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UniSALESIANO
Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium
Curso de Administração
Elisangela de Almeida Alves Gomes
Everton Carlos Ferreira Farias
Flávia Fernanda dos Santos Máximo
GESTÃO DE CUSTOS NA PRODUÇÃO DO LEITE:
um estudo de caso na Fazenda Brasília Lins /SP
LINS-SP
2017
ELISANGELA DE ALMEIDA ALVES GOMES
EVERTON CARLOS FERREIRA FARIAS
FLÁVIA FERNANDA DOS SANTOS MÁXIMO
GESTÃO DE CUSTOS NA PRODUÇÃO DO LEITE: um estudo de caso na
Fazenda Brasília Lins /SP
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Administração sob a orientação do Profº. Me. Francisco César Vendrame e orientação técnica da Profª Ma. Jovira Maria Sarraceni.
LINS-SP
2017
Gomes, Elisangela de Almeida Alves; Farias, Everton Carlos Ferreira; Máximo, Flávia Fernanda dos Santos
Gestão de custos na produção de leite: um estudo de caso na Fazenda Brasília Lins/SP / Elisangela de Almeida Alves Gomes; Everton Carlos Ferreira Farias; Flávia Fernanda dos Santos Máximo. – – Lins, 2017.
66p. il. 31cm.
Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UniSALESIANO, Lins-SP, para graduação em Administração, 2017.
Orientadores: Jovira Maria Sarraceni; Francisco César Vendrame
1.Gestão de Custos. 2. Custos. 3. Tomada de Decisão. I Título. CDU 658
G613g
gg
ELISANGELA DE ALMEIDA ALVES GOMES
EVERTON CARLOS FERREIRA FARIAS
FLÁVIA FERNANDA DOS SANTOS MÁXIMO
GESTÃO DE CUSTOS NA PRODUÇÃO DO LEITE: um estudo de caso na
Fazenda Brasília Lins /SP
Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,
para obtenção do título de Bacharel em Administração.
Aprovada em: _____/______/______
Banca Examinadora:
Profº Orientador: Francisco César Vendrame
Titulação: Mestre em Administração pela Universidade Metodista de
Piracicaba: UNIMEP - SP
Assinatura: _________________________________
1º Prof(a): ______________________________________________________
Titulação: ______________________________________________________
_______________________________________________________________
Assinatura: _________________________________
2º Prof(a): ______________________________________________________
Titulação: ______________________________________________________
_______________________________________________________________
Assinatura: _________________________________
Dedico este trabalho ao meu esposo Gilmar Ferreira Pita e aos meus
pais Osvaldo Alves Gomes e Lourdes Almeida Alves Gomes que no decorrer
desses anos me apoiaram e me incentivaram a não desistir. As barreiras foram
muitas, mas a força que vocês me deram foi essencial para que eu
conseguisse superá-las e concluísse mais uma etapa importante em minha
vida.
Dedico também a Flávia que durante o desenvolvimento deste trabalho
foi paciente, tolerante e compreensível comigo, muito obrigada.
Elisangela de Almeida Alves Gomes
Dedico esta obra, como todas minhas conquistas, em memória de meu
amado pai José Carlos Vieira Farias que hoje me assistisse do céu е Maria
Aparecida Ferreira Farias, meus irmãos Elton Carlos Ferreira Farias e Iasmim
Aparecida Ferreira Farias, Por vocês serem minha família e estarem comigo
nas dificuldades até aqui sofridas.
Everton Carlos Ferreira Farias.
Dedico este trabalho ao meu esposo Gerson Máximo, que sempre
esteve ao meu lado me incentivando e dando coragem para que eu
conseguisse concluir essa etapa muito importante da minha vida, com toda
paciência, carinho, amor e principalmente dedicação fez com que eu chegasse
forte até o fim.
A minha mãe que sempre me incentivou e deu muita força.
A minha amiga muito querida Elisangela que me ensinou muito no
decorrer dessa jornada e em todos os momentos de dificuldades ela estava ali
para me ajudar e apoiar.
