holofote literário - maio

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2° edição Maio de 2011 POEMAS Produções originais para todos os gostos CONTOS Histórias comoventes e impressionantes ARTE EM FOCO Desenhos de verda- deiros arstas

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A revista que dá luz a novos talentos

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Page 1: Holofote Literário - Maio

2° edição

Maio de 2011

POEMAS

Produções originais

para todos os gostos

CONTOS

Histórias

comoventes e

impressionantes

ARTE EM FOCO

Desenhos de verda-

deiros artistas

Page 2: Holofote Literário - Maio

Esta é a segunda edição da Revista Holofote Literário, criada por alunas

do Jornalismo Comunitário do Colégio Visconde de Porto Seguro. Tal publica-

ção tem como propósito mostrar as produções artísticas dos adolescentes

participantes do Projeto Eco Livre e/ou de jovens da Escola da Comunidade

do Colégio Visconde de Porto Seguro, que não têm muito espaço para a vei-

culação de suas obras.

Periodicamente, publicaremos obras literárias dos mais diversos

tipos. Nesta edição, os holofotes estarão voltados para os acrósticos criados

em 2010 por estudantes do primeiro ano do ensino médio da Escola da Co-

munidade.

Os acrósticos são textos poéticos nos quais a primeira, a última ou a le-

tra do meio de cada verso forma uma palavra ou frase. O vocábulo tem ori-

gem no grego Ákros (extremo) e stikhos (linha ou verso). Esses poemas já

eram feitos na Antiguidade por escritores gregos e latinos, assim como na

Idade Média pelos monges. Hoje em dia podem ser encontrados em vários

lugares, como jornais e revistas.

Além dos acrósticos, apresentaremos também um pouco da criatividade

desses jovens com poemas, contos e, é claro, desenhos,

na seção Artes Visuais.

Apostamos que você vai adorar essa 2° edição da Revis-

ta Holofote Literário: dando luz a novos talentos!

Page 3: Holofote Literário - Maio

Mellissa Rodriguez

Edição

e Visual

Carolina Florentino

Edição de

Artes Visuais

Larissa Borghetti

Edição de

textos

04

14

. Esperança

. Curta estrada

. Como amo esse doce Setembro

. Ela não aquece

. Protesto

. O homem que escapou de duas bombas atômicas

. A folha da rosa que murchou

. O júri final

. A nossa vitória

. Indícios

20

31

Page 4: Holofote Literário - Maio

FFFICO SÓ

LLLAMENTANDO

OOO SEU CHEIRO, JÁ

ERRRA!

Clarisse F. da Silva

Holofote Literário . 04

Page 5: Holofote Literário - Maio

FFFELICIDADE SE RESUME

ÉÉÉM ESPERAR PELA INCERTEZA

Jaqueline O. Valdevino Nascimento

Holofote Literário . 05

Page 6: Holofote Literário - Maio

TUDDDO É

IIILUMINADO

POR AAALGUNS INSTANTES

Carolina Ferreira dos Santos

Holofote Literário . 06

Page 7: Holofote Literário - Maio

MOTIVO PAAARA

EXISTIRRR?

Beatriz Dias de Oliveira

Holofote Literário . 07

Page 8: Holofote Literário - Maio

QUEIMAAA

MMMUITO

QUANDOOO

PERRRDEMOS

Claudhia Thais Alves de Oliveira

Holofote Literário . 08

Page 9: Holofote Literário - Maio

Holofote Literário . 09

NNNA

ESCURIDÃOOO

IIINTENSA

TTTE

ESPEEERO ACORDADO

Felipe Barros

Page 10: Holofote Literário - Maio

EEENCONTRAR ALGUÉM ASSIM?

DUUUVIDO!

Camila de Jesus Silveira

Holofote Literário . 10

Page 11: Holofote Literário - Maio

FFFATO

QUE COOORRÓI

O MMMUNDO

INTEEEIRO

Felicio Henrik Melo de Souza

Holofote Literário . 11

Page 12: Holofote Literário - Maio

FFFINALMENTE

IIIMPORTOU-SE

COMMMIGO

Caroline Santos

Holofote Literário . 12

Page 13: Holofote Literário - Maio

POR QUE A VIDA

TERMINA ÁSSIM?

