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IMPACTOS PLUVIAIS E SUAS IMPLICAÇÕES NODISTRITO FEDERAL NO ANO CHUVOSO DE 2006
Lucas Lima Coelho
Universidade de Brasília
Lucas Garcia Magalhães Peres
Universidade de Brasília
Dra. Ercília Torres Steinke
Universidade de Brasília
INTRODUÇÃO
Após a segunda metade do século XX, por meio do salto científico e tecnológico
obtido durante e após Segunda Guerra Mundial, os fenômenos climáticos puderam ser
monitorados com maior precisão. Posteriormente, as mudanças climáticas passaram a ser
consideradas como um dos grandes desafios a serem enfrentados pela humanidade no
século XXI, principalmente devido ao alarde da comunidade científica para as consequências
que essas mudanças ocasionariam a nível global (MOLION, 2007; STEINKE, 2012).
Com o passar dos anos, as mudanças climáticas se tornaram objeto de
preocupação a tal ponto que a Organização das Nações Unidas (ONU) criou o Painel
Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), em 1988, e o tema também esteve
em pauta na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento
(CNUMAD), ocorrida em 1992, no Rio de Janeiro. Em 1997, a ratificação política do Protocolo
de Quioto por diversos países impulsionou a superexposição de fenômenos como o buraco
na camada de ozônio, o efeito estufa e mais recentemente o aquecimento global, todos
direta ou indiretamente relacionados às estas mudanças, apesar de haver controvérsias
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entre os cientistas sobre esses assuntos. A demasiada atenção dada a esses fenômenos teve
um rebatimento direto sobre mídia, a qual passou a associar a maior parte dos desastres
naturais – que têm ocorrido em quantidade e intensidade consideráveis nos últimos anos –
como consequência da suposta mudança climática pela qual a Terra vem passando
(ARMOND e SANT’ANNA NETO, 2012).
No Distrito Federal, o processo de midialização1 dos fenômenos climáticos não é
diferente das outras escalas; midialização aqui entendida como o processo de divulgação e
reprodução de um fato, fenômeno ou processo nos diversos meios da mídia (Franzão Neto,
2006). Somado a isto, a região vem apresentando, há alguns anos, inúmeros casos de
transtornos urbanos ligados à precipitação que tem afetado diretamente a população, e
como era de se esperar, os habitantes das regiões periféricas são os mais atingidos. As
vulnerabilidades naturais de determinadas áreas quando associadas às vulnerabilidades
sociais levam a inúmeras perdas – financeiras, materiais e de vidas – sendo que o dano
resultante depende da capacidade da população de resistir a um evento extremo (STEINKE,
2004; STEINKE et al., 2006).
Nesse contexto, o presente trabalho teve como objetivo identificar as principais
ocorrências de problemas urbanos relacionados e/ou expostos pelas chuvas e a distribuição
espacial desses no DF, analisando as publicações diárias de notícias do jornal Correio
Braziliense e também dados de postos pluviométricos da Companhia de Saneamento
Ambiental do Distrito Federal (CAESB), com intuito de verificar os impactos sobre a
sociedade brasiliense no ano de 2006. A importância desse estudo se dá pelo fato de que
durante o período supracitado, o DF apresentou inúmeros transtornos relacionados à
precipitação, que tiveram sua intensidade amplificada pela abundância de chuvas
concentradas em alguns meses, como é o caso de outubro de 2006. O estudo também
atende às recomendações de Monteiro (1969) e Zavattini (2003), que chamam atenção para
a carência de estudos climáticos no Planalto Central.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A transformação do espaço pelo homem na natureza, por meio da técnica, cria
os ambientes urbanos, consequência dos excedentes da produção agrícola, que são
representados no espaço geográfico pelas cidades. Por sua vez, as cidades já surgem com
inúmeras contradições: ao mesmo tempo em que são aprazíveis e com ótimas condições
1 Termo cunhado por Franzão Neto (2006).
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para o desenvolvimento da vida do homem, são também, em grande parte, desagradáveis,
degradadas e altamente problemáticas (Castells, 2002; Davis, 2006). Mendonça (2004, p.
186) pondera – em uma perspectiva mais integrada com a natureza – que “a cidade [...] não
é somente uma construção humana; ela é esta construção somada a todo um suporte que a
precedeu – Natureza – mais as atividades humanas”.
