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Como as confissões reformadas se hormonizam entre si?Por Luiz LacerdaTRANSCRIPT
SEMINÁRIO PRESBITERIANO REV. JOSÉ MANOEL DA CONCEIÇÃO
LUIZ GONZAGA LACERDA JÚNIOR
HARMONIA DAS CONFISSÕES REFORMADAS
SÃO PAULO 2014
LUIZ GONZAGA LACERDA JÚNIOR
HARMONIA DAS CONFISSÕES REFORMADAS
Comparação, análise e descrição
do desenvolvimento teológico de várias doutrinas abordadas ou não, nas confissões de fé Belga, Heidelberg, Segunda Confissão Helvética, Cânones de Dort e Westminster, realizado para o cumprimento da matéria de Credos e Confissões ministrada pela professor Rev. Ageu Magalhães.
SÃO PAULO 2014
INTRODUÇÃO
Toda, ou a maioria, das construções de um Credo, Catecismo e/ou Confissão
de Fé partiram da necessidade de definir claramente o que se cria, na época em que
se cria. Olhar para a história ajuda-nos a perceber quais eram as perguntas que eram
feitas ao decorrer das épocas e o posicionamento da igreja em resposta e elas – além
de elucidar de onde procedem algumas tradições. Isso é essencial pois “a tradição é
o sangue da teologia. Separada da tradição, a teologia é como uma flor cortada sem
suas raízes e sem o solo, logo murcha na mão. Uma sã teologia nunca nasce de novo.
Ao honrar a sã tradição, se assegura a continuidade teológica com o passado. Ao
mesmo tempo, a tradição cria a possibilidade de abrir novas portas para o futuro.
Como diz o provérbio: ‘A tradição é o prólogo do futuro.’ Por isso, toda dogmática que
se preze como tal deve definir sua posição em uma ou outra tradição confessional”1.
Por mais que “a ideia de credos desagrade a muitas pessoas, que os imaginam
como empobrecimento espiritual ou amordaçamento do Espírito”, etc. Nessa
perspectiva, a doutrina tem pouco valor; o que importa é a ‘vida cristã’. Daí as ênfases
nas ‘experiências — que, via de regra, pretendem convalidar a Palavra — ou num
‘evangelho’ puramente ético-social. Todavia, ambos os comportamentos equivocados
pecam por não compreender que a base da vida cristã autêntica é a sólida doutrina
vivenciada (cf. 1Tm 4:16). Esse ponto foi salientado por D. M. Lloyd-Jones (1899-
1981):
Toda a doutrina cristã visa levar, e foi destinada a levar a um bom
resultado prático. [...] A doutrina visa levar-nos a Deus, e a isso foi
destinada. Seu propósito é ser prática [...] a nossa vida cristã nunca será
rica, se não conhecermos e não aprendermos a doutrina.2
Dentro dessa perspectiva, estudar e até mesmo comparar o desenvolvimento
teológico através dos vários concílios, que é a proposta deste trabalho, é essencial
para uma visão mais ampla e aprofundamento na fé de grandes homens e,
consequentemente, no crescimento e aprofundamento de nossa própria fé.
1 SPYKMAN, Gordon J., Teologia reformacional, p. 5 2 As insondáveis riquezas de Cristo,p. 85-86.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3
AS ESCRITURAS SAGRADAS ................................................................................... 5
A ALIANÇA DE DEUS COM O HOMEM ..................................................................... 7
A JUSTIFICAÇÃO ....................................................................................................... 8
A ADOÇÃO ................................................................................................................. 9
A CERTEZA DA SALVAÇÃO .................................................................................... 10
OS MEIOS DE GRAÇA ............................................................................................. 11
BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................... 13
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AS ESCRITURAS SAGRADAS
1.1 Confissão de Fé de Westminster comparada a Confissão Belga (1561)
A Confissão de Fé de Westminster (CFW), em relação à Belga, desenvolveu
um mais aparente apreço pelas Escrituras. É notável em sua redação a preocupação
dos autores de reafirmarem a autoridade delas, levar o leitor a reverencia-la como
Palavra de Deus, enfatizando que é pela Escritura que o homem se conhece e
conhece a Deus e através dela sabemos como devemos adorá-Lo. A CFW ainda
afirma que na Bíblia, há questões que indoutos não poderão compreender, mas que
o essencial para se saber acerca da salvação é revelado e claramente compreensível
a todos. Há também uma “missão” deixada pelo texto da CFW, não presente na Belga,
que as Escrituras devem ser traduzidas às línguas vulgares de todas as nações, para
que a humanidade tenha acesso à Palavra revelada.
