historia do maranhão
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Apostila de Historia do Maranho - Klaus Roger B. da Cunha
A HISTRIA DO MARANHOPor : Klaus Roger B. Cunha
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Apostila de Historia do Maranho - Klaus Roger B. da Cunha
SCULO XVI
A C O L N I A
Ano de 1500 22 de abril Descobrimento do Brasil
Assunto polmico, que ainda hoje divide opinies: acaso ou conhecimento prvio da
existncia de terras para o ocidente? Cabral no mantinha ciosamente guardado o
manuscrito que lhe dera Vasco da Gama, em Lisboa, e no ouvira dele o conselho para que
navegasse mais para Oeste e escapasse das calmarias do golfo da Guin? E Colombo j no
indicara o caminho, descobrira a Amrica, embora pensando ter chegado s ndias? H,
portanto, justificadas razes de suspeitas, reforadas pelas velhas lendas da existncia da
Atlntida, e de uma ilha misteriosa em meio do oceano, chamada Hy-Brasail. Por outro
lado,havia o interesse de tomar posse das terras que couberam a Portugal no testamento de
Ado (que era como Francisco I, de Frana, chamava ironicamente o Tratado de
Tordesilhas, de 1494), que dividia o mundo entre Portugal e Espanha. Assim, a 22 de abril
do ano de 1500, capito e tripulantes da esquadra de Pedro lvares Cabral, depois de 15
dias de viagem, pois partira de Lisboa a 8 de maro, avistaram um monte muito alto e
redondo, a que deram o nome de Monte Pascoal. O Brasil havia sido descoberto.
Descobriu-se o j sabido; Cabral voltou a Portugal e deu seu recado ensaiado: - Terra
vista! Vera Cruz! Santa Cruz! Brasil!
Ano de 1534 Donatarias ou Capitanias hereditrias e a cidade de Nazar
Esquecendo as no infundadas notcias de que fencios, tirrnios, egpcios e
cartagineses tenham visitado o Brasil em remotssimas eras, fora de dvida que piratas de
vrias procedncias (nrdicos, genoveses, franceses, holandeses, e tambm portugueses,
freqentavam nossas costas, fazendo o escambo regular com os ndios, habitantes da
regio, como Diogo de Teive (1452), Gonalo Taveira e Joo Vogado (1453), Joo Coelho
(1493), Alonso de Ojeda, Juan de La Cosa e Amrico Vespcio (1497), alm de Juan
Vergara e Garcia Ocampo (1449 e 1500). Vale a pena lembrar o que um tal Johan,
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bacharel, que ia na armada de Cabral, escreveu ao Rei: Quanto, Senhor, ao stio desta
terra, mande V. A. trazer um mapa-mundi que tem Pero Vaz Bisagudo e por a poder ver
que o sitio desta terra MAPA-MUNDI ANTIGO. (grifos nossos).
Durante trs dcadas ficou ela esquecida, empenhado o rei D. Manuel em dilatar
suas conquistas no Oriente. Seu sucessor, D. Joo II, compreendeu a urgncia de promover
a colonizao, visto como seria perigoso deixar o desguarnecido Brasil cobia de tantos
estrangeiros. Dividiu o territrio em 12 capitanias hereditrias, confiando as do norte (as
que aqui nos interessam) a Joo de Barros e Ferno lvares de Andrade que, associando-se
a Aires da Cunha, intentaram apossar-se dela, sem resultado. Eram lotes enormes, de cerca
de 350 km de largura, at linha estabelecida pelo Tratado de Tordesilhas, interior a dentro
at algum lugar desconhecido. Dez anos depois de criadas, as desordens internas, as lutas
com os ndios e a ameaadora presena dos franceses acabaram provocando o colapso do
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sistema que o rei e seus conselheiros haviam optado por aplicar ao Brasil (Eduardo Bueno,
Capites do Brasil)
A capitania de Joo de Barros (intelectual, autor da Histria da ndia eDcadas
da sia) no foi adiante; na primeira tentativa toda a frota de 10 navios, segundo a
Histria, perdeu-se nos baixios do Boqueiro, defronte da ilha do Medo. Contrariando essa
verso, ficou-nos a notcia da existncia de uma cidade, chamada Nazar, fundada pelos
sobreviventes do naufrgio, gente que logo contraiu amizade com seus tapuias seus
habitadores, assim refere o chantre da S de vora, Manuel Severino de Faria, e o
comprova Antnio Galvo, nos seus Descobrimentos do Mundo, no ano de 1531,
segundo Jos de Souza Gaioso, em Compndio Histrico-poltico dos Princpios da
Lavoura do Maranho. Quanto Nazar, se de fato existiu, no vingou; Bernardo Pereira
de Berredo, nos Anais Histricos do Estado do Maranho, estranha que, decorridos
apenas oitenta anos, a expedio de Jernimo de Albuquerque no haja encontrado
vestgios desse stio, o que no impede que estudiosos do assunto afirmem ainda ser
verdica sua existncia, esposando a tese de ter So Lus origem lusa e no francesa.
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O segundo donatrio do Maranho, Luis de Melo e Silva, no foi mais feliz e,
enquanto isso, os franceses, ingleses e holandeses estabeleciam nas costas abandonadas
suas feitorias para o negcio do pau-brasil, mbar, etc., com os ndios.
Ano de 1549 Governo Geral do Brasil
implantado o Governo Geral do Brasil e nomeado para exerc-lo Tom de Souza,
que funda a cidade de Salvador - (BA) regime que vigorou at 1640, quando o Brasil foi
elevado categoria de vice-reino.
Ano de 1565 Expulso dos franceses do Rio de Janeiro
Men de S, Governador Geral de 1557 a 1572, expulsa os franceses de Villegaignon
da cidade de So Sebastio do Rio de Janeiro, por ele fundada a 1 o. de maro de 1565.
SCULO XVII
Ano de 1612 8 de setembro Fundao da Frana Equinocial
Desde 1594 Jacques Riffault estabelecera em Upaon-au (ilha de So Lus) uma
feitoria, deixando-a a cargo de seu compatriota Charles ds Vaux, que havia conquistado a
amizade dos silvcolas, e tinha inclusive o domnio da lngua nativa. Ds Vaux, indo
Frana, provocou a vinda de Daniel de La Touche, mandado por Henrique IV numa viagem
de reconhecimento do terreno. No obstante ter sido o rei assassinado nesse meio-tempo, e
entusiasmado La Touche com a terra, conseguiu com Maria de Medicis, regente na
menoridade de Lus XIII, concesso para estabelecer uma colnia ao sul do Equador, 50
lguas para cada lado do forte a ser construdo.
Ano de 1612 - A 26 de julho chega ao Maranho a expedio de Daniel de La Touche,
Senhor de La Ravardire, fundeando em Upaon-mirim (futura ilha deSaintnne, e depois,
Trindade, onde os sobreviventes do naufrgio de Aires da Cunha teriam fundado a cidade
de Nazar).
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- 12 de agosto - Tendo os franceses passado Ilha-grande, foi rezada a primeira
missa e erguida uma cruz.
8 de setembro - Solenemente, fundaram a colnia, a Frana Equinocial, com a
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colaborao espontnea dos ndios, tendo frente o cacique Japiau e iniciaram a
construo do forte, chamado de So Lus, em honra ao rei-menino, o qual posto que feito
de estacadas forte por arte de grandes terraplenos, com seus baluartes altos e casamatas
com fosso de quarenta palmos de largo e dez de alto . (Alexandre de Moura, Relatrio de
1616).
Haviam-se associado empresa o rico Baro de Molle e Gros-Bois, Senhor de
Sancy e Franois de Rasilly, Senhor de Aunelles e Rasilly, que financiaram a armao das
naus Regente e Charlotte e o patacho SaintAnne.
-Integraram a expedio os padres franciscanos Yves dEvreux, Claude
dAbbeville, Arsene de Paris e Ambroise dAmiens, dando incio ao culto catlico, muito
embora fosse La Ravardire protestante, e decantada catequese dos indgenas que
alcanaria seu paroxismo com os Jesutas que, a servio do poder real, apoiaria a escravido
e, assassinando no s o corpo, mas a prpria alma dos ndios, implantaria o catolicismo
hipcrita do cr ou morre.
1o. de novembro Ao lado da cruz colocaram as Armas da Frana e, diante de
todos, franceses e ndios, especialmente convocados de todas as aldeias, juraram fidelidade
Sua Majestade Cristianssima, o Rei, dando-se colnia recm-fundada uma constituio,
a segunda do Brasil (Regimento dado a Tom de Souza, em 1549, quando da implantao
do Governo Geral) e a primeira do Maranho, da qual destacamos os seguintes artigos:
- ordenamos a todos e a quem quer que seja, que honrem e respeitem os
reverendos padres capuchinhos, enviados por Sua Majestade a fim de
implantarem entre os ndios a Religio Catlica, Apostlica e Romana, sob
pena de serem punidos os infratores segundo o caso e a ofensa perpetrada;
- ordenamos, para manuteno desta companhia e da sociedade, que vivam todos
em paz e amizade, respeitem-se mutuamente, segundo as condies e qualidade
pessoais, e desculpem uns aos outros suas fraquezas, como Deus manda, e isso
sob pena de serem considerados perturbadores do sossego pblico;
- ordenamos que o autor de qualquer homicdio, a menos de perpetrado
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comprovadamente em legtima defesa, seja punido de morte para exemplo;
- ordenamos que quem quer que se encontre furtando, seja, pela primeira vez,
aoitado ao p da forca, ao som da corneta, e sirva durante um ano nas obras
pblicas, com perda, nesse espao de tempo, de todas as dignidades, sal[rios e
proveitos; da segunda vez. seja o infrator enforcado. Em se tratando de criado
domstico, seja j no primeiro roubo;
- depois de estabelecido o que diz respeito a esta companhia, tanto em referncia
aos bons costumes, relaes mtuas, proteo de suas vida e honra, como
segurana de seus bens, ordenamos, para conservao dos ndios entregues
nossa proteo, e tambm para atra-los pela doura ao conhecimento de
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nossas leis humanas e divinas, que ningum os espanque, injurie, ultraje ou
mate, sob pena de sofrer castigo idntico ofensa;
- ordenamos que no se cometa adultrio, por amor ou violncia, com as
mulheres dos ndios, sob pena de morte, pois seria isso no s a runa da alma
do criminoso, mas tambm da colnia; igualmente ordenamos, sob pena
idntica, que no se violentem as mulheres solteiras;
- ordenamos que se no pratiquem quaisquer atos desonestos com as filhas dos
ndios, sob pena, da primeira vez, de servir o delinqente como escravo da
colnia por espao de um ms; da segunda, de trazer ferros aos ps por dois
meses; da terceira, de ser conduzido nossa presena para o castigo que
julgarmos justo;
- proibimos ainda quaisquer roubos contra os ndios, seja de suas roas, seja de
outras coisas que lhes pertenam, sob as penas supramencionadas.
