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CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
ÍNDICE
MENSAGEM DO PRESIDENTE
APRESENTAÇÃO ........................................................................................................................ 1
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO.................................................................................. 7
1. ENQUADRAMENTO HISTÓRICO E REGIONAL ................................................................. 7 1.1. Montemor-o-Novo: momentos que fizeram história ...................................................... 7 1.2. Enquadramento regional ............................................................................................... 8
2. POVOAMENTO E POTENCIAL DEMOGRÁFICO .............................................................. 14 2.1. Região Alentejo ........................................................................................................... 14 2.2. Montemor-o-Novo........................................................................................................ 17
3. DINÂMICA ECONÓMICA E DE EMPREGO ....................................................................... 23 3.1. Dinâmicas económicas: Alentejo e Montemor-o-Novo ............................................... 23 3.2. Agricultura e indústrias agro-alimentares.................................................................... 26 3.3. Actividade industrial e logística ................................................................................... 37 3.4. Comércio e Serviços.................................................................................................... 42 3.5. Turismo........................................................................................................................ 44 3.6. Ambiente e conservação da natureza......................................................................... 50
4. ACESSIBILIDADES E TRANSPORTES ............................................................................. 53 4.1. O quadro das acessibilidades regionais, nacionais e transeuropeias ........................ 53 4.2. O quadro das acessibilidades no Concelho ................................................................ 55
5. REDE URBANA E EQUIPAMENTOS COLECTIVOS ......................................................... 63 5.1. Rede Urbana ............................................................................................................... 63 5.2. Equipamentos colectivos............................................................................................. 71 5.3 Desporto ....................................................................................................................... 79
6. CULTURA E PATRIMÓNIO ................................................................................................ 81 6.1. Montemor-o-Novo � dimensão histórica e cultural...................................................... 81 6.2. Património cultural ....................................................................................................... 84 6.3. Equipamentos, projectos e iniciativas ......................................................................... 86
PARTE II � ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO E PROGRAMAS DE ACTUAÇÃO ...... 93
1. PERSPECTIVAS DE DESENVOLVIMENTO...................................................................... 93
2. OBJECTIVOS ESTRATÉGICOS DE DESENVOLVIMENTO............................................ 102
3. PROGRAMAS DE ACTUAÇÃO, MEDIDAS, PROJECTOS E ACÇÕES........................... 103
PROGRAMA DE ACTUAÇÃO - ECONOMIA RENOVADA E EMPREGO...................... 106
PROGRAMA DE ACTUAÇÃO - URBANISMO E QUALIDADE DE VIDA ........................ 113
PROGRAMA DE ACTUAÇÃO - AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO RURAL .............. 116
PROGRAMA DE ACTUAÇÃO - CULTURA E PATRIMÓNIO .......................................... 119
PROGRAMA DE ACTUAÇÃO - EDUCAÇÃO E DESPORTO, SAÚDE E ACÇÃO SOCIAL....................................................... 122
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
MENSAGEM DO PRESIDENTE
Um Desafio Estratégico: Convergir e Cooperar para Desenvolver
1. A sociedade montemorense regista, na sua diversidade, diferentes maneiras de
estar, diferentes formas de encarar a vida económica e social, diferentes opções. A
diferença é uma riqueza democrática inestimável e deve ser entendida não como
uma ameaça mas como uma oportunidade de abertura de novos horizontes. A
diferença não nos deve enconchar num individualismo, por vezes pessoalmente
satisfatório, mas limitante da ambição colectiva que é garante de progresso. A
sociedade montemorense precisa, determinantemente, de ultrapassar uma das
suas principais debilidades: alguma incapacidade para, respeitando a diferença e
valorizando interesses comuns, procurar a convergência e a cooperação para
concretizar programas e projectos estratégicos para o desenvolvimento económico
e social do concelho.
2. Esta Carta Estratégica é, antes de mais, um desafio à capacidade das cidadãs e
cidadãos do nosso concelho e das suas instituições de construir projectos
colectivos em que, confluindo naturais e desejáveis interesses próprios, domine o
objectivo, consensualmente negociado e assumido, de contribuir para o
desenvolvimento sustentado de Montemor. Desenvolvimento esse que serve todos
e cada um!
3. Por isso, não quisemos e não queremos que esta seja uma carta municipal mas
uma Carta Estratégica do nosso concelho. Por isso, não quisemos e não
queremos que esta seja uma carta deste ou daquele grupo mas uma Carta
Estratégica do nosso concelho em que somos confrontados com a diferença
mas em que todos e cada um poderão encontrar propostas consensuais em que
se reconheçam e se disponham a colaborar. Outro desafio, portanto: mais do que
procurar o que não concordamos, procuremos o que clama a nossa adesão e
empenhamento!
4. A versão final da Carta Estratégica reflecte o prolongado, profundo e participado
trabalho preparatório e a motivante discussão pública de que foi alvo. Não é, não
podia ser perfeita. É um instrumento inacabado, um instrumento que deve
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
continuar a adequar-se à mudança mas um instrumento referencial, um
instrumento nuclear do futuro que, colectivamente, queremos construir em
Montemor.
5. Partimos, agora, para uma nova e mais difícil etapa: concretizar o que
colectivamente concebemos. Há que encarar este desafio estratégico: convergir e
cooperar para o desenvolvimento sustentado do concelho de Montemor-o-Novo.
Montemor-o-Novo precisa e merece o nosso empenhamento!
Montemor-o-Novo conta connosco!
O Presidente da Câmara,
Carlos Pinto de Sá
Maio/2007
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
APRESENTAÇÃO 1
APRESENTAÇÃO
A reflexão estratégica para o desenvolvimento depara-se cada vez mais com factores
de indeterminação que resultam do ritmo de adaptação estrutural das sociedades, das
dinâmicas de (re)posicionamento dos interesses e expectativas dos principais grupos
sociais e económicos, bem como dos novos enquadramentos e dinâmicas de inserção
territorial, fruto dos processos de deslocalização das actividades e das pessoas.
Uma estratégia de desenvolvimento para Montemor-o-Novo terá, assim, vantagem em
ser equacionada num quadro mais vasto das linhas de tendência do desenvolvimento
regional, nacional e comunitário e das estratégias de actuação dos principais
intervenientes (públicos, associativos e privados) nessas dinâmicas de
desenvolvimento social e económico.
As indefinições, atrasos e mudanças, provocadas pelas alterações das políticas da
Administração Central, em relação a projectos e orientações consideradas
estruturantes e com impactes em toda a Região, ampliam as dificuldades objectivas e
subjectivas para equacionar algumas perspectivas de trabalho/actuação política e de
formulação de objectivos estratégicos, à escala de um concelho.
Os desenvolvimentos recentes da situação no Alentejo, tanto nas cidades e vilas,
como no mundo rural, assim como a experiência a nível regional e concelhio em
matéria de promoção e gestão de políticas públicas no enquadramento dos
instrumentos financeiros comunitários e nacionais, aconselham a que a Carta
Estratégica de Montemor-o-Novo se concentre de forma selectiva nos domínios de
actuação com impactes significativos na Cidade e nas freguesias, designadamente na
esfera da economia e da criação de emprego.
A Carta Estratégica de Montemor-o-Novo deverá assentar numa visão integrada,
sustentável e solidária que permita enquadrar um conjunto de recursos e
potencialidades e de oportunidades, interpretando de forma positiva as tendências de
evolução nos diversos contextos de integração espacial do Concelho. Este enfoque
pressupõe reflectir, entre outros, um conjunto de vectores, a um tempo tendências
pesadas de evolução, a outro tempo desafios a enfrentar:
transformação acentuada do quadro de acessibilidades e da rede logística do
Concelho, com implicações nas vantagens locativas face à Área Metropolitana de
Lisboa e à Europa;
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
APRESENTAÇÃO 2
alteração dos instrumentos de financiamento do desenvolvimento regional,
segundo as regras do Objectivo Convergência e desenhando um quadro que
deverá associar competitividade económica e coesão social;
equilíbrio entre a valorização do investimento nas aldeias e a qualificação dos
espaços urbanos de concentração de recursos (população, equipamentos,
actividades, emprego,�);
identificação dos pilares para uma estratégia de desenvolvimento das primeiras
décadas do século XXI, com definição de prioridades estratégicas para a
construção desses pilares;
identificação e dinamização das acções e projectos, financiamentos e parcerias,
que visem mais directamente a concretização das prioridades estratégicas.
Os resultados alcançados pelas cidades alentejanas, na década de 1991-2001, onde
se registou crescimento e rejuvenescimento da população, demonstram que uma das
chaves do progresso (urbano, ecológico, económico, social e cultural) reside na
estruturação de uma base económica � diversificada, produtiva, geradora de emprego
e com capacidade de integração económica. Ou seja, um complexo de actividades e
funções inter-actuante com os concelhos, cidades e vilas limítrofes e com os espaços
regionais, nacionais, ibéricos e comunitários de integração geográfica e económica.
A construção de condições de suporte para o desenvolvimento assenta na capacidade
para gerar consensos e parcerias em torno de objectivos e projectos concretos e
prioritários, imbuídos de uma perspectiva social e de responsabilidade cívica e com
capacidade para preencher requisitos objectivos, designadamente:
capacidade para promover o aproveitamento das potencialidades existentes;
capacidade para promover a inovação e a competitividade;
capacidade para atrair investimentos públicos e privados quer a nível regional,
quer a nível concelhio e inter-municipal, e também a nível transfronteiriço;
capacidade para conceber intervenções e projectos susceptíveis de absorver
com eficácia recursos de financiamento nacionais e comunitários.
Os desafios para Montemor-o-Novo na próxima década (2007-2017) apresentam-se,
assim, como desafios muito exigentes e complexos. Trata-se de dinamizar, em
simultâneo, actuações de política pública municipal e parcerias que contribuam para
alcançar:
uma economia diversificada
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
APRESENTAÇÃO 3
uma Cidade e um Concelho com qualidade vida, dinamismo cultural, turismo e
lazer atractivos;
um meio ambiente sustentável e serviços de saúde de qualidade;
uma envolvente de formação e emprego que estimule a fixação e o
crescimento da população.
O Diagnóstico efectuado evidencia uma situação de partida que não se apresenta
favorável ao desenvolvimento de regiões como o Alentejo, como decorre dos vectores
seguintes:
as projecções demográficas (Projecções do INE e do Eurostat) apontam para a
continuidade das tendências de despovoamento do Alentejo no horizonte 2025;
os dados relativos à distribuição do rendimento, e outros de natureza empírica,
evidenciam situações de pobreza e exclusão social em importantes segmentos
da população residente, com manchas territoriais preocupantes;
a Política Agrícola Comum é desincentivadora da produção, gera injustiças
assinaláveis na atribuição das ajudas directas ao rendimento e não potencia a
coesão económica e social num território como o Alentejo;
as novas orientações no quadro da Organização Mundial do Comércio irão
endurecer a concorrência de produtos alimentares e outros no mercado
nacional e no Mercado Comum;
os grandes projectos de carácter estruturante para o Alentejo tardam em
concretizar os seus efeitos económicos, nuns casos, e revelam-se
insatisfatórios os impactes sociais e territoriais, em outras situações;
os fluxos de investimento privado e público na Região e no Concelho não têm
evidenciado potencial empregador e de dinamização do tecido económico e
empresarial suficientes para atenuarem as tendências migratórias dos
residentes;
a não concretização da Regionalização (prevista na Constituição) penaliza as
perspectivas de desenvolvimento regional e de ordenamento do território1.
1 No Congresso Alentejo XXI (Fevereiro de 2004) é de assinalar o consenso alcançado para que seja mantida e
valorizada a integridade territorial da Região e a ideia de que o novo ordenamento do território não substitui a
Regionalização consagrada na Constituição.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
APRESENTAÇÃO 4
Este quadro constitui, todavia, o quadro objectivo de trabalho que urge enfrentar
tentando sempre melhorá-lo através da intervenção cívica e da acção política, mas
através também da constituição de parcerias efectivas, norteadas pela preocupação
do desenvolvimento dos territórios.
Esta é a postura indispensável para que a Carta Estratégica dê frutos: participação
activa dos cidadãos, das organizações e instituições do Concelho e da Região pelo
presente e pelo futuro de Montemor-o-Novo, do Alentejo e de Portugal.
Do ponto de vista metodológico do processo de trabalho adoptado, a elaboração da
Carta Estratégica de Montemor-o-Novo, teve como suporte uma Equipa constituída, no
essencial, por técnicos e colaboradores regulares da Câmara Municipal (cf. Ficha
Técnica) e compreendeu as seguintes acções:
recolha e tratamento de documentação e outra informação empírica de suporte
à elaboração do Diagnóstico;
organização de sessões temáticas (sectoriais e territoriais) de apresentação e
debate do Documento de Diagnóstico, com vista ao seu aprofundamento e
estabilização;
formulação do Quadro Estratégico de Desenvolvimento para o Concelho;
identificação de Objectivos Estratégicos, Programas, Acções e Projectos;
sistematização de um quadro de parcerias potenciais a estabelecer;
elaboração da Versão Preliminar da Carta Estratégica;
debate público da Versão Preliminar, bem como dos Programas de Actuação,
Projectos e Acções;
programação indicativa de investimentos e fontes de financiamento;
apresentação e análise do Projecto de Carta Estratégica ao Conselho
Coordenador;
redacção final da Carta Estratégica de Montemor-o-Novo.
Enquanto instrumento de trabalho de referência para o desenvolvimento do Concelho,
a Carta Estratégica deverá fazer o seu curso de implementação através das políticas
municipais (Plano de Actividades e Orçamentos) e das parcerias públicas e público-
-privadas a constituir.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
APRESENTAÇÃO 5
Com o objectivo de contribuir para a racionalidade, a coerência e a eficácia desse
processo de implementação a Câmara Municipal de Montemor-o-Novo tem a intenção
de constituir um Gabinete de Carta Estratégica, com os Serviços Municipais e com as
entidades públicas (sectoriais e regionais), as entidades associativas e os parceiros
privados (locais e supra-locais) e estimulando a operacionalização de projectos,
acções e iniciativas constantes da Carta Estratégica e de outras que o
desenvolvimento concelhio venha a determinar.
FICHA TÉCNICA
Entidade Promotora
Câmara Municipal de Montemor-o-Novo Equipa Técnica
António Murteira Célino Silva Filipe Jorge Chinita Hortênsia Menino João Bilou Vanda Teixeira Assessoria
António Oliveira das Neves
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 7
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO
1. ENQUADRAMENTO HISTÓRICO E REGIONAL
1.1. Montemor-o-Novo: momentos que fizeram história
�Os mais antigos vestígios de presença humana na região que actualmente
constitui o Concelho de Montemor-o-Novo parecem ser de uma época que se
situa há cerca de 350 mil anos, o Acheulense Antigo (Paleolítico Inferior).�
(Cf. Jorge Fonseca, Montemor-o-Novo - Resumo Histórico, 1988).
Neste território chegaram a coexistir duas espécies humanas distintas: a espécie do
Homem de Neanderthal e o Homo Sapiens. Na Gruta do Escoural, situada na Herdade
da Sala, na Freguesia de Santiago do Escoural, encontram-se testemunhos da
presença dessas duas espécies humanas.
Montemor-o-Novo teve a sua origem como urbe em época indeterminada, entre o
período muçulmano e a conquista cristã da região Sudoeste da Península Ibérica,
onde hoje se situa a região alentejana, datando a primeira notícia da sua existência do
ano de 1181.
Com a Revolução de 25 Abril de 1974, Montemor-o-Novo, como o Alentejo, no seu
todo, vive um dos períodos mais nobres da sua história tendo os trabalhadores e a
população do Concelho participado activamente na conquista da liberdade e nas
grandes transformações democráticas.
A adesão de Portugal à Comunidade Europeia, em 1986, marca uma nova fase com
implicações na reestruturação das actividades económicas e produtivas e nas
condições de promoção do desenvolvimento dos territórios, com destaque para as
infra-estruturas e equipamentos públicos.
A Cidade de Montemor-o-Novo nasceu e cresceu numa colina, em volta do
Castelo. Nasceu vila e teve forais atribuídos por D. Sancho I, em 1203, e por D.
Manuel, em 1503.
A 11 Março de 1988 a vila de Montemor-o-Novo vê votada na Assembleia da
República a sua elevação a Cidade.
À Cidade antiga juntam-se agora novas componentes residenciais e de
equipamentos como o Parque Urbano, as Piscinas Recreativas, as Piscinas
Cobertas, o Parque Desportivo da Cidade, o Parque de Exposições, Mercados e
Feiras, a Biblioteca �Almeida Faria�, o Espaço do Tempo/Centro Coreográfico,
novos restaurantes e cafés.
Num horizonte realista mas perceptível, Montemor-o-Novo ambiciona ser e poderá
ser: Uma Cidade e um Concelho, de cultura e de turismo, prestadora de serviços
de saúde especializados, com uma economia diversificada, e com qualidade de
vida.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 8
1.2. Enquadramento regional
O Concelho de Montemor-o-Novo está enquadrado administrativamente no Distrito de
Évora e, em termos sub-regionais, na NUT III Alentejo Central (que abrange, para
além de Montemor-o-Novo, outros 13 concelhos). Faz fronteira com os concelhos de
Vendas Novas e Montijo, a Oeste; Alcácer do Sal e Viana do Alentejo, a Sul; Évora e
Arraiolos, a Este; e Coruche, a Norte.
Ocupando uma área de 1 231 Km2, correspondente a 17% da área total do Alentejo
Central e a 4,6% do total da Região Alentejo, o Concelho de Montemor-o-Novo é o 7º
Concelho com maior extensão no território nacional.
Montemor-o-Novo participa no associativismo intermunicipal através da Associação de
Municípios do Alto Alentejo para o Ambiente (AMAMB); da Região de Turismo de
Évora (RTE) e da Associação das Regiões de Turismo do Alentejo (ARTA); e da
Associação de Municípios do Distrito de Évora (AMDE).
O município tem também participação activa na Associação Nacional de Municípios
Portugueses (ANMP), na Associação Portuguesa de Municípios com Centro Histórico
(APMCH) e participa, igualmente, na Agência de Desenvolvimento Regional do
Alentejo (ADRAL) e numa empresa intermunicipal responsável pela gestão do sistema
de recolha e tratamento de resíduos sólidos urbanos, a GESAMB.
Desde a publicação da Lei-quadro das Regiões Administrativas (Lei nº 56/91), o
modelo institucional de organização territorial não conheceu desenvolvimentos
significativos. Para a concepção, gestão e execução dos Quadros Comunitários de
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 9
Apoio I, II e III, foi determinante o trabalho das Comissões de Coordenação Regional,
na gestão dos fundos comunitários, e das Associações de Municípios, nomeadamente
nos projectos de infra-estruturas intermunicipais.
As CCR foram, entretanto (Decreto-Lei nº 97/2003), transformadas em Comissões de
Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR), constituindo instrumentos de
dinamização, acompanhamento e avaliação do processo de desconcentração da
administração central ao nível regional e de descentralização das suas competências
para a administração local. Este processo de descentralização deverá envolver
também áreas sectoriais importantes identificadas na Lei nº 159/99, um processo que
irá conhecer desenvolvimentos na presente legislatura com a transferência de
competências em concreto, segundo um modelo tipo que é actualmente objecto de
estudo.
Na fase actual as questões de enquadramento regional do Concelho, têm vantagem
em ser encaradas na perspectiva do ordenamento do território e dos impactes para a
Região das grandes políticas e programas de natureza sectorial. As alíneas seguintes
sintetizam informação relevante acerca dessas políticas e programas que importa ter
presente na óptica das condicionantes e oportunidades de médio e longo prazo que se
oferecem à Região e ao Concelho.
(a) Ordenamento do Território
O Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território 2007-2025 (PNPOT)
acolhe três pilares do modelo territorial:
(i) Prevenção e gestão de riscos (cheias, incêndios, erosão, sismos, acidentes
com gasodutos e oledutos);
(ii) Conservação e gestão dos recursos naturais (áreas protegidas, Rede Natura
2000, albufeiras, cursos de água, florestas, zonas agrícolas);
(iii) Sistema Urbano e de Acessibilidades (distribuição populacional e infra-
estruturas).
O Programa mantém o motor do país no Litoral e prevê, até 2025, �um novo mapa de
Portugal�, mais sustentável, melhor ordenado, com economia competitiva e mais
equitativo. Em termos de prospectiva territorial, o PNPOT aponta para a criação de 3
arcos metropolitanos:
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 10
Arco Lisboa - alargado até à Nazaré, Évora e Sines.
Arco Noroeste - com centro no Porto, abrangendo o Norte Litoral.
Arco Algarve - da Costa Vicentina até ao Guadiana.
Para o interior do País, o Programa aponta para a associação de cidades com vista à
criação de pólos regionais de competitividade, uma orientação que não encontra
adequado enquadramento nos PORegionais do QREN.
(b) Infra-estruturas de transporte e logística
No cruzamento entre o ordenamento do território e a infra-estruturação material de
suporte ao desenvolvimento regional, adquirem especial relevância o Plano Rodoviário
Nacional e o Plano Portugal Logístico.
Projecto de Alta Velocidade e Plano Rodoviário Nacional. O Projecto e o
Plano terão previsíveis impactes no Alentejo: negativos, o primeiro (TGV), do
ponto de vista ambiental; positivos, do ponto de vista económico e da criação
de emprego.
A linha de Alta Velocidade que atravessa o Alentejo no sentido Oeste/Este,
será mista, passageiros-mercadorias, e o percurso anunciado é o seguinte:
Lisboa/Évora/Elvas-Badajoz/Madrid, e poderá estar concluída em 2015.
O Plano Rodoviário Nacional poderá, também, estar concluído em 2015 (IP -
- Itinerários Principais e IC - Itinerários Complementares).
Plano Portugal Logístico. Este Plano integrará uma Rede Nacional de
Plataformas Logísticas e prevê-se que tenha fortes impactes no Alentejo. Todo
o sistema tem a conclusão marcada até 2013.
De acordo com as perspectivas apresentadas, o Plano permitirá aumentar as
cargas movimentadas em Portugal em 9,5 milhões de toneladas e reduzir
custos em 10%. É prevista a criação de 5 000 postos de trabalho.
A Rede será integrada por 11 Plataformas Logísticas e por 2 Centros de Carga
Aérea (Lisboa e Porto). As 11 Plataformas encontram-se agrupadas em 4
categorias: (i) Urbanas ou nacionais (Maia/Trofa e Poceirão); (ii) Portuárias
(Leixões, Aveiro, Lisboa e Sines); (iii) Transfronteiriças (Valença, Chaves,
Guarda, Elvas/Caia); e (iv) Regional (Tunes).
No respeitante ao Plano Portugal Logístico é de ter em conta, com vista à
equação do desenvolvimento estratégico regional e local, que duas plataformas
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 11
logísticas ficam situadas no Alentejo e uma terceira plataforma e um centro de
carga aérea, com localização muito próximas e com impactes no território
regional, também previsíveis na base económica do Concelho:
Plataforma Portuária em Sines (a cerca de 120 quilómetros de Montemor-o-
Novo);
Plataforma Transfronteiriça em Elvas/Badajoz (a 130 quilómetros de
Montemor-o-Novo), com ligação por Auto-estrada e pelo futuro TGV,
mercadorias-passageiros que ligará Lisboa a Madrid e que se prevê tenha
uma estação num raio até 30 quilómetros de Montemor-o-Novo;
Plataforma Logística do Poceirão, a cerca de 50 quilómetros de Montemor-
-o-Novo;
Plataforma Portuária de Lisboa e Centro de Carga Aérea de Lisboa (a cerca
de 100 quilómetros de Montemor-o-Novo, com ligação por Auto-
-Estrada).
A Plataforma do Poceirão é servida por rodovia, ferrovia e ferrovia de Alta
Velocidade e deverá funcionar como uma placa de redistribuição para a
Região da Grande Lisboa. Do Poceirão poderão partir comboios de alta
velocidade com carga que é habitualmente transportada em avião, como é
o caso de produtos perecíveis, componentes electrónicos ou tudo o que
possa ser acondicionado em paletes.
A Plataforma Logística Fronteiriça Elvas/Caia/Badajoz, é servida pela
rodovia, ferrovia e ferrovia de Alta Velocidade. Juntamente com a
Plataforma do Poceirão constituirá a primeira experiência de transporte de
mercadorias em alta velocidade.
A �Plataforma logística de Elvas/Caia é fundamental para aumentar a área
de influência dos nossos grandes centros de distribuição, sejam os portos
ou as plataformas logísticas na faixa atlântica�.
A eventual ferrovia Sines/Badajoz, que continua em projecto, poderá ser
justificada para o transporte dos granéis e dos contentores. Apenas um
troço entre Casa Branca e Évora está, presentemente, a ser renovado,
sendo importante compreender se a estação ferroviária de Casa Branca
virá a desempenhar algum papel de relevo nesta estratégia (p.e., a
possibilidade de Évora e Montemor ficarem ligados à Plataforma Logística
do Poceirão, através da ferrovia de Casa Branca).
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 12
(c) Novos instrumentos de desenvolvimento rural
A Política Agrícola Comum (PAC), com o enorme impacte que poderia ter no âmbito
da coesão económica e social no Alentejo e na produção, continua a manter e a
alargar disposições negativas nessa óptica, de que são exemplo as ajudas desligadas
da produção, o insuficiente apoio aos pequenos e médios agricultores e à instalação
de jovens e ao desenvolvimento de indústrias transformadoras agro-alimentares.
Estas orientações que, no fundamental, se mantém para o período 2007-2013,
continuarão, previsivelmente, a provocar, no Alentejo, o desaparecimento das
pequenas explorações agrícolas e a consequente desertificação dos campos, assim
como a quebra de produção em diversos sub-sectores.
O novo Programa de Desenvolvimento Rural, cujos montantes a serem transferidos
para Portugal, no período 2007-2013, rondam um valor da ordem dos 3,5 mil milhões
de euros, é estruturalmente orientado para o incentivo à competitividade das
explorações agrícolas e agro-industriais, nomeadamente nas fileiras produtivas
estratégicas (vinho, horto-frutícolas, floresta, olival e carnes) e para a manutenção de
níveis de actividade em zonas desfavorecidas, uma componente vocacionalmente
ambiental. Este �core� de objectivos tenderá a acentuar processos em curso na
Região: desaparecimento das explorações agrícolas familiares e das pequenas
explorações, desertificação e envelhecimento, reduzida instalação de jovens, ausência
de acções orientadas para a coesão económica e social que apresenta disparidades
inaceitáveis para os padrões europeus, no acesso à terra, a outros meios de produção
e aos fundos comunitários, bem como no rendimento e no património das famílias e
dos produtores.
A evolução deste sector está fortemente condicionada, designadamente, pelos
Regulamentos e Directivas que enquadram a actividade produtiva e as condições de
mercado. Neste domínio, salienta-se que:
prosseguem negociações, no âmbito da Organização Mundial do Comércio
(OMC), sobre o grau de liberalização dos mercados agrícolas a nível mundial;
as próximas reformas das Organizações Comuns de Mercado (OCM) do vinho,
das frutas e das hortícolas, sobretudo esta última, poderão ir no sentido das
anteriores reformas: desligar total ou parcialmente as ajudas da produção e
inclusão no Regime de Pagamento Único; assim sendo, continuará a haver
ajudas ligadas à produção, total ou parcialmente, e ajudas desligadas da
produção e integradas nesse Regime de Pagamento;
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 13
é previsível um conjunto de novas orientações com vista ao desmantelamento do
proteccionismo aduaneiro, bem como a eliminação progressiva das subvenções
às exportações e dos subsídios às produções; os resultados vão no sentido de
uma maior concorrência, com aproximação dos preços aos praticados nos
mercados internacionais.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 14
2. POVOAMENTO E POTENCIAL DEMOGRÁFICO
2.1. Região Alentejo
O Alentejo é uma das regiões mais despovoadas e envelhecidas de todo o país. Para
isso contribuem uma economia pouco diversificada e pouco produtiva, uma Política
Agrícola Comum que teve um impacte desfavorável, o insuficiente investimento
privado, os insuficientes investimentos da Administração Central, com vista à criação
de emprego na Região, a carência e irregularidade no aproveitamento da água e a
estrutura da posse e da exploração da terra.
Desde meados do século XX que o Alentejo não cessa de perder população. A partir
da década de 60, a generalidade dos concelhos sofreu decréscimos populacionais
situados entre os 20 e os 30%. Neste período de �sangria populacional� só os
concelhos de Évora e Vila Viçosa registaram decréscimos inferiores a 10%.
A segunda metade da década de 70 representou, para alguns concelhos, uma
viragem, com a inversão do fenómeno da emigração e o acréscimo de mão-de-obra
agrícola a serem responsáveis por acréscimos populacionais, como resultado dos
impactes positivos da Reforma Agrária e do Poder Local Democrático, e da
dinamização do comércio e de diversos serviços, nomeadamente nas áreas da saúde
e da educação.
Nos anos 80, com a destruição da Reforma Agrária, acentuou-se o decréscimo
populacional na Região (-6.0%). Apenas dois concelhos registaram aumentos da sua
população: Évora e Vila Viçosa. Montemor-o-Novo volta a registar uma quebra
populacional, situando-se ligeiramente acima da média regional (-7,8%).
Na década 1991-2001, �nos doze concelhos onde se situam as 12 cidades
(actualmente 15), há três situações distintas:
crescimento quer da Cidade, quer do Concelho: Vendas Novas, Sines, Évora,
Ponte de Sôr e Estremoz;
crescimento da população da Cidade, mas decréscimo do respectivo Concelho:
Montemor-o-Novo, Beja, Alcácer do Sal, Moura e Santiago do Cacém;
perda de população quer na Cidade, quer no Concelho: Elvas e Portalegre.�
A população cresce em 7 concelhos e decresce nos restantes 40. Dos quarenta e sete
concelhos e doze cidades do Alentejo (15 a partir de meados de 2004), os únicos
cinco onde a população cresce (nos concelhos, como nas respectivas cidades), são
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 15
aqueles onde se desenvolve uma base económica com tendência para a
diversificação na qual já não é determinante o peso económico da grande propriedade
fundiária:
(i) Vendas Novas, com a indústria automóvel, corticeira e outras;
(ii) Sines, com o Complexo Industrial, o Porto Intercontinental e a pesca;
(iii) Évora, com indústria, turismo e serviços, com destaque para um conjunto
variado de serviços e instituições públicas, entre as quais a Universidade;
(iv) Ponte de Sôr, com zonas de regadio, com indústria agro-alimentar, corticeira,
de componentes automóveis, e da aeronáutica;
(v) Estremoz, com a indústria extractiva e transformadora de mármores e
algumas manchas de vinha, olival e hortícolas.
Algumas das cidades quer de um ponto de vista económico, quer social e cultural,
pouco mais são do que grandes vilas.
A Região precisa de perspectivar uma rede de centros urbanos de maior dimensão e
mais dinâmicos, económica e culturalmente, o que implica definições estratégicas � no
plano regional e supra-regional � consensos alargados e investimentos direccionados�
(cf. António Murteira, Uma Revolução na Revolução � Reforma Agrária no Sul de Portugal, Campo das
Letras e Câmara Municipal de Montemor-o-Novo, 2004, Porto).
Para um conhecimento mais aprofundado das características demográficas do
Concelho de Montemor-o-Novo e do enquadramento do mesmo na Região, importa
evidenciar os aspectos relacionados com a estrutura etária da população,
nomeadamente no que respeita aos principais indicadores:
em 2001, o Alentejo apresentou uma proporção de população jovem mais baixa
e uma proporção de população idosa mais alta do que as respectivas médias
nacionais;
no período de 1991 a 2001, a diminuição da percentagem de jovens registada na
Região foi semelhante à do país, enquanto a variação, na população idosa, se
mostrou mais elevada no Alentejo do que em Portugal;
o Alentejo caracteriza-se por ser a Região mais envelhecida do país e uma das
mais envelhecidas da Europa;
o Índice de envelhecimento no Alentejo, em 2001, ascendeu a quase 163 idosos
por cada 100 jovens, valor bastante superior à média nacional;
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 16
no período de 1991 a 2001, o envelhecimento demográfico aumentou mais na
Região do que no país, com um acréscimo de 56 idosos por cada 100 jovens, no
Alentejo e de 34 idosos, em Portugal.
