gestÃo e poder: desenvolvimento sustentÁvel e...
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Volume 1, Número 3
ISSN 2527-0532 João Pessoa, 2017
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GESTÃO E PODER: DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E EDUCAÇÃO
Páginas 123 a 140 123
GESTÃO E PODER: DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E EDUCAÇÃO
David Menezes da Silva 1
Estefania Cabral de Souza da Silva2
Terezinha de Jesus Brito3
RESUMO - O estudo discute sobre a gestão e o poder no desenvolvimento sustentável,
através da educação. Utilizou-se o método dedutivo com a pesquisa bibliográfica
pertinente à temática. Para tratar da aquisição do conhecimento, as visões de Maturana e
Varela (2001) foram observadas paralelamente à Teoria de Piaget (1974). Sobre a relação
do ensino-aprendizagem em Educação Ambiental, Becker (2003), baseado em Piaget.
Leff (1999, 2001) colaborou com a questão da consciência ambiental. No contexto de
sala de aula, a construção do conhecimento em educação ambiental precisa ser trabalhada
em coparticipação entre professor e aluno, de forma dinâmica e responsável, dentro de
conteúdos contextualizados com a cultura e a realidade do aluno, para que sinta-se parte
integrante do processo. Conforme as discussões aqui desenvolvidas, a aprendizagem
acontece através da interação entre o sujeito e o meio em que está inserido. Tudo
possibilitado pela gestão que detém o poder.
Palavras-chave: Gestão. Poder. Desenvolvimento Sustentável. Educação Ambiental.
ABSTRACT - The study discusses management and power in sustainable development
through education. The deductive method was used with bibliographical research
pertinent to the theme. In order to deal with the acquisition of knowledge, the visions of
Maturana and Varela (2001) were observed in parallel with Piaget's Theory (1974). On
1 Professor de Sociologia e História; Licenciado em Ciências Sociais; Especialista em Docência
do Ensino Superior; Mestrando em Ciência da Educação; e-mail: [email protected]. 2 Professora de Língua Portuguesa e Literatura; Licenciada em Letras-Francês; Especialista em
Linguística Aplicada; Mestranda em Educação na Anne Sullivan University; e-mail:
[email protected] 3 Licenciada e Bacharelada em Ciências Sociais, Teóloga, Cientista política, Mestre em Educação
na Anne Sullivan University; Doutoranda em Ciência da Educação pela Olford Walters
University, Professora Especialista em Docência do Ensino Superior, Gestão de Pessoas,
Coordenação e Supervisão Pedagógica, Coach, e-mail: [email protected]
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the relationship between teaching and learning in Environmental Education, Becker
(2003), based on Piaget. Leff (1999, 2001) collaborated on the issue of environmental
awareness. In the context of the classroom, the construction of knowledge in
environmental education needs to be worked out in a partnership between teacher and
student, in a dynamic and responsible way, within contents contextualized with the
culture and the reality of the student, so that he feels an integral part Of the process.
According to the discussions developed here, learning happens through the interaction
between the subject and the environment in which it is inserted. All made possible by the
management that holds the power.
Keywords: Management. Power. Sustainable development. Environmental education.
INTRODUÇÃO
É de conhecimento público que o meio ambiente é o ponto de equilíbrio para os
seres vivos, porém, no sistema capitalista nesta era globalizada, a natureza é utilizada para
atender aos anseios deste mundo tecnológico e artificial. Paralelo a esse contexto, o
desenvolvimento sustentável é temática defendida e propagada há algumas décadas por
muitos estudiosos, onde acredita-se que só a educação é capaz de formar pessoas para
interagirem com o meio ambiente de forma saudável. Mas, será que os gestores dos
diversos entes da sociedade pensam o meio ambiente como um recurso natural, esgotável
se não preservado, e traçam políticas públicas para o desenvolvimento sustentável das
comunidades envolvidas?
Diante deste questionamento, torna-se imperativo criar uma reflexão sobre
questões inerentes ao desenvolvimento sustentável e a educação, temáticas centrais deste
Artigo. Defende-se que para a efetivação de uma política dessa envergadura,
primeiramente, o processo passa pela vontade política dos governantes e gestores ligados
às questões ambientais que envolvam a educação e o desenvolvimento da sociedade alvo.
Esses gestores têm o poder de alavancar ou inibir o desenvolvimento sustentável,
dependendo da forma como conduzem suas ideias a respeito de desenvolvimento. Uma
das vertentes viáveis a esse processo de desenvolvimento sustentável é o investimento em
educação ambiental.
