ingestÃo de carboidratos e proteÍna em cÁpsulas … · abrandaram minha ansiedade e me ajudaram...
TRANSCRIPT
Aline Regina Gomes
INGESTÃO DE CARBOIDRATOS E PROTEÍNA EM CÁPSULAS
DURANTE O EXERCÍCIO NO CALOR: EFEITOS SOBRE O
DESEMPENHO FÍSICO DE ATLETAS
NO ESTADO ALIMENTADO
Belo Horizonte
Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional – UFMG
2008
Aline Regina Gomes
INGESTÃO DE CARBOIDRATOS E PROTEÍNA EM CÁPSULAS
DURANTE O EXERCÍCIO NO CALOR: EFEITOS SOBRE O
DESEMPENHO FÍSICO DE ATLETAS NO ESTADO
ALIMENTADO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Ciências do Esporte da Escola de Educação Física,
Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Universidade Federal
de Minas Gerais, como requisito parcial para a obtenção do
título de Mestre em Ciências do Esporte.
Orientador: Prof. Dr. Emerson Silami Garcia
Co-orientadora: Profa. Dra. Danusa Dias Soares
Belo Horizonte
Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional – UFMG
2008
Universidade Federal de Minas Gerais
Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional
Programa de Pós-Graduação em Ciências do Esporte
Dissertação intitulada “Ingestão de carboidratos e proteína em cápsulas durante o exercício no
calor: efeitos sobre o desempenho físico de atletas no estado alimentado”, de autoria da
mestranda Aline Regina Gomes, aprovada pela banca examinadora constituída pelos seguintes
professores:
_________________________________________________________
Prof. Dr. Emerson Silami Garcia – Orientador Dpto de Esportes/Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional/UFMG
_________________________________________________________
Profa. Dra. Ana Cristina Rodrigues Lacerda Depto de Fisioterapia/Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde/UFVJM
_________________________________________________________
Prof. Dr. Cândido Celso Coimbra Depto de Fisiologia e Biofísica/Instituto de Ciências Biológicas/UFMG
_________________________________________________________
Prof. Dr. Enio Cardillo Vieira Instituto de Ciências Biológicas/UFMG
_________________________________________________________
Prof. Dr. Herbert Ugrinowitsch Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Esporte Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional/UFMG
Belo Horizonte, 23 de junho de 2008
Este trabalho foi realizado no Laboratório de Fisiologia do Exercício (LAFISE), da Escola de
Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (EEFFTO), da Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG). Foram concedidos auxílios financeiros pelo Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela Coordenação de Pessoal de Nível
Superior (CAPES), pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais, pela
Ministério da Educação, pelo Ministério do Esporte, pelo Laboratório de Patologia Clínica
Geraldo Lustosa, pela Charles Sturt University (Bathurst – Austrália).
Aos meus Pais, Odilon José Gomes e Sandra Aparecida Gomes, não somente porque são pais,
mas porque o fazem com muito amor, dedicação, carinho, zelo e apoio,
revelados em cada gesto ao longa de minha vida.
AGRADECIMENTOS A Deus, pois a fé que tenho na existência dele me deu forças para continuar e acreditar que este
desafio não me foi colocado por acaso.
Aos meus queridos pais, Odilon (Dédinho) e Sandra (Mamicha), pelo amor incondicional, apoio
constante e pelos exemplos de superação que vocês demonstram a cada dia. Obrigada por
compreenderem a minha ausência em certos momentos e pelo investimento financeiro em minha
educação para uma formação de qualidade.
Às minhas irmãs, Diana (Diana King) e Odila (Odailey), pela convivência e apoio, cada uma do
seu jeitinho.
Ao Rodrigo Baeta de Queiroz Lima (Digo) pelo amor, carinho e pelos momentos de partilha, que
abrandaram minha ansiedade e me ajudaram a ter mais discernimento perante as dificuldades.
Agradeço também pelas vezes que me fez sorrir com o seu jeito especial.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Emerson Silami Garcia por acreditar e, principalmente, confiar na
minha capacidade para realizar este trabalho. Obrigada também por todos os ensinamentos, pela
paciência diante de tantos obstáculos e pela amizade!
À Profª Dra. Danusa Dias Soares, minha co-orientadora, pela valiosa colaboração na realização
deste estudo. Agradeço toda a atenção e disponibilidade em ajudar sempre que precisei.
À colega doutoranda Camila Nassif Leonel, seus orientadores (Frank E. Marino e Jack Cannon) e
sua Instituição de Ensino (Charles Sturt University-Austrália), pela oportunidade de trabalharmos
juntas e pelo aprendizado resultante deste convívio.
Aos bolsistas de iniciação científica, Guilherme Passos Ramos (FAPEMIG) e Lucas Henrique
Martins Oaks (CNPq) pelo apoio, persistência e responsabilidade na execução das atividades
deste projeto. A ajuda de vocês foi essencial. Obrigada também por entenderem os meus
momentos de nervosismo e pela amizade e diversão!
À técnica do laboratório Maria Aparecida Vasconcelos Faria, a querida Cidoca, por me ensinar
muito além de procedimentos laboratoriais e por me ouvir com carinho e discernimento.
Aos meus irmãos científicos Cristiano Lino Monteiro de Barros, Lucas de Ávila Carvalho Fleury
Mortimer, Luciano Antonacci Condessa, Moisés Vieira de Carvalho, Thiago Teixeira Mendes,
Vinícius de Matos Rodrigues. Agradeço pelo ótimo convívio, pela força transmitida quando do
meu desânimo e pelos momentos engraçados que me proporcionaram.
A todos que me auxiliaram durante as colheitas de dados (abaixo), obrigado por permanecerem
por horas e horas me ajudando com paciência e boa vontade no registro dos dados. Espero, um
dia, conseguir retribuir o que fizeram por mim!
André Maia Lima Andréa Laender Pessoa de Mendonça Bárbara Fonseca de Oliveira Christian Emmanuel Torres Cabido Cletiana Gonçalves da Fonseca Débora Romualdo Lacerda Emerson Rodrigues Pereira Euclides Pedra Lemos Guilherme Passos Ramos Gustavo Magno de Oliveira Nogueira Jacqueline Freitas Leandro Augusto Barbosa Caixeta Letícia Maria de Souza Cordeiro
Lucas de Ávila Carvalho Fleury Mortimer Lucas Henrique Martins Oaks Luciano Antonacci Condessa Marco Aurélio Melo Marlon Teodoro Matheus Henrique de Souza Fontes Michele Macedo Moraes Moisés Vieira de Carvalho Priscila Augusta Ferreira Campos Renata Lane de Freitas Passos Roberta Maria Miranda Ribeiro Soraya Luiza Campos Silva Thiago Teixeira Mendes
Ao médico Daniel de Albuquerque, pela avaliação dos questionários clínicos e pela
disponibilidade em esclarecer todas as minhas dúvidas.
À equipe de nutricionistas, composta por Cristiane Martins Rocha Dayrell, Bárbara Fonseca de
Oliveira, Andréa Laender Pessoa de Mendonça e Andréa do Nascimento Alpino, pela realização
das anamneses, prescrição das dietas e. disponibilidade em ajudar.
Aos funcionários e funcionárias dos Laboratórios Geraldo Lustosa, São Marcos e Hemominas,
em especial à Cléia Gomes (Geraldo Lustosa) e à Luciene dos Santos Roberto Nascimento (São
Marcos), que sempre me recebiam com muita atenção e zelo.
A todos os colegas do Lafise e aos colegas de turma do mestrado, que estiveram sempre na
torcida pela conclusão deste trabalho, perguntando-me como andava o projeto e se prontificando
a ajudar se necessário.
À Letícia Maria de Souza Cordeiro, a querida Lets, pelas conversas, sugestões e pelo exemplo de
superação, que me deu força para continuar.
Ao Prof. Dr. Nilo Resende Viana Lima, como coordenador do Laboratório de Fisiologia do
Exercício (LAFISE) e como professor que me marcou pela ética e pelos ensinamentos nas aulas e
reuniões científicas. Agradeço também por despertar em mim durante a graduação o interesse
pela fisiologia do exercício, em conjunto com seus monitores, na época, os alunos Samuel Penna
Wanner e Juliana Bohnem Guimarães.
Aos funcionários da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional: Rose,
Claudinha, Karen, Ésio, Jô, Luzinete, Carla, Toninha, Fátima e Karen, pelo apoio.
À amiga e doutoranda Ana Paula Araújo Ferreira Ribeiro, pela paciência e prontidão em me
ajudar quando precisei, com muita competência e clareza. Ao Cláudio Henrique Teixeira Ribeiro,
pelo auxílio técnico e solução de dúvidas sobre o funcionamento de alguns equipamentos.
Aos mestrandos e doutorandos do ICB e aos seus respectivos coordenadores de laboratório
(professores Cândido Celso Coimbra, Maria Aparecida Ribeiro Vieira, Leida Maria Botion) que
me ajudaram nas dosagens de glicose, lactato, AGL, osmolalidade e uréia, em especial à
Adaliene Versiani M. Ferreira (querida Dadá), Ana Paula Araújo Ferreira Ribeiro e às técnicas
Janine Costa Ivo e Patrícia Andrade Guimarães Mitre.
A todos que me auxiliaram em algum momento na fase de análise estatística dos dados: Ms.
André Scotti Rabelo, Samuel Penna Wanner, Prof. Dr. Martinho de Almeida e Silva e alunos
(Escola de Veterinária/UFMG) e, especialmente, ao Prof. João Carlos Dias, pela orientação
essencial e paciência.
À Profa. Dra. Maria das Graças Carvalho e à técnica Geralda de Fátima Guerra Lages (Faculdade
de Farmácia/UFMG) pelo valioso auxílio nos procedimentos de colheita do sangue. Ao Wendel
de Oliveira Afonso (Dpto de Alimentos/Faculdade de Farmácia) pelos esclarecimentos sobre a
proteína do soro do leite. Agradeço a todos pela paciência e carinho demonstrados!
Às amigas basqueteiras, pelo convívio divertido dos treinos e viagens e pelo apoio nos momentos
difíceis, quando o “jogo” ainda não havia terminado.
Às amigas Daniela Tameirão (Daminha) e Roberta K. Netto Vinte (Robs), pela preocupação,
carinho e força que me deram neste período. Vocês foram essenciais!
Ao Colegiado de Pós-Graduação em Ciências do Esporte, por custear parte dos materiais de
consumo necessários à execução do projeto e por deferir meus pedidos de prorrogação da data de
defesa.
Ao povo brasileiro por custear a minha formação em uma universidade pública.
Finalmente, agradeço profundamente a todos os atletas que participaram como voluntários deste
projeto em suas diversas fases. Obrigada pela dedicação, persistência, disponibilidade e
comprometimento com a pesquisa. Vocês me ensinaram lições que levarei para a vida!
“O perigo existe, faz parte do jogo
Mas não fique triste, que viver é fogo...”
Toquinho e Vinícius de Moraes
RESUMO
Sugere-se que o desempenho físico no calor pode ser limitado por mecanismos centrais. Um dos
mecanismos propostos pela literatura associa o aumento da atividade serotonérgica central à
fadiga. Diferentes estratégias nutricionais têm sido utilizadas na tentativa de diminuir a atividade
serotonérgica central e, com isso, aumentar o desempenho. O objetivo do presente estudo foi
verificar se a ingestão de carboidratos e proteína em cápsulas durante o exercício no calor (31ºC e
50% URA) melhoraria o desempenho físico de atletas no estado alimentado. Dez atletas do sexo
masculino (26 ± 1 anos; 64,45 ± 2,42 kg; 1,7 ± 0,3 m; 5,38 ± 0,52 % de gordura; potência pico 323
± 13 W; freqüência cardíaca máxima 190 ± 2 bpm; VO2max. 70,71 ± 2,8070.7 ± 2.8 mLO2.kg-
1.min-1) participaram do estudo. Em uma câmara ambiental, os voluntários pedalaram 60 km com
intensidade auto-selecionada, sendo que sprints de um km foram realizados no 14º, 29º, 44º e 60º
km. Os voluntários foram submetidos aleatoriamente a três situações experimentais, quando
ingeriam durante o exercício: somente água (H2O), água + cápsulas contendo isolado de proteína
do soro do leite (PTNc, 3,9%); água + cápsulas contendo carboidratos (CHOc, 6%). As duas
últimas situações foram realizadas em duplo-velado. Durante o exercício, as ingestões ocorriam
aos 5, 15, 30, 45 e 55 km. Amostras de sangue foram obtidas antes do exercício e aos 9, 24, 39,
54 e 60 km, por meio de um cateter posicionado em uma veia superficial do antebraço. Os dados
foram analisados pelo Delineamento em Quadrado Latino e pelo Modelo Geral Linear, seguido
de post hoc de Tukey HSD, quando apropriado. Não foram observadas diferenças no tempo de
exercício em 60 km e na duração dos sprints entre as três situações experimentais. Ao longo do
exercício, não foram identificados efeitos da ingestão de PTNc e CHOc sobre os ácidos graxos
livres, triptofano (TRP), uréia, prolactina, percepção subjetiva do esforço, freqüência cardíaca,
temperatura interna e lactato. Por outro lado, a glicose plasmática e a insulina sérica foram
maiores em CHOc. A concentração plasmática de aminoácidos de cadeia ramificada (AACR)
aumentaram e a razão TRP/AACR diminuiu durante PTNc. A ingestão de carboidratos ou
proteína em cápsulas não aumentou o desempenho físico no calor, embora tenham alterado
alguns dos componentes periféricos propostos pela Hipótese da Fadiga Central.
Palavras-chave: suplementação, carboidratos, proteína, desempenho, fadiga central, calor.
ABSTRACT
It has been suggested that exercise performance in the heat might be limited by central
mechanisms. One of the proposed mechanisms associates increased central serotonergic activity
to the onset of fatigue. Different nutritional strategies have been used in an attempt to decrease
central serotonergic activity thus improving performance. The purpose of the present study was
to verify whether carbohydrates (CHO) or protein (PTN) would improve performance in the heat
(31ºC e 50% RH) when subjects were previously fed. Ten well-trained male subjects (26 ± 1
anos; 64.45 ± 2.42 kg; 1,7 ± 0,3 m; 5.38 ± 0.52 % body fat; peak power output 323 ± 13 W; heart
rate maxima 190 ± 2 bpm VO2max.70.7 ± 2.8 mLO2.kg-1.min-1) volunteered to took part in the
study. The participants performed 60-km self-paced bicycle rides, interspersed with 1-km all-out
sprints at the 14th, 29th, 44nd and 60th km, in an environmental chamber. They were subjected
randomly to three different treatments, during which they ingested: only water (H2O); water +
capsules containing whey-protein isolate (PTNc, 3,9%); water + capsules containing
carbohydrates (CHOc, 6%). The last two treatments were run on a double-blinded protocol.
Administration of the treatments occurred at the 5th, 15th, 30 th, 45 th and 55 th km. Blood samples
were collected through a catheter from a superficial forearm vein at the pre-exercise period and at
the 9th, 24th, 39th, 54th and 60th km. The data were analyzed using a Latin Square Design and a
General Linear Model, followed by Tukey LSD test when appropriate. No differences in
performance times for both 60 km and 1 km sprints were observed between the three treatments.
Free fatty acids, tryptophan (TRP), urea, prolactin, rate of perceived exertion, heart rate, core
temperature and lactate analyzed over time were also similar during all treatments. Plasma
glucose and serum insulin were higher in CHOc. Plasma branched chain amino acids (BCAA)
were higher in PTNc. The TRP/BCAA ratio was reduced in PTNc. The ingestion of
carbohydrates or protein in capsules did not improve exercise performance in the heat, despite
changes in some of the peripheral factors proposed in Central Fatigue Hypothesis.
Key words: supplementation, carbohydrates, protein, performance, central fatigue, heat.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Regulação da intensidade do exercício proposta no modelo do controlador
central .................................................................................................................... 22
Figura 2 – Componentes da Hipótese da Fadiga Central durante o exercício
prolongado ............................................................................................................ 24
Figura 3 – Efeitos propostos da ingestão de CHO na fadiga central durante o
exercício prolongado ............................................................................................ 34
Figura 4 – Efeitos propostos da ingestão de AACR (+ CHO) na fadiga central durante
o exercício prolongado......................................................................................... 38
Figura 5 – Colheita de sangue durante o exercício por meio do acesso venoso .................. 53
Figura 6 – Realização do protocolo de exercício na câmara ambiental................................ 59
Gráfico 1 – Tempo total em 60 km de ciclismo..................................................................... 64
Gráfico 2 – Desempenho individual e médio em 60 km de ciclismo ................................... 65
Gráfico 3 – Duração de quatro sprints realizados a cada 14 km........................................... 66
Gráfico 4 – Concentração plasmática de glicose ................................................................... 67
Gráfico 5 – Concentração sérica de insulina .......................................................................... 68
Gráfico 6 – Concentração sérica de ácidos graxos livres ...................................................... 69
Gráfico 7 – Concentrações plasmática de triptofano total e de aminoácidos de cadeia
ramificada e razão entre elas ............................................................................... 71
Gráfico 8 – Concentração sérica de prolactina....................................................................... 72
Gráfico 9 – Concentração sérica de uréia............................................................................... 73
Gráfico 10 – Percepção subjetiva do esforço avaliada logo após as colheitas de
sangue ................................................................................................................... 74
Gráfico 11 – Percepção subjetiva do esforço avaliada ao final de quatro sprints................ 75
Gráfico 12 – Temperatura interna........................................................................................... 77
Gráfico 12 – Concentração plasmática de Lactato................................................................. 78
Gráfico 14 – Tempo decorrido de exercício no momento da colheita das amostras de
sangue entre as situações experimentais ............................................................ 123
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Caracterização da amostra .................................................................................... 49
Tabela 2 – Volume de água (e temperatura), número total de cápsulas e massa das
substâncias-teste fornecidas em cada situação experimental............................. 57
Tabela 3 – Tempos parciais (min) medidos a cada 15 km durante 60 km de ciclismo
com intensidade auto-selecionada no calor......................................................... 65
Tabela 4 – Intensidade de exercício medida pela freqüência cardíaca média durante
60 km de ciclismo................................................................................................. 76
Tabela 5 – Intensidade de exercício medida pela freqüência cardíaca média ao final
de quatro sprints, realizados a cada 14 km durante 60 km de ciclismo ............ 76
Tabela 6 – Tempo médio (h:min) decorrido entre o café da manhã, o lanche e as
amostras de sangue obtidas no pré-exercício e durante o exercício.................. 123
Tabela 7 – Dados individuais da caracterização da amostra ................................................. 126
Tabela 8 – Tempo total em 60 km de ciclismo ...................................................................... 126
Tabela 9 – Tempo total de quatro sprints realizados a cada 14 km durante 60 km de
ciclismo ................................................................................................................. 127
Tabela 10 – Concentração plasmática de glicose durante 60 km de ciclismo...................... 128
Tabela 11 – Concentração sérica de insulina durante 60 km de ciclismo ............................ 129
Tabela 12 – Concentração sérica de ácidos graxos livres durante 60 km de ciclismo ........ 130
Tabela 13 – Concentração plasmática de triptofano total durante 60 km de ciclismo ........ 131
Tabela 14 – Concentração plasmática de aminoácidos de cadeia ramificada durante
60 km de ciclismo................................................................................................. 132
Tabela 15 – Razão triptofano total /aminoácidos de cadeia ramificada durante 60 km
de ciclismo ............................................................................................................ 133
Tabela 16 – Concentração sérica de prolactina durante 60 km de ciclismo......................... 134
Tabela 17 – Concentração sérica de uréia durante 60 km de ciclismo ................................. 135
Tabela 18 – Percepção subjetiva do esforço avaliada logo após as colheitas de sangue
durante 60 km de ciclismo ................................................................................... 136
Tabela 19 – Percepção subjetiva do esforço avaliada ao final de quatro sprints durante
60 km de ciclismo................................................................................................. 137
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
%G - Percentual de gordura 5-HT - Serotonina
AACR - Aminoácidos de cadeia ramificada AB - Dobra cutânea abdominal
ACSM - American College of Sports Medicine ADA - American Diet Association AGL - Ácidos graxos livres
ÁGUA - Volume de água total ingerido pelo voluntário BHE - Barreira hemato-encefálica bpm - Batimentos por minuto
CENESP - Centro de Excelência Esportiva CHO - Carboidratos CHOc - Ingestão de água destilada e cápsulas gelatinosas, contendo carboidratos em pó
CONEP - Comissão Nacional de Ética em Pesquisa DC - Densidade corporal
DOPA - Dopamina DP - Desvio-padrão
DSPRINT - Duração do sprint EEFFTO - Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional
EPM - Erro padrão da média EST - Estatura FC - Freqüência cardíaca
FCmáx. - Freqüência cardíaca máxima FCmédia - Freqüência cardíaca média GLM - General Linear Model H2O - Ingestão de água destilada durante o exercício
IBUTG - Índice de Bulbo Úmido Temperatura de Globo LAFISE - Laboratório de Fisiologia do Exercício
MC - Massa corporal MCpré - Massa corporal imediatamente antes do início do exercício NATA - Nacional Athletic Trainer`s Association
Pmáx - Potência máxima PP - Potência pico
PRÉ - Pré-exercício PRL - Prolactina PSE - Percepção subjetiva do esforço
PTNc - Ingestão de água destilada e cápsulas gelatinosas, contendo proteína em pó REP - Repouso rpm - Rotações por minuto
SBME - Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte SBPC/ML - Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial
SNC - Sistema nervoso central SPSS - Statistical Package for Social Science SUB - Dobra cutânea subescapular Tint - Temperatura interna TRI - Dobra cutânea tríceps TRP - Triptofano
TRP/AACR - Razão triptofano/aminoácidos de cadeira ramificada TP - Tempos parciais
TT60km - Tempo total dos 60 km UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais URA - Umidade relativa do ar
VO2máx - Consumo máximo de oxigênio VO2pico - Consumo pico de oxigênio
SUMÁRIO
1) INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 19
1.1) Desempenho e fadiga em exercícios prolongados........................................... 19
1.1.1) Atividade serotonérgica e desempenho................................................ 22
1.2) Hidratação com adição de nutrientes: efeitos sobre o desempenho................. 26
a) Estado de jejum e reservas de glicogênio................................................... 27
b) Controle do efeito placebo......................................................................... 29
1.2.1) Carboidratos......................................................................................... 30
1.2.2) Aminoácidos e proteínas...................................................................... 36
a) Proteínas do soro do leite................................................................... 40
2) OBJETIVOS............................................................................................................... 43
2.1) Objetivo geral................................................................................................... 43
2.2) Objetivo específico........................................................................................... 43
3) HIPÓTESES............................................................................................................... 44
4) MATERIAL E MÉTODOS........................................................................................ 45
4.1) Cuidados éticos................................................................................................. 45
4.2) Recrutamento e seleção da amostra.................................................................. 45
4.3) Avaliações prévias às situações experimentais................................................ 47
4.3.1) Avaliação física.................................................................................... 47
4.3.2) Avaliação nutricional........................................................................... 50
4.4) Situações experimentais.................................................................................. 50
4.5) Protocolo experimental.................................................................................... 51
4.5.1) Procedimentos iniciais.......................................................................... 51
a) Cuidados com o voluntário................................................................ 51
b) Punção venosa................................................................................... 52
c) Processamento do sangue.................................................................. 54
d) Lanche............................................................................................... 54
e) Cálculos do volume de água destilada e do número de cápsulas
gelatinosas..............................................................................................
55
4.5.2) Protocolo de exercício.......................................................................... 57
4.6) Variáveis estudadas........................................................................................ 59
4.6.1) Variáveis principais.............................................................................. 59
a) Variáveis de desempenho.................................................................. 60
b) Concentração plasmática de glicose.................................................. 60
c) Concentrações séricas de insulina, prolactina, ácidos graxos livres
e uréia.................................................................................................... 60
d) Concentrações plasmática de aminoácidos....................................... 61
e) Percepção subjetiva do esforço.......................................................... 61
4.6.2) Variáveis de controle............................................................................ 61
a) Freqüência cardíaca........................................................................... 61
b) Temperatura interna.......................................................................... 61
c) Concentração plasmática de lactato .................................................. 62
4.7) Delineamento em Quadrado Latino................................................................. 62
4.8) Análise estatística............................................................................................. 63
5) RESULTADOS.......................................................................................................... 64
5.1) Variáveis principais.......................................................................................... 64
a) Variáveis de desempenho.................................................................. 64
b) Concentração plasmática de glicose................................................. 67
c) Concentração sérica de insulina........................................................ 68
d) Concentração sérica de ácidos graxos livres..................................... 69
e) Concentrações plasmáticas de triptofano total e de aminoácidos de
cadeia ramificada e razão entre elas...................................................... 70
f) Concentração sérica de prolactina...................................................... 72
g) Concentração sérica de uréia............................................................. 73
h) Percepção subjetiva do esforço......................................................... 74
i) Correlações......................................................................................... 75
5.2) Variáveis de controle........................................................................................ 76
a) Freqüência cardíaca........................................................................... 76
b) Temperatura interna.......................................................................... 77
c) Concentração plasmática de lactato................................................... 78
6) DISCUSSÃO.............................................................................................................. 79
7) CONCLUSÃO............................................................................................................ 89
REFERÊNCIAS............................................................................................................. 90
ANEXOS........................................................................................................................ 108
19
1) INTRODUÇÃO
1.1) Desempenho e fadiga em exercícios prolongados
De acordo com o modelo teórico adotado em nosso laboratório, proposto por Rodrigues e Silami-
Garcia (1998), a fadiga seria “a situação em que o organismo interrompe ou reduz a intensidade
do exercício como mecanismo de segurança, para prevenir o desequilíbrio da homeostase, antes
que possa ser atingido o limite dos ajustes fisiológicos de qualquer um dos sistemas envolvidos
com a atividade física”. Este conceito norteou e formou a base para um modelo teórico,
denominado “modelo dos limites integrados”, no qual a fadiga se estabeleceria pela integração de
sinais provenientes dos sistemas fisiológicos envolvidos na homeostase do exercício
(neurohumoral, térmico, cardio-respiratório, ácido-básico, enzimático e de substratos). Ainda
foram incorporados a este modelo os fatores intensidade de exercício e ambiente. O envolvimento
de cada sistema seria proporcional à intensidade do exercício (% VO2máx), sendo que uma mesma
intensidade incita respostas fisiológicas distintas em função do ambiente no qual o exercício
ocorre. Neste modelo, a fadiga seria um mecanismo de defesa, que integraria estímulos sensoriais
múltiplos, no qual os diferentes sistemas fisiológicos, citados anteriormente, estariam associados
permanentemente à determinação da intensidade e da duração suportáveis do exercício, em função
do ambiente, com o objetivo de evitar qualquer falha na homeostase.
Apesar da existência de diversos modelos e teorias, ainda não se sabe precisamente o que
ocasiona a fadiga, o que talvez possa ser explicado pela própria natureza complexa e multifatorial
da fadiga. Entretanto, sabe-se que os mecanismos que a determinam sempre variam de acordo
com as especificidades da tarefa ou do exercício. Dentre as características do exercício, destacam-
se a intensidade, a duração, o tipo, a musculatura empregada, as condições ambientais nas quais é
realizado, além do condicionamento físico e do estado nutricional do indivíduo que o realiza
(ABBISS; LAURSEN, 2005; CAIRNS et al., 2005; FITTS, 1994). O presente estudo procurou
analisar os diversos fatores que possivelmente estariam envolvidos na determinação da fadiga
durante o exercício prolongado no calor. Por denominação, o exercício prolongado é aquele com
duração de 30 a 180 min, com intensidades entre 60 e 85% VO2máx (MAUGHAN et al., 2000).
20
Em geral, dois protocolos têm sido utilizados para avaliar o desempenho e os mecanismos de
fadiga em resposta a um exercício prolongado: 1) intensidade fixa, até o momento no qual o
indivíduo não consegue manter a intensidade pré-estabelecida, interrompendo-o voluntariamente
(GALLOWAY; MAUGHAN, 1997; GONZÁLEZ-ALONSO et al., 1999; PARKIN et al., 1999);
2) intensidade selecionada pelo próprio indivíduo que executa o exercício (intensidade auto-
selecionada), sendo fixados pelos pesquisadores alguns parâmetros, como a distância a ser
percorrida, duração do exercício ou mesmo a quantidade de trabalho a ser realizado (KAY et al.,
2001; MARINO et al., 2003; TUCKER et al., 2004). Desta forma, diante de protocolos de
exercício diferentes, é razoável esperar que os mecanismos de fadiga sejam diferentes.
Alguns pesquisadores preferem dividir os mecanismos de fadiga em periféricos e centrais
(ENOKA; STUART, 1992; GANDEVIA, 2001). Os mecanismos periféricos estão relacionados
às estruturas localizadas na célula muscular até a junção neuromuscular (FITTS, 1994). Já os
mecanismos centrais envolvem as alterações localizadas no sistema nervoso central (SNC),
induzidas pelo exercício (DAVIS; BAILEY, 1997). Rodrigues e Silami-Garcia (1998) propõem
que a subdivisão da fadiga em central e periférica seria uma classificação mais anatômica do que
fisiológica, podendo limitar a compreensão dos fenômenos dinâmicos durante o exercício. Além
disso, há modelos de fadiga que não sustentam esta subdivisão, pois consideram a integração de
fatores periféricos e centrais, e não a predominância de um sobre o outro. É o caso, por exemplo,
da fadiga associada a uma temperatura interna crítica e/ou a uma taxa de aquecimento corporal
elevada (CHEUNG; SLEIVERT, 2004; GONZÁLEZ-ALONSO et al., 1999; RODRIGUES et al.,
2003) e do modelo de fadiga denominado “controlador central” (ST CLAIR GIBSON; NOAKES,
2004).
