hernandes dias lopes & arival dias casimiro_revitalizando a igreja

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, !, N. busea por urn. Igrej. viva. santa e operosa , REVITALI NDO f

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Page 1: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

• ,

!, N. busea por urn. Igrej. viva.

santa e operosa ,

REVITALI •

NDO f

Page 2: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

-

,

UMA MENSAGEM URGENTE A IGREJA EVANGELICA BRASILEIRA ESIC livfO e um bradQ de fllerta a igreja evangelicl braslleira. Hoi igrcjas estagnad~s e ha igrejas que jfl para~am de crescer, Ha as que crescem apenas -numericamente. maS ja perderam de vista 0 compromisso com 0 evangelho. Precisamos orar e trabalhar por: sua revitaJiza~ao. Predsamos restaurar o fervor espiritual. Precisamos de uma refonna e de urn reavivamento na igreja brasHeira.

A proposta dC:'stc livro c dcspcrtar a igreja para UIll

cre~dmento saudavel, oferecendo orientac;oes da Palavra para alqn~r esse prop6sito.

Leia com atenttao Cltle livro e junte·se a n6s nessa bend ita causa!

• •

Page 3: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

HERNANDES DIAS LOPES --­- -- ARIVAL DIAS CASIMIRO

REVITALIZAN DO

No busca por uma igrela viva , sonIa e operosa

VOX LITTIli:I!'

Page 4: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

C 2012: por Ilernandcs Ol:U Lo~ ~ Arj\";I1 Di;u U)lmiro

RC'o'isjo

RPlJu~1 HrilJ"," Dom K(lriwr

Cop.>

/\faq""utri" ,\tudio

Oagr"JInJI,..iu

:inm'r" O/ll~'m

EJilOr

JII'III Olr/Ol M(lrt;lIQ.

CoorJe/ladnr de pmdu\lin Mauro \f{ Trrrmglli

Imprc:u:io c aobamenfO Imprrnsn tid fl

Todru os dirciros dt:!>tJ o:di\1io rt:)C.'rv, ldo~ p,lm:

Edi!Of"J Hagno.~

Av. Jacinto JUlio, 27 04815-160 - S:io Paulo . ~I' ' IrU F:u:: (II ) 5668-5668 [email protected] - ......... ·w. hagnos.com.hr

D ados IOl ern aciona.is de Calaloga~ao na rubJ ica~ao (Crr) (Ca ma ra 8rasiJeira do Livro, sr. Br.as iJ)

Lopes, Hern .. nd~ Dias RcviraJiundo.l igrcp I PCCldo : C rinianismo & Ari,.1 Oia~ Casimiro. - Sjo P.lulu : Ilagllo~, 2012.

ISBN 978-8>-7741-102-2

I. Igrrja • Cn:~mu:nlO 2. Miss:io <1:1 igreja 3. PaiavrJ de Deu~

4. Rravivamcnto (Rdigijo) 5, RClloval;ao da igrcJ.t I. C:lsimiro, ATlya! Dt.ls.

II. TItulo.

12-0URO CDD-':!61.0017

Indil.:cs par .. c':l.I.ilugo \i5tC'm.ilic:o:

I. Igrt'j.1 (r~\cimen I O e re.no\,:1I;ao Cri~ti.t nt~mt'

26.2.001-

De d cat 6 r a

DEDICAMOS ESTE UVRO 30 Rev. Marcos evero, hornem

de Deus. servo fid. vaso de honra. plamador de igrejas no serrao brasileiro. exemplo de dedical"io a causa do evange­Iho de C risto.

Page 5: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

Sumarlo

Prefacio 7

POR: HERNANDES DIAS LOPES

1. Enrendendo a necessidade de reviraliza<yao

da igreja 11 2. Revitalizando J lideran,. 31

3. Rcvitalizando a prega,ao 59

POR: AruvAL DlAS CASlMl RO

4 . Revitalizando a visao celesrial

5. Revirallzando a missao

6. Revitalizando a visir:H;:ao

81 97

121

Page 6: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

Prefac 0

ESCREVER ESTE LlVRO ern parceria com Arival Dias

Casimi.ro roi urn grande privilegio. E isso, por varias razoes.

Primeiro, potque sci do compromisso desse disrinro pastor

com 0 projero de revi(aliza~ao e pianracyao de novas igrejas.

Segundo , porque sua vida e sua l.ida esrao direcionadas a

essa sublime causa. Terceiro, porquc ha dais allOS (cnho

a honn de rraballiar a seu lado. cooperando com a Igreja

Presbiteriana de Pinheiro" em Sao Paulo, igreja pastoreada par ele h. mais de urna decada.

o assumo que abordamos oeste livro e de vital impor­

rind a para a igreja brasileira. Uma igreja sauciivei precisa

cresecr. Uma igreja sauciivel cresec naruraLncnrc, pais e 0

carpo vivo de Cristo. No secwo 21, pacem cstamos venda

milhares de igrejas morrendo aD cedar do mundo, especiaJ­

mente na Europa e America do None. fu doenc;:as farais

que rem !evado essas igrejas a mane ao redar do mundo

estaO presentes entre nos rambem.

Nossa convio;ao e que a igreja brasileira precisa passar

par uma rcforma reugiosa. Com isso, nao esramos sugeri n­

do que a igreja deva buscar as {drimas novidades do mef­

cado da fe. Estamos dizendo que a igreja bras ileira p recisa

voirar-se para as Escriruras. Nao se trata de uma refo rma

Page 7: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

Revitalizando a igreja

de mcmdos. mas uma volra as mesmas verdades essenciais

proclamadas n3 Reforma Proresran re do seculo 16, ou seja,

uma volta a doutrina dos ap6stolos de Jesus CriSto.

Temos visto. com profunda pesar, muitas igrejas

dcsviando-sc da sa doutrina e capitulando dianrc dos di­

[ames do pragmarismo. Mujros pasrores es[J.o vcndcndo

sua consciencia e rransigindo corn a verdade. Muj[QS 11-dert~s estao mercadejando a Palavra de Deus, buscando no

evangclho apenas uma fome d e luero. Temos vis[Q igrejas

cheias d e pessoas vazias do conhecimento de Deus. Tcmos

visco mulridoes cOI'rendo. sofregamenrc, amis de cisrernas

rotas que J1aO retem as aguas. Temos visto uma igreja­

-mercado, cujo proposiro predpu o C 0 cn riquecimenro de

seus lideres.

Par outro lado. temos visco muiras igrejas minguando

porque foram sed uzidas pelo liberalismo teol6gico. Trafdas por uma faisa erudjc;:ao, rendcram-se aos cnganos da

Antiga Serpenre, e abandonaram a confian<;a na infalfvel,

inerrante e suficiente Palavra de Deus. Todas as igrejas

que abracraram 0 liberalismo [eologico es[J.o morrendo.

Foi assim n3 Europa, csd. sendo assim nas Americas e

sera ass im em qualquer lugar do m undo. A igreja nio rem

anddoro para enfren tar 0 liberalismo. Um pastor liberal

jamais V::U ali mentar 0 povo de Deus com a Palavra. Uma

igrcja liberal jamals experimenrad. reavivamellro espirirual.

Uma igreja liberal jamais plantad novas igrcjas.

Prefacio 9

Angustia-nos, ou[rossim, 0 que ocorre en rre algumas

igrcjas ortodoxas e ze losas da sa doutrina. Mesmo defen­

dendo a sa dourrina, algumas dessas igrejas perderam 0

fervor esp irirual, como aconreceu com as igrejas de Efeso

e Laodiceia. Precisamos nao apenas de uma rcforma. mas

tambem de reavivamento espiritual. Precisamos nao apenas

de ILiz na m cn te. mas tambem de fogo no co r3<;:ao. o livro que voce rcm em maos atmrda esse assunro de

forma clara c direra. E apoma uma saIda. A nccessidadc

de revitali7..armos a igreja, a fim de que e1a plante novas

igrejas saudavcis. Na busca pelo crcscimenro da igreja, nao

podemos ser seduzidos pela llumerolatria nem pela numc­

rofobia. Jesus nao se impressiona co m multidoes, e1e quer

disdpulos. Jesus mio se impona co m nlimeros, porque por

rr:is dos nllmeros cxlstcm pessoas par quem d e dcrramou

o se ll sangue.

Que Deus nos ajude a caminhar rcsoilltamcmc nessa

dircyao d e [crmos wna igrcja viva, santa e opcrosa; uma

igreja saudavel , reavivada e cheia do EspIrimj lima igreja

que adore a Deus com fe rvor. que proclama 0 evangelho

corn fidelidadc c plante novas igrejas corll enrusiasmo.

Hernandes Oias Lopes

Page 8: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

1 Entendendo a necessidade de

revitaliza~ao da igreja

H ERNANDES DlAS LOPES

A IGREJA e urn organ.ismo vivo. Ela cresee naruralmcll te. Se

nao cresce e porque esra doenre e, se esca docmc. precisa ser revitalizada. Um3 igreja pode adoecer e ate morrer. H:i

m uiras igrejas morras hoje. Nao esrou, com isso, dizendo

que urn individuo salvo perde a salva9io. Estou dizendo que

uma comunidade que abandona a sa dourrina e daudica

no resremunho to rna-se como sal sem sabor, que para nada

mais presta. A Europa, que fo i benro da obra missio llaria

e rambcm celeiro de ranros te61ogos de referenda. e considerada hoje urn continence pas-cristao. Menos de

4% da populac;ao fxequema uma igreja cvangeliea. Nos

Esrados Unidos da America e no Canada [cmos visro mui­

tas denomilla~6es sucumbircm ao liberalismo rcoi6gico e ao secularismo. Milhares de igrejas sao lechadas todo,

as anos. Templos sunruosos, que revelam as gl6rias de lima igreja viva no passado, esGio vazios. Mesmo aquelas

Page 9: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

2 Revitalizando a igreJd

denominac;:6es que conscrvam a sa doutrina esrao perdendo

membros [Odes as anos. Precisamos de urna reforma e de

wn reavivamcnro. No Brasil. [emos visto uma explosao das igrejas

neopcntecostais. Pacem 0 cTescimento numerico dessas

comunidades naD representa 0 crescimento saudavel da igreja. a verdade, nao Ii 0 genuino evangelho que

esta crescendo de forma taO colossal no Brasil , mas urn

eva ngelho hlbrido. sincrerico, Dutro cvangelho. Tamo 0

liberalismo como 0 sincretismo religioso mamI11 a igreja. Ambos afastam 0 povo da verdade. 0 Iiberalismo tira da

Escrirura 0 que ela concern e 0 sincrcrismo acrescenta a e1a

o que nela nao pode ser inserido.

Prccisamos buscar 0 crescimenro saud:ivei da igreja.

Nao devemos nos conrenrar com grandes ajun[amenros.

Jesus nunea se impressionou com as muJdd6es que 0 st:­guiam apenas a cata de urn rnilagre. Jesus nao busca adrni­

radores, e1e quer disdpulos.

SINAJS DE UMA IGREJA QUE ('RECISA S£R REVlTALIZADA

Quais sao os sinais de fraqueza d e uma igreja? Como

podemos diagnosricar as doen,as que levam uma igreja a moTte? Quando uma igreja precisa ser rcviralizada?

Em primeiro lugar. uma igreja precisa ser revitalizada quando cia perde sua imegridade dou[riniria. Mesmo 0

Brasil sendo hoje 0 maior produ tot de Biblias do mundo,

Entendendo a necessidade de revitalizac;ao da igreja 13

temos uma igrtja analfabeta da Biblia. Muicos pulpicos

sonegam ao povo 0 pao nutritivo da verdade. Mui[Os pre­

gadores of ere cern ao povo a palha seca de Slias ideias em

VeL de oferecer ao rebanho de Deus 0 rico cardapio das

Escrituras. Movidos pelo pragmatismo, muitos pregado­

res pregam 0 que 0 povo quer ouvir e nao que 0 precisa

ollvir. Pregam para ent reter 0 povo e nao para leva-Io 30

arrcpendlmento. Pregam sobre prosperidade na [e[ra e

nao sabre as riquezas do ceu. Pregam sabre as direiros do

homem e nao sobre a gra~a imerecida de Deus. Pregam

uma panaceia para acalmar as dores do agora e nao sobrc a salvac;ao crerna. A igreja evangclica brasiJeira precisa vohar

ao antigo evangelho, ao evangelho da cruz. Os pregadores

precisam voirar a pregar sobre arrependimento. novo nasci­

menro, jusri£cacyao pela fe, regcnera~o. santificac;ao. vida eterna, jUlzo vindouro. A unica passibilidade de eura para

uma igreja docntc e dar a e1a uma dicta balanceada da mesa farra de Deus. Devemas anunciar [Odo 0 desfgnio de DeliS.

Como mordomos de Deus, nao podemas reter 0 alimenro aos seus 6lhos.

Em segu ndo lugar, lima igrcja precisa ser revitalizada

quando suas rcuniDes de orac;ao es tao agoni'l.ando. Vma

igreja fane eam inha de joelhos. Uma igreja viva anseia por Deus mais do que pelas bcns;.ios de Deus. Intimidade com

Deus e rna;'; importante do que trabalho para Deus. Vida

com Deus precede trabalho para Deus. A obra de Deus

Page 10: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

Revi lalizando a igreJCt

nao e urn substituto do Deus da obra. Nunca houve aviva­menco espirituai sem despertamcmo para orac;:ao. Quando a igrcja ora, Deus trabal ha por eia, nela e atraves dela. 0 poder nao vem como resuitado dos nossos merodos. mas como resposra a ora\30. Deus nao unge merodos, Deus ungc homens de ora~o. as dias mais vigorosos da igreja foram os tempos em que 0 povo de Deus associou orac;:ao e Palavra.

Em [crceiro lugar. uma igreja precisa ser reviraiizada quando a comunhao dos cremes rorna-se urn Elm c nao lim meio. A igreja nao vive para si mesrna. Nao abasrece a si mes­rna para gastar rada a sua encrgia consigo. A igreja que nao evangeli7.a precisa ser evangelizada. A igreja e urn corpo mis­

sionario au urn campo missionario. Comunhao sem missao e falta de vis:io dos campos que estao brancos para a cdfa.

Em quarro lugar, uma igreja precisa ser revitalizada quando 0 secularismo invade suas porras. Alguem disse com ratio: "Eu fui procllrar a igreja e a encontrei no mundo; fui procurar 0 mundo e 0 encontrei na igreja". Em vez de ser lu? no mundo, a igreja rem-se conformado 30 mundo, sendo amiga do mundo, amando a mundo e sendo julgada com 0 mundo. Uma igrcja que parece sal insfpido precisa ser reviralizada. Vma igreja mundana precisa de urn sopro de alento do alto. Uma igreja cujos membros Se aparram da pureza do eva ngelho precisa ser rrazida de volta ao evangelho da gra~a.

Entendendo a necessidade de revitalizac;ao da Igreja IS

Em quinro lugar, uma igreja precisa ser reviraHzada quando os crentes buscam as bens:a,os de Deus em vcz do Deus das benlTaos. Nossa gerac;ao mudou 0 eixo do evan­gelho. A pregac;ao conremporanea e as musicas evangelicas nao falam mais da soberania de Deus na saivacyao, mas nos direiws do homem. Nao e mais a vontade de Deus que precisa ser feita na terra. mas a vontade do homcm que precisa prevalecer no ceu. A prcgas:a,o conremporanea est:l focada no hom em e nao em Deus. Nao e mais 0 homem que esra a servic;:o de Deus, mas Deus e quem est<i a servi<;:o do hom ern. Colocamos as coisas de ponta-cabe\",.

Em seno lugar, uma igreja precisa ser revitaIizada quando ela dcixa de plantar novas igrejas. Temos vis­to igrejas morrendo par comer demais sem gas tar essa energia na obra. Igrejas que nao saem do lugar, ao longo de decadas. Igrejas que nunea gcraram filhas espiritllais. Igrejas que investem wdos 05 seus rccllrsos em Sl mesmas, no seu deleire, no seu co nfo rro, mas jamais iniciaram wn

ponto de pregac;:ao, jamais come~ram uma congregacyao, jan1ais planraram uma nova igreja. Mulriplicamo-nos ou morremos.

Em serimo lugar. uma igrcja precisa ser reviralizada quando as formas rfgidas tomam 0 lugar da essencia do evangelho. 0 crisrianismo nao e uma coler;:ao de rcgras, mas um relacionamenw vivo com 0 Deus vivo. Nao po­demos rdariviz;u a verdade nem engcssar os mcrodos. A

Page 11: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

Revilalizando a Igreja

mensagem c illlunivei. mas os merodos poclcm e clevelll .lie adequar ao seu rem po.

OUIANDD NO RETROV' SOR

OS [em po. [enebrosos da persegui,iio haviam chegado. As nuvens escuras da oprcssao ja se formavam no horizon­

rc. 0 imperio romano esrava vivendo lempos de grandc

tensao desde que Nero subiu ao poder em 54 d.C. Em 64 d.C., 0 imperador Nero coloeou fogo em Roma, a capital do imperio. e vestido de arcr, subiu aD alro da torre de

Meeenas, de onde assistiu aD rerrlvcl esperaculo das chamas

lambcndo a cidade dos Cesares. Foram scis dias e serc noi ~ rcs de deVaSt.1dor incendio. Nero queria lIlna cidade mais

moderna. Por iSSQ, destruiu a capital para reconstruf~la a

panir das cin7.as. Dos quatorLc bairros de Roma, dC'"l. fo­

ram devastados pel as chamas. Os qU3rro bairros rcsranrcs

cram densamenrc povoados por eristaos c judcus. Isso deu

a Nero um a:.Iibi para colocar a culpa do inccndio crimi no­so nos erisraos. A parrir dai, uma brmal perseguir;ao eonrra as crisraos foi desencJdeada.

Muito sanguc foi derramado. Os cremes cram

enrolados em pclcs de animais e jogados na~ arenas para os

cacs ll1ordercl1l, os touros pisarem e os leoes esf.1imados da Ubia devorarcm. Os erenres cram amarrado~ e qllcimados

em prac;:a pllblica para iluminarem as nohes de Roma. Os

cremes cram morros a pauladas. afogados e lOrrurados

Entendendo a necessidade d£> revltalizac;:ao da Igr£>ja

com cruel dade. A insanidadc do imper:ldor foi callra que

naqucia epoea f.1lro ll m'ldeira para fazer cruz, ramanha era

a quanridade de cremes crucificados na cidade imperial.

Em 66 d.C .. esrourou uma revolu'f30 na Palesrina em

virntde de problemas religioso, entre judeu5 C gregos. 0 imperador cnviou para 1:1 0 general Tiro Vespasiano para eSlanear a revolu,iio. Por volta do ano 67 d.C., Paulo e condenado a morre em Rom3 e degolado. Segundo a rra­

di,iio Pedro foi erucilieado de eabe,a para baixo. Todos os demais aposrolo,CI for:ll11 igualmcnrc marririzados em ourro~

recanros do imperio. No ana 68 d.C., 0 ~enado romano

pressiona Nt:ro; ele loge de Rom:l e u~ifJ. sua propria vida.

No ano 70 d.C., TitO demoi Jerusalem c dispersa judeus e erisraos pelo mundo. Em 86 d.C., Domiciano ,LSsume 0

governo de Roma. Foi dl:lmado de "0 segundo Nero". Foi

o primeiro impcrador a arrogar p.lrJ si 0 lfruJo de "Senhor

e Deus". Foi esre perseguidor impiadvel que departou 0

aposwio joao, llllica sohrevivenre do colcgio aposrolico.

entao pastOr em Efcso, par.t a ilh'l de Palmos. o proposj[Q de: Domiciano era calar a vo? do ultimo

apostalo de Cri~[(). F nccrrJndo-o naqueb inospir:l e vuJd.­

niea ilha, fc.:choll 1Od..1S J!I: porr~ da terra. NeSSI: momen~

to. parem, Dew;, 3briu~lhc lima parra 110 tell. Quando a

hisroria parcc:iJ caminhar pi-Ira um dcs~llino inexplidvel.

Dcus abriu as ,oninas do ("muro e rc\"dou nlo as coisas

que poderiam JCOJ1[cccr, mas 3S enisi.'s que ,'50 aconrecer.

Page 12: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

18 Revitalizando a igreJa

Par mais sombria que seja a realidade presence, a hisroria mio caminha fumo aD desasrre, mas para uma consumac;ao final e gloriosa. 0 maJ flaO rriunfara sabre 0 bern. A memi­

ra !laO prcvaleced. sabre a verdade. A viroria sera de Cristo

e de sua igrcja.

Cristo mosrrQlI a Joao nao apenas as coisas que

poderiam aconrcccr, mas as coisas que vao aconrecer.

Mesmo naquele sombrio tempo de perseguic;ao, Deus

csrava no (rona e 0 Cordeiro rinha 0 livro da Hisr6ria

em suas ma~s. Era urn dia de domingo, quando 0 Crism

gIorificado apresemou-se a Joao na ilha de Parmos. Joao

ouviu arras de si uma voz de rrombeta. dizendo: .. Escrelle em am liuro 0 que 'yes e envia-OI as setes igrejas dll Asia: Efeso, Esmirnfl, PirgflTl/O, TilltiTfl, Sf/rdes, Filadi/jill e Laodieeifl ': Quando Joao vo!mu-se para vcr quem faJava com e1e, nao

viu Jesus. mas viu os sere candeeiros de ouro. sirnbolo das

sete igrejas c no mcio clas igrejas. um scmclhante a urn scr

humano. Na verclade s6 podemos ver Cris(Q no meio da

sua igreja.. A igreja e 0 co rpo vivo de Cris(Q na terra.

Joao nao VC 0 Cristo humilhado. surraclo, esbo rdoado c

euspido que foi pregado l1a cruz. mas 0 Cristo gIorificado.

Sells cabelos cram brancos como a neve. Sells olhos, COmo

chum3s de fogo. Sua voz ressoava como a som de muitas

agu:1~. Seu'\ pes eram como de bronze pulido c sell ro~ro

hrilhavJ Lomo sol em seu fulgor. Quando JlljO viu 0 Cris[O

da gloria. c.1iu como murto ;l sellS pes. 1\1a5 Jesus colneou

-Entendendo a necessidade de revltaliza(:ao da igreja

sobre ele a mao dircira e Ihe disse: "Nao lemas. ell SOil a primeiro e a Ii.Ltimo. Ell SOli a que vive; fiJi marta. mas agom estOll vivo, vitIa pam lodo s~mpre e tl'llho as chaves da morte e do i nftrno ':

Joao viu Jesus nao apenas enrre as igrcjas (AI' 1.13),

mas andando no mcio da igreja (2. 1). Jesus anda nO meio

da igreja para sonda-Ia, exorr:i-Ia, repreende-Ia. disciplimi­

-Ia e encoraja-Ia. Ele e 0 dono da igreja, 0 Salvador da igrcja

e 0 Senhor da igreja.

Para cinco das sere igrejas (Efeso, Tiatira, Sardes,

Filadellia e Laodieeia) Jesus usou a mesma expressao:

"ColllJefo lua.s obra.s': Jesus conhcce voce e conhece a que

voce faz. Aquilo que voce fez. e seu conjuge nao Bcau

sabendo. Jesus sabe. AquiIo que voce fez as oeul,as Jesus

conheee. Nada fica oculw diante Daquele cujos olhos sao

como chamos de fogo.

Para a igreja de Esmirna, uma igreja sofrida por causa

da pobreza e cia perseglli~ao, Jesus diz: uConhefo tua tri­

buLafiio e tua pobreZll~ Jesus conhece nossas dares e nos­

sas necessidadcs. Conhece nossas angllstias, nossas noires

indormidas e nossas madrugadas insones. Jesus conhect:

nossas limiraryoes e n05sas carencias.

Para a igreja de Pergamo, grande centrO urbano, onde

estava instalado 0 templo de Escuhipio, 0 deus cia cura,

simbolizado por uma serpente, conde esr3va insralado

o primeiro templo de adora c;:ao do imperador romano

Page 13: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

20 Revitallzilndo a igreja

na .Asia, Jesus diz: "S~i onde bnbittlS, olldl' ('sIll 0 Irono de SatandJ ~ Jeslis conhece 0 lugar onde a igrcja esui c.)[abe­

lecida. Jesus conhccc nossa vida, nossas circullsrjncias e a

geografia de onde estamos estabelecidos.

Quando Jesus examjnou eSS3S Sl::rc igreja da A.Si.l.

c1ogioll duas delas scm fazer qualquer censura: as igrc­

jas de Esmirna c de Filadel£a. Essas duas igrej3!1 cram as

rnais pobres t! mais fracas igrejas da Asia. Jeslis Jisse que

a igrcja de Esmirna era pobre e a igreja de Filadclfia era

(nlea. Muir3S vezes tcmos uma concepc;:io errada do que

seja lima igreja rica e do que seja lima igrcja fone. Para

a pobre igreja de Esmirna. Jesus di~se que cia era rica e

para a fraca igreja de FiladeJ.fia, jcsus disse que de tinha

colocado dianrc dela lima porra aberra que ninguem po­

dia fechar.

A quarro das sc[c igrejas jesus fez e1ogios e ccnsuras, a

saber, a, igrejas de Efcso, Pergamo, Tiatira e Sardes. Efcso

tinha dourrina, mas nao amOfj Tiatira (inha amor, mas

nao doutrina. Doutrina scm arnor nao agrada a CristO,

nem alllor ~Clll dourrina. Pergarno cstava abrindo sllas

portas para as falsas dourrinas dos nicolaitas c tambem

dancio gllarida a!! dourrinas d e Balaao, enqllanm 'Tiacira

csrava rolera.ndo a ralsa profetisa j ezabel. Sardes t inha

nome de lima igreja viva, mas csrava morta. Apenas 11I1S

POLICOS membros Olinda conservavam Slla.~ vestiduras

inconraminadas.

=

Entendendo a necessldade de revitJlizaJ;c1o da igreja

UMA JGREJA QUE I'RECISAVA SER REVIIALIZADA

jesus faz apenas cellsums a igreja de Laodiceia e nc­

nhum elogio. Curiosameme, cssa era a mais rica igreja da

Asia Menor. De faw, aquila que imprcssiona os homens

nao impressiona a jesus. Aquilo que arranca aplausos na

terra nem semprc e aprovado pdo ceu.

A igreja de L'lOdiccia rinha prospcridade, ortodoxia e

erica, mas esrava callsando nauscas em jesus. Vamos nos

deter um pouco sobre a vida dcssa igreja opulema da Asia

Menor e rirar algumas 1i<;6cs para n6s, com vistas a revim­

lizacrao da igreja conremporanea.

Desracamos, a. guisa de inrrodur;3.o, a posi<;ao de Jesus

em rela<;:ao a essa igreja. Jesus e fie! e relevante. Elc Ie 0 texro

eo conrex{Q. Elc nao da rt=~postas a pcrgunras que 0 povo

nao esra fazendo. Ele comc~a CX3ramente onde esramos.

Talvez voce ja tenha se pcrgunrado por que jesus llSOU as

figuras de agua queme, fria e morna. Ou porque jesus usou

a figura do ouro, das vestes c do coliria ao dirigir-sc a cssa

rica igreja.

Antes de dirigir-se :i igr~ja. jesus dcmonsrrou conhe­

cimento da geografia onde a igreja estava estabclecida.

Laodiceia era a mais rica cidacit: do valc do rio Lico, a re­

giao mais forti I da Asia. Naguela regiiio havia treS cidades:

Hier:ipolis, Colossos e L,odiceia. Hierapolis e ra Inundial­

mente famasa pcbs suas aguas qucnres, que brotavam das

rochas ca1cirias brancas e desciam pelo castcio de algodao,

Page 14: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

formando PISCIIl3S naturals de aguas qucnrcs, para onde

aRufam pcssoas de todos os cantOS em busca de banhos [c­rapemicos. ja a cidade que ficava do omro lado. Colossos. era fam osa por suas fontes de aguas gelada • rambem [c­rapellticas, e rcccbia milhares de pessoas codas os dias de todos as recantos cia Asia. Laodiceia. a maior dessas rres cidades. nao rinha fon res de aguas. As aguas que chega­vam a esse grande centro urbano vi nham das monranhas.

anaves de aquedutOs. As aguas chegavam a Laodiceia mornas e rcp idas. improprias para beber e scm nenhum efeito [erapeurico. jesus apanha esse gancho da gcografia para dizer a igreja de Laoruceia que ela era semelhanrc as aguas que chegavam a cidade. morna. jesus chegou a exclamar: '(Quem ciera fasses quenre (como as aguas de

Hierapolis) ou fria (como as aguas de Colossos) . Mas. porque es marna (como as aguas de Laodiceia) estou a ponro de vom irar-(c da minha boca".