Para fundamentar as ideias defendidas neste trabalho, realizou-se uma pesquisa
descritiva de cunho bibliográfico, que de acordo com Lakatos e Marconi (2003, p. 158):
“é um apanhado geral sobre os principais trabalhos já realizados, revestidos de
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importâncias, por serem capazes de formar dados atuais e relevantes relacionados com o
tema.”. Elas afirmam que esse tipo de estudo ajuda na planificação do trabalho. Seguindo
essas instruções, pautou-se em diferentes fontes relevantes para a discussão da temática.
Para significar Gestão, as referencias são Luft (2001) e Aurélio (1997). Já para
conceituar Poder, a contribuição é de Foucault (1979), Weber (2000) e Arendt (2005).
Quando a ideia é referenciar Desenvolvimento Sustentável, buscou-se em marcos legais:
(BRASIL, 1999 e ABNT NBR, 2010; ABRANTES, 2002) e, conceituando Educação
temos Freire (2003). Além de conceitos e significados buscou-se aprofundar o estudo
focando em alguns aspectos, a saber: construção do conhecimento, Maturana e Varela
(2001), bem como a de Piaget (1974). A relação de ensino-aprendizagem em educação
ambiental ficou por conta de Becker (2003). Leff (1999,2001), por sua vez, aborda sobre
a consciência ambiental. Além dos autores citados, outros também foram consultados
para sustentar as ideias discutidas durante o trabalho desenvolvido.
Discorrer sobre o meio ambiente voltado para a educação é uma tarefa complexa,
pois envolve interesses distintos entre os envolvidos. Não dá para conceber-se como uma
mera atividade voltada para a ecologia na educação básica, mas, acima de tudo, repensar
a Educação Ambiental de forma crítica e reflexiva, onde os indivíduos percebam a relação
coma natureza e, sentindo-se parte dela, construam novos hábitos para usufruírem o de
que melhor ela tem para oferecer, sem, necessariamente, prejudica-la nesse processo de
busca pela subsistência e desenvolvimento econômico de qualquer ordem. Arrisca-se a
dizer que essa relação precisa, de uma boa dose de nobres sentimentos e atitudes, a saber:
amor, carinho, harmonia, responsabilidade, entre outros.
Visando este panorama, intenta-se compreender como se dá a construção do
conhecimento e a relação de ensino e aprendizagem neste cenário, onde se precisa da
Educação Ambiental para tornar possível o desenvolvimento sustentável. Achou-se
relevante, também, abordar sobre consciência ambiental, defendida por alguns autores,
que possibilita aos seres humanos desenvolverem ideias capazes de melhor se
relacionarem com o meio ambiente na busca por um desenvolvimento sustentável.
REFERENCIAL TEÓRICO
Alguns conceitos ou ideias sobre o tema
Para nortear as questões da temática deste estudo sobre “GESTÃO e PODER:
Desenvolvimento Sustentável e Educação” torna-se importante focar em alguns conceitos
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ou ideias já verificadas por estudiosos do assunto, a saber: Gestão (LUFT, 2001;
AURÉLIO, 1997); Poder (FOUCAULT, 1979; WEBER, 2000 e ARENDT, 2005);
Desenvolvimento Sustentável (BRASIL, 1999 e ABNT NBR, 2010) e Educação
(FREIRE, 2003).
Inicialmente, buscou-se em dicionários de língua portuguesa a conceituação ou
significação da palavra “Gestão” com o intuito de apropriação da ideia a discorrer-se neste
artigo. O termo, segundo Luft (2001:352) é definido como “ação ou efeito de gerir;
gerência; administração”. Também no dicionário Aurélio (1997), seria “Ato de gerir.
Gerência. Administração”. Ao constatar-se que se tratava de um significado direto,
buscou-se outras fontes para ampliar a ideia inicial e encontrou-se no endereço eletrônico
(https://www.dicio.com.br/gestao/) a seguinte informação: “Significado de Gestão: s. f.
Administração; ação de gerir, de administrar, de governar ou de dirigir negócios públicos
ou particulares. Gerência; função ou exercício da pessoa responsável pela administração.
Etimologia (origem da palavra gestão): do latim gestio.onis” (grifos nossos). Ainda
pesquisou-se no “Dicionário Informal”, também online, um complemento para o
significado do termo “gestão” na versão dicionarizada que nos esclarece: “Ato de gerir
derivado da administração, palavra do português europeu, diferente de administrar, pois
quem planeja, coordena, controla e organiza é o administrador. O ato de gerir é um ato
de execução de ações pré-determinadas por um administrador, ou seja, ações exercidas
por um gerente. A palavra "gerir" pode ser definida por gerente.” (grifos nossos).