O modelo de fadiga associada a uma temperatura interna crítica estabelece que a fadiga ocorre
quando a temperatura interna atinge níveis críticos, característicos de um estado de hipertermia
(entre 39,5 ºC e 40 ºC) (CHEUNG; SLEIVERT, 2004; KAY; MARINO, 2000). Este estado é
alcançado pela combinação de exercício e/ou estresse térmico, gerando excessivo acúmulo de
calor, o que poderia causar uma inibição de estímulos centrais para a musculatura ativa
(MARINO, 2004; NYBO; NIELSEN, 2001a). Este modelo tem sido apoiado por dois tipos de
evidências: 1) a interrupção de um exercício com intensidade fixa até a fadiga coincide com uma
21
temperatura interna crítica (GONSÁLEZ-ALONSO et al., 1999; NIELSEN et al., 1993;
SOARES, 1993), o que pode ser causada por uma elevada taxa de aquecimento corporal
(RODRIGUES et al., 2003; SOARES et al., 2004); 2) em alguns estudos, a fadiga não foi
associada à redução do débito cardíaco, às alterações na disponibilidade e na utilização de
substratos ou mesmo ao acúmulo de lactato (FEBBRAIO et al., 1994; GONZÁLEZ-ALONSO et
al., 1999; NIELSEN et al., 1990; PARKIN et al., 1999).
Há evidências de que a fadiga associada a uma temperatura interna crítica não se desenvolve
quando o indivíduo é submetido a um protocolo de exercício de intensidade auto-selecionada,
pois a intensidade é reduzida antes que se atinja um estado de acúmulo excessivo de calor,
evitando que a temperatura interna aumente para níveis críticos (KAY et al., 2001; MARINO et
al., 2004a; 2004b; TATTERSON et al., 2000; TUCKER e al., 2004; 2006). Esta é uma das bases
do modelo do controlador central, demonstrado na FIG.1 (ST CLAIR GIBSON; NOAKES,
2004). A proposta deste modelo é que uma parte subconsciente do cérebro estabeleceria a
intensidade do exercício por meio do número de unidades motoras ativadas. A quantidade de
massa muscular recrutada estaria sob influência constante de estímulos sensoriais provenientes de
vários órgãos periféricos – provavelmente do músculo esquelético, músculos respiratórios,
coração, além de mecanoreceptores e quimioreceptores centrais e periféricos. A partir do início do
exercício, a parte subconsciente do cérebro informaria a parte consciente sobre o aumento de
comando central, talvez relativo a uma dificuldade crescente em manter a homeostase naquela
dada intensidade de exercício. Este evento seria interpretado pelo cérebro como sensação de
fadiga crescente, que poderia, por si só, controlar outros processos da parte subconsciente do
cérebro.
22
Sensação de fadiga
Cérebro
Informação aferente
Órgãos periféricos
Consciente
Subconsciente
Sensação de fadiga
Cérebro
Informação aferente
Órgãos periféricos
Consciente
Subconsciente
FIGURA 1 – Regulação da intensidade de exercício proposta no modelo do controlador central Fonte: Adaptado de ST CLAIR GIBSON; NOAKES, 2004, p. 798.
Claramente, este modelo está em concordância com o modelo dos limites integrados
(RODRIGUES; SILAMI-GARCIA, 1998), anteriormente apresentado. De fato, a integração
apresentada em ambos os modelos é a característica marcante, compatível com a natureza
complexa e multifatorial da fadiga.
1.1.1) Atividade serotonérgica e desempenho
No final da década de 80, Newsholme e colaboradores propuseram a “Hipótese da Fadiga
Central”, que considera o SNC como o responsável por modular os sinais originados da periferia
e, portanto, contribuir para a determinação da fadiga observada durante exercícios prolongados
(NEWSHOLME et al., 1992) ou doenças de fadiga crônica. Esta hipótese foi baseada em
resultados de estudos anteriores que estabeleceram uma relação entre a dieta e a disponibilidade
de substratos para a síntese de neurotransmissores no cérebro (FERNSTROM; WURTMAN,
1971).
Dentre os neurotransmissores centrais que podem estar envolvidos no processo de
fadiga/desempenho em exercícios prolongados, destacam-se a serotonina (5-HT), a dopamina
(DOPA) e a noradrenalina, além da amônia e várias citocinas (DAVIS; BAILEY, 1997). A síntese
aumentada de 5-HT estaria associada à inibição do comando central para a musculatura ativa,
letargia, sonolência, fadiga, dor e apetite (YOUNG, 1991; MEEUSEN; DE MEIRLEIR, 1995).
23
Os neurônios dopaminérgicos estariam envolvidos no controle motor, enquanto os
noradrenérgicos na função cardiovascular, sonolência e respostas analgésicas (BALTHAZAR,
2008; MEEUSEN; DE MEIRLEIR, 1995). Entretanto, é improvável que um único
neurotransmissor seja responsável pela fadiga central diante da complexidade inerente ao
funcionamento do cérebro, ou mesmo diante dos resultados contraditórios apresentados pelos
estudos que tentaram manipular somente a atividade serotonérgica central (MEEUSEN et al.,
2006). Portanto, espera-se que a interação ou o equilíbrio entre as atividades dos diversos
neurotransmissores, entre eles a 5-HT e a DOPA, seja mais importante no componente central da
fadiga do que suas próprias atividades isoladamente (BAILEY et al., 1993; MEEUSEN; DE
MEIRLEIR, 1995).
Newsholme e colaboradores sugeriram ainda que a síntese aumentada de 5-HT ocorreria em
função de um aumento da disponibilidade de triptofano (TRP) – o aminoácido precursor da 5-HT
– na barreira hemato-encefálica (BHE). Somente a disponibilidade de TRP regularia a síntese de
5-HT, pois a enzima conversora de TRP em 5-hidroxitriptofano (triptofano hidroxilase) não se
encontra saturada em condições normais pelas concentrações intracelulares de TRP
(FERNSTROM, 1983).
Entretanto, em condições de repouso, a maioria do TRP (90%) circula na corrente sanguínea
combinada à albumina, sendo o restante considerado TRP-livre (10%) (McMENAMY e
ONCLEY, 1958). Estas duas porções, em conjunto, constituem o TRP-total. Ainda não há um
consenso sobre qual porção regularia a entrada de TRP no cérebro (BLOXAM et al., 1980;
FERNSTROM et al., 1976; MADRAS et al., 1973), de maneira que há estudos que analisaram os
efeitos das manipulações experimentais em ambas as porções ou apenas em uma delas
(CHEUVRONT et al., 2004; DAVIS et al., 1992; MADSEN et al., 1996; PTISILADIS et al.,
2002). Provavelmente, a porção livre seria a única capaz de atravessar a BHE por meio de um
sistema L-transportador (BLOMSTRAND, 2001; CHAOULOFF, 1997).
O sistema L-transportador é capaz de carrear os seguintes aminoácidos através da BHE: TRP,
fenilalanina, tirosina, valina, isoleucina e leucina, em conjunto, conhecidos como aminoácidos de
cadeia longa. Jakeman (1998) afirma que a afinidade aparente do sistema transportador destes
24
aminoácidos e, portanto, a taxa de transporte dos aminoácidos para dentro do cérebro, depende da
concentração de cada aminoácido em relação aos seus competidores. A valina, a isoleucina e a
leucina são denominados aminoácidos de cadeia ramificada (AACR) e, quantitativamente, os
mais importantes quando se analisa a competição que ocorre entre estes e o TRP pelos sítios de
ligação do sistema L-transportador. É por este motivo que a razão TRP/AACR é geralmente
calculada nos estudos realizados com o objetivo de se estabelecer uma relação de causa-efeito
entre a neurotransmissão serotonérgica e fadiga (CHEUVRONT et al., 2004; DAVIS; BAILEY,
1997; DAVIS et al., 1992; MADSEN et al., 1996; PTISILADIS et al., 2002). Por meio desta
razão, os pesquisadores são capazes de inferir se a síntese e/ou o metabolismo da 5-HT estiveram
alterados em conseqüência da manipulação experimental realizada nos estudos.
Comparando-se com um estado de repouso, as seguintes alterações na razão TRP/AACR são
observadas durante o exercício prolongado (FIG. 2): 1) os AACR são captados do sangue e
oxidados para obtenção de energia pela musculatura ativa; 2) ocorre um aumento na concentração
de ácidos graxos livres (AGL) circulantes, o que, paralelamente, provoca um aumento no TRP-
livre, já que os AGL deslocariam o TRP dos seus sítios de ligação nas moléculas de albumina
circulante no plasma (BLOMSTRAND, 2001). Como resultado, o TRP-livre atravessaria a BHE e
estaria prontamente disponível para a síntese de 5-HT.
FIGURA 2 – Componentes da Hipótese da Fadiga Central durante o exercício prolongado BCAA = aminoácidos de cadeia ramificada FA = ácidos graxos livres f-TRP = triptofano livre Fonte: Adaptado de DAVIS et al., 2000, p. 574S.
25
Em humanos, ainda não existem métodos de análise direta da atividade do sistema serotonérgico
no SNC. Para tanto, as respostas de duas variáveis ao exercício são geralmente analisadas: a
concentração periférica de prolactina (PRL), considerada um marcador indireto da atividade
central de 5-HT (STRÜDER; WEICKER, 2001a); e a percepção subjetiva do esforço (PSE), que
pode ser determinada pela integração de fatores centrais e locais, revisados por Mihevic (1981).
A liberação e a síntese de PRL pelos lactotrofos da hipótese anterior são mediadas pela atividade
dos neurônios serotonérgicos, que emitem projeções ao hipotálamo para estimular a secreção de
PRL por meio de receptores centrais 5-HT1A e/ou 5-HT2A/2C. Paralelamente, sabe-se que
neurônios dopaminérgicos secretam DOPA em vasos sanguíneos portais da hipófise, inibindo
tonicamente a secreção de PRL (VAN DE KAR; BROWNFIELD, 1993; VAN DE KAR et al.,
1996). Desta forma, a concentração periférica de PRL e sua resposta a diferentes formas de
estresse (exercício, desordens depressivas, alterações de humor, comportamento, etc.) têm sido
amplamente aceita como marcador confiável da atividade serotonérgica central (STRÜDER;
WEICKER, 2001a).
No que se refere ao estresse físico, a PRL aumenta em resposta a um exercício de moderado a
intenso, principalmente quando este é associado a um estresse térmico (≥ 30ºC) e/ou a um
aumento da temperatura interna (ARMADA-DA-SILVA et al., 2004; LOW et al., 2005;
PTISILADIS et al., 2002; WARREN; CONSTANTINI, 2000; WATSON et al., 2005). Estes
achados podem comprovar a possibilidade da atividade serotonérgica estar aumentada durante
exercícios em ambientes quentes.
Outra variável comumente analisada nos estudos da área é a PSE, que representa a sensação
consciente de fadiga ou a intensidade subjetiva do exercício. Apesar de não ser um consenso na
literatura (TUCKER et al., 2004), a elevação da temperatura interna (resultante de um exercício
no calor e/ou de uma técnica de aquecimento passivo) foi associada a um aumento da PSE
(GALLOWAY; MAUGHAN, 1997; NYBO; NIELSEN, 2001b; PTISILADIS et al., 2002;
SOARES, 1993; WATSON et al., 2005).
26
Por todas estas observações, a seguinte hipótese é levantada. O exercício no calor representa uma
situação onde parece ocorrer maior participação de processos centrais na determinação da fadiga
(CHEUNG; SLEIVERT, 2004; HASEGAWA et al., 2008; NYBO; NIELSEN, 2001a;
PITSILADIS et al., 2002). A Hipótese da Fadiga Central estabelece que a concentração/atividade
de 5-HT aumentada seria um dos responsáveis por determinar a fadiga, inclusive nestas
condições ambientais. A maior concentração de PRL observada em exercícios no calor poderia
revelar uma maior participação da 5-HT na termorregulação (PITSILADIS et al., 2002; VIGAS
et al., 2000). Por sua vez, como a 5-HT está associada à inibição do comando central para a
musculatura ativa, letargia, sonolência e fadiga (YOUNG, 1991), estabelece-se uma relação desta
com uma maior PSE observada nos estudos citados acima. Entretanto, em uma revisão da
literatura, Strüder e Weicker (2001b) demonstraram que os estudos têm verificado resultados
contrastantes no que se refere ao desempenho em exercício prolongado quando a atividade
serotonérgica central é alterada por meio de manipulações farmacológicas e nutricionais.
Estudos têm sido realizados em nosso laboratório (LASISE/EEFFTO), utilizando-se
manipulações farmacológicas em ratos (CORDEIRO, 2007; SOARES et al., 2003; 2004; 2007) e
manipulações nutricionais em humanos (PAULINELLI JR, 2007). O foco destes estudos vem
sendo a atividade serotonérgica central, considerando-a como um dos fatores (e não o único)
abordado no modelo dos limites integrados (RODRIGUES; SILAMI-GARCIA, 1998) e que
contribui para a complexidade inerente aos mecanismos que envolvem a fadiga. Além disso, vale
ressaltar que existem outros mecanismos de fadiga no calor discutidos na literatura também
considerados centrais, mas que não se baseiam na disponibilidade e atividade dos
neurotransmissores, como é o caso da temperatura interna crítica e suas implicações no
recrutamento muscular e na função cerebral como um todo (CHEUNG; SLEIVERT, 2004;
NYBO; NIELSEN, 2001b).
1.2) Hidratação com adição de nutrientes: efeitos sobre o desempenho
Os efeitos positivos da hidratação sobre o desempenho em exercícios prolongados,
principalmente os realizados em ambiente quente, são bem estabelecidos (ARMSTRONG et al.,
1997; GUIMARÃES; SILAMI-GARCIA, 1993). Entretanto, ainda não foi esclarecido se a
27
adição de nutrientes à água como estratégia de hidratação estaria associada a um possível efeito
ergogênico.
Em nosso laboratório, um dos objetivos da linha de pesquisa “Metabolismo, termorregulação e
fadiga durante o exercício físico” tem sido o de estudar o desempenho de atletas submetidos a
diferentes protocolos de exercício e os efeitos das estratégias de hidratação, inclusive as que
contêm carboidratos (CHO) em sua composição. Entretanto, nossos resultados parecem
contradizer parte da literatura internacional sobre o tema. Estas diferenças nos resultados podem
ser explicadas pelos procedimentos metodológicos utilizados por nós na tentativa de aproximar as
pesquisas em laboratório com a realidade das práticas esportivas.
Para tanto, nesta linha de pesquisa alguns aspectos, apresentados a seguir, são discutidos e se
mostram pertinentes a qualquer estudo que se ocupe com a relação entre desempenho e
hidratação com nutrientes.
a) Estado de jejum e reservas de glicogênio
Parece haver um consenso entre os pesquisadores sobre a importância do estado nutricional dos
indivíduos no desempenho, pois a maioria dos estudos da área tem como ponto em comum o
jejum como procedimento pré-exercício, mesmo quando a dieta dos dias anteriores ao
experimento é controlada (CARTER et al., 2003; COYLE et al., 1986; FEBBRAIO et al., 1996;
FRITZSCHE et al., 2000; GALLOWAY; MAUGHAN, 2000; OSTERBERG et al., 2008;
TSINTZAS et al., 1996). Por um lado, sabe-se que a utilização do jejum (frequentemente
noturno, com duração entre 10 h – 16 h) é uma forma de padronização do estado nutricional pré-
exercício. Entretanto, é bem estabelecida na literatura a importância de uma alimentação
adequada, principalmente no período da manhã, ao acordar, previamente a uma competição ou a
um treinamento (American College of Sports Medicine – ACSM; American Diet Associtation –
ADA, DIETITIANS OF CANADA, 2000). Além disso, já foi demonstrado que alimentar-se com
CHO antes de uma sessão de exercício aumenta o desempenho, quando comparado a uma
alimentação placebo (NEUFER et al., 1987; WRIGHT et al., 1991) e quando comparado ao
mesmo exercício realizado sob estado de jejum (SCHABORT et al., 1999).
28
Alguns estudos combinam a realização de um exercício para depleção do glicogênio muscular,
seguido ou não de uma dieta ou refeição com restrição de CHO. Em seguida a este protocolo, os
indivíduos apresentam-se em jejum para realizar o exercício, durante o qual ocorre ingestão de
CHO e/ou aminoácidos/proteína e placebo (BLOMSTRAND et al., 1997; CHEUVRONT et al.,
2004; COGGAN; COYLE, 1987; WATSON et al., 2004). Neste estado nutricional, sabe-se que
as reservas de glicogênio muscular e hepático podem estar comprometidas antes do início do
exercício. As adaptações metabólicas a este estado caracterizam-se, principalmente, pela
intensificação da gliconeogênese hepática e pelo aumento da lipólise a partir do tecido adiposo
para manutenção da glicemia normal, já que a glicose é fonte essencial de energia para o SNC
(LANDSBERG; YOUNG, 1978; WAGENMAKERS et al., 1991).
Portanto, um estado de glicogênio muscular depletado, seguido de uma dieta com baixa
disponibilidade de CHO e/ou ao jejum prévio ao exercício representam uma situação propícia a
mudanças no metabolismo de substratos (De BOCK et al. 2007; JOHNSON et al., 2006;
LEMON; MULLIN, 1980; WELTAN et al., 1998). Em alguns estudos, realizados nestas
condições, não foi demonstrado necessariamente um efeito positivo da suplementação com
nutrientes sobre o desempenho ou sobre o tempo de tolerância ao exercício (BALDWIN et al.,
2003; BLOMSTRAND et al., 1997; BURKE et al., 2000; CHEUVRONT et al., 2004; WATSON
et al., 2004). Questiona-se, assim, o estado nutricional prévio ao exercício e a interpretação dos
resultados dos estudos que o utilizaram como procedimento. Talvez seja exatamente nesta
situação (privação pelo jejum, sensação de fome, reservas endógenas de CHO limitadas, etc.) que
o indivíduo possa se beneficiar da suplementação fornecida durante o exercício (CHO,
aminoácidos/proteína), já que sua alimentação estaria prejudicada. Além disso, trata-se, com
freqüência, de um exercício prolongado, com intensidade moderada a alta, quando todos os
substratos (carboidratos, gorduras e aminoácidos) podem contribuir para o metabolismo
energético, mesmo em proporções diferentes (HARGREAVES, 1995).
Sugere-se, portanto, um controle mais preciso da alimentação ao invés do jejum como
procedimento prévio, como ocorre geralmente no período de horas que antecedem competições e
treinamentos. Deste modo, os indivíduos iniciam o exercício sem a sensação de fome e em
29
concordância com as recomendações aceitas para aperfeiçoar o desempenho em exercícios
prolongados (ACSM; ADA, DIETITIANS OF CANADA, 2000; Sociedade Brasileira de Medicina
do Esporte – SBME, 2003).
b) Controle do efeito placebo
Uma substância placebo pode ser definida da seguinte forma: Geralmente os placebos não são definidos pelo que eles são, mas pelo que eles não são. Apesar de serem frequentemente descritos como inócuos, os agentes placebo são claramente ativos, pois exercem influência e podem ser muito efetivos produzindo respostas benéficas. Os placebos são também descritos como não-específicos, talvez porque eles aliviam condições múltiplas e porque seus mecanismos de ação não são totalmente compreendidos. (...) De forma mais simplista, um placebo pode ser descrito como sendo uma cápsula ou injeção farmacologicamente inerte, mas nem mesmo esta definição espelha o amplo conjunto de procedimentos que podem ter um efeito placebo (BROWN, 1998).
O efeito placebo também deve ser considerado nos estudos que envolvem a suplementação
nutricional, principalmente no que se refere à suplementação com carboidratos, pois é difícil
mascarar o gosto doce, inerente aos CHO, na formulação de uma substância placebo.
Tradicionalmente os estudos têm utilizado soluções líquidas como método de fornecimento da
substância-teste (as chamadas bebidas esportivas) e substância-placebo (COOMBES;
HAMILTON, 2000; WILLIAMS, 1999), de forma que ambas são oferecidas como soluções
semelhantes quanto ao sabor, aparência e consistência. Entretanto, nem todos os estudos
esclarecem se os indivíduos perceberam diferenças entre o gosto de uma substância “ativa” (no
caso, CHO/aminoácidos/proteína) e o gosto de uma substância inócua (placebo).
Clark et al. (2000) mostraram um aumento do desempenho quando os indivíduos acreditavam
estar ingerindo CHO, mas, na realidade, estavam ingerindo placebo. Quarenta e três indivíduos
foram orientados a completar 40 km de ciclismo em um menor tempo possível, em duas situações
experimentais, sendo uma delas utilizada como base para o desempenho em 40 km. Na segunda
situação, os indivíduos ingeriram CHO, placebo ou água durante os 40 km. Em seguida, os
pesquisadores dividiram a amostra em três grupos: 1) grupo que ingeriu CHO; 2) grupo que
ingeriu placebo, ambos com o conhecimento do conteúdo da bebida; 3) grupo que não soube
corretamente o que estava sendo ingerido, se CHO ou placebo. Um dos resultados mais
30
interessantes foi que o terceiro grupo, quando ingeriu placebo, mas na realidade foi informado
que continha CHO na bebida, apresentou um desempenho maior do que o primeiro grupo.
Já o estudo de Carter et al. (2004b) teve como objetivo verificar se a ação dos quimiorreceptores
gustatórios que identificam o sabor doce, localizados na cavidade oral, influenciaria o
desempenho. Em uma situação, os indivíduos gargarejaram uma solução com maltodextrina
(CHO), enquanto que na outra, somente água (placebo) foi gargarejada durante o exercício. O
desempenho foi maior na situação CHO, o que demonstrou a participação dos receptores da boca,
que podem modular vias centrais associadas com a motivação. Entretanto, dos nove indivíduos da
amostra, quatro detectaram diferenças entre as duas soluções (sensação ou viscosidade diferente).
Destes quatro indivíduos, todos identificaram corretamente qual solução continha CHO e três
destes aumentaram o desempenho na situação CHO. Os próprios autores reconheceram a
possibilidade de ocorrência do efeito placebo no estudo, apesar deles afirmarem que a
maltodextrina, quando dissolvida em água, é isenta de cor e não possui sabor adocicado.
Portanto, a ocorrência do efeito placebo deve ser considerada nos estudos desta área como
complicador à interpretação dos resultados. A utilização de cápsulas gelatinosas e a infusão
intravenosa são métodos de administração das substâncias-teste já vistos na literatura (CARTER
et al., 2004a; COGGAN; COYLE, 1987; NASSIF et al., 2008; SILAMI-GARCIA et al., 2004;
TIMMONS et al., 2000), que podem representar uma alternativa às considerações sobre o efeito
placebo, visando garantir um controle mais eficiente da condição de duplo-velado.
1.2.1) Carboidratos
É quase um consenso na literatura que a ingestão de CHO durante o exercício prolongado
aumenta o desempenho e/ou retarda a fadiga, sendo recomendado nas diretrizes de órgãos
representativos das Ciências do Esporte (ACSM, 1996; National Athletic Trainer`s Association –
NATA, 2000; SBME, 2003). Entretanto, os mecanismos pelos quais o CHO atua não estão bem
esclarecidos e ainda persistem dúvidas sobre os efeitos ergogênicos dos CHO sob certas
condições.
31
Em geral, a ação ergogênica do CHO durante um exercício prolongado com intensidade
moderada a alta tem sido explicada pelos seguintes fatores: 1) manutenção da concentração
sanguínea de glicose em níveis normais durante o exercício (COGGAN; COYLE, 1987; COYLE
et al., 1983); 2) efeito de poupança do glicogênio muscular e hepático (BOSCH et al., 1994; DE
BOCK et al., 2007; IVY et al., 1983; TSINTZAS et al., 1996); 3) efeitos sobre o SNC (CARTER
et al., 2004b; DAVIS et al., 1992; NYBO, 2003). Os dois primeiros fatores, isolados ou
combinados, garantiriam a manutenção de taxas elevadas de oxidação de CHO, principalmente
em um momento tardio do exercício (COYLE et al., 1986; COGGAN; COYLE, 1989).
Há evidências favoráveis e contrárias (BURKE et al., 2000; CARTER et al., 2004a;
LANGENFELD et al., 1994) a cada um destes fatores, sendo importante identificar as condições
experimentais responsáveis por determinados resultados apresentados, principalmente no que diz
respeito ao estado prévio ao exercício (discutido no item anterior) e às condições ambientais nas
quais o exercício foi realizado.
Estudos demonstraram que ocorrem alterações na utilização de substratos durante o exercício no
calor, quando comparado às mesmas condições em ambiente neutro ou frio (FEBBRAIO et al.,
1994; FEBBRAIO, 2001; FINK et al., 1975; JENTJENS et al., 2002). Dentre as alterações já
observadas, é quase um consenso na literatura que há um aumento na degradação de glicogênio
muscular no calor (BURKE, 2001; FEBBRAIO, 2000; HARGREAVES, 2008), em resposta,
dentre outros fatores, ao aumento de adrenalina circulante e da temperatura muscular per si
(FEBBRAIO, 2001). Por outro lado, alguns estudos demonstraram que as reservas endógenas de
CHO não estão depletadas no momento da fadiga no calor, sugerindo que a fadiga está
relacionada a outros processos (hipertermia e suas implicações, inibição do comando central,
dentre outros), que não a disponibilidade de CHO (HASEGAWA et al., 2008; NIELSEN et al.,
1993; PARKIN et al., 1999). Desta forma, nestas condições, não se espera que a suplementação
exógena de CHO tenha qualquer efeito sobre o desempenho, considerando haver pouca ou
nenhuma participação dos mecanismos de fadiga relativos à disponibilidade de substratos.
Entretanto, existem relatos contraditórios sobre os efeitos da ingestão de CHO durante exercício
no calor. Já foi demonstrado um efeito ergogênico do CHO nestas condições (ABBISS et al.,
32
2008; CARTER et al., 2003; GALLOWAY; MAUGHAN, 2000; MILLARD-STAFFORD et al.,
1992), ao contrário de outros estudos, onde este efeito não foi observado (DAVIS et al., 1988;
FEBBRAIO et al., 1996; MILLARD-STAFFORD et al., 1990), inclusive nos estudos realizados
em nosso laboratório (LAFISE) desde 1999 (GOMES, 1999; ARAÚJO-FERREIA, 2004;
SILAMI-GARCIA et al., 2004; NASSIF et al., 2008).
Gomes (1999) verificou os efeitos da ingestão de CHO em cápsulas (+ água) e CHO na forma
líquida (em solução) sobre o tempo total de exercício a 50% da potência aeróbica máxima (Pmáx)
até a fadiga. No ambiente termoneutro (21 ºC; 50% URA), não foram verificados efeitos
ergogênicos da ingestão de CHO, enquanto que no ambiente quente e úmido (28ºC; 79% URA),
o tempo de exercício de ambas as situações CHO foi maior que na situação placebo.
Posteriormente, Araújo-Ferreira (2004), ao estudar os efeitos da ingestão CHO em cápsulas (+
água) durante o exercício de intensidade fixa (60% Pmáx. A 28ºC; 79% URA) até a fadiga,
observou que as respostas termorregulatórias não foram diferentes entre as situações CHO e
placebo. Já Silami-Garcia et al. (2004) compararam o desempenho em um teste anaeróbico de
Wingate (30 s), realizado após 90 min de exercício prolongado (60% Pmáx. a 28ºC; 79% URA),
durante o qual houve ingestão de CHO ou placebo em cápsulas (+ água). Neste estudo, não foram
observadas diferenças em nenhuma das variáveis de desempenho entre a situação com ingestão
de CHO em cápsulas e a situação placebo em cápsulas. No estudo de Nassif et al. (2008), os
indivíduos pedalaram até a fadiga (60% Pmáx. a 28ºC; 79% URA), enquanto ingeriam: 1) CHO em
cápsulas + água, em duplo-velado; ou 2) placebo em cápsulas + água, em duplo-velado; ou 3)
CHO em cápsulas + água novamente, porém os indivíduos e os pesquisadores tinham o
conhecimento que as cápsulas continham CHO. O tempo de exercício foi maior nesta última
situação descrita, quando comparado somente à situação placebo do duplo-velado. Os autores
concluíram que este resultado foi devido simplesmente ao efeito de sugestão, provocado pelo fato
dos indivíduos saberem o conteúdo das cápsulas, já que o efeito fisiológico do CHO não foi
comprovado quando se comparou as duas situações do duplo-velado entre si.