Elaine Abreu

Holofote Literário . 13

Page 14: Holofote Literário - Maio

EsperançaEsperançaEsperança Na minha terra quase não vejo palmeiras

Sequer vejo sabiás

Aves aqui quase não gorjeiam

Aliás, nunca vi, nem sei o que é gorjear!

Em nosso céu não vejo mais belas estrelas

De nossas várzeas, arrancaram as flores

Em nosso bosques, choram vidas

Em nossas vidas, brotam dores!

Em tentar dormir à noite

Minha consciência vem me perguntar:

“Tu encontrastes prazer aqui?

Pois nunca vi beleza por cá.”

Em minha terra ainda há muita beleza

Que não se encontra em qualquer lugar

Choro todas as noites, apenas por pensar

Que toda essa beleza pode vir a acabar!

Não permita em momento algum, meu Deus,

Que nossa terra pare de brilhar

Que nossas próximas gerações venham a se decepcio-

nar

Sei que ainda há uma chance de tudo florescer,

E de nosso Brasil melhorar, para outra geração ver.

Holofote Literário . 14

Para conhecer a inspira-

ção deste poema, leia a

“Canção do Exílio” de

Gonçalves Dias!

Page 15: Holofote Literário - Maio

O homem é um animal

O único que morre natural-

mente

Mesmo racional,

Destrói involuntariamente.

O que será dos poemas,

Sem as flores?

O que será de mim

E meus amores?

O que será dos livros

Sem inspiração?

Se ela vem da natureza

E não do coração.

Não ficarei sem ar

Quando eu sofrer

Pois não terei ar

Nem para viver.

Minhas estrelas

Onde estão?

Acho que fugiram

Da cinzenta poluição.

O mar que me apaixona,

Tenho a triste impressão

Que também vai sumir

Levando minha paixão.

E toda a natureza

Já não muito amada,

Sem se despedir

Seguirá sua estrada.

Holofote Literário . 15

Page 16: Holofote Literário - Maio

Holofote Literário . 16

O mês de Setembro é lindo e perfeito,

Setembro é especial.

E muito mais que especial

É puro e verde

E isso me faz feliz

E isso me faz contente e esperançosa.

Mergulhemos nas melhores ideias,

Mergulhemos no mês de Setembro...

As flores de meu jardim desabrocham,

Sua maciez é de pêssego , sua cor insubstituível

Seu perfume? O melhor de todos

No auge dos dias mais belos e calorosos,

As flores de meu quintal tornam-se

A moça que pede o beijo,

O homem que pede dinheiro

Ou simplesmente a flor que pede para ser recolhida *donde nas-

ceu+.

O verde que me cerca, ilumina

Os olhos que enxergam; admiram

As árvores que se põem à vista, refletem os raios dourados do sol.

A lua brilha e faz-me pensar

Por enquanto, que o vento passa me faz deitar.

Olho para o teto

Setembro é verde

Page 17: Holofote Literário - Maio

Verde como tinta, dinheiro, meu amor, minha fé,

Os olhos de meu amado e o país no qual moro.

Passarinhos me acordam

E mesmo acordada ,só quero sonhar

Finjo que durmo...

Como amo esse doce setembro

Todos os dias são ‘mui pio belle’

Durmo e acordo, acordo e durmo

Ora um ou outro duende preso na grama do quintal vem me olhar.

Fujo com medo e vou repousar.

Dias se passam e eu aproveito a todos

Vivo, como, reflito

E observo do sofá, após uma leitura,

Setembro vindo com uma bagagem e logo indo embora...

Numa maleta, o aroma de terra molhada

E na própria algibeira, o som da chuva.

E foi assim esse e todos os meus setembros,

Até o mais recente:

Verde, florido, cheiroso e belo

Como um vestido recém passado a ferro moderno

Setembro verde ou seria verde Setembro?

Só sei que o mês veio ter comigo e o tive como nunca.

Pamela Muniz dos Santos Miranda

Holofote Literário . 17

Page 18: Holofote Literário - Maio

Ela te ama?

É fiel ao ponto de se entregar?

Mas, será que perdoa

Se caso você errar?

Ela faz tudo por você,

Deixa de viver,

Felicidade não te dá,

Pois, sequer, você pode ter.

E quando você não quiser,

Vai te respeitar e entender?

Ou vai te ignorar

Tentando não sofrer?

Quando você a beija

Sente o mesmo calor?

