indisciplina, bullying e violência na escola

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Indisciplina, bullying e violência na escola O que fazer? ramiro marques Published by FastPencil, Inc.

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Page 1: Indisciplina, Bullying e violência na escola

Indisciplina,bullying e

violência naescola

O que fazer?

ramiro marques

Published by FastPencil, Inc.

Page 2: Indisciplina, Bullying e violência na escola

Copyright © 2010 ramiro marques

Published by FastPencil, Inc.3131 Bascom Ave.Suite 150Campbell CA 95008 USA(408) 540-7571(408) 540-7572 (Fax)[email protected]://www.fastpencil.com

All characters appearing in this work are fictitious. Any resemblance to real persons, living or dead, is purelycoincidental.

This work is licensed under the Creative Commons Attribution-Noncommercial-No Derivative Works 3.0United States License. To view a copy of this license, visit http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/us/ or send a letter to Creative Commons, 171 Second Street, Suite 300, San Francisco, California,94105, USA.

First Edition

Page 3: Indisciplina, Bullying e violência na escola

Dedico este ebook aos leitores e comentadores do ProfBlog

Page 4: Indisciplina, Bullying e violência na escola
Page 5: Indisciplina, Bullying e violência na escola

ContentsChapter 1 Reforço da autoridade do professor e

desburocratização das funções docentessão as questões axiais da condição docente . . . . 1

Chapter 2 Professores exigem revisão profunda doestatuto do aluno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

Chapter 3 Pais não aceitam sanção disciplinar . . . . . . . . . . . . . 9Chapter 4 Saiba por que razão as escolas dos jesuítas

estão entre as melhores do Mundo . . . . . . . . . . . . 11Chapter 5 A Pedagogia de Alain: “educar é libertar da

barbárie” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13Chapter 6 A sobrecarga das funções do professor . . . . . . . 17Chapter 7 Como dar uma educação saudável a um

filho (menos de 10 anos) numa sociedadeque não o é . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

Chapter 8 Como educar saudavelmente umadolescente numa sociedade que não o é . . . . 27

Chapter 9 Isabel Alçada: “É importante que as escolasrevejam o que pedem aos professores. Osprofessores têm carga burocrática elevada eisso cria desânimo” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

Chapter 10 O que os pais nunca devem fazer . . . . . . . . . . . . . . 35Chapter 11 Como responder à crise e educar os filhos

de forma mais equilibrada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37Chapter 12 Com este Estatuto do Aluno é impossível

combater o bullying . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41Chapter 13 Um anjo no Céu. Professores das escolas

públicas sem meios para travar o bullying . . . . 43Chapter 14 Shame on you! Na escola do Leandro

ontem foi um dia normal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

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Chapter 15 Quem morreu? Um rapazito pobre, dointerior, coisa pouca…Um post do JorgeArriaga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

Chapter 16 A morte do Leandro, 12 anos, vítima debullying, não mereceu uma palavra daFenprof e da Fne . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53

Chapter 17 Um anjo no Céu – uma tragédia que nãopode ser branqueada nem esquecida! . . . . . . . . . 57

Chapter 18 Pais querem retirar apoios sociais a alunosviolentos. Obviamente. Essa medida jádevia ter sido tomada há muito . . . . . . . . . . . . . . . . 63

Chapter 19 Santana Castilho: falta ao sistema deensino uma visão estratégica clara sobre oque queremos das escolas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67

Chapter 20 Santana Castilho: não é possível gerir asescolas de forma autocrática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71

Chapter 21 A escola de Mirandela falhou. Morreu umacriança no exacto momento em que deviaestar numa aula . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73

Chapter 22 Bullying UK: uma porta de entrada paraconteúdos digitais para travar o bullying ecastigar os bullies . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77

Chapter 23 Movimentos de professores e blogueirosunidos na homenagem ao Leandro: nasegunda-feira, às 11:00, professores detodo o país fazem um minuto de silêncio . . . . . 81

Chapter 24 Hoje às 11:00, minuto de silêncio em todasas escolas do País em memória do Leandroe contra o bullying . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83

Chapter 25 Da inutilidade da escolaridade obrigatória.O debate necessário para travar adeterioração do ensino secundário nasescolas públicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85

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Chapter 26 CDS elabora relatório sobre o fenómenoda violência escolar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89

Chapter 27 Assim vai a política de combate àcriminalidade juvenil: Jovens fugiram de larpara provocarem noite de terror . . . . . . . . . . . . . . . 91

Chapter 28 Ministra da Educação quer dar maispoderes às escolas para travarem o bullyinge a violência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95

Chapter 29 Aluno espanca violentamente professordentro da sala de aula e no dia seguintevolta às aulas como se não tivesse feitonada de errado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97

Chapter 30 Violência escolar: até quando vamosassistir parados à violência sobre alunosdentro e na vizinhança dosestabelecimentos escolares? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99

Chapter 31 Foi espancado, hospitalizado e obrigado arepor as aulas. Um testemunho que mostracomo os bullies são acarinhados eprotegidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101

Chapter 32 Bullying: dicas para prevenir, combater eintegrar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103

Chapter 33 Propostas para melhorar a escola . . . . . . . . . . . . 107Chapter 34 Ministra prepara legislação que dê poderes

aos directores para suspensão preventivados agressores por mais de 5 dias.Finalmente! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109

Chapter 35 Isto é de uma gravidade extrema. Obullying não atinge apenas alunos. Hámuitos professores que são vítimassilenciosas. E há encobridores queprotegem os bullies . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111

Chapter 36 É bullying? Não, é violência consentida . . . . 123

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Chapter 37 Quatro teses sobre a violência contraprofessores e o destino das escolaspúblicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127

Chapter 38 Quatro teses sobre a autoridade dosprofessores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129

Chapter 39 A responsabilização dos jovens é umanecessidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131

Chapter 40 Em memória do Leandro, 12 anos, vítimade violência consentida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135

Chapter 41 Pode a criação de grandes centros escolarese o fecho das pequenas escolas estar aalimentar a violência contra os maisfracos? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137

Chapter 42 O que fazer com os directores queencobrem os bullies? Reflexão. . . . . . . . . . . . . . . . 141

Chapter 43 ME não revela dados sobre escola deFitares. CDS agenda debate na AR sobrebullying e violência escolar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145

Chapter 44 Branquear é premiar os agressores einsultar as vítimas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147

Chapter 45 Violência escolar nas salas de aula está aaumentar, afirma a Coordenadora doGabinete de Segurança Escolar . . . . . . . . . . . . . . 151

Chapter 46 Pais do Leandro admitem avançar comprocesso contra a escola e contra osalegados agressores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 155

Chapter 47 As raízes do mal: por que razão fizemos daescola um lugar onde é cada vez mais difícilensinar? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 157

Chapter 48 Os do costume voltam a aplicar velhasreceitas. Mas o ME, finalmente, vai acabarcom as provas de recuperação . . . . . . . . . . . . . . . . 161

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Chapter 49 Memórias do Luís, um professor,português, 51 anos, contratado, vítima debullying . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 165

Chapter 50 O bullying também é um problema dosadultos. Um post de Luís Silva . . . . . . . . . . . . . . . 169

Chapter 51 Isto sim, é grave! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 173Chapter 52 Não nos podemos dar ao luxo de não ouvir.

Seria tornar-nos parte da desumanizaçãoque torna possível a violência . . . . . . . . . . . . . . . . 177

Chapter 53 As faltas de castigo podem ter valorpedagógico? Pode o castigo ajudar o alunoa ganhar o hábito de ser responsável pelosactos? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 179

Chapter 54 Um bom debate na TVI 24 sobreindisciplina e violência na escola. Orepresentante do Conselho de Escolasesteve muito bem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 181

Chapter 55 Ministra da Educação: Vamos reforçar opoder da suspensão preventiva da parte dodirector. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 185

Chapter 56 Aluno esfaqueado à porta da escola. Nãopodemos aceitar a banalização da violênciaescolar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 187

Chapter 57 CDS leva ao Parlamento projecto quereintroduz as faltas injustificadas esimplifica processos disciplinares . . . . . . . . . . . . 191

Chapter 58 Quatro casos graves de violência escolarparticipados ao ME?!… Um elogio, umacrítica e uma nota para Isabel Alçada . . . . . . . . 193

Chapter 59 Ecos do projecto de alteração ao ECD nossindicatos e movimentos de professores . . . 197

Chapter 60 A suspensão preventiva já existe. É precisoir mais além! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 201

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Chapter 61 Aluna de 10 anos morde, arranha, dá socose pontapés a professora . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 203

Chapter 62 Ana Drago (BE) não quer que se respondaà violência escolar com suspensões . . . . . . . . . . 205

Chapter 63 Ricardo Silva no Opinião Pública da SICsobre indisciplina e violência escolares . . . . . 207

Chapter 64 Ricardo Silva no Opinião Pública sobreindisciplina e violência na escola . . . . . . . . . . . . . 209

Chapter 65 Distinção entre faltas justificadas e faltasinjustificadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 211

Chapter 66 Cavaco sobre a violência nas escolas: eupenso que tem de ser feita alguma coisapara combater esta situação . . . . . . . . . . . . . . . . . . 215

Chapter 67 Um novo olhar para a suspensão dosalunos da frequência das actividades lectivas 219

Chapter 68 José Gil relaciona a violência na escola coma política governativa de não verdade . . . . . . . 223

Chapter 69 Fenprof quer violência contra docentes nalista dos crimes públicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 225

Chapter 70 A banalização do mal. Cenas destasacontecem com frequência dentro ou àporta das escolas públicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 227

Chapter 71 Um novo olhar para a suspensão dosalunos da frequência das actividadeslectivas - II . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 231

Chapter 72 Portas: se a família é informada docomportamento violento e não contribuirpara a sua resolução deve ser punida noeventual apoio social que recebe do Estado. 235

Chapter 73 A proposta do CDS para travar aindisciplina e a violência nas escolas . . . . . . . . 239

Chapter 74 Fenprof apresenta medidas de reforço daautoridade dos professores e de combate àviolência escolar. É chegada a altura de ver

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quem está contra a violência na escola equem anda a assobiar para o lado . . . . . . . . . . . . 243

Chapter 75 O Bullying, a violência escolar e aindisciplina e a falência das políticas sociais 247

Chapter 76 Aulas de 90 minutos versus aulas de 50minutos. E por que não dar liberdade deescolha às escolas? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 251

Chapter 77 Américo Baptista, professor na Lusófona:estes alunos quando um dia tiverem umadificuldade não vão saber lidar com afrustração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 255

Chapter 78 Confusão no Parlamento sobre atipificação do crime de agressão aprofessores. Vice do PS diz que já é crimepúblico, juristas dizem que não . . . . . . . . . . . . . . 259

Chapter 79 Aplauso para o PGR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 261Chapter 80 O Projecto de Lei do CDS chega com oito

anos de atraso mas é hoje mais necessáriodo que era em 2002 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 263

Chapter 81 Aluno de 11 anos forçado a fumar haxixedentro da escola . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 265

Chapter 82 Pais associados na Cnipe criam linha deapoio a vítimas de bullying . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 267

Chapter 83 O Estatuto do Aluno tem 12 anos e aindisciplina nas escolas não pára deaumentar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 271

Chapter 84 Directores perdem o medo e começam afalar sobre o Estatuto do Aluno . . . . . . . . . . . . . . 273

Chapter 85 Rio devolveu o corpo do Leandro.Resultados dos inquéritos ainda porconhecer . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 275

Chapter 86 Violência escolar? A culpa é da imprensalivre e dos blogues! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 277

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Chapter 87 Aprovados projectos de lei do CDS e doPSD de alteração ao Estatuto do Alunocom abstenção do PS e votos contra do BEe do PCP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 279

Chapter 88 Projecto de lei do CDS: o apoio socialescolar deve poder ser reduzido quando ospais manifestam negligência e desinteressecontinuados pelo absentismo dos filhos . . . . 281

Chapter 89 A indisciplina e a violência escolar são boaspara o negócio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 283

Chapter 90 O negócio em torno dos alunos, famílias ebairros problemáticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 287

Chapter 91 Pais acusam: escolas que participam casosde violência são penalizadas na avaliaçãoexterna . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 291

Chapter 92 Propostas simples para melhorar a escola . . 295Chapter 93 Criança norte-americana pode ser

condenada a prisão perpétua . . . . . . . . . . . . . . . . . 299Chapter 94 Homicida com 12 anos julgado como

adulto, nos EUA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 301Chapter 95 É bullying? Não, é violência consentida . . . . 305Chapter 96 Ministério Público arquivou inquérito

contra agressores que levaram Leandro aohospital . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 309

Chapter 97 Medidas para combater o bullying naescola . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 311

Chapter 98 Ricardo Silva (Apede): Sobre o estatuto doaluno, o currículo e os horários dosprofessores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 313

Chapter 99 A Liberdade gera Vida. Páscoa Feliz! . . . . . . . 321Chapter 100 Cef, Currículos Alternativos e Pief: lama

para os olhos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 325Chapter 101 Como combater o bullying? . . . . . . . . . . . . . . . . . . 329

Indisciplina, bullying e violência na escola

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Chapter 102 Palavra dos professores vai valer mais . . . . . . . 333Chapter 103 Resposta eficaz para o problema da

violência escolar, precisa-se! . . . . . . . . . . . . . . . . . . 335Chapter 104 A segunda morte do Leandro . . . . . . . . . . . . . . . . 337Chapter 105 BE e PCP dizem que a indisciplina nas

escolas tem diminuído. Ficaram retidospara sempre na década de 70 do séculopassado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 341

Chapter 106 Nos EUA, os bullies teriam sido expulsosou ido para a cadeia. Em Portugal, a culpa édo porteiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 343

Chapter 107 Em Portugal, os professores são insultadose agredidos e nada acontece aos agressores.Em Espanha, mãe de aluno que agrediuprofessora à saída da escola apanha doisanos de prisão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 347

Chapter 108 Três medidas para salvar os adolescentesque não querem estudar e violamsistematicamente as regras de convivênciasocial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 351

Chapter 109 Um terço dos detidos por tráfico de drogatêm entre 16 e 21 anos de idade. A escolapública regular não tem resposta para osjovens delinquentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 355

Chapter 110 Ambientes escolares frouxos potenciam obullying. Verifique se a sua escola estáorganizada para promover o bullying . . . . . . . 359

Indisciplina, bullying e violência na escola

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1Reforço da

autoridade doprofessor e

desburocratizaçãodas funções

docentes são asquestões axiais dacondição docente

Enganam-se os que julgam que o estatuto da car-reira docente e o modelo de avaliação de desem-penho são as questões centrais da condiçãodocente e os problemas com maior capacidade

1

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de mobilização dos professores. O tempo da con-testação em torno do ECD e da ADD já passou.Finalmente, os professores acordaram para adura realidade imposta pela falência do EstadoSocial. Sem riquezas naturais de vulto e depois dedécadas de esbanjamento, corrupção e mau gov-erno, o Estado português não tem mais condi-ções de respeitar os compromissos assumidoscom os governados. De Estado Social passoupara Estado Exíguo.Isto quer dizer que as reformas dos professores,bem como dos restantes funcionários públicos,deixaram de estar garantidas. E a idade dareforma não vai cessar de ser empurrada paracima, sendo provável que atinja, muito em breve,os 70 anos de idade.A recente antecipação dos 6% por ano de penali-zação para os funcionários públicos que queiramreformar-se antes do tempo todo é apenas umtímido sinal do que aí vem. A imposição do valordos salários de 2005 para efeitos de cálculo daspensões é outro sinal do que está para vir.Com o Estado Exíguo - essa “conquista” ganhagraças a décadas de mau governo e esbanjamento

2 Indisciplina, bullying e violência na escola

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- os professores com menos de 50 anos de idadetêm de se habituar à ideia de que terão de lec-cionar até aos 70 anos de idade, sob pena delevarem para casa o equivalente ao ordenadomínimo nacional.A grande questão de ora em diante é apenas uma:como aguentar durante tanto tempo? Que condi-ções de trabalho devem ser dadas aos professorespara poderem leccionar até aos 70 anos de idade?Isso não é possível com as condições actuais:indisciplina generalizada, falta de cortesia, vio-lação das regras e normas de convivência social,reuniões para tudo e para nada e planos e rela-tórios sobre tudo e coisa nenhuma. A prestaçãode contas só deve fazer-se de uma forma: examesnacionais a todas as disciplinas.As duas questões axiais da condição docente pas-saram a ser o reforço da autoridade do professore a desburocratização das funções docentes. Oprofessor dá aulas e ponto final. Se fizer isso bemfeito já faz muito. Os conteúdos funcionais deguarda, assistência social, terapeuta sexual,administrativo e sociólogo devem ficar a cargo detécnicos especializados nessas áreas.

Reforço da autoridade do professor e des-burocratização…

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Notícias diárias de educação.

4 Indisciplina, bullying e violência na escola

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2Professores exigem

revisão profunda doestatuto do aluno

O estatuto do aluno precisa de ser fortementealterado. É demasiado permissivo e é um obstá-culo à qualidade do ensino. E é uma fonte de bur-ocracia. A acusação é feita pelos movimentosindependentes, sindicatos, bloggers e corre pelassalas de professores.João Dias da Silva, Presidente da Fne, resume asituação desta forma: “quando o aluno falta quemtem o castigo é o professor”. João Dias da Silvarefere-se aos planos de recuperação e às várias

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provas de recuperação que a legislação em vigorobriga os professores a fazerem.Ilídio Trindade, dirigente do MUP, afirmou aoPúblico que “o aluno desobedece e não lhe acon-tece nada”.Ricardo Silva, dirigente da Apede, acusa: “oregime de faltas é aplicado indiferenciadamenteaos alunos que faltam sistematicamente e deforma injustificada e àqueles que realmente nãopodem comparecer nas aulas por motivos comodoença”. Ricardo Silva, em declarações ao Púb-lico, acrescentou que a legislação revela “descon-fiança em relação ao professor ao impor legal-mente medidas de apoio educativo que estessempre realizaram, acrescidas de um conjunto deburocracias que tornaram a docência num autên-tico inferno”.

A revisão do estatuto do aluno não tem implicaçõesfinanceiras. É uma medida de bom senso. A ministra daeducação já prometeu mexer na Lei 3/2008. A revisão doestatuto do aluno é uma assunto que está em cima damesa negocial. A ministra da educação conhece a reali-dade, tem bom senso e vai, com certeza, mexer na legis-lação no sentido de uma maior responsabilização dosalunos e simplificação dos processos. Mas uma lei só podeser alterada no Parlamento. Quem vai dar o primeiro

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passo na revisão da Lei 3/2008? O Governo? O grupo par-lamentar do PS? Ou os partidos da oposição? Nestaquestão, há matéria para consenso. Notícias diárias deeducação.

Professores exigem revisão profunda do… 7

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3Pais não aceitam

sanção disciplinar

Comportamento exemplar da Escola Secun-dária Infanta Dona Maria e da DREC. Já quantoaos pais do aluno…teria sido melhor aceitarem asanção.

Os pais de um aluno da Escola Secundária Infanta D.Maria, em Coimbra, suspenso quatro dias por escrever umtexto insultuoso sobre uma professora, recorreram ao Tri-bunal Administrativo por considerarem o castigo dema-siado severo.

A Direcção Regional de Educação do Centro mantevea decisão da escola, mas os pais propuseram uma provi-dência cautelar para a suspender, invocando falhas naforma como o processo disciplinar foi conduzido. PedroSantos, pai do aluno, de 16 anos, reconhece que o filho

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agiu mal e admite que a suspensão fosse de dois dias. Masconsidera exagerado o castigo aplicado a um aluno semproblemas disciplinares anteriores, que não divulgou otexto e pediu desculpa à docente.

A directora da escola, Maria do Rosário Gama, diz queo estudante “teve um comportamento incorrecto” e que “asituação foi grave”. Fonte: CM de 2/2/2010

Notícias diárias de educação.

10 Indisciplina, bullying e violência na escola

Page 25: Indisciplina, Bullying e violência na escola

4Saiba por que razão

as escolas dosjesuítas estão entre

as melhores doMundo

A organização pedagógica dos colégios jesuítasfoi influenciada pela cultura barroca. Ordem, dis-ciplina e método constituíam as três caracterís-ticas predominantes da pedagogia dos jesuítas.A gramática, a filosofia, a lógica, a teologia ocu-pavam lugar central no plano de estudos. A meto-dologia mais vulgar consistia numa subtil misturade exposições do professor, leitura de textos,exercícios e disputas orais. As famílias delegavam

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Page 26: Indisciplina, Bullying e violência na escola

os seus poderes nos responsáveis pelos colégios:“pelo facto de levarem os seus filhos aos jesuítas,um pai de família compromete-se a aceitar osprincípios e a disciplina do colégio. No que serefere ao internato, os jesuítas esforçar-se-ão atéonde for possível para oferecer aos educandosuma atmosfera familiar e alegre; mas exercerãosobre a criança a autoridade do pai ausente.Encarregados pelos pais de darem aos alunosuma educação cristã, não toleram que esse fimseja comprometido pela dissolução - facto fre-quente na época - em certos ambientes aristo-cráticos. Assim, não queriam ver degradar-se, nocurso das suas vocações, pela preguiça e má con-duta, os bons costumes que souberam inculcarnos jovens.Para saber maisA Pedagogia dos Jesuítas - texto completo

Notícias diárias de educação.

12 Indisciplina, bullying e violência na escola

Page 27: Indisciplina, Bullying e violência na escola

5A Pedagogia de Alain:“educar é libertar da

barbárie”

O que é educar para Alain? “É libertar o homemda barbárie primitiva, dar-lhe a conhecer o seupoder para se governar a si próprio, e para nãoacreditar sem provas. Tal é o fim essencial, e é umfim urgente, porque a barbárie não deixa de seruma ameaça constante debaixo do verniz da cul-tura.Educar-se é dominar os movimentos violentosque impulsionam a juventude, não suprimi-los,mas dirigi-los de modo que a graça da criança demanifeste como ardor na adolescência, mas regu-

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lamentada pelo juízo, o qual é, em últimainstância, a verdadeira cortesia. A educação éconquista a cada momento, mas sem que serenegue as idades anteriores” (1).Educar é, enfim, ajudar a criança o alcançar omaior bem que há em si, com carácter depotência, desbravando uma personalidade livre edisciplinada. O reconhecimento da importânciada educação para a formação do ser humano,levou Alain a criticar a educação elitista, incapazde responder aos anseios e necessidades detodos, e não apenas de uma minoria. Os que maisprecisam de educação não são os mais inteli-gentes e sabedores, mas os mais ignorantes. Sóuma educação de qualidade para todos pode criarum povo educado. Sem isso, os poderes resvalampara a tirania.Na sua obra “Cidadão contra os Poderes”, Alainchama a atenção para a relação entre ignorânciado povo e ditadura dos poderes. “A educaçãodeve dirigir-se a todos por igual, e em primeirolugar aos espíritos lentos, para não deixar que asovelhas sejam guardadas por um único génio”(2).

14 Indisciplina, bullying e violência na escola

Page 29: Indisciplina, Bullying e violência na escola

Para saber maisA Pedagogia de Alain - texto completo

Notícias diárias de educação.

A Pedagogia de Alain: “educar é libertar… 15

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Page 31: Indisciplina, Bullying e violência na escola

6A sobrecarga das

funções doprofessor

As transformações na sociedade e na estrutura dafamília, identificadas atrás, obrigaram o poderpolítico a exigir cada vez mais da escola e dosprofessores, atribuindo-lhes novas funções efazendo exigências cada vez mais acrescidas.Contudo, a escola, só por si, não é capaz dedesempenhar as funções sociais que lhe são exi-gidas. A sobrecarga de funções, tem retirado aosprofessores energias e tempo para o desempenhoda sua função fundamental: o ensino. A assunçãodas funções de apoio social e psicológico pelos

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Page 32: Indisciplina, Bullying e violência na escola

professores, a par da crescente burocratização dafunção educativa retiraram aos professores otempo disponível para a leitura, o estudo e a pre-paração das aulas e conduziram a uma indefi-nição do seu estatuto e imagem profissionais.Em certa medida, é possível afirmar que o pro-fessor foi deixando de ser um intelectual, um“clerc” para passar a ser, cada vez mais, um téc-nico e um burocrata. Contudo, a escola tem deestar preparada para o desempenho das funçõesde suplência da família, oferecendo um programaeducativo a tempo inteiro. A noção de escola atempo inteiro pressupõe um programa educativoabrangente, que integre as três componentes cur-riculares: a componente lectiva, a componentede complemento curricular e a componenteinteractiva. A primeira componente é obrigatóriae definida nacionalmente, dado que correspondeao conjunto dos saberes, organizados em disci-plinas ou em áreas disciplinares comuns a todasas escolas. Trata-se de uma componente caracter-izada pela heterodeterminação programática, quediz respeito ao conjunto dos saberes consti-tuídos, ou seja, relaciona-se com a herança cul-

18 Indisciplina, bullying e violência na escola

Page 33: Indisciplina, Bullying e violência na escola

tural. A função de ensinar tem, nesta compo-nente, toda a sua razão de ser. Contudo, a capaci-dade para lidar com estas tremendas mudançassociais exige profundas alterações na forma comose deve estruturar a componente lectiva.O ensino deve acentuar o desenvolvimento decapacidades de aquisição de novos conheci-mentos, capacidades meta-cognitivas, o exercíciodo pensamento crítico e da resolução de prob-lemas. Para respondermos aos novos desafios,temos de focar o ensino nos novos fundamentosdo currículo: não apenas os chamados “3 Rs”( reading, writing and reasoning), mas tambémos “3 Cs” (concern, care and connection). Paraalém da leitura, da escrita e do cálculo, temos deacentuar a aprendizagem do como pensar, docomo resolver problemas, do como lidar com amudança, do como cuidar dos outros, do comoestabelecer ligações duradouras e responsáveiscom os outros e do como nos podemos preo-cupar com os outros. Na trilogia da leitura, daescrita e do cálculo, estamos perante uma verda-deiro regresso ao básico, aos velhos fundamentosdo currículo; na trilogia do como pensar, como

A sobrecarga das funções do professor 19

Page 34: Indisciplina, Bullying e violência na escola

resolver problemas e como lidar com a mudança,estamos perante os novos fundamentos do cur-rículo e na trilogia do como cuidar dos outros,como estabelecer relações duradouras e respon-sáveis e do como nos podemos preocupar com osoutros estamos perante um regresso às preocupa-ções da educação clássica, numa eterna e sempreinacabada procura de mais justiça e mais bon-dade, preocupações essas que atravessam asobras dos grandes filósofos, de Sócrates a Platão,de Aristóteles a Santo Agostinho e de Kant a Kir-kegaard.

Por mais importante que seja a componente lectiva, elanão pode, por si só, proporcionar um programa educativocapaz de corresponder às exigências que as mudanças nasociedade e na família provocaram. Quando a escolaestende o seu programa educativo às actividades educa-tivas, desportivas, artísticas, culturais e cívicas fica em con-dições de desempenhar as funções de suplência da famíliaexigidas pelas enormes mudanças sociais ocorridas nasúltimas duas décadas e que a Lei de Bases do Sistema Edu-cativo tão bem soube resumir no seu artigo 48º. O con-junto dessas actividades livres corresponde à componentede complemento curricular. Trata-se de uma componentecaracterizada pela autodeterminação programática rela-cionada com os saberes a constituir. Em certas ocasiões davida da escola, é possível e desejável a integração das acti-

20 Indisciplina, bullying e violência na escola

Page 35: Indisciplina, Bullying e violência na escola

vidades desenvolvidas nas componentes lectiva e de com-plemento curricular, oferecendo à comunidade envol-vente os produtos culturais e artísticos que professores ealunos foram capazes de criar.

Neste caso, estamos perante a componente interactiva.Esta componente rege-se pelo princípio da codetermi-nação educativa. A união de todas as componentes formaa dimensão global da escola e rege-se pelo princípio dasobredeterminação educativa. Uma escola concebidadesta maneira é verdadeiramente uma escola com auton-omia pedagógica, integrada na comunidade e realmentepluridimensional.Para saber maisCurrículo e Valores - texto completoNotícias diárias deeducação.

A sobrecarga das funções do professor 21

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Page 37: Indisciplina, Bullying e violência na escola

7Como dar uma

educação saudável aum filho (menos de 10

anos) numasociedade que não o

é

Que a sociedade em que vivemos, apesar detodos os direitos que a legislação consagra, não ésaudável é um facto perceptível por qualquermortal com inteligência mediana. Ainda assim, épossível educar as crianças de forma saudável.Veja como.

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Page 38: Indisciplina, Bullying e violência na escola

1. Corte nas prendas. Dar prendas a toda a hora epor tudo e por nada é meio caminho andado paracriar uma crianças caprichosa e inconstante.Muitas prendas significam: a criança acaba pornão dar valor a nada. Prendas só no dia de aniver-sário e no Natal. Se lhe apetecer dar uma prendanoutras ocasiões opte por um livro. E habitue oseu filho a dar os brinquedos que ele colocou delado.2. Televisão, quanto menos melhor. O ideal seriaque os pais não tivessem televisão em casa ou,tendo-a, raramente a ligassem. Sei que isso émuito difícil. Mas limite o tempo passado a verTV e seleccione bem os programas. Quase tudo oque passa nos canais generalistas é lixo tóxicopara as mentes das crianças. A televisão é quasesempre uma droga pesada. Antes de o seu filho seviciar em televisão, seja rigoroso na limitação dotempo que ele passa à frente do televisor e selec-cione bem os programas que ele pode ver. Nuncacoloque um televisor no quarto do seu filho nemna cozinha da sua casa.3. Não deixe o seu filho ver desenhos animados atoda a hora. Em vez dos desenhos animados da

24 Indisciplina, bullying e violência na escola

Page 39: Indisciplina, Bullying e violência na escola

TV, leve-o a ver bons filmes para crianças numcinema perto da sua casa.4. Coloque o seu filho nos escuteiros logo que eleatinja os 6 anos de idade. Os escuteiros são umaescola de cidadãos.5. Se você professa uma religião, coloque o seufilho na catequese ou nas actividades paracrianças conduzidas pelas autoridades religiosaslocais da sua confissão religiosa. Não espere queele atinja adolescência para tomar essa decisão. Aimersão numa herança religiosa é, regra geral,positiva para o desenvolvimento da personali-dade e do carácter e essa é uma decisão que deveser tomada pelos pais.6. Crie uma rotina de estudo em casa e obrigue oseu filho a cumpri-la. Quando se estuda, o tele-visor, a rádio e todos os outros aparelhos electró-nicos estão em modo off. Quando se estuda, hásilêncio absoluto em casa.7. Evite música alta em casa. O barulho é inimigoda tranquilidade. Opte, sempre que possível, pelamúsica clássica ou por música contemporânea dequalidade. Não deixe entrar em sua casa músicapimba e de fraca qualidade.

Como dar uma educação saudável a um filho… 25

Page 40: Indisciplina, Bullying e violência na escola

8. Tenha sempre à mão os dicionários, enciclopé-dias e alguns autores clássicos e motive o seufilho para a leitura dos clássicos.9. Não deixe que o seu filho brinque com umcomputador ou uma consola de jogos antes dos 8anos de idade. E limite o tempo que ele passacom a consola e com o computador. Quantomenos tempo, melhor.10. Coloque o seu filho numa boa escola de lín-guas aos 8 anos de idade. E opte pela aprendi-zagem do Inglês. Estimule o seu filho a aprenderInglês até obter aprovação no exame CambridgeProficiency.

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26 Indisciplina, bullying e violência na escola

Page 41: Indisciplina, Bullying e violência na escola

8Como educar

saudavelmente umadolescente numa

sociedade que não oé

Que a sociedade em que vivemos, apesar detodos os direitos que a legislação consagra, não ésaudável é um facto perceptível por qualquermortal com inteligência mediana. Ainda assim, épossível educar os adolescentes de forma sau-dável. Veja como. 1. Envolva o seu filho ou filhaem actividades de voluntariado: banco alimentarcontra a fome, visitas a pessoas idosas sós, etc.

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Page 42: Indisciplina, Bullying e violência na escola

2. Dê-lhe uma mesada para os gastos do dia-a-diae exija que ele preste contas: onde gastou o din-heiro e como o gastou. Faça-o sentir-se respon-sável pelo controlo e aplicação do orçamento.3. Se vive a menos de 30 minutos a pé da escolaou dispõe de bons transportes públicos, não leveo seu filho de carro de e para a escola. Diga paraele fazer o caminho a pé, de bicicleta ou de trans-porte público.4. Reserve 15 minutos por dia para conversarcom o seu filho ou filha sobre a escola.5. Nunca diga mal dos professores à frente do seufilho. Se tem reclamações a fazer, peça umareunião ao director de turma.6. Envolva o seu filho em associações desportivasou culturais que ofereçam bons programas deocupação de tempo livres e o insiram numacomunidade com regras, responsabilidades ehierarquia.7. Não cubra o seu filho de presentes, gadgetstecnológicos e roupas caras. Habitue-o a poupardinheiro da mesada caso ele queira comprar umgadget tecnológico: smartphone, consola, iPod,etc.

28 Indisciplina, bullying e violência na escola

Page 43: Indisciplina, Bullying e violência na escola

8. Tome nota de quem são os amigos e compan-hias do seu filho. Obtenha informações sobrequem são e o que fazem mas faça-o de forma res-ervada e sem alaridos.9. Quando o seu filho faz uma asneira, não deixepassar em branco. Converse com ele sobre oassunto, manifeste a sua opinião, mas faça-o semlevantar a voz e sempre com tranquilidade.10. Lembre-se de que a educação do carácter sefaz pelo exemplo, pela observação e pelos háb-itos. Não faça nada que não gostasse de ver o seufilho fazer. É uma regra de ouro difícil derespeitar mas vale a pena o esforço.

