guia de primeiro socorros para cães e gatos

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  • Guia de

    Primeiros Socorrospara Ces e Gatos

    Silvia Parisi

    webanimal.com.br

  • CriaoSilvia Parisi

    Ilustraes

    Flvia Brando

    Imagens da capa

    Regina Motta - Fotopatas

    Projeto Grfi co e Diagramao

    Mariana Sousa

    ndiceIntroduo .................................................................................................................... 3

    Cap. 1 - Informaes bsicas que voc precisa saber ................................................ 4

    Cap. 2 - Avaliao do quadro de emergncia .............................................................10

    Cap. 3 - Mtodos de conteno e transporte ..............................................................12

    Cap. 4 - Caixa de Primeiros Socorros .........................................................................18

    Cap. 5 - Como fazer curativos.................................................................................... 20

    Cap. 6 - Estado de Choque........................................................................................ 22

    Cap. 7 - Parada Cardaca .......................................................................................... 24

    Cap. 8 - Parada Respiratria ..................................................................................... 26

    Cap. 9 - Hemorragias ................................................................................................. 28

    Cap. 10 - Ferimentos e Cortes Profundos .................................................................. 32

    Cap. 11 - Picadas de cobra ........................................................................................ 34

    Cap. 12 - Choque Eltrico .......................................................................................... 40

    Cap. 13 - Queimaduras .............................................................................................. 42

    Cap. 14 - Vmitos e Diarreia ...................................................................................... 44

    Cap. 15 - Ataque Epiltico .......................................................................................... 48

    Cap. 16 - Desmaios ................................................................................................... 50

    Cap. 17 - Asfi xia ......................................................................................................... 52

    Cap. 18 - Problemas durante o parto ......................................................................... 54

    Cap. 19 - Afogamento ................................................................................................ 60

    Cap. 20 - Rompimento de abscessos e tumores na pele .......................................... 62

    Cap. 21 - Fratura ........................................................................................................ 64

    Cap. 22 - Espinhos de ourio ..................................................................................... 66

    Cap. 23 - Bernes e bicheiras ..................................................................................... 68

    Cap. 24 - Atropelamento e quedas ............................................................................ 72

    Cap. 25 - Intoxicao ..................................................................................................74

    Cap. 26 - Exposio de rgos da cavidade abdominal ............................................ 78

    Cap. 27 - Choque pelo calor (intermao) ................................................................. 80

    Cap. 28 - Quando o animal precisa de atendimento veterinrio urgente? ................. 82

    A autora ..................................................................................................................... 85

  • Introduo 3

    O intuito deste guia ensinar o proprietrio como agir em situaes de emergncia. E disso poder depender a vida do animal at que o atendimento veterinrio seja possvel.

    Voc aprender o que deve ser feito em casos como atropela-mentos, convulses, envenenamentos, picadas de cobra e outras situaes inesperadas.

    muito importante ter em mos uma caixa de primeiros socorros com itens bsicos para o atendimento emergencial. Leve-a sempre no carro com voc quando for viajar ou em um passeio mais distante.

    Procure ler este guia previamente, pelo menos uma vez, pois isso o ajudar muito quando precisar. Voc saber o que fazer e ter mais autoconfi ana.

    Lembre-se que, numa situao difcil, seja qual for o caso, mantenha a calma, ou voc poder cometer erros e no conseguir colocar em prtica uma medida simples, mas importante.

    Alm da orientao deste guia, voc deve esclarecer dvidas com o veterinrio que trata seu animal. Tenha sempre anotado um te-lefone para localiz-lo facilmente, alm do nmero de uma clnica com atendimento 24 hs.

    Todos os procedimentos aqui descritos so bsicos e NO SUBSTITUEM o atendimento veterinrio que deve ser feito posteriormente.

    Silvia ParisiMdica Veterinria

    www.webanimal.com.br

    Introduo

  • 4 Guia de primeiros socorros

    Captulo 1

    Informaes bsicas que voc precisa saberPara poder socorrer um co ou gato, voc precisa ter algumas informa-es bsicas de como funciona o organismo do animal. S assim ser possvel avaliar o estado geral em que ele se encontra.

    As ocorrncias graves em animais dividem-se em dois casos:

    Emergncia: requer medidas imediatas, pois a vida pode depender delas. Exemplo - hemorragia, parada cardaca e/ou respiratria, atro-pelamento, envenenamento, choque eltrico, afogamento, etc.

    Urgncia: uma ocorrncia de menor gravidade, mas que precisa ser socorrida a tempo para que o animal no tenha complicaes mais srias. Exemplo: vmito ou diarreia intensos, piometra (infeco uterina), ausncia de urina por mais de 24hs, convulso e outros.

    Temperatura

    Valor normal 38 a 39 C

    Como avaliar lubrifi que a ponta do termmetro com leo, va-selina ou gua. Introduza-o no nus do animal at a metade e

    incline-o levemente para um dos lados. Assim que o indicador da temperatura parar de subir, o que leva um ou dois minutos, o term-metro pode ser retirado.

    Para que a leitura da temperatura retal seja vlida, o animal no pode estar agitado demais ou se deba-

    Captulo 1 Informaes Bsicas 5

    tendo. Por segurana, melhor usar focinheira ou mordaa no co e conter o gato enrolando-o numa toalha. Outros locais do corpo do ani-mal, como axilas e boca, no so apropriados para medir a temperatura.

    Hipertermia (aumento da temperatura acima de 39 C)Quando ocorre:- em episdios de febre- aps exerccios fsicos ou exposio ao sol- quando o animal apresenta tremores (p. exemplo: medo)- durante confi namento em local muito quente (dentro do carro ou

    caixa de transporte em dias de vero).

    Hipotermia (queda da temperatura abaixo de 38 C) Quando ocorre:- durante o estado de choque- aps hemorragia grave- em situaes onde a temperatura externa muito baixa.

    Obs: considere que a temperatura do animal est alterada e necessita de ateno quando ela variar mais de meio grau centgrado, ou seja, abaixo de 37,5 C ou acima de 39,5 C.

    Batimentos cardacos

    Valor normal (mdia) 70 a 120 batimentos cardacos por minuto

    Como avaliar coloque a mo sobre o corao do animal, do lado esquerdo do trax, bem

    atrs do cotovelo. Faa isso

    com o animal deitado ou em p.

    Caso no consiga sentir nada,

  • 6 Guia de primeiros socorros

    encoste a cabea no trax do co /gato para ouvir se h batimentos.

    O ambiente precisa estar em silncio.

    Taquicardia (aumento dos batimentos cardacos)Quando ocorre:

    - em episdios de febre

    - aps exerccios fsicos ou exposio ao sol

    - em situaes de estresse

    - ces pequenos podem ter a frequncia cardaca aumentada (con-

    dio normal).

    Bradicardia (diminuio dos batimentos cardacos) Quando ocorre:

    - ces atletas em estado de descanso tm o nmero de batimentos

    cardacos menor (condio normal).

    - casos de doena cardaca

    - animal em estado terminal (pr-morte)

    - organismo com hipotermia (baixa temperatura)

    Freqncia respiratria

    Valor normal (mdia) 15 a 40 respiraes por minuto

    Como avaliar observe o trax do animal e conte cada elevao como uma respirao.

    Aumento da frequncia respiratriaQuando ocorre:

    - em episdios de febre

    Captulo 1 Informaes Bsicas 7

    - aps exerccios fsicos ou exposio ao sol

    - situaes de estresse

    - ces pequenos podem ter frequncia respiratria aumentada

    (condio normal).

    Diminuio da frequncia Quando ocorre:

    - durante anestesia ou sedao

    - animal em estado terminal (pr-morte)

    Colorao das mucosas

    Valor normal vermelho-rseo

    Como avaliar pela colorao das mucosas, como conjuntiva (inte-rior das plpebras) e gengivas.

    Alteraes:- mucosa plida: estresse, anemia ou hemorragia grave

    - mucosa azulada ou arroxeada: falta de oxigenao, alterao cardaca ou pulmonar.

    - mucosa ressecada: desidratao

  • 8 Guia de primeiros socorros

    Condio de hidratao

    Valor normal pele elstica

    Como avaliar atravs da elasticidade da pele. Basta pux-la na regio lateral do corpo e observar se ela volta rapidamente posio normal. Tambm possvel detectar a desidratao observando a posio do globo ocular.

    Alteraes:- a pele volta lentamente posio normal: desidratao leve- a pele no volta posio normal: desidratao grave- globo ocular retrado (olho fundo): desidratao grave

    Salivao

    Ces e gatos podem apresentar salivao intensa em casos de into-xicao, situaes de estresse ou durante ataques convulsivos. Gatos podem salivar intensamente aps ingerir medicamentos.

    Algumas raas de ces de focinho achatado salivam bastante, porm, essa uma condio normal. Exemplo: boxers, bulldogues, pugs e outros.

    Captulo 1 Informaes Bsicas 9

    Co ou gato babando no signifi ca obrigatoriamente que ele esteja com raiva. A raiva uma doena viral que o animal s adquire se for mordido por outro que esteja raivoso. A raiva no transmitida pelo ar.

    Ao se deparar com um co ou gato salivando, para sua segurana, use al-gum mtodo de conteno que evite que o animal consiga mord-lo (cap.3).

    Caso isso ocorra, o co/gato deve ser observado por 10 dias.

    Se ele fugir, a vtima da mordida deve ser socorrida imediatamente em um hospital ou posto de sade.

    Se o animal agressor morrer dentro do perodo de 10 dias de obser-vao, o corpo deve ser encaminhado para exame de raiva no CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) da cidade.

    NO SE ARRISQUE!

    Os parmetros apresentados so importantes, mas em alguns casos de emergncia no possvel avaliar todos.

    Quando um dos procedimentos no for vivel (co/gato agitado, com muita dor ou agressivo), no se preocupe. Observe apenas aquilo que for seguro para voc e para o animal.

    Deixe manobras arriscadas para o veterinrio, pois ele est prepara-do para essas situaes.

    DICA:Para avaliar a frequncia cardaca ou pul-monar, conte o nmero de batimentos ou respiraes em 15 segundos e multiplique por 4 para saber o valor em 1 minuto.

  • 10 Guia de primeiros socorros

    Captulo 2

    Avaliao do quadro de emergnciaCaso voc venha a se defrontar com uma situao de emergncia, preciso fazer uma avaliao rpida do estado geral do co/gato.

    claro que voc deve focar no problema mais evidente. Se for o caso de um corte profundo com perda sangunea importante, estanque primeiro a hemorragia e depois pense no resto.

    O roteiro abaixo no precisa ser seguido exatamente na ordem em que ser apresentado. Em uma situao que necessita de interveno rpida, talvez voc no tenha tempo de analisar todos esses itens. Mas importante saber observar o estado geral do animal para poder agir.

    Para manipular o cachorro acidentado imprescindvel usar focinheira ou improvisar uma mordaa.

    Gatos acidentados podem ficar extremamente ariscos. Use uma focinheira para gatos e/ou jogue sobre ele uma toalha para diminuir o estresse.

    Se houver sangramento, larvas de mosca ou outra condio nau-seante, use luvas.

    1. Observe se o animal est respirando e se h batimentos carda-cos. Se esses sinais vitais estiverem ausentes, inicie a massagem cardaca e/ou a respirao artifi cial (cap. 6 e 7).

