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Gestor e Pedagogo: Trabalho Articulado para a Melhoria do Processo de Conhecimento

Autora: Maria Aparecida Marques Rocco Rezende1

Orientadora: Regina Maria Zanatta2

Resumo

Este artigo apresenta os resultados da aplicação do caderno pedagógico desenvolvido durante o Programa de Desenvolvimento Educacional PDE 2010, em Pedagogia.O objetivo desse estudo foi desenvolver, pesquisas relativas à organização do trabalho pedagógico,com relação a atuação do Gestor Escolar e do Pedagogo. Em vista disto pretende-se criar condições para que as práticas pedagógicas estejam direcionadas à melhoria do processo de produção do conhecimento levando uma reflexão sobre à função dos profissionais em diferentes áreas para que possam perceber a necessidade de repensar sua prática.Isto se justifica pela constatação da descaracterização destes que assumem ocorrências conflituosas do cotidiano escolar pela maior parte do tempo de seu trabalho, e, consequentemente, secundarizando as funções da sua especificidade pedagógica . Assim, a escola e seus gestores, poderão incrementar a formação dos alunos, para que possam enfrentar com criticidade e coerência, os problemas complexos da sociedade.A metodologia utilizada para o desenvolvimento do trabalho, foi a pesquisa bibliográfica, para compreensão das práticas pedagógicas, da função do Pedagogo e do Gestor. Destacou-se formas efetivas para o exercício destas funções numa perspectiva transformadora.Para tanto, optou-se por desenvolver o caderno pedagógico, utilizando-se de texto de fundamentação teórica e sugestões de atividades que pudessem no decorrer do seu desenvolvimento propiciar reflexão e sugestão de mudança na prática do processo educacional.

Palavras-chave: gestor;pedagogo;conhecimento;educação; democrática.

____________________1Pós-Graduação, Planejamento Educacional, Pedagogia, Col. Est. Malba Tahan – E.M.2Doutorado em F.E. USP; UEM, Docente e Chefe Adjunta do D.F.E.

1 Introdução

Trata-se o trabalho de reflexões e pesquisa sobre a ação e função do

Pedagogo e do Gestor escolar na organização escolar, dada a complexidade e

especificidade das atuações, criando condições para que as práticas pedagógicas

desenvolvidas estejam direcionadas primordialmente ao sucesso do processo de

produção de conhecimento. Tal peculiaridade requer ação significativa do Gestor e

Fundamentado em princípios da Teoria Histórico-Cultural, considera a

aquisição de conteúdos como condição primordial para a humanização e a escola

como espaço instituído para promover o acesso da cultura da humanidade.

Para se compreender melhor o papel da escola, é necessário entender que o

indivíduo não se apropria espontaneamente dos conhecimentos acumulados pela

humanidade, para que o homem possa humanizar-se necessita passar por um

processo educativo.

À instituição escolar cabe a responsabilidade pela transmissão desses

conhecimentos, num processo intencional e planejado, em que o professor é o

mediador entre o saber e o aluno.

Para a Teoria Histórico-Cultural, o ponto central do processo de

aprendizagem é a formação do pensamento conceitual. Vygotsky mostra a diferença

entre os conceitos espontâneos-adquiridos pela ação direta da criança sobre a

realidade que a cerca e os conceitos científicos, os quais necessitam de situações

formais de ensino para serem apropriados pela criança. Um aluno jamais aprende

um conteúdo científico pelos mesmos processos que se aprendem os conteúdos do

cotidiano.

Assim sendo, o grande foco do Gestor e do Pedagogo é à aprendizagem do

aluno, a parceria dos dois é uma das mais relevantes na construção de uma escola

de qualidade. Para isso, eles precisam estar sempre muito afinados para avançar,

pois a organização da escola é coletiva.

Assim, o papel do Pedagogo deve estar articulado aos saberes profissionais

da escola para que se promova o trabalho da coletividade, contudo esta não é ainda

a realidade de todas as escolas, pois em algumas ainda há divisões em suas ações

numa perspectiva de especializações /habilitações (supervisores e orientadores).

Desta forma cabe ainda refletir sobre outra dimensão, em que a equipe

pedagógica muitas vezes é na escola ao mesmo tempo: o arbitro de brigas após o

recreio, o disciplinador dos alunos que precisam ser colocados para fora da sala de

aula, o enfermeiro, o substituto do diretor e dos professores faltosos, o sujeito que

pode fazer pesquisa sobre o que o professor não encontra e ainda há uma infinidade

de outras tarefas que ficam por conta dos Pedagogos.

Muitas vezes esta situação é causada pela precariedade de provimento de

pessoal na escola, por outro lado também isto revela falta de compreensão por parte

do profissional da escola sobre o sentido do trabalho da organização pedagógica.

Portanto, refletir sobre a fragmentação do trabalho pedagógico na atual

conjuntura é repensar cuidadosamente no papel que os Especialista da Educação

têm no sentido de buscar uma escola de qualidade e democrática.

Por isso, com este trabalho buscou compreender as funções sobre as

práticas pedagógicas, identificando formas efetivas de exercer seu papel numa

perspectiva transformadora.

Este trabalho foi desenvolvido com diretores e pedagogos em encontros

marcados durante o período em que se reuniam para planejarem suas práticas

pedagógicas,para um embasamento teórico da função do pedagogo e gestor, com

enfoques em textos e questões para reflexão do desenvolvimento do trabalho

pedagógico de ambos.Aos pedagogos e diretores foram indagados antes de

iniciarem este trabalho. Refletir sobre a fragmentação do trabalho pedagógico na

atual conjuntura ou, repensar cuidadosamente sobre o papel dos gestores, seria o

caminho para se buscar uma escola de qualidade? Diretores e Pedagogos devem

juntos estar voltados para práticas que pressupõem uma gestão democrática na

organização do trabalho pedagógico da escola? Mesmo atuando em diferentes

funções?Como estabelecer um perfil dos gestores dentro de um novo contexto, para

que exerçam sua função específica, ao invés de ficarem ocupando a maior parte do

seu tempo atendendo ocorrências conflituosas em detrimento das de cunho

pedagógico?