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Como educar saudavelmente um adoles-cente…

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Page 45: Indisciplina, Bullying e violência na escola

9Isabel Alçada: “É

importante que asescolas revejam o que

pedem aosprofessores. Osprofessores têm

carga burocráticaelevada e isso cria

desânimo”

Pela primeira vez em muitos anos, uma ministrada educação reconhece o óbvio e promete cor-rigir os erros. Fá-lo numa entrevista à Visão.

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Page 46: Indisciplina, Bullying e violência na escola

Sobre o excesso de burocraciaOs professores têm uma carga burocrática elevada e

isso cria um certo desânimo. É importante que as escolasrevejam o que pedem aos professores.

Sobre a revisão curricularOs currículos não estão desactualizados nem têm erros.

Mas são muito extensos. Por isso, nem sempre o que éestruturante é considerado essencial na aprendi-zagem.Estamos a traçar as metas de aprendizagem emcada nível educativo, em cada ano e em cada disciplina.Para quê? Para distinguir o que é fundamental e nucleardo que deve ser apenas um enriquecimento do aluno.Temos de nos focar no que é essencial.Queremos que osalunos e os professores saibam exactamente o que énuclear, o que tem de ser ensinado na sala de aula, desde opré-escolar ao secundário.

Sobre a precariedade dos professores contratadosÉ expectável que pessoas que trabalham há muito

tempo, em continuidade, tenham uma relação mais estávelcom a entidade que os emprega.

Sobre o alargamento da escolaridade obrigatóriaaté aos 18 anos de idade

A obrigatoriedade abrangerá, sobretudo, as pessoas quenão iriam continuar os estudos - e estas optarão pelas viasprofissionais…Haverá um reforço das verbas para bolsasde estudo para o ensino secundário. Queremos tambémque os próprios percebam a vantagem da escolarização

Sobre o alargamento do pré-escolar

32 Indisciplina, bullying e violência na escola

Page 47: Indisciplina, Bullying e violência na escola

Vamos construir 134 novas salas para crianças de 5anos, em Lisboa, e 47, no Porto. Abrangemos cerca de 10mil miúdos.

Notícias diárias de educação.

Isabel Alçada: “É importante que as escolas… 33

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Page 49: Indisciplina, Bullying e violência na escola

10O que os pais nunca

devem fazer

A psicóloga espanhola Maria Jesus Alava Reyesesteve em Portugal a lançar o livro O NãoTambém Ajuda a Crescer. O livro é um car-dápio de conselhos para os pais. Fique comalgumas dica sobre o que não se deve fazer:

Pensar que as crianças não precisam de normas.Tentar ser amigo em vez de exercer a parentalidade.Proteger de mais os filhos, retirando-lhes as dificul-

dades do caminho.Favorecer o consumismo. Gera uma insatisfação per-

manente.Pregar sermões. Há que actuar antes com coerência e

firmeza.Não reagir aos primeiros sinais de alarme.

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Page 50: Indisciplina, Bullying e violência na escola

E eu acrescento outras coisas que não se devem fazer:Dizer mal dos professores à frente dos filhos.Pedir desculpa aos filhos por tudo e por nada, dando

sinais de fraqueza.Fazer aquilo que não se quer que os filhos façam.Mostrar, por palavras e actos, desprezo pelo trabalho e

pelo esforço.Dar a entender, por palavras e actos, que a vida é um

festim.Notícias diárias de educação.

36 Indisciplina, bullying e violência na escola

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11Como responder àcrise e educar os

filhos de forma maisequilibrada

Os períodos de crise são tempos de oportuni-dade. A crise que Portugal atravessa deve-se aduas ordens de razões: políticos incompetentes eesbanjadores e um Povo que perdeu a noção doque é essencial para a vida, optando por valorizaro acessório.

A (má) educação tem muita coisa a ver com isto.É possível responder à crise e fazer dela um tempo de

oportunidade? É. Veja como.

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1. Pare de comprar coisas desnecessárias. Reduza onúmero de deslocações a centros comerciais. Perguntesempre antes de comprar: eu preciso mesmo disto? Eufaço isso. Nunca compro coisas inúteis.

2. Dedique um dia a identificar as coisas inúteis quetem em casa e faça uma limpeza geral. Dê o que tiver prés-timo. Ponha no lixo o que não prestar. O espaço livreaumenta e o trabalho de limpeza e arrumação diminui. Fizisso. A minha casa ficou com mais espaço. É mais agra-dável viver nela.

3. Nunca compre a crédito. Compre só quando tiver odinheiro suficiente. Se não tem um emprego seguro, nãocompre apartamento. Opte pelo arrendamento. Fica maislivre para se deslocar à procura de trabalho.

4. Anule todos os seus cartões de crédito menos um.Fique com apenas um cartão de crédito para quando sedesloca ao estrangeiro ou para fazer compras pelaInternet. Mas opte pelo pagamento sem recurso aocrédito.

5. Fique apenas com um telemóvel. Deite fora ouofereça os outros. O mesmo para os portáteis e restantesgadgets tecnológicos.

6. Se trabalha a menos de 30 minutos a pé da suaescola, deixe o carro na garagem. Se vive só e trabalhaperto da escola, já pensou na possibilidade de vender o seucarro? Não precisaria de fazer revisões, inspecções, pagar oimposto de circulação nem perder tempo em filas parameter gasolina. Os 30 mil euros do preço do carro dariampara dezenas de viagens de sonho de avião.

38 Indisciplina, bullying e violência na escola

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7. Coma menos. O excesso de calorias faz mal à saúde.O estômago habitua-se a muita e a pouca comida. Optepor comer pouco de cada vez. O truque é parar de comerantes de ter a sensação de barriga cheia. Comer pouco fazbem à saúde e à carteira.

8. Certifique-se de que tem todas as luzes apagadascom excepção da sala onde está a trabalhar, a ler ou a con-versar.

9. Fique apenas com um televisor em casa. Ofereça osoutros. Tenha-o o desligado quando não estiver interes-sado em ver televisão.

10. Opte por tomar banhos diários rápidos. Três min-utos no duche são suficientes. Fiz isso e passei a comprarapenas duas garrafas de gás de 45 quilos por ano.

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Como responder à crise e educar os filhos… 39

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12Com este Estatuto do

Aluno é impossívelcombater o bullying

A SIC voltou esta noite a divulgar o caso da alunado Montijo vítima de bullying. Não vou entrarem pormenores. O caso é conhecido: uma alunaque tem sido vítima de múltiplas agressões poroutras colegas da escola. A situação arrasta-sedesde Setembro de 2009 sem que a escola tenhameios para o resolver.

Patética a posição do director da escola: não resolve oproblema e limita-se a desvalorizar.

No ano passado, houve mais de 6 mil ocorrências tipifi-cadas como bullying. O bullying alastra no país. Os agres-sores ficam quase sempre impunes. As vítimas ou mudam

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de escola - quando os pais têm poder económico para isso- ou desistem de estudar.

Os pais dos agressores colocam-se, regra geral, a favordos filhos, desvalorizando as agressões e encobrindo osactos. Professores e directores têm uma enorme dificul-dade em reunir provas. Ninguém quer dar a cara. Equando os professores conseguem reunir provas ficamparalisados devido a um Estatuto do Aluno que protege osagressores e impede que se faça justiça.

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13Um anjo no Céu.Professores das

escolas públicas semmeios para travar o

bullying

É mais um caso de bullying. Só que desta vezacabou em tragédia. Mais uma vítima, ao lado detantas outras, que, em silêncio, sofrem as conse-quências da ausência de meios para travar os bul-lies. Sem liberdade de escolha, sem meios nemalternativas a uma escola pública que fecha osolhos às agressões sistemáticas, os pais destacriança perderam o filho quando seria tão fácilmudá-lo de escola caso as políticas públicas de

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educação permitissem a ricos, remediados epobres, escolherem a escola onde pretendemmatricular os filhos.

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44 Indisciplina, bullying e violência na escola

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14Shame on you! Na

escola do Leandroontem foi um dia

normal.

Ontem, na escola do Leandro, foi um dia normal.Nem luto nem explicação pela morte doLeandro, um rapaz de 12 anos, a primeira vítimamortal de bullying. Os pais acusam a escola depouco ou nada ter feito para travar as agressõesde alunos mais velhos.

O Leandro era vítima de agressões físicas por parte decolegas. Uma das agressões atirou o Leandro para o hos-pital. Na terça-feira passada, o Leandro atirou-se ao riocansado de levar pancada de colegas da escola. Cansado

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da inércia de quem tinha por obrigação protegê-lo.Ontem, foram poucos os blogues de professores que dedi-caram espaço ao caso. Revelador! O espaço foi ocupadopor questões de Estatuto da Carreira Docente e avaliaçãode desempenho.

Ainda procurarei lançar campanha entre os 3400 segui-dores que tenho no Facebook para um minuto de silêncioem todas as escolas, mas não tive resposta.

Ontem Christian não foi à escola. Mas na escola dele -E.B. 2,3 Luciano Cordeiro, onde partilhava o 6º ano comLeandro -, o dia foi normal. Nem portas fechadas nem lutonem explicação. O porteiro do turno da tarde entrou às 15horas, bem disposto. “Sou jornalista, queria uma entre-vista”, ironizou. Tiro no pé. O JN estava lá. Perdeu ohumor, convidou-nos a sair “já”. A docente que saía dorecinto também foi avisada, inverteu a marcha, já não saiu.Havia motivos para baterem tantas vezes no Leandro?Responde Christian: “Todos batem em todos”. JN de4/3/2010

A ministra da educação esteve bem: mandou abririnquérito para apurar responsabilidades. Mas é precisofazer mais: por exemplo, alterar rapidamente o estatuto doAluno. Dar poder aos directores das escolas para casti-garem, com severidade e rapidez, os agressores. Os principais agressores estão identificados. Vão ficarimpunes? Vão beneficiar do encobrimento?

Se se provar que houve negligência da escola, tem deser feita justiça. Para exemplo de todos. Para que se ponhaum travão à insensibilidade dos portugueses. Estiveram

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Page 61: Indisciplina, Bullying e violência na escola

também bem os editores dos seguintes blogues de profes-sores que dedicaram espaço ao caso:

A preto e brancos e a coresPérola de CulturaAnabela Magalhães

Para saber maisO vídeo do Correio da Manhã com a história todaUm anjo no Céu: não há responsáveis?Somos todos culpados

Notícias diárias de educação.

Shame on you! Na escola do Leandro ontem… 47

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15Quem morreu? Umrapazito pobre, do

interior, coisapouca…Um post do

Jorge Arriaga

Há meses que o Jorge Arriaga não escrevia noProfBlog. Tenho pelo Jorge Arriaga um enormerespeito. Por duas razões: não tem medo (dá onome e a cara) e não obedece ao politicamentecorrecto. Obedece apenas às ordens da razão e daprocura da verdade. Já não há muitos professorescomo ele. Ele explica porquê. Não quis calar arevolta. E fez bem. A morte do Leandro, umrapaz de 12 anos, que escolheu as águas do rio

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para pôr fim às agressões de que foi vítima,durante mais do ano, sem que a escola lhe desse aprotecção a que tinha direito, obrigou o JorgeArriaga a quebrar o silêncio.

O Jorge Arriaga tinha avisado aqui, há cerca de 3 meses,que ia haver mais alunos mortos à beira da escola. Infeliz-mente, o Jorge Arriaga tinha razão.

Muita gente já escreveu neste blogue acerca da vio-lência nas escolas portuguesas. Começando pelo autor doblog, e passando por exemplo pela minha modesta pessoa.Certa vez, quando contei alguns episódios de violência,um então habitual comentador a soldo da Situaçãochamou-me mentiroso, disse que eu estava a inventar paramanchar a bela obra de Lurdes Rodrigues & C.a.Chamou-me louco, disse que eu devia estar internado. Ah,que pena que tenho de estar eu certo e de o louco serele…Já morreram alunos nas nossas escolas, este é mais um.Mais se seguirão, e não apenas alunos, tal é o despudordos incompetentes que prosseguem no erro, por orgulho einteresses que só eles saberão quais são. Reina o medo.Quem denuncia a violência tem má nota em “relaciona-mento interpessoal”, e, bem pior que isso, fica exposto arepresálias profissionais, e a represálias físicas, da parte dosmarginais. E NINGUÉM vem em socorro do professsorque ousa intervir. Nem as vítimas, por medo de levar mais,nem os pais das vítimas, que, bem à Portuguesa, “nãoquerem é problemas”.

50 Indisciplina, bullying e violência na escola

Page 65: Indisciplina, Bullying e violência na escola

A minha tristeza é mais do que consigo explicar. A minhavergonha, a minha revolta, a minha desilusão, não tenhopalavras para as exprimir.Quem morreu? “Um rapazola, servente de pedreiro”,como escreveu Cesário Verde num poema. Foi um rapa-zito pobre, do Interior, coisa pouca… Siga o descalabro!

Notícias diárias de educação.

Quem morreu? Um rapazito pobre, do inte-rior…

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Page 67: Indisciplina, Bullying e violência na escola

16A morte do Leandro,

12 anos, vítima debullying, não

mereceu uma palavrada Fenprof e da Fne

Eu sei que a Fenprof e a Fne andaram estasemana atarefadas na preparação da greve geralda administração pública. Mas isso não desculpao esquecimento que as duas federações sindicaisde professores votaram o caso dramático queaconteceu a um aluno de uma escola de Miran-dela.

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Pior ainda esteve o Sindicato dos Professores do NorteSPN: apesar de a escola de Mirandela ficar na sua área deinfluência, nem uma palavra dedicou ao caso.

Os movimentos de professores também ficaram malna fotografia: nem uma palavra.

Quem morreu? Um rapazito pobre, do Interior,coisa pouca…

A primeira vítima mortal de bullying devia mereceruma palavra dos sindicatos. Até porque também há profes-sores vítimas de bullying nas escolas.

Os sindicatos fazem bem em dedicar recursos e energiaà luta por um ECD e uma avaliação de desempenho maisjustas, mas fazem mal em esquecerem um dos problemasque mais afecta negativamente o bem-estar de alunos eprofessores das escolas públicas: o bullying, a indisciplinae a violência verbal e física nas escolas.

O colega Jorge Arriaga resumiu magistralmente osefeitos desse encobrimento num texto que volto a pub-licar:

Muita gente já escreveu neste blogue acerca da vio-lência nas escolas portuguesas. Começando pelo autor doblog, e passando por exemplo pela minha modesta pessoa.Certa vez, quando contei alguns episódios de violência,um então habitual comentador a soldo da Situaçãochamou-me mentiroso, disse que eu estava a inventar paramanchar a bela obra de Lurdes Rodrigues & C.a.Chamou-me louco, disse que eu devia estar internado. Ah,que pena que tenho de estar eu certo e de o louco serele…

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Já morreram alunos nas nossas escolas, este é mais um.Mais se seguirão, e não apenas alunos, tal é o despudordos incompetentes que prosseguem no erro, por orgulho einteresses que só eles saberão quais são. Reina o medo.Quem denuncia a violência tem má nota em “relaciona-mento interpessoal”, e, bem pior que isso, fica exposto arepresálias profissionais, e a represálias físicas, da parte dosmarginais. E NINGUÉM vem em socorro do professsorque ousa intervir. Nem as vítimas, por medo de levar mais,nem os pais das vítimas, que, bem à Portuguesa, “nãoquerem é problemas”.A minha tristeza é mais do que consigo explicar. A minhavergonha, a minha revolta, a minha desilusão, não tenhopalavras para as exprimir.Quem morreu? “Um rapazola, servente de pedreiro”,como escreveu Cesário Verde num poema. Foi um rapa-zito pobre, do Interior, coisa pouca… Siga o descalabro!

Notícias diárias de educação.

A morte do Leandro, 12 anos, vítima de… 55

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Page 71: Indisciplina, Bullying e violência na escola

17Um anjo no Céu – uma

tragédia que nãopode ser branqueada

nem esquecida!

A tragédia de que o Leandro foi vítima não podede forma alguma ser branqueada nem esquecida.Ela fala-nos da maior e mais nobre missão daescola – educar!E há muitas preocupações à volta dos alunosditos problemáticos, com comportamentos dis-ruptivos – alguns deles de meios desfavorecidosoutros nem tanto, não há exclusivo em questõesde violência, ela existe também como uma formade expressar mal-estar, como forma de comu-

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nicar e os psicólogos pensam que é um bom sinalquando as crianças ou os jovens falam de si, cha-mando a atenção do adulto (com limites natural-mente).A questão que se coloca é Qual a reacção doadulto? Como é que a atitude da criança ou dojovem é enquadrada pelo adulto e que tipo deresposta tem? Num mundo em que os direitos dacriança ganham relevância, e muito bem,esquece-se que a criança e o jovem, para cres-cerem estruturados, também precisam, de acordocom a sua idade, de aprender a lidar com a frus-tração, a resolver problemas, a enfrentar o insu-cesso. Não há outra forma mas também a escolatem uma palavra importante a dizer a esterespeito.Se é verdade que cada aluno é uma pessoa quetem que ser enquadrada no seu meio ambiente eentendida a partir daí, também é verdade que nãopode haver hesitações quando o problema existea este nível – por muito entendimento que setenha sobre uma criança ou um jovem, ele temque sentir que há limites que não podem deforma alguma ser ultrapassados, caso contrário

58 Indisciplina, bullying e violência na escola

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estamos a deseducar, estamos a dar códigoserrados, contrários aos efeitos que desejamos.E quantas vezes alternativas curriculares comoCef, CA e Pief não são mais do que uma formafácil de certificar alunos com comportamentosdisruptivos? E quando assim é, como ajudamosestes jovens ou estas crianças? Se nem sequerconseguimos ajudá-los a integrarem-se de umaforma sadia na sociedade, o que ganham eles porterem frequentado estas alternativas? Se não é,pelo menos, para aprenderem a lidar de umaforma mais sadia consigo mesmos e com osoutros, para que foi que existiu? E não estamos aser honestos com eles porque, se assim for, maistarde ou mais cedo, eles ver-se-ão confrontadoscom actos de grande violência como este doLeandro – o que estarão a sentir os responsáveispor esta “brincadeira”?… Não estarão agora apensar que teria sido bom que alguém lhestivesse colocado limites?! Que educação, que for-mação queremos nós dar às crianças e aos jovensque a sociedade nos confia? Ou, porventura,achamos que eles sozinhos, habituados a rela-

Um anjo no Céu – uma tragédia que não… 59

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cionar-se de forma disruptiva, irão, por simesmos, alterar os seus comportamentos?!…Qual a missão da escola?Não vale a pena atirarmos pedras uns aos outrosporque todos, enquanto sociedade, temosresponsabilidade no lugar que nos cabe. Parece-me que um dos problemas da educação é estafalta de coordenação entre os adultos queeducam e que, frequentemente, não sabem comorepresentar o seu papel, correndo-se o risco de serepresentar um papel que não é o nosso, ou derepresentarmos mal o nosso papel… E quantasvezes desnorteamos as crianças com códigos con-traditórios que só estimulam os seus comporta-mentos disruptivos?!…Temos que ser honestos, tanto com a criança oujovem que é vítima, como com a criança oujovem que é agressor!Para saber maisUm anjo no Céu – professores das escolaspúblicas sem meios para travar o bullyingUm anjo no Céu – II. Não há responsáveis? Eo Estatuto do aluno mantém-se como está?Um anjo no Céu. Um poema de Isabel Fidalgo

60 Indisciplina, bullying e violência na escola

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Shame on you! Na escola do Leandro ontemfoi um dia normalQuem morreu? Um rapazito pobre, do inte-rior, coisa pouca… Um post do JorgeArriagaNotícias diárias de educação.

Um anjo no Céu – uma tragédia que não… 61

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Page 77: Indisciplina, Bullying e violência na escola

18Pais querem retirar

apoios sociais aalunos violentos.Obviamente. Essa

medida já devia tersido tomada há

muito

O Presidente da Confap veio a terreiro falarsobre a violência nas escolas. E disse que o Gov-erno vai alterar em breve o Estatuto do Alunocom o objectivo de permitir a retirada de apoiossociais a alunos violentos. A ministra da educaçãoé sensível ao tema e já disse aos sindicatos que

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aceita rever o Estatuto do Aluno de forma a darmais autoridade aos professores e agilizar o com-bate à indisciplina, violência e bullying em meioescolar.Saúdo a disponibilidade do Ministério da Edu-cação para alterar o Estatuto do Aluno, assimcomo a iniciativa da Confap. Muito me admira que o Estado continue a sub-sidiar alunos que vão à escola para aterrorizar etorturar colegas mais novos ou mais fracos.Per-mitam-me alguma sugestões:1. Castigos até dois dias de suspensão devempoder ser decretados pelo director da escola emprocesso sumário sem necessidade de levanta-mento de processo disciplinar.2. Os pais têm o direito ao recurso mas apenasdepois do cumprimento da sanção pelo aluno. Osefeitos da decisão do director são imediatos.3. Os “castigos” do tipo “varrer o pátio” não têmeficácia. Devem ser substituídos por sanções maiseficazes e punitivas: suspensão de 1 a 8 dias defrequência das aulas. No caso de os pais nãoterem quem tome conta do aluno em casa, os ser-viços de segurança social devem providenciar o

64 Indisciplina, bullying e violência na escola

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apoio necessário, recorrendo, se for necessário, aserviços especializados em apoio domiciliáriopara os casos de alunos com menos de 12 anos deidade4. O director da escola deve ter poder para sus-pender o aluno da frequência das aulas até 8 dias.Quando os pais concordam com a sanção não hálugar a processos disciplinares.5. Casos graves de bullying prolongado devemser punidos com a transferência de escola dosagressores. A pedido dos pais, pode haver lugar àtransferência de escola dos alunos vítimas de bul-lying. Essa transferência pode, em certos casos,ser feita para colégios particulares. Nestes casos,o Estado cobre as despesas das propinas.Nota final: soube há pouco pela RR que 5 organi-zações de defesa dos direitos humanos, entre elasa Amnistia Internacional, exigem que as averigua-ções sobre as causas da morte do Lenadro sejamapuradas e os responsáveis punidos. As cincoorganizações de defesa de direitos humanosapelam à realização de 1 minuto de silêncio emtodas as escolas portuguesas, na próximasegunda-feira. O ProfBlog junta-se a elas no

Pais querem retirar apoios sociais a alunos… 65

Page 80: Indisciplina, Bullying e violência na escola

apelo ao minuto de silêncio.Notícias diárias deeducação.

66 Indisciplina, bullying e violência na escola

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19Santana Castilho:falta ao sistema deensino uma visãoestratégica clara

sobre o que queremosdas escolas

Mais frases de Santana Castilho no semináriorealizado esta tarde em Santarém:

O paradigma da escola a tempo inteiro é termos ascrianças na escola mais tempo que os trabalhadores estãonas empresas. Encerrar uma criança numa escola durantedez horas é um crime.

O que os professores devem fazer é ensinar. Se ofizermos bem estamos a contribuir para os processos edu-

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cacionais. O excesso de funções não directamente ligadasao ensino prejudica as tarefas de instrução.

O primeiro problema que se põe à gestão escolar é aconfusão curricular reinante, a multiplicidade de metas eobjectivos e a falta de simplicidade nos processos.

O que falta ao sistema de ensino é uma visão estratégicaclara sobre o que queremos das escolas.

A escola hoje é um repositório de todos os problemasque a sociedade não conseguiu resolver. Os políticosexigem às escolas que resolvam os problemas que elescriaram ou não sabem resolver.

As escolas precisam de fazer escolhas claras e certas.Gerir é fazer bem. Administra é fazer certo. O ME lançasobre as escolas normativos e exige que os directoresadministrem. Em vez de gerirem, os directores adminis-tram.

É impossível gerir 140 mil professores e 2000 agrupa-mentos na base da desconfiança. O ME sempre descon-fiou dos professores. mas está num dilema: não pode gerirbem o sistema se não confiar nos professores. Mas nãoconfia. Logo, não pode gerir o sistema. A desconfiançatomou conta do sistema a todos os níveis.

Uma organização só deve procurar resolver os prob-lemas para os quais há meios de resolução. As escolas púb-licas são confrontadas com a exigência de resolveremproblemas para os quais não estão vocacionadas nem têmmeios. O mal-estar e a desmotivação dos professoresresulta muito disso.

68 Indisciplina, bullying e violência na escola

Page 83: Indisciplina, Bullying e violência na escola

Outro problema grave do nosso sistema de ensino é onúmero de horas que as crianças passam na escola: emmuitos casos 40 horas por semana.

Outro problema é o excesso de áreas curriculares e dis-ciplinas. O currículo tem de se centrar apenas no essencial.naquilo que merece a pena ser ensinado.

Notícias diárias de educação.

Santana Castilho: falta ao sistema de… 69

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20Santana Castilho:

não é possível geriras escolas de forma

autocrática

Mais frases do seminário desta tarde:

Como é possível que os directores aceitem que os edifí-cios escolares sejam geridos pela Parque Escolar? Sãodirectores de quê? Apenas do pessoal?

Qual é o problema da gestão das escolas? Não há ges-tores de escolas; há apenas administradores. Medidaóbvia: conferir às escolas uma ampla autonomia.

O que é que eu entendo por autonomia ampla?Dar poderes aos directores e reduzir o poder de inter-

venção das DRE.É preciso um modelo de gestão que entregue poderes

de gestão e não apenas de administração aos directores.

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Não é possível um modelo de gestão autocrática nasescolas. As reformas educativas devem ser consensuali-zadas. Não podem ser impostas contra os professores. Issopressupõe bom senso e conhecimento da realidade dasescolas por parte dos decisores políticos.

As escolas precisam de estabilidade. Não podem serconfrontadas a toda a hora com novos normativos emudanças de procedimentos.

Não há sistema que resista a tanta confusão e a tantosnormativos contraditórios.

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72 Indisciplina, bullying e violência na escola

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21A escola de

Mirandela falhou.Morreu uma criançano exacto momentoem que devia estar

numa aula

A missão principal da escola é ensinar o quemerece ser ensinado. Mas a primeira missão daescola é garantir a integridade física dos alunos.Quando a escola não cumpre a sua primeiramissão, não está em condições de assegurar a suamissão principal. Uma escola que não garante aintegridade física dos alunos falha em toda a

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Page 88: Indisciplina, Bullying e violência na escola

linha. Há muitas escolas públicas do País que nãoconseguem garantir a sua primeira missão. E,claro, ficam impedidas de assegurar a sua prin-cipal missão.A escola do Leandro falhou no dever de asse-gurar a integridade física do Leandro. E tudoparece indicar que também falhou no dever deresponsabilizar e castigar os agressores.Haja ou não pessoas na escola, directa ou indirec-tamente responsáveis pela morte do Leandro, - esó um inquérito independente pode ajuizar econcluir por uma coisa ou outra - a escola falhouna sua primiera missão. É um facto inquestio-nável: uma criança de 12 anos foi agredida, mesesa fio, por colegas mais velhos, que já estarão iden-tificados, e que continuam a frequentar as aulascomo se nada de grave tivesse acontecido. Essacriança foi ameaçada ou agredida minutos entesde trocar uma aula por um mergulho mortal norio. Um mergulho que lhe tirou a vida. OLeandro avisou: “vou-me atirar ao rio, já não mebatem mais”. Ninguém ouviu o pedido de auxíliodo Leandro.

74 Indisciplina, bullying e violência na escola

Page 89: Indisciplina, Bullying e violência na escola

No mínimo, seria de esperar um imediato pedidode demissão do director da escola. Mas só seouviu silêncio. No mínimo é de esperar que aDREN demita o director. Ainda não se ouviunada. No mínimo é de esperar que os agressoressejam severamente punidos. Ainda não acon-teceu nada.Um antigo ministro das obras públicas demitiu-se do cargo um dia depois da ocorrência da trag-édia na ponte de Entre-os-Rios. Foi um gestohonrado. Por analogia, seria de esperar o mesmodo director da escola de Mirandela.A única coisa que aconteceu foi a morte doLeandro, um rapazito de 12 anos, pobre e doInterior…Coisa pouca.Notícias diárias de edu-cação.

A escola de Mirandela falhou. Morreu uma… 75

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Page 91: Indisciplina, Bullying e violência na escola

22Bullying UK: umaporta de entradapara conteúdos

digitais para travaro bullying e castigar

os bullies

Em Portugal, trata-se o fenómeno do bullyingcom a mesma ligeireza com que se trata o crime eos criminosos. Há uma cultura de irresponsabili-dade e de imprudência que contamina o caráctere a prática dos portugueses. E isso reflecte-se nomundo das escolas.

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O bullying é visto como uma coisa entre rapazes eraparigas. Uma coisa que passa com o tempo e que nãodeixa marcas. Ninguém se quer comprometer no combateao fenómeno. Uns porque têm medo, outros porque nãoquerem maçar-se e outros ainda porque até acham que écoisa de miúdos.

E quando acontece uma tragédia, como aconteceu emMirandela, a tendência é para desculpabilizar os bullies -afinal, também têm problemas familiares, são vítimas dedesleixo dos pais e outras desculpas do género -, e parasilenciar a revolta das vítimas.

O fenómeno do bullying é universal. Mas há países queresponsabilizam os bullies, castigando-os, impedindo-osde frequentar a escola e, quando necessário e possível,processando-os criminalmente. A ideologia da escolainclusiva trata os agressores da mesma forma que asvítimas. É uma ideologia que impede o combate ao bul-lying. É, na verdade, o húmus onde medram os bullies.Pois, se os bullies têm direito a frequentar a escola até aos18 anos de idade, e os que provêm de famílias com baixosrendimentos até têm direito a subsídios do Estado, como éque se pode evitar que nasça neles a arrogância e o senti-mento de impunidade?

A primeira forma de combater o bullying e os bullies édar poder aos directores das escolas para suspenderem, deforma sumária e imediata, alunos identificados comotendo comportamentos de bullying. E, nos casos maisgraves, dar poder às DRE para os expulsar da escola reg-ular, criando escolas de segunda linha para acolher alunosviolentos. Mas isso é coisa que nunca verei no nosso país

78 Indisciplina, bullying e violência na escola

Page 93: Indisciplina, Bullying e violência na escola

porque faz parte da natureza das elites que controlam opoder político e educacional desresponsabilizar os agres-sores e ignorar as vítimas.

Se quiser ter acesso a blogs e websites sobre bul-lying, visite e siga o Google Profile da organizaçãoBullyingUK

Notícias diárias de educação.

Bullying UK: uma porta de entrada para… 79

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Page 95: Indisciplina, Bullying e violência na escola

23Movimentos deprofessores e

blogueiros unidos nahomenagem ao

Leandro: na segunda-feira, às 11:00,

professores de todoo país fazem um

minuto de silêncio

Depois de 5 ONG de defesa dos direitoshumanos, Amnistia Internacional, OIKOS, AMI,APAV e Margens, terem publicado uma Carta

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Aberta e apelado aos professores e funcionáriosescolares para fazerem, amanhã, um minuto desilêncio em homenagem ao Leandro, o movi-mento cívico contra o bullying alastrou na blo-gosfera, no Facebook e no Twitter.

Os movimentos de professores, Apede, PROmova eMUP, aderiaram à iniciativa e publicaram a Carta Abertanos blogs oficiais. E os blogueiros fizeram o mesmo. Semquerer ser exaustivo, identifiquei os seguintes blogs queresponderam ao apelo das 5 ONG de defesa dos direitoshumanos:

CorrentesPeroladeculturaEmapretoebrancoeacoresAnabelaMagalhãesDardoMeuDearLindoSeleccionei propositadamente esta foto para ilustrar o

post porque é um exemplo de um país com escolas ondenão existe quase nada mas onde a indisciplina, a violênciae o bullying são desconhecidas de todos. Podem cobrir asparedes das escolas portuguesas de mármore e de quadrosdigitais. Sem respeito nem responsabilidade, não se podeeducar nem ensinar. Onde não existe humildade, sobra aarrogância. E a arrogância é a fonte de onde jorra o bul-lying.

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82 Indisciplina, bullying e violência na escola

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24Hoje às 11:00, minutode silêncio em todasas escolas do País emmemória do Leandroe contra o bullying

O apelo de 5 ONG - Amnistia, Oikos, Margens,APAV e AMI - para um minuto de silêncio, hoje,às 11:00, não caiu em saco roto. Houve quemignorasse o apelo e houve quem o secundasse.Entre os primeiros, os sindicatos. Nem uma pal-avra sobre o assunto. Longe das escolas, prote-gidos no aconchego dos gabinetes, os dirigentessindicais olham para a violência escolar, o bul-lying e a indisciplina com os mesmos olhos das

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Page 98: Indisciplina, Bullying e violência na escola

autoridades educativas: desvalorizando o fenó-meno, assobiando para o lado, desculpabilizandoos agressores, colocando agressores e agredidosno mesmo plano e atribuindo as culpas à socie-dade.

Nem uma apalavra no website da Fenprof.Nem uma palavra no website da Fne.Nem uma palavra no website do SPnorteNem uma palavra no website do Sindep.Quem morreu? Um rapazito, pobre e do Interior.

Coisa pouca…Nem uma palavra no wesbite da DREN/Direcção

Regional de Educação do NorteMas ainda há quem esteja do lado dos fracos, das

vítimas e dos injustiçados.O MUP, o PROmova e a Apede publicaram a CartaAberta das 5 ONG e apelaram ao minuto de silêncio.E o apelo teve eco nos blogues de professores.

