impactos de enchente, dragagem de aprofundamento e dinâmica
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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ MESTRADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA AMBIENTAL
IMPACTOS DE ENCHENTE, DRAGAGEM DE
APROFUNDAMENTO E DINÂMICA
ESTUARINA SOBRE A ICTIOFAUNA NO
ESTUÁRIO DO RIO ITAJAÍ-AÇU, SC, BRASIL
ALINE ANTUNES
Itajaí, 21 de julho, 2010
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ MESTRADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA AMBIENTAL
IMPACTOS DE ENCHENTE, DRAGAGEM DE
APROFUNDAMENTO E DINÂMICA
ESTUARINA SOBRE A ICTIOFAUNA NO
ESTUÁRIO DO RIO ITAJAÍ-AÇU, SC, BRASIL
ALINE ANTUNES
Dissertação apresentada à Universidade
do Vale do Itajaí, como parte dos
requisitos para obtenção do grau de
Mestre em Ciência e Tecnologia
Ambiental.
Orientador: Prof. Dr. Paulo Ricardo
Schwingel.
Itajaí, 21 de julho, 2010
i
ii
À minha mãe e minha irmã, amigas de alma. Ao meu pai e a todos os amigos e
irmãos de coração (aqui incluo todos do LOB!).
iii
“Cuide da natureza porque ela cuida de você”.
iv
AGRADECIMENTOS
...mais importante que o resultado, é o caminho vivenciado até ele.
Caminhar só ... perde a graça ... impraticável...
E a todos que caminharam comigo, meus eternos agradecimentos.
Ao meu orientador e amigo, Dr. Paulo Ricardo Schwingel, não só por me ensinar o caminho,
mas pelo carinho, pela amizade, pelas conversas, pelas risadas, brincadeiras. Uma pessoa
muito especial!
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), pela
concessão da Bolsa de Pesquisa e ao Porto de Itajaí, pelo auxílio financeiro.
Ao Dr. José Angel Alvarez Perez, Dr. Paulo Ricardo Pezzuto e Dr. Henry Louis Spach, pelas
preciosas contribuições científicas.
A todos do LOB!!! Não somente pela ajuda científica, mas pela amizade e carinho. Sem
palavras ... Agradecer a todos é realmente uma tarefa impossível! Obrigada a todos, de
coração. Saudades serão muitas, até dos apelidos ... por reclamar do meu chimas (exercício
pra bochecha promoter!) ... me culpar por tudo que estragava no LOB (e pelo desmatamento
da Amazônia!) ... do meio-bolo que levei com tanto carinho... Enfim, sintam-se todos
agradecidos. Obrigada!!!
Ao Sandro, O Barqueiro, e ao Mestre Mú, fiéis companheiros de navegação, obrigada não
só pelo eficiente trabalho realizado em campo, mas pelo carinho e amizade.
E a todos que participaram das saídas. Difícil mencioná-los aqui ... Muito obrigada!
A todos que ajudaram na triagem e identificação. Aos milhares ... tanto os peixes, quanto os
ajudantes ... Jose, Aline, Rafa, Til, Bruno, Barutas, Martin, Pepeca, Rodrigo ....... Citar todos
... impossível! Impossível mesmo seria vencer esta etapa sem a ajuda de vocês. Obrigada!
A todos do Lab. do Tito, em especial à Aninha e ao Mateus, por toda a ajuda estatística,
sempre dispostos a sanar minhas intermináveis dúvidas. Obrigada por tudo!!
À Carlinha, por todo o apoio estrutural e bibliográfico. Obrigada querida!!
Ao Prof. José Gustavo, pelas dicas, informações, pelos livros de dragagem, pelo Seminário
em Antonina e por fazer as saídas no Itajaí-Açu acontecerem...
A todos do Lab. de Química, pelo apoio estrutural e também pela amizade, ao Prof. Jurandir,
ao Maicon, à Pati, Ricardo, Peixer ...
Às amadas D. Benta e D. Magda, por todo o carinho. Duas pessoas muito especiais.
Às queridas Rose, Ale e Pamela, por todo o carinho e atenção!
E a todos que aqui não foram mencionados, mas que também participaram da caminhada ...
v
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS.............................................................................................................vi
LISTA DE TABELAS ..........................................................................................................viii
RESUMO .............................................................................................................................. x
ABSTRACT ......................................................................................................................... xi
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1
2. OBJETIVOS...................................................................................................................... 9
2.1 Objetivo Geral.............................................................................................................. 9
2.2 Objetivos Específicos .................................................................................................. 9
3. METODOLOGIA ..............................................................................................................10
3.1 Área de Estudo...........................................................................................................10
3.2 Amostragem ...............................................................................................................11
3.2.1 Ictiofauna.............................................................................................................14
3.2.2 Parâmetros Físico-Químicos................................................................................15
3.3 Análises Estatísticas...................................................................................................16
4. RESULTADOS.................................................................................................................18
4.1 Caracterização Físico-Química do Estuário do Rio Itajaí-Açu.....................................18
4.2 Composição Quali-Quantitativa da Ictiofauna .............................................................25
4.3. Variações Espaço-Temporais na Composição da Ictiofauna .....................................35
4.4. Efeitos Naturais e Antrópicos sobre a Composição e Abundância da Ictiofauna........56
5. DISCUSSÃO....................................................................................................................63
6. CONCLUSÕES................................................................................................................75
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................77
APÊNDICE...........................................................................................................................86
ANEXO ................................................................................................................................88
vi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Localização das estações amostrais no estuário do rio Itajaí-Açu (SC). ................11
Figura 2. Perfil de temperatura do ponto amostral 1 (jusante) ao 6 (montante) no estuário do
rio Itajaí-Açu de maio de 2008 a julho de 2009. ............................................................20
Figura 3. Perfil de salinidade do ponto amostral 1 (jusante) ao 6 (montante) no estuário do
rio Itajaí-Açu de maio de 2008 a julho de 2009. ............................................................21
Figura 4. Perfil de oxigênio dissolvido do ponto amostral 1 (jusante) ao 6 (montante) no
estuário do rio Itajaí-Açu de maio de 2008 a julho de 2009...........................................22
Figura 5. Perfil de pH do ponto amostral 1 (jusante) ao 6 (montante) no estuário do rio Itajaí-
Açu de maio de 2008 a julho de 2009...........................................................................23
Figura 6. Perfil de material particulado em suspensão do ponto amostral 1 (jusante) ao 6
(montante) no estuário do rio Itajaí-Açu de junho de 2008 a julho de 2009...................24
Figura 7. Porcentagem de contribuição em número de indivíduos das espécies de peixes
capturadas no estuário do rio Itajaí-Açu (SC) de maio de 2008 a julho de 2009. ..........35
Figura 8. Porcentagem de contribuição em biomassa das espécies de peixes capturadas no
estuário do rio Itajaí-Açu (SC) de maio de 2008 a julho de 2009. .................................35
Figura 9. Variação mensal do número de indivíduos capturados no estuário do rio Itajaí-Açu
de maio de 2008 a julho de 2009 para as espécies Genidens genidens (a), Stellifer
rastrifer (b), Genidens barbus (c), Micropogonias furnieri (d), Stellifer stellifer (e) e
Citharichthys spilopterus (f). .........................................................................................36
Figura 10. Número médio de indivíduos, por ponto amostral, capturados no estuário do rio
Itajaí-Açu entre maio de 2008 e julho de 2009. Barras indicam erro padrão. ................38
Figura 11. Número médio de indivíduos, por ponto amostral, capturados no estuário do rio
Itajaí-Açu de maio de 2008 a julho de 2009 para as espécies Genidens genidens (a),
Stellifer rastrifer (b), Genidens barbus (c), Micropogonias furnieri (d), Stellifer stellifer (e)
e Citharichthys spilopterus (f). Barras indicam erro padrão...........................................39
Figura 12. Distribuição espacial mensal do número de indivíduos para a espécie Genidens
genidens nos seis pontos amostrais estudados no estuário do rio Itajaí-Açu de maio de
2008 a julho de 2009. ...................................................................................................40
Figura 13. Distribuição espacial mensal do número de indivíduos para a espécie Stellifer
rastrifer nos seis pontos amostrais estudados no estuário do rio Itajaí-Açu de maio de
2008 a julho de 2009. ...................................................................................................43
Figura 14. Distribuição espacial mensal do número de indivíduos para a espécie Genidens
barbus nos seis pontos amostrais estudados no estuário do rio Itajaí-Açu de maio de
2008 a julho de 2009. ...................................................................................................46
vii
Figura 15. Distribuição espacial mensal do número de indivíduos para a espécie
Micropogonias furnieri nos seis pontos amostrais estudados no estuário do rio Itajaí-
Açu de maio de 2008 a julho de 2009...........................................................................49
Figura 16. Distribuição espacial mensal do número de indivíduos para a espécie Stellifer
stellifer nos seis pontos amostrais estudados no estuário do rio Itajaí-Açu de maio de
2008 a julho de 2009. ...................................................................................................52
Figura 17. Distribuição espacial mensal do número de indivíduos para a espécie
Citharichthys spilopterus nos seis pontos amostrais estudados no estuário do rio Itajaí-
Açu de maio de 2008 a julho de 2009 (de janeiro a maio de 2009 não houve captura
desta espécie no estuário)............................................................................................55
Figura 18. Técnica não métrica de escalonamento multidimensional (MDS) baseada em
dados de abundância e composição das espécies de peixes capturadas no rio Itajaí-
Açu entre maio de 2008 a julho de 2009. Identificação das amostras: o primeiro número
indica o ponto amostral (1 a 6), as letras indicam os meses de coleta (J=janeiro,
F=fevereiro, Mr=março, Ab=abril, M=maio, Jn=junho, Jl=julho, A=agosto, S=setembro,
D=dezembro) e os dois últimos números representam o ano de amostragem (08=2008
e 09=2009). As setas reproduzem gradientes (gradiente A=composição e gradiente
B=abundância). ............................................................................................................57
Figura 19. Análise de componentes principais (ACP) para a abundância das espécies
capturadas no estuário do rio Itajaí-Açu e os parâmetros abióticos da camada de fundo
da coluna d’água. Identificação das amostras: o primeiro número indica o ponto
amostral (1 a 6), as letras indicam os meses de coleta (J=janeiro, F=fevereiro,
Mr=março, Ab=abril, M=maio, Jn=junho, Jl=julho, A=agosto, S=setembro, D=dezembro)
e os dois últimos números representam o ano de amostragem (08=2008 e 09=2009).
Identificação dos vetores: N=abundância, Salfundo=salinidade de fundo, pHfundo=pH
de fundo, ODfundo=oxigênio dissolvido de fundo, Tempfundo=temperatura de fundo,
MPSfundo=material particulado em suspensão de fundo). ...........................................62
Figura 20. Desenho conceitual das perturbações antrópicas e naturais ao longo do tempo
para o estuário do rio Itajaí-Açu. ...................................................................................70
viii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Histórico das dragagens realizadas no estuário do rio Itajaí-Açu (CI=canal interno
de navegação e BE=bacia de evolução próxima ao porto de cargas para manobra de
embarcações) e canal externo (CE= canal de navegação de acesso ao estuário), de
1958 a 2007................................................................................................................... 3
Tabela 2. Localização geográfica, características ambientais e estruturais dos pontos de
coleta da ictiofauna e registro de parâmetros físico-químicos no estuário do rio Itajaí-
Açu (SC).......................................................................................................................12
Tabela 3. Atividades de dragagens no estuário do rio Itajaí-Açu de maio de 2008 a julho de
2009. Nota: a dragagem de manutenção é realizada de forma contínua. .....................14
Tabela 4. Relação das espécies de peixes e suas respectivas ordens, famílias e nomes
comuns, coletadas no estuário do rio Itajaí-Acu (SC) durante o período de maio de
2008 a julho de 2009. ...................................................................................................25
Tabela 5. Comprimento total médio (Lt), desvio padrão (DP), comprimento total mínimo e
máximo das espécies de peixes coletadas no estuário do rio Itajaí-Acu (SC) entre maio
de 2008 e julho de 2009. ..............................................................................................27
Tabela 6. Guilda vertical (D=demersal, P=pelágico, BP=bentopelágico), hábito alimentar
(B=bentofágico, P=planctofágico, BP=bentofágico/piscívoro, O=omnívoro,
BPl=bentofágico/planctofágico, PP=planctofágico/piscívoro), e ambiente de ocorrência
(ME=marinho/estuarino, M=marinho, E=estuarino), das espécies de peixes coletadas
no estuário do rio Itajaí-Açu (SC) entre maio de 2008 e julho de 2009, baseada em
revisão bibliográfica. Referência bibliográfica: 1=Figueiredo & Menezes (1978);
2=Figueiredo & Menezes (1980); 3= Figueiredo & Menezes (2000); 4=Menezes &
Figueiredo (1980); 5=Menezes & Figueiredo (1985); 6=Fischer et al. (2004); 7=Queiroz
(2005); 8=Rodríguez & Villamizar (2006); 9=Souza Conceição (2008); 10=Ignácio
(2008); 11=Santos (2009); 12=Froese & Pauly (2010)..................................................28
Tabela 7. Número de indivíduos capturados por espécie, após a padronização do esforço de
pesca e computação do quarteamento das amostras, no estuário do rio Itajaí-Açu (SC)
durante o período de maio de 2008 a julho de 2009. ....................................................31
Tabela 8. Peso (gramas) padronizado dos indivíduos capturados por espécie no estuário do
rio Itajaí-Açu (SC) durante o período de maio de 2008 a julho de 2009. .......................33
Tabela 9. Análise de contribuição percentual de similaridade (SIMPER) dos taxa
encontrados no estuário do rio Itajaí-Açu no período de maio de 2008 a julho de 2009,
sendo mostradas as similaridades médias, abundância média e percentagem de
contribuição das principais espécies para a similaridade, bem como a contribuição
ix
cumulativa para a área com dragagem (ACD), pontos amostrais 1, 2 e 3; e sem
dragagem (ASD), pontos amostrais 4, 5 e 6. ................................................................59
Tabela 10. Resultados da análise de variância permutacional (PERMANOVA), onde
Df=graus de liberdade, SS=soma dos quadrados, MS=soma das médias, F=F
estatístico, P (perm)=p valores usando permutações. ..................................................60
Tabela 11. Lista de levantamentos de ictiofauna realizados nos estados do sul do Brasil,
incluindo número de espécies e famílias identificadas..................................................66
Tabela 12. Tamanho médio de primeira maturação para as seis principais espécies
capturadas no estuário rio Itajaí-Açu no período de maio de 2008 a julho de 2009,
baseado em revisão bibliográfica..................................................................................67
x
RESUMO
A comunidade de peixes dos sistemas estuarinos mostra-se suscetível às mudanças
ambientais provocadas por perturbações antrópicas (e.g. dragagens) e naturais (e.g.
enchentes), possibilitando sua utilização no diagnóstico e avaliação ambiental destes
ecossistemas. O presente estudo investigou a composição e variações espaço-temporais na
ictiofauna do estuário do rio Itajaí-Açu (SC) sob os efeitos de um evento de enchente e
dragagem de aprofundamento. Para isso foram realizadas amostragens mensais em seis
pontos no estuário, de maio de 2008 a julho de 2009, sendo registrados parâmetros físico-
químicos na coluna d’água e coletada ictiofauna, utilizando rede de arrasto de fundo. Um
total de 43 espécies foram identificadas, pertencentes a 31 gêneros e 19 famílias. As
espécies Genidens genides e Stellifer rastrifer foram dominantes em número e peso,
representando 95% da ictiofauna capturada no estuário e 94% da biomassa total. Técnicas
de análise multivariada à composição de espécies permitiram a identificação de dois
agrupamentos: o primeiro formado pelos três pontos mais externos, que se referem à área
onde foi realizada a dragagem (ACD); e o segundo composto pelos pontos mais internos, na
área sem dragagem (ASD). As espécies responsáveis pelas maiores contribuições com a
similaridade nos grupos definidos foram: Genidens genidens para a ASD e Stellifer rastrifer
para a ACD. A estrutura da comunidade de peixes do estuário do rio Itajaí-Açu foi afetada
por perturbações antrópicas ao longo de mais de uma década, fato que repercutiu em uma
maior dominância de poucas espécies (i.e. Genidens genidens e Stellifer rastrifer). A
enchente, ocorrida em novembro de 2008, provocou uma queda brusca na abundância das
principais espécies do estuário do rio Itajaí-Açu e o predomínio ainda maior de Genidens
genidens no estuário. O evento natural não permitiu uma distinção clara dos efeitos da
dragagem de aprofundamento, fato este evidenciado na ausência de diferenças
significativas entre as áreas com e sem dragagem ao longo dos meses de coleta.
xi
ABSTRACT
Estuarine fish community are shown to be susceptible to environmental changes originated
by natural and antropic causes, and can be used in the diagnostic and environmental
assessment of these ecosystems. The present study investigated the composition and
space-time variation of the ichthyofauna in the Itajaí-Açu river, in a period under influence of
a flood and deepen dredging event. Samples were obtained in six stations, between May
2008 and July 2009, and physic-chemical parameters measured in vertical profiles. The
ichthyofauna were collected with a bottom trawl net. In total, 43 species were identified
belonging to 31 genera and 19 families. Genidens genidens and Stellifer rastrifer were the
most abundant species, as in number of individuals (95%) as in biomass (94%). The
aplication of multivariate techniques allowed us to identify two groups regarding to species
composition: the first composed by the three stations closer to the mouth of estuary in the
dredged area (ACD) and the second composed by the inner stations, free of dredging
activities. The highest contribution for the similarity into each group were atributed to
Genidens genidens in the ASD and to Stellifer rastrifer in the ACD. Fish community from
Itajaí-Açu estuarine have being afected by antropic perturbations throughout more then a
decade, generating a higher dominance by few species (i.e. Genidens genidens and Stellifer
rastrifer). A sharp decrease in the abundance of the main species was observed after the
flood event in november 2008, as well as the predominance of Genidens genidens in the
estuary. In summary, deepen dredging effects and the natural event could not be separated,
which was evidenced throught the PERMANOVA analisys, meaning that dredged and
undredged areas were not significantly different during the period analised.
1
1. INTRODUÇÃO
Os estuários são ecossistemas de elevada importância biológica e sócio-
econômica, representando um importante elo entre os ecossistemas fluvial e marinho
(Pereira Filho et al., 2003). Suas características dinâmicas determinam interesse para
estudos direcionados a compreensão dos processos adaptativos de plantas e animais
sujeitos a condições ambientais muito variáveis à escala espacial e temporal (Hostim-
Silva et al., 2002). A descarga fluvial e os gradientes longitudinais de salinidade
(densidade) gerados pela diluição da água do mar são fundamentais para a dinâmica do
estuário e, em consequência, para os pocessos de transporte e mistura que ocorrem no
seu interior (Day Jr. et al., 1989; Valiela, 1991; Miranda et al., 2002). Segundo Mann &
Lazier (1996), uma variedade de animais adapta-se à circulação gerada pelo fluxo de
baixa salinidade em direção ao mar e o fluxo compensatório da água de fundo em direção
ao continente.
Cunha (2006) observa que os estuários representam espaços de reprodução e
crescimento de várias espécies de peixes e crustáceos, dos quais depende a produção
pesqueira no próprio ecossistema e em áreas costeiras adjacentes. O conhecimento
sobre o relevante papel destes ecossistemas costeiros na renovação dos recursos
marinhos tem enfatizado a necessidade da política ambiental dedicar especial atenção ao
tratamento dado a esses ambientes. Assentamentos urbanos e o desenvolvimento de
atividades industriais, portuárias, pesqueiras, turísticas e de exploração mineral, entre
outras, sem planejamento adequado, vêm colocando em risco os atributos básicos dos
estuários brasileiros e ecossistemas associados. Além disso, a renovação das águas de
um estuário e sua capacidade de assimilação de substâncias estranhas nele introduzidas
dependem de uma série de processos de natureza física, química, biológica e geológica.
