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Metodologia Científica Profa. Ma. Mônica Porto Apenburg Trindade HISTÓRIA

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Metodologia Científica

Profa. Ma. Mônica Porto Apenburg Trindade

HISTÓRIA

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REITORProf. Pedro Henrique de Barros Falcão

VICE-REITORA

Profa. Maria do Socorro de Mendonça Cavalcanti

PRÓ-REITOR ADMINISTRAÇÃO E FINANÇASProf. Rivaldo Mendes de Albuquerque

PRÓ-REITORA DE DESENVOLVIMENTO DE PESSOASProfa. Vera Rejane do Nascimento Gregório

PRÓ-REITOR DE EXTENSÃO E CULTURAProf. Renato Medeiros de Moraes

PRÓ-REITOR DE GRADUAÇÃOProf. Dr. Luiz Alberto Ribeiro Rodrigues

PRÓ-REITORA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA Profa. Maria Tereza Cartaxo Muniz

COORDENADOR GERALProf. Renato Medeiros de Moraes

COORDENADOR ADJUNTOProfa. Maria Vitória Ribas de Oliveira Lima

ASSESSORA DA COORDENAÇÃO GERALProfa. Waldete Arantes

Valéria de Fátima Gonçalves

COORDENAÇÃO DE CURSOProf. Dr Karl Schurster V. de Souza

COORDENAÇÃO PEDAGÓGICAProfa. Maria Vitória Ribas de Oliveira Lima

COORDENAÇÃO DE REVISÃO GRAMATICALProfa. Angela Maria Borges Cavalcanti

Profa. Eveline Mendes Costa LopesProfa. Geruza Viana da Silva

GERENTE DE PROJETOSValdemar Vieira de Melo

ADMINISTRAÇÃO DO AMBIENTEJosé Alexandro Viana Fonseca

COORDENAÇÃO DE DESIGN E PRODUÇÃOProf. Marcos Leite

EQUIPE DE DESIGNAnita Sousa

COORDENAÇÃO DE SUPORTEAfonso Bione

Bruno Eduardo VasconcelosSeverino Sabino da Silva

EDIÇÃO 2017Impresso no Brasil - Tiragem 180 exemplaresAv. Agamenon Magalhães, s/n - Santo Amaro

Recife / PE - CEP. 50103-010Fone: (81) 3183.3691 - Fax: (81) 3183.3664

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METODOLOGIA CIENTÍFICA

Profa. Ma. Mônica Porto Apenburg Trindade

Carga horária: 60 horas

EMENTA

Noções gerais sobre Metodologia Científica. Organização do trabalho acadêmico. Normas da ABNT. Confecção de resumos, fichamentos, re-senhas, artigos. Fundamentos sobre pesquisa histórica. Construção do projeto de pesquisa.

OBJETIVO GERAL

Estimular o interesse pela pesquisa histórica, apresentando sua impor-tância, as regras que compõem o método científico e os principais fun-damentos e particularidades da pesquisa em História, proporcionando ao aluno subsídios para a elaboração de trabalhos acadêmicos e projetos de conclusão de curso.

APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

Ter acesso a um curso superior é uma experiência instigante. Porém, não é uma tarefa fácil. O nível de exigência aumenta consideravelmente e o aluno, muitas vezes, se encontra perdido em meio a um emaranhado de atividades. São resumos, fichamentos, resenhas, artigos, monografia, todos requisitados dentro de um rigor científico que constituem em ati-vidades cotidianas do universo acadêmico, as quais o estudante terá de produzir ao longo da sua trajetória na universidade.

Diante de tantas cobranças, a Metodologia Científica aparece como dis-ciplina cuja função é a de orientar e encaminhar o aluno a fim de prepará--lo não só para o bom cumprimento de suas tarefas acadêmicas rotinei-ras mas também na realização de uma pesquisa mais aprofundada, a exemplo dos projetos de pesquisa.

Mas, o que significa Metodologia Científica?

De acordo com a etimologia, a Metodologia Científica é um discurso a respeito do caminho que alguém deve percorrer quando pretende fa-zer ciência. Ela capacita os indivíduos quanto à avaliação dos métodos, identificando limitações e implicações em relação às suas utilizações. O termo “Metodologia” tem origem grega: meta significa ‘em direção a’; odos, ‘caminho’; logos, ‘discurso’.

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Diante disso, pode-se afirmar que a Metodologia é um conjunto de pro-cedimentos utilizados, uma técnica e sua teoria geral, enquanto o méto-do diz respeito às regras para a realização da pesquisa, embora cada área do conhecimento científico comporte seus próprios métodos.

Portanto, a metodologia tem interesse pela exposição e análise dos mé-todos, esclarecendo sua finalidade, importância e resultado, isto é, ela abarca todo o processo da pesquisa científica, desde o planejamento até a execução.

Assim, podemos considerar que a disciplina de Metodologia Científica contribui para o conhecimento do “como fazer”. Esse é um tipo de dú-vida que atinge grande parte daqueles que se aventuram pelo caminho da pesquisa científica. Ela promove a capacitação do aluno em observar, selecionar e organizar sistematicamente os fatos, resultando na constru-ção e produção do conhecimento científico.

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CAP

ÍTU

LO 1

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Apresentar aspectos básicos de normalização de textos acadêmi-cos segundo as normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).

• Observar formas de formatação de textos acadêmicos.

• Identificar formas de construção de citações e referências bibliográficas.

INTRODUÇÃO

Na produção acadêmica, é preciso seguir regras que normalizam esses textos em todo o território nacional. No Brasil, as regras da ABNT (Asso-ciação Brasileira de Normas Técnicas) são parâmetros a serem seguidos. Trata-se de uma entidade privada sem fins lucrativos, fundada em 1940 e reconhecida legalmente pelo governo federal e órgãos internacionais. Suas normas fornecem estrutura e formato para que textos acadêmicos sejam aceitos em diversos tipos de publicação, como artigos em anais de eventos e periódicos, e em trabalhos de conclusão de curso, como mo-nografia, dissertação, tese. Assim, estudaremos neste capítulo algumas dessas normas e o modo de aplicá-las.

1.0 FORMATAÇÃO DO TEXTO

A formatação é a estética do texto de forma padronizada e simples para facilitar a leitura sem elementos de destaque exagerados. Para isso, deve conter:

• Fonte Arial ou Times New Roman, tamanho 12 e cor preta. Para ci-tações com mais de três linhas, notas de rodapé ou fim de página e legendas de ilustrações ou tabelas utiliza-se fonte 10. Títulos e sub-títulos podem ser destacados com negrito ou itálico. Para palavras e expressões em outro idioma, destacar em itálico.

• Espaçamento entre linhas 1,5, exceto para a citação recuada, nota de rodapé e de fim, legenda de ilustração e tabela e referência bibliográ-fica. Para esta, deve-se utilizar espaçamento simples.

REGRAS DA ABNT

Profa. Ma. Mônica Porto Apenburg Trindade

Carga horária: 15 horas

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CAP

ÍTU

LO 1 • Alinhamento justificado, exceto o título que é centralizado. A pri-

meira linha do parágrafo possui um recuo na margem esquerda de 1,25cm.

• Margens da folha: Superior e esquerda 3cm, inferior e direita 2cm.

2.0 ESTRUTURA DO TEXTO

2.1 CAPA

Em trabalhos de conclusão de curso como monografia, dissertação e te-ses, ou ainda em projeto de pesquisa, o primeiro elemento é a capa do trabalho. Nela devem constar: nome da instituição, juntamente com o departamento ou programa de pós-graduação e curso; nome do autor; título e subtítulo (se houver); número do volume se houver mais de um; cidade da instituição onde o trabalho será apresentado e ano da entre-ga. Essas informações devem constar centralizadas (ALMEIDA; BRITO; CHOI, 2014, p. 13). Ver modelo abaixo:

Instituição (Fonte 14)

Departamento ou Programa (Fonte 14)

Curso (Fonte 12)

Nome do autor (Fonte 16)

Título: subtítulo (se houver) (Fonte 16)

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CAP

ÍTU

LO 12.2 FOLHA DE ROSTO

Ainda com o objetivo de identificar o trabalho, na folha de rosto deve conter: nome do autor; título e subtítulo (se houver); número do volu-me (caso haja mais de um); tipo do trabalho (monografia, trabalho de conclusão de curso, dissertação, tese, projeto etc); objetivo (aprovação em disciplina ou grau pretendido: graduação, especialização, mestrado ou doutorado); instituição; nome do orientador; local e ano (ALMEIDA; BRITO; CHOI, 2014, p. 13). Ver modelo abaixo:

2.3 FOLHA DE APROVAÇÃO

Esse elemento é utilizado em trabalhos apresentados a uma banca que avaliará a produção, como qualificação e defesa de mestrado ou doutora-do. Devem constar: nome do autor; título e subtítulo (se houver); tipo do trabalho (monografia, trabalho de conclusão de curso, dissertação, tese, projeto etc); instituição; título pretendido; nome, titulação, instituição e assinatura da banca examinadora; local e data de aprovação (ALMEIDA; BRITO; CHOI, 2014, p. 14). Ver modelo:

Título: subtítulo (se houver) (Fonte 14)

Trabalho de monografia apresentado à Universidade de Pernambuco,

como requisito para agraduação em História (Recuo para direita e

fonte 10)

Orientador: Nome do professor (Recuo paradireita e fonte 10)

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CAP

ÍTU

LO 1

2.4 AGRADECIMENTO

Em trabalhos de conclusão de curso como monografias, dissertações e teses é comum colocar os agradecimentos às pessoas e instituições que contribuíram para a produção do trabalho, citando seus nomes.

2.5 RESUMO

Apresentação sucinta do trabalho, indicando seu objetivo, seu objeto de estudo, seu tema, suas fontes e seu referencial teórico-metodológico. O limite mínimo e máximo de caracteres depende das normas da institui-ção a qual o trabalho é apresentado, mas ele deve ser breve e portar, em média, de 1000 a 2000 caracteres com espaços, podendo haver varia-ções. Produzido em apenas um parágrafo, não possui recuo na primeira linha, dados quantitativos e qualitativos, análises de documentação nem referências bibliográficas. Seu espaçamento é simples e o alinhamento é justificado. No final, deve conter de 3 a 5 palavras-chave sobre o tema abordado. Ver modelo abaixo:

Nome do autor (Fonte 12)

Título: subtítulo (se houver) (Fonte 12)

Trabalho de monografia apresentado à Universidade de Pernambuco, como requisito para a obtenção do título de graduação em História (fonte 10, justificado)

Banca Examinadora: (fonte 12)

(Título, nome e instituição do professor)

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CAP

ÍTU

LO 1Resumo: Este trabalho investiga a programação dos cinemas de Aracaju

(Sergipe/Brasil) entre 1939 e 1945. Durante esse período, a aproxima-ção entre o Brasil e os Estados Unidos favoreceu a circulação dos fil-mes hollywoodianos no circuito nacional. Ao mesmo tempo, o controle estatal sobre os meios de comunicação de massa ditava os temas que podiam ser veiculados. Os periódicos que circulavam no Brasil, especifi-camente em Aracaju, à época, destacam a inclusão do tema da Segunda Guerra Mundial nos filmes norte-americanos. Esses documentos foram consultados durante a realização desta pesquisa. Considerado uma op-ção de lazer e de informação acessível, o cinema se colocava como ve-ículo indispensável para atualizar a população sobre o que ocorria nas películas e fora delas. Para além da diversão, as notícias sobre o Brasil e o mundo justificavam a frequência aos cinemas aracajuanos.

Palavras-chave: Segunda Guerra Mundial, Cinemas em Aracaju, Filmes Hollywoodianos.

Fonte: https://seer.ufs.br/index.php/tempo/article/view/2817

2.6 RESUMO EM LÍNGUA ESTRANGEIRA

Contém os mesmos elementos e formato do tópico anterior, geralmente re-digido em inglês (o mais comum e chama-se abstract), francês ou espanhol.