    2. Coloque a mo no abdmen do animal, em um local sem pelos, para ter ideia de sua temperatura. Se achar que o co/gato est frio ou quente demais, ou estiver em dvida, mea a temperatura dele com o termmetro. Ela deve estar entre 38 C e 39 C. Variaes de meio grau no causam preocupao (cap. 1).

    3. Analise a cor das gengivas e parte interna das plpebras (mucosas). Elas devem estar com a colorao vermelho-rseo. Se estiverem azu-

    Captulo 2 Avaliao do quadro de emergncia 11

    ladas, corao e/ou pulmes no esto funcionando bem. Se a muco-sa estiver plida, o animal tem anemia ou pode estar ocorrendo hem-orragia interna, caso a temperatura dele tambm esteja baixa (cap. 1).

    4. Cheque o estado de hidratao puxando a pele da lateral das costas do animal. Se ela demorar a voltar ou no voltar, ele est desidratado (cap. 1).

    5. Observe a boca: - note se h presena de sangue.- puxe a lngua do animal (use um pedao de gaze para no es-

    corregar). Verifi que se existe algum objeto obstruindo a garganta, como: brinquedo, pedao de osso e outros.

    - observe se todos os dentes esto fi rmes e inteiros.

    6. Analise os olhos do animal para saber se h leso nas plpebras ou perfuraes no globo ocular. Se tiver uma pequena lanterna, note se as pupilas dele reagem luz contraindo-se (refl exo pupilar). Toque nos clios para verifi car se h reao de piscar (refl exo pal-pebral). Se este ltimo estiver ausente, o animal pode estar morto.

    7. Avalie o focinho, observando se h lquidos, espuma ou sangue.

    8. Apalpe o abdmen para verifi car se ele est fl cido, contrado de-mais e se h dor palpao.

    9. Verifi que o restante do corpo para constatar possveis ferimentos, cortes, fraturas ou inchaos.

    DICA: Aps o exame geral, inicie o socorro pelo problema que comprometa a vida do ani-mal: parada cardaca, parada respiratria e hemorragias so os principais.

  • 12 Guia de primeiros socorros

    Captulo 3

    Mtodos de conteno e transporteToda vez que voc precisar socorrer um animal, no importa a es-pcie, lembre-se sempre: SE ESTIVER COM DOR, ELE REAGIR TENTANDO MORDER.

    Mesmo que o animal seja seu, tenha temperamento dcil e nunca mor-deu algum, a reao dor natural. No esquea jamais dessa in-formao. Se no considerar esse risco, alm do animal, voc tambm fi car machucado e no poder ajudar em nada.

    Use um ou mais mtodos descritos abaixo antes de comear o atendimento.

    Conteno

    Focinheira ou mordaa:Existem modelos para ces e gatos. O modelo para gatos cobre toda a face, inclusive olhos. Isso ajuda a acalmar o animal estressado. As focinheiras de nylon so maleveis e no machucam. H modelos em plstico rgido tambm.

    Captulo 3 Mtodos de conteno e transporte 13

    Se voc no tiver uma focinheira ou ela no for do tamanho adequa-do para o co, faa uma mordaa com um pedao de faixa crepe ou improvise com o cadaro do sapato. Siga o esquema abaixo.

    * Use sempre trs laos: o primeiro em cima do focinho, o segundo embaixo e o

    terceiro atrs da orelha.

    Assegure-se que a mordaa esteja fi rme. Se fi car frouxa, o co

    conseguir morder, mesmo com o focinho amarrado.

    No possvel fazer uma mordaa em gatos porque a espcie

    possui focinho curto.

    No caso de focinheiras, se ela tiver abertura na frente, como na

    maioria dos modelos para ces tem, cuidado. O cachorro pode mor-

    der com os dentes da frente. E pode apostar que di bastante!

    Colar elizabetano e colar cervical:

    So usados para impedir que o co/gato retire curativos ou arranque

    suturas. Nenhum deles restringe os movimentos. So vendidos em

    petshops e clnicas veterinrias.

    Usando um desses colares, o animal no alcanar nenhuma parte

    de seu corpo com a boca, podendo comer, beber e dormir com ele.

  • 14 Guia de primeiros socorros

    Utilize um dos colares para evitar que co/gato arranque curativos.

    Colar elizabetano Colar cervical

    Imobilizao usando coleira e guia:

    possvel imobilizar o animal que demonstra agressividade passan-do a guia pelas grades de um por-to ou enrolando-a em um poste ou perna de uma mesa. Posicione o pescoo do co bem encostado ao anteparo para que a cabea fi que segura. Ateno para que a colei-ra esteja apertada o bastante para evitar que o animal escape, mas no a ponto de causar asfi xia.

    Aps a cabea estar imobilizada, um ajudante deve segurar as patas traseiras para que o animal no se movimente. Use esse mtodo quan-do o co consegue fi car em p e pode atacar durante o atendimento.

    Captulo 3 Mtodos de conteno e transporte 15

    Se o animal estiver deitado, tambm possvel conter a cabea pisan-do na guia, bem prximo coleira.

    Tambm nesse caso, uma segunda pessoa dever ajudar, segurando as patas traseiras para o animal no se debater.

    Use esse mtodo quando o co no consegue se levantar, mas pode virar-se e morder.

    No caso de gatos, embora os mtodos anteriores possam ser utilizados, a conteno mais comum em felinos feita segurando o gato fi rmemente pela pele atrs do pescoo com uma mo e usando a outra para imobilizar as patas traseiras.

    Um gato bravo difcil de conter, pois alm da mordi-da, ele usa as garras para se defender e possui grande fl exibilidade no corpo. Por esse motivo, em algumas si-tuaes preciso enrolar as extremidades das patas, uma a uma, com fi ta crepe ou esparadrapo para evitar que o gato exponha as unhas e consiga arranhar.

  • 16 Guia de primeiros socorros

    Outro mtodo muito usado para conter gatos enrolar o corpo

    do bichano numa toalha e segur-lo firme junto ao corpo ou

    sobre uma mesa.

    Imobilizao com o cambo:

    O cambo uma haste rgida de metal

    com um lao na ponta. muito usado para

    a captura de animais que no permitem a

    aproximao. Pode ser improvisado com

    um pedao de madeira com uma argola na

    ponta e uma corda.

    Transporte

    O animal em situao de emergncia, principalmente em casos de

    atropelamento, fraturas ou suspeita de hemorragia interna, deve ser

    manipulado o menos possvel.

    Movimentos bruscos podem agravar o quadro. Improvise uma maca

    usando um cobertor, lenol ou toalha.

    Captulo 3 Mtodos de conteno e transporte 17

    Se o animal for grande, essa a maneira mais segura para trans-

    port-lo. Dependendo da gravidade da situao, mesmo os animais

    bem pequenos devem ser movimentados com uma maca. Tenha

    certeza que o material que voc vai usar resistir ao peso do co.

    Se houver desconfi ana de trauma ou fratura na coluna vertebral, o

    melhor a fazer transportar o animal sobre uma superfcie plana (t-

    bua de madeira ou algo similar).

    Os mtodos de conteno apresentados no so cruis, nem causam

    dor ou prejuzo aos animais, se aplicados conforme descrito. Alguns

    podem ser desconfortveis, mas permanecero apenas o tempo sufi -

    ciente para tratar o animal.

    Deixar de usar um mtodo de conteno muito arriscado, principal-

    mente quando no se conhece o animal que precisa de socorro.

  • 18 Guia de primeiros socorros

    Captulo 4

    Caixa de Primeiros SocorrosEste o material bsico que voc ir precisar:

    compressas de gaze (2 a 4 embalagens peque-nas): para limpar e proteger ferimentos.

    rolos de atadura/faixa crepe (2 rolos de tamanho mdio): para fi xar curativos e talas. Pode ser usada para amordaar o co.

    esparadrapo micropore (1 rolo mdio): para fi xar a faixa crepe em curativos ou imobilizar as patas de gatos que arranham.

    tesoura pequena com ponta arredondada: para cortar pelos e faixa crepe.

    antissptico (Lquido de Dakin, gua oxigenada 10 vol. ou Iodo Povidine): para desinfetar ferimentos, cortes e outras leses da pele.

    soro fi siolgico (4 ampolas de 10 ml cada): para limpar ferimentos e queimaduras.

    Captulo 4 Caixa de primeiros socorros 19

    pomada antibitica: para evitar infeces em cortes e feridas.

    luvas (1 par): para proteger as mos de quem ir socorrer o co.

    seringa de 10 ml: para irrigar ferimentos com antis-spticos e aspirar secrees.

    termmetro: para avaliar a temperatura retal.

    pina: para remover espinhos e larvas da pele ou objetos estranhos da garganta.

    lcool antissptico (1 frasco pequeno): para de-sinfetar as mos de quem ir socorrer o animal e materiais metlicos (pina e tesoura).

    focinheira de nylon (opcional): para evitar mordidas.

    lanterna pequena (opcional): para observar cavida-des e avaliar o refl exo da pupila.

  • 20 Guia de primeiros socorros

    Captulo 5

    Como fazer curativosCurativo o procedimento de limpeza, desinfeco e proteo de uma leso qualquer.

    Prepare o local que receber o curativo (use luvas):

    Corte ou raspe com lmina de barbear a pelagem em volta da ferida. Isso facilitar a visualizao, limpeza e fi xao do curativo.

    A limpeza de um ferimento deve ser feita com soro fi siolgico. Fure a bisnaga com de soro o lquido com uma agulha grossa ou um peque-no corte feito com a tesoura. Lave a leso com jatos de soro. Esse procedimento permite que o local seja limpo, pois os pelos e todo tipo de sujeira sero eliminados.

    Seque o ferimento com gaze aps ter feito a lavagem.

    Para desinfetar a ferida, podemos usar vrios tipos de antisspticos. H aqueles que preferem usar gua e sabo para eliminar bactrias. Tambm efi caz.

    gua oxigenada, lquido de Dakin (cuidado, pois ele mancha a rou-pa!) e iodo Povidine so muito utilizados nos curativos. No use iodo em gatos, pois ele pode se intoxicar!

    Aplique o antissptico sobre o ferimento e v secando com uma gaze.

    Pomadas antibiticas podem ser usadas no fi nal e ajudam a evitar infeces. O ferimento deve estar limpo e seco, sem sangue, pus ou sujeira para que o antibitico atue bem.

    Se optar por usar a pomada, aplique uma boa quantidade sobre uma gaze e cubra o ferimento com ela.

    Captulo 5 Como fazer curativos 21

    Aps a desinfeco da ferida, mantenha o local protegido. Use atadu-ras de gaze limpas e secas para esse fi m. Aplique-as sobre o ferimento j limpo (fi g. 2).

    Para fi xar a gaze, uma faixa crepe o mais indicado, pois o esparadrapo fi car aderido aos pelos e causar incmodo. Quando possvel, enfaixe o local e fi xe a faixa crepe com esparadrapo. Se o curativo comear a sair do lugar, voc ter que fi x-lo na pelagem usando faixas de esparadrapo.

    Quando for trocar um curativo, observe se a gaze est aderida ao feri-mento. Se estiver, umedea o local com soro fi siolgico at que a gaze de desprenda. Isso evita que o ferimento sangre.

    Os animais detestam curativos e a primeira reao ser tentar ar-rancar tudo com a boca.

    importante usar um colar de conteno (cap. 3) para garantir a integridade do cura-tivo que voc fi zer. Troque o curativo dia-riamente ou em dias alternados.