Nos concelhos do Alentejo Central é possível verificar uma maior proporção de idosos
relativamente aos jovens, exceptuando-se, nesta sub-região, a situação demográfica
do seu maior centro urbano, Évora, e do concelho de Vila Viçosa, acompanhados na
última década pelo concelho de Vendas Novas.
Outro aspecto a ter em conta na análise do envelhecimento demográfico, e em
particular no que diz respeito ao aumento do número de idosos, prende-se com a
perspectiva da continuação do aumento da esperança de vida que se manifesta num
aumento da população nas idades mais avançadas, caracterizada pelo elevado grau
de dependência face aos sistemas de segurança social e saúde.
O fenómeno da imigração constitui uma situação nova no Alentejo e no Concelho de
Montemor-o-Novo a requerer medidas adequadas que permitam um acolhimento
solidário a todos os que queiram trabalhar e residir no Alentejo e no Concelho. De
acordo com dados dos Censos 2001, numa população de 535 753 residentes, um total
de 6 954 pessoas são oriundas de outros países, o que representa 1,3 % da
população residente a viver no Alentejo.
Quanto às tendências demográficas, as projecções demográficas do Instituto Nacional
de Estatística prevêem para o Alentejo:
até 2010: diminuição da população total e um aumento generalizado do índice de
envelhecimento;
até 2015: quebra populacional continuada e um aumento contínuo do índice de
envelhecimento.
Projecções demográficas
População residente Índice de
envelhecimento
Ano 2010 2015 2010 2015 Alentejo 496142 475753 183,65 192,79
Fonte: INE
A tendência generalizada na Região é de diminuição da população, traduzida pela
diminuição do número de jovens e de adultos e da manutenção de um número elevado
de idosos. De destacar também o aumento do Índice de Envelhecimento no Alentejo
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 17
que, de acordo com a projecção referida, apresentará em 2050 um valor duas vezes
superior ao de 2000.
Esta evolução prevista para a Região está enquadrada no que se prevê para o total do
país. Com efeito, para Portugal, prevê-se:
até 2010: um ligeiro aumento da população total, com um aumento da população
idosa e consequente aumento do índice de envelhecimento da população e
diminuição do número de jovens e adultos;
até 2015: um decréscimo da população total, mantendo-se o aumento do número
de idosos e a diminuição de jovens e adultos.
A evolução e as projecções demográficas negativas apenas poderão ser atenuadas,
ou mesmo contrariadas, se a Região e o país enveredarem por novas políticas
produtivas, competitivas, inovadoras e geradoras de emprego, e se houver uma
política activa de acolhimento aos emigrantes e às suas famílias.
2.2. Montemor-o-Novo
A análise da evolução populacional do Concelho permite estabelecer vários períodos
de evolução:
Até à década de 50 � Neste período, o efectivo populacional atingiu o seu maior valor
(38793 habitantes), registando-se uma perda de, aproximadamente, 1/3 do total da
população nas décadas seguintes. Parte desta perda resulta de uma alteração
administrativa importante: a saída da freguesia de Vendas Novas.
Entre as décadas de 50 a 70 � Após o auge demográfico dos anos 50, na sequência
de campanhas de promoção da cultura cerealífera, que se caracterizavam por um
grande nível de ocupação de mão-de-obra, a década de 60 veio marcar
profundamente os quantitativos demográficos do Concelho. Foram também os anos
das grandes migrações para a Área Metropolitana de Lisboa e para o estrangeiro.
Desertificação acelerada é a expressão que melhor poderá caracterizar a evolução
populacional do Concelho no período que medeia entre 1950 e 1970. Cabrela,
Santiago do Escoural e São Cristóvão perderam neste período mais de metade da
população residente. A esta perda não serão alheias as alterações na estrutura
produtiva (base económica assente quase exclusivamente numa agricultura
extensiva, de grande propriedade) e, sobretudo, a quebra nas necessidades de
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 18
mão-de-obra agrícola, associada à escassez de oportunidades de emprego noutros
sectores de actividade.
A década de 70 representa um período de abrandamento do fenómeno migratório:
Montemor-o-Novo registou mesmo um acréscimo populacional de 10%, quando no
total da Região se registou um decréscimo de 1,5%.
Esta evolução ficou a dever-se a:
impacte positivo da reforma agrária e do poder local, enquanto factores de
contenção do despovoamento;
retorno de população das ex-colónias africanas, embora seja difícil de
quantificar este fenómeno.
Entre 1970 e 1981 verifica-se o desaparecimento de muitos lugares, quase todos
ocupados até então por mão-de-obra agrícola. A tendência é para a concentração nas
sedes de freguesia rurais e nas freguesias urbanas (sede de Concelho).
O Recenseamento de 1981 veio mostrar que o Concelho de Montemor-o-Novo
alcançou um acréscimo da população, travando a evolução negativa das décadas
anteriores.
A partir de 1981, sobretudo desde meados da década de oitenta e ao longo da década
de noventa, o decréscimo populacional no Concelho foi uma constante, como
aconteceu, aliás, no Alentejo, à excepção dos sete concelhos já referidos, embora a
um ritmo bastante inferior à média regional.
Com a reconstituição da grande propriedade fundiária e de segmentos de capitalismo
agrário, o definhar da agricultura familiar, as opções da Política Agrícola Comum e as
políticas agrícolas e de desenvolvimento rural nacionais, os trabalhadores, muitos
agricultores e as suas famílias, são, de novo, obrigados a partir.
De acordo com o último Recenseamento da População, realizado em 2001, regista-se
uma ligeira diminuição da população a nível do Concelho, com expressões
diferenciadas nas várias freguesias. Com excepção das freguesias maioritariamente
urbanas (N. Sra. da Vila e N. Sra. do Bispo) apenas a freguesia de Foros de Vale de
Figueira registou um acréscimo populacional, reflectindo uma tendência continuada de
aglomeração da população em lugares de maior dimensão.
O ligeiro decréscimo populacional pode, contudo, indiciar um início da �recuperação�
do Concelho, ou pelo menos a sua estabilização. Montemor-o-Novo tinha, em 2001,
apenas menos 54 habitantes do que em 1991.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 19
A evolução da população nas freguesias revela que as freguesias mais populosas do
Concelho são as freguesias maioritariamente urbanas (N. Sra. da Vila e N. Sra. do
Bispo), as quais se destacam das restantes quer em volume de população, quer em
densidade populacional, quer, ainda, pelas actividades económicas. Com excepção
das freguesias urbanas, a população do Concelho concentra-se maioritariamente em
lugares de 100 a 2.000 habitantes.
O contingente de população isolada, corresponde a cerca de 17% do total da
população, que, de acordo com o critério estatístico do INE, não reflecte apenas a
população dispersa, mas toda a que vive fora dos perímetros urbanos definidos por lei,
o que em áreas rurais representa um número significativo de habitantes.
A perda de população no meio rural está directamente relacionada com o
aprofundamento e extensão da crise económica das actividades primárias.
A evolução da população na Cidade na década 1991 - 2001 regista um crescimento de
7.056 para 8.766 residentes (cerca de 24,2%). Este crescimento terá resultado,
fundamentalmente, de fluxos vindos do meio rural mas também de alguns fluxos
migratórios exteriores ao Concelho, incluindo cidadãos de outros países.
Para o conjunto do Concelho, as taxas de variação por freguesia evidenciam um
comportamento demográfico positivo apenas em três freguesias: (i) nas urbanas (N.
Srª da Vila e Nª Srª do Bispo) que cresceram acima de 8% durante a década de
noventa tendo reforçado o seu peso na demografia montemorense (de 54,7% para
59,4%); e na freguesia rural de Fornos de Vale de Figueira que, de sexta freguesia
mais populosa em 1991, passou a quarta, uma década depois, com um ritmo de
crescimento superior às próprias freguesias urbanas. A esta dinâmica demográfica,
não é alheio o reforço da dotação e o perfil de equipamentos e de infra-estruturas
urbano-ambientais que a autarquia tem instalado nestas freguesias.
População Residente Freguesias 1991 2001
Taxa de
Variação
1991-2001 (%)
Cabrela 869 703 -19,1 Lavre 919 887 -3,5 Nossa Senhora do Bispo 4.994 5.411 8,4 Nossa Senhora da Vila 5.200 5.629 8,3 Santiago do Escoural 1.935 1.659 -14,3 São Cristovão 997 754 -24,4 Ciborro 898 841 -6,3 Cortiçadas 1.136 995 -12,4 Silveiras 708 634 -10,5 Foros de Vale de Figueira 976 1.065 9,1
Total 18.632 18.578 -0,3 Fonte: INE- Recenseamentos Gerais da População 1991-2001.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 20
A análise da estrutura demográfica do Concelho de Montemor-o-Novo evidencia um
acentuado decréscimo dos grupos etários mais jovens contrastando com um
acréscimo do número de idosos. A proporção de idosos face ao total da população é
cinco vezes maior em 2001 do que era em 1950, quando os idosos representavam
apenas 5,4% do total da população.
De registar também o decréscimo do número de mulheres em idade fértil, sobretudo
após a década de 60, marcada pela forte corrente migratória para Lisboa e Setúbal.
Indicadores Demográficos � Montemor-o-Novo 1950-2001
Indicadores 1950 1960 1970 1981 1991 2001
População residente 38.793 37.328 18.365 20.210 18.632 18.578
Variação absoluta -1.465 -18.963 1.845 -1.578 -54
Variação percentual -3,8 -50,8 10 -7,8 -0,3
Taxa Crescimento Médio Anual 0,4 -6,8 1,0 -0,8 -0.03 Grupos funcionais (Demográficos)
15.697 12.725 5.195 5.309 4.434 3.482 Jovens 0-19 anos
40,5% 34,1% 28,3% 26,3% 23,8% 18,7%
19.868 20.712 10.410 10.577 9.038 9.043 Adultos 20-59 anos
51,2% 55,5% 56,7% 52,3% 48,5% 48,7%
3.228 3.891 2.760 4.324 5.160 6.053 Idosos >= 60 anos
8,3% 10,4% 15,0% 21,4% 27,7% 32,6%
1.486 1.820 1.313 2.128 2.248 2.948 População Idosa Independente 65-75 anos 3,8% 4,9% 7,1% 10,5% 12,1% 15,9%
601 819 558 1005 1451 2028 População Idosa Dependente >= 75 anos 1,5% 2,2% 3,0% 5,0% 7,8% 10,9%
9.803 10.084 4.890 4.529 3.782 4.031 Mulheres 15-49 anos
25,3% 27,0% 26,6% 22,4% 20,3% 21,7%
Grupos funcionais (Económicos)
11.626 9.226 3.760 4.001 3.155 2.334 Jovens 0-14 anos
30,0% 24,7% 20,5% 19,8% 16,9% 12,6%
25.081 25.464 12.735 13.077 11.778 11.489 Adultos 15-64 anos
64,7% 68,2% 69,3% 64,7% 63,2% 61,8%
2.086 2.638 1.870 3.132 3.699 4.755 Idosos >= 65 anos
5, %4 7,1% 10,2% 15,5% 19,9% 25,6%
Racios de Dependência
Dependência Jovens 46,4 36,2 29,5 30,6 26,8 18,8
Dependência Idosos 8,3 10,4 14,7 24,0 31,4 41,4
Dependência Total 54,7 46,6 44,2 54,5 58,2 60,2
Índice de Envelhecimento 17,9 28,6 49,7 78,3 117,2 220,2 Fonte: INE- Recenseamentos Gerais da População 1950-2001, e Estudo Demográfico da Região Alentejo � CCR
Alentejo 1996.
No que se refere à estrutura demográfica, Montemor-o-Novo apresenta alguns
indicadores negativos:
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 21
o 3º valor mais elevado de Índice de Envelhecimento do Alentejo Central, em
2001, superior ao valor médio da Região;
um índice de dependência de idosos e de dependência total (relaciona o número
de idosos em relação aos restantes grupos etários) superior à média da Região.
A realidade intra-concelhia não difere muito da registada no quadro geral do Concelho.
Estrutura demográfica das freguesias de Montemor-o-Novo (2001)
Grupos etários Indicadores
0 a 14 15 a 64 65 ou +
Dep.
Total
Dep.
Jovens
Dep.
Idosos
Envelhe-
cimento
Cabrela 9% 61% 30% 65.0 15.0 50.0 332.8
Ciborro 11% 57% 32% 75.2 19.2 56.0 292.4 Cortiçadas de
Lavre 10% 61% 29% 63.7 16.9 46.7 275.7
Foros de Vale de
Figueira 13% 60% 27% 65.6 20.7 44.9 217.3
Lavre 10% 61% 29% 64.2 16.3 47.9 294.3
N.ª Sr.ª do Bispo 13% 63% 24% 59.6 21.1 38.5 182.4
N.ª Sr.ª da Vila 14% 65% 21% 54.6 21.7 32.9 151.8 Santiago do
Escoural 11% 58% 31% 72.6 19.4 53.3 275.3
S. Cristóvão 10% 56% 34% 79.5 19.0 60.5 317.5
Silveiras 13% 60% 27% 66.8 21.8 45.0 206.0
Concelho 12,6% 61,8% 25,6% 60,2 18,8 40,4 220,2
Fonte: INE - Recenseamento da População 2001.
Pelo relativo dinamismo demográfico, destacam-se as freguesias de N. Sra. da Vila e
N. Sra. do Bispo que possuem o valor mais reduzido do Índice de Envelhecimento e a
maior proporção de jovens, face aos restantes grupos etários.
As restantes freguesias apresentam uma diminuta percentagem de jovens face à
proporção de idosos, bem como um valor de dependência de idosos e um valor do
índice de envelhecimento elevado. Apenas Silveiras e Foros de Vale de Figueira
registam uma situação menos desfavorável.
Esta situação se, por um lado, reflecte o aumento da esperança média de vida
(traduzido pelo elevado número de idosos), por outro lado, coloca em evidência as
dificuldades do Concelho em inverter esta situação e em atrair novos residentes (apenas
a Cidade tem registado uma dinâmica significativa de atracção), com o risco de acentuar
os factores de um duplo envelhecimento.
O índice de substituição de gerações relaciona a população potencialmente activa
jovem (15-39 anos) com a população potencialmente activa adulta (40-64). A
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 22
substituição está assegurada quando o volume da população do grupo de idade 15-39
anos é superior ao grupo 40-64 anos (índice superior a 1).
Índice de substituição de gerações
1950 1960 1970 1981 1991 2001
Montemor-o-Novo 2,06 1,70 1,11 0,82 0,87 1,02
Fonte: INE � Recenseamentos da População 1950-2001.
Após uma diminuição generalizada do valor do índice desde a década de 50 até à
década de 70, Montemor-o-Novo não conseguiu assegurar a substituição de gerações
nas décadas de 80 e 90. Apesar da diminuição da população ao longo da última
década, aquando do último Recenseamento da População em 2001, estava
assegurada a substituição de gerações.
A esta evolução não são alheias as migrações que, mais do que o saldo natural, são o
fenómeno demográfico com maior influência na evolução recente da população do
Concelho. A evolução do saldo migratório regista as proveniências de países
estrangeiros que, de acordo com o Recenseamento da População de 2001,
representavam 336 residentes no Concelho de Montemor-o-Novo, dos quais se
destacam os provenientes da Europa, África e do Brasil. No entanto, é previsível que o
número de cidadãos de outros países a residir no Concelho seja hoje superior ao
registado aquando do último Recenseamento.
Desde que se mantenham as actuais condições evolutivas, é possível perspectivar
para os próximos anos uma quebra dos quantitativos populacionais. Essa tendência
natural negativa poderá, no entanto, ser contrariada pelos movimentos migratórios, de
atracção pontual de novos residentes.
Principais potencialidades Principais debilidades
Dinâmica populacional da Cidade de
Montemor-o-Novo, que se reflecte num acréscimo de população superior à
média das cidades portuguesas. Reforço da integração social dos
imigrantes como forma de dar resposta às debilidades demográficas.
A Cidade tem condições para crescer e
para apostar na sua inserção numa rede de pequenas cidades.
Tendência para a estagnação da
população do Concelho. Estrutura demográfica progressiva-
mente mais envelhecida (duplo envelhecimento), numa situação
desfavorável face à Região. Despovoamento das áreas rurais do
Concelho.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 23
3. DINÂMICA ECONÓMICA E DE EMPREGO
3.1. Dinâmicas económicas: Alentejo e Montemor-o-Novo
Como o Diagnóstico da Carta Estratégica e outros estudos revelam a Região Alentejo
(que representa cerca de um terço do território nacional), continua a confrontar-se com
uma base económica que não tem permitido o seu desenvolvimento económico e
social e com políticas públicas e privadas sectoriais que não estimulam o investimento
e a criação de emprego e de riqueza.
As populações, em particular, e os agentes económicos, em geral, encontram-se
confrontados com constrangimentos relevantes para redinamizar a actividade
económica: os principais meios de produção e de financiamento comunitário estão
demasiado concentrados no sector fundiário e beneficiam apenas um reduzidíssimo
segmento de produtores; a sociedade civil está insuficientemente organizada; algumas
instituições traduzem mais orientações e interesses de grupos corporativos do que os
interesses gerais dos cidadãos e da Região; a actividade económica apresenta
grandes debilidades; o desemprego estrutural persiste, atingindo trabalhadores cada
vez mais jovens; permanecem significativas manchas de pobreza, sobretudo entre os
idosos; a sangria humana, particularmente de jovens em idade activa, persiste;
algumas zonas estão em perigo de �esvaziamento social� (cf. Tipificação das Situações
de Exclusão em Portugal Continental, Ministério da Segurança Social).
A dinâmica económica no Alentejo, no período 1996-2001, não só não caminhou no
sentido da coesão económica e social, ou seja, de aproximação com a média da União
Europeia como, pelo contrário, decresceu cerca de 3% em relação à média
comunitária, no que respeita ao indicador PIB per capita.
De acordo com a Comissão Europeia, durante o período de 1996-2001, o Alentejo
sofreu um retrocesso, afastando-se da média comunitária em termos de PIB per capita
(PPC), decrescendo de 59,7 para 56,9%. (cf. Relatório sobre Coesão Económica e
Social, Comissão Europeia, Fevereiro de 2004).
Na década de 1991-2001 a base económica de Montemor-o-Novo apresenta
significativas alterações de que é exemplo a estrutura sectorial da população com
actividade económica: o Sector Primário desce de 29,7% para 16% dos activos; o
Sector Secundário cresce de 20,2% para 23,6%; e o Sector Terciário, cresce de 41,5%
para 54,2%.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 24
Fonte: INE � Censos 1991 e 2001
A população com actividade económica no Concelho, em 2001, era de 8.275 activos,
enquanto a população empregada se situava em 7.751 trabalhadoras e trabalhadores.
A população sem actividade económica representa 7.969 pessoas. Mesmo não
entrando em linha de conta com os estudantes, o peso da população sem actividade
económica na população com actividade económica, e mais ainda na população
empregada, é muito grande. A população sem actividade económica é superior à
população empregada.
População activa empregada, por sector de actividade
Concelho de Montemor-o-Novo (2001)
Sector Primário Sector Secundário Sector Terciário
Nº activos % Nº activos % Nº activos %
1321 17,04 1949 25,15 4481 57,81
Fonte: INE. Censos 2001
Dois em cada três trabalhadores do Concelho são assalariados por conta de outrém,
representando cerca de setenta por cento do total da população activa empregada,
cuja distribuição sectorial é a seguinte:
sector primário - 1321 activos empregados, dos quais 1019 trabalhadores por
conta de outrém (77,14% do total do sector);
sector secundário - 1949 activos empregados, dos quais 1557 por conta de
outrém (79,9% do total do sector);
sector terciário - 4481 activos empregados, dos quais 3629 por conta de
outrém (81% do total do sector).
Po p ulação c / A ct ivid ad e E co nó mica, seg und o S ect o r d e
A ct ivid ad e no C o ncelho M o nt emo r - o - N o vo
29,7
20,2
41,5
16
23,6
54,2
0
10
20
30
40
50
60
Pr imár i o Secundár i o Ter ciár i o
1991
2001
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 25
A grande maioria da população activa é composta por assalariados, com salários
médios baixos e por micro e pequenos empresários, comerciantes e agricultores com
rendimentos baixos.
Em traços gerais a economia no Concelho precisa de crescer, de ganhar
competitividade e introduzir inovação. Precisa de elevar a qualificação de empresários
e de trabalhadores, criando as condições para o crescimento dos rendimentos dos
pequenos e médios empresários, comerciantes e agricultores, e para o aumento
médio dos salários dos trabalhadores.
Os pontos seguintes sistematizam alguns indicadores de evolução recente, no
Concelho e na Região:
Crescimento do desemprego. O desemprego está de novo a aumentar tendo
passado dos 6,6% da população activa, em 2002, para 8,8%, no 2º trimestre
de 2004 e atingindo 28.960 desempregados, segundo os registos do Instituto
de Emprego e Formação Profissional (IEFP). Em 2007, estas tendência e
ordem de grandeza mantêm-se, com o desemprego a atingir cada vez mais
jovens, parte dos quais com formação superior.
Baixa qualificação escolar e profissional e elevada taxa de analfabetismo, que
atingirá 16% da população. A Região dispõe, contudo, de condições ao nível do
ensino superior e profissional que permite perspectivar a inversão da situação
� Universidade de Évora, Institutos Politécnicos de Beja e Portalegre, Escolas
Profissionais e Centros de Formação.
Debilidades estratégicas de formação, nos modelos em que se tem processado.
Uma das causas residirá certamente no desfasamento entre as políticas
públicas de formação, as empresas e os sindicatos. A generalidade das
empresas da Região, com alguma excepção no ramo do turismo, estão �de
costas viradas� para a formação, insistindo na política, ultrapassada e sem
futuro, de recurso a trabalho pouco qualificado e a baixos salários.
Política de rendimentos. Na Região predomina um modelo de repartição
desigual da riqueza socialmente produzida, com salários e pensões de reforma
muito aquém da média da União Europeia e uma política fiscal permissiva que
recai, sobretudo, sobre os trabalhadores por conta de outrém, traduzindo, na
prática, uma filosofia perversa e inaceitável de que quem menos rendimentos
tem, mais impostos paga.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 26
A população pensionista representa 35% da população total do Concelho mais de dois
terços da qual constituída por pensionistas por velhice.
O grande número de reformados e pensionistas, sobretudo, oriundos das camadas
sociais assalariadas, tem pensões muito baixas, em diversas situações insuficientes
para assegurarem as necessidades básicas. No equacionar de políticas de transporte
deverá ter-se em conta a existência destas camadas sociais e dos seus problemas
particulares.
Perante o aumento da esperança média de vida, as políticas sociais e económicas
deverão também equacionar soluções que tenham em conta a longevidade crescente
das pessoas e a possibilidade de terem uma velhice activa e útil.
Principais potencialidades Principais debilidades
Experiência no saber-fazer em determinadas áreas.
Possibilidade de criar novas dinâmicas de
crescimento económico e diversificação
produtiva, em áreas identificadas como
tendo condições para prosperar no Concelho, nos sectores primário,
secundário e do comércio e serviços. A inserção do Concelho em área de
influência da rede de plataformas logísticas
e do comboio de alta velocidade (TGV), mercadorias-passageiros, Lisboa � Madrid.
Uma Política Agrícola Comum (PAC) que
não incentiva a produção nem a criação
de emprego, liquida a pequena exploração e não apoia eficazmente a
instalação de jovens. Insuficiente investimento privado e
público e escassamente direccionado para a criação de emprego.
Excessiva carga fiscal sobre os trabalhadores por conta de outrém e sobre as micro e pequenas empresas;
Insuficiente apoio à integração social de trabalhadores de outros países.
Formação inicial e contínua insuficiente e pouco direccionada para o mercado de trabalho.
3.2. Agricultura e indústrias agro-alimentares
A evolução da população activa na agricultura é acentuadamente recessiva tendo o
sector agrícola passado de primeiro para último lugar na ocupação de mão-de-obra.
Em 2001 trabalhavam no �sector primário�, no Concelho, 1321 �activos�,
representando cerca de 17% da �população activa empregada por sector de
actividade� (INE, Censos da População).
Nas alíneas seguintes sistematiza-se um conjunto de informação estatística que visa
reflectir a importância regional e concelhia das actividades agro-pecuárias e florestais.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 27
Número de explorações e evolução na década 1989-1999
No Concelho de Montemor-o-Novo foram recenseadas 827 explorações
agro-pecuárias, em 1999, representando 2,3% das 35.906 explorações agro-pecuárias
do Alentejo. As explorações do Concelho ocupam uma �Superfície Total� de 96.466
hectares, o que representa 4,47% da �Superfície Total� das explorações agrícolas do
Alentejo. A Superfície Agrícola Utilizada (SAU) é de 90.380 hectares.
Na década entre Recenseamentos Agrícolas, as dinâmicas ocorridas e os principais
traços de caracterização foram os seguintes:
46 grandes explorações do concelho possuem 42,5% do total da terra;
na década 1989-1999, acentua-se a concentração da terra e o Concelho perde
27,3% das suas explorações agrícolas (menos 310 das 1137 explorações
recenseadas, em 1988);
161 explorações, 20% do total, são de �arrendamento fixo� e a SAU (Superfície
Agrícola Utilizada) por estas explorações é de 26.033 hectares, o que
representa 28,80% do total da SAU do Concelho; o arrendamento rural
assume, nesta ocupação, uma importância significativa;
a perda de explorações é e todas as freguesias do Concelho;
a dimensão média da propriedade extensiva em volta da Cidade é menor do
que a dimensão média nas restantes freguesias rurais e muitas delas poderão
ter vocação para outras produções que não apenas a pecuária em regime
extensivo (p.e., abastecimento do mercado local e exportação para mercados
regionais e nacionais hortícolas, fruta, outros produtos).
Ocupação, qualidade dos solos e produção
(a) Ocupação e qualidade dos solos
Com uma Superfície Agrícola Utilizada de 90.380 hectares, uma área irrigável
superior a 6.000 hectares (aos quais há que acrescentar a área irrigável com a
Barragem dos Minutos) e um património pedológico pobre (menos de 10% dos solos
na Reserva Agrícola Nacional), o Concelho pratica uma agro-pecuária de sequeiro, de
características extensivas, complementada por pequenas áreas de regadio e
preenchida por uma superfície florestal da ordem dos 60.000 hectares, sobretudo de
montado de sobro e azinho.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 28
A �área irrigável� é de 6.363,77 hectares (sem considerar os 1.500 ha dos Minutos) e
o total da área regada era em 1999 de 4.105,71 hectares o que significa que mais de
1/3 da �superfície irrigável� não é aproveitada, na ordem dos 2.258 hectares (cerca de
35,5% do total dos solos irrigáveis).
As principais culturas regadas, em 1999, eram as culturas forrageiras (995 ha); o
milho híbrido (854 ha); o arroz (644 ha); os prados e pastagens permanentes (432 ha);
o trigo de regadio: trigo mole, 189 ha; e o trigo duro, 127 ha.
No sequeiro assinalam-se os cereais com uma área de 8.800 hectares, embora em
declínio à medida que as regras da livre concorrência vão sendo aplicadas no
Mercado Único Europeu e no mercado mundial de cereais.
Os prados e pastagens permanentes em terra limpa rondarão os 9.984 hectares.
(b) Produção
Produção pecuária. No Concelho, foram recenseadas 827 explorações agro-
-pecuárias, em 1999. Algumas destas explorações trabalham dentro do
conceito de fileira � produção, transformação e comercialização. No que
respeita à produção pecuária, no contexto do distrito de Évora e mesmo a
nível regional, o Concelho de Montemor-o-Novo apresenta um potencial
produtivo significativo e de qualidade e com Associações de Produtores
existentes APORMOR e ACOMOR/Montado Alentejano, que poderão
sustentar uma fileira de produção alimentar. O quadro seguinte evidencia a
relevância da produção pecuária montemorense na envolvente regional.
Peso de Montemor-o-Novo na produção pecuária regional
(%)
Alentejo
Central Alentejo
Bovinos 23,0 10,0
Ovinos 18,0 6,0
Suínos 42,0 18,0
Caprinos 3,0 0,8
Aves 54,0 10,0
Fonte: INE - Recenseamentos Agrícolas
Na produção de suínos tem peso significativo a produção intensiva, a qual
induz uma carga poluente enorme. Os agentes locais elaboraram uma
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 29
proposta para o desenvolvimento de um Sistema de Instrumentos de Política
de Ambiente para o Sector Suinícola no Concelho de Montemor-o-Novo
(Projecto Integrado para Gestão de Suiniculturas � PIGS), que constitui um
projecto pioneiro e está a ser implementado em parceria.
Caça. O Concelho de Montemor-o-Novo é ocupado, em 83.315 hectares, por
zonas de caça turísticas e zonas de caça associativas que representam 67,6%
da sua área, percentagem que se eleva bastante se se incluírem as zonas de
caça municipais.
O montado constitui um �habitat� de valor para as espécies cinegéticas. A
gestão deste recurso, tal como está a ser feita, não permite, contudo, tirar
partido das potencialidades existentes e não consegue gerar na economia
concelhia (nem regional) os benefícios que seriam expectáveis, atendendo à
profusão de zonas de caça turísticas, associativas e municipais. No entanto,
algumas Zonas de Caça Turísticas, geridas com eficácia, têm apresentado
resultados positivos.
Na legislação em vigor foi introduzida a figura do direito à não caça, para os
proprietários que queiram preservar as suas terras da prática da caça.
A ocupação da quase totalidade da área do Concelho por zonas de caça,
geridas por um número relativamente reduzido de sociedades/pessoas,
algumas sedeadas fora do Concelho, tem levantado, também, questões de
gestão e de ordenamento do território.
Produção de Mel. Em 1999, foram recenseadas 30 explorações com um total
de 728 colmeias e cortiços, nas freguesias de São Cristóvão, Escoural, N. Sra.
da Vila, Cortiçadas e Silveiras.
Os produtores estão organizados na Associação MONTEMORMEL e projectam
a criação de uma Sala Colectiva de Extracção e Embalamento (que pode servir
os concelhos limítrofes), com uma capacidade de produção de 10 a 20
toneladas de mel.
Produção de frutos frescos e de frutos secos. As produções encontram-se em
declínio e ocupam apenas manchas situadas nas freguesias da Cidade e,
também, em Cabrela, Lavre e Escoural.
A produção e comercialização de hortícolas. Embora em acentuado declínio no
Concelho, a produção de hortícolas apresenta alguma tradição, através de
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 30
hortas familiares em terra arável, sobretudo nas freguesias da Cidade e na
freguesia do Lavre.
A Barragem dos Minutos poderá trazer um novo impulso à fileira dos produtos
hortícolas de I gama (produtos hortícolas que não são submetidos a qualquer
transformação, comercializados em fresco), de II gama (produtos hortícolas
comercializados em conserva), de III gama (produtos hortícolas
ultracongelados), e de IV gama (produtos hortícolas minimamente
processados).
A Liga dos Pequenos e Médios Agricultores procura organizar e apoiar os
agricultores na área da produção de hortícolas. Deparam-se com problemas
difíceis de resolver de entre os quais se destacam: (i) a idade avançada dos
agricultores e a falta de condições e apetência para que os jovens se instalem;
e (ii) a necessidade de criação de um centro de concentração da produção
horto-frutícola (calibragem, embalagem e expedição) e, a jusante, de uma
central de compras.
Olival. A faixa de olival mais densa aparece centrada nas duas freguesias da
Cidade e na freguesia do Escoural. Apesar dos apoios comunitários, a área de
olival sofreu uma quebra de 30,24% no número de explorações e de 14,35%
na área, no decénio de 1989-1999. Desde então, esta situação terá registado
alterações de sentido positivo.
A Cooperativa de Comercialização Caminhos do Futuro dispõe de um moderno
lagar de azeite, único no Concelho. A produção local não é suficiente para
assegurar a rentabilidade económica do lagar, pelo que parte da matéria-
- prima transformada vem de outros concelhos.