Frei Vicente do Salvador, na sua Histria do Brasil, diz que os portugueses, nas
arremetidas pelo territrio indgena, alm de tomarem as terras e fazerem escravos,
destrurem as tabas e consumirem os alimentos encontrados, passavam a fazer novas
culturas muitas vezes usando as mesmas covas dos ndios. E quanto violao das
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mulheres e a carnificina feita nos ndios... Que diferena!
- Construo do forte, batizado de So Lus, em homenagem ao Rei-menino. O
nome de So Lus estendeu-se a toda a povoao; a ilha de Upaon-au chamou-se
sucessivamente: Ilha dos Tupinambs, Ilha das Vacas, Ilha de Nazar, Ilha do Ferro e Ilha
de Todos os Santos. Por ignoradas razes, ou fora do Destino, s vingou o de So Lus,
alis, a nica lembrana que nos deixaram os franceses.
- Fundado o Conventinho de So Francisco, de folhas de palmeira, erguido um
pouco acima de uma fonte de excelentes guas vivas e claras, cercada de rvores grandes
e copadas.
Ano de 1613 16 de abril A Colnia francesa
Segundo a maioria dos historiadores, coube aos franceses a primazia da colonizao
do Maranho, pois seu comrcio, posto que incipiente, foi alm dos produtos da indstria
extrativa do pau-brasil e do mbar, com o cultivo do algodo e do fumo, alm da descoberta
de minas de ouro, prata e enxofre. Por outro lado, foi essa ocupao do territrio que abriu
os olhos Coroa para a necessidade de promover a efetiva posse da Capitania, at ento
desprezada.
- Chegam ao Maranho, com Du Pratz, 300 pessoas, oficiais de todos os ofcios
mecnicos (carpinteiros, alvanis (pedreiros), teceles, fundidores, serralheiros, canteiros,
sapateiros, alfaiates), inclusive gentis-homens, alm dos astrlogos De Faus e Janet, e 10
capuchinhos, sob as ordens de frei Arcngelo de Pembroch.
Data dessa poca a construo dos fortes de Itapari, Sardinha e Cahur, o Des Cahors dos
franceses, o nosso muito familiar Cara, defronte de Ribamar.
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- 26 de outubro Chegada dos portugueses
Jernimo de Albuquerque e Diogo de Campos chegam a Guaxenduba, prximo da
foz do rio Munim e do incio construo do forte de Santa Maria.
- 28 de outubro rezada a primeira missa pelos portugueses, os padres Miguel
Gomes e Diogo Nunes, vindos com Albuquerque na Jornada Milagrosa. Foram os
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primeiros religiosos portugueses a por os ps no Maranho, muito embora seja provvel a
chegada de outros padres nas expedies de Joo de Barros/Aires da Cunha e a de Lus de
Melo e Silva, como era de praxe. No entanto foi daqueles que a Histria fez registro.
19 de novembro Batalha de Guaxenduba.
300 franceses e 2.000 ndios, sob o comendo do prprio La Ravardire,
entrincheiram-se no outeiro defronte do forte lusitano. Jernimo de Albuquerque divide
suas foras em duas colunas, cada uma com 70 soldados e 40 ndios, assumindo o comando
de uma, enquanto Diogo de Campos e Antnio de Albuquerque (filho de Jernimo)
acometia os franceses, na praia. Apesar da inferioridade numrica, obtiveram os
portugueses retumbante vitria; romperam-se as linhas gaulesas com o ataque de Diogo de
Campos e a debandada foi geral. Quando os silvcolas, sob o comando do capito Madeira,
atacaram, os franceses perderam seu comandante Du Pezieux e mais de 100 combatentes,
abatidos na luta, ou afogados na fuga, ou devorados pelos tubares. Os cronistas
portugueses do apenas 10 mortos e 30 feridos como baixas, e entre os ltimos, Antnio de
Albuquerque, Estevo de Campos e Belchior Rangel.
Sobre a vitria portuguesa criou-se a lenda do Milagre de Guaxenduba, que o padre
Jos de Morais assim descreve: Foi fama constante (e ainda hoje se conserva por
tradio) que a Virgem Senhora fora vista entre os nossos batalhes, animando os
soldados em todo o tempo de combate; e Humberto de Campos imortalizou no magnfico
soneto O Milagre de Guaxenduba:
Minha terra natal, em Guaxenduba:
Na trincheira, em que o luso ainda trabalha,
A artilharia, que ao francs derruba,
Por trs bocas letais pragueja e ralha.
O leo de Frana, arregaando a juba,
Saltou. E o luso, como um tigre, o atalha.
Troveja a boca do arcabuz, e a tuba
Do ndio corta o clamor e o medo espalha.
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Foi ento que se viu, sagrando a guerra,
Nossa Senhora, com o Menino ao colo,
Surgir, lutando pela minha terra.
Foi-lhe vista na mo a espada em brilho...
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(Ptria, se a Virgem quis assim teu solo,
Que por ti no far quem for teu filho?)
27 de novembro Tratado de trgua
Concordaram os adversrios em suspender hostilidades e enviar representantes
dos dois lados Europa, submetendo o litgio deciso dos governantes de seus pases,
devendo o vencido retirar-se do Estado dentro de dois meses.
24 de dezembro Inaugurao do Convento de So Francisco (Abbeville)
Ano de 1614 1o. de novembro Expulso dos franceses
Alexandre de Moura, frente de uma expedio de 600 soldados, mandou
Albuquerque tomar o forte de So Lus. Jernimo, com tal reforo de tropas, falando ao
trato do armistcio, deu a La Ravardire o ultimato de evacuar a ilha, dentro de cinco
meses.
Ano de 1615 - 31 de setembro Rendio dos franceses
-200 franceses entregam, sem luta, o forte de So Lus. H indcios de que La
Ravardire, reagindo ao abandono que lhe votou o governo francs, haja negociado, por
2.000 cruzados, a entrega do sonho da Frana Equinocial aos portugueses. So dvidas que
permanecem na Histria.
Ano de 1616 9 de janeiro Primeiro capito-mor do Maranho
Assume o governo da colnia Jernimo de Albuquerque Maranho (como passou
a assinar) com o ttulo de Capito-mor da Conquista, retirando-se Alexandre de Moura. So
nomeados: Ouvidor e Auditor Geral, Lus Madureira; Sargento-mor,. Baltazar lvares
Pestana; Capito do mar, Salvador de Melo; Capito das entradas, Bento Maciel Parente;
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Capito de Cum, Martin Soares Moreno; Ambrsio Soares, Comandante do forte de So
Felipe (o forte de So Lus teve o nome mudado para de So Felipe, em honra a Felipe II de
Espanha, a cujo reino estava sujeito Portugal, a partir de 1580, com a derrota do exrcito
lusitano do prior do Crato, D. Antnio); lvaro da Cmara, Comandante do forte de So
Francisco e Antnio de Albuquerque, do forte de Itapari.
O Capito-mor tratou da remodelao do forte principal, de acordo com a planta
do Engenheiro-mor do Brasil, capito Francisco Frias de Mesquita, bem como da
disposio das ruas, segundo o plano do mesmo engenheiro, e outras providncias,
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inclusive a construo da residncia dos governadores. Da a discusso acadmica acerca
da cidade de So Lus, para alguns, fundada pelos portugueses e no pelos franceses.
Mincias de especialistas.
Iniciou-se assim, com Jernimo de Albuquerque, o governo dos Capites-mores,
que se estendeu at 1824, com a nomeao de Miguel Incio dos Santos Freire e Bruce,
primeiro presidente constitucional da Provncia do Maranho, j no Brasil independente.
- Bento Maciel sobe o rio Pindar procura de minas, sem resultado, e aproveita a
viagem para mover guerra aos guajajaras.
11 de fevereiro - Construo da igreja de Nossa Senhora da Guia, na ponta do
Bonfim.
Ano de 1617 04 de maio As capitanias gerais do Maranho e Gro-Par passam a fazer
parte do Brasil, conforme Carta Rgia desta data. Compreendia o novo Estado, mais ou
menos, os atuais Amazonas, Par, Maranho, Piau e Cear, os territrios de Rio Branco e
Amap.
- Construo do Convento dos Carmelitas, no stio de messieur Pineau, na rua do
Egito e conhecido como Carmo Velho.
Ano de 1618 11 de fevereiro Antnio de Albuquerque
Falecendo Jernimo de Albuquerque, sucede-o o filho, Antnio de Albuquerque,
tendo por assistentes Bento Maciel Parente e Diogo da Costa Machado.
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24 de agosto Matias de Albuquerque (irmo do governador), depois de quatro
meses de perseguio, consegue a vitria sobre os tupinambs, sendo o lder indgena,
Amaro, executado boca de um canho.
Ano de 1619 7 de novembro Pelo Alvar desta data o Estado do Maranho separado
do Estado do Brasil.
Assume o governo Diogo da Costa Machado, conforme carta que lhe passou o
Governador Geral do Brasil, D. Lus de Souza (1616-1621); e Bento Maciel Parente d
continuidade carnificina, matando os colonizadores, no espao de trs dcadas, mais de
dois milhes de ndios, de sorte que, segundo Roberto Simonsen, em 1667 no havia mais
autctones ao longo da costa, de Gurup at o Maranho.
Ano de 1620 Colonos aoreanos
Estes colonos, que se supe terem sido 200 casais, chegaram em duas levas: a
primeira, trazida por Manuel Correa de Melo; a segunda, no ano seguinte, por Antnio
Ferreira Bittencourt, para a instalao, na capitania, de dois engenhos de acar
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Por determinao do governador, constituda uma Comisso de homens bons,
que elegeu o primeiro Senado da Cmara, assim constitudo: Presidente - Simo Estcio da
Silveira; Juiz - Jorge da Costa Machado; Vereadores Antnio Vaz Borba e lvaro
Barbosa; Procurador Antnio Simes.
Ano de 1621 - Instala-se a primeira Cmara de So Lus, da qual Simo Estcio da Silveira
foi nomeado juiz. Parece-nos, portanto, que nesta data So Lus elevada categoria de
vila, com sua representao regular.
- Por essa poca vagavam pelas proximidades da cidade e das costas martimas do
Maranho os indomveis ndios Taramambeses, diz Marques.
- Epidemia de varola - Terrvel epidemia trazida por navio vindo de Pernambuco.
Para aplacar a ira de Deus, Diogo da Costa Machado levantou, sua custa, a igreja matriz
(nas proximidades do futuro prdio do Hotel Central) e ajudou nas obras do convento do
Carmo, o chamado Carmo Velho, na rua do Egito.
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- Junho criado o Estado do Maranho
Ano de 1622 Antnio Muniz Barreiros Filho.
Diogo de Mendona Furtado, novo Governador Geral do Brasil, nomeia Antnio
Muniz Barreiros Filho governador, a ttulo provisrio, e a pedido de seu pai Antnio
Muniz, dando-lhe como assistente o padre Luiz Figueira, indicao mal vista pelos colonos,
receosos da influncia do jesuta junto ao governador. Tendo chegado a pedirem a expulso
dos padres, conseguiu, no entanto, Muniz Barreiros acalmar os nimos e estabelecer um
modus vivendi razovel.