    Seu veterinrio poder indicar os produtos a serem usados nos curativos e a frequn-cia com que voc deve troc-los.

    fi g.1 fi g.2

  • 22 Guia de primeiros socorros

    Captulo 6

    Estado de Choque

    Signifi ca um defi ciente suprimento de sangue para os rgos vitais, uma condio que pode ser fatal.

    Os sintomas do estado de choque so:

    - temperatura do corpo baixa, principalmente nas extremidades

    (patas e orelhas)

    - batimentos cardacos acelerados

    - respirao acelerada

    - pode ou no haver perda da conscincia

    - gengivas muito plidas

    - pupilas dilatadas

    O animal pode entrar em estado de choque em casos de hemorragia grave, atropelamento, envenenamento, choque eltrico intenso, desidra-tao severa, queimaduras graves e outras situaes de emergncia.

    Quando o co/gato entra em choque, a respirao e os batimentos cardacos esto acelerados, porm fracos.

    Essa uma condio muito grave e requer atendimento imediato. importante realizar algumas manobras para minimizar as consequn-cias do choque, a principal delas, a falta de suprimento sanguneo no crebro. Isso pode deixar sequelas neurolgicas no animal.

    Por esse motivo, o animal em estado de choque deve ser encami-nhado a uma clnica veterinria o mais depressa possvel, para que receba o tratamento necessrio.

    Captulo 6 Estado de Choque 23

    O que fazer no caso de CHOQUE?

    Voc vai precisar de:Cobertor, gaze, termmetro e bolsa trmica aquecida.

    O que fazer:- Mantenha o animal deitado de lado.

    - Posicione a cabea e regio do tronco mais baixos do que a parte traseira do corpo. Isso garantir que o sangue che-gue ao crebro e corao.

    - Aquea o animal: enrole-o em um cobertor e coloque uma bolsa trmica ou garrafa com gua quente prxima a ele, se for possvel. Controle a temperatura com o termmetro.

    - Usando um pedao de gaze, coloque a lngua do co para fora, de um dos lados da boca, para garantir que a respirao no seja obstruda.

    - Estanque qualquer hemorragia (cap. 8).

    - Transporte ou movimente o animal delicadamente para evitar traumatismos maiores e dores. Se possvel, improvise uma maca com um cobertor ou toalha grande (cap. 3).

    - Procure auxlio veterinrio o mais rpido possvel. Para isso, tenha sempre mo o telefone e endereo do hospital veterinrio 24hs mais prximo de sua localidade, ou clnica veterinria bem equipada para atender emergncias.

  • 24 Guia de primeiros socorros24 Guia de primeiros socorros

    Captulo 7

    Parada Cardaca

    Durante a parada cardaca, o corao cessa de bombear sangue para o restante do organismo. Ela pode ocorrer isoladamente ou acompanhada de parada respiratria.

    Quando ocorre:Em animais que receberam forte choque ao morder fi os eltricos, aps atropelamentos, quedas, afogamentos ou traumatismos gra-ves. Ces e gatos cardacos submetidos a estresse ou exerccios intensos podem sofrer parada cardaca.

    Sinais:Colocando a mo sobre o lado esquerdo do peito do animal, no h evidncia de batimentos cardacos.

    O corao o rgo responsvel pela circulao do sangue que ir nutrir as clulas e promover a oxigenao dos tecidos. Quando ele para de exercer essa funo, as consequncias so graves.

    O local mais rapidamente afetado o crebro. Se o tecido cerebral permanecer mais do que dois minutos sem oxignio, leses irrever-sveis nas clulas nervosas podero ocorrer.

    A reanimao cardaca deve ser feita imediatamente, assim que se for detectada a ausncia dos batimentos do corao.

    DICA:Voc tambm pode verifi car se o corao pa-rou de bater ou no, encostando o ouvido no lado esquerdo do trax do animal.

    25Captulo 7 Parada Cardaca

    O que fazer no caso de PARADA CARDACA?

    Voc vai precisar de:Nenhum equipamento necessrio.

    O que fazer:- mantenha o animal deitado do lado direto.- inicie a massagem no corao o mais depressa possvel.

    Massagem cardaca- Coloque as duas mos sobre o

    corao do animal.

    - Faa presso fi rme e rpida sobre a regio e solte, como se estivesse bombeando. Voc deve pressionar rpido e soltar, uma vez por segundo.

    - No caso de ces muito pequenos ou gatos, use as pontas dos dedos para pressionar o corao.

    - Massageie por 30 segundos (30 presses) e observe se os bati-mentos cardacos voltam.

    - Continue realizando esse procedimento a caminho do veterinrio se o corao no voltar a bater.

    - Se voc j realizou a massagem cardaca por mais de 30 minutos, mas sem sucesso, difi cilmente o animal sobreviver.

    IMPORTANTE: no caso de voc ter que realizar a massagem cardaca e a respirao artifi cial (cap. 7) ao mesmo tempo, faa uma sequncia de 5 ou 6 presses sobre o corao, intercalada por uma respirao.

  • 26 Guia de primeiros socorros

    Captulo 8

    Parada Respiratria

    Durante a parada respiratria, o pulmo deixa de realizar trocas gasosas. No h inspirao nem expirao. Ela pode ocorrer isoladamente ou acompanhada de parada cardaca.

    Quando ocorre:Nos mesmos casos da parada cardaca, ou seja, em animais que recebe-ram forte choque ao morder fi os eltricos, aps atropelamentos, quedas, afogamentos ou traumatismos graves e outras situaes emergenciais.

    Sinais:Observando o trax do animal no h evidncia de movimentos respiratrios.

    Os pulmes realizam trocas gasosas no organismo e, em conjunto com o corao, so responsveis pela oxigenao das clulas. Sem oxignio, os tecidos morrem.

    Como no caso de parada cardaca, o crebro rapidamente afetado durante a parada respiratria. Se o tecido cerebral permanecer mais do que dois minutos sem oxignio, podem ocorrer leses irrevers-veis nas clulas nervosas.

    A reanimao pulmonar deve ser feita imediatamente ao se notar que no h movimentos respiratrios.

    DICA:Voc tambm pode verifi car se o animal no est respirando encostando um pe-queno espelho no focinho. Se embaar, ele est respirando.

    27Captulo 8 Parada Respiratria

    O que fazer no caso de PARADA RESPIRATRIA?

    Voc vai precisar de: Leno ou qualquer pedao de tecido fi no.

    O que fazer:- mantenha o animal deitado do lado direto.

    - observe se h alguma obstruo na garganta, causada por san-gue ou objetos. No caso de lquidos, tente aspirar com uma serin-ga. No tente tirar objetos da garganta. Pressione fortemente as costelas do animal para que o objeto seja expulso.

    - inicie a respirao artifi cial imediatamente.

    Respirao artifi cial:- Feche a boca do co/gato e a mantenha fechada.

    - Cubra o focinho com um leno ou pedao de pano para evitar o contato direto com as narinas do animal.

    - Eleve a cabea do co/gato e encoste sua boca no foci-nho dele. Sopre para dentro das narinas at sentir que o peito do animal se eleva.

    - Em seguida, deite a cabea dele e pressione as cos-telas delicadamente para que o ar saia.

    - Em 1 minuto, repita o procedimento de 8 a 10 vezes. Verifique se o animal volta a respirar.

    - Continue a respirao artificial, caso ele ainda no esteja res-pirando sozinho.

    NOTA: para massagem cardaca e respirao artifi cial ao mesmo tem-po: 5 ou 6 presses sobre o corao seguidas por uma respirao.

  • 28 Guia de primeiros socorros

    Captulo 9

    Hemorragias

    Hemorragia toda perda de sangue que o organismo pode sofrer, seja ela rpida (aguda) ou de forma lenta e

    gradativa (crnica), grave ou no.

    Dependendo da quantidade de sangue perdido poder ocorrer ane-mia. O animal anmico apresenta letargia, falta de disposio, diminui-o ou perda de apetite, respirao acelerada e mucosas muito plidas (gengivas e parte interna das plpebras).

    No caso de perda de grande volume de sangue em pouco tempo, exis-te o risco de parada cardaca. Isso acontece porque no h sangue sufi ciente dentro das cmaras do corao para esse rgo bombear.

    Hemorragia externa:Hemorragias externas so fceis de detectar, pois voc visualiza a perda de sangue. Ela provocada por cortes profundos, perfuraes ou brigas entre animais. Hemorragias superfi ciais ocorrem quando pequenos vasos que irrigam a pele so rompidos e a perda de sangue considervel, mas nunca fatal. Um exemplo o sangramento causa-do por escoriao, pequeno corte ou outro ferimento na pele. Se um vaso sanguneo for rompido (veia ou artria), a hemorragia pode ser grave e deve ser estancada imediatamente. Os vasos atingidos mais facilmente localizam-se nas patas, cauda, orelhas e pescoo.

    A hemorragia grave pode ser fatal, por isso, ela precisa ser inter-rompida o mais depressa possvel e o volume de lquido perdido pelo organismo, reposto.

    29Captulo 9 Hemorragias

    O que fazer no caso de HEMORRAGIA EXTERNA?

    Voc vai precisar de:Compressas de gaze, faixa crepe, esparadrapo, antissptico e pomada antibitica.

    O que fazer:

    - Aplique um pano limpo ou compres-sas de gaze sobre o local e pressione por alguns minutos. Mantenha a pres-so at o sangramento parar (fi g. 1).

    - Coloque compressas de gaze sobre o ferimento e proteja com a faixa crepe, se o local permitir. Fixe com esparadra-po. Nunca deixe a leso aberta para evitar o acesso de moscas ao ferimento (fi g. 2).

    - Leve o animal ao veterinrio para de-sinfeco e sutura do corte. Se isso no for possvel imediatamente, limpe o fe-rimento com gua oxigenada, lquido de Dakin ou iodo povidine. Aplique pomada antibitica.

    - Se um vaso sanguneo for atingido, o sangramento no ir parar facil-mente. Mantenha a presso sobre a regio at chegar ao veterinrio.

    - Nas patas e cauda, voc pode aplicar um torniquete se o sangramento for se-vero. Com um pedao de faixa crepe ou cadaro de sapato, amarre o membro um pouco acima da regio do sangramento (fi g. 3). Afrouxe a cada 5 minutos e de-pois volte a apertar.

    fi g.1

    fi g.2

    fi g.3

  • 30 Guia de primeiros socorros

    Hemorragia interna

    Esse tipo de hemorragia difcil de detectar, porque no podemos visualizar o sangue, nem ter certeza se h sangramento interno.

    Aps a queda de um lugar muito alto, pancada no abdmen ou trax, atropelamento ou outro acidente, o animal poder perder sangue re-sultado do rompimento de um rgo ou vaso sanguneo.

    Os sinais que podemos notar no caso de hemorragia interna so: queda de temperatura, palidez nas mucosas (gengivas e parte interna das plpebras) e fraqueza. Pode haver perda de conscincia e dor abdominal.

    A temperatura dos ces e gatos varia de 38C a 39C. No caso de hipo-termia (temperatura baixa), os valores sero inferiores a 37C (cap. 1).

    O aparecimento de sangue na urina, fezes ou vmito, no signifi ca hemorragia interna. Quando ele aparece em pequenas quantidades ou com aspecto de rajadas, a causa da perda de sangue precisa ser investigada, mas no deve causar desespero.

