gestÃo de resÍduos na construÇÃo civil: redução

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Page 1: GESTÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL: Redução
Page 2: GESTÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL: Redução

Apresentação 21.Introdução 4

2.Aconstruçãocivileodesenvolvimentosustentável 7

3.Impactoambientaldacadeiaprodutivadaconstrução 103.1 Consumo de Recursos Naturais 103.2 Resíduos e Poluição 123.3 Alternativas para Redução do Impacto Ambiental 15

4.Aconstruçãocivileasperdas 174.1 Entendendo o Conceito de Perdas 174.2 Classificação das Perdas 204.3 Perdas x Geração de Resíduos 26

5.Diretrizesparagerenciamentoderesíduosdaconstrução 285.1 A Resolução 307 do CONAMA 285.2 Organização, Limpeza e Segregação de Resíduos 325.3 Acondicionamento dos Resíduos 355.4 Sinalização dos Dispositivos 425.5 Transporte Interno dos Resíduos 435.6 Destinação Responsável 445.7 Normas Brasileiras para a Gestão de Resíduos 485.8 Envolvimento das Pessoas para uma Gestão Eficiente 51

6.Aracionalizaçãocomoferramentaparaareduçãodageraçãoderesíduos 536.1 Procedimentos Gerais 566.2 Os Times de Racionalização 576.3 Desenvolvimento da Metodologia 586.4 Exemplo de Racionalização R1 em um Canteiro de Obras 666.5 Projeto e Planejamento 766.6 Organização do Canteiro 77

7.Areciclagemnacadeiaprodutivadaconstrução 807.1 Vantagens da Reciclagem 817.2 Barreiras da Reciclagem de RCD no Brasil 817.3 Exemplos da Reciclagem de RCD no Brasil 81

8.Metodologiaparaimplantaçãodagestãoderesíduosnocanteiro 848.1 Objetivos do Programa 848.2 Seqüência das Atividades 858.3 Qualificação dos Agentes Envolvidos 96

9.Consideraçõesfinais 99

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Apresentação 21.Introdução 4

2.Aconstruçãocivileodesenvolvimentosustentável 7

3.Impactoambientaldacadeiaprodutivadaconstrução 103.1 Consumo de Recursos Naturais 103.2 Resíduos e Poluição 123.3 Alternativas para Redução do Impacto Ambiental 15

4.Aconstruçãocivileasperdas 174.1 Entendendo o Conceito de Perdas 174.2 Classificação das Perdas 204.3 Perdas x Geração de Resíduos 26

5.Diretrizesparagerenciamentoderesíduosdaconstrução 285.1 A Resolução 307 do CONAMA 285.2 Organização, Limpeza e Segregação de Resíduos 325.3 Acondicionamento dos Resíduos 355.4 Sinalização dos Dispositivos 425.5 Transporte Interno dos Resíduos 435.6 Destinação Responsável 445.7 Normas Brasileiras para a Gestão de Resíduos 485.8 Envolvimento das Pessoas para uma Gestão Eficiente 51

6.Aracionalizaçãocomoferramentaparaareduçãodageraçãoderesíduos 536.1 Procedimentos Gerais 566.2 Os Times de Racionalização 576.3 Desenvolvimento da Metodologia 586.4 Exemplo de Racionalização R1 em um Canteiro de Obras 666.5 Projeto e Planejamento 766.6 Organização do Canteiro 77

7.Areciclagemnacadeiaprodutivadaconstrução 807.1 Vantagens da Reciclagem 817.2 Barreiras da Reciclagem de RCD no Brasil 817.3 Exemplos da Reciclagem de RCD no Brasil 81

8.Metodologiaparaimplantaçãodagestãoderesíduosnocanteiro 848.1 Objetivos do Programa 848.2 Seqüência das Atividades 858.3 Qualificação dos Agentes Envolvidos 96

9.Consideraçõesfinais 99

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Apresentação

O Projeto Competir, oriundo de um Ajuste Complementar ao Acordo de Cooperação Técnica entre os Governos do Brasil e da Alemanha, foi aprovado para ajudar a transformar a realidade das empresas de pequeno porte, tornando-as mais produtivas e com maior competitividade, infl uindo no desenvolvimento econômico da Região Nordeste. A execução do Projeto foi delegada, pelo lado brasileiro ao SENAI e ao SEBRAE e, pelo lado alemão a GTZ (Deutsche Gesellschaft Technische Zusammenarbeit).

A primeira fase do projeto, iniciada em 1996 e concluída em 2000, teve como foco a qualifi cação de técnicos do SENAI e do SEBRAE visando o atendimento às empresas na introdução de programas de qualidade de vários setores industriais. Já na segunda fase, que durou de 2001 a 2005, o Projeto passou a assessorar Cadeias e Arranjos Produtivos, sob uma visão regional da competitividade, abrangendo os 9 estados do Nordeste. Procurou-se apoiar o desenvolvimento produtivo regional através da promoção do diálogo e da cooperação entre os agentes locais e regionais relevantes, buscando a sinergia entre fornecedores, prestadores de serviços, entidades de apoio, produtores fi nais e o comércio.

Desde janeiro de 2005 o Projeto Competir integra o Programa “Desenvolvimento Regional no Nordeste do Brasil, voltado para o Combate à Pobreza” e, mais especifi camente, o componente “Fomento Regional à Geração de Emprego e Renda”.

Dentre os diversos produtos do Projeto Competir, que estão à disposição da comunidade empresarial nos Departamentos Regionais do SENAI do Nordeste, bem como no SEBRAE, encontra-se o Programa de Gestão de Resíduos na Construção Civil, do qual faz parte este material.

Vale ressaltar que este material foi desenvolvido no âmbito do Projeto Estratégico PJ-NE 0597 “Gerenciamento Integrado de Resíduos da Construção Civil: Redução, Reciclagem e Reutilização como Alternativa Sustentável para Gestão dos Resíduos Classe A” do SENAI - Departamento Nacional. Este projeto contou com a participação dos Departamentos Regionais do SENAI da Bahia, Ceará, Pernambuco e Sergipe.

Esta publicação foi preparada para ser utilizada como instrumento de consulta. Possui informações que são aplicáveis de forma prática, no dia-a-dia do profi ssional ligado à construção civil, apresentada através de uma linguagem simples e de fácil assimilação. Possibilita, de forma efi ciente, o aperfeiçoamento dos profi ssionais do setor no que se refere à gestão dos resíduos resultantes da atividade construtiva.

Este trabalho apresenta diversos temas e aspectos relacionados à gestão de resíduos na construção civil, ao longo de seus nove capítulos. O primeiro capítulo introduz o tema; o capítulo 2 aborda a questão do desenvolvimento sustentável atrelado à construção civil e o terceiro capítulo trata da forma como a indústria da construção impacta o meio ambiente.

No capítulo 4 são abordadas as perdas geradas pelos processos de construção, salientando-se como estas perdas podem ser classifi cadas. No quinto capítulo, apresentam-se as diretrizes para se promover o gerenciamento de resíduos na construção, dando destaque à Resolução 307 do CONAMA, que estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil. São citadas algumas normas brasileiras que tratam especifi camente dos resíduos sólidos da construção no tocante às áreas de transbordo, triagem, aterro e reciclagem e uso dos agregados reciclados. Ainda nesse capítulo, é mencionada a necessidade de se promover o envolvimento das pessoas para se conseguir uma gestão efi ciente.

No sexto capítulo são apresentadas algumas ferramentas que podem ser aplicadas de forma simples e efi caz para auxiliar o processo de redução da geração de resíduos e de forma mais específi ca a racionalização no canteiro de obras. Já no sétimo capítulo, aborda-se a reciclagem na cadeia produtiva da construção civil, as principais vantagens, as barreiras encontradas e boas práticas de reciclagem existentes no Brasil. No penúltimo capítulo é apresentada a metodologia implementada no âmbito do Projeto Competir para implantação da gestão de resíduos nos canteiros de obra.

O último capítulo sintetiza as principais idéias do Programa: a importância da não geração de resíduos, da gestão diferenciada dos resíduos nos canteiros de obra e da necessidade de minimizar os impactos sócio-ambientais, preservar recursos naturais e melhorar a qualidade de vida nas áreas urbanas.

Com esta publicação, o Projeto Competir objetiva contribuir com a melhoria da qualidade e da competitividade das empresas de pequeno porte do Nordeste e, conseqüentemente, com o desenvolvimento da Região.

SENAI SEBRAE GTZ

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Apresentação

O Projeto Competir, oriundo de um Ajuste Complementar ao Acordo de Cooperação Técnica entre os Governos do Brasil e da Alemanha, foi aprovado para ajudar a transformar a realidade das empresas de pequeno porte, tornando-as mais produtivas e com maior competitividade, infl uindo no desenvolvimento econômico da Região Nordeste. A execução do Projeto foi delegada, pelo lado brasileiro ao SENAI e ao SEBRAE e, pelo lado alemão a GTZ (Deutsche Gesellschaft Technische Zusammenarbeit).

A primeira fase do projeto, iniciada em 1996 e concluída em 2000, teve como foco a qualifi cação de técnicos do SENAI e do SEBRAE visando o atendimento às empresas na introdução de programas de qualidade de vários setores industriais. Já na segunda fase, que durou de 2001 a 2005, o Projeto passou a assessorar Cadeias e Arranjos Produtivos, sob uma visão regional da competitividade, abrangendo os 9 estados do Nordeste. Procurou-se apoiar o desenvolvimento produtivo regional através da promoção do diálogo e da cooperação entre os agentes locais e regionais relevantes, buscando a sinergia entre fornecedores, prestadores de serviços, entidades de apoio, produtores fi nais e o comércio.

Desde janeiro de 2005 o Projeto Competir integra o Programa “Desenvolvimento Regional no Nordeste do Brasil, voltado para o Combate à Pobreza” e, mais especifi camente, o componente “Fomento Regional à Geração de Emprego e Renda”.

Dentre os diversos produtos do Projeto Competir, que estão à disposição da comunidade empresarial nos Departamentos Regionais do SENAI do Nordeste, bem como no SEBRAE, encontra-se o Programa de Gestão de Resíduos na Construção Civil, do qual faz parte este material.

Vale ressaltar que este material foi desenvolvido no âmbito do Projeto Estratégico PJ-NE 0597 “Gerenciamento Integrado de Resíduos da Construção Civil: Redução, Reciclagem e Reutilização como Alternativa Sustentável para Gestão dos Resíduos Classe A” do SENAI - Departamento Nacional. Este projeto contou com a participação dos Departamentos Regionais do SENAI da Bahia, Ceará, Pernambuco e Sergipe.

Esta publicação foi preparada para ser utilizada como instrumento de consulta. Possui informações que são aplicáveis de forma prática, no dia-a-dia do profi ssional ligado à construção civil, apresentada através de uma linguagem simples e de fácil assimilação. Possibilita, de forma efi ciente, o aperfeiçoamento dos profi ssionais do setor no que se refere à gestão dos resíduos resultantes da atividade construtiva.

Este trabalho apresenta diversos temas e aspectos relacionados à gestão de resíduos na construção civil, ao longo de seus nove capítulos. O primeiro capítulo introduz o tema; o capítulo 2 aborda a questão do desenvolvimento sustentável atrelado à construção civil e o terceiro capítulo trata da forma como a indústria da construção impacta o meio ambiente.

No capítulo 4 são abordadas as perdas geradas pelos processos de construção, salientando-se como estas perdas podem ser classifi cadas. No quinto capítulo, apresentam-se as diretrizes para se promover o gerenciamento de resíduos na construção, dando destaque à Resolução 307 do CONAMA, que estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil. São citadas algumas normas brasileiras que tratam especifi camente dos resíduos sólidos da construção no tocante às áreas de transbordo, triagem, aterro e reciclagem e uso dos agregados reciclados. Ainda nesse capítulo, é mencionada a necessidade de se promover o envolvimento das pessoas para se conseguir uma gestão efi ciente.

No sexto capítulo são apresentadas algumas ferramentas que podem ser aplicadas de forma simples e efi caz para auxiliar o processo de redução da geração de resíduos e de forma mais específi ca a racionalização no canteiro de obras. Já no sétimo capítulo, aborda-se a reciclagem na cadeia produtiva da construção civil, as principais vantagens, as barreiras encontradas e boas práticas de reciclagem existentes no Brasil. No penúltimo capítulo é apresentada a metodologia implementada no âmbito do Projeto Competir para implantação da gestão de resíduos nos canteiros de obra.

O último capítulo sintetiza as principais idéias do Programa: a importância da não geração de resíduos, da gestão diferenciada dos resíduos nos canteiros de obra e da necessidade de minimizar os impactos sócio-ambientais, preservar recursos naturais e melhorar a qualidade de vida nas áreas urbanas.

Com esta publicação, o Projeto Competir objetiva contribuir com a melhoria da qualidade e da competitividade das empresas de pequeno porte do Nordeste e, conseqüentemente, com o desenvolvimento da Região.

SENAI SEBRAE GTZ

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1.Introdução

Ao longo das últimas décadas diversas tecnologias vêm sendo desenvolvidas de modo a auxiliar e melhorar a qualidade de vida dos seres humanos. Porém, apesar de todos os benefícios, estas mudanças também trazem seu lado negativo, muitas delas são grandes geradoras de impactos ambientais, como é o caso, por exemplo, das embalagens descartáveis que vêm causando grandes transtornos nas grandes cidades.

A indústria da construção civil ocupa posição de destaque na economia nacional, quando considerada a signifi cativa parcela do Produto Interno Bruto (PIB) do país pela qual é responsável e também pelo contingente de pessoas que, direta ou indiretamente, emprega. Por outro lado, esta indústria é responsável por cerca de 50% do CO2 lançado na atmosfera e por quase metade da quantidade dos resíduos sólidos gerados no mundo (JOHN, 2000).

Por todos estes motivos, a construção civil é um dos grandes vilões ao se falar em impactos ambientais, aparecendo como o principal gerador de resíduos de toda a sociedade (estimativas apontam para uma produção mundial entre 2 e 3 bilhões de toneladas/ano).

Estima-se que a construção civil é responsável por algo entre 20 e 50% do total de recursos naturais consumidos pela sociedade (SJÖSTRÖM, 1992). Para citar um exemplo, em uma cidade como São Paulo, o esgotamento das reservas próximas da capital faz com que a areia natural seja transportada de distâncias superiores a 100km, gerando consumos de energia, além de poluição (JOHN, 2006) .

A produção de quantidades signifi cativas de resíduos de construção civil é um dos principais problemas enfrentados em áreas urbanas. Em alguns países europeus (Finlândia, Holanda, etc.), o volume de entulho produzido é o dobro do lixo sólido urbano (SJÖSTRÖM, 1992). Dados levantados entre 1995 e 1997 em cinco cidades do interior de São Paulo indicam que a geração dos Resíduos de Construção e Demolição (RCD) variava entre 54% e 70% dos Resíduos Sólidos Urbanos (PINTO, 1999). Na cidade de Salvador, por exemplo, os RCD representam cerca da metade dos resíduos sólidos urbanos e correspondem à geração diária de aproximadamente 2.000t (LIMPURB, 2004). O crescimento populacional, o desenvolvimento econômico e a utilização de tecnologias inadequadas têm contribuído para que esta quantidade aumente cada vez mais.

Os impactos ambientais, sociais e econômicos gerados pela quantidade expressiva do entulho e o seu descarte inadequado impõem a necessidade de soluções rápidas e efi cazes para a sua gestão adequada. Daí decorre a prioridade de uma ação conjunta da sociedade – poderes públicos, setor industrial da construção civil e sociedade civil organizada – na elaboração e consolidação de programas específi cos que visem à minimização desses impactos. As políticas ambientais relacionadas ao tema devem voltar-se para o adequado manuseio, redução, reutilização, reciclagem e disposição desses resíduos (CASSA et al, 2001).

No Brasil, as políticas públicas voltadas ao gerenciamento de Resíduos de Construção Civil (RCC) buscam impulsionar as empresas geradoras de resíduos a tomarem uma nova postura gerencial e implementar medidas que visem a redução da quantidade de resíduos produzidos. Estas medidas, via de regra, ainda são consideradas como não usuais ou mesmo como desconhecidas no setor.

A principal ação efetivada em termos legais visando à mudança deste quadro foi a publicação da Resolução nº307 do CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente. Em vigor desde janeiro de 2003, a referida Resolução estabelece obrigações para os geradores e para os municípios. Para o gerador, salienta que ele deve ter como objetivo prioritário a não geração de resíduos e, secundariamente, a redução, a reutilização, a reciclagem e a destinação fi nal. Além disso, o gerador é responsável pela implantação de programas de gerenciamento de resíduos da construção civil nos seus empreendimentos. Isto envolve o estabelecimento de procedimentos necessários para o manejo e destinação ambientalmente adequados dos resíduos.

Já para os municípios, determina que estes devem implementar a gestão dos resíduos da construção civil através da

elaboração do Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil. Assim, os gestores municipais e as empresas construtoras necessitam adaptar seus processos de modo a garantir a destinação ambientalmente correta dos resíduos de construção civil.

Na cidade de Salvador, por exemplo, o poder público, através da Empresa de Limpeza Urbana de Salvador (LIMPURB), vem buscando implantar desde 1997 o Plano de Gestão Diferenciada de Entulho. Este Plano promove medidas para a redução do descarte clandestino, convertendo-o em deposição correta, seja pela implantação de Postos de Descarga de Entulho – PDEs ou pela implantação de Bases de Descarga de Entulho – BDEs para uso de pequenos e grandes geradores, respectivamente (LIMPURB, 2005).

No Brasil, é incipiente a quantidade de empresas de construção civil que fazem a gestão de resíduos em canteiro de obra e desenvolvem ações planejadas para redução da geração de resíduos. A segregação, acondicionamento e disposição fi nal qualifi cada dos resíduos ainda não são r ealizados de forma adequada e integrada às atividades produtivas do canteiro de obra.

A criação e manutenção de parâmetros e procedimentos em obra para a gestão diferenciada dos resíduos são fundamentais para assegurar o descarte adequado. Estas ações, quando executadas amplamente por empresas do setor, promovem a minimização substancial dos impactos ambientais que a disposição inadequada dos resíduos gera e contribuem para evitar a necessidade de soluções emergenciais. A Gestão Corretiva é a situação típica da maioria dos municípios brasileiros, com ações de caráter não preventivo, repetitivo, custoso e, principalmente, inefi ciente.

Ao longo deste trabalho, são apresentados e discutidos alguns assuntos relacionados à Gestão de Resíduos de Construção de modo a estabelecer um referencial teórico a respeito do tema, além de apresentar a metodologia para implantação do Programa de Gestão de Resíduos da Construção Civil desenvolvida no âmbito do Projeto Competir e utilizada pelo SENAI e SEBRAE. A sua concepção baseia-se na segregação dos resíduos no canteiro, de forma a reaproveitá-los ou conduzi-los à destinação adequada. Como resultados parciais do programa, destacam-se: maior limpeza e organização da obra, segregação e destinação ambientalmente responsáveis dos resíduos, controle do transporte e disposição fi nal.

De acordo com Souza (2005) estudos mostram que o Construbusiness – cadeia em que se insere a Construção – responde por valores superiores a 15% do PIB nacional. Informações disponíveis em: <http://www.reciclagem.pcc.usp.br/des_sustentavel.htm>. Acesso em 20 fev. 2006.

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1.Introdução

Ao longo das últimas décadas diversas tecnologias vêm sendo desenvolvidas de modo a auxiliar e melhorar a qualidade de vida dos seres humanos. Porém, apesar de todos os benefícios, estas mudanças também trazem seu lado negativo, muitas delas são grandes geradoras de impactos ambientais, como é o caso, por exemplo, das embalagens descartáveis que vêm causando grandes transtornos nas grandes cidades.

A indústria da construção civil ocupa posição de destaque na economia nacional, quando considerada a signifi cativa parcela do Produto Interno Bruto (PIB) do país pela qual é responsável e também pelo contingente de pessoas que, direta ou indiretamente, emprega. Por outro lado, esta indústria é responsável por cerca de 50% do CO2 lançado na atmosfera e por quase metade da quantidade dos resíduos sólidos gerados no mundo (JOHN, 2000).

Por todos estes motivos, a construção civil é um dos grandes vilões ao se falar em impactos ambientais, aparecendo como o principal gerador de resíduos de toda a sociedade (estimativas apontam para uma produção mundial entre 2 e 3 bilhões de toneladas/ano).

Estima-se que a construção civil é responsável por algo entre 20 e 50% do total de recursos naturais consumidos pela sociedade (SJÖSTRÖM, 1992). Para citar um exemplo, em uma cidade como São Paulo, o esgotamento das reservas próximas da capital faz com que a areia natural seja transportada de distâncias superiores a 100km, gerando consumos de energia, além de poluição (JOHN, 2006) .

A produção de quantidades signifi cativas de resíduos de construção civil é um dos principais problemas enfrentados em áreas urbanas. Em alguns países europeus (Finlândia, Holanda, etc.), o volume de entulho produzido é o dobro do lixo sólido urbano (SJÖSTRÖM, 1992). Dados levantados entre 1995 e 1997 em cinco cidades do interior de São Paulo indicam que a geração dos Resíduos de Construção e Demolição (RCD) variava entre 54% e 70% dos Resíduos Sólidos Urbanos (PINTO, 1999). Na cidade de Salvador, por exemplo, os RCD representam cerca da metade dos resíduos sólidos urbanos e correspondem à geração diária de aproximadamente 2.000t (LIMPURB, 2004). O crescimento populacional, o desenvolvimento econômico e a utilização de tecnologias inadequadas têm contribuído para que esta quantidade aumente cada vez mais.

Os impactos ambientais, sociais e econômicos gerados pela quantidade expressiva do entulho e o seu descarte inadequado impõem a necessidade de soluções rápidas e efi cazes para a sua gestão adequada. Daí decorre a prioridade de uma ação conjunta da sociedade – poderes públicos, setor industrial da construção civil e sociedade civil organizada – na elaboração e consolidação de programas específi cos que visem à minimização desses impactos. As políticas ambientais relacionadas ao tema devem voltar-se para o adequado manuseio, redução, reutilização, reciclagem e disposição desses resíduos (CASSA et al, 2001).

No Brasil, as políticas públicas voltadas ao gerenciamento de Resíduos de Construção Civil (RCC) buscam impulsionar as empresas geradoras de resíduos a tomarem uma nova postura gerencial e implementar medidas que visem a redução da quantidade de resíduos produzidos. Estas medidas, via de regra, ainda são consideradas como não usuais ou mesmo como desconhecidas no setor.

A principal ação efetivada em termos legais visando à mudança deste quadro foi a publicação da Resolução nº307 do CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente. Em vigor desde janeiro de 2003, a referida Resolução estabelece obrigações para os geradores e para os municípios. Para o gerador, salienta que ele deve ter como objetivo prioritário a não geração de resíduos e, secundariamente, a redução, a reutilização, a reciclagem e a destinação fi nal. Além disso, o gerador é responsável pela implantação de programas de gerenciamento de resíduos da construção civil nos seus empreendimentos. Isto envolve o estabelecimento de procedimentos necessários para o manejo e destinação ambientalmente adequados dos resíduos.

Já para os municípios, determina que estes devem implementar a gestão dos resíduos da construção civil através da

elaboração do Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil. Assim, os gestores municipais e as empresas construtoras necessitam adaptar seus processos de modo a garantir a destinação ambientalmente correta dos resíduos de construção civil.

Na cidade de Salvador, por exemplo, o poder público, através da Empresa de Limpeza Urbana de Salvador (LIMPURB), vem buscando implantar desde 1997 o Plano de Gestão Diferenciada de Entulho. Este Plano promove medidas para a redução do descarte clandestino, convertendo-o em deposição correta, seja pela implantação de Postos de Descarga de Entulho – PDEs ou pela implantação de Bases de Descarga de Entulho – BDEs para uso de pequenos e grandes geradores, respectivamente (LIMPURB, 2005).

No Brasil, é incipiente a quantidade de empresas de construção civil que fazem a gestão de resíduos em canteiro de obra e desenvolvem ações planejadas para redução da geração de resíduos. A segregação, acondicionamento e disposição fi nal qualifi cada dos resíduos ainda não são r ealizados de forma adequada e integrada às atividades produtivas do canteiro de obra.

A criação e manutenção de parâmetros e procedimentos em obra para a gestão diferenciada dos resíduos são fundamentais para assegurar o descarte adequado. Estas ações, quando executadas amplamente por empresas do setor, promovem a minimização substancial dos impactos ambientais que a disposição inadequada dos resíduos gera e contribuem para evitar a necessidade de soluções emergenciais. A Gestão Corretiva é a situação típica da maioria dos municípios brasileiros, com ações de caráter não preventivo, repetitivo, custoso e, principalmente, inefi ciente.

Ao longo deste trabalho, são apresentados e discutidos alguns assuntos relacionados à Gestão de Resíduos de Construção de modo a estabelecer um referencial teórico a respeito do tema, além de apresentar a metodologia para implantação do Programa de Gestão de Resíduos da Construção Civil desenvolvida no âmbito do Projeto Competir e utilizada pelo SENAI e SEBRAE. A sua concepção baseia-se na segregação dos resíduos no canteiro, de forma a reaproveitá-los ou conduzi-los à destinação adequada. Como resultados parciais do programa, destacam-se: maior limpeza e organização da obra, segregação e destinação ambientalmente responsáveis dos resíduos, controle do transporte e disposição fi nal.

De acordo com Souza (2005) estudos mostram que o Construbusiness – cadeia em que se insere a Construção – responde por valores superiores a 15% do PIB nacional. Informações disponíveis em: <http://www.reciclagem.pcc.usp.br/des_sustentavel.htm>. Acesso em 20 fev. 2006.

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2.ACONSTRUÇÃOCIVILEODESENVOLVIMENTOSUSTENTÁVEL

Até os anos 50, a natureza era vista somente como um pano de fundo para toda discussão que envolvesse a atividade humana e suas relações com o meio. Acreditava-se que a natureza existia para ser compreendida, explorada e catalogada, desde que fosse utilizada em benefício da humanidade (SCHENINI et al, 2004) .

Segundo estes autores, os movimentos sociais que se iniciaram nos anos 70 representaram um marco na humanidade e em particular para a formação de uma consciência preservacionista fundamentada, naquele momento, nos princípios da harmonia com a natureza. Assim, o termo ecologia passa a ser bastante utilizado.

Tais discussões ganharam tanta intensidade que em 1972 a Organização das Nações Unidas (ONU) promoveu uma Conferência sobre Ambiente Humano que fi cou conhecida como Conferência de Estocolmo. Como resultado deste evento, foi criado o Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas – UNEP, encarregado de monitorar o avanço dos problemas ambientais no mundo (SANTOS, 2005) .

Neste mesmo ano é publicado um estudo sobre os Limites do Crescimento. Este estudo concluía que, mantido o ritmo de crescimento, os alimentos e a produção industrial iriam declinar até o ano 2010 e, a partir daí, provocar automaticamente uma diminuição da população por penúria, falta de alimentos e poluição. Várias críticas foram feitas a esse estudo por parte dos intelectuais do primeiro mundo, por acreditarem que isso representaria o fi m do crescimento da sociedade industrial, e pelos países subdesenvolvidos, pois julgavam que os países desenvolvidos estavam barrando o desenvolvimento dos países pobres com uma justifi cativa ecológica.

De acordo com Santos (2005)2, a década de 1970 foi marcada pelo “rompimento do círculo virtuoso de crescimento da economia mundial desde o pós-guerra, lançando dúvidas sobre a validade dos instrumentos políticos disponíveis para a regulação das relações econômicas internacionais, assim como os mecanismos internos de promoção do desenvolvimento”. Junto a isso, a situação de pobreza em que se encontrava a maior parte da população mundial revelava que o estilo de desenvolvimento também era insustentável do ponto de vista social pela falta de acesso à educação, à saúde e à água tratada, e, pelo ponto de vista humano, frente à fome e à desnutrição. Dessa maneira, a crise ambiental colocava em xeque o modelo de desenvolvimento vigente, isto é, desenvolvimento calcado na exploração irracional e predatória dos recursos naturais e moldado em relações sociais de produção injustas e excludentes.

Em 1973 novas tentativas de se repensar o futuro foram apresentadas pelo canadense Maurice Strong que lançou o conceito de ecodesenvolvimento: um estilo de desenvolvimento adaptado às áreas rurais do Terceiro Mundo, baseado na utilização criteriosa dos recursos locais, sem comprometer o esgotamento da natureza. Na década de 80 Ignacy Sachs se apropria do termo e estabelece que os caminhos do desenvolvimento seriam seis3:

• satisfação das necessidades básicas;• solidariedade com as gerações futuras;• participação da população envolvida;• preservação dos recursos naturais e do meio ambiente;• elaboração de um sistema social que garanta emprego, segurança social e respeito a outras culturas; e• programas de educação.Com a evolução da problemática econômica e deterioração das políticas regionais e nacionais, a Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU cria a expressão desenvolvimento sustentável, que começou a circular efetivamente em 1987, a partir da publicação do documento chamado Nosso Futuro Comum, mais conhecido por Relatório Brundtland. Segundo este documento o desenvolvimento sustentável foi assim defi nido:

Informações disponíveis em: <http://www.única.com.br/pages/sociedade_desenvolv2.asp>. Acesso em 10 mar. 2006.

Informações disponíveis em: http://geodesia.ufsc.br/Geodesia-online/arquivo/cobrac_2004/092.pdf. Acesso em 13 mar. 2006. Informações disponíveis em: <http://www.senac.br/informativo/BTS/301/boltec301c.htm>. Acesso em 15 mar. 2006. Informações disponíveis em: <http://www.economiabr.net/economia/3_desenvolvimento_sustentavel_historico. Html>. Acesso em 10 mar. 2006.

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL“Desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a

capacidade de as futuras gerações satisfazerem suas próprias necessidades”3

Chen e Chambers (1999), complementam esta defi nição considerando ainda a necessidade de satisfazer as aspirações de todos por uma vida melhor.

Em 1992, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, a Rio-92, demonstrou um aumento do interesse mundial pelo futuro do planeta. Muitos países passam a valorizar as relações entre desenvolvimento sócio-econômico e modifi cações no meio ambiente. A Agenda 21 foi um dos principais resultados da Rio-92. Este documento, resultado de um acordo fi rmado entre 179 (cento e setenta e nove) países, reforça a necessidade e a importância de cada país se comprometer a refl etir, global e localmente, sobre a forma pela qual governos, empresas, organizações e todos os demais setores da sociedade poderiam cooperar no estudo de soluções para os problemas sócio-ambientais.

De acordo com Schenini et al (2004), a Agenda 21 foi responsável pelo despertar de uma consciência ambiental, sobre a necessidade da conservação da natureza para o bem estar e sobrevivência das espécies, inclusive a humana. “O documento propunha que a sociedade assumisse uma atitude ética entre a conservação ambiental e o desenvolvimento. Denunciava a forma perdulária com que até então eram tratados os recursos naturais e propunha uma sociedade justa e economicamente responsável, produtora e produto do desenvolvimento sustentável”.

Até então, não existia por parte da indústria da construção civil uma preocupação com o esgotamento dos recursos naturais não renováveis que eram utilizados ao longo de todo o seu processo de produção, nem tão pouco com o destino dado aos resíduos gerados pela atividade construtiva.

Com o passar dos anos, a defi nição de desenvolvimento sustentável sofre múltiplas derivações e interpretações, deixando de ser uma bandeira defendida apenas pelos ecologistas idealizadores, para ser um assunto amplamente discutido inclusive por toda a cadeia da construção. Um exemplo disso são as normas da família ISO 14000, que estão sendo utilizadas cada vez mais por organizações que buscam ter seus sistemas de gestão ambiental certifi cados.

Se compararmos a realidade que vive a construção civil com as defi nições de desenvolvimento sustentável, preocupadas com a manutenção dos recursos para as gerações futuras, vê-se que ainda têm-se muito por fazer, não só com relação aos processos construtivos, como também em relação ao uso e manutenção das edifi cações.

Já existem, no entanto, algumas ações na construção civil voltadas ao desenvolvimento sustentável. Como exemplos pode-se citar: o reuso de água em edifícios, a utilização de iluminação e ventilação natural, o reuso e reciclagem de resíduos e a racionalização dos processos construtivos.

Mas, por que falar em desenvolvimento sustentável para a construção? A razão desta preocupação decorre de alguns fatores bem objetivos, como poderá ser visto na seqüência.

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2.ACONSTRUÇÃOCIVILEODESENVOLVIMENTOSUSTENTÁVEL

Até os anos 50, a natureza era vista somente como um pano de fundo para toda discussão que envolvesse a atividade humana e suas relações com o meio. Acreditava-se que a natureza existia para ser compreendida, explorada e catalogada, desde que fosse utilizada em benefício da humanidade (SCHENINI et al, 2004) .

Segundo estes autores, os movimentos sociais que se iniciaram nos anos 70 representaram um marco na humanidade e em particular para a formação de uma consciência preservacionista fundamentada, naquele momento, nos princípios da harmonia com a natureza. Assim, o termo ecologia passa a ser bastante utilizado.

Tais discussões ganharam tanta intensidade que em 1972 a Organização das Nações Unidas (ONU) promoveu uma Conferência sobre Ambiente Humano que fi cou conhecida como Conferência de Estocolmo. Como resultado deste evento, foi criado o Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas – UNEP, encarregado de monitorar o avanço dos problemas ambientais no mundo (SANTOS, 2005) .

Neste mesmo ano é publicado um estudo sobre os Limites do Crescimento. Este estudo concluía que, mantido o ritmo de crescimento, os alimentos e a produção industrial iriam declinar até o ano 2010 e, a partir daí, provocar automaticamente uma diminuição da população por penúria, falta de alimentos e poluição. Várias críticas foram feitas a esse estudo por parte dos intelectuais do primeiro mundo, por acreditarem que isso representaria o fi m do crescimento da sociedade industrial, e pelos países subdesenvolvidos, pois julgavam que os países desenvolvidos estavam barrando o desenvolvimento dos países pobres com uma justifi cativa ecológica.

De acordo com Santos (2005)2, a década de 1970 foi marcada pelo “rompimento do círculo virtuoso de crescimento da economia mundial desde o pós-guerra, lançando dúvidas sobre a validade dos instrumentos políticos disponíveis para a regulação das relações econômicas internacionais, assim como os mecanismos internos de promoção do desenvolvimento”. Junto a isso, a situação de pobreza em que se encontrava a maior parte da população mundial revelava que o estilo de desenvolvimento também era insustentável do ponto de vista social pela falta de acesso à educação, à saúde e à água tratada, e, pelo ponto de vista humano, frente à fome e à desnutrição. Dessa maneira, a crise ambiental colocava em xeque o modelo de desenvolvimento vigente, isto é, desenvolvimento calcado na exploração irracional e predatória dos recursos naturais e moldado em relações sociais de produção injustas e excludentes.

