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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA
ENGENHARIA CIVIL
Ednardo Freire Brasileiro
Gestão de resíduos sólidos em construtoras de médio e grande porte
da cidade de Feira de Santana, Bahia.
Orientador: PROFª. Drª. Sandra Maria Furiam Dias
Feira de Santana, Bahia. 2008.
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Ednardo Freire Brasileiro
Gestão de resíduos sólidos em construtoras de médio e grande porte
da cidade de Feira de Santana, Bahia.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de Feira de Santana, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil.
Orientador: PROFª. DRª. Sandra Maria Furiam Dias
Feira de Santana, Bahia. 2008.
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Ednardo Freire Brasileiro
Gestão de resíduos sólidos em construtoras de médio e grande porte
da cidade de Feira de Santana, Bahia.
Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil.
Feira de Santana, 09 de setembro de 2008.
BANCA EXAMINADORA
Nome: Drª Maria Furiam Dias (Orientadora) Instituição: Universidade Estadual de Feira de Santana. Aprovado: (assinatura)___________________________________________________.
Nome: M.Sc. Luciano Mendes Souza Vaz Instituição: Universidade Estadual de Feira de Santana. Aprovado: (assinatura)___________________________________________________. Nome: Drª. Maria do Socorro Costa São Mateus Instituição: Universidade Estadual de Feira de Santana. Aprovado: (assinatura)___________________________________________________.
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Dedico este trabalho aos meus pais,
Pedro Pierre Brasileiro Netto e
Maria Perpétua Freire Brasileiro,
que fizeram possível a realização de
mais um sonho meu.
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AGRADECIMENTOS
A Deus, o maior de todos os Engenheiros.
Aos meus pais Pedro Pierre Brasileiro Netto e Maria Perpétua Freire
Brasileiro e minha irmã Gabriela Freire Brasileiro por serem meus melhores
amigos e pelo apoio incondicional em todos os momentos da minha vida.
À minha esposa Lílian Santana Brasileiro, não encontro palavras para
agradecer seu amor, amizade, companheirismo e dedicação ao longo destes sete
anos.
Á minha filha Júlia Santana Brasileiro, a razão da minha vida, por fazer os
meus dias muito mais felizes.
À minha cunhada Laíse Santos Santana, Sogro e Sogra João Araújo
Santana e Maria Nilza Santos Santana, por todo o apoio nesta caminhada.
A minha professora e orientadora Sandra Maria Furiam Dias por todo
conhecimento transmitido e pela paciência durante todo o processo de construção
do trabalho.
Aos meus amigos Agnaldo do Nascimento Júnior, André Luis Buranelli
Vieira, Antônio Carlos Cardoso Lobo Júnior, Eduardo da Silva Pereira, Francisco
Carlos Costa de Oliveira, Marcelo José Sousa Nunes, Thiago Silva Ramos e
Willian Peixoto dos Santos pelo apoio e companheirismo nestes últimos semestres
além dos momentos de descontração fora da Universidade.
Aos Engenheiros, responsáveis técnicos das construtoras que permitiram a
realização das visitas nos canteiros e pela paciência e atenção na realização das
entrevistas.
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"A História tem demonstrado que
os mais notáveis vencedores
normalmente encontraram
obstáculos dolorosos antes de
triunfarem. Eles venceram porque
se recusaram a se tornarem
desencorajados por suas derrotas."
B. C. Forbes.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 01 Vantagens identificadas no programa 36
Figura 02 Utilização dos painéis auto-portantes no canteiro G1 49
Figura 03 Transporte dos painéis auto-portantes no canteiro G1 50
Figura 04 Resíduos classe A sendo reutilizados como sub-base para pavimentação do condomínio no canteiro G2
50
Figura 05 Armazenamento de resíduos classe A no canteiro G1. 51
Figura 06 Armazenamento de resíduos classe B no canteiro G1 52
Figura 07 Armazenamento de resíduos em “bombonas” no canteiro M1 52
Figura 08 Armazenamento de resíduos classe B em bags no canteiro M1 53
Figura 09 Armazenamento de resíduos em baias no canteiro M1 53
Figura 10 Armazenamento de resíduos no canteiro G2 54
Figura 11 Baia de gesso no canteiro M1 55
Figura 12 Formulário para registro da quantidade de resíduos gerados no canteiro G1.
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Figura 13 Armazenamento inadequado de resíduos no canteiro M2 57
Figura 14 Armazenamento inadequado de resíduos no canteiro M2 58
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Figura 15 Armazenamento inadequado de materiais no canteiro M2 58
Figura 16 Resíduos espalhados no canteiro M2 59
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LISTA DE TABELAS
Tabela 01 Redução do número de caçambas de acordo com os dados fornecidos pelas empresas construtoras. Média dos meses de Junho e Julho
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LISTA DE QUADROS
Quadro 01 Dados obtidos na entrevista realizada com os responsáveis pelas construtoras de grande porte.
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Quadro 02 Dados obtidos na entrevista realizada com os responsáveis pelas construtoras de médio porte.
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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
NBR – Norma Brasileira Regulamentadora.
PBQP-H - Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat.
PGRS – Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos.
RCD – Resíduos de Construção e Demolição.
RCC – Resíduos da Construção Civil.
SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa.
SINDUSCON – Sindicato da Indústria da Construção Civil.
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Resumo
Título: Gerenciamento dos resíduos sólidos nas construtoras de médio e grande porte da cidade de Feira de Santana, Bahia.
Os Resíduos Sólidos gerados pela atividade da Construção Civil são responsáveis por cerca de 50% do volume total dos resíduos gerados nas grandes cidades, representando uma grave ameaça ao meio ambiente. Em 5 de julho de 2002 o CONAMA, Conselho Nacional do Meio Ambiente publicou a Resolução Nº. 307 que estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil. Esta resolução fixa prazos para que os municípios elaborem e implementem os Planos Integrados de Gestão de Resíduos da Construção Civil, que contempla a criação e implementação do Plano Municipal de gerenciamento de resíduos da construção civil a ser elaborado implementado e coordenado pelos municípios, além de estabelecer que os grandes geradores elaborem e implementem dentro dos seus canteiros de obras o Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS), com a prioridade na não geração, minimização, reutilização, reciclagem e disposição adequada destes resíduos. Este programa deve ser apresentado juntamente com os demais projetos aos órgãos públicos competentes. Para o estudo do gerenciamento dos resíduos sólidos nas empresas de médio e grande porte da cidade de Feira de Santana, estado da Bahia, Nordeste do Brasil, foram sorteadas quatro empresas, duas de médio porte e duas de grande porte. Foi realizada uma visita a um canteiro de cada empresa escolhido de maneira aleatória, onde foram realizadas entrevistas com o responsável técnico da obra e o responsável pela gestão dos resíduos no canteiro, além do registro fotográfico dos canteiros avaliados. Foi constatado que em três canteiros existe um programa de gestão dos resíduos sólidos e em apenas um não há qualquer prática em relação à gestão de resíduos sólidos. As diferenças encontradas entre os canteiros onde há o PGRS e o canteiro onde não há o PGRS são significativas no que se refere a organização e a limpeza dos canteiros, a redução da quantidade de resíduos gerados e a destinação final dos resíduos. Observou-se que a gestão dos Resíduos Sólidos na empresa está articulada com a gestão de segurança do trabalho e gestão da qualidade. Assim fica claro a importância da implantação de um programa de gestão de resíduos sólidos nas construtoras, pois se configuram uma importante ferramenta para a redução dos danos ambientais provocados pela geração e disposição inadequada dos resíduos oriundos das construções.
Palavras-chaves: Resolução CONAMA Nº. 307/2002, resíduos sólidos, PGRS.
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Abstract
Title: Administration of the solid wastes in the builders of medium and big load of the city of Feira de Santana, Bahia. The solid wastes are responsible for about 50% of the total volume of the wastes generated in the great cities, representing a serious threat to the environment. On July 5, 2002 CONAMA, National Council of the environment published the Resolution nº. 307 that it establishes guidelines, criteria and procedures for the administration of the wastes of the building site. This resolution fastens periods for the municipal districts to elaborate and implement the Integrated Plans of Administration of wastes of the building site, that it contemplates the creation and implement the Municipal Plan of administration of wastes of the building site to be elaborated implemented and coordinated by the municipal districts, besides establishing that the great generators elaborate and implement inside of your construction sites PAW (Program of Administration of Wastes), with the priority not to generate, to minimize, to reuse, recycle and disposition of these wastes in appropriate points, this program should be presented together with the other projects to the competent public organs. For the study of the management of the solid residues in the companies of medium and big load of the city of Feira de Santana, state of Bahia, Northeast of Brazil, four companies, two of medium load and two of great load were raffled. A visit was accomplished her/it a stonemason of each company chosen in an alienator way, where interviews were accomplished with the responsible technician of the work and the responsible by the administration of the residues in the stonemason and photographic registration of the appraised stonemasons. It was verified that in three stonemasons a program of administration of the solid residues exists and in just one there is not any practice in relation to the administration of solid wastes. The differences found among the stonemasons where there are PAW and the stonemason where there is not PAW they are significant, with relationship to the organization and cleaning of the stonemasons, reduction of the amount of generated residues, final destination of the residues, and they are related with the administration of safety of the work and administration of the quality. This study shows the importance of this program for the quality of the environment of the great cities. Key-Words: Resolution CONAMA nº. 307/2002, wastes, PAW.
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 15
2. OBJETIVOS 17
2.1 Geral 17
2.2 Específicos 17
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 18
3.1 Resíduos sólidos 18
3.2 Resíduos sólidos da construção civil 22
3.3 Leis e normas vigentes no Brasil 25
3.4 Gestão de resíduos da construção civil 30
4. METODOLOGIA 40
4.1 Área de estudo 40
4.1.1 Critérios de seleção dos locais de coleta 40
4.2 Coleta de dados 42
4.3 Análise dos dados coletados 42
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 43
6. CONCLUSÕES 60
7. REFERÊNCIAS 62
8. APÊNDICES 67
8.1 Apêndice I – Resolução Nº. 307/2002 CONAMA 68
8.2 Apêndice II – Questionário utilizado nas entrevistas com os responsáveis técnicos das empresas participantes
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1. INTRODUÇÃO
O saneamento ambiental é um conjunto de ações que tornam uma área
sadia, limpa e habitável. Os serviços de saneamento ambiental integram ações de
abastecimento de água, coleta e tratamento de esgotos, drenagem de águas
pluviais, controle de vetores e, também, a coleta, tratamento e destinação de
resíduos sólidos urbanos. A correta gestão desses serviços melhora a qualidade
de vida no meio urbano pela preservação da saúde e do bem-estar da
comunidade. Saúde e ambiente são interdependentes e inseparáveis (OPAS,
2002).
No Brasil, a gestão dos resíduos sólidos urbanos é de responsabilidade das
Prefeituras Municipais, compreendendo a coleta, o transporte, o tratamento e o
destino final. Entretanto, a União tem a função de traçar normas amplas e
adaptáveis à realidade nacional.
Os resíduos sólidos urbanos englobam todos os materiais rejeitados ou
descartados nas atividades domésticas, comerciais e de serviços públicos
(varrição, feiras livres, poda e outros), que apresentam características diversas,
desde resíduos inertes, orgânicos, provenientes da manipulação de alimentos e
poda, embalagens de vidro, plástico, metal, papel/papelão, até perigosos, como
embalagens de produtos destinados a eliminação de vetores domésticos, tintas e
óleos, pilhas, bem como aqueles com características de resíduos de serviços de
saúde contendo fraldas, agulhas e seringas, entre outros. (DIAS, 2003).