Correntes Peroladecultura Emapretoebrancoeacores AnabelaMagalhães DardoMeu DearLindo OutroOlharNotícias diárias de educação.

84 Indisciplina, bullying e violência na escola

Page 99: Indisciplina, Bullying e violência na escola

25Da inutilidade da

escolaridadeobrigatória. O debate

necessário paratravar a

deterioração doensino secundário

nas escolas públicas

Os portugueses habituaram-se a decretar dir-eitos, julgando que a simples publicação de um alei ou normativo no Diário da República é sufi-ciente para resolver os problemas do Mundo.

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Page 100: Indisciplina, Bullying e violência na escola

Foi assim com a Lei 85/2009, que alarga a esco-laridade obrigatória até aos 18 anos de idade.Uma Lei que vai estender os problemas do bul-lying, violência escolar, indisciplina, carga buroc-rática dos professores e construção fraudulentado sucesso escolar ao ensino secundário.Há um debate a fazer sobre a relação custo/bene-fício do alargamento da escolaridade obrigatóriaaté aos 18 anos de idade.Os planos de recuper-ação, os relatórios para justificar uma simplesreprovação, os constrangimentos administrativose institucionais ao combate à indisciplina e à vio-lência escolar vão tornar a missão dos professoresdo ensino secundário simultaneamente perigosae de uma complexidade para a qual não dispõemnem de recursos nem de tempo. Ensinar vaitornar-se uma quase impossibilidade nas turmascom alunos que acumulam falhas de conheci-mento e ausência de competências cognitivas esociais.Adivinha-se o descalabro do ensino secundáriopúblico com a consequente fuga dos alunos daclasse média que irão procurar refúgio, segurançae ambientes ordeiros e tranquilos nos colégios.

86 Indisciplina, bullying e violência na escola

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As escolas secundárias públicas serão, nos próx-imos anos, vítimas de uma sangria de alunoscomo nunca visto na História de Portugal dosúltimos cinquenta anos.Em vez de uma lei a garantir a escolaridade obri-gatória até aos 18 anos, o nosso País precisa deum lei que diga apenas isto:

O Estado assegura o acesso livre, gratuito e universal atodos os portugueses, com mais de 5 anos de idade, quequeiram estudar.

A maior parte dos problemas que afectam a credibili-dade e a eficácia das escolas públicas têm que ver com ofacto de albergarem algumas crianças e adolescentes quenão querem estudar. Sujeitar essas crianças e adolescentesà obrigatoriedade de frequentarem a escola até aos 18anos - obrigando-as a fazerem um cosa que elas nãoquerem nem gostam - é de um violência simbólica dignade um Estado totalitário e traz imensos prejuízos para ascrianças e adolescentes que querem, desejam e gostam deestudar.Post actualizado às 19:00

Notícias diárias de educação.

Da inutilidade da escolaridade obrigatória… 87

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Page 103: Indisciplina, Bullying e violência na escola

26CDS elabora

relatório sobre ofenómeno da

violência escolar

Paulo Portas anunciou, ontem, em Fafe que oCDS está a elaborar um relatório sobre a vio-lência escolar. O documento está a ser preparadopela deputada Teresa Caeiro e visa o conheci-mento da realidade do bullying e da violênciasobre alunos e professores em meio escolar.

O CDS propõe um profunda revisão do estatuto doaluno que garanta a agilização dos processos disciplinares,o reforço da autoridade dos professores e o reforço de

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Page 104: Indisciplina, Bullying e violência na escola

medidas que promovam a assiduidade dos alunos e orespeito pelos professores.

Por diversas vezes, personalidades ligadas ao CDS têmacusado as autoridades escolares de desvalorizarem eencobrirem o fenómeno do bullying e da violência emmeio escolar.

Notícias diárias de educação.

90 Indisciplina, bullying e violência na escola

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27Assim vai a política

de combate àcriminalidadejuvenil: Jovens

fugiram de lar paraprovocarem noite de

terror

Alguma coisa tem de ser feita para impedir quejovens criminosos fujam facilmente dos laresonde foram entregues na sequência de despachosjudiciais. Entram e saem com demasiada facili-dade. Este tipo de ocorrências está a acontecerdemasiadas vezes em Portugal, justificando a

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antecipação da imputabilidade para os 14 anos deidade. São necessárias medidas mais duras e efi-cazes para travar a violência juvenil.

O alerta de fuga dos seis jovens dos lares de acolhi-mento Casa do Lago, em S. Domingos de Benfica, e Casada Alameda, na Alameda D. Afonso Henriques, já tinhasido dado à PSP de Lisboa na passada quinta-feira. Todoseles, com idades compreendidas entre os 13 e os 21 anos,preparavam-se para um fim-de-semana de terror emBenfica. O grupo esteve envolvido no sequestro e roubode um jovem de 16 anos durante mais de doze horas. Talcomo o CM noticiou, acabaram detidos na madrugada dedomingo.

Recorde-se que a vítima foi abordada quando se dirigiapara o Centro Comercial Colombo e forçada a deslocar-separa uma arrecadação onde foi amarrada, agredida e man-tida em cativeiro. Os sequestradores roubaram-lhe asroupas e o telemóvel e venderam-no. Mas, ao que o CMapurou, o jovem não terá sido a única vítima do grupo. Nomesmo dia a PSP recebeu a queixa de um outro jovem quefoi igualmente atacado junto ao Fonte Nova. Foi encos-tado a uma parede e cercado pelos seis elementos. Depoisde o agredirem ainda lhe roubaram o telemóvel. Fontepolicial não descarta a existência de mais vítimas.

Presentes a tribunal, quatro deles – menores – foramrestituídos aos lares, enquanto que os dois mais velhos –um rapaz de 21 anos e uma rapariga de 19 – ficaramsujeitos a apresentações periódicas à polícia. Fonte: CMde 9/3/2010

92 Indisciplina, bullying e violência na escola

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Notícias diárias de educação.

Assim vai a política de combate à criminali-dade…

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Page 109: Indisciplina, Bullying e violência na escola

28Ministra da

Educação quer darmais poderes às

escolas paratravarem o bullying

e a violência

A ministra da educação afirmou, ontem, que vaidar mais poderes às escolas - leia-se aos direc-tores - para lidarem com o bullying, permitindo-lhes uma intervenção mais ágil e eficaz na defesae protecção das vítimas.

A ministra disse que estão a decorrer dois inquéritossobre o caso de bullying que terá estado na origem do sui-

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cídio do Leandro, a criança de 12 anos, que se tirou ao rio,na semana passada. O inquérito promovido pela DRENdeve estar concluído esta semana, afirmou a ministra daeducação.

Só depois de conhecido o resultado do inquérito pro-movido pela DREN é que a ministra se vai pronunciarsobre o caso que terá estado na origem da morte doLeandro.

O que é que a ministra da educação quer dizer com darmais poderes às escolas? Se quiser dizer “rever profunda-mente o estatuto do aluno”, estamos de acordo. O Esta-tuto do Aluno judicializa as relações entre professores ealunos e é um instrumento que paralisa a acção disciplina-dora dos directores e docentes.

O Estatuto do Aluno foi aprovado por um lei do Parla-mento: a Lei 3/2008. Só o Parlamento pode alterar o Esta-tuto do Aluno. Gostava de saber do que estão à espera ospartidos da oposição. A ministra da educação não tempoderes para proceder a essa alteração por portaria oumesmo por decreto-lei em sede de conselho de ministros.

Os directores têm de ter mecanismos para suspen-derem, de imediato, os alunos violentos e, em casosextremos, os impedirem de voltarem à escola. Para essescasos extremos - convém não ter medo de dizer que hácrianças e adolescentes sociopatas e cuja presença naescola é uma ameaça permanente à integridade física deprofessores e alunos - é necessário que o Estado crieescolas de segunda linha para albergarem alunos especial-mente violentos.

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96 Indisciplina, bullying e violência na escola

Page 111: Indisciplina, Bullying e violência na escola

29Aluno espancaviolentamente

professor dentro dasala de aula e no dia

seguinte volta àsaulas como se não

tivesse feito nada deerrado

Se não houvesse uma cultura de encobrimentonas escolas, seriam divulgados muitos outros casos semelhante a este:

Um rapaz de 12 anos agrediu violentamente um pro-fessor, na sala de aula e em frente aos colegas, atirando-lhe

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Page 112: Indisciplina, Bullying e violência na escola

com uma mochila na cara e batendo-lhe com uma cadeiranas pernas. O caso aconteceu segunda-feira numa turmado 6.º ano da Escola D. Pedro II, na Moita. O professorsentiu-se mal, correu para a casa de banho a vomitar e tevede ser assistido no Hospital do Barreiro. A escola já abriuum processo disciplinar ao aluno, que ontem foi à escola.O professor também surgiu na escola de muletas, mas nãodeu aulas. Fonte: DN de 10/3/2010

É esta cultura de desresponsabilização individual, apa-drinhada até à exaustão pelos governos socialistas, queestá a destruir o nosso país: privatização dos benefícios esocialização dos prejuízos.O vândalo que fez uma coisadestas devia ter sido impedido de regressar à escola. Masquem vai ter de mudar de escola não é o agressor. É o pro-fessor. Que ainda por cima transportará a “mancha” denão saber lidar com os alunos.

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98 Indisciplina, bullying e violência na escola

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30Violência escolar:até quando vamosassistir parados àviolência sobre

alunos dentro e navizinhança dos

estabelecimentosescolares?

A violência está a ser um pesadelo em muitos dosnossos estabelecimentos escolares com profes-sores, funcionários e alunos sujeitos a este tor-mento que alastra de uma forma assustadora.Professores que acorrem a psiquiatras com esgo-

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tamentos, funcionários sujeitos a terríveis humil-hações, alunos que abandonam a escola, queandam tristes e que sofrem em silêncio.

É triste o que se está a passar e não podemos continuarimpávidos e serenos a assistir a estes espectáculos degra-dantes que contagiam, resultando em tragédias, como foio caso do Leandro, com doze anos, da Escola EB 2,3Luciano Cordeiro em Mirandela, que pôs termo à vida,atirando-se ao rio Tua não suportando mais as agressõesconstantes de que era vítima por parte dos colegas.

Para saber maisTexto completo de Salvador de Sousa - É urgente com-bater a violência escolar

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100 Indisciplina, bullying e violência na escola

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31Foi espancado,hospitalizado e

obrigado a repor asaulas. Um

testemunho quemostra como os

bullies sãoacarinhados e

protegidos

É um curto depoimento de um professor que foiespancado por um aluno, teve de ser hospitali-zado e, no regresso à escola, obrigado a repor as

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aulas. O agressor continuou, impávido e sereno, afrequentar a escola. Um caso semelhante amuitos outros que acontecem, quase diaria-mente, nas nossas escolas com o beneplácito dosencobridores e protectores dos bullies. Convémdizer que os protectores e encobridores dos bul-lies estão, confortavelmente, dentro do sistemaescolar e ocupam, regra geral, posições dedestaque.

Além de sofrer na pele e ir parar ao hospital, confron-taram-me com reposição de aulas ou justificação daausência por atestado médico, tive de recorrer a advogadopara ser considerado acidente em serviço, processo sóseguiu para a entidade competente dois meses depois,após meu pedido por escrito sobre o ponto da situação eaté hoje estou à espera que me digam o que foi decididoquanto ao agressor. Judicialmente, foi acusado de 3crimes, já passou um ano e meio e ainda estou à esperaque marquem o julgamento.

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32Bullying: dicas paraprevenir, combater e

integrar

O professor Allan Beane, hoje reconhecido inter-nacionalmente como especialista em prevenção einterrupção do bullying, buscou na traumáticaexperiência familiar uma forma de compromissopara evitar que outras pessoas passem pelo quesofreu. Aos 23 anos, Curtis Beane, filho do autor,morreu vitima de consequências do bullying,após enfrentar muito sofrimento no convíviosocial, desde a infância. Allan Beane, Ph.D,passou então a orientar crianças, pais e profes-sores a prevenirem-se das agressões que acon-

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tecem com frequência em grupos de crianças eadolescentes. “Como crianças podem ser tãocruéis?” foi a pergunta que Beane fez e que nor-teou o seu trabalho de prevenção do Bullying“Havia dentro de mim um clamor por respostas. Euqueria saber se podia impedir o desenvolvimento dacrueldade, e queria detê-la depois de já ter se desen-volvido.”

Proteja seu filho do bullying descreve as principaiscaracterísticas apresentadas por crianças que sofremmaus-tratos e oferece dicas para ajudá-las a lidar com osagressores e a evitar os ataques. A palavra inglesa bully sig-nifica valentão, provocador. Hoje, o termo é usado paradescrever os alunos violentos que implicam com osmenores ou mais fracos. O bullying (acto de intimidar,oprimir) é um problema em escolas de todo o mundo,mas vai muito além da sala de aula: as agressões podemacontecer na vizinhança, ou mesmo em casa.

“Um adulto negar ou ignorar a existência daagressão é a pior coisa que pode acontecer para as crianças, aescola, a comunidade. Quando os adultos se envolvem e mobi-lizam a energia de funcionários da escola, pais, representantesda comunidade e crianças, o bullying pode ser prevenido einterrompido.”

O trata aborda diferentes formas de crueldade entrecrianças, inclusive o ciberbullying, um problema crescente:uso de telemóveis, computadores e outros aparelhos elec-trónicos para maltratar outras crianças.

104 Indisciplina, bullying e violência na escola

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Neste livro, Allan Beane, Ph.D., ensina os pais a identi-ficar, impedir e prevenir o bullying, evitando assim as trág-icas consequências que os maus-tratos podem trazer paraa vida das crianças. O autor também esclarece a diferençaentre um conflito comum e uma intimidação, além deexplicar como ajudar a criança a denunciarem as agres-sões.

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Bullying: dicas para prevenir, combater… 105

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33Propostas para

melhorar a escola

Apetecia-me encerrar este post com duas pal-avras apenas: simplificar e simplificar. Mas sim-plificar o quê? O currículo e os procedimentosburocráticos.

Um dos problemas mais graves da escola actual é aexcessiva complexidade e dispersão curricular. Há áreascurriculares a mais no 3º CEB. Os alunos passam dema-siado tempo na escola. Os professores consomem tempo eenergias em procedimentos burocráticos excessivos ecomplexos que exigem reuniões que duram tardes inteiras,actas do tamanho de lençóis, projectos curriculares disto edaquilo e relatórios sobre tudo e mais alguma coisa.

Quando os inspectores se deslocam à escola a primeiracoisa que fazem é ir à procura dos papéis. Onde estão as

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actas? São suficientemente exaustivas? E os planos derecuperação? E os planos de acompanhamento? E osplanos de melhoria? E onde estão os relatórios? E o pro-jecto curricular de escola? Foi actualizado este ano? Senão foi, qual a razão de “tamanha” falta? E o projecto edu-cativo? Foi actualizado este ano? Se não foi, qual a razãode “tão formidável” falha? E onde estão os planos de aula?E os planos curriculares de turma? E onde estão as estraté-gias e actividades transdisciplinares?

Em vez de conversarem com os professores, os inspec-tores procuram papéis e exercem uma pressão intolerávelpara a produção e arquivo de mais pepéis. É isso que está amatar a pedagogia nas escolas e a secar a criatividade e amotivação dos professores.

Se o ME quiser melhorar a qualidade das escolas púb-licas tem de dar ordens para que se acabe com a papeladainútil e reduza e simplifique a que é absolutamente neces-sária. Manter essa carga inútil de burocracia nas escolas é amesma coisa que exigir aos polícias que passem os dias eas noites a redigirem planos de combate ao crime semcolocarem os pés de fora das esquadras.

Se o ME quiser melhorar a qualidade das escolas púb-licas tem de acabar com as áreas curriculares não discipli-nares: formação cívica, estudo acompanhado e área deprojecto. São tempos curriculares que não servem paranada, onde não se ensina nada de útil e que estendem otempo de permanência na escola dos alunos para além dotolerável.

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34Ministra preparalegislação que dê

poderes aosdirectores para

suspensão preventivados agressores por

mais de 5 dias.Finalmente!

A ministra da educação revelou, hoje, no final dareunião semanal do Conselho de Ministros, queestá a preparar legislação que dê poderes aosdirectores para suspenderem preventivamente osalunos agressores por mais de 5 dias úteis.

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É caso para dizer: só agora?

É tão óbvia esta medida que espanta como é que aindanão foi tomada.

A ministra recusou a possibilidade de sancionar a fam-ília do aluno agressor, seja através de multas, seja de sus-pensão dos subsídios.Seria pedir demais que um Governo socialista aceitasseretirar os subsídios sociais às famílias dos agressores,apesar de, em muitos casos, as agressões partirem dosfamiliares dos alunos.Não me parece correcto nem pedagógico que uma mãe ouum pai que agride alunos ou professores dentro ou àentrada da escola continue a receber subsídios do Estadorelacionados com a frequência da escola pelo educando.Será necessário esperar por um governo não socialistapara ver esta justa medida aprovada.A legislação que vai dar poderes aos directores para sus-pensão preventiva dos agressores é independente da alter-ação do Estatuto do Aluno. A primeira pode ser feita porportaria ou decreto-lei, enquanto a segunda só pode seraprovada no Parlamento. É natural, portanto, que odiploma que permita a suspensão imediata dos agressorespossa ser aprovado, em conselho de ministros, antes davotação, no Parlamento, de um diploma que altere a Lei3/2008.Post actualizado às 20:00Notícias diárias de edu-cação.

110 Indisciplina, bullying e violência na escola

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35Isto é de uma

gravidade extrema. Obullying não atinge

apenas alunos. Hámuitos professores

que são vítimassilenciosas. E há

encobridores queprotegem os bullies

O iOnline traz uma notícia que divulga um casode bullying contra um professor. É um caso de

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uma gravidade extrema. Um caso que acabou emsuicídio do professor.

Na manhã de 9 de Fevereiro, L. V. C. parou o carro notabuleiro da Ponte 25 de Abril, no sentido Lisboa-Almada. Saiu do Ford Fiesta e saltou para o rio. Há váriosmeses que o professor de música da Escola Básica 2+3de Fitares (Sintra), planearia a sua morte. Em Novembroescreveu uma nota no computador de casa a justificar omotivo: “Se o meu destino é sofrer, dando aulas a alunosque não me respeitam e me põem fora de mim, não tendooutras fontes de rendimentos, a única solução apazigua-dora será o suicídio”.L. V. C., sociólogo de formação, tinha 51 anos, vivia comos pais em Oeiras, era professor de música contratado e foicolocado este ano lectivo na Escola Básica 2+3 de Fitares,em Sintra. Logo nos primeiros dias terão começado osproblemas com um grupo de alunos do 9º ano. A indisci-plina na sala de aula foi crescendo todos os dias, che-gando ao ponto de não conseguir ser ouvido. Dentro dasala, e ao longo de meses, os alunos chamaram-lhe careca,tiraram-lhe o comando da aparelhagem das mãos, subindoe descendo o volume de som, desligaram a ficha do retro-projector, viraram as imagens projectadas de cabeça parabaixo.Houve vezes em que L. V. C. expulsou os alunos da sala,vezes em que fez participaçõesdisciplinares. Foram pelomenos sete as queixas escritas que terá feito à direcção daescola, alertando para o comportamento de um aluno emparticular. Colegas e familiares do professor de música

112 Indisciplina, bullying e violência na escola

Page 127: Indisciplina, Bullying e violência na escola

asseguram que a direcção não instaurou nenhum processodisciplinar.O i teve acesso a uma das participações feitas pelo pro-fessor de música. No dia 15 de Outubro de 2009, L. V. C.dirigiu à direcção da escola uma “participação de ocor-rência disciplinar”, informando que marcou falta disci-plinar a um aluno e propondo que fossem aplicadas ”med-idas sancionatórias”. Invocou vários motivos, entre osquais “afirmações provocatórias”, insultos ou resistênciado aluno em abandonar a sala.O professor de música desabafou que não suportava maisdar aulas àquela turma do 9º ano: “Nos últimos meses, jáse acanhava perante os seus alunos como se tivesse culpa”,explicou ao i um familiar. Atravessar o corredor da escolafoi um dos seus pesadelos, é aí que os alunos se concen-tram quando chove: “Um dia, chamaram-lhe cão.” Nosoutros dias, deram-lhe “calduços” na nuca à medida quecaminhava até à sua sala de aula.Alguns professores testemunharam a “humilhação” de L.V. C. nos corredores da escola e sabiam que se sentiaangustiado por “não ser respeitado pelos alunos”. Só nãodesconfiavam que a angústia se tivesse transformado emdesespero. O professor de música não falava com nin-guém. Chegava às sete da manhã para preparar a aula.Montava o equipamento de som, carregava os instru-mentos musicais da arrecadação até à sala. Deixava tudopronto e depois entrava no carro: “Ficava ali dentro, debraços cruzados, e só saia para dar a aula.” L. V. C. preferiaestar no carro em vez de enfrentar uma sala de convívio

Isto é de uma gravidade extrema. O bullying… 113

Page 128: Indisciplina, Bullying e violência na escola

cheia de colegas: “Era mais frágil do que nós, dava paraperceber que não tinha o mesmo estofo.” Fonte: iOnline

Quanto mais alunos e professores têm de se suicidarpara que o bullying deixe de ser branqueado e os bulliesprotegidos? Que país é este que acarinha os agressores enega justiça às vítimas? Que escola é esta que estamos aconstruir? Uma escola que forma cidadãos ou que acolhe eacarinha jovens criminosos?Leiam também o desenvolvimento desta notícia no Púb-lico de hoje e divulguem-na na sala de professores. Hojefoi o colega Luís, amanhã pode ser um de vós. Não seesqueçam de que os socialistas os condenaram a leccio-narem até morrerem. Hoje são saudáveis e fortes.Amanhã, poderão ter de ir dar aulas doentes e frágeis. Eficarem à mercê de jovens criminosos protegidos e acarin-hados pelas autoridades.Faço daqui um apelo a todos os blogues de professores:publiquem a notícia do Público em todos os blogues ecoloquem-na no topo dos blogues durante todo o dia. Emhomenagem ao sacrifício do colega Luís. E para que não serepita a inércia e o encobrimento.Hoje, não há mais posts no ProfBlog. Quero que toda aatenção dos leitores convirja para este caso de extremagravidade. A caixa de comentários está à vossa disposição.Post actualizado às 10:50Iniciei uma campanha no Face-book, onde sou seguido por 5 mil pessoas, sobre o tema:“Demissão imediata dos directores que encobrem e pro-tegem os bullies!” Se quiser aderir a essa campanha, visitea minha Página do Facebook.Post actualizado às 11:00Suomi Vivekananda Diz:

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Março 12, 2010 at 8:43 amBom dia. Onde estão os sindicatos? Para lutar por legis-

lação que dê mais autoridade aos professores e que acabecom as parvoíces do estatuto disciplinar do aluno, eu fariaaté uma semana de greve.E por favor não me venham com a história do regresso aoantigamente! Não se trata de copiar o “antigamente”, o“tempo da outra senhora”. Esqueçam isso por ummomento. COPIEMOS A LEGISLAÇÃO, NESTAMATÉRIA, DOS PAÍSES CIVILIZADOS E EVO-LUÍDOS.Há anos tive um aluno, filho de emigrantes, que tinhavindo de uma escola de Marselha. Perguntei-lhe que difer-enças encontrou entre a escola de lá e a de cá. Disse-meque tinha ficado muito admirado porque aqui na escolaportuguesa, os alunos podem fazer quase tudo o que qui-serem, mas em França não era assim…A espécie de argumento da treta, muito esgrimido pelaesquerda-caviar da paróquia que há muito não põe aspatas na escola, que consiste em evocar o regresso ao fas-cimo, de cada vez que se fala no reforço da autoridade dosprofessores, já chateia. Fonte: caixa de comentários doblogue Educação do meu Umbigo

Correcto. Este comentário de Suomi Vivekanandaacerta no alvo: os responsáveis pela impunidade dos bul-lies são os socialistas e a esquerda caviar que, directa ouindirectamente, dirigem o sistema e governam as DRE e asescolas há cerca de 13 anos. São eles que mandam silen-ciar. São eles que deitam as culpas para cima dos profes-sores agredidos. São eles que desvalorizam a violência em

Isto é de uma gravidade extrema. O bullying… 115

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meio escolar, que encobrem os agressores e que deixam asvítimas sem protecção. Isto é um caso evidente de vio-lação dos direitos humanos perpretado com a cumplici-dade dos socialistas e a esquerda caviar que dominam econtrolam as DRE, sindicatos e direcções de escolas.Postactualizado às 11:40É bullying? Não, é violência consentida!

O recente caso trágico de Leandro é de extrema gravi-dade e constitui um claro exemplo da violência escolar,que teima em persistir nas escolas com a impunidade detodos.

O encobrimento deste fenómeno começa, desde logo,com a sua própria designação: “bullyng”. Este desneces-sário estrangeirismo, substituto da palavra bem portu-guesa “violência”, configura um eufemismo, figura deretórica que consiste em dizer de forma suave o que édesagradável, disfarçando perversamente um problematão preocupante.

Na verdade, à violência estão associados numerososfactores; a confusão, a indisciplina e a falta de respeitograssam nas escolas de maneira desenfreada e ultrapassamas convivências conflituosas entre alunos. Nem as princi-pais figuras da educação conseguem escapar a este fenó-meno: a recepção, com vaias e ovos, da ex-ministra LurdesRodrigues, numa escola de Fafe, foi um testemunho medi-ático de relevo. Não é, pois, por acaso que os ministrospreferem visitar escolas ao fim-de-semana ou em períodosde férias.

A difícil questão educativa enunciada, como se sabe,leva os docentes a esconder casos delicados, uma vez que

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os professores que denunciam situações anómalas ao fun-cionamento das aulas são marginalizados pelos seuscolegas e pela restante comunidade escolar, considerandoque os culpados são os próprios por não se darem aorespeito…

A maioria dos directores, investidos de um poder imen-surável pela legislação vigente, pouco ou nada fazem paraprevenir ou resolver a violência escolar. A sua preocu-pação, num gesto politicamente correcto, parece queapenas reside em agradar aos pais e na avaliação docente,o que explica o ensurdecedor silêncio do Director daEscola EB 2/3 Luciano Cordeiro, em Mirandela, perantetão funesta ocorrência verificada com o Leandro.

A resolução deste difícil problema passa pela responsa-bilização dos alunos e pais, pelo aumento de pessoal aux-iliar, assim como por uma efectiva autoridade (não con-fundir com autoritarismo) dos professores perante alar-mantes situações de indisciplina, que coloca indubitavel-mente em risco a qualidade do ensino.

Deste modo, é imperioso tomar medidas realistas e efi-cazes na eliminação desta alarmante barbárie com o fito depromover escolas seguras, onde todos os alunos se sintambem, se respeitem, aprendam, bem como possam ter, defacto, a tão propalada igualdade de oportunidades.Afonsode Albuquerque

Post actualizado às 15:00E ainda perguntam pelas causas? É só folhear os jor-

nais ou ir a uma escola e falar com os professores.Decisão do Conselho de Turma só deverá ser tomada

dentro de 10 a 15 dias, pelo que até lá o aluno partilhará o

Isto é de uma gravidade extrema. O bullying… 117

Page 132: Indisciplina, Bullying e violência na escola

mesmo espaço com o professor, que também não deixa aescola

O aluno de 12 anos que agrediu o professor de Portu-guês na Escola D. Pedro II, na Moita, vai continuar a fre-quentar o estabelecimento até ser conhecido o veredictodo Conselho de Turma, que ocorrerá dentro de 10 a 15dias. Mas mesmo que seja sancionado com uma suspensãode dez dias não pode reprovar por faltas, por ainda estarapenas no segundo ciclo.

Professor e aluno vão continuar, assim, a partilhar omesmo espaço, já que também o docente vai manter-seem funções por vontade própria. O professor faz questãode acompanhar os alunos na fase final do segundosemestre.

O menor, acompanhado pela mãe, foi ontem ouvidopela directora de turma, que ao fim da tarde entregou ainstrução do inquérito na Direcção da escola. Hoje, vaiavançar o respectivo processo disciplinar. A mãe recusoufalar ao DN sobre o que se passou com o filho na segunda-feira, quando F.J. agrediu o professor com uma cadeira euma mochila, tendo deixado o docente com um trauma-tismo numa das pernas que o obriga a andar pela escola decanadianas.

O director da escola, Fernando Fonseca, revelou terconversado com o aluno e com a mãe logo a seguir ao inci-dente. “O aluno está por cá e está calmo. Vai ser sujeito auma pena que eu não sei qual é”, adiantou o dirigente.

O agressor incorre numa pena que poderá ir da repre-ensão registada, suspensão por dez dias úteis, ou, nolimite, à transferência de escola, como está previsto no

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Estatuto do Aluno. Caberá ao Conselho de Turma deter-minar a medida a aplicar, após a análise que a partir dehoje vai começar a ser instruída por um professor que nãoleccione nesta turma, de alunos do currículo alternativo.Fonte: DN/Sapo

Post actualizado às 15:00Começam a esgotar-se, também, as palavras.Tantos de nós que fomos alertando para estas situa-

ções. Escrevi há alguns anos: A indisciplina é “O PROB-LEMA” da escola. A indisciplina e a violência a ela asso-ciada vai acabar com a escola pública.

Estamos apenas no início mas o processo vai ser muitorápido. Hoje tudo é demasiado rápido. Tão rápido que asvítimas dos últimos dias já estão transformadas em crimi-nosos e os criminosos em vítimas. E, as medidas que seanunciam, terão no seu prâmbulo, como intenção e maisuma vez, a promoção da integração, da não exclusão, daescola inclusiva, quiçá mesmo da igualdade de oportuni-dades ou ainda o combate à pobreza. E um naipe alargadode serventes, mas serventes especialistas, da psicologia àsociologia, passando pelas ciências da educação virá, emfato Armani, colocar delicadamente a sua chancela nodocumento debruado a ouro, enquanto os flashes dasmáquinas iluminam os frescos das paredes do palácio. Opoder político abrirá o baile de gala, transformando ohemiciclo num ciclo completo. E que a festa dure até àstantas.

E todos morreremos mais um pouco, sem nos darmosconta que a rua está ali, mesmo ao nosso lado.

Mottamoreira

Isto é de uma gravidade extrema. O bullying… 119

Page 134: Indisciplina, Bullying e violência na escola

E ainda perguntam por que razão há violência nasescolas?

Não acham que os directores que branqueiam e pro-tegem os bullies devem ser demitidos?

Post actualizado às 17:00Reparem na reacção do director da DRELVT:O director regional de Educação de Lisboa espera que

o inquérito instaurado numa escola de Fitares esclareça ocaso de um professor que se suicidou e que era alegada-mente gozado pelos alunos, mas sublinhou que o docentetinha uma “fragilidade psicológica” há muito tempo.Fonte: DN/Sapo

O professor foi “alegadamente” gozado pelos alunos. Oprofessor “tinha” uma debilidade psicológica. É a este tipode linguagem que eu chamo encobrimento do bullying.Lamentável. Diz o homem da DRELVT hoje - passado ummês do suicídio do Luís - que vai abrir um inquérito. Masparece que já conhece o resultado: “debilidade psico-lógica”. E se os jornais não divulgassem o assunto? Nãotinha havido suicídio? Nem bullying?

Post actualizado às 18:20Tanto no caso do Leandro como no caso do colega

Luís, parece haver a intenção de atribuir as culpas à vítima,branqueando a omissão das autoridades escolares e desva-lorizando a gravidade das ocorrências. Veremos no que osinquéritos vão dar. Oxalá eu esteja enganado. Estou emcrer que vão dar em nada.

Ainda há pouco a funcionária Moldava que dá apoiotécnico a um curso me disse isto:

120 Indisciplina, bullying e violência na escola

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“Professor, Portugal tem um belo clima e é um lindopaís, pena que as escolas sejam más!”Perguntei: “Porquê?”E ela disse: “as crianças aprendem pouco, os paisdesculpam tudo aos filhos e os professores têm de aceitaras faltas de educação sem nada dizerem”.

“No seu país não é assim? - perguntei.“No meu país, os alunos não faltam ao respeito aos profes-sores e os pais não se põem do lado dos filhos que seportam mal na escola. Palavra do professor merecerespeito”.

Post actualizado às 18:30A ministra da educação reagiu esta tarde aos casos de

bullying e violência escolar, afirmando:“Os diretores precisam de autoridade, de capacidade de

intervenção e o Ministério da Educação tem dado todo oapoio e reforçado essa autoridade para que nas escolasreine um ambiente de educação”, afirmou, sem respondera mais perguntas. Fonte: DN/Sapo

É pouco, mas é alguma coisa. Nota-se uma atitudediferente da sua antecessora. Saúdo essa nova pos-tura. Nos últimos dois meses, a ministra tem reagido coma afirmação de que vai alterar o Estatuto do Aluno e darpoderes aos directores para suspenderem preventiva-mente, por mais de 5 dias e sem audição prévia, os alunosque agridam colegas, professores e funcionários. Acreditoque essa legislação será aprovada em breve. A pressãopolítica dos partidos da oposição, dos media e dos bloguesé grande. O CDS anunciou que vai levar, em breve, oproblema da violência escolar ao Parlamento. A deputada

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do CDS, Teresa Caeiro, prepara um relatório sobre o bul-lying. Os resultados desse relatório podem fundamentariniciativas legislativas do CDS para alteração do Estatutodo Aluno. O CDS tem sido o partido com uma posiçãomais coerente e firme face ao reforço da autoridade dosprofessores e combate ao bullying. A Fne anunciou, estatarde, que quer ver os pais dos alunos agressores responsa-bilizados. João Dias da Silva afirmou ainda que é neces-sário contratar mais auxiliares de acção educativa, vigi-lantes e técnicos para as escolas.

