introduaao aos estudos de traduaao 1330351847

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    INTRODUOAOS ESTUDOSDE TRADUO

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    INTRO UOAOSESTU OSDETR UOAndrea Kahmann

    APRESENTAO

    Ol, estudante!

    Seja bem-vindo disciplinade Introduo aos Estudos de Traduo. Nossa jornada ir

    dividir-se em 4 unidades, a saber: (1) a importncia da traduo num mundo globalizado; (2)

    descobrindo a traduo; (3) traduo, lngua e cultura; (4) traduo e interpretao.

    Na primeira unidade, pensaremos a misso de traduzir num mundo com tantos e to

    diferentes idiomas e repensaremos alguns mitos que circundam os estudos de lnguas

    estrangeiras. Por exemplo: voc sabe qual a lngua mais falada no mundo? Voc deve pensar

    que o ingls, pois este o idioma ensinado em quase todas as escolas brasileiras, no ?

    Contudo, o mandarim a lngua materna mais falada no mundo, seguida do hindi. E voc j ouviu

    falar na torre de Babel? J pensou na possibilidade de existir um idioma universal? Ficou curioso?

    Pois esses so alguns dos interessantes debates que nos reservam os nossos estudos.

    Voc conhece a histria da traduo? Sabia que traduzir a Bblia do latim para ser

    compreendida pelas pessoas comuns j foi considerada heresia e causa de grandes conflitos?

    Vrias guerras j foram desencadeadas por causa da traduo! Isso o que vamos estudar na

    unidade 2. Ademais, nessa unidade vamos conhecer os tipos de traduo. Isso mesmo! Traduzir

    muito mais do que transpor de uma lngua escrita a outra! Estamos traduzindo tambm quando

    fazemos transposies de obras literrias para o cinema ou quando editamos uma verso para

    crianas de um livro de adultos. Legal, no ?

    J na terceira unidade, aprofundaremos a ideia de equivalncia, compreendendo o

    processo mental e os objetivos que pode ter uma traduo. Voc daqueles que pensam que com

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    um dicionrio e o tradutor do Google capaz de traduzir qualquer coisa? Pois nessa unidade que

    veremos o quo equivocado voc est... Afinal, a cultura elemento importantssimo de qualquer

    traduo. E somente o homem ser capaz de bem analisar e traduzir a cultura.

    Agora, responde rpido: qual a diferena entre tradutor e intrprete? Tem certeza?

    Depois desta quarta unidade, voc ter certeza sim. Discutiremos, tambm, questes ticas

    relativas ao exerccio da profisso e compreenderemos as diferentes estratgias de traduo /

    interpretao: simultnea, consecutiva, sussurrada.

    Deu gua na boca? Estudar traduo uma delcia... E ao fim desta disciplina voc estar

    prontinho para aprofundar seus conhecimentos nos Estudos da Traduo e poder comear o seu

    caminho profissional de tradutor / intrprete de PortugusLibras.

    muito bom t-lo conosco nesta caminhada!

    Forte abrao, Andrea.

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    UNIDADE 1

    A IMPORTNCIA DA TRADUO NUM MUNDO GLOBALIZADO

    Antes de ingressarmos nos estudos de traduo, necessrio compreender o mundo em

    que vivemos. Voc sabe o que globalizao? Voc sabe quantos idiomas so falados no mundo?

    Voc sabe quais so as lnguas mais importantes no mundo dos negcios? E da religio? E da

    cincia? No??? Est disposto a aprender? Ento vamos l!

    Leia a seguinte notcia, publicada no jornal alemo Deustsche Welle:

    ALEMANHA| 24.09.2002

    Metade das lnguas faladas no mundo sob ameaa de extino

    Preservar o idioma preservar a cultura de um povoAtualmente existem cerca de 6500 lnguas diferentes em todo o mundo. Quase metade falada compouca frequncia. As chamadas lnguas minoritrias e os dialetos esto sob forte ameaa de extino.

    A informao da Organizao das Naes Unidas para a Educao, Cincia e Cultura (Unesco) a partir deum estudo que analisa a presso exercida naturalmente pelas lnguas dominantes e a represso poltica,apontadas como principais responsveis pelo possvel extermnio de cerca da metade dos 6500 idiomasfalados em todo o mundo.

    Tal reduo pode causar srios danos riqueza Lingustica mundial, conforme dados do relatrio. O textoalerta que o desaparecimento de uma lngua acarreta na perda definitiva de uma parte insubstituvel doconhecimento humano. Em outras palavras, quando uma lngua morre leva consigo a cultura do povo quepraticava o idioma. E isso irreversvel. (...)

    Na Europa so faladas 230 lnguas, enquanto no continente asitico so 2200. Na frica, 550 lnguas das 1,4mil existentes podero sumir em breve. O estudo cita ainda pases como Japo, Filipinas e Papua NovaGuin. Nesta regio do Pacfico concentram-se atualmente um tero de todas as lnguas faladas no mundo.

    Os idiomas francs, espanhol, chins e russo sufocaram as lnguas minoritrias em seus pases. A principalcausa seria a globalizao, que indiretamente padroniza o idioma de cada nao. Isso faz com que aslnguas que no so oficiais acabem sendo pouco valorizadas e faladas por um nmero cada vez menor depessoas. (...)

    Marion Andrea Strssmann(Fonte: http://www.dw-world.de/dw/article/0,,643024,00.html)

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    A notcia retrata a grande preocupao da Organizao das Naes Unidas para a

    Educao, Cincia e Cultura (Unesco) frente ao iminente desaparecimento de metade das lnguas

    faladas no mundo, as quais se calcula que sejam 6.500. Contudo, no fica claro se nessa cifra

    foram includas apenas as lnguas orais ou tambm as de sinais, nem se foram computadas apenas

    as lnguas naturais ou tambm as artificiais. Portanto, possvel concluir que talvez o nmero de

    lnguas existentes no mundo seja superior a 6500. Alguns estudos, com efeito, falam em 6700!

    Mesmo que se realizem as previses da Unesco e esse nmero se reduza pela metade, ainda

    assim... so muitas lnguas!

    Esse um contexto que no se deve perder de vista quando se fala em traduo...

    A Torre de Babel

    Conforme o Antigo Testamento, a razo para tantas e to variadas lnguas encontra

    explicao na passagem da Torre de Babel, que teria sido construda na Babilnia pelos

    descendentes de No. A inteno deles era fazer uma torre to alta que ela chegasse a alcanar o

    cu. Deus percebeu que, sendo um nico povo e falando uma nica lngua, esses homens no

    teriam limites em suas ambies. Decidido a castig-los, o Senhor confundiu-lhes as lnguas e as

    espalhou por toda a Terra.

    A Torre de Babel. Pieter Brueghel. leo sobre painel, 1563, Museu Kunsthistorisches, Viena, ustria.

    Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Torre_de_Babel

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    A narrativa bblica da Torre de Babel ilustra a angstia dos homens em frente a tantas formas

    diferentes de comunicar. Para podermos nos relacionar uns com os outros, tivemos de aprender

    idiomas e criar estratgias de traduo. Ao longo da histria da humanidade, os tradutores foram

    figuras centrais no desenvolvimento das civilizaes. A atividade tradutria sempre se fez necessria

    na resoluo de questes militares e comerciais entre povos de lnguas diferentes, alm de promover

    o enriquecimento da cultura e a integrao entre os envolvidos.

    atravs da traduo que se estabelecem, ainda hoje, as alianas entre os diferentes pases.

    tambm por meio dela que recebemos grande parte das notcias internacionais e temos acesso

    cultura e literatura de outros povos. No Brasil, calcula-se que cerca de 60 a 80% dos textos publicados

    e que 75% do saber cientfico e tecnolgico provm das tradues entre diferentes lnguas.

    Reconstruindo Babel: o sonho da lngua universal

    Foram muitas as tentativas de criar uma lngua que fosse facilmente aprendida por todos e

    que, no sendo representativa de nenhuma cultura ou comunidade tnica, pudesse se consolidar

    como lngua franca do comrcio internacional e da diplomacia. O esperanto a mais conhecida

    dentre as lnguas artificiais criadas com esse propsito.

    Ludwik Lejzer Zamenhof nasceu em Biaystok, atual territrio da Polnia, lugar em que

    moravam muitos povos diferentes e onde se falavam muitas lnguas. Crescendo nesse contexto

    em que uns no conseguiam se comunicar com outros, Zamenhof idealizou uma lngua auxiliar

    neutra, que fosse de fcil aprendizagem e no significasse a imposio de uma cultura ou um povo

    sobre os demais. Assim, ele projetou o esperanto, cuja verso inicial foi publicada em 1887. Nesse

    primeiro livro, Zamenhof apresenta a verso do Pai Nosso em esperanto:

    Patro nia, kiu estas en la ielo,

    sankta estu Via nomo,venu reeco Via,estu volo Via,kiel en la ielo, tiel anka sur la tero.Panon nian iutagan donu al ni hodiakaj pardonu al ni uldojn niajnkiel ni anka pardonas al niaj uldantoj;ne konduku nin en tenton,sed liberigu nin de la malvera,ar Via estas la regado, la forto kaj la gloro eterne.Amen!