Percebe-se, diante do que foi pesquisado nos dicionários, que “gestão” remete a
administração e a gerência, nisto todos concordam, porém, a ideia de gerência remete a
ação, o que melhor representa a temática desse estudo. Portanto, infere-se que “gestão” é
algo voltado para um alvo especifico, enquanto que a administração foca no geral da
instituição: governar, dirigir... Assim, neste sentido mais direto, imediato começa-se a
desenhar ação voltada para o desenvolvimento sustentável.
Para completar a ideia macro desse artigo precisou-se conceituar ou significar
“poder” e, nessa linha, temos Max Weber que defende o seguinte: “Poder significa a
probabilidade de impor a própria vontade, dentro de uma relação social, mesmo contra
toda resistência e qualquer que seja o fundamento dessa probabilidade” (WEBER, 2000,
p. 33). Isso é possível perceber nas estruturas de comando presentes na sociedade, onde
quem detém o poder tenta de todas as maneiras impor sua vontade aos comandados.
Complementarmente a Weber, Hannah Arendt (2005) amplia a ideia do social e ressalta
esse “agir juntos” para a concretização desse um poder. Ela diz o seguinte:
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[...] O poder é sempre como diríamos hoje, um potencial de poder, não
uma entidade imutável, mensurável e confiável como a força. Enquanto
a força é a qualidade natural de um indivíduo isolado, o poder passa a
existir entre os homens quando eles agem juntos, e desaparece no
instante em que eles se dispersam. Devido a esta peculiaridade, [...], o
poder tem espantoso grau de independência de fatores materiais, sejam
estes números ou meios [...] (ARENDT, 2005, p. 212).
O poder mesmo sendo materializado por um coletivo, sempre permitirá que
indivíduos cometam equívocos em nome dele. Foucault (1979) já dizia que “o poder não
se dá, não se troca nem se troca nem se retorna, mas se exerce, só existe em ação”
(FOUCAULT, 1979, p. 175). O autor também confirma a ideia de ação defendida por
Arendt, mas, também fala em exercício desse poder tão necessário no processo
educacional voltado ao desenvolvimento sustentável, pois sem o poder dificilmente as
ações serão executadas, ao mesmo tempo, sem as ações o poder torna-se imperceptível.
Para a construção da ideia de “desenvolvimento sustentável” optou-se por
enveredar na perspectiva do que versa a Lei Federal nº 9.794/1999 sobre a Política
Nacional de Educação Ambiental, onde faz referencia a sustentabilidade:
Processos dos quais o indivíduos e a coletividade constroem valores
sociais, conhecimento, habilidades, atitudes e competências voltadas
para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo,
essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. (BRASIL,
Lei nº 9.795 de 27 de abril de 1999, 1999, p.1).
Neste trecho da lei observa-se que há um conjunto de fatores que possibilitam a
sustentabilidade, mas, principalmente, remete-se ao meio ambiente como eixo central
desses fatores. Ainda verificando outros instrumentos legais ligados a esse aspecto,
verificou-se que a norma ABNT NBR ISO 26.000/2010 traz diretrizes sobre a
responsabilidade social, conceituando-a como: “A responsabilidade social tem como foco
a organização e refere-se às responsabilidades da organização com a sociedade e o meio
ambiente. A responsabilidade social está intimamente ligada ao desenvolvimento
sustentável.” (ABNT NBR ISSO 26.000/2010, 2010, p.9).
Pode-se afirmar, diante disso, que o desenvolvimento sustentável está atrelado ao
meio ambiente, à sociedade que faz uso de seus recursos e a forma como se organiza para
apropria-se com responsabilidade desse bem. Tudo isso passa pela forma como as pessoas
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são educadas. Para conceituar “Educação” buscou-se, dentre tantos estudiosos da
educação, Paulo Freire (2003, p.10) onde afirma que:
[...] educação [...] é um fator fundamental na reinvenção do mundo. [...]
Como processo de conhecimento, formação política, manifestação
ética, procura da boniteza, capacitação científica e técnica, [...] é prática
indispensável aos seres humanos e deles específica na História como
movimento, como luta. (FREIRE, 2003, p. 10).
Neste caso, percebe-se uma necessidade vital da sociedade educar-se para garantir
a continuidade ou permanência na terra, além de fluir dela algo de belo. Ainda segundo
Paulo Freire (2003, p.40), “A educação [...] é naturalmente política, tem que ver com a
pureza, jamais com o puritanismo e é em si uma experiência de boniteza.”. Assim, pode-
se dizer que a temática “GESTÃO e PODER: Desenvolvimento Sustentável e Educação”
traduz a ideia de ação com responsabilidade de um coletivo, devidamente educado para
o uso do meio ambiente de forma sustentável.
EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UM CAMINHO PARA O DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL
Vislumbrou-se, neste estudo, que para falar de desenvolvimento sustentável e
educação, inevitavelmente, a abordagem sobre Educação Ambiental se faz necessária e
alguns autores nos ajudam a historicizar esse tão importante viés da educação.
A demanda ambiental relacionada à educação iniciou-se na Europa nas primeiras
décadas do século XX, mas foi na I Conferência das Nações Unidas para o Meio
Ambiente e Desenvolvimento que de 1972 em Estocolmo que passa-se a debater entre as
Nações Unidas (UGULINI; SOUZA, 2013). Segundo Nascimento, Matos e Bonfim
(2014, p. 507), esse evento “Partiu da necessidade de refletir acerca da crescente
degradação do Meio Ambiente, cuja visão advém da concepção social capitalista, onde a
natureza é utilizada como mais um meio de exploração”. Antes disso, a partir dos anos de
1940, ocorre a inserção da Educação Ambiental no currículo escolar, associando as
teorias críticas com a educação tradicional. Segundo Souza (2007, p.38), "no final dos
anos 50 e início dos 60, ocorreram principalmente entre os países europeus nórdicos
(Suécia, Noruega, Finlândia, Islândia e Dinamarca), propostas que buscavam a
valorização da dimensão ambiental nos currículos da escola básica". Visando essa
trajetória, Dias explica sua visão de objetivo da Educação Ambiental:
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Um objetivo fundamental da Educação Ambiental é lograr que os
indivíduos e a coletividade compreendam a natureza complexa do meio
ambiente natural e do meio criado pelo homem, resultante da integração
de seus aspectos biológicos, físicos, sociais, econômicos e culturais, e
adquiram os conhecimentos, os valores, os comportamentos e as
habilidades práticas para participarem responsável e eficazmente da
prevenção e solução dos problemas ambientais, e da gestão da questão
da qualidade do meio ambiente. (DIAS, 2000, p. 107).
O autor, em 1992, já arriscava conceituar Educação Ambiental de forma bem
específica, onde demonstrava sua preocupação com melhoria da qualidade de vida para
gerações futuras e a relação homem/natureza, mesmo em um contexto histórico e
econômico diferente do que atualmente analisamos. Ele defendia que Educação
Ambiental seria:
Um processo permanente no qual os indivíduos e a comunidade tomam
consciência do seu meio ambiente e adquirem o conhecimento e os
valores, as habilidades, as experiências e a determinação que os torna
aptos a agir – individualmente e coletivamente – e resolve problemas
ambientais. (DIAS, 1992. p.62).
Ampliando a ideia de Dias, Loureiro (2009) evidencia uma inquietação
interessante e, que está relacionada a sobrevivência da cultura no mundo dominado pelo
capitalismo, onde a Educação Ambiental seria um viés. O autor nos possibilita criticizar
ou, pelo menos, avaliar o que acontece nesse contexto:
[...] ou a Educação Ambiental se integra à leitura complexa do mundo,
ou estará fadada a servir ao capitalismo como um instrumento
ideológico de reprodução do seu modo de produção, aprofundando o
abismo social e a diluição cultural em nome de uma ética “ecológica”,
que a rigor, sozinha, é dotada de duvidoso poder de interferência na
dinâmica da mudança ambiental. (LOUREIRO, 2009. p. 18).
E, para evitar alterações nocivas no meio ambiente, é que a Educação Ambiental
torna-se instrumento de defesa da cultura das sociedades como forma de preservação das
mesmas, em detrimento das influências e armadilhas do capitalismo. Isto só é possível
quando o educador e o aluno tomam ciência do poder que possuem nesse processo, que é
de agir positivamente no meio ambiente e influenciar novos comportamentos nos outros,
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num processo dialógico constante com os envolvidos no contexto. Paro (2010) esclarece
de forma simples como isso funciona:
Da parte do educando, a capacidade de agir sobre as coisas refere-se a
sua ação intencional no processo de apreender a realidade, fazendo-se
sujeito do aprendizado e incorporando elementos culturais que o
engrandecem e o fortalecem, expandindo seu vigor, sua capacidade de
poder-fazer, tornando-se, pois, “poderoso” à medida que adquire cada
vez mais capacidade de agir e fazer-se sujeito. Por seu turno a
capacidade de determinar o comportamento de outros também está
presente na atividade do educando na medida em que ele responde à
intervenção do educador, com comportamentos que mudam a ação
deste de modo a adequá-la às necessidades de aprendizagem do
educando (PARO, 2010, p.47).
