jogos e brincadeiras: uma proposta para … · para enfrentamento das dificuldades levantadas...
TRANSCRIPT
JOGOS E BRINCADEIRAS: UMA PROPOSTA PARA INCLUSÃO DE ALUNOS
COM DEFICIÊNCIA VISUAL NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA
Iria Gelain1
Douglas Roberto Borella2
RESUMO
O presente estudo teve como objetivo estabelecer se seria possível a
inclusão de aluno com deficiência visual nas atividades práticas de Educação Física,
por meio de jogos e brincadeiras. Caracterizou-se como um trabalho descritivo
exploratório que foi realizado com a 6ª série C, do Colégio Estadual Marechal
Humberto Alencar Castelo Branco de Cascavel/ Paraná. A pesquisa utilizou dois
questionários, um no início, outro ao final da execução da unidade didática,
constituída por doze planos de aula, com o conteúdo jogos e brincadeiras.
Observando e analisando os dados, constatou-se ser possível incluir nas atividades
práticas das aulas de Educação Física, através do conteúdo jogos e brincadeiras.
Ficou demonstrado ser possível a inclusão, e a mudança de concepção e aceitação
da pessoa com deficiência visual, promovendo assim, uma educação para todos.
Palavras Chave: Inclusão, Deficiência Visual, Jogos e Brincadeiras.
1 A autora é professora PDE do Colégio Est. Mal. Humberto A. Castelo Branco, de Cascavel, Paraná. 2 Orientador: Professor doutor da UNIOESTE de Mal. Cândido Rondon, Paraná.
1 INTRODUÇÃO
A visão constitui um canal privilegiado de acesso ao mundo, servindo como
base para o desenvolvimento humano. Unicamente pelo fato de observar, é possível
que a criança consiga explorar, interagir e aprender habilidades naturalmente com o
mundo que a rodeia, sem que seja previamente ensinada. No caso de crianças com
deficiência visual (cegas3 ou baixa visão4), a informação visual pode ser
fragmentada, limitada ou inexistente, fazendo com que a interação da criança com o
ambiente comprometa a aprendizagem de habilidades fundamentais nos estágios
iniciais da vida e, consequentemente, repercutindo em atrasos no desenvolvimento
motor, cognitivo e social.
No que diz respeito à educação das crianças com deficiência visual (DV), e,
a priori para este artigo – a inclusão de alunos com deficiência visual nas aulas de
Educação Física, verificamos que este processo foi pautado historicamente pela
segregação, discriminação e distanciamento destes alunos nas escolas de
ensino regular (FALKENBACH, BATTISTELLI, e ELOY, 2006). Não muito distante
deste paradigma, os professores de Educação Física também permaneceram
acorrentados a concepção da exclusão, onde os alunos com deficiência
encontravam-se muito aquém das suas reais possibilidades de práticas corporais.
Leonardo, Bray e Rossato (2009, p. 298), descrevem que “este fato deveu-
se em partes, pela falta de preparo e qualificação dos docentes para lidar com as
diferenças”; neste ínterim, o despreparo dos professores de Educação Física esteve
atrelado às políticas nacionais / internacionais estancadas e fragmentadas, em que
as prerrogativas legais buscaram apenas suprir algumas partes ou esferas da
inclusão escolar, sendo justificada pela falta de medidas qualificadoras e de
orientação aos professores, bem como pela ausência de materiais diferenciados
para a prática da Educação Física.
Em meio às turbulências vivenciadas pela escola no que tange a gestão, as
adaptações curriculares e a capacitação dos docentes para atuarem com alunos
deficientes, tal como alunos com deficiência visual, o processo de inclusão escolar
3 Cegueira corresponde a acuidades visuais inferiores a 0.05 ou a um campo visual inferior a 10º em
torno do ponto de fixação. Organização Mundial de Saúde/ ICD-10, 1999). 4 Baixa visão corresponde a acuidades visuais compreendidas entre os 0.3 e os 0.05 (Organização
Mundial de Saúde/ ICD-10, 1999).
evoluiu e solidificou-se no cenário brasileiro como estratégia antagônica ao antigo
modelo que pautava a condição de deficiência como razão de exclusão. A partir
desta nova realidade, passou-se a entender e ajustar os processos pedagógicos nas
aulas de Educação Física com base nas condições e potencialidades de movimento
do aluno com deficiência, ou seja, colocando o aluno como parte integrante da aula,
não apenas considerando-o como um corpo presente, mas deixando-o se envolver
nas práticas corporais oportunizando novas experiências e vivências de movimento,
tanto de modo subjetivo, quanto em conjunto com as demais crianças.
É verdade que os obstáculos enfrentados para a inclusão de alunos com
deficiência ainda são inúmeros, contudo, sem o envolvimento de toda a comunidade
escolar, dos profissionais ligados às questões de educação, bem como da
elaboração de políticas públicas que sigam o mesmo fluxo desta realidade, o
processo ainda pode tornar-se mais exaustivo. Freitas (2006) explica que a
formação dos professores, seja ela inicial ou continuada, deve respaldar-se no
entendimento de como o ser humano aprende e se desenvolvem independente de
sua diversidade ou condição de deficiência. Em face disso, o autor acredita que o
processo de inclusão irá agregar profissionais mais especializados que poderão
atuar com alunos nas mais diferentes situações escolares.
Tendo em vista a necessidade de proporcionar uma educação de qualidade
a todos os alunos, o Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), vinculado à
SEED Secretaria de Estado da Educação do Paraná, vem oportunizar aos docentes
da rede regular de ensino, a possibilidade de se aprofundar em temáticas
específicas nas suas áreas de conhecimento, por meio da produção de novos
estudos/pesquisas que auxiliem a encontrar soluções para os problemas cotidianos
vivenciados pelos professores, inclusive no que tange as barreiras que dificultam a
inclusão escolar de alunos com deficiência.
Portanto, as premissas deste estudo partiram da análise de uma unidade
didática desenvolvida por esta professora de Educação Física, que buscou
desenvolver práticas pedagógicas de ensino inclusivo para alunos com deficiência
visual em suas aulas de Educação Física, onde foram utilizadas atividades
fundamentadas em jogos e brincadeiras sob tutoria, ou seja, empregando o auxílio
de um colega sem deficiência com a finalidade de auxiliar o aluno com deficiência
visual no processo ensino e aprendizagem das atividades nas aulas.
