guia de planejamento e orientações didáticas - professor alfabetizador 1º ano

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Guia de Planejamento e Orientações Didáticas Professor Alfabetizador – 1º ano

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    Guia de Planejamento eOrientaes Didticas

    Professor Alfabetizador 1 ano

  • governo do estado de so paulo

    secretaria da educao

    fundao para o desenvolvimento da educao

    So Paulo, 2011

    Guia de Planejamento eOrientaes Didticas

    Professor Alfabetizador 1o ano

    PROFESSOR(A): ____________________________________________________________

    TURMA: ____________________________________________________________________

  • Governo do Estado de So Paulo

    GovernadorGeraldo Alckmin

    Vice-GovernadorGuilherme Afif Domingos

    Secretrio da EducaoHerman Jacobus Cornelis Voorwald

    Secretrio-AdjuntoJoo Cardoso Palma Filho

    Chefe de GabineteFernando Padula

    Coordenadora de Estudos e Normas PedaggicasMaria de Lourdes Rocha

    Coordenador de Ensino da Regio Metropolitana da Grande So Paulo

    Jos Benedito de Oliveira

    Coordenador de Ensino do InteriorRubens Antnio Mandetta de Souza

    Presidente da Fundao para o Desenvolvimento da EducaoJos Bernardo Ortiz

    Diretora de Projetos Especiais da FDEClaudia Rosenberg Aratangy

    Agradecimentos

    Esta publicao contou com a preciosa participao de autores, editores e colaboradores que cederam seu trabalho sem nus algum para a SEE. Gostaramos de agradecer:

    equipe do ISA Instituto Socioambiental, pelos diver-sos textos de seu site que aqui reproduzimos;

    editora Terceiro Nome e Renata Meirelles, por seu texto e foto sobre pies dos Galibis do Oiapoque do livro Giramundo e outros brinquedos e brincadeiras dos meninos do Brasil.

    editora Peirpolis e Adelsin pelos textos e ilustraes de Barangando Arco-ris 36 brinquedos inventa-dos por meninos e meninas.

    Editora Berlendis Vertechia, Bruno Berlendis Vertechia e Luiz Donizete Grupioni, por autorizarem a reproduo de trechos do livro Viagem ao mundo indgena.

    Revista Cincia Hoje e Carlos Fausto, por ceder o texto A outra histria do descobrimento do Brasil.

    Ao escritor Waldemar de Andrade e Silva, pelos textos Mandioca o po indgena, Mavutsinim, o primeiro homem, Guaran, a essncia dos frutos e Mumuru, a estrela dos lagos.

    Secretaria Municipal de Educao de So Jos do Rio Preto, por ter cedido trechos do seu material de 1o ano para compor o presente Guia.

    Este material foi impresso pela Secretaria da Educao do Estado de So Paulo, por meio da Fundao para o Desenvolvimento da Educao, para uso da rede estadual de ensino e das prefeituras

    integrantes do Programa de Integrao Estado/Municpio Ler e Escrever, com base em convnios celebrados nos termos do Decreto Estadual 54.553 de 15/07/2009 e alteraes posteriores.

    Catalogao na Fonte: Centro de Referncia em Educao Mario Covas

    S239LSo Paulo (Estado) Secretaria da Educao.

    Ler e escrever: guia de planejamento e orientaes didticas; professor alfabetizador 1o ano / Secretaria da Educao, Fundao para o Desenvolvimento da Educao; concepo e elaborao, Claudia Rosenberg Aratangy... [e outros]. - So Paulo : FDE, 2011.

    208 p. : il.

    1. Ensino Fundamental 2. Ciclo I 3. Leitura 4. Atividade Pedaggica 5. Programa Ler e Escrever 6. So Paulo I. Ttulo. II. Fundao para o Desenvolvimento da Educao. III. Aratangy, Claudia Rosenberg.

    CDU: 372.4(815.6)

  • Prezada professora, prezado professor

    De acordo com a Lei no 11.274/2006, o Ensino Fundamental passou a ter 9 anos, incluindo-se assim as crianas de 6 anos no Ciclo I. Na rede pblica de So Paulo, a delibe-rao CEE no 73/2008 regulamentou a implantao do Ensino Fundamental de 9 anos. Em 2009, a implantao ocorreu em alguns municpios; em 2010 toda a Rede recebeu alunos no 1o ano do Ensino Fundamental e, agora, em 2011, com a publicao do presente Guia, os professores e alunos de 1o ano passam a fazer parte do Programa Ler e Escrever.

    Entendemos que todo processo de mudana requer um esforo adicional da equipe escolar na adaptao de tempos e espaos para melhor atender as crianas. Isso requer um compromisso da rede pblica e seus gestores para oferecer acesso a um maior n-mero de crianas escolaridade e para construo de uma educao de qualidade para todos os cidados.

    Ao incluir o 1o ano no Ler e Escrever estamos dando um importante passo na melho-ria do processo de alfabetizao. Sabemos que, para as crianas pequenas, participar das prticas sociais de leitura e escrita, conviver com leituras, livros, histrias, revistas, informa-es, num ambiente estimulante e convidativo, no apressa a aprendizagem da leitura e da escrita, e sim, torna-o mais fcil e natural.

    A primeira parte deste texto traz orientaes gerais sobre o primeiro ano, abordando as caractersticas das crianas desta faixa etria, a organizao da rotina, o modelo de ensino e a concepo de aprendizagem.

    Na segunda parte encontra-se o quadro com tudo que se espera que as crianas apren-dam ao longo deste ano. Tanto a primeira quanto a segunda partes j so conhecidas de muitos educadores, pois estiveram disponveis em verso eletrnica.

    A terceira parte traz os projetos e atividades que concretizam as expectativas de apren-dizagem em situaes didticas.

    Esperamos que este material ajude no apenas a planejar seu dia a dia com seus alu-nos, mas, principalmente, a tornar este primeiro ano da escolaridade obrigatria um ano de experincias de sucesso que torne as crianas confiantes na sua capacidade de aprender e os professores seguros em suas competncias de ensinar.

    Bom trabalho!

    Secretaria do Estado da Educao

  • JANEIRO D S T Q Q S S 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31

    FEVEREIRO D S T Q Q S S 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29

    MARO D S T Q Q S S 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31

    ABRIL D S T Q Q S S 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

    MAIO D S T Q Q S S 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31

    JUNHO D S T Q Q S S 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

    JULHO D S T Q Q S S 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31

    AGOSTO D S T Q Q S S 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31

    SETEMBRO D S T Q Q S S 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

    OUTUBRO D S T Q Q S S 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31

    NOVEMBRO D S T Q Q S S 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

    DEZEMBRO D S T Q Q S S 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31

    CALENDRIO ESCOLAR 2012

    JANEIRO D S T Q Q S S 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31

    FEVEREIRO D S T Q Q S S 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28

    MARO D S T Q Q S S 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31

    ABRIL D S T Q Q S S 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

    MAIO D S T Q Q S S 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31

    JUNHO D S T Q Q S S 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

    JULHO D S T Q Q S S 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31

    AGOSTO D S T Q Q S S 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31

    SETEMBRO D S T Q Q S S 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

    OUTUBRO D S T Q Q S S 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31

    NOVEMBRO D S T Q Q S S 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

    DEZEMBRO D S T Q Q S S 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31

    CALENDRIO ESCOLAR 2011

    Dia Mundial da Paz __________________________________ 1o janeiroAniversrio de So Paulo ____________________________ 25 janeiroCarnaval ____________________________8 de maro | 21 de fevereiro Paixo __________________________________22 de abril | 6 de abrilPscoa __________________________________24 de abril | 8 de abrilTiradentes __________________________________________ 21 abrilDia do Trabalho ______________________________________ 1o maioCorpus Christi __________________________23 de junho | 7 de junho

    Revoluo Constitucionalista _____________________________ 9 julhoIndependncia do Brasil ____________________________ 7 setembroNossa Senhora Aparecida ____________________________12 outubroFinados _________________________________________2 novembroProclamao da Repblica _________________________15 novembroDia da Conscincia Negra __________________________20 novembroNatal __________________________________________25 dezembro

    Feriados 2011 | 2012

  • SumrioCalendrio Escolar de 2011/2012 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

    Introduo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12A criana e suas especificidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12Modelo de ensino e aprendizagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13A ao do professor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15Organizao da rotina e as modalidades organizativas do tempo didtico . . . . . . 15Os cantos de atividades diversificadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16Contedos e expectativas de aprendizagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

    Expectativas de aprendizagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20Lngua Portuguesa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20Matemtica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24Cincias Naturais e Sociais (Histria, Geografia e Cincias Naturais) . . . . . . . . . . . 26Artes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29Movimento, jogar e brincar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30Avaliao das aprendizagens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

    Situaes de leitura e escrita de nomes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

    O que os alunos aprendem nas situaes de leitura e escrita de nomes . . . . . . . 35

    Expectativas de aprendizagem abordadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

    Ler os nomes dos colegas da classe dicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

    Escrever os nomes dos colegas da classe dicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

    Condies didticas para as situaes de leitura e escrita de nomes dos colegas da

    classe . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

    MOdELO dE AtividAdE: Ler nomes dos colegas da classe . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

    Situaes de escrita pelo aluno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

    O que os alunos aprendem nas situaes em que escrevem por si mesmos . . . . 45

    Expectativas de aprendizagem abordadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

