
Daí se concluir, como muitas pessoas são transladadas para outros
planos como no caso de Enoque e Elias, como nos diz a Bíblia:
Gênesis: 5
24 [Enoque] andou com Deus; e não apareceu mais, porquanto
Deus o tomou.
II Reis: 2
11 E, indo eles caminhando e conversando, eis que um [carro de
fogo], com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao
céu num redemoinho.
Jonas, reapareceu depois de alguns meses e teve de arrumar a casa.
Seus animais sumiram do local, sua horta havia secada, e estava
praguejada.
Para sua sorte, seus pais apareceram por ali, na última tentativa de
encontrá-lo
e lhe sossegou o espírito, dizendo que seus animais estavam sendo
cuidados por eles etc.
Relatou ainda que, quando do seu retorno lá das profundezas, colo-
caram-no dentro de um túnel muito iluminado, que na realidade
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 134
ele, não tinha a mínima noção se subia ou descia, até se encontrar
em um outro plano que o confundiu.
Chegou em um lugar todo sintético, ao menos parecia ser assim,
onde existiam luzes de todos os matizes. Eram luzes heterogêneas
em formato de retículos, e conforme o pensamento de Jonas, elas se
movimentavam com rapidez incrível, formando enormes letreiros,
bem como verdadeiras enciclopédias, onde Jonas confortavelmente
sobre a relva, passava horas em deliciosas leituras, estava com uma
vontade incontida de ler e aprender. Ali não sentia dor, fome, sede o
dia era perene, e tudo era substituído por uma paz indescritível.
Era o plano da sabedoria.
Quando Jonas, pensava em artes plásticas, as luzes corriam rapi-
damente homogeneizando-se entre si, e lá plasmava um Dali, Goya
e outros mais.
Se pensasse numa locomoção qualquer, lá estavam as luzes com-
pactando veículos, dos mais modernos e sofisticados se assim fosse
o pensamento, que o conduziam por lugares inacreditáveis.
Este foi o plano mais fascinante que Jonas visitou, este era o princí-
pio real de integração e desintegração atômico-molecular que ja-
mais vira.
Pensou num computador.
Lá estava o danado.
Pensou Jonas:
- Por que computador?
Apareceu escrito no monitor da máquina.
- Você me pediu, use-me se quiser.
Olhou para uma luz, redeada de dourado, e lhe perguntou:
- E, você, quem é?
Jonas o eremita que desceu iluminado
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- Já fui semelhante a você e me chamei Orlando, hoje, aqui sou co-
nhecido por: Kol.
E, aquela comunicação era mental, além de uma legenda, para de-
rimir qualquer dúvida.
Um som divinal preenchia o local, enquantos os retículos moviam-
se em movimentos precisos e matemáticos-cintilantes.
Jonas, pensou em sua namorada lá dos seus idos 15 anos, e ela se
apresentou a ele com toda realeza de suas lembranças. E o eremita
começou a se inclinar para aquelas idéias apaixonantes de sua jun-
ventude, beijos, abraços, estava sentindo realmente suas paixões
reflorecerem. Usando de toda sua energia, abdicou-se da idéia e
num suspiro profundo, exlamou:
- Como a gente sofre neste mundo.
E em seguida ironizou:
- Mas, que mundo?
Curiosamente, pensou em seu amigo de escola, Renato, as luzes se
juntaram novamente formando o espectro do amigo. Conversaram
muito sobre o tempo
escolar que vivenciaram ali como se fora a maior realidade, mais
que isto.
Renato, então falou:
- Lembra-se da professora Odete?
- Jonas, vou pensar nela!
Nem terminou a frase, apareceu dona Odete, e ali mesmo, fazendo
piegas, quis ministrar aulas aos Jovens, porém, eles pensaram em
outros atrativos e assim mudou o cenário.
Ao retornar daquela viagem, encontrou-se deitado dentro da ca-
verna com uma voz firme falando:
Jonas o eremita que desceu iluminado
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- Sou a Montanha Doirada.
Jonas, despertou e, achou ter sonhado, porém, quando viu a bagun-
ça que se estabeleceu ali no seu lar, testeficou que, realmente teria se
ausentado por longo tempo do local.
Atordoado ainda, olhou à porta da grande caverna e vislumbrou 6
bugios (macacos de pêlos avermelhados) brincando em algazarra,
como que caçoando do ermitão.
Jonas, cultivava, bananas, amendoím, milho, girassol etc. Daí con-
cluir-se o porquê dos novos amigos, porém, esta dedução fica sem
muito fundamento, até porque sua roça já tinha ido para o beleléu.
Jonas, passou muito tempo analisando, e fazendo anotações. E che-
gou a escrever que viajara para seu próprio inconsciente, após ter
tanto procurado a porta de pedra que, de certa forma o conduzira
ao plano doirado, e ainda se perguntou:
- Afinal, seria coincidência. ter batizado esta montanha com o nome
de Montanha Doirada?
Depois dessas viagens, notou possuir algum poder em forma de
sabedoria, que na verdade é, o maior poder dos universos, “o sa-
ber”. Teve a percepção de que podia exercer quaquer profissão, com
muito pouca experiência, como alguém incorporado por um espírito
de alto conhecimento e exercendo função específica.
Quando seus irmãos leram seus livros, ficaram encabulados com
tudo aquilo, mas em uma coisa foram unânimes:
- Todo gênio, é mesmo maluco!
Não entenderam que, essa maluquice é um privilégio evolutivo, ou
seja: é merecimento.
“A maioria vive para a maioria, para ser maioria”.
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Capítulo 18
AS PALESTRAS
Em um certo dia, seus irmãos, e até sua tia Lica, que gostavam mui-
to de ouvir as prédicas do preletor Jonas, insistiram para que fosse
até a faculdade de direito do local, que por sinal, ficava bem perto
de seu apartamento. Atendendo a um convite formal pora pales-
trar, Jonas abriu uma exceção, e foi.
Falou sobre o direito penal conjugado à filosofia.
Aquilo, provocou muitas perguntas por parte de alunos e professo-
res, tais como:
- O senhor estou direito?
- Tanto que não estudei direito, que abandonei a escola.
- O senhor estudou filosofia?
- Não fi-lo, porque não qui-lo, frase incorreta, porém, provocativa,
posto que não tendo ninguém para corrigi-lo ele tomou a iniciativa:
- Lá no início da minha preleção, falei qui-lo ao invés de quis, e, não
apareceu nenhum doutor para me corrigir, até me merece, que os
senhores não devem ter estudado direito.
- Desculpem-me, sou auto-didata, e obviamente tenho estudado um
pouco de tudo.
Jonas, era um gozador, como já ratificamos várias vezes, porém,
naquela tribuna, pelo seu jeitão, ía conquistando sua platéia.
Lá nos fundos, alguém grita:
- Li seus livros e os achei muito fantasioso, o que o senhor me diz a
respeito.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 138
Em seguida, surgiu uma outra pergunta irônica em forma de res-
posta.
- O senhor, é céptico, agnóstico ou ateu?
Respondeu o eremita, vamos-nos organizar e perguntar um de cada
vez.
- Respondendo as perguntas, sou crente em Deus e em seus planos
cósmicos.
- Como. quem, que não se identificou com meus livros, deve tê-los
lidos?
Outra pergunta:
- O que leva o senhor a crer que, fez essas viagens fantásticas feito à
Julio Verne?
- O amigo, acaba de responder, tendo em vista a realidade desse
fantástico escritor que, vaticinou o futuro hoje concretizado!
Continuou sua explicação futurista:
- Todos nós podemos saber do futuro, porém, nem sempre é interes-
sante, pois, também saberíamos do nosso passado, e dos momentos
traumatizantes pelos quais passamos e nos tem deixado resquícios
muito forte de nossa tacanha vida terrena.
Lembranças atrozes nos perturbariam demasiadamente, piorando
ainda mais o nosso futuro de resgates cármicos.
Portanto, não nos é bom sabermos do futuro, e sim somente daquilo
que podemos suportar no momento.
Tomemos por exemplo: alguém que tenha 3 anos de idade. - de que
lhe valeria se visse seu futuro de 80 anos de idade?
Não entenderia nada sobre experiências futuras.
- Portanto, meus amigos, se sei alguma coisa do futuro, como acon-
teceu com Nostradamus e Verne, foi pelo simples fato de me espe-
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 139
cializar e privisões extra-sensoriais, posto que todos nós somos a-
graciados com a mediunidade natural, apenas depende de nossa
vontade em desenvolvê-la, mais ou menos, de acordo com nossos
instrutores espirituais.
O professor que se prepara para ensinar o aluno, simplesmente está
lhe mostrando um ensino presente, que lhe servirá para aplicar no
futuro que poderá ser de alguns segundos.
E, jonas prosseguiu:
- Falamos da criança e do futuro, pois bem, nos nossos sonhos va-
mos até o futuro, sendo que não nos é negada a oportunidade de
estarmos nele. Porém, se nos especializarmos em vivenciá-lo, e in-
terpretá-lo, logo estaremos vivendo uma realidade diferente de ver
esta vida.
De modo que, deixariam de ser sonhos, para serem verdadeiras
projeções de vidas astrais, nos mundos astrais, ou seja: a verdadei-
ra vida.
Verne, foi um sonhador, que escreveu seus sonhos.
Foi um profeta que viveu o presente no passado, ou o futuro no pre-
sente, como queiramos, somos atemporais no sentido nato da pala-
vra.
Uma outra pergunta:
- Minhas dúvidas são sobre as coisas etéricas, como o senhor bem
as descreve, como se fossem sonhos mesmos.
Respondeu o eremita:
- O senhor deve ter ouvido muitas vezes a frase: “Sonhar, é viver”,
pois, viva meu amigo, viva, repito como digo nos meus livros: A
vida não passa de um sonho. Reafirmo: a vida é mais ilusória do
que o sonho.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 140
Aquela conversa durou muito tempo.
Depois daquela palestra, muitas revistas, rádios e outros canais de
comunicação, criticaram a retórica do palestrante e, acusaram o
conferencista de muitas bravatas.
Porém, correram atrás do eremita para novas palestras especulati-
vas.
Neste particular, nada é melhor do que a imprensa.
Na cobertura onde morava, plantou um belo jardim, inspirado nos
jardins suspensos da Babilônia, nos tempos do rei Nabucodonosor,
guardando as devidas proporções, é claro.
E, naquele jardim inspirou-se para escrever mais um livro: “O ho-
mem que pastava”
Daniel: 4
25 serás expulso do meio dos homens, e a tua morada será com os
animais do campo, e te farão comer erva como os bois, e serás mo-
lhado do orvalho do céu, e passar-se-ão sete tempos por cima de ti;
até que conheças que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos
homens, e o dá a quem quer.