Talvez o protocolo experimental dos estudos realizados em nosso laboratório – que não utiliza o
jejum como estado nutricional prévio ao exercício e que fornece o CHO ou a substância placebo
em cápsulas gelatinosas – seja responsável pelos resultados que contradizem parte da literatura
33
internacional sobre o tema. Por outro lado, em nossos estudos anteriores ainda não havíamos
considerado a possibilidade de ação do CHO no SNC, o que se torna importante visto que foram
estudos realizados no calor, quando parece ocorrer maior participação de processos centrais na
determinação da fadiga (CHEUNG; SLEIVERT, 2004; HASEGAWA et al., 2008; NYBO;
NIELSEN, 2001a; PITSILADIS et al., 2002).
A ação ergogênica central do CHO tem sido explicada na literatura por meio de três aspectos: 1)
manutenção/aumento da concentração de glicose sanguínea, evitando assim a hipoglicemia e suas
implicações sobre o correto funcionamento do SNC durante o exercício (CARTER et al., 2003;
NYBO, 2003; NYBO et al., 2003a); 2) estratégia nutricional como meio de retardar/limitar a
síntese de 5-HT (DAVIS et al., 2000; MEEUSEN et al., 2006); 3) estímulo dos receptores de
sabor localizados na cavidade orofaríngea, que enviariam informações sensoriais ao SNC,
modulando processos centrais associados com a motivação (CARTER et al., 2004b; SWITHERS;
DAVIDSON, 2008). No presente estudo, o foco se deu sobre o segundo aspecto, sem deixar de
considerar os demais.
Na tentativa de alterar a disponibilidade central de TRP, como preconiza a Hipótese da Fadiga
Central, as estratégias nutricionais que têm sido utilizadas são as manipulações crônicas de
macronutrientes na dieta (FADDA, 2000; HUFFMAN, 2004; PTSILADIS et al., 2002; ST
CLAIR GIBSON et al., 2001) e o tipo de suplementação aguda durante o exercício. No que se
refere ao segundo caso, geralmente são fornecidos carboidratos, aminoácidos/proteínas ou uma
combinação de ambos (DAVIS et al., 2000; MEEUSEN et al., 2006).
A FIG. 3 ilustra a representação dos benefícios postulados da ingestão de CHO sobre a Hipótese
da Fadiga Central. A concentração aumentada de glicose circulante gera um estímulo humoral
para a secreção transitória de insulina, inibindo a lipólise a partir do tecido adiposo. Com isso,
menos AGL competem com o TRP pela albumina, pois ambos circulam na corrente sanguínea
combinados a esta proteína de transporte. Assim, a concentração de TRP-livre diminui, e, em
conseqüência, ocorre diminuição da razão TRP-livre/AACR. O resultado seria um aumento do
desempenho e/ou do tempo de tolerância ao exercício, já que uma quantidade menor de TRP
atravessa a BHE, diminuindo assim a síntese de 5-HT.
34
FIGURA 3 – Efeitos propostos da ingestão de CHO na fadiga central durante o exercício prolongado
BCAA = aminoácidos de cadeia ramificada FFA = ácidos graxos livres f-TRP = triptofano livre
Fonte: Adaptado de DAVIS et al., 2000, p. 576S.
No estudo de Davis et al. (1992), os indivíduos pedalaram a 68% VO2máx até a fadiga enquanto
ingeriam uma bebida placebo ou duas bebidas carboidratadas, a 6% ou a 12%. Os autores
concluíram que o TRP-livre e a razão TRP-livre/AACR aumentam durante o exercício
prolongado até a fadiga, mas que esta resposta é amenizada de maneira dose-resposta pela
ingestão de CHO. Estes resultados confirmaram a eficácia da ingestão de CHO durante o
exercício por meio do mecanismo ilustrado na FIG. 3. Entretanto, não foram citadas as condições
ambientais nas quais o exercício foi realizado, a PSE não foi avaliada e o jejum (10 h) foi
utilizado como procedimento prévio ao exercício.
Já o estudo de Madsen et al. (1996) não identificou diferenças no tempo para completar 100 km
de ciclismo (intensidade auto-selecionada), quando os indivíduos ingeriam CHO (5%), AACR (18
g) + CHO ou somente placebo. Os indivíduos não se encontravam em jejum noturno, tendo se
alimentado 4 h antes de chegar ao laboratório. A concentração de TRP-total aumentou em
aproximadamente 50% durante a situação placebo, resposta que foi atenuada pela ingestão de
AACR + CHO. Ao final do exercício, a razão TRP-total/AACR foi maior nas situações CHO e
placebo, quando comparadas à situação AACR+CHO, mas isto não refletiu em diferenças no
Exercício
35
desempenho ou em indicativos de que a fadiga central foi alterada. Novamente, os autores não
relataram as condições ambientais do estudo e a PSE não foi avaliada.
Blomstrand et al. (2005) avaliaram os efeitos da ingestão de CHO (6%) sobre o balanço cerebral
de aminoácidos durante o ciclismo com intensidade fixa (60% VO2máx durante 3 h). A
concentração de TRP-livre aumentou em 66% durante a situação placebo, resposta que foi
atenuada ao final do exercício pela ingestão de CHO. A diferença na concentração de TRP entre
o sangue arterial e venoso aumentou aos 30 min de exercício nas duas situações, mas somente em
placebo isto ocorreu até o final do exercício, indicando que o cérebro captou 22 mg deste
aminoácido nesta situação, o que não foi observado em CHO. Este resultado sugere que durante a
situação placebo pode ter ocorrido aumento na síntese cerebral de 5-HT, o que foi amenizado
pela ingestão de CHO, sem, no entanto, afetar a entrada de AACR no cérebro. Neste estudo, o
jejum (12 h) foi utilizado como procedimento prévio ao exercício, mas o desempenho e a PSE
não foram avaliados e as condições ambientais não foram citadas.
Como relatado por Meeusen et al. (2006), até recentemente, poucos trabalhos objetivaram estudar
diretamente a relação entre neurotransmissão central (e suas estratégias nutricionais postuladas),
termorregulação e desempenho/capacidade de exercício em ambientes quentes. Abbiss et al.
(2008) verificaram os efeitos da ingestão de CHO e do ambiente quente sobre o desempenho em
16,1 km de ciclismo (intensidade auto-selecionada), realizado após 90 min de exercício a 62 %
VO2máx. Quatro situações experimentais foram realizadas, todas com os indivíduos previamente
alimentados: ingestão de CHO em gel (25%) ou placebo em gel durante os 90 min de exercício,
em ambiente temperado (18,1 ºC; 58% URA) e em ambiente quente (32,2 ºC; 55% URA). O
tempo foi menor e a potência média foi maior nos 16,1 km em ambas as situações com CHO,
quando comparadas às respectivas situações placebo. O ambiente quente diminuiu o desempenho,
independente do que foi ingerido durante o exercício. No entanto, a ingestão de CHO não alterou
a DOPA, a 5-HT e a prolactina circulantes e nem a PSE ao final dos 16,1 km, apesar do exercício
em ambiente quente ter provocado um aumento na prolactina e na DOPA, resultado que
corrobora a hipótese de um componente central quando um exercício é realizado no calor. Os
autores relataram que a implicação prática dos resultados considerados em conjunto é que o
aumento do estresse térmico assim como o consumo de CHO durante o exercício podem
36
interferir na habilidade dos atletas em julgar as estratégias de ritmo apropriadas durante
competições. Esta conclusão tornou confusa a interpretação deste estudo em termos de eficácia
ou não do CHO como recurso ergogênico. Além disso, deve-se ter cuidado em relação aos
resultados que se baseiam em dosagens periféricas de variáveis reconhecidamente importantes no
SNC, como a DOPA e a 5-HT, pois não há como relacionar as concentrações periféricas com as
concentrações/atividades centrais destes neurotransmissores.
Portanto, persistem dúvidas sobre os efeitos ergogênicos do CHO, e, em caso afirmativo, quais
mecanismos fisiológicos estariam envolvidos. Os protocolos experimentais dos estudos são
diversos, com resultados contrastantes, de maneira que ainda não se estabeleceu um consenso na
literatura. Além disso, questionamentos têm sido levantados por alguns pesquisadores (NOAKES,
2007; NOAKES; SPEEDY, 2007), principalmente sobre a eficácia das bebidas carboidratadas
vendidas comercialmente.
1.2.2) Aminoácidos e proteínas
Os estudos realizados na tentativa de verificar os efeitos ergogênicos da ingestão de aminoácidos
e proteínas durante o exercício têm obtido resultados controversos (BLOMSTRAND et al.,
1991a; 1991b; 1995; 1997; HASSMÉN et al., 1994; IVY et al., 2003; LEVENHAGEN et al.,
2001; MADSEN et al., 1996; OSTERBERG et al., 2008; VAN HALL et al., 1995).
Parte das controvérsias entre os resultados dos estudos é justificada na medida em que persistem
dúvidas sobre a própria resposta do metabolismo de aminoácidos ao exercício (HARGREAVES;
SNOW, 2001), o que torna a suplementação ainda mais incerta. Por exemplo, ainda não se sabe
qual é a contribuição exata dos aminoácidos como substrato energético, sendo encontrados
valores entre cinco e 15 % da demanda energética, dependendo do estado nutricional do
indivíduo e da duração do exercício (GRAHAM et al., 1995; LEMON; MULLIN, 1980). Além
disso, praticamente não há reservas endógenas de aminoácidos no organismo humano, já que uma
pequena quantidade é encontrada sob a forma livre (200 – 220 g) e o restante sob a forma de
proteína (12 kg, para um indivíduo de 70 kg). Ambas as formas são produto da dinâmica de
37
síntese/degradação protéicas que ocorre entre o sangue, os tecidos corporais e o fígado, órgão
essencial no metabolismo de aminoácidos (WAGENMAKERS, 1998; WILLIAMS, 1999).
Evidências experimentais sugerem que durante o exercício ocorrem alterações rápidas no
conteúdo de aminoácidos da musculatura, sendo que estas alterações são importantes para o
estabelecimento e manutenção de altas concentrações de intermediários do ciclo do ácido cítrico.
Por sua vez, concentrações aumentadas destes intermediários na célula muscular permitem um
fluxo aumentado através do ciclo do ácido cítrico, gerando taxas de oxidação elevadas durante o
exercício prolongado (WAGENMAKERS, 1998). De acordo com Bowtell et al. (2007), a
regulação deste ciclo é complexa devido ao constante influxo e efluxo de intermediários e devido
às muitas enzimas envolvidas. Desta forma, o metabolismo muscular de aminoácidos representa
um papel central no metabolismo energético durante o exercício, não como uma fonte direta de
energia, competindo com ácidos graxos, glicose sanguínea e glicogênio muscular, mas como um
precursor para a síntese de intermediários do ciclo do ácido cítrico (WAGENMAKERS, 1998).
Em geral, os aminoácidos utilizados para a suplementação exógena durante o exercício são os
AACR (leucina, valina e isoleucina), pois além de serem essenciais, correspondem a três dos seis
aminoácidos capazes de serem oxidados pela musculatura ativa. Os outros três aminoácidos são o
glutamato, o aspartato e a asparagina (BLOMSTRAND, 2001; WAGENMAKERS, 1998; VAN
HALL et al., 1996). Também foram realizados estudos com suplementação exógena de tirosina
(CHINEVERE et al., 2002; STRÜDER et al., 1998), dentre outros aminoácidos essenciais e não
essenciais (MAUGHAN; BURKE, 2004; WILLIAMS, 1999), cada um destes com possível ação
ergogênica. A exceção seria a ingestão/infusão de TRP, que teria um efeito ergolítico
(CUNLIFFE et al., 1998; FARRIS et al., 1998; SOARES et al., 2003) de acordo com a Hipótese
da Fadiga Central.
A FIG. 4 ilustra os eventos representativos dos benefícios postulados da ingestão de AACR,
frequentemente ingeridos com CHO, sobre a Hipótese da Fadiga Central. A concentração
aumentada de AACR (e de glicose, no caso de ser ingerido CHO na mesma solução) circulantes
gera um estímulo para secreção transitória de insulina, o que faz inibir a lipólise a partir do tecido
adiposo. Com isso, menos AGL competem com o TRP pela albumina, diminuindo, assim, a
38
concentração de TRP-livre e, em conseqüência a razão TRP-livre/AACR. Paralelamente, a
ingestão de AACR aumenta a disponibilidade circulante destes aminoácidos, o que, por si só,
também diminui a razão TRP-livre/AACR. Como os AACR e o TRP, além de outros AA de
cadeia longa, utilizam o mesmo sistema L-transportador para a entrada através da BHE, a
diminuição da razão TRP-livre/AACR, por sua vez, diminui o conteúdo de TRP-livre disponível
para a síntese de 5-HT. O resultado seria um aumento do desempenho ou do tempo de tolerância
ao exercício, já que a síntese de 5-HT se torna limitada.
FIGURA 4 – Efeitos propostos da ingestão de AACR (+ CHO) na fadiga central durante o exercício prolongado
BCAA = aminoácidos de cadeia ramificada FFA = ácidos graxos livres f-TRP = triptofano livre Fonte: Adaptado de DAVIS et al., 2000, p. 576S.
Van Hall et al. (1995) investigaram se a ingestão de AACR ou TRP durante o exercício (70-75%
Pmáx) influenciaria o tempo até a fadiga. Os indivíduos ingeriram CHO (6%); CHO + TRP (3g/L);
CHO+AACR a 6g/L e a 18g/L. Os autores não observaram efeitos ergogênicos das
suplementações, apesar da disponibilidade maior de TRP-livre e de AACR, respectivamente, ao
longo das situações onde estes aminoácidos foram ingeridos. Os autores sugeriram que o
aumento do influxo de TRP através da BHE não aumenta a concentração cerebral de 5-HT em
humanos. Neste estudo, os indivíduos iniciaram o exercício após 1 h 30 min da última refeição.
(CHO + AACR) Exercício
39
Na mesma direção, Madsen et al. (1996) também não observaram os possíveis efeitos
ergogênicos da suplementação com AACR, quando atletas percorreram 100 km de ciclismo
(intensidade auto-selecionada) em três situações: CHO (5%); CHO com adição de AACR (18g);
placebo. Apesar da razão TRP-total/AACR ter diminuído ao final do exercício na situação AACR
+ CHO, o tempo para percorrer os 100 km bem como a potência produzida ao longo do exercício
não foram afetados pela suplementação. Portanto, estes resultados não confirmaram a hipótese de
que manter ou diminuir a razão TRP/AACR pode retardar a fadiga central e aumentar o
desempenho durante exercício prolongado. Gostaríamos de salientar que o jejum também não foi
utilizado como procedimento metodológico (alimentação 4 h antes do exercício).
Por sua vez, Blomstrand e colaboradores encontraram resultados controversos. Os estudos
realizados em campo demonstraram um efeito ergogênico dos AACR, combinados ao CHO,
quando avaliados os desempenhos físico (BLOMSTRAND et al. 1991a; 1991b) e mental
(BLOMSTRAND et al. 1991a; 1991b; HASSMÉN et al., 1994). Várias limitações, inerentes às
pesquisas em campo, foram observadas nestes estudos, o que pode prejudicar a interpretação dos
resultados (DAVIS et al., 2000). Por outro lado, os estudos realizados em laboratório
(BLOMSTRAND et al., 1995; 1997) não confirmaram os resultados dos estudos em campo.
Blomstrand et al. (1995) não observaram diferenças no desempenho (maior quantidade de
trabalho realizado durante 20 min) entre as situações AACR (7g/L) + CHO (6%) e CHO.
Entretanto, os desempenhos destas duas situações aumentaram em relação à situação com
ingestão de água (placebo). Os indivíduos iniciaram o exercício após jejum noturno (13 h) e com
as reservas de glicogênio muscular parcialmente depletadas na noite anterior aos experimentos.
Já no estudo de 1997, os mesmos autores não identificaram diferenças no desempenho entre as
situações AACR e placebo (BLOMSTRAND et al., 1997). Entretanto, a PSE e a fadiga mental
foram menores na situação AACR, quando comparados à situação placebo. O protocolo de
exercício, assim como as condições prévias ao exercício foram as mesmas do estudo anterior.
Apesar das diferenças metodológicas, a maioria dos estudos realizados no calor (≥ 30 ºC) não
demonstrou efeito ergogênico da ingestão de AACR durante o exercício (CHEUVRONT et al.,
40
2004; PAULINELLI JR, 2007; WATSON et al., 2004). A exceção é o estudo de Mittleman et al.
(1998). Neste estudo, os autores observaram aumento do tempo de tolerância ao exercício (40 %
VO2pico) quando os indivíduos (previamente alimentados) ingeriram AACR (5,88 g/L), em
comparação à ingestão de placebo (polidextrose). Estes resultados não foram confirmados pelos
estudos de Cheuvront et al. (2004) e Watson et al. (2004).
Cheuvront et al. (2004) avaliaram o desempenho (potência média produzida em 30 min de
exercício) no calor (40ºC), quando os indivíduos ingeriram AACR (10 g/L) + CHO (6%) ou
somente CHO, após serem submetidos aos procedimentos de hipoidratação, depleção de
glicogênio muscular e jejum noturno. Não foram observadas diferenças no desempenho, na
concentração plasmática de PRL e na PSE entre as situações experimentais. Quanto ao
desempenho, o mesmo foi observado por Watson et al. (2004), ao avaliar o tempo de tolerância
ao exercício no calor (50% VO2pico; 30ºC) em indivíduos com glicogênio muscular depletado e
em jejum noturno, submetidos a duas situações: ingestão de AACR (12 g/L) ou placebo.
Em um estudo realizado em nosso laboratório, Paulinelli-JR (2007) avaliou o tempo de tolerância
ao exercício (40% Pmáx) em três situações experimentais: ingestão de AACR (~ 6g/L) e placebo,
ambos no calor (35 ºC); e placebo, em ambiente temperado (23ºC). Não houve diferença no
tempo de exercício quando se comparou AACR e placebo no calor, mas o tempo foi maior na
situação placebo em ambiente temperado em relação às demais. No momento da fadiga, a PRL
foi maior no calor em relação aos valores apresentados no ambiente temperado, enquanto que a
PSE não foi alterada pelas suplementações ou pelo ambiente. Portanto, também nas condições
deste estudo, a ingestão de AACR não aumentou o desempenho.
a) Proteínas do soro de leite
Soro de leite é o líquido remanescente após a precipitação e remoção da caseína, principal
proteína do leite (SGARBIERI, 2004; SISO, 1996). Dentre as muitas finalidades, o soro de leite
pode ser utilizado na formulação de hidrolisados protéicos com baixa concentração de gordura e
lactose para alimentação de atletas (MARSHALL, 2004).
41
O soro contém aproximadamente 20 % das proteínas originais do leite. Devido ao seu conteúdo
em aminoácidos essenciais, principalmente AACR, as proteínas do soro possuem um alto valor
biológico quando comparadas às outras proteínas. Os AACR estão envolvidos no fornecimento
de energia, síntese protéica muscular e na Hipótese da Fadiga Central durante o exercício
(BLOMSTRAND, 2001; HA; ZEMEL, 2003; WALZEN et al., 2002).
As proteínas do soro podem ser processadas para criar, dentre outros ingredientes com
características funcionais, o isolado de proteínas do soro, uma das substâncias utilizadas no
presente estudo e que possui de 90 a 95 % de proteínas (HUFFMAN; HARPER, 1999;
MARSHALL, 2004).
A utilização da proteína do soro do leite como suplementação aguda e sua relação com o
desempenho em exercício prolongado tem sido objeto de estudos recentes. Ivy et al. (2003)
compararam o tempo de tolerância ao exercício intenso (85% VO2máx.), realizado após exercício
contínuo com intensidade variada, em ambiente termoneutro (19-21 ºC). Em jejum (12 h), os
indivíduos ingeriram placebo, CHO (7,75 %) e CHO + proteína (concentrado do soro do leite a
1,94%). A ingestão de CHO aumentou o desempenho, mas o desempenho na situação
CHO+proteína foi ainda maior que o de CHO e de placebo. Entretanto, a ingestão de proteína não
alterou as respostas da insulina, dos AGL e da PSE ao exercício. De acordo com os autores, o
maior desempenho observado na situação CHO + proteína pode ter ocorrido pelo efeito de
poupança/utilização mais eficiente do glicogênio muscular ou pela manutenção dos níveis
plasmáticos de aminoácidos, já que estes estão relacionados à fadiga central.
O estudo de Saunders et al. (2004) corrobora os resultados anteriores, pois os autores também
verificaram aumento do desempenho quando os indivíduos ingeriram CHO + proteína (1,8 %
concentrado do soro do leite), quando comparado à ingestão de CHO (7,3%). Os indivíduos
realizaram dois períodos de exercício, com intensidades diferentes (75% a 85% VO2pico),
separados por 12 a 15 h de descanso. O aumento do desempenho em CHO + proteína foi
explicado pelo maior conteúdo calórico da bebida nesta situação, em relação ao conteúdo
calórico de CHO.
42
Por outro lado, Van Essen e Gibala (2006) e Osterberg et al. (2008) não confirmaram o efeito
ergogênico da suplementação de proteína (1,6 – 2% de concentrado do soro do leite), adicionada
ao CHO (6%). No primeiro estudo, os autores não observaram diferenças no desempenho (80 km
de ciclismo, com intensidade auto-selecionada) de indivíduos previamente alimentados,
submetidos às situações CHO + proteína ou somente CHO. Entretanto, o desempenho em ambas
as situações foi maior do que o desempenho da situação placebo. No segundo estudo, o tempo
necessário para completar uma quantidade de trabalho pré-estabelecida não foi alterado pela
adição da proteína ao CHO, sendo o desempenho maior apresentado na situação com ingestão de
somente CHO, quando comparado à situação placebo. Neste estudo, os indivíduos se
apresentavam em jejum noturno.
Por todas as questões aqui levantadas, observa-se que a eficácia das manipulações nutricionais
agudas envolvendo aminoácidos e proteínas durante o exercício prolongado ainda são
questionáveis, diferentemente do que se lê nos rótulos e nas propagandas de bebidas vendidas
comercialmente. O efeito destas manipulações sobre o desempenho físico no calor é ainda mais
carente de estudos, apesar de constituir uma condição ambiental comum, habitualmente
vivenciada pelos atletas residentes em países de clima predominantemente tropical. Justifica-se,
portanto, a realização de estudos na tentativa de elucidar se, de fato, estas manipulações
nutricionais agudas exercem efeitos ergogênicos e quais os mecanismos envolvidos nesta
resposta.
43
2) OBJETIVOS
2.1) Objetivo geral
Verificar se a ingestão de carboidratos e proteína em cápsulas durante o exercício no calor
(31ºC e 50% URA) melhoraria o desempenho físico de atletas no estado alimentado.
2.2) Objetivo específico
Investigar se a ingestão de carboidratos e proteína em cápsulas durante o exercício no calor
(31ºC e 50% URA) alteraria o desempenho físico por meio da resposta dos marcadores
periféricos da atividade serotonérgica central.
44
3) HIPÓTESES
H0: a ingestão de carboidratos e proteína em cápsulas durante o exercício no calor (31ºC e
50% URA) não altera o desempenho físico de atletas no estado alimentado.
H1: a ingestão de carboidratos e proteína em cápsulas durante o exercício no calor (31ºC e
50% URA) altera o desempenho físico de atletas no estado alimentado.
45
4) MATERIAL E MÉTODOS
4.1) Cuidados éticos
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Minas
Gerais (parecer Etic: 416/05 – ANEXO 1) e pelo Colegiado de Pós-Graduação em Ciências
do Esporte da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Universidade
Federal de Minas Gerais (EEFFTO/UFMG). Em todos os procedimentos adotados, respeitou-
se a Resolução 196/1996 do Conselho Nacional de Saúde (Ministério da Saúde), sobre
diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos.
O presente estudo foi, também, submetido à Comissão Nacional de Ética em Pesquisa
(CONEP) do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde (parecer n° 314/2006), pois
foi classificado como “Pesquisa conduzida com Cooperação Estrangeira”. Na época, esta
classificação se deu pela realização deste estudo paralelamente a um projeto de pesquisa,
nível doutorado, vinculado a uma instituição estrangeira (Charles Sturt University, School of
Human Movement Studies, Bathurst, Austrália). Não houve nenhuma diligência para emissão
do parecer final da CONEP (ANEXO 2), pois foi esclarecido que seriam realizados dois
estudos com procedimentos totalmente diferentes um do outro.
Os indivíduos selecionados para participar voluntariamente da pesquisa assinaram um Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO 3), após explicação detalhada dos objetivos,
métodos, benefícios previstos e potenciais riscos e incômodos que a pesquisa poderia
acarretar. Os voluntários estavam cientes que poderiam deixar de participar da pesquisa a
qualquer momento, sem a necessidade de se justificarem. Cuidados com a integridade física e
privacidade dos voluntários foram tomados, estando a saúde e o bem estar dos mesmos em
primeiro lugar, acima de qualquer outro interesse.
4.2) Recrutamento e seleção da amostra
Atletas de ciclismo, mountain bike e triathlon de Belo Horizonte (MG) e região metropolitana
foram convidados a participar voluntariamente do estudo. Durante esta fase, as pesquisadoras
apresentaram aos pretensos voluntários um panorama da pesquisa, incluindo-se os objetivos e
46
os procedimentos gerais, além do perfil dos atletas que deveriam ser recrutados, sendo então
realizado o cadastramento dos interessados.
Posteriormente, as pesquisadoras organizaram cinco reuniões para atender a todos os atletas
interessados e esclarecer dúvidas sobre os procedimentos. Após as reuniões, os atletas
decidiam pela participação ou não no estudo como voluntários.
Os seguintes critérios de inclusão, com as respectivas justificativas, foram respeitados:
• ser do sexo masculino, com idade entre 18 e 30 anos;
• apresentar consumo pico de oxigênio acima de 50 mL•kg-1• min-1;
• ser atleta de mountain bike, ciclismo ou triathlon;
• ser considerado saudável, de acordo com um questionário clínico padrão (ANEXO 4);
• ser residente no município de Belo Horizonte e ter disponibilidade de tempo para
comparecer ao laboratório durante cinco semanas, sempre no mesmo dia da semana;
A amostra foi constituída apenas por pessoas do sexo masculino em função do maior número
de praticantes das modalidades esportivas em questão serem homens, quando comparado ao
número de mulheres.
Em relação à idade, a amostra deveria apresentar de 18 a 30 anos, pois nesta faixa etária o
indivíduo é adulto, considerando os processos de maturação biológica, que permanecem
estáveis até os 30 anos (McARDLE et al., 2003).
Os voluntários deveriam apresentar consumo pico de oxigênio acima de 50 mL•kg-1•min-1,
pois este valor caracterizava a capacidade aeróbica e, consequentemente, o estado de
treinamento dos atletas interessados.
A opção por selecionar somente atletas, sem a inclusão de pessoas fisicamente ativas ou
sedentárias, ocorreu pelas seguintes razões:
- é consenso na literatura que a eficácia da ingestão de carboidratos como recurso ergogênico
é geralmente observada durante exercícios prolongados, com duração maior que 1 h
(COOMBES; HAMILTON, 2000; MARQUEZI; LANCHA JÚNIOR, 1998). Para tanto,
47
atletas são habituados a realizar este tipo de exercício, com intensidade de moderada a alta,
por apresentarem adaptações específicas ao treinamento (McARDLE et al., 2003);
- em nosso laboratório, pela experiência com a linha de pesquisa “Metabolismo,
termorregulação e fadiga durante o exercício físico”, observou-se intolerância dos indivíduos
não-atletas à ingestão de cápsulas gelatinosas, método utilizado no presente estudo;
- os atletas de mountain bike, ciclismo e triathlon foram especificamente selecionados devido
à viabilidade em avaliar de forma semelhante em condições laboratoriais o desempenho
geralmente requisitado durante os treinamentos e as competições destas modalidades.
A verificação do estado de saúde dos voluntários foi feita pelo médico cardiologista integrante
da equipe, com base na análise das respostas dos voluntários a um questionário clínico padrão
(adaptado para procedimentos específicos do estudo – ANEXO 4). Na primeira visita ao
laboratório, os voluntários respondiam por escrito a este questionário, quando era verificada a
necessidade de um exame clínico adicional. Todos os voluntários selecionados foram
considerados saudáveis e não apresentaram restrições à participação no presente estudo.
Os voluntários deveriam residir em Belo Horizonte por dois motivos: 1) facilitar o controle e
a verificação das instruções prévias a todas as colheitas de dados; 2) viabilizar o transporte
dos voluntários até o laboratório, pois a maioria deles não possuía condução própria.
4.3) Avaliações prévias às situações experimentais
No primeiro dia que compareceram ao laboratório, além do preenchimento do questionário
médico, os voluntários foram submetidos a uma avaliação física e a uma anamnese
nutricional para caracterização da amostra e prescrição da dieta a ser seguida pelos
voluntários nos dois dias anteriores às situações experimentais.
4.3.1) Avaliação física
A massa corporal (MC) foi medida utilizando-se uma balança digital (Filizola® - MF 100,
Brasil) com precisão de 0,02 kg. A estatura (EST) foi medida por meio de um estadiômetro
com precisão de 0,5 cm acoplado a uma balança mecânica (Filizola®, Brasil).
48
Para o cálculo do percentual de gordura (%G), utilizou-se o método de dobras cutâneas
(subescapular, tríceps e abdominal) marcadas do lado direito do corpo dos voluntários, de
acordo com a localização padrão, descrita por Heyward e Stolarczyk (2000). Posteriormente,
as dobras cutâneas foram medidas utilizando-se um plicômetro (Lange®, EUA), graduado em
milímetros, sendo registrado o valor médio de três leituras realizadas em cada dobra.