Em 1973 novas tentativas de se repensar o futuro foram apresentadas pelo canadense Maurice Strong que lançou o conceito de ecodesenvolvimento: um estilo de desenvolvimento adaptado às áreas rurais do Terceiro Mundo, baseado na utilização criteriosa dos recursos locais, sem comprometer o esgotamento da natureza. Na década de 80 Ignacy Sachs se apropria do termo e estabelece que os caminhos do desenvolvimento seriam seis3:

• satisfação das necessidades básicas;• solidariedade com as gerações futuras;• participação da população envolvida;• preservação dos recursos naturais e do meio ambiente;• elaboração de um sistema social que garanta emprego, segurança social e respeito a outras culturas; e• programas de educação.Com a evolução da problemática econômica e deterioração das políticas regionais e nacionais, a Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU cria a expressão desenvolvimento sustentável, que começou a circular efetivamente em 1987, a partir da publicação do documento chamado Nosso Futuro Comum, mais conhecido por Relatório Brundtland. Segundo este documento o desenvolvimento sustentável foi assim defi nido:

Informações disponíveis em: <http://www.única.com.br/pages/sociedade_desenvolv2.asp>. Acesso em 10 mar. 2006.

Informações disponíveis em: http://geodesia.ufsc.br/Geodesia-online/arquivo/cobrac_2004/092.pdf. Acesso em 13 mar. 2006. Informações disponíveis em: <http://www.senac.br/informativo/BTS/301/boltec301c.htm>. Acesso em 15 mar. 2006. Informações disponíveis em: <http://www.economiabr.net/economia/3_desenvolvimento_sustentavel_historico. Html>. Acesso em 10 mar. 2006.

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL“Desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a

capacidade de as futuras gerações satisfazerem suas próprias necessidades”3

Chen e Chambers (1999), complementam esta defi nição considerando ainda a necessidade de satisfazer as aspirações de todos por uma vida melhor.

Em 1992, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, a Rio-92, demonstrou um aumento do interesse mundial pelo futuro do planeta. Muitos países passam a valorizar as relações entre desenvolvimento sócio-econômico e modifi cações no meio ambiente. A Agenda 21 foi um dos principais resultados da Rio-92. Este documento, resultado de um acordo fi rmado entre 179 (cento e setenta e nove) países, reforça a necessidade e a importância de cada país se comprometer a refl etir, global e localmente, sobre a forma pela qual governos, empresas, organizações e todos os demais setores da sociedade poderiam cooperar no estudo de soluções para os problemas sócio-ambientais.

De acordo com Schenini et al (2004), a Agenda 21 foi responsável pelo despertar de uma consciência ambiental, sobre a necessidade da conservação da natureza para o bem estar e sobrevivência das espécies, inclusive a humana. “O documento propunha que a sociedade assumisse uma atitude ética entre a conservação ambiental e o desenvolvimento. Denunciava a forma perdulária com que até então eram tratados os recursos naturais e propunha uma sociedade justa e economicamente responsável, produtora e produto do desenvolvimento sustentável”.

Até então, não existia por parte da indústria da construção civil uma preocupação com o esgotamento dos recursos naturais não renováveis que eram utilizados ao longo de todo o seu processo de produção, nem tão pouco com o destino dado aos resíduos gerados pela atividade construtiva.

Com o passar dos anos, a defi nição de desenvolvimento sustentável sofre múltiplas derivações e interpretações, deixando de ser uma bandeira defendida apenas pelos ecologistas idealizadores, para ser um assunto amplamente discutido inclusive por toda a cadeia da construção. Um exemplo disso são as normas da família ISO 14000, que estão sendo utilizadas cada vez mais por organizações que buscam ter seus sistemas de gestão ambiental certifi cados.

Se compararmos a realidade que vive a construção civil com as defi nições de desenvolvimento sustentável, preocupadas com a manutenção dos recursos para as gerações futuras, vê-se que ainda têm-se muito por fazer, não só com relação aos processos construtivos, como também em relação ao uso e manutenção das edifi cações.

Já existem, no entanto, algumas ações na construção civil voltadas ao desenvolvimento sustentável. Como exemplos pode-se citar: o reuso de água em edifícios, a utilização de iluminação e ventilação natural, o reuso e reciclagem de resíduos e a racionalização dos processos construtivos.

Mas, por que falar em desenvolvimento sustentável para a construção? A razão desta preocupação decorre de alguns fatores bem objetivos, como poderá ser visto na seqüência.

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Mineração de areia

Sjöström (1992)

DETR - Department of the Environment, Transport and the Regions.

ELEVADO CONSUMO DE MADEIRAA construção civil consome cerca de 2/3 da madeira natural extraída.

A maioria das fl orestas não é remanejada adequadamente.

66% da madeira

MATÉRIAS PRIMAS ESCASSASAlgumas matérias primas tradicionais da construção possuem reservas mapeadas escassas. O cobre e o zinco, por exemplo, possuem reservas

sufi cientes para durarem cerca de 60 anos.

Cobre - reserva por 60 anos

Pode-se dizer ainda que o consumo de recursos naturais é maior do que o necessário devido ao elevado volume de perdas incorporadas às construções ou eliminadas como resíduos. De acordo com John (2000) é inevitável que ocorra um determinado volume de perdas. Porém a fração das perdas que excede ao limite mínimo característico da tecnologia empregada é considerada desperdício. Segundo este mesmo autor “os limites entre perda inevitável e o desperdício são difíceis de estabelecer e para uma mesma tecnologia variam com características regionais e no tempo”. A perda incorporada apesar de na maioria das vezes ser menos perceptível que a perda que saí da obra na forma de resíduos é causadora de consumo excessivo de recursos e geração de desperdício.

Para a construção civil o grande desafi o é alcançar uma melhoria e ampliação do ambiente construído com o emprego de um volume inferior de recursos naturais, principalmente nos países não desenvolvidos devido à necessidade de se construir uma quantidade maior de bens.

3.2ResíduosePoluição

Os resíduos gerados, provenientes das perdas ocorridas durante o processo de construção ou de demolições, são responsáveis por aumentar ainda mais o impacto ambiental provocado por este setor.

A excessiva geração de resíduos e seu descarte irregular, em grande parte das cidades brasileiras, causam a poluição do ambiente urbano. Como exemplo, pode-se citar a obstrução e contaminação dos leitos de rios e canais, o comprometimento do tráfego em vias públicas e a degradação da paisagem das cidades, além da poluição do ar com gás carbônico liberado pelos veículos necessários para realizar o transporte dos resíduos.

Figura 1 - Impactos Ambientais Causados pela Disposição Irregular dos Resíduos (obstrução e contaminação dos leitos de rios e canais).

3.IMPACTOAMBIENTALDACADEIAPRODUTIVADACONSTRUÇÃO

3.1ConsumodeRecursosNaturais

O setor da construção civil “além de ser um dos maiores da economia ele produz os bens de maiores dimensões físicas do planeta, sendo conseqüentemente o maior consumidor de recursos naturais de qualquer economia” (JOHN, 2000). Segundo este mesmo autor, o consumo de recursos naturais na construção civil é variável de acordo com cada região, isso dependendo de fatores como:

• taxa de resíduos gerados;• vida útil ou taxa de reposição das estruturas construídas;• necessidades de manutenção, inclusive as que visam corrigir falhas construtivas;• perdas incorporadas nos edifícios; e• tecnologia empregada.

Como citado na introdução, a construção civil é responsável pelo consumo de parte signifi cativa dos recursos naturais do planeta. Para John (2000) a estimativa é um consumo de 9,4 ton/hab.ano de materiais de construção. O DETR (1998) menciona que, no Reino Unido, a construção consome algo em torno de 6 ton/hab.ano e 250 a 300 milhões de toneladas de agregados por ano.

CONSTRUÇÃO CIVILO maior consumidor de recursos naturais

20 a 50% dos recursos naturais

Para John (2000), considerando que no Brasil são produzidas por ano cerca de 35 milhões de toneladas de cimento Portland e que este cimento é misturado com agregados a um traço médio de 1:6, pode-se estimar que 210 milhões de toneladas de agregados são consumidos anualmente somente na produção de concretos e argamassas, sem considerar o volume de agregados que são utilizados em pavimentação e as perdas.

ELEVADO CONSUMO DE AGREGADOS NATURAIS

O consumo de agregados naturais varia entre1 e 8 toneladas/habitante/ano.

No Brasil, o consumo de agregados naturaissomente na produção de concreto e argamassa

é de 220 milhões de toneladas. Ao redor de grandes cidades, a areia e outros

agregados naturais começam a fi car escassos, infl uenciado também pelo controle ambiental

da extração que vem se intensifi cando.

1 e 8 toneladas/habitante/ano.

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Mineração de areia

Sjöström (1992)

DETR - Department of the Environment, Transport and the Regions.

ELEVADO CONSUMO DE MADEIRAA construção civil consome cerca de 2/3 da madeira natural extraída.

A maioria das fl orestas não é remanejada adequadamente.

66% da madeira

MATÉRIAS PRIMAS ESCASSASAlgumas matérias primas tradicionais da construção possuem reservas mapeadas escassas. O cobre e o zinco, por exemplo, possuem reservas

sufi cientes para durarem cerca de 60 anos.

Cobre - reserva por 60 anos

Pode-se dizer ainda que o consumo de recursos naturais é maior do que o necessário devido ao elevado volume de perdas incorporadas às construções ou eliminadas como resíduos. De acordo com John (2000) é inevitável que ocorra um determinado volume de perdas. Porém a fração das perdas que excede ao limite mínimo característico da tecnologia empregada é considerada desperdício. Segundo este mesmo autor “os limites entre perda inevitável e o desperdício são difíceis de estabelecer e para uma mesma tecnologia variam com características regionais e no tempo”. A perda incorporada apesar de na maioria das vezes ser menos perceptível que a perda que saí da obra na forma de resíduos é causadora de consumo excessivo de recursos e geração de desperdício.

Para a construção civil o grande desafi o é alcançar uma melhoria e ampliação do ambiente construído com o emprego de um volume inferior de recursos naturais, principalmente nos países não desenvolvidos devido à necessidade de se construir uma quantidade maior de bens.

3.2ResíduosePoluição

Os resíduos gerados, provenientes das perdas ocorridas durante o processo de construção ou de demolições, são responsáveis por aumentar ainda mais o impacto ambiental provocado por este setor.

A excessiva geração de resíduos e seu descarte irregular, em grande parte das cidades brasileiras, causam a poluição do ambiente urbano. Como exemplo, pode-se citar a obstrução e contaminação dos leitos de rios e canais, o comprometimento do tráfego em vias públicas e a degradação da paisagem das cidades, além da poluição do ar com gás carbônico liberado pelos veículos necessários para realizar o transporte dos resíduos.

Figura 1 - Impactos Ambientais Causados pela Disposição Irregular dos Resíduos (obstrução e contaminação dos leitos de rios e canais).

3.IMPACTOAMBIENTALDACADEIAPRODUTIVADACONSTRUÇÃO

3.1ConsumodeRecursosNaturais

O setor da construção civil “além de ser um dos maiores da economia ele produz os bens de maiores dimensões físicas do planeta, sendo conseqüentemente o maior consumidor de recursos naturais de qualquer economia” (JOHN, 2000). Segundo este mesmo autor, o consumo de recursos naturais na construção civil é variável de acordo com cada região, isso dependendo de fatores como:

• taxa de resíduos gerados;• vida útil ou taxa de reposição das estruturas construídas;• necessidades de manutenção, inclusive as que visam corrigir falhas construtivas;• perdas incorporadas nos edifícios; e• tecnologia empregada.

Como citado na introdução, a construção civil é responsável pelo consumo de parte signifi cativa dos recursos naturais do planeta. Para John (2000) a estimativa é um consumo de 9,4 ton/hab.ano de materiais de construção. O DETR (1998) menciona que, no Reino Unido, a construção consome algo em torno de 6 ton/hab.ano e 250 a 300 milhões de toneladas de agregados por ano.

CONSTRUÇÃO CIVILO maior consumidor de recursos naturais

20 a 50% dos recursos naturais

Para John (2000), considerando que no Brasil são produzidas por ano cerca de 35 milhões de toneladas de cimento Portland e que este cimento é misturado com agregados a um traço médio de 1:6, pode-se estimar que 210 milhões de toneladas de agregados são consumidos anualmente somente na produção de concretos e argamassas, sem considerar o volume de agregados que são utilizados em pavimentação e as perdas.

ELEVADO CONSUMO DE AGREGADOS NATURAIS

O consumo de agregados naturais varia entre1 e 8 toneladas/habitante/ano.

No Brasil, o consumo de agregados naturaissomente na produção de concreto e argamassa

é de 220 milhões de toneladas. Ao redor de grandes cidades, a areia e outros

agregados naturais começam a fi car escassos, infl uenciado também pelo controle ambiental

da extração que vem se intensifi cando.

1 e 8 toneladas/habitante/ano.

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Figura 2 - Resíduos de Obra Dispostos de Forma Irregular no Centro de Grande Cidade Degradando a Paisagem.

Figura 3 – Resíduos de Obra Dispostos no Passeio em Bairro de Classe Média Comprometendo o Tráfego na Via Pública.

O MAIOR GERADOR DE RESÍDUOSO volume de entulho de construção

e demolição gerado é até duas vezesmaior que o volume de lixo sólido urbano3.

Entulho = 2x lixo sólido urbano

A etapa de produção de materiais de construção também contribui para o impacto ambiental provocado pelo setor devido à quantidade de poluição (poeira, CO¬¬2, etc.) que é gerada. A liberação de partículas de poeira está presente em quase todas as atividades da construção civil, desde a extração da matéria-prima, passando pelo transporte, produção de materiais de construção, até a execução das atividades em canteiro.

GERAÇÃO DE POLUIÇÃO DO ARPara cada tonelada de clínquer produzido

mais de 600 kg de CO2 são gerados.

1 ton clínquer = 600 kg de CO2

Vale a pena salientar que a fase de uso dos edifícios também gera impacto ambiental signifi cativo. E boa parte deste impacto é defi nida ainda no momento do projeto da edifi cação. Energia é consumida para iluminação e condicionamento do ar, pois não existe o aproveitamento da ventilação e iluminação natural, principalmente nos edifícios comerciais. A manutenção, que durante a vida útil de um edifício vai consumir recursos em volume aproximadamente igual aos despendidos na fase de produção, também gera poluição.

3.3AlternativasparaReduçãodoImpactoAmbiental

Nos itens anteriores foram citados diversos exemplos de impactos ambientais gerados pela atividade construtiva. Soma-se a estes, o impacto ambiental gerado durante o uso. Reduzir este impacto é um desejo para a engenharia e soluções simples, como os exemplos citados a seguir, devem ser estudadas e implementadas:

• Alteração em projeto visando à redução do consumo de recursos na fase de utilização Exemplo: Aproveitamento da iluminação e ventilação natural, promovendo uma redução no consumo de energia

elétrica, principalmente nos edifícios comerciais;

• Substituição de equipamentos e sistemas descartáveis por outros de maior durabilidade. Exemplo: Substituição das escoras de madeira por escoras metálicas, auxiliando na redução da extração de

madeira;

• Reciclagem dos resíduos gerados nas obras e uso de materiais reciclados. Exemplo 1: Segregação de resíduos de plástico, papel e metal nas obras e encaminhamento para reciclagem.

Exemplo 2: Utilização de agregados reciclados em substituição aos agregados naturais, evitando a extração de novos recursos naturais e reduzindo o descarte dos resíduos;

• Projeto do produto e planejamento dos sistemas de produção visando evitar perdas Exemplo 1: Planejamento da aquisição e do sistema de transporte e armazenamento dos materiais, evitando

desperdícios por quebra ou perda das propriedades dos materiais.

Exemplo 2: Compatibilização de projetos e paginação da alvenaria, possibilitando o uso mais racional dos materiais, evitando quebra de blocos.

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Figura 2 - Resíduos de Obra Dispostos de Forma Irregular no Centro de Grande Cidade Degradando a Paisagem.

Figura 3 – Resíduos de Obra Dispostos no Passeio em Bairro de Classe Média Comprometendo o Tráfego na Via Pública.

O MAIOR GERADOR DE RESÍDUOSO volume de entulho de construção

e demolição gerado é até duas vezesmaior que o volume de lixo sólido urbano3.

Entulho = 2x lixo sólido urbano

A etapa de produção de materiais de construção também contribui para o impacto ambiental provocado pelo setor devido à quantidade de poluição (poeira, CO¬¬2, etc.) que é gerada. A liberação de partículas de poeira está presente em quase todas as atividades da construção civil, desde a extração da matéria-prima, passando pelo transporte, produção de materiais de construção, até a execução das atividades em canteiro.

GERAÇÃO DE POLUIÇÃO DO ARPara cada tonelada de clínquer produzido

mais de 600 kg de CO2 são gerados.

1 ton clínquer = 600 kg de CO2

Vale a pena salientar que a fase de uso dos edifícios também gera impacto ambiental signifi cativo. E boa parte deste impacto é defi nida ainda no momento do projeto da edifi cação. Energia é consumida para iluminação e condicionamento do ar, pois não existe o aproveitamento da ventilação e iluminação natural, principalmente nos edifícios comerciais. A manutenção, que durante a vida útil de um edifício vai consumir recursos em volume aproximadamente igual aos despendidos na fase de produção, também gera poluição.

3.3AlternativasparaReduçãodoImpactoAmbiental

Nos itens anteriores foram citados diversos exemplos de impactos ambientais gerados pela atividade construtiva. Soma-se a estes, o impacto ambiental gerado durante o uso. Reduzir este impacto é um desejo para a engenharia e soluções simples, como os exemplos citados a seguir, devem ser estudadas e implementadas:

• Alteração em projeto visando à redução do consumo de recursos na fase de utilização Exemplo: Aproveitamento da iluminação e ventilação natural, promovendo uma redução no consumo de energia

elétrica, principalmente nos edifícios comerciais;

• Substituição de equipamentos e sistemas descartáveis por outros de maior durabilidade. Exemplo: Substituição das escoras de madeira por escoras metálicas, auxiliando na redução da extração de

madeira;

• Reciclagem dos resíduos gerados nas obras e uso de materiais reciclados. Exemplo 1: Segregação de resíduos de plástico, papel e metal nas obras e encaminhamento para reciclagem.

Exemplo 2: Utilização de agregados reciclados em substituição aos agregados naturais, evitando a extração de novos recursos naturais e reduzindo o descarte dos resíduos;

• Projeto do produto e planejamento dos sistemas de produção visando evitar perdas Exemplo 1: Planejamento da aquisição e do sistema de transporte e armazenamento dos materiais, evitando

desperdícios por quebra ou perda das propriedades dos materiais.

Exemplo 2: Compatibilização de projetos e paginação da alvenaria, possibilitando o uso mais racional dos materiais, evitando quebra de blocos.

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4.ACONSTRUÇÃOCIVILEASPERDAS

4.1EntendendooConceitodePerdas

O setor da construção civil está passando por um processo de reestruturação. Os recursos fi nanceiros são cada vez menores, o mercado consumidor está cada vez mais exigente, os trabalhadores, por sua vez, têm buscado melhores condições de trabalho. Todos estes fatores têm exigido uma nova postura das empresas. Estas estão sendo obrigadas a adotar estratégias empresariais mais modernas, focadas na qualidade, na racionalização e na produtividade, possibilitando a obtenção de um produto fi nal de melhor qualidade e mais barato (COSTA; FORMOSO, 1998).

Diante deste contexto, as perdas geradas ao longo do processo de produção se tornam o centro das atenções, pois cada vez mais as empresas são obrigadas a produzir apenas o necessário com a mínima força de trabalho, ou seja, eliminando desperdícios.

De acordo com Formoso et al (1996) perda é qualquer inefi ciência que se refl ita no uso de equipamentos, materiais, mão-de-obra e capital em quantidades superiores àquelas necessárias a produção da edifi cação. Sendo assim, as perdas englobam tanto a ocorrência de desperdícios de materiais quanto a execução de tarefas desnecessárias que geram custos adicionais e não agregam valor.

Para Jaques (1998) apud John (2000) as perdas têm origens nas mais diversas etapas do ciclo de vida do edifício. Desde a fase de projeto, uma decisão equivocada pode ser responsável por desperdícios ou por gastos com retrabalho. Porém, é na fase de execução onde acontece a parcela mais visível das perdas, pois todas as decisões tomadas na fase anterior ganham dimensão física.

Uma pesquisa desenvolvida no Brasil que contou com a participação de 18 (dezoito) Universidades e 52 (cinqüenta e duas) empresas mostrou como um de seus principais resultados que as variações na perda chegaram a ordem de 100 vezes. Em alguns casos estas variações aconteceram entre diferentes empresas e em outros, entre canteiros de uma mesma empresa. Essas variações revelam que é possível reduzir enormemente as perdas sem mudança na tecnologia utilizada (AGOPYAN, et al., 1998).

Para que as perdas sejam eliminadas é preciso que as empresas saibam diferenciar, dentre as várias atividades que fazem parte do processo produtivo, as que efetivamente contribuem para a obtenção do produto fi nal daquelas que são complementares (que têm possibilidade de serem melhoradas ou eliminadas sem o prejuízo do processo).

Os esforços direcionados para evitar as perdas devem ser relacionados com certa cautela, pois algumas atividades tais como planejamento, contabilidade e prevenção de acidentes, não agregam valor ao produto, porém produzem valor para os clientes internos.

Apesar das várias defi nições encontradas para perdas nas bibliografi as, neste material será adotada a seguinte defi nição:

Perdas são todos as tarefas desnecessárias que elevam os custos sem adicionar valor ao produto, podendo ser eliminadas sem prejudicar o trabalho efetivo.

Para Ohno (1988) é necessário dividir o movimento dos trabalhadores nas suas atividades em duas diferentes dimensões: a do trabalho e a das perdas. O trabalho constitui-se do trabalho real, necessário nas empresas, e pode ser dividido em dois tipos:

• o que adiciona valor (ou efetivo) g corresponde à ocorrência de algum tipo de processamento, ou seja, transformação de matéria-prima ou partes em produtos; e

• o que não adiciona valor (ou adicional) g é necessário para viabilizar o trabalho que adiciona valor. Este não deve ser confundido com perda, embora deva ser minimizado como se fosse, pois também gera custos.

A fi gura a seguir, adaptada de Ohno (1988), ajuda a compreender a concepção de trabalho, na qual parte dos movimentos dos trabalhadores é considerada como perda.

Figura 4 – Divisão dos Movimentos dos Trabalhadores: Trabalho e Perdas(adaptado de OHNO, 1988).

Similarmente à classifi cação de Ohno, Fritz Gehbauer no seu livro Racionalização na Construção Civil: como melhorar processos de produção e de gestão apresenta uma metodologia, baseada na simples observação aleatória dos trabalhadores no canteiro, para medir o grau de efetividade dos trabalhos em operação. O modo como realizar esta observação será descrita posteriormente no capítulo 6, item 6.3.2 deste trabalho.

Apesar da importância das perdas relacionadas aos movimentos dos trabalhadores, neste trabalho será dado mais destaque às perdas de material que, como comentado anteriormente, podem estar incorporadas ou serem eliminadas como resíduos.

As perdas incorporadas são muito comuns nas atividades moldadas “in loco” quando são utilizadas quantidades de materiais superiores à teoricamente prevista. Como exemplo deste tipo de perda pode-se citar um revestimento interno de parede com argamassa que estava previsto ser realizado com 1 cm e ao término do serviço alcançou mais de 3 cm (Figura 5). Neste caso, por exemplo, tem-se uma perda incorporada superior a 200%.

Figura 5 – Perda Incorporada.

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4.ACONSTRUÇÃOCIVILEASPERDAS

4.1EntendendooConceitodePerdas

O setor da construção civil está passando por um processo de reestruturação. Os recursos fi nanceiros são cada vez menores, o mercado consumidor está cada vez mais exigente, os trabalhadores, por sua vez, têm buscado melhores condições de trabalho. Todos estes fatores têm exigido uma nova postura das empresas. Estas estão sendo obrigadas a adotar estratégias empresariais mais modernas, focadas na qualidade, na racionalização e na produtividade, possibilitando a obtenção de um produto fi nal de melhor qualidade e mais barato (COSTA; FORMOSO, 1998).

Diante deste contexto, as perdas geradas ao longo do processo de produção se tornam o centro das atenções, pois cada vez mais as empresas são obrigadas a produzir apenas o necessário com a mínima força de trabalho, ou seja, eliminando desperdícios.

De acordo com Formoso et al (1996) perda é qualquer inefi ciência que se refl ita no uso de equipamentos, materiais, mão-de-obra e capital em quantidades superiores àquelas necessárias a produção da edifi cação. Sendo assim, as perdas englobam tanto a ocorrência de desperdícios de materiais quanto a execução de tarefas desnecessárias que geram custos adicionais e não agregam valor.

Para Jaques (1998) apud John (2000) as perdas têm origens nas mais diversas etapas do ciclo de vida do edifício. Desde a fase de projeto, uma decisão equivocada pode ser responsável por desperdícios ou por gastos com retrabalho. Porém, é na fase de execução onde acontece a parcela mais visível das perdas, pois todas as decisões tomadas na fase anterior ganham dimensão física.

Uma pesquisa desenvolvida no Brasil que contou com a participação de 18 (dezoito) Universidades e 52 (cinqüenta e duas) empresas mostrou como um de seus principais resultados que as variações na perda chegaram a ordem de 100 vezes. Em alguns casos estas variações aconteceram entre diferentes empresas e em outros, entre canteiros de uma mesma empresa. Essas variações revelam que é possível reduzir enormemente as perdas sem mudança na tecnologia utilizada (AGOPYAN, et al., 1998).

Para que as perdas sejam eliminadas é preciso que as empresas saibam diferenciar, dentre as várias atividades que fazem parte do processo produtivo, as que efetivamente contribuem para a obtenção do produto fi nal daquelas que são complementares (que têm possibilidade de serem melhoradas ou eliminadas sem o prejuízo do processo).

Os esforços direcionados para evitar as perdas devem ser relacionados com certa cautela, pois algumas atividades tais como planejamento, contabilidade e prevenção de acidentes, não agregam valor ao produto, porém produzem valor para os clientes internos.

Apesar das várias defi nições encontradas para perdas nas bibliografi as, neste material será adotada a seguinte defi nição:

Perdas são todos as tarefas desnecessárias que elevam os custos sem adicionar valor ao produto, podendo ser eliminadas sem prejudicar o trabalho efetivo.

Para Ohno (1988) é necessário dividir o movimento dos trabalhadores nas suas atividades em duas diferentes dimensões: a do trabalho e a das perdas. O trabalho constitui-se do trabalho real, necessário nas empresas, e pode ser dividido em dois tipos:

• o que adiciona valor (ou efetivo) g corresponde à ocorrência de algum tipo de processamento, ou seja, transformação de matéria-prima ou partes em produtos; e

• o que não adiciona valor (ou adicional) g é necessário para viabilizar o trabalho que adiciona valor. Este não deve ser confundido com perda, embora deva ser minimizado como se fosse, pois também gera custos.

A fi gura a seguir, adaptada de Ohno (1988), ajuda a compreender a concepção de trabalho, na qual parte dos movimentos dos trabalhadores é considerada como perda.

Figura 4 – Divisão dos Movimentos dos Trabalhadores: Trabalho e Perdas(adaptado de OHNO, 1988).

Similarmente à classifi cação de Ohno, Fritz Gehbauer no seu livro Racionalização na Construção Civil: como melhorar processos de produção e de gestão apresenta uma metodologia, baseada na simples observação aleatória dos trabalhadores no canteiro, para medir o grau de efetividade dos trabalhos em operação. O modo como realizar esta observação será descrita posteriormente no capítulo 6, item 6.3.2 deste trabalho.

Apesar da importância das perdas relacionadas aos movimentos dos trabalhadores, neste trabalho será dado mais destaque às perdas de material que, como comentado anteriormente, podem estar incorporadas ou serem eliminadas como resíduos.

As perdas incorporadas são muito comuns nas atividades moldadas “in loco” quando são utilizadas quantidades de materiais superiores à teoricamente prevista. Como exemplo deste tipo de perda pode-se citar um revestimento interno de parede com argamassa que estava previsto ser realizado com 1 cm e ao término do serviço alcançou mais de 3 cm (Figura 5). Neste caso, por exemplo, tem-se uma perda incorporada superior a 200%.

Figura 5 – Perda Incorporada.

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Tendo como base estudos em diversas obras8, pode-se citar como outro exemplo que as perdas de argamassa no serviço de revestimento interno de paredes podem chegar aos seguintes indicadores percentuais:

Incorporação - 79% Resíduos - 21%

4.2ClassificaçãodasPerdas

Levando em consideração a necessidade de se ter uma classifi cação de perdas melhor estruturada, dentre as várias sugeridas por diversos outros autores, as perdas fi caram defi nidas e classifi cadas da seguinte maneira:

• perdas por superprodução;• perdas por manutenção de estoques;• perdas por transporte;• perdas no movimento;• perdas por espera;• perdas por fabricação de produtos defeituosos;• perdas no processamento em si;• perdas por substituição; e• outras perdas.

4.2.1PerdasporSuperprodução

As perdas por superprodução estão relacionadas com a produção de componentes ou processamento de materiais perecíveis, em quantidades superiores às necessárias (quantitativa) ou antecipadamente (fazendo antes que seja necessário), possibilitando a ocorrência de perdas de materiais, mão-de-obra e equipamentos.

Como exemplo deste tipo de perda pode-se citar a produção de argamassa em quantidade superior à necessária para um dia de trabalho (quantitativa) ou a confecção de armaduras em quantidades superiores a necessária gerando problemas com relação à necessidade de armazenamento além de correr o risco desta ser danifi cada.

4.2.2PerdasporManutençãodeEstoques

As perdas por manutenção de estoques resultam da existência de estoques elevados de materiais, produtos em processo ou produtos inacabados, que podem ser originados por erros de planejamento ou programação, gerando possíveis perdas de mão-de-obra e equipamentos.

Para Costa (1999), estoques em elevadas quantidades podem gerar perdas diretas e indiretas de materiais, pois normalmente estes são depositados sem os cuidados necessários, fi cando muitas vezes expostos a intempéries, roubos, danos físicos e até mesmo, obsolescência, para o caso de materiais que possuem maior tecnologia agregada.

Segundo este mesmo autor “a manutenção de estoques nos canteiros se justifi ca, de uma forma geral, pelo fato de que os gerentes sentem-se mais seguros quando podem contar com grandes quantidades de materiais armazenados, garantindo assim a continuidade da produção (evitar paradas), o que torna evidente os problemas gerenciais que existem em muitas empresas desse setor, tais como a falta de planejamento, erros em orçamentos ou programação inadequada de entrega dos materiais no canteiro”. Para ele ainda existe um outro ponto negativo associado à manutenção de grandes estoques: a indução dos trabalhadores ao desperdício. Isso porque os funcionários tendem a reduzir seu cuidado com os materiais, pois sabem que estes estão disponíveis em grande quantidade no canteiro.

Figura 6 – Exemplo de Perda por Manutenção de Estoque (elevada quantidade de argamassa sendo estocada desnecessariamente).

4.2.3PerdasporTransporte

Este tipo de perda está relacionado a todas as atividades de movimentação de materiais que geram custos e não adicionam valor, e que, além disso, podem ser eliminadas em um curto prazo de tempo (MEIRA et al, 1998).

Para que se consiga aumentar a efi ciência da produção, as empresas construtoras devem evitar o transporte, ao invés de simplesmente mecanizá-lo. Assim sendo, melhorias podem ser conseguidas através: do aprimoramento do layout dos canteiros, da manutenção da limpeza nos canteiros, melhoramento na programação dos serviços, maior precisão no sistema de informações, etc.

Cabe salientar que, além do tempo que é gasto no transporte em si, ainda existe o tempo e o esforço empregado no carregamento e na descarga dos materiais, muitas vezes superior ao gasto com a atividade de transportar.

Este tipo de perda pode estar diretamente associado à gestão de resíduos. Um transporte inadequado aumenta bastante a quantidade de resíduos gerados. Como exemplo pode-se citar a excessiva quebra de blocos cerâmicos por serem transportados de forma inadequada.

Figura 7 – Blocos Cerâmicos Transportados de Forma Inadequada Favorecendo Quebra.

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Tendo como base estudos em diversas obras8, pode-se citar como outro exemplo que as perdas de argamassa no serviço de revestimento interno de paredes podem chegar aos seguintes indicadores percentuais:

Incorporação - 79% Resíduos - 21%

4.2ClassificaçãodasPerdas

Levando em consideração a necessidade de se ter uma classifi cação de perdas melhor estruturada, dentre as várias sugeridas por diversos outros autores, as perdas fi caram defi nidas e classifi cadas da seguinte maneira:

• perdas por superprodução;• perdas por manutenção de estoques;• perdas por transporte;• perdas no movimento;• perdas por espera;• perdas por fabricação de produtos defeituosos;• perdas no processamento em si;• perdas por substituição; e• outras perdas.

4.2.1PerdasporSuperprodução

As perdas por superprodução estão relacionadas com a produção de componentes ou processamento de materiais perecíveis, em quantidades superiores às necessárias (quantitativa) ou antecipadamente (fazendo antes que seja necessário), possibilitando a ocorrência de perdas de materiais, mão-de-obra e equipamentos.

Como exemplo deste tipo de perda pode-se citar a produção de argamassa em quantidade superior à necessária para um dia de trabalho (quantitativa) ou a confecção de armaduras em quantidades superiores a necessária gerando problemas com relação à necessidade de armazenamento além de correr o risco desta ser danifi cada.

4.2.2PerdasporManutençãodeEstoques

As perdas por manutenção de estoques resultam da existência de estoques elevados de materiais, produtos em processo ou produtos inacabados, que podem ser originados por erros de planejamento ou programação, gerando possíveis perdas de mão-de-obra e equipamentos.

Para Costa (1999), estoques em elevadas quantidades podem gerar perdas diretas e indiretas de materiais, pois normalmente estes são depositados sem os cuidados necessários, fi cando muitas vezes expostos a intempéries, roubos, danos físicos e até mesmo, obsolescência, para o caso de materiais que possuem maior tecnologia agregada.

Segundo este mesmo autor “a manutenção de estoques nos canteiros se justifi ca, de uma forma geral, pelo fato de que os gerentes sentem-se mais seguros quando podem contar com grandes quantidades de materiais armazenados, garantindo assim a continuidade da produção (evitar paradas), o que torna evidente os problemas gerenciais que existem em muitas empresas desse setor, tais como a falta de planejamento, erros em orçamentos ou programação inadequada de entrega dos materiais no canteiro”. Para ele ainda existe um outro ponto negativo associado à manutenção de grandes estoques: a indução dos trabalhadores ao desperdício. Isso porque os funcionários tendem a reduzir seu cuidado com os materiais, pois sabem que estes estão disponíveis em grande quantidade no canteiro.