28 Tudo isso veio sobre o rei Nabucodonosor.
Nele, Jonas, ralata os encantos dos jardins suspensos do poderoso
Nabucodonosor, bem como seus ambientes, e seus cambiantes per-
fumes. Penetrando, nos registros históricos se viu diante de tão por-
tentosa criatura de sua época, com seus desmandos e despotismos.
Orgulhosamente o rei lhe mostrou os seus palácios, com seus siste-
mas hidráulicos, para abastecer suas riquíssimas banheiras. ali
belas jovens passeavam, com suas sandálias beirando as as bordas
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 141
das piscinas feitas em mármore branco, banhavam-se também be-
las raparigas que em outras ocasiões amancebavam-se com o rei,
aos sons de reverberantes harpas, manejadas por exímos harpistas
do rei.
Neste momento ouve um grito agônico, era mais um servo da gran-
de e irascível majestade, que despencara das alturas, indo fundir-se
ao chão de belas lajotas de granito polido.
Naquela inescrutável situação, Jonas vê um harpista bamboleando
e, pensou malevolamente, tratar-se de um jovem travestido, en-
quanto, outros reverenciavam a passagem de sua majestade.
O sol se fora, juntamente com a luz celeste, prevalecendo então a
penumbra.
Mergulhado em seus pensamentos, lembrou-se então que aquele
poderoso homem teria como hospício a padaria da região, de onde
tiraria seu alimento, junto à alimária do campo ao crepuscular de
seus dias, por seus sórdidos sentimentos.
Lembrando-se das amostragens bíblicas, enfatizando os céus, para
onde íam os homens bons, associou às idéias de Nabucodonosor de
calçar suas ruas e castelos com as mais finas pedras, talvez como
nos descreve o Livro sobre a paradisíaca Nova Jerusalém, toda
calçada e enfeitada com predras preciosas, conforme o livro do
Apocalipse:
Apocalipse: 21
11 tendo a glória de Deus; e o seu brilho era semelhante a uma pe-
dra preciosíssima, como se fosse jaspe cristalino;
Jonas o eremita que desceu iluminado
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12 e tinha um grande e alto muro com doze portas, e nas portas
doze anjos, e nomes escritos sobre elas, que são os nomes das doze
tribos dos filhos de Israel.
13 Ao oriente havia três portas, ao norte três portas, ao sul três por-
tas, e ao ocidente três portas.
14 O muro da cidade tinha doze fundamentos, e neles estavam os
nomes dos doze apóstolos do Cordeiro.
15 E aquele que falava comigo tinha por medida uma cana de ouro,
para medir a cidade, as suas portas e o seu muro.
16 A cidade era quadrangular; e o seu comprimento era igual à sua
largura. E mediu a cidade com a cana e tinha ela doze mil estádios;
e o seu cumprimento, largura e altura eram iguais.
17 Também mediu o seu muro, e era de cento e quarenta e quatro
côvados, segundo a medida de homem, isto é, de anjo.
18 O muro era construído de jaspe, e a cidade era de ouro puro,
semelhante a vidro límpido.
19 Os fundamentos do muro da cidade estavam adornados de toda
espécie de pedras preciosas. O primeiro fundamento era de jaspe; o
segundo, de safira; o terceiro, de calcedônia; o quarto, de esmeral-
da;
20 o quinto, de sardônica; o sexto, de sárdio; o sétimo, de crisólito;
o oitavo, de berilo; o nono, de topázio; o décimo, de crisópraso; o
undécimo, de jacinto; o duodécimo, de ametista.
21 As doze portas eram doze pérolas: cada uma das portas era de
uma só pérola; e a praça da cidade era de ouro puro, transparente
como vidro.
22 Nela não vi santuário, porque o seu santuário é o Senhor Deus
Todo-Poderoso, e o Cordeiro.
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23 A cidade não necessita nem do sol, nem da lua, para que nela
resplandeçam, porém a glória de Deus a tem alumiado, e o Cordeiro
é a sua lâmpada.
24 As nações andarão à sua luz; e os reis da terra trarão para ela a
sua glória.
25 As suas portas não se fecharão de dia, e noite ali não haverá;
26 e a ela trarão a glória e a honra das nações.
Jonas, recordava-se desse assunto, descansando em sua rede, se
perguntou:
- Como será esse céu dos religiosos?
- Sinceramente, se for como está descrito, renego-me peremptoria-
mente ir habitar tal lugar, pois, já temos essas coisa aqui na terra, e
não nos trazem felicidade, pelo contrário, carregam em si mazelas,
e muitas discórdias, e crimes.
- Seria esta, a composição da cidade divina?
- São metáforas, usadas pelos sábios de suas épocas para atraírem
adeptos ao seus rebanhos, com a intenção de praticarem o bem,
endireitando suas veredas através do arrependimento, ou do casti-
go, sabedores do interesse humano nessas coisas ilusórias, tentam
iscá-los através dessas parábolas. Talvez seja este o caso, pois, o ser
humano é vidrado nessas mesquinharias, que geralmente ficam
trancafiadas em cofres, sem nunca serem usadas.
Jonas, estava sempre arredio, sabendo que todo homem desenvol-
vido tem poderes persuasivos, sobre os outros e, assim passa a ser-
vir de muleta para os demais.
Jonas, pregava a auto-evolução, livre dos dogmas, podendo ade-
quar-se à qualquer comunidade.
Jonas o eremita que desceu iluminado
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Porém, alertava que esses mistérios pertecem a todos, estão dentro
de todos, homens e mulheres.
- Deixem as muletas!
- Deixem as muletas!
- Andem com os próprios pés!
Clamava o profeta Jonas.
Capítulo 19
O DETETIVE
Certa vez, estava Jonas a descansar em sua rede, confeccionada
pelas suas próprias mãos, lá nas proximidades do acampamento da
tripulação perdida, lá na selva, embaixo de 2 árvores que fendiam
uma rocha, a uma altura de 12 metros, lugar este que Jonas tinha
de escalar para descansar e meditar, e o fazia com o máximo pra-
zer.
Dali, ele tinha acesso a uma visão espetacular daquela mata, e do
caudaloso rio, que a cortava.
Sua calma foi quebrada por um horroroso grito: - Soocoorroo!
Era “Rymond”, que invetara esse seu próprio nome, pois, não se
dava muito bem com o verdadeiro, na verdade não era diferente
dessa versão, era somente uma questão de interpretação.
“Rymond” havia seguido Jonas, estava muito curioso com as ausên-
cias do profeta do acampamento. Seguindo seu instinto profissio-
nal, feito a um gato, tentando escalar aquela parede de pedra, para
espionar o eremita, porém, ao subir, se deu mal, sendo ele o caça-
dor, teve de pedir socorro à sua caça.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 145
Jonas, socorreu aquela curiosa criatura, que muito sem jeito, foi
arranjando uma desculpa esfarrapada:
- Oh. Seu Jonas, que coincidência, o senhor também por aqui.
- Dectetive Raimundo, que sorte a sua, se eu não estivesse aqui,
poderia ter caído, e. Jonas fez questão de enfatizar o C do dectetive,
mais a palavra odiosa: Raimundo, posto que, era inadmissível ao
detetive, que alguém o chamasse pelo próprio nome.
- O senhor me desculpe, mas meu nome é: “Rymond”! – Falou o
detetive, com sotaque inglês.
Respondeu-lhe, Jonas:
- Desculpe-me, “Rymond”.
Jonas, deitou-se sobre a rede balouçante, e tranqüilamente, falou:
- Apesar de termos certo tempo de convívio, ainda não tivemos a
oportunidade de trocarmos alguma idéia. Eis o momento oportuno,
sente-se aí nessa pedra e vamos papear.
- Em primeiro lugar, desejo muito saber porque você me seguiu!
- Não, em absoluto, senhor Jonas, este nosso encontro foi por puro
acaso.
- “Rymond”, você pode me chamar simplesmente de Jonas, como já
o fez em outras ocasiões, e como detetive, é importante que não se
esqueça dos detalhes de uma investigação. Holmes, que também era
inglês como o seu nome, jamais se esqueceria de um detalhe como
este.
- Jonas, eu nutro certa admiração por você, esta é a verdadeira
causa de estar ao seu encalço, pelo que, torno a lhe pedir desculpas.
- Não há de quê!
- Jonas, qual o motivo de você gostar deste isolamento?
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 146
- Bem, vamos lá, subo aqui neste recôndito lugar, para desfrutar e
admirar toda essa riqueza natural.
- Riqueza? – Seria mais uma de suas surpresas, Jonas?
- Surpresas. que nada, sou muito mais rico do que você possa ima-
ginar, “Rymond”.
- Ah. agora, começo a entender, você deve ser o dono desse imenso
lugar.
- Somos donos de tudo, “Rymond”.
- Explique-se melhor, mestre Jonas.
- Deito-me nesta rede, e contemplo toda essa fauna e flora, em toda
essa quietude natural, e, saiba, além de mim, você é o primeiro a vir
aqui bisbilhotar. Porém, não é exatamente você, creia. alguém que
você desconhece o trouxe aqui.
- Eu bem que imaginava, agora sei que você é, o dono de toda essa
terra.
- Grande detetive “Rymond”, sou sim, tanto quanto você o é, aliás,
somos sócios.
- Peço-lhe, para me escutar!
- Aqui neste meu descanso, admiro a grandiosa força da natureza,
pois, o homem que não tem a capacidade de fazer um relaxamento e
contemplar tantas coisas belas, é um pobre coitado.
Preste atenção, o proprietário deste mundo verde, e para fazer um
trocadilho: o próprio-otário destas terras, paga um preço alto para
dividir comigo estas belezas, posto que posso usufruir de tanta
grandeza e energia. Passo aqui horas a fio, recebendo tantas ener-
gias, que me fazem exultar de tanta felicidade.
- E, o proprietário?
Jonas o eremita que desceu iluminado
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- Talvez, esteja ele neste momento, sofrendo para manter essas ter-
ras, pagando seus impostos, somente para se dizer dono de tudo
isso aí. Porém, o verdadeiro dono é, aquele que desfruta de seus
bens.
- E, quem é esse, que desfruta de tantos bens assim?
Meu caro “Rymond”, antes de você chegar aqui, estava eu, desfru-
tando da beleza daquelas flores amarelas e roxas daqueles pés de
ipês. Veja, quanta beleza.
O detetive desconversou e disse:
- Mestre Jonas, na verdade, alguém do acampamento, me pagou
para segui-lo, tendo muito interesse sobre seus atos.
- Desejo-lhe boa sorte nesse seu empreendimento, mas não me vejo
com tanta valia assim.
- Mestre, não lhe interessa saber quem é?
- Não, sinceramente, não, até porque, você estaria quebrando a lei
do silêncio, como a do padre em seu confessionário.