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    Os esperantistas ainda hoje lutam para legitimar o idioma nas comunicaes internacionais

    e consolid-lo como lngua universal.

    Lngua artificial(em oposio lngua natural) todo idioma planejado, construdo com um fim

    especfico, em lugar de ser a evoluo natural como parte de uma comunidade tnica ou da

    cultura de algum povo. Algumas lnguas artificiais (como o esperanto e o ido) so construdas para

    facilitar a comunicao humana; outras, servem como cdigos secretos. H, ainda, as que servem

    para experimentos lgicos e algumas so construdas apenas com finalidade artstica.

    Fonte: pt.wikipedia.org

    Quando o diretor James Cameron comeou a idealizar o roteiro de Avatar, percebeu que

    os aliengenas de seu filme no seriam verossmeis se se comunicassem em ingls ou qualquer

    outra lngua natural humana. Assim, ele pediu ajuda a Paul Frommer, professor da University of

    Southern California, com vistas a projetar uma lngua prpria para seus personagens. Cameron

    Voc viu o filme Avatar? Lembra qual o idioma usado

    pelos Na'vi, a raa aliengena nativa da lua Pandora? No?

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    H, tambm, outras formas de traduo que no apenas aquelas entre lnguasdiferentes. Essa e outras idias sero desenvolvidas mais adiante.

    estava interessado na criao de um idioma que fosse diferente de todas as lnguas humanas

    existentes, mas suficientemente fcil de ser aprendida pelos atores do filme. Assim, surgiu a lngua

    Navi, criada especialmente para Avatar e com palavras como Skxawng!, que poderia ser

    traduzida por idiota!.

    Os surdos tambm criaram a sua lngua universal. O Gestuno (ou Lngua Gestual

    Internacional - ou Lngua Internacional de Sinais, no Brasil) uma linguagem auxiliar

    internacional, com forte influncia da lngua de sinais italiana, e muitas vezes usada pelos surdos

    em conferncias internacionais, ou informalmente, quando viajam.

    Se o esperanto se consolidasse como lngua universal, desapareceria a figura

    do tradutor?

    Se o gestuno se consolidasse como lngua internacional dos surdos, j no

    seria necessrio o intrprete?

    Ns acreditamos que a traduo continuar sempre existindo. Afinal, o propsito do

    esperanto e do gestuno nunca foi o de substituir as lnguas naturais, mas, isto sim, de ser ensinado

    s pessoas como uma segunda lngua que pudesse servir de lngua franca para todos os negcios e

    eventos internacionais. Alm disso, devemos lembrar que sempre existiro os ouvintes e os

    surdos. Portanto, mesmo que todos os ouvintes do mundo passassem a se comunicar em

    esperanto e que todos os surdos do mundo se comunicassem apenas em gestuno, ainda assim

    seria necessria a traduo de um para o outro.

    Qual a sua opinio?

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    Fonte: portaldoprofessor.mec.gov.br

    Lngua portuguesa: desconstruindo alguns mitos

    - O portugus uma das lnguas mais faladas no mundo. a lngua do colonizador de Portugal que irmana os

    brasileiros aos lusitanos. E ns todos aos irmos de Moambique, Angola, Cabo Verde, Guin Bissau, So Tom e

    Prncipe e Timor Leste. Correto?

    - Depende...

    A lngua portuguesa a lngua oficial da Repblica Federativa do Brasil, nos termos do art. 13,

    caput, da Constituio. Portanto, essa a lngua que os representantes da nao utilizaro nas

    leis, nos documentos oficiais e em qualquer tipo de comunicao entre governo e cidados.

    Conhecer a lngua portuguesa dever de todo cidado brasileiro, a forma de exercer a cidadania

    e lutar por direitos. Mas ela no a nica lngua falada no Brasil. E nem por todos aqueles que

    vivem em pases lusfonos.

    - Um surdo brasileiro e um surdo portugus se encontram. Eles vo se entender perfeitamente, afinal, ambos vm de

    pases que falam a mesma lngua, certo?

    - Errado!

    No caso dos surdos, no se pode falar numa comunidade lusfona. As lnguas de sinais so lnguas

    naturais com lxico e gramtica prprios, que evoluem de forma diferente. Cada comunidade

    surda desenvolveu sua prpria lngua de sinais. A Lingua Brasileira de Sinais (Libras) tem uma

    histria peculiar, e apresenta lxico e gramtica que no tm relao com a Lngua Gestual

    Portuguesa (LGP). Portanto, se um surdo brasileiro for a Portugal, ele precisar de um intrprete

    LibrasLGP para se comunicar com os surdos portugueses.

    - Todos os ouvintes do Brasil falam o portugus, no ?

    - Errado!

    De fato, estima-se que, atualmente, sejam faladas em nosso pas 180 outras lnguas alm do

    portugus. E veja bem: na cifra apresentada, foram desconsideradas todas as lnguas que os

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    brasileiros aprendem como idioma estrangeiro, as lnguas estrangeiras faladas nas comunidades

    de imigrantes e tambm todos os dialetos (variantes que, por no compor gramtica

    sistematizada, nem literatura escrita, no se enquadram na categoria de lngua). Esse clculo

    tampouco considera a lngua brasileira de sinais. Os dados foram apresentados pela Revista

    Superinteressante, na matria Moro num pas poliglota... quantas lnguas so faladas no Brasil?

    publicada em agosto de 2007.

    Fonte: http://super.abril.com.br/superarquivo/2007/conteudo_519768.shtml

    - A lngua portuguesa est entre as mais faladas no mundo.

    - Ela a 6 lngua materna mais falada no mundo.

    A lngua portuguesa falada, com variaes, por 240 milhes de pessoas ao redor domundo, distribudas em quatro dos cinco continentes:

    Fonte: veja.abril.com.br

    Apesar disso, ela no est no topo das lnguas maternas mais faladas no mundo. Conforme

    publicado no site de notcias Terra, o portugus a 6 lngua materna mais falada no mundo, atrs

    de algumas as quais suponho que voc nunca tenha escutado... Faa o teste:

    1 Mandarim (874 milhes de falantes)

    2 Hindi (366 milhes)

    3 Espanhol (358 milhes)

    4 Ingls (341milhes)

    5 Bengali (289 milhes)

    (Fonte: noticias.terra.com.br/educacao)

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    Voc conhece alguma palavra nesses cinco idiomas mais falados? De todos? Sabeonde esses idiomas so falados? Pesquise!?

    Com relao nossa proposta de desconstruir mitos, porm, tenha em conta o seguinte:no o fato de uma lngua ser falada por muitas pessoas que faz com que ela seja a mais

    importante. Se fosse assim, o mandarim e o hindi seriam os idiomas dos negcios e ensinados em

    todas as escolas. a dimenso poltica e o poderio econmico dos pases de lngua inglesa que

    fazem com que esse idioma conserve a importncia que tem no plano internacional e seja

    considerado lngua franca nas transaes comerciais e na esfera diplomtica.

    Lingua franca como chamamos a lngua de contato ou de relao que assume, num

    determinado perodo histrico, ou numa determinada regio, importncia especial nas relaes

    de contato e nas comunicao entre grupos ou membros de grupos linguisticamente distintos

    para o comrcio internacional e outras formas de interao.

    Durante o Imprio Romano, a lngua franca na comunicao com o oriente foi o grego, e,

    para o ocidente, o latim. De fato, o latim foi a lngua franca das cincias e das artes at o sculo

    XVI. Na maior parte da frica e sia e em parte da Europa e Oceania, o rabe foi a lngua franca

    desde o sculo VII, especialmente nas relaes comerciais e na religio islmica. A partir do sculo

    XVII, o francs assumiu o posto de lngua franca da diplomacia e at hoje usado por muitas

    instituies internacionais. Durante o sculo XIX e incio do sculo XX, o alemo foi a lngua franca

    em grande parte da Europa, especialmente nos negcios. Foi somente na segunda metade do

    sculo XX, aps a II Guerra Mundial, que o ingls assumiu o posto de lngua franca do comrcio e

    da diplomacia. Os Estados Unidos se empoderaram poltica, militar e economicamente aps a

    derrota da Alemanha nazista e tiveram atuao decisiva na criao da Organizao das Naes

    Unidas (ONU). Esta organizao internacional foi fundada em 1945, ano em que se encerra a II

    Guerra, com o objetivo de impedir que crimes contra a humanidade voltassem a acontecer. Alm

    do ingls, a ONU tem outros cinco idiomas oficiais: o francs, o espanhol, o russo, o rabe e o

    chins. No casualidade que se considerem idiomas oficiais da ONU as lnguas das potncias

    vencedoras da guerra que repartiram a Alemanha derrotada em quatro partes: Estados Unidos e

    Reino Unido (ingls), Frana (francs) e a ex-Unio Sovitica (russo). Alm disso, observe que o

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    Curiosidade...

