igreja e sua disciplina

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  Escola Bíblica - IBCU A IGREJA HOJE: Propósito e Valor Oswaldo Carreiro 1  Aula IV:  Deus ama a Igreja e deseja mantê-la saudável através da disciplina bíblica. I. INTRODUÇÃO: Deus ama a Sua Igreja e deseja o bem-estar dos seus filhos. Participar da comunhão dos santos implica em buscar ser semelhante a Cristo, pois é este o ideal do crente e da igreja. A desproporção entre a santidade que Deus espera ver nos seus filhos (Ef 1.4; 5.26s) e o pecado que os crentes praticam, demonstra a necessidade indispensável da disciplina bíblica. Uma definição de disciplina eclesiástica seria: “Todos os meios e medidas pelas quais a igreja busca a sua santificação e boa ordem necessária para a sua edificação espiritual e a eliminação de tudo o que ameaça o seu bem- estar”  (D.S.Chaff). Através da Sua Palavra, o Senhor já concedeu aos seus filhos e à Igreja, instruções claras quanto à disciplina. Muito antes de nós pensarmos na disciplina eclesiástica, Deus já planejou tudo para o crescimento sadio da Sua Igreja. Cabe a igreja aplicar o que Ele já estabeleceu. Lembremo-nos que pela “educação na justiça”  (II Tm 3.16) os imaturos e ignorantes devem progredir por meio da transformação operada pelo Espírito Santo, até refletir a “própria imagem” de Cristo (II Co 3,18). Ao escrever aos coríntios, Paulo utilizou a figura “bebês em Cristo” para caracterizar os coríntios imaturos (I Co 3.1), porque não manifestaram sinais da sua filiação divina, mas sim, humana e carnal. Através do ensino bíblico, o cristão é encorajado a pensar e agir de forma a imitar o seu Senhor, evitando os erros de ignorância e negligência. “Ensinar”, “exortar”, “educar”, “admoestar”, “repreender”, “corrigir”, são termos encontrados no Novo Testamento para a disciplina ecle siástica. A falta da disciplina “positiva”, através do “ensino”, contribui para problemas mais graves, e, consequentemente, leva à disciplina “negativa”, ou seja, o afastamento da comunhão até que o pecador se arrependa. II. PROPÓSITO E NECESSIDA DE DA DISCIPLINA  Em qualquer passo, o alvo da disciplina bíblica sempre visa “recuperar o ofensor”. Nunca alguém dever ia iniciar a disciplina bíblica, tendo em vista, “afastar” o ofensor da comunhão, pois, o Senhor Jesus conferiu somente à Sua Igreja a responsabilidade de pronunciar o Seu perdão e os Seus juízos (Mateus 18.15-17). A Igreja deve, portanto, aplicar princípios bíblicos já estabelecidos por Cristo, quanto ao governo de seus membros, e, se necessário for, na remoção de membros. “A Igreja não tem o direito de ignorar um comportamento persistentemente  pecaminoso entre os seus membros. Nosso Senhor não deixou aberta diante de nós essa opção.”  (Daniel E.Wray). Quais são os PROPÓSITOS da disciplina bíblica? 1. GLORIFICAR A DEUS.

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A IGREJA HOJE: Propósito e Valor

Oswaldo Carreiro

1

Aula IV: 

Deus ama a Igreja e deseja mantê-la saudável através da disciplinabíblica.

I. INTRODUÇÃO: 

Deus ama a Sua Igreja e deseja o bem-estar dos seus filhos.Participar da comunhão dos santos implica em buscar ser semelhante a Cristo, pois é

este o ideal do crente e da igreja. A desproporção entre a santidade que Deus espera vernos seus filhos (Ef 1.4; 5.26s) e o pecado que os crentes praticam, demonstra anecessidade indispensável da disciplina bíblica.

Uma definição de disciplina eclesiástica seria: “Todos os meios e medidas pelasquais a igreja busca a sua santificação e boa ordem necessária para a sua edificação espiritual e a eliminação de tudo o que ameaça o seu bem- estar” (D.S.Chaff). Através daSua Palavra, o Senhor já concedeu aos seus filhos e à Igreja, instruções claras quanto àdisciplina. Muito antes de nós pensarmos na disciplina eclesiástica, Deus já planejou tudopara o crescimento sadio da Sua Igreja. Cabe a igreja aplicar o que Ele já estabeleceu.