Notícias diárias de educação.

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36É bullying? Não, é

violência consentida

O recente caso trágico de Leandro é de extremagravidade e constitui um claro exemplo da vio-lência escolar, que teima em persistir nas escolascom a impunidade de todos.

O encobrimento deste fenómeno começa, desde logo,com a sua própria designação: “bullyng”. Este desneces-sário estrangeirismo, substituto da palavra bem portu-guesa “violência”, configura um eufemismo, figura deretórica que consiste em dizer de forma suave o que édesagradável, disfarçando perversamente um problematão preocupante.

Na verdade, à violência estão associados numerososfactores; a confusão, a indisciplina e a falta de respeitograssam nas escolas de maneira desenfreada e ultrapassam

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as convivências conflituosas entre alunos. Nem as princi-pais figuras da educação conseguem escapar a este fenó-meno: a recepção, com vaias e ovos, da ex-ministra LurdesRodrigues, numa escola de Fafe, foi um testemunho medi-ático de relevo. Não é, pois, por acaso que os ministrospreferem visitar escolas ao fim-de-semana ou em períodosde férias.

A difícil questão educativa enunciada, como se sabe,leva os docentes a esconder casos delicados, uma vez queos professores que denunciam situações anómalas ao fun-cionamento das aulas são marginalizados pelos seuscolegas e pela restante comunidade escolar, considerandoque os culpados são os próprios por não se darem aorespeito…

A maioria dos directores, investidos de um poder imen-surável pela legislação vigente, pouco ou nada fazem paraprevenir ou resolver a violência escolar. A sua preocu-pação, num gesto politicamente correcto, parece queapenas reside em agradar aos pais e na avaliação docente,o que explica o ensurdecedor silêncio do Director daEscola EB 2/3 Luciano Cordeiro, em Mirandela, perantetão funesta ocorrência verificada com o Leandro.

A resolução deste difícil problema passa pela responsa-bilização dos alunos e pais, pelo aumento de pessoal aux-iliar, assim como por uma efectiva autoridade (não con-fundir com autoritarismo) dos professores perante alar-mantes situações de indisciplina, que coloca indubitavel-mente em risco a qualidade do ensino.

Deste modo, é imperioso tomar medidas realistas e efi-cazes na eliminação desta alarmante barbárie com o fito de

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promover escolas seguras, onde todos os alunos se sintambem, se respeitem, aprendam, bem como possam ter, defacto, a tão propalada igualdade de oportunidades.

Afonso de AlbuquerqueNotícias diárias de educação.

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37Quatro teses sobre a

violência contraprofessores e o

destino das escolaspúblicas

O bullying e a violência contra professores -Afonso de Albuquerque chama-lhe violência con-sentida - é o problema mais premente da escolapública. E é uma questão que vai agravar-se àmedida que a sociedade portuguesa se afunda namiséria moral e política.

As autoridades educativas e os sindicatos, forjados numcaldo de cultura que desvaloriza a autoridade dos profes-sores, não compreendem o fenómeno, não o vivem e não

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sabem como lidar com ele. Não têm respostas capazes. E épor isso que tendem a desvalorizar os casos, branquear erevelar simpatia ou compreensão pelos agressores. Muitospais de alunos, cujo carácter foi forjado por uma escolafrouxa e ambientes que acentuam o relativismo e umavisão darwinista da vida e da sociedade, revelam, regrageral, simpatias pelos bullies e desprezo pelas vítimas. Sãocausa e consequência do fenómeno de desestruturação dasociedade portuguesa. Dificilmente terão salvação. Compais assim, acabarão inevitavelmente no RendimentoSocial de Inserção ou na cadeia.

O alongamento da carreira profissional - estendida atéaos 65 anos por via das recentes alterações às regras daaposentação - conduzirá a um aumento exponencial debaixas psiquiátricas prolongadas, burn out e suicídios dedocentes. A violência contra professores tenderá aagravar-se e a sociedade naturalizará essa violência como opreço a pagar por uma profissão que perdeu prestígio eautoridade e se deixou contaminar pela concepção daescola/armazém e a ideologia do professor-faz-tudo.

As escolas públicas tendem a tornar-se refúgios dealunos da classe baixa e os pais com poder económico ealternativas olharão para os colégios privados como asinstituições naturalmente vocacionadas para protegerem eacolherem os seus filhos. À medida que os filhos da classemédia abandonarem as escolas públicas, estas tornar-se-ão, cada vez mais, espaços, sem lei nem normas, onde osmais fortes fazem valer a sua autoridade.

Notícias diárias de educação.

128 Indisciplina, bullying e violência na escola

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38Quatro teses sobre a

autoridade dosprofessores

Todas as sociedades organizadas se baseiam noexercício da autoridade. A autoridade pode serlegítima ou ilegítima. A autoridade legítimaadvém dos votos - no caso da autoridade política- da competência, da sabedoria, da experiência oudos laços de parentesco. Os pais têm uma autori-dade natural sobre os filhos que vem da relaçãobiológica estabelecida entre eles. Podem usá-labem ou mal. Os professores têm uma autoridadesobre os alunos que vem da experiência, compe-tência, sabedoria e estatuto.

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Quando as autoridades educativas - directores deescolas e directores regionais de educação - às quais osprofessores respondem e devem obediência funcional,desvalorizam a autoridade dos professores, colocando-sepor omissão ou erro do lado dos alunos e pais que desres-peitam ou agridem professores, estão a dar um forte con-tributo para a erosão da noção de autoridade em todo oedifício social.

Uma escola que, por omissão, erro ou acumulação depráticas viciosas, não ensina os alunos a respeitar a autori-dade legítima, e em primeiro lugar a autoridade dos pro-fessores, deixa de ser uma instituição virtuosa para passara ser um espaço de aquisição de maus hábitos e desenvol-vimento de mau carácter. Em vez de lugar que educa,torna-se um espaço que molda o carácter deficiente, fraco,caprichoso e mentes desprovidas das noções de justiça,compaixão, coragem, benevolência, honra e honestidade.

As autoridades educativas que, por omissão ou erro,colaboram com o processo de desautorização dos profes-sores têm de ter consciência de que se colocaram do ladodo problema e são um obstáculo na procura da solução. Opoder político legítimo deve exercer a sua autoridadedemitindo-as.

Para saber maisLeia a reportagem do Público de hoje sobre a violênciacontra professores na escola básica de Fitares

Notícias diárias de educação.

130 Indisciplina, bullying e violência na escola

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39A responsabilização

dos jovens é umanecessidade

Foi para mim um choque quando li no Correiodo Minho, esta afirmação “José Joaquim Leitãoafirmou que os meninos e meninas desta turmadevem ser objecto de preocupação para que nãohaja traumas no futuro. ‘Temos de nos esforçarpara que estas situações possam ser ultrapas-sadas. Trata-se de jovens que são na sua generali-dade bons alunos e que não podem transportarna sua vida uma situação de culpa que os pode vira condicionar pela negativa’”.

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Se se confirmar que estes alunos chamavam “cão” aoprofessor, que lhe davam “calduços”, e que lhe faltavam aorespeito de outras formas, não há que os responsabilizar?Não é importante, na educação das nossas crianças e dosnossos jovens, ajudá-los a perceber que as suas atitudestêm consequências? Não é importante ajudá-los a seremsolidários, ajudá-los a crescer, percebendo que nãoexistem isolados do mundo e que devemos ter em atençãoo que outros podem sentir com a nossa atitude? E já nãofalo no respeito que não só merece cada adulto como nodireito que tem a ser respeitado! Se assim não for, o quesignifica educar? Se assim não for, o que significa assi-narmos a Carta dos Direitos Humanos? Com esta permis-sividade, estaremos de facto a educar crianças e jovens?!…

O melhor que podemos fazer aos jovens desta turma éresponsabilizá-los também por esta morte, sim, porque aatitude desrespeitosa que terão tido para com o professor,no mínimo, agravou o seu estado de saúde. Só com oassumir das responsabilidades será possível formar adultossérios, responsáveis, dignos e honestos! Se tiveram estaatitude, não será desejável ajudá-los a alterarem os seuscomportamentos? Não será desejável travar a crueldade ea falta de respeito? E que outra forma há de agir, senãoresponsabilizar cada um pelos seus actos? E já agora, o queé que a formação do carácter tem que ver com o facto deserem bons alunos?!…

Educar não é fácil, mas temos que ter a humildade dereconhecermos quando não estivemos bem porquetambém as nossas atitudes têm consequências…

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Notícias diárias de educação.

A responsabilização dos jovens é uma necessi-dade…

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40Em memória do

Leandro, 12 anos,vítima de violência

consentida

A culpa não tem desculpaE a morte não tem regresso.O resto é o deserto sufocadoNa jaula do silêncioOnde o medo se medeAo milímetro minuto,Enquanto a tela se teceCom negro de breu.Uma clave de sol, com dó de si,Numa arena de tigres,

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Retocando nos retalhos da chacotaO seu nocturno de Chopin.Faça-se silêncio, por favor,Que o pavor ainda ecoaNo rumor das águasÀ flor da dor.

Maria Isabel FidalgoNotícias diárias de educação.

136 Indisciplina, bullying e violência na escola

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41Pode a criação degrandes centros

escolares e o fechodas pequenas escolasestar a alimentar a

violência contra osmais fracos?

O Paulo Guinote pensa que sim e eu dou-lherazão. Num post simultaneamente informativo eanalítico, o editor do blog Educação do meuUmbigo põe o dedo na ferida.Será o agravamento do bullying e violênciacontra alunos uma herança da política lurdesro-

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driguista e socratina de racionalização do parqueescolar com o fecho de cerca de 4 mil escolas e acriação de grandes centros escolares para ondesão despejadas crianças que chegam a fazer 50quilómetros por dia para andar na escola?Será esse agravamento o resultado do convívioforçado, no mesmo espaço escolar, de crianças de12 anos com crianças de 18 anos de idade, comoterá sido o caso do Leandro (12 anos) e dos seusputativos agressores (com idades compreendidasentre os 15 e os 17 anos de idade)?Será a política de racionalização dos recursoshumanos, com uma clara diminuição de auxil-iares de acção educativa, a responsável pelamorte do Leandro e a tortura a que são subme-tidos outros leandros deste país?Será este avolumar de casos dramáticos edeclarada impotência das autoridades educativaspara travarem o fenómeno do bullying a prova deque estavam certos os que criticaram o plano fal-samente modernizador do fecho de escolas econstrução de grandes centros escolares, bemequipados mas desumanizados?

138 Indisciplina, bullying e violência na escola

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Terá o agravamento do bullying e da violênciaescolar alguma coisa a ver com o desenraiza-mento provocado pelo fecho de 4 mil escolasbásicas?Estão aqui perguntas que darão vários estudospara serem feitos pelos sociólogos que ainda nãoestão ao serviço do poder socialista.

Notícias diárias de educação.

Pode a criação de grandes centros esco-lares…

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42O que fazer com os

directores queencobrem os bullies?

Reflexão.

O Ramiro lançou a questão “O que fazer com osdirectores que encobrem os bullies?” e pensoque é um excelente ponto de partida para umaanálise profunda sobre as questões centrais daEscola, do seu dia-a-dia e das respostas que jádemos e das tantas que estão por dar.

Em primeiro lugar, pergunto por que motivo(s) nãoactuaram os directores, mas também os directores deturma e os professores de uma maneira geral que parecenão terem actuado – será que tentavam integrar e dar

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oportunidades aos alunos mais problemáticos, evitandorecorrer sistematicamente à suspensão da frequência dasactividades lectivas, que muitas vezes é mais uma medidagasta do que a solução efectiva para os problemas que secolocam? Ou será que sentiam que, apesar de tudo, seriapreferível que as crianças e os jovens estivessem na escolado que andassem “por aí”?!.. Ou será que, por vezes, per-ante um professor que podia ter menos “mão” na sala deaula, tentavam não penalizar mais, sobretudo os alunoscom mais problemas de disciplina? Pode também ter-sedado o caso de não querer ver a sua escola nos “rankings”das escolas cujos problemas de indisciplina não têmresposta ou têm uma resposta pequena, ou ainda quererparecer mais do que aquilo que se é, ou ter dificuldade emaceitar que os problemas existem porque não se sabe maiso que fazer. Muitas razões podem existir.

Não será legítimo que os professores se preocupem emtentar integrar as crianças e os jovens com mais prob-lemas? Em minha opinião, claro que sim! Muitas vezes éna escola que estas crianças e jovens encontram quem temtempo para eles, quem os acolhe, quem os ouve, quem osalimenta, quem lhes oferece material, quem lhes dá car-inho… Mas, frequentemente, sentem-se duas coisas: porum lado, que para tentar salvar uns se perdem outros, eque muito frequentemente não se conseguem “salvar”todos ou nenhuns e que uns prejudicam outros; por outrolado e com alguma frequência, ao tentar “salvar” os alunosproblemáticos, deixa-se de actuar de uma forma maisfirme, como muitas vezes é necessário e que ainda se dámenos atenção aos outros alunos que, de uma forma difer-

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ente, também precisam dela. Outras vezes, quando já nãorestam mais alternativas, os professores vêem-se obrigadosa suspender, mesmo sabendo que não é a solução, porqueperante certos comportamentos, há que intervir, não podeser de outra forma. Mas o problema continua por resolverporque não se actuou na sua origem… Não é fácil ser-seprofessor quando nos preocupamos com a pessoa que écada criança e cada jovem!

E não será humano tentar que os alunos estejam naescola em vez de andarem, muitos deles, a aperfeiçoar assuas aprendizagens de marginalidade fora dela? Tambémme parece que sim. São preocupações nobres, estas!Também compreendo, de alguma forma, que se tente não“sobrecarregar” demasiado os alunos com problemas dis-ciplinares perante um professor que possa ter mais dificul-dade em manter a disciplina.

Contudo, a questão é mais vasta: com todas estas boase genuínas intenções, sem dúvida, que códigos demos aosalunos? Em que é que a presença destes alunos na escola,contribuiu para que pudessem de facto, integrar-se nacomunidade? Em que é que a sua vida mudou ou em que éque contribuímos para que tal pudesse vir a acontecer?Por um lado, nem tudo depende de nós, mas, por outro,naquilo que depende qual foi o nosso contributo?Desculpar ou justificar será incluir ou colocar limitesinclui mais? Mas como colocar esses limites de formarealmente pedagógica? Que acompanhamento se faz doprocesso? E impõe-se mais outra questão – quais as condi-ções que tem a escola para poder de facto, ser mais umcontributo válido para a integração destas crianças e

O que fazer com os directores que enco-brem…

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jovens? E aqui reside um grande problema – é que não sóos recursos são escassos, muito escassos, como muitasvezes são mal rentabilizados… Não pelas escolas mas pelaprópria tutela que mantém programas, não para seremresposta, mas para obterem “sucesso fácil”, falso sucesso!

Afinal, qual a missão da escola? Integrar? Educar?Socializar? Ensinar? Ocupar? Entreter? O que é pedido àescola de hoje e que condições tem essa mesma escola aquem tudo é pedido?

Convém ser-se rigoroso e exigente na avaliação dasmedidas que foram ou não tomadas para prevenir outravar o bullying, a violência e a indisciplina escolar; con-tudo, convém também ouvir as preocupações dos profes-sores porque, por falta de meios, podem ter-se cometidoerros por se tentar dar resposta a legítimas e necessáriaspreocupações pedagógicas! A par com este cuidado, háque saber que tal não é desculpa para o protelar da vio-lência nas escolas e para a falta de actuação. Uma certezatem que existir – não pode haver branqueamento do bul-lying e da violência, manifeste-se ela de que forma for! Enão podem ser permitidos na escola certos comporta-mentos às crianças e aos jovens, se queremos de facto con-tribuir para a sua educação. Mas também a certeza de quea tutela tem que ser real parceira das escolas e ajudar osprofessores, tanto a serem mais e melhor no seu dia-a-dia,como a combater a indisciplina / violência e por isso aconstruir uma escola em que se respire um ambientesadio!

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144 Indisciplina, bullying e violência na escola

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43ME não revela dados

sobre escola deFitares. CDS agendadebate na AR sobre

bullying e violênciaescolar

O homem da Drelvt, José Joaquim Leitão,afirmou que vai abrir um inquérito à escola deFitares para apurar se houve alguma relação entreos casos de bullyting e violência - habituais naescola, segundo testemunhos de docentes ealunos recolhidos por jornalistas - e a morte do

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professor Luís, ele próprio vítima de bullyingdurante meses consecutivos.

A vítima fez várias participações de alunos à diretora daescola e à Inspeção-Geral de Ensino sem que tenham sidotomadas as providências suficientes para pôr termo à tor-tura a que o docente foi sujeito durante largos meses.

O caso suscitou uma onda de críticas nos jornais, televi-sões e na blogosfera e pedidos à Drlevt para divulgar o teordas participações. O que toda a gente quer saber é o quefez a diretora com as participações. Arquivou-as? Deu-lhesseguimento? Abriu inquéritos? Ou encobriu os agres-sores?

O ME pede calma e tranquilidade e fez saber que nãodivulga os dados sobre a escola de Fitares.

Entretanto, o CDS anunciou a realização de um debatede urgência no Parlamento sobre o bullying e a violêncianas escolas.

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Page 161: Indisciplina, Bullying e violência na escola

44Branquear é premiar

os agressores einsultar as vítimas

Não é possível ignorar a onda de indignação quevarre o país. As autoridades educativas nãosabem lidar com o fenómeno do bullying e vio-lência contra professores. Quando seria deesperar delas uma palavra firme de condenaçãodos agressores, ouvem-se palavras de com-preensão que deixam no ar intenções de bran-queamento.

A miséria política e moral em que os últimos anos degovernação do PS mergulharam o país é a principal razãopara esse fracasso.

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Há “professores com medo dos alunos e que pedemajuda dos pais para tentarem impedir a indisciplina nasescolas”, denunciou ao CM o presidente da FederaçãoRegional de Lisboa das Associação de Pais, Isidoro Roque.

Na Escola Básica 2,3 de Fitares, Sintra, alunos de umaturma do 9º ano levaram o professor de Música ao deses-pero. Insultaram-no, bateram-lhe na cabeça e empur-raram-no até cair no pátio da escola. A 9 de Fevereiro, oprofessor Luís Vaz do Carmo suicidou-se na ponte 25 deAbril.

A directora da escola, Cristina Frazão, apesar de terrecebido sete queixas do professor, não puniu os alunos,acusou a irmã do professor, Maria Filomena Carmo, queconsidera a escola responsável pela morte do irmão.

Numa primeira explicação para a ausência de relaçãoentre o suicídio e a escola, o director regional de Educaçãode Lisboa, José Joaquim Leitão, referiu que o professorsofria de uma “fragilidade psicológica já há muito tempo”.O director regional acrescentou que os alunos “nãopodem transportar na sua vida uma situação de culpa”.

As agressões ao professor não surgem isoladas. Naúltima semana uma professora sofreu um traumatismocraniano na mesma escola. Fonte: CM de 14/3/2010

Após as declarações de José Joaquim Leitão, diretor daDrelvt, dificilmente posso acreditar na realização de uminquérito sério. Só um inquérito independente poderá dis-sipar as dúvidas e responder às interrogações. Se se provara veracidade dos testemunhos recolhidos pelos jornalistase o teor da carta de despedida do professor Luís, só há

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uma caminho a seguir: a demissão da diretora. E de JoséJoaquim Leitão.

Cada vez me convenço mais de que a única soluçãopara as escolas que se deixaram contaminar pela normali-zação da violência é o fecho com a distribuição dos alunospor outras escolas e acolhimento dos mais violentos emescolas de segunda linha especialmente criadas paraacolher alunos incapazes de seguirem o ensino regular.

.Notícias diárias de educação.

Branquear é premiar os agressores einsultar…

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45Violência escolar

nas salas de aula estáa aumentar, afirma aCoordenadora do

Gabinete deSegurança Escolar

É um curta entrevista publicada no Expresso. Asrespostas da Coordenadora do Gabinete deSegurança Escolar são claras: a violência escolardentro das salas de aula está a aumentar.

À pergunta do jornalista sobre se o alargamento daescolaridade obrigatória fará aumentar a violência nasescolas, Paula Peneda responde: “Vai com certeza”.

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À questão “que outros fenómenos têm surgido mais?”,a Coordenadora do GSE responde: “antes tínhamosmuitas ocorrências nos recreios… Com o fim dos furos, asaulas de substituição e a escola a tempo inteiro passámos ater mais ocorrências na sala de aula. Actualmente ascrianças têm poucos recreios. Não estou a discutir nem é omeu papel dizer se as medidas foram boas ou más. O queconstato é que há uma grande pressão e aumentaram asinjúrias a professores”.

Felizmente, o ciclo político de José Sócrates aproxima-se do fim e hoje foi dado um passo decisivo para pôrtermo ao período mais negro da história da educação por-tuguesa. Paulo Rangel e Pedro Passos Coelho, um delesserá, muito provavelmente, o primeiro-ministro de Por-tugal dentro de ano e meio.

Convinha que ambos fossem confrontados com estasquestões: estão dispostos a pôr fim às aulas de substituiçãonos termos em que elas são feitas actualmente?

Vão parar o enorme erro pedagógico que é o processode alargamento da escolaridade obrigatória até aos 18anos?

Vão reforçar a autoridade dos professores, recuperandoas faltas de castigo e as reprovações em consequência deum determinado número de faltas de castigo?

Vão apostar na criação de um verdadeiro e sério ensinoprofissional a partir do 7º ou 8º ano de escolaridade?

Vão dar instrumentos aos directores para travarem osalunos violentos e impedirem que continuem, impune-mente, a torturar colegas e professores?

152 Indisciplina, bullying e violência na escola

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Estão dispostos a criar escolas de segunda linha paraacolher e educar alunos especialmente violentos? Defino“alunos violentos”: alunos que criam ou aderem a gangsnas escolas e que, de forma continuada, agridem, verbal oufisicamente, colegas, professores ou funcionários, usam acondição de alunos para vender droga dentro ou à portados estabelecimentos de ensino ou expressam atitudes ecomportamentos que configuram prática continuada debullying sobre colegas ou professores.

Estão dispostos a impedirem que estes alunos deixemde frequentar a escola regular? Para bem deles e segurançade todos.

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Violência escolar nas salas de aula está… 153

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46Pais do Leandroadmitem avançar

com processo contraa escola e contra osalegados agressores

Após dez dias de buscas intensas, o corpo doLeandro não apareceu. Se o corpo não aparecer,os pais terão de esperar 10 anos para que sejadeclarada a morte da criança. Sem funeral, é maisdifícil fazer o luto e sarar a dor.

Os pais do Leandro admitem processar a escola pornegligência. “Se estivesse lá o porteiro, o meu filho estariavivo”, afirmou o pai. A hipótese de processarem os ale-gados agressores - ao que tudo indica pelo menos um

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deles maior de 16 anos de idade e, portanto, imputável -está a ser considerada pelos pais do criança, vítima de bul-lying, que se lançou ao rio.

A família de Leandro já admitiu avançar com um proc-esso contra a escola Luciano Cordeiro por ter deixado saira criança em horário lectivo, quando a mãe tinha assinadouma declaração a impedir a saída do aluno do recintoescolar.Os pais de Leandro podem avançar ainda com um proc-esso contra os alegados agressores da criança. As suspeitasrecaem sobre os colegas, que alegadamente exercerambullying sobre Leandro Pires levando ao desespero dacriança, que terá cometido suicídio atirando-se ao rio Tua.Neste caso, o processo é independente da declaração damorte presumida: “Nada impede que se avance para umprocesso, se houver uma suspeita de crime”, diz Sá Fer-nandes. “Se há uma ligação com os actos de bullying, osalunos maiores de 16 anos são suspeitos de homicídio e aresponsabilidade é criminal”, diz. Mas, “caso sejammenores de 16 anos, pode ser imputada aos pais a respon-sabilidade civil”, acrescenta. Fonte: iOnline de 15/3/2010

Para saber maisPode a criação de grandes centros escolares e o fechodas pequenas escolas estar a alimentar a violênciacontra os mais pequenos?Sobre a autoridade do professor: texto de MárioMachaqueiro

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156 Indisciplina, bullying e violência na escola

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47As raízes do mal: porque razão fizemos da

escola um lugaronde é cada vez mais

difícil ensinar?

Somos todos culpados: por omissão, passividade,medo ou porque nos deixámos enganar pelosideólogos que capturaram o currículo, os depar-tamentos de formação de professores e os lugaresde decisão.

A captura do currículo e dos lugares de decisão pelosideólogos que olham para a escola como um lugar ondetudo é mais importante do que o ensino - escola-guarda-de-crianças, professor animador, escola-armazém e escola

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a tempo inteiro - tinha de dar nisto: é cada vez mais difícilensinar numa escola que se foi tornando uma instituiçãohostil para todos os que a vêem como o lugar onde setransmite o Legado Cultural às novas gerações.

Helena Damião captou, na perfeição, o fenómeno datransformação da escola num lugar impossível:

Os discursos, sabe-se, dão respostas variáveis, mas, noseu conjunto, fazem passar a ideia de que as crianças ejovens vão à escola, não para adquirirem conhecimentosnem para desenvolverem a inteligência, mas para, autono-mamente, aperfeiçoarem competências (que, numa certagíria pseudo-pedagógica, não se esclarece o significadonem o sentido). E é para as competências sociais que setende, com o argumento de que isso lhes proporcionará aintegração em contextos vários.Trata-se dum aspecto que não podemos desligar das con-tingências políticas e sociais, pois, é a primeira que oacolhe e legitima, e é a segunda que lhe dá força. Porexemplo, a pressão para se produzirem rápida e eficaz-mente diplomas-independentemente-do-valor-que-têm,não sendo aplaudida por todos, é tolerada por muitos.Deste aspecto não podemos excluir também o pensa-mento epistemológico dominante, no qual todo e qual-quer saber disciplinar e axiológico, se relativiza, se subjec-tiviza e, portanto, se faz equivaler, não havendo outra pos-sibilidade a não ser tomar cada sujeito como o referencialdas e para as suas próprias aprendizagens, que se afirmaterem de decorrer dos seus interesses e necessidades e deserem significativas, em função da sua individualidade.Fonte: De Rerum Natura

158 Indisciplina, bullying e violência na escola

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É por tudo isto que é necessário regressar às funçõesbásicas e eternas da escola: transmitir conhecimentos quevalem a pena ser ensinados, centrar o ofício do professorno ensino, valorizar uma práxis assente no respeito, naresponsabilidade, na exigência e no rigor.

Para que esse regresso se faça, é necessário libertar asescolas das forças exteriores que a oprimem: regulamen-tação excessiva do ME e intromissão dos poderes polít-icos e económicos locais no funcionamento da insti-tuição-escola.

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As raízes do mal: por que razão fizemos… 159

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48Os do costume

voltam a aplicarvelhas receitas. Mas o

ME, finalmente, vaiacabar com as provas

de recuperação

O Público dá hoje voz aos do costume: Domin-gues Fernandes, José Morgado e Daniel Rocha.Todos eles se manifestam a favor da manutençãoe reforço das medidas que conduziram ao estadocalamitoso em que se encontram as escolas púb-licas que servem populações de risco: faltas emais faltas sem consequências; desresponsabili-

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zação total de alunos e famílias; deitar as culpaspara cima dos professores qual burros que têm decarregar com todos os males da sociedade.Enquanto o ME ouvir estes especialistas, asescolas públicas não vão parar de perder alunospara os colégios privados. A classe média vai fazercomo estes especialistas fizeram há muito com osfilhos e os netos: colocar os filhos em escolas pri-vadas a salvo da barafunda, confusão, burocracia,falta de respeito, bullying e violência.

Felizmente que a era lurdesrodriguista que, de formaradical e sectária, pôs em prática as receitas dos do cos-tume, já passou e o ME tem agora à sua frente uma min-istra que tem bom senso e realismo. E o bom senso daministra da educação leva-a a pôr fim às provas de recu-peração. Medida justa e séria porque as provas de recuper-ação, aplicadas aos alunos absentistas, são prémios à pre-guiça de alunos e irresponsabilidade dos pais.

Fora da cacofonia dos do costume, ressalta a voz avi-sada e sábia de Nuno Crato:

Nuno Crato, presidente da Sociedade Portuguesa deMatemática, é peremptório: “Não deve ser possível darum número de faltas ilimitado e, mesmo assim, passar deano. A escola deve promover o sentido da responsabili-dade”. Crato lembra que “a assiduidade é fundamentalpara manter um trabalho continuado” e que, sem ela, “aescola não pode produzir bons resultados”.

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49Memórias do Luís, umprofessor, português,51 anos, contratado,

vítima de bullying

Passei os últimos 25 anos da minha vida a formarprofessores. Passaram por mim muitos milharesde professores em formação e estudantes quevieram a tornar-se professores. Conheci muitosprofessores como o Luís: contratados, com umadezena e mais anos de serviço, sem vínculo certo,vencimento de miséria, mudando de escola aosabor das necessidades do ME, gente culta, gen-erosa e solidária. Mas só nos últimos cinco anoscomecei a deparar com tantos professores mer-

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gulhados na desilusão, exaustos e humilhados,fartos de serem falsamente acusados de serem osresponsáveis do insucesso dos alunos e obrigadosa carregar o fardo de todos os males da socie-dade.O texto que publico a seguir, da autoria de umcolega e amigo do Luís, tocou-me. Oxalá a suadivulgação contribua para alertar os poderespolíticos para a desconsideração com que os pro-fessores são tratados em algumas escolas.

O Luís era uma daquelas pessoas já raras, porque digna,guiado por princípios e valores, exigente consigo próprio,tímido e muito metido com ele (era difícil arrancar-lhe umsorriso). Aos 51 anos, “solteirão”, ainda contratado - oprofessorado é a única profissão em Portugal onde istoainda acontece! - veio até nós, no decurso da luta pela Pro-fissionalização, contexto onde convivi com ele directa-mente durante cerca de três anos.

Portador de Habilitação Própria, foi eleito em Lisboa,em Plenário para a Comissão de Contratados, em 2004.Participou activamente em todos os protestos e acçõesreivindicativas da nossa Frente de Trabalho do SPGL, quelevaram à conquista do Despacho nº 6365/2205 (profis-sionalização em serviço em ESE’s e Faculdades).

Era conhecido entre nós pelo ”freelancer” (alusão à suasegunda ocupação de jornalista eventual). Dotado de fortesensibilidade em relação ao mundo da informação e da

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comunicação social, propôs e pedia frequentemente, nasnossas reuniões, que os sindicatos encarassem esta frente(relações públicas) com outros olhos, mais eficazmente. Apartir de 2006, não se recandidatou mais à nossa comissãode contratados.

Encontrei-o mais tarde nas mega-manifestações de pro-fessores: estava na Escola EB 2,3 Ruy Belo, e achei-o dis-posto a não entregar os Objectivos Individuais, um verda-deiro problema de consciência moral, para ele.

Depois disso, mais uma ou duas vezes, espaçadamente.Soube que tinha sido colocado na EB2,3 de Fitares, maspouco mais.

No passado dia 11 de Fevereiro, revi-o pela última vez,em Oeiras, já deitado no caixão na capela mortuária. Con-versei longamente com a mãe, a irmã, a empregadadoméstica. Vêm-me à memória as palavras do pai, militaraposentado: “o Luís era bom moço, quis ser bom até aofim, só que não aguentou o inferno das escolas de hoje…Vocês têm que fazer qualquer coisa!”

O Luís nos, últimos tempos, já tinha tomado friamentea decisão, inabalável. Por isso, não creio que nesseperíodo, tenha pedido ajuda a ninguém. Segundo me dis-seram familiares, no velório, pela consulta do histórico doseu PC, ele, um mês antes e se lançar da ponte, consultavasites sobre suicídio, na internet. Escolheu o dia da suamorte coincidindo com a data de aniversário do pai, como qual, aliás, se dava bem.

O ambiente no velório foi impressionante, pela digni-dade, revolta interior e tristeza da cerimónia, com algunsprofessores presentes, num silêncio de cortar à faca, só ras-

Memórias do Luís, um professor, português… 167

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gado por frases em surdina, de justo ódio, visando os polít-icos responsáveis pela situação a que nos últimos anoschegou o Ensino Público. Foi, sem dúvida, dos velóriosmais tocantes em que estive até hoje, mesmo estando jáhabituado a duras perdas, e tendo estado na semana ante-rior, noutro, de um familiar directo. Quando escrevi nolivro de condolências o que me ia no espírito, tive dificul-dade em o fazer, a cortina de lágrimas teimava em des-focar-me as letras.

Pessoalmente, decidi manter silêncio durante um mês,por respeito ao pesado luto da família, só o quebrandodepois da irmã dele (nossa colega, também) o ter feito,decorridos cerca de trinta dias, com a divulgação danotícia à comunicação social, para assim tentar evitar queoutros casos se repitam, colocar toda a verdadeiradimensão das depressões e suicídios profissionais à luz dodia, rasgar o manto hipócrita dos silêncios assassinos eabalar as consciências de toda a sociedade.

Paulo Ambrósio - membro da Comissão de Profes-sores Contratados e da Frente de Professores e Educa-dores Desempregados do SPGL desde 1999. Fonte:PRO-mova

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50O bullying também é

um problema dosadultos. Um post de

Luís Silva

O bullying está a ser visto como um problemadas crianças e jovens. Na verdade este assuntoainda é bastante taboo. O bullying é um prob-lema dos adultos. Os adultos fazem e são vítimasde bullying, quer na sua vida pessoal, quer na suavida profissional. O que as crianças fazem é umreflexo das acções dos adultos, praticamente emtudo na vida. Para se resolver o bullying nasescolas podem-se e devem-se criar medidas decurto prazo mas é imperativo ter a consciência

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que este é um problema social. O bullying só seráresolvido a partir do topo, ou seja, a partir dosadultos. Só quando estes deixarem de se violentaruns aos outros é que as crianças lhes seguirão oexemplo.