    Condies didticas para as situaes de escrita pelo aluno . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

    MOdELO dE AtividAdE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

  • Situaes de leitura pelo aluno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53

    O que os alunos aprendem nas aulas de leitura por si mesmos, antes que leiam

    convencionalmente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54

    Expectativas de aprendizagem abordadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

    Ler antes de saber ler convencionalmente dicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

    Condies didticas para as situaes de leitura do aluno . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58

    MOdELO dE AtividAdE: Organizar os versos de uma parlenda conhecida . . . . . . . . 59

    Situaes de ditado para o professor produzir textos antes de

    saber escrever . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

    O que os alunos aprendem nas situaes em que ditam um texto para

    o professor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64

    Expectativas de aprendizagem abordadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65

    Condies didticas para as situaes de ditado para o professor ou produo oral

    com destino escrito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65

    MOdELO dE AtividAdE: ditado para o professor de um bilhete para os pais . . . . . . 66

    Situaes de leitura pelo professor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70

    O que os alunos aprendem nas situaes em que o professor l para eles . . . . . 71

    Expectativas de aprendizagem abordadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74

    Acompanhar a leitura do professor dicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75

    Condies didticas para as situaes de leitura do professor . . . . . . . . . . . . . . . 76

    MOdELO dE AtividAdE: Leitura de conto pelo professor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77

    PROJETO DIDTICOBrincadeiras tradicionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81Por que realizar um projeto de resgate das brincadeiras tradicionais . . . . . . . . . . 83

    O resgate das brincadeiras infantis e a aprendizagem da lngua . . . . . . . . . . . . . . 85

    Expectativas de aprendizagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86

    Comunicar-se no cotidiano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86

    Ler, ainda que no convencionalmente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86

    Conhecer diferentes gneros textuais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87

    Produzir textos escritos ainda que no saiba escrever convencionalmente . . . . . . 87

    Uso de texto fonte para escrever de prprio punho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87

    Produto final . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87

  • Organizao geral do projeto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88

    Etapa 1: Apresentao do projeto e do produto final . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89

    Atividade 1A: Apresentao do projeto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90

    Atividade 1B: Preparao de entrevistas sobre brincadeiras conhecidas dos

    familiares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91

    Atividade 1C: Elaborao de convites aos familiares que queiram ensinar uma das

    brincadeiras aos alunos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94

    Etapa 2: Aprender brincadeiras a partir da leitura do professor . . . . . . . . . . . . . . . . 95

    Atividade 2A: Escrita do ttulo de uma brincadeira, com anlise coletiva . . . . . . . 96

    Atividade 2B: Leitura do professor das regras de uma nova brincadeira . . . . . . . . 98

    Atividade 2C: desenho e legenda em duplas da brincadeira aprendida na aula

    anterior . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101

    Atividade 2d: Leitura de texto instrucional para confeco de um brinquedo . . . 103

    Atividade 2E: Leitura de texto instrucional para confeco de um brinquedo e escrita

    em duplas de uma das instrues . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106

    Etapa 3: Aprender novas brincadeiras a partir do relato oral de diferentes

    convidados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109

    Atividade 3A: Aprender uma brincadeira a partir do relato de um convidado . . . . 109

    Atividade 3B: ditado para o professor das opinies a respeito da brincadeira . . 111

    Atividade 3C: Escrita em duplas de uma das regras da brincadeira (letras mveis) e

    desenho do jogo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112

    Atividade 3d: ditado ao professor da brincadeira aprendida com um dos

    convidados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115

    Etapa 4: Preparao dos produtos finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117

    Atividade 4A: Escolha da brincadeira que ser apresentada pelos alunos . . . . . 117

    Atividade 4B: Escrita da ficha de uma das brincadeiras aprendidas . . . . . . . . . . 119

    Atividade 4C: Ensaios para a tarde de brincadeiras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121

    ANEXO 1 (para ser lido pelo professor na atividade 2B) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123

    Coelhinho sai da toca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123

    Cabra-cega . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124

    Pega-pega corrente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124

    Me da rua . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125

    Nunca trs . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125

    Fugi fugi . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126

  • 10 Guia de Planejamento e orientaes didticas

    PROJETO DIDTICOndios do Brasil: conhecendo algumas etnias . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127Por que realizar um projeto que envolva o estudo dos povos

    indgenas brasileiros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129

    A formao de estudantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130

    Aprender sobre a linguagem escrita e sobre a escrita no contexto de um

    projeto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131

    Expectativas de aprendizagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132

    Lngua Portuguesa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132

    Cincias Naturais e Sociais (Histria, Geografia e Cincias Naturais) . . . . . . . . . . 133

    Artes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133

    Produto final . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133

    Organizao geral do projeto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134

    Atividade permanente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136

    Etapa 1: Apresentao do projeto e do produto final . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136

    Atividade 1A: Compartilhar o projeto com os alunos e fazer levantamento do que j

    sabem sobre o tema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136

    Atividade 1B: Levantamento do que j sabem sobre o tema a partir da leitura de

    imagens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138

    Etapa 2: Aprender sobre aspectos gerais das naes indgenas brasileiras . . . . . . 141

    Atividade 2A: Leitura do professor e anotao das informaes relevantes . . . . 141

    Atividade 2B: Elaborao coletiva e reflexo sobre caractersticas

    das legendas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145

    Atividade 2C: Escrita do aluno informaes sobre diferentes naes

    (ditadas pelo professor) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147

    Etapa 3: Aprender sobre uma nao indgena Xikrins-Kaiaps . . . . . . . . . . . . . . . 152

    Atividade 3A: Leitura do professor de texto sobre o cotidiano dos ndios Xikrins-

    -Kaiaps . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 152

    Atividade 3B: Leitura de legenda sobre os Yanomamis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153

    Atividade 3C: Escrita de legenda sobre o povo estudado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 157

    Etapa 4: Aprender sobre alimentao, crianas e mitos em diferentes naes

    indgenas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159

    Atividade 4A: Comparar a relao entre a alimentao dos povos indgenas e a dos

    alunos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159

  • 11Guia de Planejamento e orientaes didticas

    Atividade 4B: discusso em quartetos sobre os hbitos alimentares dos povos

    indgenas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 163

    Atividade 4C: Escrita de legendas sobre hbitos alimentares dos povos

    indgenas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 167

    Atividade 4d: Brincadeiras e brinquedos indgenas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 168

    Atividade 4E: ditado ao professor de uma das brincadeiras apresentadas na aula

    anterior . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 170

    Atividade 4F: Como as crianas ndias aprendem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 172

    Atividade 4G: Mitos de origem de dois povos indgenas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 176

    Atividade 4H: ditado ao professor do mito de origem dos ndios desanas . . . . . 177

    Etapa 5: Aspectos histricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 178

    Atividade 5A: Leitura pelo professor de matria sobre o descobrimento

    do Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 178

    Atividade 5B: Ouvir e cantar uma cano sobre o descobrimento . . . . . . . . . . . . 180

    Etapa 6: Preparao do produto final . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 184

    Atividade 6A: diviso dos grupos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 184

    Atividade 6B: Preparao de materiais para exposio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 186

    Atividade 6C: Escrita de legendas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 187

    Atividade 6d: Reviso das legendas que acompanham o material de apoio

    para a exposio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 188

    Atividade 6E: Ensaios para a apresentao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 190

    ANEXO 2A: texto para Atividade 2A . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 192

    ANEXO 3A: texto para ser lido pelo professor para os alunos . . . . . . . . . . . . . . . . . 193

    ANEXO 4d: texto de apoio para o professor, que vai expor informaes na

    Atividade 4d . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 197

    ANEXO 4da - Relato de brincadeira, ser lido para os alunos na Atividade 4C . . . . 198

    ANEXO 4F texto que ser lido para os alunos na Atividade 4F . . . . . . . . . . . . . . . 199

    ANEXO 4Fa - texto que ser lido para os alunos na Atividade 4F . . . . . . . . . . . . . . 200

    ANEXO 4G: Ser lido para os alunos durante a Atividade 4G . . . . . . . . . . . . . . . . . . 201

    ANEXO 4Ga: Ser lido para os alunos durante a Atividade 4G . . . . . . . . . . . . . . . . 202

    ANEXO 5A: texto sobre o descobrimento do Brasil para ser lido na Atividade 5A . . 203

    ANEXO 6: Lendas e mitos indgenas para serem lidos no momento da atividade

    habitual de leitura pelo professor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 205

  • 12 Guia de Planejamento e orientaes didticas

    Introduo

    A frequncia neste primeiro ano configura-se em uma transio, seja para aquele aluno que entrar na escola pela primeira vez, seja para aquele que vem da Educao Infantil. Em qualquer um dos casos, necessrio assegurar-lhes o direito infncia, pois os alunos no deixaro de ser crianas pelo simples fato de estarem regularmente matriculados no Ensino Fundamental. A criana do 1o ano deve ter garantido seu direito educao em ambiente prprio e com roti-nas adequadas que possibilitem a construo de conhecimentos, considerando as caractersticas de sua faixa etria, integrando o cuidar e o educar. Cuidar e educar so princpios bsicos da educao nesta faixa etria.

    Cabe ressaltar que a ampliao do Ensino Fundamental visa dar continui-dade ao trabalho desenvolvido nas escolas de Educao Infantil, ou garantir queles que nunca frequentaram a escola um incio de escolaridade tranquilo e promissor. A unidade escolar dever, ento, assegurar um trabalho pedaggico que envolva experincias em diferentes linguagens e suas expresses, buscan-do uma metodologia que favorea o desenvolvimento social, afetivo e cognitivo dessas crianas.