A vinha e o vinho. Nos últimos anos, o Concelho de Montemor-o-Novo tem
registado progressos quantitativos e qualitativos na produção e
comercialização de vinhos de qualidade. Desenham-se oportunidades para a
actividade do enoturismo.
Agricultura biológica. No Concelho existem alguns produtores empenhados na
agricultura biológica e na comercialização dos produtos cultivados segundo o
modo de produção biológico.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 31
A floresta e a cortiça
O Concelho tem uma área florestal de 60.564 hectares, com predominância do
montado de sobro e azinho.
Esta floresta de características mediterrânicas corre perigo em todo o Sul, assim como
os ecossistemas a ela associados, devido à morte anual de número significativo de
árvores, provocada pela Fitóftora (Phytophthora cinnamomi), do reino dos fungos, e
por outras causas e práticas agrícolas ainda insuficientemente identificadas.
A superfície florestal sob-coberto é da ordem dos 58.000 hectares, numa estrutura
caracterizada pela grande propriedade.
A produção e transformação da cortiça e o uso do montado para outros fins
económicos, com destaque para a criação de Porco Preto de Raça Alentejana,
poderão constituir, a prazo, suportes significativos para as fileiras de produção e
transformação da cortiça e da produção alimentar de enchidos e outros transformados
de qualidade.
Existe uma fábrica de cortiça nas Cortiçadas de Lavre, que emprega cerca de 70
trabalhadores, com intenção empresarial para aumentar a capacidade de laboração
fabril. Está em fase final de construção outra unidade na Zona Industrial da ADUA.
Contrastando com o peso do sector suberícola no Alentejo, a oferta científica e
tecnológica e de inovação desenvolvida regionalmente é de fraca expressão e
centrada em aspectos muito específicos do processo de produção e transformação da
cortiça. Este será um aspecto a corrigir no futuro, a acompanhar a deslocação da
actividade industrial para o Sul.
No Concelho existem também algumas manchas de pinheiro com valor económico.
Em Cortiçadas foi levantada a hipótese de instalar uma pequena empresa para
aproveitamento do pinheiro em outras actividades.
Face à enorme importância económica e ambiental que assumem as actividades da
economia do Montado e do conjunto da floresta, afigura-se como indispensável
promover uma reflexão organizada em torno destes recursos e potencialidades,
definindo estratégias de actuação e de investimento que contribuam para sustentar a
relevância económica regional destas actividades, a longo prazo.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 32
Produtos alimentares de qualidade certificados
Na época actual é fundamental incorporar valor acrescentado às matérias-primas
produzidas, através da sua transformação. A produção de alimentos, particularmente
de alimentos genuínos, saudáveis e de qualidade, será sempre um factor crucial pela
simples razão de que os alimentos são indispensáveis à vida humana.
Para ultrapassar a crise económica/produtiva e o desemprego estrutural que a Região
continua a sentir é fundamental acrescentar valor às produções primárias, de que são
exemplo a cortiça e o porco de raça alentejana.
Esses produtos alimentares podem constituir fileiras de produção sustentáveis
(produção, transformação, distribuição e comercialização) dentro das normas
ambientais valorizadas e apoiadas pela União Europeia e devem ser produtos de
qualidade.
As capacidades produtivas da Região e do Concelho, bem como as dos mercados
regional, nacional e internacionais, apresentam perspectivas positivas para o
incremento da produção e comercialização de produtos alimentares de qualidade e
certificados.
A Região, em geral, e o Concelho de Montemor-o-Novo, dispõem já de um conjunto de
certificações nos produtos agro-alimentares primários e transformados, certificações
que devem constituir garantia de autenticidade, qualidade e aceitação nos mercados,
designadamente as carnes frescas, os enchidos e outros transformados de carne, os
queijos, os vinhos, o azeite e o mel.
No Concelho, existem empresas agro-alimentares a trabalhar no conceito de fileira, de
que são exemplo a Sociedade Agrícola Gabriel Francisco Dias e Irmãs � Couteiro-Mor;
a Plansel; a Sociedade Agrícola do Freixo do Meio; e a QuizCamp.
Outras fileiras se poderão perspectivar, como a fileira dos produtos hortícolas, da I à IV
gama, assim os agricultores o queiram e sejam disponibilizados os apoios técnicos,
tecnológicos, formativos e financeiros necessários à respectiva organização.
Recursos hídricos e energias renováveis
O Rio Almansor e a sua bacia hidrográfica representam um ecossistema de grande
valor ambiental e mesmo patrimonial de características mediterrânicas.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 33
Os recursos hídricos representados pelo Rio Almansor, por outros cursos de água de
superfície e pelos aquíferos, assim como as albufeiras e zonas húmidas, constituem
um património indispensável à vida e ao desenvolvimento da Cidade e do Concelho.
A construção da Barragem dos Minutos, em complementaridade com os aquíferos
subterrâneos, vem assegurar o abastecimento de água ao Concelho, sobretudo à
Cidade, com 8776 residentes (Censos 2001) e no futuro, certamente, com muitos
mais. A expansão da área regada em 1.500 hectares abrangerá 68 beneficiários.
O Concelho não dispõe de grandes recursos em água e depara-se com um conjunto
de fontes de poluição ainda existentes que condicionam, em alguns casos, a qualidade
da água. Tal situação coloca responsabilidades acrescidas na gestão dos recursos
hídricos subterrâneos e de superfície.
A nova Lei da Água (58/2005) que acolhe, no essencial, os conteúdos da Directiva
Quadro da Água (comunitária), considera a água um bem público e atribui prioridade à
captação para abastecimento público. A sua entrada em vigor vem dar força à
premência da elaboração do Plano de Ordenamento da Albufeira dos Minutos e de
outras albufeiras e recursos hídricos.
O Alentejo oferece potencialidades para a produção de energias renováveis:
a energia hidroeléctrica é produzida na Central Hidroeléctrica de Alqueva;
outras fontes de energia começam a ser aproveitadas no Alentejo, casos da
solar (Moura, Mértola, Serpa) e da eólica.
Em determinados contextos é adequada a produção de energia a partir do
aproveitamento de excedentes de biomassa da floresta e da produção agrícola,
dos dejectos de suinicultura, ou de óleos alimentares usados.
A produção de biocombustíveis, a partir de intensos monocultivos florestais ou
agrícolas, geralmente designados por cultivos energéticos, deve ser encarada
com prudência e medindo bem todas as consequências de curto e médio
prazo. A sua eficácia energética pode ser irrelevante, na medida em que
necessitam de muita energia para a sua produção, podem constituir uma
ameaça para a segurança alimentar e podem intensificar a desertificação no
mundo rural. São, contudo, oportunidades a considerar.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 34
Desenvolvimento rural
Apesar de políticas designadas de Desenvolvimento Rural e de ao Ministério da
Agricultura ser agregada esta designação, nos últimos quinze anos, a realidade é que,
quer no Alentejo, quer em todo o interior rural, e também nas freguesias rurais de
Montemor-o-Novo, não só não assistimos a qualquer desenvolvimento rural
sustentado, como, pelo contrário, a desertificação humana e o desaparecimento das
pequenas explorações agrícolas (Ver Recenseamento Agrícola) e de outras
actividades económicas prossegue, as desigualdades económicas e sociais
acentuam-se, com a manutenção de manchas de pobreza significativas, os serviços
encerram, e agravam-se as condições de vida das populações que aí permanecem.
Estes resultados evidenciam a necessidade de a Política Agrícola Comum (PAC) e o
Programa de Desenvolvimento Rural (PDR) se proporem estimular novas políticas,
objectivos e critérios de atribuição dos fundos destinados ao desenvolvimento rural
com base no princípio de que as ajudas desligadas da produção são para o agricultor
produzir para o mercado, não são para o agricultor deixar de produzir, devem orientar-
-se para reconverter explorações e actividades.
Assim, é preciso tirar partido da política para o Desenvolvimento Rural 2007-2013, que
introduz alterações em relação às políticas anteriores, embora não coloque o acento
tónico em questões centrais, atrás referidas e que possibilitariam uma inversão
positiva na desertificação humana e económica, em curso nos campos do Alentejo.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 35
Principais potencialidades Principais debilidades
A área de regadio poderá crescer
significativamente: quer através de um
melhor aproveitamento das capacidades instaladas, quer com o aproveitamento do perímetro de rega dos Minutos, quer, ainda,
através de um programa ou subprograma de
apoio ao aproveitamento dos pequenos regadios individuais e colectivos. O potencial irrigável do Concelho rondará os 8.000
hectares. Poderão expandir-se culturas como o milho, as horto-industriais, as frutícolas, forrageiras,
eventualmente culturas para fins �energéticos� e outras culturas.
A criação de uma fileira de produção e
comercialização de hortícolas é uma das
possibilidades reabertas com a Barragem dos Minutos, em zonas irrigadas e através
de programas de apoio à retoma destas
culturas nas freguesias da Cidade. Terá
interesse aprofundar a possibilidade de preparação e comercialização de produtos
hortícolas de I, II, III e IV gama, em cooperação com os concelhos limítrofes. Esta possibilidade só será viabilizada, se da
parte do Estado e das associações de
agricultores forem disponibilizados os meios necessários: apoios à criação de
associações de produtores para a produção
e comercialização de hortícolas; instalação
de pequenos centros de preparação;
instalação, a nível distrital, de uma central de
compras que concentre as produções e
coloque os produtos no mercado, designadamente através de contratos com as grandes superfícies, etc.
Condições para desenvolver a fileira de
produção pecuária em regime extensivo e
semi-intensivo (bovinos para carne; ovinos; porco de raça alentejana). Comercialização
das carnes em fresco e transformadas.
Política Agrícola Comum /PAC (2005-2013) e novas orientações no âmbito da Organização
Mundial do Comércio que poderão
desincentivar a produção agrícola e agro-alimentar; e acentuar o ritmo de desaparecimento de pequenas e de algumas médias explorações, com o consequente
acentuar do despovoamento do mundo rural. Baixos �níveis de área regada � entre 1 a
2,5% da superfície das explorações� o que
�limita de modo sensível o desenvolvimento
das actividades agrícolas (�) � quer horto-frutícolas frescos, quer as próprias produções pecuárias com terra�.
Recenseamento de proprietários e agricultores
com alto padrão de envelhecimento e níveis
baixos de formação profissional, acusando um
�défice de espírito empresarial e de reflexão
estratégica sobre a actividade�. Excessiva concentração da terra e a
consequente inexistência de um verdadeiro
mercado de terras que estimule a instalação
de novos agricultores e empresários agrícolas. "Insuficiência de meios humanos, técnicos e
materiais e de projectos específicos sobre
questões ligadas ao montado, à produção de
cortiça e à sua transformação tecnológica.� Fraca apetência empresarial para a utilização
das quotas e dos fundos comunitários para o
plantio do olival e para o sobreiro. Inexistência de uma unidade de abate e
transformação no Concelho de Montemor-o-Novo (Distrito de Évora/Alentejo Central),
unidade que apoie todo o Distrito de Évora e outros concelhos limítrofes.
Inexistência de uma unidade de produção de
produtos derivados de porco de raça
alentejana e criação da respectiva �marca�.
(continua)
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 36
(continuação)
Principais potencialidades Principais debilidades
Condições para criar uma fileira de produção
florestal (sobro, azinho, pinheiro e outras). Condições para desenvolver as fileiras da
vinha e do olival que contam com quotas e apoios comunitários.
Existência de um lagar de azeite cuja
capacidade de laboração não é preenchida pela produção do Concelho.
Existência de infra-estruturas de apoio ao sector económico, como o Parque de
Exposições Mercados e Feiras; o Parque de
Leilões de Gado; a Zona Industrial da ADUA; o Mercado Municipal.
Existência da ACOMOR/Agrupamento de
Produtores de Montemor na área da
comercialização. Existência de mercado �sobretudo para
produtos com nome protegido�. Produções locais de qualidade; Aproveitamento de áreas agrícolas de regadio
e de sequeiro e apoio ao desenvolvimento de práticas agrícolas biológicas.
Possibilidade de alteração dos critérios de
atribuição da ajuda directa ao rendimento e
dos subsídios da PAC, (plafonamento,
modelação) com o objectivo de apoiar mais os pequenos e médios agricultores, os jovens
que queiram instalar-se na actividade agro-pecuária, e a diversificação de actividades
económicas em meio rural. Alterações introduzidas à política de
Desenvolvimento Rural 2007-2013. Possibilidade de promoção de uma campanha
de divulgação junto das populações pelo
Ministério da Agricultura e do
Desenvolvimento Rural. Possibilidade de apoio concreto na elaboração dos projectos de
candidatura. Reforço das medidas de prevenção e de
combate aos fogos florestais. Crescimento do Turismo em espaço rural,
nomeadamente no segmento dos projectos de turismo de aldeia, associando o aproveitamento de casario tradicional ao combate à desertificação de zonas rurais.
Potencial cinegético.
Inexistência de um Centro Tecnológico
Regional para as questões da fileira do
montado e da cortiça. �Pouca diversificação na rede de distribuição
dos produtos� (excepto os vinhos).Défice de
conhecimento dos consumidores e dos trabalhadores dos pontos de venda em relação aos nomes protegidos e aos produtos que gozam desse estatuto de protecção.�
Riscos que afectam o montado de sobreiro e da azinheira, e os ecossistemas a ele associados.
Persistência de algumas fontes de poluição
dos recursos hídricos. Concentração da terra em grandes
explorações extensivas não geradoras de
emprego (no Concelho, 46 grandes explorações possuem 42,5% da SAU).
Desaparecimento progressivo das explorações de pequenos agricultores (no
concelho desapareceram cerca de 1/3 no decénio 1989/1999).
Dificuldade de acesso aos mercados pelos pequenos produtores.
Inexistência de outras dinâmicas
económicas geradoras de emprego no
mundo rural, para além do Turismo, em fase de emergência.
Critérios desadequados de atribuição dos
fundos comunitários (PAC e PDR) que não
apoiam suficientemente a pequena produção local.
Gestão e usufruto do território
progressivamente apropriado por grandes associações de caça, com gestão e
aproveitamento turístico muito pouco
eficazes, o que aponta para a necessidade de alterações à Lei da Caça e fiscalização
eficaz na sua aplicação. Encerramento progressivo de serviços:
Urgências Hospitalares, Escolas; CTT;
ramais ferroviários; postos de GNR;
oficinas, etc.
Inexistência, em alguns aglomerados, de Caixas Multibanco, Abastecimento de Combustíveis, Transportes e Segurança
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 37
3.3. Actividade industrial e logística
Indústria transformadora, construção e actividades conexas
De acordo com o Plano de Urbanização para a Cidade de Montemor-o-Novo (Abril de
2003), as actividades secundárias encontravam-se localizadas em quatro Zonas da
Cidade:
(i) Dentro do perímetro urbano
Zona 1. �Na muralha antiga consolidada a Norte da Av. Gago Coutinho, onde se
localizam 18 estabelecimentos.�;
Zona 2. �Na periferia nascente do perímetro urbano, (�) onde se localizam 3
estabelecimentos industriais lado a lado com outros estabelecimentos de
comércio grossista e serviços.�.
(ii) Fora do perímetro urbano
Zona 3. �Junto à rotunda na saída oriental da Cidade onde se localizam 4
estabelecimentos.�;
Zona 4. �No Parque Industrial da ADUA, a cerca de 1,5 km da cidade, na EN4,
onde, (nessa data), se localizam 8 estabelecimentos.�.
Destas 4 áreas, as mais recentes são a 2ª e a 4ª, ambas em fase de expansão.
A produção industrial revela uma razoável incorporação de matérias-primas do
Concelho e da Região, e embora com alguma diversificação, apresenta uma forte
orientação para o mercado local e regional.
A criação da Zona Industrial da Adua (ZIA) foi perspectivada como um factor de relevo
para o fortalecimento e diversificação da base económica concelhia. Embora em
crescimento, a ZIA ainda não alcançou os níveis esperados, e apresenta um modelo
de gestão esgotado.
O quadro seguinte sintetiza por agrupamentos sectoriais as actividades instaladas.
A maior parte destas empresas instalaram-se na Zona Industrial da ADUA na década
de noventa. Na estrutura empresarial predominam as pequenas e muito pequenas
empresas e apenas os subsectores agro-alimentares, têm um volume médio de
emprego mais elevado, sobretudo os que agregam actividades de transformação e
comercialização (p.e., produtos congelados).
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 38
Perfil de ocupação da Zona Industrial da ADUA,
segundo o ramo de actividade e o emprego das empresas instaladas
Actividades Empresas Postos de
trabalho
Suinicultura 1 6 Fabricação de produtos alimentares e embalagem de carnes 2 7 Transformação e distribuição de produtos alimentares
congelados 2 95
Indústrias eléctricas, mecânicas, com reparação de máquinas e
motores 2 37
Fabricação de rolhas de cortiça 1 21 Fabricação de materiais de construção, minerais não metálicos 4 78 Metalurgia, serralharia, caixilharia de alumínios 5 28 Transformação de madeiras, montagem e instalação de
cozinhas 3 17
Comércio de produtos alimentares e bebidas 2 44 Comércio, reparação e inspecção auto e máquinas 5 16 Transporte e distribuição de encomendas 1 7 Comercialização de equipamentos p/ sector agro-alimentar 1 14 Armazenagem e distribuição 3 11
Total 32 381
Fonte: Câmara Municipal, 2007.
Em termos de emprego, as 32 empresas actualmente (2007) instaladas na ZIA têm
cerca de quatro centenas de trabalhadores ao serviço. O ramo dos produtos
alimentares ocupa cerca de 40% do pessoal e a fabricação de materiais de construção
civil, 25%.
Com vista à sua dinamização e maior atractividade, está em curso um estudo de
ampliação e de definição do modelo de gestão, o qual deverá merecer uma discussão
participada pelos agentes económicos e pela autarquia.
No tocante à estrutura sectorial de actividades (cf. quadro seguinte), o peso das
actividades agrícolas e pecuárias continua a ser marcante no tecido empresarial e de
emprego de Montemor, ficando apenas aquém do comércio por grosso e a retalho. Na
estrutura de emprego, permanece um peso significativo das indústrias
transformadoras, com destaque para actividades dos segmentos a montante da fileira
da construção que incluem ramos da metalurgia ligeira, um conjunto de actividades em
que Montemor revela uma especialização significativa quando comparada com a
Região Alentejo. Esta maior especialização ocorre, igualmente, para os transportes,
armazenagem e comunicações.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 39
Repartição sectorial das empresas e do pessoal ao serviço, por ramo de actividade
Empresas 2005 (%) Pessoal ao Serviço
2004 (%)
Alentejo Montemor-
o-Novo Alentejo
Montemor-
o-Novo
Agricultura, Prod Animal, Caça e Silvicultura;
Pesca 20,1 19,8 9,1 19,8
Indústrias Extractivas 0,3 - 2,6 �
Indústrias Transformadoras 7,1 5,5 24,7 18,0 Ind. Alimentares, das Bebidas e do Tabaco 1,9 1,5 7,4 3,0 Indústria Têxtil 0,4 0,4 1,0 � Indústria do Couro e dos Produtos do Couro 0,1 - 0,1 - Ind. da Madeira e da Cortiça e suas Obras 1,0 0,6 1,8 2,5 Ind Pasta, Papel e Cartão; Edição e
Impressão 0,3 0,2 0,9 0,6
Fab. Coque, Prod. Petrolífros refinados e
Combustível Nuclear; Fab. Prod. Químicos e
Fibras Sintéticas ou Artificiais
0,1 0,1 1,2 �
Fab. Artigos de Borracha e de Matérias
Plásticas 0,0 - 0,8 -
Fab. Outros Produtos Minerais Não
Metálicos 0,7 0,4 1,9 5,5
Indústrias Metalúrgicas de Base e de
Produtos Metálicos 1,6 1,4 2,9 5,1
Fab. de Máquinas e de Equipamentos, N. E. 0,3 0,2 0,9 0,6 Fab. de Equipamento Eléctrico e de Óptica 0,1 - 2,2 - Fabricação de Material de Transporte 0,1 - 2,0 - Indústrias Transformadoras, N. E. 0,5 0,7 1,5 0,4
Prod. e Distribuição Electricidade, Gás e Água 0,0 - 0,7 - Construção 14,2 18,4 11,7 15,3 Comércio por Grosso e a Retalho; Reparação de Veículos e de Bens de Uso Pessoal e
Doméstico 31,1 25,5 24,1 25,7
Alojamento e Restauração 11,4 10,7 5,9 5,9 Transportes, Armazenagem e Comunicações 2,6 2,1 5,6 5,1 Actividades Financeiras 2,0 2,4 2,4 2,2 Actividades Imobiliárias, Alugueres e Serviços às Empresas 6,2 8,1 7,6 �
Educação, Saúde e Acção Social, Outras
Actividades, Serviços Colectivos, Sociais e Pessoais
5,1 7,5 5,4 8,0
Fonte: Anuário Estatístico do Alentejo, 2005.
Os dados mais recentes relativos às dinâmicas empresarial e empregadora reflectem:
crescimento do número de estabelecimentos (+ 24%, nos últimos cinco anos),
com maiores índices nas actividades transformadoras, com destaque para as
indústrias alimentares, ramos da fileira da madeira/cortiça e metalurgia ligeira;
crescimento ligeiro do volume de pessoal ao serviço (+ 11%, no mesmo
período), destacando-se, igualmente, nesse crescimento, aqueles ramos de
actividade, bem como o alojamento, restauração, actividades imobiliárias,
educação e saúde.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 40
Nas reuniões em freguesias para análise do Diagnóstico da Carta Estratégica, alguns
participantes sugeriram a possibilidade de instalação de pequenos núcleos para
localização de empresas tendo sido igualmente identificada a necessidade de criação
de um Gabinete de Apoio ao Investidor e à Empresa.
Relativamente às actividades extractivas, e de acordo com o Serviço de Fomento
Mineiro, foram consideradas como áreas a «reservar para indústria extractiva» as
áreas cativas de depósitos mineiros (corpos mineralizados auríferos) localizadas a Sul
de Silveiras; a Sul de Safira; na Serra de Monfurado; área a Sul de S. Brissos.
Estão em curso os procedimentos para a entrada em laboração da área aurífera
localizada na Serra de Monfurado (Escoural).
Associações empresariais e de produtores
São exemplos positivos e com potencial de aprofundamento de actividade futuro, as
seguintes associações e entidades:
A ACOMOR (com mais de 100 associados, presta apoio à elaboração de
candidaturas, apoio técnico aos agricultores, à agricultura biológica,
protecção integrada e produção integrada);
A Montado Alentejano, entidade que se associou à MERTOCAR e à Carne
Ovina para criar a Montado Alentejano, dirigida à produção pecuária e à
comercialização de carnes. Estas entidades têm a funcionar uma rede de 7
lojas, nas quais comercializam produtos alimentares de qualidade do
Concelho e da Região. Cada uma das três entidades, gere as lojas nos
respectivos concelhos. Nos outros concelhos, a gestão está a cargo da
Montado Alentejano.
Montemormel (produção e comercialização de mel).
A Cooperativa de Comercialização Caminhos do Futuro - emprega
actualmente 23 trabalhadores, presta serviços na área da comercialização de
factores de produção, apoio técnico e mantém em actividade o único lagar de
azeite do Concelho.
A COPRAPEC � conta actualmente com 3700 associados e um total de 54
postos de trabalho. Presta serviços na área do comércio de factores de
produção e da sanidade animal. Desenvolve trabalhos na área de
experimentação e investigação, segurança alimentar - tem instalado um
Laboratório de diagnóstico animal com actividade supra-municipal. Têm
como objectivo a curto prazo, a certificação deste Laboratório.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 41
Entre as infra-estruturas e equipamentos de apoio à actividade económica são, ainda,
de destacar: (i) Parque de Exposições e Feiras, gerido pela Câmara Municipal e que
tem como principais ocupações a Feira da Luz (anual), a Feira do Pão e Doçaria
(Anual) e a Mostra de Sopas (anual), sendo, ainda, cedido a diversas instituições para
a realização de outras actividades; (ii) Parque de Leilões de Gado, gerido pelo
Agrupamento de Produtores de Montemor-o-Novo - APORMOR.
Na área do Associativismo estão em funcionamento, em Montemor-o-Novo, um núcleo
da Associação Portuguesa de Mulheres Empresárias; a APORMOR - Associação de
Produtores de Montemor-o-Novo; a MARCA - Associação de Desenvolvimento Local
e, com intervenção no Concelho, a Terras Dentro e o Agrupamento Monte.
Principais potencialidades Principais debilidades
Proximidade a grandes mercados nacionais e espanhóis e bom nível de acessibilidades (auto-estrada, IC, ferrovia, proximidade a futuro TGV de linha mista passageiros-mercadorias e da eventual linha Sines-Évora).
Localização abrangida pelo Arco Metropolitano de Lisboa e na influência da Rede de Plataformas
Logísticas. Existência de três factores potenciadores do
desenvolvimento: Zona Industrial da ADUA, com projecto de expansão (2ª fase); Parque de Leilões de
Gado; e Parque de Exposições, Mercados e Feiras. Intenção de criação de Parque Empresarial e
Tecnológico, na perspectiva de deslocação de
empresas de Norte para Sul (cortiça), da zona da grande Lisboa e de outras zonas nacionais e internacionais.
Interesse de algumas indústrias na instalação de um Parque Integrado de Reciclagem, com tecnologias de ponta, no âmbito da concretização da 2ª Fase da Zona
Industrial da ADUA. Existência de outras capacidades instaladas. Possibilidade de crescimento das indústrias
alimentares na área dos produtos de qualidade e certificados e das hortícolas.
Existência de produtos do sector agro-florestal que podem potenciar o desenvolvimento de indústrias de transformação, nomeadamente de produtos florestais.
Estudos para o início de actividade e extracção mineira aurífera na serra do Monfurado, no Escoural (actividade da empresa australiana Iberian Resources). Existência de mais três áreas activas de depósitos
mineiros nas Silveiras, em Safira e em S. Brissos. Proximidade com a Área Metropolitana de Lisboa,
Setúbal, Évora (onde existem estruturas de Ensino Superior, de Ensino Técnico-Profissional, e Departamentos de Investigação e Tecnologia) e com Espanha.
Insuficientes, por vezes desfasados e excessivamente burocratizados, os programas e acções de apoio às pequenas e
médias empresas. Modelo de gestão esgotado da
ZIA/ADUA e inexistência, em
algumas freguesias, de pequenos núcleos para
localização industrial. Inexistência de Associação de
Empresários da ADUA; Insuficientes e inadequado
aproveitamento dos apoios à
formação dos empresários e
trabalhadores. Insuficiente aproveitamento do
Parque de Exposições,
Mercados e Feiras. Inexistência de dinamização
coordenada dos principais equipamentos: Parque de Exposições, Mercados e Feiras,
Parque de Leilões de Gados,
Zona Industrial da ADUA.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 42
3.4. Comércio e Serviços
Os serviços de natureza social registaram na última década um crescimento
considerável: do total da população residente activa empregada (7.751 trabalhadores),
27,8% trabalhava nesta área.
Na Cidade, segundo o Plano de Urbanização, os serviços do sector privado
registaram �grande aumento� no período 1987-1996. Dos 56 estabelecimentos
existentes em 1987 passou-se para os 84, um aumento na ordem dos 50%, processo
especialmente concentrado nos �Serviços de Educação e Saúde (consultórios,
laboratórios de análises clínicas e centros de medicina física e reabilitação), e nos
Serviços prestados às Empresas (advogados, contabilistas, solicitadores, bancos,
seguradoras, formação e assistência informática, aluguer de viaturas, operações sobre
imóveis, etc.).�
O comércio apresenta três segmentos no Concelho: o comércio tradicional, o
cooperativismo de consumo e as superfícies comerciais de média dimensão.
A estrutura do sector do comércio é bastante frágil, embora em termos de perfil, seja
semelhante à estrutura do comércio regional: composto por empresas de muito
pequena dimensão, trabalhando sobretudo para o reduzido mercado local, estas
confrontam-se com grandes dificuldades em concorrer com as grandes e médias
superfícies de comércio a retalho não especializado que se estendem pela Região e
que também marcam presença no Concelho.
O comércio instalado no centro histórico e nas zonas novas da Cidade, assim como o
comércio nas freguesias e aldeias, não se especializou nem modernizou, revelando-se
pouco atractivo e pouco dinâmico.
No período 1987-1996, �assiste-se ao gradual desaparecimento de actividades e
ofícios tradicionais, nomeadamente no domínio das reparações� (PU 2003), como
resultado da crescente urbanização da Cidade, perda de traços rurais, novos modos
de vida e novos hábitos de consumo.
Na Cidade, segundo o PU 2003, o número de estabelecimentos especializados no
comércio de produtos alimentares, bebidas e tabacos (talhos, peixarias, padarias,
lugares de frutas e legumes, mercearias, etc.) decresceu substancialmente de 51 para
22 estabelecimentos (-58%), facto a que não deverá ser alheia a abertura do
Intermarché, uma unidade extremamente competitiva, principalmente no ramo
alimentar.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 43
A abertura do LIDL, em 2005, provocou igualmente novas alterações no comércio local
as quais terão tendência para se acentuar face ao interesse de alguns investidores em
abrirem na Cidade novos espaços comerciais. Em termos de regulação pública dos
processos de instalação de novas superfícies, seria importante que algum destes
novos projectos ficasse situado na malha urbana da Cidade, de modo a poder
constituir um pólo de requalificação urbana e dinamização económica.
O cooperativismo de consumo no Concelho tem uma expressão significativa, com oito
cooperativas em actividade: Cooperativa Popular de Consumo do Concelho de
Montemor-o-Novo, na Cidade; Nova Vida, em Ciborro; Progresso Popular, em
Cortiçadas do Lavre; Cravo do Povo, em Foros de Vale de Figueira; Vento do Leste,
no Lavre; Papoila do Alentejo, em Fazendas do Cortiço; Rosa Vermelha, em S.
Geraldo; Unidade Popular Escouralense, em Escoural.
As cooperativas de consumo estão associadas na FenaCoop � Federação Nacional
das Cooperativas de Consumidores.
A Cooperativa Popular de Consumo do Concelho de Montemor-o-Novo está a analisar
a possibilidade de instalar na Cidade uma nova loja com maior dimensão e nova
imagem e estuda, também, a possibilidade de criar uma secção especializada em
produtos de qualidade e certificados do Concelho e do Alentejo, bem como a
possibilidade de dinamizar a sua intervenção de apoio social e cultural.
Em 1996 �o comércio retalhista detém o maior número de estabelecimentos (35% do
total) e do emprego (35,4% do total�), (�) logo seguido do comércio grossista com
23% dos estabelecimentos e 28,3% do emprego� (PU 2003).
Na revisão do Plano de Urbanização da Cidade (2003) foram identificados, três
Núcleos/Centros Terciários na Cidade:
o troço da Av. Gago Coutinho, entre as ruas do Poço do Paço e de Aviz, onde, em
ambos os lados da Avenida se localiza uma grande diversidade de
estabelecimentos;
a zona da Praça da República, onde confluem várias artérias;
a zona de confluência da Rua 5 de Outubro com a Rua de Lisboa.
Com vista à revitalização do centro histórico e do comércio tradicional, foi elaborado o
Projecto de Urbanismo Comercial �Montemorcom�, centrado numa Área de
Intervenção composta pelas seguintes artérias: Rua de Aviz, Rua das Escadinhas,
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 44
Rua 5 de Outubro, Rua do Passo, Rua de Lisboa, Rua Curvo Semedo e Praça da
República.
O total de estabelecimentos da Área de Intervenção ascendia a 95, correspondentes a
40% dos 237 que existem no Concelho, na área do comércio.
O Projecto não registou a adesão desejável, tendo motivado o interesse (intenção de
projecto) de apenas 45 unidades comerciais que identificaram um montante total de
investimento de apenas 3.142 contos.
Principais potencialidades Principais debilidades
Possibilidade de equacionar programas e acções de apoio à especialização em
produtos de qualidade e certificados e à
prospecção de novos ramos comerciais,
no âmbito do novo quadro de políticas de desenvolvimento rural.
Possibilidade de desenvolvimento de serviços de apoio à produção
agro-pecuária, alimentar e ao complexo de actividades do turismo e do lazer.