2.7 LISTAS

Caso no trabalho sejam utilizadas ilustrações, tabelas, siglas e abrevia-turas, recomenda-se a elaboração de uma lista discriminando esses ele-mentos. Em listas de ilustrações e tabelas, estas devem ser apresentadas na ordem em que aparecem no texto, indicando suas páginas. Em listas de siglas e abreviações, são apresentados os significados corresponden-tes de cada uma seguindo a ordem alfabética.

2.8 SUMÁRIO

É a indicação das páginas correspondentes aos tópicos, capítulos e sub-capítulos (se houver) do trabalho. São indicados os nomes dos títulos à esquerda e o número da página à direita. Ver modelo abaixo:

Sumário

Introdução Capítulo 1 Subcapítulo 1 Subcapítulo 2 Capítulo 2 Subcapítulo 1 Subcapítulo 2 Conclusão Referências bibliográficas

51012172325303537

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CAP

ÍTU

LO 1 2.9 ELEMENTOS TEXTUAIS

Os tópicos anteriores referem-se a elementos pré-textuais. Agora iremos tratar do texto em si, ou seja, o trabalho analítico e seus elementos. Normalmente o texto é dividido em introdução, desenvolvimento e con-clusão ou considerações finais (ABNT NBR, 2011, p. 08). A introdução corresponde à apresentação do objeto de estudo e seus objetivos. O desenvolvimento é o trabalho descritivo, analítico e interpretativo. Se o texto consiste em um trabalho de maior fôlego, como monografia, por exemplo, é nessa parte em que se encontram os capítulos. Por fim, a conclusão ou as considerações finais correspondem ao balanço geral do trabalho do ponto de vista do autor. Se o trabalho não estiver ainda con-cluído, recomenda-se utilizar considerações finais.

2.9.1 CITAÇÕES

Parte importante da escrita do texto são as citações. Trata-se de utilizar o pensamento de outros autores ou informações de outras fontes no próprio texto. Elas servem para comprovar, ilustrar ou exemplificar o que está sendo defendido no trabalho. Elas podem ser diretas ou indiretas. Vejamos como são utilizadas cada uma delas.

A citação direta é a transcrição exata do trecho do texto de outro autor ou da fonte que serviu como referência. Se possuir até três linhas, o trecho deve ser inserido ao corpo do seu trabalho entre aspas como continuida-de do parágrafo. Se tiver mais de três linhas, deve vir em outro parágrafo com recuo de 4cm na margem esquerda, sem aspas, com fonte 10 e es-paçamento simples. Já a citação indireta consiste em explicar, com suas palavras, o que outro autor disse.

ExemplosCitação direta: “Uma base essencial para o ofício do historiador: toda afirmação deverá ser comprovada, ou seja, a história só possível respalda em fatos” (PROST, 2012, p. 56).

Citação indireta: Segundo Antoine Prost, a história é um oficio respal-dado em fatos que devem ser comprovados para chegar a certas afirma-ções (PROST, 2012, p. 56).

Em ambos os casos, a obra e o autor utilizado nestas citações foram in-formados ao lado da citação, mas devem ser também informados ao final do seu trabalho, nas “referências bibliográficas”. Trata-se de referenciá--las. A ausência dessas informações, tanto na citação como nas “referên-cias bibliográficas”, pode se caracterizar como plágio (ALMEIDA; BRITO; CHOI, 2014, p. 20). No primeiro caso, referenciar o autor e a obra ao lado da citação, as informações podem ser de dois tipos:

Autor-data: Depois da citação, coloca-se entre parênteses o sobrenome do autor em maiúsculo, o ano da obra ou da fonte, e a página em que se encontra a citação (SOBRENOME, ano, p.).

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CAP

ÍTU

LO 1Exemplo: (BLOCH, 2011, p. 50).

Caso os nomes dos autores sejam anteriormente citados no texto, colo-cam-se entre parênteses apenas o ano e a página.

Exemplo: Segundo Marc Bloch (2011, p. 10) a história é o estudo do homem no tempo.

Em casos de autores com o mesmo sobrenome, a diferenciação é feita com as letras iniciais dos prenomes.

Exemplo: (MAYNARD, A., 2011) e (MAYNARD, D. 2013). Em citações de diversas obras do mesmo autor e com a mesma data, são acrescentadas letras para diferenciá-los.

Exemplo: (SANTOS, 1999a) e (SANTOS, 1999b). Quando o mesmo documento possuir diversos autores, seus sobreno-mes são separados com ponto e vírgula.

Exemplo: (GONÇALVES; SANTOS; SILVA, 2000, p, 98). É importante ressaltar que, ao utilizar o sistema de citação Autor-data, todo o trabalho deve seguir esse padrão.

Notas de rodapé ou de fim: Depois da citação, puxa-se uma nota (utilizando ferramenta disponibi-lizada pelo WORD) colocando sua referência em algarismo arábico ou romano, seguindo o mesmo padrão de numeração em todo o trabalho. Ao utilizar esse sistema de nota, todo o texto deve ser feito da mesma maneira. Além de serem usadas para citações, as notas também podem ser explicativas. São casos em que se procura oferecer alguma informa-ção adicional, comentário ou tradução sem inserir no parágrafo para não interromper suas ideias.

Para as citações, alguns elementos podem ser utilizados para evitar re-petir as referências. A primeira nota deve ser completa, nas seguintes podem ser utilizados (Cf.: UNESP, 2002, p. 10-11):

• Idem ou Id (do mesmo autor) – para obras diferentes, mas do mesmo autor.

Exemplo: GONÇALVES, 2010, p. 10. Idem, 2011, p. 15.

• Ibidem ou Ibid (na mesma obra) – substitui a obra citada anterior-mente, alterando apenas a página.

Exemplo: MOSSE, 1986, p. 489. Ibidem, p. 500.

• Op. cit. (opere citato) – mesma obra, mas com outra nota intercalada e na mesma página.

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CAP

ÍTU

LO 1 • Exemplo

BULL, 2013, p. 23. MAYNARD, 2011, p. 50. BULL, op. cit., p. 30. MAYNARD, op. cit., p. 59.

• Passim (aqui e ali) – informações retiradas de variadas páginas de uma obra já citada.

Exemplo: WOLOSYN, 2013, passim.

• Loc. cit. (no lugar citado) – mesma página de um documento já cita-do e com outra nota intercalada.

• Exemplo KEEGAN, 2006, p. 178. HORN, 2003, p. 06. KEEGAN, 2006, loc. cit. HORN, 2003, loc. cit.

• Cf. (confira) – para recomendar a consulta de outra obra ou docu-mento ou uma nota.

Exemplo: Cf.: WILLMOT, 2008, p. 228. Cf.: nota 5 do capítulo 2.

• Et. seq. (seguinte) – para não utilizar todas as páginas da obra citada. Exemplo: CLAUSEWITZ, 2003, p. 493 et. seq.

Outra forma utilizada é a citação da citação: transcrição direta ou indireta de uma fonte que não se teve acesso ao original, e sim por meio de outro autor. Coloca-se o sobrenome do autor não consultado, data, seguido da expressão apud (citado por), sobrenome do autor consultado, data, página (SOBRENOME, data apud SOBRENOME, data, p.).

Exemplo: (MOSSE, 1986 apud ASSIS, 2017, p. 10).

Nas referências bibliográficas, é indicada apenas a obra consultada.

Entre outras observações sobre as citações, destacamos que é possível eliminar parte do trecho citado utilizando colchetes - [...] - para indicar essa supressão. Ou ainda se não for uma sentença completa, insere-se reticência no início ou no fim da citação. Quando dentro do texto citado ocorrer o uso de aspas, substituem-se estas pelo apóstrofo (‘). Se for necessário acrescentar algum comentário no meio da citação, coloca-se entre colchete. Em eventuais erros gramaticais, utiliza-se [sic] (significa “estava assim mesmo no original”) após esses erros (UNESP, 2002, p. 02-4).

Por fim, ao tratar-se de uma tradução feita pelo próprio autor, insere-se “tradução nossa” após a citação.

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CAP

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LO 1Exemplo: (BULL, 2013, p. 09, tradução nossa).

Se for algum destaque com grifo, negrito ou itálico em alguma parte do trecho, insere “grifo nosso”.

Exemplo: “É a luta pela vantagem no que é conhecido, um jogo de es-conder e descobrir, informação e desinformação”. (HORN, 2003, p. 06, grifo nosso).

Por outro lado, se o autor da citação fizer o destaque, substitui-se pela expressão “grifo do autor” (UNESP, 2002, p. 04).

O uso de citações é essencial em qualquer trabalho acadêmico, pois fontes são sempre consultadas no processo de produção, tornando im-portante indicar de onde foram retiradas as informações expostas e dar crédito aos autores. Plágio além de ser um erro grave, é crime, por isso a importância de referenciá-las, além de ajudar os leitores a aprofundar no estudo das referências citadas. Como essas citações devem ser indicadas ao final do texto nas referências bibliográficas, essas são ordenadas tam-bém conforme as normas da ABNT.

3.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

A “referência bibliográfica” é a lista das obras citadas no decorrer do tra-balho. Não se devem colocar obras que não foram utilizadas nem citadas e, em caso de obras consultadas e não citadas, utilizam-se “bibliografias” ou “obras consultadas”. Em ambos os casos, serão indicadas todas as in-formações sobre o documento. Para isso, existem normas da ABNT que as padronizam. Em trabalhos de história, é colocado um tópico separado chamado “fontes”. São documentos de época utilizados na produção historiográfica, ao passo que as “referências bibliográficas” são obras produzidas posteriormente ao tempo histórico estudado. Sendo assim, essas referências ajudarão o leitor a se aprofundar no assunto ao consul-tar as fontes de informações do trabalho.

Para cada tipo de documento, há algumas especificidades nessas regras (Cf.: UNESP, 2002, p. 12-17):

Livros: SOBRENOME, Nome. Título (negrito, itálico ou sublinhado): sub-título (se houver). Edição (se for mais de uma). Tradutor (se houver). Lo-cal: Editora, ano. Justificado, sem margem recuada para parágrafo, com espaçamento simples e um espaço entre cada referência.

Exemplos: CLAUSEWITZ, Carl. Da Guerra. São Paulo: Martins Fontes, 2003.CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano 1: Artes de fazer. 17ª. Ed. Tradução de Ephraim Ferreira Alves. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.

Observações: se não constar editora e/ou local, utilizar, respectivamente: [s.n] e [s.l]. Se a data não for identificada, insere-se uma data provável.

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CAP

ÍTU

LO 1 Exemplo: [198?], [19--?].

Em casos de dois ou três autores, coloca-se por ordem alfabética do so-brenome, separado por ponto e vírgula.

Exemplo: FERRAZ, Francisco; McCANN, F.D. Mas, a partir de quatro uti-liza-se “et al”: SILVA, Francisco Carlos Teixeira da. et al.

Capítulo de livro: SOBRENOME, Nome (autor do capítulo). Título do capítulo: subtítulo (se houver). In: SOBRENOME, Nome (autor do livro). Título do livro (negrito, itálico ou sublinhado): subtítulo (se houver). Edi-ção (se for mais de uma). Tradutor (se houver). Local: Editora, ano, pági-nas correspondentes ao capítulo. No caso de uma coletânea de artigos, coloca-se (Org.) ou (Cord.) para o autor que organizou esses textos.

Exemplo: ARARIPE, Luiz de Alencar. Primeira Guerra Mundial. In: MAGNOLI, De-métrio (Org). História das Guerras. São Paulo: Contexto, 2011, p. 319-353.

Artigo de periódico: SOBRENOME, Nome. Título do artigo: subtítulo (se houver). Nome do periódico (negrito, itálico ou sublinhado), local, nú-mero do volume, edição ou fascículo, página inicial e final do artigo, mês e ano de publicação.

Exemplo: SCHURSTER, Karl. Extremismo, Nacionalismo e Conservadorismo políti-co: um estudo sobre o tempo presente na Europa. Cadernos do Tempo Presente, São Cristóvão, n. 20, p. 16-26, jun./jul. 2015.

Artigo de jornal: SOBRENOME, Nome. Título do artigo: subtítulo (se houver). Nome do jornal (negrito, itálico ou sublinhado), local, data de publicação, parte do jornal, página do artigo.