1.2 Confissão de Fé de Westminster comparada ao Catecismo de Heidelberg
(1563)
A Confissão de Fé de Westminster (CFW), em relação ao Catecismo de
Heidelberg, citou todos os livros que compõe o Cânon Sagrado e mostrou um
desenvolvimento significativo. Ao que parece, o Catecismo de Heidelberg não estava
preocupado em explicar os pormenores da importância das Escrituras, tanto que
acerca destas, menciona somente que ela é suficiente para o ensino (e que não se
deve usar imagens para isso), que o cristão deve crer em tudo que está na Palavra
de Deus (inclusive mencionando ser “universalmente aceito”) e que foi Deus que o
revelou através de pessoas no decorrer da história, culminando em Jesus. Sendo
assim, a CFW afirma que a autoridade da Escritura provém de Deus e não de homens
e mostra o princípio interpretativo (Escritura pela Escritura).
1.3 Confissão de Fé de Westminster comparada a Segunda Confissão
Helvética (1566)
A Confissão de Fé de Westminster (CFW), em relação à Segunda Confissão
Helvética, acrescenta a necessidade de tradução das Escrituras para todas as outras
línguas, afim de tornar acessível a todos os povos; a clareza da doutrina da salvação
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contida nela, ainda que há assuntos de difícil compreensão e a forma como deve ser
interpretada (Escritura pela Escritura sob iluminação do Espirito Santo).
1.4 Confissão de Fé de Westminster comparada aos Cânones de Dort (1619)
Os Cânones de Dort foram muito simples em relação ao tema das Escrituras
Sagradas. Ele não tratou das especificidades do assunto, não especificou os livros
que compõe o Canon e, em resumo, apenas expôs que elas são a semente da
Regeneração e fator de Santificação na vida do cristão. Logo, a CFW em relação aos
Cânones de Dort acrescentou sobre a autoridade, a reverencia, apreço e suficiência
das Escrituras para a salvação; menciona que nada deve ser acrescentado a ela; ela
é relevante para todos os assuntos na vida do cristão; Deus, segundo sua soberania,
conservou os manuscritos através do tempo; e a regra de interpretação que deve ser
usada (Escritura pela Escritura sob iluminação do Espirito Santo).
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A ALIANÇA DE DEUS COM O HOMEM
2.1 Confissão de Fé de Westminster comparada a Confissão Belga (1561)
A Confissão Belga acerca do tema diz apenas que Deus, segundo sua
soberania e bondade, vendo a condição miserável e caída do homem, decidiu resgatá-
lo através do seu filho. Logo, a CFW adicionou uma maior compreensão sobre os
pactos de Deus com o homem, a saber, Pacto de Obra e da Graça.
2.2 Confissão de Fé de Westminster comparada ao Catecismo de Heidelberg
(1563)
Não há menção ou desenvolvimento deste assunto no catecismo de
Heidelberg, logo, toda a abordagem de Westminster sobre, é considerada um
desenvolvimento teológico ou ao menos um assunto em voga nos dias em que foram
desenvolvidos os documentos.
2.3 Confissão de Fé de Westminster comparada a Segunda Confissão
Helvética (1566)
Não há menção ou desenvolvimento deste assunto na Segunda Confissão
Helvética, logo, toda a abordagem de Westminster sobre, é considerada um
desenvolvimento teológico ou ao menos um assunto em voga nos dias em que foram
desenvolvidos os documentos.