Podemos então inferir que deve ocorrer uma relação de troca de saberes no
processo de aprendizagem em Educação Ambiental onde o ensinante e o aprendente
constroem conhecimentos através das ações efetivas e, nessa relação, não cabe apresentar
conteúdo pronto ou fechado para o aluno, mas, acima de tudo, desenvolver um trabalho
onde a participação do aluno seja fator preponderante do processo, torna-lo ativo é uma
característica importante do processo educacional em Educação Ambiental. Sobre essa
relação de ensino e aprendizagem é que trataremos na sequência deste trabalho.
Relação Ensino e Aprendizagem em Educação Ambiental
Para auxiliar na compreensão da relação ensino e aprendizagem buscou-se o autor
Fernando Becker (2003) cuja obra “A origem do conhecimento e a aprendizagem escolar”
trata da temática em questão e cabe muito bem nessa relação do contexto voltado a
Educação Ambiental. Becker destaca a necessidade de superação das teorias inatista e a
empirista discutidas por vários autores ao longo da história da educação, pois, ambas,
colocam o sujeito aprendente na passividade durante o processo de ensino e
aprendizagem, o que não seria perfil do aluno do cenário desenhado durante este trabalho.
Becker (2003) recorre aos elementos da teoria piagetiana da aprendizagem, como
auxílio na sustentação de sua visão sobre o assunto. Nessa análise, o autor diz que Piaget
define a aprendizagem como construção de estruturas por meio de assimilações, o que
possibilita ao sujeito tornar-se ativo no processo e o aprendizado se dará durante as ações
praticadas pelo aluno. Assim, segundo Becker (2003, p. 17), nesse tipo de aprendizagem
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“[...] a função do professor é inventar situações, experimentar situações experimentais
para facilitar a invenção de seu aluno.”, nesse sentido, torna-se importante salientar que
não se pode levar em consideração apenas o ensino, mas, sobretudo, a experiência do
aluno, esta sim é gerará transformações no meio onde este aluno está inserido. Porém, a
participação do professor é muito importante para o sucesso da aprendizagem, como já
foi defendido neste artigo, ao mesmo tempo, não deixa o profissional omisso esperando
apenas da atitude do aluno.
O autor ainda defende que o processo de aprendizagem acontece e é eficaz,
quando há interação entre a hereditariedade do sujeito e o meio físico e social onde está
inserido, possibilitado pelas ações que este indivíduo exerce no contexto. Pode-se afirmar
que o sujeito constrói o conhecimento a partir da interação, em condições biológicas
favoráveis, a exemplo de: uma boa saúde, alimentação adequada, entre outros aspectos.
Significa dizer que não basta estar inserido em um meio ambiente preservado, mas, ter
condições propícias para dele fazer uso adequado para suprir as necessidades básicas do
individuo que com ele interaja.
Isso se dá com o com um olhar crítico sobre esse ambiente, que só é possível
através da Educação Ambiental e dessa relação de ensino e aprendizagem voltada para a
formação de um sujeito ativo que, a partir de suas ações positivas contribuirá para o
desenvolvimento sustentável e, consequentemente, a preservação da cultura local em
todos os aspectos em ela precise ser mantida. Para Vasconcellos (2006, p. 58): “a partir
de uma concepção dialética de educação, supera-se tanto o sujeito passivo de educação
tradicional, quanto o sujeito ativo da educação nova, em direção ao sujeito interativo”.
Isso implica dizer que o professor precisa ajudar os alunos por meio da interação e que o
trabalho desenvolvido esteja pautado na coletividade, onde ambos construam novos
conhecimentos e promovam a troca de experiências. Para esse desfecho, o papel de aluno
e professores deve ser muito bem desempenhado na busca pelo mesmo objetivo, a saber,
o desenvolvimento sustentável através da educação.
A construção do conhecimento em Educação Ambiental
Se analisarmos de forma ampla, a teoria de Piaget dá a base para a abordagem
realizada neste estudo, pois para esse autor, conforme já vimos anteriormente, o
conhecimento é obtido através da atividade exercida pelos indivíduos, isto é, estes são
responsáveis por construir novos conhecimentos através de sua ação sobre o meio e da
interação para com este, assumindo uma postura de sujeito ativo.
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Apresenta-se Maturana e Varela (2001), que a exemplo de Becker (2003) se valem
da teoria piagetiana para fundamentarem seus estudos, logo, percebe-se uma coerência
entre estes autores na afirmação da importância de um sujeito ativo, interativo e reflexivo
sobre sua prática em relação ao processo de ensino-aprendizagem. Se ponderarmos sobre
o contexto da educação geral, concordaremos com Edgar Morin (1997) que nos diz ser a
educação um processo que ensina as pessoas a isolar fatos dos conhecimentos produzidos
nas diferentes áreas do saber, transformando-os sem significação para os alunos. É nesse
contexto que se apresenta a necessidade de construção de um conhecimento voltado para
a temática ambientalista.