Para enfrentamento das dificuldades levantadas anteriormente, norteamos o
estudo a partir da seguinte questão: é possível contribuir com a educação inclusiva
por meio do conteúdo jogos e brincadeiras nas aulas de Educação Física, em
turmas onde há alunos com deficiência visual?
A fim de responder ao problema de estudo, buscamos aplicar um conteúdo
programático das aulas de Educação Física fundamentado em jogos e brincadeiras
para alunos da 6ª série, onde o aluno com deficiência visual foi incluso nas
atividades mediante o acompanhamento de um colega tutor.
2. MÉTODOS
2.1 CARACTERIZAÇÕES DO ESTUDO
A metodologia eleita para o desenvolvimento do estudo baseou-se no
delineamento descritivo, exploratório e participativo. Lakatos e Marconi (1991)
comentam que o estudo descritivo exploratório tem por objetivo descrever
completamente determinado fenômeno, e que uma variedade de procedimentos de
coleta de dados pode ser utilizada, como entrevistas, questionários e análise de
conteúdo. No caso, elaboramos questionários pré e pós, que objetivaram avaliar
alguns aspectos da experiência.
Thomas e Nelson (2002, p. 280) destacam que a pesquisa descritiva é um
estudo de status que tem o seu valor baseado na premissa de que os problemas
podem ser resolvidos e as práticas melhoradas por intermédio da observação,
análise, descrição objetiva e completa do fenômeno.
Ainda, na opinião dos autores Thomas e Nelson (2002, p. 46), “o método
mais comum da pesquisa descritiva é o estudo exploratório, que procura determinar
práticas presentes ou opiniões de uma população através de questionários e
entrevistas”.
Lakatos e Marconi(1991) definem a pesquisa participante como um tipo de
pesquisa que não possui um planejamento ou um projeto anterior à prática, sendo
que o mesmo só será construído junto aos participantes (objetos de pesquisa). os
quais auxiliarão na escolha das bases teóricas da pesquisa de seus objetivos e
hipóteses e na elaboração do cronograma de atividades.
2.2 POPULAÇÃO, AMOSTRA E LOCAL DE REALIZAÇÃO DO ESTUDO
A população para o referido estudo foi composta pelos alunos do ensino
fundamental, do Colégio Estadual Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco,
Ensino Fundamental e Médio do Município de Cascavel/ Paraná. Por sua vez, a
amostra foi composta por alunos da turma da 6ª série C do ensino fundamental,
período vespertino. Esta turma é composta de 22 alunos, sendo 14 do gênero
masculino e 08 do gênero feminino, sendo um destes alunos com deficiência visual.
Porém apenas 19 responderam aos questionários.
2.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA DOS DADOS
Para concretização deste estudo, seguimos os seguintes procedimentos:
a. Contato com a direção e professores da escola, solicitando autorização para
o desenvolvimento do estudo junto à mesma;
b. Convite aos alunos da 6ª série C do ensino fundamental a participarem do
estudo, e encaminhamento aos pais solicitação de autorização por meio de
um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (apêndice 1).
c. Apresentação aos alunos dos objetivos da proposta, bem como diversidade
de atividades e resultados pretendidos;
d. Aplicação do primeiro questionário (apêndice 2).
e. Desenvolvimento das atividades de intervenção.
f. Aplicação do último questionário (apêndice 3).
2.4 INSTRUMENTOS PARA COLETA DOS DADOS
O instrumento para coleta de dados foi composto por dois questionários
elaborados por esta professora PDE, com perguntas abertas e fechadas, que
trataram sobre a concepção de inclusão e aceitação do aluno com DV nas aulas
práticas de Educação Física. O primeiro questionário foi aplicado em agosto de
2011, após a autorização escrita dos pais para participação na pesquisa, e o
segundo após a finalização da intervenção pedagógica, em novembro de 2011.
Ambos os instrumentos foram aplicados durante as aulas de Educação Física pela
própria professora PDE. Os alunos dispuseram do tempo necessário para a
consecução da atividade, uma aula, que se mostrou suficiente. Todas as questões
foram lidas para a turma pela professora, sendo que os alunos não apresentaram
dúvidas.
O primeiro questionário teve por objetivo uma sondagem inicial, para
verificar: se os alunos concordavam com a participação do aluno com deficiência
visual nas aulas práticas de Educação Física, se alguma vez incentivou o colega
com deficiência visual a participar da Educação Física, se concorda ser necessária a
colaboração de todos os outros colegas para ser possível a inclusão do aluno com
deficiência visual, através de jogos e brincadeiras, se os educandos consideram
serem imprescindíveis adaptações para possibilitar a inclusão do adolescente com
deficiência visual, como se sentiam em relação à participação do educando com
deficiência visual nas atividades de Educação Física, e, por último, de que forma
eles consideravam adequada para participação do aluno com deficiência visual.
Já o segundo questionário serviu como instrumento para auxiliar na
avaliação dos resultados da intervenção pedagógica, abordando: se os demais
alunos acreditam ser possível que o educando com deficiência visual participe das
mesmas atividades que eles nas aulas de Educação Física, se eles colaboraram
para que o aluno com deficiência visual se sentisse integrado, como se sentiram ao
brincar com o colega incluso, e de que modo consideravam que o aluno incluso
deveria participar.
2.5 TÉCNICAS DE ANÁLISE DOS DADOS
Os dados coletados através dos dois questionários foram analisados por
meio da análise quantitativa e qualitativa, e foram representados em tabelas, que
são seguidas da discussão dos resultados. Utilizamos, portanto, um modelo misto de
análise dos dados, que segundo Thomas e Nelson (2002), os quais consideram os
resultados segundo os números e a fala dos envolvidos. Os mesmos autores
entendem como método misto aquele em que se mesclam o número e a fala dos
envolvidos, não ficando, portanto, apenas na constatação quantitativa.
3. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
3.1 DESENVOLVIMENTO
A implementação desse estudo se desenvolveu num período de trinta e duas
horas aula. Os planos de aulas foram fundamentados com uma proposta de
Educação Inclusiva, adequando jogos e brincadeiras e utilizando a estratégia da
Tutoria (colega tutor). A estratégia da Tutoria (colega tutor) foi realizada tendo por
base o estudo de Patrícia d’Azevedo Orlando (2007) - Inclusão e a Educação Física:
colega tutor como Estratégia de Ensino.
