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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA, CONSERVAÇÃO E BIOLOGIA EVOLUTIVA GCBEv AVALIAÇÃO DO SEMISSINTÉTICO ISODILAPIOL NA EXPRESSÃO DE GENES DE RESISTÊNCIA A INSETICIDAS EM MOSQUITOS AEDES (STEGOMYIA) AEGYPTI VALDIRLEY DE SOUZA LIMA Manaus, Amazonas março, 2015

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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA, CONSERVAÇÃO E

BIOLOGIA EVOLUTIVA – GCBEv

AVALIAÇÃO DO SEMISSINTÉTICO ISODILAPIOL NA EXPRESSÃO DE GENES

DE RESISTÊNCIA A INSETICIDAS EM MOSQUITOS AEDES (STEGOMYIA)

AEGYPTI

VALDIRLEY DE SOUZA LIMA

Manaus, Amazonas

março, 2015

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VALDIRLEY DE SOUZA LIMA

AVALIAÇÃO DO SEMISSINTÉTICO ISODILAPIOL NA EXPRESSÃO DE GENES

DE RESISTÊNCIA A INSETICIDAS EM MOSQUITOS AEDES (STEGOMYIA)

AEGYPTI

ORIENTADORA: Dra. Míriam Silva Rafael

Co-Orientador: Dr. Cleverson Carlos Matiolli

Manaus, Amazonas

março, 2015

Dissertação apresentada ao programa de Pós-

Graduação em Genética, Conservação e Biologia

Evolutiva (PPG-GCBEv) do INPA, como parte dos

requisitos para a obtenção do título de Mestre em

Genética, Conservação e Biologia Evolutiva.

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Ficha catalográfica

L732 Lima, Valdirley de Souza

Avaliação do semissintético isodilapiol na expressão de genes de resistência a

inseticidas em mosquitos Aedes (Stegomyia) aegypti / Valdirley de Souza Lima. ---

Manaus: [s.n.], 2015. viii, 40 f.: il. color.

Dissertação (mestrado) --- INPA, Manaus, 2015.

Orientadora: Míriam Silva Rafael

Co-orientador: Cleverson Carlos Matiolli

Área de concentração: Genética, Conservação e Biologia Evolutiva

1. Expressão Gênica. 2. Isodilapiol. 3. Aedes aegypti.

CDD 595.77

Sinopse:

Aedes aegypti é o principal vetor da dengue, e apresenta resistência a inseticidas

químicos. Os genes GSTE7 e P450-12 estão relacionados com resistência a compostos

xenobióticos, como os inseticidas sintéticos. Larvas de 3° estádios de Aedes aegypti

foram expostas a quatro concentrações (20, 40, 60 e 80µg/mL) do composto Isodilapiol,

por quatro horas. Observaram-se mortalidade de larvas com os tratamentos a 60 e 80

µg/mL. O nível de expressão elevados dos genes GSTE7 e P450-12 ocorreram nas

gerações (G4, G5, G6 e G7). O gene P450-12 expressou-se diferencialmente nas duas

concentrações quando comparado ao GSTE7, o que indica que o composto Isodilapiol

pode ter desencadeado estresse oxidativo e mortalidade de larvas de estádio L3 de Aedes

aegypti, revelando-se um composto de potencial efeito no controle de A. aegypti, vetor

da dengue.

Palavras-Chave: Expressão Gênica, Isodilapiol, Aedes aegypti.

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Dedico

A toda minha família, em especial

minha mãe Eunice de Souza Lima.

Por me acompanhar em todo meu

ciclo educacional.

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AGRADECIMENTO

A Deus por ter proporcionado saúde, sabedoria e conforto nos momentos mais difíceis

do mestrado.

A meus pais por acompanhar-me na minha trajetória educacional no decorre da minha

vida, meus irmãos, em especial Valdenize de Souza Lima que lutou incansavelmente para

conseguir meu decreto de liberação para cursar o mestrado.

Ao Governo do Estado do Amapá (GEA), Decreto N°7613 e à Universidade Federal

do Amapá (UNIFAP), pela Portaria N°1890/2013, que oficializou o meu deslocamento até a

cidade de Manaus para cursar o mestrado.

Ao Ministério de Ciências e Tecnologia e Inovação, por meio do Instituto Nacional de

Pesquisa da Amazônia (INPA), pelo suporte estrutural para o desenvolvimento desse trabalho.

À CAPES, CNPq e FAPEAM, pela concessão da bolsa e apoio financeiro, o qual não

essa pesquisa não poderia ser desenvolvida.

Ao Curso de Pós-Graduação em Genética, Conservação e Biologia Evolutiva

(GCBEV/INPA), pela oportunidade de crescimento intelectual e profissional.

À Dra. Míriam Silva Rafael pela orientação recebida, aprendizado técnico adquirido e

momentos de amizades vivenciados.

À Dra. Gislene Almeida Carvalho-Zilse, por disponibilizar seu laboratório (GPA) para

quantificar o RNA total.

À Dra. Vera Val, por ter concedido gentilmente seu laboratório para as corridas das

placas de PCR quantitativo em tempo real (qRT-PCR). E à Nayara Castro, por me ajudar na

manipulação do equipamento de PCR em tempo real e na montagem das placas.

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RESUMO

O A. aegypti é o principal vetor da dengue e outras arboviroses no mundo. As medidas de

controle vetorial são por meio de inseticidas sintéticos, que causam resistência a esse

mosquito. O composto Dilapiol, encontrado em óleos essenciais da planta Piper aduncum da

família Piperaceae, tem sido eficaz como bioinseticida contra A. aegypti. Neste estudo, o

semissintético Isodilapiol, derivado do Dilapiol, foi avaliado quanto ao seu potencial de

indução de expressão diferencial de genes de resistência a inseticida (GSTE7 e P450-12) em

larvas de 3º estádio de A. aegypti. As formas imaturas foram coletadas no bairro Cidade Nova

(3° 1’ 21,36’’S e 59º 58’ 5,32’’O), Manaus, AM, e encaminhadas ao Laboratório de Malária e

dengue/INPA. Os imaturos completaram o seu desenvolvimento, e os adultos após

cruzamento deram origem a três gerações consecutivas (G1, G2 e G3), a fim de minimizar as

variantes ambientais. Os ensaios toxicológicos com o Isodilapiol tiveram início a partir de G4

(4ª geração). As larvas de 3º estádios de A. aegypti foram expostas a quatro concentrações

(20, 40, 60 e 80 µg/mL) de Isodilapiol, durante 4 horas. As larvas foram congeladas em N2

líquido e armazenadas em freezer 80°C negativos. Esses tratamentos foram repetidos para

formar as gerações seguintes: G5, G6 e G7. A extração e purificação do RNA total foram

realizadas com o Kit de extração da Quiagen®, e a fita complementar de RNAm (cDNA),

com o kit da Promega®. Os primers dos genes GSTE7 e P450-12 foram desenhados com

software “Gene Runer” e Primer3. O método de qRT-PCR foi utilizado segundo o protocolo

SYBR Green® Master Mix (Applied Biosystems®), adaptado para A. aegypti, e as

amplificações ocorreram no termociclador ABI-7500™ Real-Time PCR System, Applied

Biosystems®. Observaram-se a expressão diferencial dos genes GSTE7 e P450-12 em quatro

concentrações (20, 40, 60 e 80 µg/mL) nas gerações G4, G5, G6 e G7. Porém, os picos de

expressão foram maiores na concentração 20 µg/mL, e houve picos de expressão gênica em

G4, G5, G6 e G7. O gene P450-12 expressou-se diferencialmente quando comparado ao

GSTE-7. Logo, o gene P450-12 pode ter causado estresse oxidativo em larvas de 3º estádio de

A. aegypti revelando-se um composto de potencial efeito no controle de A. aegypti, vetor da

dengue.

Palavras-chave: Expressão Gênica, Isodilapiol, Aedes aegypti

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ABSTRACT

A. aegypti is the main vector of dengue and other arboviruses in the world. The vector control

measures use synthetic insecticides, which cause resistance in this mosquito. The compound

Dilapiolle, found in essential oils of the plant Piper aduncum of the Piperaceae family, has

been effective as a biopesticide against A. aegypti. In this study, Isodilapiol, derived from the

semisynthetic Dilapiolle was evaluated for its potential to induce differential expression of

pesticide resistance genes (GSTE7 and P450-12) in the 3rd stage larvae of A. aegypti. The

immature forms were collected in the Cidade Nova neighborhood (3 ° 1 '21.36 "S and 59 58'

5,32''O), Manaus, AM, and sent to the Laboratory of Malaria and Dengue / INPA. The

immature ones completed their development and the adults, after the cross, gave rise to three

successive generations (G1, G2, G3) in order to minimize the environmental variations. The

toxicological tests with 2KL-15 started from G4 (4th generation). 3rd stage larvae of A.

aegypti were exposed to four concentrations (20, 40, 60 and 80 µg / ml) of 2KL-15 for 4

hours. The larvae were frozen in liquid N2 and stored in a freezer at -80°C. These treatments

were repeated to form the next generations: G5, G6 and G7. The extraction and purification of

total RNA was performed with the Quiagen® extraction kit, and the complementary strand of

mRNA (cDNA) with the kit Promega®. The primers of GSTE7 and P450-12 genes were

designed with software "Gene Runner" and Primer3. The qRT-PCR method was performed

according to the protocol SYBR Green® Master Mix (Applied Biosystems®) adapted for A.

aegypti, and amplifications occurred in the thermal cycler ABI-7500™ Real-Time PCR

System, Applied Biosystems®. We observed a differential expression of GSTE7 and P450-12

genes in four concentrations (20, 40, 60 and 80 µg / mL) in generation G4, G5, G6 and G7.