Aquele que eu te aquecia,

Com a brasa do amor?

Tatieli Santos

Ela não aqueceEla não aquece

Holofote Literário . 18

Page 19: Holofote Literário - Maio

Uma cidade a que tudo perdoa

Seja a enchente, o assalto, a garoa.

Nunca se entrega, segue lutando.

Pena que o tempo esteja acabando.

Mas, quem foi que disse que não tem mais

jeito?

Pois, é o nosso voto que escolhe o eleito,

Mesmo assim, é a cidade que amo

E por meio desta eu reclamo,

E peço um mundo mais justo e honesto

Peço ao leitor que atenda ao protesto.

É triste andar sozinho, sem caminho nesse

escuro,

Vejo essa cidade sem destino,

Que hoje pensa no futuro.

Stefane Franconere

Protesto

Holofote Literário . 19

Page 20: Holofote Literário - Maio

Eu estava em Hiroshima a negócios, no dia 6 de agosto de 1945,

tinha 29 anos. Na rua vi um brilho muito forte, uma explosão subindo

pelos ares, “por que fizeram isto?”, pensava. Parecia um flash muito

reluzente de câmera fotográfica, uma luz seguida por um barulho

ensurdecedor. Depois veio um vento tão forte que foi destruindo

estruturas.

Eu estava em um raio de três quilômetros aproximadamente, foi um

tremendo impacto. Fiquei cego por alguns momentos e surdo de um dos

ouvidos. Estava ferido, e horrorizado.

Queimados e feridos caminhavam moribundos e pediam água para

aqueles que estavam sãos. Conforme andava, via um triste cenário,

formado por corpos carbonizados, mutilados e pessoas agonizando.

Vozes pedindo socorro no meio dos escombros, pais desesperados à

procura de filhos desaparecidos e órfãos desamparados. Não havia muita

coisa a fazer, a não ser retirar os corpos queimados.

Aquela nuvem que havia se formado mais parecia um enorme

cogumelo de fumaça, que misturava tons de preto, cinza, branco e rosa,

e demorou a se desmanchar. Estava desolado, mas tinha que chegar a

Nagasaki, tinha minha família e meu trabalho. Depois de algumas horas,

me sentia mais seguro e bem psicologicamente, foi então que viajei os

300 quilômetros até Nagasaki.

Não poderia e não tinha como esconder da minha família que algum

desastre havia ocorrido, meus ferimentos evidenciavam muito isso. Ao

saber do fato, minha família enlouqueceu, mas consegui acalmá-los,

Holofote Literário . 20

O homem que escapou de duas bombas

Page 21: Holofote Literário - Maio

Mesmo ferido, após minha chegada me apresentei para trabalhar

no estaleiro. A maioria dos meus amigos havia ido para um abrigo,

contudo, minha mulher, meu filho de cinco meses e eu decidimos ficar

no estaleiro. Aproximadamente às 11h tive a mesma visão do que havia

visto em Hiroshima. Eu não pude acreditar, “é um pesadelo”, eu me

recusava a aceitar aquele filme, que não poderia estar se repetindo.

Senti um enorme choque a atingir o meu corpo, acompanhado de um

grande estrondo. A explosão, contaminada com vidros e destroços,

soprou através do interior do estaleiro e fui atirado para o chão. Tive a

impressão de o estaleiro ter sido diretamente atingido pela bomba.

Minha família estava ali, por ter vivenciado aquilo eu me sentia no

dever de confortá-los. Perguntei a eles se estavam bem, felizmente só

tinham sofrido leves ferimentos, nada de muito grave.

Estava preocupado, tinha medo de que a estrutura do local não

aguentasse, então minha família e eu saímos de lá.

A escolha de termos ficado no estaleiro na noite passada foi uma

obra de Deus. Foi lá no abrigo que a bomba caiu. Todo mundo morreu.

Os que ficaram no estaleiro sobreviveram. A bomba atômica

transformou Nagasaki em uma cidade de mortos. Havia corpos

empilhados até uma grande altura, cadáveres com os intestinos e os

olhos de fora, pessoas enterradas vivas debaixo de edifícios, linhas de

pessoas que pareciam fantasmas com o cabelo queimado e a pele

também queimada e pendurada. Não era uma cena de vida humana,

mas um inferno miserável.