O desenvolvimento do capitalismo, à medida que ocorreu, criou na cidade seu
ponto de gestão, concentração e acumulação. O espaço urbano – devido aos fluxos do
capitalismo – está em constante reorganização espacial, seja adquirindo novas áreas para se
desenvolver, seja renovando a própria área urbana, seja ampliando uso da terra: está
sempre em transformação, pois os interesses do capital são variáveis. Essa combinação de
fatores faz com que o espaço seja ao mesmo tempo fragmentado e articulado (CORRÊA,
1993; CORRÊA, 1997).
De acordo com Christofoletti (1997), o clima é um dos aspectos que manifesta a
relação entre a sociedade e organização socioeconômica de um espaço urbano, sendo uma
interface do contraste entre o ambiente natural e o construído, pois é um dos elementos
caracterizadores do espaço da cidade. Barreto (2008, p. 8) corrobora essa afirmação,
quando diz que:
O clima constitui-se, assim, no resultado de um processo complexo, envolvendo
todos os componentes terrestres em uma variabilidade temporal e espacial.
Portanto o clima pode ser considerado como um dos elementos definidores e
um fator configurador da paisagem de um lugar.
Em vista das repetidas ocorrências dos problemas urbanos relacionados à chuva
no Brasil, diversos estudos já foram realizados sobre o assunto. Por exemplo, Teodoro
(2008) tratou sobre planejamento urbano e problemas na cidade de Maringá (PR) e para
realizar seu trabalho associou os dados de precipitação com informações obtidas nos
jornais, tendo como resultado a associação entre o número de notícias publicadas sobre o
assunto com o aumento da precipitação.
Outros estudos realizados tratam sobre a relação da mídia com os fenômenos
climáticos que ocasionam problemas para a sociedade. Cambra e Coelho Netto (1997),
utilizaram dados meteorológicos e notícias dos jornais impressos Jornal do Brasil e O Globo,
produziram um trabalho sobre as chuvas no Rio de Janeiro no mês de março de 1993, onde
constataram que a ocupação dos morros e encostas pelas favelas em alguns bairros da
cidade, em curso desde a década de 40, nos primórdios da industrialização brasileira,
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resultou em um aumento do fluxo superficial das águas provenientes da chuva, que, por
conseguinte, provocou alagamentos e enchentes, já que o sistema de drenagem pluvial
urbano não foi readequado para expansão da cidade. Souza (2007), ao estudar a relação
entre clima e saúde em ambientes urbanos, com ênfase em problemas respiratórios,
utilizou notícias de jornais para verificar como a imprensa refletia os problemas enfrentados
pela população. Seus estudos procuraram identificar com mais detalhes para além da
pesquisa quantitativa a relação entre eventos climáticos extremos e suas consequências e
as enfermidades do aparelho respiratório.
No Distrito Federal, o trabalho de Coelho et al. (2013), realizado por meio de
notícias do jornal Correio Braziliense, buscou verificar a intensidade dos impactos
relacionados à precipitação de mais de 2000 mm anuais registrados em algumas estações
da CAESB no ano de 1992. Os autores constataram que o alto montante acumulado de
chuva se deu em razão de um forte fenômeno El Niño-Oscilação Sul que se deu no período
que compreende os anos de 1990-1993 e que as áreas mais afetadas no período
corresponderam às mesmas que Barreto (2008) havia apresentado para um período
posterior, como Ceilândia e Samambaia, mostrando assim a reincidência dos impactos
pluviais sobre essas localidades.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Caracterização da área de estudo
A área utilizada para este trabalho corresponde ao Distrito Federal (DF),
localizado no Planalto Central do Brasil, na região Centro-Oeste. De acordo com o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) o DF possui área de 5.802 km², tendo como
limítrofes: o paralelo 15º 30’ S ao Norte, o paralelo 16º 03’ S ao Sul, a Leste o rio Preto e a
Oeste o rio Descoberto. O DF também é compreendido politicamente em 31 Regiões
Administrativas (RA), conforme a Figura 1: Brasília (RA I), Gama (RA II), Taguatinga (RA III),
Brazlândia (RA IV), Sobradinho (RA V), Planaltina (RA VI), Paranoá (RA VII), Núcleo Bandeirante
(RA VIII), Ceilândia (RA IX), Guará (RA X), Cruzeiro (RA XI), Samambaia (RA XII), Santa Maria (RA
III), São Sebastião (RA XIV), Recanto das Emas (RA XV), Lago Sul (RA XVI), Riacho Fundo (RA
XVII), Lago Norte (RA XVIII), Candangolândia (RA XIX), Águas Claras (RA XX), Riacho Fundo II
(RA XXI), Sudoeste / Octogonal (RA XXII), Varjão (RA XXIII), Park Way (RA XXIV), Setor
Complementar de Indústria e Abastecimento – SCIA (RA XXV), Sobradinho II (RA XXVI), Jardim
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Botânico II (RA XXVII), Itapoã (RA XXVIII), Setor de Indústria e Abastecimento – SIA (RA XXIX),
Vicente Pires (RA XXX) e Fercal (RA XXI).