- Jonas, você pronunciou, padre?
- Meu caro detetive, pouco me importa quem lhe pagou, e como
pagou, já que aqui não se faz nada com dinheiro, estarei à sua dis-
posição, facilitando essa sua investigação, não sendo necessário que
se precipite das alturas para concluir esse seu trabalho.
Rymond, que já tinha certa admiração por Jonas, passou admirá-lo
ainda mais, permanecendo em longa parlamentação ali com o ere-
mita, a ponto de causarem muita preocupação lá no acampamento,
pelo fato de demorarem tanto para o jantar.
Ali, todos tinham uma senha, para o almoço e para o jantar, justa-
mente para que não houvesse algum desaparecimento.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 148
“Rymond”, por suas aptidões, havia descoberto algum caso de adul-
tério, ali no acampamento, porém, fazia vistas grossas, temendo
alguma fatalidade entre eles.
Seu confidente, doravante era Jonas, que sempre o aconselhava,
para ser bastante discreto, pois, poderia haver uma hecatombe,
caso houvesse alguma fatídica descoberta.
A curiosidade daquele homem era tanta, que deixava Jonas deveras
preocupado.
Ele, estava fuçando a vida de todo mundo, diuturnamente corria
algum risco, posto que, ali ele teria de agir artesanalmente, seus
aparelhos eletrônicos ali não funcionavam, nem tinha linha telefô-
nica a ser grampeada, automóvel, microfone, nada, tinha de ser no
delito-flagrante mesmo.
Por este motivos, foi flagrado, flagrando uma jovem, que tinha um
pai muito macho, nervoso pra dedéu. aí o pau comeu realmente.
“Rymond”, apanhou pra valer até desmaiar, e depois, acabou con-
tando que fora contratado pelo jovem namorado daquela garota,
que estava desconfiado de traição etc.
Mais um fato interessante aconteceu: Um jovem engravidou uma
garota, e houve uma enorme confusão, porém, com padres e pasto-
res, acabaram por realizarem uma cerimônia ecumênica e tudo se
resolveu.
Após, os famosos nove meses, nasceu um garoto, pelas mãos de
Demóstenes, o médico dos pinhões cozidos e das araucárias.
Mais, um rebento a integrar o inóspito planeta azul.
Capítulo 20
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 149
A ASA DELTA
Jonas, em sua juventude, praticava esse esporte, e ali na selva junto
da tripulação perdida, pensou em fazer uma asa delta para planar
sobre a selva, pois, seria de extrema utilidade para exploração do
local.
Passou vários dias, estudando como fazer aquela geringonça, ras-
cunhou de todas as maneiras possíveis e concluiu sua idéia.
Pegou, bambus, cipós, couros de caças que eram muitos, pois, os
tripulantes tinham muito tempo para caçar, e nada ali se desperdi-
çava, costurou as peles, enfim logo, lá estava a asa, que mais pare-
cia uma pipa.
No dia da inauguração de seu invento, lá estavam todos para ver o
“Homem Pássaro”. Uns aconselhavam-no a não se arriscar, outros,
querendo ver mesmo o circo pegar fogo, atiçavam-no para o tal
evento.
Ao píncaro da glória, lá se foi o Ícaro, planando como uma garça
pelos ares, a contemplar as encopadas árvores de um vergel sem
igual.
Retirando-se do local mais próximo rumou a aldeia dos índios, que
já havia contatado por ocasião de sua malária. Aqueles silvícolas
ficaram muito excitado com tudo aquilo, e com suas flechas tenta-
vam abatê-lo como se fosse um pássaro qualquer.
Jonas, arriscou-se, e muito, pois, aterrissou bem no centro daquela
aldeia e foi só índio e pena que voaram por todos os lados, com mais
medo do que brabeza, os índios reconheceram seu amigo Jonas, e
começara a idolatrá-lo como a um deus qualquer de índios, até por-
que índios tem mesmo dessas coisas, haja vista o nosso Caramuru.
Jonas o eremita que desceu iluminado
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E, para sair dali da aldeia, ele era um deus, e agora?
Os índios, encantados com a tal máquina voadora, faziam tantas
perguntas, e se diziam dispostos a voarem também. Com muita
demora, Jonas convenceu a todos que teria de voltar ao acampa-
mento, e desmontando seu avião de taquaras e peles, pois, ele havia
pensado em tudo, até como descer ali na aldeia e como dela sair, já
com a intenção de impressionar a tribo. Enrolou a sua asa, como se
fora uma mercadoria qualquer e, como um deus, voltou desta vez
acompanhado por 2 índios, que a qualquer movimento, o re-
verenciavam.
Aquela tribo, bem como aqueles 2 guerreiros já tinham grande su-
perstições sobre aquela cachoeira, agora então. Jonas era endeusa-
do, como se tivesse grandes poderes.
Foi grande a admiração, quando Jonas chegou escoltado por dois
índios de tamanha magnitude, que a qualquer movimento de Jonas,
curvavam diante de si, e que pedindo permissão a Jonas em seu
idioma para se retirarem, desapareceram mata adentro, enquanto
Demóstenes tira um sarro, eis aí o nosso Caramuru, não vá botar
fogo no rio agora, hein.
A alegria de todos, não fora em vão, pois, aquela coisa voadora
deveria ter sido feita há muito tempo, tal foi sua utilidade.
Jonas, todos os dias planava juntamente com outros jovens ali do
acampamento, os quais acabaram fazendo as suas asas, com a ori-
entação do mestre Jonas.
Jonas, gostava muito dos índios, e sempre voava sobre eles, jogan-
do sobre a aldeia alguns doces de banana, e outras guloseimas,
prepadas ali no acampamento.
E, aqueles maravilhosos seres o retribuiam com algumas caças.
Jonas o eremita que desceu iluminado
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Constantemente levavam carnes e peles aos deuses do acampamen-
to, e que resultavam em novas asas deltas.
Jonas, sentia enorme prazer em viver àquela maneira e, jamais
gostaria de sair dali, não vislumbrava mais a nossa civilização,
porém, tinha a consciência de que aquilo era apenas parte de sua
existência aqui no planeta Terra.
Certa vez, estava planando seguindo o curso do rio, quando avistou
uma canoa, eram alguns caçadores, planando o mais baixo possí-
vel, tentou comunicar-se com eles, que lhe deram a dica de como
chegar àquela praia onde encontrou Mingo-pescador.
Deram-lhe a direção cardeal, do que ele muito os agradeceu.
Somente não esperava ser tão longa aquela caminhada para encon-
trar-se com o caiçara.
AMPUTAÇÃO
Como a vida dos seres humanos é cheia de contradições e espinhos,
um dos jovens do acampamento, Miguelito, era um adepto dos vôos
de Asa Delta.
Miguelito ao aterrissar no meio da mata, teve a má sorte de espetar
seu pé esquerdo num estrepe que perfurou seu já surrado tênis e
atingiu-lhe o calcanhar.
Os médicos tiraram o estrepe e, parecia estar tudo normal, porém,
a granguena apareceu no local e já era tarde demais, quando Mi-
guelito foi novamente examinado.
Fizeram uma junta médica com todos os idosos do acampamento
para tomarem uma decisão drástica, amputar o pé de Miguelito.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 152
Não existia mais anestesia no ambulatório, o pouco que sobrara no
avião já se esgotara por completo.
- E agora?
Jonas, era mesmo uma pessoa especial e preparada para tais even-
tualidades.
Propôs o guru, anestesiar o jovem através de uma hipnose profun-
da, o que foi logo de cara repudiado pelos médicos e psicólogos, que
disseram não entender daquela técnica, e que seria extremamente
perigoso etc.
Jonas, chamou Miguelito, conversou com o jovem, explicando a
situação e, que ele tivesse calma e tudo se daria muito bem.
Na presença médica, começou uma demonstração, hipnotizou o
mancebo e com suas próprias mãos fez-lhe varar a palma de sua
mão uma agulha de tricô, ou de crochê e em seguida perguntou ao
jovem se ele sentia alguma dor, e o jovem afirmou nada sentir, e
também não houve sangramento.
Em seguida disse: eu garanto aos médicos que, tudo correrá perfei-
tamente se, vocês confiarem no meu trabalho de anestesista natu-
ral, o resto fica por conta de suas experiências.
A operação foi um sucesso, tudo correu muito bem, assim salvaram
a vida de Miguelito, embora tivesse perdido o seu pé esquerdo.
Capítulo 21
A TRANSLAÇÃO
Jonas o eremita que desceu iluminado
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Numa praça pública, Jonas deu uma palestra reconfortante aos
seus ouvintes, que não eram poucos, com mensagens inspiradas, e
que vieram do além.
Depois daquela conferência, Jonas visitou alguns amigos e paren-
tes, atitude rara do eremita que desceu da montanha.
A última pessoa a avistá-lo, foi Lica, sua querida tia.
Relatou ela, que Jonas saiu para o pátio de sua cobertura, como lhe
era de costume, onde permanecia horas a fio em meditação profun-
da. Sentindo sua falta, foi procurá-lo, e não encontrando-o, olhou
para baixo, pensando em alguma queda. Porém, não encontrou
nenhum resquício de Jonas.
Nunca mais, o encontraram!
- Teria sido transladado em um carro de fogo, como foi Elias, ou
como Enoque, que Deus o tomou para si?
Esperamos encontrar muitos Jonas, como de fato já os temos en-
contrados, eles estão em nossos sonhos, devaneios, eles habitam no
nosso interior.
Sonhamos, e isto é inegável, a ciência diz que, é uma necessidade
intrínseca-biológica, e até afirma que não há vida sem sonho.
Quem sonha, e não lembra de seus sonhos, não se conscientiza de
muitas realidades extrafísicas.
- Existe realidade maior do que esta?
A todos os momentos estamos sonhando, e nesta realidade virtual,
tudo é possível, pois, sonhar ainda não paga imposto, e é totalmente
gratuito.
Quantas vezes, pegamo-nos a fazer cálculos sobre assuntos finan-
ceiros do nosso dia-a-dia.
Jonas o eremita que desceu iluminado
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Nos lugares mais discretos, flagramo-nos a tagarelar com alguém,
no banheiro, no trânsito, ou em outro lugar qualquer.
- Seria isso alguma insanidade?
Estamos, sempre a trocar idéias com algum interlocutor invisível,
às vezes estamos discutindo com nosso chefe, sendo assunto de ser-
viço, ou a xingá-lo, já que não podemos agredi-lo pessoalmente.
Isto também, acontece com nosso chefe, a fazer exatamente com o
seu chefe, e assim por diante. Este sonho acordado, não é privilégio
somente de subalternos.