2.4 Confissão de Fé de Westminster comparada aos Cânones de Dort (1619)
A Confissão de Fé de Westminster (CFW), em relação aos Cânones de Dort,
melhor o conceito da obra redentora de Cristo. Onde fica claro que Deus não
abandona o homem após a queda, mas firma o pacto da Graça. A CFW é bem
descritiva na explicação dos pactos de Deus para com o homem.
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A JUSTIFICAÇÃO
3.1 Confissão de Fé de Westminster comparada a Confissão Belga (1561)
A Confissão de Fé de Westminster (CFW), em relação à Belga, desenvolveu a
doutrina do decreto divino, dizendo que desde a eternidade Deus decretou os que
iriam ser salvos segundo sua soberania e graça e que Cristo é o único meio de
justificação divina.
3.2 Confissão de Fé de Westminster comparada ao Catecismo de Heidelberg
(1563)
A Confissão de Fé de Westminster (CFW), em relação ao Catecismo de
Heidelberg, adiciona a afirmação de que justificação é imputada por Deus no homem,
mas Ele o faz de forma livre e condescendente, segundo sua soberania e graça, nos
seus eleitos por intermédio do sacrifício de Cristo.
3.3 Confissão de Fé de Westminster comparada a Segunda Confissão
Helvética (1566)
A Confissão de Fé de Westminster (CFW), em relação à Segunda Confissão
Helvética, discorre melhor acerca da figura de Jesus que satisfaz plenamente a justiça
divina. A CFW desenvolve melhor o conceito de que Deus decretou desde a
eternidade os eleitos, ou seja, aqueles quem Ele justificou. Estes não caem da graça.
3.4 Confissão de Fé de Westminster comparada aos Cânones de Dort (1619)
A Confissão de Fé de Westminster (CFW), em relação aos Cânones de Dort,
se aprofunda afirmado que a justificação é pela fé e que ela é necessária para que o
homem seja salvo. Diz também que a fé é um dom de Deus, que decide desde a
eternidade a quem dará.
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A ADOÇÃO
4.1 Confissão de Fé de Westminster comparada a Confissão Belga (1561)
Não há menção ou desenvolvimento deste assunto na Confissão Belga, logo,
toda a abordagem de Westminster sobre, é considerada um desenvolvimento
teológico ou ao menos um assunto em voga nos dias em que foram desenvolvidos os
documentos.
4.2 Confissão de Fé de Westminster comparada ao Catecismo de Heidelberg
(1563)
O Catecismo de Heidelberg é o primeiro dos símbolos estudados a desenvolver
o assunto. A Confissão de Fé de Westminster (CFW), em comparação a ele
acrescenta alguns pormenores da adoção, especificando melhor quais seriam esses
benefícios e também deveres dos “adotados”.
4.3 Confissão de Fé de Westminster comparada a Segunda Confissão
Helvética (1566)
Não há menção ou desenvolvimento deste assunto na Segunda Confissão
Helvética, logo, toda a abordagem de Westminster sobre, é considerada um
desenvolvimento teológico ou ao menos um assunto em voga nos dias em que foram
desenvolvidos os documentos.
4.4 Confissão de Fé de Westminster comparada aos Cânones de Dort (1619)
A Confissão de Fé de Westminster (CFW), em relação aos Cânones de Dort,
aplica-se a dizer que os filhos de Deus são selados, ou seja, protegidos por Deus,
para o dia da redenção. O próprio Deus, que os adotou, se certifica que eles
permaneçam até o fim.
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A CERTEZA DA SALVAÇÃO
5.1 Confissão de Fé de Westminster comparada a Confissão Belga (1561)
Não há menção ou desenvolvimento deste assunto na Confissão Belga, logo,
toda a abordagem de Westminster sobre, é considerada um desenvolvimento
teológico ou ao menos um assunto em voga nos dias em que foram desenvolvidos os
documentos.