Figura 1. Cartograma das Regiões Administrativas do Distrito Federal em sua atual configuração.
Fonte: Google Imagens.
Quanto à geomorfologia, Steinke (2003) dividiu as unidades morfológicas do
Distrito Federal em quatro padrões segundo o grau de dissecação do relevo e a posição
altimétrica, a saber: Padrão Aplainado Superior; Padrão Aplainado Inferior; Padrão em
Colinas e Padrão Dissecado. Esses padrões condicionam a hidrografia da região, cujos
cursos d’água pertencem às três Regiões Hidrográficas mais importantes da América do Sul:
a bacia do Paraná (Rio São Bartolomeu, Lago Paranoá, Rio Descoberto, Rio Corumbá e Rio
São Marcos), bacia do São Francisco (Rio Preto) e bacia do Tocantins (Rio Maranhão). O
padrão encontrado determina a ocorrência de rios de planalto e de grande quantidade de
canais de primeira ordem e de nascentes.
Quanto ao clima, o Distrito Federal está sujeito à predominância das seguintes
massas de ar: massa Tropical Atlântica (mTa) que, devido à ação persistente do Anticiclone
Semifixo do Atlântico Sul, possui atuação relevante durante o ano todo. Durante o verão a
massa Equatorial Continental (mEc), atraída pelos sistemas depressionários do interior do
continente, como a Baixa do Chaco, tende a avançar do NW, ora para SE, ora para ESE,
atingindo a região, onde provoca elevação das temperaturas, sendo responsável ainda pelo
aumento da umidade e das precipitações. Essas massas de ar, associadas à posição
geográfica da região permitem observar dois períodos marcantes, um seco e outro chuvoso.
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De maneira geral é possível afirmar que o período compreendido entre os meses de maio a
setembro (seco) possui as seguintes características: intensa insolação, pouca nebulosidade,
forte evaporação, baixos teores de umidade no ar, pluviosidade reduzida e grande
amplitude térmica (máximas elevadas e mínimas reduzidas). O inverso se dá no período
chuvoso, que vai de outubro a abril. O comportamento anual da chuva e da temperatura do
ar no Distrito Federal é mostrado no Gráfico 1 (STEINKE, 2004).
Gráfico 1. Variação anual do total mensal de precipitação e da média mensal da temperatura do ar noDistrito Federal no período de 1961 a 1990.
Fonte dos dados: Normais Climatológicas 1961-1990. Elaborado por: Lucas Lima Coelho.
Quanto à vegetação, segundo SEMARH (2000), a área de estudo situa-se na
região do Cerrado e apresenta diferentes tipos de vegetação, tais como: Cerradão, Cerrado
Típico, Campo Cerrado, Campo Sujo e Campo Limpo, Matas Ciliares, Veredas e Campos
Rupestres.
Etapas do desenvolvimento da pesquisa
Para alcançar os objetivos propostos, primeiramente foi realizada uma ampla
revisão bibliográfica sobre o tema, das relações entre a dinâmica climática e a mídia no
Brasil e no Distrito Federal.
