gt 004. antropologia da comunicação: teorias, metodologias
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30ª Reunião Brasileira de Antropologia
03 a 06 de agosto de 2016, João Pessoa
GT 004. Antropologia da comunicação: teorias, metodologias e
experiências etnográficas do campo.
Título do Trabalho: Construção de gênero na publicidade: evidências e atualizações
Nome completo e instituição do(s) autor(es): Carolina Vasconcelos Pitanga.
(UFMA)
INTRODUÇÃO:
Este texto pretende localizar a presença de possíveis relações entre
corpo, aparência e consumo, tomando como objeto de análise o conteúdo
veiculado pelas empresas de cosméticos. Para tanto, proponho uma reflexão
mais aprofundada sobre a mídia e a forma através da qual alguns modelos de
aparência e de comportamento são difundidos para o grande público, por
exemplo, através de campanhas publicitárias.
Considerando a diversidade de temas que poderiam ser abordados a
partir de uma coleção de registro de imagens e enunciados, esta análise está
ancorada na tentativa de compreensão sobre como as campanhas publicitárias
constroem socialmente os modos de ser e a aparência dos corpos designados
como femininos, chegando, em certa medida, a delimitar e distinguir os
conjuntos de orientações estéticas e comportamentais associados de forma
naturalizada ao universo feminino1.
Em termos gerais, a publicidade pode ser definida como uma mensagem
difundida através dos diversos tipos de mídias e que tem como principal
objetivo vender um determinado produto ou serviço para um público específico.
As agências de publicidade são responsáveis pela criação e produção de
campanhas com conteúdos visuais (logotipo, outdoors, propagandas de tv,
anúncios em revistas etc.) de marcas e empresas.
Com o excesso de imagens que são veiculadas, no contexto atual, uma
série de recursos visuais e textuais de persuasão e apelo emocional é utilizada
com o intuito de conquistar o espectador/consumidor. (Monnerat, 2003)
Especificamente, busco observar e identificar de que forma as
“mulheres” são apresentadas nas campanhas publicitárias veiculadas durante o
período de comemoração do “Dia Internacional da Mulher”. Considerando as
peças publicitárias da empresa Boticário, referente aos anos de 2011, 2012 e
2014, respectivamente, destaca o conteúdo imagético veiculado sobre a
feminilidade e o conteúdo enunciativo que acompanha as imagens.
1 Utilizo a categoria “feminino”, considerando que a divisão entre “masculino” e “feminino” é um
efeito do discurso pautado no sistema sexual binário. Nesse sentido, o gênero aqui é visto como um efeito de discurso que se materializa em uma enunciação carregada de sentidos.
A publicidade, enquanto mensagem, é construída por um conjunto de
imagens e enunciados que corroboram para a associação entre um
determinado produto ou serviço à uma necessidade ou a um estilo de vida. De
acordo com Erving Goffman (1999), essas imagens são produzidas a partir de
elementos e características advindos da vida cotidiana dos consumidores.
Contudo, o que, de fato, define as campanhas publicitárias é a constante
repetição do conteúdo imagético e textual, nos diversos meios de
comunicação. Nas peças publicitárias, as imagens de um determinado produto
são reforçadas e reiteradas para o espectador, através dos recursos
audiovisuais e com uma linguagem persuasiva.
Dentro das possibilidades de realização de uma análise dos discursos
publicitários, destaco que para Michel Foucault (2008), o conceito de discurso
reúne um conjunto de enunciados (unidade básica que forma um discurso) que
apresenta princípios de regularidade no interior de uma formação discursiva e
possuem um suporte histórico e institucional.
Para os fins desse estudo, enfatizo que o enunciado2 não está restrito às
palavras ou frases, ele pode existir na forma de signos, imagens, gráficos,
símbolos etc.
Qualquer enunciado se encontra assim especificado: Não há enunciado em geral, livre, neutro e independente; mas sempre um enunciado fazendo parte de uma série ou de um conjunto desempenhando um papel no meio dos outros, neles se apoiando e deles se distinguindo: ele se integra sempre em um jogo enunciativo. (FOUCAULT, 2008, p. 114)
Desse modo, o conceito de discurso e de enunciado, dentro da análise
do discurso, torna-se fundamental para compreender as estratégias através
das quais as mensagens publicitárias produzem palavras, sons e,
principalmente, imagens direcionadas às mulheres e como esses conteúdos
são produzidos a partir de significados socialmente compartilhados.
