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II SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DAS FACULDADES INTEGRADAS ICE
ANAIS ISSN 2236-7659
2011/2
INSTITUTO CUIABANO DE EDUCAÇÃO
FACULDADES INTEGRADAS ICE
DIREÇÃO ACADÊMICA
COORDENAÇÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
2º SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DAS FACULDADES INTEGRADAS ICE
CUIABÁ
2011
À comunidade acadêmica,
Convido todos os atores envolvidos no processo de ensino-aprendizagem para iniciar uma nova fase no processo da busca do conhecimento científico; A partir deste ano faremos o Seminário Científico Integrado envolvendo todos os cursos.
Seminário: do latim “Seminarium”, significa exposição seguida de debates por um grupo de estudo sobre temas específicos científicos ou culturais.
O seminário é uma técnica de aprendizagem que inclui pesquisa, discussão e debates, é um processo metodológico que supõe o uso de técnicas de estudo de um assunto determinado, evitando que se torne uma exposição sem objetivos. Promove nos alunos as competências necessárias para desenvolver a capacidade de investigação, de síntese, análise e crítica.
Um seminário tem por objetivo fazer com que o convidado reflita sobre o tema proposto e interaja com discussões e debates, transmitindo informações, discutindo- as e chegando a uma conclusão sobre o assunto proposto
Tenho certeza de que o início é sempre um grande desafio, mas, JUNTOS, faremos o MELHOR possível para este momento, esforçando-nos para melhorar nossas produções a cada evento.
Lembre-se: A leitura é FUNDAMENTAL para a boa prática do processo de investigação científica. Busque junto ao seu professor, a indicação de livros, revistas e outras formas de obter informações para gerar novos conhecimentos e assim encaminhar ações efetivas para uma sociedade melhor.
O ICE dispõe de revistas científicas eletrônicas - publicadas anualmente, informe-se na sua coordenação. A publicação de artigos científicos é aberta para alunos e professores. Um forte abraço! Bom proveito a todos! Prof. MSc. Ideraldo Bonafé Direção Acadêmica
Sumário 1 Realização ........................................................................................................................... 1
2 Apresentação ...................................................................................................................... 2
3 Objetivos .............................................................................................................................. 2
4 Categorias dos trabalhos .................................................................................................. 3
5 Cronograma e previsão dos trabalhos do comitê científico ......................................... 3
6 Áreas temáticas .................................................................................................................. 3
7 Estratégias para a realização do evento ........................................................................ 3
8 Normas para envio dos artigos ........................................................................................ 3
9 Comissão organizadora ..................................................................................................... 4
10 Comitê científico ............................................................................................................. 4
11 Mesas redondas realizadas por área .......................................................................... 5
12 Mini-cursos realizados por área ................................................................................... 5
13 Programação do encontro ............................................................................................. 6
14 Artigos produzidos .......................................................................................................... 8
14.1 Resumo ........................................................................................................................ 8
14.2 HUMANAS ................................................................................................................... 9
14.2.1 UMA PROPOSTA DE LETRAMENTO VIA ARTIGO DE OPINIÃO ........... 9
14.2.2 O FALAR CUIABANO UM OLHAR PARA SUA HISTÓRIA ...................... 10
14.2.3 UMA PROPOSTA DE LETRAMENTO VIA HISTORIAS EM QUADRINHOS .................................................................................................................. 12
14.2.4 A LITERATURA DE CORDEL UMA PRÁTICA DE LETRAMENTO POSSÍVEL ......................................................................................................................... 14
14.2.5 TANGO ............................................................................................................... 16
14.2.6 A INFLUÊNCIA DA MÍDIA NAS CULTURAS ............................................... 17
14.2.7 APRENDENDO E ENSINANDO NA EDUCAÇÃO INFANTIL UM ESTUDO DE CASO ......................................................................................................... 21
14.2.8 PEDAGOGIA HOSPITALAR, HISTÓRIAS E PRÁTICAS EM DIFERENTES ESPAÇOS ............................................................................................... 23
14.2.9 O CAMINHO PERCORRIDO NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR NO BRASIL 25
14.2.10 AVALIAÇÃO ESCOLAR E AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS .......... 27
14.2.11 A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL 29
14.2.12 ALFABETIZAÇÃO NOS ANOS INICIAIS ................................................. 31
14.3 EXATAS ..................................................................................................................... 34
14.3.1 MEDIDAS DE SEGURANÇA DAS REDES SEM FIO ................................ 34
14.3.2 SEGURANÇA EM COMÉRCIO ELETRÔNICO .......................................... 36
14.3.3 SISTEMAS DE SUPERVISÃO E CONTROLE OPEN SOURCE ............. 38
14.4 SOCIAIS APLICADAS ............................................................................................. 39
14.4.1 A AGRICULTURA FAMILIAR E A AGROINDUSTRIA UMA NOVA ALTERNATIVA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL .......................... 39
14.4.2 MUNDO ANIMAL – CLÍNICA E LOJA ESPECIALIZADA .......................... 41
15 Anexos ............................................................................................................................. 44
1
1 Realização
2
2 Apresentação
As Faculdades ICE inseridas em seu compromisso de responsabilidade social
vem ampliando seus esforços no desenvolvimento das atividades científicas e
na formação de pessoal qualificado para atuação nas diferentes áreas do
conhecimento.
Suas estratégias envolvem distintos níveis pedagógicos e acadêmicos
destacando-se a iniciação científica. A coordenação da Iniciação Científica, em
parceria com os coordenadores dos cursos de graduação das Faculdades ICE,
promoveram o II SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, realizado nos dias
23 a 25 de novembro de 2011.
O programa do evento contemplou atividades científicas, tecnológicas e
oficinas, como: apresentação de trabalhos orais, painéis, mini-cursos e oficinas
de discussão que buscaram a interatividade entre os diretórios de grupos de
pesquisas nas diferentes áreas do conhecimento.
3 Objetivos • Divulgar a produção científica desenvolvida pelos alunos das Faculdades
ICE, nas categorias de iniciação científica;
• Ampliar as atividades em nível de extensão desenvolvidas nas Faculdades
ICE;
• Estimular o desenvolvimento e a produção de materiais pedagógicos,
aplicativos educacionais e tecnológicos desenvolvidos pelos alunos e
professores pesquisadores;
• Promover o intercâmbio entre as diversas áreas atuando como campo de
pesquisa, socialização dos projetos, por meio de trabalhos
multidisciplinares.
3
4 Categorias dos trabalhos Foram recomendados para obtenção da carta de aceite os trabalhos
desenvolvidos pelos cursos de graduação e iniciação científica, nas diversas
áreas de conhecimento.
5 Cronograma e previsão dos trabalhos do comitê cie ntífico • Data limite para envio dos resumos: 31/10/2011
• Notificação de Aceite dos Resumos: 11/11/2011
6 Áreas temáticas • Exatas;
• Sociais Aplicadas;
• Humanas.
7 Estratégias para a realização do evento Comunicações Orais e/ou Painéis
8 Normas para envio dos artigos As normas foram disponíveis pelo site: www.ice.edu.br/iniciacaocientifica seguindo-se os seguintes campos:
• Título do Trabalho: • Pesquisador (es) – nome (s) completo (s) e titulação • E-mail do orientador (obrigatório) • Apresentador – Nome completo • Áreas (Exatas, Sociais Aplicadas e Humanas) • Curso: • Artigo Resumido: no máximo 4000 caracteres • Modalidade de apresentação: (oral ou painel) • Painel: 1,20 x 0,90 m • Apresentação oral: 15 minutos no máximo.
4
9 Comissão organizadora • Prof. MSc. Ideraldo Bonafé – Diretor Acadêmico • Prof. Esp. Orlando Júnior – Coordenador da Iniciação Científica • Prof. MSc. Ernesto Borba– Coordenador de Administração e Seqüenciais • Prof. MSc. Gláucia Negreiros– Coordenadora de Pedagogia • Prof. MSc. Andria Oliveira – Coordenadora de Letras • Prof. Esp. Andersown Becher – Coordenador de Ciência da Computação • Prof. Esp. Eliberto Cruz – Coordenador de Ciências Contábeis
10 Comitê científico • Prof. MSc. Ideraldo Bonafé – Diretor Acadêmico • Prof. Esp. Orlando Júnior – Coordenador da Iniciação Científica • Prof. MSc. Ernesto Borba– Coordenador de Administração e Seqüenciais • Prof. MSc. Gláucia Negreiros – Coordenadora de Pedagogia • Prof. MSc. Andria Oliveira – Coordenadora de Letras • Prof. Esp. Andersown Becher – Coordenador de Ciência da Computação • Prof. Esp. Eliberto Cruz – Coordenador de Ciências Contábeis
5
11 Mesas redondas realizadas por área Área Tema Sociais Aplicadas Aquecimento Global, Produção Limpa,
Administração Racional do Meio Ambiente Cálculo Trabalhista: Férias e 13º Salário Gestão por Competência A Agricultura Familiar e a Agroindústria:
Desenvolvimento Sustentável Responsabilidade Social Exatas Visual Studio e Windows Phone Humanas Linguagem e Tecnologia: letramentos possíveis Práticas e Avanços da Educação Ambiental Educação de Jovens e Adultos: Novos
Caminhos para uma Educação Solidária TOTAL 12
12 Mini-cursos realizados por área Área Tema Sociais Aplicadas Novas Tendências do Mercado Sustentabilidade Empresarial Liderança e Trabalho em Equipe Tipos de Sociedades e Sistema de Tributação
Nacional Responsabilidade do Fornecedor a Luz do C.D.C Empreendedor ou Vendedor, quem sou? Cálculo Trabalhista: Férias e 13º Salário Matemática Financeira – Uso da HP-12C Tendências de Mercado em Economia Globalizada Exatas Cloud Computing Humanas “Des”comunicação na Língua Estrangeira Informática Básica e Ferramenta de Estudos à
Distância Letramento Digital: Jogos e Internet
TOTAL 13
6
13 Programação do encontro Data: 23/11/2011
Área: Sociais Aplicadas
Tipo de Trabalho Descrição do Evento Coordenadores e Mediadores Mesa Redonda Aquecimento Global, Produção
Limpa, Administração Racional do Meio Ambiente
Profª Esp. Ana Flávia Derze Profº Esp. Luiz Afonso Mickosz
Mesa Redonda Cálculo Trabalhista: Férias e 13º Salário
Profº Esp. Vanderson Ferreira Profª Esp. Rosana Machado
Mesa Redonda Gestão por Competência Profº Esp. Itamar da Costa Profº Esp. Renato Sanabria Profª Esp. Andrea Celice
Mesa Redonda A Agricultura Familiar e a
Agroindústria: Desenvolvimento
Sustentável
Profª Esp. Regina Nogueira Profº Esp. Marcelo Rodrigo
Mesa Redonda Responsabilidade Social Profª MSc. Clarice Zunta Profª Esp. Maria José Cintra
Área: Exatas
Tipo de Trabalho Descrição do Evento Coordenadores e Mediadores Mesa Redonda Visual Studio e Windows Phone Profº Esp. Ghanem Arfox
Microsoft Partner
Área: Humanas
Tipo de Trabalho Descrição do Evento Coordenadores e Mediadores Minicurso “Des”comunicação na Língua
Estrangeira
Profª Esp. Iraci Ivete HecK Profª Esp. Maria de Fátima Comini da Silva
Mesa Redonda Práticas e Avanços da Educação Ambiental
Profª MSc. Silviane Silva
7
Data: 24/11/2011
Área: Sociais Aplicadas
Tipo de Trabalho Descrição do Evento Coordenadores e Mediadores Mini-Curso Novas Tendências do Mercado Profº MSc. Wilquerson Sandes Mini-Curso Sustentabilidade Empresarial Profº Esp. Cristiano Barbosa
Profª Esp. Lázara Generoso Mini-Curso Liderança e Trabalho em Equipe Profª MSc. Daniela Piloni Mini-Curso Tipos de Sociedades e Sistema
de Tributação Nacional Profº Esp. Renato Sanabria Profº Esp. Émerson Pereira
Mini-Curso Responsabilidade do Fornecedor a Luz do C.D.C
Profº Esp. Maury Borges Profº MSc. Duljon Boldrin
Mini-Curso Empreendedor ou Vendedor, quem sou?
Profº Esp. Ricardo Laub
Mini-Curso Cálculo Trabalhista: Férias e 13º Salário
Profª Esp. Rosana Sifuentes Profº Esp. Vanderson Ferreira
Mini-Curso Matemática Financeira – Uso da HP-12C
Profº Esp. Evandro Xavier Profº Esp. Alessandro Ferraz
Mini-Curso Tendências de Mercado em Economia Globalizada
Profº Esp. Luiz Afonso Profª Esp. Débora Leventi
Área: Exatas
Tipo de Trabalho Descrição do Evento Palestrantes Mini-Curso Cloud Computing Profº Esp.Willian Cesar Jesus
Diretor Executivo Broaden Systems do Brasil
Área: Humanas
Tipo de Trabalho Descrição do Evento Palestrantes Mesa Redonda Linguagem e Tecnologia:
letramentos possíveis Palestrante: Profª MSc. Eliana M. A. Alencar Mediadora: Profª MSc. Adalgisa G. Fortes
Mini-Curso Informática Básica e Ferramenta de Estudos à Distância
Elza de Jesus Acad. 4º Sem. de Pedagogia Profª MSc. Lilian Márcia
Mini-Curso Letramento Digital: Jogos e Internet
Elza de Jesus Acad. 4º Sem. de Pedagogia Prof.ª MSc. Gláucia Negreiros
8
14 Artigos produzidos
14.1 Resumo Área Título Humanas UMA PROPOSTA DE LETRAMENTO VIA ARTIGO DE
OPINIÃO O FALAR CUIABANO UM OLHAR PARA SUA HISTÓRIA UMA PROPOSTA DE LETRAMENTO VIA HISTORIAS
EM QUADRINHOS A LITERATURA DE CORDEL UMA PRÁTICA DE
LETRAMENTO POSSÍVEL TANGO A INFLUÊNCIA DA MÍDIA NAS CULTURAS APRENDENDO E ENSINANDO NA EDUCAÇÃO
INFANTIL UM ESTUDO DE CASO PEDAGOGIA HOSPITALAR, HISTÓRIAS E PRÁTICAS
EM DIFERENTES ESPAÇOS O CAMINHO PERCORRIDO NA FORMAÇÃO DO
PROFESSOR NO BRASIL AVALIAÇÃO ESCOLAR E AS TENDÊNCIAS
PEDAGÓGICAS A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS E BRINCADEIRAS NA
EDUCAÇÃO INFANTIL ALFABETIZAÇÃO NOS ANOS INICIAIS Exatas MEDIDAS DE SEGURANÇA DAS REDES SEM FIO SEGURANÇA EM COMÉRCIO ELETRÔNICO SISTEMAS DE SUPERVISÃO E CONTROLE OPEN
SOURCE Sociais Aplicadas A AGRICULTURA FAMILIAR E A AGROINDUSTRIA:
UMA NOVA ALTERNATIVA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
MUNDO ANIMAL – CLÍNICA E LOJA ESPECIALIZADA TOTAL 16
9
14.2 HUMANAS
14.2.1 UMA PROPOSTA DE LETRAMENTO VIA ARTIGO DE OPI NIÃO
Erika Minas Albuquerque1, Gláucia Soares2
1 Faculdades Integradas ICE, Letras, Brasil 2 Faculdades Integradas ICE, Letras, Brasil
RESUMO
Neste artigo, objetiva-se apresentar reflexões sobre o ensino do gênero artigo de opinião. Para esse intento, serão apresentados dados de pesquisa para que se compreenda o objeto de análise como também exposição de possíveis práticas para o ensino do gênero nas aulas de língua portuguesa.
Palavras-chave: Letramento, Língua Portuguesa, Artigo de Opinião. INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, a Academia tem feito várias discussões acerca do
conceito letramento. Isso porque cada vez mais tem se exigido da escola o
fortalecimento das práticas de leitura e escrita a fim de que os alunos sejam
autores autônomos de seus discursos nas diferentes práticas sociais. Desse
modo, entende-se que o letramento “compreende a atitude social do sujeito
mediante a apropriação e desenvolvimento da linguagem, oral ou escrita, em
um contexto social específico” (NASCIMENTO; ZIRONDI, 2009, p. 253).
Consideração a afirmação das pesquisadoras, nosso objetivo é mostrar
que o gênero artigo de opinião também pode contribuir para o desenvolvimento
das práticas de leituras e escrita e isso implica no letramento dessas práticas a
fim de mobilizar algumas capacidades leitoras e de escrita.
Sabe-se que o uso da língua é específico em cada campo de atuação
humana e cada forma de atuar com a linguagem, seja ela, escolar, familiar,
científica, jornalística, literária, jurídica ou religiosa. Isso evidencia que o
contexto sócio-histórico acaba por determinar o uso da língua como também
cada gênero apresenta seu conteúdo, seu estilo, sua função e sua forma
composicional.
10
14.2.2 O FALAR CUIABANO UM OLHAR PARA SUA HISTÓRIA
Daniela Carla Candido1, Priscilla Marie G. Fortes2, Tatiane Darc Correa3 1Faculdades Integradas ICE, Letras, Brasil 2Faculdades Integradas ICE, Letras, Brasil 3Faculdades Integradas ICE, Letras, Brasil
RESUMO
Este artigo tem como objetivo apresentar algumas considerações acerca
da história do falar cuiabano, levando em consideração diferentes pesquisas
acadêmicas sobre esse tema.
Desse modo, serão apresentadas questões direcionadas aos aspectos
fonológicos e morfossintáticos, que podem esclarecer a origem do linguajar
cuiabano, na tentativa de desmistificar conceitos pré-elaborados acerca desse
linguajar como também mostrar a necessidade de valorizar este patrimônio
histórico-cultural atribuído à linguagem mato-grossense.
Palavras-chave: Linguajar Cuiabano, Viés Histórico, Trajetória Linguística.
INTRODUÇÃO
Muitos são os estudos sobre o linguajar cuiabano, contudo não se trata
apenas de levantar dados, mas sim conhecer a história regional em que este
se encontra para que possamos buscar suas características linguísticas desde
sua origem, fazendo uma investigação da formação local, a começar da etnia
cuiabana, com destaque para o estudo dos aspectos fonológicos e
morfossintáticos.
Quanto aos aspectos linguísticos, cabe destacar aqui que o cuiabano
sempre teve um falar peculiar e são muitas teorias a respeito da origem deste
linguajar, que veremos ao longo deste artigo.
Muitos pesquisadores buscam esclarecer a linguagem cuiabana através
de um levantamento histórico das etnias que compunham a região desde sua
colonização no século XVIII, em consequência do movimento bandeirantista.
Segundo Lima (2003, p. 663):
11
Quando queremos descrever um fenômeno lingüístico, faz-se necessário que, primeiramente, entendamos o que é língua. Um conceito com o qual podemos lidar é que a língua é um sistema de sinais acústico-orais, como resultado de um processo histórico, evolutivo.
Cuiabá foi local de muita miscigenação de diferentes etnias, a principio
devido à grande busca dos bandeirantes por minas indígenas e auríferas
durante suas desbravadoras expedições, no período de colonização. Ainda
sobre isso, Dettoni (2001) afirma:
Conviveram naquele cenário e naquela época, a língua geral paulista dos
bandeirantes, varias línguas indígenas dos nativos da região, o português falado
pelos migrantes sertanistas que para lá se deslocaram em busca de ouro e
diamantes, a variedade castelhana da fronteira com o Paraguai e Bolívia e a
variedade do português falada pelos negros [...] (DETTONI, 2001, p. 58).
Hoje, percebe-se que, na Baixada Cuiabana, existe uma pronúncia
distinta do português de outras regiões faladas no Brasil. Assim, para
compreensão dessa variedade linguística, faz-se necessário conhecer um
pouco de sua história.
12
14.2.3 UMA PROPOSTA DE LETRAMENTO VIA HISTORIAS EM QUADRINHOS
Renan Piva Moraes¹; Solonir de Souza Maruyama²; Tony da Silva³
1 Faculdades Integradas ICE, Curso de Letras 2 Faculdades Integradas ICE, Curso de Letras 3Faculdades Integradas ICE, Curso de Letras
RESUMO
Este texto é resultado sucinto de um trabalho apresentado no Seminário
Integrador do Curso de Letras em 2011, cujo tema foi Letramento como Prática
Social. Este seminário tem como objetivo desenvolver no discente a prática
efetiva da pesquisa e o nosso subtema permeou a questão do letramento
através de um trabalho pedagógico em sala de aula com histórias em
quadrinhos.
PALAVRAS CHAVES: leitura, letramento, histórias em quadrinhos,
INTRODUÇÃO
Todos sabem que o domínio da língua, oral e escrita, é
fundamental para que uma pessoa tenha uma participação social efetiva. Por
isso, a escola ao ensiná-la tem a tarefa e a responsabilidade de garantir a
todos os seus alunos o acesso aos saberes lingüísticos, necessários para o
exercício da cidadania. Os caminhos de acesso aos saberes lingüísticos são
diversos e este texto vem apresentar um destes: a possibilidade de trabalho
pedagógico em sala de aula com historias em quadrinhos.
13
Para tal, buscou-se apoio em Ferreiro ( 2002), Soares ( 2003), Tfouni
(1995) e Hamze ( 2011), entre tantos outros, que tanto discutem a questão do
letramento e da alfabetização.
Rapidamente é apresentado também alguns dados sobre as
histórias em quadrinhos que permeiam a sociedade desde o século 19, época
em que os desenhistas começaram a contar histórias através da linguagem dos
quadrinhos.
Entende-se que as historias em quadrinhos tem em suas estórias
atos e fatos relacionados à vida real que são de suma importância para o atual
contexto social em que vivemos. Além disso, este gênero textual pode ser
inserido mais facilmente na vida dos alunos em função do interesse dos
mesmos, do custo e da não burocracia na aquisição deste material.
14
14.2.4 A LITERATURA DE CORDEL UMA PRÁTICA DE LETRAM ENTO POSSÍVEL
Danielle Nascimento1, Fernanda Rosa da Silva2 Joarina Souza Arruda3
1Faculdades Integradas ICE, Brasil
2Faculdades Integradas ICE, Brasil
3Faculdades Integradas ICE, Brasil
RESUMO
Este artigo pretende mostrar alguns aspectos da literatura de cordel que
podem ser relacionados à sala de aula e deste modo destacar a importância
dessa produção popular e sua utilidade como recurso pedagógico nas práticas
de leitura, visto que pelo fato de ser uma literatura criada pelo próprio povo ela
é carregada de experiências de vida.
Palavras-chaves: Literatura de cordel, sala de aula, letramento.
INTRODUÇÃO
Hoje, trabalhar com a leitura, tanto por parte dos pesquisadores, como por
parte dos professores em sala de aula não é uma atividade considerada fácil,
visto que a ideia de ler ultrapassa o simples conceito de decodificação e
atinge uma visão mais profunda, voltada para experiências sociais nas quais o
sujeito se reconhece e reflete sobre o mundo em que vive. Por isso muitos dos
envolvidos nesse processo não se cansam de buscar novas maneiras de
atingir os reais objetivos da leitura. Deste modo, fazer uma reflexão sobre a
importância do gênero Literatura de cordel e sua utilização em sala de aula
como um recurso pedagógico para o letramento pode ser bastante
enriquecedor na tarefa de ensinar a ler.
Aqui destacamos alguns aspectos relevantes em torno dessa literatura
tais como o conceito de cordel, destaques para algumas das marcas estilísticas
15
próprias dessa produção, além de uma discussão em torno do significado de
letramento e sua possível relação com essa forma de manifestação literária
popular, pois tornar o cordel um recurso pedagógico é uma maneira de quebrar
o conceito de que literatura é somente o que a elite literária consagra como
literatura, já que para muitos o cordel ainda é posto à margem da produção
artística literária consagrada.
O cordel pode ser entendido como uma estratégia para o
desenvolvimento da leitura, visto que, apesar de possuir um conteúdo
enriquecido pela cultura popular, o cordel é formado por uma linguagem
simples e de fácil compreensão, e pode ser usado para trabalhar muitos
aspectos da realidade que nos circunda tanto relacionados ao contexto social,
como político, econômico e cultural.
16
14.2.5 TANGO
Iraci Ivete Heck¹ Igridy Bianca Benevides Rigotti ², Jocinei Benedita Duarte da Silva ², Raquel da Silva Ferreira ²
1 Faculdades Integradas ICE, Letras, Brasil
2Faculdades Integradas ICE, Letras, Brasil
RESUMO
Neste presente Artigo pretende-se dar um panorama geral sobre o tango: a
origem e história e seus principais compositores. Além disso, explanar sobre os
estilos de tango e como foi a adaptação do mesmo no decorrer do tempo. Cabe
destacar que o Tango é um gênero musical essencialmente bailante e como tal
tem um ritmo e uma estrutura que o distingue de outros gêneros musicais.
Palavras Chaves: Cultura, Tango, Música.
INTRODUÇÃO
“As artes plásticas, a dança, a música constituem em numerosos países um
fundo cultural de extraordinária riqueza” segundo Araújo Brito (2004)”. Neste
sentido, os países hispanoamericanos apresentam uma diversidade de
aspectos culturais, principalmente no que se refere à dança. Pretende-se neste
trabalho fazer uma investigação e conhecer um pouco mais de um dos
elementos de expressão cultural de um povo espanhol, ou seja, um ritmo
musical argentino, que é o tango.
17
14.2.6 A INFLUÊNCIA DA MÍDIA NAS CULTURAS OLIVEIRA, Andria da Silva. (Docente/ICE) CUNHA,Cristiane S. da. (Acadêmica/ICE)
NASCIMENTO, Izana G. M. (Acadêmica/ICE) OLIVEIRA, Keyla A. Fortes de. (Acadêmica/ICE)
OLIVEIRA, Pâmela A. P. (Acadêmica/ICE)
Quando falamos sobre influência da mídia nas culturas, o assunto torna-
se polêmico e extenso. Mas, o que é mídia? Ela influência no modo de vida das
pessoas? Ao procurar em diferentes sites e dicionários podemos perceber
definições diferentes sobre o que é mídia e seu papel, por exemplo: “designa a
forma genérica, todos os meios de comunicação, ou seja, os veículos que são
utilizados para a divulgação de conteúdos da publicidade”.
http://www.foxmidia.com.br/midia.htl
Ou “conjunto dos meios de comunicação, e que inclui, indistintamente, diferentes
veículos, recursos e técnicas, como, p. ex., jornal, rádio, televisão, cinema, outdoor,
página impressa, propaganda, mala-direta, balão inflável, anúncio em site da internet,
etc ”. (dicionário Aurélio).
Ainda segundo os posicionamentos de algumas pessoas1 com nível de
escolaridade diferente, mídia representa: “um órgão de comunicação escrito falado
e televisado, com grande influência na vida das pessoas, ela é mais sensacionalista
do que verídica”,(V.1)
“Mídia é uma maneira de fazer uma divulgação, comentários críticos ou não, e
pode ser usada para comercial ou crítica, ela pode tirar alguém do poço, como
também, pode colocar dentro dele”, (V2).
“A mídia é por onde vemos as informações através de rádio, televisão, internet
e outros e ela influência na vida das pessoas porque sem ela não saberíamos o que
acontece no mundo”. (V3)
A mídia tem um papel importante na sociedade como veículo de
informação, propagação, interação e até mesmo como instrumento de estudo
para alguns. Sendo assim, a mídia nos leva onde não podemos ir, apresenta
culturas diferentes, culinárias que não conhecemos, atravessamos os oceanos
e chegamos onde nem pensávamos em estar, em outras palavras,
conhecemos o desconhecido. A mídia também é conhecida por ser voltada
1 Voluntários entrevistados. Os voluntários serão identificados no texto pela letra V acompanhada da numeração por ordem das entrevistas
18
para culturas diferentes, dentre as mais conhecidas são: a cultura erudita,
cultura popular e cultura de massa.
A cultura erudita é conhecida como cultura dos intelectuais, elite
social, econômica, política; voltada para pessoas designadas como alto nível
de conhecimento cultural, sendo considerada como mais sofisticada na arte e
mais elaborada com relação à forma e conteúdo, seu conhecimento é
proveniente do pensamento científico dos livros e pesquisas universitárias. A
cultura popular é voltada para trabalhadores rurais ou urbanos, pessoas com
nível inferior de conhecimento cultural, são classes excluídas socialmente, ou
seja, classe “alienada” e não está ligada ao conhecimento científico, é
conhecida como cultura do povo e abrange a junção de incontáveis áreas de
conhecimento, como: crenças, artes, moral, linguagem, ideias, tradições,
folclore e assim por diante.
A cultura de massa tenta igualar essas diferenças culturais e não está
vinculada a grupos específicos, é transmitida a um público variado e interfere
tanto na cultura erudita como na cultura popular. Podemos perceber essas
diferenças através da mídia nas propagandas, que implicitamente e até mesmo
explicitamente, mostram para qual classe se direciona.
Por sua vez, a propaganda é a mensagem divulgada pela mídia. Com a
criação de equipamentos voltados para a Indústria Cultural, a propaganda, que
no seu início tinha como objetivo apresentar ao consumidor o produto e suas
vantagens muda de postura.
Com o aumento da competição entre produtores e distribuidores, do
crescimento da moda, com a comercialização de produtos descartáveis sem
durabilidade e de rápido consumo, descobriu-se que manipular os desejos do
consumidor ou de criar desejos nele, obtinha-se um melhor resultado de
vendas. A propaganda comercial deixou de apresentar o produto
(demonstrando a qualidade, durabilidade, etc.) para aguçar os desejos que ele
realizaria em seus clientes, voltados ao prazer, sucesso, felicidade, status,
sexo e assim por diante.
Adotando uma nova “personalidade”, a propaganda passou a vender
imagens ao invés de produtos, porquanto, é mais fácil mexer com os
sentimentos e sensações do consumidor, do que com sua razão em si. Como
exemplo temos a fala de Marilena Chaui:
19
“assim para se vender uma manteiga ou margarina com suas propriedades qualidades, aparece a família feliz tomando o café da manhã e consumindo o produto, isto, é, vende-se a imagem da felicidade e da harmonia doméstica para as quais a margarina ou manteiga é a condição indispensável” (CHAUI, 2009, p. 295).
A influência da mídia no exemplo citado é explícita, mas se analisarmos
outros tipos de propagandas vemos a influência da mesma na vida das
pessoas em sua maneira de agir, falar, vestir e induzir no seu gosto pelo
consumo de um determinado produto. Entretanto, na sociedade
contemporânea ou pós-moderna ao qual estamos inseridos, tudo é veloz, sem
duração e perecível, para acompanhar tamanha rapidez, ainda segundo Chaui:
“a propaganda desenvolve a ideia de que sua eficácia e competitividade serão maiores e não simplesmente por agir sobre os desejos já existentes e sim por sua capacidade para inventar desejos novos e manipulá-los de acordo com o consumo de produtos sempre novos e fugazes” (CHAUI, 2009, p. 294).
Vale ressaltar que não é só a propaganda que reflete na vida das pessoas
e suas culturas, como exemplo vivo e comprovado temos as novelas, que
divulgam a “vida real”, mas em alguns contextos sociais, o que se retrata nas
novelas se torna real na vida cultural das pessoas, principalmente na cultura
popular.
Com todo esse “jogo de marketing” que a mídia faz através dos seus
instrumentos de comunicação, a influência torna-se algo inevitável e sua
ocorrência é quase que natural “a vida das nações, da mesma forma que a dos
homens, é vivida, em grande parte, na imaginação” (POWEII, 1969, p. 245).
Pode-se dizer que a propaganda através da mídia busca primeiramente mexer
com a mente das pessoas através de suas emoções, para que assim possam
“empurrar” o consumidor a adquirir um determinado produto.
Stuart Hall (1992) afirma que quanto mais a vida social for mediada pela
influência da mídia, pelo mercado global de estilos, pelas imagens, pelos
meios de comunicação e dentre outros recursos que nos cercam:
“mais as identidades se tornam desvinculadas – desalojadas – de tempos, lugares, histórias e tradições específicos e parecem “flutuar livremente”.Somos confrontados por uma gama de diferentes identidades” (HALL, 1992, p.75).
20
Mediante a fala de Hall, percebemos o quanto as propagandas e outros
meios de comunicação tem um certo domínio em nossas mentes, vidas e
culturas. Através da tecnologia e inúmeros recursos dispensados por ela,
somos escravos de nossos distribuidores e nos tornamos consumidores fiéis,
ao lembrarmos por exemplo de um determinado produto ao cantarolar sua
musiquinha ou quando vivenciamos uma situação parecida como da
propaganda do Sabão Ace, com o logotipo “sutiã encardido”, que é engraçado,
mas ao mesmo tempo retrata a realidade da sociedade ao qual estamos
inseridos. Todas essas situações aos poucos vão nos distanciando de nós
mesmos e nos inserindo em um mundo onde nossas histórias, nossas
preferências não tem sentido e nem validade.
21
14.2.7 APRENDENDO E ENSINANDO NA EDUCAÇÃO INFANTIL UM ESTUDO DE CASO
SILVA , Franciele Steffane Ferreira do Amarante ¹, RONDON, Gislei Amorim
Souza²
1.Faculdades Integradas ICE ,Brasil, [email protected]
2. Faculdades Integradas ICE,Brasil, [email protected]
RESUMO
Esse artigo é resultado de uma monografia apresentada ao Curso de
Pedagoga. Em virtude do que foi mencionado e diante das dificuldades
enfrentadas, por alguns docentes em como estimular a aprendizagem nessa
faixa etária.
Dessa forma a presente pesquisa objetivou realizar um estudo das
metodologias utilizadas por uma escola de Educação Infantil no processo de
ensino aprendizagem, e também buscou identificar quais atividades que podem
ser desenvolvidas, destacando as mais eficazes, mais prazerosas para as
crianças. Para realização do trabalho foi feito um estudo de caso em uma
determinada escola.
Os resultados demonstraram um grau significativo e importante de boa
qualificação profissional dos docentes contribuintes, sendo notável a prática de
atividades concretas, inovadoras e dinâmicas, que permitem o
desenvolvimento do Processo de Ensino Aprendizagem satisfatórias.
Palavras Chaves: Ensino; Aprendizagem; Educação Infantil.
INTRODUÇÃO
É inegável a importância da formação e preparação docente para
trabalhar com a educação infantil, haja vista, desde o nascimento até os seis
anos acorrem grandes e evidentes mudanças, visíveis nas crianças. E também
é na infância que se dá a construção da personalidade individual de cada um,
sendo assim as pessoas que participam direto ou indiretamente dessa fase
22
devem estar preparadas para auxiliá-las durante esse processo de
desenvolvimento.
Soma-se a isto, merece destacar que a Educação Infantil é um fator
muito importante na formação humana, pois é nesse período que constituímos
a base do ser que nos tornaremos, ou seja, o educador e método utilizado por
ele influenciará a criança durante toda sua vida. Cada criança possui sua
capacidade de desenvolvimento sem limites, porém o grau que ocorrerá esse
desenvolvimento será influenciado pelo meio em que cada criança vive.
Assim sendo em virtude do que foi mencionado e diante das dificuldades
enfrentadas, por alguns docentes em como estimular a aprendizagem nessa
faixa etária, oportuno se faz o presente trabalho que pretende realizar um
estudo das metodologias utilizadas por uma escola de Educação Infantil no
processo de ensino aprendizagem, e também identificar quais atividades
podem ser desenvolvidas, destacando as mais eficazes, mais prazerosas para
as crianças.
23
14.2.8 PEDAGOGIA HOSPITALAR, HISTÓRIAS E PRÁTICAS E M DIFERENTES ESPAÇOS
CRUZ, Tatiane Soares Cavalcante da¹
RONDON,Gislei Amorim Souza ²
¹ Faculdades Integradas ICE, Brasil , [email protected]
² Faculdades Integradas ICE, Brasil,[email protected]
RESUMO
O estudo denominado Pedagogia Hospitalar, histórias e práticas em diferentes
espaços sistematiza os conceitos do curso de pedagogia no Brasil, a Pedagogia
Hospitalar e o perfil do pedagogo para atuar nesse ambiente educacional. Para tanto,
foi necessário fazer uma breve retrospectiva histórica do curso de pedagogia no Brasil
a partir de sua criação em 1939; reconhecer e caracterizar a Pedagogia Hospitalar
como uma nova possibilidade de ambiente educacional, além de identificar como se
dá o processo de interação do pedagogo com as crianças enferma hospitalizadas.
PALAVRAS-CHAVE : Pedagogia Hospitalar - Classe hospitalar - Perfil do Pedagogo
INTRODUÇÃO
Agora, vem sendo o momento de grandes e significativas
transformações no seio da sociedade. Esta, tem exigido propostas que venha
solucionar problemas já existentes principalmente, na área de saúde, e é
assim, através dessa predisposição na busca pelo melhor, que a Pedagogia
Hospitalar vem trilhando e conquistando novos espaços.
Podemos afirmar que hoje, o campo de atuação do pedagogo é muito
mais amplo que alguns anos atrás, haja vista, este profissional cada vez mais
vem conquistando novos espaços, além das instituições escolares, pode – se
encontrá-lo nas instituições não- escolares, como nos hospitais, por exemplo.
Pelo exposto acima e considerando que hoje temos poucas pesquisas
nesta área, espera-se que o estudo realizado contribua para a expansão de
pesquisas voltadas ao tema, de forma a possibilitar um avanço teórico e prático
da pedagogia hospitalar, como também, estimular a formação de profissionais
especialistas nesta área. Assim, a pesquisa teve como objetivo geral promover
24
uma investigação científica sobre os fundamentos da Pedagogia Hospitalar,
oferecendo subsídios aos professores para atuarem nesse novo cenário
educacional.
Dessa forma o trabalho realizado teve característica de uma pesquisa
bibliográfica descritiva sob o enfoque de uma abordagem qualitativa no intuito
de sistematizar os conceitos do curso de pedagogia, bem como o seu percurso
histórico e por fim caracterizar a pedagogia hospitalar e o perfil do pedagogo
para atuar nesta modalidade.
25
14.2.9 O CAMINHO PERCORRIDO NA FORMAÇÃO DO PROFESSO R NO BRASIL
Jucely Grigoria de Almeida1 1 Faculdades Integradas ICE, Brasil, [email protected]
RESUMO
O estudo busca apontar o trajeto percorrido na formação dos professores –
o espaço pedagógico dependente da legislação educacional, as normas e os programas oficializados pelo Estado – e os processos de formação de professores. No desenvolvimento da pesquisa, busquei construir uma retrospectiva histórica sobre a formação do professor desde a Educação Jesuítica até a LDBEN nº. 9.394/96, mostrando que esta sempre atendeu as necessidades de uma sociedade capitalista que, seleciona, discrimina, exclui, que domina e legitima o poder. Assim, com as trilhas percorridas, pude identificar que o Curso de Pedagogia tem sua origem nos cursos pós-normais realizados nas antigas Escolas Normais. Somente a partir de 1939, foi regulamentado como curso, quando ocorreu seu disciplinamento pela artificial simetria entre todas as licenciaturas, embutida no padrão federal de formação de professores nascido com a criação em 1931, das Faculdades de Filosofia, Ciências e Letras pelo Estatuto das Universidades Brasileiras. Considero a temática formação de professores de grande relevância, à medida que se verificou que não haverá ensino de qualidade, nem reformas educativas, nem inovações pedagógicas que substituam uma adequada formação de professores. Palavras-chave: Educação, Formação de Professores. 1. INTRODUÇÃO
Quando do início dos trabalhos tivemos muitas dúvidas quanto à escolha do objeto de estudo, porém cada vez que líamos a respeito da Educação mais nos chamava a atenção à própria história da Educação, seus caminhos e mudanças. Assim, a escolha se deu pela necessidade de sanar a nossa falta de conhecimento a respeito de um assunto que está intrinsecamente ligado à nossa formação. Durante o percurso dos trabalhos nos envolvemos e percebemos o quanto essa história se movimentou, seus altos e baixos, as mudanças ligadas à própria evolução da sociedade, que partiu dos iletrados aos dias atuais, no qual as oportunidades de se capacitar e especializar em determinada área tem muito mais facilidade.
Nessa busca de conhecimentos, podem-se observar as diretrizes da Pedagogia, as características e funções que a educação foi assumindo no decorrer das mudanças econômicas, históricas, sociais e culturais, de cada época. Relatar sobre a formação dos professores no Brasil é uma difícil tarefa, pois não poderemos estar situando como se deu essa transformação em cada estado brasileiro, pois somos sabedores que cada caso tem sua peculiaridade, que a realidade não é a mesma em todos eles. Não sendo possível estabelecer
26
parâmetros fixos e imutáveis, pois a realidade do Brasil mesmo nos períodos mais afastados foi de incisões políticas, sociais, entre outras tantas, uma tão importante quanto à outra. Para que possamos pelo menos tornar mais clara essa realidade, faz-se necessário conhecer a realidade concernente à formação dos professores no Brasil. Analisando as obras pesquisadas, podemos perceber as problemáticas vivenciadas até hoje, bem como possibilitar novas discussões em torno da busca de soluções possíveis ao nosso Estado.
27
14.2.10 AVALIAÇÃO ESCOLAR E AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGIC AS
Patrícia Pinto Sturnick1 1 Faculdades Integradas ICE, Brasil, [email protected]
RESUMO
Este trabalho tem por finalidade analisar a relação entre as concepções
pedagógicas e os sentidos assumidos pela avaliação tanto pelos professores quanto pelos alunos no contexto escolar. Assim, foi desenvolvido um estudo sobre a história da avaliação da aprendizagem nas tendências pedagógicas tradicionais e progressistas, como também sobre as práticas da avaliação da aprendizagem no Brasil. A avaliação por um longo período esteve voltada apenas para os resultados finais, onde a aprendizagem era apenas medida pelos acertos e erros, tendo a função punitiva com vista a aprovação e reprovação do aluno, período em que predominou, nas escolas, a tendência tradicional. Num segundo momento analisou-se a Pedagogia Nova que nas décadas de 1920/1930, surgem no país as primeiras idéias, e a Pedagogia Tecnicista tendo a concepção de avaliação como medida, começa a ser muito difundida e até se torna um dos pilares da proposta metodológica para o ensino oficial brasileiro no período subsequente a 1970. Finalmente vem a análise das tendências pedagógicas progressistas, destacando a Libertadora e crítico-social dos conteúdos que são concebidas como instrumento de transformação social. Além disso, observa-se que as mudanças verificadas estão intimamente relacionadas as concepções de educação orientadoras das práticas pedagógicas que vem ocorrendo desde que a escola foi instituída como espaço de educação formal. Palavras-chave: Educação, Avaliação Escolar, Tendências Pedagógicas. 1. INTRODUÇÃO
A avaliação é considerada um dos temas mais polêmicos dentre os vários que afloram sobre a escola, e tem sido muitas vezes, objeto de conflito entre professores, alunos e pais. Costumeiramente, são testemunhadas situações que ilustram esse conflito, além disso, é comum nas práticas escolares, professores que apontam seus dramas, suas dúvidas e suas incertezas em relação à aprendizagem de seus alunos e ao processo de avaliação que adotam. Assim, a avaliação deve ser considerada como um dos meios para viabilizar a operacionalização de um ensino contextualizado, significativo e voltado para a qualidade da educação.
Nesse sentido, deve ser um processo contínuo com a finalidade de analisar o planejamento inicial e o resultado alcançado na aprendizagem do aluno. Assim sendo, sua função é determinar qual o percentual atingido dos objetivos propostos, bem como a verificação das mudanças e transformações do conhecimento dos alunos.
28
Por ser um método intrinsecamente ligado ao processo de ensino e aprendizagem que professores e alunos perseguem, deve ser parte integrante e não condição determinante dele. Por isso não podemos crer que basta exclusivamente, mudar o processo utilizado atualmente para garantir a qualidade de ensino. Se a questão não é assim tão simples, é preciso analisá-la com mais profundidade, refletir mais detidamente sobre ela.
Sendo assim, o que se pretende com este trabalho é refletir acerca da avaliação, seus momentos históricos, suas definições que nos ajudam a compreender o processo de avaliação nos anos iniciais do ensino fundamental. Sendo assim, não pretendemos neste texto, lidar com todas as questões, sobre a avaliação, mas tão somente fazer uma análise de sua relação com a aprendizagem. Refletir sobre esse assunto é condição primordial do exercício da profissão docente, e esse texto pretende ser uma contribuição no aprofundamento desta matéria, principalmente nos anos iniciais do ensino fundamental.
29
14.2.11 A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS E BRINCADEIRAS NA E DUCAÇÃO INFANTIL
MARIA PINHEIRO ZANZARINI2
EGLY DARLEN BRITO DE ALMEIDA3
RESUMO
O presente estudo, com o titulo, A Importância dos Jogos e Brincadeiras
Na Educação Infantil aborda que a infância é um período precioso do individuo,
pois nele que a criança vai se apropriando do mundo em que vive vai
aprendendo as regras e valores que a sociedade impõe. Esta etapa também é
caracterizada pelos jogos e brincadeiras, que são muito importantes para a
formação de sua identidade, educar de maneira lúdica se faz necessário na
Educação Infantil, pois e assim que as crianças expressam suas vontades e
sentimentos de um jeito prazeroso de aprender. O presente estudo foi realizado
através da pesquisa de campo que comprova a importância dos jogos e
brincadeiras na educação infantil. A criança e um ser social, que aprende com
as trocas e interações que se estabelecem com os outros. Os jogos e
brincadeiras favorecem a construção de seus conhecimentos, de maneira
dinâmica e criativa. Os jogos e as brincadeiras favorecem para que o processo
de ensino e aprendizagem ocorra de forma significativa contribuindo para o
desenvolvimento das habilidades das crianças. Conclui-se que os jogos e as
brincadeiras, fazem parte da vida da criança e introduzi-los nas atividades
educacionais é dever dos educadores que se preocupam em formar cidadãos
críticos e participativos.
Palavra- Chave: Educação Infantil, Jogos ,brincadeiras
INTRODUÇÃO
2 Professora Orientadora do curso de Pedagogia das Faculdades Integradas Mato-Grossenses de Ciências Sociais e Humanas 3 Acadêmica do curso de Pedagogia das Faculdades Integradas Mato-Grossenses de Ciências Sociais e Humanas
30
O presente estudo tem como objetivo fazer uma análise sobre a
importância do uso de jogos e brincadeiras no processo de aprendizagem das
crianças na Educação Infantil. Na educação infantil os jogos e brincadeiras são
de fundamental importância, porque enquanto brinca a criança expressa seus
sentimentos, aprende e se socializa.
Os jogos e as brincadeiras são ferramentas para serem trabalhadas de
forma prazerosa, quando as crianças tem alegria e entusiasmo ao adentrar no
espaço educacional. As brincadeiras são linguagens naturais da criança, pois
exploram o meio em que vive; a escola precisa ser um meio facilitador criando
um ambiente estimulante que favoreça a aquisição de autonomia da
aprendizagem e onde os conhecimentos possam ser construídos de forma
dinâmica e criativa
Para as crianças os jogos e as brincadeiras são atividades que resolvem
conflitos da vida real; representam papeis, imitam comportamentos e criam e
respeitam regras que são muito importantes para o seu convívio em sociedade.
Assim e necessário que na Educação Infantil haja preocupação em
oferecer as crianças momentos e espaços para os jogos e brincadeiras
orientadas ou livres, pois elas contribuem para o desenvolvimento integral das
crianças.
31
14.2.12 ALFABETIZAÇÃO NOS ANOS INICIAIS
MARIA PINHEIRO ZANZARINI4
MARLI MENDES CORRÊA VALÉRIO DOS SANTOS5
RESUMO
O processo de alfabetização é a partir da aprendizagem e apropriação
da leitura e da escrita. E importante alfabetizar as crianças tornando-as
construtores de seu conhecimento. A alfabetização parte da idéia de que
ensinar a ler e a escrever, propicia caminhos para as novas aprendizagens.
Durante o desenvolvimento a criança aprende a lidar com as situações onde
vive com isso ela desenvolve a potencialidade da oralidade, assim não há
necessidades de treinos. Na tentativa de escrever a criança apresenta tanto as
correspondências do sistema escrito como o da fala. A escrita tem suas
funções, que foram inventadas para atender a determinados usos da
linguagem na sociedade. É importante que a criança aprenda a utilizar a escrita
como elemento de apoio e reforço da fala e que esta seja alfabetizada para
construir o seu próprio saber e assim consiga fazer a leitura e a escrita da sua
realidade. Sabe-se, também, que o trabalho principal a ser feito nos anos
iniciais e a alfabetização através do desenvolvimento das capacidades
lingüísticas
Palavras-Chave: Alfabetização, Leitura, Escrita
INTRODUÇÃO
A alfabetização é um processo indispensável para a apropriação do
sistema de leitura e escrita. A conquista dos princípios, alfabético e ortográfico
possibilita ao aluno ler e escrever com autonomia.
4 Professora Orientadora do curso de Pedagogia das Faculdades Integradas Mato-Grossenses de
Ciências Sociais e Humanas
5 Acadêmica do curso de Pedagogia das Faculdades Integradas Mato-Grossenses de Ciências Sociais e Humanas
32
A escola é a instituição responsável pela sistematização dos
conhecimentos, portanto é pertinente saber como está sendo proporcionado o
conhecimento aos alunos que a freqüentam e que mecanismos são utilizados
pelos os professores utilizam para que os alunos se apropriem da construção
do conhecimento.
Quando o aluno é considerado alfabetizado quando Le e escreve tendo
oportunidade de decodificar os símbolos que compõem a língua que conhece e
utiliza, a aprendizagem se concretiza na prática da escrita e da leitura.
Portanto Alfabetizar é oferecer aos alunos instrumentos básicos para o
ingresso e participação na sociedade em que vive. O domínio da língua, leitura
e escrita são indispensáveis para a apropriação do saber. Desenvolver o
raciocínio, o senso de observar e a visão crítica de mundo, são necessários
para expressar a própria idéia,
Para a obtenção do conhecimento teórico e na elaboração deste
trabalho, várias literaturas foram pesquisadas, mas teve como relevância os
Parâmetros Curriculares Nacionais, Emília Ferreiro e Paulo Freire.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais é um guia instrumental didático
que servem de bases para discussões educacionais pois contribuem com as
práticas educativas.
Por valorizarem a construção do conhecimento, Emília Ferreiro e Paulo
Freire vêem a alfabetização sob a ótica onde o alfabetizando é um sujeito
ativo que participa de forma plena na conquista do saber.
A partir dos anos 1980, o conceito de alfabetização vem sendo revisto e
ampliado com as contribuições dos estudos sobre a psicogênese da aquisição
da língua escrita, particularmente com os trabalhos de Emilia Ferreiro e Ana
Teberosky. De acordo com esses estudos, o aprendizado do sistema de escrita
não se reduz ao domínio de correspondências entre grafemas e fonemas, mas
se caracterizaria como um processo ativo por meio do qual a criança, desde
seus primeiros contatos com a escrita, constrói e reconstrói hipóteses sobre a
33
natureza e o funcionamento da língua escrita, compreendida como um sistema
de representação.
Este trabalho tem como objetivo geral, ampliar os conhecimentos da
alfabetização nos anos iniciais. Sabe-se que a alfabetização é um processo
lento, gradual e cumulativo e que este é um processo de compreensão da
alfabetização é um dos grandes desafios constantes e presentes nas escolas
sendo este um dos responsáveis pela vida escolar dos alunos.
Os conhecimentos teóricos são relevantes a partir dos referenciais
bibliográficos, mas para o andamento do trabalho fez-se necessário ir a campo
e pesquisar o ambiente alfabetizador, onde foram levantados pontos essenciais
sobre a alfabetização, portanto foi utilizada a pesquisa qualitativa.
O desenvolvimento baseado na linguagem oral e escrita e a influência
na alfabetização. O processo de aquisição do código escrito, das habilidades
da leitura e da escrita, o processo de compreensão de significados, a criança
gradativamente é capaz de construir hipóteses. Assim a oralidade influencia a
escrita
34
14.3 EXATAS
14.3.1 MEDIDAS DE SEGURANÇA DAS REDES SEM FIO
Dayana Pontes
Instituto Cuiabano de Educação – Faculdades (ICE)
RESUMO
Este artigo irá sobre a questão da segurança das redes sem fio, sendo
que este tipo de rede promove maior flexibilidade e mobilidade, e é muita
importante para o tráfego das informações. As redes sem fio são de fácil
instalação, e muitas são instaladas sem se preocupar-se com a questão da
segurança, gerando assim implicações para o quesito segurança. Veremos
nesse trabalho, alguns conceitos, vantagens e desvantagens, e conhecer
alguns meios de segurança para tornar a rede um pouco mais segura.
INTRODUÇÂO
As redes sem fio a cada dia vêm se tornando cada vez mais popular.
Elas oferecem diversas vantagens sobre as redes cabeadas, que espalha
cabos e fios por toda residência ou escritório. Oferece mais mobilidade e
liberdade aos seus usuários, que podem ficar conectados de qualquer lugar
onde estiver, seja no escritório, na sala de reunião, ou até mesmo no jardim de
sua casa, tudo isso sem ficar preso a cabos que acabam limitando sua
mobilidade.
As redes sem fio apresentam grandes vantagens, como mobilidade,
conforto e rapidez, mas de acordo com John Ross (2003), “As redes wireless
não são seguras e é impossível tornar uma rede Wi-Fi absolutamente privada”.
Nos dias atuais, a preocupação fundamental quando falamos em
tecnologia de rede sem fio é a questão de segurança. O ponto fraco desse tipo
35
de rede é as inúmeras ameaças de segurança. Para que uma pessoa mal
intencionada invada esta rede é necessário que apenas tenha alcance ao
ponto de acesso (P.A.).
E o fato do sinal usar o ar como meio de transmissão, fica fácil para um
usuário que tenha uma boa antena capture o sinal que propaga pelo ar, e faça
uso indevido do sinal captado.
Por isso, se não colocar na nossa rede sem fio as medidas de
segurança necessárias, estaremos dando de presente ao nosso intruso ou
competidor, no mínimo um acesso gratuito à internet. Caso as vulnerabilidades
sejam ainda mais menosprezadas, toda a informação empresarial ou pessoal
que circule pela rede pode ser desviada. De documentos de trabalho a senhas
de banco eletrônico (Silva, Ludwig, 2008).
Assim temos que tomar algumas medidas de segurança, para tentar
dificultar o acesso de pessoas não autorizadas. Temos que tentar identificar
quais os pontos fracos da rede, entender os principais padrões de segurança
das redes sem fio.
36
14.3.2 SEGURANÇA EM COMÉRCIO ELETRÔNICO
Galina Renato
Faculdades Integradas ICE, Brasil, [email protected]
RESUMO
Antes da era da internet e do comércio eletrônico, muitas vezes a
informática tinha pouca importância no negócio real das empresas. Com essa
crescente utilização dos recursos da tecnologia de compras em comércio
eletrônico, resultado em uma preocupação também constante em relação à
segurança das informações oriundas dessa utilização para compras virtuais. O
principal objetivo deste artigo foi caracterizar as considerações de segurança
no ambiente do comércio eletrônico.
PALAVRAS-CHAVE : Segurança da Informação, Comércio Eletrônico, internet.
INTRODUÇÃO
Antes da era da internet e do comércio eletrônico, muitas vezes a
informática tinha pouca importância no negocio real das empresas.
A tecnologia da informação atuava com receio nos processos de
melhoria, mas muito dificilmente era um elemento de negócios. Pode então,
frente ao contexto atual de globalização dos mercados, entenderem-se a
informação e as TI que suportam os seus fluxos através da organização como
fatores fundamentais ao desenvolvimento do comercio eletrônico (CASTELLS,
2008).
Desta maneira, para um entendimento das necessidades de segurança
do comercio eletrônico é de extrema necessidade compreender a importância
da informação no desempenho das organizações e depois a relevância
assumida pelas tecnologias da informação e pelos sistemas de informação no
suporte ao comercio eletrônico, pois grande rede esta cada vez mais sendo
37
utilizada de forma comercial, o comercio eletrônico já chega a ser considerado
como marco para uma “nova economia”.
Em vista disso, a discussão e o debate sobre esse novo mundo
eletrônico e, especialmente, sobre a segurança no comercio eletrônico são de
fundamental importância para as administrações publicas e privadas, que
precisam, com urgência, desenvolver novos procedimentos e soluções, que
garantam eficácia e efetividade a sua ação de controle na privacidade e
segurança do usuário que utiliza esse tipo de comercio para fazer suas
compras.
38
14.3.3 SISTEMAS DE SUPERVISÃO E CONTROLE OPEN SOURC E
Alves Zonoizô, Edson
Faculdades Integradas ICE, Brasil, [email protected]
RESUMO
Vivemos a era da informação, cada vez mais organizações humanas
dependem de programas de computador para gerir seus negócios, diferentes
tipos de aplicativos são desenvolvidos a cada dia oferecendo soluções para as
mais diferentes necessidades das empresas, um tipo de software muito
importante nas indústrias é conhecido como “Software Supervisório”, sua
função é monitorar e também controlar um determinado processo industrial,
servindo como ferramenta essencial para o acompanhamento, a verificação da
qualidade, a minimização de desperdícios de matéria prima, de energia
elétrica, em todas as etapas de fabricação de um determinado produto.
PALAVRAS-CHAVE : open sources Sistemas Supervisórios.
INTRODUÇÃO
Implantar um sistema de supervisão e controle em um determinado
processo utilizando-se de sistemas proprietários normalmente é um
investimento de custo elevado, isso faz com que micro e pequenas empresas
deixem de utilizar deste recurso tão importante no gerenciamento de seus
processos. Como alternativa existem os sistemas Supervisórios de modelo
“open sources” com os quais os custos de instalação diminuem
significativamente permitindo que sistemas supervisórios completos sejam
utilizados por um baixo custo.
39
14.4 SOCIAIS APLICADAS
14.4.1 A AGRICULTURA FAMILIAR E A AGROINDUSTRIA UMA NOVA ALTERNATIVA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Marcelo Rodrigo da Silva Neves
Professor Universitário
Regina Nogueira da Silva
Mestranda em Desenvolvimento Local – UCDB– C. Grande-MS
RESUMO
Este artigo faz parte de uma pesquisa em andamento que trata da
importância da agricultura familiar como um dos pilares alternativos do
desenvolvimento sustentável, objetiva demonstrar a formação de um novo
modelo de desenvolvimento, com novas alternativas. A problemática relativa a
esse assunto resume-se na questão: Há novos desafios para a agricultura
familiar no sentido de aumentar a renda, a sua capitalização e a redução dos
desmatamentos e queimadas? Sendo assim, poderá ser criado um novo
modelo de agricultura familiar, tendo como uma das alternativas um novo olhar
para a agroindústria: uma nova alternativa na complementação de renda.
Conclui-se que o grande desafio, para a família rural é caracterizar-se como um
espaço de atividades pluriativas, ligado em áreas diversificadas, de forma que
os novos rumos tomados venham ao encontro à articulação de uma série de
atividades, muitas delas de forma tipicamente urbanas.
PALAVRAS-CHAVE: Agricultura Familiar, Agroindústria, Pluriatividade,
Produção.
INTRODUÇÃO
A agricultura familiar pode contribuir de forma considerável para que se
consiga reverter o saldo do desmatamento-reflorestamento. Conforme
40
menciona SOUZA (2006 p. 53), “Enquanto países desenvolvidos, como Áustria,
Espanha, Estados Unidos, Finlândia, França, Itália, Japão, Noruega, Polônia e
países em desenvolvimento como Belarus, Chile, [...,] estão recuperando áreas
florestais perdidas no passado.” No entanto, há um grande desafio para a
agricultura familiar no sentido de aumentar a renda, a sua capitalização e a
redução dos desmatamentos e queimadas. Sendo assim, poderá ser criado um
novo modelo de agricultura familiar, tendo como uma das alternativas um olhar
para Agroindústria: uma nova opção na complementação de renda.
A família rural vem se caracterizando pelas atividades pluriativas
mediante a exploração de culturas diversificadas. Este novo enfoque tem como
objetivo maior garantir a sustentabilidade neste novo papel, onde a criação de
pequenas agroindústrias poderá ser apontada como uma das opções
econômicas para que a família rural permaneça e contribua para a formação de
um novo modelo de desenvolvimento sustentável. Está proposta cria um novo
olhar para o pensamento rural familiar que permite a diversificação de culturas
e agregação de valores produtivos.
O modelo de agro industrialização descentralizado de pequeno porte,
com as características familiar, é visto, portanto como uma das opções
capazes de impulsionar o desenvolvimento sustentável e a distribuição de
renda local, ou seja, é uma forma de proporcionar a re-inclusão social de
agricultores no modelo de produção sustentável.