- Abertura da estrada ligando S. Lus a Belm.
- Introduo do gado vacum na Provncia.
- Aumento da cidade, reparos nos fortes e construo de um engenho de acar,
tudo prpria custa do governador.
- Fundao da misso de Uagoiaba (Vinhais) e reconstruo do Convento de
SantoAntnio.
Ano de 1624 05 de agosto frei Cristvo de Lisboa
Chega o Visitador Eclesistico e Comissrio do Santo Ofcio, frei Cristvo de
Lisboa.
- Publicao do Alvar de 15 de maro de 1624, tirando dos colonos a
administrao dos ndios.
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- Fundao do Convento de Santo Antnio, no lugar do de So Francisco.
Ano de 1625 Chegam ao Maranho o padre Lopo do Couto e um irmo coadjutor que,
em 1641, iro assinar, com Bento Maciel Parente, a ata de rendio aos holandeses.
Ano de 1626 - 03 de setembro Antnio Coelho de Carvalho.
Toma posse o primeiro governador do Estado do Maranho, Francisco Coelho de
Carvalho.
- Construo de pedra e cal do forte de So Filipe, que era de faxina, obra de pouca
durao e ficou perfeito, at com residncia dos governadores, segundo Csar Marques.
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Ano de 1627
D incio o padre Lus Figueira, com a instalao de uma fazenda no lugar
Anindib, ao patrimnio dos jesutas; Nesse local se ergueu mais tarde o Colgio de Nossa
Senhora da Luz, e junto dele a igreja da Companhia (igreja da Boa Morte), diz o padre
Jos Coelho de Souza, S.J.
12 de junho A Capitania de Cum
Francisco Coelho de Carvalho faz doao ao seu filho, Antnio Coelho de
Carvalho, de uma capitania na costa, comeando a medir da parte do rio Cum para o
norte cinqenta lguas, que a repartio que Sua Majestade manda fazer das capitanias do
Estado do Brasil.
Ano de 1635 - Levante geral dos tupinamb
- 15 de setembro - Falecimento de Antnio Coelho de Carvalho.
Ele foi acusado de desviar verbas pblicas e de ser responsvel pelo assassinato de
um dos frades do Convento de Santo Antnio.
Ano de 1636 Jcome Raimundo de Noronha. Eleito governador pelo Senado da Cmara,
Jcome Noronha manda o capito Pedro Teixeira explorar o rio Amazonas.
Ano de 1638 27 de janeiro Bento Maciel Parente
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Toma posse o mais sanguinrio perseguidor que jamais tiveram os ndios do
Maranho, Par e Amazonas.
Ano de 1640 01 de dezembro Restaurao de Portugal. O Duque de Bragana feito rei
com o nome de D. Joo IV.
- Igreja de So Jos do Desterro (depois, de Nossa Senhora do Desterro), anterior a
1641.
Ano de 1641 - 25 de novembro Invaso Holandesa
Dezoito navios, sob o comando do almirante Jan Cornelizoon Lichtardt e 2.000
soldados, s ordens do coronel Koin Anderson, aportaram no Desterro, profanaram a
igreja, saquearam a cidade e, rendendo o governador, tomaram os fortes de So Lus e o de
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Itapecuru, apossando-se dos cinco engenhos ali existentes.
Ano de 1642 4 de setembro de 1642 - Toma posse em Belm, como governador e
capito-general do Estado do Maranho, o pernambucano Pedro de Albuquerque. De
natureza fraca, sempre doente, veio a falecer em 6 de fevereiro.
30 de setembro Expulso dos holandeses
O ex-capito-mor, Antnio Muniz Barreiros Filho, o sargento-mor, Antnio
Teixeira de Melo, o capito Paulo Soares de Avelar e os ndios Joaaba Mitaguai e
Henrique de Albuquerque, insuflados pelos padres Lopo do Couto e Benedito Amodei,
tomam de surpresa os engenhos e o forte do Calvrio.
21 de novembro Batalha do Outeiro da Cruz
Tendo passado ilha, Teixeira de Melo derrota os invasores no Outeiro da Cruz,
perdendo os holandeses o comandante escocs Sandalin. Muniz Barreiros instala-se na
colina do Convento de Nossa Senhora do Carmo, prximo aos muros da fortaleza de So
Filipe.
Ano de 1643 16 de janeiro Falece Antnio Muniz Barreiros Filho
Em conseqncia de grave ferimento recebido em combate, morre Antnio
Muniz. Assume o comando Teixeira de Melo e, depois de vrias escaramuas, sustenta
uma intensa troca de tiros entre o forte e a colina.
13 de julho Pedro de Albuquerque
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Nomeado Governador, para expulsar os holandeses, chegou Pedro de
Albuquerque barra do Maranho e, para se comunicar com os seus compatriotas fez
disparar os canhes de bordo. No obtendo resposta, dirigiu-se a Belm, onde naufragou,
conseguindo salvar-se alguns de sua comitiva, inclusive o pe. Luiz Figueira, Superior dos
Jesutas. Assumiu ento suas funes. Pede-lhe a Cmara que Joo Velho do Vale e Pedro
Maciel Parente, irmos, fossem impedidos de exercer qualquer funo na Capitania,
proibio que queriam que se estendesse a toda a gerao do ex-Governador Bento Maciel,
por sua atitude covarde diante dos holandeses.
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Ano de 1644 6 de fevereiro Falece Pedro de Albuquerque.
28 de fevereiro Fuga dos holandeses
Vendo-se perdidos, fizeram-se ao largo, deixando a cidade praticamente em runas.
Posto que estragassem pouco, destruram tudo, como diz Joo Lisboa.
Antnio Teixeira de Melo governou a capitania do Maranho de 17 de janeiro de
1643 a comeos de junho de 1646, quando faleceu, e Pedro de Albuquerque, o Estado do
Maranho, de 13 de julho de 1643 at 6 de fevereiro de 1644.
Ano de 1646 17 de junho Francisco Coelho de Carvalho, o Sardo
Sargento-mor do governador Pedro de Albuquerque, o novo nomeado recebeu o
governo do Senado da Cmara, que o exercia pela morte de Teixeira de Melo. Governava a
capitania do Par (que, com a do Maranho, compunha o Estado) o capito-mor Sebastio
de Lucena de Azevedo, que expulsou os holandeses de Bandergus do stio de Maricari,
prximo foz do rio Amazonas.
Ano de 1648 15 de fevereiro Falecimento do governador Francisco Coelho de Carvalho
Sentindo-se morte, e para prevenir perturbaes administrao do Estado,
determinou o governador que, ficando as duas capitanias independentes, seriam,
provisoriamente, governadas por Aires de Souza Chichorro, a do Par, e Manuel Pita da
Veiga, a do Maranho.
22 de dezembro - No governo desptico e arbitrrio de Pita da Veiga, foi a aldeia
de Tapuitapera, cabea da capitania de Cum, elevada categoria de vila, com o nome de
Alcntara, homenagem de seu Donatrio ao ilustre taumaturgo Santo Antnio de Lisboa e
Pdua, e s boas lembranas que tinha de sua quinta real, nos arredores de Lisboa.
Ano de 1649 17 de fevereiro - Lus de Magalhes
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24 de agosto - Assumindo o governo, Lus de Magalhes ordenou ao capito-mor
do Gro-Par, Incio do Rego Barreto, que fizesse partir de Belm uma expedio
procura do famoso El-Dorado, fantstica regio do rio do ouro ou do lago dourado, que
ensandecia portugueses e espanhis.
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28 de agosto Ataque dos ndios tapuia uruati a um engenho do Itapecuru, com a
morte dos padres Manuel Muniz, Gaspar Fernandes e Francisco Pires.
Ano de 1651 Chega fortaleza de Santo Antnio do Gurup (Par) a bandeira do mestrede-
campo Antnio Raposo, vinda de So Paulo.
Ano de 1652 25 de fevereiro Extino do Estado do Maranho
Pela carta rgia desta data extinto do Estado do Maranho e criadas as capitanias
independentes do Gro-Par e de So Lus. V-se, pois, como eram contraditrias as ordens
do Reino, ora reunindo as capitanias sob um s governo, ora tornando-as independentes e
autnomas.
17 de novembro Assume o governo de So Lus o capito-mor Baltazar de
Souza Pereira, e logo resolve fazer executar a ordem que trazia de por em liberdade todos e
quaisquer ndios que at ento fossem escravos, contando para isso com o apoio do padre
Antnio Vieira. Amotinou-se o povo, instigado pelo camarista Jorge de So Paio; o
governador ps a tropa nas ruas e, afinal, por intercesso dos jesutas, ficou acordado
mandar-se Lisboa procuradores para tratar do assunto, junto Coroa.
Ano de 1653 17 de janeiro Chega ao Maranho o Padre Antnio Vieira.
17 de outubro Determinou o Rei que as Cmaras de Belm e de So Lus,
com a assistncia do desembargador Joo Cabral de Barros, examinassem caso a caso para
apurar a legalidade do cativeiro, reconhecido como resultado dejusta guerra, o que, na
prtica, redundou na escravizao em geral, com a autorizao das entradas de resgate.
- Fundao da Irmandade da Misericrdia e, por iniciativa do pe. Vieira, incio da
construo do Hospital.
Ano de 1654 - Junho O padre Vieira prega em So Lus o clebre Sermo de Santo
Antnio, conhecido como o Sermo aos Peixes, no qual faz severas crticas aos
habitantes gananciosos, como neste trecho, referindo-se naturalmente Praia Grande:
Vdes vs todo aquele bulir, vedes todo aquele andar, vedes aquele subir e descer as
caladas, vdes aquele entrar e sair sem quietao nem sossego? Pois tudo aquilo
andarem buscando os homens como ho de comer, como se ho de comer, e acrescenta,
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falando aos peixes, mas dirigindo-se aos homens: No s vos comeis uns aos outros,
seno que os grandes comem os pequenos. Se fora pelo contrrio era menos mal. Se os
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pequenos comeram os grandes, bastar um grande para muitos pequenos; mas como os
grandes comem os pequenos, no bastam cem pequenos, nem mil, para um s grande.
- Os freis Marcos da Natividade e Joo da Silveira fundam o primeiro Convento das
Mercs, desaparecido.
25 de agosto Pela Resoluo Rgia desta data so as duas capitanias reunidas
outra vez e restaurado o Estado do Maranho e Gro-Par, passando o Piau a pertencer
Bahia. O padre Vieira, consultado, respondeu ao Rei: Digo que menos mal ser um ladro
que dois; e que mais dificuldades sero de achar dois homens de bem, que um. Sendo
propostos a Cato dois cidados romanos, para o provimento de duas praas, respondeu
que ambos lhe descontentavam, um porque nada tinha, outro porque nada lhe bastava.
Tais so os dois capites-mores, em que se repartiu este governo. Baltazar de Souza no
tem nada, Incio do Rego no lhe basta nada; e eu no sei qual maior tentao, se a
necessidade, se a cobia.