    Grandes quantidades de sangue eliminadas pelas fezes e vmito podem ter como causa envenenamento por chumbinho (veneno para ratos) ou ingesto de iscas com vidro triturado, ambos usados criminosamente para matar animais.

    DICA:A parvovirose a principal enfermidade em ces que causa perda sangunea pelas fezes. Mas isso no confi gura hemorragia interna.

    31Captulo 9 Hemorragias

    O que fazer no caso de HEMORRAGIA INTERNA?

    Voc vai precisar de:Cobertor, termmetro e bolsa trmica aquecida.

    O que fazer:- Caso haja um acidente, atropelamento ou queda, mea a tempe-

    ratura retal do animal com o termmetro (cap. 1). Repita a cada 30 minutos e observe se ela est caindo.

    - Se o animal estiver agressivo, coloque a focinheira ou faa uma mordaa com um pedao de faixa crepe ou cadaro de sapato antes de qualquer procedimento (cap. 3).

    - Manipule o co/gato com cuidado, evitando movimentos bruscos.

    - Se a temperatura estiver baixa (inferior a 37,5 C) ou comear a diminuir, enrole o animal num cobertor e coloque uma fonte de calor prxima a ele. Use bolsa trmica aquecida ou improvise enchendo uma garrafa com gua quente.

    - Mantenha o animal aquecido e encaminhe-o para o veterinrio imediatamente.

    - Transporte-o na posio deitada, sempre com a cabea mais baixa em relao ao corpo.

  • 32 Guia de primeiros socorros

    Captulo 10

    Ferimentos e Cortes Profundos

    Podem ser causados por brigas, cacos de vidro, cercas de arame farpado e outros objetos cortantes.

    A pele irrigada por pequenos vasos sanguneos e as leses causam sangramento considervel. No se apavore com o sangue, ele pode ser controlado facilmente.

    Os cortes devem ser suturados em at seis horas aps a leso. Quando suturamos um corte exposto por muito tempo, grande a chance de ocorrer infeco local. Por esse motivo, leve o animal ao veterinrio assim que possvel.

    Caso no seja vivel chegar ao veterinrio a tempo de fechar o feri-mento com pontos, mantenha-o limpo e protegido.

    Moscas podem depositar ovos em feridas abertas e suas larvas iro se desenvolver dentro da pele (miase cap. 22).

    Se voc estiver no campo (stio ou fazenda) ou mesmo na cidade, e perceber insetos pousando no ferimento, use repelente de uso veteri-nrio ao redor da ferida, duas vezes ao dia.

    Os cortes no suturados e ferimentos cujos pontos se romperam iro cicatrizar, porm, lentamente. A desvantagem da cicatrizao sem pontos que a cicatriz ser maior e h risco considervel de miase (larvas de moscas) no local.

    Os curativos devero ser dirios e a leso protegida de moscas e sujeira.

    33Captulo 10 Ferimentos e Cortes

    O que fazer no caso de FERIMENTOS E CORTES PROFUNDOS?

    Voc vai precisar de:Compressas de gaze, faixa crepe, esparadrapo, antissptico,pomada antibitica e tesoura.

    O que fazer:- Se houver hemorragia (cap. 8) estanque-a pressionando o local

    com compressas de gaze ou pano limpo. Orelhas e patas costu-mam sangrar bastante e por longo tempo.

    - Certifi que-se que nenhum vaso tenha sido atingido. Se houver muito sangramento e voc no conseguir estanc-lo facilmente, alguma veia ou artria foi lesada (cap. 8).

    - Aps controlar o sangue, corte os pelos em volta do ferimento, se a pelagem for longa e o animal permitir.

    - Limpe bem o local com soro fi siolgico. Em seguida, aplique antissptico nas bordas e dentro do corte ou ferida.Seque o ferimento com gaze e aplique pomada antibitica.

    - Proteja o corte das moscas co-brindo a leso com gaze ou pano limpo. Esparadrapo direto na pele no bem suportado pelos animais. Use faixa crepe para fi xar a gaze.

    DICA:Os animais lambem os ferimentos e sua saliva possui propriedades cicatrizantes. Porm, cortes abertos so atrativos para as moscas. Mantenha-os fechados.

  • 34 Guia de primeiros socorros

    Captulo 11

    Picadas de cobra

    No Brasil, existem 70 espcies de cobras venenosas. Porm, apenas algumas tm importncia em casos de acidentes:

    jararacas, cascavis, corais e surucucus.

    Os ces geralmente so picados na regio do focinho, peito e pes-coo. Isto ocorre porque o cachorro aproxima-se para cheirar a cobra por curiosidade ou mesmo ca-la. Acidentes com gatos so raros, mas podem acontecer.

    importante saber o tipo de cobra que picou o animal, e para isso devemos conhecer os sintomas provocados pela picada das serpen-tes mais comuns em nosso pas.

    JARARACAResponsvel pela maioria dos acidentes com cobras no Brasil. Exis-tem vrias espcies que vivem em ambientes diferentes em todas as regies do Brasil. Alcanam, no mximo, 2 metros de comprimento.

    - Sintomas do envenenamento: dor, inchao muito evidente, man-chas arroxeadas na pele ou dentro da boca e sangramento. Pode aparecer sangue na urina.

    - Complicaes: gangrena, descolamentos da pele, bolhas ou abs-cesso no local da picada; insufi cincia renal aguda.

    35Captulo 11 Picadas de cobra

    CASCAVEL a segunda espcie que mais causa acidentes. Chega a medir 1,8 metros e possui chocalho na ponta da cauda.

    - Sintomas do envenenamento: at 3 horas aps o acidente, sinais neurolgicos.

    O veneno causa alteraes na viso (o animal pode andar como se estivesse tonto), dor muscular e urina avermelhada que ir se tornar mais escura com o passar do tempo.

    - Complicaes: insufi cincia renal.

    SURUCUCU uma cobra grande que chega a medir 4,5 metros. comum na regio amaznica.

    - Sintomas do envenenamento: inchao no local, diarreia, v-mito e sangramento.

    CORALResponsveis por menos de 0,4% dos acidentes. difcil diferenciar as corais verdadeiras das falsas, no venenosas. Vivem escondidas em tocas e aparecem em inundaes. O veneno muito potente e pode matar em minutos.

    - Sintomas do envenenamento: sinais neurolgicos como difi cul-dade para abrir os olhos, falta de ar, difi culdade de engolir, insufi -cincia respiratria aguda.

    Para saber mais sobre acidentes com cobras, visite o site do Instituto Butant: www.butantan.gov.br

  • 36 Guia de primeiros socorros

    Como saber se o animal foi picado?

    A picada bem dolorosa. O local apresenta marcas de dentes, em-bora os pelos atrapalhem muito a visualizao.

    A regio atingida pode inchar bastante e a pele tornar-se arroxeada. Os pelos podem comear a descolar. Alguns animais entram em es-tado de choque (cap. 5) se uma grande dose de veneno for injetado.

    A quantidade de veneno que uma cobra injeta na vtima depende do tamanho da cobra, sua idade, se ela se alimentou recentemente ou no. Portanto, os sintomas podem variar de leves a graves.

    Os sinais tambm diferem dependendo do tipo de serpente. O incha-o caracterstico nas picadas por jararacas. J nas outras espcies so comuns sintomas neurolgicos, como incoordenao e cegueira.

    Se o animal vive num local onde frequente o aparecimento de co-bras, melhor conversar com um veterinrio da regio e procurar ter estocado em geladeira o soro especfi co para uso veterinrio (dife-rente do soro humano).

    O soro deve ser aplicado assim que possvel, em at 6 horas aps a picada. Se os sintomas forem leves, a aplicao subcutnea. Em casos graves, ela deve ser feita por via endovenosa (na veia).

    Informe-se com o veterinrio para que ele oriente voc como aplicar o soro em caso de emergncia.

    37Captulo 11 Picadas de cobra

    ATENO!

    - No faa torniquete: o torniquete era usado no passado para evitar que o veneno se difundisse para o resto do corpo. Porm, fazendo o garrote, altas concentraes de toxinas no local da picada podem causar gangrena e perda do membro.

    - No coloque remdios caseiros sobre a picada (terra, fumo, etc.), isso pode irritar ainda mais o ferimento e causar infeco.

    - No corte o local da picada: o veneno da jararaca causa hemorragia; se voc cortar a pele, o sangramento ir se agravar.

  • 38 Guia de primeiros socorros

    Evite as cobras - a limpeza muito importante!

    Combata os ratos, pois as cobras alimentam-se deles. Mantenha

    sempre limpos os terrenos, quintais e plantaes. Deixe o lixo fora

    da propriedade. Coloque os sacos de rao em locais altos ou em

    recipientes bem fechados.

    Equilbrio Ecolgico

    Preserve os predadores. Emas, gansos, seriemas, gavies, gambs

    e a cobra muurana so os predadores naturais das cobras vene-

    nosas. Desmatamentos e queimadas devem ser evitados. Alm de

    destruir a natureza, provocam mudanas nos hbitos dos animais,

    que se refugiam em paiis, celeiros ou mesmo dentro das casas.

    39Captulo 11 Picadas de cobra

    O que fazer no caso de PICADA DE COBRA?

    Voc vai precisar de:

    Compressas de gaze, antissptico, pomada antibitica, bolsa trmica aquecida ou gelo.

    O que fazer:- Independente do tipo de cobra que picou o co ou gato, o atendi-

    mento de emergncia o mesmo.

    - Mantenha o animal calmo e no deixe que ele se movimente muito.

    - Se o animal permitir, coloque um saco plstico com gelo sobre o local da picada na tentativa de conter o inchao.

    - Caso o animal entre em choque (temperatura baixa, batimentos car-dacos e respirao acelerados), mantenha-o aquecido (cap. 5).

    - Se conseguir achar o local da picada, limpe com gua oxigenada e aplique pomada antibitica.

    - Transporte o animal com uma maca feita com toalha, cobertor ou lenol (cap. 3).

    - Encaminhe o animal ao veterinrio para que ele receba o soro espe-cfi co. Esse o nico mtodo efi caz para combater o envenenamento.

    DICA:Soro antiofdico polivalente (contra ja-raracas, surucucus e cascavis) uso veterinrio: 0800 4007997

  • 40 Guia de primeiros socorros

    Captulo 12

    Choque Eltrico

    Alguns animais gostam de roer fi os eltricos, principalmente os fi lhotes. Essa a maneira mais comum de ces e gatos serem atingidos pela descarga eltrica.

    Dependendo da intensidade da corrente e do tempo em que o animal per-maneceu ligado a ela, as injrias podem ser um simples susto, uma queima-dura grave ou um comprometimento srio com parada cardiorrespiratria.

    Animais com queimaduras graves na boca podem se recusar a comer ou beber. Eles devem receber soro por via endovenosa, diariamente, para no correr risco de desidratao.

    Todo animal que passou por um episdio de choque eltrico deve ser observado por 2 a 3 horas quanto difi culdade respiratria. Em alguns casos, ocorre edema pulmonar aps o choque e a vtima deve ser le-vada imediatamente ao veterinrio.

    Para evitar comportamento destrutivo, como roer fi os, deixe sempre brinquedos, ossos de couro ou petiscos, escondidos em locais aces-sveis da casa para que seu animal tenha atividade.

    Caso o co j tenha idade para sair, longos passeios ajudam a contro-lar o temperamento muito ativo.

    DICA: Filhotes adoram roer tudo que encontram. Deixe os fi os dos aparelhos eltricos des-conectados da tomada quando o animal estiver sozinho em casa.