De que forma Pedagogos e Diretores podem contribuir para o

desenvolvimento do homem social e o processo de produção de conhecimento, com

o objetivo de prepararem cidadãos capazes de serem inseridos em uma sociedade

que está em constante desenvolvimento e transformação?

Sendo assim, durante todo o processo de implementação, procurou-se

desenvolver estudos relativos à atuação e relativos à atuação e organização do

trabalho pedagógico do Gestor Escolar e Pedagogos, refletindo a função de ambos

em suas diferentes áreas, numa visão transformadora da educação, da formação do

homem social, consciente da sua importância enquanto partícipe na construção do

mundo em que vive.

1.1 FUNÇÃO DO PEDAGOGO

Para Saviani (1985) a pedagogia significa condução à cultura, isto é, processo

de formação cultural.

Já Libâneo (2007) relata que Pedagogia é um campo de conhecimentos sobre

a problemática educativa na sua totalidade e historicidade e, ao mesmo tempo, uma

diretriz orientadora da ação educativa.

Ainda:

“Pedagogia é, então, o campo do conhecimento que se ocupa do estudo

sistemático da educação, isto é, do ato educativo, da prática educativa concreta que

se realiza na sociedade como um dos ingredientes básicos da configuração da

atividade humana”.

Também afirma que:

“Mas é certo, também, que a Pedagogia não pode ficar presa ao referencial conceitual moderno” e, por isso, precisa reconfigurar ou reconceituar seus temas diante das novas realidades do trabalho produtivo, dos avanços tecnológicos, na mudança dos paradigmas do conhecimento, das mudanças no entendimento das formas de vida política e da democracia, das recentes pesquisas sobre inteligência humana etc.' (LIBÂNEO, 2007, p.100)

E Saviani assim define o pedagogo:

“Pedagogo é aquele que possibilita o acesso à cultura, organizando o processo de formação cultural. È, pois, aquele domina as formas, os procedimentos, os métodos através dos quais se chega ao domínio do patrimônio cultural acumulado pela humanidade (…) A palavrapedagogia traz sempre ressonâncias metodológicas, isto é, de caminho através do qual se chega a determinado lugar. Aliás, isto já está presente na etimologia da palavra: conduzir ( por um caminho)até determinado lugar” (1985, p. 27).

Assim:

“Empenhem-se no domínio das formas que possam garantir “as camadas populares o ingresso na cultura letrada, vale dizer, a apropriação dos conhecimentos sistematizados. E, no interior das escolas, lembrem-se sempre que o papel próprio de vocês será cada educando, em especial aqueles das camadas trabalhadoras, não veja frustrada a sua aspiração de assimilar os conhecimentos metódicos incorporando-os como instrumento irreversível a partir do qual será possível uma nova qualidade “as suas lutas no seio da sociedade.” (1985, p. 28)

Sendo assim, pedagogo é aquele que é detentor das formas, procedimentos,

métodos, organização de conteúdos para que se tornem assimiláveis, através dos

quais se chega ao domínio do patrimônio cultural acumulado pela humanidade.

Partindo desses pressupostos o pedagogo não pode se desviar de seu

principal papel que é a difusão do saber sistematizado, isto é, aquele de caráter

científico, sendo o desvio hoje regra em nossas escolas.

O pedagogo deve ser um estudante pesquisador para aperfeiçoar e poder

contribuir na ação pedagógica do professor, e assim desempenhar sua função na

organização do trabalho pedagógico embasado em mudanças transformadoras.

Com o conhecimento assumindo novas configurações, a tarefa do pedagogo

também se tem modificado, abrindo um leque de atuação cada vez maior, e assim

necessita diagnosticar as novas necessidades em função de cada contexto, sendo

que o objeto do trabalho do pedagogo deve ser sempre o processo de produção de

conhecimento.

Para tanto, serão abordados alguns aspectos essenciais, possibilitando uma

melhor trajetória do pedagogo, pois as ações de administrar, de orientar e de

supervisionar acompanham a humanidade desde os primórdios, e como um

profissional com características indefinidas. Sua formação no curso de Pedagogia,

não apresenta uma função clara a respeito da sua atuação, atravessa diversas

mudanças, desde formação geral a habilitações específicas.

A origem da orientação educacional nos EUA coincide com o

desenvolvimento da sociedade capitalista de classes sociais. Assim, a orientação

profissional é consequências das mudanças científicas, tecnológicas e industriais

das últimas décadas do século XIX, que assinalaram profundas transformações

estruturais na sociedade.

Na França, a orientação se desenvolveu nas escolas como um serviço de

psicologia escolar, cuja finalidade era conhecer a escola normal, a criança comum.

O profissional dessa área efetivamente se chamava psicólogo escolar, era tudo

realizado através de aplicação em testes.

Estas duas experiências de orientação constituem a base da orientação

educacional em nosso país. Ela é mais aplicada nas escolas particulares, definida

como ajuda ao adolescente e contribuição social.

Quanto à função do supervisor, ele vai aparecer aqui no Brasil na década de

20. Assim a supervisão educacional, enquanto habilitação em nível de formação,

surge no Brasil com o Parecer 252/69 reformulando o curso de pedagogia, criando

as habilitações.

O orientador educacional surge desde a década de 20, passando por

diversos períodos históricos. De 1920 a 1941, Período Implementador, devido o

contexto socioeconômico-cultural voltado à industrialização, a orientação

educacional esteve voltada para a orientação profissional.

De 1941 a 1960, Período Institucional, há a exigência legal da orientação

educacional nas escolas. A orientação sofre mudanças na década de 60 com a

influência da psicologia humanista e do movimento escolanovista, ressaltando a

importância da escola na mudança de socialização.

Pode-se afirmar que no Brasil a orientação tem seus pressupostos técnicos

iniciais na concepção tradicional da educação.