Figura 6 – Exemplo de Perda por Manutenção de Estoque (elevada quantidade de argamassa sendo estocada desnecessariamente).

4.2.3PerdasporTransporte

Este tipo de perda está relacionado a todas as atividades de movimentação de materiais que geram custos e não adicionam valor, e que, além disso, podem ser eliminadas em um curto prazo de tempo (MEIRA et al, 1998).

Para que se consiga aumentar a efi ciência da produção, as empresas construtoras devem evitar o transporte, ao invés de simplesmente mecanizá-lo. Assim sendo, melhorias podem ser conseguidas através: do aprimoramento do layout dos canteiros, da manutenção da limpeza nos canteiros, melhoramento na programação dos serviços, maior precisão no sistema de informações, etc.

Cabe salientar que, além do tempo que é gasto no transporte em si, ainda existe o tempo e o esforço empregado no carregamento e na descarga dos materiais, muitas vezes superior ao gasto com a atividade de transportar.

Este tipo de perda pode estar diretamente associado à gestão de resíduos. Um transporte inadequado aumenta bastante a quantidade de resíduos gerados. Como exemplo pode-se citar a excessiva quebra de blocos cerâmicos por serem transportados de forma inadequada.

Figura 7 – Blocos Cerâmicos Transportados de Forma Inadequada Favorecendo Quebra.

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4.2.4PerdasnoMovimento

As perdas no movimento estão relacionadas a todos os esforços e movimentos realizados pelos trabalhadores desnecessariamente durante a execução de operações, interferindo negativamente na produtividade.

Para Costa (1999), nos canteiros de obra estas perdas são originadas por diversos fatores, a saber:

• falta de organização dos postos de trabalho;• falta de método de trabalho;• falta de arranjo no layout do canteiro;• inexistência de equipamentos para efetuar as tarefas ou emprego de equipamentos inadequados; e• outras condições insatisfatórias de trabalho, relacionadas principalmente aos esforços e às necessidades dos operários (ergonomia, necessidades fi siológicas, descanso e segurança).

4.2.5PerdasporEspera

As perdas por espera estão associadas aos períodos de tempo nos quais os trabalhadores e os equipamentos não estão sendo usados produtivamente, agregando valor, embora seus custos continuem sendo despendidos.

De acordo com Costa (1999) as perdas por espera são provenientes da falta de planejamento da produção, que ocasiona problemas de sincronismo entre as diversas atividades realizadas por diferentes trabalhadores ou entre as atividades dos trabalhadores e o fl uxo de materiais. Além disso, um outro fator que pode ocasionar perdas por espera é o desbalanceamento entre a quantidade de trabalhadores e a capacidade de operação dos equipamentos disponíveis no canteiro.

Um exemplo deste tipo de perda pode ser a interrupção de um serviço por falta de material para a execução de uma determinada atividade (perda por espera de mão-de-obra) ou mesmo uma betoneira parada por falta de cimento (perda por espera do equipamento e também de mão-de-obra, se esta não for alocada para a execução de uma outra atividade).

4.2.6PerdasporFabricaçãodeProdutosDefeituosos

Estas perdas ocorrem quando são fabricados produtos que não estão de acordo com os requisitos de qualidade especifi cados em projeto.

De acordo com Costa (1999), na construção civil estas perdas estão associadas normalmente a uma inspeção defi ciente do processo, à falta de especifi cações ou de detalhamento na documentação (projetos, manuais de procedimentos), à utilização de materiais defeituosos ou de qualidade inferior, à falta de capacitação dos operários, além de outras.

Entre as principais conseqüências de se produzir com defeito, destacam-se: a redução do desempenho do produto fi nal e os retrabalhos, ainda muito freqüentes no setor da construção civil. Estes, além de gerarem perda física dos materiais utilizados, ainda causam: perdas no transporte, perdas no processamento (trabalho adicionado) e perda das inspeções que foram necessárias quando o produto estava sendo executado pela primeira vez.

Figura 8 – Exemplo de Perda por Retrabalho (quebra de alvenaria por alteração no projeto).

4.2.7PerdasnoProcessamentoemSi

Para Meira et al (1998) estas perdas “originam-se na natureza das atividades do processo ou na execução inadequada dos mesmos, decorrentes da falta de procedimentos padronizados e inefi ciências nos métodos de trabalho, da falta de treinamento dos operários ou defi ciências no detalhamento e construtividade dos projetos”. Ou seja, são oriundas da realização de atividades de processamento desnecessárias, ou realização das atividades necessárias de maneira inadequada.

De acordo com Costa (1999) “as perdas no processamento em si estão relacionadas com as características básicas de qualidade do produto e, de uma forma geral, associam-se ao patamar tecnológico ou à técnica construtiva adotada pela empresa”.

Como exemplo pode-se citar: quebra manual de blocos devido à falta de blocos em tamanhos diferenciados para locais onde não é viável a colocação de blocos inteiros e recortes nas pedras cerâmicas para ajustes às áreas a serem revestidas.

Figura 9 – Exemplo de Perda no Processamento (sobra de cerâmica após execução de recortes para arremates).

Figura 10 – Perda Incorporada de Materiais Causada pela Espessura Excessiva de Revestimento Devido a uma Má Especificação de Projeto.

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4.2.4PerdasnoMovimento

As perdas no movimento estão relacionadas a todos os esforços e movimentos realizados pelos trabalhadores desnecessariamente durante a execução de operações, interferindo negativamente na produtividade.

Para Costa (1999), nos canteiros de obra estas perdas são originadas por diversos fatores, a saber:

• falta de organização dos postos de trabalho;• falta de método de trabalho;• falta de arranjo no layout do canteiro;• inexistência de equipamentos para efetuar as tarefas ou emprego de equipamentos inadequados; e• outras condições insatisfatórias de trabalho, relacionadas principalmente aos esforços e às necessidades dos operários (ergonomia, necessidades fi siológicas, descanso e segurança).

4.2.5PerdasporEspera

As perdas por espera estão associadas aos períodos de tempo nos quais os trabalhadores e os equipamentos não estão sendo usados produtivamente, agregando valor, embora seus custos continuem sendo despendidos.

De acordo com Costa (1999) as perdas por espera são provenientes da falta de planejamento da produção, que ocasiona problemas de sincronismo entre as diversas atividades realizadas por diferentes trabalhadores ou entre as atividades dos trabalhadores e o fl uxo de materiais. Além disso, um outro fator que pode ocasionar perdas por espera é o desbalanceamento entre a quantidade de trabalhadores e a capacidade de operação dos equipamentos disponíveis no canteiro.

Um exemplo deste tipo de perda pode ser a interrupção de um serviço por falta de material para a execução de uma determinada atividade (perda por espera de mão-de-obra) ou mesmo uma betoneira parada por falta de cimento (perda por espera do equipamento e também de mão-de-obra, se esta não for alocada para a execução de uma outra atividade).

4.2.6PerdasporFabricaçãodeProdutosDefeituosos

Estas perdas ocorrem quando são fabricados produtos que não estão de acordo com os requisitos de qualidade especifi cados em projeto.

De acordo com Costa (1999), na construção civil estas perdas estão associadas normalmente a uma inspeção defi ciente do processo, à falta de especifi cações ou de detalhamento na documentação (projetos, manuais de procedimentos), à utilização de materiais defeituosos ou de qualidade inferior, à falta de capacitação dos operários, além de outras.

Entre as principais conseqüências de se produzir com defeito, destacam-se: a redução do desempenho do produto fi nal e os retrabalhos, ainda muito freqüentes no setor da construção civil. Estes, além de gerarem perda física dos materiais utilizados, ainda causam: perdas no transporte, perdas no processamento (trabalho adicionado) e perda das inspeções que foram necessárias quando o produto estava sendo executado pela primeira vez.

Figura 8 – Exemplo de Perda por Retrabalho (quebra de alvenaria por alteração no projeto).

4.2.7PerdasnoProcessamentoemSi

Para Meira et al (1998) estas perdas “originam-se na natureza das atividades do processo ou na execução inadequada dos mesmos, decorrentes da falta de procedimentos padronizados e inefi ciências nos métodos de trabalho, da falta de treinamento dos operários ou defi ciências no detalhamento e construtividade dos projetos”. Ou seja, são oriundas da realização de atividades de processamento desnecessárias, ou realização das atividades necessárias de maneira inadequada.

De acordo com Costa (1999) “as perdas no processamento em si estão relacionadas com as características básicas de qualidade do produto e, de uma forma geral, associam-se ao patamar tecnológico ou à técnica construtiva adotada pela empresa”.

Como exemplo pode-se citar: quebra manual de blocos devido à falta de blocos em tamanhos diferenciados para locais onde não é viável a colocação de blocos inteiros e recortes nas pedras cerâmicas para ajustes às áreas a serem revestidas.

Figura 9 – Exemplo de Perda no Processamento (sobra de cerâmica após execução de recortes para arremates).

Figura 10 – Perda Incorporada de Materiais Causada pela Espessura Excessiva de Revestimento Devido a uma Má Especificação de Projeto.

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4.2.8PerdasporSubstituição

Consistem na utilização de materiais com características de desempenho superiores ao especifi cado em projeto, no emprego de mão-de-obra com melhor qualifi cação que a necessária ou no emprego de equipamentos com avanços tecnológicos onde equipamentos mais simples poderiam ser utilizados.

São exemplos de perda por substituição: ofi ciais (pedreiros, carpinteiros, etc) transportando materiais ou limpando o canteiro de obras, tarefas que de modo geral são realizadas por serventes; substituição do acabamento em pintura especifi cado em projeto por acabamento em pastilha cerâmica, entre outros.

4.2.9OutrasPerdas

Nesta categoria de perdas estão inclusas todas as perdas de natureza diferentes das descritas nas categorias anteriores, mas que causam prejuízos para as empresas. Neste tipo de perdas relacionam-se: roubos, vandalismos, acidentes, condições climáticas adversas, entre outras.

Cabe esclarecer que estes tipos de perda afetam cada obra de maneira diferente, uma vez que podem variar devido a alguns fatores, como o local (bairro, cidade ou país), onde a edifi cação está sendo construída, a situação econômica do país, os costumes dos trabalhadores e habitantes da região, a forma como a empresa gerencia o empreendimento e outros. Sendo assim, um tipo de perda qualquer pode originar uma nova categoria dentro da classifi cação, em função da sua relevância ou da freqüência com que ocorrem nas obras de uma determinada localidade ou país.

A seguir, na tabela 1, são apresentados exemplos de perdas segundo sua natureza, momento de incidência e origem.

Tabela 1 – Exemplos de Perdas Segundo sua Natureza, Momento de Incidência e Origem (adaptada de SEBRAE, 1996).

4.3PerdasxGeraçãodeResíduos

Com base na classifi cação, pode-se dividir as perdas em dois tipos: as que englobam os desperdícios de materiais e as que englobam a execução de tarefas desnecessárias que geram custos adicionais e não agregam valor.

No primeiro grupo estão as perdas responsáveis pela geração de resíduos e, de acordo com a classifi cação estabelecida no item 4.2, estas perdas seriam:• perdas por superprodução;• perdas por manutenção de estoques;• perdas por transporte;• perdas por fabricação de produtos defeituosos; e • perdas no processamento em si.

Os outros tipos de perdas (perdas nos movimentos e perdas por espera), apesar de não serem responsáveis por gerarem resíduos devem ser cuidadas para serem eliminadas, pois geram desperdícios de tempo, além de perdas fi nanceiras.

Na indústria da construção civil alguns fatores contribuem negativamente para o aumento no volume de resíduos gerados. É uma indústria antiga, na qual, diferentemente de outros ramos industriais, as máquinas foram inseridas em pequena escala, o trabalho manual é a base da atividade produtiva e o trabalho se organiza em torno de especializações. Além desses agravantes, Meseguer (1991) ainda destaca algumas outras peculiaridades:• cada produto é único e normalmente não seriado;• o produto é fi xo e os operários são móveis, ao contrário da produção seriada, difi cultando a organização e controle; e• trata-se de uma indústria muito tradicional, que apresenta muita inércia às alterações;

Por todas estas especifi cidades nota-se o grande problema vivido pela indústria da construção no tocante às perdas e geração de resíduos. Assim, no capítulo a seguir, serão apresentadas algumas diretrizes para gerenciar os resíduos de construção.

Natureza Exemplo Momento de Incidência

Origem

Superprodução Produção de argamassa em quantidade superior à necessária para um dia de trabalho.

Produção Planejamento: falta de procedimentos de controle.

Manutenção de Estoques Deterioração da argamassa estocada.

Armazenamento Planejamento: falta de procedimentos referentes às condições adequadas de armazenamento.

Transporte Condições inadequadas para transporte.

Recebimento, transporte, produção

Gerência da obra: falha no planejamento de meios para executar o transporte de materiais.

Movimentos Tempo excessivo de deslocamento devido às grandes distâncias entre os postos de trabalho.

Produção Gerência da obra: falta de planejamento das seqüências de atividades e dos postos de trabalho.

Espera Parada na execução dos serviços por falta de material.

Produção Suprimentos: falha na programação de compras.

Fabricação de Produtos Defeituosos

Espessura de lajes e vigas diferentes das especificadas em projeto.

Produção, inspeção. Projeto: falhas no sistema de fôrmas utilizado.

Processamento em si Necessidade de quebrar uma laje depois de pronta para passagem de instalações.

Produção Planejamento: falhas no sistema de controles. Recursos humanos: falta de treinamento dos funcionários.

Substituição Substituição do acabamento em pintura especificado em projeto por acabamento em pastilha cerâmica

Produção Suprimentos: falha na programação de compras. Planejamento: falhas no sistema de controles.

Natureza Exemplo Momento de Incidência

Origem

Superprodução Produção de argamassa em quantidade superior à necessária para um dia de trabalho.

Produção Planejamento: falta de procedimentos de controle.

Manutenção de Estoques Deterioração da argamassa estocada.

Armazenamento Planejamento: falta de procedimentos referentes às condições adequadas de armazenamento.

Transporte Condições inadequadas para transporte.

Recebimento, transporte, produção

Gerência da obra: falha no planejamento de meios para executar o transporte de materiais.

Movimentos Tempo excessivo de deslocamento devido às grandes distâncias entre os postos de trabalho.

Produção Gerência da obra: falta de planejamento das seqüências de atividades e dos postos de trabalho.

Espera Parada na execução dos serviços por falta de material.

Produção Suprimentos: falha na programação de compras.

Fabricação de Produtos Defeituosos

Espessura de lajes e vigas diferentes das especificadas em projeto.

Produção, inspeção. Projeto: falhas no sistema de fôrmas utilizado.

Processamento em si Necessidade de quebrar uma laje depois de pronta para passagem de instalações.

Produção Planejamento: falhas no sistema de controles. Recursos humanos: falta de treinamento dos funcionários.

Substituição Substituição do acabamento em pintura especificado em projeto por acabamento em pastilha cerâmica

Produção Suprimentos: falha na programação de compras. Planejamento: falhas no sistema de controles.

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4.2.8PerdasporSubstituição

Consistem na utilização de materiais com características de desempenho superiores ao especifi cado em projeto, no emprego de mão-de-obra com melhor qualifi cação que a necessária ou no emprego de equipamentos com avanços tecnológicos onde equipamentos mais simples poderiam ser utilizados.

São exemplos de perda por substituição: ofi ciais (pedreiros, carpinteiros, etc) transportando materiais ou limpando o canteiro de obras, tarefas que de modo geral são realizadas por serventes; substituição do acabamento em pintura especifi cado em projeto por acabamento em pastilha cerâmica, entre outros.

4.2.9OutrasPerdas

Nesta categoria de perdas estão inclusas todas as perdas de natureza diferentes das descritas nas categorias anteriores, mas que causam prejuízos para as empresas. Neste tipo de perdas relacionam-se: roubos, vandalismos, acidentes, condições climáticas adversas, entre outras.

Cabe esclarecer que estes tipos de perda afetam cada obra de maneira diferente, uma vez que podem variar devido a alguns fatores, como o local (bairro, cidade ou país), onde a edifi cação está sendo construída, a situação econômica do país, os costumes dos trabalhadores e habitantes da região, a forma como a empresa gerencia o empreendimento e outros. Sendo assim, um tipo de perda qualquer pode originar uma nova categoria dentro da classifi cação, em função da sua relevância ou da freqüência com que ocorrem nas obras de uma determinada localidade ou país.

A seguir, na tabela 1, são apresentados exemplos de perdas segundo sua natureza, momento de incidência e origem.

Tabela 1 – Exemplos de Perdas Segundo sua Natureza, Momento de Incidência e Origem (adaptada de SEBRAE, 1996).

4.3PerdasxGeraçãodeResíduos

Com base na classifi cação, pode-se dividir as perdas em dois tipos: as que englobam os desperdícios de materiais e as que englobam a execução de tarefas desnecessárias que geram custos adicionais e não agregam valor.

No primeiro grupo estão as perdas responsáveis pela geração de resíduos e, de acordo com a classifi cação estabelecida no item 4.2, estas perdas seriam:• perdas por superprodução;• perdas por manutenção de estoques;• perdas por transporte;• perdas por fabricação de produtos defeituosos; e • perdas no processamento em si.

Os outros tipos de perdas (perdas nos movimentos e perdas por espera), apesar de não serem responsáveis por gerarem resíduos devem ser cuidadas para serem eliminadas, pois geram desperdícios de tempo, além de perdas fi nanceiras.

Na indústria da construção civil alguns fatores contribuem negativamente para o aumento no volume de resíduos gerados. É uma indústria antiga, na qual, diferentemente de outros ramos industriais, as máquinas foram inseridas em pequena escala, o trabalho manual é a base da atividade produtiva e o trabalho se organiza em torno de especializações. Além desses agravantes, Meseguer (1991) ainda destaca algumas outras peculiaridades:• cada produto é único e normalmente não seriado;• o produto é fi xo e os operários são móveis, ao contrário da produção seriada, difi cultando a organização e controle; e• trata-se de uma indústria muito tradicional, que apresenta muita inércia às alterações;

Por todas estas especifi cidades nota-se o grande problema vivido pela indústria da construção no tocante às perdas e geração de resíduos. Assim, no capítulo a seguir, serão apresentadas algumas diretrizes para gerenciar os resíduos de construção.

Natureza Exemplo Momento de Incidência

Origem

Superprodução Produção de argamassa em quantidade superior à necessária para um dia de trabalho.

Produção Planejamento: falta de procedimentos de controle.

Manutenção de Estoques Deterioração da argamassa estocada.

Armazenamento Planejamento: falta de procedimentos referentes às condições adequadas de armazenamento.

Transporte Condições inadequadas para transporte.

Recebimento, transporte, produção

Gerência da obra: falha no planejamento de meios para executar o transporte de materiais.

Movimentos Tempo excessivo de deslocamento devido às grandes distâncias entre os postos de trabalho.

Produção Gerência da obra: falta de planejamento das seqüências de atividades e dos postos de trabalho.

Espera Parada na execução dos serviços por falta de material.

Produção Suprimentos: falha na programação de compras.

Fabricação de Produtos Defeituosos

Espessura de lajes e vigas diferentes das especificadas em projeto.

Produção, inspeção. Projeto: falhas no sistema de fôrmas utilizado.

Processamento em si Necessidade de quebrar uma laje depois de pronta para passagem de instalações.

Produção Planejamento: falhas no sistema de controles. Recursos humanos: falta de treinamento dos funcionários.

Substituição Substituição do acabamento em pintura especificado em projeto por acabamento em pastilha cerâmica

Produção Suprimentos: falha na programação de compras. Planejamento: falhas no sistema de controles.

Natureza Exemplo Momento de Incidência

Origem

Superprodução Produção de argamassa em quantidade superior à necessária para um dia de trabalho.

Produção Planejamento: falta de procedimentos de controle.

Manutenção de Estoques Deterioração da argamassa estocada.

Armazenamento Planejamento: falta de procedimentos referentes às condições adequadas de armazenamento.

Transporte Condições inadequadas para transporte.

Recebimento, transporte, produção

Gerência da obra: falha no planejamento de meios para executar o transporte de materiais.

Movimentos Tempo excessivo de deslocamento devido às grandes distâncias entre os postos de trabalho.

Produção Gerência da obra: falta de planejamento das seqüências de atividades e dos postos de trabalho.

Espera Parada na execução dos serviços por falta de material.

Produção Suprimentos: falha na programação de compras.

Fabricação de Produtos Defeituosos

Espessura de lajes e vigas diferentes das especificadas em projeto.

Produção, inspeção. Projeto: falhas no sistema de fôrmas utilizado.

Processamento em si Necessidade de quebrar uma laje depois de pronta para passagem de instalações.

Produção Planejamento: falhas no sistema de controles. Recursos humanos: falta de treinamento dos funcionários.

Substituição Substituição do acabamento em pintura especificado em projeto por acabamento em pastilha cerâmica

Produção Suprimentos: falha na programação de compras. Planejamento: falhas no sistema de controles.

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5.DIRETRIZESPARAGERENCIAMENTODERESÍDUOSDACONSTRUÇÃO

5.1AResolução307doCONAMA

Como já mencionado, é de extrema importância que sejam implantadas ações para a efetiva redução dos impactos ambientais gerados pelos resíduos oriundos da construção civil. O Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, preocupado com o aumento da disposição de resíduos da construção em locais inadequados, publicou em 5 de julho de 2002 uma Resolução que estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil, além de disciplinar as ações necessárias de forma a minimizar os impactos ambientais: a Resolução n°307.

Esta Resolução, que entrou em vigor em 02 de janeiro de 2003, defi ne como resíduos da construção civil aqueles oriundos de atividades de construção, reforma, reparos e demolições de estruturas e estradas, bem como aqueles resultantes da remoção de vegetação e escavação de solos.

RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Os provenientes de construções, reformas, reparos e demolições

de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da

escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos, cerâmicos, concreto

em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e

compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidors, plásticos, tubulações, fi ação elétrica etc., comumente chamados

de entulhos de obras, caliça ou metralha.

Na Resolução 307 são encontradas várias defi nições de termos relacionados à gestão de resíduos da construção, além de estabelecer uma classifi cação para estes resíduos, a saber:

• Resíduos Classe A;• Resíduos Classe B;• Resíduos Classe C; e• Resíduos Classe D.

RESÍDUOS CLASSE A - REUTILIZÁVEISOU RECICLÁVEIS COMO AGREGADOS

Os provenientes de construções, reformas, reparos e demolições

de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da

escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos, cerâmicos, concreto

em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e

compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidors, plásticos, tubulações, fi ação elétrica etc., comumente chamados

de entulhos de obras, caliça ou metralha.

Destinação:

Deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados, ou encaminhados a áreas de aterro de resíduos da construção civil, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura.

RESÍDUOS CLASSE B - RECICLÁVEISPARA OUTRAS DESTINAÇÕES

Plásticos, papel/papelão,metais, vidros, madeiras e outros.

Destinação:

Deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a áreas de armazenamento temporário, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura.

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5.DIRETRIZESPARAGERENCIAMENTODERESÍDUOSDACONSTRUÇÃO

5.1AResolução307doCONAMA

Como já mencionado, é de extrema importância que sejam implantadas ações para a efetiva redução dos impactos ambientais gerados pelos resíduos oriundos da construção civil. O Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, preocupado com o aumento da disposição de resíduos da construção em locais inadequados, publicou em 5 de julho de 2002 uma Resolução que estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil, além de disciplinar as ações necessárias de forma a minimizar os impactos ambientais: a Resolução n°307.

Esta Resolução, que entrou em vigor em 02 de janeiro de 2003, defi ne como resíduos da construção civil aqueles oriundos de atividades de construção, reforma, reparos e demolições de estruturas e estradas, bem como aqueles resultantes da remoção de vegetação e escavação de solos.

RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Os provenientes de construções, reformas, reparos e demolições

de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da

escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos, cerâmicos, concreto

em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e

compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidors, plásticos, tubulações, fi ação elétrica etc., comumente chamados

de entulhos de obras, caliça ou metralha.

Na Resolução 307 são encontradas várias defi nições de termos relacionados à gestão de resíduos da construção, além de estabelecer uma classifi cação para estes resíduos, a saber:

• Resíduos Classe A;• Resíduos Classe B;• Resíduos Classe C; e• Resíduos Classe D.

RESÍDUOS CLASSE A - REUTILIZÁVEISOU RECICLÁVEIS COMO AGREGADOS

Os provenientes de construções, reformas, reparos e demolições

de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da

escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos, cerâmicos, concreto

em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e

compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidors, plásticos, tubulações, fi ação elétrica etc., comumente chamados

de entulhos de obras, caliça ou metralha.

Destinação:

Deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados, ou encaminhados a áreas de aterro de resíduos da construção civil, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura.

RESÍDUOS CLASSE B - RECICLÁVEISPARA OUTRAS DESTINAÇÕES

Plásticos, papel/papelão,metais, vidros, madeiras e outros.

Destinação:

Deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a áreas de armazenamento temporário, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura.

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RESÍDUOS CLASSE C - SEM TECNOLOGIAECONOMICAMENTE VIÁVEL PARA RECICLAGEM

São resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem/recuperação, tais como os produtos oriundos do gesso.

Destinação:

Deverão ser armazenados, transportados e destinados em conformidade com as normas técnicas específi cas.

RESÍDUOS CLASSE D - PERIGOSOS ORIUNDOS DOPROCESSO DE CONSTRUÇÃO

Tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou

prejudiciais à saúde oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros, bem como

telhas e demais objetos e materiais que contenham amianto ou outros

produtos nocivos à saúde.

Destinação:

Deverão ser armazenados, transportados, reutilizados e destinados em conformidade com as normas técnicas específi cas.

No caso particular dos resíduos Classe D, a Resolução 307 foi complementada pela Resolução 348 (2004), que inclui nesta Classe os resíduos nocivos à saúde, com especial destaque aos produtos que contém amianto.

De acordo com esta Resolução, os geradores devem ter como objetivo prioritário a não geração de resíduos e, secundariamente, a redução, a reutilização, a reciclagem e a destinação fi nal.

Figura 11 – Pilares da Resolução 307 do CONAMA.

A elaboração e implantação do Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PGRCC) pelos geradores é uma outra exigência da Resolução 307. Estes projetos deverão ser elaborados pelos grandes geradores9 para cada novo empreendimento e encaminhado para análise do órgão municipal competente. Para os empreendimentos que necessitam de licenciamento ambiental, o PGRCC deverá ser analisado dentro do processo de licenciamento, junto ao órgão ambiental.

O projeto tem como objetivo o estabelecimento dos procedimentos necessários para o manejo e destinação ambientalmente adequados dos resíduos, e contemplar as seguintes etapas:

• caracterização g nesta etapa o gerador deverá identifi car e quantifi car os resíduos;

• triagem g deverá ser realizada, preferencialmente, pelo gerador na origem, ou ser realizada nas áreas de destinação licenciadas para essa fi nalidade, respeitadas as classes de resíduos;

• acondicionamento g o gerador deverá garantir o confi namento dos resíduos após a geração até a etapa de transporte, assegurando em todos os casos em que seja possível, as condições de reutilização e de reciclagem;

• transporte g deverá ser realizado em conformidade com as etapas anteriores e de acordo com as normas técnicas vigentes para o transporte de resíduos; e

• destinação g deverá ser prevista de acordo com a classifi cação de cada resíduo, como será visto na seqüência deste trabalho.

Já para os municípios e para o Distrito Federal, esta Resolução determina que seja implementada a gestão dos resíduos da construção civil através da elaboração do Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil. Este plano deve conter:

• as diretrizes técnicas e procedimentos para o Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil e para os Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil a serem elaborados pelos grandes geradores, possibilitando o exercício das responsabilidades de todos os geradores;

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RESÍDUOS CLASSE C - SEM TECNOLOGIAECONOMICAMENTE VIÁVEL PARA RECICLAGEM

São resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem/recuperação, tais como os produtos oriundos do gesso.

Destinação:

Deverão ser armazenados, transportados e destinados em conformidade com as normas técnicas específi cas.

RESÍDUOS CLASSE D - PERIGOSOS ORIUNDOS DOPROCESSO DE CONSTRUÇÃO

Tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou

prejudiciais à saúde oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros, bem como

telhas e demais objetos e materiais que contenham amianto ou outros

produtos nocivos à saúde.

Destinação:

Deverão ser armazenados, transportados, reutilizados e destinados em conformidade com as normas técnicas específi cas.

No caso particular dos resíduos Classe D, a Resolução 307 foi complementada pela Resolução 348 (2004), que inclui nesta Classe os resíduos nocivos à saúde, com especial destaque aos produtos que contém amianto.

De acordo com esta Resolução, os geradores devem ter como objetivo prioritário a não geração de resíduos e, secundariamente, a redução, a reutilização, a reciclagem e a destinação fi nal.

Figura 11 – Pilares da Resolução 307 do CONAMA.

A elaboração e implantação do Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PGRCC) pelos geradores é uma outra exigência da Resolução 307. Estes projetos deverão ser elaborados pelos grandes geradores9 para cada novo empreendimento e encaminhado para análise do órgão municipal competente. Para os empreendimentos que necessitam de licenciamento ambiental, o PGRCC deverá ser analisado dentro do processo de licenciamento, junto ao órgão ambiental.

O projeto tem como objetivo o estabelecimento dos procedimentos necessários para o manejo e destinação ambientalmente adequados dos resíduos, e contemplar as seguintes etapas:

• caracterização g nesta etapa o gerador deverá identifi car e quantifi car os resíduos;

• triagem g deverá ser realizada, preferencialmente, pelo gerador na origem, ou ser realizada nas áreas de destinação licenciadas para essa fi nalidade, respeitadas as classes de resíduos;

• acondicionamento g o gerador deverá garantir o confi namento dos resíduos após a geração até a etapa de transporte, assegurando em todos os casos em que seja possível, as condições de reutilização e de reciclagem;

• transporte g deverá ser realizado em conformidade com as etapas anteriores e de acordo com as normas técnicas vigentes para o transporte de resíduos; e

• destinação g deverá ser prevista de acordo com a classifi cação de cada resíduo, como será visto na seqüência deste trabalho.

Já para os municípios e para o Distrito Federal, esta Resolução determina que seja implementada a gestão dos resíduos da construção civil através da elaboração do Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil. Este plano deve conter:

• as diretrizes técnicas e procedimentos para o Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil e para os Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil a serem elaborados pelos grandes geradores, possibilitando o exercício das responsabilidades de todos os geradores;

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• o cadastramento de áreas, públicas ou privadas, aptas para recebimento, triagem e armazenamento temporário de pequenos volumes, em conformidade com o porte da área urbana municipal, possibilitando a destinação posterior dos resíduos oriundos de pequenos geradores às áreas de benefi ciamento;

• o estabelecimento de processos de licenciamento para as áreas de benefi ciamento e de disposição fi nal de resíduos;

• a proibição da disposição dos resíduos de construção em áreas não licenciadas;

• o incentivo à reinserção dos resíduos reutilizáveis ou reciclados no ciclo produtivo;

• a defi nição de critérios para o cadastramento de transportadores;

• as ações de orientação, de fi scalização e de controle dos agentes envolvidos; e

• as ações educativas visando reduzir a geração de resíduos e possibilitar a sua segregação.

5.2Organização,LimpezaeSegregaçãodeResíduos

A organização, a limpeza e a segregação de resíduos estão diretamente relacionadas com a questão de perdas, tanto de materiais, quanto de mão-de-obra. Ao se promover uma adequada limpeza e segregação dos resíduos se consegue reduzir enormemente os índices de perda no canteiro, pois:

• o canteiro de obra fi ca mais limpo e organizado; • se evita a mistura entre os insumos e os resíduos, pois estes serão triados, evitando que materiais novos sejam descartados como resíduo; • haverá a possibilidade de reaproveitamento dos resíduos antes do descarte; • todos os resíduos a serem descartados serão quantifi cados e qualifi cados, o que poderá colaborar na identifi cação de possíveis focos de desperdício.

Um outro ponto importante no tocante à limpeza do canteiro é a diminuição da incidência de acidentes de trabalho proporcionada por um local de trabalho mais seguro. Vale salientar também que um ambiente de trabalho mais limpo e organizado aumenta a satisfação dos colaboradores, promovendo ganhos também para a empresa.Já com relação à segregação vale salientar que esta deve acontecer imediatamente após a geração do resíduo, ainda na origem, para evitar a mistura e contaminação destes.

Como visto no item anterior, a Resolução 307 do CONAMA salienta que os geradores devem ter como objetivo prioritário a não geração de resíduos o que favorece sensivelmente a limpeza do canteiro de obras. Com relação a isso, Pinto et al (2005) salienta que a utilização de projetos e sistemas construtivos racionalizados, além das práticas de gestão da qualidade já consolidadas podem propiciar enormes contribuições para a redução do volume de resíduos gerados.

A maneira que os materiais são estocados no canteiro de obras e como acontece o fl uxo destes materiais pode favorecer a redução de perdas, ou aumentá-la signifi cativamente.

As fi guras que serão apresentadas na seqüência mostram como um canteiro mal organizado é capaz de gerar de perdas.

Figura 12 – Armazenamento Inadequado de Revestimento Cerâmico Gerando Perda.

Figura 13 – Blocos Cerâmicos Mal Acondicionados e Espalhados no Canteiro, Possibilitando Quebra e Favorecendo o Desperdício.

Pinto et al (2005) destaca que a estocagem dos diversos materiais no canteiro deve obedecer alguns critérios, a saber:

• classifi cação;• freqüência de utilização;• empilhamento máximo;• distanciamento entre as fi leiras;• alinhamento das pilhas;• distanciamento do solo;• separação, isolamento ou envolvimento por ripas, papelão, isopor, ou material similar para materiais frágeis; e• preservação da limpeza e proteção contra a umidade do local (conservação dos ensacados).

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• o cadastramento de áreas, públicas ou privadas, aptas para recebimento, triagem e armazenamento temporário de pequenos volumes, em conformidade com o porte da área urbana municipal, possibilitando a destinação posterior dos resíduos oriundos de pequenos geradores às áreas de benefi ciamento;

• o estabelecimento de processos de licenciamento para as áreas de benefi ciamento e de disposição fi nal de resíduos;

• a proibição da disposição dos resíduos de construção em áreas não licenciadas;

• o incentivo à reinserção dos resíduos reutilizáveis ou reciclados no ciclo produtivo;

• a defi nição de critérios para o cadastramento de transportadores;

• as ações de orientação, de fi scalização e de controle dos agentes envolvidos; e

• as ações educativas visando reduzir a geração de resíduos e possibilitar a sua segregação.

