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Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projeto de Intervenção “A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto natural de vidaMariana Ramos Soares Beja 2013

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Page 1: Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação · Escala de Avaliação de Depressão ..... 62 4.3. Questionário de Avaliação da ... Anexo IV - Questionário de Avaliação

Instituto Politécnico de Beja

Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária

Projeto de Intervenção “A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu

contexto natural de vida”

Mariana Ramos Soares

Beja

2013

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MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA

A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 2

Instituto Politécnico de Beja

Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária

Projeto de Intervenção “A QUALIDADE DE VIDA EM GERONTES QUE PERMANECEM NO SEU

CONTEXTO NATURAL DE VIDA”

Projeto de Mestrado apresentado na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Beja

Elaborado por:

Mariana Ramos Soares

Orientada por:

Orientadora: Professora Doutora Adelaide Fernandes Pires Malaínho

Coorientadora: Mestre Ana Isabel Lapa Fernandes

Beja

2013

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MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA

A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 3

Resumo

O tema do presente projeto prende-se com a Qualidade de Vida em gerontes

que permanecem no seu contexto natural de vida. Os objetivos gerais delineados

foram: Compreender de que forma a permanência do idoso no seu contexto

natural de vida influencia a qualidade de vida; contribuir para a promoção da

qualidade de vida dos gerontes que usufruem do Serviço de Apoio Domiciliário.

Em termos de revisão bibliográfica, os principais autores seguidos foram: Paúl;

Stuart-Hamilton; Zimerman; Marques; Fleck e Ander-Egg.

O estudo consistiu numa investigação de natureza qualitativa, mais

precisamente, num estudo de caso – dos idosos utentes do serviço de apoio

domiciliário do Lar de São Bento, sito em Vila Nova de São Bento, concelho de

Serpa, distrito de Beja. Foram aplicados, aos treze participantes, os seguintes

instrumentos: a Escala geriátrica de depressão (Barreto,2003); Escalas de

Avaliação de Qualidade de Vida– Whoqol-bref e Whoqol-old; Questionário de

Saúde Geral (Faria, 2000).

Os principais resultados encontrados foram: na escala geriátrica de depressão -

apenas três participantes estavam abaixo do limiar de suspeita de depressão; no

questionário de saúde geral - apenas uma participante teve uma pontuação

menos positiva; nos questionários de avaliação de qualidade de vida - os

resultados foram no geral positivos - os domínios geral, físico e sensorial foram

os domínios que obtiveram resultados menos positivos.

Após a análise dos resultados foi considerada a necessidade da

formação/sensibilização sobre o envelhecimento; assim, foi realizada uma ação

de formação do módulo de Psicologia da Velhice.

Palavras-chave: Envelhecimento, Qualidade de Vida, Contexto Natural de Vida,

Geronte, Serviço de Apoio Domiciliário.

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MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA

A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 4

Abstract

The theme of this intervention project focuses on the Quality of Life of elderly people that remain in their natural context of living. The overall objectives

outlined were: to understand how the permanence of the elderly in their natural

context of living influences their quality of life; and to contribute to the promotion

of the quality of life of elderly citizens in the Home Support Service.

In terms of theoretical framework / literature review, the following authors have

been considered: Paúl; Stuart-Hamilton; Zimerman; Marques; Fleck & Ander-

Egg.

The study consisted in a qualitative investigation, more precisely, a study case

on the elderly users of Home Support Service of the retirement home of São

Bento, located in Vila Nova de São Bento, municipality of Serpa, district of Beja.

The following instruments were applied to the thirteen elderly participants in the

research: the Geriatric Depression Scale (Barreto, 2003); The World Health

Organization instruments for measuring quality of life (the WHOQOL-BREF and

the WHOQOL-old); General Health Questionnaire (Faria, 2000), and a semi-

directive interview.

The main results found were: In the geriatric depression scale - only three

participants were below the threshold for suspected depression; in the general

health questionnaire - only one participant had a less positive score; in the World

Health Organization instruments for measuring quality of life, the results were

generally positive; however, the general, physical and sensory domains were the

ones that obtained less positive results.

After analyzing the results, was considered the need for training / awareness

about aging, so we conducted a training from Psychology of Aging.

Keywords: aging, quality of life, natural context of living, elderly people, Home

Support Service.

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MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA

A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 5

Agradecimentos

A realização deste projeto de dissertação só foi possível com o contributo de

vários intervenientes, que direta ou indiretamente, contribuíram para o

enriquecimento deste projeto de intervenção:

Professora Adelaide Malaínho e Professora Ana Fernandes, pela

disponibilidade, apoio, sabedoria…

A todos os professores do presente mestrado pelos conhecimentos

adquiridos para a construção deste projeto;

Ao Director Técnico do Lar de São Bento pela acessibilidade, simpatia e

partilha de conhecimentos;

A todos os que, fora de percurso académico, foram essenciais para a

realização deste projeto;

A cada um dos treze participantes, pela disponibilidade, simpatia e

sinceridade.

O ESPELHO

Olho para um espelho e vejo o rosto Cheio de rugas, cansado e sem frescura; Sinto prazer em chorar o meu desgosto, Pois me parece que fugi da sepultura...!

O cabelo revolto a branquear, Mostrando a velhice já presente;

Para cúmulo, se tento rir ou gracejar É uma miséria, nem um só dente!

Oh! Pecados meus! Espelho maldito! Quisera partir-te em mil bocados E chorar por ti num choro aflito!

Mas, primeiro, chamar-te vil em altos brados! No meu tempo, um espelho era bonito

E hoje... É mais feio que os meus pecados.

LÁGRIMAS. SÓ LÁGRIMAS!...

Antónia da Conceição Louro Dionísio do Rosário (1973)

(Vila Nova de São Bento)

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MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA

A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 6

Índice Resumo .............................................................................................................. 3

Abstract .............................................................................................................. 4

Agradecimentos ................................................................................................. 5

Introdução .......................................................................................................... 9

I Enquadramento teórico / Revisão da Literatura ............................................. 15

1. Psicogerontologia Comunitária............................................................... 15

2. Perspetivas sobre o fenómeno do envelhecimento ................................ 17

2.1. Alterações a nível físico ................................................................... 19

2.2. Alterações a nível cognitivo e psicológico........................................ 21

2.2.1. Depressão na terceira Idade ........................................................... 22

2.3. Alterações a nível social ..................................................................... 27

2.4. Proteção Social no envelhecimento ................................................. 29

3. Contexto Natural de Vida ....................................................................... 31

3.1. A prestação informal de cuidados .................................................... 34

4. Qualidade de Vida .................................................................................. 35

4.1. Qualidade de vida no envelhecer .................................................... 38

4.2. Conceito de necessidade humana básica ....................................... 39

5. Serviço de Apoio domiciliário: um serviço de apoio na comunidade ...... 41

II Metodologia ................................................................................................... 46

III Estudo Empírico ........................................................................................... 49

1. Contextualização .................................................................................... 49

1.1. Freguesia de Vila Nova de S. Bento ................................................ 49

1.2. Lar de São Bento ............................................................................. 52

1.3. Serviço de Apoio Domiciliário – Lar de São Bento .......................... 52

2. Plano de Ação ....................................................................................... 55

3. Participantes........................................................................................... 61

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A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 7

4. Instrumentos utilizados na investigação ................................................. 61

4.1. Questionário e Entrevista semi-diretiva ........................................... 61

4.2. Escala de Avaliação de Depressão ................................................. 62

4.3. Questionário de Avaliação da Qualidade de Vida ............................ 62

4.4. Questionário de Saúde Geral .......................................................... 66

5. Procedimentos ....................................................................................... 67

6. Tratamento de Dados / Análise dos Resultados .................................... 68

6.1. Análise dos resultados: Questionário de Caracterização geral ........ 70

6.2. Análise dos resultados: Escala Geriátrica de Depressão ................ 72

6.3. Análise dos resultados: Questionário de Saúde Geral .................... 74

6.4. Análise dos resultados: WHOQOL-Bref ........................................... 74

6.5. Análise dos resultados: WHOQOL-Old ............................................ 78

6.6. Análise dos resultados: Entrevistas ................................................. 79

6.7. Observação no momento de contato com os participantes ................ 83

6.8. Análise global dos dados recolhidos................................................... 84

7.Verificação da hipótese explicativa ............................................................ 86

8.Execução ................................................................................................... 87

9. A Avaliação processual e final do projeto de intervenção ...................... 90

9.1. Autoavaliação .................................................................................. 91

9.2. Avaliação da Formação ................................................................... 94

Conclusão ...................................................................................................... 103

Referência Bibliográficas ............................................................................... 107

Índice de Apêndices

Apêndice I - Questionário de Caracterização ................................................. 111

Apêndice II - Entrevista Semi-diretiva ............................................................ 116

Apêndice III - Análise de Conteúdo ................................................................ 119

Apêndice IV - Cronograma das Atividades .................................................... 131

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A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 8

Apêndice V - Manual de Apoio ao Módulo - Psicologia da velhice ................ 133

Índice de Anexos

Anexo I - Escala Geriátrica de Depressão (Barreto et al, 2003) .................... 182

Anexo II - Whoqol-old (Grupo Whoqol) .......................................................... 183

Anexo III - Questionário de Saúde Geral (Faria,2000) ................................... 184

Anexo IV - Questionário de Avaliação da formação da M&P ......................... 185

Índice de Tabelas

Tabela 1: Utentes do Serviço de Apoio Domiciliário do Lar de São Bento ....... 53

Tabela 2:Caracterização dos Participantes quanto à idade, sexo, estado civil e

habilitações Literárias ...................................................................................... 71

Tabela 3: Resultados da Escala Geriátrica de Depressão ............................... 73

Tabela 4: Resultados do Questionário de Saúde Geral ................................... 74

Tabela 5: Análise da Aplicação do Whoqol-bref ............................................... 77

Tabela 6: Análise resultados do Whoqol-old .................................................... 79

Índice de Gráficos

Gráfico 1 - Comparação média de idades entre o universo e a amostra ......... 70

Gráfico 2 – Capacidade da formadora para motivar os formandos .................. 95

Gráfico 3 - Atenção dada à evolução da aprendizagem individual dos formandos

......................................................................................................................... 96

Gráfico 4 - Apreciação dos Formandos em relação aos conhecimentos técnicos

de formadora .................................................................................................... 96

Gráfico 5 - Interesse do tema ........................................................................... 97

Gráfico 6 - Expectativa Inicial ........................................................................... 98

Gráfico 7 - Conhecimentos Prévios .................................................................. 99

Gráfico 8 - Conhecimento Final ...................................................................... 100

Gráfico 9 - Satisfação Final ............................................................................ 100

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MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA

A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 9

Introdução

O tema da presente investigação prende-se com a Qualidade de Vida em gerontes que permanecem no seu contexto natural de vida. Pretende-se

compreender, investigar e aprofundar a relação entre permanência do geronte

no seu contexto natural de vida e a qualidade de vida.

A questão de partida à qual se pretende dar resposta com a presente

investigação é “Será que os gerontes que permanecem no seu contexto natural de vida possuem ou beneficiam de qualidade de vida”? Ou seja,

investigar se os idosos participantes na investigação – residentes em Vila Nova

de São Bento e ainda a viver na sua própria habitação têm qualidade de vida.

Os objetivos gerais delineados são:

- Compreender de que forma a permanência do idoso no seu contexto natural de

vida influencia a sua qualidade de vida;

- Contribuir para a promoção de qualidade de vida dos gerontes que usufruem

do Serviço de Apoio Domiciliário.

Enquanto, que, os objetivos específicos são:

Aprofundar o conhecimento sobre o fenómeno do envelhecimento;

Aprofundar o conhecimento dos conceitos inerentes à pergunta de

partida (envelhecimento, qualidade de vida e contexto natural de vida);

Estudar de que forma a permanência do geronte no seu contexto natural

de vida condiciona a sua qualidade de vida;

Realizar atividades que visem contribuir para a promoção da qualidade

de vida dos gerontes.

Estes objetivos enquadram-se na área de estudos da psicogerontologia

comunitária, pois visam o estudo de indivíduos com idade avançada,

compreendendo as várias componentes do envelhecimento (principalmente

social e psicológico). A componente comunitária surge com especial importância

visto que, os gerontes participantes nesta investigação tiveram como opção

manter-se no seu contexto natural de vida, conservando as suas relações

habituais com a comunidade.

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MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA

A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 10

A motivação que conduziu à definição do tema, pergunta de partida e objetivos,

prende-se com o interesse em conhecer a realidade dos idosos que têm a

possibilidade de se manter na sua habitação, e, consequentemente manter as

suas redes de apoio informal; evitando ou adiando a sua institucionalização. Da

pesquisa autónoma realizada verificou-se que, aparentemente existem mais

estudos e investigações sobre idosos institucionalizados do que idosos que se

mantém na comunidade.

Assim sendo, esta motivação pessoal, é, também, uma motivação académica,

visto que é necessário e pertinente investigar e intervir nos idosos que se

encontram no seu contexto natural de vida. Tendo como orientação que não se

deve encarar o envelhecimento apenas pelas perdas sofridas; mas, sim por tudo

o que pode e deve ser feito para melhorar e manter a qualidade de vida dos

gerontes.

Após a definição, da questão de partida, objetivos gerais e objetivos específicos

da investigação, foram delineadas as hipóteses – linhas orientadoras que

traduzem os possíveis resultados da investigação. “Uma hipótese é uma

proposição que prevê uma relação entre dois termos, que segundo os casos

podem ser conceitos ou fenómenos” (Quivy & Campenhoudt,2003:136)

Com base nestes pressuposto definiu-se como hipótese: os gerontes que permanecem no seu contexto natural de vida e que têm assegurado os meios de satisfação das suas necessidades humanas básicas beneficiam de qualidade de vida. Ou seja, parte-se do pressuposto que o nível de

qualidade de vida no contexto natural é proporcional ao nível de satisfação das

necessidades humanas básicas (quanto maior for o nível de satisfação, maior

será o nível de qualidade de vida).

Para esta investigação foram desenvolvidos os conceitos de qualidade de vida

(principalmente nas perspetivas de Ander-Egg, Parreira e Fleck);

envelhecimento, em todas as suas dimensões (seguindo maioritariamente as

perspetivas de Paúl, Stuart-Hamilton, Fernandes, Zimermam e Sibila Marques);

contexto natural de vida (através dos autores Ferreira e Nogueira; e, Quaresma

et al), entre outros conceitos desenvolvidos.

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MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA

A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 11

No que diz respeito ao envelhecimento, é ponto assente que não existe apenas

uma perspetiva sobre o mesmo, existem várias perspetivas e correntes de

conhecimento. Segundo Birren e Cunningham (1985) cit. por Paúl (1997), a

forma como se envelhece tem a ver com a forma como se desenvolve, isto é, a

senescência é em função do meio físico e social em que o organismo se

desenvolve e envelhece. Segundo a mesma autora, citando Schroots e Birren

(1980), o envelhecimento tem três componentes: o envelhecimento biológico,

que resulta da vulnerabilidade crescente e de uma maior proximidade com a

morte (senescência); o envelhecimento social relacionado com os papéis sociais

de acordo com as expectativas da sociedade para esta faixa etária; e, por fim, o

envelhecimento psicológico, relativo à autorregulação do individuo, ao tomar

decisões e opções, adaptando-se ao processo de senescência.

Com a presente investigação, pretende-se aprofundar o conhecimento sobre o

envelhecimento tendo em conta estas três dimensões, pois todas elas estão

interrelacionadas. No entanto, a dimensão psicológica e social serão mais

aprofundadas.

Como já foi referido, pretende-se aprofundar o conhecimento sobre os idosos

que se mantém no seu contexto natural de vida, ou seja, não institucionalizados,

- o que vai de encontro ao âmbito de estudos do Mestrado em Psicogerontologia

Comunitária. Ao longo dos anos, vários têm sido os estudos sobre a

institucionalização, segundo Paúl (1997) “nos lares os idosos vivenciam

inúmeras perdas, integrados num meio que é limitativo, e assume o controlo de

muitos aspetos das suas vidas e deprimem-se, e ficam desanimados”

(Paúl,1997:28).

Por contraposto, em relação à possibilidade de permanência no contexto natural

de vida; segundo Bowling, Banister e Sutton (2003) citados por Paúl, Fonseca,

Martín, Amado in Paúl e Fonseca (2005) a partir da análise dum rastreio sobre

qualidade de vida de gerontes no Reino Unido; os aspetos mais valorizados

pelos gerontes são:

- Ter boas relações com a família e os amigos;

- Desempenhar papéis sociais, como voluntariado;

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MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA

A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 12

- Ter boa saúde e funcionalidade;

- Viver numa boa casa numa boa zona e com boa vizinhança;

- Ter uma visão positiva da vida e manter o controlo e a independência.

Geis (2003), citando Gagical (1981), refere que, a importância do idoso ter uma

atitude positiva na vida; e, a primeira dessas atitudes é aprender a ser e viver

com ele mesmo, conhecendo as suas capacidades físicas, psicológicas e

sociais. A terceira idade é onde se atinge o limite da maturidade, perde-se

algumas capacidades, no entanto, outras mantêm-se e podem até ser

melhoradas. É importante que se conheça e aceite.

Outro dos conceitos inerentes à questão de partida é a qualidade de vida,

segundo os mesmos autores, citando o grupo WHOQOL (1994), qualidade de

vida é “a perceção individual da sua posição na vida no contexto da cultura e

sistema de valores nos quais se insere e em relação aos seus objetivos,

expectativas, padrões e ocupações” (Paúl e Fonseca, 2005:78).

Para além, de fazer uma abordagem aos conceitos da questão de partida, foi

feito um levantamento de outros estudos existentes que abordassem temas

semelhantes. É de realçar a dissertação de mestrado realizada por Sílvia

Engenheiro, em 2008, sobre a qualidade de vida dos utentes do apoio

domiciliário, sendo esta um estudo de caso realizado em Peniche. A dissertação

foi realizada no âmbito do mestrado em Politica Social, do Instituto Superior de

Ciências Sociais e Politicas da Universidade Técnica de Lisboa, de Sílvia

Engenheiro. A autora propôs como objetivos da investigação: caracterizar os

utentes do Serviço de Apoio Domiciliário, conhecer a opinião dos mesmos sobre

o serviço; identificar as necessidades dos utentes, através das ajudantes

familiares e do responsável pelo serviço e, por fim, conhecer o contributo do

serviço de apoio domiciliário para a qualidade de vida dos seus utentes.

(Engenheiro, 2008)

Posto isto, a revisão da literatura, parte I da presente investigação, consiste

numa pesquisa, análise bibliográfica, e, numa procura daquilo que já foi estudado

sobre o tema que se prentende investigar. Segundo Gil (1991), pesquisa é um

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MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA

A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 13

processo formal e sistemático; cujo principal objetivo é “descobrir respostas para

problemas mediante o emprego de procedimentos científicos” (Gil,43:1991).

Para Alves-Mazzotti (2006),

A produção do conhecimento não é um empreendimento isolado. É uma

construção coletiva da comunidade científica, um processo continuado de busca,

no qual cada nova investigação se insere, completando ou contestando

contribuições anteriormente dadas ao estudo do tema (Alves-Mazzotti, 2006:30).

A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado,

principalmente, por livros e artigos científicos; segundo Gil (1991) a principal

vantagem da pesquisa bibliográfica é que esta permite ao investigador atingir

conhecimentos sobre uma vasta gama de fenómenos que dificilmente

conseguiria, investigando de outra forma. A desvantagem da pesquisa

bibliográfica é que muitas fontes podem conter dados que não sejam os mais

corretos, assim, é importante que o investigador analise os dados

cuidadosamente.

Gil (1991), considera que, para a realização de pesquisa e análise bibliográfica

é necessário ter em conta os seguintes aspetos:

- Exploração das fontes bibliográficas – estas podem ser livros,

revistas científicas, boletins, teses, relatórios de pesquisa, entre outros. A

melhor forma de conseguir fontes é a procura em bibliotecas

especializadas.

- Leitura do material – após a localização das fontes tem início a leitura

das mesmas, que não tem que ser necessariamente exaustiva; deve ser

primeiramente selecionada para que fiquem apenas as fontes essenciais.

- Elaboração de Fichas – organização dos aspetos mais importantes

das fontes bibliográficas.

- Ordenação e análise das fichas – devem ser ordenadas segundo o

conteúdo e de seguida procede-se à sua análise, o investigador deve

verificar a veracidade dos dados contidos.

- Conclusões – o investigador deve verificar tomar em atenção os

objetivos definidos (Gil,1991).

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MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA

A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 14

A parte II do projeto, a Metodologia, consiste numa abordagem à investigação

qualitativa e num levantamento de todas as atividades realizadas para a

concretização do projeto de mestrado.

Em relação ao estudo empírico, parte III da estrutura formal do projeto, foram

aplicados questionários de caraterização dos gerontes, escalas de avaliação da

qualidade de vida, escala de avaliação da depressão, escala de avaliação de

saúde geral e entrevistas de aprofundamento do conhecimento.

A investigação consiste num estudo de natureza qualitativa. Bogdan e Biklen

(1994), referem que, neste tipo de investigação os investigadores procuram

“compreender o significado que os acontecimentos e interações têm para

pessoas vulgares, em situações particulares” (Bogdan & Ciklen, 1994:53).

Para os mesmos autores, a investigação qualitativa é “descritiva os dados

recolhidos são em forma de palavras ou imagens e não de números” (Bogdan e

Biklen, 1994:48).

Conforme acima referido, quanto à explicitação da estrutura formal, o presente

trabalho encontra-se subdividido em três grandes partes: I Revisão da Literatura,

II Metodologia, III Estudo Empírico. Sendo que, a primeira parte é, como já foi

referido, constituída por uma revisão dos conceitos inerentes ao estudo. O

estudo empírico é constituído pela amostra, instrumentos, procedimentos,

tratamento de dados e plano de ação. Por fim, retiram-se algumas conclusões e

deixam-se algumas propostas de intervenção.

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A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 15

I Enquadramento teórico / Revisão da Literatura

1. Psicogerontologia Comunitária

Importa compreender, primeiramente, os conceitos de psicologia, gerontologia e

comunidade, separadamente, para, posteriormente, compreender o que é a

psicogerontologia comunitária. Segundo o Dicionário da Língua Portuguesa

(2011), o termo psicologia diz respeito a uma ciência positiva dos fatos psíquicos,

quer estudados subjetivamente (através de fatos da consciência), quer

estudados objetivamente (através de fatos do comportamento).

No dicionário técnico de psicologia, o termo psicologia é definido como a ciência

que procura

compreender a natureza do homem: seus desejos, esperanças, medos, aptidões

e limitações (…). A psicologia tenta descobrir porque as pessoas fazem as coisas

que fazem; compreender a capacidade humana de adaptação ao seu meio,

natureza da inteligência do homem, as causas originais de seus conflitos

internos, o seu comportamento como animal social. Poder-se-ia dizer que a

psicologia, em termos gerais, busca uma resposta para a velha interrogação. O

que é o homem? (Cabral & Nick, 2006).

Em relação ao termo gerontologia, segundo Santos (2004), citando Beauvoir

(1990), foi no século XIX, no ocidente, que cuidar dos idosos se tornou uma

especialidade mas nessa altura não se denominava gerontologia.

Já no século XX, Metchinikoff utilizou pela primeira vez o termo gerontologia num

trabalho que apresentou em que considerava a velhice uma forma de

autointoxicação. Nesse mesmo século, Nascher, um pediatra americano, criou o

termo “geriatria” como um ramo da medicina que cuidava os aspetos biológicos,

psicológicos e socias das doenças relacionadas à terceira idade. Mais tarde

surge o termo “gerontologia”, como a ciência que se propõe a estudar os

múltiplos processos que acompanham o envelhecimento (Santos, 2004).

Salgado (1989) apresenta um conceito amplo do que é a gerontologia:

é o estudo do processo de envelhecimento, com base nos conhecimentos oriundos

das ciências biológicas, psicocomportamentais e sociais (…) a geriatria que trata

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MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA

A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 16

das doenças no envelhecimento e a gerontologia social, voltada aos processos

psicossociais manifestados na velhice (Santos:2004:23).

Segundo a autora, a gerontologia comporta a gerontologia social e a geriatria.

Assim, para Rodrigues e Rauth (2002), citados pela autora, a gerontologia não

é uma ciência unificada mas um conjunto de disciplinas científicas.

A pertinência da existência da gerontologia está relacionada com o aumento da

população idosa e com as questões que com ela se levantam (despesas de

saúde com o aumento da incidência de doenças crónicas, desigualdades sociais,

entre outras), assim, cabe à gerontologia fazer frente à visão do envelhecimento

como um problema social e promover esta fase da vida e as suas possibilidades

resultantes de ações multidimensionais (Santos, 2004).

A gerontologia é, assim, o estudo dos problemas próprios da idade avançada

nos seus múltiplos aspetos.

No Dicionário Técnico de Psicologia, o termo gerontologia é definido como um

“estudo pertinente às pessoas de idade avançada. Seus métodos são de ordem

antropológico, antropométrica, social, psicológica e médica. (neste último caso,

é um ramo especial da medicina: geriatria)” (Cabral & Nick,2006).

Ao analisar, etimologicamente, a palavra gerontologia, esta deriva do grego

gerón - referindo-se aos mais velhos e notáveis do povo grego e logos que

significa estudo, grupo de estudiosos.

Quanto ao conceito de geronte, este, por sinal, deriva, etimologicamente, de

Gerós mais ontos - que percorre o tempo, com muito tempo de vida, ancião.

Entre os Gregos antigos, geronte significava ancião, membro de Gerúsia1. No

sentido não só de conhecimento pela experiência, mas sobretudo de sensatez e

de sabedoria (Veiga-Branco,2012).

Segundo o Dicionário de Língua Portuguesa (2011), geronte“ é cada um dos

vinte e oito membros gerúsia ou senado, em Esparta, que deviam ter pelo menos

60 anos” (Dicionário da Língua Portuguesa, 2011).

1 Gerúsia – senado, conselho de anciãos, ordem de governo na antiga Esparta.

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Por fim, o conceito de comunidade está definido no Dicionário da Sociologia de

Gazeneuve e Victoroff (1982), como uma coletividade em que os seus membros

“estão unidos por laços tanto mais fortes quanto é certo não se tratar de laços

explícitos e de contrato mas se alimentam do passado comum (…)”(Gazeneuve

& Victoroff,1982:s.p.).

Para Mitchell (1998),

o termo comunidade indicava uma coletividade de pessoas numa dada área

geográfica; pessoas que se ocupavam em conjunto de atividades económicas e

politicas e principalmente que constituíam uma unidade social com o governo

próprio e alguns valores comuns e que experimentavam sentimentos de sétima

mútua (Mitchell, 1998:99).

2. Perspetivas sobre o fenómeno do envelhecimento

O envelhecimento constituiu, sem dúvida, um dos maiores êxitos da

humanidade, no entanto, também um dos maiores desafios. Para Gro

Brundtland, Diretor Geral da Organização Mundial de Saúde, citado por Jacob

(2007), o envelhecimento é uma história de sucesso das políticas de saúde

pública, e, do desenvolvimento social e económico do mundo.

O envelhecimento não é exclusivo dos tempos modernos, mas, apenas se tornou

algo comum nos últimos cem anos. Nos tempos pré-históricos o envelhecimento

era algo extremamente raro; no século XVII, estima-se que, apenas 1% da

população vivia mais de 65 anos; no século XIX esta percentagem, subiu para

cerca de 4%. Em 1900, 25% da população teria alguma esperança de

comemorar os 65 anos; atualmente, cerca de 70% da população ocidental viverá

mais de 65 anos e 30 a 40% viverá mais de 80 anos (Stuart-Hamilton, 2002).

Para Paúl (1997), citando Birren (1995), este aumento da longevidade foi mais

relacionado com as alterações económicas, tecnológicas e sociais do que com

mudanças na genética da população; os fatores biológicos e genéticos não

asseguram, por si só, a expressão ótima do desenvolvimento humano.

Existem várias perspetivas sobre o processo de envelhecimento. Segundo Birren

e Cunningham (1985) cit. por Paúl (1997), a forma como se envelhece tem a ver

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com a forma como de desenvolve, isto é, a senescência é em função do meio

físico e social em que o organismo se desenvolve e envelhece. Segundo a

mesma autora, citando Schroots e Birren (1980), o envelhecimento tem três

componentes: o envelhecimento biológico, que resulta da vulnerabilidade

crescente e de uma maior proximidade com a morte (senescência); o

envelhecimento social relacionado com os papéis sociais de acordo com as

expectativas da sociedade para esta faixa etária; e, por fim, o envelhecimento

psicológico, relativo à autorregulação do individuo, ao tomar decisões e opções,

adaptando-se ao processo de senescência.

Binet e Bourliere, citados por Fernandes (2000), o envelhecimento são todas as

modificações morfológicas, fisiológicas, bioquímicas e psicológicas que surgem

como consequência do passar dos anos no ser humano.

Lidz (1983), cit. por Fernandes (2000), caracteriza o envelhecimento em três

fases distintas, o que não significa que o idoso chegue a atingi-las todas:

- Primeira fase: Idoso. Fase onde não existem grandes alterações orgânicas. As

modificações observam-se no modo de vida do individuo, provocado pela

reforma. O individuo ainda se considera capaz de satisfazer as suas

necessidades.

- Segunda fase: Senescência. Ocorre quando o individuo começa a sentir

alterações na sua condição física, ou de outra natureza. O que corresponde a

uma fase da velhice mais avançada.

- Terceira fase: Senilidade. O cérebro já não exerce a sua função como órgão de

adaptação, o individuo torna-se quase dependente e necessita de cuidados

completos.

Envelhecer pressupõe alterações físicas, psicológicas e sociais no individuo,

estas alterações são naturais e gradativas; podem acontecer em diferentes

idades, em maior ou menor grau, consoante as condições genéticas e estilo de

vida do individuo (Zimerman, 2000).

Para Zimerman (2000), hoje em dia, com os avanços na área da farmacologia,

melhoria das condições de vida, maior preocupação com a prevenção de

doenças e com os estilos de vida saudáveis, os sintomas do envelhecimento

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surgem em idades mais avançadas, no entanto, com o passar dos anos as

alterações físicas são inevitáveis.

Após o levantamento de várias perspetivas sobre o envelhecimento, Paúl (1997),

afirma que

Não faz sentido que se pense nos idosos, enquanto tal, como uma população de

risco, seja do ponto de vista social, seja do ponto de vista psicológico. Atrever-

nos-íamos a afirmar que muitos dos atuais idosos de risco, foram crianças de

risco. Pensamos ainda que as suas presentes condições de vida podem manter

esse risco, minorá-lo ou agravá-lo (Paúl,1997:22).

Neste sentido, a Organização Mundial de Saúde definiu, em 2002, o conceito de

envelhecimento ativo como “o processo de otimizar as oportunidades para a

saúde; participação social e segurança de modo a aumentar a qualidade de vida

à medida que as pessoas envelhecem” (Marques,2011:30).

Assim, para a autora Sibila Marques (2011), o envelhecimento ativo possibilita

aos idosos efetivar

o seu potencial físico, social e mental ao longo da sua vida e participarem na

sociedade de acordo com as suas necessidades, desejos e capacidades (…) a

palavra “ativo” refere-se à continuação da participação em atividades sociais,

económicas, culturais, espirituais, e cívicas (Marques,2011:30).

2.1. Alterações a nível físico

As alterações físicas, que ocorrem a nível externo, são, entre outras: rugas,

manchas escuras na pele, a pele torna-se mais flácida, maior ocorrência de

verrugas, as veias destacam-se sob a pele dos membros, encurvamento

postural. As alterações físicas, a nível interno, são, entre outras: o metabolismo

fica mais lento, a insónia aumenta, a visão ao perto piora, os nervos auditivos

degeneram-se, o olfato e o paladar diminuem. (Zimerman,2000)

Para Sousa, Figueiredo e Cerqueira (2004),

o envelhecimento é um processo de deterioração endógena e irreversível das

capacidades funcionais do organismo. Trata-se de um fenómeno inevitável (…),

inerente à própria vida, equivalente à fase final de um programa de

desenvolvimento e diferenciação. Embora seja controversa a idade de início do

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envelhecimento biológico, em geral, é aceite que ocorre no final da segunda

década de vida, calcula-se que após os 30 anos, dependendo dos órgãos haja

em média a perda de 1% de funcionalidade (Sousa, Figueiredo & Cerqueira,

2004:23).

O envelhecimento não afeta de modo igual todos os órgãos, a deterioração é

mais rápida nos tecidos elásticos – aparelho respiratório, circulatório e pele, e

mais lenta nos tecidos nervosos (Sousa, Figueiredo & Cerqueira, 2004).

O envelhecimento não é de modo algum uma doença, é antes um processo

multifatorial que, também, arrasta uma deterioração fisiológica. Assim, importa

distinguir envelhecimento normal de envelhecimento patológico (Sousa,

Figueiredo & Cerqueira, 2004).

O envelhecimento normal é aquele em que ocorrem algumas diminuições

orgânicas e funcionais, não decorrente de qualquer acidente ou doença, são as

alterações inevitáveis que ocorrem com o passar do tempo (Sousa, Figueiredo

& Cerqueira, 2004).

O envelhecimento patológico é aquele em que alguns fatores interferem no

envelhecimento normal, estes acontecimentos podem ser o stress, traumatismos

ou doenças que são passiveis de acelerar o envelhecimento (Sousa, Figueiredo

& Cerqueira, 2004).

Nesta diferenciação de envelhecimento normal e envelhecimento patológico há

dois erros que são muito comuns:

considerar todas as alterações encontradas num idoso como resultado

do seu processo de envelhecimento natural, negligenciando os

processos patológicos passiveis de tratamento e cura. Atribuir certos

sinais e sintomas a doenças, originando a realização de exames e

tratamentos desnecessários, uma vez que se está a diagnosticar o

próprio envelhecimento como doença (Sousa, Figueiredo & Cerqueira,

2004:23).

As autoras identificam, ainda, outras modificações relevantes no

envelhecimento, como por exemplo: diminuição da água no corpo; aumento do

risco de diabetes; perturbações cardiovasculares; osteoporose, cancro do cólon

e da mama; a redução da estatura que cria um efeito de desproporção (o

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comprimento dos membros mantem-se, mas tronco encolhe);

embranquecimento da pele; palidez da pele, acentuação das proeminências

ósseas (ossos dos maxilares, maças do rosto, nariz); perda de cabelo, lentidão

do crescimento das unhas, entre outras.

2.2. Alterações a nível cognitivo e psicológico

A nível cognitivo, segundo Salthouse (1991) citado por Sousa, Figueiredo e

Cerqueira, (2004), as competências intelectuais mais afetadas pela idade são:

capacidade de interpretação da comunicação não verbal, capacidade de dar

respostas rápidas a situações novas, aquisição de novos conceitos, aptidão para

organizar informações, concentração, raciocínios abstratos, entre outras. Por

outro lado, as menos afetadas são: dimensão de resolução de problemas,

capacidade de interpretar informação verbal, e, o uso de conhecimento

acumulado.

Em relação ao domínio da memória, apesar de ser uma das principais queixas

dos idosos (acontece em todas as idades, mas são os idosos que mais a

evidenciam), ainda não há consenso sobre este declínio. Há estudos que

referem que os idoso têm melhor capacidade de lembrar do passado longínquo

e mais dificuldade em lembrar do passado recente, e, outros estudos que

referem o contrário. Alguns autores referem que embora se assinale um ligeiro

declínio este não é geral ou representativo (Sousa, Figueiredo & Cerqueira,

2004).

Um aspeto bastante positivo da terceira idade é, sem dúvida, a sabedoria. Baltes

e Smith (2000), identificaram dois fatores associados à sabedoria:

- Compreensão excecional –

utiliza o bom senso, aprendeu com as experiências, vê os acontecimentos num

contexto mais amplo, é um observador perspicaz, perscruta a essência da

comunicação, tem abertura de espirito e independência de pensamento (Sousa,

Figueiredo & Cerqueira, 2004:26-27).

- Habilidade de comunicação e julgamento – “é fonte de bons conselhos,

compreensivo, capaz de entender a vida, apto a abranger todas as opiniões

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numa decisão e competente a pensar cuidadosamente antes de decidir”(Sousa,

Figueiredo & Cerqueira, 2004:27).