However, the major peaks was observed at a concentration of 20 µg / ml, and the gene

expression peaks were seen in G4, G5, G6 and G7. The P450-12 gene was differentially

expressed when compared to GSTE7. The P450-12 gene might cause oxidative stress in the

3rd

larval stage of Ae. aegypti revealing a compound potential effect on the control of A.

aegypti, the dengue vector.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 1

1.1 Aspectos gerais do Aedes aegypti ............................................................................. 1

1.2 Aedes aegypti e sua importância epidemiológica ........................................................ 2

1.3 Inseticidas químicos ..................................................................................................... 3

1.4 Bioinseticidas ............................................................................................................... 5

1.5 Expressão de genes de resistência a inseticidas ........................................................... 6

1.6 Reação em cadeia da polimerase em tempo real (qRT-PCR) ...................................... 7

2 OBJETIVOS ...................................................................................................................... 9

2.1 Objetivo geral .............................................................................................................. 9

2.2 Objetivos específicos ................................................................................................... 9

3. MATERIAL E MÉTODO .............................................................................................. 10

3.1 Local de coleta e desenvolvimento do A. aegypti ...................................................... 10

3.2 Ensaio toxicológico com larvas de A. aegypti ........................................................... 11

3.3 Extração de RNA total ............................................................................................... 12

3.4 Síntese da fita de cDNA ............................................................................................. 13

3.5 Desenho e síntese dos primers. .................................................................................. 13

3.6 Reação em cadeia da polimerase clássico .................................................................. 14

3.7 Reação em cadeia da polimerase quantitativo qPCR ................................................. 15

3.8 Quantificação relativa dos genes ............................................................................... 15

3.9 Análise estatística ...................................................................................................... 15

4. RESULTADOS ................................................................................................................ 16

4.1 Ensaio toxicológico com 2KL-15 .............................................................................. 16

4.2 Extração e tratamento com DNAse do RNAt ............................................................ 16

4.3 Síntese de cDNA de Ae. aegypti ................................................................................ 18

4.4 Teste de eficiência dos primers para o qRT-PCR ...................................................... 19

4.5 qRT-PCR em tempo real e quantificação relativa ..................................................... 21

4.6 Análise estatística ...................................................................................................... 24

5. DISCUSSÃO .................................................................................................................... 26

6. CONCLUSÕES ............................................................................................................... 30

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ...................................................................................... 31

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Oligonucleotídeos utilizados para qRT-PCR com seus respectivos tamanhos de

amplicons e identificação de acesso dos gene aos bancos de dados Vector Base. ................... 14

Tabela 2. Reagentes da PCR clássica para o gradiente de temperatura dos primers citocromo

P450-12, Glutationa-S-transferase (GSTE7) e Ribossomal S7. ............................................... 14

Tabela 3. A viabilidade (sobrevivência) com 20 e 40 µg/mL foi considerada para as larvas de

3º estádio que atingiram a fase adulta. Da fase adulta prosseguiram-se os bioensaios nas

gerações seguintes (G5, G6 e G7). Na inviabilidade (mortalidade) com 60µg/mL e 80 µg/mL

consideram-se as larvas submetidas a esses tratamentos por 4 horas ou após o tempo de 24

horas. ........................................................................................................................................ 16

Tabela 4. Perfil das amostras quantificadas em NanoDrop após a extração de RNAt,

utilizando método de coluna. Observam-se RNA com boa qualidade para prosseguir com os

experimentos. ............................................................................................................................ 17

Tabela 5. Valores de Cts dos genes P450-12 e RS-7, ∆Ct das amostras de A. aegypti tratadas

e controle. Na última coluna à esquerda os valores de RQ calculados a partir de 2-∆∆Ct. ..... 21

Tabela 6. Valores da média (M), desvio padrão (D.P) e erro padrão (E.P) dos RQs para

concentações, gerações e genes (GSTE7 e P450-12). Analisados pelo programa Statistic 12.24

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Distribuição global de A. aegypti (Khormi e Kumar, 2014). ..................................... 1

Figura 2. Fases do desenvolvimento de A. aegypti: a) ovos; b) larva; c) pupa; d) adultos

(Munstermann, 1995; Melo-Santos, 2000; Russell, 2000;Vieira, 2008). ................................... 2

Figura 3. Isodilapiol (2KL-15). ................................................................................................. 6

Figura 4. Área de coletas de A. Aegypti, Manaus-AM (Fonte: Google imagem). .................. 10

Figura 5. Bioensaio com Isodilapiol (2kL-15) e seus respectivos tratamentos: 20,40,60 e

80µg/mL, os copos contendo 200 larvas, onde 20 larvas de cada copo foram congeladas em

N2 líquido e armazenadas em 80°C negativo, o restante seguiu para as gerações seguintes. .. 12

Figura 6. RNAt em gel desnaturante com agarose a 1% corados com gel Red identificando as

amostra de N°50 a N°64. O RNAt com suas subunidades 28S e 18S próximas, de coloração

fraca (28S) e coloração forte (18S) em repetidas corridas desse sistema eletroforético. ......... 17

Figura 7. a) RNAt não tratado com DNAse em gel de agarose a 1%; a seta superior indica

possível contaminação com DNA genômico e a inferior indica o RNAt (nos 1 e 2). b) PCR do

RNAt tratado com DNAse (ao centro) e não tratado com DNAse (à esquerda), mostrando que

houve amplificação das amostras não tratadas com DNAse (no 1 e 2). ................................... 18

Figura 8. Eletroforese em gel de agarose a 1% mostrando a síntese do cDNA de A. aegypti

sem contaminações (amostras 34 a 44). ................................................................................... 18

Figura 9. Eletroforese em gel de agarose a 1% do produto da PCR de cDNA dos genes

GSTE7, P450-12e RS7. O gradiente de temperatura, validou os primers para amplificar o

cDNA entre 59° a 60°C em PCR em tempo real, um pré-requisito do termociclador Life

Technologie Applied Biosystems. O tamanho do amplicon ficou entre os valores esperados,

mostrado pelas setas vermelha superior (200pb) e inferior (75pb).Erro! Indicador não

definido.

Figura 10. a) curva de Melting, com apenas um pico, mostrando que o primer do gene RS-7

foi validado, apesar de apresentar alguns ruídos. b) curva padrão do gene RS-7, com 8 pontos

de diluição (1:2), valores de Slope: 3,20, R2=0,988 e eficiência estimada em 106,5%. ......... 19

Figura 11. a) curva de Melting com apenas um pico, mostrando que o primer do gene P450-

12 foi validado. b) curva padrão do gene P450-12, com 5 pontos de diluição (1:2), valores de

Slope: -3,37, R2= 0,998 e eficiência estimada em 97,78%. ..................................................... 20

Figura 12. A: curva de Melting com apenas um pico, mostrando que o primer do gene GSTE-

7 foi validado. B: curva padrão do gene GSTE-7, com 5 pontos de diluição (1:2), valores de

Slope: -3,32, R2= 0,970 e eficiência 100,05%. ........................................................................ 20

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Figura 13. Quantificação relativa do gene GSTE7, de larvas de 3° estádio de A. aegypti

tratadas com 20 µg/mL de 2 KL-15 (Isodilapiol). O grafico representa os níveis de RQ das 4

gerações. ................................................................................................................................... 22

Figura 14. Quantificação relativa do gene GSTE7, de larvas de 3°estádio de A. aegypti

tratadas com 40 µg/mL de 2 KL-15 (Isodilapiol), O gráfico representa os níveis de RQ nas 4

gerações. ................................................................................................................................... 22

Figura 15. Gráfico comparativo dos níveis de expressão do gene GSTE7 em larvas de A.

aegypti com dois tratamentos: 20 e 40 µg/mL 2KL-15 (Isodilapiol). RQ das quatro gerações.

.................................................................................................................................................. 23

Figura 16. Quantificação relativa do gene P450-12 de larvas de 3° estádio de A. aegypti

tratadas com 20 µg/mL 2KL-15 (Isodilapiol) em quatro gerações. ......................................... 24

Figura 17. Quantificação relativa do gene P450-12 de larvas de 3°estádio de A. aegypti,

tratadas com 40 µg/mL 2KL-15 (Isodilapiol) em 4 gerações. .................................................. 24

Figura 18. ANOVA fatorial relacionando os níveis de expressão (RQ) dos genes GSTE7 e

P450 das gerações (G4, G5, G6 e G7), p= 0,02039. Amostras tratadas com 20 µg/mL 2KL-15.

.................................................................................................................................................. 25

Figura 19. ANOVA fatorial relacionando os tratamentos 20 (a) e 40 µg/mL (b) com o

Isodilapiol, nas gerações (G4, G5, G6 e G7) e os genes GSTE7 e P450-12, p=0,0192.

.................................................................................................................................................. 26

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1. INTRODUÇÃO

1.1 Aspectos gerais do Aedes aegypti

O Aedes aegypti (aedes, do grego, odioso e aegypti, do latim, do Egito) é oriundo do

Velho Mundo, provavelmente da Etiópia. Foi introduzido ao Novo Mundo durante o século

XV ao XIX, por meio de intenso tráfego marítimo. Na Ásia, a introdução deste vetor ocorreu

devido ao desenvolvimento da indústria e da navegação (MacDonald, 1956; Smith, 1956;

Forattini, 2002). Está distribuído nas regiões Tropicais e Subtropicais entre os paralelos de 45º

de latitude Norte e 40º de latitude Sul, sendo raramente encontrada além destes limites

(Forattini, 2002) (Figura 1).

Figura 1. Distribuição global do mosquito Aedes aegypti (Khormi e Kumar, 2014).

Aedes aegypti pertence à família Culicidae, subfamília Culicinae, gênero Aedes e

subgênero Stegomyia. Morfologicamente, a forma adulta apresenta escamas de cor escura,

com faixas brancas nas bases dos segmentos tarsais e um desenho em forma de lira no

mesonoto (Figura 1). O macho se distingue da fêmea por possuir antenas plumosas e palpos

mais longos (Forattini, 2002).