A equação de Katch e McArdle (1973) foi utilizada para o cálculo da densidade corporal dos
indivíduos e, posteriormente, a equação de Brozek et al. (1963) apud Katch e McArdle (1973)
para estimativa do %G.
Equação de densidade corporal (DC) de Katch e McArdle (1973):
Sendo: TRI = dobra cutânea tríceps, em mm; SUB = dobra cutânea subescapular, em mm; AB = dobra cutânea abdominal, em mm.
Equação de %G de Brozek et al. (1963) apud Katch e McArdle (1973):
O consumo pico de oxigênio (VO2pico) e a potência pico (PP) foram medidos em um exercício
progressivo até a fadiga, sendo as condições ambientais consideradas termoneutras (média ±
EPM: temperatura seca 22 ± 0,5 ºC e 68 ± 2% URA) (CLARK; EDHOLM, 1985).
Inicialmente, a bicicleta do voluntário foi montada sobre um sistema de frenagem
eletromagnética (T1684 Flow Trainer, Tacx®, Holanda), enquanto o voluntário era pesado e
questionado se havia cumprido as instruções pré-teste (ANEXO 5). A fita transmissora do
cardiofrequêncímetro (M61, Polar Electro®, Finlândia) era colocada sobre o tórax do
voluntário para medição contínua da freqüência cardíaca, enquanto o voluntário posicionava-
se sobre a sua bicicleta para calibração do aparelho.
O exercício progressivo até a fadiga foi reproduzido a partir de estudos anteriores que
utilizaram sistema de frenagem eletromagnética semelhante (KAY et al., 2001; MARINO et
al., 2003; 2004a). O exercício iniciava-se com uma potência de 100 W com acréscimos de 10
W a cada 30 s até o momento que voluntário não fosse mais capaz de manter a potência
DC= 1,103 – (0,00103 • TRI) – (0,00056 • SUB) – ( 0,00054 • AB)
%G = (4,570/DC – 4,142) • 100
49
requisitada. A potência final era somente estabelecida como potência pico se o voluntário
completasse o estágio de 30 s. Caso contrário, considerava-se a potência do estágio anterior.
Os seguintes critérios foram considerados para interrupção do teste (ACSM, 2000): nota 20 na
escala de percepção subjetiva do esforço (PSE), proposta por Borg (1982); o voluntário
solicitar a interrupção do teste; observação de sintomas que indiquem perfusão precária, como
tontura, confusão, ataxia, palidez, cianose, náuseas e pele fria e úmida; falha de qualquer
equipamento utilizado para a realização do experimento.
Os voluntários deveriam permanecer assentados na bicicleta. A cadência foi livre e a troca de
marchas da bicicleta foi autorizada, desde que o voluntário mantivesse a potência pré-
estabelecida. Além disso, uma das pesquisadoras envolvidas foi a responsável por dar
incentivo verbal a todos os voluntários durante o teste.
A freqüência cardíaca (FC) foi registrada ao final de cada estágio de trinta segundos e a PSE
avaliada ao final de cada dois estágios. O valor da FC máxima (FCmáx.) adotado no presente
estudo correspondeu ao maior valor de FC registrado durante o exercício progressivo até a
fadiga (ACSM, 2000).
Um espirômetro (BIOPAC® Systems Inc., EUA), previamente calibrado, foi utilizado para a
medida indireta do VO2pico durante o teste. Os pesquisadores esclareciam aos voluntários
como respirar por meio deste equipamento e quais os possíveis desconfortos provocados.
A amostra foi constituída por dez voluntários do sexo masculino, sendo nove atletas de
mountain bike e um triatleta, com as seguintes características (TAB. 1).
TABELA 1 Caracterização da amostra
Idade (anos)
MC (kg)
EST (m) % G PP
(W) FCmáx. (bpm)
VO2pico
(mLO2•kg-1• min-1)
26 ± 1
64,45 ± 2,42
1,7 ± 0,3
5,38 ± 0,52
323 ± 13
190 ± 2
70,71 ± 2,80
(11,6)
(11,9)
(5,25)
(30,3)
(12,6)
(3,6)
(12,5) Valores são média ± EPM. Valores entre parênteses representam o coeficiente de variação, em %.
50
4.3.2) Avaliação nutricional
A equipe de nutricionistas responsável pelo estudo realizou inicialmente uma anamnese por
meio de questionário para avaliação do consumo alimentar e das atividades físicas realizadas
pelo voluntário. Com base nestas informações, calculou-se a quantidade de carboidratos,
gorduras e proteínas a serem ingeridos pelo voluntário com a finalidade de garantir a
reposição das reservas de glicogênio. Para tanto, os voluntários deveriam seguir uma dieta nos
dois dias anteriores ao das situações experimentais, com as seguintes proporções: 70% de
carboidratos, 1,2 a 1,7 g de proteína/kg de massa corporal e 20 a 25% de gorduras (ACSM;
ADA, DIETITIANS OF CANADA, 2000). Além disso, o café da manhã prescrito para o dia
das situações experimentais foi semelhante a uma refeição pré-competição (média 250 – 300
g de carboidratos), realizada nas próprias residências dos voluntários 4 h antes do início do
protocolo de exercício (ACSM; ADA, DIETITIANS OF CANADA, 2000; SBME, 2003), que
correspondeu, em média, às 6h 45 min da manhã.
4.4) Situações experimentais
As três visitas seguintes às avaliações corresponderam às três situações experimentais:
• Situação H2O: ingestão de água destilada durante o exercício;
• Situação PTNc: ingestão de água destilada e cápsulas gelatinosas, contendo proteína em
pó, realizada em duplo-velado;
• Situação CHOc: ingestão de água destilada e cápsulas gelatinosas, contendo carboidratos
em pó, realizada em duplo-velado.
Inicialmente procurou-se respeitar o intervalo de uma semana entre as situações, pois este
tempo foi considerado como o necessário para evitar um possível efeito de treinamento da
situação experimental realizada anteriormente. Entretanto, alguns imprevistos ocorreram com
os voluntários ao longo das semanas (gripe, resfriado, alteração do sono, uso de
medicamentos e problemas particulares), aumentando-se o intervalo entre as colheitas. O
intervalo entre as situações experimentais realizadas foi de 12 ± 7 dias (média ± DP).
51
4.5) Protocolo experimental
A pesquisa foi realizada no Laboratório de Fisiologia do Exercício (LAFISE) e no Centro de
Excelência Esportiva (CENESP), ambos localizados na EEFFTO-UFMG.
As situações experimentais foram realizadas entre primeiro de abril e 15 de agosto de 2007.
Os voluntários chegavam ao laboratório sempre no mesmo horário durante o período da
manhã, com o objetivo de evitar influências decorrentes do ritmo circadiano nas variáveis
estudadas (SASSIN et al., 1972; VAN CAUTER et al., 1991).
4.5.1) Procedimentos iniciais
a) Cuidados com o voluntário
Assim que o voluntário chegava ao laboratório, entre 7 h e 9 h da manhã, as pesquisadoras
verificavam se as instruções pré-colheita (ANEXO 5) haviam sido seguidas.
A vestimenta do voluntário (bermuda, meias e sapatilhas) era pesada e somada ao peso de
todos os equipamentos que seriam anexados a ele, descritos abaixo.
O voluntário era, então, encaminhado ao vestiário para trocar a vestimenta e urinar em um
copo descartável, de onde se pipetava uma amostra de urina (50 µL) sobre o prisma de um
refratômetro (503 Nippon Optical Works, Japão), utilizado para medir a densidade específica
da urina. Pela leitura da densidade, verifica-se o estado de hidratação dos voluntários antes de
cada situação experimental. De acordo com a classificação proposta por Armstrong (2000),
todos os valores medidos (média ± EPM) da densidade corresponderam a um estado
“hiperidratado”, não sendo identificadas diferenças (p > 0,05) entre as situações experimentais
(1008 ± 2 para H2O; 1010 ± 2 para PTNc; 1011 ± 3 para CHOc).
Na seqüência, iniciava-se a fase de preparação para o exercício, correspondente à
instrumentação do voluntário e ao teste dos equipamentos.
52
O voluntário, posteriormente, permanecia sentado em uma sala anexa à sala da câmara
ambiental. Ao longo de 5 min, duração relativa ao momento de repouso (REP), os dados da
temperatura interna era registrado a cada minuto.
Em seguida, o voluntário era direcionado a uma outra sala, reservada aos procedimentos de
colheita de sangue.
b) Punção venosa
Foi realizada a cateterização de uma veia do voluntário para obtenção de amostras de sangue
venoso. Os procedimentos descritos a seguir foram baseados nas recomendações da
Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML, 2005).
Os procedimentos eram iniciados com o objetivo de evidenciar as veias do antebraço e
finalizados com a colheita da amostra de sangue correspondente ao momento pré-exercício.
Para a punção venosa, utilizou-se um escalpe para colheitas múltiplas de sangue a vácuo (BD-
Becton Dickinson Vacutainer Systems, 21G 7” Safety Lok™, EUA) e um adaptador (BD
Vacutainer®, Brasil). Os tubos a vácuo (Vacuette®,Greiner Bio-One Brasil, Brasil) foram
inseridos no adaptador na seguinte ordem: tubo para separação de soro, sem anticoagulante e
com gel ativador de coágulo (4 mL, tampa vermelha e amarela) e tubo contendo heparina (4
mL, tampa verde).
Posteriormente, com o objetivo de manter o acesso venoso, injetou-se 1 mL de solução de
heparina sódica (Liquemine®, F. Hoffmann-La Roche Ltd., Suíça), preparada adicionando-se
0,8 mL de heparina (25000 UI/5mL) à 5,2 mL de cloreto de sódio 0,9%. Uma seringa
descartável (BD Plastipak® 10 mL Luer Lok, Brasil) era utilizada para injetar esta solução no
escalpe.
O escalpe era, então, fixado por uma fita adesiva estéril (OpSite® Flexigrid, Smith and
Nephew Medical Ltd, Inglaterra) e fitas hipoalergênicas (Micropore®, 3M do Brasil Ltda.,
Brasil).
Durante o exercício, as amostras de sangue foram obtidas da mesma maneira, a partir do
acesso venoso citado anteriormente (FIG. 5). A única diferença foi um procedimento
53
adicional, que ocorria antes da inserção do tubo para separação de soro. Um tubo a vácuo era
inserido no escalpe como tubo de descarte (tudo pediátrico, 2 mL K3EDTA, tampa roxa,
Vacuette®,Greiner Bio-One Brasil, Brasil), especificamente escolhido por conter a menor
quantidade de vácuo e, portanto, aspirar o menor volume de sangue, quando comparado aos
demais. Desta forma, ocorreu o descarte tanto da solução de heparina anteriormente injetada
quanto do volume de sangue adjacente à agulha do escalpe, que estava contaminado com a
solução de heparina. Evitou-se, assim, uma possível interferência da solução de heparina
sobre os resultados das dosagens realizadas posteriormente.
Após a realização da punção e durante o exercício, o acesso venoso era verificado
constantemente, na tentativa de evitar complicações como flebite, dor e hematomas.
Como o protocolo de exercício ocorreu em função da distância percorrida, as colheitas de
sangue eram realizadas no momento pré-exercício (PRÉ) e nos km 09, 24, 39, 54 e 60. O
tempo decorrido de exercício entre as colheitas de sangue durante H2O, PTNc e CHOc estão
descritos no ANEXO 6.
FIGURA 5 – Colheita de sangue durante o
exercício por meio do acesso venoso Fonte: Arquivo pessoal.
54
c) Processamento do sangue
As amostras de sangue eram submetidas aos procedimentos de separação do soro e do plasma.
Para a obtenção do soro, o tubo a vácuo sem anticoagulante era colocado em repouso por
1h30 min (temperatura ambiente) para que ocorresse a retração do coágulo. Em seguida, o
tubo era centrifugado (Combate, Celm, Brasil) durante 15 min a 3500 rpm; e o soro era
pipetado (Comforpette® 4700, 500 µL, Eppendorf, Alemanha), sendo obtidas duas alíquotas,
armazenadas: 1) em um tubo ependorff sem aditivos (0,5 mL); 2) em um tubo seco, sem
aditivos, fornecido pelo laboratório responsável pelas análises. A primeira alíquota era
armazenada em um congelador (-20ºC) até a finalização das colheitas, quando se dosou a
concentração de ácidos graxos livres e uréia. A segunda alíquota era enviada a um laboratório
de análises clínicas, onde eram realizadas as dosagens das concentrações de insulina e
prolactina.
Para a obtenção do plasma, imediatamente após colher o sangue, o tubo a vácuo com heparina
era centrifugado como descrito anteriormente. Na seqüência, o plasma era pipetado e duas
alíquotas eram armazenadas: 1) em um tubo ependorff sem aditivos (0,5 mL); 2) em um tubo
seco, sem aditivos, fornecido pelo laboratório responsável pelas análises. Os procedimentos
com a primeira alíquota foram os mesmos citados anteriormente, sendo dosadas as
concentrações de lactato e de glicose. A segunda alíquota era enviada a outro laboratório de
análises clínicas, onde foram realizadas as dosagens das concentrações dos aminoácidos.
d) Lanche
Após a punção venosa, os voluntários realizavam um lanche, com o objetivo de mantê-los
alimentados até o início do exercício. Este procedimento mostrou-se necessário a partir dos
resultados dos testes pilotos, pois os voluntários sentiam fome no período entre o café da
manhã realizado em suas residências (ver item 4.3.2) e o início do exercício (intervalo de
aproximadamente 4 h). Desta forma, a equipe de nutricionistas prescreveu individualmente o
lanche, composto principalmente por carboidratos (ACSM et al., 2000). O mesmo lanche era
então ingerido previamente a todas as situações experimentais, não sendo alterada a sua
composição para cada voluntário.
55
e) Cálculos do volume de água destilada e do número de cápsulas gelatinosas
Logo que todos os procedimentos pré-exercício terminavam, o voluntário era orientado a
urinar novamente para que a massa corporal fosse registrada sem influência do volume
urinário e para evitar a interrupção por motivos de micção.
Em seguida, o voluntário entrava na câmara ambiental e a pesagem pré-exercício era então
realizada. O voluntário se posicionava sobre a bicicleta para o início do exercício, enquanto os
equipamentos localizados dentro e fora da câmara ambiental eram ligados.
Neste momento, uma das pesquisadoras calculava o volume total de água destilada a ser
ingerido pelo voluntário durante o exercício, como prevenção à perda excessiva de água
corporal, principalmente devido à sudorese. O cálculo foi feito pela seguinte equação:
Sendo: ÁGUA = volume de água total a ser ingerido pelo voluntário, em mL; MCpré = massa corporal imediatamente antes do início do exercício, em kg; 22 mL = volume de água/kg de MCpré.
Esta equação foi inicialmente baseada nos resultados do estudo de Hamilton et al. (1991) e
modificada de acordo com os resultados dos testes pilotos. O valor total da equação foi
dividido por cinco para obter o volume de água a ser ingerido em cada momento de ingestão.
Como o protocolo de exercício, descrito no próximo item, ocorreu em função da distância
percorrida, as porções de água e cápsulas foram fornecidas nos km 05, 15, 30, 45 e 55 de
exercício. Desta forma, os voluntários ingeriram, em cada momento, um volume de água
(média ± EPM) de 284 ± 10 mL na situação H2O, 284 ± 10 mL na situação PTNc e 285 ± 10
mL na situação CHOc. Os valores totais estão apresentados na TAB. 2.
No dia anterior às situações experimentais, a água era colocada em um refrigerador para que a
temperatura do líquido estivesse entre 4 e 5 ºC no momento da ingestão. Este procedimento
foi realizado com o objetivo de amenizar aumentos na temperatura interna para valores
críticos durante o exercício, característicos de um estado hipertérmico (GONZÁLEZ-
ALONSO et al., 1999; KAY; MARINO, 2000; MÜNDEL et al., 2006).
ÁGUA = MCpré • 22 mL
56
Nas situações PTNc e CHOc, cápsulas gelatinosas cor verde escuro e tamanho nº 00 foram
administradas aos voluntários para a ingestão de ambos nutrientes. A TAB. 2 mostra os
detalhes das ingestões para cada situação experimental. As cápsulas foram fornecidas por uma
empresa especializada em produtos farmacêuticos (Richard Stenlake Compounding Chemist®,
Austrália). O tempo médio de desintegração das cápsulas no intestino é de, aproximadamente,
cinco minutos, de acordo com o relatório técnico da empresa fornecedora.
Cada cápsula gelatinosa CHOc continha 500 mg de sacarose e 200 mg de glicose em pó
(Richard Stenlake Compounding Chemist®, Austrália), considerando-se, desta forma, a
proporção de 71% sacarose e 29% de glicose. Calculavam-se quantas cápsulas seriam
necessárias para, em conjunto com o volume de água ingerida, formar uma solução a 6,0%
(massa/volume) a ser absorvida pelo intestino (concentração recomendada nas diretrizes de
órgãos representativos das Ciências do Esporte: ACSM, 1996; NATA, 2000; SBME, 2003).
Desta forma, em CHOc os voluntários ingeriram (média ± EPM) 24 ± 1 cápsulas a cada
momento de ingestão.
Para a situação PTNc, o número (24 ± 1 cápsulas a cada ingestão) e o peso das cápsulas
deveriam ser semelhantes às cápsulas CHOc para evitar a diferenciação entre elas pelos
voluntários. Cada cápsula PTNc continha 500 mg de isolado de proteínas do soro do leite
(whey-protein) (Richard Stenlake Compounding Chemist®, Austrália), formando assim uma
solução a 3,9% (massa/volume) a ser absorvida pelo intestino. A concentração desta solução
foi superior à concentração utilizada em estudos anteriores (~ 2%) por dois motivos: 1) nos
estudos anteriores a ingestão da proteína ocorreu na mesma solução que continha
carboidratos, um procedimento que pode ter mascarado os efeitos intrínsecos dos diferentes
nutrientes sob o desempenho; 2) ainda nestas condições e ao utilizar a concentração 2% de
proteína, os pesquisadores obtiveram resultados controversos quanto ao desempenho em
exercício prolongado (IVY et al., 2003; SAUNDERS et al., 2004 vs. OSTERBERG et al.,
2008; VAN ESSEN; GIBALA, 2006), justificando assim a tentativa de testar se um aumento
da concentração de proteína em solução estaria associado ao efeito ergogênico.
A descrição das frações protéicas e do perfil aminoacídico do pó fornecido em PTNc estão
apresentados no ANEXO 7.
57
A empresa citada anteriormente também ficou responsável pela codificação das cápsulas,
procedimento necessário para assegurar que os pesquisadores envolvidos desconhecessem o
conteúdo das cápsulas. Por sua vez, os voluntários, ao ingerirem cápsulas, não sentiram o
sabor (via estímulo dos receptores sensoriais localizados na boca) das substâncias,
amenizando qualquer expectativa prévia em relação ao nutriente ingerido.
TABELA 2
Volume de água (e temperatura), número total de cápsulas e massa das substâncias-teste fornecidas em cada situação experimental.
Situação experimental
Volume de água (mL)
Temperatura da água (ºC)
Cápsulas (unidades)
Carboidratos (g)
Proteína (g)
H2O 1422 ± 52 4,2 ± 0,1 .. .. ..
PTNc 1406 ± 88 4,5 ± 0,1 116 ± 7 .. 55,2 ± 3,3
CHOc 1423 ± 49 4,2 ± 0,6 122 ± 4 85,4 ± 2,9 ..
Valores são média ± EPM.
Como forma de controlar a ocorrência do efeito placebo, os voluntários foram informados que
em todas as situações experimentais, exceto na situação H2O, haveria a ingestão de cápsulas
contendo dois tipos de carboidratos em pó, vendidos comercialmente. Portanto, os voluntários
não tinham o conhecimento de que haveria a ingestão de proteína em nenhum momento do
estudo. Por este procedimento, as pesquisadoras cuidaram para que os voluntários se
apresentassem durante PTNc e CHOc com a mesma expectativa para ambas as situações
experimentais, prevenindo possíveis influências do efeito placebo sobre o desempenho no
protocolo de exercício (CLARK et al., 2000).
4.5.2) Protocolo de exercício
Em cada situação experimental, os voluntários pedalaram em suas próprias bicicletas,
montadas previamente sobre o mesmo sistema eletromagnético utilizado na avaliação física.
O exercício consistiu em pedalar uma distância de 60 km, com a orientação de percorrê-la no
menor tempo possível. A cada 14 km percorridos, sprints de um km eram realizados como
forma de constituir uma medida adicional do desempenho, além de provocar uma variação da
intensidade de exercício, característica das competições de ciclismo (PALMER et al., 1994).
Durante os sprints, os voluntários foram estimulados verbalmente, sempre pela mesma
58
pesquisadora, na tentativa de motivá-los a desenvolver uma intensidade máxima de exercício
ao longo de um km.
A distância total do exercício e a alocação dos sprints nestes intervalos foram baseadas em
estudos anteriores (MARINO et al., 2002; SCHABORT et al., 1998) e adaptadas aos objetivos
do presente estudo, por meio dos testes pilotos. Este protocolo permite que a intensidade de
exercício seja selecionada pelo próprio voluntário (intensidade auto-selecionada = self-paced
exercise), sendo que os ajustes de intensidade ocorrem de forma similar às situações reais que
os atletas encontram durante competições e treinamentos (NOAKES et al., 2004).
Durante o exercício, os voluntários tiveram acesso apenas a duas informações: a distância
percorrida (em km), informada de 3 em 3 km e no quilômetro que antecedia o início de cada
sprint; e a cadência desenvolvida (em rpm), medida por um ciclocomputador (Astrale 8,
Cateye®, China), possível de ser visualizada pelo voluntário ao longo de todo o exercício.
A mudança de marchas foi permitida em qualquer momento do exercício. Os voluntários
também poderiam levantar-se do selim da bicicleta quando desejassem fazê-lo, exceto durante
os sprints, pois a mudança de posição sobre a bicicleta poderia alterar a produção de potência
e, assim, a duração do sprint.
Em todas as situações experimentais, o exercício foi realizado dentro de uma câmara
ambiental (Russels® Technical Products, WMD-1150-5, Holanda), programada para manter a
temperatura seca em 32°C e a umidade relativa do ar (URA) em 50%. Além disso, o Índice de
Bulbo Úmido Temperatura de Globo (IBUTG) foi medido por um equipamento (RS214,
WIBGET®, EUA), sendo que estas condições ambientais correspondem a um IBUTG de 26,4º
C, considerado de risco alto para hipertermia (POWERS; HOWLEY, 2000).
Um ventilador (SL40, Arno®, Brasil) foi posicionado em frente à bicicleta para produzir uma
corrente de ar em direção ao tronco e à cabeça do voluntário e melhorar a sensação térmica do
voluntário. A velocidade do vento (2 - 3 m/s) se manteve constante e correspondeu à
velocidade máxima capaz de ser desenvolvida pelo ventilador, sendo medida por um
anemômetro (271 Turbo Meter, Davis Instruments, EUA), na altura do tronco do voluntário.
59
Por motivos de segurança e saúde dos atletas, os seguintes critérios foram considerados para a
interrupção do exercício: o voluntário pedir para interromper o exercício; observação ou
relato de sintomas como tontura, fraqueza, confusão, ataxia, cianose, náuseas, pele fria e
úmida, dentre outros; temperatura interna igual a 40 ºC (ACSM, 2000; CHEUNG;
SLEIVERT, 2004; GONZÁLEZ-ALONSO et al., 1999; SAWKA et al., 1992).
FIGURA 6 – Realização do protocolo de exercício na câmara ambiental
Fonte: Arquivo pessoal.
4.6) Variáveis estudadas
4.6.1) Variáveis principais
Com exceção da percepção subjetiva do esforço e das variáveis de desempenho, todas as
variáveis principais apresentadas a seguir se referem aos mesmos momentos das três situações
experimentais: pré-exercício (PRÉ) e km 09, 24, 39, 54 e 60, quilometragens onde não houve
a realização de sprints.
60
a) Variáveis de desempenho
- Tempo total dos 60 km e tempos parciais
O tempo total dos 60 km (TT60km) correspondeu ao intervalo entre o início (0 km) e o término
(60 km) do exercício. Quanto menor o TT60km, melhor seria o desempenho dos voluntários.
Os tempos parciais (TP) corresponderam ao intervalo de tempo transcorrido a cada 15 km
percorridos pelos voluntários. O tempo (min) foi medido utilizando-se um cronômetro (Sport-
timer, Technos®, China).
- Duração dos sprints
A duração de cada sprint (DSPRINT) foi o tempo necessário para os voluntários percorrerem um
km o mais rápido possível. Como os sprints ocorreram a cada 14 km, foram realizados quatro
sprints em cada situação experimental. A DSPRINT (s) foi medida pelo cronômetro citado
anteriormente.
b) Concentração plasmática de glicose
Para medida das concentrações plasmáticas de glicose (mmol/L), realizada em duplicata,
utilizou-se o método enzimático (YSI 2300 Stat Plus Glucose/L-Lactate Analyser, Yellow
Springs Incorporated®, EUA).
c) Concentrações sérica de insulina, prolactina, ácidos graxos livres e uréia
As concentrações séricas de insulina (µU/mL) e prolactina (PRL, ng/mL) foram medidas pela
técnica analítica imunoensaio de quimiluminescência (ADVIA Centaur®, Bayer, Austrália).
As concentrações séricas de ácidos graxos livres (AGL, mmol/L) e uréia (mg/dL) foram
determinadas em duplicata pelo método enzimático colorimétrico (respectivamente, kit NEFA
C ACS-ACOD-MEHA, Wako Chemicals Inc., EUA e kit K047 Bioclin, Quibasa Clínica
Básica Ltda, Brasil).
61
d) Concentrações plasmática de aminoácidos
A cromatografia líquida de alta eficiência foi a técnica utilizada para a dosagem, em nmol/L,
dos aminoácidos triptofano total (TRP), valina, isoleucina e leucina. Os dados das
concentrações plasmáticas da valina, isoleucina e leucina foram agrupados e identificados ao
longo dos resultados como aminoácidos de cadeia ramificada (AACR). A relação entre as
concentrações de TRP e AACR foi calculada pela razão matemática TRP/AACR.
e) Percepção subjetiva do esforço
A percepção subjetiva do esforço (PSE) foi avaliada por meio de uma tabela proposta por
Borg (1982), por meio da qual o voluntário classifica o exercício entre as notas 6 e 20, sendo
a nota 7 correspondente a “muito fácil” e a nota 19 a “exaustivo”. A PSE foi registrada em
dois momentos, analisados separadamente: logo após as colheitas de sangue (km 10, 25, 40 e
55) e ao final de cada sprint.
4.6.2) Variáveis de controle
a) Freqüência cardíaca
A freqüência cardíaca (FC, bpm) foi medida por telemetria, utilizando-se um
cardiofrequencímetro (M61, Polar Electro®, Finlândia). Com base em todos os valores,
registrados a cada 2 km, calculou-se a FC média (FCmédia) para cada situação experimental,
tanto em valores absolutos, quanto em % FCmáx.. A FC ao final de cada sprint foi analisada
separadamente, com o objetivo de não interferir no cálculo da FCmédia.
b) Temperatura interna
A temperatura interna (Tint) foi medida por meio de um sensor térmico, localizado em uma
cápsula de silicone descartável (CorTemp™ Core Body Temperature Sensor, HT150002,
HQInc., EUA). Todos os cuidados para a ingestão da cápsula de silicone foram devidamente
descritos aos voluntários (ANEXO 5) e não houve nenhum relato de reações adversas. A
cápsula foi ingerida pelo voluntário horas antes de sua chegada ao laboratório, procedimento
62
necessário para que a cápsula estivesse posicionada na porção intestinal do trato
gastrointestinal.
A leitura da Tint (ºC) foi feita por um sistema de telemetria (CorTemp™ Data Recorder,
HQInc., EUA). O registro da Tint ocorreu no momento de repouso (REP), no início (km 0) e a
cada 2 km com o objetivo de monitoramento, já que a Tint poderia se elevar a valores críticos.
Para a análise estatística, somente os dados apresentados a cada 10 km foram considerados.
Em algumas colheitas realizadas, devido a problemas técnicos da cápsula, os voluntários
foram orientados a utilizar uma sonda retal descartável (ref. 4491, 4400 series, Yellow
Springs Incorporated®, EUA). A extremidade da sonda que continha o sensor térmico era
inserida pelo próprio voluntário a 12 cm além do esfíncter anal e a outra extremidade era
ligada a um teletermômetro (Precision Thermometer 4600, Yellow Springs Incorporated®,
EUA). O registro pelo teletermômetro ocorria nos mesmos momentos que o registro pelo
sistema de telemetria.
c) Concentração plasmática de lactato
Para a medida da concentração plasmática de lactato (mmol/L), em duplicata, utilizou-se o
método enzimático (YSI 2300 Stat Plus Glucose/L- Lactate Analyser, Yellow Springs
Incorporated®, EUA). Os dados desta variável correspondem ao momento PRÉ e aos km 09,
24, 39, 54 e 60.