Observando a educação formal ou geral, percebe-se um aluno bem distante
daquele modelo idealizado pelos autores, de um sujeito ativo, que consegue agir e
interagir com o meio e com outras pessoas, ao contrário, se vê a apatia dos educandos,
que esperam que os conteúdos prontos e acabados fornecidos pelo professor. A situação
ainda é pior quando em uma sociedade altamente tecnológica e onde as informações
transitam à velocidade da luz, pode se fazer uso das ideias de Piaget e outros estudiosos,
de que a afetividade pode contribuir para o desenvolvimento cognitivo dos indivíduos,
pois interfere no processo de ensino-aprendizagem. Acredita-se que se os conteúdos
forem trabalhados de forma dinâmica e participativa, o aluno possa enxergar e entender
o meio ambiente de outra forma, o que pode gerar mudança de comportamento da
sociedade atual.
A construção do conhecimento em educação ambiental começa em casa, perpassa
pela escola e, sobretudo, se reafirma na consciência e autoconhecimento que cada um
possui sobre o seu papel no mundo. Diante disso, urge a necessidade em se promover
mais contatos entre os alunos e a natureza para interagirem e se sentirem parte do
“universo ecológico”. Maturana e Varela (2001, p. 10) afirmam que: “vivemos com os
outros seres vivos e, portanto, compartilhamos com eles o processo vital. Construímos o
mundo em que vivemos durante as nossas vidas.” Isso precisa ser trabalhado como fator
determinante na construção do conhecimento em Educação Ambiental, pois esses
mesmos autores ainda afirmam: “se a vida é um processo de conhecimento, os seres vivos
constroem esse conhecimento não a partir de uma atitude passiva e sim pela interação.”
(MATURANA & VARELA, 2001, p. 12). Pode-se inferir então que, na visão dos autores,
o conhecimento é resultado das experiências intelectuais dos indivíduos derivadas do
aspecto biológico de cada um e essa individualidade interfere no plano dos pensamentos
e no agir do indivíduo.
Observa-se que Maturana e Varela, a exemplo de Piaget, afirmam que o
conhecimento se desenvolve através da interação dos indivíduos com o meio social,
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porém, na teoria piagetiana essa interação é desenvolvida por meio de aspectos afetivos
na construção do conhecimento e, a partir da subjetividade, assimilação de fatores
externos, sobretudo, a troca de experiências pessoais com o meio social.
É vital que todo processo educacional precisa ser avaliado, neste contexto,
apresenta-se as ponderações de Luckesi (2003) quando critica a avaliação tradicional, ele
diz o seguinte: “a sala de aula é o lugar onde, em termos de avaliação, deveria predominar
o diagnóstico como recurso de acompanhamento e reorientação da aprendizagem, em vez
de predominarem os exames como recursos classificatórios” (LUCKESI, 2003, p. 47),
diante dessas afirmações, compreende-se que a educação ambiental possui peculiaridades
para ser avaliada de forma diferenciada, isto é, de acordo com o resultado das ações, mais,
acima de tudo, conforme o desenvolvimento desse processo de aprendizagem.
Consciência Ambiental
Antes de aprofundar o assunto sobre consciência ambiental, convém compreender
que este assunto é primordial para o desenvolvimento da qualidade de vida das pessoas
e, também, do planeta que nos abriga, a saber, a Terra. Dizer simplesmente que é
necessário cuidar do meio ambiente não se resume a um pensamento de cunho ecológico,
pois, a consciência ambiental alcança dimensões bem maiores.
O autor Leff (1999, 2001) nos chamou a atenção para essa questão e nos ajuda a
compreendê-la melhor, ele fala da importância do compreender sobre o que é a
consciência ambiental, como pensar “ecologicamente correto”, como discutir a
sustentabilidade em âmbito escolar sem reduzi-la a meros conteúdos escolares. Na visão
de Leff (2001, p. 31), “o princípio da sustentabilidade surge como resposta à fratura da
razão modernizadora e como uma condição para construir uma nova racionalidade
produtiva, fundada no potencial ecológico e em novos sentidos de civilização a partir da
diversidade cultural humana.” Essas considerações sobre sustentabilidade falam de se
“construir uma nova racionalidade”, o que implica em novos significados ao modo de
preservação do meio ambiente. Seguindo esse raciocínio, pode-se dizer que a consciência
ambiental envolve a conscientização e a ação dos sujeitos diante do meio ambiente.