    41Captulo 12 Choques Eltricos

    O que fazer no caso de CHOQUE ELTRICO?

    Voc vai precisar de:Pomada antibitica

    O que fazer:- Se o animal levou o choque, mas no permaneceu conectado

    corrente eltrica, voc deve verifi car se a boca e a lngua apre-sentam sinais de queimadura.

    - A regio pode estar escurecida ou acinzentada. Na parte interna da boca e na lngua, no h o que fazer. Se a regio externa foi atingida, passe pomada antibitica nas queimaduras.

    - O animal relutar em comer por alguns dias. Oferea alimentos lquidos e frios, como caldo de carne.

    - Se o animal levou o choque e permanece conectado ao fi o eltrico, NO TOQUE NELE. Primeiro desconecte a tomada ou desative a rede eltrica.

    Observe se o animal est consciente ou no. Se ele no estiver respiran-do, faa respirao artifi cial (cap. 7). Se o corao tiver parado, comece a massagem cardaca (cap. 6). No caso de parada cardiorrespiratria, faa massagem cardaca e respirao artifi cial conjuntamente (uma sequncia de 5 ou 6 presses sobre o corao intercaladas por uma respirao).

    Aguarde os sinais vitais voltarem para verifi car a extenso da queima-dura na boca e lngua.

    Se o animal entrar em choque (queda de temperatura e aumento na fre-quncia respiratria e cardaca), proceda como descrito no captulo 5. Encaminhe-o ao veterinrio o mais depressa possvel.

  • 42 Guia de primeiros socorros

    Captulo 13

    Queimaduras

    As queimaduras so classifi cadas de acordo com a gravidade da leso. So causadas por agentes trmicos (gua ou superfcies quentes e fogo), qumicos (cidos e

    substncias custicas) ou eltricos (corrente eltrica).

    Queimadura de 1o. grau: leso superficial que cicatriza, em m-dia, aps 10 dias.

    Queimadura 2o. grau: leso mais profunda que a anterior. H perda dos pelos e formao de vesculas (bolhas). A pele cicatriza em 15 dias.

    Queimadura 3o. grau: leso grave na qual toda a espessura da pele destruda. um processo muito doloroso e de cicatrizao lenta.

    Casos comuns de queimaduras:- Animais que comem comida caseira muito quente podem ter quei-

    maduras de grau leve na boca e lbios.

    - Acidentes envolvendo gua fervendo derramada sobre os animais resultam em queimaduras de 3. grau.

    - Animais que lambem ou ingerem substncias custicas presentes em produtos de limpeza podem queimar a boca e esfago.

    - Choques eltricos podem resultar em queimaduras na boca e lngua.

    - Queimaduras de sol podem ocorrer em animais de pele e focinho despigmentados (rseos).

    DICA:Ces e gatos brancos devem usar protetor solar nas regies mais expostas ao sol. Animais tambm podem ter cncer de pele.

    43Captulo 13 Queimaduras

    O que fazer no caso de QUEIMADURAS?

    Voc vai precisar de:

    Soro fi siolgico frio e pomada antibitica.

    O que fazer:- Queimaduras de 1o. e 2. graus devem ser tratadas com poma-

    da antibitica.

    - No use produtos como creme dental sobre a rea lesada.

    - Lave o local com soro fi siolgico frio (ou gua mineral) por alguns minutos e aplique uma camada espessa de pomada an-tibitica. Reaplique o medicamento diariamente.

    - No faa curativo fechado. Se for preciso, aplique uma compressa de gaze sobre a pomada para proteger a leso.

    - Use colar de conteno para que o animal no lamba e remova a poma-da da pele (cap. 3).

    - Se a queimadura for de 3o. grau, todo o procedimento deve ser feito com o animal sedado. Aplique soro fi siolgi-co gelado sobre a pele queimada e leve a vtima ao veterinrio. A dor muito intensa nesses casos.

    - Animais com queimaduras extensas podem entrar em estado de cho-que (cap. 5). Se mais de 50% do corpo for atingido, h risco de morte.

    - Caso ocorra queimadura solar, evite que o animal se exponha ao sol e proteja o local com fi ltro solar.

  • 44 Guia de primeiros socorros

    Captulo 14

    Vmitos e Diarreia

    Vmitos e diarreia intensos no chegam a ser uma emergncia veterinria, mas se o proprietrio no tomar

    medidas urgentes, o animal poder morrer por desidratao.

    As causas do VMITO:

    - Dor abdominal intensa: problemas renais ou hepticos, tores no intestino ou estmago.

    - Intoxicaes diversas: as mais comuns so por produtos inseti-cidas usados na casa ou no animal (produtos anti pulgas txicos, inseticidas em excesso ou inadequados). Produtos de limpeza tambm podem causar intoxicaes.

    - Doenas virais ou bacterianas: cinomose, parvovirose, in-feco uterina (piometra), dentre outras, apresentam o vmito como um dos sintomas.

    - Tosse severa: o esforo constante em tossir pode causar vmitos.

    O vmito pode ser atribudo a inmeras causas. No podemos deter-minar a doena se apenas esse sinal clnico estiver presente.

    O contedo do vmito tem aspecto espumoso e incolor. constitudo por suco gstrico, com ou sem restos alimentares. Pode apresentar colorao amarelada por refl uxo de blis.

    O animal que vomita excessivamente corre risco de desidratao, pois ele no absorve os lquidos necessrios para manter-se hidratado.

    45Captulo 14 Vmitos e Diarreia

    Alm disso, o organismo perde muito cido. O animal torna-se fraco e

    aptico, pois seu organismo est desequilibrado.

    Rajadas de sangue presentes no vmito nem sempre devem causar

    preocupao. Podem ser provocadas pelo rompimento de pequenos

    vasos durante o esforo de vomitar.

    Grande quantidade de sangue expelido com o vmito pode ser resul-

    tado de envenenamento, iscas criminosas com vidro modo ou objetos

    pontiagudos engolidos pelo animal.

    Gatos vomitam bolas de pelos periodicamente. Isso normal. Ces

    podem vomitar esporadicamente sem que isso signifi que uma doen-

    a. Animais que ingerem grama vomitam para aliviar algum descon-

    forto gstrico ou intestinal.

    As causas da DIARREIA:

    - Vermes, viroses, intoxicaes, estresse, mudanas alimenta-res bruscas ou ingesto excessiva de alimentos.

    Diarreia a perda de lquido atravs das fezes, que se tornam pasto-

    sas ou aquosas. Se for muito intensa (lquida e em grande quantidade),

    a diarreia causa desidratao severa rapidamente.

    Mesmo que o animal continue bebendo gua, a perda de lquido atra-

    vs da diarreia muito maior do que a reposio. Isso resulta em de-

    sidratao leve, moderada ou grave. Ocorre desequilbrio, pois o orga-

    nismo torna-se alcalino. O animal fi ca aptico, fraco e pode apresentar

    tremores pela dor abdominal ocasionada por clicas (fortes contraes

    intestinais para expulsar as fezes).

  • 46 Guia de primeiros socorros

    Em casos de diarreia e vmitos intensos, preciso corrigir a desidra-tao, caso ocorra, e o equilbrio do organismo. Esse procedimento precisa ser feito por um veterinrio.

    DICA:Quando o animal vomita alimentos e gua, suspenda os dois. Se ele tiver mui-ta sede, coloque uma pedra de gelo para ele lamber e se acalmar.

    47Captulo 14 Vmitos e Diarreia

    O que fazer no caso de VMITOS e DIARREIAS?

    Voc vai precisar de:Seringa e soro caseiro.

    O que fazer:- Verifi que se o animal est de-

    sidratado: puxe a pele na lateral do corpo (cap. 1). Se a pele de-morar a voltar, h desidratao. Se a pele no voltar, a situao grave e o animal corre risco de entrar em choque (cap. 5). Leve-o ao veterinrio imediatamente.

    - No caso de vmitos e diarreia, a primeira coisa a fazer retirar a comida. Jejum de 12 a 24 hs se faz necessrio para a recupera-o do estmago e intestino.

    - Caso o animal beba gua e vomite, retire os lquidos tambm. En-quanto estiver comendo e bebendo, ele continuar a ter vmito e diarreia. A perda de lquidos ir se agravar.

    - Hidrate-o: oferea pequenas quantidades de soro caseiro vrias vezes ao dia. Use uma seringa para fazer com que o animal beba. Se o soro provocar vmitos, suspenda-o.

    A hidratao por via oral no efi caz no caso de desidratao grave. Use-a apenas se no conseguir encontrar um veterinrio.

    Soro caseiro:200ml de gua fervida ou fi ltrada (1 copo)1 colher de sobremesa de acar1 pitada de sal

  • 48 Guia de primeiros socorros

    Captulo 15

    Ataque Epiltico

    O animal pode sofrer um ataque espordico ou ter histrico de epilepsia (ataques frequentes).

    Os ataques convulsivos assustam muito o proprietrio inexperiente. Mas no h motivo para pnico.

    A epilepsia caracterizada por ataques convulsivos recorrentes. Ela pode ser gentica, ou seja, o animal herdou a doena de seus familia-res, ou adquirida. Nesse caso, um histrico de acidente com pancada na cabea, quedas, envenenamento ou intoxicaes e algumas doen-as justifi cam o animal tornar-se epiltico.

    Como reconhecer uma crise convulsiva (ataque):

    O animal demonstra incoordenao, cai no cho e permanece dei-tado de lado em movimentos de pedalagem, como se estivesse ten-tando levantar. Em alguns episdios, ele urina e defeca involuntaria-mente durante a crise. Pode haver ou no perda de conscincia. O animal fi ca ofegante e aos poucos vai se acalmando.

    Muitos voltam ao normal em alguns minutos, outros fi cam abatidos durante o dia todo, demonstrando cansao.

    Nos casos mais graves, ocorrem crises sucessivas, durante horas. Em situaes assim, o animal deve ser levado imediatamente para uma clnica a fi m de receber medicao adequada para cessar a crise. Remdios por via oral nesse momento no surtem efeito.

    Alguns animais demonstram claramente uma fase pr convulso: fi -cam agitados ou quietos demais vrias horas antes da crise.

    49Captulo 15 Ataque Epiltico

    O que fazer no caso de ATAQUES CONVULSIVOS?

    Voc vai precisar de:

    Pano limpo, toalha grande ou cobertor.

    O que fazer:- Observe o animal e evite que ele se machuque.

    - No necessrio puxar a lngua do animal, a menos que ele a esteja mordendo e ferindo. Nesse caso, enrole um pano lim-po e coloque entre os dentes dele para evitar que continue machucando a lngua.

    - Se o animal saudvel e no sofre de problemas cardacos gra-ves, no h risco de morte. Aguarde o ataque passar.

    - Caso o ataque tenha uma durao muito longa ou reco-mece, encaminhe o animal ao veterinrio imediatamente. Transporte-o em uma maca feita de toalha ou cobertor.

    - Aps retornar conscincia e estando recuperado, o animal pode beber e comer. Mas certifi que-se de que ele esteja 100% cons-ciente. Oferea alimento em pequenas quantidades.

    - Ces e gatos epilticos no devem ter acesso a reas com piscina. Durante um ataque o animal pode cair dentro dela e afogar-se.

    - Procure observar quanto tempo durou a crise convulsiva e notifique o seu veterinrio a respeito desse episdio. Ele ir orient-lo sobre o que fazer.

