issn 0101-9147 publicação do centro de pesquisa

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ISSN0101-9147 Publicação do Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Semi-Árido (CPA TSA) A Tamareira ou "Arvore Sagrada da Vida" está pro- vando que tem muito mais vida no Nordeste brasileiro. Enquanto nos países de ori- gem - África e Argélitt - só produz depois de 8 anos, no Nordeste do Brasil os plan- tios de tâmara estão dando frutos com 2 anos. pág. 5 o. CPATSA acaba de adaptar uma máquina pró- pria para confeccionar ba- lancim. Balancins são os dis- tanciadores, usados com fre- . qüência nas cercas, para pre- servar os r.ecursos florestais das propriedades e fortale- cer as cercas contra as inves- ti das dos animais. Na pág. 12 .você vai conhecer os de- talhes de como montar a má- quina e como fazer o balan- cimo É verdade que semente de qualidade, dispo- nível no mercado, sempre foi um problema sé- rio para os grandes e pequenos agricultores do Bra- sil, especialmente do Nordeste. E verdade também que, aqui, acolá, sempre houve tentativas de se furar esse bloqueio. Desta vez os pequenos agri- cultores de Ouricuri (sertão pernambucano, pro- dutor de sorgo) partem na frente. Eles querem re- solver um problema que os "grandes" ainda não conseguiram. E para isso contam com a orienta- ção e apoio da pesquisa agropecuária no Nordeste (CPATSA, SPSB, IPA) e do serviço de extensão rural. MobIlizados pela Cooperativa Agropecuária de Ouricuri, eles estão fundando a quinta Unida- de de Produção e Beneficiamento de Semente, de Pernambuco. O JORNAL DO SEMI-ÁRIDO foi até o município e viu como anda a experiência. 50b O Calor do 501: Possas de Uva Quem imaginaria que o Nordeste viesse um dia a produzir passas de uva! E sabem de que forma? Simplesmente aproveitando o calor do intenso sol de mais de 30 graus que ilumina o Projeto Mandaca- ru, em Juazeiro (BA), onde funciona o Campo Experimental da . EMBRAPA. É lá onde pesquisadores do CPATSA mostram como se faz passas de uva no Nordeste, usando o processo de secagem natural, gastando-se muito menos. É tudo muito simples. Basta que você acompanhe a reportagem desta edição e, se ficar interessado em obter mais informações sobre o assunto, é só procurar o CPATSA. I~";!~ ~~.-, ~~~~~-=-.'E\~ ~ ~'

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ISSN0101-9147

Publicação do Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Semi-Árido (CPA TSA)

A Tamareira ou "ArvoreSagrada da Vida" está pro-vando que tem muito maisvida no Nordeste brasileiro.Enquanto nos países de ori-gem - África e Argélitt - sóproduz depois de 8 anos, noNordeste do Brasil os plan-tios de tâmara estão dandofrutos com 2 anos. pág. 5

o. CPATSA acaba deadaptar uma máquina pró-pria para confeccionar ba-lancim. Balancins são os dis-tanciadores, usados com fre-

. qüência nas cercas, para pre-servar os r.ecursos florestaisdas propriedades e fortale-cer as cercas contra as inves-tidas dos animais. Na pág.12 .você vai conhecer os de-talhes de como montar a má-quina e como fazer o balan-cimo

É verdade que semente de qualidade, dispo-nível no mercado, sempre foi um problema sé-rio para osgrandes e pequenos agricultores do Bra-sil, especialmente do Nordeste. E verdade tambémque, aqui, acolá, sempre houve tentativas de sefurar esse bloqueio. Desta vez os pequenos agri-cultores de Ouricuri (sertão pernambucano, pro-dutor de sorgo) partem na frente. Eles querem re-solver um problema que os "grandes" ainda nãoconseguiram. E para isso contam com a orienta-ção e apoio da pesquisa agropecuária no Nordeste(CPATSA, SPSB, IPA) e do serviço de extensãorural. MobIlizados pela Cooperativa Agropecuáriade Ouricuri, eles estão fundando a quinta Unida-de de Produção e Beneficiamento de Semente, dePernambuco. O JORNAL DO SEMI-ÁRIDO foiaté o município e viu como anda a experiência.

50b O Calor do 501: Possas de Uva

Quem imaginaria que o Nordeste viesse um dia a produzir passasde uva! E sabem de que forma? Simplesmente aproveitando o calordo intenso sol de mais de 30 graus que ilumina o Projeto Mandaca-ru, em Juazeiro (BA), onde funciona o Campo Experimental da

. EMBRAPA. É lá onde pesquisadores do CPATSA mostram como sefaz passas de uva no Nordeste, usando o processo de secagem natural,gastando-se muito menos. É tudo muito simples. Basta que vocêacompanhe a reportagem desta edição e, se ficar interessado emobter mais informações sobre o assunto, é só procurar o CPATSA.

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EditorialEm outubro de 1981 circulava, pe-

1qprimeira vez, o JORNAL DO SEM/-ARIDO. Nascia com uma tiragem peque-na, é verdade (3 mil exemplares), masvinha com propósito forte: colocar osresultados da pesquisa agropecuária de-senvolvida na região, em linguagem sim-ples e de fácil entendimento, levando-os para o grande público. Não foi fácil.Afinal, o Jornal se propunha a trabalharpara um público heterogêneo: institui-ções de ensino/pesquisa/desenvolvimen-to/extensão, órgãos de c/asse, comuni-dade urbana e chegar prlhcipalmente aum leitor extremamente importante -O HOMEM DO CAMPO.

Bem, criar um jornal até que é fá-cil. Dificil é mantê-lo vivo por muitotempo, cultivá-/o dentro dos seus ideaisoriginários e adquirir, acima de tudo, orespeito e a confiança do público. Luta-mos muito em cima desses pontos atéque começamos a receber centenas deCilrtas,ora elogiando nosso trabalho, orasugerindo matérias, às vezes fazendo crí-ticas e co"eções e, a maioria delas, paraorgulho nosso, pedindo assinaturas. Au-mentamos progressivamente nossa tira-gem. Pulamos dos 3 mil para 5 mil exem-plares; em seguida para 10 mil e agora,quatro anos depois, o JORNAL DO SE-M/-AR/DO passa a circular, a partir des-te número, com 15 mil exemplares.

Tudo isso só foi possível graças aduas pessoas: o pesquisador que, em-penhado na sua luta diária, busca cada

vez mais estudaras relaçõesplanta/solo/água/animal/homem e meio ambiente,visando criar e/ou adaptar tecnologias,métodos de pesquisa e sistemas de pro-dução adequados ao trópico semi-ári-do -, e você leitor, que sempre esteveconosco nesta caminhada. Ao chegar-mos até aqui não nos damos satisfeitose nem pretendemos estacionar. Pelocontrário. Há uma nova meta a atingir.Pretendemos ampliar nossa coberturajorna/istica nessa área, mostrando tam-bém o trabalho de outras instituições,empresas ou Centros de pesquisa agro-pecuária que atuam na regiãonordeste.E mais uma vez precisamos contar como seu apoio, leitor. Seja sugerindoassun-tos, pedindo informações técnicas, fa-zendo críticas ou solicitando assinatu-ra. O nosso endereço é: EMBRAPA-CPATSA, CaixaPostal 23 - Petrolina-PE - CEPo 56.300.

Quem visitou o CPATSAno últimomês de julho foi o Presidente do Conse-lho Nacional de Pesquisa (CNPq), Ro-berto Santos. Recebido pelos Diretoresda EMBRAPAAli Aldersi, Derli Chavese pelo Chefe do Centro, Renival Alves,Roberto Santos tomou conhecimentodos projetos de pesquisa que o CPATSAexecuta, viu no campo as tecnologiasde-senvolvidas pelo Centro, trocou idéiascom pesquisadores e ouviu sugestõesnosentido de que seja defmida uma políti-ca científica brasileira para geração detecnologia, na qual esteja garantida aprodução industrial das tecnologiasgera-das pela pesquisa.

Atualmente o CPATSA colaboracôm o CNPq recebendo bolsistas gradua-dos para estagiar em seus programas depesquisa. Durante a visita, Roberto San-tos propôs ao Chefe do Centro a cria-ção de um programa de cooperação téc-nico-científica entre os dois órgãos, oque foi aceito, de imediato, por RenivalAlvesde Souza.

Sr. Editor:Em nossa programação mantemos um

noticioso de dez minutos, que vai ao ar àsterças, quintas e sábados, sob o título IN-FORMATIVO RURAL. Como o JORNALDO SEMI-ÁRIDO traz matérias que podemser inseridas no Programa, gostaríamos deter autorização para diyulgá-las.

Rômulo Uchôa CavalcanteDiretor de Programação daRádio Difusora de Alagoas

N.R. Rômulo, não só autorizamos a divul-gação de nossas matérias como allfade-

.c~mos o espaço da rádio de vocês. Sófazemos uma exigência: que seja citadaa fonte.

