hoje macau 12 jul 2013 #2891

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AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ SEXTA-FEIRA 12 DE JULHO DE 2013 ANO XII Nº 2891 PUB PUB VENHAM MAIS CINCO (SÉCULOS) Ter para ler MOP$10 PUB POUCO NUBLADO MIN 26 MAX 34 HUM 50-85% EURO 10.0 BAHT 0.2 YUAN 1.3 • PETER STILWELL Um novo mestrado na manga CENTRAIS • “GUERRA” Marca Cotai disputada pelos casinos PÁGINA 7 h PUB ANTENEIROS DESMENTEM GOVERNO PÁGINA 2 NEGADA DEVOLUÇÃO DE 500 MIL PÁGINA 5 TELEVISÃO GALAXY LUSOFONIA Pequim defende aposta na cultura A RAEM foi claramente ultrapassada por Pequim. Um responsável da capital chinesa disse ontem que se deve apostar na cultura e nas indústrias cria- tivas, nas relações com os países lusófonos. Algo de que o Fórum e o Governo têm fugido como o diabo da cruz. PÁGINA 14 E EDITORIAL LISBOA A CIDADE SAGRADA Ultrapassados

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Edição do jornal Hoje Macau N.º 2891 de 12 de Julho de 2013.

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AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006 D IRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • SEXTA-FEIRA 12 DE JULHO DE 2013 • ANO XII • Nº 2891

PUB PUB

VENHAM MAIS CINCO (SÉCULOS)

Ter para lerMOP$10

PUB

POUCO NUBLADO MIN 26 MAX 34 HUM 50-85% • EURO 10.0 BAHT 0.2 YUAN 1.3

• PETER STILWELL

Um novo mestrado na manga

CENTRAIS

• “GUERRA”

Marca Cotai disputada pelos casinos

PÁGINA 7

h

PUB

ANTENEIROS DESMENTEM GOVERNO PÁGINA 2

NEGADA DEVOLUÇÃO DE 500 MIL PÁGINA 5

TELEVISÃO

GALAXY

LUSOFONIA Pequim defende aposta na cultura

A RAEM foi claramente ultrapassada por Pequim. Um responsável da capital chinesa disse ontem que se deve apostar na cultura e nas indústrias cria-tivas, nas relações com os países lusófonos. Algo de que o Fórum e o Governo têm fugido como o diabo da cruz. PÁGINA 14 E EDITORIAL

LISBOAA CIDADE SAGRADA

Ultrapassados

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HOJE

MAC

AU

sexta-feira 12.7.2013política2 www.hojemacau.com.mo

“Estranho vermelho” entregou carta ao TSIComo não viu ser-lhe reconhecida a comissão de candidatura às eleições pelos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP), o homem conhecido como o “Estranho Vermelho” entregou ontem junto do Tribunal de Segunda Instância (TSI) uma carta de apelo. O homem prometeu ainda entregar o mesmo documento junto de outras entidades, nomeadamente o Comissariado contra a Corrupção (CCAC), a Assembleia Legislativa (AL) e Tribunal de Última Instância (TUI). Apesar do apelo do “Estranho Vermelho”, o prazo para a entrega de pedidos já terminou, bem como a possibilidade de recurso de acordo com a lei eleitoral. Recorde-se que a Associação Geral para a Defesa dos Direitos dos Cidadãos de Macau entregou a sua comissão mas os SAFP descobriram que, das mais de 300 assinaturas, 147 não era elegíveis. Como as restantes não chegavam para uma candidatura, a qualificação do candidato não foi reconhecida. C.L.

Sector do jogo não sai lesado, diz Ambrose SoO director executivo da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), Ambrose So, considera que a nova medida ponderada pelo Governo sobre a declaração de numerário apresentada nas fronteiras não vai influenciar o sector do jogo. Isto porque, em seu entender, o continente já tem uma política sobre limite de numerário nas fronteiras mas esta medida não influencia a vontade de consumo dos turistas de continente. “As receitas do jogo estão a aumentar e acredito que a nova politica do Governo da RAEM não afectar negativamente o sector do jogo”, explicou.

Joana Freitas*[email protected]

NÃO foi preciso muito tempo para que os anteneiros viessem contradizer Tou Veng

Keong, director dos Serviços de Regulação de Telecomunicações (DSRT), sobre um acordo de co-operação entre estes e a TV Cabo de Macau.

Na manhã de ontem, metade dos 12 anteneiros presentes na reunião com o Governo – de onde terá saído o tal acordo de coope-ração anunciado na quarta-feira pelo Executivo – manifestaram a sua oposição à solução propos-ta. Sem poupar nas palavras, os fornecedores de antenas comuns dizem que este acordo “é infantil” e “ingénuo”.

Um dos representantes dos anteneiros, Yeung Kah Kai, diz ser “incompreensível” a cooperação com a TV Cabo, “dado que os sinais televisivos são um recurso públi-co”. Na opinião dos seis anteneiros que se mostram contra a proposta do Executivo, os canais são grátis e o acordo “não tem base jurídica”. “As sugestões da DSRT são ainda mais irrealizáveis do que já era anteriormente. O Governo tem que nos dizer as razões jurídicas para o acordo e justificar porque é que, então, a TV Cabo, a TDM e a ATV têm autorização de transmissão dos sinais. E, mesmo que tenham, não têm o direito de autorizar os anteneiros a retransmitir os sinais”, alertou Yeung Kah Kai.

Recorde-se que o conflito entre anteneiros e TV Cabo já se arrasta há décadas, mas, recentemente, o Tribunal de Segunda Instância deliberou que, em menos de três meses, os anteneiros vão deixar de poder transmitir canais televisivos não autorizados.

Anteneiros Empresas negam concordar com o Governo

Zapping nas decisões

A TV Cabo queixa-se do facto de o Tribunal Judicial de Base ter decidido anteriormente que os anteneiros não tinham que pagar quaisquer valores à TV Cabo por retransmitirem sinais televisivos e alega que está a ser feita uma vio-lação da lei que regula a concessão de serviços públicos e também do contrato exclusivo entre a empresa e o Governo. Anteriormente, o Tribunal Judicial de Base dava razão aos anteneiros por considerar que estes prestavam um serviço incluído no direito à informação da população. Posição contrariada pela Macau Cable TV, que reitera que os anteneiros exigem paga-mento pelos seus serviços.

Na quarta-feira, o Governo veio anunciar, então, uma solução: os anteneiros vão assumir um acordo de colaboração, que vai permitir que a actividade ilegal de retrans-missão de sinais televisivos seja possível. Tou Veng Keong mencio-nou que não haverá taxas a pagar pelos anteneiros à TV Cabo, uma vez que a transmissão dos canais será feita em nome da empresa.

A DSRT diz ainda que “ambas as partes” concordaram com a solução proposta pelo Governo

e que, até ao momento, nenhum condição foi exigida pela TV Cabo. O Hoje Macau tentou obter uma reacção de Angela Lam, directora--executiva da empresa, mas não foi possível até ao fecho desta edição. No entanto, a responsável disse aos meios de comunicação em língua chinesa que concorda com o acordo. “Nós é que somos a ví-tima deste caso, mas se o Governo puder tratar a TV Cabo com justiça durante a concretização da solução, coordenaremos com o Governo.”

Já Ricky Tam, chefe de opera-ções, disse que a empresa considera o acordo “positivo e razoável” e assegura que, apesar de a TV Cabo poder vir a ter despesas – já que tem de providenciar sinais televisivos aos anteneiros – essas “não vão ser cobradas nem aos anteneiros, nem ao público”.

Ricky Tam não avança quem deverá pagar essas custas de fixação de cabos ou apoios técnicos, da da mesma forma que a DSRT também não revelou isso. Tou Veng Keong limitou-se a dizer que “o Governo poderia ter de apoiar esta parte”. Já os seis anteneiros contra o acordo afirmam mesmo “considerar cessar o negócio”. - * com Zhou Xuefei

Um dia depois de o Governo ter garantido que os anteneiros e a TV Cabo se mostraram positivos em trabalhar sob um acordo de cooperação, os fornecedores das antenas comuns vêm a público mostrar-se contra a proposta do Governo

Governo aberto ao diálogoA prestação dos sinais televisivos por parte da TV Cabo foi a “solução legal e viável” encontrada pelo Governo, explica a Direcção dos Serviços de Regulação de Telecomunicações (DSRT), por meio de comunicado lançado ontem à noite. No entanto, espera que as companhias de antenas comuns mantenham contacto com a DSRT e “apresentem activamente respostas à solução em causa e opiniões a cerca dos pormenores de cooperação”, salienta, em resposta à críticas de alguns anteneiros. “A A DSRT negociará com todas as partes os pormenores de realização da solução, sob o pressuposto da continuidade de cumprimento rigoroso da decisão constante do acórdão do Tribunal de Segunda Instância, do respeito pelo contrato de concessão e sem prejuízo do interesse e direito legal dos cidadãos a receber os canais televisivos abertos”, avança o organismo. O mecanismo encontrado, salvaguarda ainda, serve apenas para “evitar o impacto na recepção dos sinais televisivos por parte dos cidadãos que estão a receber o serviço das companhias de antenas comuns”.

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TIAGO ALCÂNTARA

TIAGO ALCÂNTARA

3políticasexta-feira 12.7.2013 www.hojemacau.com.mo

MAIS de 60 acordos as-sinados entre empresas

de Macau e do continente, com um valor superior a dez mil milhões de RMB, um aumento de 61,1% face ao ano passado. É este o balanço traçado depois do 2º seminário de cooperação e intercâmbio entre Pequim e Macau, uma acção conjunta do Governo Central e de Macau, através do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento (IPIM). De Macau participaram dez empresas e de Pequim cerca de 70, segundo dados oficiais divulgados ontem em confe-rência de imprensa.

Apesar da cooperação re-gional parecer estar de vento em popa, o Governo Central não esquece a importância do mercado lusófono.

“Além da cooperação entre as duas partes também

temos criado oportunidades para cooperar com os países de língua portuguesa e vamos aproveitar o papel do Fórum Macau”, disse Li Luxia, da entidade homóloga do IPIM em Pequim.

Irene Lau, directora-exe-cutiva do IPIM, garantiu que vai ser atingido “um patamar mais elevado de cooperação em outros domínios, e temos de fazer algo para estreitar mais os laços com os países de língua portuguesa”.

MASTV VENDEU 30%Ontem foram ainda divul-gados alguns dos negócios firmados no âmbito do semi-nário. A compra de 30% do canal de televisão MASTV por parte da Beijing Hol-dings, um negócio de 300 milhões de dólares de Hong Kong, foi um deles. Li Luxia considerou que o acordo

simboliza “um acordo muito rico para a área da indústria cultural, bem como para o ramo televisivo”.

Empresas como a Shun Tak Holdings, da empresária Pansy Ho, “também assina-ram acordos e também abri-ram o seu mercado aos países de língua portuguesa, na área dos serviços e do turismo”, acrescentou Li Luxia. Houve ainda um acordo com a Melco Crown para o espectáculo “House of Dancing Water”. Contudo, não foram avança-dos mais pormenores quanto aos contornos dos negócios firmados.

Tanto Pequim como Ma-cau prometem ter uma “coo-peração regular” e mais fre-quente. Li Luxia deixou bem claro que vão “implementar todos os acordos firmados para que se tornem projectos regulares”. - A.S.S.

Depois dos professores terem entregue uma petição ao Executivo em 2012, o deputado José Pereira Coutinho volta a questionar a DSAJ das alegadas irregularidades existentes na gestão da instituição

Andreia Sofia [email protected]

FOI o ano passado que estalou a polémica junto do Instituto de Menores (IM), instituição que

acolhe jovens internados e que está sob alçada dos Serviços para os Assuntos de Justiça (DSAJ).

Os professores com contrato tarefa queixaram-se de pressões físicas e psicológicas e o caso chegou a ser investigado a man-do da secretária Florinda Chan. Contudo, o deputado José Pereira

Zhou [email protected]

O deputado Lee Chong Cheng escreveu uma

interpelação escrita ao Executivo onde mostra preocupação com a forma como os jovens vão ocupar o seu tempo livre durante as férias de verão. Lee Chong Cheng disse ainda que a raiz dos problemas dos adolescentes nem sempre tem origem dos jovens.

“Por exemplo muitos

Instituto de Menores Pereira Coutinho volta a questionar Governo

Um “grave problema” por resolver

Acordos com Macau aumentaram 61,1% face a 2012

Pequim quer olhar mais para PALOP

Lee Chong Cheng preocupado com férias de verão

O que fazer a estes jovens?

Coutinho vem agora questionar novamente o Governo através de uma interpelação escrita, por considerar que nada foi feito.

“Recebi várias queixas apre-sentadas por professores com contrato de tarefa e adjuntos--técnicos do IM, que revelaram não só as retaliações no insti-tuto sobre os trabalhadores que lutaram pela melhoria das suas regalias, mas também as situa-ções negras da confusa gestão e do regime educativo dos jo-vens. Embora tenha revelado a situação, por várias vezes e em ocasiões diferentes, esta ainda não foi melhorada.”

Apesar da DSAJ ter inves-tigado o caso, Coutinho volta a apresentar as mesmas questões por não confiar nas respostas.