O Período Transformador, de1961 aa 1970, apresenta a orientação

educacional com um caráter preventivo, utilizando técnicas de dinâmica de grupo.

Com a Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961(Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional ( LDB) , verifica-se a orientação educacional em destaque,

quando estabelece normas para a formação do Orientador Educacional, citando

implicitamente a Orientação Vocacional em vários artigos.

Já a Lei nº 5.540, de 28 de novembro de 1968, que reforma o ensino superior,

no seu artigo 30, cita que “o preparo de especialistas destinadas ao trabalho de

planejamento, supervisão, administração, inspeção e orientação no âmbito de

escolas e sistemas escolares, far-se-á em nível superior.” Com a homologação da lei

nº 5.564, de 21 de dezembro de1968, o orientador educacional é o único em termos

das especializações que tem características de profissão regulamentada pela

referida lei.

De 1971 a 1980, Período Disciplinador, com a Lei 5692/71 fixa a orientação

educacional sujeita a obrigatoriedade, sendo a área da Orientação Vocacional mais

privilegiada conforme os dispositivos legais. O artigo 33 da mesma lei define a

formação dos especialistas: a formação de administradores, planejadores,

orientadores, inspetores, supervisores e demais especialistas da educação será feita

em curso superior de graduação, com duração plena ou curta, ou de pós-graduação

(art. 33, cap.V ,LDB 5.692/71).

Neste período estava em alta a Tendência Tecnicista, na qual o supervisor

tem sua função fragmentada no trabalho pedagógico, voltada à reprodução da

sociedade capitalista. Aqui acontece a consolidação do capitalismo urbano industrial,

cujos princípios norteadores giram em torno da produtividade, da eficiência e da

eficácia, o que gerou a divisão entre teoria e prática, sendo a função do supervisor

assistir tecnicamente e didaticamente ao professor no sentido de que se alcance a

melhor produtividade possível no trabalho com os alunos. O supervisor planeja

aulas para o professor e este obedece sem questionar.

Seguem-se também as teorias da Psicologia, sendo que o orientador deve

dar conselhos aos alunos, procurando ajustá-lo ao modelo de família, escola e

sociedade do sistema capitalista, cujo objetivo é formar o aluno para o mercado de

trabalho. Logo após vai se propondo a extinção dos especialistas da escola como

forma de superação entre os que pensam (especialistas) e os que executam a

educação (professores) e, consequentemente a democratização do processo de

trabalho.

Assim surge a Tendência Progressista, com o objetivo de resgatar o trabalho

pedagógico em sua totalidade, refletindo sobre as relações de poder estabelecidas

no interior das escolas, buscando a superação da dicotomia entre teoria e prática,

promovendo uma articulação maior entre os profissionais da educação. Articulação

pautada num repensar conjunto sobre a construção do conhecimento e sua

aplicação na prática social e resgatar o que há de comum entre as diferentes

funções, ou seja, a produção de conhecimento comprometido com

transmissão/assimilação crítica do saber historicamente acumulado pela

humanidade ao conjunto dos trabalhadores, visando assim, a formação do homem

social, consciente de sua importância enquanto partícipe na construção do mundo

em que vive.

A nova LDB, surge com a promulgação da Lei 9394, de 20 de dezembro de

1996, e no seu art. 64 define que, “ a formação de profissionais de educação para

administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a

educação básica, será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de

pós-graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base

comum nacional.

É o Curso de Pedagogia que forma os Especialistas em Educação, sendo

sua base profissional a docência. O administrador escolar é o Diretor, numa

perspectiva de trabalho coletivo. O gestor aqui envolve a comunidade escolar para

elaboração e execução do projeto político pedagógico da escola, discutindo o dia -a-

dia da escola em todos os sentidos.

Nesse processo é necessário que se faça a conscientização junto aos

professores, no sentido de reverem sua postura e se atualizarem para melhor

exercerem sua função de agentes de transformação, buscando sempre a qualidade

do ensino, em função da emancipação do aluno.

O supervisor educacional deve estar comprometido com o trabalho coletivo e

voltado às questões sociopolíticas da educação. Não deve se limitar ao controle ou

ao repasse de técnicas aos professores, mas deve ter a finalidade de oferecer-lhe

assessoramento teórico-metodológico diante dos problemas educacionais do

cotidiano, devem ser criados momentos de reflexão teórico-prática, com o respaldo

da fundamentação teórica, numa visão do ato de ensinar e aprender como algo

articulado.

Já o orientador educacional, nas teorias educacionais críticas o compromisso

está relacionado à dimensão coletiva que favorece o desenvolvimento social do

aluno. Seu objetivo deve ser da articulação currículo-sociedade, homem-natureza,

homem-sociedade, escola-trabalho, escola-vida, fazendo uma leitura crítica

permanente da sociedade e do mundo, procurando ir além dos aspectos individuais

do aluno, para envolvê-lo nos aspectos políticos e sociais do cidadão.

Sendo o orientador educacional um ser político no cotidiano da escola, deve

trabalhar com a realidade buscando superar o senso comum através do

conhecimento cientifico. Assim é necessário sua participação na elaboração e

implementação do projeto político pedagógico

da escola em que atua, de tal forma que se faça agente mediador entre o trabalho

escolar e a prática social global, almejando sempre a emancipação dos alunos

enquanto sujeitos históricos, buscando subsidiar o professor com conhecimento

acerca do cotidiano escolar, de forma que este compreenda importância das

relações estabelecidas e suas consequências no processo de produção de

conhecimento.

Nos últimos anos, diversas mudanças de atribuições de competências vêm

ocorrendo na função dos pedagogos, são elas de ordem institucional, de legislação,

e outras, sendo que na escola pública do Estado do Paraná, em cumprimento da lei

complementar nº 103/2004, o termo agora utilizado é de professor-pedagogo, e não

havendo mais divisão de função entre especialista/habilitações.