O ciclo de vida de A. aegypti apresenta duas fases distintas, uma aquática (ovo, larva e

pupa) e a outra terrestre (adulto). Após o acasalamento, as fêmeas alimentam-se de sangue

mais de uma vez entre duas oviposições sucessivas, aumentando a probabilidade deste vetor

transmitir o vírus dengue (Barata et al., 2001; Forattini, 2002), sendo o sangue indispensável à

maturação dos ovos (Figura 2a). O intervalo entre a alimentação sanguínea e a oviposição

varia de dois a três dias. Os ovos são depositados pela fêmea, individualmente, nas paredes

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internas de coleções de água. Medem, aproximadamente, 1mm de comprimento, de contorno

alongado e fusiforme. As larvas são compostas de cabeça, tórax e abdômen. O abdômen é

dividido em oito segmentos (Figura 2b). Estas passam por quatro fases, podendo durar de

quatro a oito dias até alcançar o estágio de pupas (Figura 2c), cujo corpo é dividido em

cefalotórax e abdômen, também bastante móveis, com atividade respiratória e tempo de

desenvolvimento de aproximadamente dois dias. Da pupa, emerge a forma adulta (Figura 2d),

e o macho se alimenta de carboidratos presente em néctar de flores (Consoli e Oliveira, 1994;

Forattini, 2002; Service, 2004).

Figura 2. Fases do desenvolvimento de Aedes aegypti: a) ovos; b) larva; c) pupa; d) adultos (Munstermann,

1995; Melo-Santos, 2000; Russell, 2000;Vieira, 2008).

1.2 Aedes aegypti e sua importância epidemiológica

Segundo a Organização Mundial da Saúde, arbovírus são vírus mantidos na natureza por

meio da transmissão biológica por artrópodes hematófagos entre hospedeiros vertebrados

suscetíveis. As espécies do gênero Aedes podem transmitir mais de 20 tipos de arboviroses

humanas, dentre elas a dengue, a febre amarela, e as encefalites: Rocio, Japonesa e Saint

Louis (Eldridge e Edman, 2000; Monath, 1988). Pelo menos cinco espécies de Aedes podem

estar relacionadas com a transmissão do vírus da dengue: Aedes aegypti, Aedes albopictus

Skuse 1894, Aedes polynesiensis Marks 1954, Aedes pseudoscutellaris Theobald (1910) e

Aedes horrescens Edwards 1935 (Raju, 2003). O A. aegypti é o principal vetor da dengue e da

febre amarela em áreas urbanizadas, sendo o. A. albopictus considerado um vetor secundário

(Tauil, 2001; Huber et al., 2002).

A dengue é a mais importante doença causada por arbovírus que infectam os seres

humanos, causando alta taxa de mortalidade em diferentes regiões no mundo (Figueiredo et

al., 2004). É uma doença febril aguda, causada por um vírus do gênero Flavivirus, com

antigenicidade para quatro sorotipos virais: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. O ciclo

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de transmissão da dengue inicia-se, quando o mosquito pica um ser humano infectado com o

vírus, no período chamado de viremia. A incubação do vírus no mosquito dura de oito a 11

dias (Consoli e Lourenço-de-Oliveira, 1994; Service, 2004; FIOCRUZ, 2005).

A dengue pode apresentar duas formas clínicas: a febre clássica do dengue (FD ou

DC) e a febre hemorrágica do dengue (FHD), o que representa um problema de alta

relevância para a saúde pública em áreas tropicais e subtropicais do mundo. A FHD apresenta

características complexas e não muito claras, sendo provavelmente relacionadas à cepa do

vírus, à densidade, ao comportamento e à competência do mosquito vetor, ao estado

imunitário e genético do paciente, à concomitância com outras doenças e à infecção prévia

por outro sorotipo viral da doença. A FD não possui imunidade cruzada, embora possa haver

uma imunidade cruzada transitória, de curta duração (Tauil, 2001; Huber et al., 2002).

Estima-se que entre 2,5 a 3,6 bilhões de pessoas, mais de 50% da população mundial,

estão sob ameaça de infecções pelo vírus da dengue. Mais de 50 milhões de pessoas são

infectadas no mundo, e dois milhões podem evoluir para os estágios mais graves como a FHD

e 21 mil resultam em mortes, anualmente (Ferreira, 2012).

No Brasil, segundo o SINAN (Sistema de Informação de Agravos de Notificação,

2014) foram notificados 587.815 casos de dengue, e destes 405 foram a óbitos. Na região

Norte foram notificados 48.632 casos de dengue, sendo que o Estado do Acre obteve maior

números de casos com 28.873, e o Estado do Amazonas registrou 6.418 casos. O número de

óbitos em 2014 foi de 405 casos o que representou uma redução no país de 39,6% em

comparação com o mesmo período de 2013, quando foram confirmados 674 óbitos.

A utilização de inseticidas químicos, para o controle de espécies do gênero Aedes e de

outros mosquitos, tem sido auxiliado na prevenção da dengue e outras arboviroses (Tauil,

2001; Donalísio e Glasser, 2002). Apesar da aplicação de inseticidas sintéticos diminuírem a

incidência dos casos de dengue, tal iniciativa não é eficiente para o controle de Ae. aegypti,

além de desencadear resistência de alguns vetores a vários compostos químicos. .

1.3 Inseticidas químicos

Os inseticidas são substâncias de origem sintética ou natural utilizadas para eliminar

insetos em diferentes fases do seu ciclo de vida, ou seja, quaisquer agentes químicos ou

biológicos utilizados para impedir, destruir, repelir ou mitigar qualquer praga (Ritter, 1997).

Os inseticidas químicos foram aperfeiçoados durante a Segunda Guerra Mundial, para

controlar insetos transmissores de doenças como malária, piolhos, dentre outras enfermidades.

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Foram desenvolvidos entre eles o DDT (dicloro fenil tricloroetano), os carbamatos e os

piretróides. O uso indiscriminado desses inseticidas químicos nas ações de controle de

mosquitos e outros insetos tem causado tolerância nesses artrópodes Luna et al., 2004; Braga

et al., 2007).

O DDT, no ano de 1946, foi um inseticida de excelência em substituição a outros

compostos utilizados na época (Beaty e Marquardt, 1996), para o controle de mosqutios. No

ano seguinte foi identificada resistência de Aedes tritaeniorhynchus e Aedes solicitans a este

composto (Brown, 1986).

Os organoclorados foram os primeiros praguicidas sintéticos e dominaram o mercado

durante de 1940 até 1960, com amplo uso agrícola e domiciliar. São moléculas de

hidrocarbonetos (aldrin, endrin, hexacloro benzeno (BHC), DDT, ensossulfan, heptacloro,

lindane, toxafeno), que além de cloro algumas delas possuem oxigênio em sua estrutura. São

derivados do clorobenzeno, ciclohexano ou do ciclodieno. O mecanismo de ação inseticida

dos grupos do clorobenzeno, que inclui o DDT, e do hexaclorociclohexano não foi totalmente

elucidado. Sabe-se que esses compostos atuam por ingestão e/ou contato, interferindo nos

canais de sódio regulado por voltagem, alterando o equilíbrio sódio e potássio, impedindo a

transmissão nervosa normal, provocando paralisia no inseto seguida de morte, fenômeno

conhecido por “knockdown” (Holan, 1969; Coats, 1990).

Os carbamatos disponíveis no mercado desde 1950 (Casida e Quistad,1998) são

praguicidas orgânicos derivados do ácido carbâmico, que possuem pequeno espectro de

atividade inseticida. Apresentam três classes: carbamatos inseticidas (e nematicidas),

carbamatos herbicidas e carbamatos fungicidas. Os mais conhecidos são carbaril-metomil,

carbofuran, metiocarb, primicarb, indoxacarb, alanicarb e furatiocarb (Sucen, 2001). Os

carbamatos, assim também os organofosforados são inibidores de enzimas como as

acetilcolinesterases (Beaty e Marquardt, 1996; Sucen, 2001). Estas atuam sobre os

neurotransmissores via acetilcolinas, que se não forem degradados por essas enzimas acabam

acumulando-se nas fendas sinápticas, provocando a não interrupção dos impulsos nervosos,

que se manterão constantes causando a morte do inseto, também, por paralisia.

Os organofosforados foram desenvolvidos em 1940, e apresentam grandes variáveis

desde os mais tóxicos até os menos tóxicos (Chavasse e Yap, 1997). Estes são compostos que

apresentam várias combinações de carbono, hidrogênio, oxigênio, fósforo, enxofre e

nitrogênio, que formam grupos como amida, ésteres derivados do tiol de ácido fosfórico.

Atuam no sistema nervoso do inseto, provocando hiperatividade nervosa e dessensibilização

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do receptor de acetilcolina, que cessa o impulso nervoso levando o inseto a morte (Eldefrawi,

1976; Eldefrawi et al., 1982; SUCEN, 2001).

1.4 Bioinseticidas

Extratos de plantas têm sido bastante estudados no controle de vetores na última

década devido, principalmente, ao seu menor impacto à saúde humana e ao meio ambiente

(Roel, 2001). Exemplificam-se o extrato saponinas, da planta Balanites aegyptiaca, como

larvicida e óleos essenciais de Dilapiol e seus derivados, de Piper aduncum com ação

adultocida em A. aegypti, respectivamente, ambos de grande eficácia no controle desse vetor

(Chapagain et al.,2008; Pinto et al., 2012).