“Quer os Serviços de Adminis-tração e Função Pública (SAFP) quer a DSAJ esquivaram-se de falar dos problemas importantes e deram-me respostas selectivas e superficiais, acompanhadas de bonitas expressões como tratar o assunto de acordo com a lei.”

O deputado garante que a referida investigação foi arqui-

vada “por não se ter verificado qualquer infracção disciplinar”, e quanto a alegados casos de “assédio moral” aos adjuntos--técnicos “nem houve qualquer processo”.

Coutinho considera, por isso, que a DSAJ “não tratou de forma prudente e justa os problemas existentes no IM, não lhes dan-do a devida importância. É uma vergonha e um escândalo.”

IM “ESTRAGADO POR DENTRO”Coutinho fala ainda da existência de “casos de favoritismo” e diz que nada mudou até agora. “A revelação da situação do IM cau-sou uma grande reacção no seio da sociedade e até ao momento continuo a receber queixas sobre a chefia do IM.”

Por isso, o deputado questiona a imparcialidade do processo de investigação e o sistema de avaliação actualmente praticado no IM. Até porque “os cursos de ensino são organizados por uma escola particular, através de consulta directa”.

“O IM da DSAJ é um exemplo vivo de algo que é bonito no seu aspecto exterior mas que está completamente estragado no seu interior, concretizando a ideia de que o poder é aproveitado pelo lado oficial e o lucro é procurado em benefício do mesmo lado”, acusa Coutinho.

estudantes querem apro-veitar as férias para traba-lhar para poderem ganhar experiência e dinheiro. Mas esta intenção pode ser manipulada por crimi-nosos, como os traficantes de droga, que podem levar os jovens a transportar e a vender drogas por muito pouco dinheiro.”

O tempo que os jovens passam na internet também faz com que o deputado fique preocupado. “A in-ternet tem-se tornado cada

vez mais importante na vida dos jovens, mas nas férias de verão isso nota-se ainda mais. Há quem fique viciado nas redes sociais ou nos jogos, o que prejudica a saúde física e mental. A possibilidade dos jovens caírem nas armadilhas das fraudes online também aumenta.”

Para promover a solu-ção dos problemas acima referidos, o deputado pede ao Governo para fazer um análise profunda sobre a fraude online com os jovens envolvidos, que apresente medidas eficazes no com-bate à droga e prostituição e que dê mais orientações aos jovens. Lee Chong Cheng exorta à promoção de mais actividades para tirar os jovens do grande contacto com a internet e para educar os pais.

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sexta-feira 12.7.2013sociedade4 www.hojemacau.com.mo

Enquanto mais de uma centena de pessoas fizeram um pedido para que fossem proibidas de entrar nos casinos, uma residente de Macau foi condenada a dois meses de prisão com pena suspensa por ter entrado numa sala de jogo onde estava impedida de o fazer. A situação desenrolou-se de acordo com o regime especial que impede que determinadas pessoas – a seu pedido ou de familiares – possam jogar por sofrerem do vício do jogo. O tribunal considerou que a mulher decidiu entrar no casino de livre e espontânea vontade, mesmo sabendo que não podia

Jogo Mulher perde recurso contra punição do tribunal por entrar em casino

“Livre e conscientemente” foi jogarJoana [email protected]

A Lei de Condicio-namento da En-trada, do Trabalho e do Jogo nos

Casinos entrou em vigor em Novembro do ano passado e, segundo dados fornecidos ao Hoje Macau pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DCIJ), já 136 pedi-dos foram feitos para proibir que residentes entrem nos

casinos. Até Junho deste ano, surpreendentemente, diz a DCIJ, apenas 12 foram requerimentos foram feitos por familiares, sendo que a maior parte - 124 jogadores patológicos - tiveram a ini-ciativa de se auto-proibirem a entrar em salas de jogo.

Estes pedidos podem ser feitos sob a alçada do regime especial que permite que o director da DCIJ possa interditar a entrada em todos os casinos, ou em apenas

alguns, às pessoas que o peçam ou que confirmem um requerimento apresentado por familiares. Mas, se a lei pode mesmo condenar quem desobedeça a esta interdição até um ano de prisão, já houve quem recorresse a tribunal por causa desta lei.

Foi o caso de uma resi-dente de Macau, que inter-pôs um recurso no Tribunal de Segunda Instância (TSI) contra a decisão do Tribunal Judicial de Base (TJB). A mulher foi condenada a dois meses de prisão – com pena suspensa por dois anos – pelo “crime de desobediência” e tentou pedir absolvição. O TSI, contudo, negou provi-mento ao recurso.

Segundo um acórdão do tribunal, ontem analisado pelo Hoje Macau, a mulher alega que não pode ser condenada porque a DCIJ agiu de má fé, uma vez que “procedeu intencionalmente à notificação [da proibição] numa língua não dominada pela recorrente”. Entre os fundamentos que servem de base ao recurso, a residente diz ainda que não percebeu que estava proibida de entrar em salas de jogo e que o acto administrativo que a impede de jogar nos casinos é inválido, uma vez que “não foi ouvida” para que esse requerimento fosse, primeiro que tudo, apresentado. “Não se pode imputar responsabilidade à recorrente, porque esta não sabia do conteúdo do acto administrativo”, pode ler-se no documento do tribunal.

PLENA CONSCIÊNCIA O TSI, no entanto, tem outra visão dos factos. O colectivo de juízes nega razão à arguida, já que diz que, em Agosto de 2010, a mulher foi proibida “pre-ventivamente” de entrar nos casinos da Venetian por dois anos. O tribunal assegura que, em Setembro de 2010, a residente “assinou a noti-ficação e foi advertida que se entrasse nos casinos da Venetian Macau iria cometer o crime de desobediência”.

Pois, em Novembro, a mulher tentou jogar no casi-no da Sands – que pertence à operadora. “Ela entrou nesse casino no período da proibi-ção”, diz o tribunal. “Sabia claramente do conteúdo da notificação e, de modo livre, involuntário e consciente entrou intencionalmente no casino.”

A própria juíza a cargo do processo assegura que a mulher terá confessado

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5sociedadesexta-feira 12.7.2013 www.hojemacau.com.mo

Contras históricos O regulamento especial desta lei já existia numa versão anterior e pretende impedir que os jogadores patológicos entrem nos casinos. A situação de desobediência já não é nova. Em 2009, a condenação de uma mulher a três meses de prisão em Coloane por este mesmo crime acabou no que terá sido um suicídio. Na altura, e de acordo com a edição desse ano do jornal Ponto Final, a morte da mulher de 45 anos – e que sofria de problemas mentais – levou a protestos em frente à sede do Governo. Não só familiares, mas também o deputado José Pereira Coutinho assumiam discordar desta forma de punição. “Uma medida de interdição a casinos com pena de prisão não vai resolver os problemas, mas antes criar outros problemas”, defendeu, na altura, citado pelo jornal. “Acho que o Governo tem de alterar a lei que permite a interdição, como uma forma de reabilitar as pessoas para a sociedade e evitar que tenham o vício do jogo. Já no ano passado, na preparação para a entrada em vigor do novo regime, Jorge Godinho mostrou-se contra a punição pelo crime de desobediência para jogadores patológicos que infrinjam o regime de interdição. O jurista considera a punição “demasiado severa”, disse numa conferência sobre o tema na Universidade de Macau. A proibição de entrada nos casinos tem uma duração máxima de dois anos por requerimento, mas este pode sempre ser renovado.

Estudo avaliou serviços dos casinos

A Associação para o Estudo dos Jogos de Macau (AEJM) contratou uma consultora de Hong Kong para realizar

um estudo aos serviços prestados pelos casinos de Macau. Os resultados, revelados ontem, mostram que o serviço de shuttle bus é apontado como o pior, com apenas 1,47 pontos, sendo que o máximo da pontuação é 3,5. A segurança tem 2,64 pontos e os serviços prestados ao cliente têm a pontuação mais alta, 2,78 pontos.

O trabalho foi feito entre Abril e Junho deste ano e ava-liou cerca de 810 trabalhadores de nove casinos, de apenas seis operadoras de jogo. O sorriso, a paciência e a iniciativa dos trabalhadores foram os principais pontos tidos em conta. A AEJM espera que as operadoras possam melhorar os seus serviços para que a competitividade também aumente. - C.L.

SJM com projecto cultural no Cotai

Galaxy pede devolução de 500 mil patacas ao Governo, mas tribunal dá nega

Atraso na renda leva a multaJoana [email protected]

A Galaxy Entertainment perdeu, pela terceira vez, a oportunidade de reaver mais de 500 mil patacas

respeitantes a juros de mora por não ter pago a renda de um dos seus terrenos no Cotai. Desta vez, foi o Tribunal de Segunda Instância (TSI) quem negou provimento a um recurso interposto pela operadora, que tentou, anteriormente, que o dinheiro lhe fosse devolvido primeiro junto da Direcção dos Serviços de Finanças (DSF) e depois, através de recurso hierárquico, junto do secretário para a Economia e Finanças, Francis Tam.

Num acórdão analisado pelo Hoje Macau, com base numa no-tícia avançada pelo jornal Macau Business Daily, pode ler-se que a Sociedade Nova Galaxy Entreteni-mento (da Galaxy) queria que lhes fossem devolvidas 528.299 patacas correspondentes a 3% de dívidas e juros de mora da renda anual que a operadora teria de pagar em 2011, pelo terreno de mais de 400 mil metros quadrados no Cotai. A operadora – que tem fixado o paga-mento da renda todos os meses de Maio – pagou apenas a renda de há dois anos em Junho, o que levou a que o Governo cobrasse uma taxa pelo atraso.

A operadora diz, contudo, que

que sabia da ordem de proibição, mas disse, ini-cialmente, que “não sabia que o casino da Sands pertencia à Venetian”. O discurso da mulher terá, contudo, mudado a meio. A arguida passou a dizer que se tinha “esquecido por um momento” da proibição e, segundo a polícia, durante a investigação, “a sua postura reflectia que ela sabia” que estava interditada de entrar também no casino da Sands.

O tribunal deu isto como provado para impedir que o recurso fosse aceite.

A este facto juntou--se ainda a prova de que a notificação que lhe foi entregue estava redigida nas duas línguas oficiais e que a mulher terá assinado a versão chinesa, pelo que, diz o colectivo de juízes, sabia da sua proibição.

não recebeu a notificação para o pagamento da renda em 2011 e terá enviado um pedido para receber uma segunda via da cobrança. Esse pedido chegou, mas com mais 500 mil patacas além dos cerca de 13 milhões da renda. A Galaxy pagou a dívida, mas intentou uma recla-mação junto da DSF, sem sucesso. A seguir, apresentou um recurso hierárquico a Francis Tam – negado. E agora, foi a vez do tribunal negar razão à concessionária.

O TSI não poupa nas palavras e

considera mesmo que a operadora foi “inerte” e que lhe “faltou dili-gência”. “Essa tese [da não recep-ção do aviso de pagamento] seria aceitável se a obrigação não tivesse prazo por falta de estipulação das partes”, diz o acórdão do tribunal. “Como vimos, o momento do ven-cimento da obrigação encontra-se expressamente fixado na lei, que é o primeiro dia do mês de Maio, não dependendo (...) da recepção do conhecimento da cobrança.”

Apesar de admitir que tem sido

institucionalizado na DSF o envio desse aviso, o TSI diz que isso nun-ca condiciona o vencimento da ren-da e critica à Galaxy. “Não deveria aguardar passivamente o envio do conhecimento de cobrança, mas sim dirigir-se até à DSF até aos finais do mês de Maio (...) para cumprir a sua obrigação contratualmente estipulada.”

O tribunal diz, por isso, que a Galaxy deve suportar “as conse-quências” da sanção, mas a opera-dora ainda poderá recorrer.

A Sociedade de Jogos de Macau (SJM) vai ter um projecto cultu-

ral no seu novo empreendimento no Cotai. A empresa, que assinou ontem um acordo de cooperação com o grupo Beijing Gehua Cultural Development, vai criar a “Wonderland of Art and Li-terature” – algo que pode ser traduzido como a País das Maravilhas da Arte da da Literatura.

O projecto evoca o período inicial de intercâmbio da cultura sino-ocidental em Macau, oferecendo aos visitantes uma “viagem viva e interessante” pelo

desenvolvimento da cultura chinesa. A operadora promete performances chi-nesas culturais, exposições de “tesouros nacionais” e até um parque de diversões em torno da tema do confucionismo.

A SJM diz querer aproveitar Macau como o mais antigo centro de intercâm-bio cultural entre a China e o Ocidente. “A China foi capaz de aprender sobre a ciência ocidental, a tecnologia, a cultura e a arte e a Europa recebeu a profunda filosofia da China, a política e a arte tradicional, bem como outras formas culturais.” - J.F.

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6 sociedade sexta-feira 12.7.2013www.hojemacau.com.mo

Cecília [email protected]

A Administração Geral das Alfân-degas da China acaba de lançar

os novos regulamentos sobre a “nova zona de Hengqin”, e

Fronteiras de Hengqin com novas regras em Agosto

Liberdade de entrada para veículosque incluem as novas regras para as fronteiras, o paga-mento de taxas aduaneiras e ainda a gestão dos negócios. Segundo a imprensa chi-nesa, todas as disposições entram em vigor no próximo dia 1 de Agosto.