41
14.4.2 MUNDO ANIMAL – CLÍNICA E LOJA ESPECIALIZADA
Marcelo Rodrigo da Silva Neves
Professor Universitário- ICE
Regina Nogueira da Silva
Professora Universitária
Marelise Marcieli Albrecht
Acadêmica do 8º Sem do Curso de Administração ICE
RESUMO
O referido Projeto de Plano de Negocio tem como objetivo principal criar
a estrutura para que através do Planejamento e estruturação , se consiga
elaborar através da pesquisa, montar o referido Plano de Negocio para que a
empresa Mundo Animal – Clinica e Loja Especializada Ltda, para sua
implantaçao, venha funcionar de forma planejada, dar consistência na
execução da mesma, como também, através do plano de negocio criar-se
estratégias condizentes com o objetivo principal que é estruturar o referido
empreendimento e fazé-lo viável em sua execução.
PALAVRAS-CHAVES: Plano de negocio, cliente, gerenciamento,
colaboradores, gestão de pessoas.
INTRODUÇAO
Sabedores somos da importância do plano de negocio para que um
“empreendimento” tenha estrutura confiável necessária para ser lançado no
mercado, injetar recursos financeiros e criar toda um planejamento que
envolva a pesquisa de campo para conhecer de forma abrangente o seu
publico alvo, procurando desta forma, estabelecer metas, traçar os objetivos
necessários para que, através da pesquisa possamos ter segurança em sua
42
aplicabilidade correta nos recursos que serão aplicados, proporcionando o seu
funcionamento perfeito e que se o empreendimento a um processo com
resultados positivos e estimulantes.
Para tanto, é mister enfatizar que o plano de negócio é o instrumento
ideal para traçar um retrato fiel do mercado, do produto e das atitudes do
empreendedor, o que propicia segurança para quem quer iniciar uma empresa
verificando a viabilidade do negócio ou para quem deseja ampliar ou expandir o
seu empreendimento.
Segundo Rosa (2007, p.8), o autor enfatiza que “Um plano de negócio é
um documento que descreve por escrito os objetivos de um negócio e quais
passos devem ser dados para que esses objetivos sejam alcançados,
diminuindo os riscos e as incertezas. Um plano de negócio permite identificar e
restringir seus erros no papel, ao invés de cometê-los no mercado”. Conforme
menciona Rosa, o plano de negocio é um instrumento que ajuda o
empreendedor a diminuir os riscos e ter confiança no que pretende executar,
permitindo com a elaboração da mesma identificar e até mesmo restringir seus
erros durante a sua elaboração e evitar que erros aconteçam no mercado.
Conforme menciona Dornelas (2005, p.99) com o plano de negócios, é
possível entender e estabelecer diretrizes para o seu negócio; gerenciar de
forma mais eficaz a empresa e tomar decisões acertadas; monitorar o dia-a-dia
da empresa e tomar ações corretivas quando necessário; conseguir
financiamentos e recursos junto a bancos, governo, SEBRAE, investidores,
capitalistas de risco etc.; Identificar oportunidades e transformá-las em
diferencial competitivo para a empresa; Estabelecer uma comunicação interna
eficaz na empresa e convencer o público externo (fornecedores, parceiros,
clientes, bancos, investidores, associações etc.). Observando portanto,
conforme descreve o referido autor, o plano de negocio é uma ferramenta
eficaz para que nas tomadas de decisões, o empreendedor consiga minimizar
ao máximo falhas decorrentes no processo de elaboração, proporcionando
através do referido projeto tomar-se decisões seguras e acertadas para
minimizar os erros que possam apresentar no momento da elaboração e
construção do referido projeto de plano de negocio.
43
Abaixo, descrevemos as características o empreendimento proposto, do
qual, todo o trabalho aqui executado foi direcionado para que o mesmo tenha
um sucesso no mercado competitivo.
44
15 Anexos
A LITERATURA DE CORDEL: UMA PRÁTICA DE LETRAMENTO P OSSÍVEL
Danielle Nascimento1, Fernanda Rosa da Silva2 Joarina Souza Arruda3
1Faculdades Integradas ICE, Brasil 2Faculdades Integradas ICE, Brasil 3Faculdades Integradas ICE, Brasil
RESUMO: Este artigo pretende mostrar
alguns aspectos da literatura de cordel
que podem ser relacionados à sala de
aula e deste modo destacar a
importância dessa produção popular e
sua utilidade como recurso pedagógico
nas práticas de leitura, visto que pelo fato
de ser uma literatura criada pelo próprio
povo ela é carregada de experiências de
vida.
Palavras-chaves: Literatura de cordel,
sala de aula, letramento
1. INTRODUÇÃO
Hoje, trabalhar com a leitura, tanto
por parte dos pesquisadores, como por
parte dos professores em sala de aula
não é uma atividade considerada fácil,
visto que a idéia de ler ultrapassa o
simples conceito de decodificação e
atinge uma visão mais profunda, voltada
para experiências sociais nas quais o
sujeito se reconhece e reflete sobre o
mundo em que vive. Por isso muitos dos
envolvidos nesse processo não se
cansam de buscar novas maneiras de
atingir os reais objetivos da leitura. Deste
modo fazer uma reflexão sobre a
importância do gênero Literatura de
cordel e sua utilização em sala de aula
como um recurso pedagógico para o
letramento pode ser bastante
enriquecedor na tarefa de ensinar a ler.
Aqui destacamos alguns aspectos
relevantes em torno dessa literatura tais
como o conceito de cordel, destaques
para algumas das marcas estilísticas
próprias dessa produção, além de uma
45
discussão em torno do significado de
letramento e sua possível relação com
essa forma de manifestação literária
popular, pois tornar o cordel um recurso
pedagógico é uma maneira de quebrar o
conceito de que literatura é somente o
que a elite literária consagra como
literatura, já que para muitos o cordel
ainda é posto à margem da produção
artística literária consagrada.
O cordel pode ser entendido como
uma estratégia para o desenvolvimento
da leitura, visto que, apesar de possuir
um conteúdo enriquecido pela cultura
popular, o cordel é formado por uma
linguagem simples e de fácil
compreensão, e pode ser usado para
trabalhar muitos aspectos da realidade
que nos circunda tanto relacionados ao
contexto social, como político,
econômico e cultural.
2. LITERATURA PAPULAR X LITERATURA DE MASSA
Por ser uma produção pouco
divulgada e que durante muito tempo foi
colocada à margem do que sempre se
considerou significativo em termos de
literatura, alguns ainda confundem a
literatura popular com a literatura de
massa. Por isso antes de falarmos
diretamente a respeito da literatura de
cordel, faremos uma rápida distinção
entre Literatura de Massa X Literatura
Popular.
De acordo com Ecléia Bosi (1996,
p.73) “a literatura de massa, é claramente
não folclórica; é abertamente organizada
por empresários da indústria do fazer;
fortemente estruturada em função de o
público que ela tem”. Deste modo
entende-se pelas palavras da autora que
a literatura de massa é feita com intuito
financeiro já que os maiores interessados
nesse tipo de produção são os
empresários, alem de ditarem a moda na
sociedade consegue vender milhões em
história de ficção originando o que
chamamos de Best Sellers( ex. o livro O
Crepúsculo).
Por outro lado, segundo Joseph
Luyten (1992, p.14,39) a literatura
popular se caracteriza, sobretudo por ser
uma linguagem regional, ou seja,
linguagem utilizada pelo povo, pois é
possível perceber nessa narrativa, traços
que confirmam a linguagem popular.
Ex: Lendas populares, cantigas de roda,
cordel, etc. O objetivo maior da literatura
popular é contar a vida do homem
comum, em seu cotidiano do dia a dia, ou
seja, literatura popular é feita pelo povo
46
para o povo enquanto que a literatura de
massa é feita pelas indústrias para o
consumo do povo
3. CORDEL: UMA ARTE
LITERÁRIA POPULAR
Como podemos ver, o cordel se
insere na produção literária popular, é
uma das várias manifestações artísticas
do povo, criada com o objetivo de contar
suas experiências de vida. É chamada
literatura de cordel pela forma como são
vendidos os folhetos, dependurados em
barbantes (cordão), nas feiras, mercados,
praças e bancas de jornal. No entanto, o
povo se refere à literatura de cordel
apenas como folheto. De acordo com
Marcela Cristina Evaristo (2003) a sua
principal característica é a oralidade e faz
parte da literatura popular em verso.
Existem duas maneiras de o cordel
chegar até o leitor: a primeira se dá de
forma oral, cantada, e a segunda por
meio dos folhetos impressos, ou seja,
verbalmente escritos
Segundo Evaristo, a historia do
cordel tem sua ligação com a tradição
medieval, período em que contar historia
numa comunidade se tornou um tipo de
atividade educativa. O narrador, contava
as experiências que vivia, e com essa
ação, ensinava aos ouvintes valores
morais, orientando para a vida.
Conforme a autora, os
camponeses e os marinheiros eram os
melhores contadores de historias: os
camponeses porque conheciam
verdadeiramente a cultura do lugar onde
viviam e os marinheiros por causa das
viagens que faziam constantemente.
Atualmente o cordel, como narrativa,
mantém, até hoje, “algumas
características de origem, como a função
social educativa, de ensinamento,
aconselhamento, e não apenas
entretenimento ou fruição individual”
(p.120).
Além, do ensino de valores
morais, afirma Cristina Evaristo, o cordel
tem a capacidade de reunir as pessoas,
pois as historias são contadas oralmente
para um grupo de ouvinte. Mas o cordel
mesmo tendo características de sua
origem, passa a absorver algumas
tendências do mundo moderno como, por
exemplo, os fatos atuais que acontecem
na sociedade.
De acordo com Arievaldo
Viana (2010) A Literatura de cordel
evolve temas diversos: de histórias de
gracejo e astúcia a reaproveitamento de
contos e lendas da tradição oral. Além
disso, observa-se a presença do
47
cangaço nos folhetos os quais tem
como personagem central Virgulino
Ferreira da Silva, o Lampião (1898-1938),
bem como a interação existente entre a
Literatura de Cordel e as outras artes:
música, cinema, teatro, artes plásticas,
etc.
4. CARACTERÍSTICAS DA
NARRATIVA DE CORDEL
Segundo Viana (2010) em se
tratando da estrutura poética do cordel:
enquanto os folhetos europeus preferiam
quadras e os mexicanos motes
desenvolvidos em glosas de dez linhas,
aqui no Brasil a modalidade preferida
pelos poetas é a sextilha (estrofe de seis
versos), cada uma contendo sete sílabas
poéticas, o que chamamos de redondilha
maior. Observa-se ainda o uso da setilha
(estrofe de sete versos), do martelo (de
dez linhas) e ainda o decassílabo (ou
martelo agalopado). Em relação à
apresentação gráfica: aqui no Brasil os
poemas são bem mais longos, de 8
páginas (folheto) até 60 páginas nos
(romance) ao contrário dos outros países,
na maioria das vezes, apenas uma
página dobrada ao meio .
Marcela Evaristo (2003, p.122)
apresenta alguns exemplos dessas
características e seus traços de
formalidade:
Temos a obrigação(a) Com os queridos leitores(b) Trazer-lhes versificados(c)
Romances superiores(b) Mostrando livros famosos(d)
Dos ilustres escritores(b) (Manoel D´ Almeida Filho*2)
Além disso, podemos
perceber a musicalidade marcante
presente nessa literatura pelo fato de ser
construída em versos e rimas quase
sempre alternadas:
E nesta constante lida (a) Na luta de vida e morte(b)
O sertão é a própria vida (a) Do sertanejo do Norte(b) Três muié, três irimã, (a)
Três cachorra da mulesta (b) Eu vi nun dia de festa (b)
No lugar Puxinanã. (a) (Zé da Luz)
Para a autora as historias
de cordel impressas podem ser
produzidas através de diferentes fontes:
“invenção do autor”, elementos
folclóricos, originários “dos poetas que
os versificam”,isto é , os cordelistas
fazem intertextos entre suas idéias e
elementos folclóricos, tranformando-os
em versos.
48
Marco Aurélio de Farias ( 2010)
lembra ainda que a Literatura de cordel é
herdeira do romanceiro tradicional, onde
predominam os contos de encantamento
ou maravilhosos. Possui raízes no
trovadorismo medieval lusitano,
continuadora das canções de gesta, mas
também espelho social de seu tempo. O
cordelista está ligado ao menestrel da
Idade Média, que descende do rapsodo
grego.
Essa poesia foi Cantada pelos jograis,
Celebrando os grandes feitos Dos heróis medievais,
E também falando sobre Romances sentimentais.
Marco Haurélio e João Gomes de Sá.
Os elementos da tradição grega, podem
ser observados nos versos abaixo.
Parecia a deusa Vênus Olhar atraente e lindo
Lábios de cor purpurina Vivia sempre sorrindo
Como se fosse uma deusa No cume do Monte Pindo.
(Luis de Lima)
Evaristo (2003, p.123) diz que é
possível perceber também na literatura
de cordel traços que marcam a
“interdiscursividade”. Outra característica
dessa literatura é o uso de elementos
mágicos, pois os heróis das historias
sempre procuram ajuda divina para que
seus problemas sejam resolvidos.
Ainda, segundo Marcela Evaristo,
a narrativa é marcada pela religiosidade,
que aparece explicita ou implicitamente
na maioria dos textos. Por isso muitos
folhetos passam a ser utilizados para
transmitir valores cristãos:
Pra sermos amigos de verdade, Precisamos amar e querer bem;
Repartir o pão pela metade; Dividir nossos sonhos com alguém;
(Antônio Francisco Teixeira de Melo) Pra falar da natureza
Primeiro peço permissão Peço luz em meu caminho
E a Jesus peço perdão Espero a caridade eterna
E também a salvação. (José Severino Cristóvão)
Voltando à pesquisa de
Evaristo (p.127) outra característica que
é marcante na literatura de cordel “é o
esquema folhetinesco, presente também
nas novelas televisivas”, isto é, ao invés
do autor contar toda a historia escrita por
ele de uma só vez, ele prefere contar em
partes para criar um certo suspense e
curiosidade, fazendo com que o leitor
adquira vários folhetos com a
continuação da sua historia. O mesmo
caso ocorre nas novelas televisivas que
contam historias dos personagens em
vários capítulos.
49
Outro aspecto comum da
literatura de cordel é a crítica, a denúncia
social, política:
A saúde do Brasil É uma vergonha popular
O rico como pode Usa o dinheiro pra se tratar
E o pobre que não tem O seu caminho é se lascar
(Jadson Jatão Vaqueiro)
Denúncia de injustiça:
Quando este mundo acordar Ele vai dizer na hora:
Chega de tanta injustiça Não suporto mais agora
Ver tantas mãos estiradas E tantos pães jogados fora.
(Antônio Francisco Teixeira de Melo)
5. CORDEL E LETRAMENTO
Segundo Fabrina Bezerra da
Silva em seu artigo “Literatura de cordel
um convite ao aprendizado” a literatura
de cordel é um meio didático alternativo,
pois através dessa narrativa é possível
ensinar os alunos os “temas universais”,
fazendo com que eles reflitam sobre “as
questões sociais”. Além disso, o cordel
também serve para ajudar os professores
a melhorar a qualidade das aulas,
fugindo um pouco do ensino mecanizado
“dos livros didáticos”.
O cordel ainda de acordo com a
autora é uma estratégia para “os
recursos pedagógicos”, capaz de
desenvolver no aluno:
a “escrita e a oralidade”, pois é um
“gênero” caracterizado principalmente,
pela “manifestação oral”; ajuda a
compreender textos, por ser escrito de
forma simples, e também porque facilita a
leitura daqueles que estão passando pelo
“processo de aprendizagem”; é capaz de
“despertar nos alunos a criatividade
poética, para que conheçam as regras
gramaticais dos “versos”,e explorem a
“leitura e a linguagem”, de modo com que
eles percebam que não é somente o que
a mídia apresenta é que é o certo; a
literatura de cordel tem a capacidade de
“promover o desenvolvimento da
musicalidade como expressão artística e
corporal”, ou seja, é capaz de fazer com
que os poemas dessa literatura seja visto
como um trabalho realizado por artistas
que se expressam através dos
movimentos corporais.
Como podemos perceber existem
diferentes modos e diferentes maneiras
do cordel ser trabalhado em sala pelos
professores, para que as aulas sejam
mais criativas, mais dinâmicas, para que
o tempo dentro da sala de aula seja
proveitoso, tanto para os professores
como também para os alunos, de
maneira com que todos os objetivos
50
almejados pelos professores sejam
alcançados de modo genuíno.
Levando em consideração esses
aspectos, podemos dizer que a partir do
momento em que um individuo entra em
contato com essa literatura, a interpreta,
compreende e relaciona com sua
realidade, ele está adquirindo a condição
ou o estado de um individuo em
letramento, isto é, está praticando a
leitura de forma mais crítica e atuante,
pois, segundo SOARES (2006) só
quando fazemos o uso adequado da
ação do ler e escrever em práticas
sociais podemos nos considerar letrados.
Para Soares (2006 p.18). O
termo letramento utilizado atualmente,
provém da palavra inglesa “literacy”.
“Literacy vem do latim littera (letra), com
o sufixo - cy, que denota qualidade,
condição, estado, fato de ser”. Para a
autora, então, letramento é o uso que
fazemos da leitura e da escrita em
praticas sociais como, por exemplo, a
compreensão e interpretação de textos
produzidos pela sociedade. Por isso,
destaca ainda Magda Soares, que para
uma pessoa ser letrada, “não basta
apenas ler e escrever”, ela precisa se
interagir com o texto, compreender qual a
intenção do emissor ao produzi-lo, por
que ele escolheu tal assunto, quais os
seus argumentos, qual posição ele
espera de nós enquanto receptores da
mensagem, etc. Tudo isso, deve ser
levado em consideração para entender
de forma clara a definição de letramento,
pois há muitos que confundem o termo
com a palavra alfabetismo.
Diferenciando os termos, diz:
A[...] a palavra alfabetismo, “estado ou qualidade de alfabetizado”, enquanto seu contrario, analfabetismo , “estado ou condição de analfabeto”, é termo familiar e de universal compreensão. O que surpreende é que o substantivo que nega – analfabetismo se forma com o prefixo grego a(n)-, que denota negação – seja de uso corrente na língua, enquanto o substantivo que afirma – alfabetismo- não seja usado. Da mesma forma, analfabeto, que nega, é também palavra corrente, mas nem mesmo temos um substantivo que afirme, o seu contrario (já que alfabetizado nomeia aquele que apenas aprendeu a ler e escrever, não aquele que adquiriu o estado ou a condição de quem se apropriou da leitura e da escrita, incorporando as praticas sociais que as demandam. (SOARES, 2006, p.19)
Pode-se depreender da
afirmação, portanto que alfabetismo é
apenas aprender a ler e escrever, e que
letramento é o uso da ação do ler e
escrever em práticas sociais.
Assim, uma pessoa que não
saiba ler e escrever, analfabeta, pode, de
certa forma, ser letrada, caso ouça
51
alguém lendo um jornal e demonstre o
seu interesse pelas praticas sociais e
envolvimento com o assunto, além de
entender e compreender aquilo que esta
sendo passado pelo jornal. Por outro lado
um individuo mesmo sabendo ler e
escrever, necessariamente, pode não
ser letrado, caso não consiga fazer o
uso correto da leitura e da escrita, isto é,
não consiga compreender muito menos
interpretar sua própria leitura.
Através da literatura de cordel
essa passagem de um simples ato de
alfabetismo para uma real ação de
letramento torna-se menos árdua devido
a proximidade que essa literatura permite
seja pela linguagem bastante acessível,
seja pela riqueza de conteúdo
relacionado à experiência popular.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O cordel possui vários atrativos,
pois por meio dessa literatura é possível
trazer para a sala de aula um modo
diferente de produzir leitura, ouvindo,
recitando e criando, vencendo problemas
de preconceito em relação as produções
populares. São textos que se ligam ao
cotidiano do povo, possuem uma
linguagem e vocabulário simples. E com
o ritmo marcado, o cordel acaba atraindo
os leitores mais jovens e que
desconhecem completamente a
existência dessa literatura.
Inserir o cordel em sala de aula é
uma estratégia pedagógica para
influenciar os alunos a desenvolver o
habito de leitura, interpretação, e também
o senso critico, isto é, fará com que
sejam capazes de formular suas próprias
opiniões sobre determinado assunto.
Essa literatura contribui para o
ensino de valores éticos e morais que
todo professor precisa passar para os
seus alunos bem como os contextos
sociais, político, econômico e cultural.
Além disso, faz com eles enxerguem
alem do mundo em que vivem, para que
consigam compreender a si mesmo e ao
próximo, ou seja, tenha o conhecimento
de diferentes mundos e realidades.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
EVARISTO, Marcela Cristina. O cordel em sala de aula In: BRANDÃO, Helena BOSI, Ecléa. Cultura de massa e cultura popular : leituras de operárias. Petrópolis: Vozes, 1993. LUYTEN, Joseth M. O que é literatura popular . 5ºed. São Paulo, Brasiliense, 1998 (coleção primeiros passos) MAGDA, Soares. Letramento : um tema em três gêneros. 2 ed. 11. Reimpr. Belo Horizonte: Autêntica, 2006. 128 p. RN SITES. Poemas de cordel . Coletânea de versos de Walter Medeiros
52
e outros cordelistas nordestinos. Natal, Rio Grande do Norte. 30 out 2011. Disponível em < http://www.rnsites.com.br/cordeis.htm ARIEVALDO, Viana; FARIAS, M.A; MENDONÇA, R.H. TV escola : Salto para o futuro. Ano XX. Boletim 16. Série: Literatura de cordel e escola. Out 2010.Disponívelem<http://tvescola.mec.gov.br>
1
A Influência da Mídia nas culturas
OLIVEIRA, Andria da Silva. (Docente/ICE) CUNHA,Cristiane S. da. (Acadêmica/ICE)
NASCIMENTO, Izana G. M. (Acadêmica/ICE) OLIVEIRA, Keyla A. Fortes de. (Acadêmica/ICE)
OLIVEIRA, Pâmela A. P. (Acadêmica/ICE)
Quando falamos sobre influência da mídia nas culturas, o assunto torna-
se polêmico e extenso. Mas, o que é mídia? Ela influência no modo de vida das
pessoas? Ao procurar em diferentes sites e dicionários podemos perceber
definições diferentes sobre o que é mídia e seu papel, por exemplo: “designa a
forma genérica, todos os meios de comunicação, ou seja, os veículos que são
utilizados para a divulgação de conteúdos da publicidade”.
http://www.foxmidia.com.br/midia.htl
Ou “conjunto dos meios de comunicação, e que inclui, indistintamente, diferentes
veículos, recursos e técnicas, como, p. ex., jornal, rádio, televisão, cinema, outdoor,
página impressa, propaganda, mala-direta, balão inflável, anúncio em site da internet,
etc ”. (dicionário Aurélio).
Ainda segundo os posicionamentos de algumas pessoas6 com nível de
escolaridade diferente, mídia representa: “um órgão de comunicação escrito falado
e televisado, com grande influência na vida das pessoas, ela é mais sensacionalista
do que verídica”,(V.1)
“Mídia é uma maneira de fazer uma divulgação, comentários críticos ou não, e
pode ser usada para comercial ou crítica, ela pode tirar alguém do poço, como
também, pode colocar dentro dele”, (V2).
“A mídia é por onde vemos as informações através de rádio, televisão, internet
e outros e ela influência na vida das pessoas porque sem ela não saberíamos o que
acontece no mundo”. (V3)
A mídia tem um papel importante na sociedade como veículo de
informação, propagação, interação e até mesmo como instrumento de estudo
para alguns. Sendo assim, a mídia nos leva onde não podemos ir, apresenta
culturas diferentes, culinárias que não conhecemos, atravessamos os oceanos
6 Voluntários entrevistados. Os voluntários serão identificados no texto pela letra V acompanhada da numeração por ordem das entrevistas
2
e chegamos onde nem pensávamos em estar, em outras palavras,
conhecemos o desconhecido. A mídia também é conhecida por ser voltada
para culturas diferentes, dentre as mais conhecidas são: a cultura erudita,
cultura popular e cultura de massa.
A cultura erudita é conhecida como cultura dos intelectuais, elite
social, econômica, política; voltada para pessoas designadas como alto nível
de conhecimento cultural, sendo considerada como mais sofisticada na arte e
mais elaborada com relação à forma e conteúdo, seu conhecimento é
proveniente do pensamento científico dos livros e pesquisas universitárias. A
cultura popular é voltada para trabalhadores rurais ou urbanos, pessoas com
nível inferior de conhecimento cultural, são classes excluídas socialmente, ou
seja, classe “alienada” e não está ligada ao conhecimento científico, é
conhecida como cultura do povo e abrange a junção de incontáveis áreas de
conhecimento, como: crenças, artes, moral, linguagem, ideias, tradições,
folclore e assim por diante.
A cultura de massa tenta igualar essas diferenças culturais e não está
vinculada a grupos específicos, é transmitida a um público variado e interfere
tanto na cultura erudita como na cultura popular. Podemos perceber essas
diferenças através da mídia nas propagandas, que implicitamente e até mesmo
explicitamente, mostram para qual classe se direciona.
Por sua vez, a propaganda é a mensagem divulgada pela mídia. Com a
criação de equipamentos voltados para a Indústria Cultural, a propaganda, que
no seu início tinha como objetivo apresentar ao consumidor o produto e suas
vantagens muda de postura.
Com o aumento da competição entre produtores e distribuidores, do
crescimento da moda, com a comercialização de produtos descartáveis sem
durabilidade e de rápido consumo, descobriu-se que manipular os desejos do
consumidor ou de criar desejos nele, obtinha-se um melhor resultado de
vendas. A propaganda comercial deixou de apresentar o produto
(demonstrando a qualidade, durabilidade, etc.) para aguçar os desejos que ele
realizaria em seus clientes, voltados ao prazer, sucesso, felicidade, status,
sexo e assim por diante.
Adotando uma nova “personalidade”, a propaganda passou a vender
imagens ao invés de produtos, porquanto, é mais fácil mexer com os
3
sentimentos e sensações do consumidor, do que com sua razão em si. Como
exemplo temos a fala de Marilena Chaui:
“assim para se vender uma manteiga ou margarina com suas propriedades qualidades, aparece a família feliz tomando o café da manhã e consumindo o produto, isto, é, vende-se a imagem da felicidade e da harmonia doméstica para as quais a margarina ou manteiga é a condição indispensável” (CHAUI, 2009, p. 295).
A influência da mídia no exemplo citado é explícita, mas se analisarmos
outros tipos de propagandas vemos a influência da mesma na vida das
pessoas em sua maneira de agir, falar, vestir e induzir no seu gosto pelo
consumo de um determinado produto. Entretanto, na sociedade
contemporânea ou pós-moderna ao qual estamos inseridos, tudo é veloz, sem
duração e perecível, para acompanhar tamanha rapidez, ainda segundo Chaui:
“a propaganda desenvolve a ideia de que sua eficácia e competitividade serão maiores e não simplesmente por agir sobre os desejos já existentes e sim por sua capacidade para inventar desejos novos e manipulá-los de acordo com o consumo de produtos sempre novos e fugazes” (CHAUI, 2009, p. 294).
Vale ressaltar que não é só a propaganda que reflete na vida das pessoas
e suas culturas, como exemplo vivo e comprovado temos as novelas, que
divulgam a “vida real”, mas em alguns contextos sociais, o que se retrata nas
novelas se torna real na vida cultural das pessoas, principalmente na cultura
popular.
Com todo esse “jogo de marketing” que a mídia faz através dos seus
instrumentos de comunicação, a influência torna-se algo inevitável e sua
ocorrência é quase que natural “a vida das nações, da mesma forma que a dos
homens, é vivida, em grande parte, na imaginação” (POWEII, 1969, p. 245).
Pode-se dizer que a propaganda através da mídia busca primeiramente mexer
com a mente das pessoas através de suas emoções, para que assim possam
“empurrar” o consumidor a adquirir um determinado produto.
Stuart Hall (1992) afirma que quanto mais a vida social for mediada pela
influência da mídia, pelo mercado global de estilos, pelas imagens, pelos
meios de comunicação e dentre outros recursos que nos cercam:
4
“mais as identidades se tornam desvinculadas – desalojadas – de tempos, lugares, histórias e tradições específicos e parecem “flutuar livremente”.Somos confrontados por uma gama de diferentes identidades” (HALL, 1992, p.75).
Mediante a fala de Hall, percebemos o quanto as propagandas e outros
meios de comunicação tem um certo domínio em nossas mentes, vidas e
culturas. Através da tecnologia e inúmeros recursos dispensados por ela,
somos escravos de nossos distribuidores e nos tornamos consumidores fiéis,
ao lembrarmos por exemplo de um determinado produto ao cantarolar sua
musiquinha ou quando vivenciamos uma situação parecida como da
propaganda do Sabão Ace, com o logotipo “sutiã encardido”, que é engraçado,
mas ao mesmo tempo retrata a realidade da sociedade ao qual estamos
inseridos. Todas essas situações aos poucos vão nos distanciando de nós
mesmos e nos inserindo em um mundo onde nossas histórias, nossas
preferências não tem sentido e nem validade.
1.1 Consumo
A Industria Cultural se deu origem através da sociedade capitalista que
transformou a cultura em produto comercializado, visando apenas o lucro.
Temos como indústria cultural a televisão, o jornal, o radio, a revista e outros.
Nesse tipo de indústria podemos observar vários temas e culturas
que é exposto a qualquer hora e para qualquer idade. Os conteúdos
apresentados tem o poder de alienar uma pessoa, fazendo com que esta
pessoa adquira um produto bom capaz de ajudar o desenvolvimento humano,
mas também seja capaz de adquirir um produto ruim sem qualquer tipo de
argumentação.
No Brasil infelizmente se focaliza nessas mídias muitos temas, assuntos e
culturas estrangeiras. Essa realidade brasileira é triste, pois objetos de compra
e venda é priorizada pela mídia, e não a cultura na qual esta se propunha. A
indústria cultural é centralizada apenas em interesses lucrativos.
É uma realidade presente na casa de todos nós, a televisão nos toca
profundamente todos os dias e todas as horas, não nos permitindo a escolha e
sim a alienação de vários produtos para o consumo.
5
A televisão é conhecida como cultura de massa por estar em meio a
todos, pois a comunicação de massa é onde o maior numero de publico atua
sobre essa cultura segundo dados específico do ibope.
a indústria cultural não é mais obrigada a visar por toda parte aos interesses de lucro cultural e às vezes se emanciparam da coação de vender as mercadorias culturais que, de qualquer maneira, devem ser absorvidas" (Adorno, 1977, p. 289).
Dessa forma percebemos que somos induzidos inconscientemente ao
consumo sem o verdadeiro caráter de consumir.
Sendo assim consumidores impulsionados por imagens, contextos e
mentiras. Se pararmos para pensar quantas coisas que compramos e
deixamos de lado, veremos que somos consumidores por puro impulso em
adquirir mercadorias que muitas das vezes não eram necessárias, ou por falta
de utilidade ou por não fazer parte do nosso cotidiano.
Quantas vezes trocamos um produto ou pela marca ou por que um artista
aparece dizendo maravilhas sobre algo que nem eles mesmo utilizam.
Na verdade essas são as formas encontradas para que a classe
conhecida como dominante tenha suas expectativas alcançadas. E nós como
consumidores de massa apenas saciamos o desejo dos que dominam, por
pura ignorância ou por falta de instrução.
Bosi(2006), afirma que a expansão do modo de produção capitalista
absorve as sociedades e estas transformam seus recursos naturais e humanos
em mercadorias. As lutas de gerações a respeito do necessário e do desejável
mostram outro modo de estabelecer as identidades e construir nossas
diferenças.
Estamos em um mundo em que o consumo cada vez mais se exarceba,
os valores religiosos, artísticos e morais que o capitalismo encontra, como já
dissemos, são consumidos e transformados em produtos.
Vamos afastando-nos da época em que as identidades se definam por essências históricas; atualmente configuram-se no consumismo, dependem daquilo que se possui, ou daquilo que se pode chegar a possuir (CANCLINE, 2006, p.30)
Para este autor, a versão política do nacionalismo dos anos 60-70, que
consistia em estar contente com o que se tem foi a última tentativa de manter
6
dentro das vacilantes fronteiras nacionais a explosão globalizada dos bens de
consumo que as diferenciavam.
A televisão como relatamos, nos parágrafos anteriores, é um dos meios
de comunicação que mais veicula o intercâmbio de idéias, produtos e culturas,
ela é militante e age sobre seus telespectadores por meios autoritários, por
pressões morais e pelo jogo dos mecanismos econômicos.
Chesneaux(1995) cita um texto retirado do jornal Le Monde, 15 de janeiro
de 1982, de FedericoFelline:
A televisão mutilou nossa capacidade de solidão, violou nossa dimensão mais íntima, mais privada, mais secreta. Acorrentados por um ritual, fixamos um quadro luminoso que vomita milhares de coisa que se anulam mutuamente, numa vertiginosa espiral. A paz só vem quando desliga. As onze horas, a meia noite pesa sobre nossos ombros um grande e obrigatório cansaço. Vamos para nosso leito carregados de uma vaga má consciência e, no escuro, os olhos fechados, tentamos restabelecer o vinculo, como um fio rompido, do silêncio interior que nos pertencia. (CHESNEAUX, 1995,p. 128) Por esta linha de pensamento, a mídia age sobre nós por meio das
imagens, impondo o que devemos ser e o que devemos ter. Na televisão “as
pessoas não vêem o que preferem, mas preferem o que lhes oferecem”
(CANCLINE, 2006, p. 167).
Ainda neste entendimento, descreveremos no tópico seguinte sobre o
consumismo na infância, onde moderniza-se para sobreviver, mas destrói-se
para ser moderno.
1.2 Mídia e consumo: que infância estamos construin do?
Quem nunca ouviu aquelas propagandas tentando induzir nossas
crianças com aqueles dizeres “NÃO ESQUEÇA a minha Caloi”. Comprem
Batom”. Danoninho vale mais do que um bifinho”.(PEREIRA,2007), não é de
hoje que esses apelos publicitários interferem na formação de nossos filhos, e
nós pais estamos escravos disso tudo, pois, sem percebe acabamos deixando
nos levar pelo apelo de nossos filhos e cedendo.
De acordo com (PEREIRA, 2007), uma pesquisa norte-america afirma
que bastam apenas 30 segundos para uma marca influenciá-las, e se
7
pensarmos que as crianças brasileiras passam em média cinco horas por dia
em frente à TV (Ibope 2005), quantas influencia ela sofre? Por muitas vezes
nós pais precisamos trabalhar, e quando estamos em casa com tantos
afazeres domésticos deixamos nossos filhos a mercê da televisão “é quando os
profissionais de marketing que trabalham dia e noite para minar suas ações
com mensagens cada vez mais apelativas e irresistíveis”( PEREIRA, 2007, p.
27)
Temos um exemplo de mídia e consumo bem implícito o “dia das
crianças”, percebemos ai que infância que nós pais estamos construindo para
os nossos filhos? As crianças de hoje em dia sumiram das praças, parques,
zoológicos estão se refugiando nos shoppings, cinema, Mc Donald’s. No dia
das crianças ficamos centrados em quais brinquedos iremos dar a nossos
filhos e não na essência da criança, estamos a cada dia que passa observando
que a criança perdeu o sorriso de criança, vivemos imersos em imagens e sons
que nos atravessam sem nos pedir permissão, trocamos a atenção de nossos
filhos por presente, o medo que a criança tinha do lobo mal da historinha da
chapeuzinho vermelho foi trocado pelo medo da realidade, o abraço pelo
objeto. O que estamos fazendo com nossos filhos?
Esse problema se soma ao afastamento das brincadeiras que se
perderam ao longo do tempo, vivenciamos meninas de 04 anos em diante que
vão para a escola preocupada em qual sapato, bolsa ou batom vai usar para ir
pra escola em vez de estarem preocupados com as brincadeiras que iram
brincar com as coleguinhas, os pais foram “desautorizados do poder, ou
melhor, do saber e a mídia faz seu papel muito bem de encaminhar a infância
de nossos filhos, estão preocupados com o lucro, e não com futuro de nossos
filhos” (PEREIRA, 2007). A infância de nossos filhos não pode ser aprisionada
pela falsa felicidade que a sociedade de consumo nos vende, nossas crianças
precisam de palavras, precisam de brinquedos feitos por nós pais, necessitam
de carinho de um olhar especial e acima de tudo precisamos diminuir o acesso
de nossos filhos a televisão retirando muitas vezes do quarto, limitando o
acesso a internet só assim poderemos diminuir a influencia da mídia sobre
nossas crianças e assim devolver a infância que foi roubada de nossos filhos.
8
1.3 Mídia e propagação política
Com base na pesquisa realizada, a influência da mídia é notória no dia a dia
dos cidadãos, estes recebem um fluxo muito grande de informações que fazem
com que se perca sua própria opinião. Discutem, opinam, chegam até a
defender fielmente determinada opinião, apenas com base na informação
recebida. Informação essa que já vem moldada segundo interesses de
terceiros.
Assim acontece também com relação a política. Todas as informações chegam
prontas, produzidas por várias instâncias para atender as necessidades de
determinados políticos.
Na pesquisa apresentada pelo Professor Universitário Davys Sleman de
Negreiros, Mestre em Sociologia Política pela Universidade Federal de São
Carlos- UFSCar, através do seu estudo vem nos mostrar como a mídia
influenciou no processo de modernização no meio político.
Segundo Negreiros, pode-se aceitar o argumento que a
propaganda/marketing, as mídias e as estatísticas ( as polêmicas pesquisas de
opinião ) impõem-se na medida em que se retrai a cena tradicional da política.
Assim podemos afirmar que há um vácuo da representatividade e que um
determinado momento foi preenchido pelas mídias, tendo como conseqüência,
segundo Muniz Sodré:
“(...)nesses espaços mediados, trava-se uma novíssima disputa eleitoral: em
vez de plataformas marcantes, vantagens percentuais nas pesquisas, em vez
de posições ideológicas, rostos fotogênicos ou telegênicos, em vez de
representação, simulação”.
(Jornal do Brasil/Ideias, 03/11/1987 .)
O jogo de influências entre a mídia e a política é muito complexa e não é
unilateral, porém, fica o reconhecimento de que ela tornou-se o fator central
nesse meio, e que não é possível mudar esse fato.
Não adianta alimentar o sonho dos tempos áureos da política, na qual
imperavam os verdadeiros debate de idéias, sem preocupar-se com a imagem,
sem a contaminação pelas técnicas de marketing e sem a influência de
sondagens de opinião.
9
A revista de Sociologia e Politica oferece um dossiê que revela um pouco
da multiplicidade de perspectivas e de possibilidades de pesquisas presente no
estudo da relação entre a mídia e a política. Em rigor, mais do que delimitar
uma área temática específica, é necessário compreender os meios de
comunicação de massa como elementos necessários de qualquer investigação
sobre política contemporânea.
Os estudos de mídia e política deixam de ser percebidos como uma
excentricidade e passam a ser identificados apenas pela ênfase maior que
concedem a algo que já se reconhece universalmente como relevante.
De acordo com Regina Mota, o importante é que os meios de
comunicação de massa, em especial a televisão, de que seu artigo aborda,
sejam capazes de seguir o que chama de “uma pauta pública”, isto é, que
levem em conta o interesse do público. Sua inspiração é o movimento do public
journalism estadunidense, que substitui o ideal da “apresentação objetiva dos
fatos” pelo incentivo ao envolvimento dos cidadãos nas questões coletivas.
O foco de Pedro José Floriano Ribeiro é menos amplo. Ele discute as
transformações sofridas pelas campanhas eleitorais na era do que o cientista
político ítalo-estadunidense Giovani Sartori chamou de vídeo política. Enquanto
as estruturas partidárias perdem peso, avulta a importância de consultores de
marketing, publicitários e técnicos em sondagens de opinião pública.
O artigo coloca a “modernização” das campanhas brasileiras sobre o
pano de fundo das experiências de outros países e discuti desafios que o
processo apresenta para o exercício da soberania popular.
No entanto, como observa Márcia Jardim, uma parcela significativa das
campanhas eleitorais no Brasil ocorre sem a propaganda no rádio e sobretudo,
na televisão. Simplesmente porque não existem em muitos municípios,
emissoras com capacidade de gerar programação.
Nesses locais, durante as eleições municipais, os partidos fazem
campanhas tradicionais, baseadas em impressos, comícios e contato corpo a
corpo, mas o ambiente eleitoral não é tradicional. Os eleitores recebem o sinal
(e, portanto, a propaganda eleitoral) dos municípios vizinhos, resultando em um
complexo sistema de contaminação.
10
Logo, podemos concluir através da nossa pesquisa que a política anda de
mãos dadas com a mídia. Ela exerce uma influência gigantesca diante de um
povo que se deixa levar por ela.
Esse processo chega a ser uma espécie de lavagem cerebral ,
dificultando que estes possam juntamente com sua carga de conhecimento
assimilar e chegar a conclusão do que acreditam ou não ser melhor para si.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOSI,Ecléa. Cultura Brasileira: temas e situaçoes. Sao Paulo: Atica, 2006 CANCLINE, Néstor García. Consumidores e cidadaos:conflitos multiculturais da globalização; tradução Mauricio Santana Dias. 6. ed. Rio de Janeiro: Editora UFRJ,2006. CHAUI, Marilena. Um convite à filosofia . 13ª ed. São Paulo: Ática, 2099. CHESNEAUX, Jean. Modernidade-Mundo. Rio de Janeiro: Vozes LTDA, 1995. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário Aurélio da Língua Portuguesa . 4ª ed. Curitiba: Positivo, 2009. HAAL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade . 10ª ed. Rio de Janeiro: DP&A, 1992. PAIVA, Raquel e BARBALHO, Alexandre. Comunicação e cultura das minorias . São Paulo:Paulus, 2005. Revista Sociol.Polit., Curitiba, 22, p. 7-2, jun.2004<http://www.foxmidia.com.br/midia>Acesso em: 17 out. 2011
Mídia e política: a metamorfose do poder. Davys Sleman de Negreiros.
http://www.brasilescola.com/cultura/industria-cultura.htm> Acesso em: 20 out. 2011
11
O FALAR CUIABANO: UM OLHAR PARA SUA HISTÓRIA
Daniela Carla Candido1, Priscilla Marie G. Fortes2, Tatiane Darc Correa3 1Faculdades Integradas ICE, Letras, Brasil 2Faculdades Integradas ICE, Letras, Brasil 3Faculdades Integradas ICE, Letras, Brasil
1
RESUMO
Este artigo tem como objetivo apresentar algumas considerações acerca
da história do falar cuiabano, levando em consideração diferentes pesquisas
acadêmicas sobre esse tema.
Desse modo, serão apresentadas questões direcionadas aos aspectos
fonológicos e morfossintáticos, que podem esclarecer a origem do linguajar
cuiabano, na tentativa de desmistificar conceitos pré-elaborados acerca desse
linguajar como também mostrar a necessidade de valorizar este patrimônio
histórico-cultural atribuído à linguagem mato-grossense.
Palavras-chave: Linguajar Cuiabano, Viés Histórico, Trajetória Linguística.
1. INTRODUÇÃO
Muitos são os estudos sobre o linguajar cuiabano, contudo não se trata
apenas de levantar dados, mas sim conhecer a história regional em que este
se encontra para que possamos buscar suas características linguísticas desde
sua origem, fazendo uma investigação da formação local, a começar da etnia
cuiabana, com destaque para o estudo dos aspectos fonológicos e
morfossintáticos.
Quanto aos aspectos linguísticos, cabe destacar aqui que o cuiabano
sempre teve um falar peculiar e são muitas teorias a respeito da origem deste
linguajar, que veremos ao longo deste artigo.
Muitos pesquisadores buscam esclarecer a linguagem cuiabana através
de um levantamento histórico das etnias que compunham a região desde sua
colonização no século XVIII, em consequência do movimento bandeirantista.
Segundo Lima (2003, p. 663):
Quando queremos descrever um fenômeno lingüístico, faz-se necessário que, primeiramente, entendamos o que é língua. Um conceito com o qual podemos lidar é que a língua é um sistema de sinais acústico-orais, como resultado de um processo histórico, evolutivo.
Cuiabá foi local de muita miscigenação de diferentes etnias, a principio
devido à grande busca dos bandeirantes por minas indígenas e auríferas
durante suas desbravadoras expedições, no período de colonização. Ainda
sobre isso, Dettoni (2001) afirma:
2
Conviveram naquele cenário e naquela época, a língua geral paulista dos
bandeirantes, varias línguas indígenas dos nativos da região, o português falado
pelos migrantes sertanistas que para lá se deslocaram em busca de ouro e
diamantes, a variedade castelhana da fronteira com o Paraguai e Bolívia e a
variedade do português falada pelos negros [...] (DETTONI, 2001, p. 58).
Hoje, percebe-se que, na Baixada Cuiabana, existe uma pronúncia
distinta do português de outras regiões faladas no Brasil. Assim, para
compreensão dessa variedade linguística, faz-se necessário conhecer um
pouco de sua história.
2. LINGUAJAR CUIABANO: PERCURSO HISTÓRICO E TRAJET ÓRIA LINGUÍSTICA
Cuiabá situa-se entre as cidades surgidas no século XVIII, em
consequência do movimento bandeirante, que a princípio vinha em busca de
indígenas como utilização de para utilizá-los como mão de obra escrava.
Contudo, os bandeirantes depararam-se com enriquecidas minas auríferas
permanecendo no local e tornando-se os primeiros povoadores da região.
Lima (2003, p. 662) sobre o surgimento de Cuiabá afirma:
Os bandeirantes Pascoal Moreira Cabral e Miguel Sutil foram os fundadores do
arraial de Cuiabá em 1719. Em 1727 o povoado foi elevado à categoria de vila sob
a denominação de Vila Real do Senhor Bom Jesus de Cuiabá. Em 08 de abril de
1719, Pascoal Moreira Cabral lavrou a ata de fundação de Cuiabá. Em 1818 foi
elevada à categoria de cidade e, em 1825, tornou-se a capital da província, função
que foi da cidade de Vila Bela da Santíssima Trindade desde a sua fundação em
1752 até 1825.
Com o surgimento de uma nova capitania, viu-se em Cuiabá a
alternativa de mudança de vida para muitos que aqui chegavam, o que fazia
com que o processo migratório tornasse-se responsável pela formação
linguística da cidade.
Muitas são as teorias sobre a origem da linguagem cuiabana, dentre
elas, podemos citar Santiago-Almeida (2005, p. 87), que acredita que as
3
influências mais relevantes são retiradas das línguas indígenas, em especial, a
língua bororo. Essas influências, segundo o autor, podem ser vistas ainda hoje,
a exemplo, sobre o uso das consoantes africadas [tΣ] e [dΖ]. Já SOUZA(1999)
vê a hipótese do português cuiabano ter raízes criolas ou semicriolas. Ao
defender sua tese, buscou retratar as condições sócio-históricas que
contribuem para crioulização linguístico-cultural do cenário brasileiro.
Observando que
nos locais de aglomeração e aglutinação humana, especialmente na efervescência das minas, caldearam-se povos e línguas em todos os sentidos, resultando numa formação lingüística híbrida, com tendências marcadamente crioulizantes (SOUZA, 1999 apud COX, 2009, p. 76).
Não se sabem exatamente os componentes variantes do linguajar
cuiabano, o que se sabe é que fatores históricos e sociais teriam contribuído
diretamente na constituição lingüística do falar cuiabano.
Seguindo os pesquisadores, a Baixada Cuiabana provém de etnias
diversificadas, por isso, ela é composta por diferentes aspectos. Dettoni (2003,
p. 197) assevera que
Ao longo da colonização de Mato Grosso, as línguas indígenas nativas, a
variedade Castelhana da fronteira, a língua dos bandeirantes colonizadores, além
das diversas variedades do português ali introduzido pelos sertanistas migrantes
juntamente com a variedade falada pelos escravos para lá transferido.
O que os estudiosos como Santiago-Almeida também acreditam, é que o
dialeto caipira de São Paulo também tenha contribuído para a formação do
linguajar cuiabano. Segundo esses estudos, esse dialeto caipira é composto
pelo português arcaico tardio, pelas línguas africanas e línguas indígenas do
litoral, que passaram a incorporar as características linguísticas do povo
Bororo. Dentre as características fonéticas desta língua, destacam-se:
1. A ausência da consoante lateral (L), que segundo pesquisas, origina-se
da interação fonológica entre português e bororo.Por exemplo: inglês –
ingrês, claro – craro, bloco – broco. Este fenômeno linguístico é
caracterizado de rotacismo, traço característico do Linguajar Cuiabano.
2. Outro traço é a realização das fricativas palatais como africadas.
Exemplo: errado-erado, carregado- caregado.
4
3. Ausência de artigo definido em sintagmas nominais. como neste
exemplo registrado por Dettoni (2003, p. 12): “Mãe de meu vovô, que é
pai de papai, foi índia”. Não menos perceptível é o uso de “no”
(preposição em + artigo o) para designar “na casa de”: “Fui no comadre”
corresponde a “Fui na casa da comadre”.
Outra questão relacionada ao falar cuiabano é a variação na
concordância do gênero gramatical, a qual ainda é uma ocorrência verificável
no dia dia-a-dia de muitas pessoas em vários pontos do espaço urbano bem
como no espaço rural. Alguns estudiosos, como Dettoni (2003), já chegaram a
afirmar que o que ocorre no falar cuiabano é a neutralização do gênero. Lima
(2007) também pontua que
um grande número de ocorrências sobre a marcação do gênero gramatical na variedade lingüística de Cuiabá está em dissonância com a marcação de gênero feita pela maioria dos falantes brasileiros. Enquanto a maioria dos brasileiros faz uma concordância canônica entre os determinantes e adjetivos com o substantivo como, por exemplo, a porta está fechada, criança bonita, em Cuiabá encontramos várias ocorrências sobre a variação na concordância do gênero gramatical como em a porta está fechado, criança bonito (2007, p. 158).
São muitos os fatores históricos que podem ser identificados como contribuintes à
linguagem cuiabana, entre tantas teorias, uma que se faz presente na maioria das
pesquisas é o movimento migratório. Este é grande contribuinte para a formação da
linguagem cuiabana, desde sua colonização até os dias atuais, demonstrando que a
língua ainda encontra-se em processo de mudança.
3. PRECONCEITO LINGUÍSTICO EM RELAÇÃO AO FALAR CUIABANO: BREVES CONSIDERAÇÕES
Sabemos que a Baixada Cuiabana foi cenário do encontro entre
línguas e variedades linguísticas tão diversificadas.
Ainda hoje podemos perceber a influência dos migrantes na
capital, migrantes estes que sempre estão buscando na região a
ascensão financeira.
Segundo IBGE, Cuiabá aparece como cidade que mais recebe
imigrantes, assim os aspectos culturais, sociais e linguísticos de certa forma
começam a sofrer alterações à medida que há o encontro das mais variadas
5
maneiras de se falar o português. Há uma circulação considerável dos signos.
Segundo Alberto Tassinami7: “Os signos circulam, tudo circula. A luta para
repousar numa diferença em meio a uma equalização geral é enorme. Não é
algo alegre. Nem triste. Entusiasma”. Contudo a variedade linguística tão
singular do falar cuiabano não era vista com “bons olhos” para os que aqui
chegavam, causando estranheza ao se deparar com o linguajar cuiabano.
A exemplo, temos o rotacismo, que é um traço característico do linguajar
cuiabano. Vale ressaltar que o rotacismo, se para outras regiões era
circunscrito aos falantes da zona rural, em Cuiabá trata-se de um fenômeno
linguístico, independendo se o falante era da zona rural ou urbana, ressalta
COX (2005). Em virtude do rotacismo e da forma singular dos cuiabanos
falarem, houve por parte dos migrantes preconceito linguístico, pois
acreditavam que era necessário corrigir a fala dos cuiabanos. Esse movimento
preconceituoso fazia com que o cuiabano sentisse vergonha de seu linguajar.
Cox , em uma entrevista para o jornal Diário de Cuiabá no ano de 2004,
afirma que a mudança e a variação linguística são fenômenos de todas as
línguas, mas o cuiabano tem muita vergonha da sua. Segundo ela, “nos
depoimentos que colhemos para a pesquisa todos os entrevistados falam, mas
não admitem que falam e acham feio e errado o falar cuiabano”.
Outra pesquisadora da Universidade de Brasília, Rachel do Valle
Dettoni8, diz que a Escola criou preconceitos em relação ao falar cuiabano: “A
escola foi, principalmente na década de 80, uma verdadeira agência de
discriminação”.
Para a professora Dettoni, a diglossia também não é uma exclusividade
cuiabana: “Todos nós falamos de um jeito e escrevemos de outro”. Ela ainda
diz “Todos têm o direito de se expressar”. O posicionamento da pesquisadora
deixa claro que a temática sobre o linguajar cuiabano deve ser estudada e
discutida, uma vez que é um importante para a identidade cultural do
cuiabano.
Percebe-se que, no Brasil, é comum a existência de vários mitos acerca
do modo de falar das pessoas. São visões preconceituosas que se baseiam
nas diferenças sociais, econômicas e culturais. Em consequência disso, Cuiabá
7 Revista Bravo, junho, 1998. 8 Entrevista concedia ao jornal Diário de Cuiabá em 2004.
6
está perdendo sua identidade cultural, supondo que diferente de outras
regiões onde a busca em se manter viva suas origens é algo importante, faz
parte de sua cultura. Já o falante da Baixada Cuiabana está perdendo suas
raízes, pois se envergonha, equivocadamente, de “ser” cuiabano.
4. CONSIDERAÇOES FINAIS
Com base nas leituras realizadas sobre o falar cuiabano, pudemos
perceber o quão rico é este linguajar. Composto por características singulares
e de origem multidialetal, possuindo preciosas informações sobre as variações
da língua portuguesa ao longo da sua historia. Entre tantas as hipóteses, trata-
se, portanto de um linguajar em processo de transformação, devido a
influências dos migrantes que aqui chegaram e ainda chegam.
Sabemos que os signos linguísticos sofrem alterações constantemente,
e de fato o linguajar cuiabano como outros linguajares buscam repousar na
padronização da língua portuguesa. Porém cabe ressaltar que identidade do
ser humano em uma sociedade só pode ser obtida através dos estudos
históricos culturais deste individuo.
Deve-se ter consciência desta importância, não só os cuiabanos, mas a
sociedade em geral, pois enquanto houver pré-conceitos, o conhecimento
nunca será construído adequadamente. Dado a má comunicação e
entendimento entre os povos.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COX, Maria Inês Pagliarini. Estudos lingüísticos no/do mato grosso – o falar cuiabano em evidencia. In: Revista Polifonia. Instituto de Linguagens [da] Universidade Federal de Mato Grosso. n° 17. Cuiabá : Editora Universitária, 2009
______. Ecos fonético-fonológicos no falar cuiabano. In: Cox, M. I.P.; Santiago-Almeida, M. M. (orgs.). Vozes cuiabanas: estudos linguísticos em Mato Grosso. Cuiabá: Cathedral, 2005.
7
DETTONI, Rachel do Valle. A concordância de gênero no falar cuiabano: a trajetória de uma mudança linguística em curso. In: Cox, M. I.P.; Santiago-Almeida, M. M. (orgs.). Vozes cuiabanas: estudos linguísticos em Mato Grosso. Cuiabá: Cathedral, 2005. LIMA, Jose Leonildo. A variação na concordância do gênero gramatical no falar cuiabano. Campinas: Unicamp, 2007. (Doutorado em Linguística) do Programa de Pós-Graduação em Linguística, da Universidade Estadual de Campinas, 2007. Disponível em: < http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=vtls000431295> Acesso em: 25 out. 2011. _________. O comportamento lingüístico do falar cuiabano. Anais do 5º Encontro do Celsul, Curitiba-PR, 2003 (662-670). Disponível em: <http://www.celsul.org.br/Encontros/05/pdf/092.pdf> Acesso em: 25 out. 2011. SANTIAGO-ALMEIDA, Manoel Mourivaldo. Para a história do português brasileiro: lote cuiabano. In: Cox, M. I. P.; Santiago-Almeida, M. M. (orgs.). Vozes cuiabanas: estudos lingüísticos em Mato Grosso. Cuiabá: Cathedral, 2005.
8
Tango
Iraci Ivete Heck¹
Igridy Bianca Benevides Rigotti ², Jocinei Benedita Duarte da Silva ², Raquel da Silva Ferreira ²
1 Faculdades Integradas ICE, Letras, Brasil
2Faculdades Integradas ICE, Letras, Brasil
Resumo: Neste presente Artigo
pretende-se dar um panorama geral
sobre o tango: a origem e história e
seus principais compositores. Além
disso, explanar sobre os estilos de
tango e como foi a adaptação do
mesmo no decorrer do tempo. Cabe
destacar que o Tango é um gênero
musical essencialmente bailante e
como tal tem um ritmo e uma estrutura
que o distingue de outros gêneros
musicais.
Palavras Chaves: Cultura, Tango,
Música.
1. Introdução
“As artes plásticas, a dança, a música
constituem em numerosos países um
fundo cultural de extraordinária
riqueza” segundo Araújo Brito (2004)”.
Neste sentido, os países
hispanoamericanos apresentam uma
diversidade de aspectos culturais,
principalmente no que se refere à
dança. Pretende-se neste trabalho
fazer uma investigação e conhecer um
pouco mais de um dos elementos de
expressão cultural de um povo
espanhol, ou seja, um ritmo musical
argentino, que é o tango.
2. Revisão Bibliográfica
A partir da década de 1900, tanto a
música como a letra do tango
assumiram um tom acentuadamente
melancólico, tendo como principais
temas os tropeços da vida e
desenganos amorosos. Neste sentido,
Discépulo (apud García Blaya) define
“o tango como sendo um pensamento
triste que se pode dançar”. O primeiro
cantor profissional e também
compositor foi Arturo de Nava, sua
temática é frequentemente ligada à
vida boêmia. Com a incorporação do
9
acordeão, a que seguiram a flauta e o
bandoneom, o tango assumiu sua
expressão definitiva.
Dos subúrbios o tango chegou ao
centro de Buenos Aires, suas
primeiras composições assinadas
surgiram na década de 1910, em um
período conhecido como Guardia Vieja
(Velha Guarda). As figuras mais
importantes da Guardia Nueva (Nova
Guarda) foram o cantor Carlos Gardel,
cuja a voz e personalidade, aliados
á morte trágica num acidente de avião
o transformou em mito argentino, e o
compositor Enrique Santos Discépelo.
Ao mesmo tempo compositores
europeus, com Strovinski e Milhaud,
utilizavam elementos do tango em
obras sinfônicas.
Embora o tango continuasse a ser
ouvido e cultuado na Argentina, a
feição que lhe foi dado por Gardel,
começou a sofrer tentativas de
renovação. Representantes dessa
tendência foram: Astor Piazzola, que
rompeu decididamente com os moldes
clássicos do tango, dando-lhe
tratamentos harmônicos e rítmicos
modernos. Devido a sua forte
sensualidade, o tango foi a princípio,
considerado impróprio a ambientes
familiares. O ritmo herdou algumas
características de outras danças de
casais, como as corridas e quebrados
do habanera, porém acrescentou
grande variedade de passos e
aproximou mais o casal.
Fora dos ambientes populares e
dos prostíbulos, onde imperava, o
tango perdeu um pouco da habilidade
dos bailarinos, nos salões, abicou das
coreografias extravagantes e evitou
posturas sugestivas de uma intimidade
considerada indecente na época.
2.1- Origem da Música
Sua origem encontra-se,
provavelmente, na área de Rio da
Prata, na América do Sul, nas cidades
de Buenos Aires e Montevidéu. A
música do tango não tem uma origem
muito clara. De acordo com os
estudos, o tango descenderia da
habanera e se interpretava nos
prostíbulos dessas cidades, nas
últimas décadas do século XIX, com
flauta e violão.
O tango argentino, ou rio-platense,
começou a ultrapassar fronteiras já no
início do século XX, quando
marinheiros franceses levaram ao seu
país natal o tango do uruguaio Enrique
Saborida La Moracha, isso por volta de
1907.
10
2.2- História do Tango
Sobre a história do tango é interessante salientar que
Como toda música nueva, recibió las influencias propias del contexto social y cultural de fines del siglo diecinueve, que acompañó parte de su evolución. (GARCÍA BLAYA)
O tango nasceu nos fins do século
XIX derivado das misturas entre as
formas musicais dos imigrantes
italianos e espanhóis, dos crioulos
descendentes dos conquistadores
espanhóis que habitavam os pampas e
de um tipo de batuque dos negros
chamados “Candombe”.
O tango nasceu como
expressão folclórica das
populações pobres, oriundas
de todas aquelas origens, que
se misturavam nos subúrbios
da crescente Buenos Aires.