    Nesta perspectiva, a ampliao do Ciclo I do Ensino Fundamental de quatro para cinco anos assegura s crianas um perodo maior para as aprendizagens prprias desta fase, inclusive da alfabetizao, permitindo que elas avancem para os anos seguintes de forma segura e confiante em relao aos seus processos de construo de conhecimento.

    A criana e suas especificidades

    A criana dessa faixa etria possui um grande repertrio de conhecimentos construdos a partir das experincias cotidianas que vivenciou. Pode estabelecer novos e diferentes vnculos afetivos e se interessa cada vez mais pelas ativida-des em grupo, o que amplia suas habilidades sociais.

    A capacidade de simbolizao est bem estabelecida nesta fase, e se ma-nifesta por meio da linguagem, da imaginao, da imitao e da brincadeira em situaes diversas. A criana faz uso de um repertrio cada vez mais rico de sm-bolos, signos, imagens e conceitos para mediar sua relao com a realidade e o mundo social. Embora seja um processo longo, a capacidade de conceituao

  • 13Guia de Planejamento e orientaes didticas

    j aparece nesta fase, permitindo que a criana estabelea relaes e genera-lizaes. H um desenvolvimento acentuado de habilidades, como a ateno e a memria, que se tornam mais conscientes e intencionais. A curiosidade e a necessidade de saber sobre e compreender o mundo so visveis, ainda que as associaes e as relaes sejam regidas por critrios subjetivos. Essa forma de pensar, no entanto, confere originalidade e poesia ao pensamento infantil, como vemos no exemplo abaixo.

    Uma menina j prxima aos seis anos respondeu, assim, seguinte pergunta: Por que a Lua no cai em cima da Terra?

    A Lua... n... ela j foi impedida vrias vezes... ... com o Sol. A a Lua fica mais alta que o Sol pra poder os dois no brigar. Porque... ... a Lua j tinha nascido antes do Sol... a comeou uma briga de quem era mais velho... da por isso que a Lua foi pra cima.

    E como que ela foi impedida?

    Impedida por a me do Sol... falou que ele era mais velho e a a me do Sol arrastou muitas vezes a Lua, n... a a Lua se machucou e no pode mais andar... a ela ficou l no mesmo lugar.1

    A considerao desse modo peculiar de pensar o mundo, quando incorporada pelos educadores, possibilita conhecer a criana, planejar atividades significati-vas, propiciar uma produo infantil rica e original e ampliar seus conhecimentos.

    Modelo de ensino e aprendizagem

    A concepo de aprendizagem que embasa este e os demais documentos orientadores da rede estadual pressupe que o conhecimento no concebido como uma cpia do real e assimilado pela relao direta do sujeito com o obje-to de conhecimento, mas, produto de uma atividade mental por parte de quem aprende, que organiza e integra informaes e novos conhecimentos aos j exis-tentes, construindo relaes entre eles.

    O modelo de ensino relacionado a essa concepo de aprendizagem o da resoluo de problemas, que compreende situaes em que o aluno, no esforo de realizar a tarefa proposta, precisa pr em jogo o que sabe para aprender o que no sabe. Neste modelo, o trabalho pedaggico promove a articulao en-tre a ao do aprendiz, a especificidade de cada contedo a ser aprendido e a interveno didtica.

    1 Fala extrada da fita de vdeo Do outro lado da Lua, de Regina Scarpa e Priscila Monteiro.

  • 14 Guia de Planejamento e orientaes didticas

    O senso comum repete desde sempre que a criana aprende brincando, o que tem gerado inmeras atividades equivocadas, infantilizando contedos que se quer ensinar. O brincar sim atividade importantssima na infncia, na qual as crianas criam por conta prpria enredos e ensaiam papis sociais, o que certamente envolve muita aprendizagem relativa sociedade em que vivem. Ao jogar com regras, elas tambm aprendem a interagir, a raciocinar. Mas a apren-dizagem de contedos envolve muito pensamento, trabalho investigativo e es-foro, portanto necessrio um trabalho pedaggico intencional e competente.

    As propostas pedaggicas devem reconhecer as crianas como seres nte-gros, que aprendem a ser e conviver consigo prprios, com os demais e com o ambiente de maneira articulada e gradual. Devem organizar atividades intencio-nais que possibilitem a interao entre as diversas reas de conhecimento e os diferentes aspectos da vida cidad em momentos de aes ora estruturadas, ora espontneas e livres, contribuindo assim com o provimento de contedos bsicos para constituio de novos conhecimentos e valores.

    A ao do professor

    Considerar as crianas como seres nicos, provenientes de diferentes fam-lias, com necessidades e jeitos prprios de se desenvolver e aprender, pressupe um profissional flexvel, observador, capaz de ter empatia com os alunos e suas famlias, alm dos conhecimentos didticos imprescindveis a uma boa atuao pedaggica. Conforme Zabalza: O peso do componente das relaes [pessoais] muito forte. As relaes constituem, provavelmente, o recurso fundamental na hora de trabalhar com crianas pequenas. (1998, p. 27).

    Essas crianas, tendo frequentado ou no a Educao Infantil, chegaro ao 1o ano com uma bagagem de conhecimentos sobre a qual o professor ter que se debruar para, a partir da, basear suas aes pedaggicas. Considerar a criana dessa faixa etria competente e capaz requisito fundamental para uma ao educativa de qualidade.

    O papel de mediador das aprendizagens, das interaes e dos cuidados de si, do outro e do ambiente poder exigir do professor novas competncias e habi-lidades. O desafio de possibilitar aprendizagens desafiantes, enquanto a criana desenvolve autoconfiana em suas capacidades e relaes positivas com seus pares e os adultos, implica um professor conhecedor do desenvolvimento e das aprendizagens infantis. E, principalmente, de um educador que aposta nas crian-as e confia em suas capacidades.

    Outro aspecto importante dessa atuao profissional a incluso das fam-lias como parceiras da ao educativa, o que significa ir alm de respeitar a di-

  • 15Guia de Planejamento e orientaes didticas

    versidade, pressupe, acima de tudo, consider-las competentes e interlocutoras em diferentes situaes de aprendizagem propostas para as crianas. Segundo o RCNEI, a valorizao e o conhecimento das caractersticas tnicas e culturais dos diferentes grupos sociais que compem a nossa sociedade, e a crtica s re-laes sociais discriminatrias e excludentes, indicam que novos caminhos devem ser trilhados na relao entre as instituies de Educao Infantil e as famlias.

    Esses novos desafios ao papel do professor demonstram a importncia da reflexo sobre a prtica pedaggica por meio dos instrumentos metodolgicos, tais como: a observao atenta, o registro sistemtico, o planejamento coleti-vo e a autoavaliao efetuada por todos da equipe escolar relativa qualidade educativa oferecida aos alunos.

    Organizao da rotina e as modalidades organizativas do tempo didtico

    Considerando que no indicado atuar com as crianas desta faixa etria em aulas estanques de 50 minutos com alguns poucos minutos de recreio, ser necessrio organizar uma rotina mais flexvel.

    Incorporando a nomenclatura do RCNEI, sugere-se que o tempo escolar pa-ra o 1o ano seja intencionalmente planejado para proporcionar os cuidados de higiene cotidianos, as brincadeiras e as situaes de aprendizagem orientadas. Os eventos da rotina podem se organizar em:

    j atividades permanentes (por exemplo: brincadeiras no espao interno, no externo, cantos de atividades diversificadas, atelis de artes visuais, roda de leitura etc.);

    j sequncia de atividades planejadas e orientadas com o objetivo de pro-mover uma aprendizagem especfica e definida. So sequenciadas com a inteno de oferecer desafios com graus diferentes de complexidade para que as crianas possam ir paulatinamente resolvendo problemas a partir das diferentes proposies. (RCNEI)

    Pode-se pensar, por exemplo, sequncias de atividades para promover entre as crianas as discusses sobre como se organizam os nmeros e como aparecem no mundo, para buscar informaes especficas sobre um fenmeno da natureza noticiado pelos jornais, para conhecer um artista cujas obras sero visitadas no passeio ao museu etc.2.

    2 Silvia Pereira de Carvalho, Adriana Klisys e Silvana Augusto. Bem-vindo, mundo!: criana, cultura e formao de educadores. So Paulo: Peirpolis, 2006.

  • 16 Guia de Planejamento e orientaes didticas

    Outra modalidade de organizao do tempo didtico que tem especial in-teresse para crianas de 6 anos so os projetos didticos, que se caracterizam por serem conjuntos de atividades envolvendo uma ou mais linguagens e pos-suem um produto final que ser socializado para um pblico externo sala de aula. Em geral, possuem durao de vrias semanas.

