instituto politécnico de beja escola superior de educação · escala de avaliação de depressão...
TRANSCRIPT
Instituto Politécnico de Beja
Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária
Projeto de Intervenção “A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu
contexto natural de vida”
Mariana Ramos Soares
Beja
2013
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 2
Instituto Politécnico de Beja
Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária
Projeto de Intervenção “A QUALIDADE DE VIDA EM GERONTES QUE PERMANECEM NO SEU
CONTEXTO NATURAL DE VIDA”
Projeto de Mestrado apresentado na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Beja
Elaborado por:
Mariana Ramos Soares
Orientada por:
Orientadora: Professora Doutora Adelaide Fernandes Pires Malaínho
Coorientadora: Mestre Ana Isabel Lapa Fernandes
Beja
2013
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 3
Resumo
O tema do presente projeto prende-se com a Qualidade de Vida em gerontes
que permanecem no seu contexto natural de vida. Os objetivos gerais delineados
foram: Compreender de que forma a permanência do idoso no seu contexto
natural de vida influencia a qualidade de vida; contribuir para a promoção da
qualidade de vida dos gerontes que usufruem do Serviço de Apoio Domiciliário.
Em termos de revisão bibliográfica, os principais autores seguidos foram: Paúl;
Stuart-Hamilton; Zimerman; Marques; Fleck e Ander-Egg.
O estudo consistiu numa investigação de natureza qualitativa, mais
precisamente, num estudo de caso – dos idosos utentes do serviço de apoio
domiciliário do Lar de São Bento, sito em Vila Nova de São Bento, concelho de
Serpa, distrito de Beja. Foram aplicados, aos treze participantes, os seguintes
instrumentos: a Escala geriátrica de depressão (Barreto,2003); Escalas de
Avaliação de Qualidade de Vida– Whoqol-bref e Whoqol-old; Questionário de
Saúde Geral (Faria, 2000).
Os principais resultados encontrados foram: na escala geriátrica de depressão -
apenas três participantes estavam abaixo do limiar de suspeita de depressão; no
questionário de saúde geral - apenas uma participante teve uma pontuação
menos positiva; nos questionários de avaliação de qualidade de vida - os
resultados foram no geral positivos - os domínios geral, físico e sensorial foram
os domínios que obtiveram resultados menos positivos.
Após a análise dos resultados foi considerada a necessidade da
formação/sensibilização sobre o envelhecimento; assim, foi realizada uma ação
de formação do módulo de Psicologia da Velhice.
Palavras-chave: Envelhecimento, Qualidade de Vida, Contexto Natural de Vida,
Geronte, Serviço de Apoio Domiciliário.
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 4
Abstract
The theme of this intervention project focuses on the Quality of Life of elderly people that remain in their natural context of living. The overall objectives
outlined were: to understand how the permanence of the elderly in their natural
context of living influences their quality of life; and to contribute to the promotion
of the quality of life of elderly citizens in the Home Support Service.
In terms of theoretical framework / literature review, the following authors have
been considered: Paúl; Stuart-Hamilton; Zimerman; Marques; Fleck & Ander-
Egg.
The study consisted in a qualitative investigation, more precisely, a study case
on the elderly users of Home Support Service of the retirement home of São
Bento, located in Vila Nova de São Bento, municipality of Serpa, district of Beja.
The following instruments were applied to the thirteen elderly participants in the
research: the Geriatric Depression Scale (Barreto, 2003); The World Health
Organization instruments for measuring quality of life (the WHOQOL-BREF and
the WHOQOL-old); General Health Questionnaire (Faria, 2000), and a semi-
directive interview.
The main results found were: In the geriatric depression scale - only three
participants were below the threshold for suspected depression; in the general
health questionnaire - only one participant had a less positive score; in the World
Health Organization instruments for measuring quality of life, the results were
generally positive; however, the general, physical and sensory domains were the
ones that obtained less positive results.
After analyzing the results, was considered the need for training / awareness
about aging, so we conducted a training from Psychology of Aging.
Keywords: aging, quality of life, natural context of living, elderly people, Home
Support Service.
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 5
Agradecimentos
A realização deste projeto de dissertação só foi possível com o contributo de
vários intervenientes, que direta ou indiretamente, contribuíram para o
enriquecimento deste projeto de intervenção:
Professora Adelaide Malaínho e Professora Ana Fernandes, pela
disponibilidade, apoio, sabedoria…
A todos os professores do presente mestrado pelos conhecimentos
adquiridos para a construção deste projeto;
Ao Director Técnico do Lar de São Bento pela acessibilidade, simpatia e
partilha de conhecimentos;
A todos os que, fora de percurso académico, foram essenciais para a
realização deste projeto;
A cada um dos treze participantes, pela disponibilidade, simpatia e
sinceridade.
O ESPELHO
Olho para um espelho e vejo o rosto Cheio de rugas, cansado e sem frescura; Sinto prazer em chorar o meu desgosto, Pois me parece que fugi da sepultura...!
O cabelo revolto a branquear, Mostrando a velhice já presente;
Para cúmulo, se tento rir ou gracejar É uma miséria, nem um só dente!
Oh! Pecados meus! Espelho maldito! Quisera partir-te em mil bocados E chorar por ti num choro aflito!
Mas, primeiro, chamar-te vil em altos brados! No meu tempo, um espelho era bonito
E hoje... É mais feio que os meus pecados.
LÁGRIMAS. SÓ LÁGRIMAS!...
Antónia da Conceição Louro Dionísio do Rosário (1973)
(Vila Nova de São Bento)
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 6
Índice Resumo .............................................................................................................. 3
Abstract .............................................................................................................. 4
Agradecimentos ................................................................................................. 5
Introdução .......................................................................................................... 9
I Enquadramento teórico / Revisão da Literatura ............................................. 15
1. Psicogerontologia Comunitária............................................................... 15
2. Perspetivas sobre o fenómeno do envelhecimento ................................ 17
2.1. Alterações a nível físico ................................................................... 19
2.2. Alterações a nível cognitivo e psicológico........................................ 21
2.2.1. Depressão na terceira Idade ........................................................... 22
2.3. Alterações a nível social ..................................................................... 27
2.4. Proteção Social no envelhecimento ................................................. 29
3. Contexto Natural de Vida ....................................................................... 31
3.1. A prestação informal de cuidados .................................................... 34
4. Qualidade de Vida .................................................................................. 35
4.1. Qualidade de vida no envelhecer .................................................... 38
4.2. Conceito de necessidade humana básica ....................................... 39
5. Serviço de Apoio domiciliário: um serviço de apoio na comunidade ...... 41
II Metodologia ................................................................................................... 46
III Estudo Empírico ........................................................................................... 49
1. Contextualização .................................................................................... 49
1.1. Freguesia de Vila Nova de S. Bento ................................................ 49
1.2. Lar de São Bento ............................................................................. 52
1.3. Serviço de Apoio Domiciliário – Lar de São Bento .......................... 52
2. Plano de Ação ....................................................................................... 55
3. Participantes........................................................................................... 61
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 7
4. Instrumentos utilizados na investigação ................................................. 61
4.1. Questionário e Entrevista semi-diretiva ........................................... 61
4.2. Escala de Avaliação de Depressão ................................................. 62
4.3. Questionário de Avaliação da Qualidade de Vida ............................ 62
4.4. Questionário de Saúde Geral .......................................................... 66
5. Procedimentos ....................................................................................... 67
6. Tratamento de Dados / Análise dos Resultados .................................... 68
6.1. Análise dos resultados: Questionário de Caracterização geral ........ 70
6.2. Análise dos resultados: Escala Geriátrica de Depressão ................ 72
6.3. Análise dos resultados: Questionário de Saúde Geral .................... 74
6.4. Análise dos resultados: WHOQOL-Bref ........................................... 74
6.5. Análise dos resultados: WHOQOL-Old ............................................ 78
6.6. Análise dos resultados: Entrevistas ................................................. 79
6.7. Observação no momento de contato com os participantes ................ 83
6.8. Análise global dos dados recolhidos................................................... 84
7.Verificação da hipótese explicativa ............................................................ 86
8.Execução ................................................................................................... 87
9. A Avaliação processual e final do projeto de intervenção ...................... 90
9.1. Autoavaliação .................................................................................. 91
9.2. Avaliação da Formação ................................................................... 94
Conclusão ...................................................................................................... 103
Referência Bibliográficas ............................................................................... 107
Índice de Apêndices
Apêndice I - Questionário de Caracterização ................................................. 111
Apêndice II - Entrevista Semi-diretiva ............................................................ 116
Apêndice III - Análise de Conteúdo ................................................................ 119
Apêndice IV - Cronograma das Atividades .................................................... 131
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 8
Apêndice V - Manual de Apoio ao Módulo - Psicologia da velhice ................ 133
Índice de Anexos
Anexo I - Escala Geriátrica de Depressão (Barreto et al, 2003) .................... 182
Anexo II - Whoqol-old (Grupo Whoqol) .......................................................... 183
Anexo III - Questionário de Saúde Geral (Faria,2000) ................................... 184
Anexo IV - Questionário de Avaliação da formação da M&P ......................... 185
Índice de Tabelas
Tabela 1: Utentes do Serviço de Apoio Domiciliário do Lar de São Bento ....... 53
Tabela 2:Caracterização dos Participantes quanto à idade, sexo, estado civil e
habilitações Literárias ...................................................................................... 71
Tabela 3: Resultados da Escala Geriátrica de Depressão ............................... 73
Tabela 4: Resultados do Questionário de Saúde Geral ................................... 74
Tabela 5: Análise da Aplicação do Whoqol-bref ............................................... 77
Tabela 6: Análise resultados do Whoqol-old .................................................... 79
Índice de Gráficos
Gráfico 1 - Comparação média de idades entre o universo e a amostra ......... 70
Gráfico 2 – Capacidade da formadora para motivar os formandos .................. 95
Gráfico 3 - Atenção dada à evolução da aprendizagem individual dos formandos
......................................................................................................................... 96
Gráfico 4 - Apreciação dos Formandos em relação aos conhecimentos técnicos
de formadora .................................................................................................... 96
Gráfico 5 - Interesse do tema ........................................................................... 97
Gráfico 6 - Expectativa Inicial ........................................................................... 98
Gráfico 7 - Conhecimentos Prévios .................................................................. 99
Gráfico 8 - Conhecimento Final ...................................................................... 100
Gráfico 9 - Satisfação Final ............................................................................ 100
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 9
Introdução
O tema da presente investigação prende-se com a Qualidade de Vida em gerontes que permanecem no seu contexto natural de vida. Pretende-se
compreender, investigar e aprofundar a relação entre permanência do geronte
no seu contexto natural de vida e a qualidade de vida.
A questão de partida à qual se pretende dar resposta com a presente
investigação é “Será que os gerontes que permanecem no seu contexto natural de vida possuem ou beneficiam de qualidade de vida”? Ou seja,
investigar se os idosos participantes na investigação – residentes em Vila Nova
de São Bento e ainda a viver na sua própria habitação têm qualidade de vida.
Os objetivos gerais delineados são:
- Compreender de que forma a permanência do idoso no seu contexto natural de
vida influencia a sua qualidade de vida;
- Contribuir para a promoção de qualidade de vida dos gerontes que usufruem
do Serviço de Apoio Domiciliário.
Enquanto, que, os objetivos específicos são:
Aprofundar o conhecimento sobre o fenómeno do envelhecimento;
Aprofundar o conhecimento dos conceitos inerentes à pergunta de
partida (envelhecimento, qualidade de vida e contexto natural de vida);
Estudar de que forma a permanência do geronte no seu contexto natural
de vida condiciona a sua qualidade de vida;
Realizar atividades que visem contribuir para a promoção da qualidade
de vida dos gerontes.
Estes objetivos enquadram-se na área de estudos da psicogerontologia
comunitária, pois visam o estudo de indivíduos com idade avançada,
compreendendo as várias componentes do envelhecimento (principalmente
social e psicológico). A componente comunitária surge com especial importância
visto que, os gerontes participantes nesta investigação tiveram como opção
manter-se no seu contexto natural de vida, conservando as suas relações
habituais com a comunidade.
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 10
A motivação que conduziu à definição do tema, pergunta de partida e objetivos,
prende-se com o interesse em conhecer a realidade dos idosos que têm a
possibilidade de se manter na sua habitação, e, consequentemente manter as
suas redes de apoio informal; evitando ou adiando a sua institucionalização. Da
pesquisa autónoma realizada verificou-se que, aparentemente existem mais
estudos e investigações sobre idosos institucionalizados do que idosos que se
mantém na comunidade.
Assim sendo, esta motivação pessoal, é, também, uma motivação académica,
visto que é necessário e pertinente investigar e intervir nos idosos que se
encontram no seu contexto natural de vida. Tendo como orientação que não se
deve encarar o envelhecimento apenas pelas perdas sofridas; mas, sim por tudo
o que pode e deve ser feito para melhorar e manter a qualidade de vida dos
gerontes.
Após a definição, da questão de partida, objetivos gerais e objetivos específicos
da investigação, foram delineadas as hipóteses – linhas orientadoras que
traduzem os possíveis resultados da investigação. “Uma hipótese é uma
proposição que prevê uma relação entre dois termos, que segundo os casos
podem ser conceitos ou fenómenos” (Quivy & Campenhoudt,2003:136)
Com base nestes pressuposto definiu-se como hipótese: os gerontes que permanecem no seu contexto natural de vida e que têm assegurado os meios de satisfação das suas necessidades humanas básicas beneficiam de qualidade de vida. Ou seja, parte-se do pressuposto que o nível de
qualidade de vida no contexto natural é proporcional ao nível de satisfação das
necessidades humanas básicas (quanto maior for o nível de satisfação, maior
será o nível de qualidade de vida).
Para esta investigação foram desenvolvidos os conceitos de qualidade de vida
(principalmente nas perspetivas de Ander-Egg, Parreira e Fleck);
envelhecimento, em todas as suas dimensões (seguindo maioritariamente as
perspetivas de Paúl, Stuart-Hamilton, Fernandes, Zimermam e Sibila Marques);
contexto natural de vida (através dos autores Ferreira e Nogueira; e, Quaresma
et al), entre outros conceitos desenvolvidos.
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 11
No que diz respeito ao envelhecimento, é ponto assente que não existe apenas
uma perspetiva sobre o mesmo, existem várias perspetivas e correntes de
conhecimento. Segundo Birren e Cunningham (1985) cit. por Paúl (1997), a
forma como se envelhece tem a ver com a forma como se desenvolve, isto é, a
senescência é em função do meio físico e social em que o organismo se
desenvolve e envelhece. Segundo a mesma autora, citando Schroots e Birren
(1980), o envelhecimento tem três componentes: o envelhecimento biológico,
que resulta da vulnerabilidade crescente e de uma maior proximidade com a
morte (senescência); o envelhecimento social relacionado com os papéis sociais
de acordo com as expectativas da sociedade para esta faixa etária; e, por fim, o
envelhecimento psicológico, relativo à autorregulação do individuo, ao tomar
decisões e opções, adaptando-se ao processo de senescência.
Com a presente investigação, pretende-se aprofundar o conhecimento sobre o
envelhecimento tendo em conta estas três dimensões, pois todas elas estão
interrelacionadas. No entanto, a dimensão psicológica e social serão mais
aprofundadas.
Como já foi referido, pretende-se aprofundar o conhecimento sobre os idosos
que se mantém no seu contexto natural de vida, ou seja, não institucionalizados,
- o que vai de encontro ao âmbito de estudos do Mestrado em Psicogerontologia
Comunitária. Ao longo dos anos, vários têm sido os estudos sobre a
institucionalização, segundo Paúl (1997) “nos lares os idosos vivenciam
inúmeras perdas, integrados num meio que é limitativo, e assume o controlo de
muitos aspetos das suas vidas e deprimem-se, e ficam desanimados”
(Paúl,1997:28).
Por contraposto, em relação à possibilidade de permanência no contexto natural
de vida; segundo Bowling, Banister e Sutton (2003) citados por Paúl, Fonseca,
Martín, Amado in Paúl e Fonseca (2005) a partir da análise dum rastreio sobre
qualidade de vida de gerontes no Reino Unido; os aspetos mais valorizados
pelos gerontes são:
- Ter boas relações com a família e os amigos;
- Desempenhar papéis sociais, como voluntariado;
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 12
- Ter boa saúde e funcionalidade;
- Viver numa boa casa numa boa zona e com boa vizinhança;
- Ter uma visão positiva da vida e manter o controlo e a independência.
Geis (2003), citando Gagical (1981), refere que, a importância do idoso ter uma
atitude positiva na vida; e, a primeira dessas atitudes é aprender a ser e viver
com ele mesmo, conhecendo as suas capacidades físicas, psicológicas e
sociais. A terceira idade é onde se atinge o limite da maturidade, perde-se
algumas capacidades, no entanto, outras mantêm-se e podem até ser
melhoradas. É importante que se conheça e aceite.
Outro dos conceitos inerentes à questão de partida é a qualidade de vida,
segundo os mesmos autores, citando o grupo WHOQOL (1994), qualidade de
vida é “a perceção individual da sua posição na vida no contexto da cultura e
sistema de valores nos quais se insere e em relação aos seus objetivos,
expectativas, padrões e ocupações” (Paúl e Fonseca, 2005:78).
Para além, de fazer uma abordagem aos conceitos da questão de partida, foi
feito um levantamento de outros estudos existentes que abordassem temas
semelhantes. É de realçar a dissertação de mestrado realizada por Sílvia
Engenheiro, em 2008, sobre a qualidade de vida dos utentes do apoio
domiciliário, sendo esta um estudo de caso realizado em Peniche. A dissertação
foi realizada no âmbito do mestrado em Politica Social, do Instituto Superior de
Ciências Sociais e Politicas da Universidade Técnica de Lisboa, de Sílvia
Engenheiro. A autora propôs como objetivos da investigação: caracterizar os
utentes do Serviço de Apoio Domiciliário, conhecer a opinião dos mesmos sobre
o serviço; identificar as necessidades dos utentes, através das ajudantes
familiares e do responsável pelo serviço e, por fim, conhecer o contributo do
serviço de apoio domiciliário para a qualidade de vida dos seus utentes.
(Engenheiro, 2008)
Posto isto, a revisão da literatura, parte I da presente investigação, consiste
numa pesquisa, análise bibliográfica, e, numa procura daquilo que já foi estudado
sobre o tema que se prentende investigar. Segundo Gil (1991), pesquisa é um
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 13
processo formal e sistemático; cujo principal objetivo é “descobrir respostas para
problemas mediante o emprego de procedimentos científicos” (Gil,43:1991).
Para Alves-Mazzotti (2006),
A produção do conhecimento não é um empreendimento isolado. É uma
construção coletiva da comunidade científica, um processo continuado de busca,
no qual cada nova investigação se insere, completando ou contestando
contribuições anteriormente dadas ao estudo do tema (Alves-Mazzotti, 2006:30).
A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado,
principalmente, por livros e artigos científicos; segundo Gil (1991) a principal
vantagem da pesquisa bibliográfica é que esta permite ao investigador atingir
conhecimentos sobre uma vasta gama de fenómenos que dificilmente
conseguiria, investigando de outra forma. A desvantagem da pesquisa
bibliográfica é que muitas fontes podem conter dados que não sejam os mais
corretos, assim, é importante que o investigador analise os dados
cuidadosamente.
Gil (1991), considera que, para a realização de pesquisa e análise bibliográfica
é necessário ter em conta os seguintes aspetos:
- Exploração das fontes bibliográficas – estas podem ser livros,
revistas científicas, boletins, teses, relatórios de pesquisa, entre outros. A
melhor forma de conseguir fontes é a procura em bibliotecas
especializadas.
- Leitura do material – após a localização das fontes tem início a leitura
das mesmas, que não tem que ser necessariamente exaustiva; deve ser
primeiramente selecionada para que fiquem apenas as fontes essenciais.
- Elaboração de Fichas – organização dos aspetos mais importantes
das fontes bibliográficas.
- Ordenação e análise das fichas – devem ser ordenadas segundo o
conteúdo e de seguida procede-se à sua análise, o investigador deve
verificar a veracidade dos dados contidos.
- Conclusões – o investigador deve verificar tomar em atenção os
objetivos definidos (Gil,1991).
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 14
A parte II do projeto, a Metodologia, consiste numa abordagem à investigação
qualitativa e num levantamento de todas as atividades realizadas para a
concretização do projeto de mestrado.
Em relação ao estudo empírico, parte III da estrutura formal do projeto, foram
aplicados questionários de caraterização dos gerontes, escalas de avaliação da
qualidade de vida, escala de avaliação da depressão, escala de avaliação de
saúde geral e entrevistas de aprofundamento do conhecimento.
A investigação consiste num estudo de natureza qualitativa. Bogdan e Biklen
(1994), referem que, neste tipo de investigação os investigadores procuram
“compreender o significado que os acontecimentos e interações têm para
pessoas vulgares, em situações particulares” (Bogdan & Ciklen, 1994:53).
Para os mesmos autores, a investigação qualitativa é “descritiva os dados
recolhidos são em forma de palavras ou imagens e não de números” (Bogdan e
Biklen, 1994:48).
Conforme acima referido, quanto à explicitação da estrutura formal, o presente
trabalho encontra-se subdividido em três grandes partes: I Revisão da Literatura,
II Metodologia, III Estudo Empírico. Sendo que, a primeira parte é, como já foi
referido, constituída por uma revisão dos conceitos inerentes ao estudo. O
estudo empírico é constituído pela amostra, instrumentos, procedimentos,
tratamento de dados e plano de ação. Por fim, retiram-se algumas conclusões e
deixam-se algumas propostas de intervenção.
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 15
I Enquadramento teórico / Revisão da Literatura
1. Psicogerontologia Comunitária
Importa compreender, primeiramente, os conceitos de psicologia, gerontologia e
comunidade, separadamente, para, posteriormente, compreender o que é a
psicogerontologia comunitária. Segundo o Dicionário da Língua Portuguesa
(2011), o termo psicologia diz respeito a uma ciência positiva dos fatos psíquicos,
quer estudados subjetivamente (através de fatos da consciência), quer
estudados objetivamente (através de fatos do comportamento).
No dicionário técnico de psicologia, o termo psicologia é definido como a ciência
que procura
compreender a natureza do homem: seus desejos, esperanças, medos, aptidões
e limitações (…). A psicologia tenta descobrir porque as pessoas fazem as coisas
que fazem; compreender a capacidade humana de adaptação ao seu meio,
natureza da inteligência do homem, as causas originais de seus conflitos
internos, o seu comportamento como animal social. Poder-se-ia dizer que a
psicologia, em termos gerais, busca uma resposta para a velha interrogação. O
que é o homem? (Cabral & Nick, 2006).
Em relação ao termo gerontologia, segundo Santos (2004), citando Beauvoir
(1990), foi no século XIX, no ocidente, que cuidar dos idosos se tornou uma
especialidade mas nessa altura não se denominava gerontologia.
Já no século XX, Metchinikoff utilizou pela primeira vez o termo gerontologia num
trabalho que apresentou em que considerava a velhice uma forma de
autointoxicação. Nesse mesmo século, Nascher, um pediatra americano, criou o
termo “geriatria” como um ramo da medicina que cuidava os aspetos biológicos,
psicológicos e socias das doenças relacionadas à terceira idade. Mais tarde
surge o termo “gerontologia”, como a ciência que se propõe a estudar os
múltiplos processos que acompanham o envelhecimento (Santos, 2004).
Salgado (1989) apresenta um conceito amplo do que é a gerontologia:
é o estudo do processo de envelhecimento, com base nos conhecimentos oriundos
das ciências biológicas, psicocomportamentais e sociais (…) a geriatria que trata
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 16
das doenças no envelhecimento e a gerontologia social, voltada aos processos
psicossociais manifestados na velhice (Santos:2004:23).
Segundo a autora, a gerontologia comporta a gerontologia social e a geriatria.
Assim, para Rodrigues e Rauth (2002), citados pela autora, a gerontologia não
é uma ciência unificada mas um conjunto de disciplinas científicas.
A pertinência da existência da gerontologia está relacionada com o aumento da
população idosa e com as questões que com ela se levantam (despesas de
saúde com o aumento da incidência de doenças crónicas, desigualdades sociais,
entre outras), assim, cabe à gerontologia fazer frente à visão do envelhecimento
como um problema social e promover esta fase da vida e as suas possibilidades
resultantes de ações multidimensionais (Santos, 2004).
A gerontologia é, assim, o estudo dos problemas próprios da idade avançada
nos seus múltiplos aspetos.
No Dicionário Técnico de Psicologia, o termo gerontologia é definido como um
“estudo pertinente às pessoas de idade avançada. Seus métodos são de ordem
antropológico, antropométrica, social, psicológica e médica. (neste último caso,
é um ramo especial da medicina: geriatria)” (Cabral & Nick,2006).
Ao analisar, etimologicamente, a palavra gerontologia, esta deriva do grego
gerón - referindo-se aos mais velhos e notáveis do povo grego e logos que
significa estudo, grupo de estudiosos.
Quanto ao conceito de geronte, este, por sinal, deriva, etimologicamente, de
Gerós mais ontos - que percorre o tempo, com muito tempo de vida, ancião.
Entre os Gregos antigos, geronte significava ancião, membro de Gerúsia1. No
sentido não só de conhecimento pela experiência, mas sobretudo de sensatez e
de sabedoria (Veiga-Branco,2012).
Segundo o Dicionário de Língua Portuguesa (2011), geronte“ é cada um dos
vinte e oito membros gerúsia ou senado, em Esparta, que deviam ter pelo menos
60 anos” (Dicionário da Língua Portuguesa, 2011).
1 Gerúsia – senado, conselho de anciãos, ordem de governo na antiga Esparta.
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 17
Por fim, o conceito de comunidade está definido no Dicionário da Sociologia de
Gazeneuve e Victoroff (1982), como uma coletividade em que os seus membros
“estão unidos por laços tanto mais fortes quanto é certo não se tratar de laços
explícitos e de contrato mas se alimentam do passado comum (…)”(Gazeneuve
& Victoroff,1982:s.p.).
Para Mitchell (1998),
o termo comunidade indicava uma coletividade de pessoas numa dada área
geográfica; pessoas que se ocupavam em conjunto de atividades económicas e
politicas e principalmente que constituíam uma unidade social com o governo
próprio e alguns valores comuns e que experimentavam sentimentos de sétima
mútua (Mitchell, 1998:99).
2. Perspetivas sobre o fenómeno do envelhecimento
O envelhecimento constituiu, sem dúvida, um dos maiores êxitos da
humanidade, no entanto, também um dos maiores desafios. Para Gro
Brundtland, Diretor Geral da Organização Mundial de Saúde, citado por Jacob
(2007), o envelhecimento é uma história de sucesso das políticas de saúde
pública, e, do desenvolvimento social e económico do mundo.
O envelhecimento não é exclusivo dos tempos modernos, mas, apenas se tornou
algo comum nos últimos cem anos. Nos tempos pré-históricos o envelhecimento
era algo extremamente raro; no século XVII, estima-se que, apenas 1% da
população vivia mais de 65 anos; no século XIX esta percentagem, subiu para
cerca de 4%. Em 1900, 25% da população teria alguma esperança de
comemorar os 65 anos; atualmente, cerca de 70% da população ocidental viverá
mais de 65 anos e 30 a 40% viverá mais de 80 anos (Stuart-Hamilton, 2002).
Para Paúl (1997), citando Birren (1995), este aumento da longevidade foi mais
relacionado com as alterações económicas, tecnológicas e sociais do que com
mudanças na genética da população; os fatores biológicos e genéticos não
asseguram, por si só, a expressão ótima do desenvolvimento humano.
Existem várias perspetivas sobre o processo de envelhecimento. Segundo Birren
e Cunningham (1985) cit. por Paúl (1997), a forma como se envelhece tem a ver
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 18
com a forma como de desenvolve, isto é, a senescência é em função do meio
físico e social em que o organismo se desenvolve e envelhece. Segundo a
mesma autora, citando Schroots e Birren (1980), o envelhecimento tem três
componentes: o envelhecimento biológico, que resulta da vulnerabilidade
crescente e de uma maior proximidade com a morte (senescência); o
envelhecimento social relacionado com os papéis sociais de acordo com as
expectativas da sociedade para esta faixa etária; e, por fim, o envelhecimento
psicológico, relativo à autorregulação do individuo, ao tomar decisões e opções,
adaptando-se ao processo de senescência.
Binet e Bourliere, citados por Fernandes (2000), o envelhecimento são todas as
modificações morfológicas, fisiológicas, bioquímicas e psicológicas que surgem
como consequência do passar dos anos no ser humano.
Lidz (1983), cit. por Fernandes (2000), caracteriza o envelhecimento em três
fases distintas, o que não significa que o idoso chegue a atingi-las todas:
- Primeira fase: Idoso. Fase onde não existem grandes alterações orgânicas. As
modificações observam-se no modo de vida do individuo, provocado pela
reforma. O individuo ainda se considera capaz de satisfazer as suas
necessidades.
- Segunda fase: Senescência. Ocorre quando o individuo começa a sentir
alterações na sua condição física, ou de outra natureza. O que corresponde a
uma fase da velhice mais avançada.
- Terceira fase: Senilidade. O cérebro já não exerce a sua função como órgão de
adaptação, o individuo torna-se quase dependente e necessita de cuidados
completos.
Envelhecer pressupõe alterações físicas, psicológicas e sociais no individuo,
estas alterações são naturais e gradativas; podem acontecer em diferentes
idades, em maior ou menor grau, consoante as condições genéticas e estilo de
vida do individuo (Zimerman, 2000).
Para Zimerman (2000), hoje em dia, com os avanços na área da farmacologia,
melhoria das condições de vida, maior preocupação com a prevenção de
doenças e com os estilos de vida saudáveis, os sintomas do envelhecimento
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 19
surgem em idades mais avançadas, no entanto, com o passar dos anos as
alterações físicas são inevitáveis.
Após o levantamento de várias perspetivas sobre o envelhecimento, Paúl (1997),
afirma que
Não faz sentido que se pense nos idosos, enquanto tal, como uma população de
risco, seja do ponto de vista social, seja do ponto de vista psicológico. Atrever-
nos-íamos a afirmar que muitos dos atuais idosos de risco, foram crianças de
risco. Pensamos ainda que as suas presentes condições de vida podem manter
esse risco, minorá-lo ou agravá-lo (Paúl,1997:22).
Neste sentido, a Organização Mundial de Saúde definiu, em 2002, o conceito de
envelhecimento ativo como “o processo de otimizar as oportunidades para a
saúde; participação social e segurança de modo a aumentar a qualidade de vida
à medida que as pessoas envelhecem” (Marques,2011:30).
Assim, para a autora Sibila Marques (2011), o envelhecimento ativo possibilita
aos idosos efetivar
o seu potencial físico, social e mental ao longo da sua vida e participarem na
sociedade de acordo com as suas necessidades, desejos e capacidades (…) a
palavra “ativo” refere-se à continuação da participação em atividades sociais,
económicas, culturais, espirituais, e cívicas (Marques,2011:30).
2.1. Alterações a nível físico
As alterações físicas, que ocorrem a nível externo, são, entre outras: rugas,
manchas escuras na pele, a pele torna-se mais flácida, maior ocorrência de
verrugas, as veias destacam-se sob a pele dos membros, encurvamento
postural. As alterações físicas, a nível interno, são, entre outras: o metabolismo
fica mais lento, a insónia aumenta, a visão ao perto piora, os nervos auditivos
degeneram-se, o olfato e o paladar diminuem. (Zimerman,2000)
Para Sousa, Figueiredo e Cerqueira (2004),
o envelhecimento é um processo de deterioração endógena e irreversível das
capacidades funcionais do organismo. Trata-se de um fenómeno inevitável (…),
inerente à própria vida, equivalente à fase final de um programa de
desenvolvimento e diferenciação. Embora seja controversa a idade de início do
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 20
envelhecimento biológico, em geral, é aceite que ocorre no final da segunda
década de vida, calcula-se que após os 30 anos, dependendo dos órgãos haja
em média a perda de 1% de funcionalidade (Sousa, Figueiredo & Cerqueira,
2004:23).
O envelhecimento não afeta de modo igual todos os órgãos, a deterioração é
mais rápida nos tecidos elásticos – aparelho respiratório, circulatório e pele, e
mais lenta nos tecidos nervosos (Sousa, Figueiredo & Cerqueira, 2004).
O envelhecimento não é de modo algum uma doença, é antes um processo
multifatorial que, também, arrasta uma deterioração fisiológica. Assim, importa
distinguir envelhecimento normal de envelhecimento patológico (Sousa,
Figueiredo & Cerqueira, 2004).
O envelhecimento normal é aquele em que ocorrem algumas diminuições
orgânicas e funcionais, não decorrente de qualquer acidente ou doença, são as
alterações inevitáveis que ocorrem com o passar do tempo (Sousa, Figueiredo
& Cerqueira, 2004).
O envelhecimento patológico é aquele em que alguns fatores interferem no
envelhecimento normal, estes acontecimentos podem ser o stress, traumatismos
ou doenças que são passiveis de acelerar o envelhecimento (Sousa, Figueiredo
& Cerqueira, 2004).
Nesta diferenciação de envelhecimento normal e envelhecimento patológico há
dois erros que são muito comuns:
considerar todas as alterações encontradas num idoso como resultado
do seu processo de envelhecimento natural, negligenciando os
processos patológicos passiveis de tratamento e cura. Atribuir certos
sinais e sintomas a doenças, originando a realização de exames e
tratamentos desnecessários, uma vez que se está a diagnosticar o
próprio envelhecimento como doença (Sousa, Figueiredo & Cerqueira,
2004:23).
As autoras identificam, ainda, outras modificações relevantes no
envelhecimento, como por exemplo: diminuição da água no corpo; aumento do
risco de diabetes; perturbações cardiovasculares; osteoporose, cancro do cólon
e da mama; a redução da estatura que cria um efeito de desproporção (o
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 21
comprimento dos membros mantem-se, mas tronco encolhe);
embranquecimento da pele; palidez da pele, acentuação das proeminências
ósseas (ossos dos maxilares, maças do rosto, nariz); perda de cabelo, lentidão
do crescimento das unhas, entre outras.
2.2. Alterações a nível cognitivo e psicológico
A nível cognitivo, segundo Salthouse (1991) citado por Sousa, Figueiredo e
Cerqueira, (2004), as competências intelectuais mais afetadas pela idade são:
capacidade de interpretação da comunicação não verbal, capacidade de dar
respostas rápidas a situações novas, aquisição de novos conceitos, aptidão para
organizar informações, concentração, raciocínios abstratos, entre outras. Por
outro lado, as menos afetadas são: dimensão de resolução de problemas,
capacidade de interpretar informação verbal, e, o uso de conhecimento
acumulado.
Em relação ao domínio da memória, apesar de ser uma das principais queixas
dos idosos (acontece em todas as idades, mas são os idosos que mais a
evidenciam), ainda não há consenso sobre este declínio. Há estudos que
referem que os idoso têm melhor capacidade de lembrar do passado longínquo
e mais dificuldade em lembrar do passado recente, e, outros estudos que
referem o contrário. Alguns autores referem que embora se assinale um ligeiro
declínio este não é geral ou representativo (Sousa, Figueiredo & Cerqueira,
2004).
Um aspeto bastante positivo da terceira idade é, sem dúvida, a sabedoria. Baltes
e Smith (2000), identificaram dois fatores associados à sabedoria:
- Compreensão excecional –
utiliza o bom senso, aprendeu com as experiências, vê os acontecimentos num
contexto mais amplo, é um observador perspicaz, perscruta a essência da
comunicação, tem abertura de espirito e independência de pensamento (Sousa,
Figueiredo & Cerqueira, 2004:26-27).
- Habilidade de comunicação e julgamento – “é fonte de bons conselhos,
compreensivo, capaz de entender a vida, apto a abranger todas as opiniões
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 22
numa decisão e competente a pensar cuidadosamente antes de decidir”(Sousa,
Figueiredo & Cerqueira, 2004:27).
No que diz respeito às alterações ao nível psicológico, Zimerman (2000), refere
a dificuldade de se adaptar a novos papeis, falta de motivação, dificuldade em
planear o futuro, necessidade de trabalhar perdas afetivas e sociais, baixa
autoestima e autoimagem.
Nem em todas as perspetivas sobre o envelhecimento, o vimos associado a
fraqueza, fragilidade, depressão, dependência e desânimo; Bortz (1989) não
considera que estas características sejam inerentes ao envelhecimento. Este
autor propôs que a “falta de uso” era a entidade patológica que atuava no
organismo.
A maior parte do corpo serve a propósito do movimento, portanto, a falta de uso
correspondendo à falta de atividade física, leva a uma função perturbada,
aplicada a todos os níveis do corpo e a todos os tecidos (Paúl, 1997:18).
2.2.1. Depressão na terceira Idade
Segundo Costa in Paúl e Fonseca (2005), o processo de envelhecimento implica
normalmente uma adaptação alterações na vida quotidiana; que se podem
traduzir pela perda de rotinas, da saúde com que sempre se viveu, pela morte
de entes queridos, pela reforma e outros acontecimentos que podem levar ao
isolamento e à perda de relações interpessoais e sociais.
A depressão sobrecarrega as famílias e instituições que prestam cuidados aos
idosos, é destruidora da qualidade de vida, impõe uma grande carga social e
económica para a sociedade. Assim, a depressão tem consequências e
implicações a nível:
- Económico: aumento da população dependente e, consequente, aumento das
despesas com saúde e segurança social;
- Social: alteração nas relações familiares e interpessoais, maior necessidade de
instituições que prestem cuidados ao geronte;
- Sanitário: aumento da necessidade de cuidados primários, aumento da
necessidade de pessoal e de instituições especializadas;
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 23
- Ético: problemática do suicídio do idoso (Costa in Paúl & Fonseca, 2005).
Para Barreto (1973), depressão pode significar uma doença, síndrome, sintoma
ou apenas o estado de tristeza. Quando se fala em depressão em termos
clínicos, a depressão é um síndrome, ou seja, um conjunto de sintomas e sinais;
ou uma doença, da qual se conhece a etiologia (causa), patogenia (processo
entre a ação da causa e a produção dos sintomas), os sintomas, a evolução, o
tratamento, as complicações e o prognóstico (Fernandes, 2000).
A depressão é
Um estado de elevada complexidade, sendo possível a deteção de diversos
componentes como a ansiedade, a agitação, a preocupação, a dor mental e
sentimentos de culpa implicando, num número significativo de ocorrências, uma
vivência forte e continua de infelicidade, onde o passado se imobiliza geralmente
sob a forma de vivência de culpabilidade (…) onde o presente é rejeitado por ideias
de indignidade e ruinas e onde o futuro se encontra completamente bloqueado
devido a ideias de catástrofe eminente, de ruina e de morte (Teixeira & Branco, 1989
cit. por Fernandes, 2000:58).
A depressão no idoso é muitas vezes enquadrada no contexto social em que
está inserido; o indivíduo deprimido afeta de forma relevante aqueles com que
mantêm mais proximidade; assim, a depressão exerce influência nos indivíduos
que rodeiam o idoso, particularmente, os familiares. No entanto, o idoso é,
também, influenciado pelos indivíduos que rodeiam. Muitas vezes a depressão
encontra-se relacionada com o rompimento de vínculos ou de diversas relações
afetivas com familiares próximos (Fernandes, 2000).
Para Marques et al (1989) citados por Fernandes (2000), existem três grandes
fatores que conduzem ao aparecimento da depressão no idoso:
- Fatores ambienciais: relacionados com as situações traumáticas com que se
deparam os idosos, sendo que as mais significativas são: o isolamento e a falta
de convívio social; a ausência de trabalho, com consequente imobilidade; a saída
dos filhos da casa paterna, ou síndrome do “ninho vazio”; a morte de entes
queridos; a noção de desvalorização social e profissional; a noção de “fardo”
para a família; as perdas físicas, mentais e socias.