5.2Organização,LimpezaeSegregaçãodeResíduos

A organização, a limpeza e a segregação de resíduos estão diretamente relacionadas com a questão de perdas, tanto de materiais, quanto de mão-de-obra. Ao se promover uma adequada limpeza e segregação dos resíduos se consegue reduzir enormemente os índices de perda no canteiro, pois:

• o canteiro de obra fi ca mais limpo e organizado; • se evita a mistura entre os insumos e os resíduos, pois estes serão triados, evitando que materiais novos sejam descartados como resíduo; • haverá a possibilidade de reaproveitamento dos resíduos antes do descarte; • todos os resíduos a serem descartados serão quantifi cados e qualifi cados, o que poderá colaborar na identifi cação de possíveis focos de desperdício.

Um outro ponto importante no tocante à limpeza do canteiro é a diminuição da incidência de acidentes de trabalho proporcionada por um local de trabalho mais seguro. Vale salientar também que um ambiente de trabalho mais limpo e organizado aumenta a satisfação dos colaboradores, promovendo ganhos também para a empresa.Já com relação à segregação vale salientar que esta deve acontecer imediatamente após a geração do resíduo, ainda na origem, para evitar a mistura e contaminação destes.

Como visto no item anterior, a Resolução 307 do CONAMA salienta que os geradores devem ter como objetivo prioritário a não geração de resíduos o que favorece sensivelmente a limpeza do canteiro de obras. Com relação a isso, Pinto et al (2005) salienta que a utilização de projetos e sistemas construtivos racionalizados, além das práticas de gestão da qualidade já consolidadas podem propiciar enormes contribuições para a redução do volume de resíduos gerados.

A maneira que os materiais são estocados no canteiro de obras e como acontece o fl uxo destes materiais pode favorecer a redução de perdas, ou aumentá-la signifi cativamente.

As fi guras que serão apresentadas na seqüência mostram como um canteiro mal organizado é capaz de gerar de perdas.

Figura 12 – Armazenamento Inadequado de Revestimento Cerâmico Gerando Perda.

Figura 13 – Blocos Cerâmicos Mal Acondicionados e Espalhados no Canteiro, Possibilitando Quebra e Favorecendo o Desperdício.

Pinto et al (2005) destaca que a estocagem dos diversos materiais no canteiro deve obedecer alguns critérios, a saber:

• classifi cação;• freqüência de utilização;• empilhamento máximo;• distanciamento entre as fi leiras;• alinhamento das pilhas;• distanciamento do solo;• separação, isolamento ou envolvimento por ripas, papelão, isopor, ou material similar para materiais frágeis; e• preservação da limpeza e proteção contra a umidade do local (conservação dos ensacados).

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Figura 14 – Exemplo de Organização no Armazenamento de Materiais.

A boa organização dos espaços destinados ao armazenamento dos materiais possibilita uma boa verifi cação, controle dos estoques e otimização na utilização dos insumos (PINTO et al, 2005).

É necessário, portanto, atentar para as vantagens de se ter um canteiro bem organizado, pois um canteiro assim faz com que sejam evitados desperdícios na utilização e na aquisição dos materiais. Em alguns casos, quando os materiais permanecem espalhados pelo canteiro estes podem terminar sendo descartados como resíduo.

Figura 15 – Cimento Espalhado pelo Canteiro que Pode ser Descartado como Resíduo.

5.3AcondicionamentodosResíduos

Após ser feita a segregação dos resíduos, é necessário que estes sejam acondicionados de uma forma correta, desde a segregação nos locais de geração até o transporte para o destino fi nal.O acondicionamento inicial é feito no próprio local onde os resíduos são gerados. Existem alguns dispositivos que podem ser utilizados para este fi m. Plásticos, madeiras, papeis e metais de pequenas dimensões podem ser acondicionados em bombonas10 ou outro recipiente aberto e resistente. Internamente os recipientes podem conter um saco de ráfi a adequado ao tamanho do recipiente, dobrado para fora, facilitando a disposição dos resíduos e a coleta para destinação fi nal.

Figura 16 – Bombonas de 50l para Acondicionamento Inicial dos Resíduos.

Para o caso de resíduos orgânicos e suas embalagens, copos plásticos usados, papéis sujos (refeitório, sanitários e áreas de vivência) ou outros passíveis de coleta pública o acondicionamento inicial deverá ser feito em recipientes com tampa contendo internamente um saco de lixo simples.

Figura 17 – Recipiente para Resíduos Orgânicos.

Outros resíduos mais pesados ou em maiores dimensões não necessitam de recipientes específi cos para acondicionamento inicial. Os resíduos classe A, por exemplo, podem ser acondicionados em pilhas próximas ao local de transporte interno (balança, grua ou coletor de entulho).

A seguir na Tabela 2, será apresentada uma relação entre o tipo de resíduo e a forma que estes devem ser acondicionados inicialmente.

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Figura 14 – Exemplo de Organização no Armazenamento de Materiais.

A boa organização dos espaços destinados ao armazenamento dos materiais possibilita uma boa verifi cação, controle dos estoques e otimização na utilização dos insumos (PINTO et al, 2005).

É necessário, portanto, atentar para as vantagens de se ter um canteiro bem organizado, pois um canteiro assim faz com que sejam evitados desperdícios na utilização e na aquisição dos materiais. Em alguns casos, quando os materiais permanecem espalhados pelo canteiro estes podem terminar sendo descartados como resíduo.

Figura 15 – Cimento Espalhado pelo Canteiro que Pode ser Descartado como Resíduo.

5.3AcondicionamentodosResíduos

Após ser feita a segregação dos resíduos, é necessário que estes sejam acondicionados de uma forma correta, desde a segregação nos locais de geração até o transporte para o destino fi nal.O acondicionamento inicial é feito no próprio local onde os resíduos são gerados. Existem alguns dispositivos que podem ser utilizados para este fi m. Plásticos, madeiras, papeis e metais de pequenas dimensões podem ser acondicionados em bombonas10 ou outro recipiente aberto e resistente. Internamente os recipientes podem conter um saco de ráfi a adequado ao tamanho do recipiente, dobrado para fora, facilitando a disposição dos resíduos e a coleta para destinação fi nal.

Figura 16 – Bombonas de 50l para Acondicionamento Inicial dos Resíduos.

Para o caso de resíduos orgânicos e suas embalagens, copos plásticos usados, papéis sujos (refeitório, sanitários e áreas de vivência) ou outros passíveis de coleta pública o acondicionamento inicial deverá ser feito em recipientes com tampa contendo internamente um saco de lixo simples.

Figura 17 – Recipiente para Resíduos Orgânicos.

Outros resíduos mais pesados ou em maiores dimensões não necessitam de recipientes específi cos para acondicionamento inicial. Os resíduos classe A, por exemplo, podem ser acondicionados em pilhas próximas ao local de transporte interno (balança, grua ou coletor de entulho).

A seguir na Tabela 2, será apresentada uma relação entre o tipo de resíduo e a forma que estes devem ser acondicionados inicialmente.

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Tabela 2 – Exemplos de Soluções para Acondicionamento Inicial dos Resíduos (adaptada de PINTO et al, 2005).

O acondicionamento fi nal dos resíduos deve ser feito de modo a facilitar sua retirada e destinação fi nal. Este acondicionamento deve garantir que os resíduos continuem segregados e mantendo as características necessárias para reciclagem. Os materiais leves podem ser acondicionados em big bags11. Outros materiais podem ser acondicionados em baias12 fi xas ou móveis ou caçambas estacionárias13.

• Big Bags

Os big bags podem ser utilizados no acondicionamento de papeis, plásticos e outros materiais leves como fardamentos, luvas, botas, etc. O tamanho recomendado para os bags é de 90 cm x 90 cm x 120 cm. O local dos bags deve ser coberto e protegido de chuva, pois resíduos de papel e papelão perdem a possibilidade de reciclagem se molhados. Devem ser construídos suportes para o posicionamento dos bags, que podem ser metálicos ou em madeira e podem ser construídos no próprio canteiro. A fi nalidade do suporte é manter o bag aberto, portanto o bag deve estar apoiado no chão, e não suspenso. É recomendado o uso de dobradiças ou dispositivos de encaixe na parte frontal do suporte para facilitar a retirada do bag. A sinalização do material a ser acondicionado no bag deve estar presa ao suporte.

Figura 18 – Big Bag em Suporte Metálico.

Figura 19 – Big Bags em Suporte de Madeira.

O suporte deve ter altura aproximada de 1,60m e largura de 1,20m. É importante sempre confi rmar as dimensões após a aquisição dos bags.

Tipo de Resíduo Acondicionamento Inicial

Blocos de concreto, blocos cerâmicos, argamassas, componentes cerâmicos, concreto, tijolos e similares

Pilhas formadas próximas aos locais de transporte interno, nos respectivos pavimentos

MadeiraBombonas ou pilhas formadas nas proximidades da própria bombona ou dos dispositivos de transporte vertical

Plásticos (embalagens, aparas de tubulações, etc.) Bombonas ou fardos

Papelão (sacos e caixas de embalagens utilizados) e papéis (escritório) Bombonas ou fardos

Metal (ferro, aço, fiação, arame, etc.) Bombonas

Serragem Sacos de ráfia próximos aos locais de geração

Gesso de revestimento, placas e artefatos Sacos de embalagem do gesso ou sacos de ráfia próximos aos locais de geração

Solos Eventualmente em pilhas para imediata remoção

Telas de fachada e de proteção Recolher após o uso e dispor em local adequado, sendo este já para acondicionamento final.

EPS (poliestireno expandido) – ex: isopor Quando em pequenos pedaços, colocar em sacos de ráfia. Em placas, formar fardos.

Resíduos perigosos presentes em embalagens plásticas, instrumentos de aplicação (pincéis, broxas e trinchas) e outros materiais auxiliares (panos, trapos, estopas, etc.)

Manuseio com os cuidados observados pelo fabricante do insumo na ficha de segurança da embalagem ou do elemento contaminante do instrumento de trabalho. Imediato transporte pelo usuário para o local de acondicionamento final.

Restos de uniformes, botas, panos e trapos sem contaminação por produtos químicos.

Disposição nos bags para resíduos diversos sendo este o acondicionamento final.

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Tabela 2 – Exemplos de Soluções para Acondicionamento Inicial dos Resíduos (adaptada de PINTO et al, 2005).

O acondicionamento fi nal dos resíduos deve ser feito de modo a facilitar sua retirada e destinação fi nal. Este acondicionamento deve garantir que os resíduos continuem segregados e mantendo as características necessárias para reciclagem. Os materiais leves podem ser acondicionados em big bags11. Outros materiais podem ser acondicionados em baias12 fi xas ou móveis ou caçambas estacionárias13.

• Big Bags

Os big bags podem ser utilizados no acondicionamento de papeis, plásticos e outros materiais leves como fardamentos, luvas, botas, etc. O tamanho recomendado para os bags é de 90 cm x 90 cm x 120 cm. O local dos bags deve ser coberto e protegido de chuva, pois resíduos de papel e papelão perdem a possibilidade de reciclagem se molhados. Devem ser construídos suportes para o posicionamento dos bags, que podem ser metálicos ou em madeira e podem ser construídos no próprio canteiro. A fi nalidade do suporte é manter o bag aberto, portanto o bag deve estar apoiado no chão, e não suspenso. É recomendado o uso de dobradiças ou dispositivos de encaixe na parte frontal do suporte para facilitar a retirada do bag. A sinalização do material a ser acondicionado no bag deve estar presa ao suporte.

Figura 18 – Big Bag em Suporte Metálico.

Figura 19 – Big Bags em Suporte de Madeira.

O suporte deve ter altura aproximada de 1,60m e largura de 1,20m. É importante sempre confi rmar as dimensões após a aquisição dos bags.

Tipo de Resíduo Acondicionamento Inicial

Blocos de concreto, blocos cerâmicos, argamassas, componentes cerâmicos, concreto, tijolos e similares

Pilhas formadas próximas aos locais de transporte interno, nos respectivos pavimentos

MadeiraBombonas ou pilhas formadas nas proximidades da própria bombona ou dos dispositivos de transporte vertical

Plásticos (embalagens, aparas de tubulações, etc.) Bombonas ou fardos

Papelão (sacos e caixas de embalagens utilizados) e papéis (escritório) Bombonas ou fardos

Metal (ferro, aço, fiação, arame, etc.) Bombonas

Serragem Sacos de ráfia próximos aos locais de geração

Gesso de revestimento, placas e artefatos Sacos de embalagem do gesso ou sacos de ráfia próximos aos locais de geração

Solos Eventualmente em pilhas para imediata remoção

Telas de fachada e de proteção Recolher após o uso e dispor em local adequado, sendo este já para acondicionamento final.

EPS (poliestireno expandido) – ex: isopor Quando em pequenos pedaços, colocar em sacos de ráfia. Em placas, formar fardos.

Resíduos perigosos presentes em embalagens plásticas, instrumentos de aplicação (pincéis, broxas e trinchas) e outros materiais auxiliares (panos, trapos, estopas, etc.)

Manuseio com os cuidados observados pelo fabricante do insumo na ficha de segurança da embalagem ou do elemento contaminante do instrumento de trabalho. Imediato transporte pelo usuário para o local de acondicionamento final.

Restos de uniformes, botas, panos e trapos sem contaminação por produtos químicos.

Disposição nos bags para resíduos diversos sendo este o acondicionamento final.

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Figura 20 – Dimensões do Suporte para Big Bags.•BAIAS

As baias são normalmente utilizadas para acondicionamento dos resíduos pesados como os de metal, madeira e classe A. O número de baias assim como tipo e suas dimensões devem ser determinados de acordo com a necessidade de utilização de cada obra.

Podem ser utilizadas baias móveis, caixotes fechados na lateral e com alças permitindo maior mobilidade do local de acondicionamento dos resíduos, acompanhando mudanças de layout do canteiro. As dimensões dos caixotes devem ser adequadas ao peso e ao volume dos resíduos a acondicionar.

As baias fi xas são normalmente apoiadas no chão, sendo as laterais fechadas, com altura aproximadamente de 1,0m e a parte frontal aberta, para facilitar a colocação e a retirada dos resíduos. Estas baias podem ser confeccionadas com barrotes de madeira e tábuas delimitando o local para colocação dos resíduos.

Figura 21 – Baia Móvel Metálica com Suporte para Transporte.

Figura 22 – Baia Móvel de Madeira.

Figura 23 – Baia Fixa.

•CAÇAMBASESTACIONÁRIAS

Estas caçambas comumente têm capacidade de 5m3. Seu uso deve ser determinado de acordo com a necessidade de cada obra, normalmente para acondicionamento de resíduos de madeira e de alvenaria e concreto.

Estes recipientes facilitam a coleta dos resíduos, principalmente quando associados a dutos para transporte interno que despejam os resíduos dos pavimentos diretamente nas caçambas. Deve-se atentar para o acesso dos caminhões poliguindastes para retirada das caçambas. É importante lembrar que algumas leis municipais proíbem a disposição de caçambas nas calçadas.

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Figura 20 – Dimensões do Suporte para Big Bags.•BAIAS

As baias são normalmente utilizadas para acondicionamento dos resíduos pesados como os de metal, madeira e classe A. O número de baias assim como tipo e suas dimensões devem ser determinados de acordo com a necessidade de utilização de cada obra.

Podem ser utilizadas baias móveis, caixotes fechados na lateral e com alças permitindo maior mobilidade do local de acondicionamento dos resíduos, acompanhando mudanças de layout do canteiro. As dimensões dos caixotes devem ser adequadas ao peso e ao volume dos resíduos a acondicionar.

As baias fi xas são normalmente apoiadas no chão, sendo as laterais fechadas, com altura aproximadamente de 1,0m e a parte frontal aberta, para facilitar a colocação e a retirada dos resíduos. Estas baias podem ser confeccionadas com barrotes de madeira e tábuas delimitando o local para colocação dos resíduos.

Figura 21 – Baia Móvel Metálica com Suporte para Transporte.

Figura 22 – Baia Móvel de Madeira.

Figura 23 – Baia Fixa.

•CAÇAMBASESTACIONÁRIAS

Estas caçambas comumente têm capacidade de 5m3. Seu uso deve ser determinado de acordo com a necessidade de cada obra, normalmente para acondicionamento de resíduos de madeira e de alvenaria e concreto.

Estes recipientes facilitam a coleta dos resíduos, principalmente quando associados a dutos para transporte interno que despejam os resíduos dos pavimentos diretamente nas caçambas. Deve-se atentar para o acesso dos caminhões poliguindastes para retirada das caçambas. É importante lembrar que algumas leis municipais proíbem a disposição de caçambas nas calçadas.

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Figura 24 – Caçamba Estacionária.

5.4SinalizaçãodosDispositivos

Todos os dispositivos para coleta devem estar sinalizados indicando o resíduo a ser segregado e seguindo a padronização internacional de cores, conforme Resolução 275 do CONAMA.

Para os resíduos classe A e de gesso que não seguem a um padrão específi co pode-se fazer referência à classe dos resíduos, conforme exemplo da Figura 24.

Tabela 3 – Padronização Internacional de Cores – Resolução 275 do CONAMA.

A sinalização pode ser feita, por exemplo, utilizando-se etiquetas plásticas auto-adesivas, atendendo ao padrão de cores da Tabela 3, em formato A4, conforme apresentado na fi gura 25. Nas bombonas, os adesivos podem ser colados diretamente na sua parte frontal. Em outros dispositivos, como bags e baias é necessário prever plaquetas no tamanho dos adesivos para fi xar a sinalização.

Figura 25 – Padronização dos Adesivos para Sinalização.

5.5TransporteInternodosResíduos

Além do acondicionamento inicial e fi nal é necessário atentar para a forma como os resíduos serão transportados no canteiro. O transporte interno pode ser realizado utilizando-se dos meios convencionais e disponíveis no canteiro de obras. Para o transporte horizontal, podem ser utilizados: carrinhos de mão, gericas, transporte manual, entre outros. Já para o transporte vertical podem ser utilizados: grua, elevador de carga, etc. É necessário que durante o planejamento do canteiro exista a preocupação com a movimentação dos resíduos para que futuramente não existam problemas com relação ao fl uxo dos resíduos que podem gerar desperdícios de tempo dos trabalhadores sem agregar valor ao processo.Uma outra opção para o transporte vertical é o duto coletor de entulho que agiliza bastante o transporte interno, principalmente, de resíduos classe A. Estes dutos são constituídos por elementos tubulares de polietileno de média densidade com diâmetro aproximado de 34cm fi xados por correntes. Nos pavimentos um elemento especial permite a colocação dos resíduos.

Este transporte é ainda mais efi ciente se dispusermos a baia, a caçamba, ou mesmo o caminhão sob a base do coletor evitando um transporte horizontal adicional.

Cor Tipo de Resíduo

Azul Papel / papelãoVermelho Plástico

Verde VidroAmarelo Metal

Preto MadeiraLaranja Resíduos perigosos

Branco Resíduos ambulatoriais e de serviços de saúde

Roxo Resíduos radioativosMarrom Resíduos orgânicos

CinzaResíduo geral não reciclável ou

misturado, ou contaminado não passível de separação

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Figura 24 – Caçamba Estacionária.

5.4SinalizaçãodosDispositivos

Todos os dispositivos para coleta devem estar sinalizados indicando o resíduo a ser segregado e seguindo a padronização internacional de cores, conforme Resolução 275 do CONAMA.

Para os resíduos classe A e de gesso que não seguem a um padrão específi co pode-se fazer referência à classe dos resíduos, conforme exemplo da Figura 24.

Tabela 3 – Padronização Internacional de Cores – Resolução 275 do CONAMA.

A sinalização pode ser feita, por exemplo, utilizando-se etiquetas plásticas auto-adesivas, atendendo ao padrão de cores da Tabela 3, em formato A4, conforme apresentado na fi gura 25. Nas bombonas, os adesivos podem ser colados diretamente na sua parte frontal. Em outros dispositivos, como bags e baias é necessário prever plaquetas no tamanho dos adesivos para fi xar a sinalização.

Figura 25 – Padronização dos Adesivos para Sinalização.

5.5TransporteInternodosResíduos

Além do acondicionamento inicial e fi nal é necessário atentar para a forma como os resíduos serão transportados no canteiro. O transporte interno pode ser realizado utilizando-se dos meios convencionais e disponíveis no canteiro de obras. Para o transporte horizontal, podem ser utilizados: carrinhos de mão, gericas, transporte manual, entre outros. Já para o transporte vertical podem ser utilizados: grua, elevador de carga, etc. É necessário que durante o planejamento do canteiro exista a preocupação com a movimentação dos resíduos para que futuramente não existam problemas com relação ao fl uxo dos resíduos que podem gerar desperdícios de tempo dos trabalhadores sem agregar valor ao processo.Uma outra opção para o transporte vertical é o duto coletor de entulho que agiliza bastante o transporte interno, principalmente, de resíduos classe A. Estes dutos são constituídos por elementos tubulares de polietileno de média densidade com diâmetro aproximado de 34cm fi xados por correntes. Nos pavimentos um elemento especial permite a colocação dos resíduos.

Este transporte é ainda mais efi ciente se dispusermos a baia, a caçamba, ou mesmo o caminhão sob a base do coletor evitando um transporte horizontal adicional.

Cor Tipo de Resíduo

Azul Papel / papelãoVermelho Plástico

Verde VidroAmarelo Metal

Preto MadeiraLaranja Resíduos perigosos

Branco Resíduos ambulatoriais e de serviços de saúde

Roxo Resíduos radioativosMarrom Resíduos orgânicos

CinzaResíduo geral não reciclável ou

misturado, ou contaminado não passível de separação

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Figura 26 – Duto Coletor de Entulho.Na Tabela 4, são apresentadas algumas recomendações para o transporte interno de alguns tipos de resíduo.

Tabela 4 – Tipos de Resíduo x Transporte Interno (adaptada de PINTO et al, 2005).

5.6DestinaçãoResponsável

De acordo com a Resolução 307 do CONAMA os geradores também são responsáveis pela destinação fi nal dos resíduos quando não sejam viáveis o reuso ou reciclagem dos resíduos na própria obra. Sendo assim, as obras são responsáveis por todos os resíduos que são retirados sendo passíveis de multas defi nidas pelos municípios em caso de deposição irregular.

Ao se retirar os resíduos do canteiro é necessário atentar para alguns pontos, a saber:

• é preciso que o veículo que será usado no transporte seja compatível com a forma que os resíduos estão acondicionados na obra. Muitos municípios exigem que os transportadores de resíduos classe A sejam cadastrados; • deve-se buscar reduzir os custos com a coleta e remoção dos resíduos, portanto parcerias com cooperativas devem ser estimuladas; e• deve-se adequar os equipamentos utilizados para coleta e remoção dos resíduos aos padrões defi nidos em legislação e/ou pelos receptores.

Além disso, é necessário defi nir o local onde os resíduos serão depositados. A tabela a seguir possibilita a identifi cação de algumas soluções de destinação para os resíduos gerados. No entanto é necessário verifi car quais as soluções disponíveis em cada cidade / região do país.

Tabela 5 – Soluções de Destinação (adaptada de PINTO et al, 2005).

É interessante que todas as obras tenham um cadastro com transportadores e destinatários (cooperativas e compradores de resíduos). Além disso, os resíduos devem ser encaminhados para o local de destinação acompanhados do CTR – Controle de Transporte de Resíduos, item de exigência da norma NBR 15112:2004 – Resíduos da Construção Civil e Resíduos Volumosos.

Esta norma estabelece que o CTR deverá ser emitido em três vias (gerador, transportador e destinatário) e ter um conteúdo mínimo, a saber:

• Transportador g nome, CPF e/ou razão social e inscrição municipal;• Gerador / origem g nome, CPF e/ou razão social e CNPJ;• Endereço da retirada;• Destinatário g nome, CPF e/ou razão social e CNPJ;• Endereço do destino;

Tipos de Resíduo

Transporte Interno

Blocos de concreto, blocos cerâmicos, argamassas, outros componentes cerâmicos, concreto e assemelhados.

Carrinhos ou gericas para deslocamento horizontal e condutor de entulho, elevador de carga ou grua para transporte vertical.

Madeira

Grandes volumes: transporte manual (em fardos) com auxílio de gericas ou carrinhos associados a elevador de carga ou grua. Pequenos volumes: deslocamento horizontal manual (dentro dos sacos de ráfia) e vertical com auxílio de elevador de carga ou grua, quando necessário.

Plástico, papelão, papéis, metal, serragem e EPS

Transporte dos resíduos contidos em sacos, bags ou em fardos com o auxílio de elevador de carga ou grua, quando necessário.

Gesso de revestimento, placas acartonadas e artefatos

Carrinhos ou gericas para deslocamento horizontal e elevador de carga ou grua para transporte vertical.

SolosEquipamentos disponíveis para escavação e transporte (pá-carregadeira, etc.). Para pequenos volumes, carrinhos e gericas.

Tipos de Resíduo

Cuidados Requeridos

Destinação

Blocos de concreto, blocos cerâmicos, argamassas, outros componentes cerâmicos, concreto, tijolos e assemelhados.

Privilegiar soluções de destinação que envolvam a reciclagem dos resíduos, de modo a permitir seu aproveitamento como agregado.

Áreas de transbordo e triagem, áreas para reciclagem ou aterros de resíduos de construção civil licenciadas pelos órgãos competentes. Os resíduos Classe A podem ser reciclados para uso em pavimentação e concretos sem função estrutural.

Madeira

Para uso em caldeira, garantir separação da serragem dos demais resíduos de madeira. Verificar na legislação municipal restrições ao uso como combustível (Ex: Padarias em Salvador)

Atividades econômicas que possibilitem a reciclagem destes resíduos, a reutilização de peças ou o uso como combustível em fornos ou caldeiras.

Plásticos (embalagens, aparas de tubulações, etc.)

Máximo aproveitamento dos materiais contidos e a limpeza da embalagem.

Empresas, cooperativas ou associações de coleta seletiva que comercializam ou reciclam estes resíduos.

Papelão (sacos e caixas de embalagens) e papéis (escritório)

Proteger de intempéries. Empresas, cooperativas ou associações de coleta seletiva que comercializam ou reciclam estes resíduos.

Metal (ferro, aço, fiação revestida, arames, etc.)

Para latas de tinta, garantir o uso total do material contido nas latas.

Empresas, cooperativas ou associações de coleta seletiva que comercializam ou reciclam estes resíduos.

Serragem Ensacar e proteger de intempéries.Reutilização dos resíduos em superfícies impregnadas com óleo para absorção e secagem, produção de briquetes (geração de energia), uso na compostagem ou outros usos.

Gesso em placas acartonadas Proteger de intempéries.É necessário verificar a possibilidade de reciclagem pelo fabricante ou empresas de reciclagem. Áreas de transbordo e triagem (verificar a disponibilidade na região).

Gesso de revestimento e artefatos Proteger de intempéries. É necessário verificar a possibilidade do aproveitamento pela

indústria gesseira e empresas de reciclagem.

Solo Examinar a caracterização prévia dos solos para definir destinação.

Desde que não estejam contaminados, destinar a pequenas áreas de aterramento ou em aterros de resíduos de construção civil, ambos devidamente licenciados/autorizados pelos órgãos competentes.

Telas de fachada e de proteção Não há. Possível reaproveitamento para a confecção de bags e sacos ou até mesmo por recicladores de plásticos.

EPS Confinar, evitando dispersão.Possível destinação para empresas, cooperativas ou associações de coleta seletiva que comercializam, reciclam ou aproveitam para enchimentos (ver disponibilidade na região).

Materiais, instrumentos e embalagens contaminados por resíduos perigosos

Maximizar a utilização dos materiais para a redução dos resíduos a descartar.

Encaminhar para aterros licenciados para recepção de resíduos perigosos.

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Figura 26 – Duto Coletor de Entulho.Na Tabela 4, são apresentadas algumas recomendações para o transporte interno de alguns tipos de resíduo.

Tabela 4 – Tipos de Resíduo x Transporte Interno (adaptada de PINTO et al, 2005).

5.6DestinaçãoResponsável

De acordo com a Resolução 307 do CONAMA os geradores também são responsáveis pela destinação fi nal dos resíduos quando não sejam viáveis o reuso ou reciclagem dos resíduos na própria obra. Sendo assim, as obras são responsáveis por todos os resíduos que são retirados sendo passíveis de multas defi nidas pelos municípios em caso de deposição irregular.

Ao se retirar os resíduos do canteiro é necessário atentar para alguns pontos, a saber:

• é preciso que o veículo que será usado no transporte seja compatível com a forma que os resíduos estão acondicionados na obra. Muitos municípios exigem que os transportadores de resíduos classe A sejam cadastrados; • deve-se buscar reduzir os custos com a coleta e remoção dos resíduos, portanto parcerias com cooperativas devem ser estimuladas; e• deve-se adequar os equipamentos utilizados para coleta e remoção dos resíduos aos padrões defi nidos em legislação e/ou pelos receptores.

Além disso, é necessário defi nir o local onde os resíduos serão depositados. A tabela a seguir possibilita a identifi cação de algumas soluções de destinação para os resíduos gerados. No entanto é necessário verifi car quais as soluções disponíveis em cada cidade / região do país.

Tabela 5 – Soluções de Destinação (adaptada de PINTO et al, 2005).

É interessante que todas as obras tenham um cadastro com transportadores e destinatários (cooperativas e compradores de resíduos). Além disso, os resíduos devem ser encaminhados para o local de destinação acompanhados do CTR – Controle de Transporte de Resíduos, item de exigência da norma NBR 15112:2004 – Resíduos da Construção Civil e Resíduos Volumosos.

Esta norma estabelece que o CTR deverá ser emitido em três vias (gerador, transportador e destinatário) e ter um conteúdo mínimo, a saber:

• Transportador g nome, CPF e/ou razão social e inscrição municipal;• Gerador / origem g nome, CPF e/ou razão social e CNPJ;• Endereço da retirada;• Destinatário g nome, CPF e/ou razão social e CNPJ;• Endereço do destino;

Tipos de Resíduo

Transporte Interno

Blocos de concreto, blocos cerâmicos, argamassas, outros componentes cerâmicos, concreto e assemelhados.

Carrinhos ou gericas para deslocamento horizontal e condutor de entulho, elevador de carga ou grua para transporte vertical.

Madeira

Grandes volumes: transporte manual (em fardos) com auxílio de gericas ou carrinhos associados a elevador de carga ou grua. Pequenos volumes: deslocamento horizontal manual (dentro dos sacos de ráfia) e vertical com auxílio de elevador de carga ou grua, quando necessário.

Plástico, papelão, papéis, metal, serragem e EPS

Transporte dos resíduos contidos em sacos, bags ou em fardos com o auxílio de elevador de carga ou grua, quando necessário.

Gesso de revestimento, placas acartonadas e artefatos

Carrinhos ou gericas para deslocamento horizontal e elevador de carga ou grua para transporte vertical.

SolosEquipamentos disponíveis para escavação e transporte (pá-carregadeira, etc.). Para pequenos volumes, carrinhos e gericas.

Tipos de Resíduo

Cuidados Requeridos

Destinação

Blocos de concreto, blocos cerâmicos, argamassas, outros componentes cerâmicos, concreto, tijolos e assemelhados.

Privilegiar soluções de destinação que envolvam a reciclagem dos resíduos, de modo a permitir seu aproveitamento como agregado.

Áreas de transbordo e triagem, áreas para reciclagem ou aterros de resíduos de construção civil licenciadas pelos órgãos competentes. Os resíduos Classe A podem ser reciclados para uso em pavimentação e concretos sem função estrutural.

Madeira

Para uso em caldeira, garantir separação da serragem dos demais resíduos de madeira. Verificar na legislação municipal restrições ao uso como combustível (Ex: Padarias em Salvador)

Atividades econômicas que possibilitem a reciclagem destes resíduos, a reutilização de peças ou o uso como combustível em fornos ou caldeiras.

Plásticos (embalagens, aparas de tubulações, etc.)

Máximo aproveitamento dos materiais contidos e a limpeza da embalagem.

Empresas, cooperativas ou associações de coleta seletiva que comercializam ou reciclam estes resíduos.

Papelão (sacos e caixas de embalagens) e papéis (escritório)

Proteger de intempéries. Empresas, cooperativas ou associações de coleta seletiva que comercializam ou reciclam estes resíduos.

Metal (ferro, aço, fiação revestida, arames, etc.)

Para latas de tinta, garantir o uso total do material contido nas latas.

Empresas, cooperativas ou associações de coleta seletiva que comercializam ou reciclam estes resíduos.

Serragem Ensacar e proteger de intempéries.Reutilização dos resíduos em superfícies impregnadas com óleo para absorção e secagem, produção de briquetes (geração de energia), uso na compostagem ou outros usos.

Gesso em placas acartonadas Proteger de intempéries.É necessário verificar a possibilidade de reciclagem pelo fabricante ou empresas de reciclagem. Áreas de transbordo e triagem (verificar a disponibilidade na região).

Gesso de revestimento e artefatos Proteger de intempéries. É necessário verificar a possibilidade do aproveitamento pela

indústria gesseira e empresas de reciclagem.

Solo Examinar a caracterização prévia dos solos para definir destinação.

Desde que não estejam contaminados, destinar a pequenas áreas de aterramento ou em aterros de resíduos de construção civil, ambos devidamente licenciados/autorizados pelos órgãos competentes.

Telas de fachada e de proteção Não há. Possível reaproveitamento para a confecção de bags e sacos ou até mesmo por recicladores de plásticos.

EPS Confinar, evitando dispersão.Possível destinação para empresas, cooperativas ou associações de coleta seletiva que comercializam, reciclam ou aproveitam para enchimentos (ver disponibilidade na região).

Materiais, instrumentos e embalagens contaminados por resíduos perigosos

Maximizar a utilização dos materiais para a redução dos resíduos a descartar.

Encaminhar para aterros licenciados para recepção de resíduos perigosos.

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• Volume (m3) ou quantidade (t) a ser transportada;• Descrição do material predominante g solo, material asfáltico, madeira, concreto/argamassas/alvenaria,

volumosos (incluindo pedras) ou outros (especifi car);• Data;• Assinatura do transportador;• Assinatura da área de transbordo e triagem; e• Assinatura da área de destinação de resíduos.

5.7NormasBrasileirasparaaGestãodeResíduos

A ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas é o órgão responsável pela normalização técnica no país. Sendo assim, ela é responsável pela criação das normas brasileiras sobre os mais diferentes temas.