No que diz respeito às alterações ao nível psicológico, Zimerman (2000), refere

a dificuldade de se adaptar a novos papeis, falta de motivação, dificuldade em

planear o futuro, necessidade de trabalhar perdas afetivas e sociais, baixa

autoestima e autoimagem.

Nem em todas as perspetivas sobre o envelhecimento, o vimos associado a

fraqueza, fragilidade, depressão, dependência e desânimo; Bortz (1989) não

considera que estas características sejam inerentes ao envelhecimento. Este

autor propôs que a “falta de uso” era a entidade patológica que atuava no

organismo.

A maior parte do corpo serve a propósito do movimento, portanto, a falta de uso

correspondendo à falta de atividade física, leva a uma função perturbada,

aplicada a todos os níveis do corpo e a todos os tecidos (Paúl, 1997:18).

2.2.1. Depressão na terceira Idade

Segundo Costa in Paúl e Fonseca (2005), o processo de envelhecimento implica

normalmente uma adaptação alterações na vida quotidiana; que se podem

traduzir pela perda de rotinas, da saúde com que sempre se viveu, pela morte

de entes queridos, pela reforma e outros acontecimentos que podem levar ao

isolamento e à perda de relações interpessoais e sociais.

A depressão sobrecarrega as famílias e instituições que prestam cuidados aos

idosos, é destruidora da qualidade de vida, impõe uma grande carga social e

económica para a sociedade. Assim, a depressão tem consequências e

implicações a nível:

- Económico: aumento da população dependente e, consequente, aumento das

despesas com saúde e segurança social;

- Social: alteração nas relações familiares e interpessoais, maior necessidade de

instituições que prestem cuidados ao geronte;

- Sanitário: aumento da necessidade de cuidados primários, aumento da

necessidade de pessoal e de instituições especializadas;

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- Ético: problemática do suicídio do idoso (Costa in Paúl & Fonseca, 2005).

Para Barreto (1973), depressão pode significar uma doença, síndrome, sintoma

ou apenas o estado de tristeza. Quando se fala em depressão em termos

clínicos, a depressão é um síndrome, ou seja, um conjunto de sintomas e sinais;

ou uma doença, da qual se conhece a etiologia (causa), patogenia (processo

entre a ação da causa e a produção dos sintomas), os sintomas, a evolução, o

tratamento, as complicações e o prognóstico (Fernandes, 2000).

A depressão é

Um estado de elevada complexidade, sendo possível a deteção de diversos

componentes como a ansiedade, a agitação, a preocupação, a dor mental e

sentimentos de culpa implicando, num número significativo de ocorrências, uma

vivência forte e continua de infelicidade, onde o passado se imobiliza geralmente

sob a forma de vivência de culpabilidade (…) onde o presente é rejeitado por ideias

de indignidade e ruinas e onde o futuro se encontra completamente bloqueado

devido a ideias de catástrofe eminente, de ruina e de morte (Teixeira & Branco, 1989

cit. por Fernandes, 2000:58).

A depressão no idoso é muitas vezes enquadrada no contexto social em que

está inserido; o indivíduo deprimido afeta de forma relevante aqueles com que

mantêm mais proximidade; assim, a depressão exerce influência nos indivíduos

que rodeiam o idoso, particularmente, os familiares. No entanto, o idoso é,

também, influenciado pelos indivíduos que rodeiam. Muitas vezes a depressão

encontra-se relacionada com o rompimento de vínculos ou de diversas relações

afetivas com familiares próximos (Fernandes, 2000).

Para Marques et al (1989) citados por Fernandes (2000), existem três grandes

fatores que conduzem ao aparecimento da depressão no idoso:

- Fatores ambienciais: relacionados com as situações traumáticas com que se

deparam os idosos, sendo que as mais significativas são: o isolamento e a falta

de convívio social; a ausência de trabalho, com consequente imobilidade; a saída

dos filhos da casa paterna, ou síndrome do “ninho vazio”; a morte de entes

queridos; a noção de desvalorização social e profissional; a noção de “fardo”

para a família; as perdas físicas, mentais e socias.

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- Fatores genéticos: existem fatores genéticos predisponentes para a depressão

em idade tardia, e, têm vindo a aumentar de geração para geração,

A maioria das crises de depressão major em idades tardias são aquelas

em que o peso genético é maior e que os indivíduos que sofrem uma primeira

crise na terceira idade são mais ajustados emocional, social e psicologicamente

do que aqueles eu sofrem a primeira depressão em idades mais jovens

(Fernandes, 2000: 68).

- Fatores orgânicos: existe uma grande diversidade de afeções (doenças)

orgânicas que se podem manifestar em forma de depressão; realça-se as

alterações senis e ateroscleróticas e acidentes vasculares cerebrais.

Fernandes (2000), após um levantamento de vários estudos realizados, refere

que é ponto assente que a depressão é a perturbação psíquica mais frequente

nos idosos.

Os sintomas e sinais essenciais para um diagnóstico de depressão incluem a

tristeza, baixa de humor, pessimismo em relação ao futuro, critica a si mesmo,

sentimento de culpa, dificuldade em concentração, lentidão no raciocínio,

alterações de apetite e de sono. O sintoma mais comum nos idosos é a tristeza

(Blazer,2003).

Normalmente, as queixas apresentadas pelo geronte pode não se afigurar de

imediato com um sinal de depressão, estas queixas podem ser relacionadas com

preocupações com a saúde física, dificuldade nas relações com os outros,

preocupações com problemas financeiros; por vezes, estas queixas mascaram

a presença de um humor depressivo. Bradley (1963), notou uma dor física

generalizada nos pacientes deprimidos (Blazer,2003).

Back (1967), classificou os sintomas depressivos em emocionais, físicos e de

vontade; os sinais de distúrbios depressivos incluem os comportamentos

observáveis que sugerem os mesmos distúrbios.

QUADRO 1:SINTOMAS E SINAIS DE DEPRESSÃO EM IDOSOS, SEGUNDO BACK (1967)

Sintomas Sinais observáveis

Emocionais Desalento ou tristeza Insatisfação pela vida

Aparência Posição encurvada Rosto triste

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Perda de interesses Vontade de chorar Irritabilidade Vazio Temores Sentimentos negativos Preocupação Desespero Sensação de Falhar Solidão Inutilidade Cognitivas Baixa estima Pessimismo Sentimentos de culpa Ruminação de problemas Pensamentos suicidas Delírios Por sentir-se inútil Por comportamento imperdoável Por sentir-se um nada Somáticos Alucinatórios Auditivos Visuais Cinestésicos Dificuldade de concentração Memória Fraca Físicos Perda de apetite Fadiga Sono perturbado Insónia Inicial Insónia Terminal Acordar com frequência Constipação Perda da libido Dor Inquietação Volitivos (vontade) Perda da motivação ou paralisação da vontade Impulsos Suicidas Desejo de se afastar da sociedade

Falta de cooperação Afastamento social Hostilidade Suspeitas Confusão mental e falta de clareza Variação diurna de humor Aparência descuidada Ulcerações ocasionais na pele por se arranhar Choro ou lamento Ulcerações ocasionais na córnea por não pestanejar Perda de peso Empanzinamento Retardamento psicomotor Fala lenta Movimentos lentos Diminuição dos gestos Andar lento e vacilante Mutismo (casos severos) Cessar da mastigação e engolir (casos severos) Diminuição ou cessação do piscar Agitação psicomotora Atividade motora continua Torcer as mãos Arranhar a pele Medir os passos Sono agitado Segurar os outros Comportamento Bizarro ou inadequado Gestos suicidas Negativismo, tal como negar-se a comer ou beber e rigidez no corpo Ímpetos de agressividade Cair para traz

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(Fonte: Blazer, 2003:45,46)

A baixa-estima, foi constatada em 81% dos pacientes de Beck (1967), sendo o

sintoma mais característico; no entanto, este sintoma é menos comum nos

idosos, tende a ser substituída por outros sintomas como o pessimismo acerca

do futuro. A ruminação sobre os problemas passados e presentes é

característica do idoso deprimido; podendo esta, ser acompanhada com

sentimentos de tristeza e inutilidade. Por outro lado, outros investigadores

verificaram que a culpa é um sintoma menos comum em idosos. Winokur, Behan

e Schessler (1980), constataram que os pensamentos suicidas, também, são

menos comuns em idosos deprimidos do que em jovens deprimidos (Blazer,

2003).

Em relação aos sintomas físicos, Wilson et al (1983), verificaram que os sintomas

mais comuns, que surgiam no atendimento a indivíduos com depressão, eram

problemas no sono (36%), cansaço (34%), tontura (29%), mudanças no apetite

(21%) e sintomas gastrintestinais (20%). De Alarcon (1964), verificou sintomas

hipocondríacos em 65,7% dos homens e 62% das mulheres que iam a uma

clinica geriátrica para idosos (Blazer,2003).

Os sintomas volitivos, são relacionados com o impulso de empenho dos

indivíduos. Beck (1967), notou que os pacientes deprimidos desistem de

atividades que solicitem mais e são mais atraídos por aqueles que exigem

menos; esta paralisia de vontade verificou-se em 65% a 85% dos pacientes. De

acordo com Fassler e Gavirin (1978), os idosos deprimidos tendem a ser mais

introspetivos e menos participativos em atividades sociais, no entanto, segundo

Chessea (1965), os idosos deprimidos são mais sociáveis dos que os jovens

deprimidos (Blazer,2003).

Em relação aos sinais de depressão, expressão triste, morosidade ou agitação,

choro frequente e outras expressões de desesperança e dependência são

características da depressão. Post (1968), verificou que os idosos deprimidos

são com frequência mais agitados do que nas outras faixas etárias. A perda de

peso, é mais frequente em idosos do que pessoas com menos de 60 anos.

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Existem evidências que a depressão afeta a qualidade de vida, visto que, a

depressão afeta vários domínios que fazem parte da avaliação global da

qualidade de vida (Berlim, M.; Brenner, J.; Caldieraro, M.; Pargendler, J.;

Fleck,M. in Fleck, 2008).

As doenças afetivas causam prejuízo na qualidade de vida; indivíduos com

depressão apresentam menos qualidade de vida que os indivíduos não

deprimidos (Goldney et al 2004 cit. por Berlim et al in Fleck, 2008). Diversos

estudos demonstraram que os pacientes deprimidos apresentam funcionamento

social limitado em várias áreas, como no lazer, nas relações com os outros, no

desempenho escolar, no desempenho profissional. (PapaKostas et al, 2004 cit.

por Berlim et al in Fleck, 2008).

O que não quer dizer que todos os idosos, sofram ou venham a sofrer deste tipo

de fragilidades, muitos idosos mantêm-se saudáveis e com um estilo de vida

independente ou quase independente (Ferreira & Nogueira, 2006).

2.3. Alterações a nível social

Em relação às alterações no aspeto social, o envelhecimento traz modificações

no status do idoso e no seu relacionamento com os outros:

- Crise de identidade – provocada pela falta de papel social, o que conduz a

uma perda de autoestima;

- Mudança de papéis na família, no trabalho e na sociedade - o idoso deverá

associar-se a novos papéis;

- Reforma - atualmente ao reformar-se ainda restam muitos anos de vida, os

idosos devem estar preparados para esta alteração.

- Perdas diversas - desde perdas a nível económico, de poder de decisão, de

entes queridos, da independência e autonomia.

- Diminuição de contactos sociais (Zimerman, 2000).

O aspeto social tem especial importância no envelhecimento, Lima e Viegas

(1988), retratam a velhice como um conceito referente à forma como cada

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sociedade conceptualiza esta fase do ciclo da vida – é uma construção social e

histórica. Os autores referiram-se,

às sociedades camponesas e às sociedades de cultura oral (…) focam o

processo da herança que assegurava, pela valorização dos laços de parentesco,

o cuidado e de certa forma também a autoridade dos idosos, por quem o filho

varão olhava até à morte, assumindo posteriormente o património familiar (…)

por outro lado, a transmissão do saber deixou de ser feita oralmente, de geração

em geração, o que conferia aos velhos o poder da sabedoria acumulada ao longo

dos anos da vida. (Paúl,1997:18-19)

Para Marques (2011), referindo-se à discriminação social da terceira idade na

sociedade portuguesa, apesar de não existirem estudos padrões

comunicacionais com as pessoas idosas, da observação da autora os idosos

“quando não são maltratados, são geralmente alvo de algum paternalismo”

(Marques,2011:60).

A mesma autora, citando algumas investigações norte-americanas, menciona

que, se pediu a um grupo de jovens que explicassem a indivíduos de diversas

idades as regras de um jogo; foi verificado que as explicações dadas aos idosos

eram muito parecidas às explicações dadas às crianças e adolescentes.

Marques (2011), refere que, um tipo de discurso “infantil” e “paternalista”, tal

como a lentidão no discurso ou uma maior entoação não são uma mais valia

para a comunicação com o idoso, antes pelo contrário, podem interferir com a

autoestima e dignidade, quando utilizados em público.

Para a mesma autora, o extremo da discriminação às pessoas idosas é o abuso.

Segundo dados da Policia de Segurança Pública, os registos de violência contra

idosos triplicou entre 2002 e 2007; passando de mais de oito mil casos para

quase 25 mil.

Segundo dados da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, em 2009, foram

assinaladas 642 idosos que sofreram de abuso. Apesar de também aconteceram

abusos em instituições, numa grande percentagem, estes crimes são cometidos

por familiares ou alguém próximo. Segundo a mesma instituição, cerca de 34%

dos crimes contra pessoas idosas, em 2009, foram cometidos pelos filhos das

vítimas. (Marques, 2011)

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A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 29

Segundo Marques (2011), citando dados da APAV, as formas mais comuns de

violência contra idosos são a violência física e emocional – em 2008, 25% dos

crimes contra idosos eram maus tratos físicos e 31% eram maus tratos

psicológicos.

Entre os motivos das participações contam-se as agressões corporais,

ameaças, e coação, difamação e injúria, tentativa de extorsão de dinheiro e

negligência por abandono ou por doses de medicamentos erradas, com o

intuito de “acalmar” o idoso. Existe ainda um peso importante de queixas de

idosos que dizem ser insultados e humilhados por familiares. A grande maioria

das vitimas são mulheres e os ofensores são geralmente os conjugues e os

filhos. (Marques,2011:66)

Mais recentemente, surgiu através da comunicação social, a exposição de

situações de abandono de idosos nos hospitais. Segundo uma entrevista

realizada à coordenadora do Serviço Social do Hospital de Évora, estas

situações devem-se a uma multiplicidade de fatores: famílias que não têm

possibilidades de acolher um idoso dependente; apesar de existir o serviço de

apoio domiciliário, este não é suficiente para todas as situações; familiares que

não têm interesse em receber os idosos, entre outros fatores. (Marques,2011)

2.4. Proteção Social no envelhecimento

Sendo o envelhecimento uma fase da vida em que é indispensável a proteção

social, importa referir que, a proteção social ao idoso deve respeitar a velhice

individual, combatendo a homogeneidade com que, por vezes, é encarada esta

faixa etária. Segundo Quaresma (2004), a velhice individual “evoluí no sentido

da pluralidade e da diversidade, ao mesmo tempo que o direito social que a

protege tende à homogeneização e à estandardização” (Quaresma, Fernandes,

Calado, Pereira, 2004:4).

Quaresma (2004) afirma que os idosos de hoje são os primeiros reformados, a

experienciar viver numa idade adulta reformada, assinalada pela coexistência de

uma diversidade de papéis – “é um dado novo poder ser simultaneamente filho,

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neto, pai, avô, professor e aluno, apoio, ajuda para outro e apoiado, ajudado por

outros” (Quaresma, Fernandes, Calado, Pereira, 2004:4).

Para a autora as políticas sociais de apoio à terceira idade centram-se numa

perspetiva reparadora das perdas de capacidades físicas, e, de recursos

económicos, o que não tem favorecido a integração desta fase do ciclo de vida

no continuum da existência do individuo (Quaresma et al; 2004).

Segundo Leal (1985), as políticas sociais são as ações prosseguidas com o

intuito da realização do bem-estar social. São ações destinadas a realizar ou a

satisfazer direitos dos cidadãos. Em Portugal, a políticas de ação social para a

terceira idade são, principalmente, as políticas de ação social em forma de

respostas sociais e a política de pensões.

Segundo a Constituição da República Portuguesa (2005), artigo 63.º (Segurança

Social e Solidariedade) “3. O sistema de segurança social protege os cidadãos

na doença, velhice (…)”. No artigo 72.º, referindo-se especificamente à terceira

idade, menciona que

1. têm direito à segurança económica e a condições de habitação e convívio

familiar e comunitário que respeitem a autonomia pessoal e evitem e superem o

isolamento (…)2. A política de terceira idade engloba medidas de carácter

económico, social e cultural tendentes a proporcionar às pessoas idosas

oportunidades de realização pessoal (Constituição da República

Portuguesa,2005:40).

Fernandes (2004) refere que com a evolução das políticas sociais de terceira

idade, os beneficiários têm a possibilidade de aceder a bens e serviços

essenciais que vão de ajudas nos cuidados no domicílio até à possibilidade de

usufruir de atividades de lazer.

Segundo Marques (2011), sobre os equipamentos sociais, citando um estudo

realizado pela DECO sobre a qualidade de vida de 28 lares e residências para

idosos, refere que, destes 28 lares apenas sete obtiveram nota positiva em

termos de segurança e de qualidade de vida proporcionada aos utentes. Os

principais problemas das instituições prendiam-se com um baixo número de

funcionários em relação ao esperado; o período das visitas dos familiares era

muito reduzido; a possibilidade de realização de atividades no interior e exterior

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da instituição era muito limitada; e, falta de profissionais qualificados. “Todos

estes fatores contribuíam para diminuir a autonomia e independência dos

utentes, que se tornavam mais apáticos e passivos”(Marques,2011:76).

Marques (2011), citando estudos internacionais, refere que,

Os profissionais tendem muitas vezes a tratar os utentes de forma bastante

infantil (…) os profissionais comparam muitas vezes as pessoas idosas às

crianças e que utilizam muito frequentemente um tipo de comunicação do género

“conversa de bebé” (em inglês, “baby-talk”) (Marques, 2011:77)

A falta de formação adequada dos profissionais é, como já foi referido, causadora

da fala de qualidade dos serviços prestados aos idosos. “Neste sentido, os

profissionais seguem o mesmo padrão que a maioria das pessoas costuma

seguir na interação com as pessoas idosas: a benevolência e o paternalismo”

(Marques:2011:78)

3. Contexto Natural de Vida

O contexto natural de vida pode ser considerado como aquele onde o idoso viveu

grande parte da sua vida, ou, pelo menos, nos últimos tempos; no atual contexto

social e demográfico levantam-se alguns desafios para que o idoso permaneça

no seu contexto natural de vida (Ferreira e Nogueira,2006).

Destes desafios pode-se destacar

o da desigual ocupação do espaço territorial com uma zona litoral atrativa e de

população mais jovem e um interior desertificado, onde os idosos predominam;

a mudança das estruturas familiares com o aumento do divórcio e das famílias

monoparentais, colocando em causa as tradicionais redes de solidariedade e o

apoio para os mais velhos (Ferreira & Nogueira, 2006:122).

Para Fernandes (2004), viver mais tempo representará, num futuro próximo,

contar com menos ajuda dos descendentes “a redução da fecundidade terá

provavelmente efeitos ao nível das solidariedades intergeracionais” (Quaresma

et al, 2004:20).

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Esta autora, defende que o envelhecimento é vivido dependendo do contexto em

que se desenrolou a trajetória de vida e de como se estruturaram as relações de

sociabilidade e familiares.

Ao longo da vida estabelecem-se laços, sociabilidades, e solidariedade de base.

Decorrem das relações com o cônjuge, com os filhos, com a parentela, com os

vizinhos ou amigos, colegas de trabalho, que ao perdurarem são o garante de

ajuda necessário nas situações de crise. As dificuldades relacionais ao longo da

vida são geralmente condicionantes de isolamento e solidão na velhice e

geradoras de estados psicológicos depressivos e psicológicos (Quaresma et al,

2004:20).

Daí a importância do contexto natural de vida, Hall, Mclennam e Lye (1992),

citados por Ferreira e Nogueira (2006), propuseram a existência de dois ciclos

de vida nos idosos, um ciclo positivo e um ciclo negativo. Para os autores, alguns

gerontes adotam uma perspetiva mais negativa o que conduz ao ciclo de vida

negativo (Figura 1) e ao desempenho de um papel de doente e de dependente.

ILUSTRAÇÃO 1: CICLO DE VIDA NEGATIVO

Por outro lado, os autores consideram que, com a ajuda dos familiares e dos

amigos, ou dos profissionais de saúde, quando necessário, o ciclo de vida

1. Diminuição das capacidades física, mental e

social

2. Visto como ineficiente ou incapaz pelos

outros

3. Desenvolvimento do papel de doente ou de dependente; nega a capacidade

4. Auto-reconhecimento como doente ou

deficiente

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negativo pode ser contrariado. O ciclo de vida positivo (Figura 2) é conseguido

através de uma perspetiva mais positiva (Ferreira e Nogueira, 2006).

ILUSTRAÇÃO 2: CICLO DE VIDA POSITIVO

As relações pessoais surgem, assim, como indispensáveis para um ciclo de vida

positivo. A permanência no contexto natural de vida será então a melhor forma

para manter estes laços. Como refere Parreira (2006), o apoio social é um fator

reconhecidamente favorável à qualidade de vida, em todas as fases do ciclo de

vida, mas sobretudo em adolescentes e idosos (Parreira,2006:65).

O contexto de proximidade, os ambientes familiares, as relações de amizade e

vizinhança – contexto que se baseiam no respeito pelo outro, senso de

responsabilidade, troca de experiências, solidariedade, partilha – são condições

relacionais que fomentam a qualidade de vida e reduzem os comportamentos de

risco (Parreira,2006).

1. continuação de uma existência

confortável

2. Segurança e apoio

emocionais

3. Manutenção do papel na

sociedade -considerado como

capaz

4. Espaço para um

desenvolvimento continuado

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Evans e Cope (1989), definiram as relações interpessoais nos contextos

próximos, como um dos fatores decisivos para a qualidade de vida pessoal

(Parreira,2006).

Para Sousa, Figueiredo e Cerqueira (2004), os cuidados aos idosos começam,

geralmente, por ser assumidos por familiares ou outros elementos da rede

informal, como por exemplo, vizinhos e /ou amigos. Os cuidados formais, como

o apoio domiciliário, são solicitados quando as redes informais de apoio precisam

de ajuda para prestar cuidados. No entanto os cuidados formais e informais não

são substitutos perfeitos, um do outro – os formais suprem tarefas dos informais,

tais como as refeições; mas, “os mais velhos admitem que algumas formas de

apoio podem provir de qualquer pessoa (cuidados instrumentais, mas outras

(emocionais e sociais) têm de vir dos mais íntimos” (Sousa, Figueiredo e

Cerqueira,2004:106). Daí a importância da manutenção do idoso no contexto

natural de vida para cobrir as necessidades afetivas e sociais.

3.1. A prestação informal de cuidados

Para Figueiredo (2007), prestar cuidados é encarado pela maioria dos indivíduos

como uma função básica da família “trata-se de uma atividade complexa, com

dimensões psicológicas, éticas, sociais” (Figueiredo, 2007:101).

Squire (2005) citado por Figueiredo (2007), considera três dimensões na

prestação de cuidados: responsabilizar/tomar conta de alguém;

satisfazer/responder às necessidades, e, sentir preocupação, consideração e

afeto.

A autora cita um estudo realizado em 1997 a 1509 cuidadores, em que

a prestação informal de cuidados foi operacionalizada como sendo uma atividade

tipicamente prestada por familiares ou amigos chegados a uma pessoa que já não

consegue gerir todos os aspetos da sua vida diária e cuidados pessoais

(Figueiredo,1997:101).

Assim, cuidado informal é uma relação entre um vizinho, amigo ou familiar que

ajuda o outro, de modo considerado regular, em tarefas que são consideradas

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indispensáveis para manter as condições de vida necessárias; e, que não aufere

rendimento.

Stone, Cafferata e Sangl (1987), distinguem cuidador informal principal e

cuidador secundário, sendo que, o primeiro diz respeito àquele que tem a maior

parte das responsabilidades dos cuidados prestados e a quem são atribuídos os

trabalhos de rotina; o segundo diz respeito àqueles que prestam cuidados

complementares (Figueiredo, 1997).

Para Figueiredo (1997), o cuidador formal é o profissional contratado para a

prestação de cuidados. Estes papéis deverão ser encarados numa dinâmica de

complementaridade, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida do idoso

sem sobrecarregar a família, amigos e vizinhos.

4. Qualidade de Vida

No Diccionario del trabajo social, Ander-Egg (1995) a qualidade de vida é

abordada como um conceito que se começa a utilizar de forma mais

generalizada no final dos anos sessenta, substituindo o conceito de bem-estar

social.

Para o mesmo autor, a qualidade de vida

No se trata sólo de “tener cosas”, sino de “ser” persona, de sentirse biene

en cuanto a la própria realización personal. Esto implica no sólo retomar la

persectiva del sujeito, sino incorporar como cuestión central la “felicidad” (Ander-

Egg:1995:51).

Parreira (2006) considera que se pode aproximar o conceito de qualidade de

vida ao conceito de saúde proposto pela Organização Mundial de Saúde, em

que a saúde é definida em termos de bem-estar social, psicológico e físico.

O mesmo autor refere que, as ciências da economia e da gestão abordam o

conceito de qualidade de vida através dos conceitos de desenvolvimento, nível

de vida das populações, consumo, produção e organização do trabalho.

Enquanto a sociologia, antropologia e a política destacam o desenvolvimento

social e cultural, mas, também, “os fenómenos de regulação social e anomia, os

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equilíbrios e desequilíbrios entre os diferentes grupos populacionais”

(Parreira,2006:3). Realçando como principais indicadores da qualidade de vida

a expressão da identidade cultural e acesso aos saberes.

Parreira (2006) afirma que é ponto assente que os fatores contextuais afetam a

qualidade de vida das pessoas; no entanto, considera que é necessário

desenvolver alguns fatores intrapessoais que poderão ser facilitadores ou

inibidores de qualidade de vida.

- o conceito de autoeficácia e outros conceitos inerentes como as competências

sociais, a fortaleza (hardiness), o senso de controle dos acontecimentos e o

locus de controle interno.

- senso de coerência pessoal – relacionado com um conjunto de características

psicológicas que levam o individuo a olhar para as situações como atingíveis,

manobráveis, a não encarar as situações como caóticas, uma maturidade

psicossocial. A capacidade de atribuir significados positivos à leitura dos

acontecimentos, com a associação de emoções positivas. Antonovsky (1979)

define senso de coerência pessoal como

uma orientação global que manifesta a medida em que cada pessoa tem um

sentimento de confiança – extenso, resistente e dinâmico – de que os seus

ambientes internos e externos são previsíveis e de que é alta a probabilidade de

as coisas funcionarem tão bem quanto se possa razoavelmente esperar

(Antonovsky, 1979 citado por Parreira, 2006:61).

- padrões motivacionais – ou reguladores de comportamento, condicionam a

adoção ou recusa de comportamentos de risco.

As competências sociais têm sido outra das áreas estudadas na procura de

saúde e qualidade de vida. O comportamento interpessoal bem sucedido está

associado à resistência e relação a disfunções psíquicas e sintomáticas.

perceber com exatidão os desejos e intenções dos outros; ter a noção do impacto

do próprio comportamento sobre as outras pessoas; obter dos outros o

comportamento que se deseja; exprimir as suas opiniões com clareza e

assertividade; negociar compromissos mutuamente vantajosos; variar a

expressão das emoções de forma adequada à situação (Parreira, 2006:64).

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A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 37

São competências sociais intimamente relacionadas com a saúde e a qualidade

de vida.

No entanto, o conceito de qualidade de vida é, ainda, um tema em debate; alguns

autores consideram a complexidade e impossibilidade de conceituar

devidamente este conceito. O grupo WHOQOL2, inseriu na sua definição de

qualidade de vida o fator da perceção do individuo, assim, definiu qualidade de

vida como

a perceção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto de sua

cultura e no sistema de valores em que vive e em relação a suas expectativas,

seus padrões e suas preocupações (Fleck, 2008:25).

O conceito de qualidade de vida, é conceito amplo que é composto pela saúde

física, o estado psicológico, o nível de independência, as relações sociais,

crenças e relação com meio ambiente (The WHOQOL Group, 1995 cit. por Fleck,

2008).

Esta definição aborda as três dimensões fundamentais da qualidade de vida:

- Subjetividade: é a perspetiva do individuo que conta; a realidade só tem valor

na perceção do individuo;

- Multidimensionalidade: a qualidade de vida é composta por várias dimensões,

física, mental, social, entre outras.

- Presença de dimensões positivas e negativas: para uma boa qualidade de vida

é necessário que alguns elementos estejam presentes (e.g. independência) e

outros ausentes (e.g. dor) (Fleck et al, 1999 cit. por Fleck, 2008).

Calman (1987) considera que uma boa qualidade de vida está relacionada com

as esperanças e expectativas do individuo; e, que estas expectativas são

diferentes consoante a idade. A qualidade de vida tem, para este autor, as

seguintes implicações:

1. Só pode ser descrita pelo próprio indivíduo.

2. Precisa levar em conta vários aspetos da vida.

3. Está relacionada aos objetivos e às metas de cada indivíduo.

2 Instrumento de Avaliação de Qualidade de Vida da Organização Mundial de Saúde

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4. A melhor está relacionada à capacidade de identificar e atingir esses objetivos.

5. A doença e seu respetivo tratamento podem modificar esses objetivos.

6. Os objetivos necessariamente precisam ser realistas, já que o individuo precisa

manter a esperança de poder atingi-los.

7. A ação é necessária para diminuir o hiato entre a realização dos objetivos e as

expectativas, quer pela realização dos objetivos, quer pela redução das

expectativas. Essa ação pode se dar através do crescimento pessoal ou ajuda dos

outros.

8. O hiato entre as expectativas e a realidade pode ser, justamente, a força motora de

alguns indivíduos (Fleck,2008:26).

4.1. Qualidade de vida no envelhecer

Parreira (2006), considera que a definição de qualidade de vida varia de acordo

com o estádio em que a pessoa se encontra. Neri (1993) citada por Parreira

(2006), considera que, na velhice

O desenvolvimento de competências sociais e de eficácia cognitiva e a

manutenção da adequação física facilitam o senso de controlo pessoal e a

autoestima, características potenciadoras da qualidade de vida. Para ela a

qualidade de vida na adultícia e na velhice é favorecida pelo envolvimento, pela

capacidade de resolução de problemas, pela fortaleza (hardiness), pelo senso

de equilíbrio entre o que se desejou e se alcançou, pelo humor positivo

(Parreira,2006:58).

Estas características são fatores importantes para a qualidade de vida, e,

consequentemente, um envelhecimento satisfatório, “concretizado na

otimização da expectativa de vida e na minimização da morbilidade física,

psíquica e social” (Fries, 1990 citado por Parreira, 2006:58).

Para Lawton (1991),

a qualidade de vida na velhice parte de uma avaliação multidimensional

em relação aos critérios socionormativos e intrapessoais que buscam referência

tanto nas relações atuais quanto nas passadas e também prospetivas na relação

entre o idoso (…) e o ambiente que o cerca. Dessa maneira, a qualidade de vida

na velhice dependeria de muitos elementos em interação constante ao longo da

vida do individuo (Trentini, C.; Chachamovich, E.; Fleck, M. in Fleck, 2008:220).

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A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 39

Esta ideia é reforçada por outros autores, que consideram que a qualidade de

vida na velhice é um processo adaptativo multidimensional, relacionado com o

modo como o geronte encara os problemas que surgem (Trentini, C.;

Chachamovich, E.; Fleck, M. in Fleck, 2008).

No envelhecimento, os níveis de rendimento e de escolaridade, boas condições

de vida e de saúde, apoio social, manutenção das relações familiares, o ser ativo,

são fatores que contribuem para a qualidade de vida, para o bem-estar, para a

autoeficácia e funcionamento global do idoso; apesar de todas as perdas que

podem acontecer com o avançar da idade. Por outro lado, os sintomas

depressivos e os níveis de desesperança estão relacionados com níveis de

qualidade de vida inferiores (Trentini, C.; Chachamovich, E.; Fleck, M. in Fleck,

2008).

Envelhecer satisfatoriamente depende, assim, do dedicado equilíbrio

entre os limites impostos pelos anos vividos e as capacidades/potencialidades

do individuo. Tal relação irá possibilitar ao idoso lidar, com diferentes graus de

sucesso, com as perdas características do envelhecimento (Trentini, C.;

Chachamovich, E.; Fleck, M. in Fleck, 2008:221).

Segundo Engenheiro (2008), no seu estudo de caso sobre a qualidade de vida

dos utentes do serviço de apoio domiciliário em Peniche, concluiu que, os

indivíduos percecionam a qualidade de vida sobretudo pelas condições de

saúde. A autora refere, ainda, que

existe (no estudo) um dado relevante que diz respeito aos valores obtidos na

escala geriátrica de depressão. Estes indicam uma tendência depressiva o que

pode ser uma possível explicação para a antagónica perceção de não saúde e

de altos valores de morbilidade e funcionalidade (Engenheiro,2008:118).

4.2. Conceito de necessidade humana básica

Um conceito inerente ao conceito de qualidade de vida, é o conceito de

necessidade humana, visto que, a qualidade de vida depende das necessidades

humanas.

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A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 40

Para Idáñez e Ander-Egg (2007), as necessidades humanas fundamentais são

“o conjunto de condições de carência e privação claramente identificadas e de

validade universal”(Idáñez & Ander-Egg,2007:31). Estas necessidades são

inerentes à natureza humana, e têm-se instruído histórica e culturalmente,

atualmente, constituem um valor generalizado em qualquer sociedade. Quando

se fala em necessidade, refere-se, normalmente, a uma carência ou à falta de

meios para satisfazer essa necessidade.

A satisfação integral das necessidades é essencial e ocorre mediante um

processo de inter-relação cujo resultado define a qualidade de vida dos

indivíduos. “As privações em qualquer destas necessidades universais podem

desencadear patologias diversas e a privação em várias ou em todas, produz

um efeito sinergético ou potenciador do impacto dessas privações”(Idáñez &

Ander-Egg,2007:31).

Para colmatar as necessidades, é necessário os meios de satisfação, que são

definidos como “os modos particulares que cada sociedade ou sistema utiliza

para satisfazer as necessidades universais. Cada cultura tem um certo tipo,

quantidade e qualidade de meios de satisfação socialmente definidos”(Idáñez &

Ander-Egg,2007:31). São as diferenças nas possibilidades de acesso aos meios

de satisfação que fomentam as diferenças culturais e sociais.

Existem diversos meios de satisfação das necessidades, vejam-se os seguintes

exemplos:

- Violadores ou destruidores: são os que com o pretexto de satisfazer a

necessidade acabam com a possibilidade de o fazer;

- Pseudo-meios de satisfação: são os que levam a uma falsa sensação de que

a necessidade foi colmatada (e.g. dar uma esmola – não destrói

verdadeiramente a necessidade de subsistência);

- Inibidores: são os que pelo modo como satisfazem dificultam a possibilidade de

satisfazer outras necessidades (e.g. uma escola autoritária em relação ao

entendimento e que inibe as necessidades de participação, criatividade e

liberdade);

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- Singulares: satisfazem uma só necessidade (por exemplo: os programas de

fornecimento de alimentos);

- sinérgicos: satisfazem uma necessidade e estimulam a satisfação simultânea

de outras (e.g., a amamentação materna, jogos didáticos) (Idáñez & Ander-

Egg,2007).

5. Serviço de Apoio domiciliário: um serviço de apoio na comunidade

Segundo Sousa, Figueiredo e Cerqueira (2004), a origem dos serviços prestados

na comunidade encontram-se nas atividades dos voluntários que ajudavam os

necessitados na comunidade, e, posteriormente, de assistentes sociais que

prestavam o seu trabalho no domicílio.