A fronteira com Macau

será encarada, segundo os regulamentos, como sendo de primeira linha, enquan-to que os restantes postos transfronteiriços com o continente são vistos como menos prioritários.

Isso significa que, a partir do dia 1 de Agosto, os veí-

culos com licença concedida pelas autoridades de Macau podem entrar livremente na Ilha da Montanha, mas não podem entrar noutras regiões do continente através de Hengqin. Os condutores que o queiram fazer devem passar as fronteiras consideradas

menos prioritárias e com regras mais rigorosas, como Gongbei e Portas do Cerco.

Para o transporte de produtos, quem usar a fron-teira prioritária de Hengqin terá total isenção de taxas aduaneiras, mas quem usar outras fronteiras para entrar

na China terá descontos nos impostos.

A comissão de gestão de Hengqin promete revelar mais dados sobre as novas regras na próxima semana, através de uma conferência de imprensa.

SINAL AMARELO AOS CARROS DE MACAULau Ngai Leong explicou ontem que, embora a nova lei o permita, os veículos não deverão entrar na Ilha da Montanha já que as segu-radoras não poderão garantir pagamentos em caso de acidentes no continente. Por essa razão, diz o representan-te do Conselho Consultivo de Povo Popular da China não haverá garantias de que os transportes de Macau po-derão passar fronteiras. Por outro lado, salientou, ainda não existem “instalações” nem capacidade de acolher tamanha movimentação vinda do território. “Agora a fronteira da Ilha da Montanha ainda não tem capacidade de receber o grande número de pessoa e veículos que está previsto. Ainda temos de discutir mais detalhes”, afiançou.

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7sociedadesexta-feira 12.7.2013 www.hojemacau.com.mo

A Polícia de Segurança Pública (PSP) realizou

esta quarta-feira uma acção de sensibilização para a segurança rodoviária junto à avenida Doutor Mário So-ares, tanto para peões como para condutores.

Segundo a imprensa chinesa, Chan Hung, res-ponsável dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), ocorreram no pri-meiro semestre um total de 7156 acidentes, sendo que 335 envolveram peões, prin-cipalmente crianças e idosos. Contudo, ficou garantido que houve uma quebra de 16,9% face ao ano passado.

Entre Janeiro e o passado

dia 7 ocorreram 820 casos de automóveis que não deram passagem aos peões. 11 condutores acabaram por se envolver em processos judiciais por reincidência.

Wong Wai Hung, director interino da divisão de fisca-lização da DSAT, disse que o organismo tem “prestado muita atenção à segurança dos peões”, principalmente junto às escolas. A DSAT afirma que vai aproveitar o período das férias escolares no verão para renovar os sinais de aviso. Wong Wai Hung disse ainda que a PSP vai realizar mais acções de sensibilização em outros locais.

PJ passa a operar na Avenida da AmizadeDe acordo com um comunicado oficial, a Polícia Judiciária (PJ) vai mudar-se de armas e bagagens para a Avenida da Amizade, número 823, no Edíficio Xin Hua. A partir do dia 26 deste mês começam a ser transferidos os núcleos de denúncias e intervenção e de apoio administrativo. Ainda não há datas para a mudança das restantes subunidades.

Fronteira vai termais postos de atendimento Em resposta ao Hoje Macau, a Polícia de Segurança Pública (PSP) garantiu que, “no futuro”, vão existir “mais de 100 mil novos postos de atendimento, por forma a elevar a capacidade diária da fronteira para 500 mil pessoas”. Vão também aumentar o número de postos de atendimento pela via electrónica. Desde o dia 28 de Junho que já estão a funcionar 53 novos pontos de atendimento nas Portas do Cerco. “Apesar da capacidade da fronteira de Gongbei ter aumentado, ainda não atingimos a média de 500 mil pessoas por dia, por isso temos tempo para implementar as nossas medidas para responder à quantidade dos turistas”, disse a PSP. Para já fica a promessa de aumento dos recursos humanos nas Portas do Cerco, mas também no futuro, “vai ser analisado o sistema de passagem automática, por forma a estender a medida aos portadores de salvo-conduto”. - C.L.

Joana [email protected]

A Las Vegas Sands voltou a perder a hipótese de regis-tar a marca Cotai,

desta vez devido a um recur-so interposto pela empresa Cyber One Agents Limited, accionista da Melco Crown.

A decisão foi anunciada através daquele que é o quin-to ou sexto acórdão do Tri-bunal de Segunda Instância (TSI) que nega à operadora o registo da marca.

No último mês , já foram tomadas decisões pelo tribu-nal que impedem a Venetian de registar marcas que con-tenham Cotai na expressão. Foi o caso de uma decisão de Maio também do TSI, que indicava que “Cotai é uma zona geográfica entre as Ilhas da Taipa e de Coloane e o facto de ser uma zona geo-gráfica está fora do âmbito de protecção [de marca]”. O tri-bunal dizia isto para o registo das marcas “Cotai Travel”, “Cotai Arena”, “Cotai Strip” e “Cotai Expo”.

Na altura, o TSI interveio depois de a Melco Crown ter apresentado um recurso no Tribunal Judicial de Base (TJB), para que a decisão da Direcção dos Serviços de Economia (DSE) em conce-der o registo da marca à Las

Marca Empresa ligada à Melco leva Venetian a perder novamente hipótese de registo

Cotai é de quem o apanhar

PSP realizou acção de sensibilização

Mais de sete mil acidentes

Vegas Sands fosse revogada. Deliberada a situação, os juízes do TJB deram razão à Melco Crown.

Num novo acórdão on-tem publicado e analisado pelo Hoje Macau, pode ler-se que a Cyber One recorreu no-vamente da decisão da DSE em conceder a marca “The Heart of Cotai” à Las Vegas Sands junto do TJB, que acatou o pedido. A operadora de Sheldon Adelson tentou interpor recurso junto do TSI, mas este voltou a negar-

-lhe razão. E, se a recorrente Cyber One evocou diversos factos para deitar abaixo a hipótese de registo da marca, o tribunal voltou a ficar-se por fundamentos já anteriormen-te revelados noutras decisões semelhantes: Cotai não pode ser registado, porque é uma zona geográfica.

A Cyber One recorreu considerando que “The Heart of Cotai” poderia induzir em erro os clientes, uma vez que a própria empresa tem marcas registadas com Cotai

no nome, mas acusa ainda a Las Vegas Sands de mentir. “[A marca] é uma imitação de várias outras pertencentes à [Cyber One] e, da composi-ção XXX Cotai XXX existe o risco de afinidade entre a [Las Vegas Sands] e a recor-rente, já que versam sobre s mesmas actividades”, alega a accionista da Melco. “Além disso, não há capacidade distintiva e não respeita o princípio da verdade, porque o empreendimento da [Las Vegas Sands] não se situa

no meio (coração) do Cotai, mas sim nas pontas.”

O tribunal diz não poder ter em conta as imitações entre as empresas, mas con-corda com o facto de a marca ‘Cotai’ não poder ser regis-tada, por não ter capacidade distintiva, uma vez que a palavra ‘Cotai’ corresponde a uma zona geográfica e o resto nada diz do produto que a Las Vegas Sands tenciona vender e que é, neste caso, os resorts turísticos, hotéis e serviços de alojamento,

restaurante e bares. “Em vez de identificarem serviços, apenas distraem a mente do consumidor que não tem meio de saber o sentido e o propósito da marca”, acusa o tribunal.

A marca “The Heart of Cotai” tinha sido concedida à Las Vegas Sands em 2011. Há mais de uma dezena de outros recursos face ao nome ‘Cotai’ contra a operadora que, até agora, só lhe viu ser dada razão no caso do “Cotai Central Mall”.

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sexta-feira 12.7.2013nacional8 www.hojemacau.com.mo

“PODEMOS confirmar que houve um apelo relacionado com o caso de Chan”, disse um porta-

-voz judiciário à AFP, sem avançar mais detalhes. Tony Chan, de 53 anos, está a cumprir pena na prisão de Stan-ley, em Hong Kong, indicou o jornal local South China Morning Post.

O antigo empregado de bar, que construiu uma carreira a aconselhar em matéria de ‘feng shui’ clientes importantes, foi declarado culpado no final da semana passada, depois de quase 20 horas de deliberação por um júri, por falsificação e uso de documento falso, tendo tentado usar o testamento forjado para reclamar ser o único beneficiário da fortuna de Nina Wang.

O ‘feng shui’ caracteriza-se pelo estudo dos fluxos de energia de forma a criar harmonia em casa ou nos locais de trabalho.

Tony Chan tinha reivindicado ser o único beneficiário da fortuna de Nina Wang, magnata do imobiliário de Hong Kong, que morreu em 2007.

Em causa estavam cerca de 90 mil milhões de patacas, que Nina Wang herdou após o sequestro e desaparecimento do empresário seu marido, Teddy Wang.

O magnata, que começou o impé-rio imobiliário do grupo Chinachem, foi sequestrado em 1990 e declarado legalmente morto em 1999. O seu corpo nunca foi encontrado.

Tony Chan perdeu a batalha legal em 2010, na qual reclamava ser o legítimo herdeiro da fortuna de Nina Wang, por ter sido seu amante.

O processo, conhecido como a “batalha dos testamentos”, que colocou frente a frente Tony Chan e a Fundação Chinachem, de bene-ficência, da família de Nina Wang, terminou com o tribunal a decidir atribuir a fortuna da “multimilio-nária das tranças” à sua fundação.

Nina Wang, que foi uma das 35 personalidades mais ricas da Ásia, faleceu em 2007, vítima de cancro, sem deixar herdeiros directos.

Conhecida pelos penteados infan-tis, mini-saias e meias até ao joelho que usou até aos 69 anos, idade com que faleceu, Nina Wang, nascida em Xangai, era presidente do grupo Chinachem, de investimentos imobi-liários, mas gastaria apenas algumas centenas de dólares por mês, comendo em restaurantes de comida “fast-food” e comprando roupa em “outlets”.

PELO menos 21 pessoas morreram e 50 estão de-

saparecidas por causa dos fortes temporais que, desde o último domingo, afectam o centro e o sudoeste da China, segundo os dados provisórios do Ministério de Assuntos Civis divul-gados esta quinta-feira pela agência oficial Xinhua.

As graves inundações e deslizamentos de terras provocados pelas fortes chuvas, acompanhadas nal-gumas ocasiões de granizo, afectaram até o momento 1,67 milhões de pessoas, relatou o organismo.

Em Sichuan (sudoeste), uma das províncias mais castigadas pelas chuvas,

Multinacionalfarmacêutica investigada

Subornoe violações

fiscais

O antigo mestre de ‘feng shui’ Tony Chan interpôs, na quarta-feira, recurso da sentença de 12 anos de prisão a que foi condenado por ter forjado o testamento da falecida Nina Wang, uma das mulheres mais ricas da Ásia

HK Ex-mestre de ‘feng shui’ condenado por forjar testamento recorre da decisão

Olá Nina quero cuidar de ti

Chuvas fortes fazempelo menos 21 mortos e 50 desaparecidos

Milhares de desalojados

VÁRIOS executivos de topo da empresa far-macêutica multinacional GlaxoSmithKline

Investment Co.Ltd (GSK, na sigla em inglês), foram colocados sob investigação criminal por suspeita de suborno e violações fiscais, disse a polícia chinesa esta quinta-feira. A polícia questionou alguns dos suspeitos, de acordo com um comunicado publicado pelo Ministério da Segurança Pública. A empresa é suspeita de oferecer subornos a funcionários do governo, associações médicas, hospitais e médicos nas suas operações na China, informou o comuni-cado. A empresa é ainda suspeita de se envolver em alguns crimes relacionados com impostos, de acordo com o ministério. O comunicado revela que a polícia obteve provas relacionadas com os crimes suspeitos.

12 pessoas morreram e 48 estão desaparecidas por causa das inundações, que também provocaram o de-sabamento de três pontes.

Mais de 80 mil pessoas foram afectadas e 10 mil tiveram de ser evacuadas após as fortes chuvas na cidade de Wenchuan, epi-centro do terramoto que atingiu Sichuan em Maio de 2008 e que causou 87 mil mortes na ocasião.

Na vizinha província de Yunnan, quatro pessoas morreram no município de Suijiang, enquanto mais de 28,5 mil ficaram desaloja-das pelas chuvas.

Para além disto, as auto-ridades informaram que na província central de Henan as inundações provocadas pelas chuvas torrenciais causaram quatro mortes.

O centro e sul da China são atingidos todos os anos, especialmente nos meses de verão, por inundações e desastres naturais relacio-nados, os quais chegaram a causar 4 mil mortos em 2010, o número mais alto numa uma década, segundo os dados oficiais.