    Quando, em 2009, Ahmadinejad, Presidente do Ir, veio ao Brasil para encontrar-secom o Presidente Lula, foi por meio de um complexo sistema de traduo que elesse comunicaram. Como no existem tradutores de farsi (que a lngua oficial do Ir)direto para o portugus, houve a necessidade de se fazer a traduo do farsi para oingls e depois a traduo do ingls para o portugus. S assim os brasileirospuderam compreender as falas do presidente iraniano.

    alemo no lngua oficial da ONU, apesar da sua importncia atual e de ter sido lngua franca na

    Europa dos negcios at o incio do sculo XX. O mesmo ocorre com o italiano e o japons, pois

    Itlia e Japo foram pases que apoiaram o Eixo nazista.

    Significa dizer que so questes polticas, econmicas e militares, muito mais do que

    beleza, funcionalidade ou quantidade de falantes de um idioma que faz com que ele assuma

    importncia do plano internacional e se configure como lngua franca.

    Vamos imaginar que os surdos fossem maioria no mundo. Voc acredita que alngua de sinais seria lngua franca nas negociaes internacionais?

    Ns acreditamos que no. Afinal, se questes numricas fossem determinantes para consolidar

    uma lngua franca, o mandarim e o hindi seriam as lnguas mais importantes do mundo, pois so

    as faladas por mais pessoas. Veja o caso do ingls: o poderio econmico, poltico e militar de

    duas grandes potncias (Estados Unidos e Inglaterra) que faz com que esse idioma seja a lngua

    mais usada no comrcio e na diplomacia hoje.

    Mahmoud Ahmadinejad, presidente do Ir, e Luiz Incio Lula da Silva, presidente do Brasil.

    Fonte: www.estadao.com.br

    Qual a sua opinio?

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    A traduo no d voz s minorias, mas faz com que o discurso delas seja compreendido

    pelos demais. Sob essa tica, a traduo no apenas uma arte, mas um direito! direito do

    surdo exigir que suas ideias sejam ouvidas pela via da traduo. Assim como direito do

    indgena se manifestar em sua lngua e ser compreendido pelo homem branco.

    Alguns pases elaboram leis sobre o direito de usar um idioma. Na Espanha, por exemplo,

    que tem trs comunidades autnomas bilngues (Galcia, Catalunha e Pas Basco), a Constituio

    Espanhola regulamenta o direito dos cidados dessas comunidades de se manifestarem em suas

    prprias lnguas (o galego, o catalo e o basco). Ao mesmo tempo, inscreve que o idioma oficial

    o espanhol e que todos tm o dever de conhec-lo e o direito de us-lo. Tambm o Canad

    regulamenta o bilingismo (ingls e francs) e confere populao o direito de manifestar-se e de

    ser atendido nos rgos pblicos em seu idioma de origem.

    Para no esquecer!

    Conceitos estudados na unidade 1:

    * lngua universal

    * lngua natural

    * lngua artificial

    * lngua franca

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    Unidade 2

    Descobrindo a traduo

    Na unidade anterior, vimos que a traduo assume especial importncia no mundo

    globalizado. Vimos tambm que algumas lnguas dominam o cenrio dos negcios, da diplomacia

    e das cincias. Contudo, a traduo no nenhuma inveno da modernidade. De fato, seria

    possvel argumentar que a traduo existe desde que o mundo mundo, ou, ao menos, desde que

    existe comunicao. E a traduo assume outras propores do que meramente transpor de uma

    lngua a outra. possvel traduzir, inclusive, dentro da mesma lngua! Vamos saber mais?

    Fonte: enciclopedia.com.pt

    Estima-se que a traduo diplomtica, pela sua utilidade, exista h mais de quatro

    milnios. Na Grcia Antiga, embaixadores eram enviados em misses especiais para as diferentes

    regies com a misso de entregar mensagens, intercambiar oferendas e sustentar os pontos de

    vista de seu povo diante dos governantes. Para esse contato, evidentemente, eram necessrios

    tradutores e intrpretes.

    Contudo, foi entre os romanos que surgiram as primeiras teorias sobre traduo. Horcio e

    Ccero, que traduziam do grego, refletiram sobre as dificuldades de transportar a mensagem

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    produzida numa lngua para a compreenso dos leitores em outro idioma. curioso observar que

    eles tinham uma viso peculiar de traduo. No Imprio Romano, a camada letrada da populao

    dominava o grego; as tradues feitas desse idioma no tinham, portanto, o objetivo de facilitar o

    acesso obra - elas eram incentivadas com finalidade pedaggica, como um exerccio gramatical

    para aprendizagem e fixao da lngua grega. Alm disso, os romanos viam nas tradues do grego

    uma forma de enriquecer a sua prpria produo artstica, conferindo atividade um segundo

    fim: a cultural. Os romanos, ento, j tinham a percepo da diferena que existia entre a

    traduo palavra por palavra (usada nos exerccios pedaggicos) e na traduo que considerava o

    texto com um todo, a que traduzia a mensagem em vez das palavras (empregada nas tradues

    com fins culturais).

    Nos sculos posteriores, a traduo foi vista, fundamentalmente, sob a tica da religio. O

    apogeu da Reforma protestante coincidiu com as grandes navegaes e a conquista do Novo

    Mundo. Trata-se de um perodo bastante frtil para o desenvolvimento de ideias sobre a

    traduo.

    Fonte: luteranos.com.br

    Nascido a 10 de novembro de 1483 na cidade de Eisleben, na Alemanha, Martim Luterofoi filho

    de uma famlia de mineiros pobres. Estudou filosofia e direito e no ano de 1505 entrou para a

    Ordem dos Agostinianos. Tornou-se monge e foi ordenado sacerdote em 1507. Defendeu tese de

    doutoramento em teologia no ano de 1512, e lecionou na cidade de Wittenberg, onde

    desencadeou um movimento que acabou por modificar profundamente o cenrio eclesistico

    ocidental: em 1517, publicou suas 95 teses, em que defendia reformas no interior da IgrejaCatlica. Suas ideias no foram bem recebidas e ele acabou excomungado no ano de 1521. Lutero

    foi o primeiro a traduzir a Bblia. Ele tinha o objetivo de levar a o texto bblico s camadas da

    populao que no liam o latim. Isso, poca, foi considerado uma heresia.

    Traduzir a maneira mais atenta de ler, quando se pensa e repensa sobre as palavras, se

    busca interpret-las e substitu-las. Traduzir , pois, um ato hermenutico. Hermenutica vem do

    grego e uma remisso a Hermes, que era considerado o mensageiro dos deuses. A palavra

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    hermenutica tem como sentido original a busca da mensagem de Deus. E, naquela poca,

    entendia-se que a palavra divina deveria ser aceita, mas no interpretada. No era permitido aos

    catlicos tentar explicar o que Deus quis dizer. Por isso Lutero foi condenado. As ideias dele acabaram

    por provocar a Reforma, como ficou conhecida a ruptura da Igreja Catlica em vrias Igrejas crists.

    Mais ou menos no mesmo perodo da Reforma, ocorreram as grandes navegaes. Os

    espanhis descobriram a Amrica, e necessitaram de intrpretes para comunicar-se com os ndios.

    Assim, desenvolveram a prtica de raptar jovens entre as tribos e for-los ao convvio com os

    europeus at que aprendessem o idioma. Naturalmente, a confiana, que um elemento

    fundamental para a realizao da comunicao, no se estabeleceu nem de um lado nem de outro. Os

    europeus desconfiavam dos intrpretes, porque, afinal, eles eram ndios. Os ndios, por sua vez,

    viam na figura do intrprete uma voz contaminada pelo contato com o europeu. A neutralidade

    um elemento fundamental para a credibilidade da traduo. Na conquista do territrio que hoje o

    Mxico houve um episdio que ilustra bem essa questo. Uma asteca chamada Malinche (que era de

    origem nobre, mas foi dada como escrava) conviveu entre vrios grupos que habitavam aquela regio

    e aprendeu vrios idiomas indgenas. Quando chegou o conquistador Hernn Cortez, ela serviu de

    intrprete para as mensagens que os espanhis traziam de uma nova religio e de domnio. Ela

    tornou-se amante de Cortez e teve com ele um filho. Cortez foi o responsvel pelo massacre dos

    indgenas na pennsula de Yucatn. O nome Malinche entre os mexicanos at hoje sinnimo detraidora. Essa importante personagem histrica representada como uma mulher de duas caras e

    duas palavras.