No Brasil, ao final da década de 1990, 50% da massa dos resíduos sólidos
urbanos correspondia a resíduos sólidos oriundos da construção civil. A produção
média de entulho era estimada como sendo da ordem de 0,50 toneladas por
habitante por ano, podendo atualmente apresentar valores superiores a essa
estimativa, tornando-se um grande problema nas principais cidades brasileiras
(PINTO, 1999).
Segundo Angulo (2005), o crescente aumento da geração de resíduos leva
a um aumento da extinção de recursos naturais. Dessa forma, o desperdício de
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materiais nas construções não se baseia somente na geração de resíduos sólidos,
mas também na não reutilização de seus resíduos no processo de construção,
desperdiçando assim as potencialidades desses materiais.
Apenas recentemente, os resíduos sólidos urbanos foram contemplados na
agenda de administradores e legisladores. Os resíduos da construção civil – RCC
têm sua gestão disciplinada a partir de 2002, com a publicação da Resolução
CONAMA 307 de 05/07/2002 (CONAMA, 2002).
De acordo com a Resolução nº. 307 do Conselho Nacional de meio
Ambiente – CONAMA (2002), os geradores de resíduos da construção civil devem
ser responsáveis pelos resíduos das atividades de construção. Assim, a
reciclagem e a reutilização se inserem em atitude necessária, pois além da
conscientização dos aspectos relativos à questão ambiental, os geradores de
resíduos estarão sujeitos a sanções judiciais no caso do não cumprimento da lei.
No entanto, sempre existirá uma parcela de resíduos impossíveis de serem
reduzidos e, se tratando de um resíduo pós-consumo, a sua reutilização torna-se
complexa. Para esses resíduos devem-se criar destinos adequados.
Este trabalho tem como objetivo investigar a gestão dos resíduos sólidos
provenientes de construção e demolição gerados nas construtoras de médio e
grande porte da cidade de Feira de Santana, Bahia, comparando com as
diretrizes, critérios e procedimentos dispostos na Resolução CONAMA nº.
307/2002, visto que a construção civil tem tido um crescimento nos últimos anos e,
consequentemente, cresce a quantidade de resíduos oriundos dessa atividade.
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2. OBJETIVOS
2.1 Geral:
Investigar a gestão dos resíduos sólidos oriundos da construção civil nas
construtoras de médio e grande porte da cidade de Feira de Santana, Bahia.
2.2 Específicos:
2.2.1 Identificar todas as construtoras de médio e grande porte da cidade de
Feira de Santana.
2.2.2 Investigar como os resíduos produzidos por estas construtoras são
gerenciados nos canteiros até sua disposição final.
2.2.3 Comparar o gerenciamento realizado nestas empresas com as
diretrizes estabelecidas pela resolução CONAMA Nº. 306/2002.
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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1 Resíduos sólidos
Da atividade humana, seja ela de qualquer natureza, resultaram sempre
materiais diversos. O constante crescimento das populações urbanas, a forte
industrialização, a melhoria no poder aquisitivo dos povos de uma forma geral,
vêm instrumentalizando a acelerada geração de grandes volumes de resíduos
sólidos, principalmente grandes cidades (BIDONE e POVINELLI, 1999)
Na linguagem corrente, o termo resíduo é sinônimo de lixo. Lixo é todo
material inútil. Designa todo material descartado posto em lugar público. Lixo é
tudo aquilo que se “joga fora” (DICIONÁRIO AURÉLIO, 2000).
Para Bertolini (1990), analisando do ponto de vista econômico, lixo é um
produto sem valor. Seu valor de uso e seu valor de troca são nulos para seu
detentor ou proprietário.
Ainda, sob o ponto de vista econômico, resíduo ou lixo é todo material que
uma dada sociedade ou agrupamento humano desperdiça. Isso pode decorrer de
várias razões, como sejam, por exemplo, problemas ligados à disponibilidade de
informações ou de meios para realizar o aproveitamento do produto descartado,
inclusive de falta de desenvolvimento de um mercado para produtos recicláveis
(CALDERONI, 2003).
Segundo a Agenda 21 (1992), os resíduos sólidos são considerados como
os maiores causadores de degradação ambiental. Tal fato é justificado tanto pelo
volume gerado quanto pelo tratamento e disposição final inadequados.
Os lixos ou resíduos sólidos apresentam grandes diversidades e se
originam das mais variadas atividades humanas e ambientes urbanos. Constituem
essa massa de materiais reunidos, julgada sem utilidade e posta fora, restos de
frutas, legumes e alimentos em geral, plásticos e metais diversos, vidros, papéis
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(jornais e revistas), embalagens em geral, materiais provenientes de limpeza de
vias públicas, praças e jardins (restos de podas, gramas, folhas, galhos de
árvores, papéis diversos, restos de cigarros), materiais cerâmicos, ossos, couro,
trapos, terra, pedra, material séptico ou contaminado (provenientes de serviços de
saúde), animais mortos, restos de carros, restos mobiliários, caliça de obra, dentre
outros (BIDONE e POVINELLI, 1999).
De acordo com Branco (2002), o lixo pode ser classificado em oito
categorias, as quais estão definidas abaixo:
•Domiciliar: originado da vida diária das residências, constituído por
restos de alimentos, produtos deteriorados, jornais e revistas,
garrafas, embalagens em geral, papel higiênico, fraldas descartáveis
e uma grande diversidade de outros itens. Contêm, ainda, alguns
resíduos que podem ser tóxicos.
•Comercial: aquele originado dos diversos estabelecimentos comerciais
e de serviços, tais como, supermercados, estabelecimentos
bancários, lojas, bares, restaurantes, etc. O lixo destes
estabelecimentos e serviços tem um forte componente de papel,
plásticos, embalagens diversos e resíduos de asseio dos
funcionários, tais como, papéis toalha, papel higiênico etc..
•Público: São aqueles originados dos serviços: de limpeza pública
urbana, incluindo todos os resíduos de varrição das vias públicas,
limpeza de praias, de galerias, de córregos e de terrenos, restos de
podas de árvores etc.; de limpeza de áreas de feiras livres,
constituídos por restos vegetais diversos, embalagens etc.
•Serviços de saúde: Constituem os resíduos sépticos, ou seja, que
contêm ou potencialmente podem conter germes patogênicos. São
produzidos em serviços de saúde, tais como: hospitais, clínicas,
laboratórios, farmácias, clínicas veterinárias, postos de saúde etc..
São agulhas, seringas, gazes, bandagens, algodões, órgãos e
tecidos removidos, meios de culturas e animais usados em testes,
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sangue coagulado, luvas descartáveis, remédios com prazos de
validade vencidos, instrumentos de resina sintética, filmes
fotográficos de raios X etc.. Resíduos assépticos destes locais,
constituídos por papéis, restos da preparação de alimentos, resíduos
de limpezas gerais (pós, cinzas etc.), e outros materiais que não
entram em contato direto com pacientes ou com os resíduos sépticos
anteriormente descritos, são considerados como domiciliares.
•Lixo municipal: Portos, aeroportos, terminais rodoviários e ferroviários
constituem os resíduos sépticos, aqueles que contêm ou
potencialmente podem conter germes patogênicos, trazidos aos
portos, terminais rodoviários e aeroportos. Basicamente, originam-se
de material de higiene, asseio pessoal e restos de alimentação que
podem veicular doenças provenientes de outras cidades, estados e
países. Também neste caso, os resíduos assépticos destes locais
são considerados como domiciliares.
•Industrial: Aquele originado nas atividades dos diversos ramos da
indústria, tais como, metalúrgica, química, petroquímica, papeleira,
alimentícia, etc.. O lixo industrial é bastante variado, podendo ser
representado por cinzas, lodos, resíduos alcalinos ou ácidos,
plásticos, papel, madeira, fibras, borracha, metal, escórias, vidros,
cerâmicas, etc.. Nesta categoria, inclui-se a grande maioria do lixo
considerado tóxico.
•Agrícola: Resíduos sólidos das atividades agrícolas e da pecuária,
como embalagens de adubos, defensivos agrícolas, ração, restos de
colheita, etc.. Em várias regiões do mundo, estes resíduos já
constituem uma preocupação crescente, destacando-se as enormes
quantidades de esterco animal geradas nas fazendas de pecuária
intensiva. Também as embalagens de agroquímicos diversos, em
geral altamente tóxicos, têm sido alvo de legislação específica,
definindo os cuidados na sua destinação final e, por vezes, co-
responsabilizando a própria indústria fabricante destes produtos.
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•Entulho: Resíduos da construção civil: demolições e restos de obras,
solos de escavações, etc. O entulho é geralmente um material inerte,
passível de reaproveitamento.
Em 1987 foi publicada no Brasil a primeira norma a definir uma
classificação específica quanto seu grau de periculosidade, para os resíduos
sólidos, onde os resíduos foram enquadrados em três classes: a) Classe I –
perigosos b) Classe II – não-inertes e c) Classe III – inertes. Em 2004, a
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) editou uma nova versão da
NBR 10.004, alterando a classificação dos resíduos sólidos. Pela nova
classificação, os resíduos são divididos em apenas duas classes: a) Classe I –
perigosos e b) Classe II – não-perigosos, sendo a Classe II subdividida em outras
duas classes, II A – não-inertes e II B – inertes.
Segundo Costa (2003), os resíduos da construção e demolição (RCD) pela
classificação NBR 10.004 eram enquadrados, em sua grande maioria, como
inertes, o que os tornava inofensivos à sociedade, desviando a atenção em
relação aos problemas que sua geração ocasionava.
Mesmo considerando a possibilidade dos RCD serem considerados inertes,
somente entraria nesta classificação o entulho composto por argamassas, tijolos,
cerâmica, concretos e solos de escavação. No entanto, o fato das caçambas
estacionárias no Brasil receberem todo o material não coletado pelo serviço de
coleta regular de resíduos domiciliares, faz com que todos os resíduos gerados na
obra sejam dispostos na caçamba, impossibilitando a classificação dos mesmos
como inertes (DEGANI, 2003).
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3.2 Resíduos Sólidos da Construção Civil
Os Resíduos da Construção Civil são conhecidos, popularmente, por
entulhos e tecnicamente são definidos como todo rejeito de material utilizado na
execução de etapas de obras em atividades de construção civil, podendo ser
oriundas de obras de infra-estrutura, demolições, reformas, restaurações, reparos,
construções novas, etc., tais como um conjunto de fragmentos ou restos de
pedregulhos, areias, materiais cerâmicos, argamassa, aço, madeira, etc (RINO e
MARAN, 2002)
Em 1999, na tentativa de facilitar a classificação dos Resíduos da
Construção Civil, Lima propôs uma classificação especifica, na qual os resíduos
foram divididos em seis classes:
• Classe 1 – Resíduo de concreto sem impurezas, composto
predominantemente por concreto estrutural, simples ou armado, com teores
limitados de alvenaria, argamassa e impurezas como gesso, terra, vegetação,
vidro, papel, entre outros;
• Classe 2 – Resíduo de alvenaria sem impurezas, composto
predominantemente por argamassas, alvenaria e concreto, com presença de
outros materiais inertes, como areia e pedra britada, com teores limitados de
impurezas;
• Classe 3 – Resíduo de alvenaria sem materiais cerâmicos e sem
impurezas, composto predominantemente por argamassa, concreto e alvenaria de
componentes de concreto, com presença de outros materiais inertes, como areia,
pedra britada, fibrocimento, com teores limitados de impurezas;
• Classe 4 – Resíduo de alvenaria com presença de terra e vegetação,
composto predominantemente pelos mesmos materiais do resíduo da Classe 2,
mas admitindo a presença de terra ou vegetação até uma certa porcentagem, em
volume. Um teor de impurezas superior ao das classes acima é tolerado;
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• Classe 5 – Resíduo composto por terra e vegetação, com teores acima do
admitido no resíduo da Classe 4. Essa categoria de resíduos admite presença de
argamassa, alvenarias e concretos, e de outros materiais inertes, como areia,
pedra britada e fibrocimento. Os teores de impurezas são relativos aos das demais
classes;
• Classe 6 – Resíduo com predominância de material asfáltico, com
limitações para outras impurezas, como argamassas, alvenarias, terra, vegetação,
gesso, vidros e outros.