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sexta-feira 12.7.2013 www.hojemacau.com.mo 9nacional

Taiwan retira 2.000 turistasno sul devido à aproximação de super-tufãoAs autoridades de Taiwan retiraram ontem cerca de dois mil turistas no sul e alertaram as embarcações para navegarem para norte e leste da ilha devido à aproximação do super-tufão Soulik. O tufão, com ventos de até 227 quilómetros por hora, estava ontem a cerca de 900 quilómetros a leste do sul Taiwan, deslocando-se a 22 quilómetros por hora para oeste-noroeste no sentido da ilha, que deverá atingir entre a noite de sexta-feira e a manhã de sábado, indicaram os serviços meteorológicos locais. As autoridades de Taiwan alertam que o tufão deverá causar ventos fortes e chuvas torrenciais, apelando à população para reforçar as medidas de prevenção. O Observatório de Hong Kong classificou o Soulik como “super-tufão” e os serviços meteorológicos de Taiwan como “tufão forte”. A China estava ontem sob alerta laranja, o segundo mais elevado, devido ao Soulik, informou a agência oficial Xinhua. Depois de atingir ou passar ao lado de Taiwan, o Soulik deverá dirigir-se para as províncias chinesas costeiras de Zhejiang e de Fujian.

A chinesa Lenovo supe-rou a norte-americana

Hewllet-Packard como a maior vendedora de compu-tadores pessoais do mundo, segundo dados divulgados esta quarta-feira, pela con-sultoria International Data Corporation (IDC). Foram vendidos 75,63 milhões de computadores em todo o mundo no segundo trimestre deste ano, o que representa uma queda de 11,4% na comparação com o mesmo período de 2012.

Deste total, a Lenovo respondeu por 12,62 mi-lhões de unidades (16,69%), enquanto a HP vendeu 12,38 milhões de computadores (16,38%). A seguir apare-cem a Dell (9,23 milhões, ou 12,21%), Acer Group (6,23 milhões, ou 8,24%) e ASUS (4,59 milhões, ou 6,07%).

“No segundo trimestre a Lenovo continuou a obter ganhos impressionantes fora da região Ásia/Pacífico – ex-cluindo o Japão. Entretanto, as dificuldades na China

A ambição da China de expor-tar carros chineses para o mundo deparou-se com um obstáculo, com as vendas a

cair em dois meses consecutivos.O país exportou 84.400 carros no

mês passado, cerca de menos 20% que no mesmo período do ano passado, informou ontem um grupo do sector automóvel. Este resultado seguiu-se a uma queda de 16% em Maio — a pri-meira diminuição anual em cinco anos.

As exportações ainda modestas para mercados como o Iraque, Viet-name e Turquia estão em declínio, já que o crescimento económico global continua lento e vários países que as fábricas chinesas tinham escolhido para se expandir enfrentam dificulda-des económicas e políticas.

A queda das exportações em Junho foi divulgada no mesmo dia em que as estatísticas anunciaram um aumento de 11% no total de veículos vendidos no mercado interno chinês ano passado, indicando que as vendas domésticas continuam sólidas, apesar de desace-leração do crescimento económico do país. A China é o maior mercado mundial de automóveis em vendas.

Os dados da Associação Chinesa de Fabricantes de Automóveis, uma entidade semi-oficial, demonstraram que as fábricas chinesas captaram 38% das vendas de veículos de passageiros do país em Junho, face aos 47% no fim do ano passado. Os números mostram que as marcas estrangeiras continuam a dominar o mercado, indiciando proble-mas para as marcas chinesas, perante um mercado inundado de fábricas de automóveis.

Scott Laprise, analista do sector automóvel, diz que algumas fábricas chinesas se tinham voltado para a ex-portação, porque tinham dificuldades de vender no mercado doméstico. O país tem cerca de 140 fabricantes chinesas. “Esta abordagem não é sustentável”, disse. “Estes fabricantes provavelmente vão fracassar, o que pode provocar o início de uma crise para os carros chineses”, diz Laprise.

O total de vendas na China alcan-çou 1,75 milhão de veículos em Junho, enquanto as vendas de veículos de passageiros subiram 9,3%, para 1,4 milhão de unidades. Nos primeiros seis meses do ano, as vendas de automóveis cresceram 12%, para 10,78 milhões,

e as de carros de passageiros subiram 14%, para 8,67 milhões, informou a CAAM.

A queda nas exportações de auto-móveis ocorre num momento em que o total das exportações chinesas em Junho caiu 3,1% em relação ao mesmo mês de 2012, segundo os dados da Administração Geral das Alfândegas do país, divulgados esta quarta-feira. Os analistas atribuíram a queda nas exportações de automóveis chineses a um enfraquecimento da procura nos mercados emergentes, aos protestos violentos na Turquia e no Brasil, e à valorização da moeda chinesa, o yuan.

A CAAM informou que países como o Iraque, Venezuela, Irão, Vietname e Turquia tiveram as maio-res quedas na importação de carros chineses.

Os destinos de exportação dos car-ros chineses estão muito concentrados na América do Sul, Médio Oriente e Rússia. “A volatilidade num só mer-cado-alvo pode facilmente prejudicar o desempenho total no exterior”, diz Yale Zhang, analista da empresa de consultoria automóvel Automotive Foresight, em Xangai.

China com dificuldades de ser grande exportadora de automóveis

Mercado interno sólido

Chinesa Lenovo superaHP na venda de PCs

A facturarfora da Ásia

continuaram a afectar seu mercado doméstico signi-ficativamente”, diz a IDC.

Outra consultoria, a Gartner Inc também deu a liderança do mercado para a Lenovo. Segundo os da-dos da companhia, foram vendidos 76 milhões de computadores pessoais no segundo trimestre. A Le-novo vendeu 12,68 milhões de unidades (16,68%), enquanto a HP ficou com 12,40 milhões (16,32%). Nas contas da Gartner, as vendas globais registaram uma queda anual de 10,9% no segundo trimestre.

“Mesmo face às condi-ções mais difíceis já vistas no mercado de computa-dores pessoais, a Lenovo não só aumentou a sua participação, mas melhorou solidamente a sua rentabi-lidade e introduziu ainda mais produtos inovadores para todos os segmentos”, disse em comunicado o di-rector executivo da Lenovo, Yang Yuanqing.

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HOJE

MAC

AU

sexta-feira 12.7.201310 entrevista www.hojemacau.com.mo

A faculdade de Psicologia e Educação da Universidade

de São José (USJ) vai alargar o seu campo de estudos e forman-dos. Vão arrancar no próximo ano lectivo dois programas relativos ao ensino - licencia-tura e pós-graduação. A ideia é corresponder às expectativas governamentais sobre uma maior exigência a nível de ensi-no local, explica a coordenadora do programa em educação, Ana Maria Correia ao Hoje Macau.

“Vêm responder ao clima político actual de Macau que vai no sentido de investir na me-lhoria da qualidade de educação que, por razões históricas, tem sido uma área que nem sempre foi servida da melhor maneira”, adianta a responsável, que não nega contactos dos serviços governamentais competentes,

a Direcção dos Serviços de educação e Juventude (DSEJ). “Foi-nos mostrado que havia interesse em criar o curso de pós--graduação, que vem responder aos novos requisitos estabele-cidos pela lei 3/2012 [Quadro geral do pessoal docente das escolas particulares do ensino não superior] que obriga os professores a terem formação profissional, complementar à académica, na área da educação já que só assim poderão continu-ar a exercer a profissão”, avança.

O programa de pós gradu-ação foi, por isso, validado há dois meses, com a duração de um ano (12 meses) e destina--se, preferencialmente, aos actuais docentes. Aos profis-sionais, residentes, a DSEJ garante apoio financeiro no valor de 20 mil patacas (para

o nível secundário) como incentivo a que permaneçam no activo ou, de outro modo, para corresponder à maior necessidade de mais qualifi-cados neste ciclo de estudos. O custo total do curso ronda as 27,5 mil patacas. As vagas, esclarece a coordenadora, estão, talvez por essa razão, praticamente preenchidas, embora as inscrições ainda não tenham terminado. No entanto, há já 45 candidatos aptos para entrarem na secção inglesa da pós-graduação e outros 26 na secção chinesa.

“Estamos a dar prioridade a pessoas que já estão dentro da profissão, se já têm as qualifi-cações para ensinar, e já foram aceites pela chefia das escolas, é porque já estão qualificadas e temos de as apoiar [...] Até

porque estão a correr o risco de voltar para o desemprego”, explica Ana Maria Correia.

NECESSIDADE DE MAIS E MELHOR PORTUGUÊSA aprovação à licenciatura em educação - repartida em cinco especializações (infantil, primá-rio, inglês, português e educação moral e religiosa, as três últimas para ensino secundário) - che-gou mais tarde. Apenas esta semana a boa nova foi dada a conhecer à USJ e, por isso, as

decisões foram tomadas em passo corrido. Por essa razão, apenas duas das especializações vão funcionar no próximo ano lectivo: ensino infantil e portu-guês. As inscrições vão abrir no próximo mês e devem manter--se abertas, pelo menos, até ao fim do mês para preencher um total de 50 vagas (25 para cada especialização). Mais uma vez houve um diálogo entre institui-ção e Governo.

“Por um lado, em Macau neste momento há uma gran-de abertura na aprendizagem do português, várias figuras públicas têm sublinhado o interesse e a necessidade de qualificar professores para melhorar a qualidade do ensino do português”, esclarece a co-ordenadora da área de estudos. No ensino infantil, calcula a

USJ, a premência de pessoal qualificado deverá ser maior, tendo em conta a procura, ou seja, o número de nascimentos no último ano “do Dragão”.

Os requisitos, nesta área de estudos, passam pelos níveis B1 de inglês, para a especialização em ensino infantil, e também de B1 português, para a espe-cialização nesta área. Ambas serão, nos primeiros dois anos de estudos, leccionadas em língua inglesa e depois então, a primeira avança em chinês e a segunda em português.

E como não há duas sem três. No próximo ano abre ainda o programa de mestrado em educação, já em funcionamen-to há 10 anos, mas que sofreu um interregno no próximo ano. Já estão inscritos, até ao momento, 15 alunos. - R.M.R.

Há um ano à frente dos destinos da Universidade de São José, o reitor Peter Stilwell avança que vai ser criado um mestrado na área ambiental que servirá aos funcionários da DSPA. Em entrevista, o académico admite que há mais exigência governativa na aprovação de cursos

Rita Marques [email protected]

Qual o balanço que faz deste pri-meiro ano lectivo a comandar os destinos da USJ, sobretudo, dadas as reformas de que foi alvo?Grande parte das medidas que alte-raram o ritmo da universidade foram tomadas nos primeiros meses em que eu cá estive. E, nesse sentido, o ano começou já com uma série de decisões tomadas que diziam res-peito à formação das faculdades, à reorganização das responsabilidades dentro da universidade, à atribuição da responsabilidade da parte adminis-trativa e o começo de um esboçar de um organograma para a universidade. Em Setembro o ano arrancou muito calmamente. Ao longo do ano não tivemos particulares perturbações, mesmo em termos de perda de alunos que se vai tendo ao longo do ano, que dá sempre uma quebra em termos de número, foi mínima. Não tenho os

Peter Stilwell avança com mestrado em Ambiente

“GAES aprovava cursos com uma certa facilidade”

Risco de desemprego dos docentes põe em marcha pós-graduação em Educação

“Clima político” obriga a novos ensinamentos

números exactos, mas rondaram até ao final do primeiro semestre, que é crítico, os cinco por cento de alunos.

Ou seja, poucos foram os alunos do primeiro ano a sair?Sim. É uma perda mínima para o que se tinha passado aqui em anos anteriores. Estamos a falar de 200 alunos, logo, dez alunos no total

que acabaram por desistir. Aqui em Macau uma das razões que leva os alunos a desistirem muitas vezes é o facto de encontrarem uma universi-dade a funcionar com o inglês como língua veicular. Porque, apesar de terem tido inglês nos seus estudos no secundário, têm muita dificuldade em expressar-se, ouvir os professores, escrever trabalhos. É um choque. Mas

este ano fizemos uma selecção e para aqueles que tinham mais dificuldades fizemos um curso intensivo no Verão para melhorarem. Pode ser que tenha contribuído. Caso passassem tinham o lugar guardado. Se chumbassem, não podiam entrar.

A ideia é ter uma menor taxa de reprovação nos cursos e estabelecer

um novo patamar de exigência?Vamos introduzir uma nova regra em que estabelecemos um nível mínimo para os alunos no uso de inglês, e vão precisar disso para passarem para o terceiro ano. Esta é uma nova exigên-cia que criámos, que será benéfico para os alunos, para aproveitarem melhor o terceiro e quarto anos, que são decisivos na sua formação. E para os colegas, porque quando há alunos que não são capazes de seguir o que se passa é algo que tem um efeito sobre a turma. Mas não os queremos reter (no segun-do ano), o que vamos fazer é dar-lhes essa oportunidade.

Não é exigido um certificado inter-nacional do inglês como requisito de entrada?Se eles trouxerem isso é aceite. Se não, fazemos o nosso próprio teste. E vamos também fazer o teste aos mestrados que são em língua inglesa. Então no mestrado temos uma série de situações que são penosas para os alunos e para nós, como os alunos que têm dissertações para fazer e quando a apresentam é difícil de ler... Tudo indica que temos de garantir esta qualificação ao nível das línguas.

A exigência nas línguas aumenta a competitividade da USJ face a outras universidades?Não sei, mas sei que a nossa aposta é sermos uma universidade que dá uma formação veicular em inglês. Portan-

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11sexta-feira 12.7.2013 entrevistawww.hojemacau.com.mo

Peter Stilwell avança com mestrado em Ambiente

“GAES aprovava cursos com uma certa facilidade”to, percebendo que há excepções, o importante é que quem saia daqui e se apresente numa universidade in-glesa ou anglo-saxónica não se sinta envergonhado por não dominar a língua. É uma mais-valia em termos profissionais e académicos.