A mídia e o consumo
Atualmente, há uma variedade e uma intensificação da utilização dos
meios de comunicação. Desde as formas mais elementares – como falar,
2 Nas palavras de Foucault, o enunciado é “um grão que aparece na superfície de um tecido de
que é o elemento constituinte; como um átomo no discurso.” (FOUCAULT,2008, p. 90)
gesticular – até o uso de aparelhos portáteis com acesso à internet e que
oferecem a possibilidade de conectar pessoas em diferentes lugares.
As Ciências Sociais, de um modo geral, vem realizando inúmeros
trabalhos sobre os variados meios de comunicação e sobre a importância da
imagem, no âmbito das sociedades contemporâneas. No livro “Desafios da
Imagem: fotografia, iconografia e vídeo nas ciências sociais” (1998),
organizado por Bela Feldman-Bianco e Míriam L. Moreira Leite, as autoras
tratam, especificamente, de refletir sobre a inserção de novos objetos e
métodos na pesquisa realizada dentro das ciências humanas, tentando romper
com perspectivas que tratam a imagem ora como um documento que contém
uma “verdade objetiva”, ora como mero registro de experiência produzida
durante o trabalho de campo.
Em conformidade com essas e outras preocupações relacionadas com
os estudos sobre mídias e representações sobre o gênero, outros autores
(Almeida, 2003; Andrade, 2004; Beleli, 2005; Prado, 1999; Fisher, 2002, 2005,
2007) vem apontando, constantemente, a necessidade compreender as formas
através das quais os produtos visuais são produzidos e percebidos pelos
espectadores.
Iara Beleli (2005) destaca que as mensagens embutidas nas campanhas
publicitárias de cada produto produzem enunciados que servem como um
ligação entre produtor e consumidor e (re)criam, através de formulas diversas,
necessidades de consumo de novos e velhos produtos.
Cada um destes produtos possui centenas de similares e as escolhas, ora automática, ora pensada, são guiadas pela comunicação destas marcas/logos, que podem ser direta ou subliminarmente dirigidas a públicos específicos, uma forma de criar intimidade com o consumidor. Essa intimidade é também adquirida através da promessa de realização dos sonhos que os publicitários pensam ser do consumidor. Um exemplo clássico é a associação mulher e cerveja – produto dirigido particularmente ao público masculino –, pressupondo que a masculinidade está diretamente associada à conquista da atenção do sexo oposto. (Beleli, 2005, p.3)
Portanto, é necessário destacar que o objetivo primordial da publicidade
não está restrito aos esforços de tornar um produto vendável, limitando-se à
(re)criação de mensagens de marcas e produtos. Para Iara Beleli (2005, p.3), a
publicidade pode ser entendida enquanto um difusor cultural. Nesse sentido, o
discurso publicitário torna-se como um meio de apresentação de hábitos de
consumo, onde circulam produtos, marcas/logos, serviços e também ideias
(Knoploch, 1976; Beleli, 2005), veiculando mensagens cruzadas que
reproduzem estilos de vida, hierarquias de valores e modelos de
comportamento. (Canevacci, 2001). Suas mensagens não contêm,
simplesmente, a apresentação da “utilidade” ou o “valor de uso” de
determinado produto. Ali, é possível encontrar imagens de consumo (Sodré,
2009), construídas para a identificação emocional e afetiva dos espectadores,
onde rotinas sobre estilos de vida e subjetividades são reorganizadas pelo
mercado e, mais particularmente, pelas mensagens produzidas pelas mídias.
Ao fazer com que a marca e/ou o produto possua uma dimensão
simbólica, há, implicitamente, um incentivo ao consumo dentro da lógica
espetacular (Debord, 1997; Costa, 2003) que nivela os sujeitos à condição de
consumidores e atualiza a classificação dos sujeitos a partir de suas diferenças
relacionadas com o gênero, classe, etnia ou geração.
De acordo com autores como Jurandir Freire Costa (2005) e Mirela
Berger (2006; 2010), as mídias3, de um modo geral, continuam sendo o agente
principal no sentido de impulsionar e estabelecer as normas e as exigências
para a construção de um protótipo de corpo ideal, jovem e belo. Sobre isso,
Jurandir Freire destaca que:
Os indivíduos, além se serem levados a ver o mundo com as lentes do espetáculo, são incentivados a se tornar um de seus participantes pela imitação do estilo de vida dos personagens da moda. A imitação, contudo, não pode ir longe. A maioria nem pode ostentar as riquezas, o poder político, os dotes artísticos ou a formação intelectual dos famosos, nem tampouco fazer parte da rede de influências que os mantém na mídia. Resta, então, se contentar em imitar o que eles têm de acessível a qualquer um, a aparência corporal. Daí nasce a obsessão pelo corpo-espetacular. (COSTA, 2005, p.230).