Lembremo-nos que pela “educação na justiça” (II Tm 3.16) os imaturos e ignorantesdevem progredir por meio da transformação operada pelo Espírito Santo, até refletir a“própria imagem” de Cristo (II Co 3,18). Ao escrever aos coríntios, Paulo utilizou a figura“bebês em Cristo” para caracterizar os coríntios imaturos (I Co 3.1), porque nãomanifestaram sinais da sua filiação divina, mas sim, humana e carnal. Através do ensino

bíblico, o cristão é encorajado a pensar e agir de forma a imitar o seu Senhor, evitando oserros de ignorância e negligência. “Ensinar”, “exortar”, “educar”, “admoestar”, “repreender”,“corrigir”, são termos encontrados no Novo Testamento para a disciplina eclesiástica. A faltada disciplina “positiva”, através do “ensino”, contribui para problemas mais graves, e,consequentemente, leva à disciplina “negativa”, ou seja, o afastamento da comunhão atéque o pecador se arrependa.

II. PROPÓSITO E NECESSIDADE DA DISCIPLINA 

Em qualquer passo, o alvo da disciplina bíblica sempre visa “recuperar o ofensor”.Nunca alguém deveria iniciar a disciplina bíblica, tendo em vista, “afastar” o ofensor dacomunhão, pois, o Senhor Jesus conferiu somente à Sua Igreja a responsabilidade depronunciar o Seu perdão e os Seus juízos (Mateus 18.15-17). A Igreja deve, portanto,aplicar princípios bíblicos já estabelecidos por Cristo, quanto ao governo de seus membros,e, se necessário for, na remoção de membros.

“A Igreja não tem o direito de ignorar um comportamento persistentementepecaminoso entre os seus membros. Nosso Senhor não deixou aberta diante de nós essa opção.” (Daniel E.Wray).

Quais são os PROPÓSITOS da disciplina bíblica?

1. GLORIFICAR A DEUS.

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Pela obediência às instruções de Cristo relativas à manutenção de um governoeclesiástico apropriado, Deus é glorificado.

Vejamos alguns textos quanto à aplicação da disciplina à vida da igreja: Mt 18:15-19 (Disciplina e Perdão na Igreja) Rm 16.17 (Separação) I Co 5 (Exclusão) I Tes 5.14 (Admoestação) I Tm 5.20 (Repreensão) Tt 1.13 (Repreensão) Tt 3.10 (Separação) Ap 2.14 (Exortação à santificação) Ap 2.20 (Condenação do mundanismo)

2. RECUPERAR O OFENSOR 

Conforme já mencionamos, o alvo desejado é a restauração do ofensor. Ainda quenão saibamos se o resultado será a sua restauração, os princípios estabelecidos porDeus na Sua Palavra devem ser respeitados e obedecidos.

Outro aspecto muito importante na tarefa de recuperar o ofensor, é a instruçãode Paulo. “Todavia, não o considereis por inimigo, mas adverti - o como irmão” (II Tes3.15).

Em Mt 18, entendemos plenamente que o alvo é - “ganhar o irmão” .

3. MANTER A PUREZA DA IGREJA E EVITAR A PROFANAÇÃO DA CEIA .

Há dois aspectos aqui mencionados. 1) Manter a pureza da Igreja e a suaadoração (I Co 5:6-8) e, 2) Evitar a profanação da ordenança da Ceia do Senhor (ICo 11.27).

Para que haja pureza na Igreja visível de Cristo, devemos reconhecer que adoutrina falsa e a conduta inconveniente são infecciosas e não podem ser toleradasno meio da igreja. Se tolerarmos tais pecados, todos os membros da igreja serãoprejudicados.

4. EXIGIR A INTEGRIDADE E A HONRA DE CRISTO E DA SUA PALAVRA .

Quando a igreja é fiel aos princípios ensinados por Cristo, contribui para aintegridade e a honra de Jesus Cristo e da Sua mensagem. (II Co 2.9,17). Quando aigreja recusa-se a exercer a disciplina, não pode merecer nem o respeito do mundo enem a confiança dos seus membros.