Foram executados doze planos de aula. Elaborou-se os planos de aula, nos
quais foram escolhidas atividades com jogos e brincadeiras, tendo o objetivo de
favorecer a participação do aluno com deficiência visual junto com os demais alunos,
nas atividades práticas das aulas de Educação Física. Também foi possibilitado aos
demais alunos vivenciar as situações que o colega com deficiência visual enfrenta,
por exemplo, fazendo atividades com olhos vendados.
A execução dos planos de aula seguiu a ordem em que foram construídos e
publicados na unidade didática. Determinou-se que seriam desenvolvidos em uma
aula por semana, porém, a maioria dos planos de aula precisou de duas aulas para
desenvolvimento integral. Quanto às atividades, tiveram boa aceitação, os alunos
participaram efetivamente e interagiram entre si, e quando questionados, afirmaram
terem gostado da maioria delas. Foi também perguntado como se sentiram ao
participar dos jogos e brincadeiras estando vendados, sendo que responderam que
foi difícil, mas com ajuda do colega, foi possível participar. Alguns planos precisaram
sofrer pequenas alterações quanto à forma a ser desenvolvido. Exemplo: havia
planejado uma atividade onde os alunos brincariam de olhos vendados com a
peteca em duplas, porém, não havia petecas com guizo para todos. Sendo assim,
essa atividade não pode ser feita com os olhos vendados, somente a dupla que
estava de posse da peteca com guizo. Os alunos colaboram sendo “colegas
tutores”, na ajuda ao colega com deficiência visual e participando das dinâmicas,
assim foi possível promover Educação Física inclusiva.
3.2 RESULTADOS DO QUESTIONÁRIO INICIAL
Considerando que foram aplicados dois questionários, um inicial, para
diagnóstico e outro final, para avaliar os efeitos da intervenção pedagógica, a fim de
facilitar a apresentação dos dados obtidos, foram elaboradas tabelas para
visualização dos resultados.
Os resultados referentes à primeira questão que diziam respeito à percepção
dos alunos em relação ao colega com deficiência, apresentado na Tabela 1,
demonstram que a percepção inicial dos alunos parece ter sido de cautela, uma vez
que uma parcela significativa dos alunos, (42%) preferiram não se posicionar.
Contudo, a maioria foi favorável (53%), tendo apenas um se posicionado contra a
igualdade de direitos (5%).
Quanto às justificativas, podemos ilustrá-las por grupo, de acordo com a
posição assumida.
Concordo: dos 10 (dez) que assinalaram esta alternativa, 8 (oito) alegam
que as pessoas com deficiência têm o mesmo direito de participar, enquanto dois
lembram a condição de ser humano, “podem participar por serem gente, ser
humano.”
Discordo: o aluno teme que o colega com deficiência se machuque.
Nem concordo, nem discordo: Dois alunos acreditam que dependendo da
atividade, o colega com deficiência pode ou não participar. Mais dois que “tanto faz”,
“pra mim não vai fazer diferença”. Um aluno justificou “mas ele também é aluno.” Daí
se conclui que esse educando na verdade, é favorável à inclusão. Três (3) afirmam
não saber justificar.
No artigo de Silva et al, (2012) intitulado “A atuação dos professores de
Educação Física com alunos deficientes”: As ações dos professores em fazer com
que os alunos com deficiência participassem das aulas de Educação Física é
importantíssimo para eles. Pois nessa aula é o momento na qual os alunos podem e
tem mais contato uns com os outros, fazendo com que aprendam a respeitar as
diferenças.
Opinião Frequência absoluta Frequência relativa
Discordo 01 5%
Nem concordo,
nem discordo
08 42%
Concordo 10 53%
TABELA 1: Opinião dos alunos sobre a participação do aluno com deficiência visual nas atividades práticas durante as aulas de Educação Física.
Para delimitar se algum aluno incentivava o colega com deficiência visual a
participar das atividades práticas, elaboramos a segunda questão. Através dela,
percebemos como, na situação inicial, havia uma falta enorme de incentivo (95%),
consideramos que isso se deu, mais que tudo, por não saberem como ajudar, e
ainda pela falta do hábito.
No questionamento (5%) dos participantes não apresentaram justificativas,
deixando em branco esta questão. O mesmo fez quinze alunos que optaram pelo
não. Quanto aos três restantes que também escolheram o não, dois alegaram que
nunca foram solicitados, e o último que não gosta de ajudar (95%).
Orlando (2007) concluiu que o comportamento de ensino utilizado pelo
colega ajudante foi adequado e possibilitou uma melhor participação da aluna com
deficiência nas aulas regulares de Educação Física. As atividades propostas pelo
professor têm uma ligação direta com a necessidade de auxilio do colega ajudante e
que o colega tutor melhora o desempenho tanto dos alunos especiais quanto dos
outros.
Percepção Frequência absoluta Frequência relativa
Sim 00 0%
Não 18 95%
Ás vezes 01 5%
TABELA 2: Quanto ao incentivo dos alunos auxiliarem a participação do aluno com deficiência visual nas aulas de Educação Física.
A questão três, de certa forma, confirma nossa observação na anterior, uma
vez que 58% são favoráveis à inclusão, não colaborando para que ela se efetive, por
falta de conhecimento e desenvolvimento do hábito.
Leonardo (2009) relata que um estudo acerca da implantação da proposta
em escolas de ensino básico explana que a maioria dos alunos sem deficiência se
mostrou favoráveis à inclusão.
O objetivo do estudo de Leonardo foi verificar como estavam sendo
implantados os projetos de Educação Inclusiva no interior do Paraná. O mesmo
autor concluiu que “as práticas de inclusão escolar apresentam-se de modo restrito
e, conseqüentemente, com poucas condições de realizar um ensino inclusivo de
qualidade, negligenciando, desta forma, os direitos dos alunos com deficiência à
aprendizagem, ao desenvolvimento e à participação efetiva na sociedade.” Segundo
ele, nas quatro escolas pesquisadas, e observou-se ainda que em nenhuma delas,
foram “aplicadas metodologias ou desenvolvidos recursos didático-pedagógicos
adequados às necessidades dos alunos especiais”. Fala ainda do despreparo
profissional e falta de infra-estrutura, tanto nas escolas públicas, quanto nas
particulares.