Ano de 1655 Andr Vidal de Negreiros
11 de maio - Assumindo o governo, faz Andr Vidal construir os fortins de
Mosqueiro (Belm) e da ilha de Itaparica, e uma atalaia em Salinas
- Construo do definitivo Convento das Mercs.
16 de maio - Chega a So Lus, vindo de Portugal, o padre Vieira, trazendo nova
Proviso Rgia, datada de 9 de abril, que, modificando a anterior e restringindo vantagens
dos colonos, foi posta em execuo sem grandes problemas.
- Manda o governador os capites Agostinho Correa e Pedro da Costa Favela
guerrear os ndios aru que, anos antes, haviam devorado os nufragos da expedio de
Pedro de Albuquerque.
Ano de 1656 23 de setembro Sendo nomeado governador de Pernambuco, Negreiros
viajou para l, deixando o sargento-mor Agostinho Correa como governador interino da
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Capitania Geral do Maranho.
- Foi por essa poca que as Cmaras do Maranho e Par receberam a Proviso
Rgia de 20 de julho de 1655, na qual a Coroa, em reconhecimento reconquista do Estado
aos holandeses, concedeu aos maranhenses os privilgios de infano, o mesmo de que
gozavam os cidados do Porto, muito embora o padre Vieira achasse que o territrio no
tivesse valido a pena o custo e o esforo da retomada. (Infano Ttulo de nobreza
inferior ao de rico-homem, em Portugal, que conferia ao possuidor privilgios, direitos,
isenes, etc.)
6 de novembro Falece D. Joo IV, passando a governar, como Regente, a rainha
D. Lusa Francisca de Gusmo, na menoridade do filho Afonso VI.
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Ano de 1658 16 de junho D. Pedro de Melo
Durante o governo de D. Pedro fizeram-se muitas entradas para resgate e
descimento de ndios, sob a direo do pe. Vieira. Reclamavam os colonos que as aldeias
dos jesutas no eram misses e sim colnias, acusando os padres de serem donos de quase
todos os escravos resgatados nas misses e de no cumprirem a promessa de que no
haviam de tirar lucro dos ndios forros, nem com eles fabricar fazenda, nem canaviais, e s
tratariam da doutrina espiritual. Mais uma vez os nimos se exaltaram, o povo (sempre o
povo, este ser indefinido e sem rosto?!) invadiu fora bruta o Colgio dos Jesutas,
insultou-os e, arrancando-os dos seus prprios cubculos, lanou-os fora de sua habitao
usual. Isto em So Lus, porque em Belm, aps a procisso do Anjo Custdio, tambm o
povo invadiu o Colgio de Santo Alexandre, prendeu o padre Vieira e obrigou-o, com seus
irmos, a embarcar para o Maranho. Pedro de Melo, governador apenas no nome, nada
fez, e o procurador da Cmara de S. Lus, encarregado de prender os missionrios
refugiados em Gurup, acabou preso ele mesmo. Outra vez o povo libertou o procurador,
conduzindo os padres para Belm e mandou-os numa caravela para Portugal. Assim acabou
o governo de Pedro de Melo, perdendo muito o Estado do Maranho na docilidade de seu
gnio, segundo Berredo.
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Ano de 1662 26 de maro Toma posse no governo do Maranho Rui Vaz de Siqueira.
Em Belm os padres so embarcados e desembarcados, o Ouvidor-geral Diogo de Souza
sentencia os presos (faz aoitar dois deles). Por fim mete-os todos num patacho com
destino a Lisboa. (Primeira expulso dos Jesutas)
29 de maio Rui Vaz conseguiu, em Junta Geral, que os padres retornassem ao
Estado, com novo compromisso de exercitarem somente a jurisdio espiritual; concedeu,
em nome de El-Rei, perdo geral e particular a todos e a cada um.
Ano de 1663 Nova epidemia de varola, que fez grandes estragos, principalmente entre os
ndios indefesos. Os moradores se consolavam das perdas com a promessa de ressarci-las
com as prximas expedies de resgate, o que o governador apressou-se a fazer,
autorizando vrias entradas nos rios e sertes do Amazonas. A que subiu o rio Urubu, sob
o comando de Antnio Arnau Vilela, acompanhado do frei Raimundo, das Mercs, deu-se
mal: os ndios Caboquena e Guanevena deram cabo dela, s escapando o frade e mais uns
dois, o que deu motivo vingana do governador: tremendo foi o castigo infligido aos
brbaros por este atentado, diz C. Marques; e Berredo: Ensoparam a terra com o sangue
de 700 selvagens mortos, aprisionaram 400, e fizeram baquear 300 aldeias envoltas em
turbilhes de labaredas!
Os ndios
Mas, quem eram estes ndios to selvagens? Difcil precisar-lhes as naes e
reparti-los em tribos. (Mrio M. Meireles); a prrpia bibliografia etnolgica apresenta
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tantas lacunas que s para alguns poucos grupos indgenas seria possvel distinguir com
preciso tribos de subtribos. (Darcy Ribeiro) No Maranho, a grosso modo, pertenciam ao
grupo tupi, alm de outras, as seguintes: tupinamb, tabajara, caet, etc., e ao tapuia: guaja,
guajajara, gamela, barbado, etc.
Alguns autores classificam os tupinamb como dceis e sociveis, entendendo-se
bem com os civilizados (at que estes, atraioando-os e escravizando-os, despertassem
neles a selvageria), antepondo-lhes os tapuia como ferozes, vingativos e traioeiros.
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DAbbeville achou-os isentos de trapaas e de fraudes, de roubos e de furtos, de excelente
gnio e to viva inteligncia; eram alegres e engenhosos, sbrios no comer e bons
palradores; no tm esprito de propriedade particular e qualquer um pode aproveitar-se
de seus haveres livremente; distribuem entre si tudo o que possuem e no comem nada sem
oferecer aos seus vizinhos e o pe. Jos de Morais: destros por natureza e valorosos por
indstria. Moravam em aldeias, tinham incipiente agricultura, teciam o algodo,
acreditavam num Deus criador do universo e identificavam astros e estrelas. O mesmo
DAbbeville acrescenta: Ouvi de franceses, que com eles viveram durante dezoito e vinte
anos, que no passado eram muito mais liberais. O pouco que receberam dos franceses em
troca do que deram tornou-os finalmente avaros e desconfiados. E hoje nada fazem, nem
do, sem antes ter recebido muito mais. Ainda assim bem pouco o que desejam em troca
do que do ou fazem. Por outro lado, nada se perde em ser liberal para com eles, pois no
deixam de reconhecer os favores recebidos e no so ingratos, nem gostam de ser
sobrexcedidos em liberalidade e cortezia. Pertenciam ao tipo fundamental de produo
chamado comuna primitiva. Com respeito antropofagia, demos a palavra ao padre
Bettendorf: O gentio Aruaquiz no come carne humana e se mata os prisioneiros em o
terreiro para ganhar nome... e Darcy Ribeiro: tanto a guerra como a antropofagia
vitimavam exclusivamente homens. Acreditavam que comendo a carne dos valentes
adquiriam suas virtudes de coragem e destemor. Alis, conforme depoimento do prprio
DAbbeville, no faziam a guerra de conquista, para estender os limites de seu pas, nem
para enriquecer-se com os despojos de seus inimigos, mas unicamente pela honra e pela
vingana, ressalvando o carter epopico de suas lutas. Simonsen diz que em 1655 existia,
no Estado do Maranho, 54 aldeias indgenas s a cargo dos jesutas: 11 na capitania do
Maranho, 2 no Gurupi, 6 no Par, 7 no Tocantins e 28 no Rio Amazonas... puderam as
diferentes ordens religiosas concentrar, no Estado do Maranho, 50 mil ndios, em cerca de
80 aldeias.
Perguntamos hoje o que deu outrora enorme massa indgena a to louvada
civilizao? A primeira orda de conquistadores simplesmente matou grande parte; os
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sobreviventes tornaram-se escravos, eternos fugitivos, ou se suicidaram; os padres, tirandoos
de seu habitat natural e confinando-os em aldeamentos, sujeitaram-nos, com a ameaa
de castigos terrenos e infernos aps a morte, a um catolicismo falso, em nome de uma
moral crist, mas comprometido com os poderosos e interessado em assegurar a posse de
bens terrenos em detrimento do reino dos cus, cuja promessa s servia para justificar os
sofrimentos impostos aos miserveis escravos e sagrar o direito dos ricos pela graa de
Deus. Jos Vieira Couto de Magalhes, estadista mineiro, presidente das provncias de
Gois, do Par, de Mato Grosso e de So Paulo, em 1876 escreveu em o Selvagem:
Coitados! Eles no tm historiadores; os que lhes escrevem a histria so aqueles que, a
pretexto da religio e civilizao, querem viver custa de seu suor, reduzir suas mulheres
a filhas e concubinas, ou so os que os encontram degradados por um sistema de
catequese, que com mui raras excees inspirada por mveis de ganncia, o que d em
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resultado uma espcie de escravido que, fosse qual fosse a raa, havia forosamente de
produzir a preguia, a ignorncia, a embriagus, a devassido e mais vcios que
infelizmente acompanham o homem quando se degrada. Os escravos gregos e romanos
eram de raa branca, e no sei que a histria tenha conservado notcia de gente pior.
Representao feita por ordem de Rui Vaz, dirigida ao Conselho Ultramarino
afirmou que o governo do Maranho e Gro-Par constava de seis capitanias, em que
haveria at 700 moradores portugueses, cuja riqueza consistia em ter mais ou menos
escravos ndios, acrescentando que s restavam ndios pelo Amazonas acima e que pela
costa deste Maranho at Parj os no havia, por terem os portugueses dado cabo
deles.
Assim terminou este governo to cheio de grandes perturbaes e destitudo de
princpios de moralidade e do sentimento de honra.
Ano de 1665 Rui Vaz manda construir a igreja de So Joo Batista dos Militares, como
penitncia pelo que havia feito a uma mulher nobre, casada, da qual lhe nasceu uma filha.
Ano de 1667 Antnio de Albuquerque Coelho de Carvalho, o Velho.