Somos transladados em carruagens de fogo, aeronaves, espaçona-
ves, de acordo com a realidade de nossos desejos pensantes, somos
até aeronave, quando voamos em nossos sonhos.
Num sonho, Jonas se apresentou a sua querida tia Lica, mostrou-
lhe onde morava, e muitas outras novidades, que ela ficou muito
impressionada, e dizendo a ela que aquilo era um simples sonho aos
seres humanos, explicando a realidade de uma viagem astral cons-
ciente, aquilo tudo para Lica, era mais que real.
Lica, relatou seu sonho a todos amigos e parentes, que dela fizeram
pouco, enquanto, ela fazia um grande esforço para transmitir a
mensagem, por mais simples ou pequena que fosse. Sempre foi as-
sim, vê apenas que tem visão, mas a maioria é cega.
Sonhou novamente com Jonas, que lhe falou em feitio de poesia:
EM FEITIO DE POESIA
Querida titia,
Dir-lhe-ei
Em feitio de poesia.
Jonas o eremita que desceu iluminado
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Sonhe,
É a maneira de encontrar
Os desencontros dos descrentes.
Continue a sonhar,
Sonhe por eles.
Estarão em seu sonhos
A esperá-la.
Embora não saibam,
Lá estarão.
Puncione-lhes o âmago
Amigo e amargo.
Em sonho, dê-lhes o mel,
Tire-lhes o fel.
Seja fiel,
Ame-os.
Sonhe esse sonho etéreo,
Que é a maneira concreta de amar.
Concretize esse sonho,
Quanto a mim, estou sonhando
Sonhos sem fins.
Grande é, minha felicidade
Em sonhar verdades.
Com você, titía
Mais a humanidade.
Estarei sonhando
Pela eternidade.
Jonas o eremita que desceu iluminado
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Escreva estes versos, e as demais palavras, que doravante lhe
transmitirei, pois, saiba, fui nomeado porta-voz daqueles que estão
irmanados em mim. Amada tia Lica, oxalá, todos seus leitores en-
tendam que, é através da sabedoria ou dos embates que nos surpre-
endem a todos, chegaremos à CONSCIENTIZAÇÃO.
Sonhar, é continuar nosso trabalho através da nossa alma, que ao
sair do nosso corpo vai às escolas extrafísicas receber instruções, de
instrutores de relevada sabedoria.
Obviamente, todos sonhamos, porém, poucos recordam-se deles,
nem todos têm a consciência de seus sonhos, pois, quando estiver-
mos prontos para vivência de tão grande riqueza, certamente, ga-
nharemos uma enorme dianteira em nossa evolução.
Simplifiquemos um pouco este nosso papo, não podemos esconder o
que é óbvio, pois, milhões e milhões de seres humanos, que desen-
carnaram levaram consigo muitos conhecimentos que angariaram
neste e noutros planos, então é muito simples concluirmos que, se
encontrarmos com eles, indiscutivelmente teremos muito a apren-
der. Isto é muito útil para vida terrena como para vidas extrafísi-
cas, ou extraterrenas.
Fala-se em viagem astral, e projeção astral, e isto é muito simples,
de maneira que se deitarmos para o nosso descanso, dormiremos e
sonharemos, pois, realmente é uma das nossas necessidades bioló-
gicas, sonhos semiconscientes, que rapidamente caem no esqueci-
mento, para não falar dos plenamente inconsciente, dos quais nada
lembramos.
Ao meditarmos com confiança e fé, num sonho que seja do nosso
interesse, provavelmente começaremos a sonhar conscientemente,
até atingirmos uma projeção astral consciente. É bom não insistir-
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 157
mos num desejo irracional, e entendermos que somos limitados em
nossos desejos, e para que ele seja plasmado há de se usar um mí-
nimo de bom-senso, até porque, para tudo paga-se um preço.
Deixemos nossos corpos sobre uma cama, ou poltrona, ou qualquer
outro lugar em que possamos estar confortáveis, e cerremos os o-
lhos de modo que, surgirão em nossa mente, pensamentos de diver-
sas naturezas, porém, devemos fazer uma drástica seleção e ficar-
mos apenas com os bons, se nos for possível, deixando que eles se
transformem em boas visões, e quanto mais nos concentrarmos
nessas visões, mais elas irão se tornando reais, a ponto de vivermos
experiências fabulosas, as quais ficarão na nossa memória, então
teremos conseguido uma faculdade mental de riquíssima utilidade,
a qual no seguirá pela eternidade.
Riqueza astral e verdadeira, como nos ensina o Mestre Jesus, “a
qual nem a traça e a ferrugem podem consumir”:
Mateus: 6
19 Não ajunteis para vós tesouros na terra; onde a [traça ]e a fer-
rugem os consomem, e onde os ladrões minam e roubam;
20 mas ajuntai para vós tesouros no céu, onde nem a [traça ]nem a
ferrugem os consumem, e onde os ladrões não minam nem roubam.
É esse tipo de riqueza, que mais nos interessa!
A energia etérica, está aí, a todo momento estamos em contato com
ela, mas sempre inconscientemente, pelo simples fato de estarmos
distraídos com problemas do nosso cotidiano, olhemos as energias
coloridas refletidas pelo arco-íris, onde o sol prisma sobre as gotíco-
las da chuva, com seus raios da vida, inclusive o infravermelho.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 158
Queremos dizer aos incrédulos na vida, que é tão somente prestar
atenção na natureza e, ver quanta riqueza Deus tem nos dispensa-
do, e para quem não despreza as forças ocultas, aquelas que não se
pode ver com os olhos físicos, na constatação matéria-espírito.
Tomemos por exemplo, uma caixinha de controle remoto de uma
televisão, acionando-a para seu respectivo fim, mudamos de canais,
mexemos na sua imagem, aumentamos ou diminuímos o som, mo-
dificamos as cores etc.
Podemos ainda, notar na grande utilidade dos raios invisíveis do
sol, os quais podem matar e dar vida, e se usarmos um espelho para
refletí-los, eles tornar-se-íam mais fortes ainda, bem, poderíamos
ficar aqui falando de raio laser, e de forças invisíveis, como as par-
tículas atômicas etc.
A descarga elétrica do raio, praticamente invisível na sua manifes-
tação, com seus lampejos destruidores, assim como podemos falar
do nosso poder mental, que interfere sobremaneira sobre outra
mente, e vice-versa.
- Querida tia Lica, peço-lhe que faça notória essa nossa conversa,
para que se cumpra nela sua própria função auxiliadora, sobre
aqueles que realmente possam merecê-la.
Despeço-me de você, a quem dispenso meu amor, em nome de Jesus
o Filho de Deus.
Amém
Capítulo 22
A GRANDE VISÃO
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 159
Desta feita, Jonas aparece à Lica, pedindo para que ela escrevesse
sua visão.
Muitas escritas, foram escrita por Lica, psicografada por Jonas.
Psicografia consciente, aquela que o médium tem noção plena das
ocorrências, sem sofrer alterações psicofisológicas.
Foram escritas, sem fins lucrativos, mas para que se cumprisse
missão.
A amanuense (escrevente) anotava tudo, até que um dia, notou que
já havia guardado muitas folhas, e que estavam se empoeirando em
seu armário.
– O que fazer com tudo aquilo?
Às vezes, Lica ficava em dúvida com sua missão.
Na psicografia, o escritor-psicógrafo fica em estado de graça, entra
num relaxamento profundo, e muito gratificante que o leva a escre-
ver mais ainda, cuja satisfação lhe indica o cumprimento de sua
missão.
Já muito idosa, à beira do desfalecimento, Lica, com o maior deven-
cilhamento que um ser moribundo deve ter, teve uma das suas últi-
mas visões:
Vislumbrou Jonas, em uma riquíssima poltrona, não havia explica-
ção para aquela visão, suas vestes eram resplandecentes, somente
estando nela própria talvez se pudesse descrevê-la.
Jonas, volitando com seu trono, aproximou-se do leito de Lica, e
falou:
- Como vai, tia Lica?
Ela respondeu em pensamento:
- Estou muito bem, meu querido sobrinho!
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 160
- Olhe bem para mim e, se lembrará de toda estes acontecimentos, e
depois que se reabilitar da sua enfermidade, escreverá o que terá
visto.
Jonas, desceu de seu trono que, parecia ser de ouro e acompanhado
de um halo também doirado, o que lhe indicava grande evolução
espiritual, aliás, quase todos os fatores de sua existência entre os
humanos, notava-se grande ligação dele com essa cor, que se asse-
melha ao ouro.
Encaminhou-se até Lica, beijou lhe a face, e colocou sua mão direita
sobre a enfermidade de sua tia, com autoridade de grande cirurgi-
ão, e prosseguiu indo em cada leito, tocando nas feridas purulentas
de cada um deles, com grande humildade, fazendo assepsias e em
suas doenças e reverenciando-os como se fossem verdadeiros deu-
ses.
Voltando-se à sua tia, lhe disse:
- Tudo o que faço, não passa de um grande favor que estou prestan-
do a mim mesmo, querida tia, pois, a quem humilharmos havere-
mos de exaltar.
Esta, é a lei do retorno.
- Você, já não precisa destas demonstrações, porém, tem uma im-
portante missão de relatá-las.
- Contar-lhe-ei um fato verídico:
Havia um senhor que gostava de ensinar e, por conseguinte, era
letrado, portanto, falava belas e boas palavras, com as quais pres-
tava grande ajuda aos que ouviam-no.
Sendo dono de uma bela riqueza material, porque lhe era suficiente
para se manter, e ainda sobrava muito para prestar auxílio aos
menos favorecidos.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 161
Havia nele, um grande equilíbrio, não era avarento nem perdulá-
rio, ou desperdiçador de bens.
Tadeu, era o seu nome, e certo dia esse respeitável senhor, cometeu
um erro.
Um de seus funcionário desrespeitou sua nobre esposa, dirigindo-
lha palavras indecorosas e aliciadoras, (assédio sexual) e, isso foi o
bastante para que o bondoso Tadeu perdesse as estribeiras com
Euclides que, era o seu melhor funcionário.
Travou-se no local do desacato um furioso combare entre os 2 ho-
mens, posto que Tadeu flagrou Euclides em seu ato delituoso, e para
encurtar a história ambos foram parar no hospital, após apartados
e socorridos pelos demais funcionários de Tadeu.
Tadeu, tomado de muita ira, fez a ocorrência policial, acusando
Euclides, despedindo-o sem a menor complacência. Euclides, sumiu
do pedaço.
Porém, o pobre do Tadeu qual fora ofendido, muito se arrependeu,
posto que nunca se imaginava atracado com alguém, apesar de se
sentir traído pela esposa que, na realidade nada tinha a ver com
tudo aquilo, sem culpa naquela história.