Na segunda etapa foi realizado o processo de análise documental sobre
problemas urbanos relacionados à precipitação encontrados no principal jornal impresso do
Distrito Federal, o Correio Braziliense. O procedimento consistiu em:
• Verificar todas as edições diárias dos anos de 2006, pelo acesso no Centro de
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Documentação (CEDOC) do jornal ou pela busca no sistema Busca CB na Internet;
• Selecionar todas as notícias referentes à chuva neste período, tendo em vista
que não são encontradas em outras fontes relatos semelhantes e em riqueza de detalhes
sobre os transtornos urbanos nestes anos;
• Catalogar cada notícia selecionada em um banco de dados, onde foram
classificadas e listadas de acordo com a data, página da notícia, caderno do jornal,
ocorrência ou não de fotos, título da notícia, informações adicionais (que relatam apenas
dados pontuais e relevantes das notícias), problemas urbanos relacionados às chuvas
encontrados, região administrativa afetada e referência bibliográfica da notícia;
• Excepcionalmente para os problemas urbanos, foi criada pelo autor uma
classificação própria, de acordo com as reportagens que foram encontradas. Os problemas
urbanos foram agrupados então da seguinte forma: abertura das comportas do Lago
Paranoá; acidentes de trânsito; alagamentos; danos ao patrimônio material (carros e casas
principalmente); desalojamentos; descargas elétricas; destelhamentos; engarrafamentos;
enxurradas; erosões; espalhamento de resíduos; formação de lamaçais; granizo;
inundações; paralisação de obras; problemas de infraestrutura nas vias; quedas de árvores;
quedas de energia; ventanias; outros.
O Correio Brazilense foi o jornal escolhido por ser publicado diariamente desde
1960, época de fundação de Brasília, e por ter em seu acervo importante registro histórico
relacionado aos fenômenos meteorológicos na cidade, apresentando sempre que possível
entrevistas com especialistas locais sobre o assunto, o que lhe confere credibilidade às
informações apresentadas e dá possibilidade de realizar o levantamento dos fatos ocorridos
relevantes para a pesquisa, conforme aponta Coelho et al. (2013), além de permitir o acesso
às notícias já publicadas por meio da Internet.
Na terceira etapa, foi realizada a associação das notícias selecionadas com os
dados meteorológicos da CAESB. Contudo, ocorreu a possibilidade de observar nos dados
numéricos dois entraves à realização da pesquisa: inconsistência dos dados – na sua coleta
e cobertura do recorte espacial – e sua espacialização. Para solução destes entraves foram
utilizadas as Normais Climatológicas (INMET, 2010), documento lançado a cada 10 anos que
apresenta uma média de diversos parâmetros meteorológicos, compreendidos mensal e
anualmente num período de 30 anos, nos locais onde o Instituto Nacional de Meteorologia
(INMET) tem postos e estações meteorológicas, com equipamentos rigorosamente
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calibrados de acordo com os padrões internacionais de medição climática e meteorológica.
Neste procedimento, também foi executada a análise de todos os dados obtidos à luz do
material teórico para compreender a totalidade dos impactos pluviais do ano de 2006 no
Distrito Federal, tendo sido analisada sua correlação com os sistemas atmosféricos atuantes
na região.
A última etapa tratou da elaboração escrita e revisão da pesquisa, onde foram
redigidos todos os procedimentos anteriores, apresentados os resultados obtidos e a
discussão destes, e também apresentadas as considerações finais e recomendações, com
intuito responder aos objetivos e questões de pesquisa propostos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O ano de 2006 foi um ano extremamente chuvoso. Somente no posto
pluviométrico da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Norte foi registrado um total de
precipitação acumulada mensal de 1686,9 mm de chuva, aproximadamente 9,5% acima da
Normal Climatológica de precipitação acumulada anual que é de 1540,6 mm. No período
chuvoso, ou seja, de novembro a abril, o Gráfico 2 mostra que o valores registrados de
chuvas não se distanciaram muito da Normal, com uma grande ressalva, porém, para o mês
de outubro, que apresentou comportamento atípico para a época. Sozinho, o mês de
outubro representou 468,1 mm de precipitação nessa estação, quase um terço da
precipitação que foi registrada durante todo ano.
Gráfico 2. Gráfico comparativo entre a pluviometria mensal acumulada na Estação de Tratamento deEsgoto (ETE) Norte da CAESB e a média mensal compensada da Normal Climatológica.
Elaborado por: Lucas Lima Coelho.
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No ano de 2006 foram encontradas 52 reportagens referentes aos problemas
urbanos relacionados às chuvas, observando-se que a maior quantidade de notícias se deu
nos meses de fevereiro, com 11 reportagens, e outubro, como era de se esperar, com 23
reportagens, como pode ser aferido no Gráfico 3.
Gráfico 3. Gráfico comparativo entre a pluviometria mensal acumulada na Estação de Tratamento(ETE) Norte da CAESB e quantidade mensal de reportagens encontradas.