A partir da necessidade manifestada pela sociedade brasileira é criada uma Comissão de Estudo (CE), com a participação voluntária de diversos segmentos da sociedade, para discussão do tema e, por fi m, o Projeto de Norma é aprovado e encaminhado à Gerência do Processo de Normalização da ABNT para homologação e publicação como Norma Brasileira.

Ligado ao tema Gestão de Resíduos existem cinco normas brasileiras, a saber:

• NBR 15112:2004 g Resíduos da Construção Civil e Resíduos Volumosos – Áreas de Transbordo e Triagem – Diretrizes para Projeto, Implantação e Operação;

• NBR 15113:2004 g Resíduos Sólidos da Construção Civil e Resíduos Inertes – Aterros – Diretrizes para Projeto, Implantação e Operação;

• NBR 15114:2004 g Resíduos Sólidos da Construção Civil – Áreas de Reciclagem – Diretrizes para Projeto, Implantação e Operação;

• NBR 15115:2004 g Agregados Reciclados de Resíduos Sólidos da Construção Civil – Execução de Camadas de Pavimentação – Procedimentos; e

• NBR 15116:2004 g Agregados Reciclados de Resíduos Sólidos da Construção Civil – Utilização em Pavimentação e Preparo de Concreto sem Função Estrutural – Requisitos.

Estas normas são importante respaldo técnico e legal para estimular a segregação, reciclagem e destinação responsável dos resíduos.

Nos itens a seguir será discutido um pouco mais a respeito de cada uma delas.

5.7.1NBR15112–ResíduosdaConstruçãoCivileResíduosVolumosos–ÁreasdeTransbordoeTriagem

Esta norma fi xa os requisitos exigíveis para elaboração do projeto, implantação e operação de áreas de transbordo e triagem de resíduos da construção civil e resíduos volumosos.

Segundo a NBR 15112 área de transbordo e triagem de resíduos da construção civil e resíduos volumosos (ATT) é uma “área destinada ao recebimento de resíduos da construção civil e resíduos volumosos, para triagem, armazenamento temporário dos materiais segregados, eventual transformação e posterior remoção para destinação adequada, sem causar danos à saúde pública e ao meio ambiente”.

A norma ainda traz: algumas defi nições relevantes ao tema, a classifi cação dos resíduos da construção civil seguindo as classes já estabelecidas pela Resolução 307 do CONAMA, as condições para implantação da ATT, as condições gerais para elaboração do projeto e as condições e diretrizes de operação. Para serem licenciadas as ATT´s devem seguir as diretrizes estabelecidas nesta norma.

5.7.2 NBR 15113 – Resíduos Sólidos da Construção Civil e Resíduos Inertes – Aterros - Diretrizes paraProjeto,ImplantaçãoeOperação

A NBR 15113 fi xa os requisitos exigíveis para projeto, implantação e operação de aterros de resíduos sólidos da construção civil classe A e de resíduos inertes. Visa também a reserva de materiais de forma segregada, possibilitando o uso futuro ou, ainda, a disposição destes materiais, com vistas à futura utilização da área, além de buscar a proteção das coleções hídricas ou subterrâneas próximas, das condições de trabalho dos operadores dessas instalações e da qualidade de vida das populações vizinhas.

Nesta norma, o aterro de resíduos da construção civil e de resíduos inertes é defi nido como uma área onde são empregadas técnicas de disposição de resíduos classe A e resíduos inertes no solo, visando a reservação de materiais segregados ao menor volume possível para um possível uso futuro dos materiais e/ou futura utilização da área, sem causar danos à saúde pública e ao meio ambiente.

A NBR 15113 ainda dispõe:

• a respeito das condições de implantação dos aterros (critérios para localização, acessos, isolamento e sinalização, iluminação e energia, comunicação, análise dos resíduos, treinamento e proteção das águas subterrâneas e superfi ciais);

• das condições gerais para projeto (responsabilidade e autoria do projeto, partes constituintes do projeto e forma de apresentação, memorial descritivo, memorial técnico, estimativa de custo e cronograma, desenhos e plantas); e

• das condições de operação (recebimento de resíduos no aterro, triagem dos resíduos recebidos, disposição segregada de resíduos, equipamentos de segurança, inspeção e manutenção e procedimentos para registro da operação).

5.7.3 NBR15114–ResíduosSólidosdaConstruçãoCivil–ÁreasdeReciclagem–DiretrizesparaProjeto,ImplantaçãoeOperação

Nesta norma são estabelecidos os requisitos mínimos exigíveis para projeto, implantação e operação de áreas de reciclagem de resíduos sólidos da construção civil classe A. Ela se aplica à reciclagem de materiais já triados para a produção de agregados com características para a aplicação em obras de infra-estrutura e edifi cações, de forma segura, sem comprometimento das questões ambientais, das condições de trabalho dos operadores dessas instalações e da qualidade de vida das populações vizinhas.

De acordo com a NBR 15114, área de reciclagem de resíduos da construção civil é defi nida como sendo uma “área destinada ao recebimento e transformação de resíduos da construção civil classe A, já triados, para produção de agregados reciclados”.

Nela são estabelecidas:

• as condições gerais de implantação das áreas de reciclagem (critérios para localização, isolamento e sinalização, acessos, iluminação e energia, proteção das águas superfi ciais e preparo da área de operação);

• as condições gerais para projeto (memorial descritivo, projeto básico, responsabilidade e autoria do projeto); e • as condições de operação (recebimento, triagem e processamento de resíduos, treinamento e equipamentos de

segurança, inspeção e manutenção e procedimento para controle e registro da operação).

5.7.4 NBR15115–AgregadosRecicladosdeResíduosSólidosdaConstruçãoCivil–Execuçãodecamadasdepavimentação–Procedimentos

A NBR 15115 tem por objetivo o estabelecimento de critérios para execução de camadas de reforço do subleito, sub-base e base de pavimentos, bem como camada de revestimento primário, com agregado reciclado de resíduo sólido da construção civil, denominado agregado reciclado, em obras de pavimentação.

Estabelece ainda:

• os requisitos necessários aos materiais que serão empregados para a execução das camadas de reforço,

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• Volume (m3) ou quantidade (t) a ser transportada;• Descrição do material predominante g solo, material asfáltico, madeira, concreto/argamassas/alvenaria,

volumosos (incluindo pedras) ou outros (especifi car);• Data;• Assinatura do transportador;• Assinatura da área de transbordo e triagem; e• Assinatura da área de destinação de resíduos.

5.7NormasBrasileirasparaaGestãodeResíduos

A ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas é o órgão responsável pela normalização técnica no país. Sendo assim, ela é responsável pela criação das normas brasileiras sobre os mais diferentes temas.

A partir da necessidade manifestada pela sociedade brasileira é criada uma Comissão de Estudo (CE), com a participação voluntária de diversos segmentos da sociedade, para discussão do tema e, por fi m, o Projeto de Norma é aprovado e encaminhado à Gerência do Processo de Normalização da ABNT para homologação e publicação como Norma Brasileira.

Ligado ao tema Gestão de Resíduos existem cinco normas brasileiras, a saber:

• NBR 15112:2004 g Resíduos da Construção Civil e Resíduos Volumosos – Áreas de Transbordo e Triagem – Diretrizes para Projeto, Implantação e Operação;

• NBR 15113:2004 g Resíduos Sólidos da Construção Civil e Resíduos Inertes – Aterros – Diretrizes para Projeto, Implantação e Operação;

• NBR 15114:2004 g Resíduos Sólidos da Construção Civil – Áreas de Reciclagem – Diretrizes para Projeto, Implantação e Operação;

• NBR 15115:2004 g Agregados Reciclados de Resíduos Sólidos da Construção Civil – Execução de Camadas de Pavimentação – Procedimentos; e

• NBR 15116:2004 g Agregados Reciclados de Resíduos Sólidos da Construção Civil – Utilização em Pavimentação e Preparo de Concreto sem Função Estrutural – Requisitos.

Estas normas são importante respaldo técnico e legal para estimular a segregação, reciclagem e destinação responsável dos resíduos.

Nos itens a seguir será discutido um pouco mais a respeito de cada uma delas.

5.7.1NBR15112–ResíduosdaConstruçãoCivileResíduosVolumosos–ÁreasdeTransbordoeTriagem

Esta norma fi xa os requisitos exigíveis para elaboração do projeto, implantação e operação de áreas de transbordo e triagem de resíduos da construção civil e resíduos volumosos.

Segundo a NBR 15112 área de transbordo e triagem de resíduos da construção civil e resíduos volumosos (ATT) é uma “área destinada ao recebimento de resíduos da construção civil e resíduos volumosos, para triagem, armazenamento temporário dos materiais segregados, eventual transformação e posterior remoção para destinação adequada, sem causar danos à saúde pública e ao meio ambiente”.

A norma ainda traz: algumas defi nições relevantes ao tema, a classifi cação dos resíduos da construção civil seguindo as classes já estabelecidas pela Resolução 307 do CONAMA, as condições para implantação da ATT, as condições gerais para elaboração do projeto e as condições e diretrizes de operação. Para serem licenciadas as ATT´s devem seguir as diretrizes estabelecidas nesta norma.

5.7.2 NBR 15113 – Resíduos Sólidos da Construção Civil e Resíduos Inertes – Aterros - Diretrizes paraProjeto,ImplantaçãoeOperação

A NBR 15113 fi xa os requisitos exigíveis para projeto, implantação e operação de aterros de resíduos sólidos da construção civil classe A e de resíduos inertes. Visa também a reserva de materiais de forma segregada, possibilitando o uso futuro ou, ainda, a disposição destes materiais, com vistas à futura utilização da área, além de buscar a proteção das coleções hídricas ou subterrâneas próximas, das condições de trabalho dos operadores dessas instalações e da qualidade de vida das populações vizinhas.

Nesta norma, o aterro de resíduos da construção civil e de resíduos inertes é defi nido como uma área onde são empregadas técnicas de disposição de resíduos classe A e resíduos inertes no solo, visando a reservação de materiais segregados ao menor volume possível para um possível uso futuro dos materiais e/ou futura utilização da área, sem causar danos à saúde pública e ao meio ambiente.

A NBR 15113 ainda dispõe:

• a respeito das condições de implantação dos aterros (critérios para localização, acessos, isolamento e sinalização, iluminação e energia, comunicação, análise dos resíduos, treinamento e proteção das águas subterrâneas e superfi ciais);

• das condições gerais para projeto (responsabilidade e autoria do projeto, partes constituintes do projeto e forma de apresentação, memorial descritivo, memorial técnico, estimativa de custo e cronograma, desenhos e plantas); e

• das condições de operação (recebimento de resíduos no aterro, triagem dos resíduos recebidos, disposição segregada de resíduos, equipamentos de segurança, inspeção e manutenção e procedimentos para registro da operação).

5.7.3 NBR15114–ResíduosSólidosdaConstruçãoCivil–ÁreasdeReciclagem–DiretrizesparaProjeto,ImplantaçãoeOperação

Nesta norma são estabelecidos os requisitos mínimos exigíveis para projeto, implantação e operação de áreas de reciclagem de resíduos sólidos da construção civil classe A. Ela se aplica à reciclagem de materiais já triados para a produção de agregados com características para a aplicação em obras de infra-estrutura e edifi cações, de forma segura, sem comprometimento das questões ambientais, das condições de trabalho dos operadores dessas instalações e da qualidade de vida das populações vizinhas.

De acordo com a NBR 15114, área de reciclagem de resíduos da construção civil é defi nida como sendo uma “área destinada ao recebimento e transformação de resíduos da construção civil classe A, já triados, para produção de agregados reciclados”.

Nela são estabelecidas:

• as condições gerais de implantação das áreas de reciclagem (critérios para localização, isolamento e sinalização, acessos, iluminação e energia, proteção das águas superfi ciais e preparo da área de operação);

• as condições gerais para projeto (memorial descritivo, projeto básico, responsabilidade e autoria do projeto); e • as condições de operação (recebimento, triagem e processamento de resíduos, treinamento e equipamentos de

segurança, inspeção e manutenção e procedimento para controle e registro da operação).

5.7.4 NBR15115–AgregadosRecicladosdeResíduosSólidosdaConstruçãoCivil–Execuçãodecamadasdepavimentação–Procedimentos

A NBR 15115 tem por objetivo o estabelecimento de critérios para execução de camadas de reforço do subleito, sub-base e base de pavimentos, bem como camada de revestimento primário, com agregado reciclado de resíduo sólido da construção civil, denominado agregado reciclado, em obras de pavimentação.

Estabelece ainda:

• os requisitos necessários aos materiais que serão empregados para a execução das camadas de reforço,

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• os equipamentos básicos indicados para execução das camadas, • de que forma deve acontecer a execução das camadas, e• quais os ensaios e verifi cações necessárias após a execução.

5.7.5 NBR 15116 – Agregados Reciclados de Resíduos Sólidos da Construção Civil – Utilização emPavimentaçãoePreparodeConcretosemFunçãoEstrutural-Requisitos

Esta norma estabelece os requisitos para o emprego de agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil. Os agregados reciclados de que a norma trata destinam-se:

• a obras de pavimentação viária (camada de reforço de subleito, sub-base e base de pavimentação ou revestimento primário de vias não pavimentadas) e

• ao preparo de concreto sem função estrutural.

Estabelece ainda:

• requisitos gerais e específi cos para agregado reciclado destinado ao preparo de concreto sem função estrutural; e

• controle da qualidade e caracterização do agregado reciclado.

A NBR 15116 traz em seus anexos procedimentos para a determinação da composição dos agregados reciclados graúdos por análise visual e para a determinação do percentual de materiais não-minerais dos agregados reciclados miúdos por líquidos densos.5.8 Envolvimento das Pessoas para uma Gestão Efi ciente

Para que se consiga promover uma gestão de resíduos adequada é necessário que todos os agentes (equipe técnica e gerencial da obra, operários, empreiteiros e direção da empresa) estejam comprometidos com a nova proposta, pois todos precisarão contribuir para o sucesso da gestão dos resíduos. O comprometimento dos diversos envolvidos dependerá de treinamento e respeito às novas condições necessárias para a limpeza da obra, segregação e destinação responsável dos resíduos.

A gerência da obra deve prover condições para a gestão efi ciente dos resíduos, destinando recursos para a compra e/ou confecção dos dispositivos necessários ao acondicionamento dos resíduos em quantidade sufi ciente. Junto com a equipe responsável pela segurança, a gerência da obra deve cobrar dos envolvidos a manutenção da limpeza e da segregação e a destinação responsável. Ações de valorização e estímulo ao envolvimento com a gestão dos resíduos contribuem para o bom resultado.

Os responsáveis pela destinação dos resíduos (geralmente o almoxarife ou comprador), devem estar sempre buscando informações sobre soluções para a destinação dos resíduos que privilegiem o reuso e a reciclagem. Estes agentes são importantes também na fi scalização da destinação dos resíduos, mantendo registros através do CTR – Controle de Transporte de Resíduo.Para o envolvimento dos operários, é fundamental realizar treinamentos de toda a equipe de produção, mostrando não só o que deve ser feito, mas também como e porquê deve ser feito.

Os agentes externos, empreiteiros e empresas terceirizadas, também devem ser envolvidos. Além de participar dos treinamentos, para Pinto et al (2005) é necessário que exista um compromisso formalizado para os agentes terceirizados, que deve contemplar:

• a necessidade de zelo com a limpeza e a organização permanentes da obra;• responsabilidade dos empreiteiros pela má utilização dos insumos, materiais e dispositivos de uso comum;• obrigação pela observância das condições estabelecidas para a triagem dos resíduos;• em alguns casos, a responsabilidade compartilhada pela destinação dos resíduos, checando e aprovando solução

para destinação e exigindo apresentação de documentação pertinente;• avaliação dos empreiteiros em relação à limpeza da obra, triagem dos resíduos nos locais de geração,

acondicionamento fi nal e destinação (quando for aplicável), atribuindo notas e penalizando os responsáveis por irregularidades.

A motivação e treinamento constante dos agentes envolvidos são fundamentais para a gestão efi ciente dos resíduos no canteiro.

6.ARACIONALIZAÇÃOCOMOFERRAMENTAPARAAREDUÇÃODAGERAÇÃODERESÍDUOS

A construção civil hoje assume seu papel de indústria competitiva que registra os maiores índices de capacidade de emprego. Porém, ao contrário das outras indústrias de transformação, a construção civil possui peculiaridades que ao mesmo tempo em que difi cultam o emprego de metodologias específi cas, estimulam o sentimento de “engenhar” na busca de soluções mais econômicas e mais rápidas. Alie-se a isto a necessidade do setor de adequar-se às novas tendências industriais no que diz respeito à capacidade de reduzir-se ao mínimo o consumo dos recursos naturais e os resíduos gerados nos processos.

É preciso a conscientização de que o desperdício gerado na construção civil, seja por exigências de clientes, seja por planejamento inadequado, resulta em prejuízo para toda a sociedade. Os recursos naturais utilizados na fabricação dos insumos são limitados, sendo inadmissível que estes insumos sejam devolvidos em forma de resíduos, descontroladamente ao meio ambiente, criando cada vez mais situações desfavoráveis no sistema. Racionalizar, portanto, é palavra de ordem hoje no meio industrial e a construção civil empenha-se em contribuir como um setor de fundamental importância na economia do país.

A racionalização da construção tem como objetivo a otimização do processo de construção (aumento de produtividade, rentabilidade e qualidade) através da aplicação de alguns princípios de economia. De acordo com Gehbauer (2004) a racionalização pode ser defi nida como sendo um “estudo do sistema de produção estabelecido com base na realidade, com o objetivo de defi nir melhorias”.

A racionalização visa principalmente:

• melhorar as inter-relações: homem – homem e homem – máquina;• melhorar o fl uxo de materiais e produtos;• melhorar o fl uxo de informações; e• melhorar a organização do processo de produção.

É importante desmistifi car a idéia que para que aconteça a racionalização dos processos é necessário um grande investimento fi nanceiro por parte da organização, com a introdução de novas tecnologias construtivas ou implementação de novos equipamentos no canteiro. A racionalização muitas vezes acontece com ações simples, com pequenas alterações na rotina de trabalho dos operários que produzirão frutos no tocante a melhoria do processo construtivo, economia de tempo, material e mão-de-obra, além de se evitar muitas vezes, a geração de resíduos.

No livro Racionalização na Construção Civil: como melhorar processos de produção e de gestão de Fritz Gehbauer é apresentada uma metodologia para promoção da racionalização no canteiro de obras. A metodologia foi desenvolvida pelo autor no âmbito do Projeto Competir e já foi implementada em mais de 100 obras em várias cidades do Nordeste do Brasil.

Este autor destaca que a produção na construção civil é marcada por uma série de particularidades: produto individual, para cada produto tem-se um novo local de produção, projetos de curta duração, local de trabalho sujeito às variações climáticas, cliente interferindo no processo de produção, entre outros. Este ambiente faz com que o gerente de obras esteja ocupado em manter os trabalhos em andamento e em administrar os problemas que surgem de forma reativa. Com estas difi culdades, resta pouco tempo para analisar os processos e introduzir melhorias. É neste ponto que os métodos desenvolvidos por este autor e que serão apresentados na seqüência pretendem fornecer subsídios para se promover a racionalização.

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• os equipamentos básicos indicados para execução das camadas, • de que forma deve acontecer a execução das camadas, e• quais os ensaios e verifi cações necessárias após a execução.

5.7.5 NBR 15116 – Agregados Reciclados de Resíduos Sólidos da Construção Civil – Utilização emPavimentaçãoePreparodeConcretosemFunçãoEstrutural-Requisitos

Esta norma estabelece os requisitos para o emprego de agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil. Os agregados reciclados de que a norma trata destinam-se:

• a obras de pavimentação viária (camada de reforço de subleito, sub-base e base de pavimentação ou revestimento primário de vias não pavimentadas) e

• ao preparo de concreto sem função estrutural.

Estabelece ainda:

• requisitos gerais e específi cos para agregado reciclado destinado ao preparo de concreto sem função estrutural; e

• controle da qualidade e caracterização do agregado reciclado.

A NBR 15116 traz em seus anexos procedimentos para a determinação da composição dos agregados reciclados graúdos por análise visual e para a determinação do percentual de materiais não-minerais dos agregados reciclados miúdos por líquidos densos.5.8 Envolvimento das Pessoas para uma Gestão Efi ciente

Para que se consiga promover uma gestão de resíduos adequada é necessário que todos os agentes (equipe técnica e gerencial da obra, operários, empreiteiros e direção da empresa) estejam comprometidos com a nova proposta, pois todos precisarão contribuir para o sucesso da gestão dos resíduos. O comprometimento dos diversos envolvidos dependerá de treinamento e respeito às novas condições necessárias para a limpeza da obra, segregação e destinação responsável dos resíduos.

A gerência da obra deve prover condições para a gestão efi ciente dos resíduos, destinando recursos para a compra e/ou confecção dos dispositivos necessários ao acondicionamento dos resíduos em quantidade sufi ciente. Junto com a equipe responsável pela segurança, a gerência da obra deve cobrar dos envolvidos a manutenção da limpeza e da segregação e a destinação responsável. Ações de valorização e estímulo ao envolvimento com a gestão dos resíduos contribuem para o bom resultado.

Os responsáveis pela destinação dos resíduos (geralmente o almoxarife ou comprador), devem estar sempre buscando informações sobre soluções para a destinação dos resíduos que privilegiem o reuso e a reciclagem. Estes agentes são importantes também na fi scalização da destinação dos resíduos, mantendo registros através do CTR – Controle de Transporte de Resíduo.Para o envolvimento dos operários, é fundamental realizar treinamentos de toda a equipe de produção, mostrando não só o que deve ser feito, mas também como e porquê deve ser feito.

Os agentes externos, empreiteiros e empresas terceirizadas, também devem ser envolvidos. Além de participar dos treinamentos, para Pinto et al (2005) é necessário que exista um compromisso formalizado para os agentes terceirizados, que deve contemplar:

• a necessidade de zelo com a limpeza e a organização permanentes da obra;• responsabilidade dos empreiteiros pela má utilização dos insumos, materiais e dispositivos de uso comum;• obrigação pela observância das condições estabelecidas para a triagem dos resíduos;• em alguns casos, a responsabilidade compartilhada pela destinação dos resíduos, checando e aprovando solução

para destinação e exigindo apresentação de documentação pertinente;• avaliação dos empreiteiros em relação à limpeza da obra, triagem dos resíduos nos locais de geração,

acondicionamento fi nal e destinação (quando for aplicável), atribuindo notas e penalizando os responsáveis por irregularidades.

A motivação e treinamento constante dos agentes envolvidos são fundamentais para a gestão efi ciente dos resíduos no canteiro.

6.ARACIONALIZAÇÃOCOMOFERRAMENTAPARAAREDUÇÃODAGERAÇÃODERESÍDUOS

A construção civil hoje assume seu papel de indústria competitiva que registra os maiores índices de capacidade de emprego. Porém, ao contrário das outras indústrias de transformação, a construção civil possui peculiaridades que ao mesmo tempo em que difi cultam o emprego de metodologias específi cas, estimulam o sentimento de “engenhar” na busca de soluções mais econômicas e mais rápidas. Alie-se a isto a necessidade do setor de adequar-se às novas tendências industriais no que diz respeito à capacidade de reduzir-se ao mínimo o consumo dos recursos naturais e os resíduos gerados nos processos.

É preciso a conscientização de que o desperdício gerado na construção civil, seja por exigências de clientes, seja por planejamento inadequado, resulta em prejuízo para toda a sociedade. Os recursos naturais utilizados na fabricação dos insumos são limitados, sendo inadmissível que estes insumos sejam devolvidos em forma de resíduos, descontroladamente ao meio ambiente, criando cada vez mais situações desfavoráveis no sistema. Racionalizar, portanto, é palavra de ordem hoje no meio industrial e a construção civil empenha-se em contribuir como um setor de fundamental importância na economia do país.

A racionalização da construção tem como objetivo a otimização do processo de construção (aumento de produtividade, rentabilidade e qualidade) através da aplicação de alguns princípios de economia. De acordo com Gehbauer (2004) a racionalização pode ser defi nida como sendo um “estudo do sistema de produção estabelecido com base na realidade, com o objetivo de defi nir melhorias”.

A racionalização visa principalmente:

• melhorar as inter-relações: homem – homem e homem – máquina;• melhorar o fl uxo de materiais e produtos;• melhorar o fl uxo de informações; e• melhorar a organização do processo de produção.

É importante desmistifi car a idéia que para que aconteça a racionalização dos processos é necessário um grande investimento fi nanceiro por parte da organização, com a introdução de novas tecnologias construtivas ou implementação de novos equipamentos no canteiro. A racionalização muitas vezes acontece com ações simples, com pequenas alterações na rotina de trabalho dos operários que produzirão frutos no tocante a melhoria do processo construtivo, economia de tempo, material e mão-de-obra, além de se evitar muitas vezes, a geração de resíduos.

No livro Racionalização na Construção Civil: como melhorar processos de produção e de gestão de Fritz Gehbauer é apresentada uma metodologia para promoção da racionalização no canteiro de obras. A metodologia foi desenvolvida pelo autor no âmbito do Projeto Competir e já foi implementada em mais de 100 obras em várias cidades do Nordeste do Brasil.

Este autor destaca que a produção na construção civil é marcada por uma série de particularidades: produto individual, para cada produto tem-se um novo local de produção, projetos de curta duração, local de trabalho sujeito às variações climáticas, cliente interferindo no processo de produção, entre outros. Este ambiente faz com que o gerente de obras esteja ocupado em manter os trabalhos em andamento e em administrar os problemas que surgem de forma reativa. Com estas difi culdades, resta pouco tempo para analisar os processos e introduzir melhorias. É neste ponto que os métodos desenvolvidos por este autor e que serão apresentados na seqüência pretendem fornecer subsídios para se promover a racionalização.

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Segundo este autor, a dinâmica da racionalização acontece em três níveis distintos, a saber:

• racionalização do tipo 1 (R1) g esforços de racionalização que visam o fl uxo de material, a minimização das distâncias de transporte, a otimização das máquinas empregadas e a melhoria do fl uxo de informações e da capacitação das pessoas envolvidas, ou seja, estudos de racionalização voltados para fatores que colocam efetivamente o processo de produção e do canteiro de obras no centro das atenções;

• racionalização do tipo 2 (R2) g esforços de racionalização que visam os processos gerais de uma empresa, representados na fi gura pela moldura que circunda a empresa. Incluído dentro dessa moldura está o gerenciamento das funções de apoio: aquisição, logística, novas tecnologias, disponibilização de recursos, gestão da informação, administração de pessoal, desenvolvimento de pessoal, estratégias, dentre outras;

• racionalização do tipo 3 (R3) g procura organizar a cadeia produtiva e suas interferências no foco da empresa.

Figura 27 – Níveis Distintos da Racionalização.

A racionalização tipo R1 (canteiro de obras), que será o foco deste trabalho, na maior parte das vezes pode ser implantada com recursos disponíveis na própria obra. O objetivo maior é proporcionar condições para que o processo construtivo suprima os tempos de espera e de ociosidade nas equipes e nas interfaces entre sucessivas equipes de trabalho.

Observa-se defi ciências nestas áreas muitas vezes causadas pela falta de conscientização de que vale a pena estudar os diferentes passos do trabalho detalhadamente e identifi car possibilidades para pequenas ou grandes melhorias (GEHBAUER, 2004).

Com o aumento da mecanização dos processos de construção tornando os canteiros industriais, maior é a possibilidade de empregar métodos modernos de análise dos processos de construção. Apesar da singularidade de cada obra, é possível padronizar-se determinadas tarefas que invariavelmente são interligadas por uma seqüência tecnológica. Detalhes da organização do trabalho muitas vezes são negligenciados, daí existir neste campo as grandes reservas de racionalização.

Em toda racionalização, se torna importante levar sempre em conta o fl uxo contínuo de trabalho. Podem se utilizar de “amortecedores“ para que o ciclo subseqüente não sofra interrupções, mesmo que o ciclo anterior tenha sido sujeito a variação de produção.

Outra fonte de possibilidades de racionalização é a ocorrência permanente de “retrabalho” causadas por erros e defeitos, além de execução incompleta de trabalho que ocorre em muitas obras causando um aumento exagerado

nos custos para sua conclusão. Esta execução incompleta, ou seja, a falta de terminalidade na execução dos serviços, muitas vezes é causada por um planejamento inadequado que também propicia a falta de materiais necessários no momento da execução.

Outra causa da alta incidência de retrabalho nas obras está relacionado ao repetido manuseio de materiais que chegam às obras antes do prazo previsto para sua aplicação ou “antes do planejado” e aí o conceito de just in time14 pode ser aplicado.

Vários níveis de Racionalização são envolvidos, porém o ponto de partida é o canteiro de obras onde precisa ser medido o dispêndio de horas e de onde precisam partir sugestões para a racionalização que, quando implementadas, trarão as melhorias.

6.1ProcedimentosGerais

Para que o processo de racionalização surta efeito e se instale de forma permanente na empresa é necessário que o estímulo venha a partir dos níveis mais altos da organização através, por exemplo, da possibilidade de participação dos empregados na rentabilidade melhorada ou através de bônus salarial.

Os esforços de racionalização podem ser simples, dispensando maiores qualifi cações profi ssionais por parte dos funcionários ou mais complexas, exigindo ações de capacitação que devem ser implantadas juntamente com as novidades propostas (GEHBAUER, 2003).

A racionalização proporciona à empresa redução signifi cativa dos tempos e custos das tarefas e o conseqüente aumento de produtividade e qualidade.

A ferramenta PDCA15 é a base da racionalização: o planejamento (P) seria a escolha da área de trabalho a ser analisada, escolha de equipe de estudo e a aplicação de várias metodologias para o planejamento da melhoria; na fase do agir (D) tudo que foi planejado é posto em prática e testado e a avaliação (C) dos resultados irão orientar as possíveis correções do planejamento inicial (A).

PLANEJAR (P):1 – selecionar a área2 – estabelecer time de estudo3 – elaborar cronograma de barras do processo4 – “brainstorming” para eliminar etapas desnecessárias5 – reavaliar o processo em relação à segurança6 – utilizar a experiência na prevenção de falhas7 – determinar mão de obra, ferramentas, máquinas etc

FAZER (D):8 – experimentar idéias

AVALIAR ( C): 9 – descrever e avaliar as ações: etapas, sequências, prazos, falhas e retrabalhos, perigos, recursos usados, resultados

AGIR ( A):10 – reunir de novo o time e solicitar idéias11 – defi nir método melhorado como novo objetivo GEHBAUER, 2003

Métodos para análise e melhoria dos processos:

• observar por inteiro;• minimizar transportes;

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Segundo este autor, a dinâmica da racionalização acontece em três níveis distintos, a saber:

• racionalização do tipo 1 (R1) g esforços de racionalização que visam o fl uxo de material, a minimização das distâncias de transporte, a otimização das máquinas empregadas e a melhoria do fl uxo de informações e da capacitação das pessoas envolvidas, ou seja, estudos de racionalização voltados para fatores que colocam efetivamente o processo de produção e do canteiro de obras no centro das atenções;

• racionalização do tipo 2 (R2) g esforços de racionalização que visam os processos gerais de uma empresa, representados na fi gura pela moldura que circunda a empresa. Incluído dentro dessa moldura está o gerenciamento das funções de apoio: aquisição, logística, novas tecnologias, disponibilização de recursos, gestão da informação, administração de pessoal, desenvolvimento de pessoal, estratégias, dentre outras;

• racionalização do tipo 3 (R3) g procura organizar a cadeia produtiva e suas interferências no foco da empresa.

Figura 27 – Níveis Distintos da Racionalização.

A racionalização tipo R1 (canteiro de obras), que será o foco deste trabalho, na maior parte das vezes pode ser implantada com recursos disponíveis na própria obra. O objetivo maior é proporcionar condições para que o processo construtivo suprima os tempos de espera e de ociosidade nas equipes e nas interfaces entre sucessivas equipes de trabalho.

Observa-se defi ciências nestas áreas muitas vezes causadas pela falta de conscientização de que vale a pena estudar os diferentes passos do trabalho detalhadamente e identifi car possibilidades para pequenas ou grandes melhorias (GEHBAUER, 2004).

Com o aumento da mecanização dos processos de construção tornando os canteiros industriais, maior é a possibilidade de empregar métodos modernos de análise dos processos de construção. Apesar da singularidade de cada obra, é possível padronizar-se determinadas tarefas que invariavelmente são interligadas por uma seqüência tecnológica. Detalhes da organização do trabalho muitas vezes são negligenciados, daí existir neste campo as grandes reservas de racionalização.

Em toda racionalização, se torna importante levar sempre em conta o fl uxo contínuo de trabalho. Podem se utilizar de “amortecedores“ para que o ciclo subseqüente não sofra interrupções, mesmo que o ciclo anterior tenha sido sujeito a variação de produção.

Outra fonte de possibilidades de racionalização é a ocorrência permanente de “retrabalho” causadas por erros e defeitos, além de execução incompleta de trabalho que ocorre em muitas obras causando um aumento exagerado

nos custos para sua conclusão. Esta execução incompleta, ou seja, a falta de terminalidade na execução dos serviços, muitas vezes é causada por um planejamento inadequado que também propicia a falta de materiais necessários no momento da execução.

Outra causa da alta incidência de retrabalho nas obras está relacionado ao repetido manuseio de materiais que chegam às obras antes do prazo previsto para sua aplicação ou “antes do planejado” e aí o conceito de just in time14 pode ser aplicado.

Vários níveis de Racionalização são envolvidos, porém o ponto de partida é o canteiro de obras onde precisa ser medido o dispêndio de horas e de onde precisam partir sugestões para a racionalização que, quando implementadas, trarão as melhorias.

6.1ProcedimentosGerais

Para que o processo de racionalização surta efeito e se instale de forma permanente na empresa é necessário que o estímulo venha a partir dos níveis mais altos da organização através, por exemplo, da possibilidade de participação dos empregados na rentabilidade melhorada ou através de bônus salarial.

Os esforços de racionalização podem ser simples, dispensando maiores qualifi cações profi ssionais por parte dos funcionários ou mais complexas, exigindo ações de capacitação que devem ser implantadas juntamente com as novidades propostas (GEHBAUER, 2003).

A racionalização proporciona à empresa redução signifi cativa dos tempos e custos das tarefas e o conseqüente aumento de produtividade e qualidade.

A ferramenta PDCA15 é a base da racionalização: o planejamento (P) seria a escolha da área de trabalho a ser analisada, escolha de equipe de estudo e a aplicação de várias metodologias para o planejamento da melhoria; na fase do agir (D) tudo que foi planejado é posto em prática e testado e a avaliação (C) dos resultados irão orientar as possíveis correções do planejamento inicial (A).