AS AVALIAÇÕES DO GAES

Funcionou bem a reestruturação em cinco faculdades?Sim, criou-se um conselho dos direc-tores das faculdades com regularidade. Até aqui havia um conselho de gestão, mas agora passa a haver também um conselho dos directores, de maneira a que as decisões sejam conhecidas por todos. E para que haja consenso e uma cultura igual, em que haja os mesmos critérios, em avaliações, inscrições, os professores, organização dos conse-lhos pedagógicos.

Que reformas ainda estão para vir?Foi preciso criar regulamentos para a universidade que não esta-vam aprovados. Temos agora um

regulamento para a progressão na carreira docente. Foi-nos pedido pelo GAES [Gabinete de Apoio ao Ensino Superior] para rever os nossos estatutos porque foram pedidos para um instituto inter-universitário, e agora somos uma universidade. Era preciso aclarar qual a nossa relação precisa com a Universidade Católica, com a Fundação Católica [do Ensino Superior Universitário] e fizemo-lo. Entregámos na semana passada.

Essa mudança pressupõe protocolos de intercâmbio de alunos e docentes?Sim. Isso é outra coisa com que estamos a trabalhar e é um acordo [entre a UCP e a USJ] por assinar neste momento, e que já foi aprova-do por ambos os lados. Mas quando chegar a Portugal em fins de Julho será assinado. E será para a troca de alunos e intercâmbio de professores. As nossas indústrias criativas estão a trabalhar com o Porto, o nosso Business (Gestão) está a trabalhar com Lisboa. E estamos a trabalhar nesta área da educação e mais na

área de ambiente. A Católica tem já programas nessa área que queremos ver se conseguimos desenvolver de tal maneira que queremos ver se os alunos podem fazer um ano lá e um cá. E os de cá fazer um ano lá.

Os programas de ambiente é uma nova aposta?São novos, mas são só para [entra-rem em funcionamento] para o ano que vem.

Ao nível da licenciatura?Nesta área estamos a pensar começar pelos mestrados. Achamos que será melhor porque é o lugar em que po-demos dar formação a pessoas que já estão profissionalmente colocadas, precisam de pegar nestas questões do ambiente e podemos-lhes dar uma série de critérios e contactos que lhes permitam depois progredir. Não é intenção formar técnicos em ambiente.

Poderia servir aos funcionários da Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA)?Sim, e para quem está à frente de empresas, relacionadas com lixo e reciclagem. Por isso é que achamos que o mestrado é o mais apropriado porque as pessoas têm a sua espe-cialidade para a área em que estão a trabalhar e agora farão uma reflexão

sobre qual é o impacto que essa área tem sobre o ambiente.

E já foi apresentada ao GAES?Não, mas está na fase final. Já foi elaborado internamente, discutido e aprovado pelo conselho académico.

Mas o novo programa tem por base alguma indicação do Gover-no para melhor qualificar esses profissionais?É iniciativa da USJ. O tema, como todos sabemos, é da maior actualidade aqui como em todo o mundo. E a USJ tem já alguns talentos que quer pôr a render para benefício da região.

Existem mais programas para licenciaturas, pós-graduações e mestrados? Programas já entregues para aprova-ção, temos um na área de Gestão com um “Executive MBA”, e outros que se prendem com renovações dos progra-mas já aprovados, na área da psicologia e de estudos de património. Havia uma série de cursos que já havia, o GAES aprovava com uma certa facilidade, era apenas preciso mandar a lista das matérias. Hoje em dia são muito mais apertados e exigem toda uma estrutura.

Sobre a nova lei do ensino superior, quais as reformas a que a USJ terá de se submeter?

Tem circulado para discussão sobre a nova lei. Fizemos os estatutos tendo isso em conta, para que daqui a um ano não estejam desactuali-zados. E quanto à nova agência de acre-ditação?Não vai existir, tenho impressão. O GAES vai estabelecer critérios sobre qualidade aqui para Macau e as instituições e os cursos poderem pedir acreditação a agências de fora. Não faz muito sentido uma região tão pequena ter uma acreditação local. Ou recrutavam toda a equipa de avaliação de fora, que é algo caríssimo. Ou cor-rem o risco de não ter objectividade. O que o GAES vai fazer é estabelecer um nível de ensino superior, qualquer agência que venha de fora tem de ter em conta os critérios do Governo. Agora se a USJ quer ir à Europa buscar uma agência de acreditação e uma outra universidade quer ir à vizinha Hong Kong, isso para o GAES não faz diferença. Até estão dispostos a subsidiar o pedido e fazer essa acreditação de fora. E colocamos no site que fomos acreditados pela agência X. Não podemos viver sem ser acreditados, mas só será possível daqui a um ano. Ainda não estamos em condições de uma acreditação internacional. Estamos numa fase preliminar.

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sexta-feira 12.7.2013publicidade12 www.hojemacau.com.mo

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sexta-feira 12.7.2013 www.hojemacau.com.mo 13www.hojemacau.com.mo vida

A Organização para a Ali-mentação e a Agricul-tura prevê para este ano um máximo histórico na

produção mundial de cereais, num relatório que conclui haver 34 países, 27 dos quais em África, a precisar de assistência alimentar externa. As conclusões são do relatório trimestral “Perspectivas de Colheita e Situação da Alimentação”, publicado ontem pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

Segundo o documento, a produ-ção mundial total de cereais deverá aumentar este ano em cerca de 7% face a 2012, o que ajudará a “repor os stocks globais e a aumentar as esperanças de mercados mais está-veis em 2013/2014”. Este aumento pode elevar a produção mundial de cereais até 2.479 milhões de toneladas, o que representa um novo recorde.

Segundo a FAO, a produção de trigo em 2013 deve chegar aos 704 milhões de toneladas, mais 6,8% do que no ano anterior, e a produção de cereais secundários está calculada em cerca de 1.275 milhões de toneladas, mais 9,7% do que em 2012.

A previsão para a produção mundial de arroz em 2013 aponta para um aumento de 1,9%, atin-gindo cerca de 500 milhões de toneladas. O relatório estima um aumento de 5% nas importações de cereais pelos Países de Baixo Rendimento com Défice Alimentar (PBRDA) em 2013/2014.

ALERTA PARA A SÍRIAO documento acrescenta que os preços internacionais do trigo caíram ligeiramente em Junho, com o início da temporada de colheita de 2013 no hemisfério norte, e os do milho aumentaram

A polícia chinesa descobriu uma rede de venda de par-

tes de frango - principalmente de pernas – mal armazenadas e algumas delas fora do prazo há 46 anos, informou ontem a imprensa local.

A operação policial aconte-ceu na cidade de Nanning (sul da China), onde as autoridades

apreenderam 20 toneladas de pernas de frango congelado em mau estado ou fora do prazo desde a década de 1960.

A descoberta foi muito comentada nas redes sociais chinesas, onde se criticava fortemente a falta de controlo que muitos alimentos parecem ter no país, e os internautas,

com ironia, referiram-se tam-bém à situação com o termo de “garras de frango ‘zombies’”.

Muitos destes produtos eram importados ilegalmente de outros países vizinhos – Nanning encontra-se perto da fronteira com o Laos e Vietna-me – e processados em fábricas chinesas, onde eram vendidos

para diferentes partes do país.Alguns destes pedaços de

frango foram conservados em peróxido de hidrogénio, um aditivo ilegal que atrasa a data de validade, dando um aspecto mais “recente” ao alimento, disseram as autoridades de segurança pública de Nanning ao “China Daily”.

Venda de frango fora do prazo há meio século provoca escândalo na China

Congelados desde os anos 60

FAO prevê “máximo histórico” na produção de cereais

Comida para todos ou talvez nãodevido à contínua escassez na oferta.

No capítulo referente à segu-rança alimentar, a FAO alerta para a situação na Síria, onde a produção de trigo caiu bastante abaixo da média este ano devido à escalada do conflito, que afectou também “severamente” o sector pecuário.

“Estima-se que cerca de quatro milhões de pessoas se encontrem em situação de insegurança ali-

mentar severa” no país, sublinha a organização. A agitação social no Egipto, assim como a redução das reservas cambiais, têm também gerado preocupações ao nível da segurança alimentar.

Os conflitos na República Centro-Africana e na República Democrática do Congo, que afec-tam cerca de 8,4 milhões de pes-soas, contribuem para manter “as graves condições de insegurança

alimentar” na região da África Central.

Apesar de uma melhoria da situação alimentar da região da África Ocidental, após uma produ-ção de cereais acima da média em 2012, grande número de pessoas ainda sofrem com os conflitos e os efeitos da crise alimentar de 2011/2012, acrescenta a FAO.

Já na África Oriental, apesar da segurança alimentar doméstica ter

melhorado na maioria dos países, persistem grandes preocupações em relação às áreas de conflito na Somália, no Sudão e no Sudão do Sul, onde há um milhão, 4,3 mi-lhões e 1,2 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar, respectivamente. No total, escre-ve a FAO, existem 34 países que precisam de assistência alimentar externa, dos quais 27 se encontram em África.

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sexta-feira 12.7.2013www.hojemacau.com.mocultura14

Finalmente a China admite que as ligações aos países lusófonos não podem ser unicamente económicas e têm de passar pela cultura. A ver se Rita Santos ouve as vozes de Pequim...

O município de Pequim quer “usar Macau como plataforma para am-pliar a sua influência

nos países de língua portuguesa”, disse o presidente do governo da capital chinesa, Wang Anshun, citado hoje pelo jornal China Daily. No segundo Simpósio de Coopera-

A agência de notícias chinesa Xinhua lan-

çou uma campanha com o objectivo de aumentar a consciência pública sobre a importância da preserva-ção do património cultural da antiga Rota da Seda.

Apoiada pela Unesco, a campanha “Protegendo Du-nhuang” levará jornalistas profissionais, investigado-res e cidadãos numa jornada exploratória ao maior lugar de património natural e cultural ao longo da Rota da Seda, que inclui as Grutas de Maijishan (Montanha Wheat Stack), a Passagem Jiayuguan e as Cavernas Mogao em Dunhuang.

O músico português Rodri-go Leão escreveu a banda

sonora do filme “The Butler”, do realizador norte-americano Lee Daniels, sobre um mor-domo que trabalhou para a família de oito presidentes dos Estados Unidos.

De acordo com a promoto-ra Uguru, Rodrigo Leão está a finalizar o trabalho para aquela produção norte-americana, que se estreará nos cinemas nos Estados Unidos em Agos-to, mas não especificou se contou com a participação do Cinema Ensemble.

A história de “The Butler”, que deverá ter o título em português “O mordomo” (com possível estreia em Setembro), inspira-se em factos reais, a partir de uma reportagem do Washington Post sobre um

afro-americano que trabalhou na Casa Branca, ao longo de trinta anos, servindo oito presi-dentes, entre os quais Richard Nixon, Ronald Reagan e JF Kennedy.

O filme, protagonizado por Forest Whitaker, é assim uma viagem pelas transformações sociais e políticas nos Estados Unidos, entre os anos 1950 e 1980.

Do elenco fazem ainda parte Oprah Winfrey, Vanessa Redgrave, John Cusak, Robin Williams, Melissa Leo, Liev Schreiber, Alan Rickman e Jane Fonda, entre outros.

Rodrigo Leão, cujo reper-tório a solo já foi muitas vezes descrito como “cinematográ-fico”, soma algumas partici-pações na escrita para cinema.

Recentemente compôs

para as longas-metragens “O frágil som do meu motor”, de Leonardo António, e “A gaiola dourada”, do luso-francês Ruben Alves.

Fez ainda música para a série documental “Portugal - Um retrato social” e para a série de ficção “Equador”, para o filme “Um passo, outro passo e depois...” (1989), de Manuel Mozos, e participou, enquanto músico dos Madredeus, na composição da música e na interpretação no filme “Lis-bon Story” (1994), de Wim Wenders.

De acordo com a Uguru, os premiados Quincy Jones e Alexandre Desplat tinham sido anteriormente designados para a composição da banda sonora, mas o convite acabou por recair em Rodrigo Leão.

Uma antologia de poetas eslovenos e portugueses do século XX foi ontem apresentada em Lisboa, na sede do Camões IP (Palacete Seixas). Trata-se de uma obra organizada e coordenada por Mateja Rozman, em colaboração com Casimiro de Brito, que traduz as correntes literárias do século XX nos dois países. Milan Dekleva, Mila Kacic, Matej Bor, Erika Vouk, Dane Zajc e Lily Novy são alguns dos autores eslovenos representados, figurando

do lado português os poetas Fernando Pessoa, José Régio, António Ramos Rosa, Sophia de Mello Breyner Andersen, Ruy Belo, Eugénio de Andrade, entre muitos outros. Este projecto editorial, que dá continuidade às antologias “Treze Poetas Eslovenos” (2008) e “Treze Vozes Portuguesas” (2009), teve o apoio do Leitorado de Língua e Cultura Eslovena da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e da Faculdade de Letras da Universidade de Liubliana.

Município de Pequim quer “usar Macau como plataforma” para os países lusófonos

É a cultura, pois claro!

