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Identidades e Memórias de Angolanos Nascidos em Moçâmedes na Diáspora1
Luana Sullivan Bagarrão Guedes2
APRESENTAÇÃO
O ato de rememorar o passado não é neutro. Carrega em si o olhar do presente sobre o
passado. Olhar esse, que reinterpreta e ressignifica esse passado. Paul Ricoeur nos apresenta a
ideia de que a memória vive sob o estigma do que já foi, mas essa reflexão não nega a sua
existência, ao contrário...
... uma recordação surge ao espírito sob a forma de uma imagem que,
espontaneamente, se dá como signo de qualquer coisa diferente, realmente ausente,
mas que consideramos como tendo existido no passado. Encontram-se reunidos três
traços de forma paradoxal: a presença, a ausência, a anterioridade. Para o dizer de
outra forma, a imagem-recordação está presente no espírito como alguma coisa que
já não está lá, mas esteve (RICOEUR, 2003:. 2).
A evocação da memória, seja espontânea ou estimulada (como através de uma
entrevista) precisa ser pensada não como o resgate de uma vivência, mas, como destaca
Polak, um “fenômeno construído” (POLLAK, 1992: 04), e para o autor essa construção pode
ser tanto consciente quanto inconsciente, pois parte do que foi vivido é deixado de lado, nos
levando a afirmar que a seletividade da memória está muito mais vinculada ao que o
individuo definiu como importante de ser rememorado. O autor ainda nos faz refletir que esta
seletividade, esta organização individual da memória, é um exercício muitas vezes
inconsciente, já que como algo socialmente construído, essa memória “é um elemento
constituinte do sentimento de identidade”. Dessa forma, para Pollak o exercício de
rememoração não traz o passado “tal como foi”, mas como o individuo o vivenciou ou
experienciou. E, como Pollak, Portelli afirma que “recordar e contar já é interpretar”
(PORTELLI, 1996: 60), ao relacionar o ato de rememorar ao presente e não ao passado.
Neste artigo, apresentamos um grupo de sujeitos sociais que nasceram em Moçâmedes,
distrito ao sudoeste de Angola, ainda no período colonial angolano. Filhos e netos de pessoas
que também já haviam nascido lá e que experenciaram a saída de sua terra natal em virtude da
guerra civil ocasionada no processo de independência em 1975.
1 Artigo baseado em parte da pesquisa que está sendo desenvolvida no doutorado sob orientação do Prof. Dr.
Pere Petit. 2 Doutoranda em História Social da Amazônia pela Universidade Federal do Pará, Mestre em História Social
pela PUC-SP, coordenadora do curso de História Licenciatura e professora titular da Faculdade Integrada Brasil
Amazônia.
2
Nesse sentido, as memórias narradas neste artigo são produto de entrevistas feitas
décadas depois dos eventos ocorridos, fazendo com que seja fundamental para nós também
compreender as vivências dos nossos entrevistados após a saída de Angola e as experiências
posteriores, pois só assim poderemos entender os novos significados dados às lembranças.
Além disso, o fato de ser filha de uma portuguesa nascida em Angola e identificada como
retornada me coloca dentro deste objeto. O que poderia ser tido como algo a ser criticado,
também deve ser percebido como algo que possibilita uma maior aproximação com os
entrevistados. Não à toa, algumas entrevistas só se fizeram possível depois de uma
identificação parental. Eu ouvi diversas vezes “olha... estudei com a sua avó”, ou “fui vizinho
da sua tia avó”, ou ainda “eu lembro da avó da sua mãe”, ou “és a cara da tua família”.
Portanto, essa aproximação fez que com que os entrevistados se mostrassem mais abertos aos
questionamentos e me permitisse vivenciar aos seus lados os encontros anuais.
Outro ponto importante a ser destacado nesta tese é que não se pretende com ela
construir uma narrativa saudosista ou que aponte culpados pela guerra. Ana Sofia Fonseca, ao
apresentar a obra Angola, Terra Prometida (2009) pontua algo que compactuo, pois afirma
que
“o mundo era outro. Os mapas e as mentalidades também. A minha geração é a
primeira livre de amarras à ditadura e ao seu colonialismo. Cabe-lhe não cair em
nostalgias, tão pouco em culpas por expiar. Olhar o passado à luz do seu contexto,
sem saudosismo nem tabu. Falar de uma época não é fazer a sua apologia, é
assumí-la” (FONSECA, 2009: 18)
A obra de Fonseca trata das últimas décadas da colonização angolana. Seu texto é
baseado em entrevistas de portugueses/angolanos que viveram em Angola e que saíram na
década de 70, em especial no ano de 1975, e para a autora essas narrativas falam de uma
Angola que já não existe. Esta tese discorda do último argumento da escritora Ana Sofia
Fonseca, já que a partir das narrativas coletadas e do entrecruzamento de fontes, a Angola
rememorada é idealizada, construída no momento pós diáspora, a partir das perdas sentidas
pelos sujeitos que saíram de sua terra natal e nas novas experiências vivencias em terras
estrangeiras. Portanto, essa Angola trazida na memória, talvez nunca tenha existido. Desta
maneira, não podemos perder de vista que a vida pós Angola se fez fundamental na hora de
ressignificar as memórias, seja para construir uma narrativa épica ou poética. De qualquer
forma, apresentamos aqui pontos de vista de diferentes sujeitos e não uma “história verdadeira
sobre o período colonial português”.