  • 50 Guia de primeiros socorros

    Captulo 16

    Desmaios

    O animal pode sofrer perda de conscincia por diversas causas, muitas elas ligadas falta de oxigenao no crebro.

    Animais idosos, cardacos ou com problemas circulatrios podem apre-sentar desmaios aps situaes de extrema excitao ou estresse.

    Um exemplo disso quando o dono chega, o cachorro faz muita festa e, subitamente, o co parece apagar por alguns minutos. Essa mani-festao tpica de falta de oxigenao cerebral.

    No h motivo para pnico e o animal volta ao normal sozinho, na maioria das vezes. claro que animais que apresentam esse qua-dro com frequncia precisam ser examinados pelo veterinrio. A causa deve ser determinada e, quando possvel, tratada.

    Coleiras muito apertadas e o uso de enforcador em ces que puxam demasiadamente o dono durante os passeios podem causar asfi xia e desmaio. O mesmo acontece se o animal engolir um objeto que obstrua a passagem do ar.

    Conteno exagerada durante os banhos, a tosa ou procedimentos veterinrios pode levar o animal a desmaiar.

    51Captulo 16 Desmaios

    O que fazer no caso de DESMAIOS?

    Voc vai precisar de:Nenhum equipamento especial.

    O que fazer:

    - Observe o animal e verifi que se ele respira e o corao est batendo.

    - Afrouxe coleira ou enforcador e certifi que-se que no haja nada obstruindo a garganta.

    - Coloque o animal numa posio na qual a cabea fi que mais baixa que o corpo. Voc pode elevar levemente a parte traseira dele. O intuito fazer chegar sangue oxigenado ao crebro.

    - Caso ele no volte ao normal, mas-sageie vigorosamente o corpo do animal para estimular a circulao.

    - Se ele no acordar, tente novamente elevar a parte traseira para que a cabea fi que a um nvel mais baixo que o restante.

    - No use substncias com odor forte, como amonaco. A sensibi-lidade olfativa dos animais muitas vezes maior que a nossa e o cheiro forte ser demais para ele.

    - Caso o animal no acorde, volte a monitorar os batimentos card-acos e a frequncia respiratria. Encaminhe-o para uma clnica.

    - Comunique seu veterinrio o ocorrido.

  • 52 Guia de primeiros socorros

    Captulo 17

    Asfi xia

    Uma das causas mais comuns a deglutio de objeto que obstrua a garganta, como uma bolinha, um

    pedao de osso, brinquedos e outros.

    Os animais podem sentir-se atrados por coisas inimaginveis. Atente sempre para que todo brinquedo oferecido ao seu animal seja de ta-manho compatvel com o porte dele.

    Se notar que o animal no consegue respirar e suas mucosas esto se tornando azuladas ou arroxeadas, tente descobrir rapidamente o motivo da provvel obstruo.

    Ces e gatos podem chegar a desmaiar (cap. 15) em situaes de asfi xia pela falta de oxigenao no crebro. No entre em pnico. Concentre-se em desobstruir as vias areas, certifi cando-se de que o corao esteja batendo.

    Um animal com edema pulmonar (gua nos pulmes) pode apresentar extravasamento de lquido pelo focinho e boca. Ele no conseguir respirar nesse caso e deve ser levado a uma clnica imediatamente.

    Reaes alrgicas muito fortes podem causar edema na garganta e dificuldade respiratria.

    comum observar o animal tentando puxar o ar, emitindo um rudo estranho. A impresso que ele no consegue respirar. Isso se repete algumas vezes e depois cessa.

    Nesses casos, o animal no est sufocado, mas apresentando espas-mo nos brnquios, certamente pela inalao de uma substncia que lhe cause alergia (fumaa, perfume, etc.).

    53Captulo 17 Asfi xia

    O que fazer no caso de ASFIXIA?

    Voc vai precisar de: Lanterna pequena, gaze, pina e toalha.

    O que fazer:- Afrouxe a coleira ou enforcador.

    - Abra a boca do animal, puxe a lngua com ajuda de uma gaze e observe se existe algum objeto parado na garganta. Use a lanterna, se precisar.

    - Caso voc note alguma obstruo ou desconfi e dela (o animal pode tentar colocar a pata dentro da boca), no tente empurrar o objeto.

    - Se o animal estiver calmo ou desmaiado, voc pode puxar o que estiver preso com a ajuda da pina, caso consiga visu-alizar o corpo estranho.

    - Se no conseguir, aperte o trax do animal com fora para que o ar dentro dos pulmes expulse o objeto. Faa isso vrias vezes at que ele elimine o que estiver obs-truindo a passagem do ar.

    - Caso o animal esteja com lquido no focinho e boca, v secando com uma toalha enquanto o encaminha rapidamente ao veterinrio. Ele pode estar com edema pulmonar agudo, uma grave emergncia.

    - Edema na garganta ocorre por motivo de reao alrgica. Se isso acontecer, faa respirao artifi cial (cap. 7) forando a passa-gem do ar. Leve o animal depressa ao veterinrio.

  • 54 Guia de primeiros socorros

    Captulo 18

    Problemas durante o parto

    A maioria das cadelas e gatas consegue parir seus fi lhotes sem ajuda alguma. Mas complicaes podem acarretar a

    perda da ninhada e at da fmea.

    importante conhecer as etapas do parto normal, assim voc fi car mais seguro e saber se deve ajudar ou no.

    - Vinte e quatro horas antes do parto, a fmea para de comer e passa a maior parte do tempo em seu ninho. Ela pode tentar se esconder.

    - A temperatura corprea comear a baixar (inferior a 37 C).

    - Prximo ao momento do nascimento dos fi lhotes, a fmea fi car mais agitada e inquieta. Ir cavar sua caminha e tentar juntar seus cobertores e panos. As gatas podem tentar entrar em locais de difcil acesso, bem escondidos.

    - As contraes vo comear e voc notar que o abdmen da fmea se retrai como se ela estivesse fazendo fora para defecar. Ela pode querer fi car em p. O dono deve acalm-la para que ela se deite.

    - A bolsa com o fi lhote se pronuncia e fi ca bem evidente.

    55Captulo 18 Problemas durantes o parto

    - O feto expulso aos poucos. A cabea pode aparecer primeiro, ou as patas traseiras. Essas duas apresentaes so normais.

    - A bolsa pode se rasgar na passagem do feto pelo canal do parto ou permanecer ntegra no momento do nascimento.

    - Aps o aparecimento do primeiro fi lhote, a fmea rasgar a pro-teo que o envolve. Passar a lamb-lo bastante para ativar a circulao e sec-lo.

    - A fmea cortar o cordo umbilical com os dentes e comer a placenta.

    - Cada fi lhote ser acompanhado por uma placenta. Deixe que ela coma, pois uma importante fonte de nutrientes para a fmea.

    - O fi lhote procura as tetas da me e comea a mamar.

    DICA:Na ltima semana de gestao prepare um lugar tranquilo e coloque l a cama da f-mea para que ela se acostume com o local.

  • 56 Guia de primeiros socorros

    O que fazer no caso de PROBLEMAS DURANTE O PARTO?

    Voc vai precisar de: Fio de algodo ou barbante, seringa, toalha, bolsa trmica e tesoura.

    O que fazer:

    - Eclmpsia a situao mais grave para a fmea. Ela comea a tremer e fi ca muito ofegante. Tenta andar, mas parece desorien-tada. Isso ocorre por falta de clcio no organismo. O tero no se contrai para expulsar os fetos, os msculos enfraquecem e pode ocorrer parada cardaca.

    Leve a fmea imediatamente para uma clnica, pois ela preci-sar de clcio endovenoso. A eclmpsia tambm pode ocorrer durante a fase de amamentao dos fi lhotes. Pode ser evitada com a administrao clcio a partir de 15 dias antes do parto at o desmame dos fi lhotes.

    - No h contraes e a temperatura da cadela baixou h mais de 24 hs: apalpe levemente o abdmen da fmea e cer-tifique-se de que os fetos estejam vivos e se mexendo. Caso no seja evidenciado movimento algum, leve a fmea rapida-mente ao veterinrio. Se os fetos estiverem vivos, ligue para o veterinrio e deixe-o de prontido.

    - As contraes comearam h 30 minutos, mas o fi lhote no apa-rece ou no consegue sair: o feto pode ser grande demais, pode no haver dilatao sufi ciente ou o fi lhote estar na posio errada.

    No tente retir-lo fora, melhor levar a fmea ao veterinrio. Poder ser necessria cirurgia cesariana.

    57Captulo 18 Problemas durantes o parto

    - O tempo de gestao ultrapassa 62 dias: o veterinrio ter que acompanhar diariamente e intervir, se necessrio. No fi que aguar-dando o parto sem acompanhamento de um profi ssional. Leve a f-mea para ser examinada.

    - A fmea pariu o fi lhote, mas no liga para ele ou tenta atac-lo:Se a fmea no rasgar a bolsa que envolve o feto, pegue um pano limpo ou toalha e faa voc mesmo:

    1. Coloque as luvas e rasgue a bolsa que envolve o feto.

    2. Posicione o fi lhote de ca-bea para baixo e enxugue o focinho para retirar lqui-dos que ele possa ter aspira-do. Pegue uma seringa sem agulha e com ela tente aspi-rar a secreo das narinas do recm-nascido.

    3. Assim que o fi lhote comear a respirar, seque o corpo com vigor para ativar a circulao. Ele no precisa chorar, mas voc deve ter certeza de que esteja respirando sozinho e se movimentando.

    4. Abra a boca do fi lhote e abaixe sua lngua, se ele no es-tiver respirando. Sopre em seu interior, mas sem exagero. Continue massageando o fi lhote, secando o focinho e enxugan-do o lquido que dele sair. Sopre mais vezes, se necessrio.

    5. Corte o cordo umbilical a 10 cm de distncia do filhote. S ser necessrio amarrar o cordo se ele estiver san-

  • 58 Guia de primeiros socorros

    grando muito. No perca muito tempo com isso, se o filhote no estiver respirando. Um pedao de barbante ou at fio dental pode ser usado para amarrar o cordo umbilical an-tes ou aps cort-lo.

    Mesmo que o fi lhote aparente estar morto ao ser expulso, pos-svel reanim-lo com o procedimento descrito. Alguns nascem fracos e no sobrevivem. No se culpe se isso ocorrer.

    6. Coloque o fi lhotinho prximo fmea e estimule-a a lamber a cria. Se a cadela rosnar, RETIRE O FILHOTE imediatamente.

    Se ela aceitar, deixe que o fi lhote procure a teta da me, co-locando-o junto a ela. importante que ele mame aps nascer. Pode demorar um pouco para o fi lhotinho conseguir fazer isso.

    7. Assim que notar mais contraes, retire da me o fi lhote que j nasceu e coloque-o numa caixa aquecida por uma bolsa trmica morna ou lmpada. O intervalo entre o nascimento dos fi lhotes no deve ultrapassar 2 horas.

    59Captulo 18 Problemas durantes o parto

    8. H fmeas que fi cam agressivas no dia seguinte ao parto. Res-peite-a e no se aproxime da ninhada, pois ela ir atacar at o dono, caso sinta-se ameaada.

    - Ligue para o veterinrio e comunique o nascimento da ninhada para que ele oriente voc sobre o que fazer nos prximos dias.

    - Coloque comida e gua bem prximos fmea. Talvez ela no coma nos dois primeiros dias aps o parto, mas deve beber gua.