Por que jesus usou a figura do ouro refin.do pdo fogo? Porque Laodiceia era 0 maior ccnuo bancario cia Asia Menor. Toda 0 allro produzido na regiao era refinado em Laodiceia e dali comerciaJizado para todo 0 imperio. A cidade era tao rica que, no ana 46 d.C., mcsmo depois de ser desrrufda par urn tcrrcmoro avassalador, roi rcconsrrulda scm recursos do imperio. a s homens cndinheirados de Laodiccia Icvantararn a cidade elas cinzas. Jesus mostra que a igrcja, apesa r de rica de bens materia is, era pobre

»

Entendendo a necessidade de re ... italiza~ao da igreja 21

espirirualmcnte. A carra de jesus it igreja de Laodiceia desb.nca a reologia da prosperidade. A igreja mais rica da

Asia era a pobre aos olhos de CristO. Por que Jesus USOLI a Figura das vcs(es alvas? Porquc

Laodiceia era 0 maior centro rcxtil da Asia Menor. A cidade esrava cheia de fah ricas de tecidos. A 15. negra era muito famosa e de Laodiceia era exporrada para 0 res to

do mundo. A cidadc se orgulhava de suas muiras fabricas. jcsus, pon~m , dCH3COU que cmbora a cidade vestissc 0

mundo com suas roll pas, vivia cspiriruaimenre nua. Par que Jesus lISOU a Figura do callria? Porque Laodiceia

era 0 maior centro ofralmol6gico da Asia. A cidade rinha o mais avancrado rr::t[amcnto para as doencras dos athos. Ali sc produzia 0 po frlgio, um remedio quase milagroso para o rraramento das docn<raS ocu lares. Jesus diz para a igreja que, embora estivcsse numa cidadc desenvolvida na :irea da med icina e {ivesse os mais avans:ados rratamentos na area ofralmolOgica. eSfava cspiritualmente cega.

Pensando na questao da reviraliza<;.ao da igreja, desracaremos nes ponros imporranres ace rca da igreja de Laodiceia.

Em primeiro lugar. 11m diagnostico p/"eCiso (Ap 3.1 5-17) . Ames de dar lim diagnosrico preciso acerca da rca] siruacrao da igreja de Laocliceia, vale dt.::sracar 0 que jesus nao idenrincoLi n3 igreja. Primciro, jesu~ nia viu na igreja -de Laodkeia m:nhum ~inal de hcrcsia. Nao ha qualquer

Page 15: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

Rellitalizando d igre)3

denllllcia de que a igreja esrivesse acolhendo fitlsos aposrolos.

pregando [-usas dou"inas. Nao ollvimos faJar de heresias nessa igreja. A'i domrinas de Balaao e os fuJsos ensillos de

Jezabel estavam longe dessa igreja. A igreja de Laodieeia e uma igreja orrodoxa. Segundo. Jcsus nao vill 113 igreja de

Laodicci,t n<nhum problema moral. Noo h;i qllalquer (el1sura tlccrCi1 da vida moral dos cremes, como vemos nas igrejas de Pergamo, Tiatira e SarJes. Era lima igreja erial. Terceiro. Jesus nao viu n 3 igreja de L10diccia ncnllLJllla

pobrc'"L.a marerial como viu nas igrcjas de 8mirna e Fibdelfia. A igreja er~1 prospera. Finalmenre. Jesus noio vc I1cssa igreja ncnhum \inal de perscguic;:-.lo como idenrificara Ila igreja de Pergamo. A igreja vivia em paz. Em ourra5 palavras. Laodiccia era uma igrcja ormdoxa, erica. prospera c rr..InquiIJ. Mesmo

assim. roi a igreja que recebeu a maior censura de Jesus. E

por que? i'orque Ihe [-ueou fervor espiritual. A igreja e.<tava morna, imlpiJa. insos.sa. sem fervor espiritlli.ll.

Um.l igrcja 'iCt11 fcrvor espirirual provoca nause.l.It e::m Jesus em Ve7. de !Ser 0 sell dclcire. Urna igr~ja podc rcr domri­nil cerm c ainda a~irn Ihe fuhar fervor. Pode reI' a vida ccrr;]

c .. linda .1S~im Ihe Lllrar fervor. Pode [e::r riquL"'Z;.l c paL C aind.l .1ssim Ihe f:lltJr fervor. Precisamo,!o, pcdir .10 E.o.plriro Sallro que:: )oprc 'iobrt· nos, re::movendo as cinlas c f:1lcndo :LCcllder novamcme as hra~<I". Prccisamo') de fcrvor c~piritu<ll!

Em segundu lugar. lIm apelo "'-gmre (Ap J. 1 8-20). Dc­pais de r.1zcr 0 dlagnosrico. Jesus faz urn apelo vccmcmc J

Entendendo a necessidade de fe-IIrlahzatao da Igreja

igreja. Mesmo se::ndo Sellhor e dono da igreja, em ve7. de dar ordens, preferr dar conselhos. Aproxima-se da igreja como urn mercador. que rem produro~ a vender. Os pro­du[Os sao viralmenrt: necessarios, mas 0 pre 0 C de gra~a. Vale ressalrar que a solu,ao para uma igreja que perdeu 0

fervor espirirual nao C r('correr as novidades do mercado da

fe, mas vo!mr-st' para Jesus. Equivocam-se aqueles que bus­cam novidades csrranha!S as Escrituras para !'CStaurar 0 fer­

vor espirirual. Essa reviraliz3cyao n50 e ulcanc;ada mediante

as variados mcrodos quc cngendramos. A re::vitalizacr3o da igreja cO obra de Jesus e ""r;i focada em Jesus. 0 proprio Senhor da igrcja C 0 remedio para uma igreja doe me.

Jesus ofcrccc a igreja de Laodict:ia ouro pur~, vcsrcs alV::l..')

e calirio para ungir O'i OUlO!!. A riqueza. de lJuc a igreja precisa

o:io e a riqucJ.a m:ucrial. E.'ita rClllo-la COIll abundancia: necessi ramos da riquC"/':l espirimal, d.lqllela que vern do Cell para eolocar J igrcja de po e fazer dela lim vaso de honrJ nas maos do Senhor. Precisamos de vcsres alvas. simbolo

da jllsd~a e da sanriJadc. A maior nccessidade cla igreja e saJvacao c santiJadc. Prctbamos de vi .. ao res(3.uracia para

compreendermos qual c ,\ boa. agrad.lvcl c pedeita vomade de Deus. Prccisamos do colfrio que so Je.::!lUS pode nos dar.

Jesus fa? uma decbra<;:1o e do.l IImJ ordcm. Jesus deixa

claro que de corrigc c rcprt:cndc Jqlld~s J quem allla.

Mesmo que <1 igrcja esrcja scm favor. cle n:10 dcsisrc dela. Agora. porem, c\igc da igrcja arrcpcndimenro. ! ao

Page 16: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

26 Revitalizando a igreja

hi rcvitalizacrao da igreja scm arrcpcndimenco sincero e

profundo. A igreja precisa yoirar ..10 primeiro amoco Precisa

volt3f 3 fome. Precisa de rcavivamenm cspiritual.

Jesus da um passo a mais e revela seu prop6siro de ref

intimidacle com a igreja. dizendo: "£StOll a portll e hmo,' se fllgub11 oltvir 11 minhn l'OZ e ahrir a porta, entml'ei em slIa

rasn, unrei com ele e elr comigo" (Ap 3.19). E rnuito rriSte pensar numa igreja em que Jeslis aincla csrcja do lado de fora. Que Jesus 1105 convide a (ear com de ja c alga maravi­

Ihoso; mas que cle queira cear (0110seo, ai e grac;:a indizfvcl.

Em rcrceiro lugar, "uma promena gloriosa" (Ap 3.14, 21,22). No versfculo 14, Jesus moma que tern autoridade para f.'ncr promcssas a igreja. 1550 porque de C 0 Amhn, tl uSlemunhn fiel e verdndeim. 0 principin dn. crillfdo de Dl'ltJ.

Jesus e a palavra final de Deus, 0 Alf. e 0 Omega. Elc e fie!, sua pabvra niio pode falhar e e!e vela pela sua palavra em cu mpri-Ia. Ele e 0 criador do universo, aquele que rrollxe a exisrcncia as coisas que nao exisriarn, Se do nada de rudo crioll, cnrao ele tern 3uwridade para resraurar a igreja c revimliza-Ia.

Jesu~ prornere que 0 vencedor se assemara com de no sell [rono, assim como de mesmo venceu t: se <1S5emOU COI11 0 Pai no [/'0110. Aqueles que rivercl11 comunhjo COI11

Cri~[() na intimidade da mesa, ru.\t'mar-se-ao CO Ill Crisro publicamenrc no seu trono. A comunhao da me~J c.: inti­ma; ;] g lorifica<;ia do [fona C publica.

Enlendendo a necessidade de revitahzac;ao da igreJel 7

No mes de julho de 201 I, estive visirando essa regiao cia antiga Asia Menor, hoje Turquia. Visirei cada uma das

sete igrejas da Asia Menor. Todas essas igrejas rnorrerarn. o que resta dcssas igrejas e apenas urn monrao de pedras e ruinas. Par que essas sete igrejas da Asia Menor morreram? Porque e1as nao ouviram 0 que Espirito Ihes disse.

Dessas sere igrejas restarn apcnas rulnas de urn passado glorioso que se foi. As glorias daquele tempo dis tante estiio cobertas de poeira e sepultadas debaixo de pesadas pedras. Hoje, ncssa mesma regiao, menos de 1% da popula¢o e de cristaas. Diante disso, uma pcrgunra lareja em nossa men­te: 0 que faz uma igreja morrer? Quais sao as sinrornas da morte que ameac;am as igrejas hoje?

Os S1NAlS DA MORTE OE UMA IGR£JA

Como podemos saber que uma igreja esta na iminencia de morcer? Quais sao esses sinais de motte? Vamos observar essc-s sinais a luz das sece igrejas da Asia Menor. E.ssas igrejas esrao hoi quase dais mil anos de nos, mas as causas que as levaram a morte sao as mesmas ainda haje,

A moru de IWlfl igreja Ilcollfrct quando eln u apartll do verdade. Algumas igreias da Asia Menor foram ameas:adas pelos falsos mesrres e sLlas heresias. Foi a caso das igrejas de Pergamo e Tiarira, que deram guarida a pcrniciosa dourri­na de Balaao c sc corromperam tanto na reologia como na

etica. Uma igrejJ nao rem 3lHido(Q para resisrir a apostasia

Page 17: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

RE"Vllalizando a iqreJa

e a mone quando a verdade e abandonada. TCIl"'IOs vis(Q es­

scs si nais de morre em muiras igrejas na Europa, America do None e tambt~m no Brasil. Algumas denominar;6es his­

toricas renderam-se tanto ao libcralismo como ao misticis­

mo, abandon ado a sa dourrma. 0 resu lrado ineviravcl foi

o esv3ziamenro dessas igrejas por urn lado ou 0 seu crcsci­

mento numerico por outro. mas um crescimcnro scm COI11-

promisso com a verdade e com a sanridade.

A morre de umt{ igrejfl tlcontea qUflntlo ~fa se mistum

com 0 mundo. A igreja de Pergamo csrava d ivid ida cmre sua

fidel idade a Cristo e seu apego ao mundo. A igreja de Tiatira rolerava a imoralidade sexual entre seus membros. a igrcja

de Sardes nao havia heresia oem pcrscgui~ao, mas a maioria do~ crenres eS(3V3 com suas vesrid uras cOlHam inadas pelo

pccado. Uma igre;a que Bena com 0 mundo para ama-Io '

e conformar-se com e1e nao permanccc. Seu ca ndeciro r: apagado c removido.

A morte de lima igrf'ja aconteu qut{ndo eln nao disUrllf sua decadencin espiriflltlL A igreja de Sardes olhava-sc no cs­

pdho e dava nota maxima para si mesma, di/..endo ser uma igreja viva, enquanto aos olhos de Crisro ja csrava mona. A

igreja de Laodiceia considerava-se rica e abasrada, quando na verdade era pob re e miscravel. 0 pior doenre e aqucle

que nao tem consciencia de sua en fermidade. Uma igreja

nunca esra taO a beira da morre como quando se vangloria dianrc de Deus pelas suas prerensa."i virrudes.

EntE"ndendo a necessldade de rellrtalilacao da 19feJJ

A morte dr IIm(l igrf'jn ncol1teu qUllndo eta nao IlSsocill

a dOlltri"" com II vitill. A igreja de Efeso foi elogiada por Jesus pdo seu zelo dourrinario, mas fai rcpreendida pOl'

(er abandonado seu primeiro amor. Tinha domrina, mas

nao vida; onodoxia, mas nao orropraxia; reologia boa, mas

nao vida picdosa. Jeslis ordenou a igreja que se Icmbrasse de oode rinha caido, se arrcpcndesse e volrassc a pr:hica

das primeiras obras. Se a doutrina e a base cia vida, a vida

predsa ser a cxprcbsa da dourrina. As dllas co isas nao po­dem vivcr scparadas. Uma igreja viva rem dOlItrina e vida,

ortodoxia e piedade. A moru dl! UJUII igrejtl IIcontece qllll1ldo Ibe jafta perse­

Verallfll 110 cll1l1illIJo do stlntitJadl!. As igrcjas de Esmiroa e

Filadelfia for.lIn elogiadas pelo Senhor c nao receberam nenhuma censllra. Mas, num dado momemo, nas dobras

do Futuro, cssas igrejas r3mbem sc af.'lS raram da verdade e

perder3ID sua relevancia. ao basta come~3r hem. e preciso terminar bem. Falhamos, muiras vezcs. em passar 0 basrao

da verdade para a proxima gera~o. Urn recemc esrudo re­

vela que a rerceira gerac;5o de lima igrcja j:i nao rem mais

o InC5mo fervor da primeira gcra~ao. E preciso miD apenas comes:ar a carreira, mas rcnninar:1 carreira c guardar ate! E tempo de pensarmos: como sed nossa igrcj3 nas pr6x.ima~ geral'oes? Que tipo de igrej. deixaremos para nossos filhos

e news? Uma igrcja viva ou igreja morta?

Page 18: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

Revitalizando a lideran~a

HERNANDP.5 DIAS LOPES

A CRISE AVASSALADQRA que aLinge a sociedadc ra.mbem a1-can~a a igrcj •. Embor. e rejomos assisrindo a um. explosiio

de cTescimento da igceja evangelica brasileira, naD [cmos

visro a correspondcmc [cansformac;:ao na socicdade. Mui­

ros pasrores. no afa de buscar 0 crescimcnro de suas igrejas,

.bandollam a gcnuino evangelho e capitulam mante do

pragmadsmo prcvaleccntc da culrura pas-moderna. Bus­

cam nao a verdade. mas 0 que fUllciona; n:io 0 que c certo,

mas 0 que da cerco, Pregam para agradar aos scus ollvinres

e nao para leva-los :10 arrcpendimenm. Pre-gam 0 que cles

querem OU\'ir e naD 0 que do prcci~:'lm ouvir. Prcgam urn

Quero cvangelho, um evangelho ;H1rfOpOCcllrrico, de CUfas,

milagre~ e prospcridadc. C l1aO 0 evangelho da cruz de

Cristo. Pregam n .. ttl rodo 0 consclho de Deus, ma~ dOUlri­

nas t'ngcnJradJ'i pdm; homen ... Prcg.ln1 Ilao a~ bcrirura .. ,

mas as rcvelalfot:"i Jc ~t:W. prop rim corar;6cs.

-

Page 19: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

Revitahzando d rgreja

o re5ulr.ldo desse semjevangelho l~ qlle multo:, pas­

core:, t: prcgadorcs passam a fazer do pulpi[Q urn b'llcao

de negocios. lima pra~a de barganhas, ande .s bCIl~50s e os milagre:, de: Deus sao comprados por dinhciro. Oll[ros

passam a governar as ovdhas de CriMo com dureza e rigor.

Encasrclam-se no [Opo de uma rcocracia absolUlisra e rcjci­

(am ser qllcsrionados. Exigem de sells hcis Lima obediencia

slibservicllIe c cega. 0 resulrado e que 0 po"o dt:' DeLIS

perece por {alra de conhecimento e dt: pamdigm3s.

A crisc rcologica e dourriniri.l desagua na crise 1110-

ral. Nessa perda de referenciais, ffiuim!i liden.::s tem caido

nas armadilha~ insidiosas do sexo, do poder e do dinheiro.

A crise moral na vida de muiws pasrores brasilciros tern

sido urn rerrcmmQ avassalacior. Muiros minisrros do cvan­

gclho, que cram considerados modelos e paradigma; 'para suas igrcjas, tem sucumbido na vida moral. Muiros lideres

de projec;:ao nadonal [(~m n3ufragado no I:asamemo. N:lO

poucos sao Jqueles que rem dormido no colo cias Dali!a<;

c acordado como Sansao, scm poder. ~cm dignidade. sem

alltoriJade, ficando complcramclHc subjugados naco nt.lus

do inimigo. A cadJ ;lna cresee 0 nUlllcro dt.· p.1slOres quI.:

so~obrJm no Illinisrerio por C.lllSC1 de !tt.'xo. dinhciro e pu­

dcr. E a.'tm'tt.ldor 0 numero de pasmrcs quI.: tsrao no mi­

nisrcrio. ~lIbindo ao pulpito .1 cada domingo. t'xurtJnt.io

o povo de [)cus J. sanridade. eomball..: nuo LenJllllCIHC 0

pt:cado C au Illcsmo rem po vivcndo unl.1 duplicidadt:. umil

Revitalizando a lideran(3 ]

menrira denno de casa, sendo maridos insensiveis e infieis.

pais 3urocraricos c scm nen huma dOCTura com os filhos. Ha

rr,uir3S esposas de pastor vivendo 0 drama de rer lim ma­

rida exemplar no ptJlpiro e um homem intolerance dentra

de casa. Hi muiros pasrores que ja perderam a uncyao e

conrinualll no minisrcrio scm chorar pelos sellS proprios

pccados. Nao SiD pOlleos aqueles que, em vez de allmenraI

o rcbanho de CriSto, tern apascentado a si mcsmos. Em vez

de protegee u rebanho dos lobos vorazes, sao, cles mcsmos,

labos vestidos de toga. Charles Spurgeon dizia que um pas­[Or inficl C 0 pior agenre de Saranas del1lro da igreja.

o numero de pasrores e Hdercs que cstao abandonando

o lar, renegando os voros hrmados no alrar, divorciando-sc

por motivos banais, nao permiddos por Deus, e easando-se

nOVaffiente e csmnreanrc. bra perda de referencial c como

urn aremado terrorisra conrra a igrcja de Deus. Eta pmduz

perdas irreparavcis. sofrimenro indescridvel, choro incon­

solavel e fcridas incuraveis. 0 pior C que 0 nomc de Deus e blasfemado emre os incredulolll por causa desses csdndalo~.

A c1asse paslOraJ csd em crise. Cri!)C vocacionaJ, crise fu­ntiliar, crise rcologica, crise espirirual. Quando os IIdcres es[ao

em crise, a igreja t::tmbcm fica em crise. A igreja rcAere os seu~

lidercs. Nao ex.is(cm lrdercs ncucTOS. Elcs .coao uma bcnc;:ao para

o crescimemo da igrcja OLl urn enrrave para 0 crescimemo.

A crise p3Scoral C reAelida dirc(3menrc no ptilpito. Esta­

mas venda 0 empobrecimenro dos pulpilos. POlleos sam. o~

Page 20: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

Revitalizelndo d IgreJa

paslores que se preparam convcniclHcmeme para prebrar.

PregaJores rasas e seeDS prcgalll sermoes .!Ic.::m poder para

<lUdir6rio!l !lonolcnros. Ha muiros p~tOre.l, rarnbem que so pr~param J cahctfa. mas Ilao 0 cora~lo. Sao cuiros. ma\

VJI.ios. Sao inrclecrual . mas aIido~. Tern lu!., mas nao rem fogo. 'Tern conhecimenro. mas nao rem uncrao. 'c quiser-

1ll0S lim rcavivamenro genuine na igrcja cVJngelic:a brasi­

leira. as pasrores sao as primeiros a lerem de accnar sua:,

vidas com Deus. Quando a pasro r e um gravcro seee que

pega 0 fogo do Espfrito, ate lenha verde come<;a a arder.

E rempo de orarmos par um reavivamenro na vida do:,

pastores. E. tempo de pedirIT10s a Deus que nos de pasto­

res segundo 0 seu corac;ao. Precisamos de homcns.de Delis

no pulpiro. Precisamos de homens cheio.l, do Espfriro, de

homens que conhe<;am a intimidade de Deus. John Wesley

dizia: " Da-me cem homens que nao amcm ningucm mais

do que a Deus e que nao rcmam nada senao 0 pecado e

com des eu abalarei 0 mundo." Desracaremo~, aqui, alguns

pamas impananres sabre a reaviraliza~ao da iideran~a da

'grela.

A REVnALl7..Ay\o 0/\ lGREJA VEM COMO RESULlI\OO DE UMA

LlOFRAN<;A IllEDOSA

A prega,ao jJmais pode ser divorciada do pregad r.

Nao c suhcicnrc "icr um pregJdor c:rudiw. (: pred\o ~t"r urn pregador pit:doso. A vida do pregador e a vida de sua

-Revitalizando a lideran,a

pregayao. 0 pregador precisa rer uma vida coerente com

o que prega . Niio podemos separae academia de piedade.

o sermao mais e10qucnre do prcgador C sua vida. Sua vida

fa1a mais aha do que seus serrn6es. ao somos a que fala­mas, somos a que fazt:mos. Ensinamos mais pelo exemplo

do que pelos preceitos. E. M. Bounds deserevc esta realida­

de da seguinte maneira:

Volumes (t~rn !lido C!lcrilOS <:nsinando d<:talhadamentc a

rnecanica da prcparac;;ao do sennao. Ficamos obcecados

com a idei:! de que estes anda.imes sao 0 proprio ediRcio.

o pregador jovem e ensinacio ;t gasrar lOda a sua for~ na

forma, esrilo c beJel..1 00 lOcrmjo, como um produro me­

cinko e inteloctual. Como cOIl5e<:Juencia. culdvamos esse

equivocado conceiro cntrc 0 pavo. Icvamando urn clamor

por ralemo em VC'L de graya. EnfJtizamos eiOGuencia ern

vo. de piedade. r(rorica em vel. de revcla~o. fama e de­

sempenho em vcr de !lam idade. 0 rcmltado e que percle­

mos a vcrdadc:ira ideia do que seja pregac;.;o. Perclemos a

prega~ao podermil e a pungclltc convicr-1o de pecado ...

Com ism nao ~mmo:. diJ"cndo que os pregadores e5rao

esrudando muito. Alguns deles nao e.swdam. Outros nao

eswdam 0 sulicienle. Muito~ n;i.o e.~rudam a ponto de Sf'

aprcscntar como obrciros aprovados que nao tern do que

se envergonhar (2Tm 2.15). Mas nossa gr;mde falta nao e em rda<;ao J. cuhura da cabef,:.1. ma~ a tulrura do corar;;iC).

Page 21: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

Revltahztlndo c1lgreJ.1

Nao c faha de conhecimento. mas falra de.: ~Jntidade ... , Njo que conhcc;amos mu.ito. ma~ n.l0 mcdit;tnl05 0 '!'ufi­

ciente sobre Deus e sua Palavra. ;io vigi:UllOS. jejuamos

C oramos 0 suficienre.1

Nunca rcremos urn minisrerio mais profundo do que nos~a vida . A pregac;:ao cficaz rem Slias rafzes no tcstcmunho

do pregado r. Scm samidade, niio 1,,[ prega<;iio L1ngida

pelo EspiritO. Scm devo<;.o, a prega<;.o pode at ingil' 0

intclccro. mas nao [Qea 0 eorac;:ao. Ha lTIuiros pregadorcs

erlldiros, mas seCDS. Ha muiros pregadorcs claqucntes, ITIa5 infruriferos. Ha ITIuiros pregadores que rem luz na mente. mas nenhum fogo no coraCjiio. Produzem mllitos travocs,

mas nao provocam nenhuma chuva restJuradora.

Urn ministro do evangelho sem picdadc e um des3sue.

InfeliLmenrc, a sanridade que muitos pregador6 procla­

marn c cancelada pela inlpiedade de sua vida. Ha urn di­

vardo entre 0 que as pregadores proclamam e 0 que des vivcm. Ha urn abismo enrre 0 sermao e a vida, entre a fe ea." obras. Muiros pregadores nao vivcm 0 que prcgam. Condenam 0 pccado no pt'dp im e 0 pratic.1111 em secrero.

Um prcgador hip6crita presta um des!>t:rvi s:o a causa do

eV3ngelho. Um minisrro lnllel est:l a servic;:o de Saran3s.

! BOUNDS. L. tv! Pow..:r'lhmugh I'r.l\t'r. In E. .\1. HOllnd. 011 P"'.)'rF.

~I.:W K..:n.sington. Pt'nn:.d\3nia: \X'hilakcr Iluu:.e (46-·~'!1). p. ·IIJ'J.

Revitalizando a lideranc;a

Enquanro a vida do minisrro f:. a vida do seu minis­

(erio, as pecados do mini!>[(o ao O!a meSHes do pecado,

t. uma faha inexcusavel no pregador quando os crimes

e pccados que de condena nos Olltros sao jusramentc as

que e1e pralica. 0 apostOlo Paulo evidencia esse grande

perigo:

Ttl, pOis, qll~ en.r;nrIS os olffms, lIIio f'IIs;nm a ti mesmo? 'Iii,

que pregflS 1f({' nao se t/f:lle jilrttll; jilFtas? 7i" que d;us qllf

nao Jt' deve cometer IIdlit/erio. lit/II/teras? Til, que tlborn;l1(u

os Molos. rollbll-lhes os wnp/os? Til, qlle Ie glorias na lei, desol1ms tl Dem pt'ln trll1JJgr~SJlio dn tei? Pois, como ('std

('seri/o, por l'ossn cama 0 lIomt' de Derts i blnsjtmado tmtrt

as lItlfOn (Rm 2.21·24).

Richard Baxter di< que 0; pecados do pregador sao mais graves do que as pe;:cados dos de rna is homens, por­

que ele peca Contra 0 conheci ll1clHo. Ele peca conITa mais

luz. Os pcodos do pregador sao mais hipocri(as, porque

de fala diariarnemc COntra des. M:1S tambern os pccados

do pregador sao mais perfidos, porque ele sc engaja comra

eles. ' 0 prcgador precisa pregar diame do espelho. Precisa pregar para si mcsmo. Ames de cuidar do rcbanho de Deus

J RAXTER. IUdtJrd, 711~ Ht/rlr/III''' P.lJflJr. I·dinhurgh. Pcnn~lv:l.nia: l/)f

Bmm" {J/Trllih InlJl, 1 l}')9. p. "6,"'"

Page 22: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

ReVltiltizando a IgreJd

precisa cuidar de si mesilla. Scria complerarncnr mosrrUD­

-so par::J um homcm ser 0 mais alm em oReia e 0 mah

baixo em vida espiriruaJ; 0 prirneiro em posi\:1.o e 0 ullimo em vida.