Os entrevistados presentes neste artigo, nasceram em Angola, mas possuem laços
sanguíneos com terras lusas sendo segunda, terceira ou quarta geração em território angolano,
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e saíram da terra natal entre 1975 e 1976, portanto, mesmo que possuam nacionalidade
portuguesa no hoje, até a fase adulta só conheciam a realidade angolana e o que conheciam de
Portugal era baseado no que era dito na escola, nas rádios e pelos familiares. Desta forma,
mesmo carregando o estigma de colonos não se sentiam desta maneira, apesar de vivenciarem
os aspectos da vida de um colono. Mas, como eram as suas vidas? Como apresentam e
representam a Angola em suas memórias?
Pensar a diáspora africana no século XX é também refletir sobre os processos de
descolonização vivenciados pelos países africanos. Essa nova diáspora deve ser pensada
dentro de parâmetros culturais transversais, afinal, muitos dos sujeitos sociais haviam
nascidos nas colônias, experimentando e vivenciando elementos tanto das culturas africanas,
quanto das culturas das metrópoles. Esta pesquisa se propôs a estudar os definidos em
Portugal de retornados, nascidos em Angola, especificamente no Distrito de Moçâmedes, que
imigraram para Portugal e o Brasil.
ANGOLA DAS MEMÓRIAS
No intuito de responder estas questões, em todas as entrevistas, os questionamentos
iniciais sempre foram bem gerais, “o que Angola representa?”, “como era o seu país?”. O
senhor Antônio Bagarrão3, nascido no distrito de Moçâmedes em 1928, filho de pais
portugueses narra sua história de vida tendo como ponto de divisão o antes e depois da saída
de Angola. A sua fala foi em resposta ao questionamento sobre como era o país em que ele
nasceu. Ao longo de sua entrevista o senhor Antônio declarou por diversas vezes que
pretendia voltar ao seu país de origem, e que seu sonho era morrer lá. O desejo do seu
Antônio nos fala também do seu desejo de reviver essa Angola da memória, e mesmo que ela
não exista, ele não conseguiu retornar. Faleceu em 2003, no distrito de Icoaraci, em Belém,
onde vivia desde a década de 70.
Sinceramente, antes da guerra, era o melhor país do mundo para viver. Não tem
dúvidas! Tinha tudo! Em riqueza natural então, isso nem vale a pena falar. Tem
tudo. (...) Nós nunca íamos supor que havia uma guerra em Angola, que tínhamos
que abandonar o nosso país, não é? (...) Em Angola, quando aquilo estava em paz,
aquilo era o paraíso, podes acreditar (...) era um paraíso... ‒ lágrimas nos olhos
(Antônio Bagarrão, Belém, Pará, Brasil, 2003).
A demarcação temporal da guerra como elemento divisor é encontrado em todas as
entrevistas, o antes é narrado de forma bem nostálgica, “era o melhor país do mundo”, “era
um paraíso”. Ao analisar a fala do senhor Antonio, percebi que a “guerra” que ele faz
3 Acredito ser fundamental explicar o laço familiar nesta situação. O senhor Antônio era irmão do meu avô
materno Arnaldo Bagarrão, que faleceu antes dessa pesquisa ser iniciada.
4
referência são os conflitos ocorridos em 1975 especialmente. Mas vale ressaltar que a luta
pela independência do território angolano começou bem antes, porém, os conflitos armados
estavam localizados primordialmente nas fronteiras ou na capital do país. Desta maneira, para
seu Antônio o conflito marcante é o que o atingiu e o fez optar por sair do seu país de origem.
A história do seu Antonio entrelaça-se a mais de 277.599 pessoas4 que saíram de Angola
entre os anos de 1975 e 1976, segundo o Instituto de Apoio ao Retorno de Nacionais (IARN).