Por volta dos anos 70 e 80, surgiu uma maior preocupação com a forma como a

prestação de serviços tendia a separar famílias, levando a uma revalorização

dos programas centrados nos agregados familiares em contexto comunitário. O

trabalhar no contexto de vida do utente promove um entendimento da sua

realidade de vida e o envolvimento da rede social no apoio (Sousa, Figueiredo &

Cerqueira, 2004).

Segundo o Guião Técnico – Serviços de Apoio Domiciliário, o serviço de apoio

domiciliário é uma resposta social que consiste na prestação de cuidados

individualizados e personalizados no domicilio, a indivíduos e famílias quando,

por motivo de doença, deficiência ou outro impedimento, não possam assegurar

de forma temporária ou permanente, a satisfação das suas necessidades

básicas e/ou atividades da vida cotidiana (Bonfim & Veiga,1996).

Para Ana Gil (2009), “a implementação dos serviços de apoio domiciliário permite

promover atitudes e medidas preventivas do isolamento, da exclusão e da

dependência” (Gil, 2009:4). Com este serviço pretende-se evitar a

institucionalização em lares de idosos.

O serviço de apoio domiciliário assegura a prestação de quatro serviços básicos:

alimentação (pequeno-almoço, almoço e jantar); cuidados de higiene pessoal

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A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 42

(diários e/ou semanais); tratamento de roupas e limpezas e arrumação do

domicílio (Bonfim & Veiga,1996).

Assegura, ainda, os seguintes serviços complementares: aquisição de bens de

primeira necessidade e medicamentos, organização e administração da

medicação prescrita, acompanhamento ao exterior, ajudas técnicas, atividade

recreativas e de animação (Bonfim & Veiga,1996).

Para Gil (2009), apesar dos benefícios dos serviços de apoio domiciliário,

existem, ainda, alguns constrangimentos – “a insuficiente e pouca diversidade

dos serviços, limitando-se às atividades de apoio social (alimentação e banho)

(…) reduzidos somente aos dias úteis, e deficits em termos formativos dos

recursos humanos” (Gil, 2009:4).

Marques (2011), refere que, o Serviço de Apoio Domiciliário tem sido uma mais-

valia para prolongar o tempo de permanência do idoso no próprio lar, no entanto,

a oferta deste serviço tem sido bastante limitada, restringindo-se principalmente

aos serviços de higiene e alimentação. Para a autora, uma alteração no sistema

de financiamento, para um financiamento direto às famílias iria permitir que as

famílias escolhessem a entidade (lucrativa ou não lucrativa) que melhor

respondesse às suas necessidades.

A autora citando Gil (2009), refere que,

o serviço domiciliário deve ser mais do que o usual “banho e marmita”,

incluindo outras valência como, por exemplo, o transporte, o

acompanhamento ao exterior, companhia, ida ao cabeleireiro, atividades

ocupacionais e serviços de âmbito mais especifico, como os cuidados

médicos e de enfermagem (Marques:2011:78)

Em relação aos princípios gerais de funcionamento, o domicílio do utente é

inviolável, não é permitido fazer quaisquer alterações no mesmo, Deve ser

respeitado a individualidade, privacidade, usos e costumes; os cuidados devem

ser prestados tendo em vista manter a autonomia do utente (Bonfim &

Veiga,1996).

Segundo o Manual de Processos Chave do Serviço de Apoio Domiciliário, é uma

resposta social que os indivíduos em situação de dependência podem ter acesso

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A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 43

para satisfazer as suas necessidades básicas e específicas. Esta situação de

dependência ocorre, maioritariamente, a partir dos 65 e mais anos, o que não

quer dizer que não possa ocorrer em qualquer outra idade, sendo, que pode

igualmente usufruir deste serviço.

“O número crescente de pessoas mais velhas vulneráveis, o número significativo

de pessoas mais jovens em situação de dependência por diversas causas, o

número restrito de familiares que possam assegurar os cuidados necessários e

a vontade de retardar a institucionalização levam à necessidade crescente de

implementação e desenvolvimento do Serviço de Apoio Domiciliário” (Instituto da

Segurança Social, s/d:1).

Segundo o disposto no manual, o serviço de apoio domiciliário, é considerado

por muitas pessoas, como a forma de continuar inseridas no seu meio natural de

vida, perto dos seus bens e dos seus afetos, ainda com a possibilidade de criar

novas relações com os colaborados do serviço.

Para que se garanta a qualidade deste serviço, destacam-se os seguintes

pontos:

• Ter em consideração o superior interesse das pessoas em situação de

dependência, especialmente quando se planifica o trabalho, o que exige uma

articulação muito próxima com os clientes, pessoas significativas dos mesmos e

entidades parceiras. Há que estabelecer uma parceria forte com o cliente e as

suas pessoas significativas, a fim de recolher a informação necessária sobre as

necessidades, expectativas, capacidades e competências, com a finalidade de

se poder delinear o plano de desenvolvimento individual.

• Desenvolver os cuidados ao nível da qualidade das relações que o cliente vai

estabelecer com os colaboradores do Serviço de Apoio Domiciliário e entidades

parceiras.

• Reconhecer que todos os clientes necessitam de se sentir incluídos, de ter um

sentimento de pertença, de se sentir valorizados e importantes para aderir ao

processo de cuidados. Este sentimento é possível de ser construído através do

respeito mútuo e através de relações afetivas calorosas e recíprocas entre o

cliente e os colaboradores.

• Compreender a individualidade e personalidade de cada cliente, de forma a

criar um ambiente que facilite a interação, a criatividade e a resolução de

problemas por parte deste.

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A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 44

Só desta forma o cliente se pode sentir bem no âmbito dos cuidados prestados

pelo Serviço de Apoio Domiciliário. Isto implica:

• Pensar o cliente como um ser afetivo e ativo que gosta de ser respeitado na

sua maneira de ser e estar.

• Criar um ambiente calmo, flexível e responsável que possa ser adaptado aos

interesses e necessidades de cada cliente, promovendo o acesso a um leque de

oportunidades de escolhas e que lhe permita continuar o seu desenvolvimento

individual, de forma confiante e com iniciativa.

• Estabelecer relações que encorajem o cliente a participar de forma ativa nas

atividades selecionadas para a prestação de cuidados, de entre as disponíveis

internamente.

• Criar condições para a continuidade das ações que forem escolhidas pelo

cliente ou proporcionar oportunidade de acesso a atividades desenvolvidas por

entidades externas.

• Dinamizar ações que proporcionem oportunidades para que o cliente possa

comunicar os seus sentimentos e pensamentos (p. e. através da possibilidade

de estar sozinho com o colaborador de referência) (Instituto da Segurança

Social, s/d:2).

Em relação ao pagamento deste serviço, este é comparticipado pela segurança

social, sendo que a comparticipação familiar é determinada de forma

proporcional ao rendimento do agregado familiar.

Na circular normativa n.º 3 de 02/05/97, está definido que o cálculo do

rendimento familiar é feito com base na seguinte fórmula:

R= RF-D/N

Em que por R entende-se rendimento per capita, RF rendimento mensal ilíquido

do agregado familiar, D despesas fixas e N número de membros do agregado

familiar.

A participação familiar pela utilização destes serviços de apoio é determinada

pela aplicação da percentagem de 50 % sobre o rendimento do agregado – em

caso do utente usufruir dos serviços normalmente indispensáveis – alimentação

(incluindo uma refeição principal), higiene pessoal e higiene habitacional e

tratamento de roupas. Se o utente não tiver pedido algum destes serviços esta

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A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 45

percentagem pode ser diminuída, e se, por outro lado, usufruir de mais alguns

esta percentagem pode ir até um máximo de 60% sobre o rendimento (Circular

normativa n.º3 de 02/02/97).

Segundo Engenheiro (2008), na sua dissertação de mestrado sobre o apoio

domiciliário e qualidade de vida, considera que o serviço de apoio domiciliário

tem um papel importante na qualidade de vida dos gerontes.

Pois, sendo um serviço de proximidade, privilegia o contexto natural do individuo

e proporciona os cuidados de que o mesmo necessita; mas, também,

proporciona melhorias a nível físico e psicológico. A nível físico, através das

refeições atempadas e uma dieta equilibrada, e, da higiene e outros serviços de

conforto pessoal que melhoram o bem-estar (Engenheiro, 2008).

A nível psicológico, através do apoio duma equipa multidisciplinar em articulação

com os cuidadores informais que se reflete num aumento da autoestima e

confiança do utente (Engenheiro, 2008).

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II Metodologia

A presente investigação consiste num estudo de natureza qualitativa. A

investigação qualitativa consiste principalmente “em estudar e em interagir com

as pessoas no seu terreno, através da sua linguagem, sem recorrer a um

distanciamento que levaria ao emprego de formas simbólicas estranhas ao seu

meio” (Gauthier, 1987 citado por Lessard-Hébert, Goyette e Boutin,1994:47).

Segundo Bogdan e Biklen (1994), neste tipo de investigação os investigadores

procuram “compreender o significado que os acontecimentos e interações têm

para pessoas vulgares, em situações particulares” (Bogdan & Biklen, 1994:53).

A abordagem qualitativa de um problema é uma forma adequada para entender

a natureza de um fenómeno social, “as investigações que se voltam para uma

análise qualitativa têm como objeto situações complexas ou estritamente

particulares” (Richardson, 1989:39).

As investigações que utilizam uma metodologia qualitativa

podem descrever a complexidade de determinado problema, analisar a interação

de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos vividos por

grupos sociais, contribuir no processo de mudança de determinado grupo e

possibilitar, em maior nível de profundidade, o entendimento das particularidades

do comportamento dos indivíduos (Richardson, 1989:39).

A investigação qualitativa não se baseia numa conceção teórica e metodológica

única, utiliza na sua prática várias abordagens teóricas e vários métodos. A

investigação qualitativa é “descritiva os dados recolhidos são em forma de

palavras ou imagens e não de números” (Bogdan e Biklen, 1994:48).

O estudo de caso é a forma de investigação qualitativa utilizada na presente

investigação, sendo este, “uma categoria de pesquisa cujo objeto é uma unidade

que se analisa aprofundadamente” (Triviños, 1990:133).

Um estudo de caso “consiste numa investigação aprofundada de um indivíduo,

de uma família, de um grupo ou de uma organização” (Fortin, 1996:164). A

presente investigação é um estudo intensivo e aprofundado das pessoas que

usufruem do serviço de apoio domiciliário do Lar de São Bento.

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A investigação qualitativa pode ser completada com a investigação quantitativa,

estas duas formas de investigação não representam uma dicotomia mas podem

ser vistas como um continuum epistemológico (Miles & Huberman,1984 citados

por Lessard-Hébert, Goyette & Boutin,1994)

Assim, importa referir o percurso seguido para a realização deste projeto de

intervenção, desde o início:

a) Definição do tema e da questão de partida, tendo em conta os seus

critérios de construção (clareza, exequibilidade, pertinência) do livro

“Manual de Investigação em Ciências Sociais” de Quivy e Campenhoudt;

b) Definição dos objetivos gerais e específicos - limitar o que se pretendia

atingir com o projeto de intervenção;

c) Formulação das hipóteses, com o intuito de orientar a recolha de

informação com os possíveis resultados da investigação;

d) Pesquisa e análise bibliográfica e documental – através de livros sobre os

conceitos desenvolvidos; documentos do Lar de São Bento cedidos pelo

Diretor Técnico para caracterização da instituição e dos seus utentes;

consulta através da internet do diagnóstico social do Concelho de Serpa;

legislação sobre o serviço de apoio domiciliário; sites com informações

estatísticas (nomeadamente, o INE e Pordata); entre outros. Com o

objetivo de trabalhar os conceitos, conhecer aprofundadamente o que é o

Serviço de Apoio Domiciliário, contextualizar a nível de território a

freguesia de Vila Nova de São Bento e o Lar de São Bento; e, caracterizar

o Lar de São bento e os utentes do serviço de apoio domiciliário;

e) De seguida foram selecionadas as escalas que melhor permitiriam a

recolha dos dados pretendidos; e, tomadas as medidas necessárias para

a sua utilização; ao mesmo tempo, foi construído o questionário para a

caracterização da amostra;

f) Após a definição dos instrumentos a utilizar, passou-se, então, à

aplicação dos instrumentos acima referidos e ao tratamento dos dados

recolhidos através do SPSS e do Excel;

g) Posteriormente, foi desenvolvida a entrevista para aprofundar o

conhecimento, foi um modo de completar os dados recolhidos na fase

anterior;

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A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 48

h) Foram aplicadas as entrevistas a duas participantes, (as entrevistas foram

gravadas);

i) Posteriormente, foram transcritas e submetidas a análise de conteúdo;

j) Após a análise dos dados recolhidos, foram delineadas atividades que

poderiam contribuir para a promoção da qualidade de vida dos idosos; e

tomadas as diligências necessárias para a sua realização;

k) Posteriormente, foi realizada a avaliação processual e final, pela

investigadora e pelos resultados de questionários aplicados às

participantes da atividade de formação;

l) Por fim, foram deixadas algumas propostas de intervenção futura para os

participantes nesta investigação.

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III Estudo Empírico

1. Contextualização

1.1. Freguesia de Vila Nova de S. Bento

Vila Nova de São Bento, encontra-se enquadrada na NUT (Nomenclatura de

Unidade Territorial) II – Alentejo. Segundo dados do INE (2004), o Alentejo tem

uma superfície de 31.550,9 km2, o que equivale a 34,2%, do território português;

em termos de território é a maior região do país. Quanto aos limites territoriais,

o Alentejo é limitado a sul pela região do Algarve, a norte pela Região Centro, a

oeste pelo Oceano Atlântico e Lisboa e a leste por Espanha.3

Em termos de NUT III, o Alentejo subdivide-se em cinco sub-regiões: Baixo

Alentejo, Alto Alentejo, Alentejo Litoral, Alentejo Central e Lezíria do Tejo. A

freguesia de Vila Nova de São Bento enquadra-se na sub-região Baixo Alentejo.

Em 2004, segundo dados do INE, o Alentejo tinha 767.679 habitantes de

população residente, ou seja, 7,2% da população portuguesa. Nesse mesmo

ano, a densidade populacional era de 24,3 habitantes por km2 – sendo a

densidade populacional mais baixa de Portugal. 4Segundo os dados definitivos

dos Censos 2011, a população residente no Alentejo era de 757.302 habitantes,

e a densidade populacional era de 24,0 habitantes por km2. 5

Em termos de ordenamento do território, o Alentejo é caracterizado por

latifúndios e um grau de urbanização pouco acentuado.6

Esta região tem apresentado um índice de crescimento médio negativo, sendo

que o mesmo se verifica no Baixo Alentejo. Para além disto, esta região é a mais

envelhecida do país, encontrando-se acima da média do país e da média

europeia. 7

3 Fonte: http://www2.univ-toulouse.fr (acedido a:17/01/13)

4 Idem 5 Fonte: INE. Disponível em: http://www.ine.pt (acedido a: 17/01/13) 6 http://www2.univ-toulouse.fr (acedido a:17/01/13) 7 Fonte: http://www2.univ-toulouse.fr (acedido a:17/01/13)

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A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 50

Segundo dados no INE, referentes a 2001, a proporção da população residente

com 65 e mais anos no Alentejo era de 22,3% e no Baixo Alentejo 23,9%. Em

relação à taxa de analfabetismo, no Alentejo era de 15,86% e Baixo Alentejo

18,22%.8

A freguesia de Vila Nova de S. Bento, também conhecida por Aldeia Nova de

S. Bento, fica situada no distrito de Beja (a sensivelmente 48km de distância da

capital de distrito) e, no concelho de Serpa (a sensivelmente 17 km de distância).

Adquiriu o estatuto de Vila em 1988, representa cerca de 22% da área total do

concelho, possuindo, aproximadamente, 244,1 Km2 de área (Rede Social de

Serpa, 2007).

Em todo o concelho tem sido visível o decréscimo da população; com a perda

da população residente, principalmente, da população em idade ativa e com a

redução da taxa de fecundidade, esta região veio a tornar-se a mais envelhecida

do país e das mais envelhecidas da Europa (Rede Social de Serpa, 2007).

Em 2004, o índice de envelhecimento do concelho de Serpa apresentava valores

significativamente superiores à média do país, no entanto, apresentava valores

aproximados à média da região Alentejo – o concelho de Serpa tinha, assim, 172

idosos por cada 100 jovens, Portugal tinha, em média, 108 idosos por cada 100

jovens, e a região do Alentejo 170 idosos por cada 100 jovens. Em Vila Nova de

S. Bento, o índice de envelhecimento é de 209 idosos por cada 100 habitantes

(Rede Social de Serpa, 2007).

Veja-se na seguinte tabela, os índices de envelhecimento, de dependência de

idosos e de longevidade, do Alentejo, Baixo Alentejo e Serpa.

8 Fonte: INE. Disponível em: http://www.ine.pt . (acedido a: 17/01/13)

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A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 51

TABELA 1: ÍNDICE DE ENVELHECIMENTO, DEPENDÊNCIA DE IDOSOS E LONGEVIDADE

Índice de

Envelhecimento9

Índice de

Dependência de

Idoso10

Índice de

longevidade11

Alentejo 178,0 38,8 51,9

Baixo Alentejo 188,8 40,9 53,1

Serpa 206,7 41,9 53,0

Fonte: INE e Por Data12 (Dados Referentes a 2011)

Em 2001, Vila Nova de S. Bento tinha um total de 3430 habitantes, sendo que

27% (935 habitantes) da população total eram idosos, a maioria das pessoas

com 64 e mais anos eram do sexo feminino (Rede Social de Serpa,2007). Dados

mais recentes do INE, demonstram que houve uma diminuição do número de

habitantes desde o momento censitário de 2001 para 2011, passando de 3430

para 3072 habitantes – dos quais 1499 são do sexo masculino e 1573 do sexo

feminino. Não havendo ainda dados definitivos relativamente à divisão por faixas

etárias.

Em 2001, 35% da população possuía apenas o 1.º ciclo de escolaridade, e 28%

da população não frequentou qualquer nível de ensino; é a freguesia do concelho

com uma maior taxa de analfabetismo (Rede Social de Serpa,2007).

Segundo os resultados provisórios dos Censos 2011, em Vila Nova de São Bento

residem 821 indivíduos com 65 e mais anos, dos quais 505 vivem em alojamentos familiares sem outras pessoas. É, ainda importante, realçar que

existem na mesma freguesia 342 alojamentos nos quais todos os residentes têm 65 e mais anos (dos quais 185 vive uma pessoa com 65 e mais anos e 157

onde vivem 2 ou mais pessoas com 65 e mais anos).

Em termos de recursos da área social, Vila Nova de S. Bento conta com o Lar

de S. Bento, Centro de Convívio da 3ª idade e Aldeia Nova – Associação de

Desenvolvimento Social (Rede Social de Serpa, 2007). Importa ressalvar que

9 Fórmula: (População com idade igual ou superior a 65 anos/ População com idade compreendida entre os 0 e os 14 anos)*100 10 Fórmula: (População com idade igual ou superior a 65 anos/ População com idade compreendida entre os 15 e os 64 anos)*100 11 Fórmula: (População com idade superior a 75/ População com idade superior a 65)*100 12 Disponível em: http://www.pordata.pt (acedido a: 18/02/2013)

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dos três recursos sociais existentes dois são direcionados especificamente para

a terceira idade.

1.2. Lar de São Bento

O Lar de São Bento é uma Fundação de Solidariedade Social constituída com a

designação de Asilo de São Bento, por disposição testamentária de D. Maria

Cristina Gomes Barroso Louro, em 12 de Outubro de 1959 com o objetivo de

assistir a terceira idade.

A Fundação destina-se, por determinação da fundadora, a recolher e assistir

pessoas idosas de ambos os sexos naturais ou residentes há mais de dez anos

nas freguesias de Vila Nova de São Bento e Vale-de-Vargo, na proporção de

dois para um, ou seja, por cada duas pessoas residente em Vila Nova de São

Bento pode estar no máximo uma pessoa residente em Vale-de-Vargo. No

entanto, sem prejuízo do cumprimento desta disposição esta instituição pode,

nos limites da capacidade logística e financeira, alargar a assistência a outras

pessoas idosas da área da diocese de Beja.

Assim, a missão da fundação é receber, apoiar e defender/garantir os direitos e

necessidades das pessoas idosas, famílias e comunidade de forma integrada e

personalizada.

Quanto às áreas de Intervenção, o Lar de São Bento tem como respostas sociais

o Lar de Idosos, o Centro de Dia, o Apoio Domiciliário, e, é instituição mediadora

no âmbito do Programa Comunitário de Ajuda Alimentar a Carenciados/2010

(cedendo de forma gratuita as instalações e recursos humanos para a gestão da

distribuição dos géneros alimentares às famílias carenciadas e para o

atendimento à comunidade no âmbito da parceria com o Núcleo Local de

Inserção do Rendimento Social de Inserção do Concelho de Serpa).

1.3. Serviço de Apoio Domiciliário – Lar de São Bento

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Esta reposta social é financiada por fundos públicos, através do acordo de

cooperação celebrado com o Instituto de Segurança Social I.P. – Centro Distrital

de Beja, no ano de 2009, para 30 clientes número que não tem sofrido variações

relevantes desde que a resposta social começou a funcionar em 2007.

O quadro de pessoal desta resposta social é composto por seis colaboradores

em regime de exclusividade, devidamente qualificadas e enquadradas através

de contratos de trabalho sem termo; os restantes colaboradores afetos ao

Serviço de Apoio Domiciliário são comuns às outras respostas sociais.

Em termos de apoio técnico, o serviço de apoio domiciliário conta apenas com o

assistente social da instituição, que é comum a todas as valências da instituição,

sendo também, o Diretor Técnico.

Em Outubro de 2012, o Lar de São Bento conta com 34 utentes em serviço de

apoio domiciliário, dos quais 19 são do sexo feminino e 15 do sexo masculino,

com uma média de idade de 78,18 anos. Cada um dos utentes paga, em média,

139,45 euros.

TABELA 2: UTENTES DO SERVIÇO DE APOIO DOMICILIÁRIO DO LAR DE SÃO BENTO

Sexo Data de

Nascimento

Idade Data da

admissão Serviço prestados Comparticipação mensal (€)

1 Feminino 25/01/1922 90 15/10/200

7 Almoço/Higiene semanal 202,31

2 Masculino 03/11/1930 81 15/10/200

7 Higiene diária/Higiene

semanal 163,10

3 Feminino 25/09/1931 81 15/10/200

7 Almoço 105,96

4 Masculino 05/08/1922 90 15/10/200

7 Almoço 95,95

5 Masculi

no 24/04/1926

86 15/10/200

7

Pequeno-almoço/Almoço/jantar/Higien

e semanal/Tratamento de roupa

201,18

6 Feminino 04/05/1928

84 15/10/2007

Pequeno-Almoço/Almoço/Jantar/Higiene Diária/Higiene Semanal

223,73

7 Feminino 12/09/1919 93 01/04/200

8 Higiene Diária/Higiene

Semanal 217,71

8 Feminino 06/09/1920

92 01/05/2008

Almoço/Higiene semanal/Tratamento de

Roupa 199,00

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9 Masculino 04/01/1929

83 02/07/2008

Almoço/Higiene Pessoal/Tratamento de

Roupa 137,02

10 Feminino 27/01/1942 70 01/08/200

8 Higiene Diária/Higiene

Semanal 131,55

11 Feminino 10/10/1936

76 01/01/2008

Pequeno Almoço/Almoço/Higiene diária/Higiene Semanal

181,83

12 Feminino 13/07/1962

50 01/09/2008

Pequeno-Almoço/Jantar/Higiene diária/Higiene Semanal

186,06

13 Masculino 18/11/1939 73 08/09/200

8 Pequeno-almoço/Almoço 116,08

14

Feminino 15/08/1924

88

01/07/2008

Pequeno-almoço/Almoço/Jantar/Higien

e Diária/Higiene Semanal/tratamento de

roupa/Higiene Habitacional

256,46

15 Feminino 25/08/1939 73 01/08/200

9 Higiene Diária/Higiene

Semanal 179,19

16 Feminino 25/05/1936 76 01/08/200

9 Almoço 86,00

17 Masculino 18/03/1945 67 15/03/201

0 Almoço 84,50

18 Masculino 10/07/1963 49 01/05/201

0 Almoço/Jantar 96,17

19 Feminino 27/11/1941 70 01/07/201

0 Higiene Diária/Higiene

Semanal 162,52

20 Feminino 26/11/1925 86 08/10/201

0 Higiene Diária/Higiene

Semanal 186,90

21 Masculino 27/09/1970 42 01/01/201

1 Almoço 50,00

22 Feminino 23/09/1930 82 01/06/201

1 Almoço 97,00

23 Masculino 14/02/1935 77 26/07/201

1 Almoço/Jantar 71,00

24 Feminino 25/04/1928 84 23/08/201

1 Higiene Diária/Higiene

Semanal 218,22

25 Feminino 20/07/1936 76 01/10/201

1 Almoço 53,06

26 Masculino 08/08/1929 83 01/10/201

1 Almoço 56,60

27 Masculino 24/05/1927 85 01/10/201

0 Almoço 64,87

28 Femini

no 08/02/1929

83 02/11/201

1

Almoço/Jantar/Higiene Diária/Higiene

Semanal/tratamento de roupa/Higiene Habitacional

268,13

29 Masculino 22/04/1925 87 18/02/201

2 Almoço 74,80

30 Feminino 19/05/1931 81 18/02/201

2 Almoço 56,76

31 Feminino 07/11/1936 75 20/04/201

2 Almoço 135,41

32 Masculino 23/03/1933 79 18/07/201

2 Higiene Diária/Higiene

Semanal 108,34

33 Masculino 16/03/1924 88 19/07/201

2 Higiene Diária/Higiene

Semanal 182,52

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MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA

A Qualidade de Vida em Gerontes que permanecem no seu contexto Natural de Vida 55

34 Masculino 20/01/1934

78 12/09/2012

Almoço/Higiene Semanal/Higiene

Habitacional 87,80

Fonte: Dados fornecidos pelo Diretor técnico do Lar de São Bento (Outubro, 2012)

2. Plano de Ação 13

Todo o projeto de intervenção deverá conter, segundo Guerra (2000), um plano

de ação.

A autora considera que após a definição das estratégias de intervenção, deve

ser construído o Plano de Ação. O plano de atividades descreve detalhada e

sistematicamente o que se pretende fazer, quem será encarregado das

diferentes tarefas, e os recursos necessários para as concretizar. Estas

atividades decorrem da relação entre objetivos, meios e estratégias. A

organização do plano de ação deve realizar-se em torno das seguintes questões:

“Porque é que deve ser feito? (relação com os objetivos); O que é que deve ser

feito? (atividades, tarefas, recursos, entre outros); Onde deve ser feito?; Quando

deve ser feito?; Como deve ser feito? (meios e métodos)” (Guerra,2000:171).

Assim, com base nestes pressupostos, é necessário definir, nesta fase do

projeto: os objetivos específicos, população-alvo, local/tempo de realização,

descrição sumária das atividades, e, os recursos (financeiros, materiais,

logísticos e humanos, caso se aplique).

Com base nos pressupostos acima mencionados foi definido o seguinte plano

de ação:

13 Ver Apêndice I

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3. Participantes

Para Hill e Hill (2002), não sendo possível recolher e analisar dados de todos os

casos (Universo), o investigador considera apenas uma parte dos casos que

constituem o universo.

Os métodos de selecionar a amostra podem ser: métodos de amostragem causal

(métodos probabilísticos) ou não-causal (não-probabilístico). O método utilizado

nesta investigação é o método não-causal – amostragem por conveniência.

Para Marconi e Lakatos (2002), esta forma de amostragem não-probabilística é

a mais comum, o investigador tem interesse em estudar determinados elementos

da população, mas que não são necessariamente representativos dela. Apesar

de impossibilidade da generalização dos resultados ao universo da investigação,

esta forma de amostragem tem a sua validade dentro dum contexto específico.

Neste caso, os intervenientes foram os utentes do serviço de apoio domiciliário

que estavam em condições psicológicas e físicas de responderem às questões

incluídas nas escalas aplicadas.

4. Instrumentos utilizados na investigação

4.1. Questionário e Entrevista semi-diretiva

Bingham e Moore (1924), citados por Ghiglione e Matalon (1995), definiram a

entrevista como uma conversa com um objetivo. As entrevistas, podem ser

distinguidas quanto a técnica utilizada (não-diretiva, semi-diretiva, questionário

aberto e questionário fechado).

Na presente investigação serão aplicados questionário para uma breve

caracterização dos participantes e realizadas entrevistas semi-diretivas para o

aprofundamento dos conhecimentos (apêndice II e III, respetivamente) –

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MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA

“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 62

62

o entrevistador conhece todos os temas sobre os quais tem de obter reações por

parte do inquirido, mas a ordem e a forma como os irá introduzir são deixados

ao seu critério (Ghiglione e Matalon,1995:70).

Na prática é comum recorrer a métodos mistos, a entrevista poderá ser iniciada

com algumas questões abertas ou fechadas e depois passar ao método semi-

diretivo. A principal vantagem do método semi-diretivo é a possível adaptação

da entrevista às particularidades do entrevistado (Ghiglione e Matalon,1995).

4.2. Escala de Avaliação de Depressão

A escala geriátrica de depressão foi criada em 1983, por Yesavage et al; em

2003, surge a Versão Portuguesa de Barreto, Leuschner, Santos, e Sobral. Tem

como objetivo avaliar o grau atual de depressão do individuo. A versão utilizada

na presente investigação é a versão longa - composta por trinta questões;

existindo, também, a versão curta com quinze itens.

As questões têm resposta sim ou não, a pontuação é calculada com base no

somatório de respostas.

O grau de depressão assenta nos seguintes valores: de 0-10 Ausência de

depressão; de 11-20 Depressão Ligeira e de 21-30 Depressão Grave. (Anexo I)

4.3. Questionário de Avaliação da Qualidade de Vida O questionário WHOQOl-OLD (Anexo II) pertence ao grupo de questionários do

The WHOQOL Group. Tem como principal objetivo, aferir a qualidade de vida

dos idosos. É composto por 24 itens, com resposta por escala (de um a cinco).

Os 24 itens são divididos por seis facetas:

- Funcionamento dos sentidos – avalia o impacto da perda do funcionamento dos

sentidos na qualidade de vida; este domínio é composto pelas questões:

1 – Até que ponto as perdas nos seus sentidos (por exemplo,

audição, visão, paladar, olfato, tato), afetam a sua vida diária?

2 – Até que ponto a perda de, por exemplo, audição, visão, paladar,

olfato, tato, afeta a sua capacidade de participar em atividades?

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MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA

“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 63

63

10 – Até que ponto o funcionamento dos seus sentidos (por

exemplo, audição, visão, paladar, olfato, tato) afeta a sua

capacidade de interagir com outra pessoas?

20 – Como avalia o funcionamento dos seus sentidos (por

exemplo, audição, visão, paladar, olfato, tato)?

- Autonomia – Independência do idoso, ser capaz e livre para viver de modo

autónomo e de tomar as próprias decisões; este domínio é composto pelas

seguintes questões:

3 – Quanta liberdade tem de tomar as suas próprias decisões?

4 – Até que ponto sente que controla o seu futuro?

5 – O quanto sente que as pessoas ao seu redor respeitam a sua

liberdade?

11 – Até que ponto consegue fazer as coisas que gostaria e fazer?

- Atividades passadas, presentes e futuras – satisfação com realizações da vida

e com objetivos a serem alcançados; este domínio é composto pelas seguintes

questões:

12 – Até que ponto está satisfeito com as suas oportunidades para

continuar alcançando outras realizações na sua vida?

13 – O quanto sente que recebeu o reconhecimento que merece

na sua vida?

15 – Quão satisfeito está com aquilo que alcançou na sua vida?

19 – Quão feliz está com as coisas que pode esperar daqui para a

frente?

- Participação social – participação em atividades da vida diária, especialmente

na comunidade; este domínio é composto pelas seguintes questões:

14 – Até que ponto sente que tem o suficiente para fazer em cada

dia?

16 – Quão Satisfeito está com a maneira como usa o seu tempo?

17 – Quão satisfeito está com o seu nível de atividade?

18 – Quão satisfeito está com as oportunidades que tem para

participar de atividades na comunidade?

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MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA

“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 64

64

- Morte e morrer – preocupações e medos acerca da morte e de morrer; este

domínio é composto pelas seguintes questões:

6 – Quão preocupado está com a maneira pela qual irá morrer?

7 – O quanto tem medo de não puder controlar a sua morte?

8 – O quanto tem medo de morrer?

9 – O quanto teme sofrer com dor antes de morrer?

- Intimidade – ser capaz de ter relacionamentos íntimos e pessoais; este domínio

é composto pelas seguintes questões:

21 – Até que ponto tem um sentimento de companheirismo na sua

vida?

22 – Até que ponto sente amor na sua vida?

23 – Até que ponto tem oportunidades para amar?

24 – Até que ponto tem oportunidades para ser amado?

Cada uma destas facetas é composta por quatro itens, podendo ter como

resultados valores compreendidos entre os quatro e vinte valores. Algumas

questões são colocadas de um modo positivo (as respostas mais altas indicam

melhor qualidade de vida), e outras de modo negativo (respostas mais altas

indicam pior qualidade de vida). Assim, para o resultado final é necessário

recodificar os itens negativos, a escala é invertida (Fleck e colaboradores, 2008).

Este questionário deve ser utilizado em conjunto com o WHOQOL-BREF, este

instrumento é uma versão reduzida do WHOQOL-100, contém 26 questões,

divididas em quatro domínios: físico, psicológico, relações pessoais e meio

ambiente. As duas primeiras questões do questionário servem para avaliar a

qualidade de vida geral, compondo o domínio geral. (Fleck e colaboradores,

2008).

O domínio geral é composto pelas questões:

1 – Como avalia a sua qualidade de vida?

2 – Até que ponto está satisfeito (a) com a sua saúde?

O domínio físico é composto pelas questões:

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MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA

“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 65

65

3 – Em que medida as suas dores físicas o (a) impedem de fazer o

que precisa fazer?

4 – Em que medida precisa de cuidados médicos para fazer a sua

vida diária?

10 – Tem energia suficiente para a sua vida diária?

15 – Como avaliaria a sua mobilidade?

16 – Até que ponto está satisfeito com o seu sono?

17 – Até que ponto está satisfeito com a sua capacidade para

desempenhar as atividades do seu dia-a-dia?

18 – Até que ponto está satisfeito com a sua capacidade para o

trabalho?

O domínio psicológico é composto pelas questões:

5 – Até que ponto gosta da vida?

6 – Até que ponto sente que a sua vida tem sentido?

7 – Até que ponto se consegue concentrar?

11 – É capaz de aceitar a sua aparência física?

19 – Até que ponto está satisfeito (a) consigo próprio (a)?

26 – Com que frequência tem sentimentos negativos, tais como

tristeza, desespero, ansiedade ou depressão’?

O domínio das relações sociais é composto pelas questões:

20 – Até que ponto está satisfeito(a) com as suas relações

pessoais?

21 – Até que ponto está satisfeito(a) com a sua vida sexual?

22 – Até que ponto está satisfeito(a) com o apoio que recebe dos

seus amigos?

O domínio do meio ambiente é composto pelas questões:

8 – Em que medida se sente em segurança no seu dia-a-dia?

9 – Em que medida é saudável o seu meio ambiente?

12 – Tem dinheiro suficiente para satisfazer as suas necessidades?

13 – Até que ponto tem fácil acesso às informações necessárias

para organizar a sua vida?

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MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA

“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 66

66

14 – Em que medida tem oportunidades de realizar atividade de

lazer?

23 – Até que ponto está satisfeito(a) com as condições do lugar

onde vive?

24 – Até que ponto está satisfeito(a) com o acesso aos serviços de

saúde?

25 – Até que ponto está satisfeito(a) com os transportes que utiliza?

Note-se que a versão utilizada do Whoqol-bref foi adaptada para a língua

portuguesa pelo Professor Doutor Adriano Vaz Serra e Professora Doutora Maria

Cristina Canavarro, o pedido para a utilização deste questionário foi feito através

do envio do formulário disponível na internet para a Professora Maria Cristina

Canavarro.