O estudo de Leonardo, portanto, visou constatar uma situação, enquanto que
este artigo visa oferecer sugestões de como incluir o aluno com deficiência visual
nas atividades práticas de Educação Física, por meio de jogos e brincadeiras.
Percepção Frequência absoluta Frequência relativa
Discordo 04 21%
Nem concordo, nem
discordo
04 21%
Concordo 11 58%
TABELA 3: Quanto à percepção da necessidade de cooperação de todos os colegas para a inclusão do aluno com Deficiência Visual nos jogos e brincadeiras.
Através do quarto questionamento, constatamos a resistência forte de
alguns alunos, 21% discordam diretamente, enquanto 37% preferiram se abstiver de
dar sua posição, e uma maioria, embora modesta, 58%, concordaram. Nesta
pequena concordância, vimos à base para começar o trabalho, com objetivo de que
este posicionamento se difunda.
Acreditamos que a posição inicial indica mais que tudo cautela e falta de
hábito dos colegas de terem o educando com deficiência participando efetivamente
das atividades práticas na aula de Educação Física. Uma parte dos alunos
acreditava que o aluno com deficiência poderia atrapalhar as aulas, que não teria a
capacidade de participar, por isso, houve necessidade de demonstrar para eles, que
todos podem participar, no limite da sua capacidade. Todos os jogos precisaram ser
adaptados, sendo que alguns jogos e brincadeiras adequados tiveram melhor
aceitação pelo grupo de educandos, outros não. Com a prática, foi possível perceber
quais jogos e brincadeiras agradavam ou não. Isso se constituindo num aprendizado
para a professora. Insistindo-nos de melhor aceitação, tentamos fazer uma aula
mais produtiva para todos.
Monteiro e Silva (2010), falam da dificuldade de adaptar atividades físicas, e
esclarece que a participação não é apenas para a pessoa com deficiência se sente
realizada, mas também para “interagir com a sociedade”. Na conclusão do estudo,
explicam que:
“Verificou-se a importância em se adaptar os exercícios para facilitar a inclusão social dos deficientes seja ele físico, mental, auditivo ou visual. Mas para que ocorra a verdadeira inclusão social faz se necessário uma adaptação não apenas nos exercícios como também nas instituições de ensino, nas áreas de lazer como: praças, clubes, etc.; em repartições públicas, meios de transportes, etc., porém, ainda, há muitas barreiras às quais os deficientes físicos deverão percorrer em relação a esse processo de inclusão. Pois sabemos que apesar dos deficientes terem alcançados muitas, conquista no que diz respeito a sua inclusão nas atividades físicas,
sabemos que ainda há muito a se fazer para que os deficientes se sintam realizados e possam usufruir de seus direito como todo e qualquer cidadão”.
Percepção Frequência absoluta Frequência relativa
Discordo 04 21%
Nem concordo,
nem discordo
07 37%
Concordo 08 42%
TABELA 4: Quanto à percepção de adaptações de jogos e brincadeiras para o aluno com Deficiência Visual.
Os dados da tabela a seguir demonstram que os educandos aprovavam
(58%) a participação do aluno na turma. Talvez tivessem dúvidas sobre de que
forma isso se daria.
Tratando da aceitação por parte dos outros alunos, Souza et al. (2012),
relata:
“Percebi através do questionário e de observações que a relação dos alunos “ditos normais” com os alunos inclusos é muito boa graças a conscientização de toda a equipe escolar. A maioria das escolas realiza palestras sobre a importância da aceitação destes alunos inclusos e existe uma boa aprovação dos demais”.
Leonardo (2009) analisa na pesquisa já citada, que a maioria dos alunos tem
sentimentos favoráveis em relação à inclusão. Sendo que, dos alunos que estudam
em salas onde ocorre inclusão, 45% possui sentimento positivo, enquanto 37,5%,
negativo.
Percebemos que com o decorrer do trabalho, os demais colegas
começaram a agir com mais naturalidade com o aluno com deficiência, superando o
preconceito, e notando que ele tinha condições de participar das mesmas atividades.
Analisando os resultados de ambas as pesquisas, verificamos que são
harmônicos neste aspecto, aponta na mesma direção.
Categoria de resposta Frequência absoluta Frequência relativa
Satisfeito 11 58%
Muito satisfeito 03 16%
Insatisfeito 04 21%
Muito insatisfeito 01 5%
TABELA 5 percepção dos demais alunos em relação à participação do aluno com deficiência visual nas aulas de Educação Física.
Os dados expostos na sexta tabela mostram que a maioria dos alunos (42%)
considerou que o aluno incluso deveria participar às vezes junto aos demais
colegas, outras separadamente. O menor percentual ficou com os alunos que
acreditam que o incluso deveria fazer suas atividades junto da turma (26%), entre as
duas tendências, ficou com 32% a opinião de que deveria ser isolado.
Portanto, percebe-se um percentual altamente positivo: (79%)
Categoria de resposta Frequência absoluta Frequência relativa
Junto da turma 05 26%
Isolado 06 32%
Às vezes junto 08 42%
TABELA 6: Quanto à percepção do modo que o aluno com Deficiência Visual deveria participar das aulas de Educação Física.
Quanto à análise das justificativas, elas se dividem assim:
Isolado: “temem que o aluno com deficiência visual “se machuque” e
ajuntam que é necessário ter cuidado.”
Junto da turma: a maioria das justificativas aponta que ele tem direito.
Às vezes junto, outras separado: algumas atividades permitem a
participação do aluno, outras não. Novamente aparece o receio de que o educando
“se machuque”, o que parece indicar que, no imaginário popular, o adolescente com
deficiência ainda está caracterizado pela fragilidade.
Constata-se que alguns alunos estavam insatisfeitos, contudo, com a
intervenção pedagógica, houve uma melhora, e todos participaram efetivamente da
intervenção.
Portanto, é possível elaborar uma aula onde todos participem juntos.
No texto Na Prática, Inclusão é Prática, Francisco Lima afirma que:
Hoje, com a Inclusão Social, assume-se que a sociedade deve e é capaz de transformar-se para receber o indivíduo com deficiência e viabilizar a convivência de pessoas com deficiência ou não, em conjunto, participando ativamente de todo tipo de atividades (inclusive as laborais), nos locais em que elas se derem, sem prejuízo de seus direitos de cidadão e sem paternalismos (LIMA et al. 2004, p.07-08)
3.3 RESULTADOS QUESTIONÁRIO APÓS A INTERVENÇÃO
O segundo questionário foi aplicado durante uma aula de Educação Física,
cada aluno respondeu uma cópia impressa e nenhum apresentou dificuldades em
respondê-lo. O aluno com deficiência visual teve ajuda para responder. Foram lidas
as perguntas para ele, e escritas as suas respostas.