Portanto, para evitar a degradação destes ambientes costeiros é de fundamental
importância que toda interferência seja criteriosamente planejada, simulada e monitorada
continuamente (Silva & Figueiredo, 2002).
A condição dos estuários como portas naturais, tem implicado em uma importante
atividade portuária associada a estes ambientes. Segundo Valle et al. (2009), o uso
inadequado do solo ao longo da rede de drenagem que deságua nos canais de
navegação portuária, bem como processos naturais, provoca o assoreamento contínuo do
leito de navegação e acesso aos portos, o que implica a necessidade de constantes
dragagens para aprofundar e manter os canais, proporcionando segurança ao tráfego dos
navios. Desta forma, a dragagem praticada em estuários mostra-se como uma importante
ferramenta na manutenção do desempenho das atividades portuárias (Júnior & Teixeira,
2007).
2
Eventos de dragagem são registrados no rio Itajaí-Açu (SC) desde 1895 (Carvalho,
1996; Schettini, 2002), no entanto, se tornaram mais frequentes e significativos após a
década de 1960, com o incremento do comércio marítimo no Porto de Itajaí. Segundo a
Superintendência do Porto de Itajaí (2009), a primeira dragagem de aprofundamento do
canal de acesso ao porto foi realizada em 1982, e posteriormente nos anos de 1990,
1991, 1998, 2003 e 2006 (Tab. 1). Para o ano de 2008 havia intenções das autoridades
portuárias em aprofundar ainda mais o canal de acesso ao porto, o qual se encontrava
com profundidades entre 11 e 12 metros, para facilitar o acesso de navios de maior porte.
Em virtude da enchente ocorrida em novembro de 2008 no Vale do rio Itajaí-Açu, evento
climático de grandes proporções, o canal de navegação do porto foi assoreado,
resultando na necessidade de uma dragagem de aprofundamento emergencial. Esta
dragagem teve início em 24 de dezembro do mesmo ano e estendeu-se de forma
descontínua até julho de 2009. Em dezembro de 2009, o canal de acesso ao porto estava
sendo mantido com profundidades próximas a 10m.
As enchentes atingem o Vale do rio Itajaí-Açu há mais de um século, destacando-
se os períodos de grande pluviosidade e enchentes registrados nos anos de 1983 e 1984
(Carvalho, 1996). Com relação aos impactos associados a este tipo de evento, Zonta et
al. (2005) investigaram os efeitos de uma inundação no estuário do rio Dese (Lagoa de
Veneza, Itália) destacando a sua importância no transporte de sedimentos e de poluentes
para este ambiente, provenientes da bacia de drenagem. Eyre & Ferguson (2006)
corroboram essa conclusão, acrescentando que as inundações podem provocar
mudanças rápidas e complexas na associação entre os sistemas bênticos e pelágicos, em
virtude das alterações físico-químicas promovidas. Eyre & Twigg (1997) e Paerl et al.
(2005) destacaram a redução dos níveis de oxigênio e mudanças no ciclo de nutrientes
decorrentes de inundações, sendo que Paerl et al. (2005) salientam ainda o aumento da
biomassa de algas, bem como, alterações na distribuição e saúde de peixes.
Enchentes, dragagens e dinâmica estuarina (governada basicamente pela
descarga de água doce e pelas correntes de maré) alteram a estrutura físico-química dos
estuários, e conseqüentemente, sua estrutura biológica. Os organismos que vivem nestes
sistemas podem apresentar respostas que vão desde adaptações sutis até efeitos
drásticos, como morte ou abandono das áreas afetadas.
Sandrini Neto et al. (2008) ressaltam que as variações espaço-temporais
governadas por processos biológicos (e.g. mortalidade, recrutamento e predação) ou
distúrbios naturais (e.g. tempestades) podem dificultar a distinção clara dos efeitos das
perturbações provocadas pelas dragagens. Esta dificuldade foi apontada por Abreu et al.
(2009), o qual identificou elevação na concentração de material particulado em suspensão
durante os meses de outubro e novembro de 2008 no estuário do rio Itajaí-Açu, não
3
estando claramente identificável se este fato decorre dos efeitos da dragagem de
manutenção ocorrida neste período ou representou uma resposta aos picos de vazão
associados às chuvas intensas sucedidas nestes mesmos meses.
Tabela 1. Histórico das dragagens realizadas no estuário do rio Itajaí-Açu (CI=canal interno de navegação e BE=bacia de evolução próxima ao porto de cargas para manobra de embarcações) e canal externo (CE= canal de navegação de acesso ao estuário), de 1958 a 2007.
Ano Dragagem Local Profundidade (m)
1958 Manutenção CE 6,50 1971 Manutenção BE 6,00 1971 Manutenção CI 6,00 1971 Manutenção CE 6,00 1972 Manutenção BE 6,00 1972 Manutenção CI 6,00 1978 Aprofundamento CE 7,00 1978 Manutenção CI 7,00 1978 Manutenção BE 7,00 1980 Aprofundamento CE 8,00 1980 Manutenção CI 8,00 1980 Manutenção BE 8,00 1982 Aprofundamento BE 8,05 1982 Manutenção CI 8,05 1982 Manutenção CE 8,05 1989 Manutenção - 8,05 1990 Aprofundamento - 8,10 1991 Aprofundamento - 8,10 1992 Manutenção - 8,10 1993 Manutenção - 8,10 1994 Manutenção - 8,10 1995 Manutenção - 8,10 1996 Manutenção - 8,15 1997 Manutenção - 8,15 1998 Aprofundamento - 9,15 1998 Manutenção e aprofundamento - 10,00 1999 Manutenção BE, CI e CE 10,00 2000 Manutenção BE, CI e CE 10,00 2001 Manutenção BE, CI e CE 10,00 2002 Manutenção BE, CI e CE 10,00 2003 Manutenção e aprofundamento - 10,00 2004 Manutenção BE, CI e CE 10,00 2005 Manutenção BE, CI e CE 10,00 2006 Manutenção e aprofundamento - 11,00 e 12,00 2007 Manutenção BE, CI e CE 11,00 (BE e CI)/12,00 (CE) Fonte: Superintendência do Porto de Itajaí (2009).
4
Conforme relata Bertoletti & Lamparelli (2007), as primeiras preocupações com os
possíveis impactos ambientais decorrentes da atividade de dragagem no Brasil ocorreram
na região do porto de Santos, em 1996, quando o Ministério Público do Estado de São
Paulo acolheu uma denúncia de que o material lançado no mar retornava ao continente.
Fogliatti et al. (2004) apontaram em seu trabalho os principais impactos ambientais
decorrentes dos serviços de dragagem, sendo eles: poluição, elevação da turbidez e
redução da penetração da luz solar nas águas, alterações na fauna aquática, poluição do
ar e sonora, acidentes com embarcações, alterações na hidrologia fluvial, interrupção das
atividades de lazer e de outros usos múltiplos, deslocamento temporário da avifauna e
ictiofauna, bem como, destruição e perda de patrimônio arqueológico.
Segundo Kennish (1994 apud Torres, 2000), a dragagem repercute em impactos
ambientais com efeitos diretos sobre habitats e organismos, ou indiretos, atribuídos a
alterações na qualidade da água. Kennish (1992), Soares (2006) e Branco (2009)
exemplificam os efeitos diretos, como os distúrbios físicos, associados à remoção e
recolocação de sedimentos, provocando a destruição de habitats de organismos
bentônicos e aumentando a mortalidade desses organismos através de ferimentos
causados por ação mecânica durante a dragagem, ou por asfixia conforme esses são
sugados pelas bombas hidráulicas das dragas. Quanto aos efeitos indiretos, Kennish
(1992), Marchand et al. (2002), Soares (2006), Baumgarten et al. (2008) e Bellotto et al.
(2009) expõem a ressuspensão do sedimento do fundo remobilizando poluentes químicos
(metais pesados), poluentes orgânicos (DDT, PCB), nutrientes (N, P) e matéria orgânica
concentrada, afetando consequentemente a qualidade da água e a química global do
estuário.
Ainda com relação à dispersão e deposição de sedimentos ressuspensos, em
ocasião de eventos de dragagem ou enchentes, a exposição de organismos aquáticos a
sedimentos contaminados por metais pesados pode resultar em efeitos letais e subletais,
incluindo danos sobre o crescimento, reprodução, locomoção, comportamento e
respiração (McLusky, 1989; Degtiareva & Elektorowicz, 2001; Jaagumagi, 1990 apud
Travassos et al., 2007; Machado et al., 2007). Soares (2006) e Medeiros et al. (2009)
acrescentam que o aumento na carga de sedimentos na coluna de água, diminuindo a
penetração da luz, causa danos às algas fotossintetizantes, corais e outros organismos
aquáticos, bem como, compostos orgânicos em suspensão podem consumir o oxigênio
disponível na água através de sua decomposição aeróbica e temporariamente causar
condições de estresse para muitos animais aquáticos, ou em condições extremas,
acarretar na morte de peixes, conforme apontado por Marchand et al. (2002). O
componente orgânico destes sedimentos, rico em microrganismos, pode alterar as
características químicas da água e prejudicar ou favorecer o crescimento planctônico.
5
Além disso, dependendo da concentração de sedimentos finos na água, pode ocorrer a
colmatação de brânquias de peixes, provocando asfixia destes organismos.
No intuito de avaliar a qualidade da água e potenciais efeitos ecotoxicológicos de
contaminantes ressuspensos como resultados de dragagem, Urban et al. (2010)
apresentaram um estudo realizado no estuário do rio Itajaí-Açu durante esta operação. O
trabalho mostrou que a resolubilidade de contaminantes causada pela atividade
deteriorou a qualidade da água no estuário, porém, não foi suficiente para causar
impactos toxicológicos nas diferentes espécies de organismos aquáticos testados (i.e.
bactéria, alga e Cladocera). Abreu et al. (2008) apontaram alterações em parâmetros
físicos, químicos e biológicos relacionadas ao evento de dragagem de aprofundamento
ocorrida em 2006 no rio Itajaí-Açu, na área de abrangência do Porto de Itajaí. Em relação
à qualidade da água, os autores mencionam que houve um aumento na disponibilização
de compostos orgânicos, nutrientes (nitrogênio amoniacal e nitrito) e sedimentos
anóxicos, provocando a diminuição nas concentrações de oxigênio dissolvido. A biota
analisada também sofreu alterações em sua estrutura, onde a comunidade zooplanctônica
aumentou sua densidade e diminuiu a riqueza de espécies durante o evento e a
macrofauna bêntica apresentou uma redução da abundância e na diversidade de
espécies. O estudo afirma ainda que existiu contaminação química por biodisponibilização
devido ao efeito da dragagem, sendo que o material de maior toxicidade pôde ter sido
assimilado na cadeia alimentar. Este fenômeno já era previsto por Hostim-Silva (2001), o
qual apontou que uma possível dragagem no canal remobilizaria metais pesados
presentes no substrato lodoso do rio, afetando diretamente os peixes demersais que
utilizam o estuário. Além disso, mudanças nas comunidades em níveis tróficos inferiores,
como a bentônica e planctônica, podem se estender para os níveis tróficos superiores,
podendo resultar em mudanças na estrutura populacional de espécies de peixes
estuarinos e marinhos de importância pesqueira, inclusive daqueles que habitam áreas
que não estão sob o efeito direto da dragagem.
Por outro lado, Branco (2009) comenta que as atividades de dragagens podem
contribuir na dinâmica e circulação de estuários e baías, possibilitando a rápida
recolonização e favorecendo o ingresso de novas espécies. Branco et al. (2009),
verificaram que após o período de instabilidade decorrente da atividade de dragagem
realizada no Saco da Fazenda (Itajaí, SC) no período de maio de 2000 a outubro de 2003,
ocorreu um incremento no número de espécies de peixes, abundância e biomassa,
possivelmente influenciado pelo aumento da profundidade e melhoria dos padrões de
circulação.
Estudar a ictiofauna de estuários é uma maneira eficaz de investigar os tipos de
estresses introduzidos pelas mudanças antrópicas, visto a sua sensibilidade às mudanças
6
ambientais dentro destes ecossistemas (Whitfield & Elliott, 2002; Ceará, 2005). As ações
antrópicas, segundo Whitfield & Elliott (2002), podem ter uma influência direta nos
recursos alimentares, distribuição, diversidade, reprodução, abundância, crescimento,
sobrevivência e comportamento tanto das espécies de peixes residentes quanto das
migratórias. Munkittrick et al. (1991 apud Flores-Lopes & Malabarba, 2007) observaram
que peixes expostos a poluentes tóxicos crescem mais lentamente, maturam mais tarde,
possuem gônadas pequenas e baixa fecundidade, os machos não apresentam caracteres
sexuais secundários e não há aumento do tamanho do ovo nas fêmeas. Deste modo, a
análise da estrutura da comunidade de peixes em ambientes estuarinos, bem como
aspectos biológicos, podem ser usados para diagnosticar a qualidade ambiental do
estuário e avaliar os impactos ambientais decorrentes das ações antrópicas.
Couto (2006) revela que a ação da dragagem do estuário de Paranaguá (PR)
influencia a composição específica, densidade e biomassa da ictiofauna. A autora também
verificou as espécies mais sensíveis à atividade, as quais apresentam ampla distribuição
geográfica e representam importantes recursos naturais para a pesca comercial e de
subsistência, estabelecendo a importância em se realizar estudos semelhantes quando
houver a necessidade de dragagem de canais principais, considerando que estas
espécies e seus respectivos períodos de reprodução e recrutamento podem variar de um
estuário para outro.
Robert et al. (2007) investigaram os impactos das dragagens e outras atividades
antrópicas sobre a pesca artesanal do estuário de Paranaguá, constatando a dragagem
como a terceira principal fonte de distúrbio ao ambiente que afeta os pescadores, ficando
os acidentes envolvendo o vazamento de produtos químicos em primeiro lugar, a
sobrepesca (local ou externa ao estuário) em segundo, e por último o assoreamento de
locais de pesca (oriundos de sedimentos fluviais ou da própria deposição de material de
dragagem). Estes autores também agruparam as influências nas capturas percebidas
pelos pescadores durante as dragagens, indicando como alterações mais frequentes: a
piora na captura por morte do recurso pesqueiro e pelo barulho e sujeira produzidos.
Boldrini & Abreu (2009) e Valle et al. (2009) sugerem que impactos ambientais da
atividade de dragagem podem contribuir para a diminuição dos estoques pesqueiros,
interferindo diretamente nos modos de vida dos pescadores artesanais.
Segundo Fischer et al. (2004), a ictiofauna estuarina agrupa-se com base no tipo e
na relação de seu ciclo de vida com o estuário. As espécies estuarino-residentes, por
exemplo, podem completar todo seu ciclo de vida neste ambiente. As espécies marinhas
estuarino-dependentes desovam no mar e utilizam obrigatoriamente o ambiente estuarino
como criadouro para as larvas e juvenis, ao contrário das espécies marinhas estuarino-
oportunistas ou facultativas, as quais desovam no mar e utilizam facultativamente ou de
7
forma oportunista o ambiente estuarino como criadouro, permanecendo sob condições
favoráveis no estuário o ano todo. As espécies marinhas visitantes ocasionais
compreendem um grupo numeroso que aparece irregularmente nas águas estuarinas.
Peixes de água doce também são encontrados neste ambiente. Costa et al. (2002)
acrescentam que a variação sazonal da abundância dos peixes de água doce, estuarinos
e marinhos em habitats estuarinos é resultado da variação sazonal de fatores ambientais
(e.g. chuva e salinidade) e variáveis biológicas (incluindo reprodução e recrutamento).
No estuário do rio Itajaí-Açu, ao longo do ciclo anual investigado por Hostim-Silva
et al. (2002), a maior porcentagem da ictiofauna coletada, cerca de 55%, foi constituída
por espécies classificadas como ocasionais. As espécies típicas de água doce (e.g.
Pimelodus maculatus) foram representadas por 8 a 17% dos indivíduos nas amostragens
realizadas neste período. Hostim-Silva et al. (2002), Barreiros et al. (2009) e Branco et al.
(2009), ressaltam ainda que a grande captura de indivíduos juvenis sugere a importância
da foz do rio Itajaí-Açu como ambiente favorável à alimentação e crescimento das fases
iniciais do ciclo de vida de várias espécies de peixes. Hostim-Silva et al. (2009)
demonstraram que bagres marinhos utilizam este ambiente como local de reprodução e,
no caso de Genidens genidens, passam grande parte de seu ciclo de vida dentro deste
ecossistema. Freitas Jr. (2005) ressalta que a comunidade de peixes que compõe a
ictiofauna local apresenta-se bem diversificada e não demonstra evidências de processos
sucessionais em andamento, podendo estes ocorrer durante intervalos temporais curtos
em resposta a qualquer impacto gerado.
Segundo Queiroz (2005), a ictiofauna encontrada nos estuários sofre variação
temporal e espacial influenciada pelo estresse fisiológico resultante de gradientes físicos e
químicos, profundidade, distância da boca do estuário, obstruções na passagem de maré,
velocidade da corrente marinha, tolerância à salinidade e outros fatores como temperatura
e turbidez. Conjuntamente, fatores bióticos como as relações interespecíficas e
disponibilidade de alimento, refletem diretamente na distribuição das espécies.
Abaurre et al. (2007) destacam que todo programa de monitoramento ambiental é
um processo adaptativo que deve ser readequado à medida que melhores estratégias
amostrais e indicadores de impacto sejam identificados. Os autores afirmam que, de uma
forma geral, os programas de monitoramento ambiental relacionados com o processo de
dragagem no Estado do Espírito Santo têm se baseado na caracterização de
comunidades biológicas através do acompanhamento de índices ecológicos. O mesmo
vem ocorrendo no Estado de Pernambuco, sendo contemplada também a avaliação das
capturas pela pesca artesanal na área sob influência das dragagens e dos descartes em
bota-fora e do número de pessoas/famílias que dependem da pesca na área de influência
direta e indireta das dragagens (Medeiros et al., 2009). Desta forma, o estudo da
8
comunidade ictiofaunística pode mostrar-se como uma ferramenta estratégica na
identificação e previsão de impactos ambientais provenientes da dragagem possibilitando
o estabelecimento de medidas corretivas e procedimentos que auxiliem na mitigação de
efeitos causados pela atividade.
A necessidade de investigar os impactos ambientais causados pelos processos de
dragagem, enchente e pela dinâmica estuarina no estabelecimento da comunidade de
peixes no estuário do rio Itajaí-Açu está associada não somente a sua importância
ecológica, mas também econômica, social e cultural, visto que a ictiofauna figura-se como
relevante recurso pesqueiro, principal matéria-prima de uma atividade tradicional - a
pesca. Além disso, o entendimento dos processos que determinam a estabilidade das
comunidades ícticas pode subsidiar medidas para conservação, monitoramento e manejo
destes importantes ecossistemas. Neste contexto, deve-se verificar se a atividade
humana (i.e. processos de dragagem) ou eventos naturais (i.e. enchentes) podem ser
mais determinantes no comprometimento da estabilidade das comunidades ícticas do que
a própria dinâmica estuarina, regida pela influência marinha e fluvial. Essa hipótese pode
ser explorada no estuário do rio Itajaí-Açu, onde esses três componentes atuam.
9
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
O presente trabalho objetiva investigar a estrutura das comunidades ícticas ao
longo de um gradiente ambiental no estuário do rio Itajaí-Açu, Santa Catarina, Brasil, e o
impacto de eventos de enchente e dragagem de aprofundamento no padrão ao longo
deste gradiente, entre maio de 2008 e julho de 2009.