Marian Jardins é uma dessas pessoas. Marian nos concedeu entrevista em meio ao encontro
dos Moçamedenses5 na cidade de Caldas da Rainha, norte de Portugal, em 2015. Sua fala
apesar de serena foi enfática ao falar sobre o passado. Marian nasceu em Angola, assim como
seus pais. Ela nos contou que os seus bisavós paternos foram de Lisboa para Angola no final
do século XIX, após a Conferência de Berlim, e sua avó materna foi de Olhão6 na mesma
época. E, apesar de não ser historiadora por formação, hoje nas suas redes sociais discute o
tema dos retornados, pesquisa imagens, artigos e jornais da época e compartilha parte do
acervo fotográfico familiar. Ao narrar sobre a vida em Angola, Marian nos contou que seus
avós, fincaram raízes em Moçâmedes ao criar seus filhos e netos.
E eu já nasci já lá e os meus pais também nasceram lá, de maneira que eu, é... que
não tinha outra terra ou já conhecia isto (fazendo referência a Portugal) quando
vim pra cá, nem os meus pais conheciam, e os meus avós foi pra lá com oito anos
de idade, porque era uma altura em que as pessoas, é.... Portugal era muito pobre,
estava aqui explorada por umas poucas famílias (Maria Jardins, entrevista concedida em 02 de agosto de 2015)
De todos os entrevistados, a senhora Marian é a que mais estudou e essa formação se
reflete nas suas entrevistas, pois ela sempre tenta articular a sua fala com os acontecimentos
mundiais, como se tentando, a todo momento, validar a sua fala. Além disso, como a senhora
Marian administra um grande grupo de retornados e refugiados de Moçâmedes no Facebook e
um blog que reúne imagens da sua cidade natal, ela conseguiu montar uma rede que conectou
antigos moradores da sua cidade natal. Assim, como a família de Marian, muitos colonos
tinham suas famílias ligadas a Angola à gerações. Mas, em virtude da fuga, que em alguns
4 Esses dados podem ser encontrados no Relatório de Actividades do Comissariado para os Desalojados
produzido em 1979. Versão completa no Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa, Portugal. Estes dados oficiais não levam em consideração todos os angolanos ou portugueses nascidos em Angola que saíram do território por
conta própria, seja para os países vizinhos, seja de traineiras pelo Atlântico. 5 A maioria dos entrevistados nasceram em Moçâmedes, em especial porque participei de cinco encontros anuais
do “encontro dos moçamedenses”, ocorridos sempre no primeiro domingo de agosto no parque da cidade de
Caldas da Rainha em Portugal. Falaremos mais desses encontros no terceiro capítulo da tese ao discutir sobre
identidade e memória dos sujeitos pesquisados. Sobre as lembranças de outras regiões de Angola, utilizaremos
livros de memória e também algumas entrevistas realizadas ao longo da primeira década deste século, seja na
produção da dissertação de mestrado, seja nos encontros casuais que gravei. De qualquer forma, todas as
referências serão dadas. 6 Cidade localizada na região do Algarve, sul de Portugal.
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casos não foi planejada, muitos deixaram para trás, não só bens materiais, como também
álbuns familiares.
Moçâmedes, cidade natal de Marian Jardim e Antônio Bagarrão, foi fundada em 1840
pelos portugueses e que até hoje está localizada no distrito com o mesmo nome. Tinha como
prática econômica principal, antes da independência, a pesca, em virtude de ser banhada pelo
Atlântico. Segundo Pimenta, era uma das únicas cidades angolanas onde brancos constituíam
uma maioria em relação a negros e mestiços (PIMENTA, 2004: 12). Mesmo distante do
centro administrativo de Angola, Moçâmedes, possuía uma arquitetura inspirada em alguns
modelos europeus e até mesmo brasileiros. Assim como em Luanda (uma das cidades mais
antigas do terceiro império português), a cidade de Moçâmedes teve sua orla urbanizada no
início do século XX e a reforma foi inspirada na orla da cidade do Rio de Janeiro, que naquela
altura também passava por um processo de urbanização. Grande parte do que era consumido
em bens duráveis era importado da metrópole e de outros países europeus. Moçâmedes era
uma cidade pequena se comparada a outras encontradas em Angola, e a população nativa,
conhecida como Mucubais ou Hereros, viviam no seu entorno, no deserto do Namibe. Em
1985, já no período independente de Angola, Moçâmedes teve o seu nome trocado para
Namibe, mas em 2016, por decisão do governo angolano voltou a ser chamada de
Moçâmedes.
Imagem 1: Praia das Miragens. Moçâmedes. 1960. Autor desconhecido.
Fonte: Acervo Amigos do Distrito de Moçâmedes.