5. EVITAR DAR CAUSA A DEUS PARA ELE PRÓPRIO VOLTAR-SE CONTRA AIGREJA.

Nas mensagens à igreja em Pérgamo e em Tiatira, o Senhor condena omundanismo na igreja e a idolatria no meio do Seu povo (Ap 2.14-25). Tambémcontra a igreja de Sardes, virá o Senhor para punir a igreja (Ap 3.3). A maioria desta

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igreja “contaminara as suas vestiduras”, isto é, vivia uma vida comprometida com omundo.

Conforme escreve o Dr. Shedd, “deve-nos impressionar profundamente o 

quadro que estas igrejas do primeiro século apresentam. Todas elas começaram bem, mas no decorrer dos anos o ensino falso e vínculos estreitos entre membros desejosos de proteger os errados e a influência do mundo, conduziram a igreja para um comodismo que o Senhor não tolera. Por isso Ele anuncia medidas sérias para purificar o seu povo e reorientá- lo para tomar o caminho da justiça.”  

6. IMPEDIR OUTRAS PESSOAS DE CAÍREM NO PECADO 

Já citamos I Tm 5.20. Paulo diz a Timóteo que os que “vivem no pecado”, devem ser repreendidos “para que também os demais temam”. Quando a disciplina

bíblica é praticada, o vício é reprimido e as virtudes são cultivadas.III. TIPOS DE DISCIPLINA NO NOVO TESTAMENTO 

Uma parábola de Jesus revela o perigo que ameaça um líder disposto a “espancar oscriados e criadas”, em vez de conduzi-los com amor compreensível (Lc 12.45). O amor éessencial para conduzir os crentes à santidade. O amor é o elemento que maior influênciatem sobre a vontade dos outros. A Bíblia diz: “pois o amor de Cristo nos constrange” (II Cor5.14). Severidade e castigo, raras vezes alcançam objetivos divinos para a igreja, se nãohouver antes a exortação compreensível e carinhosa motivada pelo amor.

1. Exortação (paraklesis)

No Novo Testamento vemos que Jesus Cristo designou o Espírito Santo, oParakletos, para encorajar, consolar, ajudar e exortar os crentes. Ele habita dentro doscrentes (Jo 14:17), “ensina todas as cousas” e faz “lembrar de tudo” o que Jesus disse (Jo14.26). É Ele quem dá a força para os crentes desejarem a santidade. O ministério daexortação entre os crentes é bem sucedido por causa da presença do Espírito Santo. É Elequem faz lembrar uma pessoa da vontade de Deus, revelada em Sua Palavra.

Exortar significa “exercer influência sobre a vontade e as decisões de outrem com ointuito de encorajá-lo a observar certas instruções. A exortação sempre pressupõe algumconhecimento prévio” (O Novo Dicionário de Teologia do Novo Testamento, ed. Colin

Brown, Edições vida Nova - pg. 174) . Sendo assim, dois elementos são imprescindíveis noministério da exortação: O Espírito Santo e a Palavra.

O ministério da exortação não se restringe ao Espírito. Vamos observar algumasexortações do apóstolo Paulo. Aos crentes de Roma, exorta a apresentarem os seus corposcomo  “sacrifício vivo, santo e agradável a Deus”  (Rm 12.1). Ao condenar o farisaísmo elegalismo existente entre os gálatas (Gl 1.7-9; 3.10; 5.1), Paulo exortou os crentes arejeitarem “outro evangelho”. Ao jovem pastor Timóteo, lembrou o que deveria ser prioritáriono seu ministério: “Aplica- te à leitura, à exortação, ao ensino”... (I Tm 4.13). Disse aosefésios: “Rogo- vos... que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados”  (Ef4.1).

O ministério da exortação também foi dado a cada um de nós, visando o“aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço”. 