(CUNHA, 2011)
Numa fase inicial era puramente
dançante. O povo se encarregava de
improvisar letras picantes e bem
humoradas para as músicas mais
conhecidas. Em público dançavam
homens com homens. Naqueles
tempos era considerada obscena a
dança entre homens e mulheres
abraçados, sendo este um aspecto do
tango que o manteve circunscrito aos
bordéis, onde o homem utilizava os
passos que praticavam e criavam
entre si. Mais tarde, o tango se tornou
uma dança tipicamente praticada nos
bordéis, principalmente depois que a
industrialização transformou as áreas
dos subúrbios em fábricas transferindo
a miséria e os bordéis para o centro
da cidade. Aliás, Paris se apaixonou
pelo tango, uma dança exótica e
sensual para os parasienses, que
levou muitos artistas argentinos e
uruguaianos viajar e até se radicar na
capital francesa. A própria alta
sociedade Argentina desprezava o
tango, que só passou a ser aceito nos
salões de alta classe pela influência
indireta de Paris.
Nos cabarés de luxo da década de
1920, o tango sofreu importantes
modificações. Os executantes não
eram mais os pequenos grupos que
atuavam nos bordéis, mas músicos
profissionais que trouxeram o uso do
piano e mais qualidade técnica e
melódica.
Em 1977, a prefeitura de Buenos Aires instituiu o dia do tango 11 de dezembro, que logo tornou-se um evento nacional e
11
agora faz parte do calendário cultural de diversos países.
A data foi escolhida para homenagear Carlos Gardel e o grande músico e compositor Julio De Caro, ambos nascidos neste dia. (CUNHA, 2011)
Em 2009, foi reconhecido como
Patrimônio Cultural da Humanidade
pela UNESCO, em Dubai.
2.3- Principais Compositores
Carlos Gardel é m dos maiores
nomes do tango. Gardel cantava o
tango em Paris, Nova York e muitas
outras capitais do mundo, sempre
atraindo multidões, principalmente
quando se apresentava na América
Latina. Gardel teve outro papel
importante acerca do tango. Ele foi o
responsável pela popularização do
tango estrelando filmes musicais de
tango produzidos em Hollywood.
Outros compositores de destaque do
tango são: Alfredo Le Pêra, Astor
Piazzolla, Julio de Caro, Carlos de
Sarli, Eduardo Arolas.
2.4- Estilos de Tango
Há diferentes estilos de tango
como, por exemplo: Tango Canção :
sua principal característica é a
melancolia e tristeza nos versos;
Tango Canyengue : estilo de dança
portenha, caracterizado pelos cortes e
quebradas que conferem á dança uma
identidade mais descontraída sem a
preocupação com a plástica sóbria e
rígida da elegância exigida nos salões;
Tango Romanza : menos
representativo que os outros gêneros;
Eletrotango : cujas gravações matrizes
são manipuladas eletronicamente.
Podemos encontrar também o Tango
Jazz, Novo Tango , Tango Rock.
Existiu também o tango brasileiro
muito em voga no início do século
vinte no Rio de Janeiro. Muitos dizem
que ele nada mais era que uma
denominação do maxixe, devido ao
fato de este ter sido proibido. Daí
editou-se as canções com o gênero
descrito por “Tango Brasileiro”.
2.5- Adaptação no decorrer do
tempo
Entre as décadas de 1930 e 1940
consagrou-se um novo tipo de tango.
O estilo de cantar se modifica com os
arranjos modernos ou hídricos. Os
filmes de Hollywood que apresentam o
tango contribuem para divulgar uma
visão estereotipada, sinônimo de
música apaixonada, sensual e
extravagante. Ao mesmo tempo, sob
12
influência Alemã, o tango adotado na
Europa passa a ter o ritmo de marcha,
sem o chamado Tempi Rubati, e
agrega metais. Seria, assim, um som
muito próximo ao de banda militar. Tal
influência se propagaria em todos os
cabarés berlinenses. Da Europa
alcançaria a América do Norte e
Oriente.
O Tango no Brasil sofreu influência
da habanera, que, por sua vez, se
mesclou á polca e o lundu. Há quem
diga que o Tango Brasileiro e o maxixe
designam um mesmo gênero
musical.
3. Considerações Finais
O tango é uma das representações
culturais da Argentina. E é
interessante destacar que os próprios
argentinos só valorizaram esta música
e dança a partir do momento que foi
reconhecido e fez sucesso em Paris.
Com isso se afirmou como sendo um
ritmo dançante argentino. Lógico, que
no decorrer dos anos sofreu algumas
modificações, mas nada que o levasse
ao esquecimento.
Cabe ressaltar também que, como
futuro professores de Espanhol, é de
extrema importância que se conheça a
cultura ou as culturas dos povos da
língua meta, ou seja, do idioma que se
ensina. Não há como dissociar língua
de cultura, elas caminham juntas.
Neste sentido, é imprescindível que se
conheça a cultura dos países falantes
de espanhol e que se ensine aos
alunos não somente aspectos
lingüísticos, mas também culturais.
4. Referências Bibliográficas:
AGUIAR, Josélia. Canções que são
para sempre . Disponível em:
<http://www.revistapesquisa.fapesp.br/
?art=4152&bd=1&pg=1&lg>. Acesso
em 18 ago 2011.
ARAÚJO BRITO, Sara. O texto
literário e o componente cultural no
ensino do espanhol como língua
estrangeira. Disponível em
<www.filologia.org.br/viiicnf/anais/cade
rnos09-12.html> Acesso em 18 ago
2011.
GARCÍA BLAYA, Ricardo.
Reflexiones sobre los orígenes del
tango. Disponível em:
<http://todotango.com/spanish/bibliotec
a/cronicas/origenesdeltango.asp#Tope
>. Acesso em 18 ago 2011.
CUNHA, Hugo. A história do tango.
Disponível em:
<http://www.lusitango.com/tango_cenj
13
or/_historia.htm>. Acesso em 18 ago
2011.
1
UMA PROPOSTA DE LETRAMENTO VIA ARTIGO DE OPINIÃO
Erika Minas Albuquerque1, Gláucia Soares2
1 Faculdades Integradas ICE, Letras, Brasil 2 Faculdades Integradas ICE, Letras, Brasil
RESUMO
Neste artigo, objetiva-se apresentar reflexões sobre o ensino do gênero artigo de opinião. Para esse intento, serão apresentados dados de pesquisa para que se compreenda o objeto de análise como também exposição de possíveis práticas para o ensino do gênero nas aulas de língua portuguesa.
Palavras-chave: Letramento, Língua Portuguesa, Artigo de Opinião. 1. INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, a Academia tem feito várias discussões acerca do
conceito letramento. Isso porque cada vez mais tem se exigido da escola o
fortalecimento das práticas de leitura e escrita a fim de que os alunos sejam
autores autônomos de seus discursos nas diferentes práticas sociais. Desse
modo, entende-se que o letramento “compreende a atitude social do sujeito
mediante a apropriação e desenvolvimento da linguagem, oral ou escrita, em
um contexto social específico” (NASCIMENTO; ZIRONDI, 2009, p. 253).
Consideração a afirmação das pesquisadoras, nosso objetivo é mostrar
que o gênero artigo de opinião também pode contribuir para o desenvolvimento
das práticas de leituras e escrita e isso implica no letramento dessas práticas a
fim de mobilizar algumas capacidades leitoras e de escrita.
Sabe-se que o uso da língua é específico em cada campo de atuação
humana e cada forma de atuar com a linguagem, seja ela, escolar, familiar,
científica, jornalística, literária, jurídica ou religiosa. Isso evidencia que o
contexto sócio-histórico acaba por determinar o uso da língua como também
cada gênero apresenta seu conteúdo, seu estilo, sua função e sua forma
composicional.
2. O GÊNERO ARTIGO DE OPINIÃO: BREVES CONSIDERAÇÕES
2
A escola tem o compromisso com a formação do cidadão, para que ele
tenha condições de compreender criticamente as realidades sociais, que saiba
enxergar os diferentes pontos de vista e ter seu posicionamento.
Um conhecimento amplo a respeito de diferentes gêneros discursivos,
para que se possa definir qual o melhor gênero a ser trabalhado em cada
série/ano, levando em conta as necessidades dos alunos, é importante para a
prática do professor. As atividades devem ser planejadas com o objetivo de
desenvolver a capacidade de compreender e escrever, por exemplo, artigos de
opinião.
Para que o aluno tenha melhor compreensão dos gêneros e suas
funções específicas, é preciso que ele tenha contato com jornais, revistas e
outros instrumentos de informações. É importante levar para a sala de aula os
veículos originais. Com leituras dos gêneros originais, podem conhecer os
aspectos discursivos do gênero, entender melhor sua organização textual.
Pesquisas recentes têm evidenciado a necessidade de se trabalhar o
gênero artigo de opinião, dentre ela citamos, Leite (2009), que analisou o
resultado da aplicação de uma sequência didática com artigo de opinião, da
proposta da Olimpíada de Língua Portuguesa em uma turma do 3° ano do
ensino médio de uma escola pública. Segundo os resultados de sua pesquisa,
os alunos que tiveram acesso aos gêneros discursivos conseguiram ter um
bom desempenho durante a produção.
Desse modo, no contexto escolar, todos os gêneros precisam ser
abordados, como elementos das praticas discursivas. Assim, o artigo de
opinião é importante no desenvolvimento da leitura, da escrita.
Outra pesquisa realizada sobre o gênero artigo de opinião foi feita por
Pereira (2008) com o objetivo de analisar a apropriação do gênero artigo de
opinião e de marcadores argumentativos por alunos do 3º ano do Ensino
Médio. Após as análises, Pereira verificou que os marcadores e as relações
discursivas contribuíram para a construção de sentido nas produções dos
redatores do grupo experimental.
Em vista disso, é necessário compreender o gênero artigo de opinião.
Segundo Rodrigues (2000, p. 215):
O artigo de opinião é um gênero característico do jornalismo impresso e multimídia (veiculado pela Internet).[...] caracteriza-se pelo fato de o autor normalmente ser
3
alguém de fora da instituição, muitas vezes na posição de colaborador do jornal, que ocupa papel de destaque na sociedade (escritor, pesquisador, político, médico, advogado, empresário, jornalista), que apresenta e sustenta seu ponto de vista sobre determinado fato, assunto da atualidade.
O artigo de opinião possui, em sua estrutura, uma base argumentativa,
pois apresenta argumentos sobre um determinado assunto. Além disso, o
articulista, para escrever, baseia-se em informações coerentes e verdadeiras,
em certa medida, são questões polêmicas, que estão direta ou indiretamente
ligadas a vida social dos indivíduos. Geralmente escrito em 1ª pessoa por se
tratar de um texto de opinião própria, porém, pode existir em 3ª pessoa. O
elemento mais destacado no artigo de opinião é a persuasão, pois o leitor é
levado a concordar ou discordar do articulista.
Trabalhar os aspectos formais do artigo de opinião como a ortografia,
estruturação das frases, dos parágrafos é importante. Apontando também que
não podemos nos restringir a isso, mostrar para o aluno que esses aspectos
estão a serviço do mais importante que é a compreensão e a persuasão que o
articulista tem sobre o leitor.
3. METODOLOGIA
Este artigo foi escrito a partir de pesquisas bibliográficas a fim de que as
pesquisadoras iniciantes pudessem compreender o objeto de análise como
também para a apresentação da proposta de trabalho com o gênero artigo de
opinião.
A pesquisa bibliográfica possibilita ao pesquisador ter conhecimentos
mais aprofundados do tema escolhido para a sua pesquisa além do
conhecimento base que tem no seu dia a dia. Buscamos primeiramente a
compreensão do nosso tema, pesquisando sobre o que vem a ser o gênero
artigo de opinião, qual sua estrutura, como é exposto ao leitor, como pode ser
usado em sala de aula nas aulas de Língua Portuguesa.
4. ARTIGO DE OPINIÃO: UMA PRÁTICA POSSÍVEL
4
Várias pesquisas têm mostrado que a prática de leitura e escrita pode
acontecer via os gêneros discursivos. Desse modo, o artigo de opinião também
pode ser transposto para sala de aula. A seguir, há sugestão de trabalho, a
qual está baseada nos trabalhos de Ana Maria de Carvalho Leite (2009) e
Terezinha de Jesus Bauer Uber (2008).
Pode-se utilizar um artigo, por exemplo, em que o assunto abordado
seja a sustentabilidade. Para isso, selecionou-se o artigo “Sacolas plásticas:
em vez de banir, educar”, retirado do Jornal Folha de S. Paulo, publicado em
26 de julho de 2011.
A abordagem desse gênero deve ser conduzida da seguinte forma:
a. Num primeiro momento, o professor deve levar variados artigos
presentes em diferentes suportes: revista, jornal.
b. Depois pedir aos alunos que leiam os textos previamente marcados
para que se possa fazer um debate em que eles exponham o ponto de vista
deles acerca do texto e, em seguida, o professor trabalhe a tríade do gênero:
forma composicional, conteúdo temático e o estilo.
c. Assim, o professor abordará a estrutura, a linguagem, a apresentação
na página, a autoria, os aspectos gerais de produção.
d. Depois de lido, responder questões levantadas acima do tema
escolhido.
1° Qual a finalidade ou objetivo?
2° A que gênero textual pertence o texto?
3° É uma questão polêmica? Em que parte ele apresen ta?
4° Em que ponto o autor defende sua opinião?
5° Cite dos alguns argumentos utilizados pelo artic ulista para defender
sua posição.
O professor tem muito a ganhar em sua formação profissional utilizando
o gênero artigo de opinião. Como foi apontado nas pesquisas citadas
anteriormente, o aluno que tem o conhecimento de gêneros discursivos tem
mais habilidade em escrever textos, que pode auxiliar a melhor aprendizagem
em sala de aula.
5
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LEITE, A. M. C. Elementos articuladores em artigo de opinião: uma experiência com sequencia didática no ensino médio. Minas Gerais: UFMG, 2009. (Mestrado em Estudos Linguísticos) do Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos, da Universidade Federal de Minas Gerais, 2009. Disponível em: <Ihttp://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=160021> Acesso em: 25 out. 2011. NASCIMENTO, E. L.; ZIRONDI, M. I.Gêneros textuais e práticas de letramento. In: NASCIMENTO, E. L. (org.). Gêneros textuais: da didática das línguas aos objetos de ensino. São Carlos: Clara Luz, 2009. PEREIRA, M. E. A. A construção da argumentatividade em artigos de opinião produzidos por alunos do ensino médio. Ceará: UFC, 2008. (Mestrado em Linguística) do Programa de Pós-Graduação em Linguística, da Universidade Federal do Ceará, 2008. Disponível em: </http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=154041> Acesso em: 13 nov. 2011. RODRIGUES, R. H. O artigo jornalístico e o ensino da produção escrita. In: ROJO, R. (org.). As práticas de linguagem em sala de aula: praticando os PCN’s. São Paulo: EDUC; Campinas,SP: Mercado de Letras, 2000. UBER, T. J. B. Artigo de opinião: estudos sobre um gênero discursivo. Disponível em: <http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/producoes_pde/artigo_terezinha_jesus_bauer_uber.pdf> Acesso em: 13 nov. 2011.
6
UMA PROPOSTA DE LETRAMENTO VIA HISTORIAS EM QUADRINHOS
Renan Piva Moraes¹; Solonir de Souza Maruyama²; Tony da Silva³
1 Faculdades Integradas ICE, Curso de Letras 2 Faculdades Integradas ICE, Curso de Letras 3Faculdades Integradas ICE, Curso de Letras
RESUMO
Este texto é resultado sucinto
de um trabalho apresentado no
Seminário Integrador do Curso de
Letras em 2011, cujo tema foi
Letramento como Prática Social.
Este seminário tem como objetivo
desenvolver no discente a prática
efetiva da pesquisa e o nosso
subtema permeou a questão do
letramento através de um trabalho
pedagógico em sala de aula com
histórias em quadrinhos.
PALAVRAS CHAVES: leitura,
letramento, histórias em quadrinhos,
ABSTRACT
This short text is the result of a
paper presented at the Seminar
Course Integrator of Arts in 2011
with the theme Literacy as Social
Practice. This seminar aims to
develop students in the actual
practice of research and our sub-
theme pervaded the issue of literacy
through pedagogical work in a
classroom with comic books.
Key words: reading, literacy, comics,
1. INTRODUÇAO
Todos sabem que o domínio
da língua, oral e escrita, é
fundamental para que uma pessoa
tenha uma participação social
efetiva. Por isso, a escola ao
ensiná-la tem a tarefa e a
responsabilidade de garantir a todos
os seus alunos o acesso aos
7
saberes lingüísticos, necessários
para o exercício da cidadania. Os
caminhos de acesso aos saberes
lingüísticos são diversos e este
texto vem apresentar um destes: a
possibilidade de trabalho
pedagógico em sala de aula com
historias em quadrinhos.
Para tal, buscou-se apoio em
Ferreiro ( 2002), Soares ( 2003),
Tfouni (1995) e Hamze ( 2011),
entre tantos outros, que tanto
discutem a questão do letramento e
da alfabetização.
Rapidamente é apresentado
também alguns dados sobre as
histórias em quadrinhos que
permeiam a sociedade desde o
século 19, época em que os
desenhistas começaram a contar
histórias através da linguagem dos
quadrinhos.
Entende-se que as historias
em quadrinhos tem em suas
estórias atos e fatos relacionados à
vida real que são de suma
importância para o atual contexto
social em que vivemos. Além disso,
este gênero textual pode ser
inserido mais facilmente na vida dos
alunos em função do interesse dos
mesmos, do custo e da não
burocracia na aquisição deste
material.
2. OBJETIVO
O presente estudo tem como
objetivo principal estimular os
educadores a utilizarem histórias
em quadrinhos em salas de aula
como uma ferramenta
complementar e eficaz nos
processos de alfabetização e
letramento.
Acredita-se que o uso pedagógico
de histórias em quadrinhos em
salas irá fornecer subsídios para o
desenvolvimento da capacidade de
análise, interpretação e reflexão do
leitor.
3. BALIZAMENTO TEÓRICO
LETRAMENTO
Letramento é a tradução da
palavra inglesa “literacy” que
significa a condição de ser letrado.
Esta palavra fazia parte dos
dicionários ingleses e americanos
desde o final do século XIX, mas
tornou-se o foco de atenção e de
estudos nas áreas da linguagem e
da educação nos anos 80. Aqui, no
Brasil, o conceito, muitas vezes,
8
ainda é confundido com
alfabetização. E nas discussões,
aquele tem prevalência sobre este.
Não podemos separar os dois
processos, pois, a princípio, o
estudo do aluno no universo da
escrita se dá concomitantemente
por meio desses dois processos: a
alfabetização, e pelo
desenvolvimento de habilidades da
leitura e escrita, nas práticas sociais
que envolvem a língua escrita, o
letramento.
As discussões sobre o
letramento são muitas porque não
se pode falar em um único conceito,
pois seu sentido não é unânime
entre os estudiosos.
Segundo Hamze (2011), nem
sempre um indivíduo alfabetizado
pode ser considerado letrado. O
indivíduo que sabe ler e escrever é
alfabetizado e o que, além de saber
ler e escrever, é capaz de analisar
criticamente e interpretar o contexto
no qual se encontra inserido, é
letrado.
Tfouni (1995), Ferreiro(
2002) e Soares (2003) distinguem
alfabetização e letramento e
atribuem ao letramento
características mais complexas do
que o domínio da habilidade de
leitura e escrita.
Toufni entende por letramento um
processo de natureza sócio-
histórica:
“Enquanto a alfabetização se ocupa
da aquisição da escrita por um
indivíduo, ou grupo de indivíduos, o
letramento focaliza os aspectos
sócio-históricos da aquisição de um
sistema escrito por uma sociedade.”
(TFOUNI, 1995, p. 20).
Ferreiro também considera a
leitura e a escrita como construções
sociais sendo que cada época e
momento histórico lhe atribuem
novos sentidos e mesmo não
gostando do termo letramento,
também o compreende como algo
para além do básico ler e escrever
ao destacar que “Os países pobres
não superaram o analfabetismo; os
ricos descobriram o iletrismo”
(FERREIRO, 2002, p. 16). Ou seja:
há analfabetos porque tem países
que não asseguram um mínimo de
escolaridade básica a todos os seu
habitantes e há iletrados porque
mesmo tendo garantia da
escolaridade básica não são leitores
em sentido pleno.
Soares acredita que a
apropriação destas habilidades,
9
alfabetização e letramento
culminaria em práticas sociais de
leitura e escrita:
Ao exercício efetivo e competente da
tecnologia da escrita denomina-se
letramento, que implica habilidades várias,
tais como: capacidade de ler ou escrever
para atingir diferentes objetivos – para
informar ou informar-se, para interagir com
outros, para imergir no imaginário, no
estético, para ampliar conhecimentos, para
seduzir ou induzir, para divertir-se, para
orientar-se, para apoio à memória, para
catarse...; habilidades de interpretar e
produzir diferentes tipos e gêneros de
textos; habilidades de orientar- se pelos
protocolos de leitura que marcam o texto
ou de lançar mão desses protocolos, ao
escrever, atitudes de inserção efetiva no
mundo da escrita, tendo interesse e prazer
em ler e escrever, sabendo utilizar a escrita
para encontrar ou fornecer informações e
conhecimentos, escrevendo ou
lendo de forma diferenciada, segundo as
circunstancias, os objetivos, o
interlocutor ...(SOARES, 2003, p. 91-92).
Percebe-se então, que o
letramento vai além da escrita e da
leitura e que este processo está
ligado diretamente ao contexto
social, cultural e histórico de cada
leitor.
HISTÓRIAS EM QUADRINHOS
É a arte que objetiva
transmitir informações e conteúdos,
reais ou fictícios, através da arte
gráfica. É um meio de comunicação
de massas e suas histórias são
narradas através de imagens
desenhadas e textos inter-
relacionados. Quadrinho ou vinheta
é a unidade básica deste gênero.
Quando se apresentam encadeados
formam a estrutura seqüencial da
estória. Daí o nome, histórias em
quadrinhos.
Não é de hoje que a arte
seqüencial está presente em nossas
vidas. Podemos vê-la nos
hieróglifos egípcios, nos panôs e
desenhos nas igrejas da Via Sacra
de Jesus, difundidos na Idade
Média, e até nos túmulos de reis,
onde havia seqüências de sua
dinastia em alto relevo.
Mas foi no século 19 que os
desenhistas começaram a contar
histórias através da linguagem dos
quadrinhos. Em 1827, o suíço
Rudolph Topffer publicava M.Vieux-
Bois, um romance caricaturado.
O Brasil se tornou um dos
pioneiros na criação da linguagem
dos quadrinhos com o italiano
Angelo Agostini. Esse anarquista de
formação começou a publicar
10
quadrinizações de fatos jornalísticos
em Diabo Coxo (1864) e O Cabrião
(1866) – revistas paulistas.
Os quadrinhos viraram febre
nos EUA e no mundo, nas décadas
de 20, 30 e 40 do século passado,
com a criação de suplementos
infantis dos jornais e revistas.
Diversos heróis e personagens de
humor surgiram.
Em 1929, surgiam os primeiros
personagens de aventura. Buck
Rogers e Tarzan iniciariam a era de
ouro das HQs americanas e
invadiriam o mundo. Eram
publicados nos jornais e ajudaram
no crescimento de leitores,
de tal forma que a imprensa
começou a ter seus suplementos de
quadrinhos. Depois surgiram O
Príncipe Valente, Flash Gordon,
Agente X-9, Mandrake, Super-
Homem, Fantasma, Batman e
muitos outros super-heróis que
chegaram até os dias de hoje.
As HQs continuam sendo
publicadas em almanaques, revistas
e periódicos e junto a outros meios
de comunicação de massa, além de
informar e entreter, tem influente
papel na formação do cidadão, pois
estão, também, carregadas de
ideologias.
A junção do verbal (
palavras) e do visual ( desenhos)
dão forma e voz ao autor das
diversas charges, tirinhas e
quadrinhos que circulam de canto a
canto.
4- CONTEXTUALIZAÇÃO
Em muitos países e também
no Brasil, está comprovado que
muitos professores estão usando os
quadrinhos como um meio eficaz
para o ensino e
as necessidades de aprendizagem.
Este trabalho foca as HQs
dos X-Men e do Homem-aranha e a
escolha desses personagens se deu
pelo fato de serem heróis
extremamente conhecidos por
todos.
Na tentativa de levar aos alunos a
lerem o que está nas entrelinhas
dessas HQs, ou seja, ao letramento,
as análises das mesmas estão
apresentadas nos itens adiantes.
.
5- HQs: um recurso a mais
X-MEN
O iletrado ao ler uma historia
em quadrinhos como a dos X-Men
(seres humanos com poderes
11
especiais - chamados de
mutantes), que lutam para salvar o
mundo de diferentes ameaças;
veria apenas o que é visível a olho
nu na estória, ou seja, mutantes
que lutam para salvar o mundo das
ameaças de humanos normais,
alienígenas e outros mutantes.
No entanto nessa mesma historia
vista por um olhar de uma pessoa
letrada, que lê nas entrelinhas,
pode-se encontrar o holocausto.
Nessas estórias há uma constante
batalha de pessoas diferentes (
mutantes) que buscam por
espaços iguais aos das pessoas
normais ( não mutantes); lutas dos
negros contra o racismo e até
mesmo o movimento GLS. Em
todas as estórias o preconceito se
faz presente. Os mutantes são os
heróis que lutam contra o
preconceito que sofrem por terem
nascido diferentes e, ou com
deformidades. E é nesta
perspectiva que se torna possível
relacionar a história em quadrinho
com a vida real, pois o Holocausto
teve como base exatamente o
mesmo pressuposto: seres
humanos inferiores, diferentes.
HOMEM-ARANHA
Embora o bulling seja bastante
comentado nos últimos anos, esse
tipo de abuso já era observado e
denunciado nas histórias em
quadrinhos do Homen-Aranha há
mais de quarenta anos atrás.
Sobre o olhar de uma pessoa
letrada a história de vida do homem
aranha pode ser interpretada como
a vida de um jovem que sofreu e
conseguiu superar o bulling. As HQs
mostram que este personagem, em
sua juventude, sofre o que muitas
crianças e adolescentes sofrem nas
escolas: o preconceito com sua
aparência, as brincadeiras de mal
gosto, e até mesmo agressões
físicas feitas por seus colegas de
classe ou escola.
Os poderes do Homem-aranha
podem e devem ser comparados
com as armas que os adolescentes
atuais usam para se vingarem
daqueles que praticam o bulling. A
diferença a ser discutida está no
uso dessas armas. Nas Historias
em quadrinhos, o personagem
canaliza sua arma ( poderes) para o
bem da humanidade, enquanto na
vida real, as armas são usadas para
ferir ou matar.
12
6. REFLEXÕES FINAIS
Sem sombra de dúvida, as
Histórias em Quadrinhos formam a
linguagem do século XX e
continuam presentes na do XXI.
Esta afirmação está baseada na
complexidade da simbologia e da
terminologia criadas ao longo do
desenvolvimento de sua criação. É
injusto, portanto, classificá-las como
subarte e subliteratura. E pior ainda,
é desconsiderá-las como material
de trabalho pedagógico e não incluí-
las no contexto escolar, mesmo
tendo consciência da facilidade do
acesso e do prazer que as mesmas
trazem aos diversos leitores, de
diversas faixas etárias.
7.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HAMZE, Amelia. Alfabetização ou
letramento? Disponivel em:
http://educador.brasilescola.com/trabal
ho-docente/alfabetizacao.htm
Acessado em 08 de novembro de
2011.
História em quadrinhos: um recurso
de aprendizagem. Disponível em
http://tvbrasil.org.br/fotos/salto/serie
s/181213historiaemquadrinhos.pdf
Acessado em 13 de novembro de
2011.
MILLER, Mark; Com grandes poderes...;MARVEL-PANINE COMICS; 2010
ROMITA, Jonh; X-men temporada
de caça a mutantes; MARVEL-
Abril;1997
SOARES,Magda. etramento: um tema
em três gêneros/ Magda Soares.2,ed.
11. reimpr.- Belo Horizonte :Autentica,
2006.
SOARES, Magda; O que é
letramento; Diário da escola
Santo Andre;2003
SOUZA, Vivi. Trabalhando com
histórias em quadrinhos.
Disponível em
http://letramentoealfabetizacao.
blogspot.com/2008/08/trabalhan
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quadrinhos.html Acessado em
14 de novembro de 2011.
TFOUNI, Leda Verdiani.
Letramento e Alfabetização. 6.
ed.- São Paulo, Cortez, 2004.(
Coleção Questões da Nossa
Època; v. 47 ).
1
A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL
MARIA PINHEIRO ZANZARINI9
EGLY DARLEN BRITO DE ALMEIDA10
Resumo
O presente estudo, com o titulo, A Importância dos Jogos e Brincadeiras Na Educação Infantil aborda que a infância é um período precioso do individuo, pois nele que a criança vai se apropriando do mundo em que vive vai aprendendo as regras e valores que a sociedade impõe. Esta etapa também é caracterizada pelos jogos e brincadeiras, que são muito importantes para a formação de sua identidade, educar de maneira lúdica se faz necessário na Educação Infantil, pois e assim que as crianças expressam suas vontades e sentimentos de um jeito prazeroso de aprender. O presente estudo foi realizado através da pesquisa de campo que comprova a importância dos jogos e brincadeiras na educação infantil. A criança e um ser social, que aprende com as trocas e interações que se estabelecem com os outros. Os jogos e brincadeiras favorecem a construção de seus conhecimentos, de maneira dinâmica e criativa. Os jogos e as brincadeiras favorecem para que o processo de ensino e aprendizagem ocorra de forma significativa contribuindo para o desenvolvimento das habilidades das crianças. Conclui-se que os jogos e as brincadeiras, fazem parte da vida da criança e introduzi-los nas atividades educacionais é dever dos educadores que se preocupam em formar cidadãos críticos e participativos.
Palavra- Chave: Educação Infantil, Jogos ,brincadeiras
The present study, with the title, the importance of play In early childhood education explores that childhood is a precious time of the individual, because in it that the child will grabbing and the world you live in will learning the rules and values that society imposes. This step is also characterized by games and jokes, which are very important for the formation of its identity, educating playful manner is necessary in early childhood education, because and so that children express their wishes and feelings of a pleasurable way to learn. This study was conducted through field research that proves the importance of play in early childhood education. The child and a social being, learning with exchanges and interactions that are established with the other. The
9 Professora Orientadora do curso de Pedagogia das Faculdades Integradas Mato-Grossenses de Ciências Sociais e Humanas 10 Acadêmica do curso de Pedagogia das Faculdades Integradas Mato-Grossenses de Ciências Sociais e Humanas
2
play promotes the construction of their knowledge, creative and dynamic way. The games and the games are conducive to the teaching and learning process occurring significantly contributing to the development of skills of children. It is concluded that the games and the games, are part of the child's life and place them in educational activities is the duty of educators who bother to form critical and participative citizens.
Keyword: early childhood education, games, jokes
INTRODUÇÃO.
O presente estudo tem como objetivo fazer uma análise sobre a importância do uso
de jogos e brincadeiras no processo de aprendizagem das crianças na Educação Infantil.
Na educação infantil os jogos e brincadeiras são de fundamental importância, porque
enquanto brinca a criança expressa seus sentimentos, aprende e se socializa.
Os jogos e as brincadeiras são ferramentas para serem trabalhadas de forma
prazerosa, quando as crianças tem alegria e entusiasmo ao adentrar no espaço
educacional. As brincadeiras são linguagens naturais da criança, pois exploram o meio
em que vive; a escola precisa ser um meio facilitador criando um ambiente estimulante
que favoreça a aquisição de autonomia da aprendizagem e onde os conhecimentos
possam ser construídos de forma dinâmica e criativa
Para as crianças os jogos e as brincadeiras são atividades que resolvem
conflitos da vida real; representam papeis, imitam comportamentos e criam e respeitam
regras que são muito importantes para o seu convívio em sociedade.
Assim e necessário que na Educação Infantil haja preocupação em oferecer
as crianças momentos e espaços para os jogos e brincadeiras orientadas ou livres, pois
elas contribuem para o desenvolvimento integral das crianças.
3
FUNDAMENTAÇAO TEORICA
Educação infantil e um período precioso da educação do ser humano, a escola
e a família são espaços que devem valorizar as vivencias das crianças podendo os
educadores tornar esse espaço prazeroso, mas nem sempre foi assim.
A infância pedagogizada: o objetivo básico dos pedagogos dentro das instituições e das famílias era o de criar o novo homem: os documentos da época mostravam as medidas aplicadas para suprimir a esfera física- sensorial-emocional e estabelecer propriedades racionais produtivas e disciplinadas da personalidade. A brincadeira, considerada como um vicio no começo da idade moderna, foi introduzida nas instituições educacionais por filantropistas com o intuito de tornar estes espaços prazerosos e, também como um meio educacional. (FRIEDMAN, 1996:29)
Atualmente a Educação Infantil passa a ter um papel principal na vida e
formação integral das crianças de 0 a 5 anos, pois é nessa idade que o espaço escolar se
torna fundamental para o seu desenvolvimento.
No espaço da Educação Infantil as crianças poderão vivenciar experiências
prazerosas desse momento; o desenvolvimento acontece de uma forma dinâmica,
fazendo com que a criança adquira confiança naquilo que faz.
A Educação infantil envolve dois processos complementares, ou seja, um
necessita do outro: O de educar e o de cuidar, nesta etapa,, a criança se envolve com o
mundo que a cerca as pessoas as coisas e formas de expressões que nelas ocorrem.
As atividades na Educação Infantil levam em conta os conhecimentos que as
crianças possuem e as trocas com outras crianças e adultos. As instituições são espaços
4
que devem ser organizados para favorecerem as crianças em um ambiente seguro,
divertido e estimulante, onde posam se desenvolver tornando-se independentes,
interagindo com as pessoas através da socialização; onde a criança
[...] é um ser social que nasce com capacidade afetiva, emocional e cognitiva. Tem desejo de estar próximas às pessoas e é capaz de interagir aprender com elas de forma que possa compreender e influenciar seu ambiente. Ampliando suas relações sociais, interações e formas de comunicação, as crianças sentem-se cada vez mais seguras para se expressar, podendo aprender nas trocas sociais, com diferentes crianças e adultos cujas percepções e compreensões da realidade também são diversas. RCNEI (1998 p.15).
O ambiente em que a criança esta inserida deve ter a participação do educador
qualificado e atuante para socializar as diversas experiências educativas possibilitando
estabelecer uma relação com o meio que o cerca oportunizando o seu desenvolvimento.
A Educação Infantil baseia-se numa rotina pré-estabelecida, pois transmite
valores, regras, atitudes, dentre outros fundamentos que são essenciais e serão
lembrados e utilizados por toda a vida.
A educação infantil deve ser um ambiente criado para fazer desenvolver todas as
potencialidades da criança. Os jogos devem ser oferecidos a criança, para ser estimulada
e motivada no momento conveniente.
Os jogos favorecem a construção dos conhecimentos de maneira criativa. Ainda
favorecem o processo de ensino e aprendizagem contribuindo para o desenvolvimento
das crianças. Despertam o interesse da criança, quando são confeccionados por ela
envolvem a diversão e seriedade e ainda, é um recurso que ajuda o ensino a ser
cumprido e os objetivos preestabelecidos a serem atingidos para cada faixa etária,
desenvolvendo aprendizado no dia – a- dia.
5
Fornecem informação útil para estimular o desenvolvimento integral da
criança, auxiliam nas interações estabelecidas com outras pessoas, assumindo
características únicas e realizando ações prazerosas.
No processo educacional existem aspectos importantes como a possibilidade de
conhecer melhor a criança através dos jogos espontâneos, e dos jogos educativos
aqueles que envolvem respeito pelas iniciativas na medida em que exercerem influencia
na socialização.
O Jogo propicia trocas, competições e diversão e em varias ocasiões a criança
brinca sozinha muitas vezes quando não tem companhia, mas é nas interações com
outras pessoas que o jogo acontece e ela tem a oportunidade de assumir diversos papeis.
A sua imaginação e fantasias são férteis podendo a chegar a criações incríveis como os
amigos imaginários.
Por outro lado o jogo desenvolve habilidades, requer interação com outras
pessoas isso desde muito cedo fazendo a criança se sentir valorizada quando um adulto
brinca com ela.
Com os jogos as crianças formam e transformam conceitos. Eles são parceiras
da aprendizagem, cabendo ao professor, respeitar a forma de pensar e agir de cada
criança. O jogo, por ser livre de pressões cria um clima de liberdade, propício à
aprendizagem e estimulando o interesse e a reflexão.
É nesse contexto que o jogo ganha espaço como ferramenta ideal da aprendizagem, na medida em que propõe estímulo ao interesse do aluno, que como todo pequeno animal adora jogar e joga sempre principalmente sozinho e desenvolve níveis diferentes de sua experiência pessoal e social. O jogo ajuda-o a construir novas descobertas, desenvolve e enriquece sua personalidade e simboliza um instrumento pedagógico que leva ao professor a condição de condutor, estimulador e avaliador da aprendizagem. Antunes (2002, p. 36.)
6
Através do jogo, a criança adquire conhecimentos e aprende o valor do grupo
como força integradora e o sentido da competição saudável e da colaboração consciente
e espontânea.
O uso do jogo educativo para as atividades pedagógicas tem como instrumento
diversas situações de ensino e aprendizagem no desenvolvimento infantil construindo
conhecimento e prazeres e capacitando para uma ação ativa e motivadora através das
brincadeiras
As brincadeiras inserem a criança em um mundo imaginário do tamanho da sua
compreensão e da sua imaginação onde o adulto tem o papel de ensinar as crianças
brincadeiras as que passam de gerações anteriores.
Segundo Nicolau e Dias (2003, p. 39) As palavras “brincadeira” e
“brinquedo” possuem um campo semântico mais direcionado ao universo da criança e,
por isso mesmo fazem aflorar memórias, imagens, imaginações.
A brincadeira infantil é uma necessidade das crianças no meio social, tendo o
professor como o mediador responsável para organização das brincadeiras, criando um
espaço oferecendo bons materiais e participando dessas brincadeiras.
Na educação, não podemos deixar de nos referir ao Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998. P. 23) que ressalta a importância da brincadeira quando afirma que educar significa “propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas”
A Brincadeira deve ser algo privilegiado no contexto educacional, pois através
das brincadeiras podemos trabalhar diferentes conteúdos. A criança precisa brincar
7
inventar e criar para crescer e manter seu equilíbrio com o mundo. é brincando que ela
passa a dividir e interagir com o seu grupo passando a mostrar interesse nas atividades
com as outras crianças. E por meio dessa interação com o grupo que ela adquire
habilidades e entendimentos.
Para a criança, entretanto, a brincadeira é uma questão de sobrevivência. É a única ferramenta que ela possui para compreender o mundo e interferir na vida. Brincando a criança desenvolve o corpo e os seus ritmos, o relacionamento com as pessoas e os seus limites, a imaginação e o pensamento poético. Nicolau e Dias ( 2003, p. 41)
Ao brincar, a criança se situa só no momento presente mas também, no seu
passado e no seu futuro é falando e representando pode nomear e conhecer melhor as
situações, idéias, pessoas e coisas , as crianças descobrem regras de convivência social,
a brincadeira é uma atividade própria da infância podendo se desenvolver de maneira
individual ou coletiva.
METODOLOGIA
Com base nos objetivos estabelecidos estruturou-se a pesquisa qualitativa,
sendo realizadas através da pesquisa bibliográfica obras de vários autores para
estabelecer uma compreensão dos dados coletados, através da pesquisa de campo
respondendo as questões formuladas e ampliar o conhecimento do assunto pesquisado.
TIPO DE ESTUDO
Abordagem qualitativa responde a questões particulares e se preocupa,
com as ciências sociais como um nível de realidade com o universo de significados,
motivos, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações,
dos processos e dos fenômenos que podem ser reduzidos á operacionalização de
variáveis.
8
LOCALIZAÇÂO GEOGRAFICA E ESPAÇO FISICO
A localização geográfica e o espaço físico do Colégio Alicerce.
O Colégio é uma instituição particular, situada na Rua Amâncio físico Pedroso
de Jesus Neto, n° 95- bairro Jardim Petrópolis, em Cuiabá, Mato Grosso. O colégio, que
atende a Educação Infantil e o Ensino Fundamental, tem certa tradição no bairro, por já
reside no endereço a mais de 23 anos. È um colégio de pequena dimensão, mas com
muita tradição. O acesso principal do colégio esta localizado em uma rua de baixa
trafegabilidade de veículos, garantindo, assim, maior segurança aos alunos e
funcionários do colégio. Quanto à estrutura física e organizacional, a instituição possui
o curso de Educação Infantil, atendendo criança de 02 a 05 anos de idade e dando
continuidade a proposta da educação infantil, o curso do ensino fundamental de 1° ao 9°
ano, com alunos de 06 a 14 anos.
A ampliação do Ensino Fundamental para nove anos é decorrente a Lei
11.274³, responsável pela alteração da redação dos Art. 29, 30, 32, e 87 da Lei n° 9.394,
de 20 de dezembro de 1996, a qual estabelece as Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, determinando a duração de nove anos para o Ensino Fundamental, com
matricula obrigatória a partir dos seis anos de idade.
O colégio possui 300 alunos matriculados, distribuídos em períodos diferentes,
No período da manha funciona uma turma da Educação Infantil e outra do 6° ao 9° ano
do Ensino Fundamental. No período da tarde existem quatro turmas da Educação
Infantil e 1° ao 5° ano do Ensino Fundamental, sendo duas turmas do 4° ano.
9
Os períodos educativos do colégio discorrem entre manha e tarde, cujos horários
compreendem o matutino, das 07h00minh, às 11h30min, e vespertino, das 13h00min as
17h30min.
A parte da educação infantil é separada do Ensino Fundamental por entender a
direção escolar que as crianças da educação infantil devam ser preservadas de quaisquer
incidentes envolvendo as crianças maiores.
O colégio possui 691m² de área construída, com dois pavimentos: um
pavimento térreo e um superior. Na parte superior estão instaladas quatro salas de aula,
interligadas por um corredor central. O térreo abriga uma secretaria, onde são realizadas
todas as matriculas retiradas de notas boletins e venda de uniforme. Há também uma
sala de administração geral, onde são feios os pagamentos e recebimentos, uma sala
para arquivo, uma sala de ciências, um banheiro para professores, uma biblioteca,
contendo um considerável acervo sobre os mais diversificados temas e autores, que
contribui para a formação das crianças e as ajudam na elaboração de trabalhos e
produções de textos.
O térreo ainda abriga a sala dos professores, onde são realizadas diversas
reuniões e discussões sobre a qualidade da educação e as propostas de melhoramento.
Também se pode ver banheiro (feminino e masculino, adaptados para portadores de
necessidades especiais), a cantina, voltada para a área de lazer espaço para o lanche da
educação infantil, este também arejado, com mesa ampla e banco confortável para as
crianças fazerem as refeições com higiene e tranquilidade.
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A sala da diretoria funciona também no térreo, juntamente com a copa e o
banheiro infantil, este que foi totalmente projetado para crianças pequenas (vasos e pias
adaptados).
A brinquedoteca contém diversos brinquedos e jogos pedagógicos que
favorecem as interações das crianças, propiciando sua educação e o desenvolvimento
das potencialidades, Friedmann descreve a brinquedoteca como,
[...] um espaço preparado para estimular a criança a brincar, possibilitando o acesso a uma grande variedade de brinquedos, dentro de um ambiente especialmente lúdico. E o lugar onde tudo convida a explorar, sentir a experimentar. (FRIEDMANN apud NOGUEIRA, 2001, p. 29)
A brinquedoteca tornou-se um local bastante utilizado pelos professores da
educação infantil, dada à importância que este espaço tem na formação das crianças.
Ainda com o pensamento nas crianças, o colégio possui quatro salas destinadas á
educação infantil, distribuídas nos seguintes grupos: Grupo I atende as crianças de 2
anos; Grupo II: crianças de 3 anos; Grupo III: crianças de 4 anos; Grupo V: crianças de
5 anos, preparando –as para a alfabetização.
O colégio ainda conta com uma mini quadra esportiva, onde são realizadas as
aulas de educação física, jogos de basquete, futebol e vôlei. Também conta com uma
piscina, onde são realizadas as aulas de natação e uma sala para artes plásticas.
A área de lazer da educação infantil é ampla, possui um playground com
diversos brinquedos, escorregador, túnel, casinha de boneca. Todos os brinquedos estão
sobre um tapete emborrachado, evitando assim que a criança se machuque de forma
mais grave.
11
Pensando na criança como agente socializador, que precisa interagir com meio
onde esta inserida, o Colégio Alicerce organizou o seu espaço de forma a proporcionar
ao corpo de alunos, prazer, conforto, segurança e alegria ao adentrarem na escola.
PARTICIPANTES
Informantes do Estudo.
Foi desenvolvida junto a 5 professores de Educação Infantil.
INSTRUMENTO DE PESQUISA
A coleta de dados foi desenvolvida através de observações, questionários a partir de
algumas etapas de trabalho.
Etapa 1: Foi realizado um levantamento das bibliografias
Etapa 2: Foi desenvolvida junto aos professores, atividade que,nos auxiliaram para a
nossa coleta de dados, como: questionário destinados aos professores que registraram os
acontecimentos vivenciados na escola
Etapa 3: É constituída pela a análise de dados
Etapa 4 Apresentação do trabalho em banner
ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS.
Na medida em que estamos tratando e analise em pesquisa qualitativa, não
devemos nos esquecer de que apesar de mencionarmos uma fase distinta com a
denominação “analise”, durante a fase de coleta de dados a analise já poderá estar
ocorrendo. Na obra de triviños (1987), esse posicionamento é bem defendido.
12
Minayo (1992, p.68) chama a atenção para três obstáculos para uma analise
eficiente.
O primeiro diz respeito á ilusão do pesquisador em ver as conclusões, á
primeira vista, pensar que a realidade dos dados, logo de inicio, se apresenta de forma
nítida a seus olhos. Essa ilusão pode nos levar a uma simplificação dos dados, nos
conduzindo a conclusões superficiais ou equivocadas.
O segundo obstáculo se refere ao fato de o pesquisador se envolver tanto como
métodos e as técnicas a ponto de esquecer os significados presentes em seus dados.
Assim os dados coletados que compõem a analise podem não ser considerados, uma
vez que a dimensão central da pesquisa se restringe a questionamento dos
procedimentos metodológicos.
Por ultimo, o terceiro obstáculo para uma analise mais rica da pesquisa
relaciona-se á dificuldade que o pesquisador pode ter em articular as conclusões que
surgem dos dados concretos com conhecimentos mais amplos ou mais abstratos. Esse
fato pode produzir um distanciamento entra a fundamentação teórica e a pratica da
pesquisa. Esses e outros obstáculos podem ser ultrapassados através de, outros
aspectos, como uma maior fundamentação e uma maior experiência por parte do
pesquisador. Após essas considerações as finalidades da fase de análise.
Com base em Minayo (1992 p.69), podemos apontar três finalidades para essa etapa: estabelecer uma compreensão dos dados coletados, confirmar ou não os pressuposto da pesquisa e/ ou responder ás questões formuladas, e ampliar o conhecimento sobre o assunto pesquisado, articulando-o ao contexto cultural da qual faz parte. Essas finalidades são complementares, em termos de pesquisa social.
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A seguir observam-se as respostas dos questionários que foram respondidos por
cinco professores da Educação Infantil
1Questão
A idade dos professores esta entre:
20 a 35 ( ) 30 a 45 ( ) mais de 45 anos ( )
Nas 80% dos professores responderam que estão na faixa etária de 20 a 35 anos
e 20% dos professores estão na faixa etária de 30 a 45 anos.
Pode-se evidenciar que 80% dos professores estão na faixa etária de 20 a 35
anos. De acordo com Heller apud Cunha (2002, p. 155)” ‘ no dever ser ‘revela-se a
relação do homem inteiro com os seus deveres, com suas vinculações, sejam estas
econômicas, políticas, morais ou de outro tipo.”
Analisando as respostas nos dias atuais pessoas ingressam nas faculdades com
pouca idade e com muito mais facilidade devido a grandes vantagens hoje proposta para
ingressar no mercado de trabalho.
2 Questão
Formação? Curso_
Analisando as respostas pode-se evidenciar que 60% dos professores concluíram
o curso de Pedagogia e 40% ainda estão cursando.
Segundo Cunha (202 p. 29) Quase todas as propostas atuais contempla o saber
especifico, o saber pedagógico e o saber político social como parte integrantes da
formação dos professores
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Assim novas tendências fazem necessário se preparar para o futuro. Cada vez
mais as escolas abrem as suas portas aos profissionais capacitados para o mercado de
trabalho hoje concorridos.
3 – Questão
Por que escolheu a profissão?
( ) Vocação ( ) outros motivos.
Nas respostas observa-se que 20% escolheram a profissão por outros motivos:
Concurso de bolsa oferecido pela faculdade e 80% dos profissionais da educação
escolheu a profissão por vocação. Precisamos distinguir bem vocação de profissão, pois
não é exatamente a mesma coisa.
O estudo do professor no seu cotidiano, tendo-o como ser histórico e socialmente contextualizado, pode auxiliar na definição de uma nova ordem pedagógica e na intervenção de uma nova ordem pedagógica e na intervenção da realidade no que se refere à sua pratica e a sua formação. Cunha (2002, p33)
A vocação e algo que e feito por amor, independente da remuneração, a
profissão é aptidão ou escolha pessoal para exercer um trabalho, preocupação principal:
o “ter”, o sustento da vida.
4 Questão
Há quanto tempo trabalha na educação Infantil:
Menos de um ano ( ) 1 a 5 anos ( ) 5 a 10 anos ( ) Mais de 10 anos ( )
As respostas foram que 40% dos professores trabalham na Educação Infantil
entre 1 a 5 anos, 40% entre 5 a 10 anos e apenas 20% trabalha a mais de 10anos.
15
O importante é garantir a diversidade e a igualdade de oportunidades, o acolhimento a muitas formas de trabalho mais do que um único modelo de desempenho com o qual todos os outros são comparados, o reconhecimento de uma pluralidade de significados e valores continuamente confrontos nas situações, dentro de uma atmosfera afetiva de estabelecimento de relações diversificadas, na qual a aceitação de cada singularidade seja objeto de atenção Oliveira (2005, p.51 e 52)
Observa-se através do tempo de serviço que as professoras têm suas
experiências são diferenciadas, mas são todas valorizadas em sua singularidade.
5- Questão
Qual Foi o maior desafio que encontra trabalhando na educação infantil?
As respostas dos professores foram. 20% a falta de interesse dos pais e o fato de
muitos nos tratarem como “babá de luxo”.
20% O maior desafio esta sendo a questão das áreas do desenvolvimento, colocando
em ênfase a afetiva e a sexual, pois são mudanças significativas que na maioria das
vezes não conseguimos lidar.
. 20% È conhecer cada criança como ela é realmente e saber as suas capacidades.
. 20% Lidar com as crianças que mordem.
. 20% Lidar com as crianças, fazer com que elas ficam quietas, sentadas
A Constituição de 1980 doutrina a criança como sujeito de direito, legaliza e
define que os pais, a sociedade e o poder público têm que respeitar e garantir os direitos
das crianças definidos no artigo 227 que diz:
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
16
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária,
além de colocá-los a salvo de toda a forma de negligência, discriminação, exploração, violência e opressão.
Analisando as respostas alguns desafios encontrados na Educação Infantil, são
em relação a desenvolvimentos e ao comportamento das crianças no meio inserida.
6 Questão
Considera importante a os jogos e as brincadeiras no contexto escolar?
( ) Sim ( ) Não justifique sua resposta
Observa-se que 100% dos professores responderam sim. As respostas foram 20%, as
crianças se desenvolvem através dos jogos e as brincadeiras
20% pois torna o ambiente escolar, em um lugar inovador, dinâmico, alegre e
principalmente prazeroso.
20% a criança desperta interesse no meio em que vive.
20% na educação infantil só aprende através dos jogos e as brincadeiras
20% a criança desperta sua curiosidade, se envolve com outras crianças.
A criança ao jogar, quando depara com uma situação –problema, gerada pelo jogo, e tenta resolve-la a fim de alcançar seu objetivo (ganhar o jogo), cria procedimentos, organiza-os em forma de estratégias e avalia em função dos resultados obtidos , bons ou maus. Brenelli (1996. P. 141)
Analisando as respostas A criança se expressa, assimila conhecimentos e
constrói a sua realidade quanto está praticando jogos e as brincadeiras . Na Educação
Infantil e imprescindível os jogos e as brincadeiras alem da construção do conhecimento
17
do conhecimento causa prazer contribuindo para o desenvolvimento cognitivo, físico,
emocional e social.
7 Questão
Como você utiliza os jogos e as brincadeiras para realizar uma atividade pedagógica?
As respostas dos professores quanto a utilização dos jogos e das brincadeiras foram
20% Os jogos e as brincadeiras facilitam de forma prazerosa a comunicação, portanto
são instrumento que como mediadores da aprendizagem fazem uma ponte entre com o
conteúdo ministrado em sala de aula
20% Os jogos e as brincadeiras deverão representar desafios e principalmente estar
adequados a necessidades propostas do ensino e aprendizagem
20% Por meio dos jogos e as brincadeiras e possível observar na criança o seu
desenvolvimento cognitivo sua interação com as outras crianças.
20% Através do conteúdo utilizam os jogos e as brincadeiras.
20% Da forma que a criança preste atenção, através dos jogos e das brincadeiras se
aprende também.
Segundo o Professor Brougére (1989:32), A brincadeira é o resultado de
relações inter individuais, portanto, de cultura. A brincadeira pressupõe uma
aprendizagem social. Aprende-se a brincar.
Analisando as respostas os jogos e as brincadeiras são responsável por
desempenha muita funções interativas entre as crianças e desenvolver pensamentos
criativos importante para o desenvolvimento social e emocional.
18
8 Questão
Quais os objetivos das brincadeiras na sala de aula de educação infantil?
As respostas foram 20% Contribui para o desenvolvimento integral da criança é por
meio da brincadeira e atividades lúdicas que o desenvolvimento ocorre de maneira
prazerosa, facilitando a construção da aprendizagem das crianças, pois nessas atividades
elas resolvem conflitos da vida real, representam papeis, imitam comportamentos, criam
e respeitam regras que são muito importantes para o seu convívio em sociedade.
20% O objetivo ser alcançado e o desenvolvimento tanto físico quanto moto, pois a
criança precisa brincar para crescer e aprender, brincando, além dos outros objetivos.
20% Contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual.
20% Interagir com o colega e a socializar.
20% Fazer a integração entre todas as crianças.
A brincadeira traz para a criança a oportunidade de expressar suas imaginações
intenções e contradições
...para desenvolver, a função imaginaria depende da experiência, das necessidades e interesses, da capacidade combinativa exercitada na atividade de dar forma material aos seus frutos – os conhecimentos técnicos e as tradições, ou seja, os modelos de criação que influem no ser humano. Oliveira (2005, P. 163)
Analisando as respostas a brincadeira é extremamente importante para o
desenvolvimento da criança através das brincadeiras a criança se expressa e interage no
meio em que vive resolvendo conflitos.
Questão 9
19
Para você educadora o jogo pode ser de grande importância no desenvolvimento e no
processo de aprendizagem de uma criança por quê?
As respostas foram 100% SIM.
Para 20% Sim, pois acredito que a criança deva aprender de forma prazerosa, elas se
nos desenvolvem mais amplos sentidos, e por meio das brincadeiras e atividades lúdicas
que elas exploram o meio que vive e aprende mais sobre os objetos da vida humana.
20% Sim, pois a brincadeira e os jogos levam a criança a buscar novos conhecimentos
exigindo dela uma ação ativa, indagadora, reflexiva, socializadora e principalmente
criativa.
20% Sim, pois através dos jogos você mostra a elas como resolver problemas e ajuda a
estimular o corpo e a mente.
20% Sim, pois acredito que as crianças aprendem com mais facilidade brincando e ao
mesmo tempo aprendendo.
20% Sim, primeiro sempre que se trabalha com jogos será em grupo a criança vai
aprender com as outras crianças se envolvendo com todos
O jogo segundo Brenelli
Considerado por Piaget (1967/1978) como uma atividade em que prevalece a assimilação, o jogo reveste-se de um significado funcional, por meio do qual a realidade é incorporada pela criança e transformada, quer em função de seus hábitos motores (jogos de exercício) quer em função das necessidades do eu ( jogo simbólico), quer em função das exigências de reciporcidade sociaol (jogo de regra) Brenelli (1996, p.141)
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Analisando as respostas A crianças aprendem a jogar e se socializar como uma
atividade livre ou proposta e com isso aprende a resolver problemas que lhe são
apresentados cotidianamente, é jogando que a criança aprende o valor do grupo e uma
competição saudável.
Conclui-se que os jogos e as brincadeiras não são um só um passatempo sem
importância, são atividades relevantes na infância, pois ensina a criança a conviver em
sociedade, contribuindo para o seu desenvolvimento, apontando caminhos para a
descoberta favorecendo a formação do conceito e de si mesma.
O ato de jogar e brincar assume a função lúdica enquanto propicia diversão,
prazer, e quanto a sua função educativa, contribui na construção do seu conhecimento.
Assim proporcionar experiências diversificadas, a fim de que as crianças possam
fortalecer sua autoestima e desenvolver suas capacidades cognitivas são fatores
fundamentais na Educação Infantil
.O educador e um mediador dos jogos e das brincadeiras onde orienta o processo
educativo, assim devem observar e coletar informações das crianças para enriquecê-las
em futuras oportunidades, participando e questionando as crianças sobre a validade das
mesmas.
E importante ressaltar que as utilizações dos jogos e das brincadeiras em sala de
aula contribuem para a formação de atitudes sociais como: respeito e interação entre o
grupo e ainda proporciona momentos únicos de alegria, diversão, comprometimento
com o aprender e responsabilidade.
Os benefícios dos jogos e das brincadeiras na Educação infantil e desenvolver o
seu interesse em aprender, pois de forma lúdica ela realmente se envolve na atividade e
sente necessidade de aprender.
21
O espaço de educação infantil deve dar condições de expressão e comunicação
para que a criança, através dos jogos e das brincadeiras possa ter uma visão consciente
do mundo em que vive.
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23
ALFABETIZAÇÃO NOS ANOS INICIAIS
MARIA PINHEIRO ZANZARINI11
MARLI MENDES CORRÊA VALÉRIO DOS SANTOS12
RESUMO
O processo de alfabetização é a partir da aprendizagem e apropriação da
leitura e da escrita. E importante alfabetizar as crianças tornando-as construtores de
seu conhecimento. A alfabetização parte da idéia de que ensinar a ler e a escrever,
propicia caminhos para as novas aprendizagens. Durante o desenvolvimento a criança
aprende a lidar com as situações onde vive com isso ela desenvolve a potencialidade
da oralidade, assim não há necessidades de treinos. Na tentativa de escrever a criança
apresenta tanto as correspondências do sistema escrito como o da fala. A escrita tem
suas funções, que foram inventadas para atender a determinados usos da linguagem
na sociedade. É importante que a criança aprenda a utilizar a escrita como elemento
de apoio e reforço da fala e que esta seja alfabetizada para construir o seu próprio
saber e assim consiga fazer a leitura e a escrita da sua realidade. Sabe-se, também, que
o trabalho principal a ser feito nos anos iniciais e a alfabetização através do
desenvolvimento das capacidades lingüísticas
Palavras-Chave: Alfabetização, Leitura, Escrita
11 Professora Orientadora do curso de Pedagogia das Faculdades Integradas Mato-Grossenses de
Ciências Sociais e Humanas
12 Acadêmica do curso de Pedagogia das Faculdades Integradas Mato-Grossenses de Ciências Sociais e Humanas
24
The alfabetização process is from the learning and appropriation of the reading
and the writing. E important to alfabetizar the children becoming them constructors of
its knowledge. The alfabetização has left of the idea of that to teach to read and to
write, propitiates ways for the new learnings. During the development the child learns
to deal with the situations where it lives with this develops the potentiality of the
orality, thus she does not have necessities of treinos. In the attempt to write the child
it in such a way presents the correspondences of the written system as of it speaks.
The writing has its functions, that had been invented to take care of the definitive uses
of the language in the society. It is important that the child learns to use the writing as
support element and reinforcement of speaks and that this is alfabetizada to construct
its proper one to know and thus obtains to make the reading and the writing of its
reality. Sabe, also, that the main work to be made in the initial years and the
alfabetização through the development of the linguistic capacities
Word-Key: Alfabetização, Reading, Writing
INTRODUÇÃO
A alfabetização é um processo indispensável para a apropriação do sistema de
leitura e escrita. A conquista dos princípios, alfabético e ortográfico possibilita ao
aluno ler e escrever com autonomia.