PLANEJAR (P):1 – selecionar a área2 – estabelecer time de estudo3 – elaborar cronograma de barras do processo4 – “brainstorming” para eliminar etapas desnecessárias5 – reavaliar o processo em relação à segurança6 – utilizar a experiência na prevenção de falhas7 – determinar mão de obra, ferramentas, máquinas etc

FAZER (D):8 – experimentar idéias

AVALIAR ( C): 9 – descrever e avaliar as ações: etapas, sequências, prazos, falhas e retrabalhos, perigos, recursos usados, resultados

AGIR ( A):10 – reunir de novo o time e solicitar idéias11 – defi nir método melhorado como novo objetivo GEHBAUER, 2003

Métodos para análise e melhoria dos processos:

• observar por inteiro;• minimizar transportes;

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• minimizar estoques;• balancear equipes;• defi nir pontos de interface entre elos da produção;• planejamento semanal de trabalho, recursos, rendimentos

Algumas recomendações importantes para a análise dos processos:

• procurar identifi car a(s) pessoa(s) chave, responsável(is);• as informações levantadas no início das observações devem se estender ao longo de todo o processo de implementação agregando novas observações;• recomenda-se começar a instalar o processo em uma obra não problemática e só então transferir a metodologia para uma obra em crise, pois muitas vezes a crise tem razões fora da obra.

Na implementação da metodologia de racionalização é tão importante obter-se a adesão das pessoas que acreditam, como das pessoas que provavelmente irão criar difi culdades, pois dessa forma, fi cará mais fácil prever os prováveis obstáculos e assim planejar de forma a transpô-los. As experiências vivenciadas e compartilhadas ajudam no desenvolvimento do planejamento e o operário colabora com sua criatividade quando percebe que a direção está empenhada em melhorias do sistema não devendo nunca ser excluído do processo, muito pelo contrário.

Algumas estratégias úteis:

• incluir pessoas que podem ajudar e pessoas que possam impedir;• criar o hábito de incluir experiências como parte do planejamento;• os líderes empenhados no desenvolvimento da melhoria estimulam os operários a desenvolver idéias;• defi nir recursos adicionais e/ou modifi cados para a implementação;• criar o hábito de registrar (de preferência com fotos) as situações existentes antes e depois das implementações

de melhoria formando um arquivo que poderá ser utilizado em ações futuras.

6.2OsTimesdeRacionalização

Em muitas situações de estudo de melhoria em canteiros de obras é possível que apenas uma pessoa seja capaz de identifi car e propor modifi cações no processo, porém situações mais complexas podem muitas vezes exigir a ação de um grupo de pessoas que estejam diretamente envolvidos, seria então formado um time de racionalização (TR) para cada obra que seria composto de funcionários líderes e de funcionários da área de produção.

Este time teria como função observar sistematicamente as possíveis situações passíveis de melhoria, identifi cá-las, defi nir métodos de melhoria e coordenar sua implementação registrando sempre as situações anteriores e as atuais melhoradas.

O maior objetivo do time é sem dúvida a troca de informações e idéias entre todos os envolvidos. É também importante registrar que o time pode e deve ser alterado de acordo com a área a ser estudada.

Vale salientar também que as idéias e conhecimentos de todos devem ser aproveitadas. Geralmente operários de produção são capazes de apresentar rapidamente e sem esforço, soluções criativas e apropriadas que poderão diminuir custos, evitar retrabalho, aumentar a qualidade, melhorar a motivação para a produtividade, diminuir prazos de execução, além de organizar o trabalho (GEHBAUER, 2004).

É importante que um coordenador seja designado para que este possa planejar, convocar e registrar as reuniões. Em casos específi cos e complexos, as reuniões podem ser conduzidas por um moderador que poderá fazer parte ou não da empresa; em nenhuma hipótese o coordenador ou moderador deverá impor idéias, a proposta é estabelecer mecanismos de participação de todo o grupo, estimulando a todos a formular idéias e solucionar confl itos que eventualmente possam surgir.

A formação básica seria entre 3 a 6 participantes por time que teriam as seguintes tarefas:

• identifi car problemas;• analisar as causas;• selecionar as soluções;• estabelecer um cronograma de ações; e• controle.

6.3DesenvolvimentodaMetodologia

6.3.1Introdução

A metodologia a ser aplicada, constitui-se basicamente de cinco etapas: observar, medir, esboçar, pensar e corrigir.

A experiência comprova que a grande ferramenta da racionalização é o pensar, deter-se diante de uma determinada situação e não ter medo de ousar! É preciso tentar ir além do cotidiano, aventurar-se em soluções inusitadas, testá-las e registrar seus resultados.

O processo analisado será observado, serão efetuadas as medições necessárias, tempo gasto em cada processo, distâncias percorridas, número de pessoas e máquinas envolvidas. O fl uxo do trabalho será registrado em um esboço que servirá para análise. Em seguida serão introduzidas correções e ajustes no processo que será novamente observado e medido para comparações de resultados.

O fl uxo abaixo demonstra o método aplicado de forma seqüenciada com etapas defi nidas.

É importante que a defi nição e o entendimento de ciclo de trabalho analisado esteja bem incorporado ao responsável pela análise do processo ou pelo time de racionalização, já que exercerá infl uência nas medições e nos resultados.

Defi ne-se ciclo de trabalho um conjunto de ações com início e término bem caracterizado que se repita na execução Figura 28 – Seqüência das Etapas da Metodologia.

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• minimizar estoques;• balancear equipes;• defi nir pontos de interface entre elos da produção;• planejamento semanal de trabalho, recursos, rendimentos

Algumas recomendações importantes para a análise dos processos:

• procurar identifi car a(s) pessoa(s) chave, responsável(is);• as informações levantadas no início das observações devem se estender ao longo de todo o processo de implementação agregando novas observações;• recomenda-se começar a instalar o processo em uma obra não problemática e só então transferir a metodologia para uma obra em crise, pois muitas vezes a crise tem razões fora da obra.

Na implementação da metodologia de racionalização é tão importante obter-se a adesão das pessoas que acreditam, como das pessoas que provavelmente irão criar difi culdades, pois dessa forma, fi cará mais fácil prever os prováveis obstáculos e assim planejar de forma a transpô-los. As experiências vivenciadas e compartilhadas ajudam no desenvolvimento do planejamento e o operário colabora com sua criatividade quando percebe que a direção está empenhada em melhorias do sistema não devendo nunca ser excluído do processo, muito pelo contrário.

Algumas estratégias úteis:

• incluir pessoas que podem ajudar e pessoas que possam impedir;• criar o hábito de incluir experiências como parte do planejamento;• os líderes empenhados no desenvolvimento da melhoria estimulam os operários a desenvolver idéias;• defi nir recursos adicionais e/ou modifi cados para a implementação;• criar o hábito de registrar (de preferência com fotos) as situações existentes antes e depois das implementações

de melhoria formando um arquivo que poderá ser utilizado em ações futuras.

6.2OsTimesdeRacionalização

Em muitas situações de estudo de melhoria em canteiros de obras é possível que apenas uma pessoa seja capaz de identifi car e propor modifi cações no processo, porém situações mais complexas podem muitas vezes exigir a ação de um grupo de pessoas que estejam diretamente envolvidos, seria então formado um time de racionalização (TR) para cada obra que seria composto de funcionários líderes e de funcionários da área de produção.

Este time teria como função observar sistematicamente as possíveis situações passíveis de melhoria, identifi cá-las, defi nir métodos de melhoria e coordenar sua implementação registrando sempre as situações anteriores e as atuais melhoradas.

O maior objetivo do time é sem dúvida a troca de informações e idéias entre todos os envolvidos. É também importante registrar que o time pode e deve ser alterado de acordo com a área a ser estudada.

Vale salientar também que as idéias e conhecimentos de todos devem ser aproveitadas. Geralmente operários de produção são capazes de apresentar rapidamente e sem esforço, soluções criativas e apropriadas que poderão diminuir custos, evitar retrabalho, aumentar a qualidade, melhorar a motivação para a produtividade, diminuir prazos de execução, além de organizar o trabalho (GEHBAUER, 2004).

É importante que um coordenador seja designado para que este possa planejar, convocar e registrar as reuniões. Em casos específi cos e complexos, as reuniões podem ser conduzidas por um moderador que poderá fazer parte ou não da empresa; em nenhuma hipótese o coordenador ou moderador deverá impor idéias, a proposta é estabelecer mecanismos de participação de todo o grupo, estimulando a todos a formular idéias e solucionar confl itos que eventualmente possam surgir.

A formação básica seria entre 3 a 6 participantes por time que teriam as seguintes tarefas:

• identifi car problemas;• analisar as causas;• selecionar as soluções;• estabelecer um cronograma de ações; e• controle.

6.3DesenvolvimentodaMetodologia

6.3.1Introdução

A metodologia a ser aplicada, constitui-se basicamente de cinco etapas: observar, medir, esboçar, pensar e corrigir.

A experiência comprova que a grande ferramenta da racionalização é o pensar, deter-se diante de uma determinada situação e não ter medo de ousar! É preciso tentar ir além do cotidiano, aventurar-se em soluções inusitadas, testá-las e registrar seus resultados.

O processo analisado será observado, serão efetuadas as medições necessárias, tempo gasto em cada processo, distâncias percorridas, número de pessoas e máquinas envolvidas. O fl uxo do trabalho será registrado em um esboço que servirá para análise. Em seguida serão introduzidas correções e ajustes no processo que será novamente observado e medido para comparações de resultados.

O fl uxo abaixo demonstra o método aplicado de forma seqüenciada com etapas defi nidas.

É importante que a defi nição e o entendimento de ciclo de trabalho analisado esteja bem incorporado ao responsável pela análise do processo ou pelo time de racionalização, já que exercerá infl uência nas medições e nos resultados.

Defi ne-se ciclo de trabalho um conjunto de ações com início e término bem caracterizado que se repita na execução Figura 28 – Seqüência das Etapas da Metodologia.

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de determinado processo; o estudo deverá se ater à análise de um ciclo podendo avaliar diversos ciclos do mesmo processo para que os resultados sejam representativos.

Por exemplo: imagine que seria estudado a produção, transporte e entrega no local de aplicação de concreto estrutural em uma obra; a produção do concreto é feita no próprio canteiro em betoneira de 320 l com carregador, será então observada a produção, transporte e entrega de 01 (uma) betonada de concreto e poderíamos dizer que o ciclo de trabalho observado seria: 01 betonada = 0,32m³. Dentro deste foco poder-se-ia aplicar a metodologia de observar, medir (deslocamento de homens, máquinas e material), transferir a observação com suas medidas para um esboço (layout) e então pensar em mudanças que propiciassem redução de distâncias, tempos, estoques intermediários, esforço físico desnecessário e energia, aumentando assim a produtividade e tornando a tarefa menos fatigante. Também é importante determinar quais unidades (intervalos de tempo) poderiam ser adotadas para o estudo do ciclo de trabalho e aí, a variável e o tempo total de cada ciclo e os processos intermediários.

No caso citado pode-se adotar como unidade de tempo o minuto, já que um ciclo não levaria mais do que 10 minutos para ser iniciado e concluído (suposição para efeito de defi nição). Bem, agora a pergunta que cabe é: como utilizar esta metodologia e quais formulários usar.

6.3.2FormuláriosparaAplicaçãodaMetodologia

Para aplicação da metodologia, podem ser utilizados alguns formulários. Os formulários de 1 a 5 são mais utilizados para estudos do R2 (racionalização dos processos internos das empresas) e não serão apresentados neste material. Estes formulários podem ser encontrados no Livro Racionalização na Construção Civil de Fritz Gehbauer. Já os formulários de 6 a 10, utilizados para R1, serão apresentados na seqüência.

• Formulário 6 – Diagrama de Fluxo

Ao identifi car o problema ou o processo a estudar no canteiro procura-se traçar o fl uxo do processo (em planta e/ou corte) com a indicação das distâncias existentes, número de pessoas (e em que locais estão) envolvidas, estoques de materiais, etc.

Tabela 6 – Diagrama de Fluxo (Formulário 6).

• Formulário 7 – Atividades Individuais – R1

Neste formulário são anotadas as atividades (no mesmo intervalo de tempo) dos diversos envolvidos no processo. Para isso, identifi ca-se previamente o ciclo de trabalho, indicando a quantidade produzida no mesmo.Podem-se adotar símbolos para simplifi car o preenchimento e baseado no total de tempo do ciclo deve-se adotar uma unidade de tempo para a observação. É recomendado que mais de um observador registre estas atividades já que geralmente mais de um operário (e/ou máquina) está envolvido e muitas vezes em locais distintos o que inviabiliza a observação ao mesmo tempo por um único observador. Normalmente, deve-se defi nir o que observar e regular os relógios (ou usar cronômetros) para uniformizar as observações.

Tabela 7 – Atividades Individuais (Formulário 7).

• Formulário 8 – Diagrama de Balanço das Equipes

Após a anotação das atividades individuais no FORM. 07 transfere-se o resultado para o gráfi co de barras; o eixo vertical indica os períodos de tempo do processo e o horizontal os diversos operários observados.

Cada atividade pode ser identifi cada com uma simbologia na barra e, para cada período de tempo, registra-se a atividade executada (exemplo carregando material, transportando, virando traço, esperando, subindo guincho e etc).

Observa-se então o conjunto e procura-se identifi car os ‘’gargalos“ do processo: percebe-se muitas vezes tempos excessivos de espera de determinado operário que não seria percebido se não tivesse sido “medido”.

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de determinado processo; o estudo deverá se ater à análise de um ciclo podendo avaliar diversos ciclos do mesmo processo para que os resultados sejam representativos.

Por exemplo: imagine que seria estudado a produção, transporte e entrega no local de aplicação de concreto estrutural em uma obra; a produção do concreto é feita no próprio canteiro em betoneira de 320 l com carregador, será então observada a produção, transporte e entrega de 01 (uma) betonada de concreto e poderíamos dizer que o ciclo de trabalho observado seria: 01 betonada = 0,32m³. Dentro deste foco poder-se-ia aplicar a metodologia de observar, medir (deslocamento de homens, máquinas e material), transferir a observação com suas medidas para um esboço (layout) e então pensar em mudanças que propiciassem redução de distâncias, tempos, estoques intermediários, esforço físico desnecessário e energia, aumentando assim a produtividade e tornando a tarefa menos fatigante. Também é importante determinar quais unidades (intervalos de tempo) poderiam ser adotadas para o estudo do ciclo de trabalho e aí, a variável e o tempo total de cada ciclo e os processos intermediários.

No caso citado pode-se adotar como unidade de tempo o minuto, já que um ciclo não levaria mais do que 10 minutos para ser iniciado e concluído (suposição para efeito de defi nição). Bem, agora a pergunta que cabe é: como utilizar esta metodologia e quais formulários usar.

6.3.2FormuláriosparaAplicaçãodaMetodologia

Para aplicação da metodologia, podem ser utilizados alguns formulários. Os formulários de 1 a 5 são mais utilizados para estudos do R2 (racionalização dos processos internos das empresas) e não serão apresentados neste material. Estes formulários podem ser encontrados no Livro Racionalização na Construção Civil de Fritz Gehbauer. Já os formulários de 6 a 10, utilizados para R1, serão apresentados na seqüência.

• Formulário 6 – Diagrama de Fluxo

Ao identifi car o problema ou o processo a estudar no canteiro procura-se traçar o fl uxo do processo (em planta e/ou corte) com a indicação das distâncias existentes, número de pessoas (e em que locais estão) envolvidas, estoques de materiais, etc.

Tabela 6 – Diagrama de Fluxo (Formulário 6).

• Formulário 7 – Atividades Individuais – R1

Neste formulário são anotadas as atividades (no mesmo intervalo de tempo) dos diversos envolvidos no processo. Para isso, identifi ca-se previamente o ciclo de trabalho, indicando a quantidade produzida no mesmo.Podem-se adotar símbolos para simplifi car o preenchimento e baseado no total de tempo do ciclo deve-se adotar uma unidade de tempo para a observação. É recomendado que mais de um observador registre estas atividades já que geralmente mais de um operário (e/ou máquina) está envolvido e muitas vezes em locais distintos o que inviabiliza a observação ao mesmo tempo por um único observador. Normalmente, deve-se defi nir o que observar e regular os relógios (ou usar cronômetros) para uniformizar as observações.

Tabela 7 – Atividades Individuais (Formulário 7).

• Formulário 8 – Diagrama de Balanço das Equipes

Após a anotação das atividades individuais no FORM. 07 transfere-se o resultado para o gráfi co de barras; o eixo vertical indica os períodos de tempo do processo e o horizontal os diversos operários observados.

Cada atividade pode ser identifi cada com uma simbologia na barra e, para cada período de tempo, registra-se a atividade executada (exemplo carregando material, transportando, virando traço, esperando, subindo guincho e etc).

Observa-se então o conjunto e procura-se identifi car os ‘’gargalos“ do processo: percebe-se muitas vezes tempos excessivos de espera de determinado operário que não seria percebido se não tivesse sido “medido”.

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Tabela 8 – Diagrama de Balanço (Formulário 8).

Com base nestas informações parte-se para elaborar o Diagrama de Processos.

• Formulário 9 – Diagrama de Processos

Este diagrama utiliza simbologia própria para cada atividade identifi cada. A seguir será apresentada a simbologia normalmente empregada.

Tabela 9 – Simbologia do Diagrama de Processos.

Tabela 10 – Diagrama de Processos (Formulário 09).

É importante esclarecer a diferença entre os conceitos de metros de transporte e homens.metro. O primeiro refere-se à distância percorrida pelo material através de equipamentos e força humana. Neste caso não são consideradas eventuais repetições do trajeto. Por exemplo: para carregar a betoneira é necessário 2 ou 3 viagens ao estoque, porém a distância considerada é apenas o deslocamento unitário, de uma só viagem.

Já homens.metro é a distância percorrida pelo material transportado pela força do homem. Neste diagrama deve-se registrar apenas a ida do material. A volta do operário para carregar novamente não deve ser indicada. Esta informação apenas aparecerá no diagrama de balanço.

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Tabela 8 – Diagrama de Balanço (Formulário 8).

Com base nestas informações parte-se para elaborar o Diagrama de Processos.

• Formulário 9 – Diagrama de Processos

Este diagrama utiliza simbologia própria para cada atividade identifi cada. A seguir será apresentada a simbologia normalmente empregada.

Tabela 9 – Simbologia do Diagrama de Processos.

Tabela 10 – Diagrama de Processos (Formulário 09).

É importante esclarecer a diferença entre os conceitos de metros de transporte e homens.metro. O primeiro refere-se à distância percorrida pelo material através de equipamentos e força humana. Neste caso não são consideradas eventuais repetições do trajeto. Por exemplo: para carregar a betoneira é necessário 2 ou 3 viagens ao estoque, porém a distância considerada é apenas o deslocamento unitário, de uma só viagem.

Já homens.metro é a distância percorrida pelo material transportado pela força do homem. Neste diagrama deve-se registrar apenas a ida do material. A volta do operário para carregar novamente não deve ser indicada. Esta informação apenas aparecerá no diagrama de balanço.

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Todo este procedimento deve ser aplicado no estudo de determinado processo, nas condições em que é executado, que chamamos de situação existente. Após a fi nalização da observação, medição e registro da situação existente, parte-se para as etapas de pensar, desenvolver melhoria no processo e se possível simular as operações na planilha para ter-se uma visão geral do efeito que irá causar. Comparam-se os resultados, e caso sejam positivos, a ponto de justifi car a mudança, implementa-se em campo. Desta forma, obtém-se um banco de dados que servirá para consultas e resgates de situações anteriores.

Após a implementação das mudanças, deve-se, novamente, registrar a situação melhorada. Esta medição permitirá identifi car os ganhos econômicos obtidos com a melhoria, o que estimula a continuidade do processo de racionalização.

• Formulário 10 – Teste Aleatório – R1

Este formulário é utilizado para auxiliar a observação aleatória dos trabalhadores no canteiro, de modo a medir o grau de efetividade dos trabalhos em operação.

A coleta se faz da seguinte forma:

• um teste aleatório deve compreender pelo menos 250 observações;• as chances de ser observado devem ser as mesmas para todos os trabalhadores;• as observações não devem obedecer uma seqüência pré-determinada;• para que julgamentos pessoais sejam eliminados, a classifi cação em uma categoria só pode ser feita a partir do

momento em que o trabalhador for visto pelo observador, e este não deve refl etir sobre que tarefa o trabalhador acabou de executar ou está iniciando naquele momento; e

• as condições gerais do ambiente de trabalho devem permanecer inalteradas durante a realização das observações.

A classifi cação das atividades segue os seguintes critérios:

• A – Trabalho Efi caz• trabalhar diretamente no produto;• deslocamento dentro de 3m para apanhar algum equipamento ou ferramenta ou fazer uma ação necessária ao

produto.

• B – Trabalho Essencialmente Contribuidor• trabalhos auxiliares ao produto;• deslocamento entre 3 e 10m para apanhar algum equipamento ou ferramenta ou fazer uma ação necessária ao

produto.

• C – Trabalho Inefi caz• não fazer nada ou ação sem relação com o produto;• deslocamentos maiores que 10m.

Tabela 11 – Teste Aleatório (Formulário 10).

Com base na metodologia apresentada é possível se conseguir grande redução de gastos sem grandes investimentos. Porém é imprescindível boa vontade dos que fazem parte da empresa, além de um maior investimento no uso do pensar. A seguir será apresentado um exemplo de racionalização R1 para que se possa ver a aplicação da metodologia apresentada, além de demonstrar o ganho possível com aplicação dos princípios de racionalização.

6.4ExemplodeRacionalizaçãoR1emumCanteirodeObras16

Este exemplo simples servirá como demonstração do potencial que muitas vezes se tem em mãos e raramente é utilizado.

Este caso refere-se ao estudo de um ciclo de fabricação (0,30m³), transporte e entrega do concreto estrutural na 5ª laje tipo de uma edifi cação. Tem-se 04 operários envolvidos neste processo:

• OP.1 g responsável pelo peneiramento, enchimento dos carros de mão e transporte da areia, brita e cimento até a betoneira e sua operação;

• OP.2 g também se ocupa com o enchimento dos carros de mão e transporte de areia e brita até a betoneira, além de carregar a jerica com o concreto misturado e transportá-la até o balde da grua;

• OP.3 g opera a grua; e• OP.4 g está na laje e é responsável pelo recebimento do concreto no pavimento.

O ciclo a observar é concluído no momento em que o OP.4 descarrega o balde da grua na laje, neste instante inicia-se novo ciclo (que não será analisado neste momento).

Para facilitar o cálculo, podemos considerar que são necessários 3 carros de mão (CM) de areia, 3 CM de brita e 1 saco de cimento para a produção de um traço que representa o ciclo estudado; considerar também que o CM fi ca a uma distância de 2,50 m do depósito da areia e que são necessárias 4 pás para o enchimento de cada carro. No caso da brita o CM chega a uma distância de 2,00 m do depósito, não sendo necessário considerar o deslocamento do operário para carregar o carro de mão.

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Todo este procedimento deve ser aplicado no estudo de determinado processo, nas condições em que é executado, que chamamos de situação existente. Após a fi nalização da observação, medição e registro da situação existente, parte-se para as etapas de pensar, desenvolver melhoria no processo e se possível simular as operações na planilha para ter-se uma visão geral do efeito que irá causar. Comparam-se os resultados, e caso sejam positivos, a ponto de justifi car a mudança, implementa-se em campo. Desta forma, obtém-se um banco de dados que servirá para consultas e resgates de situações anteriores.

Após a implementação das mudanças, deve-se, novamente, registrar a situação melhorada. Esta medição permitirá identifi car os ganhos econômicos obtidos com a melhoria, o que estimula a continuidade do processo de racionalização.

• Formulário 10 – Teste Aleatório – R1

Este formulário é utilizado para auxiliar a observação aleatória dos trabalhadores no canteiro, de modo a medir o grau de efetividade dos trabalhos em operação.

A coleta se faz da seguinte forma:

• um teste aleatório deve compreender pelo menos 250 observações;• as chances de ser observado devem ser as mesmas para todos os trabalhadores;• as observações não devem obedecer uma seqüência pré-determinada;• para que julgamentos pessoais sejam eliminados, a classifi cação em uma categoria só pode ser feita a partir do

momento em que o trabalhador for visto pelo observador, e este não deve refl etir sobre que tarefa o trabalhador acabou de executar ou está iniciando naquele momento; e

• as condições gerais do ambiente de trabalho devem permanecer inalteradas durante a realização das observações.

A classifi cação das atividades segue os seguintes critérios:

• A – Trabalho Efi caz• trabalhar diretamente no produto;• deslocamento dentro de 3m para apanhar algum equipamento ou ferramenta ou fazer uma ação necessária ao

produto.

• B – Trabalho Essencialmente Contribuidor• trabalhos auxiliares ao produto;• deslocamento entre 3 e 10m para apanhar algum equipamento ou ferramenta ou fazer uma ação necessária ao

produto.

• C – Trabalho Inefi caz• não fazer nada ou ação sem relação com o produto;• deslocamentos maiores que 10m.

Tabela 11 – Teste Aleatório (Formulário 10).

Com base na metodologia apresentada é possível se conseguir grande redução de gastos sem grandes investimentos. Porém é imprescindível boa vontade dos que fazem parte da empresa, além de um maior investimento no uso do pensar. A seguir será apresentado um exemplo de racionalização R1 para que se possa ver a aplicação da metodologia apresentada, além de demonstrar o ganho possível com aplicação dos princípios de racionalização.

6.4ExemplodeRacionalizaçãoR1emumCanteirodeObras16

Este exemplo simples servirá como demonstração do potencial que muitas vezes se tem em mãos e raramente é utilizado.

Este caso refere-se ao estudo de um ciclo de fabricação (0,30m³), transporte e entrega do concreto estrutural na 5ª laje tipo de uma edifi cação. Tem-se 04 operários envolvidos neste processo:

• OP.1 g responsável pelo peneiramento, enchimento dos carros de mão e transporte da areia, brita e cimento até a betoneira e sua operação;

• OP.2 g também se ocupa com o enchimento dos carros de mão e transporte de areia e brita até a betoneira, além de carregar a jerica com o concreto misturado e transportá-la até o balde da grua;

• OP.3 g opera a grua; e• OP.4 g está na laje e é responsável pelo recebimento do concreto no pavimento.

O ciclo a observar é concluído no momento em que o OP.4 descarrega o balde da grua na laje, neste instante inicia-se novo ciclo (que não será analisado neste momento).

Para facilitar o cálculo, podemos considerar que são necessários 3 carros de mão (CM) de areia, 3 CM de brita e 1 saco de cimento para a produção de um traço que representa o ciclo estudado; considerar também que o CM fi ca a uma distância de 2,50 m do depósito da areia e que são necessárias 4 pás para o enchimento de cada carro. No caso da brita o CM chega a uma distância de 2,00 m do depósito, não sendo necessário considerar o deslocamento do operário para carregar o carro de mão.

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Tabela 12 – Diagrama de Fluxo da Situação Observada.

Em seguida defi ne-se quantos observadores irão atuar, como registrarão as atividades dos operários e qual a unidade de tempo que será adotada. Neste caso, o ciclo se completa em aproximadamente 20 minutos, então escolhe-se períodos de 1 minuto para observação.

No FORM. 07 - Atividades Individuais registram-se as ações de cada operário nos intervalos de tempo defi nidos.

Tabela 13 – Ficha de Atividades Individuais da Situação Observada.

Vemos que o ciclo se completou em um total de 21 minutos (será indicado no diagrama de balanço como representando 100%). É interessante observar que o ciclo para cada operário termina em tempos diferentes, pois lembremos que estamos observando o ciclo: produzir, transportar e entregar 1 betonada de concreto.

O operário 01 conclui seu ciclo no 20º minuto, pois a partir deste ponto será iniciado um novo ciclo de preparação da 2ª betonada; o operário 02 conclui no 21º minuto, o operário 03 no 21º (100% do ciclo) e o operário 04 também no 21º minuto.

A tarefa agora será transportar estes resultados para o FORM.08 - Diagrama de Balanço das Equipes. De modo a facilitar é importante criar uma simbologia de cores para cada atividade executada.

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Tabela 12 – Diagrama de Fluxo da Situação Observada.

Em seguida defi ne-se quantos observadores irão atuar, como registrarão as atividades dos operários e qual a unidade de tempo que será adotada. Neste caso, o ciclo se completa em aproximadamente 20 minutos, então escolhe-se períodos de 1 minuto para observação.

No FORM. 07 - Atividades Individuais registram-se as ações de cada operário nos intervalos de tempo defi nidos.

Tabela 13 – Ficha de Atividades Individuais da Situação Observada.

Vemos que o ciclo se completou em um total de 21 minutos (será indicado no diagrama de balanço como representando 100%). É interessante observar que o ciclo para cada operário termina em tempos diferentes, pois lembremos que estamos observando o ciclo: produzir, transportar e entregar 1 betonada de concreto.

O operário 01 conclui seu ciclo no 20º minuto, pois a partir deste ponto será iniciado um novo ciclo de preparação da 2ª betonada; o operário 02 conclui no 21º minuto, o operário 03 no 21º (100% do ciclo) e o operário 04 também no 21º minuto.

A tarefa agora será transportar estes resultados para o FORM.08 - Diagrama de Balanço das Equipes. De modo a facilitar é importante criar uma simbologia de cores para cada atividade executada.

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Tabela 14 – Diagrama de Balanço da Situação Observada.

É possível identifi car ao olhar para o gráfi co, que o op.04 - espalhador de concreto tem um longo período de espera (13 minutos de um total de 21) do mesmo modo o op.03 - grueiro (15 minutos).

Vale observar que o op.04 no início do ciclo está em outras atividades, pois é provável que esteja espalhando concreto da betonada anterior e não faz parte do ciclo atual.

A próxima etapa será preencher o FORM.09 - Diagrama de Processos para que se possa identifi car os totais das atividades.

Pensando exclusivamente no material areia, cimento e brita, observa-se que de uma forma geral têm-se as seguintes operações: carregar areia, carregar brita, carregar cimento, descarregar areia, descarregar brita, descarregar cimento, misturar, enchimento do balde da grua e descarregamento na laje (09 operações). É importante que observemos que para cada operação pode haver um desdobramento. Como é o caso do carregamento de brita e areia, que poderemos identifi car o número de pás que serão necessárias para encher um carro de mão; suponhamos que sejam 04 pás de areia e 03 pás de brita. Esta informação será importante na quantifi cação de homem x hora como veremos a seguir. Para preencher o FORM.09 temos que “criar” uma seqüência, utilizando a simbologia defi nida

na tabela 09.

• existe material estocado (areia, brita e cimento):• o material é carregado até o carro de mão (areia e brita): g g• o material é transportado até a betoneira (cimento, areia e brita): • o material é descarregado na betoneira (cimento, areia e brita): g g g• o material é misturado (concreto): g• o material é descarregado na jerica (o concreto): g• o material é transportado ate o balde da grua (concreto): • o material é descarregado no balde da grua: g • o material e transportado pela grua ate a 5ª laje:

Transferindo para o FORM. 09, temos:

Tabela 15 – Diagrama de Processo da Situação Observada.

Observando-se apenas os deslocamentos do material, desde a sua chegada (como areia, cimento e brita) no canteiro de obras até sua entrega (já como concreto) na 5ª laje tipo (fi gura 29), podemos tirar algumas conclusões.

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Tabela 14 – Diagrama de Balanço da Situação Observada.

É possível identifi car ao olhar para o gráfi co, que o op.04 - espalhador de concreto tem um longo período de espera (13 minutos de um total de 21) do mesmo modo o op.03 - grueiro (15 minutos).

Vale observar que o op.04 no início do ciclo está em outras atividades, pois é provável que esteja espalhando concreto da betonada anterior e não faz parte do ciclo atual.

A próxima etapa será preencher o FORM.09 - Diagrama de Processos para que se possa identifi car os totais das atividades.

Pensando exclusivamente no material areia, cimento e brita, observa-se que de uma forma geral têm-se as seguintes operações: carregar areia, carregar brita, carregar cimento, descarregar areia, descarregar brita, descarregar cimento, misturar, enchimento do balde da grua e descarregamento na laje (09 operações). É importante que observemos que para cada operação pode haver um desdobramento. Como é o caso do carregamento de brita e areia, que poderemos identifi car o número de pás que serão necessárias para encher um carro de mão; suponhamos que sejam 04 pás de areia e 03 pás de brita. Esta informação será importante na quantifi cação de homem x hora como veremos a seguir. Para preencher o FORM.09 temos que “criar” uma seqüência, utilizando a simbologia defi nida

na tabela 09.

• existe material estocado (areia, brita e cimento):• o material é carregado até o carro de mão (areia e brita): g g• o material é transportado até a betoneira (cimento, areia e brita): • o material é descarregado na betoneira (cimento, areia e brita): g g g• o material é misturado (concreto): g• o material é descarregado na jerica (o concreto): g• o material é transportado ate o balde da grua (concreto): • o material é descarregado no balde da grua: g • o material e transportado pela grua ate a 5ª laje:

Transferindo para o FORM. 09, temos:

Tabela 15 – Diagrama de Processo da Situação Observada.

Observando-se apenas os deslocamentos do material, desde a sua chegada (como areia, cimento e brita) no canteiro de obras até sua entrega (já como concreto) na 5ª laje tipo (fi gura 29), podemos tirar algumas conclusões.

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Figura 29 – Esboço dos Deslocamentos dos Materiais.A primeira coisa que chama a atenção quando se coloca de forma representativa, é que o percurso é extremamente sinuoso e o mais curioso é que este aspecto nunca foi questionado nem pelos operários nem pelos chefes de equipe; começa-se a perceber que o transporte do cimento para a betoneira é feito com a “força dos braços“ com certo deslocamento que ao ser multiplicado pelo número de sacos de cimento (50kg) necessários para a execução de toda obra nos dá impressionantes distâncias e incrível peso transportado unicamente pela força humana.

Outro detalhe que chama a atenção é o fato de existir uma rampa de altura de 50cm para o carregador da betoneira que é percorrida pelo operário com o carrinho de mão carregado de areia e brita: mais uma vez nota-se que se multiplicar a altura de 50cm pelo número de vezes necessárias ao transporte de toda a areia e brita da obra chegar-se-á a uma impressionante marca de altura percorrida pelo operário além de perceber que quase todo o peso próprio da edifi cação estará sendo carregado pelo operário em todo este percurso.

Com base nestas observações e sabendo-se que para a concretagem das oito lajes seriam necessários 430m3 de concreto, é possível concluir que:

• seriam gastos 47.031 minutos ou 783 horas;• seriam percorridos 106 km pelo operário com o material para a produção, transporte e entrega do concreto para as 8 lajes; e• seriam necessárias 22.844 operações.