Flávia Fernanda dos Santos Máximo.
AGRADECIMENTOS
Agrademos primeiramente a Deus por nos dar sabedoria, competência e
iluminação durante toda esta caminhada e com isso concluir da melhor maneira
este trabalho.
Agradecemos a Aparecida e a Anelis pela amizade, tolerância, união,
respeito e companheirismo. De uma convivência surgiu uma amizade pura e
verdadeira que levaremos para o resto de nossas vidas. Somos gratas a Deus
pela vida de vocês (Elisangela e Flávia).
A Srª. Regina Malzoni e seu filho Rodrigo Malzoni, que prontamente
disponibilizaram a Fazenda Brasília para realizarmos o estudo de caso e que
durante todos esses meses nos receberam de portas abertas com muito
carinho, atenção, dedicação e compreensão, disponibilizando o seu tempo para
nos auxiliar em todas as etapas. Vocês foram essenciais para atingirmos o
objetivo de concluir este trabalho com êxito.
Ao nosso querido orientador Me. Francisco Vendrame, pela sua atenção,
dedicação e por compartilhar conosco os seus conhecimentos. O senhor
sempre esteve disposto a nos atender, nos deu orientações valiosas e
fundamentais para o bom desenvolvimento deste trabalho. Muito obrigada pela
paciência e disponibilidade.
A nossa querida coordenadora Me. Máris Vendrame que no decorrer
desses anos sempre esteve ao nosso lado, nos apoiou, aconselhou, incentivou
e acreditou que éramos capazes de vencer. Professora Máris a senhora é um
exemplo de profissional, és uma mulher de fibra, competente e guerreira.
A nossa professora Jovira o nosso muito obrigado por ter compartilhado
o seus conhecimentos, foi um prazer tê-la conosco nesta etapa tão importante
de nossas vidas.
Deixamos aqui o nosso muito obrigado aos nossos familiares que
durante esses anos nos apoiaram, nos incentivaram e foram pacientes e
compreensíveis com as nossas ausências em reuniões familiares devido a
trabalhos, provas e estudos.
RESUMO
Em virtude do mercado altamente competitivo, possuir métodos de controle efetivo, confiáveis e reduzir os custos, torna-se necessário para que as organizações permaneçam ativas. Em empresas de pequeno e médio porte, a situação se agrava, devido à fragilidade que apresentam em meio a este cenário, em que um simples detalhe pode acarretar no encerramento de suas atividades. Uma vez que os custos são administrados e controlados corretamente, é assegurado que os resultados da empresa sejam positivos, gerando lucratividade. Neste sentido, a gestão de custos tem sido uma ferramenta essencial para auxiliar os administradores, contadores e demais usuários a terem embasamento de fácil entendimento e fidedignos, que os auxiliem a tomar ações adequadas. A gestão de custos produz as informações gerenciais trazendo rentabilidade da empresa em termos de desempenho e financeiro, custos da operação por atividade, relatórios utilizados para planejamentos, entre outros. O objetivo é apurar os custos dos produtos em si, bem como os custos dos departamentos; atender as exigências contábeis; atender as exigências fiscais; controlar custos de produção; apurar os custos para melhorar os processos produtivos e eliminar desperdícios; apurar os custos para aperfeiçoar os resultados e, por fim, auxiliar na tomada de decisões gerenciais. O presente trabalho teve como finalidade demonstrar a importância da gestão de custos e enfatizar que um bom gerenciamento permite a tomada de decisão de forma responsável e coerente. Para atingir este propósito e melhor entendimento sobre os conceitos de custos, foi realizado um estudo de caso na Fazenda Brasília e uma revisão bibliográfica, com o intuito de levantar os custos envolvidos na produção de leite. Com base na pesquisa, detectaram-se os custos envolvidos na produção do leite, a quantidade produzida mensalmente e identificou-se o valor do litro e seu custo operacional, concluindo que os custos operacionais estão um tanto quanto elevados, mesmo assim os proprietários possuem controles rigorosos de suas atividades, partindo da premissa de melhorarias contínuas e investimentos em um produto de qualidade.