Tenho várias doenças, mas o motivo de continuar vivo é espalhar

uma mensagem de paz. Foi por isso que sobrevivi.

Caroline Araújo e Letícia Venancio

Holofote Literário . 21

Page 22: Holofote Literário - Maio

24 de Novembro de 1938

Nessa folha de papel, que tem história, o diário de uma ro-

sa, vermelha, como o sangue, seus espinhos e sua sede de vingan-

ça... O diário da minha mãe que escreveu apenas as três primeiras

páginas.

Não vou fazer do diário de minha mãe o meu, porque não te-

nho vontade... Quero apenas hoje desabafar. Sou uma folha de ár-

vore seca acompanhando o vento, sem destino e sem esperanças.

Tudo isso começou com a morte de meus pais. Hoje, a minha família

é Ali, meu irmãozinho menor.

Estou vivendo numa guerra, particularmente um inferno, antes

era tudo tão lindo, eu tinha pais e éramos felizes, livres como os

pássaros, os meus dias tinham o Sol mais brilhante. Eu ia à escola,

tinha amigos, brincava e não me preocupava com o amanhã, não

me preocupava se iria faltar comida no outro dia, era tudo em abun-

dância.

A guerra começou, eu soube o que é perder os pais, soube o

que é apanhar injustamente dos militares, ver meu irmão ser tortu-

rado, ver outras crianças como eu serem mortas por verem esses

crápulas fazendo o mal.

Meu pai, meu querido e amado pai, foi atingido por uma bom-

ba numa guerra onde ele não era nada na hierarquia militar. Ele es-

tava protegido, colete à prova de balas e muita fé de que iria vencer.

Minha mãe morreu de forma ainda mais trágica, tentou me salvar de

um barranco que cairia sobre minha cabeça. Foi tudo uma tempes-

tade cheia de trovões, destruindo minhas esperanças.

Holofote Literário . 22

A folha da rosa que murchouA folha da rosa que murchouA folha da rosa que murchou

Page 23: Holofote Literário - Maio

Holofote Literário . 23

Fui testemunho de dezenas de mortes, fui ameaçado, ou seja,

se eu for descoberto morrerei e Ali não terá outro destino, esses

militares são cruéis, desumanos, a noite escura, perigosa que me

atormenta. Não sei se choro ou se aproveito o pouco de vida que

me resta, apenas sei que devo cuidar de Ali Assim como as corujas

que eu via antes das bombas matarem-nas, elas cuidavam , prote-

giam e defendiam seus filhos, e como no mito, elas os achavam lin-

dos.

Ali chora de febre e dor, nada posso fazer a não ser chorar

com ele. Apesar de ser menino, eu não consigo trabalho, tenho

apenas doze anos e ninguém me aceita para trabalhar. Hoje, eu im-

plorei por um pão para uma senhora que corria com medo de mim,

ela me entregou todos achando que seria um assalto, pensei em

pedir perdão a Deus, mas não fiquei com consciência suja, eu não

quis assustá-la.

Sei que não viverei muito, estou em uma cabana, onde alguns

militares dormiam, mas sei que irão voltar e eu serei descoberto.

Não sei o que será do futuro. Espero um dia lá do céu, junto de

meus pais e meu irmão ver um mundo melhor, um mundo de paz e

justiça. Mas, que essa justiça seja divina, não por mãos de homens

que se acham no direito de acabar com toda a luz de dentro de

pessoas inocentes e ingênuas, mas uma justiça onde quem é bom

ajudará quem for “do mal” a se arrepender do mal que fez e renun-

ciar ao mundo.

Minha vida não foi como um conto de fadas, mas pude apren-

der muito mais do que uma criança feliz, assim como eu era. Não

tenho medo da morte, ela não deve ser tão ruim quanto viver num

mundo, onde a violência é o modo de resolver desentendimentos.

Para os que permanecem na carne, a morte significa o fim do corpo

denso; para os que vivem na esfera espiritual, representa o reinício

da experiência. Tatieli Nascimento (8EC)

Page 24: Holofote Literário - Maio

1° de Setembro, início da Segunda Guerra Mundial. Os alemães

estão perseguindo os judeus para exterminá-los.

- Schwei você está acordado? Pergunta Westermann.

- Sim Wester, não consigo dormir. Respondeu Scheiweinsteiger.

- No que tanto pensa soldado? Pergunta Westermann.