Xinhua lança campanha de protecção da Rota da Seda

Viagem ao património cultural mundial

Rodrigo Leão fezbanda sonora de filme norte-americano

Melhor que Quincy Jones

ção e Intercâmbio Pequim-Macau, realizado na quarta-feira no territó-rio governado outrora por Portugal, Wang Anshun manifestou-se expli-citamente interessado nas áreas do turismo e das “indústrias criativas e culturais”, noticiou o China Daily.

A ligação à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa “é uma grande vantagem de Macau” e permite ao território “servir de plataforma para um mercado com quase 300 milhões de pessoas”, realçou o presidente do Instituto de Promoção do Comércio e Investi-mento de Macau, Jackson Chang, citado também pelo jornal.

Em 2012, o comércio entre Pequim e Macau aumentou 22 %, para 350 milhões de dólares (266,4 milhões de euros) e, segundo Wang Anshun, o seu município - com uma área idêntica a metade da Bélgica e 20 milhões de habitan-

tes - quer “alargar a cooperação económica” com aquela Região Administrativa Especial, indicou o jornal.

Óleo refinado e telemóveis são as principais exportações de Pe-quim para Macau, que no conjunto somaram 348 milhões de dólares (264,9 milhões de euros).

Pequim é um dos quatro mu-nicípios chineses directamente dependentes do governo central chinês, gozando de um estatuto igual ao de uma província, e Ma-cau, integrado na República Popu-lar da China em 20 Dezembro de 1999, é uma Região Administrativa Especial, com moeda própria, a pataca, e “alto grau de autonomia”.

O valor do Produto Interno Bruto per capita em Macau atingiu os 76.588 dólares em 2012, cinco vezes mais do que em Pequim, refere o China Daily.

“Esta campanha é uma oportunidade para aumentar a consciência pública sobre a herança cultural ao longo da Rota da Seda e atrair a atenção pública para a protecção do património mundial na China como um todo”, disse Andrea Cairola, do gabinete chinês da Unesco, na cerimónia de lançamento da iniciativa, esta quinta-feira.

A campanha conta também com o apoio da Administração do Patri-mónio Cultural de Gansu e daAcademia Dunhuang.

Durante a viagem de 10 dias, que irá começar a 15

de Julho, os participantes realizarão reportagens de multi-media através dos serviços de rede da Xi-nhua, e com a plataforma de multi-media móvel “iFocus”.

A “iFocus” inclui um aplicativo móvel base-ado no sistema Android e conta com os serviços de troca de mensagens instantâneas WeChat e a plataforma de microblog Sina Weibo, similar ao Twitter, bem como com uma série de dados de notícias de alguns dos maiores portais de notícias da China.

A Rota da Seda é uma rede de antigas rotas de comércio terrestre que se estende por todo o conti-nente asiático e liga a Chi-na ao Mar Mediterrâneo.

Vários trechos da Rota da Seda foram adicionados à lista de futuros candida-tos potenciais para a Lista de Património Mundial este ano. A China tem actu-almente 45 locais inscritos na Lista.

Wang Anshun

Antologia de Poetas eslovenos e portugueses apresentada em Lisboa

Page 15: Hoje Macau 12 JUL 2013 #2891

15culturasexta-feira 12.7.2013 www.hojemacau.com.mo

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O Chefe do Executivo, Chui Sai On, em nome

do Governo da Região Administrativa Especial de Macau, recebeu uma doação de várias obras artísticas e académicas, oferecidas pelo mestre de sinologia professor Jao Tsung-I. As referidas obras serão reservadas na sala de exposições designada do nome Jao Tsung-I.

Chui Sai On, teve, hoje (dia 11), um encontro com o professor Jao Tsung-I, em Santa Sancha, durante o qual agradeceu a atenção e contribuição nas áreas artísticas e académicas e a doação de um conjunto de obras preciosas.

O mesmo responsável disse ainda que, o governo irá expor as mesmas ao pú-blico, no sentido de impul-sionar o desenvolvimento local nas áreas da cultura e das artes.

O mestre de sinologia está ligado a Macau desde a altura em que leccionou na Universidade da Ásia Oriental (actualmente Uni-versidade de Macau) con-tribuindo para a educação em Macau, acrescentou o chefe do Executivo.

No encontro, o profes-sor Jao Tsung-I manifestou a sua satisfação em reen-contrar o Chefe do Execu-tivo, e relembrar o período em que esteve em Macau e a forte ligação à cidade.

Após conversações en-tre o governo da RAEM, o professor Jao Tsung-I e a sua família concordaram

criar, em Macau, uma sala de exposições para exibir as obras realizadas pelo mes-tre como forma de elevar o sector da cultura e das artes assim como incrementar o crescimento académico do ramo.

No encontro, o secre-tário para os Assuntos Sociais e Cultura, Cheong U, o presidente do Instituto Cultural, Ung Vai Meng, e o coordenador da Jao Tsung-I Petite Ecole, The Universi-ty of Hong Kong, Tang Wai Hung tocaram impressões sobre a criação de uma sala de exposições em Macau, e acordaram que a decisão final depende da vontade do mestre Jao Tsung-I.

Após o encontro, o pro-fessor Jao Tsung-I ofereceu uma obra e um catálogo, que representa a colectânea de 75 obras de arte e 81 obras académicas, que irão ser oferecidas ao governo da RAEM e exibidas na futura sala de exposições Jao Tsung-I.

Entre as pinturas do artista, três são alusivas a Macau, respectivamente a “Paisagem de Macau e Taipa”, pintada em 1988, a “Paisagem de Coloane” pintada em 1998 e a “Costa sul de Coloane” pintada em 1981.

Segundo a apresentação de Tang Wai Hung, esta do-ação inclui obras artísticas de pintura e caligrafia chi-nesa, feitas entre a década 60, do século XX, e 2013, representativas das várias fases da vida do autor.

De acordo com o pro-fessor Jao Tsung-I a escolha destas obras consiste em dois princípios, o primeiro para manifestar a ideologia artís-tica do autor, a junção das artes e estudos académicos da China com o trabalho feito desde a matéria-prima até à obra final e o segundo pelo facto de Macau sempre ter sido sempre um importante centro de intercâmbio cultu-ral entre o Ocidente e a China, já que o mestre considera que a partir dos finais do século XX a começou a surgir um maior interesse pelas obras Orientais e que esta tendên-cia tem vindo a aumentar. Assim, o mesmo considera que a colecção não só mostra a inclusão do estilo ocidental e oriental como também de-monstra as características e as influências na concepção artística das obras.

Assim, a colecção de arte doada representa uma grande parte das suas obras como sucesso adquirido no mundo das artes e destaca o pensamento inovador e a ideologia artística que estas representam.

Estiveram ainda presente no encontro a filha do autor, Angelina Yiu Ching Fun, vários amigos do atelier do mestre, Chui Sai Cheong, Lao Ngai Leong, Lei Loi Tak, o chefe do Gabinete do Chefe do Executivo, Alexis Tam e a secretária-geral do Conselho Executivo, O Lam, o coordenador do Gabinete de Protocolo,Relações Pú-blicas e Assuntos Externos, Daniel Fung.

Chefe do Executivo agradece obras doadas pelo mestre Jao Tsung-I

Para memória futura

Page 16: Hoje Macau 12 JUL 2013 #2891

GONÇ

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LOBO

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HEIR

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sexta-feira 12.7.2013desporto16

Marco [email protected]

MAIS de meio ano de-pois de ter anunciado

o adeus aos relvados do território, a Casa do Futebol Clube do Porto de Macau prepara-se para interromper o período de inactividade a que se submeteu quando decidiu não tomar parte parte nas competições de futebol de onze. Os dragões do ter-ritório receberam luz verde da Associação de Futebol de Macau para disputar a edição de 2013 do Campeonato de Futebol de Sete da 1ª Divisão e já formalizou os procedi-mentos de pré inscrição no torneio: “Corriam por aí algum rumores que davam conta da oposição de alguns clubes à participação do FC Porto, mas a Associação foi peremptória e deixou claro que o futebol de onze é uma coisa e a “Bolinha” é outra. Já cumprimos com as for-malidades de pré-inscrição

Sérgio [email protected]

O futuro monolugar do Campeonato do Mundo FIA de Fórmula E, a nova competição auto-

mobilística apadrinhada pela Fede-ração Internacional do Automóvel (FIA) para viaturas eléctricas, deverá fazer uma demonstração durante a 60ª edição do Grande Prémio de Macau. Quem o diz é um alto responsável pelo clube automóvel da região vizinha.

Em declarações ao jornal Oriental Daily, Wilson Mok, o director executivo da Associa-ção Automóvel de Hong Kong (HKAA), afirmou que “depois do grande sucesso da demonstração da Red Bull Fórmula 1 em Central, temos um forte apoio dos órgãos governamentais para organizar uma demonstração (em Hong Kong) com o Fórmula E desta vez.

O Fórmula E fará uma testes de demonstração no 60º Grande Prémio de Macau em Novembro e isso ajudará a convencê-los a virem também a Hong Kong”. Uma comitiva do consórcio de investi-dores Formula E Holdings Ltd (FEH), com sede em Hong Kong e liderado pelo empresário espa-nhol Alejandro Agag que chegou a ser presidente do Queens Park Rangers, esteve em Hong Kong

HKAA diz que novo Fórmula E vai fazer demonstração no GP Macau

Fórmula eléctrico no Circuito da Guia

FC Porto à procura de treinador

Dragão ressuscita para a bolinha

em Janeiro, tendo reunido com o HKAA. Na altura Agag declarou à imprensa local que a ex-colónia britânica encaixava perfeitamente no espírito da Fórmula E.

Por seu lado, Lawrence Yu,

presidente do HKAA, asseverou que a parte Este de Kowloon daria uma boa localização para montar um circuito citadino, pois causaria menos impacto no tráfego.

A Fórmula E tem já um calen-

dário provisório de dez corridas, todas em circuitos citadinos, e onde Hong Kong não consta. Para já estão confirmadas provas em Los Angeles, Miami, Buenos Aires, Rio de Janeiro, Londres,

Roma, Banguecoque, Pequim e Putrajaya. No que respeita ao novo monolugar, capaz de ir dos 0 aos 100km/h em 3 segundos e atingir velocidades da ordem dos 300km/h, este está produzido pela Dallara e será comercializado pela Spark Racing Technology.

Serão produzidos 42 carros para a primeira temporada - dois carros para cada piloto e ainda mais dois carros extra. Cada piloto terá dois carros à disposição porque as baterias não são potentes o sufi-ciente para durarem toda a corrida, o que obrigará a uma paragem nas boxes para troca de carro. A Mcla-ren será por seu turno responsável pela fabricação e manutenção dos motores eléctricos que darão vida aos monolugares. A Renault irá fornecer os propulsores, enquanto a compatriota Michelin será res-ponsável pelos pneus. A Williams Formula One Team irá por seu lado fornecer as baterias de íons de lítio.

O piloto de testes é o brasileiro Lucas Di Grassi, que em 2005 ven-ceu o Grande Prémio de Macau de Fórmula 3, e provavelmente será ele a conduzir o “Fórmula amigo do ambiente” entre nós no mês de Novembro. Apesar do programa de provas já ser público, a Comis-são do Grande Prémio de Macau ainda não anunciou as actividades em pista paralelas às corridas de automóveis.

conversações com um outro treinador com trabalho feito em Macau, mas ainda é cedo para avançar com mais pormenores. Se por alguma razão não conseguirmos garantir esta possibilidade, até poderei ser eu – em úl-tima instância – a assumir o comando da equipa”, revela Adelino Correia.

No final do mês de Junho, a Associação de Futebol de Macau fez saber que iria tentar antecipar o mais possível o arranque da nova temporada da “Bolinha” mas as intenções do organismo que chama a si a tutela do desporto-rei na RAEM aca-baram por se desvanecer. O período de pré-inscrição nos Campeonatos de Futebol de Sete termina hoje e as formações que cumpram as exigências da Associação de Futebol têm até ao próximo dia 25 para formalizar os procedimentos de inscrição, com o registo dos jogadores que vão tomar parte na prova.

e tencionamos, como tal, disputar a prova”, revelou ao Hoje Macau Adelino Correia, director desportivo dos dragões do território.