    Fonte: tihof.org

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    A sina de Malinche retrata o preconceito com que se viu, ao longo dos sculos, o trabalho

    do tradutor. Um importante filsofo chamado Ortega y Gasset popularizou o aforisma traduttore

    traditore (literalmente: tradutor traidor), pois via no ato de traduo sempre uma traio

    mensagem original. No perodo de consolidao dos Estados Nacionais, embora as tradues

    tenham sido amplamente empregadas para dar base ao projeto de construes de identidades,

    tinha-se a viso de que a lngua era o reflexo do carter de um povo. E carter intraduzvel.

    Nesse perodo tiveram voz vrios filsofos que defendiam a intraduzibilidade de forma absoluta.

    Eles at sabiam que as tradues aconteciam, mas acreditavam que o texto traduzido era como

    um reflexo na gua ou apenas um eco da mensagem do original.

    Os defensores da intraduzibilidade diziam que a lngua o reflexo do carter de um povo e

    que carter intraduzvel. Voc acredita que as ideias e os sentimentos do surdo podem ser

    vertidos para a lngua portuguesa oral? Ou apenas em Libras possvel express-los?

    Ns concordamos que a lngua um reflexo da identidade de um povo. Mas isso no

    necessariamente deve ser confundido com o carter. Os defensores da intraduzibilidade afirmam que o

    po comido pelos alemes diferente do po que comem os franceses, e que, por isso, a palavra po no

    poderia ser traduzida. Ns no pensamos assim. Existem vrios tipos de po: tipos diferentes, tamanhos

    diferentes, sabores diferentes, receitas diferentes... Mas todos so pes. Certamente haver em Libras

    conceitos que no existem na lngua portuguesa oral e vice-versa. Mas isso no significa que um no possa

    compreender a ideia do outro. H tantas coisas que conhecemos, mas no sabemos o nome... H tantas

    coisas que sentimos e no sabemos se existe uma palavra que sirva para dizer o que queremos... Ou seja:

    podemos compreender uma ideia, mesmo que no tenhamos uma palavra especfica para ela. E, alm

    disso, a lngua est sempre evoluindo seja no contato com outras lnguas, seja pelo caminho natural da

    sociedade.

    Assim, por meio da traduo que conhecemos coisas novas, criamos palavras novas e

    enriquecemos nossa cultura. Mas h vrios tipos de traduo. Traduzir entre idiomas diferentes uma das

    perspectivas de traduo e a mais conhecida. Mas no a nica! Vamos estudar os tipos de traduo?

    Qual a sua opinio?

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    Voc fala ingls? Se no, provavelmente no ter lido este livro...

    Fonte: dymocks.com.au

    O ttulo Who moved my cheese? e foi escrito pelo norte -americano Spencer Johnson.

    Ele lhe soa familiar? Talvez... O livro conta a histria de dois homenzinhos chamados Hem e Haw

    e dois ratinhos chamados Sniff e Scurry. Trata-se de uma metfora em que o queijo representa os

    objetivos de cada um (sucesso, tranqilidade, um bom emprego...) e as mudanas a que estamos

    sujeitos enquanto tentamos alcan-los. Sim... voc conhece a histria? Talvez porque tenha lido

    Quem mexeu no meu queijo: esse foi o ttulo que ele recebeu em portugus! Voc

    provavelmente j o ter visto, pois esse livro foi traduzido para mais de 20 lnguas e vendeu mais

    de 24 milhes de cpias ao redor do globo. Um grande sucesso de vendas!

    traduo entre diferentes idiomas chamaremos, de agora em diante, de traduo entrelnguas, traduo interlingual ou traduo propriamente dita.

    Contudo, devemos notar que no apenas entre idiomas diferentes que ocorre a

    traduo. Octavio Paz no texto Traduo, literatura e literalidade afirma:

    aprender a falar aprender a traduzir: quando uma criana pergunta a sua me o

    significado desta ou daquela palavra, o que realmente pede que traduza para a sualinguagem a palavra desconhecida. A traduo dentro de uma lngua no , nesse sentido,essencialmente diferente da traduo entre duas lnguas, e a histria de todos os povosrepete a experincia infantil (1990: 9).

    Octavio Paz Lozano (1914-1998) foi poeta, ensasta, tradutor e diplomata mexicano. Recebeu o

    Prmio Nobel de Literatura em 1990. considerado um dos maiores poetas do sculo XX e

    contribuiu com vrios ensaios aos estudos de traduo.

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    Assim, e seguindo a linha de Octavio Paz, podemos observar em nossa cultura vrios

    exemplos de tradues s que chamaremos intralingual ou dentro da mesma lngua.

    Voc se lembra do livro Quem mexeu no meu queijo?. Ele tambm foi traduzido dentro

    da mesma lngua, em verses para jovens e crianas.

    Fonte: livrariasaraiva.com.br

    A traduo intralingual acontece, alm do exemplo dado, quando um texto do passado,

    como Os Lusadas, de Lus de Cames, disponibilizado conforme as regras atuais da lngua.

    Tambm quando uma obra concebida em portugus lusitano transposta para pblico o

    brasileiro. Ou, ainda, quando um texto do presente, de vocabulrio muito difcil, simplificado

    para ser entendido por mais pessoas. Esse tipo de traduo pode ocorrer entre a linguagem

    tcnica e a linguagem cotidiana. Vamos pensar numa lei ou a sentena de um juiz, em que h

    muitos termos jurdicos no compreendidos pela maioria da populao. Se um jornal quiser

    explicar essa lei ou essa sentena aos seus leitores, proceder a uma operao de traduo

    intralingual. O mesmo ocorre quando o professor busca solucionar dvidas dos alunos sobre

    textos tericos. Dentro dessa perspectiva, toda aprendizagem passa necessariamente pela

    traduo. Mais que isso: no h atividade Lingustica sem traduo! possvel dizer, portanto, que

    a operao tradutria intralingual ocorrer sempre, em qualquer texto, independentemente da

    relevncia cultural ou esttica deste. Compreenso e interpretao: eis as palavras-chave na

    traduo intralingual! possvel notar que a traduo intralingual to corriqueira e intuitiva que

    s vezes nem nos damos conta que estamos traduzindo...

    A traduo intralingual aquela que ocorre dentro da mesma lngua. Essa operao normalmente

    conhecida como parfrase ou reformulao e consiste na interpretao dos signos verbais por

    outros da mesma lngua.

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    Alm da traduo entre lnguas e dentro da mesma lngua, temos a traduo entre

    sistemas diferenciados de signos. o caso das tradues que ocorrem entre as artes plsticas e

    visuais para a linguagem verbal. o caso, retornando aos nossos conhecidos ratinhos, de Quem

    mexeu no meu queijo? ... o filme. Houve uma traduo intersemitica entre a linguagem verbal

    escrita para o sistema semitico visual.

    Outros exemplos de tradues de livros para as telas:

    Fonte: livrariasaraiva.com.br Fonte: adorocinemabrasileiro.com.br

    LIVRO FILME

    Fonte: martinclaret.com.br Fonte: oglobo.globo.com.br

    LIVRO MINISSRIE DE TELEVISO

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    A forma mais corriqueira de traduo intersemitica a passagem que se d entre um

    sistema verbal e outro no-verbal: uma poesia que se transforma em pintura; uma histria em

    quadrinhos que vira filme; uma pea de teatro que vira bal. Contudo, pode ocorrer a traduo

    intersemitica entre dois campos de signos no-verbais, como, por exemplo, entre msica e dana.

    A traduo intersemitica definida como a traduo de um determinado sistema de signos paraoutro.

    Da mesma forma, pode acontecer a traduo entre duas lnguas sinalizadas, como, por

    exemplo, a lngua de sinais americana (ASL American Sign Language) e Libras (Lngua Brasileira

    de Sinais).

    Mas... e a traduo do portugus escrito (como empregamos aqui nesta apostila) para

    Libras (como o faz o intrprete no vdeo)... em que categoria se encaixa?Para responder essa pergunta, recorremos ao trabalho de Rimar Ramalho Segala,

    intitulado Traduo intermodal e intersemitica/interlingual: portugus brasileiro escrito para

    Lngua Brasileira de Sinais. Rimar surdo e traduz de Libras para o portugus escrito brasileiro e

    vice-versa. O trabalho a que nos estamos referindo a dissertao de mestrado dele, defendida

    em maro de 2010, na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e que foi por ns acessada,

    em 1 de dezembro de 2010, no site:

    Rimar explica nossa dvida:

    A traduo realizada no espao do Letras Libras uma traduo que parte de um texto

    escrito em Portugus acadmico para uma Lngua de Sinais que exige uma traduo

    visual, ou seja, a traduo gravada pelo tradutor/ator/coautor que tambm

    desempenha o papel de ator dessa traduo. Ele usa no s sua capacidade de traduzir e

    de compreender o texto, mas tambm expe sua imagem para registrar em vdeo o

    produto final.

    Por isso a traduo que se faz nesse espao intersemitica, alm de ser interlingustica,

    [...] porque esto implicados vrios processos e vrios recursos at se concretizar a

    traduo definitiva. (2010: 89)

    .