Depois das atividades promovidas na intervenção pedagógica, conforme
programado, foi realizada a avaliação das mudanças de concepção, e como
consequências atitudinais promovidas: constatou-se: quais mudanças ocorreram?
Que efeitos produziram nos alunos a participação na aplicação do projeto?
Analisar as questões no término da intervenção da proposta pedagógica
permitiu a constatação de mudanças promovidas. É o que se pode comprovar com
as tabelas a seguir.
Na questão sete, foi analisada a opinião do aluno após participar dos jogos
e brincadeiras, em condição igual ao do colega com deficiência, sobre a participação
dele nas mesmas atividades.
Dos que responderam não, dois (10%) justificaram “porque não”, sendo que,
a rigor, não se pode considerar isso como uma justificativa, uma vez que ela é vazia
de motivo. Os outros se dividiram em: “por complicar”, “pode se machucar” e “gosto
de jogar futebol, e ele não pode junto. Talvez o “porque não” signifique uma recusa
do pesquisado em dialogar, ou mesmo em refletir.
Para a resposta às vezes, as explicações foram: três colegas justificaram:
tem coisas que ele sabe fazer e outras não (16%), um (5%) deixou em branco, outro
(5%) tem medo que ele se machuque e o último (5%) refere ser ruim jogar com um
deficiente. Observamos nessas idéias, que só um dos alunos tem uma relação
negativa com o colega com deficiência, acreditando que ele atrapalha os jogos, pode
ser que não aprecie as especificidades, as adaptações que se fazem presentes e
necessárias quando se inclui.
Entre os que escolheram sim, seis (32%) afirmaram que é direito e que o
aluno é um ser humano.
Os 2 (dois) demais (10%), responderam, respectivamente: “pois se todos
ajudarem, ele pode participar”, e “a pessoa com deficiência quer fazer aula
conosco”. Constatamos aí um impacto bastante positivo do projeto desenvolvido:
muitos alunos escrevendo explicitamente que os direitos dos educandos com
deficiência também precisam ser garantidos, e que para isso se efetivar, todos
devem auxiliar.
Rocha (2012) comenta que:
“Vivemos em uma sociedade que se mostra ser extremamente separatista e preconceituosa em relação a várias vertentes do cotidiano. Esse preconceito de incluir o deficiente não só na educação física escolar, mas também na sociedade é somente mais um entre os diversos em que estamos expostos. Principalmente, nossas crianças que ainda não tem uma personalidade formada, são as que mais são prejudicadas no seu desenvolvimento humano. Estas mesmas crianças aprendem e reproduzem como devem desempenhar os papéis que lhe são atribuídos e, conseqüentemente, suas atitudes. Elas demonstram como são influenciados pelos pais, professores e pela sociedade, criando esses estereótipos que vem sendo reproduzidos pela maioria.
Resposta Frequência absoluta Frequência relativa
Sim 08 42%
Não 05 26%
Ás vezes 06 32%
TABELA 7: Opinião dos alunos, após os jogos e brincadeiras, em condição igual ao do colega com deficiência, sobre ele participar das mesmas atividades.
Quanto à participação no incentivo e ajuda ao colega com deficiência, os
que optaram por não, um (5%) disse que foi “para não atrapalhar a concentração do
colega” com deficiência, outro (5%) alegou que “não cuida nem de si, imagina se ia
cuidar de outra pessoa”, dois (10%) que “não sabiam auxiliar” e um (5%)
simplesmente” por não ter ajudado”. Portanto, posições bastante divergentes.
Às vezes foi escolhido por quatro alunos (21%), dois (10%) afirmou que
“guiaram o colega”, o outro (5%) não quis explicar, e o seguinte (5%) alegou” faltar
experiência”.
A alternativa sim teve a justificativa por parte de oito alunos (42%) que
afirmaram “ser direito do educando e que todos ajudaram”. Outro (5%) justificou que
“foi muito legal”, e o último (5%) não respondeu. Ao analisar esses dados, se
percebe que houve uma perceptível melhora na aceitação do aluno com deficiência
pelos outros, que demonstram vontade de ajudar, de superar os preconceitos!
Constata-se que (74%) foi favorável a ele participar dos jogos e brincadeiras.
Através das experiências proporcionadas na intervenção pedagógica, ficou claro
para os demais alunos, a capacidade do aluno com DV interagir e participar. A
conscientização dos demais alunos foi ampliada.
Participação Frequência absoluta Frequência relativa
Sim 10 53%
Não 05 26%
Ás vezes 04 21%
TABELA 8: Participação no incentivo e ajuda ao colega com deficiência.
A tabela nove analisou a percepção da turma sobre a necessidade de
cooperar. Nota-se que a maioria (74%) sente necessidade de cooperar para inclusão
do educando com necessidades especiais, enquanto que alguns acreditam que ela
se dará sem que precisem ajudar. Parece certa acomodação, ou até mesmo falta de
hábito, uma atitude ainda não desenvolvida, aprendida.
Necessidade Frequência absoluta Freqüência relativa
Sim 14 74%
Não 05 26%
TABELA 9: Quanto à necessidade de cooperação da turma para a inclusão do aluno.
Em relação ao sentimento ao brincar com o aluno com deficiência, constata-
se que após certo desconforto ou desconhecimento inicial, certa resistência, o
sentimento ao participar da atividade lúdica com o colega aluno com deficiência
visual foi agradável, (69%) se sentiram bem. É ótimo, pois comprova que a inclusão
não é direito apenas do aluno com deficiência, mas traz também benefícios para os
ditos “normais”. Assim, o aluno melhora seu conceito, conforme especifica Diehl
(2006):
Para que o aluno com deficiência tenha um auto-conceito positivo, deverá
sentir-se pertencente ao grupo, não apenas fazendo parte dele. Ele terá que ser
valorizado e reconhecido pelos colegas, professores e por si próprio como sendo um
sujeito integrante do grupo, aceitando as regras, assim como o grupo precisa aceitar
as limitações de cada colega e do conjunto.