Não é por acaso que as marcas que comercializam os mais variados
produtos de beleza costumam utilizar atrizes ou modelos com bastante
visibilidade ou que são importantes figuras dentro do mundo das
3 O conceito de mídia deve ser problematizado, considerando que existem variados tipos de
mídia (por exemplo, televisão, rádio, revistas, cinema). Nesse sentido, a mídia refere-se aos meios de comunicação através dos quais determinados discursos são apresentados. Em relação às campanhas publicitárias, as mídias utilizadas são, simplesmente, os meios de transmitir informações.
“celebridades”. Portanto, pode-se inferir que uma das hipóteses que justificam
a utilização dessas figuras nas propagandas está no fato de que a marca,
através de imagens e vídeos, procura aproximar a imagem reproduzida das
modelos e atrizes aos desejos das consumidoras. Assim, a imagem das
mulheres nas propagandas torna-se uma referência do “belo” e do que “deve”
ser alcançado.
Considerando esse conjunto complexo de imagens e enunciados, torna-
se necessário destacar uma complementaridade entre o cuidado com a
aparência, a publicidade e o consumo, que devem ser examinados como
fenômenos inseparáveis e que se articulam dentro da sociedade ocidental
industrializada. A busca por um corpo belo e saudável, dentro dos padrões
estéticos veiculados pelas campanhas publicitárias, a necessidade de estar
“em forma” e a utilização de cosméticos e outros tratamentos estéticos que
melhorem e valorizem a aparência individual de cada um reforçam a relação
entre os fenômenos citados e nos apresentam uma variedade de possibilidade
de compreender novas subjetividades e fenômenos sociais ainda em curso.
O corpo instaura assim, no rol das diferenças, mais uma, a estética. Num cenário como o nosso, em que a falta de dinheiro pode levar ao descrédito social e a noção de cidadania passa pela inserção no mercado de consumo, inferiorizando as pessoas mais pobres e privando-as, muitas vezes, do acesso à saúde e à alimentação, instaura-se mais uma clivagem, a da aparência física. Essa, inclusive, é indissociável da própria clivagem econômica, pois o corpo perfeito custa dinheiro, requer alimentação diet – sempre mais cara que a comum –, cirurgias plásticas, tratamentos estéticos caros, roupas de ginástica de griffe. Através do corpo reafirma-se mais uma exclusão social: o corpo malhado nas academias, como comentou Boltanski (1979), é diferente do corpo do trabalhador, que é um meio para a atividade e não um fim em si mesmo.(Berger, 2010, p.79)
Se o discurso publicitário propõe a diversidade dos estilos de vida e a
expressão do self através do consumo de vestuário, acessórios e cosméticos,
há certamente uma associação entre o corpo feminino e determinados ideais
valorizados em nossa sociedade tais como: magreza, juventude e
sensualidade. Esses elementos perpassam não só as imagens, mas também
os enunciados proferidos pelos produtores e pelos consumidores da indústria
da moda e da beleza.
Em 1967, foi lançada a primeira publicação do livro A Sociedade do
Espetáculo, de Guy Debord (1997). A partir de uma análise pautada no
pressuposto de que a presença incessante dos meios de comunicação na vida
cotidiana está relacionada com um momento de renovação para expansão
capitalista, Debord destaca que, dentro do que foi intitulado como sociedade do
espetáculo, a imagem teria uma importância fundamental, pois ela se constitui
enquanto forma final de reificação da mercadoria.
Nesse contexto, os estilos de vida, os imaginários dos espectadores são
inseridos no universo das mercadorias através de recursos que associam os
produtos a momento de alegria, gozo, felicidadee sensualidade. Assim, para
este autor, na sociedade do espetáculo, um novo tipo de subjetividade é
vivenciada, na qual o mundo das imagens, da aparência, do simulacro interfere
diretamente nos desejos, fantasias e hábitos dos espectadores, que, por sua
vez, assistem e são influenciados pelos conteúdos produzidos pela publicidade.
Considerando a imbricação entre a sociedade do espetáculo e a busca
por uma aparência pautada por definições socialmente compartilhadas, Debord
afirma que “[...] o espetáculo é a afirmação da aparência. Ele se apresenta
como uma enorme positividade, indiscutível e inacessível. Não diz nada além
de „o que aparece é bom, o que é bom aparece‟”. (Debord, 1997, p.16)
Portanto, em conformidade com os interesses desta pesquisa, essa
leitura sobre os meios de comunicação torna-se importante, pois sugere uma
reflexão mais atenta sobre o processo de veiculação dessas imagens e que
tenta compreender o pano de fundo no qual as campanhas publicitárias se
inserem e influenciam o dia-a-dia dos sujeitos/espectadores.