    - Caso a fmea se recuse a comer e beber, apresente febre, cor-rimento abundante e mal cheiroso, comunique imediatamente o veterinrio. possvel ter ocorrido infeco uterina ps parto.

  • 60 Guia de primeiros socorros

    Captulo 19

    Afogamento

    Embora os animais saibam nadar, a queda em piscina pode causar afogamento, pois eles no tm como sair.

    Cansado de nadar, o animal acaba submergindo, inspirando e en-golindo gua.

    O socorro s poder ter sucesso se o animal tiver afundado h poucos minutos. Infelizmente, quando o dono percebe sua falta, ele j est sem vida.

    Caso no seja possvel saber a quanto tempo o animal afundou, tente reanim-lo.

    importante ter cuidado com os animais epilticos, pois durante um ataque eles podem cair na piscina e se afogar.

    A piscina da casa deve possuir rede protetora, degraus ou uma plataforma para que o animal consiga subir e sair dela. Isso evita os afogamentos.

    H raas que adoram gua e se atiram voluntariamente na piscina, como o caso do Labrador e do Terra Nova. Se voc possui um cachorro com atrao pela gua, e mora numa casa com piscina, fique atento para os mergulhos de seu co.

    61Captulo 19 Afogamento

    O que fazer no caso de AFOGAMENTO?

    Voc vai precisar de:Cobertor e termmetro.

    O que fazer:- A primeira providncia sus-

    pender o animal pelas patas traseiras, deixando-o inclinado para que o excesso de gua saia pela boca e focinho.

    - Verifi que se h batimentos car-dacos e movimentos respira-trios. Se no houver, inicie a massagem cardaca (cap. 6) e a respirao artifi cial (cap. 7).

    - Pressione o trax do animal, prximo s costelas, para bombear a gua para fora do pulmo.

    - Se a temperatura do animal estiver baixa (mea com o termmetro se tiver dvida), enrole-o num cobertor e continue a reanimao at que ele demonstre alguma reao.

    - Caso ele no volte a respirar e ter batimentos cardacos em at 30 minutos aps o incio do procedimento, difi cilmente ele sobreviver.

  • 62 Guia de primeiros socorros

    Captulo 20

    Rompimento de abscessos e tumores na pele

    Ndulos na pele podem estar relacionados a abscessos e tumores (benignos ou no).

    O abscesso um ndulo preenchido por material infectado (pus). causado por aplicaes subcutneas, picadas de insetos ou outro fator que permita que bactrias penetrem sob a pele.

    Os tumores podem ter inmeras origens, e os de mama so bem co-muns em fmeas acima de seis anos de idade.

    Um ndulo pode crescer e a pele no suportar a presso interna que ele exerce, vindo a rompendo-se. O material extravasa por um orifcio (fstula) e pode ser composto de pus e sangue.

    A maioria dos proprietrios fi ca muito assustada e sem saber como proceder. preciso ter calma e conscincia de que nada mais vai sair da leso alm do volume que j havia no local.

    Dica:Ndulos que comeam a crescer devem ser retirados para exame.

    63Captulo 20 Abscessos e Tumores

    O que fazer no caso de ABSCESSO ou TUMOR?

    Voc vai precisar de:Luvas, gaze, seringa sem agulha, antissptico, faixa crepe, espara-drapo e pomada antibitica.

    O que fazer:- Com as compressas de gaze, lim-

    pe o sangue e o pus. Pressione delicadamente o ndulo usando duas compressas para que todo o contedo saia (fi g. 1).

    - Coloque antissptico dentro da seringa e v lavando o fe-rimento, dentro e fora (fig. 2).

    - Aplique um pouco de pomada antibitica em uma compressa de gaze e coloque-a sobre o ferimen-to, pressionando levemente para que a pomada se espalhe. Proteja o local com faixa crepe, fi xando-a com esparadrapo, se possvel.

    - No caso de sangramento, colo-que compressas de gaze sobre o local que sangra e pressione por alguns minutos at cessar.

    - Leve o co ao veterinrio para os procedimentos posteriores.

    fi g.1

    fi g.2

  • 64 Guia de primeiros socorros

    Captulo 21

    Fratura

    Quando um osso atingido por um golpe, o resultado pode variar de uma simples contuso at a fratura completa.

    Na contuso, h infl amao e inchao, alm de hematoma (mancha roxa) que pode no ser percebido se a cor da pele do animal for escura.

    A fratura pode apresentar-se como uma rachadura, o osso separar-se parcial ou completamente.

    O sintoma de inchao evidente e a dor local bastante forte se palparmos ou manipularmos a regio. A reao do animal ser a de tentar morder.

    As patas so a regio do corpo mais sujeitas s fraturas. Mas costelas e vrtebras, assim como a mandbula, podem ser atingidas em atrope-lamentos ou quedas.

    importante estabilizar a fratura da maneira que for possvel no mo-mento e, em seguida, transportar o animal ao veterinrio. A imobilizao temporria do membro atingido vai diminuir a dor at chegar clnica.

    65Captulo 21 Fratura

    O que fazer no caso de FRATURA?

    Voc vai precisar de:Faixa crepe, esparadrapo, tala ou pedao de madeira, cobertor ou toalha grande e gelo.

    O que fazer:- Coloque a focinheira ou faa uma mordaa no animal.

    - Observe regies com inchao evidente prximo a ossos longos (patas e costelas), cabea e mandbula. Aplique gelo.

    - Apalpe gentilmente os membros, fl exionando as articulaes. Tente localizar a origem da dor.

    - Se a fratura estiver em um membro, coloque uma tala debaixo dele e comece a enfaixar. Se no tiver mo um material rgido, improvise a tala com uma revista grossa, en-volvendo a pata com ela.

    - Caso o osso esteja exposto, ir-rigue-o com soro. Nesse caso, pode no ser possvel colocar a tala devido dor.

    - Nunca aperte a faixa, ou voc interromper a circulao sangu-nea. Se isso acontecer, os dedos do animal comearo a inchar.

    - Use uma toalha ou cobertor para transportar o animal.

    - Se desconfi ar de fratura na coluna, movimente o animal com muito cuidado e delicadeza para no piorar o quadro. Ao invs de pano, tente improvisar a maca com uma tbua para que a coluna do animal fi que reta.

  • 66 Guia de primeiros socorros

    Captulo 22

    Espinhos de ourio

    Os animais que vivem em stios ou fazendas costumam atacar ourios, uma espcie de porco-espinho pequeno,

    muito comum na fauna brasileira.

    Para defender-se do ataque, esse peque-no mamfero se enrola e transforma-se em uma verdadeira bola com espinhos afiadssimos. O co tenta segur-lo com as duas patas e a boca. O resultado desastroso para o caador.

    Dificilmente esse tipo de acidente acon-tece com gatos.

    Os agudos espinhos do ourio penetram fa-cilmente na pele, lngua, gengivas e lbios. O animal tenta eliminar os espinhos mor-dendo-os e usando a pata, o que faz com que eles quebrem ou fi quem mais profun-dos ainda.

    Outras partes do corpo podem ser atingidas, porm, isso bem menos comum.

    Note que o ourio no lana os espinhos, o co quem o ataca e acaba se machucando. O nmero e tamanho dos espinhos fixados podem ser assustadores. Se o ourio for adulto, eles podem che-gar a medir quase dez centmetros.

    Acudir um animal nessas condies problemtico, pois a retirada dos es-pinhos dolorosa e necessria a sedao do para tratar a regio da boca.

    67Captulo 22 Espinhos

    O que fazer no caso de ESPINHOS DE OURIO?

    Voc vai precisar de:

    Pina, gaze, antissptico, lanterna e luvas.

    O que fazer:- Se no tiver como levar o animal imediatamente ao veterinrio,

    tente retirar o maior nmero de espinhos possvel.

    - Com a pina, segure o espinho bem prximo pele, e num pu-xo rpido e forte, arranque-o. Se a pina no for adequada para fi xar os espinhos, voc pode improvisar com um alicate, limpando-o e desinfetando-o antes do procedimento.

    - Alguns espinhos podem se quebrar e um pedao deles fi car den-tro da pele. Se isso ocorrer, no se desespere. O organismo ir expuls-lo aos poucos.

    - Toda vez que voc retirar um espinho haver um pequeno san-gramento. Desinfete com gua oxigenada ou lquido de Dakin, pressionando com uma gaze.

    - No se arrisque em tirar os espinhos da boca do animal sem que ele esteja sedado. Leve-o ao veterinrio.

    - Pode haver infeco, por isso o profi ssional indicar tratamento com antibitico, se achar conveniente.

    - Prenda seu co nas noites seguintes, pois o ourio tem hbitos noturnos e seu animal poder atac-lo novamente.

  • 68 Guia de primeiros socorros

    Captulo 23

    Bernes e bicheiras

    As moscas so insetos que, embora paream inofensivos, podem causar transtornos aos animais domsticos.

    BicheirasAo pousarem sobre uma ferida, as moscas depositam dezenas de ovos que iro eclodir, transformando-se em pequenas larvas que se alimen-taro de tecido vivo (miase cutnea ou bicheira).

    As larvas cavam verdadeiras galerias sob a pele. As leses podem ser to profundas que conseguem atravessar a musculatura, indo atingir r-gos vizinhos (miase cavitria).Por essa razo, imprescindvel prote-ger os ferimentos contra esses insetos.

    Ciclo de vida da mosca

    69Captulo 23 Bernes e Bicheiras

    DICA:Para evitar miase, mantenha as moscas longe. O lixo deve estar sempre tampado. No deixe fezes e urina do seu animal es-palhadas pelo quintal.

    Bernes

    Os bernes tambm so larvas de moscas que se desenvolvem no tecido

    subcutneo. comum o seu aparecimento at em pessoas.

    O berne difere da bicheira, pois apenas uma larva se desenvolve no

    local e a leso no invasiva, ou seja, a larva permanece todo o tempo

    no local onde penetrou. Geralmente aparecem vrios bernes pelo corpo

    do animal, em pontos prximos ou bem distantes entre si.

    Existem medicamentos por via oral que, ao mesmo tempo em que con-

    trolam a infestao por pulgas, impedem o desenvolvimento de larvas

    de moscas sob a pele. Informe-se com o seu veterinrio, caso seu ani-

    mal apresente miase com muita frequncia.

  • 70 Guia de primeiros socorros

    O que fazer no caso de MIASE?

    Voc vai precisar de:

    Luva, pina, gaze, faixa crepe, antissptico, lanterna e repelente contra moscas.

    O que fazer:

    BICHEIRA:

    - preciso saber a extenso da leso. Use a lanterna para visua-lizar tneis sob a pele, cavados pelas larvas.

    - Se tiver dvida, jogue um pouco de antissptico no interior da le-so e observe. Caso haja larvas, elas iro se mover.

    - Leve se animal ao veterinrio para sed-lo e remover as larvas.

    - Se o acesso ao veterinrio no for possvel imediatamente, tente retirar as larvas, uma a uma, com a pina. Jogue-as num reci-piente com gua ou lcool.

    - Limpe o local com antissptico e aplique pomada antibitica.

    - Proteja a leso com gaze e fi xe-a com faixa crepe e esparadrapo.

    - Repita a operao no dia seguinte e procure uma clnica.

    - Consulte o veterinrio para que ele recomende uma medica-o oral que acabe com as larvas que possam ter restado. Acrescente esse medicamento caixa de primeiros socorros, caso necessite numa emergncia.