Sr. Editor:Recebi o nO 13 do JORNAL DO SEMI-

ÁRIDO e -fiquei surpreso ao ver a foto deuma cisterna, na pág. 6, identificada comosendo de Sergipe. A referida cisterna é umaadaptação do modelo CPATSA e fica napropriedade de João André Pereira, municí-pio de Lajedo, em Pernambuco. Como sabe-mos que houve equívoco em relação à legen-da da foto, gostaria que fosse feita uma refe-rência ao assunto. _

Rafael Pereira LimaCoora. Regional da EMATERem Garanhuns -PE

N.R. Recebemos sua carta, cujo teor acimafaz a retificação. Pedimos desculpas pe-la nossa falha, involuntária. Estamossatisfeitos em tê-Io entre nossos leitorese agradecemos a preciosa colaboração.

Sr. Editor:Dirigimo-nos a V. Sa. para manifestar

nosso interesse em receber o JORNAL DOSEMI-ÁRIDO. Esta publicação é de interessepara o Núcleo Setorial de Informações emMaquinaria Agrícola - NSI/MA, ora em im-plantação junto à Fundação de Ciência eTecnologia (CIENTEC) eco-participaçãodo Instituto de Pesquisa Tecnologica de SãoPaulo.

Kristine Victoria DillanCoord. do Núcleo de Informaçõesem Máquina AgrícolaCIENTEC - Porto Alegre

Sr. Editor:No atual estágio de desenv9lvimento

da agropecuária do Trópico Semi-Arido nãoexistem mais vagas para a improvisação e oamadorismo. Somente através de um traba-lho sério na área de pesquisa e de sua divul-gação e de trabalhos práticos e objetivos,através da assistência tecnica e extensão ru-ral, poderemos nos tornar capazes de venceros desafios das diferenças regi.onais. Nesteaspecto o JORNAL DO SEMI-ARIDO mos-tra as alternativas.

José Fernando de Souza PazEMATER-PE

Sr. Editor:~ com grande satisfaçãoque parabeni-

ZOo{)por tão instrutivo periódico e pela ex-celente qualidade editorial. Como procuroatualizar-me através da leitura de bons perió-dicos, aproveito para solicitar a inclusão domeu nome como assinante.

João José da Costa NetoConceição das Alagoas-MG

N.R. Instituições, Empresas ou pessoas inte-ressadas em receber o JORNAL DOSEMI-ÁRIDO devem solicitar sua assi-natura à nossa redação. O nosso ende-reço é:JORNAL DO SEMI-ÁRIDOEMBRAPA-CP ATSACX. Postal 23Petrolina - PE - 56.300

(S)MINISTtRIODAAGRICULTURA.MA

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISAAGROPECuARIA. EMBRAPÀe) CENTRO DE PESQUISA AGROPECUÁRIA.DOTROPICOSEMI.ÁRIDO CPATSA

'. ..QJ()rnalejoroD o aOO)0CENTRO DE PESQUISA AGROPECUÃRlA .

00 TRÓPICO SEMI-ÃRlDO

ChefeRenival Alves de Souza

Chefe Adjunto TécnicoRobcrto Apolinário Saraiva

Chefe Adjunto de ApoioPedro Maia e Silva

JORNAL DO SEMI-ÃRIDO

EDITORASirleide Pereira

Reg. 232 Mtb/RN

COLABORAÇÃOElisabet G. Moreira

Pedro GamaFrancisco Zuza

Tiragem: 15 mil exemplaresDistribuição Gratuita

Assessoria de Imprensa e Relações PúblicasCPATSA - Caixa Postal 23 -Fone: (081)

961441l-Telex:(081) 1878 CEP:56.300Petrolina-PE

ImpressãoGráfica Santa MartaRua da Areia. 528

João Pessoa-PB

MANDACARU:

Passas de Uva noCalor do Sol

A região nordeste pode livraro Brasil da importação de passasde uva. Basta que apareçam pro-dutores interessados em cultivaruvas para transformá-Ias em passasna região do submédio São Fran-cisco e haja incentivos dos órgãosoficiais. O resto, ou seja, as con-dições climáticas - temperaturaelevada, alta lum~osidade e umi-dade do ar adequada - a naturezase encarregou de providenciar. Ese depender de tecnologia isso tam-bém foi resolvido: as pesquisas emaproveitamento de uva para produ-ção de passas, feitas pelo CPATSAna região, apresentam "bons resul-tados". .

Há dois anos os pesquisadoresTerezinha Costa S. Albtlquerque,João Antônio Silva Albuquerque eSelma Maria N. Sobral pesquisamuva no Campo Experimental daEMBRAPA em Mandacaru, nosubmédio São Francisco, municí-pio de Juazeiro (BA), onde 8 haestão cobertos com parrei rais, dosquais 2 ha apenas com uva sem se-mente, própria para passas. Comoa região apresenta uma umidadeem torno ou abaixo de 50%; umatemperatura superior a 300C etem bastante luminosidade, essespesquisadores optaram pelo pro-cesso de secagem natural, ou seja,a uva está sendo exposta ao sol pa-ra se desidratar naturalmente. Ascultivares usadas nesse experimen-to são: Sultanina, Perlette, Maria,Canner, Brum (sem sementes) e auva Itália (com semente),.uma dasmais difundidas nas região e quetem no seu refugo (impróprio paracomercialização) uma excelentematéria prima para passas, desdeque seja obedecido o seu ponto decolheita, alertam os pesquisadores.

A passa .só está pronta quandoatinge aproximadamente 15% de

umidade; o seu tempo de seca!1emnatural varia em função da culti-.var, mas a média dessa secagem,segundo as pesquisas, está em tor-no de 20 dias. Caso o produtorprefira o processo de secagem porimersão (uso de produtos qu ími-cos) ele vai obter a passa mais ;-á-pido, ou seja, dentro de apenas 7dias e com uma tonalidade maisclara. No entanto, esse processo émuito mais oneroso, enquanto pe-la secagem natural os custos sãomais baixos e tem a vantagem depoder ser feita na maior parte doano, pois na região nordeste o pe-ríodo de verão é mais longo doque na região sul do país. Outrofator que deve ser observado é oponto de colheita da uva para pro-cessamento de passas. Ele está re-lacionado com o teor de sólidossolúveis (TSS). Nas cultivares semsementes, o TSS não deve ser infe-rior a 220 BRIX e na cultivar Itá-lia não deve ficar abaixo dos 200BRIX.

Produção de passas

de uva em Mandacaru,

feita pelo processo de

secagem natural.

A conclusão dos pesquisadoresé que a produção de passas no Nor-deste é uma atividade "altamenterentável porque toda a passa con-sumida hoje no país é importada".Dados da CACEX atestam que sóem 1982 o Brasil importou 4.525 tde passas, equivalente a 5,76 mi-lhões de dólares. Esse consumo in-terno associado às vantagens ofere-cidas pela região do submédio SãoFrancisco já estão incentivandogrupos empresariais e um deles, oBo~preço, já adquiriu terreno nasproximidades de Mandacaru (Jua-zeiro-BA), onde pretende produzirpassas de uva para abastecer o mer-cado brasileiro.

IPAMeio Séculode PesquisaA Empresa Pernambucana de

Pesquisa Agropecuária (IPA) - aprimeira instituição a fazer pesqui-sa agropecuária no Nordeste e a se-gunda. no gênero, no país - com-pletou no último mês de setembro50 anos de fundação.

Desde que foi criado, em 7 desetembro de 1935, com o nomede Instituto de Pesquisa A!1ronô-mica (IPA), hoie denominado Em-presa Pernambucana de PesquisaAqropecuária, o órgão tem procu-rado refletir sobre os problemas daagricultura pernambucana e en-contrar soluções que permitam umdesenvolvimento harmônico paraas atividades agropecuárias de Per-nambuco.

Nesses 50 anos de funciona-mento o IPA tem direcionado suaspesquisas tanto para a zona úmidacomo para a semi-árida. Para a zo-na úmida suas pesquisas concen-tram-se na seringueira, bananei ra,coquei ro,cacauei ro, cana-cle-açúcare criação de camarão, enquantopara a re!1ião semi-árida a Empre-sa vem trabalhando com agricul-tura irrigada e de sequeiro. Na áreairrigada seus melhores resultadosforam alcançados com as culturasde cebola (lançamento de seis cul-tivares), tomate (lançamento dequatro cultivares para produçãoindustrial), alho (introdução no se-mi-árido) e fruteiras (figo, graviola,goiaba, maraçuJá e outras). Em setratando de área de sequei ro asprioridaqes do IPA são para as cul-turas de sorgo, milheto, feijão co-mum e feijão de corda.

Jornal do Semi-Árido - 3

P,r:oposta de Pesq,uisa Agrop,ecuári,aem Siste,rna I'ntegrado de Pro,dução

(SI,P) pata o Se,rn'l-Á:r,id,oBrasUeiro

INTRODUÇÃO

Desde a década de 60 as instituiçõesinternacionais buscam desenvolver umametodologia de trabalho em SistemaIntegrado de Produção e isso vem-sein-tensificando nos últimos cinco anos.Mas até hoje, diante pa multiplicidadede situações agroecológicas,associadasàdiversidade de condições sócio-político-econômicas das regiões semi-áridas domundo, acredita-se que ainda não exis-ta uma metodologia universal e nemtampouco regional pois, as diferençasde valores culturais e de situações agrá-rias, decorrentes da própria formaçãohistórica de cada povo, exigem adapta-ções metodológicas.