Foi interessante, pois os alunos tiveram a oportunidade durante a
intervenção de se posicionarem, e apenas 2 (dois) sentiram-se constrangidos.
Sensação Frequência absoluta Frequência relativa
Bem 13 69%
Constrangido 02 10%
Indiferente 04 21%
TABELA 10: Sentimento ao brincar com o aluno com deficiência.
Dividiram-se as opiniões sobre a forma de participação do aluno com
deficiência.
Organizamos as justificativas por grupos, de acordo com a alternativa
escolhida.
Separado: o aluno com deficiência atrapalha, é esquisito.
Às vezes: por haver atividades das quais o aluno consegue participar e
outras não.
Junto: pois todos têm os mesmos direitos e ele também é aluno.
Percebe-se aqui que ficaram contempladas várias posições diferentes, e que
cada grupo soube justificar sua opinião de forma não contraditória. Nota-se também,
que o projeto desenvolvido, alcançou bons resultados, pois (42%) mostraram-se
favorável a que o deficiente visual fizesse as atividades junto com o grupo, ficou
demonstrada, através das práticas desenvolvidas, que é possível, e mesmo
desejável uma aula inclusiva, mais que isso, uma atitude inclusiva por parte da
comunidade escolar.
Observando os dados da tabela onze, e tabela 6 (seis) há um crescimento
da aceitação do educando com DV, que se deveu a todas as atividades da
intervenção pedagógica.
Ainda quanto à discriminação ou aceitação do aluno com deficiência, e sua
superação, FÁVERO et al. (2009), salienta que:
“Embora as matrículas estejam aumentando na rede de ensino, as condições educacionais mantêm-se desiguais para os estudantes com deficiência terem sucesso escolar. Entre as razões para esta desigualdade, muitas estão diretamente relacionadas à discriminação vivida por eles durante a sua escolarização. Em outras palavras, o direito de “não ser discriminado” e de ter acesso aos recursos e aos apoios de que necessitam para estudar em condições de igualdade ainda permanecem a marca predominante da sua vida escolar, e é por isso que se torna urgente a promoção da aquisição de conhecimentos relevantes na área de direitos humanos por parte de educadores(as) e comunidades escolares”.
Opinião Frequência absoluta Frequência relativa
Junto 08 42%
Separado 04 21%
Ás vezes 07 37%
TABELA 11: Opinião sobre a forma de participação do aluno com deficiência.
Francisco Lima, sobre a questão levantada, esclarece no seu blog “Ler para ver”,
que:
O Professor de educação física deve lembrar-se de que: • os alunos com deficiência visual deverão ter a oportunidade de participar de todas as atividades propostas para a classe; • quando uma atividade requerer a visão e não puder ser adaptada ou substituída por outra, dever-se-á propiciar com que o aluno participe dessa atividade junto com seu colega, ou colegas;
Portanto, algumas vezes se fará necessário que exista a colaboração de algum
colega para oportunizar a participação do estudante com deficiência.
Marques (2010), em interessante trabalho de conclusão de curso, levantou que:
(...) os (AV) destacam que gostam de participar das aulas com o (DV) e interagem com os mesmos no sentido de auxiliá-los. Por fim, os (AV) citam que a melhor maneira do aluno (DV) realizar as aulas de Educação Física é participando de atividades em duplas com os colegas videntes. Isso
demonstra que o (AV) reconhece a importância da interação para todos, pois possibilita a ambos adquirirem conhecimentos, tanto o (DV) que se sente mais motivado para a aprendizagem, quanto o (AV), que participa ativamente do processo de inclusão, favorecendo assim o relacionamento dos alunos.
Na citação acima, AV são os alunos videntes, e DV alunos com deficiência
visual.
Consideramos que deve ser priorizado que o educando com deficiência faça
as atividades junto com os colegas. Mesmo que se façam necessárias adaptações,
estratégias pedagógicas diferenciadas.
3.4 CHECAGEM DE RESULTADOS ENTRE O PRIMEIRO E O SEGUNDO QUESTIONÁRIO.
GRÁFICO 1: Quanto ao incentivo dos alunos auxiliarem a participação do aluno com deficiência visual nas aulas de Educação Física.
Comparando os resultados do questionário 1 (um) e o aplicado após
intervenção, conforme demonstrado no Gráfico 1 (um), verifica-se que o incentivo
frequente ao colega com deficiência visual subiu de (0%) para (53%), às vezes
saltou de (5%) para (21%), e a opção não caiu de (95%) para (26%).
Inicial
Após intervenção
A oportunidade que os alunos tiveram em ser “colega tutore” foi muito
significativa pode-se observar no gráfico acima e constatado na prática durante a
intervenção tanto é que todos se prontificavam a ajudar, alguns mais, outros menos.
GRÁFICO 2: Quanto à necessidade de cooperação de todos os colegas para a inclusão do aluno com Deficiência Visual nos jogos e brincadeiras.
Ao tratar da necessidade de cooperação de toda a turma para inclusão do
aluno com deficiência, Gráfico 2 (dois), no questionamento inicial, (21%)
concordavam com a participação do aluno, (21%) não concordava nem discordava,
e (58%) concordavam. Houve uma melhora significativa após intervenção,
mostrando que (74%) dos alunos conscientizaram-se da importância de cooperar,
restando apenas (26%) que não alterou a postura inicial, optando por discordar.
GRÁFICO 3: Quanto a percepção dos demais alunos em relação à participação do aluno com
deficiência visual nas aulas de Educação Física.
Concordo
Discordo
Inicial Após intervenção
Ao analisar o sentimento dos alunos em relação à participação do deficiente
visual, no questionamento inicial apresentou que (58%) se sentiam satisfeitos com a
participação do colega com deficiência, (16%) muito satisfeitos, (21%) insatisfeitos e
(5%) muito insatisfeitos, após a intervenção, (69%) dos alunos passaram a se sentir
bem, (10%) constrangidos e (21%) permaneceu indiferente a participação do aluno
com deficiência.
GRÁFICO 4: Quanto à percepção do modo que o aluno com Deficiência Visual deveria participar das aulas de Educação Física.