- Será que Adolf está certo? Pergunta Scheiweinsteiger.

- Não sei vamos dormir Schewei! Respondeu este.

No dia seguinte há algo de estranho acontecendo no pátio, Hitler

está gritando com alguém, parece ser um homem de 37 anos e judeu.

- Diga-me o que acha que você está fazendo? Grita o führer.

- Nada eu só quero comida senhor! Exclama o homem em polonês e

chorando muito.

- Você será á partir de hoje um preso político meu, seu wicht! Gritava

ele com muita raiva.

Depois de comer uma gororoba que eu e Wester havíamos prepa-

rado, eu fui tentar falar com o rapaz que eu havia apelidado de 39, por

ser o primeiro ano da guerra. Mas, como um vulto que carrega a som-

bra igual a da morte, meu senhor entrou e me disse:

- Os presos políticos são bichos selvagens, fingem não nos entender,

mas por trás distorcem a realidade.

- Sim senhor ficarei esperto com esse tipo de gente. Eu respondi.

No fundo, no fundo eu sabia que 39 era uma ótima pessoa e que

sabia falar alemão e eu poderia junto com meu amigo ajudá-lo a fugir

sem que fosse descoberto.

Após algumas trocas de informações 39 me informou que sua fa-

mília estava em uma casa na cidade que atacaríamos pela morgen

O júri finalO júri finalO júri final

Holofote Literário . 26

Page 25: Holofote Literário - Maio

seguinte, Westermann disse-me que conseguiríamos salvá-lo se

o escondesse em outra cidade, que houvesse amigos e parentes pró-

ximos meus e dele.

- Não sei, não estou com medo. Disse Wester.

- Mas vai dar tudo certo, eu juro! Eu respondi.

Na morgen seguinte fomos pegos saindo antes da hora permiti-

da e fomos impedidos, só saindo uma hora e meia depois, quando o

chefe ordenou. Invadimos Brunnique e, logo em seguida, Zujaque. A

família do 39 morava em Brunnique e um dos soldados da ala em que

eu e o Wester estávamos, acabou assassinando a única coisa que res-

tava para ele.

Após destruir duas cidades e milhares de pessoas terem morrido,

voltamos sem animação nenhuma. Diferentes dos outros e do Austría-

co demoníaco (esse era o que mais estava feliz e contando façanhas).

- Desculpe-nos, não conseguimos 39. Eu disse chorando.

- Entendo agora, o jeito é superar tudo. Ele respondeu.

Na noite em que havia dor e sofrimento eu fui falar com o deste-

mido, cruel, arrogante e excluído Hitler.

- Licença senhor.

- Concedida.

- Senhor, achei que quisesse conversar um pouco.

- Sobre o que Scheiweinsteiger?

- Sobre o passado senhor.

- Como é que é?

- Me conte como foi sua adolescência?

- Não quero falar disso. Eu estou feliz, não está vendo?

- Mas, se é tão ruim assim, por que não desabafa?

- Não sei não, homem é complicado demais para mim!

Holofote Literário . 25

Page 26: Holofote Literário - Maio

- Eu lhe suplico senhor, sou seu braço direito!

- Eu sei, eu sei, mas não sei se devo.

- Por favor, por favor.

- Bom, está bem, eu lhe conto.

- Ótimo, e muito obrigado!

- Quando eu fui para a escola acadêmica de Viena, eu não fui aceito

diretamente, porque eles me mandaram embora dizendo que eu não

era bom o suficiente e que eu era muito estranho para servi-la.

- Senhor, que horror, quem fazia isso?

- Os Cdfs dos judeus, só porque tinham o QI mais elevado se acha-

vam os maiorais e por isso zombavam de mim!

“Então é daí que vem o ódio todo que ele sente pelos judeus, agora

está tudo explicado.”

- Eu servi a primeira guerra mundial e agora lidero a segunda com o

propósito de acabar com todos que não carregam o puro sangue Aria-

no nas veias, quero ver o escarlate dos corpos mutilados por toda a

Polônia, onde se concentra o maior número de judeus!

- Me desculpe senhor, devo me retirar para deixá-lo descansar?

- Sim, soldado faça isso, gut nacht!

- Gut nacht senhor, licença.

Chegando à tenda em que eu e Wester dormíamos eu me certifiquei

que só havia Wester por perto e chamei-o:

- Wester, venha cá, tenho boas e novas!