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22 de junho Posse do novo governador, filho do primeiro governador do
Maranho, Francisco Coelho de Carvalho. A antiga questo afeta aos ndios veio a
provocar novas perturbaes, dado o carter desptico do governador, sujeitando sua
jurisdio a repartio dos ndios feitas pelo juiz, as entradas unicamente decididas por ele,
acrescentando que esta e forma que se h de seguir e o estilo que convm se guarde
porque do contrrio seguir grande prejuzo a todos. fcil deduzir que logo haveria de
surgirem desentendimentos entre o governador e as Cmaras, que comearam com a atitude
de seu filho do mesmo nome que, na capitania de Camet, dispunha a bel prazer de todos os
ndios de servio, fazendo entradas e descimentos ao arrepio da lei e aproveitando-se
tambm da ocasio para fazer o negcio no menos lucrativo do cravo. (Alis, vale
lembrar que, apesar das proibies rgias, vedando aos cabos de tropas fazerem resgates
por si mesmos, e a governadores e demais autoridades o comerciarem por conta prpria, as
mesmas Cmaras [puxando a brasa para sua sardinha] que tais vantagens eram o nico
estmulo e compensao aos primeiros, pelos muitos sacrifcios, despesas, trabalhos e
perigos a que se expunham nas entradas, e que aos ltimos eram-lhes insuficientes os
ordenados para atender aos gastos da viagem, sustentao do decoro de suas casas, brindes
que faziam aos ndios, esmolas ao culto divino,etc., motivo pelo qual, a fim de evitar que
recorressem a meios ilcitos, justificavam fosse permitido dar-lhes 10% dos escravos que se
resgatassem.) E como a Cmara se declarasse disposta a proceder com mesma severidade
que o governador claramente defendia, Antnio de Carvalho, no gostando da reclamao,
logo que viu findo o mandato dos vereadores, seguiu para Belm para vingar-se. Alertados,
porm, eles se esconderam nos sertes e o governador, frustrado, para no perder a viagem,
ordenou... duas grandes tropas de resgate.
Ano de 1668 Antnio de Albuquerque constri a fortaleza de Macap, sobre as runas da
de Cama, que tempos depois seria ocupada pelos franceses de Caiena.
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Ano de 1671 9 de junho - Pedro Csar de Menezes
Ainda a sempre presente questo dos ndios deu incio aos desentendimentos: ia a
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Cmara de Belm publicar a lei de 1663 quando seu procurador, obedecendo
provavelmente a secretas instrues, conseguiu suspend-la. O governador prendeu o
presidente da Cmara e um vereador, remetendo-os para Lisboa. A carta rgia de 1673,
conquanto ordenasse o cumprimento das leis de 1663 e 1667, praticamente justificou todas
as manobras que, por 10 anos, protelaram sua execuo, subordinando as entradas
autorizao do governador, o qual, aproveitando-se disso, logo mandou uma expedio ao
Tocantins em busca de minas de ouro, mas sem resultado.
Ano de 1676 - Chegam ao Maranho mais 234 colonos dos Aores.
Ano de 1677 29 de agosto - Avisado por um padre jesuta de que, na noite seguinte,
quando estivesse assistindo a uma comdia, no convento das Mercs, nobreza e povo,
conluiados, tentariam tirar-lhe a autoridade e a vida, o governador recolheu-se fortaleza,
reuniu a tropa e, com bastante estardalhao, mandou prender os sediciosos, remetendo-os,
uns a ferros para o Gurup, outros desterrados para Portugal.
Pedro Csar foi o primeiro dos governadores a residir em Belm, desprezando So
Lus, sede natural do governo, atrado pelas ganncias do comrcio muito mais
considervel ento naquela cidade que em So Lus, diz Csar Marques.
Neste ano foi estabelecido em So Lus o Estanco da Fazenda Real, aceito pelo
clero, nobreza e povo, convocados pelo governador em Junta Geral, pelo qual a Coroa
estancava o comrcio, proibindo-o aos particulares, e faria, por sua conta, todo o negcio
de ferro, ao, facas e avelrios (miudezas), necessrios ao Estado e o comrcio de resgate,
recebendo em troca as drogas e produtos do Pas. Dois anos depois foi extinto, pois s aos
assentistas era conveniente e Real Fazenda, de muito prejuzo.
3 de setembro - A bula do Papa Inocncio XI cria a Diocese do Maranho,
subordinada ao Bispado de Lisboa; a vila de So Lus elevada categoria de cidade,
atribuindo-se-lhe 2.000 habitantes, e a igreja de Nossa Senhora da Vitria erigida em
catedral e S do Bispado. Frei Antnio de Santa Maria, capuchinho, eleito bispo, renuncia
ao cargo sem ao menos tomar posse.
Ano de 1678 17 de fevereiro - Incio Coelho da Silva
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Deixando Vidal Maciel Parente (filho do ex-governador Bento Maciel) no
governo, seguiu para Belm.
Manoel Beckman, vereador desde 14 de janeiro de 1668, criticou publicamente tal
nomeao, ou por ser ele bastardo e mameluco, ou por outros defeitos que lhe assacou ,
segundo Csar Marques, pelo que o governador prendeu-o e deportou-o para o forte de
Gurup, tirando devassa e acusando-o de grande inquietador do povo, acostumado a
sedies e alvoroos.
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Ano de 1679
Vagavam pelas proximidades da cidade e das costas martimas do Maranho os
indomveis ndios Taramambeses, diz Marques, e conta que, protegidos pelas sombras da
noite costumavam aproximar-se em silncio das embarcaes surtas junto terra e,
picando-lhe as amarras, as faziam dar costa, roubando depois a carga e matando e
comendo os naufragantes. A fim de puni-los, instaurou-se processo, e da condenao
morte no escaparam nem as mulheres, diz Bettendorff; vista de que no lhes restassem
esperanas, batizou-os todos, com o que escapariam do fogo do inferno e iriam gozar no
cu da bem-aventurana eterna. (Como se j no experimentassem o inferno com os
mesmos portugueses... acrescentamos ns.) Assim instrudos todos e aparelhados em bons
e famosos atos de f, esperana e caridade, se mandaram, depois de batizados, cavalgar
sobre dois bancos, postos boca de duas peas carregadas de bala, e pondo-se fogo a
ambas ao mesmo tempo voaram em um fechar de olhos pelos ares feitos em pedaos. No
satisfeitos ainda, a esta carnificina judiciria seguiu-se a guerra que lhes moveu Vital
Maciel Parente que, fiel s tradies paternas, surpreendeu os Taramambeses
descuidados, sendo tal o furor dos assaltantes que no perdoavam a sexo nem a idade.
Mas, a tropa, chegada a So Lus foi logo ig reja matriz dar graas a Deus e Virgem
Santssima da Vitria pelo bom sucesso de sua empresa, conclui o padre.
Todavia, Incio Coelho deu execuo s determinaes rgias que obrigava os
agricultores plantao de cacau e baunilha e promover o cultivo e fabricao do anil.
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Ano de 1679 11 de julho Toma posse nosso primeiro bispo D. Gregrio dos Anjos,
cientista e letrado, doutor em Teologia e orador sacro.
Ano de 1680 24 de janeiro Bequimo solto.
Carta Rgia desta data ordenava que, como da devassa no resultara culpa,
mandasse o governador soltar Bequimo, e repreendia a autoridade pela curiosidade com
que se mostrou zeloso.
Era, porm, Incio Coelho dedicado aos melhoramentos materiais, animando as
pessoas abastadas a levantarem boas casas e concorrerem para o aformoseamento da
cidade. No obstante isso, foi antipatizado por todos por seus modos speros, no
admitindo ser contrariado.
- Perde o Estado do Maranho e Gro Par a capitania do Cear, que passa
jurisdio de Pernambuco.
Ano de 1682 27 de maio Toma posse no governo Francisco de S de Menezes.
Ainda a bordo, S de Meneses promoveu uma reunio com Pascoal Pereira Jansen
(que com ele viera), Antnio de Souza Soeiro, procurador da Cmara, Manuel Campelo de
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Andrade, juiz de rfos e Jorge de Sampaio, vereador, para instalao do Estanco, sob a
presidncia de Pascoal Jansen, o que foi feito no dia seguinte: reuniu-se a Cmara, e o
procurador, exibindo as respectivas provises, estabeleceu o Estanco do Maranho, pelo
qual se comprometia este a introduzir 10.000 escravos, melhorar a indstria e a lavoura e
garantir a freqncia dos navios, ao menos de um por ano. Se o primeiro foi mal recebido,
sendo oficial, quanto mais este, institudo em benefcio de particulares e que, estendendo-se
a toda a sorte de gneros, vinha matar de vez toda a iniciativa dos da terra. Ademais, que o
governador declarava ter ordens de Sua Majestade para estabelecer o Estanco, quer
quisessem quer no, ameaando meter no mesmo navio em que viera algum que, por
acaso, tivesse dvidas a respeito. Foi a proposta prontamente aprovada, sendo os
principais instigadores da aceitao galardoados pelo governador: o procurador Souza teve
a patente de Capito-da-Infantaria paga, e Jorge de Sampaio recebeu um grande mino de
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fazendas e outros objetos, diz C. Marques.
- S de Meneses ergue em Itapecuru uma casa forte que chamou de Santo Cristo da
Serra de Semide, no lugar da antiga fortaleza de Vera Cruz.
- Os escravos no vieram, nem em nmero, nem pelo preo acertado; os gneros
eram de m qualidade e at mesmo estragados; havia uma cotao para a venda e outra
para a compra; os navios escasseavam e a Companhia roubava nos preos, nos pesos e
nas medidas. O Governador, como j se esperava, entrava na tramia, scio de fato da
empresa. Por outro lado, se o poder executivo comerciava (e esta era prtica constante
desde os primeiros tempos, apesar das reiteradas proibies), o eclesistico no ficava
atrs e adiantou-se na pessoa do bispo D. Gregrio dos Anjos que, juntamente com S de
Meneses, atirou-se, sofregamente, ao lucrativo comrcio do cravo, no obstante ser isto
vedado a ambos. (C.de Lima)
A sofrer sem remdio, o povo encontrou um representante de suas angstias em
Manuel Beckmam, portugus de nascimento mas, ligado, como vereador que fora, aos
negcios da terra, respeitado e estimado por suas atitudes corajosas que j lhe haviam
custado um desterro.
Escravido Negra.
Embora Artur Ramos afirme existirem escravos negros no Brasil desde 1531, no
Maranho sua importao comeou com a primeira Companhia de Comrcio, neste ano de
1682. No obstante haver escravos negros nas lavouras de algodo, cana-de-aucar e arroz,
no Pindar, Itapecuru e Mearim, foi o padre Vieira quem encareceu Coroa a necessidade
de sua introduo em larga escala, propondo (para os colonos, que os padres continuaram
com os ndios ainda por muito tempo) a troca do elemento autctone pelo africano, que j
fora escravo em todos os tempos e j o era entre os seus.
Combustvel humano para Darcy Ribeiro, no sendo propriamente
trabalhadores, mas apenas o trabalho, segundo Marx, eram os escravos considerados
mercadoria (opinio desposada tambm pela Igreja, pela maldio de Caim condenados a
ser o servidor dos servidores de seus irmos) e de cujo comrcio muito lucrativo
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participavam reis, nobres e at filsofos como Voltaire, constituindo o mais importante
ramo do comrcio martimo, nos sculos XVII e XVIII, conforme Simonsen.
Pode-se considerar, porm, que foi com a nova Companhia Geral do Comrcio do
Gro Par e Maranho, em 1757, que se organizou a rota negra da Amaznia e que os
negros chegaram em considervel quantidade (25.365 escravos vieram para o Maranho
e Par, segundo Manuel Nunes Dias, e Roberto Simonsen calcula que 3 milhes e 300 mil
negros entraram no Brasil, do sculo XVII ao XIX).