    A isto, Delia Lerner acrescenta outra caracterstica: para ela, os projetos, mais do que mtodos, so formas de organizar o tempo de modo a articular propsitos didticos e comunicativos, cuja funo social torna as situaes de aprendizagem mais atuais, correspondentes s que so vivenciadas fora da escola. Como exemplo de proposta compartilhada com as crianas (propsito social), produzir e colecionar lbuns de figurinhas, montar coletneas de contos favoritos, gravar fitas com poesias declamadas pelo grupo etc. Desse modo, os projetos articulam objetivos das crianas com os dos professores, objetivos de realizao em conjunto com objetivos didticos, comprometidos com propsitos educativos bastante claros. Os projetos tambm contribuem para aprimorar as relaes em grupo e a organizao de um trabalho cada vez mais autnomo, livre do controle do professor. (RCNEI) (grifos nossos)

    Os cantos de atividades diversificadas

    A introduo da proposta de cantos de atividades diversificadas, na qual as crianas em um determinado perodo do dia podem escolher entre os cantos de livros e o de jogo simblico e de artes visuais, por exemplo, pode colaborar para uma rotina mais apropriada faixa etria atendida.

    Com essa modalidade de organizao as crianas podem vivenciar diferen-tes situaes de aprendizagem, escolhendo, exercitando a autonomia e buscan-do conhecer as prprias necessidades, preferncias e desejos ligados cons-truo de conhecimento e relacionamento interpessoal. importante que esse tipo de organizao favorea o acesso aos mais variados bens culturais, como os proporcionados pela produo literria, informativa e comunicativa, pela pro-duo artstica e pelo conhecimento acumulado sobre a natureza e sociedade.

    Essa proposta tem funo decisiva na formao pessoal e social e na cons-truo da autonomia da criana, uma vez que prescinde de um controle direto do professor. Por outro lado, permite que ele observe mais atentamente os pro-blemas enfrentados pelas crianas, suas dificuldades, aprendizagens, gostos e interesses, o que muito o auxiliar no replanejamento pedaggico.

    Os cantos devem possibilitar:

    j participao em situaes de brincadeiras e jogos nas quais se pode esco-lher parceiros, materiais, brinquedos etc.;

    j participao em situaes que envolvam a combinao de algumas regras

  • 17Guia de Planejamento e orientaes didticas

    de convivncia em grupo e aquelas referentes ao uso dos materiais e do espao;

    j valorizao do dilogo como forma de lidar com os conflitos;

    j valorizao dos cuidados com os materiais de uso individual e coletivo.

    Organizando os cantos de atividades diversificadasO professor programa diferentes propostas jogos de construo, jogos de

    regras, faz-de-conta, desenho, leitura de livros e gibis etc. e organiza a sala em cantos, de forma que as crianas possam percorrer o espao, tomar conhecimen-to das ofertas e decidir por uma delas para comear, podendo ainda desenvolver outras propostas, durante o tempo previsto para a atividade. As crianas podem ajudar o professor a organizar a sala em cantos, mas isso no o libera de tomar decises de carter didtico, tais como:

    j diversificar propostas a cada dia a fim de que as crianas tenham maiores possibilidades de escolha;

    j manter algumas propostas durante um tempo a fim de que as crianas aprofundem conhecimentos e se apropriem dos contedos apresentados;

    j decidir possveis agrupamentos entre as crianas, em uma ou outra ocasio, quando perceber que algum precisa de ajuda e, por outro lado, reconhecer quem pode ajudar;

    j organizar o espao em funo do que espera que as crianas desempenhem: um canto mais aconchegante e acolhedor para atividades que exigem maior concentrao, um outro mais aberto e livre para atividades que pressupem maior movimentao, como alguns jogos;

    j disponibilizar materiais de apoio e suporte para as atividades das crianas, por exemplo, facilitando o acesso aos materiais para quem est no canto de pintura, lousa e ao giz para quem vai fazer placares, registros de jogos etc.;

    j fazer intervenes ajustadas s possibilidades e necessidades das crianas.

    Reorganizao do espao fsico O espao organizado de maneira flexvel e desafiante considerado por

    estudiosos como um segundo educador na educao das crianas no incio da escolaridade.

    O que fazer ento quando h um prdio escolar pronto que no adequado ao funcionamento de uma proposta que amplie as competncias infantis em vez de as limitar? Se a equipe tem uma proposta que realmente est bem construda em direo autonomia e expresso da criana, fazer as adaptaes necessrias no to difcil. Modificar a organizao da sala para incluir, por exemplo, cantos de atividades diversificadas no to difcil quando h boa vontade de todos os

  • 18 Guia de Planejamento e orientaes didticas

    envolvidos. Descobrir outros usos para rea externa, para refeitrios, enfim, se h uma proposta educativa coesa, bem fundamentada, possvel, mesmo com os prdios existentes, construir novos ambientes.

    ... preciso que o espao seja verstil e permevel sua ao, sujeito s modificaes propostas pelas crianas e pelos professores em funo das aes desenvolvidas. (RCNEI)

    Muito importante tambm, como cita o RCNEI, so:

    ... os recursos materiais entendidos como mobilirios, espelhos, brinquedos, livros, lpis, tintas, pincis, tesouras, cola, massa de modelar, argila, jogos os mais diversos, blocos para construes, material de sucata, roupas, panos para brincar etc. ... (RCNEI)

    Acrescenta-se, ainda, a acessibilidade aos materiais, de maneira que as crianas tenham autonomia no uso, alm de cuidados de conservao e subs-tituio regular.

    Contedos e expectativas de aprendizagem

    Considerando que dos objetivos gerais para essa faixa etria faz parte a necessidade de a criana desenvolver uma imagem positiva de si, que possa descobrir e conhecer progressivamente suas potencialidades fsicas, cognitivas e sociais, e tenha a oportunidade de brincar expressando suas emoes, co-nhecimento e imaginao, incluem-se nas expectativas de aprendizagem dois eixos que no figuram com destaque nas sries iniciais do Ensino Fundamental:

    Movimento, jogar e brincar/Cuidar de si, do outroEntende-se neste documento que os contedos so um meio para que a

    criana se desenvolva, aprenda, adquira confiana em suas capacidades e se expresse em diferentes linguagens advindas das seguintes reas:

  • 19Guia de Planejamento e orientaes didticas

    n Lngua Portuguesa

    n Matemtica

    n Cincias Sociais e Naturais (Histria, Geografia e Cincias)

    n Movimento, jogar, brincar/Cuidar de si e do outro

    n Artes

    Os conhecimentos advindos principalmente das cincias, histria e geografia sero desenvolvidos como temas das sequncias de atividades e dos projetos didticos. uma ao pedaggica que integra conhecimentos advindos de dife-rentes reas do conhecimento.

  • 20 Guia de Planejamento e orientaes didticas

    Expectativas de aprendizagem

    Lngua Portuguesa

    As crianas do 1o ano tm o direito de aprender e desenvolver competncias

    em comunicao oral, em ler e escrever de acordo com suas hipteses. Para is-

    so, necessrio que a escola de Ensino Fundamental promova oportunidades e

    experincias variadas para que elas desenvolvam com confiana crescente todo

    o seu potencial na rea e possam se expressar com propriedade por meio da

    linguagem oral e da escrita.

    Fonte: RCNEI MEC Diretrizes Nacionais para a Educao Infantil

    Expectativas de aprendizagem

    Condies didticas e atividades Observar se o aluno

    Comunicar-se no cotidiano

    Criar situaes em que as crianas possam expressar- -se oralmente.

    Expressa oralmente seus desejos, sentimentos, ideias e pensamentos.

    Solicitar relatos sobre episdios do cotidiano, ouvindo com ateno, considerando a criana um interlocutor real.

    Relata fatos que compem episdios cotidianos, ainda que com apoio de recursos e/ou do professor.

    Criar situaes em que a criana tenha que ouvir os colegas, por exemplo, nas rodas de conversa, atentando para os comportamentos necessrios interlocuo.

    Escuta atentamente o que os colegas falam em uma roda de conversa, respeitando opinies, ocupando seu turno de fala adequadamente.

  • 21Guia de Planejamento e orientaes didticas

    Comunicar-se no cotidiano

    Ler para crianas notcias interessantes e solicitar comentrios pessoais.

    Comenta notcias veiculadas em diferentes mdias: rdio, TV, internet, jornais, revistas etc.

    Ler e ensinar para os alunos parlendas, quadrinhas, adivinhas etc.

    Usa o repertrio de textos de tradio oral, tais como parlendas, quadrinhas e adivinhas, para brincar e jogar.

    Tornar observvel para as crianas as rimas e repeties.

    Reconhece e utiliza rimas em suas brincadeiras.

    Ler, ainda que no convencionalmente

    Oferecer oportunidades frequentes de contato com diferentes suportes de texto, tornando observveis as caractersticas lingusticas, estruturais e funo social.

    Identifica parlendas, quadrinhas, adivinhas e outros textos de tradio oral apresentados pelo professor. Ajusta o falado ao escrito a partir dos textos j memorizados, tais como parlendas, quadrinhas e outros do repertrio de tradio oral.

    Propor atividades solicitando que a criana diga onde est escrita determinada expresso e/ou palavra em textos conhecidos.

    Localiza palavras num texto que sabe de memria, tais como as brincadeiras cantadas, adivinhas, quadrinhas, parlendas e demais textos do repertrio da tradio oral.

    Efetuar atividades que envolvam a identificao de nomes das crianas da sala e de nomes em diferentes listas, usando prticas sociais tais como chamadas, elaborao de lista de material para festa etc.

    Localiza um nome especfico numa lista de palavras do mesmo campo semntico (nomes, ingredientes de uma receita, peas do jogo etc.).