Palavras chave: Gestão de custos. Custos. Tomada de decisão.
ABSTRACT
Due to the highly competitive market, effective, reliable control methods and cost reduction, it is necessary for organizations to remain active. In small and medium-sized enterprises, the situation is aggravated, due to the fragility they present in the middle of this scenario, in which a simple detail can lead to the closure of their activities. Once the costs are managed and controlled correctly, it is ensured that the results of the company are positive, generating profitability. In this sense, cost management has been an essential tool to help administrators, accountants and other users to have an easy understanding and trustworthy foundation that will help them to take the appropriated action. Cost management produces the managerial information bringing the company's profitability in terms of performance and financial, operating costs per activity, reports used for planning, among others. The main objective is to determine the costs of the products themselves, as well as the costs of the departments; meet accounting requirements; meet fiscal requirements; controlling production costs; assess costs to improve production processes and eliminate waste; to determine the costs to improve the results and, finally, to help in the management decision making. The purpose of this paper was to demonstrate the importance of cost management and to emphasize that good management allows decision making in a responsible and coherent way. In order to achieve this aim and a better understanding of cost concepts, a case study was carried out at Fazenda Brasília and a bibliographical review aiming at raising the costs involved in milk production. Based on the research, the costs involved in milk production were detected, the quantity produced monthly and the liter value and its operational cost were identified, concluding that operating costs are somewhat high, even though owners have controls rigorous of its activities, starting from the premise of continuous improvements and investments in a quality product.
Key words: Cost management. Costs. Decision making. Management
information
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Fazenda Brasília ................................................................................ 14
Figura 2: Leite ................................................................................................... 17
Figura 3: Nestlé Araçatuba/SP.......................................................................... 18
Figura 4: Marcas Nestlé .................................................................................... 19
Figura 5: Produtos Nestlé ................................................................................. 19
Figura 6: Fornecedores ..................................................................................... 21
Figura 7: Organograma da fazenda .................................................................. 21
Figura 8: Conceitos básicos associados a suas características principais ....... 28
Figura 9: Principais classificações dos custos .................................................. 29
Figura 10: Representação gráfica dos custos variáveis .................................... 32
Figura 11: Representação gráfica dos custos fixos .......................................... 33
Figura 12: Gestão estratégica de custos .......................................................... 35
Figura 13: Custeio por absorção ....................................................................... 37
Figura 14: Alimentação do gado ....................................................................... 43
Figura 15: Sala de ordenha .............................................................................. 46
Figura 16: Verificação de impurezas/mastite .................................................... 46
Figura 17: Higienização e secagem dos tetos .................................................. 47
Figura 18: Retirada das teteiras ........................................................................ 48
Figura 19: Tanque de resfriamento ................................................................... 48
Figura 20: Caminhão isotérmico - Nestlé .......................................................... 49
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Custos com funcionários (Custo Fixo) ............................................. 50
Quadro 2: Custos com alimentação do gado (Custo Variável) ......................... 50
Quadro 3: Custos com tratos culturais (Custo Fixo) ......................................... 50
Quadro 4: Custos veterinários (Custo Fixo) ...................................................... 51
Quadro 5: Custos com ordenha (Custo Fixo) ................................................... 51
Quadro 6: Custos com equipamentos (Custo Fixo) .......................................... 52
Quadro 7: Custos com energia (Custo Fixo) ..................................................... 52
Quadro 8: Custos com consultoria (Custo Fixo) ............................................... 52
Quadro 9: Custos com frete (Custo Variável) ................................................... 52
Quadro 10: Custos totais por mês .................................................................... 53
Quadro 11: Quantidade de litros produzidos por mês ....................................... 53
Quadro 12: Total de custos variáveis por mês .................................................. 53
Quadro 13: Preço de venda por mês - Nestlé ................................................... 53
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABC: Activity Based Costing
BST: Bovine somatotropin
CPV: Custo do produto vendido
RKW: Reichskuratorium Fur Wirtschaftlichtkeit
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .................................................................................................. 12
CAPÍTULO I - A EMPRESA ............................................................................. 14
1 ORIGEM ....................................................................................................... 14