Esta forma de violência pode ser mais evidente nascrianças devido às agressões físicas, pois, os adultos usamentre si formas mais complexas de violência, nomeada-mente, psicológicas mas não menos prejudiciais para asaúde das suas vítimas. Contra este tipo de violência, quese pode chamar moderna e actual, ainda não existe qual-quer legislação, qualquer protecção, pelo que os adultos,tal como as crianças sofrem em silêncio, muitas vezes nemadmitem que estão a ser alvo de malevolência e, devido aoseu sentimento de impotência, acabam por cometer asmesmas acções que os seus agressores.

A solução para acabar com o bullying é complexa talcomo este fenómeno e passa por acabar com este tipo deviolência entre os adultos. Não é preciso ser-se um técnicoespecializado para se perceber que as crianças que pra-ticam estes actos são influenciados pelos adultos, princi-palmente, a sua família mais próxima e que ou são, elaspróprias vítimas de maus tratos que descarregam nosoutros, ou seguem o exemplo de bullying dos seus tutores.

O bullying é um fenómeno social que existe entre osadultos e para o qual é necessário criar medidas que pro-tejam as vítimas e punam os agressores. É necessária acriação de leis contra a violência psicológica e todas asnovas formas de violência da sociedade actual que são

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complexas, tal como a sociedade é e estão fora do actualalcance legislativo, garantindo impunidade e muitas vezesvantagens aos agressores.Luís Silva

Notícias diárias de educação.

O bullying também é um problema dosadultos…

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51Isto sim, é grave!

Se isto não é grave e se tudo este lamentável etriste episódio morrer sem que sejam apuradas asresponsabilidades, então o País chegou a umponto de miséria política e moral sem retorno.

Se nada for feito, se o caso for branqueado, então é casopara dizermos que ninguém mais pode confiar nas institui-ções do Estado.

No dia 27 de Janeiro, o professor de música da EscolaBásica 2+3 de Fitares, em Sintra, fez mais um pedido deajuda. O último antes do suicídio. Na reunião do grupo dasua disciplina, L. V. C. alertou os colegas para a sua dificul-dade em dar aulas a uma turma do 9º ano devido à indisci-plina de alguns alunos. O relato deveria constar na acta,mas o professor de música - que foi destacado como o sec-retário daquela reunião -, morreu antes de redigir o docu-mento. Após a sua morte, a tarefa foi delegada a outra

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colega que escreveu o relatório, mas terá omitido a queixado docente.Agora, são os outros professores que também estiverampresentes na reunião a exigir uma rectificação da acta.Querem que no documento seja incluída a queixa do pro-fessor de música que se atirou da Ponte 25 de Abril namanhã de 9 de Fevereiro. Querem que a DirecçãoRegional de Educação de Lisboa tenha acesso a toda infor-mação sobre este caso no âmbito do inquérito instauradona sequência da notícia publicada no i. E, portanto, ped-iram à direcção da escola uma reunião extraordinária entreo grupo disciplinar com um único ponto na agenda de tra-balhos: rectificar a acta.A directora do agrupamento escolar de Fitares, porém,terá dito aos docentes que nenhuma alteração ao relatóriopoderia ser feita enquanto a escola não receber a visita doinstrutor da Inspecção-Geral de Educação. Ontem, logopela manhã, os professores tentaram consultar a acta. Odocumento, contudo, terá desaparecido da sala dos pro-fessores. Os dois últimos relatórios das reuniões entre ogrupo disciplinar de L. V. C. - datados de 27 de Janeiro e 3de Março - já não estarão arquivados no dossiê do depar-tamento de música.Na acta que agora se encontra em parte incerta estaráquase tudo o que foi discutido na penúltima reunião dosprofessores de Educação Musical da Escola Básica 2+3 deFitares. Está a discussão sobre as iniciativas a tomar paraassinalar o centenário da República; estão também asmedidas a tomar para preparar a visita de uma orquestrade música ao estabelecimento de ensino.

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Só falta a queixa do professor de música que terá desaba-fado que dar aulas a uma turma do 9º ano estaria a “tornar-se impossível”. Após a confissão, um dos colegas terá per-guntado a L. V. C. se entregou as participações discipli-nares ao director de turma e terá obtido uma resposta afir-mativa. Ao todo, explicou L. V. C., entregou sete participa-ções de ocorrência disciplinar. Resta agora encontrar osdocumentos que comprovem isso. Fonte:iOnline de16/3/2010

Notícias diárias de educação.

Isto sim, é grave! 175

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52Não nos podemos

dar ao luxo de nãoouvir. Seria tornar-

nos parte dadesumanização que

torna possível aviolência

Duas mortes no intervalo de poucos dias - a deum aluno de 12 anos que mergulhou no Tua emMirandela e a de um professor de 51 anos que seatirou da Ponte 25 de Abril - relançaram o debatesobre a violência nas escolas. Fonte: Público de16/3/2010.

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Há quem se sinta incomodado com o debate emtorno da violência escolar. Esses preferem osilêncio cúmplice à tomada de consciência colec-tiva sobre a necessidade de travar um fenómenosque corrói os fundamentos da escola.O que mais assusta é ver autoridades educativas,que deviam estar linha da frente da denúncia ecombate à violência escolar, acusarem jornalistase blogueiros - que alertam e denunciam o fenó-meno - de serem alarmistas.Notícias diárias deeducação.

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53As faltas de castigo

podem ter valorpedagógico? Pode o

castigo ajudar oaluno a ganhar o

hábito de serresponsável pelos

actos?

O castigo - não estou a referir-me aos castigosfísicos - pode ter valor pedagógico? Podem oscastigos, quando proporcionais à falta cometida,ter um efeito reparador?

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Devemos recuperar o valor dos castigos? Podem os cas-tigos, quando proporcionais à falta cometida, ajudar oagente a tomar consciência dos erros e a ganhar hábito deassumir a responsabilidade dos actos?

Falta ao programa educativo e ao ethos das escolaspúblicas a introdução da noção de responsabilidade indi-vidual e da ideia de que os nossos erros produzem conse-quências em nós e nos outros e que devemos ganhar ohábito de reparar os efeitos nocivos causados pelos nossosactos?

Acabei de ler e assinar esta petição online:«Pela reinstauração da Falta de Castigo nas escolas

básicas e secundárias»http://www.peticaopublica.com/?pi=faltacasEu pessoalmente concordo com esta petição e acho

que também podes concordar.Subscreve a petição aqui http://www.peticao-

publica.com/?pi=faltacas e divulga-a pelos teus con-tactos.

Corre também por email um pedido de 1 minuto desilêncio, na sexta-feira, em memória do colega Luís, pro-fessor, português, 51 anos de idade, vítima de bullying.

Notícias diárias de educação.

180 Indisciplina, bullying e violência na escola

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54Um bom debate na TVI24 sobre indisciplinae violência na escola.O representante do

Conselho de Escolasesteve muito bem

Presentes: um representante da Confap, umapsicóloga, Avelãs Nunes (SPGL); um membrodo Conselho de Escola e a directora de escola daAmadora

Principais frases:Psicóloga: “cada vez vejo mais os pais a porem em

causa os professores”; “em todos os níveis sociais, vejo ospais a desconsiderarem os professores à frente dos

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alunos”; “pais têm medo de exercer o poder parental”; “hápais que contestam tudo o que acontece na escola”; “nemtodos os directores de turma têm características de per-sonalidade que os capacitem a lidar com a violência naescola”.

Representante da Confap: “é inconcebível que hajapais que não cumprem as funções parentais”; “esses paistêm de ser responsabilizados”; “os que se demitem dasfunções devem ver os seus subsídios suspensos até queapareçam na escola”; “nem sempre a escola dá ouvidos aospais”; “recebemos na Confap dezenas de queixas de pais”;“há professores que dizem mal dos pais dos alunos na salade aula”: “há bons e maus pais e há professores que nãotêm capacidade para aguentar a turma”; “é preciso investirno pré-escolar”.

Membro do Conselho de Escolas: “dirijo escolas hámuitos anos e o problema de indisciplina tem-se agra-vado”; “a escola tem de ser vista como um local de tra-balho”; “há alunos de 15 anos que ainda não sabem estarnuma aula”; “é preciso dar mais autoridade aos profes-sores”; “urge alterar o estatuto do aluno”; “nem sempre odirector de turma consegue identificar os bullies e asvítimas porque não tem apenas uma turma mas várias”;“as associações de pais mobilizam pouco os pais paraapoiarem os professores e os directores das escolas”; “ospais têm de ouvir os filhos mas também tem de ouvir osprofessores”; “temos de alterar o regime de faltas”; “nãopodemos ser tolerantes com as faltas dos alunos”; “asprovas de recuperação não servem para nada”; “temos deresponsabilizar as famílias sobre a justificação de faltas”;

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“estou assustado com o prolongamento da escolaridadeobrigatória até aos 18 anos porque há muitos alunos quenãos sabem estar nas aulas”; “os alunos não podem pro-gredir sem assiduidade”; “não queremos trabalhar só paraas estatísticas”.

Avelãs Nunes (SPGL): “a escola não acompanhou aevolução da sociedade”; “o problema da indisciplina não ésó português”; “começo a perguntar se a escola que temosresponde à sociedade que temos”; “apostamos numaescola onde estejam todos”; “não queremos afastar osalunos que não sabem estar na escola”; “ainda bem que háescolas que são refúgio de alunos problemáticos”; “é pre-ciso valorizar os professores”.

Directora da escola da Amadora: “não existe maisbullying nas escolas que servem alunos problemáticos doque nas outras”; “é muito difícil detectar o bullying”;“temos de agir preventivamente”; “fazemos vigilância naescola e temos animadores que circulam pelos corredorese espaços exteriores”

Pior prestação: Avelãs Nunes (SPGL). Desvalorizouo fenómeno e não apresentou soluções. Omitiu o Estatutodo Aluno e não falou da necessidade de reforço da autori-dade dos professores.

Melhor prestação: membro do Conselho de Escolas:Defendeu firmeza contra a indisciplina, pediu reforço daautoridade dos professores e referiu o obstáculo colocadopelo Estatuto do Aluno. A prestação da psicóloga tambémfoi boa.

Notícias diárias de educação.

Um bom debate na TVI 24 sobre indisciplina… 183

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55Ministra da

Educação: Vamosreforçar o poder dasuspensão preventivada parte do director.

Assim, vamos lá. A ministra da educação mos-trou firmeza na questão da violência contraalunos e professores e apontou medidas quepodem fazer a diferença. Esteve bem.

“Vamos aprovar um diploma que reforça a rapidez naintervenção do director em caso de agressão. E agressão ésempre grave. Quando se fala em violência, é sempregrave”, afirmou Isabel Alçada. A ministra da Educaçãofalava aos jornalistas em Évora, após presidir à cerimónia

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de entrega da terceira edição do Prémio Nacional de Pro-fessores.Isabel Alçada recordou que, na quinta-feira passada, oGoverno anunciou que vai apresentar um diploma parareforçar os poderes dos directores de escola, para que osalunos agressores possam ser suspensos imediatamentelogo após a ocorrência da agressão. “Vamos reforçar opoder da suspensão preventiva da parte do director deescola ou do agrupamento de escolas”, frisou, acrescen-tando que, em simultâneo, vão ser propostas “medidas deapoio imediato e continuado” para todos os que “possamser alvo de alguma forma de violência”.Segundo a ministra, há que “mostrar que existem meios euma atitude de grande responsabilidade da parte dos pro-fessores que estão presentes e que resolvem as situações”.“Precisamos de dar mais força àqueles que estão empen-hados em resolver as questões. Precisamos que os profes-sores tenham autoridade” e que a sociedade a “recon-heça”, sustentou. Fonte: Público, 16/3/2010

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56Aluno esfaqueado àporta da escola. Não

podemos aceitar abanalização da

violência escolar

O pior que podemos fazer é aceitar a banalizaçãoda violência na escola. Argumentos do tipo: “láfora ainda é pior”, “suspender os agressores nãoresolve o problema”, “falar publicamente noscasos traumatiza os alunos”, ou “são casos espor-ádicos” só ajudam a aumentar o nível de toler-ância de um fenómeno que está a destruir aescola pública.

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O debate que a TVI 24 promoveu ontem deu-meesperanças. Gostei da firmeza do membro do Conselho deescolas:

“dirijo escolas há muitos anos e o problema de indisci-plina tem-se agravado”; “a escola tem de ser vista comoum local de trabalho”; “há alunos de 15 anos que aindanão sabem estar numa aula”; “é preciso dar mais autori-dade aos professores”; “urge alterar o estatuto do aluno”;“nem sempre o director de turma consegue identificar osbullies e as vítimas porque não tem apenas uma turma masvárias”; “as associações de pais mobilizam pouco os paispara apoiarem os professores e os directores das escolas”;“os pais têm de ouvir os filhos mas também tem de ouviros professores”; “temos de alterar o regime de faltas”; “nãopodemos ser tolerantes com as faltas dos alunos”; “asprovas de recuperação não servem para nada”; “temos deresponsabilizar as famílias sobre a justificação de faltas”;“estou assustado com o prolongamento da escolaridadeobrigatória até aos 18 anos porque há muitos alunos quenãos sabem estar nas aulas”; “os alunos não podem pro-gredir sem assiduidade”; “não queremos trabalhar só paraas estatísticas”.

Cenas como estas que o CM de hoje relata são dema-siado frequentes e, regra geral, os agressores ficamimpunes:

Os alunos da Escola Básica 2,3 Almeida Garrett, emAlfragide (Amadora), tiveram ontem um final de tardeassustador, com um esfaqueamento entre dois colegas eum assalto mesmo à porta do estabelecimento.

188 Indisciplina, bullying e violência na escola

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Pouco passava das 16h00 quando dois alunos se envol-veram numa acesa troca de palavras. De acordo com orelato de colegas que testemunharam a situação, G., de 14anos, levou uma faca para a escola e, por diversas situa-ções, exibiu-a aos companheiros. À saída da escola, G.voltou a fazer o mesmo, mas não contava com a reacçãode L., de 16, que o esbofeteou. Armado, G. não hesitou eacabou por desferir três golpes ao colega. Segundo o CMapurou, L. foi assistido no Hospital Amadora—Sintra e járecebeu alta. Ao final da tarde, G. já estava referenciadopelas autoridades. A pedido da escola, foi realizada umaacção policial no bairro Cova da Moura, local de resi-dência do jovem.

Os alunos da EB 2,3 Almeida Garrett ainda nãoestavam refeitos da situação quando um casal, com idadesentre os 25 e os 30 anos, abordou um grupo de jovens,roubando-lhes os telemóveis.

Augusto Esteves Viola de Almeida, director do agrupa-mento de escolas Almeida Garrett, contactado pelo CM,recusou prestar qualquer esclarecimento sobre as situa-ções de insegurança e violência.

Notícias diárias de educação.

Aluno esfaqueado à porta da escola. Não… 189

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57CDS leva ao

Parlamento projectoque reintroduz as

faltas injustificadase simplifica processos

disciplinares

São várias as propostas que o CDS vai apresentarno Parlamento para combater a violência naescola. São propostas que apontam para a rein-trodução das faltas injustificadas, simplificaçãodos processos disciplinares e responsabilizaçãodos pais pelos actos violentos dos filhos naescola.

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Nas propostas do CDS, considera-se que actos de vio-lência na sala de aula são sempre considerados faltas injus-tificadas. O CDS quer ainda reduzir apoios sociais aosencarregados de educação que se demitem das funçõesparentais e não colaboram com os directores e professoresno combate ao fenómeno da violência escolar. O agrava-mento das penas para crimes cometidos dentro e nas ime-diação das escolas é outra proposta que o CDS vai fazer.

O CDS pede ainda um reforço de meios humanos noPrograma Escola Segura e o aumento do número de auxil-iares de acção educativa nas escolas que servem popula-ções problemáticas.

É já no dia 26 de Março que este pacote de medidascontra o bullying e a violência na escola será apresentadona AR. E para amanhã o CDS agendou, na Assembleia daRepública, um debate de urgência sobre o tema.

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192 Indisciplina, bullying e violência na escola

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58Quatro casos gravesde violência escolarparticipados ao ME?!

… Um elogio, umacrítica e uma notapara Isabel Alçada

Não posso deixar de elogiar Isabel Alçada porproferir afirmações como estas que transcrevo doartigo do Público - Ministra quer “dar maisforça” a directores de escolas para resolverviolência

“Vamos aprovar um diploma que reforça a rapidez naintervenção do director em caso de agressão. E agressão é

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sempre grave. Quando se fala em violência, é sempregrave”; “Sempre que uma criança, um jovem ou um pro-fessor é agredido numa escola ou fora da escola, preocupa-me. Todas as pessoas que pensam sobre esta questão,claro que se têm que preocupar”; “Vamos reforçar o poderda suspensão preventiva da parte do director de escola oudo agrupamento de escolas”; “medidas de apoio imediatoe continuado”para todos os que “possam ser alvo dealguma forma de violência”; “Precisamos de dar mais forçaàqueles que estão empenhados em resolver as questões.Precisamos que os professores tenham autoridade” e que asociedade a “reconheça”; basta “uma situação grave ouduas para nos termos que preocupar muito”

Não posso contudo, deixar de discordar em absoluto,quando afirma, segundo a mesma fonte, que as situaçõesgraves de violência nas escolas “não são numerosas, feliz-mente”; sabemos que tem havido comunicação de quatrocasos, mas quatro casos é muito; “mostrar que existemmeios e uma atitude de grande responsabilidade da partedos professores que estão presentes e que resolvem as sit-uações”.

Quatro casos graves participados ao ME no paísinteiro? Deve haver aqui algum engano – das duas uma:ou Isabel Alçada se enganou, ou chegaram-lhe númerosbastante desfasados da realidade, embora se possa colocarainda outra questão – o que é, para Isabel Alçada e para atutela, um caso grave de violência?!… Mas não foi IsabelAlçada que disse, nesta mesma altura, que “quando se falaem violência é sempre grave?” E embora os professoressejam responsáveis na resposta a estes problemas, há

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muito a que não conseguem dar resposta – primeiroporque muitos destes casos têm uma resposta cuja soluçãonão passa pelos professores e ultrapassam a escola, depoisporque a escola não tem efectivamente meios para agir deforma eficaz!

Já agora aproveito para dizer que o reforço da sus-pensão preventiva é fundamental e muito importante con-tudo, pode não ser suficiente para dar resposta aos prob-lemas uma vez que, segundo a lei vigente, a suspensão pre-ventiva anula, por exemplo, a possibilidade de transfer-ência de escola por se considerar que o aluno é penalizadoduas vezes pelo mesmo acto.

Há que agir e rapidamente, sobre este grave problemaque é a violência escolar, mas temos em primeiro lugarque fazer um diagnóstico bastante objectivo sobre indisci-plina, violência escolar e bullying.

Notícias diárias de educação.

Quatro casos graves de violência escolar… 195

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59Ecos do projecto de

alteração ao ECDnos sindicatos emovimentos de

professores

O projecto de alteração ao ECD, entregue peloME aos sindicatos no dia 15 de Março, provocouuma onda de indignação nos sindicatos, movi-mentos, blogosfera docente e salas de profes-sores. A indignação teve eco no Parlamento comos deputados do BE, PCP e CDS a criticarem apostura da ministra da educação. As críticasincidem no facto de o projecto de alteração aoECD incluir vários artigos que alteram profunda-

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mente as normas dos concursos, mobilidade evínculos sem os mesmos terem sido negociados.A ministra respondeu às críticas afirmando que oprocesso negocial continua e essas matérias vãoser discutidas com os sindicatos.

Mário Nogueira exigiu reunião urgente com a ministra.Mas só teve direito a reunir-se com Alexandre Ventura. Àhora em que escrevo, a reunião ainda dura. A Fenprofameaça voltar a encher a Avenida da Liberdade.

Os movimentos de professores reafirmam a justiça doseu desacordo face ao Acordo de Princípios e avisam deque eram eles que estavam certos e não os sindicatos.Contam espingardas e apostam tudo na mobilização dosprofessores.

Na blogsofera, a indignação espalhou-se comoincêndio em campo de milho seco. Os blogues Educaçãodo meu Umbigo e Profslusos não calaram a indignação edizem que se trata da destruição do estatuto da carreiradocente. O Profslusos fala mesmo em fim do estatuto. OPaulo Guinote aponta para a necessidade de uma boaguerrilha contra o novo ECD. Aqui, no ProfBlog, tenhomantido uma posição mais serena. Tenho dito que é oPEC a chegar às escolas e a atingir os professores. Digotambém que, mais importante do que as alterações aosconcursos, regras de mobilidade e vínculos, são as cargashorárias excessivas, burocracia a mais, funções não lectivasque reduzem o tempo para a relação pedagógica e a indis-ciplina e desautorização sistemática dos professores pelosalunos e pais. E reafirmo: é pena que a questão menor dos

198 Indisciplina, bullying e violência na escola

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concursos e regras de mobilidade esteja a desviar aatenção do que é realmente importante: falta de autori-dade dos professores, cargas horárias excessivas e buroc-racia a mais.

Reafirmo que é boa altura para fazer um trade off com oME: os professores “engolem” o novo articulado sobrerecrutamento, concursos, mobilidade e vínculos erecebem do ME o fim dessa inutilidade pedagógica que dápelo nome de actividades de substituição (e mãe geradorade muitas situações de indisciplina e violência dentro dasala de aula), a abolição das provas de recuperação, planosde recuperação e de acompanhamento, a redução donúmero de reuniões e o regresso às faltas disciplinares nãojustificáveis e consequente reprovação por excesso defaltas.

Continuo convencido de que não estão reunidas ascondições para fazer regressar 100 mil professores às ruasde Lisboa. O tempo político é outro. A gravidade da sit-uação financeira do país já não pode ser escondida pelosmentirosos do costume. Os professores sabem que o ciclopolítico de José Sócrates se aproxima do fim e apostamnuma mudança política que traga protagonistas mais cred-íveis para os lugares cimeiros da decisão política. Qualquertentativa para procurar repetir as greves com 90% de ade-sões e marchas de 100 mil em Lisboa tem uma grandeprobabilidade de fracassar.

Notícias diárias de educação.

Ecos do projecto de alteração ao ECD nos… 199

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60A suspensão

preventiva já existe. Épreciso ir mais além!

Não entendo esta afirmação do Ministro da Pres-idência no artigo do Público - Governo aprovasuspensão rápida de alunos agressores, quepasso a citar: De acordo com o ministro da Presi-dência, as direcções de escola “poderão pro-mover imediatamente a suspensão preventiva,sem prejuízo das medidas de acompanhamentosocial e psicológico que o caso possa requerer”.

A suspensão preventiva já existe e pode ir até cincodias. O que é necessário a este nível é que ela preveja umperíodo de tempo mais alargado, por, na prática, fazer sen-tido que assim seja. É também necessário que os procedi-

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mentos disciplinares não sejam tão complexos e burocrá-ticos. Agir de forma intransigente com a violência escolar,apresente-se ela de que forma for, e dotar as escolas demeios para que essa violência possa ser diminuída, éurgente. É igualmente necessário que se salvaguarde que asuspensão preventiva não anule a possibilidade de trans-ferência de escola, sempre que a gravidade da situação oexigir. Contudo, esta intervenção pressupõe o respeitopela classe docente e um esforço real para se perceberemas verdadeiras origens da violência escolar que, natural-mente, são de diversa ordem. Só assim caminharemospara a solução do problema.

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202 Indisciplina, bullying e violência na escola

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61Aluna de 10 anos

morde, arranha, dásocos e pontapés a

professora

É notícia do Correio da Manhã Aluna agrideprofessora à dentada. Segundo este jornal, aprofessora deixou a funcionária na sala de aula deuma turma de 4º ano, enquanto teve que seausentar e, quando regressou, foi informada pelafuncionária que uma aluna estava a riscar a mesa.A professora retirou-lhe a caneta e a reacção daaluna, de 10 anos, não se fez esperar - “atirou oestojo à cabeça da professora, tendo depois par-tido para mais agressões: a docente foi repetida-

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mente mordida nos braços, arranhada na cara eagredida a soco e pontapé.” A professora, “MariaAlzira Laxado, 49 anos, teve de receber trata-mento médico, incluindo psicológico, no Hos-pital de Santo António, no Porto.”Mais um casoque ilustra bem tanto o difícil dia-a-dia de muitosprofessores que se sujeitam a situações inacredi-táveis que incluem risco de vida, como a necessi-dade urgente de intervenção atempada e consis-tente, que ajude as nossas crianças e os nossosjovens a mudarem as suas atitudes e que justificao debate sobre Violência na Escola, no programaOpinião Pública da Sic Notícias, às 17h, que vaicontar com a presença do Ricardo Silva daApede. O ProfBlog vai acompanhar em directoeste debate e o Ramiro já tinha dado esta infor-mação no post anterior Projecto de decretoregulamentar da avaliação de desempenho.Acabado de sair do forno!Notícias diárias deeducação.

204 Indisciplina, bullying e violência na escola

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62Ana Drago (BE) não

quer que se respondaà violência escolar

com suspensões

No debate parlamentar desta manhã sobre a vio-lência escolar, Ana Drago (BE) insurgiu-secontra medidas que conduzam à suspensão dosalunos violentos. Para a deputada do BE, a receitaa aplicar deve ser “trabalhar com os alunos parapromover a responsabilidade individual”.

Pergunto: e não é isso que as escolas têm andado afazer de há uns anos para cá? Com os efeitos que se con-hecem: quase nulos.

Notícias diárias de educação.

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63Ricardo Silva no

Opinião Pública daSIC sobre

indisciplina eviolência escolares

Frases de Ricardo Silva (Apede):

“Estas medidas devolvem alguma autoridade dos pro-fessores”; “andámos mais de dois anos a dizer que o esta-tuto do aluno potenciava a indisciplina e a violência e atutela dizia que tínhamos um bom estatuto do aluno,afinal parece que temos razão”.

Frases de espectadores:Um tal António Moita, professor, atribuiu a culpa aos

professores vítimas das agressões. As escolas não têm bur-ocracia nem falta de autoridade. A culpa da indisciplina é

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dos professores quererem bons horários. E esta, hem?Tenho a impressão que este António Moita está aposen-tado. Apostava…

É caso para dizer: este professor vive na Lua? Entãoquando um aluno agride um professor, a culpa é davítima? Haja Deus!

Um ex-vigilante escolar acusa: “os dirigentes escolaresnão davam seguimentos às participações; estou conven-cido de que as deitavam ao lixo; há muitos conselhosdirectivos que nada fazem porque não podem fazer; asparticipações que eu fazia não tinham seguimentos; os vig-ilantes escolares não conseguem aguentar tanta má edu-cação e protecção aos alunos violentos e indisciplinados”.

Arlindo Barradas, professor reformado, 69 anos:“nunca esperei ver o que está a acontecer: alunos abaterem nos professores e ninguém lhes acode.”; “os paisdemitiram-se de dar educação aos filhos”.

Notícias diárias de educação.

208 Indisciplina, bullying e violência na escola

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64Ricardo Silva no

Opinião Pública sobreindisciplina e

violência na escola

Mais frases de Ricardo Silva (Apede):

“Os horários dos professores são feitos em função dosalunos”; “há muitos professores que dão horas extra parafazer educação de pais”; “há professores que são obrigadosa silenciar os casos de indisciplina e violência”; ” os profes-sores estão a ser obrigados a desempenhar todo o tipo defunções: sociais, culturais de animação e de apoio psicoló-gico”; “este Governo está a desinvestir nos meioshumanos e só se preocupa com os equipamentos”; “asrealidades são muito diversas, há pais muito interessados eque colaboram com os docentes e há outros que se desin-teressam da escola e só parecem quando os filhos se

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Page 224: Indisciplina, Bullying e violência na escola

metem em problemas”; “os currículos são demasiadoextensos e os alunos passam demasiado tempo na sala deaula”; “é óbvio que a violência contra professores seagravou”; a desvalorização do saber académico e a cadavez menos importância dada à função do ensino con-duzem à redução da autoridade dos professores”; “erabom que a ministra da educação ouvisse mais os profes-sores que estão na escola e menos aos especialistas queestão desfasados da realidade”.

Frases de espectadores:Cristina Alves, mãe: “na escola da minha filha reina o

terror e ninguém pode fazer nada”; “a minha filha e outrascolegas vivem num clima de terror na escola e os agres-sores estão identificados mas ninguém faz nada”.

Cristina Ribas, professora: “quando actuamos sobre aviolência, temos de saber como é que a crianças e o jovempodem tornar-se adultos saudáveis”; “a suspensão deve sero último recurso mas em casos de agressão verbal ou físicaa um professor justifica-se a suspensão”; “há pais que per-deram a autoridade sobre os filhos e pedem ajuda ásescolas”

Notícias diárias de educação.

210 Indisciplina, bullying e violência na escola

Page 225: Indisciplina, Bullying e violência na escola

65Distinção entre

faltas justificadas efaltas injustificadas

Em teoria, esta distinção sempre houve, emboracom o Estatuto do Aluno tivesse ficado diluída,por isso agora o Governo recua dando razão àpostura dos professores nesta matéria, comotambém referiu no Opinião Pública, RicardoSilva da Apede. De tal maneira foi longe este pro-cedimento que os alunos podiam passar de anomesmo com um elevado grau de falta de assidui-dade. Impossível? Nem tanto… Escolas houveem que os professores receberam “indicações” noinício do ano lectivo, de que determinados

211

Page 226: Indisciplina, Bullying e violência na escola

alunos eram para passar. Como? Aproveitando asprovas de recuperação, chegando ao ridículo derepetir as provas até os alunos alcançarem“sucesso”. Este é um dos motivos por que pensoque as provas de recuperação deveriam deixarsimplesmente de existir e não passarem apenas aser facultativas.

Segundo o Público, no artigo Associações de Paisaplaudem alteração do regime de faltas dos alunos, “aCONFAP discorda da reprovação directa no caso deultrapassagem do limite de faltas injustificadas, defend-endo que deve haver uma prova de diagnóstico no final,que dê ao aluno a possibilidade de estudar por si e passarde ano.”

Estou completamente em desacordo com a Confap –por um lado, os alunos têm que ser responsabilizados e aassiduidade é um dever do estudante. Por outro, os alunosdo ensino básico, sobretudo os que têm menor supervisãodos seus pais e encarregados de educação, não têm maturi-dade para gerir as suas actividades e o que pode acontecere já aconteceu, é que não se preocupam com a assiduidadeporque pensam que mais tarde fazem as provas e passamde ano. Permitir que as crianças e os jovens possam nofinal ter “a possibilidade de estudar por si e passar de ano”é estimular uma estratégia que gera insucesso uma vezque, salvo casos muito excepcionais como o que referianteriormente, não há possibilidade de se passar de anosem ir às aulas.

212 Indisciplina, bullying e violência na escola

Page 227: Indisciplina, Bullying e violência na escola

Para saber mais

❋ Ricardo Silva no Opinião Pública da SIC sobre dis-ciplina e violência escolares

❋ Ministra da Educação no parlamento: serão intro-duzidas alterações ao regime de faltas com diferen-ciação entre faltas justificadas e injustificadas

Nota: também Paulo Guinote, editor do blogueEducação do Meu Umbigo, vai estar hoje na RTPN,como ele mesmo diz Turno Da Noite, na RTPN, UnsMinutos Sobre A Reinvenção Da Roda Pelo Governo

Notícias diárias de educação.

Distinção entre faltas justificadas e… 213

Page 228: Indisciplina, Bullying e violência na escola
Page 229: Indisciplina, Bullying e violência na escola

66Cavaco sobre aviolência nas

escolas: eu penso quetem de ser feita

alguma coisa paracombater esta

situação

Finalmente, Cavaco Silva quebrou o longosilêncio sobre a indisciplina e a violência nasescolas. Entre 2007 e 2009, deu até sinais de queconcordava com as medidas tomadas pela ante-rior ministra da educação. Os professores, sindi-catos e movimentos acusavam o estatuto do

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Page 230: Indisciplina, Bullying e violência na escola

aluno de ser demasiado permissivo e de, por essefacto, potenciar a indisciplina e a violência. O PRficou em silêncio.

Cavaco Silva, interrogado ontem por jornalistas, disseque se preocupa com a violência na escola mas não quisapontar soluções invocando ser matéria do Governo e doParlamento. Sobre a suspensão dos alunos, o PR disse:“não quero adiantar nada sobre isso. É uma matéria deli-cada”.

Questionado se está preocupado com os casos de vio-lência nas escolas que têm sido conhecidos, o chefe deEstado, Aníbal Cavaco Silva, disse que o tema não podedeixar de o preocupar e recordou o debate que se estabe-leceu em torno do Estatuto do Aluno.

“Lembro-me do debate que foi estabelecido à volta doEstatuto do Aluno e congratulo-me com o facto de agorase ter chegado à conclusão que é preciso revê-lo”, afirmouCavaco Silva, que falava aos jornalistas no final de umavisita ao Sport Grupo Sacavenense, que comemora esteano o seu 100º aniversário.Por outro lado, acrescentou, é preciso aprender com as“experiências negativas” que de vez em quando são conhe-cidas sobre violência nas escolas, nomeadamente entreestudantes e de estudantes em relação a professores.

“Eu penso que alguma coisa terá que ser feita para com-bater esta situação”, defendeu.