Exemplo: TRINDADE, Mônica Porto Apenburg. Relações entre Ensino de História e Livros Didáticos. Infonet, Aracaju, 11 jan. 2017. Blog, p. 2.

Dissertações e teses: SOBRENOME, Nome. Título da dissertação ou tese (negrito, itálico ou sublinhado): subtítulo (se houver). Ano, páginas, tipo de documento, grau, instituição, local e data da defesa.

Exemplo: LUCCHESI, Anita. Digital History e Storiografia Digitale: Estudo Compa-rado sobre a Escrita da História no Tempo Presente (2001-2011). 2014, 188p. Dissertação (Mestrado em História Comparada) – Programa de Pós-Graduação em História Comparada, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014.

Trabalhos em anais de eventos científicos: SOBRENOME, Nome. Título do trabalho: subtítulo (se houver). In: NOME DO EVENTO, numeração

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17

CAP

ÍTU

LO 1(se houver), ano e local de realização. Titulo da publicação (negrito, itá-

lico ou sublinhado), subtítulo (se houver), local de publicação, editora, data de publicação, página inicial e final do trabalho.

Exemplo: FREITAS, Itamar. O Brasil nas Histórias do Século XX. In: SEMINÁRIO DE-BATES DO TEMPO PRESENTE: ENSINO, TECNOLOGIAS E CONFLITOS, 1, 2013, São Cristóvão. Anais Seminário Debates do Tempo Presente: Ensino, Tecnologias e Conflitos, São Cristóvão: GET, UFS, 2013, p. 1-8.

Para todos esses tipos de referências, se o suporte de acesso deles forem meios eletrônicos como sites e CD ROM, deve-se inserir essa informa-ção ao final. Para sites, é importante informar a data e o horário de aces-so porque eles podem sair do ar ou serem modificados posteriormente.

Exemplos: SCHURSTER, Karl. Extremismo, Nacionalismo e Conservadorismo políti-co: um estudo sobre o tempo presente na Europa. Cadernos do Tempo Presente, São Cristóvão, n. 20, p. 16-26, jun./jul. 2015. Disponível em: https://seer.ufs.br/index.php/tempo/article/view/4285/3559 . Acesso em: 30 abr. 2017 às 22h.

FREITAS, Itamar. O Brasil nas Histórias do Século XX. In: SEMINÁRIO DEBATES DO TEMPO PRESENTE: ENSINO, TECNOLOGIAS E CONFLI-TOS, 1, 2013, São Cristóvão. Anais Seminário Debates do Tempo Pre-sente: Ensino, Tecnologias e Conflitos, São Cristóvão: GET, UFS, 2013, p. 1-8. 1 CD ROM

Por fim, também é possível a utilização de filmes como referências e da mesma forma deve seguir as normas da ABNT: Título filme (apenas a primeira palavra em maiúscula). Subtítulo (se houver). Créditos (produ-tor, diretor, realizador, roteirista e outros, separados por ponto). Elenco principal (separados por ponto e vírgula). Local: Produtora, ano. Suporte físico e duração.

Exemplo: HISTÓRIAS Cruzadas. Direção: Tate Taylor. Produção: Chris Columbus, Michael Barnathan e Michael Radcliffe. Roteiro: Roteiro Tate Taylor, baseado no romance de Kathryn Stockett. Elenco: Emma Stone; Bryce Dallas Howard; Viola Davis; Octavia Spencer; Mike Vogel; Allison Janney e Chris Lowell. EUA, Índia, Emirados Árabes Unidos: DreamWorks SKG, Touchstone Pictures e 1492 Pictures, 2011. 1 filme (137 min.), son, color.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Andreia de; BRITO, Gisele Ferreira de; CHOI, Vania Picanço. Manual ABNT: regras gerais de estilo e formatação de trabalhos acadê-micos. 4ª ed. São Paulo: FECAP – Biblioteca Paulo Ernesto Tolle, 2014.

ABNT NBR. Informação e documentação — Trabalhos acadêmicos — Apresentação. 3ª ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2011.

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LO 1 UNESP. Normalização Documentária: Referências, Citações em docu-

mentos e Trabalhos Acadêmicos. Palestra da Biblioteca do Campus de Rio Claro - UNESP, 2002. Transcrição de Bruno G. Alvaro em 17 de março de 2008 (Pem-UFRJ).

ATIVIDADES

1. Classifique as citações abaixo como direta ou indireta. Em segui-da, faça a referência no sistema autor-data:

a) Na obra “Apologia da história” (2001), Marc Bloch afirma que “o passado é, por definição, um dado que nada mais modificará. Mas o conhecimento do passado é uma coisa em progresso, que incessantemente se transforma e aperfeiçoa” (p. 75).

b) Na obra “Anatomia do fascismo”, Robert Paxton afirma que, por meio do conhecimento histórico, conseguimos identificar ações fascistas e suas alianças políticas, tornando-nos capazes de detectar ameaças (p. 334).

2. Com base nas informações abaixo, escreva as referências com-pletas e em ordem conforme as normas da ABNT:

a) Autor: Maria Helena Rolim Capelato. Título da obra: Multidões em cena: Propaganda política no var-

guismo e no peronismo. Ano: 1998. Editora: Papirus. Cidade: Campinas - SP

b) Autores da obra: Karl Schurster, Francisco Carlos Teixeira da Silva e outros (org).

Título da obra: O Brasil e Segunda Guerra Mundial. Ano: 2010. Editora: Multifoco. Cidade: Rio de Janeiro. Título do capítulo: Por uma história comparada das ditaduras. Autor do capítulo: Francisco Carlos Teixeira da Silva. Páginas do capítulo: 21-79.

SAIBA MAIS

Acesse: http://www.abnt.org.br/ Site da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para co-nhecer mais sobre sua história e acompanhar suas atualizações.

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LO 2TIPOS DE TEXTOS ACADÊMICOS

Profa. Ma. Mônica Porto Apenburg Trindade

Carga horária: 15 horas

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Identificar os diferentes tipos de textos acadêmicos que são produzi-dos no decorrer das disciplinas e da pesquisa científica.

• Diferenciar os diversos usos de textos acadêmicos.

• Apresentar noções básicas de como produzir esses tipos de textos.

INTRODUÇÃO

No decorrer do curso de graduação, o aluno se depara com uma grande quantidade de textos e livros cobrados em disciplinas e em projetos de pesquisa. Entretanto, apenas a leitura não é suficiente para fixar o con-teúdo. É preciso produzir textos que ajudem na organização de ideias e seleção de pontos importantes. Esse exercício auxiliará na produção do próprio trabalho, ou seja, na produção de um texto acadêmico de sua autoria. A universidade é um local de produção de conhecimento e não apenas de reprodução. Portanto, a escrita do que foi aprendido faz parte do processo de produção científica. Para cada objetivo, há um tipo de texto com especificidades que atendem a esses propósitos distintos. Sendo assim, aprenderemos neste capítulo como identificar e produzir esses tipos de textos acadêmicos.

1.0 RESUMO

O resumo é a apresentação concisa das principais ideias de um texto ou livro. Trata-se de selecionar e escrever, com as próprias palavras, pontos importantes de uma determinada leitura para extrair sua ideia chave. Com isso, não é necessário retornar ao texto original para apli-car o pensamento do autor em outra produção científica como artigos e trabalhos de conclusão de curso. Além disso, o ato de resumir também ajuda na prática de escrita ao exercitarmos nossa capacidade de síntese e interpretação.

Para esse tipo de trabalho, são necessários alguns passos:

1. Leitura do material destacando seus pontos mais significativos;

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LO 2 2. Escrever essas ideias, parafraseando-as com seus próprios termos,

ou seja, não é uma cópia exata do que o autor disse, e sim seus pensamentos mediante outras palavras conforme a interpretação da leitura;

3. Elaborar um único texto coeso e coerente interligando esses pontos destacados (ALVES, 2016).

2. 0 FICHAMENTO

Mesmo com a única intenção de destacar os principais pontos de uma obra, as formas de produção de fichamentos são variadas, pois, cada pesquisador procura elaborá-los da maneira mais pertinente. Portanto, não existe um único tipo ou esquema de fichamento. Alguns optam por copiar trechos de cada parágrafo do texto que julgam ser mais significati-vos, enquanto outros acrescentam comentários pessoais a essas transcri-ções. Esses textos podem ser feitos em fichas avulsas ou em um arquivo de texto. Dentre essa variedade, a forma escolhida aqui, que pode ser feita em único documento sem necessariamente ser em fichas avulsas, segue os seguintes passos:

1. Identificação da obra: título do capítulo ou artigo, título da obra, nome do autor, cidade ou país de publicação, número de páginas da obra ou as páginas correspondentes ao texto.

2. Descrição da obra: em no máximo trinta linhas, descrever como a obra está dividida, apontando o do que se trata em sua totalidade e em cada capítulo, seu objetivo e seu objeto de estudo.

3. Análise: em no máximo cinquenta linhas, analisar o conteúdo do trabalho, fazendo interpretações, apresentando a problemática e a forma como o autor procurou responder seus questionamentos. Ci-tações diretas ou indiretas podem ser utilizadas, sem se esquecer de referenciá-las.

4. Comentário pessoal: em no máximo dez linhas, explanar as impres-sões pessoais, apontando críticas positivas e negativas.

Cada uma dessa etapa é escrita de forma separada uma da outra. Não é um texto corrido com os quatros apontamentos interligados, cada um corresponde a um tópico do fichamento. De forma semelhante, podem ser feitas análises fílmicas:

1. Identificação (título do filme, ficha técnica e diretor);

2. Descrição (sinopse de no máximo 5 linhas);

3. Análise (máximo de 10 linhas)

4. Comentários pessoais (máximo de 5 linhas).

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LO 23.0 RESENHA

A resenha é um resumo crítico de uma obra com no máximo seis pági-nas. Não se trata de apenas sintetizar o conteúdo do livro ou filme. É pre-ciso apontar informações sobre o autor, como ele fez o trabalho, quais os pontos positivos e negativos e para quem recomenda, podendo utilizar--se de outros autores para contrapor ideias e complementar a análise. Por ser uma produção realizada com as próprias palavras e impressões, mesmo utilizando citações, a resenha pode ser publicada em revistas, jornais e sites com o objetivo de apresentar a obra e de recomendá-la ou não para certo público.

Por isso, ela leva um título próprio, diferente da obra resenhada. Confor-me Francisco Alves, o título “deve apontar para aquilo que foi destacado na resenha como principal defeito ou qualidade da obra examinada. Ou ainda aquilo que constitui o cerne do livro” (ALVES, 2004). Para elaborar uma resenha, alguns questionamentos devem ser levantados, interligan-do suas respostas em um único texto coeso e coerente:

1. Quem é o autor? Qual a sua formação e origem? Ele tem outros li-vros? Dê um ou dois exemplos.

2. Do que trata a obra? Faça um resumo sintético e diga o assunto, o tempo e o espaço dela.

3. Que tipo de fonte o autor usa? Jornais? Memórias? Entrevistas? Processos? Dê exemplos indicando as páginas em que elas se encontram.

4. Quais os pontos que você julga importante nela? Quais os pontos positivos e negativos? Faça uma crítica sobre, por exemplo, o for-mato, o conteúdo, como foram administrados os dados qualitativos e quantitativos, se alcançou seus objetivos, a bibliografia utilizada, a metodologia, o referencial teórico, entre outros.

5. O livro pode ajudar em qual tipo de pesquisa e que tipo de leitor?

4.0 RESUMO PARA A COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA

Apresentação sucinta do trabalho, indicando seu objetivo, seu objeto de estudo, seu tema, suas fontes e seu referencial teórico-metodológico. O limite mínimo e máximo de caracteres dependerá das normas do evento no qual o trabalho é apresentado. Mas ele deve ser breve, portando, em média, entre 1000 a 2000 caracteres com espaços, podendo variar. Produzido em apenas um parágrafo, não possui recuo na primeira linha, dados quantitativos e qualitativos, análise documental nem referências bibliográficas. Ao final, deve conter de 3 a 5 palavras-chave. Esse tipo de trabalho é utilizado geralmente para apresentação de algum artigo e conta como publicação em anais de eventos. Ver exemplo do tópico 2.5 do capítulo 1.