1.1 Missão........................................................................................................ 15
1.2 Visão .......................................................................................................... 16
1.3 Valores ....................................................................................................... 16
2 MIX DE PRODUTOS .................................................................................... 16
3 CLIENTE....................................................................................................... 17
4 CONCORRENTES ....................................................................................... 20
5 FORNECEDORES ........................................................................................ 20
6 ORGANOGRAMA ........................................................................................ 21
7 RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL ......................................... 22
CAPÍTULO II - GESTÃO DE CUSTOS ............................................................ 24
1 CONTABILIDADE ........................................................................................ 24
1.1 Contabilidade de Custos ............................................................................ 24
2 TERMINOLOGIAS ........................................................................................ 25
2.1 Custos ........................................................................................................ 25
2.2 Despesas ................................................................................................... 25
2.3 Gastos........................................................................................................ 26
2.4 Investimentos ............................................................................................. 26
2.5 Perdas........................................................................................................ 27
2.6 Desperdícios .............................................................................................. 27
3 CLASSIFICAÇÃO E COMPORTAMENTO DOS CUSTOS .......................... 28
3.1 Objeto e comportamento de custos ........................................................... 28
3.2 Classificação dos custos ............................................................................ 28
3.2.1 Classificação quanto à tomada de decisão ............................................. 29
3.2.1.1 Custos relevantes ................................................................................ 29
3.2.1.2 Custos não relevantes ......................................................................... 29
3.2.2 Classificação quanto à identificação ....................................................... 29
3.2.2.1 Custos diretos ...................................................................................... 29
3.2.2.2 Custos indiretos ................................................................................... 30
3.2.3 Classificação quanto ao volume de produção ......................................... 31
3.2.3.1 Custos variáveis ................................................................................... 31
3.2.3.2 Custos fixos ......................................................................................... 32
3.2.3.3 Custos semivariáveis ........................................................................... 33
3.2.3.4 Custos semifixos .................................................................................. 34
4 A IMPORTÂNCIA DO CONTROLE DE CUSTOS ........................................ 34
4.1 Gestão estratégica de custos ..................................................................... 34
5 MÉTODOS DE CUSTEIO ............................................................................. 35
5.1 Custeio por absorção ................................................................................. 36
5.2 Custeio ABC (Activity Based Costing) ....................................................... 37
5.3 Custeio direto ou variável........................................................................... 38
5.4 RKW .......................................................................................................... 38
6 ANÁLISE DE CUSTO/VOLUME/LUCRO ..................................................... 38
6.1 Margem de contribuição ............................................................................ 39
6.2 Ponto de equilíbrio ..................................................................................... 39
CAPÍTULO III - GESTÃO DE CUSTOS: FAZENDA BRASÍLIA ...................... 41
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 41
2 O PROCESSO DE PRODUÇÃO DO LEITE NA FAZENDA BRASÍLIA E
SEUS CUSTOS ................................................................................................ 42
2.1 Produção pecuária ..................................................................................... 43
2.2 O processo produtivo na Fazenda Brasília ................................................ 44
2.2.1 Alimentação ............................................................................................ 44
2.2.2 Ordenha Mecânica .................................................................................. 46
2.3 Os custos de produção do leite na Fazenda Brasília ................................. 49
3 PARECER FINAL ......................................................................................... 54
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO ..................................................................... 55
CONCLUSÃO ................................................................................................... 57
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 58
APÊNDICES ..................................................................................................... 61
12
INTRODUÇÃO
Atualmente o controle e o gerenciamento de custos têm sido essencial
para a subsistência e crescimento das organizações diante de um mercado tão
competitivo.