Filhos de diversas naes, embarcados na Costa do Marfim, Costa do Ouro e
Costa dos Escravos e das ilhas portuguesas de So Tom e Prncipe, aqui chegaram
angolas, congos, fanti-ahantis, nags, jejes, etc., englobados sob a denominao de minas
(as mulheres vindas principalmente do forte de So Jorge de Minas), para se tornarem os
principais artfices da riqueza maranhense no sculo XIX e contribuir generosamente na
formao de nossa identidade e nossa alma. Vinham, 300 a 500 flegos vivos, amontoados
no fundo dos pores infectos dos tumbeiros e, se na viagem a mortandade chegava a 25%
dos embarcados, sua vida ltil e produtiva nos engenhos e fazendas, sujeitos a castigos e
torturas no tronco, nas gargalheiras, nas correntes, nas surras de chicotes de couro cru, etc.,
no ia alm de 10 anos. Como disse o pe. Vieira: Ah, fazendas do Maranho, que se esses
mantos e essas capas se torcerem, haviam de lanar sangue; Vicente Pires: Sem a costa
da frica o Brasil no teria negros, sem negros no se plantaria cana e faria acar e sem
acar no haveria Brasil e Caio Prado Jnior: O algodo, sendo branco, tornou preto o
Maranho.
Sempre estive persuadido que a palavra escravido desperta as idias de todos os
vcios e crimes, diz com razo o Arcebispo da Bahia; o corrompimento se dando pela
despersonalizao abjeta do indivduo, sujeito a outro dono de sua pessoa e de seu
destino. Joaquim Nabuco reconhecia no ser o mau elemento da populao a raa negra,
mas essa raa reduzida escravido.
Em So Lus, a Casa das Minas, fundada por Nan Agotim, viva do rei
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Agoingolo de Damom e a casa das Nags, fundada por Josefa (ambas entradas no
Maranho de contrabando, aps a proibio da Lei Feij, de 1831) constituram-se nos
principais ncleos de resistncia da religiosidade afro-maranhense.
Ano de 1684 23 de fevereiro Revoluo de Bequimo
A revolta partiu da cerca do Convento de Santo Antnio, deps o governador,
prendeu o capito-mor, comandante das armas, constituiu uma Junta Governativa e
expulsou os jesutas, donos de outro monoplio: o dos ndios. Vitria rpida e completa; o
preposto de S de Menezes (que transferira o governo para Belm), Baltazar Fernandes,
medroso e incapaz, no ops resistncia. Oferecia o prstito o espetculo de uma
verdadeira revoluo popular, tanto nos seus intuitos, como na prpria maneira como
estavam armados os revolucionrios, trazendo cada um a arma que encontrara ou
possua, diz Barbosa de Godis. Tratou Bequimo de obter o apoio de Tapuitapera e Par,
sem resultado, tentando a Cmara de Belm at suborn-lo.
Mas, o nimo dos revolucionrios aos poucos foi arrefecendo, os chefes e
subordinados voltando s suas atividades rotineiras; o povo, desacostumado do servio
militar, cansou-se e at Bequimo passou a preocupar-se infantilmente com pequenos
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assuntos como o de proibir mantas de seda s mamelucas; to despreocupados que s dez
meses depois enviaram um representante Corte. Jesutas e assentistas j haviam preparado
o ambiente hostil e Toms Beckman, irmo de Manuel, ao chegar a Lisboa foi posto a
ferros e enviado de volta, juntamente com o novo governador.
Ano de 1685 maro Segunda expulso dos padres da Companhia de Jesus.
15 de Maio Gomes Freire de Andrade
Assumindo o governo, Gomes Freire reps tudo como dantes: demitiu os
funcionrios da revoluo, reintegrando os antigo; chamou os jesutas; reinstalou o Estanco.
A debandada foi to grande que a cidade ficou deserta, dizem os cronistas. Gomes Freire
publicou um bando concedendo perdo aos revoltosos, com exceo dos chefes. Bequimo
escondeu-se mas, graas traio de seu filho de criao, Lzaro de Melo, foi preso, e
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condenado morte.
2 de novembro Execuo de Bequimo - Na praia do Armazm , ou da
Trindade, morreram na forca o grande heri Manuel Bechman, o Bequimo e Jorge
Sampaio. Francisco Dias Deir sofreu a mesma pena, porm em efgie, isto , em retrato,
por se encontrar foragido.
Foi ele (Bequimo) o proto-mrtir da liberdade no Brasil. Pelo seu carter,
abnegao e amor extremado pela causa pblica, aparece na histria dos nossos tempos
coloniais como um vulto gigantesco, que pasma ter vivido num tempo em que a tirania da
parte dos governantes e o servilismo da parte dos governados eram caractersticos da
sociedade, exalta-o Barbosa de Godis.
A Revolta de Bequimo foi a primeira insurreio anticolonialista em terras
brasileiras; anterior de Filipe dos Santos (1720) e Inconfidncia Mineira (1789)
(Jorge de Sampaio esquecido por ter, ao que se depreende, feito jogo duplo:
como vereador, apoiando S de Menezes; como revolucionrio de ltima hora, aderindo ao
movimento).
Pascoal Jansen pouco aproveitou das riquezas ilicitamente adquiridas, sendo seus
bens confiscados, oito anos depois, pelos prprios colegas assentistas.
Ano de 1686 24 de novembro Diante da ameaa de extino, Carta Rgia proibia o
corte de rvores novas de cravo por 10 anos, e que s se mandassem ao Reino trs a quatro
mil arrobas por ano.
21 de dezembro - Carta Rgia determinou que Gomes Freire de Andrade
permanecesse no governo pelo tempo que vos for possvel, embora j estando nomeado
Artur de S de Meneses que, em conseqncia, deveria receber de seu antecessor instrues
e conselhos para o bom desempenho de seu encargo.
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Ano de 1687 14 de julho Toma posse no governo Artur de S de Meneses. No prstito
que em que foi matriz, ouvir o Te-Deum, recusou-se Freire a ir sob o plio, com o seu
sucessor, conforme a praxe, sem ter ou querer distino alguma.
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Ano de 1688 12 de maro Carta Rgia manda tomar severas medidas para impedir a
dilapidao, inclusive por religiosos, das salinas de Maracan, no Par. (C.R. de 12-3-
1688).
- 23 de maro - Carta Rgia determina a criao de uma fbrica de anil, no
Camet, e probe a manufatura do ferro.
- 23 de agosto ordena que o governador tenha residncia em So Lus.
Sempre atencioso, reto e assduo no cumprimento do dever, jamais usou da
autoridade para fazer o mal (Baena, Compndio das Eras), S de Meneses fez edificar
nova igreja na Capitania de Icatu,; uma entrada pelo Amazonas at o Rio Negro, que
resgatou grande quantidade de ndios; tambm descobriram-se minas de ouro no rio Urubu
e de prata em Jatuna, pelo que foi criada em Belm uma fundio de metais.
Ano de 1690 Antnio de Albuquerque Coelho de Carvalho, o Moo.
- 17 de maio Capito-mor do Par, toma posse no governo do Maranho, a 17 de
maio, Antnio de Albuquerque Coelho de Carvalho, chamado o Moo, para distingui-lo de
seu pai, de mesmo nome, governador de 1667 a 1671. Fez construir de pedra e cal a
fortaleza da Ponta de Joo Dias (Ponta dAreia) e outras em Joanes e Gurup, dada a
ameaa dos franceses de Monsieur de Ferrol, em Caiena.
Ano de 1692 Carvalho fundou, em Maraj, o pesqueiro real e despachou as entradas a
terra dos tapaj e iruriz; e aos ndios abacaxi at os rios Negro e Madeira.
- Chega ao Maranho a bandeira paulista de Francisco Dias de Siqueira.
Ano de 1693 2 de novembro - Carta Rgia ordena ao governador que s permita tais
entradas de estranhos quando expressamente autorizadas pelo governador do Estado do
Brasil.
- Jesutas, mercedrios e franciscanos de Belm negam-se a pagar os dzimos
reais, mandando a Coroa que sejam seqestrados seus bens caso no justifiquem
convenientemente a recusa.
Ano de 1695 19 de abril Chega Bahia a expedio do sargento-mor Francisco dos
Santos para entregar ao governador, D. Joo de Lencastro, carta do governador do
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Maranho, datada de 15-12-1694, descobrindo, na aventura, esta estrada.
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- Epidemia de varola trazida por um navio negreiro e que se estendeu por todo o
Estado, fazendo mais de 200 vtimas, entre as quais o Provedor-mor Guilherme Rodrigues
Bravo.
Ano de 1696 6 de fevereiro Carta Rgia recomenda ao Governador o maior cuidado na
preservao de seus domnios, ante a descida dos castelhanos pelo Amazonas at as terras
dos ndios cambeba.
Ano de 1697 ms de maio Os franceses de Caiena ocupam a fortaleza de Macap e
arrasam a do Paru. Mandou o governador combat-los o capito Francisco de Souza
Fundo e, tendo obtido sucesso, ordenou a reconstruo do forte.
- 8 de maio Chega a So Lus o novo bispo, D. Timteo do Sacramento, homem
spero e orgulhoso, que logo condenou priso, degredo e multa os acusados de
concubinato, hbito generalizado, sem ateno a posies ou privilgios.
Ano de 1698 10 de dezembro Carta Rgia ordenava ao Comissrio dos Mercedrios
que reprimisse as stiras aos Ministros e s autoridades, as quais ofendiam do plpito com
palavras escandalosas.
Contra as violncias de D. Timteo levantou-se o Senado da Cmara, sem
resultado. O governador mandou, de Belm, o Ouvidor-mor a So Lus, para solicitar ao
bispo que soltasse os presos. Respondeu este com a leitura acintosa e todos os nomes dos
condenados, feita numa missa festiva na S. O Conselho da Coroa ordenou a soltura dos
presos e o bispo excomungou os Ouvidores. O Ouvidor mandou cercar o palcio do bispo,
que, sem criados, ia ele mesmo buscar gua na fonte prxima, desde ento apelidada a
fonte do bispo. Ento mandou pregar-lhe portas e janelas. Seguiram-se atos de violncia
de ambas as partes, o bispo excomungou o Capito-mor e toda a cidade e at Prior do
Convento do Carmo, em Belm, por haver recorrido da sentena de interdio de sua igreja,
que o bispo dera por poluda por abrigar o corpo de seu desafeto, o Ouvidor-geral. O Juiz
Conservador Apostlico admoestou-o, recebendo em represlia a excomunho. Passaram
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aos confrontos fsicos atravs de bandos de cacetistas, que se enfrentavam nas ruas, com
escndalo pblico. Ao prprio Rei, que lhe condenara os atos, respondeu que o assunto no
lhe competia, sendo de natureza estritamente religiosa. Inconformado, viajou para Lisboa,
mas no foi recebido por D. Pedro II; to constrangedora tornou-se sua presena que se
recolheu sua quinta em Setbal, sem sequer nomear procuradores para acompanhar o
processo.