4.4. Questionário de Saúde Geral

A versão original do questionário de saúde geral na versão de doze itens foi

criada por Goldberg em 1978. Tendo o objetivo avaliar a perceção que o

individuo tem da sua saúde geral e dos acontecimentos de vida mais recentes

(Faria, 2000).

A versão portuguesa do questionário – Faria, 2000 (Anexo III), foi estudada entre

1997 e 1998. A resposta aos doze itens é feita por escala – em que 1

corresponde a absolutamente verdadeira e 5 absolutamente falsos. Os itens

1,3,4,7,8 e 12 são reversos (Faria, 2000).

Os 12 itens do questionário são:

1. Ultimamente, tem sido capaz de se concentrar naquilo que faz?

2. Tem perdido o sono por estar preocupado(a)?

3. Tem sentido que tem uma participação útil nos acontecimentos?

4. Tem sido capaz de tomar decisões?

5. Tem-se sentido constantemente sob pressão?

6. Tem sentido que não consegue ultrapassar as suas dificuldades?

7. Tem sentido prazer nas suas atividades diárias?

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“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 67

67

8. Tem sido capaz de enfrentar os seus problemas?

9. Tem-se sentido triste ou deprimido(a)?

10. Tem perdido confiança em si próprio (a)?

11. Tem -se considerado uma pessoa sem valor?

12. Apesar de tudo tem-se sentido razoavelmente feliz?

5. Procedimentos

É essencial para a elaboração de um projeto a definição dos procedimentos a

realizar e a respetiva duração de cada fase do projeto, ou seja, calendarizar o

projeto (Ander-Egg & Idáñez, 1999).

Esta componente do projeto permite ver a exequibilidade do projeto, procurar

uma distribuição uniforme do tempo, se os prazos são realistas, se se considera

o tempo suficiente para obter os produtos básicos que necessitamos (…)se os

limites de tempo atribuídos a cada atividade (…) são proporcionados entre si

(Ander-Egg & Idáñez, 1999:49).

Assim, foi construído o cronograma de atividades. (ver apêndice III)

No início desta investigação foi necessário realizar reuniões com o assistente

social do Lar de São Bento, com o objetivo de conhecer a instituição e caraterizar

o utentes do serviço de apoio domiciliário desta mesma instituição.

Para a aplicação do questionário do WHOQOL, foi necessário fazer o pedido à

Professora Doutora Maria Cristina Canavarro através dum formulário disponível

da internet, enviado via e-mail.

Para a aplicação do questionário de caracterização e das escalas, os

participantes foram contactados individualmente de forma a realizar as

entrevistas, sendo informados dos objetivos da entrevista, da natureza da

investigação, da não obrigação de responder e da confidencialidade dos dados

recolhidos.

Foram realizados mais do que um contato com cada um dos participantes devido

à extensão das escalas selecionadas para a investigação. Os dados recolhidos

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“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 68

68

foram tratados através do programa SPSS (Statistical Package for the Social

Sciences) e do Excel.

Para aprofundar a informação recolhida, foram aplicadas entrevistas a duas

participantes, as entrevistas foram gravadas e, posteriormente, transcritas para

computador. De seguidas foram submetidas à análise de conteúdo.

6. Tratamento de Dados / Análise dos Resultados

O tratamento de dados foi feito através da análise dos resultados das escalas

aplicadas, e, da análise de conteúdo. Para Bardin, citado em Triviños (1990) a

análise de conteúdo é

um conjunto de técnicas de análise das comunicações, visando, por

procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das

mensagens, obter indicadores quantitativos ou não, que permitam a interferência

de conhecimentos relativos às condições de produção/receção (variáveis

inferidas) das mensagens (Triviños,1990:160).

Para Esteves (2006) citando Stemler (2001), a análise de conteúdo procura

comprimir muitas palavras de um texto (ou entrevista) em poucas categorias de

conteúdo, baseada em regras explícitas de codificação.

A análise de conteúdo constitui uma metodologia de pesquisa utilizada para

descrever e interpretar o conteúdo de toda classe de documentos, textos,

entrevistas, entre outros. Essa análise, conduz a descrições sistemáticas,

qualitativas ou quantitativas; ajuda a reinterpretar as mensagens e a atingir uma

compreensão de seus significados num nível que vai além de uma leitura comum

(Moraes, 1999).

A análise de conteúdo pode ser realizada por várias etapas, Esteves (2006),

após a análise de várias perspetivas, refere que, as etapas para a realização da

análise de conteúdo são:

- Constituição do corpus documental – neste caso as entrevistas;

- Leitura flutuante das entrevistas;

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“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 69

69

- E, decisão sobre o tipo de categorização, as unidades de registo, de contexto

e de enumeração a utilizar.

Em relação a esta última etapa, é importante referir, que a categorização

depende dos objetivos; a unidade de registo é o elemento de significado a

codificar; unidades de contexto que representa cada um dos parágrafos do texto

(ou trabalhar as entrevistas, frequentemente, considera-se cada entrevista como

unidade de contexto); as unidades de enumeração existem quando o

investigador quer fazer alguma quantificação dos dados recolhidos

(Esteves,2006).

A interpretação de resultados da análise de conteúdos, é a procura de respostas

para as questões da investigação (Esteves, 2006).

Para uma boa categorização, o investigador deve ter em atenção:

- A exclusão mútua – o conteúdo definido para cada uma das categorias não se

sobrepõe ao conteúdo de nenhuma das restantes;

- Homogeneidade – “coerência de critérios que torne a categorização legível

como um todo” (Esteves,2006:122);

- Exaustividade – todas as unidades de registo devem ser incluídas numa

categoria;

- Pertinência – as categorias criadas devem ser defensivas às questões da

investigação;

- Produtividade – a análise de conteúdo é produtiva se fornece resultados -

inferências, hipóteses e dados exatos;

- Objetividade – uma unidade de registo só deve pertencer a uma dada categoria

(Esteves,2006).

No que diz respeito à análise dos resultados importa, primeiramente, referir que

dos 34 utentes do serviço de apoio domiciliário, dois têm idade inferior a 65 anos

logo não participaram na investigação, e, uma outra utente foi transferida para

outra resposta social.

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“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 70

70

Dos restantes 31 utentes, apenas foi possível aplicar as escalas a treze

indivíduos. Todos os indivíduos e/ou familiares foram contatados, no entanto, por

vários motivos (Hospitalização, estados avançados de Alzheimer, Parkinson,

indivíduos acamados, entre outros) os restantes 18 indivíduos não puderam

participar na aplicação das escalas: Escala Geriátrica de Depressão,

Questionário de Saúde Geral, Whoqol-Bref e Whoqol-Old. Foi também aplicado

um breve questionário para a caraterização dos participantes.

6.1. Análise dos resultados: Questionário de Caracterização geral

Assim, dos treze participantes, oito participantes são do sexo feminino e cinco

participantes do sexo masculino. Em relação ao estado civil sete participantes

são casados; cinco participantes são viúvos e um participante vive em regime de

união de fato. A média das idades era de 78,85 anos, sendo que, a idade mínima

foi 67 anos e a máxima 90 anos.

Assim, a média da idade dos participantes foi próxima à média da idade do

universo (as 34 pessoas que usufruem do serviço de apoio domiciliário),

apresentando médias de 78,18 e 78,85; respetivamente.

GRÁFICO 1 - COMPARAÇÃO MÉDIA DE IDADES ENTRE O UNIVERSO E A AMOSTRA

Fonte: Dados Fornecidos pelo Diretor Técnico de lar de São Bento e Dados

recolhidos pela investigadora (Outubro e Novembro 2012)

77

78

79

média das idades do universo média das idades da amostra

Anos

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“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 71

71

Quando questionados sobre as habilitações literárias, seis participantes do total

dos participantes frequentou a escola mas não concluiu a 4.ª classe; cinco

participantes não frequentaram a escola e não sabem ler ou escrever; um

participante apesar de não ter frequentado a escola sabe ler e/ou escrever; e,

apenas um dos participantes concluiu a 4.ª classe.

TABELA 3:CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES QUANTO À IDADE, SEXO, ESTADO CIVIL E HABILITAÇÕES LITERÁRIAS

N.º do participante Idade Sexo

Estado Civil Habilitações Literárias

1 76 Feminino Casado Não frequentou a escola, não sabe ler nem escrever

2 90 Masculino Viúvo

Frequentou a escola, mas não concluiu a 4.ª classe

3 81 Feminino Viúvo Não frequentou a escola, não sabe ler nem escrever

4 71 Feminino Casado Frequentou a escola, mas não concluiu a 4.ª classe

5 85 Feminino Viúvo Frequentou a escola, mas não concluiu a 4.ª classe

6 76 Feminino Viúvo Frequentou a escola, mas não concluiu a 4.ª classe

7 76 Feminino Viúvo Não frequentou a escola, não sabe ler nem escrever

8 67 Masculino

União de Fato

Frequentou a escola, mas não concluiu a 4.ª classe

9 83 Masculino Casado

Não frequentou a escola, mas sabe ler e/ou escrever

10 88 Masculino Casado

Frequentou a escola, mas não concluiu a 4.ª classe

11 79 Feminino Casado Não frequentou a escola, não sabe ler nem escrever

12 70 Feminino Casado Concluiu a 4.ª Classe

13 83 Masculino Casado

Não frequentou a escola, não sabe ler nem escrever

Fonte: Dados Recolhidos pela Investigadora (Outubro e Novembro, 2012)

Do total dos treze participantes quatro participantes vivem sozinhos, e nove

participantes vivem acompanhados. Dos que vivem acompanhados oito

participantes vivem com o conjugue, e, três vivem com os filhos (em dois casos

o participante vive com o conjugue e com os filhos).

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“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 72

72

Do total de participantes, doze vivem em casa própria; e, um participante vive

em casa de familiares, não tem casa própria.

Em relação ao apoio domiciliário, a grande maioria dos participantes usufrui

deste serviço há mais de dois anos com uma percentagem de nove participantes;

dois participantes têm este serviço entre um e dois anos; e, um participante, tem

este serviço entre seis meses e um ano, a mesma percentagem surge para a

resposta até seis meses.

Quanto ao grau de satisfação com o serviço dez participantes dizem estar

satisfeitos com o serviço e três participantes dizem estar muito satisfeitos.

Quanto à iniciativa de pedir este serviço, oito dos participantes foi um familiar

que teve a iniciativa e cinco participantes foi o próprio individuo.

Os participantes foram, também, questionados sobre as principais necessidades

que tinham antes de usufruir deste serviço, sendo que, as principais

necessidades eram ao nível da alimentação e higiene pessoal. No que diz

respeito à alimentação nove participantes responderam ter necessidades a este

nível; e, seis participantes responderam ter necessidade ao nível da higiene

pessoal.

6.2. Análise dos resultados: Escala Geriátrica de Depressão

Quanto à aplicação da Escala Geriátrica de Depressão, a média de resultados

foi de 13,5 valores - o valor mínimo obtido foi seis e o máximo 24. Como já foi

referido, os resultados da escala são analisados tendo em conta qualquer

resultado acima de dez valores poderá ser indicativo de uma suspeita de

depressão. Sendo que, quanto mais baixo for o valor menor será a suspeita de

depressão. Assim, importa realçar que a média dos resultados dos inquiridos

está acima do limiar dos 10 valores e que apenas três inquiridos obtiveram um

resultado inferior a dez, dois dos quais com nove valores e um participantes com

seis valores. O que significa que, dos treze participantes dez apresentam valores

indicativos de suspeita de depressão.

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“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 73

73

TABELA 4: RESULTADOS DA ESCALA GERIÁTRICA DE DEPRESSÃO

N.º do participante

Escala Geriátrica de Depressão

1 11 Suspeita de

depressão

2 15 Suspeita de

depressão

3 9 Abaixo do nível

de suspeita de

depressão

4 11 Suspeita de

depressão

5 14 Suspeita de

depressão

6 24 Suspeita de

depressão

7 13 Suspeita de

depressão

8 6 Abaixo do nível

de suspeita de

depressão

9 9 Abaixo do nível

de suspeita de

depressão

10 14 Suspeita de

depressão

11 17 Suspeita de

depressão

12 16 Suspeita de

depressão

13 12 Suspeita de

depressão

Fonte: Dados recolhidos pela Investigadora através da aplicação da Escala Geriátrica

de Depressão (Outubro e Novembro de 2012)

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“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 74

74

6.3. Análise dos resultados: Questionário de Saúde Geral

Quanto ao Questionário de Saúde Geral, o valor mais baixo obtido foi de 29

valores e o máximo foi 56 valores, a média foi de 42,85 valores. Para a leitura

destes resultados importa referir que quando mais alto for o resultado mais

positivo será para a saúde geral do inquirido, acima de 30 os valores são

positivos para a saúde geral do individuo.

TABELA 5: RESULTADOS DO QUESTIONÁRIO DE SAÚDE GERAL

N.º DO PARTICIPANTE

QUESTIONÁRIO

DE SAÚDE

GERAL

1 37

2 42

3 52

4 40

5 37

6 29

7 48

8 56

9 49

10 40

11 47

12 40

13 40

Fonte: Dados Recolhidos pela Investigadora através da aplicação do Questionário de Saúde Geral (Outubro e Novembro, 2012)

6.4. Análise dos resultados: WHOQOL-Bref

O questionário Whoqol-bref é, como já foi referido, constituído por 26 questões,

divididas num domínio geral que visa avaliar a qualidade de vida geral e quatro

domínios específicos: físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente, um total de cinco domínios (cada domínio corresponde a um conjunto

de questões para determinar a qualidade de vida em determinado aspeto). Destas 26 questões que compõe o questionário, três necessitam ser

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“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 75

75

recodificadas14 (1=5, 2=4, 3=3, 4=2, 5=1) pois são colocadas na negativa, sendo

elas as questões 3, 4 e 26.

Quanto à análise dos dados recolhidos com a aplicação da escala Whoqol-bref,

importa referir que a média do domínio geral, que engloba as primeiras duas

questões (como avalia a sua qualidade de vida geral e até que ponto está

satisfeito com a sua saúde), foi de 5,85 valores, sendo que o valor máximo do

domínio iria até aos dez valores (pois o valor máximo da escala de resposta é

cinco valores, sendo esta a resposta mais positiva).

O valor mínimo obtido neste domínio foi de três valores (participante 5), e o valor

máximo foi de oito valores (participantes 2,3 e 11).

Quanto ao domínio físico que engloba sete questões (pontuação máxima

possível 35), a média de resposta obtida foi de 21,31; sendo que, o valor mínimo

foi doze e o máximo 27.

No domínio psicológico que engloba seis questões, ou seja, tem uma

pontuação máxima de 30 pontos; a média de pontuação obtida foi de 19,77. O

valor máximo obtido foi 26 pontos e o entrevistado com a pontuação mais baixa

teve o resultado de catorze pontos.

No terceiro domínio – relações sociais, a pontuação máxima possível é de

quinze pontos, e a média das respostas dos inquiridos rondou os 11,54. A

pontuação mais alta obtida foi de catorze pontos e a mais baixa nove pontos.

Por fim, no domínio do meio ambiente (pontuação máxima 40 pontos) a média

da resposta dos inquiridos foi de 27, o máximo obtido foi 31 e o mínimo dezoito

pontos.

Para tornar os resultados dos domínios comparáveis (visto que cada domínio

tinha um número de questões diferente, logo os resultados não se poderiam

comparar) foi aplicada a seguinte fórmula a cada domínio:

14 As questões são colocadas de forma que a pontuação mais alta indique mais qualidade de vida, no entanto, existem algumas questões que são colocadas de forma contrária (baixa pontuação, mais qualidade de vida), logo é necessário recodifica-las, de forma que se consiga fazer a leitura dos resultados.

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MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA

“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 76

76

Resultado do domínio de 0 a 20 = 4*(média dos resultados das questões do domínio)

Os resultados foram, também, transformados para ficarem na forma de 0 a 100,

através das seguintes fórmulas:

- Domínio Geral (0 a 100) = ((soma da pontuação do domínio-2)/8)*100

- Domínio Físico (0 a 100) = ((soma da pontuação do domínio-7)/28)*100

- Domínio Psicológico (0 a 100) = ((soma da pontuação do domínio-6)/24)*100

- Domínio das Relações Sociais (0 a 100) =((soma da pontuação do domínio-3)/12)*100

- Domínio do Meio Ambiente (0 a 100) =((soma da pontuação do domínio-8)/32)*100

Assim, dos quatro domínios específicos, o domínio com a pontuação mais baixa

foi o domínio físico com 12,18 pontos de 0 a 20; e o domínio com pontuação

mais alta foi o domínio das relações sociais com 15,38 pontos. O domínio geral

teve 11,69 pontos na forma de 0 a 20.

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TAB

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6: A

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012)

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6.5. Análise dos resultados: WHOQOL-Old

No que diz respeito à escala Whoqol-old, como já foi referido, esta divide-se em

seis domínios:

- Funcionamento sensorial - que tem como principal objetivo avaliar o

funcionamento sensorial e o impacto que a perda destas capacidades tem sobre

a qualidade de vida.

- Autonomia – avalia a independência do idoso, em que medida vive de forma

autónoma e é capaz de tomar as suas decisões.

- Atividades passadas, presentes e futuras – refere-se às conquistas que se

alcançaram na vida e o que anseia.

- Participação social – avalia a participação em atividades, principalmente, na

comunidade.

- Morte e morrer – descreve as preocupações e temores sobre a morte.

- Intimidade – refere-se à capacidade de ter relações sociais e intimas.

Cada um destes domínios é composto por quatros questões, logo tem um

máximo de resposta de 20 pontos e um mínimo de quatro, não esquecendo que

quanto mais alto for a resposta mais positivo será para a qualidade de vida.

Todas as respostas inversas foram recodificadas (1=5, 2=4, 3=3, 4=2, 5=1) –

questão 1, 2, 6, 7,8, 9, 10. Como todos os domínios têm o mesmo número de

questões, pode-se comparar o resultado de cada domínio, não sendo necessário

transformar os itens.

Para se obter a percentagem, aplicou-se a seguinte fórmula:

6,25 * (valor total do domínio - 4)

Quanto aos resultados obtidos o domínio com a média de respostas inferior foi

o “funcionamento sensorial” com uma média de resposta de 11,15 pontos

(44,71%), de seguida surge o domínio da “participação social” com 12,15 pontos

(50,96%). O domínio com uma média mais elevada foi o domínio da “intimidade”

com 15,77 pontos (73,56%), destacando-se de todos os outros domínios pela

positiva.

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MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA

“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 79

79

A média de respostas no total de domínios (ou seja, do valor total do

questionário) foi 76,69 pontos. O valor mais elevado entre os participantes foi

104 e o mínimo foi 62, lembre-se que o valor máximo possível seria 120 e o

mínimo 24 (caso se respondesse com 1 a todas as questões).

TABELA 7: ANÁLISE RESULTADOS DO WHOQOL-OLD

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 Média

Funcionamento Sensorial (Questões 1,2,10,20) 9 7

12 17 10 9 11 12 11 7 13 16 11

11,15

Valor em percentagem 31,25

18,75

50

81,25

37,5

31,25

43,75 50

43,75

18,75

56,25 75

43,75

44,71

Autonomia (Questões 3,4,5,11) 17 14 12 11 8 11 16 17 13 12 12 11 11

12,69

Valor em percentagem 81,25

62,5

50

43,75 25

43,75 75

81,25

56,25 50 50

43,75

43,75

54,33

Atividades passadas, presentes e futuras (Questões 12,13,15,19) 13 14

16 18 12 13 13 19 16 15 10 13 17

14,54

Valor em percentagem 56,25

62,5

75

87,5 50

56,25

56,25

93,75 75

68,75

37,5

56,25

81,25

65,87

Participação Social (Questões 14, 16, 17, 18) 16 13

12 14 7 12 13 20 13 8 12 6 12

12,15

Valor em percentagem 75 56,25

50

62,5

18,75 50

56,25

100

56,25 25 50

12,5 50

50,96

Morte e Morrer (Questões 6,7,8,9) 12 10 20 6 15 20 13 16 12 12 11 18 9

13,3 8

Valor em percentagem 50 37,

5

100

12,5

68,75

100

56,25 75 50 50

43,75

87,5

31,25

58,65

Intimidade (Questões 21,22,23,24) 14 16 16 20 10 11 9 20 17 20 14 20 18

15,77

Valor em percentagem 62,

5 75 75

100

37,5

43,75

31,25

100

81,25

100

62,5

100

87,5

73,56

Total Questionário 81 74 88 86 62 76 75

104 82 74 72 84 78

79,69

Fonte: Dados recolhidos pela investigadora através da aplicação da Escala Whoqol-old

(Outubro e Novembro, 2012)

6.6. Análise dos resultados: Entrevistas

Para o aprofundamento da investigação foram aplicadas entrevistas semi-

diretivas, às participantes número 1 e 7, às quais foram atribuídos os nomes

fictícios Maria e Antónia, respetivamente. A escolha destas entrevistadas

relacionou-se com a disponibilidade e disposição das participantes para

participar na fase das entrevistas. A Maria tem 76 anos, é casada, foi admitida

no serviço de apoio domiciliário em Outubro 2011 e usufruí do serviço de almoço.

A Antónia tem 75 anos de idade, é viúva e foi admitida no serviço de apoio

domiciliário em Abril de 2012 e usufruí do serviço de almoço.

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“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 80

80

Em relação aos resultados das escalas aplicadas, a Maria teve 11 pontos na

Escala Geriátrica de Depressão e 37 pontos no questionário de saúde geral

enquanto a Antónia teve 13 pontos da escala geriátrica de depressão e 48 pontos

no questionário de saúde geral.

Quando à escala do Whoqol-Bref, no domínio geral (de 0 a 20) a Maria teve oito

pontos e a Antónia doze pontos; no domínio físico 12,4 pontos e 14,29 pontos;

no domínio psicológico 12,6 e 12 pontos; nas relações sociais 16 e 17,33 pontos;

no domínio do ambiente 15 e 11, 5 pontos, respetivamente.

Quanto ao Whoqol-old, no domínio do funcionamento sensorial a Maria teve

nove pontos e a Antónia onze pontos; no domínio da autonomia, dezassete e

dezasseis pontos; no domínio das atividades passadas, presentes e futuras

ambas treze pontos; na participação social dezasseis e treze pontos; no domínio

morte e morrer doze e treze pontos e, por fim, no domínio intimidade catorze e

nove pontos, respetivamente.

As entrevistas foram gravadas, transcritas e submetidas à análise de conteúdo.

(apêndice IV)

Assim, importa realçar da análise das entrevistas que, as duas entrevistadas,

quando questionadas em relação à sua vivência realçam a sua vivência no meio

laboral, sobre o trabalho no campo e terem começado a trabalhar muito cedo,

sem terem tido oportunidade de estudar. Comecei a trabalhar com onze anos, a

minha mãe, que Deus tem, levou-me à monda, à ceifa e à azeitona. Nesse ano

aprendi esses três trabalhos, tinha onze anos (Antónia).

Quando questionadas sobre o que é ser idoso, as duas entrevistadas não

conseguiram definir a condição de ser idoso. Em relação ao ser mulher, as duas

associaram o ser mulher às lides domésticas, a uma certa independência em

gerir o lar e a criar os filhos. Gosto de ser mulher, porque faço as coisas à minha

vontade (…) Esta geração já se ajudam mas no nosso tempo não, a mulher é

que fazia tudo, trabalhávamos, criávamos os filhos, amassávamos de noite,

cozíamos de noite, lavávamos de noite (…) antigamente se morresse um filho

ou o marido já passavam o resto da vida de luto e quase sem sair de casa, havia

algumas que casavam ainda mas para os homens era tudo mais fácil (Maria).

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“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 81

81

As duas entrevistadas têm os filhos a residir no estrangeiro, e demonstraram

bastante tristeza por essa situação e pela distância que os separam; mas

mencionaram falar frequentemente com os filhos ao telefone. Todos os dias falo

com elas (filhas), estão lá longe mas todos os dias me telefonam, todos os dias

não me deito na minha cama sem falar com elas. Desabafo com elas e elas

comigo, acho que sim, que me contam as coisinhas delas (…)Mas só as vejo

quase de ano a ano, às vezes lá de quando em quando vêm cá passar o Natal

(Maria).

A rede de vizinhança surgiu como um ponto muito importante para as relações

sociais, como um grande apoio. Aqui esta minha vizinha da frente, quando

preciso de medicamentos, a minha filha falou com ela, e ela quando vai buscar

os medicamentos para o marido traz os meus (…) São assim para mim (Antónia).

Nenhuma das entrevistadas tem projetos delineados para o futuro, ou demonstra

pensar sobre isso. Ainda vou fazendo essas coisas mesmo que sejam mal feitas

vou fazendo. É assim até que Deus queira. Quando não quiser pronto não posso

fazer nada (Maria). Não sei, nessas coisas eu não penso. Não penso no que há-

de vir (Antónia).

A qualidade de vida é associada, pelas entrevistadas, principalmente, às

relações pessoais, à situação financeira e à saúde. Será ter as minhas coisinhas,

as amigas e vizinhas, a família, é só o que tenho. Esta casinha não é minha só,

era dos meus pais. Nunca tive dinheirinho para comprar uma casinha. Desde

que o meu marido morreu, choro muito, tenho sempre vontade de chorar, era a

minha companhita (Antónia). (…)a saúde é que nem eu nem o meu marido

andamos muito bem (…) (Maria).

Ao serem questionadas se sentem que vivem com qualidade de vida, a Maria

respondeu: Não vivemos muito bem, mas está bom. As minhas filhas mesmo

estando muito longe ajudam no que podem, quando dizemos que precisamos

disto ou daquilo mandam sempre, a roupa quase toda que tenho são elas que

me vão trazendo de lá. E a Antónia, respondeu: Estou “aborrecida”, porque não

tenho ninguém ao pé de mim. Vou a dos meus sobrinhos eles vêm cá, tenho

pena de não estar com os meus que é a minha filha e a minha neta. É isto que

você aqui vê, com dores, tantas dores (mostrando os dedos deformados) e,

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“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 82

82

agora apareceu-me isto do colesterol que não tinha, e agora apareceu-me. Tomo

tanto comprimido ao dia e mesmo assim, olhe, as dores não passam. Mas graças

a Deus, vejo e oiço bem, que ainda é o melhor. O ver é que às vezes já não

estou tão bem.

As duas entrevistadas consideram que o poder continuar na própria casa é um

aspeto bastante positivo para a qualidade de vida. Queria ficar aqui na minha

casinha, eu e o meu marido, enquanto tivermos vida quero ficar aqui. Se meu

marido morrer e eu já não poder devo ter que ir para o lar, mas não gostava,

gostava de ficar aqui. Mas sei que se algum dia não tiver capaz terei que ir para

onde façam as coisas por mim (Maria).

A Maria viveu cerca de 50 anos fora de Vila Nova de São Bento, numa localidade

próxima, pois era onde o pai e depois o marido trabalhavam. A Antónia esteve

durante cerca de seis anos e meio a trabalhar fora, numa localidade perto de

Alverca, o restante tempo viveu em Vila Nova de São Bento, na casa onde ainda

habita atualmente.

A rotina diária das duas entrevistadas passa muito pela execução das tarefas

domésticas que ainda têm capacidade de fazer; e, por pequenas saídas às

compras, no entanto, Antónia, referiu, ao longo da entrevista, que tem por hábito

as visitas diárias às vizinhas. A Maria, depois das tarefas domésticas vê

televisão, a Antónia, refere que, desde que o marido morreu há cerca de um ano

nunca mais ligou a televisão. Sacudir, varrer, limpar, arranjar algumas coisinhas,

lavar a loiça, lavar a roupa, todos os dias me lavo, vou às vezes comprar umas

coisinhas e vou ver as minhas vizinhas à tarde porque de manhã é para fazer a

limpeza e elas também. Às vezes convidam-me para lanchar lá, põe-me tudo na

mesa como fazem para elas. Depois venho para casa janto aí por volta das seis,

seis e meia da tarde e às nove da noite mais ou menos já estou deitada. E,

depois entre as sete e meia e as oito levanto-me (Antónia).

Em relação, às atividades na comunidade nenhuma das entrevistadas referiu

participar em nenhuma, apenas as idas à missa. Não, eu não sou muito amiga

de ir a essas coisas. Já não vou a lado nenhum, nunca fui habituada. Só à missa,

quando posso vou sempre à missa (Maria).

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“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 83

83

No que diz respeito à alimentação, como já foi referido, ambas usufruem do

serviço de almoço do Serviço de Apoio Domicliário. A Maria, faz normalmente,

três refeições ao dia, enquanto que, a Antónia faz cinco refeições. A Antónia, faz

referência a que por vezes lancha em casa das vizinhas, sendo que, esta

entrevistada refere ter alguns cuidados especiais na alimentação desde que tem

o colesterol elevado.

As principais necessidades, antes de usufruirem do serviço de apoio domiciliário,

era ao nível da alimentação, pois ambas tinham dificuldades em cozinhar. Eu

tinha medo de fazer a comida, assim, já não tenho que mexer no fogão, que as

vezes já me esquecia que tinha deixado lá alguma coisa (Maria). Eu desde que

o meu marido morreu que andava sem vontade não tinha vontade de pôr a mesa

e de cozinhar (Antónia). Ambas estão satisfeitas com este serviço. Tenho estado

satisfeita, vêm sempre a horas e a comida ainda vem quentinha (Maria). Estou

satisfeita, estou mais contente tenho a comidinha a horas certas (Antónia).

6.7. Observação no momento de contato com os participantes

Os momentos da aplicação das escalas e, posteriormente, da aplicação das

entrevistas foi um importante momento de observação para o investigador. A

observação é um importante complemento aos resultados das escalas e das

entrevistas.

Da observação realizada, importa realçar o caso da participante 8, que foi a

participante que apresentou o valor mais alto na Escala Geriátrica de Depressão.

A participante em questão vive sozinha com a filha deficiente de 50 anos de

idade, também, utente do serviço de apoio domiciliário. Esta participante, estava

num estado de tristeza profunda, denotando-se, claramente a pouca vontade de

viver, mencionando-o até algumas vezes. Durante a aplicação das escalas, a

participante respondeu apenas com poucas palavras a cada questão.

Após a aplicação das escalas, uma outra filha da participante referiu que achava

que a mãe se encontrava num estado profundo de depressão e há muito tempo,

mas que os médicos “não fazem caso porque já é velha”. Referiu, ainda que a

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“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 84

84

mãe e irmã não têm vontade de se levantar da cama pela manhã pelas condições

da casa, e, que ela não sabe como agir.

A filha da participante mencionou, também, que a mãe há algum tempo atrás

gostava de manter contacto com a rede de vizinhança, e, que agora já não

procura sair à rua para falar com os vizinhos. Os poucos momentos de convívio

que a participante tem são, quando a vão visitar a casa e com as funcionárias do

serviço de apoio domiciliário.

O participante número 8, que obteve a pontuação mais baixa na escala geriátrica

de depressão, tem 67 anos de idade e mencionou não se identificar com grande

parte das questões das escalas. O participante é autónomo, gosta de participar

de atividades na comunidade e mencionou apenas ter pedido este serviço para

satisfazer uma necessidade pontual em que a esposa teve que ir trabalhar para

fora da vila.

Importa, ainda, realçar que se denotou na maioria dos casos, uma certa tristeza

não só pelas perdas que têm sofrido ao longo da vida (conjugues, irmão e outros

familiares), mas também, alguns comentários como “Não estou aqui a fazer

nada”; “Só estou à espera que Deus me leve” ou “Já sou velho, não preciso

disto”.

Denotou-se, também, alguma preocupação de alguns familiares em não saber

como lidar com os gerontes; e, algum cansaço por sentirem ter que tomar

decisões sobre os idosos.

6.8. Análise global dos dados recolhidos

Quanto aos principais resultados obtidos, importa realçar que na aplicação da

Escala Geriátrica de Depressão, apenas três participantes estiveram abaixo do

limiar da suspeita de depressão. Sendo que, cinco dos participantes obtiveram

pontuação superior a quinze valores (veja-se que quanto mais alto for o valor

obtido mais próxima será a suspeita de depressão).

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“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 85

85

O participante 8 obteve a pontuação mais alta dos participantes com 24 pontos,

ou seja, das 30 questões da escala respondeu a 24 de maneira indicativa de

depressão.

Estes são, talvez, os resultados mais preocupantes da presente investigação.

Estes resultados vão ao encontro da perspetiva de Paul e Fonseca (2005), em

que o processo de envelhecimento e as várias alterações que surgem nesta fase

do ciclo da vida podem originar alguns sintomas depressivos.

Em relação à aplicação do Questionário de Saúde Geral, os resultados foram

mais positivos. Relembre-se que, a pontuação mínima possível era de doze

pontos e a máxima 60 pontos, e que quanto mais alta fosse melhor seria a

perceção de qualidade de vida. A pontuação mais baixa obtida foi de 29 pontos;

os restantes participantes obtiveram pontuação acima dos 30 valores. O

participante 8 obteve 56 pontos no questionário, um valor bastante próximo da

pontuação máxima.

Quanto à análise do WHOQOL-bref, no geral os resultados obtidos foram

positivos para a qualidade de vida dos participantes, no entanto, verificaram-se

alguns valores menos positivos, nomeadamente, no caso da Antónia, que no

domínio geral, que era composto pelas duas questões gerais da qualidade de

vida e da saúde, obteve 4 pontos dum máximo de 10 pontos. O domínio geral e

o domínio físico foram aqueles onde se verificaram as médias mais baixas, no

entanto, foram positivas.

O domínio das relações sociais foi aquele que apresentou melhores resultados.

Quanto ao questionário WHOQOL-old, os resultados foram, também, bastante

positivos no geral. O domínio com menos pontuação foi o domínio sensorial e

destaca-se pela positiva o domínio da intimidade.

Note-se que, neste último domínio as pessoas tinham em conta uma relação com

uma pessoa com quem mantém uma relação próxima, um confidente. Através

dos contatos realizados entre a investigadora e os participantes foi possível

observar que a maioria das pessoas se sente só, passam grande parte do dia

sozinhas e não estão satisfeitas com essa situação; sentem que as pessoas não

têm interesse em passar tempo com elas.

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86

Pode-se considerar que, no geral, os idosos participantes na investigação têm

uma percepção positiva da sua qualidade de vida, no entanto, não é possível

afimar que esta situação esteja diretamente relacionada com a permanência no

contexto natural de vida. No entanto, grande parte dos idosos referiram a

permanência no seu contexto natural de vida como um aspeto muito positivo da

sua vida.

Importa realçar, que a grande parte dos entrevistados apesar de apresentarem

suspeita de depressão nos resultados da Escala Geriátrica de Depressão,

apresentam valores positivos na qualidade de vida.

7.Verificação da hipótese explicativa

Quanto à verificação da hipótese “os gerontes que permanecem no seu contexto natural de vida e que têm assegurado os meios de satisfação das suas necessidades humanas básicas beneficiam de qualidade de vida”,

pode-se dizer, que neste caso especifico dos utentes do Serviço de Apoio

Domicliário do Lar de são Bento, os gerontes que permanecem no contexto

natural de vida têm qualidade de vida, visto apresentarem valores positivos nos

diversos itens dos questionários da WHOQOL. A grande maioria dos

participantes referiram a permanência no contexto natural de vida como uma

mais valia para a qualidade de vida.

No entanto, nas entrevistas e nos contactos realizados no momento da aplicação

das escalas e das entrevistas, foi referido pelos participantes que quando

deixassem de ter condições de vida que permitisse viver no contexto natural de

vida teriam que ir para outra resposta social, ou seja, para os participantes na

presente investigação, quando não estivessem assegurados os meios de

satisfação das necessidades, ficar no contexto natural de vida poderá influenciar

a qualidade de vida.

Assim, é possível afirmar que, o nível de qualidade de vida no contexto natural

será proporcional à satisfação das necessidades humanas básicas, quando

estas não possam ser satisfeitas a permanencia no contexto natural poderá ser

negativo para a qualidade de vida do geronte.