A Casa do Futebol Clube do Porto de Macau tem até 25 de Julho - dia em que encerram os procedimentos de inscrição na prova – para registar um grupo de trabalho com um número mínimo de dez atletas. Depois de terem pago uma taxa de inscrição no valor de 1200 patacas, os responsáveis pelo Futebol Clube do Porto garantem que o nome dos dragões do território fará parte do leque das equipas que vão integrar o sorteio para a competição no final do mês. Adelino Cor-reia reconhece, ainda assim, que a tarefa de construir uma equipa a partir do zero poderá

não se revelar uma tarefa fácil. O director desportivo da Casa do Futebol Clube do Porto de Macau diz que por agora só pode oferecer uma garantia: no regresso aos relvados o Futebol Clube do Porto apresentará um novo treinador no banco. O cabo--verdeano Daniel Pinto, que há um ano levou os dragões à final da “Bolinha” – o Porto perdeu o encontro decisivo da competição frente à Se-lecção de Sub-23 – não se terá mostrado disponível para orientar o clube azul e branco no regresso aos relvados, mas Adelino Correia já tem uma alternativa sob mira: “O Dani não será o treinador do FC Porto na “Bolinha” e o clube ainda não está em posição de revelar o nome de quem o vai substituir. Estámos em

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17sexta-feira 12.7.2013 www.hojemacau.com.mo futilidades

Sudoku [ ] Cruzadas

[ ] Cinema Cineteatro | PUB

Aqui há gato

[Tele]visão

Pu Yi

SOLUÇÕES DO PROBLEMA

HORIZONTAIS: 1-SAPATA. RÃ. 2-AH. MEIA. MA. 3-MO. RUDE. 4-OCO. TAXA. TI. 5-EIS. RI. CIS. 6-ARRAS. APARO. 7-IDO. ES. IMO. 8-AO. ASIR. PUA. 9-LIAS. DO. 10-TA. MATO. BI. 11-RO. VOLUME.VERTICAIS: 1-NACO. AIAS. 2-CERDO. TO. 3-MOIRO. LA. 4-AMO. SA. AI. 5-PE. SESAMO. 6-AIRAR. SISAL. 7-TAUXIA. 8-DA. PI. DOM. 9-ME. CAMPO. 10-RA. TIROU. 11-Ã. VISO. AFIM.

REGRAS |Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição

SOLUÇÃO DO PROBLEMADO DIA ANTERIOR

HORIZONTAIS: 1 – Peça de madeira grossa sobre o pilar onde assenta a treve mais larga dos alicerces; batráquio anfíbio aquático, anuro, da família dos ranídeos. 2 – Interj. que exprime admiração, dor, alegria, etc.; peça de vestuário que cobre o pé e a perna; perversa. 3 – Pedra circular e rotativa de moinho ou de lagar; inculto. 4 – Que não tem medula ou miolo; prestação que é exigida aos particulares que fazem uso de um serviço público; planta lilácia da China. 5 – Aqui está; contrai os músculos e as linhas da face de modo especial, por efeito de alegria ou nervoso; pref.de origem latina que exprime a ideia de aquém de, do lado de cá de, deste lado de. 6 – Tapeçaria antiga que adornava as paredes, portas, galerias, etc.; bico metálico que se adapta à caneta. 7 – Caminhado; existes; que está no lugar mais fundo. 8 – Contr. da prep. a com o art. def. o; sustentar; haste terminada em bloco. 9 – Interpretavas por meio de leitura; contr. da prep. de com o art. def. o. 10 – Contr. do pron. Pess. compl. Te com o pron. Pess. a; conjunto de pequenas plantas agrestes; bismuto (s.q.). 11 – Nome da letra grega que corresponde ao R latino; espaço ocupado por um corpo.VERTICAIS: 1 – Pedaço grande de qualquer coisa que se come; dama de companhia (pl.). 2 – Porco; interj. utilizada para chamar ou afastar animais. 3 – Habitante da Mauritânia; naquele lugar. 4 – Dono da casa em relação aos criados; apelido; interj. que designa dor ou alegria. 5 – Parte inferior ou terminal dos membros inferiores; gergelim. 6 – Detestar; nome de duas plantas de fibra têxtil da família das Amarilidáceas. 7 – Obra de embutidos de metal, em aço ou ferro; a tua pessoa. 8 – Contr. da prep. de com o art. def. a; nome da letra grega que corresponde ao P latino; faculdade. 9 – A mim; extensão de terreno mais ou menos plano, ordinariamente cultivável e pouco arborizado.10 – Deus egípcio; sacou. 11 – Fisionomia; parente por afinidade.

SALA 1MONSTERS UNIVERSITY [A](FALADO EM CANTONÊS)Um filme de: Dan Scanlon14.30, 16.30, 19.30

WORLD WAR Z [C]Um filme de: Marc ForsterCom: Brad Pitt, Marc Forster, Mireille Enos21.30

SALA 2 DESPICABLE ME [3D] [A](FALADO EM CANTONÊS)Um filme de: Chris Renaud, Pierre Coffin14.30, 18.00

DESPICABLE ME [A](FALADO EM CANTONÊS)Um filme de: Chris Renaud, Pierre Coffin16.15, 19.45

MONSTERS UNIVERSITY [3D] [A](FALADO EM CANTONÊS)Um filme de: Dan Scanlon21.30

SALA 3TALES FROM THE DARK 1 [C](FALADO EM CANTONÊS. LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS)Um filme de: Simon Yam, Lee Chi Ngai, Fruit ChanCom: Shin Simon Yam, Tony Leung Ka-fai, Lo Hoi-pang14.30, 16.30, 19.30, 21.30

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MÁRIO SOARES: UMA VIDA • Joaquim VieiraO jornalista Joaquim Vieira, depois de vários anos de investigação, e de entrevistas ao próprio biografado, a amigos e inimigos, traça-nos a história de uma vida complexa, com algumas sombras por revelar, como o caso do fax de Macau. Um livro fundamental não só para perceber o homem, mas também a História recente de Portugal.

ADEUS, BERLIM • Wolfgang HerrndorfPrémio Nacional de Literatura Juvenil Alemã, 2011Dois amigos. Um velho carro roubado. E um verão que mudará as suas vidas para sempre. Adeus, Berlim é um romance tão divertido quanto comovente já foi comparado a obras como As Aventuras de Huckelberry Finn, de Mark Twain e Uma Agulha no Palheiro, de J. D. Salinger. Um livro de culto, definitivamente.

O GATO QUE SOUE NÃO SOU

TDM13:00 TDM News - Repetição13:30 Telejornal + 360° (Diferido)14:40 RTPi DIRECTO18:40 Cougar Town - Sr.219:00 TDM Talk Show (Repetição)19:30 Vingança20:30 Telejornal21:20 Ler + Ler Melhor21:30 Cenas do Casamento22:10 Escrito nas Estrelas23:00 TDM News23:30 Portugueses Pelo Mundo00:20 Telejornal (Repetição)01:00 RTPi DIRECTO

RTPi 8214:00 Telejornal Madeira14:35 Percursos15:30 Correspondentes16:00 Bom Dia Portugal17:00 Portugal de...17:40 Feitos ao Bife19:10 Depois do Adeus20:00 Jornal da Tarde 21:15 O Preço Certo22:05 Ingrediente Secreto22:30 Verão Total

30 - FOX Sports13:00 Total Rugby13:30 Great Manchester Run14:00 US Senior Open Championship Day 117:00 Total Rugby17:30 Great City Games Manchester18:00 Great Manchester Run18:30 (Delay) Baseball Tonight International 201319:30 (LIVE) FOX SPORTS Central20:00 Football Asia 2013/1420:30 Global Football 2012/1321:00 Open Championship Official Film 200722:00 FOX SPORTS Central

22:30 US Senior Open Championship Day 1

31 - STAR Sports12:00 The Championships, Wimbledon 2013 Ladies’ Singles/Doubles & Gentlemen’s Doubles Finals13:30 2 Wheels14:00 V8 Supercars Championship Series 2013 - Highlights16:00 Hot Water 2013/1417:00 (LIVE) ATP - Skistar Swedish Open23:00 (Delay) Score Tonight 201323:30 World of Gymnastics 2013

40 - FOX Movies11:40 Monster House13:15 Up14:55 Once Upon A Time15:40 Cat 8 - Part 2 Of 217:15 Piranha 3Dd18:35 Kingdom Of Heaven21:00 Killing Them Softly22:40 Prometheus00:45 The Day After Tomorrow

41 - HBO12:45 The Rock15:00 Coyote Ugly16:45 Meet The Robinsons18:15 The Karate Kid20:20 Happy Feet Two22:00 The Amazing Spider-Man00:15 Dead Mine

42 - Cinemax12:30 Urban Legends14:15 The Foreigner16:00 Once Upon A Time In The West19:00 Six Bullets21:00 Epad On Max 22221:15 Xiii S211: Punchout22:00 Xiii S212: Berzerk22:45 The Package00:20 One Night Stand00:50 Eastbound & Down

Que gato serei eu? Carinhoso. Fiel. Rabugento. Curioso. Raivoso. Tontinho. Malandro. Desastrado. Chantagista. Dorminhoco. Preguiçoso. Inconveniente. Acho que sou tudo o que é visto como de bom e de mau. Tudo depende do espírito, da hora do dia, do clima, da maneira como sou tratado. Hoje pode-me apetecer bater em todo o mundo. Amanhã já estou todo dengoso. Porque sou assim, talvez um pouco bipolar. Não sei onde me encontro.Quero sempre mais. Mas nada me contenta. Fico a vaguear por aqui. E bom, como aqui sou de poucas falas, porque os meus “miados” são pouco percebidos, não se reflectem os meus desejos nas acções dos outros. Aliás, pouco me ligam. Mas em muitas alturas também não me interessa que me liguem. Até é bom que não cheguem perto.E em dias de neura o que de melhor faço é esgravatar as cortiças, que servem de placards às minhas amiguinhas, ou então agarro-me a uma cadeira e luto com ela. E arranco-lhe o tecido. Até sentir que quem ganhou a luta foi eu. No minuto a seguir, esgotado, exausto, caio no embalo e adormeço, no caixote de papel à beira da impressora e fico lá enroscadíssimo. E perco-me nos meus sonhos. Ou pesadelos - que me deixam o pêlo em fúria, e a pele como a das galinhas. E quando acordo, ainda nostálgico e apático, procuro novo refúgio. E vou ao encontro de um cheiro diferente. Procuro quem me dá uma olhadela mais cúmplice. E peço-lhe meiguices. Mas duram sempre pouco. E peço mais. Até que sou enxovalhado. E fico irritado mas não faço caso. E de repente um casaquinho caloroso parece o abrigo que precisava novamente. E então estico as patas. E calco, calco e calco. E dou-lhe um jeito de conforto à minha maneira. E quando vou para me enroscar mandam-me fora. E aí fico maluco. E corro que nem desvairado pelo corredor. E vou contra as portas, paredes, dobradiças... e estou num desatino! E, agora, só quero que apaguem as luzes e me deixem sozinho.

Page 18: Hoje Macau 12 JUL 2013 #2891

sexta-feira 12.7.2013opinião18 www.hojemacau.com.mo

perspect ivasJorge Rodrigues Simão

A lógica da Realpolitik“The man of the twentieth century will be a hopeful man. He will love the world and the world will love him”.

The Call of the Twentieth Century: An Address to Young Men

David Starr Jordan

nosssa civilização é técnica, científica e de global dimensão em que as esperanças, perigos, sonhos e pesadelos são partilha-dos a uma velocidade inimagi-nável. A maior paixão da nossa

civilização, que na sua unidade global guarda uma enorme e policromática diversidade cultural, é o seu domínio sobre o tempo, chamado de antecipação do futuro.

O que atribui unidade à modernidade é esse caminho para a utopia da vitória sobre a incerteza do tempo, tornando-se no projecto de tornar transparente o futuro. A aventura pelo conhecimento e controlo do futuro ini-ciado pelas caravelas portuguesas ao sulcar as rotas de um novo mundo determinado pela imensidão dos oceanos, continuou na revelação filosófica e científica da Europa, que criou um rosto extraordináriamente destemido para a humanidade, alargando-se na multiplicação do poder de transformação plástica da natureza inerente a sucessivas revoluções técnicas e económicas.

As crises financeira, económica, am-biental, da falência dos valores tradicionais, de liderança, mostrado pelo barómetro de desconfiança e da governança ou governa-bilidade que cria cada vez mais a incerteza, quanto a um futuro digno e a uma qualidade de vida melhorada, deixou de estar circuns-crita ao Ocidente e passou a ser global, pois é na sua essência o tempo de decisões fundamentais em que entrou a humanidade.

Tais crises, em que algumas ainda, parecem ter contornos regionais ou serem pertença do Ocidente e dos países desenvol-vidos, contagiou e continuará a propagar-se a todos os demais, essa maldade, não sendo possível num mundo globalizado escapar ileso. As crises globais sempre foram um apanágio da humanidade.

As crises, em que todos somos testemu-nhas e actores, falam-nos do fracasso da configuração incondicionalmente optimista do moderno projecto de antecipação do futuro. A humanidade acumulou um poder tecnológico e científico inaudito, feito sob o signo da dominação e planeamento do futuro, tendo-o transformado num frágil horizonte, onde se concentram sombras e perigos, alguns duramente reais e outros apenas imaginários.

A catadupa de crises de toda a sorte e natureza que afligem a humanidade, deve-se ao facto desta querer controlar o futuro e terminar com a história. As crises ensinam--nos que devemos ter uma atitude humilde. Mostram-nos a nossa douta ignorância. Revelam-nos a insensatez e a arrogância das

utopias do fim da história que ameaçam con-duzir ao crepúsculo físico das civilizações. Provam-nos o quanto o homem é inimigo do outro homem, das restantes espécies e do meio ambiente e certificam-nos que os governos no geral, compostos de gente ir-responsável, gere o interesse público contra os interesses dos cidadãos.

As diversas lições passadas e presentes que insistimos em não querer retirar ensina-mentos, ensina-nos que só poderemos sobre-viver como espécie através do respeito e da responsabilidade. A única forma de cumprir o projecto da modernidade não é pelo fim da história, mas pela sua continuação, na direcção e rotas que a humanidade futura decidir em liberdade, no respeito pelos limi-tes objectivos da nossa morada no planeta, na responsabilidade pelas gerações vindouras e pelo conjunto das demais criaturas, que de nós dependem, e do bom uso e do imenso poder entretanto, acumulado.