A escola é a instituição responsável pela sistematização dos conhecimentos,
portanto é pertinente saber como está sendo proporcionado o conhecimento aos
alunos que a freqüentam e que mecanismos são utilizados pelos os professores
utilizam para que os alunos se apropriem da construção do conhecimento.
Quando o aluno é considerado alfabetizado quando Le e escreve tendo
oportunidade de decodificar os símbolos que compõem a língua que conhece e utiliza,
a aprendizagem se concretiza na prática da escrita e da leitura.
25
Portanto Alfabetizar é oferecer aos alunos instrumentos básicos para o
ingresso e participação na sociedade em que vive. O domínio da língua, leitura e
escrita são indispensáveis para a apropriação do saber. Desenvolver o raciocínio, o
senso de observar e a visão crítica de mundo, são necessários para expressar a própria
idéia,
Para a obtenção do conhecimento teórico e na elaboração deste trabalho,
várias literaturas foram pesquisadas, mas teve como relevância os Parâmetros
Curriculares Nacionais, Emília Ferreiro e Paulo Freire.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais é um guia instrumental didático que
servem de bases para discussões educacionais pois contribuem com as práticas
educativas.
Por valorizarem a construção do conhecimento, Emília Ferreiro e Paulo Freire
vêem a alfabetização sob a ótica onde o alfabetizando é um sujeito ativo que
participa de forma plena na conquista do saber.
A partir dos anos 1980, o conceito de alfabetização vem sendo revisto e
ampliado com as contribuições dos estudos sobre a psicogênese da aquisição da língua
escrita, particularmente com os trabalhos de Emilia Ferreiro e Ana Teberosky. De
acordo com esses estudos, o aprendizado do sistema de escrita não se reduz ao
domínio de correspondências entre grafemas e fonemas, mas se caracterizaria como
um processo ativo por meio do qual a criança, desde seus primeiros contatos com a
escrita, constrói e reconstrói hipóteses sobre a natureza e o funcionamento da língua
escrita, compreendida como um sistema de representação.
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Este trabalho tem como objetivo geral, ampliar os conhecimentos da
alfabetização nos anos iniciais. Sabe-se que a alfabetização é um processo lento,
gradual e cumulativo e que este é um processo de compreensão da alfabetização é um
dos grandes desafios constantes e presentes nas escolas sendo este um dos
responsáveis pela vida escolar dos alunos.
Os conhecimentos teóricos são relevantes a partir dos referenciais
bibliográficos, mas para o andamento do trabalho fez-se necessário ir a campo e
pesquisar o ambiente alfabetizador, onde foram levantados pontos essenciais sobre a
alfabetização, portanto foi utilizada a pesquisa qualitativa.
O desenvolvimento baseado na linguagem oral e escrita e a influência na
alfabetização. O processo de aquisição do código escrito, das habilidades da leitura e
da escrita, o processo de compreensão de significados, a criança gradativamente é
capaz de construir hipóteses. Assim a oralidade influencia a escrita
FUNDAMENTAÇÃO TEORICA
Nos anos iniciais da Educação Fundamental ocorrem às crianças precisam ser
ensinadas sistematicamente para O desenvolvimento das capacidades lingüísticas de
ler e escrever, falar e ouvir com compreensão,
A língua escrita representa algo mais amplo que um simples instrumento de
comunicação nos primeiros anos iniciais da Educação Fundamental não esgotam essas
as capacidades lingüísticas e comunicativas, que se desenvolvem ao longo de todo o
processo de escolarização e das necessidades da vida em sociedade.
O trabalho a ser feito nos anos iniciais através da alfabetização e do
desenvolvimento das capacidades lingüísticas são fundamentais porque é na
alfabetização e no aprendizado da língua escrita que vêm se concentrando os
problemas da escolarização.
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O desafio que se coloca para os primeiros anos da Educação Fundamental é o
de assegura aos alunos a apropriação do sistema alfabético-ortográfico e condições
possibilitadoras do uso da língua nas práticas sociais de leitura e escrita.
A escrita deve ficar ao traçado das letras e na construção das palavras,
compreensão interna e organizada de como entender e construir palavras, frases e
textos.
É importante que o aluno aprenda a utilizar a linguagem escrita como apoio
para registro ou reforço da fala e seja alfabetizado para construir o seu próprio saber e
assim consiga ler e escrever e a interpretar a realidade que o cerca.
Os estudos sobre a psicogênese da língua escrita o processo evolutivo de aprender a ler e escrever passa por cinco níveis de conceitualização revelando as hipóteses: Nivel 1- Hipótese Pré-Silábica; Nível 2- Intermediário I; Nível 3 Hipótese Silábica; Nível 4 - Hipótese
Silábico-Alfabética ou Intermediário II; Nível 5 - Hipótese Alfabética. Ferreiro e Teberosky (1999, p.193 a 221)
Nível 1: Hipótese Pré-Silábica:
Nesta fase encontrar – se as crianças que ao escrever utiliza de desenhos ao
invés de usar letras, representa a palavra através de rabiscos não estabelece vínculos
entre a leitura e a escrita, ou seja, não identificar o valor sonoro usa algum tipo de
sinal que lembrem a letra.
Nivel 2- Intermediário I:
A caracterização de cada nível não e determinante, pode a criança estar em
um nível ainda com características do nível anterior evidencia conflito cognitivo.
Nível 3- Hipótese Silábica:
Nesta fase o aluno acredita que cada letra serve para representar uma sílaba
oral.
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Nesse nível a criança utiliza símbolos gráficos aleatoriamente, usando apenas
vogais, consoantes e letras inventadas.
Nível 4- Hipótese Silábico-Alfabética Ou Intermediário II:
Nesse nível ocorre a transição da hipótese silábica para a alfabética
Geralmente a criança começa a ter consciência que existe alguma relação entre
pronuncia e a escrita, já começa a desvincular a escrita das imagens e o número de
letras, entende que a escrita representa o som da fala.
Esse é o início da superação da hipótese silábica a criança percebe que
escrever é representar as partes sonoras das palavras ainda que não o faça
corretamente.
Nível 5- Nível Alfabético:
A criança entende que a silaba pode ser separada e que a identificação do
som não garante a identificação da letra, gerando assim as dificuldades ortográficas
exigindo análise fonética para que a grafia se efetue corretamente.
Nessa fase a criança já compreende que a escrita tem função social já possui
compreensão da construção do código da escrita.
A partir dos níveis estruturais da escrita a criança interpreta os sinais que a
rodeia mesmo antes do contato com o ensino formal da escrita, ela constrói
interpretações. Sendo assim as garatujas não são rabiscos sem nexos, mas uma forma
de interpretação pessoal. .
As regras da língua, que estruturam a fala estão presentes na escrita o que
acontece é que a escrita tem sua maneira própria de representar a fala, em que não basta
fazer uma transcrição fonética.
29
Sobre a escrita podemos dizer que as crianças quando chegam à escola sabem
suas funções e a sua estrutura em muitos gêneros textuais. Azenha afirma que:
Num contexto onde a escrita e a leitura fazem parte das práticas cotidianas, a criança tem a oportunidade de observar adultos utilizando a leitura de jornais, bulas, instruções, guias para consulta e busca de informações específicas ou gerais; o uso da escrita para confecções de listas, preenchimento de cheques e documentos, pequenas comunicações e atos de leitura dirigidos a ela (ouvir histórias lidas). A participação nessas atividades ou a observação de como os adultos interagem com a escrita e a leitura gera oportunidades para que a criança reflita sobre o seu significado para os adultos (AZENHA, 1999, p. 44).
Assim é possível reconhecer que a leitura é uma prática social inserida nas
relações de poder da sociedade. As aquisições da leitura e da escrita fazem parte dos
contextos em que os grupos sociais estão inseridos. É necessário conhecer as práticas,
e as possibilidades de leituras com as quais as crianças se interagem nos meios
familiares e sociais.
Sobre esse aprendizado Freire afirma:
A leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra e a leitura desta implica na continuidade da leitura daquele. ... De alguma maneira, porém podemos ir mais longe e dizer que a leitura da palavra não é apenas precedida pela leitura do mundo, mas por uma forma de escrevê-lo e reescrevê-lo, quer dizer, de transformá-lo através de nossa prática consciente (FREIRE, 2000, p.20)
A criança tem domínio da linguagem oral que antecede a linguagem escrita e
esta serve de alicerce para a aprendizagem gráfica. O convívio extra-escolar da criança
capta a linguagem e a maneira como acontece e isto influenciam na aprendizagem da
escrita, pois no processo de alfabetização a criança representa a fala assimilando o uso
da linguagem que lhes é típica.
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Nessas ocorrências o professor fará interferência de forma equilibrada, de
maneira que a ortografia pode ser a porta de entrada para estudar questões
interessantes de linguagem, ou seja, as relações entre o oral e o escrito.
É fundamental que o professor ensinar aquilo que o alfabetizando ainda não
sabe, pois o mesmo é o mediador do ensino que a criança irá receber, é nesse
momento que vai haver a troca de informações.
Cagliari esclarece que:
Qualquer criança que entra na escola aprendeu a falar e a
entender a linguagem sem necessitar de treinamentos específicos ou de prontidão para isso. Ninguém precisou arranjar a linguagem em ordem de dificuldades crescentes para facilitar o aprendizado. Ninguém disse que ela devia fazer exercícios de discriminação auditiva para aprender reconhecer a fala ou falar. Ela simplesmente se encontrou no meio de pessoas que falavam e aprendeu (CAGLIARI, 2008, p.17).
A instituição escolar é a responsável pela aprendizagem da criança tem a
incumbência dos conhecimentos de leitura e escrita e o professor é o mediador que
seleciona e organiza atividades para a criança a refletir sobre a construção da escrita a
partir da oralidade.
A expressão oral da criança deve ser estimulada pelo professor da mesma
forma que leva a refletir sobre a linguagem escrita.
É fundamental importância que nas classes de alfabetização o professor
trabalhe as fábulas, os contos infantis os textos informativos que sejam de interesse
das criança, com o objetivo de reforçar seu aprendizado.
A interação entre criança/textos escritos ou criança/adulto leitor, as
atividades de leitura a partir dos gêneros textuais auxilia no processo de construção do
31
conhecimento e a criança tem como espelho o interlocutor adulto e o seu modelo
lingüístico.
Na alfabetização devem ser introduzidas atividades que despertem a criança a
ver a escola como algo que lhe traga prazer, pois é a partir da relação professor/aluno
e aluno/professor que depende a aprendizagem que contribuirá para o crescimento
intelectual da criança
A alfabetização é sem dúvida o momento importante na formação escolar da
criança. Na escola a criança tem a oportunidade de praticar a leitura, possibilita
melhorar o seu nível de elaboração na linguagem oral, que conseqüentemente reflete
na linguagem escrita.
A alfabetização se efetiva quando a criança se apropria da leitura e da escrita
compreendendo o que escreve e o que lê. A maioria dos alfabetizadores utiliza a
cartilha como material didático.
Segundo Barbosa (1994, p.56) a cartilha é um instrumento de ensino, de
orientação adotada pelo professor. E não um suporte de ensino. Limita dessa forma
tanto o ensino como a aprendizagem.
O professor trabalha a cartilha como um instrumento de ensino, mas cada
aluno tem sua capacidade de compreensão por isso o ensino não é homogêneo e
uniforme. As cartilhas estão presentes nas instituições escolares continuam sendo
adotadas e utilizadas por muitas escolas. Para alfabetizar a criança, muitos são os
métodos embora todos tenham contribuição dependendo de como é o trabalho do
professor para o aprendizado do aluno. As cartilhas denotam o método a ser utilizado
pelo professor.
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O método pode partir da decoração do alfabeto seguindo para a combinação
das letras das silabas e das frases ainda muito utilizado em escolas o método
alfabético é muito repetitivo, torna-se cansativo para umas crianças e para outras não .
Ainda é comum ouvir atualmente que existe criança que não consegue produzir.
Cagliari afirma que:
A silabação é outro grande fator da cartilha o livro traz o uso da
silabação a todo instante, com isto as crianças passam a pensar que para ler é preciso silabar levando algumas pronuncia silabada para a própria fala. “A cartilha é algo contraditório tendo em vista que ensina os alunos a silabarem e depois quer que eles leiam com fluencia” (CAGLIARI, 1998, p.85).
Através do método da cartilha a muitos professores não ignoram a habilidade
da fala que as crianças possuem nem o conhecimento já adquirido que aos poucos vai
ampliando o conhecimento
Utilizando o método tradicional das cartilhas a maioria das crianças consegue
memorizar letras e sílabas ,palavras, mas memorizar não significa realmente aprender
alguns alunos ficam estacionados nessa etapa da alfabetização por determinado tempo .
A cartilha com seus textos desprovidos de significados, não podem dosar e
controlar a leitura e construção do conhecimento da criança. Ela pode ser usada, mas
o professor tem que saber usá-la criativamente.
Na realidade a utilização da cartilha é apenas um instrumento que não
desconsidera a aprendizagem da leitura e da escrita.
Em relação a cartilha Cagliari afirma que:
A maneira como a cartilha lida com a fala e a escrita confunde as
crianças, uma vez que passa a idéia de que a linguagem é uma “soma de tijolinhos” representados pelas sílabas e palavras geradoras. Ora a criança
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aprendeu a falar de outra maneira e, portanto para elas, a linguagem apresenta-se como um todo organizado de maneira muito diversa daquela que a escola lhe mostra. [...] I faz com que os alunos passem a fazer apenas o uso superficial da fala e da escrita em suas atividades futuras. (CAGLIARI ,2003, P. 82)
Percebe-se que a cartilha se mal utilizada traz a escrita fragmentada o que
não ocorre durante a fala da criança a partir de sua contextualização. Ao chegar à
escola a criança já tem algum contato e conhecimento da escrita. O grande desafio é a
leitura, por isso há necessidade de materiais diversos para que a criança possa
manuseá-los.
Segundo os Parâmetros Curriculares de Língua Portuguesa
No início dos anos 80, começaram a circular entre educadores,
livros e artigos que davam conta de uma mudança na forma de compreender o processo de alfabetização; deslocavam a ênfase habitualmente posta em “como se ensina” e buscavam descrever “como se aprende”. [...] Os resultados dessas investigações permitiram compreender que a alfabetização não é um processo baseado em perceber e memorizar, e, para aprender a ler o aluno precisa construir um conhecimento de natureza conceitual (PCN’S Língua Portuguesa, 1997, p.20-21).
A criança possui um conhecimento prévio da leitura e da escrita, e a
aprendizagem é significativa a partir da valorização do conhecimento que a criança
traz ao ingressar na escola.
A alfabetização segundo Freire (1997, p.20) é a criação ou a montagem da
expressão escrita da expressão oral. Esta montagem não pode ser feita pelo e o
educador ou sobre o educando.
É necessário que o professor alfabetizador conheça as particularidades das
crianças, a partir daí elaborar suas estratégias de ensino. Do professor como mediador
entre o aluno e o objeto do conhecimento e a aprendizagem escolar da criança
dependerá do compromisso e do conhecimento pratico.
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METODOLOGIA
A pesquisa de campo foi realizada no município de Cuiabá em uma escola
municipal. A partir da pesquisa qualitativa foi desenvolvido o questionário aberto (ver
apêndice) onde os docentes puderam se expressar livremente através da escritas, o
que possibilitou comprovar o que foi escrito na fundamentação teórica com as
respostas obtidas das docentes através do questionário foi possível concluir o trabalho
monográfico. A coleta e da interpretação de dados na pesquisa, análise dos
questionários respondidos pelas docentes com o parecer pessoal e embasamento
teórico.
PESQUISA QUALITATIVA
É a pesquisa onde o pesquisador busca a relação entre a teoria e a coleta de
dados, entre o contexto e a ação através do processo interativo em que os atores
sociais se expressam pela linguagem comum e na vida cotidiana
Segundo Teixeira (2005, p.137 ) que “As experiências pessoais do pesquisador são elementos importantes na análise e compreensão dos fenômenos estudados”. Na pesquisa qualitativa se observa as seguintes características: É necessária para a pesquisa mais de uma fonte de dados; É flexível por ser mais desestruturada, pois não há hipóteses sólidas no início da pesquisa; Há a busca pela compreensão das circunstâncias da situação;
Busca a decorrência dos fatos ao longo do desenvolvimento da pesquisa. A pesquisa qualitativa implica comprometimento com as atividades de campo, resumindo em coleta de dados análise e interpretação.
TIPO DE ESTUDO
Para realizar o trabalho sobre Alfabetização nos Anos iniciais fez-se
necessário ir a campo em busca de informações precisas sobre o processo de
alfabetização.
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Para se obter as informações foi utilizado questionário aberto. Para a coleta de
dados foi entregue para as professoras o material de pesquisa em 01 (uma) escola
municipal de Cuiabá-MT na Regional Leste. Sendo que a escola ficou com 03
questionários para serem respondidos.
Em relação às questões do questionário, serão analisadas e comentadas,
tendo como ponto de vista de referência as respostas das docentes entrevistadas.
Os questionários respondidos pelas doscentes abordam as seguintes questões:
grau de escolaridade, especialização, turno em que trabalha, experiência educacional,
tempo de atuação em classe de alfabetização e questões referentes a alfabetização.
LOCAL
Foi alvo da pesquisa de campo a instituição escolar:
Escola Municipal de Educação Básica “8 de Abril”, cito a Avenida Gonçalo
Antunes Barros, 2859 Bairro São Roque, Cuiabá-MT.
PARTICIPANTES
Escola Municipal de Educação Básica “8 de Abril”
D1: 1º Ano do Ensino Fundamental – Período Matutino e Vespertino
D2: 2º Ano do Ensino Fundamental – Período Matutino
D3: 2º Ano do Ensino Fundamental – Período Vespertino
INSTRUMENTO DE PESQUISA
Os instrumentos de pesquisa podem ser estruturados de diferentes maneiras .
Segundo Teixeira (2005, p.150) em relação ao questionário: O pesquisador elabora o instrumento com uma apresentação, as questões sobre os dados pessoais e as questões específicas; entrega ao informante e marca data para seu recolhimento poderá ter questões abertas, fechadas e/ou mistas.
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As questões podem ser padronizadas, seguindo uma mesma ordem de modo
que os entrevistados respondam as mesmas perguntas.
O questionário fechado limita a resposta do entrevistado, é facilmente
aplicável e a análise se dá de maneira rápidas sendo as respostas facilmente
comparáveis.
O questionário aberto exige respostas pessoais. Podem ser padronizados com
as mesmas perguntas sendo necessário mais de um entrevistado, permite a escritura
livre sobre o tema que lhes é proposto. Por exigir respostas expontâneas exige
também mais tempo do entrevistado e disponibilidade para ler e responder o material
de pesquisa. A análise das respostas do questionário aberto se torna mais trabalhosa.
Ao utilizar o questionário o pesquisador deve ter consciência de que cada
questão proposta deve relacionar-se ao seu objetivo de estudo sendo que as questões
devem ser de forma clara e objetiva.
SOBRE O CONTEXTO ESCOLAR.
A pesquisa foi desenvolvidaem uma escola da rede municipal de ensino básico
em Cuiabá-MT, sendo que a EMEB “8 de Abril oferece serviços educacionais em
Educação Infantil e 1º ao 5º ano.
A EMEB 8 de Abril, foi criada pela Ata de Assembléia Geral Extraordinária da
Seleta Sociedade Caritativa e Humanitária S.S.C.H: em 02 de abril de 1986 e através da
portaria nº 105/2000/GS/SME de 28/02/2000 a SME passou a ser a sua mantenedora.
Hoje a escola atende 394 alunos na Educação Infantil e ensino Fundamental. A EMEB 8
de Abril não possui sede própria e esta é a sua maior fraqueza, na opinião de todos os
segmentos que compõe a unidade escolar. A EMEB funciona no prédio alugado, a
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estrutura física possui condições para atender as crianças, necessitando apenas de
algumas adequações A demanda por vaga nas modalidades oferecidas pela escola é
sempre maior do que a oferta, e isso gera insatisfação na comunidade externa por não
serem atendidos.
O perfil dos docentes para que se tenha a noção exata dos professores que
desenvolvem seu trabalho pedagógico nessa escola, assim, a seguir um quadro sobre o
perfil dos informantes, bem como um comentário a respeito.
RESPOSTAS E ANÁLISE DA COLETA DE DADOS.
O questionário utilizado nesta pesquisa (ver apêndice) consta de perguntas
relacionadas às situações que envolvem a alfabetização, para que se possa verificar
como as docentes se posicionam em relação às questões propostas. E, para que se
complete toda a questão referente à pesquisa realizada na escola, também
apresentar-se-á comentários a respeito do questionário com todas as perguntas e
respostas das professoras no decorrer da pesquisa
O PERFIL DOS INFORMANTES.
1 - Questão Tempo de Atuação na Área, Atuação em Classes de Alfabetização, Ano que
Leciona, Turno, Grau de Formação e pós graduação.
Respostas: Docente1 Tempo de Atuação na Área 02 ANOS Atuação em Classes
de Alfabetização 02 ANOS, Ano que Leciona 1º ANO, Turno MAT, VESP, Grau de
Formação PEDAGOGIA, Pós Graduação ALFABETIZAÇÃO E EDUCAÇÃO;
Docente 2. Tempo de Atuação na Área 08 ANOS, Atuação em Classes de
Alfabetização 06 ANOS, Ano que Leciona 2º ANO, Turno MAT, Grau de Formação
PEDAGOGIA, Pós Graduação ALFABETIZAÇÃO E EDUCAÇÃO INFANTIL;
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Docente 3: Tempo de Atuação na Área 10 ANOS, Atuação em Classes de
Alfabetização 04ANOS, Ano que Leciona 2º ANO, Turno VES, Grau de Formação
PEDAGOGIA, Pós
De acordo comas informações, é percebe-se que 02 (duas) professoras têm
considerável experiência na área de educação, devido aos anos já trabalhados, nem
todas em classse de alfabetização, algumas já lecionaram em anos posteriores ou
anteriores à alfabetização. Apenas uma docente tem pouco tempo de experiência na
rede municipal de ensino, mas isso não impede de desenvolver seu trabalho com
qualidade, pois é preciso se enquadrar nos objetivos da escola.
Todas docentes são graduadas em Pedagogia possuindo também pós
graduação o que é muito importante, pois desenvolvem suas atividades em função da
aprendizagem das crianças.
Sobre a formação dos professores Nóvoa (1995, p.25) enfatiza que: A
formação não se constrói por acumulação (de cursos, de conhecimentos ou de
técnicas), mas sim através de um trabalho de reflexividade crítica sobre as práticas e
de (re) construção permanente de uma identidade pessoal.
A formação profissional em desenvolver um trabalho criativo e reflexivo
agindo como um mediador na aprendizagem da criança.
Conhecer o perfil dos informantes do contexto onde se desenvolve a pesquisa
é fundamental para o início e término da atividade a ser pesquisada.
E, para que se complete toda a questão referente à pesquisa realizada na
escola, as perguntas e respostas dos professores são apresentadas
2 Questão
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Para você o que é alfabetizar?
Respostas - Docente 1. É usar a escrita e a leitura de modo interpretativo, para
que a criança compreenda o que foi lido, é saber fazer uso da palavra.
Docente 2. É usar a escrita e a leitura. É saber interpretar textos, inclusive fazer
leitura crítica do que está em seu entorno.
Docente 3. É ir além da decodificação de letras. Não é apenas saber ler e
escrever, mas compreender do que foi lido, é saber fazer uso da leitura e também saber
fazer uso das palavras.
As docentes pesquisadas têm experiência e uma compreensão muito bem
elaborada sobre a alfabetização o que contribui para a aprendizagem significativa do
aluno.
Para Soares:
Alfabetizar é propiciar condições para que o indivíduo... Tenha acesso ao mundo escrito, tornando-se capaz não só de ler e escrever, enquanto habilidade de decodificação e codificação do sistema de escrita, mas, e, sobretudo, de fazer uso real e adequado da escrita com todas as funções que ela tem em nossa sociedade e também como instrumento na luta pela conquista da cidadania plena. (SOARES, 1985:13).
Alfabetizar é oferecer a criança instrumentos para o ingresso e participação na
sociedade. O domínio da leitura e da escrita são importantes para apropriação do saber,
portanto desenvolver o raciocínio, senso de observação e visão do mundo subsidiará
para expressar a idéia própria e a capacidade de ajudar na transformação a sociedade.
3. Questão
Como você considera uma criança alfabetizada?
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Docente 1 Quando a criança escreve e lê com compreensão.
Docente 2 Quando desenvolve com fluência a leitura e a escrita. Quando há coerência
daquilo que se quer transmitir.
Docente 3 Quando produz um texto legível e compreensível dando sentido ao que se
escreve e se lê, mas esse crescimento só acontece com a interferência do educador
agindo sobre a criança.
O conceito que as docentes têm sobre a criança alfabetizada vai além da
decodificação e de decifrar os códigos é necessário que a leitura e a escrita seja
compreensível.
Sobre criança alfabetizada a autora JOLIBERT salienta que:
O aprendizado da leitura e da escrita deve ocorrer em situações reais, onde estas tenham uma função social concreta, e que a tarefa do aprendiz seja basicamente a de buscar o sentido do texto. Acredita que devemos nos tornar leitor a medida que aprendemos a ler e assim também deve ser com a escrita (JOLIBERT, 1994, p.14-15).
No processo de alfabetização é importante a visão do docente no inicio da
aprendizagem da leitura a criança apenas decodifica o texto, a criança só dará sentido
maior ao que lê quando é capaz de entender o que está escrito..
4-Questão
O convívio da criança com o ambiente letrado influencia na aprendizagem da mesma?
Por quê?
Docente1 Sim. A criança que tem contato com ambiente letrado apresenta mais
facilidade Na aprendizagem da leitura e escrita
Docente 2 Sim. A influência do ambiente letrado incide sobre a aprendizagem da
criança.
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Docente 3 Sim. O convívio e o manuseio de materiais impressos ou que vêem os
adultos lendo e escrevendo estimulam a criança a curiosidade, o que favorece a
aprendizagem da mesma.
De acordo com as respostas dos docentes todos tem a mesma opinião sobre a
aprendizagem da criança.
Segundo Cagliari:
A criança que viu desde muito cedo sua casa cheia de livros, jornais, revistas, que ouviu histórias, que viu as pessoas gastando muito tempo lendo e escrevendo, que desde muito cedo brincou com lápis, papel, borracha e tinta, quando entra na escola, encontra uma continuação do seu modo de vida e acha muito natural e lógico o que nela faz (CAGLIARI, 2008, p.21).
Crianças que convivem em ambientes letrados têm a oportunidade de construir
conhecimento mais elaborado sobre a leitura e a escrita, portanto são facilmente
alfabetizaveis. O contato com o material da leitura e da escrita favorece a construção do
conhecimento.
5- Questão
Você usa cartilha para alfabetizar? Qual? Se não usa explicite por que.
Docente 1- Sim. O livro Hoje é Dia de Português 1º Ano de Samira Campedelli.
Docente 2. O livro A Grande Aventura. Letramento Alfabetização e Linguística 2º Ano
de Regina Carvalho e Vera Regina Anson.
Docente 3 Sim. O livro A Grande Aventura. Letramento Alfabetização e Linguística 2º
Ano de Regina Carvalho e Vera Regina Anson.
Nas respostas das docentes os livros estão presentes e não se tratam de cartilhas
para alfabetizar, mas de livros didáticos (PNLD) onde valoriza em seus conteúdos a
construção do conhecimento da criança.
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Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais:
Quando se pretende que o aluno construa conhecimento, a
questão não é apenas qual informação deve ser oferecida, mas, principalmente, que tipo de tratamento deve ser dado à informação que se oferece. A questão é então de natureza didática. Nesse sentido, a intervenção pedagógica do professor tem valor decisivo no processo de aprendizagem e, por isso, é preciso avaliar sistematicamente se ela está adequada, se está contribuindo para as aprendizagens que se espera alcançar (PCN’S Língua Portuguesa, 1997, p.38).
O livro contribui para a organização da prática pedagógica oferecendo
orientação para que o professor busque de forma autonoma outras fontes para
complementar seu trabalho. O professor não deve se tornar refém apenas de um
material didático.
6-Questão
Como seus alunos chegaram no início do ano em relação a leitura e a escrita?
Docente1 Por virem da educação infantil II apresentavam dificuldades de leitura e
escrita, liam mecanicamente e escreviam algumas palavras com silabas canônicas, mas
com um trabalho pedagógico eficaz as crianças foram vencendo os obstáculos.
Docente 2 Fazendo leitura mecânica e escrevendo sílabas simples, mas a maior
dificuldade apresentada no início foi trabalhar escrita das cursivas maiúscula e
minúscula, pois só conseguiam ler a grafia de imprensa. Mas com o decorrer do ano
letivo as crianças conseguiram superar os obstáculos ora apresentados
Docente 3 Lendo e escrevendo mecanicamente, alguns já dominavam as sílabas
complexas, portanto fez-se necessário trabalhar atividades diferenciadas uma vez que
as crianças não estavam no mesmo nível de aprendizagem, embora estivesse na
mesma faixa etária. Foi um trabalho árduo, mas gratificante, hoje estão todos lendo e
escrevendo fluentemente.
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Observa-se que nas respostas das docentes as crianças já tinham conhecimento
prévio de leitura e escrita embora fazendo leitura mecânica já dominassem algumas
sílabas. Apenas a Docente 2 citou dificuldades em trabalhar as letras cursivas. Nem
todas as crianças chegam à escola no mesmo nível, no entanto faz-se necessário o
atendimento individualizado.
Para Freire:
O educador, como quem sabe, precisa reconhecer, primeiro, nos educandos em processo de saber mais, os sujeitos, com ele, deste processo e não pacientes acomodados; segundo reconhecer que o conhecimento não é um dado aí, algo imobilizado, concluído, terminado, a ser transferido por quem o adquiriu a quem ainda não possui...E, já que a educação modela as almas e recria os corações, ela é a alavanca das mudanças sociais (FREIRE, 2000, P.28).
Para que a aprendizagem ocorra o professor deve reconhecer a importância da
interação que manterá com a criança. O professor precisa estar atento a sua função que é a
de saber apresentar condições favoráveis à apropriação do saber de forma gradativa dos
conhecimentos que são relevantes para a criança. Assim, o processo educativo é interativo;
é efetivado através das relações entre professor e criança, a criança e conhecimento.
7- Questão
Que dificuldades você já observou ou observa nos alunos no decorrer do processo de
alfabetização?
Docente1 No princípio a grande dificuldade era o uso da leitura de palavras canônicas.
Com o trabalho individual e o compromisso dos pais esses obstáculos foram superados
. Ainda temos um acompanhamento constante por parte da coordenação escolar.
Docente2 Posso afirmar que não vejo dificuldades na aprendizagem das
crianças, pois o
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saber acumulado é compatível com a faixa etária. A leitura foi a maior dificuldade
apresentada no início do ano.
Docente 3 A leitura foi a grande dificuldade na aprendizagem. No início as crianças
faziam leitura mecânica foi necessário trabalhar muitos textos para que houvesse
compreensão do que foi ou estava sendo lido. As crianças avançaram em leitura a
partir do momento em que começaram a ler o que esta ao seu meio.
As respostas das docentes coincidem sobre o mesmo assunto - a leitura. A
Docente 1 cita a superação a partir do acompanhamento individual , a Docente 3 cita o
trabalho pedagógico em leitura a partir de diversos textos. O contato da criança com
diferentes tipos de leitura leva-a melhor compreensão do que está sendo lido e ensinado.
Freire afirma que:
Desde o começo na prática democrática e crítica a leitura do mundo e a leitura da palavra estão dinamicamentes juntas. O comando da leitura e da escrita se dá a partir de palavras e temas significativos à experiência comum e não de palavras e temas ligados ao educador... já não é possível texto sem contexto ... o problema que se coloca não é o da leitura da palavra, mas o de uma leitura mais rigorosa de mundo, que sempre precede a leitura da palavra (FREIRE,2000, p.29,30,31).
A atividade de leitura não corresponde apenas na decodificação de símbolos,
mas significa, interpretar e compreender e produzir a partir do que se lê. No processo
de alfabetização, o professor deve valorizar os textos espontâneos e as atividades que
envolvem a leitura e a escrita na sala de aula
CONCLUSÃO Pode-se concluir que a leitura está na vida da criança de forma intensa
no seu cotidiano. O saber e o fazer pedagógico é que leva o despertar da criança para o
universo cultural.
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A leitura na escola deve apresentar objetivos claros através da comunicação,
sendo capaz de despertar na criança o hábito prazeroso para desenvolvimento
intelectual, social e cultural.
Diante da leitura dos teóricos somados a pesquisa de campo, entende-se que é
na busca da alfabetização que está o alicerce da educação. Torna-se necessário nas
tomadas de decisões avaliarem e reavaliar a prática pedagógica. É tarefa de o professor
proporcionar aprendizagem que ensine a criança a pensar para agir. A criança necessita
do mediador que lhe de segurança para obter aprendizagem significativa. Esse mediador
é o seu alfabetizador.
Assim o desafio que se coloca para os primeiros anos da Educação
Fundamental é o de conciliar os processos, a apropriação do sistema alfabético-
ortográfico e as condições que possibilita o uso da língua nas práticas sociais da escrita
e da leitura.
BIBLIOGRAFIA
ANTUNES, Celso. A Avaliação da Aprendizagem Escolar. 5ª ed. Rio de Janeiro:
Vozes, 2006.
AZENHA, Maria da Graça. Construtivismo: de Piaget a Emilia Ferreiro. 7ª ed. São
Paulo: Ática, 1999.
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.
48
APRENDENDO E ENSINANDO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UM ESTUDO DE CASO
SILVA , Franciele Steffane Ferreira do Amarante ¹, RONDON, Gislei Amorim
Souza²
1.Faculdades Integradas ICE ,Brasil, [email protected]
2. Faculdades Integradas ICE,Brasil, [email protected]
RESUMO
Esse artigo é resultado de uma monografia apresentada ao Curso de
Pedagoga. Em virtude do que foi mencionado e diante das dificuldades
enfrentadas, por alguns docentes em como estimular a aprendizagem nessa
faixa etária.
Dessa forma a presente pesquisa objetivou realizar um estudo das
metodologias utilizadas por uma escola de Educação Infantil no processo de
ensino aprendizagem, e também buscou identificar quais atividades que podem
ser desenvolvidas, destacando as mais eficazes, mais prazerosas para as
crianças. Para realização do trabalho foi feito um estudo de caso em uma
determinada escola.
Os resultados demonstraram um grau significativo e importante de boa
qualificação profissional dos docentes contribuintes, sendo notável a prática de
atividades concretas, inovadoras e dinâmicas, que permitem o
desenvolvimento do Processo de Ensino Aprendizagem satisfatórias.
Palavras Chaves: Ensino; Aprendizagem; Educação Infantil
INTRODUÇÃO
É inegável a importância da formação e preparação docente para
trabalhar com a educação infantil, haja vista, desde o nascimento até os seis
anos acorrem grandes e evidentes mudanças, visíveis nas crianças. E também
49
é na infância que se dá a construção da personalidade individual de cada um,
sendo assim as pessoas que participam direto ou indiretamente dessa fase
devem estar preparadas para auxiliá-las durante esse processo de
desenvolvimento.
Soma-se a isto, merece destacar que a Educação Infantil é um fator
muito importante na formação humana, pois é nesse período que constituímos
a base do ser que nos tornaremos, ou seja, o educador e método utilizado por
ele influenciará a criança durante toda sua vida. Cada criança possui sua
capacidade de desenvolvimento sem limites, porém o grau que ocorrerá esse
desenvolvimento será influenciado pelo meio em que cada criança vive.
Assim sendo em virtude do que foi mencionado e diante das
dificuldades enfrentadas, por alguns docentes em como estimular a
aprendizagem nessa faixa etária, oportuno se faz o presente trabalho que
pretende realizar um estudo das metodologias utilizadas por uma escola de
Educação Infantil no processo de ensino aprendizagem, e também identificar
quais atividades podem ser desenvolvidas, destacando as mais eficazes, mais
prazerosas para as crianças.
1 CARACTERIZANDO A EDUCAÇÃO INFANTIL
É de se verificar que desde o inicio da raça humana a Educação Infantil
aconteceu de maneira informal, onde os pais eram os únicos responsáveis por
educar e cuidar das crianças. Com o tempo a educação fora do laço familiar foi
acontecendo, mas a educação infantil não era diferenciada da educação de
crianças maiores, pelo contrário era dada juntamente e utilizados os mesmos
métodos para todas as crianças. (SPODEK & SARACHO, 1998)
De acordo com Spodek & Saracho (1998), foi somente a partir do
século XIX que as crianças começaram a ser separadas por idade, trabalhando
assim métodos que fossem específicos para cada idade e que também
respeitasse essas crianças. Sendo assim as escolas começaram a ser
preparadas para receber crianças pequenas adequando os ambientes e
métodos utilizados para essa faixa etária.
50
Soma-se a isto, merece destacar que a Educação Infantil é um fator
muito importante na formação humana, pois é nesse período que constituímos
a base do ser que nos tornaremos, ou seja, o educador e método utilizado por
ele influenciará a criança durante toda sua vida. Cada criança possui sua
capacidade de desenvolvimento sem limites, porém o grau que ocorrerá esse
desenvolvimento será influenciado pelo meio em que cada criança vive.
Assim sendo, percebe-se o quão é importante o papel que o professor
da educação infantil desempenha para a formação da personalidade das
crianças.
Felizmente ao examinarmos a educação infantil atualmente podemos
ver um grande efeito positivo, pois a educação vem tornando parte ativa na
vida de muitas crianças, também vem se destinando a uma população cada
vez mais diversa, trabalhando com crianças com certas deficiências, com risco
de fracasso escolar, ou seja, vem buscando e se fazendo necessário na vida
das crianças, apresentando como meio para que estas possam se desenvolver
e aprender de forma prazerosa.
Como podemos perceber a educação infantil tem sua especificidade e
importância por isso deve ser trabalhada de maneira especial, para que as
crianças possam apresentar de forma harmoniosa todos os desenvolvimentos
dessa faixa etária, como:
O desenvolvimento cognitivo que “influencia o pensamento, os
sentimentos e o comportamento das crianças” (SEIFERT & HOFFNUNGA apud
SPODEK & SARACHO, 1998, p. 79). “Elas devem aprender pela manipulação
física dos materiais” (KAMII & PIAGET apud SPODEK & SARACHO, 1998, p.
79) e integrar estas experiências às da vida real;
O desenvolvimento da linguagem que progride de forma acelerada
nos primeiros anos de vida. “As crianças pequenas acrescentam quase 600
palavras ao seu vocabulário a cada ano, e fazem progressos impressionantes
em semântica e gramática” (CORRIGAN; HELMS &TURNER apud SPODEK &
SARACHO, 1998, p. 79);
51
O desenvolvimento físico “transforma os músculos e a estrutura
corporal geral das crianças, mudando suas proporções [...] e facilitando a
participação em diferentes tipos de atividades”. (SPODEK & SARACHO, 1998,
p. 80)
O desenvolvimento emocional das crianças pequenas é influenciado
pelo seu ambiente. Elas são aquilo que podem fazer, sentir, entender,
imaginar, perceber e escolher (WHITESELL & HARTER apud SPODEK &
SARACHO, 1998, p. 80)
O desenvolvimento social é o mecanismo para que a criança
aprenda como é que se espera que elas se comportem. Elas precisam de uma
boa rede de suporte social para promover seu ajustamento emocional,
satisfação com a vida e saúde física e mental (COHEN & WILLS apud
SPODEK & SARACHO, 1998, p. 80), e estas necessidades se mantêm durante
toda a primeira infância.
Interessante destacar que na Educação Infantil o cuidar é
indispensável, mas não se limita a esse fator, acima de tudo essa é também
uma etapa da educação devendo então trabalhar com o educar, conciliando
assim com o cuidar por se tratar de crianças pequenas, que necessitam de
cuidado integralmente.
O desenvolvimento deve se dar por completo abrangendo todos os
campos citados acima. Assim na instituição Infantil nunca se deve trabalhar
isolada, deve trazer para a instituição a realidade das crianças, a família, para
que estes possam se sentir mais a vontade e deixar com que a perspectivas
sejam alcançadas com êxito no processo educativo.
É de ser destacado também que os profissionais devem passar por
todo um processo de formação ficando aptos para elaborar e identificar práticas
pedagógicas adequadas para desenvolver o processo de ensino aprendizagem
com essas crianças, sempre conciliando com o cuidar e com as teorias
aprendidas nesse processo de formação.
Para se trabalhar com crianças além do que já foi citado anteriormente
52
é necessário ter o desejo de ensinar crianças, assim como respeitar as
diferentes personalidades, ter paciência, naturalidade, energia, calor humano,
flexibilidade e habilidade de alegrar e incentivar as crianças, sendo que isso
não se aprende em nenhum curso de formação e sim deve ser inerente ao
professor.
Registra-se ainda que o ambiente escolar tem que sair do conceito de
obrigatório e partir para o conceito de ambiente de prazer, de amor e
aprendizagem, onde as crianças não se sintam obrigadas a frequentar e sim,
sintam a vontade de voltar todos os dias por ser um ambiente onde se sente
bem.
Podemos conciliar o ambiente escolar com os principais fatores que
agradam as crianças, como por exemplo, o ato de brincar, porém trazer em
cada brincadeira uma aprendizagem diferente cabe ressaltar que “[...] as
crianças têm direito, antes de tudo, de viver experiências prazerosas nas
instituições”. (BRASIL, 1998, p. 14).
1.2 LEGISLAÇÃO
A Educação Infantil, ou seja, a educação de 0 a 6 anos de idade já era
assegurada desde 1988 pela Constituição, e reafirmada no Estatuto da Criança
e do Adolescente de 1990, porém a partir de 20 de dezembro de 1996 a
expressão educação infantil e sua concepção com primeira etapa da educação
básica passa a estar na lei maior da educação do país, a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (LDB)nº 9.394, sancionada em 20 de dezembro
de 1996.
É importante ressaltar que a educação começa nos primeiros anos de
vida e não é dado de forma isolada, o fato da implantação da Educação Infantil
na LDB só vem reconhecer isso, “a educação básica tem por finalidade
desenvolver o educando, assegurar – lhe a formação comum indispensável
para o exercício da cidadania e fornecer – lhes meios para progredir no
trabalho e nos estudos posteriores”. (LDB, 1996, art. 22 º).
53
Outro aspecto muito importante que a Constituição ressalta é o
processo avaliativo. “Na educação infantil a avaliação far-se-á mediante
acompanhamento e registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de
promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental”. (LDB, 1996, art. 31º)
Também segundo esta Legislação houve mudanças nas exigências do
corpo docente, para se trabalhar com essa etapa da educação veja o que
preconiza que a formação de docentes para atuar na educação básica far-se-
á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em
universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação
mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro
primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na
modalidade Normal. (LDB, 1996, art. 62).
Com a leitura da LDB, também é importante ressaltar que é necessário
que a educação infantil promova o desenvolvimento do indivíduo em todos os
seus aspectos de forma integral, constituindoo alicerce para o pleno
desenvolvimento do educando, sendo imprescindível a indissociabilidade das
funções de educar e cuidar. A educação infantil deve complementar a família e
acomunidade, por isso deve estar articulada, o que envolve a busca constante
do diálogo com as mesmas, mas também implica um papel específico das
instituições de educação infantil no sentido de ampliação das experiências, dos
conhecimentos da criança.
1.3. PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO
Cumpre assinalar que as crianças têm uma grande facilidade de
distração, e uma facilidade maior ainda em aprendizagem, desde que o
docente que vá trabalhar com essa etapa da educação tenha muito empenho e
conhecimento para se trabalhar com as crianças, e as práticas pedagógicas
sejam muito bem elaboradas e prazerosas para que possam prender a atenção
das crianças e dar inicio ao processo de aprendizagem.
54
Por se tratarem de crianças deve se ter um enorme cuidado ao
elaborar e selecionar as práticas pedagógicas que irá utilizar nesse processo,
além dessas práticas serem bem diversificadas para que não haja em
momento algum o desgaste tanto físico quanto psicológico da criança, também
devem respeitar as especificidades e limitações de cada criança, para que
influencie apenas o desenvolvimento e não algum tipo de constrangimento.
Deve-se aproveitar o grande potencial e a capacidade que eles
possuem nessa faixa etária para dar inicio ao processo de ensino
aprendizagem e trabalhar para que possa ser obtido êxito com o trabalho
desenvolvido, para que isso aconteça primeiramente sãonecessários ótimos
critérios ao escolher os profissionais para trabalhar com essa faixa etária, além
do nível superior exigido em legislação o profissional deve ter formação
contínua e ser de boa influência para uma criança.
Além da qualificação dos profissionais, já citada acima, para se
trabalhar com a Educação Infantil também se faz necessário outros aspectos
que são imprescindíveis ao trabalhar com crianças: a escola deve manter um
contato frequente com a família da criança, até mesmo porque nesse período
as crianças precisam e confiam muito em suas famílias, então com eles
sempre por perto o resultado a ser obtido pode ser bem mais favorável ao seu
desenvolvimento.
Como já foi citado, deve-se trabalhar respeitando as especificidades e
limitações de cada criança, para que o educador possa tomar conhecimento
sobre esses aspectos das crianças ele deve contar com o apoio das famílias,
que até então são as pessoas mais próximas e capazes de transmitir o
conhecimento que tem da criança.
Esta mesma equipe escolar deve procurar transmitir segurança às
famílias, para que estas possam passar essa segurança que sentem para as
crianças e, se sentir mais a vontade no ambiente escolar. “Na relação entre
pais e educadores deve existir espaço para expressar sentimentos, facilitando
a adaptação na creche.” (CHAGURI, Ana Cecília, 2003, p. 39).
55
Os processos de ensino aprendizagem devem ser trabalhados de
acordo com a realidade de cada comunidade, o profissional então deve estar
atento e procurar conhecer a realidade da sociedade da escola que ele irá
trabalhar, podendo assim elaborar as metodologias adequadas e mais
favoráveis a criança daquela sociedade.
Um dos aspectos que também se faz importante nesse processo de
ensino aprendizagem é incentivar esses pequenos seres a desenvolverem o
diálogo. A criança já nasce com a capacidade de desenvolver a fala, porém
essa vai sendo construída nas diferentes interações que a criança vai
estabelecendo com as pessoas com as quais convivem, “falar e pensar não se
aprende sozinho, mas na interação com outros” (COSTA, GUIMARÃES &
FERREIRA et al , 2003, p. 81).
Convém também citar que cada criança possui seu ritmo individual de
desenvolvimento, “falar mais cedo ou mais tarde não significa que a criança vai
ser mais ou menos inteligente ou falante” (COSTA, GUIMARÃES &
FERREIRA, et al 2003, p. 82).
A fala geralmente é utilizada para expressar-se e comunicar-se, “mas a
criança também brinca com sons e palavras, [...] usa a fala para
pensar”(COSTA, GUIMARÃES & FERREIRA, 2003, p. 82, 83), nesses dois
casos citados em que a criança pode utilizar a fala ela vai estar de alguma
forma se desenvolvendo, pois quando a criança brinca com os sons e palavras
ela vai experimentar novas combinações de palavras e também explorar regras
de linguagem e ao usar a fala para pensar, ela vai fazer com que a linguagem
estimule o pensamento, vai dar vida ao que esta sendo dito.
Importante destacar também a importância da roda de conversa na
educação infantil, pois esta é uma atividade em que se pode desenvolver de
forma satisfatória o diálogo, esse momento faz com que a criança se sinta
importante e compartilhe com os coleguinhas as experiências vividas por elas,
além de poder dar sua opinião em algum assunto abordado, ou seja, esse
56
momento permite com que as crianças se expressem, aumente seu
vocabulário, desenvolva o respeito e conheça um pouco mais de seu colega.
“Investir em conversas de roda na rotina da creche é um jeito de
persistir na luta pela cidadania. Pois estar em roda requer conquistar o espaço
de falar e aprender a ouvir o outro” (SILVA, Alma Helena A., 2003, p. 88).
Outra forma que também pode estimular o diálogo é o conto de
história, que além de possibilitar à fala incentiva a criança a desenvolver o
pensamento, a criatividade, o professor conta a história e eles imaginam, criam
em seu pensamento tudo aquilo que esta sendo contado pelo educador, e
depois de ouvir ficam ansiosos para expressarem tudo o que ouviram, que
entenderam das histórias.
Para se trabalhar de forma qualitativa, os processos de ensino
aprendizagem na educação infantil devem ser agradáveis principalmente as
crianças, sendo assim também se podem incluir as práticas mais concretas,
como as brincadeiras, haja vista, as crianças nessa faixa etária têm dificuldade
em ficar muito parada, com as brincadeiras o educador oferece a ela a
oportunidade de aprender em movimento, aprender fazendo, muitos
educadores incentivam as brincadeiras apenas como um passatempo, uma
recreação, não aproveitando a grande possibilidade que tem em utilizar desse
recurso para incentivar a aprendizagem, pode-se aliar a cada brincadeira uma
aprendizagem diferente, pois assim a criança vai estar fazendo o que ela gosta
e além disso também estar aprendendo.
Para quea aula seja sempre inovadora o educador também pode
adequar em sua metodologia às novas tecnologias, possibilitando assim que as
crianças conheçam esses novos recursos e aprendam a selecionar as
atividades que podem colaborar para seu crescimento, sua aprendizagem. O
educador pode utilizar a televisão para passar um filme educativo, o mini
system para reproduzir uma música, o computador para ensinar um jogo
educativo, mostrando às crianças a grande variedade de aprender.
57
Como foi visto existe uma série de processos que podem ser aplicados
para se desenvolver a aprendizagem infantil, porém tudo que a criança faz,
deve ser registrado para que posteriormente seja avaliado, ou melhor
analisado, o educador nunca irá avaliar de forma isolada uma atividade, pois
está etapa da educação a criança esta em desenvolvimento e tudo possui uma
correlação muito forte. O educador deve saber que um simples fato pode
influenciar para que a criança não esteja bem e assim não consiga desenvolver
de forma produtiva naquele dia.
Cabe ressaltar ainda que independente de qual metodologia será
utilizada, sempre deve ser aplicada de forma amorosa e cuidando para que as
crianças se sintam bem no ambiente escolar e sintam vontade de voltar todos
os dias, não por obrigação e sim por gostar do ambiente.
2. MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa foi realizada em uma Escola Municipal de Educação
Básica localizada na cidade de Cuiabá-MT.
Para desenvolvimento da pesquisa primeiramente houve o
levantamento teórico, onde foi feito o estudo bibliográfico, depois de obtido um
maior entendimento sobre o assunto foi desenvolvido um Projeto de Trabalho
de Curso, onde foi planejado como seria feito o desenvolvimento do trabalho, e
também elaborado questionário para docentes contendo 06 perguntas e um
roteiro de entrevistas para criança contendo 8 perguntas, objetos que facilitaria
o estudo dos Processos de Ensino Aprendizagem na Educação Infantil.
Já a parte prática do trabalho foi através do estudo de caso que foi
desenvolvido em uma instituição pública da Rede Municipal de Educação onde
foi escolhido 04 professores da instituição infantil para colaborar respondendo o
questionário e 05 crianças para participar de uma entrevista, ambos sobre os
Processos de Ensino Aprendizagem na Educação Infantil.
É importante ressaltar que o questionário destinado aos docentes e a
entrevista destinada as crianças ambos eram anônimos e secretos, para que
58
assim se sentissem mais seguros e menos receosos em responder, sendo
assim todos os professores e alunos abordados não se negaram a contribuir.
3.RESULTADO E DISCUSSÕES
3.1ANALISE DO QUESTIONARIO APLICADO AOS DOCENTES
Referente à pesquisa realizada na Escola Municipal de Educação
Básica, com alguns componentes do corpo docente da instituição, obtivemos
os seguintes resultados:
De acordo com os dados coletados observamos que todos os docentes
investigados possuem experiência, tanto no quesito idade, quanto formação,
pois além de possuírem mais de 40 anos, 100% dos docentes também
possuem curso superior, sendo que 75% possuem graduação em Pedagogia e
25% em Educação Física.
É importante ressaltar que 100% dos profissionais também possuem
especialização, mesmo sendo em diferentes áreas, 25% possui especialização
em Educação Infantil, 25% em Interdisciplinaridade, 25% em Psicopedagogia
e 25% em Repensando a leitura e a escrita nas séries iniciais.
Também foi possível observar que 100% das docentes entrevistadas
possuem mais de 15 anos de atuação na área.
Com as informações coletadas referentes ao perfil profissional dos
educadores entrevistados podemos observar que 100% possuem grande
experiência na área em que atuam, ou seja, em sala de aula.
Como foi constatado, todos além de possuírem mais de 40 anos de
idade eles também possuem curso superior, graduação, além de mais de 15
anos de atuação na área.
Cabe ressaltar a importância da formação contínua no processo de
educação, e como podemos observar os docentes investigados não pararam
apenas na graduação, buscaram se especializar, melhorando além de seu
currículo também sua prática na Educação Infantil.
59
Apesar do avanço das discussões que os documentos refletem e dos
esforços dos profissionais da educação infantil, ainda são muitos os desafios
para melhorar e garantir, na prática, a qualidade da educação infantil;
sobretudo quanto à formação contínua do educador, agente básico dessas
transformações, já que muitas instituições ainda não apresentam as condições
para que ela possa ocorrer. (PANTONI, TELES, MELLO & FERREIRA, 2003,
p.26).
Com a intenção de investigar a opinião dos docentes sobre as práticas
pedagógicas utilizadas por eles e quais eles consideram mais favoráveis a
aprendizagem infantil, parte da entrevista foi composta por questionário aberto
onde eles puderam expressar sua opinião sobre o determinado assunto.
Quando foi pedido para descrever com suas palavras o que é
Educação Infantil, coletamos diferentes opiniões, porém podemos afirmar que
Educação Infantil além de ser a primeira etapa da Educação Básica é uma
etapa fundamental na construção da personalidade de cada indivíduo.
É muito importante que os profissionais identifiquem a forma com que
as crianças aprendem, para que seu trabalho não seja em vão e consiga
propiciar às crianças o seu principal objetivo, dividir conhecimentos, então
perguntamos a opinião que cada um possui sobre como a criança aprende, de
acordo com as respostas as crianças aprendem com atividades práticas, de
maneira natural e em um ambiente agradável ao seu modo de ver. Por isso
temos que associar o que as crianças mais gostam com a aprendizagem, ou
seja, transmitir o conhecimento através de brincadeiras, de atividades
prazerosas para que as crianças sintam-se estimuladas e dispostas a aprender
e tudo isso deve se dar em um ambiente agradável e receptível às crianças.
Para que pudéssemos certificar que as práticas pedagógicas utilizadas
eram realmente práticas e não repetitivas assim como foi dito por eles, pedimos
para relacionarem os procedimentos metodológicos que utilizavam em sala de
aula, exemplificando, de acordo com as respostas obtidas podemos observar
que os procedimentos metodológicos utilizados envolve bastantes jogos e
60
brincadeiras, além de estimularem a oralidade e participação das crianças,
tornando-se assim bem atrativos e estimulantes.
Quando questionados sobre quais os tipos de recursos mais viáveis
para aprendizagem das crianças, constatamos que são todos materiais
concretos, onde as crianças podem participar ativamente das atividades
propostas facilitando assim a aprendizagem.
Os docentes em geral, têm diferentes procedimentos para se trabalhar
com a Educação Infantil, cabe a eles identificar quais atividades as crianças da
Educação Infantil mais gostam, para que facilite o desenvolvimento do seu
trabalho, então pedimos aos investigados para citá-las, e de acordo com a
opinião dos próprios docentes verifica-se que os alunos preferem como já era
de se esperar, as atividades práticas onde eles possam participar se expressar
e também se movimentar, pois eles possuem muita energia e estão em fase de
descobertas e por isso não conseguem ficar por muito tempo na mesma
posição e nem realizando atividades repetitivas, preferem participar das
situações e experimentar de novas experiências.
Por mais experiência que uma pessoa possui em determinada área, já
houve ou pode haver algumas dificuldades que possam dificultar o seu
trabalho, principalmente quando se trabalha com seres humanos e estes estão
em processo de formação inicial, ao questionarmos se eles já sentiram ou
sentem dificuldades em trabalhar com crianças, os profissionais citam a hora
de se trabalhar em parceria com os pais, a hora de se trabalhar a inclusão, o
descaso do poder público em oferecer condições melhores como: espaço,
recursos humanos e materiais, mas também citam que com o passar do tempo
vão aprendendo com as experiências obtidas ficando bem mais fácil se
trabalhar com as crianças.
Analisando as informações fornecidas pelos docentes da Educação
Infantil podemos afirmar que além da experiência necessária para se trabalhar
com crianças o docente deve investir em métodos para propiciar a
aprendizagem, trabalhando de forma diversificada e concreta. Para se obter
êxito no trabalho com crianças, este deve ser de forma geral muito prazeroso,
61
pois devem propiciar situações agradáveis tanto para as crianças quanto para
os professores, sendo assim o processo de ensino aprendizagem e a relação
professor x alunos será bem mais viável.
3.2 ANALISE DA ENTREVISTA COM AS CRIANÇAS
Referente à entrevista realizada com crianças da Educação Infantil na
Escola Municipal de Educação Básica obtivemos os seguintes resultados:
Por se tratarem de crianças especificamente da Educação Infantil a
idade se compreendia entre 4 e 5 anos, sendo que 20% possuíam 04 anos e
80% possuíam 05 anos.
Os dados demonstram que hoje há um reconhecimento da Educação
Infantil como primeira etapa da Educação Básica, verificamos isso no decorrer
da pesquisa, pois na própria escola, houve um aumento significativo
relacionado a inserção das crianças na escola, atualmente a maioria das
crianças com 4 anos por iniciativa dos próprios pais já são encaminhadas à
escola.
A entrevista também continha algumas perguntas para que as crianças
pudessem se expressar e dizerem elas mesmas quais as práticas pedagógicas
mais gostam na escola, o que gostariam de fazer e se gostam ou não do
ambiente escolar.
Para iniciar o dialogo perguntamos às crianças se gostavam de ir à
escola, e o porquê, todos responderam que gostam de ir a escola, mesmo com
poucos argumentos, ora são crianças de 4 e 5 anos, para justificar sua
resposta, sendo que a maioria respondeu que gosta de ir a escola para
estudar.
Se eles gostam de ir à escola tem um motivo, questionamos o que
mais eles gostam de fazer na escola, de acordo as respostas verifica-se que
eles gostam de brincar, ou seja, de aprender brincando, onde eles podem
participar, se movimentar, se expressarem. Não gostam daquele método rígido
de ensinar, preferem o método descontraído e criativo onde eles nem
62
percebem que estão estudando, acham que é só brincadeira, mas sempre
tiram alguma lição da brincadeira aplicada.
Para se garantir um ensino de qualidade as atividades devem ser bem
diversificadas para que as crianças não se cansem do que estão fazendo,
questionamos às crianças qual atividade que a professora faz que ele mais
goste, as respostas obtidas foram diversificadas, com isso podemos certificar
que nem sempre a mesma atividade vai agradar todos os alunos, sendo que
essa escolha pode estar relacionada com alguma limitação que o aluno possa
ter. Foi citado pelas crianças que elas gostam de escrever e também de
histórias, é bom sentirmos nessa idade o gosto pela leitura e escrita, também
foi citado à arte de pintar, que é uma atividade que agrada a maioria das
crianças por permitir que elas se expressem um pouco através das cores.
Assim como toda criança possui uma atividade que mais gosta,
também pode ter uma que ela não se sente tão entusiasmada para
desenvolver, então perguntamos a elas qual atividade que a professora faz que
elas menos gostam, De acordo com as respostam transcritas pode-se afirmar
que elas não gostam muito das atividades repetitivas e complexas, que exige
ficar por muito tempo fazendo o mesmo movimento e muitas vezes sentados.
Depois de relatarmos o que elas mais gostam de fazer na escola e o
que elas menos gostam, queremos saber o que os alunos queriam poder fazer
na escola, e as respostas foram ainda mais diferentes uma da outra, foi citado
mais tarefa, mais brincadeiras, plantar flor, lanchar mais e estudar mais
Dentro das respostas obtidas pode perceber o jeito de ser das
crianças, por exemplo, a que fala que gostaria de plantar flor vemos o apreço
que esta criança possui pela natureza, quando a outra criança fala que gostaria
de lanchar mais podemos perceber não só a realidade daquela criança e sim
de muitas outras, que infelizmente veem a escola não como um lugar de
aprender e sim um meio de não passar fome.