4.7) Delineamento em Quadrado Latino
O delineamento em Quadrado Latino (SAMPAIO, 2007) foi utilizado para controlar as fontes
de variações que poderiam influenciar as respostas das variáveis estudadas e para se
estabelecer a ordem de entrada dos voluntários nas situações experimentais, sendo que em
cada bloco todas elas estavam presentes.
Neste delineamento houve três fontes de variação contida na variação total observada: efeito
das substâncias ingeridas (tratamentos), efeito dos indivíduos (linhas dos Quadrados Latinos)
e o efeito temporal (colunas dos Quadrados Latinos). Por meio do balanceamento das fontes
de variação nos Quadrados Latinos, observou-se o efeito da ingestão de substâncias nas
63
respostas das variáveis estudadas bem como a contribuição da variabilidade individual e do
efeito do treinamento nos resultados.
No croqui deste estudo utilizaram-se dois Quadrados Latinos de 5 x 5, pois além das situações
experimentais do presente estudo, os voluntários realizaram mais duas situações que não
fizeram parte do presente estudo, mas sim da pesquisa nível doutorado, realizada em paralelo.
4.8) Análise estatística
Inicialmente, a normalidade dos dados foi verificada pelo Teste de Shapiro-Wilk. Como todas
as variáveis estudadas apresentaram distribuição normal, aplicaram-se métodos paramétricos
para analisá-las.
A análise de variância contida no Delineamento em Quadrado Latino (SAMPAIO, 2007) foi
utilizada para comparação das seguintes variáveis: TT60km, FCmédia, % FCmáx.. Todas as demais
variáveis estudadas ao longo dos 60 km foram analisadas por meio de análise de variância
multivariada (General Linear Model – GLM) para medidas repetidas. Em seguida, quando
apropriado, as diferenças encontradas no post hoc foram identificadas pelo teste de Tukey
HSD.
A relação entre as seguintes variáveis foi calculada por meio da correlação de Pearson (r): 1)
percepção subjetiva do esforço avaliada logo após as colheitas de sangue e prolactina; 2)
percepção subjetiva do esforço avaliada logo após as colheitas de sangue e razão TRP/AACR.
Ambas as correlações foram calculadas para cada distância separadamente, ou seja, para 10
km, 25 km, 40 km e 55 km, a partir dos dados individuais apresentados nas três situações
experimentais. Os dados de 60 km não foram considerados devido à realização do quarto
sprint, que diferenciou a intensidade de exercício deste momento em relação às demais
distâncias citadas anteriormente.
Os resultados expressam média ± EPM (erro padrão da média). O nível de significância
adotado foi p ≤ 0,05. Todos os procedimentos da análise estatística foram realizados
utilizando-se o pacote estatístico Statistical Package for Social Science (SPSS 15.0 for
Windoms).
64
5) RESULTADOS
5.1) Variáveis principais
a) Variáveis de desempenho
- Tempo total 60 km
A ingestão de PTNc e CHOc não alterou (p > 0,05) o desempenho no tempo total para
percorrer 60 km de ciclismo (TT60km) (PTNc = 143 ± 9 min; CHOc = 137 ± 6 min; H2O = 138
± 6 min) (GRAF. 1).
Quando analisada a diferença (em percentual) do desempenho de PTNc e de CHOc em
relação à H2O (correspondente ao ponto 0), observou-se respostas diferenciadas dos
voluntários (GRAF. 2). Quatro voluntários melhoraram seus TT60km (diferença positiva em
relação à H2O), enquanto seis pioraram (diferença negativa em relação a H2O) quando
ingeriram PTNc. Entretanto, na situação CHOc apenas três voluntários pioraram e o restante
melhorou (n=2) ou não alterou (n=5) o desempenho nos 60 km.
GRÁFICO 1 – Efeitos da ingestão de proteína e carboidratos sobre o tempo total em 60 km de ciclismo com intensidade auto- selecionada no calor. Dados expressam média ± EPM.
H2O PTNc CHOc0
20
40
60
80
100
120
140
160
Situações experimentais
TT60
km
(min
)
65
GRÁFICO 2 – Efeitos da ingestão de proteína e carboidratos sobre o desempenho individual
e médio em 60 km de ciclismo. Dados expressam a diferença (%) dos desempenhos de ambas as situações experimentais em relação à H2O, sendo positiva quando os voluntários melhoraram o desempenho e negativa quando pioraram-o.
- Tempos parciais
A TAB. 3 mostra os tempos parciais (TP) medidos a cada 15 km durante os 60 km de
ciclismo. Os TP não se alteraram em função da distância do exercício, assim como não foram
identificados efeitos (p > 0,05) da ingestão de PTNc e CHOc sobre esta variável.
TABELA 3 Efeitos da ingestão de proteína e carboidratos sobre os tempos parciais (min) medidos a cada
15 km durante 60 km de ciclismo com intensidade auto-selecionada, no calor. Valores são média ± EPM.
H2O PTNc CHOc
TP 1 32 ± 1 33 ± 2 32 ± 1
TP 2 34 ± 1 35 ± 2 33 ± 2
TP 3 35 ± 2 37 ± 3 35 ± 2
TP 4 38 ± 3 38 ± 3 37 ± 2
1 PTNc CHOc-25.0
-15.0
-5.0
5.0
15.0 V1V2V3V4V5V6V7V8V9V10Média
H2O
CHOc
Des
empe
nho
indi
vidu
al(d
ifere
nça
em r
elaç
ão à
H2O
)
66
- Duração dos sprints
A duração dos quatro sprints (DSPRINTS 1,2,3,4) realizados ao longo de H2O, PTNc e CHOc não
se modificou em função da distância, assim como não foi observado efeito (p > 0,05) da
suplementação com PTNc e CHOc sobre esta variável de desempenho (GRAF. 3).
GRÁFICO 3 – Efeitos da ingestão de proteína e carboidratos sobre a duração de quatro sprints realizados a cada 14 km durante 60 km de ciclismo com intensidade auto-selecionada, no calor. Dados expressam média ± EPM.
H2O PTNc CHOc0
20
40
60
80
100
120
Situações experimentais
Dsp
rint
1(s
)
H2O PTNc CHOc0
20
40
60
80
100
120
Situações experimentais
Dsp
rint
2(s
)
H2O PTNc CHOc0
20
40
60
80
100
120
Situações experimentais
Dsp
rint
3(s
)
H2O PTNc CHOc0
20
40
60
80
100
120
Situações experimentais
Dsp
rint
4(s
)
67
b) Concentração plasmática de glicose
No momento pré-exercício (PRÉ), não houve diferenças na concentração plasmática de
glicose entre as situações H2O, PTNc e CHOc (4,7 ± 0,1; 4,8 ± 0,2; 4,8 ± 0,2 mmol/L,
respectivamente). A concentração plasmática de glicose não se modificou em função do
exercício durante H2O e PTNc. Em CHOc, houve um aumento da concentração plasmática de
glicose após a segunda ingestão (24 km), em relação ao PRÉ e aos 9 km. Aos 54 km, esta
concentração diminui, quando comparada aos 24 km. Ao final do exercício (60 km), ocorreu
novamente um aumento em relação aos valores de 54 km, mas não em relação ao PRÉ (p =
0,059) e às demais distâncias (GRAF. 4).
A ingestão de CHOc modificou a glicemia somente ao final do exercício (5,7 ± 0,2 mmol/L
CHOc vs 4,8 ± 0,1 mmol/L PTNc; vs 5,0 ± 0,2 mmol/L H2O; p ≤ 0,05) (GRAF. 4).
GRÁFICO 4 – Efeitos da ingestão de proteína e carboidratos sobre a concentração plasmática de glicose durante 60 km de ciclismo. Dados expressam média ± EPM. A seta (↑) indica as ingestões. cPRE; 9; 24 ; 54 = p ≤ 0,05 vs. pré- exercício, 9 km, 24 km e 54 km de CHOc, respectivamente; * = p ≤ 0,05 vs. H2O; # = p ≤ 0,05 CHOc vs. PTNc.
-6 9 24 39 54PRÉ 603.5
4.0
4.5
5.0
5.5
6.0
6.5
7.0H2OPTNcCHOc
#
c24
c54cPRE; 9 *
Distância(km)
Con
cent
raçã
o pl
asm
átic
ade
glic
ose
(mm
ol/L
)
68
c) Concentração sérica de insulina
No momento pré-exercício (PRÉ), não foram observadas diferenças na insulina entre as
situações (H2O 13,4 ± 3,3; PTNc 16,7 ± 4,1; CHOc 15,1 ± 2,1 µU/mL). Aos 9 km, a
concentração de insulina diminui em todas as situações, quando comparadas aos respectivos
valores PRÉ. Após esta distância, tanto em H2O quanto em PTNc, as concentrações
permaneceram diminuídas ao longo do exercício. Em CHOc, isto ocorreu somente aos 39 km
e aos 54 km, pois aos 24 km e aos 60 km os valores não foram diferentes do PRÉ (GRAF. 5).
A ingestão de CHOc modificou a resposta da insulina ao exercício em três momentos: 24 km
(CHOc 11,4 ± 2,5 vs. PTNc 4,6 ± 0,4 µU/mL p = 0,01; CHOc vs. H2O 4,0 ± 0,6 µU/mL
p=0,005); 39 km (CHOc 6,2 ± 0,9 vs PTNc 3,2 ± 0,5 µU/mL p=0,017; CHOc vs. H2O 3,1 ±
0,7 µU/mL p=0,011) e 60 km, quando a insulina permaneceu elevada somente em relação à
H2O (CHOc 8,9 ± 1,7 vs H2O 2,6 ± 0,5 µU/mL p=0,003), apesar de quase ter obtido
significância em relação à PTNc (4,7 ± 1,2 p=0,058) (GRAF. 5).
GRÁFICO 5 – Efeitos da ingestão de proteína e carboidratos sobre a concentração sérica
de insulina durante 60 km de ciclismo. Dados expressam média ± EPM. A seta (↑) indica as ingestões. aPRE ; bPRE ; cPRE = p ≤ 0,05 vs. pré-exercício,
respectivamente, de H2O, PTNc e CHOc; * = p ≤ 0,05 vs. H2O; # = p ≤ 0,05 CHOc vs. PTNc.
-6 9 24 39 54PRÉ 600.0
5.0
10.0
15.0
20.0
25.0H2OPTNcCHOc
**
aPRE bPRE
cPRE cPRE
#
cPRE
Distância(km)
Con
cent
raçã
o sé
rica
dein
sulin
a (µ
U/m
L)
69
d) Concentração sérica de ácidos graxos livres
No momento pré-exercício (PRÉ), não foram observadas diferenças na concentração sérica de
ácidos graxos livres (AGL) entre as situações (H2O 0,217 ± 0,019; PTNc 0,236 ± 0,019;
CHOc 0,231 ± 0,017 mmol/L). A partir dos 9 km, os AGL aumentaram em todas as situações
em relação ao PRÉ e assim permaneceram elevados até o final do exercício (GRAF. 6).
Ao longo do exercício, demais diferenças foram observadas. Durante H2O, os AGL
diminuíram aos 39 km, quando comparados à concentração de 9 km. Entretanto, aos 60 km os
AGL aumentaram em relação aos 39 km. Já em PTNc, a concentração de 60 km foi maior do
que as concentrações de 39 km e 54 km. Em CHOc, observou-se diferenças aos 39 km e 54
km, quando ambas as concentrações foram menores do que 9 e 24 km (GRAF. 6).
A ingestão de PTNc e CHOc não alterou a resposta (p > 0,05) dos ácidos graxos livres ao
exercício (GRAF. 6).
GRÁFICO 6 – Efeitos da ingestão de proteína e carboidratos sobre a concentração sérica de ácidos graxos livres durante 60 km de ciclismo. Dados expressam média ± EPM. A seta (↑) indica as ingestões. † = p ≤ 0,05 vs. PRÉ de todas as situações. a 9; 39 = p ≤ 0,05 vs. 9 km e 39 km de H2O, respectivamente; b39; 54= p ≤ 0,05 vs. 39 km e 54 km de PTNc, respectivamente; c9;24= p ≤ 0,05
vs. 9 km e 24 km de CHOc, respectivamente.
-6 9 24 39 54PRÉ 600.000
0.250
0.500
0.750
1.000
1.250
1.500H2OPTNcCHOc
†
a9
a39
b39;54
c9;24
Distância(km)
Con
cent
raçã
o sé
rica
de á
cido
s gra
xos l
ivre
s(m
mol
/L)
70
e) Concentrações plasmáticas de triptofano total e de aminoácidos de cadeia ramificada e
razão entre elas
Antes do exercício, a concentração plasmática de triptofano total (TRP) não foi diferente entre
as situações (H2O 38,3 ± 4,4; PTNc 34,5 ± 2,6; CHOc 41,9 ± 8,9 nmol/L). Durante o
exercício, diferenças foram observadas somente ao longo de PTNc, quando a concentração de
60 km foi maior do que PRÉ e 9 km. Em H2O e PTNc, o TRP não se modificou em função do
exercício. Além disso, não foram identificadas diferenças (p > 0,05) na resposta do TRP em
função do tratamento (GRAF. 7, painel superior).
Quanto aos aminoácidos de cadeia ramificada (AACR), não houve diferenças no PRÉ entre as
situações (H2O 394,2 ± 33,0; PTNc 449,6 ± 37,8; CHOc 583,5 ± 82,1 nmol/L). Durante H2O
e CHOc, os AACR não se alteraram em função do exercício, o que foi diferente em PTNc,
quando as concentrações foram maiores aos 54 km e aos 60 km, em relação a todos os valores
anteriores (GRAF. 7, painel intermediário). A ingestão de PTNc modificou os AACR a partir
dos 39 km (PTNc 618,2 ± 46,8 vs. H2O 406,4 ± 52,4 nmol/L, p = 0,048). Já aos 54 km, ambos
os tratamentos afetaram a resposta dos AACR ao exercício (PTNc 986,8 ± 45,8 vs H2O 396,5
± 39,2 nmol/L p = 0,000; CHOc 546,4 ± 26,6 vs H2O 396,5 ± 39,2 nmol/L, p = 0,025). Ainda
nos 54 km, as concentrações de AACR foram diferentes entre PTNc e CHOc (p = 0,000). No
final do exercício, os AACR em PTNc (876,4 ± 85,2 nmol/L) permaneceram elevados em
relação à H2O (350,8 ± 16,6 nmol/L; p = 0,000) e à CHOc (466,9 ± 33,5 nmol/L; p = 0,000)
(GRAF.7, painel intermediário).
A razão TRP/AACR não foi diferente entre as situações (H2O 0,098 ± 0,009; PTNc 0,081 ±
0,008; CHOc 0,090 ± 0,015) no PRÉ. Durante H2O, a razão aumentou aos 54 km em relação
ao PRÉ, enquanto que em PTNc, a razão diminuiu aos 54 km, quando comparada aos 39 km.
Em CHOc, não foram observadas diferenças ao longo do exercício (GRAF. 7, painel inferior).
Aos 39 km, a TRP/AACR foi afetada por ambos os tratamentos (PTNc 0,090 ± 0,007 vs. H2O
0,132 ± 0,009 p = 0,002; CHOc 0,086 ± 0,007 vs. H2O 0,132 ± 0,009 p = 0,001), o que
também ocorreu aos 54 km (PTNc 0,055 ± 0,003 vs. H2O 0,140 ± 0,010 p = 0,000; CHOc
0,092 ± 0,008 vs. H2O 0,140 ± 0,010 p = 0,000). Ainda nos 54 km, a razão foi diferente entre
CHOc e PTNc (p = 0,006). Aos 60 km, a razão permaneceu diminuída em PTNc (0,073 ±
0,009), porém somente em relação à H2O (0,117 ± 0,014; p = 0,021) (GRAF. 7).
71
GRÁFICO 7 – Efeitos da ingestão de proteína e carboidratos sobre as concentrações plasmáticas de triptofano total (painel superior) e de aminoácidos de cadeia ramificada (painel intermediário) e sobre a razão entre elas (painel inferior) durante 60 km de ciclismo. Dados expressam média ± EPM. A seta (↑) indica as ingestões. aPRE = p ≤ 0,05 vs. pré-exercício de H2O; bPRE; 9,39,54,60 = p ≤ 0,05 vs. pré-exercício, 9 km, 39, 54 e 60 km de PTNc, respectivamente; * = p ≤ 0,05 vs. H2O; # = p ≤ 0,05 PTNc vs. CHOc.
-6 9 24 39 54PRÉ 600.0
15.0
30.0
45.0
60.0
75.0H2OPTNcCHOc
bPRE; 9
Con
cent
raçã
o pl
asm
átic
ade
trip
tofa
no to
tal
(nm
ol/L
)
-6 9 24 39 54PRÉ 600.0
200.0
400.0
600.0
800.0
1000.0
1200.0H2OPTNcCHOc
*
b54;60
*
* #
Con
cent
raçã
o pl
asm
átic
ade
AA
CR
(nm
ol/L
)
-6 9 24 39 54PRÉ 600.0000.020
0.040
0.060
0.080
0.100
0.120
0.140
0.160H2OPTNcCHOc
*
b39
aPRE
*
* #
**
Distância(km)
Razã
otr
ipto
fano
/am
inoá
cido
sde
cad
eia
ram
ifica
da
72
f) Concentração sérica de prolactina
A concentração sérica de prolactina (PRL) se refere aos dados de nove voluntários (n = 9). As
concentrações relativas ao PRÉ não foram diferentes entre os tratamentos (H2O = 8,0 ± 0,7;
PTNc = 6,9 ± 0,6; CHOc = 7,2 ± 0,6 ng/mL). A PRL aumentou em resposta ao exercício tanto
em H2O quanto em PTNc (GRAF. 8). Em H2O, as concentrações de 54 km e 60 km (12,2 ±
1,1 e 12,8 ± 1,4 ng/mL, respectivamente) foram maiores que as concentrações do PRÉ e dos
9 km (7,1 ± 0,4 ng/mL), sendo que o valor de 60 km também foi maior do que 24 km (8,9 ±
0,5 ng/mL). Já em PTNc, a PRL aumentou somente aos 60 km (14,8 ± 2,2 ng/mL), acima dos
valores de PRÉ e de 9 km (6,6 ± 0,7 ng/mL). Durante CHOc, a prolactina não se modificou
em função do exercício (60 km = 12,8 ± 2,9 ng/mL).
A ingestão de CHOc e de PTNc não modificou a resposta (p > 0,05) da PRL ao exercício
(GRAF. 8).
GRÁFICO 8 – Efeitos da ingestão de proteína e carboidratos sobre a concentração sérica
de prolactina (n = 9) durante 60 km de ciclismo. Dados expressam média ± EPM. A seta (↑) indica as ingestões. aPRE; 9; 24 = p ≤ 0,05 vs. pré-exercício,
9 km e 24 km de H2O, respectivamente; bPRE; 9 = p ≤ 0,05 vs. pré-exercício e 9 km de PTNc, respectivamente.
-6 9 24 39 54PRÉ 600.0
4.0
8.0
12.0
16.0
20.0H2OPTNcCHOc
bPRE; 9
a24
aPRE; 9
Distância(km)
Con
cent
raçã
o sé
rica
depr
olac
tina
(ng/
mL)
73
g) Concentração sérica de uréia
A concentração sérica de uréia se refere aos dados de nove voluntários (n = 9). Antes do
início do exercício (PRÉ), não foram observadas diferenças na uréia entre as situações (H2O
38,4 ± 4,2; PTNc 34,1 ± 3,1; CHOc 38,0 ± 3,6 mg/dL). Ao longo de H2O e CHOc as
concentrações não se alteraram em relação aos respectivos valores pré-exercício. Entretanto,
em PTNc a análise estatística revelou valores próximos da significância para o efeito do
exercício (p = 0,056) (GRAF. 9).
A concentração de uréia não foi afetada (p > 0,05) pela ingestão de CHOc e de PTNc durante
o exercício (GRAF. 9).
GRÁFICO 9 – Efeitos da ingestão de proteína e carboidratos sobre a concentração sérica de uréia (n = 9) durante 60 km de ciclismo. Dados expressam
média ± EPM. A seta (↑) indica as ingestões.
-6 9 24 39 54PRÉ 6020.0
25.0
30.0
35.0
40.0
45.0
50.0H2OPTNcCHOc
Distância(km)
Con
cent
raçã
o sé
rica
deur
éia
(mg/
dL)
74
h) Percepção subjetiva do esforço
A percepção subjetiva do esforço (PSE) avaliada logo após as colheitas de sangue aumentou
aos 55 km em H2O e CHOc (~ nota 17, correspondente a “muito cansativo”, em ambas as
situações), quando comparada aos respectivos valores de 10 km e 25 km. Em PTNc, a PSE
aumentou também aos 55 km (~ nota 16, entre “cansativo” e “muito cansativo”), porém em
relação somente aos valores de 10 km (GRAF. 10).
A PSE avaliada ao final dos sprints aumentou somente em CHOc, sendo as notas ao final do
quarto sprint (18, entre “muito cansativo” e “exaustivo”) maiores do que aquelas avaliadas ao
final do primeiro sprint (~14, entre “ligeiramente cansativo e “cansativo”). Nas demais
situações, a PSE ao final dos sprints não se modificou em função do exercício (GRAF. 11).
A ingestão de CHOc e PTNc não alterou (p > 0,05) a PSE avaliada nos dois momentos, tanto
após as colheitas de sangue quanto logo ao final dos sprints (GRAF. 10 e 11).
GRÁFICO 10 – Efeitos da ingestão de proteína e carboidratos sobre a percepção subjetiva do esforço avaliada logo após as colheitas de sangue
durante 60 km de ciclismo. Dados expressam média ± EPM. A seta (↑) indica as ingestões. a10 ; b10 ; c10 = p ≤ 0,05 vs. 10 km de H2O, PTNc e CHOc, respectivamente. a25 ; c25 = p ≤ 0,05 vs. 25 km de H2O e CHOc, respectivamente.
10 25 40 556
8
10
12
14
16
18
20H2OPTNcCHOc
a10; 25b10c10; 25
Distância(km)
Perc
epçã
o su
bjet
iva
do e
sfor
ço
75
GRÁFICO 11 – Efeitos da ingestão de proteína e carboidratos sobre a percepção subjetiva do esforço avaliada ao final de quatro sprints,
realizados a cada 14 km durante 60 km de ciclismo. Dados expressam média ± EPM. c1 = p ≤ 0,05 vs. sprint 1 em CHOc.
i) Correlações
A correlação entre a percepção subjetiva do esforço e a prolactina foi significativa somente no
início do exercício, aos 10 km (r = 0,451; p = 0,018; n = 27). Nas demais distâncias (25 km,
40 km e 55 km) não foi verificada significância para esta relação (p > 0,05).
Já a correlação entre a percepção subjetiva do esforço e a razão TRP/AACR não se mostrou
significativa em nenhum momento do exercício.
1 2 3 46
8
10
12
14
16
18
20H2OPTNcCHOc
c1
Sprints
Perc
epçã
o su
bjet
iva
do e
sfor
ço
76
5.2) Variáveis de controle
a) Freqüência cardíaca
As TAB. 4 e 5 mostram a intensidade do exercício, com base nos valores médios de FC
durante os 60 km (dados absolutos e em percentual da FCmáx.) e ao final dos quatro sprints
(dados absolutos) nas três situações. Não foram identificados efeitos (p > 0,05) da ingestão de
PTNc e CHOc sobre a resposta da FC ao exercício.
TABELA 4 Efeitos da ingestão de proteína e carboidratos sobre a intensidade do exercício medida pela
freqüência cardíaca (FC) média – valores absolutos e percentuais – durante 60 km de ciclismo. Valores são média ± EPM.
H2O PTNc CHOc
FC (bpm) 157 ± 3 155 ± 3 158 ± 2
% FCmáx 82,8 ± 1,7 81,7 ± 1,1 83,0 ± 1,0
TABELA 5 Efeitos da ingestão de proteína e carboidratos sobre a intensidade de exercício medida pela freqüência cardíaca média (valores absolutos) ao final de quatro sprints, realizados a cada 14
km durante 60 km de ciclismo. Valores são média ± EPM.
H2O PTNc CHOc
Sprint 1 182 ± 4 184 ± 2 185 ± 3
Sprint 2 181 ± 3 182 ± 2 184 ± 2
Sprint 3 178 ± 4 175 ± 4 182 ± 2
Sprint 4 182 ± 2 177 ± 2 179 ± 4
77
b) Temperatura interna
Imediatamente antes do início do exercício (0 km), não foram observadas diferenças na
temperatura interna (Tint) entre as três situações (H2O 36,98 ± 0,07 ºC; PTNc 36,93 ± 0,14 ºC;
CHOc 37,01 ± 0,07 ºC). A Tint aumentou em resposta ao exercício a partir dos 10 km (em
H2O e PTNc) e a partir dos 20 km (em CHOc), sem modificações adicionais no restante do
exercício, inclusive aos 60 km (H2O 37,97 ± 0,14 ºC; PTNc 38,00 ± 0,14 ºC; CHOc 38,18 ±
0,20 ºC).
A elevação da Tint não foi modificada (p > 0,05) pela ingestão de CHOc e PTNc durante o
exercício (GRAF. 12).
GRÁFICO 12 – Efeitos da ingestão de proteína e carboidratos sobre a temperatura interna durante 60 km de ciclismo. Dados expressam média ± EPM.
A seta (↑) indica as ingestões. a0 = p ≤ 0,05 vs. 0 km de H2O; b0 = p ≤ 0,05 vs. 0 km de PTNc; c0 = p ≤ 0,05 vs. 0 km de CHOc.
0 10 20 30 40 50 60REP36.5
37.0
37.5
38.0
38.5
39.0H2OPTNcCHOc
c0
a0 b0
Distância(km)
Tem
pera
tura
inte
rna
(ºC
)
78
c) Concentração plasmática de lactato
Antes do início do exercício (PRÉ), não foram observadas diferenças na concentração
plasmática de lactato entre as situações (H2O 1,91 ± 0,26; PTNc 2,14 ± 0,23; CHOc 1,77 ±
0,13 mmol/L). Durante H2O, PTNc e CHOc, o exercício não modificou o lactato até os 54 km
quando comparados aos respectivos valores PRÉ. Entretanto, aos 60 km logo após o último
sprint o lactato aumentou em todas as situações (H2O 5,93 ± 0,27; PTNc 6,30 ± 0,94; CHOc
6,50 ± 1,13 mmol/L) em relação aos valores PRÉ e às demais concentrações de exercício.
Não foram identificados efeitos da ingestão de PTNc e CHOc (p > 0,05) sobre a resposta do
lactato ao exercício (GRAF. 13).
GRÁFICO 13 – Efeitos da ingestão de proteína e carboidratos sobre a concentração
plasmática de lactato durante 60 km de ciclismo. Dados expressam média ± EPM. A seta (↑) indica as ingestões. † = p ≤ 0,05 vs. PRÉ
de todas as situações. a60 ; b60; c60 = p ≤ 0,05 vs. 60 km de H2O, PTNc e CHOc, respectivamente.
-6 9 24 39 54PRÉ 600.0
2.0
4.0
6.0
8.0H2OPTNcCHOc
a60
†c60
b60
Distância(km)
Con
cent
raçã
o pl
asm
átic
ade
lact
ato
(mm
ol/L
)
79
6) DISCUSSÃO
O objetivo principal do presente estudo foi verificar se a ingestão de carboidratos e proteína
em cápsulas melhoraria o desempenho de atletas em um exercício de intensidade auto-
selecionada, realizado no calor. O tempo para percorrer 60 km de ciclismo, assim como a
duração dos sprints (GRAF. 1 e 3, respectivamente) e os tempos parciais (TAB. 3) não foram
alterados pela ingestão de CHOc e PTNc.
No que diz respeito à CHOc, estes resultados corroboram os resultados anteriores obtidos em
nosso laboratório (ARAÚJO-FERREIRA, 2004; NASSIF et al., 2008; SILAMI-GARCIA et
al., 2004). Entretanto, os resultados são contrastantes à maioria dos estudos disponíveis na
literatura (ABBISS et al., 2008; CARTER et al., 2003; GALLOWAY; MAUGHAN, 2000;
MILLARD-STAFFORD et al., 1992), pois já é quase um consenso que a ingestão de CHO
durante o exercício prolongado aumentaria o desempenho ou retardaria a fadiga.
Já em relação à PTNc, este foi o primeiro estudo realizado no LAFISE utilizando a proteína
como suplementação. Em estudo anterior de Paulinelli-Jr (2007), AACR foram fornecidos
durante o exercício em sua forma livre (não protéica), os autores também não observaram
efeito ergogênico. Os resultados de PTNc colocam em questão a eficácia da proteína do soro
do leite como auxílio ergogênico, apesar de alguns estudos terem demonstrado efeito positivo
da proteína no desempenho (IVY et al., 2003; SAUNDERS et al., 2004).
Analisando-se o TT60km individualmente (GRAF. 2), nota-se que em PTNc houve uma maior
variabilidade dos dados (diferença % em relação à H2O) do que na situação CHOc. Alguns
voluntários melhoraram o TT60km em CHOc e em PTNc, enquanto outros pioraram com os
dois tipos de suplementação. Observou-se também que alguns voluntários não alteraram em
nada seus TT60km, em relação à H2O. Esta variação inter-individual nas respostas dos
voluntários ao mesmo tratamento já havia sido observada também de forma descritiva por
Nassif et al. (2008) e Watson et al. (2004). Desta forma, parece haver diferentes padrões de
resposta à suplementação, mesmo quando se considera que diferentes indivíduos podem
responder diferentemente à mesma situação.