Tadeu, foi apossado de um grande e angustioso desespero, que lhe
tirara o sono, porém, não descobria a causa de tudo aquilo, pois,
sempre fora uma pessoa tranqüila.
Decorrido um ano dos acontecimentos, estava em conversa com seu
filho querido, e este lhe falou:
- Papai, não sei como lhe dizer, mas estou apaixonado.
- Isso, é muito bom e normal, meu filho.
- O problema não é estar apaixonado, papai, e sim. por quem.
- Fala aí garoto, ou o seu pai não vai saber quem é a felizarda.
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- Papai, é pela filha do Euclides, aquele com quem você brigou!
O filho ficou surpreso, pela reação do pai.
- Calmamente Tadeu anuiu-lhe o namoro, e até casamento, se fosse
o caso.
O filho, ficou extasiado com a atitude pacífica do pai, e lhe pergun-
tou:
- Não vai ficar frustrado, aqui com seu filho?
- Em absoluto, meu filho, pois, você acabou de me fazer um grande
favor, propiciando-me uma grande cura, após um ano de perturba-
ção mental.
Agora achei a causa de tudo, a qual você me fez ver, filho, soube que
há um ano, Euclides está desempregado, e acredite, sofri muito por
tê-lo despedido, ao invés de perdoá-lo.
Adoraria uma reconciliação, apesar, de estar ainda envergonhado
por tudo o que aconteceu.
Tadeu, teve a coragem de procurar seu ex funcionário para tratar
dos assuntos matrimoniais dos filhos e, Tadeu se curou por comple-
to de sua angústia oculta.
- Titia, pensamos perdoar, porém, lá no nosso âmago, ficam resquí-
cios das nossas dores, produzindo toxinas as quais são as grandes
consumidoras da saúde humana, veja, apenas um dos sentimentos
do homem pode até matá-lo, daí concluirmos que a concorrência,
que tanto valoriza essa vida de matéria densa e viscosa, encurta so-
bremaneira a vida humana.
A verdadeira cura está na sua causa.
O vate continuou a falar:
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 163
- Tia, você ainda viverá para escrever essas história, mas não terá
muito tempo para publicá-las, porém, guarde-as, todas, no armário
da sua cozinha, lá na ultima prateleira, ou melhor: em cima dele!
Jonas se despediu da tia, e Lica logo mais veio a falecer.
Um irmão de Lica, tomou posse do imóvel, e começou a processar
uma reforma geral no local que seria sua residência, incluindo
também o mobiliário.
Um encanador ao passar uma vistoria na rede de água, casualmen-
te achou aqueles papéis sobre o armário, deu uma lida por cima e
notou que era alguns relatos sem importância, na sua cabeça. en-
fim, acabou levando para lê-los em sua casa, após ter lido e relido
as escritas de Lica, versado por Jonas, encostou-o num canto qual-
quer de sua gaveta pessoal, tendo ficado fascinado pelos escritos
anônimos, já que Jonas recomendou à sua tia, que não assinasse
nem por ela nem por ele.
Tempos depois, aquele encanador foi revisar uma rede hidráulica
de uma grande editora, e lá confiou aqueles pergaminhos amarfa-
nhados ao editor daquela casa, apresentando-se como autor, e o
editor também ficou encantado com a pseudo sabedoria do encana-
dor, propondo editá-los.
Os originais, ganharam uma grande edição, que veio a ajudar o
encanador, que inspirado em todos aqueles escritos, tornou-se um
verdadeiro escritor famoso.
Mais tarde deduziu-se que o encanador era o verdadeiro herdeiro
daqueles manuscritos, pois, esta teria sido a vontade de Jonas e
seus mentores.
Coincidência, ou não, o encanador também chamava-se Jonas, e
era partidário dos mesmos ideais filosóficos daqueles escritos.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 164
E, no despojamento evolutivo, por aqui, passaram Jonas e Lica,
duas almas iluminadas, deixando-nos grandes legados de amor,
desapego, bom-senso etc.
Aqui neste relato, ficou uma pendência; a de usurpar o lugar de
escritor, pois, o encanador apropriou-se dos escritos do eremita, os
quais lhe deram a condição de autor de muitas outras obras. “Deus,
escreve direito por linhas tortas”.
Estas coisas, não tinham a menor importância, como se um filho da
gente tomasse para si um objeto de nosso convívio, com certeza
sequer notaríamos, pelo amor ao filho. No caso em pauta, já estava
tudo programado, para que assim fosse, até para que cada um mos-
trasse como lidaria com seu próprio ego.
O nosso conceito de terráqueo, respeita uma legislação bastante
tacanha, pois, são leis que deixam saídas para todos os problemas,
principalmente para favorecer seus legisladores. Porém, a simplici-
dade do amor, esses homens levarão muito tempo para apren-
derem, o que representará o desvencilhamento da vanglória e da
vaidade de cada um.
CONCLUSÕES
Enquanto, o homem não for feliz com o nada, jamais será feliz com
o tudo.
Seja como uma criança, abstraída com uma pequenina flor, ou uma
pedra sem o menor valor.
Quantos pais, deixam de dar atenção aos seus amados filhos, para
dedicarem-se aos seus negócios, ou outras coisas quaisquer, as
quais consideram mais importantes que sua própria família.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 165
Pois, se você quer ser feliz, aprenda a gostar e amar intensamente
qualquer objeto de seu pertence, ou não, sem a obcessão de idolatrá-
lo, apenas amá-lo, é o que basta para se sentir feliz.
Por incrível que possa parecer, isto é evolução!
A maioria dos seres humanos, entra e sai dos ambientes, sem a me-
nor consciência, são incapazes de admirar um objeto, uma folha-
gem, uma obra de arte, ou simplesmente às próprias pessoas a
quem se dirige, para não se falar nos transeuntes, em movimentos,
com seus cacoetes, quem dirá nas ditas: pobres criaturas, maltrapi-
lhas que perambulam pelas ruas.
A maioria, está em obcessão pelo seu próprio interesse, egoistica-
mente pensando em resolver seus problemas, estritamente de or-
dem particular, sem se importar com mais nada.
É realmente obtusa, sem visão, e quase sem sentimento, mas tem
como companheira inseparável, a solidão, e mais uma vez não en-
xerga que ela advém de sua maneira de se comportar e, tenta sofre-
gamente uma solução.
O que é a solidão?
Será o medo de conviver com a massa?
A desconfiança do próximo?
Na realidade, temos de nos doar, e para nos doar, temos de nos
entregar de corpo e alma, temos aqui o grande remédio para a do-
ença da solidão.
Posto que, se não nos doarmos, estaremo-nos afastando das pesso-
as, e isto é óbvio!
E, este exemplo serve também para nossa solidão oculta, aquela
secreta, escondida dentro de nós, e que nem nós sabemos que existe,
aquela que habita os nossos corações, esta solidão nos é, um tanto
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 166
pior, pois, se não nos atermos a vigiar os acontecimentos internos
dos nossos pensamentos, do nosso universo interior, como fez Jo-
nas, em suas meditações, onde, com certeza jamais esteve solitário,
sem dúvida, teremos de pagar muito caro pela nossa ignorância.
Conceitos de meditação cósmica, que Jonas adotava.
Jonas, prezava pela meditação vazia, que na verdade não dá para
se explicar com precisão o sentido deste assunto.
Caro irmão-leitor, imagine-se ter alcançado um relaxamento pro-
fundo, e conseguir ficar por algum tempo com sua mente vazia, ou
seja: sem pensar em nada, absolutamente nada, ao contrário do
que se imagina, esse vazio significa existência, e quer dizer exata-
mente: “ser”, daí usar-se a mantram: “eu sou”.
Então, você começa a ter a dimensão da consciência, e perceberá
que faz parte do todo universal, pelo simples fato de se desapegar de
tudo, matar o ego, mesmo que por fração de segundo, posto que no
plano astral, você torna-se atemporal.
Ao se atingir esse estado de espírito, você não será mais a mesma
pessoa, livre do pensamento, do alheamento, e do julgamento, esse é
um estado de santificação, de pureza d’alma.
Não é muito simples chegar-se a esse estado de espírito nirvânico,
porém, é possível, dependendo do menor esforço, veja que contradi-
ção, quanto menos esforço mais inocência, e mais perto de Deus.
Esse estado de consciência, se dá quando se pára de pensar em tu-
do, porém em vigília, sem se estar dormindo, então você estará
lúcido, transparente, e consciente, por estar desapegado dos gri-
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 167
lhões do corpo psicossomático, você venceu seu grande impecílio
que está no seu interior.
A sua consciência, está sempre preocupada com os afazeres do dia-
a-dia, atazanando sua cabeça, fazendo de você um joguete, escravo
desta vida de matéria densa e viscosa, porém, você tem de se dar
descanso, trégua à sua luta, renovando suas forças, recarregando
sua bateria.
Acontece que, ao você se dedicar a essa meditação, você alcança
uma terceira visão, ou melhor ainda, começa a enxergar por todos
os lados, sua percepção se aguçará profundamente.
Os seus sentidos ficarão refinados, ouvirá melhor e mais apurado,
talvez com a audição acurada de um cão, e porque não dizermos do
seu faro também, sua visão será aquilina (de aguia), e você terá de
concordar conosco, terá uma qualidade de vida muito superior à
atual.
Há muitos caminhos para tais condutas, o religioso reza, agradece
e pede a Deus, fazendo de uma maneira para se realizar interior-
mente, o filósofo, pensa, analisa e tira suas conclusões, o esotérico
medita, entrando em contato com seus irmãos do mundo astral, o
ecumênico respeita tudo e todos, enfim, sempre se chega ao deno-
minador comum, mas sempre existe uma maneira mais curta e
rápida como foi a de Jonas do autodesenvolvimento, porém, esta
que foi a maneira pela qual Jonas chegou lá, não é para a maioria,
posto que ela está atrelada ao mundo de matéria densa, pesada, e
viscosa, ainda.
Poucos acordam do profundo sono desta vida, pois, somos desde a
mais tenra idade, condicionados a valorizá-la sobremaneira, como
se aqui fôssemos viver eternamente, hipnotizados pelos conselhos de
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 168
nossos pais, que receberam a mesma orientação hpnoidal de nossos
avós, e assim desencadeia o condicionamento de atitudes humanói-
des, um mundo ensimesmado e robotizado por si só.
E, esta é a imposição da sociedade, e quando quebramos com ela,
estaremos quebrando o grande tabu global. Daí notarmos que, em
qualquer modificação globalizada provoca-se cataclismos e guerras
no planeta.
O homem, há milênio é programado, e somente agora se fala em
programação eletrônica, robótica, etc. Ei-lo, andando pelas ruas,
dentro de suas casas e por aí vai. Muitas máquinas, executadas por
outras máquinas humanas, pois, eles usam uma venda em seus
conscientes e somente fazem aquilo que lhes ordenaram que façam.