2.2 Objetivos Específicos
a) Analisar a influência fluvial e marinha na estrutura físico-química do estuário do rio
Itajaí-Açu;
b) Descrever a composição quali-quantitativa da ictiofauna do estuário do rio Itajaí-
Açu;
c) Verificar variações espaço-temporais na composição da ictiofauna do estuário do
rio Itajaí-Açu;
d) Avaliar o papel da estrutura físico-química do estuário do rio Itajaí-Açu sobre as
comunidades ícticas deste ecossistema;
e) Analisar os efeitos da enchente e dragagem de aprofundamento na composição da
ictiofauna do estuário do rio Itajaí-Açu.
10
3. METODOLOGIA
3.1 Área de Estudo
O estuário do rio Itajaí-Açu está localizado no litoral centro norte do Estado de
Santa Catarina, desaguando no Oceano Atlântico em 26°54,7’S e 48°38,1’O. Este sistema
recebe o aporte de uma bacia de drenagem de 15500 km2 a qual abarca 47 municípios,
sendo a maior bacia da vertente atlântica catarinense e compreendendo a maior área
industrial do sul do Brasil (Urban et al., 2010). A maior parte do aporte fluvial para o
estuário provém do rio Itajaí-Açu, atribuindo-se a ele aproximadamente 90% do total. Os
10% restantes são provenientes do rio Itajaí-Mirim e outros tributários menores como o rio
Luis Alves (Schettini, 2002).
Segundo Schettini (2002), o estuário do rio Itajaí-Açu apresenta grande
importância econômica regional, pois nele estão localizados os Portos de Itajaí e
Navegantes, além de diversos terminais portuários menores, sendo este a principal via de
comércio marítimo do Estado de Santa Catarina. Um grande número de indústrias
pesqueiras também estão instaladas ao longo das margens, sendo a região de maior
desembarque pesqueiro do Brasil.
O estuário do rio Itajaí-Açu, localizado em uma planície costeira e com morfologia
similar a um rio meandrante (Schettini, 2002), apresenta um regime hidrológico muito
variável ao longo do tempo, sazonal e interanualmente (Pereira Filho et al., 2003). Sua
descarga média, medida no município de Indaial (SC), cerca de 90 km a montante da foz,
é de 228 m3.s-1, variando de 17 a 5390 m3.s-1 (Pereira Filho et al., 2003). O estuário do rio
Itajaí-Açu é classificado como do tipo cunha salina (Schettini et al., 1996), sendo a
descarga fluvial o principal agente determinante dos processos estuarinos, de modo que
as variações de nível devido às marés têm um papel secundário (Pereira Filho et al.,
2003). Segundo Schettini et al. (1998) a altura média da maré astronômica regional,
classificada como predominantemente semidiurna, é de 0,8 m, variando de 0,4 m na
quadratura e 1,2 na sizígia.
Soares (2006) observou o comportamento salino do estuário do rio Itajaí-Açu para
diferentes situações de vazão, constatando que essa área estuarina se apresenta
normalmente de forma estratificada, sendo que para vazões médias de 225 m3.s-1, a
cunha salina penetra aproximadamente até 18 km da foz. Para vazões maiores, entre 400
a 900 m3.s-1, a cunha salina oscila em um trecho de cerca de 10 km a partir da foz e,
finalmente, para vazões acima de 900 m3.s-1 a cunha salina é praticamente expulsa do
estuário.
11
3.2 Amostragem
Para a coleta da ictiofauna e registro de parâmetros físico-químicos no estuário do
rio Itajaí-Açu foram realizadas amostragens mensais entre maio de 2008 e julho de 2009.
Um total de 6 pontos amostrais foram selecionados, abrangendo a área de influência da
atividade portuária e de dragagem (Fig. 1 e Tab. 2). Destes, 4 pontos já foram alvo de
estudo de Hostim-Silva et al. (2002). Os pontos amostrais 1, 2 e 3 localizam-se na área
mais externa do estuário, onde há atividade de dragagem, estando o ponto 1 situado na
foz do rio Itajaí-Açu, o ponto 2 a montante deste e o terceiro em frente aos portos de Itajaí
e Navegantes. Os pontos amostrais 4, 5 e 6 situam-se na área mais interna, sem
atividade de dragagem, sendo que o ponto 4 posiciona-se no meandro à montante dos
portos e o ponto 5 na desembocadura do rio Itajaí-Mirim, o qual aporta na bacia estuarina
a 9 km da foz. O sexto ponto amostral encontra-se à montante da desembocadura do rio
Itajaí-Mirim.
Figura 1. Localização das estações amostrais no estuário do rio Itajaí-Açu (SC).
12
Tabela 2. Localização geográfica, características ambientais e estruturais dos pontos de coleta da ictiofauna e registro de parâmetros físico-químicos no estuário do rio Itajaí-Açu (SC).
Ponto Amostral Nome do Ponto Posição
Geográfica Pmáx* (m) Características Gerais
1 Foz Itajaí-Açu 26º54,783'S
48º38,570'O -13
Região mais próxima da zona costeira. Está localizada entre estruturas rochosas artificiais (molhes de rochas e tetrápodes), tendo ao norte a praia de Navegantes e ao sul a praia de Atalaia. A área onde o ponto está situado sofre grande influência marinha e apresenta-se exposta à ação do vento, além de apresentar um tráfego intenso de embarcações. O ponto está localizado próximo do Saco da Fazenda que compreende um ambiente estuarino artificializado, situado na margem direita, o qual recebe o afluxo de efluentes domésticos e resíduos sólidos.
2 Cepsul 26º54,554'S
48º38,949'O -12
Apresenta características ambientais muito semelhantes ao ponto 1, como tráfego intenso de embarcações, influência do aporte marinho e proximidade ao ecossistema Saco da Fazenda. Além disso, as margens desta área mostram-se bastantes degradadas, sendo que a direita constata-se a presença de edificações urbanas e ruas, e a esquerda casas e barcos de pesca artesanal ancorados.
3 Porto Itajaí 26º53,896'S
48º40,013'O -11
Ponto está situado entre os portos de Itajaí (margem direita) e Navegantes (margem esquerda), próximo da bacia de evolução, onde são realizadas as manobras dos navios, ressuspendendo grande quantidade de sedimentos na coluna d`água. Esta área, que ainda sofre grande influência da salinidade (Schettini, 2002) recebe resíduos provenientes da drenagem urbana, bem como efluentes urbanos. As margens do rio apresentam-se muito impactadas, com mata ciliar praticamente ausente, a qual cedeu lugar a atividades portuárias.
13
Tabela 2. Continuação.
4 Pepsico
26º52,904'S
48º40,117'O
-10
Ponto recebe o aporte de efluentes líquidos e sólidos domésticos e industriais. As margens do rio mostram-se degradadas, sendo ocupadas por indústrias de pescado, estaleiros e outras edificações. À montante deste ponto, situa-se a desembocadura do rio Itajaí-Mirim, que deságua no rio Itajaí-Açu. A dragagem de aprofundamento e manutenção, bem como o tráfego de navios, não ocorrem mais nesta área e à montante dela, havendo apenas a circulação de embarcações de menor porte.
5 Desembocadura
Itajaí-Mirim
26º53,189’S
48º41,263’O -9
Este ponto situa-se próximo à desembocadura do rio Itajaí-Mirim, o qual percorre a área urbana e rural do município de Itajaí lançando no rio Itajaí-Açu elevada carga de poluentes (Rörig, 2005), que recebe também materiais provenientes da drenagem da bacia e efluentes domésticos e industriais. As matas ciliares, em ambas as margens do rio, se encontram degradadas, sendo ocupadas por ruas e edificações urbanas (margem direita) e um estaleiro de grande porte (margem esquerda). Nesta área há influência da cunha salina, embora mais discreta que nos pontos à jusante (Schettini, 2002).
6 Igreja 26º51,930'S
48º41,449'O -8
Representa a zona mais distante da foz, com uma maior dominância da descarga fluvial. As margens do rio nesta área mostram-se mais preservadas em relação às demais estações amostrais, sendo ocupadas por algumas edificações e um cemitério. Ainda assim, a área sofre influência de poluentes urbanos e industriais provenientes da área adjacente. Neste ponto registra-se o alcance da cunha salina (Schettini, 2002), com comportamento semelhante à estação à jusante.
* Profundidade máxima em metros atingida pelos equipamentos utilizados na coleta dos parâmetros físico-químicos durante o período amostral.
14
Um total de 13 (treze) amostragens foram realizadas, a saber: 23/05/08, 18/06/08,
29/07/08, 27/08/08, 24/09/08, 15/12/08, 28/01/09, 19/02/09, 26/03/09, 24/04/09, 26/05/09,
01/07/09 e 29/07/09. As amostragens previstas para outubro e novembro de 2008 não
foram realizadas, devido a forte vazão do rio Itajaí-Açu em decorrência das intensas
chuvas, agravadas pela enchente que atingiu Itajaí no final do mês de novembro,
estabelecendo estado de calamidade pública no município. A coleta de 01/07/09 foi
considerada como junho de 2009. Em virtude da enchente, o canal de navegação do
porto foi assoreado, fato que resultou na necessidade de uma dragagem de
aprofundamento emergencial do canal de navegação, a qual teve início em 24 de
dezembro de 2008, estendendo-se de forma descontínua até julho de 2009 (Tab. 3).
Tabela 3. Atividades de dragagens no estuário do rio Itajaí-Açu de maio de 2008 a julho de 2009. Nota: a dragagem de manutenção é realizada de forma contínua.
Data Situação
maio-setembro /2008
Dragagem de manutenção
24/12/2008 Início da dragagem de aprofundamento
28/01/2009* Dragagem de aprofundamento sendo executada
19/02/2009* Dragagem de aprofundamento sendo executada
26/03/2009* Dragagem de aprofundamento suspensa desde 19/03/2009
24/04/2009* Dragagem de aprofundamento sendo executada
26/05/2009* Dragagem de aprofundamento e manutenção sendo executada
01/07/2009* Dragagem de aprofundamento sendo executada
29/07/2009* Dragagem de aprofundamento suspensa desde 06/07/2009
* Saída de campo.
3.2.1 Ictiofauna
As coletas da ictiofauna foram efetuadas com uma embarcação motorizada tipo
baleeira, com 10 metros de comprimento e motor de 45 HP. A embarcação operou com
arrasto de popa, sendo que a rede possui uma malha entre nós opostos de 20 mm no
corpo e ensacador, um comprimento de 14 metros e abertura de boca de 5 metros. Cada
arrasto, sempre que possível, teve a duração de 10 minutos, com velocidade média de 2
nós, padronizando assim o esforço de pesca. Ocasionalmente foi necessário quartear
amostras devido a elevada quantidade de organismos capturados no arrasto. Assim, em
arrastos com duração inferior a 10 minutos, o número e peso dos exemplares coletados
foram expandidos de acordo com a razão tempo do arrasto padrão/tempo do arrasto
realizado. No caso de quarteamento, a parcela amostrada foi expandida,
15
proporcionalmente, para o número e peso total de indivíduos capturados. Na coleta de
junho de 2009 não foi realizada amostragem no ponto amostral 1, devido a dificuldades
decorrentes da grande quantidade de entulho e algas no local. Foram registradas
informações referentes à posição geográfica e ao horário de lançamento e recolhimento
da rede (Apêndice 1). As amostragens foram acompanhadas de Licença Permanente para
Coleta de Material Zoológico (n° 16842-1) em nome do titular Paulo Ricardo Schwingel.
Em virtude do tempo de duração da amostragem, superior a 6 horas, a maioria das
coletas estiveram expostas a marés vazante e enchente (Anexo 1).
As amostras obtidas em cada ponto amostral foram acondicionadas em sacos
plásticos etiquetados e transportadas em gelo para análise em laboratório. O
procedimento laboratorial consistiu na identificação do material coletado com o auxílio de
chaves de identificação taxonômica de Figueiredo & Menezes (1978; 1980; 2000),
Menezes & Figueiredo (1980; 1985), Barletta & Corrêa (1992); Nelson (2006) e Fischer et
al. (2004). Dados de comprimento total (CT) e peso total (PT) foram registrados para
todas as espécies coletadas em cada ponto amostral. As análises da ictiofauna foram
realizadas no Laboratório de Oceanografia Biológica (LOB) do Centro de Ciências
Tecnológicas da Terra e do Mar (CTTMar) da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI).
As espécies identificadas foram classificadas em relação à guilda vertical, hábito alimentar
e ambiente de ocorrência, baseando-se na seguinte literatura: Figueiredo & Menezes,
1978, 1980, 2000; Menezes & Figueiredo, 1980, 1985; Fischer et al., 2004; Queiroz, 2005;
Rodríguez & Villamizar, 2006; Souza Conceição, 2008; Ignácio (2008); Santos (2009);
Froese & Pauly, 2010.
Para a confecção dos mapas de distribuição do número de indivíduos e biomassa
total foram selecionadas as espécies que representaram, somadas, 99% do número de
indivíduos capturados durante o período de estudo. Os mapas foram feitos utilizando o
programa ArcGIS 9.2TM.
3.2.2 Parâmetros Físico-Químicos
Em conjunto com a amostragem da ictiofauna foram registrados dados físico-
químicos na coluna d’água através de uma Sonda multiparâmetros (Multiparameter Water
Quality Sonde YSI 6600 V2TM), sendo obtidos dados de salinidade, pH, oxigênio dissolvido
(mg/l), temperatura da água (°C) e turbidez (UNT). Para as coletas de 23/05/08, 18/06/08,
29/07/08 e 24/09/08 foi utilizado um Multianalisador portátil (Water Checker U-10
HoribaTM) para os registros dos parâmetros. Eventualmente, em virtude de anomalias nos
valores de turbidez obtidos com o Multianalisador portátil e a Sonda multiparâmetros, foi
16
utilizado um Turbidímetro (Portable Microprocessor Turbidity Meter HI 93703TM) para o
registro deste parâmetro, sendo que neste caso foram obtidos valores nas camadas
superficial, meia-água e fundo, com o auxílio de uma Garrafa Ninski.
Para a comparação dos dados de turbidez adquiridos com os três aparelhos, os
mesmos foram calibrados, sendo este procedimento realizado no Laboratório de
Oceanografia Física do CTTMar-UNIVALI através de metodologia descrita em Schettini &
D`Aquino (1998). No entanto, a calibração do Multianalisador portátil não pode ser
realizada, deste modo os dados de turbidez registrados exclusivamente com este
aparelho, nas amostragens de 23/05/08 e 24/09/08, bem como, os valores de turbidez dos
pontos 1 e 3 da saída de 18/06/08, não puderam ser analisados neste estudo. O
sedimento utilizado no experimento de calibração foi coletado com um busca-fundo van
Veen no talude do estuário do rio Itajaí-Açu, nas proximidades do ponto amostral 2. As
curvas de calibração obtidas geraram equações de reta com excelentes valores de R2
(0,999). As equações de conversão de turbidez para concentração de material particulado
em suspensão para o Turbidímetro portátil foi MPS = 0,0006x2 + 1,1643x + 1,6378 e para
a Sonda multiparâmetros, MPS = 0,0007x2 + 1,0055x + 4,3555, onde MPS corresponde
ao Material Particulado em Suspensão em mg/l e x é igual aos valores de turbidez
medidos pelo Turbidímetro portátil e Sonda multiparâmetros.
Para a confecção dos perfis de distribuição espaço-temporal da salinidade, pH,
oxigênio dissolvido, temperatura da água e material particulado em suspensão no estuário
do rio Itajaí-Açu, foi utilizado o programa Surfer versão 8.0. Ressalta-se ainda que as
profundidades apresentadas nos perfis não retratam a batimétria da calha do rio, mas sim,
o alcance do equipamento utilizado para a coleta dos parâmetros.
3.3 Análises Estatísticas
A técnica não métrica de escalonamento multidimensional (MDS) foi aplicada para
ajudar na interpretação de variações temporais e espaciais quanto à composição e
abundância das espécies de peixes (Clarke & Warwick, 2001). A matriz de similaridade
usada na análise foi gerada através do coeficiente de similaridade de Bray-Curtis. Para
gerar a matriz de similaridade foram utilizados os valores absolutos de abundância, visto
que o estresse aumentou após estes serem transformados (raiz quadrada e log10 x+1),
diminuindo a confiabilidade do resultado. O estresse indica o nível de ordenação dos
objetos no espaço bidimensional, sendo que valores <0,2 correspondem a um bom grau
de ordenação (Clarke & Warwick, 2001). Na análise MDS os pontos 1, 2 e 3 foram
nomeados como área com dragagem (ACD), visto suas locações na área de impacto
17
direto da atividade, e os pontos 4, 5 e 6 foram intitulados como área sem dragagem
(ASD). A análise de contribuição percentual de similaridade (SIMPER) foi aplicada sobre
os valores absolutos de abundância para identificar os grupos taxonômicos que mais
contribuíram com a similaridade dentro de cada grupo definido no MDS. As análises foram
feitas no programa PRIMER versão 6.1.10 (Plymouth Marine Laboratory).
Para testar a hipótese nula de que a dragagem de aprofundamento e a enchente
não alteraram a composição e abundância da ictiofauna, considerando a variação espaço-
temporal das espécies entre os locais amostrados (área com dragagem e área sem
dragagem), aplicou-se a análise de variância permutacional não paramétrica
(PERMANOVA), disponível no software PERMANOVA versão 1.6 (Anderson, 2001,
2005). Os fatores utilizados nesta análise foram tempo (12 meses, ortogonal e aleatório) e
local (2 áreas, ortogonal e fixo), sendo que as variáveis formam a matriz dos valores
absolutos de abundância. Para esta análise também foi utilizada a matriz de similaridade
gerada através do coeficiente de similaridade de Bray-Curtis. Para gerar a matriz de
similariade foram utilizados os valores previamente transformados para raiz quadrada.
Para fins de balanceamento no desenho amostral, pré-requisito desta análise, excluiu-se
o mês de junho de 2009, pois não foi realizada coleta no ponto amostral 1.
A análise de componentes principais (ACP) foi empregada para evidenciar qual
seria a influência dos parâmetros físicos e químicos na abundância da ictiofauna no
estuário e identificar gradientes de forçantes ambientais, utilizando o programa Multi-
Variate Statistical Package (MVSP). A análise levou em consideração os dados bióticos
(abundância) e parâmetros abióticos da camada de fundo da coluna d’água (pH,
salinidade, oxigênio dissolvido, temperatura e material particulado em suspensão). Para
aproximar a distribuição dos dados a uma distribuição normal, os valores das variáveis
bióticas e abióticas utilizadas na análise foram previamente transformados em log10 x+1 e
padronizados. A análise maximizou a variância dos dados projetados ao longo de cada
eixo, decrescendo do eixo 1 para o eixo 2 (Clarke & Warwick, 2001).
18
4. RESULTADOS
4.1 Caracterização Físico-Química do Estuário do Rio Itajaí-Açu
No presente estudo, realizado no estuário do rio Itajaí-Açu entre maio de 2008 e
julho de 2009, foram registrados dados físico-químicos para seis pontos amostrais, os
quais são apresentados na forma de perfis verticais da coluna d`água (Fig. 2 a 6). Na
variação espaço-temporal da temperatura foram verificados os menores valores entre
junho e setembro (16,9°C-21,1°C), e os maiores em fevereiro e março (25,6°C-27,4°C)
(Fig. 2). A amplitude mensal da temperatura no estuário do rio Itajaí-Açu não ultrapassa
os 3,0°C, sendo que nos meses de julho/2008, dezembro/2008, janeiro/2009, março/2009
e abril/2009 a temperatura apresentou-se homogênea durante as coletas, com oscilações
inferiores a 1,0°C.