Estudos e pesquisas comprovam a necessidade da utilização de
ferramentas de gestão que forneçam informações precisas e confiáveis, para
auxiliar os gestores nas tomadas de decisões.
Muitas decisões são tomadas superficialmente, prejudicando a tomada
de decisão acertada, causando às empresas a não sobrevivência no mercado
devido à falta de estrutura, planejamento e controle.
Sendo assim, para uma gestão competente é necessário o levantamento
de informações sobre os custos, a fim de acompanhar gastos, orçar, regular a
produção, investir e trabalhar a política de vendas e de compras. Através
desses dados, estudam-se medidas visando a redução de custos e estratégias
para melhor investimento (ZANATA, 2013).
Como nem sempre há a possibilidade de um aumento significativo nas
receitas, a solução é diminuir os gastos da organização, para o consequente
aumento dos lucros e/ou diminuição dos prejuízos. (OLIVEIRA; PEREZ
JUNIOR, 2000).
Deste modo, ter um controle de custos efetivos é fundamental para que
se alcancem resultados positivos. Acompanhando e administrando
corretamente esses custos, dificilmente a empresa terá problemas econômicos
futuros.
O gerenciamento irá promover um controle real, permanente, adequado
e confiável de todas as vertentes que englobam o processo produtivo. Além de
tudo, permitirá que se garanta a resistência financeira da organização, bem
como controlar com eficiência e eficácia.
Com o objetivo de verificar a importância da gestão de custos, foi
realizada uma pesquisa de campo descritiva com abordagem qualitativa, que
levantou a influência dos custos no processo de produção do leite na Fazenda
Brasília de Lins, que atua na criação de gado de leite, sendo fornecedora direta
da Nestlé de Araçatuba/SP.
13
Diante do exposto, surgiu o seguinte questionamento:
O gerenciamento dos custos no processo produtivo do leite contribui
para um controle efetivo nos resultados da empresa?
Em resposta a tal questionamento, surgiu a seguinte hipótese:
independente do ramo em que a empresa venha atuar, seja no comércio,
prestação de serviço ou rural, gerenciar os custos continuamente auxilia a
saúde financeira da empresa, bem como a torna cada vez mais competitiva.
O trabalho está composto da seguinte forma:
No primeiro capítulo, será abordada a origem da empresa, o seu
produto, clientes, fornecedores, concorrentes, etc.
No segundo capítulo, serão abordados os conceitos de custos e suas
classificações.
No terceiro capítulo, apresentar-se-á o estudo de caso, com o resultado
da pesquisa contrapor a teoria com a prática.
Por último, apresentam-se a Proposta de Intervenção e Conclusão.
14
CAPÍTULO I
A EMPRESA
1 ORIGEM
A Fazenda Brasília, objeto deste estudo, possui 66,08 alqueires de terra
e está localizada na Via de acesso Lins/Guaimbê, a aproximadamente 7 (sete)
quilômetros da cidade de Lins/SP. É uma empresa familiar que está em
atividade desde 1969, sendo administrada pela família Malzoni.
A principal atividade econômica da empresa é a criação de gado leiteiro,
sendo fornecedora direta de leite para a Nestlé de Araçatuba/SP.
Figura 1: Fazenda Brasília
Fonte: autores, 2017.
A Fazenda Brasília foi fundada em 1969 por Eugênio Malzoni e,
atualmente, tem como proprietária a Srª. Regina Lefèvre Malzoni de Souza
(neta do Sr.Eugênio), formada em pedagogia. A fazenda é administrada por
seu filho Rodrigo Malzoni de Souza, graduado em Medicina Veterinária pela
15
Universidade de Santo Amaro UNISA e pós-graduado pela Faculdade de
Medicina e Zootecnia da Universidade de São Paulo FMVZ-USP.