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 24
- Fatores genéticos: existem fatores genéticos predisponentes para a depressão
em idade tardia, e, têm vindo a aumentar de geração para geração,
A maioria das crises de depressão major em idades tardias são aquelas
em que o peso genético é maior e que os indivíduos que sofrem uma primeira
crise na terceira idade são mais ajustados emocional, social e psicologicamente
do que aqueles eu sofrem a primeira depressão em idades mais jovens
(Fernandes, 2000: 68).
- Fatores orgânicos: existe uma grande diversidade de afeções (doenças)
orgânicas que se podem manifestar em forma de depressão; realça-se as
alterações senis e ateroscleróticas e acidentes vasculares cerebrais.
Fernandes (2000), após um levantamento de vários estudos realizados, refere
que é ponto assente que a depressão é a perturbação psíquica mais frequente
nos idosos.
Os sintomas e sinais essenciais para um diagnóstico de depressão incluem a
tristeza, baixa de humor, pessimismo em relação ao futuro, critica a si mesmo,
sentimento de culpa, dificuldade em concentração, lentidão no raciocínio,
alterações de apetite e de sono. O sintoma mais comum nos idosos é a tristeza
(Blazer,2003).
Normalmente, as queixas apresentadas pelo geronte pode não se afigurar de
imediato com um sinal de depressão, estas queixas podem ser relacionadas com
preocupações com a saúde física, dificuldade nas relações com os outros,
preocupações com problemas financeiros; por vezes, estas queixas mascaram
a presença de um humor depressivo. Bradley (1963), notou uma dor física
generalizada nos pacientes deprimidos (Blazer,2003).
Back (1967), classificou os sintomas depressivos em emocionais, físicos e de
vontade; os sinais de distúrbios depressivos incluem os comportamentos
observáveis que sugerem os mesmos distúrbios.
QUADRO 1:SINTOMAS E SINAIS DE DEPRESSÃO EM IDOSOS, SEGUNDO BACK (1967)
Sintomas Sinais observáveis
Emocionais Desalento ou tristeza Insatisfação pela vida
Aparência Posição encurvada Rosto triste
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 25
Perda de interesses Vontade de chorar Irritabilidade Vazio Temores Sentimentos negativos Preocupação Desespero Sensação de Falhar Solidão Inutilidade Cognitivas Baixa estima Pessimismo Sentimentos de culpa Ruminação de problemas Pensamentos suicidas Delírios Por sentir-se inútil Por comportamento imperdoável Por sentir-se um nada Somáticos Alucinatórios Auditivos Visuais Cinestésicos Dificuldade de concentração Memória Fraca Físicos Perda de apetite Fadiga Sono perturbado Insónia Inicial Insónia Terminal Acordar com frequência Constipação Perda da libido Dor Inquietação Volitivos (vontade) Perda da motivação ou paralisação da vontade Impulsos Suicidas Desejo de se afastar da sociedade
Falta de cooperação Afastamento social Hostilidade Suspeitas Confusão mental e falta de clareza Variação diurna de humor Aparência descuidada Ulcerações ocasionais na pele por se arranhar Choro ou lamento Ulcerações ocasionais na córnea por não pestanejar Perda de peso Empanzinamento Retardamento psicomotor Fala lenta Movimentos lentos Diminuição dos gestos Andar lento e vacilante Mutismo (casos severos) Cessar da mastigação e engolir (casos severos) Diminuição ou cessação do piscar Agitação psicomotora Atividade motora continua Torcer as mãos Arranhar a pele Medir os passos Sono agitado Segurar os outros Comportamento Bizarro ou inadequado Gestos suicidas Negativismo, tal como negar-se a comer ou beber e rigidez no corpo Ímpetos de agressividade Cair para traz
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 26
(Fonte: Blazer, 2003:45,46)
A baixa-estima, foi constatada em 81% dos pacientes de Beck (1967), sendo o
sintoma mais característico; no entanto, este sintoma é menos comum nos
idosos, tende a ser substituída por outros sintomas como o pessimismo acerca
do futuro. A ruminação sobre os problemas passados e presentes é
característica do idoso deprimido; podendo esta, ser acompanhada com
sentimentos de tristeza e inutilidade. Por outro lado, outros investigadores
verificaram que a culpa é um sintoma menos comum em idosos. Winokur, Behan
e Schessler (1980), constataram que os pensamentos suicidas, também, são
menos comuns em idosos deprimidos do que em jovens deprimidos (Blazer,
2003).
Em relação aos sintomas físicos, Wilson et al (1983), verificaram que os sintomas
mais comuns, que surgiam no atendimento a indivíduos com depressão, eram
problemas no sono (36%), cansaço (34%), tontura (29%), mudanças no apetite
(21%) e sintomas gastrintestinais (20%). De Alarcon (1964), verificou sintomas
hipocondríacos em 65,7% dos homens e 62% das mulheres que iam a uma
clinica geriátrica para idosos (Blazer,2003).
Os sintomas volitivos, são relacionados com o impulso de empenho dos
indivíduos. Beck (1967), notou que os pacientes deprimidos desistem de
atividades que solicitem mais e são mais atraídos por aqueles que exigem
menos; esta paralisia de vontade verificou-se em 65% a 85% dos pacientes. De
acordo com Fassler e Gavirin (1978), os idosos deprimidos tendem a ser mais
introspetivos e menos participativos em atividades sociais, no entanto, segundo
Chessea (1965), os idosos deprimidos são mais sociáveis dos que os jovens
deprimidos (Blazer,2003).
Em relação aos sinais de depressão, expressão triste, morosidade ou agitação,
choro frequente e outras expressões de desesperança e dependência são
características da depressão. Post (1968), verificou que os idosos deprimidos
são com frequência mais agitados do que nas outras faixas etárias. A perda de
peso, é mais frequente em idosos do que pessoas com menos de 60 anos.
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 27
Existem evidências que a depressão afeta a qualidade de vida, visto que, a
depressão afeta vários domínios que fazem parte da avaliação global da
qualidade de vida (Berlim, M.; Brenner, J.; Caldieraro, M.; Pargendler, J.;
Fleck,M. in Fleck, 2008).
As doenças afetivas causam prejuízo na qualidade de vida; indivíduos com
depressão apresentam menos qualidade de vida que os indivíduos não
deprimidos (Goldney et al 2004 cit. por Berlim et al in Fleck, 2008). Diversos
estudos demonstraram que os pacientes deprimidos apresentam funcionamento
social limitado em várias áreas, como no lazer, nas relações com os outros, no
desempenho escolar, no desempenho profissional. (PapaKostas et al, 2004 cit.
por Berlim et al in Fleck, 2008).
O que não quer dizer que todos os idosos, sofram ou venham a sofrer deste tipo
de fragilidades, muitos idosos mantêm-se saudáveis e com um estilo de vida
independente ou quase independente (Ferreira & Nogueira, 2006).
2.3. Alterações a nível social
Em relação às alterações no aspeto social, o envelhecimento traz modificações
no status do idoso e no seu relacionamento com os outros:
- Crise de identidade – provocada pela falta de papel social, o que conduz a
uma perda de autoestima;
- Mudança de papéis na família, no trabalho e na sociedade - o idoso deverá
associar-se a novos papéis;
- Reforma - atualmente ao reformar-se ainda restam muitos anos de vida, os
idosos devem estar preparados para esta alteração.
- Perdas diversas - desde perdas a nível económico, de poder de decisão, de
entes queridos, da independência e autonomia.
- Diminuição de contactos sociais (Zimerman, 2000).
O aspeto social tem especial importância no envelhecimento, Lima e Viegas
(1988), retratam a velhice como um conceito referente à forma como cada
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 28
sociedade conceptualiza esta fase do ciclo da vida – é uma construção social e
histórica. Os autores referiram-se,
às sociedades camponesas e às sociedades de cultura oral (…) focam o
processo da herança que assegurava, pela valorização dos laços de parentesco,
o cuidado e de certa forma também a autoridade dos idosos, por quem o filho
varão olhava até à morte, assumindo posteriormente o património familiar (…)
por outro lado, a transmissão do saber deixou de ser feita oralmente, de geração
em geração, o que conferia aos velhos o poder da sabedoria acumulada ao longo
dos anos da vida. (Paúl,1997:18-19)
Para Marques (2011), referindo-se à discriminação social da terceira idade na
sociedade portuguesa, apesar de não existirem estudos padrões
comunicacionais com as pessoas idosas, da observação da autora os idosos
“quando não são maltratados, são geralmente alvo de algum paternalismo”
(Marques,2011:60).
A mesma autora, citando algumas investigações norte-americanas, menciona
que, se pediu a um grupo de jovens que explicassem a indivíduos de diversas
idades as regras de um jogo; foi verificado que as explicações dadas aos idosos
eram muito parecidas às explicações dadas às crianças e adolescentes.
Marques (2011), refere que, um tipo de discurso “infantil” e “paternalista”, tal
como a lentidão no discurso ou uma maior entoação não são uma mais valia
para a comunicação com o idoso, antes pelo contrário, podem interferir com a
autoestima e dignidade, quando utilizados em público.
Para a mesma autora, o extremo da discriminação às pessoas idosas é o abuso.
Segundo dados da Policia de Segurança Pública, os registos de violência contra
idosos triplicou entre 2002 e 2007; passando de mais de oito mil casos para
quase 25 mil.
Segundo dados da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, em 2009, foram
assinaladas 642 idosos que sofreram de abuso. Apesar de também aconteceram
abusos em instituições, numa grande percentagem, estes crimes são cometidos
por familiares ou alguém próximo. Segundo a mesma instituição, cerca de 34%
dos crimes contra pessoas idosas, em 2009, foram cometidos pelos filhos das
vítimas. (Marques, 2011)
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 29
Segundo Marques (2011), citando dados da APAV, as formas mais comuns de
violência contra idosos são a violência física e emocional – em 2008, 25% dos
crimes contra idosos eram maus tratos físicos e 31% eram maus tratos
psicológicos.
Entre os motivos das participações contam-se as agressões corporais,
ameaças, e coação, difamação e injúria, tentativa de extorsão de dinheiro e
negligência por abandono ou por doses de medicamentos erradas, com o
intuito de “acalmar” o idoso. Existe ainda um peso importante de queixas de
idosos que dizem ser insultados e humilhados por familiares. A grande maioria
das vitimas são mulheres e os ofensores são geralmente os conjugues e os
filhos. (Marques,2011:66)
Mais recentemente, surgiu através da comunicação social, a exposição de
situações de abandono de idosos nos hospitais. Segundo uma entrevista
realizada à coordenadora do Serviço Social do Hospital de Évora, estas
situações devem-se a uma multiplicidade de fatores: famílias que não têm
possibilidades de acolher um idoso dependente; apesar de existir o serviço de
apoio domiciliário, este não é suficiente para todas as situações; familiares que
não têm interesse em receber os idosos, entre outros fatores. (Marques,2011)
2.4. Proteção Social no envelhecimento
Sendo o envelhecimento uma fase da vida em que é indispensável a proteção
social, importa referir que, a proteção social ao idoso deve respeitar a velhice
individual, combatendo a homogeneidade com que, por vezes, é encarada esta
faixa etária. Segundo Quaresma (2004), a velhice individual “evoluí no sentido
da pluralidade e da diversidade, ao mesmo tempo que o direito social que a
protege tende à homogeneização e à estandardização” (Quaresma, Fernandes,
Calado, Pereira, 2004:4).
Quaresma (2004) afirma que os idosos de hoje são os primeiros reformados, a
experienciar viver numa idade adulta reformada, assinalada pela coexistência de
uma diversidade de papéis – “é um dado novo poder ser simultaneamente filho,
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 30
neto, pai, avô, professor e aluno, apoio, ajuda para outro e apoiado, ajudado por
outros” (Quaresma, Fernandes, Calado, Pereira, 2004:4).
Para a autora as políticas sociais de apoio à terceira idade centram-se numa
perspetiva reparadora das perdas de capacidades físicas, e, de recursos
económicos, o que não tem favorecido a integração desta fase do ciclo de vida
no continuum da existência do individuo (Quaresma et al; 2004).
Segundo Leal (1985), as políticas sociais são as ações prosseguidas com o
intuito da realização do bem-estar social. São ações destinadas a realizar ou a
satisfazer direitos dos cidadãos. Em Portugal, a políticas de ação social para a
terceira idade são, principalmente, as políticas de ação social em forma de
respostas sociais e a política de pensões.
Segundo a Constituição da República Portuguesa (2005), artigo 63.º (Segurança
Social e Solidariedade) “3. O sistema de segurança social protege os cidadãos
na doença, velhice (…)”. No artigo 72.º, referindo-se especificamente à terceira
idade, menciona que
1. têm direito à segurança económica e a condições de habitação e convívio
familiar e comunitário que respeitem a autonomia pessoal e evitem e superem o
isolamento (…)2. A política de terceira idade engloba medidas de carácter
económico, social e cultural tendentes a proporcionar às pessoas idosas
oportunidades de realização pessoal (Constituição da República
Portuguesa,2005:40).
Fernandes (2004) refere que com a evolução das políticas sociais de terceira
idade, os beneficiários têm a possibilidade de aceder a bens e serviços
essenciais que vão de ajudas nos cuidados no domicílio até à possibilidade de
usufruir de atividades de lazer.
Segundo Marques (2011), sobre os equipamentos sociais, citando um estudo
realizado pela DECO sobre a qualidade de vida de 28 lares e residências para
idosos, refere que, destes 28 lares apenas sete obtiveram nota positiva em
termos de segurança e de qualidade de vida proporcionada aos utentes. Os
principais problemas das instituições prendiam-se com um baixo número de
funcionários em relação ao esperado; o período das visitas dos familiares era
muito reduzido; a possibilidade de realização de atividades no interior e exterior
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 31
da instituição era muito limitada; e, falta de profissionais qualificados. “Todos
estes fatores contribuíam para diminuir a autonomia e independência dos
utentes, que se tornavam mais apáticos e passivos”(Marques,2011:76).
Marques (2011), citando estudos internacionais, refere que,
Os profissionais tendem muitas vezes a tratar os utentes de forma bastante
infantil (…) os profissionais comparam muitas vezes as pessoas idosas às
crianças e que utilizam muito frequentemente um tipo de comunicação do género
“conversa de bebé” (em inglês, “baby-talk”) (Marques, 2011:77)
A falta de formação adequada dos profissionais é, como já foi referido, causadora
da fala de qualidade dos serviços prestados aos idosos. “Neste sentido, os
profissionais seguem o mesmo padrão que a maioria das pessoas costuma
seguir na interação com as pessoas idosas: a benevolência e o paternalismo”
(Marques:2011:78)
3. Contexto Natural de Vida
O contexto natural de vida pode ser considerado como aquele onde o idoso viveu
grande parte da sua vida, ou, pelo menos, nos últimos tempos; no atual contexto
social e demográfico levantam-se alguns desafios para que o idoso permaneça
no seu contexto natural de vida (Ferreira e Nogueira,2006).
Destes desafios pode-se destacar
o da desigual ocupação do espaço territorial com uma zona litoral atrativa e de
população mais jovem e um interior desertificado, onde os idosos predominam;
a mudança das estruturas familiares com o aumento do divórcio e das famílias
monoparentais, colocando em causa as tradicionais redes de solidariedade e o
apoio para os mais velhos (Ferreira & Nogueira, 2006:122).
Para Fernandes (2004), viver mais tempo representará, num futuro próximo,
contar com menos ajuda dos descendentes “a redução da fecundidade terá
provavelmente efeitos ao nível das solidariedades intergeracionais” (Quaresma
et al, 2004:20).
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 32
Esta autora, defende que o envelhecimento é vivido dependendo do contexto em
que se desenrolou a trajetória de vida e de como se estruturaram as relações de
sociabilidade e familiares.
Ao longo da vida estabelecem-se laços, sociabilidades, e solidariedade de base.
Decorrem das relações com o cônjuge, com os filhos, com a parentela, com os
vizinhos ou amigos, colegas de trabalho, que ao perdurarem são o garante de
ajuda necessário nas situações de crise. As dificuldades relacionais ao longo da
vida são geralmente condicionantes de isolamento e solidão na velhice e
geradoras de estados psicológicos depressivos e psicológicos (Quaresma et al,
2004:20).
Daí a importância do contexto natural de vida, Hall, Mclennam e Lye (1992),
citados por Ferreira e Nogueira (2006), propuseram a existência de dois ciclos
de vida nos idosos, um ciclo positivo e um ciclo negativo. Para os autores, alguns
gerontes adotam uma perspetiva mais negativa o que conduz ao ciclo de vida
negativo (Figura 1) e ao desempenho de um papel de doente e de dependente.
ILUSTRAÇÃO 1: CICLO DE VIDA NEGATIVO
Por outro lado, os autores consideram que, com a ajuda dos familiares e dos
amigos, ou dos profissionais de saúde, quando necessário, o ciclo de vida
1. Diminuição das capacidades física, mental e
social
2. Visto como ineficiente ou incapaz pelos
outros
3. Desenvolvimento do papel de doente ou de dependente; nega a capacidade
4. Auto-reconhecimento como doente ou
deficiente
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 33
negativo pode ser contrariado. O ciclo de vida positivo (Figura 2) é conseguido
através de uma perspetiva mais positiva (Ferreira e Nogueira, 2006).
ILUSTRAÇÃO 2: CICLO DE VIDA POSITIVO
As relações pessoais surgem, assim, como indispensáveis para um ciclo de vida
positivo. A permanência no contexto natural de vida será então a melhor forma
para manter estes laços. Como refere Parreira (2006), o apoio social é um fator
reconhecidamente favorável à qualidade de vida, em todas as fases do ciclo de
vida, mas sobretudo em adolescentes e idosos (Parreira,2006:65).
O contexto de proximidade, os ambientes familiares, as relações de amizade e
vizinhança – contexto que se baseiam no respeito pelo outro, senso de
responsabilidade, troca de experiências, solidariedade, partilha – são condições
relacionais que fomentam a qualidade de vida e reduzem os comportamentos de
risco (Parreira,2006).
1. continuação de uma existência
confortável
2. Segurança e apoio
emocionais
3. Manutenção do papel na
sociedade -considerado como
capaz
4. Espaço para um
desenvolvimento continuado
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 34
Evans e Cope (1989), definiram as relações interpessoais nos contextos
próximos, como um dos fatores decisivos para a qualidade de vida pessoal
(Parreira,2006).
Para Sousa, Figueiredo e Cerqueira (2004), os cuidados aos idosos começam,
geralmente, por ser assumidos por familiares ou outros elementos da rede
informal, como por exemplo, vizinhos e /ou amigos. Os cuidados formais, como
o apoio domiciliário, são solicitados quando as redes informais de apoio precisam
de ajuda para prestar cuidados. No entanto os cuidados formais e informais não
são substitutos perfeitos, um do outro – os formais suprem tarefas dos informais,
tais como as refeições; mas, “os mais velhos admitem que algumas formas de
apoio podem provir de qualquer pessoa (cuidados instrumentais, mas outras
(emocionais e sociais) têm de vir dos mais íntimos” (Sousa, Figueiredo e
Cerqueira,2004:106). Daí a importância da manutenção do idoso no contexto
natural de vida para cobrir as necessidades afetivas e sociais.
3.1. A prestação informal de cuidados
Para Figueiredo (2007), prestar cuidados é encarado pela maioria dos indivíduos
como uma função básica da família “trata-se de uma atividade complexa, com
dimensões psicológicas, éticas, sociais” (Figueiredo, 2007:101).
Squire (2005) citado por Figueiredo (2007), considera três dimensões na
prestação de cuidados: responsabilizar/tomar conta de alguém;
satisfazer/responder às necessidades, e, sentir preocupação, consideração e
afeto.
A autora cita um estudo realizado em 1997 a 1509 cuidadores, em que
a prestação informal de cuidados foi operacionalizada como sendo uma atividade
tipicamente prestada por familiares ou amigos chegados a uma pessoa que já não
consegue gerir todos os aspetos da sua vida diária e cuidados pessoais
(Figueiredo,1997:101).
Assim, cuidado informal é uma relação entre um vizinho, amigo ou familiar que
ajuda o outro, de modo considerado regular, em tarefas que são consideradas
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 35
indispensáveis para manter as condições de vida necessárias; e, que não aufere
rendimento.
Stone, Cafferata e Sangl (1987), distinguem cuidador informal principal e
cuidador secundário, sendo que, o primeiro diz respeito àquele que tem a maior
parte das responsabilidades dos cuidados prestados e a quem são atribuídos os
trabalhos de rotina; o segundo diz respeito àqueles que prestam cuidados
complementares (Figueiredo, 1997).
Para Figueiredo (1997), o cuidador formal é o profissional contratado para a
prestação de cuidados. Estes papéis deverão ser encarados numa dinâmica de
complementaridade, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida do idoso
sem sobrecarregar a família, amigos e vizinhos.
4. Qualidade de Vida
No Diccionario del trabajo social, Ander-Egg (1995) a qualidade de vida é
abordada como um conceito que se começa a utilizar de forma mais
generalizada no final dos anos sessenta, substituindo o conceito de bem-estar
social.
Para o mesmo autor, a qualidade de vida
No se trata sólo de “tener cosas”, sino de “ser” persona, de sentirse biene
en cuanto a la própria realización personal. Esto implica no sólo retomar la
persectiva del sujeito, sino incorporar como cuestión central la “felicidad” (Ander-
Egg:1995:51).
Parreira (2006) considera que se pode aproximar o conceito de qualidade de
vida ao conceito de saúde proposto pela Organização Mundial de Saúde, em
que a saúde é definida em termos de bem-estar social, psicológico e físico.
O mesmo autor refere que, as ciências da economia e da gestão abordam o
conceito de qualidade de vida através dos conceitos de desenvolvimento, nível
de vida das populações, consumo, produção e organização do trabalho.
Enquanto a sociologia, antropologia e a política destacam o desenvolvimento
social e cultural, mas, também, “os fenómenos de regulação social e anomia, os
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 36
equilíbrios e desequilíbrios entre os diferentes grupos populacionais”
(Parreira,2006:3). Realçando como principais indicadores da qualidade de vida
a expressão da identidade cultural e acesso aos saberes.
Parreira (2006) afirma que é ponto assente que os fatores contextuais afetam a
qualidade de vida das pessoas; no entanto, considera que é necessário
desenvolver alguns fatores intrapessoais que poderão ser facilitadores ou
inibidores de qualidade de vida.
- o conceito de autoeficácia e outros conceitos inerentes como as competências
sociais, a fortaleza (hardiness), o senso de controle dos acontecimentos e o
locus de controle interno.
- senso de coerência pessoal – relacionado com um conjunto de características
psicológicas que levam o individuo a olhar para as situações como atingíveis,
manobráveis, a não encarar as situações como caóticas, uma maturidade
psicossocial. A capacidade de atribuir significados positivos à leitura dos
acontecimentos, com a associação de emoções positivas. Antonovsky (1979)
define senso de coerência pessoal como
uma orientação global que manifesta a medida em que cada pessoa tem um
sentimento de confiança – extenso, resistente e dinâmico – de que os seus
ambientes internos e externos são previsíveis e de que é alta a probabilidade de
as coisas funcionarem tão bem quanto se possa razoavelmente esperar
(Antonovsky, 1979 citado por Parreira, 2006:61).
- padrões motivacionais – ou reguladores de comportamento, condicionam a
adoção ou recusa de comportamentos de risco.
As competências sociais têm sido outra das áreas estudadas na procura de
saúde e qualidade de vida. O comportamento interpessoal bem sucedido está
associado à resistência e relação a disfunções psíquicas e sintomáticas.
perceber com exatidão os desejos e intenções dos outros; ter a noção do impacto
do próprio comportamento sobre as outras pessoas; obter dos outros o
comportamento que se deseja; exprimir as suas opiniões com clareza e
assertividade; negociar compromissos mutuamente vantajosos; variar a
expressão das emoções de forma adequada à situação (Parreira, 2006:64).
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 37
São competências sociais intimamente relacionadas com a saúde e a qualidade
de vida.
No entanto, o conceito de qualidade de vida é, ainda, um tema em debate; alguns
autores consideram a complexidade e impossibilidade de conceituar
devidamente este conceito. O grupo WHOQOL2, inseriu na sua definição de
qualidade de vida o fator da perceção do individuo, assim, definiu qualidade de
vida como
a perceção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto de sua
cultura e no sistema de valores em que vive e em relação a suas expectativas,
seus padrões e suas preocupações (Fleck, 2008:25).
O conceito de qualidade de vida, é conceito amplo que é composto pela saúde
física, o estado psicológico, o nível de independência, as relações sociais,
crenças e relação com meio ambiente (The WHOQOL Group, 1995 cit. por Fleck,
2008).
Esta definição aborda as três dimensões fundamentais da qualidade de vida:
- Subjetividade: é a perspetiva do individuo que conta; a realidade só tem valor
na perceção do individuo;
- Multidimensionalidade: a qualidade de vida é composta por várias dimensões,
física, mental, social, entre outras.
- Presença de dimensões positivas e negativas: para uma boa qualidade de vida
é necessário que alguns elementos estejam presentes (e.g. independência) e
outros ausentes (e.g. dor) (Fleck et al, 1999 cit. por Fleck, 2008).
Calman (1987) considera que uma boa qualidade de vida está relacionada com
as esperanças e expectativas do individuo; e, que estas expectativas são
diferentes consoante a idade. A qualidade de vida tem, para este autor, as
seguintes implicações:
1. Só pode ser descrita pelo próprio indivíduo.
2. Precisa levar em conta vários aspetos da vida.
3. Está relacionada aos objetivos e às metas de cada indivíduo.
2 Instrumento de Avaliação de Qualidade de Vida da Organização Mundial de Saúde
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 38
4. A melhor está relacionada à capacidade de identificar e atingir esses objetivos.
5. A doença e seu respetivo tratamento podem modificar esses objetivos.
6. Os objetivos necessariamente precisam ser realistas, já que o individuo precisa
manter a esperança de poder atingi-los.
7. A ação é necessária para diminuir o hiato entre a realização dos objetivos e as
expectativas, quer pela realização dos objetivos, quer pela redução das
expectativas. Essa ação pode se dar através do crescimento pessoal ou ajuda dos
outros.
8. O hiato entre as expectativas e a realidade pode ser, justamente, a força motora de
alguns indivíduos (Fleck,2008:26).
4.1. Qualidade de vida no envelhecer
Parreira (2006), considera que a definição de qualidade de vida varia de acordo
com o estádio em que a pessoa se encontra. Neri (1993) citada por Parreira
(2006), considera que, na velhice
O desenvolvimento de competências sociais e de eficácia cognitiva e a
manutenção da adequação física facilitam o senso de controlo pessoal e a
autoestima, características potenciadoras da qualidade de vida. Para ela a
qualidade de vida na adultícia e na velhice é favorecida pelo envolvimento, pela
capacidade de resolução de problemas, pela fortaleza (hardiness), pelo senso
de equilíbrio entre o que se desejou e se alcançou, pelo humor positivo
(Parreira,2006:58).
Estas características são fatores importantes para a qualidade de vida, e,
consequentemente, um envelhecimento satisfatório, “concretizado na
otimização da expectativa de vida e na minimização da morbilidade física,
psíquica e social” (Fries, 1990 citado por Parreira, 2006:58).
Para Lawton (1991),
a qualidade de vida na velhice parte de uma avaliação multidimensional
em relação aos critérios socionormativos e intrapessoais que buscam referência
tanto nas relações atuais quanto nas passadas e também prospetivas na relação
entre o idoso (…) e o ambiente que o cerca. Dessa maneira, a qualidade de vida
na velhice dependeria de muitos elementos em interação constante ao longo da
vida do individuo (Trentini, C.; Chachamovich, E.; Fleck, M. in Fleck, 2008:220).
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 39
Esta ideia é reforçada por outros autores, que consideram que a qualidade de
vida na velhice é um processo adaptativo multidimensional, relacionado com o
modo como o geronte encara os problemas que surgem (Trentini, C.;
Chachamovich, E.; Fleck, M. in Fleck, 2008).
No envelhecimento, os níveis de rendimento e de escolaridade, boas condições
de vida e de saúde, apoio social, manutenção das relações familiares, o ser ativo,
são fatores que contribuem para a qualidade de vida, para o bem-estar, para a
autoeficácia e funcionamento global do idoso; apesar de todas as perdas que
podem acontecer com o avançar da idade. Por outro lado, os sintomas
depressivos e os níveis de desesperança estão relacionados com níveis de
qualidade de vida inferiores (Trentini, C.; Chachamovich, E.; Fleck, M. in Fleck,
2008).
Envelhecer satisfatoriamente depende, assim, do dedicado equilíbrio
entre os limites impostos pelos anos vividos e as capacidades/potencialidades
do individuo. Tal relação irá possibilitar ao idoso lidar, com diferentes graus de
sucesso, com as perdas características do envelhecimento (Trentini, C.;
Chachamovich, E.; Fleck, M. in Fleck, 2008:221).
Segundo Engenheiro (2008), no seu estudo de caso sobre a qualidade de vida
dos utentes do serviço de apoio domiciliário em Peniche, concluiu que, os
indivíduos percecionam a qualidade de vida sobretudo pelas condições de
saúde. A autora refere, ainda, que
existe (no estudo) um dado relevante que diz respeito aos valores obtidos na
escala geriátrica de depressão. Estes indicam uma tendência depressiva o que
pode ser uma possível explicação para a antagónica perceção de não saúde e
de altos valores de morbilidade e funcionalidade (Engenheiro,2008:118).
4.2. Conceito de necessidade humana básica
Um conceito inerente ao conceito de qualidade de vida, é o conceito de
necessidade humana, visto que, a qualidade de vida depende das necessidades
humanas.
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 40
Para Idáñez e Ander-Egg (2007), as necessidades humanas fundamentais são
“o conjunto de condições de carência e privação claramente identificadas e de
validade universal”(Idáñez & Ander-Egg,2007:31). Estas necessidades são
inerentes à natureza humana, e têm-se instruído histórica e culturalmente,
atualmente, constituem um valor generalizado em qualquer sociedade. Quando
se fala em necessidade, refere-se, normalmente, a uma carência ou à falta de
meios para satisfazer essa necessidade.
A satisfação integral das necessidades é essencial e ocorre mediante um
processo de inter-relação cujo resultado define a qualidade de vida dos
indivíduos. “As privações em qualquer destas necessidades universais podem
desencadear patologias diversas e a privação em várias ou em todas, produz
um efeito sinergético ou potenciador do impacto dessas privações”(Idáñez &
Ander-Egg,2007:31).
Para colmatar as necessidades, é necessário os meios de satisfação, que são
definidos como “os modos particulares que cada sociedade ou sistema utiliza
para satisfazer as necessidades universais. Cada cultura tem um certo tipo,
quantidade e qualidade de meios de satisfação socialmente definidos”(Idáñez &
Ander-Egg,2007:31). São as diferenças nas possibilidades de acesso aos meios
de satisfação que fomentam as diferenças culturais e sociais.
Existem diversos meios de satisfação das necessidades, vejam-se os seguintes
exemplos:
- Violadores ou destruidores: são os que com o pretexto de satisfazer a
necessidade acabam com a possibilidade de o fazer;
- Pseudo-meios de satisfação: são os que levam a uma falsa sensação de que
a necessidade foi colmatada (e.g. dar uma esmola – não destrói
verdadeiramente a necessidade de subsistência);
- Inibidores: são os que pelo modo como satisfazem dificultam a possibilidade de
satisfazer outras necessidades (e.g. uma escola autoritária em relação ao
entendimento e que inibe as necessidades de participação, criatividade e
liberdade);
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 41
- Singulares: satisfazem uma só necessidade (por exemplo: os programas de
fornecimento de alimentos);
- sinérgicos: satisfazem uma necessidade e estimulam a satisfação simultânea
de outras (e.g., a amamentação materna, jogos didáticos) (Idáñez & Ander-
Egg,2007).
5. Serviço de Apoio domiciliário: um serviço de apoio na comunidade
Segundo Sousa, Figueiredo e Cerqueira (2004), a origem dos serviços prestados
na comunidade encontram-se nas atividades dos voluntários que ajudavam os
necessitados na comunidade, e, posteriormente, de assistentes sociais que
prestavam o seu trabalho no domicílio.
Por volta dos anos 70 e 80, surgiu uma maior preocupação com a forma como a
prestação de serviços tendia a separar famílias, levando a uma revalorização
dos programas centrados nos agregados familiares em contexto comunitário. O
trabalhar no contexto de vida do utente promove um entendimento da sua
realidade de vida e o envolvimento da rede social no apoio (Sousa, Figueiredo &
Cerqueira, 2004).
Segundo o Guião Técnico – Serviços de Apoio Domiciliário, o serviço de apoio
domiciliário é uma resposta social que consiste na prestação de cuidados
individualizados e personalizados no domicilio, a indivíduos e famílias quando,
por motivo de doença, deficiência ou outro impedimento, não possam assegurar
de forma temporária ou permanente, a satisfação das suas necessidades
básicas e/ou atividades da vida cotidiana (Bonfim & Veiga,1996).
Para Ana Gil (2009), “a implementação dos serviços de apoio domiciliário permite
promover atitudes e medidas preventivas do isolamento, da exclusão e da
dependência” (Gil, 2009:4). Com este serviço pretende-se evitar a
institucionalização em lares de idosos.
O serviço de apoio domiciliário assegura a prestação de quatro serviços básicos:
alimentação (pequeno-almoço, almoço e jantar); cuidados de higiene pessoal
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 42
(diários e/ou semanais); tratamento de roupas e limpezas e arrumação do
domicílio (Bonfim & Veiga,1996).
Assegura, ainda, os seguintes serviços complementares: aquisição de bens de
primeira necessidade e medicamentos, organização e administração da
medicação prescrita, acompanhamento ao exterior, ajudas técnicas, atividade
recreativas e de animação (Bonfim & Veiga,1996).
Para Gil (2009), apesar dos benefícios dos serviços de apoio domiciliário,
existem, ainda, alguns constrangimentos – “a insuficiente e pouca diversidade
dos serviços, limitando-se às atividades de apoio social (alimentação e banho)
(…) reduzidos somente aos dias úteis, e deficits em termos formativos dos
recursos humanos” (Gil, 2009:4).
Marques (2011), refere que, o Serviço de Apoio Domiciliário tem sido uma mais-
valia para prolongar o tempo de permanência do idoso no próprio lar, no entanto,
a oferta deste serviço tem sido bastante limitada, restringindo-se principalmente
aos serviços de higiene e alimentação. Para a autora, uma alteração no sistema
de financiamento, para um financiamento direto às famílias iria permitir que as
famílias escolhessem a entidade (lucrativa ou não lucrativa) que melhor
respondesse às suas necessidades.
A autora citando Gil (2009), refere que,
o serviço domiciliário deve ser mais do que o usual “banho e marmita”,
incluindo outras valência como, por exemplo, o transporte, o
acompanhamento ao exterior, companhia, ida ao cabeleireiro, atividades
ocupacionais e serviços de âmbito mais especifico, como os cuidados
médicos e de enfermagem (Marques:2011:78)
Em relação aos princípios gerais de funcionamento, o domicílio do utente é
inviolável, não é permitido fazer quaisquer alterações no mesmo, Deve ser
respeitado a individualidade, privacidade, usos e costumes; os cuidados devem
ser prestados tendo em vista manter a autonomia do utente (Bonfim &
Veiga,1996).
Segundo o Manual de Processos Chave do Serviço de Apoio Domiciliário, é uma
resposta social que os indivíduos em situação de dependência podem ter acesso
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 43
para satisfazer as suas necessidades básicas e específicas. Esta situação de
dependência ocorre, maioritariamente, a partir dos 65 e mais anos, o que não
quer dizer que não possa ocorrer em qualquer outra idade, sendo, que pode
igualmente usufruir deste serviço.
“O número crescente de pessoas mais velhas vulneráveis, o número significativo
de pessoas mais jovens em situação de dependência por diversas causas, o
número restrito de familiares que possam assegurar os cuidados necessários e
a vontade de retardar a institucionalização levam à necessidade crescente de
implementação e desenvolvimento do Serviço de Apoio Domiciliário” (Instituto da
Segurança Social, s/d:1).
Segundo o disposto no manual, o serviço de apoio domiciliário, é considerado
por muitas pessoas, como a forma de continuar inseridas no seu meio natural de
vida, perto dos seus bens e dos seus afetos, ainda com a possibilidade de criar
novas relações com os colaborados do serviço.
Para que se garanta a qualidade deste serviço, destacam-se os seguintes
pontos:
• Ter em consideração o superior interesse das pessoas em situação de
dependência, especialmente quando se planifica o trabalho, o que exige uma
articulação muito próxima com os clientes, pessoas significativas dos mesmos e
entidades parceiras. Há que estabelecer uma parceria forte com o cliente e as
suas pessoas significativas, a fim de recolher a informação necessária sobre as
necessidades, expectativas, capacidades e competências, com a finalidade de
se poder delinear o plano de desenvolvimento individual.
• Desenvolver os cuidados ao nível da qualidade das relações que o cliente vai
estabelecer com os colaboradores do Serviço de Apoio Domiciliário e entidades
parceiras.
• Reconhecer que todos os clientes necessitam de se sentir incluídos, de ter um
sentimento de pertença, de se sentir valorizados e importantes para aderir ao
processo de cuidados. Este sentimento é possível de ser construído através do
respeito mútuo e através de relações afetivas calorosas e recíprocas entre o
cliente e os colaboradores.
• Compreender a individualidade e personalidade de cada cliente, de forma a
criar um ambiente que facilite a interação, a criatividade e a resolução de
problemas por parte deste.
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 44
Só desta forma o cliente se pode sentir bem no âmbito dos cuidados prestados
pelo Serviço de Apoio Domiciliário. Isto implica:
• Pensar o cliente como um ser afetivo e ativo que gosta de ser respeitado na
sua maneira de ser e estar.
• Criar um ambiente calmo, flexível e responsável que possa ser adaptado aos
interesses e necessidades de cada cliente, promovendo o acesso a um leque de
oportunidades de escolhas e que lhe permita continuar o seu desenvolvimento
individual, de forma confiante e com iniciativa.
• Estabelecer relações que encorajem o cliente a participar de forma ativa nas
atividades selecionadas para a prestação de cuidados, de entre as disponíveis
internamente.
• Criar condições para a continuidade das ações que forem escolhidas pelo
cliente ou proporcionar oportunidade de acesso a atividades desenvolvidas por
entidades externas.
• Dinamizar ações que proporcionem oportunidades para que o cliente possa
comunicar os seus sentimentos e pensamentos (p. e. através da possibilidade
de estar sozinho com o colaborador de referência) (Instituto da Segurança
Social, s/d:2).
Em relação ao pagamento deste serviço, este é comparticipado pela segurança
social, sendo que a comparticipação familiar é determinada de forma
proporcional ao rendimento do agregado familiar.
Na circular normativa n.º 3 de 02/05/97, está definido que o cálculo do
rendimento familiar é feito com base na seguinte fórmula:
R= RF-D/N
Em que por R entende-se rendimento per capita, RF rendimento mensal ilíquido
do agregado familiar, D despesas fixas e N número de membros do agregado
familiar.
A participação familiar pela utilização destes serviços de apoio é determinada
pela aplicação da percentagem de 50 % sobre o rendimento do agregado – em
caso do utente usufruir dos serviços normalmente indispensáveis – alimentação
(incluindo uma refeição principal), higiene pessoal e higiene habitacional e
tratamento de roupas. Se o utente não tiver pedido algum destes serviços esta
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 45
percentagem pode ser diminuída, e se, por outro lado, usufruir de mais alguns
esta percentagem pode ir até um máximo de 60% sobre o rendimento (Circular
normativa n.º3 de 02/02/97).