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LO 2 5.0 ARTIGO CIENTÍFICO

Comparado com os demais tipos de textos acadêmicos apresentados até o momento, o artigo científico é mais extenso e denso. Trata-se de apresentar resultados de uma determinada pesquisa sobre um tema es-colhido, desde que esse possua embasamento científico. Desta forma, seu objetivo é “a difusão de informações sobre pesquisas realizadas, apresentando os resultados alcançados” (RODRIGUES, 2010, p. 70). Sendo assim, este trabalho pode ser publicado em revistas acadêmicas, em anais de eventos ou como capítulo de livro como forma de difusão do trabalho realizado.

Contudo, para apresentar esses resultados é necessário também de-monstrar como se chegou a eles. Para isso, há uma apresentação das fontes e seus dados, interpretação e análises dessa documentação e dis-cussão metodológica, teórica e bibliográfica sobre o assunto. Portanto, primeiro é necessário um levantamento, leitura e produção de fichamen-tos, resumos e resenhas sobre a bibliografia e sobre as fontes primárias. Em seguida, dividir o artigo em três partes:

1. Introdução: apresentação do objetivo do trabalho, objeto de estu-do, do aporte teórico-metodológico e do problema (questionamen-to) levantado.

2. Desenvolvimento: trata-se da análise das fontes, elaboração de uma narrativa e discussão com a bibliografia para complementar e confir-mar os dados. São de grande importância os fichamentos, resumos e resenhas utilizados para apresentar dados e análises chegando dessa forma ao levantamento de ideias.

3. Conclusão: exposição dos resultados de forma resumida. Nesse item, não costumam ser utilizadas as impressões de outros traba-lhos, é o momento para o autor expressar apenas com suas palavras e ideias o que já foi discutido e comprovado no desenvolvimento.

Há também um título que deve indicar o tema, o tempo e espaço do as-sunto tratado. É comum acompanhar no início do artigo, principalmente em revistas e em anais de eventos, um resumo e um abstract. Por fim, in-dicar as referências bibliográficas e as fontes primárias ao final do texto.

6.0 PROJETO DE PESQUISA

Um projeto de pesquisa é um planejamento. É a apresentação dos pas-sos a serem seguidos no decorrer da pesquisa e o material a ser utilizado. Segundo José D’Assunção Barros, a execução de uma pesquisa científica é como uma viagem que precisa “de um roteiro que estabeleça as etapas a serem cumpridas e que administre os recursos e o tempo disponível” (BARROS, 2012, p. 09). A falta de um projeto pode ocasionar em uma pesquisa sem rumo, por isso, a sua existência é o primeiro passo nessa

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LO 2empreitada. Entretanto, o projeto é flexível. Ao decorrer do trabalho, mu-

danças podem surgir a depender das demandas e desafios que aparece-rão. Os itens e os passos a serem seguidos na elaboração de um projeto serão discutidos no capítulo 4.

7.0 MONOGRAFIA

Monografia geralmente é cobrada como trabalho de final de curso. É maior e mais aprofundado, abordando apenas um assunto. Isso torna essencial que o tema escolhido seja bem específico, e não panorâmico. O número de páginas exigido é em média de no mínimo 50. Portanto, é necessário o acompanhamento de um orientador para indicar o cami-nho que deve ser seguido e alertar em casos de erros. Desta maneira, é importante começar com a elaboração do projeto para estruturar os ca-minhos da pesquisa, que levará no mínimo alguns meses. Neste trabalho são colocados em prática os procedimentos metodológicos aprendidos durante o curso. Podemos dividi-lo da seguinte maneira:

1. Capa, folha de rosto, folha de aprovação (se for apresentado a um banca), agradecimentos, resumo, resumo em língua estrangeira, lis-tas (se houver) e sumário, conforme aprendido no capítulo 1.

2. Introdução: apresentação do objetivo, do objeto de estudo, do refe-rencial teórico e da problemática.

3. Desenvolvimento: geralmente dividido em 3 capítulos, trata-se da descrição e análise das fontes, levantamento de dados, construção de uma narrativa e discussão com a bibliografia sobre o assunto. Dessa forma, levantar ideias e procurar responder aos questiona-mentos (problemáticas) levantados na introdução.

4. Conclusão: apresentação dos resultados com base nas análises feitas no desenvolvimento.

5. Fontes: lista das fontes primárias, devidamente referenciadas confor-me as normas da ABNT, utilizadas no trabalho.

6. Referências bibliográficas: listas das obras, devidamente referencia-das conforme as normas da ABNT, utilizadas no trabalho. Apenas aquelas que foram citadas no decorrer do texto.

7. Bibliografia ou obras consultadas: caso possua obras que foram consultadas e que ajudaram nas análises, mas não foram citadas no texto.

Resumos, fichamentos e resenhas são importantes por condensarem as principais ideias da bibliografia levantada sobre o assunto tratado na mo-nografia e das fontes primárias. Com esse material em mãos, não será necessário voltar à leitura das obras e da documentação, pois o que era importante já foi separado, embora isso não exclua a possibilidade de ter

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LO 2 que retornar a essas fontes a depender das circunstâncias. Dentro desse

levantamento bibliográfico, encontram-se não somente trabalhos sobre o tema, aumentando o número de informações, mas também o refe-rencial teórico e metodológico. Esse último é o caminho percorrido em uma pesquisa científica, que na história possui algumas especificidades. Reunindo essas análises, é possível levantar questionamentos, procurar suas respostas e abrir discussões.

Portanto, essa atividade se caracteriza como uma produção de conheci-mento científico que poderá ajudar futuros trabalhos sobre o assunto. É a difusão do saber.

RESUMO

Neste capítulo, aprendemos que, durante o período de graduação, nos deparamos com diversos tipos de textos acadêmicos. Cada um possui suas especificidades e seus propósitos. Assim, seguem normas a serem utilizadas no seu processo de produção aqui apresentadas. O domínio dessa atividade de escrita nos ajuda a produzir e difundir conhecimento. Por isso, é importante a prática de escrita, pois nos ajuda a aperfeiçoar nossa capacidade de interpretação, análise, coerência e coesão. Para se chegar a um bom trabalho de pesquisa é preciso exercitar a leitura e a escrita sobre essas informações juntamente com nossas impressões.

REFERÊNCIA

ALVES, Francisco José. Cinco passos para resumir um artigo ou capítu-lo de livro. In: Sítios da história, Aracaju 2016. Disponível em: http://media.wix.com/ugd/79ff1f_6f0870ec08a0424d8628e6522e4cf487.pdf. Acesso em: 02 mai.2017 às 23:46h

ALVES, Francisco José. Elementos da resenha bibliográfica. In: Sítios da história, Aracaju, 2004. Disponível em: http://media.wix.com/ugd/79ff1f_35cea0e1f591470f9649f2377c60f3a8.pdf. Acesso em: 02 mai.2017 às 23:47h

BARROS, José Dá Assunção Barros. O projeto de pesquisa em história: da escolha do tema ao quadro teórico. 8ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.

RODRIGUES, Auro de Jesus; co-autoras Hortência de Abreu Gonçalves, Maria Balbina de Carvalho Menezes, Maria de Fátima Nascimento. Me-todologia científica. 3. ed. rev. e ampl. Aracaju: UNIT, 2010.

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LO 2ATIVIDADES

1. Leia e resuma o texto a seguir.

Notas sobre a pesquisa histórica em tempos de internetPor Dilton Cândido S. Maynard

Para aqueles que se interessam pelas relações entre o passado e o presente, a chegada da Web marca um novo tempo. Nele, como ex-plicou o sociólogo espanhol Manuel Castells em seu livro “A Galáxia Internet” (2003), economias, atividades culturais, políticas governa-mentais, empreendimentos comerciais, procedimentos e políticas de saúde, passaram a ser pensadas desde a sua inserção na web. Consequentemente, escreveu Castells, “ser excluído dessas redes é sofrer uma das formas mais danosas de exclusão em nossa econo-mia e em nossa cultura”. Sendo assim, talvez valha a pena refletir sobre qual é o futuro da arte de preservar o passado.

Sim, falemos de uma arte. É como “artesãos” que alguns dos histo-riadores mais respeitados do século XX, a exemplo de Georges Duby (1919-1996), Jacques Le Goff e Marc Bloch (1886-1944), referem-se a si mesmos. Justamente por essa capacidade artesanal, o historiador lida com um universo diversificado de fontes. No tempo presente, vivemos uma impressionante transformação. Em meio à avalanche de registros, a inevitável pergunta se apresenta: o que preservar? E, além disso, cabe questionar ainda: de quem são as palavras e os números da Internet? A memória corre o risco de ser privatizada?

Porque os novos tempos, esses tempos digitais, amplificaram a nos-sa capacidade de arquivar as coisas. Há pouco eram grandes as difi-culdades para publicar um livro, torná-lo acessível, para editar uma revista e ter acesso às fontes. Como observa o historiador norte--americano Roy Rosenzweig, a Internet mudou esse quadro de modo significativo. Em lugar de uma cultura da escassez, o historiador pre-cisa aprender a lidar com a cultura da abundância. Dois exemplos podem ajudar a esclarecer isso.

Logo após a morte de Osama Bin Laden, em 2 de maio de 2011, os meios de comunicação do mundo inteiro repetiam incansavelmente a informação, promoveram debates, entrevistas, retrospectivas. En-quanto isso, nas redes sociais, o assunto ganhava espaço através de manifestações de não especialistas, da gente comum, dos navegan-tes da cibermaré. Apareceram também detalhes, questionamentos e versões que distinguiam e desafiavam as informações transmitidas pela imprensa. A mais conhecida delas, provavelmente, foi a de um narrador que registrou os primeiros movimentos dos helicópteros norte-americanos perto da sua casa, sem nem imaginar que se tra-tava da caçada a Bin Laden. Em 01 de maio @ReallyVirtual, avatar de Sohaib Athar, um morador de Abbottabad, “twittou” uma série de pequenos informes sobre o ataque feito pelo Team Six à fortaleza do número um da Al-Qaeda. Com base nos relatos Athar, é possível encontrar impressões que distinguem dos registros quase uníssonos

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LO 2 sobre a operação que executou Osama. Graças a relatos como os de

Athar, é possível percorrer diferentes itinerários daqueles propostos pelos órgãos oficiais de informação ou jornais e redes de televisão tradicionais.

O referido episódio nos leva até outra comparação. Vejamos o caso do torpedeamento de navios em costas sergipanas, ocorrido muito tempo antes, em agosto de 1942. Entre os dias 15 e 17, o submarino alemão U-507 afundou navios mercantes brasileiros. A notícia, po-rém, não chegou imediatamente. Um dos principais jornais locais, o Correio de Aracaju, justificou-se assim em 18 de agosto: “em vista de necessitar a imprensa de autorização oficial para publicar notí-cias referentes ao torpedeamento de nossos navios, e porque essa autorização só chegou muito tarde, o ‘Correio’ não circulou ontem”.

Entre um episódio e outro temos diferenças importantes. Apenas no segundo caso há um centro irradiador da informação. A tal “cultura da abundância” é visível em acontecimentos como a morte de Bin Laden. Mais que isso, fica evidente que as modalidades comumente utilizadas, os recursos clássicos da prova histórica – a nota, a refe-rência, a citação – se alteraram na textualidade eletrônica. Graças aos suportes digitais, o leitor é colocado em posição de poder ler, caso assim deseje, os livros e textos que o historiador leu, os docu-mentos que ele coletou e analisou.

Contudo, apesar de todo esse potencial, os historiadores ainda estão distantes da Internet como objeto de estudo. Ela tem sido meio, não objeto. É como se somente a mensagem, e não o meio importas-se. Mas, como escreveu Nicholas Carr, o meio importa. Afinal de contas, a experiência de ler em um computador ou Iphone é muito diferente de ler as mesmas palavras no já velho conhecido “word”. Que tal pensarmos mais sobre o assunto?