Durante as amostragens, o estuário do rio Itajaí-Açu mostrou-se altamente
estratificado, aumentando a salinidade em direção ao fundo. Além disso, os maiores
valores de salinidade na coluna d’água concentram-se na região mais externa do estuário,
o que reflete a entrada da cunha salina neste ambiente (Fig. 3). Os maiores valores de
salinidade foram verificados nos meses de setembro/2008, junho/2009 e julho/2009,
quando a salinidade variou de 1,1 na superfície a 34,2 no fundo, na área interna e externa
do estuário, respectivamente (Fig. 3e, l, m). Neste período, a região próxima ao fundo foi
marcada pela presença de água marinha (salinidade >30). Nos demais meses, a água no
estuário variou de 1,1 a 30, salvo em dezembro/2008, janeiro/2009 e fevereiro/2009, os
quais apresentaram os menores valores de salinidade do período estudado (0,0-28,6),
sendo constatada a presença de água doce (<0,5) nos pontos amostrais 5 e 6 (Fig. 3f, g,
h).
Os maiores valores de oxigênio dissolvido no ecossistema estuarino como um todo
foram verificados em agosto/2008, setembro/2008, dezembro/2008, janeiro/2009 e
julho/2009, alcançando até 9,2mg/l (Fig. 4d, e, f, g, m). Além disso, no período de maio de
2008 a janeiro de 2009 percebem-se nos pontos amostrais mais próximos da foz do rio,
valores mais elevados em relação à região mais interna do ambiente, exceto para
fevereiro/2009, onde se verifica uma situação inversa. Os menores valores de oxigênio no
ambiente foram registrados em fevereiro de 2009 (1,2-6,9mg/l). Um decréscimo na
concentração de oxigênio próximo ao fundo do estuário não foi claramente evidenciado,
sendo apenas caracterizado nos meses de fevereiro, junho e julho de 2009 (Fig. 4l, m).
19
Os registros de pH na coluna d’água mostram valores oscilando entre 6 e 9 (Fig.
5). Os maiores valores de pH estão associados a intrusão de água marinha, ou seja,
próximos a foz e ao fundo do estuário.
O material particulado em suspensão (MPS) apresentou um padrão similar de
estratificação na coluna d’água para os onze meses analisados, mostrando um acréscimo
na concentração de partículas em direção ao fundo (Fig. 6). No entanto, de
dezembro/2008 a fevereiro/2009 este padrão sofre uma modificação, pois a coluna d’água
na área interna do estuário apresenta uma maior homogeneidade em termos de MPS
(Fig. 6d, e, f). Em maio e junho de 2009 foram registrados baixos valores de MPS no
ecossistema (9-99mg/l) (Fig. 6i, j), enquanto que em março e abril de 2009 foram
verificados os valores mais elevados (14-3.086mg/l) (Fig. 6g, h). Salienta-se que valores
de MPS acima de 600mg/l foram registrados apenas em março de 2009, os quais podem
ser explicados pela presença de lama fluida próxima ao substrato do rio (Fig. 6g).
20
Figura 2. Perfil de temperatura do ponto amostral 1 (jusante) ao 6 (montante) no estuário do rio Itajaí-Açu de maio de 2008 a julho de 2009.
21
Figura 3. Perfil de salinidade do ponto amostral 1 (jusante) ao 6 (montante) no estuário do rio Itajaí-Açu de maio de 2008 a julho de 2009.
22
Figura 4. Perfil de oxigênio dissolvido do ponto amostral 1 (jusante) ao 6 (montante) no estuário do rio Itajaí-Açu de maio de 2008 a julho de 2009.
23
Figura 5. Perfil de pH do ponto amostral 1 (jusante) ao 6 (montante) no estuário do rio Itajaí-Açu de maio de 2008 a julho de 2009.
24
Figura 6. Perfil de material particulado em suspensão do ponto amostral 1 (jusante) ao 6 (montante) no estuário do rio Itajaí-Açu de junho de 2008 a julho de 2009.
25
4.2 Composição Quali-Quantitativa da Ictiofauna
Durante as 13 (treze) campanhas realizadas no estuário, o número de peixes
coletados foi de 26009 indivíduos. Após análise em laboratório, foram identificadas 43
espécies pertencentes a 31 gêneros e 19 famílias, sendo que três taxa foram identificados
ao nível de gênero. As famílias que apresentaram o maior número de espécies foram
Sciaenidae (11 espécies), Achiridae (5 espécies) e Tetraodontidae (4 espécies), seguidas
de Engraulidae, Ariidae, Carangidae e Mugilidae com 3 espécies cada (Tab. 4). O
comprimento total dos exemplares variou entre 2,3 cm (Achirus sp.) e 44,5 cm (Mugil
platanus). Os menores tamanhos médios observados corresponderam às espécies
Achirus sp., Chilomycterus cf. reticulatus, Sphoeroides spengleri, Sphoeroides greeleyi,
Cynoscion jamaicensis e Anchoa lyolepis, enquanto os maiores são referentes às
espécies Mugil platanus, Centropomus parallelus, Orthopristis ruber, Gobioides
broussonnetii, Bairdiella ronchus e Mugil curema (Tab. 5).
Em relação a guilda ecológica das 43 espécies de peixes identificadas, 79%
compreenderam peixes marinho-estuarinos (34 espécies), sendo encontradas 6 espécies
marinhas e 3 estuarinas (Tab. 6). A posição vertical da maioria das espécies encontradas
está associada à zona de fundo, com 29 espécies demersais (67%), 9 espécies
representadas por peixes pelágicos e 5 bentopelágicas. No que diz respeito à guilda
alimentar, 61% predam no compartimento bentônico (13 espécies bentofágicas e 13
bentofágica-piscívoras), seguidas de 10 espécies omnívoras e um pequeno número de
espécies com hábito exclusivo de predação sobre o plâncton e peixes.
Tabela 4. Relação das espécies de peixes e suas respectivas ordens, famílias e nomes comuns, coletadas no estuário do rio Itajaí-Acu (SC) durante o período de maio de 2008 a julho de 2009.
Ordem/Família Nome Científico Nome Comum
CLUPEIFORMES Pristigasteridae Chirocentrodon bleekerianus (Poey, 1867) Pellona harroweri (Fowler, 1917) Sardinha Clupeidae Engraulidae Anchoa lyolepis (Evermann & Marsh, 1900) Manjuba Centengraulis edentulus (Cuvier, 1829) Manjuba-boca-torta
Lycengraulis grossidens (Agassiz,1829) Manjubão SILURIFORMES Ariidae Cathorops spixii (Agassiz, 1829) Bagre-amarelo Genidens barbus (Lacepède, 1803) Bagre-branco Genidens genidens (Cuvier, 1829) Bagre-urutu SCORPAENIFORMES Triglidae Prionotus punctatus (Bloch, 1793) Cabrinha
26
Tabela 4. Continuação. PERCIFORMES Carangidae Chloroscombrus chrysurus (Linnaeus, 1766) Palombeta Selene setapinnis (Mitchill, 1815) Peixe-galo Selene vomer (Linnaeus, 1758)
Peixe-galo-de-penacho
Centropomidae Centropomus parallelus (Poey, 1860) Robalo Ephippididae Chaetodipterus faber (Broussonet, 1782) Paru; enxada Gerreidae Diapterus rhombeus (Cuvier, 1829) Carapeba Gobiidae Gobioides braussonnetii (Lacepède,1800) Boca-de-fogo Haemulidae Orthopristis ruber (Cuvier, 1830) Corcoroca Mugilidae Mugil curema (Valenciennes, 1836) Parati Mugil liza (Valenciennes, 1836) Tainha Mugil platanus (Günther, 1880) Tainha Polynemidae Polydactylus virginicus (Linnaeus, 1758) Parati-barbudo Sciaenidae Bairdiella ronchus (Cuvier, 1830) Roncador Cynoscion acoupa (Lacepède, 1801) Pescada-amarela Goete
Cynoscion jamaicensis (Vaillant & Bocourt, 1883)
Cynoscion leiarchus (Cuvier, 1830) Pescada-branca Cynoscion sp. Isopisthus parvipinnis (Cuvier, 1830) Tortinha; pescadinha Micropogonias furnieri (Desmarest, 1823) Corvina Maria-luísa
Paralonchurus brasiliensis (Steindachner, 1875)
Stellifer rastrifer (Jordan, 1889) Cangoá Stellifer sp. Stellifer stellifer (Bloch, 1790) Cangoá Trichiuridae Trichiurus lepturus (Linnaeus, 1758) Peixe-espada PLEURONECTIFORMES Achiridae Achirus declivis (Chabanaud, 1940) Linguado Achirus lineatus (Linnaeus, 1758) Linguado Achirus sp. Linguado Catathyridium garmani (Jordan, 1889) Linguado Trinectes paulistanus (Ribeiro, 1915) Linguado Cynoglossidae
Symphurus tesselatus (Quoy & Gaimard, 1824) Língua-de-mulata
Paralichthyidae Cytharichthys spilopterus (Günther, 1862) Linguado TETRAODONTIFORMES Diodontidae Chilomycterus cf. reticulatus (Linnaeus, 1758) Baiacu-de-espinho Chilomycterus spinosus (Linnaeus, 1758) Baiacu-de-espinho Tetraodontidae Lagocephalus laevigatus (Linnaeus, 1766) Baiacu
Sphoeroides greeleyi (Gilbert, 1900) Baiacu Sphoeroides spengleri (Bloch, 1785) Baiacu Sphoeroides testudineus (Linnaeus, 1758) Baiacu
27
Tabela 5. Comprimento total médio (Lt), desvio padrão (DP), comprimento total mínimo e máximo das espécies de peixes coletadas no estuário do rio Itajaí-Acu (SC) entre maio de 2008 e julho de 2009.
Espécie N Lt mínimo (cm)
Lt máximo (cm)
Lt médio + DP (cm)
Achirus declivis 45 5,1 15,5 8,8 + 1,95 Achirus lineatus 2 5,6 6,0 5,9 + 0,21 Achirus sp. 1 2,3 2,3 2,3 Anchoa lyolepis 2 3,7 5,8 4,8 + 1,48 Bairdiella ronchus 9 17,9 24,3 21,4 + 2,33 Catathiridium garmani 4 11,2 17,3 14,2 + 3,22 Cathorops spixii 2 16,9 17,8 17,4 + 0,64 Centengraulis edentulus 2 11,1 12,7 11,9 + 1,13 Centropomus parallelus 4 25,5 37,0 30,4 + 5,37 Chaetodipterus faber 4 5,3 7,1 6,5 + 0,81 Chilomycterus cf. reticulatus 1 2,8 2,8 2,8 Chilomycterus spinosus 9 7,1 9,5 8,3 + 0,75 Chirocentrodon bleekerianus 2 5,3 6,4 5,9 + 0,85 Chloroscombrus chrysurus 1 8,5 8,5 8,5 Citharichthys spilopterus 82 7,0 18,3 11,6 + 2,21 CLUPEIDAE 1 4,8 4,8 4,8 Cynoscion acoupa 1 7,0 7,0 7,0 Cynoscion jamaicensis 4 3,3 7,1 4,6 + 1,73 Cynoscion leiarchus 2 7,0 20,7 13,9 + 9,69 Cynoscion sp. 1 5,9 5,9 5,9 Diapterus rhombeus 23 7,9 16,5 12,1 + 2,61 Genidens barbus 721 7,6 31,5 11,2 + 2,45 Genidens genidens 10006 4,6 41,8 13,4 + 4,5 Gobioides broussonnetii 4 18,2 40,0 25,4 + 9,92 Isopisthus parvipinnis 14 4,5 18,6 8,6 + 3,94 Lagocephalus laevigatus 7 4,1 24,5 11,7 + 8,41 Lycengraulis grossidens 1 14,9 14,9 14,9 Micropogonias furnieri 238 4,9 24,2 13,0 + 3,42 Mugil curema 1 20,5 20,5 20,5 Mugil liza 1 37,0 37,0 37,0 Mugil platanus 3 37,0 44,5 40,0 + 3,95 Orthopristis ruber 1 26,0 26,0 26,0 Paralonchurus brasiliensis 22 9,8 21,5 13,6 + 3,07 Pellona harroweri 47 2,9 11,6 5,7 + 1,70 Polydactylus virginicus 1 13,7 13,7 13,7 Prionotus punctatus 4 5,6 12,3 9,1 + 3,52 Selene setapinnis 6 4,2 10,2 6,7 + 2,25 Selene vomer 3 7,4 9,1 8,0 + 0,93 Sphoeroides greeleyi 1 3,9 3,9 3,9 Sphoeroides spengleri 1 3,7 3,7 3,7 Sphoeroides testudineus 1 6,9 6,9 6,9 Stellifer rastrifer 9821 3,3 23,4 8,9 + 2,83 Stellifer sp. 14 6,2 20,5 13,0 + 4,48 Stellifer stellifer 126 6,1 19,7 11,6 + 3,66 Symphurus tesselatus 27 8,9 15,7 12,1 + 1,62 Trichiurus lepturus 6 14,9 23,1 17,1 + 3,15 Trinectes paulistanus 1 8,6 8,6 8,6
28
Tabela 6. Guilda vertical (D=demersal, P=pelágico, BP=bentopelágico), hábito alimentar (B=bentofágico, P=planctofágico, BP=bentofágico/piscívoro, O=omnívoro, BPl=bentofágico/planctofágico, PP=planctofágico/piscívoro), e ambiente de ocorrência (ME=marinho/estuarino, M=marinho, E=estuarino), das espécies de peixes coletadas no estuário do rio Itajaí-Açu (SC) entre maio de 2008 e julho de 2009, baseada em revisão bibliográfica. Referência bibliográfica: 1=Figueiredo & Menezes (1978); 2=Figueiredo & Menezes (1980); 3= Figueiredo & Menezes (2000); 4=Menezes & Figueiredo (1980); 5=Menezes & Figueiredo (1985); 6=Fischer et al. (2004); 7=Queiroz (2005); 8=Rodríguez & Villamizar (2006); 9=Souza Conceição (2008); 10=Ignácio (2008); 11=Santos (2009); 12=Froese & Pauly (2010).
Espécie Guilda
Vertical
Hábito
Alimentar
Ocorrência Referência
Bibliográfica
Achirus declivis D B ME 3; 11; 10; 12 Achirus lineatus D B ME 3; 7; 9; 1; 10; 12 Anchoa lyolepis P P M 10; 12 Bairdiella ronchus D BP ME 4; 9; 11; 10; 12 Catathyridium garmani D BP ME 3; 6; 11; 12 Cathorops spixii D O E 1; 7; 11 Centengraulis edentulus P P ME 9; 10; 12 Centropomus parallelus D BP ME 10; 11; 12 Chaetodipterus faber BP B ME 5; 9; 10; 12 Chilomycterus cf. reticulatus D BPl M 3; 12 Chilomycterus spinosus D O ME 3; 7; 9; 10; 11; 12 Chirocentrodon bleekerianus P PP M 7; 11; 12 Chloroscombrus chrysurus P PP ME 4; 6; 7; 10; 11 Citharichthys spilopterus D B ME 3; 6; 9; 12 Cynoscion acoupa D BP ME 4; 11; 12 Cynoscion jamaicensis D BP ME 4; 12 Cynoscion leiarchus D BP ME 4; 10; 12 Diapterus rhombeus D O ME 4; 7; 10; 11; 12 Genidens barbus D O M 1; 6; 7; 11 Genidens genidens D O E 1; 6; 11 Gobioides broussonnetii D O E 5; 8; 12 Isopisthus parvipinnis D BP ME 7; 10; 11 Lagocephalus laevigatus D B ME 3; 6; 7; 9; 11 Lycengraulis grossidens P PP ME 1; 9; 10; 11 Micropogonias furnieri D BP ME 4; 7; 10; 11; 12 Mugil curema P O ME 6; 9; 10 Mugil liza P O ME 9; 12 Mugil platanus P O ME 6; 9 Orthopristis ruber D BP ME 4; 7; 9; 10; 11; 12 Paralonchurus brasiliensis D B ME 4; 6; 12 Pellona harroweri P P M 1; 11; 12 Polydactylus virginicus D B ME 10; 12 Prionotus punctatus D BP ME 2; 6; 10; 12 Selene setapinnis BP BP ME 4; 6; 12 Selene vomer D BP ME 4; 6; 10; 12 Sphoeroides greeleyi BP B ME 3; 9; 12 Sphoeroides spengleri D B M 3; 7; 11 Sphoeroides testudineus BP O ME 3; 9 Stellifer rastrifer D B ME 4; 6; 7; 10; 12 Stellifer stellifer D B ME 4; 9; 11; 12 Symphurus tesselatus D B ME 3; 7; 11 Trichiurus lepturus BP BP ME 3; 6; 10; 12 Trinectes paulistanus D B ME 3; 7; 11; 12
29
A Tabela 7 apresenta a projeção do número total de indivíduos capturados por
espécie após a padronização do esforço amostral (tempo de arrasto) e computação do
quarteamento da captura, totalizando 83.646 indivíduos distribuídos nos 13 meses de
amostragens. As maiores capturas em número de indivíduos foram registradas em
setembro de 2008 (n=16.446) e julho de 2009 (n=16.767), enquanto que as menores
foram observadas em dezembro de 2008, com apenas 757 peixes. A espécie com o maior
número de exemplares capturados durante todo o período amostral foi Genidens
genidens, com um total de 53.136 indivíduos, seguido de Stellifer rastrifer (n=26.194),
Genidens barbus (n=2.580), Micropogonias furnieri (n=672), Stellifer stellifer (n=293) e
Citharichthys spilopterus (n=181) (Tab. 7). A espécie Genidens genidens representou
mais que a metade das capturas (63,5%) e juntamente com Genidens barbus,
compreenderam 66,60% dos indivíduos coletados, traduzindo o predomínio de bagres no
estuário (Fig. 7). A segunda espécie mais representativa no ambiente, Stellifer rastrifer,
compreendeu 31,3% da ictiofauna no ambiente, representando juntamente com Genidens
genidens e Genidens barbus 97,9% dos indivíduos capturados. As demais espécies
tiveram uma participação inferior a 1%, sendo que 34 espécies, além de um indivíduo
identificado até o nível de família (Clupeidae), obtiveram contribuições inferiores a 0,05%
em número. Entre as 43 espécies identificadas, Bairdiella ronchus, Mugil liza, Lycengraulis
grossidens, Sphoeroides greeleyi e Orthopristis ruber foram registradas somente em 2008
e 23 espécies foram capturados apenas em 2009 (e.g. Pellona harroweri, Diapterus
rhombeus, Chaetodipterus faber, Selene setapinnis e Prionotus punctatus).
A biomassa por espécie também foi projetada considerando a padronização do
esforço amostral (tempo de arrasto) e computação do quarteamento da captura,
totalizando 1.440Kg de peixes capturados entre maio de 2008 e julho de 2009 (Tab. 8). A
maior biomassa foi registrada em maio/2009 (330Kg) e a menor em fevereiro/2009
(17Kg), não correspondendo aos meses onde se constatou as maiores e menores
capturas em número de indivíduos. Entretanto, as espécies de maior número também
foram as de maior biomassa, i.e. Genidens genidens (1.062Kg), Stellifer rastrifer (291Kg),
Genidens barbus (34Kg), Micropogonias furnieri (18Kg) e Stellifer stellifer (8Kg). A espécie
Citharichthys spilopterus, considerada a sexta espécie com as maiores capturas em
número, foi a nona espécie com a maior biomassa (3Kg), sendo a sexta posição ocupada
por Bairdiella ronchus (5Kg) apesar de não ter sido capturada no ano de 2009. Genidens
genidens representou 73,8% da biomassa capturada no ecossistema, enquanto Stellifer
rastrifer contribuiu com 20,2% da biomassa total. Juntamente com Genidens barbus
(2,4%), as 3 espécies totalizaram 96,4% da biomassa capturada no ecossistema (Fig. 8).
Em relação ao restante da ictiofauna, Micropogonias furnieri significou 1,2% da biomassa
capturada no estuário do Itajaí-Açu, enquanto as outras espécies alcançaram valores
30
inferiores a 0,6%. Assim, Genidens genidens e Stellifer rastrifer se configuram como as
espécies dominantes no estuário do rio Itajaí-Açu, tanto em número quanto em biomassa.