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    Rimar, quando analisa o material didtico empregado no curso de Letras Libras da UFSC,

    nos explica que a passagem entre as duas lnguas envolvidas no exemplo , ao mesmo tempo,

    entre lnguas (interlingual), pois envolve duas lnguas com gramticas prprias e noo de

    equivalncia entre os termos traduzidos, e intersemitica, pois envolve a passagem do sistema

    verbal escrito para o suporte em vdeo.

    Contudo, como j vimos, a traduo intralingual ocorrer sempre, em qualquer texto,

    quando nos propusermos a explicar, reinterpretar ou parodiar algo dentro do mesmo idioma.

    Assim, possvel afirmar que, quando se traduz do portugus para Libras faz-se uso dos trs tipos

    de traduo estudados: interlingual, intralingual e intersemitica.

    entre duas lnguas diferentes (ex: do ingls para o portugus)

    lnguas

    Traduo no interior de uma mesma lngua (ex: verses para crianas)

    signosintersemitica (ex: do livro para o cinema)

    De qualquer forma, existe algo em comum entre todas as modalidades de traduo

    estudadas, pois sempre se vai levar em considerao a existncia de uma mensagem original, que,

    para ser compreendida pelo receptor, precisa ser traduzida conforme critrios de equivalncia.

    Portanto, fundamental observar que a traduo no ir trabalhar com a ideia de ser idntico,

    de ser a mesma coisa, mas sim com o conceito de equivalncia. Explicamos:

    O livro Quem mexeu no meu queijo no idntico a Quem mexeu no meu queijo para

    jovens, nem, muito menos, a Quem mexeu no meu queijo para crianas. Contudo, a histria

    dos ratinhos Sniff e Scurry e dos homenzinhos Hem e Haw se mantm em todas as verses do

    livro. Digamos que a mensagem do livro a mesma, mas ela contada de forma diferente paracrianas, jovens e adultos, pois a inteno fazer com que cada grupo de receptores possa

    compreend-la da melhor forma possvel. Podemos afirmar, ento, que, embora o texto no seja

    o mesmo, ele equivalente.

    A minissrie Capitu, veiculada pela rede Globo, no idntica obra Dom Casmurro,

    escrita por Machado de Assis. A linguagem empregada pela televiso uma linguagem atual,

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    muito diferente do portugus brasileiro falado naquele perodo de transio entre o sculo XIX e o

    XX, quando Machado de Assis escreveu sua obra. Alm do mais, o romance machadiano narrado

    em 1 pessoa, todo sob a tica do personagem Bentinho, marido de Capitu. E sabemos que h

    certas coisas que se pode dizer em palavras, mas no em imagens, e vice-versa. Por isso a verso

    da televiso nunca ser idntica ao livro. No entanto, a trama da minissrie segue a mensagem (o

    enredo, os personagens, a sucesso de fatos, as crticas) da obra de Machado de Assis. Portanto,

    as mensagens no so iguais, mas so equivalentes.

    Quando se faz a traduo interlngua isso ocorre tambm. Vejamos um exemplo entre duas

    lnguas bem prximas: o portugus e o espanhol. Na lngua espanhola, existe um conhecido

    provrbio que diz de tal palo, tal astilla. Quando vamos ao dicionrio, descobrimos que astilla

    um fragmento irregular que salta ou cai de uma pea de madeira que se rompe. Ou seja, astilla

    significa, para ns, farpa, de modo que a frase fica: de tal pau, tal farpa. Isso faz sentido para

    voc? No? E se dissermos: tal pai, tal filho? Ou, ainda, filho de peixe, peixinho ? Agora faz

    sentido? Se faz, ento atingimos o nosso objetivo de fazer com que a mensagem do texto em

    lngua de partida ser compreendida pelo receptor em lngua de chegada. S que, para isso,

    tivemos de criar uma mensagem que no era idntica, mas equivalente.

    No ficou claro? Tudo bem. Vamos desenvolver essa ideia na unidade 3.

    Para no esquecer!

    Conceitos estudados na unidade 2:

    * Traduzibilidade / Intraduzibilidade

    * Traduo interlingual, entre lnguas ou traduopropriamente dita

    * Traduo intralingual, dentro da mesma lngua oureformulao

    * Traduo intersemitica ou entre signos diferentes

    * Equivalncia

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    UNIDADE 3

    Traduo, lngua e cultura

    Vamos retomar o provrbio em espanhol j estudado na unidade 2:

    De tal palo, tal astilla

    Fonte: misionmundial.com.ar

    Esse provrbio, da forma como se encontra, no compreendido pelos leitores brasileiros

    que no dominam a lngua espanhola. No entanto, ele pode ser facilmente compreendido aps

    uma operao tradutria. Para realizar essa operao, usaremos as seguintes denominaes:

    Lngua espanhola: lngua de partida, ou lngua-fonte. a lngua a partir da qual se

    quer traduzir.

    Lngua portuguesa: lngua de chegada ou lngua-alvo. a lngua para a qualse quer

    traduzir.

    Para proceder operao tradutria, vai ser preciso:

    Conhecer a lngua de partida e a cultura do povo envolvido, para compreender o que essa

    mensagem a ser traduzida significa para eles.

    Conhecer a lngua de chegada e a cultura do povo envolvido, para compreender o que a

    mensagem traduzida dever significar para ele.

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    Proceder a operaes mentais de busca por equivalncia, de modo a fazer com que a

    mensagem na lngua de chegada produza os mesmos efeitos que na lngua de partida.

    Com relao a este ltimo ponto, devemos ter em mente o seguinte: o provrbio de tal

    palo, tal astilla integra a sabedoria popular dos falantes da lngua de partida. Esse ditado

    conhecido e referido por pessoas das mais diversas classes sociais. Quando um falante de

    espanhol (no importa se gerente ou servente da fbrica) o escuta, ele no precisa de explicaes

    complementares para compreender o alcance da mensagem. O desafio da equivalncia consiste

    em reproduzir esse efeito na lngua de chegada (neste caso, o portugus).

    Um dos erros mais comuns pensar que o correto seria proceder traduo palavra por

    palavra. Os defensores dessa ideia argumentam que o texto traduzido (ou seja: o texto em lngua

    de chegada) deve ser fiel ao texto original (ou seja: o texto em lngua de partida). Essa teoria,

    porm, no mais aceita, pois hoje se entende que a fidelidade da traduo est mais

    associada reproduo dos mesmos efeitos do que escolha das mesmas palavras.

    Como j vimos, se decidirmos proceder traduo palavra por palavra, de de tal palo, tal

    astilla chegaramos ao texto em portugus de tal pau, tal farpa. Essa mensagem, embora

    corresponda traduo correta de cada uma das palavras presentes no enunciado da lngua de

    partida, no reproduz os mesmos efeitos na lngua de chegada. No portugus, a expresso de tal

    pau, tal farpa no ser compreendida por todos, e poder, inclusive, gerar confuso caso no seja

    explicada. Ou seja: ela no mantm, na lngua de chegada, a equivalncia daquilo que a

    mensagem representa na lngua de partida.

    Isso ocorre porque, para traduzir, alm de conhecer o idioma, devemos conhecer a cultura

    dos povos envolvidos. uma iluso acreditar que apenas com dicionrios poderemos traduzir

    tudo! Muitas pessoas pensam que com o tradutor do Google e outros softwares elas iro traduzir

    qualquer texto para qualquer idioma. As mquinas no entendem a cultura, portanto elas podem

    at ajudar, mas nunca substituiro o homem nessa rdua tarefa que traduzir. Especialmente os

    textos literrios, as piadas, os provrbios, as expresses idiomticas e tudo aquilo que envolva

    diretamente a cultura dos povos precisar do crebro humano (de um tradutor bem formado)

    para ser corretamente traduzido. Sem falar nas palavras polissmicas!

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    As palavras polissmicas so aquelas que tm mais de um sentido. O intrprete deve, ento, fazer

    uma anlise do contexto do enunciado para compreender em qual dos sentidos possveis a

    palavra est sendo empregada. Libras tambm tm palavras polissmicas. Andrea da Silva Rosa d

    o exemplo de sbado e laranja, que so representadas com o mesmo sinal.

    Fonte: http://www.editora-arara-azul.com.br/pdf/livro5.pdf

    S o contexto dir qual dos dois sentidos a palavra ir assumir.

    Retornando a nosso provrbio, quem conhece a cultura dos povos que falam espanhol

    sabe que a expresso de tal palo, tal astilla usada para designar um filho que muito parecido

    ao pai ou me, ou que eles tm os mesmos gostos, o mesmo talento ou at as mesmas manias!

    Seria, portanto, o equivalente em portugus expresso tal pai, tal filho ou, ainda, filho de

    peixe, peixinho .

    Agora chegamos a uma boa traduo da mensagem inicial, concordam?