Sobre a opinião do aluno com deficiência participar das aulas de Educação
Física as respostas, apresentadas no gráfico de número 3 (três), foram inicialmente,
que o aluno com DV deveria participar separado da turma com (32%) das respostas
esse índice caiu para (21%) após a intervenção. Às vezes junto, outras isolado que
inicialmente apresentou percentual de (42%), após a intervenção caiu para (37%). E
o crescimento se deu na alternativa de participar junto que evoluiu de (26%) para
(42%).
Visto a grande participação dos educandos nos jogos e brincadeiras,
durante a intervenção, justifica-se o posicionamento frente a essa concepção
entendendo que o colega com deficiência visual pode fazer as mesmas atividades
junto dos demais promovendo Educação Inclusiva.
Foi possível constatar que os resultados obtidos são bastante positivos, fruto
da intervenção, mas o trabalho pedagógico precisa ter continuidade, não se pode
parar por aí, sob pena de a situação voltar à estaca inicial, ou então, parar de
progredir.
Inicial
Após intervenção
Todavia, a mudança de postura não foi apenas dos discentes, a professora
PDE também pode experimentar mudanças importantes, vivenciar na prática a teoria
estudada.
Podem-se avaliar os resultados como altamente positivos, e a proposta
didática, uma vez executada, trouxe mais segurança e firmeza na consecução de
outras atividades inclusivas nas aulas de Educação Física.
Quanto ao GTR, a experiência foi bastante enriquecedora para ambas as
partes. Na interação, além da passagem e discussão da proposta, houve a troca, o
compartilhamento de estratégias, recursos que promoveram a inclusão.
Ocorreu uma ótima participação dos cursistas, que além de contribuir,
fizeram avaliações ótimas. Um dos professores participantes do GTR sugeriu que,
com a peteca de guizo, fosse criada uma modalidade paraolímpica. Tanto foi bem o
GTR, que, de todos os inscritos, apenas um não concluiu as atividades propostas.
5. CONCLUSÃO
Constatou-se, através do estudo desenvolvido, e da análise dos dados
levantados, que é possível incluírem o educando com deficiência visual nas
atividades práticas das aulas de Educação Física por meio do conteúdo jogos e
brincadeiras, nas séries finais do ensino fundamental.
A utilização do conteúdo jogos e brincadeiras se mostrou eficaz para
promover a inclusão, pois possibilitou um leque de alternativas que podem ser
adequadas a cada situação e características da turma
Sendo esse o questionamento norteador da pesquisa, foram atingidos
simultaneamente outros objetivos, inclusive uma maior socialização entre os
educandos, uma mudança atitudinal importante, saindo do estranhamento ou
indiferença inicial e chegando a um acolhimento. É desejável tal atitude, pois a
educação abrange também solidariedade, respeito pelo outro ser humano, aceitação
ou pelo menos tolerância com as diferenças, e tudo mais que possa contribuir com a
formação da cidadania. Pois as mudanças sociais não se darão gratuitamente,
precisam ser construídas!
Inicialmente, esbarrou-se em algumas dificuldades:
Por falta de material adaptado, houve necessidade de improvisar, criar
e/ou confeccionar material adequado;
Atitude inicial de alguns alunos de resistência, acomodados, não
apresentando vontade de participar de atividades diferenciadas, das
quais o educando com deficiência visual pode participar;
Visão equivocada de que o aluno com deficiência visual fosse
extremamente frágil, impossibilitado de participar junto com a turma;
Desenvolvendo os jogos e brincadeiras e, ao mesmo tempo, discutindo e
tentando desfazer a imagem que os demais tinham construído do colega com
deficiência, não restou obstáculo ao desenvolvimento da proposta pedagógica.
Revelou-se como diferencial, o auxílio do colega-tutor, sendo que todos os
educandos passaram por esta experiência, que veio a enriquecer tanto ao educando
com deficiência, quanto ao tutor. A tutoria se mostrou um recurso importante na
superação das dificuldades nas atividades práticas, e também na integração dos
alunos, e desenvolvimento do respeito e valorização mútuos.
Uma das definidoras da limitação do trabalho desenvolvido foi o tempo, se
houvesse um prazo mais amplo, se poderia ter feito mais práticas pedagógicas
diferenciadas, replanejamento e execução de maior número de ações.
Considera-se que este trabalho é uma tentativa, um início, nunca sendo
taxativo ou exaurindo todas as possibilidades. Desta forma, se espera que outros
possam procurar apontar opções para incentivar, promover a educação inclusiva nas
atividades práticas nas aulas de Educação Física.
REFERÊNCIAS
DIEHL, R. M. Jogando com as diferenças: Jogos para criança e jovens com deficiência. São Paulo: Phorte, 2008.
FALKENBACH, A. P; BATTISTELLI, G. E. D. Inclusão e necessidades especiais na produção de conhecimento na educação física. Revista
Temas sobre Desenvolvimento. São Paulo, v. 15, n. 8788, p. 5155, jul./out., 2006.
FÁVERO, O.; FERREIRA, W.; IRELAND, T.; BARREIROS, D. (Orgs.). Entendendo a discriminação contra estudantes com deficiência na escola. Brasília: UNESCO, 2009. Disponível em: http://unesdoc.unesco.org/images/0018/001846/184683por.pdf. Acessado em 25/6/2012.
FREITAS, S. N. A. Formação de professores na educação inclusiva: construindo a base de todo o processo. In RODRIGUES, D. Inclusão e educação: doze olhares sobre a educação inclusiva. São Paulo: Summus, 2006. p. 161182.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos de metodologia científica. 3.ed. rev. ampl. São Paulo: Atlas, 1991.
LEONARDO, N. S. T. Inclusão escolar: um estudo acerca da implantação da
proposta em escolas de ensino básico. Rev. bras. educ. espec. vol.15 n.2 Marília.
Maio/Agosto, 2009. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-65382009000200008&script=sci_arttext,
acessado aos 30 dias de maio de 2012.