E bern conhccido 0 que disse Sranley Jones, em sell li­vro 0 CristO de todos as caminhos, que "0 maior inirnigo do

crisdanismo l1io e 0 anticristianismo, ma 0 sub-crisrianis­mo". 0 maior perigo nao vein de fora. mas de denrro. Nao h<.l maior rragedia para a igreja do que lim pregador Impio e i mpur~ no pulpir~. Urn ministro mundano rcprcscnra lim perigo maior para a igreja do qlle falsos proferas e fmas filosofias. E urn rerrlve! <'Scindalo pregar a verdade e viver

uma mcmira, chamar 0 povo a sanridadc a viver uma vida impura. Um pregador scm piedade e uma con[radi~:io, urn inaceiravel escandalo. Urn pregador sem piedade presra lun grande dcsservi~o ao Reino de Deus.

a aposrolo )030 adverre: "Quem 'ifirllll1 fslar n~k lnmbtl" deve IIndor como ele III/doli" ( IJo 2.6). 0 apaMolo Paulo da 0 sell tesrcmunho: "Sede meus irnitndorrs, como lllmbtm ell SOli de Cristo" (1 Co 1l.1 ). Pedro e Joao dis­

scram para 0 paralirico que esrava mendigando a porra do templo: "Ol/'II pal'll nos" (Ar 3.4) . Gidcao disse para as seus solclados: "O/hai pflm mim e foze; como elf jizer" (JL 7.1 7). Em ITimateo 6.11-14, Pau lo lism qualCo mar­

cas de um homem de Deus. Urn homem de DeliS cleve ser

idenrificado por aquilo do que e1e foge , por aquilo que ele

-Revitalizando a lideran~a

segue, por aquilo pe!o qual de IUl. e por aqui lo ao qual ele e fie1. A Blblia nao c urn lino tlur.: !lilcncia a respcito da nccessidacle impt:rariva do CaTJtcr integro e d3 profun­da piedade do pregador. 0 aposralo Paulo ad,'erre 0 seu fitho Tirnorco: "Tem cuidlldo dt tr mfjlllO t do teu I!Iuillo'

(ITm 4.16).

Urn pregador avaren(Q. ganancioso . al11amc do dinhei­

ro e da fama, que accndc holofo[es sabre sua propria vida

pode ate arfair llluilid6es, mas 1130 n:aliza um ministerio

para a gloria de Deus. Podc arc profcrizar e fazer milagres,

mas nao e conhecido por riSto. Pode expu lsar demonios

e realizar coisas espal1rosas aos olhos humanos, mas sera

eternamenre aparrado de riS{Q. Urn pregador que vive na

iniquidadc em secrero, nao pode ser aprovado por Deus,

em publico. no dia do julgamcnro.

Eswu convencido de que 0 maior problema da igreja

nao sao as oveUlas, mas os pastorcs. Como dizia Dwighr

Moody, os obreiros sao 0 maior problema da abra. Os pre­

gadores sao 0 problema principal da prega~ao.

No Brasil e ao redor do mundo, l1luiros pregadorcs rt~m

carda em rcrrfvcis pecados morais, provoca nda esc5.ndales

e produzindo grande sofri mcllw ao pave de Deus. Caras­

(rofe~ espiriruais, que vjo de pasrorcil <ldtdteros a divorcio

na famnia pastoral, r~m st: tOrnado inaceit;]veimen[c fre­

quentes. Charlt=~ Colmn comenta:

Page 23: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

40 Revitahzando a igreJa

o Indice de divorcio entre as pa5tore~ t!;r:1 aUlllcnrando

mais r.ipido do CJue entre outras profissocs. Os nlllneros

monram que urn em cada dc:z. tern rido envoi vim en to sc­

xual com urn membro de sua congrega~o e 25% riveram

comara sexual iliata. 1

A {mica maneira de viver lima vida pura e guardar pliro 0

cora,ao atraves da medita,ao da Palavra (51 1 19.9). alomao

cxorra: ''Acima tie tudo 0 que se delle guard Ill; gllflrdn 0 Jeu comedo, porqllr dele procedem as flutes tia "itill" (Pv 4.23). )6

disse ter reiro uma alianc;a com os seus proprios olhos de nao

fixa-Ios com lascivia em uma donzcla U6 31.1).

Urn pregador impuro nao permanece por Illuiro tem­

po no mini)[crio scm sec desmascarado. Urn pregador ja­

mais sera urn pessoa neutra. Elc C uma hcn<;:ao au uma

maJdi~o! Infelizmen[c, muims minisrros rem somenre a

aparenci. de piedade. Eles professa m urn. fe onodoxa, mas

vivcm uma pobrc vida espiriruaJ. Nao tern vida dcvocional.

Nao rem vida de ora'fao. £Ies apenas fazem ora~6D rirllai.1i C

profi!i!iionai~ . Contudo. orac;oes profiss ionais ajudam ape­

nas a prcgac;ao a rcalizar 0 seu tr;1balho de mOrtC. Omc;6es profissionais. diz E. M. Bounds. " inscmibilizal11 e m3(:)Jl1

ranto a prt=gac;ao quanta a pr6pria orac;ao.1I1 E (r im:: din~r

COLSON. CllJ.rI~ .... 7],~ ROI(Y. W.KO. Tex.ls: \'('ord Pre ... ~. ]I)I)':!.p. lO·t

I· 1\1 IJfluntk (If dr. 1,)<)~, p. 4"'6.

Revitalizando a lideranc;a

que rnuiro poucas minisrros [em qualquer hahiro devocio­

nal sisrematico e pessoa!. Aquilo que 0 pasror e de joelho;,

em secrero, dian[c do Deus Todo-poderoso, eo que e1e c, e nada mais. A piedade e co nseqllcncia de uma vida deva­

donal. A pregar;:io quc fracassa hojc, fracassa porque n5.o esd.

enraizada em uma vida devocional profunda por pane dos

pregadorcs. Em geral , 0 pregador deveria ir da presen,a de Deus para a prescnr;a dos homcns. Uma vida santa nao e vivida em secreto. mas cia nao sllbsisrid scm orac;ao em sc­

crero. Antes de levanrar-!ic diamc des homens. 0 pregador

cleve viver na prescnc;a de Deus. Anre..c; de aJimenraf 0 povo

de Deus. 0 pregador deve alimenrar 0 seu proprio cora~o.

Antes de pregar ao povo de Deus, 0 pregador deve aplicar

a Palavra de Deus a .s ua pr6pria vida. A parre mais impor­

(an(e do sermao e 0 homem arras dele. Spurgeon dil que nos ~OInO! •• em ceno scnrido. as

nossas pr6prias ferramentas. e ponamo devcmos guardar­

nos ern ordem. <i Martyn Lloyd-Jones comenrando sobre

Robert Murray McChey"e, da Esc6cia, 110 scculo 19. diz:

E cOmutnCIllC conhecido que tluando til.: aparecia no

p{dpilO, m CSI1lO :lnu.:, de de dilcr lII11a {mica palavra,

o povo ja (omt:~J\'J a chorar ~i l cndo~atncntc. Por qut:?

\ CharlC!> H;llldull Spur~cull. lip. III 19"1 . p. I. 2.8.:!.

Page 24: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

Revltalizando a IgreJd

Par caU!'lJ d~te clemento de s,cril'uade. Todm tinham ;1

absoluta con\'icc;ao de que de: ~uhia ..10 pulpito \'indo J.J prf.:~t:n~a de Deus c ti.l1cndo um.l pabvra d.l pant' de

Dell" para d~.

o proprio Robert Murray MeChe)'ne resume esrc to­

pico ncstas palavras: "Nao e a grandcs [alento~ que DellS abenc;:oa de forma c!!pecial, mas a grande ~emelha n c;a com Jeslis. Urn rninisrro santo C ulna poderosa e trcI11cnda anna

113S maDS de Deus.

A REVlTAllZAc;:AO DA L1DERANc;:A OA IGREJA VEM I'OR

INTERM£OIO OA SUA DEDICA<;:AO A ORA<:.AO

o pregador 50 pode levantar-se dianre do. homens, se

primciro se prosrrou diame de Deus. S6 prevalece na pre­

gac,:..i.o em publico. se primeiro prevaleceu na oracrao ern secrero. A prorundidade de urn ministcrio e medido nao

pelo succsso dianre dos homens, mas pela imimidade com

Deus. Hoje nos gas cam os mais tempo com rCLInioes de pla­

nejarncnro do que em reuni6cs de ora<;5.o. Depend emos

MARTY:--J 1 LOYD-ION!::..), D.I~'id. 0Wlfhillg & Ill'r'Ilt-j,m. Lr,md

R.lpid~, f\lilhig;]l1: Znnder\'an Publi\hing.llll!l\e. 11)"'1. p. 86.

HO:'\AR Andrt'\\, \/clIIlIin (If Md}'(}IIIt'. UlllJ~n. Itlillili,: ,\IlklJ)

Pfl·~\. IlrK. p 9) .

f

Revitalizando a ilderan(a

mais dos recurso~ dos homens do que dos recursos de

Deus. Confiamos mais no preparo humano do que na ca­

pacira¢o divina. Consequenremente, remos visro muiros

pregadores erudiros no pulpito. mas ouvido uma imensi­

dao de mensagcns rracas. Muiros pregadores pregam ser­

moes eruditos, mas sem 0 poder do Espiriro Sanro. Eles

tern eruru~ao . mas nao tern poder. Elcs tem Fome par li ­

vms, mas nao fame de Deus. Eles amam 0 conhecimento,

mas nao busca m a inrimidade de Deus. Eles pregam para a

mcn te, mas 1150 para 0 cora~ao. Elcs rem uma boa perfor­

mance diante dos homens, mas nao dianre de Deus. Eles

gastam rnuito tcmpo preparando seus sermoes, mas nao

preparando seus cora~oes, A confian~a deles esra firmada

na sabedoria humana e nao no poder de Deus. Homens secas pregam serm6es secas e serm6es secas

nao produzem vida. E. M. Bounds afirma que "homens

monos pregam serm6es monos, e scrmoes monos ma­

tam."' Scm ora~ao nao exiSle prega¢o poderosa. Charles

Spurgeon eliz: "Todas as nossas bibliorccas e escudos sao

urn mero vazio comparado com a l10ssa sala de oracrao. Nos

crescemos. luramos c prevalcccmos 113 ora~ao privada.''''

E no lugat «crero de ora,flo que a b.rolh. e perdida ou

ganha. A oracrao tem lima import5ncia tral1scendenrc.

• BOUNDS,E, M. op. ell 11)1}7. p. ·i(1) .

') THIEIICKF. HdnlUI. IIp. 1//,1%.1. p. 11 7.

Page 25: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

Revitalizando i1lgreja

po r'lue e1a e 0 mais poderoso insuumenro para promover a

Palavra de Deus. E mais importante eminar urn csludanre

a orar do que a pregar. Antes de fa lar aos ho mens. 0 pregador precisa viver

diJme de Deus. A orac;ao e 0 ox igenio do minisrerio. A orat;ao lr3Z podcr e refrigerio a prcgar;:io. A o rac;:ao tcm

ll1ais pader para rocar as corac;:6cs do q ue milh arcs de pa­

Iav ras c10'lucIHes. 0 profeta Elias vivell na prcscncra de

Deus. Ele Droll inrensa, persistente e virorios3 melllc. Em

cO l1seq llencia, cle experimentou 3 iIHcrvcnej:ao dt: Deus

em sua \'ida e em sell mi nis[crio. A viuva de arcpra

(cstificQU a sell respeito: ':Agora sei qur t il is honum de Drlls r qllr a paLavTIl do Srnbor lUI trill bocli ~ IIrrdade" (1 R> 17.24). Mui tOS minisu os prcgam • Palavra de Deus,

mas nao sao boca de Deus. Eles falam sobre 0 poder, m""

nao [em poder em sua vida. Pregam sohre vida abundan­

re. m:}.!. nao tern vida abundan te. Sua vida eonrradil sua

mensagcm .

Mu ilOS pregadorcs creem na efidcia da ora~:io. m~

poueos p regado res oram . M uitoS m in istros pr~gam s brl'

a necessidadc da o rac;:io. m as POll COl:i min is l ros ora m. Elcs

Icem 11111i lOS Ii vros sabre ora<;ao, mas n50 Q r:l 111 . MlI iws

pregado rcs csrao oClipados dcmais para o rar. Elcs [em

tC'm po pa ra viaja r, rrabalhar, ler, descansa r, vcr rc lcvis:io,

f:lbr sobn.' political esportes e tcologia, mas 11{1O gaMam

tempo orando. Conseqllcnrcmen re, nos [cmos. js vcze.s,

Re\litalizando a hderan~a

giganrcs do conhecimento no pulpito. mas pigmeus 110

lugar secreto de ora~5.o . Tab pregadores conhecem mui to

a respei to de Deus. mas muiro pouco a Deus.

Pregac;ao scm orac;:ao nao provoca impacro. Sermao

scm oray:io e sermao morto. Nao csrarcmos prcparados

para pregar cnquanro nao a rarmaS. Se n50 ha grande ago­

nia em 1105505 corac;6cs) l1 ao hayed. gran c.l es palavras em

nosSOS l:ibios.

Realizar a obra de DeLIS scm o ra c;5.o c prcslIn c;:ao. No­vas merodos, planas C o rganiza<;6es para levar a igreja aD

crescimen to saudavei scm ora~J.o nao sao os metodos de

Deus. A igreja esd. buscando rndhorcs mcrodos; Deus esra buscando mcl horcs homens. E. M. Bounds couetamenre

comenta:

o que a igrcja prccisa hoje nao e de mais au melhores

mecanismos, nern de nova organil.J.;ao ou mais e novos

memdos. A igreja prcc.:isJ de homens a quem 0 Espi.riro

Santo pOSSJ us.lr, homens de orac;ao. homem podcroso.'!

em or.:J.r;:ao. 0 EspiritO ,):11110 nao Aui atraves de memdos.

mas armv6 dr.: homens. Ele mlo vem sobre mecanismos.

mas sobre homens. Ele l1;io ungc pI3no1>. mas homens,

homens de ura¢.io! III

I, E.. M. Bounds. op. I'll. 191)7. p. ICIS .

Page 26: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

Revitatlzemdo d igreJ"

Davi Eby ainda rem razao quando exorta: pasror, voce

deve arar. Orar muiro. Orar illlcnsal1lenre e serial1lenre.

Orar com lelO e enrusiasmo. Orar com prop6siro c com

dcrcrmina'tao. Orar pelo minisrerio da Palavra cntre 0

seu rebanho e em sua comunidade. Orar pcla sua pro pria

prega'tao. Mobilize e reerure seu povo para orar pela sua

prega'tao. Prega'rao poderosa nao acolHcceni a parte da

sua propria ora't:io. Orac;:ao frequcnre. objetiva. intcnsa

e abundante (; requcrida. A pregac;:ao mrna-sc poderosa

quando urn povo fraco hllmildel1lcnrc ora. ES[3 e a gran ­

de mensagem do livro de Aros. 0 tipo de prega~ao q"e produz 0 crescimcnto cia igreja vern pela orac;:ao. Pasror.

dedique-se a orac;:ao. Continue em arac;:ao. Persisr3 em

orar;:ia par amor da gloria de Deus no cresci menta d a

igreja. ll

C harles Spurgeon via as rCliniocs de orar;:io das se­

gundas-feiras, no Tabernaculo Mctropolitano de Londres,

como 0 lcrmomerro da igreja. Par varios anos, uma grande

parte do principaJ aurutorio e da primcira galeria estavam

complcramente cheios nas reuni6es de ora'r3.o. Na conccp­

crao de Spurgeon, a rcuniao de orac;::io era a mais importan­

re rcuniao da semana. Spurgeon atribuill a sinal da ben'tao

de Deus sob re 0 se ll ministerio em Londres a fidelidad e do

sell povo orando par elc.

lhidcm. r. 'H

Revitalizando a Iideranr;d

Dwight L. Mood), rundador do I",dtuto Biblico

Moody, geralmentc via Deus agindo com grande poder

quando OutriL~ PCSSO<lS oraV31ll pcla.\ sua~ reuni6e) no1 America e aUm-mar. A. R. 1orrc), prcgoll em muito~

paises e viu grande'i manifes[a4,focs do podcr de Deus.

Ele disse: "O re por grantie5 coisas, c5pcre grandes coisas.

rrabalhe par grandes cois~, mas, acima dt: LUdo, orc" . !~

A orayao e a chave que abn.: [Odos as lesouros da infinita

gra,a e poder de DeliS. No ana de 1997. jlll1lamel1re com oitcnra pasrorcs bra­

sileiros. visirci a Corcia do Sui, para fazer lima pesquisa so­

bre 0 crescimenro da igrcja. Visitamos onze grandcs igrcjas

em Seul. Igrcjas locais que rinham elllrc dez mil membros

e sctcccnros mil membros. Em todas essas igrejas. rcsrifica­

mos que a principal causa do crcscimcnto foi a imcnsa vida

de ora~:io. Nenhuma igreja cvangelica pode ser organizada

sem que antes haja uma rellniao diiria de o rar;ao de ma­

drugada. John Piper cOlllema sobre a igrcja coreana:

Nos l'tlrimos ano, do ~c<':l1lo 20. jcjum e orac;ao pr:ui­

camcntc ... c tornJram sinonimo d'ls igrcjas da Coreia

do Slit E h.i UI11.1 boa r,IZaO pam i,lO. A primcira igrcja

protc~tanH: roi rlamada III Corda em 1884. Ccm anm

l ~tARn:\, RI1~cr, R { !iUTi'Y. l!'wtl,· of ("t.IIlJ~J \Iurfrcc~b{)ro.

T('nnl~'C: .... "IHd 01 rll t md. 1'),"6. p. 1(,(,.

Page 27: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

1 48 Revitalizando a IgreJd

dcpois. havia (rima mil igrejas na Coreia. Uma media de

trezelllas novas igrejas foram planladas a cada ano ncstc

periodo. 0 final do 5&:ulo 20, os evangelicos ja rcpre·

semavam cefca de 30% da popul:uyao. Deus USOli muicos

meios para realizar essa grande obra. Mas os mcio~ mai~

usados por Deus sao a ora~o e 0 jcjum. n

A REVITALl7.J\ y\O DA UDERANc;A VEM I'OR INTERM,EDIO 00

SEU COMI'I{OM ISSO COM A PALAVI~A

F

Prccisamos urgen remcmc de lim reavivamcnro no pt.!.

pim. Precisamos da revirruiza<;ao da prcgar;:io. 1550 passJ

pela revi[aliza~ao do pregador. 0 prcgador e urn cswdam< que jamais se forma. 0 pregador que cessa de aprender

ccssa de ensinar. Aquclc que nao semeia nos seus es[Udo~ , "ao ira col her 110 plilpim. Charles Koller afirma que " lIm

pregador jamais manrcra 0 inrcrcsse do seu povo sc ck

prcgar somenre da plenitude do sell cora~o (' do vazio da

sua cabe~1."11 0 pregador nao pode vivcr se alimenrando

de leire magro durante a sema na c pregar puro creme no

domingo.

II PIPER, John. (Jf. cit. 1997. p. 1 0.1; Wc~l('y r . Dw.:wd. MI$!,IIf'/' 11/"t'I',IIIiIl,1!..

l'Illl'I'Y. (,ralld 1{.lpid\, Michif:Jn' l.nnJcr\".U1/hillll..is Asbun·. l1)t)(),

p. 192.

1\.01 L [. R. Ch.,r1c\. Holl' to fri'-'ll'" Il'lIholit }lOIl' •• Gr.md R.lpid ..

Mic.hig.lIl: B.lkt'r Ronk Holl..'oc'. 2.001 p . • -t

Revitalizando a Ijderan~a 4

Nenhum pregador pode acender as demand.s de um

pulpiw se de nao cstudar de forma constante (' seria. 0

pregador deve consagrar uma pane especific. de eada dia

para dedicar-se severa c sistemaricamcnre ao esrudo priva­

dvo. 0 pregador precisa csrar cheio da vcrdade de Deus,

porque se a mcnsagem rem um pequeno cusw para 0 pre­

gador. ela rambem [era um pcqucno valor para a congre­

ga,ao. A. W. Criswell do • sua avalia<;ao sob re a prcga~ao

conremporanea:

N50 h:i duvida de ljUC a maio ria do\ 'il'rm6es [em side

rab, como UIlU sopa fcira u~ndo. 0 al1() ilUl'iro. os me."­

mos m.~o'i. Muiro!. pregadorc-s rnam cliches \"a:Lio~ de

.signific;ldo. A mcnsagcm de muico!O pldpilOS e banal c

comum. MuilOS prcg::J.dorc.\ {'scao camadm da sua pro­

pria mancira dc pregar. visto que d~ me.sl1los nao tcm

fogo. nem entllsi:u.mo, nem zelo. ne.m c)(pccta[iva. No~a

pn:ga~:io prccis:l. alcanc;:ar conrinu3menr(' novas prolimdi­

dades em grnt;a e em verdadc e no ... a.~ alrirudes de frCM;or

em contet'ldo. Scm ~[4l flrme e consiS"lcmc apresenra~.l.o

do cmino da !.:lI1 ta Palaw::J. de Dl'm. nosso povo caid em

[Oda .,onr.: de r.:rro, em muit:u. conlll.'(.ida5 heresias. c ~c

rorn,lr:l presa r,icil de qualqllr.:r dcmagogia ecle.\iJsric3 que

RUlUr.: nt) mcrcado religioso, l

" Ihidcm. p. 66.

Page 28: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

Revltalizando a Igreja

Muiros pregadores nao lidam corremmenrc com a

ralavra de Deus. Muiros are mesmo disto[cem a mensagcm

dt: Deu~. Ourcos ainda mcrcadejam as Escriruras. Niio

poucos furtam a propria Palavra de DeLIs e prcgam

filosofias humanas, dourrinas de homens. vis6e~ e sonhos

de sellS proprios corar;6es. Muiros pregadores dao pcdra em

vez de pao ao pavo de Deus. OUlros oferccem palha em ve7.

de pasLOs ,uculentos para 0 rcbanho de Cristo. H:\ ainda

aqucles que alimenrarn 0 povo de Deus com vcncno, e n50

com ida, serpenrc e nao peixes. o Brasi l tem expcrimenrado um explosivo cresci men to

das igrejas cvangelicas, especialmenre as neopcmecostais.

Embora muitas pessoas tern sido alcan~das, a maioria de­

las n:io reccbe um ensino fie! e consistence das Escritllras.

Vemos a sincretismo religioso preva1ecendo em muitos

pulpilOs cvangelicos. 0 misticismo prospera largameme

no solo brasileiro. Como resulrado, temOS lima gerar;a,o

anal fa beta da Biblia. Muiras pessoas procuram milagres e

coisa~ extraordinarias, mas mia 0 conhecimento da Palavra

de Deus. Elas buscam experiencia, mas nao conhecimento.

Esrjo obcecad"" por prosperidade e clira e nao pela salva­<faa. Est5.o a procllra da luz imerior, mas n30 da verdade. As

pcssoas haje dcsejam senrir-se bcm , mas na~ ser confronra­

das pda Palavra de Deus. lnfelizmcnre. Inuito'l pregadorcs

l l LlC b randem a espada do Espiriw nao sabem It'i.i-la com

dCMrcla. Elcs carrcgam a Bfblia, ma.'i descon hcccIn 0 s~u

RevitaJizando a lideranc;:a

conteudo. Eles pregam a Bfblia. mas torccm a sua mensa­

gem. Eles Icem a BibIia. mas nao a inrerprcram com acura­

cidade. Eles ensinam a Biblia, mas apenas para reforc;:ar seus

inrcresses inconfessos. EIcs U$am a Bfblia contra a Blblia.

Assi m, des pregam nao a Siblia, mas os pensamemos enga­

noSOS de sellS pr6prios cora<;6es.

Por ourro lado, ha rambem pregadores liberais. 0 li­beralismo, [ru(Q do raciona lismo e do iluminismo, (cm

entrada nos semi na rios. subido 3s d.red ras das escolas de

reologia e cond U7jdo milhares de cstuda nres a apostas ia.

Estes, arroranda uma f.1lsa erudicyaa. sobem ao pwp ito.

mas sellS l:ibios desrilanl vcncno mordfero. Sonegam a Pa­

lavra de Deus ao povo. Colo am-se acima da Palavra de

Deus. Dao mais valor a rresloucada sabedoria humana do

que a verdade crcrna de Deus. 0 liberalismo nega a iner­

rancia. a infalibilidade e a sUbciencia das Escrituras. 0 li­beralismo e urn vcneno 1110rrrrero. Onde e1e chega. desnoi

a igreja. 0 liberalismo ja matou muiras igrejas ao redar do

mundo. 0 liberalismo fecholl muitas igrcjas. Eu mesmo j:i

vis irci muiros templos vazias nos Estados Unidos, Canada

e em varios paises da Europa. onde 0 rebanho de Deus

foi disperso por callsa do liberalismo reologico. Ondc 0

liberalismo prevalece, a igreja morre. Devemos rejeitar e

cam barer a libcralismo com wdas as nossas forcyas. Tanro

o misricismo quanro a Iiberalismo sao perniciosos. Ambos

devcm ser canfronrados com a Pa1avra de DeLIS. Ambos se

Page 29: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

Revndltzando d Igrt~J

c.lcsviaram das Escriruras. Ambos sao um e!t(Qrvo para 0

crc~ imcnto s3ud<ivd da igreja. Mais do que nunea estamos precisando r(,LOrnar ;to

principio da Reforma do Sola Scriptum. A Palavra de Deu\ ~ ttema. E1a nao muda. Ela nao se (QrnJ uhrapass3da ncm

dcs;.lwalizada. Ela foi 0 instnunemo que DeLIs usou para traztr grandcs reavivamemos na Hist6ria. A Palavra de Deus

produ~,ju a rcforma nos ruas do rei Josias. Semelhanrc:menu!. do Pa lavra de Deus tfOUXe vida a ISf:1e1 quando a l1i.tc;:ao C::!t[av.l

(.;01110 urn vale dc ossos secos. A Palavra de Dew. produziu

um.l grande rest::llIrac;ao nos dias de Esdras e Neemias. Em Jerusalem, 0 re-avivamenro espalhou-se quando ;1 Palavra

de Dell' {oi I'rodamada sob 0 poder do !:'.spirito Santo. Quando a Palavra de Deus foi prociamada pdos crentes,

o rl'avi\'amemo espalhou-se para ourr.u. rrontcira.~ alem de Jerlls:uem. 0 reavivamento de ffeoo foi 0 re<turado do

crocimenro da Palavra de Deus. Em Tessalonic.1, 0 grande

despCrt;.lmcnm ocorrcu como resui[ado da proclamac;ao da Palavra de Deus. A Reforma do s<culo 16 roi lim retorno as

Escriluras. Os grandes reavivamenros da Hisroria foram llma

re:;[3l1facrao da centralidade da.., Escrirur'J.'I. 0 uistianismo c a rcligi:io de llm lmico livr~. A sublime e mais importante

e urgente larcfa do pregador e devorar-se a si meslllo ao cstudo. observ.lncia e pregaS:<lo da PalavrJ de DellS.

lnfdizmcnte, a rendencia contemporanca e!tlJ inclina­

da a remover a cenualidade da Palavra de DellS em favor

Revitalizando a tideran~d

da lirurgia. 0 culm e."ila 'icndo trJllsformaclo nwn festival

musical, ollde 0 ..,om e 3S corcs tomaram 0 Jugar do pul­piro; os cantores tol11aram 0 Iugar do pregador e a per­

forman ce 0 lugar da lIl1,;;0. A falra de .[cn<;<io " prega,ao da Palavra e urn sinal da superlicialidade da rcligiao ern

nosSOS dias. Sermonctcs gcram crisrianeres. Um crisrianh­

rna de sermoes pequenos c um cristianbmo de pequena fibra. Oh, n6s devemo!t orar para que os pregadore!t sej::un homens da Palavra! Os pregadore!t prccisam dcscsperada­mente rerornar a Pala.vra de DClIs. Todo prcgador precisa rer paixao pela Palavra de Deus. Ele deve Ie-la, conhecc­

-la, obedece-Ia e prega-Ia COI11 auroridade e no poder do Espiriro 5al1[0.

A REVITALIZA<;:AO DA UDI RANt;;.A IJA TGREJA ' "EM COMO

RFSllIThDO DA UNc;:AD DO EsrlRI ro SAN 10

Nao ha revi[a1iz.1,ao da igreja sem a a,30 do Espiritu

Santo. Sem a presenc;a. a obra. 0 poder e a uns:::io do Espf­riro Sanro, a igreja sera como urn vale de assos secos. Scm

a obra do Espfriro Samo, nao haved prcgac;ao, nao hayed

pessoas convenidas l': tambclll nao havera crescimenro sau­

davel da igrcja.