Segundo Engenheiro (2008), na sua dissertação de mestrado sobre o apoio
domiciliário e qualidade de vida, considera que o serviço de apoio domiciliário
tem um papel importante na qualidade de vida dos gerontes.
Pois, sendo um serviço de proximidade, privilegia o contexto natural do individuo
e proporciona os cuidados de que o mesmo necessita; mas, também,
proporciona melhorias a nível físico e psicológico. A nível físico, através das
refeições atempadas e uma dieta equilibrada, e, da higiene e outros serviços de
conforto pessoal que melhoram o bem-estar (Engenheiro, 2008).
A nível psicológico, através do apoio duma equipa multidisciplinar em articulação
com os cuidadores informais que se reflete num aumento da autoestima e
confiança do utente (Engenheiro, 2008).
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 46
II Metodologia
A presente investigação consiste num estudo de natureza qualitativa. A
investigação qualitativa consiste principalmente “em estudar e em interagir com
as pessoas no seu terreno, através da sua linguagem, sem recorrer a um
distanciamento que levaria ao emprego de formas simbólicas estranhas ao seu
meio” (Gauthier, 1987 citado por Lessard-Hébert, Goyette e Boutin,1994:47).
Segundo Bogdan e Biklen (1994), neste tipo de investigação os investigadores
procuram “compreender o significado que os acontecimentos e interações têm
para pessoas vulgares, em situações particulares” (Bogdan & Biklen, 1994:53).
A abordagem qualitativa de um problema é uma forma adequada para entender
a natureza de um fenómeno social, “as investigações que se voltam para uma
análise qualitativa têm como objeto situações complexas ou estritamente
particulares” (Richardson, 1989:39).
As investigações que utilizam uma metodologia qualitativa
podem descrever a complexidade de determinado problema, analisar a interação
de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos vividos por
grupos sociais, contribuir no processo de mudança de determinado grupo e
possibilitar, em maior nível de profundidade, o entendimento das particularidades
do comportamento dos indivíduos (Richardson, 1989:39).
A investigação qualitativa não se baseia numa conceção teórica e metodológica
única, utiliza na sua prática várias abordagens teóricas e vários métodos. A
investigação qualitativa é “descritiva os dados recolhidos são em forma de
palavras ou imagens e não de números” (Bogdan e Biklen, 1994:48).
O estudo de caso é a forma de investigação qualitativa utilizada na presente
investigação, sendo este, “uma categoria de pesquisa cujo objeto é uma unidade
que se analisa aprofundadamente” (Triviños, 1990:133).
Um estudo de caso “consiste numa investigação aprofundada de um indivíduo,
de uma família, de um grupo ou de uma organização” (Fortin, 1996:164). A
presente investigação é um estudo intensivo e aprofundado das pessoas que
usufruem do serviço de apoio domiciliário do Lar de São Bento.
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 47
A investigação qualitativa pode ser completada com a investigação quantitativa,
estas duas formas de investigação não representam uma dicotomia mas podem
ser vistas como um continuum epistemológico (Miles & Huberman,1984 citados
por Lessard-Hébert, Goyette & Boutin,1994)
Assim, importa referir o percurso seguido para a realização deste projeto de
intervenção, desde o início:
a) Definição do tema e da questão de partida, tendo em conta os seus
critérios de construção (clareza, exequibilidade, pertinência) do livro
“Manual de Investigação em Ciências Sociais” de Quivy e Campenhoudt;
b) Definição dos objetivos gerais e específicos - limitar o que se pretendia
atingir com o projeto de intervenção;
c) Formulação das hipóteses, com o intuito de orientar a recolha de
informação com os possíveis resultados da investigação;
d) Pesquisa e análise bibliográfica e documental – através de livros sobre os
conceitos desenvolvidos; documentos do Lar de São Bento cedidos pelo
Diretor Técnico para caracterização da instituição e dos seus utentes;
consulta através da internet do diagnóstico social do Concelho de Serpa;
legislação sobre o serviço de apoio domiciliário; sites com informações
estatísticas (nomeadamente, o INE e Pordata); entre outros. Com o
objetivo de trabalhar os conceitos, conhecer aprofundadamente o que é o
Serviço de Apoio Domiciliário, contextualizar a nível de território a
freguesia de Vila Nova de São Bento e o Lar de São Bento; e, caracterizar
o Lar de São bento e os utentes do serviço de apoio domiciliário;
e) De seguida foram selecionadas as escalas que melhor permitiriam a
recolha dos dados pretendidos; e, tomadas as medidas necessárias para
a sua utilização; ao mesmo tempo, foi construído o questionário para a
caracterização da amostra;
f) Após a definição dos instrumentos a utilizar, passou-se, então, à
aplicação dos instrumentos acima referidos e ao tratamento dos dados
recolhidos através do SPSS e do Excel;
g) Posteriormente, foi desenvolvida a entrevista para aprofundar o
conhecimento, foi um modo de completar os dados recolhidos na fase
anterior;
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 48
h) Foram aplicadas as entrevistas a duas participantes, (as entrevistas foram
gravadas);
i) Posteriormente, foram transcritas e submetidas a análise de conteúdo;
j) Após a análise dos dados recolhidos, foram delineadas atividades que
poderiam contribuir para a promoção da qualidade de vida dos idosos; e
tomadas as diligências necessárias para a sua realização;
k) Posteriormente, foi realizada a avaliação processual e final, pela
investigadora e pelos resultados de questionários aplicados às
participantes da atividade de formação;
l) Por fim, foram deixadas algumas propostas de intervenção futura para os
participantes nesta investigação.
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 49
III Estudo Empírico
1. Contextualização
1.1. Freguesia de Vila Nova de S. Bento
Vila Nova de São Bento, encontra-se enquadrada na NUT (Nomenclatura de
Unidade Territorial) II – Alentejo. Segundo dados do INE (2004), o Alentejo tem
uma superfície de 31.550,9 km2, o que equivale a 34,2%, do território português;
em termos de território é a maior região do país. Quanto aos limites territoriais,
o Alentejo é limitado a sul pela região do Algarve, a norte pela Região Centro, a
oeste pelo Oceano Atlântico e Lisboa e a leste por Espanha.3
Em termos de NUT III, o Alentejo subdivide-se em cinco sub-regiões: Baixo
Alentejo, Alto Alentejo, Alentejo Litoral, Alentejo Central e Lezíria do Tejo. A
freguesia de Vila Nova de São Bento enquadra-se na sub-região Baixo Alentejo.
Em 2004, segundo dados do INE, o Alentejo tinha 767.679 habitantes de
população residente, ou seja, 7,2% da população portuguesa. Nesse mesmo
ano, a densidade populacional era de 24,3 habitantes por km2 – sendo a
densidade populacional mais baixa de Portugal. 4Segundo os dados definitivos
dos Censos 2011, a população residente no Alentejo era de 757.302 habitantes,
e a densidade populacional era de 24,0 habitantes por km2. 5
Em termos de ordenamento do território, o Alentejo é caracterizado por
latifúndios e um grau de urbanização pouco acentuado.6
Esta região tem apresentado um índice de crescimento médio negativo, sendo
que o mesmo se verifica no Baixo Alentejo. Para além disto, esta região é a mais
envelhecida do país, encontrando-se acima da média do país e da média
europeia. 7
3 Fonte: http://www2.univ-toulouse.fr (acedido a:17/01/13)
4 Idem 5 Fonte: INE. Disponível em: http://www.ine.pt (acedido a: 17/01/13) 6 http://www2.univ-toulouse.fr (acedido a:17/01/13) 7 Fonte: http://www2.univ-toulouse.fr (acedido a:17/01/13)
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 50
Segundo dados no INE, referentes a 2001, a proporção da população residente
com 65 e mais anos no Alentejo era de 22,3% e no Baixo Alentejo 23,9%. Em
relação à taxa de analfabetismo, no Alentejo era de 15,86% e Baixo Alentejo
18,22%.8
A freguesia de Vila Nova de S. Bento, também conhecida por Aldeia Nova de
S. Bento, fica situada no distrito de Beja (a sensivelmente 48km de distância da
capital de distrito) e, no concelho de Serpa (a sensivelmente 17 km de distância).
Adquiriu o estatuto de Vila em 1988, representa cerca de 22% da área total do
concelho, possuindo, aproximadamente, 244,1 Km2 de área (Rede Social de
Serpa, 2007).
Em todo o concelho tem sido visível o decréscimo da população; com a perda
da população residente, principalmente, da população em idade ativa e com a
redução da taxa de fecundidade, esta região veio a tornar-se a mais envelhecida
do país e das mais envelhecidas da Europa (Rede Social de Serpa, 2007).
Em 2004, o índice de envelhecimento do concelho de Serpa apresentava valores
significativamente superiores à média do país, no entanto, apresentava valores
aproximados à média da região Alentejo – o concelho de Serpa tinha, assim, 172
idosos por cada 100 jovens, Portugal tinha, em média, 108 idosos por cada 100
jovens, e a região do Alentejo 170 idosos por cada 100 jovens. Em Vila Nova de
S. Bento, o índice de envelhecimento é de 209 idosos por cada 100 habitantes
(Rede Social de Serpa, 2007).
Veja-se na seguinte tabela, os índices de envelhecimento, de dependência de
idosos e de longevidade, do Alentejo, Baixo Alentejo e Serpa.
8 Fonte: INE. Disponível em: http://www.ine.pt . (acedido a: 17/01/13)
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 51
TABELA 1: ÍNDICE DE ENVELHECIMENTO, DEPENDÊNCIA DE IDOSOS E LONGEVIDADE
Índice de
Envelhecimento9
Índice de
Dependência de
Idoso10
Índice de
longevidade11
Alentejo 178,0 38,8 51,9
Baixo Alentejo 188,8 40,9 53,1
Serpa 206,7 41,9 53,0
Fonte: INE e Por Data12 (Dados Referentes a 2011)
Em 2001, Vila Nova de S. Bento tinha um total de 3430 habitantes, sendo que
27% (935 habitantes) da população total eram idosos, a maioria das pessoas
com 64 e mais anos eram do sexo feminino (Rede Social de Serpa,2007). Dados
mais recentes do INE, demonstram que houve uma diminuição do número de
habitantes desde o momento censitário de 2001 para 2011, passando de 3430
para 3072 habitantes – dos quais 1499 são do sexo masculino e 1573 do sexo
feminino. Não havendo ainda dados definitivos relativamente à divisão por faixas
etárias.
Em 2001, 35% da população possuía apenas o 1.º ciclo de escolaridade, e 28%
da população não frequentou qualquer nível de ensino; é a freguesia do concelho
com uma maior taxa de analfabetismo (Rede Social de Serpa,2007).
Segundo os resultados provisórios dos Censos 2011, em Vila Nova de São Bento
residem 821 indivíduos com 65 e mais anos, dos quais 505 vivem em alojamentos familiares sem outras pessoas. É, ainda importante, realçar que
existem na mesma freguesia 342 alojamentos nos quais todos os residentes têm 65 e mais anos (dos quais 185 vive uma pessoa com 65 e mais anos e 157
onde vivem 2 ou mais pessoas com 65 e mais anos).
Em termos de recursos da área social, Vila Nova de S. Bento conta com o Lar
de S. Bento, Centro de Convívio da 3ª idade e Aldeia Nova – Associação de
Desenvolvimento Social (Rede Social de Serpa, 2007). Importa ressalvar que
9 Fórmula: (População com idade igual ou superior a 65 anos/ População com idade compreendida entre os 0 e os 14 anos)*100 10 Fórmula: (População com idade igual ou superior a 65 anos/ População com idade compreendida entre os 15 e os 64 anos)*100 11 Fórmula: (População com idade superior a 75/ População com idade superior a 65)*100 12 Disponível em: http://www.pordata.pt (acedido a: 18/02/2013)
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 52
dos três recursos sociais existentes dois são direcionados especificamente para
a terceira idade.
1.2. Lar de São Bento
O Lar de São Bento é uma Fundação de Solidariedade Social constituída com a
designação de Asilo de São Bento, por disposição testamentária de D. Maria
Cristina Gomes Barroso Louro, em 12 de Outubro de 1959 com o objetivo de
assistir a terceira idade.
A Fundação destina-se, por determinação da fundadora, a recolher e assistir
pessoas idosas de ambos os sexos naturais ou residentes há mais de dez anos
nas freguesias de Vila Nova de São Bento e Vale-de-Vargo, na proporção de
dois para um, ou seja, por cada duas pessoas residente em Vila Nova de São
Bento pode estar no máximo uma pessoa residente em Vale-de-Vargo. No
entanto, sem prejuízo do cumprimento desta disposição esta instituição pode,
nos limites da capacidade logística e financeira, alargar a assistência a outras
pessoas idosas da área da diocese de Beja.
Assim, a missão da fundação é receber, apoiar e defender/garantir os direitos e
necessidades das pessoas idosas, famílias e comunidade de forma integrada e
personalizada.
Quanto às áreas de Intervenção, o Lar de São Bento tem como respostas sociais
o Lar de Idosos, o Centro de Dia, o Apoio Domiciliário, e, é instituição mediadora
no âmbito do Programa Comunitário de Ajuda Alimentar a Carenciados/2010
(cedendo de forma gratuita as instalações e recursos humanos para a gestão da
distribuição dos géneros alimentares às famílias carenciadas e para o
atendimento à comunidade no âmbito da parceria com o Núcleo Local de
Inserção do Rendimento Social de Inserção do Concelho de Serpa).
1.3. Serviço de Apoio Domiciliário – Lar de São Bento
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 53
Esta reposta social é financiada por fundos públicos, através do acordo de
cooperação celebrado com o Instituto de Segurança Social I.P. – Centro Distrital
de Beja, no ano de 2009, para 30 clientes número que não tem sofrido variações
relevantes desde que a resposta social começou a funcionar em 2007.
O quadro de pessoal desta resposta social é composto por seis colaboradores
em regime de exclusividade, devidamente qualificadas e enquadradas através
de contratos de trabalho sem termo; os restantes colaboradores afetos ao
Serviço de Apoio Domiciliário são comuns às outras respostas sociais.
Em termos de apoio técnico, o serviço de apoio domiciliário conta apenas com o
assistente social da instituição, que é comum a todas as valências da instituição,
sendo também, o Diretor Técnico.
Em Outubro de 2012, o Lar de São Bento conta com 34 utentes em serviço de
apoio domiciliário, dos quais 19 são do sexo feminino e 15 do sexo masculino,
com uma média de idade de 78,18 anos. Cada um dos utentes paga, em média,
139,45 euros.
TABELA 2: UTENTES DO SERVIÇO DE APOIO DOMICILIÁRIO DO LAR DE SÃO BENTO
Sexo Data de
Nascimento
Idade Data da
admissão Serviço prestados Comparticipação mensal (€)
1 Feminino 25/01/1922 90 15/10/200
7 Almoço/Higiene semanal 202,31
2 Masculino 03/11/1930 81 15/10/200
7 Higiene diária/Higiene
semanal 163,10
3 Feminino 25/09/1931 81 15/10/200
7 Almoço 105,96
4 Masculino 05/08/1922 90 15/10/200
7 Almoço 95,95
5 Masculi
no 24/04/1926
86 15/10/200
7
Pequeno-almoço/Almoço/jantar/Higien
e semanal/Tratamento de roupa
201,18
6 Feminino 04/05/1928
84 15/10/2007
Pequeno-Almoço/Almoço/Jantar/Higiene Diária/Higiene Semanal
223,73
7 Feminino 12/09/1919 93 01/04/200
8 Higiene Diária/Higiene
Semanal 217,71
8 Feminino 06/09/1920
92 01/05/2008
Almoço/Higiene semanal/Tratamento de
Roupa 199,00
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 54
9 Masculino 04/01/1929
83 02/07/2008
Almoço/Higiene Pessoal/Tratamento de
Roupa 137,02
10 Feminino 27/01/1942 70 01/08/200
8 Higiene Diária/Higiene
Semanal 131,55
11 Feminino 10/10/1936
76 01/01/2008
Pequeno Almoço/Almoço/Higiene diária/Higiene Semanal
181,83
12 Feminino 13/07/1962
50 01/09/2008
Pequeno-Almoço/Jantar/Higiene diária/Higiene Semanal
186,06
13 Masculino 18/11/1939 73 08/09/200
8 Pequeno-almoço/Almoço 116,08
14
Feminino 15/08/1924
88
01/07/2008
Pequeno-almoço/Almoço/Jantar/Higien
e Diária/Higiene Semanal/tratamento de
roupa/Higiene Habitacional
256,46
15 Feminino 25/08/1939 73 01/08/200
9 Higiene Diária/Higiene
Semanal 179,19
16 Feminino 25/05/1936 76 01/08/200
9 Almoço 86,00
17 Masculino 18/03/1945 67 15/03/201
0 Almoço 84,50
18 Masculino 10/07/1963 49 01/05/201
0 Almoço/Jantar 96,17
19 Feminino 27/11/1941 70 01/07/201
0 Higiene Diária/Higiene
Semanal 162,52
20 Feminino 26/11/1925 86 08/10/201
0 Higiene Diária/Higiene
Semanal 186,90
21 Masculino 27/09/1970 42 01/01/201
1 Almoço 50,00
22 Feminino 23/09/1930 82 01/06/201
1 Almoço 97,00
23 Masculino 14/02/1935 77 26/07/201
1 Almoço/Jantar 71,00
24 Feminino 25/04/1928 84 23/08/201
1 Higiene Diária/Higiene
Semanal 218,22
25 Feminino 20/07/1936 76 01/10/201
1 Almoço 53,06
26 Masculino 08/08/1929 83 01/10/201
1 Almoço 56,60
27 Masculino 24/05/1927 85 01/10/201
0 Almoço 64,87
28 Femini
no 08/02/1929
83 02/11/201
1
Almoço/Jantar/Higiene Diária/Higiene
Semanal/tratamento de roupa/Higiene Habitacional
268,13
29 Masculino 22/04/1925 87 18/02/201
2 Almoço 74,80
30 Feminino 19/05/1931 81 18/02/201
2 Almoço 56,76
31 Feminino 07/11/1936 75 20/04/201
2 Almoço 135,41
32 Masculino 23/03/1933 79 18/07/201
2 Higiene Diária/Higiene
Semanal 108,34
33 Masculino 16/03/1924 88 19/07/201
2 Higiene Diária/Higiene
Semanal 182,52
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 55
34 Masculino 20/01/1934
78 12/09/2012
Almoço/Higiene Semanal/Higiene
Habitacional 87,80
Fonte: Dados fornecidos pelo Diretor técnico do Lar de São Bento (Outubro, 2012)
2. Plano de Ação 13
Todo o projeto de intervenção deverá conter, segundo Guerra (2000), um plano
de ação.
A autora considera que após a definição das estratégias de intervenção, deve
ser construído o Plano de Ação. O plano de atividades descreve detalhada e
sistematicamente o que se pretende fazer, quem será encarregado das
diferentes tarefas, e os recursos necessários para as concretizar. Estas
atividades decorrem da relação entre objetivos, meios e estratégias. A
organização do plano de ação deve realizar-se em torno das seguintes questões:
“Porque é que deve ser feito? (relação com os objetivos); O que é que deve ser
feito? (atividades, tarefas, recursos, entre outros); Onde deve ser feito?; Quando
deve ser feito?; Como deve ser feito? (meios e métodos)” (Guerra,2000:171).
Assim, com base nestes pressupostos, é necessário definir, nesta fase do
projeto: os objetivos específicos, população-alvo, local/tempo de realização,
descrição sumária das atividades, e, os recursos (financeiros, materiais,
logísticos e humanos, caso se aplique).
Com base nos pressupostos acima mencionados foi definido o seguinte plano
de ação:
13 Ver Apêndice I
QU
AD
RO
2: P
LAN
O D
E A
ÇÃ
O
Rec
urso
s
Ativ
idad
es
Obj
etiv
os
espe
cífic
os
Popu
laçã
o Al
vo
Loca
l Te
mpo
Fi
nanc
eiro
s M
ater
iais
Lo
gíst
icos
H
uman
os
Pesq
uisa
e
anál
ise
bibl
iogr
áfic
a e
docu
men
tal
- C
onst
ruir
fund
amen
taçã
o te
óric
a ab
orda
ndo
os
dive
rsos
co
ncei
tos
in
eren
tes
à qu
estã
o de
pa
rtida
;
- Com
pree
nder
o
fenó
men
o do
en
velh
ecim
ento
;
- A
prof
unda
r o
conh
ecim
ento
so
bre
serv
iço
de
apoi
o do
mic
iliário
.
A
o lo
ngo
de
todo
o
perío
do d
e re
aliz
ação
do
pro
jeto
Livr
os
sobr
e a
tem
átic
a;
artig
os
cien
tífic
os.
Reu
niõe
s no
Lar
de
São
Ben
to
- C
onhe
cer
apro
fund
adam
ente
a
estru
tura
or
gani
zaci
onal
do
La
r de
S
ão
Ben
to
La
r de
São
Ben
to
Dur
ante
o
mês
de
O
utub
ro
D
ocum
ento
s da
In
stitu
ição
. G
abin
ete
do
Dire
tor t
écni
co
Con
ceçã
o m
etod
ológ
ica
-
Def
inir
a m
etod
olog
ia
(inst
rum
ento
s,
proc
edim
ento
s,
Dur
ante
o
mês
de
O
utub
ro e
Nov
embr
o
Livr
os
sobr
e In
vest
igaç
ão
MES
TRAD
O E
M P
SICO
GERO
NTO
LOGI
A CO
MU
NIT
ÁRIA
A Q
ualid
ade
de V
ida
em G
eron
tes q
ue p
erm
anec
em n
o se
u co
ntex
to N
atur
al d
e Vi
da
57
parti
cipa
ntes
e
mét
odos
de
tra
tam
ento
d
dado
s)
utiliz
ada
na
pres
ente
in
vest
igaç
ão;
- D
efin
ir co
ncei
tual
men
te
a m
etod
olog
ia.
Cie
ntífi
ca;
artig
os
cien
tífic
os.
Con
stru
ção
dos
inst
rum
ento
s de
in
vest
igaç
ão
- D
efin
ir a
info
rmaç
ão
a re
colh
er;
- C
onst
ruir
os
inst
rum
ento
s de
in
vest
igaç
ão.
Dur
ante
o
mês
de
O
utub
ro e
Nov
embr
o
Aplic
ação
das
Esc
alas
e
ques
tioná
rio
de
cara
cter
izaç
ão
- A
plic
ar
a E
scal
a G
eriá
trica
de
D
epre
ssão
; Q
uest
ioná
rio
de
Saú
de
Ger
al
e W
HO
QO
L-B
ref e
O
ld.
- A
plic
ar
o qu
estio
nário
cr
iado
par
a um
a br
eve
cara
cter
izaç
ão
da a
mos
tra.
Ute
ntes
do
S
AD
D
omic
ilio
dos
parti
cipa
ntes
D
uran
te
o m
ês
de
Nov
embr
o
Impr
essã
o da
s
esca
las.
Aplic
ação
da
s en
trev
ista
s
- A
prof
unda
r os
re
sulta
dos
obtid
os
a pa
rtir
da a
plic
ação
das
es
cala
s.
Indi
vídu
os
aos
quai
s fo
ram
ap
licad
os a
s es
cala
s.
Dom
icilio
do
s pa
rtici
pant
es
Dur
ante
o
mês
de
N
ovem
bro
Im
pres
são
das
en
trevi
stas
. G
rava
dor á
udio
.
Anál
ise
dos
resu
ltado
s
- A
nalis
ar
e
inte
rpre
tar
os
Dur
ante
o
mês
de
N
ovem
bro
e D
ezem
bro
S
PSS
MES
TRAD
O E
M P
SICO
GERO
NTO
LOGI
A CO
MU
NIT
ÁRIA
A Q
ualid
ade
de V
ida
em G
eron
tes q
ue p
erm
anec
em n
o se
u co
ntex
to N
atur
al d
e Vi
da
58
dado
s
reco
lhid
os;
- Tr
ansf
orm
ar o
s da
dos
reco
lhid
os
de
form
a a
perm
itir
uma
com
pree
nsão
ad
equa
da
ao
tem
a de
finid
o.
Reu
nião
com
o D
ireto
r té
cnic
o do
la
r de
Sã
o B
ento
- A
pres
enta
r o
deco
rrer
do
proj
eto
de
inte
rven
ção;
La
r de
São
Ben
to
Dia
5 d
e D
ezem
bro
de
2012
G
abin
ete
do
Dire
tor t
écni
co
Reu
nião
co
m
coor
dena
dora
de
em
pres
a pr
ivad
a de
fo
rmaç
ão
- A
bord
ar s
obre
a
poss
ibilid
ade
do
seu
apoi
o pa
ra a
real
izaç
ão
das
form
açõe
s.
Em
pres
a de
fo
rmaç
ão
Dia
5 d
e D
ezem
bro
de
2012
G
abin
ete
da
Coo
rden
ador
a
Rea
lizaç
ão d
o m
anua
l e
plan
os
de
sess
ão
da
form
ação
- P
lani
ficar
o
deco
rrer
da
form
ação
;
. R
ealiz
ar
man
ual d
e ap
oio
para
au
xilia
r os
fo
rman
dos
e fo
rmad
or
ao
long
o da
fo
rmaç
ão e
apó
s fo
rmaç
ão;
- C
onst
ruir
um
docu
men
to
que
poss
a se
rvir
de
auxí
lio a
prá
ticas
fu
tura
s.
M
ês d
e D
ezem
bro
e Ja
neiro
Livr
os s
obre
o te
ma
do m
ódul
o. P
roje
to
de in
terv
ençã
o.
MES
TRAD
O E
M P
SICO
GERO
NTO
LOGI
A CO
MU
NIT
ÁRIA
A Q
ualid
ade
de V
ida
em G
eron
tes q
ue p
erm
anec
em n
o se
u co
ntex
to N
atur
al d
e Vi
da
59
Rea
lizaç
ão d
a fo
rmaç
ão I
– Ps
icol
ogia
da
Velh
ice
- For
mar
16
a 20
in
diví
duos
co
m
uma
rela
ção
próx
ima
a in
diví
duos
co
m
65 e
mai
s an
os
na
área
da
ps
icol
ogia
de
ve
lhic
e; e
, out
ros
mem
bros
da
co
mun
idad
e;
- S
ensi
biliz
ar
para
as
pa
rticu
larid
ades
do
en
velh
ecim
ento
;
- S
ensi
biliz
ar
para
a
impo
rtânc
ia
de
se
alca
nçar
um
en
velh
ecim
ento
be
m s
uced
ido.
Fam
iliar
es e
V
izin
hos
dos
parti
cipa
ntes
, e
outra
s pe
ssoa
s da
Fr
egue
sia
com
in
tere
sse
pelo
tem
a
Sala
de
Fo
rmaç
ão
em
Vila
N
ova
de
São
Ben
to
Mês
de
Ja
neiro
e
Feve
reiro
Pro
gram
a de
Fi
nanc
iam
ento
Com
puta
dor,
proj
etor
, m
anua
l de
apoi
o.
Sal
a de
Fo
rmaç
ão
Form
ador
e
coor
dena
dor
Rea
lizaç
ão d
a fo
rmaç
ão
II –
Psic
olog
ia d
a Ve
lhic
e
- For
mar
16
a 20
fu
ncio
nário
s do
La
r de
S
ão
Ben
to n
a ár
ea d
a ps
icol
ogia
de
ve
lhic
e;
- S
ensi
biliz
ar
para
as
pa
rticu
larid
ades
do
en
velh
ecim
ento
;
- S
ensi
biliz
ar
para
a
impo
rtânc
ia
de
Func
ioná
rios
do S
ervi
ço
de
Apo
io
Dom
iciliá
rio
(cas
o nã
o se
ja
nece
ssár
io
um
mai
or
núm
ero
de
form
ando
s as
res
tant
es
vaga
s se
rão
pree
nchi
das
por
outro
s fu
ncio
nário
s
Sala
de
Fo
rmaç
ão
em
Vila
N
ova
de
São
Ben
to
Mês
de
Ja
neiro
e
Feve
reiro
Pro
gram
a de
Fi
nanc
iam
ento
Com
puta
dor,
proj
etor
, m
anua
l de
apoi
o.
Sal
a de
Fo
rmaç
ão
Form
ador
e
coor
dena
dor
MES
TRAD
O E
M P
SICO
GERO
NTO
LOGI
A CO
MU
NIT
ÁRIA
A Q
ualid
ade
de V
ida
em G
eron
tes q
ue p
erm
anec
em n
o se
u co
ntex
to N
atur
al d
e Vi
da
60
se
alca
nçar
um
en
velh
ecim
ento
be
m s
uced
ido.
do
Lar
de
São
Ben
to)
Aval
iaçã
o do
pro
jeto
de
inte
rven
ção
- A
valia
r to
do o
pr
oces
so
de
real
izaç
ão
do
proj
eto
de
inte
rven
ção;
Mês
de
Feve
reiro
Impr
essã
o do
s qu
estio
nário
s de
av
alia
ção
para
os
di
fere
ntes
av
alia
dore
s
3. Participantes
Para Hill e Hill (2002), não sendo possível recolher e analisar dados de todos os
casos (Universo), o investigador considera apenas uma parte dos casos que
constituem o universo.
Os métodos de selecionar a amostra podem ser: métodos de amostragem causal
(métodos probabilísticos) ou não-causal (não-probabilístico). O método utilizado
nesta investigação é o método não-causal – amostragem por conveniência.
Para Marconi e Lakatos (2002), esta forma de amostragem não-probabilística é
a mais comum, o investigador tem interesse em estudar determinados elementos
da população, mas que não são necessariamente representativos dela. Apesar
de impossibilidade da generalização dos resultados ao universo da investigação,
esta forma de amostragem tem a sua validade dentro dum contexto específico.
Neste caso, os intervenientes foram os utentes do serviço de apoio domiciliário
que estavam em condições psicológicas e físicas de responderem às questões
incluídas nas escalas aplicadas.
4. Instrumentos utilizados na investigação
4.1. Questionário e Entrevista semi-diretiva
Bingham e Moore (1924), citados por Ghiglione e Matalon (1995), definiram a
entrevista como uma conversa com um objetivo. As entrevistas, podem ser
distinguidas quanto a técnica utilizada (não-diretiva, semi-diretiva, questionário
aberto e questionário fechado).
Na presente investigação serão aplicados questionário para uma breve
caracterização dos participantes e realizadas entrevistas semi-diretivas para o
aprofundamento dos conhecimentos (apêndice II e III, respetivamente) –
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 62
62
o entrevistador conhece todos os temas sobre os quais tem de obter reações por
parte do inquirido, mas a ordem e a forma como os irá introduzir são deixados
ao seu critério (Ghiglione e Matalon,1995:70).
Na prática é comum recorrer a métodos mistos, a entrevista poderá ser iniciada
com algumas questões abertas ou fechadas e depois passar ao método semi-
diretivo. A principal vantagem do método semi-diretivo é a possível adaptação
da entrevista às particularidades do entrevistado (Ghiglione e Matalon,1995).
4.2. Escala de Avaliação de Depressão
A escala geriátrica de depressão foi criada em 1983, por Yesavage et al; em
2003, surge a Versão Portuguesa de Barreto, Leuschner, Santos, e Sobral. Tem
como objetivo avaliar o grau atual de depressão do individuo. A versão utilizada
na presente investigação é a versão longa - composta por trinta questões;
existindo, também, a versão curta com quinze itens.
As questões têm resposta sim ou não, a pontuação é calculada com base no
somatório de respostas.
O grau de depressão assenta nos seguintes valores: de 0-10 Ausência de
depressão; de 11-20 Depressão Ligeira e de 21-30 Depressão Grave. (Anexo I)
4.3. Questionário de Avaliação da Qualidade de Vida O questionário WHOQOl-OLD (Anexo II) pertence ao grupo de questionários do
The WHOQOL Group. Tem como principal objetivo, aferir a qualidade de vida
dos idosos. É composto por 24 itens, com resposta por escala (de um a cinco).
Os 24 itens são divididos por seis facetas:
- Funcionamento dos sentidos – avalia o impacto da perda do funcionamento dos
sentidos na qualidade de vida; este domínio é composto pelas questões:
1 – Até que ponto as perdas nos seus sentidos (por exemplo,
audição, visão, paladar, olfato, tato), afetam a sua vida diária?
2 – Até que ponto a perda de, por exemplo, audição, visão, paladar,
olfato, tato, afeta a sua capacidade de participar em atividades?
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 63
63
10 – Até que ponto o funcionamento dos seus sentidos (por
exemplo, audição, visão, paladar, olfato, tato) afeta a sua
capacidade de interagir com outra pessoas?
20 – Como avalia o funcionamento dos seus sentidos (por
exemplo, audição, visão, paladar, olfato, tato)?
- Autonomia – Independência do idoso, ser capaz e livre para viver de modo
autónomo e de tomar as próprias decisões; este domínio é composto pelas
seguintes questões:
3 – Quanta liberdade tem de tomar as suas próprias decisões?
4 – Até que ponto sente que controla o seu futuro?
5 – O quanto sente que as pessoas ao seu redor respeitam a sua
liberdade?
11 – Até que ponto consegue fazer as coisas que gostaria e fazer?
- Atividades passadas, presentes e futuras – satisfação com realizações da vida
e com objetivos a serem alcançados; este domínio é composto pelas seguintes
questões:
12 – Até que ponto está satisfeito com as suas oportunidades para
continuar alcançando outras realizações na sua vida?
13 – O quanto sente que recebeu o reconhecimento que merece
na sua vida?
15 – Quão satisfeito está com aquilo que alcançou na sua vida?
19 – Quão feliz está com as coisas que pode esperar daqui para a
frente?
- Participação social – participação em atividades da vida diária, especialmente
na comunidade; este domínio é composto pelas seguintes questões:
14 – Até que ponto sente que tem o suficiente para fazer em cada
dia?
16 – Quão Satisfeito está com a maneira como usa o seu tempo?
17 – Quão satisfeito está com o seu nível de atividade?
18 – Quão satisfeito está com as oportunidades que tem para
participar de atividades na comunidade?
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 64
64
- Morte e morrer – preocupações e medos acerca da morte e de morrer; este
domínio é composto pelas seguintes questões:
6 – Quão preocupado está com a maneira pela qual irá morrer?
7 – O quanto tem medo de não puder controlar a sua morte?
8 – O quanto tem medo de morrer?
9 – O quanto teme sofrer com dor antes de morrer?
- Intimidade – ser capaz de ter relacionamentos íntimos e pessoais; este domínio
é composto pelas seguintes questões:
21 – Até que ponto tem um sentimento de companheirismo na sua
vida?
22 – Até que ponto sente amor na sua vida?
23 – Até que ponto tem oportunidades para amar?
24 – Até que ponto tem oportunidades para ser amado?
Cada uma destas facetas é composta por quatro itens, podendo ter como
resultados valores compreendidos entre os quatro e vinte valores. Algumas
questões são colocadas de um modo positivo (as respostas mais altas indicam
melhor qualidade de vida), e outras de modo negativo (respostas mais altas
indicam pior qualidade de vida). Assim, para o resultado final é necessário
recodificar os itens negativos, a escala é invertida (Fleck e colaboradores, 2008).
Este questionário deve ser utilizado em conjunto com o WHOQOL-BREF, este
instrumento é uma versão reduzida do WHOQOL-100, contém 26 questões,
divididas em quatro domínios: físico, psicológico, relações pessoais e meio
ambiente. As duas primeiras questões do questionário servem para avaliar a
qualidade de vida geral, compondo o domínio geral. (Fleck e colaboradores,
2008).
O domínio geral é composto pelas questões:
1 – Como avalia a sua qualidade de vida?
2 – Até que ponto está satisfeito (a) com a sua saúde?
O domínio físico é composto pelas questões:
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 65
65
3 – Em que medida as suas dores físicas o (a) impedem de fazer o
que precisa fazer?
4 – Em que medida precisa de cuidados médicos para fazer a sua
vida diária?
10 – Tem energia suficiente para a sua vida diária?
15 – Como avaliaria a sua mobilidade?
16 – Até que ponto está satisfeito com o seu sono?
17 – Até que ponto está satisfeito com a sua capacidade para
desempenhar as atividades do seu dia-a-dia?
18 – Até que ponto está satisfeito com a sua capacidade para o
trabalho?
O domínio psicológico é composto pelas questões:
5 – Até que ponto gosta da vida?
6 – Até que ponto sente que a sua vida tem sentido?
7 – Até que ponto se consegue concentrar?
11 – É capaz de aceitar a sua aparência física?
19 – Até que ponto está satisfeito (a) consigo próprio (a)?
26 – Com que frequência tem sentimentos negativos, tais como
tristeza, desespero, ansiedade ou depressão’?
O domínio das relações sociais é composto pelas questões:
20 – Até que ponto está satisfeito(a) com as suas relações
pessoais?
21 – Até que ponto está satisfeito(a) com a sua vida sexual?
22 – Até que ponto está satisfeito(a) com o apoio que recebe dos
seus amigos?
O domínio do meio ambiente é composto pelas questões:
8 – Em que medida se sente em segurança no seu dia-a-dia?
9 – Em que medida é saudável o seu meio ambiente?
12 – Tem dinheiro suficiente para satisfazer as suas necessidades?
13 – Até que ponto tem fácil acesso às informações necessárias
para organizar a sua vida?
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 66
66
14 – Em que medida tem oportunidades de realizar atividade de
lazer?
23 – Até que ponto está satisfeito(a) com as condições do lugar
onde vive?
24 – Até que ponto está satisfeito(a) com o acesso aos serviços de
saúde?
25 – Até que ponto está satisfeito(a) com os transportes que utiliza?
Note-se que a versão utilizada do Whoqol-bref foi adaptada para a língua
portuguesa pelo Professor Doutor Adriano Vaz Serra e Professora Doutora Maria
Cristina Canavarro, o pedido para a utilização deste questionário foi feito através
do envio do formulário disponível na internet para a Professora Maria Cristina
Canavarro.
4.4. Questionário de Saúde Geral
A versão original do questionário de saúde geral na versão de doze itens foi
criada por Goldberg em 1978. Tendo o objetivo avaliar a perceção que o
individuo tem da sua saúde geral e dos acontecimentos de vida mais recentes
(Faria, 2000).
A versão portuguesa do questionário – Faria, 2000 (Anexo III), foi estudada entre
1997 e 1998. A resposta aos doze itens é feita por escala – em que 1
corresponde a absolutamente verdadeira e 5 absolutamente falsos. Os itens
1,3,4,7,8 e 12 são reversos (Faria, 2000).
Os 12 itens do questionário são:
1. Ultimamente, tem sido capaz de se concentrar naquilo que faz?
2. Tem perdido o sono por estar preocupado(a)?
3. Tem sentido que tem uma participação útil nos acontecimentos?
4. Tem sido capaz de tomar decisões?
5. Tem-se sentido constantemente sob pressão?
6. Tem sentido que não consegue ultrapassar as suas dificuldades?
7. Tem sentido prazer nas suas atividades diárias?
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 67
67
8. Tem sido capaz de enfrentar os seus problemas?
9. Tem-se sentido triste ou deprimido(a)?
10. Tem perdido confiança em si próprio (a)?
11. Tem -se considerado uma pessoa sem valor?
12. Apesar de tudo tem-se sentido razoavelmente feliz?
5. Procedimentos
É essencial para a elaboração de um projeto a definição dos procedimentos a
realizar e a respetiva duração de cada fase do projeto, ou seja, calendarizar o
projeto (Ander-Egg & Idáñez, 1999).