  • 22 Guia de Planejamento e orientaes didticas

    Ler, ainda que no convencionalmente

    Tornar observvel a relao entre imagem e texto, chamando a ateno para os recursos que o ilustrador usou para transmitir ideias.Criar situaes em que as crianas possam antecipar os sentidos do contedo dos textos olhando as imagens.Manifestar s crianas suas preferncias e escolhas em relao s leituras.

    Diferencia publicaes tais como jornais, cartazes, folhetos, textos publicitrios etc.Distingue algumas caractersticas bsicas dos textos informativos e jornalsticos e conhece os diferentes usos e funes desses portadores.L legendas ou partes delas a partir das imagens e de outros ndices grficos.Aprecia a leitura e comenta suas preferncias.

    Ler para as crianas diferentes tipos de livros e textos, tornando observveis os procedimentos de leitura para cada tipo de suporte de texto.

    Antecipa significados de um texto escrito a partir das imagens/ilustraes que o acompanham ou marcadores caractersticos de cada gnero.Identifica legendas e levanta hipteses sobre seu significado.Diferencia tipos de livros, literrios, informativos e demais suportes de texto, e sabe nome-los, conhecendo seus usos.

    Apreciar textos literrios

    Ler narrativas e contos para as crianas, tornando observveis as linguagens prprias a este tipo de texto, explicitando os comportamentos e procedimentos leitores.

    Escuta atentamente. Faz comentrios sobre a trama, os personagens e cenrios. Relembra trechos. Consegue relacionar as ilustraes com trechos da histria.

  • 23Guia de Planejamento e orientaes didticas

    Apreciar textos literrios

    Ler para crianas com regularidade textos narrativos literrios.

    Consegue recontar uma histria que ouviu mantendo uma sequncia, recupera trechos da histria usando expresses ou termos do texto escrito.

    Roda de biblioteca. Produo oral com destino escrito.

    Emite comentrios pessoais e opinativos sobre o texto lido.

    Solicitar que as crianas recontem aps ouvir leituras de contos.

    Reconta histrias conhecidas, recuperando algumas caractersticas da linguagem do texto lido pelo professor.

    Produzir textos escritos ainda que no saiba escrever convencionalmente

    Apresenta diferentes gneros por meio da leitura, tornando--os familiares, apontando diferentes funes e organizaes discursivas.

    Usa conhecimentos sobre as caractersticas estruturais das narrativas clssicas ao produzir um texto, ditando ao professor, respeitando as normas da linguagem que se escreve.

    Criar oportunidades de escrita coletiva de bilhetes, cartas e textos instrucionais, tornando observveis suas caractersticas grficas, estruturais e funo social.

    Usa conhecimentos sobre as caractersticas estruturais dos bilhetes, das cartas, e-mails ao produzir um texto, ditando ao professor.

    Criar oportunidades de escrever coletivamente contos, tornando observveis suas caractersticas.

    Antecipa significados de um texto escrito.

  • 24 Guia de Planejamento e orientaes didticas

    Uso de texto fonte para escrever de prprio punho

    Propor jogos nos quais as crianas precisam achar as letras.Apresentar e disponibilizar o alfabeto em letra basto (sem enfeites e desenhos), lista de nomes etc. para apoiar a pesquisa grfica da criana para escrever de prprio punho.Criar oportunidades dirias para que as crianas escrevam seus nomes.Fazer atividades em que os alunos tenham necessidade de utilizar a ordem alfabtica em algumas de suas aplicaes sociais, como no uso de agenda telefnica, dicionrios, enciclopdias etc.Criar oportunidades para que os alunos escrevam listas com funo social real, ainda que no o faam convencionalmente.

    Recita o nome de todas as letras, apontando-as.Associa as letras ao prprio nome e aos dos colegas.Recorre ao alfabeto exposto na sala, quadro de presena, listas diversas etc. para escrever em situaes de prtica social.Escreve o nome prprio e o de seus colegas onde isto se faz necessrio.Produz listas em contextos necessrios a uma comunicao social: lista de ingredientes para uma receita, ttulos de histrias lidas, brincadeiras preferidas etc.Arrisca-se a escrever segundo suas hipteses.

    Matemtica

    As crianas do 1o ano tm o direito de usar seus conhecimentos e habilida-

    des para resolver problemas, raciocinar, calcular, medir, contar, localizar-se, es-

    tabelecer relaes entre objetos e formas. Para isso, necessrio que a escola

    de Ensino Fundamental promova oportunidades e experincias variadas para

    que elas desenvolvam com confiana crescente todo o seu potencial na rea.

    Fontes: PCNs, RCNEI, Matemtica D+ FVC

  • 25Guia de Planejamento e orientaes didticas

    Expectativas de aprendizagem

    Condies didticas e atividades Observar se o aluno

    Usar nmeros no cotidiano e efetuar operaes

    Propor atividades que envolvam o sistema de numerao e o uso dos nmeros em diferentes situaes.Promover sequncias didticas e/ou projetos didticos nos quais as crianas precisem escrever os nmeros (por exemplo, idade, telefone, numerao do calado, peso, altura etc.), auxiliando para que se tornem observveis as regularidades.Garantir que todas as crianas tenham espao, em algum momento, para expor o que pensam e fazem.

    Atribui significado, produz e opera nmeros em situaes diversas, de acordo com suas hipteses.Reflete acerca das regularidades do sistema numrico.Produz escritas numricas, ainda que no seja registro convencional.Sabe ouvir as explicaes de seus colegas, respeitando as diferentes solues encontradas.

    Criar situaes em que as crianas ouam as solues que os colegas acharam para os problemas e reavaliem suas solues, caso seja apropriado. Criar oportunidades de contagens em situaes de prticas sociais reais, por exemplo, usando colees de objetos de interesse das crianas.Verificar como as crianas fazem contagens e que estratgias usam.Possibilitar o uso de jogos de tabuleiro e de regras que necessitem marcar pontos.Criar oportunidades nas quais as crianas tenham que comparar quantidades de forma contextualizada.Propor problemas que envolvam somar e subtrair.Criar situaes-problema envolvendo aes de transformar e acrescentar.

    Incorpora solues quando pertinente.Realiza contagens orais de objetos usando a sequncia numrica.Comunica quantidades, utilizando linguagem oral, notao numrica ou registros no convencionais.Constri procedimentos de agrupamentos a fim de facilitar a contagem e a comparao entre duas colees. Indica o nmero que ser obtido se forem retirados objetos de uma coleo dada.Indica o nmero de objetos que preciso acrescentar a uma coleo para que ela tenha tantos elementos quanto os de outra coleo dada.

  • 26 Guia de Planejamento e orientaes didticas

    Estabelecer relaes entre espao, objetos, pessoas e forma

    Propor situaes em que a criana tenha que se situar no espao, deslocar-se nele, dar e receber instrues de localizao.Propor atividades em que as crianas possam representar a posio de um objeto e/ou pessoa esttica ou em movimento.Propor atividades nas quais as crianas tenham que construir utilizando desenhos de seu itinerrio, solicitando pontos de referncia.

    Identifica pontos de referncia para indicar sua localizao na sala de aula.Indica oralmente a posio onde se encontra no espao escolar e a representa por meio de desenhos.Indica o caminho para se movimentar no espao escolar e chegar a um determinado local da escola e representa a trajetria, por meio de desenhos.

    Explorar diferentes procedimentos para medir objetos e tempo

    Propor atividades nas quais as crianas tenham que medir e/ou pesar usando instrumentos no convencionais e convencionais, tais como fita mtrica, rgua, balana etc.Oferecer atividades em que as crianas precisem calcular, por exemplo, quantos passos preciso dar para chegar a um determinado local etc.Trabalhar diariamente com o calendrio para identificar o dia do ms e registrar a data.

    Compara tamanhos, estabelece relaes.Utiliza expresses que denotam altura, peso, tamanho etc.Pensa e desenvolve estratgias prprias e/ou com colegas para medir, pesar e produzir representaes dos dados encontrados.Identifica dias da semana, meses do ano, horas.

    Cincias Naturais e Sociais (Histria, Geografia e Cincias Naturais)

    As crianas do 1o ano do Ensino Fundamental tm o direito de exercer seu

    pensamento, suas hipteses, conhecendo a vida dos seres vivos e sua relao

    com o ambiente, os fenmenos naturais e sociais e as transformaes que deles

    decorrem. Para isso, a escola de Ensino Fundamental precisa oferecer diferentes

    oportunidades para que a criana pense, estabelea relaes entre o ambiente,

    os seres vivos e os fenmenos naturais e sociais, valorize as diferenas entre

    os povos, para que pesquise com sentido e significado e desenvolva aes pa-

    ra garantir seu bem-estar, o bem-estar do outro e os cuidados com o ambiente.

    Fontes: RCNEI, PCNS

  • 27Guia de Planejamento e orientaes didticas

    Expectativas de aprendizagem

    Condies didticas e atividades

    Observar se o aluno

    Interessar-se e demonstrar curiosidade pelo mundo social e natural .

    Propor sequncias de atividades e/ou projetos didticos que envolvam estabelecer relaes entre o ambiente e os seres vivos, seus modos de vida e as transformaes pelas quais passam.Saber elaborar perguntas instigantes que despertam a curiosidade dos alunos.Considerar o conhecimento das crianas acerca dos assuntos em estudo.Fomentar, entre as crianas, curiosidade sobre a diversidade de hbitos, modos de vida e costumes de diferentes pocas, lugares e povos.