Sem a unc;ao do E~pfriLO Sanro, nossos sermoes

rornar-sc-ao 'icm vida c scm poder. E 0 Espfriw quem

aplica a Pa1avra. A Palavra nao opera a p'<lnc do Espfrito. Os prcgadorcs prccisam dcpcndcr do Espfrito em !tua

Page 30: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

Revitalizando a IgreJa Revitalizando a tideran!;a ss

prega~ao. Spurgeon sempre subia os quillze degraus do seu

pu lpito no Tabcrnacula de Landres, dizenda: "Eu creia no

Espirito Santo". COll hecimenro e imponanre. mas nao e suficien te. Co­

nhecimento. embora seja vim!, nacla pode f.ucr sem a Lln­

\3.0 do Espfriro Sanro. A uD\ao vern arraves de lima vida de

ora<;3.o. Nada revel a ranro a pobreza das nossas o rac:;:6es em

secreto do que a ausencia da unc:;:ao do Espl ri ro em nossa

vida e pregac;:ao. Uma pregac:;:ao bonita, reroricameme bem

elaborada. exegeticamente mcriculosa, teo logicamen rc

consisrcnre geraJmentc revela a crudic;:ao e a capacidade do

pregador. Mas somente a Ul1c:;:ao do Espfriro Santo revel a a

presen,a de Deus. A. parte da capacitaC;iia do Espirito Santo

no aro da proclamac:;:ao, a melhor recnica ret6rica fracassara

roraimenrc em seu objctivo de transformar aqueles a quem

nos pregamos.

A eloquencia pode ser aprendida. mas a unC;ao precisa

ser recebida do altO. as seminarios podem cnsinaI os

eslUdanccs a serem grandes oradores, mas somenre 0

Espfri to Santo pode capacid-Ios a screm pregadores cheios

de pader. Livras de hamiletica pod em ajudar as prcgadares a prepararem melhor os sellS sermoes. mas somcnrc 0 £Spirito

Santo pode preparar encazmenre os pregadores. Unc;:ao nao

sc aprende atraves de rerorica. Ela nao e consegllida arrave.s

da imira<jiio de outrOS prcgadores. Somenre 0 Espiriro Sanro

pode conceder unc;iia aa pregadar. A un,aa c a Espirito

Sama descenda sabre a pregadar de forma especial,

capacirando-o com poder, de ral maneira que ele reaJiza a

abra da pregac;iia de forma tao elevada, que ele passa a ser

usado pelo Espfrito e Sf' rransforma em um canal atraves de

quem 0 Espirito Sanro opera.

Nao e basr:tntc apcnas pregar sab re 0 poder, e preciso

experimenra- Io. Nao c suncicnre apenas falar acerca d as

coisas exrraorciinarias, e necessaria viver lima vida extra­

ordinaria. Nao e sllncienrc apenas pregar aos ouvidos, e necessario tambem pregar aos olhos. As pessoas ouvem dos

pregadores grandes sermoes. mas mio veem grandes obras

ern suas vidas. Pregar sobre 0 poder do £Spirito Santo e uma coisa, viver poderosamente sob a unc;:ao do Espiriro e compleramenre difcrcnre. Uma coisa e rer 0 Espiriro resi­

denre, olltra coisa e re-Io presidente. Uma coisa e possuir

a Espfrito. aurra coisa e ser possufdo por e1e. Uma coisa e Ser hahirado pelo Espirito Santo, omra coisa e Ser cheio do

Espirito.

Mwtas igrejas rem inAuencia polltica. riqueza. crudi-

9io, boa organizacrao, belos templos. sonsricada recnologia,

erudi ros pasrores, mas flaO rem poder. A obra de Deus n5.o

e realizada at raves da for~ da carne ou da inteligencia hu­

mana, mas atraves do pader do Espirim Santo (Zc 4.6).

o grande evangelisra Dwight Moody recebeu urna unc;iio especial para pregar a Palavra de Deus depois que dllas humildes mlilheres mcrodis[as oraram por e1e em

Page 31: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

Revitahzando a igre)a

Chicago. Elas Ihe disseram: "Voce precis> do poder do

Espiriro San [0"'. En[ao de Ihes pedill que orassem com

de e nao si mplesmenre por c1e. Pouco rempo dcpois. as

ora~6cs daquelas mulheres foram rcspondidas, quando

Moody esta-va em ew York. 0 proprio Moody rclata a

sua experiencia:

f

Ell CStaYa c!amanda a tempo todo para que Dem me

ungisse com 0 seu ~~piriro. Bem, lim cliQ, na cidadc de

New York - oh. que dia! Eu nao pos~o descrevc-Io ... Eu

posso .somelHC di1.er que Deus revc:lou-se a mim e [iv(.'

tal experic:ncia do ~t:u amor que eu live de pedir-Ihc que

"uspendeo;;se a sua mao de sobre mim. Depob dc~"e dia

conrinue-i pregando. Os serm6es n;io eram diferenres:

nao preguei nellhuma nova vcrdJcle. ma~ Cl~lHella~ de

pe~soa~ cram convcrlidas. Se algucm me of,'rcLcsse 0

mundo imeiro para que eu volra~se J viver do Illesmu

idlo que vivi ames dcssa abenC;03dJ expcricncia. ell de~­

prezaria CS~a propost3 e a c.:onsider.uia apen.ls coma pci

em lima balanC;3_ lh

Many" Lloyd-Jones. con;iderado 0 malor pasmr do

sccu lo 20, cosruma dizer que prega<;ao e 16gb el11 fogo'

OL'~\\ ll. \'\'oll'~' L. ·IMl1u (or (;at!. (,r,lIld R.tpiJ\. t\lilhig;Jll.

/omkr\'Jn Puh!ishin~ Ilou~c. 19!N. p. _"o"!·'ln.

ReIJita1izando a llderan~a

Pregayao e razao eloquenrc l Prega~ao e reologia em fogo.

Pregac;:ao c reologia vinda par Oleio de lim homcm que esd

em fogo. OS !lOSSOS serm6t:!I jamaj(j pegarao fogo a menos

que 0 fogo do Espirito anto queimc em !lOSSOS pr6prios

cornc;6es. A prega~ao apaixonada cleve ser feira com 0 co rayao em

chamas. £13 nao f:. um e::nsaio lido para um 3udit6rio desa­

{emo. A pregac;ao f:. lima confronracrao em nome do pro­prio Deus Todo-podcroso. Eia precisa ser anunciada com

uma alma em chamas, n3 3umriclade do Espir ito Sanw. E conhecida a exof[ayao de Joao Wesley: "Ponha fogo no seu

sermao, ou ponha 0 seu scrmao no fogo ....

Depoi~ de percorrer rodo 0 Brasil, prcgar em mais de oimcemas igrcjas de:: varias dcnominac;oes no Brasil e no exterior, ouvir paslor~s e membros de igre::jas, anali­

sar dc[idamenre a si[Uac;ao ou igreja ~vangc li ca brasileir'l,

estou convcncido de que a nossa maior necessidadc e de

urna profunda rcstaurac;ao espirirual na vida dos pasrorcs.

E misrcr que os pastores volrcl11 ao .!!eu primciro amor.

E mister que os pasrore~ restaurem 0 alrar da vida devo­

cionaL E mister que os p.lsmrcs deixcm de lado as coisas

urgcnrcs e comccem a gas[ar rempo com 0 que c impor­

tanre. E mister que os pasLOrc!I .!ie consagrcm J. ora<;ao c aD

minisrcrio da Palavr~l. QlIe DeLIS no.!! de a alegria de vcr

Urn tempo de restJ.lIra<;Jo ern nossas igrcjas, come~ando

dos seus pasrores!

Page 32: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

3 Revitalizando a prega~ao

HERNANDES OlAS LOPES

A PREGAc;:.-\O e 0 principal instrumenro usado por Dells

para levar a igrcja aD cresci menro, pois a fe vern pela pre­gas;ao da Palavra (Rm 10.17). Deus chama seus escolhidos

pela palavra Uo 17.20) . Os crentes nascern da Palavra (1 Pe

1.23), alimenram-se da Palavra ( IPe 2.2) e sao santificados

pela Palavra (Jo 17. 17). A Palavra e lltil para 0 ensino, re­

preensiio, COrret;aO e educas;ao na justic;a (2Trn 3.16). Por

imermcdio da PaJavra, 0 homem de Deus c aperfeif:roado e perfeitamem e habilitado para roda boa obra (2Trn 3.17).

Urna igreja cresce de forma saudavel pela prega,ao fie! das

Escrituras. Estou convcncido de que 0 crescimenm da igreja e

Urn dos (cmas mais discutidos oa atualidade. Toda pastor

anseia ver sua igreja cresccr. A igreja cleve creseer, prccisa

crescer. Se cIa llaD cresee e porque esta enferma. A pcrgunta

Ccrta a fazer nao e: "0 que cleva fazer para minha igreja

Page 33: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

Revitalizando a igre ,1

crescer?», mas: "0 que esta impedindo a minha igrcja de

cresccr?". Com rcspciro ao cresci men to da igreja, prccisamos cvi~

rar do is cxrremos: Em primciro lugar, a numerolntria. E a idolarra<;:lo dos

Ilu.meros. E 0 crcscimcnm como lim n.m em si mesmo. (.~ o crescimcmo a qualquer pre<;o. Hojc vemos mwm adcsao

e pOllca conversao. Muiro ajunlamCmo C pouco qucbran­

ramento. A prega«30 conremporanea tern sido a prcga<;ao

da fe scm 0 arrepcndimenro e da salva<;ao scm a conversao.

Muitas igrcjas rendcm-se ao pragmatismo para akan«ar 0

crescimel1ra numerico da igreja. Dolo as pessoas 0 que elas querem, em vcr de dar a elas 0 que precisarn. Pregam para

agradar aos incredlilos em vel. de condllzi-Ios a salva<;3o.

Esses prcgadores da COl1vcniencia nao estao interessados na

verdadc. mas no que funciona; l1ao no que e cefto, mas no

que do cerro. Querem resllirados, e nao lidclidadc. Estao Olais intcrcssados no aplauso da terra do que na aprova<;ao

do ceu . Buscam mais a aprovac;ao dos homens do que a

gloria de Deus. Em segundo lugar. a Ilumtrofobia. E 0 medo dos nu­

meros. E desculpa infundada da qualidade scm quantida­de. A qualidade gera quanridade. A igreja C LUn organismo vivo. Quando cia prega a Palavra com intcgridade e vivc em

santidadc, Deus da 0 crescimemo. Nolo hi colheita scm se­

mcadura. Ha muira5 igrcjas csragnadas; Dutra.." morrcndo.

Revitalizando a pre9a~ao

a mais grave e que muiras dclas esnio sarisfeiras apesar dos

sinais de mone. Criaram mecan ismos de clefesa. Bl inda­

ram-se com desculpas muiras para aliviar a consciencia.

Justi licam seu fracasso elll nome de sua lidelidade inego­ciavel. Nao percebem que Deus e glorilicado quando pro­duzimos flluiw fru(Q. Obviamenre Deus se inreressa por

numeros. A Biblia esra cheia de esratlsrica. 0 Iivro de Atos contabiliza 0 nlllnero dos salvos. Numeros imporram para

Deus pOtquc sc referem a pessoas. 0 pastOr sc impofCa com uma unica ovclha perdida. Um pasror fie! nao pode se acomodar nem se conformar com a estcrilidade de seu

minisrerio. Uma igreja nao pode acredirar que a auscncia

de convcrsocs c uma coisa normal. Uma igreja saucicivei

cresee e cresce pcb pregac:;:ao cia Palavra.

o Movimenro de Crescimcnro de Igreja comcc:;:ou em

1930 com Donald McCavran, quando esre deixou a sede das Miss6cs na fndia c passou dC2eSSC(C anos plantando

igrejas e fazendo uma pergunra: por que algu mas igrejas crescem e outras nao? Elc fundau 0 insti[uto de Cresci­

memo de 19reja em Oregon, Estados Unidos da America, com apenas urn aluno boliviano. Seu minis[crio crcsccu e

PasSOll a ser rt:conhecido em rada a America. Nao [ardOll

para que 0 Scminario de Fuller 0 cOllvicia'\se para rransfcrir­

-se para a C1lif6rnia. onde 0 Instituto de Crescimenro se

tornoll mundialmente conhccido. PossiveLncntc, Donald

McGavran foi 0 missionario que mais inAuencioli a igreja no

Page 34: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

f 62

Revltalizando a igreJa

secwo 20. Com 0 passar dos anos, esse insri[U[O foi cami~ nhande na dirccyao do pragmatismo e perdeu de vista a pre­gac;.ao como 0 principal faror para 0 crescimenro da igreja.

David Eby. ministro presbireriano. dcpois de uma

aClIrada invcstigacyao, examinando as monografias, teses e

dissertac;:6es dos eswcianrcs do Movimenro de Crescimento

de Igreja do Semimirio de Fuller. na California. chegou a conclusao de que havia uma pequena enfase na pregac;:ao como instrumenro para conduzir a igreja ao crescimento.

Na verdade. a maioria esmagadora desses rrabalhos acade­micas apontava as recnicas do pragmatismo como 0

cam inho para levar a igreja ao crescimenro. A ideia e: se

funciona . use. 0 pragmarismo naD esra prcocupado com a

verdade. mas com 0 que funciona. Nao pergullta 0 que e certo, mas a que da. ceno.

Tom Rainer. porem. fez lima minuciosa e exausriva

pesqllisa enrce 576 igrejas barisras do Sui nos Esrados Unidos e chegou a uma condusao co nrraria a do Movimenro de

Crescimenro de Igrejas. A pesquisa idemihcou que a maior

fator para a crescimento saudave\ da igreja e a pregac;:ao

expositiva. Muiras igrejas comempo raneas esrao buscando novas

tecnicas e novOS modelos para levar a igreja ao crcscimenro.

Mas, se queremos 0 crescimento salldavel cia igreja.

precisamos volra r ao primeiro livro da hist6ria cia igreja, 0

livro de Atos, para cnrendermos as prindp ios de Deus. La

Re .... italiZando a pre9a~ao 63

e:nconrraremos que a pregacrao associada a oraC;:lo (oram as

grandes insrrumenms usados por Deus para levar slia igreja

aO CTescimento, seja numerico seja espirirual. Nao remos

que invenrar 110vidades, precisamos volrar as origens.

Nao rcmos que seguir modclos pragmaricos, remos que

anunciar a Palavra com fidclidade , no pader do Esp(rito

Samo. Entao Deus nos dad os resultados!

Conclamo voce, leiror, a volrar sellS olhos para as

Escrituras e caminhar camigo pclas paginas do livro de

Neemias. Aqui es ta urn exemplo chissico do poder da

Palavra. A revitaliza~ao da igreja passa pela prega.,ao. A cidade de Jerusalem estava devasrada havia mais de

cern anos. Desde a invasao de Nabllcodanoser em 586

a.c.. quando a cidade fora desuuida seu templo qlleimado e seus muros dcrrubados ate a chegada de Neemias em 444 a.c. para a restaura~ao da cidade. tudo estava debaixo de escombros.

Mesmo com a volta dos carivos em 516 a.C ., sob :l

Iideran~a de Zorababel . para a reco nsuu~ao do templo. e de Esdras, mais tarde, para 0 cns ino da lei, a sorre da cidade

ainda nao havia sido rnudada. Havia algumas razoes para

ism: primdfO, 0 povo que volrou do cariveiro nao rinha

reClirsos suficienres para reconstruir a cidade. Segundo, ao

redor de Jerusalem. inimigos confederados conspi ravam

Contra 0 pave e se opunham a recons[ru~ao da cidade. Ter­

eeiro. a cidade csrava cheia de escombros e enwlhos, com

Page 35: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

f

64 Revitalizando a ig reja

muros quebrados c porras queimadas. gcrando urn profun­

da desanimo e aba[imenro no povo. Quano, em virrude de canas memirosas dos inimigos do povo. aflrmando que as

judeus que dnham remrnado planejavam uma conspirac;:ao

contra a Persia. 0 proprio rei embargau a ohra d e reCO IH­

trll<;ao da cidade. E nesse comexm de pobreza, perscguic;:ao. desani mo

e cmbargos legais que Neemias chega a Jerusalem CO I11 0

proposiro de restaurar a cidade. Essa resrallrac;.aa dell-se em . . . (res n IVCIS:

Em primciro lugar. a resttlllYafiio fisica. Neemias levan­

rou as porras e rcstaurou O!) murcs da cidade em ci nquenra

c dais dias . Aquila que parecia imposslve! romou-se reali­

dade. Uma cidade mcrgulhada em rulnas Icvanrou-se das

ci nzas. Os inimigos foram cnvcrgonhados. 0 povo fona­

lecioo c a cidade de Jerusalem voltou a ser lima co rca de

gloria na mao do Scnhor. Em segundo lugar, a restaurofiio social. A o rdem

polidca, social e econo mica foi rcstabclccida. Acri~c scmprc

favorcce a co rrupc;:ao. Os governadores que amccederam

Neemia~ oprimiram 0 povo. Os ricos csfolavam o~ pobres,

cmprestando-lhcs dinheiro com juros abusivos, para

romar-lhes a~ rerras, as vinhas, as casas e as proprios fl lhos.

Nccrn ias rcst;}uroll a justic;a social, cstancou 0 Alixo de

corrupyao no governo e dcvolveu a dignidade aquele povo

oprimiclo.

Revitalizando a pregal;.30

Em terceiro lugar, a reSltlurafdo espirit71ai. E mais fadl

levantar mums do que reconstruir vidas. E mais faol tirar

uma cidade dos escornbros do que resraurar a vida espi.rirual

de sells habitantes. Neemia~ precisou de apenas cinquen[a

e dais dias para rirar Jerusalem do oprobrio e garamir sua

seguranc;a. Porem. passaram-se varias 3nos de luta scm trcgua

ate ver a resraurac;:ao cspi riwai do pavo. A restauralf50 Hsica

cia cidade deu-se com a levamamemo dos mUIOS C das porras,

mas a rcstaurac;:ao espiritual foi cfetivada peb pregac;:ao da

Palavra. A maior reforma que Nccmias implemenrou ern

Jerusalem foi a rcsraura<;:io da auroridadc da Pal.vra de

DeLIS sobre 0 pava. Scm cssa resraurac;ao. Jerusalem seria

absolutamcnrc vulneravei, mesmo rendo muros erguidos c

ponas levamadas. A maior necessidade da igreja c aa nac;ao,

ainda hoje. e a resraurac;ao da supremacia da Palavra de Deus.

A igrcja cvangelica brasilei.ra enfrenra quatro proble­

mas graves que prceisam scr corrigidos, soh pena de CntT3f

num processo de dedinio.

o primciro problema e a inRlIcncia danosa do libera­

lismo reologico. 0 liberalismo nao ere na incrrancia, in f.1-

libilidade e suficiencia das Escriruras. Olha para. Biblia

como um livro eheio de erros e con[raciic;:6es. Nao aceita

SUa in spir~H;:ao ncm sua auwridade. Esvaz.ia a Palavra de:

Deus de seu conteudo d ivino e ncga que ela seja nossa

unie..1 regra de fc c prarica. As igrejas que entram par esse

caminho escorregadio trafegam nwna csrrada de desastre e

Page 36: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

p

66 Revitalizando a igreja

morte. Onde 0 Iiberalismo chcga. ele mata a igreja. 0 libe­

ralismo tco16gico come~a nas citedras, desce aos pwpi ros e

dai esvazia as igrejas. Muiros seminarios que foraIn celeiros

para formar pastores e miss ioml rios, hoje, rendidos ao Iibe­

raiismo, formam cericos e incredulos; em vez de cOl1tribuir

para 0 crescimenro da igreja, maram as igrcjas e presram

urn desserviifo ao reino de D eus. Nenhuma igreja sobrevive

depois de abra~ar 0 Iiberalismo. 0 liberalismo nunca cdi·

heal! uma igreja forte. 0 liberalismo nu nea experimcn(Qu

um reavimcl1[Q, 0 liberalislllo nunca conduziu uma igreja

ao crescimenro espiritual e numerico. 0 Iiberalismo e urn

venena mortal. Marou igrejas oa Europa. na America do

Norte e eSr3 fazendo 0 mesmo no Brasil .

o segundo problema que ataea a igreja brasileira e 0

sincrerismo religioso. Vivemos numa culmra mfstica de

pajelanc;:a, idolatria, kardecismo e cuhos afras. 0 sincretisll10

e uma misrura de crens:as. E colocat no meslllo liquidificador

religioso heresias misruradas com algumas verdades biblicas.

o sincretislllo e a paganizac;:ao da fe evangclica. Muitas

igrejas, no af.i de aerair as pessoas, oferecem ao povo essa

mistura venenosa, esse lcite contaminado, esse cardapio

heterodoxo. Se 0 liberalismo reol6gico retira das Escrituras

o que nclas esta, 0 si ncretismo acrescenra 0 que nao pode

esrar ndas. Muhos obreiros, em nome da espiritualidade

robusta, induzem 0 povo aD misricismo, ao paganismo, a apostasia. Em vez de ensinar ao povo 0 cvangclho cia graya,

Revitalizando i1 pregat;ilO

pregam sobre sonhos, visoes e revelac;:oes, que broram de

seus corac;:6es enganosos. Em vez de dar ao povo 0 rrigo da

verdade. oferccem a pal ha das novidades do mercado da fe.

Em Ve:/.. de levar 0 povo de vol[a as Escriru ras, empu rram-no

para as praricas Illisticas. para mann~-Io na ignorallc ia. Hoje

muitas igrcjas mudaram ° r6rulo das heresias do paganismo,

mas mantem 0 povo preso ao mesma misticismo: sal grosso,

copo d'agua em cima do radio, malha ungida. Sao guias

cegos guiando cegos. Sao lobos devorando as ovelhas. Sao

falsos pasrores apascenrando a si mesmos em vez de cuidar

das ovelhas de Cristo.

o [erceiro problema que ataca a igreja e a orrodoxia

marta. Ha Illuiras igrejas que, em bo ra sejam ortodoxas,

estao eseagnadas. A onodoxia marta mata. Nao basea fer

doutrina cena, e preciso tambem rer vida cerra. Nao basta

rcr luz na menre, e preciso rer fogo no corac;aa. H d muiws

cremes oftodoxos de cabec;a e hereges de co nduta. Ha um

divorcio entre 0 que profcssam e 0 que pradcam. H;i um

abismo entre sua crenc;:a e sua vida. U m hiaw entre sua rc­

alogia e slla etica. Ha p regado res secos co mo wn poste. Ha sermoes aridos como um dcserto. Sermao morto mara; scr­

mao sem unc;ao endurece ° corac;:ao. Precisamos pregar aos

ouvidos e tambcm aos olhos. Nossa pregac;ao prccisa rer

eloquencia e demonsrrac;:ao do Espiriro. Nao basra proferir

a Palavra de Deus, e preciso sec boca de Deus. Nao basta

carregar 0 bordao profctico, os macros precisam ressuscitar.

Page 37: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

08 Revitalizando a igreJ3

o quarto problema que araca a igreja e 0 analfaberis­

rna bfblico. Embora ja renhamos publicado mais de quarTo

bilhoes de biblias no mundo, para uma populal'ao de sete

bilhoes, ainda rcmos um povo analf..bero de Biblia. Embo­

ra 0 Brasil seja hoje 0 maior produror de biblias do mun­

do, ainda remos uma igreja analfabera da Biblia. Emborn

renhamos dezenas de biblias de esttldo a disposi,ao, ainda

(cmos lima gera~ao de crentes sliperficiais. POT dcsconhe­

cerem a verdadc. fieam amerce da mentira. Por !laO esta­

rem arraigados na sa dourrina, fic3m exposros as heresias.

Por nao praricarem 0 que conhecem, flcam exposros a lima

vida mundana. Muitos pastorcs rambem SflO preguilfosOS.

nao esrudam. nao alimcnram 0 povo com a Palavra. Em

vez disso, of cree em uma sopa ra la aD pova, fruanda muiro

da pieniwcie do sell eoralfio enganoso e do vazio de slia

cabe,a.

Estou convencicla de que a unica forma de revertermos

e5sa slm3<;:ao e uma volta a Pa.lavra de Deus. Necessitamos

de uma nova reforma religiosa que nos eoloque de volta

nos trilhos da verdade c de um profundo reavivamento es­

piritual que nos aqlle~a de novo 0 eorac;ao. Precisamos da

revitaliz..,ao da prcgal"o.

Vamos tratar, en tao, desse momelHoso tema a luz do

livro de Neemia.;;. Neemias 8 C um grande modelo da

prega~ao cxposi(iva que produz 0 vcrdadciro ereseimento

espirirual. Martyn Lloyd-Jones disse que a prcgal"o e a

Revitalizando a pre9a~ao

careEa mais import3nrc do mundo. A maior ncccssidade cia

igreja e a maior ncccssidade do mundo. Calvino entcnd ia

que 0 pulpito e 0 trono de onde Delis govel'lla a slIa igrcja.

o AJUNUMENTD PAllA OUV'R A PALAVRA OE D EUS

(NE 8.1,2) A revjtaliza~:io da igrcja comec;:a quando cia se relllle

para ouvir a cxposis::io das Eserimras. Vamos vcr como foi

esse ajulltamenro na cidade de Jerusalem.

Em primeiro lugar, lim ajuntamento esponttineo (Ne

8.1). Deus mOveu 0 cora~ao do povo para [cunir-se para

buscar a Palavra de Deus. Eles naa se reuniram ao redar

de qualquer aurro interesse. Hoje 0 povo busca resultados,

coisas, beneffcios pcssoais, c nao a Palavra de Deus. Que­

rem as bens:aos de DeLIs, mas nao 0 Deus das bens:aos. Tem

fome de prospericlade e sucesso, mas nao rem fame da Pa­

lavra. Temos criado muiros atratiVQS na igreja para chamar

o povo, mas nada pode nos atrair mais do que a fome pela

Palavra. Nossa motiv3\a.0 precisa ser a Palavra. Nao [emos

Outra coisa a oferecer ao povo a nao ser a Palavra.

Em segundo lugar, 11m ajlmtamento coletivo (Ne 8.2,3).

Todo 0 povo: homens, mulheres e crian\as reuniram-se

para busear a Palavra de Deus. Ninguem heau de fora.

Pobres e ricos, agriculrores e nob res, hamens e mulheres.

Eles tinham lim alvo em comUJl1. buscar a Palavra de

Deus. Precisamos rer vantade de nos reunir nao apenas

Page 38: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

Revita lizando a Igreja

para ouvir canrores famosos ou pregadores conhecidos,

mas para ouvir a Palavra de Deus. 0 cemro do cu lro nao e o homem, e Deus; nolo e a programa)::io que e1aboramos,

mas a pregac;ao da Palavra de Deus.

Em terceiro lugar, um ajuntamemo barmonioso (Ne 8. I ). "Como se fosse urn so homem. todo 0 povo se reullill ... ': Nao havia apenas ajuntamento, mas cOlTI linhiio. Nao

apenas esravam perro, mas cram unidos de alma. A uniao

deles nao era ern torno de enco ntros sociais, mas em rorno

da Palavra de Deus. Muitas igrejas precisarn promover

caisas cspeciais todos as dias para atrair 0 povo. Se nia

river urn pregador especial, um cantor conhecido, 0 povo

nio vern. Ajuntamos as pessoas em rorno do humano c do

rerreno, em vez ajund.-las em rorno do divino e celestial.

Uma igreja saud<ivei tern fame da Palavra. Corre para ouvir

a Palavra. Ajunta-se para dar atcn):ao a voz de Deus.

Em quarto lugar, 11m ajllll/amento proposilal (Ne 8.1).