Esta componente do projeto permite ver a exequibilidade do projeto, procurar
uma distribuição uniforme do tempo, se os prazos são realistas, se se considera
o tempo suficiente para obter os produtos básicos que necessitamos (…)se os
limites de tempo atribuídos a cada atividade (…) são proporcionados entre si
(Ander-Egg & Idáñez, 1999:49).
Assim, foi construído o cronograma de atividades. (ver apêndice III)
No início desta investigação foi necessário realizar reuniões com o assistente
social do Lar de São Bento, com o objetivo de conhecer a instituição e caraterizar
o utentes do serviço de apoio domiciliário desta mesma instituição.
Para a aplicação do questionário do WHOQOL, foi necessário fazer o pedido à
Professora Doutora Maria Cristina Canavarro através dum formulário disponível
da internet, enviado via e-mail.
Para a aplicação do questionário de caracterização e das escalas, os
participantes foram contactados individualmente de forma a realizar as
entrevistas, sendo informados dos objetivos da entrevista, da natureza da
investigação, da não obrigação de responder e da confidencialidade dos dados
recolhidos.
Foram realizados mais do que um contato com cada um dos participantes devido
à extensão das escalas selecionadas para a investigação. Os dados recolhidos
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 68
68
foram tratados através do programa SPSS (Statistical Package for the Social
Sciences) e do Excel.
Para aprofundar a informação recolhida, foram aplicadas entrevistas a duas
participantes, as entrevistas foram gravadas e, posteriormente, transcritas para
computador. De seguidas foram submetidas à análise de conteúdo.
6. Tratamento de Dados / Análise dos Resultados
O tratamento de dados foi feito através da análise dos resultados das escalas
aplicadas, e, da análise de conteúdo. Para Bardin, citado em Triviños (1990) a
análise de conteúdo é
um conjunto de técnicas de análise das comunicações, visando, por
procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das
mensagens, obter indicadores quantitativos ou não, que permitam a interferência
de conhecimentos relativos às condições de produção/receção (variáveis
inferidas) das mensagens (Triviños,1990:160).
Para Esteves (2006) citando Stemler (2001), a análise de conteúdo procura
comprimir muitas palavras de um texto (ou entrevista) em poucas categorias de
conteúdo, baseada em regras explícitas de codificação.
A análise de conteúdo constitui uma metodologia de pesquisa utilizada para
descrever e interpretar o conteúdo de toda classe de documentos, textos,
entrevistas, entre outros. Essa análise, conduz a descrições sistemáticas,
qualitativas ou quantitativas; ajuda a reinterpretar as mensagens e a atingir uma
compreensão de seus significados num nível que vai além de uma leitura comum
(Moraes, 1999).
A análise de conteúdo pode ser realizada por várias etapas, Esteves (2006),
após a análise de várias perspetivas, refere que, as etapas para a realização da
análise de conteúdo são:
- Constituição do corpus documental – neste caso as entrevistas;
- Leitura flutuante das entrevistas;
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 69
69
- E, decisão sobre o tipo de categorização, as unidades de registo, de contexto
e de enumeração a utilizar.
Em relação a esta última etapa, é importante referir, que a categorização
depende dos objetivos; a unidade de registo é o elemento de significado a
codificar; unidades de contexto que representa cada um dos parágrafos do texto
(ou trabalhar as entrevistas, frequentemente, considera-se cada entrevista como
unidade de contexto); as unidades de enumeração existem quando o
investigador quer fazer alguma quantificação dos dados recolhidos
(Esteves,2006).
A interpretação de resultados da análise de conteúdos, é a procura de respostas
para as questões da investigação (Esteves, 2006).
Para uma boa categorização, o investigador deve ter em atenção:
- A exclusão mútua – o conteúdo definido para cada uma das categorias não se
sobrepõe ao conteúdo de nenhuma das restantes;
- Homogeneidade – “coerência de critérios que torne a categorização legível
como um todo” (Esteves,2006:122);
- Exaustividade – todas as unidades de registo devem ser incluídas numa
categoria;
- Pertinência – as categorias criadas devem ser defensivas às questões da
investigação;
- Produtividade – a análise de conteúdo é produtiva se fornece resultados -
inferências, hipóteses e dados exatos;
- Objetividade – uma unidade de registo só deve pertencer a uma dada categoria
(Esteves,2006).
No que diz respeito à análise dos resultados importa, primeiramente, referir que
dos 34 utentes do serviço de apoio domiciliário, dois têm idade inferior a 65 anos
logo não participaram na investigação, e, uma outra utente foi transferida para
outra resposta social.
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 70
70
Dos restantes 31 utentes, apenas foi possível aplicar as escalas a treze
indivíduos. Todos os indivíduos e/ou familiares foram contatados, no entanto, por
vários motivos (Hospitalização, estados avançados de Alzheimer, Parkinson,
indivíduos acamados, entre outros) os restantes 18 indivíduos não puderam
participar na aplicação das escalas: Escala Geriátrica de Depressão,
Questionário de Saúde Geral, Whoqol-Bref e Whoqol-Old. Foi também aplicado
um breve questionário para a caraterização dos participantes.
6.1. Análise dos resultados: Questionário de Caracterização geral
Assim, dos treze participantes, oito participantes são do sexo feminino e cinco
participantes do sexo masculino. Em relação ao estado civil sete participantes
são casados; cinco participantes são viúvos e um participante vive em regime de
união de fato. A média das idades era de 78,85 anos, sendo que, a idade mínima
foi 67 anos e a máxima 90 anos.
Assim, a média da idade dos participantes foi próxima à média da idade do
universo (as 34 pessoas que usufruem do serviço de apoio domiciliário),
apresentando médias de 78,18 e 78,85; respetivamente.
GRÁFICO 1 - COMPARAÇÃO MÉDIA DE IDADES ENTRE O UNIVERSO E A AMOSTRA
Fonte: Dados Fornecidos pelo Diretor Técnico de lar de São Bento e Dados
recolhidos pela investigadora (Outubro e Novembro 2012)
77
78
79
média das idades do universo média das idades da amostra
Anos
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 71
71
Quando questionados sobre as habilitações literárias, seis participantes do total
dos participantes frequentou a escola mas não concluiu a 4.ª classe; cinco
participantes não frequentaram a escola e não sabem ler ou escrever; um
participante apesar de não ter frequentado a escola sabe ler e/ou escrever; e,
apenas um dos participantes concluiu a 4.ª classe.
TABELA 3:CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES QUANTO À IDADE, SEXO, ESTADO CIVIL E HABILITAÇÕES LITERÁRIAS
N.º do participante Idade Sexo
Estado Civil Habilitações Literárias
1 76 Feminino Casado Não frequentou a escola, não sabe ler nem escrever
2 90 Masculino Viúvo
Frequentou a escola, mas não concluiu a 4.ª classe
3 81 Feminino Viúvo Não frequentou a escola, não sabe ler nem escrever
4 71 Feminino Casado Frequentou a escola, mas não concluiu a 4.ª classe
5 85 Feminino Viúvo Frequentou a escola, mas não concluiu a 4.ª classe
6 76 Feminino Viúvo Frequentou a escola, mas não concluiu a 4.ª classe
7 76 Feminino Viúvo Não frequentou a escola, não sabe ler nem escrever
8 67 Masculino
União de Fato
Frequentou a escola, mas não concluiu a 4.ª classe
9 83 Masculino Casado
Não frequentou a escola, mas sabe ler e/ou escrever
10 88 Masculino Casado
Frequentou a escola, mas não concluiu a 4.ª classe
11 79 Feminino Casado Não frequentou a escola, não sabe ler nem escrever
12 70 Feminino Casado Concluiu a 4.ª Classe
13 83 Masculino Casado
Não frequentou a escola, não sabe ler nem escrever
Fonte: Dados Recolhidos pela Investigadora (Outubro e Novembro, 2012)
Do total dos treze participantes quatro participantes vivem sozinhos, e nove
participantes vivem acompanhados. Dos que vivem acompanhados oito
participantes vivem com o conjugue, e, três vivem com os filhos (em dois casos
o participante vive com o conjugue e com os filhos).
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 72
72
Do total de participantes, doze vivem em casa própria; e, um participante vive
em casa de familiares, não tem casa própria.
Em relação ao apoio domiciliário, a grande maioria dos participantes usufrui
deste serviço há mais de dois anos com uma percentagem de nove participantes;
dois participantes têm este serviço entre um e dois anos; e, um participante, tem
este serviço entre seis meses e um ano, a mesma percentagem surge para a
resposta até seis meses.
Quanto ao grau de satisfação com o serviço dez participantes dizem estar
satisfeitos com o serviço e três participantes dizem estar muito satisfeitos.
Quanto à iniciativa de pedir este serviço, oito dos participantes foi um familiar
que teve a iniciativa e cinco participantes foi o próprio individuo.
Os participantes foram, também, questionados sobre as principais necessidades
que tinham antes de usufruir deste serviço, sendo que, as principais
necessidades eram ao nível da alimentação e higiene pessoal. No que diz
respeito à alimentação nove participantes responderam ter necessidades a este
nível; e, seis participantes responderam ter necessidade ao nível da higiene
pessoal.
6.2. Análise dos resultados: Escala Geriátrica de Depressão
Quanto à aplicação da Escala Geriátrica de Depressão, a média de resultados
foi de 13,5 valores - o valor mínimo obtido foi seis e o máximo 24. Como já foi
referido, os resultados da escala são analisados tendo em conta qualquer
resultado acima de dez valores poderá ser indicativo de uma suspeita de
depressão. Sendo que, quanto mais baixo for o valor menor será a suspeita de
depressão. Assim, importa realçar que a média dos resultados dos inquiridos
está acima do limiar dos 10 valores e que apenas três inquiridos obtiveram um
resultado inferior a dez, dois dos quais com nove valores e um participantes com
seis valores. O que significa que, dos treze participantes dez apresentam valores
indicativos de suspeita de depressão.
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 73
73
TABELA 4: RESULTADOS DA ESCALA GERIÁTRICA DE DEPRESSÃO
N.º do participante
Escala Geriátrica de Depressão
1 11 Suspeita de
depressão
2 15 Suspeita de
depressão
3 9 Abaixo do nível
de suspeita de
depressão
4 11 Suspeita de
depressão
5 14 Suspeita de
depressão
6 24 Suspeita de
depressão
7 13 Suspeita de
depressão
8 6 Abaixo do nível
de suspeita de
depressão
9 9 Abaixo do nível
de suspeita de
depressão
10 14 Suspeita de
depressão
11 17 Suspeita de
depressão
12 16 Suspeita de
depressão
13 12 Suspeita de
depressão
Fonte: Dados recolhidos pela Investigadora através da aplicação da Escala Geriátrica
de Depressão (Outubro e Novembro de 2012)
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 74
74
6.3. Análise dos resultados: Questionário de Saúde Geral
Quanto ao Questionário de Saúde Geral, o valor mais baixo obtido foi de 29
valores e o máximo foi 56 valores, a média foi de 42,85 valores. Para a leitura
destes resultados importa referir que quando mais alto for o resultado mais
positivo será para a saúde geral do inquirido, acima de 30 os valores são
positivos para a saúde geral do individuo.
TABELA 5: RESULTADOS DO QUESTIONÁRIO DE SAÚDE GERAL
N.º DO PARTICIPANTE
QUESTIONÁRIO
DE SAÚDE
GERAL
1 37
2 42
3 52
4 40
5 37
6 29
7 48
8 56
9 49
10 40
11 47
12 40
13 40
Fonte: Dados Recolhidos pela Investigadora através da aplicação do Questionário de Saúde Geral (Outubro e Novembro, 2012)
6.4. Análise dos resultados: WHOQOL-Bref
O questionário Whoqol-bref é, como já foi referido, constituído por 26 questões,
divididas num domínio geral que visa avaliar a qualidade de vida geral e quatro
domínios específicos: físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente, um total de cinco domínios (cada domínio corresponde a um conjunto
de questões para determinar a qualidade de vida em determinado aspeto). Destas 26 questões que compõe o questionário, três necessitam ser
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 75
75
recodificadas14 (1=5, 2=4, 3=3, 4=2, 5=1) pois são colocadas na negativa, sendo
elas as questões 3, 4 e 26.
Quanto à análise dos dados recolhidos com a aplicação da escala Whoqol-bref,
importa referir que a média do domínio geral, que engloba as primeiras duas
questões (como avalia a sua qualidade de vida geral e até que ponto está
satisfeito com a sua saúde), foi de 5,85 valores, sendo que o valor máximo do
domínio iria até aos dez valores (pois o valor máximo da escala de resposta é
cinco valores, sendo esta a resposta mais positiva).
O valor mínimo obtido neste domínio foi de três valores (participante 5), e o valor
máximo foi de oito valores (participantes 2,3 e 11).
Quanto ao domínio físico que engloba sete questões (pontuação máxima
possível 35), a média de resposta obtida foi de 21,31; sendo que, o valor mínimo
foi doze e o máximo 27.
No domínio psicológico que engloba seis questões, ou seja, tem uma
pontuação máxima de 30 pontos; a média de pontuação obtida foi de 19,77. O
valor máximo obtido foi 26 pontos e o entrevistado com a pontuação mais baixa
teve o resultado de catorze pontos.
No terceiro domínio – relações sociais, a pontuação máxima possível é de
quinze pontos, e a média das respostas dos inquiridos rondou os 11,54. A
pontuação mais alta obtida foi de catorze pontos e a mais baixa nove pontos.
Por fim, no domínio do meio ambiente (pontuação máxima 40 pontos) a média
da resposta dos inquiridos foi de 27, o máximo obtido foi 31 e o mínimo dezoito
pontos.
Para tornar os resultados dos domínios comparáveis (visto que cada domínio
tinha um número de questões diferente, logo os resultados não se poderiam
comparar) foi aplicada a seguinte fórmula a cada domínio:
14 As questões são colocadas de forma que a pontuação mais alta indique mais qualidade de vida, no entanto, existem algumas questões que são colocadas de forma contrária (baixa pontuação, mais qualidade de vida), logo é necessário recodifica-las, de forma que se consiga fazer a leitura dos resultados.
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 76
76
Resultado do domínio de 0 a 20 = 4*(média dos resultados das questões do domínio)
Os resultados foram, também, transformados para ficarem na forma de 0 a 100,
através das seguintes fórmulas:
- Domínio Geral (0 a 100) = ((soma da pontuação do domínio-2)/8)*100
- Domínio Físico (0 a 100) = ((soma da pontuação do domínio-7)/28)*100
- Domínio Psicológico (0 a 100) = ((soma da pontuação do domínio-6)/24)*100
- Domínio das Relações Sociais (0 a 100) =((soma da pontuação do domínio-3)/12)*100
- Domínio do Meio Ambiente (0 a 100) =((soma da pontuação do domínio-8)/32)*100
Assim, dos quatro domínios específicos, o domínio com a pontuação mais baixa
foi o domínio físico com 12,18 pontos de 0 a 20; e o domínio com pontuação
mais alta foi o domínio das relações sociais com 15,38 pontos. O domínio geral
teve 11,69 pontos na forma de 0 a 20.
TAB
ELA
6: A
NÁ
LISE
DA
APL
ICA
ÇÃ
O D
O W
HO
QO
L-B
REF
1
2 3
4 5
6 7
8 9
10
11
12
13 M
édi
a
Dom
ínio
Ger
al (Q
2,Q
3) M
áxim
o 10
4
8 8
5 3
5 6
6 7
6 8
5 5
5,85
Res
ulta
do d
o D
omín
io tr
ansf
orm
ado
de 0
a 2
0 8,
00
16,0 0
16,0 0
10,0
0 6,
00
10,0 0
12,0
0 12
,00
14,0 0
12,0
0 16
,0 0 10
,00
10,0
0 11
,6 9
Res
ulta
do d
o D
omín
io tr
ansf
orm
ado
de 0
a 1
00
25,0 0
75,0 0
75,0 0
37,5
0 12
,50
37,5 0
50,0
0 50
,00
62,5 0
50,0
0 75
,0 0 37
,50
37,5
0 48
,0 8 D
omín
io 1
- do
mín
io fí
sico
(Q3,
Q4,
Q10
,Q15
,Q16
,Q17
,Q18
) Máx
imo
35
22
26
22
20
12
15
25
25
23
17
27
24
19
21,3 1
Res
ulta
do d
o D
omín
io tr
ansf
orm
ado
de 0
a 2
0 12
,5 7 14
,8 6 12
,5 7 11
,43
6,86
8,
57
14,2
9 14
,29
13,1 4
9,71
15
,4 3 13
,71
10,8
6 12
,1 8
Res
ulta
do d
o D
omín
io tr
ansf
orm
ado
de 0
a 1
00
53,5 7
67,8 6
53,5 7
46,4
3 17
,86
28,5 7
64,2
9 64
,29
57,1 4
35,7
1 71
,4 3 60
,71
42,8
6 51
,1 0 D
omín
io 2
- do
mín
io p
sico
lógi
co (Q
5, Q
6, Q
7, Q
11, Q
19, Q
26) M
áxim
o 30
19
19
20
22
15
14
18
24
20
18
24
18
26
19
,7 7
Res
ulta
do d
o D
omín
io tr
ansf
orm
ado
de 0
a 2
0 12
,6 7 12
,6 7 13
,3 3 14
,67
10,0
0 9,
33
12,0
0 16
,00
13,3 3
12,0
0 16
,0 0 12
,00
17,3
3 13
,1 8
Res
ulta
do d
o D
omín
io tr
ansf
orm
ado
de 0
a 1
00
54,1 7
54,1 7
58,3 3
66,6
7 37
,50
33,3 3
50,0
0 75
,00
58,3 3
50,0
0 75
,0 0 50
,00
83,3
3 57
,3 7
Dom
ínio
3 -
rela
ções
soc
iais
(Q20
, Q21
, Q22
) Máx
imo
15
12
12
13
13
9 11
13
14
12
10
11
11
9
11,5 4
Res
ulta
do d
o D
omín
io tr
ansf
orm
ado
de 0
a 2
0 16
,0 0 16
,0 0 17
,3 3 17
,33
12,0
0 14
,6 7 17
,33
18,6
7 16
,0 0 13
,33
14,6 7
14,6
7 12
,00
15,3 8
Res
ulta
do d
o D
omín
io tr
ansf
orm
ado
de 0
a 1
00
75,0 0
75,0 0
83,3 3
83,3
3 50
,00
66,6 7
83,3
3 91
,67
75,0 0
58,3
3 66
,6 7 66
,67
50,0
0 71
,1 5 D
omín
io 4
- m
eio
ambi
ente
(Q8,
Q9,
Q12
, Q13
, Q14
, Q23
, Q24
, Q25
) M
áxim
o 40
30
28
26
29
29
18
23
31
28
29
28
25
27
27
,0 0
Res
ulta
do d
o D
omín
io tr
ansf
orm
ado
de 0
a 2
0 15
14
13
14
,5
14,5
9
11,5
15
,5
14
14,5
14
12
,5
13,5
13
,5 0
Res
ulta
do d
o D
omín
io tr
ansf
orm
ado
de 0
a 1
00
68,7 5
62,5
56
,2 5 65
,62
5 65
,62
5 31
,2 5 46
,87
5 71
,87
5 62
,5
65,6
25
62,5
53
,12
5 59
,37
5 59
,3 8 Fo
nte:
Dad
os re
colh
idos
pel
a in
vest
igad
ora
atra
vés
da a
plic
ação
da
esca
la W
hoqo
l-bre
f (O
utub
ro e
Nov
embr
o, 2
012)
6.5. Análise dos resultados: WHOQOL-Old
No que diz respeito à escala Whoqol-old, como já foi referido, esta divide-se em
seis domínios:
- Funcionamento sensorial - que tem como principal objetivo avaliar o
funcionamento sensorial e o impacto que a perda destas capacidades tem sobre
a qualidade de vida.
- Autonomia – avalia a independência do idoso, em que medida vive de forma
autónoma e é capaz de tomar as suas decisões.
- Atividades passadas, presentes e futuras – refere-se às conquistas que se
alcançaram na vida e o que anseia.
- Participação social – avalia a participação em atividades, principalmente, na
comunidade.
- Morte e morrer – descreve as preocupações e temores sobre a morte.
- Intimidade – refere-se à capacidade de ter relações sociais e intimas.
Cada um destes domínios é composto por quatros questões, logo tem um
máximo de resposta de 20 pontos e um mínimo de quatro, não esquecendo que
quanto mais alto for a resposta mais positivo será para a qualidade de vida.
Todas as respostas inversas foram recodificadas (1=5, 2=4, 3=3, 4=2, 5=1) –
questão 1, 2, 6, 7,8, 9, 10. Como todos os domínios têm o mesmo número de
questões, pode-se comparar o resultado de cada domínio, não sendo necessário
transformar os itens.
Para se obter a percentagem, aplicou-se a seguinte fórmula:
6,25 * (valor total do domínio - 4)
Quanto aos resultados obtidos o domínio com a média de respostas inferior foi
o “funcionamento sensorial” com uma média de resposta de 11,15 pontos
(44,71%), de seguida surge o domínio da “participação social” com 12,15 pontos
(50,96%). O domínio com uma média mais elevada foi o domínio da “intimidade”
com 15,77 pontos (73,56%), destacando-se de todos os outros domínios pela
positiva.
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 79
79
A média de respostas no total de domínios (ou seja, do valor total do
questionário) foi 76,69 pontos. O valor mais elevado entre os participantes foi
104 e o mínimo foi 62, lembre-se que o valor máximo possível seria 120 e o
mínimo 24 (caso se respondesse com 1 a todas as questões).
TABELA 7: ANÁLISE RESULTADOS DO WHOQOL-OLD
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 Média
Funcionamento Sensorial (Questões 1,2,10,20) 9 7
12 17 10 9 11 12 11 7 13 16 11
11,15
Valor em percentagem 31,25
18,75
50
81,25
37,5
31,25
43,75 50
43,75
18,75
56,25 75
43,75
44,71
Autonomia (Questões 3,4,5,11) 17 14 12 11 8 11 16 17 13 12 12 11 11
12,69
Valor em percentagem 81,25
62,5
50
43,75 25
43,75 75
81,25
56,25 50 50
43,75
43,75
54,33
Atividades passadas, presentes e futuras (Questões 12,13,15,19) 13 14
16 18 12 13 13 19 16 15 10 13 17
14,54
Valor em percentagem 56,25
62,5
75
87,5 50
56,25
56,25
93,75 75
68,75
37,5
56,25
81,25
65,87
Participação Social (Questões 14, 16, 17, 18) 16 13
12 14 7 12 13 20 13 8 12 6 12
12,15
Valor em percentagem 75 56,25
50
62,5
18,75 50
56,25
100
56,25 25 50
12,5 50
50,96
Morte e Morrer (Questões 6,7,8,9) 12 10 20 6 15 20 13 16 12 12 11 18 9
13,3 8
Valor em percentagem 50 37,
5
100
12,5
68,75
100
56,25 75 50 50
43,75
87,5
31,25
58,65
Intimidade (Questões 21,22,23,24) 14 16 16 20 10 11 9 20 17 20 14 20 18
15,77
Valor em percentagem 62,
5 75 75
100
37,5
43,75
31,25
100
81,25
100
62,5
100
87,5
73,56
Total Questionário 81 74 88 86 62 76 75
104 82 74 72 84 78
79,69
Fonte: Dados recolhidos pela investigadora através da aplicação da Escala Whoqol-old
(Outubro e Novembro, 2012)
6.6. Análise dos resultados: Entrevistas
Para o aprofundamento da investigação foram aplicadas entrevistas semi-
diretivas, às participantes número 1 e 7, às quais foram atribuídos os nomes
fictícios Maria e Antónia, respetivamente. A escolha destas entrevistadas
relacionou-se com a disponibilidade e disposição das participantes para
participar na fase das entrevistas. A Maria tem 76 anos, é casada, foi admitida
no serviço de apoio domiciliário em Outubro 2011 e usufruí do serviço de almoço.
A Antónia tem 75 anos de idade, é viúva e foi admitida no serviço de apoio
domiciliário em Abril de 2012 e usufruí do serviço de almoço.
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 80
80
Em relação aos resultados das escalas aplicadas, a Maria teve 11 pontos na
Escala Geriátrica de Depressão e 37 pontos no questionário de saúde geral
enquanto a Antónia teve 13 pontos da escala geriátrica de depressão e 48 pontos
no questionário de saúde geral.
Quando à escala do Whoqol-Bref, no domínio geral (de 0 a 20) a Maria teve oito
pontos e a Antónia doze pontos; no domínio físico 12,4 pontos e 14,29 pontos;
no domínio psicológico 12,6 e 12 pontos; nas relações sociais 16 e 17,33 pontos;
no domínio do ambiente 15 e 11, 5 pontos, respetivamente.
Quanto ao Whoqol-old, no domínio do funcionamento sensorial a Maria teve
nove pontos e a Antónia onze pontos; no domínio da autonomia, dezassete e
dezasseis pontos; no domínio das atividades passadas, presentes e futuras
ambas treze pontos; na participação social dezasseis e treze pontos; no domínio
morte e morrer doze e treze pontos e, por fim, no domínio intimidade catorze e
nove pontos, respetivamente.
As entrevistas foram gravadas, transcritas e submetidas à análise de conteúdo.
(apêndice IV)
Assim, importa realçar da análise das entrevistas que, as duas entrevistadas,
quando questionadas em relação à sua vivência realçam a sua vivência no meio
laboral, sobre o trabalho no campo e terem começado a trabalhar muito cedo,
sem terem tido oportunidade de estudar. Comecei a trabalhar com onze anos, a
minha mãe, que Deus tem, levou-me à monda, à ceifa e à azeitona. Nesse ano
aprendi esses três trabalhos, tinha onze anos (Antónia).
Quando questionadas sobre o que é ser idoso, as duas entrevistadas não
conseguiram definir a condição de ser idoso. Em relação ao ser mulher, as duas
associaram o ser mulher às lides domésticas, a uma certa independência em
gerir o lar e a criar os filhos. Gosto de ser mulher, porque faço as coisas à minha
vontade (…) Esta geração já se ajudam mas no nosso tempo não, a mulher é
que fazia tudo, trabalhávamos, criávamos os filhos, amassávamos de noite,
cozíamos de noite, lavávamos de noite (…) antigamente se morresse um filho
ou o marido já passavam o resto da vida de luto e quase sem sair de casa, havia
algumas que casavam ainda mas para os homens era tudo mais fácil (Maria).
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 81
81
As duas entrevistadas têm os filhos a residir no estrangeiro, e demonstraram
bastante tristeza por essa situação e pela distância que os separam; mas
mencionaram falar frequentemente com os filhos ao telefone. Todos os dias falo
com elas (filhas), estão lá longe mas todos os dias me telefonam, todos os dias
não me deito na minha cama sem falar com elas. Desabafo com elas e elas
comigo, acho que sim, que me contam as coisinhas delas (…)Mas só as vejo
quase de ano a ano, às vezes lá de quando em quando vêm cá passar o Natal
(Maria).
A rede de vizinhança surgiu como um ponto muito importante para as relações
sociais, como um grande apoio. Aqui esta minha vizinha da frente, quando
preciso de medicamentos, a minha filha falou com ela, e ela quando vai buscar
os medicamentos para o marido traz os meus (…) São assim para mim (Antónia).
Nenhuma das entrevistadas tem projetos delineados para o futuro, ou demonstra
pensar sobre isso. Ainda vou fazendo essas coisas mesmo que sejam mal feitas
vou fazendo. É assim até que Deus queira. Quando não quiser pronto não posso
fazer nada (Maria). Não sei, nessas coisas eu não penso. Não penso no que há-
de vir (Antónia).
A qualidade de vida é associada, pelas entrevistadas, principalmente, às
relações pessoais, à situação financeira e à saúde. Será ter as minhas coisinhas,
as amigas e vizinhas, a família, é só o que tenho. Esta casinha não é minha só,
era dos meus pais. Nunca tive dinheirinho para comprar uma casinha. Desde
que o meu marido morreu, choro muito, tenho sempre vontade de chorar, era a
minha companhita (Antónia). (…)a saúde é que nem eu nem o meu marido
andamos muito bem (…) (Maria).
Ao serem questionadas se sentem que vivem com qualidade de vida, a Maria
respondeu: Não vivemos muito bem, mas está bom. As minhas filhas mesmo
estando muito longe ajudam no que podem, quando dizemos que precisamos
disto ou daquilo mandam sempre, a roupa quase toda que tenho são elas que
me vão trazendo de lá. E a Antónia, respondeu: Estou “aborrecida”, porque não
tenho ninguém ao pé de mim. Vou a dos meus sobrinhos eles vêm cá, tenho
pena de não estar com os meus que é a minha filha e a minha neta. É isto que
você aqui vê, com dores, tantas dores (mostrando os dedos deformados) e,
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 82
82
agora apareceu-me isto do colesterol que não tinha, e agora apareceu-me. Tomo
tanto comprimido ao dia e mesmo assim, olhe, as dores não passam. Mas graças
a Deus, vejo e oiço bem, que ainda é o melhor. O ver é que às vezes já não
estou tão bem.
As duas entrevistadas consideram que o poder continuar na própria casa é um
aspeto bastante positivo para a qualidade de vida. Queria ficar aqui na minha
casinha, eu e o meu marido, enquanto tivermos vida quero ficar aqui. Se meu
marido morrer e eu já não poder devo ter que ir para o lar, mas não gostava,
gostava de ficar aqui. Mas sei que se algum dia não tiver capaz terei que ir para
onde façam as coisas por mim (Maria).
A Maria viveu cerca de 50 anos fora de Vila Nova de São Bento, numa localidade
próxima, pois era onde o pai e depois o marido trabalhavam. A Antónia esteve
durante cerca de seis anos e meio a trabalhar fora, numa localidade perto de
Alverca, o restante tempo viveu em Vila Nova de São Bento, na casa onde ainda
habita atualmente.
A rotina diária das duas entrevistadas passa muito pela execução das tarefas
domésticas que ainda têm capacidade de fazer; e, por pequenas saídas às
compras, no entanto, Antónia, referiu, ao longo da entrevista, que tem por hábito
as visitas diárias às vizinhas. A Maria, depois das tarefas domésticas vê
televisão, a Antónia, refere que, desde que o marido morreu há cerca de um ano
nunca mais ligou a televisão. Sacudir, varrer, limpar, arranjar algumas coisinhas,
lavar a loiça, lavar a roupa, todos os dias me lavo, vou às vezes comprar umas
coisinhas e vou ver as minhas vizinhas à tarde porque de manhã é para fazer a
limpeza e elas também. Às vezes convidam-me para lanchar lá, põe-me tudo na
mesa como fazem para elas. Depois venho para casa janto aí por volta das seis,
seis e meia da tarde e às nove da noite mais ou menos já estou deitada. E,
depois entre as sete e meia e as oito levanto-me (Antónia).
Em relação, às atividades na comunidade nenhuma das entrevistadas referiu
participar em nenhuma, apenas as idas à missa. Não, eu não sou muito amiga
de ir a essas coisas. Já não vou a lado nenhum, nunca fui habituada. Só à missa,
quando posso vou sempre à missa (Maria).
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 83
83
No que diz respeito à alimentação, como já foi referido, ambas usufruem do
serviço de almoço do Serviço de Apoio Domicliário. A Maria, faz normalmente,
três refeições ao dia, enquanto que, a Antónia faz cinco refeições. A Antónia, faz
referência a que por vezes lancha em casa das vizinhas, sendo que, esta
entrevistada refere ter alguns cuidados especiais na alimentação desde que tem
o colesterol elevado.
As principais necessidades, antes de usufruirem do serviço de apoio domiciliário,
era ao nível da alimentação, pois ambas tinham dificuldades em cozinhar. Eu
tinha medo de fazer a comida, assim, já não tenho que mexer no fogão, que as
vezes já me esquecia que tinha deixado lá alguma coisa (Maria). Eu desde que
o meu marido morreu que andava sem vontade não tinha vontade de pôr a mesa
e de cozinhar (Antónia). Ambas estão satisfeitas com este serviço. Tenho estado
satisfeita, vêm sempre a horas e a comida ainda vem quentinha (Maria). Estou
satisfeita, estou mais contente tenho a comidinha a horas certas (Antónia).
6.7. Observação no momento de contato com os participantes
Os momentos da aplicação das escalas e, posteriormente, da aplicação das
entrevistas foi um importante momento de observação para o investigador. A
observação é um importante complemento aos resultados das escalas e das
entrevistas.
Da observação realizada, importa realçar o caso da participante 8, que foi a
participante que apresentou o valor mais alto na Escala Geriátrica de Depressão.
A participante em questão vive sozinha com a filha deficiente de 50 anos de
idade, também, utente do serviço de apoio domiciliário. Esta participante, estava
num estado de tristeza profunda, denotando-se, claramente a pouca vontade de
viver, mencionando-o até algumas vezes. Durante a aplicação das escalas, a
participante respondeu apenas com poucas palavras a cada questão.
Após a aplicação das escalas, uma outra filha da participante referiu que achava
que a mãe se encontrava num estado profundo de depressão e há muito tempo,
mas que os médicos “não fazem caso porque já é velha”. Referiu, ainda que a
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 84
84
mãe e irmã não têm vontade de se levantar da cama pela manhã pelas condições
da casa, e, que ela não sabe como agir.
A filha da participante mencionou, também, que a mãe há algum tempo atrás
gostava de manter contacto com a rede de vizinhança, e, que agora já não
procura sair à rua para falar com os vizinhos. Os poucos momentos de convívio
que a participante tem são, quando a vão visitar a casa e com as funcionárias do
serviço de apoio domiciliário.
O participante número 8, que obteve a pontuação mais baixa na escala geriátrica
de depressão, tem 67 anos de idade e mencionou não se identificar com grande
parte das questões das escalas. O participante é autónomo, gosta de participar
de atividades na comunidade e mencionou apenas ter pedido este serviço para
satisfazer uma necessidade pontual em que a esposa teve que ir trabalhar para
fora da vila.
Importa, ainda, realçar que se denotou na maioria dos casos, uma certa tristeza
não só pelas perdas que têm sofrido ao longo da vida (conjugues, irmão e outros
familiares), mas também, alguns comentários como “Não estou aqui a fazer
nada”; “Só estou à espera que Deus me leve” ou “Já sou velho, não preciso
disto”.
Denotou-se, também, alguma preocupação de alguns familiares em não saber
como lidar com os gerontes; e, algum cansaço por sentirem ter que tomar
decisões sobre os idosos.
6.8. Análise global dos dados recolhidos
Quanto aos principais resultados obtidos, importa realçar que na aplicação da
Escala Geriátrica de Depressão, apenas três participantes estiveram abaixo do
limiar da suspeita de depressão. Sendo que, cinco dos participantes obtiveram
pontuação superior a quinze valores (veja-se que quanto mais alto for o valor
obtido mais próxima será a suspeita de depressão).
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 85
85
O participante 8 obteve a pontuação mais alta dos participantes com 24 pontos,
ou seja, das 30 questões da escala respondeu a 24 de maneira indicativa de
depressão.
Estes são, talvez, os resultados mais preocupantes da presente investigação.
Estes resultados vão ao encontro da perspetiva de Paul e Fonseca (2005), em
que o processo de envelhecimento e as várias alterações que surgem nesta fase
do ciclo da vida podem originar alguns sintomas depressivos.
Em relação à aplicação do Questionário de Saúde Geral, os resultados foram
mais positivos. Relembre-se que, a pontuação mínima possível era de doze
pontos e a máxima 60 pontos, e que quanto mais alta fosse melhor seria a
perceção de qualidade de vida. A pontuação mais baixa obtida foi de 29 pontos;
os restantes participantes obtiveram pontuação acima dos 30 valores. O
participante 8 obteve 56 pontos no questionário, um valor bastante próximo da
pontuação máxima.
Quanto à análise do WHOQOL-bref, no geral os resultados obtidos foram
positivos para a qualidade de vida dos participantes, no entanto, verificaram-se
alguns valores menos positivos, nomeadamente, no caso da Antónia, que no
domínio geral, que era composto pelas duas questões gerais da qualidade de
vida e da saúde, obteve 4 pontos dum máximo de 10 pontos. O domínio geral e
o domínio físico foram aqueles onde se verificaram as médias mais baixas, no
entanto, foram positivas.
O domínio das relações sociais foi aquele que apresentou melhores resultados.
Quanto ao questionário WHOQOL-old, os resultados foram, também, bastante
positivos no geral. O domínio com menos pontuação foi o domínio sensorial e
destaca-se pela positiva o domínio da intimidade.
Note-se que, neste último domínio as pessoas tinham em conta uma relação com
uma pessoa com quem mantém uma relação próxima, um confidente. Através
dos contatos realizados entre a investigadora e os participantes foi possível
observar que a maioria das pessoas se sente só, passam grande parte do dia
sozinhas e não estão satisfeitas com essa situação; sentem que as pessoas não
têm interesse em passar tempo com elas.
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 86
86
Pode-se considerar que, no geral, os idosos participantes na investigação têm
uma percepção positiva da sua qualidade de vida, no entanto, não é possível
afimar que esta situação esteja diretamente relacionada com a permanência no
contexto natural de vida. No entanto, grande parte dos idosos referiram a
permanência no seu contexto natural de vida como um aspeto muito positivo da
sua vida.
Importa realçar, que a grande parte dos entrevistados apesar de apresentarem
suspeita de depressão nos resultados da Escala Geriátrica de Depressão,
apresentam valores positivos na qualidade de vida.
7.Verificação da hipótese explicativa
Quanto à verificação da hipótese “os gerontes que permanecem no seu contexto natural de vida e que têm assegurado os meios de satisfação das suas necessidades humanas básicas beneficiam de qualidade de vida”,
pode-se dizer, que neste caso especifico dos utentes do Serviço de Apoio
Domicliário do Lar de são Bento, os gerontes que permanecem no contexto
natural de vida têm qualidade de vida, visto apresentarem valores positivos nos
diversos itens dos questionários da WHOQOL. A grande maioria dos
participantes referiram a permanência no contexto natural de vida como uma
mais valia para a qualidade de vida.
No entanto, nas entrevistas e nos contactos realizados no momento da aplicação
das escalas e das entrevistas, foi referido pelos participantes que quando
deixassem de ter condições de vida que permitisse viver no contexto natural de
vida teriam que ir para outra resposta social, ou seja, para os participantes na
presente investigação, quando não estivessem assegurados os meios de
satisfação das necessidades, ficar no contexto natural de vida poderá influenciar
a qualidade de vida.
Assim, é possível afirmar que, o nível de qualidade de vida no contexto natural
será proporcional à satisfação das necessidades humanas básicas, quando
estas não possam ser satisfeitas a permanencia no contexto natural poderá ser
negativo para a qualidade de vida do geronte.
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 87
87
8.Execução
A fase da execução resume-se à concretização das ações planeadas, como tal,
são expostos alguns quadros onde estão presentes as ações planeadas e
realizadas, as ações não planeadas e realizadas; e, por fim, as ações planeadas
e não realizadas. Assim, os referidos quadros apresentam as datas da realização
das atividades e os respetivos objetivos. (ver também cronograma das atividades
– apêndice V)
QUADRO 3 – AÇÕES PLANEADAS E REALIZADAS
ATIVIDADES DATA OBJETIVOS PESQUISA E ANÁLISE BIBLIOGRÁFICA E DOCUMENTAL
De Outubro 2012 a Abril 2013
- Construir
fundamentação teórica
abordando os diversos
conceitos inerentes à
questão de partida;
- Compreender o
fenómeno do
envelhecimento;
- Aprofundar o
conhecimento sobre
serviço de apoio
domiciliário.