Esta classificação não foi adotada oficialmente e, somente em 2002, foi
homologada uma resolução de âmbito nacional que trata de maneira específica os
RCD.
O crescimento populacional e o acelerado processo de urbanização dos
municípios têm contribuído para a geração de grandes volumes de Resíduos da
Construção Civil e, conseqüentemente, para o aumento da geração dos Resíduos
Sólidos Urbanos, tornando a construção civil a maior geradora de resíduos de
todos os setores da sociedade (RINO e MARAN, 2002).
Schenini et al, (2004, p. 4) afirma que:
A indústria da construção civil apresenta um índice surpreendente e elevado de perdas, causadas por fatores como falhas ou omissões na elaboração dos projetos e na sua execução, má qualidade dos materiais, acondicionamento impróprio dos materiais, má qualificação da mão de obra, falta de equipamentos e uso de técnicas adequadas da construção, falta de planejamento na montagem dos canteiros de obra, falta de acompanhamento técnico na produção e ausência de uma cultura de reaproveitamento e reciclagem dos materiais. Praticamente todas as atividades da construção civil produzem perdas, sendo que uma parte destas é aproveitada na própria obra como aterro, para o aquecimento de marmitas etc. Em média, 50% (cinqüenta por cento) dos resíduos são transformados em rejeitos.
Pinto (1995) aponta as perdas de materiais na indústria da Construção Civil,
representados em percentual: Areia 39%; Cimento 33 %; Concreto 1 %; Aço 26
%; Blocos/ Tijolos 27 % e Argamassa 91 %.
Estudos realizados com o intuito de estimar a geração anual de resíduos da
construção civil apontam o Brasil com 68,5 milhões de toneladas por ano.
(ÂNGULO et al., 2004: 2)
24
Estudo realizado por Pinto (1999), apresenta algumas estimativas de
geração destes resíduos no ano de 1997, em diferentes cidades do Brasil, tais
como: Santo André 1.013 ton/dia; São José do Rio Preto 687 ton/dia; São José
dos Campos 733 ton/dia; Ribeirão Preto 1.043 ton/dia; Jundiaí 712 ton/dia; Vitória
da Conquista 310 ton/dia; Brasília 4.000 ton/dia.
Rocha e Sposto (2005) apontam a geração de cerca de 5.500 ton/dia de
resíduos sólidos de construção e demolição no Distrito Federal - DF.
As estimativas internacionais sobre a geração per capita desse resíduo
variam entre 130 e 3.000kg/hab.ano. Em cidades brasileiras de médio e grande
porte, varia entre mais de 45% (Salvador) a 70% da massa total dos resíduos
sólidos urbanos gerados. A Prefeitura de São Paulo, que gerencia 40% dos
Resíduos da Construção Civil, tem uma estimativa de 280 kg/hab.ano
(RESÍDUOS..,2003).
Uma das maiores preocupações referentes à geração descontrolada de
RCD é a disposição irregular. São consideradas disposições irregulares os
despejos clandestinos em vias e logradouros públicos, terrenos baldios e fundos
de vales. Tais despejos são responsáveis pelo surgimento de bota-foras
irregulares que acabam se transformando em lixões (DEGANI, 2003).
Segundo PINTO (1999), as disposições irregulares dos RCD podem causar
os seguintes impactos ao meio ambiente:
• comprometimento da qualidade do ambiente e da paisagem local;
• comprometimento da drenagem superficial com a obstrução de córregos e
conseqüentemente o surgimento de enchentes;
• aumento da disposição de outros tipos de resíduos sólidos, para os quais
também não são oferecidas soluções aos geradores, que contribuem com a
deterioração das condições ambientais locais;
• criação de um ambiente propício para a proliferação de vetores
prejudiciais às condições de saneamento e à saúde humana.
25
A disposição inadequada provoca também o comprometimento da
paisagem urbana, além de incentivar a disposição de outros materiais de grande
volume como pneus, móveis e resíduos domiciliares possibilitando a proliferação
de vetores de contaminação e quando levados pelas águas superficiais, obstruem
as canalizações de drenagem.
A remoção dos entulhos dispostos irregularmente nas áreas de bota-fora
das cidades, os transtornos sociais causados pelas enchentes e os danos ao meio
ambiente, representam custos elevados para o poder público e para a sociedade,
apontando para a necessidade do estabelecimento de novos métodos para a
gestão pública de resíduos da construção e demolição (PINTO, 1999).
Os resíduos da construção civil devem ser dispostos em aterros construídos
especificamente para Resíduos Sólidos da Construção Civil, de acordo com a
NBR 15.113/04. Pelo fato de não serem responsáveis pelos serviços de coleta e
destinação desses resíduos, a maioria das administrações públicas brasileiras não
possuem aterro para resíduos da construção civil. (SCHNEIDER, 2003)
3.3 Leis e Normas Vigentes no Brasil
Em 5 de julho de 2002, o CONAMA – Conselho Nacional do Meio
Ambiente, através de sua Resolução 307, deu um passo importante no sentido de
implementar diretrizes para a efetiva redução dos impactos ambientais gerados
pelos resíduos oriundos da construção civil. Tal Resolução estabelece diretrizes,
critérios e procedimentos para a gestão destes resíduos, disciplinando as ações
necessárias e fixando as responsabilidades de forma a minimizar os impactos
ambientais. (SCHENINI et al, 2004).
Nesta resolução os resíduos são classificados de acordo com sua
potencialidade de reaproveitamento, reciclagem e periculosidade, definindo o
destino adequado para cada um deles. (SCHENINI et al, 2004)
26
A resolução nº 307 CONAMA (2002), estabelece a classificação dos
resíduos da seguinte forma:
-Classe A: são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados (materiais
que podem ser agregados em argamassas ou concretos).
-Classe B: são os resíduos recicláveis para outras destinações (plásticos, papel,
papelão, metais, vidros, madeiras e outros).
-Classe C: são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou
aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem e/ou
recuperação.
-Classe D: são os resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais
como: tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles contaminados oriundos de
demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e
outros.
A referida resolução estabelece a criação e implementação do Plano
Integrado de gerenciamento de resíduos da construção civil de responsabilidade
dos Municípios. Este plano por sua vez estabelece critérios e diretrizes para a
criação do Plano Municipal de gerenciamento de resíduos da construção civil a ser
elaborado implementado e coordenado pelos municípios, e deverá estabelecer
diretrizes técnicas e procedimentos para o exercício das responsabilidades dos
pequenos geradores, e a criação e implementação dos Projetos de
Gerenciamento de Resíduos da construção Civil, que devem ser elaborados e
implementados pelos grandes geradores e, terão como objetivo estabelecer os
procedimentos necessários para o manejo e destinação ambientalmente
adequados dos resíduos. Além de estabelecer prazos para a implementação dos
mesmos.
Esta resolução constitui um avanço, pois disciplina as ações necessárias
para minimizar os impactos ambientais, proibindo, inclusive, a disposição dos
resíduos da construção civil em aterros de resíduos domiciliares e em áreas de
bota-fora (AZEVEDO et al, 2006).
Além disso, define a responsabilidade das prefeituras em apoiar o pequeno
gerador e, como responsabilidade do grande gerador, o controle e manejo dos
27
resíduos, tendo como principal objetivo a sua não geração. Por outro lado, a
classificação em tipos diferenciados ajudará o controle e manejo adequado dos
resíduos, bem como o melhor reaproveitamento, quando sua geração não puder
ser evitada. Cabe, enfim, aos municípios, a partir de agora, imprimir em suas
legislações o estímulo à não geração de resíduos como um fator primordial para a
solução da questão, evitando o desperdício de recursos naturais, muitas vezes,
não renováveis (AZEVEDO et al, 2006).
Com o intuito de incentivar a iniciativa privada a implantar e operar áreas de
transbordo e triagem de entulho, a prefeitura do município de São Paulo – SP,
através do Decreto N° 42.217/02 (SÃO PAULO, 2002) regulamenta a Lei N°
10.315, de 30 de abril de 1987, no que se refere ao uso de áreas destinadas ao
transbordo e triagem de resíduos da construção civil e resíduos volumosos. Como
conseqüência das exigências legais, a Prefeitura de São Paulo definiu e
implementou, em 2004, o Plano Municipal de Gestão Sustentável de entulho. De
acordo com este Plano, os construtores deverão submeter à Prefeitura um
programa de gestão de resíduos no processo de licenciamento de obras, sendo
esperado, como resultado, a solução dos problemas de deposição irregulares de
Resíduos da Construção Civil (TOZZI, 2006).
Em Curitiba – PR, em 18 de novembro de 2004, através do Decreto N°
1.068, foi regulamentado o Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da
Construção Civil (CURITIBA, 2004), com o objetivo de estabelecer diretrizes,
critérios e procedimentos para a gestão de Resíduos da Construção civil em
conformidade com a Resolução CONAMA N° 307/02, com a Lei Federal N°
10.257/01, Estatuto da Cidade (BRASIL, 2001), e com as demais leis municipais
pertinentes. Este Plano foi desenvolvido pela Prefeitura Municipal de Curitiba,
juntamente com os diferentes setores diretamente envolvidos com a questão dos
RCC e entrou em vigor no início de 2005. Desde então, as diretrizes referente às
responsabilidades dos geradores e, também, dos transportadores, passaram a ser
fiscalizadas e punidas através da aplicação de penalidades aos infratores.
28
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente do Rio de Janeiro, considerando o
disposto na Resolução CONAMA N°307/02 e na Lei Municipal N° 2.138/94, institui
a Resolução SMAC N° 387, de 24 de maio de 2005 (RIO DE JANEIRO, 2005).
Nesta resolução fica determinada a obrigatoriedade da apresentação de Projetos
de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil para edificações com área
total construída igual ou superior a 10.000 m², empreendimentos ou obras que
requeiram movimento de terra com volume superior a 5.000m³ e demolições de
edificações com área total construída igual ou superior a 10.000 m², ou volume
superior a 5.000 m³.
Em Salvador, o Projeto de Gestão Diferenciada de Entulho tem como
suporte legal o Decreto nº. 12.133, de 8/10/98 (SALVADOR, 1998), chamado
Regulamento do Entulho, que estabelece a obrigação para o proprietário (seja
pessoa física ou jurídica) ou ao responsável legal ou técnico por uma obra de
construção civil ou movimento de terra, a obrigação de providenciar, às suas
expensas, o transporte de entulho até os locais autorizados para sua recepção,
bem como a aquisição dos recipientes adequados para acondicionamento no local
da obra. Determina, também, a obrigatoriedade de cadastro para pessoas físicas
ou jurídicas que realizam o transporte de entulho no município (CARNEIRO 2000;
BRUM e CASSA 2001), as quais devem cumprir as normas de segurança e levar
o material para os locais autorizados. Prevê, ainda, pesadas multas para quem
joga entulho nas ruas ou locais não autorizados e para quem transporta entulho
sem autorização ou desrespeitando normas de segurança (SALVADOR, 1998;
SANTANA, 2003).