Foi levando em consideração todoesse quadro que a EMBRAPA-CP ATSA,antes de apresentar qualquer propostasobre o assunto, partiu para uma expe-riência junto a grupos de pequenos agri-cultores. Essa experiência começou em1977 quando um grupo interdisciplinar,contando com consultorias nacional einternacional, passou a trabalhar no Pro-grama Nacional de Pesquisa em Si~temade Produção para o Trópico Semi-Arido.A partir de 1980 esse trabalho ganhou aforça e a participação intensiva do Sis-tema Brasileiro de Assistência e Exten-são Rural (SIBRATER), imprescindíveisao desenvolvimento desta.proposta me-todológica.

Por isso acreditamos que, nos úl-timos dez anos, foi o CPATSA quemmais exercitou o trabalho de pesquisaagropecuária, seguindo o enfoque sistê-mico apregoado pela EMBRAPA em1973, principalmente no meio rural, ouseja,junto aos produtores rurais.

O TRABALHOEM SIP

Em um SIP procuramos identifi-car:'quantificar e analisar, sistematica-mente, elementos técnico-cientificos e

sócio- econômioos em interação dinâmi-ca, dentro da Unidade de Produção,numa determinada zona ecológica, em.função dos objetivos do produtor. Esseconjunto de elementos vai subsidiaro planejamento agropecuário adequa-.do aos níveis local e regional, combase na implementação de métodos -etecnologias apropriadas, tanto em áreasde sequeirocomo irrigadas,em equilíbriocom o meio ambiente. Tudo feito em es-treita articulação com o SIBRATER eórgãos de classe (cooperativas, sindica-tos, lideranças de comunidades rurais,etc) que atuam na região.

No Sistema Integrado de Produçãobusca-se desenvolvero homem e sua fa-mília, criando uma economia rural or-ganizada, através da viabilização de sis-temas de exploração agropecuárias,commelhoria das condições de vida no meiorural e das relações campo-cidade. Es-pera-se também avaliaro nível de aceita-ção por parte do usuário; o grau de par-ticipação dele nesse sistema proposto esugerir alternativas tecnológicas apro-priadas às diferentes zonas ecológicas ediferentes tipologias de produtores. Adifusão dessas alternativas tecnológicaspoderá ser feita pelo SIBRATER, atra-vés do seu trabalho em Propriedades Ru-rais Demonstrativas (PRDs).

PASSOS PARA UMTRABALHO EM SIP

. Pelo que acabamos de expor dá pa-ra perceber que a proposta é bastanteflexível, variando em função das pecu-liaridades de cada região em estudo e en-volve os seguintes aspectos: a) Avaliaçãoe acompanhamento das propriedadese/ou comunidades agrícolas, durante umano agrícola, no mínimo; b) Seleção dealgumas propriedades dentre aquelasacompanhadas, considerando as diferen-tes zonas ecológicas identificadas; c) Ca-racterização das propriedades seleciona-

ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DO PROGRAMA

DE SISTEMA INTEGRADO DE PRODUçAOCOMISS~ Tá:NcA

.........""'"

--uuTl$TICA.

..............---

Fig.l

4 - Jornal do Semi-Árido

*Aderaldo de Souza Silfa

das para elaboração dos planos anuais detrabalho; d) ElaboraçKo desses planos;e) Acompanhamento e análises técnico-'sócio-econôrnicasdo SIP, isto-e, do Sis-tema de exploração agrícola tradicionalque sofreu modificações.

COMOSE ORGANIZAAPESQUISAEM SIP

Na figura 1 apresentamos a estrutu-ra organizacional do Programa Nacionalde Pesquisa em Sistema de Produção pa-ra o TSA, proposto pelo CPATSA. Ana-lisando esta figura observ~os que aequipe é liderada por uma Coordenação,assessorada por uma Comissão Técnicaou Equipe Interdi~iplinar da própriainstituição ou de órgãos afins, envolven-do praticamente todas as áreas de espe-cialização da agropecuária. Essa Comis-são não está subordinada à Coordenaçãodo Programa e sim à Direção Técnica dainstituição a que pertence. Essa estrutu-ra é, portanto, flexível em todos os seg-mentos porque permite que o técnicoenvolvido nesse trabalho tenha dentrodo órgão ao qual está ligado outras atri-buições (pesquisador, extensionista, car-gos, etc).

A Coordenação conta com um as-sessoramento mais efetivo de cinco téc-nicos nas áreas de Sócio-Economia, In-formática, Testes no Meio Real, Articu-lação Regional e Gerência de Sistemas.

As atividades de um SIP são execu-tadas por dois técnicos - um da pes-quisa e outro da extensão - responsá-veis pelo acompanhamento e implanta-ção de tecnologias, juntamente com oprodutor e sua família, durante todo oprocesso de desenvolvimentodo SIP. Nocaso do extensionista sua atividade écompatibilizada com uma ação de arti-culação ampla no meio ambiente daextensão rural.

SIP: UMA PROPOSTAEM DISCUSSÃO

Esta proposta é fruto de um esforçoconjunto de todos os segmentos da pes-quisa, extensão, demais órgãos de desen-volvimento regional e produtores e esta-mos submetendo-a à discussão nas ins-tituições que atuarão junto ao Progra-ma de Apoio ao Pequeno Produtor(PAPP), do Projeto Nordeste.

*"Aderaldo de Souza Silva épesquisador do CPATSA eCoordenador do ProgramaNacional de Pesquisa emSistema de Produção parao TSA.

,

A Arvore da Vida temMais Vida no Nordeste

Imagine uma planta da qual sepossa fazer passas,mel, licor, doce,vinho, aguardente, álcool, levedura,farinha, geléia; é um dos três pro-dutos mais importantes na compo-sição de expectorante; quando po-dada aproveita-se como palmito;produz caules que são utilizadoscomo telhas e em fabricação decestas e cercas; os foI íolos (peque-nas folhas) são transformados emfios; os espinhos, aproveitados co-mo agulhas de tricô, alfinetes; eainda tem mais: dá lenha, colchãoe até roupas. Estamos falando daTamareira (Phoenix dactyliferaLin), conhecida como a PalmeiraSagrada do Oriente, uma culturatípica de regiões quentes e secascomo o Valedo Nilo, Arábia e Pér-sia e que, se der certo no Nordes-te do Brasil, pode vir.a ser umaboa fonte de rendaparao povo daregião.

As pesquisas com tâmara noNordeste estão sendo feitas peloCPA TSA, no campo Experimentalde Bebedouro (Petrolina-PE), ondehá três anos técnicos do' Centroestudam a introdução de varieda-des vindas da África, lÍ1dia e Esta-dos Unidos. Quatro hectares estãoocupados com o experimento, cul-tivados através da propagação se-

COMPOSiÇÃODO FRUTO(em cada 100 g)

Cawrias.. 31~00Água.. . . . . . . . . . '. .. 20,00 9Hidratode Carbono.. .. 75,40 9Proteína. . . . '. . . . . .. 2,20 9Gordura.. . . . . . . . . .. 0,60 9Sais.. . . . . . . . . . . . .. 1,60 9VitaminaA. . . . . . . .. 150 V.I

81 . . . . . . .. 21,00meg82 . . . . . . .. 1750mcg85.,. . . . . .. 4,OOmcgC . . . . . . . .. 30,00 meg

xual (multiplicação de semente),irrigados por sulcos de infiltração.Apesarde não estarconcluída,apesquisa já colheu resultadosani-madores, como revela a pesquisa-dora Regina Ferro de MeIo Nunes:"Das dez variedades mais~impor-tantes e testadas em Petrolina, to-das têm apresentado boa produ-ção, sobressaindo-se as variedadesMedjool e Zahidi. Maso maisim-portante é que enquanto na Cali-fórnia (USA) a tamareiraproduzcom quatro anos e nos países deorigem - África e Argélia - comoito anos, no Nordeste do Brasilela está produzindo com dois anos.

OUTRAS V ANT AG ENS

Não são apenas esses resulta-dos que deixam os pesquisadoresotimistas quanto à viabilidade datamareirano Nordeste. Em outrospaíses a cultura passaum ano emviveiro e, no Vale do São Francis-CO'Iforam necessários apenas 90dias. Além do mais, a tamareiratem-se mostrado bastante vigorosa,apresentando três rebentos por va-riedade. Outro fator importanteobservado pela pesquisadora nesseexperimento: não houve ataque depragas, sendo identificada apenas apresença de um fungo nas folhas -Graphiola Phoeniciens (manchas)- muito comum nos plantios detâmara, mas que não chegaa tra-zer preju ízos econômicos para acultura, pois é tratado facilmenteà base de sulfato de cobre.

A tamareira se desenvolve bemem terrenos arenosos, salgados ousalinizáveis e gosta de solo úmido

VARIEDADESDA TÂMARA

Amir HajyBarheeAmhatKhasaDegletBeidaDegletNoorEmpressHalawyKhalasaKnyr

Ho"aMenakherThooryHamirHadsZahidiHilalyMedjoolDayriKhadrawy

e atmosfera seca. Os grandesplan-tios estão, quase todos, em regiõespouco chuvosas, subtropicais e sãoirrigados. Os cinco maiores produ-tores são: Iraque, Arábia, Argélia,Irã e Egito, sendo apenaso Iraqueresponsável por uma produção de330 mil toneladas, das quais 90%são destinadas à exportação.