"£ pedirll1ll a EsdrtlS, 0 (scriba, que trouxesse 0 Livro da Lei de Moises, q"e 0 5mhor dera a Israel': 0 prop6sito do POl'O era

ouvir a Palavra de Deus. Eles tinham sede da Palavra. Eles

einham pressa de ollvir a Palavra. Nao era qualquer novi­

dade que os atraia, mas a Palavra de Deus. Tenho prcgado

em ccntenas de igrejas em todo a Brasil. Surpreendo-mc,

algu mas vczes, com algumas igrejas que nao cseao acostu­

madas a ouvir a Palavra. Querem cntreecnimenro, e nao cn­

tcndimcmo; qucrem emo\ao, e nao CO n'lpreensao. Querem

Revita lizando a prega41Zao 71

eXpericncias, e nao 0 con hecimenm da verdade. Querern

uma panaceia para os males do agora, e Ilao a salva¢o de

sua alma. Em quinto lugar, ,w, ajlln/amellto pOl/tltal (Ne 8.3).

o povo todo ese3va presenre desde 0 nascer do so!. Eles se

preparavam para aquele grande dia. Havia expeceariva no

cora<;ao dcles para ouvir a lei de Deus. A Palavra precisa

ser prioridade para sennas pOIHuais. James Hunter diz

que uma pessoa que se auasa sisremadcameme para urn

compromisso rransmitc varias mensagens: I) 0 tempo

dela e mais importante do que 0 dos ounas; 2) As pessaas

que cia vai enconrrar Ilao sao muito importantes para e1a;

3) Ela naa tern a cuidado de cumprir compromissas. A

igreja conremporanea perdeu de vista a prepara<;ao con­

venienre para ir a casa de Deus. Marcamos nossas festas e

enconrfQS para s<ibado a noire e no domingo de manha,

es{amos sonoiencos, indisposcos, preferindo a caroa aD

remplo, 0 sono ao culm, 0 descanso a Palavra. Damas a

Deus 0 resta: a resro do nosso eempo e de nossas encrgias.

Ternos tempo para ruda, menDs para Deus. Precisamos

sec revitalizados!

A SUPREMACIA DA PALAVRA DE DEUS Destacaremos (reS verdades aqui:

Em primeiro lugar, 0 pregador precisa (star comprome­tido com as £Jerituras (Ne 8.2,4,5). Esdras cra UIll hamem

Page 39: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

Revitalizando a igrt'JiI

compromerido com a Palavra (Ed 7. 10). 0 povo nao Ihe

pediu que cons[assc bonims experiencias, mas qlleria lim fie! exposiror das Escriwras. A maior necessidadc da igreja

e de homcns que conhc<;am. vivam e pregllcm a Palavra dt

DeLIs com fidelidade. A prega~ao e a maior necessidadc da

igreja e do mundo. A prega~a.o e a rarcf.1 mais imporr:lme que ex is(e no mundo.

o impacro callsado peIa leirura da Palavra de DeLIS par

Esdras e compa rado ao impacto da Biblia na epoea da Re­

forma do scculo 16. Precisamos nos tornar 0 povo "do li ­

vro", "da Palavra". Nao hi reavivamenro scm a rcsraurac;ao

da auroridade da Palavra.

Em segundo lugar, 0 POl)O precistl eS/tlr sedellto d llS

Escriturt/s (Nc 8.1,3) . A Biblia e 0 anseia do povo. Eles sc

rellOem como urn 56 hom em (Ne 8.1), com os ouvidos

arentos (Nc 8.3), reverentes (Ne 8.6), ehorando (Nc 8.9) e

a1cgrando (Nc 8.12) c prontos a obedecer (Nc 8.17). Elcs

quercm nao farelo, mas uigo. Eles querem pao do cell. Eles

q"erem a vcrdade de DeLIS. Eles buscam pao onde havia pao.

Muiros bu.scam a Casa do Pao e nao cnconrram pao.

Sao como Nocmi e sua familia , que salram de Belcm c fo­

ram para Moabc, porquc nao havia pao na Casa do Pao.

Quando as pe.ssoas deixam a Casa do Pao encomram a

mane. I lei muira propaganda enganosa nas igrcjas: promc­

rem paD, mas so h<i fornos frios, prareleiras vazias e algum

Revit"lizando a prega~ao

fardo. Nao adianra dar ao povo recei ta de pao; e preciso

dar pao. Nao adianra dizer que no passado 0 povo rinha

pao com farrura; e preciso saciar a fame do povo hoje.

Em [erceiro lugar. fltitudes do /Jovo em re!tlrrio as Escritteras. 0 povo reve quarre <lt iwdcs imponanrcs em

rela~ao a Palavra: primciro, ollvidos alelUos (Ne 8.3). 0 povo permaneccu dcsde a alva are a mcio-dia, scm sair

do lugar (Nc 8.7), com os ouvidos arentos. Nao havia

dispersao, disrra<;ao nem enfado. Eles esravam a[cn[O$ nao

ao pregador, mas ao livro da lei. Nao havia esnobismo

nem ricragcm, mas fame da Palavra. Segundo, mente !ksperltl (Ne 8.2,3,8). A explica~ao era logica, para que

[OdDs enrendessem. 0 rcavivamcnto nao foi um apelo as emoc;oes, mas urn apclo ao cnrcnciimenro. A supersric;ao

irracional era a marca do pagan ismo. 0 profeta Oseias

eli.: "0 mert povo estd selldo destruido porqlle Ibe folta 0

conhecimento" (Os 4.6). Terceiro, reI'erencio ( e 8.5). "Entiio, desde um lugtlr mais alto, Esdras abrill 0 !iuro, e todo o povo comeguia llt-lo. Assirn que lIbriu 0 livro, todo 0 POl)O Sf

pos em pe': Essa era uma alitude de revercncia e respeiw a Palavra de Deus. Esse pt'dpiw e1evado nao era para revelar

a infalibilidade do prcgador, mas a supremacia da Palavra.

Quarto, adOl'apio (Ne 8.6). Esdras ora, 0 povo responde

com UIll sonore amem , levama as maos e se pros[ra para

adorar. Onde hi orac;ao e expo~i~5.o da Palavra, 0 povo

exalr3 a Deus e 0 adora.

Page 40: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

74 Revitalizando a igreja

A PRIMAZ1A DA I'REGA<;AO DA PALAVRA DE DEUS A pregas;ao expositiva pode set sinrcrizada em (res

palavras-chave. Fai isso que aconrcceu com a pregas:ao de

Esdras. Em primeiro lugar. ler 0 texto das Escr;tllras (Ne

8.2,3,5). A leirura do rexro e a parte mais importanre do sermao. 0 tCxro e a fonte cia rnensagem e a autoridade

do mensagciro. 0 sermao s6 e sermao se ele se prop6e a

expliear 0 texto. Ha pregadotes que leem 0 teno atabalhoa­damenrc. H<i Qurros q ue arropelam 0 [exro, mosrrando urn

total doseaso it Palavra. Ha aqudes que leem 0 texto biblieo

scm qualqucr enrusiasmo, revelando profunda desintercssc

para com seu conteudo. Voce conhece 0 compromisso de

lim pregador com as EscrirLUas a partir da ieitura que elc

faz do texro bfblico a ser exposto.

Em segundo lugat, explicllr 0 texto dt1S Escritllrt1S (Ne 8.7,8).0 crisrianismo e a religiao do enrendimenro. Ele nao

nos rouba 0 cerebro, mas rraz luz a mente. 0 sincretismo

religioso anu la a ra1...10 . Pregar e cxpJicar 0 (exro. A

mensagern e baseada na exegese, ou seja, tirar do texro 0 que

csra no tex(Q. Nao podemos impor ao texro nossas ideias.

Isso e eixegese. Calvino dizia que pregas:ao e a explica<;:ao

do tcxro. 0 pt'dpiro e 0 trona de ande Deus govern a a sua

igrcja. Lucero dizia que exisre a Palavra de Deus eSCri(3, it

Palavra encarnada e a Palavra pregada. Muiros he je dizem:

U Eu ja [enho 0 scrmao, s6 faha 0 tcxro" . lsse nao e pregatyao.

Revitaliza ndo a pfega~ao

Deus nao tern nen hum compromisso com a palavra do

pregador, e sim com a sua Palavra. E a Pahl.\'ra de Deus que

nao volta vazia e nao a palavra do pregador. Aquele que

faz a obra de D eus reiaxadamenrc e maldiro. Apresenrar­

se diante do povo de Deus scm prepara<;:ao conveniente

e urn grave pecado. Prccisamos ser obreiros aprovados.

Precisamos nos afadigar na Palavra para cava! seus tesouros

inesgoraveis. Urn pregador nao afeiro a leirura nao pode

rcr urn minisrerio releva nre. Urn prcgador prcguis:oso que

nao se esmera no ensino e negligenre. Urn pregador que

renta enganar 0 povo co m arroubos de eloquencia e com

(ecnkas modernas de comun icas:ao, mas sonegando ao

povo a expliea,ao do teno sagrado esta desqualifieado para

D minis(crio.

Em terceiro lugar, IIplicar 0 texto dlls Escritttrt1S (Ne 8.9-12).0 serrnao c uma ponce entre dois mundos: 0 texto e 0

ouvinre. Precisamos ler 0 texro e ler 0 povo. Nao pregarnos

diantc da congregas:ao, mas a congregas:ao. Onde comecra a

aplica<;:ao, come<;a 0 sermao. Ha urn grande perigo da cha­

mada heresia do. aplicafiio. Se nao inrerprerarmos 0 texto

correramenrc, vamos aplid-lo d e forma disro rcida. Vamos

promerer a que D eus nao esta promerendo e corrigir quan­

do Deus nao esd co rrigindo. A cxpos i~ao e a aplicacrao da

Palavra de D eus produziram n3 vida do povo uma gloriosa

resrauras:ao espiritual.

Page 41: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

6 Revitalizando a igreja

OS EFEITOS DA eREGAc;:Ao DA PALAVRA DE DEUS

Vejamos, agora, as efeiros da pregac;:ao: Em primeiro lugar, ela atinge 0 intelecto (Ne 8.8). A

pregac;:ao e dirigida a mente. 0 cuIta deve sec racional. De­vemos apelar ao entendimenro (Ne 8.2, 3,8,12). John StOtt escreveu lII11livro com 0 dtulo: era e ttlmbbn pensar. E isso

e LIma grande verdade! Nada cmpolga tanto como estuciar

[eologia. 0 conhecimento cia verdade enche a nossa cabec;a

de luz, aquece 110550 corac;:ao enos prepaea para a vida. 0 povo que conhece a Deus e forte e arivo (On 11.32).

Em segundo lugar, atinge tl emotoo (Ne 8.9-12). Quan­do 0 povo ouviu a Palavra, houve choro pdo pccada (Ne 8.9). A Palavra de Deus produz quebranramenro, arrepcl1-

dimenro e choro pelo pccado. 0 verdadeiro conhecimento

nos leva as higrimas. Quanto mais perro de Deus voce csd,

mais rcm cOl1scic:~ncia de que e pecaclor, mais chora pdo pe­

cado. 0 emocionalismo e inutil, mas a emoc;ao produzida

pelo enrendimenro e parte vital da fe crista. E impassIve!

eomprccndcf a verdade scm ser rocado por ela. Ao ouvir a

Palavra, houvc tambem a alegria da restaurac;ao (Ne 8.10).

As festas deviam ser celebradas com alegria (Dt 16.11,14). A alegria tern tres aspectos importantes: 1) Uma origem

divina - "A alegria do Scnhor". Essa nao C uma alegria

circunstancial, momendnea, sentimental. E a alegria

de Deus, indizfvel e cheia de gloria. 2) Um conrclldo

bendita - Deus nao e apenas a origem, mas 0 conteudo

, Revitalizando a prega~ao 77

dessa alegria. 0 pavo regozija-se nao apenas par causa de

Deus, mas em Deus: sua gra<;a, seu amor, seus dons. E na

presen\:a de Deus que hi plenitude de alegria. 3) Urn efeito glorioso - "A alegria do Senhor e a nossa for,a". Quem conhece esta alegria nao olha para wis, como a ll1ulher

de L6. Quem be be da fonte das delicias de Deus nao vive cavanda cistcrnas rotas. Quem bebe das delfcias de Deus

nao scO(e saudades do EgitO. Essa alegria e a nossa forya.

Foi essa alegria que Paulo e Silas scntiram l1a prisao. Essa e a alegria que os martircs sentiram na hora da morte.

Em (ercciro lugar, atinge a vontatle (Ne 8.1 1,12). Dois resultados acon receram depois que 0 pavo ouviu a Palavra:

primeiro, abedi"ncia a Deus (Ne 8.12). 0 povo obedeceu a voz de Deus, e deixou 0 choro c comeyou a regozijar-se.

Segundo, solidariedade ao proximo (Ne 8.12).0 povo co­mcyou nao apenas a alegrar-se em Deus, mas a manifestar

seu arnor ao proximo, enviando pors:6es aqueles que nada

rinham. Nao podemos separar a dimensao vertical da ho­

rizontal no culro.

A OBSERVANclA DA PALAVRA DE DEUS (NE 8.13-18) Desracaremos, aqui, tres verdades importantcs:

Em primciro lugar, It Lidem12ftl tama It iniciativl1 de

obsenlar tl Painvra de Deus (Ne 8.13-15). No rna seguinte, Esdras organizou urn esrudo biblieo mais profunda para

a lideranlYa (Ne 8.13). Um grande reavivamcnro esd.

Page 42: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

Revitalizando d iqrf.'ja

aeonrcccndo como resultado da observancia e obedicncia

a Palavra de Deus. Essa mudan", e iniciada pelos lideres do povo. Havia pr:it ieas que rinham eaido no esquecimenro.

Eles voltaram a Palavra e eornccyararn a pereeber que

precisaval1l ser regidos pela Palavra. A Escritura deve guiar

a igreja sempre. A primeira tenta<;ao do diabo nao roi em

relas:ao a sexo ou dinheiro, mas para suscirar dllvidas aeerca da Palavra de Deus.

Em segundo luga r, os liderados obedecem a orientariio da Palavril de Deu, (Ne 8. 16-18). Toda a lideran,a e rodo o povo se l110bilizarn para acertar a vida de acordo com a

Palavra. Havia uma unanimidadc em busear a Palavra e em

obedece-Ia. Esse reavivamenro espirirual foi rao extraordi­

nario que desde Josue, ou seja, ha 1.000 anos, a Festa dos Tabernaculos nllnea era realizada com tanta fidelidade ao

ensino das Escrituras. Essa fesra lembrava a colheita (Ex 34.22) e a peregrina,ao no deserto (Lv 23.43). Em ambas as si ruacroes, 0 povo era totalmente dependenre de Deus. Sc

queremos restaura<;ao para a igreja , precisamos buscar nao

as novidadcs, mas as Escrituras.

Em cereeiro lugar, a a!egria de Deus sempre vem sabre 0

povo quando este obedece a Pa/avra (Ne 8.10, 17b). '/1 ale grill do Sen!;or e a vossa forril" (Ne 8.10) e " ... a alegria deles foi muito grande" (Ne 8.l7b). 0 mundo esra atras da alegria. mas cia e resultado da obediencia a Palavra de Deus. 0 pecado enrrisrcee, adoecc. cansa. Mas a obedicncia a

~ev;talizando a prega<;ao 79

palavra de Deus rr02 urna alegria indizivel e cheia de gloria. Urn povo alegre e um povo forte. A alegria do Senhor e a

nOSsa for",. Quando voce esta alegre, a for,a de Deus 0

enrusiasma! Resultados gloriosos sao col hidos quando 0 povo se

vo lra para a Palavra de Deus. Dois resultados sao aponrados:

Primeiro, conhssao de pecado. No capitulo 9, vemos uma

das mais profundas ora<;oes da Bfblia, em que Neemias

confessa 0 seu pecado e 0 peeado do seu povo. Sempre que

a Palavra e exposta, hi choro pelo pecado e abandono do peeado. Segundo, alians:a com Deus e reavivamento. No

capitulo 10, os Ifderes e 0 povo fazem uma alian<;a com

Deus de que deixariam seus pecados e andariam com e1e.

E en tao houvc urn grande reavivamento espir ituaJ que

levantou a nacrao .

Page 43: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

Revitalizando a visao celestial

ARfVAL DIAS CASIMIRO

"Que meu corafrio seja quebrado peltlS coisas que partern 0

cort/rao de Delis" (Bob Pierce).

"0 fider que lem 0 espfrito de Cristo lIao so mente deve ler

um entendimento de Deus e de si mesmo, mas deve ter t{/m­

bem 11m bom conhecimento das necessidad.es reais dos outros.

Sua semibilidade para com os outros e sempre jocaliZlldll

atra/les da V;"ao que Delis Ihe deu" Uolm Haggai)'

I GRE]AS CEGAS MORREM! Igrejas que perderam a sua .

v[-

sao missiomiria deixam de existir. Pas to res cegos que nao

lideram as suas ovelhas a pratica missionaria se tornam

coveiros de igrejas. Jesus diagnosticou a doenc;:a da ceguei­

ra espirirual na igreja de Laodiceia e Ihe deu 0 seguinte

conselho: "Ell te aconselho qlle compres de mim ouro reji­

nado no fogo, para que te enriquefas; roupas brancas, para

Page 44: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

82 Revitalizando a igreja

que te cubras e a vergonha da tua nudez ndo seja mostrada; e

colirio, para que 0 apliques sobre teus olhos e enxergues" (Ap

3. 18). Aquela igreja estava cega espiritualmente para as

oportunidades que Jesus Ihes abriu. A soluyao era apli car o colirio celestial para restaurar a visao espiritual.

A visao espirirual de sua idemidade e da sua missao e rudo que uma igreja local precisa para impactar 0 mundo.

Quando uma igreja local nao sabe quem ela e e para que e1a

existe, fica estagnada, adoece e morre. Par isso, Pedro, em sua

primeira carta (l Pe 2.1-10), faz duas perguntas relevames:

quem somos e para que somos? Ele diz: "Mas vos sois gerafao

eleita, sacerdocio real, nafdo santa, povo de propriedade

excLusiva de Deus, para que anuncieis as grandezas daquele

que vos chamou das trevas para sua maravilhosa lllz.

Antigamente, ndo ereis povo; agora, sois povo de Deus; nao

tinheis recebido misericordia; agora, recebestes misericordia"

(l Pe 2.9,10).

Primeiro, quem somos? Pedro diz que somos pessoas

que se aproximam e ficam em Cristo (v.4), somos uma casa

espiritual e urn sacerdocio santo (v.5), somos os unicos que

jamais serao envergonhados (v.G), somos as urucos para

quem Jesus e precioso (v.7), somos raya e1eita, sacerdocio real, nayao santa, povo de propriedade excl usiva de Deus,

pessoas chamadas das rrevas para a [uz (v.9) e povo que foi a1canyado pela misericordia de Deus (v.l0). Pedro

usa conceitos do Antigo Testamento para descrever a

Revitalizando a visilO celestia l

igreja: rafa eleita: assim como Israel, a igreja e formada pelos

e1eitoS de Deus (Dt 7.6-8; Jo 15.16). Sacerdocio real: assim como Israel (Ex 19.5,6), a igreja e urn reino de sacerdotes que serve ao Rei, na esfera do reino espirirual (Ap 1.6; 5.10).

Nafdo santa: assim como Israel foi 0 povo separado por Deus (Lv 19.2; Is 62 .12), a igreja e formada por cidadaos santos (Ef2.19) e nossa cidadania e celestial (Fp 3.20). Povo

de Deus: assim como Israel era 0 povo exclusivo de Deus

(Is 43.21) , a igreja e 0 povo de propriedade exclusiva de Deus, com prada pelo sangue do Cordeiro (At 20.28) . Jesus chama a igreja de "minha igreja" (Mt 16.18) e os cristaos de

"minhas ovelhas" 00 10.14 e Jo 21.16,17). A principalliyao

que Pedro quer nos ensinar e que ha wna continuidade enue 0 Israel do Amigo Testamemo e a Igreja do Novo

Testamemo. Deus so tern urn unico povo na H istoria: 0

Israel de Deus (Rm 11.25-27). Segundo, para que somos? Pedro responde dizendo que

Deus nos fez povo seu com urn proposito: para que anun­

cieis as grandezas daquele que vos chamou das trevas para

a sua maravilhosa luz (v.9) . Com este semido, 0 verbo

"proclamar" (eksangello), so aparece aqui em todo 0 Novo

Testamemo. Significa "publicar ou declarar publicamen­te, anunciar ou tornar amplamente conhecidas para os de

fora" as virtudes de Deus (519.14; 79.13).0 que sao estas virtudes? A palavra "virtude" significa "qualidade, atributo, excelencia e louv~r". A igreja deve proclamar verbalmeme

Page 45: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

84 Revitalizando a Igreja

as virtudes louvaveis de Deus, seus fei tos, seu poder, sua

gloria, sua sabedoria, sua gra<;:a, sua misericordia, seu amor

e sua sanridade. E a igreja faz isso quando cumpre a ordem mlSSlOnaria.

Toda igreja local precisa rer uma visao espirirual da sua

idenridade e missao. Nesre capirulo rrabalharemos para

apresenrar 0 conceito biblico de visao espirirual. 0 nosso

objerivo e moriva-lo, a partir da refiexao biblica, a recupe­rar a sua visao espirirual missionaria.

CONCEITO BiBLlCO DE V1sAo ESPIRITUAL

o conceito biblico de "vi sao" relaciona-se essencial­

menre ao minisrerio proferico do Amigo Testamemo.

"Visao" (hazon) significa a revela<;:ao por meio de visao,

oraculo ou comunica<;:ao divina. Ela descreve 0 conreudo da

comunica<;:ao espedfica de Deus ao povo, por imermedio

de um profeta (lSm 3.1; 1er 17.15; Is 1.1). Ela revela a

orienra<;:ao de Deus para 0 presenre e rambem para eventos

fururos (Dn 9.24; 10.14). Deus se dava a conhecer aos

proferas por meio das visoes (Nm 12.6). E toda vez que esta "visao" inexisria, 0 povo se "solrava" na corrup<;:ao

desenfreada: "Onde niio hd profecia (visiio), 0 povo se

corrompe, mas quem obedece a lei e bem-aventurado" (Pv

29.18). 0 Novo Tesramenro usa duas palavras gregas para conceiruar "visao": "horama", quesignifica "conremplar um

esperaculo" de narureza sobrenarural (Ar 9.10,12; 10.3,17

Revitalizando a visao celestial 85

e 19) e "optasia", que significa "visualiza<;:ao sobrenarural"

(Lc 1.22; 24.23; 2eo 12.1). o apostolo Paulo e urn exemplo biblico de a1guem que

reve varias visoes e revela<;:oes do Senhor (2eo 12.1) du­

rante 0 seu trabalho missionario, quando Deus 0 guiou e

a encorajou ao trabalho com visoes celestiais (At 16.9,10;

18.9-11 ; 22.1 7-21; 23.11; 27.23,24). A mais marcante e

decisiva visao que ele reve foi a que aconreceu no caminho

de Damasco, quando foi convertido pelo Senhor. Trara-se

de um fato biblico importante, regisrrado rres vezes em

Atos (Ar 9.1-9; 22.6-11; 26.1 3-19). Em duas delas, e 0

proprio Paulo quem descreve 0 que aconreceu. Desracamos

aqui 0 que ele resremunhou peranre 0 rei Agripa: "Portanto,

o rei Agripa, niio foi desobediente a visiio celestial. Pelo con­

trdrio, anunciei primeiramente aos que estiio em Damasco, e

depois em Jerusalem, e por toda a terra da Judeia e tambem

aos gentios, que se arrependessem e se convertessem a Deus,

praticando obras proprias de arrependimento" (At 26.19,20).

Dois detalhes importantes: Primeiro, a natureza da visao: "visao celestial". A palavra ''visao'' (optasia) significa "a vi­

sualiza<;:ao de uma apari<;:ao". A palavra "celestial" (ouranos)

indica "pertencenre ou vinda do ceu". A visao de Paulo foi

de natureza divina e celestial. Foi 0 proprio Deus que se

revelou a ele, salvando-o e vocacionando-o para 0 l11inis­

terio (At 9.1 -9). Esta visao mudou a sua vida espirirual e

deterl11inou 0 que ele seria a partir daquele l110menro.

Page 46: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

Revita lizando a Igreja

Segundo, a rea¢o a visao: ''nao foi desobediente" (apeitlJes) isro e, "descrente ou comumaz" it visao celestial. A visao

pode ser entendida como urn chamado e escolha para um

cargo e missao: ''Paulo, servo de j esus Cristo, chamado para ser apostolo, separado para 0 evangelho de Deus" (Rm 1.1 ). Or­

dem divina nao se discute, se cumpre. Imediatameme, ap6s

a sua conversao, Paulo come<;:ou a pregar: "E logo PasSOIl a pregar j esus nas sinagogas, dizendo ser ele 0 Filho de Deus" (At

9.20). Ele anunciava ou proclamava publicameme (kerysso) a mensagem do evangelho, arrependimento, conversao e

fruros espirituais (Mt 3.1,8). Ele come<;:ou a testemunhar

em Damasco (At 9.20-25), Jerusalem (At 9.26-30) e ate

os confins da terra (Aros 13.1-3) . Essa visao celestial guiou

Paulo em seu ministerio, dando-lhe idemidade e foco mi­

nisterial. ''Mas em nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que eu complete a minha carreira e 0 mi­nisterio que recebi do Senhor jesus, para dar testemunho do evangelho da grara de Deus" (At 20.24).

Hoje nao temos mais profetas e ap6srolos, no sentido

biblico original. 0 canon bfblico esra fechado. 0 ensino dos

ap6srolos e dos profetas e fundamemo para a edifica<;:ao da

igreja: "Edificados sobre 0 fondamento dos apostolos e profetas, sendo 0 proprio Cristo j esus a principal pedra de esquina" (Ef 2.20). Os profetas de Deus hoje sao aqueles que estudam, praticam e ensinam a Biblia. Deus nos fala por

intermedio da Palavra e devemos falar de Deus aos outros,

Revitalizando a visao celestial 87

pregando-lhes a Palavra. As vis6es e revela<;:6es profeticas,

tal como aconteciam com os profetas e ap6srolos, cessaram.

14 lei e os profetas vigoraram ate joao; a partir de entao, 0

evangelho do reino de Deus e anunciado, e todo homem se esforra por entrar neLe" (Lc 16.16) .

Ha, porem, urn tipo de visao espiritual que e necessa­

ria e indispensavel it igreja hoje. Ela e rambem uma visao

celestial, pois se origina em Deus. Ela e posta por Deus no

cora<;:ao daqueles que ele deseja usar como lideres. Neemias

declara: "Levantei-me de noite e sai com alguns dos meus ho­mens. Eu nao disse a ninguem 0 que 0 meu Deus havia coLo­cado em meu corarao para que eu jizesse por Jerusalem" (Ne

2. 12). Deus pas no cora<;:iio de Neemias uma visao para ele

realizar em Jerusalem. 0 lider e alguem que tern algo no

cora<;:ao para fazer. John Haggai afirma que 0 prindpio da

visao e a chave para se entender a lideran<;:a espiri tual. A

lideran<;:a come<;:a quando surge uma visao, pois ela e uma

imagem clara de algo que 0 lider quer que seu grupo seja

ou fa<;:a. Haggai resume:

A visao e importanre porque e a base de toda verdadeira

lideran<;:a. E nao e somenre 0 Ifder que deve conhece­

-Ia bem, mas os seguidores tambem . Ponanro, uma das

principais responsabilidades do Ifder e comunicar sua

visao ao grupo de forma correta e eficiente. Depois, tan­

to ele como os scguidores passam a amar em fun<;:ao da

Page 47: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

Revitalizando a igreja

visao, e a determinar um programa de metas para realizar

a missao e, assim, execurar a visao. Nessa atuac;:ao deve

estar incluida uma Forte determinac;:ao de veneer difieul_

dades e eiirninar obsniculos. P

Mas de onde surge uma visao? Toda visao de valor

origina-se em Deus, quer a pessoa reconhe<;:a isso ou nao.

Neemias disse que foi Deus quem colocou no seu cora<;:ao

uma visao para realizar em Jerusalem. Ele nao era profera,

nem sacerdore, mas urn copeiro do rei. Deus e a fome de

todas as visoes valorosas, que produzem transforma<;:oes

sociais e espirituais . John Haggai afirma: "A visao e a

revela<;:ao da vomade de Deus"." Dois aspectos desta

visao precisam ser destacados: (1) Visiio ampla: aquilo

que Deus revela em sua Palavra para toda a sua igreja. Por

exemplo, a grande comissao de Mateus 28.18-20. Ela e

para toda a igreja, em todas as epocas e comextos culturais,

ate a segunda vinda de Jesus. (2) Visiio espedfica: aquilo

que Deus quer realizar por imermedio de uma pessoa

ou uma igreja especifica num lugar especifico. Deus colocou uma visao no cora<;:ao de Neemias para ele realizar especificameme em Jerusalem.