REUNIÕES NO LAR DE SÃO BENTO
Outubro 2012 - Conhecer
aprofundadamente a
estrutura organizacional
do Lar de São Bento
CONCEÇÃO METODOLÓGICA
Outubro 2012 - Definir a metodologia
(instrumentos,
procedimentos,
participantes e métodos
de tratamento de dados)
utilizada na presente
investigação;
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 88
88
- Definir conceitualmente
a metodologia.
CONSTRUÇÃO DOS INSTRUMENTOS DE INVESTIGAÇÃO
Outubro 2012 - Definir a informação a recolher; - Construir os
instrumentos de
investigação.
APLICAÇÃO DAS ESCALAS E QUESTIONÁRIO DE CARATERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES
Novembro 2012 - Aplicar a Escala
Geriátrica de Depressão;
Questionário de Saúde
Geral e WHOQOL-Bref e
Old.
- Aplicar o questionário
criado para uma breve
caracterização da
amostra.
APLICAÇÃO DAS ENTREVISTAS
Novembro 2012 Aprofundar os
resultados/conhecimentos
obtidos com a aplicação
das escalas mencionadas
no ponto anterior
ANÁLISE DOS RESULTADOS
Novembro de 2012 - Analisar e interpretar os
dados recolhidos;
- Transformar os dados
recolhidos de forma a
permitir uma
compreensão adequada
ao tema definido.
REALIZAÇÃO DO MANUAL E PLANOS DE SESSÃO DA FORMAÇÃO
Dezembro 2012 - Planificar o decorrer da
formação;
- Realizar manual de
apoio para auxiliar os
formandos e formador ao
longo da formação e após
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 89
89
formação (ver Apêndice V
– manual de formação);
- Construir um documento
que possa servir de auxílio
a práticas futuras.
FORMAÇÃO I– MÓDULO DE 50 HORAS DE PSICOLOGIA DA VELHICE
- 21 de Janeiro de 2013
a 19 de Fevereiro de
2013 – de segunda a
quinta-feira das 17 as
20horas.
- Formar 16 pessoas;
- Sensibilizar para as
particularidades do
envelhecimento;
- Sensibilizar para a
importância de se
alcançar um
envelhecimento bem
sucedido longe dos
sintomas depressivos.
QUADRO 4 - AÇÕES PLANEADAS E NÃO REALIZADAS
ATIVIDADES DATA MOTIVOS DA NÃO REALIZAÇÃO
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 90
90
REALIZAÇÃO DA FORMAÇÃO I – PSICOLOGIA DA VELHICE
Mês de Janeiro e Fevereiro
Não foi possível realizar
do modo planeado as
duas ações referidas,
por motivos da
organização da empresa
de serviços de formação
e de organização do lar
– não sendo possível
que todas as
colaboradas pudessem
participar na formação
ao mesmo tempo e por
as mesmas já terem
cumprindo as horas de
formação obrigatórias às
colaboradoras destas
instituições.
9. A Avaliação processual e final do projeto de intervenção Todos os projetos de intervenção devem conter um plano de avaliação, que é
estruturado em função ao desenho do projeto, e é acompanhado de mecanismos
de autocontrolo que permitem conhecer os resultados e os efeitos da intervenção
e corrigir as trajetórias quando estas não são as mais adequadas. Os projetos
podem optar por diversas modalidades de avaliação, mas em grande parte dos
projetos utiliza-se conjuntamente uma autoavaliação e uma avaliação interna ou
externa (Guerra, 2000).
Sendo que, na autoavaliação a equipa de terreno e a equipa de avaliação
são a mesma; é a perceção que a equipa tem dos resultados da sua ação. Na
avaliação (interna ou externa) a equipas de avaliação e execução não são a
mesma, geralmente recorre-se a técnicas de recolha de informação mais
sistematizadas e com um maior controlo metodológico. A avaliação interna é
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 91
91
realizada dentro da organização gestora, mas com distanciamento da equipa de
execução; na avaliação externa recorre-se a equipas exteriores à organização
gestora (Guerra,2000).
A avaliação pode ser de vários tipos: avaliação final, avaliação de processo,
avaliação de equipa, entre outros. Na avaliação final ou por objetivos, as
finalidades e os objetivos do projeto são os critérios utilizados na avaliação; o
que se pretende medir é a forma e a intensidade com que determinados objetivos
foram atingidos. A avaliação de processo mais do que determinar o desvio entre
objetivos pré-definidos e os resultados visa “dotar o processo de um dispositivo
de autoregulação alargada” (Guerra,2000:182); ou seja, é uma avaliação do
processo em si, de que como foi realizado, avalia cada fase do projeto segundo
determinados parâmetros; são eles: adequação (o projeto adequa-se ao
problema; é coerente na sua construção interna); pertinência (o projeto é
justificável no contexto das políticas e estratégias do organismo); eficácia (em
que medida os objetivos foram atingidos e as ações previstas foram realizadas);
eficiência (os resultados são confrontados com os recursos utilizados); impacte (em que medida se obteve uma melhoria da situação); entre outros
(Guerra,2000).
9.1. Autoavaliação
Tendo em conta os critérios de avaliação propostos por Isabel Guerra (2000),
procedeu-se à autoavaliação.
QUADRO 5 - AUTOAVALIAÇÃO PROJETO DE INTERVENÇÃO
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO (DE ACORDO COM ISABEL GUERRA, 2000)
ADEQUABILIDADE (O PROJETO ADEQUA-
SE AO PROBLEMA; É COERENTE NA SUA
CONSTRUÇÃO INTERNA)
Após a investigação realizada e
considerando os resultados, foi
considerado adequado a realização
da formação a fim de promover e
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 92
92
sensibilizar um envelhecimento bem-
sucedido. O idoso que se mantêm no
seu contexto natural de vida necessita
de um maior acompanhamento e de
uma maior sensibilização de todos
para as particularidades que
acontecem no seu envelhecimento.
Com a investigação foi notório a falta
de formação/sensibilização sobre o
envelhecimento, principalmente, na
psicologia da velhice. Muitas vezes,
sintomas como a tristeza são
confundidos como uma característica
normal do envelhecimento; como esta
acontecem outras situações que
prejudicam o envelhecer de forma
saudável e ativa. Assim, este projeto é
adequado e coerente na sua
construção interna.
EFICÁCIA (EM QUE MEDIDA OS
OBJETIVOS FORAM ATINGIDOS E AS
AÇÕES PREVISTAS FORAM REALIZADAS)
Todas as ações, à exceção da
formação às colaboradoras do lar de
São Bento; definidas no plano de
atividades foram cumpridas nos
prazos estabelecidos. Assim, pode-se
considerar que os objetivos foram
atingidos. Durante a formação, foi
possível desencadear o debate várias
vezes o que permitiu uma grande
partilha de conhecimentos, foi
possível esclarecer as dúvidas dos
formandos; estes mostraram-se
sensibilizados, reconhecendo que não
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 93
93
se pode ser conivente com um
envelhecimento mal sucedido;
promovendo-se, assim, o
envelhecimento bem-sucedido. EFICIÊNCIA (OS RESULTADOS SÃO
CONFRONTADOS COM OS RECURSOS
UTILIZADOS)
Os principais recursos utilizados
foram, a nível de recursos humanos, a
investigadora; e, a nível de recursos
económico, os custos associados ao
módulo de formação; no entanto,
estes custos foram financiados pelo
programa POPH (Programa
Operacional Potencial Humano) e
geridos pela empresa M&P. Os
resultados obtidos foram os
pretendidos, logo, pode-se considerar
que o projeto foi eficiente. AVALIAÇÃO FINAL (OS OBJETIVOS
DELINEADOS FORAM ATINGIDOS) Os objetivos gerais e específicos
(Aprofundar o conhecimento sobre o
fenómeno do envelhecimento;
Aprofundar o conhecimento dos
conceitos inerentes à pergunta de
partida; Estudar de que forma a
permanência do geronte no seu
contexto natural de vida condiciona a
sua qualidade de vida; Realizar
atividades que visem contribuir para a
promoção da qualidade de vida dos
gerontes) delineados foram
totalmente conseguidos; como foi
possível observar na formação
realizada. No entanto, apesar de
terem sido atingidos, não quer dizer
que não seja necessário, se possível,
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 94
94
a realização de mais atividades para a
concretização dos objetivos.
9.2. Avaliação da Formação
A avaliação da formação, foi realizada através da aplicação de inquéritos aos
formandos do módulo. Este instrumento de avaliação (ver anexo IV) foi
construído e é utilizado pela empresa “M&P - consultadoria e informática, Lda”
para avaliação das suas ações de formação. O acesso ao questionário foi
permitido pela empresa parceira da M&P, em Vila Nova de São Bento, a
Empresa Alcance Mais.
Apenas foram tidas em conta, as questões do inquérito que são relevantes para
a investigação, nomeadamente:
- Capacidade do/a formador/a para motivar os/as formandos/as
(respostas em escala: 1 = Fraco; 2 = Aceitável; 3 = Bom; 4 = Muito
Bom)
- Atenção dada à evolução da aprendizagem individual dos/as
formandos/as (respostas em escala: 1 = Fraco; 2 = Aceitável; 3 =
Bom; 4 = Muito Bom)
- Conhecimentos técnicos do formador/a (respostas em escala: 1 =
Fraco; 2 = Aceitável; 3 = Bom; 4 = Muito Bom)
- Clareza de exposição da matéria (respostas em escala: 1 = Fraco;
2 = Aceitável; 3 = Bom; 4 = Muito Bom)
- Documentação Distribuída (manual e fichas de apoio) (respostas
em escala: 1 = Fraco; 2 = Aceitável; 3 = Bom; 4 = Muito Bom)
- Interesse do tema (respostas em escala: 1 = Fraco; 2 = Aceitável;
3 = Bom; 4 = Muito Bom)
- Utilidade/aplicabilidade das matérias (respostas em escala: 1 =
Fraco; 2 = Aceitável; 3 = Bom; 4 = Muito Bom)
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 95
95
- Nível de expectativa inicial (respostas em escala: reduzido; médio;
elevado e muito elevado)
- Nível de conhecimentos prévios (respostas em escala: reduzido;
médio; elevado e muito elevado)
- Nível de conhecimentos finais (respostas em escala: reduzido;
médio; elevado e muito elevado)
- Nível de satisfação final (respostas em escala: reduzido; médio;
elevado e muito elevado).
O questionário foi aplicado a todos os formandos do módulo de psicologia da
velhice (que decorreu de 21 de Janeiro a 19 de Fevereiro de 2013). Apresentam-
se de seguida os resultados do questionário referentes às questões indicadas.
Quanto à questão, capacidade da formadora para motivar os formandos, doze
dos catorze formandos, ou seja, 86% responderam “Muito bom”, e, dois
formandos, ou seja, 14 % responderam “bom”. Nenhum dos formandos
respondeu “Fraco” ou “Aceitável”.
GRÁFICO 2 – CAPACIDADE DA FORMADORA PARA MOTIVAR OS FORMANDOS
14%
86%
Fraco
Aceitável
bom
muito bom
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 96
96
Fonte: Dados recolhidos pela investigadora (Fevereiro 2013)
Quando questionados em relação, à atenção dada pela formadora em relação à
aprendizagem de cada formando, quatro formandos (29%) responderam “bom”
e dez formandos (71%) responderam “muito bom”.
GRÁFICO 3 - ATENÇÃO DADA À EVOLUÇÃO DA APRENDIZAGEM INDIVIDUAL DOS FORMANDOS
Fonte: Dados recolhidos pela investigadora (Fevereiro 2013)
Quanto aos conhecimentos técnicos da formadora sobre os conteúdos do
módulo, doze formandos (86%) responderam “muito bom” e dois formandos
(14%) responderam “bom”.
GRÁFICO 4 - APRECIAÇÃO DOS FORMANDOS EM RELAÇÃO AOS CONHECIMENTOS TÉCNICOS DE FORMADORA
29%
71%
Fraco
Aceitável
Bom
Muito Bom
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 97
97
Fonte: Dados recolhidos pela investigadora (Fevereiro 2013)
No que diz respeito à questão da clareza de exposição da matéria e da avaliação
da documentação distribuída pela formadora (nomeadamente, o manual, fichas
de trabalho e fichas de apoio) os resultados foram, igualmente aos resultados do
item anterior: doze formandos (86%) responderam “muito bom” e dois formandos
(14%) responderam “bom”. Não se verificando qualquer resposta nos itens
“fraco” ou “aceitável”.
Quanto ao interesse do tema, nenhum dos formandos respondeu “fraco” ou
“aceitável”, quatro formandos (29%) responderam “bom” e dez formandos (71%)
responderam “muito bom”.
GRÁFICO 5 - INTERESSE DO TEMA
14%
86%
Fraco
Aceitável
Bom
Muito Bom
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 98
98
Fonte: Dados recolhidos pela investigadora (Fevereiro 2013)
Os mesmos resultados surgiram no que diz respeito à questão sobre a
utilidade/aplicabilidade da matéria.
Em relação à questão sobre o nível de expectativa inicial, antes do início do
curso, em que a escala de resposta é diferente dos itens anteriores (reduzido;
médio; elevado e muito elevado): seis formandos responderam “médio” e oito
formandas responderam “elevado”, 43 e 57 %, respetivamente.
GRÁFICO 6 - EXPECTATIVA INICIAL
Fonte: Dados recolhidos pela investigadora (Fevereiro 2013)
29%
71%
Fraco
Aceitável
Bom
Muito Bom
43%
57%
Reduzido
Médio
Elevado
Muito elevado
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 99
99
Quando questionados sobre o nível de conhecimentos prévios, um formando não
respondeu (7%), cinco formandos (36%) responderam ter nível “médio” e oito
formandos (57%) consideravam que tinham um nível de conhecimento
“elevado”.
GRÁFICO 7 - CONHECIMENTOS PRÉVIOS
Fonte: Dados recolhidos pela investigadora (Fevereiro 2013)
Em relação ao nível de conhecimento final, denotou-se uma subida no nível de
conhecimentos em relação ao nível de conhecimento inicial: três pessoas (22%)
responderam ter um nível de conhecimento “muito elevado”; oito pessoas (57%)
responderam ter um nível de conhecimento “elevado”; duas pessoas (14%)
responderam ter um nível de conhecimento “médio”; e, uma pessoa (7%) não
respondeu.
36%
57%
7%
Reduzido
Médio
Elevado
Muito elevado
Não respondeu
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 100
10
GRÁFICO 8 - CONHECIMENTO FINAL
Fonte: Dados recolhidos pela investigadora (Fevereiro 2013)
Em relação ao nível de satisfação final: uma pessoa (7%) respondeu “médio”;
oito pessoas (57%) responderam “elevado”; quatro pessoas responderam “muito
elevado” (29%) e uma pessoa (7%) não respondeu.
GRÁFICO 9 - SATISFAÇÃO FINAL
Fonte: Dados recolhidos pela investigadora (Fevereiro 2013)
É importante referir que todas as respostas ao inquérito de avaliação da
formação foram bastante positivas, e, nas questões abertas (Apreciação global
14%
57%
22%
7%
Reduzido
Médio
Elevado
Muito elevado
Não respondeu
7%
57%
29%
7%
Reduzido
Médio
Elevado
Muito elevado
Não respondeu
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 101
10
– Formadora e Módulo; Recomendaria o seu curso a seus conhecidos, porquê?
e, comentários/sugestões), foram feitos comentários bastante positivos.
QUADRO 6 - RESUMO QUESTÕES ABERTAS
Apreciação Global - formadora - É uma formadora sociável (..)
- A formadora foi excelente, ensinou
bem a matéria
- A formadora explicou a matéria com
clareza
- A formadora foi muito dinâmica e
muito acessível
- A formadora soube falar com clareza
e explicar as matérias em questão em
relação ao módulo
- Achei importante o curso e a
formadora também tem aptidões para
o fazer. Gostei muito
- Excelente Formadora
- Tem bons conhecimentos do módulo
da psicologia da velhice, boa
comunicadora, simpática e gosta de
ajudar os outros
- A formadora é comunicativa,
simpática e mostrou interesse sobre a
matéria que deu
Apreciação Global - Modulo -É um módulo interessante para
aprendermos a viver a velhice
- O módulo foi interessante para cada
vez mais tenhamos mais sabedoria e
que aprendamos mais sobre a velhice
-(…) serviu para aprender mais
alguma coisa sobre o que se sente na
fase do envelhecimento
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 102
10
- (…) fiquei a saber mais sobre como
reagir ou interagir com os mais velhos
- É bastante interessante devido ao
conteúdo (psicologia da velhice)(…)
Recomendaria o seu curso a seus
conhecidos, porquê?
- Porque desenvolve a nossa
mentalidade
- Para que tenhamos mais sabedoria
e interesse
- Porque é um curso muito
interessante para quem cuida dos
idosos e dos nossos familiares
- Porque o curso tem bases
fundamentais sobre a velhice
- Porque é um curso interessante
- Porque é bom saber mais e
aprendermos a lidar com idosos
- Achei muito interessante o conteúdo
do módulo
- Adquire-se mais conhecimentos
sobre os comportamentos e
necessidades na velhice
- É essencial termos conhecimentos
sobre como se envelhece
- É interessante fica-se a saber mais
sobre a velhice
Comentários/sugestões - Adorei este curso e recomendo
vivamente
- Gostei muito de frequentar esta
formação
- (…)Foi uma experiência boa
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 103
10
Conclusão
Ao iniciar a conclusão é preponderante rever todos os pontos fulcrais deste
projeto de intervenção.
A primeira parte do projeto de intervenção consistiu num levantamento de vários
conhecimentos teóricos sobre todos os conceitos que se poderiam relacionar
com a questão de partida e com o enquadramento do projeto, assim iniciou-se
com a construção do conceito de psicogerontologia comunitária.
De seguida, foram abordadas várias perspetivas sobre o envelhecimento, nas
suas diferentes dimensões. Importa realçar do envelhecimento, não como um
problema individual, familiar ou para a sociedade, mas sim, o envelhecimento
como um grande êxito da humanidade, como refere Jacob (2007).
Tendo sido, o ano 2012 o Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da
Solidariedade entre Gerações, foi considerado pertinente definir envelhecimento
ativo como a possibilidade do idoso utilizar todo o seu potencial físico, mental e
social.
Quando abordadas as alterações psicológicas que ocorrem no envelhecimento,
a depressão mereceu uma atenção especial pela forma como está presente na
vida dos idosos (o que foi visível aquando a aplicação da escala geriátrica de
depressão).
O conceito de contexto natural de vida é também, ponto central neste projeto,
visto pelos autores abordados como um aspeto positivo na qualidade de vida do
idoso. O serviço de apoio domiciliário é a resposta social que, permite que o
idoso se mantenha no seu contexto natural de vida, no entanto, não é uma
resposta que se ajuste a pessoas idosas que se encontrem totalmente sozinhas,
com problemas de mobilidade e com falta de autonomia.
Em termos gerais, o conceito de qualidade de vida é próximo ao conceito de
saúde, definido pela Organização Mundial de Saúde; é definida em termos de
bem-estar físico, mental e social. A qualidade de vida tem uma vivência
individual, pode variar conforme a perceção que o individuo tem da mesma, no
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 104
10
entanto, é fortemente condicionada por outros fatores exteriores ao individuo.
Como refere Ander-Egg, a qualidade de vida é, também, sentir-se bem em
termos de realização pessoal. “No se trata sólo de “tener cosas”, sino de “ser”
persona, de sentirse bien en cuanto a la própria realización personal” (Ander-
Egg:1995:51).
Em relação à metodologia utilizada, optou-se, principalmente, pela investigação
qualitativa, pois seria aquela que permitiria estudar aprofundadamente a
realidade dos utentes do Serviço de Apoio Domiciliário do Lar de São Bento.
Foram aplicadas as escalas para avaliar a qualidade de vida, depressão e saúde
geral, e posteriormente, foram realizadas duas entrevistas para aprofundar os
conhecimentos.
Os principais obstáculos sentidos pela investigadora prenderam-se com as
dificuldades dos participantes em responder às questões em forma de escala,
em fazer entender as questões dos questionários e em fazer compreender os
objetivos da investigação e o porquê da mesma.
Em relação, à entrevista ambas correram muito bem, tendo sido um momento
importante para a recolha de informação e aprofundamento da compreensão dos
dados recolhidos na escala.
Os resultados do estudo foram em geral bastante positivos, no entanto,
destacam-se pela negativa os resultados da Escala Geriátrica de Depressão,
estes resultados vão de encontro com os sentimentos negativos, muitas vezes
expressos pelos participantes, e da preocupação de alguns familiares em
relação a esta situação e com a falta de sensibilização da sociedade para os
problemas que alguns idosos vivenciam, nomeadamente, a depressão. Por
vezes, os sintomas de doenças são confundidos como sinais normais do
envelhecimento.
Assim, foi pensado a organização e realização de um módulo de formação sobre
o envelhecimento, para cuidadores formais e informais, e para a comunidade
geral. O módulo “Psicologia da Velhice” foi escolhido, pois os seus conteúdos
são aqueles que mais se adequam ao projeto de intervenção - no âmbito do
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 105
10
mestrado em Psicogerontologia Comunitária e às necessidades dos
participantes.
No plano de ação, definiram-se duas formações – uma para as colaboradoras
do serviço e outra para familiares e sociedade em geral. No entanto, não foi
possível a sua total execução. Não foi possível, integrar as colaboradoras nas
formações, por motivos alheios à investigadora. No entanto, foi construído um
pequeno manual de apoio, que está disponível para futuras oportunidades de
formação às Colaboradoras do Lar de São Bento.
A primeira formação começou no dia 21 de Janeiro e terminou a 19 de Fevereiro,
a formação foi dividida em dezassete sessões, todas com duração de três horas
à exceção da última, que foi de duas horas.
Considera-se indispensável para estas pessoas, um maior acompanhamento,
apesar de poderem existir diversos fatores que condicionam os resultados da
Escala Geriátrica de Depressão, estes resultados foram indicadores de algo; e,
a depressão na terceira idade pode ser um problema sério, não sendo
diagnosticado e tratado.
Um outro fator, a ter em conta, é a falta de atividades de participação social
destes idosos. A grande maioria mencionou não ter qualquer tipo de atividades
sociais. Seria importante no futuro, desenvolver um projeto que levasse os
idosos a participar em atividades do seu interesse na sociedade.
Ao confrontar os resultados da investigação, com a hipótese definida: “os gerontes que permanecem no seu contexto natural de vida e que têm assegurado os meios de satisfação das suas necessidades humanas básicas beneficiam de qualidade de vida”, é possível afirmar que existe uma
relação entre a satisfação das necessidades básicas no contexto natural e a
qualidade de vida.
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 106
10
Propostas de Intervenção Futura
Após o término do projeto de intervenção, importa referir que seria importante
implementar um projeto de intervenção a longo prazo para as pessoas que
usufruem do serviço de apoio domiciliário.
Seria essencial que fosse dada continuação às formações para que se pudesse
abranger todas as colaboradoras do serviço de apoio domiciliário e do lar, a
familiares dos utentes e a pessoas da população em geral, no sentido de
sensibilizar para o processo de envelhecimento.
Mas seria também relevante a criação de um projeto que visasse o
acompanhamento dos utentes do serviço de apoio domiciliário e famílias por
parte de técnicos que conhecessem com rigor o fenómeno do envelhecimento;
ou por um corpo de voluntariado devidamente preparado e formado, no sentido,
de fomentar o envolvimento da comunidade para que se pudesse responder às
pessoas que se encontram mais sozinhas.
Estes técnicos teriam como funções acompanhar, aconselhar, informar e
encaminhar os utentes. O técnico deveria ter formação na área do
envelhecimento.
Considera-se que, com base nos dados recolhidos (principalmente os resultados
da Escala Geriátrica de Depressão) e na observação realizada no momento da
aplicação das escalas e das entrevistas, é estritamente necessário um maior
acompanhamento destas pessoas e das suas famílias.
Considera-se, ainda, com base nos contatos da investigadora com os
participantes, importante promover a participação social, visto que, a grande
maioria não participa em quaisquer atividades do género. Qualquer atividade
realizada, neste âmbito, deveria ter por base novo contato com os participantes
com o objetivo de compreender quais seriam os seus interesses a esse nível.
Seria, também, importante que se pensasse na possibilidade de alargar as
respostas socias para esta faixa etária existentes na freguesia de Vila Nova de
São Bento dado o aumento exponencial do número de idosos.
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 107
10
Referência Bibliográficas
Alves-Mazzotti, A. (2006). A “revisão da bibliografia” em teses e dissertações:
meus tipos inesquecíveis – o retorno. In J.A. Lima, & J.A. Pacheco (Eds.), Fazer
Investigação – Contributos para a elaboração de dissertações e teses.(pp.105-
126). Porto: Porto Editora
Ander-Egg,E.(1995).Diccioonario del trabajo social(2.ªed).Argentina: Lumem
Ander-Egg, E. & Idáñez, M. (1999). Como elaborar um projecto – guia para
desenhar projectos sociais e culturais (16.ª ed). Lisboa: CPIHTS
Baptista, M. (2000). Planejamento Social – intencionalidade e instrumentação.
São Paulo: Veras Editora
Biklen, S. & Bogdan, R. (1994). Investigação Qualitativa em Educação. Porto:
Porto Editora.
Bonfim, C. & Veiga, S. (1996). Serviços de Apoio Domiciliário. Lisboa: Direção-
Geral da Ação Social
Blazer, D. (2003). Depressão em Idosos(3.ªed). São Paulo: Andrei Editora.
Cabral, A. & Nick, E. (2006). Dicionário Técnico de Psicologia. São Paulo:
Editora Cultrix
Centro de Investigação de Politicas do Ensino Superior (2006). Alentejo.
Disponível em: http://www2.univ-toulouse.fr (acedido a 17/01/2013)
Engenheiro, S. (2008). Apoio Domiciliário e Qualidade: um estudo de caso.
Dissertação de Mestrado em Política Social apresentada ao Instituto Superior
de Ciências Sociais e Politicas – Universidade Técnica de Lisboa: Lisboa
Esteves, M. (2006). Análise de Conteúdo. In J.A. Lima, & J.A. Pacheco (Eds.),
Fazer Investigação – Contributos para a elaboração de dissertações e
teses.(pp.105-126). Porto: Porto Editora
Faria, M. (2000). Comunicação e Bem-Estar no Limiar Do Século XXI,
Conhecer Através da Relação e Orientar para a Saúde. Tese de doutoramento
apresentada à Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da
Universidade de Coimbra, Coimbra.
Fernandes, P. (2000). A Depressão no Idoso. Coimbra: Quarteto Editora
Figueiredo, D. (2007). Cuidados Familiares ao idoso dependente. Lisboa:
Climepsi editores
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 108
10
Fleck, M. & colaboradores (2008). A avaliação de qualidade de vida-Guia para
profissionais de saúde. Porto Alegre:Artmed.
Gazeneuve, J. & Victoroff, D. (1982).Dicionário de Sociologia. Lisboa/São
Paulo: Editora Verbo
Geis, P. (2003). 3.ª Edad – Actividad Física Y Salud.(6.ª ed.). Barcelona:
Editorial Paidotribo.
Ghiglione, R. & Matalon,B.(1995).O Inquérito- teoria e prática. Oeiras: Celta
Editora
Gil, A.(1991).Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. São Paulo: Editorial Atlas
S. A.
Gil, Ana. (2009). Serviço de Apoio Domiciliário – ofertas e custos no mercado
privado. Lisboa: Gabinete de Planeamento/Núcleo de Estudos e
Conhecimento – Instituto da Segurança Social, IP
Guerra, I. (2000). Fundamentos e Processos de Uma Sociologia de Acção – O
Planeamento em Ciências Sociais. Cascais: Principia
Hill, M. & Hill, A. (2002). Investigação por Questionário(2.ªed). Lisboa: Edições
Sílabo.
Instituto Nacional de Estatística (2011). Resultados provisórios dos Censos
2011. Disponível em: http://www.ine.pt (acedido a 17/01/2013)
Instituto Nacional de Estatística (2001). Resultados definitivos dos Censos
2001. Disponível em: http://www.ine.pt (acedido a 17/01/2013)
Instituto da Segurança Social (s/d). Manual de processos chave – Serviço de
Apoio Domiciliário. Lisboa: instituto da Segurança Social
Jacob, L.(2007).Animação em Idosos – Actividades. Porto: Ambar.
Leal, A. (1985).As Politicas Sociais no Portugal de Hoje. Análise Social. vol. XXI
(87-89),925-943
Marconi, M. & Lakatos, E. (2002). Técnicas de Pesquisa(5.ª ed). São Paulo:
Editora Atlas.
Marques, S.(2011). Discriminação da Terceira Idade. Lisboa: Fundação
Francisco Manuel dos Santos
Mitchell, G. (s.d.). Novo Dicionário da Sociologia. Porto: Rés Editora
Moraes, R. (1999). Análise de conteúdo. Revista Educação. Porto Alegre, v. 22,
n. 37, p. 7-32.
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 109
10
Parreira, A. (2006). Gestão do Stress e da Qualidade de Vida. Lisboa: Monitor
Paúl, M. C. (1997). Lá para o fim da vida – idosos, família e meio ambiente.
Coimbra: Livraria Almedina.
Paúl, C. & Fonseca, A. (2005). Envelhecer em Portugal. Lisboa: Climepsi
Editores.
Por Data (2011). Milhares de Estatísticas sobre Municípios, Portugal e a
Europa. Disponível em: http://www.pordata.pt (acedido a: 18/02/2013)
Quaresma, M., Fernandes, A., Calado, D. & Pereira,M. (2004). O Sentido das
Idades da Vida – Interrogar a solidão e a dependência. Lisboa: CESDET
Quivy, R. & Campenhoudt, L. (2003). Manual de investigação em ciência
sociais(3.ª ed). Lisboa: Gradiva
Rede Social de Serpa (2007). Diagnóstico social. Consultado em 22 de Outubro
de 2012 através de http://www.cm-serpa.pt/artigos.asp?id=1062
Richardson, R. (1989). Pesquisa Social - Métodos e técnicas (2.ªed).São Paulo:
Editora Atlas
Santos, S. (2004). A Gerontologia à Luz da Complexidade de Edgar Morin.
Revista eletrónica Mestr. Educ. Ambient, Volume especial: Rio Grande
Sousa, L.; Figueiredo, D.; Cerqueira, M. (2004).Envelhecer em família - os
cuidados familiares na velhice. Porto: Ambar
Stuart-Hamilton,I. (2002). A psicologia do Envelhecimento: uma Introdução(3.ª
ed).Porto Alegre: Artmed Editora.
Triviños, A. (1990). Introdução à pesquisa em ciências Sociais: a pesquisa
qualitativa em educação. São Paulo: Atlas.
Veiga-Branco, A. (2012). O gerontólogo … um mediador no espaço
gerontológico. In Pereira, Fernando (Coord). Teoria e Prática da Gerontologia -
Um Guia Para Cuidadores de Idosos. Psicosoma. p. 41-63:Viseu
Zimerman, G. (2000).Velhice – Aspectos Biopsicosociais. Porto Alegre: Artes
Médicas Sul.
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 110
11
Apêndices
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 111
11
APÊNDICE I - QUESTIONÁRIO DE CARACTERIZAÇÃO
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 112
11
Questionário
Este questionário visa a recolha de informação junto aos utentes dos serviço de apoio domiciliário, com o objectivo de realizar uma dissertação de Mestrado em
Psicogerontologia Comunitária, com o tema “A qualidade de Vida em Gerontes que
Permanecem no seu contexto natural de vida”.
Este questionário é de adminitração indireta, é o próprio investigador que procede ao preenchimento do mesmo.
I – Caracterização dos Participantes
Caracteristicas pessoais
1. Idade:
2. Sexo: (1) Feminino
(2) Masculino
3. Estado Civil:
(1) casado (a)
(2) União de Facto
(3) solteiro (a)
(4) viúvo (a)
(5) divorciado (a)
(6) outras situação
Qual? __________________________
4. Habilitações literárias:
(1) não frequentou escola, não sabe ler nem escrever
(2) não frequentou escola mas sabe ler e escrever
(3) frequentou escola mas não concluiu a 4.ªclasse (1.º ciclo)
(4) concluíu a 4.ª classe (1.º ciclo)
(5) frequentou a 5.ª Classe (2.ºciclo)
Não escrever
nesta área
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 113
11
(6) concluíu a 5.ª classe (2.º ciclo)
(7) Outra habilitação
Qual? _________________________________
Habitação
5. Vive sozinho?
Sim (passe para a questão 6)
Não
5.1. Com quem Vive:
(2) conjuguê
(3) Filho(a)/Filhos(as)
(4) outro familiar
(5) outra situação
Qual? ___________________________________________
___________________________________________
6. Tipo de habitação:
(1) habitação própria
(2) arrendada
(3) habitação de familiares
(4) outra situação
Qual? ___________________________
II – Serviço de Apoio Domiciliário
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 114
11
7. Há quanto tempo usufrui do serviço de apoio domiciliário:
(1) até seis meses
(2) entre seis meses e um ano
(3) entre um e dois anos
(4) mais de dois anos
8. Grau de satisfação com este serviço:
(1) muito insatisfeito
(2) insatisfeito
(3) nem satisfeito, nem insatisfeito
(4) satisfeito
(5) muito satisfeito
9. Quem teve a iniciativa de pedir este serviço?
(1) o (a) próprio(a)
(2) um familiar
(3) um vizinho
(4) um amigo
(5) outra situação
Qual? ___________________________________________
10. Quais eram as suas prinicpais necessidades antes de usufruir deste serviço?
(1) Alimentação
(2) Higiene Pessoal
(3) Higiene da Casa
(4) Demasiadas horas ao longo do dia sem acompanhamento
(5) Dependência física
(6) Outra
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 115
11
Qual?____________________________________________
III. Melhoria de Qualidade de Vida
11. Considera que o Apoio Domiciliário melhorou a sua qualidade de vida:
(1) Nada
(2) Pouco
(3) Nem muito, nem pouco
(4) Muito
(5) Bastante
Obrigado por colaborar!
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 116
11
APÊNDICE II - ENTREVISTA SEMI-DIRETIVA
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 117
11
I . Vivências do Idoso
1. Como foi a sua vida? Fale-me da sua vida.
2. O que é para si ser idoso? (o que significa para si ter esta idade)
3. O que siginifica para si ser Homem/Mulher? E o que significa ser
Homem/Mulher nesta região e com esta idade?
4. Que tipo de relação tem com os seus filhos? E com os restantes
familiares? E com os vizinhos e amigos?
5. Qual é o seu projeto de vida? Como vê o seu Futuro?
II. Qualidade de Vida
6. O que é para si ter qualidade de vida?
7. Sente que vive com qualidade de vida? Porquê?
8. Considera que pelo fato de continuar a viver na sua casa tem mais
qualidade de vida?
III. Contexto natural de vida
9. Se pudesse escolher onde gostaria de passar os seus últimos dias? Se
pudesse ficar na sua casa gostaria de fazê-lo?
10. Onde viveu ao longo da sua vida? Desde quando vive em Vila Nova de
São Bento?
11. Gosta de viver aqui? Porquê?
IV. Rotina Diária / Relação com a comunidade
12. Como é o seu dia-a-dia? O que faz durante a semana? E durante os fins-
de-semana?
13. Participa nalguma atividade na comunidade? Participa nalguma
associação?
14. Onde costuma ir? Costuma ir passear? E costuma visitar amigos e
familiares?
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 118
11
15. O que costuma comer? Quantas vezes come por dia?
V. Serviço de Apoio Domiciliário
16. O que o (a) levou a pedir o apoio domiciliário? Quando o solicitou tinha a
ideia do serviço que era prestado pela instiuição?
17. Como avalia o serviço de apoio domiciliário? Considera que este serviço
responde às suas necessidades?
MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA
“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 119
11
APÊNDICE III - ANÁLISE DE CONTEÚDO
Cat
egor
ia
Sub
cate
goria
U
nida
de d
e R
egis
to
Vivê
ncia
s do
Id
oso
Pro
cess
o de
vid
a “D
uran
te to
da a
min
ha v
ida
ande
i a tr
abal
har d
e em
prei
tada
, na
azei
tona
, na
ceifa
, e n
essa
s co
isas
toda
s (…
) Tin
ha d
ois
irmão
s e
uma
irmã,
mor
reu-
me
o úl
timo
irmão
ago
ra h
á po
uco
tem
po. M
as fi
lhos
de m
inha
mãe
era
eu
e es
te m
eu ir
mão
que
mor
reu
agor
a, m
inha
irm
ã e
outro
irm
ão q
ue m
orre
u há
vint
e e
três
anos
era
m d
a m
inha
mad
rast
a. C
asei
com
vin
te e
três
ano
s tiv
e um
a fil
ha a
o fim
de
quat
ro
anos
, e d
epoi
s ao
fim
de
outro
s qu
atro
ano
s tiv
e ou
tra, e
con
tinua
va s
empr
e tra
balh
ando
até
à h
ora
dela
s na
scer
em. U
ma
nasc
eu p
ela
azei
tona
que
é a
min
ha In
ês, a
ndav
a eu
à a
zeito
na d
e em
prei
tada
fique
i qui
nze
dias
em
cas
a, e
da
Mar
ia a
ndav
a à
ceifa
tam
bém
de
empr
eita
da fi
quei
out
ros
quin
ze
dias
em
cas
a. E
u e
os m
eus
irmão
s co
meç
amos
logo
a tr
abal
har d
esde
mui
to p
eque
nos,
a g
uard
ar
porc
os e
per
us, e
nun
ca fo
mos
à e
scol
a E
u er
a po
rque
ira, m
eu p
ai ta
mbé
m e
tive
mos
que
com
eçar
de p
eque
nino
s.” (
Entre
vist
a 1)
“(…
)a m
inha
mad
rast
a fo
i com
o um
a m
ãe p
ara
mim
, eu
fui
par
a el
a co
m t
rês
anos
ain
da m
uito
pequ
enin
a (…
)” (E
ntre
vist
a 1)
“(…)q
ue e
u e
os m
eus
irmão
s ai
nda
pass
ámos
mui
ta f
ome
em c
rianç
as,
andá
vam
os p
or l
á
traba
lhan
do s
em c
omer
.” (E
ntre
vist
a 1)
“Com
ecei
a tr
abal
har
com
onz
e an
os, a
min
ha m
ãe q
ue D
eus
tem
levo
u-m
e à
mon
da, à
cei
fa e
à
azei
tona
. Nes
se a
no a
pren
di e
sses
três
trab
alho
s, ti
nha
onze
ano
s, c
oita
dinh
a D
eus
lhe
perd
oe, e
foi
até
agor
a, c
om a
com
panh
ia d
o m
eu m
arid
o e
fui s
empr
e tra
balh
ando
, só
quan
do e
stav
a do
ente
ou
não
havi
a tra
balh
o é
que
não
ia. C
om v
inte
e n
ove
anos
o m
eu ir
mão
, que
já fa
lece
u, q
ue e
ra m
ais
velh
o do
que
eu
quas
e se
te a
nos,
pux
ou-m
e pa
ra lá
e a
inda
tive
doi
s an
os a
trab
alha
r a d
ias,
dor
mia
lá e
tudo
, ia
a fa
zer a
s co
isas
às
senh
oras
e e
stav
a lá
um
mês
inte
iro e
fica
va a
o fim
-de-
sem
ana
para
casa
de
meu
irm
ão q
ue m
orav
a em
Alv
erca
, que
já fa
lece
u há
doi
s an
os. D
e m
anei
ras
que
vim
de
lá
mas
foi a
ssim
, qua
ndo
meu
irm
ão m
e pu
xou
para
lá já
o p
ai d
a m
inha
filh
a es
tava
lá já
hav
ia u
m
tem
po, e
eu
tive
aind
a do
is a
nos
traba
lhan
do lá
par
a aq
uela
sen
hora
, par
a ve
r se
junt
ava
algu
ma
MES
TRAD
O E
M P
SICO
GERO
NTO
LOGI
A CO
MU
NIT
ÁRIA
“A
qual
idad
e de
Vid
a em
Ger
onte
s que
Per
man
ecem
no
seu
cont
exto
nat
ural
de
vida
” 12
1
12
cois
inha
mai
s pa
ra le
var p
ara
me
junt
ar c
om e
le. E
ele
est
ava
a tra
balh
ar n
aque
la fa
bric
a qu
e fa
z o
cim
ento
par
a as
obr
as e
com
eçou
-me
a di
zer a
ssim
não
sej
as a
ssim
, se
hás-
de e
star
a tr
abal
har a
qui
vais
par
a ca
sa e
u an
do a
trab
alha
r, e
olhe
não
nos
cas
ámos
, foi
ass
im c
om m
eu m
arid
o e
com
o p
ai
da m
inha
filh
a, fo
i diz
endo
dep
ois
mai
s ta
rde
logo
nos
cas
amos
, ele
tinh
a no
sen
tido
que
quer
ia c
asar
com
igo
mas
não
nos
che
gam
os a
cas
ar. S
ó ca
sei f
oi c
om o
meu
mar
ido.