80
A duração dos sprints (DSPRINTS) não se modificou em função da distância ou em função do
tratamento (GRAF. 3). O estudo de St Clair Gibson et al. (2001), que utilizou um protocolo de
exercício semelhante ao do presente estudo (sprints de 1 e 4 km de distância, ao longo de 100
km de ciclismo em condições termoneutras) verificou que a DSPRINTS não foi alterada por
diferentes manipulações nutricionais prévias ao exercício (carboidrato vs. placebo durante 3
dias). Entretanto, ocorreu a ingestão de CHO em ambas as situações experimentais durante o
exercício. Em outros estudos que manipularam as suplementações durante o exercício
também não foi demonstrado efeito da ingestão de CHO, dentre outros componentes, sobre a
DSPRINTS (TIMMONS et al., 2000) e nas variáveis observadas no Teste Anaeróbico de
Wingate, realizado no calor após 90 min de exercício submáximo (SILAMI-GARCIA et al.,
2004). Por outro lado, já foram relatados efeitos ergogênicos de CHO na realização de sprints
ou testes máximos de potência, após um exercício submáximo (BACHARACH et al., 1994;
SUGIURA; KOBAYASHI, 1998) ou mesmo durante o exercício no calor (FRITZSCHE et
al., 2001).
Os resultados das variáveis de desempenho podem ter confirmado a importância de dois
fatores, que atuaram em associação no presente estudo:
- prescrição da dieta dos dois dias anteriores ao exercício e alimentação prévia ao exercício
(sem jejum), que garantiria a integridade dos estoques de glicogênio muscular e hepático,
apesar de não quantificados no presente estudo. Em CHOc, este procedimento provavelmente
atenuou qualquer atuação do CHO exógeno no fornecimento extra de energia para o
metabolismo oxidativo, não afetando assim o desempenho. Em PTNc, a alimentação pode ter
provocado menor ativação ou não alteração da enzima alfa-cetoácido desidrogenase de cadeia
ramificada durante o exercício. Esta enzima é passo limitante na oxidação de AACR no
músculo (WAGENMAKERS, 1998) e o estado nutricional do indivíduo (glicogênio muscular
depletado e alimentação pobre em CHO) parece afetar a ativação da enzima durante o
exercício, acima dos valores de repouso (WAGENMAKERS et al., 1991; VAN HALL et al.,
1996);
- controle do efeito placebo, garantido pelas cápsulas gelatinosas e pela informação passada
aos voluntários de que as cápsulas de ambas as situações continham o mesmo nutriente
(CHO). De fato, a ausência de um fator psicológico motivador associado à ingestão de CHO
contradiz a hipótese proposta por Nassif et al. (2008), que propuseram a existência de um
81
efeito psicológico de sugestão associado ao aumento do desempenho quando os indivíduos
tinham o conhecimento prévio do conteúdo de CHO das cápsulas. O mesmo fator psicológico
poderia também ter atuado durante PTNc, já que para os voluntários o conteúdo das cápsulas
era o mesmo. Entretanto, o desempenho de ambas as situações com cápsula não foi diferente
da situação com água, não corroborando a hipótese de Nassif et al. (2008).
De uma forma geral, os resultados indicaram que a ingestão de PTNc ou CHOc não alterou o
metabolismo dos substratos energéticos (CHO, gorduras e aminoácidos) durante o exercício.
Inicialmente, a intensidade e a duração do exercício no calor não foram diferentes entre as
situações, de acordo com o % FCmáx (TAB. 4) e TT60km (GRAF. 1). Os indivíduos se
exercitaram a 82,8%, 81,7% e 83,0% FCmáx nas situações H2O, PTNc e CHOc,
respectivamente, o que corresponde a uma intensidade de exercício em torno de 72-73%
VO2máx (McARDLE et al., 2003). Romijm et al. (1993) demonstraram que nesta intensidade
possivelmente o metabolismo de gorduras, principalmente os triglicerídeos musculares,
poderia contibuir como fonte de energia durante o exercício. Os resultados da concentração
plasmática de lactato observados ao longo do exercício, assim como o nível de treinamento
dos voluntários, constituem evidências adicionais para afirmar que o exercício foi
predominantemente aeróbico em todas as situações experimentais.
Além disso, a concentração sérica de uréia não foi afetada pelo exercício e pelas
manipulações experimentais. Como a uréia é um metabólito geralmente aceito como
marcador do catabolismo protéico liberado pelo fígado (GRAHAM et al., 1995), parece que
as reações gliconeogênicas não foram alteradas pelo exercício. Paralelamente, a ingestão de
PTNc que continha precursores gliconeogênicos em sua fórmula, como os aminoácidos
glutamina e alanina, não elevou as concentrações de uréia em indivíduos alimentados e com
bons estoques de glicogênio. Estes resultados estão de acordo com o estudo de Lemon e
Mullin (1980), que não verificaram diferenças na uréia ao longo de 60 min de exercício,
quando os indivíduos se exercitaram (61% VO2máx.) com as reservas de glicogênio não
depletadas. No entanto, na situação com glicogênio muscular depletado, houve aumento das
concentrações de uréia a partir dos 15 min de exercício.
No momento pré-exercício (PRÉ), os voluntários apresentaram glicose plasmática semelhante
entre as situações, aproximadamente 4,5 mmol/L (GRAF. 4). Os valores médios apresentados
no PRÉ estão de acordo com os estudos nos quais os indivíduos se alimentaram previamente
82
(ABBISS et al., 2008; MADSEN et al., 1996; VAN ESSEN e GIBALA, 2006), bem como se
aproxima da maioria dos estudos nos quais o jejum foi utilizado (CARTER et al., 2003;
COYLE et al., 1986; FEBBRAIO et al., 1996; FRITZSCHE et al., 2000; GALLOWAY;
MAUGHAN, 2000). Entretanto, no presente estudo, a importância da alimentação prévia não
se justificou somente pelo fato de se evitar um estado hipoglicêmico durante o exercício. A
alimentação prévia também garantiu que os indivíduos não apresentassem a sensação de fome
– naturalmente desconfortante – e as adaptações metabólicas e hormonais características do
estado de jejum (LANDSBERG; YOUNG, 1978). Desta forma, os resultados obtidos a partir
do presente estudo podem ser mais extrapolados para a realidade encontrada pelos atletas em
suas práticas, o que já havia sido uma preocupação de outros autores (DE BOCK et al., 2007;
LANGENFELD et al., 1994).
Como esperado, a glicose plasmática aumentou quando CHOc foi ingerido durante o
exercício, em relação às situações PTNc e H2O (GRAF. 4). Este resultado concorda com os
estudos que utilizaram solução líquida (CARTER et al., 2003; DAVIS et al., 1992;
FEBBRAIO et al., 1996, dentre outros), solução em gel (ABBISS et al., 2008), cápsulas
gelatinosas (SILAMI-GARCIA et al., 2004; NASSIF et al., 2008) e infusão intravenosa
(CARTER et al., 2004a) como métodos de fornecimento de CHO durante o exercício.
Entretanto, o aumento da glicose plasmática em CHOc foi transitório, não permanecendo
elevada ao longo de todo o exercício, talvez pela ação da insulina combinada a diversos
fatores: ingestão das cápsulas contendo CHO, tempo de desintegração destas no estômago,
liberação de seu conteúdo na cavidade estomacal, esvaziamento gástrico, absorção intestinal,
disponibilidade aumentada no plasma e captação pela célula muscular. De qualquer forma, a
elevação transitória da glicose plasmática em CHOc no presente estudo não foi associada à
melhora do desempenho. Por meio destes resultados, aliados ao fato de que a glicose
plasmática foi mantida durante PTNc e H2O, não se justificam os efeitos ergogênicos do CHO
via manutenção da concentração circulante de glicose em níveis normais ou via taxa de
oxidação de CHO elevada (COOGAN; COYLE, 1987; 1989; COYLE et al., 1983; 1986) em
indivíduos alimentados que se exercitam no calor.
Outro mecanismo sugerido na literatura para a ação ergogênica de CHO seria o relacionado à
ação dos receptores de sabor, localizados na cavidade orofaríngea (SWITHERS;
DAVIDSON, 2008). Uma vez estimulados, estes receptores enviariam informações sensoriais
ao SNC, modulando circuitos de recompensa associados com a motivação e, com isso,
83
aumentando o desempenho (CARTER et al., 2004b). No presente estudo, nenhum dos
nutrientes ingeridos (CHO ou proteína) foi percebido por estes receptores, pois foram
ingeridos encapsulados. Mesmo assim, os resultados demonstram que a motivação para
realizar o exercício não foi afetada, indicando que a participação destes receptores na
modulação de processos centrais não parece ter a importância sugerida por Carter et al.
(2004b).
Em CHOc, a resposta da insulina foi consistente com o exercício e com as alterações da
glicose plasmática ao longo do exercício (GRAF. 5). Entretanto, a insulina não foi alterada
pela ingestão de PTNc durante o exercício, o que não era esperado pois houve expressivo
aumento a partir dos 39 km das concentrações plasmáticas de AACR devido à ingestão
protéica (GRAF. 7). Desta forma, comparando-se com a resposta da insulina durante H2O,
parece que a ingestão de PTNc não provocou alteração da atividade simpática adrenérgica
(receptores α2) responsável pela inibição da secreção de insulina induzida pelo exercício
(AARNIO et al., 2001; HOUWING et al., 1995; NEWSHOLME et al., 2006).
Paralelamente, a concentração sérica de AGL foi aumentada em função do exercício, mas não
alterou em função das ingestões de CHOc e PTNc (GRAF. 6). Em CHOc, esperava-se que o
aumento das concentrações de AGL em resposta ao exercício fosse atenuado pela ingestão de
carboidratos, devido à ação da insulina pelo seguinte mecanismo: a concentração aumentada
de glicose circulante gera um estímulo humoral para a secreção transitória de insulina pelas
células β pancreáticas, inibindo a lipólise a partir do tecido adiposo por inibir a formação de
AMPc e ativar a sua degradação, reduzindo a atividade da enzima lipase hormônio sensível,
responsável por catalisar a degradação de AGL e glicerol nos adipócitos (JEUKENDRUP et
al., 1998). A resposta atenuada de AGL durante exercício com ingestão de CHO foi observada
em estudos realizados com o indivíduo em jejum prolongado, em estudos nos quais a
concentração da solução carboidratada foi maior do que 8% e em estudos onde houve
ingestão de CHO imediatamente antes do início do exercício (ABBISS et al., 2008; DAVIS et
al., 1992; MADSEN et al., 1996; McCONELL et al., 1999; WALLIS et al., 2007). Nenhum
destes procedimentos foi utilizado no presente estudo. Desta forma, parece que as
concentrações séricas de insulina observadas tanto ao longo de CHOc quanto ao longo de
PTNc não foram suficientes para afetar os AGL circulantes nestas situações.
84
Considerando-se os resultados da insulina e dos AGL em conjunto, as ingestões de CHOc e
PTNc não foram eficazes como estratégias nutricionais postuladas frente a Hipótese da Fadiga
Central (FIG. 3 e 4). Por estes resultados, independente da situação experimental, não se
esperaria qualquer alteração na competição entre o TRP-livre e os AGL circulantes pela
ligação com albumina plasmática.
Apesar de não ter sido analisada a concentração periférica de TRP-livre, pode-se afirmar que
a porção total de TRP constituiu uma boa estimativa da porção livre no presente estudo, já que
a resposta dos AGL ao exercício não foi afetata pelas ingestões de CHOc e PTNc. Os
resultados da concentração plasmática de TRP total (GRAF. 7) corroboram esta afirmação e
estão de acordo com parte dos resultados de Pitsiladis et al. (2002). Os autores não
observaram efeitos da dieta com alta ou baixa disponibilidade de CHO sobre as respostas do
TRP total durante um exercício submáximo (70% VO2máx.) realizado no frio (10ºC) ou no
calor (30ºC). Entretanto, os autores deste estudo não forneceram qualquer tipo de
suplementação durante o exercício.
No presente estudo, o TRP total alterou em função do exercício ao final de PTNc, certamente
pela ingestão da proteína do soro do leite (2,58 g TRP/100g de proteína), considerada de
rápida digestão e absorção (HA; ZEMEL, 2003). Além disso, observou-se alta variabilidade
na resposta do TRP total, desde os valores pré-exercício e independente da suplementação
fornecida, o que também foi demonstrado por Pitsiladis et al. (2002). Este resultado pode ser
devido a dois fatores: 1) diferenças individuais nos processos de digestão/absorção da
proteína da dieta em geral, considerando que o TRP é um aminoácido essencial; 2) variação
inter-individual na quantidade de TRP captada e liberada pelo cérebro durante o exercício no
calor (NYBO et al., 2003b).
Da mesma maneira, a ingestão de PTNc alterou as concentrações plasmática de AACR
durante o exercício (GRAF. 7), resposta esperada pois os AACR constituíram a maioria dos
aminoácidos presentes em PTNc e a proteína do soro do leite ser considerada de rápida
absorção (ANEXO 7; HA; ZEMEL, 2003). Este resultado está de acordo com os estudos
anteriores que utilizaram a suplementação de AACR como manipulação experimental
(BLOMSTRAND et al., 1997; CHEUVRONT et al., 2004; MADSEN et al., 1996; VAN
HALL et al., 1995), embora os estudos que utilizaram a proteína do soro do leite não tenham
medidas as concentrações plasmática dos AACR em nenhum momento do exercício (IVY et
85
al., 2003; OSTERBERG et al., 2008; SAUNDERS et al., 2004; VAN ESSEN; GIBALA,
2006). De qualquer forma, a disponibilidade aumentada de AACR não modificou o
desempenho no calor, assim como verificado por estudos anteriores (CHEUVRONT et al.,
2004; PAULINELLI JR, 2007; WATSON et al., 2004).
O exercício não alterou as concentrações plasmáticas de AACR ao longo de CHOc e H2O. A
utilização de AACR na via oxidativa parece estar relacionada com as concentrações de
glicogênio muscular (VAN HALL et al., 1996; WAGENMAKERS et al., 1991). No presente
estudo, certamente o estado nutricional dos voluntários não permitiu que este fosse um fator
limitante para a realização do exercício, justificando-se assim a manutenção das
concentrações de AACR durante CHOc e H2O em relação aos respectivos valores pré-
exercício.
Claramente a variável determinante da razão TRP/AACR no presente estudo foi a elevação da
concentração de AACR, já que não foram observadas diferenças no TRP total entre as
situações (GRAF. 7). A partir de 39 km em diante foram encontradas diferenças entre
PTNc/CHOc e H2O, mas desde o início do exercício (9 km), o comportamento das curvas da
razão em CHOc e PTNc foram diferenciadas em relação à curva de H2O. Enquanto a ingestão
de CHOc atenuou o aumento da razão TRP/AACR, a ingestão de PTNc a reduziu.
No que se refere aos efeitos de CHOc sobre a razão, os resultados do presente estudo estão de
acordo com o estudo de Davis et al. (1992), embora estes autores tenham verificado um
aumento do tempo de tolerância ao exercício quando os indivíduos em jejum ingeriram
solução a 6% ou 12% de CHO, o que não ocorreu com o desempenho no presente estudo. Já
no estudo de Madsen et al. (1996), a ingestão de glicose não alterou a resposta da razão
TRP/AACR ao exercício, assim como não aumentou o desempenho em 100 km de ciclismo
com intensidade auto-selecionada. O procedimento em comum entre o estudo de Madsen et
al. (1996) e o presente estudo foi o estado alimentado dos indivíduos previamente ao
exercício.
Com relação aos efeitos de PTNc sobre a razão, estudos anteriores já haviam verificado a
atenuação do aumento ou mesmo a diminuição da razão durante o exercício em resposta à
ingestão de AACR (CHEUVRONT et al., 2004; MADSEN et al., 1996; WATSON et al.,
2004). Nestes estudos, estas alterações não foram associadas ao aumento do desempenho
86
físico, inclusive no calor, assim como no presente estudo. Uma exceção foi o estudo de
Mittleman et al. (1998), no qual foi demonstrado aumento do tempo de tolerância ao exercício
submáximo (40% VO2pico) quando homens e mulheres ingeriram AACR. Entretanto, em um
estudo realizado em nosso laboratório, Paulinelli-Jr (2007) não confirmou os efeitos
ergogênicos dos AACR observados por Mittleman et al. (1998), apesar dos objetivos e dos
procedimentos metodológicos serem semelhantes entre ambos os estudos.
Portanto, a hipótese de que a manutenção ou a diminuição da razão TRP/AACR poderia
retardar a fadiga central e aumentar o desempenho também não foi confirmada pelos
resultados do presente estudo.
Os resultados da concentração sérica de prolactina (PRL) aumentados em função do exercício
em H2O e PTNc (GRAF. 8) concordam com os de outros estudos, quando o exercício foi
realizado no calor (ARMADA-DA-SILVA et al., 2004; LOW et al., 2005; PTISILADIS et al.,
2002; WARREN; CONSTANTINI, 2000; WATSON et al., 2005). Por outro lado, a PRL não
aumentou em resposta ao exercício em CHOc. A liberação e a síntese de PRL pelos
lactotrofos da hipótese anterior são mediadas pela atividade dos neurônios serotonérgicos, que
emitem projeções ao hipotálamo para estimular a secreção de PRL. Paralelamente, sabe-se
que neurônios dopaminérgicos secretam DOPA em vasos sanguíneos portais da hipófise,
inibindo tonicamente a secreção deste hormônio (VAN DE KAR; BROWNFIELD, 1993;
VAN DE KAR et al., 1996). Os resultados da razão TRP/AACR em CHOc poderiam sugerir
que ocorreu menor síntese de 5-HT nesta situação, o que justificaria a manutenção das
concentrações de PRL em relação ao momento PRÉ. Entretanto, esta relação seria também
estabelecida em PTNc, o que não foi demonstrado visto que a PRL aumentou em função do
exercício em PTNc. Além disso, o desempenho teria aumentado em CHOc se tivesse ocorrido
menor síntese de 5-HT, de acordo com a Hipótese da Fadiga Central.
De qualquer forma, a ingestão de PTNc e CHOc não afetou a resposta da PRL ao exercício,
assim como demonstrado por estudos anteriores (ABBISS et al., 2008; CHEUVRONT et al.,
2004; PITSILADIS et al., 2002). Em outras palavras, os resultados do presente estudo não
apóiam a hipótese de que a ingestão de CHOc e PTNc poderiam ter algum efeito no balanço
entre as atividades centrais serotonérgicas e dopaminérgicas, que seriam determinantes na
liberação de PRL (BRIDGE et al., 2003).
87
Alguns estudos demonstraram que a secreção de PRL é influenciada por fatores inerentes ao
exercício, como a intensidade, a duração e o estado de treinamento dos indivíduos; mas estes
fatores seriam modulados pelo efeito do exercício na temperatura corporal (ARMADA-DA-
SILVA et al., 2004; LOW et al., 2005; PITSILADIS et al., 2002; STRÜDER et al., 1997).
Além disso, já foram relatadas correlações positivas entre a PRL e a temperatura interna
(PAULINELLI-JR, 2007; PTISILADIS et al., 2002). Os resultados do presente estudo estão
de acordo com a afirmação acima, pois a ingestão de CHOc ou PTNc não alterou a duração
do exercício (resultados de TT60km, DSPRINTS e TP), a intensidade do exercício (resultados de
FC e concentração plasmática de lactato) e a temperatura interna, não sendo observados,
assim, efeitos dos tratamentos sobre a resposta da PRL ao exercício.
A PSE avaliada logo após as colheitas de sangue aumentou em resposta ao exercício em todas
as situações experimentais (GRAF. 10). Este resultado está de acordo com a maioria dos
estudos que utilizaram CHO, AACR ou mesmo a proteína como suplementação durante o
exercício em diferentes condições ambientais, inclusive no calor (ABBISS et al., 2008;
CARTER et al., 2003; 2004b; CHEUVRONT et al., 2004; GALLOWAY; MAUGHAN,
2000; IVY et al., 2003; OSTERBERG et al., 2008; PAULINELLI-JR, 2007; SAUNDERS et
al., 2004; WATSON et al., 2004). A PSE avaliada ao final dos sprints aumentou apenas em
CHOc, quando se comparou o quarto sprint com o primeiro sprint (GRAF. 11). Este resultado
não era esperado devido à duração (~ 1 min 40 s) e FC final (~ 180 bpm) semelhantes entre os
dois sprints citados.
De acordo com o modelo do controlador central, a PSE aumentada representa a sensação de
fadiga crescente, que envolve a integração de múltiplos sinais aferentes, gerados a partir de
informação sensorial de diversas partes do corpo (ST CLAIR GIBSON; NOAKES, 2004;
FIG. 1). No presente estudo, a ingestão de CHOc ou PTNc não alterou a resposta da PSE ao
exercício em ambos os momentos de avaliação. Desta forma, é provável que a integração dos
múltiplos sinais aferentes envolvidos na PSE não foi afetada pela ingestão de CHOc ou PTNc.
Além disso, os resultados das variáveis de controle do presente estudo (TAB. 4 e 5; GRAF. 12
e 13) não foram modificados pelo tipo de suplementação fornecida. De acordo com Mihevic
(1981), estas variáveis de controle constituem alguns dos parâmetros fisiológicos que
funcionariam como sinais sensoriais importantes na determinação da percepção do esforço.
88
Caso a prolactina fosse alterada pelas manipulações experimentais, esperar-se-ia uma
alteração concomitante da PSE devido à associação postulada da 5-HT com a letargia,
sonolência, fadiga e inibição do comando central para a musculatura ativa (YOUNG, 1991).
Entretanto, esta relação não foi confirmada pelos resultados das duas correlações calculadas
(PSE x PRL; PSE x razão TRP/AACR), com exceção da correlação aos 10 km entre PSE e
PRL. Questiona-se, assim, eficácia da suplementação com CHO ou proteína em aumentar o
desempenho físico no calor por meio de alterações na atividade serotonérgica central, avaliada
pelos marcadores periféricos postulados na Hipótese da Fadiga Central (FIG. 2). Este
questionamento foi levantado anteriormente por outros autores que também não verificaram
efeitos positivos da ingestão de CHO (MADSEN et al., 1996) ou AACR (CHEUVRONT et
al., 2004; MADSEN et al., 1996; PAULINELLI-JR, 2007; WATSON et al., 2004) no
desempenho físico ou no tempo de tolerância ao exercício.
89
7) CONCLUSÃO
Nas condições do presente estudo, a ingestão de carboidratos e proteína em cápsulas durante o
exercício no calor (31ºC e 50% URA) não melhorou o desempenho físico de atletas no estado
alimentado. Estas suplementações, embora tenham alterado alguns dos componentes
periféricos propostos pela Hipótese da Fadiga Central, não apresentaram efeitos ergogênicos.
Logo, os efeitos descritos na literatura da serotonina como indutora de fadiga devem ser
centrais.
90
REFERÊNCIAS AARNIO, P.; LAURITSEN, T.; DELA, F. Insulin secretion and glucose kinetics during exercise with and without pharmacological α1-and α2-receptor blockade. Diabetes, v. 50, n. 8, p. 1834-1843, 2001. ABBISS, C. R.; LAURSEN, P. B. Models to explain fatigue during prolonged endurance cycling. Sports Med., v. 35, n. 10, p. 865-898, 2005. ABBISS, C. R. et al. Effect of carbohydrate ingestion and ambient temperature on muscle fatigue development in endurance-trained male cyclists. J. Appl. Physiol., v. 104, n. 4, p. 1021-1028, 2008. ACSM – AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE. Position Stand: Exercise and Fluid Replacement. Med. Sci. Sports Exerc., v. 28, n. 1, p. i-vii, 1996. ACSM – AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE. ACSM`s Guidelines for exercise testing and prescription. 6. ed. United States of America: Lippincott Williams & Wilkins, 2000. 368p. ACSM – AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE; ADA – AMERICAN DIET ASSOCIATION; DIETITIANS OF CANADA. Nutrition and athletic performance. Joint position statement. Med. Sci. Sports Exerc., v. 32, n. 12, p. 2130-2145, 2000. ARAÚJO-FERREIRA, A. P. Efeitos de carboidratos e minerais sobre as respostas termorregulatórias durante exercício prolongado até a fadiga em ambiente quente e úmido. 2004. 118f. Dissertação (Mestrado em Treinamento Esportivo) – Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2004. ARMADA-DA-SILVA, P. A. S. WOODS, J.; JONES, D. A. The effect of passive heating and face cooling on perceived exertion during prolonged exercise in the heat. Eur. J. Appl. Physiol., v. 91, n. 5-6, p. 563-571, 2004. ARMSTRONG, L.E. (Ed.) Performing in Extreme Environments. Champaign: Human Kinetics, 2000. 333p.
91
ARMSTRONG, L.E. et al. Thermal and circulatory responses during exercise: effects of hypohydration, dehydration and water intake. J. Appl. Physiol., v. 82, n. 6, p. 2028-2035, 1997. BACHARACH, D. W. et al. Carbohydrate drinks and cycling performance. J. Sports Med. Phys. Fitness, v. 34, n. 2, p. 161-168, 1994. BALDWIN, J. Glycogen availability does not affect the TCA cycle or TAN pools during prolonged, fatiguing exercise. J. Appl. Physiol., v. 94, n. 6, p. 2181-2187, 2003. BALTHAZAR, C. H. Tônus dopaminérgico central: efeito ergogênico e influência no balanço energético durante o exercício. 2008. 99f. Tese (Doutorado em Ciências Biológicas: Fisiologia e Farmacologia) – Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2008. BAILEY, S. P.; DAVIS, J. M.; AHLBORN, E. N. Neuroendocrine and substrate responses to altered brain 5-HT activity during prolonged exercise to fatigue. J. Appl. Physiol., v. 74, n. 6, p. 3006-3012, 1993. BLOMSTRAND, E. Amino acids and central fatigue. Amino Acids, v. 20, n. 1, p. 25-34, 2001. BLOMSTRAND, E. et al. Effect of carbohydrate ingestion on brain exchange of amino acids during sustained exercise in human subjects. Acta Physiol. Scand., v. 185, n. 3, p. 203-209, 2005. BLOMSTRAND, E. et al. Influence of ingesting a solution of branched-chain amino acids on perceived exertion during exercise. Acta Physiol. Scand., v. 159, n. 1, p. 41-49, 1997. BLOMSTRAND, E. et al. Effect of branched-chain amino acid and carbohydrate supplementation on the exercise-induced change in plasma and muscle concentration of amino acids in human subjects. Acta Physiol. Scand., v. 153, n. 2, p. 87-96, 1995. BLOMSTRAND, E. et al. Administration of branched-chain amino acids during sustained exercise – effects on performance and on plasma concentration of some amino acids. Eur. J. Appl. Physiol., v. 63, n. 2, p. 83-88, 1991a.
92
BLOMSTRAND, E.; HASSMÉN, P.; NEWSHOLME, E. A.; Effect of branched-chain amino acid supplementation on mental performance. Acta Physiol. Scand., v. 136, n. 2, p. 473-481, 1991b. BLOXAM, D. L. et al. Effects of albumin, amino acids, and clofibrate on the uptake of tryptophan by the rat brain. J. Neurochem., v. 34, n. 1, p. 43-49, 1980. BORG, G.A.V. Phychological bases of perceived exertion. Med. Sci. Sports Exerc., v. 14, n. 5, p. 377-381 1982. BOSCH, A. N.; DENNIS, S. C.; NOAKES, T. D. Influence of carbohydrate ingestion on fuel substrate turnover and oxidation during prolonged exercise. J. Appl. Physiol., v. 76, n. 6, p. 2364-2372, 1994. BOWTELL, J. L. et al. Tricarboxylic acid cycle intermediate pool size. Functional importance for oxidative metabolism in exercising human skeletal muscle. Sports Med., v. 37, n. 12, p. 1071-1088, 2007. BRIDGE, M. W. et al. Responses to exercise in the heat related to measures of hypothalamic serotonergic and dopaminergic function. Eur. J. Appl. Physiol., v. 89, n. 5, p. 451-459, 2003. BROZEK, J. et al. Densitometric analysis of body composition: revision of some quantitative assumptions. Ann N Y Acad Sci, v. 110, p. 113-140, 1963 apud KATCH, F.I.; McARDLE, W.D. Prediction of body density from simple anthropometric measurements in college age men an women. Hum. Biol., v. 45, n. 03, p. 445-454, 1973. BROWN, W. The placebo effect. Sci. Am., v. 278, n. 1, p. 90-95, 1998. BURKE, L. M. Nutritional needs for exercise in the heat. Comp. Biochem.Physiol. A., v. 128, n. 4, p. 735-748, 2001. BURKE, L.M. et al. Carbohydrate loading failed to improve 100-km cycling performance in a placebo-controlled trial. J. Appl. Physiol., v. 88, n. 4, p. 1284-1290, 2000. CAIRNS, S. P. et al. Evaluation of models used to study neuromuscular fatigue. Exerc. Sport Sci. Rev., v. 33, n. 1, p. 9-16, 2005.