    Acompanha com interesse, participando ativamente das etapas do projeto e/ou sequncia.Busca responder s perguntas, pensando, criando hipteses.Expe suas ideias e modos de resolver problemas.Interessa-se pela maneira de viver de diferentes grupos.

    Estabelecer relaes entre o modo de vida de seu grupo social e de outros grupos no presente e ou passado .

    Apresentar s crianas diferentes fontes para buscar informaes, como objetos, fotografias, documentrios, relatos de pessoas, livros, mapas etc.Estimular o respeito s diferenas existentes entre os costumes, valores e hbitos das diversas famlias e grupos, e o reconhecimento de semelhanas.Proporcionar atividades que envolvam histrias, brincadeiras, jogos e canes que digam respeito s tradies culturais de sua comunidade e de outras.

    Utiliza, com ajuda do professor, diferentes fontes para buscar informaes.Demonstra respeito em relao s diferenas.Interage com as diferentes tradies culturais e as utiliza em suas brincadeiras, jogos e apresentaes.Estabelece relaes entre os fenmenos da natureza de diferentes regies (relevo, rios, chuvas, secas etc.) e as formas de vida dos grupos sociais que ali vivem.

    Criar, a partir de questes instigantes, situaes para que as crianas observem a paisagem e suas variaes, construam novos conhecimentos e os registrem.Utilizar como suporte fotografias, cartes-postais, documentrios, filmes, entrevistas, mapas, que retratem as variaes da paisagem.

    Utiliza, com ajuda dos adultos, fotos, relatos e outros registros para a observao de mudanas ocorridas nas paisagens ao longo do tempo.Registra e representa de diferentes maneiras os conhecimentos construdos.

  • 28 Guia de Planejamento e orientaes didticas

    Identificar paisagens e fenmenos da natureza e sua relao com a vida dos animais e das pessoas .

    Partir do interesse das crianas e/ou instig-las por meio de questes a observar e conhecer formas de vida de animais e pequenos seres vivos presentes no cotidiano que despertem a curiosidade dos alunos.Oferecer oportunidades para que as crianas possam expor o que sabem sobre os seres vivos que conhecem.

    Utiliza a observao direta e com uso de instrumentos, como binculos, lupas, microscpios etc., para obteno de dados e informaes.Registra informaes utilizando diferentes formas: desenhos, textos orais ditados ao professor, comunicao oral registrada em gravador etc.

    Estabelecer relaes entre os seres vivos e seu ambiente .

    Oferecer oportunidades para que as crianas, a partir de questes instigantes sobre a relao entre luz, nutrientes, gua e crescimento de vegetais, acompanhem e cuidem de pequenos vasos na sala ou do cultivo de hortalias no espao externo da instituio.

    Valoriza e desenvolve atitudes de manuteno e preservao dos espaos coletivos e do meio ambiente.Estabelece algumas relaes entre algumas espcies vegetais e suas necessidades vitais.Conhece os cuidados bsicos para o crescimento dos vegetais, por meio da sua criao e cultivo.

    Aprender a cuidar de si no cotidiano, com segurana e autoconfiana, cuidar do outro e do ambiente .

    Criar condies para que as crianas possam atender s necessidades fsicas com independncia.Ensinar e oferecer condies para o autoaprendizado dos cuidados de sade.Tornar observvel para a criana possveis reas de risco, auxili-la a identific-las com cdigos identificadores de perigo.Estimular as crianas a auxiliarem os colegas em situaes cotidianas.Estimular as crianas a economizarem gua.Introduzir hbito de separao de lixo nas salas e na escola.

    Conhece algumas propriedades dos objetos: refletir, ampliar ou inverter as imagens, produzir, transmitir ou ampliar sons, propriedades ferromagnticas etc.Identifica necessidades fsicas e sabe satisfaz--las com independncia. Exemplos: sede, frio, calor etc.Aprende cuidados bsicos de higiene. Exemplo: lavar as mos aps a ida ao banheiro e antes de comer.Movimenta-se com segurana, identificando situaes cotidianas de risco contra sua integridade fsica.Oferece ajuda a um colega quando se faz necessrio.Desenvolve hbitos de cuidados com o ambiente, separao de lixo, economia de gua etc.

  • 29Guia de Planejamento e orientaes didticas

    Artes

    As crianas do 1o ano tm o direito de conhecer a produo artstica e ex-

    pressar sua criatividade compartilhando pensamentos, ideias e sentimentos tam-

    bm por meio de atividades de explorao envolvendo artes visuais e msica,

    reconhecidas como linguagem e conhecimento. Para isso, a escola de Ensino

    Fundamental dever oferecer diferentes situaes de contato com a produo

    artstica, possibilitando o fazer e o apreciar.

    Fontes: RCNEI

    Expectativas de aprendizagem

    Condies didticas e atividades

    Observar se o aluno

    Reconhecer elementos bsicos da linguagem visual .

    Oferecer diversidade de produes artsticas para que a criana as aprecie.Instigar, na observao das obras, a descoberta e o interesse das crianas.Escolher artistas cujas obras sejam significativas para as crianas, quer pelo uso de temas, quer pelas tcnicas e suportes.Pesquisar, junto com as crianas, em livros, internet, museus e ao vivo, com artistas locais, informaes interessantes sobre os artistas e as obras analisadas.

    Identifica algumas tcnicas e procedimentos artsticos presentes nas obras visuais.Aprecia, externando opinies, sentimentos, reprodues de obra de arte em livros, internet, documentrio, museus, casas de cultura, atelis.

    Utilizar elementos da linguagem visual para expressar-se .

    Organizar um espao para dispor os materiais e suportes necessrios produo e criar sistemtica de uso.Promover situaes em que as crianas possam produzir em argila, massa de modelar e demais recursos que permitam a tridimensionalidade.Expor, com esttica e cuidado, as produes das crianas, socializar em roda de conversa, por exemplo, as solues encontradas para produzir com singularidade.

    Desenha, pinta, esculpe, produz colagens, etc., transformando, produzindo novas formas, pesquisando materiais, pensando sobre o que produz.Explora espaos e materiais bidimensionais e tridimensionais em suas produes.Valoriza suas produes e as de seus colegas.

  • 30 Guia de Planejamento e orientaes didticas

    Reconhecer elementos bsicos da linguagem musical .

    Oferecer diversidade de produes musicais para que a criana as aprecie, por meio de CDs e/ou DVDs de apresentaes musicais. Quando possvel, oferecer msica ao vivo.

    Conhece um bom repertrio de msicas, no s infantis, mas populares, clssicas etc.

    Utilizar-se dos elementos bsicos da linguagem para expressar-se musicalmente .

    Instigar, na observao das obras, a descoberta e o interesse das crianas por detalhes sonoros, identificao de instrumentos etc. Escolher artistas cujas obras sejam significativas para as crianas, quer pelo uso de temas, quer pela intencionalidade, diversidade regional.Pesquisar, junto com as crianas, em livros, internet e com o prprio (em caso de artista local), informaes interessantes sobre o artista e sua produo.Organizar um espao para dispor os materiais sonoros necessrios experimentao e improvisaes etc.Propor a construo de objetos sonoros.Propor atividades que tornem observveis altura, timbre, intensidade.Promover situaes em que as crianas apresentem para pblicos diversos as canes que aprenderam e as produes sonoras.

    Identifica detalhes sonoros nas composies musicais.Reconhece diferenas nos ritmos, sons, estilos.Faz arranjos sonoros simples, interpreta, utilizando a voz, sons feitos com o corpo, materiais sonoros convencionais e no convencionais, instrumentos musicais e tecnologia.Explora as diferentes propriedades do som.

    Movimento, jogar e brincar

    As crianas do 1o ano do Ensino Fundamental tm o direito a se movimentar

    cada vez mais com propriedade e segurana, utilizando o corpo para se expres-

    sar, a brincar criando enredos e papis e a jogar cotidianamente na escola. Para

    isso, a escola de Ensino Fundamental precisa oferecer diferentes oportunidades

    para que a criana se exercite, valorize a atividade fsica, adquira autoconfiana,

    brinque s ou com seus pares e jogue em diferentes momentos.

    Fontes: RCNEI, PCNS, OCPMSP

  • 31Guia de Planejamento e orientaes didticas

    Expectativas de aprendizagem

    Condies didticas e atividades

    Observar se o aluno

    Explorar diferentes qualidades e dinmicas do movimento .

    Propor atividades fsicas que envolvam correr, pular e jogar nos espaos externos e internos.Ensinar a jogar com regras jogos tradicionais usando bolas, cordas, tacos etc.Ajudar os alunos a combinarem e cumprirem as regras, a desenvolverem atitudes de respeito e cooperao.

    Desenvolve progressivamente a coordenao, o equilbrio, a fora, a velocidade, a resistncia e a flexibilidade.Percebe e identifica sensaes fsicas, limites e potencialidades de seu corpo.Cumpre os combinados, coopera e respeitoso durante os jogos.

    Ampliar as possibilidades expressivas do prprio movimento .

    Oferecer diversidade de mdias, CDs, DVDs, filmes que envolvam a dana para que a criana aprecie.Oportunizar apresentaes ao vivo, quando possvel.Instigar a observao de diferentes tipos de danas, apoiando a descoberta e o interesse das crianas.

    Usa estruturas rtmicas para expressar-se por meio da dana e outros movimentos.

    Apropriar-se progressivamente da imagem global de seu corpo, construindo autoconfiana em suas habilidades fsicas .