A ideia surgiu com o Sr. Eugênio Malzoni, que investiu na fazenda em
determinada época nesta atividade. Porém, com o passar dos anos, o trabalho
foi aumentando e ele foi desanimando em função da redução da produção.
Desde criança, Rodrigo Malzoni gostava das atividades da fazenda e
acompanhava a sua rotina de perto. Com o passar dos anos, o desejo de
contribuir com o crescimento da fazenda só fez aumentar, levando-o a tomar
uma importante decisão: estudar Medicina Veterinária. Prestou o vestibular,
batalhou e formou-se em Medicina Veterinária e, com a ajuda de seus pais,
voltaram a investir na fazenda para aumentar a sua produção.
Após esta decisão, a família procurou assistência técnica de um
agrônomo, médico veterinário, contador que os orientou quanto às medidas
que deveriam ser tomadas para um bom planejamento e controle da atividade.
A família contou também com a colaboração dos funcionários que os ajudaram
a colocar todas as orientações em prática.
Hoje, a família Malzoni, conta com a ajuda de 3 (três) colaboradores,
que auxiliam nas tarefas rotineiras da fazenda.
Para chegarem onde chegaram, a família teve muitas dificuldades,
afinal, o ramo de gado leiteiro é um desafio e tem muitas barreiras que devem
ser quebradas. As principais dificuldades enfrentadas foram: mão-de-obra
qualificada, morar em outra cidade, variação do preço do litro de leite pago ao
produtor, assim como a variação dos preços dos insumos básicos e
necessários para a produção.
A Fazenda Brasília é um exemplo de que unidos “o trabalho, o empenho,
a perseverança, o controle, o planejamento e um bom gerenciamento” levam
ao alcance dos objetivos almejados e ter sucesso.
1.1 Missão
Produzir e comercializar leite com qualidade, garantindo o bem-estar da
criação de bovinos e a sustentabilidade do negócio.
16
1.2 Visão
Estar entre os 100 principais produtores de leite do Brasil e ser
referência de excelência em produção de leite com qualidade.
1.3 Valores
Satisfazer o cliente; valorizar e respeito aos animais, funcionários e às
pessoas envolvidas na produção; ter responsabilidade social; respeitar o meio
ambiente.
2 MIX DE PRODUTOS
Mix de produto é a diversidade de itens que uma empresa oferece no
mercado para alcançar diversos clientes ou conquistar uma parte maior de seu
segmento. (AVILA, 2014).
O produto comercializado pela Fazenda Brasília é o leite, que é um
alimento riquíssimo em nutrientes e importantíssimo na alimentação. Possui
como característica, uma secreção esbranquiçada produzida pelas glândulas
mamárias das fêmeas dos mamíferos. É um alimento bastante consumido
pelos seres humanos e animais, principalmente durante os primeiros anos de
vida.
Na Fazenda Brasília, o leite é proveniente da raça Girolando, que é o
cruzamento da raça Holandesa com a Gir Leiteiro:
Holandesa: trata-se de uma das raças que mais produzem leite, sua
origem tem como característica a cor branca com manchas pretas (malhada),
os úberes (mamas) grandes, bem como seu porte.
Gir Leiteiro: geralmente são animais grandes, apresentam pelos lisos e o
leite é bastante grosso (ótimo para a fabricação de queijos). Esta raça também
é destinada à produção de carne de corte, apresentando um cupim bastante
suculento.
Girolando: é o cruzamento entre as raças Gir e Holandesa, tendo como
origem o Brasil. A finalidade deste cruzamento é a obtenção de uma maior
17
produção de leite de boa qualidade que pudesse ser um atrativo para os mais
diversos produtos derivados. Tem como característica o pelo malhado de preto
e branco ou chita.
Figura 2: Leite
Fonte: Leite, 2017.
O leite produzido na fazenda é conhecido como leite cru, ou seja, leite
retirado diretamente do úbere da vaca e destinado a um local adequado para
armazenamento. Esta nomenclatura é utilizada, pois este leite não passou por
nenhum processo de tratamento para eliminar qualquer agente infeccioso.