Há muito tempo tentou-seplantar tâmara no Nordeste, Pan-tanal Mato-Grossense e PlanaltoPaulista, mas por falta de técnicaas experiências não deram certo.Hoje, o Brasil importa tâmara. Masquando as pesquisas do CPATSAforem concluídas, o Centro vai po-der indicar asvariedadesmais apro-priadas à região. É só esperar umpouco mais.

NOTA DEESCLARECIMENTO

Diante do envio de uma corres-pondência à equi/Je responsável pe-las pesquisas em Manejo de Solo eÁgua, comunicando falhas em cis-ternas rurais que estaõ sendo cons-truídas no interior do Nordeste, oCPA TSA se acha no dever de est;la-recer o seguinte:

10) Cisterna Rural modeloCPA TSA é aquela cuja área de cap-tação é o próprio solo. No modelotradicional essa área de captação é otelhado das casas.

20) No modelo CPATSA a áreade captação tanto pode ser revesti-da com material impermeabilizante(lona plástica, asfalto, argamassa)como gramínea, telha, etc.

Portanto, não é o uso da lonaplástica ou de quaisquer outros ma-teriais na sua construção que carac-teriza a cisterna modelo CPA TSA esim a sua área de captação ser o pró-prio solo.

Renival Alves de SouzaCHEFE do CPA TSA

Jornal do Semi-Árido - 5

HORTALIÇAS:

Mais

Qualidadeque

QuantidadeA olericultura é a parte da

ciência agrícola que estuda as hor-taliças. Hortal iças são plantas deconsistência herbácea, geralmentede ciclos curtos e tratos culturaisintensivos, cujas partes comestí-veis são usadas diretamente pelaspessoas, sem que sofram processosindustriais. A característica maismarcante no cultivo de hortaliçasé o seu caráter intensivo, com ouso de pequenas áreas. Além domais, o cultivo exige grande quan-tidade de adubos e consome mui-ta mão-de-obra.

Dentre as categorias de culti-vo, a olericultura é a que propor-ciona, a curto prazo, maior rendi-mento por unidade de área.

Existem, aproximadamente,setenta espécies botânicas conside-radas como hortaliças. No Brasil,

cerca de cinqüenta dessas espéciesrepresentam um papel muito im-portante. Num país como o nosso,com uma popu lação superior a120 milhões de habitantes e taxade crescimento populacional decerca de 2,48% ao ano, é de extre-ma importância o cultivo de hor-taliças. Isto porque além das hor-taliças produzirem uma grandequantidade de alimentos por áreaplantada, têm um alto valor ali-mentfcio para o organismo huma-no. Podemos afirmar que elas sedestacam muito mais pela qualida-de do que pela quantidade dos ali-mentos produzidos. O seu princi-pal papel na alimentação não é ode fornecer calorias, carbohidratos,proteínas e nem gorduras, mas simsais minerais e vitaminas, necessá-rios à manutenção da saúde.

Infelizmente, no Brasil, o con-sumo per capita de hortaliças ain-da é considerado baixo, e uma dascausas está na deficiente educaçãoalimentar que o brasileiro recebe.Basta lembrarmos que na dieta dobrasileiro predominam, geralmen-te, alimentos fornecedores de pro-teínas, carbohidratos e de gordu-ras, enquanto os alimentos prote-tores, no caso as hortaliças, leitee frutas, têm consumo muito re-duzido. Segundo dados da FAO(Organização das Nações Uni_daspara Agriçultura e Alimentação) oconsumo médio anual no Brasil émenor que 10 kg de hortaliças 'per

capita; na Argentina é de cerca de50 kg; em Israel de 75 kg; nos Es-tados Unidos, aproximadamente,100 kg e na Itália ultrapassa os140 kg.

CLASSIFICAÇÃO DASHORTALIÇAS

A melhor classificação das hor-taliças cultivadas foi feita peloagrônomo Fernando A. Reis Fil-gueira. De acordo com as partesusadas na alimentação humana ena comercialização, esse especia-lista distinguiu as seguintes classesde hortaliças:

a) Hortaliças Tuberosas - Sãoaquelas cujas partes comestfveisdesenvolvem-se dentro do solo,compreendendo os tubérculos (ba-tatinha, cará); Rizomas (inhame);Bulbos (cebola), alho); Raízes Tu-berosas (cenoura, beterraba, bata-ta doce, mandioquinha-salsa, raba-nete).

b) Hortaliças Herbáceas - Sãoaquelas cujas partes uti lizáveis si-tuam-se acima do solo, sendo ten-ras e suculentas: Folhas (alface,repolho, espinafre); Turiões e Has-tes (aspargo, aipo); Flores e inflo-rescências (couve-flor, couve-bro-cólos, alcachofra).

c) Hortaliças Frutos - Usa-seo fruto verde ou maduro, todo ouem parte (melancia, melão, pimen-tão, quiabo, ervilha).

. Francisco Lopes Filhoé pesquisador do CPATSA/EMBRAPA

CIENTISTASDISCUTEMTERRASARIDASo Aproveitamento da Caatingapara

a Produção Animal; Uma Experiênciasobre 'Métodos de Irrigação em PequenaEscala; foram os trabalhos que os pes-quisadores do CPATSA, Clóvis Guima-rães Filho e Everaldo Rocha Porto, apre-sentaram na Conferência "TERRASÁRIDAS: HOJE E AMANHÃ", realiza-da entre 17 e 26 de outubro último, nacidade de Tucson, Arizona, Estados Uni-dos. Os dois representaram a EMBRAPAno evento, promovido por sete institui-ções, entre elas a UNESCO,Universida-de do Arizona e USMAB(United StatesMan and the BiosphereProgram).

-Outros assuntos discutidos na Con-ferência foram: Aproveitamento de Re~cursos Genéticos Locais (animais e vege-tais); Manejo dos Recursos Hídricos; Sa-linização e Plantas Halófitas; Desertifica-ção; Habitação Rural e Aspectos Rela-cionados com Transferência de Tecno-logia. .

A Conferência reuniu cerca de 500cientistas de 50 países, discutindo te-mas relacionados com o aproveitamentodas áreas áridas, equivalentes a um terçoda superfície da terra.

DIRETORIADA EMDRAPAVISITACPATSAEOUVEREIVINDICAÇÕES

Instalação de creche para filhos dosfuncionários do Centro; criação de umnovo plano de cargos e salários; reposi-ção salarial;concessão do café da manhãpara os trabalhadores rurais do CPATSA;contratação dos bolsistas com mais deum ano de trabalho no Centro; soluçãopara oscasosde desviosde funçãoe subsí-dio para o almoço de quem presta serviçoao CPATSA,foram.asprincipais reivindi-cações que os Diretores da EMBRAPAAli Aldersi Saab e Derly Chaves Macha-do da Silva ouviram dos funcionáriosdo CPATSA,no mês de julho deste ano,quando os dois passaram quatro dias noCPATSA, em visita de trabalho.

Algumas reivindicações,como o ca-café da manhã para os trabalhadores ru-rais e o alm~o .subsidiado para os pres-tadores de serviço, foram atendidas deimediato. A -instalação da creche ficouna dependência de um estudo que está

sendo feito pela Associação dos Empre-gados do Semi-Arido (AESA) e as ou-tras reivindicações ficaram de ser discu-tidas com a Presidência da EMBRAPA.

No diálogo entre Diretoria daEMBRAPA e funcionários do CPATSA,os diretores deixaram claro que "as di-ficuldades só serão atendidas dentro daspossibilidades da Empresa" .

No mês de outubro, o Departamen-to de Recursos Humanos da EMBRAPAenviou Circular aos Centros de Pesquisado Sistema Cooperativo de PesquisaAgropecuária, com cópias das minutasde Deliberação, que tratam das non'nassobre promoções e reenquadramentosfuncionais na EMBRAPA. Através daCircular DRH/AAP/097/85 o Departa-mento pede críticas e sugestões,visandoo aperfeiçoamento dos processos de pro-moção e enquadramento dentro do qua-dro de funcionários da EMBRAPA.

6 - Jornal do Semi-Árido

OURICURI

Pequeno Agricultor ProduzSemente de Sorgo

o município de Ouricuri - um dosmaiores de Pernambuco em área e hojeo maior produtor de sorgo do Nordes-te - vai ser dentro de pouco tempo aquinta Unidade de Beneficiamento deSemente no Estado ~a atender, prio-ritariamente, aos pequenos produtores.A idéia surgiu entre pesquisadores doCPATSA que "trabalham na região deOuricuri e tem como fmalidade proporuma forma de produção de semente, aonível local, na qual o produtor participeativamente, tenha maiores poderes dedecisão e avaliação. O objetivo é multi-plicar a variedade IPA 1011, melhoradapela Empresa Pernambucana de PesquisaAgropecuária (IPA), em quantidade su-ficiente para atender a demanda da re-gião. Atualmente, segundo o melhoris-ta do CPATSAManoel Ab11iode Quei-roz, as instituições de produção de se-mentes não têm condições para produ-zir e nem para distribuir semente paraos agricultores da região.