Destaca-se desse modo a necessidade do Pedagogo assumir a sua função

política, ultrapassando os limites do muro da escola e se envolvendo com a

comunidade. Trata-se de uma escola que, procurando resgatar a vida do aluno, a

aprendizagem, exige a ação dos educadores no sentido de que não mais legitimem

a perpetuação das desigualdades, e sim contribuam para a construção de uma

escola comprometida com os interesses da maioria democrática, instituindo a

participação de seus membros na tomada de decisões e ações, sustentada pelo

projeto politico pedagógico, construído por todos os envolvidos no processo escolar,

inclusive com a participação da comunidade e das instâncias colegiadas.

Libâneo relata que:

“Pedagogo é o profissional que atua em várias instâncias da prática educativa, direta ou indiretamente ligadas à organização e aos processos de transmissão e assimilação ativa de saberes e modo de ação, tendo em vista objetivos de formação histórica. Em outras palavras, pedagogo é um profissional que lida com fatos, estruturas, contextos, situações, referentes à prática educativa em suas várias modalidades e manifestações.” ( 2007,p.33)

Também:

“A atuação do pedagogo escolar é imprescindível na ajuda aos professores no aprimoramento do seu desempenho na sala de aula (conteúdos, métodos, técnicas, formas de organização da classe), na análise e compreensão das situações de ensino com base nos conhecimentos teóricos, ou seja, na vinculação entre as áreas do conhecimento pedagógico e o trabalho de sala de aula.” (2007,p.61)

É de fundamental importância a participação dos Pedagogos na busca de

metodologias adequadas ao tipo de clientela, refletindo sobre a maneira como

devem ser ministrados os conteúdos e com que finalidade, sem deixar de enfatizar a

necessidade de que a escola transmita à totalidade dos alunos o máximo de

conteúdos, ao invés de afrouxá-los. A escola deve representar para as classes

populares, o único acesso ao saber valorizado socialmente.

O trabalho do pedagogo, deve se configurar nesses termos, como um

coordenador de ensino que dê suporte teórico e técnico ao professor, enquanto

mediador do encontro entre os alunos e as matérias de estudo.

A importância do professor pedagogo para a organização pedagógica escolar

é fundamental, e no ano de 2000, unificou-se as funções dos especialistas,

passando de Supervisão Escolar e Orientação Educacional para Equipe

Pedagógica, cargo a ser ocupado pelo então denominado “Professor Pedagogo”,

não diferenciando uma ou outra função.

O Edital nº 37/2004 da Secretaria de Estado da Educação, descreve as

atividades genéricas do professor pedagogo nos estabelecimentos de ensino da

rede estadual. Neste edital, integra-se a Educação Infantil, a Educação Profissional,

o Ensino Fundamental e o Ensino Médio. Inicia-se o pedagogo com coordenação e

elaboração coletiva do Projeto Político Pedagógico e do plano de ação da escola e à

efetivação das ações propostas nos planos.

Dando seguimento é pertinente destacar as atividades que são de

competência de realização genérica do professor pedagogo, conforme estabelecidas

no edital nº10/2007-GS/SEED, nos Estabelecimentos de Ensino de Educação

Infantil, Educação Profissional ,Ensino Fundamental e Ensino Médio na Rede

Estadual do Paraná :

Coordenar a elaboração coletiva e acompanhar a efetivação do Projeto Político-Pedagógico e do Plano de Ação da Escola; coordenar a construção coletiva e a efetivação da Proposta Pedagógica Curricular da Escola, a partir das Políticas Educacionais da SEED/PR e das Diretrizes Curriculares Nacionais e Estaduais; promover e coordenar reuniões pedagógicas e grupos de estudo para reflexão e profundamento de temas relativos ao trabalho pedagógico e para a elaboração de propostas de intervenção na realidade da escola; participar e intervir, junto à direção, da organização do trabalho pedagógico escolar no sentido de realizar a função social e especificidade da educação escolar; sistematizar, junto à comunidade escolar, atividades que levem à efetivação do processo ensino e aprendizagem, de modo a garantir o atendimento às necessidades do educando; participar da elaboração do projeto de formação continuada de todos os profissionais da escola e promover ações para a sua efetivação, tendo como finalidade a realização e o aprimoramento do trabalho pedagógico escolar; analisar as propostas de natureza pedagógica a serem implantadas na escola, observando a legislação educacional em vigor e o Estatuto da Criança e do Adolescente, como fundamentos da prática educativa; coordenar a organização do espaço-tempo escolar a partir do Projeto Político-Pedagógico e da Proposta Pedagógica Curricular da Escola, intervindo na elaboração do calendário letivo, na formação de turmas, na definição e distribuição do horário semanal das aulas e disciplinas, da hora-atividade, no preenchimento do Livro Registro de Classe de acordo com as Instruções Normativas da SEED e em outras atividades que interfiram diretamente na realização do trabalho pedagógico; coordenar, junto à direção, o processo de distribuição de aulas e disciplinas a partir de critérios legais, pedagógicos e didáticos e da Proposta Pedagógica Curricular da Escola; organizar e acompanhar a avaliação do trabalho pedagógico escolar pela comunidade interna e externa; apresentar propostas, alternativas,sugestões e/ou críticas que promovam o desenvolvimento e o aprimoramento do trabalho pedagógico escolar, Projeto Político-Pedagógico, a Proposta Pedagógica Curricular, o Plano de Ação da Escola e as Políticas Educacionais da SEED; coordenar a elaboração de critérios