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87

8.Execução

A fase da execução resume-se à concretização das ações planeadas, como tal,

são expostos alguns quadros onde estão presentes as ações planeadas e

realizadas, as ações não planeadas e realizadas; e, por fim, as ações planeadas

e não realizadas. Assim, os referidos quadros apresentam as datas da realização

das atividades e os respetivos objetivos. (ver também cronograma das atividades

– apêndice V)

QUADRO 3 – AÇÕES PLANEADAS E REALIZADAS

ATIVIDADES DATA OBJETIVOS PESQUISA E ANÁLISE BIBLIOGRÁFICA E DOCUMENTAL

De Outubro 2012 a Abril 2013

- Construir

fundamentação teórica

abordando os diversos

conceitos inerentes à

questão de partida;

- Compreender o

fenómeno do

envelhecimento;

- Aprofundar o

conhecimento sobre

serviço de apoio

domiciliário.

REUNIÕES NO LAR DE SÃO BENTO

Outubro 2012 - Conhecer

aprofundadamente a

estrutura organizacional

do Lar de São Bento

CONCEÇÃO METODOLÓGICA

Outubro 2012 - Definir a metodologia

(instrumentos,

procedimentos,

participantes e métodos

de tratamento de dados)

utilizada na presente

investigação;

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MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA

“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 88

88

- Definir conceitualmente

a metodologia.

CONSTRUÇÃO DOS INSTRUMENTOS DE INVESTIGAÇÃO

Outubro 2012 - Definir a informação a recolher; - Construir os

instrumentos de

investigação.

APLICAÇÃO DAS ESCALAS E QUESTIONÁRIO DE CARATERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES

Novembro 2012 - Aplicar a Escala

Geriátrica de Depressão;

Questionário de Saúde

Geral e WHOQOL-Bref e

Old.

- Aplicar o questionário

criado para uma breve

caracterização da

amostra.

APLICAÇÃO DAS ENTREVISTAS

Novembro 2012 Aprofundar os

resultados/conhecimentos

obtidos com a aplicação

das escalas mencionadas

no ponto anterior

ANÁLISE DOS RESULTADOS

Novembro de 2012 - Analisar e interpretar os

dados recolhidos;

- Transformar os dados

recolhidos de forma a

permitir uma

compreensão adequada

ao tema definido.

REALIZAÇÃO DO MANUAL E PLANOS DE SESSÃO DA FORMAÇÃO

Dezembro 2012 - Planificar o decorrer da

formação;

- Realizar manual de

apoio para auxiliar os

formandos e formador ao

longo da formação e após

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MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA

“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 89

89

formação (ver Apêndice V

– manual de formação);

- Construir um documento

que possa servir de auxílio

a práticas futuras.

FORMAÇÃO I– MÓDULO DE 50 HORAS DE PSICOLOGIA DA VELHICE

- 21 de Janeiro de 2013

a 19 de Fevereiro de

2013 – de segunda a

quinta-feira das 17 as

20horas.

- Formar 16 pessoas;

- Sensibilizar para as

particularidades do

envelhecimento;

- Sensibilizar para a

importância de se

alcançar um

envelhecimento bem

sucedido longe dos

sintomas depressivos.

QUADRO 4 - AÇÕES PLANEADAS E NÃO REALIZADAS

ATIVIDADES DATA MOTIVOS DA NÃO REALIZAÇÃO

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MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA

“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 90

90

REALIZAÇÃO DA FORMAÇÃO I – PSICOLOGIA DA VELHICE

Mês de Janeiro e Fevereiro

Não foi possível realizar

do modo planeado as

duas ações referidas,

por motivos da

organização da empresa

de serviços de formação

e de organização do lar

– não sendo possível

que todas as

colaboradas pudessem

participar na formação

ao mesmo tempo e por

as mesmas já terem

cumprindo as horas de

formação obrigatórias às

colaboradoras destas

instituições.

9. A Avaliação processual e final do projeto de intervenção Todos os projetos de intervenção devem conter um plano de avaliação, que é

estruturado em função ao desenho do projeto, e é acompanhado de mecanismos

de autocontrolo que permitem conhecer os resultados e os efeitos da intervenção

e corrigir as trajetórias quando estas não são as mais adequadas. Os projetos

podem optar por diversas modalidades de avaliação, mas em grande parte dos

projetos utiliza-se conjuntamente uma autoavaliação e uma avaliação interna ou

externa (Guerra, 2000).

Sendo que, na autoavaliação a equipa de terreno e a equipa de avaliação

são a mesma; é a perceção que a equipa tem dos resultados da sua ação. Na

avaliação (interna ou externa) a equipas de avaliação e execução não são a

mesma, geralmente recorre-se a técnicas de recolha de informação mais

sistematizadas e com um maior controlo metodológico. A avaliação interna é

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91

realizada dentro da organização gestora, mas com distanciamento da equipa de

execução; na avaliação externa recorre-se a equipas exteriores à organização

gestora (Guerra,2000).

A avaliação pode ser de vários tipos: avaliação final, avaliação de processo,

avaliação de equipa, entre outros. Na avaliação final ou por objetivos, as

finalidades e os objetivos do projeto são os critérios utilizados na avaliação; o

que se pretende medir é a forma e a intensidade com que determinados objetivos

foram atingidos. A avaliação de processo mais do que determinar o desvio entre

objetivos pré-definidos e os resultados visa “dotar o processo de um dispositivo

de autoregulação alargada” (Guerra,2000:182); ou seja, é uma avaliação do

processo em si, de que como foi realizado, avalia cada fase do projeto segundo

determinados parâmetros; são eles: adequação (o projeto adequa-se ao

problema; é coerente na sua construção interna); pertinência (o projeto é

justificável no contexto das políticas e estratégias do organismo); eficácia (em

que medida os objetivos foram atingidos e as ações previstas foram realizadas);

eficiência (os resultados são confrontados com os recursos utilizados); impacte (em que medida se obteve uma melhoria da situação); entre outros

(Guerra,2000).

9.1. Autoavaliação

Tendo em conta os critérios de avaliação propostos por Isabel Guerra (2000),

procedeu-se à autoavaliação.

QUADRO 5 - AUTOAVALIAÇÃO PROJETO DE INTERVENÇÃO

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO (DE ACORDO COM ISABEL GUERRA, 2000)

ADEQUABILIDADE (O PROJETO ADEQUA-

SE AO PROBLEMA; É COERENTE NA SUA

CONSTRUÇÃO INTERNA)

Após a investigação realizada e

considerando os resultados, foi

considerado adequado a realização

da formação a fim de promover e

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“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 92

92

sensibilizar um envelhecimento bem-

sucedido. O idoso que se mantêm no

seu contexto natural de vida necessita

de um maior acompanhamento e de

uma maior sensibilização de todos

para as particularidades que

acontecem no seu envelhecimento.

Com a investigação foi notório a falta

de formação/sensibilização sobre o

envelhecimento, principalmente, na

psicologia da velhice. Muitas vezes,

sintomas como a tristeza são

confundidos como uma característica

normal do envelhecimento; como esta

acontecem outras situações que

prejudicam o envelhecer de forma

saudável e ativa. Assim, este projeto é

adequado e coerente na sua

construção interna.

EFICÁCIA (EM QUE MEDIDA OS

OBJETIVOS FORAM ATINGIDOS E AS

AÇÕES PREVISTAS FORAM REALIZADAS)

Todas as ações, à exceção da

formação às colaboradoras do lar de

São Bento; definidas no plano de

atividades foram cumpridas nos

prazos estabelecidos. Assim, pode-se

considerar que os objetivos foram

atingidos. Durante a formação, foi

possível desencadear o debate várias

vezes o que permitiu uma grande

partilha de conhecimentos, foi

possível esclarecer as dúvidas dos

formandos; estes mostraram-se

sensibilizados, reconhecendo que não

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“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 93

93

se pode ser conivente com um

envelhecimento mal sucedido;

promovendo-se, assim, o

envelhecimento bem-sucedido. EFICIÊNCIA (OS RESULTADOS SÃO

CONFRONTADOS COM OS RECURSOS

UTILIZADOS)

Os principais recursos utilizados

foram, a nível de recursos humanos, a

investigadora; e, a nível de recursos

económico, os custos associados ao

módulo de formação; no entanto,

estes custos foram financiados pelo

programa POPH (Programa

Operacional Potencial Humano) e

geridos pela empresa M&P. Os

resultados obtidos foram os

pretendidos, logo, pode-se considerar

que o projeto foi eficiente. AVALIAÇÃO FINAL (OS OBJETIVOS

DELINEADOS FORAM ATINGIDOS) Os objetivos gerais e específicos

(Aprofundar o conhecimento sobre o

fenómeno do envelhecimento;

Aprofundar o conhecimento dos

conceitos inerentes à pergunta de

partida; Estudar de que forma a

permanência do geronte no seu

contexto natural de vida condiciona a

sua qualidade de vida; Realizar

atividades que visem contribuir para a

promoção da qualidade de vida dos

gerontes) delineados foram

totalmente conseguidos; como foi

possível observar na formação

realizada. No entanto, apesar de

terem sido atingidos, não quer dizer

que não seja necessário, se possível,

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“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 94

94

a realização de mais atividades para a

concretização dos objetivos.

9.2. Avaliação da Formação

A avaliação da formação, foi realizada através da aplicação de inquéritos aos

formandos do módulo. Este instrumento de avaliação (ver anexo IV) foi

construído e é utilizado pela empresa “M&P - consultadoria e informática, Lda”

para avaliação das suas ações de formação. O acesso ao questionário foi

permitido pela empresa parceira da M&P, em Vila Nova de São Bento, a

Empresa Alcance Mais.

Apenas foram tidas em conta, as questões do inquérito que são relevantes para

a investigação, nomeadamente:

- Capacidade do/a formador/a para motivar os/as formandos/as

(respostas em escala: 1 = Fraco; 2 = Aceitável; 3 = Bom; 4 = Muito

Bom)

- Atenção dada à evolução da aprendizagem individual dos/as

formandos/as (respostas em escala: 1 = Fraco; 2 = Aceitável; 3 =

Bom; 4 = Muito Bom)

- Conhecimentos técnicos do formador/a (respostas em escala: 1 =

Fraco; 2 = Aceitável; 3 = Bom; 4 = Muito Bom)

- Clareza de exposição da matéria (respostas em escala: 1 = Fraco;

2 = Aceitável; 3 = Bom; 4 = Muito Bom)

- Documentação Distribuída (manual e fichas de apoio) (respostas

em escala: 1 = Fraco; 2 = Aceitável; 3 = Bom; 4 = Muito Bom)

- Interesse do tema (respostas em escala: 1 = Fraco; 2 = Aceitável;

3 = Bom; 4 = Muito Bom)

- Utilidade/aplicabilidade das matérias (respostas em escala: 1 =

Fraco; 2 = Aceitável; 3 = Bom; 4 = Muito Bom)

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“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 95

95

- Nível de expectativa inicial (respostas em escala: reduzido; médio;

elevado e muito elevado)

- Nível de conhecimentos prévios (respostas em escala: reduzido;

médio; elevado e muito elevado)

- Nível de conhecimentos finais (respostas em escala: reduzido;

médio; elevado e muito elevado)

- Nível de satisfação final (respostas em escala: reduzido; médio;

elevado e muito elevado).

O questionário foi aplicado a todos os formandos do módulo de psicologia da

velhice (que decorreu de 21 de Janeiro a 19 de Fevereiro de 2013). Apresentam-

se de seguida os resultados do questionário referentes às questões indicadas.

Quanto à questão, capacidade da formadora para motivar os formandos, doze

dos catorze formandos, ou seja, 86% responderam “Muito bom”, e, dois

formandos, ou seja, 14 % responderam “bom”. Nenhum dos formandos

respondeu “Fraco” ou “Aceitável”.

GRÁFICO 2 – CAPACIDADE DA FORMADORA PARA MOTIVAR OS FORMANDOS

14%

86%

Fraco

Aceitável

bom

muito bom

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“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 96

96

Fonte: Dados recolhidos pela investigadora (Fevereiro 2013)

Quando questionados em relação, à atenção dada pela formadora em relação à

aprendizagem de cada formando, quatro formandos (29%) responderam “bom”

e dez formandos (71%) responderam “muito bom”.

GRÁFICO 3 - ATENÇÃO DADA À EVOLUÇÃO DA APRENDIZAGEM INDIVIDUAL DOS FORMANDOS

Fonte: Dados recolhidos pela investigadora (Fevereiro 2013)

Quanto aos conhecimentos técnicos da formadora sobre os conteúdos do

módulo, doze formandos (86%) responderam “muito bom” e dois formandos

(14%) responderam “bom”.

GRÁFICO 4 - APRECIAÇÃO DOS FORMANDOS EM RELAÇÃO AOS CONHECIMENTOS TÉCNICOS DE FORMADORA

29%

71%

Fraco

Aceitável

Bom

Muito Bom

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Fonte: Dados recolhidos pela investigadora (Fevereiro 2013)

No que diz respeito à questão da clareza de exposição da matéria e da avaliação

da documentação distribuída pela formadora (nomeadamente, o manual, fichas

de trabalho e fichas de apoio) os resultados foram, igualmente aos resultados do

item anterior: doze formandos (86%) responderam “muito bom” e dois formandos

(14%) responderam “bom”. Não se verificando qualquer resposta nos itens

“fraco” ou “aceitável”.

Quanto ao interesse do tema, nenhum dos formandos respondeu “fraco” ou

“aceitável”, quatro formandos (29%) responderam “bom” e dez formandos (71%)

responderam “muito bom”.

GRÁFICO 5 - INTERESSE DO TEMA

14%

86%

Fraco

Aceitável

Bom

Muito Bom

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Fonte: Dados recolhidos pela investigadora (Fevereiro 2013)

Os mesmos resultados surgiram no que diz respeito à questão sobre a

utilidade/aplicabilidade da matéria.

Em relação à questão sobre o nível de expectativa inicial, antes do início do

curso, em que a escala de resposta é diferente dos itens anteriores (reduzido;

médio; elevado e muito elevado): seis formandos responderam “médio” e oito

formandas responderam “elevado”, 43 e 57 %, respetivamente.

GRÁFICO 6 - EXPECTATIVA INICIAL

Fonte: Dados recolhidos pela investigadora (Fevereiro 2013)

29%

71%

Fraco

Aceitável

Bom

Muito Bom

43%

57%

Reduzido

Médio

Elevado

Muito elevado

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99

Quando questionados sobre o nível de conhecimentos prévios, um formando não

respondeu (7%), cinco formandos (36%) responderam ter nível “médio” e oito

formandos (57%) consideravam que tinham um nível de conhecimento

“elevado”.

GRÁFICO 7 - CONHECIMENTOS PRÉVIOS

Fonte: Dados recolhidos pela investigadora (Fevereiro 2013)

Em relação ao nível de conhecimento final, denotou-se uma subida no nível de

conhecimentos em relação ao nível de conhecimento inicial: três pessoas (22%)

responderam ter um nível de conhecimento “muito elevado”; oito pessoas (57%)

responderam ter um nível de conhecimento “elevado”; duas pessoas (14%)

responderam ter um nível de conhecimento “médio”; e, uma pessoa (7%) não

respondeu.

36%

57%

7%

Reduzido

Médio

Elevado

Muito elevado

Não respondeu

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10

GRÁFICO 8 - CONHECIMENTO FINAL

Fonte: Dados recolhidos pela investigadora (Fevereiro 2013)

Em relação ao nível de satisfação final: uma pessoa (7%) respondeu “médio”;

oito pessoas (57%) responderam “elevado”; quatro pessoas responderam “muito

elevado” (29%) e uma pessoa (7%) não respondeu.

GRÁFICO 9 - SATISFAÇÃO FINAL

Fonte: Dados recolhidos pela investigadora (Fevereiro 2013)

É importante referir que todas as respostas ao inquérito de avaliação da

formação foram bastante positivas, e, nas questões abertas (Apreciação global

14%

57%

22%

7%

Reduzido

Médio

Elevado

Muito elevado

Não respondeu

7%

57%

29%

7%

Reduzido

Médio

Elevado

Muito elevado

Não respondeu

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10

– Formadora e Módulo; Recomendaria o seu curso a seus conhecidos, porquê?

e, comentários/sugestões), foram feitos comentários bastante positivos.

QUADRO 6 - RESUMO QUESTÕES ABERTAS

Apreciação Global - formadora - É uma formadora sociável (..)

- A formadora foi excelente, ensinou

bem a matéria

- A formadora explicou a matéria com

clareza

- A formadora foi muito dinâmica e

muito acessível

- A formadora soube falar com clareza

e explicar as matérias em questão em

relação ao módulo

- Achei importante o curso e a

formadora também tem aptidões para

o fazer. Gostei muito

- Excelente Formadora

- Tem bons conhecimentos do módulo

da psicologia da velhice, boa

comunicadora, simpática e gosta de

ajudar os outros

- A formadora é comunicativa,

simpática e mostrou interesse sobre a

matéria que deu

Apreciação Global - Modulo -É um módulo interessante para

aprendermos a viver a velhice

- O módulo foi interessante para cada

vez mais tenhamos mais sabedoria e

que aprendamos mais sobre a velhice

-(…) serviu para aprender mais

alguma coisa sobre o que se sente na

fase do envelhecimento

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10

- (…) fiquei a saber mais sobre como

reagir ou interagir com os mais velhos

- É bastante interessante devido ao

conteúdo (psicologia da velhice)(…)

Recomendaria o seu curso a seus

conhecidos, porquê?

- Porque desenvolve a nossa

mentalidade

- Para que tenhamos mais sabedoria

e interesse

- Porque é um curso muito

interessante para quem cuida dos

idosos e dos nossos familiares

- Porque o curso tem bases

fundamentais sobre a velhice

- Porque é um curso interessante

- Porque é bom saber mais e

aprendermos a lidar com idosos

- Achei muito interessante o conteúdo

do módulo

- Adquire-se mais conhecimentos

sobre os comportamentos e

necessidades na velhice

- É essencial termos conhecimentos

sobre como se envelhece

- É interessante fica-se a saber mais

sobre a velhice

Comentários/sugestões - Adorei este curso e recomendo

vivamente

- Gostei muito de frequentar esta

formação

- (…)Foi uma experiência boa

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“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 103

10

Conclusão

Ao iniciar a conclusão é preponderante rever todos os pontos fulcrais deste

projeto de intervenção.

A primeira parte do projeto de intervenção consistiu num levantamento de vários

conhecimentos teóricos sobre todos os conceitos que se poderiam relacionar

com a questão de partida e com o enquadramento do projeto, assim iniciou-se

com a construção do conceito de psicogerontologia comunitária.

De seguida, foram abordadas várias perspetivas sobre o envelhecimento, nas

suas diferentes dimensões. Importa realçar do envelhecimento, não como um

problema individual, familiar ou para a sociedade, mas sim, o envelhecimento

como um grande êxito da humanidade, como refere Jacob (2007).

Tendo sido, o ano 2012 o Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da

Solidariedade entre Gerações, foi considerado pertinente definir envelhecimento

ativo como a possibilidade do idoso utilizar todo o seu potencial físico, mental e

social.

Quando abordadas as alterações psicológicas que ocorrem no envelhecimento,

a depressão mereceu uma atenção especial pela forma como está presente na

vida dos idosos (o que foi visível aquando a aplicação da escala geriátrica de

depressão).

O conceito de contexto natural de vida é também, ponto central neste projeto,

visto pelos autores abordados como um aspeto positivo na qualidade de vida do

idoso. O serviço de apoio domiciliário é a resposta social que, permite que o

idoso se mantenha no seu contexto natural de vida, no entanto, não é uma

resposta que se ajuste a pessoas idosas que se encontrem totalmente sozinhas,

com problemas de mobilidade e com falta de autonomia.

Em termos gerais, o conceito de qualidade de vida é próximo ao conceito de

saúde, definido pela Organização Mundial de Saúde; é definida em termos de

bem-estar físico, mental e social. A qualidade de vida tem uma vivência

individual, pode variar conforme a perceção que o individuo tem da mesma, no

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“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 104

10

entanto, é fortemente condicionada por outros fatores exteriores ao individuo.

Como refere Ander-Egg, a qualidade de vida é, também, sentir-se bem em

termos de realização pessoal. “No se trata sólo de “tener cosas”, sino de “ser”

persona, de sentirse bien en cuanto a la própria realización personal” (Ander-

Egg:1995:51).

Em relação à metodologia utilizada, optou-se, principalmente, pela investigação

qualitativa, pois seria aquela que permitiria estudar aprofundadamente a

realidade dos utentes do Serviço de Apoio Domiciliário do Lar de São Bento.

Foram aplicadas as escalas para avaliar a qualidade de vida, depressão e saúde

geral, e posteriormente, foram realizadas duas entrevistas para aprofundar os

conhecimentos.

Os principais obstáculos sentidos pela investigadora prenderam-se com as

dificuldades dos participantes em responder às questões em forma de escala,

em fazer entender as questões dos questionários e em fazer compreender os

objetivos da investigação e o porquê da mesma.

Em relação, à entrevista ambas correram muito bem, tendo sido um momento

importante para a recolha de informação e aprofundamento da compreensão dos

dados recolhidos na escala.

Os resultados do estudo foram em geral bastante positivos, no entanto,

destacam-se pela negativa os resultados da Escala Geriátrica de Depressão,

estes resultados vão de encontro com os sentimentos negativos, muitas vezes

expressos pelos participantes, e da preocupação de alguns familiares em

relação a esta situação e com a falta de sensibilização da sociedade para os

problemas que alguns idosos vivenciam, nomeadamente, a depressão. Por

vezes, os sintomas de doenças são confundidos como sinais normais do

envelhecimento.

Assim, foi pensado a organização e realização de um módulo de formação sobre

o envelhecimento, para cuidadores formais e informais, e para a comunidade

geral. O módulo “Psicologia da Velhice” foi escolhido, pois os seus conteúdos

são aqueles que mais se adequam ao projeto de intervenção - no âmbito do

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10

mestrado em Psicogerontologia Comunitária e às necessidades dos

participantes.

No plano de ação, definiram-se duas formações – uma para as colaboradoras

do serviço e outra para familiares e sociedade em geral. No entanto, não foi

possível a sua total execução. Não foi possível, integrar as colaboradoras nas

formações, por motivos alheios à investigadora. No entanto, foi construído um

pequeno manual de apoio, que está disponível para futuras oportunidades de

formação às Colaboradoras do Lar de São Bento.

A primeira formação começou no dia 21 de Janeiro e terminou a 19 de Fevereiro,

a formação foi dividida em dezassete sessões, todas com duração de três horas

à exceção da última, que foi de duas horas.

Considera-se indispensável para estas pessoas, um maior acompanhamento,

apesar de poderem existir diversos fatores que condicionam os resultados da

Escala Geriátrica de Depressão, estes resultados foram indicadores de algo; e,

a depressão na terceira idade pode ser um problema sério, não sendo

diagnosticado e tratado.

Um outro fator, a ter em conta, é a falta de atividades de participação social

destes idosos. A grande maioria mencionou não ter qualquer tipo de atividades

sociais. Seria importante no futuro, desenvolver um projeto que levasse os

idosos a participar em atividades do seu interesse na sociedade.

Ao confrontar os resultados da investigação, com a hipótese definida: “os gerontes que permanecem no seu contexto natural de vida e que têm assegurado os meios de satisfação das suas necessidades humanas básicas beneficiam de qualidade de vida”, é possível afirmar que existe uma

relação entre a satisfação das necessidades básicas no contexto natural e a

qualidade de vida.

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Propostas de Intervenção Futura

Após o término do projeto de intervenção, importa referir que seria importante

implementar um projeto de intervenção a longo prazo para as pessoas que

usufruem do serviço de apoio domiciliário.

Seria essencial que fosse dada continuação às formações para que se pudesse

abranger todas as colaboradoras do serviço de apoio domiciliário e do lar, a

familiares dos utentes e a pessoas da população em geral, no sentido de

sensibilizar para o processo de envelhecimento.

Mas seria também relevante a criação de um projeto que visasse o

acompanhamento dos utentes do serviço de apoio domiciliário e famílias por

parte de técnicos que conhecessem com rigor o fenómeno do envelhecimento;

ou por um corpo de voluntariado devidamente preparado e formado, no sentido,

de fomentar o envolvimento da comunidade para que se pudesse responder às

pessoas que se encontram mais sozinhas.

Estes técnicos teriam como funções acompanhar, aconselhar, informar e

encaminhar os utentes. O técnico deveria ter formação na área do

envelhecimento.

Considera-se que, com base nos dados recolhidos (principalmente os resultados

da Escala Geriátrica de Depressão) e na observação realizada no momento da

aplicação das escalas e das entrevistas, é estritamente necessário um maior

acompanhamento destas pessoas e das suas famílias.

Considera-se, ainda, com base nos contatos da investigadora com os

participantes, importante promover a participação social, visto que, a grande

maioria não participa em quaisquer atividades do género. Qualquer atividade

realizada, neste âmbito, deveria ter por base novo contato com os participantes

com o objetivo de compreender quais seriam os seus interesses a esse nível.

Seria, também, importante que se pensasse na possibilidade de alargar as

respostas socias para esta faixa etária existentes na freguesia de Vila Nova de

São Bento dado o aumento exponencial do número de idosos.

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“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 107

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“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 109

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MESTRADO EM PSICOGERONTOLOGIA COMUNITÁRIA

“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 110

11

Apêndices

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“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 111

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APÊNDICE I - QUESTIONÁRIO DE CARACTERIZAÇÃO

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“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 112

11

Questionário

Este questionário visa a recolha de informação junto aos utentes dos serviço de apoio domiciliário, com o objectivo de realizar uma dissertação de Mestrado em

Psicogerontologia Comunitária, com o tema “A qualidade de Vida em Gerontes que

Permanecem no seu contexto natural de vida”.

Este questionário é de adminitração indireta, é o próprio investigador que procede ao preenchimento do mesmo.

I – Caracterização dos Participantes

Caracteristicas pessoais

1. Idade:

2. Sexo: (1) Feminino

(2) Masculino

3. Estado Civil:

(1) casado (a)

(2) União de Facto

(3) solteiro (a)

(4) viúvo (a)

(5) divorciado (a)

(6) outras situação

Qual? __________________________

4. Habilitações literárias:

(1) não frequentou escola, não sabe ler nem escrever

(2) não frequentou escola mas sabe ler e escrever

(3) frequentou escola mas não concluiu a 4.ªclasse (1.º ciclo)

(4) concluíu a 4.ª classe (1.º ciclo)

(5) frequentou a 5.ª Classe (2.ºciclo)

Não escrever

nesta área

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“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 113

11

(6) concluíu a 5.ª classe (2.º ciclo)

(7) Outra habilitação

Qual? _________________________________

Habitação

5. Vive sozinho?

Sim (passe para a questão 6)

Não

5.1. Com quem Vive:

(2) conjuguê

(3) Filho(a)/Filhos(as)

(4) outro familiar

(5) outra situação

Qual? ___________________________________________

___________________________________________

6. Tipo de habitação:

(1) habitação própria

(2) arrendada

(3) habitação de familiares

(4) outra situação

Qual? ___________________________

II – Serviço de Apoio Domiciliário

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“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 114

11

7. Há quanto tempo usufrui do serviço de apoio domiciliário:

(1) até seis meses

(2) entre seis meses e um ano

(3) entre um e dois anos

(4) mais de dois anos

8. Grau de satisfação com este serviço:

(1) muito insatisfeito

(2) insatisfeito

(3) nem satisfeito, nem insatisfeito

(4) satisfeito

(5) muito satisfeito

9. Quem teve a iniciativa de pedir este serviço?

(1) o (a) próprio(a)

(2) um familiar

(3) um vizinho

(4) um amigo

(5) outra situação

Qual? ___________________________________________

10. Quais eram as suas prinicpais necessidades antes de usufruir deste serviço?

(1) Alimentação

(2) Higiene Pessoal

(3) Higiene da Casa

(4) Demasiadas horas ao longo do dia sem acompanhamento

(5) Dependência física

(6) Outra

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“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 115

11

Qual?____________________________________________

III. Melhoria de Qualidade de Vida

11. Considera que o Apoio Domiciliário melhorou a sua qualidade de vida:

(1) Nada

(2) Pouco

(3) Nem muito, nem pouco

(4) Muito

(5) Bastante

Obrigado por colaborar!

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APÊNDICE II - ENTREVISTA SEMI-DIRETIVA

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“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 117

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I . Vivências do Idoso

1. Como foi a sua vida? Fale-me da sua vida.

2. O que é para si ser idoso? (o que significa para si ter esta idade)

3. O que siginifica para si ser Homem/Mulher? E o que significa ser

Homem/Mulher nesta região e com esta idade?

4. Que tipo de relação tem com os seus filhos? E com os restantes

familiares? E com os vizinhos e amigos?

5. Qual é o seu projeto de vida? Como vê o seu Futuro?

II. Qualidade de Vida

6. O que é para si ter qualidade de vida?

7. Sente que vive com qualidade de vida? Porquê?

8. Considera que pelo fato de continuar a viver na sua casa tem mais

qualidade de vida?

III. Contexto natural de vida

9. Se pudesse escolher onde gostaria de passar os seus últimos dias? Se

pudesse ficar na sua casa gostaria de fazê-lo?

10. Onde viveu ao longo da sua vida? Desde quando vive em Vila Nova de

São Bento?

11. Gosta de viver aqui? Porquê?

IV. Rotina Diária / Relação com a comunidade

12. Como é o seu dia-a-dia? O que faz durante a semana? E durante os fins-

de-semana?

13. Participa nalguma atividade na comunidade? Participa nalguma

associação?

14. Onde costuma ir? Costuma ir passear? E costuma visitar amigos e

familiares?

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“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 118

11

15. O que costuma comer? Quantas vezes come por dia?

V. Serviço de Apoio Domiciliário

16. O que o (a) levou a pedir o apoio domiciliário? Quando o solicitou tinha a

ideia do serviço que era prestado pela instiuição?

17. Como avalia o serviço de apoio domiciliário? Considera que este serviço

responde às suas necessidades?

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“A qualidade de Vida em Gerontes que Permanecem no seu contexto natural de vida” 119

11

APÊNDICE III - ANÁLISE DE CONTEÚDO

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tada

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eu ir

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mor

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inha

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três

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ela

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tona

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zeito

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prei

tada

fique

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sen

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r e e

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te tí

nham

os a

mes

a po

sta

que

íam

os ja

ntar

, ele

che

gou

atiro

u co

m tu

do p

ara

o

mei

o do

chã

o, a

cas

a er

a do

s m

eus

pais

ele

est

ava

feito

est

úpid

o, tã

o m

au, a

min

ha m

ãe e

stav

a de

cos t

as e

le e

mpu

rrou

-a p

or u

m tr

is n

ão p

artiu

um

bra

ço, d

esm

aiou

eu

agar

rei-a

logo

e a

min

ha m

ãe

diss

e-lh

e:

- N

ão b

asta

? O

que

fize

ste

à m

inha

filh

a qu

e nã

o po

dias

judi

ar m

ais

com

ela

do

que

judi

aste

, mas

esta

cas

a é

min

ha e

do

meu

mar

ido,

ele

já n

ão é

viv

o m

a s e

u so

u, tu

vai

s pa

ra o

mei

o da

rua

e aq

ui

já n

ão e

ntra

s m

ais.

E, a

ssim

foi,

mas

a m

inha

mãe

dis

se-m

e:

- Olh

a is

so é

con

tigo

lá p

or e

u o

por n

a ru

a qu

e a

casa

é m

inha

, não

bas

ta te

r at

irado

com

tudo

se

não

ain d

a te

r-m

e em

purr

ado

para

o c

hão.

Mas

tu, é

pai

da

tua

filha

(a m

inha

filh

a tin

ha d

ois

anos

) se

tu q

uere

s fa

zer v

ida

com

ele

alu

gas

uma

casi

nha

com

o el

e tin

ha n

a Al

verc

a do

riba

tejo

e v

ais

para

com

ele

.

E eu

dis

se-lh

e:

- E

u? o

que

eu

sofri

com

ele

e a

gora

ain

da v

ocê

me

está

man

dand

o pa

ra e

le?

Eu

não

quer

o es

tar

com

ele

, ele

é u

m ju

deu.

A m

inha

mãe

viu

que

eu

esta

va m

uito

tris

te e

dis

se p

ront

o nã

o qu

eres

não

vás

, a m

inha

mãe

não

quer

ia q

ue fo

sse

por c

ausa

del

a. D

e m

anei

ras

que

eu m

ais

a m

inha

mãe

é q

ue c

riam

os a

min

ha fi

lha,

foi t

ão o

rdin

ário

que

nun

ca n

a vi

da d

eu n

ada

à fil

ha, n

unca

. Dep

ois

Com

o eu

ia tr

abal

har p

ara

Alv

erca

,

a m

inha

mãe

é q

ue fi

cou

com

a m

inha

filh

a e

foi a

té m

orre

r qua

se s

empr

e a

cuid

ar d

ela.

Em

Alv

erca

eu e

ra a

cria

da q

ue p

unha

a m

esa

e qu

e fa

zia

isso

tudo

, e e

u tra

balh

ava

no m

onte

do

patrã

o e

o m

eu

mar

ido

traba

lhav

a no

mon

te a

o la

do q

ue e

ra d

a irm

ã do

pat

rão.

O m

eu m

atrim

ónio

foi a

qui a

o pé

da

Page 123: Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação · Escala de Avaliação de Depressão ..... 62 4.3. Questionário de Avaliação da ... Anexo IV - Questionário de Avaliação

MES

TRAD

O E

M P

SICO

GERO

NTO

LOGI

A CO

MU

NIT

ÁRIA

“A

qual

idad

e de

Vid

a em

Ger

onte

s que

Per

man

ecem

no

seu

cont

exto

nat

ural

de

vida

” 12

3

12

min

ha fi

lha.

Por

que

eu a

inda

est

ive

mui

to te

mpo

com

ele

, que

ain

da ti

vem

os ju

ntos

mui

to te

mpo

e

depo

is fo

i aqu

ilo tu

do, e

dep

ois

conh

eci o

meu

mar

ido

lá n

uma

casa

ond

e eu

ia a

trab

alha

r aqu

i na

alde

ia e

arr

anjo

u-se

o n

amor

o.

O m

eu m

arid

o qu

ase

que

mor

reu

no m

onte

, mor

reu

aqui

na

noss

a ca

sinh

a m

as to

das

as s

egun

das-

feira

s ia

par

a o

mon

te, n

unca

che

gám

os a

ter f

ilhos

junt

os, e

u qu

ando

me

junt

ei c

om o

pai

da

min

ha

filha

tinh

a vi

nte

e no

ve a

nos,

qua

ndo

a m

inha

filh

a na

sceu

já ti

nha

trint

a e

depo

is e

stiv

e se

para

da e

quan

do m

e ca

sei c

omec

ei a

diz

er q

ue c

om o

trab

alho

da

lida

do m

onte

, das

oliv

eira

s po

rque

eu

tinha

que

o aj

udar

a d

esbo

rric

ar, t

irar a

s en

chap

otas

, cor

tar a

s ol

ivei

ras

e fo

mos

atra

sand

o. P

ensa

va q

ue

aind

a tin

ha t

empo

par

a te

r fil

hos

mas

aca

bei

por

não

ter,

sem

pre

diss

e qu

e go

stav

a de

ter

um

casa

linho

.” (E

ntre

vist

a 2)

Noç

ão d

e id

oso

para

as

entre

vist

adas

“É

est

ar a

qui n

a m

inha

cas

a qu

e eu

e o

meu

mar

ido

que

pena

mos

tant

o pa

ra c

ompr

ar, é

viv

erm

os

assi

m c

om a

refo

rma

que

tem

os, e

u at

é fu

i ref

orm

ada

mai

s ce

do p

orqu

e te

nho

prob

lem

as d

e co

luna

.

Deu

s ai

nda

não

me

quis

leva

r est

ou a

qui à

esp

era.

” (En

trevi

sta

1)

“Olh

e nã

o se

i men

ina,

olh

e ho

je e

stou

aqu

i e a

man

hã p

osso

est

ar a

qui,

olhe

con

form

e nã

o sa

bia

quan

do a

bala

va o

per

íodo

, pen

sava

que

aba

lass

e m

ais

tard

e, ta

mbé

m n

ão s

ei o

que

é q

ue h

ei-d

e

dize

r, nã

o se

i os

anos

com

que

vou

fale

cer.