Leff (1999, p. 113) anteriormente defendia que “essa mudança de paradigma
social leva a transformar a ordem econômica, política e cultural que, por sua vez, é
impensável sem uma transformação das consciências e dos comportamentos das pessoas”
diante dessas afirmações, constata-se que a educação se torna um mecanismo de
estratégias para a formação de valores e habilidades de modo a orientar rumo à
sustentabilidade.
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O princípio fundamental para se alcançar a sustentabilidade, de acordo com Leff
(1999), parte de uma perspectiva ética justamente na mudança comportamental e dos
valores dos indivíduos. Diante disso, nota-se que a consciência ambiental não fica apenas
no plano mental, mas ela requer uma série de ações por parte dos indivíduos para que o
meio ambiente seja favorecido, do mesmo modo em que o desenvolvimento continua
acontecendo.
Seguindo o raciocínio de Becker (2003), pode-se afirmar que a consciência
ambiental se efetiva quando o indivíduo concebe novos valores e princípios, que
possibilitam ao homem viver em harmonia com a natureza, entendendo que ambos se
ajudam simultaneamente e, que essa harmonização faz toda a diferença no seu
desenvolvimento intelectual. Compreender que o meio ambiente exerce um papel
fundamental para a manutenção da qualidade de vida e que por essa razão, os alunos
podem desenvolver uma consciência pautada na sustentabilidade.
Então, cabe ao ser humano tomar providências desde a educação básica à superior
para formar cidadãos preocupados com o futuro do planeta, pois, os recursos naturais,
que são tão importantes para a vida de todos, precisam de maiores cuidados. O que isso
quer dizer é que não dá para impor os comportamentos voltados para a preservação do
meio ambiente, é preciso mais do que isso, uma nova consciência necessita surgir para
que a sociedade compreenda seu papel diante da utilização que se faz da natureza e a
maneira como pode agir para preservá-la, por meio de ações de cunho sustentável e, a
escola é um lugar onde se constroem valores e princípios éticos e forma cidadãos críticos-
reflexivos.
A GESTÃO A SERVIÇO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Falar um pouco sobre a gestão nesse contexto do desenvolvimento sustentável é
passar por uma complexa experiência. Decidiu-se, então, iniciar ponderando sobre o que
diz Porto- Gonçalves (1996) em sua obra “Os (Des) Caminhos do Meio Ambiente”, entre
outras coisas, ele explica o seguinte:
[...] Será justamente sob a égide do capital internacional que o Brasil
alcançará o maior desenvolvimento industrial de sua história. Esse
desenvolvimento se fazia ainda num país onde as elites dominantes não
tinham por tradição respeito seja pela natureza, seja pelos que
trabalham. A herança escravocrata da elite brasileira se manifestava
numa visão extremamente preconceituosa em relação ao povo, que seria
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“despreparado”. Quanto ao latifúndio, bastava o desmatamento e a
ampliação da área cultivada para se obter o aumento da produção e isto
nos levou a uma tradição de pouco respeito pela conservação dos
recursos naturais, a não ser nas letras dos hinos e nos símbolos da
nacionalidade. A distância entre o discurso e a prática é gritante: o
próprio nome do país, Brasil, é o de uma madeira que não se encontra
mais, a não ser em museus e jardins botânicos e a nossa bandeira cada
vez mais corresponde menos ao verde de nossas matas ou ao amarelo
de nosso ouro. O azul de nosso céu é cada vez menos nítido, seja pelas
queimadas que impedem que aviões levantem vôo dos aeroportos, seja
pela poluição de nossos centros industriais. E o branco, bem... a cor da
paz só se compreende como piada diante de uma realidade de conflitos
entre a UDR e os camponeses ou da presença de militares no poder
quando chegaram no ponto de prender líderes sindicais, em nome da
“segurança nacional”, porque estes faziam manifestações contra as
empresas multinacionais aqui instaladas para gerar o nosso
desenvolvimento. (Porto-Gonçalves, p. 14, 1996).
O autor faz um critica ferrenha a “cultura” de desenvolvimento do Brasil ao longo
de sua história. As práticas de exploração dos recursos naturais nos infelicitaram em
muitas questões, principalmente, porque os recursos foram em sua maioria para outros
países, deixando apenas o estrago ambiental e pobreza aos brasileiros.
Isso só aconteceu porque os governantes do país só viam o caminho para o
desenvolvimento através dessa exploração desordenada dos recursos, criando uma cultura
do mal-uso e desrespeito com o meio ambiente, ainda pior, achava-se que eram fontes
inesgotáveis. Hoje percebe-se que não era bem assim e, para salvar o que nos resta,
precisamos investir em educação para prepararmos cidadãos para cuidar do meio
ambiente nas condições em que o recebemos.