Piper aduncum é uma planta aromática pertencente à família Piperaceae encontrada na

região amazônica, com alto teor de óleo essencial (2,5 a 4%), rico em dilapiol. O dilapiol é

um éter fenílico que vem sendo testado com êxito como fungicida, moluscicida, acaricida,

bactericida e larvicida com a vantagem de ser um produto biodegradável (Silva, 2004).

Estudos realizados por Aciole et al. (2013), utilizando óleo essencial de dilapiol,

demonstraram que esse composto tem ação de toxicidade em células somáticas de Drosophila

melanogaster.

O dilapiol tem sido eficaz no controle de mosquitos, como em Aedes atropalpus

(Belzile et al., 2000). A utilização de derivados semi-sintéticos do dilapiol, com atividade

adultocida em A. aegypti mostraram excelentes resultados (Pinto, 2008). Santos et al. (2011)

testaram semi-sintéticos de outros derivados de óleos essenciais, os monoterpenos, e

observaram melhoria na ação de alguns compostos quanto a sua atividade larvicida contra A.

aegypti. Rafael et al. (2008) estudou o dilapiol, em A. aegypti, e mostrou que esse composto

tem ação citotóxica, causando danos cromossômicos e formação de micronúcleo, além de ser

tóxico para larvas e pupas desse mosquito. Domingos (2012) estudou o efeito dos

semissintéticos derivados do dilapiol, o éter etil dilapiol (1KL39-B) e o éter n-butil dilapiol

(1KL43-C) em A. aegypti. Os resultados mostraram efeitos tóxicos e genotóxicos

acumulativos em quatro gerações consecutivas (G1, G2,G3 e G4) de A. agypti, causando

mortalidade de 100% em altas concentrações destes produtos. Anomalias nucleares como

brotamento e micronúcleo em larvas e fêmeas adultas também foram observadas em

concentrações menores.

Considerando o A. Albopictus, a toxicidade e genotoxicidade dos compostos 1KL-B e

1 KL-C foram observadas em duas gerações (F1 e F2) desse mosquito, de Manaus, AM

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(Meirelles, 2013). Essa autora mostrou os efeitos tóxicos e genotóxicos dessas substâncias,

que provocaram alto índice de mortalidade e danos a nível cromossômico nas larvas e adultos.

Figura 3. Isodilapiol.

1.5 Expressão de genes de resistência a inseticidas

O termo “resistência” é definido como o desenvolvimento da capacidade de certos

organismos em tolerar diferentes doses de agentes tóxicos, que seriam letais para a maioria da

população da mesma espécie (Organização Mundial de Saúde, 1981). Os insetos produzem

várias enzimas com a função de degradar, solubilizar e metabolizar compostos xenobiótico

(Braga; Valle, 2007a; Hemingway, 2000; Hemingway et al., 2004; Russell et al., 2011). Essas

enzimas podem sofrer modificações estruturais em suas moléculas, aumentando sua

habilidade de detoxificar diversos inseticidas.

Inúmeros genes de detoxificação, obtidos a partir de diversos sequenciamentos e

anotação de genomas completos de mosquitos, evidenciaram genes envolvidos em processos

metabólicos, por exemplo, em constante evolução, com apenas poucos genes ortólogos entre

espécies de mosquitos (Ranson et al, 2002; Strode et al., 2008). A rápida expansão e

diversificação de genes de detoxificação provavelmente facilitaram a adaptação de diversas

espécies de mosquitos a seus respectivos nichos, e dentro de uma escala de tempo mais

recente, possibilitaram sua sobrevivência a vários agentes xenobióticos, incluindo os

inseticidas (Strode et al., 2008).

A enzima glutationa-s-transferase (GST) está associada à detoxificação, participando

no metabolismo de DDTs, organofosforados e piretróides. Em mosquitos, ela atua catalisando

a conjugação da glutationa ao centro hidrofílico de compostos tóxicos, aumentando a

solubilidade e auxiliando a excreção de tais xenobióticos (Lumjuan et al., 2007).

As GSTs apresentam superfamílias de genes que podem ser divididas em três grupos:

GSTs citosólicas, microssomais e mitocondriais (Robinson et al. 2004; Sheehan et al., 2001).

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Em mosquitos são encontradas apenas as GSTs citosólicas e microssomais. Seis classes de

GSTs citosólicas foram identificadas em insetos: Delta, Epsilon, Omega, Sigma, Teta e Zeta

(Ranson et al., 2001). As classes Delta e Epsilon, encontradas apenas em artrópodes, são as

mais abundantes dentre as GSTs citosólicas em An. gambiae, D. melanogaster e Ae. aegypti e

estão implicadas na detoxificação de compostos inseticidas (Ranson et al., 2002a; Strode et

al., 2008). Naice (2010) submeteu o Anopheles darlingi adulto, vetor da malária, a diferentes

concentrações do inseticida sintético Deltametrina. Os resultados mostraram a expressão

diferencial do gene GST em relação ao gene constitutivo GAPDH, cujo nível de expressão

gênica diferencial pode estar associado à resistência desse mosquito à Deltametrina.

Outra enzima que participa do processo de resistência a inseticidas em insetos é o

Citocromo P450, também conhecida como monooxigenase, que faz parte de uma família

complexa de enzimas encontradas desde bactérias até mamíferos. São responsáveis pelo

metabolismo oxidativo de vários compostos endógenos e exógenos (Scott e Wen, 2001).

Estudos relatam, que o citocromo P450 é fortemente associada com a resistência aos

piretróides em populações de A. aegypti (Bariami et al., 2012). Os diferentes padrões de

expressão das monooxigenases, explica as diversas formas de substratos dessa enzima, o que

mostra um aumento da atividade enzimática do citocromo P450, quando submetido a

compostos como: organoclorados, organofosforados e piretróides (Hemingway et al., 2004).

Um gene conservado conhecido como RS-7 (gene Ribossomal S7) 40S tem sido

bastante utilizado como gene de controle interno para normalizar a Reações em Cadeia da

Polimerase quantitativo com transcriptase reversa (qRT-PCR). O gene RS-7 codifica uma

proteína ribossomal encontrada na subunidade 40S dos ribossomos dos eucariotos (Nene et

al., 2007). Estudos realizados por González et al., 2010, com A. aegypti, investigaram genes

de resistência a organoclorados, demonstraram que o gene GST apresentou altos padrões de

expressão gênica, utilizado o gene RS-7 como controle interno, validado pelo método da qRT-

PCR.

Várias pesquisas com genes de resistência a inseticidas, para detectar seus mecanismos

de expressão, por meio dos métodos de microarranjos e qRT-PCR, tal como o trabalho

Bariami et al. (2012), demonstraram os padrões de expressão e suas formas alternativas dos

genes citocromo P450-12 e GSTs.

1.6 Reação em cadeia da polimerase em tempo real (qRT-PCR)

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O desenvolvimento da biologia molecular, no século XX, possibilitou avanços em

inúmeras pesquisas, como a descoberta do método de Reação em Cadeia da Polimerase

(PCR), por Kary Banks Mullis em 1983. É uma ferramenta útil para a realização de

sequenciamentos de genomas, expressão de genes em sistemas recombinantes, diagnóstico de

doenças infecciosas, dentre outros. Avanços no método da PCR resultaram no método da

PCR em Tempo Real. Diferencia-se do método da PCR convencional por gerar resultados

quantitativos, permitindo o acompanhamento da reação e a apresentação dos dados de forma

mais precisa e rápida, fato esse não evidenciado na PCR clássica, que apresenta resultados

apenas qualitativos (Novais e Alves, 2004).

O método da PCR em Tempo Real permite que seja adicionado ao mix da reação um

composto fluorescente (Sybr Green) que, durante o procedimento de ciclagem, se intercala na

fita dupla do DNA, e o mesmo é detectado pelo equipamento, permitindo o acompanhamento

da cinética de amplificação de um determinado produto de PCR. Ao ser adicionado na reação,

o Sybr Green se liga, imediatamente, a todos os DNAs fita-dupla presentes na amostra.

Assim, à proporção que a Taq polimerase amplifica a sequência-alvo, criando os produtos de

PCR, o Sybr Green se liga a cada nova cópia amplificada. Ao final da reação, a intensidade da

fluorescência será proporcional à quantidade de produto de PCR produzida. O nível de

fluorescência computado para cada amostra é aquele suficiente para atingir um ciclo limiar,

por convenção esse limiar é denominado de Ct (Cycle Treshold).

A importância da utilização da qRT-PCR em estudos da expressão de genes resistentes

a inseticida, deve-se ao fato do método validar a atividade desses genes quando submetidos a

estresse químicos. Rodriguez et al. (2012), utilizando os métodos de microarray e qRT-PCR,

demonstraram que cinco genes (GSTs) de resistência a permetrina foram expressos em

populações de Ae. aegypti. Em An. gambiae e Anopheles funestus . Wondjia et al. (2012),

utilizando análise quantitativa de qRT-PCR identificaram variantes do gene P450

relacionados com resistência a piretróides.

No presente estudo, o método da qRT-PCR foi utilizado, para avaliar a expressão dos

genes de resistência a inseticidas: GSTE7, Citocromo P450-12 e RS-7 em Ae. aegypti

(http://www.ncbi.nlm.nih.gov/) frente ao semissintético isodilapiol (Figura 3).

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Estudar o nível de expressão diferencial dos genes de resistência a inseticidas GSTE7,

Citocromo P450-12 em larvas de 3° estádio de A. aegypti.

2.2 Objetivos específicos

Avaliar o nível de expressão dos genes de resistência a inseticidas GSTE7 e Citocromo

P450-12 em A. aegypti, a partir de diferentes concentrações do semissintético do

isodilapiol , tendo o RS-7 como gene de controle interno.