31
Tabela 7. Número de indivíduos capturados por espécie, após a padronização do esforço de pesca e computação do quarteamento das amostras, no estuário do rio Itajaí-Açu (SC) durante o período de maio de 2008 a julho de 2009.
2008 2009 Espécie
Mai Jun Jul Ago Set Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Total
Genidens genidens 2959 358 2925 1568 10650 424 1106 447 1055 2995 7064 13348 8237 53136
Stellifer rastrifer 273 1010 1921 764 5108 163 146 763 4969 1553 828 920 7776 26194
Genidens barbus 362 14 155 205 540 137 6 10 19 57 317 522 236 2580
Micropogonias furnieri 0 10 6 16 8 25 34 22 19 42 44 114 332 672
Stellifer stellifer 5 16 40 14 68 0 3 4 12 28 7 30 66 293
Citharichthys spilopterus 8 12 22 41 26 2 0 0 0 0 0 46 24 181
Achirus declivis 0 0 0 1 2 0 2 23 36 9 4 0 6 83
Symphurus tesselatus 0 0 9 16 6 0 0 0 2 0 2 10 15 60
Pellona harroweri 0 0 0 0 0 0 0 5 0 54 0 0 0 59
Diapterus rhombeus 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 18 29 47
Bairdiella ronchus 4 0 12 6 24 0 0 0 0 0 0 0 0 46
Paralonchurus brasiliensis 0 0 0 4 8 0 0 0 3 3 13 4 5 40
Stellifer sp. 0 7 6 0 4 0 0 0 0 3 2 4 4 29
Isopisthus parvipinnis 2 7 0 0 2 0 0 2 0 14 0 0 0 25
Lagocephalus laevigatus 0 0 0 2 0 4 0 0 0 5 0 12 0 23
Chilomycterus spinosus 0 1 2 2 0 0 0 0 0 1 8 0 4 18
Chaetodipterus faber 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 12 4 16
Selene setapinnis 0 0 0 0 0 0 0 2 2 3 0 6 0 13
Prionotus punctatus 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 10 0 11
Gobioides broussonnetii 0 0 6 2 0 0 0 1 0 0 0 0 0 9
Trichiurus lepturus 0 2 0 0 0 0 0 0 0 7 0 0 0 9
Catathiridium garmani 0 2 0 2 0 0 0 0 0 0 0 4 0 8
Cathorops spixii 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 4 0 0 7
32
Tabela 7. Continuação.
Centropomus parallelus 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 7 7
Cynoscion jamaicensis 0 0 0 0 0 0 0 7 0 0 0 0 0 7
Centengraulis edentulus 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 4 6
Selene vomer 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 6 0 6
Achirus lineatus 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 4 0 5
Cynoscion leiarchus 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 3 0 0 5
Mugil platanus 0 0 0 0 0 0 3 2 0 0 0 0 0 5
Anchoa lyolepis 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4 0 0 0 4
Chilomycterus cf. reticulatus 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4 4
Cynoscion acoupa 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4 4
Mugil curema 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4 4
Mugil liza 4 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4
Sphoeroides testudineus 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4 4
Chirocentrodon bleekerianus 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 0 0 0 3
Achirus sp. 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 2
Chloroscombrus chrysurus 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 2
Cynoscion sp. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 2
Lycengraulis grossidens 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2
Polydactylus virginicus 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 2
Sphoeroides greeleyi 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2
Sphoeroides spengleri 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 2
Trinectes paulistanus 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 2
CLUPEIDAE 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1
Orthopristis ruber 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
Total 3617 1441 5106 2645 16446 757 1300 1288 6121 4788 8300 15072 16767 83646
33
Tabela 8. Peso (gramas) padronizado dos indivíduos capturados por espécie no estuário do rio Itajaí-Açu (SC) durante o período de maio de 2008 a julho de 2009.
2008 2009 Espécie
Mai Jun Jul Ago Set Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Total
Genidens genidens 65897 30402 53208 42455 151017 23505 23097 10153 33475 57454 307668 160150 103776 1062256
Stellifer rastrifer 10097 10633 27003 17874 57320 3498 2035 4454 31390 11585 15613 23074 76408 290984
Genidens barbus 3709 146 1770 3118 9237 3198 167 315 359 488 4641 4866 2127 34141
Micropogonias furnieri 0 336 196 840 37 106 617 603 542 875 1198 2706 9646 17701
Stellifer stellifer 304 298 932 720 990 0 125 65 225 576 225 1563 1962 7984
Bairdiella ronchus 434 0 1401 987 1751 0 0 0 0 0 0 0 0 4573
Lagocephalus laevigatus 0 0 0 19 0 20 0 0 0 56 0 3271 0 3366
Mugil platanus 0 0 0 0 0 0 1620 1150 0 0 0 0 0 2770
Citharichthys spilopterus 313 336 205 699 496 20 0 0 0 0 0 399 254 2722
Mugil liza 1900 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1900
Centropomus parallelus 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1686 1686
Diapterus rhombeus 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 803 505 1307
Achirus declivis 0 0 0 82 95 0 29 289 441 110 10 0 225 1280
Stellifer sp. 0 457 62 0 323 0 0 0 0 40 34 157 73 1146
Paralonchurus brasiliensis 0 0 0 51 62 0 0 0 44 97 182 209 207 852
Chilomycterus spinosus 0 30 123 115 0 0 0 0 0 43 304 0 143 758
Symphurus tesselatus 0 0 87 268 73 0 0 0 21 0 17 60 183 708
Catathiridium garmani 0 223 0 154 0 0 0 0 0 0 0 130 0 506
Gobioides broussonnetii 0 0 438 52 0 0 0 13 0 0 0 0 0 503
Cathorops spixii 0 0 0 0 0 0 0 0 0 171 177 0 0 348
Mugil curema 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 343 343
Isopisthus parvipinnis 19 50 0 0 0 0 0 12 0 198 0 0 0 280
Orthopristis ruber 0 0 0 244 0 0 0 0 0 0 0 0 0 244
34
Tabela 8. Continuação.
Prionotus punctatus 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4 0 195 0 199
Cynoscion leiarchus 0 0 0 0 0 0 0 0 191 0 8 0 0 199
Chaetodipterus faber 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 93 50 143
Pellona harroweri 0 0 0 0 0 0 0 63 0 75 0 0 0 138
Trichiurus lepturus 0 5 0 0 0 0 0 0 0 94 0 0 0 99
Centengraulis edentulus 0 0 0 0 0 23 0 0 0 0 0 0 64 87
Selene setapinnis 0 0 0 0 0 0 0 6 2 33 0 15 0 57
Polydactylus virginicus 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 44 0 0 44
Selene vomer 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 40 0 40
Lycengraulis grossidens 0 40 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 40
Sphoeroides testudineus 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 32 32
Trinectes paulistanus 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 23 23
Achirus lineatus 0 0 0 4 0 0 0 0 0 0 0 18 0 22
Chloroscombrus chrysurus 0 0 0 0 0 0 0 0 0 13 0 0 0 13
Cynoscion acoupa 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 11 11
Chilomycterus cf. reticulatus 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 8 8
Cynoscion jamaicensis 0 0 0 0 0 0 0 7 0 0 0 0 0 7
Chirocentrodon bleekerianus 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 0 0 0 3
Sphoeroides greeleyi 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2
Anchoa lyolepis 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 2
Cynoscion sp. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 2
CLUPEIDAE 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 2
Sphoeroides spengleri 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1
Achirus sp. 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1
Total 82672 42955 85428 67682 221399 30370 27689 17129 66692 71919 330124 197749 197727 1439535
35
Figura 7. Porcentagem de contribuição em número de indivíduos das espécies de peixes capturadas no estuário do rio Itajaí-Açu (SC) de maio de 2008 a julho de 2009.
73,79
20,21
2,37
1,23
0,55
0,32
0,23
0,19
0,19
0,13
0,12
0,09
0,09
0,48
Genidens genidens
Stellifer rastrifer
Genidens barbus
Micropogonias furnieri
Stellifer stellifer
Bairdiella ronchus
Lagocephalus laevigatus
Mugil platanus
Citharichthys spilopterus
Mugil liza
Centropomus parallelus
Diapterus rhombeus
Achirus declivis
Outros
Biomassa (%)
Figura 8. Porcentagem de contribuição em biomassa das espécies de peixes capturadas no estuário do rio Itajaí-Açu (SC) de maio de 2008 a julho de 2009.
4.3. Variações Espaço-Temporais na Composição da Ictiofauna
A Figura 9 apresenta as variações mensais do número de indivíduos das
principais espécies capturadas (n>100) no estuário do rio Itajaí-Açu, destacando-se os
meses que não foram realizadas amostragens (outubro e novembro de 2008) em
63,52
31,32
3,08
0,80
0,35
0,22
0,10
0,07
0,07
0,06
0,05
0,05
0,30
Genidens genidens
Stellifer rastrifer
Genidens barbus
Micropogonias furnieri
Stellifer stellifer
Citharichthys spilopterus
Achirus declivis
Symphurus tesselatus
Pellona harroweri
Diapterus rhombeus
Bairdiella ronchus
Paralonchurus brasiliensis
Outros
Número de Indivíduos (%)
36
decorrência da enchente, bem como o início da dragagem de aprofundamento do
canal de acesso ao porto de Itajaí. Um padrão de variação da abundância das
espécies dominantes pode ser observado na área estudada, onde o número de
indivíduos capturados decaiu depois do evento da enchente em dezembro de 2008.
Deve-se destacar que a dragagem de aprofundamento teve início após a realização da
amostragem do mês de dezembro.
Figura 9. Variação mensal do número de indivíduos capturados no estuário do rio Itajaí-Açu de maio de 2008 a julho de 2009 para as espécies Genidens genidens (a), Stellifer rastrifer (b), Genidens barbus (c), Micropogonias furnieri (d), Stellifer stellifer (e) e Citharichthys spilopterus (f).
Genidens barbus
0
100
200
300
400
500
600
M J J A S O N D J F M A M J J
Núm
ero
de
Ind
ivíd
uos
Genidens genidens
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
M J J A S O N D J F M A M J J
Núm
ero
de In
diví
duos
Stellifer rastrifer
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
M J J A S O N D J F M A M J J
Núm
ero
de In
diví
duos
Micropogonias furnieri
0
50
100
150
200
250
300
350
M J J A S O N D J F M A M J J
Núm
ero
de I
ndiv
íduo
s
Stellifer stellifer
0
10
20
30
40
50
60
70
M J J A S O N D J F M A M J J
Núm
ero
de In
diví
duos
Citharichthys spilopterus
0
10
20
30
40
50
M J J A S O N D J F M A M J J
Núm
ero
de In
diví
duos
a b
c d
e f
EN
CH
EN
TE
EN
CH
EN
TE
EN
CH
EN
TE
EN
CH
EN
TE
EN
CH
EN
TE
EN
CH
EN
TE
DRAG.
APROF.
DRAG.
APROF.
DRAG.
APROF. DRAG.
APROF.
DRAG.
APROF.
DRAG.
APROF.
37
As espécies do gênero Genidens apresentaram comportamento semelhante
em relação às variações temporais do número de indivíduos capturados, sendo que as
maiores abundâncias foram registradas em setembro/2008 e junho/2009, e as
menores durante os quatro meses posteriores à enchente (Fig. 9a, c). O gênero
Stellifer também exibiu oscilações similares, sendo as menores capturas verificadas
após a enchente e início da dragagem (Fig. 9b, e). O primeiro pico no número de
indivíduos após este período de estresse foi observado em março para Stellifer
rastrifer e abril para Stellifer stellifer. Por outro lado, a espécie Micropogonias furnieri
não apresentou grandes oscilações durante quase todo o período amostrado, com
exceção dos meses de junho e julho de 2009, quando as capturas sofreram um brusco
aumento (Fig. 9d). Exemplares de Citharichthys spilopterus praticamente
desapareceram após os eventos de enchente e dragagem, voltado a ser capturado
apenas em junho de 2009 (Fig. 9f).
Em relação a variação espacial do número de indivíduos capturados ao longo
das treze coletas no estuário do rio Itajaí-Açu, foi possível verificar que os pontos
amostrais 2 e 3 apresentaram os menores valores (Fig. 10). Em direção jusante e
montante percebe-se um aumento gradual do número médio de indivíduos,
alcançando o maior valor no ponto 6. Além disso, analisando a amplitude do erro
padrão do valor médio do número de indivíduos, verifica-se que este é pequeno nos
pontos 2 e 3, aumentando também a jusante e montante. A análise desta variação
para as espécies mais abundantes mostra diferentes padrões espaciais (Fig. 11).
Genidens genidens e Genidens barbus aumentam sua abundância em direção ao
interior do estuário (Fig. 11a, c), enquanto Stellifer rastrifer apresenta o maior número
de indivíduos capturados no ponto amostral 1, próximo a foz do rio Itajaí-Açu (Fig.
11b). Stellifer stellifer e Citharichthys spilopterus exibem um padrão similar com
baixos valores observados para diferentes pontos amostrais, exceto o ponto 5
(próximo a afluência do rio Itajaí-Mirim), onde as maiores capturas foram registradas
(Fig. 11e, f). Micropogonias furnieri revelou uma diminuição dos valores da foz até o
ponto 4, sendo que as maiores abundâncias da espécie foram registradas na região
interna do estuário (pontos 5 e 6) (Fig. 11d).
38
Figura 10. Número médio de indivíduos, por ponto amostral, capturados no estuário do rio Itajaí-Açu entre maio de 2008 e julho de 2009. Barras indicam erro padrão.
Variações espaço-temporais na ocupação do estuário do rio Itajaí-Açu pelas
principais espécies de peixes capturadas no período compreendido entre maio de
2008 a julho de 2009 podem ser visualizadas nas Figuras 12 a 17. A espécie
Genidens genidens habitou toda a área amostrada em diferentes períodos do ano,
concentrando-se nos pontos amostrais mais distantes da foz, sendo registrados nesta
área os maiores valores em número de indivíduos (Fig. 12). Em setembro de 2008
registrou-se para o ponto amostral 6 o maior número de indivíduos (n=10.080). Um
comportamento dissimilar, referente à distribuição da espécie no estuário, foi
percebido em dezembro de 2008 (mês posterior à enchente), onde verificou-se que a
espécie deslocou-se para áreas mais próximas à foz (pontos 1, 2 e 3), mostrando um
padrão de ocupação uniforme. Um comportamento semelhante foi observado para
maio de 2009, quando averiguou-se elevadas concentrações em toda a região
estuarina estudada. Para Stellifer rastrifer as maiores concentrações oscilaram entre a
região intermediaria do estuário (pontos 3, 4 e 5) e a foz (ponto 1), mostrando-se
ocasionalmente elevada no ponto 2 (Fig. 13). O ponto amostral 6 apresentou as
menores abundâncias registradas no período de estudo. Em setembro de 2008
constataram-se elevados valores em toda a área de estudo, os quais decaíram no mês
seguinte (dezembro/2008), voltando a crescer em fevereiro de 2009.
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
1 2 3 4 5 6
Pontos Amostrais
Núm
ero
Méd
io d
e In
diví
duos
39
Figura 11. Número médio de indivíduos, por ponto amostral, capturados no estuário do rio Itajaí-Açu de maio de 2008 a julho de 2009 para as espécies Genidens genidens (a), Stellifer rastrifer (b), Genidens barbus (c), Micropogonias furnieri (d), Stellifer stellifer (e) e Citharichthys spilopterus (f). Barras indicam erro padrão.
Genidens genidens
0
600
1200
1800
2400
3000
3600
1 2 3 4 5 6
Núm
ero
Méd
io d
e In
diví
duos
a
Stellifer rastrifer
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1 2 3 4 5 6
Núm
ero
Méd
io d
e In
diví
duos
b
Genidens barbus
0
20
40
60
80
100
120
140
160
1 2 3 4 5 6
Núm
ero
Méd
io d
e In
diví
duos
c
Micropogonias furnieri
0
5
10
15
20
25
30
1 2 3 4 5 6
Núm
ero
Méd
io d
e In
diví
duos
d
Stellifer stellifer
0
2
4
6
8
10
12
14
1 2 3 4 5 6
Pontos Amostrais
Núm
ero
Méd
io d
e In
diví
duos
e
Citharichthys spilopterus
0
2
4
6
8
10
12
1 2 3 4 5 6
Pontos Amostrais
Núm
ero
Méd
io d
e In
diví
duos
f
40
Figura 12. Distribuição espacial mensal do número de indivíduos para a espécie Genidens genidens nos seis pontos amostrais estudados no estuário do rio Itajaí-Açu de maio de 2008 a julho de 2009.
41
Figura 12 (continuação). Distribuição espacial mensal do número de indivíduos para a espécie Genidens genidens nos seis pontos amostrais estudados no estuário do rio Itajaí-Açu de maio de 2008 a julho de 2009.
42
Figura 12 (continuação). Distribuição espacial mensal do número de indivíduos para a espécie Genidens genidens nos seis pontos amostrais estudados no estuário do rio Itajaí-Açu de maio de 2008 a julho de 2009.
43
Figura 13. Distribuição espacial mensal do número de indivíduos para a espécie Stellifer rastrifer nos seis pontos amostrais estudados no estuário do rio Itajaí-Açu de maio de 2008 a julho de 2009.
44
Figura 13 (continuação). Distribuição espacial mensal do número de indivíduos para a espécie Stellifer rastrifer nos seis pontos amostrais estudados no estuário do rio Itajaí-Açu de maio de 2008 a julho de 2009.
45
Figura 13 (continuação). Distribuição espacial mensal do número de indivíduos para a espécie Stellifer rastrifer nos seis pontos amostrais estudados no estuário do rio Itajaí-Açu de maio de 2008 a julho de 2009.
A distribuição da espécie Genidens barbus no estuário do rio Itajaí-Açu mostra-
se irregular no ambiente ao longo dos meses, sendo as maiores abundâncias
verificadas nos meses de inverno na região interna do estuário, especialmente no
ponto 6 (Fig. 14). Os meses subsequentes a dezembro de 2008 apresentaram baixo
número de indivíduos capturados, voltando a aumentar somente a partir de maio de
2009. Destaca-se que em dezembro, amostragem após a enchente (Fig. 9), a maior
concentração de indivíduos esteve localizada na região mais externa do estuário, fato
pouco comum para essa espécie (Fig. 14). Micropogonias furnieri foi até setembro de
2008 uma espécie ocasional no ambiente estuarino, sendo que a partir de dezembro
sua abundância cresceu de forma contínua até julho de 2009, principalmente na região
interna do ecossistema estudado (pontos 5 e 6) (Fig. 15). A região de foz apresentou
alta abundância apenas em julho de 2009, fato particular que aumentou o valor médio
de indivíduos capturados neste local, como pode ser observado na Figura 11d.
46
Figura 14. Distribuição espacial mensal do número de indivíduos para a espécie Genidens barbus nos seis pontos amostrais estudados no estuário do rio Itajaí-Açu de maio de 2008 a julho de 2009.
47
Figura 14 (continuação). Distribuição espacial mensal do número de indivíduos para a espécie Genidens barbus nos seis pontos amostrais estudados no estuário do rio Itajaí-Açu de maio de 2008 a julho de 2009.
48
Figura 14 (continuação). Distribuição espacial mensal do número de indivíduos para a espécie Genidens barbus nos seis pontos amostrais estudados no estuário do rio Itajaí-Açu de maio de 2008 a julho de 2009.
49
Figura 15. Distribuição espacial mensal do número de indivíduos para a espécie Micropogonias furnieri nos seis pontos amostrais estudados no estuário do rio Itajaí-Açu de maio de 2008 a julho de 2009.