Se olharmos para o estado Amapá, que por alguns anos, especificamente na
década de 1990, trabalhou com o Programa de Desenvolvimento Sustentável do Amapá
– PDSA é possível visualizar algumas ações na área educacional, implantadas naquele
período, um exemplo bem conhecido foi a Escola-Bosque no Arquipélago do Bailique,
com um programa curricular voltado para a Educação Ambiental específica para o
contexto ribeirinho. Porém, um programa dessa envergadura não é inventado de forma
repentina, como um “modismo”, por exemplo. Na obra “Bio(sócio)diversidade e
empreendedorismo ambiental na Amazônia”, Abrantes (2002) resume bem o que seria o
PDSA:
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[...], a decisão pelo PDSA não se fez de maneira aleatória, mas levou
em consideração as grandes oportunidades e perspectivas de um novo
estilo de desenvolvimento, que incorpora os anseios contemporâneos
em prol da equidade social e da conservação do meio ambiente, tendo
objetivo principal a qualidade de vida de toda a população e sua plena
incorporação no exercício dos direitos de cidadania (ABRANTES,
2002, p. 55).
A respeito do exemplo dado sobre a Escola-Bosque, esse investimento em
Educação Ambiental só foi possível pelo fato da gestão estadual e a gestão escolar usarem
o poder que possuíam na implementação daquela política educacional. Assim sendo,
percebeu-se no contexto “Bailique”, que em vários aspectos o desenvolvimento
sustentável aconteceu, influenciado pela consciência ambiental adquirida pelos
aprendentes moradores da região e, que colocaram em prática muitos conhecimento
sistematizados juntamente com os educadores. Diante disso, deixamos a
contribuição nas palavras de Loureiro, apud Guimarães (2006), "(...) não basta apenas
saber o que fazer; é preciso reunir a isso o entendimento do que se faz, por que e para
quem, em que condições e com quais implicações." (Loureiro, apud Guimarães, 2006. p.
55). Essa consciência é vital para uma gestão comprometida com o desenvolvimento
sustentável e a educação.
CONSIDERAÇÕES
Avaliando o que foi explanado neste artigo sobre “Gestão e Poder:
desenvolvimento sustentável e educação” pode-se inferir que isso só é possível com o
comprometimento da gestão em todos os níveis, uma espécie de aposta diante da incerteza
que se apresenta. Morin (1997) faz uma ponderação sobre essa questão:
É por isso que a resposta a essa incerteza se encontra ao mesmo tempo
na aposta e na estratégia. Na aposta, pois não temos absolutamente
certeza de conseguir os resultados que queremos; na estratégia, que
permite corrigir nossa ação, se vemos que ela deriva e vai para outro
caminho (MORIN, 1997, p.23).
Segundo o autor, é na estratégia que as ações são possibilitadas e, para a aposta
em desenvolvimento sustentável a estratégia é a educação. Nesta linha de pensar a
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Educação Ambiental para uma realidade apresentada, a escola é o basilar para a formação
social desse novo indivíduo. É importante que a escola promova a integração de
informações que gerem maior comprometimento no conhecimento, ampliando a
aprendizagem do aluno. E sobre a Educação Ambiental, Santos (2006), afirma:
Na escola se faz, se diz e se valoriza representar um exemplo daquilo
que a sociedade deseja e aprova. Comportamentos ambientalmente
corretos devem ser aprendidos na prática, no cotidiano da vida escolar,
contribuindo para a formação de cidadãos responsáveis. (SANTOS,
2006, p. 4).
Ao considerarmos a relevância da Educação Ambiental com a visão integradora
global, entende-se que a escola deve oferecer mecanismos concretos para que o aluno
compreenda as consequências de suas ações para si e para a sociedade. Na escola é
abordada de forma sistemática e transversal, assegurando a participação do contexto
ambiental de forma interdisciplinar na vida do educando. Ocorre que, para a escola
promover as ações necessárias visando o desenvolvimento sustentável, a gestão desde a
macro até a micro deve estar comprometida com a Educação Ambiental fornecendo os
recursos necessário para o fazer pedagógico acontecer de fato.
Retomando a fala já feita neste artigo, que o verdadeiro conhecimento é aquele
que capaz de transformar, de modificar ações dos indivíduos perante o próprio meio
ambiente. Mas, para que isso seja possível, além da gestão, os dois principais sujeitos do
processo de ensino-aprendizagem, o professor e o aluno, precisam construir estes novos
saberes através da interação e este processo será bem mais efetivo quando o trabalho a
ser desenvolvido ocorrer de modo com que as responsabilidades estejam divididas de
maneira igualitária.
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