Elaborado por: Lucas Lima Coelho.
Também se pode verificar no Gráfico 3 que, nos meses de janeiro e fevereiro, o
número de notícias veiculadas foi proporcionalmente abaixo da precipitação registrada, o
que pode ser um indício de precipitações que ocorreram de forma mais concentrada e
intensa, já que, por exemplo, os meses de março, novembro e dezembro registraram grande
volume de precipitações, porém, com menos notícias publicadas com relação aos problemas
urbanos relacionados às chuvas.
Ao longo do ano foram relatados, nas reportagens, 129 problemas urbanos
relacionados às chuvas, sendo que deste total, como mostra o Quadro 1, os alagamentos,
com 21 registros, foram os problemas encontrados de forma mais recorrente, seguidos
pelos danos ao patrimônio material, com 17 registros; os acidentes de trânsito, com 11
registros; e as enxurradas, com 10 registros. Nota-se também que os problemas urbanos
ficaram concentrados nos 1º e 4º trimestres do ano, com 45 e 78 registros, respectivamente,
sendo que o 4º apresentou quase o dobro de problemas encontrados no 1º. O fato de a
estação seca e chuvosa serem muito bem definidas no DF, nesses trimestres, é um fator
preponderante para que estes concentrem os registros dos problemas urbanos aqui
pesquisados, tendência que também pode ser observada nos demais anos do estudo.
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Quadro 1. Tabela de problemas urbanos encontrados por trimestre de acordo com a sistematizaçãodas reportagens do jornal Correio Braziliense. Os problemas destacados em amarelo foram os mais
recorrentes, tendo sido registrados por mais de 10 vezes nas notícias do jornal.
Quantidade de problemas urbanos relacionados à chuva relatados por trimestre no ano de 2006Problema Urbano 1º trim. 2º trim. 3º trim. 4º trim. TotalAbertura das comportas do Lago Paranoá 0 0 0 1 1Acidentes de trânsito 3 1 0 7 11Alagamentos 5 1 1 14 21Danos ao patrimônio material 9 0 1 7 17Descargas elétricas 1 0 0 1 2Destelhamentos 3 0 0 0 3Desalojamentos 0 0 0 3 3Engarrafamentos 2 1 1 2 6Enxurradas 5 0 0 5 10Erosões 3 0 0 5 8Espalhamento de resíduos 2 0 0 1 3Formação de Lamaçais 2 0 0 5 7Granizo 0 0 0 1 1Inundações 0 0 0 2 2Paralisação de obras 0 0 0 6 6Problemas de infraestrutura nas vias 1 0 0 6 7Quedas de árvores 2 0 0 3 5Quedas de energia 4 0 0 2 6Ventanias 3 0 0 2 5Outros 0 0 0 5 5Total 45 3 3 78 129
Elaborado por Lucas Lima Coelho.
Ao serem analisadas as porcentagens dos impactos das chuvas na área urbana
(Gráfico 4), verificou-se que a maior parte das notícias englobou quatro grandes problemas,
que juntos responderam por quase metade dos problemas pesquisados: os alagamentos, os
danos ao patrimônio material, os acidentes de trânsito e as enxurradas.
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Gráfico 4. Gráfico representativo da porcentagem dos principais problemas urbanos relacionados àchuva no ano de 2006.
Elaborado por: Lucas Lima Coelho.
Na análise de conteúdo das notícias do mês de janeiro, notam-se poucos
problemas graves, do dia 4, onde uma chuva convectiva provocou três acidentes de trânsito
e teve ventos fortes, até o dia 28, quando ocorreu o fim de um veranico (Ferri e Librelon,
2006), que é um curto período de estiagem em meio à estação chuvosa, comum nesta época
do ano. Isso levou o Corpo de Bombeiros registrar 22 ocorrências, como destelhamento de
casas, fortes ventanias e consequentemente danos ao patrimônio material. Reportagem do
dia 1º de fevereiro mostra que apesar da chuva ter sido forte nesse mês, o INMET registrou
apenas 123,2 mm de precipitação, abaixo das expectativas do órgão, que era de 241,4 mm.
Mesmo abaixo do esperado, as chuvas foram concentradas. Isso significa que, não é porque
o volume de chuva não é expressivo, que problemas com relação à chuva não irão ocorrer.