50
Figura 15 (continuação). Distribuição espacial mensal do número de indivíduos para a espécie Micropogonias furnieri nos seis pontos amostrais estudados no estuário do rio Itajaí-Açu de maio de 2008 a julho de 2009.
51
Figura 15 (continuação). Distribuição espacial mensal do número de indivíduos para a espécie Micropogonias furnieri nos seis pontos amostrais estudados no estuário do rio Itajaí-Açu de maio de 2008 a julho de 2009.
Um padrão de distribuição espacial de Stellifer stellifer no estuário do rio Itajaí-
Açu não foi observado, entretanto os valores em número de indivíduos capturados
começaram a aumentar no ambiente a partir de junho de 2008, atingindo valores mais
elevados em setembro de 2008 em diferentes regiões do estuário (Fig. 16). No mês
posterior ao evento da enchente (dezembro/2008), não houve registros desta espécie
no ecossistema. Nos meses posteriores a este episódio e ao início da dragagem de
aprofundamento capturas pontuais foram verificadas, alcançando valores elevados
apenas em junho e julho de 2009 na área interna do estuário. A análise da distribuição
de Citharichthys spilopterus revela um padrão característico, onde a espécie é
capturada na região intermediária da área de estudo (pontos 3, 4 e 5) (Fig. 17). Porém,
após dezembro de 2008 averiguou-se a ausência deste linguado no ecossistema
estuarino durante 5 meses (janeiro a maio de 2009), voltando a ser capturado no mês
de junho.
52
Figura 16. Distribuição espacial mensal do número de indivíduos para a espécie Stellifer stellifer nos seis pontos amostrais estudados no estuário do rio Itajaí-Açu de maio de 2008 a julho de 2009.
53
Figura 16 (continuação). Distribuição espacial mensal do número de indivíduos para a espécie Stellifer stellifer nos seis pontos amostrais estudados no estuário do rio Itajaí-Açu de maio de 2008 a julho de 2009.
54
Figura 16 (continuação). Distribuição espacial mensal do número de indivíduos para a espécie Stellifer stellifer nos seis pontos amostrais estudados no estuário do rio Itajaí-Açu de maio de 2008 a julho de 2009.
55
Figura 17. Distribuição espacial mensal do número de indivíduos para a espécie Citharichthys spilopterus nos seis pontos amostrais estudados no estuário do rio Itajaí-Açu de maio de 2008 a julho de 2009 (de janeiro a maio de 2009 não houve captura desta espécie no estuário).
56
Figura 17 (continuação). Distribuição espacial mensal do número de indivíduos para a espécie Citharichthys spilopterus nos seis pontos amostrais estudados no estuário do rio Itajaí-Açu de maio de 2008 a julho de 2009 (de janeiro a maio de 2009 não houve captura desta espécie no estuário).
4.4. Efeitos Naturais e Antrópicos sobre a Composição e
Abundância da Ictiofauna
Em uma análise inicial de exploração dos dados da composição e abundância
da ictiofauna em diferentes pontos amostrais, durante o período de maio de 2008 e
junho de 2009, usou-se a técnica não métrica de escalonamento multidimensional
(MDS). Esta técnica identificou dois agrupamentos: o primeiro formado pelos pontos 1,
2 e 3, os quais se referem à área onde foi realizada a dragagem de aprofundamento
(ACD); e o segundo agrupamento composto pelos pontos 4, 5 e 6, na área sem
dragagem (ASD) (Fig. 18). O posicionamento dos pontos na análise permitiu ainda
identificar dois gradientes, sendo que o primeiro se refere à composição (gradiente A)
e o segundo a abundância da ictiofauna (gradiente B). A seta do gradiente composição
(A) indica o aumento da presença de Stellifer rastrifer, sendo que o grupo formado
57
pelos pontos da ACD estão situados na extremidade da seta retratando a forte
presença desta espécie neste local. Em contraposição, no outro extremo do gradiente
evidencia-se uma maior presença de Genidens genidens, condizendo com a locação
dos pontos amostrais da ASD. O gradiente B traduz o aumento da abundância de
indivíduos em direção ao extremo de sua seta. Assim, no lado oposto da seta
encontram-se grande parte dos pontos amostrais datados dos primeiros meses
posteriores ao evento de enchente e dragagem de aprofundamento (dezembro/2008,
janeiro/2009 e fevereiro/2009), indicando baixos valores de abundância total de
indivíduos. O baixo valor de estresse encontrado (0,1) significa que as distâncias entre
os pontos estão representadas de forma adequada na figura bidimensional (Clarke &
Warwick 2001).
Figura 18. Técnica não métrica de escalonamento multidimensional (MDS) baseada em dados de abundância e composição das espécies de peixes capturadas no rio Itajaí-Açu entre maio de 2008 a julho de 2009. Identificação das amostras: o primeiro número indica o ponto amostral (1 a 6), as letras indicam os meses de coleta (J=janeiro, F=fevereiro, Mr=março, Ab=abril, M=maio, Jn=junho, Jl=julho, A=agosto, S=setembro, D=dezembro) e os dois últimos números representam o ano de amostragem (08=2008 e 09=2009). As setas reproduzem gradientes (gradiente A=composição e gradiente B=abundância).
58
A análise de contribuição percentual de similaridade (SIMPER) (Tab. 9) revelou
que as espécies Stellifer rastrifer e Genidens genidens foram responsáveis pelas
maiores contribuições com a similaridade dos grupos definidos na análise MDS, ou
seja, ACD formada pelos pontos 1, 2 e 3 e ASD composta pelos pontos 4, 5 e 6 (Fig.
18). Assim, os maiores percentuais de contribuição com a similaridade na ACD foram
atribuídos à espécie Stellifer rastrifer, a qual apresentou também as maiores médias
de abundância nesta área em quase todo o período estudado. Em contraposição, a
espécie Genidens genidens assumiu os maiores percentuais de contribuição com a
similaridade entre os pontos amostrais da ASD, bem como, exibiu as maiores médias
de abundância nesta área. No período anterior à enchente e dragagem de
aprofundamento Stellifer rastrifer apresentou os maiores percentuais de contribuição
com a similaridade na ACD em relação às demais espécies. Em dezembro de 2008 a
contribuição desta espécie com a similaridade decaiu em ambas as áreas, bem como
sua abundância média, sobressaindo-se o bagre Genidens genidens que predominou
em todo o estuário, inclusive na ACD, apresentando as maiores abundâncias médias e
percentuais de contribuição com a similaridade em ambas as áreas neste mês. Nos
meses seguintes, também sujeitos aos efeitos da dragagem de aprofundamento,
percebe-se uma recuperação gradativa de Stellifer rastrifer no estuário. Genidens
genidens apresentou baixíssimos valores de abundância na ACD após o início da
dragagem de aprofundamento, mostrando um gradual aumento em sua abundância
média na ASD ao longo dos meses. Nas amostragens de março e julho de 2009, que
correspondem respectivamente a intervalos aproximados de 7 e 23 dias sem atividade
de dragagem (Tab. 3), observou-se uma elevação nos valores de abundância média
para Stellifer rastrifer na ACD.
A análise de variância permutacional (PERMANOVA) apontou diferenças
significativas para o fator mês (F=2,31; p=0,002), fato evidenciado nas análises MDS e
SIMPER, onde se verificou variações temporais na composição da ictiofauna (Tab.
10). A PERMANOVA também indicou diferenças significativas para o fator local
(F=10,03; p=0,0001), ou seja, a área com dragagem (ACD) difere da área sem
dragagem (ASD), como observado nas análises MDS e SIMPER, que mostraram
diferenças na composição de peixes destes dois locais. A interação mês e local não
revelou diferenças significativas quando considerado um �=0,05 (F=1,29; p=0,09), ou
seja, não há diferença entre as áreas com e sem dragagem considerando os meses
de coleta.
59
Tabela 9. Análise de contribuição percentual de similaridade (SIMPER) dos taxa encontrados no estuário do rio Itajaí-Açu no período de maio de 2008 a julho de 2009, sendo mostradas as similaridades médias, abundância média e percentagem de contribuição das principais espécies para a similaridade, bem como a contribuição cumulativa para a área com dragagem (ACD), pontos amostrais 1, 2 e 3; e sem dragagem (ASD), pontos amostrais 4, 5 e 6.
Mês Área Similaridade
Média Espécie
Abundância (núm. médio
de ind.)
Contribuição (%)
Contribuição Cumulativa
(%)
Stellifer rastrifer 44,67 98,81 98,81 ACD 41,45
Genidens genidens 2,33 1,19 100,00
Genidens genidens 983,92 78,01 78,01
Genidens barbus 120 11,23 89,24 mai
/200
8
ASD 26,17
Stellifer rastrifer 46,25 10,32 99,56
Stellifer rastrifer 119,67 98,54 98,54
Genidens barbus 2 0,73 99,27
Stellifer stellifer 2,33 0,36 99,64
Stellifer sp. 1 0,36 100,00
ACD 41,64
Genidens genidens 24,67 0 100,00
Stellifer rastrifer 217 62,17 62,17
jun/
2008
ASD 71,05 Genidens genidens 94,67 36,35 98,52
Stellifer rastrifer 147,67 88,08 88,08 ACD 22,03
Genidens genidens 16,33 4,65 92,74
Genidens genidens 958,67 54,31 54,31 jul/2
008
ASD 28,29 Stellifer rastrifer 492,67 41,49 95,80
Stellifer rastrifer 161,33 81,28 81,28 ACD 78,03
Genidens genidens 30,67 14,21 95,48
Genidens genidens 492 62,4 62,40
ago/
2008
ASD 35,45 Stellifer rastrifer 93,33 33,08 95,47
Stellifer rastrifer 1321,33 96,78 96,78
Stellifer stellifer 15,33 1,68 98,46 ACD 61,10
Genidens genidens 14 0,97 99,43
Stellifer rastrifer 381,33 59,9 59,90 set/2
008
ASD 32,04 Genidens genidens 3536 38,75 98,65
Genidens genidens 98 40,26 40,26
Genidens barbus 43,33 32,47 72,73 ACD 17,40
Stellifer rastrifer 46,67 22,07 94,80
Genidens genidens 43,44 82,78 82,78 dez/
2008
ASD 66,96 Stellifer rastrifer 7,53 15,26 98,05
Stellifer rastrifer 40 94,15 94,15 ACD 45,56
Genidens genidens 4 5,85 100,00
Genidens genidens 364,67 95,86 95,86
Micropogonias furnieri 11,33 1,85 97,71 jan/
2009
ASD 38,61
Stellifer rastrifer 8,67 1,7 99,41
60
Tabela 9. Continuação.
Mês Área Similaridade
Média Espécie
Abundância (núm. médio
de ind.)
Contribuição (%)
Contribuição Cumulativa
(%)
Stellifer rastrifer 161,22 98,74 98,74 ACD 32,38
Stellifer stellifer 1,22 0,72 99,47
Stellifer rastrifer 93,22 55,13 55,13
fev/
2009
ASD 50,34 Genidens genidens 149,11 39,19 94,33
Stellifer rastrifer 452,42 84,29 84,29 ACD 11,02
Genidens genidens 18,25 14,14 98,43
Stellifer rastrifer 1204 86,85 86,85
mar
/200
9
ASD 35,81 Genidens genidens 333,33 11,99 98,84
Stellifer rastrifer 55,22 58,38 58,38
Pellona harroweri 18,11 19,13 77,51 ACD 45,74
Genidens genidens 5,89 12,25 89,76
Stellifer rastrifer 462,55 74,21 74,21 abr/2
009
ASD 13,47 Genidens genidens 992,41 16,81 91,02
Genidens genidens 494,21 64,26 64,26 ACD 39,73
Stellifer rastrifer 211,33 27,22 91,48
Genidens genidens 1860,39 91,15 91,15
Genidens barbus 65,78 5,81 96,96 mai
/200
9
ASD 42,07
Stellifer rastrifer 64,67 2,91 99,87
Stellifer rastrifer 181 60 60,00
Genidens barbus 9 20 80,00 ACD 8,60
Genidens genidens 140 13,33 93,33
Genidens genidens 4356 83,2 83,20 jun/
2009
ASD 25,55 Stellifer rastrifer 186 12,8 95,99
Stellifer rastrifer 2128 68,92 68,92 ACD 10,06
Genidens genidens 20,33 9,22 78,14
Genidens genidens 2725,33 92,19 92,19 jul/2
009
ASD 64,76 Stellifer rastrifer 464 4,99 97,18
Tabela 10. Resultados da análise de variância permutacional (PERMANOVA), onde Df=graus de liberdade, SS=soma dos quadrados, MS=soma das médias, F=F estatístico, P (perm)=p valores usando permutações.
Fator Df SS MS F P (perm)
Mês 11 42239,82 3839,98 2,31 0,0020
Local 1 16694,66 16694,66 10,03 0,0001
Mês x Local 11 18314,24 1664,93 1,29 0,0944
61
A análise de componentes principais (ACP), que explicou 56,58% (eixo
1=36,92% e eixo 2=19,66%) da variação dos dados, mostra uma relação inversa das
variáveis salinidade e pH de fundo com a temperatura de fundo (Fig. 19). As maiores
temperaturas de fundo estiveram associadas aos meses mais quentes (estação de
verão), preferencialmente nos pontos amostrais situados no interior do estuário, onde
verificou-se também as menores salinidades e pH de fundo. A abundância da
ictiofauna apresentou uma relação inversa ao oxigênio dissolvido de fundo, sendo que
o maior número de peixes coletados correspondeu aos meses de outono e inverno. O
material particulado em suspensão de fundo esteve associado com os meses de
março e abril de 2009.
62
Figura 19. Análise de componentes principais (ACP) para a abundância das espécies capturadas no estuário do rio Itajaí-Açu e os parâmetros abióticos da camada de fundo da coluna d’água. Identificação das amostras: o primeiro número indica o ponto amostral (1 a 6), as letras indicam os meses de coleta (J=janeiro, F=fevereiro, Mr=março, Ab=abril, M=maio, Jn=junho, Jl=julho, A=agosto, S=setembro, D=dezembro) e os dois últimos números representam o ano de amostragem (08=2008 e 09=2009). Identificação dos vetores: N=abundância, Salfundo=salinidade de fundo, pHfundo=pH de fundo, ODfundo=oxigênio dissolvido de fundo, Tempfundo=temperatura de fundo, MPSfundo=material particulado em suspensão de fundo).
63
5. DISCUSSÃO
O regime hidrológico do rio Itajaí-Açu apresenta uma elevada variabilidade,
tanto sazonal como interanual, ou até mesmo decadal (Schettini, 2002). Este fato
decorre da instabilidade climática provocada tanto pela superposição dos regimes
pluviométricos regionais atuantes (tropical, frente polar de percurso oceânico e frente
polar de percurso continental) como da intervenção de fenômenos de escala global
como o El Niño (Schettini, 2002; Rörig, 2005). Segundo Schettini (2002), a descarga
média mensal para o rio Itajaí-Açu apresenta dois picos de máxima ao longo do ano
(fevereiro e outubro), bem como dois picos de mínima (abril e dezembro). O estudo de
Rörig (2005) apontou o período de outubro-novembro como o mais chuvoso para a
bacia do rio Itajaí-Açu, sendo que a vazão máxima foi verificada no mês de outubro e
mínima em março. Os períodos de maiores precipitações pluviométricas e vazões
médias mensais constatadas nos trabalhos dos autores acima citados coincidem com
o evento de enchente ocorrido no estuário do rio Itajaí-Açu, datado de novembro de
2008, sendo que elevadas descargas já vinham sendo verificadas desde outubro.
Os eventos de enchentes, que provocam o aumento da descarga dos rios,
transferem água doce e sedimentos para a zona costeira (Eyre & Twigg, 1997; Zonta
et al. 2005; Eyre & Ferguson, 2006). Segundo Eyre & Twigg (1997) o aumento da
concentração de sedimentos na coluna d’água decorrentes das enchentes resulta
tanto da entrada de material particulado no ambiente, devido a lixiviação do solo da
bacia, quanto da erosão e lavagem do fundo do estuário, até mesmo em breves
eventos (Schettini & Toldo Jr., 2006). Estuários que apresentam regime hidrodinâmico
altamente estratificado, como o rio Itajaí-Açu (Schettini et al., 1996; Schettini et al.,
1998; Schettini, 2002; Schettini & Toldo Jr., 2006; Pereira Filho et al., 2009), são
controlados pela descarga fluvial, liberando águas de baixa salinidade na zona
costeira, sendo que o aporte de água doce na plataforma pode ser acentuado durante
episódios hidrológicos de elevada vazão (Schettini et al., 2005).
Nos meses seguintes ao evento de enchente ocorrido no estuário do rio Itajaí-
Açu (dezembro de 2008, janeiro e fevereiro de 2009), verificaram-se os menores
valores de salinidade no período estudado. Além disso, o material particulado em
suspensão (MPS) apresentou um comportamento distinto, onde a coluna d’água da
região interna do ambiente de estudo mostrou-se mais homogênea e com valores
relativamente elevados. Estas constatações sugerem a forte influência da descarga
fluvial, reflexo do episódio hidrológico ocorrido, empurrando a cunha salina para fora
do estuário e conduzindo águas turvas em direção à foz. A relação direta entre o
64
aumento da descarga do rio e a diminuição da salinidade, bem como aumento da
concentração de sedimentos na coluna d’água foi observada por Eyre & Twigg (1997),
Paerl et al. (2005), Zonta et al. (2005) e Eyre & Ferguson (2006) em suas
investigações sobre impactos de eventos hidrológicos em estuários. Essa condição
também foi verificada no rio Itajaí-Açu nos trabalhos realizados por Schettini et al.
(1996), Schettini (2002), Pereira Filho et al. (2003), Schettini et al. (2005), Schettini &
Toldo Jr. (2006). Rörig (2005) também mostrou uma associação estreita entre a vazão
do rio Itajaí-Açu com a pluviosidade e estas com o material particulado em suspensão
e turbidez. Rörig (2005) atribui a relação entre a vazão e/ou pluviosidade e o aumento
da concentração de material particulado em suspensão e turbidez à erosão da matriz
geológica.
A análise de componentes principais (ACP) no presente estudo mostrou que
altos valores de material particulado em suspensão no fundo estiveram associados
com os meses de março e abril de 2009. Este fato pode estar relacionado ao registro
de lama fluida no ambiente neste período, sendo que sua ocorrência na região
próxima ao Porto de Itajaí foi apontada no trabalho de Almeida (2008). Schettini et al.
(2010) define lama fluida como suspensões altamente concentradas de sedimentos
finos e coesivos próximas ao fundo do rio. Segundo Schettini (2002) e Schettini &
Toldo Jr. (2006) o fundo estuarino ao longo do baixo estuário do rio Itajaí-Açu é
dominado por siltes e argilas, principalmente durante os períodos de descargas mais
baixas. Conforme constatado nos estudos de Schettini (2002) e Rörig (2005), as
vazões mínimas no estuário do rio Itajaí-Açu são verificadas em março e abril,
reforçando a possibilidade da presença de lama fluida neste período.
A ACP exibiu para as águas do fundo do rio Itajaí-Açu um padrão sazonal,
onde os maiores valores de temperatura e os menores de salinidade e pH estiveram
relacionados aos meses mais quentes. Este padrão corrobora as variações sazonais
de temperatura e salinidade observadas por Hostim-Silva et al. (2009) neste mesmo
estuário. Além disso, no presente estudo não foram constatadas estratificações
térmicas bruscas na coluna d’água, fato que pode estar associado a pouca
profundidade da área estudada (3 a 13 metros), situação também verificada por
Hostim-Silva et al. (2009).
Os estuários, um dos sistemas aquáticos mais complexos e dinâmicos do
planeta, representam áreas de refúgio para diversas espécies de peixes. O papel que
estes ambientes exercem como berçário para larvas e estágios juvenis de peixes é
crucial para a sobrevivência destes, incluindo várias espécies de interesse econômico
(Vendel et al., 2003; Souza Conceição, 2008). Assim, estes ecossistemas,
frequentemente sujeitos a perturbações antrópicas, despertam grande interesse na
65
sua proteção, conservação e monitoramento (Elliott, 2002; Jordan & Smith, 2005).