Perguntamos também às crianças se elas acham que aula demora
muito para acabar, de acordo com as respostas a maioria acha que a aula
63
demora muito para acabar. As crianças nessa faixa etária ainda estão muito
ligadas a sua família preferindo muitas vezes ficar em casa a ir à escola, esse é
somente mais um motivo para o esforço do pedagogo ou profissional que
venha trabalhar com essa faixa etária, passar a mesma segurança que elas
têm no laço familiar, fazer com que a criança mude essa concepção e faça do
momento de estudar, um momento prazeroso e que seja tão agradável que ao
invés de demorar muito passe rápido ao modo de ver delas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na educação infantil atualmente podemos ver um grande efeito
positivo, pois a educação vem tornando parte ativa na vida de muitas crianças,
também vem se destinando a uma população cada vez mais diversa, mesmo
assim ainda é preciso trabalhar para atrair maior número de crianças para
escola, espaço essencial e indispensável na vida do ser humano.
A cada dia que passa o mundo fica mais competitivo e exige maior
qualificação das pessoas, baseando-se nisso devemos investir na educação
para que a desigualdade não aumente de forma desenfreada e para garantir
um futuro com expectativas onde as pessoas tenham a possibilidade de
trabalhar de forma justa e igualitária, porém deve-se começar o incentivo desde
cedo, ou seja, na Educação Infantil.
Além disso, como já citado, cabe ressaltar a necessidade de
qualificação para trabalhar nessa etapa da educação, até mesmo por possuir
suas necessidades e especificidades. Os docentes em geral são pessoas de
grande influência na vida do aluno, principalmente o docente de Educação
Infantil, pois é nessa fase que a criança está conhecendo o mundo, construindo
seus primeiros conceitos e inclusive sua própria identidade.
Como podemos observar no trabalho desenvolvido os docentes estão
cada vez mais buscando graduação e qualificação, sendo isso muito
importante para ambas as partes, pois além de garantir o futuro profissional do
docente colabora de forma positiva na aprendizagem das crianças. O curso de
Licenciatura em Pedagogia é fator indispensável aos docentes, porém deve ser
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somado a qualificações diversas que propiciará maior facilidade para o docente
enfrentar dificuldades que podem surgir em sua vida profissional.
Contudo espera-se que o trabalho colabore e influencie de forma
positiva os profissionais, assim como as pessoas envolvidas indiretamente na
educação infantil, para que possam fazer da vida um eterno aprendizado e
qualificar-se em sua área de atuação para oferecer o melhor de si às pessoas
que necessitam de tal contribuição, adequando as suas qualificações às
especificidades das crianças para que possam desenvolver práticas atrativas e
que despertem o interesse para a educação.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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ANGOTTI, Maristela, org. Educação Infantil para que, para quem e por quê?
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AVALIAÇÃO ESCOLAR E AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS
Patrícia Pinto Sturnick1 1 Faculdades Integradas ICE, Brasil, [email protected]
RESUMO
Este trabalho tem por finalidade analisar a relação entre as concepções pedagógicas e os sentidos assumidos pela avaliação tanto pelos professores quanto pelos alunos no contexto escolar. Assim, foi desenvolvido um estudo sobre a história da avaliação da aprendizagem nas tendências pedagógicas tradicionais e progressistas, como também sobre as práticas da avaliação da aprendizagem no Brasil. A avaliação por um longo período esteve voltada apenas para os resultados finais, onde a aprendizagem era apenas medida pelos acertos e erros, tendo a função punitiva com vista a aprovação e reprovação do aluno, período em que predominou, nas escolas, a tendência tradicional. Num segundo momento analisou-se a Pedagogia Nova que nas décadas de 1920/1930, surgem no país as primeiras idéias, e a Pedagogia Tecnicista tendo a concepção de avaliação como medida, começa a ser muito difundida e até se torna um dos pilares da proposta metodológica para o ensino oficial brasileiro no período subsequente a 1970. Finalmente vem a análise das tendências pedagógicas progressistas, destacando a Libertadora e crítico-social dos conteúdos que são concebidas como instrumento de transformação social. Além disso, observa-se que as mudanças verificadas estão intimamente relacionadas as concepções de educação orientadoras das práticas pedagógicas que vem ocorrendo desde que a escola foi instituída como espaço de educação formal. Palavras-chave: Educação, Avaliação Escolar, Tendências Pedagógicas. 1. INTRODUÇÃO
A avaliação é considerada um dos temas mais polêmicos dentre os vários que afloram sobre a escola, e tem sido muitas vezes, objeto de conflito entre professores, alunos e pais. Costumeiramente, são testemunhadas situações que ilustram esse conflito, além disso, é comum nas práticas escolares, professores que apontam seus dramas, suas dúvidas e suas incertezas em relação à aprendizagem de seus alunos e ao processo de avaliação que adotam. Assim, a avaliação deve ser considerada como um dos meios para viabilizar a operacionalização de um ensino contextualizado, significativo e voltado para a qualidade da educação.
Nesse sentido, deve ser um processo contínuo com a finalidade de analisar o planejamento inicial e o resultado alcançado na aprendizagem do aluno.
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Assim sendo, sua função é determinar qual o percentual atingido dos objetivos propostos, bem como a verificação das mudanças e transformações do conhecimento dos alunos.
Por ser um método intrinsecamente ligado ao processo de ensino e aprendizagem que professores e alunos perseguem, deve ser parte integrante e não condição determinante dele. Por isso não podemos crer que basta exclusivamente, mudar o processo utilizado atualmente para garantir a qualidade de ensino. Se a questão não é assim tão simples, é preciso analisá-la com mais profundidade, refletir mais detidamente sobre ela.
Sendo assim, o que se pretende com este trabalho é refletir acerca da avaliação, seus momentos históricos, suas definições que nos ajudam a compreender o processo de avaliação nos anos iniciais do ensino fundamental.
Sendo assim, não pretendemos neste texto, lidar com todas as questões, sobre a avaliação, mas tão somente fazer uma análise de sua relação com a aprendizagem. Refletir sobre esse assunto é condição primordial do exercício da profissão docente, e esse texto pretende ser uma contribuição no aprofundamento desta matéria, principalmente nos anos iniciais do ensino fundamental. 2. OBJETIVO DO TRABALHO
Analisar as funções que a avaliação cumpre na prática educativa no ensino fundamental a luz das tendências pedagógicas.
3. DESENVOLVIMENTO
O uso da avaliação como medida vem de longa data. Durante as primeiras décadas do século XX, a maior parte da atividade que pode ser caracterizada como avaliação educacional formal estava associada à aplicação de testes (chamada docimologia, que quer dizer “nota”), o que imprimia um caráter instrumental ao processo avaliativo.
Para entender o processo avaliativo ao longo da história, será feita uma viagem no tempo para buscar mais informações sobre a prática da avaliação. Por volta de 1808, no Brasil, a educação centrava-se na figura do professor. A aprendizagem era mecânica e receptiva, ou seja, o professor apenas transmitia seu conhecimento e cabia ao aluno a memorização, para mais tarde responder as situações de forma similar a resposta transmitida, anteriormente, pelo seu mestre. Não havia interação entre professor e aluno.
A relação professor – aluno acontece através de avaliações de trabalhos verificando passo
a passo o cumprimento das tarefas dadas, ou seja, o relacionamento exige distanciamento afetivo e não está voltado para a abertura de discussões e debates (ARANHA, 1996, p.75).
Esta forma de avaliar era praticada na pedagogia tradicional que se
preocupava com a transmissão de várias áreas de conhecimento (universalização), pois tinha como objetivo formar um cidadão pronto para a sociedade, objetivando diminuir a marginalidade. A aprendizagem nessa tendência torna-se artificial, pois os alunos, considerados seres passivos,
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memorizavam os conteúdos apenas para poder “tirar” nota na hora da prova. Não tinham o trabalho de estudar para abstrair o conhecimento, afinal o conteúdo transmitido pelo professor, que era o detentor do saber, era diferente do cotidiano de cada aluno.
Nesta tendência o papel da escola consiste na preparação moral e intelectual dos alunos para assumir sua posição na sociedade. O compromisso das escolas é com a cultura, os problemas sociais pertences à sociedade (LIBANÊO, 1985, p.75).
Ainda dentro desta linha de pensamento Meksenas sustenta que “cabe ao
aluno adquirir o maior número possível de informações, com o objetivo de enriquecer sua cultura individual para com isso, desenvolver uma função útil na sociedade” (1998, p. 48).
As escolas que utilizavam esse método tradicional acreditavam que a formação do aluno criativo e crítico se dava justamente através das informações adquiridas pelo professor através de aulas expositivas com muita teoria e exercícios para a memorização. Como visto não havia lugar para atuação, construção do aluno. As avaliações se dão por meio de provas e medem apenas a quantidade de informações absorvidas pelos alunos.
Deste modo, as primeiras idéias sobre a avaliação da aprendizagem estavam centradas na classificação dos alunos. O erro era considerado como prova de incapacidade do aluno perante determinados conhecimentos e comportamentos, não sendo analisados como parte integrante do processo de aprendizagem. Para quebrar um pouco essa idéia de mensuração, surge em 1950 nos Estados Unidos da America latina, os pensadores, Tyler e Bloom. Nessa época, Tyler provocou um grande impacto na literatura com o seu “estudo dos oito anos”, pois passou a usar novos instrumentos/variedades de procedimentos avaliativos para avaliar o desempenho dos alunos.
Dentre os estudos desenvolvidos causou grande e duradouro impacto nos meios educacionais o estudo dos oito anos planejado e conduzido por Tyler e Smith. Esse estudo incluía uma variedade de procedimentos avaliativos como: fichas de registros de comportamentos, testes, questionários, inventários e outras formas de coletar evidências sobre o rendimento dos alunos em uma perspectiva longitudinal com relação à consecução de objetivos curriculares (TYLER apud DEPRESBITERIS, 1991, p.52).
Como visto, a proposta avaliativa de Tyler estava voltada ao planejamento
do ensino, ou seja, a avaliação deveria ser tratada de forma contínua onde sua finalidade é levantar dados sobre a aprendizagem e o desenvolvimento do aluno. Já Bloom defendia a idéia de que o domínio da aprendizagem é disponível para todos. No entanto ele diz que o processo de avaliação e o processo de ensino-aprendizagem andam lado a lado, porém difere-se um do outro. O processo de ensino-aprendizagem segundo Bloom (1963), “a intenção é preparar o aluno para o processo de avaliação onde esse mesmo processo tem a intenção de verificar se o aluno desenvolveu-se de maneira esperada” (apud DESPRESBITERS, 1991, p.53).
Percebe-se, então, que Bloom era contra o uso de notas em testes realizados durante todo processo de ensino-aprendizagem com a intenção de resultado final. Ou seja, ele coloca que o método (prova) utilizado pelos
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professores, era apenas para classificar, o aluno, como “bom” ou “ruim”. Afirma ainda que o uso da nota tem por finalidade, determinar o domínio ou até mesmo a falta de habilidade dos alunos perante as atividades propostas, assim, oferecendo tanto ao professor quanto ao aluno informações para a melhoria dos desempenhos.
Dentro deste contexto, a avaliação, para muitos professores e mesmo pais e , foi e é considerada como sinônimo de aplicação de teste com lápis e papel, apesar de ser muito importante, pois é através dela que pode-se verificar a habilidade do aluno em determinados assuntos. Porém existem outros meios de chegar a essa mesma conclusão, deixando o próprio aluno fazer análise das situações nos quais estão envolvidos (interação social). Outros meios também são as habilidades psicomotoras que é nada mais, que avaliar o aluno através da observação, registros sistêmicos, de entrevistas, entre outros.
Nesse sentido, o professor pode estar utilizando vários métodos avaliativos para conseguir evidências sobre mudanças de comportamentos. “Quando se pensa em avaliação, está se falando em qualquer meio capaz de se assegurar evidências válidas sobre os comportamentos em seus diferentes níveis de manifestações” (TYLER, 1982, apud DESPRESBITERS, 1989, p. 7).
Assim sendo a avaliação tem por objetivo julgar e modificar o comportamento do aluno. Afinal, a avaliação deve envolver mais que um simples julgamento, em determinada ocasião, ela deve identificar as mudanças ocorridas durante o percurso do aluno. Pois, o processo avaliativo consiste basicamente na determinação de quanto os objetivos educacionais estão atingindo os programas institucionais.
Surge no final do séc. XIX e inicio do séc. XX o movimento da escola nova no Brasil, tendo como objetivo indicar novos caminhos á educação. Essa tendência da escola veio suprir a pedagogia tradicional, visando tornar a escola um local de socialização do conhecimento elaborado. Afinal, à pedagogia nova tem como objetivo fazer com que os alunos construam seu próprio conhecimento através de pesquisas, em vez de recebê-las prontas como era na pedagogia tradicional.
Diferente do método tradicional, está nova proposta de educação está voltada a pedagogia que visa à participação do aluno. Ou seja, o aluno vivendo e interagindo em um mundo dinâmico. Sendo o professor o facilitador do processo ensino-aprendizagem. Nesta tendência a avaliação representa apenas uma etapa da aprendizagem, o aluno deixa de ser, um ser passivo, e passa a ser um ser ativo, pois são os mesmos que constrõem seus conhecimentos
Assim, a pedagogia nova passa a dar importância e começa a valorizar o aluno, ou seja, o aluno passa a ser tão importante quanto professor. Como diz Meksenas sobre a pedagogia nova:
O objetivo não é transmitir conhecimento, mas ensinar o aluno a produzi-lo. A aula expositiva não se faz necessária. Mas importante que a exposição do professor se tornam os trabalhos em grupos, a dinâmica, o debate, pois todas essas técnicas levam a valorização da experiência, da pratica, enfim, do aprender fazendo (1998, p. 49).
Na pedagogia nova, o aluno passa a ser sujeito ativo do processo, pois o
aprendizado não termina com a memorização das informações transmitidas
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pelo professor, e sim com as descobertas de novos conhecimentos. No entanto, ambos passam a ter o mesmo nível (professor x aluno), criando e tornando a relação entre ambos democrática.
Na metade do séc. XX surge nos Estados Unidos à pedagogia tecnicista, tendo como objetivo, conduzir indivíduos “competentes” para o mercado de trabalho, onde a valorização está voltada apenas à tecnologia aplicada e não na figura do professor ou do aluno. Assim, o professor passa a ser um mero especialista, onde têm por obrigação ensinar as técnicas aos alunos e não simplesmente transmitir seus conhecimentos. Nesse quadro, “ao professor cabe apenas aplicações de estímulos e programas na sala de aula. O professor não é visto nem como enciclopédia nem como orientador, mas sim como instrutor da máquina de ensino” (MEKSENAS, 1998, p. 49).
Ainda dentro do mesmo raciocínio, Aranha, diz que “o professor é um técnico que assessorado por outro técnico é intermediário por recursos técnicos, transmite um conhecimento técnico e objetivo” (2006, p.231). Ou seja, o ensino é um processo de condicionamento, modificação de comportamento, das respostas que se quer obter. Mas para isso as informações do conteúdo trabalhado têm que ser objetivas, pois, deve proporcionar ao aluno ao término do processo, adaptação ao mercado de trabalho.
Os conteúdos de ensino são baseados em informações e princípios científicos de leis, onde devem estar embasados na objetividade do conhecimento. Os métodos são programados por passos seqüenciados, ou seja, de técnicas até programação de livros didáticos. Fica claro que na relação professor x aluno, o professor administra as condições de transmissão das matérias propostas, e o aluno recebe essas informações, aprende e fixa, não participando do programa educacional. O diálogo entre ambos é extremamente técnico, onde tem por objetivo garantir a eficácia da transmissão do conhecimento.
Assim na tendência tecnicista, o ensino – aprendizagem, o saber construir e saber exprimir-se fica ausente, pois “ os professores continuaram de certa forma, imbuídos da tendência tradicional” (ARANHA, 2006, p.232). Portanto, a avaliação se baseia na verificação do cumprimento dos objetivos propostos.
Tendência que também se destaca na educação brasileira é a Pedagogia Liberal é uma manifestação própria da sociedade que ao defender a doutrina do sistema capitalista, a predominância da liberdade e interesse individual da sociedade, estabeleceu uma forma de organização social denominada sociedade de classe (propriedade privada). Contudo, nota-se que o termo liberal não tem sentido de avanço, de aberto e até mesmo democrático, como costuma ser usado, pois esse termo demanda de um movimento próprio da própria sociedade.
Na tendência, pedagogia liberal tradicional, a escola tinha como função de preparar os alunos para a sociedade, ou seja, os alunos precisam aprender a se adaptar aos valores e as normas vigentes da sociedade de classes através do desenvolvimento da cultura individual. No entanto quando ocorre esse procedimento didático, a relação do professor x aluno, não intervém na realidade social.
A pedagogia tradicional dentro da pedagogia liberal diz que aluno é educado para atingir, através do seu próprio esforço, sua plena realização como pessoa. Os conteúdos, os
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procedimentos didáticos, a relação professor-aluno não tem nenhuma relação com o cotidiano do aluno e muito menos com a realidade de vida do mesmo (realidade social). É a predominância da palavra do professor das regras impostas, do cultivo exclusivamente intelectual (LUCKESI,1994, p. 55).
Neste caso a escola tem como papel fundamental de preparar o aluno de
forma intelectual e moral para suprir as necessidades perante a sociedade. Os conteúdos de ensino são os conhecidos pelos professores, que são responsáveis para repassar aos alunos como verdades. Os métodos utilizados pelos professores são feitos por exposição/demonstração do conteúdo. Não há interação entre professor e aluno, afinal o professor é o detentor do saber, portanto apenas transmite o conteúdo e cabe ao aluno a absorção do conhecimento transmitido. Desta forma sustenta Luckesi (1993, p. 57) “a aprendizagem assim é receptiva e mecânica para o que se recorre freqüentemente à coação”. Assim sendo não há trocas de informações entre professor e aluno durante a aula.
Já a tendência liberal renovada à educação é um processo de dentro para fora e não de fora para dentro, pois parte da necessidade e interesses dos alunos para adaptação ao meio. Assim a escola propõe um ensino que valorize o aluno como sujeito do conhecimento. Nesse sentido a tendência liberal renovada é representada por duas versões que são elas: Tendência liberal renovada progressista e tendência liberal renovada não diretiva.
Na tendência liberal renovada progressista o papel da escola tem como objetivo adequar as necessidades dos alunos ao meio social. Segundo Luckesi (1994, p.58), “todo ser dispõe dentro de si mesmo de mecanismos de adaptação progressista ao meio de uma conseqüente integração dessas formas de adaptação no comportamento”. Cabe a escola suprir as experiências de o aluno educar-se e ao mesmo tempo satisfazer os interesses do aluno e as exigências da sociedade.
Para Libâneo (1985), a tendência liberal renovada progressista, esta tendência consiste em adequar as necessidades individuais ao meio social e, para isso, ela deve se organizar de forma a retratar, o quanto possível, a vida. Tal integração se dá por meio de experiências que devem satisfazer, ao mesmo tempo, os interesses do aluno e as exigências sociais. À escola cabe suprir as experiências que permitam ao aluno educar-se, num processo ativo de construção e reconstrução do objeto, numa integração entre estruturas cognitivas do indivíduo e estruturas do ambiente.
Nessa concepção de ensino valoriza-se as descobertas, o método de solução de problemas, a pesquisa, as experiências, o estudo do meio natural e social, enfim, a ação do professor é centrada nos desafios cognitivos e experiência do aluno no decorrer das situações.
Os conteúdos de ensino são dirigidos de acordo com as experiências que o aluno já possui, ou seja, vivências frente a situações problemáticas. O processo mental e as habilidades cognitivas tinham mais valores, afinal nessa tendência trata-se de “aprender a aprender”.
Os métodos de ensino diferenciavam-se, pois a escola valorizava as tentativas e o meio natural e social, do aluno, ou seja, etapas do seu desenvolvimento. O método utilizado era o de solução de problemas, o aluno é posto perante uma situação de experiência, que tenha interesse por si próprio,
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dentro dessa situação haverá um problema que deve ser desafiante, assim levando o aluno a reflexão, portanto o mesmo deve dispor de informações e instruções que lhe permita pesquisar a descoberta de solução para o problema. Claro que todo esse processo tem o acompanhamento discreto do professor para incentivar e orientar o aluno na busca de resolução de problema.
Na tendência liberal renovada progressista, há interação entre professor e aluno, onde o papel do professor é auxiliar o aluno para a construção do seu próprio conhecimento. Assim os conteúdos surgem de uma tomada de consciência dos limites da vida grupal dos mesmos.
Já na tendência liberal renovada não-diretiva, a escola, tem como papel formar cidadãos com atitudes. Nesse caso, o ensino é muito importante, pois os livros, às aulas expositivas, a didática, enfim esses recursos têm muita pouca importância quando o aluno não estiver bem consigo mesmo. O resultado de boa educação nessa tendência é muito semelhante ao de uma boa terapia. Assim a escola estabelece um clima favorável às mudanças de dentro do aluno, ou seja, são as adequações pessoais, as solicitações do ambiente. Assim, a escola, deve se preocupar mais é com os problemas psicológicos em vez dos pedagógico-sociais.
[...] esta concepção educativa considera que o ensino é uma atividade excessivamente valorizada, tendo em vista que os procedimentos didáticos, o conteúdo curricular, as aulas, os livros; tem muito pouca importância, face ao propósito de favorecer à pessoa um clima de auto-desenvolvimento e realização pessoal. O resultado de uma boa educação seria semelhante à realização de uma boa terapia (LIBÂNEO, 1985, 22).
Na tendência renovada não-direta, o conteúdo de ensino visa facilitar a
aprendizagem dos alunos, fornecendo meios para que os mesmos por si só busquem conhecimento. Sendo assim o processo de ensino articula junto aos alunos formas de buscar as informações através da motivação.
Os métodos visuais de ensino são “insignificantes” para os professores, cabe aos mesmos desenvolver técnicas de sensibilização onde os sentidos de cada um possam ser expostos sem ameaças, facilitando assim a aprendizagem dos alunos. Nesse sentido, o objetivo do trabalho escolar tem como finalidade melhorar o relacionamento interpessoal para o crescimento pessoal do aluno.
O relacionamento entre professores x alunos dentro dessa perspectiva é de motivar o aluno, assim fazendo com que o mesmo desenvolva sentimento de que é capaz de agir e alcançar suas metas pessoais, isto é desenvolver a valorização do “eu”.
Nesta perspectiva Libâneo admite que, a pedagogia liberal renovada não- diretiva, resulta que a retenção se dá pela relevância do aprendido em relação ao ‘eu’, ou seja, o que não está envolvido com o ‘eu’ não é retido e nem transferido. Portanto, a avaliação escolar perde inteiramente o sentido privilegiando-se a auto-avaliação (1985, p. 28).
Portando, o professor nessa tendência tem um papel de facilitador do
processo ensino-aprendizagem. Assim a finalidade é ajudar o aluno a construir através das técnicas seu próprio conhecimento. Ou seja, sem fazer com que o mesmo, sinta-se ameaçado.
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Verifica-se nas tendências vistas até agora que apesar do aluno ser considerado sujeito do processo ensino- aprendizagem como na pedagogia nova, mesmo assim ele não constrói um conhecimento que seja significativo para a vida dele. Já nas tendências progressistas, além do aluno ser ativo no processo ele recebe um conhecimento que possibilita intervir na realidade onde vive.
Assim, na tendência progressista libertadora, elimina-se toda e qualquer forma de autoridade, o objetivo é a busca de uma reflexão sobre a vida dos alunos envolvidos no processo, de forma que os mesmo possam se manifestar sem medo. Diante disso, esta tendência visa mostrar que a tendência tradicional e a renovada não contribuem muito para o aprendizado dos alunos, pois visam apenas formar cidadãos para atuarem no mercado de trabalho, seguindo as normas vigentes do sistema.
Nesse sentido a pedagogia libertadora vem para modificar a visão da pedagogia tradicional, mostrando que os conteúdos devem ser extraídos da problematização da prática de vida de cada aluno, ou seja, trabalha com temas geradores. Assim, essa prática pedagógica, visa valorizar o cotidiano do aluno, sendo assim a educação não parte de conteúdos já existentes/elaborados, mas sim de uma problematização da vida cotidiana dos alunos no decorrer das aulas.
A proposta da pedagogia libertadora não está preocupada apenas com a cultura individual do aluno, nem em modelar o seu comportamento para viver na sociedade capitalista, ao contrário: a proposta da pedagogia libertadora é a partir dos problemas enfrentados pelo aluno no seu cotidiano para que ele possa compreender criticamente a sua classe social de origem, de modo a ter uma prática transformadora da realidade que o cerca (MEKSENAS, 1988, p. 78).
Dentro desta tendência, pode-se destacar a pedagogia dos oprimidos de
Paulo Freire, que está voltada para a alfabetização das pessoas da classe trabalhadora que foram excluídas da escola. Assim para alfabetizar esses adultos passou a utilizar palavras que fossem do seu cotidiano para educá-las. Portanto, nessa concepção o diálogo entre professor e aluno é de extrema importância. Ambos são considerados sujeitos do ato de conhecer, ou seja, ambos estão sujeitos a desvelar o objeto a ser conhecido.
O conhecimento não é transferido do educador para o educando, mas, a despeito disto, ocorre um compartilhamento de experiências onde se encontram as condições necessárias para a construção de seres críticos, no decorrer do diálogo com o educador, por sua vez, também ser crítico (FREIRE, 1987, p.15).
Nesta tendência o papel da escola é de questionar tudo aquilo que está em
volta do aluno, ou seja, as relações sociais do contexto onde vive. A educação se dá de forma não-formal, portanto, as atividades são organizadas fora do sistema regular de ensino, claro, tendo como objetivos educacionais, bem definidos. Assim sendo, através da própria realidade do aluno, professor e aluno, aprendem juntos, atingindo assim um nível de consciência da realidade vivenciada, a fim de nela atribuírem uma transformação social.
Os conteúdos são extraídos da realidade prático-existencial dos alunos, onde através dessa busca/investigação são elaborados temas geradores, para iniciar o processo de ensino e aprendizagem dos mesmos. Sendo assim,
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descartados os métodos tradicionais, que trabalhavam conteúdos acríticos e descontextualizados da realidade social.
O método de ensino é o dialético, ou seja, predomina o diálogo entre professor e aluno. O professor é apenas uma espécie de animador que por principio deve descer ao nível dos alunos. Afinal, esse método de ensino deve ser trabalhado, a partir de um olhar crítico da problematização da situação geradora.
O relacionamento do professor e aluno se dá de uma forma horizontal, pois ambos são sujeitos do ato/processo de conhecimento. Então essa relação se torna espontânea não havendo nenhuma relação de autoridade.
Já pedagogia libertária tem como objetivo formar alunos livres, críticos, solidários, conscientes, capazes de causar mudanças notáveis na sociedade. Assim rompendo esse circulo vicioso entre a miséria, a ignorância e o preconceito. A pedagogia libertária tem em comum com a pedagogia libertadora “a valorização da experiência vivida como base da relação educativa e a idéia auto-gestão pedagógica” (LUCKESI, 1993 p. 64).
Como visto a tendência libertária acredita na liberdade total do aluno, portanto, é mais importante o processo de aprendizagem grupal, do que apenas os conteúdos de ensino. Para tanto nessa concepção pedagógica a idéia de conhecimento não é apenas a investigação cognitiva do real, mas, sim, a descoberta de respostas relacionadas às exigências da vida social. Diante disso, a pedagogia libertária “abrange quase todas as tendências anti-autoritárias em educação, como a psicanalítica, a anarquista, a dos sociólogos e também a dos professores progressistas” (LIBANEO, 1989, p. 39). Assim, nessa tendência o professor tem como função ser um conselheiro ou muitas vezes instrutor-monitor.
Diante disso o papel da escola é de transformar a personalidade do aluno num sentido libertário e de auto-gestão. Os conteúdos são colocados a disposição dos alunos, mas não são exigidos pelos professores. Portanto vai depender da necessidade de cada grupo, ou seja, do interesse de cada um perante aos conteúdos a serem desenvolvidos. Os métodos de ensino utilizados nada mais são que a experiência vivida de cada aluno, ou seja, é na vivencia grupal, na forma de auto-gestão, que os alunos vão buscar encontrar as bases mais satisfatórias.
Assim, cabe ao professor apenas a orientação, ou seja, os alunos mostram o caminho a ser percorrido e o professor apenas acompanha-os no percurso. Os alunos são considerados dentro dessa tendência pedagógica livres, e a aprendizagem se dá por parte informal/via grupo, ou seja, não é aquela aprendizagem que já vem estipulada pelo grupo escolar onde, cabe ao professor apenas executá-la em sala de aula.
Por último a Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos, considerada uma tendência marxista que nasce das proposições desenvolvidas por Georges Snyders e Dermeval Saviani, pedagogo que ao estudar o ensino das tendências, tradicional e a escola nova, elaboraram a pedagogia crítico social dos conteúdos.
Para esta tendência a escola é um espaço/local de transformação social, ou seja, é onde a ação dos professores junto com os alunos pode contribuir para a transformação da sociedade capitalista. Assim, não está centrada apenas no
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aluno (como a pedagogia nova) ou no professor (como a pedagogia tradicional), mas sim centrada nos dois, pois ambos têm uma importância muito grande no processo de aprendizagem.
Na tendência crítico-social dos conteúdos, defende-se que a aquisição do conhecimento não deve ter como objetivo a erudição, saber pelo saber, mas sim a possibilidade de que o conhecimento possa ser ferramenta a mais no processo de transformação social (MEKSENAS,1988 p. 79).
Sendo assim tem por objetivo um processo de ensino, onde tanto o
professor quanto o aluno, tenham posturas ativas para que possa haver uma troca de conhecimento entre ambos. Dentro desta concepção, há uma troca de equivalência, ou seja, um ajudando o outro no processo de transformação da realidade social.
Diante desta concepção, a escola deve preparar o aluno para o mundo, ou seja, deve garantir um bom ensino. Assim, deve proporcionar aos alunos a aquisição dos conteúdos concretos e significativos de forma organizada e ativa. Para tanto a escola é a parte integrante de todo social.
Os conteúdos estão voltados à realidade de cada aluno, ou seja, o professor busca diagnosticar o que o aluno já trás consigo (conhecimento), esse conhecimento novo vai se apoiar em uma estrutura cognitiva já existente aos conteúdos, ou seja, os conteúdos partem da existência do conhecimento que cada aluno trás consigo. Nesse caso, os métodos utilizados pelos professores visam favorecer a coerência entre a teoria e a prática, pois, é preciso que os métodos de ensino favoreçam a correspondência dos conteúdos com os interesses dos alunos. Para tanto, a aprendizagem se dá apenas quando o aluno ultrapassa, no caso deixa, a sua visão confusa e parcial e passa adquirir uma visão ampla, ou seja, mais clara sobre a realidade onde vivem.
Segundo Libanêo (2002, p. 40):
Os métodos de uma pedagogia crítico-social dos conteúdos não partem, então, de um saber artificial, depositado a partir de fora, nem do saber espontâneo, mas de uma relação direta com a experiência do aluno, confrontado com o saber trazido de fora.
A relação entre professor e aluno consiste no movimento das condições em
que professores e alunos passam colaborar para fazer progredir a troca entre o meio e o aluno, a partir dos conteúdos. Portando a pedagogia crítico social dos conteúdos tem por objetivo promove ensino voltado para a interação dos conteúdos e as realidades sociais.
Dentro deste contexto, podemos concluir que na pedagogia tradicional, o aluno era considerado um ser passivo, onde seu conhecimento obtido não tinha nenhuma importância, pois nesta tendência apenas o professor é o detentor do saber e o aluno um mero depositário desse saber.
A pedagogia liberal sustentava a idéia de que a escola, através do desempenho da cultura individual, tem por função preparar os alunos para se adaptar aos valores e as normas vigentes da sociedade. Ou seja, preparar os alunos para o desenvolvimento e papéis sociais, de acordo com as aptidões individuais.
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Já a pedagogia progressista, parte de toda uma análise da realidade social de cada aluno. Portanto, essa tendência valoriza a experiência vivida com base na relação educativa, assim valorizando o processo de aprendizagem que o aluno já trás consigo e os conteúdos de ensino. Diante disso nota-se que essa tendência é contra o autoritarismo. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A avaliação tem uma amplitude variável de significados possíveis. Impõe-se ou não na prática segundo as necessidades às quais ela serve e em função das diferentes formas de concebê-la.
As formas de conceber e praticar a avaliação têm a ver com a evolução das funções que a instituição educativa cumpre na sociedade e no mercado de trabalho, bem como as posições que se adotem sobre a validade do conhecimento que se transmite e as concepções que se tenham sobre os alunos e a aprendizagem escolar.
Contudo, conclui-se que a avaliação não tem um fim em si mesmo, mas é um meio a ser utilizada por professores e alunos para o aperfeiçoamento do processo ensino e aprendizagem. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da educação. São Paulo:
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O CAMINHO PERCORRIDO NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR NO BRASIL
Jucely Grigoria de Almeida1
1 Faculdades Integradas ICE, Brasil, [email protected]
RESUMO
O estudo busca apontar o trajeto percorrido na formação dos professores – o espaço pedagógico dependente da legislação educacional, as normas e os programas oficializados pelo Estado – e os processos de formação de professores. No desenvolvimento da pesquisa, busquei construir uma retrospectiva histórica sobre a formação do professor desde a Educação Jesuítica até a LDBEN nº. 9.394/96, mostrando que esta sempre atendeu as necessidades de uma sociedade capitalista que, seleciona, discrimina, exclui, que domina e legitima o poder. Assim, com as trilhas percorridas, pude identificar que o Curso de Pedagogia tem sua origem nos cursos pós-normais realizados nas antigas Escolas Normais. Somente a partir de 1939, foi regulamentado como curso, quando ocorreu seu disciplinamento pela artificial simetria entre todas as licenciaturas, embutida no padrão federal de formação de professores nascido com a criação em 1931, das Faculdades de Filosofia, Ciências e Letras pelo Estatuto das Universidades Brasileiras. Considero a temática formação de professores de grande relevância, à medida que se verificou que não haverá ensino de qualidade, nem reformas educativas, nem inovações pedagógicas que substituam uma adequada formação de professores. Palavras-chave: Educação, Formação de Professores. 1. INTRODUÇÃO
Quando do início dos trabalhos tivemos muitas dúvidas quanto à escolha do objeto de estudo, porém cada vez que líamos a respeito da Educação mais nos chamava a atenção à própria história da Educação, seus caminhos e mudanças. Assim, a escolha se deu pela necessidade de sanar a nossa falta de conhecimento a respeito de um assunto que está intrinsecamente ligado à nossa formação. Durante o percurso dos trabalhos nos envolvemos e percebemos o quanto essa história se movimentou, seus altos e baixos, as mudanças ligadas à própria evolução da sociedade, que partiu dos iletrados aos dias atuais, no qual as oportunidades de se capacitar e especializar em determinada área tem muito mais facilidade.
Nessa busca de conhecimentos, podem-se observar as diretrizes da Pedagogia, as características e funções que a educação foi assumindo no decorrer das mudanças econômicas, históricas, sociais e culturais, de cada época.
Relatar sobre a formação dos professores no Brasil é uma difícil tarefa, pois não poderemos estar situando como se deu essa transformação em cada
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estado brasileiro, pois somos sabedores que cada caso tem sua peculiaridade, que a realidade não é a mesma em todos eles. Não sendo possível estabelecer parâmetros fixos e imutáveis, pois a realidade do Brasil mesmo nos períodos mais afastados foi de incisões políticas, sociais, entre outras tantas, uma tão importante quanto à outra. Para que possamos pelo menos tornar mais clara essa realidade, faz-se necessário conhecer a realidade concernente à formação dos professores no Brasil. Analisando as obras pesquisadas, podemos perceber as problemáticas vivenciadas até hoje, bem como possibilitar novas discussões em torno da busca de soluções possíveis ao nosso Estado. 2. OBJETIVO DO TRABALHO
O objetivo deste trabalho é analisar como ocorreu a formação dos professores, desde o brasil colônia e como ocorre nos dias atuais, tomando como base a legislação e uma bibliografia pertinente ao tema.
3. DESENVOLVIMENTO
Traçar o a trajetória da formação do professor e discorrer sobre o perfil deste profissional da educação leva a refletir a respeito do contexto histórico, politico e social vivido pela sociedade brasileira. Pensar na história da educação brasileira é poder conhecer um pouco da contribuição desde os primeiros professores que foram os jesuítas até os dos dias atuais
No descobrimento do Brasil foram encontradas pessoas totalmente diferentes em termos de cultura, língua e religião, com isto a Igreja Católica implanta o catolicismo na colônia, obrigando assim os índios e escravos a professarem a fé, os valores e crenças pregando a obediência aos colonizadores.
Em 1549 chegaram ao Brasil os primeiros jesuítas que seriam os primeiros educadores da colônia que segundo a ordem de D.Manuel I, era de ensinar a fé cristã. Neste período os padres não mediram esforços para semear a doutrina do cristianismo.
Niskier diz que: O tão reduzido contingente de seis jesuítas, vindos com Tome de Sousa, tivesse conseguido, em poucos anos, levar a termo a mensagem cristã a diversas localidades espalhadas pelo vasto litoral brasileiro (1989, p.47).
Observa-se que durante este período no Brasil colônia o principal objetivo era o ensino para converter os colonos. A educação era totalmente religiosa, não levando em consideração a fé dos que aqui viviam e para cá vieram como no caso dos escravos. O conteúdo era totalmente descontextualizado da realidade, ou seja implantaram uma educação europeia alheia a realidade da colônia, de cunho humanista ministrada pelos jesuítas, a este respeito Romanelli, destaca que: O apego ao dogma e à autoridade, a tradição escolástica e literária, o desinteresse quase total pela ciência e a repugnância pelas atividades técnicas e artísticas tinham forçosamente que
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caracterizar, na Colônia, toda a educação modelada pela Metrópole, que se manteve fechada e irredutível ao espírito crítico e a análise, à pesquisa e a experimentação (2010, p.34).
Neste contexto, vê-se que os padres buscavam impor uma cultura europeia, passando um ensinamento alheio a realidade da colônia, pois não havia necessidade de formação para o trabalho, e sim em buscar a conversão dos colonos, adequando-os as necessidades de uma sociedade alienígena.
Os padres jesuítas fizeram com que a maioria dos índios, escravos e filhos dos colonos fossem catequizados, criando escolas elementares no interior das aldeias indígenas. Assim ensinavam os filhos dos índios e dos colonos juntos, porém logo começaram a separar os catequizados e os instruídos, criando assim a elite intelectual, onde os filhos dos colonos avançavam no estudo e os filhos dos índios eram somente pacificados e treinados para o trabalho. O ensino jesuítico era um ensino voltado para o lado humanístico dos indivíduos, não era ensinado assim conteúdos científicos, segundo Aranha “não fazia parte do currículo escolar as ciências físicas ou naturais, bem como a técnica ou artes (2006, p.164).
Assim se formava a educação da elite, uma parte da população que recebia o estudo elementar e outra parte que não queria seguir na carreira eclesiástica, eram enviados, para Portugal, a fim de complementar os seus estudos. Ou seja, os que queriam seguir na carreira eclesiástica continuavam estudando no Brasil e os que não queriam seguir eram enviados, para Europa. A este respeito ressalta Romanelli: A obra de catequese, que em principio, constituía o objetivo principal da presença da Companhia de Jesus no Brasil, acabou gradativamente cedendo lugar, em importância, à educação da elite. E foi com esta característica que ela se firmou durante o período em que estiveram presentes no Brasil os seus membros e também com essa mesma característica que ela sobreviveu à própria expulsão dos jesuítas, ocorrida no século XVIII (2010, p.35, 36).
Observa-se que a educação passa a ser um bem dos dominantes, aos índios era ensinado a obediência e a catequização, e os filhos dos colonos poderiam seguir prosseguindo os estudos na Europa, em uma estrutura pedagógica oposta ao ensino pedagógico jesuítico. O educando que iria para a Europa não teria mais somente o ensino humanista, até mesmo porque, não havia interesse por parte dos jesuítas, em implantar em solo brasileiro um ensino voltado para o crescimento intelectual da sociedade.
A influência do ensino jesuíta no Brasil aconteceu por 210 anos, até serem expulsos no ano de 1759, quando morre D. João V e assume seu filho D. José I, este nomeou, Sebastião José de Carvalho (futuro Marques de Pombal) ao Cargo de Ministro e Secretário de Estado dos Negócios. Com várias experiências políticas, Marques de Pombal começou a promover grandes mudanças na estrutura de Portugal, inclusive na educação.
Entretanto devido a questões de demarcação de Terra entre Brasil e Espanha, quando estes começam a demarcar seus limites de fronteiras, há por parte dos índios resistência e revoltas que segundo Niskier “influenciado pelos jesuítas” (1989,p.57). Devido a estas e tantas outras acusações e percebendo o grande poder político e econômico por parte dos jesuítas, estes tinham total apoio da coroa e, portanto possuíam terras, recebiam 10% dos impostos e com isso a Companhia de Jesus possuía muito poder político e econômico muito
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forte na colônia, assim em 3 de setembro de 1759, expulsam os jesuítas das colônias de Portugal.
Com a expulsão dos jesuítas a educação no Brasil começa a sentir os efeitos, pois estes eram os únicos educadores que existiam, começa assim a desestruturação da educação no Brasil que passou por 13 anos de colapso.
Neste contexto Marques de Pombal, pouco conseguiu fazer pela educação brasileira, pois assumiram como professores pessoas que eram mal preparadas e com baixa renumeração. Para manter o sistema de ensino mantido por ele, que era de formar o cidadão mais humanístico, não voltado totalmente para a religião, criou-se o imposto “subsídios literários” para pagar professores e manter o sistema educacional implantado por ele com apoio do Estado. As aulas passaram a ser ministrada por leigos que segundo Romanelli “pela primeira vez, o estado assume os encargos da educação” (2010, p.37). Entretanto a forma pedagógica jesuíta continuou por algum tempo, pois foram continuadas por seminaristas que os jesuítas haviam formado, neste período também acontece a implantação de aulas régias que foram introduzidas pelas reformas pombalinas.
Com o bloqueio, imposto por Napoleão, a Corte Real de Portugal, viu se obrigada a mudar para a colônia brasileira, fugindo da tropa francesa. Em decorrência da vinda da família real para o Brasil, foi preciso fazer adequações para instalação da mesma e atender suas necessidades, que segundo Aranha: Quando a família real chegou ao Brasil, existiam aulas régias do tempo de Pombal, o que obrigou o rei a criar escolas sobretudo superiores, a fim de atender às necessidades do momento (2008, p.221).
Foi neste período que ocorreram as maiores transformações políticas,
administrativas e também no sistema educacional, pois foi criada a Imprensa Régia (1808), a Biblioteca Pública (1810), Jardim Botânico do Rio (1810), Museu Real (1818). Também nesta época surgem os primeiros cursos superiores no país, que segundo Aranha “era para formar oficiais do exército e da marinha (para defesa da colônia), engenheiros militares, médicos, e a abertura de cursos especiais de caráter pragmático” (2006, p. 221).
No que diz respeito ao ensino elementar, a maioria da população que era da zona rural continuava com um ensino precário, pois os grandes avanços atingia somente algumas camadas da população. Para a elite a educação era feita pelos preceptores, e o resto da população procurava as poucas escolas existentes. Os professores também não eram bem preparados e eram mal remunerados. O ensino secundário também era precário, não existia uma boa qualidade de ensino. Em 1837 foi fundado no Rio de Janeiro o Colégio D. Pedro II, o ensino secundário desta época era destinado a preparar para o ingresso no ensino superior.
Em 1835 foi fundada a primeira Escola Normal de Niterói, para dar formação de professores, porém foi fechada em 1849, por falta de alunos. Outras escolas, também foram abertas em várias províncias, porém, todas sem sucesso, a este respeito, Aranha destaca que: “o descaso pelo preparo do mestre fazia sentido em uma sociedade não comprometida com a educação elementar” (2006, p.227).
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Outro fator que pode-se constatar, era a baixa remuneração, e a não obrigatoriedade de uma formação para exercer a função de professor. Mesmo com todas estas dificuldades de falta de interesse e pessoal humano interessado no magistério foram criadas escolas normais na Bahia (1836), Ceará(1845), São Paulo (1846), estas foram as primeiras escolas visando a formação de professores.
No período republicano que vai de 1889 a 1930, já havia na sociedade intelectuais que tinham uma visão mais ampla sobre uma educação de qualidade, e estes buscavam de certa forma uma melhoria do ensino, com isto há uma descentralização, do mesmo. “Começa a existir debates sobre a necessidade de abertura de novas escolas e também a preocupação de melhorar os métodos e conteúdos do ensino” (GHIRALDELLI, 2009, p.32).
Começa também a existir uma procura maior por cursos de formação de professor, e a ter um conceito de educação para todos, a este respeito ressalta Aranha: É bem verdade que se tratava ainda de uma escola dualista, em que para elite era reservada a continuidade dos estudos, sobretudo científicos – já que os republicanos recusavam a educação tradicional humanista - enquanto o ensino para o povo ficava restrito ao elementar e profissional (2008, p.298).
Neste contexto as províncias, também já eram responsáveis por parte do ensino primário e secundário, sendo que o primeiro continuou fragmentado e os outros eram ministrados por escolas particulares. Vale ressaltar que nesta época já existia no Brasil, as chamadas classes sociais diferenciadas e já era visível a estratificação social. A sociedade não era mais vista somente por pessoas como sendo as da zona rural ou escravocrata, vê se também surgir a burguesia, intelectuais e letrados com posições e pensamentos formados, “todo esse complexo organismo social já não podia comportar-se de instituição de caráter simplista” (ROMANELLI, 2010, p.42).
Constata-se, portanto que passa a ter uma pressão para melhoria na qualidade do ensino, com isto surgem as reformas que foram de alguma forma um esforço para melhoria do ensino. Entre as reformas merece destaque a de Benjamim Constant (1891), que era professor e defensor das idéias positivistas, criou o Ministério da Instrução, Correios e Telégrafos e também tentou substituir o currículo acadêmico por um currículo enciclopedista com inclusão de conteúdos científicos, criou o ensino seriado e também criou o centro de aperfeiçoamento do magistério, o Pedagogium. Várias reformas vieram depois desta, mas por falta de estrutura todas foram sem muito sucesso, desta forma, “As reformas não se implantaram, de fato, devido à ausência de infraestrutura adequada, apesar do esforço iniciado de construção de prédios e formação de professores” (ARANHA, 2008, p.298).
Com isto verifica-se que apesar dos esforços para melhoria do ensino no período republicano houve certa ineficiência por parte dos poderes públicos em fazer políticas públicas que atendessem as necessidades de um todo da população.
Nessa época também não existia uma situação econômica estável que pudesse dar suporte para que o ensino chegasse verdadeiramente a todas as classes, o que se percebia era o distanciamento entre as camadas sociais.
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Pois os que viviam na zona urbana viam a educação como uma forma de aprender algum ofício e ascender socialmente, os que vivam na zona rural não havia muita preocupação, pois não era necessário saberes para lidar no campo, assim era grande o numero de analfabeto no campo.
Como visto, no período da República, até houve certo esforço para melhoria do ensino, porém, mais uma vez se viu frustrado o processo de democratização do ensino, pois apesar de querem atender as exigências e as necessidades educacionais a educação continuava elitizada.
Com toda essa desestruturação da educação, a precariedade no ensino continuava a mesma. A falta de formação de professores que eram nomeados sem concursos, a falta de um currículo, as diversas tentativas de trazer os diversos conceitos e filosofias estrangeiras e a busca de qualidade de ensino era só em nível superior, para atender a burguesia. Para educação básica pouco foi feito.
Contudo verificou-se também que apesar de todas as dificuldades no sistema educacional, as reformas mostravam que a população havia evoluído, já era mais exigente tanto no que diz respeito ao ensino, quanto nos aspectos culturais. Assim a procura pelo ensino aumentou, pois o processo de urbanização e industrialização estava ocorrendo, sentiu-se a necessidade de reformas para atender esta expansão e as demandas do mercado de trabalho.
No início do século XX, ocorre uma expansão de conhecimentos nos ideais do liberalismo, positivismo e iluminismo que já se identificavam com as tendências do escolanovismo, que era de democratizar e transformar por meio da escola, influenciando os novos rumos da educação. Os debates sobre os métodos e sistema de ensino tornam se cada vez mais expressivos, tomados por ideologias diferentes. Os defensores do ideário da Escola Nova, visavam à democratização do ensino, queriam uma educação que atendesse a todos, que segundo Aranha: Eram conhecidos como educadores ‘profissionais’, devido à especialização de seus interesses, focados na educação, além de vários deles terem produzido obra abundante sobre o assunto e participado de reformas de ensinos nos seus estados de origem (2008, p.302).
Entre os educadores pode-se destacar o pedagogo Anísio Teixeira (1900-1917), o sociólogo Fernando Azevedo (1894-1974) e Lourenço Filho (1897-1970), que seriam os precursores do manifesto dos pioneiros da educação de 1932.
O manifesto dos Pioneiros de 1932, veio para reestruturar o ensino, defendiam uma educação que atendesse as diretrizes sociais e econômicas, queriam um ensino laico com responsabilidade do Estado e que atendesse a todos. Para Aranha: Um dos objetivos fundamentais expresso no Manifesto – que certamente fora dirigido sob inspiração de Anísio Teixeira – era a superação do caráter discriminatório e antidemocrático do ensino brasileiro, que destinava a escola profissional para os pobres e o ensino acadêmico para elite (2008, p.304).
Neste contexto, observa-se que passa a ter a idéia de um ensino para todos,chamando atenção para uma educação que preparasse o educando para lidar com os diversos contextos sociais e não somente uma educação para
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formação profissional. O manifesto também foi importante no que diz respeito a formação do professor, pois este deveria ter uma formação universitária. Houve neste período um avanço significativo na educação brasileira, haja vista que o Manifesto, trouxe mudanças entre esta, a busca da autonomia e a sua transformação.
A Constituição de 1934, propõe o plano de reestruturação educacional, o Governo Provisório apresentou um novo texto sobre o sistema educacional. Segundo Ghiraldelli:
O texto aprovado pela constituinte fixou no capitulo ‘Da educação e da cultura’ da Carta Magna, garantia a gratuidade e obrigatoriedade do ensino primário, integral, assegurava a idéia da ‘ tendência à gratuidade do ensino ulterior ao primário’ (2009, p.76).
Assim, começa a se notar o primeiro ar de um ensino democrático, com ressalvas para o ensino religioso que ficou sendo facultativo para os alunos e obrigatório para as escolas, pois no país, em sua maioria, eram praticantes da religião católica.
Com o golpe de estado, Estado Novo, é criada a Constituição de 1937, esta retrocedeu, no que diz respeito ao ensino, pois o Estado deixa de assumir sua responsabilidade. A ideologia que durante dois anos foi debatida agora há certa estagnação, haja vista que não tinha interesse do estado em oferecer uma educação para todos. As ideologias de se ter um ensino para rico de boa qualidade e aos pobres a educação profissionalizante, voltam a ganhar força, que segundo Niskier deveriam ser oferecidos as “classes menos favorecidas” (1989, p. 278). Apesar de tudo, os níveis de qualificação dos professores ainda eram muitos baixos, pois ainda não existia uma obrigatoriedade de formação profissional.
Ainda em 1937, no governo de Vargas, era criada a Universidade do Brasil pelo Decreto Lei 1.190 de 1939, que passou a chamar-se Faculdade de Filosofia, esta oferecia os cursos de filosofia, ciências, letras e pedagogia, incluindo-se a didática.
Segundo Pimenta, Seria a primeira vez que a legislação abrangia um curso específico de pedagogia, que formaria o licenciado para o magistério em cursos normais, além de oferecer o bacharelado para o exercício dos cargos técnicos de educação. Porém, a autora afirma que ao analisar o referido Decreto constata a ‘inoportunidade’ da formação dos técnicos em educação, haja vista que “naquela época, as funções de planejamento, organização e execução do processo educacional ainda não alcançariam níveis de objetiva especialização (2000, p. 95).
Pimenta, ressalta ainda as “resistências dos legisladores em admitir a formação em nível superior tanto de professores para o curso normal quanto de especialistas para tarefas administrativas no sistema de ensino (inspetores, diretores de escolas)” (p. 95).
A estruturação do curso de Pedagogia estabelecida em 1939, indica a adoção de um currículo muito genérico e impreciso quanto ao significado real desse curso. Nesse contexto observa-se que a formação dos técnicos da educação é influenciada pelos escolasnovistas, inferindo à legislação uma idéia pragmática de pedagogia e que ao pedagogo cabe o papel de cuidar dos métodos e das técnicas de ensinar.
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Brzenzinski aponta que: O pragmatismo funcional é a própria negação da verticalidade e do aprofundamento da pesquisa; não há elaboração teórica elaboração técnica. O professor (...) não se aprofunda em estudos da pedagogia como campo de saber, isto é, não busca a teoria elaborada, através da pesquisa, como se fosse possível separar o indissociável: teoria e prática (apud PIMENTA, p.95).
Como visto a formação do professor era exclusivamente técnica e
instrumental, como uma prática eficaz e rigorosa. Essa concepção epistemológica da prática, decorreu do positivismo, que prevaleceu durante todo século XX.
Observa-se que as finalidades de Ensino Normal eram bem definidos e objetivos, e previam as funções a serem cumpridas de acordo com a lei. Sobre esse aspecto, Romanelli (2010, p.168) descreve a estrutura: O ensino normal ficou subdividido em cursos de dois níveis. Como curso de 1º ciclo, passava a funcionar o curso de formação de regentes de ensino primário, com duração de 4 anos, que funcionaria em Escolas Normais Regionais. Com cursos de 2º ciclo, continuava a existir os cursos de formação de professor primário, com a duração de 3 anos, que funcionariam em estabelecimentos chamados Escolas Normais.
Essa legislação, ao dispor que o curso de 1º ciclo formaria regentes para o ensino primário, enquanto que o curso de 2º ciclo formaria professores para o primário propriamente dito, vinculou ao cargo de regentes o professor leigo, em seus cargos de docência.
Durante o governo do Estado Novo assume o ministro Gustavo de Capenema, que faz mais uma reforma no ensino, este através de decretos-leis, também chamado de Leis Orgânicas do Ensino. Capenema buscava trazer com esta reforma as ideologias do movimento renovador, assim dando atenção para o ensino primário, neste período também houve diminuição dos números de analfabetismo, pois foi criado o ensino supletivo. Houve também nesta reforma a regulamentação do curso de formação de professores que segundo Romanelli tinha as seguintes finalidades: 1. Promover a formação do pessoal docente necessário às escolas primarias; 2. Habilitar administradores escolares destinados às mesmas escolas 3. Desenvolver e propagar os conhecimentos e técnicas relativas à educação da infância.
(2003, p.164).
Este curso recebeu algumas críticas, pois quem os frequentava eram as moças da elite, e também por limitar a idade do candidato que deveria ter até 25 anos.
Após a queda de Getúlio Vargas, é criada a Constituição de 1946, esta trazia novos rumos, tornado um país com características mais democráticas, enfatizando os diretos dos cidadãos e priorizando a liberdade de expressão, e assim como na Constituição de 1934 ficando garantido no Capitulo II do Título VI a respeito da “educação e cultura”, no Art. 166 apresenta o “direto da educação a todos”.
A partir da Constituição de 1946 inicia o debate para criação de uma Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional, que deveria tratar de um sistema
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educacional onde haveria uma organização institucional com apelos para a democratização do ensino.
Finalmente em 20 de dezembro de 1961 é promulgada a Lei 4.024/61, que seria a 1º Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Esta lei nasceu dos anseios de educadores que queriam a democratização, e a liberdade. A lei foi sancionada da seguinte forma: Art.1º A educação nacional, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por fim: a) a compreensão dos direitos e deveres da pessoa humana, do cidadão, do Estado, da família e dos demais grupos que compõem a comunidade; b) o respeito à dignidade e as liberdades fundamentais do homem; c) o fortalecimento da unidade nacional e da solidariedade internacional; d) o desenvolvimento integral da personalidade humana e a sua participação na obra do bem comum; e) o preparo do indivíduo e da sociedade para o domínio dos recursos científicos e tecnológicos que lhes permitam utilizar as facilidades e vencer as dificuldades do meio; f) a preservação e expansão do patrimônio cultural; g) a condenação a qualquer tratamento desigual por motivo de convicção filosófica, política ou religiosa, bem como quaisquer preconceitos de classe e raça (LDBEN nº. 4.024)
A LDBEN nº. 4.024/61 mantem a estrutura tradicional no sistema de ensino, que continua a ser organizado de acordo com a legislação anterior. Observa-se que na sua essência, a lei continua a mesma, mas a respeito da formação de professor assim propunha em seu Art. 52 que: O ensino normal tem por fim a formação de professores, orientadores, supervisores e administradores escolares destinados ao ensino primário, e o desenvolvimento dos conhecimentos técnicos relativos à educação da infância (LDBEN).
No que se refere à formação de profissionais da educação a 1º LDBEN propõe uma descentralização e maior liberdade para os sistemas e estabelecimentos de ensino, visando com isso, a fortalecer os cursos normais e a formação de professores para o Ensino Médio. A referida Lei reformulou os cursos de licenciatura, visto que até então, para obter o grau de licenciado, o professor fazia o curso de bacharelado em 3 anos, e ao conclui-lo, ingressaria no curso de Licenciatura, por mais 1 ano.
A reformulação dos cursos de licenciatura passara para 4 anos, visto que se compreendeu a indissocialização do como ensinar, com o que ensinar, na formação dos profissionais da educação. Portanto, a partir de 1962, o curso de Pedagogia passa a formar bacharéis e licenciados. Sobre esse aspecto Pimenta, afirma que: O Pedagogo passa a ser um professor para diferentes disciplinas dos então cursos Ginasial e Normal. O currículo de pedagogia compunha-se de disciplinas das ciências da educação, das didáticas e da administração escolar (...) A partir dos anos 60 o país passou a contar com expressiva rede pública de ensino, provocando um desenvolvimento da ciência pedagógica e da psicologia educacional, além das pesquisas em sociologia escolar (2000,p.32).
A partir de 1964 a1985, o Brasil, passa a viver sobre o Regime Militar. Neste período o país passa a viver por momentos de transição e instabilidade, tanto econômica, como social e educacional, haja vista que saia de um período
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democrático para entrar em um totalmente autoritário, apesar do crescimento econômico que foi constatado na época. Para acompanhar este crescimento econômico e por falta de profissional qualificado, surgiu então a idéia, de uma reforma no ensino que pudesse atender os avanços tecnológicos e industriais que estavam ocorrendo.
Durante a ditadura houve uma grande repressão contra os estudantes universitários, estes passaram a ser vistos como, arruaceiros devido aos protestos que realizavam. As reinvindicações estavam voltadas para o aumento no número de oferta de vagas nas instituições públicas, entres outras, Aranha ressalta que “neste período os militares atuavam no interior das universidades, silenciando o debate e intervindo de forma violenta nos campi, cassando professores e desarticulando movimentos estudantis” (2008, p.316), isto evidencia o processo anti-democrático, que o país passa a viver.
Neste período foram criadas reformas no ensino a primeira no ensino superior com a Lei 5.540/68 e a segunda que viria ser a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 5.692/71.
No que diz respeito a reforma no ensino superior a lei 5.540/68 trouxe varias mudança, extinguiu a cátedra, unificou o vestibular, entre outras modificações que pouco contribuiu para que houvesse mudança na estrutura organizacional do ensino superior (Romanelli, 2010, p.238).
A LDBEN nº. 5.692/71, de 11 de agosto de 1971 estabeleceu novas diretrizes para educação de 1º e 2º graus, esta estabelecia os seguintes objetivos: O ensino de 1º e 2º graus tem por objetivo geral proporcionar ao educando a formação necessária ao desenvolvimento de suas potencialidades como elemento de auto-realização, preparação para o trabalho e para o exercício consciente da cidadania (PILETTI, 1990, p.91).
O objetivo parte de um pressuposto muito perfeito, visando ao educando a
busca não somente para a formação acadêmica, mas também para auto-realização, tendo por princípio de que o desenvolvimento intelectual e individual serão reconhecidos, pelos seus relacionamentos com o contexto em que o indivíduo esteja inserido. Então cabe a escola auxiliar nesta busca de realização e preparar o indivíduo para as diversas situações sociais.
Porém estes objetivos se viam distantes diante do contexto social em que fora criada a lei, onde a democracia estava sendo suplantada e os maiores interesses neste período era de uma educação tecnicista, de preparo de mão-de-obra, para o mercado de trabalho. Neste objetivo contem ideologias essenciais, mas distante em alcançar todas as camadas da sociedade.
Ainda com a implementação da LDBEN nº. 5.692/71, várias modificações aconteceram na estrutura do ensino de 1º e 2º grau, entre elas estão a obrigatoriedade escolar para 8 anos atendendo crianças de 7 a 14 anos. Assim ficando a estrutura da educação fundamental e media brasileira, Cursos. Os cursos e ciclos escolares, com as respectivas durações e cagas horárias, assim se constituem: Ensino de 1º grau- com 8 anos de duração e uma carga horária de 720 horas anuais. Destina-se à formação da criança e pré-adolescente da faixa etária que vai dos 7 aos 14 anos. Esse nível corresponde a obrigatoriedade escolar.