    Tornar observveis para a criana modificaes corporais aps exerccios mais intensos e mais calmos.Propor jogos que envolvam interao, imitao e reconhecimento de partes do corpo.Valorizar as conquistas corporais, incentivar as habilidades motoras.

    Percebe e identifica sensaes fsicas, limites e potencialidades de seu corpo.

    Brincar por conta prpria e interagir com os colegas .

    Organizar espao, materiais e tempo para que a criana brinque diariamente.

    Brinca de faz-de-conta, s ou com seus pares, escolhendo temas, enredos, papis.

    Brincar de jogos de construo .

    Fornecer materiais que favoream jogos de construo, tais como retalhos de madeira, material de sucata etc.Observar as brincadeiras para registrar as capacidades infantis ligadas linguagem oral, s interaes e socializao, intervindo apenas quando necessrio.

    Constri, s ou com amigos, estruturas de blocos de madeira, papelo, pano etc. para brincar de temas variados.

  • 32 Guia de Planejamento e orientaes didticas

    Avaliao das aprendizagens

    A avaliao deve ser um processo formativo, contnuo, que no necessita de situaes distintas das cotidianas. Portanto, o que aqui se apresentou so alguns critrios para que os professores possam melhor analisar e avaliar o que se passa na escola, particularmente o avano dos alunos em relao s expec-tativas de aprendizagem.

    A rotina do primeiro ano e as atividades para ampliaros conhecimentos sobre a linguagem escritaNas classes de Ciclo I, importante que a rotina semanal contemple ati-

    vidades que favoream a aprendizagem de diferentes contedos: aqueles que contribuem para o avano no conhecimento dos alunos sobre a linguagem escrita e aqueles voltados reflexo sobre o sistema de escrita.

    Nesse sentido, organizamos um quadro semanal para servir como sugesto para seu trabalho, sempre lembrando que deve haver flexibilidade na durao das atividades. Nele aparecem indicadas algumas atividades permanentes, que sero detalhadas nos textos seguintes.

    interessante que, em sua rotina semanal, voc reserve momentos para as seguintes atividades:

    n Leitura de contos pelo professor: para aproximar as crianas do universo literrio, organize todos os dias momentos em que voc escolhe um livro para ler para seus alunos.

    n Atividades envolvendo nomes dos alunos: nessas atividades os alunos sero desafiados a ler e escrever seus nomes ou dos colegas da classe. Saber reconhecer os nomes importante, pois tais palavras serviro como modelo para apoiar a escrita de outras palavras.

    n Atividades envolvendo a escrita de prprio punho pelos alunos (escrita de listas, ttulos, legendas e outros textos previamente combinados ou peque-nos textos memorizados): propor atividades em que os alunos escrevam de acordo com suas hipteses de escrita fundamental para que possam refletir sobre o sistema alfabtico. Pela troca de informaes com os cole-gas e contando com intervenes do professor, tais propostas favorecem os avanos na compreenso desse sistema.

    n Atividades envolvendo a leitura dos alunos (localizar palavras em listas, acom-panhar a leitura de textos que se conhece de memria): nessas atividades de leitura, os alunos sero desafiados a localizar palavras ou acompanhar a leitura de textos conhecidos de memria, procurando fazer a correspon-

  • 33Guia de Planejamento e orientaes didticas

    dncia entre o que est escrito e o que dizem em voz alta enquanto reci-tam. Tais atividades permitem que as crianas se utilizem do conhecimento sobre as letras para antecipar o que pode estar escrito em cada parte do texto e verificar se tais antecipaes so pertinentes. So importantes pa-ra ampliar conhecimentos sobre o sistema de escrita, bem como favorecer que aprendam a ler, sem ter de decodificar letra por letra.

    n Atividades de produo de textos a partir do ditado para o professor: inte-ressante que os alunos, mesmo antes de dominarem o sistema de escrita alfabtico, sejam desafiados a produzir textos completos, que cumpram di-ferentes funes sociais. Ao propor que os alunos ditem um texto para que voc o escreva, os alunos compartilham conhecimentos sobre a organiza-o dos diferentes gneros textuais e, alm disso, aprendem importantes procedimentos relacionados composio de textos, tais como planejar previamente o que se quer escrever e revisar aquilo que j foi escrito para tornar seu texto melhor.

    Essas atividades podem ter a seguinte distribuio em sua rotina semanal:

    No 1o semestre:

    2a feira 3a feira 4a feira 5a feira 6a feira

    Atividades diversificadas

    Atividades diversificadas

    Atividades diversificadas

    Atividades diversificadas

    Atividades diversificadas

    Leitura pelo aluno (listas, textos memorizados)

    Projeto: brincadeiras

    Projeto: brincadeiras

    Produo de texto por meio do ditado ao professor: escrita de bilhetes

    RECREIO

    Leitura de contos pelo professor

    Leitura de contos pelo professor

    Leitura de contos pelo professor

    Leitura de contos pelo professor

    Leitura de contos pelo professor

    Atividades de escrita ou leitura de nomes dos colegas

    Escrita pelo aluno: listas, ttulos e outros textos.

    Atividades de escrita ou leitura de nomes dos colegas

  • 34 Guia de Planejamento e orientaes didticas

    No 2o semestre:

    2a feira 3a feira 4a feira 5a feira 6a feira

    Atividades diversificadas

    Atividades diversificadas

    Atividades diversificadas

    Atividades diversificadas

    Atividades diversificadas

    Leitura pelo aluno (listas)

    Projeto ndios do Brasil: conhecendo algumas etnias

    Leitura pelo aluno (parlendas, poemas ou outros textos memorizados)

    Projeto ndios do Brasil: conhecendo algumas etnias

    Produo de texto por meio do ditado ao professor: escrita de cartas

    RECREIO

    Leitura de contos pelo professor

    Leitura de contos pelo professor

    Leitura de contos pelo professor

    Leitura de contos pelo professor

    Leitura de contos pelo professor

    Atividades com nomes dos colegas (escrita ou leitura)

    Escrita pelo aluno: listas, ttulos.

    Escrita pelo aluno: textos memorizados (adivinhas, parlendas etc.)

  • 35Guia de Planejamento e orientaes didticas

    Situaes de leitura e escrita de nomes

    Mesmo que os alunos ainda no saibam ler e escrever convencionalmente, as situaes de leitura e escrita de nomes (o prprio nome ou dos colegas da classe) devem estar presentes na rotina.

    As situaes de leitura de nomes envolvem propostas em que os alunos so colocados diante de uma lista de nomes de crianas da classe e precisam localizar o seu ou o de algum colega. Nas propostas de escrita, espera-se que escrevam convencionalmente seus prprios nomes ou o de colegas da classe.

    No entanto, importante evitar que essas atividades sejam momentos sem sentido, em que se l ou escreve sem outro objetivo que a memorizao da es-crita do nome. fundamental inserir a escrita ou leitura de nomes em propostas significativas para os alunos, ou seja, que ao realiz-las as crianas tenham ob-jetivos claros e compartilhados entre todos. Escrever seu nome para:

    j identificar uma atividade;

    j marcar na lista de presena os nomes das crianas que faltaram naquele dia;

    j escrever seu nome na ficha de um livro retirado na biblioteca da escola.

    Esses so exemplos de situaes que fazem sentido para os alunos, o que uma condio para que contribuam para o avano dos seus conhecimentos.

    O que os alunos aprendem nas situaes de leitura e escrita de nomes

    O nome parte da identidade de cada um e, como tal, tem valor intrnse-co. Por isso, ler e escrever o prprio nome e o de alguns colegas da classe so aprendizagens que carregam um significado emocional importante.

    Alm disso, os nomes assumem grande valor para a aprendizagem do sis-tema alfabtico, pois, a partir de situaes em que preciso ler ou escrever seu prprio nome (ou de algum colega), colocam-se problemas interessantes que contribuem para ampliar os conhecimentos dos alunos sobre a organizao do sistema de escrita alfabtico. Vrias pesquisas comprovam que a lista de no-mes dos colegas da classe uma valiosa fonte de informao para a criana:

  • 36 Guia de Planejamento e orientaes didticas

    j elas indicam que, para a escrita de determinado nome, preciso um con-junto de letras especfico;

    j ao considerar o conjunto de nomes dos colegas, as crianas observam que todos eles so escritos somente com as letras do alfabeto, no h grafis-mos inventados para cada nome;

    j possvel observar que as letras no so partes exclusivas de um nico nome: as mesmas letras podem estar presentes em diferentes nomes de colegas;

    j os nomes tambm tornam explcito que a ordem das letras nas palavras no aleatria e que existe um sentido convencional para a leitura;

    j a leitura e escrita de nomes ajudam a compreender, tambm, o valor sonoro convencional das letras;

    j ao analisar as semelhanas e diferenas entre os nomes dos colegas, as crianas aprendem que um mesmo conjunto de letras, na mesma ordem, remete a determinado nome, ao passo que pequenas diferenas entre os nomes podem remeter a nomes diferentes (como ocorre em FERNANDO e FERNANDA);

    j ao observar essas diferenas, os alunos aprendem a considerar indcios va-riados para realizar a leitura dos nomes: podem usar a quantidade de letras para diferenciar nomes (por exemplo, se h poucas letras mais provvel que seja o nome do PEDRO do que de RONALDO), a quantidade de palavras (MARIA LUSA tem duas partes e MARIANA s uma), a diferena entre as letras (para diferenciar FERNANDO de FERNANDA, por exemplo, preciso observar a letra final).