O m

eu m

arid

o já

fale

ceu,

mas

tenh

o ai

nda

a m

inha

filh

a

os m

eus

três

neto

s, g

osta

va d

e vi

ver m

ais

tem

po p

ara

esta

r com

ele

s.” (

Entre

vist

a 2)

N

oção

de

mul

her p

ara

as

entre

vist

adas

“G

osto

de

ser

mul

her,

porq

ue fa

ço a

s co

isas

à m

inha

von

tade

e o

s ho

men

s nã

o, fa

zem

o q

ue a

s

mul

here

s qu

erem

. Est

a ge

raçã

o já

se

ajud

am m

as n

o no

sso

tem

po n

ão a

mul

her

é qu

e fa

zia

tudo

,

traba

lháv

amos

, criá

vam

os o

s fil

hos,

am

assá

vam

os d

e no

ite, c

ozía

mos

de

noite

, lav

ávam

os d

e no

ite.

Agor

a já

se

vai m

udan

do a

s co

isas

mas

ant

igam

ente

se

mor

ress

e um

filh

o ou

o m

arid

o já

pas

sava

m

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MES

TRAD

O E

M P

SICO

GERO

NTO

LOGI

A CO

MU

NIT

ÁRIA

“A

qual

idad

e de

Vid

a em

Ger

onte

s que

Per

man

ecem

no

seu

cont

exto

nat

ural

de

vida

” 12

4

12

o re

sto

da v

ida

de lu

to e

qua

se s

em s

air

de c

asa,

hav

ia a

lgum

as q

ue c

asav

am a

inda

mas

par

a os

hom

ens

era

tudo

mai

s fá

cil.”

(Ent

revi

sta

1)

“É ir

faze

ndo

as c

oisi

nhas

que

pos

sa fa

zer,

cois

as q

ue n

ão s

ão p

esad

as q

ue p

ossa

faze

r. N

esta

s

idad

es é

ir p

ara

a ca

sa d

os v

elho

tes,

des

de q

ue m

eu m

arid

o m

orre

u qu

ase

que

já n

ão s

aiu

de c

asa,

tenh

o m

uita

pen

a qu

e o

meu

mar

ido

tenh

a fa

leci

do,

ele

faz

tant

a fa

lta a

qui t

odos

os

dias

. O m

eu

mar

ido

foi m

uito

bom

par

a m

im n

unca

me

deu

uma

resp

osta

mal

dad

a se

quer

. Era

isso

par

a m

im s

er

mul

her.

Não

sei

que

lhe

diga

men

ina.

Com

o m

ulhe

r sof

ri m

uito

, com

o p

ai d

a m

inha

filh

a, m

as o

meu

mar

ido

estim

ava -

me.

Des

de q

ue o

meu

mar

ido

mor

reu,

sof

ro m

uito

, nun

ca m

ais

ligue

i a te

levi

são.

(Ent

revi

sta

2)

R

elaç

ões

com

fam

iliare

s,

amig

os e

viz

inho

s “T

odos

os

dias

falo

com

ela

s (fi

lhas

), es

tão

lá lo

nge

mas

todo

s os

dia

s m

e te

lefo

nam

, tod

os o

s di

as

não

me

deito

na

min

ha c

ama

sem

fala

r com

ela

s. D

esab

afo

com

ela

s e

elas

com

igo,

ach

o qu

e si

m

que

me

cont

am a

s co

isin

has

dela

s. C

om o

pai

já n

ão é

ass

im. M

as s

ó as

vej

o qu

ase

de a

no a

ano

,

às v

ezes

lá d

e qu

ando

em

qua

ndo

vêm

pass

ar o

Nat

al.”

(Ent

revi

sta1

) “T

enho

um

a bo

a re

laçã

o co

m to

dos

eles

, vou

vis

itá-lo

s el

es v

em-m

e vi

sita

r, de

i-me

sem

pre

bem

com

todo

s os

meu

s irm

ãos

(…)d

ou-m

e be

m c

om to

da a

gen

te n

a m

inha

fam

ília

nunc

a ho

uve

conf

usõe

s e

sem

pre

nos

dem

os b

em.”

(Ent

revi

sta

1)

(em

rel

ação

às

vizi

nhas

)“Tam

bém

me

dou

bem

com

toda

s; te

nho

mui

tas

amig

as s

em s

er a

qui n

a

vizi

nhan

ça, t

enho

am

igas

no

Sob

ral e

fal

amos

por

tele

fone

. S

e m

e ac

onte

cer

algu

ma

cois

a te

nho

quem

me

acud

a. S

ou m

uito

de

me

lidar

bem

com

a a

mig

as m

as n

unca

fui m

uito

de

anda

r sem

pre

em c

asa,

com

um

a da

s vi

zinh

as p

or c

ausa

dos

net

os c

riám

os e

sse

hábi

to m

as é

por

um

boca

dinh

o.” (

Entre

vist

a 1)

Page 125: Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação · Escala de Avaliação de Depressão ..... 62 4.3. Questionário de Avaliação da ... Anexo IV - Questionário de Avaliação

MES

TRAD

O E

M P

SICO

GERO

NTO

LOGI

A CO

MU

NIT

ÁRIA

“A

qual

idad

e de

Vid

a em

Ger

onte

s que

Per

man

ecem

no

seu

cont

exto

nat

ural

de

vida

” 12

5

12

“É a

min

ha fi

lhin

ha s

ó te

nho

a m

inha

filh

a te

m q

uare

nta

e qu

atro

ano

s, e

tem

um

a fil

ha c

om v

inte

e

quat

ro, t

em u

ma

com

trez

e e

tem

um

com

nov

e. F

alo

com

a m

inha

filh

a, fa

lam

os d

a no

ssa

vida

, mas

não

fala

mos

mal

de

ning

uém

, já

o m

eu m

arid

o er

a as

sim

deu

-se

bem

com

toda

a g

ente

eu

dou-

me

bem

com

toda

a g

ente

.” (E

ntre

vist

a 2)

“Já

só q

uem

tenh

o de

fam

ília

são

quat

ro s

obrin

hos,

os

outro

s fa

milia

res

já fa

lece

ram

todo

s, s

ó es

tou

eu, a

min

ha m

ãe te

ve d

ez fi

lhos

. Vou

vis

itá-lo

s m

uita

s ve

zes

só q

uand

o es

tou

um b

ocad

inho

mai

s em

baix

o ou

qua

ndo

tenh

o al

gum

a co

isa

que

faze

r é q

ue n

ão v

ou, g

osto

mui

to d

e co

nver

sar e

de

ir lá

a

casa

del

es. E

, ele

s ta

mbé

m v

êm à

min

ha, q

uand

o pr

ecis

o de

alg

uma

cois

a es

tão

sem

pre

disp

onív

eis,

coita

dinh

os.”

(Ent

revi

sta

2)

“Sim

, qua

ndo

mor

reu

o m

eu m

arid

o fo

i o d

ia to

do a

por

ta a

berta

e s

empr

e a

entra

r gen

te, t

ive

mui

ta

gent

e aq

ui. E

des

abaf

o m

uito

com

ela

s e

dou-

me

mui

to b

em c

om e

las

toda

s. A

qui e

sta

min

ha v

izin

ha

da fr

ente

, qua

ndo

prec

iso

de m

edic

amen

tos,

a m

inha

filh

a fa

lou

com

ela

, e e

la q

uand

o va

i bus

car o

s

med

icam

ento

s pa

ra o

mar

ido

traz

os m

eus.

Out

ro d

ia a

té f

oi o

mar

ido

que

foi b

usca

r e

veio

perg

unta

r se

eu n

ão p

reci

sava

de

nada

. São

ass

im p

ara

mim

.” (E

ntre

vist

a 2)

P

roje

tos

para

o fu

turo

“C

om fa

lta d

as m

inha

s fil

has

e do

s m

eus

neto

s, e

faze

ndo

cois

as q

ue p

osso

e q

ue n

ão p

osso

(…)

aind

a vo

u fa

zend

o es

sas

cois

as m

esm

o qu

e se

jam

mal

feita

s vo

u fa

zend

o. É

ass

im a

té q

ue D

eus

quei

ra. Q

uand

o nã

o qu

iser

pro

nto

não

poss

o fa

zer n

ada”

(Ent

revi

sta

1)

“Não

sei

, nes

sas

cois

as e

u nã

o pe

nso.

Não

pen

so n

o qu

e há

-de

vir.

Deu

s qu

is le

var o

meu

mar

idin

ho.

“ (En

trevi

sta

2)

Page 126: Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação · Escala de Avaliação de Depressão ..... 62 4.3. Questionário de Avaliação da ... Anexo IV - Questionário de Avaliação

MES

TRAD

O E

M P

SICO

GERO

NTO

LOGI

A CO

MU

NIT

ÁRIA

“A

qual

idad

e de

Vid

a em

Ger

onte

s que

Per

man

ecem

no

seu

cont

exto

nat

ural

de

vida

” 12

6

12

Qua

lidad

e de

Vi

da

Noç

ão d

e qu

alid

ade

de

vida

par

a as

en

trevi

stad

as

“Dar

-me

bem

com

o m

eu m

arid

o, c

om o

s m

eus

filho

s, te

r a c

asa

em c

ondi

ções

(…)d

ar-m

e be

m c

om

as o

utra

s pe

ssoa

s, te

r o n

osso

din

heiro

par

a as

nos

sas

cois

as, s

em p

assa

r fom

e (…

)” (E

ntre

vist

a 1)

“Olh

e nã

o se

i o q

ue é

isso

. Ser

á te

r as

min

has

cois

inha

s, a

s am

igas

e v

izin

has

a fa

míli

a, é

o qu

e

tenh

o. E

sta

casi

nha

não

é m

inha

só,

era

dos

meu

s pa

is. N

unca

tive

din

heiri

nho

para

com

prar

um

a

casi

nha.

Des

de q

ue o

meu

mar

ido

mor

reu,

cho

ro m

uito

, ten

ho s

empr

e vo

ntad

e de

cho

rar,

era

a m

inha

com

panh

ita.”

(Ent

revi

sta

2)

P

erce

ção

da e

ntre

vist

ada

sobr

e a

sua

qual

idad

e de

vi

da

“ (…

)a s

aúde

é q

ue n

em e

u ne

m o

meu

mar

ido

anda

mos

mui

to b

em (…

)” (E

ntre

vist

a 1)

“N

ão v

ivem

os m

uito

bem

, mas

est

á bo

m. A

s m

inha

s fil

has

mes

mo

esta

ndo

mui

to lo

nge

ajud

am n

o

que

pode

m, q

uand

o di

zem

os q

ue p

reci

sam

os d

isto

ou

daqu

ilo m

anda

m s

empr

e, a

roup

a qu

ase

toda

que

tenh

o sã

o el

as q

ue m

e vã

o tra

zend

o de

lá.”

(Ent

revi

sta

1)

“Est

ou a

borre

cidi

nha,

por

que

não

tenh

o ni

ngué

m a

o pé

de

mim

. Vou

a d

os m

eus

sobr

inho

s el

es v

êm

cá, t

enho

pen

a de

não

est

ar c

om o

s m

eus

que

é a

min

ha fi

lha

e a

min

ha n

eta.

É o

que

voc

ê aq

ui v

ê,

com

dor

es e

ago

ra a

pare

ceu-

me

isto

do

cole

ster

ol q

ue n

ão ti

nha,

e a

gora

apa

rece

u-m

e. T

omo

tant

o

com

prim

ido

ao d

ia e

mes

mo

assi

m, o

lhe,

as

dore

s nã

o pa

ssam

. Mas

gra

ças

a D

eus,

vej

o e

oiço

bem

,

que

aind

a é

o m

elho

r. O

ver

é q

ue à

s ve

zes

já n

ão e

stou

tão

bem

.” (E

ntre

vist

a 2)

Rel

ação

da

qual

idad

e de

vi

da c

om a

per

man

ênci

a na

pró

pria

cas

a

“Est

ou m

elho

r aqu

i do

que

nout

ro la

do, e

nqua

nto

pude

r fic

ar a

qui n

ão q

uero

sai

r daq

ui. T

anto

que

eu

traba

lhei

, eu

e o

meu

mar

ido

para

a g

ente

ter e

sta

casi

nha.

Não

viv

i sem

pre

nest

a ca

sa, m

as fo

i tan

to

esfo

rço

para

a c

onse

guir

com

prar

. Que

m m

e a

tiras

se…

tira

va-m

e m

uito

.” (E

ntre

vist

a 1)

“Sim

, gos

to m

uito

de

esta

r aqu

i, is

to e

ram

as

casi

nhas

dos

meu

s pa

is, d

esde

toda

a m

inha

vid

a es

tou

habi

tuad

a. T

ive

aque

les

anos

fora

, mas

era

par

a aq

ui q

ue v

olta

va s

empr

e. G

osto

de

esta

r aq

ui n

a

min

ha c

asin

ha.

Viv

i aqu

i sem

pre

com

o m

eu m

arid

o. O

lhe

desd

e qu

e el

e m

orre

u nu

nca

mai

s tiv

e

vont

ade

de m

e se

ntar

à m

esa,

por

que

sent

ávam

o-no

s se

mpr

e os

doi

s. “

(Ent

revi

sta

2)

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MES

TRAD

O E

M P

SICO

GERO

NTO

LOGI

A CO

MU

NIT

ÁRIA

“A

qual

idad

e de

Vid

a em

Ger

onte

s que

Per

man

ecem

no

seu

cont

exto

nat

ural

de

vida

” 12

7

12

Con

text

o na

tura

l de

vida

P

erce

ção

que

a pe

ssoa

te

m d

e pe

rman

ecer

na

sua

casa

“Que

ria fi

car a

qui n

a m

inha

cas

inha

, eu

e o

meu

mar

ido,

enq

uant

o tiv

erm

os v

ida

quer

o fic

ar a

qui.

Se

meu

mar

ido

mor

rer e

eu

já n

ão p

oder

dev

o te

r qu

e ir

para

o la

r, m

as n

ão g

osta

va, g

osta

va d

e fic

ar

aqui

. Mas

sei

que

se

algu

ma

dia

não

tiver

cap

az te

rei q

ue ir

par

a on

de fa

çam

as

cois

as p

or m

im.”

(Ent

revi

sta

1)

“Gos

to d

e es

tar a

qui.

Foi o

nde

as m

inha

s fil

has

nasc

eram

, a c

asin

ha é

min

ha. C

onhe

ço a

s pe

ssoa

s.”

(Ent

revi

sta

1)

“Sim

gos

tava

, eu

gost

o de

est

ar a

qui,

eu n

ão n

asci

aqu

i mas

fui a

qui c

riada

vim

par

a cá

com

um

mês

,

a m

inha

filh

a na

sceu

aqu

i. N

ão s

ei é

se

esta

rei s

empr

e ca

paz

de v

iver

aqu

i soz

inhi

ta. E

nqua

nto

pude

r

quer

ia fi

car.

“ (En

trevi

sta

2)

“Gos

to m

uito

, aqu

i é q

ue e

u m

e en

cont

ro b

em, s

empr

e vi

vi a

qui e

stou

na

casi

nha

dos

meu

s pa

is, e

onde

viv

i com

o m

eu m

arid

o e

onde

viv

eu a

min

ha fi

lha.

” (En

trevi

sta

2)

Traj

etór

ia d

e re

sidê

ncia

“N

asci

em

Vila

Nov

a de

São

Ben

to e

viv

i cá

algu

ns a

nos

aind

a, d

epoi

s qu

ando

eu

tinha

nov

e an

os o

meu

pai

arr

anjo

u tra

balh

o na

zon

a do

Sob

ral,

para

um

mon

te.

Fom

os v

iver

par

a lá

dur

ante

mai

s de

quar

enta

ano

s fo

i lá

que

conh

eci o

meu

mar

ido,

ele

tra

balh

ava

no m

esm

o m

onte

ond

e m

eu p

ai

traba

lhav

a e

estiv

e lá

até

aos

cin

quen

ta e

tal

ano

s e

daí

volta

mos

par

a V

ila N

ova

de S

ão B

ento

.

Mes

mo

quan

do m

e ca

sei a

inda

fiqu

ei lá

, não

vim

logo

par

a a

alde

ia. N

ão e

stou

ao

certo

mes

mo

dos

anos

que

já v

ivo

na a

ldei

a. A

prim

eira

cas

a qu

e tiv

e er

a al

i na

Rua

do

Pen

edo

Gor

do, e

dep

ois

é qu

e

vim

par

a es

ta.”

(Ent

revi

sta

1)

“Sim

não

vivi

esse

s se

is a

nos

e m

eio

que

estiv

e a

traba

lhar

em

Alv

erca

, de

rest

o vi

vi s

empr

e

aqui

, ain

da n

ão fu

i par

a m

ais

lado

nen

hum

.” (E

ntre

vist

a 2)

O c

otid

iano

da

pess

oa

Ativ

idad

es d

a vi

da d

iária

“H

oje

já la

vei c

hão

e te

nho

que

coze

r um

as c

alça

s”(E

ntre

vist

a 1)

“Lev

anto

-me

às s

ete

hora

s, d

eito

-me

às d

ez d

a no

ite, d

e m

anhã

faço

as

min

has

cois

inha

s em

cas

a,

de ta

rde

se ti

ver t

empo

vej

o um

boc

adin

ho te

levi

são

quan

do a

cabo

de

faze

r as

cois

inha

s, m

as já

sai

o

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MES

TRAD

O E

M P

SICO

GERO

NTO

LOGI

A CO

MU

NIT

ÁRIA

“A

qual

idad

e de

Vid

a em

Ger

onte

s que

Per

man

ecem

no

seu

cont

exto

nat

ural

de

vida

” 12

8

12

pouc

o, tr

azem

-me

o al

moc

inho

, com

frut

a e

pão.

E a

o fim

-de-

sem

ana

faço

o m

esm

o é

um d

ia c

omo

os o

utro

s. Q

uand

o te

nho

falta

de

algu

ma

cois

a, v

ou a

li ao

zez

inho

à lo

ja,

mas

é p

ouca

s ve

zes

,

traze

m-m

e tu

do.”

(Ent

revi

sta

1)

“Sac

udir,

var

rer,

limpa

r, ar

ranj

ar a

lgum

as c

oisi

nhas

, lav

ar a

loiç

a, la

var

a ro

upa,

todo

s os

dia

s m

e

lavo

, vou

às

veze

s co

mpr

ar u

mas

coi

sinh

as e

vou

ver

as

min

has

vizi

nhas

à ta

rde

porq

ue d

e m

anhã

é

para

faze

r a li

mpe

za e

ela

s ta

mbé

m. À

s ve

zes ,

con

vida

m-m

e pa

ra la

ncha

r lá,

põe

-me

tudo

na

mes

a

com

o fa

zem

par

a el

as. D

epoi

s ve

nho

para

cas

a ja

nto

aí p

or v

olta

das

sei

s, s

eis

e m

eia

da ta

rde

e às

nove

da

noite

mai

s ou

men

os já

est

ou d

eita

da. E

, dep

ois

entre

as

sete

e m

eia

e as

oito

leva

nto -

me.

(Ent

revi

sta

2)

Lo

cais

que

freq

uent

am n

a co

mun

idad

e “N

ão, e

u nã

o so

u m

uito

am

iga

de ir

a e

ssas

coi

sas.

não

vou

a la

do n

enhu

m, n

unca

fui h

abitu

ada.

Só à

mis

sa, q

uand

o po

sso

vou

sem

pre

à m

issa

.” (E

ntre

vist

a 1)

“Só

onde

vou

é v

er u

ma

cunh

ada

que

tenh

o ac

amad

a m

as n

ão p

osso

ir s

ozin

ha te

nho

que

ir co

m

outra

cun

hada

. Por

que

às v

ezes

tenh

o qu

e m

e fir

mar

nou

tra p

esso

a pa

ra c

onse

guir

volta

r par

a ca

sa

que

já v

enho

mui

to c

ansa

da. E

vis

itar

amig

os m

as m

uito

pou

cas

veze

s. A

gen

te p

ouco

pas

seou

e

com

o nã

o te

nho

cá m

inha

s fil

has…

” (En

trevi

sta

1)

“Não

, nad

a de

ssas

coi

sas,

nem

eu

nunc

a es

tive

em n

ada.

Vou

à m

issa

qua

ndo

poss

o, m

as s

em s

er

isso

vou

à da

s vi

zinh

as e

aos

man

dado

s. E

, mes

mo

à m

issa

já v

ou p

ouco

. Fui

ago

ra h

á po

uco

tem

po p

orqu

e fo

i mis

sa d

o m

eu m

arid

o.” (

Entre

vist

a 2)

Tipo

de

alim

enta

ção

que

faz

“Com

o de

man

hã, d

epoi

s al

moç

amos

, o m

eu m

arid

o co

stum

a la

ncha

r m

as e

u ra

ram

ente

lanc

ho e

depo

is a

í por

vol

ta d

as s

ete,

set

e e

pouc

o ja

ntam

os. A

o al

moç

o co

mem

os o

prim

eiro

pra

to o

u se

gund

o

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MES

TRAD

O E

M P

SICO

GERO

NTO

LOGI

A CO

MU

NIT

ÁRIA

“A

qual

idad

e de

Vid

a em

Ger

onte

s que

Per

man

ecem

no

seu

cont

exto

nat

ural

de

vida

” 12

9

12

com

o vo

cês

lhe

cham

am, e

dep

ois

à no

ite c

omem

os a

sop

a. E

, par

a nã

o co

mer

mos

aqui

lo à

s

veze

s gr

elha

mos

um

bifi

nho

de a

lgum

a co

isa.

” (E

ntre

vist

a 1)

“Eu

por d

ia n

ão c

omo

mui

tas

veze

s, já

com

i mai

s, e

u an

tes

era

mai

s fo

rte, j

á co

mi m

uito

mai

s. P

ão

agor

a nã

o co

mo

nem

met

ade

do q

ue c

omia

, e h

á m

uita

coi

sa q

ue já

não

com

o po

rque

me

faz

mal

,

tudo

o q

ue p

erte

ncer

a b

olos

, lei

te o

u ba

nha

de p

orco

não

pos

so c

omer

nad

a, p

or c

ausa

do

cole

ster

ol

tam

bém

não

pos

so c

omer

lin

guiç

a, n

em p

resu

nto.

De

man

hã c

omo

um p

edac

inho

de

pão

com

mar

garin

a co

m c

afé

com

leite

, às

vez

es u

mas

bol

acha

s m

aria

. Ao

alm

oço

tenh

o a

com

ida

do la

r,

com

o co

m u

m p

edac

inho

de

pão.

Ao

lanc

he é

a m

esm

a co

isa

que

de m

anhã

, dep

ois

jant

o ce

do e

à

noite

par

a m

e de

ixar

dor

mir

bem

par

a nã

o le

var m

uito

tem

po a

dei

xar -

me

dorm

ir, b

ebo

um c

opin

ho

de le

ite.”

(Ent

revi

sta

2)

Serv

iço

de

Apo

io

Dom

icili

ário

Raz

ões

da s

olic

itaçã

o do

serv

iço

“Foi

nun

s di

as q

ue e

stiv

e pa

ra a

í mui

to d

oent

e. E

u já

est

ava

mui

to d

oent

e e

já m

e cu

stav

a a

faze

r a

com

ida,

e d

epoi

s ho

uve

um d

ia q

ue m

e qu

eim

ei n

o fo

gão.

E d

epoi

s qu

ando

a m

inha

filh

a aí

est

eve

foi t

rata

r di

sso

tudo

. Não

sab

ia b

em o

que

era

, a m

inha

filh

a é

que

sabi

a e

ando

u pe

rgun

tand

o. “

(Ent

revi

sta

1)

“Que

m m

e fe

z es

sa c

onve

rsa

foi a

mul

her d

o m

eu s

obrin

ho e

dis

se à

min

ha fi

lha

tem

os q

ue tr

atar

das

cois

as p

ara

a tu

a m

ãe p

orqu

e el

a va

i à lo

ja e

com

pra

as c

oisa

s m

as m

ete-

as n

o fri

goríf

ico

e nã

o ch

ega

a co

zinh

ar, d

eixa

lá o

pei

xe e

a c

arne

e n

ão a

faz.

Oh

eu d

esde

que

o m

eu m

arid

o tin

ha m

orrid

o

anda

va a

ssim

, não

me

quer

ia s

enta

r à m

esa.

E a

min

ha s

obrin

ha d

izia

que

eu

quan

do ia

à d

as v

izin

has

ia c

amba

lean

do, f

eita

bar

ata

tont

a já

sem

forç

as. E

, dep

ois

a m

inha

filh

a fic

ou p

reoc

upad

a e

a m

inha

sobr

inha

dis

se q

ue ia

fala

r co

m e

sse

cois

o do

lar

para

ele

s m

e tra

zere

m a

com

ida.

me

tinha

m

fala

do d

este

ser

viço

, alg

umas

viz

inha

s ta

mbé

m já

tinh

am.”

(Ent

revi

sta

2)

Page 130: Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação · Escala de Avaliação de Depressão ..... 62 4.3. Questionário de Avaliação da ... Anexo IV - Questionário de Avaliação

MES

TRAD

O E

M P

SICO

GERO

NTO

LOGI

A CO

MU

NIT

ÁRIA

“A

qual

idad

e de

Vid

a em

Ger

onte

s que

Per

man

ecem

no

seu

cont

exto

nat

ural

de

vida

” 13

0

13

Ava

liaçã

o do

Ser

viço

de

Apoi

o D

omic

iliário

“S

im, a

té a

gora

não

tenh

o na

da q

ue d

izer

. Eu

tinha

med

o de

faze

r a c

omid

a, a

ssim

, já

não

tenh

o qu

e

mex

er n

o fo

gão,

que

as

veze

s já

me

esqu

ecia

que

tinh

a de

ixad

o lá

alg

uma

cois

a. A

ssim

, se

for p

reci

so

aque

cer a

lgum

a co

isa

é tu

do n

o m

icro

onda

s. T

enho

est

ado

satis

feita

, vêm

sem

pre

a ho

ras

e a

com

ida

aind

a ve

m q

uent

inha

.” (E

ntre

vist

a 1)

“Até

ago

ra n

ão m

e te

m d

esgo

stad

o, a

té a

gora

tenh

o go

stad

o da

com

ida.

Sim

eu

desd

e qu

e o

meu

mar

ido

mor

reu

que

anda

va s

em v

onta

de n

ão ti

nha

vont

ade

de p

or a

mes

a e

de c

ozin

har e

ass

im a

com

ida

já v

em f

eita

e q

uent

inha

e j

á é

dife

rent

e. E

stou

sat

isfe

ita,

esto

u m

ais

cont

ente

ten

ho a

com

idin

ha a

hor

as c

erta

s.” (

Entre

vist

a 2)

Page 131: Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação · Escala de Avaliação de Depressão ..... 62 4.3. Questionário de Avaliação da ... Anexo IV - Questionário de Avaliação

APÊNDICE IV - CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES

Page 132: Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação · Escala de Avaliação de Depressão ..... 62 4.3. Questionário de Avaliação da ... Anexo IV - Questionário de Avaliação

Mês Atividades

Outubro Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro Março Abril

Pré-projecto Pesquisa Bibliográfica

Elaboração Questionários

Aplicação dos Questionários

Análise dos Questionários

Análise e Interpretação dos Resultados

Projeto de Intervenção

Conclusão

Page 133: Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação · Escala de Avaliação de Depressão ..... 62 4.3. Questionário de Avaliação da ... Anexo IV - Questionário de Avaliação

APÊNDICE V - MANUAL DE APOIO AO MÓDULO - PSICOLOGIA DA VELHICE

Page 134: Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação · Escala de Avaliação de Depressão ..... 62 4.3. Questionário de Avaliação da ... Anexo IV - Questionário de Avaliação

A Qualidade de Vida em Gerontes que

permanecem no seu contexto Natural de

Vida

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Índice

Introdução ................................................................................................................................. 136

1. O que é a gerontopsicologia? ............................................................................................ 139

2. Envelhecimento ................................................................................................................. 141

3. Aspetos biológicos e psicológicos no envelhecer ............................................................. 146

4. Ajustamentos Psicossociais na Velhice ............................................................................. 157

5. A morte e o luto ................................................................................................................ 162

6. Personalidade .................................................................................................................... 168

7. A Sexualidade .................................................................................................................... 170

8. A pessoa que cuida do idoso ............................................................................................. 176

Referências Bibliográficas ......................................................................................................... 179

Page 136: Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação · Escala de Avaliação de Depressão ..... 62 4.3. Questionário de Avaliação da ... Anexo IV - Questionário de Avaliação

Introdução

O presente manual foi construído no âmbito do projeto de intervenção do

Mestrado em Psicogerontologia Comunitária, do Instituto Politécnico de Beja –

através dos dados recolhidos, pela investigadora, foi possível verificar que urgia

a necessidade de haver uma melhor preparação dos cuidadores e familiares de

idosos sobre esta fase do ciclo da vida, nomeadamente, ao nível da psicologia

da velhice.

Assim, o manual foi construído com o objetivo de contribuir para aprofundar o

conhecimento dos cuidadores e/ou familiares de pessoas idosas sobre esta fase

do ciclo de vida, incidindo de forma mais especifica nos aspetos psicossociais

deste fenómeno.

Este manual consiste numa revisão bibliográfica em torno dos conteúdos e

objetivos do módulo; proporcionando, assim, aos interessados uma

sistematização teórica sobre as temáticas.

Quanto à sua estrutura, o presente manual subdivide-se em oito diferentes

partes que englobam todos os objetivos e conteúdos delineados para a

formação, segundo o Catálogo Nacional de Qualificações.

Na primeira parte do manual é definido gerontolopsicologia, os seus objetivos e

objeto de estudo. Na segunda parte do manual são abordadas várias

perspectivas sobre o envelhecimento. Na terceira parte do manual, é feito um

levantamento sobre as principais alterações biológicas e psicológicas do

envelhecimento, sendo também feita uma distinção entre envelhecimento normal

e envelhecimento patológico. Na quarta parte, são abordadas as principais

alterações a nível social que ocorrem nesta fase do ciclo de vida. Posteriormente,

é feita uma reflexão em torno da morte e do luto. Na sexta parte, é abordada a

personalidade, começando por uma pequena introdução aos estágios de Erik

Erikson. A sexualidade, a menopausa e andropausa, foram abordadas na sétima

parte. E, por fim, foram abordadas algumas características pessoais

indispensáveis ao cuidador.

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Designação da UFCD (Unidade de Formação de Curta Duração): Psicologia da velhice

Carga Horária: 50 horas

Objetivos

Enunciar a importância da gerontopsicologia no reconhecimento dos

problemas que se colocam à pessoa idosa.

Reconhecer a importância da sexualidade na velhice.

Conteúdos

Gerontopsicologia

o Aspetos biológicos e psicológicos no envelhecer

Emoções e velhice

Motivação

Personalidade: tipologias

o Tarefas evolutivas da velhice

Ajustamentos psicossociais da velhice

Fase final da vida/reflexão sobre a morte e o luto

o Aspetos cognitivos do envelhecimento

Velhice e aprendizagem

Avaliação das funções cognitivas

Modificações nas funções cognitivas

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inteligência, memória e aprendizagem

resolução de problemas e criatividade

A sexualidade na velhice

o Fatores que influenciam a mudança de comportamento sexual na velhice

Crise da menopausa

o Sexualidade depois dos 60 anos

o Amor e sexualidade na pessoa idosa

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1. O que é a gerontopsicologia?

Segundo o Dicionário da Língua Portuguesa (2011), o termo psicologia diz

respeito a uma ciência positiva dos fatos psíquicos,

Quer estudados subjetivamente através de fatos da consciência

Quer estudados objetivamente através de fatos do comportamento

No dicionário técnico de psicologia, o termo psicologia é definido como a ciência

que procura

compreender a natureza do homem: seus desejos, esperanças, medos, aptidões e limitações (…). A psicologia tenta descobrir porque as pessoas fazem as coisas que fazem; compreender a capacidade humana de adaptação ao seu meio, natureza da inteligência do homem, as causas originais de seus conflitos internos, o seu comportamento como animal social. Poder-se-ia dizer que a psicologia, em termos gerais, busca uma resposta para a velha interrogação. O que é o

homem? (Cabral & Nick, 2006).

Em relação ao termo gerontologia, segundo Santos (2004), citando Beauvoir

(1990), foi no século XIX, no ocidente, que cuidar dos idosos se tornou uma

especialidade mas nessa altura não se denominava gerontologia.

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Já no século XX, Metchinikoff utilizou pela primeira vez o termo gerontologia num

trabalho que apresentou em que considerava a velhice uma forma de

autointoxicação. Nesse mesmo século, Nascher, um pediatra americano, criou o

termo “geriatria” como um ramo da medicina que cuidava os aspetos biológicos,

psicológicos e das doenças relacionadas à terceira idade. Mais tarde surge o

termo “gerontologia”, como a ciência que se propõe a estudar os múltiplos

processos que acompanham o envelhecimento (Santos, 2004).

Salgado (1989) apresenta um conceito amplo do que é a gerontologia:

é o estudo do processo de envelhecimento, com base nos conhecimentos oriundos das ciências biológicas, psicocomportamentais e sociais (…) a geriatria que trata das doenças no envelhecimento e a gerontologia social, voltada aos processos psicossociais

manifestados na velhice (Santos:2004:23).

A pertinência da existência da gerontologia está relacionada com o aumento da

população idosa e com as questões que com ela se levantam (despesas de

saúde com o aumento da incidência de doenças crónicas, desigualdades sociais,

entre outras), assim, cabe à gerontologia fazer frente à visão do envelhecimento

como um problema social e promover esta fase da vida e as suas possibilidades

resultantes de ações multidimensionais (Santos, 2004).

A gerontologia é, assim, o estudo dos problemas próprios da idade avançada

nos seus múltiplos aspetos.

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No Dicionário Técnico de Psicologia,

o termo gerontologia é definido como um “estudo pertinente às pessoas de idade avançada. Seus métodos são de ordem antropológico,

antropométrica, social, psicológica e médica. (neste último caso, é um ramo especial da medicina: geriatria)” (Cabral & Nick,2006).

Ao analisar, etimologicamente, a palavra gerontologia, esta deriva do grego

gerón - referindo-se aos mais velhos e notáveis do povo grego e logos que

significa estudo, grupo de estudiosos.

Quanto ao conceito de geronte, este, por sinal, deriva, etimologicamente, de

Gerós mais ontos - que percorre o tempo, com muito tempo de vida, ancião.

Entre os Gregos antigos, geronte significava ancião, membro de Gerúsia15. No

sentido não só de conhecimento pela experiência, mas sobretudo de sensatez e

de sabedoria (Veiga-Branco,2012).

Segundo o Dicionário de Língua Portuguesa (2011), geronte“ é cada um dos

vinte e oito membros gerúsia ou senado, em Esparta, que deviam ter pelo menos

60 anos” (Dicionário da Língua Portuguesa, 2011).

2. Envelhecimento

15 Gerúsia – senado, conselho de anciãos, ordem de governo na antiga Esparta.

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O envelhecimento constituiu, sem dúvida, um dos maiores êxitos da humanidade, no entanto, também um dos maiores desafios.

Para Gro Brundtland, Diretor Geral da Organização Mundial de Saúde, citado

por Jacob (2007), o envelhecimento é uma história de sucesso das políticas de

saúde pública, e, do desenvolvimento social e económico do mundo.

O envelhecimento não é exclusivo dos tempos modernos, mas, apenas se tornou

algo comum nos últimos cem anos. Nos tempos pré-históricos o envelhecimento

era algo extremamente raro; no século XVII, estima-se que, apenas 1% da

população vivia mais de 65 anos; no século XIX esta percentagem, subiu para

cerca de 4%. Em 1900, 25% da população teria alguma esperança de

comemorar os 65 anos; atualmente, cerca de 70% da população ocidental viverá

mais de 65 anos e 30 a 40% viverá mais de 80 anos (Stuart-Hamilton, 2002).

Para Paúl (1997), citando Birren (1995), este aumento da longevidade foi mais

relacionado com as alterações económicas, tecnológicas e sociais do que com

mudanças na genética da população; os fatores biológicos e genéticos não

asseguram, por si só, a expressão ótima do desenvolvimento humano.