- Cadê, o famoso livre-arbítrio?
Em qualquer ideologia existe uma certa padronização, para que
sejamos mais ou menos iguais, satisfazendo assim as metas de nos-
sos líderes, e se não o fizermos seremos extirpados da face da terra,
de uma maneira velada, como se faz na atualidade.
Felizes daqueles que saírem do lugar comum, dos poucos que que-
brarem a barreira da ignorância global.
Escrevemos sobre um personagem que, serve para exemplificar o
dia-a-dia de nossas vidas, bem como foram outros tantos, porém, o
sábio despojamento do eremita Jonas, foi realmente eficaz para que
deixasse de sofrer, bem como sofresse uma enorme evolução com-
parativamente com a maioria.
A maioria que trafega, não alcança o grau de evolução preferencial
dessa vida, pela falta de fé em si mesma.
Fé, este sentimento é, muito importante, pois, muitas leituras fazem
os seres humanos se emocionarem, culminando em torrentes de
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 169
olhares lacrimosos, porém, com a mesma facilidade com a qual se
emociam, tornam-se refratárias à essa emoção.
Existem os eufóricos atletas do ocultimos, que não se preparam com
pertinácia e insistência, e acabam se fatigando sobremaneira rumo
ao pódio, estes terão de retornar ao mesmo caminho até controla-
rem seu impulsos, em novas vidas futuras.
O processo do aprendizado é inevitável.
Devemos aprender no despojamento e na alegria ímpar, que são
exatamente aqueles sentimentos que surgem do nada, como num
passe de mágica da alegria sem causa. A alegria de um novo ama-
nhecer, anoitecer, morrer, viver, ser, estar etc.
Resumindo: alegria da eternidade, de sermos indestrutível na nossa
essência, portanto, somos de suma importância, quando nos consci-
entizamos destas verdades.
Voltemos à fé, pois, se você for intelectual em demasia, e ao mesmo
tempo céptico, incrédulo, ateu. seja ao menos intelectualmente inte-
ligente para aprovar o que não se pode contraditar, porque: “con-
tra fatos não há argumentos”. Você então é instruído em muitos
conhecimentos, jamais poderá ignorar o simples fato científico de
que é possuidor de um cérebro humano.
Pois, existem fatos, que nos mostram, que através desse miolo, mas-
sa encefálica, massa cinzenta, ou qualquer outro nome, você pensa.
Porém, esse seu pensamento é abstrato, portanto, intocável, impal-
pável, do que não poderá discordar.
Continuemos: pelo cérebro se sabe que, sem ele as artes e as ciências
não seriam nada, não existiriam, e assim sendo, você pode deduzir
que existem um Deus nessa nossa conversa, que também você pode
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 170
chamá-lo de Alá, “God”, “Dio”, Deus, Javé e por aí vai, essa força
existe, essa energia é evidente.
Você até pode trocar esses nomes, chamando Jesus de Genésio, não
faz a menor importância, posto que nos seus núcleos são os mesmos.
Ou, então creia apenas em você, o inteligente intelectual, letrado,
poliglota, cientista, Ph.D etc. Pois, essa coisa mental chamada de
pensamento, já culminou em mandar o homem à Lua, há mais de 3
décadas. viagens incríveis através de sistema de automação em
suas importantíssimas informações, já nos fizeram viver realidades
virtuais, e se fôssemos enumerar o que os cérebros semelhantes ao
seu já fizeram, ficaríamos escrevendo um eternidade, somente para
fazer você ter um pouco de fé.
Quiçá, você não queira enxergar, então, sua inteligência desce água
abaixo, doutor.
- Você, já ouviu falar em burrice aguda?
Queira-nos perdoar, estamos-lhe mostrando o óbvio, não estamos
asneando nenhum assunto para encher lingüiça, ou fazendo uma:
tertúlia flácida para adormecer vacum.
Porém, se você não quer enxergar, paciência, terá de caminhar
inexoravelmente por muito tempo, até que venha entender que,
entre você e qualquer outra coisa, “existe muito mais do que imagi-
na sua vã filosofia”.
Jonas, era fiel e ouvia seus pensamentos, que podemos chamar de
alma, espírito, entidade, coração, consciência, conciex, e os mais
estrambóticos (estrambólicos - esquisitos) nomes.
Quando você se recusa a crer no além, você está ouvindo de forma
negativa essas vozes, de ab-rogação às leis etéricas, são deuses, ou
diabos, do mundo astral, ou espíritos menos evoluídos, que não
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 171
querem a sua evolução, pois, perderiam mais um de seus pratos de
sangue-energético para vampirizar.
Elas, não são tão ocultas assim, posto que quando plasmadas cau-
sam estragos, principalmente quando ditam suas normas errôneas
aos menos precatados desses processos mnemônicos (mentais).
Portanto, amigo, creia, porque você mesmo é um deus com poderes
infinitos na eternidade o que depende apenas do tempo terreno e da
sua evolução, baseado que você não teve início nem fim, pois, você
vive na eternidade, e não se esqueça que esta vida é apenas um ín-
fimo estágio.
Deus sim, do bem ou do mal, haja vista o que nos ensina a religião.
Simplificando ainda, vamos às escrituras sagradas, a tão decanta-
da e mais vendida entre os livros, a Bíblia, nela se encontra escrito
que, o mestre Jesus e o seu mais íntimo rival, o tal Lúcifer (anjo de
luz), ambos ladeavam Deus de Israel, O Todo Poderoso, em todos os
universos, explicando melhor: Satanás, acentava-se ao lado sinistro
(esquerdo) de Deus e Jesus a destra (direita) de Deus, e Satanás,
tendo-se rebelado contra Deus, foi expulso às profundezas, seguindo
na prática do mal.
É desta forma que nos explicam as escrituras sagradas.
Não precisávamos ir tão enfaticamente ao assunto de sua particu-
lar fé, pois, até apelamos a alguns ditames eclesiásticos.
Amigo, temos muitas verdades, mas a relativa é a que equilibra, e
não radicaliza.
Pensemos um pouco, ciclicamente temos a impressão de uma eterna
repetitividade constantes, entre o dia e a noite, eles são os mesmos
no decorrer dos séculos, o que é muito enfadonho, dando-nos a vi-
são de que este planeta é muito pobre.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 172
Como diz, Salomão no seu livro: Eclesiastes: “Debaixo do sol tudo é
vaidade”, sendo dias enjoativos, e sem maiores novidades.
Na realidade é isto mesmo, até porque sentimos assim, mas não
quer dizer que os dias e as noites sejam verdadeiramente iguais.
Nada se equipara exatamente, há mundanças radicais a cada se-
gundo em todos os universos e seus corpos, portanto, o mesmo pôr
do sol de ontem não é o mesmo de hoje e assim sucessivamente.
Justamente, por essas modificações constantes é que temos de nos
moldar com mudanças na vida e na eternidade.
As mentes doentias, ficam batendo na mesma tecla, repisando nas-
cimentos e mortes, e ainda assim nada se repete, apenas atrasa
suas evoluções.
Para modernizar um prédio, às vezes tem-se de implodi-lo, ou seja
destrói um para construir outro mais eficaz e moderno.
Daí, termos essa roupagem, que ao fim de cada vida haveremos de
trocá-la, para que não se permaneça na inércia que não evolui.
Você poderá se especializar em alguma profissão de ciências ou
artes, mas na eternidade terá de aprender e praticar muito mais do
que sua especificidade escolhida para viver na Terra.
No nosso subconsciente existe muita sabedoria latente, que somente
poderemos usá-la quando formos unicientes, que é uma outra for-
ma de energia refinadíssima, jamais densa e grosseira como a do
corpo físico humano.
Muito se fala do primeiro décimo, pois, entenda por isto muito me-
nos, se fizéssemos uso de tamanha quantidade, faríamos coisas que
até Deus duvidaria.
Jonas o eremita que desceu iluminado
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Nasceu um virtuoso, e sabe tudo sobre violino, belo instrumento
musical em sua maviosidade, e lá está o gênio, tocando com uma
maestria descomunal, deixando os velhos maestros desconcertados.
- Porém, por que tanto violino para uma criança só, será que não
tinha mais nada para se fazer?
Quando, se escolhe voltar para esta vida, é para resgatar alguma
coisa, até porque perderia o sentido esse livre-arbítrio.
Então, o “gênio” que às vezes somente toca o seu violino a vida toda,
veio resgatar apenas uma pendência musical.
Jonas, foi muito sábio, escolhendo viver à maneira muito simples,
sabendo de antemão que, lhe custaria menos, e por isso escolheu o
equilíbrio de ter apenas o necessário, abrindo mão de seus bens, ou
seja: dos seus sofrimentos.
Nesta mesma linha, lemos nos jornais que cientistas se vêem às
contas com os autistas, pois, não conseguem explicar suas especiali-
zações, que surgem do nada.
A exemplo de alguém autista que, ao ouvir uma única vez uma sin-
fonia de “Beethoven”, repete com muita perfeição a mesma melodia
em um piano ou outro instrumento.
O mesmo acontecendo em outras artes e ciências.
Vamos falar um pouco de terapia: no trabalho, encontra-se o maior
lazer humano.
Aqueles que cultivam o ócio, simplesmente estão atrasando suas
evoluções.
Aquele que pensa bem, está arquitetando suas estruturas que fica-
rão sob belos edifícios.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 174
Certa feita, Jonas estava analisando José, o qual passava por um
crise existencial, ora acabrunhado, ora eufórico, Jonas na sua ma-
estria, escreveu um poema para curar José:
- Ah. Você não sabia que poema cura?
- Então, já ficou sabendo!
PASSOS DA VIDA
Sons de gravetos que se quebram, quando pisados indiscretamente.
Aroma de poesia, inebriando o nosso amor.
Distração lúdica.
Incenso de terra molhada pela chuva temporã.
Susto anafilático de chuva que cai em respingos inesperados.
Mistério, que se faz mister à inocência d’alma.
Sonhos vissareiros da ilusão da vida.
Vida, vinda, finda.
Passos no espaço.
Traços, espaçados e parcos.
Sensibilidade humana inexplicável.
Sente-se sem saber o sentido deste sentimento.
Coisas etéricas, que marcam pelas suas marcas inefáveis.
As crianças sentem, mas não sabem explimi-las.
Os velhos estão sem tempo para explicá-las.
Loucuras de sonhos joviais, nos meandros de passos sem norte.
Nestas incongruências, com fé inabalável, vislumbra-se o promissor
futuro que nos espera.
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Como estas coisas, são sentimentos sem explicativas, Jonas, apenas
psicografou este poema pelo espíriro de M.C., ficando muito grato
pela honraria de ser seu escrevente, e entregou a escrita a José.