Estudos sobre a comunidade de peixes de ecossistemas aquáticos podem ser
utilizados como ferramenta de avaliação de qualidade ambiental, levando em
consideração a relação entre as ações antrópicas e este grupo taxonômico (e.g.
influência sobre recursos alimentares, distribuição, diversidade, reprodução e
abundância) (Otero et al., 2006). Segundo Flores-Lopes & Malabarba (2007), trabalhos
envolvendo a investigação de estratégias de vida, hábitos alimentares, ou
características da comunidade de peixes como o número de indivíduos e número de
espécies, podem gerar informações importantes no entendimento destes ambientes.
No presente trabalho foram identificadas para o estuário do rio Itajaí-Açu 43
espécies de peixes distribuídas em 31 gêneros e 19 famílias, enquanto Hostim-Silva et
al. (2002) encontrou 38 espécies e 18 famílias para este ecossistema. A riqueza do
estuário do rio Itajaí-Açu mostra-se claramente inferior a de outros estuários estudados
na região sul do Brasil, e.g. Lagoa dos Patos, Baía de Babitonga e Paranaguá (Tab.
11). Esse fato pode estar associado à dimensão destes estuários, pois o estuário do
rio Itajaí-Açu possui área menor e leito estreito na forma de meandro. Por outro lado,
estuários, como os acima citados, são mais largos e em forma de baía, resultando na
formação de sub-ambientes que proporcionam uma maior diversidade de habitats.
Além disso, a maior proporção de área impactada por dragagens, despejos de
efluentes e navegação, bem como degradação das margens do estuário do rio Itajaí-
Açu pode contribuir para a redução da riqueza de espécies neste ambiente. Um
exemplo é a Baía da Babitonga, onde em quatro estudos diferentes (Hostim-Silva et
al., 1998; Corrêa et al., 2006; Araújo, 2009; Santos, 2009) apresentou uma riqueza
mais alta que o Itajaí-Açu, oscilando entre 70 e 76 espécies (Tab. 11).
A rede de arrasto é usada largamente em levantamentos e monitoramentos de
ictiofauna em estuários (e.g. Chao et al., 1982; Barletta et al., 2008). A capacidade
deste amostrador pode ser observada na Baía da Ribeira (Rio de Janeiro), onde
Andreata et al. (2002) fez uso de diferentes instrumentos de coleta, i.e. arrasto-de-
fundo, arrasto-de-praia, puçá e censo visual. Das 148 espécies identificadas, 124
(84%) foram provenientes das amostragens com arrasto-de-fundo, sendo 85 (57%)
capturadas exclusivamente através desta técnica.
A maior parte das capturas realizadas no presente estudo compreenderam
peixes demersais (67%), o que pode ser explicado pelo método de amostragem
empregado e pela grande representatividade deste grupo em ecossistemas estuarinos
(Couto, 2006; Schwarz Jr. et al., 2006; Santos, 2009). Schwarz Jr. et al. (2006)
comentam que esta dominância está provavelmente relacionada à presença de grande
variedade de substratos e às fortes interações bióticas e abióticas associadas a estes,
66
como estratégias reprodutivas, padrões de migração e disponibilidade de alimento. No
entanto, espécies pelágicas pertencentes às famílias Engraulidae, Carangidae,
Mugilidae e Pristigasteridae foram registradas no Itajaí-Açu. Este fato pode estar
associado a pouca profundidade da área, variando entre 3 a 13 metros no período de
estudo, bem como ao momento de recolhimento da rede, durante o qual os peixes que
estão na coluna d’água podem ser capturados. Além disso, espécies pelágicas podem
formar cardumes próximos ao fundo durante o dia, movendo-se para a superfície
durante a noite para se alimentar (Lowe-McConnell, 1999).
Tabela 11. Lista de levantamentos de ictiofauna realizados nos estados do sul do Brasil, incluindo número de espécies e famílias identificadas.
Autores Ambiente estuarino Número de espécies
Número de famílias Método amostral
Queiroz et al. (2007) Baía das Laranjeiras e Paranaguá (PR) 60 27 Arrasto de fundo
Barletta et al. (2008) Paranaguá (PR) 79 25 Arrasto de fundo
Hostim-Silva et al. (1998)
Baia da Babitonga (SC) 76 29 Arrasto de fundo,
emalhe, tarrafa
Corrêa et al. (2006) Baia da Babitonga (SC) 73 26 Arrasto de fundo,
emalhe
Araújo (2009) Baia da Babitonga (SC) 70 30 Arrasto de praia
Santos (2009) Baia da Babitonga (SC) 76 29 Arrasto de fundo
Hostim-Silva et al. (2002)
Rio Itajaí-Açu (SC) 38 18 Arrasto de fundo,
emalhe, tarrafa
Presente trabalho Rio Itajaí-Açu (SC) 43 19 Arrasto de fundo
Chao et al. (1982) Lagoa dos Patos (RS) 89 49
Arrasto de fundo, arrasto de meia-água, arrasto de praia
Garcia & Vieira (2001)
Lagoa dos Patos (RS) 61 - Rede de picaré
A maior riqueza de espécies no presente trabalho foi registrada para a família
Sciaenidae (11 espécies). Vinson et al. (2004) afirmam que esta família está
amplamente distribuída em todo o mundo, sendo abundante em estuários tropicais do
Atlântico ocidental, como verificado em seu trabalho no estuário do rio Caeté na região
norte do Brasil. Na região sul, estudos comprovam esta dominância, conforme
verificado em trabalhos realizados no estuário de Paranaguá (Schwarz Jr. et al., 2006;
Couto, 2006) e Baía da Babitonga (Hostim-Silva et al., 1998; Santos, 2009). Para
diferentes estuários do Rio Grande do Sul foi observado um padrão similar,
destacando espécies das famílias Atherinidae e Mugilidae que tiveram importante
contribuição na riqueza de espécies (Ramos & Vieira, 2001).
67
Segundo Elliott (2002) e Spach et al. (2004), a importância principal do habitat
estuarino está relacionada a sua aptidão como área de criação, sendo característica
marcante neste ambiente a abundância de juvenis nas capturas. Através do confronto
dos comprimentos médios das principais espécies analisadas no presente estudo
(Tab. 5) com seus respectivos tamanhos médios de 1ª maturação (Tab. 12), verifica-se
que as capturas foram compostas basicamente por indivíduos juvenis, exceto para
Stellifer stellifer. Além disso, a ictiofauna do estuário do rio Itajaí-Açu foi caracterizada
pelo domínio de indivíduos de pequeno porte, demonstrando a importância deste
ambiente como área de crescimento para a maioria das espécies capturadas.
Salienta-se que esta dominância pode ter contribuição da habilidade dos peixes
maiores em evitar a rede, considerando a sua maior capacidade de percepção ao
artefato de pesca e velocidade de natação (Santos et al., 2002), ou ainda, a uma maior
distribuição destes na coluna d’água (Schwarz Jr. et al., 2006). A importância do
estuário do rio Itajaí-Açu como ambiente de criação é corroborada no estudo de
Hostim-Silva et al. (2002), que estudando a ictiofauna deste ecossistema através de
três modalidades de pesca (i.e. arrasto de portas, tarrafa e rede de emalhar)
verificaram um grande número de indivíduos juvenis para todas as famílias
capturadas.
Tabela 12. Tamanho médio de primeira maturação para as seis principais espécies capturadas no estuário rio Itajaí-Açu no período de maio de 2008 a julho de 2009, baseado em revisão bibliográfica.
Tamanho médio de 1ª maturação (cm) Espécie
Fêmea Macho Autores
Genidens genidens 13,4 16,8 Hostim-Silva (2001),
Hostim-Silva et al. (2009)
Stellifer rastrifer 11,7 11,7 Camargo & Isaac (2005)
Genidens barbus 16,7 18,1 Hostim-Silva (2001)
Micropogonias furnieri 35,0 33,0 Magro et al. (2000)
Stellifer stellifer 7,5 8,1 Branco & Almeida (2002)
Citharichthys spilopterus 11,7 11,7 Dias et al. (2005)
As espécies Genidens genidens e Stellifer rastrifer foram as mais abundantes
no estuário do rio Itajaí-Açu durante o período amostrado, representando 95% da
captura total. Estas espécies também apresentaram a maior contribuição em peso,
reproduzindo 94% da biomassa capturada neste ambiente. No estuário da Baía da
Babitonga, Stellifer rastrifer também se mostrou dominante, apresentando elevadas
68
abundâncias (Hostim-Silva et al., 1998; Corrêa et al., 2006; Santos, 2009). Em
contrapartida, a espécie com o maior número de indivíduos capturados no estuário do
rio Itajaí-Açu, i.e. Genidens genidens, não esteve dentre as mais representativas neste
ecossistema próximo. No estuário de Paranaguá a espécie Genidens genidens está
entre as mais abundantes (Vendel et al., 2002; Spach et al., 2004; Barletta et al.,
2008), juntamente com o bagre Cathorops spixii (Schwarz Jr. et al., 2006; Barletta et
al., 2008), o qual obteve uma participação inferior a 1% no estuário do rio Itajaí-Açu de
maio de 2008 a julho de 2009. Na porção sul do país, no ambiente estuarino da Lagoa
dos Patos, Genidens genidens também se mostrou abundante (Vieira et al., 2010),
porém com uma participação numérica inferior as espécies Genidens barbus e
Micropogonias furnieri, as quais predominaram neste ambiente segundo estudos de
Chao et al. (1982) e Vieira et al. (2010).
Barletta et al. (2008) comentam que apesar do elevado número de espécies
encontradas no canal principal do estuário de Paranaguá, esta área foi dominada por
poucas espécies. Neste estuário, espécies da família Ariidade foram responsáveis por
mais de 60% da densidade e biomassa total, condição esta também verificada no
estuário do rio Itajaí-Açu. Segundo McLusky (1989), o baixo número de espécies de
peixes em relação ao número de indivíduos presentes no estuário, i.e. dominância de
poucos grupos taxonômicos, compreende uma característica natural destes ambientes
adversos. No entanto, um aumento desta dominância, ou seja, quando organismos
tolerantes passam a ocorrer em número muito elevado em relação às espécies menos
tolerantes ao estresse ambiental, é um indicativo de perturbação ambiental na área
(Otero et al., 2006; Queiroz et al., 2007).
No estudo de Couto (2006), a qual investigou os impactos de um processo de
dragagem no estuário da Baía de Paranaguá, as famílias Sciaenidae e Ariidae tiveram
o maior número de espécies e densidade, respectivamente. Durante o processo de
dragagem, a autora verificou uma redução no número de espécies na região dragada,
bem como um aumento na captura de ariídeos (em especial Cathorops spixii), os
quais acentuaram sua dominância na área tanto em número quanto em biomassa.
Este fato verificado por Couto (2006) exemplifica a afirmação de Otero et al. (2006) e
Queiroz et al. (2007), associando a diminuição da riqueza e aumento da dominância
de poucas espécies (ariídeos) à perturbação ambiental provocada pelo processo de
dragagem na área.
Os peixes do estuário do rio Itajaí-Açu foram pouco investigados, destacando-
se o levantamento da composição da ictiofauna realizado por Hostim-Silva et al.
(2002) e os trabalhos de Hostim-Silva (2001) e Hostim-Silva et al. (2009) referentes à
reprodução dos bagres Genidens genidens e Genidens barbus. No Saco da Fazenda,
69
ambiente de baixa profundidade junto à foz do rio Itajaí-Açu, Freitas Jr. (2005),
Barreiros et al. (2009) e Branco et. al. (2009) estudaram a composição da ictiofauna.
Hostim-Silva et al. (2002) constataram uma menor riqueza de espécies (n=38) em
relação ao presente estudo, no período compreendido entre setembro de 1995 e
agosto de 1996. Entretanto, o autor mostra uma participação mais equilibrada das
espécies na comunidade, sendo necessárias 13 espécies para compor 95% do
número de indivíduos, contra duas espécies no presente trabalho. Além disso, um total
de 31 espécies tiveram uma participação numérica acima de 0,1%, em contraste com
o presente estudo, onde esta porcentagem esteve representada por apenas seis
espécies. As espécies que mais se destacaram em número de exemplares no referido
trabalho foram Genidens genidens, Stellifer rastrifer e Micropogonias furnieri, as quais
contribuíram com 66% do número total de indivíduos capturados. No presente estudo,
somente Genidens genidens representou 63,5% do número total. O confronto com os
dados do trabalho de Hostim-Silva et al. (2002) permite identificar mudanças na
comunidade de peixes em um espaço de 12 anos, período no qual o ambiente foi
submetido a sucessivas dragagens de aprofundamento e manutenção do canal de
navegação. O aumento da dominância de poucas espécies pode também estar
associada ao efeito cumulativo das perturbações ambientais no estuário do rio Itajaí-
Açu, especialmente aquelas relacionadas com o uso e ocupação das margens. Deve-
se ressaltar que perturbações antrópicas são contínuas e cumulativas, inibindo a
capacidade de resiliência do ambiente até que as fontes de perturbação sejam
eliminadas. Ao contrário, as perturbações naturais não são cumulativas, observando-
se extremos apenas em situações pontuais (e.g. enchente). Um modelo conceitual
destas perturbações ao longo do tempo é apresentado na Figura 20.
Estudando os bagres marinhos da Baía de Sepetiba (RJ), Azevedo et al. (1998)
verificaram que Genidens genidens é frequente e abundante durante todo o ciclo
anual. Este mesmo comportamento foi observado para estuário do rio Itajaí-Açu por
Hostim-Silva (2001) e Hostim-Silva et al. (2009), sendo apontada por Hostim-Silva et
al. (2002) uma maior abundância de Genidens genidens no trimestre correspondente
ao inverno. A espécie Genidens barbus esteve presente durante todo o ano nos
estuários do rio Itajaí-Açu e Lagoa dos Patos (RS) segundo Hostim-Silva et al. (2002)
e Araújo (1988), respectivamente. Araújo (1988) constatou na Lagoa dos Patos
elevadas abundâncias nas estações de inverno e primavera. Na Baía de Sepetiba,
Azevedo et al. (1998) não observaram diferenças significativas nas capturas em
número de indivíduos ao longo das estações do ano para esta espécie. No presente
estudo, ao longo de um ciclo anual, a abundância destas espécies mostrou um padrão
70
similar ao verificado pelos autores acima, excetuando-se a brusca queda após o
evento de enchente.
Figura 20. Desenho conceitual das perturbações antrópicas e naturais ao longo do tempo para o estuário do rio Itajaí-Açu.
Hostim-Silva et al. (2002) verificaram que Stellifer rastrifer ocorreu no estuário
do rio Itajaí-Açu durante o ano todo. Este comportamento também foi verificado nas
baías de Guaraqueçaba (PR) e Babitonga por Corrêa (2001) e Santos (2009),
respectivamente. Nas baías de Laranjeiras e Paranaguá (PR) (Queiroz, 2005), bem
como Babitonga (Santos, 2009), registrou-se para esta espécie uma maior abundância
em meses quentes, seguido de uma redução nas capturas em meses frios. No
estuário da Lagoa dos Patos, Stellifer rastrifer não foi registrado na estação de inverno
(Chao et al., 1982). Para Stellifer stellifer, Santos (2009) verificou um padrão similar de
sazonalidade em relação a espécie acima citada, ou seja, maior abundância no verão
e menor no inverno. Na Baía da Babitonga, Corrêa et al. (2006) registraram uma maior
abundância na estação de primavera, enquanto no estuário do rio Itajaí-Açu esta
espécie não foi encontrada por Hostim-Silva et al. (2002). Assim, de acordo com o
observado para estas espécies nos estuários do sul e sudeste do Brasil, esperava-se
registrar no presente estudo maiores abundâncias nos meses de verão para o Itajaí-
Açu. Esse padrão não foi verificado provavelmente por coincidir com o período
posterior à enchente.
-
Presente estudo
2008-2009
Hostim-Silva (2002)
1995-1996
Enchente novembro/2008
Per
turb
ação
0
+
+
ti+1 ti Tempo
Dominância
de espécies
Natural
Antrópica
71
Para Micropogonias furnieri, Hostim-Silva et al. (2002) constatou sua presença
no estuário do rio Itajaí-Açu durante todo o ano, assim como Chao et al. (1982) no
estuário da Lagoa dos Patos. Nas baías de Sepetiba (Costa & Araújo, 2003) e
Babitonga (Souza Conceição, 2008) foram observadas distribuições temporais
similares para esta espécie, com baixos valores nas estações de verão e outono e
altos na primavera e inverno. Robert & Chaves (2001) também registraram na estação
de primavera elevadas abundâncias de Micropogonias furnieri para a Baía de
Guaratuba (PR). Citharichthys spilopterus esteve presente em todas as estações do
ano no estuário do rio Itajaí-Açu (Hostim-Silva et al., 2002), Baía de Guaratuba
(Chaves & Vendel, 1997) e Baía da Babitonga (Corrêa et al., 2006; Santos, 2009). Na
Baía da Babitonga, Corrêa et al. (2006) registraram maior densidade para esta espécie
no outono e menor na primavera, ao contrário do estudo de Santos (2009), que
verificou um maior número de indivíduos na primavera. O comportamento da
abundância destas duas espécies no Itajaí-Açu, verificado no presente trabalho, não
foi semelhante ao constatado pelos autores acima. Ressalta-se que Micropogonias
furnieri apresentou um aumento nas capturas após a enchente. Pelo contrário,
Citharichthys spilopterus reduziu bruscamente sua abundância depois do evento,
voltando a ser capturada somente no inverno de 2009.
Se por um lado as perturbações antrópicas são contínuas e cumulativas, por
outro, as naturais podem provocar impactos pontuais e agressivos no ambiente
estuarino (Fig. 20). Assim, traçando um paralelo entre o comportamento temporal das
abundâncias dos principais grupos taxonômicos encontrados no estuário do rio Itajaí-
Açu (i.e. Genidens genidens, Stellifer rastrifer, Genidens barbus, Micropogonias
furnieri, Stellifer stellifer e Citharichthys spilopterus) e o observado para estas mesmas
espécies em outros estuários do sul e sudeste do Brasil, pode-se afirmar que a queda
brusca do número de indivíduos capturados em dezembro de 2008 esteve associada
ao evento de enchente ocorrido no estuário do rio Itajaí-Açu em novembro do mesmo
ano. A única espécie que apresentou um aumento do número de indivíduos após a
enchente foi Micropogonias furnieri, sugerindo menor influência do impacto natural
sobre esta espécie. Os efeitos das perturbações causadas por eventos naturais não
persistem por muito tempo no ambiente, diminuindo progressivamente até retornar às
condições pré-existentes. Para o estuário do rio Itajaí-Açu estima-se em 2 a 4 meses o
tempo em que a comunidade necessitou para se recuperar do evento de extremo
climático. Porém, este tempo deve ser menor, considerando que a dragagem de
aprofundamento ocorrida logo após a enchente pode ter contribuído para o retardo da
recuperação da ictiofauna aos padrões observados antes do fenômeno climático da
enchente.
72
Estudando a ictiofauna do ecossistema Saco da Fazenda, situado na foz do rio
Itajaí-Açu, Freitas Jr. (2005) comenta que as espécies Genidens genidens,
Micropogonias furnieri e Stellifer rastrifer foram perturbadas pela dragagem realizada
neste ambiente artificializado. Estas espécies, as mais abundantes no sistema antes
da dragagem, foram gradualmente substituídas por Cetengraulis edentulus e Mugil
curema. Branco et al. (2009) apontou Genidens genidens e Citharichthys spilopterus
como as espécies mais afetadas pelas atividades de dragagem no Saco da Fazenda.