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Ensino de 2º grau – com 3 a 4 anos de duração e carga horária de 2.200 horas, para cursos de 3 anos, e 2.900 horas, para os 4 anos. Destina-se a formação do adolescente (apud ROMANELLI, 2010, p.248).
Dessa forma observa-se que já existe uma mudança, pois não seria mais
necessário o exame de admissão para ingressar no 2ºgrau, e já no 1º o educando recebe uma formação geral, e no 2º será mais uma educação técnica profissional.
Quanto à formação de professores a LDBEN nº. 5.692/71, preconiza em seu art. 30,que: A formação de professores e especialistas para o ensino de 1º e 2º graus será feita em níveis que se elevem progressivamente, ajustando-se às diferenças culturais de cada região do País, e com orientação que atenda aos objetivos específicos de cada grau, às características das disciplinas, áreas de estudo ou atividades e às fases de desenvolvimento dos educandos. Art. 30. Exigir-se-á como formação mínima para o exercício do magistério: a) no ensino de 1º grau, da 1ª à 4ª séries, habilitação específica de 2º grau; b) no ensino de 1º grau, da 1ª à 8ª séries, habilitação específica de grau superior, ao nível de graduação, representada por licenciatura de 1º grau obtida em curso de curta duração; c) em todo o ensino de 1º e 2º graus, habilitação específica obtida em curso superior de graduação correspondente a licenciatura plena. § 1º Os professores a que se refere a letra a poderão lecionar na 5ª e 6ª séries do ensino de 1º grau se a sua habilitação houver sido obtida em quatro séries ou, quando em três mediante estudos adicionais correspondentes a um ano letivo que incluirão, quando for o caso, formação pedagógica. § 2º Os professores a que se refere a letra b poderão alcançar, no exercício do magistério, a 2ª série do ensino de 2º grau mediante estudos adicionais correspondentes no mínimo a um ano letivo. § 3° Os estudos adicionais referidos nos parágrafos anteriores poderão ser objeto de aproveitamento em cursos ulteriores (BRASIL).
Romanelli (2010) ressalta que ficou clara a existência de dois esquemas:
um correspondente à formação dada por cursos regulares e outro correspondente à formação dada por cursos regulares acrescidos de estudos adicionais. Ou seja, haveria vários níveis de formação.
A LDBEN nº. 5.692/71 também reduziu o tempo de formação de professores para o ensino fundamental, mostrando-se mais uma vez o descaso com ensino primário, pois era quase impossível que o futuro professor saísse preparado com um curso de curta duração. Porém para atender a demanda de falta de recursos humanos, com especialização no ensino, e também poder atender a necessidade de fazer valer a reforma, os idealizadores não importaram para o fato de que esta formação em tão pouco tempo ocorreria de maneira fragmentada. Houve uma descaracterização dos cursos que eram aplicados nas Escolas Normais, pois os educadores não recebiam uma preparação pedagógica, sem falar também na alteração dos currículos.
Sobre esse aspecto Aranha ressalta: Outro prejuízo inestimável foi a desativação da antiga Escola Normal, destinada à formação de professores para o ensino fundamental. Com a nova denominação ‘habilitação magistério’, e incluída no rol de profissões esdruxulas, perdeu sua identidade e os recursos humanos e matérias necessários a especificidade de sua formação (2008, p.318).
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Constata-se que houve uma grande desestruturação no curso de formação de professores, estes não estavam sendo preparados para atuar de maneira abrangente no sistema educacional, mas sim para atender a necessidade de preparar o educando para uma formação tecnicista.
O Decreto- Lei 7.044 de 18 de outubro de 1982 alterou os dispositivos da LDBEN nº. 5.692/71 e extinguiu a obrigatoriedade do ensino profissionalizante das escolas públicas, pois as escolas particulares não cumpriam a lei e mantinham o ensino propedêutico no 2º grau.
Em 1985 houve a queda do regime militar e o país liberta-se do autoritarismo dos militares, a sociedade começa a viver um novo contexto social, começa a voltar os anseios por um país democrático. Segundo Ghiraldelli: A democratização do país, a partir de 1985, implicou na eleição de uma Assembleia Constituinte. Um novo Parlamento deveria fazer a nova Carta Magna, colocando de lado a Constituição imposta ao Brasil e tantas outras emendadas autoritariamente de modo a servir a interesses momentâneos, pelos generais presidentes. E assim aconteceu. O nosso país ganhou uma nova Constituição em 1988 – mais generosa quanto a direitos sociais, se comparada as anteriores (2009, p.169).
Nesse sentido a Constituição de 1988 indicava um forte processo de democratização no sistema de ensino no país, Aranha destaca alguns pontos importantes da nova Constituição: • gratuidade do ensino publico em estabelecimentos oficiais; • ensino fundamental obrigatório e gratuito; extensão do ensino obrigatório e gratuito
progressivamente, ao ensino médio; • atendimento em creches e pré-escolas às crianças de zero a seis anos; • acesso ao ensino obrigatório e gratuito como direito publico subjetivo, ou seja, o seu não
oferecimento pelo poder publico, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade competente(podendo ser processada);
• valorização dos profissionais do ensino com planos de carreira para o magistério publico; • autonomia universitária • aplicação anual pela União de nunca menos de 18% e pelos estados, Distrito Federal e
municípios de 25%, no mínimo, da receita resultante de impostos, na manutenção e desenvolvimento do ensino;
• distribuição dos recursos públicos assegurando prioridade no atendimento das necessidades do ensino obrigatório nos termos do plano nacional de educação;
• recursos públicos destinados às escolas publicas podesem ser dirigidos a escolas confessionais ou filantrópicas, dede que comprovada a finalidade não-lucrativa;
• plano nacional de educação visando à articulação e ao desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis e à integração das ações do poder publico que conduzem a erradicação do analfabetismo, universalização do atendimento escolar, melhoria da qualidade do ensino, formação para o trabalho, promoção humanística, cientifica e tecnológica do país (2006, p. 324).
Evidencia assim que há uma preocupação em firmar novos dispositivos
para configuração de uma nova Lei de Diretrizes e Bases, que fosse capaz de traçar novos rumos na politica educacional.
Assim em 20 de dezembro de 1996, foi publicada no Diário Oficial da União a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Lei nº. 9.394, que também ficou conhecida como a Lei “Darcy Ribeiro”, seria um instrumento fundamental para dar estrutura e novos rumos no sistema educacional, vejamos o que diz esta sobre os princípios e fins da educação em seu enunciado
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Art. 2º. A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Art. 3º. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas; IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância; V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; VII - valorização do profissional da educação escolar; VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino; IX - garantia de padrão de qualidade; X - valorização da experiência extraescolar XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais (LDBEN nº. 9.394/96)
Nesse sentido observa-se a ideologia democrática em que a lei foi criada, apesar das criticas que recebeu durante o processo de debate que ocorreu a sua promulgação, a educação no país passa a ter um referencial para delinear o ensino de todo o território nacional.
A LDBEN nº. 9.394/96, organizou o ensino da seguinte forma: 1º) Educação Básica engloba Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, e o 2º) A Educação de Jovens e Adultos, a Educação Profissional, a Educação Especial, a Educação Indígena e a Educação a Distância que passam também a fazer parte da modalidade de ensino.
O art. 22 preconiza em seus princípios, os fins da educação básica, vejamos:
A educação básica tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar- lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores (LDBEN nº. 9.394/96).
Já é visível neste texto a mudança em relação ao educando, ele passa a ter seu direito de cidadania garantido. A escola não exerce apenas a função de preparar o aluno para a vida profissional, mas devera contribuir com o acesso aos diversos contextos sociais.
A criança também recebeu atenção especial, na LDBEN de 96, a ela foi asegurado o direito de poder entrar na escola aos 5 anos, passou a ter o direito a educação infantil, as creches deixam de ser somente um espaço de cuidados, agora a ela também é dada o dever de educar, ou seja o educar e o cuidar agora estão interligados. A educação infantil é agora também uma etapa de ensino.
No art. 29 deixa bem claro sobre a educação infantil que antes da lei não era considerado etapa de ensino:
A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade (Brasil,1996).
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Nesta perspectiva o ensino a ser dado dentro da educação infantil deve
oferecer a criança possibilidade de uma educação de qualidade desde os primeiros anos.
A educação do ensino de 1º grau passou a chamar ensino fundamental e deve também ser gratuito e obrigatório, sendo de início de 8 anos. Assim dispõe o texto da LDBEN nº. 9.394/96
Art. 32. O ensino fundamental, com duração mínima de oito anos, obrigatório e gratuito na escola pública, terá por objetivo a formação básica do cidadão, mediante: I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo; II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade; III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores; IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade de humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social.
Dessa forma eram definidas as habilidades e competências para o ensino
fundamental. Quanto ao tempo de duração do ensino fundamental foi alterado pela Lei nº 11.274, de 6 de fevereiro de 2006 – que amplia o Ensino Fundamental para nove anos de duração, com a matrícula de crianças de seis anos de idade e estabelece prazo de implantação, pelos sistemas, até 2010
O ensino de 2º grau a partir da nova LDBEN, passa a ser chamado de Ensino Médio, que tem por finalidade a preparação do educando para o ingresso no nível superior.
A LDBEN nº. 9.394/96 proporcionou avanços significativos a respeito da formação do docente, para trabalhar neste novo cenário educacional, passa a exigir que os professores tivessem nível superior.
A referida lei em seu Capitulo VI traz nos parágrafos o enunciado sobre a formação de professores: Art. 61. A formação de profissionais da educação, de modo a atender aos objetivos dos diferentes níveis e modalidades de ensino e às características de cada fase do desenvolvimento do educando, terá como fundamentos: I - a associação entre teorias e práticas, inclusive mediante a capacitação em serviço; II - aproveitamento da formação e experiências anteriores em instituições de ensino e outras atividades.
O conteúdo do referido artigo chama atenção do profissional que deverá em sua formação proporciona ao construir no educando uma aprendizagem significativa, preparando-o para atuar no contexto social e no mercado de trabalho.
Artigo 62 também trata sobre a formação do professor e estabelece regras e modalidades sobre a sua formação para atuar na educação básica
Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal.
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Assim, ficava definido na LDBEN nº. 9.394/96 os parâmetros quanto a formação do profissional da educação para ensinar na educação básica. Dessa maneira ficou claro que para atuar como docente deve-se ter uma formação superior. Esta medida veio como meta de fazer com que todos os profissionais da educação básica, mesmo aqueles que estivessem já atuado devem procurar qualificar-se, proporcionando assim a melhoria da qualidade de ensino.
Artigo 63 faz referência a respeito dos locais em que acontecerá esta formação Art. 63. Os institutos superiores de educação manterão: I - cursos formadores de profissionais para a educação básica, inclusive o curso normal superior, destinado à formação de docentes para a educação infantil e para as primeiras séries do ensino fundamental; II - programas de formação pedagógica para portadores de diplomas de educação superior que queiram se dedicar à educação básica; III - programas de educação continuada para os profissionais de educação dos diversos níveis.
Nesse sentido constata-se a volta dos Institutos de Educação que na LDBEN nº. 5.692/71 foram instinto, mostrando assim importância do ensino das diversas disciplinas para atuação dos mais variados contexto que vivenciara este docente.
Segundo Ghilraldelli: Tais instituto, segundo a Lei, poderiam atuar de tripla forma: primeiro, poderiam oferecer o curso Normal superior, segundo, poderiam fornecer formação pedagógica para diplomados em faculdades e/ou universidades, mas que quisessem se dedicar a educação básica, terceiro, poderiam se responsabilizar por aperfeiçoamento e/ou educação continuada para os que já são profissionais do ensino ( 2009, p.173).
A LDBEN nº. 9.394/96 estabeleceu também nas resoluções transitórias que no período de uma década os professores que não tivessem uma formação superior deveriam procurar habilitar-se, e que não deveriam ser admitidos a partir desta lei, mais professores sem graduação. Art. 87. É instituída a Década da Educação, a iniciar-se um ano a partir da publicação desta Lei. § 4º Até o fim da Década da Educação somente serão admitidos professores habilitados em nível superior ou formados por treinamento em serviço.
Assim, LDBEN nº. 9.394/96, estabelecia um prazo para que todo território adequasse a esta nova organização do sistema de ensino, propondo uma politica educacional norteadora para atender as mais diversas camadas da sociedade, de partindo de princípios pré-estabelecidos por órgãos do Estado.
Juntamente com a lei 9.394/96 foi criado o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Magistério, ressaltando a obrigatoriedade dos Estados e municípios sobre as responsabilidades constitucionais para atender as necessidades de professores e alunos.
A partir da nova LDBEN, houve um processo de democratização, importante para organização e estrutura do sistema educacional brasileiro, inclusive quanto à formação do docente da educação infantil e ensino
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fundamental. A LDBEN nº. 9.394 foi uma vitória de muitas lutas e esforços dos movimentos que acreditam em uma educação de libertação e transformação.
Com isto a educação sempre esteve ligada ao contexto histórico da sociedade, a escola como sendo um espaço social onde existem diversas diferenças sociais, econômicas e políticas.
A concepção positiva da escola, como instituição social, limitada na sua ação educativa, pela pluralidade e diversidade das forças que correm ao movimento das sociedades, resulta a necessidade de organiza-la, como um organismo maleável e vivo, aparelho de um sistema de instituições susceptíveis de lhe alargar os limites e o raio de ação. As instituições periescolares e postescolares, de caráter educativo ou de assistência social, devem ser incorporadas em todos os sistemas de organização escolar para corrigirem essa insuficiência social, cada vez maior, das instituições educacionais (GHIRALDELLI, 2009, p.247).
Observa-se neste contexto o papel social da escola, assim como as atitudes para se lidar com as diferenças nas instituições escolares, e o direito do educando como cidadão tendo como princípio a educação universal onde nenhum grupo deve ser excluído deste direito a educação.
As reformas educacionais que aconteceram ao longo de toda história foram simplesmente para que o sistema se adequasse aos acontecimentos sócio-políticos que estavam ocorrendo na sociedade e, a qualificação que era exigida por parte dos profissionais da educação acontecia conforme as mudanças e transformações do ser humano.
Nesse sentido também se verifica a necessidade de se ter profissionais da educação principalmente o de base, qualificados para atender o desenvolvimento social, politico e econômico da sociedade.
Para Ghiraldelli:
A formação universitária dos professores não é somente uma necessidade da função educativa, mas o único meio, elevando-lhes em verticalidade a cultura, e abrindo-lhes a vida sobre todos os horizontes, estabelecer, entre todos, para a realização da obra educacional, uma compreensão reciproca, uma vida sentimental comum e um vigoroso espirito comum nas aspirações e nos ideais (2009, p.245).
Nisto constata-se a importância da formação acadêmica do professor não somente para exercer a sua profissão, mas também para a própria satisfação por aquilo que faz.
É preciso pensar nos caminhos percorridos na formação dos professores e procurar destacar o objetivo principal para a busca de melhoria na formação de professores para o contexto social em que está inserido, para tanto Pimenta chama atenção de como a formação de professores deve ser pensada: Pensar a formação do professor como um projeto único englobando a inicial e a continua. Nesse sentido, a formação envolve um duplo processo: o de autoformação dos professores, a partir da reelaboração constantes dos saberes que realizam em suas praticas, confrontado suas experiências nos contexto escolares; e o de formação nas instituições escolares onde atua (2002,p.30).
A formação de professores não deve ser encarada como uma busca para elevação de nível ou aumento de salário, mas como uma situação de fazer da
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teoria e prática, a ligação que proporcionará aumento de experiências e novas situações de aprendizagem. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao analisar o trajeto percorrido na formação de professores, através de suas reformas e legislações, que decorreram desde o período da colonização até os dias atuais, constatei que o curso de pedagogia tem se modificado de forma lenta.
No Brasil colônia a educação atendia a classe dominante, o professor era o “condutor de crianças”, um profissional monitorado, sem visão social ou política, que não construía com seus alunos os conhecimentos, apenas transmitia aos alunos os conhecimentos produzidos por outros, sem contestá-los, como verdadeiros ou não. Esse profissional era preparado para atender às necessidades econômicas e sociais da sociedade.
Na sociedade capitalista, os membros participantes das classes mais favorecidas, recebem e detêm o poder e o saber, que são utilizados para reelegerem os membros das classes menos favorecidas às condições de inferioridade. Estabelecendo, assim, relações de dominantes e dominados, de privilégios e exclusões, em uma hierarquia de poder que transcende a qualquer relação social.
Em alguns contextos a própria Legislação Educacional Brasileira distorceu e manipulou as reformas educacionais, tentando camufla-las, jogando implicitamente as responsabilidades do fracasso educacional nos ombros dos professores com os mais diversos títulos da omissão, da passividade, da falta de compromisso da incapacidade de tornar, de transformar a educação brasileira em uma educação democrática.
A LDBEN nº. 9394/96, a legislação em vigor, dispõe em seus artigos aspectos relevantes que regem a educação e, todo ambiente nacional e vem atender as diretrizes nascidas nas bases da Carta Magna que tem o objetivo de responder às novas ações e atuações no contexto educacional.
Hoje exige-se a formação de professores capacitados e comprometidos, que se dediquem e confiem nos resultados dos trabalhos pedagógicos. Que vislumbre perspectivas de crescimento profissional e deem continuidade no seu processo de formação continuada, haja vista que os desafios da sociedade globalizada, precisa de profissionais cada vez mais qualificados e atualizados.
Portanto, deve se formar um professor critico, agente ativo, cuja auto-análise reflexiva leva a ação, um agente responsável como investigador ativo na re-leitura do mundo e da sala de aula, a partir de uma pesquisa-ação que favoreça um pensar sobre o próprio pensar, sobre a própria auto-produção. Ou seja, assumir uma atitude reflexiva nas suas práticas pedagógicas, que favorecem o desenvolvimento de uma ação democrática. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARANHA, Maria Lucia de Arruda. História da educação e da pedagogia: Geral
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95
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97
PEDAGOGIA HOSPITALAR, HISTÓRIAS E PRÁTICAS EM DIFERENTES ESPAÇOS
CRUZ, Tatiane Soares Cavalcante da¹
RONDON,Gislei Amorim Souza ²
¹ Faculdades Integradas ICE, Brasil , [email protected]
² Faculdades Integradas ICE, Brasil,[email protected]
RESUMO
O estudo denominado Pedagogia Hospitalar, histórias e práticas em diferentes
espaços sistematiza os conceitos do curso de pedagogia no Brasil, a Pedagogia
Hospitalar e o perfil do pedagogo para atuar nesse ambiente educacional. Para tanto,
foi necessário fazer uma breve retrospectiva histórica do curso de pedagogia no Brasil
a partir de sua criação em 1939; reconhecer e caracterizar a Pedagogia Hospitalar
como uma nova possibilidade de ambiente educacional, além de identificar como se
dá o processo de interação do pedagogo com as crianças enferma hospitalizadas.
Palavras-chave: Pedagogia Hospitalar - Classe hospitalar - Perfil do Pedagogo
INTRODUÇÃO
Agora, vem sendo o momento de grandes e significativas transformações no
seio da sociedade. Esta, tem exigido propostas que venha solucionar problemas já
existentes principalmente, na área de saúde, e é assim, através dessa predisposição
na busca pelo melhor, que a Pedagogia Hospitalar vem trilhando e conquistando
novos espaços.
Podemos afirmar que hoje, o campo de atuação do pedagogo é muito mais
amplo que alguns anos atrás, haja vista, este profissional cada vez mais vem
conquistando novos espaços, além das instituições escolares, pode – se encontrá-lo
nas instituições não- escolares, como nos hospitais, por exemplo.
Pelo exposto acima e considerando que hoje temos poucas pesquisas nesta
área, espera-se que o estudo realizado contribua para a expansão de pesquisas
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voltadas ao tema, de forma a possibilitar um avanço teórico e prático da pedagogia
hospitalar, como também, estimular a formação de profissionais especialistas nesta
área. Assim, a pesquisa teve como objetivo geral promover uma investigação científica
sobre os fundamentos da Pedagogia Hospitalar, oferecendo subsídios aos professores
para atuarem nesse novo cenário educacional.
Dessa forma o trabalho realizado teve característica de uma pesquisa
bibliográfica descritiva sob o enfoque de uma abordagem qualitativa no intuito de
sistematizar os conceitos do curso de pedagogia, bem como o seu percurso histórico e
por fim caracterizar a pedagogia hospitalar e o perfil do pedagogo para atuar nesta
modalidade.
1.1CAMINHOS HISTÓRICOS DA PEDAGOGIA
De acordo com Ghiraldelli (2006) o termo pedagogia é originário da língua
grega onde, paidós significa criança e agodé indica condução. Assim, o paidagogo,
refere-se à pessoa que conduz a criança ao caminho da escola, função essa,
desempenhada normalmente por um escravo. Já o termo paidagogia, na Grécia
Antiga, refere-se ao acompanhamento e a vigilância do jovem. Cumpre verificar que
nos nossos tempos, o termo pedagogia ganha outras definições.
Entre o final do século XIX e o início do XX, Durkheim se empenha em
conceituar “pedagogia”, “educação” e “ciências da educação”. A educação como o fato
social pelo qual uma transmite o seu patrimônio cultural e suas experiências de uma
geração mais velha para uma mais nova, garantindo sua continuidade histórica. A
pedagogia, por sua vez, é vista não propriamente como teoria da educação, ou pelo
menos não como teoria da educação vigente, mas como literatura de contestação da
educação em vigor e, portanto, afeita ao pensamento utópico. Contrariamente, teorias
da educação real e vigente deveriam seguir as ciências da educação. Essas seriam
compostas, principalmente, pela sociologia e pela psicologia. À primeira, Durkheim
incumbe de substituir a filosofia na tarefa de propor fins para a educação; à segunda
caberia o trabalho de fornecer os meios e instrumentos para a didática
(GHIRALDELLI, 2006).
Como se nota apesar de algumas divergências na definição do termo
pedagogia entre os estudiosos citados acima é importante ressaltar que, essas
definições estão intimamente ligadas a fatos ocorridos naquela época e também, a
própria realidade da sociedade naquele tempo.
99
Pode-se dizer que, um dos fatores que influenciou a definição da pedagogia
moderna está relacionado à estreita relação entre pedagogia e infância. Com o
advento do mundo moderno, essa nova concepção de infância provocou alterações
nos sentimentos dos adultos para com as crianças. Como se nota, estruturar a noção
de infância estava para além do âmbito familiar, era pensar nas necessidades e
peculiaridades das crianças no mundo lá fora e, para elas, esse mundo era a escola.
Ou, pelo menos naquela época começava a se pensar que a escola deveria ser
organizada para ser o mundo dessas crianças.
Com o intuito de passar pela infância tranquilamente para que no futuro se
tornasse um adulto mais equilibrado e responsável já que, segundo alguns estudiosos
a infância seria interpretada como uma fase de desenvolvimento físico, mental e
moral, a escola já na época de Montaigne, teria como principal função disciplinar e
instruir essa criança principalmente, no que dizia a respeito à indiferença e a
paparicação com a qual ela era tratada em seu lar.
As intensas transformações advindas do próprio desenvolvimento político,
econômico e social provocaram simbólicas mudanças na relação entre sociedade e
educação. Mudanças essas que, influenciaram o pensamento da sociedade acerca da
educação oferecida pelas instituições escolares.
Um dos fatores que difundiu essa nova concepção de educação está vinculado
à ampliação do acesso a escola. Porém, se por um lado essa nova concepção de
educação ampliou o acesso a escola, por outro lado, contribuiu para difundir e
questionar o papel desempenhado pela educação na sociedade. Assim, se
considerarmos que apesar da ampliação do acesso à escola, essa instituição não é o
único lugar onde a educação acontece. É válido salientar que, segundo Brandão:
Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja, ou na escola, de um modo
ou de muitos, todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender, para
ensinar, para aprender-e-ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para conviver,
todos os dias misturamos a vida com educação. Com uma ou com várias: educação?
Educações. (...) Não há uma forma única nem um único modelo de educação; a escola
não é o único lugar em que ela acontece e talvez nem seja o melhor; o ensino escolar
não é a única prática, e o professor profissional não é seu único praticante (BRANDÃO
apud LIBÂNEO, 1999 p. 26).
100
O autor, ao questionar o papel desempenhado pela educação, subtende-se
que a função e qualificação docente também estejam sendo questionada, pois, a
escola deixa de ser o único lugar de aprendizado e passa a ser mais um dos lugares
onde a educação pode acontecer.
Discutir a função e qualificação do profissional docente nos remete a analisar a
estrutura do curso de Pedagogia para que haja uma melhor compreensão da formação
que é destinada a esses profissionais. Pode-se afirmar que, a formação desses
profissionais está vinculada à história do próprio curso de Pedagogia no Brasil e a
questão de sua identidade.
Segundo Silva (1999) a história do curso de Pedagogia no Brasil corresponde,
essencialmente, à história da questão de sua identidade. Ainda o autor assevera que
não se quer levar a entender, com tal afirmação, que esse curso não possua uma
identidade , na verdade a de acordo com o autor a expressão questão de identidade
está sendo entendida, como a referente às constantes interrogações e
questionamentos verificados na história do referido curso quanto à pertinência das
funções que lhe têm sido atribuídas, bem como a referente aos contínuos conflitos
surgidos quando das tentativas de reequacionamento de suas funções .
Assim, essa busca pela própria identidade do curso de Pedagogia ou até
mesmo a tentativa de reafirmá-la perante a sociedade, está relacionada ao percurso
da sua própria história e sua importância política e social numa dada época.
Dessa maneira, para uma melhor compreensão sobre o papel desempenhado
das funções atribuídas ao curso, se faz necessário uma breve retrospectiva histórica
do curso de Pedagogia no Brasil a partir de sua criação em 1939, com intuito de
melhor subsidiar os argumentos e considerações a respeito do curso, analisando de
que maneira essas considerações influenciaram na qualidade de ensino destinada à
formação dos profissionais da educação.
Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Pedagogia
(2005), no Brasil, o curso de Pedagogia, ao longo de sua história, teve definido como
seu objeto de estudo e finalidade precípuos os processos educativos em escolas e em
outros ambientes, sobremaneira a educação de crianças nos anos iniciais de
escolarização, além da gestão educacional.
101
Merece ser salientado que, nas primeiras propostas para este curso, a ele se
atribuiu o ‘estudo da forma de ensinar’. Regulamentado pela primeira vez, nos termos
do Decreto-Lei nº 1.190/1939, foi definido como lugar de formação de ‘técnicos em
educação’. Estes eram, à época, professores primários que realizavam estudos
superiores em Pedagogia para, mediante concurso, assumirem funções (...) no
Ministério da Educação, nas Secretarias do Estado e dos Municípios.
Pode-se notar que desde os seus primórdios, o foco do curso de pedagogia era
a educação das crianças nos anos iniciais e a formação de técnicos em educação.
Estes priorizavam seus estudos superiores almejando se tornar um servidor do órgão
público.
Discutindo ainda a formação desse profissional, Silva (1999, p. 33) relata que,o
curso de Pedagogia foi instituído entre nós por ocasião da organização da Faculdade
Nacional de Filosofia, da Universidade do Brasil, através do Decreto-Lei nº 1.190 de 4
de Abril de 1939. Visando a dupla função de formar bacharéis e licenciados para
várias áreas, inclusive para o setor pedagógico, ficou instituído, por tal documento
legal, o chamado ‘padrão federal’ ao qual tiveram que se adaptar os currículos básicos
dos cursos oferecidos pelas demais Instituições do país. O curso de Pedagogia foi
previsto como o único curso da ‘seção’ de Pedagogia que, ao lado de três outras – a
de Filosofia, a de Ciências e a de Letras – com seus respectivos cursos, compuseram
as ‘seções’ fundamentais da Faculdade. Como ‘seção’ especial foi instituída a de
Didática, composta apenas pelo curso de Didática. Foram fixados os currículos plenos
e também a duração para todos os cursos. Para formação dos bacharéis ficou
determinada a duração de três anos, após os quais, adicionando-se um ano de curso
de Didática formar-se-iam os licenciados, num esquema que passou a ser conhecido
como ‘ 3+1’. No caso do curso de Pedagogia, aos que concluíssem o bacharelado,
seria conferido o diploma de bacharel em Pedagogia; posteriormente, uma vez
concluído o curso de Didática, seria conferido o diploma de licenciado no grupo de
disciplinas que compunham o curso de bacharelado.
Desse modo, analisando o esquema 3+1, compreende-se que a formação do
bacharel se dá no período de três anos, enquanto a formação do licenciado acrescia-
se mais um ano dedicado à disciplina de Didática. Assim, fica explícito a divisão
existente entre a formação do bacharel e do licenciado onde, este último, possuía
como base a aquisição de métodos vinculados a disciplina de didática, fragmentando a
102
sua própria proposta de formação e acarretando uma indefinição com relação a
própria formação oferecida pelo curso de pedagogia.
Se para os bacharéis em pedagogia os problemas pareciam não cessar, para
os licenciados do curso a situação também não era as das mais favoráveis. Ambos
enfrentavam problemas relacionados à sua formação e ao mercado de trabalho, já que
não possuíam uma área de atuação própria. Ao propor a formação de bacharéis e
licenciados, haveria de ter se pensado na identificação desses profissionais e em seu
campo de atuação visto que, na época eles ainda não possuíam funções definidas
para atuarem no mercado de trabalho (SILVA,1999).
Como vimos, problemas é que não faltaram ao curso de pedagogia e aos seus
egressos. Diante da possibilidade de extinção do curso, se torna evidente o descaso e
a provisoriedade com a qual o curso era tratado. Demonstrando mais uma vez a
fragilidade e a falta de um conteúdo próprio que o defina (SILVA,1999).
Fixado o currículo mínimo e a duração do curso de Pedagogia prevista para
quatro anos, o então conselheiro Valnir Chagas deixou entre aberto no Parecer 251/62
a identificação precisa de qual profissional ele se refere, já que, em seu discurso ele
referia ao curso de pedagogia para a formação de técnicos de educação e do
professor de disciplinas pedagógicas do curso normal, através do bacharelado e da
licenciatura.
O Parecer nº 251/62 fixado pelo conselheiro Valnir Chagas, não fazia
nenhuma referência ao campo de atuação destinado ao profissional pedagogo que,
até então, não se encontrava definido na época. É através do novo Parecer CFE nº
252/69, que algumas alternativas começaram a se esboçar com a introdução desse
profissional no mercado de trabalho.
As várias habilitações às quais o Parecer nº 252/69 propôs, obteve êxito em
alguns aspectos como a definição do mercado de trabalho visto que, até então, esse
profissional pedagogo não possuía um campo de atuação que o demandasse. Já, do
ponto de vista negativo, essa divisão para os diversos seguimentos de habilitações
fragmentou o trabalho docente dificultando a visão integral desse profissional
enquanto educador. Mesmo diante das dificuldades ainda presentes no parecer nº
252/69, o então conselheiro Valnir Chagas continuou a propor reformulações que
visassem uma melhoria na qualidade de ensino destinada aos egressos do curso de
pedagogia.
103
Foi durante o decorrer da década de 70 que Valnir Chagas obteve sucesso em
algumas indicações, porém, foi também nessa década, mas precisamente no ano de
1976 que, algumas das indicações propostas por ele, foram devolvidas ao conselho.
E, a partir desse momento, o próprio MEC (Ministério da Educação) passou a debater
em nível nacional, questões referentes à reformulação do curso de Pedagogia,
organizando encontros regionais em vários estados. (SILVA, 1999).
Contudo, foi posteriormente a muitos encontros regionais promovidos pelo
MEC que, aconteceu um encontro nacional no ano 1983 em Belo Horizonte, onde o
intuito era dar continuidade ao processo de reestruturação curricular, que já havia tido
início em 1978. Neste encontro, educadores que lutavam por reformulações positivas
no curso de pedagogia, se uniram formando a CONACFE (Comissão Nacional de
Reformulação dos Cursos de Formação de Educadores), onde procuravam direcionar
o processo de discussão no que se referia ao curso, além de transmitir conhecimentos
sobre a formação do educador (PIMENTA, 2002).
Em contra partida, é válido salientar que, apesar dos esforços para sanar os diversos
problemas que envolvem a formação do professor, o movimento de educadores
também apresenta problemas relacionados à sua base teórica, expondo-se a certo
reducionismo. É nítida essa visão reducionista no que se refere às habilitações que
foram suprimidas pelas faculdades, pois, em alguns casos foram retirados do currículo
disciplinas importantes para a formação de um pedagogo stricto sensu, fragmentando
a formação desse profissional enquanto educador.
Para Libâneo (1999 ) o curso de pedagogia deve formar o pedagogo stricto
sensu, isto é, um profissional qualificado para atuar em vários campos educativos para
atender as demandas sócio-educativas de tipo formal e não-formal e informal,
decorrentes de novas realidades .
Pode-se notar que o campo de atuação do pedagogo é uma área muito
abrangente, possibilitando a esses profissionais atuarem em diversas áreas, sejam
elas escolares ou não-escolares. Como as habilitações foram suprimidas por algumas
faculdades de educação, esse leque de possibilidades de atuação sofreu uma
redução, pois, deixa-se de formar o pedagogo stricto-sensu.
Contudo, não se pode afirmar que a principal propulsora desses efeitos
negativos tenha sido o movimento pela reformulação dos cursos de formação do
educador, é preciso analisar todo o contexto, fatores como a ditadura militar, a visão
104
tecnicista de ensino, o questionamento em relação a identidade do curso de
pedagogia, um conteúdo próprio que servisse de base para o curso, entre outros
fatores que também influenciaram de maneira negativa e evidente esse processo.
Como se nota, as questões relacionadas à identidade do pedagogo e do
próprio curso de pedagogia enquanto campo de conhecimento foram perdendo espaço
nas discussões, deixando de ser o foco do movimento. Nesse momento, o movimento
de educadores, hoje representado pela ANFOPE (Associação Nacional pela Formação
dos Profissionais da Educação) em substituição a CONARCFE (Comissão Nacional de
Reformulação dos Cursos de Formação do Educador), centraliza suas discussões nas
questões que abrangem toda a formação dos educadores e, principalmente, a base
comum nacional.
Todavia, a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, aprovada em
1996, ao introduzir alguns indicadores visando a formação de profissionais para a
Educação Básica, trouxe novamente o curso de Pedagogia à pauta das discussões e,
com ele, a questão de sua identidade, sendo que, desta vez, envolvida com novas
questões (SILVA, 1999 p.85).
Contudo, apesar dos grandes avanços provenientes da aprovação da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, essa nova lei trouxe à tona, a questão
primordial que, durante muito tempo, foi alvo de grandes discussões na sociedade em
geral, a questão da identidade do curso de Pedagogia, agora, contemplando novas
questões. Nesse momento, as discussões permeavam assuntos relacionados a alguns
artigos inclusos na própria Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, dentre
eles:
O artigo 62 que introduz a figura dos institutos superiores de educação para
responder, juntamente com as universidades, pela formação de docentes para atuar
na Educação Básica; o artigo 63 que, em seu inciso I, institui, dentre os cursos a
serem mantidos por esses novos institutos, o curso normal superior destinado à
formação de docentes para a educação Infantil e para as primeiras séries do ensino
fundamental; por fim, o artigo 64 que fixa duas instâncias alternativas à formação de
profissionais de educação para a administração, planejamento, inspeção, supervisão e
orientação educacional para a educação básica, quais sejam, os cursos de graduação
em pedagogia ou o nível de pós – graduação. (BRZEZINSKI, 2002 p.75).
105
Como se nota, o artigo 62 apresenta uma inovação na educação onde se
criava a possibilidade de formar educadores em institutos superiores de educação, em
consonância com as universidades, embora ainda se permita a formação em nível
médio para atuar na educação infantil e nos primeiros anos do ensino fundamental. No
artigo 63, pode perceber claramente que, os institutos superiores poderão oferecer
cursos para formação de profissionais da educação, inclusive para formar educadores
que visassem atuar na educação infantil e nos primeiros anos do ensino fundamental.
E, para encerrar a discussão, o artigo 64 onde, refere-se à formação dos especialistas,
sem, contudo, referir-se a eles utilizando esse termo. Convém ressaltar que, a
formação desses especialistas se fará em cursos de graduação em pedagogia ou em
nível de pós-graduação, assim como ocorre nos dias atuais.
Em 1998, a ANFOPE, criou um documento denominado “Proposta de Diretrizes
Curriculares Nacionais para os Cursos de Formação dos Profissionais da Educação”,
esse documento indica que o lócus privilegiado da formação dos profissionais da
educação para atuação na educação básica e superior são as universidades e suas
faculdades/centros de educação, os quais devem ter suas estruturas repensadas.
Conseqüentemente, o entendimento é o de manutenção do curso de pedagogia e
demais Licenciaturas, aos quais também se aplica a necessidade de revisão. A
orientação vai no sentido de superar, no caso do primeiro, a fragmentação entre suas
habilitações e, em se tratando de todas as Licenciaturas, a dicotomia atualmente
existente entre a formação dos pedagogos e dos demais licenciados. Esses são os
únicos limites fixados no documento no que concerne às questões estruturais, uma
vez que o mesmo se encaminha na direção de que as próprias instituições formadoras
organizem suas propostas curriculares, orientadas por indicações gerais a todos os
cursos, destacando-se entre essas a da Base Comum Nacional e a da consideração
da docência como a base da identidade profissional de todos os profissionais da
educação. (SILVA, 1999).
Cumpre verificar que, a ANFOPE, propõe as suas reformulações, reafirmando
a manutenção do curso de pedagogia, porém, apesar das reformulações propostas
pela ANFOPE, a questão da estruturação a ser dada ao curso de pedagogia e as
funções que o curso desempenhará, é responsabilidade de cada instituição superior
de educação.
106
Convém ressaltar que, essa estruturação deverá contemplar a Base Comum
Nacional que, segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996),
refere-se a conteúdos mínimos das diversas áreas do conhecimento que devem ser
articulados com a vida social e que devem compor os currículos escolares, além de,
constituir-se por uma parte diversificada, que integrada à base comum nacional deve
contemplar as características regionais, culturais, sociais e econômicas,
contextualizando o ensino nas diversas situações existentes no interior das escolas e,
também a docência como base da identidade profissional de todos os profissionais da
educação.
Ainda discutindo sobre a Proposta de Diretrizes Curriculares Nacionais para os
Cursos de Formação dos Profissionais da Educação, pode-se verificar que, foi a partir
desse documento que alguns itens no que se refere às áreas de atuação, aos eixos
norteadores da Base Comum Nacional, ao perfil do profissional da educação e suas
competências, aos princípios e componentes fundamentais para organização
curricular e, as durações dos cursos começaram a ser definidas (SILVA, 1999 p.88).
Orientado dessa maneira, ao mesmo tempo em que a ANFOPE sintetiza suas
principais formulações, construídas e aperfeiçoadas ao longo dos anos, reafirma a
manutenção do curso de Pedagogia no conjunto dos cursos de formação de
educadores, deixando, porém, em aberto, a estruturação a ser dada a eles, bem como
as funções a serem preenchidas pelo curso de Pedagogia (SILVA, 1999 p. 88-89).
Assim, após tantos impasses para reafirmar a identidade do curso de
Pedagogia e as funções que lhe seriam atribuídas, finalmente, o curso em questão
teve condições de reformular as suas bases teóricas, possibilitando assim, o
equacionamento da questão da sua identidade bem como as questões relativas à
formação do profissional pedagogo para atuar no ambiente escolar e, não-escolar.
1.2 PEDAGOGIA HOSPITALAR: UMA NOVA PERSPECTIVA
Atualmente, a sociedade tem se mostrado cada vez mais preocupada para
solucionar problemas existentes, como nesse caso, as questões relativas à saúde.
Sendo um dos fatores primordiais para um bom desenvolvimento escolar, a questão
da saúde vem sendo alvo de grandes discussões no seio da sociedade.
107
Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (2005), do Título II - Dos
Direitos Fundamentais, em seu capítulo I, do direito à vida e à saúde, explicita em seu
artigo 7º que a criança e o adolescente têm direito à proteção, à vida e à saúde,
mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o
desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência.
Como se nota, as leis existentes no Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA) asseguram a toda criança o direito à vida e a saúde, bem como, as Leis de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, enfatizam a educação como direito de
todos, cabendo ao Estado sua responsabilidade em fazer com que a lei seja cumprida.
A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
(LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL, 2001 p.106).
Dessa forma o Estatuto da Criança e do Adolescente em consonância com a
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, tem contribuído para a essa nova
visão da sociedade com relação à saúde atrelada com o processo de escolarização e,
em função disso, a Pedagogia Hospitalar tem crescido e conquistado novos espaços.
Hospitalização Escolarizada foi o primeiro projeto que surgiu no Estado do
Paraná, a partir da parceria com Secretarias de Educação e Saúde. Também, nesse
contexto, surge o termo específico “Pedagogia Hospitalar”, anteriormente inexistente
no Brasil, vindo a instituir uma ramificação do curso de Pedagogia, tendo, como
aporte, a pesquisa de envolvimento teórico e prático entre a realidade
acadêmica/hospitalar (...) (MATOS; MUGIATTI, 2006 p.32).
Como se nota, a instituição da Pedagogia Hospitalar no Brasil esteve vinculada
a parcerias entre a secretaria de saúde e a secretaria de educação, onde se pretende
através dos estudos teóricos que compõe o curso de Pedagogia, oferecer também,
aporte teórico e prático para a atuação desse profissional em ambientes não
escolares, como os hospitais. Soma-se a esse fato, o hospital que por natureza é um
lugar que causa temor, por ser o encontro da vida com a morte. E cumpre verificar que
o hospital passa atualmente por um processo de abertura no que concerne ao
tratamento humanizado aos pacientes. Graças a essa nova postura, aceita-se com
facilidade, a necessidade de incluírem outros profissionais além do corpo médico no
meio hospitalar, um desses profissionais é o pedagogo.
108
Convém ressaltar que, a inserção desse profissional em ambientes não-
escolares como o hospital, não representa a extensão do curso de pedagogia voltado
para as habilitações, visto que, na atualidade, as habilitações foram suprimidas do
curso em questão.
O ambiente hospitalar oferece ao pedagogo a possibilidade de desenvolver e
aprimorar suas habilidades, desde que, tenha vontade e compreenda a necessidade
de desenvolver novas habilidades para atuar nesse ambiente. Cabe ao pedagogo, ter
essa visão holística, compreendendo a criança hospitalizada na sua totalidade, para
que possa desenvolver um trabalho eficaz e de qualidade, além de ser capaz de
refletir sobre suas ações pedagógicas.
É interessante ressaltar que, apesar do ambiente oferecer essa possibilidade
de desenvolver várias outras habilidades fazem-se necessário que essas novas
competências e habilidades, sejam adquiridas desde o início da formação acadêmica.
Dessa maneira, é papel da academia oferecer aos acadêmicos aulas práticas e
teóricas, que visem a formação do profissional pedagogo em diversas áreas, nesse
caso em especial, no âmbito hospitalar, pois, há uma enorme diferença entre o
contexto educacional hospitalar e o contexto educacional em sala de aula.
O pedagogo que pretende atuar nessa área, deve ter nítida a compreensão de
que assim como na sala de aula, ele será um mediador do processo de ensino-
aprendizagem, porém, com um diferencial, antes de tudo, ele será o mediador das
interações da criança com o próprio ambiente hospitalar.
Dessa maneira, não basta que esse profissional detenha os conhecimentos
específicos da ação pedagógica, faz-se necessário que ele compreenda questões
referentes ao próprio ambiente hospitalar, assim como os aspectos clínicos e
psicológicos da criança hospitalizada.
Contudo, cabe ao pedagogo desenvolver atividades pedagógicas lúdicas, que
permitam o desenvolvimento das potencialidades das crianças e adolescentes
hospitalizados ou enfermos, respeitando suas limitações físicas, perceptivas e
motoras, considerando também as possíveis alterações afetivas, emocionais e sociais
que a criança possa estar vivenciando, em virtude da sua enfermidade.
109
Convém ressaltar que, a intervenção do profissional pedagogo nesse ambiente
que, para muitos é reflexo de dor, sofrimento, tristeza, solidão e medo, apresenta-se a
essas crianças como nova perspectiva de futuro
. Ao contrário do ambiente escolar, o hospital, representa um lugar marcado pela dor,
tristeza, sofrimento, insegurança, mesmo que, em muitos momentos ele represente o
renascer ou simplesmente, nascer, o surgimento de uma nova vida. É impressionante
perceber que, o mesmo ambiente que pode ser representado pelo início de uma vida,
pode também, representar o seu fim. Infelizmente, para muitas crianças em idade
escolar, hoje, hospitalizadas, esse ambiente só pode ser representado pela dor, pois,
além da enfermidade, representa para elas, a interrupção do seu processo de
escolarização.
Assim, é pensando na necessidade que a criança apresenta em receber
atendimento hospitalar e atendimento educacional, que a Pedagogia Hospitalar, tem
demandado seu atendimento a muitas crianças que se encontram neste momento
afastadas da sala de aula, devido a sua enfermidade (Matos; Mugiatti, 2006).
Dessa maneira, é importante explicitar os dois processos de escolaridade que
atualmente existe no ambiente hospitalar: a Hospitalização Escolarizada, onde cada
criança recebe atendimento individualizado e específico, conforme as suas
necessidades.
O pedagogo mantém um elo com a escola da criança hospitalizada para que
sejam desenvolvidas propostas pedagógicas semelhantes, de modo a facilitar a
continuidade do processo de escolarização da criança enferma ao retornar para o seu
ambiente escolar de origem. Nesse processo, faz-se necessário o apoio da professora
que atua na escola, em consonância com o hospital para que através dela, a família
receba as atividades desenvolvidas pela criança durante o período de internamento.
Já a Classe Hospitalar, atende diversas crianças em uma sala que é preparada para
esse tipo de atendimento educacional no hospital, contendo materiais diversificados
para que o pedagogo possa contar com recursos variados para sua prática
pedagógica (MATOS; MUGIATTI, 2006).
É importante ressaltar que em ambos os processos de escolaridade, a criança
hospitalizada deve estar matriculada em alguma instituição de ensino formal e, caso a
criança não se encontre matriculada, caberá a assistente social do hospital, a família
110
ou ao responsável pela criança, a responsabilidade de efetivar a matrícula dela em
alguma instituição de ensino. (MATOS; MUGIATTI, 2006).
Sob o ponto de vista de tudo o que foi citado se torna explícito a compreensão
de que toda criança e/ou adolescente têm direito a educação, a vida e a saúde e, que,
a falta dessa última apesar de impedir que a criança ou o adolescente enfermo
freqüente a escola, mesmo assim, essa dificuldade não deve servir de empecilho para
que haja a interrupção do seu processo de escolarização.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conforme aduzimos anteriormente em sua proposta, a Pedagogia Hospitalar
dá ênfase à humanização integrando saúde e educação, por isso, há necessidade de
que pedagogos e os demais profissionais trabalhem em conjunto para sanar os
problemas que emergem no âmbito hospitalar, que muitas vezes atinge de maneira
intensa o enfermo em seu contexto escolar.
Sendo assim, é nesse contexto que a presença do pedagogo nos hospitais se
faz imprescindível, pois, é ele quem irá promover a continuidade da escolarização do
enfermo em ambiente hospitalar e/ ou domiciliar. A ele cabe a responsabilidade de dar
continuidade aos conteúdos formais, se preocupando com a saúde e a vida,
promovendo a continuidade do processo a que estava inserido de forma diferenciada e
transitória para cada enfermo hospitalizado.
Segundo esses preceitos podemos dizer que a busca pela inovação e as
mudanças decorridas devido a esse processo, faz com que novas posturas venham a
ser colocadas em prática, demandando novas habilidades e competências, portanto,
precisamos de um novo perfil de pedagogo hoje, que saiba atuar em espaços
escolares e não-escolares e principalmente trabalhar em equipes multidisciplinares.
Por tais razões defendemos que a formação do pedagogo hoje deve
contemplar novas áreas de atuação que transpasse os ambientes escolares
atendendo o que preconiza as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de
Pedagogia.
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113
Medidas de Segurança das Redes Sem Fio
Dayana de Oliveira Pontes
Instituto Cuiabano de Educação – Faculdades (ICE)
Resumo. Este artigo irá sobre a questão da segurança das redes sem fio, sendo que este tipo de rede promove maior flexibilidade e mobilidade, e é muita importante para o tráfego das informações. As redes sem fio são de fácil instalação, e muitas são instaladas sem se preocupar-se com a questão da segurança, gerando assim implicações para o quesito segurança. Veremos nesse trabalho, alguns conceitos, vantagens e desvantagens, e conhecer alguns meios de segurança para tornar a rede um pouco mais segura.
INTRODUÇÂO
As redes sem fio a cada dia vêm se tornando cada vez mais popular. Elas
oferecem diversas vantagens sobre as redes cabeadas, que espalha cabos e fios por toda
residência ou escritório. Oferece mais mobilidade e liberdade aos seus usuários, que
podem ficar conectados de qualquer lugar onde estiver, seja no escritório, na sala de
reunião, ou até mesmo no jardim de sua casa, tudo isso sem ficar preso a cabos que
acabam limitando sua mobilidade.
As redes sem fio apresentam grandes vantagens, como mobilidade, conforto e
rapidez, mas de acordo com John Ross (2003), “As redes wireless não são seguras e é
impossível tornar uma rede Wi-Fi absolutamente privada”.
Nos dias atuais, a preocupação fundamental quando falamos em tecnologia de
rede sem fio é a questão de segurança. O ponto fraco desse tipo de rede é as inúmeras
ameaças de segurança. Para que uma pessoa mal intencionada invada esta rede é
necessário que apenas tenha alcance ao ponto de acesso (P.A.).
E o fato do sinal usar o ar como meio de transmissão, fica fácil para um usuário
que tenha uma boa antena capture o sinal que propaga pelo ar, e faça uso indevido do
sinal captado.
114
Por isso, se não colocar na nossa rede sem fio as medidas de segurança
necessárias, estaremos dando de presente ao nosso intruso ou competidor, no mínimo
um acesso gratuito à internet. Caso as vulnerabilidades sejam ainda mais
menosprezadas, toda a informação empresarial ou pessoal que circule pela rede pode ser
desviada. De documentos de trabalho a senhas de banco eletrônico (Silva, Ludwig,
2008).
Assim temos que tomar algumas medidas de segurança, para tentar dificultar o
acesso de pessoas não autorizadas. Temos que tentar identificar quais os pontos fracos
da rede, entender os principais padrões de segurança das redes sem fio.
1. ENDEREÇO MAC
Umas das soluções que poderiam ser adotadas seria um mecanismo de
autenticação do usuário no momento da conexão da rede, com o endereço MAC. Esse
endereço existe em cada placa de rede, e umas das formas de restringir o acesso é
cadastrar somente os dispositivos que irá fazer parte da rede, e assim apenas os
dispositivos cadastrados conseguirá se comunicar com a rede.
2. PADRÕES WEP E WAP
Podendo também ser utilizado à codificação da informação da informação para
proteger os dados enquanto estão sendo transmitidos, usando mecanismos de
criptografias como o WEP e o WPA.
O WEP é um padrão de encriptação de dados para redes wireless, que traz como
promessa um nível de segurança equivalente à das redes cabeadas. A segurança do WEP
é composta de dois elementos básicos: uma chave estática, que deve ser a mesma em
todos os equipamentos da rede, e um componente dinâmico, que juntos, irão formar a
chave usada para criptografar o tráfego (RUFINO, 2005). O problema é a forma como
essa chave estática é distribuída, de forma manual para todos os equipamentos, gera a
parte mais trabalhosa e também inviável depende do número de equipamentos e a área a
ser coberta.
115
O padrão WPA é um padrão WEP melhorado. O Protocolo atua em duas áreas
distintas: uma que substitui totalmente o WEP tem o objetivo de garantir a privacidade das
informações trafegadas via troca de chaves temporárias, e a segunda, tem o objetivo de cobrir o
que em WEP não existia, a autenticação do usuário via uma estrutura de servidores integrados.
(RUFINO, 2005)
A criptografia é a arte de se escrever mensagem em cifra ou em códigos, para que uma
pessoa não autorizada tenha acesso às informações sigilosas. No ramo computacional, a técnica
da criptografia surgiu da necessidade de se enviar informações sensíveis través de meios de
comunicação não confiáveis e é utilizada para garantir a segurança em um ambiente
computacional que necessite de sigilo das informações (Almeida, Mendes, 2007).
3. DESABILITAR SSID
Uma outra medida de segurança muito simples é desabilitar o SSID da rede, pois
funciona como uma identidade, e com ele desabilitado os usuários que estiverem
próximo a rede não conseguiram visualiza-lo.
Segundo Engst e Fleishman (2005), dizem que a principal função do SSID
(Service Set Identification) é identificar o nome da rede que o dispositivo cliente está se
conectando. O SSID e basicamente uma forma de nomear uma rede wireless.
O SSID proporciona é a utilização dele como uma senha para usuários não
autorizados tenham acesso à rede. Pois só é possível ter acesso à rede se tiver realmente
o nome exato da mesma e as chaves de criptografia para efetuar com sucesso o processo
de autenticação (ENGST e FLEISHMAN, 2005).
4. MONITORAÇÃO DA REDE
É de muita importância que seja feita um monitoramento das redes sem fio. Com
a monitoração poderemos detectar:
• Clientes conectados em um dado instante (em horários improváveis ou
simplesmente para acompanhamento);
• Instalação de APs não autorizados;
• Dispositivos que não estejam usando WEP;
• Ataques contra os clientes wireless;
116
• Acessos não autorizados;
• Mudanças de endereços MAC;
• Mudanças de canal;
• DoS ou jamming.
Existem várias ferramentas que podem estar fazendo a monitoração dessas redes.
O Kismet é um analisador de rede, que pode ser usado tanto para checar a segurança da
rede wireless, quanto para checar a presença de redes vizinhas e assim descobrir os
canais que estão mais congestionados, ou até invadi-las. Esta ferramenta pode ser usada
tanto para o “bem” quanto para o “mal”, dependendo da índole de quem a usa.
(MORIMOTO, 2008). O Wireshark é um programa que analisa o tráfego de rede, e o
organiza por protocolos. O Netstumbler permite listar todas as redes disponíveis na
área, mostrando o canal, o tipo de encriptação e outros detalhes sobre cada uma além de,
o mais importante, mostrar um relatório detalhado sobre a intensidade do sinal,
permitindo que você audite a cobertura da sua rede e a intensidade do sinal em cada
ponto. (MORIMOTO, 2008). Existem várias outras ferramentas para poder fazer esse
tipo de serviço.
5. POLITICAS DE SEGURANÇA
Outra medida de segurança que podemos implantar nessas redes são algumas
politicas de segurança, porque nela que vamos dizer o que poderá ser feito na rede e o
que será aceitável fazer. Também são nela que vamos definir quais os direitos e as
responsabilidades de quem vai utilizar as redes. Podendo ter configurações de segurança
diferentes para diferentes usuários ou grupos de usuários nas redes. O objetivo de uma
política de segurança é definir o que é e o que não é permitido em termos de segurança,
durante a operação de um dado sistema.
Nas instituições é de muita importância que se estabeleça uma politica de uso
nessas redes, como:
• Definir quem está autorizado a instalar Access Points (APs) nas dependências da
instituição. A instalação de APs por pessoal não autorizado pode comprometer
seriamente a segurança de toda rede;
• Definir quem está autorizado a utilizar a rede wireless da instituição;
117
• Prever as ações a serem tomadas em caso de roubo ou perda de equipamentos
wireless;
• Definir que tipo de informação pode transitar pela rede;
• Descrever as configurações mínimas de segurança para APs, clientes, etc.
Mas temos que ter em mente, que uma das principais falhas de segurança é o
fator humano, assim para garantir que a rede esteja segura, não devemos utilizar
somente mecanismos tecnológicos, temos que também ter conhecimento desses tipos de
redes e saber usar com segurança.
Segundo Pinheiro (2004), nas redes sem fio, devem-se mudar as configurações
padrões que acompanham o AP. Alguns exemplos são:
• Alterar as senhas;
• Alterar o SSID (Sever Set Id);
• Desabilitar o broadcast de SSID;
• Usar o WAP, caso não esteja disponível utilize o WEP (Werid Equivalent
Privacy), para criptografia do tráfego entre os clientes e o AP.
• Trocas às chaves WEP que acompanham a configuração padrão do
equipamento. Procurar usar o maior tamanho de chave possível;
• Desligar o AP quando não estiver em uso.
Mesmo sendo falado confiável não temos a segurança perfeita. Sabe-se que, não
existe essa segurança perfeita, qualquer sistema poderá ser violado, é só questão de
tempo. Basta somente um intruso localizar uma rede privada desprotegida para fazer o
uso indevido do acesso, causando assim sérios transtornos.
Assim as melhores formas de garantir um acréscimo de segurança neste tipo de
ambiente sem fio estão na atualização dos padrões, políticas e procedimentos de
segurança específicos para a tecnologia.
118
REFERENCIAS
Almeida, José do Rosário Caldas de; Mendes, Marcelo Darc Neves
Chacon.Criptografia em sistemas distribuídos. Belém, PA: IESAM, 2007. 28p.
ENGST, Adam; FLEISHMAN, Glenn. Kit do iniciante em redes sem fio. 2. ed. Rio de
Janeiro: Markon Books, 2005.
MORIMOTO, Carlos E. (2008) “Redes Wireless”, Redes, Guia Prático, Porto Alegre-
RS, Sul Editores.
ROSS, John. O Livro de WI-FI - Instale, configure e use Redes Wireless (Sem Fio). 1
ed. Rio de Janeiro, ALTA BOOKS, 2003.
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<http://www.cert.br> Acessado em: 01 Out 2011.
PINHEIRO, José Mauricio dos Santos. Aspectos para a Construção de uma Rede
Wireless Segura. Disponível em: <http://www.projetoderedes.com.br > Acesso em 03
Out. 2011.
RUFINO, Nelson Murilo de O. Segurança em Redes Sem Fio. Editora Novatec, 2005.
Silva, Fabiano; Ludwig, Glauco Antônio. Desenvolvimento de uma Metodologia para
Auditoria em Redes Sem Fio IEEE 802.11b/g. In “Simpósio Brasileiro em Segurança da
Informação e de Sistemas Computacionais, 8”. Disponível em:
119
<http://sbseg2008.inf.ufrgs.br/anais/data/pdf/st02_02_wticg.pdf>. Acesso em 26 Set
2011.
120
Segurança em Comércio Eletrônico
Galina Renato
Faculdades Integradas ICE, Brasil, [email protected]
RESUMO
Antes da era da internet e do comércio eletrônico, muitas vezes a informática tinha pouca importância no negócio real das empresas. Com essa crescente utilização dos recursos da tecnologia de compras em comércio eletrônico, resultado em uma preocupação também constante em relação à segurança das informações oriundas dessa utilização para compras virtuais. O principal objetivo deste artigo foi caracterizar as considerações de segurança no ambiente do comércio eletrônico. Palavras-chave: Segurança da Informação, Comércio Eletrônico, internet. 1. INTRODUÇÃO
Antes da era da internet e do comércio eletrônico, muitas vezes a informática tinha pouca importância no negocio real das empresas.
A tecnologia da informação atuava com receio nos processos de melhoria, mas muito dificilmente era um elemento de negócios. Pode então, frente ao contexto atual de globalização dos mercados, entenderem-se a informação e as TI que suportam os seus fluxos através da organização como fatores fundamentais ao desenvolvimento do comercio eletrônico (CASTELLS, 2008).
Desta maneira, para um entendimento das necessidades de segurança do comercio eletrônico é de extrema necessidade compreender a importância da informação no desempenho das organizações e depois a relevância assumida pelas tecnologias da informação e pelos sistemas de informação no suporte ao comercio eletrônico, pois grande rede esta cada vez mais sendo utilizada de forma comercial, o comercio eletrônico já chega a ser considerado como marco para uma “nova economia”.
Em vista disso, a discussão e o debate sobre esse novo mundo eletrônico e, especialmente, sobre a segurança no comercio eletrônico são de fundamental importância para as administrações publicas e privadas, que precisam, com urgência, desenvolver novos procedimentos e soluções, que garantam eficácia e efetividade a sua ação de controle na privacidade e segurança do usuário que utiliza esse tipo de comercio para fazer suas compras. 2. OBJETIVO DO TRABALHO
O objetivo deste trabalho é passar a informação e conhecimento ao usuário, para que com isso aumente as vendas desse mercado. Nos dias de hoje
121
existem varias duvidas e desconfianças com relações de segurança da informação. É um mercado que tem vários atrativos e esta a cada dia com mais força na sociedade, estou desenvolvendo este trabalho justamente para que os usuários sintam mais confiança no comercio eletrônico, meios de segurança, entidades que regulam e tecnologias existentes. 3. DESENVOLVIMENTO
A política de segurança da informação é o conjunto de diretrizes que deve expressar o pensamento da alta administração da organização em relação ao uso da informação por todos aqueles que têm acesso a esse bem (WDLOW, 2000)
Para Uchoa (2003), podemos definir a política de segurança como sendo sistemáticas gerenciais que visam determinar o nível de segurança de uma rede ou sistemas de informação de uma organização, suas funcionalidades e a facilidade de uso.