Por isso, quando se trata de uma pesquisa envolvendo a Internet, o historiador precisa ter em mente que a investigação certamente pro-moverá o contato com registros digitais como e-mails, home pages institucionais, e-books, e-library... Diante disso, como ele poderá lidar com um repertório tão diversificado de registros? De saída, duas orientações podem ser feitas. A primeira delas: é preciso ter clareza de que se enfrentará um desafiador oceano de informações efêmeras, uma característica peculiar à Net. Outra, mais pragmática, é a de que, sendo o ciberespaço um terreno movediço, é urgente construir estratégias para pesquisá-lo.

Esse texto compõe o acervo de produções bibliográficas dos projetos “Cibercultura & Intolerância: A Extrema Direita Sul-Americana na In-ternet (1996-2007)”, Edital FAPITEC/SE /FUNTEC/CNPq n° 04/2011 e “ Enciclopédia Eletrônica da Intolerância, dos Extremismos e das Ditaduras no Tempo Presente, apoiada pela FACEPE.

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LO 2SAIBA MAIS

Acesse os sites: https://seer.ufs.br/index.php/tempo/index e https://seer.ufs.br/index.php/historiar .

São links para acesso as revistas acadêmicas “Cadernos do Tem-po Presente” e “Boletim Historiar”. Nelas há exemplos de rese-nhas e artigos produzidos por variados pesquisadores com diver-sas temáticas.

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LO 3MÉTODOS DA

PESQUISA HISTÓRICA

Profa. Ma. Mônica Porto Apenburg Trindade

Carga horária: 15 horas

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Apontar as particularidades do método histórico dentre as demais áreas do conhecimento científico.

• Indicar os tipos de fontes e documentos que podem ser utilizados pelo historiador na pesquisa histórica.

• Demonstrar como elaborar uma narrativa histórica a partir da análise e questões levantadas pelo historiador diante de suas fontes e objeto de estudo.

INTRODUÇÃO

Ao longo de nossa exposição, procuramos conceituar e demonstrar a re-levância da metodologia científica enquanto base central para a constru-ção dos trabalhos acadêmicos. Ela tem como objetivo principal oferecer subsídios e indicar caminhos ao pesquisador de qualquer área do conhe-cimento científico. Em relação à História, esta apresenta especificidades quanto aos métodos de pesquisa referentes aos objetos de estudo, às fontes, em sua narrativa e na forma de análise. Diante disso, um texto historiográfico termina sendo identificado como tal pelo leitor, por exibir características próprias e comuns ao ofício do historiador. Assim, iremos, de agora em diante, apontar os principais elementos que compõem a pesquisa histórica.

1.0 AS PARTICULARIDADES DA HISTÓRIA

“A história, no entanto, não se pode duvidar disso, tem seus gozos estéti-cos próprios, que não se parecem com os de nenhuma outra disciplina” (BLOCH, 2002, p. 44).

Essa frase do historiador francês Marc Bloch (1886-1944), um dos fun-dadores da Escola dos Annales, em 1929, indica que a história possui um caráter particular e distinto das demais áreas do conhecimento científico. Ao decidirmos “mergulhar” no campo da pesquisa histórica, devemos estar cientes dos procedimentos metodológicos com os quais teremos

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LO 3 de manusear. As fontes, a escolha dos objetos, as questões levantadas, a

delimitação do recorte temporal, a narrativa adequada e uma análise que tenha o compromisso de explicar, e não de julgar são elementos funda-mentais para a construção de um bom trabalho historiográfico.

Sendo uma ciência que tem a incumbência de compreender as ações hu-manas de acordo com o seu tempo, a história nos oferece uma gama de possibilidades de estudos relacionados aos homens e ao mundo que os rodeia. Entretanto, justamente por ter como objeto central os seres hu-manos, a história apresenta um caráter complexo, requerendo do histo-riador um olhar treinado e um manejo criterioso das fontes. É sobre essa matéria prima na realização da pesquisa histórica que iremos falar agora.

2.0 FONTES HISTÓRICAS: O QUE SÃO?

Relatamos anteriormente que as fontes são ferramentas fundamentais na elaboração da pesquisa histórica. Mas, para iniciarmos esse tópico, partiremos das seguintes perguntas: o que são fontes históricas? Existem tipos ideais?

As fontes servem de pistas e indícios em relação ao objeto que se preten-de estudar, além de constituírem uma forma de verificar as afirmativas levantadas pelo historiador sobre seu objeto de estudo. Exemplificando, podemos comparar as fontes como peças de um enorme quebra cabeça que, à medida que vão se encaixando umas às outras, formam uma ima-gem ou panorama inteligível, apresentando um sentido.

Dito de outra forma, as fontes atuam como provas, sem as quais, a pró-pria história teria seu aspecto científico comprometido. De acordo com o historiador francês Antoine Prost (2012), as fontes sempre foram itens fundamentais e consensuais dentro do método da pesquisa histórica desde o século XIX. Trata-se de uma regra comum na profissão, assim como o uso de citações de outros autores utilizados como referência para a confecção dos trabalhos acadêmicos.

Mediante esse método próprio, os textos historiográficos apresentam um perfil singular e facilmente reconhecível pelo leitor. Os fatos histó-ricos não são narrados aleatoriamente nem criados simplesmente com base na imaginação do historiador. Ao observar um texto histórico, o leitor deve perceber que não se trata de uma narrativa fictícia, ou escrita apenas para entreter e transportar o leitor para outras épocas. Um texto histórico pode apresentar também essas características, mas sem abrir mão do caráter verificável por meio da comprovação dos fatos por meio das fontes.

Diante disso, podemos indagar: quais tipos de fontes o historiador deve utilizar para produzir a narrativa histórica? Existe um tipo ideal? Vamos descobrir!

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LO 32.1. TIPOS DE FONTES HISTÓRICAS

Conforme afirmamos anteriormente, as fontes históricas servem como pistas, indícios ou vestígios deixados pelos homens em determinado tempo e espaço. Por estarem relacionadas às atividades humanas, elas podem exibir naturezas diversas que vão desde documentos escritos até depoimentos e objetos materiais, a exemplo de uma moeda ou um uten-sílio de argila.

Assim, tudo quanto se diz ou se escreve, tudo quanto se produz e se fabrica pode ser uma fonte histórica. Um caderno de anotações de des-pesas do lar, uma programação de televisão ou rádio, um folheto de propaganda, o cardápio de um restaurante, sites, filmes, enfim, faltariam páginas para mencionarmos tantas outras fontes. Portanto, não existe no método histórico atual uma fonte ideal ou fontes ideais, como afirmavam os historiadores do século XIX.

De acordo com Peter Burke (1992), a “nova história” proposta pelos An-nales objetivou romper com o paradigma tradicional pensado pela escola Metódica do século XIX. Entre tais paradigmas, estava o modelo de fonte ideal para a pesquisa histórica, que deveria ser restrito a documentos encontrados nos arquivos oriundos dos registros oficiais e governamen-tais. No entanto, a “nova história” pôs em cheque esse modelo de fazer história, por entender que os documentos tidos como oficiais eram li-mitados, pois, expressavam apenas o ponto de vista do Governo e das Instituições.

Diante disso, ocorreu uma ampliação significativa quanto ao número de fontes históricas, possibilitando um espaço de ação maior para o histo-riador exercer seu ofício. Mas vale aqui a seguinte advertência: As fontes históricas não são um espelho fiel da realidade. Não caiamos em tal ar-madilha. Elas devem ser encaradas pelo pesquisador como representa-ção de parte ou momentos particulares do objeto a ser estudado. Uma fonte representa, muitas vezes, um testemunho, a fala de um agente, de um sujeito histórico e precisa ser analisada como tal.

A seguir, exibiremos alguns exemplos dos tipos de fontes utilizadas na pesquisa histórica.

Escrita - são todos os registros deixados pelos homens por meio da es-crita, não só mediante documentos oficiais ou particulares mas também por intermédio de cartas, diários, jornais, trabalhos científicos, livros di-dáticos, contas de água e luz, enfim, existe uma gama de possibilidades para se trabalhar com esse tipo de fonte.

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LO 3 O jornal é um tipo de fonte bastante recorrente nos trabalhos

historiográficos.

Fonte: Imagem disponível em: http://oridesmjr.blogspot.com.br/2012/10/fonte-

-historica-documento-registro.html Acessado em: 08/05/2017, às 17:32.

Fonte: Imagem disponível em: https://historiaparao6ano.wordpress.com/tag/quais-sao-os-tipos-de-fontes-historicas/ Acessado em: 08/05/2017, às 18:00 hs.

A cédula de identidade pode oferecer pistas importantes sobre o objeto de estudo.

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Fotografia como registro da visita de Vargas a um orfanato. Aqui, verifica-mos mais uma vez, o caráter representativo da fonte.

Fonte: Imagem disponível em: http://www.mp.usp.br/acervo Acessado em: 08/05/2017, às 18:25

Fonte: Imagem disponível em: http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas2/arti-gos/AlemDaVida/MitoVargas Acessado em: 08/05/2017 hs.

Iconográfica - são fontes que apresentam a característica de imagens, tais como pinturas, fotografias, cartões postais, anúncios publicitários, entre outras.

A Pintura “Independência ou Morte”, de Pedro Américo, constitui em um tipo de fonte que demonstra as representações de um momento histórico.

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LO 3 Oral - Nesse caso, as fontes são os relatos adquiridos por meio de en-

trevistas e do testemunho de pessoas vivas. Esse tipo de fonte pode ser utilizado para quem pesquisa na área de História Contemporânea, por exemplo.

• Audiovisual - CDs, DVDs, filmes, documentários, programas de TV, musicais, etc.

O filme “Ele Está de Volta” é um tipo de fonte que promove uma reflexão acerca de temas que surgiram em meados do século XX e que resurgem na atualiade, como nazismo, fascismo e intolerância.

Fonte: Imagem disponível em: http://designercoverscustom.net.br/index.

php?app=downloads&showfile=369 Acessado em: 08/05/2017, às 18:40 hs.

Capa do DVD da novela Gabriela, estreada originalmente em 1975, pela TV Globo e dirigida por Valter Avancini. A novela apontou traços da influ-ência do coronelismo, da prostituição e religiosidade na Bahia.

Fonte: Imagem disponível em: http://soprocultura.blogspot.com.br/2011/12/capas-de-dvd-

-novela-gabriela.html Acessado em: 08/05/2017, às 19:15 h

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LO 3• Material - são todos os registros deixados pelo homem por meio dos

mais diversos tipos de objetos como utensílios, vestígios arqueoló-gicos, moedas, roupas, esculturas, etc. Esse tipo de fonte permite ao pesquisador compreender, entre outros elementos, a evolução da es-pécie humana, os costumes, aspectos econômicos e gostos, que se modificam de acordo com o contexto histórico e o recorte temporal.

Vestígios encontrados nos sítios arqueológicos de hominídeos na África do Sul.

Fonte: Imagem disponível em: http://www.africa-turismo.com/africa-do--sul/sitios-arqueologicos.htm Acessado em: 08/05/2017, às 19:38h

O vestuário constitui uma importante fonte material para se compreen-der uma determinada sociedade e época.

Fonte: Imagem disponível em: http://www.stylourbano.com.br/uma-breve-historia-

-da-evolucao-da-moda-ate-o-fast-fashion/ Acessado em: 08/05/2017, às 20:00 h

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LO 3 Assim, apresentamos nesse tópico alguns tipos de fontes utilizadas na

pesquisa histórica, entre tantas outras que constituem o arcabouço para a construção dos trabalhos acadêmicos nesse campo do conhecimento. Ao definir seu objeto de estudo, delimitar o recorte temporal e obter as fontes adequadas, o historiador dará início à construção da narrativa, partindo do questionamento e da análise das fontes. Esse é o próximo passo do método da pesquisa histórica sobre o qual falaremos a seguir.

3.0 A NARRATIVA HISTÓRICA COMO RESULTADO DO QUESTIONAMENTO E ANÁLISE

A escrita da história está amparada pela união ou pelo intercruzamento desses quatro elementos: objeto – questões – fontes – análise. Para se produzir uma narrativa, o historiador deve definir o objeto a ser estudado e, em seguida, procurar conhecer algumas especificidades desse objeto por meio de questionamentos (problemas). Vale ressaltar que um objeto nunca será compreendido em sua totalidade. Sempre existirão lacunas a serem preenchidas em torno de determinado objeto ou tema.