A imagem nos mostra um pouco do cotidiano da cidade que girava em torno da orla.
Muitos carros, praia lotada. Na orla além do calçadão existiam cafés e sorveteria. Como na
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metrópole, os dias santos eram comemorados, e existiam festivais de música. Mas, não
podemos esquecer que o período que estamos tratando, o governo português controlava os
meios de comunicação tanto de Portugal como das colônias. E, mesmo depois de terem a
nomenclatura alterada de colônias para Províncias Ultramarinas (1951), isso não representou
maior autonomia ou abertura política. A liberdade de expressão não existia. Além disso, um
dos principais meios de comunicação na época o rádio era orientado a tocar apenas as músicas
“aceitáveis” como o Fado e até algumas brasileiras.
Imagem 2 – Moçâmedes, 1960. Vista aérea
Fonte: SALVADOR, Paulo. Recordar Angola: Fotos e gentes de Cabinda
ao Cunene. Lisboa:Quertzal Editores / Bertrand Editora, s/d. p. 140.
Mesmo sem autor definido, percebemos que a imagem tenta nos mostrar a cidade
associada a uma beleza “civilizatória”, ao enquadrar os prédios e casas de alvenaria, além da
orla já urbanizada, como uma típica imagem de cartão postal das cidades das províncias
coloniais. Os postais, inclusive, eram importantes porque traziam aos portugueses da
metrópole a ideia de que nos territórios ultramarinos existia “civilização”, assim, seriam mais
uma estratégia propagandista para estimular a imigração para as regiões colonizadas. Tanto
que pude perceber nas entrevistas que grande parte dos que emigraram para o sul de Angola
são do sul de Portugal, especialmente das cidades de Olhão, Tavira e Lagos, cidades estas,
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que como Moçâmedes, viviam ao lado do mar e tinham como principal meio de subsistência a
pesca.
Isabel Cristina, ou Tina, como gosta de ser chamada, nos contou que nasceu na Baía das
Pipas em 1957, região praiana localizada no distrito de Moçâmedes, e que só depois foi viver
na cidade com o mesmo nome capital do distrito. Quando perguntada sobre a sua vida em
Angola, Tina com um ar triste e uma fala pausada nos respondeu
Lá em Angola eu era uma menina como as outras, eu já trabalhava, estudava, queria
ter a minha independência financeira, pra comprar os meus sapatos (risos) vaidade...
tava sempre com as minhas primas, íamos ao final de semana dançar, estávamos sempre juntas em qualquer festa... era uma vida boa, eu gostava. (Isabel Cristina, em
entrevista concedida no Encontro dos Moçamedenses, Caldas da Rainha, Portugal,
em 2015).
De todos os entrevistados Tina é a única que não possui nacionalidade portuguesa, em
parte isso se deve ao fato de ter saído de Angola após o 11 de novembro de 75, porém, a
entrevistada não soube precisar as razões para não estar ainda legalizada em solo português,
ou não quis fazê-lo. De qualquer forma, a narrativa da Tina foi marcadamente emocional. Ela
chorou muitas vezes.
Meu sonho em angola... é o que eu digo a meus filhos, se não fosse a guerra, eu hoje
era medica ou enfermeira ainda, mas meu sonho era ser enfermeira era cuidar dos
bebes, que eu sempre adorei bebes, pediatra, e quem sabe hoje eu já não era uma
medica formada. Porque quando a gente tem gosto por uma coisa, quer sempre
chegar além, e era esse meu sonho. Aqui eu não consegui realizar o meu sonho
(fazendo referência à Portugal), eu aqui tive muitos é... como é que vou explicar...
tive... eu tive muita pedra no caminho, tive aqui uma vida muito triste, nunca tive lá,
até dezoito anos, que foi a idade que eu sai pra cá, mas eu aqui sofri muito. No
aspecto de chegar aqui, não saber o que fazer, não conhecer ninguém, de está a
trabalhar... trabalhar como criada, na casa de uma senhora, que tanto mal me fez, e eu tava tão triste, mas tão triste que eu queria ir embora outra vez pra lá, e eu ia
sozinha mas meu pais disseram: “não nem pense nisso”. (Isabel Cristina, em
entrevista concedida no Encontro dos Moçamedenses, Caldas da Rainha, Portugal,
em 2015).
Apesar de não ter se estendido em sua fala, a Angola das memórias de Tina é a dos
sonhos não realizados, das possibilidades. Tina era noiva na época que saiu da Angola e se
preparava para tentar ingressar nas escolas técnicas da cidade que morava. A saída de Angola,
portanto, representou para ela um corte brusco de seus desejos. Não casou com o seu noivo.