No mês de fevereiro a chuva permaneceu intensa, sendo o segundo mês como o
maior registro de reportagens publicadas no ano de 2006. Chuvas rápidas de cerca de uma
hora foram suficientes para causar alagamentos e quedas de energia elétrica em diversos
pontos da cidade. Com as fortes chuvas, erosões também se tornaram destaque em duas
matérias do dia 11. As reportagens apontam que a construção civil é a principal responsável
pelo surgimento das erosões, que com as chuvas fortes e intensas do final do verão acabam
sendo alargadas pela água. Condomínios irregulares e invasões são as áreas mais afetadas,
pois não possuem infraestrutura, como rede de águas pluviais, para evitar que a população
passe por problemas.
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O mês de março permaneceu chuvoso, registrando chuva acima da média
histórica. Neste mês pode-se destacar o alagamento das quadras topograficamente mais
rebaixadas da Asa Sul e Norte, como a quadra 402 Norte. Devido ao intenso processo de
ocupação e impermeabilização do solo, especialmente com a criação das quadras 900, a
água, que antes infiltrava na terra e abastecia os lençóis freáticos, agora escorre
superficialmente para as áreas mais rebaixadas do Plano Piloto, alagando principalmente as
partes baixas dos viadutos, que não tiveram suas galerias de águas pluviais projetadas para
suportar o volume de água escoada, tornando-se assim pontos frequentes de alagamento.
Inclusive, até o ano de 2013, essa questão, não foi resolvida pelo Governo do DF, sendo
constante na cidade, com registro até mesmo de mortes, como se vê na Figura 2.
Figura 2. Fragmento da reportagem do dia 9 de outubro de 2013, onde Geovanna Moraes de Oliveira,de 6 anos, morreu afogada em viaduto que fora alagado com forte chuva.
Fonte: Correio Braziliense.
No mês de abril o volume de chuvas diminuiu. Neste mês foi registrada apenas
uma reportagem, encerrando assim a época das chuvas, segundo os dados pluviométricos
da CAESB. Em junho e agosto foram registradas chuvas atípicas para o período. Essas
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chuvas foram causadas pelo avanço frentes frias oriundas do sul do país, ocasionando o
rompimento do bloqueio atmosférico causado pela predominância, no Centro-Oeste, da
massa de ar Tropical Atlântica Continentalizada, grande responsável pelo tempo seco nos
meses de inverno e primavera. As chuvas tiveram efeito principalmente no trânsito,
causando acidentes e engarrafamentos.
De todo o ano estudado o mês de outubro foi aquele que teve o maior volume
de precipitações e a maior quantidade de notícias, registrando mais de 500 mm em algumas
estações da CAESB. Até o dia 6, as chuvas ocorreram de maneira rotineira para o mês, ou
seja, dentro da Normal Climatológica, tendo sido registrados apenas acidentes de trânsito.
Até dia 14, as chuvas já haviam passado a média no mês, que é de 172 mm e, de acordo com
o INMET, até esse dia havia chovido 195 mm, ou seja, aproximadamente 13,4% a mais. Em
apenas um dia (07/10) choveu 70 mm, maior quantidade diária do ano. O volume de chuvas
provocou desalojamentos na Vila Rafael, em Ceilândia.
Até o dia 20 de outubro, já havia chovido 271 mm, de acordo com a notícia nº 27,
57% a mais do que é esperado para o mês de outubro, conforme o INMET aponta na mesma
reportagem. Os alagamentos e quedas de energia elétrica foram bastante constantes nesse
período, atingindo uma boa parte das Regiões Administrativas do DF. De acordo com
Steinke et al. (2006) as fortes precipitações do mês de outubro foram provocadas pela
atuação de sistemas frontais e da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), que ocorreu
entre os dias 17 e 20, provocando essas chuvas intensas. Não obstante, até o dia 23 de
outubro havia chovido 373 mm, 116% acima da média do mês de acordo com o INMET,
provocando a inundação de alguns córregos que levaram os órgãos de defesa à vida a
desalojar muitas pessoas em áreas de risco.
No dia 27 de outubro foram publicadas uma série de reportagens sobre o
excesso de chuvas, as mais completas e abrangentes encontradas nesse mês. O destaque
para o acontecimento foi tão grande que as reportagens foram destaque na capa do jornal e
a reportagem Águas de Outubro ocupou toda uma página do caderno Cidades, como
mostrado na Figura 3.