    71Captulo 23 Bernes e Bicheiras

    BERNE:

    - Ndulos sob a pele com um orifcio aberto so indicativos de ber-ne. Cada abertura contm apenas uma larva.

    - Se no houver um veterinrio por perto, tente retir-lo aper-tando a base do ndulo, como se tivesse espremendo a pele. O berne ir projetar-se para fora do orifcio.

    - Segure-o com a pina para ajudar na remoo. Puxe deva-gar, pois doloroso.

    - Caso o berne venha a romper-se durante a remoo, no se preocupe. Retire apenas o que puder.

    - Aplique antissptico no orif-cio e ele cicatrizar em dois ou trs dias.

    - Se tiver mo repelente contra moscas, aplique no local. No preciso fazer curativo.

    - Inmeros bernes podem estar espalhados pelo corpo do ani-mal, em locais dolorosos, como orelhas, pele que recobre o pnis e cauda. Ser muito difcil retir-los sem a sedao, leve seu animal ao veterinrio.

  • 72 Guia de primeiros socorros

    Captulo 24

    Atropelamento e quedas

    Mltiplos problemas podem aparecer aps quedas e atropelamentos. Este ltimo a emergncia mais comum.

    Por mais adestrado que seja o co, ele no deve andar solto nas ruas. Use sempre uma guia, pois a reao do cachorro pode ser imprevisvel ao ver uma cadela do outro lado da rua, um gato ou um desafeto canino.

    Gatos que vivem livres tambm esto sujeitos a se acidentar.

    O atropelamento pode causar rompimento de rgos como fgado, pul-mo, bexiga e bao, alm de fraturas e leses graves na coluna vertebral.

    Muitos casos de atropelamento, inclusive por motos e bicicletas, po-dem ser fatais pela hemorragia interna que causam.

    As quedas tambm acontecem, frequentemente de lajes altas onde o co costuma fi car, ou sacadas. Ao latir para um estranho ou outro animal, o cachorro pode sofrer uma queda grave. A queda de gatos da janela de apartamentos bastante comum. importante ter redes de proteo em todas as janelas para evitar esse tipo de acidente.

    H animais que pulam a janela de automveis em movimento. Por isso, todo co deve ser transportado em caixas prprias para animais. Ou ento, presos pela guia no cinto de segurana do veculo.

    DICA:Existem cintos de segurana prprios para animais que evitam acidentes.

    73Captulo 24 Atropelamento e quedas

    O que fazer no caso de ATROPELAMENTO ou QUEDA?

    Voc vai precisar de:

    Caixa de primeiros socorros completa.

    O que fazer:

    Como os sintomas so mltiplos, proceder ao exame completo do animal:

    - Verifi que se h batimentos cardacos. Faa massagem card-aca se preciso (cap. 6).

    - Verifi que se o animal respira. Faa respirao artifi cial, se necessrio (cap. 7).

    - Verifi que se h hemorragias externas. Estanque-as se o san-gramento for abundante (cap. 8).

    - Verifi que a temperatura do animal com a mo ou usando ter-mmetro, se tiver dvida (cap. 1). Queda de temperatura pode signifi car hemorragia interna.

    - Trate o estado de choque, se houver lembre-se que choque signifi ca corao e respirao acelerada com temperatura baixa (cap. 5). Mantenha o animal aquecido.

    - Observe se existem fraturas e imobilize o que for possvel (cap. 20).

    - Faa uma maca usando toalha ou pedao de pano. Transporte o animal com cuidado.

    - Se o animal estiver feroz, tente colocar a focinheira ou faa uma mordaa com a faixa crepe, pedao de pano ou at o cadaro do sapato (cap. 3). Em gatos, jogue uma toalha ou pano grosso sobre o animal para que ele se acalme.

    - Encaminhe o animal para uma clnica que tenha condies de atender a emergncias graves.

  • 74 Guia de primeiros socorros

    Captulo 25

    Intoxicao

    A menos que se presencie o momento em que o animal lambeu, ingeriu ou inalou uma substncia,

    difcil saber a causa da intoxicao.

    Agentes txicos podem causar sinais muito diversos. Sintomas como hemorragias, alteraes neurolgicas e gastrointestinais esto presen-tes em animais que tiveram contato com produtos txicos usados para matar ratos e insetos no ambiente, animais ou plantas.

    O animal pode ingerir ou lamber o veneno, e at mesmo a ingesto de um rato ou inseto envenenado pode acarretar intoxicao.

    A inalao de fumaa e gases txicos causa quadros txicos, e o mes-mo ocorre aps a ingesto de alimentos deteriorados e chocolate.

    Existe uma substncia no chocolate (teobromina) que acarreta gra-ves problemas nos ces. Sinais neurolgicos, gstricos e intestinais se manifestam caso o cachorro coma grande quantidade de chocolate de uma s vez ou pequenas pores em dias consecutivos. Difi cilmente gatos tm atrao por doces como os ces.

    Substncias cidas como soda custica, produtos para limpeza, cloro e outras, podem levar os animais morte.

    Existem plantas que contm substncias txicas, como as espcies comigo-ningum-pode, azaleias, samambaias e cambar.

    Sapos tambm possuem glndulas de veneno que causam sinais neu-rolgicos nos animais. E os ces adoram ca-los!

    75Captulo 25 Intoxicao

    O que fazer no caso de INTOXICAO?

    Voc vai precisar de:Seringa, gua oxigenada, leite ou gua.

    O que fazer:

    SEU ANIMAL INGERIU ou LAMBEU UM TXICO:

    - Induza o vmito: isso deve ser feito apenas quando o animal ingeriu o produto h poucas horas. Use gua oxigenada (dose: 2 ml/kg) ou gua morna com sal. Utilize uma seringa para for-ar o animal a beber. Injete o lquido lentamente para que ele no engasgue.

    Nunca induza o vmito se:

    - A substncia ingerida for cida ou custica. Se no souber avaliar, no provoque o vmito.

    - O animal estiver desacordado.

    - Force o animal a beber gua ou leite: nem todos os txicos so inativados pelo leite, mas a in-gesto de lquidos faz com que o veneno seja diludo e eliminado mais rapidamente.

    No d leite em caso e intoxicao por inseticidas domsticos cuja frmula contenha piretroides.

    No force o animal a beber se estiver desacordado.

  • 76 Guia de primeiros socorros

    - Carvo ativado utilizado para prevenir a absoro do veneno pelo organismo (dose: 1-2 g/kg). Pode ser comprado em farmcias na forma de comprimidos ou em p, para diluio em gua. de grande ajuda em caso de intoxicaes e no tem contra indica-es. As fezes do animal podem fi car acinzentadas.

    - Leve o animal ao veterinrio o mais depressa possvel.

    - Se o co abocanhou um sapo, lave a boca do animal com bas-tante gua. Ele ir salivar (babar) por algum tempo. Caso o cachor-ro apresente incoordenao ou fraqueza, leve-o ao veterinrio.

    SEU ANIMAL INALOU UM TXICO:

    - Coloque-o em um lugar arejado e afaste-o dos gases venenosos.

    - Procure uma clnica se o animal apresentar desmaio, convulso ou outro sinal neurolgico. Ser necessrio tratamento com oxignio.

    IMPORTANTE:Agentes txicos podem causar vmito e diarreia por alguns dias. Se isso ocorrer, o animal no deve se alimentar e precisar de soro para no desidratar rapidamente.

    Voc pode tentar dar soro por via orar em pequenas quantidades, v-rias vezes ao dia, atravs da seringa. Porm, se o vmito persistir, o soro s poder ser administrado por via injetvel (cap. 14).

    Convulses so comuns em animais intoxicados gravemente. No se desespere. Durante o ataque, apenas assegure que seu animal no se machuque.

    77 tulo 25 Intoxicao

    A convulso pode durar alguns minutos ou persistir por um longo tem-po. Nesse caso, necessria medicao injetvel para tirar o animal do estado convulsivo (cap. 15).

    Procure monitorar sempre a temperatura do animal. Se estiver baixa, aquea-o com um cobertor. Para acompanhar os demais sinais vitais, consulte o captulo 1.

    Somente em situaes extremas, quando impossvel levar o animal a uma clnica, voc deve trat-lo em casa.

    SEMPRE leve seu animal ao veterinrio em caso de intoxicao!

  • 78 Guia de primeiros socorros

    Captulo 26

    Exposio de rgos da cavidade abdominal

    A cavidade abdominal comporta vrios rgos que podem ser expostos ao ambiente aps acidentes.

    Quedas e atropelamentos so os maiores causadores dessa grave emergncia. O quadro tambm pode ocorrer quando h rompimento de pontos aps cirurgias abdominais.

    Se musculatura do abdmen e a pele se romperem, isso far com que os rgos tenham uma passagem para o meio externo. A expo-sio de alas do intestino bastante comum.

    O abdmen uma cavidade livre de bactrias. Uma vez aberta, seja qual for o motivo, a contaminao dos rgos poder causar uma grave infeco chamada peritonite.

    79Captulo 26 Exposio de rgos da cavidade abdominal

    O que fazer no caso de EXPOSIO DE RGOS?

    Voc vai precisar de:Cobertor, gaze, termmetro, luvas, bolsa trmica, soro fisiolgico e faixa crepe.

    O que fazer:- Mantenha o animal deitado de lado.

    - Coloque as luvas e lave os rgos expostos com soro fi sio-lgico. Retire pelos e toda a sujeita.

    - Recoloque os rgos dentro da cavidade do abdmen, se isso for possvel.

    - Cubra o local por onde os rgos saram com ataduras de gaze ou um pano limpo umedecidos com soro. Se a abertura for grande, abra a gaze, impedindo que ela entre na cavidade e l se perca.

    - Enfaixe o abdmen para manter os rgos dentro da cavidade.

    - Aquea o animal: enrole-o em um cobertor e coloque uma bol-sa trmica ou garrafa com gua quente prxima a ele. Mea a temperatura do animal com o termmetro, se possvel.

    - Improvise uma maca com um cobertor ou toalha grande (cap. 3).

    - Procure auxlio veterinrio o mais rpido possvel.

  • 80 Guia de primeiros socorros

    Captulo 27

    Choque pelo calor (intermao)

    Ces e gatos no possuem glndulas de suor, portanto, no conseguem suar para diminuir a temperatura do

    organismo, como ns humanos fazemos.

    por esse motivo que os cachorros esto sempre ofegantes em dias quentes ou aps exerccios. Esse o mecanismo que usam para diminuir a temperatura corprea. O ar frio entra pela boca, capta o calor do corpo nos pulmes e sai em seguida. Dessa forma, todo o organismo comea a resfriar.

    H situaes nas quais o animal aumenta tanto sua temperatura inter-na que o superaquecimento pode ser fatal. Quando o dono deixa o co dentro do carro fechado em dias quentes ou o esquece amarrado ao sol, o animal desenvolver hipertermia.

    A alta temperatura faz com que muitas enzimas do organismo, responsveis por reaes qumicas importantes para seu funcio-namento parem de atuar.

    O resultado disso uma disfuno geral, manifesta por sinais cl-nicos, como respirao acelerada, aumento dos batimentos car-dacos (taquicardia), vmitos, diarreia e sinais neurolgicos (ata-ques e perda da conscincia).

    Gatos presos em caixas de transporte em locais muito quentes po-dem sofrer choque pelo calor.

    81Captulo 27 Choque pelo calor (intermao)

    O qu