Em 2004, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) editou uma
série de normas relativas aos resíduos da construção civil. O conteúdo referente a
estas normas vem de encontro à atual filosofia do setor da construção civil e,
também, às diretrizes propostas pela Resolução CONAMA N° 307/02. De maneira
geral, estas normas tratam da disposição dos RCD em áreas de transbordo,
aterros, áreas de reciclagem e o seu uso como agregados reciclados na
construção civil (TOZZI, 2006).
As normas referidas acima são:
29
• NBR 15.112/2004 – Resíduos da Construção Civil e resíduos volumosos –
Áreas de transbordo e triagem – Diretrizes para projeto, implantação e operação
(ABNT, 2004a);
• NBR 15.113/2004 – Resíduos Sólidos da Construção Civil e Resíduos
Inertes – Aterros – Diretrizes para projetos, implantação e operação (ABNT,
2004b);
• NBR 15.114/2004 – Resíduos Sólidos da Construção Civil – Áreas de
reciclagem – Diretrizes para projeto, implantação e operação (ABNT, 2004c);
• NBR 15.115/2004 – Agregados Reciclados de Resíduos Sólidos da
Construção Civil – Execução de camadas de pavimentação – Procedimentos
(ABNT, 2004d);
• NBR 15.116/2004 – Agregados Reciclados de Resíduos Sólidos da
Construção Civil – Utilização em pavimentação e preparo de concreto sem função
estrutural – Requisitos (ABNT, 2004e).
A criação e a implantação de programas que estimulem a qualificação das
empresas brasileiras também devem contribuir para a melhoria do setor da
construção civil e para a diminuição dos impactos ambientais. Neste sentido, a
Secretaria de Desenvolvimento Urbano da Presidência da República instituiu o
PBQP-H, Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat. Este
programa tem como objetivo promover a qualidade e a produtividade do setor da
construção civil (AMBROZEWICZ, 2001; BRASIL, 2006).
Com a implementação deste programa, as construtoras têm a oportunidade
de aumentar a sua competitividade através da redução de desperdícios, melhorar
a formação de profissionais, materiais e utilizar componentes de melhor qualidade,
além de se adequar às Normas Técnicas (BRASIL, 2006).
30
3.4 Gestão de resíduos sólidos da construção civil
Segundo a Resolução nº. 307 do Conselho Nacional de meio Ambiente –
CONAMA (2002), os geradores de resíduos da construção civil devem ser
responsáveis pelos resíduos das atividades de construção. Assim, a reciclagem e
a reutilização são atitudes necessárias, pois além da conscientização dos
aspectos relativos à questão ambiental, os geradores de resíduos estarão sujeitos
a sanções judiciais no caso do não cumprimento da lei.
De acordo com a resolução CONAMA/02 a apresentação do Projeto de
Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil é obrigatória tanto para
empreendimentos que são objetos de licenciamento ambiental como para
empreendimentos que não são objetos do licenciamento ambiental, os PGRS
deverão ser submetidos para a análise junto aos órgãos ambientais ou órgãos
municipais competentes.
Consta na referida resolução que os Projetos de Gerenciamento de
Resíduos da Construção Civil deverão contemplar as seguintes etapas:
Caracterização: nesta etapa o gerador deverá identificar e quantificar os
resíduos.
Triagem: deverá ser realizada, preferencialmente, pelo gerador na origem,
ou ser realizada nas áreas de destinação licenciadas para essa finalidade,
respeitadas as classes de resíduos estabelecidas nessa Resolução.
Acondicionamento: o gerador deve garantir o confinamento dos resíduos
após a geração até a etapa de transporte, assegurando em todos os casos em
que sejam possíveis, as condições de reutilização e de reciclagem.
Transporte: deverá ser realizado em conformidade com as etapas
anteriores e de acordo com as normas técnicas vigentes para o transporte de
resíduos.
31
Destinação: deverá ser prevista de acordo com o estabelecido nesta
Resolução; Os resíduos da construção civil deverão ser destinados das seguintes
formas:
Classe A: deverão ser utilizados ou reciclados na forma de agregados, ou
encaminhados a áreas de aterro de resíduos da construção civil, sendo dispostos
de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura.
Classe B: deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a áreas de
armazenamento temporário, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização
ou reciclagem futura.
Classe C: deverão ser armazenados, transportados e destinados em
conformidade com as normas técnicas específicas.
Classe D: deverão ser armazenados, transportados, reutilizados e
destinados em conformidade com as normas técnicas específicas.
Segundo Mota (2000), os resíduos de construção podem ser reaproveitados
sobre duas formas: reutilização e reciclagem, a definição para ambas as formas
pode ser definida como:
• Reutilização, quando o resíduo é reutilizado sem qualquer modificação
física, alterando ou não, o seu uso original;
• Reciclagem, quando o resíduo é processado e utilizado como matéria-
prima na manufatura de bens, feita anteriormente apenas com matéria-prima
virgem.
A elevada geração de resíduos e os inúmeros impactos causados nas
áreas urbanas são fatores que apontam para a necessidade da introdução de
programas de gestão dos resíduos da construção civil nos municípios brasileiros
(PINTO, 1999),
A proibição do encaminhamento dos RCD (resíduos da construção e
demolição) a aterros sanitários comuns é outro aspecto que estimula as práticas
de gerenciamento dos resíduos nos canteiros de obras, pois a grande maioria das
32
estratégias de gerenciamento enfatiza a necessidade de minimizar a sua geração,
o que reduz a quantidade de resíduos gerados nos processos de construção
(CONAMA, 2002; COSTA, 2003).
Atitudes voltadas para o desenvolvimento sustentável na construção civil
levam a concepção de que os recursos naturais e os locais de deposição de
resíduos não são abundantes. O crescente aumento da geração de resíduos leva
a um aumento da extinção de recursos naturais (ANGULO 2005).
O gerenciamento dos resíduos da construção civil refere-se à aplicação do
programa de gerenciamento na fonte de geração dos resíduos, nos canteiros de
obras. O gerenciamento de resíduos deve obedecer a uma hierarquia que vai
desde a não-geração até a disposição final. (CWM, 2005)
Uma construção sustentável baseia-se na prevenção e redução dos
resíduos pelo desenvolvimento de tecnologias limpas, no uso de materiais
recicláveis ou reutilizáveis, no uso de resíduos como materiais secundários e na
coleta e deposição inerte. Assim, devem ser tomadas medidas para se transformar
resíduos em recursos reutilizáveis (VÁZQUEZ, 2001).
De acordo com Shenini, (2004, p.6):
A prioridade nos canteiros de obra deve ser a minimização das perdas geradoras de resíduos. Isto pode ser alcançado como a escolha de materiais certificados e com embalagens que facilitem o manuseio sem o risco de perdas; pela capacitação da mão de obra e, pelo uso de equipamentos com tecnologia de ponta e adequada aos processos construtivos. Toda atividade na construção civil produz, inevitavelmente, alguma perda, porém, como estas acontecem em locais e momentos distintos, a simples separação prévia destes materiais evitaria a contaminação dos rejeitos que ocorre nos “containeres” destinados a sua remoção do canteiro de obras. Restos de madeira, gesso, materiais metálicos e plásticos, deveriam ter destinos específicos, de acordo com seu potencial para a reciclagem ou grau de contaminação.
Mais significativas são as perdas quando comparadas com os índices
utilizados na elaboração dos orçamentos de obra. A diminuição das perdas
passou a ser fator fundamental para a sobrevivência das construtoras e
adequação ao mercado competitivo e ao cada vez maior grau de exigência dos
consumidores (SCHENINI, 2004).
33
SCARDOELLI (1995) observa que é crescente a preocupação com o
controle de perdas e que esta se evidencia nas iniciativas adotadas nos canteiros
de obra, tais como:
a. Presença de “containeres” para a coleta de desperdício em todo o
canteiro;
b. Distribuição de pequenas caixas de desperdícios nos andares;
c. Tubo coletor de polietileno para a descida do entulho;
d. Quadro para a anotação da quantidade e tipo de entulho gerado na obra;
e. Colocação de equipamentos de limpeza de forma visível;
f. Limpeza permanente pelo próprio operário;
g. Premiação de equipes pela qualidade da limpeza;
h. Separação dos resíduos por tipo e natureza do material.
É importante ressaltar que o desperdício é parte integrante da atividade e é
extremamente alto e, só é evidenciado, quando existe preocupação com sua
quantificação e classificação. Além disso, o tratamento dos resíduos é, por vezes,
complexo e algumas vezes inviável técnica ou economicamente, em função da
contaminação que pode sofrer. Esta pode se dar, tanto dentro do canteiro, com a
mistura dos materiais e agregação de outros tipos de rejeitos, como “marmitex”
utilizadas na alimentação dos trabalhadores, latas de tinta, de solventes ou óleos,
ou ainda pela agregação de restos de poda de árvores, resíduos orgânicos ou
ainda materiais inservíveis de grande volume, colocados nos “containeres” por
moradores que residem próximo das construções. É preciso, portanto, promover
uma conscientização coletiva sobre o problema, o que é papel dos órgãos
governamentais (SCHENINI et al, 2004).
A possibilidade de reutilização dos resíduos deve ser analisada antes da
adoção de qualquer prática de reciclagem, pois, na reutilização, o resíduo não tem
sua composição alterada. O processo de reciclagem como qualquer atividade
humana, pode causar impactos ao meio ambiente, portanto, é necessário que sua
34
escolha seja criteriosa e considere todas as alternativas possíveis com relação ao
consumo de energia e matéria-prima (ANGULO et al., 2002).
Segundo Schenini et al (2004):
A produção de agregados a partir dos entulhos, que é um das formas mais simples de seu reaproveitamento, gera economias de cerca de 80% (oitenta por cento) em relação ao preço dos agregados convencionais. Sua reutilização, por outro lado, dispensa a extração de matéria prima da natureza, conservando-a sob dois aspectos: não degrada o solo com a remoção e não polui o ar com os gases emitidos pelas máquinas e caminhões empregados na extração e transporte.
Sempre existirá uma parcela de resíduos impossíveis de serem reduzidos
e, se tratando de um resíduo pós-consumo, a sua reutilização torna-se mais
complicada. Para esses resíduos devem-se criar destinos adequados.
Atualmente, o que tem sido observado é que as empresas que atuam no
setor da construção civil, que apresentam uma conduta ambiental mais
responsável, por exemplo, as que buscam a certificação ISO 14001, estão
substituindo formas convencionais de destinação dos resíduos por técnicas
baseadas no conceito dos três R (redução, reuso e reciclagem), como formas
sustentáveis de gerenciamento (ZORDAN, 2003).
Dentre os benefícios proporcionados pelas práticas de gerenciamento de
resíduos em canteiros de obra está a redução dos impactos ambientais, a redução
da geração de resíduos, a organização do canteiro de obra, a triagem dos
resíduos gerados impedindo sua mistura com insumos e o reaproveitamento,
quantificação dos resíduos, entre outros (SINDUSCON-SP, 2005).
O sucesso da implementação de uma gestão ambiental eficiente e eficaz,
em empresas construtoras dependerá sempre da conciliação entre os benefícios
ambientais e os benefícios para empresa como unidade de negócio, desta forma,
os aspectos gerenciais devem ser adotados ao longo de toda a cadeia produtiva,
englobando desde o planejamento, controle da produção, logística, suprimentos
até a capacitação de mão de obra.