Não estudou. Narrou-nos alguns dos problemas vividos por ela após a saída, além de sofrer
maus tratos na casa que trabalhou, também sofreu violência doméstica do companheiro, e pai
de dois de seus filhos, por anos consecutivos. Em 2017, no encontro dos Moçamedenses,
encontrei sua mãe que me relatou que sua filha não estava lá porque enfrentava uma nova
batalha, agora contra um câncer de mama. Tina continua fazendo tratamento em Olhão.
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O senhor Wilson Lima, nascido em Porto Alexandre em 1958 e criado em Moçâmedes,
nos contou que adora futebol. Desde a juventude foi jogador. Em Moçâmedes fez parte do
Independente Sport Club. Os jogos e a rotina de treinos fez nascer um sentimento nacionalista
no senhor Wilson. Filho de mãe angolana e pai cabo-verdiano, Wilson não segue o padrão
português do “ser branco”. Sobre sua vida em Angola ele nos narrou
como meu pai era enfermeiro foi trabalhar em vários sítios de angola depois dos seis anos fui pra Moçâmedes, atualmente cidade do Namibe, foi ai que fiz minha
formação pessoal. Foi maravilhosa, tive oportunidade de conhecer metade de
Angola, até os dezesseis dezessete anos, coisa que pouca gente teve essa
possibilidade, gosto muito de Angola, depois que vim para Portugal com trinta e oito
anos cheguei a voltar, e antes de regressar fui lá quatro vezes. (Wilson Lima, em
entrevista concedida no Encontro dos Moçamedenses, Caldas da Rainha, Portugal,
em 2015).
O esporte, inclusive, se tornou uma marca do distrito de Moçâmedes. O exemplo disso é
que temos mais de 300 fotografias da década de 60 registrando os acontecimentos esportivos.
Esse tipo de registro nos fala especialmente dos sujeitos que compunham esses grupos
selecionados de atletas.
Imagem 4: Independente Sport Club - 1973
Fonte: Acervo de Wilson Lima. O senhor Wilson é o segundo agachado da direita
para a esquerda.
Ao analisar estas imagens percebemos um número maior de negros e ditos “mestiços”,
nos dando a entender que fora dos grandes salões, em especial no esporte e na música, a
participação negra era mais aceita. Mas, precisamos problematizar um pouco mais isso. O
senhor Wilson, como já dito anteriormente, não é branco e nem defende essa perspectiva. Ao
contrário. Na sua fala sempre afirma, e com orgulho, ser africano e que acabou morando em
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Portugal por conta da guerra, e não por se sentir português. Assim como ele, Dona Isabel, ou
dona Tijuca, como gosta de ser chamada, mãe de Wilson, nos contou, em entrevista realizada
em 2015, que sentiu e sente muito ainda a discriminação portuguesa, e que em Angola, dada
as circunstâncias, não se sentia assim. Portanto, mesmo tão distante da metrópole, em
Moçâmedes buscava-se seguir os padrões lusos de esporte, porte físico e até na moda, mas
isso não significa dizer que lá era uma extensão cultural da metrópole. Percebemos que as
práticas culturais e cotidianas, por mais que buscassem essa aproximação, ganharam novos
contornos, baseados na realidade social daquela região.
Ao escrever sobre as lembranças de Moçâmedes, Angelino da Silva Jardim escreveu:
Lembro Moçâmedes, daquele quente e seco vento leste que, vindo do deserto cobria
toda a amplitude da baía com um revolutente lençol de areia e, nas casas, rachava,
sem perdão, os móveis construídos de madeira verde, secando, nas pessoas, garganta
e nariz, impiedosamente.
Lembro Moçâmedes e das suas gentes que, com férrea vontade, transformaram o
deserto num jardim, numa cidade airosa e progressiva, onde se gostava de viver e a
vida tinha um sabor especial. (...)
Lembro Moçâmedes da Praia da Miragens e das Festas em Março com as suas
barraquinhas e grande afluência de gente de Moçâmedes e de outras partes. (...)
Lembro Moçâmedes daqueles bailes no clube Náutico, no Atlético, no Sporting e no
Ginásio da Torre do Tombo, e, mais remotamente no Aero Clube, abrilhantados com
música ao vivo, onde ao som de valsas, boleros, slows, sambas, baiões, paso-dobles, e tangos à média luz, muitos namoros se iniciaram. (...)