Estas palavras quase sem explicações, fez um enorme bem a José,
que doravante sentiu-se ótimo.
Eis, mais uma maneira de se fazer caridade.
Com pensamento que, formula textos e palavras, proferindo-as pela
forma ortográfica, ou verbal, préstimos que não se pode calcular a
peso de ouro, mesmo porque o amor não se compra com somatória
de dinheiro.
Todos nós, temos boas palavras para dizer aos nossos irmãos, e
bons pensamentos para expandir aos universos, sendo dádivas di-
vinas que recebemos em feitio de dons, os quais recebemos da or-
dem etérica e devemos tramsmiti-las com calma e conscientemente
dentro da sábia astúcia que guia nossos passos.
Quando estamos movidos pelo espírito, ou pela inspiração, emiti-
mos sentimentos que calam fundo as almas de nossos interlocuto-
res, ou simplesmente ouvintes. Tal qual a música que numa lingua-
gem toda especial, cura as dores da alma, sem ter de dar expli-
cações.
O mesmo não acontecendo com a cura da ciência convencional, que
ao processar lenitivo contra as doenças se faz acompanhar de recei-
tuários e suas respectivas bulas explicativas.
Em outras plagas estão conhecimentos, os quais nem sempre conhe-
cemos, porém, quando vêm até nós, chegam através de sentimentos,
que muitas vezes tentamos transpô-los ao papel, ou através da fala
e encontramos enormes dificuldades, pois, somos ainda analfabetos
nas comunicações etéricas.
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Somente através do amor se nos fazemos entender.
Os grande líderes da humanidade entendiam muito sobre essas
comunicações, tanto que já lemos muito sobre suas parábolas e
metáforas.
Vejamos um pai; esforçando-se para orientar seu filho, que outrora
também foi pai, agora uma inocente criança, faz perguntas intrin-
cadas e intrigantes, obrigando-o a respondê-las por parábolas, ou
contos de carochinhas.
O ser humano tem muita facilidade em fazer perguntas, porém, não
se importa muito em respondê-las, porém, como bem dotados que
são pela “célula-mater” solerte, inventam suas respostas muitas
vezes recheadas de meias verdades.
É desta maneira que se processam curas espirituais, sem os míni-
mos conhecimentos anatômicos do sensitivo, que é usado pela fé,
mesmo porque, é o espírito do instrumento homem que se encarrega
de processar tudo em seu lugar, até para demonstrar uma peque-
níssima força oculta que, ainda ele não está preparado para saber.
Comparando este espírito a um pai, experiente médico, que não vai
perder tanto tempo explicando medicina ao seu filho de colo, mesmo
que este lhe pergunte a respeito de um determinado exame de cin-
tilografia ao olhar sobre o celulóide colorido etc.
Muitos conhecimentos advindo do espírito antigo e calejado de Jo-
nas, muitas vezes eram transmitidos por metáforas, como fizera
inúmeras vezes o Cristo, em suas pregações, para que o povo pudes-
se entender.
Eis a maneira pela qual Jonas agia para curar almas, acometidas
de doenças psicossomáticas.
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Era um ensinamento persistente de Jonas ao dizer que, a mente do
ser humano deve estar sempre em equilíbrio com o corpo, não per-
mitindo exageros entre o corpo-matéria e o pensamento-mente.
Certa feita, estava Jonas fazendo uma canoa, da casca de um pé de
jatobá, cuja técnica havia aprendido com os indígenas lá das cordi-
lheiras, e pensava com ela buscar uma saída do local através do
grande rio. Porém, em exomatose, (projeção astral) pôde analisar e
perceber que, além das inúmeras cachoeiras perigosas, iria se em-
brenhar mais ainda na mata.
- Aí podemos indagar do por que, se sabia ele de todos os detalhes
daquele caudaloso rio, então por que não saberia de outros detalhes
de como sair dali?
Bem, quando aqui chegamos nesta vida, todos temos uma missão a
cumprir, e isto faz a diferença no contexto geral.
Vejamos como exemplos os grandes luminares da humanidade,
como Gandhi, que até sabia que ía ser assassinado e, não tentou
impedir aquilo que veio fazer aqui na terra.
Jesus, o Cristo, suou gotas de sangue, e pediu ao Pai para livrá-lo de
sua morte de cruz, e teve de suportar como seu discípulo Judas, a
quem se referiu como diabo, além de clamar, dizendo: - “Pai meu,
Pai meu por que me desamparaste?”
Mateus: 26
39 E adiantando-se um pouco, prostrou-se com o rosto em terra e
orou, dizendo: Meu Pai, se é possível, passa de mim este [cálice];
todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres.
Lucas: 22
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44 E, posto em agonia, orava mais intensamente; e o seu suor tor-
nou-se como grandes gotas de [sangue], que caíam sobre o chão.
João: 6
70 Respondeu-lhes Jesus: Não vos escolhi a vós os doze? Contudo
um de vós [é o diabo].
Mateus: 27
46 Cerca da hora nona, bradou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli,
lamá [sabactani]; isto é, Deus meu, Deus meu, por que me desam-
paraste?
Voltando ao nosso glorioso Jonas, enquanto, trabalhava no fabrico
da canoa, surgiram alguns companheiros a lhe pedir ajuda.
- Jonas, dona Estela, a judia, está passando mal.
- Bem, os médicos fazem o quê?
- Já fizeram de tudo, mas.
Jonas, parou imediatamente com seu artesanato fluvial, e rumou
em direção ao acampamento. Era de manhã, 9 horas, mais ou me-
nos.
- Bom dia dona Estela.
A coitada nem teve a devida força para responder a saudação do
eremita.
Estela estava travada na cama, os médicos diziam que era isto, ou
aquilo etc.
Jonas, antes de começar seu trabalho, conversou muito com Estela
e, depois pediu para que virassem-na com muito cuidado, colocan-
do-a de bruço, seu problema era na coluna vertebral.
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Após, meia hora de trabalho, Estela sentou-se na cama e, em segui-
da pôs-se a caminhar e a chorar de alegria, pelo milagre causado
em sua coluna, um mal muito antigo que a perturbava tanto.
Junto da curiosidade, também vieram as respostas:
- Jonas, você hipnotizou dona Estela, eliminando assim a sua dor
psicologicamente?
- Um pouco de cada coisa, é assim que funciona, não podemos es-
quecer aqui os médicos presentes, que muito fizeram também, em
prol de dona Estela.
- Bem, o que vou lhes dizer, vai chocar as mentes mais inteligentes,
foi necessário que se fizesse a materialização de partículas ósseas,
para compensar as falhas que o tempo e a enfermidade consumi-
ram da coluna de dona Estela.
Logo, surgiu uma pergunta meio cretina:
- Jonas, da maneira como você explica suas curas. se nos parece
que, nossos órgãos físicos, podem ser substituídos, como se substitui
peças de um carro.
Jonas, era muito tolerante e respondeu:
- Sim, meu caro Cícero, é exatamente assim que se processam os
transplantes de órgãos humanos. – Não é?
Agora, pergunta Tiago:
- Jonas, com a evoluçao da medicina, você não acha que um dia
poderemos ser eternos.
- Sim, meu caro Tiago, não só acho, como lhe afirmo: sempre o fo-
mos!
- Falo da matéria humana, caro mestre Jonas.
- Bem, aí são outros quinhentos, a misericórdia dos deuses se limita
a nos comprazer pequenos milagres, como esta nossa vida também
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é irrisória e sua pequenez é desmesurada diante dos universos, e
bem por isto somos mortais.
Porém, com certeza nossa vida terrena será prolongada com o a-
vanço da ciência.
Nos nossos corpos existem outras vidas, possuidoras de visão e ou-
tros órgãos de sentidos, pois, é na unicidade corpórea que se faz um
corpo humano completo.
Vamos faccionar este assunto, esperando que todos alcance o en-
tendimento.
Nos nossos corpos estão outros pequenos corpos com atividades
próprias, quase que independente do corpo, eu disse quase. porém,
eletromagneticamente sofrem interferências de nossas mentes.
Quando se congestiona os espaços dos canais de rádio, acontece que
se interfere no bom andamento das comunicações, como se fechás-
semos um curto-circuito numa rede elétrica, causando um grande
mal aos condutores de eletricidade.
Um infarto do miocárdio, é um bom exemplo, ora. o sangue é a vi-
da, e quando obstrui-se a passagem da vida o corpo humano entra
em colápso, e conseqüentemente em óbito!
Quando ondas eletromagnéticas de nosso cérebro se cruzam dentro
de seus canais, pelos estresses de nossas preocupações, dá-se então
o curto-circuito.
A nossa mente é um quartel general, de onde saem todas as ordens
para as ações do nosso corpo, agora entram muitas vidas, das
quais eu disse, que quase são independentes do nosso corpo, apa-
rentemente independentes. são nossos membros e células, militantes
obedientes em suas escalas hierárquicas, como se fora um exército.
Cada soldado desse exército, tem suas obrigações naturais na pre-
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servação de suas vidas, e conseqüentemente a do nosso corpo, for-
mando uma rede de células vivas nesse universo fantástico, que
ninguém poderá conhecer por inteiro.
Quando nos vemos através desses bloqueios, começamos a perceber
as doenças, pelo desequilíbrio que começam a causar esses solda-
dos, que também adoecem pelas más orientações desses generais da
nossa mente-quartel, note que a nossa mente é a grande causadora
de tudo, a forma pensante é tudo no nosso estado de saúde psicos-
somática.
Podemos estudar esses curto-circuito, pela leitura áurica do corpo
humano.
Imaginemos uma cidade doente (nosso corpo) com milhões de au-
tomotivos e transeuntes congestionando avenidas, provocando coli-
sões, assim podemos rivalizá-la com o nosso corpo.
Temos de enxergar agora, por todas as partes, por todos os mem-
bros, temos de ir à outras dimensões, e in loco analisarmos os acon-
tecimentos, porém, isto só é possível no estado de osmose, através
dos recursos extrafísicos.
Foi exatamente o que fiz, no caso de dona Estela, transportando-me
em espírito, por assim dizer, podendo analisar o que se passava
com os ossos e cartilagens e depois, materializei o que faltava para
que se efetuasse a devida cura.
Devo dizer-lhes que, esta não é exatamente a minha missão, porém,
se fez necessária para que pudesse falar, e explicar os fatos, agora
sim, esta é a minha missão.
Todos nós, temos conhecimentos impregnados nas nossas almas, ou
subconscientes, e, conforme as necessidades vão surgindo, deles
fazemos uso com ajuda da nossa fé.