5.2 Confissão de Fé de Westminster comparada ao Catecismo de Heidelberg
(1563)
A Confissão de Fé de Westminster (CFW), em relação ao Catecismo de
Heidelberg, acrescenta que, ainda que um filho de Deus caia em desconfiança por
negligência própria ou falta de zelo com sua vida devocional, o Espirito santo não
deixará que ele caia em total desespero. O autor da fé é Cristo, e como tal, ninguém
pode desfazer Sua obra.
5.3 Confissão de Fé de Westminster comparada a Segunda Confissão
Helvética (1566)
Não há menção ou desenvolvimento deste assunto na Segunda Confissão
Helvética, logo, toda a abordagem de Westminster sobre, é considerada um
desenvolvimento teológico ou ao menos um assunto em voga nos dias em que foram
desenvolvidos os documentos.
5.4 Confissão de Fé de Westminster comparada aos Cânones de Dort (1619)
A Confissão de Fé de Westminster (CFW), em relação os Cânones de Dort,
acrescenta que é papel do fiel buscar em Deus a certeza da sua salvação e que a
autoria da fé que provoca essa certeza é o próprio Jesus. A CFW explica também qual
é a natureza dessa certeza, não sendo meramente uma persuasão conjectural e
provável, fundada numa falsa esperança.
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OS MEIOS DE GRAÇA
6.1 Confissão de Fé de Westminster comparada a Confissão Belga (1561)
A Confissão de Fé de Westminster (CFW), em relação à Confissão Belga,
afirma que a graça presente nos sacramentos não é conferida por poder neles
existentes. Os sacramentos não possuem poder em si mesmos e devem ser
administrados ministros autorizados. Os sacramentos da antiga e nova aliança
possuem o mesmo significado. A CFW desenvolve melhor a frequência que os
sacramentos devem ser administrados e que todo cristão tem o dever de usar os
meios exteriores em sua vida. Ao homem fica a tarefa de ler as Escrituras para si
mesmo e para sua família.
6.2 Confissão de Fé de Westminster comparada ao Catecismo de Heidelberg
(1563)
A Confissão de Fé de Westminster (CFW), em relação ao Catecismo de
Heidelberg, trabalha o tema acrescentando a união sacramental entre a coisa
significada e o sinal do sacramento. Assim como na comparação anterior, nessa
comparação os sacramentos da antiga e nova aliança são os mesmos em substância.
As Escrituras devem ser acessíveis para todos os povos, logo, deve ser traduzida para
todas as línguas vulgares.
6.3 Confissão de Fé de Westminster comparada a Segunda Confissão
Helvética (1566)
A Confissão de Fé de Westminster (CFW), em relação à Segunda Confissão
Helvética, não acrescentou muito. Os meios exteriores, ou seja, as ordenanças de
Deus, especialmente a Palavra, os sacramentos e a oração são meios de fé para o
Cristão. A administração dos sacramentos e pregação da Palavra deve ser feito por
intermédio de homens vocacionados e devidamente ordenados Ministros do
Evangelho, que deve ser traduzido para todas as línguas.
6.4 Confissão de Fé de Westminster comparada aos Cânones de Dort (1619)
A Confissão de Fé de Westminster (CFW), em relação Cânones de Dort,
acrescenta bastante informação, já que em Dort essa temática não é desenvolvida
com profundidade.
A CFW nos mostra a união sacramental entre o sinal e a coisa significada, que
os sacramentos são como sinais e selos do pacto da graça. O cristãos recebem pela
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fé, mas é o Espírito Santo que aplica os benefícios pessoais. Os sacramentos do
antigo e novo testamento eram o mesmo em substancia. A ministração da Palavra
deve ser feita somente por ministros devidamente ordenados; as Escrituras devem
ser traduzidas para todas as línguas.
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BIBLIOGRAFIA
BEEKE, Joel R.; FERGUSON, Sinclair B. (organizadores). Harmonia das Confissões
Reformadas. São Paulo: Cultura Cristã, 2006. 256 p.