Cooperativismo de consumo com alguma expressão.
Um tecido empresarial de muito pequena dimensão e envelhecido, com pouca apetência para o investimento e a inovação.
Não aproveitamento pelos comerciantes
do MontemorCom, programa de apoio à
modernização do comércio tradicional. Insuficiente qualificação de comerciantes
e de trabalhadores do sector. Envelhecimento e baixo poder de compra
da população (salários e pensões de
reforma baixos).
3.5. Turismo
O Plano de Desenvolvimento Turístico do Alentejo (PDTA) aponta o turismo como um
factor de impulso no desenvolvimento regional e local � (�) gerador de uma cadeia de
interacções entre actividades e sectores, da qual resultam múltiplos efeitos
contributivos nos processos locais e regionais de desenvolvimento�, constituindo o
Alentejo, no seu conjunto, um destino turístico a promover.
Montemor-o-Novo dispõe de potencialidades para fazer emergir o turismo como um
sector onde vale a pena investir: património natural e qualidade ambiental (Rede
Natura 2000, o Montado, etc.); património arqueológico (paleolítico e neolítico), e
arquitectónico (Centro Histórico, Castelo, Conventos, etc.); património etnológico e
cultural (gastronomia, vinhos, produtos tradicionais, eventos, �); e um conjunto de
equipamentos para actividades lúdicas e desportivas (turismo equestre, eco-pistas,
natação, desportos náuticos e aeronáuticos).
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 45
A prestação de um conjunto diversificado de serviços especializados de Saúde (com
perspectivas de alargamento e modernização), poderá criar condições para a
emergência de um segmento de turismo sénior (nacional e internacional).
O desenvolvimento do turismo exige investimento, profissionalismo e programação. É
importante proceder a uma avaliação clara dos recursos existentes, organizá-los de
forma a criar verdadeiros produtos turísticos e a definir estratégias de promoção
adequadas.
Recursos Turísticos
(a) Recursos do Património natural
A Rede Natura 2000 identifica, no Concelho, o Sítio de Cabrela e o Sítio de
Monfurado, percorridos por preciosas manchas de montado de sobro e de
azinho �com arrelvamentos mediterrânicos xerofíticos em sub-coberto�, por
diversas ribeiras e por algumas expressões endémicas de fauna e flora, com
existência de habitats de conservação prioritária, sítios que dispõem do Núcleo
de Interpretação Ambiental dos Baldios, estrutura de apoio a actividades de
educação ambiental, recreio e lazer.
A beleza da paisagem de características mediterrânicas, a avifauna e os
�habitats� locais, constituem património natural alvo de crescente procura
turística.
Os Planos de Ordenamento das Albufeiras, necessários para a defesa da
qualidade das águas e para o ordenamento dos usos, permitem a prática de
algumas modalidades desportivas (p.e., a vela, o remo e a pesca). Albufeiras,
como a do Ciborro, oferecem locais aprazíveis e de lazer.
A futura elaboração e vigência de um Plano de Ordenamento da Barragem dos
Minutos poderá proporcionar o desenvolvimento de algumas daquelas
actividades e induzir o incremento de equipamentos e infra-estruturas de apoio
ao lazer e ao turismo.
Os municípios de Montemor-o-Novo e de Alcácer do Sal, poderão conjugar
esforços para potenciar o aproveitamento económico e turístico da Barragem
do Pego do Altar, situada no limite dos dois concelhos, a qual já dispõe de
Plano de Ordenamento.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 46
Outras experiências que estão a despertar interesse na área dos valores
naturais são, p.e., a do Monte Selvagem, para observação da fauna e da flora
quer local, quer de outras latitudes; o Turismo Equestre; e o Campo
Aeronáutico.
A caça, sobretudo nas zonas de caça turística, poderia revelar algumas
potencialidades; no entanto, para que isso venha a ser realidade, no médio
prazo, será indispensável assegurar a monitorização e fiscalização da
actividade das zonas de caça turística.
(b) Património construído e monumental
O território de Montemor-o-Novo possui um conjunto considerável de
elementos de património construído e monumental que documenta vários
períodos: o paleolítico, o megalítico, o romano, o muçulmano, o da reconquista
e o contemporâneo. São testemunhos eloquentes desse património histórico:
a Gruta do Escoural, que remonta ao paleolítico superior;
os monumentos megalíticos � menires, cromeleques e antas,
nomeadamente o conjunto megalítico do Tojal, com 17 menires;
o Castelo de Montemor-o-Novo;
o Centro Histórico da Cidade;
os núcleos antigos dos aglomerados � Santiago do Escoural, S.
Cristóvão, Cabrela, S. Geraldo, Sta Sofia (PDM, p 100), Lavre e algumas
pequenas aldeias e �montes�;
os moinhos no rio Almansor;
os lagares de azeite e as antigas moagens; e
os modernos equipamentos.
No Concelho, no que respeita ao património histórico e arqueológico, existem
12 Monumentos Nacionais classificados; 5 Imóveis de Interesse Público; 250
Sítios reconhecidos de Património Arqueológico. Os concelhos vizinhos são
igualmente ricos em património histórico e arqueológico.
(c) Gastronomia, vinhos e enoturismo
Montemor-o-Novo oferece uma gastronomia de raiz alentejana e mediterrânica
(cuja qualidade tem vindo a ser enriquecida, com criatividade) e para a qual
dispõe de alguns produtos próprios e certificados de grande qualidade como o
�Borrego de Montemor�, a �Vitela de Montado�, o Queijo de Évora, e outros
como o mel e a doçaria, as ervas aromáticas, os temperos, as hortícolas e,
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 47
naturalmente, os produtos alimentares da trilogia mediterrânica: o pão, o azeite
e o vinho.
Na arte dos vinhos, tem-se registado uma significativa evolução e o Concelho
já dispõe de vinhos com marcas próprias e na tradição de grande qualidade
dos vinhos alentejanos. Paralelamente, algumas explorações viti-vinícolas
procuram criar condições para o enoturismo de qualidade, associado à arte.
Estrutura e dinâmica da oferta e procura turística
A capacidade de alojamento registou uma variação positiva e correspondeu a
uma diversificação da oferta (cf. quadro do alojamento hoteleiro concelhio),
com realce para unidades de turismo em espaço rural, com elevados níveis de
qualidade, perspectivando-se a instalação de novas unidades de diferentes
tipologias.
Localização Nº quartos
Agro Turismo Herdade Batapé S. Geraldo 9 Herdade Serrinha Escoural 9 Herdade da Comenda da Igreja 5
Turismo Rural Courela da Carvalhice Foros de Vale Figueira 7 Monte Chora Cascas Montemor-o-Novo 7 Moinho Álamo S. Gens 5 Monte do Tangarrinha S. Cristóvão 5 Casa do Lavre Montemor-o-Novo 5
Hotéis Hotel da Amieira Montemor-o-Novo 60 Hotel Rural Courelas da Mata Lavre 11 Pensões Pensão Ferreira Montemor-o-Novo 11 Pensão Monte Alentejano / Residencial Montemor-o-Novo 21
Hospedarias/Casas de Hóspedes e Quartos particulares Casa Mateus Montemor-o-Novo 8 Vale de Leite Montemor-o-Novo 7 Hospedaria Maria Gertrudes Montemor-o-Novo 14 Henrique Azinheira Montemor-o-Novo 13 Paraíso da Mata Cortiçadas de Lavre Hospedaria O Santos S. Cristóvão 4 Casa de Hóspedes Leontina Bucha Montemor-o-Novo 7 camas Casa das Palmeiras Montemor-o-Novo 1 Casa de Campo Herdade da Giblaceira Montemor-o-Novo 8 Outros Monte dos Arneiros Lavre 12 Herdade Barrocal de Baixo Courela da Freixeirinha 9
Fonte: Câmara Municipal Montemor-o-Novo, Maio 2007.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 48
A oferta hoteleira situa-se acima dos 230 quartos, cerca de 1/4 dos quais pertencentes
ao Hotel da Ameira. A distribuição do alojamento, por categorias, é a seguinte: Hotéis,
71 quartos; Pensões/Hospedarias, 86; Agro-Turismo, 23; Turismo Rural, 37; Outros,
21.
De acordo com o levantamento efectuado, no âmbito da revisão do Plano de
Urbanização, a Cidade dispunha de 26 restaurantes, 38 cafés, 13 snack-bar, 5
pastelarias e 4 tabernas (dados de 2003).
A procura turística caracteriza-se por uma forte sazonalidade, estadas de muito curta
duração, ou de passagem, seguindo o padrão regional. Os visitantes são nacionais, na
sua grande maioria.
O Turismo apresenta, na Cidade e no Concelho, uma expressão, ainda, pouco
significativa, facto a que não será alheia a fraca promoção existente e a ausência de
colaboração e parcerias entre os sectores privado e público.
A qualificação dos serviços e a promoção do Alentejo (e da Cidade e Concelho de
Montemor-o-Novo), «exigem ferramentas financeiras que deverão ser consideradas
em sede do QREN e com expressão muito mais forte do que ocorreu no Quadro
Comunitário de Apoio III, assim como deve ser facilitado o acesso das pequenas
empresas a esses instrumentos de financiamento, bem como o licenciamento da sua
actividade.� (Jornadas de Reflexão � Turismo no Alentejo, Évora, Maio de 2006).
A proposta de potenciais acções a aprofundar constante do Plano Estratégico Nacional
do Turismo (2006), evidencia na vertente touring um conjunto de recursos e
potencialidades turísticas significativamente presente em Montemor-o-Novo:
Factores distintivos
Évora Castelos e fortificações Património arqueológico e arquitectónico Aldeias típicas Pousadas
Principais acções a desenvolver
Desenvolver rotas (vinho, castelos, doçaria, arqueologia
romana) Requalificar aldeias típicas
Acções transversais
Requalificar a oferta hoteleira Promover o desenvolvimento da oferta de animação diurna
(passeios, jogos medievais, passeios de balão)
Adaptado de Plano Estratégico Nacional do Turismo (2006).
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 49
Em síntese, os recursos naturais e culturais - identitários e característicos da Região -
fazem crer na possibilidade de um desenvolvimento sustentável da actividade turística
em Montemor-o-Novo, ancorado nesses recursos e em pequenos e médios
investimentos, assim como noutros projectos/empreendimentos de maior envergadura.
A concretização efectiva dessa crença beneficiará, decerto, da possibilidade de
identificar, para Montemor-o-Novo, 2 ou 3 temas distintivos que possam fazer evoluir o
Concelho de lugar de passagem para lugar de destino turístico.
Principais potencialidades Principais debilidades
Pré-História, História, património natural e
construído. Gastronomia, vinhos com Denominação
de Origem, produtos de qualidade certificados (Borrego de Montemor-o-Novo; Vitela de Montado; Porco de Raça
Alentejana; Mel do Alentejo). Potencial cinegético. Desportos náuticos e aeronáuticos. Conjunto de unidades hoteleiras e de
restauração de qualidade. Conjunto de equipamentos culturais,
entre os quais, os quatro Conventos da Cidade com os respectivos projectos culturais: Saudação, S. Francisco, S.
Domingos, S. João de Deus; a Biblioteca Municipal �Almeida Faria�; o Cine-Teatro Curvo Semedo; o Rádio-Cine; a Livraria Fonte de Letras; a Galeria Municipal.
Conjunto de equipamentos desportivos e de lazer, entre os quais o Parque Urbano, o Parque Desportivo, as piscinas municipais e as piscinas cobertas, o Parque de Exposições Mercados e
Feiras. Existência e prestação de serviços de
saúde especializados. Localização e acessibilidades (a 100 km
de Lisboa, a 30 de Évora e a 130 de
Espanha, com ligações por auto-estrada). Políticas e projectos ambientais (Projecto
Monfurado e Núcleo de Interpretação dos
Baldios). Intenções de investimento em projectos
turísticos de maior dimensão.
Ausência de dois ou três produtos
turísticos de qualidade, a promover, que
permitam ao Concelho passar a ser destino turístico e não apenas local de
passagem, com aumento do tempo de permanência.
Necessidade de requalificação da zona
do Castelo e do Centro Histórico,
criando alguns elementos fortes, para uma imagem atractiva.
Habitação devoluta e edifícios
patrimoniais a necessitarem de intervenção.
Estado de abandono do património do
megalítico e insuficiente dinâmica de
aproveitamento do património do
paleolítico, único no Sudoeste da
Península. Zonas de caça turística ineficazes, em
termos de aproveitamento económico. Insuficiente qualificação de algumas
unidades hoteleiras e de restauração. Recursos humanos com baixas
qualificações. Comércio tradicional envelhecido,
pouco especializado e pouco atractivo. Deficiente oferta de serviços e
equipamentos complementares de apoio à actividade turística.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 50
3.6. Ambiente e conservação da natureza
As preocupações de desenvolvimento sustentado e solidário pressupõem políticas de
ambiente e conservação da natureza transversais, não só aos sectores económicos,
mas também a políticas de urbanismo, acessibilidades e com impactes no mundo
rural.
As políticas comunitárias manifestam crescente atenção a estas questões e, através
dos fundos comunitários e nacionais (Quadro de Referência Estratégica Nacional,
Programa Operacional Regional do Alentejo, Política Agrícola Comum, Política de
Desenvolvimento Rural, RAN, REN e Natura 2000), são apontados objectivos e
financiados programas, acções e projectos.
As alterações estruturais no QREN e no Desenvolvimento Rural, para o período 2007-
2013, embora muito aquém do necessário e do possível, poderão potenciar alguns
programas, acções e projectos que contribuam para contrariar uma das grandes
preocupações do Concelho, como do Alentejo: a desertificação humana no mundo
rural.
Em termos de conservação da natureza, o montado de sobro e azinho constitui
componente fundamental no ecossistema de extensas zonas do Alentejo e do
Concelho. Por razões diversas, entre as quais a deficiente condução do montado, e a
fraca utilização dos fundos comunitários para o repovoamento, as alterações
climáticas, estão a provocar problemas e incertezas quanto ao seu futuro.
O olival e a vinha fazem parte da paisagem mediterrânica e dos ecossistemas da
Região desde tempos muito recuados e encontram actualmente condições para
alargarem as respectivas áreas de cultivo (quotas, apoios financeiros, unidades de
transformação e mercados), condições que não estão a ser aproveitadas
satisfatoriamente pelas explorações agrícolas.
As boas práticas agrícolas e económicas têm que ser generalizadas para que não
continuemos a assistir, em algumas zonas, à erosão e degradação dos solos, das
águas, da floresta e de diversas espécies animais e vegetais.
A estratégia local de intervenção ao nível da preservação e conservação da natureza,
integrada com outros objectivos, nomeadamente a manutenção da população no
espaço rural, tem sido suportada por vários projectos desenvolvidos em parceria com
a Câmara Municipal, instituições públicas de ensino e investigação, associações de
desenvolvimento local e associações de produtores.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 51
As linhas de intervenção têm três objectivos complementares: (i) divulgar, conhecer e
preservar; (ii) gerir e participar; (iii) compatibilizar e melhorar, objectivos que se
encontram presentes na seguinte tipologia de projectos desenvolvidos:
Projectos executados: Conhecer e Preservar a Rede Natura 2000 em
Montemor-o-Novo � 1ª Fase (2000/2002); Projecto Integrado para Gestão de
Suiniculturas/PIGS (1997/2003).
Projectos em curso: Projecto Naturale � Natureza e Turismo no Alentejo e
Extremadura (2004/2005); Projecto Sítio de Monfurado/Conservação e
Valorização do Património (2002/2005); Projecto Gestão Activa e Participada
do Sítio de Monfurado - GAPS (2003/2007); Projecto Reciclagem de Entulhos
no Âmbito da Gestão Integrada de Resíduos (REAGIR (2003/2006); Gestão
Sustentável de Galerias Ripícolas (Gestão Duradora das Linhas de Água) -
|RIPIDURABLE (2005/2007).
Paralelamente, têm sido candidatados e executados, ou estão em execução, projectos
particulares de florestação com sobreiro e de plantio de olival, bem como projectos de
arranque e plantação de vinha.
Alguns dos projectos acima referenciados apresentam já desenvolvimentos, sendo de
destacar:
Projecto Conhecer e Preservar a Rede Natura 2000 em Montemor-o-Novo (1ª Fase).
A constituição do Núcleo de Interpretação Ambiental dos Baldios, de iniciativa
municipal, veio criar condições de usufruto e interpretação da natureza e paisagem
dos Sítios de Cabrela e Monfurado.
Projecto Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado. De iniciativa municipal,
o projecto associa entidades públicas e privadas e tem como objectivo a
conservação dos valores naturais do Sítio � habitats e espécies � consubstanciado
num conjunto de programas de acção direccionados para a gestão dos habitats,
mas também para o desenvolvimento de actividades como o pastoreio, a caça, a
pesca e o turismo de natureza.
Naturale - Natureza e Turismo no Alentejo e Extremadura. O projecto de iniciativa
Municipal visa o estabelecimento de uma Rede Transfronteiriça de Turismo
Natureza e propõe-se criar condições para a promoção de infra-estruturas comuns
de Turismo de Natureza, incluindo a interligação ferroviária entre as diversas redes
locais activas. No Concelho, as acções a desenvolver são, entre outras: (i)
adaptação/melhoramento de espaços públicos em pontos estruturantes da rede,
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 52
na envolvente às estações ferroviárias (Casa Branca); (ii) construção de Ecopista;
(iii) adaptação de edifícios existentes em meio rural para fins de acolhimento
(casas de natureza) e de divulgação do património existente.
Principais potencialidades Principais debilidades
Existência de um conjunto de albufeiras e
charcas públicas e privadas, com destaque
para a Albufeira dos Minutos.
Existência de alguns recursos hídricos
subterrâneos.
Existência de uma rede hidrográfica
constituída por pequenos cursos de água de carácter mediterrânico (cheios no Inverno e que secam no Verão).
Possibilidade de construção de novos
conjuntos de pequenas albufeiras para armazenamento da água.
Possibilidade de ligação destes sistemas ao sistema de Alqueva, através da Barragem dos Minutos.
Condições favoráveis (edafo-climáticas,
quotas de plantio, apoios financeiros, tecnologia, possibilidade de instalação de
unidades de transformação, mercado, ...) para a manutenção, densificação ou
expansão das manchas de sobro e azinho, de olival e de vinha.
Condições para a reintrodução das horto- -frutícolas (água, solos, maior apoio comunitário, mercados).
Experiência na utilização dos solos
adequados para a agro-pecuária extensiva
(Vitela de Montado, Borrego de Montemor, Porco de Raça Alentejana).
Classificação de zona importante do
Concelho na Natura 2000 (Sítios de Cabrela
e Monfurado).
Experiência adquirida pela autarquia e por
outras entidades nas áreas do ambiente e da conservação da natureza.
Insuficiente dinâmica empresarial agrícola
níveis de investimento insuficientes e baixo valor acrescentado.
Diversas explorações agrícolas com gestores muito idosos.
Insuficiente divulgação, extensificação
científica e técnica, e insuficiente apoio por
parte do Ministério da Agricultura e
Desenvolvimento Rural e do Ministério da
Economia, à elaboração de candidaturas,
particularmente entre os pequenos e médios agricultores e jovens, e entre as populações rurais.
Dificuldade crescente de acesso aos mercados, sobretudo para os pequenos e médios agricultores.
Distribuição dos fundos comunitários
beneficiando prioritariamente a grande propriedade e apoiando insuficientemente a pequena e média exploração e a instalação
de jovens agricultores.
Ausência de medidas de monitorização e
fiscalização no combate à degradação dos montados.
Atraso na implementação de boas práticas
de gestão dos recursos hídricos e na
elaboração dos Planos de Ordenamento
das Albufeiras, particularmente a dos Minutos.
Ineficácia dos programas de apoio à
diversificação económica no mundo rural (aldeias e vilas).
Políticas de encerramento de serviços
importantes para a fixação das
comunidades rurais, particularmente dos jovens.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 53
4. ACESSIBILIDADES E TRANSPORTES
4.1. O quadro das acessibilidades regionais, nacionais e transeuropeias
Acessibilidades rodoviárias
Para além da rede rodoviária primária existente, a Região tem vindo a melhorar
progressivamente a sua rede de infra-estruturas rodoviárias de âmbito nacional e
regional, assegurada e/ou a assegurar com a concretização do Plano Rodoviário
Nacional 2000. Esta melhoria é evidenciada, nomeadamente, pelo corredor transversal
de articulação entre a Área Metropolitana de Lisboa e Madrid, passando por Évora e
pela Estremadura de Espanha.
Para além da concretização do PRN 2000, importa assegurar a manutenção de toda a
rede existente que, em alguns concelhos do Alentejo, poderá constituir um factor de
fixação da população nos locais de origem.
Acessibilidades ferroviárias
A actual rede ferroviária em exploração no Alentejo está ameaçada pela
sub-utilização, por um serviço de qualidade insatisfatória, numa Região onde a
reduzida densidade demográfica não facilita a rentabilização deste modo de
transporte.
Apesar deste quadro, existem oportunidades que poderão dinamizar futuras
intervenções, aproveitando o dinamismo económico de algumas áreas, a localização
de empresas exportadoras que movimentam elevados volumes de carga
(mármores/granitos), bem como as necessidades em matéria de infra-estruturas
susceptíveis de assegurar condições de inter-modalidade do sistema de transportes.
Em relação à rede de mercadorias, destaca-se o itinerário dos granéis e contentores
que visa a exploração do transporte de mercadorias entre o Porto de Sines, onde está
prevista a instalação de uma plataforma logística, e os principais centros
geradores/receptores de cargas, através de uma linha Sines-Casa Branca-Évora.
Do projecto, em avaliação, de ligação Sines-Casa Branca-Évora e desta Cidade a
Elvas-Caia-Badajoz-Madrid, apenas a modernização do troço Casa-Branca � Évora
está em parte executada.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 54
Em relação às Redes Transeuropeias, a REFER está a executar um conjunto de
medidas que visam promover o transporte ferroviário de passageiros e mercadorias,
em condições de total inter-operabilidade, de forma a permitir a conexão dos sistemas
ferroviários (sinalização, electrificação, etc.), criando condições para que a articulação
de Portugal com Espanha e a União Europeia se concretize.
No que respeita à Rede de Alta Velocidade, a perspectiva do corredor Lisboa/Madrid
atravessar o Alentejo (e o Concelho de Montemor onde poderão situar-se dois lotes do
troço Alentejo da ligação, com uma estação no Caia e paragem em Évora (hipótese
ventilada na apresentação do Projecto). Esta possibilidade exige um esforço de
optimização e organização de um modelo de gestão e exploração, numa óptica de
inter-operabilidade e de complementaridade entre a Rede de Alta Velocidade e a rede
ferroviária convencional, envolvendo os principais centros urbanos e o porto de Sines.
A linha Lisboa � Madrid faz parte da rede ibérica mista (mercadorias e passageiros) a
construir num horizonte temporal máximo de 2015, potenciando o transporte de
passageiros e mercadorias em apenas 3 horas, com todas as mais valias associadas.
Fonte: REFER, 2004.
Alcochete
Vendas Novas
Montemor-o-Novo
V iana do A lentejo
Al vito
Ferreira do Alentejo
Aljustrel
Ourique
Almodôvar
Mértola
Serpa
Castro Verde
Portel
M ourão
Reguengos de Monsarraz
MouraCuba
Vidigueira
Arraiolos
Mora
Montijo
Moita
Palmela
Gavião
Odemira
Sines
Grandola
Beja
Sesimbra
Barrancos
Portalegre
Elvas
Barrancos
Evora
Alcácer do Sal
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 55
Acessibilidades aéreas e portuárias
Além dos três principais aeroportos portugueses (Porto, Lisboa - à distância de 100 km
de Montemor-o-Novo - e Faro), que constituem o eixo primordial das estruturas
aeroportuárias nacionais, estão planeados investimentos em outros aeródromos
regionais, nomeadamente em Beja (à distância de 70 km de Montemor), cuja
proximidade ao Complexo Industrial de Sines e à Barragem de Alqueva, constitui uma
potencialidade para o desenvolvimento agrícola, industrial e turístico do Alentejo.
Na proximidade a Montemor, também o Aeródromo de Évora pode vir a beneficiar da
instalação de empresas ligadas à aeronáutica.
A possibilidade de dotar os aeródromos regionais de condições que eficazmente
permitam e facilitem o tráfego seguro quer de pessoas, quer de mercadorias, constitui
uma aposta.
Em relação aos portos de, Lisboa, Setúbal e Sines os mais próximos do Concelho, os
de Lisboa e Sines têm prevista, até 2013, a instalação de plataformas logísticas
portuárias que terão impactes na região Alentejo.
Em síntese, o novo quadro de acessibilidades rodoviárias e ferroviárias, e de
plataformas logísticas, previstas para o país, terá impacte no Concelho, reforçando a
sua atractibilidade para a instalação de equipamentos e empresas inovadoras que se
queiram deslocar de Norte para Sul e do Arco Metropolitano de Lisboa, contribuindo
para reforçar a posição que Montemor-o-Novo ocupa entre a Área Metropolitana de
Lisboa e Espanha. O Concelho verá reforçadas as ligações aos principais portos,
aeroportos nacionais e plataformas logísticas.
4.2. O quadro das acessibilidades no Concelho
Ligações intra-regionais
A Cidade de Montemor-o-Novo, localizada entre Lisboa e Espanha e entre o Norte e o
Sul do país, bem como o território concelhio em seu redor, são servidos por um
importante conjunto de eixos rodoviários, fruto da sua inserção no principal eixo de
atravessamento rodoviário do país, a ligação entre Lisboa e Madrid (fronteira do Caia),
com a proximidade a Évora, capital de Distrito e Património Mundial, e permitindo
ainda o acesso às principais cidades do sul do país e aos portos de Lisboa, Setúbal e
Sines.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 56
Esta posição de centralidade no quadro de acessibilidades regional e nacional,
reforçada com a conclusão da A6, não tem, contudo, produzido reflexos significativos
no desenvolvimento do Concelho.
Na figura seguinte, encontram-se assinalados os eixos rodoviários incluídos no PRN
2000, bem como as vias de carácter regional e municipal de maior relevância.
Fonte: Mapa Estradas Michelin Na estrutura rodoviária do Concelho de Montemor-o-Novo ressalta a existência de dois
nós de acesso num eixo estruturante de ordem nacional e internacional: a A6, que
atravessa Montemor-o-Novo de Oeste para Este e que assegura ligações entre a Área
Metropolitana de Lisboa e a capital espanhola através da fronteira do Caia, e a A13
que permite a ligação ao Norte do país.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 57
Ligações inter e intra-concelhias
Para além desta via estruturante, o Concelho é dotado de outras vias que permitem
assegurar ligações inter e intra-concelhias, nomeadamente:
Estrada Nacional 114, que corresponde ao traçado do IC10 � Santarém �
Almeirim � Coruche � Montemor-o-Novo, que permite estabelecer a ligação entre
o Concelho e a Cidade e com o Ribatejo. Esta estrada necessita de sérios
melhoramentos, para uma mais rápida e segura ligação Alentejo/Ribatejo e Norte
do País.
Estrada Nacional 4, que assegura a ligação entre Montijo, Vendas Novas,
Montemor-o-Novo, Estremoz e Elvas. Até à construção da A6, era a única via de
ligação entre a Área Metropolitana de Lisboa, o Alentejo e a Estremadura de
Espanha.
Estrada Nacional 253, que permite estabelecer a ligação com Alcácer do Sal e o
Litoral Alentejano.
Estrada Nacional 370 - entre a EN2 junto a Santiago do Escoural e o limite
nascente do Concelho, estabelecendo a ligação entre esta freguesia, Évora e
Arraiolos.
Estrada Nacional 380 - entre Lavre e o limite poente do Concelho, até Vendas
Novas; esta via requer urgente reparação e requalificação (pavimentação,
alargamento e sinalização).
ER2 � Mora - Montemor-o-Novo � Odivelas - Ferreira do Alentejo � Ervidel - Beja
(entre o limite norte e o limite sul do Concelho, atravessando a Cidade de
Montemor-o-Novo) - que no seu todo permite estabelecer uma ligação entre o
norte e o sul do país, pelo interior.
Esta estrada tem troços que requerem reparação e requalificação, após o que, e
dada a sua importância, deveria reassumir a classificação de Estrada Nacional.
As ligações intra-concelhias são asseguradas pela rede viária municipal, constituída
por estradas municipais e por caminhos municipais e estradas desclassificadas ou não
classificadas.
A rede viária municipal tem uma cobertura uniforme, permitindo o acesso entre os
vários aglomerados do Concelho. Existem, contudo, alguns estrangulamentos,
nomeadamente nas ligações entre, S. Cristóvão e Cabrela, S. Cristóvão e
Alcáçovas/Viana do Alentejo, Foros de Vale de Figueira e Silveiras, servidas por
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 58
caminhos rurais, a requererem intervenções de reparação e requalificação. Outras vias
necessitam de intervenções diversas, nomeadamente de repavimentação (p.e.,
Estrada Municipal Escoural a S. Cristóvão (EM 535), caminho municipal 1160 (da EN
253 a Baldios) e a ligação de Cortiçadas do Lavre a Carapuções (Coruche), EM 515 e
a Estrada Municipal Lavre-Ciborro (EM 507).
Nos caminhos municipais e outros caminhos rurais particulares, é indispensável um
trabalho de sensibilização e identificação de parcerias público-privadas para o seu
arranjo.
Ao nível das infra-estruturas ferroviárias, o Concelho de Montemor-o-Novo é servido
por duas linhas: a Linha de Évora; e a Linha do Alentejo.
A Linha de Évora é uma linha regional com tráfego de passageiros e de mercadorias,
sendo o Concelho abrangido pelo troço entre Casa Branca e Évora, num total de 26,2
Km (utilização mista). Neste troço existe a estação de Casa Branca, que tem uma
oferta regular de comboios.
A Linha do Alentejo é uma linha interregional de tráfego de passageiros e mercadorias
entre o Barreiro e a Funcheira (Ourique). Esta Linha tem no Concelho duas estações:
Torre da Gadanha e Casa Branca, abrangida pela renovação de parte da via (entre
Casa Branca e Évora).
O Concelho possui ainda um troço desactivado (Torre da Gadanha-Montemor-o-Novo,
na extensão de 12 quilómetros), para o qual se perspectiva uma nova utilização. Com
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 59
esse objectivo, o Município de Montemor-o-Novo integrou a candidatura aos Projectos
Rever Med - Redes Verdes do Mediterrâneo Ocidental, e Projecto Naturale|Natureza e
Turismo no Alentejo e Extremadura que prevê a adaptação de antigos troços
ferroviários e de todas as suas infra-estruturas, utilizando-os em percursos pedestres e
cicláveis.
Mobilidade e transportes no Concelho
No quadro do Distrito de Évora, Montemor-o-Novo caracteriza-se por um reduzido
número de activos que se deslocam para fora do Concelho, justificado ou por uma
dinâmica local elevada ou pela fraca capacidade de mobilização da população activa.
No que respeita à mobilidade intra-concelhia, e em relação às deslocações através de
transportes colectivos rodoviários, Montemor-o-Novo possui diariamente 65 carreiras
(origem e destino) que servem as diversas localidades do Concelho asseguradas por
duas empresas (Rodoviária do Alentejo e Setubalense), nenhuma das quais sedeada
no Concelho. A utilização deste meio de deslocação é hoje bastante mais reduzida,
sendo utilizado, sobretudo, por estudantes e alguns trabalhadores que não utilizam o
transporte individual.
Embora não seja possível quantificar, é notória a insatisfação dos utentes quanto à
supressão de algumas carreiras que, naturalmente, reforça a necessidade de um
serviço público que garanta a satisfação das necessidades de deslocação da
população. Em termos de mobilidade, uma das questões prioritárias é a criação da
variante à EN 4, que deverá descongestionar a principal via de atravessamento da
Cidade de Montemor-o-Novo, a Av. Gago Coutinho, libertando-a do tráfego de
passagem, algum dele com cargas de elevada perigosidade. Actualmente atravessam
Montemor-o-Novo diariamente mais de 11.000 veículos.