I HAGGAI, John .Scja lllll lider de verdade. VcnciJ Nova. - MG:

Be"'nia. 1990,1'.47.

" Ibid ,p.47

Revitalizando a visao celestial b9

As li <;:oes que aprendemos sobre esta visao ampla e es­

pedfica e que todos os cremes e todas as igrej as devem pre­

gar 0 evangelho. Todos tern a responsabilidade de pregar,

porem, cada creme tera um chamado especifico para uma

tarefa exclusiva. Cada igreja sed. usada por Deus para cum­

prir a grande comissao em todo mundo e um ministerio

num local especifico. A Igreja Presbiteriana de Pinheiros

tern como visao de Deus ser uma grande igreja missionaria.

A sua lideran<;:a tem sido quebranrada e convencida desta

verdade. Essa visao tem determinado as a<;:oes e canalizado

os recurs os da igreja. E quanto mais investimos enos de­

dicamos a missoes, mais somos aben<;:oados, em todas as

areas m inisteriais.

CARACTERfsTICAS DA V1sAo £SPIRITUAL

Destaco, it luz da Palavra de Deus, quatro caracteristi­

cas desra visao espiritual: Primeira, visao espiritual e enxergar as pessoas necessi­

tadas. Lemos no evangelho de Mareus: "Vendo as multidoes, compadeceu-se delas, porque andavmn atribuladas e abatidas, como ovelhas que nao tem pastor" (Mt 9.36). Jesus viu as

pessoas afliras e cansadas, semelhames a um rebanho de

ovelhas sem pastor. Pessoas desesperadas expostas a todo

tipo de lobo predador. As necessidades espiriruais das

pessoas sao mais profundas do que suas necessidades de

curas ffsicas. Ete viu e semiu compaixao pelas multidoes.

Page 48: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

90 Revitalizando a igreja

Visao espirimal significa ver as pessoas da perspectiva de

Deus. E olhar e sentir pelo mundo perdido 0 mesmo que Jesus sente. Roderick Davis disse: "0 amor e a raiz de missoes; sacrificio e 0 fruro de missoes" . Rolland Allen diz:

"Zelo missionario nao cresce de crenc;:as intelectuais, nem

de argumenros teol6gicos, mas do amor" .

Paulo encarna 0 amor de Jesus pelos perdidos, quan­do ele esta na cidade de Atenas: "Enquanto PauLo esperava

por eLes em Atenas, sentia grande indignafdo, vendo a cidade

cheia de idoLos" (At 17. 16). 0 que ele viu impacrou as suas

emoc;:oes e 0 motivou a agir. Ao ver as pessoas dominadas

pela idolatria, Paulo foi movido interiormente a sair pre­

gando aos judeus na sinagoga, ao povo que estava na prac;:a e aos intelectuais no are6pago. Visao missionaria e olhar para 0 perdido com os olhos de Deus e sair ao seu encon­tro. Missoes comec;:am no corac;:ao cheio de compaixao pelo perdido.

Ha muitas igrejas que s6 olham para si e para as suas necessidades internas. 0 foco da visao esra errado. Quando a igreja oLha para fora e para as almas perdidas, Deus supre

rodas as suas necessidades intern as. A igreja precisa expe­

rimentar a bem-aventuranc;:a dita por Jesus: "Dar e mais

bem-aventurado que receber" (At 20.35) . Quando a igreja sai atras das ovelhas perdidas, Deus cuida daquelas que fi­cam no aprisco. John Piper diz: "Perrencer a Jesus e abrac;:ar as nac;:oes co m ele".

Revi talizando a vi sao celestial

Segunda, visdo espirituaL e enxergar os recursos ceLestiais.

Muitas igrejas e muiros pasrores argumentam que nao fa­

zem missoes porque nao tem recursos. Ledo engano. Deus jamais nos daria uma missao sem nos providenciar os re­

cursos. Mas Deus tambem nao da recursos para quem nao

faz missoes. A re£iexao que precisa ser feita e: "Nao fazemos

missoes porq ue nao temos recursos, ou nao temos recLlIsos

porque nao fazemos missoes?". Deus quer primeiro obedi­

encia, depois ele supre rodas as necessidades. Na economia

de Deus, nao e 0 recurso que vem primeiro, mas a obe­

diencia. Para compreendermos isso, precisamos de visao

espiritual. Na obra de Deus precisamos ter visao espiritual dos

recursos. Vejamos 0 exemplo de Eliseu e 0 seu ajudante:

"Tendo 0 servo do homem de Deus se Levantado muito cedo,

saiu e percebeu que um exercito havia sitiado a cidade com

cavaLos e carros. Entdo 0 servo disse ao homem de Deus: Ai,

meu senhor! Que faremos? Ele respondeu: Ndo temas, porque

hd mais conosco do que com eLes. ELiseu orou e disse: 6 Se­

nhor, pefo-te que 0 fafas enxergar. 0 Senhor abriu os oLhos

do servo, e eLe viu que 0 monte estava cheio de cavaLos e carros

de fogo em redor de ELiseu (2Rs 6.15-1 7) . Observe que 0

jovem estava cego para os recursos celestiais disponiveis

para 0 povo de Deus. Foi necessario que 0 profeta orasse e que Deus Ihe abrisse os olhos espirituais. A grande verdade que ecoa por rodos os seculos: "Ndo temas, porque hd mais

Page 49: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

Revitalizando a Igreja

conosco do que com eles'~ 0 apostolo Joao nos diz: "aquele

que estd em vos e maior do que aquele que estd no mundo"

(lJo 4.4). A verdade e maior que a memira, os recursos sao

maiores que as despesas, a vito ria e maior que a derrota.

Precisamos abrir os olhos para os recursos exrraordinari os,

inesgoraveis e disponiveis que a igreja tern para realizar a obra.

Hudson Taylor disse: ''A obra de Deus, feita do jeito de

Deus, jamais deixara de comar com 0 sustemo de Deus".

Todo dinheito necessario para enviar e sustentar missiona­

rios no mundo ja esra depositado na coma dos membros da igreja. Toda a mao de obra para fazer a obra missionaria

ja esra senrada nos bancos da igreja. 0 que falta e a iniciati­

va de comes:ar a trabalhar. Inicie 0 trabalho e Deus enviara

todos os recursos necessarios. Passe a orar e Deus enviara

os recursos: "0 meu Deus suprird todas as vossas necessidades,

segundo sua riqueza na glOria em Cristo Jesus" (Fp 4.19). Jesus nos enviou para fazer a obra missionaria. Olhemos para cima e 0 vejamos assenrado 11. destra de Deus. Ele esta

no comrole de rudo e ele cooperara conosco no percurso da obra: "De pais de lhes ter falado, 0 Senhor foi elevado ao

ceu e assentou-se it direita de Deus. Entao, saindo os discipu­

los, pregaram por toda parte, e 0 Senhor cooperava com eles

confirmando a palavra com os sinais que os acompanhavam"

(Mc 16.19,20). Os discipulos paniram. Quais eram os re­

cursos materiais que eles tinham em maos? Nenhum. Mas

Revitalizando a visao celestial 9>

eles partiram confiantes de que 0 Senhor Jesus jamais os

desampararia. Creia nisto! Terceira, visao espiritual e enxergar 0 tempo oportuno. A

Biblia fala da existencia de dois tempos: 0 tempo de Deus

e o tempo do homem. 0 primeiro e 0 tempo (kairos) esta­belecido por Deus, que registra a sua intervens:ao na histo­

ria do homem. 0 segundo e 0 tempo do homem (cronos)

estabelecido no calendario e na agenda da Historia, com

dia, mes e ano. Jesus disse aos discipulos: "Nao dizeis vos

foltarem ainda quatro meses para a colheita? Mas eu vos digo:

Levantai os olhos e vede os campos ja prontos para a colheita"

ao 4.35). Ele fala de dois calendarios: no do homem fal­tam quarro meses e no divino e agora. Ele fala de duas sea­ras ou duas ceifas: a agricola e a espiritual. Ele fala de duas

vis6es: visao material e espiritual. Os discipulos precisavam

erguer os olhos ever que os campos missiomirios ja estao

disponiveis para a ceifa. Ha uma colheita espirirual que

precisa ser feita com urgencia. Igrejas que estao estagnadas e morrendo perderam a

visao do tempo de Deus. Estao acomodadas, realizando

apenas urn ministerio de manutens:ao. Perderam a visao

do tempo de Deus. Kun von Schleicher afirma com pro­priedade: "Nosso Deus da gras:a muitas vezes nos da uma segunda chance, mas nao ha segunda chance para uma colheita madura". Ha muitas vidas que precisam ser evan­gelizadas e salvas hoje. Keith Green diz: "Esta geras:ao de

Page 50: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

Revita lizando a igreja

crisraos e responsavel por esra gerayiio de almas na terra".

No trabalho missionario, so podemos alcanyar a nossa ge­

rayao. 0 tempo urge. Precisamos ter pressa para evange1 i_

zar e planrar novas igrejas. Os nossos dias estao contados e

o tempo da nossa oportunidade e hoje. Quando Jonas pre­gou em Nfnive, toda aque1a gerayao se converteu e foi salva por Deus. Alguns anos mais tarde, Nfnive foi cercada e

destrufda. Toda aque1a gerayao foi julgada e condenada por Deus. Nao houve remedio para a sua ferida (Na 3.19). Carl

Henry disse: "0 evange1ho so e uma boa norfcia quando h " c ega a rem po .

Quarta, visdo espiritual e trabalho. 0 que fazer com uma visao que recebemos de Deus? A resposra e simples: vamos colod-la em pratica. Neemias recebeu uma visao

de Deus para real izar algo em Jerusalem. Ele encarou esta visao, afastou-se do seu emprego e foi para Jerusalem. Ali ele fez urn diagnosrico pessoal da siruayao da cidade,

reuniu a lideranya e passou a visao. Eu desracaria tres

detalhes da ayao de Neemias. Ele passa a visao: "Eu lhes

disse entdo: Vede a triste situarao em que estamos, como

jerusalem estd devastada, e as suas portas destruidas pelo

fogo. Vinde! vamos reconstruir os muros de Jerusalem, para

que nao passemos mais vergonha" (Ne 2.17). Observe que Neemias mosrra aos lfderes do povo a siruayao caorica da cidade: miseria, assolayao e rufnas. Em seguida, ele coloca a visao de como a cidade deveria ser no fururo:

Revitalizando a visao celest ia l 95

"para que nao passemos mais vergonha". Mas, para que 0

ideal fururo pudesse ser alcanyado, era necessario muito

crabalho: "vamos construir os muros". 0 povo assimilou a

visao e todos se envolveram no trabalho. Em cinquenta e dois dias e1es rerminaram a reconstruyao do muro. "E 0

muro fli concluido no vigesimo quinto dia do mes de e/ul, em

cinquenta e dois dias. Quando os nossos inimigos souberam

disso, todos os povos ao nosso redor ficaram atemorizados

e muito abatidos, pois perceberam que tinhamos feito esta

obra com 0 aux/lio do nosso Deus" (Ne 6.15 ,16) . A visao

fo i concrerizada com muito rrabalho, em meio a muira

adversidade e com a intervenyao de Deus. Visao espiritual sem ayao e ilusao. Toda visao que

Deus coloca no corayao dos seus servos e rransformada

em ayao. Noe obedeceu quando recebeu a instruyao de Deus para construir a arca: "Pela fl, Noe, temente a Deus,

construiu uma arca para a salvardo da sua familia, quando

advertido sobre coisas que ainda nao se viam. Por meio da

ft, condenou 0 mundo e tornou-se herdeiro da justira segun­

do a fl" (Hb 11.7) . Abraao obedeceu quando recebeu a

visao do Senhor: ''Abrao partiu como 0 Senhor Ihe havia

ordenado" (Gn 12.4) . Paulo obedeceu quando teve a visao

ce1esrial. "Portanto, 6 rei Agripa, ndo foi desobediente a vi­

sao celestial. Pelo contrdrio, anunciei primeiramente aos que

estdo em Damasco, e depois em Jerusalem, e por toda a terra

da j udeia e tambem aos gentios, que se arrependessem e se

Page 51: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

Revitalizando a igreja

convertessem a Deus, praticando obras proprias de arrependi­

mento" (At 26.19,20).

Para que igrejas locais sejam revitalizadas hoje, preci­

samos de uma lideranc;:a vis ionaria. Pastores e lideres que

estejam dispostos a trabalhar e pagar 0 prec;:o da obediencia

a vi sao missionaria. C. T. Srudd disse: "Se Jesus Cristo e Deus e morreu por mim, entao nenhum sacriffcio em favor

dele pode ser grande demais para mim". Quando a lideran­

c;:a encarna a missao, 0 povo segue os lideres. E, para que

a visao espiritual seja revitalizada, precisamos de orac;:ao e

de ac;:ao.

Revitalizando a missao

ARIVAL DIAS CASIMIRO

"Se Delis quer a evangelizariio do mundo, e voce se recusa

a apoiar as missoes, entao voce se opoe a vontade de Deus"

(Oswald). Smith}.

'/I tarefo suprema da igreja e a evangelizarao do mltndo. A

igreja que deixa de ser evangelistica em bre/le deixa de ser

evangelica. Qualquer igreja que nao estd seriamente envol­

vida a ajudar cumpri,. a Grande Comissao perdeu 0 direito

biblico de existir" (Oswald). Smith}.

HARRY L. REEDER III apresenra em seu livro sobre revira­

lizac;:ao de igrejas sete sintomas de uma igreja que esra do­

ente e necessita ser revitalizada: (1) igrejas doentes tendem

a focalizar programas; (2) igrejas doentes vivem volradas

para 0 passado (nostalgia e tradic;:ao); (3) igrejas doentes

tendem a se apoiar em cerros tipos de personalidade, quer

Page 52: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

98 Revitalizando a igreja

essas pessoas estejam na igreja ou nao; (4) igrejas doenres

possuem uma mentalidade de manutenc;:ao; (5) igrejas do­

enres apresentam justificativas para 0 fracasso e se colocam

como viti mas; (6) igrejas doentes possuem rna repurac;:ao

na com unidade; (7) igrejas doentes se desviaram do evan­

gelho da grac;:a '9 . Ele prop6e que para revitalizarmos igrejas

doentes hoje, e preciso usar 0 paradigma biblico apresen­

tado por Jesus it igreja de Efeso: "Tenho contra ti, porem, 0

jato de que deixaste 0 teu primeiro amor. Lembra-te, pois, de onde caiste, arrepende-te e volta as obras que praticavas no principio. Se ndo te arrependeres, logo virei contra ti e tirarei o teu candelabro do seu lugar" (Ap 2.4-5) . A enfase esra nos

tres verbos: lembrar, arrepender e vol tar.

Portanto, se h;i uma igreja que foi das chamas para as

brasas, das riquezas aos rrapos , essa e a igreja de Efeso.

Mas Jesus nao diz que a igreja esrava sem esperanc;:a, nem

que ela deveria ser fechada (em bora, eventual mente,

isso poderia aeontecer, se as co isas nao mudassem). Em

vez disso, ele nos fomece um paradigma, urn plano

b:isico para a revitalizac;:ao da igreja. Ele nos diz que

urn corpo de erentes pode impedir seu declfnio e ir

das brasas novamelHe para as chamas se sua lideran<;a

I' REEDER III , Harry L. A reviraliza,ao da sua Igreja segundo Deus. Sao

Paulo: Culrur. Crisra 2011. pp.I I-18.

Revitalizando a missao 99

a ensinar simplesmelHe a lembrar-se, arrepender-se e

reeu perar. 20

Vejo na proposta de H . L. Reeder dois aspectos que

devem ser considerados: primeiro, ele procura oferecer

urn paradigma biblico para a revitalizac;:ao de igreja. Isto

e algo precioso, considerando principal mente 0 seu con­

texto norte-americano, onde sao oferecidos modelos em­

presariais, terapeuticos e de entretenimentos. Segundo, a

sua proposta foi testada e aprovada no seu ministerio. Ele

aplicou 0 paradigma propOSto em igrejas que pastoreou e

obteve sucesso. Nao se trata, portanto, de uma teoria sem

a comprovac;:ao pratica.

Ap6s mais de vinte e cinco anos de minisrerio envolvido

com evangelizac;:ao, plantac;:ao e revitalizac;:ao de igreja, con­

cluo que a principal doenc;:a que mata uma igreja local e 0

seu desvio do foco missionirio. Por isso, a tese que defende­

mos neste capitulo e que 0 principal sintoma de uma igreja

doente e a sua omissao missioniria. 19rejas que nao obede­

cern it grande comissao estao enfermas e precisam ser cura­

das ou revitalizadas. A missao da igreja e a evangelizac;:ao do

mundo. "£ disse-lhes: Jde por todo 0 mundo, e pregai 0 evan­gelho a toda criatura" (Mc 16.15). Evangelizar 0 mundo e a

missao espiritual, sobrenatural, intransferfvel, insubstituivel

10 Ibid . pp. 27-28

Page 53: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

100 Revi taliza nda a igreja

e indispensavel da igreja. Evangelizar e continuar a obra da

salvayao iniciada por Crisro: 'J1ssim como 0 Pai me enviou, tambem eu vos envio" Uo 20.21). Evangelizar e imprescindi­

vel para a concrerizayao da Hisroria: "£ este evangelho do rei­no sera pregado pelo mundo inteiro, para testemunho a todas as nafoes, e entdo vira 0 fim" (Mr 24.14). 0 reino de Deus

acontece em rres esragios: inaugurayao (primeira vinda de

Jesus), continuayao (missao da Igreja) e consurnayao (segun­

da vinda de Jesus). Evangelizar, po rran ro , nao e uma opyao

para a igreja, mas uma obrigayao a ser cumprida. A rmo

hisrorica da exisrencia da igreja e 0 cumprimenro da rarefa

missioniria. Logo, roda igreja local ou denominayao evan­

gelica que nao cumpre a missao de evangelizar entra num

processo de decadencia e morre. Igreja que nao evangeliza se

fossiliza. Igreja que nao evangeliza deixa de ser evangeJica. A omissao missioniria adoece e mara wna igreja.

A SiNDROME DA IGREJA DE PORTA TRANCADA

Perer Pan e urn personagem da lireratura infanril, urn

menino que se recusa a crescer e vive no mundo encantado

da Terra do Nunca. Em 1983, 0 psicologo Dan Kiley publi­cou urn livro sobre a exisrencia da Sindrome de Peter Pan~l .

o rermo foi utilizado para descrever adulros, na maio ria

" KILEY, Dan. Sindrome de Peter Pan. Saa Paulo: Ed itOra Mel horamen·

[as, 1987, 2(,2 p"ginas.

Revital izanda a missila 101

homens, que apresenram comporramenro infamil, imaruro

e narcisisra. Sao pessoas que se recusam a crescer e a assumir

responsabilidades de adulros. Ha, no mundo eclesiasrico,

urna sindrome semelhanre it de Perer Pan. Eu a chan10 de

Sindrome cia Porta Trancacla. Igrejas adulras que apresenram

urn comporramento imaturo e que se recusam a crescer. A

caracrerisrica principal do comporramemo desra igreja e a

sua omissao missionaria ou a recusa de sair das quarro pare­

des para evangelizar e planrar novas igrejas. Sao igrejas novas

e anrigas que nunca geraram ourras @has. Igrejas esrereis que

so pensam em si e vivem nurn narcisismo espiritual doenrio.

Igrejas que parecem viver no mundo encanrado da Terra da

Indiferenya. A narrativa biblica de Joao 20.19-21,25 of ere­

ce-nos alguns deralhes sobre a sindrome da pona rrancada.

P RlMEIRO, 0 NOME DA SiNDROME

Joao regisrra em sua narrariva: "Quando chegou a tarde claquele dia, 0 primeiro dia cia semana, estando os discipulos reunidos com as portas trancadas por medo dos judeus, jesus chegou, colocou-se no meio deles e disse-Ihes: Paz seja convosco!"

Uo 20.19). Observe que a casa on de os discipulos esravam reunidos rinha as "ponas rrancadas". E cerrameme as porras

esravam rrancadas por denrro, revelando que a iniciativa de se

fechar foi dos proprios discipulos. Eles nao foram rrancados,

mas se rrancaram. 0 morivo das porras esrarem fechadas,

segundo 0 rexeo, era 0 medo das auroridades judaicas.

Page 54: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

102 Revi ta lizando a igreja

Podemos conduir tambem que a funyao das ponas rranca­

das, tanto neste versfculo quanta no 26, poderia ser para

acentuar a natureza milagrosa do aparecimento de Jesus.22

A natureza do corpo ressuscitado de Jesus era tangivel, mas

podia atravessar ponas e paredes. Entendo, rambem, que e possivel interpretar as portas fechadas como urna figura que descreve a condiyao espiritual daqueles irmaos que viviam uma crise espiritual causada pelo trauma da crucificayao

e mone de Jesus, e estavam decididos a na~ cumprir a grande comissao. Eles perderam 0 foco missionario e experirnentaram urna crise de identidade. Estavam fechados

para a evangelizayao do mundo e a planrayao de igrejas. Infelizmente, ha muitas igrejas hoje que sofrem da

mesma doenya. Perderam a identidade e nao sabem qual

e a sua missao. Sao comunidades voltadas para si mesmas,

que realizam ministerio de manutenyao.

No contexta do Novo Testamento, urn dos significa­

dos para "porta abena" e uma oportunidade de trabalho

para pregar 0 evangelho. "Porque me foi aberta uma porta

grande e promissora, e hd muitos adversdrios" (1 Co 16.9).

"Quando cheguei a Troade para pregar 0 evangelho de

Cristo, ainda que uma porta me tivesse sido aberta pelo Se­

nhor" (2Co 2.12). " ... ao mesmo tempo orando tambem p or

" CARSO N, D.A. 0 Comentario de Joao. Sao Paulo: Shedd Publica<;oes.

2007. pp. 648.

• Revitalizando a missao 103

nos, para que Deus nos abra uma porta para a palavra, a

jim de anunciarmos 0 misterio de Cristo, pelo qual tambem

estou preso, para que 0 revele como devo" (CI 4.3,4). Na

carta que Jesus escreveu para a igreja em Filadelfia, ele dedara: "Escreve ao anjo da igreja em Filadeljia: Assim diz

aquele que e santo, verdadeiro, 0 que tem a chave de Davi;

o que abre e ninguem pode fechar, e 0 que fecha e ninguem

pode abrir: conhefo tuas obras, tenho posto diante de ti uma

porta aberta que ninguem pode fechar; tens pouca forfa, mas

guardaste a minha palavra e niio negaste meu nome" (Ap 3.7,8). Jesus deu 11 igreja de Filadelfia uma grande oportu­

nidade de trabalho para pregayao do evangelho e avanyo

do reino. E ele garante 11 igreja que a porta nao se fecharia e que os irmaos receberiam a forya divina necessaria para

realizar a tarefa. Em sintese, uma igreja que na~ aproveita as oportuni­

dades que Jesus Ihe da para pregayaO do evangelho sofre da

sindrome da porta fechada. Esta igreja esra doente e precisa ser reviralizada. Ela abandonou a missao principal da igre­

ja, que e a proclamayao do evangelho da graya de Deus. A verdadeira igreja de Jesus deve estar com a sua porta abena

para os de fora, realizando a obra missionaria.

SEGUNDO, OS SlNTOMAS DE UMA JGREjA QUE SOFRE DA SiNDROME

No domingo da ressurreiyao de Jesus, a sua igreja es­

tava de pon as trancadas 00 20.21). Uma semana depois,

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Revita lizando a Igreja

as porras continuavam fechadas 00 20.26). Sere dos Ooze

disdpulos de Jesus esravam disposcos a abandonar 0 apos­

colado e volrara antiga profissao de pescadores (Jo 21.1-3).

A igreja nascente vivia uma grande crise de identidade e de

voca<;:ao. Mas por que os disdpulos esravam com as ponas

uancadas? 0 reno nos da algumas resposras.

(1) As PORTAS ESTAVAM TRANCADAS POR CAUSA DO MEDO

OS disdpulos escavam com medo dos judeus (v.19).

A palavra "medo" (Phobos) significa que a igreja estava do­

minada pelo "rerror" e pelo "temor". As aucoridades ju­

daicas mararam 0 !ider Jesus e poderiam marar agora os

seus seguidores. Os disdpulos haviam esquecido 0 ensino

de Jesus sobre a sua mone e ressurrei<;:ao. Eles nao viam 0

sacrificio de Jesus da perspectiva de Deus: "Por isso 0 Poi

me ama, porque dou a minha vida para retornd-la. Ningub n

a tira de mim, mas eu a dOlt espontaneamente. Tenho all­

toridade para dd-la e para retomd-la. Essa ordem recebi de

meu Pai " (Jo 10.1 7,18). A obra de Jesus era urn projeco de

Deus, como mais tarde os primeiros crisraos entenderam

(Ar 4 .27,28). Sabemos que 0 medo, positivamente, pode nos levar a

buscar 0 Senhor (2Cr 20.3), mas, negarivamenre,o medo

nos paralisa enos arOl'menta (lJo 4.18).0 medo po de le­var urn crisrao a enterrar 0 talento que Deus [he deu (M r

25 .25). 0 medo faz com que uma igreja se rranque entre

Revitalizando a missao '0

quar ro paredes e seja omissa com a obra missionaria. Medo

de sair, medo de pregar, medo de investir, medo de ser re­

jeitada, medo de sofrer, medo de pagar 0 pre<;:o da missao.

(2) As PORTAS ESTAVAM TRANCADAS PORQUE ELES NAo

ESTAVAM EM COMUNIiAO COM 0 CRISTO RESSURRETO

OS disdpulos estavam uancados porque nao viram

Jesus apcs a sua ressurrei~o. Eles nao deram cn~dico ao

testemunho de Maria Madalena. Para os disdpulos, Jesus

morrera e tudo estava acabado. Eles estavam tristes, angus­

tiados c desiludidos. Teologicamente, sem a ressurrei<;:ao de

Jesus a justifica<;:ao pela fe nao aconteceu (Rm 4.25), a fe

e va e cod os permaneciam monos em seus pecados (1 Co

15.17). Mas, Crisco esrava vivo e a igreja vivia como se ele

estivesse mono.

Uma igreja local pode se fechar ate mesmo para Jesus.

Numa igreja em que Jesus esra ausente nao ha espa<;:o

para evangeliza<;:ao e planta<;:ao de novas igrejas. Uma

igreja local que nao mantem comunhao com Crisco perde

codos os seus referenciais missionarios e coda a sua Fonte

de produtividade espiritual. "Eu sou a videira; viis sois os

ramos. Quem permanece em mim e eu nefe, esse dd muito

fouto; porque sem mirn nada podeis fozer" (Jo 15.5). A

igreja de Laodiceia se aucoavaliava como rica e abastada.

Na avalia<;:ao de Jesus, porem , ela era uma igreja morna,

infeliz, miseravel, pobre, cega e nua. Ela precisava de

Page 56: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

106 Revitalizando a igreja

revitalizac;ao espiritual. E a soluc;ao era abrir-se para Jesus:

"Estou it porta e bato; se aLguem ouvir a minha voz e abrir a

porta, entrarei em sua casa e cearei com ele e ele comigo" (Ap

3.20). Jesus es tava do lado de fora e queria entrar na igreja

que levava 0 seu nome. Ele desejava ter comunhao com

os seus membros. Ele bate it porta dos corac;6es usando as

circunstincias, e os con vida por meio da sua Palavra.