Comparar os níveis de expressão dos genes GSTE7 e P450-12 em quatro gerações de

A. aegypti submetidas a bioensaios com o Isodilapiol.

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3. MATERIAL E MÉTODO

3.1 Local de coleta e desenvolvimento do Ae. aegypti

As amostras de A. aegypti foram coletadas em estágios imaturos (larvas e pupas) no

bairro Cidade Nova 3º1’21,36” S e 59º58’5,32” O, Manaus, AM.

Figura 4. Área de coletas de Ae. Aegypti, Manaus-AM (Fonte: Google imagem).

Após a coleta das formas imaturas de Ae aegypti, estas foram transportadas ao

Laboratório de Malária de Dengue/INPA, onde foram identificadas conforme a chave

dicotômica de Consoli & Lourenço-de-Oliveira. No insetário, após serem colocadas em

bandejas plásticas contendo 400 mL de água potável, as larvas foram alimentadas com ração

granulada (Tetra Cichlid) comercial para peixe, onde atingiram o estágio pupal. As pupas

foram transferidas para copos plásticos contendo água potável e cobertas com tela de nylon

(filó). Os mosquitos adultos que emergiram foram transferidos para gaiolas contendo copos

plásticos preenchidos com água em 1/3 de seu volume e revestidos internamente com papel

filtro, para deposição dos ovos pelas fêmeas.

Quando as larvas atingiram o estágio de pupas, estas foram separadas em recipientes

apenas com água e cobertos com tela. Os mosquitos adultos que emergiram foram

transferidos para copos plásticos preenchidos com água em 1/3 de seu volume com telas

revestidas internamente com papel filtro, para deposição dos ovos pelas fêmeas. A

alimentação dos mosquitos (adultos) machos foi realizada com solução açucarada e as fêmeas,

com sangue de hamster (Mesocricetus aureatus),

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Os mosquitos foram mantidos em gaiolas no insetário à temperatura de 26-27º C. Os

resultados dos cruzamentos geraram ovos férteis depositados no papel filtro, que foram

armazenados em caixa de isopor. Posteriormente foram utilizados no ensaio toxicológico com

Isodilapiol.

3.2 Ensaio toxicológico com larvas de A. aegypti

Anteriormente ao ensaio toxicológico as formas imaturas coletadas foram criadas por

três gerações (G1, G2 e G3), com objetivo de se obter linhagens livres de interferências

ambientais. O bioensaio com Isodilapiol foi padronizado por Domingos (2012) com larvas de

A. aegypti de 3° estádio. No presente estudo, foram colocados para eclosão 3600 ovos de A.

aegypti em bandejas plásticas, contendo 600 mL de água potável. Após a eclosão dos ovos,

800 larvas de 3° estádio foram divididas em copos descartáveis com água nas seguintes

concentrações: 20 μg/mL, 40 μg/mL, 60 μg/mL e 80 μg/mL de Isodilapiol diluídos em DMSO

0,05%. As larvas controle (n=200) foram adicionadas em copos contendo água potável e

DMSO. O tempo de exposição das larvas para cada concentração, foi de 4 horas. Após a

exposição, foram selecionadas 80 larvas de cada copo (n=20 amostras biológicas e n=20 três

réplicas, respectivamente). Posteriormente, as larvas foram congeladas em nitrogênio líquido

e armazenadas a 80°C negativos, para extração de RNA total. Esse procedimento foi repetido

por quatro gerações (G4, G5, G6 e G7). As larvas remanescentes da geração G4 foram

mantidas em bandejas, contendo água potável e alimento (Tetra Cichlid), até a fase de pupa e

emersão do adulto, quando foram observadas as proporções de sobrevivência. Esses adultos

foram utilizados para as gerações G5, G6 e G7. Na geração G5, os mosquitos adultos (fêmeas

e machos) foram distribuídos em gaiolas, para cruzamentos, afim de prosseguir com o

bioensaio de G5, em seguida as gerações G6 e G7 (Figura 5).

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3600 ovos A. aegypti 3 geração

Concentração 20µg/mLConcentração 40µg/mL Concentração 60µg/mL Concentração 80µg/mL

Controle20 Controle40 Controle60Controle80

200larvas L3 p/copo200larvas L3 p/copo 200larvas L3 p/copo

200larvas L3 p/copo

Congelamento em N2

20 larvas p/microtubo

Ensaio com Isodilapiol

Congelamento em N2

20 larvas p/microtuboCongelamento em N2

20 larvas p/microtubo

Congelamento em N2

20 larvas p/microtubo

Pupa

Adulto

Figura 5. Bioensaio com Isodilapiol e seus respectivos tratamentos: 20,40,60 e 80µg/mL, os copos contendo 200

larvas, onde 20 larvas de cada copo foram congeladas em N2 líquido e armazenadas em 80°C negativo, o restante

seguiu para as gerações seguintes.

3.3 Extração de RNA total

Larvas de 3º estádios de A. aegypti em triplicata, uma biológica (n=20) e duas réplicas

técnicas (n=20, cada) foram congeladas em nitrogênio líquido e utilizadas para extração do

RNA total – RNAt (método da Quiagen® adaptado para A. Aegypti). As larvas foram

maceradas em 450 μl de tampão RLT dentro de tubos de 2 mL em um isopor com nitrogênio

líquido. As amostras foram submetidas ao agitador magnético.

O lisado foi transferido a uma coluna spin QIAshredder em um microtubo de 2 mL e

centrifugado por 2 minutos na velocidade máxima. O sobrenadante foi transferido

cuidadosamente para novo microtubo. Foram adicionados 0,5 volume de etanol (96-100%)

para o lisado, e misturando imediatamente por pipetagem. A amostra foi transferida para uma

coluna de spin RNeasy, colocado em um tubo de coleta de 2 ml. O material foi centrifugado

por 15s a (≥10.000 rpm).

Foram adicionados 700 μl de tampão RW1 à coluna spin RNeasy, que foram

centrifugados por 15s a (≥10.000 rpm) e descartado o material escoado. Essa lavagem foi

repetida na mesma coluna, colocando-se 500 μL tampão RPE, que foi colocada em um novo

tubo de coleta de 1,5 mL. Foram acrescentados a ela 40 μL de água livre de DNA diretamente

à membrana dessa coluna, que foi centrifugada por 1 minuto (≥10.000 rpm). O microtubo

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contendo o RNA total foi estocado em menos 80°C. O RNA total foi quantificado em

aparelho NanoDrop, que rendeu 30 μg de RNAt de cada extração, aproximadamente.

Em seguida, foi feito um gel desnaturante com agarose a 1% , em tampão MOPS 1X,

por eletroforese horizontal a 100V, por 40 minutos. Os acessórios da cuba em contato com gel

e tampão foram previamente tratados com peróxido de Hidrogênio (10%), por 20 minutos, e

lavados com água Mili-Q DEPC (Dietilpirocarbonato), por 3 vezes. Em seguida, após o

tratamento do RNAt com DNAse foi realizada a PCR convencional do RNA total tratado com

DNAse e do RNA total não tratado, para confirmar a ausência de contaminação (DNA) na

amostra do RNAt tratado, para prosseguir com a síntese do cDNA.

3.4 Síntese da fita de cDNA

No procedimento para a síntese da fita complementar de RNAm (cDNA) foi utilizado

o kit Promega, segundo as instruções do fabricante. Em um microtubo de 0,5mL foram

adicionados 12µLe RNA total (5µg) e 1,5µL de oligo dT, posteriormente foi submetido ao

vórtex e spin a 10.000 rpm a 4°C. Em seguida as amostras foram incubadas em banho Maria a

70°C durante 10 minutos. Mix: em um outro microtubo de 1,5mL foram adicionados 3µL de

tampão 5x, 3 µL de MgCl2, 1,25 de dNTP, 1,25 de RNAse OUT, 1uL de Transcriptase reversa

e 2uL de água DEPC, totalizando um volume de 11,5uL por amostra. Foi adicionado 11,5 do

mix em cada microtubo contendo RNA somando um volume final de 25µL, em seguida as

amostras foram incubadas a 42 °C durante 40 minutos e a 65 °C por 15 minutos. Após o

período de incubação as amostras foram estocadas em 20°C negativo.

3.5 Desenho e síntese dos primers.

As sequências dos genes de interesse (citocromo P450, Glutationa-S-transferase e

Ribossomal S7) foram obtidas em bancos de dados (http://www.ncbi.nlm.nih.gov e

https://www.vectorbase.org). Os primers foram desenhados utilizando software Gene Runner

e Primer3. Os parâmetros utilizados foram Tm de 58-60°C; GC% de 60, com ausência de

hairpin e dímeros. A Tm foi calculada segundo a fórmula: Tm=4x(G+C)+2x(A+T). Em

seguida procurou-se regiões que apresentavam conteúdo de GC e AT (1:1). A síntese dos

primers foi realizada pela Integrated DNA Technologies com sequências, conforme a Tabela

1.

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Tabela 1. Sequências dos oligos utilizados para qRT-PCR com seus respectivos tamanhos de amplicons e

identificação de acesso dos gene aos bancos de dados Vector Base.

Primers Nome do

Gene ID Vector Base Amplicon Referência

Fw 5'-CGACAGCCATGCCATTCTCGTC-3' GSTE7 AAEL007948 92pb Lima (2014)

Rv 5'-TGATGCGAGCTTGGATGACGG-3'

Fw 5'-ACCGACGTGATTGGCACCTGTG-3' P450-12

(CYP6N12) AAEL009124 123pb Lima (2014)

Rv 5'-TGCCTTCAGGAACCGCCCATTG-3'

Fw 5'-TCAGTGTACAAGAAGCTGACCGGA-3' RS-7 AAEL009496 118pb Telang et al

2010

Rv 5'-TTCCGCGCGCGCTCACTTATTAGATT-3'

3.6 Reação em cadeia da polimerase (PCR)

Os primers sintetizados foram amplificados, primeiramente, pelo método da PCR

convencional, para validação. Cada reação foi composta pelos reagentes: Tampão 10x,

MgSO4, dNTP 10mM, cDNA, água Mili-Q e Platinum Taq. Cada par de primer foi diluído a

10μM e otimizado para um gradiente de concentração específico, visando ter melhores

eficiências nas reações. Os primers dos genes GSTE7 e RS-7 ficaram numa concentração de

2,5μM, em contrapartida, o gene P450-12 teve sua concentração otimizada em 1μM.