Com esse trabalho, iniciado em ja-neiro deste ano, OSenvolvidos (Coope-rativa Agropecuária de Ouricuri, Servi-ço de Produção de Sementes Básicas,CPATSA, IPA, EMATER, Delegacia doMinistério da Agricultura de Pernambu-co e Bancos) pretendem assegurar se-mente de boa qualidade aos produtores,na época oportuna, especialmente paraaqueles da agricultura de sequeiro, ondeo atraso no plantio pode trazer sériasperdas de produção.

O carro-chefe dessa experiência-pi-loto é a Cooperativa Agropecuária deOuricuri, hoje com 800 associados, dos

EllomIIT Falcão colheu 150 sacas de sementesde sorgo em 7 ha.

quais cinco, escolhidos por ela e peloserviço de extensão rural, para dar iní-cio ao trabalho. O agricultor ErcílioSoares Guimarães foi o primeiro a pro-duzir semente de sorgo, da cultivar IPA1011, nessa experiência. Ele investiu 8milhões e 77 mil cruzeiros em sua Fa-zenda Santa Rita e, apesar do excesso dechuva este ano para a cultura, colheu400 sacas de semente, vendidas à Coo-perativa, ao preço unitário de 41 milcruzeiros. Outro que começou a produ-zir semente de sorgo e se deu bem foio produtor Eliomar Falcão. Ele usou 65kg dessa mesma variedade, em 7 dos 9hectares do seu sítio. Gastou 312 milcruzeiros entre preparação do terreno,limpas e colheita. Tirou em três semanase meia de colheita (setembro/85) 150sacas de semente e teve uma receita de 6milhões e 408 mil cruzeiros. Descontan-do esse investimento e mais o que elegastou na compra de semente, seu lucrofoi de 4 milhões de cruzeiros, mas Elio-mar contou que teve outro motivo paraparticipar da experiência:

- Entrei nessa porque vi o pessoaldaqui tirando boas colheitas e uma boapastagem. Meu negócio é criar gado.Tenho 22 cabeças e agora, depois deter toda essa pastageme vender a semen-te por um preço bom, acho que não voumais parar de plantar semente. Tô J?en-sando no próximo plantio Ganeiroj86)em cultivar toda a área.

Tudo o que os produtores colheramfoi comprado pela Cooperativa, atravésdo AGF (Adiantamento do Governo Fe-deral) e vai ser vendido no próximo anoaos pequenos produtores. No sistematradicional os produtores correm o riscode plantar qualquer semente, obter umabaixa produção e são eles mesmos quetêm que garantir essa mesma sementepara o próximo plantio. Esse sistemapossibilita uma grande variedade genéti-ca, diz Manoel Abílio, mas não lhes per-mitem incorporar os avanços do melho-ramento moderno, efetuado nas Unida-des de Pesquisa.

VANT~GENS

Quem produz semente tem algumasvantagens garantidas pela legislação.Além do produtor ter direito a vendê-Ia20% acima do preço mínimo, é isentodo ICM (Imposto sobre Circulação deMercadoria) e pode obter fmanciamentoentre 20 a 50% acima do VBC (ValorBásico de Custeio) para grãos comuns.No entanto, não são apenas essasvanta-gens fmanceiras que interessam aos no-ve pesquisadores do CPATSA envolvi-do~ nesse projeto. A qualidade é funda-

mental e o produtor de semente melho-rada deve seguir à risca algumas exigên-cias: Ia) Os plantios n[o podem ser fei-tos em áreas ocupadas antes com a mes-ma cultura; 2a) A plantação deve ficardistante, no mínimo, 50 m de qualqueroutro plantio de sorgo, a fim de se evi-tar b cruzamento pela ação do vento;3a) As plantas que perderam as caracte-rísticas das demais devem ser eliminadasantes da floração. Tudo isso exige umacompanhamento técnico-científico ri-goroso, feito atualmente pelo CPATSA,EMATER e Delegacia do Ministério daAgricultura no Recife, E p~ra que essetrabalho surta efeito, Bancos e Coopera-tiva firmaram um acordo: os bancos sóliberam o Custeio se o produtor de se-mente de sorgo apresentar, na hora dopedido, um recibo provando que ele ad-quiriu a semente na Cooperativa.

DIFERENÇA

Pernambuco tem hoje nove Unida-des de Produção de Semente (Petrolina,Santa Maria da Boa Vista, Cabrobó,Ibimirim, Belém do São Francisco, Sal-gueiro, Vertentes, Bonito e Garanhuns),mas apenas três (Ibimirim, Cabrobó eSertânia - esta última não produz) be-neficiam o produto. Ouricuri - que tem45 mil dos seus 65 mil habitantes mo-rando na zona rural e onde 5 mil ha es-tão ocupados com plantios de sorgo -tem tudo para produzir e beneficiar oproduto. Afinal, é desse município quesaem, anualmente, cerca de 6 mil tone-ladas de sorgo, gerando uma receita,a preço de setembro/85, de 4 bilhões emeio de cruzeiros. Porém, há uma dife-rença fundamental entre Ouricuri e asdemais Unidades de Beneficiamento,que o melhorista Manoel Ab11io fazquestão de esclarecer:

- Ouricuri será uma Unidade deBeneficiamento mais simples, sem equi-pamentos sofisticados, que vai produ-zir semente o mais próximo possível dacomunidade, com métodos simplifica-dos e, conseqüentemente, com custosreduzidos. Devemos salientar tambémque as atividadesde produção de semen-tes representam asações de melhoramen-to de plantas junto aos Sistemas Integra-dos de Produção(SIPs - um dos projetosde pesquisa do CPATSA)e têm conota-ções específicas para os pequenos pro-dutores.

A expectativa dos órgãos é que essaUnidade de B"eneficiamentose transfor-me, a longo prazo, num mercado compotencial para atender diretamente, ouatravés das instituições estaduais, aosmunicípios da região.

Jornal do Semi-Árido- 7

Com Fumacao Sertão".

vaiVirarMar

Dizem que "o seltanejo é, antes detudo, um pobre. O resto é literatura".Na verdade, é farta e fascinante a litera-tura sobre a região, sua gente, sua misé-ria, seu realismo fantástico. Fartura nofolclore, que deslumbra gringos e goia-nos, a ponto de muita gente imaginar onordestino apenas como um bicho exó-tico, diferente, interessante para tedio-sos relatos de viagens (geralmente dequem apenas viu mar e praias e pernase apenas ouviu falar do sertão, ou ape-nas viu um solitário mandacaru cravadonum cartão postal).

A região também é farta em estatís-ticas, lá isso é. E que estatísticas! Só noúltimo ciclode seca, mais de três milhõesde mortos - de fome, sede, desnutrição,principalmente crianças. Farta em cru-zes, farta em injustiças, farta em latifún-dios.

Pois bem, numa região de tanta"fartura", o que predomina mesmo éuma terrível carência crônica de quasetudo. A começar pela carência de res-peito para com sua gente, 'por parte depoderosos daqui mesmo e de outras re-giões. Não vou esmiuçar essascarências,já relatadas em tantos documentos. Masuma é tão paradoxal e tão pertinente at:.sta edição do JORNAL DO SEMI-ARIDO que preten<!orealçar: é a carên-cia de informação. E impressionante co-mo uma região sobre a qual já se faloutanto se saiba tão pouco. Sabe-se mui-to sobre estereótipos naturais e culturaisque (intencionalmente?!) se criaram e secristalizaram a respeito do homem e daterra nordestina, em particular o homeme a terra do Semi-Árido. Mesmo os téc-nicos, os cientistas, continuam a ter nagrande maioria, um saber pulverizado,disperso, superficial sobre a totalidadeda região; alguns, quando muito, pos-suem um saber verticalizado, na sua áreade especialização. Poucos, na verdade,conhecem a fundo este chão e este povo.E o que dizer do público em geral?

A criação da CPATSA foi, a meuver, um divisor de água nessemar de de-sinformação. Ele representou e represen-ta uma oportunidade ímpar de seestrutu-rar a pesquisa científica sobre a regiãosemi-árida - sobretudo na região semi-árida - e, a partir daí, criar um fluxo deinformação sistematizado, contínuo, di-

nâmico, baseado em realidadestangívei~,concretas, e não em elocubrações às ve-zes ingênuas, às vezes mal organizadas,às vezes simplesmente irresponsáveis -dessas que resultam em esdrúxulas con-clusões de tecnocratas ou burocratasávidos por uma idéia que represente a"redenção do Nordeste", ou uma belapromoção. Querem um exemplo?

Logo que cheguei para trabalhar noCPATSA, em 1980, certa vez acom-panhei o Difusor de Tenologia do Cen-tro, José de Souza Silva,durante a visitade um técnico do Ministérioda Agricul-tura, que se dizia assessor do então Mi-nistro Amaury Stabile. Debaixo de umatemperatura de quase 40 graus, José deSouza explicava ao visitante os sistemasde manejo de solo e água desenvolvidospelo CPATSA, que reduzem os riscosdaagricultura nos sertões do Nordeste. Aofim da tarde, o técnico do Ministériodisse que acreditava no funcionamentodaquelas tecnologias, porém, ele tinhauma solução muito mais prática e efi-caz do que tudo aquilo, uma soluçãoque o sertanejo facilmente aplicaria.A so-lução era esta rara maravilha: "os serta-nejos deveriam fazer fogueiras, milha-res de fogueiras no período de plantio.Segundo o aprendiz de feiticeiro (ouprofessor...) do Ministério,o calor aque-ceria as nuvens, que se condensariam e...haja chuva no sertão!" Pronto, a seca doNordeste, curiosamente, morreria comfogo. E estaria concretizada a profeciade Antônio Conselheiro, de Que "o ser-tão vai virar mar", com a-vantagem domar não virar sertão.