As soluções poderão passar por uma variante à EN 4 a Norte e pela variante à EN 2 a
Sul (Resolução do Conselho de Ministros nº54/2005, que aprova o Regulamento do
Plano de Urbanização da Cidade de Montemor-o-Novo).
No âmbito da reformulação do Plano de Sinalização e Trânsito da Cidade, perspectiva-
-se a possibilidade de criação de novos lugares de estacionamento, bem como um
estudo de viabilidade da implementação de transporte público urbano.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO
60
TOTAL 208 266 1705 1826 485 167 233 346 185 344 5765
Deslocações pendulares casa-emprego-casa e casa-escola-casa por meio de transportes, 2001
População residente empregada ou estudante, segundo o principal meio de transportes utilizado no trajecto para o local de trabalho ou estudo
Cabrela LavreNª Sra.
do Bispo
Nª Sra.
da Vila
Santiago
do EscouralS. Cristóvão Ciborro
Cortiçadas
de LavreSilveiras
Foros
de Vale FigueiraConcelho
Autocarro 51 64 114 142 104 32 60 57 57 92 773
Comboio 1 1 0 5 25 1 0 0 2 0 35
Automóvel ligeiro
particular - como
condutor
102 132 1170 1263 242 94 111 148 90 164 3516
Automóvel ligeiro
particular - como
passageiro
26 29 367 353 67 22 38 91 24 42 1059
Eléctrico ou
metropolitano0 0 0 0 0 0
50
0 0 0
1263 47 18 24Motociclo ou
bicicleta28 40 54 46 382
00
Os elementos constantes do quadro permitem extrair as conclusões-tipo seguintes:
as freguesias que registam o maior número de deslocações são as freguesias mais populosas;
em todas as freguesias, as deslocações são maioritariamente realizadas em automóvel ligeiro;
o segundo meio de deslocação mais utilizado é o autocarro, com excepção das freguesias maioritariamente urbanas e pela freguesia
de Cortiçadas de Lavre;
o peso reduzido dos transportes públicos é notório face às deslocações em automóvel ligeiro que são bastante superiores;
Santiago do Escoural é a única freguesia servida no seu território pelo caminho-de-ferro, uma opção de deslocação adicional para os
seus habitantes.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO
62
A nível da circulação urbana, importa definir com clareza os espaços de utilização
pedonal e os de utilização rodoviária, através de medidas equilibradas que devolvam
os passeios e algumas artérias ao uso pelas pessoas.
O atravessamento das localidades constitui outra das preocupações, sendo de
considerar, num futuro próximo, nomeadamente a construção da variante a Santiago
do Escoural e a colocação de dispositivos de limitação de velocidade em Lavre e
Silveiras.
Principais potencialidades Principais debilidades
Concelho e Cidade servidos por uma importante rede de infra-estruturas rodoviárias e, de futuro, também
ferroviárias, de nível regional, nacional e internacional.
A Cidade e o Concelho situam-se no espaço de influência e proximidade da
futura estação de comboios mistos de Alta Velocidade Lisboa/Évora/Elvas
Badajoz/Madrid. A hipótese, em estudo, de
concretização da ligação ferroviária
Sines - Casa Branca - Évora (granéis e
contentores), com ligação por TGV
(mercadorias e passageiros) a Espanha, a partir da futura estação
para comboios mistos de Alta Velocidade.
A existência, no Concelho, da estação
e do troço ferroviário Casa Branca � Évora, em fase de modernização (linha
Lisboa-Casa Branca-Beja) e já com
alguns comboios diários.
Estrangulamento na Cidade provocado pelo tráfego que atravessa a Av. Gago
Coutinho. Indefinição sobre os traçados e
estações referentes ao TGV e à linha
de mercadorias Sines � Casa Branca � Évora, com ligação a Espanha por Alta
Velocidade mista. Peso reduzido dos transportes públicos
nas deslocações intra-concelhias e inexistência na Cidade.
Ordenamento e estacionamento do tráfego automóvel na Cidade
Inexistência de zonas pedonais na Cidade.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 63
5. REDE URBANA E EQUIPAMENTOS COLECTIVOS
De acordo com os estudos elaborados no âmbito da realização do Plano Integrado de
Desenvolvimento do Distrito de Évora, no que respeita à organização da rede urbana,
Montemor-o-Novo é considerado um Centro Supra-municipal, o que pressupõe que a
sua influência e importância se faça sentir para além do território concelhio.
No contexto actual, o estabelecimento de relações de maior cooperação e de
complementaridade com os concelhos de Vendas Novas, Arraiolos, Mora, Viana do
Alentejo, Évora e outros, é gerador de sinergias, em vista de um racional
aproveitamento de equipamentos e infra-estruturas existentes e a construir, em
princípio viabilizável pelas possibilidades abertas pelo Quadro de Referência
Estratégica Nacional 2007-2013.
5.1. Rede Urbana
5.1.1. Ordenamento urbano
A estrutura urbana do Concelho é caracterizada pela existência de uma Cidade que,
de acordo com o Sistema Urbano Nacional, integra a rede complementar, e por uma
série de aglomerados urbanos dispersos, com características e dimensões
diferenciadas.
A dinamização desta estrutura encontra-se reflectida nas propostas de ordenamento
contempladas no Plano de Urbanização, nos Planos de Pormenor e no Plano Director
Municipal que, à escala própria, equacionam as prioridades e as necessidades de
intervenção, designadamente, no tecido urbano e na área da habitação (recuperação
de fogos, novos loteamentos e construção de habitação), estabelecendo
paralelamente linhas de intervenção ao nível do ordenamento do território concelhio.
Sobre a questão do povoamento disperso tem havido pontos de vista diferenciados
entre os interesses das populações e a abordagem e aplicação restritiva da Lei até
agora praticada pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional. Não se
trata de dispersar locais de povoamento mas de permitir recuperações e ampliações
nos povoamentos existentes, até pelo facto de 80% do território concelhio se encontrar
situado na REN (Reserva Ecológica Nacional).
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO
64
Montemor-o-Novo tem sido pioneiro nas questões relacionadas com o planeamento
urbanístico e, no presente, o Concelho dispõe de Instrumentos de Gestão Territorial e
de Política de Solos que permitem continuar uma política de ordenamento territorial
eficaz e de acordo com as especificidades do Concelho, com destaque para a recente
aprovação da revisão do Plano de Urbanização da Cidade de Montemor-o-Novo.
Entretanto, perspectiva-se o início da revisão do actual Plano Director Municipal que,
de acordo com a nova legislação, criará não só um novo esquema de ordenamento
territorial do Concelho mas, também, um novo quadro de intervenção estratégica. Em
complemento, a finalização da elaboração dos Planos de Urbanização das sedes de
Freguesia permitirá dotar o Concelho de um novo quadro normativo estratégico de
intervenção em matéria de ordenamento.
A Cidade de Montemor-o-Novo - Elementos básicos de caracterização
A Cidade está a crescer e a sua evolução recente caracteriza-se por um acréscimo de
população, pela crescente concentração de actividades económicas e equipamentos,
originando o surgimento de zonas novas compostas por parques habitacionais,
espaços públicos e equipamentos.
A Cidade apresenta uma �fractura� na sua malha urbana, que a divide claramente em
duas, verificada pela existência da EN 4 (Av. Gago Coutinho), separando a Zona
Antiga (Centro Histórico) das Zonas de Expansão e Zonas Consolidadas.
A Cidade deverá também apostar no Centro Histórico, perspectivando a sua
requalificação, revitalização económica e repovoamento.
As linhas de actuação futura para o Centro Histórico estão sintetizadas no Plano de
Pormenor de Salvaguarda do Centro Histórico (a aguardar a sua finalização), o qual
abrange o Castelo (Projecto âncora do Plano), o Rio e conjunto de moinhos ao longo
do mesmo e a zona habitacional e de equipamentos da malha medieval do
�arrabalde�, alargada ainda a zonas da Cidade que lhe são limítrofes.
Na política de habitação/construção destaca-se: o Programa de Recuperação de
Habitação Degradada/Telhados; o apoio à Cooperativa de Habitação/CHE (Cidade e
S. Cristóvão); a disponibilização de lotes infraestruturados, destinados à auto-
construção e à iniciativa privada, na Cidade e noutras localidades, nomeadamente
Escoural, Silveiras, Foros de Vale de Figueira, Ciborro, Cortiçadas de Lavre, S.
Geraldo e Lavre.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 65
Em alguns locais permanecem estrangulamentos à construção pelo que importa
aprofundar a procura existente para novos loteamentos e construção de habitação, em
localidades como Cabrela, Santa Sofia, Silveiras, Foros de Vale de Figueira, Lavre, e
outras.
Necessidades de habitação e fogos vagos no Concelho
Necessidades
de habitação
Alojamentos
vagos
Famílias residentes em barracas ou
outro tipo de alojamento improvisado 88
-
Venda - 111 Aluguer - 135
Demolição - 47 Outros - 1074 Total 88 1.367
Fonte: INE, Censos 2001
Do resultado do último Recenseamento, foram identificadas 88 famílias com
necessidades de habitação. Os alojamentos vagos e potencialmente utilizáveis são em
número muito superior. Importa, pois, concertar as entidades intervenientes (quer a
nível social, quer a nível de construção/recuperação), de forma a poder dar uma
resposta adequada às necessidades de cada família.
Do total de edifícios no Concelho, 33,5% têm necessidades de reparação, sendo que
destes, aproximadamente metade foi construído antes de 1946. Montemor-o-Novo tem
um parque habitacional envelhecido e a necessitar de intervenção, no Centro Histórico
da Cidade e em aglomerados urbanos nas freguesias rurais. Mas dispõe, também, de
um parque habitacional moderno nas zonas de expansão da Cidade e de aglomerados
urbanos nas freguesias rurais.
Em relação a alojamentos vagos existem 1367, de acordo com o último
Recenseamento da Habitação realizado em 2001 pelo INE. Destes, 431 (31,5%)
localizam-se na Cidade de Montemor-o-Novo existindo, ainda, um número significativo
nas freguesias de Santiago do Escoural (183) e São Cristóvão (111).
A Câmara tem procurado minorar esta situação e contribuir para uma politica de
habitação através da gestão das 60 habitações de que é proprietária, de acordo com
as necessidades dos agregados familiares que se lhe dirigem. O critério de atribuição
é baseado no resultado do Relatório Social elaborado pelos serviços da Câmara
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO
66
Municipal, no qual é avaliada a situação socio-económica das famílias, para aferir a
verdadeira necessidade de habitação.
5.1.2. Redes de infra-estruturas
Abastecimento e tratamento de Água
O Concelho dispõe de um conjunto de aquíferos, bem como de recursos hídricos de
superfície, agora potenciados com a construção da Barragem dos Minutos (cf. Ponto
3.2).
No futuro, e face ao previsível crescimento demográfico e do parque habitacional na
Cidade e das actividades económicas no Concelho (Produção Agro-alimentar,
Serviços de Saúde e outros Serviços, Turismo), deve perspectivar-se a
complementaridade entre recursos subterrâneos e de superfície (albufeiras), no
abastecimento público mas também para as actividades económicas.
Será de todo o interesse para o município de Montemor-o-Novo, assim como para o
conjunto de municípios limítrofes, que o Governo e a Empresa de Desenvolvimento e
Infra-estruturas de Alqueva (EDIA) considerem a ligação da Barragem dos Minutos ao
Sistema de Alqueva.
A problemática da gestão da água não deve, contudo, ser abordada apenas do ponto
de vista da quantidade. Em regiões de características mediterrânicas, como o Alentejo,
com Invernos chuvosos e curtos e Verões longos e secos, a questão do
armazenamento da água e da garantia da sua qualidade, são fundamentais.
A identificação e eliminação de todas as fontes de poluição e a introdução de sistemas
eficazes de tratamento e de monitorização, são procedimentos técnicos indispensáveis
para uma correcta gestão dos recursos hídricos.
A elaboração do Plano de Ordenamento da Albufeira dos Minutos (considerando
nomeadamente a classificação para abastecimento público) e a introdução de gestão
por bacia ou bacias hidrográficas de acordo com a Directiva Europeia sobre a Água,
constituem outros tantos instrumentos para a gestão eficaz e eficiente de recursos
hídricos. O Plano de Ordenamento deveria ponderar as fontes de poluição a montante,
dado que aí existem produções intensivas de suínos, com altas cargas poluentes.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 67
Actualmente são subterrâneas as origens da água utilizada para abastecimento
público. O Estudo Tecnico-económico do Sistema Intermunicipal, AMAMB, 2004,
caracteriza o abastecimento de água no Concelho:
um sistema de abastecimento de maiores dimensões composto por três sub-
-sistemas de captação-adução que alimentam a Cidade de Montemor-o-Novo;
este sistema tem origem em água subterrânea captada num conjunto de 22
furos artesianos e 4 poços;
quinze pequenos sistemas de abastecimento domiciliário independentes, todos
com origem em água subterrânea, captada por um total de 13 furos artesianos,
13 poços e 8 drenos;
quatro sistemas de abastecimento que alimentam fontanários públicos; estes
sistemas têm todos origem em água subterrânea captada em outros tantos
furos artesianos.
Todos os aglomerados urbanos consolidados possuem abastecimento público de
água. Existem, contudo, conjuntos habitacionais dispersos, onde ainda não existe uma
rede pública de abastecimento de água: Pintada, Reguengo, Maia, S. Mateus e
Cavaleiros. A excepção é o aglomerado de Fazendas do Cortiço, onde está a ser
instalado o abastecimento público de água.
Alguns destes conjuntos habitacionais dispersos e os montes isolados, num total de 43
locais, são abastecidos de água potável, através da distribuição por cisternas que
abastecem gratuitamente os depósitos. A população servida por abastecimento de
água era de 72,3% em 2002, segundo a metodologia utilizada pelo INE.
Com vista ao abastecimento futuro de água no Concelho, o Estudo Tecnico-
-económico do Sistema Intermunicipal da AMAMB sugere uma solução que aponta
para dois sistemas:
(i) Sistema dos Minutos/Vendas Novas de abastecimento �em alta�, que
abastecerá cerca de 43.100 pessoas, será constituído pelos dois sub-
sistemas seguintes:
o sub-sistema dos Minutos (a construir de raiz) que abastecerá o
concelho de Arraiolos, parte do Concelho de Montemor-o-Novo e o
concelho de Vendas Novas;
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO
68
o sub-sistema de Vendas Novas (existente) que alimentará a quase
totalidade do concelho de Vendas Novas e, se necessário, os outros
concelhos integrantes do sistema.
As principais origens deste sistema são:
a Albufeira da Barragem dos Minutos, recentemente construída, que
se localiza no rio Almansor, no Concelho de Montemor-o-Novo;
os furos artesianos da Bica Fria, localizados no Norte do concelho de
Vendas Novas.
(ii) Sistema das Barrosas que abastecerá, a partir de duas captações
subterrâneas existentes, aproximadamente 2.600 habitantes pertencentes a
três freguesias situadas a norte do Concelho de Montemor-o-Novo (Ciborro,
Cortiçadas de Lavre e Lavre).
Não é de descartar a hipótese de, e se necessário, estas captações
comparticiparem no abastecimento do Sistema Minutos-Vendas Novas.
Redes de drenagem de águas residuais
De acordo com as informações recolhidas no Estudo Tecnico-económico do Sistema
Intermunicipal da AMAMB, 2004, existem 10 sistemas de tratamento de águas
residuais, que servem cerca de 74% da população. No entanto, a taxa actual de
tratamento, é muito inferior, pois estima-se que actualmente apenas as águas
residuais de 39% dos habitantes são tratadas.
O Sistema Intermunicipal, cuja candidatura foi protelada durante cinco anos, não foi
aprovada pela União Europeia por falta de elementos que deveriam ter sido fornecidos
pelo Governo Português, contempla o tratamento dos efluentes, através da construção
de ETAR em povoações com mais de 500 habitantes.
No âmbito do Sistema Intermunicipal serão construídas novas ETAR na Cidade de
Montemor (em substituição da de S. Pedro, em final de vida) no Escoural, em Lavre e
no Ciborro.
Relativamente à renovação do sistema, proceder-se-á a remodelações e pequenas
intervenções em equipamentos já existentes nos Foros de Vale de Figueira, e em
Cabrela. Encontram-se adjudicadas as obras para a construção de ETAR noutros
aglomerados com população inferior a 500 habitantes (S. Cristóvão, Casa Branca,
Silveiras, e Fazendas do Cortiço).
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 69
Nesta área existem, ou encontram-se em fase de elaboração, os seguintes
instrumentos de intervenção:
Plano Director de Distribuição de Água (em baixa) à Cidade de Montemor-o-
-Novo (em fase de elaboração);
Sistema Intermunicipal de Abastecimento de Água e de Saneamento dos
concelhos de Arraiolos, Montemor-o-Novo, Mora, Vendas Novas e Vila Viçosa
(candidatura em fase de aprovação).
Encontra-se constituída, para o efeito, a empresa Água Bem Público � Águas
do Alentejo Central, EIM (Junho 2006).
Recolha e tratamento de resíduos
A recolha de resíduos sólidos urbanos cobre a quase totalidade do território de cada
freguesia do Concelho, incluindo os aglomerados dispersos. O lixo indiferenciado,
após o encerramento da lixeira, é transportado para a Estação de Transferência
localizada na Zona Industrial da Adua (que recolhe também os resíduos sólidos
urbanos de Vendas Novas), sendo depois conduzido para o Aterro Sanitário localizado
na freguesia de Valverde, em Évora.
O Sistema Intermunicipal de Resíduos Sólidos do Distrito de Évora, actualmente
gerido pela GESAMB-EIM, permite que no Concelho de Montemor-o-Novo se efectue
a separação de lixo para reciclagem.
Embora o encerramento das lixeiras tenha melhorado significativamente a gestão de
resíduos no Concelho, a inexistência ou o desconhecimento de alternativas de
tratamento de vários resíduos, por parte dos seus produtores, representa uma nova
ameaça para o ambiente.
Os resíduos da construção civil e alguns produtos residuais da indústria ficaram
excluídos da possibilidade de depósito em Aterro Intermunicipal. A Autarquia, numa
tentativa de solucionar esta questão, formalizou uma candidatura ao Programa LIFE
Ambiente - Projecto REAGIR � Reciclagem de Entulhos no Âmbito da Gestão
Integrada de Resíduos.
O Projecto, actualmente em curso, visa a implementação de um sistema local de
recolha selectiva e de uma unidade piloto de reciclagem/trituração para produção de
agregados, novamente reutilizáveis na construção civil.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO
70
Energia e telecomunicações
As infra-estruturas energéticas e de telecomunicações apresentam um nível de
cobertura razoável no território do Concelho. Contudo, a rede de gás natural não tem
cobertura no Concelho, com influência na perda de competitividade para a oferta de
solo industrial e a dependência de outras fontes de maior custo (incluindo o
ambiental), e de menor qualidade.
No Concelho não são, ainda, aproveitadas possibilidades resultantes da exploração na
área das energias renováveis.
Na estrutura de consumos energéticos do Concelho aproximadamente 58%
correspondem ao consumo doméstico e agrícola e 11% ao consumo industrial.
O Município aderiu recentemente ao projecto �Planos Municipais de Optimização
Energética�, integrado na estratégia de valorização, promoção e conservação
ambiental, promovido pela Agência Regional de Energia do Centro e Baixo Alentejo
(ARECBA) cujos objectivos se centram na promoção de eficiência energética e no
aproveitamento de recursos energéticos renováveis locais. A participação neste
Projecto permitirá pôr em prática um conjunto de medidas de economia e
diversificação energética em instalações municipais.
Principais potencialidades Principais debilidades
Conjunto de instrumentos de gestão
urbana aprovados ou em vias de aprovação (Planos de Urbanização e
Planos de Pormenor, incluindo o Plano de Salvaguarda e Valorização do Centro
Histórico). Capacidade de resposta à procura de nova
habitação, incluindo loteamentos de
iniciativa municipal e iniciativa privada. A construção da Barragem dos Minutos,
passando o Concelho a dispor de um reforço significativo na disponibilidade de
recursos hídricos. Existência de Estudo Tecnico- -
económico do Sistema Intermunicipal da
AMAMB, que sugere uma solução para o
abastecimento de água, que aponta para
dois Sistemas: Sistema dos Minutos/Vendas Novas e Sistema das Barrosas.
Existência de um conjunto de aquíferos
nos concelhos considerados nos dois sistemas.
Fractura na malha urbana da Cidade provocada pelo tráfego na Av. Gago
Coutinho. Elevado número de habitações vagas na
Cidade e nas áreas rurais, em perigo de degradação, num contexto em que
existem famílias com necessidades de
habitação por satisfazer. Recursos hídricos de superfície e
subterrâneos em quantidade limitada. Inexistência de um Plano de
Ordenamento para a Albufeira dos Minutos.
Insuficiente resposta em infra-estruturas para o tratamento das águas residuais.
Inexistência de um plano de
monitorização dos principais aquíferos,
albufeiras e linhas de água. Inexistência de aproveitamento de
energias alternativas e renováveis.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 71
5.2. Equipamentos colectivos
5.2.1. Apoio social
Nos últimos dez anos a acção social deu um salto quantitativo e qualitativo no
Concelho. Para além de prestar serviços nas valências de apoio aos idosos, infância,
juventude e deficiência, colmatando, assim, as necessidades dos mais carenciados,
emprega uma parte significativa da mão-de-obra feminina na área dos serviços.
Este quadro deve-se a um conjunto de parcerias bem sucedidas entre o poder central,
as IPSS, as autarquias e o investimento privado.
A este nível importa potenciar as sinergias do Município, das Instituições Concelhias,
dos Serviços Regionais e do Poder Central, para afirmar Montemor-o-Novo como um
Concelho solidário, onde uma maior esperança de vida, seja sinónimo de uma melhor
qualidade de vida.
Em Julho de 2006, foi apresentada a versão preliminar do Plano de Desenvolvimento
Social do Concelho de Montemor-o-Novo (2006-2009), o qual tem como objectivo
maior a �erradicação ou atenuação da pobreza e da exclusão e a promoção do
desenvolvimento social.�
Na introdução ao Plano pode ler-se: �A Câmara Municipal de Montemor-o-Novo,
assumindo o desenvolvimento local e a melhoria das condições de vida como
prioridades, promoveu, a partir de 2003, o Programa Rede Social, no âmbito do qual
foi criado o Conselho Local de Acção Social de Montemor-o-Novo, formado
actualmente por 42 entidades locais com intervenção no concelho�, que trabalham em
parceria.
Equipamentos de Apoio aos Idosos
De acordo com o Plano de Desenvolvimento Social �a maior necessidade de
Montemor-o-Novo prende-se com o internamento em Lar, visto ser nesta valência que
existe um elevado número de idosos em lista de espera e ainda com o facto de uma
grande percentagem de idosos integrados em Lar terem grandes limitações�.
No Concelho, com no Alentejo, é preciso desenvolver políticas sociais de apoio que:
permitam a permanência de idosos em suas casas; aumentem o número de lugares
em Lares e Centros de Dia; e reforcem os Serviços de Apoio Domiciliário.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO
72
A este nível, Montemor-o-Novo dispõe de um total de 12 entidades, 8 das quais são
Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) e 4 são entidades particulares
com fins lucrativos. Estas últimas dão resposta unicamente à valência de Lar,
enquanto as IPSS dão resposta ao nível das valências Lar, Centro de Dia e Apoio
Domiciliário (cf. Pré-Diagnóstico Social da Rede Social).
Em síntese, a realidade do Concelho caracteriza-se por 2 situações distintas:
das 10 freguesias, 3 não possuem qualquer tipo de apoio a nível de Lar, Centro
de Dia e Apoio Domiciliário (Cortiçadas de Lavre, Silveiras e Foros de Vale de
Figueira);
seis freguesias possuem equipamentos, mas estes não dão resposta a todas
as solicitações, apresentando listas de espera, nomeadamente na valência Lar
e Apoio Domiciliário (Cabrela, Ciborro, Lavre, Montemor-o-Novo, S. Cristóvão,
Santiago do Escoural).
Equipamentos Sociais de Apoio à Infância e Juventude
�Os problemas relacionados com a infância e a juventude constituem a terceira
problemática que mais preocupa a população do Concelho. Os problemas
identificados vão desde a insuficiência de respostas ao nível de valências de creche,
jardim de infância e ocupação de tempos livres, da prevenção e/ou alternativas ao
insucesso e abandono escolar e insuficiente oferta de cursos técnico-profissionais, no
ensino secundário, e dificuldades de inserção dos jovens no mercado de trabalho�. (cf.
Plano de Desenvolvimento Social 2006-2009).
Ao nível da Infância, o Concelho de Montemor-o-Novo dispõe de seis entidades sem
fins lucrativos que dão resposta a esta problemática, três das quais estão sedeadas na
Cidade e as outras três em freguesias rurais (Ciborro, Cabrela e Lavre).
Todas são Instituições Particulares de Solidariedade Social, e só duas se dedicam
exclusivamente a esta faixa etária, já que as outras quatro têm também valências de
3ª idade (cf. Pré-Diagnóstico Social).
Enquanto nas freguesias rurais os equipamentos existentes dão resposta às
necessidades, estando mesmo alguns sub-utilizados, na Cidade, registam-se listas de
espera para os vários estabelecimentos existentes.
A maior dificuldade nas respostas para a infância e a juventude reside na falta de
equipamentos dotados com a valência de ATL; apesar das listas de espera não serem
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 73
consideráveis, os equipamentos existentes estão sobrelotados (Idem). Entre estes
equipamentos destacam-se: Oficina da Criança, Oficina do Canto, Escola de Ballet,
Centro Juvenil e Área Juvenil da Biblioteca Almeida Faria.
Equipamentos sociais de Apoio à Deficiência
A este nível, o Concelho dispõe de três instituições: Cercimor, Associação 29 de Abril
e a Casa João Cidade, cuja construção foi recentemente iniciada.
De registar a existência de uma lista de espera nas valências de Lar/Residência que
funcionam na Associação 29 de Abril, e nas valências de Centro de Actividades
Ocupacionais, Sócio-educativa e de Reabilitação Profissional, a funcionar na Cercimor
(Idem).
Principais potencialidades Principais debilidades
Existência de IPSS, entidades particulares, e Associações de
Reformados que prestam apoio à população idosa.
Projectos e candidaturas para reforçar a oferta na área das
Instituições que prestam apoio
à população idosa (Foros de
Vale de Figueira, Silveiras e Cortiçadas do Lavre, entre
outros). Existência de um diversificado
conjunto de equipamentos e programas de apoio à infância
e juventude, com destaque para o Programa Municipal de Prevenção das
Toxicodependências . Existência de resposta à
população deficiente e
trabalho integrado inter-municipal (Montemor-o-Novo, Vendas Novas, Mora, Arraiolos e Viana do Alentejo).
Existência da Rede Social � estrutura de agregação das
diferentes entidades operantes no Concelho no domínio
social.
Elevado índice de envelhecimento e elevado número
de idosos em lista de espera (lar, centro de noite e apoio domiciliário).
Idosos internados em Lar com média de idade
bastante elevada e com várias incapacidades. Idosos integrados nas valências de Centro de Dia e
Apoio Domiciliário, com grandes limitações. Inexistência, em algumas instituições, de meios de
transporte adequados às incapacidades destes utentes.
Elevado número de idosos que vivem em locais
isolados e de difícil acesso. Falta de infra-estruturas básicas em habitações de
idosos, com necessidade de serviço de apoio
domiciliário. Três freguesias e uma localidade, sem Lar, Apoio
Domiciliário e Centro de Dia. Falta de estruturas e espaços de convívio de ar livre.
Insuficiente, e em muitos casos inexistente, organização de actividades artesanais e económicas
e de acções culturais e desportivas de qualidade nas unidades de apoio aos idosos e para a utilização dos
equipamentos existentes. Falta de financiamentos para esta área, por parte das
entidades competentes. Insuficiente resposta na valência de ocupação de
Tempos Livres para infância e juventude do
Concelho, - existem listas de espera. Existência de Listas de espera ao nível do apoio à
população deficiente. Parque escolar a necessitar de reorganização e
requalificação.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO
74
5.2.2. Saúde
Na formulação das suas estratégias, o Plano Nacional de Saúde, 2004-2010, dá prioridade aos
mais pobres. De acordo com o Documento do Plano, no país, como no Alentejo, �acentuam-se
os problemas de saúde associados à pobreza e à exclusão social. Este agravamento resulta,
em parte, do aumento das desigualdades sociais, do envelhecimento da população, da maior
mobilidade das populações e de um número crescente de imigrantes�.
A situação no Concelho de Montemor-o-Novo aconselha a dar particular atenção à
implementação, pelas autoridades e ministérios com responsabilidades na área, de
três dos quarenta Programas Nacionais, inseridos no Plano Nacional de Saúde:
- Programa Nacional para a Saúde de Pessoas Idosas;
- Rede Nacional de Cuidados Continuados;
- Programa Nacional de Cuidados Paleativos.
De acordo com o Diagnóstico Social do Concelho de Montemor-o-Novo, elaborado e
aprovado pelo Conselho Local de Acção Social � Rede Social, a situação a nível dos
equipamentos e valências da Saúde apresenta os traços característicos seguintes:
Centro de Saúde de Montemor-o-Novo - com a implementação do Despacho
Normativo 97/83 de 22 de Abril, que institui o Serviço Nacional de Saúde, este
Centro passou a integrar o Hospital Civil de Santo André, que constitui a sua
unidade de internamento.
o Quadro de Pessoal do Centro de Saúde de Montemor-o-Novo, encontrava-
-se totalmente preenchido em Abril de 2004 nas várias categorias profissionais,
à excepção de uma vaga de enfermeiro; no que respeita aos médicos de
família, cumpre-se o rácio de 1 médico de família por 1.500 habitantes,
conforme a lei em vigor.
cuidados de saúde primários prestados no Concelho através de uma estrutura
constituída pela sede na Cidade de Montemor-o-Novo e doze extensões nas
áreas de ambulatório, serviço de atendimento permanente, unidade de
internamento, saúde pública e laboratório. Em matéria de cuidados
hospitalares, Montemor-o-Novo articula-se com o Hospital do Espírito Santo de
Évora, do qual dista 33 km.
a nível do sector privado, existem vários recursos, designadamente o Centro
de Reeducação Física de Montemor-o-Novo, o Centro Médico do Calvário, a
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 75
Climor, a Clínica Montemorense, o Hospital Infantil S. João de Deus, o
Laboratório de Análises Dr.ª Maria Inácia, e Saúde Oral;
Hospital S. João de Deus, destacam-se as seguintes valências: Consultas
(Fisiatria, Ortopedia Infantil, Ortopedia, etc.); Bloco Operatório (Cirurgia Geral,
Ortopedia, Ortopedia Infantil, etc.); Internamento (com 110 camas); RX; Serviço
de Fisioterapia e Serviço de Ortóteses/Próteses (Oficina para fabrico).
Os principais problemas de prestação de cuidados de saúde detectados no Concelho
são os seguintes:
inexistência de Unidade de Apoio Integrado (Unidade de Serviço Social com
internamento clínico);
necessidade de um maior acompanhamento (mais períodos de consulta,
apoios de enfermagem, ambulâncias, desburocratização de serviços, etc.), em
resposta às tendências de envelhecimento e os fracos recursos económicos,
que afectam as populações mais carenciadas, envelhecidas e isoladas.
A Câmara Municipal e o Hospital Infantil de S. João de Deus, têm efectuado contactos
com vista à possibilidade de criação de um Parque Integrado de Saúde que junte, no
mesmo espaço físico, um novo Centro de Saúde, o internamento clínico, o bloco
operatório, o equipamento de RX e outras valências já ali existentes mas não
devidamente exploradas. Uma solução integrada desta natureza, pressupõe que
sejam encontradas as modalidades de gestão mais adequadas.
Principais potencialidades Principais debilidades
Valências do Centro de Saúde de
Montemor-o-Novo. Hospital Infantil de São João de Deus. Clínicas com várias especialidades. Serviços prestados pelos Bombeiros
Voluntários.