Posteriormente adicionou-se ao microtubo, cujo valor total da reação para cada amostra foi de

20μL (Tabela 2).

Tabela 2. Reagentes da PCR clássica para o gradiente de temperatura dos primers citocromo P450-12,

Glutationa-S-transferase (GSTE7) e Ribossomal S7.

Reagentes Quantidade

Buffer 10x 2µL

MgSO4 1µL

dNTP 10mM 1µL

Primer Fw 2,5uM 1µL

Primer Rv 2,5uM 1µL

cDNA 0,5µL

H2O Mili-Q 13,35µL

Platinum Taq 0,15µL

V. total 20µL

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3.7 Reação em Cadeia da Polimerase Quantitativa em Tempo Real (qRT-

PCR)

A qRT-PCR foi realizada, de acordo com protocolo Fast SYBR Green® Master Mix

(Applied Biosystems®), adaptado para A. aegypti. Foram utilizados três mixs, sendo um mix

para cada primer: Em um microtubo de 1,5mL foi adicionado 5µL de Master Mix SYBR

Green, 2µL água Milli-Q e 1 µL de primer Forward, 1µL de primer Reverse e 1µL de

amostra de cDNA, totalizado um volume final 10 µL para cada amostra. Em seguida foram

utilizados 10 μL da amostra em cada well da placa de PCR. Posteriormente, essa placa foi

submetida ao equipamento Real-Time PCR System™ 7.500 da Applied Biosystems®. Sendo 4

replicas biológicas e 3 replicas técnicas (n=12).

A amplificação gênica ocorreu mediante os seguintes parâmetros: um ciclo inicial de

95 °C por 10 minutos, seguido por 40 ciclos de 95 °C por 15 segundos e 60 ºC por 60

segundos.

Antes das corridas do cDNA por qRT-PCR foi realizado o teste de eficiência dos

primers. Utilizaram-se curva padrão de diluição seriada (1:2) do cDNA, com oito fatores de

diluição, onde foi estabelecida uma eficiência de 100% das reações, com valores aceitáveis

de 90% a 110%.

3.8 Quantificação relativa dos genes

Após o PCR em tempo real, foram obtidos os Cts (Threshold cycle), dos genes

GSTE7, P450-21 e RS-7, a partir dos quais foram realizados os cálculos do ∆∆Ct de cada

amostra: ∆Ct = Ct (gene alvo) – Ct (gene controle interno). Após estabelecer o ∆Ct da

amostra (tratada e calibradora), utilizaram-se esse valor para calcular o ∆∆Ct: ∆∆Ct = ∆Ct

(amostra tratada) - ∆Ct (amostra calibradora) e, posteriormente, utilizaram-se a fórmula: 2-∆∆Ct

para calcular o RQ (Quantificação Relativa). Assim, obtiveram-se os valores dos níveis de

expressão relativa de cada gene alvo GSTE7 e P450-12 (Pfaffl, 2001).

3.9 Análise estatística

Os Resultados foram analisados sob a forma de média, desvio padrão e erro padrão. A

significância de diferenças nos níveis de expressão gênica foi analisada estatisticamente por

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meio da ANOVA Fatorial a x b x c, utilizando-se o sistema Statistica 12 versão 12.0. O nível

de significância assumido foi p<0,05 em todos os testes (Zar, 1984).

4. RESULTADOS

4.1 Ensaio toxicológico com Isodilapiol

O composto Isodilapiol foi utilizado o nas concentrações (20, 40, 60 e 80µg/mL) na

geração 1 e de 20 e 40µg/mL nas gerações seguintes (G2, G3 e G4) de Ae. aegypti, durante 4

horas. Em G1, os tratamentos (60µg/mL e 80µg/mL) causaram a mortalidade de todos os

indivíduos e, por isso, foram descartados. Nos bioensaios seguintes (G2,G3 e G4) foram

utilizados apenas os tratamentos de 20 e 40µg/mL (Tabela 3), para o estudo do nível de

expressão dos genes GSTE7 e P450-12 e de seu controle interno (RS-7).

Tabela 3. A viabilidade (sobrevivência) de larvas de 3º estádio que atingiram a fase adulta foi considerada com

o isodilapiol a 20 e 40 µg/mL. Da fase adulta prosseguiram-se os bioensaios nas gerações seguintes (G5, G6 e

G7). Na inviabilidade (mortalidade) com 60µg/mL e 80 µg/mL foram consideradas as larvas submetidas a esses

tratamentos por 4 horas ou após o tempo de 24 horas.

Gerações Concentrações

20µg/mL 40µg/mL 60µg/mL 80µg/mL

G4 Viável Viável Inviável Inviável

G5 Viável Viável Inviável Inviável

G6 Viável Viável Inviável Inviável

G7 Viável Viável Inviável Inviável

4.2 Extração e tratamento do RNA total com DNAse

O RNA total de A. aegypti (n=64 amostras) foi extraído, a partir de 16 exemplares de

cada geração G4, G5, G6 e G7 (4 x tratamento 20 µg/mL, 4 x controle 20 µg/mL, 4 x

tratamento 40 µg/mL e 4 x controle 40 µg/mL, respectivamente), pelo método de coluna

(Mini kit RNeasy® Plant). O RNAt, foi quantificado em NanoDrop, onde foram considerados

os valores aceitáveis de absorbância (260/280, 1,9 a 2,1). A tabela 4 exemplifica o perfil das

amostras.

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Tabela 4. Perfil das amostras quantificadas em NanoDrop após a extração de RNAt, utilizando método de

coluna. Observam-se RNA com boa qualidade para prosseguir com os experimentos.

Amostras

(Ae.aegypti)

Concentração

(ng/µL) Volume (µL)

Absorbância

260/280

Absorbâcia

260/230

51 435,4 40 2,05 1,79

52 375,2 40 2,10 2,04

53 309,4 40 2,06 1,64

54 393,3 40 2,08 0,39

55 576,7 40 2,11 1,34

56 576,0 40 2,06 1,84

A eletroforese de A. aegypti em gel desnaturante mostrou um RNAt íntegro ( bandas

28S e 18S), conforme a Figura 6.

Figura 6. RNAt em gel desnaturante com agarose a 1% corados com gel Red identificando as amostra de N°50 a

N°62. O RNAt com suas subunidades 28S e 18S próximas, de coloração fraca (28S) e coloração forte (18S) em

repetidas corridas desse sistema eletroforético.

No tratamento do RNAt com DNAse as amostras de RNAt íntegro (Tabela 4 e Figura

6) foram submetidas ao tratamento com DNAse, para eliminar possíveis contaminações de

DNA genômico. Posteriormente, utilizaram-se o RNAt tratado com DNAse a fim de fazer a

PCR clássica, para verificar possíveis amplificações entre RNA tratado e não tratado com

DNAse (Figura 7).

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Figura 7. a) RNAt sem tratamento com DNAse em gel de agarose a 1%; a seta superior indica possível

contaminação com DNA genômico e a inferior indica o RNAt (nº 1 e 2). b) PCR do RNAt tratado com DNAse

(ao centro), c) e não tratado com DNAse, mostrando que houve amplificação das amostras não tratadas com

DNAse (nº 1 e 2).

4.3 Síntese de cDNA de A. aegypti

O RNAt após tratamento com DNAse foi utilizado para a obtenção da síntese de

cDNA com a enzima transcriptase reversa, mostrando rastro característico de cDNA sem

contaminantes (Figura 8).

Figura 8. Eletroforese em gel de agarose a 1% mostrando a síntese do cDNA de A. aegypti sem contaminações

(indivíduos 34 a 44).

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19

4.4 Teste de eficiência dos primers para o qRT-PCR

A especificidade dos primers obtidos (200 a 75pb) dos genes alvo GSTE7

(AAEL007948) P450-12 (AAEL009124) e interno RS-7 (AAEL009496) foram testadas

inicialmente, por PCR clássico, e verificada a especificidade de amplificação na temperatura

de Tm: 60°C (Figura 9).

Após os testes de amplificação pela PCR clássica, os primers foram avaliados com

relação a sua eficiência, por meio de uma curva-padrão. Os pontos de diluição do cDNA (1:2)

variaram de 5 a 8, resultando em um gráfico de regressão linear. Obtiveram-se eficiências

significativas para os três pares de primers. Os valores de R2, o aparelho de PCR em tempo

real modelo ViiA 7 Dx by Life Technologies Applied Biosystems.

Figura 9. a) curva de Melting, com um pico, mostrando que o primer do gene RS-7 foi validado, apesar de

apresentar alguns ruídos. b) curva padrão do gene RS-7, com 8 pontos de diluição (1:2), valores de Slope: 3,20,

R2=0,988 e eficiência estimada em 106,5%.

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Figura 10. a) curva de Melting com um pico, mostrando que o primer do gene P450-12 foi validado. b) curva

padrão do gene P450-12, com 5 pontos de diluição (1:2), valores de Slope: -3,37, R2= 0,998 e eficiência

estimada em 97,78%.

Figura 11. a: curva de Melting com um pico, mostrando que o primer do gene GSTE7 foi validado. b: curva

padrão do gene GSTE7, com 5 pontos de diluição (1:2), valores de Slope: -3,32, R2= 0,970 e eficiência

100,05%.