Feito isso, o próximo passo para a construção da narrativa é buscar res-postas para os possíveis problemas da fonte. Sem fonte, não existe pro-blematização, nem esclarecimento. Na insuficiência dela, será mais pru-dente para o historiador mudar de tema, ou de objeto, a fim de não cair em afirmações insipientes ou falsas. Caso o profissional da história tenha tido êxito em todas essas etapas mencionadas, ele partirá para a última, que é a análise. De acordo com a historiadora Vavy Pacheco Borges:

A história, como vimos, não é só levantamento de dados ou fatos; ela os relaciona entre si, procurando descobrir e sistematizar as rela-ções existentes entre eles. A história, como toda forma de conheci-mento, procura desvendar, revelar, sistematizar relações desconhe-cidas, não claras (BORGES, 2007, p. 65: 66).

O processo de análise, como parte da construção de um trabalho aca-dêmico, seja em qualquer área do conhecimento científico, exerce um papel fundamental para o pesquisador. No caso da história, analisar sig-nifica intercruzar informações obtidas pelas fontes, percebendo princi-palmente os rastros ou os aspectos implícitos deixados pelo homem em suas ações. Diante disso, listaremos a seguir, algumas peculiaridades em relação à análise das fontes.

• Subjetividade • Proximidade com o objeto• Resultados probabilísticos• Caráter explicativo

Todo indivíduo que se compromete a escrever um texto na área de his-tória, deve estar ciente dessas implicações que ocorrem no momento da análise e da escrita. Em primeiro lugar, gostaríamos de ressaltar que, por

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LO 3mais objetivo e imparcial que o historiador seja, a subjetividade sempre

estará presente na narrativa historiográfica. É ilusório pensar de outra forma.

A subjetividade é um fator que está intrinsecamente ligada aos seres hu-manos. Ela é formada mediante crenças e valores dos indivíduos com suas experiências e histórias de vida. Logo, no momento da análise e escrita, o historiador carregará consigo a marca de todo o conhecimento teórico e metodológico aprendido em seu ofício e também estará perme-ado por gostos, preferências, ideologia e hábitos que irão pesar em suas escolhas e no resultado final do seu trabalho.

O segundo ponto importante na construção da narrativa histórica e que, de certa forma, está atrelado ao primeiro da lista é a proximidade do historiador com o objeto. Vavy Pacheco Borges adverte o seguinte: “O historiador é um homem em sociedade, ele também faz parte da história que está vivendo” (BORGES, 2007, p. 65).

Nas ciências exatas e da natureza, o pesquisador pode se afastar do ob-jeto para estudá-lo. Por sua vez, nas ciências humanas, particularmente em história, tal distanciamento é impossível, pois, seu objeto de estudo é o próprio homem. Esse aspecto justifica a dificuldade da análise e a in-completude dos resultados apresentados na pesquisa histórica. As ações humanas são imprevisíveis, diversificadas e requer daquele que se pro-põe a escrever em história (diga-se de passagem, portador das mesmas características), um olhar treinado e uma maturidade interpretativa.

Por esse motivo, o historiador sabe que os resultados de sua análise, já entrando no item três da nossa lista, são probabilísticos e nunca precisos ou definitivos. Escrever história não é estabelecer certezas, mas é reduzir o campo das incertezas, é estabelecer um feixe de probabilidades.

Uma pesquisa em história nunca é fechada. O historiador constrói uma narrativa, tira suas conclusões com base no cruzamento das fontes e dos textos de outros autores, mas, ao imaginar que seu trabalho está final-mente acabado, eis que surgem novos trabalhos dos demais colegas de ofício, oferecendo diferentes interpretações e possibilidades de estudo sobre o mesmo objeto ou tema.

Em último lugar, o objetivo primordial da narrativa histórica não é dizer tudo a respeito de uma determinada realidade ou objeto, mas explicar o que nesses é fundamental. A história visa levar o leitor a uma compre-ensão dos fatos históricos e não a uma mera exposição deles. O ato de reunir fontes, coletar dados e descrevê-los apenas, não se caracteriza um trabalho de história. De acordo com o historiador espanhol Júlio Arós-tegui (1939-2013), “a explicação é logicamente o resultado final de toda tentativa de conhecimento científico” (ARÓSTEGUI, 2006, p. 443).

No entanto, em que difere uma explicação encarada como histórica de uma tida como trivial? Afinal de contas, no cotidiano, não poucas às ve-

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LO 3 zes, recorremos a dar ou escutar explicações uns dos outros. Segundo

Antoine Prost, o sentido do termo “explicação” é o mesmo tanto para o senso comum, como para a história. Mas, o que diferencia a explicação histórica da trivial é a busca pelo método crítico que permite estabelecer, com rigor, os fatos para validar as hipóteses levantadas pelo historiador. Ou seja, a narrativa histórica mediante o caráter explicativo só é possível com a prova daquilo que se escreve.

Assim, finalizamos esse capítulo, esperando ter contribuído para um co-nhecimento básico acerca das especificidades que permeiam o método da pesquisa histórica. Nossa proposta foi apresentar os principais funda-mentos ao pesquisador em história para a construção de seus trabalhos acadêmicos. No entanto, gostaríamos de lembrar que o assunto em tor-no desse tema é bem mais amplo, ficando a cargo de cada pesquisador aprofundar-se cada vez mais nele.

RESUMO

O método da pesquisa histórica possui especificidades quanto aos obje-tos de estudo, às fontes, em sua narrativa e na forma de análise. Existem diversos tipos de fontes e elas servem de pistas e indícios em relação ao objeto que se pretende estudar, além de servirem como forma de verificar as afirmativas levantadas pelo historiador sobre seu objeto de estudo. O profissional de história sabe que os resultados de sua análise são probabilísticos e nunca precisos ou definitivos. Escrever história não é estabelecer certeza, mas reduzir o campo das incertezas, estabelecer um feixe de probabilidades.

REFERÊNCIAS

ARÓSTEGUI, Julio. A pesquisa histórica: teoria e método. Bauru, SP: Edusc, 2006. 592 p.

BLOCH, Marc. Apologia da História ou O Ofício de Historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora Ltda, 2002. 159 p.

BORGES, Vavy Pacheco. O Que É História. 2ª ed. rev. São Paulo: Brasi-liense, 2007. (Coleção primeiros passos; 17). 85 p.

BURKE, Peter. A Escrita da história: novas perspectivas / BURKE, Peter (org.). São Paulo: Editora UNESP 1992. 354 p.

PROST, Antoine. Doze lições sobre a história. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2012. 287 p.

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LO 3ATIVIDADES

1. Pesquise sobre outros tipos de fontes históricas além das cita-das nesse capítulo, identificando como elas podem ser aplica-das em um trabalho acadêmico.

2. Qual é o principal objetivo da narrativa histórica?

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LO 4PROJETO DE PESQUISA:

POR QUE FAZÊ-LO E COMO ELABORÁ-LO?

Profa. Ma. Mônica Porto Apenburg Trindade

Carga horária: 15 horas

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Descrever em linhas gerais o que é um Projeto de Pesquisa Científi-ca, com o foco no campo histórico.

• Apresentar as finalidades do Projeto de Pesquisa.

• Demonstrar como um Projeto de Pesquisa deve ser estruturado, ex-plicando sobre cada elemento constitutivo dessa estrutura.

INTRODUÇÃO

Os indivíduos costumam estabelecer metas, fazer orçamentos e garantir o máximo de subsídios para o alcance de seus objetivos. Todas essas ati-tudes podem ser resumidas em uma só palavra: PLANEJAMENTO. Para obter a casa tão desejada, fazer aquela viagem tão sonhada, ou comprar o carro almejado é preciso planejar e definir os caminhos a serem per-corridos a fim de conseguir o que se quer.

Trazendo esse exemplo para o mundo acadêmico, pode-se entender o Projeto de Pesquisa Científica como um planejamento ou roteiro que estabelece as etapas a serem cumpridas, a escolha do material adequa-do, o aporte teórico norteador da pesquisa e o tempo necessário para a finalização do trabalho. É sobre esse indispensável direcionamento para o pesquisador que iremos tratar na sequência.

1.0 O PROJETO DE PESQUISA E SUA FINALIDADE

Conforme afirmamos anteriormente, o primeiro passo para quem deseja realizar um trabalho acadêmico de qualidade é fazer um cuidadoso pla-nejamento. No entanto, vale ressaltar que a elaboração de um projeto partirá sempre do pensamento e de uma escolha prévia do pesquisador, além dos instrumentos que ele já possui. Compreendendo dessa forma, o projeto de pesquisa se constitui uma espécie de “esqueleto” das futu-ras monografias, dissertações e teses, que se transformará em corpo à

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LO 4 medida que outros elementos vão se incorporando a ele no decorrer da

pesquisa.

Não é incomum verificar que alguns pesquisadores, ao definirem seu objeto, encontrem suas fontes e, tendo delimitado o recorte temporal, achem desnecessário ou perda de tempo elaborem primeiro um projeto, para depois começarem a escrever de fato. Muitas vezes, esse tipo de planejamento é encarado como mera exigência formal e burocrática, ou, apenas, como recurso necessário para seleções de mestrado e doutora-do. José D’Assunção Barros entende que o projeto de pesquisa possui uma finalidade bem maior:

Sem o Projeto, o pesquisador mais experiente sabe que não existe sequer um caminho, uma vez que este caminho deve ser construído gradualmente a partir de materiais elaborados pelo próprio pesqui-sador – sendo a elaboração do Projeto simultaneamente o primeiro passo da caminhada e o primeiro instrumento necessário para se pôr a caminho. O Projeto de pesquisa, dessa maneira, mostra-se a este pesquisador precisamente um ganho de tempo, um agilizador da pesquisa, um eficaz roteiro direcionador, um esquema prévio para a construção dos materiais e técnicas que serão necessários para alcançar os objetivos pretendidos (BARROS, 2010, p. 11).

Compartilhando da mesma interpretação de Barros a respeito da função do projeto de pesquisa, advertimos que, embora ele deva ser a primeira ferramenta para o pesquisador construir seu trabalho, um projeto nem sempre se concretizará da mesma maneira como foi planejado inicial-mente. Isso dá um caráter de flexibilidade ao projeto, principalmente no caso da História, cujo objeto de estudo são os homens em suas diversi-dades e complexidades.

Um projeto pensado com rigor e critérios bem definidos pode ser altera-do ao longo do desenvolvimento de uma pesquisa. Isso acontece graças às mudanças de direção que podem ocorrer com frequência entre o pes-quisador e seu objeto. A descoberta de novas fontes, o surgimento de outras questões e hipóteses e o próprio amadurecimento do pesquisador diante de seu objeto, colaboram para alterações muitas vezes profundas ou até mesmo radicais, como a mudança do tema de estudo, por exem-plo. No entanto, essas implicações não retiram o valor do projeto. Ape-nas fazem parte do processo de construção de um trabalho científico.

Assim, tendo feito essas advertências, continuaremos apontando as fi-nalidades do projeto de pesquisa científica. De acordo com Barros, o projeto pode apresentar três finalidades: ser uma “carta de intenções”, um “item curricular” e um “direcionador da pesquisa” (BARROS, 2010, p. 12).

Na carta de intenções, o pesquisador exibe a sua proposta investigativa para uma instituição acadêmica ou científica. Os projetos submetidos

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LO 4nas seleções de Doutorado possuem esse perfil pelo motivo de o pes-

quisador tentar convencer a banca examinadora de que é um candidato interessante para o Programa. No caso do item curricular, são os projetos que têm a incumbência de atender às exigências do Programa de Pós--gradução, no qual o aluno é obrigado a defendê-lo na etapa do exame de qualificação. Já em relação ao direcionador da pesquisa, o projeto cumpre o papel de agente auxiliar para a construção de qualquer tipo de trabalho acadêmico.

Assim, após termos apresentado a definição do projeto de pesquisa e quais os propósitos, trataremos de agora em diante, da sua estrutura ou como ele dever ser composto.

2.0 ESTRUTURA DO PROJETO DE PESQUISA

Constituindo-se um guia para o pesquisador, o projeto de pesquisa cien-tífica integra alguns elementos geralmente requeridos na maioria das instituições brasileiras. A seguir, exibiremos uma tabela elencando esses elementos e, na sequência, abordaremos cada um deles.