Tempo de espera para marcação de
consultas. Insuficiente número de períodos de
consulta semanal e de prestação de
cuidados de enfermagem em alguns postos de saúde nas freguesias e
localidades rurais. Inexistência de RX no Centro de
Saúde. Deficiente estado das instalações do
Centro de Saúde / SAP. Falta de Unidade de Apoio Integrado
(Hospital de Retaguarda).
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO
76
5.2.4 Ensino
De acordo com a Carta Educativa do Concelho de Montemor, �a estrutura do nível de
instrução da população residente no município de Montemor-o-Novo é dominada pela
população sem nenhum grau de ensino ou que apenas possui o 1º ciclo do ensino
básico, grupos que representam, respectivamente, 29,3% e 26,8% da população
residente.
O conjunto de pessoas sem nenhum grau de ensino, grupo com maior importância
relativa no Concelho do que na Região, mas sobretudo do que no País, é constituído
por crianças que ainda não iniciaram o seu percurso escolar, por analfabetos e por
indivíduos que tendo frequentado a escola a abandonaram antes de concluir o 1º ciclo.
Verifica-se, neste estudo, e através da taxa de analfabetismo que 17,5% da população
com idade igual ou superior a 10 anos, em 2001, não sabia ler nem escrever. Esta
proporção é superior à do Alentejo Central e, principalmente, à do total nacional. A
população com outros níveis de ensino superiores ao 1º Ciclo do Ensino Básico
regista uma importância relativa inferior à regional e nacional.
O nível de escolaridade da população residente no Concelho é, assim, inferior ao da
população do Alentejo Central e de Portugal, no seu conjunto. Não obstante, é
importante acrescentar que entre os dois Censos houve um aumento do nível de
instrução, marcado essencialmente pelo aumento da importância da população com
níveis de instrução equivalentes ou superiores ao 3º ciclo e pela diminuição da
população sem nenhum nível de instrução.
Quanto à população que se encontrava a frequentar determinado nível de instrução,
constata-se, para a década em causa, ter havido um aumento da importância da
população estudantil do pré-escolar e do ensino secundário (indício importante do
aumento generalizado da escolaridade na população) e uma diminuição dos alunos
dos três níveis do ensino básico, facto que se prende com a diminuição da população
jovem residente no Concelho�.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 77
Nível de Instrução e Taxa de Analfabetismo da população residente, 1991 E 2001
País Alentejo Central Montemor-o-Novo
1991 2001 1991 2001 1991 2001
% % % % Nº % Nº %
Sem nenhum nível de ensino 26,3 19,7 34,1 25,2 7315 39,3 5438 29,3
Ensino pré-escolar - A frequentar 1,6 1,8 1,4 1,8 195 1,0 249 1,3
1º Ciclo � Completo 29,0 25,2 27,4 25,5 5308 28,5 4986 26,8
1º Ciclo - A frequentar 6,6 4,9 5,8 4,3 1048 5,6 661 3,6
2º Ciclo � Completo 10,2 10,5 8,8 9,2 1549 8,3 1681 9,0
2º Ciclo - A frequentar 3,6 2,7 3,2 2,3 501 2,7 438 2,4
3º Ciclo � Completo 5,1 9,9 4,6 9,0 654 3,5 1516 8,2
3º Ciclo - A frequentar 4,5 3,4 4,2 3,1 732 3,9 595 3,2
Ensino secundário - Completo 4,1 6,9 3,5 6,6 481 2,6 1040 5,6
Ensino secundário - A frequentar 3,0 3,7 2,7 3,5 361 1,9 605 3,3
Ensino médio - Completo 1,0 0,6 0,9 0,5 90 0,5 65 0,3
Ensino superior - Completo, Incompleto ou a frequentar 4,9 10,8 3,5 9,0 398 2,1 1304 7,0
População residente 100,0 100,0 100,0 100,0 18632 100,0 18578 100,0
Taxa de analfabetismo 11,0 9,0 19,4 14,8 22,5 17,5
Fonte: INE, Censos 1991, 2001 Ao nível dos equipamentos de ensino, e reportando-nos apenas ao último ano lectivo,
o Concelho encontra-se com uma boa cobertura por unidades do ensino pré-escolar
(rede pública e rede privada). À excepção da freguesia de Silveiras, todas as outras
possuem pelo menos um estabelecimento deste grau de ensino. Há mesmo freguesias
em que existe ainda uma oferta de unidades de ensino para crianças dos 0-3 anos.
No 1º ciclo do ensino básico, têm vindo a ser encerrados estabelecimentos, por falta
de alunos nas freguesias rurais: a frequência reduziu-se em 50% nessas freguesias,
nos últimos 14 anos.
Na Cidade, face à sobrelotação das salas de aula nas escolas do 1º Ciclo, torna-se
necessária a construção de uma nova Escola Básica do 1º Ciclo, no mínimo com
quatro salas de aula.
A requalificação dos edifícios escolares identificados e a necessitar de intervenção, foi
objecto de candidatura ao abrigo do Programa Especial de Reordenamento de
Escolas do 1º Ciclo, financiado pelo Programa Operacional da Região Alentejo.
Em relação ao 2º e 3º Ciclo do Ensino Básico e ao Ensino Secundário, os
equipamentos da rede encontram-se centralizados na sede de Concelho: Escola
Básica do 2º e 3º Ciclos de São João de Deus e Escola Secundária de Montemor-o-
-Novo, com 3º Ciclo do Ensino Básico.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO
78
A primeira está sobrelotada, estando a funcionar com mais 8 turmas do que a
capacidade prevista inicialmente. Comparando os dois últimos anos lectivos, regista-
-se um acréscimo do número de alunos matriculados, que se deve em parte à extinção
das Escolas Básicas Mediatizadas existentes nas freguesias rurais.
A Escola Secundária, que também lecciona o 3º Ciclo do Ensino Básico, registou um
decréscimo do número de alunos entre os anos lectivos de 2002/2003 e 2003/2004.
No que respeita ao Ensino Profissional, a Escola Secundária iniciou alguns cursos. O
Concelho também dispõe do Centro de Formação Profissional da Cercimor e, mais
recentemente, do Centro de Formação Profissional Montemaior. O Centro de Emprego
de Montemor-o-Novo, em parceria com um conjunto de entidades, tem promovido
múltiplas acções de formação de curta duração. Estas acções, apesar de terem tido,
até agora, uma insatisfatória sequência no mercado de trabalho, são insuficientes no
que respeita à formação inicial e contínua face às necessidades locais de recursos
humanos qualificados.
A eficácia futura da formação profissional requer a coordenação entre as entidades
intervenientes, públicas, associativas e privadas e os diversos sectores económicos,
na identificação de necessidades e na definição dos conteúdos dos cursos.
No que respeita à formação inicial e contínua de jovens, trabalhadores, empresários e
agricultores, o Diagnóstico da Carta Educativa identifica um conjunto de necessidades,
nomeadamente nas áreas agrícola, agro-industrial, indústria, comércio, turismo,
desporto e restauração, de forma a responder ás necessidades de desenvolvimento
da base económica no Concelho.
Em síntese e de acordo com a informação disponibilizada pela Carta Educativa de
Montemor-o-Novo, entretanto aprovada, o número total de alunos no Concelho tem
vindo a diminuir ao longo dos tempos. Só nos últimos 4 anos, houve uma redução de
11,3%, percentagem bastante significativa, com diminuição mais notória quanto maior
é o grau de ensino.
A excepção a este panorama negativo é o ensino pré-escolar, em que se verifica um
aumento do número de alunos, ao qual não será alheio o esforço de algumas
instituições particulares de solidariedade social e da autarquia em suportar encargos
para disponibilizar este grau de ensino.
Na fase actual, encontram-se em curso, designadamente em Montemor-o-Novo,
experiências que proporcionam ofertas de combate ao analfabetismo e de
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 79
alfabetização funcional que compatibilizam cursos de alfabetização com outras
aprendizagens.
Essas aprendizagens poderão estender-se a áreas como a informática, os
conhecimentos para a carta de condução e, ainda, a validação de competências.
Outra questão frequentemente levantada é a de as escolas serem atractivas (no plano
arquitectónico, funcional e de segurança), estarem bem equipadas (computadores,
material de oficinas e laboratórios, etc.) e terem nos seus quadros pessoal
especializado, com estabilidade profissional, para responder a necessidades de
acompanhamento de cariz social e mesmo psicológico.
Principais potencialidades Principais debilidades
Proximidade a um pólo de ensino
universitário. Existência de um conjunto de
instalações e equipamentos
escolares, desportivos e culturais.
Insuficiente capacidade de resposta às
necessidades de aprendizagem técnico e profissional na perspectiva do desenvolvimento do sector agro-alimentar, do sector do turismo e da construção civil.
Inexistência de respostas na área de
formação inicial e contínua. Insuficiente cobertura dos
estabelecimentos de ensino pré-escolar. Necessidade de nova escola para o 1º
Ciclo do Ensino Básico. Insuficiente apetrechamento das escolas
em equipamentos. Baixa taxa de escolaridade (27% da
população, com o 1º ciclo do ensino
básico) e elevada taxa de analfabetismo
(17,5%).
5.3 Desporto
À data do 25 de Abril de 1974, o Concelho apresentava grandes carências em
equipamentos para a prática desportiva e de lazer. Assim, a par da construção de
obras de saneamento básico prioritárias, foram construídas instalações desportivas e
de lazer informais em todas as freguesias.
A rede de equipamentos de desporto e lazer do Concelho, registou um salto
qualitativo, graças à construção de equipamentos significativos, como o Parque
Urbano, o Pavilhão Gimnodesportivo e o complexo de Piscinas Municipais, entre
outros, cuja tipologia e filosofia de funcionamento se têm revelado fortemente
atractivas. Esta rede de equipamentos foi reforçada, em 2006, com um novo e
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO
80
qualificado equipamento, as piscinas cobertas, que permitirá dar um novo impulso à
prática da natação de manutenção e ao fomento da competição pelos
montemorenses, podendo ainda acolher eventos nacionais.
Através de uma gestão conjunta dos equipamentos e da realização de iniciativas entre
o município e o movimento associativo desportivo, Montemor-o-Novo é hoje um
concelho com uma política desportiva activa, forte, direccionada para várias camadas
etárias e com um leque apreciável de modalidades praticadas.
A construção do Parque Desportivo da Cidade, encontra-se na 1.ª fase de execução,
estando prevista a instalação de um Recinto Hípico que incluirá, entre outros, um
campo relvado sintético, já em construção, para a prática de futebol e de râguebi, e
uma pista de atletismo.
Está aprovada a candidatura para a construção de uma Eco-pista, no troço da antiga
linha ferroviária Torre da Gadanha-Montemor-o-Novo (Projecto Naturale).
Outros equipamentos que poderão ser equacionados, designadamente em parcerias
público-privadas, são os seguintes: Campo de Tiro, Circuito de Manutenção, Ciclo-
-pistas, um Skateparque, e Passeio Cidade - Almansor e nas suas margens.
O desenvolvimento de iniciativas ligadas à natureza, a remodelação dos equipamentos
mais antigos e a construção de novos equipamentos quer por entidades privadas, quer
por entidades públicas, ou em parcerias, contribuirão decididamente para que os
montemorenses vivam num concelho mais activo e com melhor qualidade de vida e no
qual uma parte cada vez mais significativa da população pratique desporto.
Principais potencialidades Principais debilidades
A rede de sedes sociais, equipamentos desportivos e grandes infra-estruturas desportivas e de lazer construídos, e em
construção, em todo o Concelho. Carta Desportiva do Concelho
(elaborada 1ª fase). Serviço de Desporto da Autarquia. Conjunto de associações desportivas
que, com a sua actividade, permitem a prática desportiva dos diferentes
sectores da população do Concelho. Prática desportiva federada dos clubes
do Concelho. Rede de percursos pedestres (4) e de
BTT (6).
Conjunto de equipamentos para recuperação.
Necessidade de formação para os
dirigentes associativos. Associações que não dispõem de
sede, na Cidade. Falta de uma estrutura de apoio ao
movimento associativo.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 81
6. CULTURA E PATRIMÓNIO
6.1. Montemor-o-Novo � dimensão histórica e cultural
O Concelho de Montemor-o-Novo apresenta uma pré-história e uma história ricas de
património e de criatividade que importa salvaguardar e valorizar no presente e
projectar no futuro, como componentes de desenvolvimento económico e cultural, para
que seja alcançado um dos desígnios propostos na Carta Estratégica: �Uma Cidade e
um Concelho com dinamismo cultural, turismo e lazer atractivos�.
A cultura significa e simboliza a forma como vivemos, estabelecemos as nossas
relações e expressamos a nossa criatividade desde há 45 mil anos, data previsível da
chegada do Homo sapiens à Península Ibérica, cujas marcas nos foram deixadas de
forma tão expressiva na Gruta do Escoural (Montemor-o-Novo/Alentejo), pelo homem
do paleolítico superior.
O Homem do paleolítico deixou no Escoural, e o do neolítico em toda a Região, as
marcas da sua presença e da sua criatividade, expressas num conjunto patrimonial
que, interligado, poderá consubstanciar um Projecto Cultural do Paleolítico e do
Neolítico, de interesse regional, nacional e internacional.
A Gruta do Escoural, única no Sudoeste da Península Ibérica e no País, alberga no
seu interior um �museu� de arte rupestre (pinturas e gravuras) do Paleolítico Superior,
tendo, ainda, sido utilizada como necrópole do neolítico e do calcolítico. No exterior da
Gruta, encontra-se um povoado do calcolítico com gravuras rupestres.
Muito próximo da Gruta do Escoural foi �descoberto um tholos, monumento funerário
colectivo que pela sua tipologia e espólio se pensa ser contemporâneo do povoado
calcolítico�. As escavações revelaram um espólio votivo rico em pontas de seta,
cerâmica e objectos de adorno e simbólicos, destacando-se mais de uma centena de
placas de xisto.
A inserir no Projecto Cultural do Paleolítico e do Neolítico poderá considerar-se,
também, o Conjunto Megalítico do Tojal, a poucos quilómetros da Cidade, na Herdade
do Tojal, em S. Cristóvão. �A este do monte encontramos um território densamente
marcado pela presença megalítica. Destaca-se um cromeleque com 17 menires de
granito� e �um conjunto de antas�. O Concelho dispõe de um Inventário que localiza e
identifica 121 dos 247 sítios relacionados com o megalitismo e considerados pelo
Instituto Português de Arqueologia.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO
82
A Vila do Escoural dispõe já de um Centro Interpretativo da Gruta do Escoural. A visita
à Gruta, bem como a actividade do Centro de Interpretação, não funcionam ainda de
modo satisfatório.
O património dos concelhos vizinhos deve também ser considerado no âmbito do
Projecto Cultural, nomeadamente o Cromeleque dos Almendres.
Para valorização, divulgação e impulso à investigação da vida no paleolítico e no
neolítico, sugere-se a realização, de três em três anos, de Festividades Internacionais
de Celebração da Vida e da Criatividade Humana, de forma a colocar o património pré-
histórico do paleolítico e do neolítico no mapa ibérico e mundial e a permitir,
designadamente aos alunos das escolas e universidades, o conhecimento de um
passado e de um património comum, que se valoriza no presente e se poderá
projectar, positivamente, no futuro.
As Festividades teriam como tema inspirador a vida e a arte no paleolítico e no
neolítico, aprofundando o seu conhecimento e projectando-as na actualidade, à luz
das diversas esferas e disciplinas do conhecimento, do património, das artes e da
cultura. Para participar nas Festividades, seriam convidados investigadores,
historiadores, artistas, escultores, ceramistas, músicos e bailarinos, um vasto campo
multidisciplinar que dinamizaria oficinas, debates e a execução de trabalhos sobre o
período pré-histórico no Alentejo.
No âmbito do Projecto Cultural do Paleolítico e do Neolítico, poderia desenvolver-se
um Projecto de Núcleo Museológico com componentes inovadoras (arquitectónicas,
documentais, arqueológicas, escultóricas, multi-média e outras), podendo tratar a
questão da origem das espécies e abranger os períodos mais empolgantes da
caminhada humana, até ao fim do neolítico e exercendo uma função didáctica,
cultural, lúdica e de interesse turístico:
- A origem das espécies (de Darwin ao conhecimento contemporâneo)
- Australopitecos e hominóides
- As espécies humanas
- Os Homens da Gruta do Escoural (neanderthal e sapiens)
- O construtor de monumentos megalíticos no Alentejo (o sapiens)
- Os primeiros agricultores do Alentejo.
O Projecto Cultural poderia ser desenvolvido em parceria com diversas entidades
públicas e privadas.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 83
Na sua evolução histórica, Montemor-o-Novo terá tido a sua origem como urbe em
época indeterminada, entre o período muçulmano e a reconquista cristã da região
Sudoeste da Península Ibérica, datando a primeira notícia escrita da sua existência de
1181.
O período romano no Concelho é assinalado por vestígios de villae, explorações
agrícolas romanas que estruturavam e ordenavam o território produzindo, para o
Império, pão, azeite e vinho e, ainda, pela exploração de minérios no Escoural (ferro) e
S. Brissos (calcário fétido).
A época muçulmana está documentada, designadamente na toponímia e na
arquitectura. Intervenções arqueológicas recentes (2003) efectuadas no interior do
Castelo da Cidade puseram a descoberto peças arqueológicas que confirmam, pela
primeira vez, a ocupação islâmica no Castelo.
A violência da reconquista e o radicalismo da religião triunfante, e muito mais tarde da
ditadura no século XX, destruiu e ocultou elementos valiosos desse período.
Basta observar as práticas culturais, algumas das espécies hortícolas e frutícolas
cultivadas e outros sinais, para se perceber que o património legado pelo período
muçulmano está ainda por estudar e inserir na memória colectiva e no património
cultural do Concelho, da Região e do país.
A reconquista terá tido lugar no tempo do Rei Afonso Henriques, após a tomada de
Évora, e posteriormente perdida, a Vila foi mais tarde reconquistada por D. Sancho I
(1190 -1191).
Após a reconquista, a Cidade desenvolveu-se, chegou a ser uma das principais vilas
do território regional, ergueu conventos e igrejas, cresceu para o arrabalde e
aumentou significativamente a população. Foi-lhe atribuído o título de Vila notável em
1563.
Recorde-se que Montemor-o-Novo possui dois forais: D. Sancho concede-lhe o
primeiro foral, em 1203, e D. Manuel I outorga o segundo foral, em 1503.
Quase meio século de ditadura (1926-1974), deixou marcas profundas e negativas que
ainda hoje se reflectem no modo de produção, no património, na educação, na cultura
e nas mentalidades.
A Revolução de 25 Abril de 1974 assinala um dos momentos mais nobres da vida de
Montemor-o-Novo e do país, pela reconquista da liberdade e o fim da guerra colonial,
pela participação popular em todo o processo, designadamente na construção de um
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO
84
poder local democrático, para além de abrir novas perspectivas culturais no Concelho,
no Alentejo e no país. Foram libertadas as capacidades criadoras de toda a sociedade,
criadas algumas condições para a requalificação do património cultural e para a
construção de novos equipamentos.
O poder local e os actores culturais do Concelho têm trabalhado para pôr de pé um
projecto cultural que procura garantir o acesso dos cidadãos à cultura e à criatividade,
requalificar o património, criar novos equipamentos, promover a formação cultural
entre os jovens e oferecer um conjunto de eventos de grande qualidade.
A educação constitui, no contexto deste projecto cultural, um factor básico e
fundamental. A Autarquia tem desenvolvido, em cooperação com os agentes culturais,
as escolas e as populações, um trabalho que tem vindo a dar os seus frutos.
A 11 de Março de 1988, a Vila de Montemor-o-Novo vê votada na Assembleia da
República a sua elevação a Cidade.
6.2. Património cultural
Património construído
Em termos de património construído destaque-se o Centro histórico da Cidade (com o
Castelo, o Convento da Saudação, outros elementos patrimoniais significativos e a
zona do Arrabalde, bem como os valiosos exemplares das arquitectura popular
alentejana, nas freguesias da Cidade, vilas e aldeias.
O núcleo histórico da vila antiga e o Castelo constituem, no seu todo, um valioso
património integrado pelos espaços habitacionais, pelos monumentos e pelos espaços
públicos, cuja requalificação exige grandes investimentos públicos e privados.
O estilo Manuelino na arquitectura civil, militar e religiosa quer no Castelo, quer no
arrabalde, deixou marcas indeléveis a preservar, bem como outros testemunhos
artísticos de pintura mural: Igreja de S. Pedro; Convento da Saudação � coro baixo e
antigo refeitório; Igreja de Nª. Sra. da Luz � sala do Capítulo; Tecto da Sala do
Despacho da Misericórdia; Fresco da Igreja de S. Gens; Fresco da Igreja da Represa;
entre outras.
Dos 97 Monumentos Nacionais classificados no distrito de Évora, Montemor-o-Novo
ocupa o segundo lugar, a seguir a Évora, o que faz do Concelho uma área cultural de
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 85
grande valor. O valioso conjunto de todo o património classificado, ou em via de
classificação integra 42 elementos entre Monumentos Nacionais e Imóveis de
Interesse Público.
As aldeias e montes
Nas aldeias e montes do Concelho, existem valiosos exemplares de arquitectura
popular alentejana, valorizados por alguns monumentos de interesse que marcam
um período histórico e um modo de produção no imenso mundo rural do Alentejo.
Significam um modo de vida e uma cultura ligados à grande propriedade fundiária e
ao modo de produção predominante no século XX, assim como à vida e à luta do
proletariado agrícola do Sul e do pequeno campesinato.
As transformações em curso, que irão originar algo de diferente e cujas matrizes estão
por revelar, convidam à procura de formas de preservação da memória deste mundo
rural, que poderão assentar, nomeadamente nas seguintes actuações:
valorização das técnicas e materiais tradicionais de construção, adaptados ao
clima;
recolha de histórias e de documentos e respectivas publicações;
preservação dos núcleos mais genuínos dessas aldeias e dos monumentos
mais representativos que as integram;
preservação da matriz de alguns dos montes mais representativos, através da
sua recuperação, pelos proprietários, para habitação e/ou instalação de
unidades de turismo em meio rural;
recuperação de algumas das unidades industriais de raiz rural (antigos
lagares, moagens, adegas, moinhos de vento e moinhos de água).
A valorização potencial destes recursos pode ser ampliada a partir da concepção de
projectos integrados que associem o turismo natureza, aos usos e costumes rurais, à
fruição do património histórico arquitectónico e a outras componentes de lazer. A
recente atribuição de um prémio internacional ao Projecto de Santiago do Escoural,
pode constituir um exemplo do tipo de intervenção possível, com condições de
reconhecimento e sucesso potencial.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO
86
A nova Cidade
O desenvolvimento da Cidade é marcado por novos núcleos de expansão
habitacional e por novos espaços públicos, que envolvem o Centro Histórico e por um
conjunto de equipamentos e infra-estruturas construídos e em construção que
acrescentam mais valias patrimoniais e culturais à Cidade e ao Concelho,
nomeadamente: Praça de Touros, Cine-Teatro Curvo Semedo, Parque Urbano; novos
espaços públicos nas zonas de expansão; Parque de Piscinas; Piscinas Cobertas;
Parque Desportivo; Parque de Exposições, Mercados e Feiras; Parque de Leilões de
Gado.
A criatividade das gentes de Montemor e dos seus criadores em áreas tão diversas
como a gastronomia e o vinho, o artesanato, a música, e o baile, a pintura, a literatura
e a poesia, são outras expressões do património cultural do Concelho e constituem
uma mais valia enriquecedora do mesmo.
6.3. Equipamentos, projectos e iniciativas
Equipamentos de apoio à criação e actividade cultural, à preservação e
divulgação do património histórico, construído e natural
O Município (autarquia e agentes associativos e privados) tem desenvolvido uma
política cultural apoiada numa importante rede de equipamentos. Tendo como
objectivo a dinamização da política cultural, a requalificação e um melhor
aproveitamento dos equipamentos existentes ou que venham a ser instalados, poderá
ser aconselhável a constituição de uma Comissão para o Desenvolvimento
Cultural no Concelho de Montemor-o-Novo.
Entre os equipamentos e projectos culturais existentes e programados:
Cine-Teatro Curvo Semedo, para o qual está previsto um projecto de
remodelação, que mantém as características actuais. Prevê-se a utilização do
espaço tanto pela autarquia, como por instituições da comunidade local e
outras entidades. Poderá equacionar-se uma lógica de funcionamento em rede,
com salas de outros concelhos. Com o projecto de remodelação, a capacidade
rondará as 750 pessoas.
Rádio-Cine, espaço recentemente alugado pela autarquia. Prevê-se a sua
requalificação, mantendo, no fundamental, a estrutura actual. Poderá ter uma
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 87
lógica de funcionamento polivalente, eventualmente com um auditório para
cerca de 200 pessoas, alternativa ao cinema no Curvo-Semedo, espectáculos
e criação.
Quatro Conventos na Cidade: Convento S. João de Deus (Biblioteca e Galeria
Municipal), Convento de S. Domingos (Espólios Arqueológicos), Convento de
S. Francisco (Centro de Artes Plásticas) e Convento da Saudação (Centro de
Artes dos Espectáculos). A política cultural da autarquia procura desenvolver
pólos culturais em cada um deles que, ao mesmo tempo, contribuam para a
recuperação dos edifícios.
Biblioteca Municipal �Almeida Faria�, instalada no Convento S. João de Deus,
centro de difusão de cultura e de informação para o desenvolvimento (publica a
Revista Almansor - Revista de Cultura). É sentida a necessidade de a
Biblioteca crescer em espaço, dispor de novos equipamentos e de novas
valências (p.e., salas de estudo, fundos documentais, espaços e meios de
informação).
Arquivo Histórico Municipal - actualmente instalado no Convento de S. João de
Deus, será transferido para novas instalações na antiga cadeia. Após a fase de
instalação, este Arquivo integrará as seguintes valências: Arquivo Municipal,
Arquivo Intermédio do Município, Arquivo Histórico, Centro de Documentação
e Arquivo da Reforma Agrária (CDARA), uma área para a realização de
exposições e iniciativas diversas e um auditório com capacidade para 70 a 80
pessoas.
A nova componente preenchida pelo CDARA, constitui um projecto que visa
preservar a memória histórica dos acontecimentos ocorridos nos campos do
Sul (como a luta pelas oito horas, a Reforma Agrária desencadeada no âmbito
da Revolução de Abril, os impactes económicos e socais da Política Agrícola
Comum, etc.), através de arquivo documental; da edição de obras (já editadas:
�A PAC e o futuro do Alentejo�, 2003; �Uma Revolução na Revolução �
Reforma Agrária no Sul de Portugal�, 2004); e da dinamização da reflexão
sobre o tempo presente e os caminhos a percorrer no processo em curso de
profunda transformação no mundo rural alentejano e concelhio.
Com estas iniciativas, pretende-se criar condições para uma maior interacção
entre o Arquivo e a população.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO
88
Galeria Municipal, também instalada no Convento de S. João de Deus.
Convento da Saudação, vocacionado para a promoção, investigação e
divulgação das Artes dos Espectáculos, com a criação de um Centro Nacional
de Artes Transdisciplinares (CNAT). Encontra-se já instalado o Projecto
Espaço do Tempo - Centro Coreográfico de Montemor-o-Novo, da
responsabilidade de Rui Horta. No âmbito da criação do CNAT aguarda-se o
desenvolvimento do processo de concurso para a reabilitação arquitectónica do
Convento.
Convento de S. Francisco, perspectivando-se neste espaço o desenvolvimento
das Artes Plásticas. Encontra-se instalado o Projecto Associação Oficinas do
Convento. O Convento precisa de recuperação e de valorização do património,
para cujo processo de reabilitação foi solicitada a cooperação dos Monumentos
Nacionais. Foi feito um levantamento e um programa funcional, pelos serviços
da autarquia.
Convento de S. Domingos, onde estão instalados, o Museu de Arqueologia e
salas de olaria, arte sacra, etnografia e tauromaquia. Neste Convento funciona
a sede do Grupo dos Amigos de Montemor.
Telheiro da Encosta do Castelo, propriedade municipal. Alberga um projecto
com várias vertentes: produção de materiais tradicionais de construção (telha e
tijolo); investigação artística (cerâmica), em cooperação com a Faculdade de
Belas Artes de Lisboa (protocolo); formação profissional (produção de materiais
tradicionais).
Centro Interpretativo do Castelo, recentemente instalado, na Igreja de S. Tiago.
Antigo Colégio Mestre de Avis, que tem em curso um projecto de recuperação
do edifício do Centro Juvenil (espaço polivalente para jovens, acolhimento de
projectos, iniciativas e acções, apoio a movimentos associativos locais).
Moinho do Ananil, situado no Rio Almansor, foi adquirido pelo município. A ser
pensado/conceptualizado o funcionamento deste espaço na perspectiva de
recuperação, de valorização do património existente e zona de interpretação, e
recepção a eventos culturais. Encontra-se já em funcionamento o Projecto A
Escola e o Rio e estão em desenvolvimento, um evento cultural anual Ananil e
os Eco-percursos, de interpretação do Rio e do Moinho.
Espaço do Tempo, albergando uma black box.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 89
Sala Multimédia José Saramago, Espaço de Memória �Levantado do Chão�,
em Lavre.
Sociedade Antiga Filarmónica Montemorense �Carlista� (1861).
Sociedade Pedrista (1891).
Sociedade Recreativa Grupo União Escouralense (1909).
Centro Interpretativo das Grutas do Escoural, instalado na Vila do Escoural.
Núcleo de Interpretação Ambiental da Rede Natura, instalado nos Baldios,
freguesia de S. Cristóvão.
Centros Culturais, instalados nas freguesias rurais, muitas vezes com
instalações pouco qualificadas e com actividade muito reduzida que necessita
de ser repensada, de acordo com a realidade desses meios. Perante esta
constatação, com a redução da vida económica, resultante da decadência da
agricultura e ao não surgimento de outras actividades económicas e face ao
despovoamento e envelhecimento da população, é urgente que a Câmara
Municipal, as Juntas de Freguesia e outras entidades locais, promovam uma
reflexão e procurem abrir caminhos para a valorização destes equipamentos ao
serviço do desenvolvimento e da cultura nas respectivas freguesias.
Projectos e iniciativas de cultura
A dinâmica de iniciativa da autarquia e das associações e grupos de intervenção na
esfera cultural permite ter actualmente em funcionamento, entre outros, os seguintes
projectos: Programa do Castelo e Unidade de Arqueologia; Associação Cultural
Espaço do Tempo; as Oficinas do Convento (Simpósio Internacional de Escultura em
Terra, e outros eventos); o Telheiro da Encosta do Castelo; o Coral de S. Domingos; o
Curso de Aperfeiçoamento de Jovens Músicos; a Casa do Povo de Lavre; a Oficina da
Criança; a Oficina do Canto; a Escola de Ballet; o Ciclo da Primavera; as Noites na
Cidade; as Festas Populares de Verão nas Freguesias; o Festival Internacional de
Folclore; o Festival das 4 Cidades; o Arte na Planície; a Feira Medieval; a Fonte de
Letras e Danças com Livros.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO
90
Agentes culturais e de comunicação
O Concelho tem em actividade um conjunto assinalável de agentes de intervenção
cultural sendo de salientar, entre outros, os seguintes: Rancho Folclórico Fazendeiros
de Montemor-o-Novo, Rancho Folclórico e Etnográfico de Montemor-o-Novo, Rancho
Folclórico de Cortiçadas, Banda Filarmónica da Sociedade Carlista, Rancho Folclórico
de Cabrela, Banda Filarmónica da Casa do Povo de Cabrela, Banda Filarmónica
�Simão da Veiga� de Lavre, Fanfarra dos Bombeiros Voluntários, Quinteto de Metais
de Lavre, Encontro de Teatro Theatron; A Folha de Montemor, O Montemorense e
Rádio Local Nova Antena, Centro de Produção de Cinema de Animação, Estúdio de
Gravação (Rádio e Televisão), Associação Projecto Ruínas.
Instrumentos de requalificação e valorização do património e de impulso às
actividades e projectos culturais
Plano de Pormenor de Salvaguarda e Reabilitação do Centro Histórico. Objectivo:
requalificação da zona habitacional, do Castelo e de troços do Rio Almansor.