A implementação de uma política de segurança de sistemas de comercio eletrônico seguem rígidos padrões, os quais estabelecem os limites de operação dos usuários que compõem o processo do sistema eletrônico.
Criptografia é um método de transformação de uma mensagem simples, que todos possam entender, em uma mensagem de códigos aleatórios, onde somente o destinatário irá ser capaz de acessar o conteúdo dessa mensagem (TIMOFISCSYK, 2002).
A criptografia é constituída por chaves, as quais partes dos algoritmos que fazem o controle da criptografia, estas chaves são peças fundamentais, pois são responsáveis diretas pelas informações que estas sendo codificadas e decodificadas. Essas chaves podem ser utilizadas ainda em algoritmos de assinatura ou autenticação. O algoritmo de criptografia pode ser classificado de acordo com a chave que este utiliza: chave simétrica e chave assimétrica.
O surgimento do certificado digital teve como objetivo aumentar a segurança das transações eletrônicas, dando-lhe validade jurídica.
Certificado digital, ou assinatura digital, é um arquivo digital, que alem dos dados do individuo ou entidade, da mesma forma que os arquivos tradicionais de identificação, possuem também uma chave pública do assinante. Estes documentos eletrônicos são chancelados digitalmente pela entidade emissora, que é conhecida como entidade certificadora, como o objetivo precípuo de interligar a chave pública a uma pessoa ou entidade. Possui a mesma autenticidade de documento físico, tal como a carteira de identidade ou o CPF e são utilizados da mesma forma na identificação de indivíduos ou entidades em uma rede, ou qualquer meio eletrônico que possa ser assinado digitalmente (STALINGS apud ENDRES, 1999). Protocolos de Segurança
SSL (Secure Sockets Layer) é uma tecnologia de segurança que é comumente utilizada para decodificar os dados trafegados entre o computador do usuário e uma Web site.
122
O protocolo SSL, através de um processo de criptografia dos dados, previne que os dados trafegados possam ser capturados, ou mesmo alterados no seu curso entre o navegador (Browser) do usuário e o site com o qual ele esta se relacionando, garantindo desta forma informações sigilosas como os dados de cartões de credito.
Ao longo do tempo a segurança foi e ainda é uma das principais preocupações da sociedade, criando com isso barreiras para proteção dos bens, buscando se prevenir, criando sistemas de alarmes e sensores para detecção dos riscos, institui-se o policiamento para conter as pessoas que cometem delitos contra a sociedade (COVAS, 2002).
A assinatura digital faz parte de uma dessas medidas inovadoras para se conter ações de pessoas mal intencionadas, que busca trazer maior segurança e confiabilidade a processos que outrora eram pouco usados pelos usuários em virtude do medo por falta de segurança. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pode-se constatar que a cada dia, a quantidade de serviços disponíveis para dispositivos de compra aumenta de acordo com o surgimento de novas tecnologias. Esse mundo sem fronteiras e que a insegurança nas transações propriamente dita ou a vulnerabilidade dos consumidores quanto a sua privacidade. Com isso os avanços em segurança no comercio eletrônico é atualmente uma realidade.
As empresas cientes de que para dinamizar as vendas realizadas pela internet, precisam garantir a segurança e privacidade dos consumidores, os “empresários virtuais” têm implantando códigos de conduta, disciplinando as relações oriundas de compras no comercio eletrônico. Com essas condutas o mais interessante, é que os consumidores que utilizam o comercio eletrônico, podem reclamar diretamente junto à respectiva associação ou entidade certificadora e constatada, a infração, a mesma poderá, inclusive, cassar a certificação do fornecedor ou prestador de serviço.
Por fim, espera-se que esta pesquisa fomente novos estudos para a compreensão da internet e da segurança na utilização do comercio eletrônico deixando margem para futuros aprofundamentos neste assunto, visto que o comércio está se expandindo em uma velocidade surpreendente, a cada momento aparecem novo fatores tecnológicos que facilitam o dia a dia na vida de todas as pessoas que a utilizam. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SCHNEIER, Bruce. Segurança com: segredos e mentiras sobre a proteção na
vida digital. Rio de Janeiro, Campus, 2011.
123
CERTISIGN. Primeira Leitura sobre certificação digital. 2006. Disponível em
www.certisign.com.br. Acesso em 12, março, 2011.
ENDRES, Jair Rogério. Vantagens do uso do Certificado Digital no Ambiente
de Rede. 2004
VOLPI, Marlon Marcelo. Assinatura Digital – Aspectos Técnicos, práticos e
legais. Axcel Books do Brasil Editora, Rio de Janeiro, 2001.
TIMOFIECSYK, S.A Criptografia. Paraná Gov. Disponível em:
http://www.pr.gov.br/bafebyte/edições/2002/bb126/criptografia.htm Acesso em:
09 abril 2011.
STALLINGS, Willian. Cryptography and Network Security: pripples and practice.
New Jersey: Prentice-Hall, 1999.
UCHOA, J.Q. – Segurança em Redes e Criptografia; UFLA; Lavras – MG;
2003.
COVAS, S. Prova eletrônica: Direito Processual Civil. Tese de conclusão de
Mestrados, 2002. Disponível em: http://www.biblioteca.pucpr.br/tede/tde
arquivos/1/TDE-2004-09-21T12: 00:21Z-35/Publico/misabella-disser-dto.pdf
Acesso em 18 maio 2011.
CASTELLS, M. A sociedade em rede. 7. Ed. São Paulo: Paz e Terra, 2002.
WLADLOW, Thomas A, “Segurança de redes. Rio de Janeiro; Campus, 2000.
124
Sistemas de Supervisão e Controle Open Source
Alves Zonoizô, Edson
Faculdades Integradas ICE, Brasil, [email protected]
RESUMO
Vivemos a era da informação, cada vez mais organizações humanas dependem de programas de computador para gerir seus negócios, diferentes tipos de aplicativos são desenvolvidos a cada dia oferecendo soluções para as mais diferentes necessidades das empresas, um tipo de software muito importante nas indústrias é conhecido como “Software Supervisório”, sua função é monitorar e também controlar um determinado processo industrial, servindo como ferramenta essencial para o acompanhamento, a verificação da qualidade, a minimização de desperdícios de matéria prima, de energia elétrica, em todas as etapas de fabricação de um determinado produto. Palavras-chave: open sources Sistemas Supervisórios. 1. INTRODUÇÃO
Implantar um sistema de supervisão e controle em um determinado processo utilizando-se de sistemas proprietários normalmente é um investimento de custo elevado, isso faz com que micro e pequenas empresas deixem de utilizar deste recurso tão importante no gerenciamento de seus processos. Como alternativa existem os sistemas Supervisórios de modelo “open sources” com os quais os custos de instalação diminuem significativamente permitindo que sistemas supervisórios completos sejam utilizados por um baixo custo.
2. OBJETIVO DO TRABALHO Este trabalho tem como objetivo principal propor uma alternativa sobre
implementações de projetos de monitoração e controle industriais que envolvam tecnologias de arquiteturas abertas, promovendo dessa forma soluções alternativas afim de que micro e pequenas empresas utilizem dessas ferramentas importantes, possibilitando melhorar o gerenciamento de seus processos.
A aquisição e o tratamento de dados pode ser considerada a “porta de entrada” para uso de ferramentas computacionais, ela engloba métodos e dispositivos capazes de transformar informações do mundo real, para o formato digital, com os quais os computadores trabalham.
As informações geradas apartir de variavés de processo são enviadas a um banco de dados para serem administradas posteriormente ou em tempo real, gerando informações importantes aos gestores dos processos, permitindo dessa assim tomadas de decisões ou até mesmo interrupções durante o transcorrer do processo, não após termino do mesmo, evitando
125
assim qualquer desvio no ciclo de produção o qual está ligada diretamente a qualidade dos produtos manufaturados. 3. DESENVOLVIMENTO
Para que exista a comunicação entre um computador e o equipamento em supervisão, é necessário um tipo específico de aplicativo que consiga interpretar o protocolo utilizado pelos dispositivos de aquisição de dados. Normalmente utiliza-se software do tipo SCADA (Supervisory Control and Data Acquisition) para supervisão e controle dos mais variados tipos de processos através de diferentes tipos de protocolos de comunicação oferecendo uma interface gráfica interativa com o usuário, a IHM (Interface Homem Máquina ).
Os aplicativos scada são em geral muito complexos eles servem para automatizar processos de medição e automação, além de funcionarem como painel de operação, são capazes de registrar as variáveis ao longo do tempo em bases de dados, executar algoritmos de controle (em nível de supervisão, através de scripts) e gerenciar eventos e alarmes. O ScadaBR possibilita o acesso e controle de dispositivos físicos como sensores e atuadores , entre outras funcionalidades, os softwares scada são muito utilizados em indústrias de processos ou de manufatura e também em laboratórios de ensaios e calibração.
Os IHM’s caracterizam-se por funcionar como um painel de operação para os equipamentos, sendo basicamente compostos de imagens representando botões e indicadores de variáveis. Por meio dos IHM's é possível definir parâmetros de controle para os processos, operar sistemas através de uma interface gráfica e observar a evolução das principais variáveis ao longo do tempo.
Protocolos de comunicação são conjuntos de especificações que definem como dois ou mais dispositivos digitais irão trocar dados através de um determinado meio físico, cabo de rede, fibra ótica, etc. Pode-se dizer que um protocolo determina o formato dos "telegramas" de dados que vão trafegar na rede, ou entre um dispositivo eletrônico e um computador.
O formato industrial mais popular para esta comunicação, é o Modbus, um protocolo bastante enxuto que permite a transmissão de dados em algumas variantes como a porta serial RS232, RS485 ou rede TCP. O protocolo Modbus foi inicialmente desenvolvido em 1979 pela Modcom. atualmente é um protocolo aberto amplamente difundido no meio industrial, utilizado por vários fabricantes em diversos equipamentos. O protocolo Modbus/RTU foi escolhido pelo fato de ser de arquitetura aberta e ainda, compatível com a maioria dos dispositivos encontrados no mercado (industrial) , permitindo assim o acesso computador – dispositivo externo. Os microcontroladores da família PIC são dispositivos RISC (Reduced Instruction Set Computer – Computador com conjunto reduzido de instruções) com arquitetura HARVARD (Barramentos de memória de programa e de memória de dados diferentes) e fluxo de instruções PIPELINE (Enquanto se executa uma determinada instrução, a próxima já está sendo lida) de última geração, seu uso é praticamente ilimitado e seu preço é baixo, levando-se em conta as suas excelentes características. Durante o desenvolvimento desse trabalho pôde-se concluir que a utilização de microcontroladores facilita a implementação na montagem de placas
126
eletrônicas pelo fato do mesmo exigir poucos componentes externos, podendo ser reprogramado até 1000 vezes permitindo refazer rotinas em Assembly até chegar resultado desejável. O microcontrolador PIC16F876A, foi escolhido por ser de facil aquisição, barato e de tamanho reduzido. O ScadaBR mostrou ser uma excelente ferramenta, de facil configuração permitindo recursos realmente interessantes tanto nas aquisições de dados através de data sources, como no tratamento dos dados através scripts, e também na apresentação dos tags para o usuário pelo HMI. O padrão RS485 é baseado na transmissão diferencial de dados sendo ideal para transmissões em altas velocidades , longas distâncias e em ambientes propícios a interferência eletromagnéticas. Dependendo dos equipamentos utilizados, é possível construir barramentos RS485/Modbus com cerca de 1000 metros de extensão e até 32 equipamentos conectados em rede.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS O ScadaBR, o Modbus/RTU, o RS485 e a Placa de aquisição de
dados formam um modelo de sistema de supervisão e controle, todos de tecnologia aberta, possibilitando integração entre computadores e máquinas industriais tornando possível o desenvolvimento de aplicações importantes para controles automáticos, permitindo uso de recursos computacionais tais como: o uso de planilhas eletrônicas, gráficos de tendências, relatórios, possibilitando analisar em tempo-real variavéis de processos, oferecendo uma forma eficiente para tratar falhas de produção consequentemente melhorando a qualidade dos produtos industrializados.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FURASTÉ, P. A. N. T. Para o Trabalho Científico. 14ª Edição. Editora Brasil Ltda, Porto Alegre, RS, 2008. GIL, A. C. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4ª Edição, Editora Atlas, SP, 2002 MESSIAS, Antonio Porta Serial, Disponível em: < http://www.aureside.org.br > Acesso: junho 2011 MICROCHIP,Support Documentation, Disponível em: <www.microchip.com > Acesso: junho 2011. MODBUS, Protocol Reference Guide Rev. J, MODICON, Junlho 1996. NATIONAL, Semiconductor, Disponível em: <www.national.com> Acesso: junho 2011 NEBOJSA, Microcontroladores PIC Disponível em: <http://www.mikroelektronika.co.yu/portuguese/> Acesso: junho 2011
127
PEREIRA, F. Microcontroladores PIC. 1ª Edição, Editora Érica, Brasil Ltda, SP, 2003. ROGERCOM Porta Seriais, Disponível em: <www.rogercom.com.br> Acesso: 17 de junho 2011. ROSS, Kurose. Redes de Computadores e a Internet. Editora, Editora Person, SP, 2010. SILVA, Rômulo RS485, Disponível em: <http://www.das.ufsc.br/~romulo/discipli/cad/rs485-parte1f-agosto2002.pdf > Acesso: junho 2011 SCADABR, Automação open source, Disponível em: <www.scadabr.org.br> Acesso: junho 2011
SOUZA, D. J. de L. Conectando o PIC,. 14ª Edição. Editora Érica, SP, 2003. SSW-07/SSW-08 Manual da Comunicação, Documento: 0899.5802 / 02 WEG, Fevereiro de 2008.
TANENBAUM, A. S. Redes de Computadores. 4ª Edição. Editora Campos, RJ, 2003.
128
A AGRICULTURA FAMILIAR E A AGROINDUSTRIA: UMA NOVA
ALTERNATIVA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Marcelo Rodrigo da Silva Neves
Professor Universitário
Regina Nogueira da Silva
Mestranda em Desenvolvimento Local – UCDB– C. Grande-MS
RESUMO – Este artigo faz parte de uma pesquisa em andamento que trata da
importância da agricultura familiar como um dos pilares alternativos do
desenvolvimento sustentável, objetiva demonstrar a formação de um novo modelo de
desenvolvimento, com novas alternativas. A problemática relativa a esse assunto
resume-se na questão: Há novos desafios para a agricultura familiar no sentido de
aumentar a renda, a sua capitalização e a redução dos desmatamentos e queimadas?
Sendo assim, poderá ser criado um novo modelo de agricultura familiar, tendo como
uma das alternativas um novo olhar para a agroindústria: uma nova alternativa na
complementação de renda. Conclui-se que o grande desafio, para a família rural é
caracterizar-se como um espaço de atividades pluriativas, ligado em áreas
diversificadas, de forma que os novos rumos tomados venham ao encontro à articulação
de uma série de atividades, muitas delas de forma tipicamente urbanas.
Palavras Chaves: Agricultura Familiar, Agroindústria, Pluriatividade, Produção.
ABSTRAT
Summary – This article is part of a research in-progress that addresses the importance of
family farming as one of the alternative pillars of sustainable development, with the
objective to demonstrate the formation of a new model of development, with new
alternatives. The problem relative to this issue comes down to this question: Are there
new challenges for family farming to increase income, capitalization and the reduction
of deforestations and fires? As such, can a new model of family farming be created,
with one of the alternatives being a new view of agro-industry: a new alternative in
129
supplementary income. In conclusion, the major challenge for the rural family is
characterized as a space of pluriactive activity, connected in different areas, in which
the new directions taken will meet the articulation of a series of activities, many of them
typically urban.
Key Words: Family Farming, Agro-industry, Pluriactivity, Production
INTRODUÇÃO
A agricultura familiar pode contribuir de forma considerável para que se consiga
reverter o saldo do desmatamento-reflorestamento. Conforme menciona SOUZA (2006
p. 53), “Enquanto países desenvolvidos, como Áustria, Espanha, Estados Unidos,
Finlândia, França, Itália, Japão, Noruega, Polônia e países em desenvolvimento como
Belarus, Chile, [...,] estão recuperando áreas florestais perdidas no passado.” No
entanto, há um grande desafio para a agricultura familiar no sentido de aumentar a
renda, a sua capitalização e a redução dos desmatamentos e queimadas. Sendo assim,
poderá ser criado um novo modelo de agricultura familiar, tendo como uma das
alternativas um olhar para Agroindústria: uma nova opção na complementação de renda.
A família rural vem se caracterizando pelas atividades pluriativas mediante a
exploração de culturas diversificadas. Este novo enfoque tem como objetivo maior
garantir a sustentabilidade neste novo papel, onde a criação de pequenas agroindústrias
poderá ser apontada como uma das opções econômicas para que a família rural
permaneça e contribua para a formação de um novo modelo de desenvolvimento
sustentável. Está proposta cria um novo olhar para o pensamento rural familiar que
permite a diversificação de culturas e agregação de valores produtivos.
O modelo de agro industrialização descentralizado de pequeno porte, com as
características familiar, é visto, portanto como uma das opções capazes de impulsionar o
desenvolvimento sustentável e a distribuição de renda local, ou seja, é uma forma de
proporcionar a re-inclusão social de agricultores no modelo de produção sustentável.
130
AGRICULTURA FAMILIAR E TECNOLOGIA
Todas as agriculturas praticadas no Brasil são igualmente importantes para a
pesquisa agropecuária. Se a diversidade de contextos – históricos, ecológicos,
socioculturais, econômicos e político-institucionais – é constitutiva da realidade do país,
não existe uma, senão muitas agriculturas. Todas dão contribuições relevantes à
sociedade, a partir do contexto singular que lhes coloca vários desafios, exige muitas
funções, concede algumas potencialidades e impõe certos limites. Isso revela
complementaridade e interdependência dessas agriculturas. Entre elas, a agricultura
familiar ocupa um lugar de destaque, cuja institucionalidade ocorreu com a Lei nº
11.322, de 24 de julho de 2006, Lei da Agricultura Familiar. (SOUZA, 2006, p.25).
De acordo com SOUZA (2006, p. 25), para conceituar agricultor familiar rural
ou empreendedor rural, utilizamos a definição legal que define o mesmo como sendo
aquele que pratica atividades no meio rural, atendendo, simultaneamente, a quatro
requisitos, quais sejam:
• Não tenha, a qualquer título, área maior do que quatro módulos fiscais.
• Utilize predominantemente mão-de-obra da própria família nas
atividades econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento.
• Tenha renda familiar predominantemente originada de atividades
econômicas vinculadas ao próprio estabelecimento ou empreendimento.
• Dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua família.
Para SOUZA (2006, p.26), não é inusitada a existência da polêmica em torno do
conceito de agricultura familiar no Brasil. O fundamento é entender-se que, seja qual for
o terreno de disputa em torno da precisão e validade do conceito, a agricultura familiar
exerce papel importante na agricultura brasileira.
131
No conceito de SOUZA (2006, p. 12), na sua importância incontestável, a
agricultura familiar está incluída na definição das políticas públicas de vários países,
embora não haja consenso internacional quanto ao significado do conceito de
agricultura familiar. No caso brasileiro, com a política de inclusão social do governo, a
agricultura familiar é considerada tanto como instrumento de desenvolvimento
socioeconômico (como fonte de emprego e veículo de segurança alimentar, de
qualidade do produto e de proteção ao meio ambiente), quanto como instrumento
político de fortalecimento da democracia.
É oportuno ressaltar que mesmo não estando caracterizados em lei, traços
adicionais importantes da agricultura familiar precisam ser considerados, como sua
diversidade e pluriatividade. No que concerne a este último, deve-se ter bem presente
que a grande maioria dos estabelecimentos familiares lida com sistemas agrários
complexos. Já sua diversidade relaciona-se a fatores tais como situação dos produtores,
nível educacional, acesso as instituições de saúde, meio ambiente, aptidão das terras
(SILVA ET ALLI, 2004) a disponibilidade de infra-estrutura, e a um conjunto formado
por elementos culturais, ambientais e econômicos.
A importância econômica e social da agricultura familiar é maior do que
normalmente se admite. Segundo o Novo Retrato da Agricultura Familiar – O Brasil
redescoberto, que trabalhou os dados do censo agropecuário l995-96, são 4,1 milhões de
estabelecimentos familiares existentes no país, representando 85,2% dos
estabelecimentos agropecuários. Esses estabelecimentos familiares ocupam mais de
70% da mão de obra, compreendem 30,5% da área total dos estabelecimentos
agropecuários (cerca de l7, 8 milhões de hectares) e respondem por 37,9% do valor
bruto da produção agropecuária brasileira. Não por outras razões, há numerosos estudos
salientando o perfil desse grupo social e econômico como pródigo mantenedor de
postos de trabalho. (SOUZA, 2006, p. 13).
A PLURIATIVIDADE
A presença e generalização das atividades não-agrícolas são fenômenos em
cursos em vários países do mundo. Conforme descreve TEIXEIRA (1998), cerca de 40
a 60% das explorações dos países mais industrializados, obtém mais da metade de suas
132
rendas fora da agricultura em l978. Nos Estados Unidos, atualmente, apenas 10% do
pessoal ocupado no meio rural vive da agricultura. Já na América Latina o rural não-
agrícola ocupa entre 20% a 30% da população. (SOUZA, 2006).
Esse fenômeno da diminuição do peso das atividades agrícolas no emprego e na
composição da renda das pessoas e famílias residentes do meio rural, dando lugar aos
empregos múltiplos e fontes de rendas diversificadas, tem sido identificado na literatura
como pluriatividade e agricultura de tempo parcial.
A s famílias pluriativas, como analisa TEIXEIRA (1998) são aquelas em que um
ou mais membros do grupo doméstico exercem alguma atividade extra-agrícola e-ou
possui uma fonte de renda fora da agricultura.
A agricultura familiar possui meios de crescer e é um aspecto de inúmeros
estudos, sobretudos aos olhos sociais, onde sociólogos apresentam a maior parte de
pesquisas a respeito. Fato este que ocorre porque o desenvolvimento dos agricultores
familiares está intimamente ligado a questão da reprodução destas famílias e falta de
trabalho social por parte dos órgãos competentes, em especial os órgãos públicos como
cita VEIGA (1991).
Nos estudos apresentados por BAUMEL E BASSO (2004, p. 139), os autores
defendem a tese da pluriatividade, na busca do desenvolvimento da agricultura familiar.
A pluriatividade se estabelece como uma prática social, decorrente da busca de
formas alternativas para garantir a reprodução das famílias de agricultores, um dos
mecanismos de reprodução, ou mesmo de ampliação de fontes alternativas de renda:
com o alcance econômico, social e cultural da pluriatividade das famílias que residem
no espaço rural, integram-se em outras atividades ocupacionais, além da agricultura.
(PIRES, 2009).
Segundo SCHNEIDER (2003, p.144), as agroindústrias, ou atividades “para-
agrícolas” consistem suas tarefas no beneficiamento ou processamento de produtos
agrícolas in natura “{...} ser dentro da propriedade {...} é a chamada agregação de
valor a um determinado produto {...}, diz o autor. Sem dúvidas esta agregação de valor
ao produto é importante sob o aspecto econômico da família, porém deve-se estar
133
atento para inúmeros outros fatores que envolvem esta questão, como logística de
distribuição, mercado consumidor, comercialização, tributação, preço e concorrência de
outros produtos.
2.2.1 – A propriedade familiar
“A família, como menor célula da comunidade sócio-rural, compreender-se-á dentro
da locução “bem-estar” quando, em vista de sua situação de proprietária de imóvel rural,
(dentro da categoria modular), logre atingir os padrões básicos inerentes às necessidades
humanas típicas e especiais, bem como promover as condições elementares no processo de
ascensão econômica e social”(STEFANINI,1978, p.258). Conforme demonstra Stefanini (1978),
a família é uma célula da comunidade estabelecida no meio rural, do qual, sentir-se-á segura
no momento em que se sentir dono de sua terra,
“O art. 4º n. II, do Estatuto da Terra, definindo a propriedade familiar, destaca este
objetivo teórico, quando diz que o imóvel rural, absorvendo toda a força de trabalho do
agricultor e de sua família, garantir-lhes-á a subsistência e o progresso social e econômico”
(STEFANINI, 1978, p. 258). Sendo assim, observa-se que o referido artigo 4º do Estatuto da
Terra, deixa bem claro que a partir do momento em que a força de trabalho for absorvida por
toda a família do pequeno agricultor, o mesmo terá a subsistência garantida e no que se refere
ao progresso social e econômico garantido.
“Assim também preservando os recursos naturais do solo, deve ser mantido um
sistema justo de exploração beneficiando não apenas aqueles que detém a propriedade, mas
134
também, os que, sob múltipla gama de regimes jurídicos, previstos na legislação, acham-se
ligados à produção do setor”(STEFANINI, l978, p.259).
“Por outro lado, podemos assegurar que o Estado, quando assume atitudes
paternalista em relação a grupos e classes sociais, acarreta privilégios sociais, e, por mais
louváveis que sejam os interesses ou situações que tenta amparar, configura-se esta
interferência sempre injusta e antinômica com a ordem social e econômica comunitária.”
(STEFANINI, 1978, p.259). Desta forma, o Estado quando toma as iniciativas de forma
paternalista que vai ao encontro aos grupos e classes sociais, sempre depara com a sua
interferência no resultado da ação injusta e antinômica com a ordem social e também
econômica da referida comunidade.
“A propriedade familiar foi um dos tristes resultados deste paternalismo protecionista
estatal e o fundamento ideológico da sua implantação, numa sensível omissão aos parâmetros
da realidade brasileira” (STEFANINI, l978, p. 260)
“O território do Brasil é profícuo em realidades agro-economicas dispares, incrustado
que está ao longo de um continente. Daí a dificuldade de integrar regiões economicamente
em inércia, tomando-se, como se tomaram, atitudes que o humanismo anti-real determinou”
(STEFANINI, l978, 260).
‘No caso especifico da Amazônia Legal, as emanações legislativas não alcançam o
âmago da problemática fundiária, representando uma plotação imprópria sobre estas imensas
terras da Amazônia” (STEFANINI, 1978, p..260).
“A propriedade familiar, formula que enfeixa o equacionamento de recursos da
pequena força de trabalho no âmbito limitado da família rural, tem aplicação francamente
desfavorável em determinadas regiões do Sul do pais, ou, mesmo, no Nordeste, apresentando-
se inepta nas grandes extensões amazônicas, por uma série de fatores que dificultam o acesso
desta fórmula”.(STEFANINI, 1978, p. 260)
“O conceito-chave que orienta as ações do MDA (Ministério do Desenvolvimento
Agrário) é o de um modelo de desenvolvimento rural sustentável, capaz de fazer do campo
brasileiro um espaço de paz, produção e justiça social.” (MDA 2006).
135
Conforme é mencionado no MDA (2006, p. 10) “A defesa da necessidade de
construção de um novo modelo de desenvolvimento rural e agrícola parte de um diagnóstico
sobre a insustentabilidade econômica, social e ambiental do modelo que temos hoje”,
percebe-se portanto, que o modelo criado e utilizado atualmente não está de fato dentro do
que se estabelece nos planos políticos, ou seja, fazer com que a agricultura seja sustentável,
portanto, o modelo criado é insustentável, tendo assim a necessidade de orientação para que
o pequeno agricultor tenha conhecimento e comece a trabalhar no campo, cuidando do meio
ambiente, do gerenciamento econômico na aplicação dos recursos oferecidos pelo governo de
forma correta, para que, se consiga ter sustentabilidade no que se produz.
Observando ainda o que traça o MDA (2006), há grande necessidade de uma
implementação das ações em conjunto com as políticas publicas para, entre outras ações,
poder se democratizar o acesso à terra, gerando postos de trabalho no campo, garantindo
soberania alimentar, combatendo a pobreza que ainda predomina no campo, ensinando ao
pequeno agricultor que necessário se faz preservar o meio ambiente e garantir direitos a todos
aqueles que vivem nas áreas rurais do pais.
“Para atender a essa exigência, entre outras iniciativas, implementamos o Plano
Nacional de Reforma Agrária, triplicamos os investimentos na agricultura familiar trabalhamos
para o desenvolvimento de novas fontes de energia, apostamos o reconhecimento dos direitos
territoriais de comunidades tradicionais e no combate às desigualdades de gênero.” (MDA,
2006, p.10). Desta forma, conforme menciona no MDA, observamos a preocupação do
governo em procurar estabelecer formas eficaz de aplicação de recursos para que, os
investimentos sejam aplicados da melhor forma para que a agricultura familiar consiga se
estabelecer e conseqüentemente se desenvolver e evitando as desigualdades sociais e
exclusão do pequeno agricultor do meio rural.
“A Reforma Agrária, entendida como uma das políticas estruturantes, para a
construção de um modelo de desenvolvimento rural sustentável e promotor de cidadania,
apresentou avanços significativos nesta direção.” (MDA 2006, p.10). O governo trabalha de
forma incansável através da Reforma agrária para buscar um modelo eficaz e fazer com que o
desenvolvimento rural seja desenvolvido e que as famílias rurais sejam sustentáveis.
“A Reforma Agrária, entendida como uma das políticas estruturantes para a
construção de um modelo de desenvolvimento rural sustentável e promotor de cidadania,
136
apresentou avanços significativos nesta direção. De janeiro de 2003 a dezembro de 2006, 381
mil famílias foram beneficiadas pelo II PNRA, atingindo 95,35% da meta estabelecida no inicio
de sua implementação. A força desse número fica evidente quando comparamos com o que
foi feito em anos anteriores. De l995 a l998, foram assentadas 238.010 famílias; de l999 a
2002, foram 286.370 famílias.”(MDA, 2006, p.10). A Reforma agrária, tem com objetivo
principal promover um modelo de desenvolvimento em que a comunidade rural se torne
sustentável.
“Em 2010, 590 famílias de trabalhadores rurais passaram a fazer parte do
Programa Nacional de Reforma Agrária. Dessas, 275 foram assentadas nos sete projetos
de assentamentos criados no ano, 41 famílias assentadas em assentamentos criados em
2009 e 274 em 99 projetos criados em anos anteriores - por substituição ou
complementação de vagas não-ocupadas. O trabalho de cadastro e seleção de
beneficiários da reforma agrária contou com recursos de aproximadamente R$ 230 mil.
O Incra/MG conta, ao final de 2010, com 265 assentamentos com capacidade para cerca
de 16 mil famílias.”(www.gov.gov.br). O governo ao longo dos anos através das
políticas publicas, está a cada momento aumentando o numero de famílias de
trabalhadores rurais que passam a ter sua propriedade para produzir, melhorando a
qualidade de vida junto a familia rural e criando perspectiva econômica.
“O crescimento progressivo do número de famílias assentadas decorreu, entre
outras coisas, de um grande aumento nos recursos destinados para a obtenção de terras.
Nestes últimos quatro anos, foram aplicados mais de R$ 4 bilhões na obtenção e
regularização de terras. A área envolvida neste processo atinge os 30 milhões de
hectares, número superior ao das superfícies somadas de Suíça, Portugal, Bélgica,
Dinamarca e Holanda.” (MDA, 2006, p. 10). Através das ações governamentais, se dá
através dos recursos oriundos dos projetos direcionados ao atendimento e melhoramento
da vida do agricultor no campo, onde, a família rural procura fixar-se no campo
evitando assim o êxodo rural e assegurando aos agricultores uma vida digna junto a sua
família.
Conforme mencionado no MDA, a desconcentração da propriedade da terra é
uma das condições necessária, porém não é suficiente para que haja a transformação da
atual estrutura agrária brasileira, no entanto, ela é um fator importante de uma
137
construção maior, que é a busca incansável do encontro de um novo paradigma de
desenvolvimento no campo brasileiro. Conforme ainda mencionado no MDA (2006) “
Associada à elevada concentração da terra, há uma imensa desigualdade de acesso a
renda, à tecnologia e a direitos assegurados pela Constituição Federal”, podendo
portanto, observar que a tecnologia e a grande desigualdade social e os direitos que são
assegurados ao homem rural pela Constituição ainda não é ainda assegurada a todos os
agricultores rurais. Lembrando ainda, como enfatiza o MDA (2006), que desde os anos
70, as políticas publicas que são voltadas para a agricultura obedeceram a uma
concepção especifica de modernização tecnológica, onde, através da modernização de
tecnologia, buscou-se melhorar a força do trabalho empregado no cultivo, na criação de
animais e principalmente na busca do aumento a produtividade, mediante ao uso e
emprego de tecnologias que por sua vez substituíram os trabalhos que até então eram
realizados pelo homem, substituindo-o pelo emprego intensivo no uso de maquinários e
na implementação de insumos químicos, que de certa forma, favoreceu de forma
considerável o monocultivo em grandes extensões de terra em sua maioria, em poder de
estabelecimentos de grande porte.
Desta forma, ainda é mencionado pelo MDA (2006, P. 12), em que: “A combinação de
uma estrutura agrária concentrada, políticas agrícolas e padrão tecnológico excludentes
produziu o empobrecimento de milhares de famílias de pequenos e médios agricultores –
processo que, em muitos casos, resultou na perda de suas propriedades -, processo que, em
muitos casos, resultou na perda de suas propriedades-, perda de biodiversidade e
contaminação de rios e pessoas pelo uso intensivo de agrotóxicos.”., observando portanto,
que o pequeno agricultor precisa além dos recursos e benefícios que facilite a sua vida no
campo, deve-se há necessidade de ser uma orientação que precisa ser feita por técnicos que
fazem parte dos órgãos de extensão rural, em que, essa orientação irá propiciar aos
agricultores rurais condições de manusear de forma adequada os defensivos que tem como
objetivo aumentar sua produção, com também, a orientação na forma correta do uso do solo,
em que, apenas no momento em que se conciliar condições econômicas com orientação
técnica é que esta parceria propiciará ao pequeno agricultor o sucesso no que é o objetivo
maior do governo, em estabelecer produtividade, sustentabilidade e principalmente em fixar o
homem o campo com a capacidade e conhecimento de trabalhar de forma adequada a terra.
138
AS FORMAS PIONEIRAS DA PLURIATIVIDADE NA AGRICULTUR A: O
“TRABALHO RURAL ACESSÓRIO” E AS “ATIVIDADES NÃO-AGR ICOLAS
COMPLEMENTARES”
Conforme menciona Scheineder, uma vez que se concorda que o fenômeno
atualmente denominado pluriatividade não representa uma situação inteiramente nova
no modo de funcionamento das formações sociais e econômicas agrárias, e que lhe falta
conteúdo teórico e conceitual é relevante examinar como os autores de alguns estudos
clássicos interpretaram essa realidade. É nos trabalhos de KAUTSKY que se encontram
algumas das primeiras referencias ao “trabalho acessório” e a “outras atividades não-
agrícolas”, entendidos como formas complementares de obtenção de renda e de inserção
econômica de pequenos proprietários ou camponeses.
Segundo KAUTSKY (1980), o desenvolvimento do capitalismo na agricultura
tende a uma “lenta e gradual” subordinação a indústria. Para ele, o processo é
comandado pela dinâmica do progresso tecnológico na agricultura (especialmente
devido aos efeitos da agroquímica), que acaba por transformá-la em um ramo da
indústria, completando-se, assim, uma longa evolução que resulta na afirmação da
superioridade técnica da grande propriedade sobre as pequenas (ou unidades
camponesas, como também são chamadas). No entanto, KAUTSKY afirma que o
processo de transformação estrutural da agricultura sob o capitalismo não elimina
necessariamente, as pequenas propriedades desde que elas desenvolvam “formas de
trabalho acessórios” (que podem ou não estar ligadas à agricultura) que lhes permitam
manter sua reprodução social (SCHNEIDER).
A permanência de pequenos proprietários estaria relacionada à própria natureza
do processo de desenvolvimento capitalista na agricultura, pois não obstante a
superioridade técnica e empresarial da grande exploração, o que favorece a obtenção de
maior taxa de lucro pelos capitalistas, os pequenos proprietários continuariam a
desempenhar o papel fundamental de fornecimento da força de trabalho para as
unidades maiores.
Segundo KAUTSKY (L980, p. 178):
139
{...} não devemos pensar que a pequena propriedade territorial
esteja em vias de desaparecer na sociedade moderna, ou que
possa ser inteiramente substituída pela grande propriedade. A
grande propriedade, por mais que rechace os camponeses livres,
sempre manterá uma parte deles à sua ilharga, uma parte que
ressuscita como pequenos arrendatários.
No entanto, o autor por sua vez ressalta a possibilidade de persistência das
pequenas propriedades camponesas somente é admitida sob a condição que elas venham
a assumir uma função acessória e complementar à grande empresa que, por sua vez,
exercerá seu pleno domínio no terreno da produção agrícola. Tal função estaria
relacionada à pouca disponibilidade de terra e às dificuldades de modernização
tecnológica, o que restringe sua capacidade de concorrência e reduz sua renda a níveis
que obrigam essas pequenas unidades a buscar uma atividade complementar ou, então, a
abandonar definitivamente o campo. (SCHNEIDER, 2003)
De acordo com KAUTSKY (l980. P.194), existem três tipos de ocupação
acessória que podem exercer esse papel:
a) Trabalho agrícola assalariado, mais conhecido como trabalho temporário, exercido nas
grandes propriedades em épocas de maior demanda por mão-de-obra, como nas
colheitas
b) Ocupação dos camponeses em indústrias a domicilio, o que, em geral, ocorre em regiões
de pouca aptidão agrícola para consolidar uma agricultura competitiva, caso de várias
áreas na Alemanha e no restante da Europa por ocasião de seus estudos. Apesar de
serem meios eficientes do que a grande indústria urbana, para KAUTSKY a indústria a
domicilio rural desfrutaria da vantagem de se apoiar na agricultura, o que lhe permite
rebaixar os custos d e produção, especialmente com a remuneração da força de trabalho.
c) Fundação de indústrias no campo, que progride em função do avanço das comunicações
(canais, estradas de ferro, telégrafos), o que também ocasiona a necessidade de
trabalhos complementares para as famílias de pequenos proprietários.
Desta forma, afirma KAUSTSKY (1980, p.206), “{...} estas três espécies de
trabalho acessório ao alcance dos pequenos camponeses não se excluem de modo
140
algum. Podem existir simultaneamente, e, freqüentemente, coexistem”. Sendo assim,
pode-se enfatizar que a questão das atividades rurais não-agrícolas (ainda que não
explicitamente nesses mesmos termos) aparece na obra de KAUTSKY não apenas com
uma forma de reafirmação de seu argumento central, em favor da superioridade técnica
da grande propriedade e do inequívoco processo de industrialização da agricultura,
tornando-a um apêndice da indústria, mas também como uma divergência a Lênin,
Engels e ao próprio Marx, já que autor tem uma visão radicalmente distinta a respeito
dos desígnios da estratificação social e econômica decorrente do processo de penetração
do capitalismo no campo.
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
A expressão desenvolvimento sustentável é uma forma de desenvolvimento capaz
de responder às necessidades do presente sem causar danos às gerações futuras. O
desenvolvimento sustentável tem como objetivo a melhoria das condições de vida das
pessoas, mas preservando o meio envolvente; a curto, médio e longo prazo. O resultado
pode ser conseguido através de um tipo de desenvolvimento economicamente eficaz,
socialmente equitativo e ecologicamente sustentável.
Há consenso sobre a necessidade de criar uma agricultura sustentável que considere
os aspectos sociais e ambientais, além dos aspectos econômicos, e sobre a importância
dos agricultores familiares na construção desse novo modelo.
A agricultura é sustentável quando é ecologicamente equilibrada, economicamente
viável, socialmente justa, culturalmente apropriada e orientada por um enfoque holístico
(Tratado das ONGs/ECO 92). O mesmo documento acrescenta que a agricultura
sustentável respeita a diversidade e independência, utiliza os conhecimentos da ciência
moderna para desenvolver e não marginalizar o saber tradicional acumulado ao longo
dos séculos por grandes contingentes de pequenos agricultores em todo o mundo.
141
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A exploração da atividade agrícola familiar tem expandido as suas
possibilidades, passando do contexto da monocultura para a pluricultura, alternando as
safras, o ano todo, de formas a se ter inúmeras colheitas no período. A maximização dos
resultados obriga aos filo-agricultores a escoarem as suas produções, contudo os preços
percebidos por este acabam sendo desestimulador. Como alternativa de produção mais
sustentável e de agregação de valor surge a proposta da pequena agroindústria, uma
importante alternativa para geração e reaplicação da renda na agricultura familiar
(IPARDES, 2008).
Segundo LIMA E WILKINSON (2002) as agroindústrias de pequeno porte
proporcionam meios efetivos de manutenção do homem no campo, além de aumentar a
renda e gerar postos de trabalho, tem a capacidade de abastecer os mercados locais e
próximos com produtos de qualidade e preços compatíveis.
A diversificação tem sido a grande mola mestra do novo contexto da agricultura
familiar, os produtos orgânicos, politicamente corretos e que não agridem a natureza
tem tido maior aceitação que os produtos produzidos em escalas comerciais. Além de
proporcionar um produtos naturais, disseminam a consciência ambiental.
Tendo em vista as considerações supra, vemos que a agricultura familiar no
contexto da pluriatividade é uma importante ferramenta para cultura desenvolventista
local, proporciona afixação do homem do campo em seu habitat, estimula a
diferenciação de seus produtos mediante a produção de bens agregados, aumento na
renda familiar com qualidade de vida.
142
REFERENCIAL BIBLIOGRAFICO
ALTIERI, M. Agroecologia: bases científicas para uma agricultura sustentável. Guaíba-
RS: Agropecuária, 2002.
SILVA, Luciana Souza da. O turismo rural: instrumento para desenvolvimento
sustentável. Edicion electronica. ISBN. 84-690 -1052-2
BAUMEL, Adriana; Luiz Carlos. Agricultura familiar e a sustentabilidade da pequena
propriedade rural. In: CAMARGO, Gisele; CAMARGO FILHO, Mauricio. FAVARO,
Jorge Luiz (Org.) Experiencias em desenvolvimento sustentável e agricultura familiar.
Guarapuava – Pr: Unicentro, 2004.
KAUTSKY, K. (1980), A questão agrária. Portugal, Proposta.
LIMA, Dalmò M de Albuquerque e WILKINSON, John (org). Inovação nas tradições da agricultura familiar. Brasília: CNPq/Paralelo 15, 2002. PIRES, José Antonio Simoes. O conceito da pluriatividade na agricultura familiar. São Leopoldo: Unisinos. 2009. SCHENEIDER, Sergio. A Pluriatividade na Agricultura Familiar. Porto Alegre:
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23 (3): 106-132, set-dez, Campinas SP. 1994.
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143
SOUZA, Ivan Sergio Freire de. A agricultura familiar na dinâmica da pesquisa
agropecuária. Brasília: DF: Embrapa informação Tecnológica, 2006.
SILVA, H.D. da. (Coord.), A Embrapa e a agricultura familiar. Brasília, DF: Embrapa-
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VEIGA. José Eli da. O desenvolvimento agrícola: uma visão histórica. São Paulo:
Universidade de São Paulo, Hucitec, l991, p. 219.
Tratado das ONGs. Eco/92. Santos, 1992.
PETTAN, Kleber Batista. Análise comparativa do desempenho da competitividade das agroindústrias familiares do oeste de Santa Catarina em relação ao ambiente institucional. Cadernos de Ciência e Tecnologia, Brasília. v. 22, n.3, p.667-689, set/out.2005. Disponível em <www.bdpa.cnptia.embrapa.br> acessado em 26 de julho de 2011. IPARDES. Caderno Estatístico do Município de Guaraniaçu. Abril, 2008. Disponível em: <www.ipardes.gov.br> acessado em 29 de julho de 2011.
144
MUNDO ANIMAL – CLÍNICA E LOJA ESPECIALIZADA
Projeto e plano de Negócios
Marcelo Rodrigo da Silva Neves
Professor Universitário- ICE
Regina Nogueira da Silva
Professora Universitária
Marelise Marcieli Albrecht
Acadêmica do 8º Sem do Curso de Administração ICE
RESUMO: O referido Projeto de Plano de Negocio tem como objetivo principal criar a estrutura
para que através do Planejamento e estruturação , se consiga elaborar através da pesquisa,
montar o referido Plano de Negocio para que a empresa Mundo Animal – Clinica e Loja
Especializada Ltda, para sua implantaçao, venha funcionar de forma planejada, dar
consistência na execução da mesma, como também, através do plano de negocio criar-se
estratégias condizentes com o objetivo principal que é estruturar o referido empreendimento
e fazé-lo viável em sua execução.
Palavras Chaves – Plano de negocio, cliente, gerenc iamento, colaboradores, gestão de pessoas.
INTRODUÇAO
Sabedores somos da importância do plano de negocio para que um
“empreendimento” tenha estrutura confiável necessária para ser lançado no
mercado, injetar recursos financeiros e criar toda um planejamento que
envolva a pesquisa de campo para conhecer de forma abrangente o seu
publico alvo, procurando desta forma, estabelecer metas, traçar os objetivos
necessários para que, através da pesquisa possamos ter segurança em sua
aplicabilidade correta nos recursos que serão aplicados, proporcionando o seu
funcionamento perfeito e que se o empreendimento a um processo com
resultados positivos e estimulantes.
145
Para tanto, é mister enfatizar que o plano de negócio é o instrumento
ideal para traçar um retrato fiel do mercado, do produto e das atitudes do
empreendedor, o que propicia segurança para quem quer iniciar uma empresa
verificando a viabilidade do negócio ou para quem deseja ampliar ou expandir o
seu empreendimento.
Segundo Rosa (2007, p.8), o autor enfatiza que “Um plano de negócio
é um documento que descreve por escrito os objetivos de um negócio e quais
passos devem ser dados para que esses objetivos sejam alcançados,
diminuindo os riscos e as incertezas. Um plano de negócio permite identificar e
restringir seus erros no papel, ao invés de cometê-los no mercado”. Conforme
menciona Rosa, o plano de negocio é um instrumento que ajuda o
empreendedor a diminuir os riscos e ter confiança no que pretende executar,
permitindo com a elaboração da mesma identificar e até mesmo restringir seus
erros durante a sua elaboração e evitar que erros aconteçam no mercado.
Conforme menciona Dornelas (2005, p.99) com o plano de negócios,
é possível entender e estabelecer diretrizes para o seu negócio; gerenciar de
forma mais eficaz a empresa e tomar decisões acertadas; monitorar o dia-a-dia
da empresa e tomar ações corretivas quando necessário; conseguir
financiamentos e recursos junto a bancos, governo, SEBRAE, investidores,
capitalistas de risco etc.; Identificar oportunidades e transformá-las em
diferencial competitivo para a empresa; Estabelecer uma comunicação interna
eficaz na empresa e convencer o público externo (fornecedores, parceiros,
clientes, bancos, investidores, associações etc.). Observando portanto,
conforme descreve o referido autor, o plano de negocio é uma ferramenta
eficaz para que nas tomadas de decisões, o empreendedor consiga minimizar
ao máximo falhas decorrentes no processo de elaboração, proporcionando
através do referido projeto tomar-se decisões seguras e acertadas para
minimizar os erros que possam apresentar no momento da elaboração e
construção do referido projeto de plano de negocio.
146
Abaixo, descrevemos as característica o empreendimento proposto, do qual,
todo o trabalho aqui executado foi direcionado para que o mesmo tenha um sucesso
no mercado competitivo:
1. CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO
A empresa Mundo Animal será de natureza Limitada, administrada
por dois sócios proprietários, seu foco será no bom atendimento e na qualidade
dos produtos e serviços.
1.1. RAZÃO SOCIAL E NOME FANTASIA
Razão Social: Animar Produtos e Serviços Veterinários Ltda.
Nome Fantasia: Mundo Animal – Clínica e Loja Especializada
1.2. LOCAL PRETENDIDO PARA INSTALAÇÃO
A empresa será instalada na Avenida Arquimedes Pereira Lima
Nº1200 – Jardim Itália, Cuiabá – MT com amplo estacionamento, comodidade
e facilidade na localização.
1.3. OBJETIVOS
1.3.1. OBJETIVO GERAL
O objetivo principal é de comercializar produtos para a saúde e bem
estar animal e prestar serviços médico veterinários. Proporcionando serviços
que agradem tanto o animal como seu dono.
1.3.2. OBJETIVO ESPECÍFICO
• Comercializar produtos para a saúde: medicamentos, rações, vitaminas;
• Comercializar produtos para o bem estar do animal: casinhas, camas,
petiscos, brinquedos, roupas, acessórios;
• Proporcionar agradável e eficaz atendimento nos serviços de banho, tosa,
consultas, vacinas etc.
1.4. RAMO DA ATIVIDADE
A empresa atuará no ramo de comércio e serviços veterinários.
147
1.5. NATUREZA JURÍDICA
A empresa será constituída através de sociedade limitada.
1.6. PRINCIPAIS PROTUDOS/SERVIÇOS
A empresa disponibilizará produtos e serviços entre os quais serão:
Consultas, serviços de banho e tosa, medicamentos veterinários, aplicação de
vacinas, comercialização de produtos: camas para cães e gatos, roupas,
produtos higiênicos, acessórios, caixa para transporte, rações, etc.
1.7. CARACTERÍSTICAS PESSOAIS E PROFISSIONAIS DOS SOCIOS
Marelise Marcieli Albrecht, formada em administração de empresas
pelo ICE, pós graduada na área comercial. Experiência de 8 anos em
comércio. Sócia proprietária do empreendimento. Atuará na gerência
financeira, administrativa e contábil da empresa.
Anelisa Adriane Albrecht Reus, médica veterinária, formada pela
UFMT, 12 anos de experiência e atuação em atendimento médicos. Sócia
Proprietária do empreendimento. Atuará na gerência dos serviços de banho e
tosa, atendimento a consultas e vacinas.
2.0. DESCRIÇÃO DO MERCADO
2.1. CONCORRENTES
EMPRESA: Dugil
ENDEREÇO: Av. Fernando Corrêa da Costa Nº 2134, Jd Petrópolis
CARACTERÍSTICA: Uma loja ampla, bem arejada, porém, altos preços, grande
porte.
EMPRESA: Late e Mia
ENDEREÇO: Av Brasília, 139, Shopping 3 Américas, Jd das Américas
CARACTERÍSTICA: Duas lojas pequenas, pouca estrutura, preços baixos,
grande porte.
148
EMPRESA: Pronto Vet
ENDEREÇO: Av das Torres Nº 5323, Recanto dos Pássaros
CARACTERÍSTICA: Uma loja, pequena com pouca estrutura, médio porte.
EMPRESA: Agropatas
ENDEREÇO: Av das Palmeiras Nº2333, Jd Imperial
CARACTERÍSTICA: Uma loja, diferencial no atendimento, médio porte.
2.2. CONSUMIDORES
Utilizarão dos nossos serviços e produtos todos os proprietários de
animais de estimação: gatos e cachorros, que por sua vez se preocupam em
dar conforto e cuidar da saúde de seus animais.
2.3. FORNECEDORES
Fornecedor: Royal Cannin
Localização: Curitiba - PR
Prazo de entrega: 10 dias
Forma de pagamento: A vista, 1 + 3 vezes sem juros, acima de 3 até 9 vezes
com juros.
Fornecedor: Wiscas
Localização: Manaus - AM
Prazo de entrega: 15 dias
Forma de pagamento: A vista ou 1 + 3 vezes sem juros.
Fornecedor: XisDog
Localização: São Paulo - SP
Prazo de entrega: 30 dias
Forma de pagamento: A vista ou 1 + 5 vezes com juros.
Fornecedor: Distribuidora S&M
149
Localização: Cuiabá - MT
Prazo de entrega: Imediata
Forma de pagamento: A vista, 1 + 3 sem juros, acima de 4 vezes até 10 vezes
com juros.
3.0. MISSÃO DA EMPRESA
“Oferecer qualidade e conforto, priorizando o bom atendimento e bem
estar para o mundo animal”.
4.0. VISÃO DA EMPRESA
“Ser a melhor e mais conceituada empresa no ramo, aliando
tecnologia com segurança e praticidade, oferecer produtos e serviços com
qualidade, honestidade e rapidez com expectativa de expansão para os
próximos 2 anos”.
5.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
5.1. PLANO DE NEGÓCIO
O plano de negócio é o instrumento ideal para traçar um retrato fiel do
mercado, do produto e das atitudes do empreendedor, o que propicia
segurança para quem quer iniciar uma empresa verificando a viabilidade do
negócio ou para quem deseja ampliar ou expandir o seu empreendimento.
Segundo Rosa (2007, p.8), “Um plano de negócio é um documento
que descreve por escrito os objetivos de um negócio e quais passos devem ser
dados para que esses objetivos sejam alcançados, diminuindo os riscos e as
incertezas. Um plano de negócio permite identificar e restringir seus erros no
papel, ao invés de cometê-los no mercado”.
De acordo com Dornelas (2005, p.99) com o plano de negócios, é
possível:
• Entender e estabelecer diretrizes para o seu negócio;
150
• Gerenciar de forma mais eficaz a empresa e tomar decisões acertadas;
• Monitorar o dia-a-dia da empresa e tomar ações corretivas quando
necessário;
• Conseguir financiamentos e recursos junto a bancos, governo, SEBRAE,
investidores, capitalistas de risco etc.
• Identificar oportunidades e transformá-las em diferencial competitivo para a
empresa;
• Estabelecer uma comunicação interna eficaz na empresa e convencer o
público externo (fornecedores, parceiros, clientes, bancos, investidores,
associações etc.).
Chiavenato (2004, p.136), cita algumas utilidades do plano de
negócio:
• Cobre todos os aspectos internos e externos do negócio;
• Abrange todos os aspectos atuais e futuros do negócio; funciona como uma
visão integrada e sistematizada do negócio;
• Serve como um guia abrangente para a condução do negócio;
• Informa o mercado – principalmente investidores, bancos e financeiras – a
respeito do negócio;
• Divulga aos parceiros internos e externos as características do negócio;
• Funciona como um meio de avaliação dos desdobramentos do negócio.
O plano deverá ser feito no papel, de preferência à lápis, pois, é
passível de alterações no decorrer do processo. Ajustes ou correções serão
normais e até essenciais para o sucesso do projeto. A mudança de cenário no
mercado, novas leis e regras é uma rotina na qual os futuros e atuais
empresários devem estar dispostos e aptos a encarar adequando-se às
exigências impostas.
De fato é possível adquirir estes benefícios com a implantação do
plano de negócios, desde que seja bem elaborado. As informações são a
matéria-prima de qualquer plano de negócio, portanto, pesquise e procure
conhecer tudo sobre o seu setor. Informações podem ser obtidas em jornais,
151
revistas, feiras, associações, outros empresários do ramo, na Internet ou com
clientes e fornecedores potenciais.
Com a implantação do plano de negócio, principalmente quando se
trata de uma nova empresa, os fornecedores sentem mais segurança em
fornecer os seus produtos, conhecendo o projeto, podem também avaliar a
perspectiva de crescimento do novo negócio.
5.2. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
De acordo com Almeida (2003, p. 13) “Planejamento estratégico é
uma técnica administrativa que procura ordenar as idéias das pessoas, de
forma que se possa criar uma visão do caminha que se deve seguir. Depois de
ordenar as idéias, são ordenadas as ações, que é a implementação do Plano
Estratégico, para que, sem desperdício de esforços, caminhe na direção
pretendida”.
Tavares (2000, p.327) diz que “Estratégia tem sido definida também
de forma mais restrita como a busca deliberada de um plano de ação para
desenvolver e ajustar a vantagem competitiva de uma empresa”.
Segundo Kotler (2000, p.86), “O planejamento estratégico é o
processo gerencial de desenvolver e manter um ajuste viável entre objetivos,
habilidades e recursos de uma organização e as oportunidades de um mercado
em continua mudança”.
O planejamento estratégico vem se tornando alvo comum nas
empresas de pequeno, médio e grande porte. Quando se tem um planejamento
adequado e coerente, as chances do empreendimento ter sucesso é bem
maior. A procura por empresas e profissionais que prestam serviços de
consultoria neste ramo está cada vez maior. É um investimento necessário e
com retornos positivos para os empreendedores.
152
5.2.1. Missão
De acordo com Chiavenato (2004, p.45) “A missão de uma empresa é
a razão de ser pela qual ela foi criada e desenvolvida. Significa o papel que a
empresa assume na sociedade em que está inserida”.
Segundo Almeida (2003, p.15) “A missão é a razão de ser da
entidade e serve para delimitar seu campo de atuação, como também para
indicar as possibilidades de expansão de suas ações”.
Tavares (2000, p.180) diz que “A missão delimita sua atuação no
espaço de negócio escolhido”.
A missão é a razão pela qual a empresa foi criada, ou seja, o motivo,
os propósitos do empresário no seu dia a dia, de que forma ele irá atender, e
também qual a intenção dele com a sociedade e consumidores.
As empresas colocam como visão algo agradável aos olhos do
consumidor, isso traz uma certa segurança para os clientes. O que ocorre é a
dificuldade em fazer com que todos os colaboradores tenham ciência e
cumpram o que diz na missão da empresa. Todos os colaboradores devem ter
conhecimento deste propósito da empresa.
5.2.2. Visão
Sobre a visão, Chiavenato (2004, p.45) diz: “A visão reflete o projeto
de futuro de uma empresa ou empreendimento”.
De acordo com Almeida (2003, p.16) “A visão não é apenas um
grande objetivo, mas um desafio e deve, também, indicar como atingi-lo. Em
uma organização onde as pessoas têm a visão estratégica, não é necessário
que se determine tudo o que elas devem fazer, pois a visão orienta as ações”.
Segundo Tavares (2000, p.175) “A visão é uma projeção das
oportunidades futuras do negócio da organização, para permitir uma
concentração de esforços em sua busca”.
153
A visão é algo que a empresa almeja alcançar em longo prazo, são os
sonhos dos empresários quando criaram as suas empresas. Os colaboradores
também são responsáveis pela concretização da visão, porém, está mais
atrelada às atitudes e decisões dos sócios, no que tange às expansões dos
negócios, modernização dos estabelecimentos, criar novos produtos ou novos
serviços etc.
5.2.3. Ambiente Interno
Kotler (2000, p. 100), diz que “Cada negócio precisa avaliar
periodicamente suas forças e fraquezas internas”.
Segundo Tachizawa e Resende (2000, p.148), “É constituído pelas
aspirações e pelos valores das pessoas que compõem a instituição (gestores,
técnicos e funcionários), e esses critérios são algo próprios das pessoas, não
podem ser alterados por uma mera decisão de cima para baixo, mas, ao
contrário, a instituição de ensino precisa conhecer ambiente interno para poder,
através de sua estratégia, direcioná-los para aproveitar as oportunidades que
essas aspirações e valores poderão trazer, bem como evitar possíveis
ameaças”.
De acordo com Ferrel (2000, p.53), “É uma avaliação critica do
ambiente interno atual e futuro da empresa em relação aos seus objetivos e
desempenho, à alocação de recursos, às características estruturais e às lutas
políticas e de poder”.
Um ambiente interno saudável faz toda a diferença na qualidade do
clima organizacional. As empresas têm resultados melhores e mais produtivos
com equipes trabalhando em um clima agradável, isso motiva as pessoas e faz
com que elas trabalhem com entusiasmo e satisfeitas.
a) Pontos Fortes
Segundo Oliveira (2004, p.89), “São as variáveis internas controláveis
que propiciam uma condição favorável para a empresa, em relação ao seu
ambiente”.
154
De acordo com Ferrel, (2000, p.34) “As forças referem-se aos fatores
que permitem à empresa alguma vantagem em atender as necessidades de
seus mercados-alvos, isto é, uma vantagem competitiva”.
Las Casas (2006, p.67), define que “São todos os fatores que
apresentam vantagem competitiva da empresa em relação aos concorrentes ou
ao exercício de quaisquer atividades”.
Os empresários devem, em primeiro lugar, conhecer os pontos fortes
de sua organização, para depois explorar e aproveitar as oportunidades de
obter sucesso. Muitas empresas não conhecem seus pontos fortes e acabam
perdendo esta grande vantagem para a concorrência.
b) Pontos Fracos
De acordo com Ferrel (2000, p.34), “As fraquezas referem-se a
quaisquer deficiências que uma empresa possa ter no desenvolvimento ou na
implementação de sua estratégia de marketing. Elas devem também ser
examinadas de uma perspectiva dos consumidores, porque estes,
freqüentemente as percebem, e a empresa não”.