(3) As PORTAS ESTAVAM TRANCADAS POR CAUSA DA

INCREDULIDADE

Jesus estava vivo, mas a igreja nao acreditava. A incre­dulidade fecha a porta da igreja para Jesus e para a obra mission aria. Os disdpulos nao creram no testemunho de

Maria Madalena e nem no depoimento dos dois disdpulos

que viram Jesus na estrada para Emaus (Mc 16.9-13). Os

disdpulos ficaram trancados e sentados it mesa. A narrativa

de Marcos esclarece: "Por uLtimo, entdo, apareceu aos Onze,

estando eles it mesa, e criticou-Lhes a incredulidade e a dureza

de corardo, por ndo terem dado credito aos que 0 haviam visto

ressurreto" (Mc 16.14). Duas palavras importantes: primei­ra, "incredulidade" (apistia) significa "descrenc;a", "ausen­

cia de fe" e "infidelidade ou desobediencia". E a mesma

palavra que Jesus usou quando advertiu Tome: "Ndo sejas

increduLo, mas crente"ao 20.27) . Segunda, "dureza de cora­c;ao" (skLerokardia) significa "privac;ao de percepc;ao espiri­

tual", "teimosia", "obstinac;ao". Jesus usou esta palavra com

Revitalizando a missao 107

respeito aos judeus no tempo de Moises: "Jesus prosseguiu:

Foi por causa da dureza do vosso corardo que eLe vos deu esse

mandamento"(Mc 10.5). A incredulidade e pecado grave e ofensivo a Deus. Ela

se expressa pela rejeic;ao a Cristo, pela desobediencia e re­

jeic;ao da Palavra de Deus, pelo questionamento do poder

de Deus e pela descrenc;a nas promessas do Senhor. Igrejas locais que estao estagnadas e morrendo sao igrejas incre­dulas e duras de corac;ao. Elas perderam 0 contato com

Jesus e deixaram de experimentar "Joder da ressurreirdo [de

Cristo],,(Fp 3.10). Consequentemente, elas estao "sentadas

it mesa", trancadas, desobed ientes e insensiveis ao trabalho missionario e ao testemunho daqueles que estao envolvidos na obra.

(4) As PORTAS ESTAVAM TRANCADAS PORQUE A L1DERAN<;:A

PASSAVA POR UMA CRISE VOCACIONAL

Sete dos disdpulos de Jesus estavam reunidos junto ao mar de Tiberiades: estavam juntos Simao Pedro, Tome,

chamado Didimo, Natanael, que era de Cana da Galileia, os filhos de Zebedeu e mais dois dos seus disdpulos ao 2l.2).

Havia no corac;ao deles uma falta de perspectiva, mesmo depois do Jesus ressurreto ter aparecido a eles. Disse Pedro:

Vou pescar ao 2l.3). Pedro e os seus companheiros foram chamados por Deus para serem pescadores de homens.

Andando junto ao mar da GaLiLeia, viu Simdo e Andre, seu

Page 57: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

lOll

irmdo. ELes estavam Lanrando as redes ao mar, pois eram

pescadores. Disse-Lhes Jesus: Vinde a mim, e eu vos tornarei

pescadores de homens. Entdo, imediatamente, eLes Largaram

as redes e 0 seguiram. (Mc 1.16-19). Voltar a pescar peixes

ou retornar a sua antiga profissao significava desistir de ser urn pescador de homens. Os discipulos estavam desistindo

da voca<;:ao para qual Jesus os havia chamado. Eles estavam doentes espiritualmente.

A visao missionaria da lideran<;:a determina 0 envolvi­

mento da igreja com a obra missionaria. A parricipa<;:ao dos membros da igreja com miss6es depende da visao dos lfde­

res, pastores e oficiais. E faro: igrejas de "porras fechadas"

sao lideradas por pessoas que perderam 0 foco da missao.

Ha muitos pasrores que realizam ministerios de manuten­

<;:ao, por conveniencia pessoal. Alguns estao ocupados em seus projeros pessoais de formayao academica ou em ourra

atividade profissional. 0 mais grave e que os presbireros que comp6em 0 conselho da igreja aprovam este tipo de minisrerio, porque tam bern lhes falta a visao missionaria.

Urn amigo meu diz, com muita propriedade: "Quando 0

pastor se senta, os presbiteros se deitam". De faro, a crise vocacional e algo real e contagiante. Quando Pedro disse:

"Vou pescar", imediatamenre outros seis discipulos disse­ram: "Tambem nos vamos conrigo". Pedro era urn lider influenre. E e muiro mais facil Iiderar para a desistencia

do que para a perseveran<;:a, para 0 pecado do que para a

109

sanrifica<;:ao, para a incredulidade do que para a fe. E muito

mais comodo fugir e desisrir da missao do que se dedicar e pagar 0 pre<;:o da missao. Pedro se esqueceu de urn deralhe:

sem Jesus eles nada poderiam fazer 00 15.5). Por isso Joao

registra: Entdo for am e entraram no barco, mas naqueLa noite

nada apanharam 00 21.3). Todo 0 esfor<;:o que fizeram foi em vao. Deus nao aben<;:oa urn filho que esra vivendo na desobediencia. Deus nao aben<;:oa urn lider que despreza a

sua voca<;:ao. Deus nao aben<;:oa uma igreja desobedienre ao

mandato missionario. Resumindo, medo, falta de comunhao com Crisro, in­

credulidade e crise vocacional sao sinromas de uma igreja adoecida pela sindrome da porra fechada.

TERCEIRO, A CURA PARA SiNDROME

A sindrome da "porta fechada" e urn cancer que pode

marar uma igreja local. E nenhuma igreja esra imune a ela. Jesus nao quer a sua igreja fechada ou de porras rrancadas. Ele quer a sua igreja de porras aberras, indo arras dos pe­cadores. Ele quer 0 seu povo de volta a missao. E olhando

para 0 que Jesus fez com a igreja em Jerusalem, descobri­mos principios biblicos de reviraliza<;:ao de igrejas rambem

aplic:iveis hoje. 0 que Jesus fez no passado, para curar uma igreja de "porta fechada", ele pode fazer hoje. Ele nos en­sina quarro principios para trazer uma igreja local para 0

foco missionario:

Page 58: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

110 Revitalizando a igreja

(1) PRECISAMOS CONHECER A JESUS

A cura de uma igreja comec;:a com Jesus. Ele vern ao

enconrro do seu rebanho enclausurado. Ap6s a sua reSSur­

reic;:ao e are a sua ascensao, Jesus nao apareceu para os des­crentes, mas somente para os seus: Maria Madalena (Me

16.9; Jo 20. 11 -18), as mulheres (Mt 28.9,10), a Cle6pas e seus companheiros (Lc 24.13-35), a Simao (Lc 24.34;

lCo 15.15), aos disdpulos exceto Tome (Jo 20.19-23), aos disdpulos com Tome presenre (Jo 20.24-29), aos sere

junto ao mar de Tiberiades (Jo 21.1-14), aos quinhentos

(1 Co 15.6; Mr 28.16-20), a Tiago, irmao de jesus (I Co

15 .7), aos onze do Monte das Oliveiras (Ar 1.4-12; Lc

24.50,51). 0 verbo "manifesrar" (phaneros) significa que

Jesus apareceu (Jo 21.1,14) pessoal e exclusivamente aos

seus amados.

Para vencer 0 medo, a intranquilidade, a incredulida­

de e as crises precisamos contemplar a Jesus. Necessiramos olhar para ele e ouvir a sua voz. A sua presenc;:a e indis­

pensavel para a sobrevivencia espirirual da igreja. Por isso,

quando jesus se manifestou por dois domingos seguidos a

igreja de porra rrancada, ele the rransmiriu rres beneficios espiriruais: (I) Paz na intranquilidade. "Paz seja convos­co!" (Jo 20.19,26). A manifesrac;:ii.o de Cristo a igreja vern acompanhada da sua paz. "Eu vos tenho dito essas coisas para que tenhais paz em mim. No mundo tereis tribu­laroes; mas ndo vos desanimeis! Eu venci 0 mundo" (Jo

Revitalizando a missao 111

16.33). (2) Alegria na tristeza. "Os discipufos alegraram-se ao verem 0 Senhor" (Jo 20.20). A presenc;:a do Cristo vivo,

na vida da sua igreja, convene toda rristeza em alegria.

'Jl.ssim, tambem vas agora estais tristes; mas eu vos verei de novo, e 0 vosso corarao se afegrard, e ninguem tirard a vossa afegria" (Jo 16.22). (3) Depois disse a Tome: Coloca aqui 0

teu dedo e ve as minhas maos. Estende a tua mao e cofoca-a no meu fado. Nao sejas incredulo, mas crente!" (Jo 20.27).

A presenc;:a de jesus dissipa todas as nossas duvidas e in­

credulidades. o livro de Apocalipse foi escrito as sere igrejas que

exisriam na Asia, mas qualquer crisrao pode ser abenc;:oado

com a sua leirura hoje. 0 objerivo original do livro

foi encorajar os cristaos e as igrejas locais que passavam por intensas perseguic;:6es no final do primeiro seculo. A

essen cia do encorajamento e a revelac;:ao de Jesus Cristo aos sells servos. A ideia cenrral do livro e que 0 povo de Deus precisa conhecer quem e Jesus. 0 livro foi escrito pelo ap6stolo Joao a partir de uma experiencia que reve com 0 Senhor Jesus: "Eu, joao, vosso irmtio e companheiro na tribulafao, no reino e na perseveranfa em jesus, estava na ifha de Patmos, por causa da palavra de Deus e do testemunho de jesus. No dia do Senhor, eu me encontrei em espirito ... "(Ap

1.9, I 0). Ali joao ouviu, viu e foi tocado por jesus Cristo,

ressurreto e glorificado, 0 quallhe disse: "Ndo temas, eu sou o primeiro eo xi/timo. Eu sou 0 que vive; fui morto, mas agora

Page 59: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

Revltalizando a Igreja

estou aqui, vivo para todo sempre e tenho as chaves da morte e

do inferno" (Ap 1.17,18). Essa visao que Joao reve de Jesus

e imeirameme disdma daquela que ele teve em Jerusalem,

na cas a de portas trancadas.

Nas sete carras que Jesus escreveu as sere igrejas, ele

ensina que cada igreja precisa conhece-Io melhor. A igreja

em Efcso: '/lssim diz aquele que tem as sete estrelas na mao

direita e anda no meio dos sete candelabras de aura" (Ap

2.1). A igreja em Esmirna: "Estas coisas diz a Amem, a

testemunha jiel e verdadeira, a principia da criarao de Deus"

(Ap 2.8). A igreja em Pergamo: '/lssim diz aquele que tem

a espada ajiada de dais gumes" (Ap 2.12). A igreja em Tia­

tira: '/lssim diz a Filho de Deus, que tem as olhos como Itma

chama de fogo, e as pes semelhantes ao metal que brilha·'

(Ap 2.18). A igreja em Sardes: '/lssim diz aquele que tern

as sete espiritos de Deus e as estrelas" (Ap 3.1). A igreja em

Filadelfia: '/lssim diz aquele que e santo, verdadeiro, a que

tem a chave de Davi; a que abre e ninguem pode fecha/; e

a que fecha e ninguem pode abrir" (Ap 3.7). E a igreja em

Laodiceia: "Estas coisas diz a Amem, a testemunha jiel e

verdadeira, a principia da criarao de Deus" (Ap 3.14).

Os tempos mudaram, mas a necessidade da igreja con­

tinua a mesma. Ela precisa de Jesus para viver. Somente ele

c rotalmente suficiente para suprir rodas as necessidades da

igreja. Someme ele e poderoso para manter 0 seu povo no

Foco missionario.

Revitalizando a missao 1 3

(2) PRECISAMOS PRIORlZAR A MISSAo

Sempre que Deus teve uma rarefa imporrame a

cumprir, mandou alguem para Fazer isso. Toda missao

requer lim remetente, um enviado, aqucles a quem este e

enviado e uma atribuiyao. Jesus envia a igreja ao mundo

para pregar a salvayao. Ele comissionou a sua igreja em

cinco diferentes ocasioes, em cinco diFeremes endereyos,

em cinco configurayoes geograficas e com cinco enfases

diferenres. Em ordem cronol6gica, Jesus comissionou a

sua igreja, na noite do dia da sua ressurreiyao: Assim como a

Pai me enviou, tambem ell vas en via 00 20.21). Depois ele

repete nos 39 dias ate a sua ascensao: "E aproximando-se

Jesus, faloll-Ihes: Toda autoridade me foi concedida no ceu e na

terra. Portanto, fazei discipulos de todas as nafoes, batizando­

as em nome do Pai, e do Fi/ho, e do Espfrito Santo; ensinando­

as a guardar tad as as coisas que vas tenho otdenado. E eis que

estou convosco todos as dias ate a consumarao do seculo" (Mt

28.18-20). "E disse-lhes: ide par todo 0 mundo, e pregai a

evangelho a loda criatura" (Mc 16.15) . "De pais lhes disse:

Sao estas as palavras que vas fald, estando ainda convosco:

Era necessaria que se cumprisse wdo a que estava escrito sabre

mim na Lei de Moises, nos Profetas enos Salmos. Entao lhes

abriu a entendimento para compreenderem as Escrituras, e

disse-Ihes: Esta escrito que a Cristo sofreria, e ao terceiro dia

resStlscitaria dentre as mortos; e que em seu nome se pregaria

a arrependimento para perdao dos pecados a todas as naroes,

Page 60: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

Revitalizando a Igreja

comefando por jerusalem. Ws sois testemunhas dessas coisas.

Envio sobre vos a promessa de melt Pai. Mas ficai na cidade.

ate que do alto sejais revestidos de poder (Lc 24.44-49). E no dia da sua ascensao. Jesus disse: "Mas recebereis poder

quando 0 Espfrito Santo descer sobre vos; e sereis miniMs

testemunhas. tanto em jerusalem como em toda a judeia e

Samaria, e ate os confins da terra" (At 1.8) . Estes cinco rextos comp6em a carta magna missionaria

da igreja are a segunda vinda de Jesus Cristo. No rexro de Joao, Jesus da 0 modelo da missao: 0 trabalho missionario da igreja e a continuidade da missao de Deus. Assim como o Pai enviou 0 Filho. 0 Filho enviou os filhos do Pai. No texro de Marcos, Jesus da a dimensao da missao: ir por

todo mundo e pregar a toda criarura. No texto de Lucas. Jesus da a mensagem da missao: pregar 0 evangelho segun­

do a Blblia. enfatizando que Jesus e 0 Messias Salvador que pode perdoar e salvar a todo pecador que se arrepender dos seus pecados. No texto de Mareus, Jesus da a estrategia da missao: sob a autoridade de Jesus. a igreja deve ir, discipu­

lar. batizar e ensinar pessoas de todas as nas:6es da Terra. Isso inclui evangelismo. discipulado e p1antas:ao de igrejas. No texto de Atos. Jesus revela 0 poder da missao: 0 poder do Esplrito Santo. 0 trabalho humano com fins espirituais so sera bem-sucedido pelo poder divino e sobrenatural do

Espirito.

Revitalizando a missao 115

(3) PRECISAMOS BUSCAR 0 PODER DO EspiRlTO SANTO

o Esplrito Santo e 0 execurivo da obra missionarial3 .

Miss6es so podem ser realizadas de acordo com Deus e segundo a Blblia se 0 Esplrito Santo estiver no comando.

A obra missionaria nao existe sem 0 Esplrito Santo. 0 evangelho de Joao traz um significativo ensino acerca da

pessoa e obra do Esplrito Santo. Identificamos as seguintes passagens: (a) 0 Esplrito identifica Jesus como 0 Filho de

Deus e como 0 Messias. 0 Ungido por Deus - Joao 1.32-34, 3.33-34. (b) 0 Espirito e quem produz a regeneras:ao ou 0 novo nascimento - Joao 3.5-8. (3) 0 Espirito e quem promove a verdadeira adoras:ao - Joao 4.23-24. (4) o Espirito e quem da a vida - Joao 6.63. (4) 0 Espirito

so podera vir depois que Cristo for glorificado - Joao 7.39. (5) 0 Espirito e apresentado por Jesus no discurso de despedida. como a ourra pessoa da Trindade - Joao 14.16-

18.25-25; 15.26-27; 16.7-15 . Jesus 0 apresenta com tres nomes: 0 Espirito da Verdade (Jo 14.17; 15.26 e 16.13),0

Esplrito Santo (Jo 1.33; 14.26; 20.22) eo Consolador (Jo 14.16.26; 15.26; 16.7). A ultima referencia de Jesus acerca do Esplrito em Joao foi para curar a igreja da sind rome da porta trancada: E, havendo dito isso, soprou sobre eles e

>, Aprcscnto no livro Plallte Igr'jlls: prillcipios brbli«}s pllm plflJllfl,tio e re­

lliltl/iZll(tlO de igrejlls um esrudo ~obrc () Espiriro SantO em Arcs dos

AposLOlos. Ele e 0 executor da obra Illissioll .. lri.l.

Page 61: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

Revitalizando a igreja

disse-Ihes: Recebei 0 Espfrito Santo (Jo 20.22) . Este aro de

Jesus se concretizou alguns dias adiante, quando 0 Espiriro

foi dado definitivamenre 11 igreja, no Penrecostes (At 2.1-4). Com cerreza 0 derramamenro do Espiriro foi a terceira

grande inrerven<;:ao de Deus na Historia depois da cria<;:ao

e da encarna<;:iio. Olhando para a realidade da maioria das nossas igre­

jas locais hoje, omissas 11 obra missioniria, reconhecemos

a necessidade utgenre de um avivamenro. Precisamos ex­

perimenrar 0 poder e a plenitude da sua presen<;:a. Ele esta

conosco, mas enrristecido. Ele habita em nos, mas impe­

dimos e apagamos a sua a<;:ao com os nossos pecados. Ele

e Senhor, mas resistimos ao seu senhorio, fazendo sempre

a nossa vontade. Pois quanto mais vazios do Espiriro, mais

trancados para a obra missiomiria. Ha uma rela<;:ao entre a

plenirude do Espiriro e a prega<;:ao ousada do evangelho.

Igrejas missionarias sao igrejas que buscam 0 poder do Es­

piriro, para pregar 0 cvangelho: ''E, qu.ando tel"minaram de

orar, 0 lugar em que estavam reunidos tremel{. /odos ficaram

cheios do Espfrito Santo e passaram a ammciar com coragem

a palavra de Delis" (At 4.31).

Somcnre a igreja, sob a allroridade de Jesus e no poder

do Espiriro csta aurorizada a Ievar a mensagem do perdao

divino. Jesus disse aos discfpulos: Se perdoardes os pecados

de aiguelll, smio perdoados; st' as retil'eJdes, sl'l~io relidos (Jo

20.23). Somenre Deus pode perdoar pec.ados (Mc 2.7) c:

Revitalizando a missao "I

somenre a igreja pode declarar ao que crer em Jesus que os

seus pecados est:lO perdoados (Mr 16.19). Trata-se de uma

missao exclusiva e intransferivel.

(4) PRECISAMOS DE RESTAURA<;:Ao VOCACIONAL

A crise da omissao missionaria relaciona-se com a

vida espirirual da lideran<;:a e da sua consciencia vocacio­

nal. Missoes aconrecem a panir do cora<;:ao dos Hderes.

Ronaldo Lidorio desafia pasrores e Iideres a experimentar

urn verdadeiro avivamenro missionario, a partir de qlla­

tro princfpios: 0 carater precede a missao, a vida autentica

mamem a visao, a obediencia determina 0 avan<;:o e 0 sacri­

ficio evidencia a convic<;:iio do chamado:

Trocamos a simplicidade do evangelho pela complexi­

dade da insaci,\vei busca pOl' bens, dtlllo~ , posses e re­

conhecimento publico, em um vicioso circulo sem nm.

Esquecemo-nos de que a vida que satisfaz a Deus deve ser

vivida com simplicid<ltle. como {oi a de Jesus, gasrando

u:mpo com pesso<ls, discipulando quem c,r<lva proximo,

rirando rempo para oral', falando incansavelmenre do

Pai.

LID()RIO, Ron;lluo. Rl'.ifilllliUJI/O (} /lTd",. miJJlonlirio. Rio dc: Janeiro:

Page 62: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

118 Revitalizando a igreja

Jesus quer restaurar a vocayao de Pedro. E ele chama

Pedro para uma conversa parricular. Na conversa com

Pedro, Jesus nos ensina algumas liyoes:

• o am or a Jesus e a raziio e a motivafiio do minis­teno p astoral (vs.15-l 7).

Jesus pergunta tres vezes a Pedro sobre 0 amor que este sentia pelo Senhor. 0 objetivo de Jesus era mostrar para Pedro a fragilidade e a inco nsrancia do amor que sentimos por ele. Mas, apesar do amor defeituoso, deve­

mos servi-lo por amor. E Pedro aprende que quem ama a Jesus deve cuidar dos amados do Senhor. A restaurayao da vocayao e a reviralizayao do amor que devemos sentir

por Jesus.

• o ministirio e dirigido pelo Senhor (v.18) .

Jesus usa urn exemplo comum de uma pessoa quando

fica idosa: "Em verdade, em verdade te digo que, quando eras mais moro, te vestias a ti mesmo e andavas por onde querias. Mas, quando fores velho, estenderds as mdos e outro te vestird e te levardpara onde ndo quem ir"(Jo 21.18). A liyao de Jesus

e si mples e objeriva: Dells e quem dirige a vida dos seus

servos e ministros. Pedro foi dirigido por Deus a pregar no Ponro, na Galicia, Birfnia e Capad6cia e, por ultimo, em

Revitalizando a missao

Roma, onde acredira-se ter sido ele crucificado de cabeya

para baixo, tendo ele mesmo pedido para morrer assim.

Ate a maneira como Pedro morreu foi dererminada pelo

Senhor.

• No ministerio devemos seguir a Jesus (v. 19)

Depois de falar ism, Jesus disse a Pedro: "S iga-me. Nao

volte a pescar peixes, mas remme 0 seu trabalho de pesca­dor de homens". "Segue-me" significa "olhe para mim" e

conrinue 0 rrabalho para 0 qual eu 0 chamei. Trara-se de uma ordem de Jesus. William Hendriksen comenta: "Seja

meu disdpulo e meu ap6srolo, e nessa funyao siga-me no

serviyo, no sofrimento e mesmo 0 marririo, por amor a mim"21. Foi urn chamado renovado ao discipulado e aos

deveres apost61icos.

• Deus tem um projeto especifico para cada lider (vs.20-23)

Pedro queria se intrometer na vida e no ministerio de

Joao. '/10 ve-lo, Pedro perguntou a Jesus: Senhor, 0 que aeon­teeerd a ele? Jesus lhe respondeu: Se ell quiser que ele fique at!!

" HENDRlKSEN , Willian. Comemario de./odo. Sao Paulo: EdilOra Cul­

tura Crista. 2004, p. 456.

Page 63: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

Revltalizando a igreJa

que eu venha. que te importa? Segue-me tu!'~ 0 rrabalho

de Pedro era seguir a Jesus e nao se inrromerer na vida de

ourros seguidores. A curiosidade sobre 0 ministerio dos ou­

eros muiras vezes arrapalha 0 cumprimenro das nossas obri­

gayoes ministeriais. Quanra coisa poderia ser feira na igreja

se nao nos preocupassemos com quem levara 0 credico!

Concluo este capitulo dizendo que so ha duas opyoes

para a igreja: ser uma igreja de porras rrancadas ou de por­

tas aberras. Jesus quer que saiamos das quatro paredes enos

levanremos dos bancos das nossas igrejas para fazer a obra

missionaria. Lembre-se que 0 melhor remedio para uma

igreja doenre e colod-Ia na diera missionaria.

Revitalizando a visita~ao

ARIVAL DLAS CASIMIRO

"Somente a visitafiio jaz 0 pastor adquirir 0 conhecimento

direto e imediato do rebanho. Eta abre pOl·tas jechadflS. iLu­

mina necessidades oCltLtflS. destr6i resisterzcias e aumenta a

(onsciencia pastoraL" (77JOmflS COden).

'/1 visitariio ceLebra a amizade humana, lr Luz do. anziulde

divina" (Thomas COden).

IGREjAS LOCAlS MORREM. Para Aubrey Malphurs. igre­

jas morrem porque cada uma tern 0 seu cicio natural de

vida: nasce, cresce, chega ao apice, declina e morre. 26 Para

Mac Brunson e Ergun Caner, igrejas morrem por causa

,<, MALPII URS. Aubrey. Planting growing churches for ,he 21 (fmury: II

comprebensil1e guide for new chufche.f lind those desirillg renewal. Grand

Rapids, Michigan: Baker Books. 2004, p. 33

Page 64: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

1 1 Revitalizando a igreJa

de doen<;:as espiriwais. Assim como um determinado vene­

no po de matar uma pessoa, ha vencnos letais que podem

matar internamente uma igreja. Por isso e necessario que

fa<;:amos a autopsia das igrejas que ja morreram e a biopsia

daquelas que estao morrendo, pois precisamos diagnosricar

os venenos letais que mataram ou estao matando igrejas

I ." ocalS- .

Diagnosticar as causas que levam it mone de uma igreja

nao e uma tarefa tao simples. Existem causas que sao facil­

mente identificaveis. Ha, porem, causas secretas, que so­

mente 0 Dono da igreja conhece de fato. Jesus disse a cada

igreja do Apocalipse: "Conhefo tuas obras" (Ap 2.2,9,13,19;

3.1,8,15). E ele conhecia mesmo! Somente ele pode fazer

o diagnostico verdadeito de uma igreja. Somente ele co­

nhece verdadeiramente a saude espiritual de uma igreja lo­

cal. So mente ele pode abrir (vida) e fechar (morte) a porta

de uma igreja local. Ele advene a igreja de Sardes: "Conhe(o

tuas obras, tens foma de estar vivo, mas estds morto" (Ap 3.1).

r Mac Brunson e Ergun Caner publicaram em 2005, pel a Broadman &

Holman Books, 0 !lvro: "POl' que igrejas mon'em? Diagllostico de

velle1l0S letais no corpo de Cristo". Eles apresenram uma serie de doen­

<;:as e~pi ritllai s que podem macar uma igrcja. Elrs usam (crminologias

mcciicas (acrofia, miopia, anerioscierose, transmrno obsessivo cornpul­

sivo. fobias , anorexia, bulimia e hipocondria) para dcscrevcr as dOCI1 Ya.."

espiriruais de uma igreja.

Revitalizando a visita~ao 123

Na avalia<;:ao de Jesus, apesar da aparencia externa exube­

ranre, a igreja de Sardes estava espiritualmenre doenre e

apatica. Infelizmente, aquela igreja nao se arrependeu e,

historicamenre. deixou de existir.

Com temor e autocritica, afirmo que a ausencia de

cuidado pastoral e uma das causas idenrificaveis na mor­

te de muitas igrejas hoje. Onde nao ha pastoreio fiel, ha

lu to. De todas as metaforas biblicas usadas para descrever

a lideran<;:a espiritual, a mais adequada e a do pastor (At

20.29; IPe 5.1-3). Cabe ao pastor e aos lideres a tarefa de

cuidar do rebanho, dando-lhe alimenta<;:ao adequada, pro­

te<;:ao espiritual e dire<;:ao segura. Para fazer isso, os Hderes

precisam visitar as ovelhas e conhecer as suas necessidades:

"Promm saber do estado das tllas ovelhas e ettida bem dos

teus rebanhos" (Pv 27.23). 0 ponto de partida do pasto­rein eficaz e a visita<;:ao. 0 rrabalho de visita<;:ao deve ser

visto como mordomia: "Obedecei a vossos lideres. sendo-lhes

submissos, pois eles estao cuidando de vos, como quem hd de

prestar contas; para que 0 fofam com alegria e nao gemendo,

pois isso nao vos seria uti!" (Hb 13.17). Os lideres prestarao

conras ao Supremo Pastor das ovelhas que lhes foram dadas

para pastorear. A revitaliza<;:ao de uma igreja exige a implementa<;:iio

de urn programa de visira<;:ao. 0 objetivo deste capitulo

e motivar a lideran<;:a a realizar um programa de visita<;:ao

para a igreja, com 0 objetivo de restaura-la espiritualmenre.

Page 65: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

Revitalizando a Igrejd

o CONCEITO TEOL6GICO DE V1SITA<;:AO

Na lingua portuguesa, "visitas:ao" e "0 aro ou 0 efeiro de visitar". No hebraico, a palavra principal para "visitar"

(pakad; significa "prestar atens:ao, lembrar, observat, pro­

curar" com a intens:ao de fazer algo (51 8.4; 15m 15.2; Is

26.16). No grego, a palavra "visitar" (episkeptomai: epi +

skopos = inspecionar para fora) aparece 11 vezes no Novo Testamenro, e denota a ideia de "inspes:ao", "exame", "olhar com cuidado", "olhar com 0 fim de ajudar" (Mt

25.36 e 43; Lc 1.68, 78; 7.16; At 7.23; 15.14,36; Hb 2.6;

Tg 1.27). Outro sentido e 0 de "olhar para fora, escolher. selecionar, contratar" (At 6.3). Ha tn~s ideias basicas re­lacionadas ao significado da palavra "visitar": (1) contaro

pessoal - ir ate a pessoa necessirada; (2) exame pessoal:

olliar e conheccr as necessidades da pessoa visitada; (3)

prestimo pessoal: suprir as suas necessidades. Asafe resume bern este conceiro quando pede: "6 Deus dos Exerciros, volta-te, nos te rogamos. olha do ceu, eve, e visita esta vinha" (51 80.14)

A panir desses significados etimologicos e do ensino

biblico. formulamos quatm principios basicos da teologia

da visi tas:ao.