Mary Del Priore, no texto “Corpo a corpo com as mulheres: as
transformações do corpo feminino no Brasil”, remonta ao processo histórico
que culminou na construção de um corpo feminino ideal, estampado nas
inúmeras edições encontradas nas bancas de revistas. De acordo com a
autora, durante o século XV e XVI a beleza que impressionava era
caracterizada pelos parâmetros renascentistas, onde predominava os cabelos
claros e longos, com ombros fortes, seios redondos e costas sem nenhum sinal
de ossos à mostra. Com a chegada dos primeiros colonizadores no Brasil, o
protótipo de beleza para os portugueses recém-chegados é transferido para a
imagem da mulher indígena, com cabelos escuros e longos e sem o pudor de
mostrar seu corpo.
Nesse contexto, surge, segundo Gilberto Freyre (Freyre apud Del Priore,
2004, p. 257), a imagem da “moura encantada”, que representa um tipo
específico de mulher com cor morena e olhos pretos, com ancas largas e corpo
opulento. Esse era o padrão de beleza sintetizada no corpo das mulheres
brasileiras, celebrado pelos portugueses. Enquanto isso, na Europa moderna,
começam a circular os primeiros livros com receitas de beleza e a criação dos
cosméticos e maquiagem com o intuito de disfarçar e apagar as imperfeições
do rosto e do corpo.
Durante o século XIX, apesar de ainda haver uma ligação entre beleza e
corpos roliços por parte dos brasileiros, o horror à obesidade começava a ser
mais presente, fazendo com que o corpo com gorduras passasse a ser visto
como um corpo negligenciado. Em consequência disso, nos anos 20 e 30 do
século XX, há um discurso higienista que propagava a necessidade de
realização de esportes ao ar livre e uma busca pela “boa forma”. Além disso, a
medicina torna-se um dos principais agentes disseminadores da importância de
uma vida saudável, na qual o envelhecimento e os defeitos físicos seriam
sinônimos de degradação.
A gordura dos corpos era vista em oposição à possibilidade de ter um
corpo leve, livre e rápido.
A obesidade começa a tornar-se um critério de terminante de feiúra, representando o universo do vulgar, em oposição ao elegante. Curiosamente, esbeltez e juventude se sobrepõem. Velhice e gordura, idem. [...] A gordura opunha-se aos novos tempos que exigiam corpos ágeis e rápidos. A magreza tinha mesmo algo de libertário: leves, as mulheres moviam-se mais e mais rapidamente, cobriam-se menos com vestidos mais curtos e estreitos, estavam nas ruas. [...] (Del Priore, 2004, p.262)
Aliado a isso, mais dois momentos contribuíram para a construção do
atual tipo idealizado de corpo feminino. Mary Del Priore apresenta a formação
de um imaginário ligado a duas questões principais: a cor da pele e a forma do
corpo. De acordo com a autora, a Proclamação da República e a chegada dos
imigrantes europeus inaugura a moda da loura (2004, p.262) que exaltava a
pele clara, pois só através do clareamento da pele da população o Brasil
poderia tornar-se o símbolo de uma nação em progresso. O segundo momento
de valorização de um novo padrão corporal para a mulher é a década de 1970,
do século passado, com a chegada das bonecas Barbie e com o advento das
tecnologias de beleza (o que a autora chama de body business). O corpo
passa a ser visto, a partir de então, com uma nova tarefa: a de consumir. As
imagens publicitárias passam a reproduzir padrões de beleza e de saúde que
devem ser alcançados, revelando-os como sinônimos de felicidade individual.
Contudo, se, por um lado, o discurso apresentado pela mídia e pelos
produtores de moda estabelece que atualmente o consumidor pode escolher,
de acordo com suas preferências, sua aparência e a peças do seu vestuário,
por outro lado, pode-se argumentar que há a predominância de determinados
padrões estéticos que são impostos e reproduzidos constantemente não só nas
revistas, mas também em propagandas, na televisão, no cinema.
Beleza e construção social sobre o feminino
Para a realização da análise do conteúdo publicitário selecionado,
destaco a importância do trabalho de Teresa de Lauretis sobre o cinema
enquanto uma tecnologia de gênero. A autora apresenta uma possibilidade de
compreender como as diversas técnicas e códigos especificamente
cinematográficos constroem a mulher enquanto imagem e a representam o
corpo feminino como locus de prazer visual ligado, diretamente, à sexualidade
(Lauretis, 1994, p.221).