Carta do Património da Área do Centro Histórico. Carta elaborada no âmbito do
Plano de Salvaguarda, que identifica os imóveis edificados de valor
arquitectónico, com a respectiva proposta de classificação (Plano de
Salvaguarda, Volume 1, CMM, 2000):
Ermida de S. Lázaro; Convento de N. Srª da Conceição; Ermida de N. Srª da
Paz; Hospital do Espírito Santo e Santo André; Ermida de S. Vicente; Igreja e
Convento de S. Francisco; Ermida de N. Srª da Visitação; Convento de S. João
de Deus; Casa de habitação na Rua Teófilo Braga, 58; Casa de habitação,
estilo Manuelino, na Rua Teófilo Braga, 52; Chafariz de N. Srª da Conceição;
Fonte da Rua Nova; Chafariz do Besugo ou Fonte Nova de D. Maria II; Moinho
do Ananil; Recolhimento do St.º Sacramento de N. Srª da Luz (Hospital da
Misericórdia); Casa-Torre de habitação na Rua D. Vasco; Pórtico e Fonte da
Horta do Pocinho; Horta de D. Afonso; Horta da Janelinha; Escola Primária
Conde Ferreira.
Programa do Castelo.
Inventários do património arquitectónico do Concelho (arquitectura manuelina e
pintura mural).
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO 91
Nas freguesias destaca-se um conjunto de elementos patrimoniais e culturais:
Cabrela: Igreja Matriz e Moinhos de Vento;
Cortiçadas de Lavre: Moinhos de Vento, Fontanário das Casas Novas e
vestígios de cabanas em cortiça;
Lavre: Igrejas Matriz, da Misericórdia, de S. Sebastião, de Santo António e
de S. Pedro, Ponte Romana, Fonte Romana, Fonte Nova, Fonte de N. Srª
do Carmo, Pedra Furada, Torre do Relógio e Pelourinho;
Ciborro: Igreja de S. Lourenço e antas;
Escoural: Gruta do Escoural, Tollos, povoado calcolítico, Igreja Matriz,
Capelas de S. João Baptista e de S. Brissos, Convento de N. Srª do
Castelo das Covas de Monfurado, Fornos de Carvão e de Cal, Quinta de N.
Srª do Rosário e Convento de Rio Mourinho e Anta Capela de N. Senhora
do Livramento.
S. Cristóvão: Igreja Matriz, Cruzeiro, Alminhas, Ponte Romana e Conjunto
Megalítico do Tojal;
Silveiras: Igreja de Safira e Igreja de Santo Aleixo;
N. Sra. da Vila: Museu de Arqueologia, Igrejas do Calvário, de Santa Sofia
e de S. Mateus;
N. Sra. do Bispo: antas (Anta Grande da Comenda, Anta do Estanque e
muitas outras), Igreja de S. Geraldo e Ermida da Comenda da Igreja.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE I. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO
92
Principais potencialidades Principais debilidades
Presença pré-histórica e histórica de
grande força estética. Património Paleolítico da Gruta do
Escoural, até agora, único no Sudoeste
da Península. O património megalítico
no Alentejo é um dos mais importantes
senão o mais importante do Mundo, com destaque para a mancha Évora/Reguengos de Monsaraz/Montemor-o-Novo.
Possibilidade de aproveitamento económico e cultural do património do
paleolítico e do neolítico, e dos núcleos
antigos das aldeias e montes característicos da arquitectura tradicional alentejana
Valioso património natural, construído e
cultural. Existência de um conjunto significativo
de equipamentos de apoio à cultura e
aos actores culturais e criadores. Projectos e iniciativas (em curso ou em
preparação) no âmbito do património
construído e natural, e da actividade cultural.
Intervenção de um importante conjunto de agentes e actores culturais.
Existência de instrumentos de
requalificação do património, de
renovação urbanística e comercial, e de
impulso às actividades e projectos patrimoniais e culturais (p.e., Plano de Pormenor de Salvaguarda e Reabilitação do Centro Histórico e
Carta do Património da Área do Centro
Histórico). Acordo com a Faculdade de Belas
Artes para desenvolver a formação e a
criatividade.
Incipiente conhecimento do período
muçulmano. Insuficiente investimento público e
privado na requalificação do Centro
Histórico, incluindo a habitação, e em
projectos culturais de envergadura, o que atrasa ou impossibilita a sua concretização.
Estado de degradação de parte do
parque habitacional no Centro Histórico, com ocorrência de situações de despovoamento e de envelhecimento dos residentes.
Reduzida participação no Montemorcom - Projecto Especial de Urbanismo Comercial.
Despovoamento e envelhecimento nos núcleos mais característicos das aldeias.
Centros Culturais das freguesias com actividade muito reduzida.
Estado de abandono do parque arqueológico do neolítico e degradação
de parte dos monumentos do Concelho.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE II. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO E PROGRAMAS DE ACTUAÇÃO 93
PARTE II � ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO E PROGRAMAS DE
ACTUAÇÃO
1. PERSPECTIVAS DE DESENVOLVIMENTO
A primeira Parte da Carta Estratégica apresentou de forma detalhada um conjunto de
elementos de diagnóstico que procuraram evidenciar recursos e potencialidades, mas
também deram conta das fragilidades e factores de risco que enquadram as condições
actuais e futuras do desenvolvimento de Montemor-o-Novo.
O Diagnóstico-síntese deixa a claro a existência de: (i) por um lado de importantes
elementos de incerteza e de indefinição que condicionam a identificação de
perspectivas económicas e territoriais, sobretudo, as que podem resultar da
concretização de projectos estruturantes, com impactes directos e/ou indirectos no
Concelho; e (ii) por outro lado, de um conjunto de argumentos competitivos do
Concelho no contexto regional mas acentua a necessidade de conduzir intervenções
concertadas de atracção de investimento, de visitantes e de novos residentes que
contribuam para o aproveitamento e a valorização dos recursos e potencialidades de
Montemor-o-Novo.
As questões seguintes sistematizam uma parte relevante das incertezas e indefinições
referidas cuja orientação, num ou noutro sentido, têm implicações importantes para o
desenvolvimento concelhio e evidenciam até que ponto, a nível micro/local, existe uma
dependência séria de vectores cujo controlo e definição se situam noutros planos,
nomeadamente, no plano sectorial e/ou regional ou mesmo no plano macro das
políticas públicas centrais.
Que níveis de investimento público teremos através do Orçamento de Estado e
que prioridades e objectivos serão propostos?
Continuarão a carga fiscal e as políticas sociais a agravar o orçamento dos
trabalhadores, dos reformados e das famílias, com os impactos negativos que
isso tem a nível do desenvolvimento local e regional?
Que novas alterações provocarão no comércio a abertura de novos espaços
comerciais na Cidade, na Região e nas regiões envolventes?
Qual vai ser o investimento público e privado no Empreendimento de Fins
Múltiplos de Alqueva e que orientações e prioridades vão ser imprimidas?
A Albufeira de Minutos virá a ser ligada ao Sistema de Alqueva?
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE II. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO E PROGRAMAS DE ACTUAÇÃO
94
A nova Lei da Água (58/2005) considera como uso prioritário da água o
abastecimento público. Para quando a elaboração do Plano de Ordenamento
da Albufeira dos Minutos, de forma a serem definidos objectivos e usos
(abastecimento público, agricultura, indústria, turismo, �)?
Que aproveitamento económico terá a área abrangida pela Albufeira dos
Minutos e por albufeiras privadas existentes no Concelho?
Vai concretizar-se um �cluster� na área da aeronáutica, tendo como núcleos
centrais Ponte de Sôr, Évora e Beja?
Que apoios, investimentos e orientações vão ser destinados à exploração e
transformação dos mármores e dos concentrados piritosos?
Que impactos reais irá ter a aplicação da Política Agrícola Comum, na
produção agrícola e alimentar, no emprego, no povoamento e no ordenamento
do território?
Quando disporá o País e a Região de uma intervenção estratégica dotada de
recursos para a área das energias renováveis e qual o papel da Região e do
Concelho?
Que impactes terá a nova Lei do Arrendamento na habitação, na reabilitação
urbana e no comércio na Região e no Concelho?
Quais os níveis de articulação de concelhos do interior alentejano, com
potencial turístico, relativamente às dinâmicas induzidas pelo sistema de
preferências associado aos fluxos de investimento, nomeadamente da
imobiliária turística concentrada no litoral alentejano?
A resposta a estas e a outras questões por parte do poder central e dos principais
actores públicos e privados da Região, constitui matéria-prima indispensável para
reflectir acerca das perspectivas futuras, na medida em que proporcionaria outras
condições para traçar com segurança caminhos futuros que conduzam ao
desenvolvimento económico e social do Concelho.
Este primeiro ponto da Parte II da Carta Estratégica, formulado pela positiva, num
cenário de optimismo realista, tem por finalidade sistematizar um quadro dinâmico de
oportunidades a explorar e de áreas de intervenção que as poderão potenciar, a médio
e longo prazo, extraindo deste exercício um conjunto consolidado de perspectivas de
desenvolvimento.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE II. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO E PROGRAMAS DE ACTUAÇÃO 95
Trata-se de um exercício prospectivo de significativa oportunidade à luz da
disponibilidade muito recente de Documentos estruturantes para o desenvolvimento
futuro do Alentejo, designadamente as Orientações Estratégicas Regionais � Alentejo
2015 e o Projecto de Programa Operacional Regional do Alentejo, 2007-2013.
Na óptica do posicionamento competitivo de Montemor-o-Novo e da sua afirmação
como território nuclear do Alentejo Central, importa destacar, sinteticamente, um
conjunto de linhas orientadoras da estratégia de desenvolvimento regional
relativamente às quais o Concelho tem contributos a dar e benefícios a acolher, fruto
dos impactes territoriais associados às dinâmicas prospectivas no horizonte 2015:
Renovação das actividades tradicionais, através da dinamização e ampliação
das cadeias de valor associadas aos recursos naturais e endógenos � uma das
grandes alavancas do desenvolvimento competitivo da Região Alentejo.
Aproveitamento activo das vantagens da posição logística, na intermediação
entre Portugal/Espanha, através da consolidação de investimentos realizados
(Porto de Sines, Auto-estrada Lisboa - Madrid) e implementação de novas
infra-estruturas de transportes (TGV, ferrovia Sines/Elvas, plataformas
logísticas, Aeroporto de Beja, �).
Implementação de um modelo de desenvolvimento sustentável da actividade
turística ancorado em recursos naturais, paisagísticos e culturais (património
tangível e intangível) � recursos identitários e característicos do Alentejo.
Obtenção de uma elevada eficiência na gestão dos recursos naturais (recursos
hídricos, solo, paisagem �) � satisfação das necessidades, minimização dos
efeitos da seca, da desertificação, etc. (Adaptado do Projecto de Programa
Operacional do Alentejo, 2007-2013).
Estas linhas orientadoras têm ressonância clara na construção/leitura da Tabela
seguinte que sintetiza os principais elementos-chave do binómio oportunidades/áreas
de intervenção, organizados segundo dimensões analíticas que serão posteriormente
�agarradas� nas perspectivas de desenvolvimento e nos objectivos estratégicos.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE II. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO E PROGRAMAS DE ACTUAÇÃO
96
Oportunidades a explorar Áreas de intervenção
Boas infra-estruturas viárias que permitem
elevada acessibilidade rodoviária à Área
Metropolitana de Lisboa, à Península de
Setúbal e a Espanha.
Localização próxima da futura estação do
comboio de Alta Velocidade Lisboa/Madrid (mercadorias-passageiros).
Perspectiva de efectivação de uma linha de mercadorias Sines/Casa Branca/Évora
(contentores e granéis).
Localização privilegiada no contexto da Rede
Nacional de Plataformas Logísticas:
Plataforma Logística do Poceirão (50km);
Plataforma Portuária de Lisboa e Centro de
Carga Aérea de Lisboa (100km); Plataforma Logística Transfronteiriça de Elvas|Badajoz
(130 km).
Proximidade a um pólo aglutinador regional
(a Cidade de Évora), onde se concentra a
maior parte dos serviços públicos de âmbito
regional.
Concelho abrangido pelo Arco Metropolitano de Lisboa o que potencia condições para
concorrer com outros concelhos, inseridos neste grande espaço, como zona privilegiada
para a instalação de empresas e centros
tecnológicos.
Existência de infra-estruturas e equipamentos culturais e recreativos, a par de agentes culturais com actividade regular e com condições de suporte à organização
regular de eventos.
Conjunto de valores naturais e recursos produtivos que caracterizam o espaço rural
susceptíveis de alimentar uma estratégia
sustentada de desenvolvimento rural.
Atracção populacional, sustentada pela
disponibilização de terrenos infra- -estruturados a custo acessível e
complementada pela dotação de
equipamentos colectivos, nos domínios
da educação, saúde, desporto e cultura.
Atracção de recursos humanos jovens, nacionais e imigrantes, exteriores ao Concelho, com vista a suportar a diversificação e a expansão da
economia local e de empresas que se instalem.
Recuperação de habitação degradada e
devoluta, e do património arqueológico e arquitectónico, com vista à reabilitação
física e humana do espaço.
Visibilidade da Cidade e da sua história,
no plano do turismo cultural da Região,
não só através da integração da mesma
nos circuitos turísticos regionais, como
também pela dinamização de eventos organizados pelos agentes culturais do Concelho.
Dotação de infra-estruturas permanentes de promoção/exposição da
produção local e regional alentejana,
assente na acessibilidade e centralidade de que beneficia relativamente ao mercado metropolitano litoral e espanhol.
Aproveitamento das possibilidades abertas no âmbito do Quadro de
Referência Estratégica Nacional 2007-2013, pelas alterações à aplicação,
pelos governos dos Estados-membros, da Política Agrícola Comum e pela reorganização da Política de
Desenvolvimento Rural
(continua)
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE II. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO E PROGRAMAS DE ACTUAÇÃO 97
(cont.)
Oportunidades a explorar Áreas de intervenção
Existência de uma valiosa herança pré- -historica manifesta no espaço
arqueológico do paleolítico e do neolítico;
e de uma herança histórico-cultural manifesta no património monumental da Cidade e nos núcleos mais antigos de
algumas freguesias no mundo rural.
Oportunidades económicas no domínio
das produções primárias associadas ao
potencial gerado pelo regadio; à
renovação e expansão do olival e do
montado; à consolidação económica de
importantes projectos vitivinícolas; e à
reintrodução de culturas horto-frutícolas.
Montados de sobro e azinho, como espaços de apoio à produção pecuária
(suínos, bovinos e ovinos), ampliando a
relevância da fileira das carnes no
Concelho.
Crescente capacidade transformadora de cortiça em instalação no Norte Alentejano
(Ponte de Sôr) e no Eixo Montemor-o- -Novo/Vendas Novas, consolidando a tendência de aproximação produção
primária/transformação industrial.
Potencial turístico por explorar, enquanto
complemento à oferta turística de um pólo
já expressivo no contexto regional e
nacional (Évora), através da integração
das ofertas inter-municipais num âmbito
mais vasto e integrado.
Existência de áreas mineiras auríferas, na
serra do Monfurado, no Escoural.
Potencialidades de afirmação regional no
domínio dos cuidados de saúde
pediátricos e geriátricos, dispondo de
infra-estruturas consolidadas e de instituições prestigiadas.
Qualificação dos equipamentos
económicos do Concelho (Zona
Industrial, Parque de Leilões de Gado,
Parque de Exposições, Mercados e
Feiras, Mercado Municipal) associada à
gestão coordenada e ao funcionamento em rede dos mesmos.
Fixação de recursos de excelência de
apoio à exploração florestal
(melhoramento de espécies, assistência
fitossanitária, difusão de técnicas de
gestão/exploração do montado, ...).
Criação de infra-estruturas e circuitos de apoio à transformação e comercialização
agrícola e pecuária, estimulando o
investimento local e atraindo investimento externo para a valorização de mercado dos produtos da terra.
Aproveitamento dinâmico e pró-activo das oportunidades abertas no âmbito dos
novos Programa Operacionais, a vigorar no período 2007-2013, designadamente: Eixos Prioritários do PO Regional; PO
Temáticos, com destaque para o da Valorização Territorial e o do Potencial Humano; e Programa de Desenvolvimento Rural.
Investimento na qualificação dos recursos
turísticos locais (património histórico e
arquitectónico; património e valores naturais; montes e aldeias rurais; produções genuínas valorizáveis pelos
visitantes; �).
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE II. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO E PROGRAMAS DE ACTUAÇÃO
98
Em face desta leitura de síntese das dinâmicas socioeconómicas latentes e dos
campos de possibilidades de intervenção e tendo, também, em consideração os
elementos institucionais que vão enquadrar a matriz de desenvolvimento do Alentejo a
médio/longo prazo � apontam-se as seguintes Perspectivas de Desenvolvimento para
Montemor-o-Novo:
Os Concelhos do Alentejo com melhores vantagens locativas, de que é
exemplo Montemor-o-Novo, serão os primeiros a beneficiar da procura de
localização de investimentos produtivos e económicos estimulada pela saída de
Lisboa de Região Objectivo 1, a partir de 2007.
Este movimento, que tenderá a abranger a instalação de novos investimentos
e a deslocalização de investimentos existentes (p.e., na Península de
Setúbal), é favorecido: (i) pela proximidade de Montemor-o-Novo às
Plataformas Logísticas Nacionais (Urbanas, Portuárias e Aéro-portuárias), ao
TGV Lisboa-Madrid (mercadorias-passageiros); (ii) pela eventual construção
da via férrea Sines | Casa Branca | Évora (granéis e contentores), cujo troço
Casa Branca-Évora se encontra em fase de modernização; e (iii) pela
existência de equipamentos e infra-estruturas existentes ou a criar, como o
novo Parque Empresarial e Tecnológico e a execução da 2ª fase da actual
Zona Industrial da ADUA.
As produções agro-alimentares específicas, com tradição e genuinidade
(carnes, vinhos, azeite, ...), organizadas sob o conceito de fileira, criadas ou
não segundo o modo de produção biológico, mas certificadas e com
incorporação crescente de conhecimento, design e marketing, em adequação
à procura dos consumidores finais, apresentam uma notável margem de
progressão, em termos de procura de mercado. Trata-se de produções que
contam, em Montemor-o-Novo, com tradição produtiva, investimentos de
modernização recentes e em perspectiva, para além de formas de cooperação
inter-empresas e de associativismo de produtores.
A possibilidade de criação de duas novas fileiras produtivas, poderá beneficiar
das prioridades dirigidas às fileiras estratégicas contempladas no Programa de
Desenvolvimento Rural. Estão neste caso: (i) as culturas horto-
-frutícolas, contando com uma gestão que potencie o aproveitamento de
regadio instalado e a instalar; e (ii) a fileira do montado e da cortiça,
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE II. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO E PROGRAMAS DE ACTUAÇÃO 99
potenciada pelos apoios comunitários, pela tendência de deslocalização das
unidades de transformação de Norte para Sul, e pela apetência crescente
pelas carnes frescas e produtos de charcutaria de Porco de Raça Alentejana.
O ambiente e os recursos naturais, com expressão bastante rica no Concelho,
constituem um recurso estratégico para o desenvolvimento tanto no plano das
condições de vida e da actividade produtiva, como no plano da consolidação
do complexo de actividades do turismo e do lazer. As novas perspectivas de
�fruição pública/turística de áreas classificadas�, no quadro dos apoios à
conservação da natureza e promoção da biodiversidade, encontra aqui
expressão assinalável e pressupõe investimentos e infra-estruturas de
pequeno e médio porte destinadas a apoiar aquela fruição do património
natural e a proporcionar amenidades adicionais aos visitantes e aos residentes.
Os recursos culturais, o património arqueológico e arquitectónico, representam
uma importante mais-valia do Concelho, abrangendo a rede de equipamentos,
os agentes em actividade, bem como os eventos organizados com influência
local, regional e nacional. A existência de parcerias na utilização de recursos e
na organização de eventos, reforça o posicionamento dos bens culturais como
um activo do território com peso próprio na estratégia de desenvolvimento do
Concelho.
As questões do desenvolvimento urbano tenderão a ganhar expressão
redobrada no âmbito da política de cidades contemplando, nomeadamente,
operações de reabilitação urbana e iniciativas de cooperação intermunicipal. A
perspectiva de intervenção vai no sentido de reforçar a atractividade dos
centros urbanos e também a sua competitividade económica que, no caso de
Montemor-o-Novo, poderá revestir: (i) a melhoria das condições de vida dos
residentes (incluindo os que actualmente vivem nas áreas rurais e carecem de
melhorar a sua qualidade de vida e acessibilidade à saúde e a apoio social de
proximidade); e (ii) a atracção de novos habitantes para a Cidade,
redinamizando a oferta de habitação, as amenidades e as formas de ocupação
económica no Centro histórico.
O turismo e o lazer, através de uma estratégia de sustentabilidade, que
promova Montemor-o-Novo como destino turístico, apresentam uma margem
de progressão de largo espectro. O aproveitamento potencial pressupõe a
construção de um produto turístico compósito que integre de forma inter-
activa: o ambiente e os recursos naturais (Tema: Natureza, Aventura e
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE II. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO E PROGRAMAS DE ACTUAÇÃO
100
Parques Temáticos), os recursos culturais e o património arquitectónico
(Tema: O Castelo e o Circuito dos Conventos), o património arqueológico
(Tema: Projecto Cultural do Paleolítico e do Neolítico - A Grande Aventura
Humana) e a prestação de serviços de saúde especializados (Turismo de
Saúde e Sénior).
Estas componentes desenham um perfil de produto turístico que pode ser
colocado num mercado de implantação, ampliado por novos fluxos de
visitantes (e residentes) atraídos pela dinâmica da imobiliária turística a
instalar no litoral alentejano.
As questões do acesso ao emprego e ao rendimento, do envelhecimento
demográfico, da protecção social e dos cuidados de saúde assumem especial
relevância no Concelho tanto na Cidade, como nas freguesias rurais, e
sugerem a necessidade de enquadrar uma perspectiva de equidade social e
territorial na estratégia de desenvolvimento para Montemor-o-Novo, com
concretização em propostas de actuação.
No horizonte do médio/longo prazo, a criação de um ambiente dinâmico de
desenvolvimento social e económico do Alentejo pressupõe a existência de
relações de parceria efectiva sob pena de uma maior dificuldade de acesso a
recursos de financiamento, mas também porque essa cooperação é
indispensável à concretização de investimentos estratégicos.
Tal significa que há uma vertente de intervenção que pressupõe negociação
institucional de base sectorial (entre associações empresariais, organismos da tutela e
centros tecnológicos e de formação, �) e regional (entre municípios) para a fixação de
equipamentos e investimentos (p.e., nos domínios da logística, dos equipamentos
económicos, dos recursos de ciência e tecnologia e da organização das produções
primárias).
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE II. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO E PROGRAMAS DE ACTUAÇÃO 101
Matriz de racionalidade e coerência entre as Perspectivas de desenvolvimento
para Montemor-o-Novo e as Linhas orientadoras da estratégia de desenvolvimento regional
Perspectivas de desenvolvimento para
Montemor-o-Novo
Linhas orientadoras da estratégia de
desenvolvimento regional
Procura de
localização de
investimentos
produtivos e
económicos
Progressão
das
produções
agro-
-alimentares
específicas
Possibilidade de
criação de duas
fileiras
produtivas
(horto-frutícolas
e montado/
/cortiça)
Ambiente
e
recursos
naturais
Turismo/
/Lazer
Recursos
culturais,
património
arqueológico e
arquitectónico
Reabilitação
urbana e
cooperação
inter-
-municipal
Equidade
social e
territorial
Renovação das actividades
tradicionais/Dinamização e ampliação das
cadeias de valor associadas aos recursos naturais e endógenos
Potenciação de actividades económicas
emergentes de maior valor acrescentado e/ou maior intensidade tecnológica
Exploração da posição logística, na
intermediação entre Portugal/Espanha, através
da consolidação de investimentos realizados e
implementação de novas infra-estruturas de transportes
Implementação de um modelo de desenvolvimento sustentável da actividade
turística ancorado em recursos naturais,
paisagísticos e culturais - identitários e
característicos da Região
Reforço do papel das Cidades como motor
económico da Região, promovendo um
desenvolvimento urbano sustentável e
reforçando a sua competitividade e atractividade
Obtenção de uma elevada eficiência na gestão
dos recursos naturais � satisfação das
necessidades, minimização dos efeitos da seca,
da desertificação, etc.
Promoção da eficiência da governação nos seus
vários níveis, visando à redução dos �custos
públicos de contexto�
Legenda: Relação Forte: Relação Média: Relação Fraca:
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE II. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO E PROGRAMAS DE ACTUAÇÃO 102
2. OBJECTIVOS ESTRATÉGICOS DE DESENVOLVIMENTO
A formulação dos Objectivos Estratégicos de Desenvolvimento parte, naturalmente, do
exercício do ponto anterior e procura integrar um conjunto de preocupações de
natureza política que visam enquadrar equilíbrios sociais e territoriais que se afiguram
indispensáveis, em termos prospectivos e de desenvolvimento futuro do Concelho (no
horizonte da próxima década), nos seus espaços de integração económica e territorial.
Assim, e recuperando as mensagens das notas de Introdução da Carta Estratégica,
nomeadamente as ideias estratégicas para Montemor-o-Novo, são definidos os
seguintes Objectivos Estratégicos de Desenvolvimento.
A arquitectura de Objectivos Estratégicos afirma a polaridade das questões da
actividade económica diversificada e de criação de emprego e crescimento
demográfico como eixos matriciais da estratégia de desenvolvimento para o Concelho.
Paralelamente, recupera como valor económico e de estruturação de actividades, a
cultura, o património, e a envolvente de atractividade de residentes e visitantes.
MONTEMOR ECONOMIA
DIVERSIFICADA
MONTEMOR QUALIDADE DE VIDA SERVIÇOS DE SAÚDE
ESPECIALIZADOS
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CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
3. PROGRAMAS DE ACTUAÇÃO, MEDIDAS, PROJECTOS E ACÇÕES
A concepção de Programas de Actuação no roteiro metodológico e operacional da
Carta Estratégica de Montemor-o-Novo tem por finalidade conduzir à concretização
dos Objectivos Estratégicos de Desenvolvimento.
O perfil de acções e projectos que integram os Programas de Actuação abrangem
intervenções que foram apontadas por agentes económicos, culturais e sociais e por
munícipes, no quadro integrador das propostas e ideias que foram surgindo ao longo
dos trabalhos de elaboração da Carta Estratégica. Posteriormente, procedeu-se a um
levantamento de projectos identificados pelos departamentos municipais.
Os projectos e acções constantes dos Programas de Actuação correspondendo em
parte a áreas de competência da Câmara Municipal, têm um perfil de concretização
que remete também para a iniciativa privada e pública supra-local, nomeadamente de
organismos da Administração Central e Regional, no actual quadro de atribuições
entre órgãos do Estado.
O partenariado de iniciativa/de projecto constitui uma referência importante na
abordagem estratégica do desenvolvimento do Concelho. Com efeito, e do ponto de
vista da concretização do conjunto de projectos e acções propostas, trata-se de
estimular uma nova atitude em que aos esforços e capacidade de iniciativa da
autarquia na promoção de desenvolvimento cultural, social e económico, se juntem
outras dinâmicas portadoras de futuro com origem no tecido sócio-económico e
institucional concelhio, regional e nacional.
O trabalho técnico desenvolvido pela Equipa responsável pela elaboração da Carta
Estratégica permitiu, igualmente, estabelecer níveis de prioridade entre:
Projectos Estruturantes (determinantes para a concretização dos Objectivos
Estratégicos).
Projectos de Impacte relevante (num horizonte de médio/longo prazo).
Projectos Complementares (intervenções que, de forma directa ou indirecta,
contribuem para domínios de concretização dos Objectivos Estratégicos).
Uma segunda dimensão de prioridade considerada no trabalho, remete para o
faseamento indicativo desses projectos, segundo perspectivas de curto, médio e longo
prazo (cf. Volume II � Programas de Actuação � Projectos e Acções).
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE II. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO E PROGRAMAS DE ACTUAÇÃO 104
Na apresentação dos Programas de Actuação procedeu-se a uma organização por
Medidas, de modo a reforçar a coerência das intervenções propostas, face à
diversidade que caracteriza a integração de projectos e acções incluídas em cada um
dos cinco Programas:
1. Economia renovada e Emprego
2. Urbanismo e Qualidade de vida
3. Ambiente e Desenvolvimento Rural
4. Cultura e Património
5. Educação e Desporto, Saúde e Acção Social
Estes Programas de Actuação, na sua estruturação temática (de domínios de
intervenção) e na sua arquitectura de Medidas e Acções/Projectos, procuram reflectir
uma visão, simultaneamente ambiciosa e equilibrada, para o desenvolvimento da
iniciativa pública municipal e do partenariado público-privado no Concelho, no
horizonte da próxima década.
Embora com impactes e prioridades diferentes, este conjunto de intervenções reflecte
um elevado grau de racionalidade e coerência com a matriz de intervenção proposta
para as políticas públicas regionais no âmbito do período de programação dos fundos
estruturais que agora se inicia (cf. Matriz seguinte).
A matriz de intervenção do PO Regional é fortemente delimitada por prioridades de
inovação e competitividade e de qualificação de equipamentos e recursos, segundo
uma filosofia que privilegia investimentos de natureza imaterial, atribuindo menor
prioridade a investimentos de base material, designadamente em domínios de
intervenção mais afiliados aos equipamentos colectivos. Este perfil explica que as
relações de intensidade assinaladas na Matriz, sejam menos densas nos Programas
de Actuação, predominantemente centrados nos equipamentos colectivos e sociais.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
Matriz de racionalidade e coerência entre os Programas de Actuação para Montemor-o-Novo e as Áreas de
intervenção propostas pelos Eixos prioritários do PO Alentejo, 2007-2013
Programas de Actuação
Eixos prioritários/Áreas de intervenção
1. Economia
Renovada e
Emprego
2. Urbanismo
e Qualidade
de Vida
3. Ambiente e
Desenvolvimento
Rural
4. Cultura
e
Património
5. Educação
e Desporto,
Saúde e
AcçãoSocial
1. Competitividade, inovação e conhecimento
Criação de micro e pequenas empresas
inovadoras
Projectos de I&D (projectos de cooperação
entre micro e pequenas empresas e entidades do SCT Regional)
Projectos de investimento produtivo para inovação em micro e pequenas empresas
Qualificação de micro e pequenas empresas Desenvolvimento da sociedade do
conhecimento
Rede de ciência e tecnologia (instalações e
equipamentos científicos e tecnológicos)
Áreas de acolhimento para a inovação
empresarial (ALE, parques tecnológicos,
incubadoras e parques de ciência e
tecnologia)
Acções colectivas de desenvolvimento
empresarial
Intervenções complementares em redes de
energia (unid. autónomas gás e ligação à
rede eléctrica de locais produção
electricidade c/ base energias renováveis)
2. Desenvolvimento Urbano
Parcerias para a regeneração urbana Redes urbanas para a competitividade e
inovação
Mobilidade urbana 3. Conectividade e articulação territorial
Infra-estruturas e redes de mobilidade Redes de equipamentos
4. Qualificação ambiental e valorização do espaço rural
Gestão de recursos hídricos Prevenção e gestão de riscos naturais e
tecnológicos
Estímulo à reciclagem e reutilização de
resíduos e valorização de áreas extractivas
Conservação da natureza e promoção da
biodiversidade
Valorização e ordenamento da orla costeira Valorização económica do espaço rural
5. Governação e capacitação institucional
Assistência técnica Governo electrónico regional e local Facilitar a relação das empresas e dos
cidadãos com a administração
desconcentrada e local
Promoção institucional da Região
Legenda: Relação Forte: Relação Média: Relação Fraca:
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE II. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO E PROGRAMAS DE ACTUAÇÃO 106
PROGRAMA DE ACTUAÇÃO - ECONOMIA RENOVADA E EMPREGO
Enquadramento estratégico e Objectivos gerais
O desafio de uma economia renovada com emprego em Montemor-o-Novo, pressupõe
uma estrutura produtiva assente na modernização (inovação e competitividade), na
diversificação das actividades económicas, na qualificação dos recursos humanos
residentes e a fixar, e na promoção das vantagens comparativas do Concelho, no
contexto regional, nacional, ibérico e europeu. Uma economia renovada pressupõe
também a capacidade de atrair novos fluxos de investimento privado e público,
geradores de riqueza e de emprego qualificado e adequadamente remunerado.