LIMA, F. Áudio-descrição: Opinião, Crítica e Comentários - blog de Francisco Lima. Na Prática, Inclusão é Prática. Disponível em: http://www.lerparaver.com/lpv/pratica-inclusao-pratica. Acessado aos 25/06/2012
LIMA, F. Áudio-descrição: Opinião, Crítica e Comentários - blog de Francisco Lima Dicas aos Professores de Alunos com Deficiência Visual Disponível em http://www.lerparaver.com/dicas_professores, acessado aos 06/07/2012 MARQUES, V. B. A Interação entre Alunos Videntes e Deficientes Visuais nas Aulas de Educação Física. 2010. 50 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso
(Graduação em Educação Física - Licenciatura) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2010. Disponível em http://www.uel.br/cef/demh/graduacao/arquivosdownload/tcc2011/antigos_tcc_ef_licenciatura/Valter_Marques_LEF100_2010.pdf, acessado em 06/07/2012
MONTEIRO, J. A; SILVA, M. S. A importância da atividade física para os deficientes físicos. EFDespotes.com, Revista Digital. Buenos Aires. Ano 15, n.148, setembro 2010. Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd148/atividade-fisica-para-os-deficientes-fisicos.htm. Acessado em 22/06/2012.
ORLANDO, P. A. A Inclusão e a Educação Física: Colega Tutor como Estratégia de Ensino. Bauru-SP: 2007. 57p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação), Universidade Estadual Paulista, Campus Universitário de Bauru Faculdade de Ciências, Departamento de Educação Física, Bauru SP, 2007. Disponível em: http://www.fc.unesp.br/upload/monografia%20Patricia.PDF. Acessado em: abril, 2012.
ROCHA, E. S. Inclusão Aluno Deficiente Visual na Educação Física Escolar.
Monografia. Universidade Augisto Motta-Unisuam. Disponível em http://www.pedagogiaaopedaletra.com/posts/monografia-inclusao-aluno-deficiente-visual-na-educacao-fisica-escolar/ acessado em abril de 2012.
SILVA, Q; ROSA, M. V. A atuação dos professores de educação física com alunos deficientes. Disponível em: http://www.olharcientifico.kinghost.net/index.php/olhar/article/viewFile/22/42, acessado em 20/06/2012.
SOUZA, N. R. de; CABELEIRA, D. D; FREITAS, J. L. Análise do Atendimento aos Alunos Portadores de Necessidades Especiais em Escolas da Rede Pública Munipal de Ensino da Cidade de Cachoeira do Sul, RS. Revista Digital EFDesportes.com.
Buenos Aires, ano 15, nº 166, Março de 2012. Disponível em: www.efdeportes.com/efd166/atendimento-aos-alunos-de-necessidades-especiais.htm. Acessado em 9 de abril de 2012.
THOMAS, J. R.; NELSON, J. K. Métodos de pesquisa em atividade física. Porto Alegre: Artmed, 2002.
APÊNDICE 1
COL. EST. MAL. HUMBERTO DE ALENCAR CASTELO ENS. FUNDAMENTAL E
MÉDIO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Eu, professora Iria Gelain, participante do Programa de Desenvolvimento
Educacional, PDE 2010, do Governo do Estado do Paraná, venho por meio deste
solicitar autorização para que seu filho ou filha_____________________________
_________________________________________ possa participar do trabalho que
estarei desenvolvendo sobre inclusão de alunos com deficiência visual nas aulas de
Educação Física.
No primeiro momento, irão responder um questionário. No segundo
momento, participarão de jogos e brincadeiras durante as aulas de Educação Física
auxiliando, guiando e colaborando com o colega com deficiência visual. No terceiro
momento irão responder a outro questionário para verificar possíveis mudanças de
comportamento e de concepção em relação ao colega com deficiência visual
participar das atividades.
________________________________________
Assinatura dos pais ou responsável
APÊNDICE 2
QUESTIONÁRIO PARA OS ALUNOS DA 6ª SÉRIE C
1) Partindo do princípio da igualdade de direitos, você concorda que alunos com
deficiência visual participem das atividades nas aulas de Educação Física?
( ) Discordo
( ) Nem concordo nem discordo
( ) Concordo
Justifique sua resposta: _______________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
2) Você alguma vez incentivou e/ou ajudou seu colega com deficiência visual a
participar de jogos e brincadeiras nas aulas de Educação Física?
( ) sim ( ) não ( ) as vezes
Caso sua resposta for afirmativa,
Justifique?___________________________________________________________
___________________________________________________________________
3) Concorda que é necessário a cooperação de todos os colegas para ser possível
desenvolver jogos e brincadeiras de maneira que o colega com deficiência visual
participe?
( ) concordo
( ) nem concordo nem discordo
( ) discordo
4) Concorda que os jogos e brincadeiras precisam sofrer algumas
alterações/adaptações para que o colega com deficiência visual também participe?
( ) concordo
( ) nem concordo nem discordo
( ) discordo
5) Como você se sente em relação ao colega com deficiência visual participando das
atividades de Educação Física?
insatisfeito( ) Insatisfeito( ) Satisfeito( ) Muito satisfeito( )
6) Na sua opinião, o aluno com deficiência visual deve participar das aulas de
Educação Física de que modo?
( ) Junto da turma fazendo as mesmas atividades
( ) Isolado fazendo atividades diferentes somente para ele
( ) As vezes junto e/ou as vezes isolado.
Justifique sua resposta ________________________________________________
___________________________________________________________________
APÊNDICE 3
QUESTIONÁRIO PARA OS ALUNOS DA 6ª SÉRIE C
1) Quanto à forma em que as atividades jogos e brincadeiras foram desenvolvidas
fazendo com que você participasse na mesma condição do aluno com deficiência,
ou seja, de olhos vendados, você continua com a mesma opinião de antes a respeito
da inclusão desse aluno?
a) ( ) sim b) ( ) não
Justifique sua resposta:---------------------------------------------------------------------------------
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------
2) Durante o desenvolvimento das aulas do projeto você incentivou e ajudou seu
colega com deficiência visual fazendo com que ele se sentisse integrado às
atividades?
a) ( ) sim b) ( ) não c) ( ) às vezes
3) Depois da experiência de ser colega tutor e brincar de olhos vendados, você
concorda que precisa da ajuda e cooperação da turma para possibilitar a
participação de alunos com deficiência?
a) ( ) sim b) ( ) não
4) Durante a experiência de ser colega tutor e ter brincado junto com o colega com
deficiência visual como você se sentiu?
a) ( ) normal
b) ( ) constrangido
c) ( ) indiferente
5) Após fazer as atividades junto ao colega com deficiente visual qual sua opinião
em relação ao modo como este deve participar?
a) ( ) junto dos demais colegas fazendo as mesmas atividades.
b) ( ) separado fazendo outras atividades.
c) ( ) as vezes junto as vezes separado.
Justifique sua resposta: ---------------------------------------------------------------------------------
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------