De acordo com Teresa de Lauretis,
Pode-se começar a pensar no gênero a partir de uma visão foucaultiana, que vê a sexualidade como uma „tecnologia sexual‟, desta forma; propor-se-ia que também o gênero, como representação e como auto-representação, é produto de diferentes tecnologias sociais, como o cinema, por ex., e de discursos, epistemologias e práticas críticas institucionalizadas, bem como de práticas da vida cotidiana”.(Lauretis, 1994: 208).
Nas propagandas de cosméticos, o que está em jogo não é
simplesmente a venda de um produto, visando o ganho financeiro. Há um
encaminhamento pedagógico e emocional relativo ao dever de cuidar de si e
de como isso deve ser realizado. Programas de televisão, revistas de saúde e
beleza, outdoors de clínicas especializadas em estética, propagandas etc.
constroem certas representações específicas sobre bem-estar, beleza e saúde.
A partir do apelo produzido a partir de imagens e textos diversos, as
campanhas publicitárias, de um modo geral, apresentam a diferença entre o
“masculino” e o “feminino” a partir da idéia naturalizada de que o componente
anátomobiológico é o determinante do comportamento, hábito e até mesmo de
uma possível essência do ser.
Com base nas primeiras observações realizadas a partir da seleção de
algumas peças publicitárias, é possível evidenciar dois aspectos que se
complementam: (1) as imagens das mulheres são, predominantemente,
associadas à emotividade, à relação com o corpo e dentro de uma esfera
doméstica e/ou íntima; (2) a visibilidade das mulheres nas propagandas de
cosméticos (re) afirmam as marcações de gênero e a vinculação da mulher a
determinados papéis sociais, constituídos mediante a representação da
diferença sexual, estabelecida pelo modelo binário de construção do gênero.
Considerando três campanhas publicitárias da empresa O Boticário
produzidas com o intuito de homenagear as mulheres, farei uma breve
descrição das peças publicitárias em blocos, ou seja, conjunto de cenas,
destacando os elementos mais importantes para a análise da narrativa e para
compreensão do conteúdo apresentado.
- “Make B – Coleção Lumiére”
A campanha “Make B – Coleção Lumiére” foi veiculada em homenagem
ao Dia Internacional da Mulher do ano de 2011. Nesse ano, O Boticário estava
lançando a Coleção Lumière de fragrâncias e maquiagem outono/inverno 2011,
que trazia como principal referência o estilo do fim dos anos 70. A coleção foi
lançada durante a 30ª edição da São Paulo Fashion Week. Além da
maquiagem, a coleção era acompanhada de duas fragrâncias: a Accordes
Lumière Silver e a Accordes Lumière Gold.
A peça publicitária dessa coleção é iniciada com uma série de cenas
cortadas que se assemelham às imagens dos bastidores de desfiles de moda.
Sons que parecem o barulho de máquinas fotográficas e a luminosidade dos
flashs vão sendo apresentados enquanto uma mulher aparece sendo maquiada
por outras pessoas e se olhando no espelho. Sombra para olhos, batom, gloss
labial e pó compacto são mostrados em consonância com as partes do rosto da
modelo. Em meio a tudo isso, alguém fala “Nossa, tá linda!”.
O principal maquiador da empresa Boticário, Fernando Torquatto, olha
para a mulher e ela pergunta “O que você acha?”. E ele fala “Tá incrível”.
Alguém com um microfone se dirige apressadamente à mulher, falando: “Vem,
vem.”.
FONTE: Imagens do vídeo “Make B. - Coleção Lumière. O Boticário” do You Tube.
Cena 1: A mulher está sendo maquiada enquanto se olha no espelho.
Cena 2: Ela ultrapassa a cortina e caminha como se estivesse em uma passarela.
O close na mulher e a cena seguinte em que ela passa por uma cortina
continuam sendo acompanhados pelos barulhos dos clicks de máquinas
fotográficas.
Nesse momento, ao passa pela cortina, os sons saem de cena e o que
deveria ser uma passarela é o corredor de um restaurante. Escuta-se o leve
som de uma música ambiente e o cenário agora passa a ser formado por
mesas, cadeiras, uma estante com bebidas (ao fundo).
Um homem a espera no canto direito da tela. A mulher pergunta:
“Demorei?”. E, finalmente, a cena acaba com o olhar do homem para ela.