Interrogado se concorda com a possibilidade deexpulsão dos alunos envolvidos em casos de violência, oPresidente da República escusou-se a responder, alegando

216 Indisciplina, bullying e violência na escola

Page 231: Indisciplina, Bullying e violência na escola

que se trata de uma matéria que terá de ser discutida no“local próprio”, ou seja, na Assembleia da República.

“Não quero adiantar absolutamente nada sobre isso”,disse, argumentando que se trata de “uma matéria deli-cada” e que “há quem tenha competência para decidir.”CM de 20/3/2010

Para saber maisSó para ajudar a equipa do ME e da oposição para umfuturo debateEstatuto do Aluno

Notícias diárias de educação.

Cavaco sobre a violência nas escolas… 217

Page 232: Indisciplina, Bullying e violência na escola
Page 233: Indisciplina, Bullying e violência na escola

67Um novo olhar para

a suspensão dosalunos da frequência

das actividadeslectivas

A suspensão é neste momento motivo de reflexãoe de desacordo. Normalmente, quando há divi-sões claras em determinados assuntos, como é ocaso por exemplo dos exames, há preocupaçõesdos diversos lados que fundamentam diferentesopções. Talvez então o melhor seja encontrar um“modelo” de actuação que dê, tanto quanto pos-sível, resposta às diversas preocupações, ao invés

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Page 234: Indisciplina, Bullying e violência na escola

de defender, muitas vezes à força, “o modelo Aou o modelo B”.

No que à suspensão diz respeito, é verdade que osalunos ditos problemáticos, precisam que se faça um tra-balho com eles que os leve a modificar a sua atitude per-ante os outros. Também é verdade que, para que tal acon-teça, precisamos de perceber de forma clara, qual a origemdo problema. Contudo, há comportamentos que estascrianças e jovens têm que não podem de forma alguma sertolerados nem admitidos, seja em que grupo social for e apunição, que pode ser a suspensão, deve ser a conse-quência do acto do aluno. A responsabilização implica oassumir das consequências dos seus actos, sejam boas oumás. Poderíamos pensar que a suspensão pudesse ser sub-stituída por realização de actividades na escola, e muitasvezes pode e deve ser. Noutros não. Mas quando os alunosse recusam ou faltam a esses trabalhos?! O que fazer?

Mas há ainda outras questões, como é o caso de pen-sarmos que a Escola tem mais alunos além dos problemát-icos. E esses alunos também precisam que se pense neles.Por outro lado ainda, há que envolver diversos interve-nientes no processo educativo porque a escola não con-segue dar resposta a este problema, que ultrapassa em muito o seu âmbito, mesmo considerando que a primeirafunção do professor é ser educador e não instrutor.

Mas a concepção de suspensão também pode sermudada e, em minha opinião, deve! Quando uma criançaou jovem é suspenso, significa que ele próprio se afastoudo grupo em que está inserido, pelas atitudes e comporta-

220 Indisciplina, bullying e violência na escola

Page 235: Indisciplina, Bullying e violência na escola

mentos que assumiu e escolheu. Não são os outros que oafastam mas ele mesmo por ter decidido contra o grupo enão a favor dele. Neste sentido, a suspensão só serve paramostrar que se afastou do grupo e se isso aconteceu, vaiter que se esforçar para poder de novo integrá-lo. Nestaperspectiva, a suspensão deve ser uma mais-valia para oprocesso – tempo de intervenção fora da escola e, por isso,tempo de crescimento para a criança ou jovem. É este oprocedimento do Pief, Programa Integrado de EducaçãoFormação, e que me parece bastante equilibrado. Ainclusão, mais do que na escola na sociedade, pode passarpor afastamento temporário da própria escola e pode sersaudável que assim seja – por um lado, é o ajudar a criançae o jovem a perceberem que actuaram contra o grupo epor isso contra a inclusão e, por outro, é dar a oportuni-dade aos adultos de intervirem para que aquela mesmacriança ou jovem se volte a integrar, trabalho que, emmuitas circunstâncias só pode, e deve, ser feito fora daescola.

Para a possibilidade de sucesso educativo, é funda-mental colocar limites e a suspensão pode ser uma formade o fazer. A questão é o que fazer com a suspensão e paraalém dela!

Para saber mais

❋ Ana Drago (BE) não quer que se responda à vio-lência escolar com suspensões

❋ ME prepara cursos de formação sobre Bullying paradirectores de turma

Um novo olhar para a suspensão dos alunos… 221

Page 236: Indisciplina, Bullying e violência na escola

❋ Cavaco Silva sobre a violência na escolas: eu pensoque tem que ser feita alguma coisa para combateresta situação

Notícias diárias de educação.

222 Indisciplina, bullying e violência na escola

Page 237: Indisciplina, Bullying e violência na escola

68José Gil relaciona aviolência na escola

com a políticagovernativa de não

verdade

Escreve José Gil:

Estas mortes [do aluno Leandro e do professor Luís]não são casos excepcionais (a não ser pelo carácter trágicodo acontecimento), mas inserem-se num contexto geralde indisciplina, desrespeito e violação geral das regras quedevem assegurar uma aula normal e mesmo das regras tác-itas de conduta de um ser em sociedade. Estou certo que agrande maioria dos portugueses ignora o que se passanessas aulas - onde o clima bárbaro não permite às vezes amínima aprendizagem.

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Page 238: Indisciplina, Bullying e violência na escola

José Gil é um dos nossos maiores filósofos vivos. Deu aúltima lição no dia 10 de Março. Assina uma crónicasemanal na revista Visão. Tem sido um dos críticos maislúcidos às políticas educativas socratinas, ao clima geral defacilitismo, às pressões administrativas para a construçãofraudulenta do sucesso escolar e ao conceito de escola-armazém.

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224 Indisciplina, bullying e violência na escola

Page 239: Indisciplina, Bullying e violência na escola

69Fenprof quer

violência contradocentes na lista

dos crimes públicos

A Fenprof reuniu ontem o Conselho Nacional.Conclusões saídas da reunião:

Propor ao ME que a violência contra docentes sejaconsiderada crime público.

Mais auxiliares de acção educativa para acompanhar osalunos nos recreios.

Contratação de animadores socioculturais para acom-panhar os alunos fora das aulas.

Redução do número de alunos por turma de forma aque os docentes tenham maior controlo sobre os alunos epossam gerir melhor os conflitos internos.

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Page 240: Indisciplina, Bullying e violência na escola

Stress profissional na lista de doenças profissionais dosdocentes.

Questionado sobre as mortes recentes do alunoLeandro e do professor Luís, vítimas de bullying escolar, osecretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, disse:

“Estou chocado é com o facto de as autoridades púb-licas deste país nada terem feito para que isto não aconte-cesse, porque como nada fizeram o que aconteceu é o quetodos esperávamos que viesse a acontecer”.

Notícias diárias de educação.

226 Indisciplina, bullying e violência na escola

Page 241: Indisciplina, Bullying e violência na escola

70A banalização do mal.

Cenas destasacontecem com

frequência dentroou à porta das

escolas públicas

A isto eu chamo a banalização do mal. Com aagravante de as escolas públicas - que deviam serespaços de denúncia e combate às raízes do mal -estarem a ser transformadas em ferramentas debanalização da violência.

O grau de tolerância das autoridades educativas face aactos desta natureza é demasiado elevado. Quase toda a

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Page 242: Indisciplina, Bullying e violência na escola

gente mete a cabeça debaixo da areia numa estratégia sui-cida que o filósofo José Gil chama de não inscrição e denão verdade. O sistema de encobrimento da violênciaescolar foi montado graças a um modelo de avaliaçãoexterna das escolas que premeia o “show off”, a fabricaçãoestatística do sucesso escolar e o silenciamento dos casos.O modelo de avaliação a que estão sujeitos os directores eadjuntos vai no mesmo sentido: encobrimento e silêncio.Idem para o modelo de avaliação de desempenho dosdocentes.

Quanto maior for a tolerância das autoridades educa-tivas para com o fenómeno da violência escolar maior emais rápida será a debandada de alunos das escolas púb-licas para os colégios privados.

Os pais que realmente se preocupam com os seus filhose têm poder de escolha não pensam duas vezes: colocam asegurança deles em primeiro lugar.

Gladis Kiara, o aluno de 16 anos que sexta-feira sofreutrês facadas por parte de um colega à porta da escolaBraamcamp Freire, na Pontinha, Odivelas, está internadono Hospital Pulido Valente, em Lisboa, disse a mãe.

Maria António está preocupada que algum órgão doaluno do 8º ano tenha sido atingido durante o duelo san-grento, que só terminou quando o jovem conseguiuescapar ao agressor. Gladis Kiara, mesmo a perder sangue,correu para o centro de saúde, de onde foi transportado deemergência para o Hospital Santa Maria.

A escola não quis prestar ao CM qualquer esclareci-mento sobre o brutal confronto. Fonte da PSP revelouque o agressor, também com 16 anos, foi detido uma hora

228 Indisciplina, bullying e violência na escola

Page 243: Indisciplina, Bullying e violência na escola

após o duelo nas imediações da escola. Fonte: CM de21/3/2010

Notícias diárias de educação.

A banalização do mal. Cenas destas acon-tecem…

229

Page 244: Indisciplina, Bullying e violência na escola
Page 245: Indisciplina, Bullying e violência na escola

71Um novo olhar para

a suspensão dosalunos da frequência

das actividadeslectivas - II

Londres

Não são poucas as vezes que a suspensão, embora nec-essária para colocar limites bem claros, não produz qual-quer efeito na criança ou no jovem. Não penso que deva,por isso, deixar de existir – muito pelo contrário, em certassituações impõe-se. Uma das conclusões que tiro é que asuspensão pode não ser suficiente e quando assim é,outros procedimentos devem complementá-la, de acordocom a situação.

231

Page 246: Indisciplina, Bullying e violência na escola

Para isso temos que nos perguntar onde está a origemdaquela violência, daquela falta de respeito para comcolegas, professores, funcionários e outras pessoas quetêm ligação à escola. E a origem pode ser de diversa ordem– pais que perderam a autoridade perante os filhos porqueos protegem em demasia, ou porque simplesmente sedemitem da sua responsabilidades de educadores, ouporque não sabem educar ou trabalham em horários des-fasados e as crianças e os jovens estão o dia todo fora decasa sem serem acompanhados por adultos – problemaque é agravado em famílias monoparentais.

Mas pode também ser provocado por casos de abusossexuais, vindos com mais frequência do se pensa, do seioda própria família, ou ainda por se assistir com frequênciaa cenas de violência doméstica – muitas vezes a mãe e osfilhos dormem todos no mesmo quarto e de porta fechadaà chave, deitando-se antes do pai chegar para evitar seremagredidos.

Outras vezes, vivendo as próprias crianças em ambi-entes criminalmente violentos, é lá que dão os primeirospassos na aprendizagem da violência e até do crime. Mashá casos em que a forma de educar dos pais é bater com ocinto, ou com o cabo de electricidade depois de mergul-hado em água, ou com a mangueira da banheira, ou ras-pando os dedos dos filhos com facas, ou queimando assuas costas com grelhas, ou colocando o filhos de joelhosdurante horas com caixa de fruta nas mãos… E o mais ina-creditável é que, quando se aborda este problema com ospais eles normalmente respondem: “Foi assim que os

232 Indisciplina, bullying e violência na escola

Page 247: Indisciplina, Bullying e violência na escola

meus pais me educaram e fez-me bem porque hoje sou umhomem / mulher, também vai fazer bem ao meu filho.”É por estes motivos que a violência escolar pode ser per-mitida? Não! De forma alguma! As crianças e os jovenstêm que aprender desde cedo que a violência, o desres-peito, não é permitido seja de que forma for. Usar as possí-veis origens da violência como desculpa ou justificação, é,por um lado, permitir que todos os outros sejam desres-peitados, e, por outro, discriminar estas crianças e jovenspela negativa. Exigir que assumam as consequências dosseus actos e que sejam responsáveis pelas atitudes quetomaram, é uma forma de os ajudar a crescer e de osajudar a integrar-se na sociedade. Para qualquer actuaçãoconsistente sobre violência escolar, indisciplina ou bul-lying, este tem que ser um ponto de partida bem claro –violência não é permitida. Posts relacionados

❋ Um novo olhar para a suspensão dos alunos da fre-quência das actividades lectivas

❋ A banalização do mal. Estas cenas acontecem comfrequência dentro ou à porta das escolas públicas

Notícias diárias de educação.

Um novo olhar para a suspensão dos alunos… 233

Page 248: Indisciplina, Bullying e violência na escola
Page 249: Indisciplina, Bullying e violência na escola

72Portas: se a família é

informada docomportamentoviolento e não

contribuir para a suaresolução deve serpunida no eventual

apoio social querecebe do Estado.

Correio da Manhã – Na proposta do CDS/PPé sublinhada a necessidade de as escolas pre-miarem os bons alunos?

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Page 250: Indisciplina, Bullying e violência na escola

Paulo Portas – A escola é um local de estudo, conheci-mento e de transmissão de cultura. Entendemos que é boapolítica da escola valorizar os bons resultados. O mérito,talento, esforço e assiduidade têm de ser premiados.

– Defende o regresso do Quadro de Mérito àsescolas?

– Não sei se é o regresso porque penso que algumasescolas nunca o deixaram de ter. Os alunos que superamas dificuldades devem ser o orgulho da escola pelo queanualmente deve haver uma cerimónia em que os prémiosde mérito são entregues. Embora deixemos a naturezadessa cerimónia e desses prémios à autonomia e regula-mento de cada escola.

– Será um prémio financeiro?– No caso de servir para um aluno de um meio desfa-

vorecido prosseguir os estudos.– Sucedem-se os casos de violência escolar. O que

pode ser feito para inverter a situação?– Em primeiro lugar, tem de se proteger a autoridade

do professor. O aluno tem de obedecer. O actual sistema épermeável à violência. Muitos professores que são vítimasde ameaças, assaltos e agressões preferem a lei do silêncioa denunciar, por temerem ter mais problemas. Defend-emos ainda que, ocorrido um acto de violência, a escolatenha a obrigatoriedade – e não apenas a possibilidade –de o comunicar às autoridades.

– Qual a vantagem da escola em não revelar os actosviolentos?

– Em certas áreas problemáticas os professores quedenunciem os actos violentos sofrem ameaças de ele-

236 Indisciplina, bullying e violência na escola

Page 251: Indisciplina, Bullying e violência na escola

mentos da própria comunidade educativa como, porexemplo, os pais. Se a família é informada do comporta-mento violento e não contribuir para a sua resolução deveser punida no eventual apoio social que recebe do Estado.

Notícias diárias de educação.

Portas: se a família é informada do comporta-mento…

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Page 252: Indisciplina, Bullying e violência na escola
Page 253: Indisciplina, Bullying e violência na escola

73A proposta do CDS

para travar aindisciplina e a

violência nas escolas

São medidas de bom senso. Duvido que sejamaprovadas no Parlamento porque o bom senso écoisa que existe em fracas doses para os lados deS. Bento.

O apoio social escolar deve ser majorado em funçãodas notas dos alunos, para promover o estudo e combatero insucesso. Esta é uma das propostas de alteração aoEstatuto do Aluno, apresentadas ontem pelo CDS/PP quevão ser debatidas no Parlamento na sexta-feira.

A proposta, explicada pelo presidente do partido, PauloPortas, inclui também a criação de um plano individual

239

Page 254: Indisciplina, Bullying e violência na escola

para cada estudante que exceda o limite de faltas injustifi-cadas. Os populares pretendem que o 1º ciclo tambémtenha faltas injustificadas, num limite de dez. Quando oaluno ultrapassar metade do limite de faltas, os encarre-gados de educação deverão ser avisados. De acordo com aproposta, se o aluno atingir dois terços do limite de faltas,os pais devem ser novamente convocados pela escola.

A execução do plano individual de trabalho ‘tem de serexecutado além do horário escolar corrente e normal’,explicou Paulo Portas. Já para ‘proteger a autoridade dosprofessores’, o CDS/PP vai propor no Parlamento que osactos de violência cometidos nas escolas ou imediaçõessejam uma agravante do ponto de vista da lei penal. ‘Intro-duzimos no Estatuto do Aluno um artigo que se chamaprotecção da autoridade do professor’. Outra das pro-postas é a criação de quadros de mérito em todas asescolas, com direito a prémios ‘de natureza simbólica oumaterial’. Fonte: CM de 22/3/2010

Concordo com o plano individual de trabalho execu-tado além do horário da escola caso esse plano seja daresponsabilidade de um professor de apoio vocacionadopara trabalho de tutoria com os alunos. Discordo caso oplano individual de trabalho seja executado pelo professortitular da turma.

Concordo que o apoio social escolar seja majorado emfunção das notas dos alunos. Pais que colaboram com osprofessores e alunos que se esforçam mais devem ter adevida recompensa. Não podem ser tratados da mesmaforma que os pais que dificultam a tarefa educativa dosprofessores e os alunos que não estudam.

240 Indisciplina, bullying e violência na escola

Page 255: Indisciplina, Bullying e violência na escola

O agravamento penal dos actos violentos cometidosnas escolas ou nas imediações é uma medida da maisinteira justiça.

O ProfBlog estará atento às posições dos restantes par-tidos. Veremos quem está disposto a aprovar medidassérias que travem a indisciplina e a violência na escola.

Notícias diárias de educação.

A proposta do CDS para travar a indisciplina… 241

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74Fenprof apresenta

medidas de reforçoda autoridade dos

professores e decombate à violênciaescolar. É chegada aaltura de ver quem

está contra aviolência na escola equem anda a assobiar

para o lado

243

Page 258: Indisciplina, Bullying e violência na escola

Se a violência contra professores for incluída nalista de crimes públicos, deixa de ser necessária aqueixa formal do arguido para haver investigaçãocriminal. Em algumas escolas, os professores têmmedo de apresentar queixa por duas razões:ameaças dos familiares dos agressores e falta deapoio dos directores que vêem como publicidadenegativa a apresentação formal de queixas deagressão ocorridas dentro do recinto escolar.

A Fenprof vai entregar hoje à ministra da educação umconjunto de medidas de reforço da autoridade dos profes-sores aprovadas na última reunião do Conselho Nacionalda organização.

Em resposta a essas propostas, a ministra da educaçãodisse encará-las como uma possibilidade. Nem sim nemnão.

Outra proposta da Fenprof - inscrita na resolução queserá hoje enviada à ministra da Educação, ao presidente daRepública, aos grupos parlamentares, às confederações depais e ao PGR - é para que, à semelhança do que já acon-tece nalgumas comunidades espanholas, os professorespassem a ter o estatuto de autoridade pública e a figurajurídica da presunção da verdade. Nogueira acredita queisso teria um “efeito preventivo” visto que permitiria aosprofessores agir “de forma mais rápida” e até “dar ordemde detenção ao agressor até ao momento da chegada daautoridade”. “Se a pessoa fugisse, estaria a incorrer numcrime de desobediência; e, se houvesse agressão, as penas

244 Indisciplina, bullying e violência na escola

Page 259: Indisciplina, Bullying e violência na escola

seriam agravadas”, disse, acreditando que esta propostairia reforçar a autoridade dos professores nas escolas.

Se, em relação a esta proposta, a ministra da Educaçãoconsiderou ser uma interpretação “não muito correcta”, jáem relação a classificar as agressões contra professores decrime público, Isabel Alçada admitiu ser “uma possibili-dade”. Fonte: JN de 22/3/2010

Notícias diárias de educação.

Fenprof apresenta medidas de reforço da… 245

Page 260: Indisciplina, Bullying e violência na escola
Page 261: Indisciplina, Bullying e violência na escola

75O Bullying, a

violência escolar e aindisciplina e a

falência das políticassociais

Londres

Em conversas que tenho tido, apercebo-me que hácolegas que pensam que a suspensão dos alunos deve serda inteira responsabilidade dos pais e encarregados deeducação e outros colegas que pensam que os problemassociais nada têm que ver com a escola. Discordo destasposições por pensar que são radicais, contudo, penso queabordam uma questão fundamental que deve merecertoda a nossa atenção que é a distinção de papéis de cadainterveniente no processo de ensino-aprendizagem, com o

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Page 262: Indisciplina, Bullying e violência na escola

natural reforço para o papel dos encarregados de edu-cação.

A tendência das sucessivas políticas educativas tem sidopara atribuir à escola / professores a função de educar,quando, sem dúvida, ela compete aos pais / família. Àescola compete “formar e transmitir conhecimentos”como tão sabiamente o filósofo José Gil refere em A vio-lência da ignorância.

Esta ideia tem que estar clara quando actuamos, casocontrário corre-se o risco de se falar em repor a autoridadedos professores e a dignidade da profissão, fundamentalpara o sucesso educativo, mas de, subtilmente, se actuarem sentido contrário.

Concordo em absoluto com as acções de formaçãosobre Bullying, não só para os directores e directores deturma, mas para todos os professores, uma vez que aolidarmos diariamente com o problema, precisamos desaber agir, até para podermos também nós proteger asvítimas. Contudo, sem responsabilização dos encarre-gados de educação, a quem compete educar e acompanharos seus filhos, e sem uma lei que claramente puna a vio-lência na escola, estamos subrepticiamente, a dizer que aresposta ao gravíssimo problema que é o Bullying naescola portuguesa, passa apenas pela escola e pelos profes-sores, o que é bastante grave… O mesmo pensamento seaplica à violência escolar e à indisciplina.

Sabemos contudo, quanto mais não fosse por umaquestão humana, que não nos podemos abstrair do factode o Bullying, a violência e a indisciplina na escolatambém terem origem na família enquanto agressora da

248 Indisciplina, bullying e violência na escola

Page 263: Indisciplina, Bullying e violência na escola

criança e do jovem, ou em contextos sociais graves quenaturalmente os afectam tal como ao seu percurso escolar,embora estes não sejam de forma alguma os únicosmotivos. A tendência tanto da tutela como dos professoresé, muitas vezes, chamar à escola a resposta a estes prob-lemas – a tutela porque cada vez mais estimula o professorfaz-tudo, a quem responsabiliza pelos males da escola, ten-tando assim esconder que é inoperante. Os professoresporque, preocupando-se com estas crianças e jovens, enão conseguindo deixar de ver nos seus alunos a pessoaque são, querem ajudá-los porque não se conformam commuitos dramas vividos no seu dia-a-dia.

Claro que esta realidade aponta claramente para afalência das políticas sociais e, consequentemente, para afalta de responsabilidade política dos sucessivos governosque ao longo dos anos não se preocuparam com umaresposta verdadeiramente adequada aos diversos prob-lemas.

A Escola deve estar em articulação com a SegurançaSocial, com a Comissão de Protecção de Crianças e Jovense com todas as instituições que de alguma forma inter-ferem com a segurança e educação das crianças e dosjovens mas não deve a tutela exigir que chame a si a reso-lução destes problemas porque não é competência sua e,ao fazê-lo, pode estar a contribuir para o perpetuar tantoda falência das políticas sociais como da falta de exigênciaque neste momento se vive na escola portuguesa.

Esta parece-me ser outra linha de rumo a considerarnas decisões sobre Bullying, violência escolar e indisci-plina: a distinção dos papéis de cada interveniente no

O Bullying, a violência escolar e a indisci-plina…

249

Page 264: Indisciplina, Bullying e violência na escola

processo de ensino-aprendizagem, para que a urgenteactuação necessária a este nível possa ser pensada emfunção da responsabilidade que cada um tem.

Notícias diárias de educação.

250 Indisciplina, bullying e violência na escola

Page 265: Indisciplina, Bullying e violência na escola

76Aulas de 90 minutosversus aulas de 50minutos. E por que

não dar liberdade deescolha às escolas?

Tive conhecimento, através do blogue do PauloGuinote de um peça jornalística publicada hojeno Público sobre a reestruturação curricular do3º CEB. A peça jornalística não tem link pelo quetive de recorrer aos préstimos dos arquivos doPaulo Guinote. Não compro jornais nem revistasem papel. Por um lado, é bom: não tenho o tra-balho de os deitar no lixo e de limpar as

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Page 266: Indisciplina, Bullying e violência na escola

umbreiras das portas com Cif. Por outro, é mau:fico privado de usar essas peças no ProfBlog.

Também não vejo televisão. Por um lado é mau: passa-me ao lado muita coisa que podia dar um bom post. Poroutro, é bom: evito que os políticos de quem não gostoentrem em minha casa. É um sossego. Uma tranquilidade.Só vos digo: é muito bom viver sem televisão.

O grupo de trabalho sobre reestruturação curricular do3º CEB é coordenado por João Formosinho e está a tra-balhar, em segredo, há cerca de 3 meses.

Habituei-me a ver em João Formosinho uma excelentepessoa, um professor de eleição e um investigadorinvulgar. Não há em Portugal quem saiba mais de legis-lação escolar. Mas discordo dele na questão das aulas de90 minutos. Ele diz que é mais sério não ouvir os profes-sores do 3º CEB. Aparentemente, ouviu apenas os profes-sores que usam a metodologia do movimento da escolamoderna. Há muitos anos que João Formosinho é um fãda pedagogia do MEM e tem feito parcerias com a Escolada Ponte, a escola portuguesa que levou mais longe esseideário pedagógico.

João Formosinho tem toda a liberdade para apreciar apedagogia do MEM, tal como eu tenho para a criticar.Errado é não querer ouvir os professores que estão nasescolas e que sabem, por experiência própria, que as aulasde 90 minutos potenciam as situações de indisciplina e deviolência dentro da sala de aula. Há muitos alunos queestão na escola e não gostam desta ou daquela disciplina.Alguns nem sequer gostam de disciplina nenhuma. Outros

252 Indisciplina, bullying e violência na escola

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têm tempos de atenção muito reduzidos. Forçá-los a aulasde 90 minutos é uma violência simbólica sobre alunos edocentes.

Não seria melhor João Formosinho propor ao ME quedeixe nas mãos das escolas a liberdade de escolha entreaulas de 90 minutos ou de 45 minutos mais 45 minutos ou50 minutos mais 40 minutos?

Notícias diárias de educação.

Aulas de 90 minutos versus aulas de 50… 253

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Page 269: Indisciplina, Bullying e violência na escola

77Américo Baptista,

professor naLusófona: estes

alunos quando umdia tiverem uma

dificuldade não vãosaber lidar com a

frustração

Tive conhecimento desta entrevista feita peloPúblico a Américo Baptista, psicólogo clínico eprofessor na Universidade Lusófona, através doBlogue EducacaoSa. Nem tudo está perdido:oiçam este homem e deixem de dar importância

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aos gurus da escola lúdica e da ideologia tontaque considera que a vida é um eterno festim. Ospsicólogos e pedagogos sérios e realistas estão asair do armário, começam a perder o medo,apesar de continuarem afastados dos corredoresdo poder, das comissões e grupos de trabalho edos conselhos editoriais das revistas de educaçãoe pedagogia.

Público - Os casos de indisciplina e de violênciaestão a aumentar o medo dos professores?Américo Baptista - Os professores são considerados comopessoas com autoridade e com poder para controlar as sit-uações de violência e de indisciplina. Contudo, na prática,todas as decisões que tomem e que impliquem umapunição são vistas como uma repressão. Mais do quemedo de lidar com os alunos, os professores vivem emdepressão por estarem impotentes. Encontram-se numpapel que no fundo não podem exercer e estão esvaziadosde autoridade. O descrédito da classe causa, naturalmente,depressão e ansiedade e não há transmissão de conheci-mentos sem uma aula relativamente ordeira.Que consequências terá este clima na formação dosalunos?Há uma perspectiva de educação pela positiva exagerada.A greve aos trabalhos de casa, em 2004, é um exemplo decomo se está a ensinar as crianças a desobedecerem e aficarem sem hábitos de trabalho. E as regras, por vezes,têm de ser impostas de forma repressiva. Sempre que um

256 Indisciplina, bullying e violência na escola

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aluno tem um comportamento desadequado, este deve viracompanhado de uma consequência desagradável. Nãopode persistir a ideia de que as coisas acontecem semesforço. Estamos a formar uma geração que queremos quese sinta sempre bem… Mas sentir-se bem não é o mesmoque fazer bem. Fazer bem implica esforço e estes alunosquando um dia tiverem uma dificuldade não vão saberlidar com a frustração.De que forma pode a escola reverter a situação? A sol-ução passa por reforçar o poder dos directores dasescolas?É fundamental discutir e estabelecer estratégias em grupo.Se a cultura de uma escola for a “tolerância zero” a estetipo de situações, os conflitos vão diminuindo. O apoio detoda a comunidade educativa e um clima de protecção sãoessenciais para que os professores exerçam o seu trabalho.Deve haver suporte entre pares e o limite do aceitável deveser bem definido. Os medos não desaparecem sem oapoio da escola e sem ser dada aos professores uma sen-sação verdadeira de segurança e controlo. De dizer que sevai dar autoridade aos directores a concretizá-lo vai umgrande passo. Quanto aos alunos, é importante trabalhar ainteligência emocional, isto é, fazer com que com-preendam as emoções e que consigam sentir o que é estarna pele do outro. Fonte: Público de 22/3/2010

Notícias diárias de educação.

Américo Baptista, professor na Lusófona… 257

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Page 273: Indisciplina, Bullying e violência na escola

78Confusão no

Parlamento sobre atipificação do crime

de agressão aprofessores. Vice doPS diz que já é crime

público, juristasdizem que não

Fazem as leis e não as sabem interpretar. Ou seráapenas mais um caso de má vontade contra osprofessores vinda dos lados da bancada do PS?

O advogado Rogério Alves defende que a lei tem de seralterada para que a agressão a um professor seja consid-

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erada crime público e a abertura de inquérito pelo Minis-tério Público não dependa de queixa do agredido.

O tema suscitou polémica depois de Mário Nogueira(Fenprof) ter sugerido a transformação em crime públicodas ofensas sobre os professores, tendo o deputado do PSRicardo Rodrigues contraposto que a “pretensão da Fen-prof já está consagrada na lei” desde 2007. A posição deRicardo Rodrigues contraria, porém, a da ministra da Edu-cação, Isabel Alçada, que já se mostrou disponível paraalterar a lei.

“Não considero que a lei, tal como está, garanta queseja um crime público”, disse Rogério Alves. A diversidadede leituras tem por base o nº 2 do artigo 132º do CódigoPenal, que qualifica o homicídio, mas que se aplicatambém nas ofensas à integridade física. O artigo defineum conjunto de pessoas, entre as quais “docente” e“membro de comunidade escolar” com um estatuto espe-cial em caso de agressão. Rogério Alves diz que não chega.

“Se a lei dissesse que qualquer agressão a essas pessoasé ofensa qualificada e crime público, tudo bem. Mas a leidiz apenas que pode ser, portanto depende da interpre-tação.” Para não haver dúvidas, os docentes teriam de serequiparados a agentes de autoridade.

Fonte: CM de 23/3/2010 Notícias diárias de edu-cação.

260 Indisciplina, bullying e violência na escola

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79Aplauso para o PGR

O Procurador Geral da República tem sido umavoz séria e coerente em matéria de combate àviolência escolar. O tempo veio dar-lhe razão. Ofacto de não ter sido ouvido pelos governantes elegisladores mostra bem quão afastados estesandam da realidade das escolas.

O procurador-geral da República vai entregar, embreve, ao Governo, uma proposta para tipificar comocrime público todos os ilícitos que, “em sentido amplo”, sepossam classificar como violência escolar. Uma insist-ência, após os alertas anteriores terem sido ignorados.

Numa resposta escrita enviada ao JN, o PGR adiantouque, “em princípio”, amanhã ou depois vai entregar aoGoverno “um contributo para a caracterização e puniçãodo ‘bullying’ e para a clarificação como crimes públicos

261

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dos ilícitos que, em sentido amplo, se possam classificarcomo ‘violência escolar’”. Uma proposta que vem deencontro à reivindicação feita, no fim-de-semana, pelaFenprof e que a ministra da Educação, Isabel Alçada, jáadmitiu como “uma possibilidade”. Fonte: JN de23/3/2010

Notícias diárias de educação.

262 Indisciplina, bullying e violência na escola

Page 277: Indisciplina, Bullying e violência na escola

80O Projecto de Lei doCDS chega com oitoanos de atraso mas éhoje mais necessáriodo que era em 2002

O Projecto de Lei do CDS para alterar o Estatutodo Aluno constitui uma ruptura com o status quode desresponsabilização de alunos e encarre-gados de educação e um virar de página naquestão da autoridade dos professores.Desde 1998 que a autoridade dos professorestem vindo a sofrer erosão. Lembro que o Esta-tuto do Aluno foi publicado em 1998 eraAntónio Guterres o primeiro-ministro de Por-

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tugal. A desautorização dos professores e a inop-erância das escolas para travarem a indisciplina ea violência chegaram pela mão dos socialistas.A erosão rápida da autoridade dos professores e ainoperância das escolas no combate à indisciplinae violência continuaram com a publicação doDecreto-Lei 30/2002.

As alterações subsequentes corrigiram aspectos de por-menor mas mantiveram um modelo que assegura direitosaos alunos absentistas, indisciplinados e mal-criados semassociar os respectivos deveres e privando os professoresde mecanismos capazes de punir os infractores.Oito anos passados e após algumas mortes ocorridasdentro e nas imediações dos recintos escolares surge, final-mente, um projecto de lei com pés e cabeça e que dota asescolas e os professores de instrumentos preventivos epunitivos da indisciplina, má-criação e violência na escola.Haja coragem dos partidos da oposição na aprovação deuma Lei que chega com oito anos de atraso mas que é hojemais necessária do que era em 2002.Notícias diárias deeducação.