As crises que vivemos são crises das nossas civilizações. A realidade interna-cional e as experiências nacionais, quer sejam a dos Estados Unidos, da Grécia, Espanha, Portugal, Irlanda, França, Argen-tina, Egipto, quer seja da União Europeia caminham entrelaçadas. É inegável que a civilização Ocidental, a primeira de con-tornos efectivamente mundiais, atravessa uma crise global, talvez maior que as outras civilizações. Valores como o papel da ciên-cia e da tecnologia, e instituições como os Estados-nação, atravessam metamorfoses complexas e incertas.

Tradicionalmente, falar de crise, nos planos político e social, significa fundamen-talmente identificar relações de força inter--subjectivas, entre grupos e interesses que entram em colapso ou ruptura. É legítimo, mais que nunca, debater seriamente a crise da democracia representativa e a crise do sistema político internacional, porque tanto as tensões entre os cidadãos como as con-tradições entre os países e blocos regionais

não conseguem encontrar uma mediação satisfatória no convencional sistema de partidos ou no clássico sistema de relações internacionais baseados na distribuição da hegemonia ditada pelo equilibrio do poder e pela lógica fria da Realpolitik.

O número de reuniões internacionais, aumentam cada vez mais anualmente, jun-tando à mesma mesa dirigentes políticos, económicos e associativos de todo mundo, para discutirem os temas objectos das diver-sas crises. O nosso século e milénio, e não constitui qualquer profecia a afirmação, de que será palco do mais gigantesco combate da história da humanidade. É uma luta em que se arrisca a destruição das condições que possibilitaram a existência de uma civiliza-ção técnico-científica, altamente complexa e elaborada, à face do planeta.

imenso poder técnico-científico acumulado nos últimos dois séculos regressou ao plane-ta. A grande política do presente a continuar no futuro terá de ser na promoção da eco--economia e na protecção do meio ambiente, a pedra de toque fatalmente consensual e segura. À sua volta, e do seu entendimento como núcleo vital de uma nova concepção de segurança global, terão de ser construí-das novas políticas culturais e educativas, dever-se-á planear o emprego, ter-se-ão de discutir as opções de desenvolvimento sustentável, dever-se-ão avaliar a contabi-lidade das empresas e dos países, dever-se--ão alterar os mecanismos do comércio e dos preços e dever-se-á calcular o período diário de trabalho e os novos sistemas de segurança social.

Ao nosso século e milénio resta-nos a pesada obrigação de responder ao maior enigma que a humanidade jamais se colocou a si; como será possível manter o fluxo da vida com o caudal suficiente para saciar os sonhos legítimos das gerações futuras? Será possível um pacto de paz activo e dinâmico, dos seres humanos entre si e destes com a generosa abundância de criaturas que connosco partilham o mais precioso rincão conhecido do cosmos infinito?

As grandes tarefas que devem ser recons-truídas e criadas passam pelo primado da publicidade e da transparência políticas; da objectividade jurídica; do incentivo e insti-tucionalização da participação e do controlo democráticos; do alargamento e fundamen-tação em diálogo dos direitos humanos fun-damentais; do critério do republicanismo no Direito Internacional Público; da apropriação universal e controlada da violência legítima e legitimada; da recuperação e fomento da comunidade natural, onde se insere o contrato social; da solidariedade entre sexos, povos e gerações e do primado da política a nível global a longo prazo.

O futuro é um conjunto de interrogações colocado de forma universal e geral como sociedades e grupos humanos. O conjunto de persperctivas que sobre o futuro se desenham, aquelas que têm o eixo nuclear no ambiente são as que se asseguram como mais fundamentadas, como mais duradouras e pertinentes.

Ao pensarmos no futuro, a partir do presente, somos confrontados com o peso dos prognósticos e expectativas negativas e sombrias. Ao contrário do que sucedeu na transição do século XIX para o século XX, são os elementos de risco e de perigo que ganham uma clara preponderância sobre os factores de progesso e esperança. Um dos aspectos mais inquietantes é de estarmos confrontados com um mundo contraditório, onde qualquer das asserções são verdadeiras; nunca houve tanto sofrimento humano como o que ocorre no mundo; simultaneamente, nunca existiram tantos indicadores de con-forto como aqueles que no presente ocorrem.

A

Nunca houve tanto sofrimento humano como o que ocorre no mundo; simultaneamente, nunca existiram tantos indicadores de conforto como aqueles que no presente ocorrem

Os desafios são de tal forma titânicos que a possibilidade de sucesso requer uma dura economia de esforços e iniciativas, pelo que não existe tempo a perder, nem energias a desperdiçar. À frente das imensas tarefas inadiáveis, deve estar uma economia am-bientalmente sustentável, a eco-economia, que exige que os princípios fundamentais da ecologia constituam o suporte para a elaboração de políticas macroeconómicas e que economistas e ecólogos trabalhem conjuntamente no sentido de conformar a nova economia.

Após milénios de secundarização e esquecimento, a humanidade, por via do

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19opiniãosexta-feira 12.7.2013 www.hojemacau.com.mo

Macau, a Lusofonia e a culturaedi tor ia lCarlos Morais José

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor Gonçalo Lobo Pinheiro Redacção Andreia Sofia Silva; Cecilia Lin; Joana Freitas; José C. Mendes; Rita Marques Ramos; Zhou Xuefei[estagiária] Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Fernando Eloy; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Arnaldo Gonçalves; Boi Luxo; Carlos M. Cordeiro; Correia Marques; David Chan; Gonçalo Alvim; Helder Fernando; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; José Pereira Coutinho, Leocardo; Maria Alberta Meireles; Mica Costa-grande; Paul Chan Wai Chi; Vanessa Amaro Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

Andamos a pregar há muito tempo como quem prega no deserto. Dissemos milhares de vezes que a economia não chega para solidificar as relações entre países e civilizações, que a cultura desempenha um papel importantíssimo neste campo e que o desenvolvimento intensivo de relações económicas, quando não acompanhadas por trocas culturais, arrisca-se a criar mal entendidos e a subjugar-se aos preconceitos. Debalde. Aqui por Macau, os responsáveis sempre ouviram estas opiniões como se fossem proferidas por um extraterrestre.

Agora, finalmente, surge um responsá-vel pelo município de Pequim a dizer quase a mesma coisa e a salientar a importância das trocas culturais e... imagine-se... tam-bém através das indústrias criativas. Claro que este político chinês deve ter lido que na RAEM se desenvolviam as indústrias criativas. Só não sabe é que as coisas ainda não chegaram sequer ao papel.

relações culturais? Trata-se, convenhamos, de um erro gigantesco.

E erro porque menoriza a nossa posição no contexto chinês. Assim, ao invés de ter-mos tomado a iniciativa, é preciso chegar aqui um senhor de Pequim para nos explicar aquilo que entrava pelos olhos adentro.

cartoon RAMADÃO COMEÇA NO EGIPTOpor Steff Macau irá a reboque de Pequim, o que era escusado. Este episódio talvez sirva de lição aos responsáveis locais ou talvez não. Então não teria sido mais vantajoso ser a RAEM a propor a Pequim e a organizar a participação nas trocas culturais entre a China e os países lusófonos, em vez de sofrer esta meia-humilhação? Parece-nos óbvio que sim

Só que na RAEM ninguém se apercebeu, ninguém deu por isso.

Macau irá a reboque de Pequim, o que era escusado. Este episódio talvez sirva de lição aos responsáveis locais ou talvez não. Então não teria sido mais vantajoso ser a RAEM a propor a Pequim e a organizar a

Seja como for, a cidade de Pequim, essa sim, desenvolveu de forma exponencial este tipo de indústria. E para isso utilizou, por exemplo, os hutongs que sobreviveram à razia urbanística. Ou seja, neste momento a capital chinesa pode avançar para trocas a este nível directamente com os países lusófonos, já que Macau nada fez ou faz nesse sentido. Moral da história: mais uma oportunidade ingloriamente perdida...

Se a China precisa de ter uma posição junto dos países lusófonos, é evidente que Macau deveria ter nisso um papel que ul-trapassasse as meras relações económicas. Afinal, quem é que na China sabe falar português? Não são as pessoas de Macau? Como podem o Governo local e o Fórum desprezarem de forma tão ostensiva as

participação nas trocas culturais entre a China e os países lusófonos, em vez de sofrer esta meia-humilhação? Parece-nos óbvio que sim.

Mas o que nos parece óbvio a nós, tal-vez não o seja para outros. De facto, esta coisa da cultura é complicada. Exige, por exemplo, pessoas preparadas. Talvez por isso Pequim opte por enviar alguém para lidar com o assunto. Por aqui parece difícil encontrar especialistas, talvez porque eles não pertencem às capelas do costume.

É curioso que na China os intelectuais (com a excepção da Revolução Cultural) sempre foram respeitados. O método de acesso à carreira de mandarim era feito através de exames, nos quais os candida-tos eram questionados sobre pensamento, literatura e temas semelhantes. Mas essa memória parece nunca ter chegado a Ma-cau. Aqui o dinheiro é rex, para não dizer tiranossauro rex. Aqui se aplica a famosa máxima: “Pobres... só têm dinheiro!”.

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sexta-feira 12.7.2013www.hojemacau.com.mo

Johnny Depp revela que não usa cuecasJohnny Depp revelou numa entrevista que não usa roupa interior. O actor confessou que isso já lhe trouxe alguns constrangimentos. Uma vez, ao reparar que tinha um buraco nas calças teve que tapar com fita adesiva para disfarçar o facto de não usar cuecas. “Foi numa manhã, quando ia a um evento na escola do meu filho. Estava a verificar se tinha comigo a carteira, o passaporte e quando passei a mão na parte de trás das calças pensei “Jesus Cristo!”. Tinha um rasgão enorme e não tinha qualquer roupa por baixo”, revelou Depp, acrescentando: “Procurei imediatamente a fita adesiva. E depois continuei a usar as calças”.

A agência noticiosa oficial chinesa Xinhua descreveu ontem o últi-

mo (e lamentável) discurso do Presi-dente português, Cavaco Silva, como “um apelo ao consenso político para a salvação nacional”, referindo que Portugal “mergulhou há dois anos numa grave crise política”.

Cavaco Silva “exortou os três principais partidos (PSD, PS e CDS/PP )” a procurarem um consenso visando a “salvação na-cional” e a realização de eleições antecipadas em Junho de 2014,

Xinhua comenta discurso de Presidente de Portugal

Cavaco pelo partido único

AS autoridades dos Estados Unidos negaram ter instalado

uma “base de espionagem” em Brasília, como noticiou o jornal O Globo, que publicou documentos do ex-consultor da CIA Edward Snowden, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros do Brasil.

António Patriota garantiu

quando expirar o programa de resgate imposto pela “troika” (Comissão Europeia, Banco Cen-tral Europeu e Fundo Monetário Internacional), noticiou a Xinhua.

“No contexto das restrições de financiamento que enfrentamos, a recente crise política mostrou, à vista de todos, que o país neces-sita urgentemente de um acordo de médio prazo entre os partidos que subscreveram o Memorando de Entendimento com a União Europeia e com o Fundo Mone-

tário Internacional, PSD, PS e CDS” - é a única frase do discurso do Presidente português citada integralmente pela Xinhua.

Segundo a Xinhua, o Governo chefiado por Passos Coelho “pôs em

prática duras medidas de austerida-de que suscitaram indignação entre o povo português e às quais foram atribuídas as causas do aprofunda-mento da recessão económica em Portugal nos últimos anos”.

As relações políticas luso-chi-nesas são consideradas excelentes e, desde 2011, duas grandes em-presas estatais chinesas - a China Three Gorges e a State Grid - in-vestiram cerca de 3.000 milhões de euros em Portugal.

Cavaco Silva é um dos políticos portugueses mais conhecidos na China por ter assinado em 1987, na qualidade de primeiro-ministro, a Declaração Conjunta que determina a transferência de Macau para a administração chinesa.

Brasil EUA negam ter instalado “base de espionagem”

Presidenta? Não sabemos...numa audição pública no Senado brasileiro, na quarta-feira, que o embaixador norte-americano em Brasília, Thomas Shannon, negou que o seu país tivesse usado uma base no Brasil ou ter contado com o apoio de empresas para traba-lhos de espionagem. Shannon, que se mostrou “disponível para o diálo-

go”, “reconheceu” que os serviços de espionagem norte-americanos atuando do seu território, registaram “metadados” de comunicações tele-fónicas e cibernéticas de cidadãos brasileiros, segundo Patriota.

Estes metadados consistem em números de telefone, data, horário e duração das chamadas e

o tráfego de correios eletrónicos, mas não o seu conteúdo.

O ministro da Defesa, Celso Amorim, disse na mesma sessão senatorial, que as autoridades militares do Brasil tão pouco têm “indícios” de que os Estados Unidos usaram uma base no país”.

Por decisão da Presidente da República, Dilma Rousseff, foi criado um grupo de trabalho com representantes de sete ministérios, com o objetivo de analisar o caso de forma urgente e propor medidas, noticiou a agência Efe.