2.1. Tabela 1 - Modelo estrutural de um Projeto de Pesquisa

CAPA 01 folhaFOLHA DE ROSTO 01 folha

SUMÁRIO 01 folhaINTRODUÇÃO 01 a 02 folhas

OBJETIVOS 01 folhaQUESTÕES NORTEADORAS 01 folha

JUSTIFICATIVA 01 a 02 folhasREFERENCIAL TEÓRICO 04 a 10 folhas

METODOLOGIA 02 a 04 folhasCRONOGRAMA 01 folhaREFERÊNCIAS 01 a 03 folhas

Fonte: RODRIGUES (2010, p. 159)

Gostaríamos de ressaltar que a quantidade de folhas referentes a cada elemento que compõe o projeto demonstrado na tabela acima é de ca-ráter sugestivo, podendo variar de acordo com a necessidade do pes-quisador e as exigências de cada instituição. Outro ponto a ser frisado é sobre a presença na tabela dos itens Capa, Folha de Rosto e Sumário, apontados somente com o intuito de lembrar ao leitor que estes devem estar contidos no projeto, uma vez que já falamos a respeito deles no primeiro capítulo. Assim, passemos à abordagem dos demais elementos.

Introdução - A introdução de um projeto de pesquisa, na maioria das vezes, visa situar o leitor em relação ao objeto escolhido, os objetivos, a justificativa, o recorte temporal delimitado, o referencial teórico selecio-nado, as fontes adquiridas e os procedimentos metodológicos adotados.

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LO 4 Em suma, é na introdução que o autor faz uma apresentação do que vem

a ser seu trabalho. Essa parte do projeto é uma espécie de “cartão de visita” do autor e, por isso mesmo, ela deve ser bem construída e escrita de forma atrativa a fim de despertar o interesse do leitor.

De acordo com José D’Assunção Barros, “a introdução do tipo resumo é o que assegurará que o seu Projeto será bem compreendido nas suas linhas gerais, mesmo que o avaliador não tenha uma disponibilidade ini-cial para ler o Projeto inteiro” (BARROS, 2010, p. 24).

Esse modelo de introdução mencionado por Barros é bastante utilizado nos Projetos de Pesquisa em História. Nele, o tema é apresentado de modo ainda não aprofundado, deixando a cargo dos próximos tópicos, maiores detalhes e os desdobramentos do tema proposto. Logo, nesse caso, a introdução funcionará como agente motivador para que o avalia-dor queira conhecer o projeto mais pormenorizadamente.

Portanto, em linhas gerais, na introdução devem constar os seguintes aspectos:

1. Apresentação do tema – O pesquisador deve apresentar seu objeto de estudo logo na introdução, procurando contextualizá-lo e trazen-do informações gerais do tema proposto.

2. Especificação do problema – Deve-se apontar qual é o foco de es-tudo, ou problema específico dentro do tema. A proposta de um projeto pode ser, por exemplo, estudar o rádio como instrumento de educação durante o Estado Novo. Já o problema pode ser verificar o tipo de educação desse período, se esse meio de comunicação era uma espécie de agente auxiliar da escola, entre outras possibilidades.

3. Discussão do problema de maneira sucinta – Tomando o exemplo acima, pode-se discutir sinteticamente qual referencial teórico será utilizado para compreender o conceito de educação e de mídia, à época, e apontar as leituras que nortearão as respostas para os pos-síveis problemas, etc.

4. Recorte temporal – Especificar o período a ser trabalhado. O pesqui-sador pode centrar seu estudo no tempo de duração do Estado Novo (1939- 1945), por exemplo.

5. Recorte espacial – Continuando com o exemplo acima, se a proposta da pesquisa for estudar o rádio como meio de comunicação durante o Estado Novo, o pesquisador pode escolher como objeto uma esta-ção radiofônica específica da cidade de Recife.

Outro ponto importante e que serve tanto para a escrita da introdução, como para o restante do projeto é que o autor deve lembrar-se de utili-zar o tempo verbal no futuro (realizaremos, analisaremos, verificaremos, etc), uma vez que se trata de um planejamento que ainda será concre-

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LO 4tizado. Quanto à linguagem, ela deve ser técnica, denotativa, objetiva e

concisa, sempre fugindo do informal.

Exemplo: “O autor foi feliz em sua afirmação”. Forma técnica: “A afirmação do autor foi pertinente no sentido de...”.

Além disso, a redação do projeto deve estar na 3ª pessoa do singular, evitando ainda a construção de frases longas, repetição de ideias, gírias e termos vagos, imprecisos ou de duplo sentido.

Exemplo: “Minha proposta nesse projeto é analisar o Estado Novo nos Livros Didáticos de História”.3ª pessoa do singular: “A proposta desse projeto é analisar o Estado Novo nos Livros Didáticos de História”.

Objetivos - Os objetivos dizem respeito às finalidades do projeto, o que ele pretende alcançar. Essa parte frequentemente está separada entre ob-jetivo geral, que visa anunciar ao leitor o que o pesquisador pretende atingir com sua investigação e, os objetivos específicos, que definem as etapas do trabalho a serem realizadas para alcançar o objetivo geral. Os objetivos também podem exibir um caráter exploratório, descritivo ou explicativo. Logo, devem-se utilizar os seguintes verbos para cada característica:

• Exploratório – (conhecer, identificar, levantar, descobrir)• Descritivo – (caracterizar, descrever, traçar, determinar)• Explicativo – (analisar, avaliar, verificar, explicar). Ressaltamos que

esse tipo de objetivo é o mais utilizado nos projetos de pesquisa em História.

Os objetivos representam a parte mais curta no projeto de pesquisa, sen-do dispostos por meio de tópicos sucessivos e numerados. Na maioria dos projetos, eles não ocupam grandes espaços, ficando restritos a um objetivo geral e cerca de três objetivos específicos. No entanto, gostarí-amos de lembrar que essa aparente simplicidade esconde o imenso es-forço teórico e metodológico que o pesquisador terá de fazer para atingir “tão poucos” objetivos.

Diante disso, apresentaremos a seguir, um modelo de objetivo geral e es-pecífico. O exemplo a seguir trata-se de um projeto de pesquisa sobre os impactos deixados pela Segunda Guerra Mundial (1939-1945) no coti-diano brasileiro, com o foco em Sergipe e a perseguição aos estrangeiros que residiam em terras sergipanas à época.

Exemplo 1 – Objetivo Geral:

Esse Projeto de Pesquisa tem como objetivo geral verificar os impac-tos da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) em Sergipe e como tais

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LO 4 implicações modificaram o cotidiano da sociedade à época. Para tanto,

pretende-se focar no tratamento dispensado aos estrangeiros que resi-diam nesse local, cuja prisão foi decretada por causa do episódio dos torpedeamentos, em agosto de 1942.

Exemplo 2 – Objetivos Específicos:

1. Abordar os impactos da Segunda Guerra Mundial e suas implicações no cotidiano sergipano.

2. Examinar a produção historiográfica referente a esse conflito em Ser-gipe, situando-a na produção regional e nacional.

3. Identificar e analisar as atividades de estrangeiros apontados como “Quinta Coluna” em Sergipe.

Com base nos exemplos já citados, verificamos que os objetivos, mesmo em pouca quantidade, conseguem proporcionar um intenso e produtivo debate em torno de um tema. Contudo, vale ressaltar que eles não são estáticos, assim como o próprio projeto não é, podendo ser alterados ou modificados a depender do desenvolvimento da pesquisa.

Questões Norteadoras (Problemática) – As questões norteadoras (pro-blemática, pergunta) e as hipóteses (possíveis respostas), correspondem à busca de resoluções para um problema formulado. Elas são uma es-pécie de fio condutor para o pensamento, mediante o qual se busca en-contrar uma solução adequada para as questões levantadas, mas que, ao mesmo tempo, se põe à disposição para a verificação, tanto no sentido de serem confirmadas como também, rejeitadas.

Diante disso, as questões norteadoras constituem o ponto de partida fundamental para que uma pesquisa comece a tomar a forma requerida de uma Monografia, Dissertação de Mestrado ou Tese de Doutorado. Elas atuam como guia de todo aquele que se incline a pesquisar em História, uma vez que as questões e hipóteses fazem parte do ofício do historiador. De acordo com Julio Aróstegui, “não há exploração possível da realidade senão aquela que for “dirigida” por certas presunções expli-cativas” (ARÓSTEGUI, 2006, p. 476).

Por sua vez, justamente pelo fato de as hipóteses apresentarem um obje-tivo explicativo é que elas devem estar relacionadas ao Referencial Teóri-co, elemento que dará embasamento ao pesquisador para o surgimento de possíveis questões, assim como a Metodologia que consistirá nas fer-ramentas e meios para se comprovar ou rejeitar as hipóteses levantadas. José D’Assunção Barros indica assim o espaço adequado para as hipóte-ses no projeto de pesquisa:

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CAP

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LO 4

Assim, compreendendo as hipóteses como busca por respostas e so-luções diante de um problema real, demonstraremos a seguir, algumas características das hipóteses e questões norteadoras.

• Provisória – Significa dizer que as hipóteses por si só, não são uma garantia de verdade. É comum que elas sofram constantes reformu-lações ao passarem pelo processo de verificação ao serem rejeitadas.

• Verificável – As hipóteses levantadas sobre um determinado proble-ma sempre devem ser passíveis de verificação, caso contrário, elas não se caracterizarão como hipóteses e, sim, como conjectura (hipó-tese que não se pode ou não se pretende submetê-la a verificação).

• Contestável – Uma hipótese não é uma evidência, mas uma suposi-ção. Se ela não precisar passar pelo teste da comprovação, graças à obviedade e clareza dos motivos pelos quais o problema aconteceu, então não será mais hipótese, mas uma afirmação incontestável.

• Sujeitas a métodos específicos – Para que cada hipótese seja com-provada ou não por meio da verificação, ela necessitará de métodos específicos para obter resultados satisfatórios. Nesse sentido, são as hipóteses que encaminham o pesquisador na escolha dos méto-dos e por isso mesmo, o ideal é que o capítulo referente às ques-tões norteadoras esteja posicionado antes do capítulo que aborde a metodologia.

• Direcionadora – Por último, as hipóteses possuem uma caracterís-tica direcionadora, justamente por criar caminhos, indicar possibili-dades, apontar erros. Ela contribui para um bom desenvolvimento da pesquisa e, embora não existam certezas e verdades absolutas na história, elas permitem que o pesquisador encontre a melhor solução ou soluções para determinado problema.

Justificativa – A justificativa no projeto de pesquisa tem a função de de-monstrar a relevância e contribuição que um trabalho pode ter para a produção no campo do conhecimento científico. Ela também diz res-peito às motivações que levaram o pesquisador a propor um estudo so-bre determinado tema e às razões que sustentam sua persistência em realizá-la.

Diante disso, o capítulo referente à justificativa no projeto tem que apre-sentar de forma clara e objetiva as razões de ordem teórica e prática que

Ao mesmo tempo em que deve estar intimamente relacionada ao “Quadro Teórico”, as hipóteses também contribuem para definir a “Metodologia” que será empregada. Desta forma, as hipóteses pre-enchem certo espaço entre a teoria e a metodologia de um Projeto de Pesquisa, razão porque se prefere localizá-la entre estes dois ca-pítulos (BARROS, 2010, p. 19).

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LO 4 tornem válida a realização da pesquisa ou do tema proposto para a ava-

liação inicial. Portanto, a justificativa no projeto de pesquisa deve indicar:

• A relevância social e acadêmica do problema a ser investigado.

• As contribuições que a pesquisa pode trazer a fim de proporcionar respostas aos problemas levantados ou ampliar as formulações teó-ricas a esse respeito.

• A viabilidade da realização da pesquisa

• Seu caráter original, em relação à escolha de um tema inédito ou na utilização de novos métodos e diferentes perspectivas sobre um ob-jeto já estudado.