264 Indisciplina, bullying e violência na escola

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81Aluno de 11 anosforçado a fumarhaxixe dentro da

escola

Há escolas que deixaram de ser comunidadesonde se ensinam as virtudes intelectuais e as vir-tudes do carácter. Algumas tornaram-se literal-mente comunidades viciosas. Definição decomunidades viciosas: organizações onde imperaum ethos que favorece a aquisição de maus háb-itos, estilos de vida não saudáveis e o mau car-ácter. A notícia do CM de 24/3/2020 é apenasmais um entre tantos exemplos.

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Um aluno do 6º ano na EB 2,3 D. Martim Fernandes,em Albufeira, está em casa há uma semana com medo devoltar a ser agredido e forçado a fumar haxixe no estabele-cimento de ensino. Os pais reuniram-se ontem com odirector e combinaram que o menino, de 11 anos, apenasregressará às aulas depois das férias da Páscoa.

“Agarravam-me, punham-me cigarros com droga naboca e davam-me chapadas”, disse ao CM ‘João’ (nomefictício), corpo franzino para a idade. Face à tristeza domenino, o pai, José Maria, questionou-o no passado dia14. E o filho confessou que há um colega de turma, com15 anos, que o obriga a fumar a droga que outro aluno, de17 anos, leva para a escola. E que isto acontece desde oinício do ano lectivo.

Perante casos destes, há duas atitudes predominantes.A atitude hegemónica e que é partilhada pelos socialistas:são casos esporádicos e que reflectem as situações prob-lemáticas vivenciadas pela comunidade envolvente. A ati-tude minoritária: são casos graves que estão a destruir oethos da Escola Pública e que têm de ser enfrentadosdando às escolas instrumentos ágeis de prevenção e depunição dos infractores.

Notícias diárias de educação.

266 Indisciplina, bullying e violência na escola

Page 281: Indisciplina, Bullying e violência na escola

82Pais associados na

Cnipe criam linha deapoio a vítimas de

bullying

Depois de cinco anos de adormecimento e enco-brimento, com as vítimas entregues à sua sorte,os media e a blogosfera furaram o muro desilêncio. A sociedade civil reage aos casos de tor-tura psicológica e física contra alunos e profes-sores no interior e nos arrabaldes das escolas.

Agora foi a vez da Cnipe criar uma linha aberta paraapoio das vítimas de bullying escolar. As queixas devemser encaminhadas para o número 964 466 499.

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João (nome fictício) está no 8.º ano, numa escola emFaro, e este ano lectivo já foi parar duas vezes ao hospital.Os pais fizeram queixa à direcção da escola, mas ainda nãotiveram resposta. A CNIPE está agora a tentar tratar docaso.

«Foi agredido ao soco e ao pontapé, a ponto de lhepartirem uma costela», contou ao SOL o dirigente daCNIPE Joaquim Ribeiro, que promete não deixar cairno esquecimento o caso. «Vamos apresentar queixajunto da Direcção Regional de Educação» .

João foi o primeiro aluno a ligar para o 964 466 499 àprocura de ajuda. Mas a associação de pais não quer queseja o último. «É preciso que as pessoas deixem de termedo de falar, porque os números oficiais estão muitolonge da realidade».

Numa semana «e com muito pouca divulgação», alinha telefónica de apoio recebeu já 12 chamadas.

O tratamento dado será igual em todos os casos.«Começamos por contactar a escola, para confirmar ainformação, e encaminhamos a queixa para a respec-tiva Direcção Regional de Educação».

O anonimato está garantido. «Os pais e os alunostêm medo de represálias. E a verdade é que muitas sit-uações não dão origem a queixas, porque as direcçõesnão querem manchar o bom nome da escola. Mas nósqueremos lutar contra isso».

Caso a situação configure um crime, será também feitauma participação à polícia. «E temos uma psicóloga quepoderá, gratuitamente, dar apoio às vítimas, embora anossa função não seja a de dar apoio psicológico, mas

268 Indisciplina, bullying e violência na escola

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sim denunciar a violência», explica Joaquim Ribeiro.Fonte: Sol Online de 24/3/2010

Notícias diárias de educação.

Pais associados na Cnipe criam linha de… 269

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Page 285: Indisciplina, Bullying e violência na escola

83O Estatuto do Aluno

tem 12 anos e aindisciplina nas

escolas não pára deaumentar

Seria de esperar que o Estatuto do Aluno contrib-uísse para reduzir a indisciplina nas escolas.Criado em 1998, durante o Governo de AntónioGuterres, o Estatuto do Aluno sofreu várias alter-ações, nem sempre para melhor.

Decreto-Lei 270/1998- Cria o Estatuto do AlunoEm 2002, houve a primeira mudança pela mão do min-istro David Justino. Foi publicado o Decreto-Lei30/2002.

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Decreto-Lei 30/2002- Altera o Estatuto do AlunoEm 2008, é aprovada a Lei nº 3/2008 - Aprova novo Esta-tuto do Aluno do básico e secundário.

Lei nº 3/2008- Cria novo Estatuto do AlunoForam 12 anos a perder tempo. Na última década, agra-varam-se as condições económicas e sociais do País. E aindisciplina, bullying e violência tornaram-se endémicasem algumas escolas públicas sem que as autoridades esco-lares possuam os instrumentos adequados para travar ofenómeno.É neste contexto que surge o Projecto deDiploma do CDS de alteração ao Estatuto do Aluno.Notí-cias diárias de educação.

272 Indisciplina, bullying e violência na escola

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84Directores perdem o

medo e começam afalar sobre o

Estatuto do Aluno

O Público de hoje traz uma peça que merece serlida. As declarações de vários directores deescolas ouvidos pela Lusa eram impensáveis noconsulado lurdesrodriguista. Durante esseslongos quatro anos e meio, imperou o medo nasescolas públicas portuguesas e a ordem era paracalar, ninguém prestava declarações aos media etoda a gente fingia que se vivia no melhor dosmundos. Foi uma tragédia tipicamente estalinista

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Page 288: Indisciplina, Bullying e violência na escola

com guião elaborado por socialistas que têm dademocracia uma noção muito redutora.

Vive-se agora um ambiente mais sereno e mais abertonas escolas públicas portuguesas, pese embora o facto deas mudanças introduzidas na avaliação de desempenhomanterem a essência burocrática do modelo ainda emvigor.

Os directores ouvidos pela Lusa acusam o actual Esta-tuto do Estatuto do Aluno de provocar demasiada buroc-racia, penas fora de prazo, desresponsabilização pelasfaltas injustificadas e provas de recuperação que penalizammais os professores que os alunos absentistas.

É bom ouvi-los, finalmente, dizerem em público aquiloque só afirmavam em privado.

Notícias diárias de educação.

274 Indisciplina, bullying e violência na escola

Page 289: Indisciplina, Bullying e violência na escola

85Rio devolveu o corpo

do Leandro.Resultados dos

inquéritos ainda porconhecer

Passados 23 dias, o Rio devolveu o corpo doLeandro. O funeral é amanhã. Junto-me à dordos familiares e amigos.

Foram muitos dias à espera do corpo do Leandro, omenino de 12 anos da Escola de Mirandela, vítima da vio-lência de alunos mais velhos.

Correm dois inquéritos: um do ministério público eoutro da IGE. Tardam a ser divulgados os resultados.

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Receio que as autoridades deitem as culpas do suce-dido para a vítima. Ao que sei a única coisa que mudou naEscola de Mirandela terá sido maior cuidado na vigilânciasobre os alunos e na portaria. Tudo indica que os puta-tivos agressores do Leandro continuam, impávidos eserenos, como se nada de grave tivesse acontecido.

Ninguém se deu por responsável. Ninguém pediu ademissão. É bem provável que ninguém seja responsabili-zado.

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276 Indisciplina, bullying e violência na escola

Page 291: Indisciplina, Bullying e violência na escola

86Violência escolar? Aculpa é da imprensalivre e dos blogues!

Ultimamente, todos os dias há notícias sobreagressões a professores e funcionários escolares.E ainda há quem diga que a violência em meioescolar está a diminuir. Alguns sociólogos e psi-cólogos afectos ao sistema dizem que o fenó-meno só existe porque há menos tolerância paracom os casos de violência e os media estãoatentos ao fenómeno.

Esta tese culpa o mensageiro pela origem das más notí-cias. Mate-se o mensageiro - leia-se imprensa livre e blo-gues - e a violência escolar desaparece. É uma tese tipica-mente socialista de negação da realidade. Uma tese que

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Page 292: Indisciplina, Bullying e violência na escola

explica por que razão o “chefe máximo” quer condicionara liberdade de imprensa.

Notícias diárias de educação.

278 Indisciplina, bullying e violência na escola

Page 293: Indisciplina, Bullying e violência na escola

87Aprovados projectos

de lei do CDS e doPSD de alteração aoEstatuto do Aluno

com abstenção do PSe votos contra do BE

e do PCP

Os projectos de lei do CDS e do PSD de alter-ação ao Estatuto do Aluno foram aprovados coma abstenção do PS e os votos contra do BE e doPCP. Os projectos passam agora à comissão deeducação onde vão ser apreciados.

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Page 294: Indisciplina, Bullying e violência na escola

Os partidos à esquerda do PS não querem ver os paisdos alunos absentistas responsabilizados. O projecto doCDS prevê a redução dos subsídios sociais aos pais quemanifestarem negligência e desinteresse continuados peloabsentismo dos filhos. Ana Drago acusou o CDS dequerer voltar ao antes do 25 de Abril. Os deputados doPCP reagiram aos projectos do CDS e do PSD consider-ando-os penalizadores dos alunos mais carenciados,opondo às medidas propostas pelos partidos do Centro eda Direita aumentos no apoio social escolar.

Os deputados do CDS reagiram às acusações de AnaDrago afirmando que o BE lida mal com a autoridade dosprofessores.

Recordo que o projecto de lei do CDS prevê também amajoração nos apoios sociais aos pais dos alunos care-nciados que tenham aproveitamento escolar.

Notícias diárias de educação.

280 Indisciplina, bullying e violência na escola

Page 295: Indisciplina, Bullying e violência na escola

88Projecto de lei doCDS: o apoio socialescolar deve poder

ser reduzido quandoos pais manifestam

negligência edesinteresse

continuados peloabsentismo dos

filhos

Está no projecto de lei do CDS de alteração aoEstatuto do Aluno:

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Page 296: Indisciplina, Bullying e violência na escola

O apoio social escolar deve ser majorado sempre queos alunos são assíduos e têm bom aproveitamento escolare deve ser reduzido quando os pais manifestam negli-gência e desinteresse continuados pelo absentismo dosfilhos.

Nada mais justo e eficaz. Não se compreende que ospais negligentes continuem a receber o apoio socialescolar na sua totalidade. Frequentar a escola não seesgota na matrícula; exige assiduidade. E é também justoque os pais dos filhos que são assíduos, responsáveis e têmbom aproveitamento vejam majorado o apoio socialescolar. Tratar uns e outros de forma igual é eticamentereprovável e um estímulo à desresponsabilização indi-vidual.

Foi patético e revelador ver a argumentação de depu-tados do BE e do PCP a justificarem o voto contra o pro-jecto de lei do CDS. Ana Drago chegou a acusar o CDS dequerer criminalizar a falta de assiduidade dos alunos eapontou com o papão do regresso ao antes do 25 de Abril.

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282 Indisciplina, bullying e violência na escola

Page 297: Indisciplina, Bullying e violência na escola

89A indisciplina e a

violência escolar sãoboas para o negócio

Agora que os media estão mais atentos para oproblema do bullying e violência escolares e osdirectores e professores com menos receio deapresentar queixa das agressões não há dia emque uma notícia destas não apareça na imprensa:

Alguns encarregados de educação de crianças que fre-quentam a Escola do 1º Ciclo do Pego, em Abrantes,acusam dois alunos, de 8 anos, de agredirem os filhos nointervalo das aulas e exigem mais funcionárias.

O problema já é antigo, mas nas últimas semanas tematingido “proporções desmedidas”. O último caso veri-ficou-se na segunda-feira, quando um dos alunos problem-

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Page 298: Indisciplina, Bullying e violência na escola

áticos fechou um colega na casa de banho “e o beijou naboca”. “Fiquei chocada quando soube do sucedido. Já nãofoi a primeira vez que o meu filho foi vítima do mau com-portamento do colega”, disse ao CM Alzenda Vilhais, mãedo menino molestado, salientando que o agressor “já tinhasido transferido de outra escola por mau comporta-mento”.

Outro pai refere, sob anonimato, que a enteada temsido vítima de agressões. “Já foi pontapeada, já lhe espe-taram um lápis na perna e cuspiram no prato da refeição.Isto não pode continuar assim”, refere, de forma revoltada.

Os pais vão deixar passar as férias da Páscoa e, “caso asituação se mantenha”, ameaçam fechar a escola acadeado. Alberto Salgueiro, vice—presidente do Agrupa-mento de Escolas D. Miguel de Almeida, disse que a sit-uação “está a ser resolvida” e “já foi comunicada” à Com-issão de Protecção de Crianças e Jovens de Abrantes.Fonte: CM de 28/3/2010

Entretanto os encobridores do costume vão continuara espalhar as teses do costume:

Não há mais indisciplina na escola, o que há é menostolerância face à indisciplina.

A violência na escola não se combate castigando osalunos problemáticos.

O bullying e a violência escolares combatem-se commais formação sobre o bullying e gestão de conflitos e nãocom castigos aos alunos problemáticos ou reforço daautoridade dos professores.

Regra geral quem apresenta estes argumentos ou nuncadeu aulas, há muito que fugiu das salas de aula ou é parte

284 Indisciplina, bullying e violência na escola

Page 299: Indisciplina, Bullying e violência na escola

interessada no negócio provocado pela indisciplina e vio-lência escolares. Em qualquer caso, não merece crédito.Tão pouco merecem crédito os estudos feitos por gruposde trabalho pagos pelo Ministério da Educação com amissão subliminar de mostrar à opinião pública que ofenómeno não é grave e até está a diminuir.

Um pouco à semelhança do negócio em torno dasempresas de segurança - que vivem dependentes do fenó-meno da criminalidade e têm tudo a ganhar com políticasde segurança laxistas e frouxas - a indisciplina e a violênciaescolares proporcionam bons negócios.

Notícias diárias de educação.

A indisciplina e a violência escolar são… 285

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90O negócio em tornodos alunos, famílias e

bairrosproblemáticos

Perguntas nada inocentes:

Alguém já fez as contas ao preço por aluno dos CEF?Não é difícil adivinhar que um aluno dos CEF fica maiscaro do que um aluno num colégio privado de elite. Hámuitas turmas CEF que têm menos de 10 alunos. E muitasturmas têm mais professores do que alunos. Façam ascontas, senhores economistas!

Alguém sabe por que razão é legal suspender um alunopor 8 dias, em consequência de um processo disciplinar, enão se pode expulsá-lo da escola pública regular?

Alguém sabe explicar por que razão há-de o Estadopagar apoios sociais escolares a pais de alunos que se rec-

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usam a exercer funções parentais e não querem colaborarcom os professores na promoção da assiduidade dosfilhos?

Por que razão se há-de aceitar o princípio da sociali-zação dos prejuízos e da individualização dos benefícios?Será justo colocar os recursos da escola pública ao serviçode alunos que não querem aprender, impedem os outrosde aprender e usam os espaços escolares para agrediremcolegas, funcionários e professores?

Não seria preferível retirar esses alunos da escola púb-lica regular, oferecendo-lhes programas alternativos paraalunos incapazes de seguir um programa educativo reg-ular?

Problemático - Um bairro problemático não é, comose poderia pensar, um espaço cujas casas têm problemasnos alicerces ou nos telhados, mas sim um conjunto habi-tacional que, regra geral, saiu muito mais caro do que oprevisto, foi inaugurado por detentores de cargos políticosque discursaram sobre o esforço necessário à concreti-zação daquele projecto e cujos residentes tiveram acesso aessas casas em condições muito favoráveis. Um bairrotorna-se problemático quando, após a festa da inaugur-ação, volta a ser notícia por ali se tolerarem situações quenos outros bairros e ruas deste país são consideradascrime. Assistentes sociais, ONG e muitos gabinetes muni-cipais fazem o enquadramento nestes bairros e as soluçõespropostas passam sempre por pedir mais assistentessociais, mais dinheiro para as ONG e mais gabinetesmunicipais agora dotados da novel figura do mediadorcultural, para assim continuarem a fazer o acompanha-

288 Indisciplina, bullying e violência na escola

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mento dos bairros problemáticos, que, por sua vez, se des-dobram em escolas problemáticas e famílias problemát-icas. Política e profissionalmente, o problemático é umterritório de grandes oportunidades para gente com ambi-ções.

Helena Matos. Fonte: PúblicoNotícias diárias de educação.

O negócio em torno dos alunos, famílias… 289

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91Pais acusam: escolasque participam casos

de violência sãopenalizadas na

avaliação externa

Finalmente, a Confederação Nacional Indepen-dente de pais e Encarregados de Educação(Cnipe) disse aquilo que todos sabem e andam acalar por medo de represálias: as escolas quedenunciam os actos de violência são penalizadasna avaliação externa.Há muito tempo que façoessa acusação no ProfBlog. O encobrimento doscasos de bullying e violência escolares é conse-quência do modelo de avaliação externa das

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Page 306: Indisciplina, Bullying e violência na escola

escolas. Um modelo que premeia o show off e amentira e que tem de ser urgentemente substi-tuído por outro que seja claro e simples.Os cri-térios a ter em conta na avaliação externa dasescolas devem acentuar o cumprimento damissão da escola: o ensino. Toda essa conversafiada dos projectos, animação cultural e ocu-pação dos tempos livres deve ficar de fora dosconteúdos da avaliação externa das escolas. E aúnica forma séria de avaliar o grau de cumpri-mento dessa missão é através dos resultados dosexames nacionais com ponderação das variáveiseconómicas e sociais. A Portaria 1317/2009, quefixa o regime transitório de avaliação de desem-penho dos directores, sub-directores e adjuntos,faz depender a classificação a atribuir dos resul-tados da avaliação externa da escolas e essadependência constitui uma forte pressão para oencobrimento dos casos de violênciaescolar.Como é que esta cultura de encobri-mento e mentira se combate? A substituição doencobrimento e da mentira pela verdade dosfactos só é possível com outro governo. Um Gov-erno pós-socialista.

292 Indisciplina, bullying e violência na escola

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Estarão os professores dispostos a contribuir para essamudança? Não tenho a certeza disso. O conceito do pro-fessor-faz-tudo e da escola-agência-que-tem-como-missão-resolver-os-males-da-sociedade está demasiadoenraizado nas mentes de professores e pais, após anos eanos de lavagem ao cérebro, para que uns e outros possamaspirar a uma escola que se concentre naquilo que é a suamissão histórica: ensinar.Notícias diárias de educação.

Pais acusam: escolas que participam casos… 293

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92Propostas simplespara melhorar a

escola

Um dos problemas mais graves da escola actual éa excessiva complexidade e dispersão curricular.Há áreas curriculares a mais no 3º CEB. Osalunos passam demasiado tempo na escola. Osprofessores consomem tempo e energias em pro-cedimentos burocráticos excessivos e complexosque exigem reuniões que duram tardes inteiras,actas do tamanho de lençóis, projectos curricu-lares disto e daquilo e relatórios sobre tudo emais alguma coisa.

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Quando os inspectores se deslocam à escola a primeiracoisa que fazem é ir à procura dos papéis. Onde estão asactas? São suficientemente exaustivas? E os planos derecuperação? E os planos de acompanhamento? E osplanos de melhoria? E onde estão os relatórios? E o pro-jecto curricular de escola? Foi actualizado este ano? Senão foi, qual a razão de “tamanha” falta? E o projecto edu-cativo? Foi actualizado este ano? Se não foi, qual a razãode “tão formidável” falha? E onde estão os planos de aula?E os planos curriculares de turma? E onde estão as estraté-gias e actividades transdisciplinares?

Em vez de conversarem com os professores, os inspec-tores procuram papéis e exercem uma pressão intolerávelpara a produção e arquivo de mais pepéis. É isso que está amatar a pedagogia nas escolas e a secar a criatividade e amotivação dos professores.

Se o ME quiser melhorar a qualidade das escolas púb-licas tem de dar ordens para que se acabe com a papeladainútil e reduza e simplifique a que é absolutamente neces-sária. Manter essa carga inútil de burocracia nas escolas é amesma coisa que exigir aos polícias que passem os dias eas noites a redigirem planos de combate ao crime semcolocarem os pés de fora das esquadras.

Se o ME quiser melhorar a qualidade das escolas púb-licas tem de acabar com as áreas curriculares não discipli-nares: formação cívica, estudo acompanhado e área deprojecto. São tempos curriculares que não servem paranada, onde não se ensina nada de útil e que estendem otempo de permanência na escola dos alunos para além dotolerável.

296 Indisciplina, bullying e violência na escola

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Notícias diárias de educação.

Propostas simples para melhorar a escola 297

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Page 313: Indisciplina, Bullying e violência na escola

93Criança norte-

americana pode sercondenada a prisão

perpétua

Foz – PortoVale a pena ver a reportagem que aSIC fez ontem Criança norte-americana podeser condenada a prisão perpétua.Como é ditona reportagem, “nesta comunidade conservadoranão se fala de outro factor – a cultura da violênciaque pôs uma caçadeira à disposição de umacriança de 11 anos. A arma que o pai lhe ofereceuno Natal é uma caçadeira juvenil, concebidaespecialmente para jovens. Nesta e outras regiõesdos Estados Unidos há carreiras de tiro e

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instrução em armas de fogo para crianças desdeque acompanhadas por adultos. Os jovens ameri-canos só podem beber aos 21 anos e fumar aos18, mas podem receber instrução em armas defogo a partir dos 10 anos de idade e depois se háum problema, aos 12 já são consideradosadultos”.De outra maneira é o que estamos afazer em Portugal com as nossas crianças e osnossos jovens!Notícias diárias de educação.

300 Indisciplina, bullying e violência na escola

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94Homicida com 12

anos julgado comoadulto, nos EUA

Pôr-do-sol na Foz do PortoÉ notícia do Correioda Manhã: “O norte-americano Jordan Browntinha apenas 11 anos quando pegou na espin-garda que o pai lhe oferecera e disparou mortal-mente contra a madrasta, Kenzie Marie Houk,grávida de oito meses, enquanto ela dormia.Agora, um tribunal de Pensilvânia decidiu que orapaz será julgado como adulto e poderá ser con-denado a prisão perpétua.A acusação afirmou nojulgamento que o menino, agora com 12 anos,matou friamente a madrasta, de 26 anos, e que

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Page 316: Indisciplina, Bullying e violência na escola

depois apanhou o autocarro para a escola comose nada fosse. O bebé não sobreviveu. A criançahomicida não admitiu o crime e não manifestouremorsos, o que terá levado o tribunal a decidirjulgá-lo como adulto. Acredita-se que o rapazterá morto a madrasta por ciúmes dela e doirmão que ia nascer. Alguns media locais citamfamiliares segundo os quais Jordan teria feitoameaças de morte à madrasta, mas o pai, Chris-tian Brown, nega. O progenitor, funcionário daconstrução civil, deixou de trabalhar para apoiaro filho e recebe doações pela internet.”Nos Estados Unidos da América, coloca-se ahipótese de desistir de uma criança de 12 anos,quando se equaciona a hipótese de prisão per-pétua – o cúmulo e o extremo do que significaresponsabilização! Que Jordan seja claramenteresponsabilizado pelo seu crime, nem se discute,claro que sim, mas que seja julgado como adulto,podendo ser condenado a prisão perpétua, é oreconhecimento da falência, nesta área, daspolíticas sociais e do acompanhamento educa-tivo.Já em Portugal, a responsabilização nãoexiste porque em vez de utilizarmos o conheci-

302 Indisciplina, bullying e violência na escola

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mento que temos de cada criança e de cadajovem, para o ajudar da forma mais adequada,esse conhecimento serve para desculpabilizar ejustificar! Nem oito nem oitenta! Se se pensarefectivamente na criança e no jovem que precisada nossa ajuda, teremos uma noção mais sensatado que é o equilíbrio.Notícias diárias de edu-cação.

Homicida com 12 anos julgado como adulto… 303

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95É bullying? Não, é

violência consentida

O recente caso trágico de Leandro é de extremagravidade e constitui um claro exemplo da vio-lência escolar, que teima em persistir nas escolascom a impunidade de todos.

O encobrimento deste fenómeno começa, desde logo,com a sua própria designação: “bullyng”. Este desneces-sário estrangeirismo, substituto da palavra bem portu-guesa “violência”, configura um eufemismo, figura deretórica que consiste em dizer de forma suave o que édesagradável, disfarçando perversamente um problematão preocupante.

Na verdade, à violência estão associados numerososfactores; a confusão, a indisciplina e a falta de respeitograssam nas escolas de maneira desenfreada e ultrapassam

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as convivências conflituosas entre alunos. Nem as princi-pais figuras da educação conseguem escapar a este fenó-meno: a recepção, com vaias e ovos, da ex-ministra LurdesRodrigues, numa escola de Fafe, foi um testemunho medi-ático de relevo. Não é, pois, por acaso que os ministrospreferem visitar escolas ao fim-de-semana ou em períodosde férias.

A difícil questão educativa enunciada, como se sabe,leva os docentes a esconder casos delicados, uma vez queos professores que denunciam situações anómalas ao fun-cionamento das aulas são marginalizados pelos seuscolegas e pela restante comunidade escolar, considerandoque os culpados são os próprios por não se darem aorespeito…

A maioria dos directores, investidos de um poder imen-surável pela legislação vigente, pouco ou nada fazem paraprevenir ou resolver a violência escolar. A sua preocu-pação, num gesto politicamente correcto, parece queapenas reside em agradar aos pais e na avaliação docente,o que explica o ensurdecedor silêncio do Director daEscola EB 2/3 Luciano Cordeiro, em Mirandela, perantetão funesta ocorrência verificada com o Leandro.

A resolução deste difícil problema passa pela responsa-bilização dos alunos e pais, pelo aumento de pessoal aux-iliar, assim como por uma efectiva autoridade (não con-fundir com autoritarismo) dos professores perante alar-mantes situações de indisciplina, que coloca indubitavel-mente em risco a qualidade do ensino.

Deste modo, é imperioso tomar medidas realistas e efi-cazes na eliminação desta alarmante barbárie com o fito de

306 Indisciplina, bullying e violência na escola

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promover escolas seguras, onde todos os alunos se sintambem, se respeitem, aprendam, bem como possam ter, defacto, a tão propalada igualdade de oportunidades.

Afonso de AlbuquerqueNotícias diárias de educação.

É bullying? Não, é violência consentida 307

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96Ministério Públicoarquivou inquéritocontra agressores

que levaram Leandroao hospital

O Ministério Público informou ao Público estadecisão, justificando “com o facto de os menoresdenunciados terem menos de 16 anos e serem,por isso, inimputáveis à luz da lei penal. Naresposta, o Ministério Público (MP) não justificapor que razão os menores não foram sujeitos àsregras da lei tutelar educativa, prevista para estescasos, acrescentando apenas que remeteu o caso

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para a Comissão de Protecção de Crianças eJovens (CPCJ) de Mirandela.”

Por serem considerados inimputáveis, a estes jovens atéagora nenhuma responsabilidade lhes foi atribuída nemexigida!

Pergunto-me se é assim que se cultiva a responsabili-dade, que se exige o claro assumir das consequências dosactos que praticam. Pergunto-me também se alguémpensa que as crianças e os jovens se tornam responsáveisapenas com conversas formais e/ou informais. Elas sãonecessárias mas não suficientes e os adultos quandoactuam têm que ter bem clara esta realidade.

Mas será sensato que para este tipo de agressão, umjovem com 14, 15 ou 16 anos seja inimputável?! Não seránecessário mudar a lei?

Uma outra questão que quero colocar é a da falta deaplicação da Lei Tutelar Educativa. Eu poderia de algumaforma entender que a inimputabilidade se mantivesse se aLei Tutelar Educativa fosse aplicada nas situações em quese justifica mas tal não acontece, além de não haver vagasnas instituições competentes para crianças e jovens quemuito precisavam desse tipo de intervenção. Muitos casosde violência ou fraca resposta? Em minha opinião as duascoisas. A resposta ao combate à violência tem sido fracaquando tem obrigatoriamente que ser clara e determi-nada!

Notícias diárias de educação.

310 Indisciplina, bullying e violência na escola

Page 325: Indisciplina, Bullying e violência na escola

97Medidas para

combater o bullyingna escola

Muito me admira que o Estado continue a sub-sidiar alunos que vão à escola para aterrorizar etorturar colegas mais novos ou mais fracos.

Permitam-me alguma sugestões:1. Castigos até dois dias de suspensão devem poder ser

decretados pelo director da escola em processo sumáriosem necessidade de levantamento de processo disciplinar.

2. Os pais têm o direito ao recurso mas apenas depoisdo cumprimento da sanção pelo aluno. Os efeitos da dec-isão do director são imediatos.

3. Os “castigos” do tipo “varrer o pátio” não têm efi-cácia. Devem ser substituídos por sanções mais eficazes epunitivas: suspensão de 1 a 8 dias de frequência das aulas.

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No caso de os pais não terem quem tome conta do alunoem casa, os serviços de segurança social devem providen-ciar o apoio necessário, recorrendo, se for necessário, aserviços especializados em apoio domiciliário para oscasos de alunos com menos de 12 anos de idade

4. O director da escola deve ter poder para suspender oaluno da frequência das aulas até 8 dias. Quando os paisconcordam com a sanção não há lugar a processos discipli-nares.

5. Casos graves de bullying prolongado devem serpunidos com a transferência de escola dos agressores. Apedido dos pais, pode haver lugar à transferência de escolados alunos vítimas de bullying. Essa transferência pode,em certos casos, ser feita para colégios particulares. Nestescasos, o Estado cobre as despesas das propinas.

Notícias diárias de educação.

312 Indisciplina, bullying e violência na escola

Page 327: Indisciplina, Bullying e violência na escola

98Ricardo Silva (Apede):Sobre o estatuto doaluno, o currículo e

os horários dosprofessores

Quis ouvir o que Ricardo Silva (Apede) tem adizer sobre os termos e as consequências doAcordo estabelecido, no dia 8 de Janeiro, entre oME e os sindicatos. É conhecida a minha pos-ição: o Acordo era irrecusável. A nova conjunturapolítica, originada pelo entendimento entre oGoverno e o PSD em torno do Orçamento e aredução do défice, inviabilizaria qualquer soluçãoparlamentar para a questão das quotas. A compa-

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Page 328: Indisciplina, Bullying e violência na escola

ração entre o ECD em vigor e o que vai sair dostermos do Acordo mostra, a meu ver, que as con-dições de progressão melhoraram bastante e sãoagora muitos mais os docentes que atingirão otopo da carreira.

Não é esse o entendimento da Apede, do PROmova edo MUP. Nem do Ricardo Silva.

ProfBlog - Por que razão os sindicatos não deviam terassinado o Acordo?

Ricardo Silva - Em primeiro lugar, porque em qualquernegociação devem estar em cima da mesa apenas os supe-riores interesses daqueles que são representados e nãotemos a certeza absoluta que assim tenha sido. Está aindapor explicar a necessidade de uma maratona negocial de14 horas. E fica também por explicar o que mudou de tãoessencial entre o dia 29 de Dezembro (data da apresen-tação das contra-propostas da FENPROF) e o dia 7 deJaneiro. O que era mau ontem não pode ser bom no diaseguinte. Garantia de todos os professores com BOMpoderem atingir o topo da carreira, em tempo útil? Foiessa a conquista? Já sabemos que em muitos casos issodificilmente acontecerá e a própria ministra o tem repe-tido. Fica a sensação que os sindicatos não quiseramdevolver o protagonismo nestas negociações ao Parla-mento. Será? Porquê?

Fundamentalmente, não deviam ter assinado o Acordo,porque não ficaram satisfeitas muitas das reivindicaçõesimportantes dos professores e que os próprios sindicatosassumiram como bandeiras de luta, algumas das quais

314 Indisciplina, bullying e violência na escola

Page 329: Indisciplina, Bullying e violência na escola

consideradas absolutamente inegociáveis. Não podemospois concordar com um Acordo que contempla:

. vagas e quotas, que visam estrangular a progressão nacarreira e que deixam clara a negação total dos propaladospropósitos de distinção do mérito

. um modelo de avaliação que se mantém quase into-cado com tudo o que comporta de perverso, inadequado,inexequível, burocrático, discricionário, injusto, conflitual,etc;

. o roubo do tempo de serviço congelado entre Agostode 2005 e Dezembro de 2007, situação que afectará grave-mente todos os professores no momento do seu reposicio-namento e ao longo de toda a sua carreira;

. os efeitos das classificações do 1º ciclo avaliativoquanto à progressão na carreira, o que é vergonhoso poisserão penalizados os professores que deram “o corpo àsbalas” e beneficiados aqueles que, de forma algo oportu-nista, se candidataram a classificações de “mérito”;

. uma carreira com duração muito mais longa, que sócom muito boa vontade se poderá considerar que garantea todos os professores com BOM, o acesso ao topo emtempo útil e, além disso, com efeitos perversos no cálculodas reformas pois os professores passarão a esmagadoramaioria da carreira com salários muito abaixo do índice370;

. a transição para a nova estrutura da carreira docente épenalizadora para os professores, uma vez que a suagrande maioria regride no seu posicionamento e, por isso,demorará muito mais tempo a atingir o topo da carreira;

Ricardo Silva (Apede): Sobre o estatuto… 315

Page 330: Indisciplina, Bullying e violência na escola

. um brutal desequilíbrio nas condições de progressão,ficando claramente prejudicados sobretudo os colegasabaixo do índice 235.