Ent
ão j
untá
mo-
nos
num
sáb
ado
à no
ite e
ram
aí
umas
dua
s da
man
hã,
já e
stav
a aq
uela
cas
a
prep
arad
inha
era
m d
uas
casa
s a
de e
ntra
da e
a o
utra
, tin
ha u
m c
ortin
ado
mui
to b
onito
que
era
o
quar
to, e
eu
fazi
a a
vida
toda
naq
uela
cas
a m
as n
ão ti
nha
cozi
nha.
Ele
ia a
trab
alha
r e e
u fic
ava
a
faze
r as
coi
sas.
Qua
ndo
tínha
mos
nov
e m
eses
de
esta
rmos
junt
os a
rran
jei a
min
ha fi
lha,
dep
ois
já
foi p
ouco
tem
po, p
ouco
mas
mes
mo
assi
m a
inda
foi m
uito
tem
po a
inda
o a
ture
i, e
ague
ntei
sei
s an
os
e m
eio
outra
qua
lque
r não
fazi
a, n
ão fa
zia
o qu
e eu
fiz;
agu
ente
i um
a co
isa
daqu
elas
mas
arr
anja
mos
a fil
ha ju
ntam
o-no
s ai
nda
tivem
os d
ois
anos
bon
s, m
as b
ebia
, beb
ia v
inho
tint
o e
o m
eu m
arid
o qu
e
Deu
s te
m b
ebia
mui
to p
ouco
, só
ao ja
ntar
um
cop
inho
ou
dois
mas
não
ia a
os c
afés
nem
às
tabe
rnas
,
mas
o p
ai d
a m
inha
filh
a fic
ava
até
às d
uas
da m
anhã
ou
mai
s, à
s ve
zes
até
o ca
fé fe
chav
a e
ele
ficav
a lá
den
tro, c
hega
va d
e m
adru
gada
mui
to b
êbad
o e
depo
is n
ão p
odia
ir a
trab
alha
r. A
min
ha m
ãe
esta
va lá
, est
ava
a ve
r o q
ue e
le e
ra p
ara
mim
, e d
isse
-me
tu n
ão p
odes
est
ar c
om e
ste
hom
em, s
e
tu e
stiv
eres
com
est
e ho
mem
ele
põe
-te d
oida
, põe
-te m
aluc
a, d
aqui
a n
ada
está
s de
sgra
çadi
nha
da
tua
cabe
ça.
Olh
e qu
anto
eu
digo
, eu
sem
pre
fui u
ma
pess
oa q
ue n
unca
tive
ner
vos
e te
nho
nerv
os a
inda
hoj
e
tenh
o ne
rvos
e q
uem
me
os d
eu fo
i o p
ai d
a m
inha
filh
a. J
á es
te m
eu m
arid
o nã
o, e
ra u
ma
joia
de
pess
oa n
unca
me
met
ia n
ervo
s. E
, ago
ra e
stav
a a
tom
ar c
ompr
imid
os a
ntes
del
e m
orre
r já
há m
uito
tem
po. O
lhe
foi q
uand
o m
e ap
arec
eu a
dor
na
pern
a, a
ciá
tica,
a m
inha
gen
te, a
filh
a do
meu
sob
rinho
levo
u-m
e no
car
ro a
o H
ospi
tal d
e S
erpa
. A D
outo
ra M
arga
rida
esta
va lá
dis
se lo
go é
um
a ci
átic
a, o
ra
de h
á ci
nco
anos
par
a cá
sem
pre
a to
mar
med
icam
ento
s e
aind
a nã
o de
ixei
. E d
epoi
s de
isso
tudo
MES
TRAD
O E
M P
SICO
GERO
NTO
LOGI
A CO
MU
NIT
ÁRIA
“A
qual
idad
e de
Vid
a em
Ger
onte
s que
Per
man
ecem
no
seu
cont
exto
nat
ural
de
vida
” 12
2
12
pass
ado
fui l
á m
ostra
r out
ra v
ez m
as já
foi a
qui,
fui a
o D
r. P
edro
que
é o
meu
Méd
ico
de fa
míli
a e
ele
diss
e-m
e qu
e eu
tinh
a o
cole
ster
ol a
lto e
que
ago
ra ti
nha
que
tom
ar m
ais
com
prim
idos
.
Já d
epoi
s de
ter d
eixa
do o
pai
da
min
ha fi
lha
ele
foi t
raba
lhar
par
a o
alga
rve
e um
fim
-de-
sem
ana
veio
mui
to b
êbad
o, a
gen
te tí
nham
os a
mes
a po
sta
que
íam
os ja
ntar
, ele
che
gou
atiro
u co
m tu
do p
ara
o
mei
o do
chã
o, a
cas
a er
a do
s m
eus
pais
ele
est
ava
feito
est
úpid
o, tã
o m
au, a
min
ha m
ãe e
stav
a de
cos t
as e
le e
mpu
rrou
-a p
or u
m tr
is n
ão p
artiu
um
bra
ço, d
esm
aiou
eu
agar
rei-a
logo
e a
min
ha m
ãe
diss
e-lh
e:
- N
ão b
asta
? O
que
fize
ste
à m
inha
filh
a qu
e nã
o po
dias
judi
ar m
ais
com
ela
do
que
judi
aste
, mas
esta
cas
a é
min
ha e
do
meu
mar
ido,
ele
já n
ão é
viv
o m
a s e
u so
u, tu
vai
s pa
ra o
mei
o da
rua
e aq
ui
já n
ão e
ntra
s m
ais.
E, a
ssim
foi,
mas
a m
inha
mãe
dis
se-m
e:
- Olh
a is
so é
con
tigo
lá p
or e
u o
por n
a ru
a qu
e a
casa
é m
inha
, não
bas
ta te
r at
irado
com
tudo
se
não
ain d
a te
r-m
e em
purr
ado
para
o c
hão.
Mas
tu, é
pai
da
tua
filha
(a m
inha
filh
a tin
ha d
ois
anos
) se
tu q
uere
s fa
zer v
ida
com
ele
alu
gas
uma
casi
nha
com
o el
e tin
ha n
a Al
verc
a do
riba
tejo
e v
ais
para
lá
com
ele
.
E eu
dis
se-lh
e:
- E
u? o
que
eu
sofri
com
ele
e a
gora
ain
da v
ocê
me
está
man
dand
o pa
ra e
le?
Eu
não
quer
o es
tar
com
ele
, ele
é u
m ju
deu.
A m
inha
mãe
viu
que
eu
esta
va m
uito
tris
te e
dis
se p
ront
o nã
o qu
eres
não
vás
, a m
inha
mãe
só
não
quer
ia q
ue fo
sse
por c
ausa
del
a. D
e m
anei
ras
que
eu m
ais
a m
inha
mãe
é q
ue c
riam
os a
min
ha fi
lha,
foi t
ão o
rdin
ário
que
nun
ca n
a vi
da d
eu n
ada
à fil
ha, n
unca
. Dep
ois
Com
o eu
ia tr
abal
har p
ara
Alv
erca
,
a m
inha
mãe
é q
ue fi
cou
com
a m
inha
filh
a e
foi a
té m
orre
r qua
se s
empr
e a
cuid
ar d
ela.
Em
Alv
erca
eu e
ra a
cria
da q
ue p
unha
a m
esa
e qu
e fa
zia
isso
tudo
, e e
u tra
balh
ava
no m
onte
do
patrã
o e
o m
eu
mar
ido
traba
lhav
a no
mon
te a
o la
do q
ue e
ra d
a irm
ã do
pat
rão.
O m
eu m
atrim
ónio
foi a
qui a
o pé
da
MES
TRAD
O E
M P
SICO
GERO
NTO
LOGI
A CO
MU
NIT
ÁRIA
“A
qual
idad
e de
Vid
a em
Ger
onte
s que
Per
man
ecem
no
seu
cont
exto
nat
ural
de
vida
” 12
3
12
min
ha fi
lha.
Por
que
eu a
inda
est
ive
mui
to te
mpo
com
ele
, que
ain
da ti
vem
os ju
ntos
mui
to te
mpo
e
depo
is fo
i aqu
ilo tu
do, e
dep
ois
conh
eci o
meu
mar
ido
lá n
uma
casa
ond
e eu
ia a
trab
alha
r aqu
i na
alde
ia e
arr
anjo
u-se
o n
amor
o.
O m
eu m
arid
o qu
ase
que
mor
reu
no m
onte
, mor
reu
aqui
na
noss
a ca
sinh
a m
as to
das
as s
egun
das-
feira
s ia
par
a o
mon
te, n
unca
che
gám
os a
ter f
ilhos
junt
os, e
u qu
ando
me
junt
ei c
om o
pai
da
min
ha
filha
tinh
a vi
nte
e no
ve a
nos,
qua
ndo
a m
inha
filh
a na
sceu
já ti
nha
trint
a e
depo
is e
stiv
e se
para
da e
quan
do m
e ca
sei c
omec
ei a
diz
er q
ue c
om o
trab
alho
da
lida
do m
onte
, das
oliv
eira
s po
rque
eu
tinha
que
o aj
udar
a d
esbo
rric
ar, t
irar a
s en
chap
otas
, cor
tar a
s ol
ivei
ras
e fo
mos
atra
sand
o. P
ensa
va q
ue
aind
a tin
ha t
empo
par
a te
r fil
hos
mas
aca
bei
por
não
ter,
sem
pre
diss
e qu
e go
stav
a de
ter
um
casa
linho
.” (E
ntre
vist
a 2)
Noç
ão d
e id
oso
para
as
entre
vist
adas
“É
est
ar a
qui n
a m
inha
cas
a qu
e eu
e o
meu
mar
ido
que
pena
mos
tant
o pa
ra c
ompr
ar, é
viv
erm
os
assi
m c
om a
refo
rma
que
tem
os, e
u at
é fu
i ref
orm
ada
mai
s ce
do p
orqu
e te
nho
prob
lem
as d
e co
luna
.
Deu
s ai
nda
não
me
quis
leva
r est
ou a
qui à
esp
era.
” (En
trevi
sta
1)
“Olh
e nã
o se
i men
ina,
olh
e ho
je e
stou
aqu
i e a
man
hã p
osso
est
ar a
qui,
olhe
con
form
e nã
o sa
bia
quan
do a
bala
va o
per
íodo
, pen
sava
que
aba
lass
e m
ais
tard
e, ta
mbé
m n
ão s
ei o
que
é q
ue h
ei-d
e
dize
r, nã
o se
i os
anos
com
que
vou
fale
cer.
O m
eu m
arid
o já
fale
ceu,
mas
tenh
o ai
nda
a m
inha
filh
a
os m
eus
três
neto
s, g
osta
va d
e vi
ver m
ais
tem
po p
ara
esta
r com
ele
s.” (
Entre
vist
a 2)
N
oção
de
mul
her p
ara
as
entre
vist
adas
“G
osto
de
ser
mul
her,
porq
ue fa
ço a
s co
isas
à m
inha
von
tade
e o
s ho
men
s nã
o, fa
zem
o q
ue a
s
mul
here
s qu
erem
. Est
a ge
raçã
o já
se
ajud
am m
as n
o no
sso
tem
po n
ão a
mul
her
é qu
e fa
zia
tudo
,
traba
lháv
amos
, criá
vam
os o
s fil
hos,
am
assá
vam
os d
e no
ite, c
ozía
mos
de
noite
, lav
ávam
os d
e no
ite.
Agor
a já
se
vai m
udan
do a
s co
isas
mas
ant
igam
ente
se
mor
ress
e um
filh
o ou
o m
arid
o já
pas
sava
m
MES
TRAD
O E
M P
SICO
GERO
NTO
LOGI
A CO
MU
NIT
ÁRIA
“A
qual
idad
e de
Vid
a em
Ger
onte
s que
Per
man
ecem
no
seu
cont
exto
nat
ural
de
vida
” 12
4
12
o re
sto
da v
ida
de lu
to e
qua
se s
em s
air
de c
asa,
hav
ia a
lgum
as q
ue c
asav
am a
inda
mas
par
a os
hom
ens
era
tudo
mai
s fá
cil.”
(Ent
revi
sta
1)
“É ir
faze
ndo
as c
oisi
nhas
que
pos
sa fa
zer,
cois
as q
ue n
ão s
ão p
esad
as q
ue p
ossa
faze
r. N
esta
s
idad
es é
ir p
ara
a ca
sa d
os v
elho
tes,
des
de q
ue m
eu m
arid
o m
orre
u qu
ase
que
já n
ão s
aiu
de c
asa,
tenh
o m
uita
pen
a qu
e o
meu
mar
ido
tenh
a fa
leci
do,
ele
faz
tant
a fa
lta a
qui t
odos
os
dias
. O m
eu
mar
ido
foi m
uito
bom
par
a m
im n
unca
me
deu
uma
resp
osta
mal
dad
a se
quer
. Era
isso
par
a m
im s
er
mul
her.
Não
sei
que
lhe
diga
men
ina.
Com
o m
ulhe
r sof
ri m
uito
, com
o p
ai d
a m
inha
filh
a, m
as o
meu
mar
ido
estim
ava -
me.
Des
de q
ue o
meu
mar
ido
mor
reu,
sof
ro m
uito
, nun
ca m
ais
ligue
i a te
levi
são.
”
(Ent
revi
sta
2)
R
elaç
ões
com
fam
iliare
s,
amig
os e
viz
inho
s “T
odos
os
dias
falo
com
ela
s (fi
lhas
), es
tão
lá lo
nge
mas
todo
s os
dia
s m
e te
lefo
nam
, tod
os o
s di
as
não
me
deito
na
min
ha c
ama
sem
fala
r com
ela
s. D
esab
afo
com
ela
s e
elas
com
igo,
ach
o qu
e si
m
que
me
cont
am a
s co
isin
has
dela
s. C
om o
pai
já n
ão é
ass
im. M
as s
ó as
vej
o qu
ase
de a
no a
ano
,
às v
ezes
lá d
e qu
ando
em
qua
ndo
vêm
cá
pass
ar o
Nat
al.”
(Ent
revi
sta1
) “T
enho
um
a bo
a re
laçã
o co
m to
dos
eles
, vou
vis
itá-lo
s el
es v
em-m
e vi
sita
r, de
i-me
sem
pre
bem
com
todo
s os
meu
s irm
ãos
(…)d
ou-m
e be
m c
om to
da a
gen
te n
a m
inha
fam
ília
nunc
a ho
uve
conf
usõe
s e
sem
pre
nos
dem
os b
em.”
(Ent
revi
sta
1)
(em
rel
ação
às
vizi
nhas
)“Tam
bém
me
dou
bem
com
toda
s; te
nho
mui
tas
amig
as s
em s
er a
qui n
a
vizi
nhan
ça, t
enho
am
igas
no
Sob
ral e
fal
amos
por
tele
fone
. S
e m
e ac
onte
cer
algu
ma
cois
a te
nho
quem
me
acud
a. S
ou m
uito
de
me
lidar
bem
com
a a
mig
as m
as n
unca
fui m
uito
de
anda
r sem
pre
lá
em c
asa,
só
com
um
a da
s vi
zinh
as p
or c
ausa
dos
net
os c
riám
os e
sse
hábi
to m
as é
só
por
um
boca
dinh
o.” (
Entre
vist
a 1)
MES
TRAD
O E
M P
SICO
GERO
NTO
LOGI
A CO
MU
NIT
ÁRIA
“A
qual
idad
e de
Vid
a em
Ger
onte
s que
Per
man
ecem
no
seu
cont
exto
nat
ural
de
vida
” 12
5
12
“É a
min
ha fi
lhin
ha s
ó te
nho
a m
inha
filh
a te
m q
uare
nta
e qu
atro
ano
s, e
tem
um
a fil
ha c
om v
inte
e
quat
ro, t
em u
ma
com
trez
e e
tem
um
com
nov
e. F
alo
com
a m
inha
filh
a, fa
lam
os d
a no
ssa
vida
, mas
não
fala
mos
mal
de
ning
uém
, já
o m
eu m
arid
o er
a as
sim
deu
-se
bem
com
toda
a g
ente
eu
dou-
me
bem
com
toda
a g
ente
.” (E
ntre
vist
a 2)
“Já
só q
uem
tenh
o de
fam
ília
são
quat
ro s
obrin
hos,
os
outro
s fa
milia
res
já fa
lece
ram
todo
s, s
ó es
tou
eu, a
min
ha m
ãe te
ve d
ez fi
lhos
. Vou
vis
itá-lo
s m
uita
s ve
zes
só q
uand
o es
tou
um b
ocad
inho
mai
s em
baix
o ou
qua
ndo
tenh
o al
gum
a co
isa
que
faze
r é q
ue n
ão v
ou, g
osto
mui
to d
e co
nver
sar e
de
ir lá
a
casa
del
es. E
, ele
s ta
mbé
m v
êm à
min
ha, q
uand
o pr
ecis
o de
alg
uma
cois
a es
tão
sem
pre
disp
onív
eis,
coita
dinh
os.”
(Ent
revi
sta
2)
“Sim
, qua
ndo
mor
reu
o m
eu m
arid
o fo
i o d
ia to
do a
por
ta a
berta
e s
empr
e a
entra
r gen
te, t
ive
mui
ta
gent
e aq
ui. E
des
abaf
o m
uito
com
ela
s e
dou-
me
mui
to b
em c
om e
las
toda
s. A
qui e
sta
min
ha v
izin
ha
da fr
ente
, qua
ndo
prec
iso
de m
edic
amen
tos,
a m
inha
filh
a fa
lou
com
ela
, e e
la q
uand
o va
i bus
car o
s
med
icam
ento
s pa
ra o
mar
ido
traz
os m
eus.
Out
ro d
ia a
té f
oi o
mar
ido
que
foi b
usca
r e
veio
cá
perg
unta
r se
eu n
ão p
reci
sava
de
nada
. São
ass
im p
ara
mim
.” (E
ntre
vist
a 2)
P
roje
tos
para
o fu
turo
“C
om fa
lta d
as m
inha
s fil
has
e do
s m
eus
neto
s, e
faze
ndo
cois
as q
ue p
osso
e q
ue n
ão p
osso
(…)
aind
a vo
u fa
zend
o es
sas
cois
as m
esm
o qu
e se
jam
mal
feita
s vo
u fa
zend
o. É
ass
im a
té q
ue D
eus
quei
ra. Q
uand
o nã
o qu
iser
pro
nto
não
poss
o fa
zer n
ada”
(Ent
revi
sta
1)
“Não
sei
, nes
sas
cois
as e
u nã
o pe
nso.
Não
pen
so n
o qu
e há
-de
vir.
Deu
s qu
is le
var o
meu
mar
idin
ho.
“ (En
trevi
sta
2)
MES
TRAD
O E
M P
SICO
GERO
NTO
LOGI
A CO
MU
NIT
ÁRIA
“A
qual
idad
e de
Vid
a em
Ger
onte
s que
Per
man
ecem
no
seu
cont
exto
nat
ural
de
vida
” 12
6
12
Qua
lidad
e de
Vi
da
Noç
ão d
e qu
alid
ade
de
vida
par
a as
en
trevi
stad
as
“Dar
-me
bem
com
o m
eu m
arid
o, c
om o
s m
eus
filho
s, te
r a c
asa
em c
ondi
ções
(…)d
ar-m
e be
m c
om
as o
utra
s pe
ssoa
s, te
r o n
osso
din
heiro
par
a as
nos
sas
cois
as, s
em p
assa
r fom
e (…
)” (E
ntre
vist
a 1)
“Olh
e nã
o se
i o q
ue é
isso
. Ser
á te
r as
min
has
cois
inha
s, a
s am
igas
e v
izin
has
a fa
míli
a, é
só
o qu
e
tenh
o. E
sta
casi
nha
não
é m
inha
só,
era
dos
meu
s pa
is. N
unca
tive
din
heiri
nho
para
com
prar
um
a
casi
nha.
Des
de q
ue o
meu
mar
ido
mor
reu,
cho
ro m
uito
, ten
ho s
empr
e vo
ntad
e de
cho
rar,
era
a m
inha
com
panh
ita.”
(Ent
revi
sta
2)
P
erce
ção
da e
ntre
vist
ada
sobr
e a
sua
qual
idad
e de
vi
da
“ (…
)a s
aúde
é q
ue n
em e
u ne
m o
meu
mar
ido
anda
mos
mui
to b
em (…
)” (E
ntre
vist
a 1)
“N
ão v
ivem
os m
uito
bem
, mas
est
á bo
m. A
s m
inha
s fil
has
mes
mo
esta
ndo
mui
to lo
nge
ajud
am n
o
que
pode
m, q
uand
o di
zem
os q
ue p
reci
sam
os d
isto
ou
daqu
ilo m
anda
m s
empr
e, a
roup
a qu
ase
toda
que
tenh
o sã
o el
as q
ue m
e vã
o tra
zend
o de
lá.”
(Ent
revi
sta
1)
“Est
ou a
borre
cidi
nha,
por
que
não
tenh
o ni
ngué
m a
o pé
de
mim
. Vou
a d
os m
eus
sobr
inho
s el
es v
êm
cá, t
enho
pen
a de
não
est
ar c
om o
s m
eus
que
é a
min
ha fi
lha
e a
min
ha n
eta.
É o
que
voc
ê aq
ui v
ê,
com
dor
es e
ago
ra a
pare
ceu-
me
isto
do
cole
ster
ol q
ue n
ão ti
nha,
e a
gora
apa
rece
u-m
e. T
omo
tant
o
com
prim
ido
ao d
ia e
mes
mo
assi
m, o
lhe,
as
dore
s nã
o pa
ssam
. Mas
gra
ças
a D
eus,
vej
o e
oiço
bem
,
que
aind
a é
o m
elho
r. O
ver
é q
ue à
s ve
zes
já n
ão e
stou
tão
bem
.” (E
ntre
vist
a 2)
Rel
ação
da
qual
idad
e de
vi
da c
om a
per
man
ênci
a na
pró
pria
cas
a
“Est
ou m
elho
r aqu
i do
que
nout
ro la
do, e
nqua
nto
pude
r fic
ar a
qui n
ão q
uero
sai
r daq
ui. T
anto
que
eu
traba
lhei
, eu
e o
meu
mar
ido
para
a g
ente
ter e
sta
casi
nha.
Não
viv
i sem
pre
nest
a ca
sa, m
as fo
i tan
to
esfo
rço
para
a c
onse
guir
com
prar
. Que
m m
e a
tiras
se…
tira
va-m
e m
uito
.” (E
ntre
vist
a 1)
“Sim
, gos
to m
uito
de
esta
r aqu
i, is
to e
ram
as
casi
nhas
dos
meu
s pa
is, d
esde
toda
a m
inha
vid
a es
tou
habi
tuad
a. T
ive
aque
les
anos
fora
, mas
era
par
a aq
ui q
ue v
olta
va s
empr
e. G
osto
de
esta
r aq
ui n
a
min
ha c
asin
ha.
Viv
i aqu
i sem
pre
com
o m
eu m
arid
o. O
lhe
desd
e qu
e el
e m
orre
u nu
nca
mai
s tiv
e
vont
ade
de m
e se
ntar
à m
esa,
por
que
sent
ávam
o-no
s se
mpr
e os
doi
s. “
(Ent
revi
sta
2)
MES
TRAD
O E
M P
SICO
GERO
NTO
LOGI
A CO
MU
NIT
ÁRIA
“A
qual
idad
e de
Vid
a em
Ger
onte
s que
Per
man
ecem
no
seu
cont
exto
nat
ural
de
vida
” 12
7
12
Con
text
o na
tura
l de
vida
P
erce
ção
que
a pe
ssoa
te
m d
e pe
rman
ecer
na
sua
casa
“Que
ria fi
car a
qui n
a m
inha
cas
inha
, eu
e o
meu
mar
ido,
enq
uant
o tiv
erm
os v
ida
quer
o fic
ar a
qui.
Se
meu
mar
ido
mor
rer e
eu
já n
ão p
oder
dev
o te
r qu
e ir
para
o la
r, m
as n
ão g
osta
va, g
osta
va d
e fic
ar
aqui
. Mas
sei
que
se
algu
ma
dia
não
tiver
cap
az te
rei q
ue ir
par
a on
de fa
çam
as
cois
as p
or m
im.”
(Ent
revi
sta
1)
“Gos
to d
e es
tar a
qui.
Foi o
nde
as m
inha
s fil
has
nasc
eram
, a c
asin
ha é
min
ha. C
onhe
ço a
s pe
ssoa
s.”
(Ent
revi
sta
1)
“Sim
gos
tava
, eu
gost
o de
est
ar a
qui,
eu n
ão n
asci
aqu
i mas
fui a
qui c
riada
vim
par
a cá
com
um
mês
,
a m
inha
filh
a na
sceu
aqu
i. N
ão s
ei é
se
esta
rei s
empr
e ca
paz
de v
iver
aqu
i soz
inhi
ta. E
nqua
nto
pude
r
quer
ia fi
car.
“ (En
trevi
sta
2)
“Gos
to m
uito
, aqu
i é q
ue e
u m
e en
cont
ro b
em, s
empr
e vi
vi a
qui e
stou
na
casi
nha
dos
meu
s pa
is, e
onde
viv
i com
o m
eu m
arid
o e
onde
viv
eu a
min
ha fi
lha.
” (En
trevi
sta
2)
Traj
etór
ia d
e re
sidê
ncia
“N
asci
em
Vila
Nov
a de
São
Ben
to e
viv
i cá
algu
ns a
nos
aind
a, d
epoi
s qu
ando
eu
tinha
nov
e an
os o
meu
pai
arr
anjo
u tra
balh
o na
zon
a do
Sob
ral,
para
um
mon
te.
Fom
os v
iver
par
a lá
dur
ante
mai
s de
quar
enta
ano
s fo
i lá
que
conh
eci o
meu
mar
ido,
ele
tra
balh
ava
no m
esm
o m
onte
ond
e m
eu p
ai
traba
lhav
a e
estiv
e lá
até
aos
cin
quen
ta e
tal
ano
s e
daí
volta
mos
par
a V
ila N
ova
de S
ão B
ento
.
Mes
mo
quan
do m
e ca
sei a
inda
fiqu
ei lá
, não
vim
logo
par
a a
alde
ia. N
ão e
stou
ao
certo
mes
mo
dos
anos
que
já v
ivo
na a
ldei
a. A
prim
eira
cas
a qu
e tiv
e er
a al
i na
Rua
do
Pen
edo
Gor
do, e
dep
ois
é qu
e
vim
par
a es
ta.”
(Ent
revi
sta
1)
“Sim
só
não
vivi
cá
esse
s se
is a
nos
e m
eio
que
estiv
e a
traba
lhar
em
Alv
erca
, de
rest
o vi
vi s
empr
e
aqui
, ain
da n
ão fu
i par
a m
ais
lado
nen
hum
.” (E
ntre
vist
a 2)
O c
otid
iano
da
pess
oa
Ativ
idad
es d
a vi
da d
iária
“H
oje
já la
vei c
hão
e te
nho
que
coze
r um
as c
alça
s”(E
ntre
vist
a 1)
“Lev
anto
-me
às s
ete
hora
s, d
eito
-me
às d
ez d
a no
ite, d
e m
anhã
faço
as
min
has
cois
inha
s em
cas
a,
de ta
rde
se ti
ver t
empo
vej
o um
boc
adin
ho te
levi
são
quan
do a
cabo
de
faze
r as
cois
inha
s, m
as já
sai
o
MES
TRAD
O E
M P
SICO
GERO
NTO
LOGI
A CO
MU
NIT
ÁRIA
“A
qual
idad
e de
Vid
a em
Ger
onte
s que
Per
man
ecem
no
seu
cont
exto
nat
ural
de
vida
” 12
8
12
pouc
o, tr
azem
-me
o al
moc
inho
, com
frut
a e
pão.
E a
o fim
-de-
sem
ana
faço
o m
esm
o é
um d
ia c
omo
os o
utro
s. Q
uand
o te
nho
falta
de
algu
ma
cois
a, v
ou a
li ao
zez
inho
à lo
ja,
mas
é p
ouca
s ve
zes
,
traze
m-m
e tu
do.”
(Ent
revi
sta
1)
“Sac
udir,
var
rer,
limpa
r, ar
ranj
ar a
lgum
as c
oisi
nhas
, lav
ar a
loiç
a, la
var
a ro
upa,
todo
s os
dia
s m
e
lavo
, vou
às
veze
s co
mpr
ar u
mas
coi
sinh
as e
vou
ver
as
min
has
vizi
nhas
à ta
rde
porq
ue d
e m
anhã
é
para
faze
r a li
mpe
za e
ela
s ta
mbé
m. À
s ve
zes ,
con
vida
m-m
e pa
ra la
ncha
r lá,
põe
-me
tudo
na
mes
a
com
o fa
zem
par
a el
as. D
epoi
s ve
nho
para
cas
a ja
nto
aí p
or v
olta
das
sei
s, s
eis
e m
eia
da ta
rde
e às
nove
da
noite
mai
s ou
men
os já
est
ou d
eita
da. E
, dep
ois
entre
as
sete
e m
eia
e as
oito
leva
nto -
me.
”
(Ent
revi
sta
2)
Lo
cais
que
freq
uent
am n
a co
mun
idad
e “N
ão, e
u nã
o so
u m
uito
am
iga
de ir
a e
ssas
coi
sas.
Já
não
vou
a la
do n
enhu
m, n
unca
fui h
abitu
ada.
Só à
mis
sa, q
uand
o po
sso
vou
sem
pre
à m
issa
.” (E
ntre
vist
a 1)
“Só
onde
vou
é v
er u
ma
cunh
ada
que
tenh
o ac
amad
a m
as n
ão p
osso
ir s
ozin
ha te
nho
que
ir co
m
outra
cun
hada
. Por
que
às v
ezes
tenh
o qu
e m
e fir
mar
nou
tra p
esso
a pa
ra c
onse
guir
volta
r par
a ca
sa
que
já v
enho
mui
to c
ansa
da. E
vis
itar
amig
os m
as m
uito
pou
cas
veze
s. A
gen
te p
ouco
pas
seou
e
com
o nã
o te
nho
cá m
inha
s fil
has…
” (En
trevi
sta
1)
“Não
, nad
a de
ssas
coi
sas,
nem
eu
nunc
a es
tive
em n
ada.
Vou
à m
issa
qua
ndo
poss
o, m
as s
em s
er
isso
só
vou
à da
s vi
zinh
as e
aos
man
dado
s. E
, mes
mo
à m
issa
já v
ou p
ouco
. Fui
ago
ra h
á po
uco
tem
po p
orqu
e fo
i mis
sa d
o m
eu m
arid
o.” (
Entre
vist
a 2)
Tipo
de
alim
enta
ção
que
faz
“Com
o de
man
hã, d
epoi
s al
moç
amos
, o m
eu m
arid
o co
stum
a la
ncha
r m
as e
u ra
ram
ente
lanc
ho e
depo
is a
í por
vol
ta d
as s
ete,
set
e e
pouc
o ja
ntam
os. A
o al
moç
o co
mem
os o
prim
eiro
pra
to o
u se
gund
o
MES
TRAD
O E
M P
SICO
GERO
NTO
LOGI
A CO
MU
NIT
ÁRIA
“A
qual
idad
e de
Vid
a em
Ger
onte
s que
Per
man
ecem
no
seu
cont
exto
nat
ural
de
vida
” 12
9
12
com
o vo
cês
lhe
cham
am, e
dep
ois
à no
ite c
omem
os a
sop
a. E
, par
a nã
o co
mer
mos
só
aqui
lo à
s
veze
s gr
elha
mos
um
bifi
nho
de a
lgum
a co
isa.
” (E
ntre
vist
a 1)
“Eu
por d
ia n
ão c
omo
mui
tas
veze
s, já
com
i mai
s, e
u an
tes
era
mai
s fo
rte, j
á co
mi m
uito
mai
s. P
ão
agor
a nã
o co
mo
nem
met
ade
do q
ue c
omia
, e h
á m
uita
coi
sa q
ue já
não
com
o po
rque
me
faz
mal
,
tudo
o q
ue p
erte
ncer
a b
olos
, lei
te o
u ba
nha
de p
orco
não
pos
so c
omer
nad
a, p
or c
ausa
do
cole
ster
ol
tam
bém
não
pos
so c
omer
lin
guiç
a, n
em p
resu
nto.
De
man
hã c
omo
um p
edac
inho
de
pão
com
mar
garin
a co
m c
afé
com
leite
, às
vez
es u
mas
bol
acha
s m
aria
. Ao
alm
oço
tenh
o a
com
ida
do la
r,
com
o co
m u
m p
edac
inho
de
pão.
Ao
lanc
he é
a m
esm
a co
isa
que
de m
anhã
, dep
ois
jant
o ce
do e
à
noite
par
a m
e de
ixar
dor
mir
bem
par
a nã
o le
var m
uito
tem
po a
dei
xar -
me
dorm
ir, b
ebo
um c
opin
ho
de le
ite.”
(Ent
revi
sta
2)
Serv
iço
de
Apo
io
Dom
icili
ário
Raz
ões
da s
olic
itaçã
o do
serv
iço
“Foi
nun
s di
as q
ue e
stiv
e pa
ra a
í mui
to d
oent
e. E
u já
est
ava
mui
to d
oent
e e
já m
e cu
stav
a a
faze
r a
com
ida,
e d
epoi
s ho
uve
um d
ia q
ue m
e qu
eim
ei n
o fo
gão.
E d
epoi
s qu
ando
a m
inha
filh
a aí
est
eve
foi t
rata
r di
sso
tudo
. Não
sab
ia b
em o
que
era
, a m
inha
filh
a é
que
sabi
a e
ando
u pe
rgun
tand
o. “
(Ent
revi
sta
1)
“Que
m m
e fe
z es
sa c
onve
rsa
foi a
mul
her d
o m
eu s
obrin
ho e
dis
se à
min
ha fi
lha
tem
os q
ue tr
atar
das
cois
as p
ara
a tu
a m
ãe p
orqu
e el
a va
i à lo
ja e
com
pra
as c
oisa
s m
as m
ete-
as n
o fri
goríf
ico
e nã
o ch
ega
a co
zinh
ar, d
eixa
lá o
pei
xe e
a c
arne
e n
ão a
faz.
Oh
eu d
esde
que
o m
eu m
arid
o tin
ha m
orrid
o
anda
va a
ssim
, não
me
quer
ia s
enta
r à m
esa.
E a
min
ha s
obrin
ha d
izia
que
eu
quan
do ia
à d
as v
izin
has
ia c
amba
lean
do, f
eita
bar
ata
tont
a já
sem
forç
as. E
, dep
ois
a m
inha
filh
a fic
ou p
reoc
upad
a e
a m
inha
sobr
inha
dis
se q
ue ia
fala
r co
m e
sse
cois
o do
lar
para
ele
s m
e tra
zere
m a
com
ida.
Já
me
tinha
m
fala
do d
este
ser
viço
, alg
umas
viz
inha
s ta
mbé
m já
tinh
am.”
(Ent
revi
sta
2)
MES
TRAD
O E
M P
SICO
GERO
NTO
LOGI
A CO
MU
NIT
ÁRIA
“A
qual
idad
e de
Vid
a em
Ger
onte
s que
Per
man
ecem
no
seu
cont
exto
nat
ural
de
vida
” 13
0
13
Ava
liaçã
o do
Ser
viço
de
Apoi
o D
omic
iliário
“S
im, a
té a
gora
não
tenh
o na
da q
ue d
izer
. Eu
tinha
med
o de
faze
r a c
omid
a, a
ssim
, já
não
tenh
o qu
e
mex
er n
o fo
gão,
que
as
veze
s já
me
esqu
ecia
que
tinh
a de
ixad
o lá
alg
uma
cois
a. A
ssim
, se
for p
reci
so
aque
cer a
lgum
a co
isa
é tu
do n
o m
icro
onda
s. T
enho
est
ado
satis
feita
, vêm
sem
pre
a ho
ras
e a
com
ida
aind
a ve
m q
uent
inha
.” (E
ntre
vist
a 1)
“Até
ago
ra n
ão m
e te
m d
esgo
stad
o, a
té a
gora
tenh
o go
stad
o da
com
ida.
Sim
eu
desd
e qu
e o
meu
mar
ido
mor
reu
que
anda
va s
em v
onta
de n
ão ti
nha
vont
ade
de p
or a
mes
a e
de c
ozin
har e
ass
im a
com
ida
já v
em f
eita
e q
uent
inha
e j
á é
dife
rent
e. E
stou
sat
isfe
ita,
esto
u m
ais
cont
ente
ten
ho a
com
idin
ha a
hor
as c
erta
s.” (
Entre
vist
a 2)
APÊNDICE IV - CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES
Mês Atividades
Outubro Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro Março Abril
Pré-projecto Pesquisa Bibliográfica
Elaboração Questionários
Aplicação dos Questionários
Análise dos Questionários
Análise e Interpretação dos Resultados
Projeto de Intervenção
Conclusão
APÊNDICE V - MANUAL DE APOIO AO MÓDULO - PSICOLOGIA DA VELHICE
A Qualidade de Vida em Gerontes que
permanecem no seu contexto Natural de
Vida
Índice
Introdução ................................................................................................................................. 136
1. O que é a gerontopsicologia? ............................................................................................ 139
2. Envelhecimento ................................................................................................................. 141
3. Aspetos biológicos e psicológicos no envelhecer ............................................................. 146
4. Ajustamentos Psicossociais na Velhice ............................................................................. 157
5. A morte e o luto ................................................................................................................ 162
6. Personalidade .................................................................................................................... 168
7. A Sexualidade .................................................................................................................... 170
8. A pessoa que cuida do idoso ............................................................................................. 176
Referências Bibliográficas ......................................................................................................... 179
Introdução
O presente manual foi construído no âmbito do projeto de intervenção do
Mestrado em Psicogerontologia Comunitária, do Instituto Politécnico de Beja –
através dos dados recolhidos, pela investigadora, foi possível verificar que urgia
a necessidade de haver uma melhor preparação dos cuidadores e familiares de
idosos sobre esta fase do ciclo da vida, nomeadamente, ao nível da psicologia
da velhice.
Assim, o manual foi construído com o objetivo de contribuir para aprofundar o
conhecimento dos cuidadores e/ou familiares de pessoas idosas sobre esta fase
do ciclo de vida, incidindo de forma mais especifica nos aspetos psicossociais
deste fenómeno.
Este manual consiste numa revisão bibliográfica em torno dos conteúdos e
objetivos do módulo; proporcionando, assim, aos interessados uma
sistematização teórica sobre as temáticas.