No que diz respeito ao primeiro quesito, cabe ao pesquisador que irá apresentar um projeto de pesquisa no campo da História mostrar o quan-to seu trabalho pode ser relevante tanto para a sociedade, quanto para a própria historiografia. Logo, na justificativa devem constar os benefícios ou impactos que podem ser revertidos para a sociedade com o estudo de determinado tema. Assim, o historiador terá cumprido uma de suas fun-ções, a social, além de estar promovendo uma maior aproximação entre o conhecimento histórico e os indivíduos que se encontram distantes do ambiente universitário.

Em relação à relevância acadêmica e já tocando também no segundo quesito, o pesquisador deve demonstrar como seu trabalho pode vir a preencher lacunas encontradas na historiografia sobre determinado tema ou objeto, a fim de ampliar o horizonte dos estudos historiográficos, ou até mesmo na tentativa de formular novas teorias e conceitos.

É importante ressaltar que, para a história, não existe tema a princípio descartável. No entanto, o pesquisador deve ter ciência dos assuntos em voga ou mais recorrentes, abordados pelos historiadores no momento da elaboração de seu projeto, no sentido de facilitar uma maior aceitação para sua proposta.

Quanto ao quesito viabilidade, é preciso convencer aos leitores de que a proposta de um projeto de pesquisa é viável e que pode ser concretizada efetivamente. Para tanto, o pesquisador pode, por exemplo, apresentar os tipos de fontes que serão utilizadas, o local onde elas se encontram (cidade, arquivo, etc), a disponibilidade e recursos para possíveis via-gens, se as fontes estão disponíveis on-line, entre outros.

No que diz respeito ao quarto e último item, o caráter original sobre um tema proposto no projeto de pesquisa consiste numa importante justifi-cativa perante o leitor. De acordo com Barros:

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Assim, justificar uma pesquisa é conseguir entrelaçar todos esses ar-gumentos elencados acima e outros que possam surgir a depender da escolha do objeto no intuito de demonstrar a relevância do tema pro-posto e no que ele poderá contribuir futuramente para o conhecimento científico.

Referencial Teórico – Chegamos a mais um elemento imprescindível que deve constar na estrutura de um projeto de pesquisa, o Referencial Teóri-co. Essa parte do projeto consiste em explicar os pressupostos teóricos, esclarecer ideias e conceitos a serem utilizados, fundamentando e bali-zando todo o desenvolvimento da pesquisa.

Nenhuma pesquisa parte do zero. Logo, a presença da teoria no projeto auxilia o pesquisador no sentido de ele se apropriar de outras formas de pensamento de autores que, embora elaborem suas teorias remetendo--as às generalizações, elas têm como destino final uma aplicabilidade em temas específicos de estudo. O referencial teórico também facilita a construção das hipóteses no projeto e favorece a escolha de métodos mais adequados para o desenvolvimento da pesquisa.

Diante disso, apontaremos alguns elementos que devem aparecer no projeto, relacionados ao referencial teórico. De acordo com José D’Assunção Barros, o quadro teórico de um projeto deve vir acompa-nhado de: “Revisão Bibliográfica; Campo Histórico; Diálogos Interdisci-plinares; Posicionamentos Teóricos; Perspectivas e Horizontes Teóricos; Categorias e Conceitos” (BARROS, 2010, p. 86).

Revisão Bibliográfica – Trata-se de um apanhado dos trabalhos de outros autores que já escreveram sobre o tema proposto no projeto. Ressalta-mos que um pesquisador nunca conseguirá analisar a TOTALIDADE do que já foi escrito a respeito de determinado objeto. No entanto, deve-se assumir o compromisso de uma escolha criteriosa e uma análise apro-fundada das obras selecionadas para a revisão literária.

A revisão bibliográfica contribui para que o pesquisador verifique as di-ferentes perspectivas dos autores em relação ao tema, o próprio refe-rencial teórico utilizado por eles, os conceitos e categorias, ou seja, por meio desse balanço historiográfico, o pesquisador poderá demonstrar no projeto os motivos de sua própria escolha.

Campo Histórico – Além da revisão de literatura, o campo histórico é outro elemento importante para situar um trabalho de História dentro da

Ser original, como dizíamos, nem sempre implica partir de um re-corte temático inteiramente novo, pois a originalidade pode estar presente em qualquer uma das muitas dimensões da Pesquisa, des-de as fontes utilizadas até a maneira de trabalhar estas fontes, e desde as conexões teóricas estabelecidas até as interpretações pro-postas (BARROS, 2010, p. 73).

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LO 4 subárea na qual ele está inserido. Portanto, apontar se um trabalho per-

tence à linha de História Econômica, História Política, ou História Social, por exemplo, constitui como fator preponderante para a avaliação de um projeto.

Lembramos ainda que um projeto não precisa estar ligado necessaria-mente a uma única subárea, podendo o pesquisador combinar mais de um enfoque em seu trabalho. Uma pesquisa pode estar inserida na linha da História Política, mas com o foco nos aspectos de uma História Eco-nômica, ou da História da Educação. Não existe um parâmetro fixo para a escolha do campo histórico em um projeto de pesquisa.

Diálogos Interdisciplinares – Esse tipo de elemento não é obrigatório constar em todas as pesquisas, mas por causa da abertura da historiogra-fia, a partir do século XX, para o diálogo com as demais áreas do conhe-cimento científico, o aspecto interdisciplinar está presente em muitos trabalhos de História.

Assim, a parte do projeto, na qual aparecerá o referencial teórico, o pes-quisador, além de buscar um conhecimento acerca do tema proposto por meio da revisão historiográfica, pode ater-se ainda aos conceitos e às perspectivas da geografia, arqueologia e sociologia, para não citar outras, como forma de fundamentar e enriquecer seus argumentos.

Posicionamentos Teóricos – Esse tipo de elemento diz respeito às cor-rentes teóricas que o pesquisador se embasará para o desenvolvimento da pesquisa. É comum na historiografia os autores exibirem seu posicio-namento ao abordarem algum tema. As correntes teóricas mais recorren-tes nos trabalhos são a marxista, estruturalista, positivista ou weberiana, entre outras.

Ressaltamos que, em um projeto, podemos encontrar a combinação de dois ou mais posicionamentos teóricos, desde que estes sejam compatí-veis entre si. De acordo com Barros:

[...] a tendência mais atual das pesquisas em História e nas Ciências Sociais parece ter passado a ser a de escapar tangencialmente, de alguma maneira, a filiações exclusivas aos grandes sistemas unifica-dos e às posições inflexíveis (BARROS, 2010, p. 92).

Assim, apesar dessa abertura que proporciona maior criatividade teórica, resta ao pesquisador lembrar que em teoria nem tudo é permitido, tendo o devido cuidado com a combinação dos posicionamentos teóricos uti-lizados em seu projeto.

Perspectivas e Horizontes Teóricos – Perspectivas e Horizontes Teóricos estão ligados, de certa forma, aos Posicionamentos Teóricos, uma vez que a utilização destes implica necessariamente a compreensão prévia dos primeiros. Acontece que as correntes teóricas são muito amplas e,

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LO 4quando o pesquisador não define exatamente com qual tipo de pers-

pectiva ele deseja trabalhar dentro desse emaranhado teórico, o projeto apresentará um perfil confuso ou mesmo de difícil compreensão.

Portanto, as perspectivas teóricas utilizadas no projeto devem estar bem explícitas, e o pesquisador deverá ser capaz de demonstrar como elas se-rão aplicadas ou servirão de orientação para abordagem do tema proposto.

Categorias e Conceitos – As categorias e conceitos utilizados em um projeto de pesquisa dependerão do campo histórico no qual o projeto está inserido. Portanto, se o tema proposto está ligado à História Cultu-ral, por exemplo, será possível aparecer no trabalho conceitos de cultura, representação, apropriação, práticas, linguagem, etc.

Com base na compreensão desses conceitos dentro do campo específi-co, o pesquisador pode eleger categorias para a abordagem do tema es-colhido. Vamos supor que se queira estudar as representações do Estado Novo (1937-1945), nos Livros Didáticos de História do Ensino Médio. O autor poderá definir algumas categorias dentro desse período para analisá-las, como a representação do Estado Novo mediante a figura de Vargas, do negro, da mulher, do índio, entre outras possibilidades de categorias.

Procedimentos Metodológicos – É de suma importância que o Projeto de Pesquisa apresente claramente os procedimentos metodológicos que serão utilizados para a execução do trabalho. Apontamos no capítulo anterior, que a pesquisa histórica possui métodos específicos, cabendo ao pesquisador conhecê-los previamente, para colocá-los em ação na elaboração do projeto.

No entanto, de uma forma geral, os procedimentos metodológicos são todos os métodos, técnicas, etapas e materiais, que serão utilizados e seguidos para a realização da pesquisa. Nessa parte do projeto, devem constar de forma bem detalhada os tipos de fontes pretendidas, em que elas serão encontradas, quais os métodos de análise, descrever sucin-tamente o tipo de pesquisa a ser abordada (bibliográfica, documental, de campo), enfim, apresentar todo aparato necessário para se conseguir resultados efetivos.

Alguns pesquisadores têm dificuldade em distinguir claramente Referen-cial Teórico dos Procedimentos Metodológicos e aplicá-los na prática. Contudo, José D’Assunção Barros aponta de maneira simples, qual a di-ferença entre os dois:

A metodologia vincula-se a ações concretas, dirigidas à resolução de um problema; mais do que ao pensamento, remete à ação. Assim, enquanto a “teoria” refere-se a um “modo de pensar” (ou de ver), a “metodologia” refere-se a um “modo de fazer” ou ao campo de ati-vidades humanas que, em filosofia, denomina-se práxis” (BARROS, 2010, p. 80).

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LO 4 Cronograma – O cronograma em um projeto de pesquisa tem a função

de guiar o pesquisador em relação a uma estimativa do tempo a ser empreendido para a realização da própria pesquisa. Assim, calcula-se o tempo a ser gasto em cada etapa do projeto, incluindo-se o período utilizado para a coleta de dados ou fontes, análise do material, realização das leituras, escrita do trabalho e o tempo investido em possíveis viagens ou trabalho de campo. A seguir, exibiremos um modelo de cronograma a fim de orientar o leitor quando for elaborá-lo em seu próprio projeto. Sugerimos ao pesquisador que ele utilize um período de 6 meses para a concretização do seu trabalho.

2.1. Tabela 2. Modelo de Cronograma para um Projeto de Pesquisa Científica.

2016

ATIVIDADES JAN FEV MAR ABR MAI JUN

Pesquisa Bibliográfica

Levantamento das Fontes

Análise das Fontes

Viagem Técnica

Escrita do Trabalho

Revisão do Texto

Conclusão do Trabalho

Referências – No que tange às referências bibliográficas, não pretende-mos nos ater nesse tópico, por termos oferecido maiores explicações so-bre esse aspecto no primeiro capítulo deste material. A menção dele aqui é apenas para lembrar ao leitor que, no final de todo trabalho científico, deve constar o nome dos autores e suas respectivas obras que serviram de base para a construção do projeto de pesquisa.

RESUMO

Neste capítulo, procuramos transmitir ao leitor, a importância do Projeto de Pesquisa Científica como planejamento para a concretização satisfa-tória e eficaz de um futuro trabalho acadêmico. Demonstramos ainda, como um projeto deve ser estruturado, abordando sobre cada elemento dele constitutivo.

REFERÊNCIAS

ARÓSTEGUI, Julio. A pesquisa histórica: teoria e método. Bauru, SP: Edusc, 2006. 592 p.

BARROS, José D’Assunção. O Projeto de Pesquisa em história: da esco-lha do tema ao quadro teórico. 6. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010. 236 p.

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LO 4RODRIGUES, Auro de Jesus; co-autoras: Hortência de Abreu Gonçalves,

Maria Balbina de Carvalho Menezes, Maria de Fátima Nascimento. Me-todologia científica. 3. ed. rev. e ampl. Aracaju: UNIT, 2010. 184 p.

ATIVIDADE

1. De acordo com o que você aprendeu nesse capítulo, comece a traçar um planejamento de pesquisa, estruturando o projeto conforme os exemplos apresentados nesse material e, a partir disso, tente construir seu próprio projeto de pesquisa.

Boa Sorte!

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