93
CARTER, J. et al. Carbohydrate supplementation improves moderate and high-intensity exercise in the heat. Eur. J. Appl. Physiol., v. 446, n. 2, p. 211-219, 2003. CARTER, J. et al. The effect of glucose infusion on glucose kinetics during a 1-h time trial. Med. Sci. Sports Exerc., v. 36, n. 9, p. 1543-1550, 2004a. CARTER J. M.; JEUKENDRUP, A. E.; JONES, D. A. The effect of carbohydrate mouth rinse on 1-h cycle time trial performance. Med. Sci. Sports Exerc., v. 36, n. 12 , p. 2107-2111, 2004b. CHAOULOFF, F. Effects of acute physical exercise on central serotonergic systems. Med. Sci. Sports Exerc., v. 29, n. 1, p. 58-62, 1997. CHEUNG, S. S.; SLEIVERT, G. G. Multiple triggers for hyperthermic fatigue and exhaustion. Exerc. Sport Sci. Rev., v. 32, n. 3, p. 100-106, 2004. CHEUVRONT, S. N. et al. Branched-chain amino acid supplementation and human performance when hypohydrated in the heat. J. Appl. Physiol, v. 97, n. 4, p. 1275-1282, 2004. CHINEVERE, T. D. Effects of L-tyrosine and carbohydrate ingestion on endurance exercise performance. J. Appl. Physiol, v. 93, n. , p. 1590-1597, 2002. CLARK, V.R. et al. Placebo effect of carbohydrate feedings during a 40-km cycling time trial. Med. Sci. Sports Exerc., v. 32, n. 9, p. 1642-1647, 2000. CLARK, V.R.; EDHOLM, O.G. Man and his thermal environment. London: Edward Arnold Publishers, 1985. 253p. COGGAN, A. R.; COYLE, E. F. Reversal of fatigue during prolonged exercise by carbohydrate infusion or ingestion. J. Appl. Physiol., v. 63, n.6, p. 2388-2395, 1987. COGGAN, A. R.; COYLE, E. F. Metabolism and performance following carbohydrates ingestion late in exercise. Med. Sci. Sports Exerc., v. 21, n. 1, p. 59-65, 1989. COOMBES, J. S; HAMILTON, K. L. The effectiveness of commercially available sports drinks. Sports Med., v. 29, n. 3, 181-209, 2000.
94
CORDEIRO, L. M. S. O sistema serotonérgico participa da modulação dos mecanismos termorregulatórios e do processo de fadiga durante o exercício prolongado em ratos. 2007. 103f. Dissertação (Mestrado em Ciências do Esporte) – Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2007. COYLE, E.F. et al. Carbohydrate feeding during prolonged strenuous exercise can delay fatigue. J. Appl. Physiol., v. 55, n. 1, p. 230, 1983. COYLE, E. F. et al. Muscle glycogen utilization during prolonged strenuous exercise when fed carbohydrate. J. Appl. Physiol., v. 61, n. 1, p. 165-172, 1986. CUNLIFFE, A.; OBEID, O. A.; TUCK-POWELL, J. A placebo controlled investigation of the effects of tryptophan or placebo on subjective and objective measures of fatigue. Eur. J. Clin. Nutr., v. 52, n. 6, p. 425-430, 1998. DAVIS, J. M.; BAILEY, S. P. Possible mechanisms of central nervous system fatigue during exercise. Med. Sci. Sports Exerc., v. 29, n. 1, p. 45-57, 1997. DAVIS, J.M. et al. Effects of ingesting 6% and 12% glucose/ electrolyte beverages during prolonged intermittent cycling in the heat. Eur. J. Appl. Physiol. Ocupp. Physiol., v. 57, n. 5, p. 563-569, 1988. DAVIS, J. M. et al. Effects of carbohydrate feedings on plasma free tryptophan and branched chain amino acids during prolonged cycling. Eur. J. Appl. Physiol., v. 65, n. 6, p. 513-519, 1992. DAVIS, J.M.; ALDERSON, N. L.; WELSH, R.S. Serotonin and central nervous system fatigue: nutritional considerations. Am. J. Clin. Nutr., v. 72 (suppl), p. 573S- 578S, 2000. De BOCK, K. et al. Fiber type-specific muscle glycogen sparing due to carbohydrate intake before and during exercise. J. Appl. Physiol., v. 102, n. 1, p. 183-188, 2007. ENOKA, R. M.; STUART, D. G. Neurobiology of muscle fatigue. J. Appl. Physiol. v. 72, n. 5, p. 1631-1648, 1992. FADDA, F. Tryptophan-free diets: a physiological tool to study brain serotonin function. News Physiol. Sci., v. 15, n. 5, p. 260-264, 2000.
95
FARRIS, J. W. et al. Effect of tryptophan and of glucose on exercise capacity in horses. J. Appl. Physiol., v. 85, n. 3, p. 807-816, 1998. FEBBRAIO, M. A. Does muscle function and metabolism affect exercise performance in the heat? Exerc. Sport Sci. Rev., v. 28, n. 4, p. 171-176, 2000. FEBBRAIO, M. A. Alterations in energy metabolism during exercise and heat stress. Sports Med., v. 31, n. 1, p. 47-59, 2001. FEBBRAIO, M. A. et al. Muscle metabolism during exercise and heat stress in trained men: effect of acclimatation. J. Appl. Physiol., v. 76, n. 2, p. 589-597, 1994. FEBBRAIO, M. A. et al. Effect of CHO ingestion on exercise metabolism and performance in different ambient temperatures. Med. Sci. Sports Exerc., v. 28, n. 11, p. 1380-1387, 1996. FERNSTROM, J. D. Role of precursor availability in control of monoamine biosynthesis in brain. Physiological Reviews, v. 63, n. 2, p. 484-546, 1983. FERNSTROM, J. D; WURTMAN, R. J. Brain serotonin content: physiological dependence on plasma tryptophan levels. Science, v. 173, n. 992, p. 149-152, 1971. FERNSTROM J. D; HIRSCH, M. J.; FALLER, D. V. Tryptophan concentrations in rat brain. Failure to correlate with free serum tryptophan or its ratio to the sum of other serum neutral amino acids. Biochem J., v. 160, n. 3, p. 589-595, 1976. FITTS, R H. Cellular mechanisms of muscle fatigue. Physiological Reviews, v. 74, n. 1, p. 49-94, 1994. FINK, W. J.; COSTILL, D. L.; VAN HANDEL, P. J. Leg muscle metabolism during exercise in the heat and cold. Eur. J. Appl. Physiol., v. 34, n. 3, p. 183-190, 1975. FRANÇA, J. L. Manual para normalização de publicações técnico-científicas. 8 ed. Belo Horizonte : Editora UFMG, 2007, 255 p. FRITZCHE, R. G. et al. Water and carbohydrate ingestion during prolonged exercise increase maximal neuromuscular power. J. Appl. Physiol., v. 88, n. 2, p. 730-737, 2000.
96
GALLOWAY, S. D. R.; MAUGHAN, R. J. Effects of ambient temperature on the capacity to perform prolonged cycle exercise in man. Med. Sci. Sports Exerc., v. 29, n. 9, p. 1240-1249, 1997. GALLOWAY, S. D. R.; MAUGHAN, R. J. The effects of substrate and fluid provision on thermoregulatory and metabolic responses to prolonged exercise in a hot environment. J. Sports Sci., v. 18, n. 5, p. 339-351, 2000. GANDEVIA, S. C. Spinal and supraspinal factors in human muscle fatigue. Physiological Reviews, v. 81, n. 4, p. 1725-1789, 2001. GOMES, T.M. Estudo dos efeitos da ingestão de água ou solução carboidratada e eletrolítica durante a atividade física prolongada realizada em ambientes termoneutro ou quente e úmido. 1999. 170f. Dissertação (Mestrado em Treinamento Esportivo) – Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 1999. GONZÁLEZ-ALONSO, J. et al. Influence of body temperature on the development of fatigue during prolonged exercise in the heat. J. Appl. Physiol., v. 86, n. 3, p. 1032-1039, 1999. GRAHAM, T. E.; RUSH, J. W. E.; MacLEAN, D. Skeletal muscle amino acid metabolism and ammonia production during exercise. In: HARGREAVES, M. (Ed.). Exercise Metabolism. Champaign: Human Kinetics Publishers, 1995. p. 131-175. GUIMARÃES, M.T.; SILAMI-GARCIA, E. Water replacement and thermoregulatory responses during prolonged exercise. Braz. J. Med. Biol. Res., v. 26, n. 11, p. 1237-1240, 1993. HA, E.; ZEMEL, M.B. Functional properties of whey, whey components, and essential amino acids: mechanisms underlying health benefits for active people (Review) J. Nutr. Biochem., v. 14, n. 5, p. 251-258, 2003. HAMILTON, M. T. et al. Fluid replacement and glucose infusion during exercise prevent cardiovascular drift. J. Appl. Physiol., v. 71, n. 3, p. 871- 877, 1991. HARGREAVES, M. (Ed.) Exercise Metabolism. Champaign: Human Kinetics Publishers, 1995. 263p.
97
HARGREAVES, M. Physiological limits to exercise performance in the heat. J. Sci. Med. Sport, v. 11, n. 1, p. 66-71, 2008. HARGREAVES, M.; SNOW, R. Amino acids and endurance exercise. Int. J. Sport. Nutr. Exerc. Metab., v. 11, n. 1, p. 133-145, 2001. HASEGAWA, H. et al. Exercise performance in the heat – possible brain mechanism an thermoregulatory strategies –. Adv. Exerc. Sports Physiol., v. 13, n. 4, p. 81-92, 2008. HASSMÉN, P. et al. Branched-chain amino acid supplementation during 30-km competitive run: mood and cognitive performance. Nutrition, v. 10, n. 5, p. 405-410, 1994. HEYWARD, V. H.; STOLARCZYK, L. M. Avaliação da composição corporal aplicada. 1.ed. São Paulo: Editora Manole LTDA., 2000. 243p. HOUWING, H. et al. Role of sympathoadrenal system in exercise-induced inhibition of insulin secretion. Diabetes, v. 44, n. 5, p. 565-571, 1995. HUFFMAN, D. M. Effect of n-3 fatty acids on free tryptophan and exercise fatigue. Eur. J. Appl. Physiol., v. 92, n. 4-5, p. 584-591, 2004. HUFFMAN, L.M.; HARPER, W.J. Maximizing the value of milk through separation technologies. J. Dairy Sci, v.82, n. 10, p.2238-2244, 1999. IVY, J. L. et al. Endurance improved by ingestion of a glucose polymer supplement. Med. Sci. Sports Exerc., v. 15, n. 6, p. 466-471, 1983. IVY, J. L. et al. Effect of a carbohydrate-protein supplement on endurance performance during exercise of varying intensity. Int. J. Sport Nutr. Exerc. Metab., v. 13, n. 3, p. 388-401, 2003. JAKEMAN, P. M. Amino acid metabolism, branched-chain amino acid feeding and brain monoamine function. Proceedings of the Nutrition Society, v. 57, n. 1, p. 35-41, 1998. JENTJENS, R. L. P. G.; WAGENMAKERS, A. J. M.; JEUKENDRUP, A. E. Heat stress increases muscle glycogen use but reduces the oxidation of ingested carbohydrates during exercise. J. Appl. Physiol., v. 92, n. 4, p. 1562-1572, 2002.
98
JEUKENDRUP, A.E ; SARIS, W. H. M. ; WAGENMAKERS, A. J. M. Fat metabolism during exercise : a review. Part I : Fatty acid mobilization and muscle metabolism. Int. J. Sports Med., v. 19, n. 4, p. 231-244, 1998. JOHNSON, N. A. et al. Effect of altered pre-exercise carbohydrate availability on selection and perception of effort during prolonged cycling. Eur. J. Appl. Physiol., v. 98, n. 1, p. 62-70, 2006. KATCH, F.I.; McARDLE, W.D. Prediction of body density from simple anthropometric measurements in college age men and women. Hum. Biol., v. 45, n. 03, p. 445-454, 1973. KAY, D.; MARINO, F. E. Fluid ingestion and exercise hyperthermia: implications for performance, thermoregulation, metabolism and the development of fatigue. J. Sports Sci., v. 18, n. 2, p. 71-82, 2000. KAY, D. et al. Evidence for neuromuscular fatigue during high-intensity cycling in warm, humid conditions. Eur. J. Appl. Physiol., v. 84, n. 1-2, p. 115-121, 2001. LANDSBERG, L.; YOUNG, J. B. Fasting, feeding and regulation of the sympathetic nervous system. New England J. Med., v. 298, n. 23, p. 1295-1301, 1978. LANGENFELD, M. E. et al. Effect of carbohydrate ingestion on performance of non-fasted cyclists during a simulated 80-mile time trial. J. Sports Med. Phys. Fitness, v. 34, n. 3, p. 263-270, 1994. LEMON, P. W. R.; MULLIN, J. P. Effect of initial muscle glycogen levels on protein catabolism during exercise. J. Appl. Physiol., v. 48, n. 4, p. 624-629, 1980. LEVENHAGEN, D. K. et al. Post exercise nutrient intake timing is critical to recovery of leg glucose and protein homeostasis. Am. J. Physiol. Endocrinol. Metab., v. 280, n. 6, p. E982-E993, 2001. LOW, D. et al. The prolactin responses to active and passive heating in man. Exp. Physiol., v. 90, n. 6, p. 909-917, 2005. MADRAS, B. K. et al. Letter: Dietary carbohydrate increases brain tryptophan and decreases free plasma tryptophan. Nature, v. 244, n. 5410, p. 34-35, 1973.
99
MADSEN, K. et al. Effects of glucose, glucose plus branched-chain amino acids, or placebo on bike performance over 100 km. J. Appl. Physiol., v. 81, n. 6, p. 2644-2650, 1996. MARINO, F. E. et al. A reproducible and variable intensity cycling performance protocol for warm conditions. J. Sci. Med. Sport, v. 5, n. 2, p. 95-107, 2002. MARINO, F .E.; KAY, D.; CANNON, J. Glycerol hyperhydration fails to improve endurance performance and thermoregulation in humans in a warm humid environment. Pflugers Arch. Eur. J. Physiol., v. 446, n. 4, p. 455-462, 2003. MARINO, F. E.; KAY, D.; SERWACH, N. Exercise time to fatigue and the critical limiting temperature: effect of hydration. J. Therm. Biol., v. 29, n. 1, p. 21-29, 2004a. MARINO, F. E. Anticipatory regulation and avoidance of catastrophe during exercise-induced hyperthermia. Comp. Biochem. Physiol., part B, v. 139, n. 4, p. 561-569, 2004. MARINO, F. E.; LAMBERT, M. I. NOAKES, T. D. Superior performance of African runners in warm humid but not in cool environmental conditions. J. Appl. Physiol., v. 96, n. 1, p. 124-130, 2004b. MARQUEZI, M. L.; LANCHA JÚNIOR, A. H. Estratégias de reposição hídrica: revisão e recomendações aplicadas. Rev. Paul. Educ. Fís., v. 12, n. 2, 219-227, 1998. MARSHALL, K. Therapeutic applications of whey protein. Altern. Med. Rev., v. 9, n. 2, p. 136-156, 2004. MAUGHAN, R. J.; BURKE, L. M. Manual de Ciência e Medicina Esportiva: nutrição esportiva. Porto Alegre: Artmed Editora, 2004. 190p. MAUGHAN, R.; GLEESON, M.; GREENHAFF, P.L. Bioquímica do exercício e do treinamento. 1.ed. São Paulo: Editora Manole LTDA., 2000. 240p. McARDLE, W.D.; KATCH, F.I.; KATCH, V.L. Fisiologia do Exercício: Energia, Nutrição e Desempenho Humano. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A., 2003. 1113p.
100
McMENAMY, R. H; ONCLEY, J. L. The specific binding of L-tryptophan to serum albumin. J. Biol. Chem., v. 233, n. 6, p. 1436-1447, 1958. McCONELL, G. et al. Muscle metabolism during prolonged exercise in humans: influence of carbohydrate availability. J. Appl. Physiol., v. 87, n. 03, 1083-1086, 1999. MEEUSEN, R; DE MEIRLEIR, K. Exercise and brain neurotransmission. Sports Med., v. 20, n. 3, p. 160-188, 1995. MEEUSEN, R.; WATSON, P.; DVORAK, J. The brain and fatigue: new opportunities for nutritional interventions? J. Sports Sci., v. 24, n. 7, p. 773-782, 2006. MIHEVIC, P. M. Sensory cues for perceived exertion: a review. Med. Sci. Sports Exerc., v. 14, n. 3, p. 150-163, 1981. MILLARD-STAFFORD, M. et al. Carbohydrate-electrolyte replacement improves distance running performance in the heat. Med. Sci. Sports Exerc., v. 24, n. 8, p. 934-940, 1992. MILLARD-STAFFORD, M. et al. Carbohydrate-electrolyte replacement during a simulated triathlon in the heat. Med. Sci. Sports Exerc., v. 22, n. 5, p. 621-628, 1990. MITTLEMAN, K. D.; RICCI, M. R.; BAILEY, S. P. Branched-chain amino acids prolong exercise during heat stress in men and women. Med. Sci. Sports Exerc., v. 30, n. 1, p. 83-91, 1998. MÜNDEL, T. et al. Drink temperature influences fluid intake and endurance capacity in men during exercise in a hot, dry environment. Exp. Physiol., v. 91, n. 5, p. 925-933, 2006. NASSIF, C. et al. Double blind carbohydrate ingestion does not improve exercise in warm humid conditions. J. Sci. Med. Sport, v. 11, n. 1, p. 72-79, 2008. NATA – NATIONAL ATHLETIC TRAINERS’ ASSOCIATION. Position Statement: Fluid Replacement for Athletes. J. Athl. Train., v.35, n.2, p.212-224, 2000. NEUFER, P.D. et al. Improvements in exercise performance: effects of carbohydrate feedings and diet. J. Appl. Physiol., v. 62, n. 3, p. 983-988, 1987.
101
NEWSHOLME, E. A.; BLOMSTRAND, E.; EKBLOM, E. Physical and mental fatigue: metabolic mechanisms and importance of plasma amino acids. Br. Med. Bull., v. 48, n. 3, p. 477-495, 1992. NEWSHOLME, P.; BRENNAN, L.; BENDER, K. Amino acid metabolism, β-cell function, and diabetes. Diabetes, v. 55, suppl. 2, p. S39-S47, 2006. NIELSEN, B. et al. Muscle blood flow and metabolism during exercise and heat stress. J. Appl. Physiol., v. 29, n. 3, p. 1040-1046, 1990. NIELSEN, B. et al. Human circulatory and thermoregulatory adaptations with heat acclimation and exercise in a hot, dry environment. J. Appl. (Lond.), v. 460, n. 1, p. 467-485, 1993. NOAKES, T. D. Drinking guidelines for exercise: what evidence is there that athletes should drink “as much as tolerable”, to “replace the weight lost during exercise” or “ad libitum”? J. Sports Sci., v. 25, n. 7, p. 781-796, 2007. NOAKES, T. D.; SPEEDY, D. B. Lobbyists for the sports drink industry: an example of the rise of “contrarianism” in modern scientific debate. Br. J. Sports Med., v. 41, n. 3, p. 107-109, 2007. NOAKES, T. D.; ST CLAIR GIBSON, A.; LAMBERT, E. V. From catastrophe to complexity: a novel model of integrative central neural regulation of effort and fatigue during exercise in humans. Br. J. Sports Med., v. 38, n. 4, p. 511-514, 2004. NYBO, L. CNS fatigue and prolonged exercise: effect of glucose supplementation. Med. Sci. Sports Exerc., v. 35, n. 4, p. 589-594, 2003. NYBO, L. et al. Association between fatigue and failure to preserve cerebral energy turnover during prolonged exercise. Acta Physiol. Scand., v. 179, n. 1, p. 67-74, 2003a. NYBO, L. et al. Neurohumoral responses during prolonged exercise in humans. J. Appl. Physiol., v. 95, n. 3, p. 1125-1131, 2003b. NYBO, L.; NIELSEN, B. Hyperthermia and central fatigue during prolonged exercise in humans. J. Appl. Physiol., v. 91, n. 3, p. 1055-1060, 2001a.
102
NYBO, L.; NIELSEN, B. Perceived exertion is associated with an altered brain activity during exercise with progressive hyperthermia. J. Appl. Physiol., v. 91, n. 5, p. 2017-2023, 2001b. OSTERBERG, K. L.; ZACHWIEJA, J. J.; SMITH, J. W. Carbohydrate and carbohydrate + protein for cycling time-trial performance. J. Sports Sci., v. 26, n. 3, p. 227-233, 2008. PALMER, G. S. et al. Heart rate responses during a 4-d cycle stage race. Med. Sci. Sports Exerc., v. 26, n. 10, p. 1278-1283, 1994. PARKIN, J.M. et al. Effect of ambient temperature on human skeletal muscle metabolim during fatiguing submaximal exercise. J. Appl. Physiol., v. 86, n. 3, 902-908, 1999. PAULINELLI JR, R. T. Suplementação com aminoácidos de cadeira ramificada (AACR): efeitos sobre o desempenho físico no calor em humanos. 2007. 143 f. Dissertação (Mestrado em Ciências do Esporte) – Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2007. PITSILADIS, Y. P. et al. Hyperprolactinaemia during prolonged exercise in the heat: evidence for a centrally mediated component of fatigue in trained cyclists. Exp. Physiol., v. 87, n. 2, p. 215-226, 2002. POWERS, S.K.; HOWLEY, E.T. Fisiologia do Exercício: teoria e aplicação ao condicionamento e ao desempenho. São Paulo: Manole Ltda., 2000. 527 p. RODRIGUES, L. O. C.; SILAMI-GARCIA, E. Fadiga: falha ou mecanismo de proteção? In: Temas Atuais III. Belo Horizonte: Health, 1998. RODRIGUES, L.O.C. et al. Heat storage rate and acute fatigue in rats. Braz. J. Med. Biol. Research, v. 36, n. 1, p. 131-135, 2003. ROMIJM, J. A. et al. Regulation of endogenous fat and carbohydrate metabolism in relation to exercise intensity and duration. Am. J. Physiol. Endrocrinol. Metab., v. 265, p. E380-E391, 1993.
103
SAMPAIO, I. B. M. 3 ed. Estatística aplicada à experimentação animal. Belo Horizonte: Fundação de Ensino e Pesquisa em Medicina Veterinária e Zootecnia, 2007. 264p. SASSIN, J.F. et al. Human prolactin: 24-hour pattern with increased release during sleep. Science, v. 177, n. 4055, 1205-1207, 1972. SAUNDERS, M. J.; KANE, M. D. TODD, M. K. Effects of a carbohydrate-protein beverage on cycling endurance and muscle damage. Med. Sci. Sports Exerc., v. 36, n. 7, p. 1233-1238, 2004. SAWKA, M.N. et al. Human tolerance to heat strain during exercise: influence of hydration. J. Appl. Physiol., v. 73, n. 1, p. 368-375, 1992. SBME – SOCIEDADE BRASILEIRA DE MEDICINA DO ESPORTE. Diretriz: Modificações dietéticas, reposição hídrica, suplementos alimentares e drogas: comprovação de ação ergogênica e potenciais riscos para a saúde. Rev. Bras. Med. Esporte, v. 9, n. 2, p. 1-13, 2003. SBPC/ML – SOCIEDADE BRASILEIRA DE PATOLOGIA CLÍNICA/MEDICINA LABORATORIAL. Recomendações para coleta de sangue venoso. 1. ed. São Paulo: [s.n.], 2005. 76p. SCHABORT, E. J. et al. A new reliable laboratory test of endurance performance for road cyclists. Med. Sci. Sports Exerc., v. 30, n. 12, p. 1744-1750, 1998. SCHABORT, E. J. et al. The effect of a preexercise meal on time to fatigue during prolonged cycling exercise. Med. Sci. Sports Exerc., v. 31, n. 3, p. 464-471, 1999. SGARBIERI, V. C. Propriedades fisiológicas-funcionais das proteínas do soro do leite. Rev. Nutr., v. 17, n. 4, p. 397-409, 2004. SILAMI-GARCIA, E. et al. Efeitos de carboidratos e eletrólitos sobre a termorregulação e a potencia anaeróbia medida após um exercício prolongado no calor. Rev. Bras. Educ. Fís. Esp., v. 18, n. 2, p. 179-189, 2004. SISO, M. I. G. The biotechnological utilization of cheese whey: a review. Biores. Technol., v. 57, n. 1, p. 1-11, 1996.
104
SOARES, D.D. Efeitos da elevação da temperatura interna sobre o tempo total de exercício, a percepção subjetiva do esforço e as respostas termorregulatórias durante o exercício submáximo realizado em ambiente termoneutro. 1993. 187f. Dissertação (Mestrado em Treinamento Esportivo) – Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 1993. SOARES, D. D.; COIMBRA, C. C.; MARUBAYASHI, U. Tryptophan-induced central fatigue in exercising rats is related to serotonin content in preoptic area. Neuroscience Letters, v. 415, n. 3, p. 274-278, 2007. SOARES, D. D. et al. Evidence that tryptophan reduces mechanical efficiency and running performance in rats. Pharmacology, Biochemistry and Behavior, v. 74, n. 2, p. 357-362, 2003. SOARES, D. D. et al. Intracerebroventricular tryptophan increases heating and heat storage rate in exercising rats. Pharmacology, Biochemistry and Behavior, v.78, n. 2, p. 255-261, 2004. ST CLAIR GIBSON, A.; NOAKES, T. D. Evidence for complex system integration and dynamic neural regulation of skeletal muscle recruitment during exercise in humans. Br. J. Sports Med., v. 38, n. 6, p. 797-806, 2004. ST CLAIR GIBSON, A.; SCHABORT, E. J.; NOAKES, T. D. Reduced neuromuscular activity and force generation during prolonged cycling. Am. J. Physiol. Regulatory Integrative Comp. Physiol., v. 281, n. 1, p. R187-R196, 2001. STRÜDER, H. K.; WEICKER, H. Physiology and pathophysiology of the serotonergic system and its implications on mental and physical performance. Part I. Int. J. Sports Med., v. 22, n. 7, p. 467-481, 2001a. STRÜDER, H. K.; WEICKER, H. Physiology and pathophysiology of the serotonergic system and its implications on mental and physical performance. Part II. Int. J. Sports Med., v. 22, n. 7, p. 482-497, 2001b. STRÜDER, H. K. et al. Influence of paroxetine, branched-chain amino acids and tyrosine on neuroendocrine system responses and fatigue in humans. Horm. Metab. Res., v. 30, n. 4, p. 188-194, 1998. STRÜDER, H. K. et al. Effect of exercise intensity on free tryptophan to branched-chain amino acids ratio and plasma prolactin during endurance exercise. Can. J. Appl. Physiol., v. 22, n. 3, p. 280-291, 1997.
105
SUGIURA, K.; KOBAYASHI, K. Effect of carbohydrate ingestion on sprint performance following continuous and intermittent exercise. Med. Sci. Sports Exerc., v. 30, n. 11, p. 1624-1630, 1998. SWITHERS, S. E.; DAVIDSON, T. L. A role for sweet taste: caloric predictive relations in energy regulations by rats. Behav. Neurosci., v. 122, n. 1, p. 161-173, 2008. TATTERSON, A. J. et al. Effects of heat stress on physiological responses and exercise performance in elite cyclists. J. Sci. Med. Sport, v. 3, n. , p. 186-193, 2000. THOMAS, J. R; NELSON, J.K. Métodos de pesquisa em atividades física. 3.ed. Porto Alegre: Artmed Editora, 2002. 419p. TIMMONS, B. W. et al. The efficacy of SportTM as a dietary supplement on performance and recovery in trained athletes. Can. J. Appl. Physiol., v. 25, n. 1, p. 55-67, 2000. TSINTZAS, O. et al. Carbohydrate ingestion and single muscle fiber glycogen metabolism during prolonged running in men. J. Appl. Physiol., v. 81, n. 2, p. 801- 809, 1996. TUCKER, R. et al. Impaired exercise performance in the heat is associated with an anticipatory reduction in skeletal muscle recruitment. Pflügers Archiv: European Journal of Physiology, v. 448, n. 4, p. 422-430, 2004. TUCKER, R. et al. The rate of heat storage mediates an anticipatory reduction in exercise intensity during cycling at a fixed rating of perceived exertion. J. Physiol., v. 574, n. 3, p. 905-915, 2006. VAN CAUTER, E. et al. Modulation of glucose regulation and insulin secretion by circadian rhythmicity and sleep. J. Clin. Invest., v. 88, n. 3 , p. 934-942, 1991. VAN DE KAR, L. D.; BROWNFIELD, M. S. Serotonergic neurons and neuroendocrine function. News in Physiol Sci, v. 8, p. 202-207, 1993. VAN DE KAR, L. D. et al. Serotonergic regulation of renin and prolactin secretion. Behav. Brain Res., v. 73, n. 1-2, p. 203-208, 1996.