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Figura 3. Página inicial do caderno Cidades do dia 27 de outubro de 2006.
Fonte: Correio Braziliense.
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O INPE (2006) divulgou em seu boletim de análise climática que o excesso de
chuvas no centro do Brasil no mês de outubro se deu pela passagem de 6 sistemas frontais
seguidos. A estação ETE Sul da CAESB registrou 468,1 mm no mês, enquanto a estação
meteorológica do INMET registrou impressionantes 526 mm. O volume de chuvas também
levou à abertura das comportas da Barragem do Paranoá, para evitar que o lago inundasse
as áreas adjacentes e garantir a preservação da estrutura da barragem.
No mês de novembro, ouve uma diminuição do volume de precipitação com
relação a outubro, sendo que a pluviometria acumulada mensalmente foi de 219,4 mm,
muito próxima da média da Normal (231,1 mm). O mês foi caracterizado por chuvas rápidas,
intensas e concentradas em determinadas regiões administrativas do DF, como São
Sebastião e Itapoã, causando principalmente alagamentos, danos ao patrimônio material,
enxurradas, quedas de árvores e ventanias.
No mês de dezembro o volume de chuvas acumulado voltou a subir, todavia,
não na mesma intensidade que o mês de outubro. Mesmo tendo registrado 264 mm de
precipitação acumulada, um valor alto, porém comum para a época, foram publicadas
somente sete reportagens referentes aos impactos pluviais. A maior parte trata de acidentes
de trânsito e problemas de infraestrutura nas vias.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados dessa pesquisa mostraram que as precipitações, na maioria das
vezes, não são as principais ocasionadoras dos problemas urbanos como é divulgado e
observado na mídia impressa, sendo consideradas as grandes vilãs no lugar da falta de
planejamento dos agentes públicos e privados ou pela imprudência dos próprios moradores
do Distrito Federal, com o intuito de maquiar, mesmo que de maneira não intencional, a
insustentabilidade de uma cidade que há mais de 50 anos fora planejada para ter no
máximo 500 mil habitantes e que hoje continua a crescer desordenada e deliberadamente,
ultrapassando cinco vezes o número de habitantes proposto em seu plano original. O fato
de seu projeto original prever uma quantidade limitada de habitantes constituiu-se em um
grave erro de planejamento que hoje recai diretamente sobre os brasilienses de todas as
Regiões Administrativas, afetando principalmente o trânsito e a qualidade de vida de toda
população.
Observa-se também que as regiões administrativas Brasília (RA I), Ceilândia (RA
IX), Taguatinga (RA III) e Sobradinho (RA V) sofreram mais impactos pluviais porque a
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primeira concentra a maior parte dos serviços e empregos do DF, o que ocasiona grande
circulação de veículos e pessoas; enquanto que a RA IX é um dos principais eixos condutores
de urbanização na região desde sua criação e tem crescido desordenadamente tanto
demograficamente quanto espacialmente, principalmente sobre áreas de risco; a RA III, até
2009, possuía em sua área a atual região administrativa de Vicente Pires (RA XXX), que se
urbanizou sobre uma área ambientalmente frágil, repleta de mananciais; e a RA V, tal qual
Ceilândia, possuía em sua área um espaço que em 2012 se tornou outra RA: a Fercal (RA
XXXI), construída sobre uma área geológica e geomorfologicamente não apropriada, muito
próxima ao leito dos rios. Os problemas urbanos relacionados às chuvas se mostraram mais
acentuados, como se esperava, no período chuvoso, que começa em meados de outubro e
se encerra em abril no Distrito Federal.