Lembro Moçâmedes de tanta, tanta coisa boa de lembrar e aos Moçamedenses
agradeço, sentidamente, do fundo do coração, o terem proporcionado a mim e a
todos os que viveram nessa linda cidade do Namibe – Moçâmedes de nossa
memória – esse rico e esplendoroso caudal de inefáveis, deliciosas e inebriantes
recordações que enchem, preenchem e perfumam o nosso dia-a-dia (JARDIM, Apud
SALVADOR, s/d: 147-148).
As lembranças de Angelino Jardim fazem parte de uma obra cujo objetivo era
rememorar a Angola dos colonos portugueses. Organizado e idealizado por Paulo Salvador, a
obra Recordar Angola (s/d) traz em seu conteúdo diversas imagens e narrativas de ex-
colonos. Os capítulos desta obra são organizados pelas cidades angolanas. A escrita do senhor
Angelino se mostra poética, e, apesar disso, vários elementos do cotidiano dos luso-angolanos
se fazem presente. Os bailes, os aspectos naturais da cidade, além da praia e das músicas que
ouviam.
A dona Angelina Bagarrão, nascida em Moçâmedes e que chegou ao Brasil aos 17 anos,
ao ser questionada sobre o que lembrava da sua vida em Angola nos falou:
O quê que eu lembro? Minha infância, minha juventude, até os 17 anos em Angola,
16, você já é madura, né, em função de que a educação realmente, a maior parte das
moças casavam-se aos 16 anos, então eu já era uma mulher feita mesmo. As lembranças que eu tenho são muito boas. Praias, andar ao ar livre, peixe, meu pai,
minha mãe, meus avós, tanto do lado dos Angolanos, minha vó Beatriz, quando o
meu avô Antônio, português, e minha avó Angelina, tenho boas lembranças, muitas,
muitas lembranças (Angelina Bagarrão, Belém, Pará, Brasil, 2014).
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Na fala de dona Angelina notamos a ênfase dada a questão familiar. Fazendo uma
análise mais ampla de sua trajetória, talvez esta enfase seja reflexo do fato de que após a saída
de Angola sua família acabou se dispersando. Uma irmã ficou em Angola, outra em Portugal,
bem como primos, tios, e outra parte embarcou para o Brasil. Portanto, em Angola a
proximidade familiar era latente, e a saída de Angola representou o rompimento deste laço.
Em todas as entrevistas entre as lembranças estavam os liceus, a vida cultural agitada, as
praias, os namoros, mas também os símbolos portugueses sendo afirmado nesses espaços.
Grande parte do acervo fotográfico das famílias acabou ficando para trás; contudo os Amigos
do Distrito de Moçâmedes conseguiram reunir parte dessas histórias contadas pelas
fotografias. Ao analisar as fotografias desse acervo, percebeu-se que havia uma preocupação
em registrar os eventos da sociedade moçamedense vinculadas ao seu cotidiano,
especialmente ao que na época defendiam como fundamental característica da cidade, como
os bailes e as competições esportivas.
Nas festas narradas pelos entrevistados não se tocava músicas portuguesas, como nos
contou dona Geninha. A juventude de Moçâmedes preferia outras músicas, em especial as
mais dançantes.
Olha, para começar, por incrível que pareça nós angolanos éramos muito bem
informados, em todos os senhores. Para vocês terem uma ideia em 1975 a minha
cidade era toda saneada. Os táxis eram Mercedes bens, todos pretos com aquela
capota toda verde. Então, nós tínhamos a liberdade de escutar as músicas que nós
queríamos, avó, avô, as pessoas mais velhas era o fado. Mas, nós escutávamos as
nossas músicas de Angola, que por sinal ultimamente eu não gostava de fado não! O
fado era cafona. Eles só queriam escutar o quê? A música africana, era moderno a
nossa música africana. Os nossos pais até achavam que nós tínhamos ficado rebeldes, é que nós jovens na época já estávamos procurando a nossa identidade.
Nós já sabíamos que nós éramos de Angola, que Portugal só estava alí para tirar
proveito. Acho que nós éramos angolanos. Então foi criado, mas nós escutávamos,
para começar o povo angolano é um povo muito feliz. As nossas festas, é praias,
começavam ás dez da noite e terminavam ás nove horas da manhã, lá de madrugada
a festa não pode acabar. Em festa não se dança fado, fado é para se escutar dentro de
casa. Da feita que a gente ia para festa, era o que? Música americana, música
brasileira, mas o que realmente animava os adolescentes era música de Angola. Não
tinha preto, não tinha mulato, nós gostávamos, - nessa época a música que tava o
maior sucesso lá de Angola era a tal de “rebita” era uma dança até meio
pornográfica, você apanhava porrada mesmo, cacetada, eu cansei de apanhar da
minha vó, não vou mentir, porque era uma dança assim, eles achavam que era uma dança indecente, porque o homem se deita no chão, ele fica mexendo com a barriga
e a mulher vai se abaixando na barriga (Eugênia Gibson, 2004, Belém, Pará, Brasil.)