    Filho de peixe, peixinho

    Fonte: flogvip.net

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    O que acabamos de ver vai acontecer em diversos idiomas e diversas culturas. Porque alngua no estanque, ela evolui junto com a sociedade, inovando e renovando expresses,

    criando grias, fazendo trocadilhos, etc. Pense nas expresses idiomticas! Independente da lngua

    com a qual voc estiver trabalhando, voc certamente no traduziria ao p da letra (palavra por

    palavra, no sentido do dicionrio) as expresses que esto no quadro.

    Ficar de olhoquebrar o galhoacertar na moscaao p da letratirar de letraestar armado

    at os dentesbater as botascara de paupr minhoca na cabea

    Por exemplo: voc, certamente, deve conhecer a expresso chover canivetes, que

    usamos no Brasil quando est chovendo forte demais. O equivalente a ela, em francs, il pleuve

    des cordes (chover cordas) e, em ingls, its raining cats and dogs (chover gatos e cachorros).

    Portanto, o bom tradutor do ingls para o portugus aquele que compreende que a

    melhor traduo para its raining cats and dogs no est chovendo gatos e cachorros, mas,

    isto sim, est chovendo canivetes, pois essa a expresso que melhor reproduz, na lngua de

    chegada, os efeitos da mensagem em lngua de partida.Frana Inglaterra Brasil

    Fonte: aedena.over-blog.com Fonte: chocoladdict.fr Fonte: verba-mollia-et-efficacia.blogspot.com

    Pesquise: existe equivalente para filho de peixe, peixinho em Libras?

    Pesquise: existe equivalente para chover canivete em Libras?

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    Uma traduo fiel , portanto, aquela que mais se aproxima da mensagem do texto

    original. S que, s vezes, para ficar prximo do texto que quer traduzir, o tradutor precisa

    afastar-se dele. Mas deve faz-lo apenas e unicamente na medida exata para reproduzir na lngua

    de chegada a mesma mensagem da lngua de partida.

    Vamos a um exemplo trazido por Rimar Ramalho Segala (2010, p. 56) para entendermos

    que, s vezes, para conseguir uma mensagem equivalente, o tradutor precisa afastar-se do texto

    que est traduzindo.

    Vejamos a orao do Pai Nosso para os catlicos:

    Pai Nosso, que estais no cu, / santificado seja o Vosso nome, / venha a ns o Vosso reino, / seja

    feita a Vossa vontade / assim na terra como no cu. / O po nosso de cada dia nos dai hoje, /

    perdoai as nossas ofensas / assim como ns perdoamos a quem nos tenha ofendido / e no nos

    deixeis cair em tentao, / mas livrai-nos do mal.

    Voc j a rezou em Libras? Veja como fica a transcrio para o portugus brasileiro escrito

    da orao do Pai Nosso em Libras:

    PAI (DEUS L), TER-EXISTE L CU, ELE FILHO NS, NS PAI ELE (SEU-SINAL), SEU

    NOME SANTIFICADO-SANTO, (SUPERIOR-PUREZA). ELE REI-REINO, (VEM AQUI),

    ELE (SUA VONTADE) PRPRIA, (CU-ANJOS), (TERRA PESSOAS), IGUALDADE.QUANDO NS PRECISAMOS-(INTERIOR), BUSCO, BUSCO, BUSCO DEUS NOS D, D,

    D TODOS OS DIAS. COISAS (ELAS-PESSOAS) ERRADAS, OFENDEM, EU PERDO

    PESSOAS, EU ERRADO, OFENSAS, DEUS ME PERDOA. CAMINHO-RETO, TENTAO

    ME TENTA, (EU CAIR-DESVIO-CAMINHO-RETO) DEUS ME PEGA, COLOCA CAMINHO-

    RETO QUALQUER-COISA-H M-A-L, DEUS, MO-O-OBRA, TIRA-FORA.

    Observe que, para conseguir transmitir em Libras a mensagem da orao em portugusbrasileiro, foi preciso afastar-se do texto exato desta. Caso o tradutor optasse por traduzir palavra

    por palavra a orao do Pai Nosso, ser que ele conseguiria se fazer entendido pela comunidade

    surda (receptora da mensagem)? Certamente que no. Foi preciso mudar palavras, reestruturar

    frases inteiras, alterar a ordem dos enunciados e, somente assim, foi possvel transmitir a

    mensagem. As duas oraes no so idnticas, mas so equivalentes. E a traduo obedece aos

    conselhos dados por Rimar Ramalho Segala em seu trabalho:

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    A lngua de chegada (Libras) deve ser clara e moderna, e utilizar os sinais mais comuns aos

    surdos usurios de Libras, no seguindo a estrutura da Lngua Portuguesa, nunca traduzindo

    literalmente palavras por sinais, obedecendo a ordem dos pargrafos sem a necessidade de

    se preocupar com virgulao, e sendo fiel ao sentido dos textos escritos, a mensagem, para

    Libras, principalmente para que os usurios de Libras entendam (2010, p. 32).

    A traduo palavra por palavra (ou, neste caso, traduo literal de palavra por sinal) um

    erro comum e bastante grave, que pode inviabilizar a compreenso da mensagem. Andrea da Silva

    Rosa da um exemplo (2005, p. 64-65): falava-se sobre a educao dos surdos no Brasil, e a

    palestrante explicava que o problema maior no estava na surdez e, sim, em ser pobre, pois

    surdos que tiveram acesso a melhores recursos apresentavam desempenho escolar semelhante

    ao ouvinte. O intrprete, julgando estar sendo fiel palestrante, traduziu a frase: A pobreza

    muito sria (em Portugus), da seguinte forma: pobre srio (em lngua de sinais). A traduo

    poderia ter sido: Pobre problema difcil.

    POBRE SRIO

    POBRE PROBLEMA DIFCIL

    Andrea da Silva Rosa pondera sobre a tarefa do tradutor:

    O tradutor no deve traduzir palavra a palavra; nem pode utilizar o texto de partida como

    um tema sobre o qual improvisa livremente. O ato tradutrio s acontece a partir de uma

    mensagem que compreendida pelo leitor/tradutor a transforma em nova mensagem

    compreensvel ao leitor da lngua de chegada (2005, p. 67).

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    O tradutor deve recordar que as palavras por si s no transmitem significados que no

    tenham razes na experincia do sujeito, e que, s vezes, elas assumem sentidos diferenciados

    numa cultura e na outra. s vezes, necessrio destruir a palavra para manter o sentido. E, para

    conhecer o sentido, fundamental conhecer a cultura.

    Portanto, quem no conhece profundamente a cultura surda brasileira no pode ser

    considerado bom tradutor de ou para Libras. Pois lngua no pode ser dissociada de cultura, e

    quem no conhece a cultura jamais entender por completo a lngua.

    Fonte: vendovozes.com.br

    Assim, e porque, como j afirmamos, a boa traduo, no caso da orao em Libras,

    aquela que traz a mensagem da lngua departida (no nosso caso, o portugus) para a lngua de

    chegada (Libras), que acomoda o texto de chegada conforme a cultura da comunidade receptora,

    podemos dizer que a boa traduo para Libras aquela essencialmente domesticadora (usando

    as palavras de um terico chamado Lawrence Venutti).

    Lawrence Venuti(1953) um terico norte-americano dos estudos de traduo. Ele segue a linha

    marxista e pesquisa, entre outros temas, a dimenso poltica das escolhas lexicais na traduo e as

    razes que levam uma obra a ser traduzida para um idioma e contexto histrico especfico.

    STROEBEL, Karin Lilian. As imagens do outro sobre a cultura surda.

    Florianpolis: Editora da UFSC, 2008.

    Dica de

    leitura

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    A traduo domesticadora aquela que (nas palavras de outro terico, chamado Friedrich

    Schleiermacher) deixa o leitor quieto e traz o autor at ele. Nesse caso, o texto a ser traduzido

    vai ao encontro do leitor e o abraa na sua prpria lngua e cultura.

    Friedrich Daniel Ernst Schleiermacher (1768 1834) foi pregador em Berlim e deu aulas de

    filosofia e teologia. Preocupava-se imensamente com a traduo da Bblia e outros textos

    religiosos.

    Fonte: desertosedesertificacao.blogspot.com

    No caminho inverso, est a traduo estrangeirizadora, aquela que (ainda nas palavras de

    Schleiermacher) deixa o autor quieto e traz o leitor at ele. Esse tipo de traduo coloca o leitor

    na obrigao de entrar no mundo, na lngua e na cultura do escritor para poder compreend-lo.

    Fonte: ensaiogeral.com.br

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    A maior parte dos tericos afirma que a traduo estrangeirizadora a mais adequada.

    Para eles, o contato com uma cultura diferente, que emprega palavras diferentes e tem estilos

    novos de escrita uma excelente forma de enriquecer o idioma e a cultura do povo da lngua de

    chegada. Mas isso, em nossa opinio, apenas deve ser levado em conta na cultura oralizada.