Pensamos que se tratava de brinca-deira e, para descontrair um pouco, tam-bém brinquei: "Genial! O sertanejo po-de até fazer como os índios: é só dar si-nal de fumaça para pedir chuva a SãoPedro. Três sinais, para pedir chuva; umsinal,para a chuva Parar..." E bastou essabrincadeira para irritar. o "assessor doministro". Ele disse que estava falandosério quando propôs as fogueiras e quenão estava ali para brincar. Sinceramen-te, nós também não. E ficamos, eu e oJosé de Souza, preocupados se o piro-maníaco não iria engendrar, em seu ga-binete, algum programa especial para oNordeste baseado em sua idéia, algoassim tipo PROFOGUEIRAI

]·LeviSoareIdeLimo

Subtraída toda a carga de excentri-cidade - e de idiotice - desse feiticei-ro engravatado, o exemplo ainda assimé válido para caracterizar o mar de de-sinformação quanto aos ,problemas e al-ternativas para o Semi-Árido. E não sepode memr o quanto { nociva essa de-sinformação, o quanto isso retarda deci-sões importantes em todos os níveis, oudá margem a decisões incompatíveiscom a realidade regional, ou, pior ainda,não se pode avaliar completamente co-mo esse quadro é útil para a permanên-cia do processo de subordinação e domi-nação dentro do próprio Nordeste e nasrelações inter-reJdonais.

Essa preocupação tem levado oCPATSA, nos últimos anos, a tornarmais ágil a disseminação das informa-ções geradas em seus laboratórios, noscampos experimentais e nas proprieda-des rurais onde trabalha. E parte desseesforço é representada pelo JORNALDO SEMI-ÁRlDO, avidamente solici-tado por um público extremamente di-verso e cada vez maior, desde produto-res rurais do sertão até cientistas de ou-tros países, incluindo.,seentre esses ex-tremos profess.ores,estudantes, técnicos,jornalistas, leigos de um modo geral,enfim, um universo que pode, aos pou-cos, com a ajuda de outros meios de co-municação, ir reformulando toda umamentalidade deternt!nista, fatalista, quepaira sobre o Semi-Arido; uma mentali-dade sobretudo reducionista e muitasvezes perversa, que não percebe ou nãoquer perceber a complexidade da re-gião, em todos os seus aspectos - na-tural, tecnolól!Í.co,cultural, econômicoe político.

Democratizar o acesso ao acervo deinformações do CPATSA e de outrasi!tstituições relacionadas com o Semi-Arido. foi o objetivo central que inspi-rou a criação desta publicação. E con-tinua sendo at~ hoje. O boletim, por sisó, não basta. E apenas uma gota d'águano mar. Porém, é preferível ser essa pe-quena gota a ser um caldeirão de feiti-ceiro, a emitir loucos sinais de fumaçapara São Pedro mandar chuva...

* LeviSoares de Lima éjornalista profISsionale foi o primeiro editordo JORNAL DO SEMI-ÁRlDO

8 - Jornal do Semi-Árido

A R.f.olma Agrária.BrQ.si,leirQ

"Quem produz nada tem a te-mer. A reforma agrária não violen-tará, de maneira nenhuma, a pro-priedade". Este é o primeiro man-damento - de uma série de 10 -que vai guiar a reforma agrária noBrasil, assinada no último dia 10de outubro, no Palácio do Planal-to, pelo Presidente José Sarney.Não houve festa no lançamento doPlano Nacional de Reforma Agrá-ria (PNRA), apenQi um pequenonúmero de convidados - entre elesrepresentantes da Câmara, Igreja edos trabalhadores rurais - compa-receu à solenidade, programadanum clima de "moderação", comoo próprio Presidente classificou oPNRA.

O Plano Nacional de ReformaAgrária tem tempo determinado.Ele começa ainda este' ano e vaiaté 1989. Sua meta é beneficiar 1milhão e 400 mil famílias, o equi-valente a 100 milhões de pessoas.

Classificado pelo Ministro daReforma Agrária, Nelson Ribeiro,como "um plano sem conotaçãopol ítico-ideológica", o PNRA pre-serva os latifúndios produtivos eos projetos regionais de desapro-priações só podem ser executadosdepois de aprovados pelo Presiden-te Sarney. Segundo o MinistroNelson Ribeiro, asdesapropriações

AESAInaugura Clube

"Na terra dos impossíveis, quandouma semente é bem plantada; nasce,cresce, floresce e dá bons frutos. Desdeque, com trabalho e perseverança, ohomem esteja a tratá-Ia". Este é um dostrechos do discurso feito pelo Presidenteqa Associaçãodos Empregados do Semi-Arido (AESA), Paulo César Farias Go-mes, ao inaugurar no último 21 de outu-bro o Clube da AESA, no bairro José eMaria, em Petrolina (PE). Paulo Césarfez um breve histórico da Associação,ressaltando o esforço e dedicação dasdiretorias em busca do fortalecimentoda AESA. Aproveitou a ocasião e agra-deceu a colaboração da Prefeitura Mu-nicipal de Petrolina, representada peloVice-Prefeito Simão Amorim Durandoe a colaboração e apoio do Chefe do'CPATSA, Renival Alvesde Souza, paraque o Clube se tornasse realidade.

Ao falar rapidamente aos presentes,o Vice-Prefeito Simão Amorim destacoua EMBRAPA-CPATSAcomo um fatorimportante na história do desenvolvi-

e assentamentos devem começarentre 30 e 90 dias.

Na verdade, o PNRA é maisum dos componentes da Pol (ticaNacional de Desenvolvimento Ru-ral (PNDR), assinada no mesmodia pelo Presidente da República.A Pol ítica Nacional de Desenvol-vimento Rural têm por princípioassistir aosbenefici ários da reformaagrária-com técnica e crédito ade-quados, atenção diferenciada porparte dos órgãos de pesquisa, trei-namento intensivo para a gestãodas novas unidades produtivas ecanais ágeisde comercialização.

'i,OS DEZ MANDAMENTOS';'

Estes são os princípios da re-forma agrária ou "os dez manda-mentos" como os chamou o Pre-sidente Sarney:I - Quem produz nada tem a te-mer. A reforma agrária não violen-tará de maneira nenhuma a pro-priedade.II - A reforma agrária busca oequil íbrio da riqueza no campo eo aumento da produtividade.III - A reforma agrária é um pro-jeto pol ítico de alcance nacional,não um conceito técnico ou umexercício de afirmação ideológica.IV - É impossível o país avançarsem que se faça uma reforma pro-

fünda da estrutura fundiária. Ne-nhuma nação moderna estabilizou-se institucionalmente sem resolverseu problema agrário.V - Aplicar o Estatuto da Terra érespeitar o homem do campo eé;lssegurara milhões de brasileiroso direito de não sofrer a mais de-gradante das privações humanas,que é a fome. Desenvolvendo aagricultura, garantindo a ocupaçãoaos lavradores, vamos ter tambémnossas indústrias produzindo maise o trabalho vencendo o desem-prego nas cidades.VI - O direito à propriedade éameaçado quando o Estado ouindivíduos concentram imensasáreas improdutivas e ainda impe-dem que outros nelas produzam.VII - Queremos juStiça no campo.A reforma agrária tem o objetivode harmonizar osconfl itos no cam-po para acabar com a injustiça e aviolência nessesetor, incompat íveiscom os ideais da conciliação, comos ideais cristãos e com a forma-ção do povo brasileiro.VIII - A reforma agrária não ini-cia uma guerra ou abre uma ferida.Ao contrário, estamos trabalhandopelos mecanismos da convivênciapacífica. A reforma agrária buscaa paz, e não a discórdia.IX - A reforma agrária comple-'menta a pol ítica agrícola para quese cumpra a função da terra.X - A reforma agrária democra-tiza a propriedade, tornando-aacessível a milhões de brasileiros.Paz na terra.

mento de Petrolina. Ao saudar a AESApela inauguração do Clube, o Chefe doCentro, Renival Alves, se referiu ao Clu-be como um local de apoio que vai faci-litar e fortalecer os laços de amizade en-tre os funcionários do CPATSA (emgrande parte de outros Estados) e as co-munidades de Petrolina e Juazeiro.

Fundada em 20 de agosto de 1979,3:.Associação dos Empregados do Semi-Arido (AESA) teve como seu primeiroPresidente Carlos Eugênio Martins. De lá

para cá cinco diretores (Eduardo AssisMenezes, Luís Corsino e Paulo CésarFa.rias - 2 vezes) administraram seus ru-mos e hoje a AESA conta com um qua.dro de 400 associados. A construção doClube começou há dois anos e meio, naterceira diretoria. Hoje, ele representa omaior patrimônio da Associação.O Clu-be dispõe de uma quadra polivalente,êampo de futebol gramado, duas pisci-nas (adulto e criança), salão de dança,serviço de bar e play-ground.