- Por onde andou? Eu estava preocupado com você! Ele respondeu.

- Agora podemos assumir, descobri tudo. Sussurrei no ouvido dele.

- Como você conseguiu? Ele me perguntou radiante.

- Eu o fiz falar tudo, e agora eu vou te contar! Respondi.

- Bom, tenha cuidado, pois as paredes têm ouvidos! Ele alertou-me.

Após contar tudo a Wester, reunimos os soldados de guerra e conta-

Holofote Literário . 26

Page 27: Holofote Literário - Maio

-mos que a causa de toda a morte judaica é de um ódio de um só ho-

mem renegado que foi superado por judeus e se revoltou, todos fica-

ram perplexos e nos perguntaram o que achávamos disso, nós afirma-

mos que isso era uma barbaridade e que nós éramos poloneses e que

estávamos assumindo para todos.

- Meu nome é Westermann Alexandre Cordeiro.

- Meu nome é Scheiweinsteiger Silva Rocha.

- Malditos, vocês me traíram! Grita o führer.

- Se entregue e diga a verdade.— Eu disse.

- Está bem, eu me entrego, mas o que eu fiz eu não me arrependo!-

Ele disse.

- O que você fez, matou gente inocente? Perguntou Wester.

- Não, eu entrei para o capitalismo e editei o livro Mein Kauft. Ele res-

pondeu.

- Que lindo não, palmas! Eu exclamei.

Após o decreto que Adolf Hitler seria preso, a guerra terminou e os

judeus estavam livres.

- Agora Scheiwei, os códigos de guerra que aqui jaziam estão total-

mente distorcidos pelo cinza dos jornais rasgados!

- É mesmo e os aviões agora planam como galinhas depenadas por

que tudo acabou! Eu respondi.

A cinza das câmaras de gás agora agregava o puro sangue judeu,

mas com o tempo elas agregaram frágeis lenços brancos decretando

paz ao mundo todo.

Eu e meu amigo fomos morar no Brasil, onde nos casamos e tive-mos duas lindas filhas: Brunna e Jaqueline, que estudam em um colé-gio alemão.

Holofote Literário . 27

Brunna Silva Rocha e Jaqueline Alexandre Cordeiro

Page 28: Holofote Literário - Maio

Nós éramos casados há 5 anos. Mas, chegou um certo tempo em que

ele se perfumava inteiro e saía, sem dar a mínima satisfação.

E eu, ficava em casa só me lamentando o porquê. Ficava me perguntan-

do por várias coisas.

Será que o amor que ele sente por mim é igual ao que sinto por ele?

Será que a cada encontro que temos é como se fosse o primeiro? Será

que mesmo depois de 5 anos ele sente um friozinho na barriga quando

me vê?

Será que ele ainda gosta do meu beijo? Será que ele me ama?

Será que eu ainda sou a mulher da sua vida? Será que ele gosta de ou-

tra? Será? Será? Será?

Era só nisso que eu pensava.

Até que um dia eu cansei de ser esnobada, decidi fazer o mesmo, só que

diferente dele. Avisei para onde ia.

Coloquei minha melhor roupa, meu melhor par de brincos, meu melhor

par de sapatos, meu melhor perfume e fui avisá-lo.

Disse a ele que ia sair com algumas amigas. Aconteceu o que eu menos

esperava: ele me fez uma série de perguntas.

“Para que você vai sair desse jeito? Você está horrível. Não acha que es-

tá velha demais para vestir essas roupas? Que perfume é esse? Que sa-

patos são...”

Desabei em lágrimas, e a única reação que tive foi de sair correndo para

o meu quarto e chorar. Cheguei a uma simples conclusão: a de que ele

não me amava mais.

Meia hora depois ele apareceu no quarto, olhei para os olhos dele e não

acreditei: estavam vermelhos e perguntei o havia acontecido. Não obtive

resposta.

Fiquei quieta, não dizia nada. Até que falou sobre o que ele havia dito e

cheguei a conclusão de...

A nossa vitóriaA nossa vitória

Holofote Literário . 28

Page 29: Holofote Literário - Maio

Ele ainda me amava, que ainda sentia aquele friozinho na barriga quando

me via, que gostava dos meus beijos, que sabia que eu era a mulher da vi-

da dele. Que tinha feito aquele pré-julgamento, porque ele não queria me

perder, que tinha medo de eu me apaixonar por outra pessoa, e que ele

havia me achado linda.