Se considerarmos que destes 106km, 24km são referentes a 0,50m de desnível entre a cuba da betoneira e o nível do solo, aproximadamente 750 toneladas seriam erguidas com única e exclusiva força humana.

Com base em todas estas observações parte-se para um estudo de melhoria e a primeira ação seria tornar os percursos sinuosos em percursos retos, diminuindo assim as distâncias de transportes e invertendo-se as posições das baias. É necessário também instalar a betoneira de forma que seu carregador fi que ao nível do solo evitando assim a subida da rampa com o carrinho carregado além de aproximá-la da grua. Desloca-se da mesma forma o depósito de cimento para mais perto da central de betoneira; é bom sempre ter em mente que a economia ergonômica deve ser levada em conta sempre no planejamento, pois apesar de ser de difícil medição ela está presente nos custos produtivos.

Com todas as ações devidamente planejadas na etapa anterior, parte-se para a nova arrumação do canteiro que deverá ser registrada com novo layout e fotos para arquivo.

Procede-se a nova medição do processo com as alterações implementadas e verifi ca-se que a redução de tempo é signifi cativa e o quanto representa esta redução em termos de percentuais de custo. A seguir apresenta-se o novo layout e as tabelas com os novos tempos e as reduções conseguidas.

Tabela 16 – Diagrama de Fluxo da Situação Melhorada.

Com base no novo layout são feitas novas medições de tempo e atividades e estas são registradas no FORM. 07.

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Figura 29 – Esboço dos Deslocamentos dos Materiais.A primeira coisa que chama a atenção quando se coloca de forma representativa, é que o percurso é extremamente sinuoso e o mais curioso é que este aspecto nunca foi questionado nem pelos operários nem pelos chefes de equipe; começa-se a perceber que o transporte do cimento para a betoneira é feito com a “força dos braços“ com certo deslocamento que ao ser multiplicado pelo número de sacos de cimento (50kg) necessários para a execução de toda obra nos dá impressionantes distâncias e incrível peso transportado unicamente pela força humana.

Outro detalhe que chama a atenção é o fato de existir uma rampa de altura de 50cm para o carregador da betoneira que é percorrida pelo operário com o carrinho de mão carregado de areia e brita: mais uma vez nota-se que se multiplicar a altura de 50cm pelo número de vezes necessárias ao transporte de toda a areia e brita da obra chegar-se-á a uma impressionante marca de altura percorrida pelo operário além de perceber que quase todo o peso próprio da edifi cação estará sendo carregado pelo operário em todo este percurso.

Com base nestas observações e sabendo-se que para a concretagem das oito lajes seriam necessários 430m3 de concreto, é possível concluir que:

• seriam gastos 47.031 minutos ou 783 horas;• seriam percorridos 106 km pelo operário com o material para a produção, transporte e entrega do concreto para as 8 lajes; e• seriam necessárias 22.844 operações.

Se considerarmos que destes 106km, 24km são referentes a 0,50m de desnível entre a cuba da betoneira e o nível do solo, aproximadamente 750 toneladas seriam erguidas com única e exclusiva força humana.

Com base em todas estas observações parte-se para um estudo de melhoria e a primeira ação seria tornar os percursos sinuosos em percursos retos, diminuindo assim as distâncias de transportes e invertendo-se as posições das baias. É necessário também instalar a betoneira de forma que seu carregador fi que ao nível do solo evitando assim a subida da rampa com o carrinho carregado além de aproximá-la da grua. Desloca-se da mesma forma o depósito de cimento para mais perto da central de betoneira; é bom sempre ter em mente que a economia ergonômica deve ser levada em conta sempre no planejamento, pois apesar de ser de difícil medição ela está presente nos custos produtivos.

Com todas as ações devidamente planejadas na etapa anterior, parte-se para a nova arrumação do canteiro que deverá ser registrada com novo layout e fotos para arquivo.

Procede-se a nova medição do processo com as alterações implementadas e verifi ca-se que a redução de tempo é signifi cativa e o quanto representa esta redução em termos de percentuais de custo. A seguir apresenta-se o novo layout e as tabelas com os novos tempos e as reduções conseguidas.

Tabela 16 – Diagrama de Fluxo da Situação Melhorada.

Com base no novo layout são feitas novas medições de tempo e atividades e estas são registradas no FORM. 07.

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Tabela 17 – Ficha de Atividades Individuais da Situação Melhorada.

Com as novas medições constatou-se que o tempo do ciclo foi reduzido de 21 para 13 minutos. Assim, elabora-se o novo diagrama de balanço de equipes para a situação melhorada.

Tabela 18 – Diagrama de Balanço da Situação Melhorada.

Tabela 19 – Diagrama de Processos da Situação Melhorada.

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Tabela 17 – Ficha de Atividades Individuais da Situação Melhorada.

Com as novas medições constatou-se que o tempo do ciclo foi reduzido de 21 para 13 minutos. Assim, elabora-se o novo diagrama de balanço de equipes para a situação melhorada.

Tabela 18 – Diagrama de Balanço da Situação Melhorada.

Tabela 19 – Diagrama de Processos da Situação Melhorada.

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Analisando as tabelas percebe-se claramente a redução no tempo do ciclo (de 21 minutos para 13 – 40% no total), nas distâncias percorridas pelo material, no deslocamento de material por força humana (de 112 Hm para 15 Hm – 87% no total) e no número de atividades (de 17 para 12 – 29%). Isto foi conseguido sem grandes investimentos, apenas com uma nova organização do canteiro, o que exigiu apenas um pouco do pensar. É preciso levar em conta que, além da empresa, o operário ganha ao despender menos esforço, conseguindo assim melhor desempenho e, com a aplicação das ferramentas de racionalização consegue-se reduzir a geração de resíduos devido à redução das perdas, que tanto contribuem para a o aumento do volume de resíduos.

Além das ferramentas já apresentadas existem algumas outras simples que podem ser aplicadas de forma efi caz auxiliando o processo de redução da geração de resíduos. Dentre elas podemos destacar o projeto, o planejamento e a organização do canteiro que veremos na seqüência.

6.5ProjetoePlanejamento

Uma etapa de projeto que prevê uma adequada compatibilização entre os diversos agentes intervenientes (empreendedor, arquitetos, projetista estrutural, projetistas de instalações, entre outros), é uma das mais importantes para a redução de desperdícios e conseqüente redução da geração de resíduos. Isso pois, quanto mais detalhes e incompatibilidades entre os diversos projetos puderem ser verifi cados e resolvidos antes da execução, menos perda e menos geração de resíduos ocorrerão.

A fi gura a seguir mostra o aumento do custo da falha descoberta em diferentes etapas do empreendimento, ou seja, se a falha for descoberta ainda na fase de projeto o custo dessa falha será bem menor que na fase de construção. Assim como o custo de uma falha descoberta na fase de utilização será bem maior que na fase de construção.

Figura 30 – Custo da Falha Descoberta em Diferentes Etapas do Empreendimento.A falta de um projeto desenvolvido de forma adequada traz como conseqüências levantamentos incorretos de materiais e mão-de-obra, com distorções em custos e cronogramas, além da impossibilidade de um planejamento adequado para as etapas seguintes da obra.

Alguns exemplos de como as etapas de projeto e planejamento podem contribuir para a redução da geração de resíduos são citados a seguir:

• a adequada compatibilização entre os projetos (arquitetônico, estrutural e de instalações) podem evitar sobre-espessuras de revestimentos e minimizar a quebra de blocos e pedras cerâmicas. • projetos bem detalhados para a produção e a escolha adequada da tecnologia construtiva evitam rasgos em alvenarias para a passagem de instalações elétricas e hidráulicas.• o planejamento criterioso do sequenciamento das atividades com o estabelecimento de critérios para inspeções parciais evitam retrabalhos por falhas e fabricação de produtos defeituosos.

Um outro aspecto importante a comentar e que é responsável por uma signifi cativa geração de resíduos são

as modifi cações solicitadas pelos clientes. Sabe-se que fatores comerciais muitas vezes impõem às obras a necessidade de realizar modifi cações expressivas nos projetos, ocasionando demolições de paredes já construídas, rasgos em lajes para passagem de instalações, substituição de pisos já assentados, etc. Ações nas etapas de projeto e planejamento podem evitar ou, pelo menos, reduzir a incidência deste tipo de resíduo. Estabelecer limites e prazos para as modifi cações, utilizar sistemas construtivos com maior fl exibilidade para alterações são exemplos de soluções. Sabe-se, ainda, que algumas empresas construtoras optam por não permitir alterações de projetos por parte dos clientes.

6.6OrganizaçãodoCanteiro

De acordo com Maia e Souza (2003)17 o canteiro de obras é o local no qual se dispõem todos os recursos de produção (mão-de-obra, materiais e equipamentos), organizados e distribuídos de forma a apoiar e a realizar os trabalhos de construção, observando os requisitos de gestão, racionalização, produtividade e segurança/conforto dos operários.

Nele são identifi cados elementos ligados à produção, elementos de apoio à produção, sistemas de transporte, elementos de apoio técnico/administrativo, áreas de vivência, entre outros elementos. São essas partes, ou elementos, que deverão ser alocadas no canteiro de forma a facilitar a execução dos serviços de construção, assegurar a segurança dos trabalhadores e, enfi m, garantir o cumprimento das diretrizes demandadas pela legislação, pelas empresas construtoras e pelos gerentes de construção.

Um canteiro onde estes elementos não estão dispostos de forma organizada é parceiro do desperdício e da geração de resíduos. Quanto mais organizado o canteiro, menor a chance de perda de material, além de se evitar acidentes.

Figura 31 – Canteiro Desorganizado com Possibilidade de Acidente e Desperdício Causado pelo Retrabalho.

Figura 32 – Canteiro Desorganizado.

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Analisando as tabelas percebe-se claramente a redução no tempo do ciclo (de 21 minutos para 13 – 40% no total), nas distâncias percorridas pelo material, no deslocamento de material por força humana (de 112 Hm para 15 Hm – 87% no total) e no número de atividades (de 17 para 12 – 29%). Isto foi conseguido sem grandes investimentos, apenas com uma nova organização do canteiro, o que exigiu apenas um pouco do pensar. É preciso levar em conta que, além da empresa, o operário ganha ao despender menos esforço, conseguindo assim melhor desempenho e, com a aplicação das ferramentas de racionalização consegue-se reduzir a geração de resíduos devido à redução das perdas, que tanto contribuem para a o aumento do volume de resíduos.

Além das ferramentas já apresentadas existem algumas outras simples que podem ser aplicadas de forma efi caz auxiliando o processo de redução da geração de resíduos. Dentre elas podemos destacar o projeto, o planejamento e a organização do canteiro que veremos na seqüência.

6.5ProjetoePlanejamento

Uma etapa de projeto que prevê uma adequada compatibilização entre os diversos agentes intervenientes (empreendedor, arquitetos, projetista estrutural, projetistas de instalações, entre outros), é uma das mais importantes para a redução de desperdícios e conseqüente redução da geração de resíduos. Isso pois, quanto mais detalhes e incompatibilidades entre os diversos projetos puderem ser verifi cados e resolvidos antes da execução, menos perda e menos geração de resíduos ocorrerão.

A fi gura a seguir mostra o aumento do custo da falha descoberta em diferentes etapas do empreendimento, ou seja, se a falha for descoberta ainda na fase de projeto o custo dessa falha será bem menor que na fase de construção. Assim como o custo de uma falha descoberta na fase de utilização será bem maior que na fase de construção.

Figura 30 – Custo da Falha Descoberta em Diferentes Etapas do Empreendimento.A falta de um projeto desenvolvido de forma adequada traz como conseqüências levantamentos incorretos de materiais e mão-de-obra, com distorções em custos e cronogramas, além da impossibilidade de um planejamento adequado para as etapas seguintes da obra.

Alguns exemplos de como as etapas de projeto e planejamento podem contribuir para a redução da geração de resíduos são citados a seguir:

• a adequada compatibilização entre os projetos (arquitetônico, estrutural e de instalações) podem evitar sobre-espessuras de revestimentos e minimizar a quebra de blocos e pedras cerâmicas. • projetos bem detalhados para a produção e a escolha adequada da tecnologia construtiva evitam rasgos em alvenarias para a passagem de instalações elétricas e hidráulicas.• o planejamento criterioso do sequenciamento das atividades com o estabelecimento de critérios para inspeções parciais evitam retrabalhos por falhas e fabricação de produtos defeituosos.

Um outro aspecto importante a comentar e que é responsável por uma signifi cativa geração de resíduos são

as modifi cações solicitadas pelos clientes. Sabe-se que fatores comerciais muitas vezes impõem às obras a necessidade de realizar modifi cações expressivas nos projetos, ocasionando demolições de paredes já construídas, rasgos em lajes para passagem de instalações, substituição de pisos já assentados, etc. Ações nas etapas de projeto e planejamento podem evitar ou, pelo menos, reduzir a incidência deste tipo de resíduo. Estabelecer limites e prazos para as modifi cações, utilizar sistemas construtivos com maior fl exibilidade para alterações são exemplos de soluções. Sabe-se, ainda, que algumas empresas construtoras optam por não permitir alterações de projetos por parte dos clientes.

6.6OrganizaçãodoCanteiro

De acordo com Maia e Souza (2003)17 o canteiro de obras é o local no qual se dispõem todos os recursos de produção (mão-de-obra, materiais e equipamentos), organizados e distribuídos de forma a apoiar e a realizar os trabalhos de construção, observando os requisitos de gestão, racionalização, produtividade e segurança/conforto dos operários.

Nele são identifi cados elementos ligados à produção, elementos de apoio à produção, sistemas de transporte, elementos de apoio técnico/administrativo, áreas de vivência, entre outros elementos. São essas partes, ou elementos, que deverão ser alocadas no canteiro de forma a facilitar a execução dos serviços de construção, assegurar a segurança dos trabalhadores e, enfi m, garantir o cumprimento das diretrizes demandadas pela legislação, pelas empresas construtoras e pelos gerentes de construção.

Um canteiro onde estes elementos não estão dispostos de forma organizada é parceiro do desperdício e da geração de resíduos. Quanto mais organizado o canteiro, menor a chance de perda de material, além de se evitar acidentes.

Figura 31 – Canteiro Desorganizado com Possibilidade de Acidente e Desperdício Causado pelo Retrabalho.

Figura 32 – Canteiro Desorganizado.

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Figura 33 – Excesso de Desorganização na Frente de Serviço.

Figura 34 – Situação Insegura Causada pelo Excesso de Desorganização na Frente de Serviço.

7.ARECICLAGEMNACADEIAPRODUTIVADACONSTRUÇÃO

O acelerado desenvolvimento da economia neste século tem ocasionado um aumento expressivo da geração de resíduos sólidos. Historicamente, a atividade construtiva sempre se caracterizou como grande geradora de resíduos, além de ser potencial consumidora dos resíduos gerados por ela ou por outras atividades. Assim, torna-se inevitável o desenvolvimento de políticas que estimulem o tratamento e reutilização dos RCD18, visto que os recursos naturais são fi nitos e estão cada vez mais escassos, como pôde ser comprovado no capítulo 03.

A reciclagem de resíduos da própria construção vem sendo praticada há milênios. Porém o uso de RCD só se intensifi cou após a Segunda Guerra Mundial, principalmente na Alemanha, devido à enorme demanda por matéria-prima. Apesar da Alemanha ter sido uma das precursoras, esta prática também é bastante difundida em toda comunidade européia. De acordo com Pinto (1999) em praticamente todos os países-membro da comunidade européia existem instalações de reciclagem de RCD, normas e políticas específi cas para este tipo de resíduo, além de um esforço mais recente para consolidação de normativa única para toda a comunidade. No Japão e nos Estados Unidos esta prática também tem sido bastante difundida e utilizada.

Já no Brasil a reciclagem dos resíduos de construção e demolição é bastante recente. Alguns estudos foram

realizados e paralelamente a estes, no inicio da década de 80, se difundiu o uso de “masseiras-moinho”, equipamento de pequeno porte que possibilita a moagem intensa de resíduos menos resistentes para reutilização. O resultado da sua utilização é bastante positivo, pois induz à segregação dos resíduos na obra, contribui para a minoração do impacto ambiental dos RCD nas áreas urbanas, reduz o consumo de agregados naturais, além de contribuir para a redução da emissão de poluentes.

De acordo com Pinto (1999), em relação a equipamentos de maior porte, a experiência brasileira é mais recente, tendo sido iniciada em 1991. A instalação destes equipamentos aconteceu em alguns municípios como resultado de planos de gestão dos RCD e, em outros, como simples aquisição de equipamentos descoordenada de um planejamento de ações, o que inevitavelmente compromete os resultados a serem alcançados, eliminando em alguns casos qualquer impacto positivo da presença destas instalações.

Hoje em dia observa-se em alguns municípios a presença de unidades públicas, como em Belo Horizonte, ou privadas, como em São Paulo para reciclagem de resíduos. Em Belo Horizonte, os agregados reciclados são usados para confecção de meio-fi o, base e sub-base de pavimentos. Em São Paulo, a distância para as pedreiras e mineração de areia eleva o custo do agregado natural e justifi ca a existência de algumas áreas para reciclagem privadas.

7.1VantagensdaReciclagem

Como principais vantagens da reciclagem, tem-se:• preservação de recursos naturais com a substituição destes por resíduos, prolongando a vida útil das reservas naturais e reduzindo o impacto ambiental;• redução da necessidade de áreas para aterro devido à diminuição do volume de resíduos a serem depositados;• redução no gasto de energia, seja para produção de um novo bem, seja com o transporte e gestão do aterro;• geração de empregos com o surgimento das empresas para reciclagem;• redução da poluição emitida com a fabricação de novos produtos; e• aumento da durabilidade da construção em determinadas situações como, por exemplo, na adição de escória de alto forno e pozolanas ao cimento.

7.2BarreirasdaReciclagemdeRCDnoBrasil

A reciclagem de RCD no Brasil, se compararmos a países de primeiro mundo ainda é bastante tímida, porém possui um enorme potencial de ampliação.

Esse atraso em relação a outros países se dá por diversos fatores. Um deles é que a questão ambiental no Brasil ainda é vista como um problema de preservação da natureza, focado principalmente nas fl orestas e animais em extinção, deposição de materiais em aterros controlados e controle da poluição do ar, com o estado exercendo o papel de polícia. A Lei Federal de Crimes Ambientais de 1998 é uma prova disso, revela um estado muito mais preocupado com punições a transgressões, em vez de trabalhar os diversos agentes na promoção da redução do impacto ambiental das atividades através da reciclagem por exemplo (JOHN, 2000).

Algumas outras barreiras são:• difi culdade de introdução de novas tecnologias na construção civil;• concepção errônea que um produto confeccionado com a utilização de resíduos possui qualidade inferior a outro confeccionado com matérias primas virgens;• sensação de risco de baixo desempenho com relação ao uso de novas tecnologias;• custo baixo dos agregados naturais; e• falta de cultura para segregação de resíduos.

7.3ExemplosdaReciclagemdeRCDnoBrasil

Algumas cidades brasileiras já têm adotado uma gestão diferenciada para os RCD. A seguir são apresentados alguns exemplos de práticas já adotadas.

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Figura 33 – Excesso de Desorganização na Frente de Serviço.

Figura 34 – Situação Insegura Causada pelo Excesso de Desorganização na Frente de Serviço.

7.ARECICLAGEMNACADEIAPRODUTIVADACONSTRUÇÃO

O acelerado desenvolvimento da economia neste século tem ocasionado um aumento expressivo da geração de resíduos sólidos. Historicamente, a atividade construtiva sempre se caracterizou como grande geradora de resíduos, além de ser potencial consumidora dos resíduos gerados por ela ou por outras atividades. Assim, torna-se inevitável o desenvolvimento de políticas que estimulem o tratamento e reutilização dos RCD18, visto que os recursos naturais são fi nitos e estão cada vez mais escassos, como pôde ser comprovado no capítulo 03.

A reciclagem de resíduos da própria construção vem sendo praticada há milênios. Porém o uso de RCD só se intensifi cou após a Segunda Guerra Mundial, principalmente na Alemanha, devido à enorme demanda por matéria-prima. Apesar da Alemanha ter sido uma das precursoras, esta prática também é bastante difundida em toda comunidade européia. De acordo com Pinto (1999) em praticamente todos os países-membro da comunidade européia existem instalações de reciclagem de RCD, normas e políticas específi cas para este tipo de resíduo, além de um esforço mais recente para consolidação de normativa única para toda a comunidade. No Japão e nos Estados Unidos esta prática também tem sido bastante difundida e utilizada.

Já no Brasil a reciclagem dos resíduos de construção e demolição é bastante recente. Alguns estudos foram

realizados e paralelamente a estes, no inicio da década de 80, se difundiu o uso de “masseiras-moinho”, equipamento de pequeno porte que possibilita a moagem intensa de resíduos menos resistentes para reutilização. O resultado da sua utilização é bastante positivo, pois induz à segregação dos resíduos na obra, contribui para a minoração do impacto ambiental dos RCD nas áreas urbanas, reduz o consumo de agregados naturais, além de contribuir para a redução da emissão de poluentes.

De acordo com Pinto (1999), em relação a equipamentos de maior porte, a experiência brasileira é mais recente, tendo sido iniciada em 1991. A instalação destes equipamentos aconteceu em alguns municípios como resultado de planos de gestão dos RCD e, em outros, como simples aquisição de equipamentos descoordenada de um planejamento de ações, o que inevitavelmente compromete os resultados a serem alcançados, eliminando em alguns casos qualquer impacto positivo da presença destas instalações.

Hoje em dia observa-se em alguns municípios a presença de unidades públicas, como em Belo Horizonte, ou privadas, como em São Paulo para reciclagem de resíduos. Em Belo Horizonte, os agregados reciclados são usados para confecção de meio-fi o, base e sub-base de pavimentos. Em São Paulo, a distância para as pedreiras e mineração de areia eleva o custo do agregado natural e justifi ca a existência de algumas áreas para reciclagem privadas.

7.1VantagensdaReciclagem

Como principais vantagens da reciclagem, tem-se:• preservação de recursos naturais com a substituição destes por resíduos, prolongando a vida útil das reservas naturais e reduzindo o impacto ambiental;• redução da necessidade de áreas para aterro devido à diminuição do volume de resíduos a serem depositados;• redução no gasto de energia, seja para produção de um novo bem, seja com o transporte e gestão do aterro;• geração de empregos com o surgimento das empresas para reciclagem;• redução da poluição emitida com a fabricação de novos produtos; e• aumento da durabilidade da construção em determinadas situações como, por exemplo, na adição de escória de alto forno e pozolanas ao cimento.

7.2BarreirasdaReciclagemdeRCDnoBrasil

A reciclagem de RCD no Brasil, se compararmos a países de primeiro mundo ainda é bastante tímida, porém possui um enorme potencial de ampliação.

Esse atraso em relação a outros países se dá por diversos fatores. Um deles é que a questão ambiental no Brasil ainda é vista como um problema de preservação da natureza, focado principalmente nas fl orestas e animais em extinção, deposição de materiais em aterros controlados e controle da poluição do ar, com o estado exercendo o papel de polícia. A Lei Federal de Crimes Ambientais de 1998 é uma prova disso, revela um estado muito mais preocupado com punições a transgressões, em vez de trabalhar os diversos agentes na promoção da redução do impacto ambiental das atividades através da reciclagem por exemplo (JOHN, 2000).

Algumas outras barreiras são:• difi culdade de introdução de novas tecnologias na construção civil;• concepção errônea que um produto confeccionado com a utilização de resíduos possui qualidade inferior a outro confeccionado com matérias primas virgens;• sensação de risco de baixo desempenho com relação ao uso de novas tecnologias;• custo baixo dos agregados naturais; e• falta de cultura para segregação de resíduos.

7.3ExemplosdaReciclagemdeRCDnoBrasil

Algumas cidades brasileiras já têm adotado uma gestão diferenciada para os RCD. A seguir são apresentados alguns exemplos de práticas já adotadas.

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7.3.1OCasodeBeloHorizonte-MG

A cidade de Belo Horizonte é uma referência em se tratando de reciclagem de RCD no Brasil. Implantado desde 1993, o plano de gestão diferenciada, na época denominado Programa de Correção Ambiental e Reciclagem dos Resíduos de Construção, defi niu ações específi cas para captação, reciclagem, informação ambiental e recuperação de áreas degradadas.

Este programa fez parte de um pacote maior de ações que constituiu o Modelo de Gestão de Resíduos de Belo Horizonte. Nele defi niu-se a necessidade de uma rede de atração com 9 áreas e 4 centrais de reciclagem. O processo de implantação dessas unidades foi iniciado em 1995 e em 1999 tinha evoluído para 50% do que tinha sido previsto inicialmente (PINTO, 1999).

Hoje existem em Belo Horizonte 28 Unidades de Recebimento de Pequenos Volumes (URPV) e 3 unidades de reciclagem dos Resíduos Classe A. Uma delas, inaugurada em 2006, permite separar os agregados reciclados de acordo com a granulometria, ampliando as possibilidades de uso deste agregado. O RCD captado nas Unidades de Recebimento é encaminhado para as estações de reciclagem, onde são selecionados, descontaminados, triturados e expedidos. O agregado reciclado é utilizado principalmente como base e sub-base de pavimentação.

Figura 35 – Estação de Reciclagem “Estoril”.7.3.2OCasodeRibeirãoPreto-SP

Em 1995 a cidade de Ribeirão Preto desenvolveu o Programa para Correção Ambiental e Reciclagem dos Resíduos de Construção que previa a implantação de catorze pontos de atração de resíduos em pequenos volumes, a incorporação de duas centrais de reciclagem e ações para recuperação e informação ambiental.

No ano de 1996 entrou em operação a primeira central de reciclagem, que depois de 32 meses de funcionamento, de acordo com Pinto (1999), sua produção permitiu a execução de 218.000m2 de pavimentação, o equivalente a 31km de vias.

Esta central, por ter sido a primeira a operar no interior de São Paulo, foi a fornecedora de RCD reciclado para estudos desenvolvidos na UNICAMP e na Escola de Engenharia de São Carlos, que contribuíram para a consolidação da tecnologia e disseminação de suas potencialidades.

7.3.3ReciclagememObra

Além das iniciativas públicas e privadas já mencionadas, vale ressaltar a iniciativa de algumas construtoras com relação à reciclagem de resíduos classe A. Como exemplo, pode-se citar uma obra em São Paulo. Para a construção do novo empreendimento foi necessária a demolição de antigas edifi cações e pisos industriais em concreto. O

resíduo classe A gerado, cerca de 12000m3, após conclusão das análises técnica, ambiental, social e econômica foi reaproveitado como agregado para produção de concreto, blocos para alvenaria e pavimentação, e elementos pré-moldados.

Estas iniciativas não se limitam à região sudeste. Em Maceió e Salvador têm-se exemplos de construtoras que promovem a reciclagem de resíduos classe A em obra. Em Aracaju, foi conduzido um estudo pelo SENAI para utilização de uma recicladora móvel em obras da cidade. O resíduo classe A gerado é devidamente segregado, peneirado, triturado e o agregado reciclado é utilizado na produção de bloquetes para pavimentação e argamassa para assentamento de alvenaria, emboço e contrapiso.

Figura 36 – Recicladora Móvel em Utilização na Cidade de Aracaju.

8.METODOLOGIAPARAIMPLANTAÇÃODAGESTÃODERESÍDUOSNOCANTEIRO

Como foi visto ao longo dos capítulos anteriores, a sociedade está se tornando cada vez mais exigente em relação à questão ambiental. O entulho, resíduo das atividades de construção e demolição (RCD), apresenta-se como um dos principais problemas nas áreas urbanas, pois sua geração e descarte inadequado causam diversos impactos ambientais, sociais e econômicos. As soluções para esses problemas passam por desenvolvimento e implantação de tecnologias que busquem a redução, reutilização e reciclagem desse resíduo.

A construção sustentável baseia-se na prevenção e redução dos resíduos pelo desenvolvimento de tecnologias limpas, no uso de materiais recicláveis ou reutilizáveis, no uso dos resíduos como materiais secundários e na coleta e deposição de resíduo inerte. Portanto, devem ser tomadas medidas que transformem as correntes de resíduos em recursos reutilizáveis. Quando esses resíduos são selecionados, graduados e têm teor de material pulverulento, apresentam elevado potencial de reciclagem, podendo ser utilizados como matéria-prima para produção de materiais de construção.

Devido a esse contexto, o SENAI, o SEBRAE e a GTZ, parceiros do Projeto COMPETIR, identifi caram no mercado nacional programas de consultoria existentes que atendessem às necessidades das empresas do setor, no que se refere à adequação dos canteiros para atendimento à Resolução 307 do CONAMA. A metodologia selecionada, desenvolvida pela empresa Obra Limpa em São Paulo, foi adaptada à realidade nordestina, gerando o Programa de Gestão de Resíduos da Construção Civil19.

8.1ObjetivosdoPrograma

Este programa busca fornecer às empresas construtoras, através de consultoria técnica especializada, ferramentas que permitam a gestão adequada dos resíduos de construção nos canteiros de obras, atendendo às exigências da

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7.3.1OCasodeBeloHorizonte-MG

A cidade de Belo Horizonte é uma referência em se tratando de reciclagem de RCD no Brasil. Implantado desde 1993, o plano de gestão diferenciada, na época denominado Programa de Correção Ambiental e Reciclagem dos Resíduos de Construção, defi niu ações específi cas para captação, reciclagem, informação ambiental e recuperação de áreas degradadas.

Este programa fez parte de um pacote maior de ações que constituiu o Modelo de Gestão de Resíduos de Belo Horizonte. Nele defi niu-se a necessidade de uma rede de atração com 9 áreas e 4 centrais de reciclagem. O processo de implantação dessas unidades foi iniciado em 1995 e em 1999 tinha evoluído para 50% do que tinha sido previsto inicialmente (PINTO, 1999).

Hoje existem em Belo Horizonte 28 Unidades de Recebimento de Pequenos Volumes (URPV) e 3 unidades de reciclagem dos Resíduos Classe A. Uma delas, inaugurada em 2006, permite separar os agregados reciclados de acordo com a granulometria, ampliando as possibilidades de uso deste agregado. O RCD captado nas Unidades de Recebimento é encaminhado para as estações de reciclagem, onde são selecionados, descontaminados, triturados e expedidos. O agregado reciclado é utilizado principalmente como base e sub-base de pavimentação.

Figura 35 – Estação de Reciclagem “Estoril”.7.3.2OCasodeRibeirãoPreto-SP

Em 1995 a cidade de Ribeirão Preto desenvolveu o Programa para Correção Ambiental e Reciclagem dos Resíduos de Construção que previa a implantação de catorze pontos de atração de resíduos em pequenos volumes, a incorporação de duas centrais de reciclagem e ações para recuperação e informação ambiental.

No ano de 1996 entrou em operação a primeira central de reciclagem, que depois de 32 meses de funcionamento, de acordo com Pinto (1999), sua produção permitiu a execução de 218.000m2 de pavimentação, o equivalente a 31km de vias.

Esta central, por ter sido a primeira a operar no interior de São Paulo, foi a fornecedora de RCD reciclado para estudos desenvolvidos na UNICAMP e na Escola de Engenharia de São Carlos, que contribuíram para a consolidação da tecnologia e disseminação de suas potencialidades.

7.3.3ReciclagememObra

Além das iniciativas públicas e privadas já mencionadas, vale ressaltar a iniciativa de algumas construtoras com relação à reciclagem de resíduos classe A. Como exemplo, pode-se citar uma obra em São Paulo. Para a construção do novo empreendimento foi necessária a demolição de antigas edifi cações e pisos industriais em concreto. O

resíduo classe A gerado, cerca de 12000m3, após conclusão das análises técnica, ambiental, social e econômica foi reaproveitado como agregado para produção de concreto, blocos para alvenaria e pavimentação, e elementos pré-moldados.

Estas iniciativas não se limitam à região sudeste. Em Maceió e Salvador têm-se exemplos de construtoras que promovem a reciclagem de resíduos classe A em obra. Em Aracaju, foi conduzido um estudo pelo SENAI para utilização de uma recicladora móvel em obras da cidade. O resíduo classe A gerado é devidamente segregado, peneirado, triturado e o agregado reciclado é utilizado na produção de bloquetes para pavimentação e argamassa para assentamento de alvenaria, emboço e contrapiso.

Figura 36 – Recicladora Móvel em Utilização na Cidade de Aracaju.

8.METODOLOGIAPARAIMPLANTAÇÃODAGESTÃODERESÍDUOSNOCANTEIRO

Como foi visto ao longo dos capítulos anteriores, a sociedade está se tornando cada vez mais exigente em relação à questão ambiental. O entulho, resíduo das atividades de construção e demolição (RCD), apresenta-se como um dos principais problemas nas áreas urbanas, pois sua geração e descarte inadequado causam diversos impactos ambientais, sociais e econômicos. As soluções para esses problemas passam por desenvolvimento e implantação de tecnologias que busquem a redução, reutilização e reciclagem desse resíduo.

A construção sustentável baseia-se na prevenção e redução dos resíduos pelo desenvolvimento de tecnologias limpas, no uso de materiais recicláveis ou reutilizáveis, no uso dos resíduos como materiais secundários e na coleta e deposição de resíduo inerte. Portanto, devem ser tomadas medidas que transformem as correntes de resíduos em recursos reutilizáveis. Quando esses resíduos são selecionados, graduados e têm teor de material pulverulento, apresentam elevado potencial de reciclagem, podendo ser utilizados como matéria-prima para produção de materiais de construção.

Devido a esse contexto, o SENAI, o SEBRAE e a GTZ, parceiros do Projeto COMPETIR, identifi caram no mercado nacional programas de consultoria existentes que atendessem às necessidades das empresas do setor, no que se refere à adequação dos canteiros para atendimento à Resolução 307 do CONAMA. A metodologia selecionada, desenvolvida pela empresa Obra Limpa em São Paulo, foi adaptada à realidade nordestina, gerando o Programa de Gestão de Resíduos da Construção Civil19.

8.1ObjetivosdoPrograma

Este programa busca fornecer às empresas construtoras, através de consultoria técnica especializada, ferramentas que permitam a gestão adequada dos resíduos de construção nos canteiros de obras, atendendo às exigências da

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Resolução 307 do CONAMA.

Como objetivos específi cos pode-se destacar:• fornecer à empresa construtora ferramentas que facilitem a gestão e controle dos resíduos gerados na obra, capacitando a equipe técnica na utilização destas ferramentas;• fazer um planejamento da gestão de resíduos na obra, defi nindo quantidade e localização de dispositivos para coleta seletiva destes resíduos, permitindo a segregação dos mesmos desde a origem;• sensibilizar os colaboradores da empresa com relação à limpeza e segregação dos resíduos na obra, para que estes sejam agentes da gestão de resíduos em seus postos de trabalho; e• monitorar a implementação do Programa através de visitas técnicas com base em check-list específi cos, gerando relatórios técnicos e fotográfi cos.8.2SeqüênciadasAtividades

O processo de implantação do programa de gestão de resíduos contempla o desenvolvimento de um conjunto de atividades realizadas dentro e fora dos canteiros, a saber: treinamento inicial, planejamento, implantação e monitoramento.