Algumas perspetivas:

Existem várias perspetivas sobre o processo de envelhecimento. Segundo

Birren e Cunningham (1985) cit. por Paúl (1997), a forma como se envelhece

tem a ver como a forma como de desenvolve, isto é, a senescência é em função

do meio físico e social em que o organismo se desenvolve e envelhece. Segundo

a mesma autora, citando Schroots e Birren (1980), o envelhecimento tem três

componentes: o envelhecimento biológico, que resulta da vulnerabilidade

crescente e de uma maior proximidade com a morte (senescência); o

envelhecimento social relacionado com os papéis sociais de acordo com as

expectativas da sociedade para esta faixa etária; e, por fim, o envelhecimento

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psicológico, relativo à autorregulação do individuo, ao tomar decisões e opções,

adaptando-se ao processo de senescência.

Para Binet e Bourliere, citados por Fernandes (2000), o envelhecimento são

todas as modificações morfológicas, fisiológicas, bioquímicas e psicológicas que

surgem como consequência do passar dos anos no ser humano.

Lidz (1983), cit. por Fernandes (2000), caracteriza o envelhecimento em três

fases distintas, o que não significa que o idoso chegue a atingi-las todas:

- Primeira fase: Idoso. Fase onde não existem grandes alterações orgânicas. As

modificações observam-se no modo de vida do individuo, provocado pela

reforma. O individuo ainda se considera capaz de satisfazer as suas

necessidades.

- Segunda fase: Senescência. Ocorre quando o individuo começa a sentir

alterações na sua condição física, ou de outra natureza. O que corresponde a

uma fase da velhice mais avançada.

- Terceira fase: Senilidade. O cérebro já não exerce a sua função como órgão de

adaptação, o individuo torna-se quase dependente e necessita de cuidados

completos.

Envelhecer pressupõe alterações físicas, psicológicas e sociais no individuo,

estas alterações são naturais e gradativas; podem acontecer em diferentes

idades, em maior ou menor grau, consoante as condições genéticas e estilo de

vida do individuo (Zimerman, 2000).

Para Zimerman (2000), hoje em dia, com os avanços na área da farmacologia,

melhoria das condições de vida, maior preocupação com a prevenção de

doenças e com os estilos de vida saudáveis, os sintomas do envelhecimento

surgem em idades mais avançadas, no entanto, com o passar dos anos as

alterações físicas são inevitáveis.

Envelhecimento ativo

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A Organização Mundial de Saúde definiu, em 2002, o conceito de

envelhecimento ativo como “o processo de otimizar as oportunidades para a

saúde; participação social e segurança de modo a aumentar a qualidade de vida

à medida que as pessoas envelhecem” (Marques,2011:30).

Assim, para a autora Sibila Marques (2011), o envelhecimento ativo possibilita

aos idosos efetivar

o seu potencial físico, social e mental ao longo da sua vida e participarem na

sociedade de acordo com as suas necessidades, desejos e capacidades (…) a

palavra “ativo” refere-se à continuação da participação em atividades sociais,

económicas, culturais, espirituais, e cívicas (Marques,2011:30).

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Questões para refletir:

Já alguma vez pensou no momento em que se reformar? Que problemas,

pensa que, vão surgir?

Com que idade gostaria de se reformar? Porquê?

Aguarda a reforma com impaciência ou não a vê com bons olhos?

Preocupa-o ficar inativo do ponto de vista profissional?

Tem ideias precisas acerca das hipóteses de ocupação depois de

reformado?

Pensa nos problemas económicos suscitados pela reforma?

Encara a velhice com otimismo ou pessimismo? Porquê?

Tem problemas de saúde grave a ponto de tornar a velhice preocupante?

Quando chegar aos 80 ou mais anos de idade prefere:

o Ficar em casa na sua residência habitual? Porquê?

o Ir para casa de familiares? Porquê?

o Ir para a resposta social: lar ou centro de dia? Porquê?

Acima de tudo o que é que receia quando for idoso?

Quando recordar o passado o eu acha que irá lamentar?

Como antevê o seu envelhecimento?

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3. Aspetos biológicos e psicológicos no envelhecer

Aspetos Biológicos

As alterações físicas, que ocorrem a nível externo, são, entre outras: rugas,

manchas escuras na pele, a pele torna-se mais flácida, maior ocorrência de

verrugas, as veias destacam-se sob a pele dos membros, encurvamento

postural. As alterações físicas, a nível interno, são, entre outras: o metabolismo

fica mais lento, a insónia aumenta, a visão ao perto piora, os nervos auditivos

degeneram-se, o olfato e o paladar diminuem. (Zimerman,2000)

Para Sousa, Figueiredo e Cerqueira (2004),

o envelhecimento é um processo de deterioração endógena e irreversível das

capacidades funcionais do organismo. Trata-se de um fenómeno inevitável (…),

inerente à própria vida, equivalente à fase final de um programa de

desenvolvimento e diferenciação. Embora seja controversa a idade de início do

envelhecimento biológico, em geral, é aceite que ocorre no final da segunda

década de vida, calcula-se que após os 30 anos, dependendo dos órgãos haja

em média a perda de 1% de funcionalidade (Sousa, Figueiredo & Cerqueira,

2004:23).

O envelhecimento não afeta de modo igual todos os órgãos, a deterioração é

mais rápida nos tecidos elásticos – aparelho respiratório, circulatório e pele, e

mais lenta nos tecidos nervosos (Sousa, Figueiredo & Cerqueira, 2004).

O envelhecimento não é de modo algum uma doença, é antes um processo

multifatorial que, também, arrasta uma deterioração fisiológica. Assim, importa

distinguir envelhecimento normal de envelhecimento patológico (Sousa,

Figueiredo & Cerqueira, 2004).

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O envelhecimento normal é aquele em que ocorrem algumas diminuições

orgânicas e funcionais, não decorrente

de qualquer acidente ou doença, são as

alterações inevitáveis que ocorrem com

o passar do tempo (Sousa, Figueiredo &

Cerqueira, 2004).

Com o avançar da idade todos os

órgãos sofrem deteriorações, sendo o

cérebro e todo o sistema nervoso umas

das estruturas afetadas. O cérebro

atinge o seu máximo cerca dos 20 anos

e a partir daí decresce, sendo que este

decrescimento se acentua por volta dos

55 anos (Lezak, 1995).

Com o passar da idade, verifica-se, também, diminuição da sensibilidade dos

diferentes sentidos (principalmente visão e audição) e uma lentidão progressiva

dos tempos de resposta.

Temos muita coisa a fazer para minimizar os efeitos do envelhecimento cerebral. Elenco a seguir cinco atitudes que podem fazer a diferença:

1) manter o cérebro sempre ativo; 2) atividade física regular; 3) alimentação saudável, não deixando de incluir na dieta peixes ricos em ômega 3; 4) evitar substâncias neurotóxicas como o cigarro e o excesso de álcool; 5) manter a mente equilibrada e longe da depressão.

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O envelhecimento patológico é aquele em que alguns fatores interferem no

envelhecimento normal, estes acontecimentos podem ser o stress, traumatismos

ou doenças que são passiveis de acelerar o envelhecimento (Sousa, Figueiredo

& Cerqueira, 2004).

Nesta diferenciação de envelhecimento normal e envelhecimento patológico há

dois erros que são muito comuns:

considerar todas as alterações encontradas num idoso como resultado

do seu processo de envelhecimento natural, negligenciando os

processos patológicos passiveis de tratamento e cura. Atribuir certos

sinais e sintomas a doenças, originando a realização de exames e

tratamentos desnecessários, uma vez que se está a diagnosticar o

próprio envelhecimento como doença (Sousa, Figueiredo & Cerqueira,

2004:23).

As autoras identificam, ainda, outras modificações relevantes no

envelhecimento, como por exemplo: diminuição da água no corpo; aumento do

risco de diabetes; perturbações cardiovasculares; osteoporose, cancro do cólon

e da mama; a redução da estatura que cria um efeito de desproporção (o

comprimento dos membros mantem-se, mas tronco encolhe);

embranquecimento da pele; palidez da pele, acentuação das proeminências

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ósseas (ossos dos maxilares, maças do rosto, nariz); perda de cabelo, lentidão

do crescimento das unhas, entre outras.

Aspetos Psicológicos e cognitivos

A nível cognitivo, Salthouse (1991) citado por Sousa, Figueiredo e Cerqueira,

(2004), as competências intelectuais mais afetadas pela idade são: capacidade

de interpretação da comunicação não verbal, capacidade de dar respostas

rápidas a situações novas, aquisição de novos conceitos, aptidão para organizar

informações, concentração, raciocínios abstratos, entre outras. Por outro lado,

as menos afetadas são: dimensão de resolução de problemas, capacidade de

interpretar informação verbal, e, o uso de conhecimento acumulado.

Em relação ao domínio da memória, apesar de ser uma das principais queixas

dos idosos (acontece em todas as idades, mas são os idosos que mais a

evidenciam), ainda não há consenso sobre este declínio. Há estudos que

referem que os idoso têm melhor capacidade de lembrar do passado longínquo

e mais dificuldade em lembrar do passado recente, e, outros estudos que

referem o contrário. Alguns autores referem que embora se assinale um ligeiro

declínio este não é geral ou representativo (Sousa, Figueiredo & Cerqueira,

2004).

De uma forma geral, as funções cognitivas afetadas são:

A inteligência fluída (tipo de inteligência que permite lidar com novas

situações), é progressivamente afetada com a idade;

Na memória verifica-se uma dificuldade crescente em processos que

impliquem a procura ativa, categorização, organização ou manipulação

de informação;

A formação de conceitos e a abstração são afetados pela idade (as

pessoas com mais idade tendem a pensar em termos mais concretos, pois

a flexibilidade mental que permite fazer abstrações diminui com a idade);

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A capacidade de reter grandes quantidades de informação decresce;

A fluência verbal decresce, também, com a idade (Lezak,1995).

Um aspeto bastante positivo da terceira idade é, sem dúvida, a sabedoria. Baltes

e Smith (2000), identificaram dois fatores associados à sabedoria:

- Compreensão excecional –

utiliza o bom senso, aprendeu com as experiências, vê os acontecimentos num

contexto mais amplo, é um observador perspicaz, perscruta a essência da

comunicação, tem abertura de espirito e independência de pensamento (Sousa,

Figueiredo & Cerqueira, 2004:26-27).

- Habilidade de comunicação e julgamento – “é fonte de bons conselhos,

compreensivo, capaz de entender a vida, apto a abranger todas as opiniões

numa decisão e competente a pensar cuidadosamente antes de decidir” (Sousa,

Figueiredo & Cerqueira, 2004:27).

No que diz respeito às alterações ao nível psicológico, Zimerman (2000), refere

a dificuldade de se adaptar a novos papeis, falta de motivação, dificuldade em

planear o futuro, necessidade de trabalhar perdas afetivas e sociais, baixa

autoestima e autoimagem.

Nem em todas as perspetivas sobre o envelhecimento, o vimos associado a

fraqueza, fragilidade, depressão, dependência e desânimo; Bortz (1989) não

considera que estas características sejam inerentes ao envelhecimento. Este

autor propôs que a “falta de uso” era a entidade patológica que atuava no

organismo.

A maior parte do corpo serve a propósito do movimento, portanto, a falta de uso

correspondendo à falta de atividade física, leva a uma função perturbada,

aplicada a todos os níveis do corpo e a todos os tecidos (Paúl, 1997:18).

Emoções…

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As pessoas com mais idade “têm um melhor controlo das emoções do que os

adultos mais jovens raciocinam com mais flexibilidade sobre dilemas com carga

emocional “ (Spar e La Rue,2004:50)

Segundo os mesmos autores, diversos estudos demonstram que os gerontes

tendem a lidar (to cope) com os eventos stressantes de diferente forma dos

adultos jovens, os gerontes utilizam mais a emoção. A forma de lidar com o

stress utilizando a emoção é mais passiva, mais individual, e, inclina-se mais

para o controlo dos sentimentos mais angustiantes, são disto exemplos, o

distanciamento do problema, a aceitação da responsabilidade e a reapreciação

positiva da realidade.

Spar e La Rue (2005), consideram que, o locus de controlo é outra componente

que afeta a resposta a situações de stress, os autores dão o exemplo, das

pessoas que acreditam que a sua saúde é controlada por outros se adaptam

melhor aos hospitais do que as pessoas que acreditam que a sua saúde depende

delas próprias.

Para os mesmos autores, citando Baltes (1997), a resiliência 16 na idade

avançada está relacionada com “um processo de otimização seletiva, no qual os

objetivos são reformulados para se adaptarem às limitações e ambientes atuais

e os recursos são poupados para atividades pessoalmente importantes que

sustentam a autoestima” (Spar e La Rue,2005:51). As pessoas com mais idade

são mais flexíveis na definição de objetivos prioritários e na acomodação a

mudanças de papéis e limitações de recursos. Logo conseguem mais facilmente

adaptar-se a situações complicadas visto possuírem uma maior capacidade de

resiliência.

16 Comportamento adaptativo face ao stress e recuperar da adversidade

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Depressão No Idoso

Segundo Costa in Paúl e Fonseca (2005), o processo de envelhecimento implica

normalmente uma adaptação alterações na vida quotidiana; que se podem traduzir pela

perda de rotinas, da saúde com que sempre se viveu, pela morte de entes queridos, pela

reforma e outros acontecimentos que podem levar ao isolamento e à perda de relações

interpessoais e sociais.

A depressão sobrecarrega as famílias e instituições que prestam cuidados aos idosos, é

destruidora da qualidade de vida, impõe uma grande carga social e económica para a

sociedade. Assim, a depressão tem consequências e implicações a nível:

- Económico: aumento da população dependente e, consequente, aumento das

despesas com saúde e segurança social;

- Social: alteração nas relações familiares e interpessoais, maior necessidade de

instituições que prestem cuidados ao geronte;

- Sanitário: aumento da necessidade de cuidados primários, aumento da necessidade

de pessoal e de instituições especializadas;

Para Barreto (1973), depressão pode significar uma doença, síndrome, sintoma ou

apenas o estado de tristeza. Quando se fala em depressão em termos clínicos, a

depressão é um síndrome, ou seja, um conjunto de sintomas e sinais; ou uma doença,

da qual se conhece a etiologia (causa), patogenia (processo entre a ação da causa e a

produção dos sintomas), os sintomas, a evolução, o tratamento, as complicações e o

prognóstico (Fernandes, 2000).

A depressão é

Um estado de elevada complexidade, sendo possível a deteção de diversos

componentes como a ansiedade, a agitação, a preocupação, a dor mental e sentimentos de

culpa implicando, num número significativo de ocorrências, uma vivência forte e continua de

infelicidade, onde o passado se imobiliza geralmente sob a forma de vivência de

culpabilidade (…) onde o presente é rejeitado por ideias de indignidade e ruinas e onde o

futuro se encontra completamente bloqueado devido a ideias de catástrofe eminente, de

ruina e de morte (Teixeira & Branco, 1989 cit. por Fernandes, 2000:58).

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A depressão no idoso é muitas vezes enquadrada no contexto social em que está

inserido; o indivíduo deprimido afeta de forma relevante, aqueles com que mantêm mais

proximidade; assim, a depressão exerce influência nos indivíduos que rodeiam o idoso,

particularmente, os familiares. No entanto, o idoso é, também, influenciado pelos

indivíduos que rodeiam. Muitas vezes a depressão encontra-se relacionada com o

rompimento de vínculos ou de diversas relações afetivas com familiares próximos

(Fernandes, 2000).

Para Marques et al (1989) citados por Fernandes (2000), existem três grandes fatores

que conduzem ao aparecimento da depressão no idoso:

- Fatores ambienciais: relacionados com as situações traumáticas com que se deparam

os idosos, sendo que as mais significativas são: o isolamento e a falta de convívio social;

a ausência de trabalho, com consequente imobilidade; a saída dos filhos da casa

paterna, ou síndrome do “ninho vazio”; a morte de entes queridos; a noção de

desvalorização social e profissional; a noção de “fardo” para a família; as perdas físicas,

mentais e socias.

- Fatores genéticos: existem fatores genéticos predisponentes para a depressão em

idade tardia, e, têm vindo a aumentar de geração para geração,

A maioria das crises de depressão major em idades tardias são aquelas em que

o peso genético é maior e que os indivíduos que sofrem uma primeira crise na terceira

idade são mais ajustados, emocional social e psicologicamente do que aqueles que

sofrem a primeira depressão em idades mais jovens (Fernandes, 2000: 68).

- Fatores orgânicos: existe uma grande diversidade de afeções (doenças) orgânicas que

se podem manifestar em forma de depressão; realça-se as alterações senis e

ateroscleróticas e acidentes vasculares cerebrais.

Fernandes (2000), após um levantamento de vários estudos realizados, refere que é

ponto assente que a depressão é a perturbação psíquica mais frequente nos idosos.

Os sintomas e sinais essenciais para um diagnóstico de depressão incluem a tristeza,

baixa de humor, pessimismo em relação ao futuro, critica a si mesmo, sentimento de

culpa, dificuldade em concentração, lentidão no raciocínio, alterações de apetite e de

sono. O sintoma mais comum nos idosos é a tristeza (Blazer,2003).

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Back (1967), classificou os sintomas depressivos em emocionais, físicos e de vontade.

Quadro 1: Sintomas e Sinais de Depressão em Idosos, segundo Back (1967)

Sintomas Sinais observáveis

Emocionais Desalento ou tristeza Insatisfação pela vida Perda de interesses Vontade de chorar Irritabilidade Vazio Temores Sentimentos negativos Preocupação Desespero Sensação de Falhar Solidão Inutilidade Cognitivas Baixa estima Pessimismo Sentimentos de culpa Ruminação de problemas Pensamentos suicidas Delírios Por sentir-se inútil Por comportamento imperdoável Por sentir-se um nada Somáticos Alucinatórios Auditivos Visuais Cinestésicos Dificuldade de concentração Memória Fraca Físicos Perda de apetite Fadiga Sono perturbado Insónia Inicial Insónia Terminal Acordar com frequência Constipação Perda da libido Dor Inquietação Volitivos (vontade) Perda da motivação ou paralisação da vontade Impulsos Suicidas Desejo de se afastar da sociedade

Aparência Posição encurvada Rosto triste Falta de cooperação Afastamento social Hostilidade Suspeitas Confusão mental e falta de clareza Variação diurna de humor Aparência descuidada Ulcerações ocasionais na pele por se arranhar Choro ou lamento Ulcerações ocasionais na córnea por não pestanejar Perda de peso Empanzinamento Retardamento psicomotor Fala lenta Movimentos lentos Diminuição dos gestos Andar lento e vacilante Mutismo (casos severos) Cessar da mastigação e engolir (casos severos) Diminuição ou cessação do piscar Agitação psicomotora Atividade motora continua Torcer as mãos Arranhar a pele Medir os passos Sono agitado Segurar os outros Comportamento Bizarro ou inadequado Gestos suicidas Negativismo, tal como negar-se a comer ou beber e rigidez no corpo Ímpetos de agressividade Cair para traz

(Fonte: Blazer, 2003:45,46)

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A baixa-estima, foi constatada em 81% dos pacientes de Beck (1967), sendo o sintoma

mais característico; no entanto, este sintoma é menos comum nos idosos, tende a ser

substituída por outros sintomas como o pessimismo acerca do futuro. A ruminação sobre

os problemas passados e presentes é característica do idoso deprimido; podendo esta,

ser acompanhada com sentimentos de tristeza e inutilidade. Por outro lado, outros

investigadores verificaram que a culpa é um sintoma menos comum em idosos. Winokur,

Behan e Schessler (1980), constataram que os pensamentos suicidas, também, são

menos comuns em idosos deprimidos do que em jovens deprimidos (Blazer, 2003).

Em relação aos sintomas físicos, Wilson et al (1983), verificaram que os sintomas mais

comuns, que surgiam no atendimento a indivíduos com depressão, eram problemas no

sono (36%), cansaço (34%), tontura (29%), mudanças no apetite (21%) e sintomas

gastrintestinais (20%). De Alarcon (1964), verificou sintomas hipocondríacos em 65,7%

dos homens e 62% das mulheres que iam a uma clinica geriátrica para idosos

(Blazer,2003).

Os sintomas volitivos, são relacionados com o impulso de empenho dos indivíduos. Beck

(1967) notou que os pacientes deprimidos desistem de atividades que solicitem mais e

são mais atraídos por aqueles que exigem menos; esta paralisia de vontade verificou-se

em 65% a 85% dos pacientes. De acordo com Fassler e Gavirin (1978), os idosos

deprimidos tendem a ser mais introspetivos e menos participativos em atividades sociais

(Blazer,2003).

Em relação aos sinais de depressão, expressão triste, morosidade ou agitação, choro

frequente e outras expressões de desesperança e dependência são características da

depressão. Post (1968) verificou que os idosos deprimidos são com frequência mais

agitados do que nas outras faixas etárias. A perda de peso, é mais frequente em idosos

do que pessoas com menos de 60 anos.

Existem evidências que a depressão afeta a qualidade de vida, visto que, a depressão

afeta vários domínios que fazem parte da avaliação global da qualidade de vida (Berlim,

M.; Brenner, J.; Caldieraro, M.; Pargendler, J.; Fleck,M. in Fleck, 2008).

As doenças afetivas causam prejuízo na qualidade de vida; indivíduos com depressão

apresentam menos qualidade de vida que os indivíduos não deprimidos (Goldney et al

2004 cit. por Berlim et al in Fleck, 2008). Diversos estudos demonstraram que os

pacientes deprimidos apresentam funcionamento social limitado em várias áreas, como

no lazer, nas relações com os outros, no desempenho escolar, no desempenho

profissional. (PapaKostas et al, 2004 cit. por Berlim et al in Fleck, 2008).

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4. Ajustamentos Psicossociais

na Velhice

Em relação as alterações no aspeto social, o

envelhecimento traz modificações no status do idoso

e no seu relacionamento com os outros:

- Crise de identidade – provocada pela falta de

papel social, o que conduz a uma perda de

autoestima;

- Mudança de papéis na família, no trabalho e na sociedade - o idoso deverá associar-se a novos

papéis;

- Reforma - atualmente ao reformar-se ainda restam

muitos anos de vida, os idosos devem estar

preparados para esta alteração.

- Perdas diversas - desde perdas a nível

económico, de poder de decisão, de entes queridos,

da independência e autonomia.

- Diminuição de contactos sociais (Zimerman,

2000).

O aspeto social tem especial importância no

envelhecimento, Lima e Viegas (1988), retratam a

velhice como um conceito referente à forma como

cada sociedade conceptualiza esta fase do ciclo da

vida – é uma construção social e histórica. Os

autores referiram-se,

às sociedades camponesas e às sociedades de

cultura oral (…) focam o processo da herança que assegurava, pela valorização

dos laços de parentesco, o cuidado e de certa forma também a autoridade dos

idosos, por quem o filho varão olhava até à morte, assumindo posteriormente o

Motivação na velhice

Os efeitos associados à inatividade são sérios, pois podem acarretar uma redução no desempenho físico, na capacidade motora, na capacidade de concentração, de reação e de coordenação, gerando processos de desmotivação, baixa autoestima, insegurança, isolamento social e de solidão.

Estes efeitos podem ser atenuados com programas de exercício físico, atividades recreativas, culturais e de formação.

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património familiar (…) por outro lado, a transmissão do saber deixou de ser feita

oralmente, de geração em geração, o que conferia aos velhos o poder da

sabedoria acumulada ao longo dos anos da vida. (Paúl,1997:18-19)

Para Marques (2011), referindo-se à discriminação social da terceira idade na

sociedade portuguesa, apesar de não existiram estudos padrões

comunicacionais com as pessoas idosas, da observação da autora os idosos

“quando não são maltratados, são geralmente alvo de algum paternalismo”

(Marques,2011:60).

A mesma autora, citando algumas investigações norte-americanas, menciona

que, se pediu a um grupo de jovens que explicassem a indivíduos de diversas

idades as regras de um jogo; foi verificado que as explicações dadas aos idosos

eram muito parecidas às explicações dadas às crianças e adolescentes.

Marques (2011), refere que, um tipo de discurso “infantil” e “paternalista”, tal

como a lentidão no discurso ou uma maior entoação não são uma mais valia

para a comunicação com o idoso, antes pelo contrário, podem interferir com a

autoestima e dignidade, quando utilizados em público.

Para a mesma autora, o extremo da discriminação às pessoas idosas é o abuso.

Segundo dados da Policia de Segurança Pública, os registos de violência contra

idosos triplicou entre 2002 e 2007; passando de mais de oito mil casos para

quase 25 mil.

Segundo dados da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, em 2009, foram

assinaladas 642 idosos que sofreram de abuso. Apesar de também aconteceram

abusos em instituições, numa grande percentagem, estes crimes são cometidos

por familiares ou alguém próximo. Segundo a mesma instituição, cerca de 34%

dos crimes contra pessoas idosas, em 2009, foram cometidos pelos filhos das

vítimas. (Marques, 2011)

Segundo Marques (2011), citando dados da APAV, as formas mais comuns de

violência contra idosos são a violência física e emocional – em 2008, 25% dos

crimes contra idosos eram maus tratos físicos e 31% eram maus tratos

psicológicos.

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Entre os motivos das participações contam-se as agressões corporais,

ameaças, e coação, difamação e injúria, tentativa de extorsão de dinheiro e

negligência por abandono ou por doses de medicamentos erradas, com o

intuito de “acalmar” o idoso. Existe ainda um peso importante de queixas de

idosos que dizem ser insultados e humilhados por familiares. A grande maioria

das vitimas são mulheres e os ofensores são geralmente os conjugues e os

filhos. (Marques,2011:66)

Mais recentemente, surgiu através da comunicação social, a exposição de

situações de abandono de idosos nos hospitais. Segundo uma entrevista

realizada à coordenadora do Serviço Social do Hospital de Évora, estas

situações devem-se a uma multiplicidade de fatores: famílias que não têm

possibilidades de acolher um idoso dependente; apesar de existir o serviço de

apoio domiciliário, este não é suficiente para todas as situações; familiares que

não têm interesse em receber os idosos, entre outros fatores (Marques, 2011).

A importância do contexto natural de vida e da relação com os outros

Onde se vive… e com quem se vive…

O contexto natural de vida pode ser considerado como aquele onde o idoso viveu

grande parte da sua vida, ou, pelo menos, nos últimos tempos; no atual contexto

social e demográfico levantam-se alguns desafios para que o idoso permaneça

no seu contexto natural de vida (Ferreira e Nogueira,2006).

Destes desafios pode-se destacar

o da desigual ocupação do espaço territorial com uma zona litoral atrativa e de

população mais jovem e um interior desertificado, onde os idosos predominam;

a mudança das estruturas familiares com o aumento do divórcio e das famílias

monoparentais, colocando em causa as tradicionais redes de solidariedade e o

apoio para os mais velhos (Ferreira & Nogueira, 2006:122).

Para Fernandes (2004), viver mais tempo representará, num futuro próximo,

contar com menos ajuda dos descendentes “a redução da fecundidade terá

provavelmente efeitos ao nível das solidariedades intergeracionais” (Quaresma

et al, 2004:20).

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Esta autora, defende que o envelhecimento é vivido dependendo do contexto em

que se desenrolou a trajetória de vida e de como se estruturaram as relações

com amigos, vizinhos e familiares.

Ao longo da vida estabelecem-se laços, sociabilidades, e solidariedade de base.

Decorrem das relações com o cônjuge, com os filhos, com a parentela, com os

vizinhos ou amigos, colegas de trabalho, que ao perdurarem são o garante de

ajuda necessário nas situações de crise. As dificuldades relacionais ao longo da

vida são geralmente condicionantes de isolamento e solidão na velhice e

geradoras de estados psicológicos depressivos e psicológicos (Quaresma et al,

2004:20).

Daí a importância do contexto natural de vida, Hall, Mclennam e Lye (1992),

citados por Ferreira e Nogueira (2006), propuseram a existência de dois ciclos

de vida nos idosos, um ciclo positivo e um ciclo negativo. Para os autores, alguns

gerontes adotam uma perspetiva mais negativa o que conduz ao ciclo de vida

negativo e ao desempenho de um papel de doente e de dependente.

Ciclo de Vida Negativo

Por outro lado, os autores consideram que, com a ajuda dos familiares e dos

amigos, ou dos profissionais de saúde, quando necessário, o ciclo de vida

1. Diminuição das capacidades física, mental e

social

2. Visto como ineficiente ou incapaz pelos

outros

3. Desenvolvimento do papel de doente ou de dependente; nega a capacidade

4. Auto-reconhecimento como doente ou

deficiente

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negativo pode ser contrariado. O ciclo de vida positivo (Figura 2) é conseguido

através de uma perspetiva mais positiva (Ferreira e Nogueira, 2006).

Ciclo de Vida Positivo

As relações pessoais surgem, assim, como indispensáveis para um ciclo de vida

positivo. A permanência no contexto natural de vida será então a melhor forma

para manter estes laços. O apoio social é um fator reconhecidamente favorável

à qualidade de vida, em todas as fases do ciclo de vida, mas sobretudo em

adolescentes e idosos (Parreira,2006:65).

O contexto de proximidade, os ambientes familiares, as relações de amizade e

vizinhança – contexto que se baseiam no respeito pelo outro, senso de

responsabilidade, troca de experiências, solidariedade, partilha – são condições

relacionais que fomentam a qualidade de vida e reduzem os comportamentos de

risco (Parreira,2006).

Evans e Cope (1989) definiram as relações interpessoais nos contextos

próximos, como um dos fatores decisivos para a qualidade de vida pessoal

(Parreira, 2006).

1. continuação de uma existência

confortável

2. Segurança e apoio

emocionais

3. Manutenção do papel na

sociedade -considerado como

capaz

4. Espaço para um

desenvolvimento continuado

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Para Sousa, Figueiredo e Cerqueira (2004), os cuidados aos idosos começam,

geralmente, por ser assumidos por familiares ou outros elementos da rede

informal, como por exemplo, vizinhos e /ou amigos. Os cuidados formais, como

o apoio domiciliário, são solicitados quando as redes informais de apoio precisam

de ajuda para prestar cuidados. No entanto, os cuidados formais e informais não

são, substitutos perfeitos, um do outro – os formais suprem tarefas dos informais,

tais como as refeições; mas, “os mais velhos admitem que algumas formas de

apoio podem provir de qualquer pessoa (cuidados instrumentais, mas outras

(emocionais e sociais) têm de vir dos mais íntimos”(Sousa, Figueiredo e

Cerqueira,2004:106). Daí a importância da manutenção do idoso no contexto

natural de vida para cobrir as necessidades afetivas e sociais.

5. A morte e o luto

Sobre o Morrer

Morrem certas vontades

Mas nascem outras dentro de mim

Morrem certas capacidades

Mas nascem outras dentro de mim

Morrem certas possibilidades

Mas nascem outras dentro de mim

Morrem certos desejos

Mas nascem outros dentro de mim

Morre meu corpo

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Mas deixo muitas coisas

Que nasceram dentro de mim

(Guite)

“Para todos nós encarar a morte não é fácil. É preciso ter coragem para tudo na

vida, principalmente para morrer ou para suportar a morte de um ente querido”

(Zimermam, 2000:116). É sempre uma perda, mas a forma como se encara esta

perda depende de como se vive e da postura do individuo frente a qualquer

situação.

Além, disso nem todas as perdas são iguais, para Zimerman (2000),

Uma coisa é perder uma mãe velha que está doente, que sofre, outra é

perder um filho e outra ainda é perder por acidente, o que não dá a

chance da família se preparar. Mas a verdade é que, por mais que nos

preparemos, nunca aceitaremos completamente a morte.

(Zimerman,2000:116)

Para o mesmo autor, morte e morrer são duas palavras que todos procuram

evitar, por vezes, quando um idoso fala na própria morte os mais jovens têm a

tendência de responder: “Não diga isso, não vai nada morrer”; e, assim o idoso

é impedido de falar sobre os seus pensamentos, medos, sentimentos e dúvidas

sobre a morte; o jovem negou, assim, ao idoso o seu direito de lidar de forma

saudável com a morte.

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A morte talvez seja a mais difícil das situações da vida, por isso, existe tanta

negação da morte e do morrer ao longo da vida. “Somos invadidos pelo

sentimento de que vamos perder algo e pela falta de preparação para esse

momento”. (Zimerman, 2000:118)

O autor deixa algumas questões de reflexão sobre a morte:

Por que só pensamos que vamos perder uma pessoa querida e não no

que essa pessoa deixou para nós?

Por que essa fixação na perda e nunca na valorização dos ganhos?

Por que essa pessoa terá que ser apagada a não poderá continuar viva

sem a sua presença física?

Por que algumas pessoas que vão morrer acham que com sua morte vai

acabar tudo e não que alguém vai continuar aquilo que elas começaram?

Por que sempre morre alguma coisa na nossa vida e nós não vemos?

Por que a morte não é inserida na vida, se é a única coisa certa da vida?

Por que essa valorização tão grande do físico? Onde está a emoção, a

importância do legado, da herança cultural deixada pelas pessoas que

morreram? (Zimerman,2000:118)

Para o autor, “Nós não morremos, continuamos existindo naquilo que fizemos,

no legado que deixamos, por meio de pessoas, de ideias, de nossa herança

afetiva e de nossas atitudes. Nosso corpo físico acaba, mas não o nosso eu.

Morre bem quem viveu bem” (Zimerman, 2000:118).

Deve-se, assim, desde muito cedo familiarizar-se as crianças com a morte,

ajudando a compreende-la; para que se consiga lidar com a morte com alguma

serenidade, falando dos entes queridos que já partiram como pessoas ainda

muito amadas e respeitadas entre todos (Zimerman,2000:119).

São conhecidas várias perspetivas em relação às fases do luto, para Spar e La

Rue (2005), as fases do luto são:

- Primeiras semanas, após a morte de uma pessoa querida – durante este

período inicial ocorre o choque, incredulidade e sensação de vazio,

frequentemente acompanhados por ansiedade intensa, perturbação do sono e

queixas sintomáticas.

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- Primeiro ano após a morte de uma pessoa querida – é um período de

adaptação, durante o qual ocorre uma processo de rememoração, fantasia e

racionalização. Esta etapa é terminada quando ocorre a aceitação.

- Depois do primeiro ano após a perda – dá-se uma redefinição do “eu” sem a

pessoa amada perdida.

Para Westberg (1961), citado por Oliveira (2010), os vários tempos de

ajustamento à morte de uma pessoa chegada são: choque e negação da

realidade; expressão ou descarga da tensão física e emocional; depressão e

tristeza; sentimentos de culpa; hostilidade para os que poderá culpabilizar pela

morte (Deus ou médicos); perda de sentido de vida ou desencanto e, por fim, um

reajustamento progressivo à realidade.

Particularmente no caso de idosos, Hardwood (2001), citado por Oliveira (2010),

distingue três tipos de luto: crónico – Para além de meio ano; ausente – não há

luto; adiado – inicia-se semanas ou meses depois após a morte.

Para Oliveira (2010), citando Fontaine (2000) a morte de um conjugue, de forma

muito particular, pode despertar sentimentos como rancor, tristeza, depressão

mas também pode significar libertação e paz.

Walsh (1989) citado por Oliveira (2000), considera que a viuvez é um drama

maior para os homens do que para as mulheres, apesar de existirem mais viúvas

dos que viúvos. Os homens são tentados ou praticam mesmo o suicídio logo no

primeiro ano de viuvez. Para este autor existem três fases de ajustamento à

viuvez:

1. Inicialmente aceitar o fato da perda e viver de memórias;

2. Passado cerca de um ano, tentar viver sem o companheiro;

3. Encontrar novas formas de vida e arranjar outros interesses.

Ansiedade face à morte

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A tanatofobia17 pode incluir o medo do evento em si, medo do que poderá

acontecer depois da morte e, também, o medo de deixar de “ser”. Este medo de

morrer está, ainda, ligado ao tempo (quando se irá morrer) e às circunstâncias

(como se irá morrer) (Oliveira, 2010).

“Já Cicero (1998), no seu tratado sobre a Velhice, apontava como última

causa de se considerar a velhice como tempo infeliz (para além da

cessação dos negócios, da debilidade do corpo e do impedimento para

disfrutar os prazeres da vida), a iminência da morte.” (Oliveira,2010: 109).