PRIMEIRO, DEUS E 0 AUTOR DA VISI rA<;:A.O

o conceiro teologico de visirac;:5.o fundamcnta-se no aro de Deus visitar 0 seu povo com 0 intuiro de abenc;:oa-Io.

Revitalizando a visita,ao '2S

Do Eden ate 0 Calvario, a visitas:ao foi 0 merodo de Deus

se revelar ao homem. No Antigo Testamento, Deus visi­rou os filhos da alians:a. Ele visirou a familia de Abraao.

no sentido de abens:oa-Ia com urn filho: "0 Senhor visitou

Sara, con forme havia falado, e fez-Ihe como havia prometi­

do. Sara engravidou e dell um jilho a Abraiio em sua velhice,

no tempo determinado, sobre 0 qual Deus lhe havia falado"

(Gn 21.1,2). Ele visirou uma mulher esteril e a fez alegre

mae de filhos. Foi 0 que aconreceu com Ana: "0 Senhor

visitou Ana, e ela engravidou. E teve tres jilhos e dutls jilhas.

Enquanto isso, 0 menino Samuel crescia diarlte do Senhor"

(lSm 2.21). OutrO sentido e que Deus visira 0 seu povo com

boas colheitas: Quando Noemi Oltviu faltlr que 0 Senhor

havia visitado a seu povo. dando-llJe alimento. decidiu dei­

xar a terra de Moabe e voltar com as noras para a sua terrtl

(Rt 1.6). Por isso Deus deve ser louvado pelo seu povo.

como sLlgere 0 salmista: "6 Deus. a ti se deve a louvor em

Sido; e a ti se cumpririio as votos. Visitas a terra e a regas;

tlt tI enriqueces com fartura; as dguas do rio de Deus trans­

bordam. Tu preparas 0 cereal, pois assim tens ordenado"

(51 65.1.9). Visitar e lembrar-se de alguem necessitado ou infe­

rior. Ao rcAerir sobre a grandeza de Deus. 0 salmista per­gunta: "Que e a homern, ptll"fl que te lembres dele? E 0 jilho

do hamon, pam que 0 visites?" (518.4). Visitar e trazer LIma

Page 66: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

126 Revitalizando a igreja

pessoa na memoria e no corayao. Visitar e lembrar-se de

alguem que precisa . 0 salmista Davi diz: "Senhor, lembra­

-te de mim, quando agires em fovor do teu povo; visita-me

com tua salvafdo" (51 106.4). Trata-se da visitayao divina

com 0 proposito de libertar alguem da opressao ou da

escravidao. ''jose disse a seus irmdos: Estou para morrer, mas

Deus certamente vos visitard e vos ford subir desta terra para

a terra que jurou a Abrado, a Isaque e a Jaco. E Jose ftz os

israelitas jurarem, dizendo: Certamente Deus vos visitard e fo­

reis transportar daqui os meus ossos" (Gn 50.24,25) . A ideia

se repete aos cativos da Babil6nia, na epoca de Jeremias:

"Porque assim diz 0 Senhor: Quando se completarem os seten­

ta anos designados para a Babif6nia, virei avos e eumprirei a

minha boa pafavra a vosso respeito e vos trarei de volta a este

lugar" 0 r 29.10). Hi tam bern a visitayao divina com 0 objetivo de julgar

e condenar 0 homem. Deus disse a Moises: '/1gora vai e

conduze esse povo para 0 lugar sobre 0 qual te folei. 0 meu

anjo ird na tua frente; mas no dia da minha visitafdo, eu os

castigarei por seu pecado" (Ex 32 .34).0 seu objetivo e punir

os idolatras de Israel. Mais adiance, Deus Fala sobre 0 juizo

sobre os casamentos ilicitos e as uni6es abo miniveis. ''£ eu

eastigo 0 pecado da terra porque estd contaminada, e a terra

vomita seus habitantes" (Lv 18.25). Deus nao inocenta 0

culpado.

-Revitalizando a vi s ita~ao 127

S EGUNDO, DEUS ENCARREGOU OS LlDERES DE APASCENlAR 0

SEU povo

Deus e 0 Pastor do seu povo. "Eu mesmo cuidarei das

minhas ovelhas e as forei repousar, diz 0 Senhor Deus" (Ez

34.1 5). Ele pastoreia as suas ovelhas por intermedio de

pastores humanos que ele chama e os envia. Mas, quando

os pastores negligenciam a sua tarefa, 0 rebanho sofre e as

ovelhas se dispersam. Em contraste com Deus, os pas to res

humanos sao estupidos Or 10.21), desrruidores Or 23.1), relapsos Or 50.6), egofstas (Ez 34.2) e inuteis (Zc 11.17) no cuidado que deveriam ter com 0 rebanho de Deus.

o profeta Ezequiel, a mando de Deus, profetizou

contra os pastores ou lIderes de Israel: '/1ssim diz 0 Senhor

Deus: Ai dos pastores de Israel, que cuidam de si mesmos! Ndo

devem os pastores euidar das ovelhas? Comeis a gordura e vos

vestis da Id; matais 0 animal engordado; mas ndo cuidais

das ovelhas" (Ez 34.2,3). Deus acusa aos pastores que ele

mesmo enviou de nao apascentarem as ovelhas, mas a si

mesmos. Reis e oficiais eram cham ados de "pastores" (51 78.70-72; Is 56.10,11). Eles tinham a responsabilidade de

cuidar do povo, protege-lo e providenciar 0 suprimento

das suas necessidades. Mas des pecavam por ayao e por

omissao: "Ndo Jortalecestes a fraca, ndo curastes a doente,

ndo enfoixastes a ferida, ndo Jostes proeurar a desgarrada e

ndo buseastes a perdida; mas dominais sobre elas com rigor

e dureza" (Ez 34 .4). E tarefa dos lideres fortalecer, curar,

Page 67: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

Revitalizando a igreja

ligar, agregar e buscar as ovelhas. Nao e possivel curnprir

essas rarefas sem 0 rrabalho da visirac;:ao. E a censura divina

e que os pasrores nao foram arras das ovelhas necessiradas.

As consequencias para 0 rebanho foram desrruidoras: as

ovelhas se espalharam, se desgarraram e se rornaram pasros

para rodas as feras dos campos (Ez 34.5-9). Por causa do

egoismo dos lideres, 0 povo foi prejudicado.

A visirac;:ao pasroral, de casa em casa, e imprescindivel

no processo de reviralizac;:ao de uma igreja local. Quando

uma igreja esca estagnada e em processo de decadencia, os

seus membros remanescenres precisarn de cui dado pasro­

ral. E a visira do pasror e a maior demonsrrac;:ao de arnor

que u ma ovelha pode e precisa receber do seu pasror, nessa

hora. 0 pasror precisa ir arras das ovelhas feridas, fracas,

desanimadas e desviadas com a inrenc;:ao de recupera-Ias

espirirualmenre. 0 rrabalho deve ser feiro individualmenre

ou por familia, ate que rodo rebanho seja alcanc;:ado. Trara­

-se de urn rrabalho pasroral inrransferivel e inadiavel.

A negligencia da visirac;:ao pasroral e uma das causas

principais da decadencia espirirual de uma igreja local.

Nada sllbstirui a visitac;:ao pasroral. Na necessidade, a ove­

Iha qller e precisa da presenc;:a do seu pasror. A iniciariva da

visira deve ser do pasror, que deve ir ao enconrro da ovelha,

mesmo que esta nao 0 solicire. A palavra larina para "visira"

significa "ir". 0 pasror e urn visirador por excelencia, isro e, alguem que vai ao enconrro de outra pessoa com 0 objetivo

Revitalizando a visitac;ao q

de ajllda-Ia. E-mail, telefonema, ou qualqller outro tipo de

comunicac;:ao virtual nao substitui a visira pasroral. Aten­

dimenro no escritorio pasroral nao substitui a visirac;:ao. A

orac;:ao inrercessoria e a pregac;:ao nao anularn a necessidade

da visirac;:ao.

lnfelizmente, a visitac;:ao nao faz parte da agenda de

muiros pasrores e de muitas igrejas hoje. Observamos que

as igrejas que estao estagnadas ou diminuindo perecem

pela ausencia de visirac;:ao pasroral ou pel a inex.istencia de

urn ministerio de visirac;:ao. Mas, se quisermos revitalizar

uma igreja, precisarnos elaborar um plano sistemarico e

conri n uo de visi rac;:ao , liderado e coordenado pelo pasror,

envolvendo os lideres da igreja, principalmenre os presbi­

teros e diaconos. Todas as famflias da igreja precisarn ser

visitadas inrencionalmente.

TERCEIRO, JESUS ENCARNOU E COMISSIONOU A V1SITA<;:Ao

o apice da visitac;:ao divina foi quando Jesus se fez

homem e hahirou entre nos. Ele e a encarnac;:ao divina

da visitac;:ao. Ele e Deus nos visitando pessoalmente.

Zacarias, cheio do Espiriro Sanro, canrou: "Bendito seja

o Senhor, Deus de Israel, porque visitou e libertou seu povo"

(Lc 1.68). 0 objetivo da encarnac;:ao e da visita de Jesus a

este mundo foi promover a redenc;:ao do seu povo. Ele nos

visirou para nos redimir. 0 evangelho de Jesus Crisro e Deus visitando 0 seu povo com 0 proposiro de salva-Io. A

Page 68: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

130 Revitalizando a igreja

visirac;:ao indica que Jesus veio ao mundo para pregar boas

novas aos perdidos, curar os quebranrados de co rac;:ao ,

libertar os carivos e consolar cod os os que choram. Ele

veio para "os doenres". Por isso, quando Jesus ressuscicou

o filho linico da viliva de Naim , 0 povo exclamou: "Urn

grande profeta se levantou entre nos; e: Deus visitou 0 seu

povo" (Lucas 7 .16).

Jesus assurniu a sua condic;:ao de pascor. Em codo 0 ca­

pirulo de Joao 10, ele ensina: "Eu sou 0 born pastor" 00 1 0.11). 0 adjerivo grego "born" (kalos) significa "maravi-

Ih " " I " , oso e exce ente, tanco em seu cararer como em sua

obra. Jesus e 0 born pascor no senrido de urn modelo ideal

de perfeic;:ao. Ele e linico em sua categoria. 0 oposco do

bom pastor sao os fariseus dos dias de Jesus e os falsos lide­

res espirituais que exisrem are hoje. Eles sao inimigos das

ovel has. Jesus os chan1a de "Iadroes e salteadores" (vs.1 ,8),

"esrranhos" (v.5) e "mercenarios" (vs.12-13). Eles nao co­

nhecem as ovelhas, eles nao amam as ovelhas, eles roubam

as ovelhas e eles abandonam as ovelhas no momenco em

que elas mais precisam. Jesus e 0 born pascor. E a prova da sua excelencia e que ele da a sua vida pelas suas ovelhas: "0 born pastor dd a vida pelas ovelhas" (v. II). Podemos resumir

o ensino sobre 0 maravilhoso pascor e as suas ovelhas com

a seguinte pergunta: 0 que 0 bom Pascor da as suas ovelhas?

A sua propria vida (v. I I), a salvac;:ao (v.9), 0 alimenro (v.9),

a liberdade (v.9) a vida abundante (v. I 0), a existencia de

Revitalizando a visita~ao 131

urn linico rebanho sob sua prorec;:ao e direc;:ao (v. 16), a vida

ererna (v.28) e a seguranc;:a ererna (v.29).

A visirac;:ao foi 0 mecodo usado por Jesus, 0 Born Pascor,

duranre 0 seu ministerio aqui na terra. Ele percorria codas

as cidades e povoados, ensinando, pregando e curando

as pessoas. "jesus percorria todas as cidades e povoados,

ensinando nas sinagogas, pregando 0 evangelho do reino e

curando todo tipo de doenfas e enferrnidades" (Mt 9.35). Ele

visicou muicos lares levando a salvac;:ao: "Disse-lhe Jesus:

Hoje a salvafito chegou a esta casa, pois este hornern tarnbern

e filho de Abraito" (Lc 19.9). Nas casas, Jesus realizou

milagres, participou de janrares e hospedou-se com seus

amigos. Ele ueinou os seus disdpulos, enviando-os de

dois em dois, de casa em casa, para anunciar a chegada do

reino de Deus. E a recomendac;:ao foi: "Ern qualquer casa

ern que entrardes, dizei prirneiro: A paz esteja nesta casal"

(Lc 10.5).

Seguindo 0 exemplo de Jesus, os apostolos e missio­

narios tam bern praticaram a visitac;:ao. Paulo e Barnabe

sao exemplos disso: "Decorridos alguns dias, Paulo disse a

Barnabe: vamos visitar os irrnitos ern todas as cidades onde

anunciarnos a palavra do Senhor, para ver como estao" (At

15.36). Eles sao os visitadores enviados pela igreja de

Antioquia nao apenas para pregar, mas para visitar e cuidar

de pessoas. Os irmaos recem-convertidos, que haviam sido

evangelizados na primeira viagem, sao as pessoas que foram

Page 69: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

P2 Revita lizando a igreja

visitadas. Eo objetivo da visita dos missionarios aos novos convertidos e "para ver como passam". Havia uma preo­

cupac;:ao pastoral quanto ao estado espiritual dos novas ir­

maos. Eles precisavam de fortalecimento e encorajamento:

''£, depois de anunciar 0 evangefho naquefa cidade e de fazer

muitos discipufos, voftaram para Listra, Iconio e Antioquia,

renovando 0 animo dos discipulos, exortando-os a perseverar

na ft, dizendo que em meio a muitas tribufaroes nos e neces­

sdrio entrar no reino de Deus" (At 14.21,22).

QUARTO, TOOO CRISTAO OEVE SER UM VlSlTADOR

Todos os crentes precisam visitar e cuidar uns dos ou­tros. Paulo escreveu 11 igreja de Tessalonica: "Jrmaos, nos

tambem vos exortamos a aconsefhar os indiscipfinados, conso­

far os desanimados, amparar os fracos e ter paciencia para com

todos" (ITs 5.14). Ele declara que ha na igreja tn~s grupos

que precisam de uma atenc;:ao especial: os insubmissos ou

os que vivem desordenadamente (2Ts 3.10,11); os desani­mados (alma pequena) ou desalentados espiritualmente (Is 35.4); e os fracos, aqueles que sofrem de debilidades fisicas

(Mt 25.39,43), morais e espirituais (Rm 5.6; 14.1; leo

11.30) . Ele esclarece que a obrigac;:ao de admoestar, conso­lar e amparar estes tres grupos e de toda a igreja. Esta tarefa

exigira longanimidade ou paciencia por parte de todos. Ha, no Novo Testamento, outros textos que respon­

sabilizam individualmente 0 cristao a praticar a visitac;:ao.

Revitalizando a visita~ao 133

Primeiro, devemos VI sitar como expressao de gratidao e

adorac;:ao a Deus. Tiago escreve ace rca da religiao: "Se al­

guem se considera refigioso e ndo reJreia sua fingua, engana

seu corarao, e sua refigido e in/iti!. A religido pura e ima­

cufada diante do nosso Delis e Pai e esta: visitar os orfoos e

as viuvas nas suas dificuldades e ndo se deixar contaminar

pelo mundo'~ (Tg 1.26,27). A religiao verdadeira (grego

"threskeia") envolve 0 refrear da lingua, a visitac;:ao aos ne­

cessitados e a santificac;:ao pessoal. 0 trabalho de visitar os

orfaos e as viuvas em situac;:ao de crise e aflic;:ao e urn ato

ou um sacrificio de adorac;:ao a Deus. Nenhum riruallitur­gico, nenhum templo majestoso, nenhuma grande oferta em dinheiro substitui 0 servic;:o aos pobres e necessitados.

Visitar significa ir atras com 0 objetivo de ajudar e prote­

ger. Esse papel e realizado pelo proprio Deus, conforme o ensino biblico. E 0 5enhor quem faz justic;:a ao orfao e

11 viuva, dando-Ihes pao e vestes. Ele e 0 Pai dos orfaos e juiz das viuvas (51 68.5; 146.9). Logo, a melhor maneira de adorarmos a Deus e irmos ao encontro desses irmaos atribulados, com 0 objetivo de suprir-lhes as necessidades.

o que Tiago condena ja havia sido condenado

pelos profetas no Antigo Testamento: 0 ritual liturgico desassociado da pratica da justic;:a e da misericordia com o proximo: "Com que me apresentarei diante do Senhor

e me prostrarei diante do Deus excelso? Devo apresentar­

me diante dele com sacrificios, com bezerros de um ano?

Page 70: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

134 Revitalizando a igreja

o Senhor se agradaria com mifhares de carneiros, ou com

dez mil ribeiros de azeite? Darei 0 meu primogenito pela

minha transgressdo, 0 fiuto do meu corpo pelo meu pecado?

6 homem, ele te declarou 0 que e bom. Por acaso 0 Senhor

exige de ti alguma coisa atem disto: que pratiques a justi(."a,

ames a misericordia e andes em humildade com 0 teu Deus?"

(Mq 6.6-8). Deus quer que 0 adoremos por intermedio

da pd.tica da justis:a, do amor it misericordia e do andar

humildemente com ele.

Segundo, devemos visitar para podermos cumprir os

mandamentos mutuos. 0 Novo Testamento nos da varios

mandamentos para nutrir e preservar a nossa comunhao

uns com os ourros. Deus quer que cui demos uns dos

outros, atraves de varias as:oes: amai-vos uns aos outros,

acolhei-vos uns aos outros, consolai-vos ou encorajai-vos

uns aos outros, admoestai-vos uns aos outros, suportai-vos

uns aos outros, perdoai-vos uns aos outros, sujeitai-vos uns

aos outros, edificai-vos uns aos outros, levai as cargas uns

dos outros, canfessai os vossos pecados uns aos outros, orai

uns pelo outros, considerai-vos uns aos outros, servi uns

aos ourros e saudai-vos uns aos outros.

Nenhum desses mandamentos podera ser cumprido

sem a "visitas:ao". Em rodos eles esta implfcito 0 aro de

visitar. Lembre-se das tres ideias basicas relacionadas ao

conceito da visitas:ao: cantaro pessoal - ir ate a pessoa ne­

cessitada; exame pessoal: olhar e conhecer as necessidades

Revitalizando a visita,ao 135

da pessoa visitada; prestimo pessoal: suprir as suas neces­

sidades.

Terceiro, devemos visitar porque seremos julgados por

nossas as:oes e omissoes . Aquele que sabe que deve fazer 0

bem e nao 0 faz esta pecando. Deus espera que seus filhos

sigam 0 seu exemplo de visitador. Jesus ensina que no juizo

final seremos julgados pel as nossas as:oes e omissoes: "Por­

que tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de

beber; era estrangeiro, e me acolhestes; precisei de roupas, e me

vestistes; estive doente, e me visitastes; estava na prisdo e fostes

visitar-me" (M t 25.35,36). Deus j ulgara a nossa fe pelas

nossas obras praticas.

OS ASPECTOS rAATICOS DA VlSITA<;:AO

Precisamos resgatar 0 trabalho de visitas:ao pastoral e

motivar os irmaos it pratica da visitas:ao. Alem das razoes

teologicas, ha os aspecros praticos da visitas:ao. Toda visi­

ta realizada possui tres elementos importantes: edificas:ao,

evangelizas:ao e crescimento da igreja.

PRIMEIRO, A VlSITA<;:AO E IMPORTANTE PARA 0

ENCORA)AMENTO ESPIRITUAL DOS CRENTES

Um dos objetivos da visita e 0 encorajamento

espiritual. Todos os crentes precisam de encorajamento,

independentemente do tempo de conversao. A palavra

"encorajar" (grego = "parakaleo") significa "consolar",

Page 71: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

36 Revi talizando a igreja

«. "" " C( C ,,(t . . " " . " anlmar, exortar , conlOrtar, lncennvar e animar.

Denota 0 ato de Iicar ao lado de uma pessoa para encoraja­

la enquanto estiver suportando as tragedias da vida e as

duras provac;:6es espirituais. Por si mesmo, ninguem pode

consolar ourro. Mas, pela grac;:a de Deus, todo cristao e urn

veiculo da consolac;:ao divina. Todo creme tem 0 dever de

encorajar uns aos outros, a cada dia. "Irmaos, cuidado para

que nunca se ache em qualquer urn de viis urn eorafao perverso

e incredulo, que vos desvie do Deus vivo; antes, exortai uns aos

outros todos os dias, durante 0 tempo que se chama Hoje, para

que nenhum de viis seja endurecido ;elo engano do pecado"

(Hb 3.12-13). o pastor da igreja deve encorajar e receber encoraja­

memo. Jose, a quem os ap6stolos chamaram de Barnabe, e

o referencial bfblico de urn obreiro que encorajava. Barnabe

significa "filho de exortac;:ao" ou "li tho da consolac;:ao". Ele

foi usado por Deus para encorajar pessoas, principalmente

lideres. Paulo tam bern orava a Deus pedindo uma

oportunidade para visirar os irmaos em Roma, a lim de

praricar 0 mutuo encorajamemo (Rrn 1. 10-12). Todo pastor ou membro da igreja deve visitar com 0

objetivo de prestar auxilio espiritual. Animar os doentes,

consolar os enlutados, encorajar os desanimados, recuperar

os desviados, advertir os insubmissos, I evan tar os cafdos e

cultivar a comunhao. A tendencia de urn creme desanimado

e deixar de vir a igreja, como aconteceu com os destinatirios

Revitalizando a visita~ao 137

da carta aos Hebreus: "Ndo abandonemos a prdtica de

nos reunir, como e costume de alguns, mas, pelo contrdrio,

animemo-nos !Ins aos outros, quanto mais vedes que 0 Dia

se aproxima" (Hb 10.25). Pratiquemos 0 encorajamemo

mutuo. Ajudemos as "ovelhas mancas" a recuperar 0 vigor

espiritual: "Portanto, jirmai as maos cansadas e os joelhos

vacilantes; endireitai os caminhos para os vossos pes, para que

o maneD nao se desvie, mas, pelo contrdrio, seja curado" (Hb

12.12-13).

SEGUNDO, A V1SITA<;:AO E UM EFlCIENTE METODO DE

EVANGELIZA<;:AO

o melhor metodo de evangelizac;:ao e ir as pessoas,

onde elas esriverem. Nao devemos esperar a pessoa vir,

mas devemos ir aWls dela. Na parabola do semeador, Jesus

diz: 0 semeador saiu a semear (Mt 13.3). 0 sujeito da

ac;:ao e 0 semeador que saiu amls dos corac;:6es para lanc;:ar

a sua sememe. Na parabola da ovelha perdida, e 0 pastor

que sai aWls daquela que se extraviou, com 0 objetivo de

traze-la de volta (Lc 15.1-7) . Na ordem missioniria que

Jesus deu a igreja, ele disse: Ide por todo 0 mundo e pregai 0

evangelho a toda criatura (Mc 16.15). Precisamos visitar as

pessoas com 0 objetivo de ganha-las para Jesus. Todo cren­

te deve gastar "a sola do seu sapato", batendo de "porta em

porta", para falar de Jesus as pessoas. E a lideranc;:a deve ser

exemplo de visitac;:ao. Paulo disse aos presbftetos de Efeso:

Page 72: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

138 Revitalizando a igreja

"Nao me esquivei de vos anunciar nada que fosse benejico,

ensinando-vos publicamente e de casa em casa, testemunhan­

do, tanto a judeus como a gregos, 0 arrependimento para com

Deus e a ft em nosso Senhor Jesus [Cristo]" (At 20.20,21).

TERCEIRO, A VISITA<;:AO PROMOVE 0 CRESCI MENTO DA IGREJA

Urn dos segredos para a plantayiio e a revitalizayiio de

uma igreja e a visitayiio. Onde ha vida e crescimento, ha

rrabalho de visitayiio. Ha uma relayao de causa e efeito

entre visitayao e crescimento. Quanto mais se vis ita, mais

a igreja cresce. Quando Deus quer produzir 0 crescimen­

to da sua igreja, ele poe a sua lideranya e 0 seu povo para

VlsJtar.

Simiio Pedro declara que a expansiio da igreja primitiva

entre os gentios aconteceu por causa da visitayiio do Senhor:

"Simao relatou como primeiramente Deus foi ao encontro dos

gentios para formar dentre eles urn povo dedicado ao seu Nome"

(At 15.14). Mas, como Deus visitou os gentios? A res posta

esra em Atos 10, quando Deus envia Pedro para visitar a

casa de Cornelio e the anunciar 0 evangelho. Todos naquela

casa ollviram a palavra, foram convertidos e receberam 0

Espfrito Santo. Liyiio ensinada: Dells usa 0 ministerio de

visitayiio para salvar pessoas e ptomover 0 crescimento da

igreja. Niio ha como negar, foi atraves do amplo ministerio

de visitayao que a igreja primitiva cresceu.

---Revitalizando a visita~ao 139

UM PROGRAMA DE VISITA<;:AO PARA REVITALIZAR UMA IGREJA

Para revitalizar uma igreja que vive urn cicio de morte,

e necessario implantar urn programa sistematico de visi­

tayiio. Sugerimos algumas ideias que devem constar num

programa.

• o programa deve ser coordenado pelo pastor ou pelo conselho da igreja.

A responsabilidade de pastorear 0 rebanho e da lide­

ranya (At 20.28). 0 pastor Oll 0 Ifder leigo e quem deve

coordenar e supervisionar 0 programa de visitayao.

• 0 programa deve ser abrangente e seguido por toda a igreja.

o proposito do programa de visitayiio e alcanyar e en­

volver todos os membros da igreja. 0 programa deve ser

unico e deve recrutar visitadores de todos os ministerios e

sociedades internas da igreja.

• 0 programa deve ser intencional, e cada visita deve ser objetiva.

Os visitadores receberao tarefas espedficas, para visitar

pessoas com objetivos previamente estabelecidos. Ele deve

Page 73: Hernandes Dias Lopes & Arival Dias Casimiro_revitalizando a Igreja

140 Revita lizando a igreja

preparar corpo, mente e espiriro para a visita. Ele deve ava­

liar os resultados da visita: A hora da visita foi apropriada?

Apresentei 0 proposito da visita de maneira clara? A pes­

soa visitada gostou e foi beneficiada? Dependi do Espiriro

Santo' Consegui 0 meu objetivo? Serei bern recebido, se

retornar?

• o programa precisa ser eficiente .

o programa deve ter urn dia semanal de visitas:ao. Ele

deve seguir uma agenda de visitas:ao. E preciso que haja

urn cadastro atualizado das pessoas que serao visiradas. 0 programa deve oferecer treinamento e morivas:ao para os

visitadores. A cada visita, 0 visitador deve dar urn relatorio

ao coordenador com as segu intes informas:oes: dia da visita,

pessoa visirada e necessidades identificadas (que foram ou

precisam ser supridas). No final do seculo passado, Thorn Rainer realizou nos

Esrados Unidos, uma pesquisa em mais de 500 igrejas 10-cais, que cresciam e tinham sucesso na evangelizas:a028. 0 objerivo da pesquisa era identificar os elementos funda­

mentais do evangelismo eficaz destas igrejas. Rainer cons­

tatou que as igrejas mais eficazes sao aquelas que invesrem

" RAINER, Thom S. Effictive evangelistic chllrches. B & H Publishing

Group, 1996.

Revitalizando a visitac;ao 41

na pregas:ao expositiva, oras:ao, visitas:ao, investimento em

missoes e ensino da escola dominical . Pelo menos 60% das

igrejas mostraram que a visitas:ao aos lares e um metodo

que da gran des resultados.

Concluo dizendo que, por convics:ao biblica e por ex­

periencia comprovada, a visitas:ao e uma ferramenta eficaz

na revitalizas:ao de uma igreja que esra ressequida.