Alguns pontos são importantes de serem retomados na fala de dona Geninha. Primeiro,
ela se identifica como angolana e associa o Fado, música portuguesa, aos seus avós, como
algo arcaico e ultrapassado. Interessante notar que apesar das restrições e da censura
vivenciada no período salazarista, dona Geninha nos informa que as músicas africanas, seja
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angolanas ou cabo verdianas, já se destacavam entre os jovens, apesar de levar “cacetadas” da
avó por dançar estas músicas associadas a indecência ou a algo inferior, “pouco civilizado”.
Em outro momento da entrevista dona Geninha nos contou sobre uma festa chamada a
festival do Folclore,
O festival do folclore em Angola era só com coisas da África, música e tudo, da
minha terra eu tinha que ir escondido dos meus país, porque eles não admiravam que
eu (fosse) porque era só negro, negro, negro (Eugênia Gibson, Belém, Pará, Brasil,
2004.)
A partir da fala de dona Geninha e das imagens da época colonial, percebemos que
apesar do discurso de igualdade e respeito cultural, tão presente no discurso colonial
português da época, a cultura nativa era considerada inferior. Os pais de dona Geninha não
gostavam que ela participasse dos eventos da festival do Folclore porque viam naquilo algo
“ruim”. Mas, nesse pequeno trecho, podemos também pensar em outra questão. Qual o
objetivo dessa festa? Desde a década de 30 o governo português “folclorizou” as culturas
dominadas. E esse festejo representava o quanto o povo português, e o próprio colono,
“respeitavam” os nativos ao lhes conceder uma festa uma vez por ano para apresentarem suas
tradições. Outra questão que deve ser pensada a partir da fala de dona Geninha é o
posicionamento de alguns jovens em relação até a condição colonial de Angola. O simples
fato de quererem dançar as músicas africanas, e que foi interpretado como rebeldia pelos
avós, pode ser sim pensada como uma forma de posicionamento político.
A questão racial tão “negada” pelo colonialismo português não deve ser esquecida,
apesar de muitos entrevistados não falarem ou se omitirem nesta questão. Um dos poucos
testemunhos sobre este assunto é o de Teresa Sá Carneiro, ao escrever suas memórias no
Livro Moçâmedes, Namibe, Angola: uma saudade (2013) ela nos apresenta algumas questões,
as vezes de forma explícita, outras nas entre linhas. No quarto capítulo, a autora inicia seu
texto com a seguinte frase “vidas submissas a regras impostas pelo sistema colonial, mas
prazerosas” (p. 29) para em seguida narrar como era o sistema educacional
A educação e a informação eram exclusivamente para nós, os brancos, não para os
nativos. No entanto existiam negros que estudavam nas mesmas escolas que os
brancos e não eram discriminados. Foram poucos, mas podiam chegar até a
faculdade, ninguém os impedia. Obviamente, Portugal queria mantê-los na Idade da
Pedra para que nunca conseguissem se valer do conhecimento para a valorização da
força da razão. Interessava ao governo português que continuassem inferiorizados
perante a sociedade. (CARNEIRO, 2013: 29)
Assim como a autora afirma que os “nativos” que iam para as escolas não sofriam
discriminação, o fato de serem minoria em um território em que eram maioria já nos dá
indícios desta política colonial. Interessante notar que na sua narrativa há uma separação
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bastante nítida sobre o que era vivido pelos colonos e o que era defendido pelos colonialistas.
E isto é algo interessante de se pensar, pois o discurso pós colonial adotado em Portugal dava
conta de que todos os moradores das colônias eram favoráveis às políticas de exclusão do
nativo adotadas. As roupas usadas nos bailes, bem como as músicas escolhidas rememoram a
influência do cinema na juventude de Moçâmedes. O senhor Antonio Matos Silva nos contou
sobre as festas e em especial aos namoros que surgiam nesses encontros. Muitos dos namoros
eram proibidos, mas “sempre se dava um jeito” (Depoimento de Antonio Matos Silva,
concedido em julho de 2015 na cidade do Barreiro, Portugal).
A discussão sobre a questão racial, nos leva a refletir sobre o próprio discurso colonial
português, que sempre buscou justificar a colonização, ao amenizar os seus aspectos.