    Quando estamos referindo a traduo para Libras e a comunidade surda, que tanto sofreu com a

    perspectiva do oralismo (que rejeitava a comunicao em Libras, defendendo a ideia de que

    eram os surdos que deveriam se adaptar s regras da lngua portuguesa), parece-nos que a

    tendncia domesticadora (qual seja, a preocupao em levar a mensagem at o surdo, em vez de

    obrig-lo a lutar para compreend-la em portugus) uma grande conquista.

    Exemplos de histrias infantis domesticadas para crianas surdas: Rapunzel surda e

    Cinderela surda.

    Fonte: ulbra.edu.br

    Para no esquecer!

    Conceitos estudados na unidade 3:

    * Texto original

    * Lngua de partida ou lngua-fonte

    * Lngua de chegada ou lngua-alvo

    * Fidelidade

    * Traduo palavra por palavra

    * Traduo da mensagem

    * Traduo domesticadora

    * Traduo estrangeirizadora

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    UNIDADE 4

    TRADUO E INTERPRETAO

    Estamos estudando introduo aos estudos de traduo e voc deve estar se

    perguntando: qual a diferena entre um tradutor de libras e um intrprete? Qual o papel dointrprete? Existe traduo escrita de lngua de sinais? Essas so as questes que passaremos atrabalhar nesta quarta unidade.

    Leia a seguinte notcia, publicada na Revista Isto

    Brasil | N Edio: 2067 | 24.Jun.09 - 10:00 | Atualizado em 14.Dez.10 - 06:01

    O intrprete de lulaMundo afora, Srgio Xavier fala e ouve pelo presidente, guarda segredos de Estado e ganha status no poder

    Claudio Dantas Sequeira

    DIPLOMATA INFORMALXavier segue Lula: traduo nem sempre fiel j evitou muitas gafes presidenciais

    Entre um chope no Bracarense, no Leblon, e o vlei de praia em Ipanema, o carioca Srgio Xavier sempre

    rezou pela cartilha da esquerda. Com parentes perseguidos pela ditadura militar, dedicou-se ao movimento

    sindical, construo do PT no Rio de Janeiro e abraou causas sociais, como a campanha contra a fome

    liderada por Hebert de Souza, o Betinho. Aos 42 anos, formado em comunicao social, resolveu arriscar

    uma virada na vida. A oportunidade surgiu num jantar oferecido pelo ento presidente do PT, Luiz Incio

    Lula da Silva, a mais de 100 ONGs internacionais, durante a ECO-92, a conferncia sobre meio ambiente.

    Ofereceu-se para traduzir o discurso do ento sempre candidato da legenda ao Palcio do Planalto. Lula

    gostou do resultado e, dois anos depois, levou o intrprete para um encontro com o lder africano Nelson

    Mandela. Hoje, Xavier o intrprete oficial da Presidncia da Repblica. A rotina carioca do chopevlei deu

    lugar a uma agenda repleta de compromissos oficiais e coquetis com chefes de Estado.

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    A bordo do Aerolula, Xavier conheceu mais pases do que poderia sonhar e passou a conviver com lderes

    mundiais. Em maio, durante a reunio do G-20 em Londres, seu rosto ganhou as manchetes quando o

    presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, chamou Lula de "o cara". Coube a ele traduzir a gria

    americana. Na semana passada, acompanhou o giro presidencial pela Sua, Rssia e Casaquisto. Na

    reunio dos BRICs, alm dos encontros pessoais, teve o desafio de fazer tradues simultneas de cabine,do ingls para o portugus. Com a relevncia da funo, vem o assdio. Ao servir de boca e ouvidos do

    presidente Lula mundo afora, inclusive nas conversas particulares com autoridades estrangeiras, Xavier se

    tornou o interlocutor mais cobiado de Braslia por assessores, ministros e jornalistas. Todos tentam

    arrancar do tradutor algum segredo de Estado. Mas, sempre discreto e fiel aos princpios da profisso, ele

    apenas sorri e desconversa. Quando pressionado, cala-se. (...)

    "Minha maior alegria ser o que alguns colegas chamam de 'a voz do Brasil' ou 'dubl', como me qualificou o

    presidente ao me apresentar num evento nos EUA", disse Xavier ATA (American Translator Association). (...)

    Um dos maiores desafios ser fiel s expresses e piadas usadas por Lula. No primeiro encontro que teve

    com Barack Obama, na Casa Branca, em maro, o presidente disse que o americano tinha um "pepino" nas

    mos, ao assumir os EUA em plena recesso . Xavier no encontrou no ingls algo similar expresso

    brasileira. Disse apenas que Lula "no queria estar na sua posio".

    Na visita a Windhoek, na Nambia, em 2003, o presidente declarou que quem chegava cidade nem

    parecia que estava na frica porque "poucas cidades do mundo eram to limpas, to bonitas". O intrprete

    omitiu a palavra "limpa", que poderia ser entendida como uma ofensa ao continente.

    Embora a imprensa brasileira tenha destacado a gafe de Lula, naquele momento, diante das autoridades do

    pas, Xavier mostrou que seu papel, hoje, muito mais importante do que aparenta. , s vezes,

    diplomtico.

    Fonte: http://www.istoe.com.br/reportagens/19641_O+INTERPRETE+DE+LULA

    O intrprete, como o caso de Srgio Xavier, pode comentar com a imprensa

    ou outras pessoas as informaes a que ele teve acesso enquanto desempenhava

    seu trabalho?

    Nossa opinio (definitivamente!) que no. A confiana e a neutralidade so requisitos fundamentais para a

    atividade de interpretao. O intrprete que comete indiscries e fala sobre aquilo que ele ouviu enquanto estava

    Qual a sua opinio?

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    realizando o seu trabalho comete uma falha tica muito grave, que, em alguns casos, pode configurar crime. Mesmo

    nos casos menos importantes, o intrprete indiscreto fica mal visto pelas pessoas que o circundam (seja o cliente, seja

    o colega de profisso). Quem que gosta de uma pessoa fofoqueira? Ningum... Tanto pior se a fofoca tiver origem

    no trabalho. Toda informao que chegar ao intrprete deve ser resguardada pelo sigilo profissional. Voc gostaria

    que seu mdico sasse comentando com todo mundo sobre a sua doena? Voc gostaria que seu advogado espalhasse

    pela cidade detalhes sobre suas dvidas ou sobre seu divrcio? Como voc se sentiria se consultasse um psiclogo e

    ele contasse para todo mundo os seus problemas? Com o intrprete a mesma coisa...

    Considerando-se que o nome de nossa disciplina Introduo aos Estudos de Traduo,

    necessrio perguntar: o que so estudos de traduo?. Neste momento, em que j temos uma

    boa caminhada pelos contedos relativos traduo, podemos responder com Mona Baker:

    Entende-se que o termo Estudos da Traduo agora se refere disciplina acadmica que

    envolve o estudo da traduo lato sensu, abrangendo traduo literria e no-literria e vrias

    formas de interpretao oral, alm de dublagem e legendagem (BAKER, 1998b, p. 277).

    Mona Baker uma terica egpcia que leciona Estudos de Traduo na Universidade de

    Manchester, Inglaterra. Ela desenvolve pesquisas nas reas de traduo e estudos interculturais.

    Mona Baker fala agora porque nem sempre foi assim.Antes, existia a tendncia de se

    fazer a separao entre traduo literria e no-literria ou entre traduo e interpretao.

    Para Schleiermacher, a verdadeira traduo era a literria, a de obras de arte, de clssicosda literatura. traduo do mundo dos negcios e aquela a que hoje c hamamos tcnica, ele

    conferia a denominao de interpretao, e a via como uma atividade meramente mecnica,

    para a qual no eram necessrios maiores embasamentos filosficos. O valor que Schleiermacher

    conferiu palavra interpretao (como sendo a traduo tcnica) no perdurou. Mais tarde,

    palavra interpretao foi concedido o sentido de traduo oral de discurso oral. Ainda hoje se

    emprega a palavra interpretao para se referir traduo simultnea ou consecutiva que

    ocorre, por exemplo, nas conferncias e julgamentos.

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    Cartaz do filme A intrprete, com Nicole Kidman.

    Fonte: filmeja.com

    Tomando-se essa perspectiva como referncia, possvel notar que, no caso de Libras,

    pode existir tanto a traduo quanto a interpretao. A diferena da traduo de Libras com

    relao s lnguas no-sinalizadas est na forma do registro usado pelos tradutores. Duas so as

    tcnicas mais conhecidas:

    1) o SignWriting, que um sistema de escrita desenvolvido para registrar a Lngua de Sinais,

    fazendo uso de smbolos visuais para representar as configuraes de mo, os movimentos e

    expresses faciais e os movimentos do corpo. muito usado para textos bilngues e para

    evidenciar as diferenas de sinais existentes, por exemplo, entre a lngua de sinais brasileira

    (Libras) e outra lngua de sinais, como a americana (ASLamerican sign language).