Figura 37 – Etapas do Programa de Gestão de Resíduos.

8.2.1TreinamentoInicial

Treinamento preliminar realizado com a presença da direção da empresa e da equipe gerencial das obras (engenheiros, mestres, encarregados administrativos, responsáveis pela qualidade, segurança do trabalho e suprimentos) nas quais o programa será implantado.

Esta reunião tem por objetivos:• sensibilizar as equipes quanto aos impactos ambientais causados pelas atividades de construção e demolição nas cidades;• mostrar de que forma as leis e as novas diretrizes estabelecem um novo panorama para gerenciamento integrado desses resíduos e quais são as implicações para o setor;• estabelecer as alterações que irão acontecer no dia-a-dia das obras em função da implantação do Programa de Gestão de Resíduos; e• repassar as ferramentas utilizadas no Programa de Gestão de Resíduos.

8.2.2Planejamento

Esta etapa é desenvolvida nos canteiros buscando inicialmente caracterizar a obra através das seguintes informações:

• quantidade de funcionários e equipes;• área de construção; • arranjo físico do canteiro (espaços, atividades, número de pavimentos, fl uxo de materiais, fl uxo de resíduos, equipamentos de transporte disponíveis, etc.);• resíduos que serão gerados, a depender dos processos e sistemas construtivos adotados;• sistemática existente para a remoção dos resíduos gerados; e• transportadores e locais de destinação dos resíduos já utilizados pela obra.

Caso a obra tenha elaborado o PGRCC – Projeto de Gerenciamento de Resíduos de Construção Civil, este deve ser considerado no levantamento de informações, tomando-se o cuidado de adequá-lo à realidade da obra no momento da implantação do programa.

Com base nas informações coletadas elabora-se um plano para a gestão de resíduos, que contempla:

• proposta para aquisição e distribuição de dispositivos de coleta, além da sinalização do canteiro;• defi nição do fl uxo dos resíduos nos locais de acondicionamento inicial e para os locais de armazenamento fi nal;• defi nição dos locais para a destinação dos resíduos e cadastramento dos destinatários;• elaboração da rotina para o registro da destinação dos resíduos;• verifi cação das possibilidades de reciclagem e aproveitamento dos resíduos gerados; e • prévia caracterização dos resíduos que poderão ser gerados pela obra com base na fase de execução que a obra se encontra.

No fi nal desta etapa é gerado um plano e um orçamento para que as empresas possam providenciar os recursos necessários para a implantação do programa. Na Figura 40, apresenta-se planilha com um exemplo de fl uxo para os resíduos gerados em uma obra.

Figura 38 – Exemplo de Planilha Gerada ao Final da Etapa de Planejamento – Fluxo dos Resíduos.

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Resolução 307 do CONAMA.

Como objetivos específi cos pode-se destacar:• fornecer à empresa construtora ferramentas que facilitem a gestão e controle dos resíduos gerados na obra, capacitando a equipe técnica na utilização destas ferramentas;• fazer um planejamento da gestão de resíduos na obra, defi nindo quantidade e localização de dispositivos para coleta seletiva destes resíduos, permitindo a segregação dos mesmos desde a origem;• sensibilizar os colaboradores da empresa com relação à limpeza e segregação dos resíduos na obra, para que estes sejam agentes da gestão de resíduos em seus postos de trabalho; e• monitorar a implementação do Programa através de visitas técnicas com base em check-list específi cos, gerando relatórios técnicos e fotográfi cos.8.2SeqüênciadasAtividades

O processo de implantação do programa de gestão de resíduos contempla o desenvolvimento de um conjunto de atividades realizadas dentro e fora dos canteiros, a saber: treinamento inicial, planejamento, implantação e monitoramento.

Figura 37 – Etapas do Programa de Gestão de Resíduos.

8.2.1TreinamentoInicial

Treinamento preliminar realizado com a presença da direção da empresa e da equipe gerencial das obras (engenheiros, mestres, encarregados administrativos, responsáveis pela qualidade, segurança do trabalho e suprimentos) nas quais o programa será implantado.

Esta reunião tem por objetivos:• sensibilizar as equipes quanto aos impactos ambientais causados pelas atividades de construção e demolição nas cidades;• mostrar de que forma as leis e as novas diretrizes estabelecem um novo panorama para gerenciamento integrado desses resíduos e quais são as implicações para o setor;• estabelecer as alterações que irão acontecer no dia-a-dia das obras em função da implantação do Programa de Gestão de Resíduos; e• repassar as ferramentas utilizadas no Programa de Gestão de Resíduos.

8.2.2Planejamento

Esta etapa é desenvolvida nos canteiros buscando inicialmente caracterizar a obra através das seguintes informações:

• quantidade de funcionários e equipes;• área de construção; • arranjo físico do canteiro (espaços, atividades, número de pavimentos, fl uxo de materiais, fl uxo de resíduos, equipamentos de transporte disponíveis, etc.);• resíduos que serão gerados, a depender dos processos e sistemas construtivos adotados;• sistemática existente para a remoção dos resíduos gerados; e• transportadores e locais de destinação dos resíduos já utilizados pela obra.

Caso a obra tenha elaborado o PGRCC – Projeto de Gerenciamento de Resíduos de Construção Civil, este deve ser considerado no levantamento de informações, tomando-se o cuidado de adequá-lo à realidade da obra no momento da implantação do programa.

Com base nas informações coletadas elabora-se um plano para a gestão de resíduos, que contempla:

• proposta para aquisição e distribuição de dispositivos de coleta, além da sinalização do canteiro;• defi nição do fl uxo dos resíduos nos locais de acondicionamento inicial e para os locais de armazenamento fi nal;• defi nição dos locais para a destinação dos resíduos e cadastramento dos destinatários;• elaboração da rotina para o registro da destinação dos resíduos;• verifi cação das possibilidades de reciclagem e aproveitamento dos resíduos gerados; e • prévia caracterização dos resíduos que poderão ser gerados pela obra com base na fase de execução que a obra se encontra.

No fi nal desta etapa é gerado um plano e um orçamento para que as empresas possam providenciar os recursos necessários para a implantação do programa. Na Figura 40, apresenta-se planilha com um exemplo de fl uxo para os resíduos gerados em uma obra.

Figura 38 – Exemplo de Planilha Gerada ao Final da Etapa de Planejamento – Fluxo dos Resíduos.

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8.2.3Implantação

Esta etapa é iniciada assim que a empresa adquire e distribui todos os dispositivos de coleta e os demais acessórios necessários ao programa.

Imediatamente após a colocação dos dispositivos no canteiro, são feitos treinamentos com todos os funcionários de modo a sensibilizá-los para a necessidade da contribuição de cada um para o sucesso do programa e instruí-los quanto ao adequado manejo dos resíduos, visando, principalmente, sua correta triagem.

A equipe gerencial da obra é capacitada para que novos treinamentos sejam realizados quando do ingresso de novos operários ou mesmo quando a equipe julgar necessário, diante das falhas detectadas nas avaliações realizadas.

Além do treinamento com toda a equipe da obra (funcionários e terceiros), é feito um treinamento específi co com os responsáveis pelo controle da destinação dos resíduos, orientando-os quanto às soluções adequadas, repassando contatos de transportadores e destinatários de resíduos, além de implantar os controles operacionais: o CTR (Controle de Transporte de Resíduos) e a Planilha de Registro da Destinação.

O CTR (Figura 41) foi desenvolvido atendendo aos requisitos da NBR 15112:2004. Deve ser preenchido em 3 vias: uma para a obra, uma para o transportador e outra para o destinatário. Observe-se que fi ca registrado neste formulário: dados da obra, o tipo e a quantidade do resíduo que é retirado e a identifi cação do transportador e do destinatário, com as devidas assinaturas.

Figura 39 – Modelo do CTR.

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8.2.3Implantação

Esta etapa é iniciada assim que a empresa adquire e distribui todos os dispositivos de coleta e os demais acessórios necessários ao programa.

Imediatamente após a colocação dos dispositivos no canteiro, são feitos treinamentos com todos os funcionários de modo a sensibilizá-los para a necessidade da contribuição de cada um para o sucesso do programa e instruí-los quanto ao adequado manejo dos resíduos, visando, principalmente, sua correta triagem.

A equipe gerencial da obra é capacitada para que novos treinamentos sejam realizados quando do ingresso de novos operários ou mesmo quando a equipe julgar necessário, diante das falhas detectadas nas avaliações realizadas.

Além do treinamento com toda a equipe da obra (funcionários e terceiros), é feito um treinamento específi co com os responsáveis pelo controle da destinação dos resíduos, orientando-os quanto às soluções adequadas, repassando contatos de transportadores e destinatários de resíduos, além de implantar os controles operacionais: o CTR (Controle de Transporte de Resíduos) e a Planilha de Registro da Destinação.

O CTR (Figura 41) foi desenvolvido atendendo aos requisitos da NBR 15112:2004. Deve ser preenchido em 3 vias: uma para a obra, uma para o transportador e outra para o destinatário. Observe-se que fi ca registrado neste formulário: dados da obra, o tipo e a quantidade do resíduo que é retirado e a identifi cação do transportador e do destinatário, com as devidas assinaturas.

Figura 39 – Modelo do CTR.

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Este é, portanto, um importante instrumento para a comprovação da destinação ambientalmente correta dos resíduos, em caso de fi scalização dos órgãos públicos, bem como para o controle interno, alimentando a Planilha de Registro da Destinação. Esta segunda ferramenta possibilita o controle geral dos resíduos gerados na obra: quantidade de resíduo por tipo, destinos dados e valores gastos e/ou recebidos com o descarte dos resíduos.

Nesta etapa também são realizados os primeiros check-lists, que serão descritos mais detalhadamente no item a seguir. Estes são aplicados durante algumas visitas programadas que tem por objetivo a transmissão da metodologia para a equipe de obra.

8.2.4Monitoramento

Nesta fase do programa são realizadas visitas pré-agendadas onde os consultores avaliam o desempenho da obra em relação à limpeza, segregação e destinação compromissada dos resíduos por meio do check-list apresentado na Figura 42. Destes check-lists são gerados relatórios periódicos remetidos para as empresas, servindo como referência para a direção da obra na correção dos desvios observados. Estas ferramentas serão detalhadas a seguir.

Figura 40 – Modelo do Check-list Utilizado na Implantação e no Monitoramento20.

Para melhor compreensão do check-list pode-se dividi-lo em três grandes blocos de informações, conforme apresentado na fi gura 43.

Figura 41 – Os Três Grandes Blocos de Informações do Check-list. A avaliação é feita atribuindo-se notas para cada um dos aspectos analisados. Existe um padrão pré-determinado para auxiliar na defi nição das notas, a saber:

• 10 – 9 g Excelente. Sistemática implementada de forma efi caz;• 8 – 7 g Bom. Sistemática adequadamente implementada, porém com falhas pontuais e em pequeno volume;• 6 – 5 g Regular. Sistemática inefi caz. Presença de problemas pontuais em diferentes locais ou em volume signifi cativo;• 4 – 3 g Ruim. Sistemática parcialmente implementada. Resíduo acumulado e não segregado de forma generalizada no pavimento;• 2 – 1 g Péssimo. Sistemática não implementada. Muito resíduo acumulado por muito tempo no pavimento.

Na parte 1 (fi gura 44), são informados os pavimentos a serem avaliados, a área de cada um deles e seus respectivos fatores de ponderação, calculados automaticamente e, associado a cada um dos pavimentos, as notas para limpeza e segregação. À direita das notas devem ser especifi cadas as quantidades de dispositivos (bombonas) presentes em cada um dos pavimentos de acordo com o tipo de resíduo (orgânico, papel, plástico, metal, madeira). Na parte inferior são apresentadas as médias ponderadas de limpeza e segregação na fonte.

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Este é, portanto, um importante instrumento para a comprovação da destinação ambientalmente correta dos resíduos, em caso de fi scalização dos órgãos públicos, bem como para o controle interno, alimentando a Planilha de Registro da Destinação. Esta segunda ferramenta possibilita o controle geral dos resíduos gerados na obra: quantidade de resíduo por tipo, destinos dados e valores gastos e/ou recebidos com o descarte dos resíduos.

Nesta etapa também são realizados os primeiros check-lists, que serão descritos mais detalhadamente no item a seguir. Estes são aplicados durante algumas visitas programadas que tem por objetivo a transmissão da metodologia para a equipe de obra.

8.2.4Monitoramento

Nesta fase do programa são realizadas visitas pré-agendadas onde os consultores avaliam o desempenho da obra em relação à limpeza, segregação e destinação compromissada dos resíduos por meio do check-list apresentado na Figura 42. Destes check-lists são gerados relatórios periódicos remetidos para as empresas, servindo como referência para a direção da obra na correção dos desvios observados. Estas ferramentas serão detalhadas a seguir.

Figura 40 – Modelo do Check-list Utilizado na Implantação e no Monitoramento20.

Para melhor compreensão do check-list pode-se dividi-lo em três grandes blocos de informações, conforme apresentado na fi gura 43.

Figura 41 – Os Três Grandes Blocos de Informações do Check-list. A avaliação é feita atribuindo-se notas para cada um dos aspectos analisados. Existe um padrão pré-determinado para auxiliar na defi nição das notas, a saber:

• 10 – 9 g Excelente. Sistemática implementada de forma efi caz;• 8 – 7 g Bom. Sistemática adequadamente implementada, porém com falhas pontuais e em pequeno volume;• 6 – 5 g Regular. Sistemática inefi caz. Presença de problemas pontuais em diferentes locais ou em volume signifi cativo;• 4 – 3 g Ruim. Sistemática parcialmente implementada. Resíduo acumulado e não segregado de forma generalizada no pavimento;• 2 – 1 g Péssimo. Sistemática não implementada. Muito resíduo acumulado por muito tempo no pavimento.

Na parte 1 (fi gura 44), são informados os pavimentos a serem avaliados, a área de cada um deles e seus respectivos fatores de ponderação, calculados automaticamente e, associado a cada um dos pavimentos, as notas para limpeza e segregação. À direita das notas devem ser especifi cadas as quantidades de dispositivos (bombonas) presentes em cada um dos pavimentos de acordo com o tipo de resíduo (orgânico, papel, plástico, metal, madeira). Na parte inferior são apresentadas as médias ponderadas de limpeza e segregação na fonte.

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Figura 42 – Parte 1 do Check-list – Atribuição de Notas e Identificação dos Dispositivos.Já na parte 2 (fi gura 45), devem-se sinalizar os problemas encontrados nos pavimentos no tocante à limpeza e segregação dos resíduos. Na primeira coluna faz-se uma referência aos registros fotográfi cos, indicando o número das fotos tiradas dos aspectos positivos ou dos pontos de melhoria.

Nas colunas seguintes, registram-se os problemas identifi cados e observações gerais em relação aos diversos itens avaliados: varrição insufi ciente, resíduos classe A, resíduos de madeira, resíduos metálicos, resíduos de gesso, embalagens de plástico e papel, pedaços de conduítes, lonas e telas espalhadas no local, resíduos especiais, material acondicionado incorretamente, resíduos não segregados empilhados, resíduos orgânicos, maços de cigarros, garrafas pet, material para uso e resíduo misturados, etc. Estes itens devem ser adaptados à realidade de cada obra.

Figura 43 – Parte 2 do Check-list – Registro Fotográfico e Identificação de Falhas.

Por fi m, na parte 3 (fi gura 46), busca-se avaliar o acondicionamento fi nal dos resíduos com a atribuição de notas por tipo de acondicionamento (bags, baias, caçambas) e os respectivos fatores de ponderação. Estes fatores são estabelecidos pelo avaliador com base no volume global dos resíduos que devem passar por cada tipo de acondicionamento.

Em cada linha, coloca-se um tipo de dispositivo de acondicionamento fi nal. Nas colunas registram-se as fotos tiradas, identifi cam-se os tipos de resíduo e os problemas apresentados. Os itens avaliados (resíduo misturado, lotado, sem uso, uso incorreto, não sinalizado, resíduo em torno) e os tipos de acondicionamento fi nal podem ser adequados à realidade de cada obra.

Figura 44 – Parte 3 do Check-list – Avaliação do Acondicionamento Final.

Com base no check-list aplicado na obra, elabora-se o Relatório de Visita (Figuras 47 a 49). Este relatório tem como principal objetivo a apresentação de forma sucinta dos resultados alcançados pela obra e os pontos de melhoria identifi cados, além de enfatizar a questão da destinação compromissada dos resíduos.

Em um período de tempo determinado (geralmente 15 dias), são avaliados: limpeza da obra e segregação dos resíduos, uso dos dispositivos para acondicionamento dos resíduos, armazenamento de materiais, geração e destinação dos resíduos, organização geral da obra e comprometimento da equipe com o programa, conforme modelo da Figura 47. Sempre que possível, são referenciadas fotos que caracterizem a situação observada.

Figura 45 – Relatório de Visita21.

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Figura 42 – Parte 1 do Check-list – Atribuição de Notas e Identificação dos Dispositivos.Já na parte 2 (fi gura 45), devem-se sinalizar os problemas encontrados nos pavimentos no tocante à limpeza e segregação dos resíduos. Na primeira coluna faz-se uma referência aos registros fotográfi cos, indicando o número das fotos tiradas dos aspectos positivos ou dos pontos de melhoria.

Nas colunas seguintes, registram-se os problemas identifi cados e observações gerais em relação aos diversos itens avaliados: varrição insufi ciente, resíduos classe A, resíduos de madeira, resíduos metálicos, resíduos de gesso, embalagens de plástico e papel, pedaços de conduítes, lonas e telas espalhadas no local, resíduos especiais, material acondicionado incorretamente, resíduos não segregados empilhados, resíduos orgânicos, maços de cigarros, garrafas pet, material para uso e resíduo misturados, etc. Estes itens devem ser adaptados à realidade de cada obra.

Figura 43 – Parte 2 do Check-list – Registro Fotográfico e Identificação de Falhas.

Por fi m, na parte 3 (fi gura 46), busca-se avaliar o acondicionamento fi nal dos resíduos com a atribuição de notas por tipo de acondicionamento (bags, baias, caçambas) e os respectivos fatores de ponderação. Estes fatores são estabelecidos pelo avaliador com base no volume global dos resíduos que devem passar por cada tipo de acondicionamento.

Em cada linha, coloca-se um tipo de dispositivo de acondicionamento fi nal. Nas colunas registram-se as fotos tiradas, identifi cam-se os tipos de resíduo e os problemas apresentados. Os itens avaliados (resíduo misturado, lotado, sem uso, uso incorreto, não sinalizado, resíduo em torno) e os tipos de acondicionamento fi nal podem ser adequados à realidade de cada obra.

Figura 44 – Parte 3 do Check-list – Avaliação do Acondicionamento Final.

Com base no check-list aplicado na obra, elabora-se o Relatório de Visita (Figuras 47 a 49). Este relatório tem como principal objetivo a apresentação de forma sucinta dos resultados alcançados pela obra e os pontos de melhoria identifi cados, além de enfatizar a questão da destinação compromissada dos resíduos.

Em um período de tempo determinado (geralmente 15 dias), são avaliados: limpeza da obra e segregação dos resíduos, uso dos dispositivos para acondicionamento dos resíduos, armazenamento de materiais, geração e destinação dos resíduos, organização geral da obra e comprometimento da equipe com o programa, conforme modelo da Figura 47. Sempre que possível, são referenciadas fotos que caracterizem a situação observada.

Figura 45 – Relatório de Visita21.

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Na etapa seguinte do relatório (Figura 48) é avaliada a destinação compromissada dos resíduos. São consideradas as soluções anteriormente adotadas pela obra e as soluções atuais para cada um dos tipos de resíduos; e para cada uma dessas soluções é atribuída uma nota com base na tabela 19. Esta tabela deve ser reavaliada periodicamente com base nas soluções disponíveis.

Figura 46 – Avaliação da Destinação Compromissada dos Resíduos Realizada no Relatório de Visita.

Tabela 20 – Exemplo de Padronização de Notas para Avaliação da Destinaçãodos Resíduos.

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Na etapa seguinte do relatório (Figura 48) é avaliada a destinação compromissada dos resíduos. São consideradas as soluções anteriormente adotadas pela obra e as soluções atuais para cada um dos tipos de resíduos; e para cada uma dessas soluções é atribuída uma nota com base na tabela 19. Esta tabela deve ser reavaliada periodicamente com base nas soluções disponíveis.

Figura 46 – Avaliação da Destinação Compromissada dos Resíduos Realizada no Relatório de Visita.

Tabela 20 – Exemplo de Padronização de Notas para Avaliação da Destinaçãodos Resíduos.

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Na parte fi nal do relatório é apresentado um resumo das notas, como pode ser visto na fi gura 49.

Figura 47 – Resumo de Notas.

8.3QualificaçãodosAgentesEnvolvidos

Todos os agentes envolvidos no Programa de Gestão de Resíduos devem ser previamente identifi cados e qualifi cados, para garantir a segurança dos processos posteriores à geração.

Para facilitar a implantação do programa pelas empresas, deve-se manter um cadastro atualizado dos fornecedores de dispositivos e acessórios, bem como dos transportadores e destinatários.

A destinação dos resíduos, por sua vez, deverá estar vinculada a determinadas condições, como as mostradas na tabela 20.

Tabela 21 – Destinação dos Resíduos (adaptada de PINTO et al, 2005).

Tipo de Área Descrição Condições para Utilização Observações

Pontos de entrega Área pública ou viabilizada pela administração pública apta para o recebimento de pequenos volumes de resíduos da construção civil.

Disponibilizada pela administração pública local como parte integrante do Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil.

Restrição ao recebimento de cargas de resíduos de construção civil constituídas predominantemente por resíduos da construção civil perigosos e não-inertes (tintas, solventes, óleos, resíduos provenientes de instalações industriais e outros).

Área de Transbordo e Triagem (ATT)

Estabelecimento privado ou público destinado ao recebimento de resíduos da construção civil e resíduos volumosos gerados e coletados por agentes privados, e que deverão ser usadas para a triagem dos resíduos recebidos,

Licenciada pela administração pública municipal.

Restrição ao recebimento de cargas predominantemente constituídas por resíduos classe D.

eventual transformação e posterior remoção para adequada disposição.

Área de Reciclagem Estabelecimento privado ou público destinado à transformação dos resíduos classe A em agregados.

Licenciada pela administração pública municipal. No âmbito estadual, licenciamento pelo órgão de controle ambiental, expresso nas licenças de instalação e operação.

Aterros de Resíduos da Construção Civil

Estabelecimento privado ou público onde serão empregadas técnicas de disposição de resíduos da construção civil classe A no solo, visando à reservação de materiais segregados de forma a possibilitar seu uso futuro e/ou futura utilização da área, utilizando princípios de engenharia para confiná-los ao menor volume possível, sem causar danos à saúde pública e ao meio ambiente.

Licenciamento municipal e estadual de acordo com legislação específica.

Os resíduos classe B, C e D poderão apenas transitar pela área para serem, em seguida, transferidos para destinação adequada.

Aterros para resíduos industriais

Área licenciada para o recebimento de resíduos industriais classe I e II (conforme antiga versão da NBR 10004:2004)

Licenciamento municipal e estadual de acordo com legislação específica.

Caracterização prévia dos resíduos definirá se deverão ser destinados a aterros industriais classe I e II (conforme antiga versão da NBR 10004:2004).

Agentes diversos Sucateiros, cooperativas, grupos de coleta seletiva e outros agentes que comercializam resíduos recicláveis.

Contrato social ou congênere, alvará de funcionamento, inscrição municipal.

Em caso de necessidade da utilização de agentes eminentemente informais (condição de baixa atratividade para coleta associada a indisponibilidade de agentes formais), reconhecer o destino a ser dado ao resíduo e registrá-lo da maneira mais segura possível).

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Na parte fi nal do relatório é apresentado um resumo das notas, como pode ser visto na fi gura 49.

Figura 47 – Resumo de Notas.

8.3QualificaçãodosAgentesEnvolvidos

Todos os agentes envolvidos no Programa de Gestão de Resíduos devem ser previamente identifi cados e qualifi cados, para garantir a segurança dos processos posteriores à geração.

Para facilitar a implantação do programa pelas empresas, deve-se manter um cadastro atualizado dos fornecedores de dispositivos e acessórios, bem como dos transportadores e destinatários.

A destinação dos resíduos, por sua vez, deverá estar vinculada a determinadas condições, como as mostradas na tabela 20.

Tabela 21 – Destinação dos Resíduos (adaptada de PINTO et al, 2005).

Tipo de Área Descrição Condições para Utilização Observações

Pontos de entrega Área pública ou viabilizada pela administração pública apta para o recebimento de pequenos volumes de resíduos da construção civil.

Disponibilizada pela administração pública local como parte integrante do Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil.

Restrição ao recebimento de cargas de resíduos de construção civil constituídas predominantemente por resíduos da construção civil perigosos e não-inertes (tintas, solventes, óleos, resíduos provenientes de instalações industriais e outros).

Área de Transbordo e Triagem (ATT)

Estabelecimento privado ou público destinado ao recebimento de resíduos da construção civil e resíduos volumosos gerados e coletados por agentes privados, e que deverão ser usadas para a triagem dos resíduos recebidos,

Licenciada pela administração pública municipal.

Restrição ao recebimento de cargas predominantemente constituídas por resíduos classe D.

eventual transformação e posterior remoção para adequada disposição.

Área de Reciclagem Estabelecimento privado ou público destinado à transformação dos resíduos classe A em agregados.

Licenciada pela administração pública municipal. No âmbito estadual, licenciamento pelo órgão de controle ambiental, expresso nas licenças de instalação e operação.

Aterros de Resíduos da Construção Civil

Estabelecimento privado ou público onde serão empregadas técnicas de disposição de resíduos da construção civil classe A no solo, visando à reservação de materiais segregados de forma a possibilitar seu uso futuro e/ou futura utilização da área, utilizando princípios de engenharia para confiná-los ao menor volume possível, sem causar danos à saúde pública e ao meio ambiente.

Licenciamento municipal e estadual de acordo com legislação específica.

Os resíduos classe B, C e D poderão apenas transitar pela área para serem, em seguida, transferidos para destinação adequada.

Aterros para resíduos industriais

Área licenciada para o recebimento de resíduos industriais classe I e II (conforme antiga versão da NBR 10004:2004)

Licenciamento municipal e estadual de acordo com legislação específica.

Caracterização prévia dos resíduos definirá se deverão ser destinados a aterros industriais classe I e II (conforme antiga versão da NBR 10004:2004).

Agentes diversos Sucateiros, cooperativas, grupos de coleta seletiva e outros agentes que comercializam resíduos recicláveis.

Contrato social ou congênere, alvará de funcionamento, inscrição municipal.

Em caso de necessidade da utilização de agentes eminentemente informais (condição de baixa atratividade para coleta associada a indisponibilidade de agentes formais), reconhecer o destino a ser dado ao resíduo e registrá-lo da maneira mais segura possível).

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Como foi visto no capítulo 5, no item 5.6, é importante que as obras tenham um cadastro com transportadores e destinatários (cooperativas e compradores de resíduos) e que os resíduos sejam encaminhados para o local de destinação acompanhados do CTR22, item de exigência da norma NBR 15112:2004.

9.CONSIDERAÇÕESFINAIS

Como pôde ser visto ao longo deste material, a indústria da construção civil ocupa uma posição de destaque na economia nacional. Por outro lado, é grande geradora de impactos ambientais, aparecendo muitas vezes como o maior gerador de resíduos de toda a sociedade.

A expressiva quantidade de resíduos gerados e o descarte inadequado nos remetem à necessidade urgente de uma ação conjunta da sociedade – poderes públicos, setor industrial da construção civil e sociedade civil organizada – na busca de soluções efetivas para minimizar os impactos sócio-ambientais, preservar recursos naturais e melhorar a qualidade de vida nas áreas urbanas. No Brasil, as políticas públicas voltadas ao gerenciamento de Resíduos de Construção Civil (RCC) visam impulsionar as empresas geradoras de resíduos a tomarem uma nova postura com relação aos seus resíduos.

A principal ação efetivada em termos legais, visando à mudança deste quadro foi a aprovação da Resolução nº307 do CONAMA, já comentada anteriormente. Porém, esta ação ainda tem se mostrado insufi ciente para uma mobilização completa dos atores envolvidos no sentido de promover o adequado manuseio, redução, reutilização, reciclagem e disposição dos resíduos.

Ao longo deste material buscou-se apresentar e discutir alguns assuntos relacionados à gestão de resíduos da construção como o impacto ambiental da cadeia, classifi cação das perdas, novas diretrizes para gerenciamento dos resíduos, ferramentas para a redução da geração e reciclagem na cadeia produtiva da construção, de modo a estabelecer um referencial teórico e auxiliar o processo de aprendizagem a respeito do tema. Além disso, apresentou-se o esboço da metodologia de implantação do Programa de Gestão de Resíduos da Construção Civil utilizada pelo SENAI e SEBRAE no âmbito do Projeto Competir que serve de referencial para balizar o processo de implantação dos programas nas empresas construtoras. A sua concepção baseia-se na segregação dos resíduos no canteiro, de forma a reaproveitá-los ou conduzi-los à destinação adequada e no incentivo à redução da geração de resíduos da construção.

Diversas empresas dos vários estados do nordeste já implantaram a gestão diferenciada dos resíduos no canteiro com base na metodologia apresentada. De forma geral, os objetivos foram atingidos, melhorando-se a organização e a limpeza dos canteiros, segregando-se os resíduos e destinando-os de forma a possibilitar a reciclagem ou o acondicionamento adequado. No entanto, muito ainda pode ser feito para multiplicação destas ações a um número cada vez maior de empresas e obras.

Muitos municípios ainda não apresentam estrutura sufi ciente para a destinação de todos os tipos de resíduo gerado nas obras, o que não invalida as ações para segregação e descarte adequado de parte dos resíduos gerados. Acredita-se que, com a mobilização das empresas, dos sindicatos da indústria da construção, do setor público e de fornecedores da cadeia produtiva, novas soluções surgirão ou serão ampliadas, como: áreas para transbordo e triagem dos resíduos, áreas para reciclagem dos resíduos Classe A, soluções economicamente viáveis para destinação dos resíduos de gesso, etc.

Deve-se, no entanto, salientar que o objetivo principal do construtor deve ser não gerar resíduos, o que impõe uma forte mudança na cultura hoje estabelecida na construção civil e uma alteração nos sistemas construtivos existentes. Para que isto aconteça, é necessário re-estudar os processos, visando estabelecer formas de evitar a geração de resíduos. Além de reduzir, reutilizar e reciclar é preciso, antes de tudo, repensar.

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Como foi visto no capítulo 5, no item 5.6, é importante que as obras tenham um cadastro com transportadores e destinatários (cooperativas e compradores de resíduos) e que os resíduos sejam encaminhados para o local de destinação acompanhados do CTR22, item de exigência da norma NBR 15112:2004.

9.CONSIDERAÇÕESFINAIS

Como pôde ser visto ao longo deste material, a indústria da construção civil ocupa uma posição de destaque na economia nacional. Por outro lado, é grande geradora de impactos ambientais, aparecendo muitas vezes como o maior gerador de resíduos de toda a sociedade.

A expressiva quantidade de resíduos gerados e o descarte inadequado nos remetem à necessidade urgente de uma ação conjunta da sociedade – poderes públicos, setor industrial da construção civil e sociedade civil organizada – na busca de soluções efetivas para minimizar os impactos sócio-ambientais, preservar recursos naturais e melhorar a qualidade de vida nas áreas urbanas. No Brasil, as políticas públicas voltadas ao gerenciamento de Resíduos de Construção Civil (RCC) visam impulsionar as empresas geradoras de resíduos a tomarem uma nova postura com relação aos seus resíduos.

A principal ação efetivada em termos legais, visando à mudança deste quadro foi a aprovação da Resolução nº307 do CONAMA, já comentada anteriormente. Porém, esta ação ainda tem se mostrado insufi ciente para uma mobilização completa dos atores envolvidos no sentido de promover o adequado manuseio, redução, reutilização, reciclagem e disposição dos resíduos.

Ao longo deste material buscou-se apresentar e discutir alguns assuntos relacionados à gestão de resíduos da construção como o impacto ambiental da cadeia, classifi cação das perdas, novas diretrizes para gerenciamento dos resíduos, ferramentas para a redução da geração e reciclagem na cadeia produtiva da construção, de modo a estabelecer um referencial teórico e auxiliar o processo de aprendizagem a respeito do tema. Além disso, apresentou-se o esboço da metodologia de implantação do Programa de Gestão de Resíduos da Construção Civil utilizada pelo SENAI e SEBRAE no âmbito do Projeto Competir que serve de referencial para balizar o processo de implantação dos programas nas empresas construtoras. A sua concepção baseia-se na segregação dos resíduos no canteiro, de forma a reaproveitá-los ou conduzi-los à destinação adequada e no incentivo à redução da geração de resíduos da construção.

Diversas empresas dos vários estados do nordeste já implantaram a gestão diferenciada dos resíduos no canteiro com base na metodologia apresentada. De forma geral, os objetivos foram atingidos, melhorando-se a organização e a limpeza dos canteiros, segregando-se os resíduos e destinando-os de forma a possibilitar a reciclagem ou o acondicionamento adequado. No entanto, muito ainda pode ser feito para multiplicação destas ações a um número cada vez maior de empresas e obras.

Muitos municípios ainda não apresentam estrutura sufi ciente para a destinação de todos os tipos de resíduo gerado nas obras, o que não invalida as ações para segregação e descarte adequado de parte dos resíduos gerados. Acredita-se que, com a mobilização das empresas, dos sindicatos da indústria da construção, do setor público e de fornecedores da cadeia produtiva, novas soluções surgirão ou serão ampliadas, como: áreas para transbordo e triagem dos resíduos, áreas para reciclagem dos resíduos Classe A, soluções economicamente viáveis para destinação dos resíduos de gesso, etc.

Deve-se, no entanto, salientar que o objetivo principal do construtor deve ser não gerar resíduos, o que impõe uma forte mudança na cultura hoje estabelecida na construção civil e uma alteração nos sistemas construtivos existentes. Para que isto aconteça, é necessário re-estudar os processos, visando estabelecer formas de evitar a geração de resíduos. Além de reduzir, reutilizar e reciclar é preciso, antes de tudo, repensar.

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