Os cálculos dos valores da eficiência dos primers foram realizados com a fórmula:

E=10 (-1/slope) – R2, onde R2 indica a proximidades entre os pontos de diluição que

equivalem ao Ct (Threshold cycle). O valor R2 varia entre 0 e 1, e quanto mais próximo de 1,

maior é o ajuste do modelo. Os valores de slope correspondem à inclinação da reta que é

representado pela incógnita “a” na equação da reta y = ax + b. Dessa forma, todos os valores

da eficiência dos primers foram considerados aceitáveis, pois estão dentro da margem de erro

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10% com variação (90% a 110%), considerada ótima para as reações em PCR em tempo real

e testes de quantificação relativa.

4.5 qRT-PCR em tempo real e quantificação relativa

A Tabela 5, mostra indivíduos de A. aegypti tratados com Isodilapiol (20 µg/mL e 40

µg/mL), e o controle submetidas à reação de qPCR no termociclador Real time modelo 7500

System SDS Software – Applied Biosystms®. Valores correspondentes aos Cts dos genes alvo

(GSTE-7 e P450-12) e do controle interno (RS-7). A quantificação relativa foi realizada pelo

método ∆∆Ct. Os valores dos Cts dos genes GSTE7 e P450-12 correspondentes a dois

tratamentos com Isodilapiol (20 µg/mL e 40 µg/mL) com quatro gerações de A. aegypti,

foram agrupados de acordo com cada geração e seu respectivo tratamento (n=12 indivíduos)

para cada tratamento/geração. Calculou-se a média aritmética de cada geração correspondente

a cada tratamento. Sendo assim, estimaram-se os níveis de expressão gênica (RQ) dos genes

(GSTE7 e P450-12) em larvas de 3° estádio de A. aegypti.

Tabela 5. Valores de Cts dos genes P450-12 e RS-7, ∆Ct das amostras de A. aegypti tratadas e controle. Na

ultima coluna à esquerda os valores de RQ calculados, a partir de 2-∆∆Ct

Gerações

Tratamento

ug/mL

Gene Ct-P450e

GSTE-7 Ct RS7

∆Ct- P450-12 e

GSTE-7

∆Ct-

∆∆Ct

RQ-

P450-12 alvo Controle

4 20 P450-12 22.4621 15,592 68,701 8,848 19,779 39,392

5 20 P450-12 21.8109 15,554 62,569 8,107 18,501 36,053

4 40 P450-12 20.2009 12,486 77,149 7,296 0,4189 0,7480

5 40 P450-12 19.9954 12,748 72,474 7,926 0,6786 16,006

4 20 GSTE-7 21,730 14594 6,1380 5466 6,7200 0,6276

5 20 GSTE-7 23369 14016 4,5940 7251 -2,6570 6,3070

4 40 GSTE-7 21327 12486 8,8410 6621 2,2200 0,2146

5 40 GSTE-7 21642 13256 8,3860 6571 1,8150 0,2842

As Figuras 13 e 14, demonstram variações nos níveis de expressão do gene GSTE7, no

decorrer dos tratamentos nas gerações. No tratamento do isodilapiol com 20 µg/mL,

observam-se pico elevado de expressão em G2 e uma baixa expressão em G3. No tratamento

com 40 µg/mL de isodilapiol, identificam-se um alto pico de expressão do gene GSTE7 em

G1, e baixo pico em G2, entretanto, ocorreu um aumento gradual dos níveis de expressão, a

partir de G2 até G4. A Figura 15 mostra a comparação entre os tratamentos (20 e 40 µg/mL

Isodilapiol) e, observam-se que na concentracão baixa (20 µg/mL) os índices de expressão da

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GSTE7 são elevados, com exceção de G3, onde podem-se verificar pico mais elevado no

tratamento 40 µg/mL.

Figura 12. Quantificação relativa do gene GSTE7, de larvas de 3° estádio de A. aegypti tratadas com 20 µg/mL

de (Isodilapiol). O gráfico representa os níveis de RQ das quatro gerações.

Figura 13. Quantificação relativa do gene GSTE7 nas quatro gerações (G4,G5,G6,G7), de larvas de 3°estádio de

A. aegypti tratadas com 40 µg/mL de (Isodilapiol), O gráfico representa os níveis de RQ nas quatro gerações.

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Figura 14. Gráfico comparativo dos níveis de expressão do gene GSTE7 em larvas de A. aegypti com dois

tratamentos: 20 e 40µg/mL (Isodilapiol). RQ das quatro gerações.

As Figuras 16 e 17 mostram os níveis de expressão do gene P450-12 nos tratamentos,

20 e 40 µg/mL, respectivamente. Na Figura 16 o tratamento com 20 µg/mL Isodilapiol a

expressão da P450 tem crescimento gradual da 4ª a 6ª geração, porém durante a 7ª geração

ocorre queda extrema dos valores de RQ. No tratamento com 40 µg/mL 2KL-15 (Figura 16),

ocorreram variações com altas e baixas nos picos de expressão do gene P450-12. A 7ª geração

do tramento com 40 µg/mL Isodilapiol mostrou elevado pico de expressão, fato esse, não

verificado com o tratamento 20 µg/mL.

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Figura 15. Quantificação relativa do gene P450-12 de larvas de 3° estádio de A. aegypti tratadas com 20 µg/mL

Isodilapiol em quatro gerações.

Figura 16. Quantificação relativa do gene P450-12 de larvas de 3°estádio de A. aegypti, tratadas com 40 µg/mL

Isodilapiol em quatro gerações.

4.6 Análise estatística

Os níveis de expressão dos genes GSTE7 e P450-12 foram analizados no software

Statistica 12 versão 12.0, com teste de média, desvio padrão e erro padrão. Utilizou-se a

ANOVA fatorial a x b x para verificar a significância na expressão diferencial dos genes.

Tabela 6. Valores da média (M), desvio padrão (D.P) e erro padrão (E.P) dos RQs para concentrações, gerações

e genes (GSTE7 e P450-12), analisados pelo programa Statistic 12.

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Gene Gerações Tratamento µg/mL n M (RQ) D.P (RQ) E.P (RQ)

GSTE7 4 20 12 1,6982 1,8862 0,5445

GSTE7 4 40 12 0,8203 0,7185 0,2074

GSTE7 5 20 12 9,7780 14,0149 4,0457

GSTE7 5 40 12 0,3618 0,2114 0,0610

GSTE7 6 20 12 0,5476 0,4308 0,1244

GSTE7 6 40 12 0,6132 0,5423 0,1566

GSTE7 7 20 12 1,5621 2,2494 0,6493

GSTE7 7 40 12 0,8186 0,6554 0,1892

P450-12 4 20 12 15,8061 9,5348 2,7525

P450-12 4 40 12 1,6786 1,0645 0,3073

P450-12 5 20 12 93,0064 110,1889 31,8088

P450-12 5 40 12 15,6428 16,9522 4,8937

P450-12 6 20 12 172,4317 231,8956 66,9425

P450-12 6 40 12 7,8857 9,1329 2,6364

P450-12 7 20 12 46,3435 32,1023 9,2671

P450-12 7 40 12 22,8526 13,8641 4,0022

As Figuras 18 e 19 mostram expressão diferencial do gene P450-12 em relação a

GSTE7. A 6ª geração apresentou o maior pico de expressão do gene P450-12 na concentração

20 µg/mL (Figura 17). Os níveis de expressão elevam-se no tratamento com 20 µg/mL de

Isodilapiol, para os dois genes alvo (Figura 18). A expressão diferencial comparando

gerações, concentrações e genes (GSTE7 e P450-12) foram significativos.

Figura 17. ANOVA fatorial relacionando os níveis de expressão (RQ) dos genes GSTE7 e P450-12 das gerações

(G4, G5, G6 e G7), p= 0,02039. Amostras tratadas com 20 µg/mL de Isodilapiol.

(a) (b)

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Figura 18. ANOVA fatorial relacionando os tratamentos 20 (a) 40 µg/mL (b) com o Isodilapiol, nas gerações

(G4, G5, G6 e G7) e os genes GSTE7 e P450-12, p=0,0192.

5. DISCUSSÃO

A expressão diferencial de diversos genes tem sido uma ferramenta muito útil, na

busca de alternativas para o controle populacional de vetores envolvidos no processo de

resistência a compostos xenobióticos (Hemingway et al., 2004). O estudo com larvas de 3°

estádio de A. aegypti por Lima et al. (2011) demonstrou resistência ao temefós, um inseticida

sintético utilizado no controle desse mosquito. O presente estudo utilizou larvas de 3º estádio

de A. aegypti previamente submetidas a bioensaios com o semissintético isodilapiol, para

verificar a expressão diferencial dos genes de resistência a inseticida (GSTE7 e P450-12),

durante quatro gerações.

Os ensaios toxicológicos em larvas de 3º estádio de A. aegypti revelaram que o

semissintético Isidilapiol em altas concentrações (60 e 80 µg/mL), foi letal a todas as larvas,

em 4 horas, o que inviabilizou o prosseguimento dos bioensaios com essas concentrações nas

gerações seguintes. Considerando o período de exposição e particularidades desse

semissintético, o seu efeito na mortalidade nas concentrações (60 e 80 µg/mL) foi mais eficaz

quando comparado aos compostos 1KL39-B (80 µg/mL) e 1KL39-C (70 µg/mL) utilizados

em larvas de 3º estádio de A. aegypti, cuja mortalidade ocorreu em 24 e 48 horas,

respectivamente (Domingos et al., 2014).

A qRT-PCR com o gene GSTE7 realizada em amostras de A. aegypti previamente

submetidas ao Isodilapiol (20 e 40 µg/mL), apresentou gráficos com picos de expressão

gênica mais altos em indivíduos submetidos a bioensaios na menor concentração (20 µg/mL),

principalmente na 5ª geração. Esse biossintético pode ter causado o aumento da taxa

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metabólica da larva, evidenciada pelo aumento dos picos de expressão do gene GSTE7. O

aumento da taxa de resistência metabólica, leva à formação de produtos menos tóxicos,

podendo elevar a ação enzimática, ou acionam os mecanismos regulatórios, tornando-os mais

eficazes no aumento da produção de enzimas (Braga e Valle, 2007).