    Fonte: culturasurda.com.br

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    Portanto, deve-se desfazer o mito de que, quando se fala em Lnguas de Sinais, no possvelusar o termo traduo. O termo traduo no exclusividade da palavra escrita. E, aindaque assim o fosse, existem formas de registro escrito de Libras como o SignWriting. sgravaes em vdeo de algum se comunicando em Libras tambm chamaremos traduo.

    2) gravao em vdeo ou registro por meio de fotografias de algum que usa a lngua de sinais.

    Fonte: faetec.rj.gov.br

    Com o avano da tecnologia, est cada vez mais comum fazer gravaes em vdeo como

    suporte da traduo em libras. De qualquer forma, o registro em SignWriting ainda muito usado.

    No Brasil, comum se referir interpretao como traduosimultnea. Mas traduo

    simultnea (ou interpretao simultnea) apenas uma das estratgias de traduo, qual se

    contrape a traduo consecutiva (ou interpretao consecutiva).

    Na interpretao consecutiva, o intrprete primeiro escuta o orador (ou o visualiza, no

    caso de interpretao entre duas lnguas de sinais, como, por exemplo, Libras e ASL) e,

    depois, valendo-se de uma pausa na comunicao daquele que est sendo traduzido,

    transmite ao pblico a mensagem na lngua de chegada. Esse tipo de interpretao no

    costuma usar equipamentos e mais indicado para discursos curtos. Na prtica, usado

    quando no existem os equipamentos necessrios ou profissionais capacitados para a

    interpretao simultnea.

    Na interpretao simultnea, a mensagem na lngua de chegada elaborada sem pausas,

    ao mesmo tempo em que ocorre a comunicao a ser traduzida. As duas estratgias

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    Fatores fsicos, tais como as condies de trabalho, a temperatura, os rudos, o espao fsicona cabine, a natureza da fala do orador (sua linguagem corporal, o tom de voz, a velocidadeda fala, o sotaque e o assunto), alm de uma srie de outros elementos repercutemdiretamente no trabalho do intrprete.

    requerem boa memria e rapidez de intuio dos intrpretes, mas a simultnea

    especialmente difcil. Ela tem a vantagem de no aumentar o tempo das comunicaes,

    mas exige recursos tcnicos tais como uma cabine para os intrpretes e fones de ouvido

    para a platia. Ela pode ser realizada em duplas: um dos intrpretes anota palavras-chave

    para facilitar o trabalho daquele que est falando ao microfone, e eles se revezam de

    tempos em tempos. Em eventos com mais de duas horas, a presena de dois intrpretes

    recomendada, pois a capacidade de concentrao cai sensivelmente em funo do

    desgaste da atividade.

    Interpretao Simultnea em cabine.

    Fonte: cesarbargoperez.blogspot.com

    Existe, ademais, a traduo (ou interpretao) sussurrada, modalidade em que o intrprete

    fica prximo ao(s) ouvinte(s) e traduz o discurso original em voz baixa. semelhante

    interpretao simultnea, mas no faz uso de equipamentos. uma estratgia vivel

    apenas quando o nmero de pessoas para quem se vai traduzir for reduzido. Pode ser

    usada em reunies de negcios, mediao internacional e at audincias.

    Em Libras, o mais comum privilegiar a interpretao simultnea, mas sem uso de

    equipamentos. Em conferncias, audincias, reunies ou mesmo aulas o intrprete posiciona-se

    em lugar visvel (geralmente frente ou junto ao orador) e vai traduzindo, concomitantemente,

    para a lngua de chegada a mensagem proferida em lngua de partida.

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    Fonte: guiajovemprofissional.blogspot.com

    No Brasil, alm da confuso estabelecida entre os termos tradutor e intrprete e a

    usual referncia interpretao como traduo simultnea, de se notar que no se faz

    diferenciao entre tradutor e intrprete para a finalidade de servios juramentados. Aquele que

    aprovado na prova escrita de tradutor juramentado pode, tambm, exercer a funo de

    intrprete juramentado. Ou seja: na cultura brasileira, tende-se, cada vez menos, a distinguir a

    traduo da palavra escrita da traduo da palavra oral ou de sinais. Isso se explica, em parte, pela

    tecnologia e pela velocidade da comunicao em tempos de globalizao.

    Se antes se fazia a diferena entre traduo (palavra escrita) e interpretao (palavra oral),

    agora, com tantos e novos recursos tecnolgicos, essa diferena perdeu a razo de ser. Hoje,

    existem softwares que transcrevem o que dito pela voz humana (como o ViaVoice e o Easy

    Transcriber). Do ngulo oposto, h softwares que reproduzem a voz humana a partir daquilo que

    foi escrito (programado), como faz o GPS. Alm disso, os softwares de traduo, entre os quais o

    tradutor do Google, conferem traduo da palavra escrita uma velocidade ainda maior do que a

    da fala. A velocidade das comunicaes (especialmente no mundo das notcias) e os prazos de

    entregas urgentes foram os tradutores a produzir seus textos com uma rapidez que se

    aproxima da interpretao simultnea. E, tal como esta, algumas tradues tambm soefmeras: certas notcias ficam publicadas por pouqussimos dias. Alm do mais, a comunicao

    em vdeo, que feita por meio da oralidade ou da comunicao em sinais, tende a ser enquadrada

    no conceito de traduo, mesmo que no faa uso da palavra escrita. A justificativa que, na

    gravao do vdeo, o processo pode ser feito, estudado e corrigido e pode ser divulgado e

    arquivado, tal qual a palavra escrita. Com base nisso tudo, vemos que a tendncia a separar

    interpretao e traduo em rtulos diferenciados caiu por terra.

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    Curiosidade...

    O incio da era da interpretao simultnea veio com os julgamentos de Nuremberg e de Tquio,depois da II Guerra Mundial. O julgamento de Nuremberg ocorreu na cidade alem de mesmo nomee comps um Tribunal Militar Internacional contra os 24 principais dirigentes do nazismo que aindaestavam vivos. Eles eram acusados dos crimes mais variados, todos relacionados com crimes deguerra e contra a humanidade cometidos, especialmente, contra os judeus. O tribunal de Nurembergdecretou 12 condenaes morte, 3 prises perptuas, 2 condenaes de 20 anos de priso, uma de15 e outra de 10 anos. Hans Fritzsche, Franz von Papen e Hjalmar Schacht foram absolvidos.

    Os equipamentos usados em Nuremberg haviam sido desenvolvidos pela IBM na dcada de 20 eusados pela primeira vez em 1927, na Conferncia Internacional do Trabalho, em Genebra. EmNuremberg, os intrpretes, todos acostumados com a modalidade consecutiva, estavam, em suamaioria, usando a tecnologia pela primeira vez. Eles no receberam treinamento apropriado e algunsno conseguiram usar com sucesso a nova tecnologia. Isso dificultou os trabalhos e levou oprocurador americano, Robert Jackson (responsvel de fazer a acusao contra os nazistas), a culparo sistema de interpretao pelo fracasso do interrogatrio a que submeteu o alemo HermannGoering. Goering sabia bem o ingls, mas respondeu s perguntas em alemo. Ele conseguiuatrapalhar os intrpretes e o procurador norte-americano, sempre reclamando que as tradues noeram adequadas e exigindo que fossem reformuladas.

    Quem quiser saber mais sobre o assunto, pode procurar o filme Ojulgamento de Nuremberg quereproduz trechos inteiros do julgamento e o retrata com fidelidade.

    Inclusive, retomando o conceito de estudos da traduo apresentado no incio desta

    unidade, Mona Baker j incluiu a dublagem e as diversas formas de traduo oral na ideia de

    traduo lato sensu (quer dizer: traduo em sentido amplo).

    Fonte: semprefilmes.com

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    REFERNCIAS

    BAKER, Mona. Translation Studies. In: M. Baker (org.) Routledge Encyclopedia of Translation Studies.Londres e Nova York: Routledge, 277-280. Apud ATKISON, Rebecca Frances. O intrprete em seu meioprofissional: por uma voz mais alta. Disponvel em: Acesso em 2 jul. 2010.

    PAZ, Octavio. Traduccin: literatura y literalidad. 3 edio. Barcelona: Tusquets, 1990.

    ROSA, Andrea da Silva. Entre a visibilidade da traduo de sinais e a invisibilidade da tarefa do intrprete.Disponvel em: Acesso em 11 dez. 2010.

    SEGALA, Rimar Ramalho. Traduo intermodal e intersemitica/interlingual: portugus brasileiro escritopara Lngua Brasileira de Sinais. Disponvel em:.Acesso em 1 dez. 2010.

    Para no esquecer!

    Os conceitos estudados na unidade 4:* Traduo tcnica;

    *Traduo literria;

    * Interpretao;

    * SignWriting;

    * Gravaes em vdeo;

    * Traduo ou interpretao consecutiva;

    * Traduo ou interpretao simultnea;

    * Traduo ou interpretao sussurrada;* Aproximao entre traduo e interpretao.