Jomai do Semi-Árido- 9

AATINGAI-PALMEIRAS

NO NORDESTEPor José Luciano S. de UmaPesquisador do CPATSA

É inegável a importância econômi-ca da fam11ia PALMAE, atualmente"ARECACEAE", na alimentação huma-na, de animais domésticos e selvagens,como também na extração de óleo e ce-ra; confecção de produtos artesanais;construção de casas urbanas e rurais;fabricação de doces; Jpdustrialização dopalmito; ornamentação de casas, praçase jardins; produção de carvão; enfIm,são inúmeras as utilidades da palmeira.

A partir deste número vamos abor-dar algumasdas palmeirasnativas encon-tradas no Nordeste brasileiro. E para co-meçar escolhemos a palmeira nativa,conhecida vulR3flIlente como Catolé,

Coco Catolé ou Palmeira Catolé, cujonome científIco é Syagrusoleracea(Mar-tius) Beccari,com a primeira da série.

O Catolé é uma planta de porte va-riável devido, principalmente, ao solo eregime hídrico em Que se encontra.Quando adulto ele chega a atingir umaaltura Que varia de 3 a 8 metros. Suasfolhas, em formato de bainhas longas,medem mais ou menos 1 metro. OCa-tolé possui pecíolo com fibras flexíveisnas margens e raque foliar variando en-tre 1,50 e 2,60 m de comprimento, compinas agrupadas (3 e 5 pinas por grupo).O Catolé apresenta inflorescência inter-foliares de flores amarelas vistosas, pro-tegidas por duas brácteas, que consti-tuem as "espatas" interna e externa.Tanto as flores masculinas e femininassão da mesma inflorescência (vêm domesmo ramo). Seus frutos são ovóidesapiculados de mais ou menos 5 cm decomprimento. O Catolé cresce em tou-ceiras no litoral agreste e serras no Nor-deste, como as serras do Catolé e Triun-fo (PE), do Pacobi e Palmeiras (CE) edo Martins(RN).

Palmlinl OItoll

Novas Publicacões,

DOCUMENTOS nO 3S - Métodos de Aborda-gem e RelacionamentocomPequenosAgricul-tores. Angel G. Vivallo Pinare, Antônio C.Schifino e outros. 24p.

DOCUMENTOSnO 36 - Estudo Espácio-Temporal da Pluviometriada Região de Ouri-curi, PE. Michel L. Moliniere Paulo S. de S.Magalhães.62p. - - -DOCUMENTOSnO 37 - Desmame do Be-zeno para MelhorarQDesempenhoReprodu-tivo na Zona Semi-Arida. Clóvis GuimarãesFilho. 6p. .

DOCUMENTOSnO 38 - Níveis e Fonte deNitrogênio para Milhoem Casade Vegetação.Clementino M. B. de Faria e José R. Pereira.7p. - - -DOCUMENTOS nO 39 - Perspectivas do Usodas Águas Subterrâneas do. EmbasamentoCristalino no Nordeste Semi-Arido do Brasil.Carlos Reeder Valdivieso-Salasar e Gilberto G.Cordeiro.40p.

10 - Jornal do Semi-Árido

DOCUMENTOS nO 40 - O Técnico, A Tec-nologia, O AmbJente e o Produtor Rural noTrópico Semi-Arido Brasileiro: Reflexõesalém da questão tecnológica. José de SouzaSilva. 33p.

DOCUMENTOS nO41 - Avaliação Econômicade Tecnologias em Sistemas Integrados deProdução de Pequenas Propriedades Agrícolas- Um Estudo de Caso. Gorantla Doraswamy,Everaldo R. Porto, Paulo Ricardo S. Cerquei-ra. 88p.

PESQUISA EM ANDAMENTO nO 34 - En-saio da Procedênciade Eucalyptusalba na Re-gião de Petrolina, PE. Ismael E. Pires, PauloC. F. Lima e MarcosA. Drumond. 4p.

PESQUISA EM ANDAMENTO nO 3S - Ava-liação de Produtividade de Leguminosas For-rageiras Nativas e Exóticas com e sem Aduba-ção Fosfatada, em Petrolina, PF., Célia M. M.de S. Silva e Clementino M. B. de Faria. 5p.

PESQUISA EM ANDAMENTO nO 36 - Com-petição de Dez Híbridos e uma População deASfargO no Vale do Submédio São Francisco- o e 20 ano de colheita. Lúcio O. B. de Oli-veira e João José de Oliveira. 4p.

PESQUISA EM ANDA)iENTO nO 37 - Com-portamento de EucalyptUs camaldulensisDehnh aos 36 meses de idade em Souza, PB.Paulo C. F. Lima, Sônia M. de Souza e AureliN. Bezerra. 3p.

PESQUISA EM ANDAMENTO nO 38 - Com-portamento de Espécies e Procedência de Eu-calyptus em Petrolina, PE. Ismael E. Pires, Sô-nia M. de Souza e Helton D. da Silva. 4p.

PESQUISA EM ANDAMENTO nO 39 - In-fluência do Número de Gemas no Enraizamen-to de Estacas de Algaroba. Clóvis E. de S. Nas-cimento, Paulo C. F. Lima e Helton D. da Sil-va.3p.

BOLETIM AGROMETÉO-ROLÓGICO 1983.57p.

BOLETIM DE PESQUISA nO 2S - Avaliaçãodo Manejo de ÁAlIasno Perímetro Irrigado de.Bebedouro, PetrõIma, PE. Carlos Reeder Val-divieso-8alasar e Gilberto G. Cordeiro. 34p.

BOLETIM DE PESQ1JISA nO 26 - Distribui-ção de Probabilidades !ias Chuvas Mensais Re-gistradas na Estação do. Perímetro Irrigado deBebedouro, Petrolina;PE. Carlos Reeder Val-divieso-Salasar. 24p.

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1. Alecrim-de-Chapada CalliandrabrevipesBenth X X X X XFAM.MIMOSACEAE X

2. Caroa - NeoglaziotiavariegataNez X X X-FAM. BROMELlACEAE

X X

3. Craibeira Tabebuia cQfaiba Bur. X X XFAM. BIGNONIACEAE

X X X X X

4. Catoléar'rtius.) Beccari.

X, X x x x x x x

S. Feijãobrabo?l:',&r::lcEAE X X X

6. 100 CopparisYco Eichl. X X XFAM.CAPPARIDACEAE

7. 100preto CopparisjacobinaeMoric. X XFAM.CAPPARIDACEAE

8. Imbuaçu M0:Ocl:flO1ium A. Robybsx X X X X

9. Macambira-de-Cachorro BromelioLacimioSQMart.ex Schult. X XFAM.BROMELIACEAE X

lO.Molequedwo Cordialeucocipha/aMoric. X XFAM.EHRETlACEAE

RADIACÃO SOLARFUNGOS DO

o CPATSA está procurandocriar alternativas para combater asdoenças das ra ízes das principaisculturas irrigadas do Trópico Semi-Árido brasileiro, responsáveis porgrandes preju ízos à atividade agrí-cola na região Nor~ste. Vários fa-tores levaram o pesquisadorMenhazChoudhury, especialista em Com-trole Integrado de Fitomoléstias, acriar esse projeto de pesquisa: oestímulo que ascondições das áreasi rrigadas (temperatura, umidade,solo) provocam no desenvolvimen-to populacional de microorganis-mos daninhos do solQ, agentesdasdoenças das raízes; a dificuldadede controle dessasdoenças, devidoao alto custo dos defensivos agrí-colas (venenos); a falta de registrodesses produtos qu ímicos para amaior parte das espécies cultiva-das na região; falta de máquinasapropriadas para a apl icação dessesdefensivos; inexistência de cultiva-res resistentes às doenças e a altatoxidade dos produtos qu ímicosaos homens e aos animais.

Se a irrigação é importante pa-ra aumentar a produção agrícola,as condições das áreas irrigadasfavorecem o desenvolvimento po-pulacional dos fitopatógenos dosolo (microorganismos do solo),causadores das doenças do sistemaradicular, que por sua vez trazemtranstornos à produção agrícola.Por isso, variedade melhQradas,manejo do solo, água, planta e fer-tilizantes, não são suficientes paragarantir o êxito da atividade agríco-la. É necessáriotambém um manejoadequado de doenças e pragas dasculturas. Com essa pesquisa oCPATSA pretende criar medidasalternativas que sejam eficientes,práticas e de baixo custo, para con-trolar as doenças das raízes. Só as-sim,-deelara o pesquisador Menhaz,"podem-se reduzi r os preju ízoscau-sadosà agricultura - baixa qualida-de e perda de produção - comotambém minimizar a poluição am-biental e os riscos de intoxicaçãoao homem e aos animais".

FUNGO CONTRA FUNGO

Resultados obtidos pelo Cen-tro de Pesquisa Agropecuária do

CONTROLASOLO

Trópico Semi-Árido (CPATSA) naEstação Experimental de Bebe-douro, em Petrolina (PE), indicamque o aquecimento do solo, atra-vés da radiação solar, pode ser uti-lizado no controle de fungos do so-lo, causadores do tombamento demudas das hortaliças - um dos fa-tores que limitam a produção dehortaliças na região. O pesquisa-dor Menhaz observou que as se-menteiras aquecidas pela radiaçãosolar, durante três semanas (comsementes tratadas ou não), tiveramum aumento das mudas sadias em290% enquanto que nas sementei-ras não aquecidas por essa técni-ca, as mudas sadiascresceram ape-nas 241%.