Para minimizar os efeitos negativos das chuvas sobre a população
recomendam-se algumas ações:
• Ampliação e aumento da efetividade da rede pública de transportes do DF
para atrair mais passageiros e reduzir o número de veículos em circulação, o que
consequentemente também reduziria a quantidade de automóveis nas vias e os acidentes
de trânsito, melhorando a circulação de veículos;
• Descentralização dos órgãos e partições públicas do Plano Piloto para
diminuir o deslocamento diário e mútuo da maioria dos trabalhadores do DF, o que
melhoria a fluidez do trânsito nos horários de pico e ajudaria a desenvolver outras Regiões
Administrativas do DF;
• Fiscalização rigorosa das áreas de ocupação e expansão urbana no DF por
parte do poder público, levando em conta que a maioria de áreas de expansão da cidade
estão sobre espaços de recarga dos mananciais e infiltração da água das chuvas,
prejudicando a reposição da água pelo lençol freático, o que futuramente pode ocasionar
problemas de abastecimento. Diminuindo a infiltração, aumenta o volume de água que
escorre superficialmente, excedendo muitas vezes o limite do sistema de coleta de águas
pluviais;
• Descentralização dos órgãos e partições públicas do Plano Piloto para
diminuir o deslocamento diário e mútuo da maioria dos trabalhadores do DF, o que
melhoria a fluidez do trânsito nos horários de pico e ajudaria a desenvolver outras Regiões
Administrativas do DF;
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• Descentralização dos órgãos e partições públicas do Plano Piloto para
diminuir o deslocamento diário e mútuo da maioria dos trabalhadores do DF, o que
melhoria a fluidez do trânsito nos horários de pico e ajudaria a desenvolver outras Regiões
Administrativas do DF;
• Obras de construção, reforma e recapeamento de vias devem ser executadas
na estação seca para prevenir defeitos na qualidade do asfalto e surgimento de rachaduras,
buracos e crateras. Uma ação como esta também ajudaria a reduzir as “operações
tapa-buraco”, que surgem como uma forma de resolver o problema de maneira paliativa,
sendo necessária sua repetição emergencial todos os anos a um baixo custo-benefício;
• Realização de obras de drenagem, como a construção de galerias de águas
pluviais, alargamento dos dutos de escoamento das águas.
Conclui-se com esse estudo que os problemas urbanos relacionados às chuvas
afetam todas as classes sociais, afetando desde áreas onde habitam as classes altas e
médias, como o Plano Piloto, até áreas de risco, onde habitam classes mais pobres, como a
Ceilândia. Não cabe somente ao poder público tomar medidas efetivas para prevenir esses
problemas, mas a toda sociedade, desde que esta se conscientize de que as ocupações de
áreas irregulares, o lixo, o excesso de veículos nas ruas, dentre outras coisas que poderiam
ser citadas, trazem ônus para si própria.
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IMPACTOS PLUVIAIS E SUAS IMPLICAÇÕES NO DISTRITO FEDERAL NOANO CHUVOSO DE 2006
EIXO 4 – Problemas socioambientais no espaço urbano e regional
RESUMO
Desde sua fundação, há mais de 50 anos, a cidade de Brasília e suas Regiões Administrativas, que
compreendem o Distrito Federal (DF), têm passado por um intenso processo de urbanização.
Hoje, a região que fora planejada na década de 1950 para ter no máximo 500 mil habitantes já
comporta o quíntuplo desse número, o que agrava a intensidade de problemas urbanos ligados às
chuvas. O ano de 2006, em particular, foi um ano atípico em relação aos anteriores devido ao
grande volume pluviométrico acumulado anualmente, sendo que em algumas estações da
Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (CAESB) foram registrados valores que
superam os 2000 mm, enquanto que o valor da Normal Climatológica de precipitação acumulada
anual para o DF é de 1540,6 mm. Nesse contexto, o presente trabalho teve como objetivo
identificar as principais ocorrências de problemas urbanos relacionados e/ou expostos pelas
chuvas e a distribuição espacial desses no DF, analisando as publicações diárias de notícias do
jornal Correio Braziliense e também dados de postos pluviométricos da CAESB, com intuito de
verificar os impactos sobre a sociedade brasiliense no ano de 2006. A técnica utilizada permitiu,
ainda que preliminarmente, realizar a quantificação dos problemas urbanos relacionados às
chuvas, sendo que os acidentes de trânsito, alagamentos e acidentes de trânsito são os mais
recorrentes nas notícias verificadas. Observou-se que as precipitações, na maioria das vezes, não
são as principais ocasionadoras dos problemas urbanos, como é divulgado e observado pela
mídia impressa, mas favorecem a exposição desses problemas. Assim, a falta de planejamento
urbano dos agentes públicos e privados aliada à imprudência dos próprios moradores do DF em
ocupar a cidade deliberadamente, sobretudo em áreas de risco, são, na verdade, as grandes
dificuldades a serem vencidas por toda população.
Palavras-chave: problemas ambientais urbanos; planejamento urbano; chuva.
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