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Queiramos, ou não, a nossa fé ajuda sobremaneira a nossa igno-
rância, posto que, se tivéssemos a sabedoria das causas, podería-
mos chegar aos efeitos, e esqueceríamos do auxílio divino, despre-
zando a fé.
Porém, o uso integral de nossos conhecimentos somente poderemos
fazê-lo quando nos aproximarmos da consciência plena. A hora em
que exergarmos simultaneamente por todos os nossos membros, daí
o grande mandamento universal de amarmos o nosso próximo co-
mo se fora a nós mesmo, já que ele é mais um membro do corpo
divino chamado: Deus.
Você, caro amigo leitor, deve saber que existem alguns Jonas, espa-
lhados pela face da Terra, exercendo primordiais serviços à huma-
nidade, pois, podem ser pessoas simples e bem comuns, ou não, que
não pode-se notar, a não ser que você seja um evoluído clarividente,
portanto, bem esclarecido nestes assuntos extra-sensoriais.
Quando Jonas se fez passar desapercebido pelos facínoras que fo-
ram roubar aquele caminhão-baú, deixou-nos uma demonstração
de poder sutil, aquele que ninguém imagina existir, a não ser pela
percepção extra-sensorial.
Quando se alcança esta evolução, pode-se passar invisível às tenta-
ções dos espíritos atrasados, que estão à espreita para prender em
suas teias de maldade, os incautos de pensamentos isto dá grande
autonomia para se fazer o bem, sem ser barrado pelas hostes espiri-
tuais, posto que: “o que olho não vê o coração não sente”. Tendo-se
esta evolução, poupa-se grande desgaste energético, já que não há
embate com o inimigo oculto, posto que, agora quem é oculto é o
espírito evoluído.
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Às vezes o espírito semi-evoluído quer nos ajudar nos nossos traba-
lhos, porém, acaba atrapalhando com suas boas intenções, porém,
inexperientes, tendo de ser encaminhados aos nossos irmãos especi-
alizados na doutrinação desses espíritos, qual é, semelhante a nós
nas nossas patranhas (atrapalhadas).
Comparemos uma criança da faixa etária de 8 anos, que seus pais
deixam-na à solta para desenvolver sua criatividade mental e física.
Nesta liberdade, ela se sente sábia ao seu conceito, e se um adulto
experimentado lhe der azo, ou liberdade para que ela se intrometa
nos seus assuntos, se verá enlouquecido com suas traquinagens.
Imagine um cirurgião, fazendo uma operação cardiovascular e,
dando liberdade a esse fedelho, com certeza haverá mais um cadá-
ver na mesa operatória. Certamente, ele quererá ensinar o mestre
em seus mínimos detalhes, pode crer.
Assim pela falta de consciência, essa casta de espíritos infantis, no
seu mundo particular, vislumbra somente o seu meio, se achando
dentro da própria felicidade, e tenta arrastar os demais ao seu ma-
ravilhoso mundo.
Tal comportamento se assemelha ao ser humano que jamais quer
deixar o seu mundo, por ignorar que no cosmo existem infinitos
planos icomparavelmente melhor que esta vida.
“Todos nós queremos ir para o céu, mas não queremos morrer!”
Vendo, e percebendo tais ignorâncias, não temos mais motivos para
a ira, ciúme, inveja, e outros sentimentos baixos, que só fazem pro-
duzir a dor.
- Como poderíamos odiar uma criança, que no colo da mãe pratica
suas traquinagens?
- Ao contrário, rimos de sua inocência!
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Eis o amor-entendimento:
Somente temos a ganhar ao resistirmos com muito amor os anseios
desses espíritos jovens, aos quais faltam experiências. eles nos fa-
zem lembrar de Jesus ao dizer: “perdoa-lhes, pois, não sabem o que
fazem”
Lucas: 23
34 Jesus, porém, dizia: Pai, perdoa-lhes; porque [não sabem o ]que
fazem.
Tolerância, é uma das últimas etapas da evolução humana, você
sabe “mais”, porém, terá de ter a respectiva paciência para com
aquele que sabe “menos”.
Ao olharmos ao Oriente, veremos de onde se originaram quase to-
das as religiões, e ficaremos perplexos, e cheios de frustrações com
as guerras eternas, desde os primórdios da humanidade as quais
nos relatam a história.
Há milênios, nossos pais não se toleraram e sua descendência con-
tinua na mesma sangüinolência, basta vermos a “Guerra Santa”.
Quando lemos o Velho Testamento, livro baseado no Oriente e seus
costumes, de onde derivamos todos, ficamos extasiados com tantas
guerras por ele narradas, nações e tribos, continuam se matando
até os dias atuais.
As nações do ouro negro, o petróleo, continuam lá com outros no-
mes e com outras guerras, Babilônia, Pérsia, Iraque, Irã, Nabuco-
donosor, Sadan, Chá da Pérsia e nada muda, apenas trocam os
cães, mas as pulgas são as mesmas, com EUA, Inglaterra, França, e
a balbúrdia continua, mísseis e mais mísseis. enfim, povos que já
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viveram na Idade da Pedra, hoje nações andiantadas, se destruindo
por qualquer pedaço de “Terra Santa”.
A hipnose em massa está lançada, veja só o patriotismo idiota, onde
mártires morrem para matar seus inimigos os quais nunca viram,
portanto, não os conheceram, esses idiotas homens-bombas do coti-
diano palestino-hebraico.
- Por que esse patriotismo-religioso-fanático?
Vivemos num só planeta, de onde saíram grandes personalidades
como Buda-Jesus-Maomé-Gandhi-Gilbran e, só por ironia, foram
líderes orientais e mundiais.
Entendamos que, se aqui viemos parar num lugar globalizado e
atrasado, temos de praticar muito a tolerância para sairmos deste
mundo de absurdos, e não mais voltarmos, resgatando nossos car-
mas.
Estamos cansados de criticar as guerras do Oriente Médio, mas não
podemos deixar de fazê-lo com a nossa casta política brasileira, que
matam mais ainda, e à maneira crudelíssima, de fome e sede seus
semelhantes, claro que apoiados pelo desemprego advindo do pri-
meiro mundo que está sempre ávido em vender suas tecnologias
“robotécnicas” que, sem a menor sombra de dúvida usurpa os em-
pregos dos pobres seres humanos, pais de famílias.
De nada adianta sua tecnologia, são beligerantes sobremaneira.
Não estamos falando somente das guerras e suas carnificinas, rati-
ficamos: temos os políticos, as drogas, os cartéis que matam em
quantidade absoluta.
Esta falta de consciência humana, faz a maioria se envolver com
problemas sérios, através da indução hipnótica no interesse do po-
der.
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Não seja prepotente em querer salvar o mundo, contente-se em
salvar a si e aos poucos que lhe forem possíveis.
Jesus, foi um enviado especial, e deixou sua marca registrada na
Terra, cuja marca os homens usam-na em seus interesses espúrios.
Com isto queremos dizer que, até Ele, não deve ter levado muito a
sério este povo, que tem muito o que resgatar na eternidade.
- Agora, quem é você para ser tão idealista assim?
Ora, se pensarmos bem, veremos quanto o ser humano é paraplégi-
co, usando muletas e cadeiras de rodas, apoiando-se nesses aios
chamados: religião, política, sociedade, onde se prega o amor e a
justiça, e se faz a maldade, propagando a pestilência e a fome.
Como é possível, o homem ludibriar-se a si mesmo, em nome de
Deus, e de seus ensinamentos, acometido pelo espírito do ódio.
- É difícil de entender que, se amar o próximo, cumpre-se todas as
leis do planeta?
O amor é, paciente, temperado, tolerante, caridoso, bondoso, res-
peitador, sofredor, trabalhador, honesto, equilibrado, sábio, e todas
as demais virtudes que possam assessorá-lo.
O próximo é, o alvo a ser atingido, porque nada é mais importante
do que o nosso irmão, tudo fazemos por ele, inclusive o mal, infeliz-
mente é isso mesmo que fazemos em prol do nosso irmão, aquele
que pertença ao nosso clã.
Quem é, que não luta ferrenhamente por um filho, irmão, mãe etc.
Este ato de lutar pelos nossos, é instintivo, onde a cegueira é con-
templada pela venda óptica do comodismo humano, sendo a melhor
maneira de se ser idiota, sendo que as demais castas de pessoas
também possuem pai, mãe, filho, irmão etc.
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Aí, arruma-se um belo álibi, uma religião para inculpar sutilmente
àquele que tudo criou, usando-se frases, assim: “Se Deus quiser” –
“Se Deus permitir” – “Foi da vontade de Deus” – “Não cai uma folha
da árvore, sem a permissão de Deus” etc.
Resumindo, matar em nome de suas muletas religiosas, em nome de
Deus, assim agem palestinos, judeus, católicos, protestantes, xiitas,
e vai por aí afora.
Essa grande multidão quer tapar o sol com sua peneira, querendo
enganar a Deus o Criador, dizendo-se sua serva e filha, seguidora
de seus ensinamentos, e Ele é tão misericordioso, que lhe dá o livre-
arbítrio para que ela possa escolher ser até burra. mas, burra mes-
mo, porque: “cego é aquele que não quer ver”.
Vejamos o que o apóstolo Paulo escreve aos gálatas, exortando-os:
Gálatas: 6
7 Não vos enganeis; Deus não se deixa escarnecer; pois tudo o que o
homem semear, isso também ceifará.
Jonas, mostrou-nos como a solidão é benéfica ao ser humano, pois,
ela lhe proporciona a paz para pensar nos assuntos de sua alma,
mas muitos se encostam no triste comodismo de suas ilusões passa-
geiras, “na falta de tempo para pensar”, no entanto, não param de
dizer que, o saber não ocupa lugar, mais uma vez demonstrando a
sua burrice.
Começamos então a entender porque as catástrofes e os cataclismos
assolam regiões do planeta Terra, é para que haja renovação da
espécie, que terão de aprender com as futuras gerações, ou também
pagarão também pelos seus erros.
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A aterradora morte, faz o homem lutar para sobreviver, ou abraçá-
la em forma de suicídio.
O homem faz muita apologia à morte, para que as tragédias im-
pressionem mais ainda, e os meios de comunicações tirem o máxi-
mo de proveito da desgraça alheia.
– Isso é inteligência, ou burrice humana?
No afã de governar e colocar seu irmão à sua subserviência, o ho-
mem não tem sentimento nobre nem escrúpulo. Vai fundo, fazendo-
se crer na sua própria justiça enganosa, acabando por cauterizar
sua própria consciência, e nessa degradação hipócrita, se acha
bondoso, honesto, imparcial e possuidor de todas as boas qualida-
des divinas.
- Eis a forma mais baixa de ser membro da raça humana!
Desejamos a você, bom amigo leitor, muita energia para os bons
plantios e boas colheitas na eternidade!
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