Foi então, que eu chorei ainda mais e perguntei a ele por que saía todas as

noites e me deixava sozinha em casa.

Sabe o que ele respondeu?

Disse que estava muito doente e que havia pouco tempo de vida e não

queria que eu sofresse, quando a morte chegasse. Disse que me amava e

não se conformava em morrer e me deixar sozinha.

Tinha medo que eu me casasse com outro homem. Eu disse que não, pois

ele era o homem da minha vida.

Tudo aquilo não entrava na minha cabeça, eu não podia acreditar, iria per-

der o meu marido, o homem que escolhi para casar.

Não! Não! Não!

Já que ele vai, vou junto também. Ficar sozinha? Para quê?

Sem ter ninguém para amar, sem ânimo para sair, ficar em depressão, sem

alegria.

A única coisa que me fazia viver era ele, a minha alegria, sem isso pra quê

viver?

Logo, ele disse que não, e me fez jurar que permaneceria firme e forte, e

que eu ficaria grávida, pois ele só tinha 9 meses de vida. Fiquei feliz, por-

que ele indo embora o fruto do nosso amor ficaria comigo.

Passaram-se dois meses fiquei grávida, ficamos tão felizes, era uma meni-

na. Sete meses depois ela nasceu, Vitória, esse era o nome da nossa filha,

após um mês que ela havia nascido, ele morreu. Cumpri minha promessa,

cuidei dela.

Hoje, Victória tem 15 anos, uma menina bonita e cheia de alegria. Real-

mente ela foi uma verdadeira vitória em nossas vidas.

Holofote Literário . 29

Caroline Araújo

Page 30: Holofote Literário - Maio

De alguma maneira, sei o que ele quis dizer com isso. Parecia exatamente

que éramos casados, e nem havia amor. Ele me disse aos berros que eu

sempre quis parecer a dona da verdade, e que ele não iria mover monta-

nha alguma pra tentar me compreender. Eu era assim e não iria mudar, e

ele era o mesmo só que também não iria se modificar. Poderia ter acabado

por aí.

Eu bem sei que, no fim, um muro invisível foi criado entre nós e todos os

dias eu me pergunto em que momento começamos a errar um com o ou-

tro. A pior parte foi quando aprendi a não ser sincera comigo mesma. O

momento em que comecei a conter sorrisos para parecer séria. Assim en-

golia as palavras pra não me arrepender da imensidão de valor que cheguei

a dar. Então aprendi que olhar para cima, quando os muros do meu coração

começassem a desmoronar em silêncio e eu não conseguia segurar meu

choro de criança. Aprendi a ser tão fria comigo mesma, que mal me reco-

nhecia quando me olhava no espelho. Eu também não o reconhecia mais.

Poderia dizer que foram muitos motivos que tive para esquecê-lo, mas

não é hora de negar absolutamente nada.Talvez um dia pudéssemos nos

conformar que temos um relacionamento horrível e mesmo assim ficarmos

juntos, porque isso nos faz feliz. Ele me faz feliz, então por quê ter que me

afastar de uma pessoa que faz meu coração disparar e feliz ao mesmo tem-

po?! A vida é uma causa secreta. Mas, sei que meu coração é como uma fê-

nix, o amor é como uma fênix.

E eu já nem sei se algum dia eu me senti assim, eu nem me lembro de

querer alguém como eu o quero pra mim, eu ainda consigo ver as sombras

do teu sorriso. Eu posso ver o pôr-do-sol no teu olhar.

“E quando o sol invade os olhos é só pra te lembrar, que o bom da vida

não tem preço, é hora de acordar...”

Indícios

Luísa (2-1nc3)

Holofote Literário . 30

Page 31: Holofote Literário - Maio

Arte em focoArte em focoArte em foco

Page 32: Holofote Literário - Maio

Holofote Literário . 32

Gustavo Vieira

Page 33: Holofote Literário - Maio

Holofote Literário . 33

Alexandra Simões

Page 34: Holofote Literário - Maio

Holofote Literário . 34

Jefferson Salazar

Page 35: Holofote Literário - Maio

Holofote Literário . 35

Rute de Paula Viana

Page 36: Holofote Literário - Maio

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