para aquisição, empréstimo e seleção de materiais, equipamentos e/ou livros de uso didático-pedagógico, a partir da Proposta Pedagógica Curricular e do Projeto Político-Pedagógico da Escola; participar da organização pedagógica da biblioteca,assim como do processo de aquisição de livros e periódicos; orientar o processo de elaboração dos Planos de Trabalho Docente junto ao coletivo de professores da escola;subsidiar o aprimoramento teórico-metodológico do coletivo de professores da escola,promovendo estudos sistemáticos, trocas de experiência, debates e oficinas pedagógicas;organizar a hora-atividade do coletivo de professores da escola, de maneira a garantir que esse espaço-tempo seja utilizado em função do processo pedagógico desenvolvido em sala de aula; atuar, junto ao coletivo de professores, na elaboração de propostas de recuperação de estudos a partir das necessidades de aprendizagem identificadas em sala de aula, de modo a garantir as condições básicas para efetivação do processo de socialização e apropriação do conhecimento científico; organizar a realização dos Conselhos de Classe, de forma a garantir um processo coletivo de formulação do trabalho pedagógico desenvolvido pela escola e em sala de aula, além de coordenar a elaboração de propostas de intervenção decorrentes desse processo; informar ao coletivo da comunidade escolar os dados do aproveitamento escolar; coordenar o processo coletivo de elaboração e aprimoramento do Regimento Escolar, garantindo a participação democrática de toda a comunidade escolar; orientar a comunidade escolar na proposição e construção de um processo pedagógico numa perspectiva transformadora; ampliar os espaços de participação, de democratização das relações, de acesso ao saber da comunidade escolar; participar do Conselho Escolar, subsidiando teórica e metodologicamente as discussões e reflexões acerca da organização e efetivação do trabalho pedagógico escolar; propiciar o desenvolvimento da representatividade dos alunos e sua participação nos diversos momentos e órgãos colegiados da escola; promover a construção de estratégias pedagógicas de superação de todas as formas de discriminação, preconceito e exclusão social e de ampliação do compromisso ético-político com todas as categorias e classes sociais.

Embora o Estado tenha avançado muito em termos de políticas públicas

educacionais, ainda hoje, o pedagogo exerce dualidade funcional em seus papéis,

fazendo com que os profissionais se desvinculem de sua função para assumir outras

atribuições determinadas por ordem superior ou ocasionadas no próprio cotidiano

escolar, tornando-os confusos quanto à especificidade do trabalho a ser

desempenhado por eles, gerando uma desmotivação profissional e organizacional,

pois no dia-a-dia eles passam a maior parte do tempo buscando resolver situações

de conflitos que surgem repentinamente, levando-os ao desgaste físico e emocional.

Tais situações acabam deixando em segundo plano o objeto maior que é a

preocupação com a efetivação do ensino – aprendizagem, tornando-se um ponto de

apoio às demais funções da escola. Embora não reconhecido em sua

especificidade, acaba muitas vezes sendo influenciado pela prática do imediatismo,

socorrendo os problemas emergenciais. Assim, torna-se apenas um substituto em

carências, faltas funcionais, ocorrências disciplinares, infracionais e administrativas,

cumpridor de atividades corriqueiras do cotidiano, tempo que poderia ser estendido

para organização e acompanhamento do trabalho pedagógico.

Os Pedagogos são profissionais necessários nas escolas e devem atuar nas

atividades voltadas ao ato educativo, estando sempre ligados à organização e aos

processos de transmissão/assimilação, de forma a consolidar um projeto político

pedagógico de emancipação das camadas populares, coerente, de forma que todos

os envolvidos no processo de ensino e aprendizagem possam ter conhecimento de

todas as suas funções que são exercidas na escola e também competência para

direcionar as ações, assumindo com responsabilidade a sua área ou função

específica.

O seu atual objetivo é a formação humana, contextualizada historicamente,

também deve prestar assistência didático-pedagógica aos professores, lembrando

que ele não tem obrigatoriedade de ter domínio de todos os conteúdos e métodos

das disciplinas. Sua contribuição, como diz LIBANEO (2007), vem dos campos do

conhecimento implicados no processo educativo docente, operando uma intersecção

entre a teoria pedagógica, os conteúdos e métodos específicos de cada matéria de

ensino, entre o conhecimento pedagógico e a sala de aula.

Enfim, há muito o que fazer, ficando claramente evidenciado o trabalho do

pedagogo, sendo que este pode até realizar outras atividades, mas desde que não

sejam elas primordiais, pois sua função principal é planejar, decidir, coordenar,

executar ações pedagógicas de forma articulada coletivamente com os demais

profissionais, buscando a efetivação do conhecimento científico e elaborado.

1.2 FUNÇÃO DO GESTOR

Embora a Gestão da educação no Brasil de hoje esteja vinculada à ideia de

democracia, entendida como sinônimo de participação coletiva dos atores

envolvidos na prática pedagógica, ainda predomina resquícios de uma prática

autoritária, tanto nos setores educacionais como na própria sociedade brasileira.

Podemos dizer que a proposta de adotar uma gestão democrática é uma

atitude ainda um tanto quanto utópica. No entanto, se considerarmos que todo

projeto tem em si a intenção de vir a ser, de se realizar, é possível elaborar um

projeto político pedagógico voltado para uma escola que eduque seus alunos,

possibilitando desenvolvimento humano, cultural, científico e tecnológico

necessários ao mundo do trabalho e ao exercício da cidadania. Para a

concretização de tal objetivo, é necessário não apenas o esforço constante de

todos, mas também que ele esteja contido no Projeto Político- Pedagógico.

Paro relata que:

“a participação da comunidade na gestão da escola pública encontra um sem-número de obstáculos para concretizar-se, razão pela qual um dos requisitos básicos e preliminares para aquele que se disponha a promovê- lá é estar convencido da relevância e da necessidade dessa participação, de modo a não desistir diante das primeiras dificuldades.” (2008. p.170)

Ainda:

“a participação da comunidade na escola, como todo processo democrático, é um caminho que se faz ao caminhar, o que não elimina a necessidade desse refletir previamente a respeito dos obstáculos e potencialidades que a realidade apresenta para a ação. É nesse sentido que procurei levantar alguns pontos com o propósito de contribuir para a discussão sobre o tema .” (2008,p17-18)

Não podemos deixar que os problemas internos e externos influenciem na

participação da comunidade, os problemas aparecem, mas não devem ser

obstáculos para a não participação dos pais. Nossos primeiros representantes

educacionais, os Jesuítas, viam na educação o caminho para difundir a religião e os

interesses da Igreja Católica.