    Tais situaes tambm so produtivas por problematizar os conhecimentos dos alunos: como devem escrever convencionalmente, a partir delas eles tm a oportunidade de confrontar suas hipteses com a escrita correta. Por exemplo, uma criana colocaria apenas uma letra para cada slaba do nome RODRIGO; no entanto, ao escrever esse nome convencionalmente (por conhecer a palavra de memria ou por t-la consultado na lista de nomes da classe), observa que h mais letras do que espontaneamente colocaria. Esse conflito entre o que deve estar escrito e as ideias das crianas favorece avanos, pois a prpria criana procura compreender o que significam as letras que excedem o que inicialmen-te previra.

    Alm de fonte de conflito, esse conjunto de palavras conhecidas funciona como um importante material de consulta: ao escrever determinada palavra, as crianas aprendem a buscar na lista de nomes dos colegas informaes que lhes permitam escrever de maneira mais prxima da convencional outras pala-vras cuja escrita no dominam. Por exemplo, ao escrever uma lista de frutas, o nome de MANUEL poder ser consultado para a escrita da palavra MA, uma

  • 37Guia de Planejamento e orientaes didticas

    vez que as crianas observam que ambas as palavras se iniciam pelo mesmo som e, portanto, devem ter a(s) mesma(s) letra(s) inicial(is).

    Expectativas de aprendizagem abordadas

    Essa situao didtica favorece avanos dos alunos relacionados seguin-te expectativa:

    Uso de texto fonte para escrever de prprio punho .

    A atividade permite desenvolver as seguintes competncias:

    n Associar as letras ao prprio nome e aos dos colegas.

    n Escrever o nome prprio e o de seus colegas onde isto se faz necessrio.

    n Localizar o nome de um colega (ou o seu prprio) na lista de alunos da classe.

    Ler os nomes dos colegas da classe dicas

    Desde o incio do ano importante que os alunos tenham contato com a lista de nomes dos colegas na forma de um cartaz em que constem todos os nomes e na forma de cartes individuais para cada nome. Tal material deve es-tar em tamanho legvel, mesmo a distncia (sugerimos o uso da letra de forma maiscula), sem outros smbolos que discriminem um nome do outro (desenhos, fotos ou outros materiais de identificao no devem ser includos a esses car-tes ou lista de nomes). Tambm no necessrio mudar a cor da letra para diferenciar nomes de meninos e meninas. Com isso, espera-se que as crianas contem apenas com a diferena entre as letras que compem cada nome para apoi-las em atividades em que tero de localizar seu prprio nome ou o de algum colega. primeira vista, pode parecer que isso dificulta o trabalho das crianas, mas tais cuidados visam garantir que a localizao rpida dos nomes no se torne o objetivo, e sim um desafio para que as crianas, aos poucos, utilizem as letras para diferenciar um nome do outro. Dito de outra forma, espera-se que os alunos usem as letras como indcios ou pistas que lhes permitam ler os nomes, antes mesmo de dominar o funcionamento do sistema alfabtico de escrita.

    Numa determinada classe, por exemplo, se expostas necessidade de ler os nomes dos colegas, as crianas observam que o nico nome da classe a se iniciar pela letra R o do colega RENATO, sendo esse um indcio eficiente para localiz-lo. J a leitura de MARIA LCIA no to simples, pois na mesma classe h tambm MARINA e MARIA ISABEL. Nesse caso, a letra inicial permite locali-zar os nomes dessas meninas, mas no suficiente para saber qual qual. Re-solvendo o problema, algumas crianas observam que o nome de MARIA LCIA

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    tem duas partes, o que o diferencia do nome de MARIANA. Observam tambm que a primeira parte se repete no nome de MARIA ISABEL e, para diferenciar o nome de uma e outra colega, suficiente observar a ltima letra ou a primeira letra da segunda parte (ou palavra) de cada um dos nomes.

    Muitas vezes, as crianas observam essas pistas escritas antes mesmo de compreender que tais diferenas se relacionam ao som associado a cada letra. No entanto, tal possibilidade de discriminao entre palavras contribui para as-sociaes entre sons e letras.

    Se no incio do ano as crianas no contam com essas pistas de leitura, preciso um trabalho constante, intencional e cuidadoso desde o princpio, para que, aos poucos, construam tais ndices. Para que consigam, autonomamente, localizar os nomes na lista e, ao mesmo tempo, justifiquem suas escolhas de maneira adequada (ou seja, expliquem no que se basearam para descobrir que em determinado carto est escrito o nome de certo colega), preciso que di-ferentes situaes ocorram. Voc:

    j l em voz alta o que est escrito nos cartes de nomes. Por exemplo, diz aqui est escrito MANUEL, vou dar esse carto ao Manuel para que ele possa escrever seu nome na atividade. Esse encaminhamento mais fre-quente no incio do trabalho, pois as crianas ainda no contam com ele-mentos que lhes permitam diferenciar um nome do outro;

    j prope momentos coletivos em que pede ao grupo que encontre, na lista, o nome de determinado colega. Nesse momento, faz perguntas como Onde vocs acham que pode estar escrito o nome do Manuel? Para cada respos-ta das crianas pea justificativas para aquela suposio, dizendo Por que voc acha que a est escrito MANUEL? O que fez voc pensar que nessa palavra pode estar escrito esse nome? Com esse encaminhamento, deixa claro que no se trata de uma escolha aleatria, uma adivinhao, mas de usar letras como pistas que permitam localizar o referido nome;

    j prope que uma criana confirme a suposio de outra. Por exemplo, a partir da indicao de um colega, que diz que em determinado carto de-ve constar o nome do Manuel, voc pede ao prprio que diga se a palavra escolhida , ou no, seu nome. Ao mesmo tempo, pede que Manuel ajude os colegas a encontrar boas pistas para localizar seu nome. Muitas vezes, a letra inicial um bom indcio para isso. Em alguns casos, porm, outras letras podem ser consideradas (por exemplo, uma letra que aparece na po-sio central, mas faz parte apenas do nome de uma criana, tal como o Y no nome de MAYRA).

    A colaborao entre os alunos pode dar-se em momentos coletivos, em que todos trocam informaes sobre ndices eficientes para localizar os nomes dos colegas. interessante, porm, que tais momentos sejam mesclados com

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    outros em que a colaborao se d em pequenos grupos (em quartetos ou du-plas), especialmente organizados de acordo com os conhecimentos dos alunos em relao ao sistema de escrita.

    Em outros, ainda, importante que os alunos sejam desafiados a realizar tais leituras individualmente, ou seja, a partir das discusses anteriores, cada criana precisa ter a oportunidade de arriscar a ler seu nome ou o nome dos co-legas, contando com a lista de colegas da classe para consulta.

    Escrever os nomes dos colegas da classe dicas

    Assim como ocorre com a leitura, preciso que os alunos tenham muitas oportunidades de escrita do prprio nome ou do nome dos colegas para que possam faz-lo com autonomia.

    As situaes de escrita do nome diferenciam-se de outras em que as crian-as escrevem de acordo com suas hipteses de escrita (as situaes de es-crita espontnea). No que se refere escrita do prprio nome, espera-se que, o quanto antes, os alunos dominem de memria a escrita convencional, o que lhes permitir utilizar tais palavras em contextos em que a escrita correta se faz necessria: para personalizar suas lies ou desenhos, para identificar objetos que lhes pertencem, para assinalar sua presena etc.

    Em relao escrita do nome dos colegas, no se espera que memorizem todas as escritas, mas que sejam capazes de, com autonomia, localizar cada um deles na lista para copi-los adequadamente.

    No incio, as crianas necessitaro de muito apoio do professor, tanto no sentido de oferecer as condies necessrias para que essa escrita seja possvel, quanto para que a produo se aproxime, cada vez mais, da escrita convencional.

    Inicialmente, voc que oferece os cartes a cada criana para que copiem seus nomes. Essa escrita pode ser proposta de diferentes maneiras: usando letras mveis, escolhendo-as entre todas as letras do alfabeto ou contando apenas com as letras que sero usadas; com lpis e papel; fazendo as duas coisas (primeiro organizar o nome com as letras mveis para em seguida grafar com o lpis).

    Como se trata de uma cpia, h um procedimento que deve ser aprendido aos poucos e com seu apoio. Se, numa primeira cpia, determinada criana no consulta o modelo e escolhe letras aleatoriamente para compor seu nome, vo-c pode propor que observe algumas caractersticas de cada vez. Por exemplo, chama a ateno para o nmero de letras do modelo, pedindo criana que o compare sua produo. O modelo escrito fundamental nesses momentos

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    iniciais, bem como sua interveno que, gradativamente, vai propondo a obser-vao do modelo e a comparao com aquilo que a criana foi capaz de produzir.

    Com o passar do tempo, espera-se que as crianas dominem a escrita de seus nomes de memria. Quando so capazes dessa escrita, o modelo torna-se desnecessrio, mas comum que voc necessite ainda intervir para garantir que a produo dos alunos esteja de acordo com a escrita convencional. Para isso, ao perceber que determinada criana inverteu a ordem das letras ao escrever seu nome, por exemplo, voc a remete novamente ao modelo, para que observe o que deve ser corrigido em sua produo.

    Da mesma forma, quando se trata de escrever o nome de um colega (que no o