35
No Estado de São Paulo a Sinduscon-SP, Sindicato da Indústria da
Construção Civil do Estado de São Paulo, na tentativa de reduzir os desperdício e
identificar técnicas de reciclagem e de disposição final adequadas para os
resíduos, implantou um sistema de gerenciamento de resíduos em canteiros de 11
construtoras, tornando-se referência em gestão de resíduos sólidos em canteiros
de obras. O projeto foi desenvolvido nas seguintes etapas:
•Planejamento: Nesta etapa foi elaborado o cronograma das atividades
e definição dos recursos necessários;
•Implantação:
•Equipamentos foram adquiridos e instalados, as equipes foram
capacitadas e os resíduos foram segregados;
•Suporte à destinação: Foram propostas soluções para a correta
destinação de cada resíduo gerado em canteiro de obras e foram
suas quantidades foram registradas;
•Acompanhamento:
•Foram realizadas avaliações do andamento do programa.
Após a implantação do programa foi realizada uma entrevista com os
funcionários das empresas participantes para avaliação do PGRS, os principais
resultados foram a percepção da redução dos resíduos gerados após a
implantação do PGRS por 79% dos entrevistados, sendo as principais causas
desta redução segundo os próprios funcionários com sendo a melhoria dos
processos 49%, reuso dos resíduos na própria obra 33%, melhoria dos projetos
16%, outras causas 2%. Algumas vantagens foram identificadas pelos
funcionários das empresas participantes do programa da Sinduscon-SP (figura
01).
36
FIGURA 01 - Vantagens para as empresas participantes do programa. (SINDUSCON-SP, 2005)
A Sinduscon-DF juntamente com a Universidade de Brasília desenvolveram
um programa de gestão de resíduos que foi aplicado em alguns canteiros de obras
de construtoras da cidade de Goiânia , com a finalidade de reduzir os resíduos
gerados nestes canteiros, visando a melhoria da qualidade do setor da construção
civil e a minimização dos impactos ao meio ambiente, causados por estas
atividades. O projeto foi executado em seis etapas constando de: Caracterização
da empresa: Nome, razão social, certificações; Descrição da obra: Porte da obra e
quantidade de funcionários; Descrição das tecnologias utilizadas em cada etapa
da obra; Plano de redução de resíduos, que compreende na compatibilização de
projetos, e elaboração de um planejamento do projeto e execução; Plano de
reutilização dos resíduos gerados no próprio canteiro com o estudo dos materiais
que serão utilizados na obra e verificação de possível substituição por materiais
reutilizáveis; Plano de reciclagem: Elaboração do projeto do canteiro de obras
identificando locais de coleta, acondicionamento, triagem e fluxo de transporte dos
resíduos, além da conscientização e treinamento de toda equipe de trabalho para
a segregação dos resíduos de acordo com as classes estabelecidas na resolução
CONAMA/02.
64
46
41
41
11
7
0 10 20 30 40 50 60 70
Organização da obra
Conscientização ambiental
Redução de custos
Melhora na administração dos resíduos
Adequação à legislação
Melhora a imagem da construtora
37
Os resultados apontados pelas empresas participantes foram semelhantes
aos resultados obtidos em São Paulo, sendo descritos como: (SINDUSCON-DF,
2005).
•Redução do custo pela redução do número de caçambas alugadas
pelas empresas construtoras;
•Melhoria da organização e limpeza da obra;
•Elemento forte no marketing da empresa;
•Fortalece a capacidade de cumprimento das responsabilidades
socioambientais das empresas;
•Fortalecimento da auto-estima dos participantes do projeto pela
contribuição com gestão ambiental;
•Contribuição da empresa com a educação ambiental de sua mão de
obra.
Esta redução no número de caçambas utilizadas para o transporte dos
resíduos pode ser observada em quatro das cinco empresas participantes do
estudo, (tabela1).
Tabela 01 - Redução do número de caçambas utilizadas para armazenamento de resíduos da
construção civil, de acordo com os dados fornecidos pelas empresas construtoras. Média dos meses
de Junho e Julho 2005.
Empresa Nº. de caçambas antes do projeto Nº de caçambas depois do projeto
1 17 9
2 4 2
3 13 7
4 10 11
5 4 2
Fonte: Sinduscon-Df, 2005.
O Município de Belo Horizonte - MG que, juntamente com o Sinduscon-MG,
desenvolveu uma cartilha para a implantação do Projeto de Gerenciamento de
Resíduos da Construção Civil visando atender as especificações da Resolução
CONAMA N° 307/02. A vantagem deste programa é que, no Município de Belo
Horizonte, foi implantado um Programa de Reciclagem de Entulho, gerenciado
pela própria Prefeitura, que conta com duas estações de reciclagem de entulhos.
38
Segundo dados do Departamento de Limpeza Pública de Belo Horizonte, estima-
se que cerca de 40% dos resíduos gerados diariamente no Município sejam de
RCC. As duas estações de reciclagem separam cerca de 25% do entulho
coletado. Para a implantação deste programa, o incentivo para a reciclagem dos
RCC partiu da própria Prefeitura Municipal, que tem utilizado o material reciclado
em obras de manutenção de instalações de apoio à limpeza urbana, em obras de
vias públicas e, também, em obras de infra-estrutura em favelas. Outro modelo
presente na cartilha desenvolvida é a Produção Mais Limpa. Este programa visa a
não geração, a minimização e a reciclagem dos resíduos, assim como a
diminuição dos impactos ambientais causados pelas atividades da construção civil
(BELO HORIZONTE, 2005).
A estratégia de minimização de resíduos deve ter como prioridade a
redução da geração do resíduo na fonte e o seu reaproveitamento ou reciclagem
posterior. A introdução de procedimentos na produção, com o objetivo de obter a
melhoria contínua, é uma maneira de solucionar alguns dos problemas
relacionados à geração de resíduos desnecessários. Além disso, alguns cuidados
básicos no canteiro da obra também podem contribuir diretamente com a
minimização dos resíduos, sem alterar o processo produtivo (GREENWOOD,
2004; SOUZA et al., 2004).
Para Ambrozewicz (2001), a elaboração e a implementação de programas
de qualidade para o setor da construção civil, como exemplo do Programa
Brasileiro da Qualidade e Produtividade no Habitat (PBQP-H), vem colaborado
com a diminuição da geração de resíduos da construção civil, através de
exigências de responsabilidades ambientais em relação à sua destinação final.
O treinamento dos operários em relação ao armazenamento e transporte
adequado dos materiais e à segregação dos resíduos gerados para posterior
reaproveitamento são medidas que contribuem para a redução da geração de
resíduos. (GREENWOOD, 2004).
Para estimular a equipe a contribuir com o gerenciamento dos RCC, uma
alternativa, por exemplo, pode ser o oferecimento de benefícios financeiros,
39
conforme seja o retorno representado pelo volume de resíduos gerados (TOZZI,
2006).
Parra Tozzi (2006), as partes envolvidas com a indústria da construção civil
devem considerar todos os fatores que envolvem o processo construtivo para que
soluções sejam encontradas e aplicadas de forma a minimizar a geração dos
RCC.
40
4. METODOLOGIA
4.1 Local da Pesquisa
Este estudo foi realizado em construtoras de médio e grande porte da
construção civil com canteiros de obra instalados na cidade de Feira de Santana,
Bahia. Feira de Santana apresenta uma população estimada de 571.997
habitantes (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE ano 2007).
4.1.1 Critérios para seleção das empresas participantes do estudo
Para realização deste estudo foi determinado que as construtoras atuassem
no sub-setor de edificações em empreendimentos residenciais.
As empresas foram classificadas em empresas de pequeno, médio e
grande porte, de acordo com a classificação estabelecida pelo SEBRAE, que
utiliza o critério de número de funcionários registrados: Microempresa até 19
empregados; Pequena Empresa de 20 a 99 empregados; Média Empresa de 100
a 499 empregados; Grande Empresa de 500 a mais empregados.
De acordo com a lista fornecida pela SINDUSCON-BA (Sindicato das
indústrias da construção civil – Bahia), atuam em Feira de Santana, cerca de
cinqüenta empresas de construção civil, dentre elas foram identificadas seis
empresas de médio porte e duas empresas de grande porte no setor de
edificações. A pesquisa foi realizada com uma parte dessas empresas mediante
coleta de dados por amostra aleatória simples por sorteio. Foram cadastradas
quatro construtoras, duas de grande porte e duas de médio porte.
Os canteiros de obra das empresas de grande porte foram denominados
G1 e G2 e os canteiros de obra das empresas de médio porte foram denominadas
M1 e M2. As principais características das empresas responsáveis pelas obras
selecionadas são conforme descrição:
41
Canteiro G1: A construtora responsável por esse canteiro é classificada
como construtora de grande porte, atua em 4 (quatro) estados brasileiros com
cerca de 2000 (dois mil) funcionários no total, com o foco para o mercado
imobiliário. A empresa possui certificação ISO 9001 e se encontra em processo de
adequação para a obtenção da certificação ISO 14001. A obra em estudo se
constitui na construção de três torres de apartamentos residenciais, totalizando
150 (cento e cinqüenta) apartamentos com 60 (sessenta) m2, voltados para classe
média, com 120 (cento e vinte) funcionários no canteiro.
Canteiro G2: A construtora responsável pelo canteiro G2 é classificada
como de grande porte. Atua em 2 dois estados Brasileiros com cerca de 1300 (um
mil e trezentos) funcionários, com foco na construção e incorporação de imóveis
residenciais destinados às classes alta, média e baixa renda. A empresa possui
certificação ISO 9001 e se encontra em processo de adequação para a obtenção
da certificação ISO 14001. O canteiro se constitui na construção de 31 torres de
apartamentos residenciais, totalizando 496 apartamentos com 42 m2, destinados
à classe de média renda com 299 funcionários no canteiro e cerca de 1300
funcionários no total.
Canteiro M1: A construtora responsável pelo canteiro M1 é classificada
como construtora de médio porte, possui cerca de 300 (trezentos) funcionários. A
empresa possui certificação ISO 9001 e se encontra em processo de adequação
para a obtenção da certificação ISO 14001. O canteiro se constitui na construção
de 80 (oitenta) casas com 42 m2, destinado à classe de média renda, com 80
(oitenta) funcionários no canteiro.
Canteiro M2: A construtora responsável pelo canteiro M2 é classificada
como construtora de médio porte, com cerca de 200 (duzentos) funcionários no
total. A empresa não possui certificação ISO 9001 e não apresenta pretensões de
obtenção da certificação ISO 14001. O canteiro se constitui na construção de 300
42
casas com 90 m2, destinados à classe de alta renda, com 120 funcionários no
canteiro.
4.2 Coleta dos dados
O instrumento de coleta de dados utilizado foi à observação sistemática e a
entrevista.
As observações sistematizadas foram realizadas com base na resolução
CONAMA 307/2002, (APÊNDICE I), a fim de atingir os objetivos da pesquisa,
sendo as informações registradas por meio de anotações e fotografias, em cada
um dos canteiros de obra envolvidos no estudo.
As entrevistas estruturadas foram dirigidas ao responsável técnico da obra e
ao responsável pela gestão de resíduos da construção civil no canteiro de obras.
As entrevistas obedeceram a um formulário pré-estabelecido, contendo perguntas
baseadas na Resolução 307/02 do CONAMA, (APÊNDICE II).
4.3 Análise dos dados
Os dados obtidos neste estudo foram comparados com as diretrizes,
critérios e procedimentos estabelecidos na Resolução CONAMA Nº. 307/02 que
dispõe sobre a gestão dos resíduos da construção civil.
As informações obtidas foram sistematizadas em quadros, no intuito de
facilitar a visualização dos dados e a sua interpretação. Por fim, os dados foram
analisados e discutidos com base na literatura específica.
43
5.RESULTADOS E DISCUSSÃO
O resultado das entrevistas está resumido nos quadros 1 e 2, de acordo
com o porte da construtora.