Aparece a narração em off: “Coleção Lumiére, outono/inverso. Um linha cheia
de luminosidade feita em homenagem ao Dia Internacional da Mulher.”
FONTE: Imagens do vídeo “Make B. - Coleção Lumière. O Boticário” do You Tube.
Cena 3: Ela caminha em direção ao homem, Cena 4: Desfecho com o encontro dos dois.
já no cenário do restaurante.
Considerando as primeiras cenas, tem-se a impressão de que a mulher
é uma modelo que está se preparando para entrar na passarela de algum
desfile. A agitação dos outros ao seu redor e os barulhos contribuem para esse
momento que culmina na entrada da modelo na passarela. Isso é transformado
quando a mulher passa pela cortina e aparece como alguém que acaba de
chegar a um restaurante. O homem a observa enquanto ela caminha.
A peça publicitária, ao mesmo tempo, aproxima e distancia duas esperas
sociais da vida cotidiana – trabalho e relacionamento -, sobrepondo uma
expectativa de atividade profissional sobre outra referente ao aspecto amoroso
a partir do mesmo proposito: estar linda. Esse “estar linda” possui um conjunto
de significados que se referem ao “estar bem produzida”, “preparada para
qualquer ocasião” e “estar apresentável”.
Nesse sentido, torna-se importante destacar a forma como essa
propaganda opera uma união entre a imagem de uma super modelo e a de
uma mulher comum que sai para encontrar com um parceiro. Essa
aproximação torna possível uma conformidade entre os padrões estéticos
associados ao mundo da moda e da propaganda com os almejados pelas
mulheres que admiram e querem ser “belas” como as que aparecem nas
passarelas e capas de revista.
Outro aspecto importante que deve ser destaca nessa peça publicitária é
a beleza que serve para sedução e para conquista do parceiro. Sustentando e
reforçando as noções de que a mulher deve estar bonita, a figura que aparece
na propaganda não mede esforços nos preparativos que antecedem o seu
encontro.
- “Bonita linda”
A campanha “Bonita Linda”, criada pela AlmapBBDO4, começou a ser
veiculada no período que antecede o “Dia Internacional da Mulher”. A
propaganda com o slogan principal “A vida é bonita. Mas pode ser linda” traz o
4 Agência de publicidade brasileira, premiada em diversos festivais. Site:
http://www.almapbbdo.com.br/
anuncio da Fashion Collection que inclui o perfume “Linda” e mais alguns itens
de maquiagem e esmalte lançados no início do ano de 2012. O enredo da peça
é desenvolvido, basicamente, nas cenas em primeira pessoa e na narração das
diferentes situações vivenciadas por uma mulher moderna, em seu cotidiano.
FONTE: Imagens do vídeo “Bonita Linda O Boticário” do You Tube.
Cena: A mulher passa perfume enquanto se olha no espelho. Num ambiente ainda doméstico, ela está com uma roupa simples e sem maquiagem aparente.
Cena: No final da peça publicitária, é assim que ela conseguiu arrancar os olhares de homens e mulheres nos diversos ambientes pelos quais ela circulou. Roupa rosa com paetês, cabelos soltos, levemente ondulados, e maquiagem mais forte com blush, batom e olhos delineados.
Logo no início, a modelo aparece com os cabelos presos, ainda como se
tivesse se preparando para sair. Nesse momento, a voz em off começa “Existe
uma diferença entre estar bonita e estar linda”. A modelo segura o perfume e o
borrifa no pescoço, enquanto se olha no espelho.
Em seguida, a modelo entra numa reunião informal e, com a câmera em
primeira pessoa, três mulheres olham para ela. Na primeira parte, na narração
em off, tem-se “Quando está bonita, você gera assunto”. Logo após, na
repetição da mesma cena, mas com outra postura das três mulheres, a voz off
afirma “Quando está linda, você gera silêncio”. A câmera para e o foco está no
comportamento das mulheres perante a beleza da outra.
FONTE: Imagens do vídeo “Bonita Linda O Boticário” do You Tube.
Cena: Camera em primeira pessoa: mulheres olhando com admiração e a atenção da maioria dos participantes da festa.
Cena: Ao sair do elevador, dois homens a cortejam com olhares.
Na outra cena, a mulher sai do elevador e os rapazes a admiram. Na
próxima cena, voltando para a câmera em primeira pessoas, o cenário refere-
se a um ambiente de trabalho, no qual outras mulheres a observam. A voz off
continua afirmando “Quando está bonita, as mulheres olham com ciúmes.
