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Doutor Joaquim de Carvalho

Autor(es): Ramalho, Américo da Costa

Publicado por: Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Instituto de EstudosClássicos

URLpersistente: URI:http://hdl.handle.net/10316.2/26987

Accessed : 6-Aug-2021 02:31:08

digitalis.uc.pt

FACULDADE DE LETRAS DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA INSTITUTO DE ESTUDOS CLÁSSICOS

H Y M A N I T A SVOLS. VI E VII DA NOVA SÉRIE

(VOLS. IX E X DA SÉRIE CONTÍNUA)

C O I M B R AMCMLVII-VIII

DOUTOR JOAQUIM DE CARVALHO

Faleceu o Doutor Joaquim de Carvalho. Não vamos acrescentar mais um necrológio aos muitos que se publicaram sobre o eminente académico e professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coim- bra e serão continuados, em espírito de consagração, pelas homenagens que virão a ser-lhe prestadas, já por iniciativa da família, já pela dos seus amigos e admiradores.

Queremos acentuar aqui um aspecto da actividade intelectual do Prof. Joaquim de Carvalho, que toca de perto com os estudos clássicos em Portugal.

Pela necessidade dos seus trabalhos de investigação, o distinto Mestre viu-se continuamente em convívio directo com os autores gre- gos e latinos, em particular na elaboração dos estudos sobre história da cultura, referentes aos séculos xv e xvi. Por outro lado, a exis- tência em latim dos textos da ciência e filosofia destes séculos, e de muitos escritos importantes dos séculos seguintes, levou ainda o Dou- tor Carvalho a um uso constante da língua latina que, embora não conhecesse perfeitamente, entendia com alguma facilidade. Mas o seu escrúpulo de investigador consciencioso impelia-0 a utilizar com frequência os serviços de latinistas, escolhidos entre os alunos de Filo- logia Clássica que tinham frequentado as suas admiráveis aulas de Filosofia Antiga. Muitos lhe deram a sua colaboração.

Com alguns colegas mais jovens, seus antigos alunos e seus amigos, discutia frequentemente o valor e o significado cultural deste ou daquele vocábulo grego, o sentido mais provável desta ou daquela frase latina, problemas de bibliografia do mundo greco-romano, que de momento o interessavam.

E se lhe faltava o domínio das línguas clássicas (algum latim, mas nenhum grego) que o colocava em situação de desvantagem perante os melhores dos seus colegas estrangeiros, em certos campos de investi- gação, possuía em abundância capacidade de especulação filosófica e dotes de expressão oral e escrita que o tornaram um investigador de

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primeira plana e um professor de rara qualidade, no ambiente cultural português.

A sua vida de estudo e de trabalho indefesso constitui o mais for- mativo dos exemplos para os estudiosos do nosso país.

Américo da Costa Ramalho

A OBRA PÓSTUMA DO DOUTOR J. D. DENNISTON

Quando no volume com que abriu a Nova Série de Humanitas (1) prestei homenagem a John Dewar Denniston, M. A., D. Litt. (Oxon.), F. B. A., O. B. E., referindo-me à memória com que nos Proceedings of the British Academy o homenageou o seu colega e amigo Prof. Cecil Maurice Bowra, não me esqueci de falar da obra postuma do malo- grado classicista oxoniense. Muito brevemente, escrevi: «O seu mag- num opus, The Greek Particles, acaba de ser reeditado, e alguns dos trabalhos que deixou quase concluídos virão possivelmente a ser publi- cados também.»

Além da segunda edição do famoso The Greek Particles (inultra- passado decerto por muitos anos ainda), o livro que consagrou J. D. Denniston como um dos maiores helenistas do presente século, saíram a lume, depois da sua morte, Greek Prose Style (2), editado por Hugh Lloyd-Jones, e Aeschylus, Agamemnon (3), publicado por Denys Page.

Também posterior à sua morte, embora de pouco tempo, foi a colectânea Some Oxford Compositions (4) que contém prosa e verso, em grego e latim, da autoria de J. D. Denniston e de meia dúzia mais de humanistas oxonienses.

No capítulo inicial de Greek Prose Style, fala-nos o autor, com a sua característica simplicidade, dos motivos do seu gosto pela língua grega: «Toda a questão de ordem de palavras tem grande importância no estilo da prosa grega, e uma das razões por que a composição de

(1) Pp. XLIX-L.(2) Oxford, at the Clarendon Press, 1952.(3) Oxford, at the Clarendon Press, 1957.(4) Oxford, at the Clarendon Press, 1949.