. um modelo de gestão profundamente anti-demo-crático e potenciador de conflitos, tensões e agravamentodos direitos, liberdades e garantias dos professores, sendoque a Comissão de Coordenação de Avaliação do Con-selho Pedagógico resulta de uma eleição entre membrosnomeados pelo director, com todas as perversidades quedaí poderão advir;

. a manutenção de uma prova de ingresso que, a existir,deveria surgir no final do estágio como último momentode avaliação/certificação e nunca após a conclusão dalicenciatura e profissionalização, apenas como uma formade tentar estrangular o acesso à profissão a quem estálegalmente habilitado para a docência. Se algo está mal naformação de professores, importa então que o governoataque o problema pela raiz, aferindo e certificando a qual-idade das instituições às quais atribuiu alvará de funciona-mento, e não venha simplesmente tentar punir aquelesque cumpriram as regras e os requisitos impostos pelasinstituições que os formaram;

. uma autêntica nebulosa que fica no ar para o períodoapós 2013, sem quaisquer garantias que as condições deprogressão (entre outras) não possam vir a agravar-se.Curiosa aqui a ideia de que o governo não se poderiacomprometer com nada para além do limite do seu man-dato. Não sabíamos que as leis e os seus efeitos só podemser negociados para o período de vigência dos mandatosdos governos.

316 Indisciplina, bullying e violência na escola

Page 331: Indisciplina, Bullying e violência na escola

ProfBlog - Consideras que havia condições para o par-lamento pôr fim às quotas? Podes explicar?

Ricardo Silva - O Parlamento, mais precisamente oPSD, não honrou os seus compromissos com os profes-sores num passado recente, situação que não esquecemos.Mas considero que os deputados dos diversos partidos daoposição não poderiam enjeitar as suas responsabilidadesno que respeita à ultrapassagem do conflito entre profes-sores e governo, e sua agudização, que naturalmente resul-taria de um fracasso nas negociações. A resolução desteproblema, em sede parlamentar, seria tanto mais facilitadaquanto mais mobilizados estivessem os professores para aluta. E esta vai ser a grande questão para o futuro, quandofor escrita a história do processo de luta dos professoresportugueses nestes últimos anos: como explicar os níveisde mobilização/desmobilização dos professores ao longodo referido processo. Variadas são as razões, algumas maisclaras e óbvias, outras menos. Voltando à questão, con-sidero que deveriam ter sido esgotados todas as possibili-dades e caminhos que pudessem levar à obtenção de umacordo global mais satisfatório para os professores. As afir-mações recentes de José Sócrates vangloriando-se doacordo obtido, que para ele significa uma clara derrota daoposição, como de imediato veio sublinhar, são bem signi-ficativas de que ficámos a meio do caminho e que issotambém não deverá ter agradado, politicamente, a algunspartidos da oposição. Haveria portanto, do meu ponto devista, algo mais a tentar, algo mais a conquistar no âmbitoparlamentar.

Ricardo Silva (Apede): Sobre o estatuto… 317

Page 332: Indisciplina, Bullying e violência na escola

ProfBlog - Para além do ECD e da ADD, quais asmatérias que devem ter a prioridade no processo negocialem curso?

Ricardo Silva - Essas matérias são muito importantesmas é fundamental que se ataquem com muita determi-nação outros problemas, já conhecidos:

- os horários dos docentes e a sobrecarga de trabalhoque tem vindo a aumentar com a alteração das compo-nentes lectiva e não lectiva.

- é fundamental que se respeite a componente indi-vidual de trabalho, que as reuniões não continuem a multi-plicar-se com prejuízo da referida componente individual.

- é ainda muito importante que se reduza a burocracia ea papelada que massacram os professores, sem qualquervantagem ou utilidade pedagógica.

- que o apetrechamento tecnológico das escolas sejaimplementado de forma equilibrada para que não acon-teça existirem certas salas de aula com videoprojectores equadros interactivos em simultâneo e noutras escolas osprofessores se atropelem para conseguirem reservar oúnico videoprojector disponível, para toda a escola.

- o número de alunos por turma tem de ser reduzido e onúmero de turmas por professor não pode continuar achegar às sete, oito e mais turmas.

- seria importante olhar-se de uma forma especial parao trabalho dos directores de turma que, pela sua complexi-dade, responsabilidade e exigência deveria merecer umreforço da componente de redução atribuída ao desem-penho deste cargo.

318 Indisciplina, bullying e violência na escola

Page 333: Indisciplina, Bullying e violência na escola

- é absolutamente decisivo que se resolva o problemada formação contínua que, neste momento, é escassa etem de ser paga pelos professores, na maior parte doscasos. Se a frequência de acções de formação é obrigatória,como se pode obrigar os professores a pagarem uma for-mação que lhes é imposta? Formação essa, muitas vezesescassa e limitada, a decorrer em horário pós-laboral,muitas vezes aos sábados, para lá de não garantir a quali-dade e uma adequação efectiva às necessidades de for-mação de grande parte dos professores, nomeadamente,nas suas áreas disciplinares.

- a vinculação dos colegas contratados é uma questãoque tem de ser resolvida de uma vez por todas. Sendo pro-fessor do quadro há 20 anos, na mesma escola, não meesqueço nem desvalorizo as condições em que vivem e tra-balham os meus colegas, em situação mais desprotegida(não esquecendo tb o caso das AEC’s).

- a reestruturação curricular, com a extinção das áreascurriculares não disciplinares, revisão dos programas, cor-recta articulação vertical e horizontal dos programas, novodesenho curricular com reorganização dos tempos lec-tivos, serão outros aspectos importantes a trabalhar.

- deixei para o final a questão do modelo de gestão.Considero que é, neste momento, o grande CANCROque afecta o funcionamento das escolas. Cancro que temde ser extirpado urgentemente, com o restabelecimentode uma gestão democrática das escolas.

ProfBlog - O estatuto do aluno é um obstáculo à qual-idade do ensino. O que é que deve ser feito para o substi-tuir?

Ricardo Silva (Apede): Sobre o estatuto… 319

Page 334: Indisciplina, Bullying e violência na escola

Ricardo Silva - Considero que deverá ser profunda-mente reformulado, nomeadamente no que respeita àbrutal carga de trabalho burocrático que exige aos profes-sores e à escassa responsabilização que atribui aos alunosno cumprimento dos seus deveres de assiduidade, sobre-tudo nos casos de falta de assiduidade injustificada.

Notícias diárias de educação.

320 Indisciplina, bullying e violência na escola

Page 335: Indisciplina, Bullying e violência na escola

99A Liberdade gera

Vida. Páscoa Feliz!

Fátima – Cruz Alta e Igreja da Santíssima Trin-dade Sendo Filho de Deus, Cristo não precisavade ter passado por todos estes sofrimentos ehumilhações nem de ter sido morto na cruz. Mastinha uma missão que aceitou – viver a vidahumana para que o ser humano pudesse ter aresposta à sua ânsia de felicidade. Foi criança,jovem e adulto, viveu a angústia humana, viveu atraição, o sofrimento, a perda, viveu a alegria, ocompanheirismo mas, acima de tudo, amou atéao fim, mesmo que tal Lhe tivesse custado avida… Porque era livre! Porque nada nem nin-guém poderia alterar a missão que tinha aceitado

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Page 336: Indisciplina, Bullying e violência na escola

do Pai, por muitas dificuldades que pudesseencontrar!Mas esta liberdade foi mais longe, esta liberdadede amar sem limites, levou-O não só a aceitarmorrer na cruz, como também a transformar amorte em vida, ressuscitando ao 3º dia! A liber-dade de Cristo levou-O a transformar o maiorpecado da humanidade na salvação dessa mesmaHumanidade, convidando cada Ser Humano aviver uma vida nova!Acreditemos ou não que Cristo é o Filho deDeus, acreditemos ou não que Deus existe, todossomos convidados, todos os dias, a vivermos umavida nova, todos somos convidados a trans-formar-nos interiormente e a irmos mais além e éesse o Mistério Pascal – o convite a sermos de talmaneira livres no amor, que ousemos viver umaVida Nova!Também a Educação precisa de uma vida nova enão podemos, nem devemos, demitir-nos deintervir, de debater com seriedade as actuaisquestões educativas para que, todos nós quesomos intervenientes no processo educativo,

322 Indisciplina, bullying e violência na escola

Page 337: Indisciplina, Bullying e violência na escola

consigamos juntos encontrar as tão necessáriasrespostas.O ProfBlog deseja todos os leitores e comenta-dores, mas também a toda a blogosfera e a todasas pessoas de uma maneira geral, uma Páscoamuito feliz! Notícias diárias de educação.

A Liberdade gera Vida. Páscoa Feliz! 323

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100Cef, Currículos

Alternativos e Pief:lama para os olhos

Muito se tem debatido sobre as diversas alterna-tivas curriculares que têm sido oferecidas àsescolas. Muitas delas têm-nas aceitado por assu-mirem que há problemas nas suas escolas e porterem esperança que algo de efectivo se possafazer pelas crianças mais desfavorecidas. Outrasescolas não têm sequer pensado no assunto pornem sequer pensarem em manchar a imagem quecriaram. Outras ainda não o têm feito porque jáhá muito perceberam a triste e vergonhosa reali-dade que está por detrás dessas propostas.

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Page 340: Indisciplina, Bullying e violência na escola

As políticas educativas inserem-se num contexto de

política global que tem em vista apenas os interesses dealguns. Para tal, o desinvestimento na educação, o estí-mulo à falta de cultura e formação, a manipulação daforma de pensar e o progressivo minar dos valores básicosda sã convivência social, impõem-se. Cef, CurrículosAlternativos e Pief, surgem assim como uma forma deiludir que se faz alguma coisa pelas crianças e jovens maisdesfavorecidos. Na realidade, essas crianças e jovens estãoa ser discriminados porque não lhes é dada a oportuni-dade de estudarem como os outros e de irem onde osoutros vão. Para esses jovens e crianças, está reservada acertificação do mais baixo nível educativo, uma vez quesão capazes de irem muito mais longe mas se baixa o nívelaté conseguirem “ser aprovados”. Para os que apresentamcomportamentos disruptivos tudo lhes é “perdoado” –leia-se desculpado e justificado – porque tal interessa aospolíticos, mas mais tarde têm a prisão como resposta… Eainda por cima nos querem convencer que é a esta práticaque se chama pedagogia diferenciada…

Se Cef, Currículos Alternativos e Pief fossem propostas

consistentes, não teriam necessidade de existir porqueconsistente seria a educação de uma maneira geral, quedava na altura certa as respostas certas e estes problemasnão se teriam acumulado desta forma. Poderíamos aindasupor que esta seria uma solução transitória para os prob-lemas existentes mas olhando à volta e verificando que oestado da educação é cada vez pior, não se pode aceitar

326 Indisciplina, bullying e violência na escola

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que quem é responsável por tamanha enormidade educa-tiva seja também de propostas consistentes!

Mas para provar tudo isto está a prática destes pro-jectos e programas – basta analisar o perfil de entrada e operfil de saída destes alunos e perceber que depois dissopouco ou nada muda, com algumas honrosas excepções,que dependem mais ou do perfil do aluno que não seriatão problemático à partida ou de alguma equipa que tra-balhe de forma mais consistente, uma vez que estes pro-gramas foram criados para gerar falso sucesso e paraenganar todos e até estas crianças e jovens que os fre-quentam, tal como os seus pais e encarregados de edu-cação. Para provar tudo isto está também a famosa ava-liação do Siadap para os extintos conselhos executivos,que premeia quem integrou estes projectos e programasnas alternativas curriculares que apresentou à populaçãoescolar – sem perguntar primeiro se a escola tinha popu-lação escolar que justificasse a sua existência e sem per-guntar também de que forma foram aplicados, isso sim,talvez tivesse valido a pena caso fossem propostas sérias..

Basta de deixar sermos enganados e basta de máscaras e

má política. Sem rumo social e sem rumo educativo não sevai a lado nenhum, e não vale a pena fingirmos que nãovemos porque quanto maior for a bola de neve, mais difícilserá travá-la e curar as feridas das suas consequências!

Notícias diárias de educação.

Cef, Currículos Alternativos e Pief: lama… 327

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101Como combater o

bullying?

O professor Allan Beane, hoje reconhecido inter-nacionalmente como especialista em prevenção einterrupção do bullying, buscou na traumáticaexperiência familiar uma forma de compromissopara evitar que outras pessoas passem pelo quesofreu. Aos 23 anos, Curtis Beane, filho do autor,morreu vitima de consequências do bullying,após enfrentar muito sofrimento no convíviosocial, desde a infância. Allan Beane, Ph.D,passou então a orientar crianças, pais e profes-sores a prevenirem-se das agressões que acon-tecem com frequência em grupos de crianças eadolescentes. “Como crianças podem ser tão

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cruéis?” foi a pergunta que Beane fez e que nor-teou o seu trabalho de prevenção do Bullying“Havia dentro de mim um clamor por respostas. Euqueria saber se podia impedir o desenvolvimento dacrueldade, e queria detê-la depois de já ter se desen-volvido.”

Proteja seu filho do bullying descreve as principaiscaracterísticas apresentadas por crianças que sofremmaus-tratos e oferece dicas para ajudá-las a lidar com osagressores e a evitar os ataques. A palavra inglesa bully sig-nifica valentão, provocador. Hoje, o termo é usado paradescrever os alunos violentos que implicam com osmenores ou mais fracos. O bullying (acto de intimidar,oprimir) é um problema em escolas de todo o mundo,mas vai muito além da sala de aula: as agressões podemacontecer na vizinhança, ou mesmo em casa.

“Um adulto negar ou ignorar a existência daagressão é a pior coisa que pode acontecer para as crianças, aescola, a comunidade. Quando os adultos se envolvem e mobi-lizam a energia de funcionários da escola, pais, representantesda comunidade e crianças, o bullying pode ser prevenido einterrompido.”

O trata aborda diferentes formas de crueldade entrecrianças, inclusive o ciberbullying, um problema crescente:uso de telemóveis, computadores e outros aparelhos elec-trónicos para maltratar outras crianças.

Neste livro, Allan Beane, Ph.D., ensina os pais a identi-ficar, impedir e prevenir o bullying, evitando assim as trág-

330 Indisciplina, bullying e violência na escola

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icas consequências que os maus-tratos podem trazer paraa vida das crianças. O autor também esclarece a diferençaentre um conflito comum e uma intimidação, além deexplicar como ajudar a criança a denunciarem as agres-sões.

Notícias diárias de educação.

Como combater o bullying? 331

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102Palavra dos

professores vai valermais

Majestic Café – Porto

“O Ministério da Educação (ME) confirmou ontem aintenção de reforçar a autoridade dos docentes, indicou osecretário-geral da Federação Nacional de Professoresapós um encontro com a ministra Isabel Alçada. Emdeclarações à agência Lusa, Mário Nogueira afirmou quehá abertura, por parte do ME, para considerar a possibili-dade de ser reconhecido ao professor o estatuto de autori-dade pública dentro da escola, uma das propostas apresen-tadas pela Fenprof.Este reconhecimento não significa dar aos professorespoderes idênticos aos das forças de segurança. Mas comele a sanção por agressões de que sejam vítimas poderá ser

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agravada. E também terão a seu favor o princípio da “pre-sunção da verdade”. Ou seja, num incidente, e até provaem contrário, a sua palavra valerá mais do que a dos outrosenvolvidos, sendo por isso suficiente para dar início a umprocesso.” in Público - Palavra dos professores vai valermais

Tudo o que se faça que ajude as crianças e os jovens arespeitar o professor, é positivo porque é educativo. Aorespeitar o professor, a criança e o jovem aprendem arespeitar a figura do adulto, a respeitar “o outro” de umamaneira geral e são um contributo para o devolver daautoridade espontânea. Colocar a hipótese de tornar vis-ível a autoridade do professor é reconhecer que existeproblema a este nível, contudo, tal não é suficiente. Faltaagora ter força de lei.

Por outro lado, todas as medidas educativas por que seopte, têm que formar um todo coerente. Estar a decidirdesta maneira, que em minha opinião é uma decisão cor-recta, e depois responsabilizar os professores pela assidui-dade dos alunos, é estar a dar sinais contraditórios. Comodisse Isabel Alçada no parlamento, e muito bem, nãopodemos ter uma “intervenção casuística”.

Notícias diárias de educação.

334 Indisciplina, bullying e violência na escola

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103Resposta eficaz para

o problema daviolência escolar,

precisa-se!

Gerês

Segundo o Público no artigo Ministério receptivo aestatuto de autoridade pública para professor, MárioNogueira manifestou-se satisfeito com a abertura do MEàs propostas da Fenprof, nomeadamente no que dizrespeito à atribuição de estatuto de autoridade pública aosprofessores e com o reforço da formação de professoresno que respeita à gestão da indisciplina e de conflitos emsala de aula. Já tínhamos tido esta informação, pelo queparece nada ter avançado a este nível. Acrescento que con-cordo inteiramente com estas medidas porque penso queos professores, sendo uma das partes intervenientes no

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processo educativo, devem estar, tanto quanto possível,preparados para lidar com este tipo de problema. Euprópria já fiz várias acções de formação nesta área e con-siderei-as úteis, embora o formato deva ser repensado paraser mais eficaz.

Contudo, embora refira números bastante diferentesdos apresentados pela tutela, no que respeita a casos deviolência em que foi apresentada queixa, Mário Nogueiranão diz uma palavra sobre medidas para alunos e encarre-gados de educação, como se a actuação do ME sobreindisciplina e conflitos só passasse por estratégias para osprofessores. Esta atitude é completamente incompreen-sível. Uma vez mais, tal como no que respeita às propostaspara o Estatuto do Aluno, se está subtilmente a transferir aresponsabilidade da indisciplina e da violência escolar,para os professores.

Sem disciplina e sem o problema da violência escolarresolvidos, não há escola que possa funcionar devida-mente. E se as causas da indisciplina e da violência são tãodiversas, como se espera que sejam resolvidas com med-idas tão curtas?

Para saber mais

❋ Como combater o bullying?❋ Uma pessoa lê e não quer acreditar❋ Palavra dos professores vai valer mais❋ A unidade da classe não se constrói à custa de uma

paz podre – uma crítica aos sindicatos

Notícias diárias de educação.

336 Indisciplina, bullying e violência na escola

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104A segunda morte do

Leandro

Ponte Luiz I - Porto

Embora afastado do noticiário do dia/a/dia, acabei,hoje, de saber que o Relatório da IGE sobre o caso damorte do Leandro concluiu que: o Leandro não saiu daescola pela porta principal mas pelas grades (embora oscolegas e irmão que tentaram impedir que o Leandro selançasse ao rio tivessem saído pelo portão) e não foivítima de bullying.

Desculpem, mas não acredito nestas conclusões porquecontradizem os depoimentos recolhidos por vários jor-nais, entre colegas e familiares do Leandro, nos dias ime-diatamente a seguir à morte da criança.

Nos EUA, está a decorrer um processo judicial contra 9alunos que agrediram verbalmente, de fora continuada,uma aluna. Essa aluna suicidou-se. Os 9 colegas acusados

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de bullying estão a contas com a justiça norte-americana.Foram constituídos arguidos, expulsos da escola e podemvir a ser condenados a vários anos de prisão.

Em Portugal, pelos vistos, só há bullying na mente dosjornalistas e blogueiros que teimam em inventar uma reali-dade que não existe. Um aluno é agredido, insultado eameaçado,sai da escola quando devia estar numa aula e dizpara o irmão e colegas que se vai atirar ao rio porque nãoquer apanhar mais pancada. As autoridades abrem uminquérito. O que concluem? As autoridades concluem quenão houve bullying e o aluno saiu da escola pelo gradea-mento. Responsáveis? Sim, apenas um: a vítima.

Nota: A proposta da ministra da educação para consid-erar os professores autoridade pública parece-me sensata eútil. Vamos esperar que a proposta seja aprovada para aanalisar e verificar se é uma medida capaz de travar oflagelo da indisciplina e violência contra colegas e profes-sores. Ramiro Marques

Para saber mais

❋ Ministério Público arquivou inquérito contraagressores que levaram Leandro ao hospital

❋ Rio devolveu o corpo do Leandro. Resultados dosinquéritos ainda por conhecer

❋ Shame on you! Na escola do Leandro ontem foi umdia normal.

❋ A crónica de Santana Castilho no Público: Leandro,Luís, Isabel e José

❋ Amanhã, às 11h, um minuto de silêncio em todas asescolas. Em memória do Leandro. Contra o bul-lying!

338 Indisciplina, bullying e violência na escola

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Notícias diárias de educação.

A segunda morte do Leandro 339

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105BE e PCP dizem que a

indisciplina nasescolas tem

diminuído. Ficaramretidos para semprena década de 70 do

século passado

Bastou o CDS apresentar um projecto de lei dealteração do estatuto do aluno com pés e cabeça,capaz de repor a autoridade dos professores, cas-tigar os alunos indisciplinados e violentos eresponsabilizar os pais que se colocam contra osprofessores e a favor dos alunos absentistas,

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indisciplinados e malcriados para o verniz dos“amigos dos professores” se esfumar.

Para o BE, a exigência de medidas que travem o bul-lying, a indisciplina, a má educação e os insultos e agres-sões aos funcionários e professores é uma cruzada da dir-eita. Para o PCP, é o regresso ao autoritarismo salazarista.

Valha-me Deus. Esta gente parou no tempo. Con-tinuam a viver e a pensar como se ainda estivéssemos nadécada de 70 do século passado. Estas políticas desrespon-sabilizadoras e tolerantes face ao absentismo, violação dasregras e violência estão a destruir a escola pública.

Estas declarações infelizes, expressas nos órgãos oficiaisdo BE e do PCP, tiveram o mérito de lhes fazer cair a mas-cara. Eu nunca acreditei que possa haver uma escola púb-lica de qualidade com políticas que desresponsabilizam osprevaricadores, sejam pobres ou ricos e toleram a má edu-cação, o insulto contra professores, o absentismo comoforma de vida e a violência contra os mais fracos.

Notícias diárias de educação.

342 Indisciplina, bullying e violência na escola

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106Nos EUA, os bullies

teriam sido expulsosou ido para a cadeia.Em Portugal, a culpa

é do porteiro

Cheguei há poucas horas de uma viagem de 9dias a Nova Iorque e Boston depois de dez anossem visitar os EUA. O que vi, impressionou-mepela positiva. Nova Iorque e Boston, apesar darecessão e de 10% de taxa de desemprego, estãobem melhor do que estavam em 2000. Há maislimpeza e segurança nas ruas, menos sem-abrigo,ausência total de grafitis nos centros das cidades

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e um número considerável de escolas de novotipo: charter schools e magnet schools.

A ausência de grafitis e as melhorias na limpeza das ruasdevem-se a vários factores. Um deles foi a tolerância zeroface à pequena criminalidade, pequenos negócios dedroga e actividade dos gangs juvenis nos recintos escolarese nas redondezas das escolas. Os jovens delinquentes e ospequenos criminosos foram tratados como merecem: commão pesada.

As escolas incapazes de reduzirem os índices de indisci-plina e de violência sofreram grandes transformações: osdirectores foram despedidos e algumas deram origem acharter schools.

As escolas públicas foram obrigadas a aprovar códigosde conduta rigorosos e os alunos violentos começaram aser severamente punidos, incluindo a expulsão e penas deprisão para os casos mais graves.

Um exemplo da política de tolerância zero face ao bul-lying e violência escolar é o caso de 9 alunos que foramconstituídos arguidos com a acusação de bullying a umaaluna mais nova que se suicidou em consequência dasameaças e ofensas verbais continuadas. O julgamentodesses alunos está a decorrer e alguns correm o risco de irpara a cadeia. Todos foram expulsos da escola.

Se o caso se passasse em Portugal, os alunos abusadorescontinuariam a frequentar as aulas como se nada de gravetivesse acontecido. O caso do Leandro está aí para dem-onstrar a forma leviana como as autoridades educativasencaram a violência na escola:

344 Indisciplina, bullying e violência na escola

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O porteiro da Escola Luciano Cordeiro de Mirandelacorre o risco de expulsão, por alegadamente ter deixadosair o aluno Leandro no dia em que este faleceu.

Não demorou muito até que este caso acabasse comotodos os outros: ninguém é responsabilizado, excepto oelo mais fraco. Dos agressores já ninguém fala, para não ostraumatizar, coitados, e da inacção da direcção perante asagressões, também não. Resta o porteiro, que está a seralvo de um inquérito à parte, para se saber se controlavaou não as entradas e saídas da escola. Se por azar se apurarque a culpa não foi dele, alguém concluirá que terá sido dorio, que se atravessou na frente do rapaz.

Mais uma vez o sistema prova que está muito bemmontado e nunca falha. Não foi por acaso que o DirectorRegional de Educação do Norteesteve sempre muito des-cansado em relação a este assunto. Tudo está bem quandoacaba bem. Fonte: Blog Lisboa Tel Aviv

Para saber maisMore students disciplined following girl suicide

Notícias diárias de educação.

Nos EUA, os bullies teriam sido expulsos… 345

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107Em Portugal, osprofessores são

insultados eagredidos e nada

acontece aosagressores. Em

Espanha, mãe dealuno que agrediu

professora à saída daescola apanha dois

anos de prisão

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Portugal, está a tornar-se um paraíso para os pre-varicadores. O Governo socialista tudo tem feitopara passar a mensagem de que a indisciplina, obullying e a violência dentro e nos arredores dasescolas são problemas sem importância.Arranjam-se estatísticas para lançar sobre a opi-nião pública com o objectivo de desvalorizar oproblema. Mas não se diz que são cada vezmenos os professores e alunos que apresentamqueixa das agressões verbais e físicas com receiode represálias e porque sabem que, regra geral,não há consequências para os agressores.Os sindicatos, que deviam estar na primeira linhana defesa da integridade física dos docentes,lavam as mãos como Pilatos e ainda ajudam nafesta do encobrimento, desvalorização e toler-ância face à indisciplina, má educação, bullying eviolência. Os partidos de esquerda lançam mãoda cassete e acusam os jornais e blogueiros quedenunciam a violência contra professores deserem saudosistas do autoritarismo e dos temposda outra senhora.Em Espanha, os professores já beneficiam deestatuto de autoridade pública. E, como mostra

348 Indisciplina, bullying e violência na escola

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esta notícia do jornal Farol de Vigo, os pais queagridem professores vão para a cadeia:

Uma mulher foi condenada na passada quarta-feira adois anos de prisão por ter agredido, em Barcelona, emEspanha, a professora da sua filha de 13 anos, à saída doinstituto I.E.S. Roger de Flor. O caso remonta ao ano de2008 quando a condenada esperou que a professora saíssee de imediato a agrediu física e verbalmente. O tribunalsentenciou a agressora a dois anos de prisão, além dopagamento de uma multa de 120 euros pelo crime deameaças e uma indemnização no valor de 8.840 euros pordanos físicos e consequentes sequelas.

O advogado da agressora declarou que a sua cliente nãocompreende porque é que um desentendimento destanatureza resultou numa pena de prisão, mas que aindaassim aceitou a pena sem fazer quaisquer declarações

Por outro lado, a defesa da professora frisou a impor-tância da condenação para evitar que este tipo de casos semultiplique.

A condenada está ainda proibida de se aproximar daprofessora, que agora está reformada, durante dois anos,de acordo com o edição on-line do jornal ‘Faro de Vigo’.Fonte: CM de 8/4/2010

Notícias diárias de educação.

Em Portugal, os professores são insultados… 349

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108Três medidas para

salvar osadolescentes que

não querem estudar eviolam

sistematicamente asregras de

convivência social

O sistema público de educação vive há duas déc-adas o sonho da escola inclusiva. Uma ideologiapedagógica centrada na tese do bom selvagem ena putativa superioridade das metodologias con-strutivistas e românticas.

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O sonho virou pesadelo. Por mais pequenas que sejamas turmas, por mais computadores e quadros interactivosque se coloquem nas salas, há cada vez mais alunos queandam na escola mas aprendem muito pouco e - pior doque isso - andam por lá a impedir que os outros aprendam.

O sistema público de educação, carregado de ideologiaigualitária, condena esses alunos a uma vida de marginali-dade, abuso de drogas, delinquência, crime, desemprego,subsidiodependência e pobreza.

Esses alunos passam pela escola sem aprenderem osmínimos, sem desenvolverem capacidades de trabalho e -o pior de tudo - adquirindo maus hábitos e desenvolvendoum carácter deficiente.

O que fazer para salvar esses adolescentes?Criar um sistema dual com escolas do ensino técnico e

escolas de “artes liberais” - vulgarmente chamadas deliceus -, com o propósito de preparar os alunos paraseguirem cursos universitários de elevada exigência.

Os adolescentes que violem grosseiramente e de formacontinuada as regras de convivência social, seja expres-sando comportamentos de bullying, insultando profes-sores ou agredindo fisicamente os colegas, devem ser sep-arados dos restantes.

Os alunos referidos no parágrafo anterior têm direito àeducação e formação profissional, ainda que o acesso a taldireito exija a transferência para escolas de retaguarda, emregime de internato, com códigos de conduta mais rigor-osos e meios suficientes e apropriados para corrigir defi-ciências de carácter e transmitir bons hábitos. Esses alunosprecisam de formação profissional a sério. Mas ainda pre-

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Page 367: Indisciplina, Bullying e violência na escola

cisam mais de algo que as escolas públicas regulares nãosão capazes de lhes darem: aquisição de bons hábitos detrabalho, nomeadamente respeito pela pontualidade, assi-duidade, cumprimento de regras, obediência e capacidadepara prestar atenção e seguir as instruções dadas pelosprofessores. Sem a aquisição desses bons hábitos de tra-balho é impossível salvar esses adolescentes da pobreza,do crime e do desemprego.

Notícias diárias de educação.

Três medidas para salvar os adolescentes… 353

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109Um terço dos

detidos por tráficode droga têm entre

16 e 21 anos de idade.A escola públicaregular não temresposta para os

jovens delinquentes

São números alarmantes. Um terço dos detidospor tráfico de droga, em 2009, têm menos de 21anos de idade. Aos 16 anos de idade, é supostoum jovem frequentar a escola. Não é razoável quetenha por actividade principal o tráfico de droga.

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Mas é isso que acontece com milhares de adoles-centes de centenas de escolas portuguesas. E háainda os que vendem droga mas não podem serdetidos porque têm idades inferiores a 16 anos.

Um terço dos 4847 suspeitos detidos por tráfico dedroga, no ano passado, eram jovens entre os 16 e os 21anos. As conclusões constam do Relatório Anual deSegurança Interna e fundamentam-se na actividade opera-cional das forças de segurança. As autoridades assinalamque há cada vez mais jovens a dedicarem-se ao pequenotráfico.

“É possível constatar que os detidos são predominante-mente de nacionalidade portuguesa, do sexo masculino,com mais de 21 anos, mas não é de menosprezar o factode cerca de um terço se inserir no grupo etário entre os 16e os 21 anos”, refere o documento. Feitas as contas, estesjovens correspondem a 1257 dos detidos, mais de 300 queno ano anterior (953). Fonte: DN de 11/4/2010

O que pode a escola fazer por estes adolescentes? Talcomo está organizada, a escola regular não pode fazergrande coisa. Os jovens com menos de 18 anos de idadeque vendem droga dentro e nos arredores da escola pre-cisam urgentemente de ser separados dos restantes. Têmdireito à educação e à formação profissional mas nãoadianta mantê-los na escola regular. A criação de escolasde retaguarda, em regime de internato, com um código deconduta rigoroso e meios adequados para os fazer cumpriras regras, pode fazer toda a diferença.

356 Indisciplina, bullying e violência na escola

Page 371: Indisciplina, Bullying e violência na escola

Esses adolescentes precisam de formação profissional asério. Mas ainda precisam mais de algo que as escolas púb-licas regulares não são capazes de lhes darem: aquisição debons hábitos de trabalho, nomeadamente respeito pelapontualidade, assiduidade, cumprimento de regras, obedi-ência e capacidade para prestar atenção e seguir as instru-ções dadas pelos professores. Sem a aquisição desses bonshábitos de trabalho é impossível salvar esses adolescentesda pobreza, do crime e do desemprego. Fonte: Três med-idas para salvar os adolescentes que violam sistematica-mente as regras

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Um terço dos detidos por tráfico de droga… 357

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110Ambientes escolares

frouxos potenciam obullying. Verifique se

a sua escola estáorganizada para

promover o bullying

Há uma relação directa entre ambiente escolarfrouxo e a ocorrência de bullying. Uma boaforma de verificar se a sua escola está organizadapara promover o bullying é percorrer as situaçõesdescritas a seguir e anotar aquelas que estão pre-sentes na sua escola:

Baixo moral dos professores e funcionários

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Alta rotatividade dos professoresNão há padrões de comportamento pré-estabelecidosCada professor tem os seus critérios de disciplinaNão existe um código de conduta explícitoExiste um código de conduta que integra generalidades

e não aponta sançõesFalta de limpeza nas salas, corredores e recreiosFalta de funcionários para supervisão dos corredores,

banheiros e pátiosOs novos alunos não são acompanhados e apoiados

nem por alunos mais velhos nem por docentesA escola tem paredes grafitadas e ninguém se preocupa

em limpá-lasNão há orientações claras para lidar com incidentes

relacionados com o bullyingOs funcionários e os professores ignoram os insultos e

as agressões com medo de represáliasSe a sua escola tem mais do que duas destas situações, é

provável que esteja organizada para promover o bullying.Notícias diárias de educação.

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