Quando está linda, ela olham com respeito”. Por fim, a cena final é constituída
pela modelo andando em uma rua bastante movimentada, e a voz off “Quando
está bonita você se sente segura. Quando está linda, você simplesmente se
sente.” “O Boticário. Onde quer que você chegue, chegue linda”
Aqui, destaco duas questões principais: a importância social de “estar
linda”, como requisito para obter uma aceitação social e a apresentação dos
corpos com base na diferença sexual.
Num primeiro momento, a “beleza” está relacionada a uma série de
outras noções como de higiene (cuidado com o corpo, necessidade de parecer
limpa), de boa forma (ter um corpo esbelto e saudável) e de juventude, mas
também está ligada à ideia de sedução, como um atributo indispensável ao
sujeito “mulheres”. A “beleza” distingue uma mulher de qualquer outra, faz com
que ela tenha admiradores, faz com que ela seja o centro das atenções e faz
com que ela tenha uma maior auto-estima.
É a “beleza” que a transforma em algo desejado. Nesse sentido,
“homens” e “mulheres” se comportam de maneira diferente diante da “beleza”.
Na peça publicitária, o fato de “estar linda” transforma ressentimento em
admiração e respeito (no caso das mulheres que as observam) e também
manipula o olhar e o desejo dos homens.
Ao tecer considerações sobre a materialidade dos corpos e a
performatividade do gênero, Judith Butler(2007) afirma que o “sexo” se constitui
a partir de normas regulatórias que constroem a materialidade dos corpos,
produzindo a diferença entre eles, demarcando seus limites e estabelecendo a
diferença sexual, que se coloca a serviço do fortalecimento do imperativo
heterossexual. Sobre isso, destaca que:
Não se pode, de alguma forma, conceber o gênero como um construto cultural que é simplesmente imposto sobre a superfície da matéria – quer se entenda essa como o “corpo”, quer como um suposto sexo. Ao invés disso, uma vez que o próprio “sexo” seja compreendido em sua normatividade, a materialidade do corpo não pode ser pensada separadamente da materialização daquela norma regulatória. O “sexo” é, pois, não simplesmente aquilo que alguém tem ou uma descrição estática daquilo que alguém é: ele é um das normas pelas quais o “alguém” simplesmente se torna viável, é aquilo que qualifica um corpo para a vida no interior do domínio da inteligibilidade cultural. (Butler, 2007, p.154-155)
Nesse sentido, as marcações de gênero tornam-se bastante evidentes
quando se analisa o comportamento e a aparência dos sujeitos focalizados nas
peças publicitárias.
Os longos momentos dedicados aos cuidados corporais, os olhares e
conversas de um grupo de mulheres que observa a chegada da outra e os
jogos de sedução entre homens e mulheres sinalizam alguns aspectos já
bastante conhecidos do que se naturaliza como sociabilidades “masculinas” e
“femininas”. Uma propaganda endereçada para mulheres e que é apresentada
como um tipo de comemoração ao “Dia Internacional da Mulher”, serve tanto
para reiterar como para atualizar alguns modelos de feminilidade percebidos
como constituintes da heteronormatividade.
Apesar de ser uma mulher que circula por vários ambientes, de maneira
que cause a impressão de ser alguém independente, que trabalha e não se
limita às atividades e vivências domésticas, uma das suas grandes
preocupações está ligada à aparência e ao modo como é percebida pelos
outros.
- “Memória”
A peça “Memória”, criada também pela agência AlmapBBDo, foi
veiculada no início de 2014 e apresenta um enredo para divulgação de alguns
perfumes da marca.
FONTE: Imagens do vídeo “Memórias O Boticário” do You Tube.
Cena: O homem tenta lembrar do seu envolvimento amoroso com aquela mulher que se tornou desconhecida.
Cena: A mulher se perfume, antes de ir ao encontro com o marido.
FONTE: Imagens do vídeo “Memórias O Boticário” do You Tube.
Cena: Com o perfume e a presença da mulher, o homem se lembra dela enquanto sua esposa.
Cena: No final, a mulher o abraça calorosamente.
No início da peça publicitária, o homem leva um tombo enquanto joga
boliche e a mulher corre para socorrê-lo. Ele pergunta “Quem é você?”. Eles
chegam à casa, ele olha o cachorro, rever fotos do casamento e não consegue
lembrar. Enquanto isso, a mulher se arruma e borrifa um perfume. Nesse
momento, é como se esse cheiro despertasse todas as lembranças do
passado. Ele lembra do anel de casamento, do beijo e quando ela chega perto
dele, eles se abraçam. A voz em off aparece: “Em homenagem à beleza que
nos inspira: você.”