Para chegar a essesresultadoso pesquisador Menhaz isolou 49microorganismos benéficos (cepasdo fungo Trichoderma) e avaliouseus potenciais de controle bioló-gico contra três principais fungosdo solo da região, causadores detombamento: pythium aphé'!~ider-matum, Rhizoctonia solani e Sele-rotium rolfsii. Os testes foram fei-tos em laboratórios e posterior-mente as cepas mais promissorasforam avaliadas em casade vegeta-

1965TRINTAECI.NCO

PUBLICACÕE5-o CPATSApublicou este ano 35 traba-

lhos científicos, resultantes das pesquisas rea-lizadas através dos PNPs AVALlAÇAO de Re-cursos Naturais e Sócio-Econômicos do Tró-pico Semi-Árido (TSA); APROVEITAMEN-TO de Recursos Naturais e Sócio-Econômicosdo TSA e SISTEMAS DE PRODUÇÃO parao TSA.

Os trabalhos foram publicados sob as for-mas de Comunicado Técnico, Circular Técnica,Pesquisa em Andamento, Boletim de Pe~uisa,Documentos e Boletim Agrometeorologico.Os que foram lançados este ano, e mais os pu-blicados anteriormente, podem ser adquiridospor instituições, empresas, entidades, órgãosde classe e pessoas físicas. No Catálogo dePublicações, distribuído gratuitamerite, estãoinformações sobre títulos, assuntos, autores,número de páginas e preços. O Catálogo dePublicações deve ser solicitado no seguinteendereço :

EMBRAPA-CPATSACx. Postal 23Petrolina -Pe56.300

ção. O pesquisador ainda não pôdedefinir quando essa técnica decontrole biológico desses fungosbenéficos será usada em escalacomercial, mas acha que dentrode cinco anos, no mínimo, as pes-quisas terão recomendações práti-cas sobre esse método, que pode-rão ser repassadas para os agricul-tores.

MICROORGANISMOS CONTRANEMATÓIDES FITOPARASITOS

Entre os fitopatógenosdo solo,a associação de nematóides fito-parasitos e fungos ou bactériasrepresentaum dosmaisgravespro-blemas para a atividade agrícola110Nordeste. Entre eles se destacamos nematóides causadores das ga-lhas (Meloidogine sPP), que ata-cam a maioria das culturas, tor-nando-as susceptíveis aos fungosou bactérias fitopatogênicos. Vá-rios estudos estão em andamentopara avaliar os potenciais do con-trole biológico de microorganis-mos nematófagos no combate dosnematóidescausadoresdasgalhas.

PesquisasrealizadasnaAustrá-lia, Estados Unidos, Peru e outrospaíses, mostraram que vários mi-croorganismos desse grupo estãosendo utilizados no controle bioló-gico para combater os nematóidescausadores das galhas. No semi-árido brasi leiro tanto pesquisas co-mo informações sobre controlebiológico de nematóides são bas-tante escassas.. A partir desse tra-balho desenvolvido pelo CPATSAé que se começará a fazer o mane-jo integrado das doenças das raízesdas espécies cultivadas na região.

Além dessas pesquisas está sen-do realizada outra com o objetivode verificar o efeito das plantasantagônicas e variedades resisten-tes do tomatei ro para controlar osnematóides causadores das galhas.As culturas antagônicascomo mu-cuna preta, mucuna ana, Crotalá-ria Juncea, C. Spectabilis e mais15variedadese linhagensdo toma-teiro, estão sendo avaliadas no sen-tido de controlar os nematóides fi-toparasitasda região.

Jornal do Semi-Árido - 11

a

< BaJancim-Fácilde fazer. - .

Móquina de confeccionar balancim, modoCi'PATSA.

Agora está fácil para o agricul-tor do semi-árido fazer os seus pró-prios balancins (distanciadores),muito usados nas cercas das pro-priedades ou fazendas dos sertõesdo Nordeste. O CPATSA acaba deadaptar uma máquina para confec-cionar balancim, composta por umchassi de ferro com 2 m de com-primento por 1 m de altura, quepode ser uma cantoneira em "U"de 4 x 2 polegadas, ou de madeira,com 1Ox 5 de dimensões transver-sais.

Adaptada pelos pesquisadoresMartiniano Cavalcanti de Oliveirae Severino Gonzaga Albuquerque,a máquina tem uma plataformamóvel qu.e permite regular o com-primento do balancim; um eixocom rolamento que, quando livre,girando em sentido contrário e com

NORDESTEa:11

IRRIQAR11

PARAPRODUZIR

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Barragem Subte"ânea, uma das tecnologiasde irrigaçãode baixo custo.

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o aux ílio de um pino, folga o ba-lancim e facilita sua colocação nascercas; uma guilhotina p~ra cortaro arame usado na confecção dobalancim. Esse arame deve ser dotipo liso, ferro galvanizado nO 10.O comprimento do balancim variaentre 1,0 e 1,5 m - de acordocom a altura da serca - e o aramedeve ser cortado 10 em mais longopara compensar o encolhimentodepois do balancim pronto.

Uma das grandes virtudes dobalancim está na preservação dosrecursos florestais das prop'rieda-des. Dependendo do tipo do ani-mal a ser contido na área, ele éusado de várias maneiras. Espaça-mentos de 1,0; 1,5 ou 2,0 m entreeles podem ser combinados com2,0; 3,0; 4,0 até 10 m entre as es-tacas. O número de fios de aramehorizontais pode varia~ de acordocom o tipo de animal. E necessárioapenas, lembram os pesquisadores,que se coloquem mourões estica-dores distanciados 40 a 60 m paraque os arames fiquem esticados epossam exercer uma força contrá-ria às investidas dos animais.

Os balancins devem ser coloca-dos nas cercas de cima para baixo,girando-os em sentido horário,até que tenham envolvido e ultra-passado todos os arames horizon-tais. Para que fiquem bem firmes

A partir de janeiro/86 os Ministé-rios de Interior e Agricultura começama executar o programa de Irrigação doNordeste, cuja meta, estabelecida peloPresidente José Sarney,é irrigar 1milhãode hectares no Nordeste, em cinco anos.Isto significaum aumento de 400% nasáreas atualmente irrigadas na região evai exigir um investimento de 7 bilhõesde dólares, a preço de agosto/85. Osobjetivos são: criar cerca de 2,5 milhõesde novos.empregos diretos e indiretos;beneficiar 250 mil famílias de agriculto-res (200 mil de pequenos produtores);elevar a produção de grãos para 4 mi-lhões de toneladas; forçar uma melhoriana qualidade de vida e na própria orga-nização da comunidade.

O MinistériodaAgriculturase dispõea irrigara metade, ou seja, 500 mil hecta-res na região, usando tecnologia de bai-xo €usto, desenvolvidapela EMBRAPA.Essas tecnologias de baixo custo,que proporcionam economia de água epermitem irrigar áreas onde os recursoshídricos sãoescassos,foram emsua maio-rja, geradas ou adptadas pelo CPATSA.E o caso do barreiro para "irrigação desalvação" - próprio para irrigar peque-nas áreas, aproveitando água que se per-de pelo escoamento superficial, durante

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nas cercas seus terminais deverãoser abertos e retorcidos para cima,em forma de âncora ou enroladosno último arame horizontal, comaux ílio do alicate. Pode-se tam-bém deixar esses terminais sem essafixação, para que sejam utilizadosem outras cercas, quando neces-sário.

Todos os detalhes de comomontar a máquina de fazer balan-cim e sobre como fabricá-Io estãono Comunicado Técnico nO 15 -BALANCINS PARA CERCAS:MÁQUINA PARA CONFECÇÃOE USO GERAL, publicado peloCPATSA e distribu ído gratuita-mente aos interessados. Quem qui-ser adquiri-Ioé só escreverpara onosso endereço, fazendo o pedidoe informando nome completo eendereço.

Colocação do balancim na cerca.

os períodos curtos de chuva. O barreiropermite duplicar a produtividade de cul-turas de subsistência como o milho, fei-jão, mandioca, garantindo o sustentodas fammas rurais nos anos de seca.

Há também os sistemasde irrigaçãopor mangueira, xique-xique, microasper-são, potes de barro (para hortas e peque-nos pomares), captação de água da chu-va no próprio local de plantio (captação"in situ"), barragemsubterrânea, cisternarural modelo CPATSA,exploração de va-zantes de açudes e de rios. Todas são al-ternativas tecnológicasque a EMBRAPAdispõe para executar o Programa de Irri-gação no Nordeste, a ser coordenado pe-la Superintendência de Desenvolvimentodo Nordeste - SUDENE.Esse programavai favorecer a produção de alimentosbásicos e as culturas predominantes vãoser as tradicionalmente produzidas pelosagricultores nordestinos - milho, feijão,arroz, algodão.

A estimativa de produtividade paraas áreas irrigadasno Nordeste é de 5 t/hade arroz; 1,5 t/ha de feijão; 5 t/ha demilho; 4 t/ha de sorgo; 3 t/ha de algo-dão; 4 t/ha de tomate industrial; 20 t{hade cebola; 20 t/ha de melão e 40 t/ha demelancia.