Segundo Oliveira (2004, p.89), “São as variáveis internas e
controláveis que provocam uma situação desfavorável para a empresa, em
relação ao seu ambiente”.
Las Casas (2006, p.67), escreve que “São todos os aspectos que
interferem negativamente nessa capacidade”.
Os pontos fracos são importantíssimos para a boa gestão do negócio.
Quando for identificado um ponto fraco, os gestores devem focar e direcionar
todas as atenções dos colaboradores a fim de diminuir ou sanar este ponto
fraco. Muitos destes pontos fracos podem ser revertidos, inclusive, para um
ponto forte, desde que tenha obtido bons resultados com o trabalho realizado.
5.2.4. Ambiente Externo
Segundo Kotler (2000, p.98), “A administração precisa identificar as
oportunidades e ameaças a cada tendência ou desenvolvimento”.
De acordo com Ferrel (2000, p.43), “É a avaliação do ambiente
externo, que inclui todos os fatores externos, como os competitivos,
155
econômicos, políticos, sócio-culturais, tecnológicos e legais/regulamentadores,
que podem exercer pressões consideradas diretas ou indiretas sobre as
atividades”.
Tavares (2000, p.56), afirma que “Em dado momento, um ou mais
desses fatores tornam-se críticos, exigindo uma resposta contingencial da
organização. Sua sobrevivência e desenvolvimento estão diretamente
relacionados à sua capacidade de lidar com eles, nessas situações”.
No ambiente externo, estão envolvidas todas as questões que
rodeiam a empresa como, aspectos culturais, pressões do governo e da
sociedade, evolução tecnológica, competitividade, tendências etc. pode ser
consideradas oportunidades ou ameaças, tudo depende da forma e da
competência com que a empresa é gerida. As empresas devem ter a
capacidade de lidar com todos estes pontos, para não correr riscos.
a) Oportunidades
Segundo Kotler (2000, p.98), “Uma oportunidade existe quando a
empresa pode lucrar ao atender as necessidades dos consumidores de um
determinado segmento”.
De acordo com Ferrel (2000, p.34), “As oportunidades referem-se às
condições favoráveis no ambiente que podem produzir recompensas para a
organização, se ela for adequadamente afetada”.
Já Oliveira (2002, p.95), diz que “A oportunidade devidamente
usufruída pode proporcionar aumento dos lucros a empresa, enquanto uma
ameaça não administrada pode acarretar diminuição nos lucros previstos, ou
mesmo prejuízos para empresa.”
As oportunidades devem ser aproveitadas e exploradas ao máximo,
pois representa uma maior chance de lucratividade na empresa. Por exemplo,
se a empresa tiver uma oportunidade de vender um produto novo que está em
156
alta na mídia, ela deve explorar e colocar este produto em evidência, para
vender mais e aproveitar a oportunidade de fazer mais negócios.
b) Ameaças
De acordo com Ferrel (2000, p.34), “As ameaças referem-se ás
condições ou as barreiras que podem impedir a empresa de atingir seus
objetivos”.
Oliveira (2002, p.65), afirma que “São as variáveis externas e não
controláveis pela empresa que podem criar condições desfavoráveis para a
mesma”.
Segundo Kotler (2000, p.98), “É um desafio imposto por uma
tendência ou desenvolvimento desfavorável que levaria, na ausência de uma
ação de marketing defensiva, á deterioração das vendas ou dos lucros”.
As ameaças são constantes na vida de uma empresa. Os
empresários e gestores devem estar preparados para enfrentar os obstáculos
que podem ser impostos em seu caminho. O importante é não deixar estas
ameaças impedirem o crescimento da organização por medo de enfrentá-las.
5.3. POLÍTICA DE GESTÃO DE PESSOAS
Segundo GIL (2001, p.17), “Gestão de pessoas é a função gerencial
que visa à cooperação das pessoas que atuam nas organizações para o
alcance dos objetivos tanto organizacionais quanto individuais”.
De acordo com Chiavenato (1999, p.6), “Ela é contingencial e
situacional, pois dependem de vários aspectos como a cultura que existe em
cada organização a estrutura organizacional adotada, as características do
contexto ambiental, o negócio da organização, a tecnologia utilizada, os
processos internos e uma infinidade de outras variáveis importantes”.
Souza e Ferreira (2000 p. 111), diz que “Tem como objetivo
fundamental tornar a relação entre o capital e o trabalho, no âmbito das
organizações, a mais produtiva e menos confusa possível”.
A gestão de pessoas é um desafio gigante para o empresário ou
departamento de recursos humanos. Justamente por ter que lidar com
157
pessoas, (seres humanos que cada um tem uma característica, cultura, jeito,
um perfil diferente) é que torna esta tarefa trabalhosa.
O maior desafio é manter os colaboradores motivados e otimistas
para alcançar os objetivos da empresa. Com dedicação e responsabilidade, é
possível atingir bons resultados.
5.3.1. Estrutura Funcional
Segundo Banov (2008, p.10) “A estrutura define como as atividades
de uma organização são realizadas e comandadas. As organizações possuem
estruturas diferentes que afetam as atitudes e o comportamento das pessoas
que se relacionam com a organização”.
Segundo Tavares (2000, p.243), “Constitui-se no segundo nível de
relacionamento da organização. Se dá no nível de cumprimento de suas
atividades comerciais, financeiras, prestação de serviço e suprimentos. Seu
impacto maior na organização é parcial, estando geralmente, ligados, às áreas
de marketing, finanças, recursos humanos e produção”.
De acordo com Marras (2004, p.42) “A tendência atual das
organizações é ainda a de manter estruturas tradicionais ou
departamentalizadas”.
A estrutura envolve uma série de particularidades de cada empresa.
Geralmente, a estrutura é o retrato do gestor ou do proprietário, os
procedimentos e até a estrutura física da empresa é feita de acordo com o
perfil do gestor. Uma empresa com gestores organizados, certamente será
organizada.
5.3.2. Políticas Internas
Bulgacov (1999 pag. 363), ”Modelo sistêmico de gestão de pessoas é
o mais apropriado para receber as possíveis inter-relações, no uso dos
instrumentos de gestão”.
158
Gil (2001, p.91), “Como as pessoas constituem o mais importante
ativo de que dispõem as organizações, devem ser recrutadas e selecionadas
com a maior competência possível, já que falhas neste processo podem
comprometer outras ações a serem desenvolvidas posteriormente.
Tavares (2000, p. 209), ”Refere-se à arte da ciência de governar.
Derivam daí as relações de poder, a estabilidade, o crescimento e o
desenvolvimento de uma nação”.
Cada empresa tem uma maneira diferente de conduzir sua equipe.
Até mesmo as franquias, que teoricamente são todas idênticas uma das outras,
cada uma têm suas particularidades do dia a dia. As políticas internas estão
diretamente ligadas na cultura da empresa, por isso existe esta variação de
uma empresa para outra.
a) Recrutamento
Chiavenato (2004, p.98) diz que “O recrutamento é uma ação externa
da empresa para influenciar o mercado de recursos humanos e dele obter os
candidatos de que necessita para suprir as suas lacunas”.
Segundo Gil (1994, p.46) “Com base na descrição da função, o
selecionador define o perfil do indivíduo adequado para preenchê-la. A partir
daí cabe-lhe determinar onde poderão ser encontrados os candidatos mais
adequados.
Bulgacov (1999, p.363) afirma “O gestor de pessoas deve ter um nível
elevado de informações sobre os profissionais que atuam na organização, para
poder tomar a melhor decisão na escolha do futuro ocupante do cargo”.
O recrutamento é um processo de extrema importância para as
grandes empresas, é através dele que os candidatos são atraídos para as
entrevistas, os candidatos que apresentarem habilidades e qualidades
esperadas pela empresa são escolhidos para um processo seletivo mais
detalhado. Existem diversas formas de recrutamento, algumas empresas
159
divulgam suas vagas pelo próprio site, outras utilizam o telefone, em cidades
pequenas é comum a divulgação por meio de rádios locais ou por cartazes.
Muitos colaboradores têm um potencial elevadíssimo, porém, não
conseguem se destacar na empresa. Muitas vezes os gestores não enxergam
as aptidões dos seus colaboradores e acabam por inibir as possibilidades de
crescimento dentro da empresa, também acontece do próprio colaborador não
demonstrar as reais capacidades e habilidade que possui, gerando assim a
insatisfação de ambas as partes.
O gestor ou supervisor de equipes deve ter a capacidade de conhecer
e identificar os potenciais de todos os seus liderados. As empresas podem
estar perdendo tempo e dinheiro buscando alguém no mercado, sendo que
podem ter dentro de seu quadro a pessoa ideal que estão procurando.
b) Seleção
Segundo Chiavenato (2004, p.103) “A seleção implica uma
comparação e uma escolha. Comparação entre as características de cada
candidato com o padrão de referência que são as especificações do cargo”
Sobre o assunto Bulgacov (1999, p.364) diz “O processo de seleção é
composto por etapas a serem desenvolvidas para escolher os candidatos que
apresentam a melhor e mais adequada qualificação profissional para o cargo”.
Gil (1994, p.45), destaca que “Uma seleção adequada é feita a partir
de critérios que podem ser definidos a partir da função para a qual se deseja
selecionar as pessoas”.
Na seleção é possível identificar se o perfil do candidato interno ou
externo se enquadra na necessidade da empresa. Este perfil é traçado com
base no currículo, experiências profissionais, forma com que a pessoa se
comunica e outras técnicas utilizadas para tomar melhor decisão possível. Por
exemplo, para um cargo de vendedor no comércio, o perfil terá que ser de
pessoas comunicativas, persuasivas, simpáticas etc. enquanto que para um
160
cargo de auxiliar administrativo, serão necessárias outras qualidades como,
atenção, concentração, criatividade etc.
Depois da seleção, normalmente vêm o processo de entrevista
pessoal com o candidato, e é neste processo que ficará mais evidente as
qualificações e habilidades do candidato facilitando assim, a tomada de
decisão para a contratação.
c) Treinamento
De acordo com Chiavenato (2004, p.159) “O treinamento é o ato
intencional de fornecer os meios para proporcionar a aprendizagem.
Aprendizagem é uma mudança no comportamento humano decorrente de
novos conhecimentos, novas habilidades, nova atitudes e novos conceitos”.
Segundo Gil (1994, p.72) “O treinamento pode voltar-se para o
conteúdo ou para o processo. No primeiro caso, enfatiza a aquisição de
conhecimentos. No segundo, volta-se para a mudança de atitudes e o
desenvolvimento das relações interpessoais. Também se verificou
treinamentos mistos voltados tanto para o conteúdo quanto para o processo”.
Bulgacov (1999, p.394) descreve que “O processo de treinamento e
desenvolvimento de pessoas é um ciclo que deve ser administrado
continuamente”.
As empresas que investem em programas de treinamentos periódicos
e contínuos têm uma melhor eficiência e eficácia nos resultados. Eles servem
tanto para ensinar os novos colaboradores, como também para atualizá-los dos
procedimentos cotidianos.
As mudanças de mercado e os “vícios” adquiridos ao longo do tempo
fazem com que os colaboradores mudem algumas rotinas de procedimentos, e
isto acontece muitas vezes sem perceber. A continuidade dos treinamentos é
essencial para evitar estes tipos de mudanças indesejadas nos procedimentos
e estabelecer normas e rotinas.
d) Avaliação de desempenho
161
Chiavenato (2004, p.164) escreve que “Serve para verificar se os
sintomas desapareceram ou se ainda persistem”.
Bulgacov (1999, p.376) afirma “A avaliação de desempenho justifica-
se porque facilita e viabiliza alguns procedimentos em relação ao ocupante do
cargo e à empresa. Por meio dela, é possível uma melhor adequação do
indivíduo ao cargo, determinar mais claramente as carências que indicam
necessidades de treinamento, identificar o potencial humano dos empregados
e facilitar as ações de promoções, transferências, dispensas, entre outros”.
Segundo Gil (1994, p.84) “É importante para uma organização manter
um sistema de avaliação de desempenho tecnicamente elaborado”.
Do mesmo modo que o recrutamento interno ajuda a descobrir
colaboradores com aptidões para determinados cargos, a avaliação de
desempenho também ajuda a conhecer o perfil destes colaboradores, porém a
avaliação de desempenho é um pouco mais específica e aprofunda mais nos
conhecimentos e habilidades.
e) Forma de remuneração e benefício
Segundo Chiavenato (2004. p.276) “As pessoas tendem a procurar
empresas nas quais as recompensas são mais elevadas. Alem de atrair
pessoal competente, o sistema de remuneração serve também para retê-lo na
empresa no longo prazo”.
Toledo (1988, p.42) destaca que “Essa área passa a desempenhar
um papel vital para a sobrevivência de toda área de recursos humanos”.
Bulgacov (1999, p.387) cita alguns objetivos dos benefícios sociais:
a) procura propiciar a melhoria na qualidade de vida dos
colaboradores;
b) aumenta as condições de melhoria no clima organizacional;
c) reduz custos com absenteísmo em turn over (rotatividade de
pessoal);
d) cria condições de atrair e manter os colaboradores;
162
e) de uma forma geral, contribui para aumentar a produtividade.
Os benefícios são estímulos eficientes para manter bons e motivados
colaboradores. Alguns benefícios como, plano de saúde, tiket de alimentação,
entre outros, podem ser deduzidos do imposto de renda da empresa, o que
incita os empresários a oferecer tais benefícios.
As pessoas tendem a procurar as empresas que oferecem benefícios
porque serve também como complemento de salário. Se um ótimo candidato
está com duas propostas de emprego, certamente ele avaliará o salário, as
condições de trabalho, a reputação da empresa e também os benefícios
oferecidos, que podem ser o ponto decisivo em sua escolha.
5.4. PLANEJAMENTO DE MARKETING
Segundo Ferrel, (2000, p.25), “O plano de marketing é um relatório ou
documento que expõe as informações detectadas no processo de
planejamento”.
Kotler (2000, p.86), diz que “É o processo gerencial de desenvolver e
manter um ajuste viável entre objetivos, habilidades e recursos de uma
organização e as oportunidades de um mercado em contínua mudança. Têm
como finalidade dar forma aos negócios e produtos de uma empresa, de modo
que possibilitem os lucros e o crescimento almejados”.
Para Las Casas (2006, p.13), “É o processo gerencial de desenvolver
e manter uma direção estratégica que alinhe as metas e os recursos da
organização com suas mutantes oportunidades de mercado”.
O Plano de Marketing é uma ferramenta de gestão que deve ser
regularmente utilizada e atualizada, pois permite analisar o mercado,
adaptando-se as suas constantes mudanças e identificando tendências.
Conhecendo seu mercado você será capaz de traçar o perfil do seu
consumidor, tomar decisões com relação a objetivos e metas, ações de
divulgação e comunicação, preço, distribuição, localização do ponto de venda,
produtos e serviços adequados ao seu mercado.
5.4.1. Marketing Estratégico
163
Segundo Cobra (1997, p.132), ”As formas de atuação de empresa, ou
caminhos seguidos, voltados constantemente para a análise dos seus
mercados de referência ou público-alvos, de modo a identificar produtos e
segmentos de mercados atuais e potenciais, levando-se em consideração os
pontos fracos e fortes próprios e de seus concorrentes”.
Já Kotler (2000, p.108), afirma que “Consiste em estar analisando
oportunidades de marketing, pesquisando e selecionando mercados-alvos,
delineando estratégias, planejando e organizando programas, implementando e
controlando o esforço de marketing”.
De acordo com Ferrel (2000, p.36), “A estratégia de marketing refere-
se a como a empresa gerenciará seus relacionamentos com os consumidores,
de maneira que obtenha vantagem sobre a concorrência”.
A estratégia de marketing é extremamente importante para otimizar a
marca e evitar desperdícios. Um marketing feito em canal errado pode gerar,
além de desperdícios, insatisfações por não dar o retorno esperado pela
empresa. As empresas que trabalham com estratégias, têm um grande
diferencial perante o mercado e destacam-se pelos bons resultados.
a) Mercado consumidor
Segundo Bulgacov (1999, p.156) “Podemos chamar de mercado
consumidor a formação de indivíduos o conjunto de indivíduos que adquirem
produtos ou serviços para seu consumo pessoal”.
Nickels e Wood (1999, p.104) citam que “O comportamento do
consumidor compreende todas as decisões e atividades do consumidor ligadas
à escolha, compra, uso e descarte dos bens e serviços”.
De acordo com Kotler (2000, p.183) “O comportamento de compra do
consumidor é influenciado por fatores culturais, sociais, pessoais e
psicológicos. Os fatores culturais exercem a maior e mais profunda influência”.
164
A reputação que os consumidores têm da empresa é fundamental
para que a escolha de onde ele irá comprar. A propaganda “boca a boca” é a
que traz maiores repercussões negativas, considerando que um cliente bem
atendido dificilmente elogia a forma de que foi atendido, mas um cliente mal
atendido ou insatisfeito tende a comentar o episódio com todos em seu
convívio.
É necessário fazer uma segmentação do mercado consumidor, ou
seja, identificar o consumidor, saber em qual perfil ele se enquadra, isso
possibilita uma oportunidade econômica. Esta identificação, normalmente é
feita pelas empresas com as seguintes variáveis:
Geográfica: Requer a divisão do mercado em diferentes unidades geográficas,
como nações, estados, regiões, condados, cidades ou bairros. A empresa pode
atuar em uma, em algumas ou em todas as áreas geográficas, prestando
atenção nas variações locais.
Demográfica: O mercado é dividido em grupos de variáveis básicas, como
idade, tamanho da família, ciclo de vida da família, sexo, rendimentos,
ocupação, nível de instrução, raça, religião, geração, nacionalidade e classe
social. As variáveis demográficas são as bases mais usadas para se distinguir
grupos de clientes.
Psicográfica: Os compradores são divididos em diferentes grupos, com base
em seu estilo de vida, sua personalidade e seus valores.
Comportamental: Os compradores são divididos em grupos com base em seus
conhecimentos de um produto, em sua atitude com relação a ele, no uso dele
ou na resposta a ele. (ocasiões, benefícios, status do usuário, índice de
utilização, status de fidelidade, estágio de prontidão e atitudes em relação ao
produto).
b) Mercado fornecedor
165
Bulgacov (1999, p.155) descreve “Os fornecedores têm grande
influência sobre o sucesso da empresa, pois mediante seus insumos, sejam
produtos ou serviços, a empresa pode realizar a transformação e disponibilizar
ao mercado seus próprios produtos ou serviços”.
Nickels e Wood (1999, p.48) destacam que “Reunir um grupo de
fornecedores leais e capazes leva tempo, paciência e marketing interno”.
De acordo com Kotler (2000, p.223) “A tarefa do fornecedor de
produtos empresariais é fazer uma oferta que proporcione um elevado valor
para o cliente”.
Através das parcerias com os fornecedores conseguimos maiores
prazos, melhores preços e assim, repassar estes benefícios aos clientes com
bons preços e ter a oportunidade de oferecer melhores condições para
pagamento aos clientes.
As fusões e parcerias entre grandes empresas têm se tornado
freqüente no Brasil e no exterior, a principal vantagem é de se tornarem mais
fortes, com maior poder de barganha e ter a oportunidade de comprar em
volumes maiores, conseguindo assim, melhores preços para revenda.
c) Mercado concorrente
Segundo Bulgacov (1999, p.155) “É essencial conhecermos seus
pontos fortes e fracos, pois encontraremos vulnerabilidades que poderemos
explorar e potencialidades contra as quais devemos nos precaver”.
De acordo com Kotler (2000, p.241) “Nos últimos anos, muitas
empresas não perceberam que seus concorrentes mais temíveis estão na
internet”.
Souza (2007, p.130) afirma “No mundo moderno, tudo concorre com
tudo”.
166
Os concorrentes existentes disputam uma posição mais rentável no
setor em que atuam utilizando-se de inúmeras estratégias. As estratégias mais
comuns e utilizadas são: as guerras de comunicação, logística ou distribuição,
competição via preços e serviços agregados ou produtos/serviços
diferenciados.
A concorrência está cada vez mais acirrada. As empresas devem
adotar estratégias muito convincentes para conseguir novos clientes e manter
clientes antigos.
5.4.2. Marketing Tático
Segundo Souza e Ferreira (2000, p.38), “Tem como função primordial
traduzir as decisões estratégicas em ações a serem empreendidas pelos
diversos setores da organização”.
Ferrel (2000, p.96), afirma que “O gerente de marketing deve
estabelecer corretamente o preço para atingir o equilíbrio correto entre as
necessidades dos consumidores, as soluções alternativas e necessidades de a
empresa cobrir seus custos diretos e indiretos e ainda obter um lucro
aceitável”.
De acordo com Kotler (2000, p.401), “É quando as empresas utilizam
um mix de marketing padronizado, ou seja, a padronização do produto, da
propaganda e dos canais de distribuição, do qual permitem custos mais baixos.
A empresa adapta elementos do mix de marketing para cada mercado-alvo”.
O macroambiente, ambiente de marketing, ambiente da empresa, os
4ps, são os principais alvos dentro do marketing tático. Os profissionais de
marketing devem estar atualizados e antenados com todas estas questões,
pois, são estratégias que ajudam a alcançar os objetivos esperados pela
empresa.
167
a) Preço de venda
Segundo Bulgacov (1999, p.174) “A decisão de estabelecer o preço
de lançamento de um produto no mercado é muito importante, pois nela estão
envolvidos os custos de fabricação e a margem de lucro desejada, os preços
dos concorrentes e a reação dos consumidores aos preços que se pretende
determinar”.
Souza (2007, p.286) diz que: “O que os novos consumidores – nós,
os camagurus sensíveis – julgam caro ou barato envolve uma multiplicidade de
variáveis, das quais o valor numérico é a última a se considerar”.
Kotler (2000, p.491) destaca que “O preço deve ser coerente com as
políticas de preço da empresa. Muitas empresas estabelecem um
departamento de preços para elaborar políticas e propor ou aprovar decisões.
A finalidade é assegurar que a força de vendas trabalhe com preços razoáveis
para os clientes e rentáveis para a empresa”.
As empresas tentam estimar o impacto sobre os lucros de um preço
mais alto, mas são forçados a diminuir os preços por conta da concorrência ou
da falta de procura pelos produtos com altos preços.
Os consumidores estão cada vez mais exigentes, preferem pagar
mais caro por um produto que traga algum benefício adicional, seja ele material
ou no próprio atendimento.
b) Produto
Segundo Souza (2007, p.223) “Na décima primeira geração do
Marketing, as empresas modernas nunca se deixam apaixonar por produtos;
concentram-se, isto sim, nos serviços que seus produtos prestam, porque são
apenas esses serviços que interessam, encantam, magnetizam e movem as
pessoas em suas direções”.
168
Ferrel, (2000, p.94), “É um conjunto de características e vantagens
que têm a capacidade de satisfazer às necessidades e os desejos dos
consumidores, entregando, assim, benefícios valiosos”.
Kotler (2000, p.312) diz que “A durabilidade, uma mensuração da vida
operacional esperada do produto sob condições naturais ou excepcionais, é um
atributo valioso para determinados produtos”.
O produto é o desejo do cliente, é o motivo pelo qual os consumidores
entram nas lojas. Muitas pessoas sonham com um determinado produto e
quando entram na loja para comprar esperam ser muito bem atendidos. As
empresas que conseguem oferecer um bom atendimento estão conquistando
esta nova geração de consumidores. Não só o atendimento, mas os custos-
benefícios atraem e fidelizam os clientes.
c) Ponto de venda – formas de distribuição
Souza (2007, p.172) define que “Empresas e profissionais de
marketing, quando analisam o ambiente onde pretendem atuar, reservam
especial atenção para o Sistema da Distribuição, que compreende todos os
mecanismos de comercialização de produtos e serviços, independentes ou
ligados a outras empresas e instituições, que podem ser por eles utilizados”.
Sobre o assunto Kotler (2005, p.76) afirma: “Todas as empresas
devem pesquisar meticulosamente as diferentes alternativas de canais
disponíveis para distribuir seus produtos”.
Segundo Nickels e Wood (1999, p.288) “Um dos fatores mais críticos
para o sucesso do varejo é a localização. No entanto, uma localização que é
correta hoje em dia pode não o ser amanhã, como resultado de mudanças nos
hábitos de consumo dos clientes, tendências populacionais, valores dos
imóveis e concorrência”.
Uma série de questões logísticas deverá ser avaliada no momento da
decisão do ponto de venda. Uma delas é a distância que se está do seu público
169
alvo, por exemplo, o empresário monta uma loja de ótica longe de todas as
clínicas oftalmológicas da cidade, é certo que o cliente irá escolher a empresa
onde melhor lhe convier para efetuar sua compra. Outro ponto importante é a
distância da loja do Centro de Distribuição (CD). Existem empresas que abrem
filiais em cidades pequenas, de população humilde, com a intenção de
“aproveitar” o roteiro do caminhão de entrega, acontece que por ser uma
cidade pequena, com poucas opções de negócios onde normalmente já
existem as lojas que as pessoas costumam comprar, acaba por não conseguir
manter as portas abertas por muito tempo.
No ponto de venda devem ser estudadas todas as vulnerabilidades e
inconveniências que podem acontecer.
5.4.3. Estratégias de Venda
Segundo Las Casas (2006, p.318), “Um dos pontos básicos para a
determinação de estratégia é o conhecimento dos consumidores”.
Ferrel (2000, p.102), afirma que “A importância dos bons serviços de
apoio tem aumentado em anos recentes, levando muitas empresas a preparar
os serviços aos consumidores tão cuidadosamente como desenhar os
produtos”.
De acordo com Kotler (2000, p.638), “As empresas devem definir os
objetivos específicos que elas esperam que sejam alcançados por sua força de
vendas e avaliam seus vendedores não somente pelo volume de vendas, mas
também pela capacidade de criar satisfação do cliente e gerar lucro”.
A propaganda é uma das principais ferramentas para ter sucesso nas
vendas. Os clientes são influenciados por descontos e planos longos.
Momentos sazonais como natal e páscoa são aproveitados ao
máximo para ter um volume de vendas grande e com isso, aumento na
rentabilidade da empresa.
170
a) Atendimento ao cliente – Venda e pós venda
Souza (2007, p.300) diz que “Quando cada uma das pessoas que
constituem o “people” de uma empresa conhece a organização onde trabalha,
sabe aonde pretende chegar e o que é sua responsabilidade, ela adquire
confiança e produz mais, excede”.
Chiavenato (2004, p. 20), “A pós-venda é a fase posterior à venda ao
cliente. Pode receber vários nomes como: assistência técnica, atendimento ao
consumidor atendimento ao cliente”.
Segundo Nickels e Wood (1999, p.381) “Após a venda, o vendedor
(ou membro das equipes de vendas) faz o acompanhamento para certificar-se
de que o cliente está satisfeito”.
Todas as empresas têm o desejo prestar um bom atendimento,
normalmente até faz parte da missão e da visão delas, porém, o atendimento
com qualidade não depende diretamente do sócio ou proprietário da empresa,
está mais ligado às responsabilidades de cada colaborador e também do
departamento de recursos humanos, que deve ministrar treinamentos
periódicos a fim de conseguir que todos prestem um bom atendimento.
Os clientes confiam mais em vendedores ou empresas que conseguem
prestar um atendimento com atenção, educação, conhecimento sobre o produto e um
atendimento ágil. A fidelização do cliente não é feita só no momento da venda, mas
também no crediário, no caixa, na entrega, na montagem e na cobrança. Se a
empresa tem a intenção de que este cliente retorne a loja para efetuar novas compras,
tem de ministrar treinamentos para toda a equipe envolvida no atendimento de venda
e pós venda. Um procedimento feito de forma errônea poderá por em risco toda a
qualidade dos processos anteriores.
b) Promoções
171
De acordo com Souza (2007, p.243) “É o momento em que, ou a
partir do qual, produtos e serviços ganham vida ou são solenemente ignorados.
Onde se acerta na mosca ou se erra de forma gigantesca e escandalosa”.
Segundo Bulgacov (1999, p.179) “O composto promocional tem a
função, dentro de um programa de ação de marketing, de criar o valor de
comunicação, ou seja, proporcionar informações aos clientes atuais e
potenciais”.
Kotler (2000, p.405) destaca que “As empresas precisam ainda
adaptar técnicas de promoções de vendas aos diferentes mercados”.
As atividades de comunicação, como propaganda, promoção, mala
direta e publicidade, servem para informar o mercado, persuadi-lo ou lembrá-lo
da disponibilidade e dos benefícios do produto. As promoções são
normalmente divulgadas através da mídia, com propagandas impactantes e
chamativas.
c) Política de melhoria e desenvolvimento de novos produtos
Bulgacov (1999, p.307) cita na tabela abaixo as fases do
desenvolvimento do produto:
Fases do desenvolvimento
do produto Questões típicas
1. Elaboração da
estratégia competitiva para o
produto
• Será melhor desenvolver, copiar, importar pronto?
• Quais são os produtos substitutos?
• Quais são os pontos fortes e fracos do produto?
2. Definição do cliente • Quem é o cliente?
• Onde ele pode ser encontrado?
3. Planejamento do
produto
• Quais são as necessidades do cliente?
• Quais dessas necessidades são mais importantes?
• Qual é a posição do produto face aos concorrentes?
4. Projeto do produto • Quais são as características técnicas do produto?
172
• Como projetar estas características em detalhes?
5. Projeto dos processos • Quais processos são necessários para a
fabricação?
• Quais processos são mais econômicos?
6. Projeto das operações • Quais os recursos necessários para a produção?
• Quando deve começar e terminar a produção?
7. Documentação • O que é importante registrar sobre o
desenvolvimento?
• O que pode contribuir para o aperfeiçoamento
futuro?
Segundo Souza (2007, p.232) “Uma vez tendo decolado, um produto
passa a ter vida própria, competindo a elas apenas a sensibilidade de
administrar e acompanhar esse crescimento com pequenas e poucas medidas
de correção de rota”.
De acordo com Nickels e Wood (1999, p.180) “Novos produtos
ajudam a fortalecer os relacionamentos com os clientes atuais e, o que é
igualmente importante, a iniciar relacionamentos com novos clientes”.
Todas estas questões devem ser levadas em consideração no
momento do desenvolvimento de novos produtos. Muitos produtos foram
criados, mas não tiveram sucesso porque não foram analisadas todas as
questões de viabilidade.
A administração de novos produtos requer muita pesquisa e
acompanhamento. Por detalhes pequenos, uma empresa pode deixar de
vender seu produto. Um exemplo pode ser a embalagem, o produto pode ser o
melhor do mercado, mas se a embalagem não for apropriada ou passar uma
imagem negativa ou anti-higiênica, pode por em risco a continuidade do
produto no mercado, daí as necessidades de adequações e correções dos
produtos.
5.5. PLANEJAMENTO FINANCEIRO
173
Segundo Gitman (2002, p.588), “O processo desse planejamento
inicia-se através dos planos financeiros a longo prazo, ou estratégicos, com
finalidade de direcionar a formulação de planos e orçamentos operacionais a
curto prazo, pois e por meio desses planos e orçamentos a curto prazo que se
implementam os objetivos estratégicos a longo prazo da empresa”.
De acordo com Groppelli e Nikbakht (1999, p.319), “É o processo por
meio do qual se calcula quanto de financiamento é necessário pra se dar
continuidade as operações de uma companhia e se decide quando e como a
necessidade de fundos será financiada”.
Chiavenato (2004 p.212), afirma que “É a área da empresa que cuida
dos recursos financeiros. Preocupa-se com dois aspectos importantes: a
rentabilidade e a liquidez”.
As empresas que tem um planejamento financeiro adequado,
dificilmente irão ter problemas. Elaborar um plano financeiro envolve muita
responsabilidade e coerência. O planejamento financeiro é desenvolvido
fundamentalmente por meio de projeções, como estimativa mais aproximada
possível da posição econômico-financeira esperada. Compreende a
programação avançada de todos os planos da administração financeira e a
integração e coordenação desses planos com os planos operacionais de todas
as áreas da empresa.
5.5.1. Investimento
Segundo Welsch (1983, p.234) “Em relação a propostas de
investimentos importantes, a responsabilidade básica pertence à alta
administração”.
De acordo com Atkinson, Banker, Kaplan e Young (2000, p.523) “As
ferramentas e métodos usados no orçamento de capital estão centrados na
comparação entre investimento e retorno”.
174
Neto, (2003 p.275) afirma “As decisões de investimento envolvem a
elaboração, avaliação e seleção de propostas de aplicações de capital
efetuadas como objetivo, normalmente de médios e longos prazos, de produzir
determinado retorno aos proprietários de ativos”.
Os investimentos devem ser feitos de acordo com as necessidades
mais importantes e urgentes. Investir em algo, seja em máquinas,
equipamentos, tecnologia, bem estar para os funcionários etc, pode trazer
riscos se não for bem avaliado.
A avaliação de propostas é essencial para fazer um bom negócio,
principalmente quando se trata de investimentos dentro da empresa. A busca
por melhores preços, prazos e qualidade dos produtos, pode representar
economia para o bolso dos empresários.
5.5.2. Despesas operacionais
De acordo com Welsch (1983, p.177) “Os custos e despesas de cada
unidade administrativa (centro de responsabilidade) devem ser
cuidadosamente planejados na preparação do plano anual de resultados”.
Neto (2003 p.286) diz que “Referem-se a todas as alterações
verificadas nos dispêndios operacionais de uma empresa determinadas pela
decisão de implementação de um investimento”.
Segundo Padoveze (2003, p.90), “São gastos administrativos e de
comercialização, indispensáveis à colocação de produtos no mercado”.
As despesas operacionais são necessárias à atividade e à
manutenção da empresa, portanto, são inevitáveis. As empresas trabalham
com orçamentos de despesas operacionais, justamente porque como são
despesas necessárias, se não forem bem administradas, podem fugir do
controle e tornar-se um grande problema para as finanças da empresa.
175
5.5.3. Receitas de vendas
De acordo com Neto (2003 p. 286) “Representam os volumes
periódicos de recebimento de vendas atribuíveis diretamente a um projeto de
investimento, que serão acrescidos aos resultados operacionais da empresa”.
Segundo Braga (1989, p.53), “Refere-se ao valor das vendas de bens
e serviços, à vista e a prazo, realizado no mercado”.
Matarazzo (1998, p.69), diz que “É constituído pelo valor bruto
faturado. O faturamento representa o ingresso bruto de recursos externos
provenientes das operações normais de venda a prazo ou á vista”.
As receitas de vendas são o valor bruto faturado nas vendas, ou seja
quanto mais a empresa vende, melhor a sua receita e conseqüentemente,
melhor o seu faturamento e possibilidades de investimentos e melhorias do
negócio.
5.5.4. Preço de venda
“A estratégia de preços é um elemento essencial do planejamento de
vendas”, afirma Welsch (1983, p.103).
Segundo Atkinson, Banker, Kaplan e Young (2000, p.357) “A análise
de custo de produto é também significativa quando uma empresa está
decidindo como melhor repartir os recursos entre marketing e promoção,
incluindo quanto de comissão, para prover sua força de vendas com produtos
diferentes, e quanto oferecer de desconto sobre sua lista de preços”.
De acordo com Crepaldi (2000, p. 221) “O preço mínimo, no curto
prazo, será igual, e de preferência maior, que os gastos variáveis incorridos
para produzir e vender uma unidade do produto”.
O preço deverá ser elaborado de forma que no final, gere uma
margem de lucro e cubra todos os custos e despesas relacionadas à aquisição
deste produto e considerando também despesas futuras com a venda do
mesmo. A margem de lucro é o ponto mais importante de uma empresa, é
176
através dele que a empresa consegue manter-se no mercado, deve ser
elaborado sem que gere prejuízos mas também, que não seja superfaturado.
5.5.5. Ponto de equilíbrio
De acordo com Welsch (1983, p.279) “É importante reconhecer que
as análises do ponto de equilíbrio dependem de uma identificação válida da
variabilidade dos custos, em relação ao volume de atividade, e de uma
identificação dos componentes fixo e variável de qualquer item de custo”.
Ludícibus (1998, p.83) afirma “Um dos aspectos mais importantes de
toda a análise das relações custo, volume, lucro é verificar o comportamento do
custo total ao nível de equilíbrio diante de alterações: a) nos custos fixos; b)
nos custos variáveis; c) em ambos.
Segundo Atkinson, Banker, Kaplan e Young (2000, p.192) “A análise
do ponto de equilíbrio, determina o volume de produção no qual o lucro do
negócio especulativo se iguala a zero”.
Ponto de Equilíbrio é um dos indicadores contábeis mais importantes,
ele informa o volume necessário de vendas, no período considerado, para
cobrir todas as despesas, fixas e variáveis, incluído-se o custo da mercadoria
vendida ou do serviço prestado. Este indicador tem por objetivo determinar o
nível de produção em termos de quantidade e ou de valor que se traduz pelo
equilíbrio. Para um nível abaixo deste ponto, a empresa estará na zona de
prejuízo e acima dele, na zona da lucratividade.
5.5.6. Demonstrações financeiras
Segundo Welsch (1983, p.309) “Os relatórios sobre a situação
financeira são essenciais à maioria, se não a todas as decisões
administrativas”.
De acordo com Neto (2003, p.97) “A análise das demonstrações
financeiras constitui um dos estudos mais importantes da administração
177
financeira e desperta enorme interesse tanto para os administradores internos
da empresa, como para os diversos segmentos de analistas externos”.
Braga (1989, p.117), afirma “Tem por objetivo observar e confrontar
os elementos patrimoniais e os resultados das operações, visando ao
conhecimento minucioso de sua composição qualitativa e de sua expressão
quantitativa, de modo a revelar os fatores antecedentes e determinantes da
situação atual, e, também, a servir de ponto de partida para delinear o
comportamento futuro da empresa”.
As demontrações financeiras são relatórios contábeis que auxiliam e
apóiam a tomada de decisão nas empresas. Os demonstrativos mais
importantes são: balanço patrimonial, demonstração do resultado do exercício
(ou DRE), fluxo de caixa.
5.5.7. Análises financeiras
De acordo com Silva (2006, p.26), “Consiste num exame minucioso
bem dos dados financeiros disponíveis sobre a empresa bem como das
condições endógenas e exógenas que afetam financeiramente a empresa”.
Gitman (2002, p.435), afirma que “A estrutura de capital da empresa
afeta diretamente o risco financeiro, que é o risco de a empresa ser incapaz de
cobrir os compromissos financeiros assumidos”.
Segundo Braga (1989 p.142), “A análise financeira é muito mais do
que o simples calculo de índices e percentagens. A avaliação desses
indicadores exige que se considerem fatores externos que interferem nas suas
atividades e resultados”.
As análises financeiras são avaliações individuais de diversos fatores
que contribuem para caracterizar o desempenho da empresa. Os analistas
fazem uso de um grande número de índices, quocientes e indicadores,
agrupados de forma a avaliar as situações de liquidez, endividamento,
178
velocidade, rentabilidade e alavancagem, retorno de investimento, estrutura
dos ativos, qualidade dos passivos e etc.
a) Liquidez
Sobre liquidez imediata Ludícibus (1998, p.80) afirma que
“Representa, basicamente, de quanto dinheiro podemos dispor imediatamente
para liquidar as dívidas de curto prazo”.
Marion (1998, p.456), diz que “São utilizadas para avaliar à
capacidade de pagamento da empresa, isto é, constituem uma apreciação
sobre se a empresa tem capacidade para saldar seus compromissos, sendo
que está capacidade de pagamento pode ser avaliado num longo prazo, curto
prazo ou em prazo imediato”.
De acordo com Neto (2003, p.107) “Os indicadores de liquidez visam
medir a capacidade de pagamento (folga financeira) de uma empresa, ou seja,
sua habilidade em cumprir corretamente as obrigações passivas assumidas”.
Por meio das análises de liquidez, é possível avaliar a capacidade de
pagamento da empresa. É utilizada pelos bancos (quando a empresa faz
algum tipo de empréstimo financeiro), pelos sócios (para verificar a
possibilidade de expansão ou de investimentos), pelos fornecedores (no caso
de compras a prazo), etc. Para ter uma boa capacidade de liquidez, é
importante que os gestores acompanhem todos os dados financeiros da
empresa.
b) Estrutura de capitais
Segundo Ludícibus (1998, p.83) “A natureza do endividamento, as
taxas de juros e as despesas reais de financiamento, quando comparadas com
o retorno de tais recursos têm uma vez investidos no ativo, em confronto com
os custos alternativos e retornos da captação do novo capital, são fatores mais
importantes a analisar”.
179
De acordo com Neto (2003, p.111) “Esta medida revela o nível de
endividamento (dependência) e sua capacidade de cumprir os compromissos
financeiros assumidos a longo prazo”.
Gitman (2002, p. 430), diz que “As estruturas de capitais resultam do
equilíbrio dos custos e benefícios dos empréstimos, para minimizar o seu custo
médio ponderado de capital”.
A estrutura de capital é determinada pelo composto de endividamento
a longo prazo que uma empresa utiliza para financiar suas operações.
As decisões inadequadas de estrutura de capital podem resultar em
um elevado custo de capital, o qual tornaria mais difícil encontrar investimentos
aceitáveis. Boas decisões empresariais objetivam a diminuição do custo de
capital da empresa, tornando mais fácil achar investimentos aceitáveis que
aumentarão a riqueza dos proprietários
c) Rentabilidade
De acordo com Ludícibus (1998, p.84) “A desproporção de recursos de
terceiros sobre os próprios não poderá ser muito acentuada, por muito tempo,
caso contrário, acabará afetando a rentabilidade da empresa, que, até certo
ponto, se beneficiou pelo efeito de “alavancagem” dos recursos de terceiros”.
Segundo Matarazzo (1998, p.181), “Mostram qual a rentabilidade dos
capitais investidos, quanto renderam os investimentos e, portanto, qual o grau
de êxito econômico da empresa”.
Neto (2003, p.112) diz “Estes indicadores visam avaliar os resultados
auferidos por uma empresa em relação a determinados parâmetros que melhor
revelem suas dimensões”.
A rentabilidade é que move e direciona o futuro da empresa. Todas as
empresas que tem fins lucrativos, só podem ter sucesso e expandir seus
negócios se estiverem com rentabilidade elevada. A rentabilidade é de certa
forma, o lucro da empresa nas transações comerciais de produtos ou serviços.
180
5.0. PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS
Os procedimentos utilizados para a obtenção de informações serão
desenvolvidos, através de pesquisas bibliográficas e aplicação de
questionários.
6.0. POPULAÇÃO ALVO
Proprietários de animais de estimação: gatos e cachorros.
181
2.0. POLÍTICA DE GESTÃO DE PESSOAS
2.1. ESTRUTURA ORGANIZACIONAL
DESCRIÇÃO DOS CARGOS
DIRETOR ADMINISTRATIVO – Responsável pela administração de todo o
empreendimento: Compras, departamento pessoal, recursos humanos,
financeiro.
DIRETOR VETERINÁRIO – Responsável pelo atendimento médico-veterinário,
auxiliar na compra de medicamentos e rações, serviços de vacinas e auxílio no
serviço de banho e tosa.
CAIXA: Responsável pelo atendimento aos clientes na área de venda, auxiliar
os clientes em compras, auxiliar nas questões financeiras.
ESTOQUISTA: Responsável pela manutenção, controle, reposição e
vencimentos dos estoques de rações, medicamentos, acessórios etc., bem
como serviços externos feitos por meio de motocicleta.
ATENDENTE BANHO E TOSA: Responsável pelo serviço de banho e tosa de
cães e gatos.
182
SERVIÇOS GERAIS: Responsável pela manutenção, limpeza, organização do
ambiente, também por fazer café e chá a serem disponíveis para clientes e
funcionários.
2.2. POLÍTICAS INTERNAS
2.2.1. RECRUTAMENTO
A divulgação das vagas será feita por meio do site da empresa, pelo
telefone, cartazes em locais estratégicos e também por meio de indicações.
2.2.2. SELEÇÃO
Será feito uma dinâmica de grupo com todos os candidatos para
analisar o perfil de cada um, após esta pré seleção, para os candidatos com
melhor perfil será feita uma entrevista individual para conhecer melhor as suas
qualidades e habilidades, será executado pelo sócio administrador.
2.2.3. TREINAMENTO
Os sócios ministrarão treinamentos periódicos com todos os
funcionários da empresa, de maneira coletiva para que todos os colaboradores
sejam aptos a exercer qualquer função necessária.
2.2.4. AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO
Os colaboradores serão avaliados considerando sua produtividade e
pró-atividade. Após o período de experiência o colaborador será observado em
seu dia a dia.
2.2.5. FORMA DE REMUNERAÇÃO E BENEFÍCIOS
Cargo QT Salário Salário M Encargo
60% Total M Vlr. Trim.
Total Anual
Caixa 2 750,00 1.500,00 900,00 2.400,00 7.200,00 28.800,00
Aux. Serv Gerais
1 600,00 600,00 360,00 960,00 2.880,00 11.520,00
Estoquista 1 740,00 740,00 444,00 1.184,00 3.552,00 14.208,00
Atendente Banho e tosa
1 1.000,00 1.000,00 600,00 1.600,00 4.800,00 19.200,00
183
PRÓ LABORE
BENEFÍCIOS
A empresa Mundo Animal se preocupa também com a satisfação dos
colaboradores, para tanto, irá oferecer 50% de desconto no plano de saúde,
50% de auxílio faculdade em instituições credenciadas e uma cesta básica por
mês à todos os colaboradores.
2.2.6. PROGRESSÃO FUNCIONAL E SALARIAL
A avaliação da progressão funcional e salarial será realizada
semestralmente seguindo os seguintes critérios e procedimentos:
Assiduidade; Pontualidade; Comprometimento; Responsabilidade e
Qualidade do Serviço; Produtividade; Cooperação; Relacionamento.
A cada seis meses trabalhados, os colaboradores terão a
possibilidade de aumentar em 10% o seu salário, ficando a cargo dos dois
sócios avaliarem seus colaboradores.
Diretor Administrativo
1 3.000,00 3.000,00 1.800,00 4.800,00 14.400,00 57.600,00
Diretor Veterinário
1 3.000,00 3.000,00 1.800,00 4.800,00 14.400,00 57.600,00
Total 7 9.090,00 9.840,00 5.904,00 15.744,00 47.232,00 188.928,00
Cargo QT Salário Salário M Encargo
60% Total M Vlr. Trim.
Total Anual
Sócio 1 1 3.000,00 3.000,00 1.800,00 4.800,00 14.400,00 57.600,00
Sócio 2 1 3.000,00 3.000,00 1.800,00 4.800,00 14.400,00 57.600,00
Total 2 4.000,00 6.000,00 3.600,00 9.600,00 28.800,00 115,200,00
184
PLANO DE MARKETING
A empresa que elabora um plano de marketing tem uma melhor
performance dos resultados da empresa, pois o plano direciona as ações para
que as decisões sejam tomadas com mais segurança e responsabilidade.
2.3. MARKETING ESTRATÉGICO
Campanhas voltadas ao bem estar animal, responsabilidade
ambiental e descontos na castração para que o proprietário tenha uma posse
responsável e com isso evitar a superpopulação de animais abandonados.
2.3.1. MERCADO CONSUMIDOR
A região onde a empresa se situará é carente de uma empresa que
atenda a todos os gostos e necessidades dos clientes. Os concorrentes mais
próximos deixam muito a desejar na questão do atendimento, variedade dos
produtos e horário de atendimento.
Utilizarão dos nossos serviços e produtos todos os proprietários de
animais de estimação: gatos e cachorros, que por sua vez se preocupam em
dar conforto e cuidar da saúde de seus animais.
Para o levantamento das informações foi aplicado um questionário
(anexo I) com onze perguntas à 35 pessoas. Os participantes da pesquisa são
possíveis clientes que moram ou trabalham próximo do Mundo Animal.
Gráfico 1 – Quantos animais de estimação você possui?
De acordo com a pesquisa realizada com 35 pessoas, 43%
responderam que possuem de 1 a 2 animais, 31% tem de 3 a 4 animais, 20%
tem 4 ou mais animais e somente 6% não tem animais de estimação. Este
185
resultado mostra que o potencial da região é grande, ou seja, a maioria dos
moradores possuem animais de estimação.
Gráfico 2 – Tem o hábito de levar seu animal ao veterinário?
Sabendo-se que 37% dos entrevistados leva o seu animal
freqüentemente ao veterinário, o desafio é atrair este público para os serviços
da Mundo Animal, dos 52% que levam só quando necessário ou quando seu
animal fica doente o desafio maior é para a conscientização da importância de
ter este hábito. 11% responderam que não levam o seu animal ao veterinário,
muitas das pessoas alegam que os serviços veterinários são muito caros.
Gráfico 3 – Seus bichinhos estão com as vacinações em dia?
As vacinas são um passo muito importante na vida de qualquer
animal doméstico, os animais necessitam das vacinas para terem uma vida
longa e saudável, já que algumas doenças se encontram disseminadas
em nosso país e são de fácil transmissão. Um filhote não vacinado conta
186
com uma grande possibilidade de não atingir a idade adulta, vítima de uma
doença infecciosa. Já os adultos estão sujeitos a adoecerem a qualquer
momento quando não vacinados.
Os humanos necessitam ser protegidos das doenças ditas zoonoses,
aquelas doenças que são transmitidas do animal para o homem. Dentre as
zoonoses podemos destacar a Raiva e a Leptospirose. Um animal que não
está devidamente imunizado pode adquirir uma zoonose e transmiti-la para a
família de seu proprietário.
Tal importância será divulgada para a conscientização dos
proprietários de animais, a empresa Mundo Animal terá um controle destas
vacinas, inclusive cadastrando estes proprietários para um futuro contato.
Gráfico 4 – Com que freqüência leva seu animal para o serviço de banho e
tosa?
Dos entrevistados, 20% responderam que leva seu animal só uma vez
por semana aos serviços de banho e tosa, 31% responderam que levam 1 vez
ao mês, 49% responderam que não levam. Estes 49% será o foco para
incentivar e aumentar os lucros com este serviço, que é uma das fontes mais
lucrativas dentro de uma loja para animais domésticos.
Gráfico 5 – O que leva em consideração para escolher a loja ou o veterinário?
187
Nas entrevistas observou-se que, 41% dos clientes buscam variedade
nos produtos e serviços prestados, este será exatamente um dos grandes
diferenciais da empresa Mundo Animal, a intenção é agradar a todos os gostos
e bolsos. 34% acham que a localização é muito importante na hora de escolher
a empresa, este é outro grande diferencial da empresa Mundo animal, a
localização pretendida é privilegiada, perto de empresas e de prédios
residenciais, sem contar com o conforto e segurança no estacionamento, 14%
responderam que escolhe com base em indicações de amigos e conhecidos e
11% responderam que a organização/limpeza/estacionamento são itens
indispensáveis na escolha da empresa.
Gráfico 6 – O que leva em conta na escolha da ração?
A ração é o alimento básico do animal, quem escolhe pelos valores
nutricionais estará em vantagem no sentido de que se o animal está bem
nutrido, dificilmente ele terá doenças, já os animais que recebem uma
alimentação pobre de nutrientes, tem uma maior probabilidade de adquirir
doenças e assim, o proprietário acaba gastando mais com consultas e
suplementos vitamínicos.
188
46% dos entrevistados escolhem a ração pelo preço, não é uma
atitude condenável, até porque existem rações de boa qualidade que são mais
baratas, porem, as rações com preços mais elevados ou próprias para o tipo ou
raça dos animais, tem uma eficiência melhor e evita que o proprietário tenha
gastos extras com seu animal. 29% responderam que escolhem pela qualidade
e benefícios nutricionais, 14% responderam que o que eles levam em
consideração é a marca da ração e 11% escolhem as rações palatáveis, ou
seja, aquelas que agradam mais o paladar dos bichinhos, mas que também as
vezes não são tão nutritivas.
Gráfico 7 – Como você alimenta seu bichinho?
Dos entrevistado, observar-se portanto que, uma percentagem de
78% respondeu que alimenta seu animal com ração simples, ou seja compra a
primeira ração que vê nas prateleiras, para isto, teremos uma estratégia na
arrumação das rações na loja, para induzir o cliente a comprar o melhor para
seu animalzinho. 11% responderam que alimentam seu animal com comida ou
sobras de comida, uma atitude que não é aconselhável, pois a comida humana
não tem todos as vitaminas e nutrientes que os animais precisam, antigamente
era uma prática comum, mas hoje as pessoas estão mudando e entendendo a
importância de alimentar o animal com rações desenvolvidas para atender a
189
todas as suas necessidades. 11% responderam que alimentam com ração
especial ou específica para o porte e raça do seu animal, esta seria a atitude
mais aconselhável, que também será feito campanhas de conscientização.
Gráfico 8 – Costuma complementar a alimentação?
Dos entrevistados, 26% não complementam a alimentação, ou seja,
oferece somente o que é de costume todos os dias, seja ração ou comida. 40%
oferecem vitaminas próprias para equilibrar a nutrição do animal, esta prática é
comum para as pessoas que alimentam com rações de qualidade questionável.
34% responderam que oferecem leite para o animal, esta prática não é
aconselhável por muitos veterinários, pois apesar de o produto ser uma
excelente fonte de cálcio não é necessário para a alimentação de um filhote já
desmamado. Os animais não ficam bem quando se alimentam do leite da vaca,
pois é rico em lactose, produto que eles não digerem com grande facilidade. O
uso abusivo do leite pode causar graves problemas digestivos. porém, muitos
proprietários acreditam que quando os animais são filhotes ou já idosos têm
dificuldades na mastigação da ração e acabam amolecendo a comida com leite
o problema é que além do leite fazer mal, o produto estraga a ração se deixada
exposta por muito tempo.
Se realmente houver a necessidade de oferecer leite, existem
produtos específicos para os animais que apresentam menor teor de lactose.
O ideal é consultar um veterinário para saber o que é o mais indicado
para o seu bichinho.
190
Gráfico 9 – Você submeteu ou submeteria seu animal à castração?
Nesta pesquisa, 37% responderam que castrariam somente a fêmea,
34% castrariam tanto o macho como a fêmea, 6% castrariam só o macho e
23% não submeteriam seu animal à castração.
Uma gatinha ou cadelinha, e seus descendentes não esterilizados,
podem ser responsáveis pela geração de milhares de novos bichinhos num
curto período de tempo. Infelizmente não existem lares responsáveis para
todos. Com a esterilização, damos um passo importante para conter o ciclo de
abandono de animais.
Gráfico 10 – Qual sua renda familiar?
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No que se refere a renda familiar, o resultado obtido na pesquisa é
que, 40% tem uma rende de 1 a 3 salários mínimos, 29% tem renda de 3 a 5
salários, 25% acima de 5 salários e 6% tem a renda de até um salário mínimo.
As condições financeiras estão diretamente ligadas a forma que o
proprietário poderá cuidar de seu animal, porem, muitas pessoas que não tem
muitas condições trata melhor do animal do que pessoas que tem condições
melhores, tudo varia de acordo com o amor que a pessoa tem pelos animais.
Gráfico 11 – Qual tipo de serviço gostaria que o estabelecimento tivesse?
De acordo com a pesquisa realizada, 57% gostaria que tivesse o
serviço de busca/entrega, este serviço será disponibilizado pela Mundo Animal.
34% gostaria de ter hotelzinho, este serviço está dentro dos projetos de
expansão do negócio, futuramente teremos este serviço, assim como o SPÁ
para animais, que 8% busca este serviço que é escasso em Cuiabá e região.
4.1.2. MERCADO CONCORRENTE
EMPRESA LOCALIZAÇÃO TEMPO
DE
MERCADO
PONTO FORTE E FRACO
Dugil Av. Fernando
Correa, 2134
12 anos Uma loja ampla, bem arejada,
porém, altos preços.
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Late e Mia Shopping 3
Américas
10 anos Duas lojas pequenas, pouca
estrutura, preços baixos.
Pronto Vet Av das Torres Nº
5323
3 anos Uma loja, pequena com pouca
estrutura, médio porte.
Agropatas Av das Palmeiras
Nº2333
9 anos Uma loja, diferencial no
atendimento, ambiente
desestruturado.
A concorrência neste ramo em Cuiabá é muito forte, porém, todos os
concorrentes deixam a desejar em alguns aspectos, é exatamente estes pontos
que a empresa Mundo Animal irá atuar para atender a todas as expectativas
dos clientes.
4.1.3. MERCADO FORNECEDOR
Os fornecedores são fundamentais para o bom andamento da
empresa. As parcerias com os fornecedores fortalecem e otimizam os
resultados, pois possibilitam obter descontos e vantagens, com isso, conquistar
mais mercados.
EMPRESA LOCALIZAÇÃO PRAZO DE
ENTREGA
FORMA DE
PAGAMENTO
Royal Canin Curitiba-PR 10 dias 15 dias – Boleto
Wiscas Manaus-AM 15 dias A vista
XisDog São Paulo-SP 30 dias 15 dias – Boleto
Distribuidora S&M Cuiabá – MT Imediata 30 dias – Boleto
4.1.4. ANÁLISE AMBIENTAL
A empresa se instalará em um lugar de fácil acesso, para
proporcionar conforto aos clientes, com estacionamento seguro e loja
climatizada. Para atender as necessidades da região, a empresa contará com
193
um horário de atendimento diferenciado, tendo como objetivo futuro prestar
atendimento 24hs.
A localização é estratégica por não haver nenhum concorrente forte
nas proximidades, existem algumas empresas mais de pequeno porte que não
representam muito risco ao negócio.
4.1.5. PONTO FRACO E FORTE
a) Empresa concorrente
Ponto Fraco:
Localização e estacionamento não são muito favoráveis e não tem
ações de propaganda e promoções.
Ponto Forte:
Os preços são acessíveis, bastante tempo atuando na cidade e um rol
de clientes já fidelizados.
b) Empresa proposta
Ponto Fraco:
Nova no mercado, a empresa terá o desafio de conquistar os clientes
e fidelizá-los.
Ponto Forte:
A empresa se preocupa como bem estar do animal e de seus
proprietários, para satisfazê-los irá disponibilizar uma sala de espera para que
o cliente fique a vontade se desejar aguardar até que seu bichinho seja
atendido.
A localização também é privilegiada, numa avenida que dá acesso à
vários bairros, o estacionamento é seguro e o ambiente da loja é climatizada.
O horário de atendimento será das 07:00hs às 21:00hs para facilitar a
vida dos clientes que trabalham durante o horário comercial.
4.2. MARKETING TÁTICO
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a) Preço de venda
A Mundo Animal irá buscar parcerias com fornecedores para
proporcionar preços justos e acessíveis aos clientes. Terá a opção de vendas
com cartão de crédito parcelado em ate 5x sem juros e no cheque pré em até
5x sem juros, para produtos e serviços.
b) Produto
Os produtos serão variados, para todos os tipos de gostos e bolsos,
sem abrir mão da qualidade dos produtos oferecidos na loja.
Rações, acessórios, brinquedos, camas, produtos para higiene,
medicamentos, vacinas, vitaminas e tudo o que o seu animal precisa para ter
uma vida saudável e feliz.
Casinhas:
Acessórios e brinquedos:
Rações:
Higiene/medicamentos:
195
c) Ponto de venda
O cliente terá a opção de comprar os produtos na loja e também pelo
telefone que será entregue em sua residência, para clientes já fidelizados não
será cobrado a taxa de entrega.
4.3. ESTRATÉGIAS DE VENDAS
a) Atendimento ao cliente
O atendimento será personalizado para atender as exigências dos
clientes, cada cliente gosta de ser tratado de forma especial e este será um dos
grande diferenciais da Mundo Animal. O bom atendimento irá contribuir para a
satisfação e conseqüentemente à fidelização do cliente.
b) Promoções
Periodicamente será investido na divulgação através de rádios,
outdoors e revistas. Sendo Rádio TV Centro América 32,00 por cada
veiculação, Rádio Jovem Pan 22,00 cada veiculação e a Rádio Band FM 16,00
cada veiculação. Para os outdoors serão investidos 16.000,00 para divulgação
em 20 outdoors durante 15 dias (bi-semana) em diferentes pontos da cidade,
todos estrategicamente selecionados. As revistas será um investimento de
5.000,00 pela página, sendo 20% (1.000,00) para a agência que irá
desenvolver a propaganda e 4.000,00 para a revista.
c) Política de melhorias de desenvolvimento de novos produtos
A empresa terá uma grande variedade de produtos, inclusive com
produtos novos que são lançados pelos fornecedores para que o cliente esteja
196
atualizado e possa proporcionar ao seu animal algo inovador que ira contribuir
para o bem estar e felicidade do seu animal.
Ter um espaço bem estruturado e arejado para um hotelzinho é um
dos projetos futuros.
3.0. REFERÊNCIAS
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