De modo que, enquanto ingleses e holandeses, calculistas e metódicos, tendo
semeado ventos de furor, e ao mesmo tempo de sistemática imperial por esses
mesmos espaços, colhem hoje tempestades na Ásia e na África, o português é, no Oriente, em Moçambique, na Angola, na Guiné, em São Tomé, em Cabo verde, na
América, menos um povo imperialmente europeu que uma gente já ligada pelo
sangue, pela cultura e pela vida a povos mestiços e extraeuropeus. (FREYRE, 2010:
42)
Freyre, após visitar as diferentes colônias portuguesas, na década de 50, defendeu o
conceito de luso-tropicalismo. Este conceito construído por Freyre, também remonta aos seus
estudos sobre o período colonial brasileiro. Para ele, os aspectos lusos deveriam ser
percebidos em sua grandiosidade, ou seja, Brasil, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, São
Tomé e Príncipe, Cabo Verde e Timor Leste, possuem um laço em comum, o Luso-
Tropicalismo. Portanto, percebe-se como Luso-tropicalismo a ideia de que as sociedades
colonizadas pelo povo português teriam todas as mesmas características, independente das
especificidades regionais, como culturas e geografia. Freyre, dessa forma, defende que O
mundo que o português criou (1951) seria “um mundo de valores aparentemente
contraditórios, mas na verdade harmônicos” (FREYRE, 2010: 131). Desta maneira, vê-se
nessa perspectiva que o português é tido como capaz de “confraternizar com os povos
orientais, africanos, americanos que foi sujeitando ao seu domínio” (FREYRE, 2010:. 43).
Assim, Freyre defende que este colonizador se difere das outras culturas européias enquanto
colono, pois seria menos violento, e um assimilador das culturas locais. Esta ideia assemelha-
se, e muito, a “democracia racial” amplamente defendida e difundida no Brasil da década de
1930. Mas, ao se pensar a realidade das colônias portuguesas, essa ideia só reforçaria a
colonização portuguesa, afinal, o povo luso não seria um “mau” colonizador e todos os ditos
“nativos” eram respeitados devido ao caráter luso.
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Todos os entrevistados foram bastante categóricos em duas situações. Primeiro, ao
afirmarem que eram favoráveis à independência, mesmo que discordando com a forma que
foi feita, em especial por conta da guerra civil, e, segundo, ao questionarem o termo
“retornado”. Para eles, que nasceram e viveram em Moçâmedes, a referência lusa estava
presente, mas a maioria nem conhecia a metrópole, portanto, ao saírem de Angola em 1975,
não “retornaram” para um lugar conhecido. Por isso, eles se apresentam como refugiados de
guerra. E, por fim, por mais que ainda carreguem alguns traços do discurso Luso-tropicalista,
hoje já percebem a questão racial, que diferenciava e inferiorizava os negros chamados
“nativos” como algo que estava presente.
Considerações finais
Todo ano, no primeiro domingo de agosto acontece o Encontro do Moçamedenses,
organizada pela ADIMO (Amigos do Distrito de Moçâmedes) na cidade de Caldas da Rainha,
norte de Portugal. E, foi ao participar desses encontros anuais que pude conhecer um pouco
mais das histórias de centenas de pessoas. Nesse encontro anual, participam pessoas que
viveram em Moçâmedes, nasceram lá e que tiveram que sair por conta dos conflitos gerados
durante o processo de descolonização. Hoje eles vivem em diferentes países, sendo a maioria
em Portugal. E, foi ao vivenciar esses encontros, que pude perceber que, mesmo em espaços
transnacionais, naquele dia, uma vez ao ano, eles se percebem como integrantes de uma
comunidade por partilharem de um passado comum, passado este rememorado nas rodas de
conversa e, em grande parte, idealizados, pois nas suas narrativas a Angola apresentada é a
dos sonhos, das possibilidades, da perfeição.
Em grande parte, a ressignificação desse passado está pautada no presente. Em tudo
aquilo que foi almejado e não vivido, ou que deixou de ser vivido posteriormente. Não à toa,
referências as reuniões familiares são constantemente relembradas, já que após a saída de
Angola, muitas dessas famílias dispersaram-se. A construção de uma comunidade imaginada
pautada nesse passado comum, também nos mostra que as identidades forjadas em meio a
esse processo de desterritorialização, também carregam consigo aspectos dessa “juventude”
angolana, suas vidas, culturas e referências. Estes imigrantes divididos por serem produtos de
diferentes culturas que os influenciam, tornaram-se pessoas “deslocadas” por não se sentirem
parte integralmente de nenhum dos vínculos que experimentaram e carregam, e ao mesmo
tempo se perceberem parte de um grupo dispersado pelo mundo. Suas identidades culturais
transformaram-se e reconstroem-se cotidianamente entre estes laços historicamente
construídos.
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