Ano de 1699 - Sentindo-se doente, Antnio de Albuquerque pediu demisso, vindo para
So Lus Ferno Carrilho, seu lugar-tenente, mas que s alcanaria o governo no ano
seguinte.
Ano de 1700 4 de maro Pelo Tratado Provisional desta data tm fim as usurpaes do
Marqus e Ferrol, de Caiena, esperando a soluo definitiva da questo, o que s ocorreria
treze anos depois.
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SCULO XVIII
Ano de 1701 30 de junho Ferno Carrilho
Supondo que Antnio de Albuquerque j tivesse partido de Belm para Lisboa, a
Cmara de So Lus d posse a Ferno Carrilho.
- 11 de julho Parte para Portugal, licenciado, o ex-governador Antnio de
Albuquerque Coelho de Carvalho, o Moo.
- Um ano durou a interinidade de Ferno Carrilho, limitado ao simples
expediente, diz Marques.
- A Junta de Governadores Diocesanos levantou as excomunhes e interditos,
finalmente encerrando a questo provocada por D. Timteo do Sacramento.
Ano de 1702 8 de julho Toma posse D. Manuel Rolim de Moura como governador do
Maranho.
- 10 de agosto Segue para o Par de onde se demora por trs anos.
Ano de 1705 Em virtude de seus desentendimentos com o Ouvidor-Geral e Provedor da
Fazenda, Miguel Monteiro Bravo, D. Catarina, Regente de Portugal, demite-o do governo.
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- 13 de setembro Assume interinamente o governo Joo de Velasco Molina,
enquanto o ex-governador parte para So Lus a fim de retornar ao Reino. Intrigantes de
So Lus informam a Molina que Rolim articula um movimento para sua deposio; viaja
para So Lus com o Ouvidor-geral e manda-o abrir devassa contra os pretensos
conjurados.
Ano de 1707 12 de janeiro Cristvo da Costa Freire, Senhor de Pancas, o novo
governador, recebendo o governo, por ordem expressa do Rei, diretamente das mos de
Manuel Rolim de Moura. Costa Freire anula a devassa, solta os presos e demite Molina do
cargo de Capito-mor do Par; intenta por em execuo a Carta Rgia de 1705, que dava
liberdade aos ndios, mas, diante da reao dos colonos, ao contrrio, arma uma tropa de
resgate pelo Amazonas.
Ano de 1708 8 de junho Ordena o governador que Incio Corra de Oliveira, em
cumprimento da Ordem Rgia, expulse os missionrios castelhanos de Quito, que se
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haviam estabelecido entre os ndios Cambeba, no Amazonas, os quais, intimados,
retiraram-se sem resistncia.
- 30 de setembro - O governo de Quito, no entanto, retomou a regio de Solimes,
aprisionando os portugueses, inclusive Oliveira.
Ano de 1709 5 de maro A Cmara oficia Metrpole dizendo que o fim deste
capito-mor (Joo Velasco de Molina) era destruir os privilgios dos cidados desta
Capitania, que eram iguais aos do Porto, pois mandou prender em pblica e estreita
enxovia fechada os juizes ordinrios, o juiz de rfos e trs capites (...) tudo por dio e
caprichos particulares.
Ano de 1710 14 de janeiro Carta Rgia autoriza os nobres maranhenses a organizarem
uma Companhia de Privilegiados, qual s poderiam pertencer os que pudessem integrar a
Cmara.
- abril Recebe Cristvo Freire a notcia do xito da tropa que mandara em
outubro, sob o comando do sargento Antunes da Fonseca: vencera os castelhanos, senhores
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do Distrito dos Cambeba, e fizera 15 prisioneiros, entre os quais o jesuta Joo Batista
Sana, governador daquelas misses.
Ano de 1715 Proviso do Conselho Ultramarino manda que a Capitania de So Jos do
Piau, desligando-se da Bahia, volte a pertencer ao Estado do Gro-Par e Maranho.
- Enquanto isso, vai Costa Freire ordenando ao Sargento-mor Francisco
Cavalcanti de Albuquerque entradas e mais entradas resultando, entre outras cousas, a
dizimao dos ndios Aranhi, no Piau, e dos Ior, no rio Madeira.
- O governo do Senhor de Pancas estende-se at 1718 por solicitao da Cmara,
desejosos os moradores da Capitania de o querer sofrer por mais outro trinio, conforme
disse ele em seu agradecimento.
- Data deste ano o clebre Processo das Formigas, movido pelos frades
capuchinhos contra as savas que lhe pilhavam a despensa e ameaavam a estrutura do
convento. (Ver a descrio do episdio em Histria do Maranho, de Carlos de Lima.)
Ano de 1716 26 de abril Representao do Senado da Cmara acusa Costa Freire de
perseguir homens honrados e cercar-se de maus indivduos e at de cristos-novos.
Ano de 1717 12 de julho empossado na catedral, com grande jbilo de suas
ovelhas, o bispo D. Jos Delgarte.
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Ano de 1718 18 de junho - Assume o governo Bernardo Pereira de Berredo e Castro
perante a Cmara de So Lus, recebendo-o de Cristvo Freire, em Belm, em 1o. de
agosto.
- No obstante ter-lhe, em 12 de junho de 1710, agradecido os bons servios
prestados Coroa, mandou o Rei que o Ouvidor-geral do Par tirasse devassa da
administrao de Freire de Andrade, conforme a representao, j citada, que fizera a
Cmara.
- No obstante merea os maiores encmios como intelectual, autor dos Anais
Histricos do Estado do Maranho, como governante houve-se como os demais,
cometendo abusos e arbitrariedades: prendendo desafetos e fuzilando soldados, enquanto
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agraciava amigo; usando de tropa na construo de seu engenho particular; exercendo
abertamente o comrcio e fazendo guerra injusta ao gentio e em proveito prprio. No s
Berredo como seus antecessores criavam inmeros postos de coronis, tenentes-coronis,
sargentos-mores etc., em retribuio a favores ou servios particulares, pelo que a Proviso
de 30 de abril de 1721 ordenou que se abstivessem desse procedimento, tornando sem
efeito os tais postos.
- criada a Capitania de So Jos do Piau, subordinada do Maranho.
- Frei Antnio de S, ex-Provincial da Ordem Carmelitana o Hospcio do Bonfim ,
sobre uma colina, no cabo do mesmo nome, margem esquerda do rio Bacanga, fronteiro a
So Lus.
Ano de 1719 4 de maro A Bula de Clemente XI eleva o Par a Bispado, sendo seu
primeiro titular frei Bartolomeu do Pilar.
- Edificada a igreja de Nossa Senhora dos Remdios, na ponta do Romeu.
Ano de 1720 13 de novembro Por Bula Apostlica, o Gro-Par retirado da
jurisdio episcopal do Maranho e constitudo em bispado sufragneo ao Patriarcado de
Lisboa.
Ano de 1722 19 de julho - Joo da Maia da Gama assume o governo e incumbe o
Sargento-mor Francisco de Melo Palheta de, com todo o disfarce e com toda a cautela,
roubar um par de gros de caf de algum jardim ou roa da Guiana Francesa, aonde fora em
misso especial na questo de limites.
- Logo nos primeiros dias de seu governo representou Sua Majestade, dizendo
ser-lhe impossvel o sustentar-se nesta Capitania com o soldo de seis mil cruzados,
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necessitando valer-se dos gneros do reino para com eles comprar o preciso ao seu
sustento, e de sua famlia, razo por que pedia que lhe fosse permitido mandar ir de
Portugal 300 a 400$000 empregados nestas drogas, o que lhe foi deferido, obrigando-o,
porm, a apresentar ao Conselho Ultramarino a relao dos gneros com seus respectivos
preos.
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- 20 de agosto Carta Rgia d nova organizao: apenas dois Estados: Gro-Par
e Maranho, voltando o Piau a pertencer a este ltimo.
- D. Joo V exige dos povos o donativo voluntrio para aliviar o Errio dos
grandes empenhos contrados com as despesas dos casamentos dos prncipes portugueses e
espanhis.
Ano de 1723 O Capito-mor Jos da Cunha dEa funda a povoao de Arari.
Ano de 1724 18 de agosto O governador ordenou que, sob pena de priso, s fosse
usado o fio em meada e trouxesse o pano o nome do tecelo, para evitar o costume j
generalizado da fraudao da moeda (que era o novelo de algodo) recheando-a com trapos
e pedaos de madeira. A Coroa, concomitantemente, estabeleceu que as varas de pano
valessem 200 e 400 ris, respectivamente as de 26 e mais cabrestilhos.
- Seguindo a praxe, tambm Joo Maia manda fazer entradas e restaurar a
estrada aberta por Pedro Teixeira, um sculo antes, e que ligava So Lus a Belm.
Tambm como de costume governador e bispo entram em divergncia, por haver este
asilado soldados desertores no palcio episcopal.
Ano de 1727 - Palheta exorbitou a ordem de Joo da Maia, trazendo cinco ps da planta e
mais de mil frutos. Iniciou-se, pois, no Maranho a cultura do caf no Brasil, tornando-se
Palheta um dos primeiros fazendeiros.
Ano de 1728 14 de abril Empossado no governo, Alexandre de Souza Freire manda
Pedro Teixeira explorar o rio Amazonas ate foz do rio do Ouro.
Ano de 1729 Determina que as canoas empregadas no transporte do serto paguem
apenas 5% e manda arrecadar o dzimo e o imposto de 4% sobre o gado vacum e cavalar
estabelecido pela Prov. de 2 de junho do ano anterior.
Em Lisboa, j demitido, representou ao Rei, acusando o Conselho Ultramarino de
proteger ladres.
Ano de 1731 11 de dezembro Carta Rgia desta data ordena que sejam pagas, em
cravo, cacau e salsa, cngruas (penso) aos cnegos, para seu sustento, conforme haviam
pedido.
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Ano de 1732 16 de julho - Jos de Serra , segundo Mrio M. Meireles, o primeiro
governante que, desprezando as entradas, trata da moralizao dos costumes, insistindo
com os pais pela melhoria da criao e educao das crianas, recomendando Ouvidoria
fossem evitados pleitos de origem e fins poucos confessveis; proibiu a flagelao dos
penitentes nas igrejas, quinta e sexta-feira santas, e o andarem pelas ruas cidados
acompanhados de escravos armados.
- 8 de agosto Carta Rgia mandava fosse muito estendida e abundante a cultura
de caf e canela, que ficavam isentas do pagamento de direitos por 12 anos.
Ano de 1736 30 de maro Falecendo Jos de Serra, foi substitudo pelo Capito-mor
Joo Alves de Carvalho. Disputaram o cargo o Ouvidor-geral, Dr. Jos Monteiro de Souza
e o Secretrio de Governo, Antnio da Rocha Machado, resultando disto ficar praticamente
acfala a administrao no Maranho.
Ano de 1737 Proviso Real de 13 de maio deste ano estabeleceu que, vagando-se a
governadoria, assumiria o cargo, em cada Capitania, o seu Capito-mor.