Freitas Jr. (2005), Robert et al. (2007) e Branco et al. (2009) associam estas
alterações na estrutura das espécies de hábitos bentônicos (i.e. Genidens genidens,
Stellifer rastrifer, Micropogonias furnieri e Citharichthys spilopterus) ao impacto direto
das dragas, sugando estes organismos e provocando asfixia. Estes grupos
taxonômicos são constantemente observados nas áreas de despejo de material
dragado, servindo como alimento para aves aquáticas (Freitas Jr., 2005; Branco et al.,
2009). Robert et al. (2007) também mencionam que a espécie demersal Genidens
barbus, mais lenta ou com hábito sedentário, acaba sendo removida acidentalmente
pelas dragas e morrendo. Assim, o efeito retardado na recuperação da abundância
das espécies demersais (i.e. Genidens genidens, Genidens barbus, Citharichthys
spilopterus) nos primeiros meses após o evento da enchente no estuário do rio Itajaí-
Açu pode estar associado às atividades de dragagem.
Freitas Jr. (2005) e Branco et al. (2009) verificaram que apesar dos impactos
provocados pela dragagem no bioma Saco da Fazenda, como a destruição de habitats
bentônicos e mortalidade de organismos, houve um incremento no número de
espécies, abundância e biomassa neste ambiente. Os autores associam este
acontecimento ao aumento da profundidade promovido pela dragagem e melhoria dos
padrões de circulação local. No presente estudo, este fato também pode ser
observado, sendo constatada a captura de 23 novas espécies de janeiro a julho de
2009, período no qual ocorreu atividade de dragagem de aprofundamento no estuário.
Além disso, se averiguou para o inverno de 2009 um aumento no número de
indivíduos em relação ao inverno de 2008. Em adição, Couto (2006) menciona que a
migração de espécies para a região de atuação das dragas no estuário de Paranaguá
pode ser provocada pelo aumento da oferta de alimento durante a dragagem, i.e.
vertebrados e invertebrados triturados pela ação mecânica da draga.
Segundo Sandrini Neto et al. (2008), a análise de padrões de distribuição e a
investigação da variabilidade decorrente de distúrbios ambientais só é possível com a
replicação apropriada no espaço e no tempo. O desenho amostral proposto pelos
autores deve incluir replicações espaciais de áreas controle e de áreas sujeitas ao
impacto ambiental, bem como, réplicas temporais para determinar se a diferença de
73
um período para outro (i.e. antes e depois da dragagem) é maior do que a esperada
dentro de cada período. O desenho amostral do presente trabalho enquadrou-se nos
preceitos propostos por Sandrini Neto et al. (op. cit.), onde os pontos 1, 2 e 3
representam réplicas da área com dragagem (área sujeita ao impacto ambiental) e os
pontos 4, 5 e 6 réplicas da área sem dragagem (área controle), para um espaço de
tempo de 13 meses. A análise de escalonamento multidimensional (MDS) comprovou
a similaridade existente entre os pontos designados a cada uma das áreas, bem
como, os separou em dois grupos, definidos como área com dragagem (ACD) e sem
dragagem (ASD). Sandrini Neto et al. (op. cit.) menciona que a aplicação de rotinas
multivariadas, como a análise de escalonamento multidimensional (MDS) e estimativa
dos percentuais de similaridade (SIMPER), é bastante útil na detecção e interpretação
dos impactos das dragagens na estrutura de comunidades biológicas.
No presente estudo, a análise SIMPER mostrou o domínio de duas espécies
para os grupos identificados na análise MDS, ou seja, Genidens genidens com as
maiores abundâncias médias e contribuições com a similaridade na área sem
dragagem e Stellifer rastrifer na área com dragagem. A marcante presença de
Genidens genidens na área mais interna do estuário é explicada por sua preferência
às menores salinidades (Araújo, 1988; Azevedo et al., 1998; Corrêa, 2001; Hostim-
Silva, 2001; Hostim-Silva et al., 2009), as quais foram registradas nesta área. Em
dezembro de 2008, Genidens genidens foi a espécie mais abundante em toda a área
estudada, inclusive na área com dragagem. Este fato reflete os efeitos da enchente
(ocorrida em novembro de 2008), que provocou o aumento da descarga do rio pelo
acúmulo de água, fazendo com que a água doce se deslocasse para a região mais
próxima da foz, induzindo o movimento de Genidens genidens para esta zona.
Sandrini Neto et al. (2008) afirma que os distúrbios naturais podem confundir
os efeitos das perturbações provocadas pelas dragagens. Deste modo, os efeitos
causados pela enchente na estrutura da comunidade de peixes do estuário do rio
Itajaí-Açu podem se sobrepor aos impactos decorrentes da dragagem de
aprofundamento, tornando sua distinção muito difícil. Se considerarmos a hipótese que
a estrutura da comunidade de peixes tenha sido afetada apenas pela dragagem de
aprofundamento, excluindo a enchente, a estrutura da biota na área sem dragagem
(pontos 4, 5 e 6) estaria salva de alterações. No entanto, devido à enchente, ambas as
áreas (com e sem dragagem) sofreram alterações na estrutura da ictiofauna. Desta
forma, este evento natural não permitiu uma distinção clara dos efeitos da dragagem
de aprofundamento, como se pode verificar na análise de variância permutacional
(PERMANOVA), a qual não mostrou diferenças significativas entre as áreas com e
sem dragagem ao longo do tempo. Isto aconteceu porque estas áreas se recuperaram
74
concomitantemente ao longo do tempo: a área sem dragagem se restabeleceu dos
impactos da enchente e a área com dragagem se recuperou da enchente e dragagem
de aprofundamento.
75
6. CONCLUSÕES
A ictiofauna do estuário do rio Itajaí-Açu esteve composta por 43 espécies, das
quais seis (Genidens genidens, Stellifer rastrifer, Genidens barbus, Micropogonias
furnieri, Stellifer stellifer e Citharichthys spilopetrus) representaram 99% da captura
durante o período de maio de 2008 a julho de 2009. Genidens genidens se configurou
como a espécie mais abundante no estuário do rio Itajaí-Açu, preferindo habitar a
região interna do estuário, onde foram registradas as menores salinidades.
A captura predominante de juvenis para as espécies mais abundantes no
estuário do rio Itajaí-Açu demonstra a elevada importância deste ecossistema como
área de crescimento.
A estrutura da ictiofauna no estuário do rio Itajaí-Açu apresentou uma
acentuada dominância de poucas espécies, o que pode estar associado ao acúmulo
de perturbações antrópicas no sistema ao longo de mais de uma década. Estas
perturbações são contínuas e cumulativas (e.g. dragagens e uso e ocupação do solo
da bacia), ao passo que a perturbação natural ocorrida no estuário do rio Itajaí-Açu,
i.e. a enchente de dezembro de 2008, causou alterações imediatas e severas na
comunidade de peixes do ecossistema, como a forte queda no número de indivíduos
das principais espécies.
Os efeitos das perturbações naturais não persistem por muito tempo no
ambiente, apresentando uma diminuição progressiva até retornar às condições
existentes antes do evento natural. Para o estuário do rio Itajaí-Açu, afetado pela
enchente, estimou-se o período de recuperação da ictiofauna de 2 a 4 meses, o que
pode ser menor caso não ocorra dragagem de aprofundamento.
O evento de enchente, ocasionando o aumento da descarga do rio, foi
responsável pela expulsão da cunha salina para fora do estuário e pelo deslocamento
de Genidens genidens para a região mais próxima da foz.
O incremento no número de espécies, abundância e biomassa, observado no
outono e inverno de 2009, pode estar associado à dragagem de aprofundamento, que
proporciona o aumento da profundidade, melhoria nos padrões de circulação e
aumento da oferta de alimento.
A enchente camuflou os efeitos da dragagem de aprofundamento sobre a
ictiofauna no estuário do rio Itajaí-Açu, não sendo possível distinguir com clareza os
impactos decorrentes dos eventos antrópico e natural.
Apesar dos impactos decorrentes da dragagem de aprofundamento não
estarem facilmente evidentes no presente estudo, esta atividade contribui para o
76
somatório de perturbações antrópicas no estuário. Deste modo, é crucial preservar e
recuperar as matas ciliares da bacia hidrográfica do rio Itajaí-Açu (cuja ausência ou
pouca presença potencializam a lixiviação do solo e assoreamento do rio), para
minimizar a necessidade de constantes dragagens no canal do rio, tanto de
manutenção como de aprofundamento.
Recomendação
Sugere-se que para um melhor entendimento dos impactos provocados pela
dragagem de aprofundamento ocorrida no estuário do rio Itajaí-Açu no primeiro
semestre de 2009, seja realizado um estudo individualizado das principais espécies da
comunidade de peixes deste ambiente, bem como a análise de uma série temporal
mais extensa de dados, dando continuidade às coletas realizadas no presente
trabalho.
77
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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APÊNDICE Apêndice 1. Tempo de arrasto, posição geográfica e horário de lançamento e recolhimento da rede de arrasto para cada ponto de coleta da ictiofauna no estuário do rio Itajaí-Açu no período de maio de 2008 a julho de 2009.
Lançamento Recolhimento Hora Tempo Arrasto Data Ponto
Latitude Longitude Latitude Longitude Lançamento Recolhimento (min) 23/5/2008 1 26º54,783' 48º38,570' 26º54,698' 48º38,746' 13:58 14:08 10 23/5/2008 2 26º54,554' 48º38,949' 26º54,630' 48º38,868' 13:15 13:20 5 23/5/2008 3 26º53,896' 48º40,013' 26º53,918' 48º39,909' 12:37 12:42 5 23/5/2008 4 26º52,904' 48º40,117' 26º53,057' 48º39,910' 11:42 11:52 10 23/5/2008 5 26º53,189' 48º41,263' 26º53,186' 48º40,964' 10:48 10:58 10 23/5/2008 6 26º51,930' 48º41,449' 26º51,819' 48º41,621' 09:58 10:06 8 18/6/2008 1 26º54,790' 48º38,536' 26º54,756' 48º38,670' 10:50 11:00 10 18/6/2008 2 26º54,470' 48º39,011' 26º54,347' 48º39,098' 12:03 12:13 10 18/6/2008 3 26º53,888' 48º46,002' 26º53,782' 48º40,130' 12:41 12:46 5 18/6/2008 4 26º52,963' 48º40,025' 26º52,902' 48º40,250' 13:24 13:29 5 18/6/2008 5 26º53,202' 48º41,013' 26º53,206' 48º41,214' 13:52 13:57 5 18/6/2008 6 26º51,912' 48º41,467' 26º51,790' 48º41,836' 14:28 14:38 10 29/7/2008 1 26º54,797' 48º38,526' 26º54,695' 48º38,734' 08:43 08:53 10 29/7/2008 2 26º54,492' 48º39,006' 26º54,310' 48º39,150' 09:40 09:50 10 29/7/2008 3 26º53,823' 48º40,141' 26º53,650' 48º40,214' 10:26 10:31 5 29/7/2008 4 26º52,898' 48º40,155' 26º52,881' 48º40,384' 10:53 10:58 5 29/7/2008 5 26º53,216' 48º41,171' 26º53,152' 48º41,370' 11:21 11:26 5 29/7/2008 6 26º51,862' 48º41,532' 26º51,809' 48º41,956' 11:50 12:00 10 27/8/2008 1 26º54,787' 48º38,550' 26º54,674' 48º38,744' 10:28 10:38 10 27/8/2008 2 26º54,420' 48º39,067' 26º54,198' 48º39,210' 11:16 11:26 10 27/8/2008 3 * * 26º53,457' 48º40,062' 12:02 12:12 10 27/8/2008 4 26º52,905' 48º40,131' 26º52,884' 48º40,298' 12:32 12:37 5 27/8/2008 5 26º53,223' 48º41,205' 26º53,155' 48º41,355' 13:03 13:08 5 27/8/2008 6 26º51,874' 48º41,502' 26º51,807' 48º41,719' 13:33 13:38 5 24/9/2008 1 26º54,761' 48º38,597' 26º54,644' 48º38,855' 10:10 10:20 10 24/9/2008 2 26º54,437' 48º39,046' 26º54,186' 48º39,240' 10:47 10:57 10 24/9/2008 3 26º53,854' 48º40,128' 26º53,734' 48º40,216' 11:44 11:49 5 24/9/2008 4 26º52,900' 48º40,146' 26º52,882' 48º40,359' 12:45 12:50 5 24/9/2008 5 26º53,214' 48º41,171' 26º53,153' 48º41,321' 12:30 12:35 5 24/9/2008 6 26º51,835' 48º41,601' 26º51,810' 48º41,768' 13:02 13:07 5 15/12/2008 1 26º54,774' 48º38,590' 26º54,673' 48º38,797' 11:22 11:32 10 15/12/2008 2 26º54,486' 48º39,028' 26º54,364' 48º39,116' 12:06 12:11 5 15/12/2008 3 26º53,928' 48º39,965' 26º53,855' 48º40,102' 12:43 12:48 5 15/12/2008 4 26º52,989' 48º39,981' 26º52,892' 48º40,193' 13:17 13:27 10 15/12/2008 5 26º53,232' 48º41,155' 26º53,205' 48º41,294' 13:52 13:59 7 15/12/2008 6 26º51,860' 48º41,561' 26º51,832' 48º41,690' 12:32 12:37 5 28/1/2009 1 26º54,788' 48º38,569' 26º54,775' 48º38,622' 10:58 11:03 5 28/1/2009 2 26º54,560' 48º38,943' 26º54,519' 48º39,010' 11:36 11:41 5 28/1/2009 3 26º53,760' 48º40,207' 26º53,659' 48º40,210' 12:30 12:35 5 28/1/2009 4 26º52,960' 48º40,031' 26º52,892' 48º40,283' 13:00 13:10 10 28/1/2009 5 26º53,202' 48º41,171' 26º53,151' 48º41,320' 13:49 13:54 5 28/1/2009 6 26º51,837' 48º41,624' 26º51,833' 48º41,850' 14:26 14:31 5 19/2/2009 1 26º54,806' 48º38,546' 26º54,729' 48º38,729' 10:56 11:02 6 19/2/2009 2 26º54,468' 48º39,031' 26º54,372' 48º39,106' 11:44 11:49 5 19/2/2009 3 26º53,757' 48º40,195' 26º53,590' 48º40,220' 12:27 12:37 10
* Dado não registrado.
87
Apêndice 1. Continuação. 19/2/2009 4 26º52,965' 48º40,035' 26º52,876' 48º40,263' 13:03 13:13 10 19/2/2009 5 26º53,228' 48º41,159' 26º53,193' 48º41,261' 13:44 13:49 5 19/2/2009 6 26º51,949' 48º41,444' 26º51,882' 48º41,507' 14:24 14:30 6 26/3/2009 1 26º54,781' 48º38,563' 26º54,692' 48º38,782' 10:58 11:06 8 26/3/2009 2 26º54,501' 48º39,015' 26º54,381' 48º39,107' 11:50 11:55 5 26/3/2009 3 26º53,672' 48º40,222' 26º53,458' 48º40,101' 12:57 13:02 5 26/3/2009 4 26º52,871' 48º40,275' 26º52,929' 48º40,514' 13:25 13:30 5 26/3/2009 5 26º53,210' 48º41,009' 26º53,209' 48º41,224' 13:39 13:44 5 26/3/2009 6 26º51,839' 48º41,592' 26º51,793' 48º41,828' 14:55 15:00 5 24/4/2009 1 26º54,800' 48º38,521' 26º54,745' 48º38,611' 15:31 15:37 6 24/4/2009 2 26º54,600' 48º38,905' 26º54,672' 48º38,812' 15:00 15:05 5 24/4/2009 3 26º53,428' 48º40,027' 26º53,545' 48º40,172' 13:48 13:58 10 24/4/2009 4 26º52,966' 48º40,030' 26º53,079' 48º39,942' 13:30 13:40 10 24/4/2009 5 26º53,215' 48º41,166' 26º53,223' 48º41,081' 12:49 12:54 5 24/4/2009 6 26º51,825' 48º41,660' 26º51,868' 48º41,539' 11:54 12:00 6 26/5/2009 1 26º54,816' 48º38,508' 26º54,773' 48º38,635' 11:07 11:13 6 26/5/2009 2 26º54,520' 48º38,997' 26º54,458' 48º39,063' 11:52 11:55 3 26/5/2009 3 26º53,648' 48º40,222' 26º53,492' 48º40,110' 12:36 12:41 5 26/5/2009 4 26º52,900' 48º40,168' 26º52,900' 48º40,396' 13:30 13:35 5 26/5/2009 5 26º53,233' 48º41,086' 26º53,211' 48º41,298' 14:16 14:21 5 26/5/2009 6 26º51,810' 48º41,676' 26º51,790' 48º41,943' 14:57 15:03 6 1/7/2009 2 26º54,532' 48º38,958' 26º54,439' 48º39,042' 12:35 12:40 5 1/7/2009 3 26º53,590' 48º40,217' 26º53,516' 48º40,154' 13:28 13:33 5 1/7/2009 4 26º52,895' 48º40,189' 26º52,897' 48º40,353' 14:04 14:09 5 1/7/2009 5 26º53,222' 48º41,057' 26º53,212' 48º41,246' 14:39 14:44 5 1/7/2009 6 26º51,846' 48º41,568' 26º51,803' 48º41,770' 15:24 15:29 5
29/7/2009 1 26º54,781' 48º38,569' 26º54,740' 48º38,679' 11:10 11:15 5 29/7/2009 2 26º54,483' 48º39,029' 26º54,360' 48º39,115' 12:09 12:14 5 29/7/2009 3 26º53,586' 48º40,201' 26º53,411' 48º40,009' 12:50 13:00 10 29/7/2009 4 26º52,883' 48º40,192' 26º52,897' 48º40,410' 13:31 13:36 5 29/7/2009 5 26º53,204' 48º41,030' 26º53,227' 48º41,184' 14:10 14:15 5 29/7/2009 6 26º51,836' 48º41,610' 26º51,803' 48º41,804' 15:18 15:23 5
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ANEXO Anexo 1. Tábua de marés (altura em metros) para o estuário do rio Itajaí-Açu no período de maio de 2008 a julho de 2009.
Tábua de Marés
23/05/08 18/06/08 29/07/08 27/08/08 24/09/08 15/12/08 28/01/09
Hora Altura Hora Altura Hora Altura Hora Altura Hora Altura Hora Altura Hora Altura
05:04 0,9 07:45 0,1 06:39 0,3 06:13 0,2 05:23 0,3 08:13 0,7 08:00 0,2 10:41 0,2 15:06 1,1 13:51 1,1 13:17 1,0 12:30 0,9 10:23 0,7 15:41 0,9 17:08 1,0 19:38 0,6 20:06 0,5 19:45 0,5 18:53 0,5 12:49 0,7
15:58 0,9 Lua cheia Maré sigízia
Lua cheia Maré sigízia
Lua nova Maré sigízia
Lua minguante Maré quadratura
Lua minguante Maré quadratura
Lua cheia Maré sigízia
Lua nova Maré sigízia
19/02/09 26/03/09 24/04/09 26/05/09 01/07/09 29/07/09
Hora Altura Hora Altura Hora Altura Hora Altura Hora Altura Hora Altura 06:17 0,6 07:06 0,1 07:06 0,2 03:38 0,9 09:24 0,7 07:13 0,7 10:04 0,8 14:47 1,0 14:47 1,1 11:45 0,2 12:13 0,5 10:39 0,5 17:13 0,3 20:19 0,0 20:13 0,2 17:02 1,1 15:06 0,7 14:02 0,7
18:56 0,4 17:00 0,6 Lua minguante Maré quadratura
Lua nova Maré sigízia
Lua minguante Maré quadratura
Lua nova Maré sigízia
Lua crescente Maré quadratura
Lua crescente Maré quadratura
Fonte: Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN, 2009).