44
44
Quadro 1 Dados obtidos na entrevista realizada com os responsáveis pelas construtoras de grande porte.
AVALIAÇÃO G1 G2
A empresa possui PGRS? Sim Sim, em processo de implantação.
Há quanto tempo? 18 meses
Existe uma equipe responsável pelo PGRS
Sim, o técnico de segurança da empresa é responsável pelo PGRS no canteiro.
Sim, Técnico Ambiental e estagiário de Engenharia Ambiental.
Há um planejamento voltado para a não geração
de resíduos? Quais?
A tecnologia construtiva empregada (sistema painel auto-portante) já minimiza bastante a geração de resíduos. Reaproveitamento de alguns
materiais no próprio canteiro como pvc.
Reaproveitamento dos resíduos classe A para a utilização como sub-base e base para as ruas internas do condomínio.
Os funcionários foram treinados para a separação
dos resíduos
Sim, na integração do funcionário e em palestras ministradas periodicamente.
Sim. Realização de treinamentos periódicos
Quais os principais resíduos gerados?
Classe A: Concreto e argamassa. Classe B: Aço, Plástico, papelão, madeira.. Classe C: Gesso. Classe D: Tintas
Classe A: Concreto e argamassa. Classe B: Plástico, Aço. Classe C: Gesso
Como é feita a separação? CONAMA ou tradicional?
CONAMA CONAMA
Como se dá o armazenamento dos resíduos gerados?
Baias de resíduos, Bombonas, Caçambas estacionárias. Atualmente é realizada separada, a céu aberto. Baias se
encontram em processo de construção. Containeres serão instalados no canteiro.
Como é feito o transporte dos resíduos do canteiro até
sua destinação final?
Classe A por meio de Caçambas de empresa contratada, e demais materiais são transportados por empresas conveniadas e prestadores de
serviços.
O transporte de todos os resíduos gerados é realizado pela própria empresa, em Caçambas particulares.
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Cont. Quadro 1 Dados obtidos na entrevista realizada com os responsáveis pelas construtoras de grande porte.
Qual a destinação dos resíduos gerados?
Classe A: É depositado em terreno próprio da empresa contratada para o recolhimento e disposição;
Classe B: A empresa possui convênios para a doação dos resíduos para cooperativas para posterior reciclagem, exceto sobras de aço que são
vendidos; Classe C: A empresa contratada para a aplicação do revestimento de gesso é responsável pelo recolhimento e disposição dos
resíduos gerados nesta atividade; Classe D:
Atualmente toda a destinação de todos os resíduos gerados é o aterro sanitário de Feira de Santana, exceto resíduos
classe A, que são reaproveitados no canteiro. Empresas já foram contratadas para o recolhimento, reaproveitamento e
disposição correta dos resíduos.
A empresa possui registro da quantidade de resíduos gerados mensalmente?
Sim, Concreto e argamassa: 20 m3 ; Papelão: 500 kg; Aço: 2400kg Não. Formulários para registro e controle estão sendo
elaborados.
O que levou a empresa a gerenciar os resíduos
sólidos gerados?
1- Cumprimento da legislação; 2- Obtenção da certificação ISO 14001; 3- Motivação econômica; 4- Motivação ecológica.
1- Cumprimento da legislação; 2- Motivação econômica; 3- Motivação ecológica.
Há um programa de educação ambiental com os
funcionários?
Sim. Existem palestras periódicas sobre diversos temas ligados ao meio ambiente, além de outras atividades como concursos, gincanas.
Sim. Atividades pontuais como a realização de palestras, mini-cursos, caminhada ecológica.
O que mudou depois do gerenciamento?
O comportamento dos funcionários mudou em relação a geração de resíduos de quaisquer espécie, o canteiro de obras está mais limpo e
organizado.
O PGRS se encontra em fase de implantação, mudanças não podem ser avaliadas.
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Quadro 2 Dados obtidos na entrevista realizada com os responsáveis pelas construtoras de médio porte.
AVALIAÇÃO M1 M2
A empresa possui PGRS? Sim Não
Há quanto tempo? 6 meses -
Há um planejamento voltado para a não geração de resíduos? Quais?
Processos de transporte e acomodação dos materiais. -
Existe uma equipe responsável pelo PGRS Sim, Técnico de Segurança e Ambiental. -
Os funcionários foram treinados para a separação dos resíduos
Sim. Realização de treinamentos periódicos. Não
Quais os principais resíduos gerados?
Classe A: Concreto e argamassa. Classe B: Plástico, papel, aço.
Classe C: Gesso. Classe D:
Classe A: Concreto e argamassa. Resíduos Orgânicos e Bota-Fora
Como é feita a separação? CONAMA ou tradicional? CONAMA Somente resíduos orgânicos são separados
Como se dá o armazenamento dos resíduos gerados? É realizada através de Baias, Bags, e Bombonas
instaladas no canteiro.
Não há local específico para armazenamento dos materiais, sendo armazenados em diversos pontos no
canteiro.
Como é feito o transporte dos resíduos do canteiro até sua destinação final?
Classe A: Caçambas de empresa contratada. Classe B: São vendidos para cooperativas e empresas
para reciclagem. Classe C: Não foi definido ainda. Classe D:
Todos os resíduos são transportados conjuntamente em caçambas de empresa
contratada para o serviço.
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Cont. Quadro 2 Dados obtidos na entrevista realizada com os responsáveis pelas construtoras de médio porte.
Qual a destinação dos resíduos gerados? Classe A: Aterro sanitário de Feira de Santana.
Classe B: Vendido para cooperativas e empresas para reciclagem. Classe C: Não foi definido ainda.
Aterro sanitário de Feira de Santana.
A empresa possui registro da quantidade de resíduos gerados mensalmente?
Sim. 12m3 incluindo resíduos classe A, bota-fora e resíduos orgânicos.
Não
O que levou a empresa a gerenciar os resíduos sólidos gerados?
1- Cumprimento da legislação; 2- Motivação econômica; 3- Motivação ecológica.
-
Há um programa de educação ambiental com os funcionários?
Sim, realização de treinamentos (DDS) nos temas relacionados ao meio ambiente.
Não
O que mudou depois do gerenciamento? Houve uma melhora na organização e limpeza do canteiro e diminuição da quantidade de resíduos
gerados. -
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Em 2 de janeiro de 2003, entrou em vigor a Resolução CONAMA nº. 307
em que se estabeleceu o prazo máximo de 24 (vinte e quatro) meses para que os
grandes geradores de resíduos sólidos incluam os PGRS (Projetos de
Gerenciamento de Resíduos Sólidos) nos projetos de obras a serem submetidos à
aprovação ou ao licenciamento dos órgãos competentes.
Foi observado neste estudo, que, dentre as quatro construtoras de médio e
grande porte do sub-setor de edificações residenciais analisadas, três construtoras
possuem um programa de gestão de resíduos da construção, sendo que, em um
dos canteiros, o G2, o PGRS se encontra em fase de implementação, enquanto o
canteiro G1 possui o PGRS há dezoito meses e o canteiro M1 possui o PGRS há
seis meses. Em todos os PGRS são encontradas falhas, ao não atender algumas
diretrizes da resolução CONAMA 307/02. Apenas um canteiro visitado não possui
e não apresenta pretensões de elaboração deste programa.
Dos três canteiros que possuem o PGRS aquele que atende de maneira
mais eficiente às diretrizes da Resolução CONAMA 307/02 é o canteiro G1 no que
diz respeito à adoção de técnicas construtivas voltadas para a não geração de
resíduos com a utilização de painéis auto-portante, como principal técnica
construtiva e do controle sobre a quantidade de cada resíduo gerado. Também, e
responsabiliza os prestadores de serviço pelo transporte e disposição dos
resíduos gerados nestas atividades, comprovadas na disposição dos resíduos
classe C (gesso) e na vistoria realizada ao terreno da empresa contratada para o
recolhimento e disposição dos resíduos classe A.
Canteiros onde há PGRS
Em todos os canteiros estudados há um responsável pelas ações do
PGRS, sendo nos canteiros G1 e M1 o técnico de segurança que acumula estas
atividades com suas atribuições rotineiras, enquanto no canteiro G2 foi contratado
um profissional exclusivamente para a execução desta atividade. A resolução
CONAMA Nº. 307/2002 não estabelece cargos e responsabilidades na gestão dos
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PGRS dentro dos canteiros, ficando as empresas livres para determinar tais
responsabilidades.
Nos canteiros observados, verificou-se que apenas no canteiro G1 foram
adotadas técnicas construtivas voltadas para a não geração de resíduos como os
painéis auto-portante (figuras 02 e 03). Nos canteiros G2 e M1 são adotadas
medidas de minimização da geração de resíduos através do reaproveitamento dos
resíduos gerados, como os resíduos classe A, que no canteiro G2 são
processados e reaproveitados como sub-base e base para pavimentação das ruas
internas do condomínio (figura 04).
FIGURA 02 – Utilização dos painéis auto-portantes no canteiro G1.
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FIGURA 03 – Transporte dos painéis auto-portantes no canteiro G1.
FIGURA 04 – Resíduos classe A sendo reutilizados como sub-base para pavimentação do
condomínio no canteiro G2.
Em todos os canteiros onde há o PGRS foi observada a realização
periódica de treinamentos com a força de trabalho no que diz respeito à separação
dos resíduos de acordo com a classificação do CONAMA, inclusive no canteiro
G2, onde o PGRS se encontra em fase de implementação, os treinamentos
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relativos à separação dos resíduos já iniciaram. Estes treinamentos são de
fundamental importância para a participação dos funcionários no gerenciamento.
Os principais resíduos gerados nos canteiros analisados são da classe A,
concreto e argamassa, independentemente da tecnologia empregada nos
mesmos.
Em todos os canteiros analisados é realizada a separação dos resíduos de
acordo com a classificação da resolução CONAMA N.º307 /2002.
Nos canteiros G1 e M1 os resíduos são armazenados separadamente em
caçambas estacionárias (figura 05), baias, “bombonas” e “bags” (figuras 06, 07, 08
e 09), no canteiro G2 os resíduos são armazenados já separados, porém a céu
aberto (figura 10), baias e containeres serão construídos e instalados no canteiro.
As baias e “bombonas” instaladas nos canteiros atendem a resolução CONAMA
N.º307 /2002, pois realizam o acondicionamento adequado dos resíduos
possibilitando sua reutilização e reciclagem futura.
FIGURA 05– Armazenamento de resíduos classe A no canteiro G1.
52
FIGURA 06 – Armazenamento de resíduos classe B no canteiro G1.
FIGURA 07 - Armazenamento de resíduos em “bombonas” no canteiro M1.
53
FIGURA 08 – Armazenamento de resíduos classe B em bags no canteiro M1.
FIGURA 09 – Armazenamento de resíduos em baias no canteiro M1.
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FIGURA 10 – Armazenamento de resíduos no canteiro G2.
O transporte dos resíduos é realizado de diversas maneiras: pela própria
construtora, por empresas contratadas ou cooperativas que recebem doações dos
resíduos classe B, para futura reciclagem destes materiais.
No canteiro G1 os resíduos possuem diversas destinações, resíduos classe
A são depositados em terreno licenciado de empresa privada, resíduos classe B
são doados e vendidos para cooperativas para posterior reciclagem, resíduos
classe C são recolhidos pelos prestadores de serviços, atendendo aos critérios
estabelecidos na resolução CONAMA nº. 307/02, Somente os resíduos orgânicos
são dispostos no aterro sanitário de Feira de Santana.