106
VAN ESSEN, M.; GIBALA, M. J. Failure of protein to improve time trial performance when added to a sports drink. Med. Sci. Sports Exerc., v. 38, n. 8, p. 1476-1483, 2006. VAN HALL, G. et al. Ingestion of branched-chain amino acids and tryptophan during sustained exercise in man: failure to affect performance. J. Physiol, v. 486, n. 03, p. 789-794, 1995. VAN HALL, G. et al. Mechanisms of activation of muscle branched-chain α-keto acid dehydrogenase during exercise in man. J. Physiol., v. 494, n. 3, p. 899-905, 1996. VIGAS, M.; CELKO, J.; KOSKA, J. Role of body temperature in exercise-induced growth hormone and prolactin release in non-trained and physically fit subjects. Endocr. Regul., v. 34, n. 4, p. 175-180, 2000. WAGENMAKERS, A. J. Muscle amino acid metabolism at rest and during exercise: role in human physiology and metabolism. Exerc. Sport Sci. Rev., v. 26, n. 1, p. 287-314, 1998. WAGENMAKERS, A. J. et al. Carbohydrate supplementation, glycogen depletion, and amino acid metabolism during exercise. Am. J. Physiol., v. 260, n. 6, p. E883-E890, 1991. WALLIS, A. G. et al. Dose-response effects of ingested carbohydrate on exercise metabolism in women. Med. Sci. Sports Exerc., v. 39, n. 1, p. 131-138, 2007. WALZEM, R. L.; DILLARD, C. J.; GERMAN, J. B. Whey components: millennia of evolution create functionalities for mammalian nutrition: what we know and what we may be overlooking. Crit. Rev. Food Sci. Nutr., v. 42, n. 4, p. 353 - 375, 2002. WARREN, M. P.; CONSTANTINI, N. W. (Ed.) Sports Endocrinology. Totowa: Humana Press, 2000. 486p. WATSON, P. et al. The effect of acute branched-chain amino acid supplementation on prolonged exercise capacity in a warm environment. Eur. J. Appl. Physiol., v. 93, n. 3, p. 306-314, 2004. WATSON, P.; SHIRREFFS, S. M.; MAUGHAN, R. J. Blood-brain barrier integrity may be threatened by exercise in a warm environment. Am. J. Physiol. Reg. Integr. Comp. Physiol., v. 288, n. 6, p. R1689-R1694, 2005.
107
WELTAN, S. M. et al. Preexercise muscle glycogen content affects metabolism during exercise despite maintenance of hyperglycemia. Am. J. Physiol., v. 274, n. 1, E83-E88, 1998. WILLIAMS, M. H. Nutrition for health, fitness & sport. 5 ed. USA: WCB McGraw-Hill, 1999. 500p. WRIGHT, D.A.; SHERMAN, W.M.; DERNBACH, A.R. Carbohydrate feedings before, during, or in combination improve cycling performance. J. Appl. Physiol., v. 71, n. 3, p. 1082-1088, 1991. YOUNG, S. N. The 1989 Borden Award Lecture. Some effects of dietary components (amino acids, carbohydrate, folic acid) on brain serotonin synthesis, mood, and behavior. Can. J. Physiol. Pharmacol., v. 69, n. 7, p. 893-903, 1991.
ANEXOS
109
ANEXO 1 – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa da UFMG
110
ANEXO 2 – Parecer da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CNS/MS)
111
112
ANEXO 3 – Termo de consentimento livre e esclarecido
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Escola de Educação física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional Fones (31) 3499-2357/2350 - Fax (31) 3499-2325 E-mail: [email protected] (31) 3282-5040/8801-8890 E-mail: [email protected] (31) 3292-8799/9282-2388
CHARLES STURT UNIVERSITY – CONSENT FORM
ETHICS IN HUMAN RESEARCH COMMITTEE – (PROTOCOL # 2005/064)
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (DE ACORDO COM O ITEM IV DA RESOLUÇÃO 196/96 DO CNS)
TÍTULO DA PESQUISA Influência da ingestão de carboidratos sobre parâmetros indicadores de fadiga durante exercício em ambiente quente JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS DA PESQUISA Os mecanismos responsáveis pelo aparecimento da fadiga em exercícios prolongados ainda não são bem definidos. Recentemente, alguns pesquisadores têm concentrado seus estudos em uma hipótese que associa a fadiga ao sistema nervoso central, também chamada de fadiga central. Ao considerar esta hipótese, os pesquisadores utilizam a ingestão de carboidratos como possível estratégia nutricional capaz de retardar a fadiga central durante exercícios prolongados. Entretanto, as condições do experimento, como o tipo de exercício e o ambiente em que foi realizado, podem influenciar ou não o aparecimento da fadiga central. Com a realização dessa pesquisa, pretendemos auxiliar a compreensão mais detalhada da fadiga central e sob quais condições ela se manifesta. Para tanto, avaliaremos a influência da ingestão de carboidratos sobre parâmetros de fadiga durante exercício em ambiente quente. PROCEDIMENTOS DA PESQUISA
Anteriormente à realização das situações experimentais, você passará por avaliações (médica, física e nutricional), com o objetivo de prontificar, caracterizar e selecionar a amostra.
Como um atleta de ciclismo, triathlon ou mountain bike, você completará cinco situações experimentais, uma envolvendo a ingestão de água e as demais a ingestão de carboidratos durante o exercício. Em duas das situações, os carboidratos serão ingeridos sob a forma líquida, semelhante às bebidas esportivas vendidas no comércio. Em outras duas situações, cápsulas gelatinosas contendo pó de carboidratos serão ingeridas juntamente com um volume adequado de água. O exercício consistirá em pedalar, utilizando a sua própria bicicleta, sessenta quilômetros em um menor tempo possível. A cada quinze quilômetros, sprints de um quilômetro serão realizados. O exercício acontecerá dentro de uma câmara ambiental, com capacidade para manter 32°C de temperatura e 50% de umidade relativa do ar.
113
Durante o exercício serão medidas diversas variáveis pela utilização de métodos seguros e confiáveis. As variáveis são descritas a seguir.
- Tempo total de exercício (TTE): corresponde ao tempo que você percorrerá a distância de 60km em cada situação experimental. - Concentração de glicose sanguínea (GLI): será medida no repouso, a cada cinco quilômetros e após cada sprint, utilizando-se um aparelho portátil. - Freqüência cardíaca (FC): será medida no repouso, a cada dois quilômetros e ao final do exercício, utilizando-se um freqüencímetro. - Concentração de lactato sanguíneo (LAC): será medida no repouso, a cada cinco quilômetros e após cada sprint, utilizando-se um aparelho portátil. - Percepção subjetiva do esforço (PSE): avaliada a cada cinco quilômetros de exercício e nos quilômetros 7.5, 21.5, 36.5 e 51.5, pela escala proposta por Borg (1982). - Potência e cadência: serão registradas a cada quilômetro e medidas pelo computador ligado ao rolo medidor de potência. - Temperatura interna (Tint): será medida por meio de um sensor térmico, localizado em uma cápsula, que deverá ser ingerida doze horas antes do exercício começar, para que esteja posicionada dentro do intestino no momento do exercício. A leitura da Tint é feita em um sistema de registro de dados (CorTemp™ Data Recorder), e será registrada no repouso, a cada dois quilômetros e ao final do exercício. - Temperaturas de pele: sensores serão fixados em quatro locais do seu corpo (braço, peito, coxa e perna) para monitoração das temperaturas, no repouso, a cada dois quilômetros e ao final do exercício. - Densidade específica da urina (DEU): será medida antes e após o exercício para verificar seu estado de hidratação em cada situação experimental. - Taxa de sudorese (TaS): a sudorese total (STo) será calculada como sendo a diferença entre a sua massa corporal antes e após o exercício, considerando-se tudo o que você ingerir e a quantidade de suor contido na vestimenta, na sapatilha e nos materiais utilizados por você durante o exercício. A TaS será calculada dividindo-se a sua STo pelo tempo entre as pesagens e a sua área de superfície corporal. Variáveis relacionadas às colheitas sangüíneas Durante o período preparatório ao exercício, um pesquisador, previamente treinado em técnicas de punctura de veias periféricas, escolherá a veia mais proeminente, localizada abaixo do cotovelo, onde inserirá um cateter intravenoso. O cateter permanecerá afixado nesta região até o final do exercício. Por meio do sistema a vácuo, as colheitas de sangue
114
serão realizadas seis vezes ao longo das situações experimentais: repouso (pré-exercício) e durante o exercício (km 09, 24, 39, 54 e 60). A cada coleta, serão retirados para análise 10mL de sangue e injetado 01mL de solução de heparina para evitar a coagulação e permitir o acesso venoso ao longo do exercício. As seguintes variáveis serão medidas por técnicas específicas de dosagem sanguínea: aminoácidos, prolactina, insulina, ácidos graxos livres, catecolaminas, sódio, potássio, osmolalidade e variação percentual do volume plasmático, além do hematócrito, hemoglobina e leucócitos. Variáveis relacionadas à função neuromuscular Eletrodos de superfície serão posicionados nos músculos da coxa, podendo ser necessário, em alguns casos, depilar a região. A corrente de estimulação elétrica será aplicada em intensidades progressivas, durante curtos intervalos de tempo, respeitando a todo o momento sua tolerância subjetiva. Serão medidas as seguintes variáveis: contração voluntária máxima, fadiga muscular, atividade eletromiográfica, tensão máxima da fibra muscular e ativação muscular voluntária. POSSÍVEIS DESCONFORTOS E RISCOS Você poderá apresentar dores musculares, tardias ou não, e sensação de cansaço, que devem desaparecer entre 2 e 5 dias. Hematomas também podem aparecer no local da colheita de sangue, regredindo no máximo após uma semana. Riscos gerais que envolvem a prática de atividades físicas devem ser considerados, como lesões músculo-esqueléticas, traumatismo em geral e ataques cardíacos. Entretanto, você realizará uma atividade física em condições laboratoriais, estritamente controladas, com procedimentos cautelosos e tecnicamente bem executados. Além disso, você poderá perceber, nos dias que se sucedem às situações experimentais, diferenças na cor das fezes, que se tornam semelhantes à cor das cápsulas gelatinosas ingeridas. Isto é normal, já que a gelatina na qual as cápsulas são feitas não é absorvida pelo corpo, sendo posteriormente eliminada. Você também pode sentir desconforto durante a aplicação da estimulação elétrica. No entanto, sua tolerância ao desconforto será respeitada para que o procedimento seja realizado da melhor forma possivel, com intervalos entre as medida para que esta seja feita dentro do seu conforto. BENEFÍCIOS ESPERADOS Como benefício, esta pesquisa é uma boa oportunidade para você aprender como seu próprio organismo se ajusta diante de um ambiente quente e como reage quando carboidratos são ingeridos. Você terá em mãos os resultados da avaliação física, informação importante para seu método de treinamento. Ao término da pesquisa, os pesquisadores interpretarão e apresentarão todos os resultados relativos ao desempenho nas situações experimentais, caso você se interesse. Por sua vez, a pesquisa ajudará os pesquisadores a gerarem conhecimento sobre a influência da ingestão de carboidratos sobre o desempenho, relacionando-os à fadiga e ao sistema nervoso central. MÉTODOS ALTERNATIVOS EXISTENTES
115
Tradicionalmente, os estudos utilizam a bebida como método de fornecer carboidratos durante o exercício. Nesta pesquisa utilizaremos também as cápsulas, como método alternativo. Dessa maneira, poderemos verificar se há diferenças nas variáveis medidas quando você ingerir bebida ou cápsulas contendo pó de carboidratos. FORMA DE ACOMPANHAMENTO E ASSISTÊNCIA Você será acompanhado por pesquisadores experientes durante todas as fases da pesquisa. Durante as situações experimentais, com o objetivo de assegurar a sua integridade física, os pesquisadores adotarão critérios para interromper o exercício, com base em medidas estabelecidas internacionalmente. O aparecimento de apenas um desses critérios já é suficiente para interromper o exercício durante as situações experimentais. São eles:
• temperatura interna ≥ 39.5°C; • percepção subjetiva do esforço nota = 20 (escala de Borg); • você pedir para interromper o exercício; • você relatar ou os pesquisadores perceberem qualquer sintoma, como tontura,
confusão mental, falta de coordenação, palidez, náusea, pele fria e úmida, cianose, etc.
Caso ocorra qualquer eventualidade ou imprevisto, uma equipe interdisciplinar, formada por profissionais de Educação Física, Fisioterapia e Medicina estará presente. Em caso de emergência, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU/192) será chamado. GARANTIA DE ESCLARECIMENTOS E DIREITOS Você dispõe de total liberdade para esclarecer questões que possam surgir antes e durante o andamento da pesquisa. Qualquer dúvida,entre em contato com os pesquisadores responsáveis: Dr.Emerson Silami Garcia, Ms.Camila Nassif Leonel ou Aline R.Gomes, (tel: (31) 34992350). Você terá direito de se recusar a participar ou retirar seu consentimento, em qualquer fase da pesquisa, sem penalização alguma e sem prejuízo ao seu cuidado. Você também deve compreender que os pesquisadores podem decidir sobre a sua exclusão do estudo por razões científicas, sobre as quais você será devidamente informado. PRIVACIDADE Todos os seus dados são confidenciais. Sua identidade não será revelada publicamente em hipótese alguma e somente os pesquisadores envolvidos neste estudo terão acesso a estas informações, que serão utilizadas para fins de pesquisa. EVENTUAIS DESPESAS E/OU RESSARCIMENTOS Como você disponibilizará sua própria bicicleta, uma verba será reservada para a manutenção deste equipamento, caso algum problema ocorra devido à utilização inadequada da bicicleta por parte dos pesquisadores durante as situações experimentais. Essa verba corresponde a recurso da School of Human Movement Studies (Charles Sturt University), instituição australiana participante desta pesquisa.
116
Com exceção do exposto acima, não está prevista qualquer forma de remuneração ou pagamento de eventuais despesas médicas para você, voluntário. Todas as despesas especificamente relacionadas com o estudo são de responsabilidade do Laboratório de Fisiologia do Exercício (EEFFTO/UFMG) e do Laboratório de Performance Humana (School of Human Movement Studies/Charles Sturt University). CONSENTIMENTO Concordo com tudo o que foi exposto acima e, voluntariamente, aceito participar do estudo “Influência da ingestão de carboidratos sobre parâmetros indicadores de fadiga durante exercício em ambiente quente”, que será realizado no Laboratório de Fisiologia do Exercício da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais. Os resultados desta pesquisa serão utilizados na elaboração de uma dissertação de mestrado e de uma tese de doutorado, além de trabalhos de iniciação científica. Belo Horizonte _____ de ____________de 2007
Assinatura do voluntário: ___________________________________________ Assinatura da testemunha: __________________________________________
Declaramos para os devidos fins que explicamos os objetivos deste estudo para o voluntário, dentro dos limites dos nossos conhecimentos científicos.
___________________________________ ___________________________________
Ms.Camila Nassif Leonel Aline Regina Gomes PhD Candidate / Researcher (CSU) Mestranda / Pesquisadora (UFMG)
___________________________________________
Prof.Dr.Emerson Silami Garcia Orientador (EEFFTO – UFMG / Brasil) This study was approved by the Ethics in Human Research Committee of Charles Sturt University (Protocol Number 2005/064). Any considerations or complaints, contact Julie Hicks – Executive Officer of the Ethics in Human Research Committee (CSU/Bathurst). Phone number +61 (02) 6338 4628; email: [email protected] . Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (COEP) da Universidade Federal de Minas Gerais e pelo Colegiado de Pós-Graduação da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Qualquer consideração ou reclamação, entre em contato com o COEP/ UFMG. Tel: (31) 3499 4592; email: [email protected].
117
ANEXO 4 – Questionários clínicos nº 1 (padrão) e nº 2
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Escola de Educação física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional Fones (31) 3499-2357/2350 - Fax (31) 3499-2325 E-mail: [email protected] (31) 3282-5040/8801-8890 E-mail: [email protected] (31) 3292-8799/9282-2388
QUESTIONÁRIOS CLÍNICOS
Projeto de pesquisa: “Influência da ingestão de carboidratos sobre parâmetros
indicadores de fadiga durante exercício em ambiente quente”
Pesquisadores responsáveis:
Mestranda Aline Regina Gomes
Doutoranda Camila Nassif Leonel
Prof. Dr. Emerson Silami Garcia
Prof. Dra. Danusa Dias Soares
Prof. Dr. Frank E. Marino
Prof. Dr. Jack Cannon
Médico: Daniel Peixoto de Albuquerque
Nutricionista: Cristiane Martins Rocha
Instruções:
• As respostas a este questionário são confidenciais.
• Somente o médico responsável pela sua avaliação e os pesquisadores deste estudo
terão acesso às suas respostas.
• Este questionário deve ser respondido e devolvido em envelope fechado.
Nome: ________________________________________________________________
Data de nascimento: ____/____/____ Idade:_______ Natural de________________
Endereço: ______________________________________________________________
______________________________________________________________________
Telefones: ___________________________________
Estado civil: _________________________________
Profissão: ___________________________________
Escolaridade: _________________________________
Em caso de emergência, avisar: _____________________________________________
118
QUESTIONÁRIO CLÍNICO Nº01 Você tem alguma queixa sobre seu estado de saúde atualmente? (Caso positivo, descreva o que sente, há quanto tempo começou e o que tem feito para melhorar o problema.) _________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
1) Quando foi seu último exame médico completo? Qual foi o motivo? 2) Você teve ou tem alguma doença ou ferimento desde seu último exame médico? 3) Já esteve internado em hospital? Qual foi o motivo? 4) Já fez alguma cirurgia? Qual e quando? 5) Está tomando regularmente algum medicamento ou pílula? Qual? 6) Alguma vez tomou algum tipo de suplemento alimentar ou vitaminas para ajudá-lo
a ganhar ou perder peso? 7) E para melhorar seu desempenho? 8) Você tem períodos de alergia que necessitam de tratamento médico? (pólen,
medicamentos, comida, insetos) 9) Já teve brotoejas ou erupções como urticária durante ou depois do exercício? 10) Já passou mal durante ou após exercitar-se no calor? 11) Já desmaiou durante ou depois do exercício? 12) Já sentiu tontura durante ou após o exercício? 13) Alguma vez já teve dores no peito durante ou após o exercício? 14) Você se cansa mais rápido do que seus amigos durante o exercício? 15) Já teve palpitações, disparos do coração ou batimentos descontínuos? 16) Já mediu sua pressão arterial? Qual foi o resultado? 17) Já mediu o seu colesterol sanguíneo? Qual foi o resultado? 18) Você já mediu a sua glicose sanguínea? Qual foi o resultado? 19) Algum médico já disse que você tem um sopro no coração? 20) Algum membro de sua família ou parente morreu de problemas no coração ou teve
morte súbita antes dos 50 anos? Quem? 21) Algum médico alguma vez proibiu ou limitou sua participação em esportes? 22) Você teve alguma infecção no último mês? 23) Você tem algum problema de pele atualmente (brotoejas, acne, fungos, bolhas,
coceiras, verrugas)? 24) Já teve algum ferimento na cabeça? 25) Já foi nocauteado, ficou inconsciente ou perdeu a memória? 26) Já teve convulsão? 27) Você tem dores de cabeça freqüentes ou muito fortes? 28) Já teve dormência ou formigamento nos braços, mãos, pernas ou pés? 29) Já teve ardência, queimação ou retração dolorosa de algum nervo? 30) Você já usou ou usa bebida alcoólica? Qual freqüência? 31) Você fuma ou já fumou? Quantos cigarros por dia? 32) Você tosse, chia ou tem dificuldade para respirar durante ou após o exercício? 33) Você tem asma? 34) Já usou inalador (bombinha)? 35) Usa ou já usou equipamentos corretivos (joelheiras, colete de pescoço, calçados
ortopédicos, protetores nos dentes, aparelho de surdez)?
119
36) Apresenta algum problema nos olhos ou na visão? 37) Usa óculos, lentes ou protetor ocular? 38) Seu peso está estável? 39) Você quer pesar mais ou menos do que você pesa atualmente? 40) Você faz alguma dieta para controlar seu peso? 41) Você se sente nervoso, angustiado ou estressado? 42) Você já se vacinou contra:
Tétano: Sarampo: Hepatite B: Catapora:
43) Alguma vez teve torção, distensão ou inchaço depois de um acidente esportivo? 44) Já fraturou algum osso ou luxou alguma articulação? 45) Já teve algum problema de dor ou inchaço nos músculos, tendões, ossos ou
articulações? Se sim, descreva a região onde ocorreu. Observações do médico responsável: ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Data: ____/____/____ ________________________________________ Assinatura e carimbo do médico responsável
Declaro que as respostas acima estão respondidas da forma mais completa e correta. ________________________________________ Assinatura do voluntário Data: ____/____/____ Adaptado do consenso das Sociedades Norte-americanas de Pediatria, Medicina de Família, Medicina Desportiva, Ortopedia e Osteopatia Desportiva, 1997. In: The Physician and Sportsmedicine, McGraw-Hill Healthcare, 2nd edition, Minneapolis, New York, USA.
120
QUESTIONÁRIO CLÍNICO N° 02 1) Procedimento de coleta de sangue a vácuo a) Você já foi a um laboratório para fazer exame de sangue? Há quanto tempo? b) Houve alguma complicação ao retirar o sangue? Em caso afirmativo, você teve algum dos seguintes sintomas? ( ) tontura ( ) suor frio ( ) palidez da face ( ) fraqueza ( ) desmaio c) Após a retirada do sangue, ocorreram hematomas ou perda de sensibilidade da pele no local da punção venosa? d) Em uma escala de 01 a 10, classifique o seu incômodo em relação à coleta de sangue em geral, considerando a sensação de dor produzida pela agulha e o momento de visualização do sangue. Dentro da escala, os menores valores significam pouco incômodo e os maiores valores significam muito incômodo.
2) Cuidados com a cápsula de temperatura interna Para que você possa ingerir a cápsula de temperatura interna com o máximo de segurança, por favor, responda as questões a seguir. a) Você pesa menos de 36,28 kg? b) Você possui ou está sob suspeita de possuir alguma doença de obstrução do trato gastrointestinal, incluindo diverticulite, doença de Crohn e colite crônica? c) Você tem histórico de disfunção ou prejuízo do reflexo de vômito? d) Você já realizou uma cirurgia gastrointestinal? Quando? e) Você possui lesão prévia no esôfago, causada pela ingestão de agentes cáusticos? f) Você acredita que precisará realizar uma ressonância magnética durante o período de participação nesta pesquisa? g) Você tem intestino preso ou sofre de prisão de ventre? h) Você possui marcapasso ou qualquer outro aparelho eletroeletrônico no seu corpo? Declaro que as respostas acima estão respondidas da forma mais completa e correta e que estou ciente do cuidado com a cápsula de temperatura interna, acima descrito. ________________________________________ Assinatura do voluntário Data: ____/____/____
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Pouco incômodo Muito incômodo
ATENÇÃO! No período em que estiver participando da pesquisa, ou seja, durante um mês e meio, não se submeta a qualquer exame de ressonância magnética, pois a cada coleta de dados você ingerirá uma cápsula de temperatura interna, o que impede a realização deste tipo de exame.
121
ANEXO 5 – Instruções prévias às coletas de dados
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Escola de Educação física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional Fones (31) 3499-2325/2350 - Fax (31) 3499-2325 E-mail: [email protected] (31) 3282-5040-8898/8801-8890 E-mail: [email protected] (31) 3292-8799/9282-2388
“INFLUÊNCIA DA INGESTÃO DE CARBOIDRATOS SOBRE PARÂMETROS INDICADORES DE
FADIGA DURANTE EXERCÍCIO EM AMBIENTE QUENTE” Responsáveis: Camila Nassif Leonel e Aline Regina Gomes
Orientador: Prof. Dr. Emerson Silami Garcia
INSTRUÇÕES IMPORTANTES PARA PARTICIPAÇÃO NO ESTUDO
1) Orientações iniciais A sua coleta de dados está marcada para o dia ______________às ________________. Qualquer imprevisto, favor avisar os pesquisadores responsáveis pelos telefones acima.
Estas instruções foram feitas para informar você, voluntário, sobre todos os cuidados a serem tomados anteriormente às coletas de dados. Você deverá seguir rigorosamente estes cuidados! Se por algum motivo você não conseguir seguí-los, você deverá informar ao pesquisador responsável o mais rápido possível antes da realização da coleta de dados. O não cumprimento de uma destas instruções pode acarretar em perda dos resultados e necessidade de um novo comparecimento para repetição do exercício. Leia com atenção a lista abaixo e se caso houver qualquer dúvida, sinta-se à vontade em questionar as pesquisadoras responsáveis.
Qualquer desconforto em qualquer etapa da pesquisa, informe às pesquisadoras responsáveis imediatamente. Se perceber algum sintoma no seu corpo fora do normal nos dias que precedem as coletas de dados, informe às pesquisadoras responsáveis.
2) Instruções gerais para todos os testes (VO2, 60 km) ATENÇÃO! No período em que estiver participando da pesquisa, ou seja, durante um
mês e meio, não se submeta a qualquer exame de ressonância magnética, pois a cada coleta de dados você ingerirá uma cápsula de temperatura interna, o que impede a realização deste tipo de exame.
Não realizar atividades físicas e/ou treino no dia anterior ao exercício. Para seu conforto, traga uma sapatilha, sua bicicleta e uma bermuda de ciclismo, que serão
utilizados durante o exercício. Não ingerir alimentos ricos em cafeína (café, chás, refrigerante e chocolates) e bebidas
alcoólicas durante o café da manhã do dia da coleta de dados. Recomendamos trazer material para tomar banho após as coletas. O Laboratório possui um
sanitário para uso específico dos voluntários. 3) Instruções específicas para os 60 km
No último dia de treino, que acontecerá dois dias antes do dia do exercício, dê preferência para treinar pela manhã e, após o treino, acrescente duas (02) porções de amido à dieta prescrita para o dia de repouso.
122
Uma das pesquisadoras responsáveis encontrará com você na noite anterior à familiarização e
aos exercícios prolongados. Ela te entregará a cápsula de temperatura interna, que deverá ser ingerida após a última refeição do dia anterior (jantar), de acordo com as recomendações da nutricionista.
Seguir a dieta prescrita pela nutricionista nos dois dias que precedem o exercício. Hidrate-se no dia anterior ao exercício de forma semelhante a um dia pré-competição. Quanto à
alimentação do dia anterior, siga a prescrição da nutricionista, baseada em uma dieta rica em carboidratos.
Você deverá ingerir 500 mL de água 2 hs antes do exercício. Logo, se for fazer o exercício às 9:00 da manhã, a água deverá ser ingerida às 7:00 da manhã. Para a ingestão do volume adequado (500 mL), você utilizará um copo descartável, fornecido pelas pesquisadoras.
Após o café da manhã, você não poderá ingerir qualquer tipo de líquido e de alimentos. No quadro abaixo, anote o que foi ingerido no café da manhã do primeiro dia de coleta de dados
(familiarização). Você deverá repetir o cardápio do café da manhã nos demais dias que comparecer ao laboratório (quatro situações experimentais). Abaixo do quadro, anote o horário de início e término do café da manhã.
Alimento Quantidade
Início: _____________ Término: ________________
Um lanche será servido ao final de cada coleta para que você possa sair do laboratório
alimentado e dar continuidade às suas atividades do dia. Evite carregar objetos relativamente pesados logo após a coleta, pois isto pode favorecer a
formação de hematomas no local onde foi feita a punção venosa. Caso ocorra formação de hematomas, aplique gelo no local.
Abster-se de relações sexuais durante os três dias que antecedem o exercício de 60km, pois a concentração de prolactina, um dos hormônios que será analisado no sangue, poderá ser afetada.
123
ANEXO 6 – TAB. 6 e GRAF. 14
TABELA 6
Tempo médio (h:min) decorrido entre o café da manhã, o lanche e as amostras de sangue obtidas no pré-exercício (PRÉ) e durante o exercício.
Amostras
Situações experimentais
Café / PRÉ
PRÉ / 9 km
Lanche / 9 km
9 km / 24 km
24 km / 39 km
39 km / 54 km
54 km / 60 km
H2O 02:04 02:04 01:45 00:33 00:35 00:36 00:18 PTNc 01:53 02:09 01:54 00:38 00:35 00:36 00:19 CHOc 02:01 02:09 01:51 00:34 00:34 00:34 00:21
GRÁFICO 14 – Tempo decorrido de exercício no momento da colheita das amostras de sangue entre as situações experimentais.
20 50 80 110 140
O2H
PTNc
CHOc9 km24 km39 km54 km60 km
TT60 km (min)
Situ
açõe
s exp
erim
enta
is
124
ANEXO 7 – Composição protéica e aminoacídica do pó fornecido em PTNc
Isolado de proteínas do soro do leite (Whey Protein)
Frações Quantidade (%)
β-lactoglobulina 45 α-lactalbumina 15
Glicomacropeptídeo (GMP) 16 Albumina sérica bovina 1
Imunoglobulinas 4 Lactoferrina 0,1
Outros componentes 3-5
Aminoácidos presentes
Quantidade/ 100 g
Isoleucina 4,89 Leucina 11,39 Valina 4,71 Lisina 8,8
Metionina 1,95 Fenilalanina 3,29
Treonina 4,89 Triptofano 2,58
Alanina 4,71 Arginina 2,58 Aspartato 10,5
Cistina 1,95 Glutamato 15,74
Glicina 1,86 Histidina 1,86 Prolina 5,15 Serina 4,71
Tirosina 3,38