De acordo com algumas investigações realizadas sobre a ansiedade face à

morte nos idosos, não foi possível confirmar se realmente existe uma relação da

idade com a ansiedade face à morte. Em geral os idosos não se mostram mais

ansiosos que os mais novos, no entanto, constatou-se um maior medo entre as

pessoas de meia idade, o que se pode dever com um declínio de saúde que vai

surgindo nessa idade, com o medo de deixar os filhos pelos quais ainda se sente

responsável, e ao fato de verem morrer os seus pais e outros familiares

significativos (Oliveira, 2010).

Alguns estudos indicam que apenas uma pequena percentagem de idosos têm

medo da morte, e este medo está relacionado com personalidades mais

imaturas. (Oliveira, 2010)

Segundo Kubler-Ross (1969) citado por Oliveira (2010), o moribundo passa por

diversas fases em frente à inevitabilidade da morte:

Recusa ou negação;

Cólera ou revolta;

Negociação;

Depressão;

Aceitação mais ou menos resignada.

O moribundo deve ser assistido da melhor forma possível, apesar de ser uma

tarefa bastante difícil porque grande parte dos moribundos encontram-se nos

17 Tanatofobia é uma fobia que se caracteriza pela sensação de medo da morte, pessoas com essa patologia, tendem a não sair de casa, evitam falar em morte, e têm pavor de participar de um funeral. A palavra Tanatofobia vem do mito grego de Tanatos, divindade grega da morte.

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hospitais. É necessários que os técnicos de saúde, auxiliares e todos os que

lidam com a proximidade da morte, aceitem a morte dos outros (e um dia a sua)

com serenidade, e transmitindo paz (Oliveira, 2010).

Ebersole e Hess (1985), citados por Oliveira (2010), criaram um modelo das

necessidades dos moribundos (baseado na hierarquia das necessidades de

Maslow):

Pirâmide de Maslow Pirâmide de Ebersole e Hess

(necessidades do moribundo)

auto-realização

auto-estimaamor e

pertençaestabilidade e

segurançanecessidades

fisiológicas

compreender, aceitar e atravessar dignamente a morte

conservar a identidade

pessoal

ser compreendido e amado

confiar nos que o tratam/sentir que lhe dizem

a verdade

ser aliviado do mau estar fisico (não ter dores)

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6. Personalidade

Modelo epigenético ou do desenvolvimento psicossocial da personalidade ou identidade de Erikson

Em cada fase da vida deverão ser superados dilemas. “As crises de desenvolvimento

resolvem-se num equilíbrio dinâmico entre opostos, devendo prevalecer o aspeto

positivo (na 3.ª idade está em causa a autoaceitação ou integridade, em ordem à

sabedoria) para não se cair no oposto negativo (desespero) ” (Oliveira,2010:54)

Estágios de desenvolvimento:

O primeiro estágio – confiança/desconfiança – 0 a 18 meses O segundo estágio – autonomia/dúvida e vergonha – 18 meses e os 3 anos O terceiro estágio – iniciativa/culpa – 3 anos a 6 anos O quarto estágio – indústria (produtividade)/inferioridade – 6 anos a 12 anos O quinto estágio – identidade/confusão de identidade – 12 anos a 18 anos O sexto estágio – intimidade/isolamento – 18 anos a 35 anos O sétimo estágio – generatividade/estagnação – 35 anos a 65 anos O oitavo estágio – integridade do eu/desespero – mais de 65 anos

O oitavo estágio coincide com o inicio da velhice, caso o sujeito tenha superado bem os

outros estágios e “atingiu a plenitude da sua integridade que compreende a aceitação e

responsabilidade pela vida, a capacidade para defender o seu estilo de vida, o

reconhecimento da integridade dos outros e a modéstia frente ao universo, tudo

culminando na sabedoria que leva também a aceitar as limitações e a própria morte”.

Caso contrário, “Crescerá o medo da morte e mesmo sentimentos de desespero frente

à impossibilidade de começar tudo de novo” (Oliveira,2010:55). (Questão desta fase do

desenvolvimento: Valeu a pena ter vivido?)

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Existem varias definições de

personalidade, para Hilgard, Atkinson e

Atkinson(1979) citados por Stuart-

Hamilton (2002) a personalidade são

“as características individuais de comportamento que, em sua organização ou

configuração, são responsáveis pelo ajustamento ímpar do individuo ao seu

ambiente total” (Stuart-Hamilton,2002:125)

O avaliar a personalidade não é uma tarefa fácil, pois quais serão os critérios

que poderão ser utilizados para a avaliar?

Pessoas, que se comportam como a Madre Teresa ou, inversamente,

Adolf Hitler, são facilmente categorizadas, mas a maioria das pessoas

situa-se em uma área cinzenta intermediária e apresenta uma mistura de

comportamentos cativantes e outros francamente desagradáveis (Stuart-

Hamilton,2002:125).

Outro fator a ter em conta ao avaliar a personalidade é que o que cativa uns

não cativa outros.

Existem vários estudos

sobre a personalidade

e o envelhecimento,

por exemplo, há

estudos que indicam

que as pessoas mais

velhas se podem tornar

Um outro conceito inerente à personalidade, é o traço de personalidade – característica duradoura da personalidade que se supõe ser a base do comportamento. (Por exemplo, se se diz que determinada pessoa é muito nervosa, podemos imaginar como é que essa pessoa se vai comportar em certas situações).

DE QUE ESTÁ DEPENDENTE A CONSTRUÇÃO DA NOSSA PERSONALIDADE? -da nossa genética -da nossa base de educação -do convívio -da comunicação com terceiros -da responsabilização ou desresponsabilização na vida familiar e pública

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mais introvertidas; outros autores consideram que não há uma personalidade

típica da velhice; outros indicam que os idosos desenvolvem traços de ansiedade

e depressão porque sentem que a morte está próxima e que não atingiram os

seus objetivos.

Para Reichard e colaboradores citados por Stuart-Hamilton (2002), a

personalidade desenvolveu-se muito antes do início da velhice e não nesta fase

da vida.

No entanto, existem algumas personalidades que permitem lidar com a velhice

de melhor forma do que outras. A melhor maneira de envelhecer, vai de encontro

com a figura típica de um avô – tranquilo e sábio.

“Pessoas que não complicam e estão disponíveis para os outros” (Stuart-

Hamilton;2002:147).

No entanto, o idoso, mantêm nesta fase da vida, os traços de personalidade (a

menos que tivesse uma personalidade instável ao longo da vida), alguns desses

traços podem ser enriquecidos, nomeadamente, a sabedoria. A sabedoria

permite que o idoso lide melhor com as suas limitações; renuncie às

responsabilidades que tinha na sociedade, sem sofrer demasiado com as perdas

(Oliveira, 2010).

7. A Sexualidade

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Para Serrão (2006), entender a sexualidade é um processo complexo o que se

deve, para além de outros fatores, às representações sociais de que a

sexualidade é apenas a relação sexual. Apesar da importância da relação

sexual, a sexualidade engloba, também, a necessidade de contato, ternura,

sentimentos, afetos e comportamentos.

Para a autora, a sexualidade é, também, uma forma do individuo perceber a sua

identidade, pois a intimidade dá sentido à vida dos indivíduos.

A autora considera que existe uma tendência em desvincular a sexualidade da

terceira idade, como se de um momento para o outro, essa dimensão da vida

desaparecesse. “O idoso, analogamente à criança, é analisado numa perspetiva

assexuada, sem quereres, sem desejos, sem sentires, sem fantasias, sem

expetativas” (Serrão,2006:70).

Ouve-se, frequentemente, a expressão dos estereótipos negativos sobre a

sexualidade na terceira idade, nomeadamente, “Eles não se interessam pela

sexualidade”. No entanto, se a sexualidade é uma parte essencial dum

relacionamento amoroso, como é que se espera que não exista sexualidade

nesta fase do ciclo de vida (Serrão,2006).

A sexualidade expressa-se de forma diferente nas diferentes fases do ciclo de

vida; para Copodieci (2000), citado por Serrão (2006)

“Na idade avançada ama-se de maneira mais profunda, consegue-se

purificar o amor da paixão, que é mais sensual do que genital. Assim,

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para eles, um olhar ou uma caricia podem valer mais do que muitas

declarações de amor” (Serrão,2006:71)

Apesar das alterações fisiológicas que se manifestam as pessoas podem

manter atividade sexual (Serrão,2006).

A sexualidade na terceira idade está extremamente ligada à dimensão

psicoafectiva. Para Vasconcelos (1994) citado por Serrão (2006:71), “O sucesso

conjugal na velhice está ligado à intimidade, à companhia, e à capacidade de

expressar sentimentos verdadeiros um pelo outro, numa atmosfera de

segurança, carinho e reciprocidade”.

Por outro lado, a aceitação de estereótipos gerontofóbicos fazem com que o

idoso se acomode a estes, perpetuando a imagem que os próprios idosos têm

em relação a si.

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A menopausa

A menopausa é fase natural da vida da mulher. Durante a menopausa, a mulher produz menos estrogénio e deixa de ter o período menstrual, o que pode provocar a sensação de afrontamentos e secura vaginal e aumenta o risco de osteoporose.18

Nas mulheres a extinção da função reprodutora pode levar ao aparecimento de certos problemas psicológicos. “Algumas mulheres têm a sensação de que a vida vai acabar para elas, e caem na melancolia (…) outras são sobretudo afetadas nos nervos, irritando-se por tudo e por nada” (Bize & Vallier,1985:79).

«Na menopausa, 50 a 70 por cento das mulheres sofrem sintomas de depressão, perturbação do sono, variação do humor, ansiedade, incontinência urinária, entre outros; 64 por cento possuem comorbilidade com patologias orgânicas (diabetes, hipertensão...); mais de 60 por cento têm excesso de peso, o que contribui para baixar a autoestima, que também é afetada pelo medo de envelhecer, a consciência da proximidade da morte, a sensação de inutilidade, a independência dos filhos, poucas ou pobres relações afetivas...»19

18 Fonte: Sociedade Portuguesa de Menopausa. Disponível em: http://www.spmenopausa.pt/. Acedido a: 22/12/12 19 Fonte: http://saude.sapo.pt/saude-medicina/saude-do-homem/artigos-gerais/andropausa.html?pagina=2. (acedido a: 17/01/2013)

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A Andropausa

A andropausa, tem sintomas menos visíveis que a menopausa, é causada pela

diminuição de produção de testosterona (mas os seus sintomas são potenciados por

fatores hereditários, obesidade, stress, doenças cardiovasculares, doenças da tiróide e

diabetes. É necessário travar os fatores que potenciam o aumento dos sintomas, com a

diminuição do consumo de álcool, tabaco e com uma alimentação equilibrada).

A andropausa trata-se de uma síndrome masculina associada ao envelhecimento —

surge, na maioria dos casos entre os 40 e os 70 anos. A andropausa causa alterações

hormonais que modificam a forma física, emocional e sexual do homem, no entanto o

homem não deixa de ser fértil, ao contrário do que acontece com as mulheres.

As consequências da andropausa são: diminuição da libido, diminuição da produção de

esperma, insónias, cansaço, perda de massa muscular, estados de nervosismo e

irritabilidade.

É possível através de tratamentos hormonais restaurar as funções sexuais – através das chamadas injeções transdérmicas.20

20 Fonte: http://saude.sapo.pt/saude-em-familia/casal-e-gravidez/artigos-gerais/sexo-feliz-depois-dos-40.html (acedido a: 17/01/2013)

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8. A pessoa que cuida do idoso

Para Zimerman (2000:47), os cuidados com os idosos devem ser:

1. Respeitar as individualidades, evitando as generalizações.

2. Não infantilizá-los.

3. Não trata-los como doentes.

4. Não trata-los como incapazes.

5. Oferecer-lhes cuidados específicos para a sua faixa etária.

6. Preservar sua independência e autonomia.

7. Ajudá-lo a desenvolver aptidões.

8. Ter paciência (…).

9. Trabalhar suas perdas e ganhos.

10. Promover muita estimulação biopsicossocial.

Para o autor, para desenvolver trabalho na área na gerontologia são necessárias

algumas capacidades e características.

- Conhecimentos: através da participação em formações e outros sempre com

uma componente prática.

- Habilidades: desenvolver técnicas de trabalho com o idoso. Por exemplo, saber

lidar com as dificuldades de comunicação oriundas da dificuldade de audição e

da visão.

- Atitudes: é fundamental que o profissional acredite no seu trabalho e goste de

o realizar; tendo sempre em conta as diferenças entre gerações, as diferenças

nos valores socioculturais, a redução das capacidades, a motivação, os

interesses, entre outros.

- Capacidade de empatia: A expressão vem do grego - em (dentro de) + pathos

(sofrimento). Refere-se ao atributo da pessoa se saber colocar no lugar do outro.

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- Sentimento de Realidade: o profissional deverá procurar que o idoso se sinta e

viva em sintonia com a realidade atual e não só com os tempos passados. O

autor refere que, uma vez perguntou a uma idosa porque é que ela gostava tanto

de falar do passado ao que ela lhe respondeu: “Porque foram momentos felizes,

com agitação e alegria”.

- Capacidade de Acreditar: por se desconhecer, por questões culturais ou outras,

por vezes acreditasse que o trabalho feito com idosos com demência não tem

qualquer efeito. É preciso acreditar realmente que o trabalho que se faz tem

efeitos, estabelecendo objetivos dentro da realidade de cada paciente.

- Capacidade para recordar: Palavra de raiz latina – re (de novo) + cordar

(coração), ou seja, trazer de novo ao coração. O profissional de gerontologia

deverá ter a capacidade de lembrar experiencias passadas e ajudar os idosos a

vivenciar, de forma saudável, suas próprias memórias que são um instrumento

para o entendimento do próprio eu.

- Paciência e Tolerância: É necessário respeitar o idoso, aceitar o seu ritmo, as

suas ideias, as suas atitudes e os seus valores, sem lhes impor os do

profissional.

- Capacidade para suportar perdas e a vivência da morte: tanto quanto à morte

física como quanto ao luto pela perda da juventude; à redução das capacidades

físicas, mentais e sociais; à reforma, afastamento ou morte de amigos e

familiares. Há a necessidade de trabalhar estas perdas, mas também valorizar

os ganhos que muitas vezes são esquecidos.

- Capacidade de comunicação: é muito importante saber transmitir mas também

saber escutar. É importante estar atento à linguagem não verbal (gestos,

expressões, e atitudes corporais). A linguagem do afeto, do toque, da

compreensão é talvez a mais importante.

- Capacidade para atividades lúdicas: o profissional deve estar pronto para

desenvolver atividades, seja contar histórias, inventar jogos, fazer quebra-

cabeças, entre outros que sirvam tanto de lazer como de treino de memória. As

atividades são muito importantes e dependem dos gostos e da vontade do idoso.

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- Senso de humor: o trabalhador deve ter a capacidade de levar as coisas com

bom humor; à medida que o vai fazendo vai, também, criando no idoso esse

hábito.

- Capacidade de trabalhar com pessoas com demência: é preciso superar

dificuldades e preconceitos.

- Capacidade para trabalhar em e com grupos: é fundamental uma boa

articulação entre profissionais (auxiliares, médicos, assistentes sociais,

nutricionistas) para se conseguir oferecer aos idosos um serviço de qualidade.

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Referências Bibliográficas

Bize, P. & Vallier, C. (1985). Uma Vida Nova: a terceira idade. Lisboa/São

Paulo: Verbo

Blazer, D. (2003). Depressão em Idosos(3.ªed). São Paulo: Andrei Editora.

Cabral, A. & Nick, E. (2006). Dicionário Técnico de Psicologia. São Paulo:

Editora Cultrix

Fernandes, P. (2000). A Depressão no Idoso. Coimbra: Quarteto Editora

Fleck, M. & colaboradores (2008). A avaliação de qualidade de vida-Guia para

profissionais de saúde. Porto Alegre:Artmed.

Jacob, L.(2007).Animação em Idosos – Actividades. Porto: Ambar.

Lezak, M.D. (1995). Neuropsychological Assessment (3rded.). New York:Oxford

university Press

Marques, S.(2011). Discriminação da Terceira Idade. Lisboa: Fundação

Francisco Manuel dos Santos

Oliveira, B. (2010). Psicologia do envelhecimento e do idoso(4.ª ed). Porto:

Legis Editora

Parreira, A. (2006). Gestão do Stress e da Qualidade de Vida. Lisboa: Monitor

Paúl, M. C. (1997). Lá para o fim da vida – idosos, família e meio ambiente.

Coimbra: Livraria Almedina.

Paúl, C. & Fonseca, A. (2005). Envelhecer em Portugal. Lisboa: Climepsi

Editores.

Quaresma, M., Fernandes, A., Calado, D. & Pereira,M. (2004). O Sentido das

Idades da Vida – Interrogar a solidão e a dependência. Lisboa: CESDET

Santos, S. (2004). A Gerontologia à Luz da Complexidade de Edgar Morin.

Revista eletrónica Mestr. Educ. Ambient, Volume especial: Rio Grande

Serrão, C. (2006). Sexualidade na Terceira idade, olhar, mudar e agir. Revista

Transdisciplinar de Gerontologia.V.1, n.1,p. 70-72

Sousa, L.; Figueiredo, D.; Cerqueira, M. (2004).Envelhecer em família - os

cuidados familiares na velhice. Porto: Ambar

Spar, J. & La Rue, A.(2005). Guia Prático Climepsi de Psiquiatria Geriátrica.

Lisboa: Climepsi Editores

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Stuart-Hamilton,I. (2002). A psicologia do Envelhecimento: uma Introdução (3.ª

ed).Porto Alegre: Artmed Editora.

Veiga-Branco, A. (2012). O gerontólogo … um mediador no espaço

gerontológico. In Pereira, Fernando (Coord). Teoria e Prática da Gerontologia -

Um Guia Para Cuidadores de Idosos. Psicosoma. p. 41-63:Viseu

Zimerman, G. (2000).Velhice – Aspectos Biopsicosociais. Porto Alegre: Artes

Médicas Sul.

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Anexos

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ANEXO I - ESCALA GERIÁTRICA DE DEPRESSÃO (BARRETO ET AL, 2003)

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ANEXO II - WHOQOL-OLD (GRUPO WHOQOL)

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ANEXO III - QUESTIONÁRIO DE SAÚDE GERAL (FARIA,2000)

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ANEXO IV - QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DA FORMAÇÃO DA M&P

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ESCALA GERIÁTRICA DE DEPRESSÃO* (Yesavage, 1983)

PACIENTE: ____________________________________________________ DATA DA AVALIAÇÃO: __________ AVALIADOR: _________________ 1. Você está satisfeito com sua vida? ( ) Sim ( ) Não

2. Abandonou muitos de seus interesses e atividades? ( ) Sim ( ) Não

3. Sente que sua vida está vazia? ( ) Sim ( ) Não

4. Sente-se freqüentemente aborrecido? ( ) Sim ( ) Não

5. Você tem muita fé no futuro? ( ) Sim ( ) Não

6. Tem pensamentos negativos? ( ) Sim ( ) Não

7. Na maioria do tempo está de bom humor? ( ) Sim ( ) Não 8. Tem medo de que algo de mal vá lhe acontecer? ( ) Sim ( ) Não

9. Sente-se feliz na maioria do tempo? ( ) Sim ( ) Não 10. Sente-se freqüentemente desamparado, adoentado? ( ) Sim ( ) Não

11. Sente-se freqüentemente intranqüilo? ( ) Sim ( ) Não

12. Prefere ficar em casa em vez de sair? ( ) Sim ( ) Não

13. Preocupa-se muito com o futuro? ( ) Sim ( ) Não

14. Acha que tem mais problemas de memória que os outros?( ) Sim ( ) Não

15. Acha bom estar vivo? ( ) Sim ( ) Não

16. Fica freqüentemente triste? ( ) Sim ( ) Não

17. Sente-se inútil? ( ) Sim ( ) Não

18. Preocupa-se muito com o passado? ( ) Sim ( ) Não

19. Acha a vida muito interessante? ( ) Sim ( ) Não 20. Para você é difícil começar novos projetos? ( ) Sim ( ) Não

21. Sente-se cheio de energia? ( ) Sim ( ) Não 22. Sente-se sem esperança? ( ) Sim ( ) Não

23. Acha que os outros têm mais sorte que você? ( ) Sim ( ) Não

* Pontuação: 0 quando for diferente da resposta em negrito 1 quando for igual à resposta em negrito Total > 10 = suspeita de depressão

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24. Preocupa-se com coisas sem importância? ( ) Sim ( ) Não

25. Sente freqüentemente vontade de chorar? ( ) Sim ( ) Não

26. É difícil para você concentrar-se? ( ) Sim ( ) Não

27. Sente-se bem ao despertar? ( ) Sim ( ) Não

28. Prefere evitar as reuniões sociais? ( ) Sim ( ) Não

29. É fácil para você tomar decisões? ( ) Sim ( ) Não 30. O seu raciocínio está tão claro quanto antigamente? ( ) Sim ( ) Não

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WHOQOL-OLD

Este questionário pergunta a respeito dos seus pensamentos, sentimentos e sobre certos

aspectos de sua qualidade de vida, e aborda questões que podem ser importantes para você

como membro mais velho da sociedade.

Por favor, responda todas as perguntas. Se você não está seguro a respeito de que resposta dar

a uma pergunta, por favor escolha a que lhe parece mais apropriada. Esta pode ser muitas

vezes a sua primeira resposta.

Por favor tenha em mente os seus valores, esperanças, prazeres e preocupações. Pedimos que

pense na sua vida nas duas últimas semanas.

Por exemplo, pensando nas duas últimas semanas, uma pergunta poderia ser :

O quanto você se preocupa com o que o futuro poderá trazer?

Nada

1

Muito pouco

2

Mais ou menos

3

Bastante

4

Extremamente

5

Você deve circular o número que melhor reflete o quanto você se preocupou com o seu futuro

durante as duas últimas semanas. Então você circularia o número 4 se você se preocupou com o

futuro “Bastante”, ou circularia o número 1 se não tivesse se preocupado “Nada” com o futuro.

Por favor leia cada questão, pense no que sente e circule o número na escala que seja a melhor

resposta para você para cada questão.

Muito obrigado(a) pela sua colaboração!

ESTE INSTRUMENTO NAO DEVE SER APLICADO INDIVIDUALMENTE, MAS SIM EM

CONJUNTO COM O INSTRUMENTO WHOQOL-BREF

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As seguintes questões perguntam sobre o quanto você tem tido certos sentimentos nas últimas

duas semanas.

old_01 Até que ponto as perdas nos seus sentidos (por exemplo, audição, visão, paladar, olfato,

tato), afetam a sua vida diária?

Nada

1

Muito pouco

2

Mais ou menos

3

Bastante

4

Extremamente

5

old_02 Até que ponto a perda de, por exemplo, audição, visão, paladar, olfato, tato, afeta a sua

capacidade de participar em atividades?

Nada

1

Muito pouco

2

Mais ou menos

3

Bastante

4

Extremamente

5

old_03 Quanta liberdade você tem de tomar as suas próprias decisões?

Nada

1

Muito pouco

2

Mais ou menos

3

Bastante

4

Extremamente

5

old_04 Até que ponto você sente que controla o seu futuro?

Nada

1

Muito pouco

2

Mais ou menos

3

Bastante

4

Extremamente

5

old_05 O quanto você sente que as pessoas ao seu redor respeitam a sua liberdade?

Nada

1

Muito pouco

2

Mais ou menos

3

Bastante

4

Extremamente

5

old_06 Quão preocupado você está com a maneira pela qual irá morrer?

Nada

1

Muito pouco

2

Mais ou menos

3

Bastante

4

Extremamente

5

old_07 O quanto você tem medo de não poder controlar a sua morte?

Nada

1

Muito pouco

2

Mais ou menos

3

Bastante

4

Extremamente

5

old_08 O quanto você tem medo de morrer?

Nada

1

Muito pouco

2

Mais ou menos

3

Bastante

4

Extremamente

5

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old_09 O quanto você teme sofrer dor antes de morrer?

Nada

1

Muito pouco

2

Mais ou menos

3

Bastante

4

Extremamente

5

As seguintes questões perguntam sobre quão completamente você fez ou se sentiu apto a

fazer algumas coisas nas duas últimas semanas.

old_10 Até que ponto o funcionamento dos seus sentidos (por exemplo, audição, visão, paladar,

olfato, tato) afeta a sua capacidade de interagir com outras pessoas?

Nada

1

Muito pouco

2

Médio

3

Muito

4

Completamente

5

old_11 Até que ponto você consegue fazer as coisas que gostaria de fazer?

Nada

1

Muito pouco

2

Médio

3

Muito

4

Completamente

5

old_12 Até que ponto você está satisfeito com as suas oportunidades para continuar alcançando

outras realizações na sua vida?

Nada

1

Muito pouco

2

Médio

3

Muito

4

Completamente

5

old_13 O quanto você sente que recebeu o reconhecimento que merece na sua vida?

Nada

1

Muito pouco

2

Médio

3

Muito

4

Completamente

5

old_14 Até que ponto você sente que tem o suficiente para fazer em cada dia?

Nada

1

Muito pouco

2

Médio

3

Muito

4

Completamente

5

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As seguintes questões pedem a você que diga o quanto você se sentiu satisfeito, feliz ou bem

sobre vários aspectos de sua vida nas duas últimas semanas.

old_15 Quão satisfeito você está com aquilo que alcançou na sua vida?

Muito insatisfeito

1

Insatisfeito

2

Nem satisfeito nem

insatisfeito

3

Satisfeito

4

Muito satisfeito

5

old_16 Quão satisfeito você está com a maneira com a qual você usa o seu tempo?

Muito insatisfeito

1

Insatisfeito

2

Nem satisfeito nem

insatisfeito

3

Satisfeito

4

Muito satisfeito

5

old_17 Quão satisfeito você está com o seu nível de atividade?

Muito insatisfeito

1

Insatisfeito

2

Nem satisfeito nem

insatisfeito

3

Satisfeito

4

Muito satisfeito

5

old_18 Quão satisfeito você está com as oportunidades que você tem para participar de

atividades da comunidade?

Muito insatisfeito

1

Insatisfeito

2

Nem satisfeito nem

insatisfeito

3

Satisfeito

4

Muito satisfeito

5

old_19 Quão feliz você está com as coisas que você pode esperar daqui para frente?

Muito infeliz

1

Infeliz

2

Nem feliz

nem infeliz

3

Feliz

4

Muito feliz

5

old_20 Como você avaliaria o funcionamento dos seus sentidos (por exemplo, audição, visão,

paladar, olfato, tato)?

Muito ruim

1

Ruim

2

Nem ruim

nem boa

3

Boa

4

Muito boa

5

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As seguintes questões se referem a qualquer relacionamento íntimo que você possa ter. Por

favor, considere estas questões em relação a um companheiro ou uma pessoa próxima com a qual

você pode compartilhar (dividir) sua intimidade mais do que com qualquer outra pessoa em sua

vida.

old_21 Até que ponto você tem um sentimento de companheirismo em sua vida?

Nada

1

Muito pouco

2

Mais ou menos

3

Bastante

4

Extremamente

5

old_22 Até que ponto você sente amor em sua vida?

Nada

1

Muito pouco

2

Mais ou menos

3

Bastante

4

Extremamente

5

old_23 Até que ponto você tem oportunidades para amar?

Nada

1

Muito pouco

2

Médio

3

Muito

4

Completamente

5

old_24 Até que ponto você tem oportunidades para ser amado?

Nada

1

Muito pouco

2

Médio

3

Muito

4

Completamente

5

VOCÊ TEM ALGUM COMENTÁRIO SOBRE O QUESTIONÁRIO?

OBRIGADO(A) PELA SUA COLABORAÇÃO!

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WHOQOL - ABREVIADO

Versão em Português

Instruções Este questionário é sobre como você se sente a respeito de sua qualidade de vida, saúde e outras áreas de sua vida. Por favor, responda a todas as questões. Se você não tem certeza sobre que resposta dar em uma questão, por favor, escolha entre as alternativas a que lhe parece mais apropriada. Esta, muitas vezes, poderá ser sua primeira escolha. Por favor, tenha em mente seus valores, aspirações, prazeres e preocupações. Nós estamos perguntando o que você acha de sua vida, tomando como referência as duas últimas semanas. Por exemplo, pensando nas últimas duas semanas, uma questão poderia ser:

nada

muito pouco

médio

muito

completamente

Você recebe dos outros o apoio de que necessita?

1

2

3

4

5

Você deve circular o número que melhor corresponde ao quanto você recebe dos outros o apoio de que necessita nestas últimas duas semanas. Portanto, você deve circular o número 4 se você recebeu "muito" apoio como abaixo.

nada

muito

pouco

médio

muito

completamente

Você recebe dos outros o apoio de que necessita?

1

2

3

4

5

Você deve circular o número 1 se você não recebeu "nada" de apoio.

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Por favor, leia cada questão, veja o que você acha e circule no número e lhe parece a melhor resposta.

muito

ruim

Ruim

nem ruim nem boa

boa

muito

boa 1(G1)

Como você avaliaria sua qualidade de vida?

1

2

3

4

5

muito

insatisfeito

Insatisfeito

nem satisfeito nem insatisfeito

satisfeito

muito

satisfeito 2(G4)

Quão satisfeito(a) você está com a sua saúde?

1

2

3

4

5

As questões seguintes são sobre o quanto você tem sentido algumas coisas nas últimas duas semanas.

nada

muito pouco

mais ou menos

bastante

extremamente

3(F1.4)

Em que medida você acha que sua dor (física) impede você de fazer o que você precisa?

1

2

3

4

5

4(F11.3)

O quanto você precisa de algum tratamento médico para levar sua vida diária?

1

2

3

4

5

5(F4.1)

O quanto você aproveita a vida?

1

2

3

4

5

6(F24.2)

Em que medida você acha que a sua vida tem sentido?

1

2

3

4

5

7(F5.3)

O quanto você consegue se concentrar?

1

2

3

4

5

8(F16.1)

Quão seguro(a) você se sente em sua vida diária?

1

2

3

4

5

9(F22.1)

Quão saudável é o seu ambiente físico (clima, barulho, poluição, atrativos)?

1

2

3

4

5

As questões seguintes perguntam sobre Quão completamente você tem sentido ou J capaz de fazer certas coisas nestas últimas duas semanas.

nada

muito pouco

médio

muito

completamente

10(F2.1)

Você tem energia suficiente para seu dia-a-dia?

1

2

3

4

5

11(F7.1)

Você J capaz de aceitar sua aparência física?

1

2

3

4

5

12(F18.1)

Você tem dinheiro suficiente para satisfazer suas necessidades?

1

2

3

4

5

13(F20.1) Quão disponíveis para você estão as informações que precisa no seu dia-a-dia?

1

2

3

4

5

14(F21.1)

Em que medida você tem oportunidades de atividade de lazer?

1

2

3

4

5

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As questões seguintes perguntam sobre Quão bem ou satisfeito você se sentiu a respeito de v<rios aspectos de sua vida nas últimas duas semanas.

muito

ruim

ruim

nem ruim

bom

muito

bom 15(F9.1)

Quão bem você é capaz de se locomover?

1

2

3

4

5

muito

insatisfeito

Insatisfeito

nem satisfeito

nem insatisfeito

satisfeito

muito

satisfeito 16(F3.3)

Quão satisfeito(a) você está com o seu sono?

1

2

3

4

5

17(F10.3)

Quão satisfeito(a) você está com sua capacidade de desempenhar as atividades do seu dia-a-dia?

1

2

3

4

5

18(F12.4)

Quão satisfeito(a) você está com sua capacidade para o trabalho?

1

2

3

4

5

19(F6.3)

Quão satisfeito(a) você está consigo mesmo?

1

2

3

4

5

20(F13.3)

Quão satisfeito(a) você está com suas relaÇões pessoais (amigos, parentes, conhecidos, colegas)?

1

2

3

4

5

21(F15.3)

Quão satisfeito(a) você está com sua vida sexual?

1

2

3

4

5

22(F14.4)

Quão satisfeito(a) você está com o apoio que você recebe de seus amigos?

1

2

3

4

5

23(F17.3)

Quão satisfeito(a) você está com as condições do local onde mora?

1

2

3

4

5

24(F19.3)

Quão satisfeito(a) você está com o seu acesso aos serviços de saúde?

1

2

3

4

5

25(F23.3)

Quão satisfeito(a) você está com o seu meio de transporte?

1

2

3

4

5

As questões seguintes referem-se a com que freqüência você sentiu ou experimentou certas coisas nas últimas duas semanas.

nunca

Algumas

vezes

freqüentemente

muito freqüentemente

sempre

26(F8.1)

Com que freqüência você tem sentimentos negativos tais como mau humor, desespero, ansiedade, depressão?

1

2

3

4

5

Alguém lhe ajudou a preencher este questionário?.................................................................. Quanto tempo você levou para preencher este questionário?.................................................. OBRIGADO PELA SUA COLABORAÇÃO

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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA : FARIA, M.C. (2000) Comunicação e Bem-Estar no Limiar Do Século XXI,

Conhecer Através da Relação e Orientar para a Saúde. Tese de doutoramento em Psicologia, na área de especialização em Psicologia da Saúde, apresentada à Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra. (tese n.p.)

QUESTIONÁRIO DE SAÚDE GERAL (QSG) A depressão pode ser concebida como um estado de energia negativa mas também está relacionada com a

ansiedade, medo e tensão. Numa perspectiva psicológica a angústia está relacionada com uma complexidade de

emoções negativas e respectivas circunstâncias: depressão, ansiedade e preocupação; sintomas físicos mínimos

tais como enxaquecas, insónia e exaustão; sentimentos de inadequação pessoal. Vários estudos têm defendido que

uma vez que tais sentimentos são encontrados num número significativo de indivíduos, podemos falar de um factor

geral de personalidade. Por exemplo Eysenck apresentou a dimensão do neuroticism e Goldberg o seu General

Health Questionnaire (1972)

O QSG de Goldberg (1972) surge como uma medida válida e discriminativa entre os doentes e os outros, trata-se

de um instrumento utilizado na investigação inglesa e já se apresentou sob diversas versões de 60, 30 e 12 items

(Argyle, 1987). A versão mais curta é de fácil administração e mostra os efeitos da classe social, desemprego e

outras variáveis da saúde mental.

Uma questão pode surgir: Será que as pessoas falam verdade quando respondem a estas questões? Se estamos a

lidar com doentes da clínica é muito provável que se expressem abertamente dado que é de todo o seu interesse.

Se é se trata de uma selecção para um trabalho podem conciliar os seus sintomas psiquiátricos, ou se trata de uma

questão de sobrevivências podem fazer o mesmo, em particular podem manobrar os sintomas corporais de

ansiedade ou depressão. Assim, a escala está particularmente focada para detectar angústia.

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QUESTIONÁRIO DE SAÚDE GERAL

(GOLDBERG,1978) Versão Portuguesa, FARIA, 1999

O conjunto de questões que vai responder, pretende saber como as pessoas se têm sentido nos últimos tempos, reletivamente aos acontecimentos de vida em geral. Para cada questão deverá escolher e assinalar com uma cruz (X) uma das seguintes respostas :

1. ABSOLUTAMENTE VERDADEIRO 2. VERDADEIRO 3. INDIFERENTE 4. FALSO 5. ABSOLUTAMENTE FALSO

1. Ultimamente, tem sido capaz de se concentrar naquilo que faz ? 1 2 3 4 5

2. Tem perdido o sono por estar preocupado(a) ? 1 2 3 4 5

3. Tem sentido que tem uma participação útil nos acontecimentos ? 1 2 3 4 5

4. Tem sido capaz de tomar decisões ? 1 2 3 4 5

5. Tem-se sentido constantemente sob pressão ? 1 2 3 4 5

6. Tem sentido que não consegue ultrapassar as suas dificuldades

?

1 2 3 4 5

7. Tem sentido prazer nas suas actividades diárias ? 1 2 3 4 5

8. Tem sido capaz de enfrentar os seus problemas ? 1 2 3 4 5

9. Tem-se sentido triste ou deprimido(a) ? 1 2 3 4 5

10. Tem perdido confiança em si próprio (a) ? 1 2 3 4 5

11. Tem -se considerado uma pessoa sem valor ? 1 2 3 4 5

12. Apesar de tudo, tem-se sentido razoavelmente feliz ? 1 2 3 4 5

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