Estudos com semissintéticos avaliando a sua ação na expressão de genes de resistência

a inseticida voltados ao controle de A. aegypti, são escassos.

O trabalho de Riaz et al. (2013) com neonicotinóides em larvas de 4° estádio de A.

aegypti suscetível a inseticida, revelou intensa ação enzimática da monooxigenases (P450) em

relação à glutationa-s-transferase (GST), fato esse justificado, pela GST agir de forma

secundária no metabolismo de compostos xenobióticos (neonicotinóides). Esses autores

também demonstraram que a tolerância larval aumenta, gradualmente, sem que ocorra

estabilização, e pode acontecer de forma relativamente rápida sobre pressão de seleção com

inseticida, aumentando os níveis de expressão dos genes GSTE7 e P450-12 (CYP6N12).

Nesse sentido, os nossos resultados mostraram picos elevados de expressão dos genes GSTE7

e P450-12, Gerações 5 e 6 de A. aegypti, previamente tratadas com 20µg/mL, de Isodilapiol.

O gene P450-12 (CYP6N12) expressou-se diferencialmente de GSTE7,

principalmente no tratamento com 20 µg/mL, de Isodilapiol, o que podemos inferir que esse

composto causou estresse oxidativo nas larvas de A. aegypti, elevando os índices de expressão

do gene P450-12. Lumjuan et al. (2007) estudaram genes pertencentes à classe Epsilon

(GSTe), família das GSTs e, sugeriram, que estes podem atuar de forma coordenada na ação

contra inseticidas, pelo fato de se apresentarem como sequências repetidas uma atrás das

outras nos cromossomos, o que talvez, justificaria a baixa expressão de GSTE7 quando

comparado ao gene P450-12 Estudos com RNA de interferência (RNAi) demonstraram que

os genes GSTE2 e GSTE7, quando silenciados, não minimizaram a resistências de cepas de

A. aegypti ao DDT, reforçando a hipótese de que a família desses genes agem em cascatas,

tendo vias alternativas para sua expressão (Lumjuan, et al., 2011).

Em insetos, as enzimas P450 estão envolvidas no metabolismo de esteróides

endógenos, tais como os hormônios e lipídios. Essas monooxigenases (P450 ou CYPs)

pertencem a uma superfamília de enzimas que participam do metabolismo de compostos

xenobióticos ou endógenos, catalisando reações de desintoxicação (Scott et al., 1998).

Trabalho realizado com larvas e adultos de A. aegypti, por Grizales, et al. (2013), da cidade de

Cucuta, Colômbia demonstraram que o gene CYP6N12 (P450-12), são super expressos em A.

aegypti quando foi submetido a doses elevadas de temefós. Poupardin et al. (2008) utilizando

métodos de microarranjo e qPCR em tempo real observaram que vários genes do grupo das

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enzimas P450 são expressos em picos diferenciados em presença de compostos xenobióticos,

entre eles, a permetrina. Esses autores sugeriram que, tais mecanismos de regulação gênica

podem ser controlados por Elementos de Resposta a Xenobióticos (XRE), que funcionam

como indutores em regiões promotoras dos genes de resistência a inseticida (P450) e que, no

entanto, outros fatores também podem participar da indução da expressão gênica do grupo

P450.

A expressão do gene P450-12 foi observada com o tratamento 40 µg/mL, apesar dessa

concentração não ter causado a mortalidade das larvas. Observou-se imobilidade larval no

intervalo das 4 horas do ensaio toxicológico. Bioensaio com a serrapilheira tóxica em larvas

de A. aegypti revelou que essa substância em altas concentrações ocasiona baixa atividade

enzimática de P450. Essa alta concentração pode indicar a saturação larval, influenciando na

capacidade enzimática de desintoxicação quando as larvas se deparam com altas doses de

xenobióticos, levando ao estresse metabólico o que pode ocasionar mortalidade larval (David

et al., 2010).

Considerando nossos dados de expressão do gene P450-12, dentre as quatro gerações

(G4,G5,G6 e G7), submetidas a bioensaios com isodilapiol, nos dois tratamentos (20 e 40

µg/mL), verificaram-se picos elevados de expressão gênica durante as gerações G6

(tratamento a 20 µg/mL) e G7 (tratamento a 40 µg/mL). Resultado similar de picos elevados

de expressão gênica ocorreu em amostras de gerações de A. aegypti tratadas com o inseticida

sintético permetrina (Poupardin et al., 2008). Em A. aegypti, com o composto 2KL-15, a

elevada expressão gênica pode ser justificada pela permanência de alelos resistentes nas

gerações G6 e G7, nas quais as larvas podem ter sido sensíveis a esse composto. A possível

permanência de alelos resistentes nas gerações de A. aegypti está de acordo com os resultados

demonstrados por Carvalho et al. (2004), que estudaram gerações de larvas de 3º estádios de

A. aegypti tratadas com inseticida temefós, sugeriram que durante as gerações larvas sensíveis

tendem a ser eliminadas. Hidayati et al. (2011) estudaram gerações de larvas e adultos de A.

aegypti, submetidos a bioensaios com o composto sintético malation, e sugeriram que a

resistência a esse inseticida aumentava 2,55 vezes na 4ª geração.

Considerando o gene P450-12, que confere resistência a inseticidas sintéticos, a

sensibilidade do método qRT-PCR, e os fatores, como temperatura, ciclo circadianos,

umidade e disponibilização de alimentos, Yang et al. (2010) realizaram ensaios toxicológicos

com larvas de 3º estádio de A. aegypti contaminadas com permetrina. Os autores registraram

que os fatores como: umidade, temperatura e disponibilidade de alimentos, interferiram nos

ensaios toxicológicos bem como nos níveis de expressão do gene P450-12. Em nosso estudo,

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os ensaios toxicológicos com larvas de 3º estádio de A. aegypti foram padronizados em

relação ao foto período, temperatura, umidade e alimentação, evitando possíveis variáveis as

quais poderiam interferir nos ensaios toxicológicos.

No presente estudo, os picos de expressão diferencial gênica foram estatisticamente

significativos entre tratamentos, gerações e, também, entre os genes GSTE7 e P459-12. O

desvio padrão para cada tratamento (n=12) foi baixo para o gene GSTE7 nas gerações G4, G6

e G7, exceto em G5 tratado com 20 µg/mL. O gene P450-12 teve variações no desvio padrão

causadas pelos altos picos de sua expressão gênica. Esse desvio padrão e o nível de expressão

gênica elevado em amostras de G5 e G6 tratadas com 20µg/mL Isodilapiol podem ser

justificados pela ação tóxica do isodilapiol e da presença de alelos resistentes entre as larvas

distribuídas aleatoriamente nos copos durante o ensaio toxicológico. Padrões diferenciais de

expressão do gene P450 com A. aegypti oriundos de mesma linhagem foram observados por

Rodriguez et al. (2012). Esses autores estudaram linhagens de A. aegypti do México e,

observaram diferentes padrões de expressão gênica de amostras tratadas com o inseticida

químico permetrina. Os resultados mostraram que, os indivíduos das primeiras linhagens

carregavam alelos resistentes à pressão de seleção a compostos xenobióticos e que isso,

possivelmente, elevou as taxas de expressão diferencial do gene P450.

Os ensaios realizados em A. aegypti com o composto Isodilapiol revelaram alto nível

de expressão do gene P450-12, corroborando com Hemingway et al. (2004), que sugeriram

que os genes da família das P450 são induzidos em presença de diferentes tipos de compostos

xenobióticos. O composto Isodilapiol pode ter participação em diversas função metabólicas,

ativando a expressão diferencial do gene P450-12.

No processo de desintoxicação, também, são expressas as enzimas GSTs e

monooxigenases (chaperonas, hidrogenases, proteases e colagenases) e, outros grupos de

proteínas, como proteínas da cutícula, que exercem papel fundamental na proteção do inseto a

fatores extrínsecos (Araujo et al., 2008; David et al., 2010; Puinean et al., 2010). Assim, o

composto Isodilapiol pode ter participado em diversas funções metabólicas, ativando a

expressão diferencial de GSTE7 e P450-12 e de outros grupos de genes relacionadas a essas

famílias. No entanto, estudos futuros são necessários para elucidar outros mecanismos

metabólicos ativados pelo composto Isodilapiol e as variações nos níveis de transcrição dos

genes GSTE7 e P450-12, como um potencial controle do vetor da dengue, o A. aegypti.

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30

6. CONCLUSÕES

Os picos de expressão diferencial dos genes GSTE7 e P450-12 de resistência a

inseticida em larvas de 3° estádio de Aedes aegypti foram mais elevados na menor

concentração do Isodilapiol (20 µg/mL) comparadas à concentração de 40µg/mL, o que pode

ser provavelmente devido a ação eficiente de alguma proteína de transcrição.

As variações nos níveis de expressão do gene P450-12 podem estar relacionadas com

a ocorrência de alelos de resistência a inseticidas nas larvas de 3° estádios de A. aegypti. E o

gene GSTE7 pode atuar secundariamente no metabolismo do Isodilapiol.

Os genes GSTE7 e P450-12, apresentaram alto nível de expressão diferencial, nestes

nos dois tratamentos e entre as gerações G4, G5, G6 e G7. Inferem-se que as enzimas

monooxigenases podem ter interagido no processo metabólico do Isodilapiol facilitando o

estresse oxidativo desse composto em larvas de 3º estádio de A. aegypti, revelando-se

composto de potencial efeito no controle de A. aegypti, vetor da dengue.

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