Quanto à sua estrutura, o presente manual subdivide-se em oito diferentes
partes que englobam todos os objetivos e conteúdos delineados para a
formação, segundo o Catálogo Nacional de Qualificações.
Na primeira parte do manual é definido gerontolopsicologia, os seus objetivos e
objeto de estudo. Na segunda parte do manual são abordadas várias
perspectivas sobre o envelhecimento. Na terceira parte do manual, é feito um
levantamento sobre as principais alterações biológicas e psicológicas do
envelhecimento, sendo também feita uma distinção entre envelhecimento normal
e envelhecimento patológico. Na quarta parte, são abordadas as principais
alterações a nível social que ocorrem nesta fase do ciclo de vida. Posteriormente,
é feita uma reflexão em torno da morte e do luto. Na sexta parte, é abordada a
personalidade, começando por uma pequena introdução aos estágios de Erik
Erikson. A sexualidade, a menopausa e andropausa, foram abordadas na sétima
parte. E, por fim, foram abordadas algumas características pessoais
indispensáveis ao cuidador.
Designação da UFCD (Unidade de Formação de Curta Duração): Psicologia da velhice
Carga Horária: 50 horas
Objetivos
Enunciar a importância da gerontopsicologia no reconhecimento dos
problemas que se colocam à pessoa idosa.
Reconhecer a importância da sexualidade na velhice.
Conteúdos
Gerontopsicologia
o Aspetos biológicos e psicológicos no envelhecer
Emoções e velhice
Motivação
Personalidade: tipologias
o Tarefas evolutivas da velhice
Ajustamentos psicossociais da velhice
Fase final da vida/reflexão sobre a morte e o luto
o Aspetos cognitivos do envelhecimento
Velhice e aprendizagem
Avaliação das funções cognitivas
Modificações nas funções cognitivas
inteligência, memória e aprendizagem
resolução de problemas e criatividade
A sexualidade na velhice
o Fatores que influenciam a mudança de comportamento sexual na velhice
Crise da menopausa
o Sexualidade depois dos 60 anos
o Amor e sexualidade na pessoa idosa
1. O que é a gerontopsicologia?
Segundo o Dicionário da Língua Portuguesa (2011), o termo psicologia diz
respeito a uma ciência positiva dos fatos psíquicos,
Quer estudados subjetivamente através de fatos da consciência
Quer estudados objetivamente através de fatos do comportamento
No dicionário técnico de psicologia, o termo psicologia é definido como a ciência
que procura
compreender a natureza do homem: seus desejos, esperanças, medos, aptidões e limitações (…). A psicologia tenta descobrir porque as pessoas fazem as coisas que fazem; compreender a capacidade humana de adaptação ao seu meio, natureza da inteligência do homem, as causas originais de seus conflitos internos, o seu comportamento como animal social. Poder-se-ia dizer que a psicologia, em termos gerais, busca uma resposta para a velha interrogação. O que é o
homem? (Cabral & Nick, 2006).
Em relação ao termo gerontologia, segundo Santos (2004), citando Beauvoir
(1990), foi no século XIX, no ocidente, que cuidar dos idosos se tornou uma
especialidade mas nessa altura não se denominava gerontologia.
Já no século XX, Metchinikoff utilizou pela primeira vez o termo gerontologia num
trabalho que apresentou em que considerava a velhice uma forma de
autointoxicação. Nesse mesmo século, Nascher, um pediatra americano, criou o
termo “geriatria” como um ramo da medicina que cuidava os aspetos biológicos,
psicológicos e das doenças relacionadas à terceira idade. Mais tarde surge o
termo “gerontologia”, como a ciência que se propõe a estudar os múltiplos
processos que acompanham o envelhecimento (Santos, 2004).
Salgado (1989) apresenta um conceito amplo do que é a gerontologia:
é o estudo do processo de envelhecimento, com base nos conhecimentos oriundos das ciências biológicas, psicocomportamentais e sociais (…) a geriatria que trata das doenças no envelhecimento e a gerontologia social, voltada aos processos psicossociais
manifestados na velhice (Santos:2004:23).
A pertinência da existência da gerontologia está relacionada com o aumento da
população idosa e com as questões que com ela se levantam (despesas de
saúde com o aumento da incidência de doenças crónicas, desigualdades sociais,
entre outras), assim, cabe à gerontologia fazer frente à visão do envelhecimento
como um problema social e promover esta fase da vida e as suas possibilidades
resultantes de ações multidimensionais (Santos, 2004).
A gerontologia é, assim, o estudo dos problemas próprios da idade avançada
nos seus múltiplos aspetos.
No Dicionário Técnico de Psicologia,
o termo gerontologia é definido como um “estudo pertinente às pessoas de idade avançada. Seus métodos são de ordem antropológico,
antropométrica, social, psicológica e médica. (neste último caso, é um ramo especial da medicina: geriatria)” (Cabral & Nick,2006).
Ao analisar, etimologicamente, a palavra gerontologia, esta deriva do grego
gerón - referindo-se aos mais velhos e notáveis do povo grego e logos que
significa estudo, grupo de estudiosos.
Quanto ao conceito de geronte, este, por sinal, deriva, etimologicamente, de
Gerós mais ontos - que percorre o tempo, com muito tempo de vida, ancião.
Entre os Gregos antigos, geronte significava ancião, membro de Gerúsia15. No
sentido não só de conhecimento pela experiência, mas sobretudo de sensatez e
de sabedoria (Veiga-Branco,2012).
Segundo o Dicionário de Língua Portuguesa (2011), geronte“ é cada um dos
vinte e oito membros gerúsia ou senado, em Esparta, que deviam ter pelo menos
60 anos” (Dicionário da Língua Portuguesa, 2011).
2. Envelhecimento
15 Gerúsia – senado, conselho de anciãos, ordem de governo na antiga Esparta.
O envelhecimento constituiu, sem dúvida, um dos maiores êxitos da humanidade, no entanto, também um dos maiores desafios.
Para Gro Brundtland, Diretor Geral da Organização Mundial de Saúde, citado
por Jacob (2007), o envelhecimento é uma história de sucesso das políticas de
saúde pública, e, do desenvolvimento social e económico do mundo.
O envelhecimento não é exclusivo dos tempos modernos, mas, apenas se tornou
algo comum nos últimos cem anos. Nos tempos pré-históricos o envelhecimento
era algo extremamente raro; no século XVII, estima-se que, apenas 1% da
população vivia mais de 65 anos; no século XIX esta percentagem, subiu para
cerca de 4%. Em 1900, 25% da população teria alguma esperança de
comemorar os 65 anos; atualmente, cerca de 70% da população ocidental viverá
mais de 65 anos e 30 a 40% viverá mais de 80 anos (Stuart-Hamilton, 2002).
Para Paúl (1997), citando Birren (1995), este aumento da longevidade foi mais
relacionado com as alterações económicas, tecnológicas e sociais do que com
mudanças na genética da população; os fatores biológicos e genéticos não
asseguram, por si só, a expressão ótima do desenvolvimento humano.
Algumas perspetivas:
Existem várias perspetivas sobre o processo de envelhecimento. Segundo
Birren e Cunningham (1985) cit. por Paúl (1997), a forma como se envelhece
tem a ver como a forma como de desenvolve, isto é, a senescência é em função
do meio físico e social em que o organismo se desenvolve e envelhece. Segundo
a mesma autora, citando Schroots e Birren (1980), o envelhecimento tem três
componentes: o envelhecimento biológico, que resulta da vulnerabilidade
crescente e de uma maior proximidade com a morte (senescência); o
envelhecimento social relacionado com os papéis sociais de acordo com as
expectativas da sociedade para esta faixa etária; e, por fim, o envelhecimento
psicológico, relativo à autorregulação do individuo, ao tomar decisões e opções,
adaptando-se ao processo de senescência.
Para Binet e Bourliere, citados por Fernandes (2000), o envelhecimento são
todas as modificações morfológicas, fisiológicas, bioquímicas e psicológicas que
surgem como consequência do passar dos anos no ser humano.
Lidz (1983), cit. por Fernandes (2000), caracteriza o envelhecimento em três
fases distintas, o que não significa que o idoso chegue a atingi-las todas:
- Primeira fase: Idoso. Fase onde não existem grandes alterações orgânicas. As
modificações observam-se no modo de vida do individuo, provocado pela
reforma. O individuo ainda se considera capaz de satisfazer as suas
necessidades.
- Segunda fase: Senescência. Ocorre quando o individuo começa a sentir
alterações na sua condição física, ou de outra natureza. O que corresponde a
uma fase da velhice mais avançada.
- Terceira fase: Senilidade. O cérebro já não exerce a sua função como órgão de
adaptação, o individuo torna-se quase dependente e necessita de cuidados
completos.
Envelhecer pressupõe alterações físicas, psicológicas e sociais no individuo,
estas alterações são naturais e gradativas; podem acontecer em diferentes
idades, em maior ou menor grau, consoante as condições genéticas e estilo de
vida do individuo (Zimerman, 2000).
Para Zimerman (2000), hoje em dia, com os avanços na área da farmacologia,
melhoria das condições de vida, maior preocupação com a prevenção de
doenças e com os estilos de vida saudáveis, os sintomas do envelhecimento
surgem em idades mais avançadas, no entanto, com o passar dos anos as
alterações físicas são inevitáveis.
Envelhecimento ativo
A Organização Mundial de Saúde definiu, em 2002, o conceito de
envelhecimento ativo como “o processo de otimizar as oportunidades para a
saúde; participação social e segurança de modo a aumentar a qualidade de vida
à medida que as pessoas envelhecem” (Marques,2011:30).
Assim, para a autora Sibila Marques (2011), o envelhecimento ativo possibilita
aos idosos efetivar
o seu potencial físico, social e mental ao longo da sua vida e participarem na
sociedade de acordo com as suas necessidades, desejos e capacidades (…) a
palavra “ativo” refere-se à continuação da participação em atividades sociais,
económicas, culturais, espirituais, e cívicas (Marques,2011:30).
Questões para refletir:
Já alguma vez pensou no momento em que se reformar? Que problemas,
pensa que, vão surgir?
Com que idade gostaria de se reformar? Porquê?
Aguarda a reforma com impaciência ou não a vê com bons olhos?
Preocupa-o ficar inativo do ponto de vista profissional?
Tem ideias precisas acerca das hipóteses de ocupação depois de
reformado?
Pensa nos problemas económicos suscitados pela reforma?
Encara a velhice com otimismo ou pessimismo? Porquê?
Tem problemas de saúde grave a ponto de tornar a velhice preocupante?
Quando chegar aos 80 ou mais anos de idade prefere:
o Ficar em casa na sua residência habitual? Porquê?
o Ir para casa de familiares? Porquê?
o Ir para a resposta social: lar ou centro de dia? Porquê?
Acima de tudo o que é que receia quando for idoso?
Quando recordar o passado o eu acha que irá lamentar?
Como antevê o seu envelhecimento?
3. Aspetos biológicos e psicológicos no envelhecer
Aspetos Biológicos
As alterações físicas, que ocorrem a nível externo, são, entre outras: rugas,
manchas escuras na pele, a pele torna-se mais flácida, maior ocorrência de
verrugas, as veias destacam-se sob a pele dos membros, encurvamento
postural. As alterações físicas, a nível interno, são, entre outras: o metabolismo
fica mais lento, a insónia aumenta, a visão ao perto piora, os nervos auditivos
degeneram-se, o olfato e o paladar diminuem. (Zimerman,2000)
Para Sousa, Figueiredo e Cerqueira (2004),
o envelhecimento é um processo de deterioração endógena e irreversível das
capacidades funcionais do organismo. Trata-se de um fenómeno inevitável (…),
inerente à própria vida, equivalente à fase final de um programa de
desenvolvimento e diferenciação. Embora seja controversa a idade de início do
envelhecimento biológico, em geral, é aceite que ocorre no final da segunda
década de vida, calcula-se que após os 30 anos, dependendo dos órgãos haja
em média a perda de 1% de funcionalidade (Sousa, Figueiredo & Cerqueira,
2004:23).
O envelhecimento não afeta de modo igual todos os órgãos, a deterioração é
mais rápida nos tecidos elásticos – aparelho respiratório, circulatório e pele, e
mais lenta nos tecidos nervosos (Sousa, Figueiredo & Cerqueira, 2004).
O envelhecimento não é de modo algum uma doença, é antes um processo
multifatorial que, também, arrasta uma deterioração fisiológica. Assim, importa
distinguir envelhecimento normal de envelhecimento patológico (Sousa,
Figueiredo & Cerqueira, 2004).
O envelhecimento normal é aquele em que ocorrem algumas diminuições
orgânicas e funcionais, não decorrente
de qualquer acidente ou doença, são as
alterações inevitáveis que ocorrem com
o passar do tempo (Sousa, Figueiredo &
Cerqueira, 2004).
Com o avançar da idade todos os
órgãos sofrem deteriorações, sendo o
cérebro e todo o sistema nervoso umas
das estruturas afetadas. O cérebro
atinge o seu máximo cerca dos 20 anos
e a partir daí decresce, sendo que este
decrescimento se acentua por volta dos
55 anos (Lezak, 1995).
Com o passar da idade, verifica-se, também, diminuição da sensibilidade dos
diferentes sentidos (principalmente visão e audição) e uma lentidão progressiva
dos tempos de resposta.
Temos muita coisa a fazer para minimizar os efeitos do envelhecimento cerebral. Elenco a seguir cinco atitudes que podem fazer a diferença:
1) manter o cérebro sempre ativo; 2) atividade física regular; 3) alimentação saudável, não deixando de incluir na dieta peixes ricos em ômega 3; 4) evitar substâncias neurotóxicas como o cigarro e o excesso de álcool; 5) manter a mente equilibrada e longe da depressão.
O envelhecimento patológico é aquele em que alguns fatores interferem no
envelhecimento normal, estes acontecimentos podem ser o stress, traumatismos
ou doenças que são passiveis de acelerar o envelhecimento (Sousa, Figueiredo
& Cerqueira, 2004).
Nesta diferenciação de envelhecimento normal e envelhecimento patológico há
dois erros que são muito comuns:
considerar todas as alterações encontradas num idoso como resultado
do seu processo de envelhecimento natural, negligenciando os
processos patológicos passiveis de tratamento e cura. Atribuir certos
sinais e sintomas a doenças, originando a realização de exames e
tratamentos desnecessários, uma vez que se está a diagnosticar o
próprio envelhecimento como doença (Sousa, Figueiredo & Cerqueira,
2004:23).
As autoras identificam, ainda, outras modificações relevantes no
envelhecimento, como por exemplo: diminuição da água no corpo; aumento do
risco de diabetes; perturbações cardiovasculares; osteoporose, cancro do cólon
e da mama; a redução da estatura que cria um efeito de desproporção (o
comprimento dos membros mantem-se, mas tronco encolhe);
embranquecimento da pele; palidez da pele, acentuação das proeminências
ósseas (ossos dos maxilares, maças do rosto, nariz); perda de cabelo, lentidão
do crescimento das unhas, entre outras.
Aspetos Psicológicos e cognitivos
A nível cognitivo, Salthouse (1991) citado por Sousa, Figueiredo e Cerqueira,
(2004), as competências intelectuais mais afetadas pela idade são: capacidade
de interpretação da comunicação não verbal, capacidade de dar respostas
rápidas a situações novas, aquisição de novos conceitos, aptidão para organizar
informações, concentração, raciocínios abstratos, entre outras. Por outro lado,
as menos afetadas são: dimensão de resolução de problemas, capacidade de
interpretar informação verbal, e, o uso de conhecimento acumulado.
Em relação ao domínio da memória, apesar de ser uma das principais queixas
dos idosos (acontece em todas as idades, mas são os idosos que mais a
evidenciam), ainda não há consenso sobre este declínio. Há estudos que
referem que os idoso têm melhor capacidade de lembrar do passado longínquo
e mais dificuldade em lembrar do passado recente, e, outros estudos que
referem o contrário. Alguns autores referem que embora se assinale um ligeiro
declínio este não é geral ou representativo (Sousa, Figueiredo & Cerqueira,
2004).
De uma forma geral, as funções cognitivas afetadas são:
A inteligência fluída (tipo de inteligência que permite lidar com novas
situações), é progressivamente afetada com a idade;
Na memória verifica-se uma dificuldade crescente em processos que
impliquem a procura ativa, categorização, organização ou manipulação
de informação;
A formação de conceitos e a abstração são afetados pela idade (as
pessoas com mais idade tendem a pensar em termos mais concretos, pois
a flexibilidade mental que permite fazer abstrações diminui com a idade);
A capacidade de reter grandes quantidades de informação decresce;
A fluência verbal decresce, também, com a idade (Lezak,1995).
Um aspeto bastante positivo da terceira idade é, sem dúvida, a sabedoria. Baltes
e Smith (2000), identificaram dois fatores associados à sabedoria:
- Compreensão excecional –
utiliza o bom senso, aprendeu com as experiências, vê os acontecimentos num
contexto mais amplo, é um observador perspicaz, perscruta a essência da
comunicação, tem abertura de espirito e independência de pensamento (Sousa,
Figueiredo & Cerqueira, 2004:26-27).
- Habilidade de comunicação e julgamento – “é fonte de bons conselhos,
compreensivo, capaz de entender a vida, apto a abranger todas as opiniões
numa decisão e competente a pensar cuidadosamente antes de decidir” (Sousa,
Figueiredo & Cerqueira, 2004:27).
No que diz respeito às alterações ao nível psicológico, Zimerman (2000), refere
a dificuldade de se adaptar a novos papeis, falta de motivação, dificuldade em
planear o futuro, necessidade de trabalhar perdas afetivas e sociais, baixa
autoestima e autoimagem.
Nem em todas as perspetivas sobre o envelhecimento, o vimos associado a
fraqueza, fragilidade, depressão, dependência e desânimo; Bortz (1989) não
considera que estas características sejam inerentes ao envelhecimento. Este
autor propôs que a “falta de uso” era a entidade patológica que atuava no
organismo.
A maior parte do corpo serve a propósito do movimento, portanto, a falta de uso
correspondendo à falta de atividade física, leva a uma função perturbada,
aplicada a todos os níveis do corpo e a todos os tecidos (Paúl, 1997:18).
Emoções…
As pessoas com mais idade “têm um melhor controlo das emoções do que os
adultos mais jovens raciocinam com mais flexibilidade sobre dilemas com carga
emocional “ (Spar e La Rue,2004:50)
Segundo os mesmos autores, diversos estudos demonstram que os gerontes
tendem a lidar (to cope) com os eventos stressantes de diferente forma dos
adultos jovens, os gerontes utilizam mais a emoção. A forma de lidar com o
stress utilizando a emoção é mais passiva, mais individual, e, inclina-se mais
para o controlo dos sentimentos mais angustiantes, são disto exemplos, o
distanciamento do problema, a aceitação da responsabilidade e a reapreciação
positiva da realidade.
Spar e La Rue (2005), consideram que, o locus de controlo é outra componente
que afeta a resposta a situações de stress, os autores dão o exemplo, das
pessoas que acreditam que a sua saúde é controlada por outros se adaptam
melhor aos hospitais do que as pessoas que acreditam que a sua saúde depende
delas próprias.
Para os mesmos autores, citando Baltes (1997), a resiliência 16 na idade
avançada está relacionada com “um processo de otimização seletiva, no qual os
objetivos são reformulados para se adaptarem às limitações e ambientes atuais
e os recursos são poupados para atividades pessoalmente importantes que
sustentam a autoestima” (Spar e La Rue,2005:51). As pessoas com mais idade
são mais flexíveis na definição de objetivos prioritários e na acomodação a
mudanças de papéis e limitações de recursos. Logo conseguem mais facilmente
adaptar-se a situações complicadas visto possuírem uma maior capacidade de
resiliência.
16 Comportamento adaptativo face ao stress e recuperar da adversidade
Depressão No Idoso
Segundo Costa in Paúl e Fonseca (2005), o processo de envelhecimento implica
normalmente uma adaptação alterações na vida quotidiana; que se podem traduzir pela
perda de rotinas, da saúde com que sempre se viveu, pela morte de entes queridos, pela
reforma e outros acontecimentos que podem levar ao isolamento e à perda de relações
interpessoais e sociais.
A depressão sobrecarrega as famílias e instituições que prestam cuidados aos idosos, é
destruidora da qualidade de vida, impõe uma grande carga social e económica para a
sociedade. Assim, a depressão tem consequências e implicações a nível:
- Económico: aumento da população dependente e, consequente, aumento das
despesas com saúde e segurança social;
- Social: alteração nas relações familiares e interpessoais, maior necessidade de
instituições que prestem cuidados ao geronte;
- Sanitário: aumento da necessidade de cuidados primários, aumento da necessidade
de pessoal e de instituições especializadas;
Para Barreto (1973), depressão pode significar uma doença, síndrome, sintoma ou
apenas o estado de tristeza. Quando se fala em depressão em termos clínicos, a
depressão é um síndrome, ou seja, um conjunto de sintomas e sinais; ou uma doença,
da qual se conhece a etiologia (causa), patogenia (processo entre a ação da causa e a
produção dos sintomas), os sintomas, a evolução, o tratamento, as complicações e o
prognóstico (Fernandes, 2000).
A depressão é
Um estado de elevada complexidade, sendo possível a deteção de diversos
componentes como a ansiedade, a agitação, a preocupação, a dor mental e sentimentos de
culpa implicando, num número significativo de ocorrências, uma vivência forte e continua de
infelicidade, onde o passado se imobiliza geralmente sob a forma de vivência de
culpabilidade (…) onde o presente é rejeitado por ideias de indignidade e ruinas e onde o
futuro se encontra completamente bloqueado devido a ideias de catástrofe eminente, de
ruina e de morte (Teixeira & Branco, 1989 cit. por Fernandes, 2000:58).
A depressão no idoso é muitas vezes enquadrada no contexto social em que está
inserido; o indivíduo deprimido afeta de forma relevante, aqueles com que mantêm mais
proximidade; assim, a depressão exerce influência nos indivíduos que rodeiam o idoso,
particularmente, os familiares. No entanto, o idoso é, também, influenciado pelos
indivíduos que rodeiam. Muitas vezes a depressão encontra-se relacionada com o
rompimento de vínculos ou de diversas relações afetivas com familiares próximos
(Fernandes, 2000).
Para Marques et al (1989) citados por Fernandes (2000), existem três grandes fatores
que conduzem ao aparecimento da depressão no idoso:
- Fatores ambienciais: relacionados com as situações traumáticas com que se deparam
os idosos, sendo que as mais significativas são: o isolamento e a falta de convívio social;
a ausência de trabalho, com consequente imobilidade; a saída dos filhos da casa
paterna, ou síndrome do “ninho vazio”; a morte de entes queridos; a noção de
desvalorização social e profissional; a noção de “fardo” para a família; as perdas físicas,
mentais e socias.
- Fatores genéticos: existem fatores genéticos predisponentes para a depressão em
idade tardia, e, têm vindo a aumentar de geração para geração,
A maioria das crises de depressão major em idades tardias são aquelas em que
o peso genético é maior e que os indivíduos que sofrem uma primeira crise na terceira
idade são mais ajustados, emocional social e psicologicamente do que aqueles que
sofrem a primeira depressão em idades mais jovens (Fernandes, 2000: 68).
- Fatores orgânicos: existe uma grande diversidade de afeções (doenças) orgânicas que
se podem manifestar em forma de depressão; realça-se as alterações senis e
ateroscleróticas e acidentes vasculares cerebrais.
Fernandes (2000), após um levantamento de vários estudos realizados, refere que é
ponto assente que a depressão é a perturbação psíquica mais frequente nos idosos.
Os sintomas e sinais essenciais para um diagnóstico de depressão incluem a tristeza,
baixa de humor, pessimismo em relação ao futuro, critica a si mesmo, sentimento de
culpa, dificuldade em concentração, lentidão no raciocínio, alterações de apetite e de
sono. O sintoma mais comum nos idosos é a tristeza (Blazer,2003).
Back (1967), classificou os sintomas depressivos em emocionais, físicos e de vontade.
Quadro 1: Sintomas e Sinais de Depressão em Idosos, segundo Back (1967)
Sintomas Sinais observáveis
Emocionais Desalento ou tristeza Insatisfação pela vida Perda de interesses Vontade de chorar Irritabilidade Vazio Temores Sentimentos negativos Preocupação Desespero Sensação de Falhar Solidão Inutilidade Cognitivas Baixa estima Pessimismo Sentimentos de culpa Ruminação de problemas Pensamentos suicidas Delírios Por sentir-se inútil Por comportamento imperdoável Por sentir-se um nada Somáticos Alucinatórios Auditivos Visuais Cinestésicos Dificuldade de concentração Memória Fraca Físicos Perda de apetite Fadiga Sono perturbado Insónia Inicial Insónia Terminal Acordar com frequência Constipação Perda da libido Dor Inquietação Volitivos (vontade) Perda da motivação ou paralisação da vontade Impulsos Suicidas Desejo de se afastar da sociedade
Aparência Posição encurvada Rosto triste Falta de cooperação Afastamento social Hostilidade Suspeitas Confusão mental e falta de clareza Variação diurna de humor Aparência descuidada Ulcerações ocasionais na pele por se arranhar Choro ou lamento Ulcerações ocasionais na córnea por não pestanejar Perda de peso Empanzinamento Retardamento psicomotor Fala lenta Movimentos lentos Diminuição dos gestos Andar lento e vacilante Mutismo (casos severos) Cessar da mastigação e engolir (casos severos) Diminuição ou cessação do piscar Agitação psicomotora Atividade motora continua Torcer as mãos Arranhar a pele Medir os passos Sono agitado Segurar os outros Comportamento Bizarro ou inadequado Gestos suicidas Negativismo, tal como negar-se a comer ou beber e rigidez no corpo Ímpetos de agressividade Cair para traz
(Fonte: Blazer, 2003:45,46)
A baixa-estima, foi constatada em 81% dos pacientes de Beck (1967), sendo o sintoma
mais característico; no entanto, este sintoma é menos comum nos idosos, tende a ser
substituída por outros sintomas como o pessimismo acerca do futuro. A ruminação sobre
os problemas passados e presentes é característica do idoso deprimido; podendo esta,
ser acompanhada com sentimentos de tristeza e inutilidade. Por outro lado, outros
investigadores verificaram que a culpa é um sintoma menos comum em idosos. Winokur,
Behan e Schessler (1980), constataram que os pensamentos suicidas, também, são
menos comuns em idosos deprimidos do que em jovens deprimidos (Blazer, 2003).
Em relação aos sintomas físicos, Wilson et al (1983), verificaram que os sintomas mais
comuns, que surgiam no atendimento a indivíduos com depressão, eram problemas no
sono (36%), cansaço (34%), tontura (29%), mudanças no apetite (21%) e sintomas
gastrintestinais (20%). De Alarcon (1964), verificou sintomas hipocondríacos em 65,7%
dos homens e 62% das mulheres que iam a uma clinica geriátrica para idosos
(Blazer,2003).
Os sintomas volitivos, são relacionados com o impulso de empenho dos indivíduos. Beck
(1967) notou que os pacientes deprimidos desistem de atividades que solicitem mais e
são mais atraídos por aqueles que exigem menos; esta paralisia de vontade verificou-se
em 65% a 85% dos pacientes. De acordo com Fassler e Gavirin (1978), os idosos
deprimidos tendem a ser mais introspetivos e menos participativos em atividades sociais
(Blazer,2003).
Em relação aos sinais de depressão, expressão triste, morosidade ou agitação, choro
frequente e outras expressões de desesperança e dependência são características da
depressão. Post (1968) verificou que os idosos deprimidos são com frequência mais
agitados do que nas outras faixas etárias. A perda de peso, é mais frequente em idosos
do que pessoas com menos de 60 anos.
Existem evidências que a depressão afeta a qualidade de vida, visto que, a depressão
afeta vários domínios que fazem parte da avaliação global da qualidade de vida (Berlim,
M.; Brenner, J.; Caldieraro, M.; Pargendler, J.; Fleck,M. in Fleck, 2008).
As doenças afetivas causam prejuízo na qualidade de vida; indivíduos com depressão
apresentam menos qualidade de vida que os indivíduos não deprimidos (Goldney et al
2004 cit. por Berlim et al in Fleck, 2008). Diversos estudos demonstraram que os
pacientes deprimidos apresentam funcionamento social limitado em várias áreas, como
no lazer, nas relações com os outros, no desempenho escolar, no desempenho
profissional. (PapaKostas et al, 2004 cit. por Berlim et al in Fleck, 2008).
4. Ajustamentos Psicossociais
na Velhice
Em relação as alterações no aspeto social, o
envelhecimento traz modificações no status do idoso
e no seu relacionamento com os outros:
- Crise de identidade – provocada pela falta de
papel social, o que conduz a uma perda de
autoestima;
- Mudança de papéis na família, no trabalho e na sociedade - o idoso deverá associar-se a novos
papéis;
- Reforma - atualmente ao reformar-se ainda restam
muitos anos de vida, os idosos devem estar
preparados para esta alteração.
- Perdas diversas - desde perdas a nível
económico, de poder de decisão, de entes queridos,
da independência e autonomia.
- Diminuição de contactos sociais (Zimerman,
2000).
O aspeto social tem especial importância no
envelhecimento, Lima e Viegas (1988), retratam a
velhice como um conceito referente à forma como
cada sociedade conceptualiza esta fase do ciclo da
vida – é uma construção social e histórica. Os
autores referiram-se,
às sociedades camponesas e às sociedades de
cultura oral (…) focam o processo da herança que assegurava, pela valorização
dos laços de parentesco, o cuidado e de certa forma também a autoridade dos
idosos, por quem o filho varão olhava até à morte, assumindo posteriormente o
Motivação na velhice
Os efeitos associados à inatividade são sérios, pois podem acarretar uma redução no desempenho físico, na capacidade motora, na capacidade de concentração, de reação e de coordenação, gerando processos de desmotivação, baixa autoestima, insegurança, isolamento social e de solidão.
Estes efeitos podem ser atenuados com programas de exercício físico, atividades recreativas, culturais e de formação.
património familiar (…) por outro lado, a transmissão do saber deixou de ser feita
oralmente, de geração em geração, o que conferia aos velhos o poder da
sabedoria acumulada ao longo dos anos da vida. (Paúl,1997:18-19)
Para Marques (2011), referindo-se à discriminação social da terceira idade na
sociedade portuguesa, apesar de não existiram estudos padrões
comunicacionais com as pessoas idosas, da observação da autora os idosos
“quando não são maltratados, são geralmente alvo de algum paternalismo”
(Marques,2011:60).
A mesma autora, citando algumas investigações norte-americanas, menciona
que, se pediu a um grupo de jovens que explicassem a indivíduos de diversas
idades as regras de um jogo; foi verificado que as explicações dadas aos idosos
eram muito parecidas às explicações dadas às crianças e adolescentes.
Marques (2011), refere que, um tipo de discurso “infantil” e “paternalista”, tal
como a lentidão no discurso ou uma maior entoação não são uma mais valia
para a comunicação com o idoso, antes pelo contrário, podem interferir com a
autoestima e dignidade, quando utilizados em público.
Para a mesma autora, o extremo da discriminação às pessoas idosas é o abuso.
Segundo dados da Policia de Segurança Pública, os registos de violência contra
idosos triplicou entre 2002 e 2007; passando de mais de oito mil casos para
quase 25 mil.
Segundo dados da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, em 2009, foram
assinaladas 642 idosos que sofreram de abuso. Apesar de também aconteceram
abusos em instituições, numa grande percentagem, estes crimes são cometidos
por familiares ou alguém próximo. Segundo a mesma instituição, cerca de 34%
dos crimes contra pessoas idosas, em 2009, foram cometidos pelos filhos das
vítimas. (Marques, 2011)
Segundo Marques (2011), citando dados da APAV, as formas mais comuns de
violência contra idosos são a violência física e emocional – em 2008, 25% dos
crimes contra idosos eram maus tratos físicos e 31% eram maus tratos
psicológicos.
Entre os motivos das participações contam-se as agressões corporais,
ameaças, e coação, difamação e injúria, tentativa de extorsão de dinheiro e
negligência por abandono ou por doses de medicamentos erradas, com o
intuito de “acalmar” o idoso. Existe ainda um peso importante de queixas de
idosos que dizem ser insultados e humilhados por familiares. A grande maioria
das vitimas são mulheres e os ofensores são geralmente os conjugues e os
filhos. (Marques,2011:66)
Mais recentemente, surgiu através da comunicação social, a exposição de
situações de abandono de idosos nos hospitais. Segundo uma entrevista
realizada à coordenadora do Serviço Social do Hospital de Évora, estas
situações devem-se a uma multiplicidade de fatores: famílias que não têm
possibilidades de acolher um idoso dependente; apesar de existir o serviço de
apoio domiciliário, este não é suficiente para todas as situações; familiares que
não têm interesse em receber os idosos, entre outros fatores (Marques, 2011).
A importância do contexto natural de vida e da relação com os outros
Onde se vive… e com quem se vive…
O contexto natural de vida pode ser considerado como aquele onde o idoso viveu
grande parte da sua vida, ou, pelo menos, nos últimos tempos; no atual contexto
social e demográfico levantam-se alguns desafios para que o idoso permaneça
no seu contexto natural de vida (Ferreira e Nogueira,2006).
Destes desafios pode-se destacar
o da desigual ocupação do espaço territorial com uma zona litoral atrativa e de
população mais jovem e um interior desertificado, onde os idosos predominam;
a mudança das estruturas familiares com o aumento do divórcio e das famílias
monoparentais, colocando em causa as tradicionais redes de solidariedade e o
apoio para os mais velhos (Ferreira & Nogueira, 2006:122).
Para Fernandes (2004), viver mais tempo representará, num futuro próximo,
contar com menos ajuda dos descendentes “a redução da fecundidade terá
provavelmente efeitos ao nível das solidariedades intergeracionais” (Quaresma
et al, 2004:20).
Esta autora, defende que o envelhecimento é vivido dependendo do contexto em
que se desenrolou a trajetória de vida e de como se estruturaram as relações
com amigos, vizinhos e familiares.
Ao longo da vida estabelecem-se laços, sociabilidades, e solidariedade de base.
Decorrem das relações com o cônjuge, com os filhos, com a parentela, com os
vizinhos ou amigos, colegas de trabalho, que ao perdurarem são o garante de
ajuda necessário nas situações de crise. As dificuldades relacionais ao longo da
vida são geralmente condicionantes de isolamento e solidão na velhice e
geradoras de estados psicológicos depressivos e psicológicos (Quaresma et al,
2004:20).
Daí a importância do contexto natural de vida, Hall, Mclennam e Lye (1992),
citados por Ferreira e Nogueira (2006), propuseram a existência de dois ciclos
de vida nos idosos, um ciclo positivo e um ciclo negativo. Para os autores, alguns
gerontes adotam uma perspetiva mais negativa o que conduz ao ciclo de vida
negativo e ao desempenho de um papel de doente e de dependente.
Ciclo de Vida Negativo
Por outro lado, os autores consideram que, com a ajuda dos familiares e dos
amigos, ou dos profissionais de saúde, quando necessário, o ciclo de vida
1. Diminuição das capacidades física, mental e
social
2. Visto como ineficiente ou incapaz pelos
outros
3. Desenvolvimento do papel de doente ou de dependente; nega a capacidade
4. Auto-reconhecimento como doente ou
deficiente
negativo pode ser contrariado. O ciclo de vida positivo (Figura 2) é conseguido
através de uma perspetiva mais positiva (Ferreira e Nogueira, 2006).
Ciclo de Vida Positivo
As relações pessoais surgem, assim, como indispensáveis para um ciclo de vida
positivo. A permanência no contexto natural de vida será então a melhor forma
para manter estes laços. O apoio social é um fator reconhecidamente favorável
à qualidade de vida, em todas as fases do ciclo de vida, mas sobretudo em
adolescentes e idosos (Parreira,2006:65).
O contexto de proximidade, os ambientes familiares, as relações de amizade e
vizinhança – contexto que se baseiam no respeito pelo outro, senso de
responsabilidade, troca de experiências, solidariedade, partilha – são condições
relacionais que fomentam a qualidade de vida e reduzem os comportamentos de
risco (Parreira,2006).
Evans e Cope (1989) definiram as relações interpessoais nos contextos
próximos, como um dos fatores decisivos para a qualidade de vida pessoal
(Parreira, 2006).
1. continuação de uma existência
confortável
2. Segurança e apoio
emocionais
3. Manutenção do papel na
sociedade -considerado como
capaz
4. Espaço para um
desenvolvimento continuado
Para Sousa, Figueiredo e Cerqueira (2004), os cuidados aos idosos começam,
geralmente, por ser assumidos por familiares ou outros elementos da rede
informal, como por exemplo, vizinhos e /ou amigos. Os cuidados formais, como
o apoio domiciliário, são solicitados quando as redes informais de apoio precisam
de ajuda para prestar cuidados. No entanto, os cuidados formais e informais não
são, substitutos perfeitos, um do outro – os formais suprem tarefas dos informais,
tais como as refeições; mas, “os mais velhos admitem que algumas formas de
apoio podem provir de qualquer pessoa (cuidados instrumentais, mas outras
(emocionais e sociais) têm de vir dos mais íntimos”(Sousa, Figueiredo e
Cerqueira,2004:106). Daí a importância da manutenção do idoso no contexto
natural de vida para cobrir as necessidades afetivas e sociais.
5. A morte e o luto
Sobre o Morrer
Morrem certas vontades
Mas nascem outras dentro de mim
Morrem certas capacidades
Mas nascem outras dentro de mim
Morrem certas possibilidades
Mas nascem outras dentro de mim
Morrem certos desejos
Mas nascem outros dentro de mim
Morre meu corpo
Mas deixo muitas coisas
Que nasceram dentro de mim
(Guite)
“Para todos nós encarar a morte não é fácil. É preciso ter coragem para tudo na
vida, principalmente para morrer ou para suportar a morte de um ente querido”
(Zimermam, 2000:116). É sempre uma perda, mas a forma como se encara esta
perda depende de como se vive e da postura do individuo frente a qualquer
situação.
Além, disso nem todas as perdas são iguais, para Zimerman (2000),
Uma coisa é perder uma mãe velha que está doente, que sofre, outra é
perder um filho e outra ainda é perder por acidente, o que não dá a
chance da família se preparar. Mas a verdade é que, por mais que nos
preparemos, nunca aceitaremos completamente a morte.
(Zimerman,2000:116)
Para o mesmo autor, morte e morrer são duas palavras que todos procuram
evitar, por vezes, quando um idoso fala na própria morte os mais jovens têm a
tendência de responder: “Não diga isso, não vai nada morrer”; e, assim o idoso
é impedido de falar sobre os seus pensamentos, medos, sentimentos e dúvidas
sobre a morte; o jovem negou, assim, ao idoso o seu direito de lidar de forma
saudável com a morte.
A morte talvez seja a mais difícil das situações da vida, por isso, existe tanta
negação da morte e do morrer ao longo da vida. “Somos invadidos pelo
sentimento de que vamos perder algo e pela falta de preparação para esse
momento”. (Zimerman, 2000:118)
O autor deixa algumas questões de reflexão sobre a morte:
Por que só pensamos que vamos perder uma pessoa querida e não no
que essa pessoa deixou para nós?
Por que essa fixação na perda e nunca na valorização dos ganhos?
Por que essa pessoa terá que ser apagada a não poderá continuar viva
sem a sua presença física?
Por que algumas pessoas que vão morrer acham que com sua morte vai
acabar tudo e não que alguém vai continuar aquilo que elas começaram?
Por que sempre morre alguma coisa na nossa vida e nós não vemos?
Por que a morte não é inserida na vida, se é a única coisa certa da vida?