Nessa propaganda, a noção de “beleza” como um bem que se destaca
entre os atributos físicos de uma mulher aparece de outra forma, realizando
uma reiteração da performance de gênero articulada com ideais de matrimônio
e de dedicação ao companheiro. Assim, focalizar um ambiente mais familiar, os
cuidados da mulher com o corpo e com sua aparência é significativo, pois faz
com que o marido se lembre dela enquanto sua esposa. Basicamente, é a
partir da estimulação do olfato, suscitado pelo perfume, que ocorre resolução
do problema conjugal.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os imperativos que constituem as mensagens publicitárias estão ligados
a dois elementos: beleza e felicidade. O repetitivo convite à felicidade e à
beleza é, de fato, uma regularidade encontrada nas propagandas de
cosméticos. Mas, além disso, o que temos?
Michel Maffessoli, no livro No fundo das Aparências (1996), considera o
corpo e o vestuário como veículos de comunicação. De acordo com ele, a vida
urbana é, atualmente, constituída a partir de uma relação mais próxima com as
superficialidades, com o que se entende por aparência. Em consequência
disso, vivemos num tempo de hedonismo coletivo. Nesse contexto, a moda e a
publicidade são dois campos que se destacam, pois seus objetivos estão
voltados para essa construção e formulação de individualidades e de
aparências pautadas, logicamente, pela imposição do consumo.
No decorrer deste texto, busquei compreender a construção e a
disseminação da imagem de mulher, oferecida pelas peças publicitárias da
empresa O Boticário. Entendendo que a construção das imagens publicitárias
são produzidas com o intuito comercial, quis destacar o conteúdo e a forma
através da qual a imagem da figura feminina é veiculada a partir da análise dos
enunciados que regularmente aparecem nesse tipo de produção audiovisual.
Considerando que a noção de beleza é uma construção discursiva que
perpassa os meios de comunicação, ressalto que as mensagens são dirigidas
para um público através de imagens e enunciados que naturalizam o
comportamento, as atitudes e, mais especificamente, a própria materialidade
dos corpos a partir da diferença sexual entre homens e mulheres.
A beleza enquanto qualidade atribuída a determinadas figuras é
colocado como algo alcançável por qualquer espectadora. A condição para se
tornar “bela” está no imperativo dos cuidados diários com a aparência5. Em
todas as peças, a mulher se olha no espelho, contemplando-se antes do
encontro com outras pessoas. Esse momento é crucial não só por demonstrar
a valorização da auto-estima, mas por colocar a mulher enquanto sujeito
narcísico, que tem o corpo como objeto de desejo numa obsessão pelo objeto
como fantasia de realização.
A presença constante da imagem feminina veiculada pelos meios de
comunicação é apresentada, de modo geral, com base na ideia da imagem da
mulher-objeto (direcionada para os homens – como nos comerciais de cerveja)
e, em outros momentos, entra em cena a mulher- sujeito (figura independente,
que circula entre o ambiente doméstico e profissional e que costuma ser
direcionada como modelo a ser seguido por outras mulheres).
Nas peças publicitárias analisadas anteriormente, há uma
interdependência entre imagens e texto. Os enunciados destacam elementos
que são materializados pela imagem que os exemplificam. Ao contrário do que
costuma ser feitos nos comerciais de cerveja, é possível notar que nas
propagandas de produtos de beleza a mulher é apresentada a partir de outros
aspectos. Nas propagandas veiculadas durante o período de comemoração do
Dia Internacional da Mulher, o cuidado de si, a relação com o espelho e a
preparação que antecede a ida ao trabalho ou a um encontro reforçam os
valores ligados aos imperativos estéticos e comportamentais baseados nas
marcações de gênero.
Com base numa marcação de gênero definida de acordo com o sistema
binário, as peças publicitárias (re)constroem uma naturalização das identidade
feminina a partir de enunciados relacionados à sedução, relacionamentos
amorosos e família. Há, assim, na produção e na disseminação dessas
imagens, o reforço aos protótipos da heterossexualidade compulsória que, por
sua vez, ao mesmo tempo que valorizam e destacam alguns modelos de
relação, por outro lado, inviabilizam e ocultam outras formas de identificação e
de relações. (Butler, 2003)
5 Em sintonia com o hedonismo e com o imperativo dos cuidados com o corpo, Maria Rita Kehl
(2008, p.14) destacar que “os corpos pós-modernos têm que dar provas contínuas de que estão vivos, saudáveis, gozantes.”
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