A concretização do Programa de Actuação - Economia Renovada e Emprego deve
consubstanciar-se numa actuação coordenada entre agentes públicos e privados e
estruturas associativas, sendo um factor catalisador de projectos/acções, orientados
para operacionalizar os Objectivos Estratégicos de Desenvolvimento do Concelho.
A sua composição assenta nos seguintes princípios base:
Renovação da estrutura económica local: agricultura, indústria, indústria
extractiva aurífera, comércio, serviços e turismo.
Dinamização e reforço de actividades emergentes (fileiras de produção) já
manifestada em algumas produções primárias que exploram nichos de
mercado.
Apoio à inovação e à criação de marcas e à certificação por forma a promover
�produtos/imagem de qualidade�.
Atracção de novos investimentos e prospecção de novos mercados �
fortalecendo as vantagens decorrentes da posição geo-estratégica (face a
grandes mercados e a futuras plataformas logísticas) e as boas acessibilidades
existentes e programadas.
Sustentabilidade ambiental � valorização das actividades que promovam a
fixação das populações no mundo rural e preservem as condições naturais e o
ambiente.
No quadro das perspectivas de desenvolvimento e dos princípios enunciados, o
Programa de Actuação - Economia Renovada e Emprego tem como objectivos gerais:
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
Valorizar a complementaridade das infra-estruturas de suporte à actividade
económica e de comunicação.
Dinamizar a actividade empresarial através da atracção de novos
investimentos, da consolidação e incremento das actividades existentes, do
reforço da capacidade competitiva das empresas e da diversificação de
actividades económicas em espaço rural.
Afirmar Montemor-o-Novo como produtor de bens agro-alimentares de
qualidade.
Desenvolver as actividades turísticas e de lazer, valorizando o produto turístico
montemorense junto de diferentes segmentos de procura que demandam a
Região.
Promover o crescimento do emprego e a qualificação dos recursos humanos.
Potenciar o rendimento dos trabalhadores e dos empresários.
Projecto estruturante
No âmbito crucial da economia e do emprego, o Projecto estruturante de intervenção
apresenta duas componentes que consistem em racionalizar o aproveitamento de um
conjunto de equipamentos de apoio à actividade económica existentes no Concelho, a
par da criação de outros equipamentos:
(a) Gestão coordenada e funcionamento em rede dos seguintes equipamentos: Zona
Industrial da Adua; Parque de Exposições Municipal; Parque de Leilões de Gado; e
Mercado Municipal.
(b) Construção de novos equipamentos económicos: Parque Empresarial e
Tecnológico; Matadouro Regional; Fábrica de Carnes, Presuntos e Charcutaria de
Porco de Raça Alentejana; Centro Tecnológico para a fileira do Montado e da
Cortiça; Centro de Concentração e Distribuição de Horto-frutícolas.
Em termos operacionais trata-se:
(i) por um lado, de concretizar actuações em matéria de qualificação dos espaços
de programação regular de eventos económicos e de definição de um modelo
de gestão dos equipamentos visando o seu funcionamento em rede; e,
(ii) por outro lado, de promover novos equipamentos centrados no suporte a
fileiras produtivas com elevado potencial no Concelho e territórios envolventes,
actuação geradora de um efeito escala susceptível de atrair novos
investimentos.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE II. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO E PROGRAMAS DE ACTUAÇÃO 108
A formação profissional, técnica e especializada (abrangida pelo Projecto estruturante
do Programa de Actuação 5 que enquadra a Educação Tecnológica e a Formação
Profissional), deverá contribuir para reforçar esta perspectiva de qualificação e
dinamização dos equipamentos (existentes e a criar), de apoio à actividade económica
e, igualmente, para incorporação de valor acrescentado nas produções primárias.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
Projectos/Acções
Projectos
estrutu-
rantes
Impacto
relevante
Comple-
mentar Potenciais parceiros
Medida 1 � Produção de Bens Agro-Alimentares de Qualidade
1. Projecto de instalação de uma Unidade de Abate e Transformação (Matadouro
Regional) X X
CMMN, Associações de Produtores, Liga de Pequenos e
Médios Agricultores, Suinicultores, Direcção Regional de Agricultura do Alentejo (DRAA), Agência de Desenvolvimento
Regional do Alentejo (ADRAL), Coprapec e Investidores externos
2. Projecto de instalação de uma Unidade de
Transformação Regional de Carnes,
Presuntos e Charcutaria de Qualidade X X
CMMN, Associações de Produtores, Montado Alentejano,
DRAA, ADRAL, Coprapec e Investidores externos
3. Projecto de Instalação de um Centro
Tecnológico Regional para a fileira do montado e da cortiça, podendo enquadrar outros segmentos florestais
X X
Empresas Corticeiras do Concelho e de outros concelhos, Universidade de Évora, Institutos Politécnicos, DRAA,
ADRAL, Associações de Produtores, Câmaras Municipais,
Associação de Municípios, União da Floresta Mediterrânica e Investidores externos
4. Projecto de instalação de um Centro de
Concentração e de Distribuição de Horto-
-frutícolas X X
Empresários Agrícolas e Associações de Produtores, Coop.
Caminhos do Futuro, Coprapec, Universidade de Évora,
DRAA, ADRAL, CMMN, outros Municípios, Liga Pequenos e
Médios Agricultores, Coop. Consumo Montemor (Fenacoop), Intermarché e outros
(continua)
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE II. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO E PROGRAMAS DE ACTUAÇÃO 110
Projectos/Acções
Projectos
estrutu-
rantes
Impacto
relevante
Comple-
mentar Potenciais parceiros
Medida 1 � Produção de Bens Agro-Alimentares de Qualidade (cont.)
5. Aproveitamento do potencial de regadio
instalado e a instalar com a Barragem dos Minutos e outras infra-estruturas de armazenamento de água
X Associações de Agricultores, DRAA, CCDRA, EDIA, COTR, Univ. Évora e CMMN
6. Melhoramento das áreas de pastagens
naturais e de prados semeados, para a expansão e qualificação da fileira da carne
X Associações de Agricultores, DRAA, CCDRA, EDIA, COTR, Univ. Évora e CMMN
7. AgroMorAlentejo XXI
- Feira Bienal Transfronteiriça de Produtos
Agro-Alimentares, Florestais e Horto- -frutícolas de Qualidade do Alentejo;
- Mostra gastronómica do Alentejo;
- Promoção da oferta de turismo e lazer
- Organização de Conferências e eventos
X
CMMN, Associações de Produtores, Associação de
Hotelaria e Afins, Produtores de Vinhos de Montemor, Adegas Cooperativas, Associação de Municípios,
Regiões de Turismo e ARTA, Confrarias Gastronómicas
e de Vinhos do Alentejo, DRAA e outros
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
Projectos/Acções
Projectos
estrutu-
rantes
Impacto
relevante
Comple-
mentar Potenciais parceiros
Medida 2 � Expansão da Capacidade Industrial e Logística
1. Criação de uma Entidade para a Gestão de
Equipamentos Económicos (Parque de Exposições, Mercados e Feiras em
articulação com a Zona Industrial da ADUA, o
Parque de Leilões de Gado e outros equipamentos
de apoio à actividade económica)
X X CMMN, Associações Empresariais e de Produtores e
Empresas
2.Requalificação e promoção da Zona Industrial da
Adua (concretização da 2.ª fase; estrutura de gestão
e promoção CMMN-Empresas; criação de
Associação de Empresários)
X CMMN, Empresas instaladas e a instalar na ZIA e Associação de Empresários da Adua (a criar)
3. Projecto criação de um Parque Empresarial e
Tecnológico, para empresas de grande dimensão
(parceria público-privada) X X CMMN e ADRAL
4. Fomento das Energias Renováveis
- Estudo de viabilidade de instalação de parques
eólico e solar no Concelho;
- Estudo de viabilidade do aproveitamento energético de excedentes de biomassa da floresta e agricultura, dos dejectos de suinicultura, e de óleos alimentares usados.
X Universidade de Évora, ADRAL, Agência Regional de
Energia do Centro e Baixo Alentejo e Direcção Geral
de Geologia e Energia.
5. Criação de um Centro de Apoio à Empresa X
CMMN, ADRAL, Associações Empresariais do
Concelho, Instituto de Emprego /Centro de Emprego, Associação Comercial do Distrito de Évora e Associação Portuguesa das Mulheres Empresárias
6. Exploração da área mineira aurífera na Serra do Monfurado, no Escoural
X Empresa Iberian Resources
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE II. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO E PROGRAMAS DE ACTUAÇÃO 112
Projectos | Acções
Projectos
estrutu-
rantes
Impacto
relevante
Comple-
mentar Potenciais parceiros
Medida 3 � Modernização e Especialização do Comércio e serviços
1. Requalificação do Mercado Municipal X CMMN, Associações de Produtores, Associações
Empresarias do Concelho e Comerciantes do Mercado
2. Promoção de Imagem Comercial de Qualidade X
3. Montemor Digital X AMDE, CMMN, Universidade de Évora, ADRAL e
outras entidades
Medida 4 � Turismo: Montemor-o-Novo destino turístico
1. Turismo: Montemor-o-Novo destino turístico
- Turismo de Natureza e Aventura/Parques Temáticos
- Património arqueológico, paleolítico e
neolítico
- Circuito dos Conventos de Montemor
- Turismo Sénior, com componente de Saúde
- Roteiros culturais
- Acolhimento de Projectos de Investimento Turístico, em espaço rural
- Criação de Associação Empresarial de Hotelaria e Restauração
X CMMN, Empresários e Associação Empresarial do
Sector (a criar), Sindicatos do sector, Região de
Turismo de Évora e Operadores Turísticos
2. Criação de um Roteiro Cinegético,
Gastronómico e Vinícola e de Alojamento e Restauração
X Empresários e dirigentes associativos do sector
cinegético, restauração, unidades hoteleiras e
CCDRA
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PROGRAMA DE ACTUAÇÃO - URBANISMO E QUALIDADE DE VIDA
Enquadramento estratégico e Objectivos gerais
No horizonte temporal da Carta Estratégica, perspectivam-se para Montemor-o-Novo
alterações urbanísticas e no parque habitacional, nomeadamente na Cidade,
decorrentes do previsível crescimento demográfico, das novas áreas de expansão e
da instalação de novos equipamentos preconizados no Plano de Urbanização da
Cidade.
O Centro histórico da Cidade de Montemor manifesta tendências de desertificação e
envelhecimento populacional. Esta zona nobre da Cidade necessita de recuperação
das habitações degradadas e devolutas, de requalificação dos espaços públicos e dos
edifícios classificados.
A evolução urbanística que se perspectiva para a Cidade de Montemor nos próximos
anos é indissociável da intervenção premente na Av. Gago Coutinho, uma via que
fractura e desqualifica a Cidade e põe em risco a segurança dos cidadãos.
Na Cidade, registam-se estrangulamentos graves de circulação, que justificam a
construção de alternativas viárias (circulares, variantes, �), as quais deverão permitir
uma melhor eficácia e funcionalidade urbana e a criação de condições para uma
melhor qualidade urbanística e ambiental.
A melhoria da rede viária municipal permitirá potenciar as condições de acessibilidade
intra-concelhia.
O Programa de Actuação - Urbanismo e Qualidade de Vida aponta as principais linhas
de orientação que poderão induzir à criação de um ambiente urbano moderno e
atractivo, nomeadamente através da requalificação e valorização do património e dos
equipamentos existentes.
No quadro das perspectivas de desenvolvimento e dos princípios enunciados, o
Programa de Actuação - Urbanismo e Qualidade de Vida tem como objectivos gerais:
Valorizar a imagem e identidade de Montemor-o-Novo
Requalificar o espaço urbano no Centro histórico e zonas envolventes
Requalificação dos principais núcleos urbanos das freguesias
Ordenar a circulação viária e o estacionamento
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE II. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO E PROGRAMAS DE ACTUAÇÃO 114
Revitalizar/qualificar o comércio tradicional
Melhorar a acessibilidade intra-concelhia
Rever os Instrumentos de Ordenamento do Território
Promover o crescimento da população.
Projecto estruturante
No âmbito deste Programa de Actuação considera-se como Projecto estruturante a
implementação do Plano de Pormenor de Salvaguarda e Reabilitação do Centro
Histórico, com a concretização das seguintes intervenções:
Projecto de transformação da Avenida Gago Coutinho, numa moderna avenida
urbana;
Programa de requalificação da habitação devoluta e degradada no Centro
Histórico;
Requalificação urbanística dos espaços públicos;
Programa de requalificação de Largos e Praças da Cidade, entre os quais o
Largo Calouste Gulbenkian, o Rossio e o Largo Alexandre Herculano;
Revisão do Plano de Ordenamento de Circulação e Trânsito na Cidade.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
Projectos/Acções
Projectos
estrutu-
rantes
Impacto
relevante
Comple-
mentar Potenciais parceiros
Medida 1 � Reabilitação e Requalificação do Centro Histórico de Montemor-o-Novo
1. Implementação do Plano de
Pormenor de Salvaguarda e
Reabilitação do Centro
Histórico (Zona Habitacional, Castelo e Rio)
X X
Câmara Municipal, outros
parceiros público e
privados
Medida 2 � Programa de Habitação
1. Reabilitação e renovação do
parque habitacional X
CMMN, Proprietários,
Construtores, Cooperativas de Habitação, Banca, INH e
outros
Medida 3 � Acessibilidades e Mobilidade Urbana
1. Variantes rodoviárias à cidade
de Montemor-o-Novo X
Estradas de Portugal, E.P.E.
2. Ordenamento de Circulação e
Trânsito X
CMMN, Juntas de Freguesia e GNR
3. Requalificação de Estradas
Nacionais X
Estradas de Portugal, E.P.E.
4. Beneficiação da rede viária
municipal e de caminhos rurais X
CMMN, Juntas de Freguesia, Ministério da
Agricultura e Proprietários
5. Estudo de oportunidades e impactos da Linha de Alta Velocidade Lisboa-Madrid e das Plataformas Logísticas
X
CCDRA, CMMN, Municípios abrangidos e com impactos previsíveis,
Associações de
Municípios e Núcleos Empresariais
Medida 4 � Ordenamento do Território
1. Revisão do Plano Director
Municipal (PDM) X
CMMN e entidades da Comissão Mista de
Coordenação que
acompanha a Revisão
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE II. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO E PROGRAMAS DE ACTUAÇÃO 116
PROGRAMA DE ACTUAÇÃO - AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO RURAL
Enquadramento estratégico e Objectivos gerais
O Programa de Actuação Ambiente e Desenvolvimento Rural, através do conjunto de
medidas, projectos e acções que integra, visa criar condições para a fixação e
rejuvenescimento da população e revitalizar o mundo rural, de forma articulada com a
conservação dos espaços e valores naturais.
Num território com um vasto património ambiental, preservado e associado a uma rica
herança histórico-cultural, a estratégia de intervenção no espaço rural, o Programa
integra não só objectivos de preservação e conservação da natureza, decorrentes da
afirmação do ambiente como um factor importante para o desenvolvimento do
Concelho, mas também, a manutenção da população e de um conjunto de actividades
e serviços no espaço rural.
O desenvolvimento do espaço rural no Concelho deverá pautar-se pela
multifuncionalidade, ou seja, procurar um equilíbrio que mantenha o território como
força estruturante da actividade agrícola, que marcou o passado recente do Concelho,
associado a uma política de conservação da natureza, de protecção de recursos
naturais (entre os quais a água e a floresta) e de valorização dos Sítios Classificados
da Rede Natura 2000 (Cabrela e Monfurado), conjugando objectivos ambientais e
socio-económicos.
Importantes sectores da sociedade alentejana e montemorense têm defendido, e têm
hoje a concordância e o reconhecimento de vários especialistas, que uma tendência
demasiado pronunciada para o abandono agrícola e agro-alimentar constitui um
problema de conservação da natureza e de desequilíbrio do território. Exemplo disso
têm sido, em Montemor-o-Novo, os casos de abandono e total desaparecimento de
montes e lugares, perda muito acentuada e envelhecimento da população nas
freguesias rurais do Concelho (com a excepção de Foros de Vale de Figueira),
abandono ou cultivo desadequado de áreas com aptidão agrícola e silvo-pastoril, não
aproveitamento do potencial de regadio instalado, dos incentivos à expansão do olival
e do montado, e problemas de conservação e sanidade do montado. Constata-se,
igualmente, e de há muito tempo, o encerramento de serviços públicos nas freguesias,
nomeadamente, escolas e serviços de proximidade.
Uma estratégia de desenvolvimento e intervenção rural que inverta ou atenue estas
debilidades, tem sido fortemente condicionada pela ausência de políticas e
mecanismos que permitam às populações uma maior intervenção económica e social,
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
pela excessiva concentração da terra, pela Política Agrícola Comum (PAC),
nomeadamente pela forma como tem sido executada no Alentejo.
No quadro das orientações estratégicas e dos princípios atrás enunciados, o Programa
de Actuação - Ambiente e Desenvolvimento Rural tem como objectivos gerais:
Promover um espaço rural vivo, produtivo, habitado e com qualidade de vida;
Promover a preservação do património natural e arqueológico existente,
contribuindo para assegurar um desenvolvimento sustentável do Concelho;
Reforçar a protecção dos recursos naturais, dando particular atenção à gestão
dos recursos hídricos e à condução do montado;
Promover a fiscalização e monitorização das associações de caça,
particularmente as turísticas, assegurando que cumprem as funções
estipuladas por lei e que respeitam o direito das populações ao usufruto dos
territórios onde vivem e trabalham;
Estimular a cooperação e a procura conjunta de soluções entre os vários
actores intervenientes no espaço rural.
Projecto estruturante
No âmbito deste Programa de Actuação considera-se como Projecto estruturante a
elaboração do Plano de Ordenamento da Barragem e Albufeira dos Minutos, incluindo o
abastecimento de água para consumo humano (classificação já outorgada).
Com efeito, a relevância estratégica da água para o Concelho (abastecimento público,
regadio, turismo e lazer) transforma esses processos numa intervenção crucial para o
futuro, na dupla perspectiva da qualidade de vida para os montemorenses e do
potencial de atracção de investimento tanto na esfera produtiva, como no domínio do
complexo de actividades do turismo e lazer.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE II. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO E PROGRAMAS DE ACTUAÇÃO 118
Projectos/Acções
Projectos
estrutu-
rantes
Impacto
relevante
Comple-
mentar Potenciais parceiros
Medida 1 � Qualificação e Protecção de Recursos Naturais
1. Elaboração do Plano de
Ordenamento da Barragem e
Albufeira dos Minutos
X X
Direcção Geral de
Agricultura e Desenvolvimento Rural e Instituto do Ambiente
2. Planos de Ordenamento e Monitorização de Recursos Hídricos
X CMMN, Instituto do Ambiente e Associação de
Agricultores
3. Estudo de Viabilidade da Ligação da Albufeira dos Minutos ao Sistema de Alqueva
X
EDIA, Direcção Geral de
Agricultura e Desenvolvimento Rural, CMMN e Instituto do Ambiente
4. Projecto Gestão Activa e
Participada do Sítio de
Monfurado | Rede Natura 2000 X
Câmaras Municipais de Montemor e Évora, Instituto de Conservação da
Natureza e outros
5. Projecto NATURALE Natureza e Turismo no Alentejo e Estremadura
X
Câmaras Municipais de Montemor-o-Novo, Arraiolos e Mora, Consórcio
(Via-Verde: Las Vegas del Guadiana e Las Villuercas)
6. Projecto Reagir Reciclagem de Resíduos de Construção e
Demolição X
CMMN, Instituto de Resíduos, Instituto Superior Técnico, CCDRA e RTS-Pré-fabricados de Betão,
Lda.
Medida 2 � Reforço de Cobertura das Infra-Estruturas
1. Sistema Intermunicipal de Abastecimento de Água e de
Saneamento no Alentejo X
AMAMB/Associação de
Municípios do Alto Alentejo para o Ambiente
2. Saneamento Básico X CMMN
3. Abastecimento de Água a
Aglomerados Populacionais X
CMMN
Medida 3 � Desenvolvimento em Espaço Rural
1. Intervenção em Núcleos
Antigos de Aglomerados Urbanos X
CMMN, Juntas de Freguesia, Proprietários,
Investidores, ADL�s, Região
de Turismo e Ordem dos Arquitectos
2. Promoção de Lotes para habitação nas freguesias
X CMMN, Juntas, famílias e
promotores privados
3. Criação de espaços para
micro e pequenas empresas X
CMMN, Juntas de Freguesia e Empresários
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PROGRAMA DE ACTUAÇÃO - CULTURA E PATRIMÓNIO
Enquadramento estratégico e Objectivos gerais
Em Montemor-o-Novo é relevante o conjunto de bens que integram o património
cultural da Cidade e do Concelho. Os monumentos, a arquitectura, as estruturas e as
criações artísticas desenvolvidas pelo homem � ou o que o homem produziu � ao
longo da pré-história e da história, e as transformações introduzidas na natureza,
particularmente com a sedentarização e a descoberta da agricultura e da pecuária, e
mais recentemente com a construção urbana e as redes, rodoviária e ferroviária,
mostram-nos a forma como vivemos, estabelecemos as nossas relações e
expressamos a nossa criatividade, desde há muitos milhares de anos.
A qualidade do património imaterial faz do Concelho e da Região uma referência a
preservar. No caso do Concelho de Montemor-o-Novo, o homem do paleolítico e do
neolítico deixou-nos marcas notáveis da sua presença expressas num conjunto
patrimonial muito rico, e único, como a Gruta do Escoural (pinturas e gravuras
rupestres), e os conjuntos megalíticos. As marcas e referências aos períodos romano,
muçulmano, medieval cristão, e contemporâneo, são igualmente valiosas.
O desenvolvimento da Cidade é marcado por novos núcleos de expansão habitacional
e por novos espaços públicos, que envolvem o Centro histórico, e por um conjunto de
equipamentos e infra-estruturas construídos e em construção que acrescentam mais
valias patrimoniais, culturais e desportivas para a Cidade e para o Concelho.
O poder local e os actores culturais do Concelho têm trabalhado para pôr de pé um
projecto cultural que procura garantir o acesso dos cidadãos à cultura e à criatividade,
requalificar o património, criar ou recuperar equipamentos, promover a formação
cultural, apoiar o associativismo entre os jovens e oferecer um conjunto de eventos de
grande qualidade.
A criatividade das gentes de Montemor, em áreas tão diversas como a gastronomia e
o vinho, o artesanato, a música, a dança, a pintura, a literatura e a poesia, constituem
expressões enriquecedoras do património cultural.
O Programa de Actuação - Cultura e Património tem como objectivos gerais:
Promover a preservação e a requalificação do património cultural, material e
imaterial, existente;
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE II. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO E PROGRAMAS DE ACTUAÇÃO 120
Reabilitar o Castelo e o Centro histórico, com a instalação de valências como o
Centro Nacional de Artes Transdisciplinares, e o Centro Interpretativo na Igreja
de S. Tiago;
Requalificar o património pré-histórico do paleolítico e do neolítico e criação do
Parque Projecto Cultural do Paleolítico e do Neolítico e do respectivo Núcleo
Museológico.
Projecto estruturante
No âmbito deste Programa de Actuação define-se como Projecto estruturante a
concretização do Projecto de Requalificação e Reabilitação do Castelo e do Convento da
Saudação, com a criação do Centro Nacional das Artes Transdisciplinares.
Este Projecto alia à recuperação e valorização do importante património monumental,
a instalação de equipamentos de apoio à criação artística e à animação social e
cultural, com capacidade diferenciadora e de atracção à escala nacional, reforçando o
posicionamento do Concelho na fixação de recursos culturais de qualidade.
O Projecto estruturante poderá criar importantes sinergias com outros projectos de
carácter histórico, cultural e didáctico, tais como o Projecto Cultural do Paleolítico e do
Neolítico, com expressões únicas no Alentejo que abrangem um período de mais de
40.000 anos de vida e arte pré-histórica; o Projecto para o Parque Temático Alentejano,
na Herdade da ADUA; o percurso dos Conventos de Montemor-o-Novo; o Cine-Teatro
Curvo Semedo, ou o Projecto para o Espaço Memória do Trabalho, no Mundo Rural do
Alentejo, abrangendo expressões do trabalho e da arte nos séculos XIX e XX.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
Projectos/Acções Projectos
estruturantes
Impacto
relevante
Comple-
mentar Potenciais parceiros
Medida 1 � Requalificação e Valorização do Património
1. Requalificação e
Reabilitação do Castelo e do
Convento da Saudação e
Áreas Envolventes
X X
CMMN, Associação Espaço
do Tempo, IPPAR, Direcção
Geral de Edifícios e
Monumentos Nacionais
2. Centro Nacional de Artes Transdisciplinares X X
Ministério da Cultura (IPPAR
e Instituto das Artes), CMMN e Espaço do Tempo
3. Projecto Cultural do Paleolítico e do Neolítico
X
CMMN, Câmara de Évora,
Museu de Arqueologia de Montemor/Convento de S. Domingos, Associação de
Municípios, Ministério da
Cultura, Universidade de Évora, Região de Turismo
de Évora e outras
4. Parque Temático
Alentejano � Herdade da Adua
X Fundação Alentejo � Terra Mãe e Câmara Municipal de Montemor-o-Novo
5. Núcleo Museológico
�Memórias do Trabalho� X
CMMN, Juntas, Monte da Alcava de Cima, Grupo de Amigos de Montemor/Convento de S. Domingos e Região de
Turismo
6. Requalificação do Cine-Teatro Curvo Semedo
X CMMN e Ministério da
Cultura
7. Adaptação do espaço
Rádio-Cine X
CMMN e Agentes Culturais
8. Arquivo Histórico Municipal X CMMN e Torre do Tombo
9. Reabilitação do Convento
de S. Francisco X
CMMN, Oficinas do Convento e Direcção Geral
dos Edifícios e Monumentos
Nacionais
10. Requalificação da
Biblioteca Municipal X CMMN e Ministério da
Cultura
Medida 2 � Reforço da Rede de Equipamentos e Apoio ao Associativismo
1. Requalificação do Centro
Juvenil X CMMN
2. Gabinete de Apoio ao Movimento Associativo
X CMMN, Juntas de Freguesia e Associações Concelhias
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE II. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO E PROGRAMAS DE ACTUAÇÃO 122
PROGRAMA DE ACTUAÇÃO - EDUCAÇÃO E DESPORTO, SAÚDE E ACÇÃO
SOCIAL
Enquadramento estratégico e Objectivos gerais
Tendo como objectivo o reforço da rede de equipamentos e da qualidade dos serviços
prestados às populações nas áreas da Educação/Formação, da promoção e prática da
Actividade Física e Desportiva, e da valorização da Saúde e Acção Social no Concelho
de Montemor-o-Novo, foi definido um conjunto de medidas, projectos e acções que
visam consolidar e valorizar de um modo integrado, os recursos existentes que
potenciam as perspectivas de desenvolvimento do Concelho nestas áreas.
A promoção da actividade física e desportiva deverá ser dinamizada, numa
perspectiva estratégica, articulando a educação física e o desporto escolar com a
prática de modalidades em regime de competição nos clubes e associações, tendo
como objectivo fomentar uma formação desportiva contínua. Esta é uma condição
básica para a promoção da saúde e do bem estar social junto de todos os cidadãos,
pela introdução de hábitos quotidianos de uma prática desportiva regular ao longo da
vida, independentemente dos escalões etários da população.
Os equipamentos existentes e previstos - Parque Desportivo; Piscinas Recreativas e
Piscinas Cobertas; Pavilhão Gimnodesportivo; Eco-Pista e Circuito de Manutenção,
entre outros - permitem encarar, para além da sua utilização colectiva, organizada ou
informal, para a actividade física e desportiva, a possibilidade de desenvolvimento de
programas/eventos desportivos de âmbito regional.
Neste quadro de desenvolvimento, o Programa de Actuação - Educação e Desporto,
Saúde e Acção Social tem os seguintes objectivos gerais:
Promover a gestão integrada da educação e da formação tendo em vista
melhoria das qualificações escolares e profissionais dos jovens e dos activos
empregados e desempregados.
Combater o analfabetismo e a iliteracia
Promover a qualificação da rede escolar existente
Promover a construção de uma Escola Básica Integrada
Melhorar as condições para a prática da actividade física e desportiva
Reforçar e requalificar os equipamentos desportivos
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
Promover a criação de um Parque Integrado de Saúde com o objectivo de
reforçar a prestação dos cuidados de saúde à população no âmbito do Serviço
Nacional de Saúde
Reforçar as capacidades/equipamentos e valências, na área das Instituições
que prestam serviços de apoio à população idosa
Reforçar a qualidade das respostas à população deficiente.
Projectos estruturantes
No âmbito deste Programa de Actuação, identificam-se dois projectos estruturantes:
Projecto estruturante na esfera da educação/formação. Tem como objectivo
estratégico incentivar e promover a Gestão Integrada da Formação ao longo da
vida, e a utilização generalizada de novas tecnologias. Para o efeito, propõe-se
a constituição de uma Mesa de Coordenação Educação/Formação e
Tecnologias.
Projecto estruturante na área da saúde e concretiza-se através da instalação
de um Parque Integrado de Saúde. Tem como objectivo estratégico elevar o
nível e a abrangência dos serviços de saúde. Os cuidados de Saúde e de
Acção Social, além de serem vitais para as necessidades dos cidadãos,
podem constituir, de acordo com a experiência verificada na última década, um
dinâmico sector económico.
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
PARTE II. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO E PROGRAMAS DE ACTUAÇÃO 124
Projectos/Acções
Projectos
estrutu-
rantes
Impacto
relevante
Comple-
mentar Potenciais parceiros
Medida 1 � Promoção da Qualidade Educativa e Formativa
1. Gestão Integrada da
Formação (Mesa de Coordenação
Educação/Formação/
/Tecnologia)
X X CMMN, IEFP, Agrupamentos Escolares, Sectores empresariais e sindicais, outros
2. Escola Tecnológica/Profissional do
Sector Agro-Alimentar X
CMMN, Associações
Empresariais e de Produtores, D.R. Educação do Alentejo
3. Carta Educativa do Concelho X CMMN, AMDE, Escolas, Juntas Freguesia, outros
4. Escola Básica Integrada X CMMN, Ministério da Educação
5. Construção do Espaço
Oficina da Criança/Centro de Animação Sócio Educativo
X CMMN
Medida 2 � Reforço e Qualificação da Rede de Equipamentos e da Actividade Física e Desportiva
1. Parque Desportivo da Cidade e Requalificação de
Equipamentos X
CMMN
2. Fomento da Formação
Desportiva e Promoção da
Saúde X
Escolas Secundárias,
Associações Desportivas, D.R.
Educação e A.R. Saúde do
Alentejo
Medida 3 � Reforço e Consolidação da Rede de Saúde e de Acção Social
1. Parque Integrado de Saúde X X
CMMN, Centro de Saúde,
Hospital Infantil de São João de
Deus, Associação Portuguesa
de Reumatologia e Ministério
da Saúde
2. Construção de Lares de
Terceira Idade e para população com necessidades
especiais
X IPSS�s, outras entidades particulares e Juntas de Freguesia
3. Ampliação de Lares e
alargamento do apoio domiciliário
X IPSSs, Segurança Social
4. Centro de Acolhimento Temporário para Crianças e
Jovens em Risco X
Ministério do Trabalho e
Solidariedade Social, Autarquias Locais e IPSS
5. Criação do Cartão Social do
Munícipe X
CMMN, Juntas Freguesia, Centro de Saúde e entidades aderentes
6. Quartel dos Bombeiros Voluntários X
Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil, Associação
de Bombeiros Voluntários de
Montemor-o-Novo e CMMN
CARTA ESTRATÉGICA DE MONTEMOR-O-NOVO
APROVAÇÃO Conselho Coordenador 04/06/2007 Câmara Municipal __/09/2007 Assembleia Municipal __/09/2007