Por que essa valorização tão grande do físico? Onde está a emoção, a
importância do legado, da herança cultural deixada pelas pessoas que
morreram? (Zimerman,2000:118)
Para o autor, “Nós não morremos, continuamos existindo naquilo que fizemos,
no legado que deixamos, por meio de pessoas, de ideias, de nossa herança
afetiva e de nossas atitudes. Nosso corpo físico acaba, mas não o nosso eu.
Morre bem quem viveu bem” (Zimerman, 2000:118).
Deve-se, assim, desde muito cedo familiarizar-se as crianças com a morte,
ajudando a compreende-la; para que se consiga lidar com a morte com alguma
serenidade, falando dos entes queridos que já partiram como pessoas ainda
muito amadas e respeitadas entre todos (Zimerman,2000:119).
São conhecidas várias perspetivas em relação às fases do luto, para Spar e La
Rue (2005), as fases do luto são:
- Primeiras semanas, após a morte de uma pessoa querida – durante este
período inicial ocorre o choque, incredulidade e sensação de vazio,
frequentemente acompanhados por ansiedade intensa, perturbação do sono e
queixas sintomáticas.
- Primeiro ano após a morte de uma pessoa querida – é um período de
adaptação, durante o qual ocorre uma processo de rememoração, fantasia e
racionalização. Esta etapa é terminada quando ocorre a aceitação.
- Depois do primeiro ano após a perda – dá-se uma redefinição do “eu” sem a
pessoa amada perdida.
Para Westberg (1961), citado por Oliveira (2010), os vários tempos de
ajustamento à morte de uma pessoa chegada são: choque e negação da
realidade; expressão ou descarga da tensão física e emocional; depressão e
tristeza; sentimentos de culpa; hostilidade para os que poderá culpabilizar pela
morte (Deus ou médicos); perda de sentido de vida ou desencanto e, por fim, um
reajustamento progressivo à realidade.
Particularmente no caso de idosos, Hardwood (2001), citado por Oliveira (2010),
distingue três tipos de luto: crónico – Para além de meio ano; ausente – não há
luto; adiado – inicia-se semanas ou meses depois após a morte.
Para Oliveira (2010), citando Fontaine (2000) a morte de um conjugue, de forma
muito particular, pode despertar sentimentos como rancor, tristeza, depressão
mas também pode significar libertação e paz.
Walsh (1989) citado por Oliveira (2000), considera que a viuvez é um drama
maior para os homens do que para as mulheres, apesar de existirem mais viúvas
dos que viúvos. Os homens são tentados ou praticam mesmo o suicídio logo no
primeiro ano de viuvez. Para este autor existem três fases de ajustamento à
viuvez:
1. Inicialmente aceitar o fato da perda e viver de memórias;
2. Passado cerca de um ano, tentar viver sem o companheiro;
3. Encontrar novas formas de vida e arranjar outros interesses.
Ansiedade face à morte
A tanatofobia17 pode incluir o medo do evento em si, medo do que poderá
acontecer depois da morte e, também, o medo de deixar de “ser”. Este medo de
morrer está, ainda, ligado ao tempo (quando se irá morrer) e às circunstâncias
(como se irá morrer) (Oliveira, 2010).
“Já Cicero (1998), no seu tratado sobre a Velhice, apontava como última
causa de se considerar a velhice como tempo infeliz (para além da
cessação dos negócios, da debilidade do corpo e do impedimento para
disfrutar os prazeres da vida), a iminência da morte.” (Oliveira,2010: 109).
De acordo com algumas investigações realizadas sobre a ansiedade face à
morte nos idosos, não foi possível confirmar se realmente existe uma relação da
idade com a ansiedade face à morte. Em geral os idosos não se mostram mais
ansiosos que os mais novos, no entanto, constatou-se um maior medo entre as
pessoas de meia idade, o que se pode dever com um declínio de saúde que vai
surgindo nessa idade, com o medo de deixar os filhos pelos quais ainda se sente
responsável, e ao fato de verem morrer os seus pais e outros familiares
significativos (Oliveira, 2010).
Alguns estudos indicam que apenas uma pequena percentagem de idosos têm
medo da morte, e este medo está relacionado com personalidades mais
imaturas. (Oliveira, 2010)
Segundo Kubler-Ross (1969) citado por Oliveira (2010), o moribundo passa por
diversas fases em frente à inevitabilidade da morte:
Recusa ou negação;
Cólera ou revolta;
Negociação;
Depressão;
Aceitação mais ou menos resignada.
O moribundo deve ser assistido da melhor forma possível, apesar de ser uma
tarefa bastante difícil porque grande parte dos moribundos encontram-se nos
17 Tanatofobia é uma fobia que se caracteriza pela sensação de medo da morte, pessoas com essa patologia, tendem a não sair de casa, evitam falar em morte, e têm pavor de participar de um funeral. A palavra Tanatofobia vem do mito grego de Tanatos, divindade grega da morte.
hospitais. É necessários que os técnicos de saúde, auxiliares e todos os que
lidam com a proximidade da morte, aceitem a morte dos outros (e um dia a sua)
com serenidade, e transmitindo paz (Oliveira, 2010).
Ebersole e Hess (1985), citados por Oliveira (2010), criaram um modelo das
necessidades dos moribundos (baseado na hierarquia das necessidades de
Maslow):
Pirâmide de Maslow Pirâmide de Ebersole e Hess
(necessidades do moribundo)
auto-realização
auto-estimaamor e
pertençaestabilidade e
segurançanecessidades
fisiológicas
compreender, aceitar e atravessar dignamente a morte
conservar a identidade
pessoal
ser compreendido e amado
confiar nos que o tratam/sentir que lhe dizem
a verdade
ser aliviado do mau estar fisico (não ter dores)
6. Personalidade
Modelo epigenético ou do desenvolvimento psicossocial da personalidade ou identidade de Erikson
Em cada fase da vida deverão ser superados dilemas. “As crises de desenvolvimento
resolvem-se num equilíbrio dinâmico entre opostos, devendo prevalecer o aspeto
positivo (na 3.ª idade está em causa a autoaceitação ou integridade, em ordem à
sabedoria) para não se cair no oposto negativo (desespero) ” (Oliveira,2010:54)
Estágios de desenvolvimento:
O primeiro estágio – confiança/desconfiança – 0 a 18 meses O segundo estágio – autonomia/dúvida e vergonha – 18 meses e os 3 anos O terceiro estágio – iniciativa/culpa – 3 anos a 6 anos O quarto estágio – indústria (produtividade)/inferioridade – 6 anos a 12 anos O quinto estágio – identidade/confusão de identidade – 12 anos a 18 anos O sexto estágio – intimidade/isolamento – 18 anos a 35 anos O sétimo estágio – generatividade/estagnação – 35 anos a 65 anos O oitavo estágio – integridade do eu/desespero – mais de 65 anos
O oitavo estágio coincide com o inicio da velhice, caso o sujeito tenha superado bem os
outros estágios e “atingiu a plenitude da sua integridade que compreende a aceitação e
responsabilidade pela vida, a capacidade para defender o seu estilo de vida, o
reconhecimento da integridade dos outros e a modéstia frente ao universo, tudo
culminando na sabedoria que leva também a aceitar as limitações e a própria morte”.
Caso contrário, “Crescerá o medo da morte e mesmo sentimentos de desespero frente
à impossibilidade de começar tudo de novo” (Oliveira,2010:55). (Questão desta fase do
desenvolvimento: Valeu a pena ter vivido?)
Existem varias definições de
personalidade, para Hilgard, Atkinson e
Atkinson(1979) citados por Stuart-
Hamilton (2002) a personalidade são
“as características individuais de comportamento que, em sua organização ou
configuração, são responsáveis pelo ajustamento ímpar do individuo ao seu
ambiente total” (Stuart-Hamilton,2002:125)
O avaliar a personalidade não é uma tarefa fácil, pois quais serão os critérios
que poderão ser utilizados para a avaliar?
Pessoas, que se comportam como a Madre Teresa ou, inversamente,
Adolf Hitler, são facilmente categorizadas, mas a maioria das pessoas
situa-se em uma área cinzenta intermediária e apresenta uma mistura de
comportamentos cativantes e outros francamente desagradáveis (Stuart-
Hamilton,2002:125).
Outro fator a ter em conta ao avaliar a personalidade é que o que cativa uns
não cativa outros.
Existem vários estudos
sobre a personalidade
e o envelhecimento,
por exemplo, há
estudos que indicam
que as pessoas mais
velhas se podem tornar
Um outro conceito inerente à personalidade, é o traço de personalidade – característica duradoura da personalidade que se supõe ser a base do comportamento. (Por exemplo, se se diz que determinada pessoa é muito nervosa, podemos imaginar como é que essa pessoa se vai comportar em certas situações).
DE QUE ESTÁ DEPENDENTE A CONSTRUÇÃO DA NOSSA PERSONALIDADE? -da nossa genética -da nossa base de educação -do convívio -da comunicação com terceiros -da responsabilização ou desresponsabilização na vida familiar e pública
mais introvertidas; outros autores consideram que não há uma personalidade
típica da velhice; outros indicam que os idosos desenvolvem traços de ansiedade
e depressão porque sentem que a morte está próxima e que não atingiram os
seus objetivos.
Para Reichard e colaboradores citados por Stuart-Hamilton (2002), a
personalidade desenvolveu-se muito antes do início da velhice e não nesta fase
da vida.
No entanto, existem algumas personalidades que permitem lidar com a velhice
de melhor forma do que outras. A melhor maneira de envelhecer, vai de encontro
com a figura típica de um avô – tranquilo e sábio.
“Pessoas que não complicam e estão disponíveis para os outros” (Stuart-
Hamilton;2002:147).
No entanto, o idoso, mantêm nesta fase da vida, os traços de personalidade (a
menos que tivesse uma personalidade instável ao longo da vida), alguns desses
traços podem ser enriquecidos, nomeadamente, a sabedoria. A sabedoria
permite que o idoso lide melhor com as suas limitações; renuncie às
responsabilidades que tinha na sociedade, sem sofrer demasiado com as perdas
(Oliveira, 2010).
7. A Sexualidade
Para Serrão (2006), entender a sexualidade é um processo complexo o que se
deve, para além de outros fatores, às representações sociais de que a
sexualidade é apenas a relação sexual. Apesar da importância da relação
sexual, a sexualidade engloba, também, a necessidade de contato, ternura,
sentimentos, afetos e comportamentos.
Para a autora, a sexualidade é, também, uma forma do individuo perceber a sua
identidade, pois a intimidade dá sentido à vida dos indivíduos.
A autora considera que existe uma tendência em desvincular a sexualidade da
terceira idade, como se de um momento para o outro, essa dimensão da vida
desaparecesse. “O idoso, analogamente à criança, é analisado numa perspetiva
assexuada, sem quereres, sem desejos, sem sentires, sem fantasias, sem
expetativas” (Serrão,2006:70).
Ouve-se, frequentemente, a expressão dos estereótipos negativos sobre a
sexualidade na terceira idade, nomeadamente, “Eles não se interessam pela
sexualidade”. No entanto, se a sexualidade é uma parte essencial dum
relacionamento amoroso, como é que se espera que não exista sexualidade
nesta fase do ciclo de vida (Serrão,2006).
A sexualidade expressa-se de forma diferente nas diferentes fases do ciclo de
vida; para Copodieci (2000), citado por Serrão (2006)
“Na idade avançada ama-se de maneira mais profunda, consegue-se
purificar o amor da paixão, que é mais sensual do que genital. Assim,
para eles, um olhar ou uma caricia podem valer mais do que muitas
declarações de amor” (Serrão,2006:71)
Apesar das alterações fisiológicas que se manifestam as pessoas podem
manter atividade sexual (Serrão,2006).
A sexualidade na terceira idade está extremamente ligada à dimensão
psicoafectiva. Para Vasconcelos (1994) citado por Serrão (2006:71), “O sucesso
conjugal na velhice está ligado à intimidade, à companhia, e à capacidade de
expressar sentimentos verdadeiros um pelo outro, numa atmosfera de
segurança, carinho e reciprocidade”.
Por outro lado, a aceitação de estereótipos gerontofóbicos fazem com que o
idoso se acomode a estes, perpetuando a imagem que os próprios idosos têm
em relação a si.
A menopausa
A menopausa é fase natural da vida da mulher. Durante a menopausa, a mulher produz menos estrogénio e deixa de ter o período menstrual, o que pode provocar a sensação de afrontamentos e secura vaginal e aumenta o risco de osteoporose.18
Nas mulheres a extinção da função reprodutora pode levar ao aparecimento de certos problemas psicológicos. “Algumas mulheres têm a sensação de que a vida vai acabar para elas, e caem na melancolia (…) outras são sobretudo afetadas nos nervos, irritando-se por tudo e por nada” (Bize & Vallier,1985:79).
«Na menopausa, 50 a 70 por cento das mulheres sofrem sintomas de depressão, perturbação do sono, variação do humor, ansiedade, incontinência urinária, entre outros; 64 por cento possuem comorbilidade com patologias orgânicas (diabetes, hipertensão...); mais de 60 por cento têm excesso de peso, o que contribui para baixar a autoestima, que também é afetada pelo medo de envelhecer, a consciência da proximidade da morte, a sensação de inutilidade, a independência dos filhos, poucas ou pobres relações afetivas...»19
18 Fonte: Sociedade Portuguesa de Menopausa. Disponível em: http://www.spmenopausa.pt/. Acedido a: 22/12/12 19 Fonte: http://saude.sapo.pt/saude-medicina/saude-do-homem/artigos-gerais/andropausa.html?pagina=2. (acedido a: 17/01/2013)
A Andropausa
A andropausa, tem sintomas menos visíveis que a menopausa, é causada pela
diminuição de produção de testosterona (mas os seus sintomas são potenciados por
fatores hereditários, obesidade, stress, doenças cardiovasculares, doenças da tiróide e
diabetes. É necessário travar os fatores que potenciam o aumento dos sintomas, com a
diminuição do consumo de álcool, tabaco e com uma alimentação equilibrada).
A andropausa trata-se de uma síndrome masculina associada ao envelhecimento —
surge, na maioria dos casos entre os 40 e os 70 anos. A andropausa causa alterações
hormonais que modificam a forma física, emocional e sexual do homem, no entanto o
homem não deixa de ser fértil, ao contrário do que acontece com as mulheres.
As consequências da andropausa são: diminuição da libido, diminuição da produção de
esperma, insónias, cansaço, perda de massa muscular, estados de nervosismo e
irritabilidade.
É possível através de tratamentos hormonais restaurar as funções sexuais – através das chamadas injeções transdérmicas.20
20 Fonte: http://saude.sapo.pt/saude-em-familia/casal-e-gravidez/artigos-gerais/sexo-feliz-depois-dos-40.html (acedido a: 17/01/2013)
Font
e: h
ttp:
//bi
oetic
aev.
blog
spot
.pt/
2010
/09/
o-se
xo-e
-sex
ualid
ade-
nos-
idos
os.h
tml
8. A pessoa que cuida do idoso
Para Zimerman (2000:47), os cuidados com os idosos devem ser:
1. Respeitar as individualidades, evitando as generalizações.
2. Não infantilizá-los.
3. Não trata-los como doentes.
4. Não trata-los como incapazes.
5. Oferecer-lhes cuidados específicos para a sua faixa etária.
6. Preservar sua independência e autonomia.
7. Ajudá-lo a desenvolver aptidões.
8. Ter paciência (…).
9. Trabalhar suas perdas e ganhos.
10. Promover muita estimulação biopsicossocial.
Para o autor, para desenvolver trabalho na área na gerontologia são necessárias
algumas capacidades e características.
- Conhecimentos: através da participação em formações e outros sempre com
uma componente prática.
- Habilidades: desenvolver técnicas de trabalho com o idoso. Por exemplo, saber
lidar com as dificuldades de comunicação oriundas da dificuldade de audição e
da visão.
- Atitudes: é fundamental que o profissional acredite no seu trabalho e goste de
o realizar; tendo sempre em conta as diferenças entre gerações, as diferenças
nos valores socioculturais, a redução das capacidades, a motivação, os
interesses, entre outros.
- Capacidade de empatia: A expressão vem do grego - em (dentro de) + pathos
(sofrimento). Refere-se ao atributo da pessoa se saber colocar no lugar do outro.
- Sentimento de Realidade: o profissional deverá procurar que o idoso se sinta e
viva em sintonia com a realidade atual e não só com os tempos passados. O
autor refere que, uma vez perguntou a uma idosa porque é que ela gostava tanto
de falar do passado ao que ela lhe respondeu: “Porque foram momentos felizes,
com agitação e alegria”.
- Capacidade de Acreditar: por se desconhecer, por questões culturais ou outras,
por vezes acreditasse que o trabalho feito com idosos com demência não tem
qualquer efeito. É preciso acreditar realmente que o trabalho que se faz tem
efeitos, estabelecendo objetivos dentro da realidade de cada paciente.
- Capacidade para recordar: Palavra de raiz latina – re (de novo) + cordar
(coração), ou seja, trazer de novo ao coração. O profissional de gerontologia
deverá ter a capacidade de lembrar experiencias passadas e ajudar os idosos a
vivenciar, de forma saudável, suas próprias memórias que são um instrumento
para o entendimento do próprio eu.
- Paciência e Tolerância: É necessário respeitar o idoso, aceitar o seu ritmo, as
suas ideias, as suas atitudes e os seus valores, sem lhes impor os do
profissional.
- Capacidade para suportar perdas e a vivência da morte: tanto quanto à morte
física como quanto ao luto pela perda da juventude; à redução das capacidades
físicas, mentais e sociais; à reforma, afastamento ou morte de amigos e
familiares. Há a necessidade de trabalhar estas perdas, mas também valorizar
os ganhos que muitas vezes são esquecidos.
- Capacidade de comunicação: é muito importante saber transmitir mas também
saber escutar. É importante estar atento à linguagem não verbal (gestos,
expressões, e atitudes corporais). A linguagem do afeto, do toque, da
compreensão é talvez a mais importante.
- Capacidade para atividades lúdicas: o profissional deve estar pronto para
desenvolver atividades, seja contar histórias, inventar jogos, fazer quebra-
cabeças, entre outros que sirvam tanto de lazer como de treino de memória. As
atividades são muito importantes e dependem dos gostos e da vontade do idoso.
- Senso de humor: o trabalhador deve ter a capacidade de levar as coisas com
bom humor; à medida que o vai fazendo vai, também, criando no idoso esse
hábito.
- Capacidade de trabalhar com pessoas com demência: é preciso superar
dificuldades e preconceitos.
- Capacidade para trabalhar em e com grupos: é fundamental uma boa
articulação entre profissionais (auxiliares, médicos, assistentes sociais,
nutricionistas) para se conseguir oferecer aos idosos um serviço de qualidade.
Referências Bibliográficas
Bize, P. & Vallier, C. (1985). Uma Vida Nova: a terceira idade. Lisboa/São
Paulo: Verbo
Blazer, D. (2003). Depressão em Idosos(3.ªed). São Paulo: Andrei Editora.
Cabral, A. & Nick, E. (2006). Dicionário Técnico de Psicologia. São Paulo:
Editora Cultrix
Fernandes, P. (2000). A Depressão no Idoso. Coimbra: Quarteto Editora
Fleck, M. & colaboradores (2008). A avaliação de qualidade de vida-Guia para
profissionais de saúde. Porto Alegre:Artmed.
Jacob, L.(2007).Animação em Idosos – Actividades. Porto: Ambar.
Lezak, M.D. (1995). Neuropsychological Assessment (3rded.). New York:Oxford
university Press
Marques, S.(2011). Discriminação da Terceira Idade. Lisboa: Fundação
Francisco Manuel dos Santos
Oliveira, B. (2010). Psicologia do envelhecimento e do idoso(4.ª ed). Porto:
Legis Editora
Parreira, A. (2006). Gestão do Stress e da Qualidade de Vida. Lisboa: Monitor
Paúl, M. C. (1997). Lá para o fim da vida – idosos, família e meio ambiente.
Coimbra: Livraria Almedina.
Paúl, C. & Fonseca, A. (2005). Envelhecer em Portugal. Lisboa: Climepsi
Editores.
Quaresma, M., Fernandes, A., Calado, D. & Pereira,M. (2004). O Sentido das
Idades da Vida – Interrogar a solidão e a dependência. Lisboa: CESDET
Santos, S. (2004). A Gerontologia à Luz da Complexidade de Edgar Morin.
Revista eletrónica Mestr. Educ. Ambient, Volume especial: Rio Grande
Serrão, C. (2006). Sexualidade na Terceira idade, olhar, mudar e agir. Revista
Transdisciplinar de Gerontologia.V.1, n.1,p. 70-72
Sousa, L.; Figueiredo, D.; Cerqueira, M. (2004).Envelhecer em família - os
cuidados familiares na velhice. Porto: Ambar
Spar, J. & La Rue, A.(2005). Guia Prático Climepsi de Psiquiatria Geriátrica.
Lisboa: Climepsi Editores
Stuart-Hamilton,I. (2002). A psicologia do Envelhecimento: uma Introdução (3.ª
ed).Porto Alegre: Artmed Editora.
Veiga-Branco, A. (2012). O gerontólogo … um mediador no espaço
gerontológico. In Pereira, Fernando (Coord). Teoria e Prática da Gerontologia -
Um Guia Para Cuidadores de Idosos. Psicosoma. p. 41-63:Viseu
Zimerman, G. (2000).Velhice – Aspectos Biopsicosociais. Porto Alegre: Artes
Médicas Sul.
Anexos
ANEXO I - ESCALA GERIÁTRICA DE DEPRESSÃO (BARRETO ET AL, 2003)
ANEXO II - WHOQOL-OLD (GRUPO WHOQOL)
ANEXO III - QUESTIONÁRIO DE SAÚDE GERAL (FARIA,2000)
ANEXO IV - QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DA FORMAÇÃO DA M&P
ESCALA GERIÁTRICA DE DEPRESSÃO* (Yesavage, 1983)
PACIENTE: ____________________________________________________ DATA DA AVALIAÇÃO: __________ AVALIADOR: _________________ 1. Você está satisfeito com sua vida? ( ) Sim ( ) Não
2. Abandonou muitos de seus interesses e atividades? ( ) Sim ( ) Não
3. Sente que sua vida está vazia? ( ) Sim ( ) Não
4. Sente-se freqüentemente aborrecido? ( ) Sim ( ) Não
5. Você tem muita fé no futuro? ( ) Sim ( ) Não
6. Tem pensamentos negativos? ( ) Sim ( ) Não
7. Na maioria do tempo está de bom humor? ( ) Sim ( ) Não 8. Tem medo de que algo de mal vá lhe acontecer? ( ) Sim ( ) Não
9. Sente-se feliz na maioria do tempo? ( ) Sim ( ) Não 10. Sente-se freqüentemente desamparado, adoentado? ( ) Sim ( ) Não
11. Sente-se freqüentemente intranqüilo? ( ) Sim ( ) Não
12. Prefere ficar em casa em vez de sair? ( ) Sim ( ) Não
13. Preocupa-se muito com o futuro? ( ) Sim ( ) Não
14. Acha que tem mais problemas de memória que os outros?( ) Sim ( ) Não
15. Acha bom estar vivo? ( ) Sim ( ) Não
16. Fica freqüentemente triste? ( ) Sim ( ) Não
17. Sente-se inútil? ( ) Sim ( ) Não
18. Preocupa-se muito com o passado? ( ) Sim ( ) Não
19. Acha a vida muito interessante? ( ) Sim ( ) Não 20. Para você é difícil começar novos projetos? ( ) Sim ( ) Não
21. Sente-se cheio de energia? ( ) Sim ( ) Não 22. Sente-se sem esperança? ( ) Sim ( ) Não
23. Acha que os outros têm mais sorte que você? ( ) Sim ( ) Não
* Pontuação: 0 quando for diferente da resposta em negrito 1 quando for igual à resposta em negrito Total > 10 = suspeita de depressão
24. Preocupa-se com coisas sem importância? ( ) Sim ( ) Não
25. Sente freqüentemente vontade de chorar? ( ) Sim ( ) Não
26. É difícil para você concentrar-se? ( ) Sim ( ) Não
27. Sente-se bem ao despertar? ( ) Sim ( ) Não
28. Prefere evitar as reuniões sociais? ( ) Sim ( ) Não
29. É fácil para você tomar decisões? ( ) Sim ( ) Não 30. O seu raciocínio está tão claro quanto antigamente? ( ) Sim ( ) Não
� � � � � � �
� � � � � �
� � �
� � � � � � � �
� �
� � �
WHOQOL-OLD
Este questionário pergunta a respeito dos seus pensamentos, sentimentos e sobre certos
aspectos de sua qualidade de vida, e aborda questões que podem ser importantes para você
como membro mais velho da sociedade.
Por favor, responda todas as perguntas. Se você não está seguro a respeito de que resposta dar
a uma pergunta, por favor escolha a que lhe parece mais apropriada. Esta pode ser muitas
vezes a sua primeira resposta.
Por favor tenha em mente os seus valores, esperanças, prazeres e preocupações. Pedimos que
pense na sua vida nas duas últimas semanas.
Por exemplo, pensando nas duas últimas semanas, uma pergunta poderia ser :
O quanto você se preocupa com o que o futuro poderá trazer?
Nada
1
Muito pouco
2
Mais ou menos
3
Bastante
4
Extremamente
5
Você deve circular o número que melhor reflete o quanto você se preocupou com o seu futuro
durante as duas últimas semanas. Então você circularia o número 4 se você se preocupou com o
futuro “Bastante”, ou circularia o número 1 se não tivesse se preocupado “Nada” com o futuro.
Por favor leia cada questão, pense no que sente e circule o número na escala que seja a melhor
resposta para você para cada questão.
Muito obrigado(a) pela sua colaboração!
ESTE INSTRUMENTO NAO DEVE SER APLICADO INDIVIDUALMENTE, MAS SIM EM
CONJUNTO COM O INSTRUMENTO WHOQOL-BREF
As seguintes questões perguntam sobre o quanto você tem tido certos sentimentos nas últimas
duas semanas.
old_01 Até que ponto as perdas nos seus sentidos (por exemplo, audição, visão, paladar, olfato,
tato), afetam a sua vida diária?
Nada
1
Muito pouco
2
Mais ou menos
3
Bastante
4
Extremamente
5
old_02 Até que ponto a perda de, por exemplo, audição, visão, paladar, olfato, tato, afeta a sua
capacidade de participar em atividades?
Nada
1
Muito pouco
2
Mais ou menos
3
Bastante
4
Extremamente
5
old_03 Quanta liberdade você tem de tomar as suas próprias decisões?
Nada
1
Muito pouco
2
Mais ou menos
3
Bastante
4
Extremamente
5
old_04 Até que ponto você sente que controla o seu futuro?
Nada
1
Muito pouco
2
Mais ou menos
3
Bastante
4
Extremamente
5
old_05 O quanto você sente que as pessoas ao seu redor respeitam a sua liberdade?
Nada
1
Muito pouco
2
Mais ou menos
3
Bastante
4
Extremamente
5
old_06 Quão preocupado você está com a maneira pela qual irá morrer?
Nada
1
Muito pouco
2
Mais ou menos
3
Bastante
4
Extremamente
5
old_07 O quanto você tem medo de não poder controlar a sua morte?
Nada
1
Muito pouco
2
Mais ou menos
3
Bastante
4
Extremamente
5
old_08 O quanto você tem medo de morrer?
Nada
1
Muito pouco
2
Mais ou menos
3
Bastante
4
Extremamente
5
old_09 O quanto você teme sofrer dor antes de morrer?
Nada
1
Muito pouco
2
Mais ou menos
3
Bastante
4
Extremamente
5
As seguintes questões perguntam sobre quão completamente você fez ou se sentiu apto a
fazer algumas coisas nas duas últimas semanas.
old_10 Até que ponto o funcionamento dos seus sentidos (por exemplo, audição, visão, paladar,
olfato, tato) afeta a sua capacidade de interagir com outras pessoas?
Nada
1
Muito pouco
2
Médio
3
Muito
4
Completamente
5
old_11 Até que ponto você consegue fazer as coisas que gostaria de fazer?
Nada
1
Muito pouco
2
Médio
3
Muito
4
Completamente
5
old_12 Até que ponto você está satisfeito com as suas oportunidades para continuar alcançando
outras realizações na sua vida?
Nada
1
Muito pouco
2
Médio
3
Muito
4
Completamente
5
old_13 O quanto você sente que recebeu o reconhecimento que merece na sua vida?
Nada
1
Muito pouco
2
Médio
3
Muito
4
Completamente
5
old_14 Até que ponto você sente que tem o suficiente para fazer em cada dia?
Nada
1
Muito pouco
2
Médio
3
Muito
4
Completamente
5
As seguintes questões pedem a você que diga o quanto você se sentiu satisfeito, feliz ou bem
sobre vários aspectos de sua vida nas duas últimas semanas.
old_15 Quão satisfeito você está com aquilo que alcançou na sua vida?
Muito insatisfeito
1
Insatisfeito
2
Nem satisfeito nem
insatisfeito
3
Satisfeito
4
Muito satisfeito
5
old_16 Quão satisfeito você está com a maneira com a qual você usa o seu tempo?
Muito insatisfeito
1
Insatisfeito
2
Nem satisfeito nem
insatisfeito
3
Satisfeito
4
Muito satisfeito
5
old_17 Quão satisfeito você está com o seu nível de atividade?
Muito insatisfeito
1
Insatisfeito
2
Nem satisfeito nem
insatisfeito
3
Satisfeito
4
Muito satisfeito
5
old_18 Quão satisfeito você está com as oportunidades que você tem para participar de
atividades da comunidade?
Muito insatisfeito
1
Insatisfeito
2
Nem satisfeito nem
insatisfeito
3
Satisfeito
4
Muito satisfeito
5
old_19 Quão feliz você está com as coisas que você pode esperar daqui para frente?
Muito infeliz
1
Infeliz
2
Nem feliz
nem infeliz
3
Feliz
4
Muito feliz
5
old_20 Como você avaliaria o funcionamento dos seus sentidos (por exemplo, audição, visão,
paladar, olfato, tato)?
Muito ruim
1
Ruim
2
Nem ruim
nem boa
3
Boa
4
Muito boa
5
As seguintes questões se referem a qualquer relacionamento íntimo que você possa ter. Por
favor, considere estas questões em relação a um companheiro ou uma pessoa próxima com a qual
você pode compartilhar (dividir) sua intimidade mais do que com qualquer outra pessoa em sua
vida.
old_21 Até que ponto você tem um sentimento de companheirismo em sua vida?
Nada
1
Muito pouco
2
Mais ou menos
3
Bastante
4
Extremamente
5
old_22 Até que ponto você sente amor em sua vida?
Nada
1
Muito pouco
2
Mais ou menos
3
Bastante
4
Extremamente
5
old_23 Até que ponto você tem oportunidades para amar?
Nada
1
Muito pouco
2
Médio
3
Muito
4
Completamente
5
old_24 Até que ponto você tem oportunidades para ser amado?
Nada
1
Muito pouco
2
Médio
3
Muito
4
Completamente
5
VOCÊ TEM ALGUM COMENTÁRIO SOBRE O QUESTIONÁRIO?
OBRIGADO(A) PELA SUA COLABORAÇÃO!
WHOQOL - ABREVIADO
Versão em Português
Instruções Este questionário é sobre como você se sente a respeito de sua qualidade de vida, saúde e outras áreas de sua vida. Por favor, responda a todas as questões. Se você não tem certeza sobre que resposta dar em uma questão, por favor, escolha entre as alternativas a que lhe parece mais apropriada. Esta, muitas vezes, poderá ser sua primeira escolha. Por favor, tenha em mente seus valores, aspirações, prazeres e preocupações. Nós estamos perguntando o que você acha de sua vida, tomando como referência as duas últimas semanas. Por exemplo, pensando nas últimas duas semanas, uma questão poderia ser:
nada
muito pouco
médio
muito
completamente
Você recebe dos outros o apoio de que necessita?
1
2
3
4
5
Você deve circular o número que melhor corresponde ao quanto você recebe dos outros o apoio de que necessita nestas últimas duas semanas. Portanto, você deve circular o número 4 se você recebeu "muito" apoio como abaixo.
nada
muito
pouco
médio
muito
completamente
Você recebe dos outros o apoio de que necessita?
1
2
3
4
5
Você deve circular o número 1 se você não recebeu "nada" de apoio.
Por favor, leia cada questão, veja o que você acha e circule no número e lhe parece a melhor resposta.
muito
ruim
Ruim
nem ruim nem boa
boa
muito
boa 1(G1)
Como você avaliaria sua qualidade de vida?
1
2
3
4
5
muito
insatisfeito
Insatisfeito
nem satisfeito nem insatisfeito
satisfeito
muito
satisfeito 2(G4)
Quão satisfeito(a) você está com a sua saúde?
1
2
3
4
5
As questões seguintes são sobre o quanto você tem sentido algumas coisas nas últimas duas semanas.
nada
muito pouco
mais ou menos
bastante
extremamente
3(F1.4)
Em que medida você acha que sua dor (física) impede você de fazer o que você precisa?
1
2
3
4
5
4(F11.3)
O quanto você precisa de algum tratamento médico para levar sua vida diária?
1
2
3
4
5
5(F4.1)
O quanto você aproveita a vida?
1
2
3
4
5
6(F24.2)
Em que medida você acha que a sua vida tem sentido?
1
2
3
4
5
7(F5.3)
O quanto você consegue se concentrar?
1
2
3
4
5
8(F16.1)
Quão seguro(a) você se sente em sua vida diária?
1
2
3
4
5
9(F22.1)
Quão saudável é o seu ambiente físico (clima, barulho, poluição, atrativos)?
1
2
3
4
5
As questões seguintes perguntam sobre Quão completamente você tem sentido ou J capaz de fazer certas coisas nestas últimas duas semanas.
nada
muito pouco
médio
muito
completamente
10(F2.1)
Você tem energia suficiente para seu dia-a-dia?
1
2
3
4
5
11(F7.1)
Você J capaz de aceitar sua aparência física?
1
2
3
4
5
12(F18.1)
Você tem dinheiro suficiente para satisfazer suas necessidades?
1
2
3
4
5
13(F20.1) Quão disponíveis para você estão as informações que precisa no seu dia-a-dia?
1
2
3
4
5
14(F21.1)
Em que medida você tem oportunidades de atividade de lazer?
1
2
3
4
5
As questões seguintes perguntam sobre Quão bem ou satisfeito você se sentiu a respeito de v<rios aspectos de sua vida nas últimas duas semanas.
muito
ruim
ruim
nem ruim
bom
muito
bom 15(F9.1)
Quão bem você é capaz de se locomover?
1
2
3
4
5
muito
insatisfeito
Insatisfeito
nem satisfeito
nem insatisfeito
satisfeito
muito
satisfeito 16(F3.3)
Quão satisfeito(a) você está com o seu sono?
1
2
3
4
5
17(F10.3)
Quão satisfeito(a) você está com sua capacidade de desempenhar as atividades do seu dia-a-dia?
1
2
3
4
5
18(F12.4)
Quão satisfeito(a) você está com sua capacidade para o trabalho?
1
2
3
4
5
19(F6.3)
Quão satisfeito(a) você está consigo mesmo?
1
2
3
4
5
20(F13.3)
Quão satisfeito(a) você está com suas relaÇões pessoais (amigos, parentes, conhecidos, colegas)?
1
2
3
4
5
21(F15.3)
Quão satisfeito(a) você está com sua vida sexual?
1
2
3
4
5
22(F14.4)
Quão satisfeito(a) você está com o apoio que você recebe de seus amigos?
1
2
3
4
5
23(F17.3)
Quão satisfeito(a) você está com as condições do local onde mora?
1
2
3
4
5
24(F19.3)
Quão satisfeito(a) você está com o seu acesso aos serviços de saúde?
1
2
3
4
5
25(F23.3)
Quão satisfeito(a) você está com o seu meio de transporte?
1
2
3
4
5
As questões seguintes referem-se a com que freqüência você sentiu ou experimentou certas coisas nas últimas duas semanas.
nunca
Algumas
vezes
freqüentemente
muito freqüentemente
sempre
26(F8.1)
Com que freqüência você tem sentimentos negativos tais como mau humor, desespero, ansiedade, depressão?
1
2
3
4
5
Alguém lhe ajudou a preencher este questionário?.................................................................. Quanto tempo você levou para preencher este questionário?.................................................. OBRIGADO PELA SUA COLABORAÇÃO
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA : FARIA, M.C. (2000) Comunicação e Bem-Estar no Limiar Do Século XXI,
Conhecer Através da Relação e Orientar para a Saúde. Tese de doutoramento em Psicologia, na área de especialização em Psicologia da Saúde, apresentada à Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra. (tese n.p.)
QUESTIONÁRIO DE SAÚDE GERAL (QSG) A depressão pode ser concebida como um estado de energia negativa mas também está relacionada com a
ansiedade, medo e tensão. Numa perspectiva psicológica a angústia está relacionada com uma complexidade de
emoções negativas e respectivas circunstâncias: depressão, ansiedade e preocupação; sintomas físicos mínimos
tais como enxaquecas, insónia e exaustão; sentimentos de inadequação pessoal. Vários estudos têm defendido que
uma vez que tais sentimentos são encontrados num número significativo de indivíduos, podemos falar de um factor
geral de personalidade. Por exemplo Eysenck apresentou a dimensão do neuroticism e Goldberg o seu General
Health Questionnaire (1972)
O QSG de Goldberg (1972) surge como uma medida válida e discriminativa entre os doentes e os outros, trata-se
de um instrumento utilizado na investigação inglesa e já se apresentou sob diversas versões de 60, 30 e 12 items
(Argyle, 1987). A versão mais curta é de fácil administração e mostra os efeitos da classe social, desemprego e
outras variáveis da saúde mental.
Uma questão pode surgir: Será que as pessoas falam verdade quando respondem a estas questões? Se estamos a
lidar com doentes da clínica é muito provável que se expressem abertamente dado que é de todo o seu interesse.
Se é se trata de uma selecção para um trabalho podem conciliar os seus sintomas psiquiátricos, ou se trata de uma
questão de sobrevivências podem fazer o mesmo, em particular podem manobrar os sintomas corporais de
ansiedade ou depressão. Assim, a escala está particularmente focada para detectar angústia.
QUESTIONÁRIO DE SAÚDE GERAL
(GOLDBERG,1978) Versão Portuguesa, FARIA, 1999
O conjunto de questões que vai responder, pretende saber como as pessoas se têm sentido nos últimos tempos, reletivamente aos acontecimentos de vida em geral. Para cada questão deverá escolher e assinalar com uma cruz (X) uma das seguintes respostas :
1. ABSOLUTAMENTE VERDADEIRO 2. VERDADEIRO 3. INDIFERENTE 4. FALSO 5. ABSOLUTAMENTE FALSO
1. Ultimamente, tem sido capaz de se concentrar naquilo que faz ? 1 2 3 4 5
2. Tem perdido o sono por estar preocupado(a) ? 1 2 3 4 5
3. Tem sentido que tem uma participação útil nos acontecimentos ? 1 2 3 4 5
4. Tem sido capaz de tomar decisões ? 1 2 3 4 5
5. Tem-se sentido constantemente sob pressão ? 1 2 3 4 5
6. Tem sentido que não consegue ultrapassar as suas dificuldades
?
1 2 3 4 5
7. Tem sentido prazer nas suas actividades diárias ? 1 2 3 4 5
8. Tem sido capaz de enfrentar os seus problemas ? 1 2 3 4 5
9. Tem-se sentido triste ou deprimido(a) ? 1 2 3 4 5
10. Tem perdido confiança em si próprio (a) ? 1 2 3 4 5
11. Tem -se considerado uma pessoa sem valor ? 1 2 3 4 5
12. Apesar de tudo, tem-se sentido razoavelmente feliz ? 1 2 3 4 5