No canteiro G2, os resíduos classe A são reutilizados no próprio canteiro, o
que diminui sensivelmente a quantidade de resíduos dispostos no aterro sanitário
municipal. Todo o resíduo que não é reutilizado no próprio canteiro é disposto no
aterro sanitário de Feira de Santana não atendendo aos critérios estabelecidos na
resolução CONAMA nº. 307/02 que diz que os resíduos da construção civil não
podem ser dispostos em aterros de resíduos domiciliares em áreas de “bota-fora”,
encostas, corpos d’água, terrenos vagos e em áreas protegidas por Lei O PGRS
está em fase de implementação, contratos com cooperativas já foram firmados
para a coleta dos resíduos classe B, tendo uma destinação mais adequada.
55
No canteiro M1 os resíduos classe A são dispostos no aterro sanitário de
Feira de Santana não atendendo aos critérios estabelecidos na resolução
CONAMA nº. 307/02. Considerando que o volume de resíduos classe A
representa a maior parte do volume total de resíduos sólidos gerados nos
canteiros, a quantidade de resíduos dispostos no aterro sanitário de Feira de
Santana ainda é significativo. Os resíduos classe B são doados e vendidos para
cooperativas para futura reciclagem, o que atende às recomendações da
resolução CONAMA nº. 307/02. A empresa responsável pelo canteiro M1 não
encontrou uma destinação adequada para o resíduo de gesso, que se encontra
acondicionado em baias a céu aberto no canteiro (figura 11).
FIGURA 11 – Baia de gesso no canteiro M1.
Os canteiros G1 e M1 possuem registro da quantidade de resíduos gerados
por mês. No canteiro G1 o registro mais eficiente, pois o mesmo é realizando
observando a quantidade de cada tipo de resíduo (figura 12), enquanto o canteiro
M1 registra apenas dos resíduos enviados para o aterro municipal de Feira de
Santana. O canteiro G2 não possui ainda os registros da quantidade, pois os
formulários estão sendo criados.
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FIGURA 12 – Formulário para registro da quantidade de resíduos gerados no canteiro G1.
Todos os responsáveis técnicos e responsáveis pelo PGRS dos canteiros
visitados apontam como principal motivo pela adoção do PGRS no canteiro foi o
cumprimento da legislação, em segundo plano a motivação econômica e em
último plano a motivação ecológica.
Em todos os canteiros estudados foram observadas atividades pontuais de
educação ambiental com os funcionários, como gincanas, concursos, palestras e
semanas temáticas relacionadas ao meio ambiente, porém não foi observado um
planejamento contínuo e planejado.
Nos canteiros G1 e M1 o valor arrecadado com a venda de resíduos
metálicos é revestido para os próprios funcionários envolvidos com o
gerenciamento. O recurso é utilizado para financiar atividades esportivas e de
lazer, servindo de estímulo para uma maior participação da força de trabalho no
gerenciamento dos resíduos, como sugerido por Tozzi (2006).
Verificou-se, na realização do trabalho, que uma das principais mudanças
apontadas pelos responsáveis técnicos dos canteiros G1, G2 e M1 foi a melhoria
da organização e limpeza do canteiro, além da diminuição da quantidade de
resíduos gerados. Também houve uma significativa mudança de comportamento
dos funcionários em relação ao meio ambiente. Resultados semelhantes forma
obtidos nos estudos realizados pelo Sinduscon-SP e Sinduscon-DF.
57
Canteiro onde não há PGRS
No canteiro M2 não foi observado a implantação do PGRS e não apresenta
também nenhum procedimento isolado de gestão dos resíduos sólidos. Não há
separação dos resíduos sólidos gerados, apenas os resíduos orgânicos são
separados. Não há também o armazenamento adequado destes resíduos em
baias, bags ou “bombonas” e sim o acúmulo dos resíduos em diversos pontos do
canteiro gerando um aspecto desagradável para os funcionários e todos os
visitantes (figuras 13 e 14).
FIGURA 13 – Armazenamento inadequado de resíduos no canteiro M2.
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FIGURA 14 – Armazenamento inadequado de resíduos no canteiro M2.
O índice de perdas de materiais é visivelmente maior que nos canteiros
onde há o PGRS, e se deve à não adoção de processos adequados de
armazenamento e transporte dos materiais dentro do canteiro de obras (figura 15).
FIGURA 15 – Armazenamento inadequado de materiais no canteiro M2.
Todos os resíduos são transportados sem a correta separação, por
empresa contratada pela responsável pelo canteiro M2 para o aterro sanitário de
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Feira de Santana, sem nenhum controle da quantidade de resíduos gerados, em
total descumprimento da resolução CONAMA nº. 307/02. Este conjunto de
práticas observadas sugere que a empresa não tem comprometimento com a
gestão de resíduos sólidos e, em nenhum momento da visita foi evidenciado um
planejamento ou esforço para uma mudança das mesmas. Dentre todos os
canteiros visitados este canteiro mostrou-se o mais desorganizado e sujo (figura
16).
FIGURA 16 – Resíduos espalhados no canteiro M2.
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6. CONCLUSÕES
A constante busca pela qualidade, segurança e produtividade no canteiro
de obras está diretamente relacionada com a existência de Programas de Gestão
de Resíduos Sólidos, visto que as construtoras G1, G2 e M1, que possuem o
PGRS possuem também a certificação ISO 9001 e se encontram em processo de
adequações para a obtenção de mais certificações, como a ISO 14001. No
entanto, a empresa do canteiro M2, que não possui o PGRS, não apresenta
nenhum esboço de adequações e esforços para obtenção de nenhuma
certificação anteriormente mencionada.
A implementação do PGRS independe do padrão do empreendimento a ser
realizado e sim do nível de organização, qualificação e comprometimento da
empresa construtora, e se encontra diretamente relacionada com outros
parâmetros de qualidade como segurança do trabalho e sistemas de gestão da
qualidade.
Diferenças na limpeza e na organização dos canteiros são bastante
significativas. Os canteiros onde há o PGRS se encontram mais limpos e
organizados comparados ao canteiro sem PGRS. Esta diferença é explicada pela
existência de pontos de coleta e local de armazenamento bem definidos nos
canteiros G1, G2 e M1 e o armazenamento em diversos pontos do canteiro, sem o
devido isolamento e sinalizações adequadas no canteiro M2.
Nos canteiros G1, G2 e M1, onde foi observada a existência do PGRS, a
quantidade de resíduos gerados é proporcionalmente menor que no canteiro M2
que não possui PGRS. Esta diferença se dá pela adoção de boas práticas que
visam à não geração, minimização e o reaproveitamento dos resíduos gerados
observadas nos canteiros G1, G2 e M1, práticas como a melhoria do transporte e
armazenamento de materiais e o reaproveitamento planejado dos resíduos.
Também, ficou evidenciada a redução das perdas de materiais nos
canteiros G1 e M1, onde o PGRS é aplicado, isto se deve à adoção de práticas
como o adequado armazenamento e transporte dos materiais dentro dos
canteiros.
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Os PGRS empregados nas empresas participantes deste estudo estão
mais voltados para a destinação adequada dos resíduos gerados, não priorizando
a elaboração de um planejamento voltado para a não geração de resíduos.
As empresas de médio e grande porte atuando em Feira de Santana, no
sub-setor de edificações, que já possuem programas de gestão da qualidade e
segurança do trabalho está viabilizando adequações às novas exigências
ambientais para o cumprimento da legislação, embora, ainda não sejam
observadas fiscalizações por parte dos órgãos públicos.
O PGRS produz diversos benefícios para a empresa que o aplica em seus
canteiros, como a melhoria da organização e limpeza dos canteiros de obras,
redução dos resíduos gerados, mudança do comportamento dos operários em
relação ao meio ambiente, beneficia também outras instituições e cooperativas
que, por meio de contrato da doação ou compra de resíduos classe B como
plástico, papelão e resíduos metálicos para posterior reciclagem favorecendo o
desenvolvimento sócio-econômico da micro-região em que o canteiro está
instalado.
62
7. REFERÊNCIAS ABNT (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TECNICAS). NBR 10004. Resíduos Sólidos: Classificação. Rio de Janeiro, 2004. ________. NBR 15112. Resíduos sólidos da construção civil e resíduos inertes: Áreas de Transbordo e Triagem de RCD. Junho, 2004a. ________. NBR 15113. Resíduos sólidos da construção civil e resíduos inertes: Aterros – Diretrizes para projeto, implantação e operação. Junho, 2004b. ________. NBR 15114. Resíduos sólidos da construção civil: Área de Reciclagem – Diretrizes para projeto, implantação e operação. Junho, 2004c. ________. NBR 15115. Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil: Execução de camadas de pavimentação – Procedimentos. Junho, 2004d. ________. NBR 15116. Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil: Utilização em pavimentação e preparo de concreto sem função estrutural. Junho, 2004e. AMBROZEWICZ, P. H. L. Gestão da Qualidade na construção civil: a qualidade na execução de obras públicas. SENAI/PR: Curitiba, 2001. ANGULO, S. C.; ULSEN, C.; JOHN, V.M.; KAHN, H. Desenvolvimento de novos mercados para a reciclagem massiva de RCD. In: V Seminário de Desenvolvimento Sustentável e a Reciclagem na Construção Civil. IBRACON, São Paulo, 2002. ÂNGULO, S. C. et al. Caracterização de agregados de resíduos de construção e demolição reciclados separados por líquidos densos. In: I Conferência Latino Americana de Construção Sustentável. São Paulo, 2004, 13p. ANGULO, S. C. Caracterização de agregados de resíduos de construção e demolição reciclados e a influência de suas características no comportamento de concretos. 2005. 149 p. Tese de doutorado - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo – EPUSP, [2005]. ASSEMBLÉIA GERAL DAS NAÇÕES UNIDAS. Agenda 21 Global. Conferência das Nações Unidas sobre meio ambiente e desenvolvimento sustentável. ECO 92. Rio de Janeiro, 1992. Disponível em: http//www.mma.gov.br. Acesso em: 17 de maio de 2008. AZEVEDO, G. O. D; KIPERSTOK, A. e MORAES, L. R. S. Resíduos da construção civil em Salvados: os caminhos para um gestão sustentável. Eng. Sanitária e Ambiental. Vol.11 - Nº 1 - jan/mar p 65-72, 2006.
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67
APÊNDICES
68
APÊNDICE I - RESOLUÇÃO CONAMA Nº 307/2002
Resolução CONAMA 307 de 05 de julho de 2002.
Dispõe sobre gestão dos resíduos da construção civil.
Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da
construção civil.
.O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE-CONAMA, no uso das
competências que lhe foram conferidas pela Lei nº 6.938, de 31 de agosto de
1981, regulamentada pelo Decreto nº 99.274, de 6 de julho de 1990, e tendo em
vista o disposto em seu Regimento Interno, Anexo à Portaria nº 326, de 15 de
dezembro de 1994, e Considerando a política urbana de pleno desenvolvimento
da função social da cidade e da propriedade urbana, conforme disposto na Lei nº
10.257, de 10 de julho de 2001; Considerando a necessidade de implementação
de diretrizes para a efetiva redução dos impactos ambientais gerados pelos
resíduos oriundos da construção civil; Considerando que a disposição de resíduos
da construção civil em locais inadequados contribui para a degradação da
qualidade ambiental; Considerando que os resíduos da construção civil
representam um significativo percentual dos resíduos sólidos produzidos nas
áreas urbanas; Considerando que os geradores de resíduos da construção civil
devem ser responsáveis pelos resíduos das atividades de construção, reforma,
reparos e demolições de estruturas e estradas, bem como por aqueles resultantes
da remoção de vegetação e escavação de solos; Considerando a viabilidade
técnica e econômica de produção e uso de materiais provenientes da reciclagem
de resíduos da construção civil; e Considerando que a gestão integrada de
resíduos da construção civil deverá proporcionar benefícios de ordem social,
econômica e ambiental, resolve:
Art. 1º Estabelecer diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos
da construção civil, disciplinando as ações necessárias de forma a minimizar os
impactos ambientais.