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2. Admoestação (nouthesia)

A admoestação pode ser particular ou pública. Conforme o dicionário, admoestar é“convencer alguém a cumprir um dever; exortar, encarecer (sempre com uma referênciatácita ao perigo de penalidade ou fracasso)”. As próprias Escrituras são uma espécie deadmoestação (I Cor 10.11). Os crentes deveriam admoestar-se e encorajarem-se uns aosoutros, por exemplo, às boas obras e à frequência às reuniões da igreja. (Hb 10.24,25).

Admoestar, ou advertir, implica num sentido de maior urgência do que a exortação.Quando um filho, embora tendo sido instruído devidamente, começa a ceder à pressões demás companhias, um pai naturalmente tenta fazê-lo mudar de opinião com admoestação.Paulo empregou a admoestação para tratar dos problemas das igrejas. Aos coríntiosescreveu: “Não vos escrevo estas cousas para vos envergonhar; pelo contrário, para vosadmoestar como a filhos meus amados” (I Cor 4.14). Também, descreveu o seu ministériocomo o anúncio de Cristo a todos, seguido pela advertência (nouthetountas) eensino(didaskontes).

A advertência ou admoestação não é responsabilidade apenas do líder. “Paulo criaque os crentes “espirituais” (Gl 6.1,2) tinham a possibilidade de conseguir modificação nocomportamento dum crente errado, mesmo não tendo autoridade dum pastor”. (Disciplina naIgreja, Shedd - pg 27). Alguns textos onde encontramos esta verdade bíblica: (Rm 15.14;Col 3.16).

3. Repreensão, Convicção (elegchos)

Aqui, o vocábulo grego utilizado é uma palavra que envolve as idéias de

“...repreender a outrem com tão eficaz demonstração das vitoriosas armas da verdade queleve a pessoa convencida, se não sempre à confissão, pelo menos à convicção do seupecado...” (R.C. Trench). Este termo aparece no Novo Testamento na forma de substantivoe verbo. É usado também para indicar a obra do Espírito Santo no coração do homem. (Jo16.8). Sem a ação do Espírito Santo no coração do pecador, não há esperança alguma deconduzi-lo ao arrependimento. Deus usa os crentes para “persuadir”, mas somente oEspírito pode quebrantar o coração.

Em Mt 18.15, temos a instrução clara de Cristo para a disciplina na igreja. “Se teu 

irmão pecar, vai arguí-lo entre ti e ele  só” . Se for possível convencê-lo, um membro dafamília de Deus será preservado. Porém, se não se arrepender, duas ou mais testemunhasdeverão acompanhar o responsável para tentar convencer o pecador a mudar de atitude.

Se, ainda assim, eles não conseguirem ser atendidos, ou “ganhar o irmão”, toda a igrejalocal deve ouvir a queixa com a confirmação das testemunhas. No caso do acusado rejeitara recomendação da igreja, deve ser considerado como gentio e publicano (isto é, incrédulo).(Mt 18.16,17). É importante observar que o membro que pecou não deve ser “desligado”,apenas porque pecou (todos são pecadores), mas porque uma vez reconhecido por todoscomo o errado, não se humilhou, nem se arrependeu.

É muito importante notar que a Palavra é o instrumento da repreensão ou convicção.Quando Paulo escreveu a Timóteo, falou do poder da Palavra como instrumento “útil para ...a repreensão” (elegchos), porque ela é inspirada por Deus (II Tm 3.16). Pedro cita Balaãopara advertir os seus leitores, quanto ao perigo de alguém ficar surdo diante da Palavra.,tendo que ser forçado a reconhecer a voz de Deus por meios menos agradáveis (II Pe2:16).

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Também é muito importante que todos os crentes estejam conscientes danecessidade de colocarem em prática uma amorosa repreensão e admoestação, no seumútuo relacionamento. Paulo disse que devemos falar “... a verdade em amor...” (Ef 4.15)..

Infelizmente, um dos grandes males que enfraquece a igreja e contamina toda afamília de Deus, são as fofocas, que para nada mais servem senão para corroer comocâncer. O crente fiel deve preocupar-se em ajudar a levar os pecadores ao arrependimento,antes que a exclusão seja necessária; nunca numa atitude de superioridade, mas sim,colocando-se lado a lado com eles, como irmãos em Cristo. (Gl 6.1-3 e II Ts 3.15).