Em 1822, Pedro II decretou as “aulas avulsas”, que eram oferecidas nas

casas dos professores, geralmente sem formação pedagógica, pois a primeira

”Escola Normal” surgiu em 1835, nas quais seus diretores eram indicados, e a

benevolência era uma forte qualidade para se ocupar o cargo.

Durante o Estado Novo (1937-1945) o ensino passou a ser formal, “pautado

pelas Leis Orgânicas de Educação, que se aproximavam dos ideais fascistas, caros

à ditadura militar de Getúlio Vargas”. (NOVA ESCOLA, 2008, p.9). A pretensão era

preparar mão-de-obra para as novas profissões decorrentes do crescimento mundial

da industrialização.

De 1930 até 1970, predominou a tendência conservadora. A administração

era de base rígida, centralizada, burocrática e formal.

Apesar do predomínio da tendência burocrática e centralizada, as primeiras

experiências de participação na gestão da escola pública no Brasil e que

envolveram estudantes secundaristas, ocorreram no período de 1931 a 1935,

quando Anísio Teixeira era Secretário de Educação no Distrito Federal. Considerado

pioneiro por relacionar democracia participativa com administração da educação,

Anísio Teixeira introduziu uma forma de gestão escolar que envolvia a participação

dos alunos organizados em Conselhos, nos quais eles decidiam desde sanções

disciplinares até questões relacionadas a atividades curriculares e extracurriculares.

Esta experiência ficou conhecida como “anarquia”, ou inversão da autoridade

escolar.

Na década de 70, a ênfase foi dada à dimensão técnica da administração

escolar, na qual predominava a centralização, o autoritarismo e a redução da

dimensão política. A Lei nº 5692/71 expressa essa tendência administrativa, bem

como o contexto político-social que o país vivenciava, ou seja, o da ditadura militar.

Porém, em pleno regime militar, os movimentos populares clamavam por mais

vagas nas escolas públicas e pelas eleições de diretores de escolas. A sociedade

em geral, trabalhadores em educação, lideranças de partidos de esquerda

articularam um esboço de um projeto político, cujas estratégias e práticas tinham

objetivo de garantir a participação da população nas decisões da administração

pública.

As primeiras eleições para diretores ocorreram em 1976, em Boa Esperança,

no Espírito Santo, onde o prefeito também implantou o planejamento participativo na

administração das escolas municipais. No mesmo ano em Lajes, Santa Catarina, e

em Piracicaba, São Paulo, também foi implantada a administração participativa.

Após 1978, professores, alunos e sociedade civil, organizados exigiram novas

práticas administrativas para a educação, especialmente o abandono do

autoritarismo, do centralismo burocrático por parte do poder público.

Descentralização, autonomia e participação se tornam bandeiras de luta por uma

administração democrática.

Desde então, as eleições para dirigentes escolares passaram a ser mais

frequentes. Porém, além de não serem garantia de uma gestão democrática, elas

trouxeram consigo novos conflitos e divergências para o interior da escola, uma vez

que o processo de escolha nem sempre costuma ser transparente ou, quando eleito,

o diretor não obrigatoriamente garante a participação dos demais segmentos da

escola.

O fim do regime militar não trouxe mudanças significativas na administração

do sistema escolar. Podemos dizer que do ponto de vista legal, tivemos alguns

avanços, especialmente se considerarmos que, na década de 80, a administração

passou a ser pensada em termos de gestão democrática ou participativa.

Na esteira do movimento da sociedade, as políticas educacionais, por meio

do seu ordenamento legal, passam a atribuir importância à gestão democrática. A

Constituição Federal de1988 assegura a gestão democrática do ensino público, que

foi reafirmada no campo educacional pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº

9394/1996.

Carvalho (2005), ao analisar as repercussões da gestão administrativa

gerencial na educação brasileira, destaca a transferência de responsabilidades

administrativas, financeiras e pedagógicas para as instituições escolares e o

aumento da participação da comunidade escolar por intermédio de mecanismos de

gestão colegiada e representativa.

Em decorrência do novo modelo de gestão, os membros da comunidade

passam a atuar diretamente nos Conselhos Escolares e Associações de Pais e

Mestres. A ampliação da participação está relacionada ao interesse de impulsionar a

comunidade a se sentir responsável pelos resultados e encontrar soluções para os

problemas escolares. A escola passa a ser concebida como empresa prestadora de

serviços educacionais e a gestão democrática, por sua vez, está associada à

satisfação do cliente, consumidor dos serviços escolares, ou seja, alunos, pais e a

comunidade onde se insere.

Acompanhando todas as mudanças até o atual momento, falar em construção

coletiva não é tarefa fácil e simples. A escola é espaço de concentração de múltiplos

conflitos e contradições que permeiam a sociedade.

Além do que a efetivação de uma escola democrática necessita

planejamento. É preciso ter claro onde, quando e quem vai participar. Assim a

construção /reformulação/avaliação do Projeto Político-Pedagógico necessita de

uma ação conjunta. Direção Escolar e Equipe Pedagógica deverão prever

momentos coletivos para este fim.

Considerando os aspectos descritos anteriormente, podemos dizer que a

ênfase das atuais políticas educacionais está na gestão democrática, tendo o

projeto como elemento fundamental, à medida que organiza a escola para exercer o

importante papel que lhe é próprio: socializar conhecimentos.

Entendemos que muitas escolas avançaram significativamente nas decisões

coletivas de gestão, na sala de aula, na prática avaliativa, na composição de seus

órgãos colegiados e na construção coletiva do Projeto Político-Pedagógico.

Apesar do reconhecimento legal, o processo de democratização da gestão

escolar tem se desenvolvido lentamente. Na grande maioria dos estabelecimentos

escolares ainda predomina uma administração de caráter centralizado, burocrático e

técnico. Este é, portanto, um desafio a ser vencido pela escola e o Projeto Político

Pedagógico ocupa um importante papel nesse processo, pois é um documento

fundamental, norteador para as ações que formam a identidade da escola.