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Art. 2º Para efeito desta Resolução, são adotadas as seguintes definições:
I - Resíduos da construção civil: são os provenientes de construções, reformas,
reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação
e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em
geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados,
forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos,
tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obras,
caliça ou metralha;
II - Geradores: são pessoas, físicas ou jurídicas, públicas ou privadas,
responsáveis por atividades ou empreendimentos que gerem os resíduos
definidos nesta Resolução;
III - Transportadores: são as pessoas, físicas ou jurídicas, encarregadas da coleta
e do transporte dos resíduos entre as fontes geradoras e as áreas de destinação;
IV - Agregado reciclado: é o material granular proveniente do beneficiamento de
resíduos de construção que apresentem características técnicas para a aplicação
em obras de edificação, de infra-estrutura, em aterros sanitários ou outras obras
de engenharia;
V - Gerenciamento de resíduos: é o sistema de gestão que visa reduzir, reutilizar
ou reciclar resíduos, incluindo planejamento, responsabilidades, práticas,
procedimentos e recursos para desenvolver e implementar as ações necessárias
ao cumprimento das etapas previstas em programas e planos;
VI - Reutilização: é o processo de reaplicação de um resíduo, sem transformação
do mesmo;
VII - Reciclagem: é o processo de reaproveitamento de um resíduo, após ter sido
submetido à transformação;
VIII - Beneficiamento: é o ato de submeter um resíduo à operações e/ou
processos que tenham por objetivo dotá-los de condições que permitam que
sejam utilizados como matéria-prima ou produto;
70
IX - Aterro de resíduos da construção civil: é a área onde serão empregadas
técnicas de disposição de resíduos da construção civil Classe "A" no solo, visando
a preservação de materiais segregados de forma a possibilitar seu uso futuro e/ou
futura utilização da área, utilizando princípios de engenharia para confiná-los ao
menor volume possível, sem causar danos à saúde pública e ao meio ambiente;
X - Áreas de destinação de resíduos: são áreas destinadas ao beneficiamento ou
à disposição final de resíduos.
Art. 3º Os resíduos da construção civil deverão ser classificados, para efeito desta
Resolução, da seguinte forma:
I - Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais
como:
a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras
obras de infra-estrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;
b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes
cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e
concreto;
c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto
(blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras;
II - Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como:
plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros;
III - Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias
ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua
reciclagem/recuperação, tais como os produtos oriundos do gesso;
IV - Classe D - são os resíduos perigosos oriundos do processo de construção,
tais como: tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles contaminados oriundos de
demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e
outros.
71
Art. 4º Os geradores deverão ter como objetivo prioritário a não geração de
resíduos e, secundariamente, a redução, a reutilização, a reciclagem e a
destinação final.
§ 1º Os resíduos da construção civil não poderão ser dispostos em aterros de
resíduos domiciliares, em áreas de "bota fora", em encostas, corpos d`água, lotes
vagos e em áreas protegidas por Lei, obedecidos os prazos definidos no art. 13
desta Resolução.
§ 2º Os resíduos deverão ser destinados de acordo com o disposto no art. 10
desta Resolução.
Art. 5º É instrumento para a implementação da gestão dos resíduos da construção
civil o Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, a ser
elaborado pelos Municípios e pelo Distrito Federal, o qual deverá incorporar:
I - Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil; e
II - Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil.
Art 6º Deverão constar do Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da
Construção Civil:
I - as diretrizes técnicas e procedimentos para o Programa Municipal de
Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil e para os Projetos de
Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil a serem elaborados pelos
grandes geradores, possibilitando o exercício das responsabilidades de todos os
geradores.
II - o cadastramento de áreas, públicas ou privadas, aptas para recebimento,
triagem e armazenamento temporário de pequenos volumes, em conformidade
com o porte da área urbana municipal, possibilitando a destinação posterior dos
resíduos oriundos de pequenos geradores às áreas de beneficiamento;
III - o estabelecimento de processos de licenciamento para as áreas de
beneficiamento e de disposição final de resíduos;
72
IV - a proibição da disposição dos resíduos de construção em áreas não
licenciadas;
V - o incentivo à reinserção dos resíduos reutilizáveis ou reciclados no ciclo
produtivo;
VI - a definição de critérios para o cadastramento de transportadores;
VII - as ações de orientação, de fiscalização e de controle dos agentes envolvidos;
VIII - as ações educativas visando reduzir a geração de resíduos e possibilitar a
sua segregação.
Art 7º O Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil
será elaborado, implementado e coordenado pelos municípios e pelo Distrito
Federal, e deverá estabelecer diretrizes técnicas e procedimentos para o exercício
das responsabilidades dos pequenos geradores, em conformidade com os
critérios técnicos do sistema de limpeza urbana local.
Art. 8º Os Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil serão
elaborados e implementados pelos geradores não enquadrados no artigo anterior
e terão como objetivo estabelecer os procedimentos necessários para o manejo e
destinação ambientalmente adequados dos resíduos.
§ 1º O Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, de
empreendimentos e atividades não enquadrados na legislação como objeto de
licenciamento ambiental, deverá ser apresentado juntamente com o projeto do
empreendimento para análise pelo órgão competente do poder público municipal,
em conformidade com o Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da
Construção Civil.
§ 2º O Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil de atividades e
empreendimentos sujeitos ao licenciamento ambiental, deverá ser analisado
dentro do processo de licenciamento, junto ao órgão ambiental competente.
73
Art. 9º Os Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil deverão
contemplar as seguintes etapas:
I - caracterização: nesta etapa o gerador deverá identificar e quantificar os
resíduos;
II - triagem: deverá ser realizada, preferencialmente, pelo gerador na origem, ou
ser realizada nas áreas de destinação licenciadas para essa finalidade,
respeitadas as classes de resíduos estabelecidas no art. 3º desta Resolução;
III - acondicionamento: o gerador deve garantir o confinamento dos resíduos após
a geração até a etapa de transporte, assegurando em todos os casos em que seja
possível, as condições de reutilização e de reciclagem;
IV - transporte: deverá ser realizado em conformidade com as etapas anteriores e
de acordo com as normas técnicas vigentes para o transporte de resíduos;
V - destinação: deverá ser prevista de acordo com o estabelecido nesta
Resolução.
Art. 10. Os resíduos da construção civil deverão ser destinados das seguintes
formas:
I - Classe A: deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados, ou
encaminhados a áreas de aterro de resíduos da construção civil, sendo dispostos
de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura;
II - Classe B: deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a áreas de
armazenamento temporário, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização
ou reciclagem futura;
III - Classe C: deverão ser armazenados, transportados e destinados em
conformidade com as normas técnicas especificas.
IV - Classe D: deverão ser armazenados, transportados, reutilizados e destinados
em conformidade com as normas técnicas especificas.
74
Art. 11. Fica estabelecido o prazo máximo de doze meses para que os
municípios e o Distrito Federal elaborem seus Planos Integrados de
Gerenciamento de Resíduos de Construção Civil, contemplando os Programas
Municipais de Gerenciamento de Resíduos de Construção Civil oriundos de
geradores de pequenos volumes, e o prazo máximo de dezoito meses para sua
implementação.
Art. 12. Fica estabelecido o prazo máximo de vinte e quatro meses para que os
geradores, não enquadrados no art. 7º, incluam os Projetos de Gerenciamento de
Resíduos da Construção Civil nos projetos de obras a serem submetidos à
aprovação ou ao licenciamento dos órgãos competentes, conforme §§ 1º e 2º do
art. 8º.
Art. 13. No prazo máximo de dezoito meses os Municípios e o Distrito Federal
deverão cessar a disposição de resíduos de construção civil em aterros de
resíduos domiciliares e em áreas de "bota fora".
Art. 14. Esta Resolução entra em vigor em 2 de janeiro de 2003.
75
APÊNDICE II - QUESTIONÁRIO UTILIZADO NA ENTREVISTA COM OS RESPONSÁVEIS TÉCNICOS DAS EMPRESAS PARTICIPANTES. FORMULÁRIO
1 - DADOS DA EMPRESA:
NOME ________________________________________________.
CANTEIRO_____________________________________________.
1.2-QUANTIDADE DE FUNCIONÁRIOS REGISTRADOS:
A) 0-100
B) 100 – 200
C) 200 – 300
D) MAIS DE 300
1.3-QUANTIDADE DE UNIDADES CONSTRUÍDAS / ANO:
A) 0-100
B) 100 – 200
C) 200 – 300
D) MAIS DE 300
1.4 – CLIENTE:
A) PÚBLICA
B) PRIVADA
C) CONSÓRCIO
D) OUTROS__________________________.
1.5 - ATIVIDADES DESENVOLVIDAS:
A) HABITAÇÃO
B) INDUSTRIAL
C) COMERCIAL
D) OUTROS _________________________.
76
1.6 – A EMPRESA POSSUI O CERTIFICADO I.S.O 14001 ?
A) SIM
B) NÃO
2-A EMPRESA TEM UM PROGRAMA PRÓPRIO DE GERENCIAMENTO DE
RESÍDUOS SÓLIDOS?
A) SIM
B) NÃO
2.1 - HÁ QUANTO TEMPO?
A) 0 – 6 MESES
B) 6 – 12 MESES
C) 12 – 18 MESES
D) MAIS DE 18 MESES
2-2 NO GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS PROPOSTO PELA EMPRESA HÁ
UM PLANEJAMENTO VOLTADO PARA A NÃO GERAÇÃO E/OU MINIMIZAÇÃO
DE RESÍDUOS? QUAIS SÃO?
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
______________________________________________________.
2.3-EXISTE UMA EQUIPE RESPONSÁVEL POR ESTA ATIVIDADE DENTRO DA
EMPRESA?
A) SIM
B) NÃO
3.1-OS FUNCIONÁRIOS FORAM TREINADOS E PARA REALIZAR A
SEPARAÇÃO DOS RESÍDUOS GERADOS?
A) SIM
B) NÃO
77
QUEM?________________________________________________________.
4-QUAIS OS RESÍDUOS GERADOS?
RESÍDUO A B C D
4.1-COMO É FEITA ESTA SEPARAÇÃO? CONAMA OU TRADICIONAL?
__________________________________________________________________
_________________________________________________________________.
4.2-COMO SE DÁ O ARMAZENAMENTO DOS RESÍDUOS NO CANTEIRO?
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
_________________________________________________________.
5-QUAL A DESTINAÇÃO DOS RESÍDUOS GERADOS?
A) ATERRO SANITÁRIO
B) ÁREAS PÚBLICAS OU PRIVADAS APTAS PARA O RECEBIMENTO DE
RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL
C) TERRENO PRÓPRIO
D) OUTROS____________________________.
6- A EMPRESA POSSUI REGISTRO DA QUANTIDADE DE RESÍDUOS
GERADOS/MÊS?
78
A) SIM. QUANTO?______________________.
B) NÃO
7-O QUE LEVOU A EMPRESA A GERENCIAR OS RESÍDUOS SÓLIDOS
GERADOS?
A) MOTIVAÇÃO ECOLOGICA
B) MOTIVAÇÃO ECONÔMICA
C) CUMPRIMENTO DA LEGISLAÇÃO
D) OUTROS ___________________________.
8-HÁ UM PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL COM OS FUNCIONÁRIOS?
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
_________________________________________________________________.
9-O QUE MUDOU DEPOIS DO GERENCIAMENTO?
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
_________________________________________________________________.
79