4. Exclusão.

Embora já tenhamos mencionado as descrições dadas por Cristo e também peloapóstolo Paulo acerca deste passo também necessário para recuperar o irmão ofensor,devemos considerar alguns aspectos importantes desta medida severa de disciplina bíblica.

Vamos ver inicialmente, dois dos textos já mencionados: “... se ele não os atender,dize-o à igreja; e, se recusar ouvir também a igreja, considera- o como gentio e publicano” (Mt18.17). “Mas agora vos escrevo que não vos associeis com alguém que, dizendo-se irmão,for impuro, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com esse tal nem ainda comais... Expulsai, pois, de entre vós o malfeitor” (I Cor 5.11 e 13). Essa formade disciplina exclui o ofensor do seio da igreja local e de todos os seus privilégios comomembro. Como é óbvio, não poderá participar da Ceia do Senhor. Entretanto, nem por issoserá impedido de participar das reuniões públicas.

Por mais desagradável e triste que seja, ao excluir um membro, a igreja apenasestará a ser submissa ao que Cristo estabeleceu. (Mt 18.18,19).

Ao determinar que certo ofensor, na igreja em Corinto, fosse “ entregue a Satanás...em nome do Senhor Jesus... com o poder de Jesus, nosso Senhor...”  (I Cor 5.4), Pauloreivindicou poder fazer uso da pena imposta pelo Senhor Jesus. Certamente, o apóstoloPaulo sabia que Jesus Cristo é a autoridade por detrás da exclusão autêntica.

Não devemos pensar que a exclusão seja uma medida irreversível, pois oarrependimento do pecador e o perdão da parte de Deus, poderão trazer novamente àcomunhão com a igreja local, o irmão disciplinado. (II Cor2.6-8). Devemos orar sempre, paraque se arrependa e volte. Lembremo-nos que o Senhor Jesus Cristo estava sempre prontopara readmitir qualquer pessoa que tropeçasse. A igreja deve oferecer perdão “sempre”,aos irmãos que, ainda que tenham pecado seriamente, se arrependam (Ef 4.32).

“A igreja local tem a responsabilidade de manter a disciplina, excluindo quem recusa

admitir que pecou e rejeita o único caminho para a restauração pela confissão earrependimento”. (Disciplina da Igreja - pg 48 - Dr. Russell Shedd).

IV. QUEM DEVE SER DISCIPLINADO? 

A Igreja está revestida tanto da responsabilidade quanto da autoridade de envolver-se em questões de doutrina e de conduta dos seus membros. Os discípulos de Cristo estãosempre sob a Sua disciplina, administrada através da Sua Igreja. As Escrituras Sagradasdevem servir de instrumento para a disciplina. (II Tm 3.16).

Qualquer quebra dos padrões bíblicos requer alguma forma de disciplina. Dessaforma, cada crente precisa ser disciplinado, porquanto “...o Senhor corrige a quem ama...”  (Hb 12.6). Os crentes não devem deixar toda a disciplina aos cuidados do Senhor, omitindo-se das suas próprias responsabilidades uns para com os outros.

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A disciplina torna-se necessária nos seguintes casos:

1) Quando o amor cristão for violado por ofensas.

Jesus prescreveu o método de disciplina nesses casos, em Mt 18.15-18.Embora tais ofensas possam ser secretas, necessariamente terão de resultar, afinal,em censura pública, se o ofensor obstinadamente recusar-se a arrepender-se. Arecusa do arrependimento e da reconciliação torna mais grave o pecado envolvido etambém é uma ofensa contra o amor cristão.

2) Quando a unidade cristã for violada por aqueles que formam facções edividem a igreja local.

Conforme a orientação bíblica, tais pessoas devem ser mantidas sobvigilância. Também devem ser repreendidos, e, se necessário for, precisam serremovidos. Os crentes coríntios enfrentavam este tipo de pecado, que dividia oCorpo e manchava o testemunho da igreja na comunidade local. Paulo faz uma sériaadmoestação para que tal problema fosse tirado do meio da igreja. (I Cor 1.10-17).