Atualmente as escolas estão discutindo e elaborando seus projetos de forma

mais coletiva. E ao Gestor cabe o papel de garantir o cumprimento da função

educativa que é a razão de ser da escola, o diretor da escola é antes de tudo um

educador, antes de ser um administrador, pois ele deve assegurar uma educação

comprometida com a democratização e socialização do saber, construída

coletivamente pela comunidade escolar, sendo necessário o reconhecimento e

aprimoramento de todos os sujeitos (professores, equipe pedagógica, funcionários e

alunos ) na gestão participativa, assumindo suas responsabilidades numa proposta

desenvolvida em conjunto para o fortalecimento da escola.

Assim, deve também propiciar aos alunos, através das novas tecnologias, o

acesso às informações, integrando novas formas de expressão que lhes permitam a

construção do conhecimento, por meios dos conteúdos estruturantes, básicos e

específicos das disciplinas, conforme as Diretrizes Curriculares do Estado do

Paraná, marcados pela relação professor-aluno, articulando conteúdos com a prática

social onde o aluno possa exercer sua função de cidadão crítico, responsável e

participativo.

Podemos afirmar que a gestão democrática é algo ainda a ser construído,

precisamos condicionar uma cultura de participação no interior da escola, cultura

esta que necessita ainda de avançar. Dessa forma, a democratização da gestão e

da própria escola pública só se efetivará quando a própria comunidade, tomada de

conscientização do processo democrático, conceber-se no seu papel de partícipe

deste processo, uma vez que é para o público que se destinam as políticas e a

escola pública.

Os fins da escola estão definidos em meio a um conjunto de interesses

distintos, inerentes à forma de organização econômica sob e no capitalismo. Isso

implica em dizer que a forma de organização social pautada na acumulação dos

bens, na propriedade privada, na obtenção do lucro, na compra e na venda da força

de trabalho e, consequentemente, na reprodução das classes sociais, determina e

tem determinado historicamente o sentido da escola.

Assim, é democrático na escola: uma educação com qualidade; a

socialização do saber construído historicamente pela humanidade; a elevação

cultural das massas; o tratamento igualitário a todos; a participação ativa dos

cidadãos na vida pública (tendo como exercício desta a tomada de decisões dentro

da escola); o exercício da cidadania; a participação dos profissionais e da

comunidade escolar; a autonomia de gestão administrativa e pedagógica; a

mobilização dos segmentos de gestão a partir de suas várias instâncias – Conselhos

Escolares, Grêmios Estudantis, Associação de Pais e Professores, enfim, a

construção coletiva do Projeto Político-Pedagógico.

Paro contribui com o seguinte pensamento:

“no caso da reivindicação pela participação da comunidade na gestão da escola pública, a hipótese possível é que, no momento da luta por essa participação, os diferentes grupos tendem a unir esforços para o objetivo comum; no momento, porém, em que essa participação comece as e efetivar, deve iniciar-se também a maior explicitação de divergências, que somente a partir de um aprendizado constante que a própria prática participativa proporciona será possível administrar, orientando-se os esforços para o interesse comum da melhoria da qualidade do ensino.” (2008,p.66)

È por tudo isso que a Gestão Democrática não é uma concessão, não pode

ser decretada ou instituída. Ela é um direito, é uma conquista, é “instituinte” e, como

tal, vai para além de compartilhar a gestão. Não se trata, portanto, de abrir uma

concessão para a comunidade e para o colegiado expressarem suas expectativas

ou realizarem ações de benfeitorias pela escola. É um direito sobre o qual se

democratizam as relações, os conhecimentos, os projetos de homem e de

sociedade e se lutam por políticas que possam tornar a escola um espaço

verdadeiro de produção de conhecimento. Isto implica em fazer com a escola e não

pela escola ou pelo Estado.

A escola, como instituição social, que tem como função a democratização dos

conhecimentos produzidos historicamente pela humanidade, é um espaço de

mediação entre sujeito e sociedade. Compreender a escola como mediação significa

entender o conhecimento como fonte para efetivação de um processo de

emancipação humana e, logo, de transformação social.

Dessa forma, Gestor e Pedagogo devem se aprofundar na tendência

Histórico-Critica, possibilitando uma nova perspectiva de mudança na prática

metodológica e, consequentemente na melhoria da aprendizagem dos educandos,

pois a pedagogia Histórico- Critica entende o ato pedagógico como encontro do

aluno com a cultura socialmente construída pela mediação do professor e das

situações pedagógicas.

Consiste em saber como de dará a organização e assimilação ativa de um

saber socialmente significado, por alunos provenientes de diferentes meios

socioeconômico- culturais. Para LIBANEO (2007), a concepção histórico-social ao

conceber a educação como produto do desenvolvimento social e determinada pela

forma de relações sociais de uma dada sociedade, põe-se como crítica radical à

educação individualista.

A pedagogia crítico-social deve ocupar-se com a construção de uma teoria

pedagógica articulada com uma concepção de mundo e de sociedade que seja

expressão do movimento da prática social coletiva, transformadora das realidades

sociais numa direção emancipatória.

Para Libâneo:

...os objetivos e conteúdos da educação não são sempre idênticos e imutáveis, antes variam ao longo da história e são determinados conforme o desdobramento concreto das relações sociais, das formas econômicas da produção das lutas sociais .(2007,p.79)

e ainda;

A educação nunca pode ser a mesma em todas as épocas e lugares devido a seu caráter socialmente determinado. As normas sociais, os valores, os modelos de vida, de trabalho e de relações entre as pessoas, correspondem a modelos socialmente encarnados pelas classes que detêm o poder econômico e político. (2007, p.80)

Assim não se pode conceber a educação como um fenômeno isolado, da

sociedade e da política, ela deve ser entendida como produto de desenvolvimento

social, cultural e econômico, determinada pelas relações sociais vigentes da

sociedade. Deve garantir a formação do homem para a humanidade, onde o saber

sistematizado deve se ensinado a todos, a busca da razão crítica-emancipatória,

proporcionando o exercício da cidadania, não podendo continuar a consolidar e

acentuar a desigualdade social.