29 de agosto Toma posse Joo dAbreu Castelo Branco e encontra em So Lus,
parece que, pela primeira vez, duas Cmaras, ambas em exerccio: uma protegida do
Capito-mor; outra, pelo Ouvidor-geral, costume que, no entanto, vrias vezes se repetiria
no decorrer do tempo e da histria. Determinou que somente uma turma de camaristas
estivesse presente sua posse e exigiu fossem cumpridas suas ordens.
Ano de 1738 29 de junho Toma posse do bispado do Maranho D. Frei Manuel da
Cruz.
Ano de 1739 17 de abril Alvar manda instalar o Cabido da S, constitudo de
arcediago, arcipreste, chantre e mestre-escola, com 12 cnegos, 8 beneficiados, 16 capeles
e 2 mestres de cerimnia.
Desentendem-se bispo e camaristas: negando-se o vigrio da S a oficiar missa de
ao de graas pela aclamao de D. Joo V ao trono portugus, foi apenado por seu
superior; este apelou para a Cmara que ficou a favor dele. D. Manuel responde que eles
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camaristas cuidassem de suas obrigaes e no interferissem no que no era de sua conta.
- No governo de Castelo Branco ocorreram conflitos no Tocantins entre
maranhenses e brasileiros por motivo da explorao de minas de ouro no hoje Estado de
Gois, questo solucionada pela Coroa, que deu razo aos paulistas.
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Ano de 1743 A Irmandade de Nossa Senhora da Conceio inicia, num largo, na rua
Grande (Osvaldo Cruz) a construo da igreja de Nossa Senhora da Conceio dos
Mulatos, que somente seria concluda em 1662! Arruinada e reconstruda vrias vezes,
reabriu em 1865 com as bnos do Bispo Diocesano, D. Lus da Conceio Saraiva.
Ano de 1744 Messieur de La Condamine, juntamente com outros sbios franceses e
castelhanos, foram hspedes de Castelo Branco, no regresso da viagem ao Amazonas com
objetivos cientficos.
Ano de 1745 O padre Gabriel Malagrida funda, no Par, um seminrio.
Ano de 1747 14 de julho Toma posse o bispo D. frei Francisco de So Tiago.
14 de agosto O novo governador do Maranho Francisco Pedro de
Mendona Gurjo. Preocupou-se de incio com o problema dos ndios, recomendando tratlos
com muita brandura para cham-los ao grmio da igreja, o que contrariava os padres
da poca.
- Joo de Souza de Azevedo, partindo de Mato Grosso, descobre o curso do rio
Tapajs, alcana o Amazonas e chega a Belm, comunicando o feito s autoridades.
Ano de 1748 12 de junho -Proviso Real autoriza a circular no Estado o dinheiro
amoedado de ouro, prata e cobre, em substituio aos rolos de algodo e abate-se sobre a
Provncia a primeira e violenta epidemia de sarampo, sendo as maiores vtimas os ndios e
os escravos.
Ano de 1749 Realizam-se brilhantes festejos para comemorar o ttulo de Fidelssimo que,
em 23 de dezembro, o Papa Benedito XIV deu ao rei D. Joo V e aos seus sucessores.
Ano de 1750 31 de julho Ascende ao trono portugus D. Jos I, tendo como Primeiro
Ministro Sebastio Jos de Carvalho e Melo, mais tarde o famoso Marqus de Pombal.
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Instalou-se em Portugal o Despotismo Esclarecido; que os prncipes tivessem poderes
absolutos para atender o interesse dos povos, abolindo o prestgio, at ento vigente, da
nobreza e do clero, que passaram a ser perseguidos. O Rei, pela mo de Pombal, extinguiu
a Inquisio (Tribunal eclesistico, tambm chamado do Santo Ofcio, encarregado de
julgar os crimes contra a f, extirpar os herejes, os judeus e os infiis, responsvel por
15.000 pessoas queimadas vivas e 25.000 mortas nos crceres, s em Portugal (e tudo em
nome de Deus!); empreendeu Pombal uma ampla reforma administrativa, a reorganizao
das finanas e a disseminao e desenvolvimento da educao. Na Amrica, reconquistou
para a Coroa as capitanias hereditrias ainda existentes; reforou a defesa militar; cerceou o
comrcio dos religiosos; incentivou a lavoura, as atividades mercantis e a indstria
extrativa; promoveu a emancipao do ndio e a introduo da escravido africana e
fundou a Companhia Geral do Comrcio do Gro-Par e Maranho, que abriria para o
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Estado a porta para um caminho de progresso que o levaria fase urea de toda a sua
existncia, no imprio. (Mrio M. .Meireles)
Ano de 1751 28 de julho Assume o governo da Capitania Lus de Vasconcelos Lobo,
que logo vem a falecer, no dia 11 de dezembro de 1752.
- 31 de julho - A capital do Maranho transferida de So Lus para Belm e
mudado o nome para Estado do Gro-Par e Maranho.
- 24 de setembro Francisco Xavier de Mendona Furtado toma posse no governo
do Estado do Maranho. Irmo do todo poderoso Marqus de Pombal, prestigiou a Justia,
reconheceu e respeitou o direito das Cmaras e deixou assinaladas sua correo e
probidade, diz Meireles, citando Rocha Pombo. A Cmara , louvando muito o seu governo,
pediu ao Ministrio um retrato dele por ser esta a nica maneira de patentear seu apreo
pessoa do ex-governador. Csar Marques, porm, transcreve em seu Dicionrio
apreciaes de Jacomme Ratton, de Londres, que o acusam de violento com as partes que o
procuravam, descomedido de palavras, deixando-se facilmente prevenir por terceiros, muito
embora confirme seu senso de justia e o considere possuidor de um bom corao.
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- 28 de setembro Perante a Cmara de So Lus assume o cargo de Capito-mor
da Capitania do Maranho, o Coronel Lus de Vasconcelos Lobo, que viria a falecer no ano
seguinte. Cumprindo a O. R. de 22 de maio de 1751, prendeu os cidados Jos Cardoso
Delgado, carioca, Faustino da Fonseca Freire e Melo, baiano, Silvestre da Silva Baldez e
Jos Serro de Carvalho, maranhenses, e Manuel Lopo e Silva, pernambucano, remetendoos
para Lisboa, sob a acusao de que a Fazenda Real no Maranho se achava em poder
de cinco aves de rapina americanas que tinham nas unhas todo o seu veneno. Faleceram
todos na priso do Limoeiro, sem nada ficar provado, tudo por causa de uma denncia de
um rbula de pssimos antecedentes, Jos Machado de Miranda diz Csar Marques, ao
que contrape Rocha Pombo: a sindicncia apurou o desfalque de 5.000 cruzados (apud
Mrio M. Meireles).
Ano de 1752 22 de maio O Capito de Infantaria Severino de Faria o novo Capitomor,
que para Marques era homem virtuoso e de bons costumes, enquanto Ferreira dos Reis
diz que criou incidentes com o prprio Governador-Geral, no tendo o necessrio equilbrio
no cargo.
Ano de 1753 1o. de julho Carta Rgia desta data indefere o pedido dos habitantes do
Maranho para serem dispensados do tal donativo voluntrio, alegando serem os mais
miserveis de toda a Amrica, sob o fundamento de ainda no ter sido completada toda a
quantia pedida.
- O Estado do Maranho dividido em quatro capitanias subalternas: So Jos do
Rio Negro, Gro-Par, Maranho e Piau , cada qual com seu governador, subordinados a
um Capito-general e Governador-geral, residente em Belm.
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- 30 de abril Por carta Rgia desta data Mendona Furtado nomeado
representante da Coroa para tratar da questo de limites com os Comissrios espanhis, na
forma do Tratado firmado entre o Ministro da Espanha e o Plenipotencirio de Portugal,
concludo em 16 de janeiro de 1750.
- 5 de agosto O pe. Gabriel Malagrida faz seu Recolhimento de Nossa Senhora da
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Apostila de Historia do Maranho - Klaus Roger B. da Cunha
Anunciao e Remdios, a primeira escola feminina do Maranho.
- 4 de outubro Toma posse em Belm, perante o Governador-Geral Mendona
Furtado, como Capito-mor da subalterna Capitania do Maranho, o Brigadeiro Gonalo
Pereira Lobato e Souza. Entre outros atos do novo dirigente contam-se a abertura da
Estrada para a Estiva e o incio do Canal de Arapapa, obras que fez s suas custas; a
recuperao, por parte da Coroa, da Capitania de Cum; a extino da Companhia de
Privilegiados e incorporando seus elementos ao Corpo de Milcia; e a expulso dos padres
jesutas. Foi ele ainda, segundo Csar Marques, que mudou o nome da Capitania de Cum
para o de Alcntara, com grande pesar dos moradores que queriam conservar o primitivo
como memria para sempre.
Ainda no governo de Lobato e Souza deu-se a transformao, em vilas, das aldeias
de Maracu, Carar, Uagoiaba, Guarapiranga, Guanar eAtotia, agora chamadas,
respectivamente, Viana (8/7/55), Mono (16/7/55), Vinhais (1/8/55), So Jos de
Guimares (19/1/56), Nossa Senhora da Tresidela (7/6/56) e Tutia (1/8/56), alm da
criao das de So Jos de Ribamar (5/8/55), So Joo de Crtes (4/10/55), e Lapa e Pias
de So Miguel (25/4/56).
Ano de 1754 2 de outubro Retirando-se Mendona Furtado, interinamente assumiu o
governo geral o Bispo D. Miguel de Bulhes.
Ano de 1755Mais uma vez desentenderam-se Governador e Bispo por causa de um boato
sobre a descoberta de uma mina, obrigando a Corte a proibir que aqui se fizesse qualquer
descobrimento de minas sob pena de priso e castigo.
11 de abril Toma posse, por procurao, o bispo D. frei Antnio de So Jos.
30 de junho Liberdade dos ndios. Mendona Furtado d cumprimento Bula
Pontifcia de 20 de dezembro de 1741 que declara livres todos os ndios.
Ano de 1759 Terceira expulso dos jesutas, agora no s do Maranho, mas do Brasil e
de todo o reino.
- 2 de maro Assume o governo do Estado como Capito-General D. Manuel
Bernardo de Melo e Castro, que nada fez, segundo Csar Marques.
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Ano de 1760 14 de julho Finalmente embarcam para o Par os ltimos jesutas, 86
religiosos,e os bens da Companhia, mveis, imveis e semoventes, em grande quantidade,
so postos venda ou confiscados.
Ano de 1761- 16 de julho - Joaquim de Melo e Pvoas. Para completar o nepotismo,
Pombal, alm de por no Governo-Geral do Estado seu irmo, Francisco Xavier de
Mendona Furtado, nomeou ainda para Governador da Capitania do Maranho seu
sobrinho Joaquim de Melo e Pvoas.
Deu-lhe o tio muitos conselhos, contidos numa carta que ficou clebre e entrou
para os anais da Histria, entre os quais: 1) engana-se quem entende que o temor com que
se faz obedecer mais conveniente do que a benignidade com que se faz amar; 2) quem
governa, se no pode conservar a sade do co