Outros textos que poderão ser vistos: Rm 16.17,18 e Tt 3.10.

3) Quando a lei cristã for violada por aqueles que vivem escandalosamente.

Segundo o ensino bíblico, são aqueles que “... no tocante a Deus professam

conhecê- lO, entretanto O negam por suas obras...”  (Tt 1.16). A Bíblia ensina umpadrão elevado de conduta e moralidade. São muitas as instruções de natureza éticaque encontramos no Novo Testamento. Vejamos algumas passagens: Mt 15.19,20;Rm 13.8-14; Ef 4.25-6.8; II Tm 3.2-4.5; I Ts 4.1-10. Outro exemplo podemosencontrar em I Cor 5. Um certo membro da igreja em Corinto viviaescandalosamente, mantendo um relacionamento pecaminoso com a sua madrasta.Paulo recomendou à igreja, que tal ofensor fosse disciplinado.

Aqueles que vivem violando a moralidade bíblica e se recusam a arrepender-se quando são admoestados e repreendidos, precisam ser disciplinados, ou seja,excluídos.

4) Quando a verdade cristã for violada por aqueles que repelem as doutrinasessenciais da fé.

São aqueles que, conscientemente, rejeitam qualquer doutrina essencial efundamental. (I Tm 1.19,20; 6.3-5; II Jo 7-11). É óbvio que os crentes não devam sercensurados por estarem falhando em compreender e receber cada uma dasdoutrinas da Bíblia, pois todos nós estamos aprendendo e crescendo na fé.

Várias recomendações são dadas aos líderes da igreja, para que, tendo aresponsabilidade de ensinar “...todo o desígnio de Deus” (Act 20.27), mantenham umpadrão elevado, sem falhar, para que não sejam passíveis de disciplina. (I Tm 3.2-9;Tt 1.9; Tg 3.1).

Quando, porém, surge uma doutrina falsa, capaz de derrubar a igreja, minandoas suas fundações, a disciplina deve ser aplicada. Vejamos mais alguns exemplos:(Gl 1.9; II Pe 2.1,3,9,12; Jd 12).

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A primeira epístola de João nos fornece as principais linhas de pensamento eprática dos hereges da sua época:

a) Não admitiam a realidade do pecado (1 Jo 1.8);

b) Não sentiam nenhuma obrigação de demonstrar amor aos seus “irmãos”cristãos (1 Jo 3.14-17).

c) Não criam na realidade da encarnação, morte e ressurreição corporal deCristo (1 Jo 2.22; 4.2; 5.5-8).

5) Quando o nome de Cristo for blasfemado por aqueles que “naufragaram na

fé ”. 

Himeneu e Alexandre rejeitaram a boa consciência, isto é, deixaram de manteruma vida digna do evangelho e do Senhor. (I Tm 2.19,20). “Naufragaram na fé” ,significa que negaram abertamente o que antes confessaram que Jesus Cristo é oSenhor.

Paulo entregou Himeneu e Alexandre a Satanás para aprenderem a nãoblasfemar através do castigo aplicado.

A igreja sofre os ataques vindos do mundo, como também os que surgemdentro de si mesmas. O exame, regularmente feito à luz das Escrituras paracomprovar se cada membro é genuíno será o caminho mais proveitoso a seguir.

Devemos observar que a causa de medidas disciplinares mais severas será semprea ausência de arrependimento. O indivíduo que não quer se arrepender do seu pecado, nãoestá vivendo como um crente. É devido à sua impenitência que ele vem a tornar-se

merecedor da disciplina punitiva.

CONCLUSÃO: 

Negligenciar a disciplina bíblica significa correr o risco de cair na posição de confundira igreja com o mundo e vice-versa. Como crentes devemos nos disciplinar a nós mesmos (ICor 9.24-27), e como igreja temos o dever de seguir a ordem bíblica: “Tudo seja feito comordem e decência” (I Cor 14.40).

O alvo da igreja é buscar todos os meios e medidas pelas quais possa manter a suasantificação e boa ordem necessária para a sua edificação e a eliminação de tudo o que

ameaça o seu bem-estar e a glória de Deus.