2 DESENVOLVIMENTO DO PROJETO

2.1 Atividade “Função do Pedagogo”

Ao realizar grupo de estudo, foi solicitado aos pedagogos que realizassem a

leitura sobre o seu material de estudo, no primeiro momento, a atividade seria para

realizar a leitura em casa, no segundo, a leitura seria realizada no grande grupo,

onde questionamentos, dúvidas e sugestões se faziam presente a todo momento.

Foram divididas esta atividade em mini cursos .Os alunos se dispuseram em

forma de círculo e os encontros tiveram início com a exposição da função do

pedagogo. No momento os pedagogos e gestores sendo questionados sobre suas

funções, colocavam seus conhecimentos, os quais foram completados com a

explicações dada pela professora.

Em seguida foram entregues textos e questionários elaborado para os

pedagogos e gestores, para reflexão do desenvolvimento do trabalho pedagógico do

pedagogo,em uma perspectiva de trabalho coletivo na organização escolar , gestão

participativa e construção de uma sociedade democrática, possibilitando aos

mesmos por meio da teoria ascender a uma prática mais concreta e coerente.

Após reflexão, foi feito uma análise das respostas dos alunos a respeito dos

textos citado acima.Constatou-se que todos responderam de acordo com o autor e

suas práticas pedagógicas.

2.2 Atividade “ Função do Gestor “

A cada novo encontro, os alunos comentavam os resultados das atividades

realizadas , os avanços alcançados sobre o aprimoramento dos seus conhecimentos

teóricos,conseqüentemente, desenvolverão uma prática comprometida com a

transformação social,

Esta atividade teve início com a divisão dos alunos em grupos . Foi entregue

também textos e questionários para os alunos.

Depois que todos terminaram o questionário, os grupos realizaram uma mesa

redonda para conversarem a respeito da atividade, assim todos tiveram a

oportunidade de relatarem as suas experiências e a professora acrescentava

fechando as explicações.

Após os diretores e pedagogos foram no laboratório de informática e a

professora pediu para que todos acessassem o site

HTTP://escoladegestores.mec.gov.br/videos/videos.htm. e viram juntos o conteúdo

do vídeo, que mostra função do gestor na escola pessoa responsável e

comprometida com o ensino –aprendizagem.Também fala dos desafios do gestor

implantar uma gestão compartilhada, ou seja trazer a comunidade para escola.

O resultado deste módulo foi gratificante , pois no último encontro os

pedagogos e diretores agradeceram a oportunidade de participar do projeto, o qual

julgaram pertinente e válido, que as atividades trabalhadas acrescentaram muito ao

trabalho e conhecimento de cada um.

“Professora Maria Aparecida, muito obrigada por me ajudar a auxiliar nessas

aulas, cresci muito e quero continuar crescendo, quero poder continuar trocando

experiências e me aprofundando melhor no assunto”. ( Pedagoga Ana Maria

Trevizan)

“Foi muito gratificante participar desse projeto, uma experiência muito boa

como pedagoga, Adquiri novos conhecimentos, novas estratégias que com certeza

me ajudarão muito. Agradeço muito a professora Maria Aparecida pela

oportunidade, para mim foi um grande incentivo e ajuda. Obrigada”! (Pedagoga

Elizete)

Na produção final dos alunos e em todo o processo de utilização do material

didático-pedagógico , inclusive a atividade realizada no laboratório digital, confirmou-

se o interesse dos mesmos, o que aprenderam, pesquisaram com relação aos

objetivos estabelecidos,

3 Conclusão

Por meio deste trabalho foi possível verificar que o pedagogo e o gestor

podem assumir uma nova postura no desenvolvimento de suas funções,

principalmente quando a sistematização do trabalho pedagógico leva em conta

melhoria da qualidade no processo de produção do conhecimento.

No decorrer da implementação desta proposta, pode-se verificar que este

encaminhamento alcançou seus objetivos demonstrando que o profissional

pedagogo e o gestor, encontra-se fragilizado no seu papel.

Constatou-se que a falta de planejamento e de organização destas funções,

contribui para a descaracterização destes profissionais no interior do seu campo

educativo.

Durante o desenvolvimento do projeto percebeu-se o interesse dos

pedagogos tanto pelo conteúdo apresentado que versou sobre o trabalho articulado

do gestor e pedagogo quanto a participação durante as atividades para melhoria do

processo de conhecimento. Embora estes profissionais estejam investigando e

estudando sobre a função do pedagogo e do gestor, e demonstraram ainda a

necessidade em discutir este assunto, ou porque querem esclarecer suas dúvidas ,

ou porque o diálogo não ocorreu de forma efetiva, distanciando ou superficializando

o tema abordado tanto no âmbito escolar quanto na semana pedagógica.

Constatou-se também os desvios que se apresentam nas funções do

pedagogo e do gestor no cotidiano das escolas, demonstrado de forma expressiva

nas atividades na interação e na discussão dos profissionais.

Os resultados das discussões indicaram a viabilidade de que pedagogos,

devem realizarem seu papel profissional e sanar os do cotidiano buscando uma

escola de melhor qualidade.

Percebeu-se a necessidade da realização de um Plano de Ação conjunto

elaborado de forma que as práticas e as atribuições de cada elemento que constituí

a instituição escolar . Este plano encaminharia as ações de cada profissional de

forma que pudesse atender a especificidade de cada um , sem deixar de lado o

compromisso educacional coletivo.

Percebeu-se que por meio de estudo e de leituras, pode-se aprimorar as

atribuições e, portanto, o GTR, é um instrumento que favorece esta ação.

Os resultados deste trabalho demonstraram as soluções buscadas em

conjunto responderam melhor aos anseios dos profissionais da educação sem a

necessidade assumir a responsabilidade pelo sucesso ou fracasso do processo

educacional e sem se deixar de lado novos desafios que serão apresentados pela

atualidade.

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