3 CLIENTES
Cliente é o ser humano que tem suas próprias decisões de compra, ou
seja, é quem decide o que vai comprar e levar, em muitas empresas a decisão
de compra é feita após um processo de consulta, que envolve a maioria das
pessoas e, com isso, elas serão incluídas no termo clientes. A explicação mais
eficaz para cliente é a pessoa que está no momento da compra e a quem se
está tentando ajudar no momento. (FREEMANTLE, 2001).
A parceria da Nestlé com a Fazenda Brasília começou em meados de
julho de 2015. Há algumas exigências estabelecidas pela Nestlé, tais como:
sempre priorizar o bem estar dos animais, dos funcionários, do meio ambiente
e da qualidade do leite.
A história da Nestllé começa em 1866, quando a Anglo-Swiss
Condensed Milk Company abre a primeira fábrica de leite condensado da
18
Europa na Suíça. Henri Nestlé desenvolve um alimento infantil revolucionário
em 1867 e, em 1905, a empresa criada por ele, funde-se com a Anglo-Swiss
para formar o que hoje é conhecido como Grupo Nestlé. Durante esse período
de crescimento das cidades, houve o aumento das estradas; de ferrovias; dos
navios a vapor; da redução nos custos das commodities, o que estimula o
comércio internacional de bens de consumo.
Figura 3: Nestlé Araçatuba/SP
Fonte: Nestlé, 2017.
Os irmãos norte-americanos Charles e George Page ajudam a criar
a Anglo-Swiss Condensed Milk Company. Utilizando o leite fresco, abundante
na Suíça, aplicam o conhecimento adquirido em seu país natal para
estabelecer a primeira fábrica de leite condensado da Europa, em Cham.
Começam a fornecer o produto para as cidades industriais europeias, sob a
marca Milkmaid, comercializando o produto como uma alternativa segura e de
longa duração em relação ao leite fresco, alterando sua denominação, em
1947, para Nestlé Alimentana S.A.
Seu carro chefe era a farinha láctea, leite de vaca em pó com farinha de
trigo, do qual se retiravam alguns elementos que prejudicavam a digestão dos
bebês. Na época, havia grande mortalidade infantil na Europa causada, em
parte, pela deficiência do leite materno e a solução Nestlé ajudou a reduzir a
mortalidade. A empresa é pioneira da internacionalização e, hoje, está em 194
países, com 447 fábricas e 330.000 empregados. É a maior empresa de
alimentos do planeta, maior também em alimentação infantil.
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A Nestlé possui um portfólio que abrange quase todas as categorias de
alimentos e bebidas - proporcionando aos consumidores produtos saudáveis
para desfrutar em cada fase da vida, sendo a maioria deles à base de leite.
Abaixo algumas marcas e alguns de seus produtos:
Figura 4: Marcas Nestlé
Fonte: Marcas e Produtos Nestlé, 2017.
Seus alimentos estão presentes no dia-a-dia de muitas pessoas,
independente da idade e do poder aquisitivo. Exemplos:
a) No café da manhã: cafés, biscoitos e achocolatados.
b) Nas refeições: temperos e sopão.
c) Nas sobremesas: sorvetes, leite condensado, chocolates em geral.
d) No esporte: cereais, bebidas lácteas, suplementos e água.
e) No público infantil: farinha láctea, leite em pó e papinhas.
Figura 5 - Produtos Nestlé
Fonte: Marcas e Produtos Nestlé, 2017.
20
4 CONCORRENTES
Compreende como concorrentes as outras empresas que oferecem o
mesmo tipo de produto ou serviço. (BATALHA, 2007).
A administração da Fazenda Brasília, aderiu um conceito de fazer o
melhor para satisfazer o cliente que, no caso, é a Nestlé. Desta forma, a
fazenda possui um rigoroso controle de qualidade, seguindo todas as
exigências do seu cliente.
A administração não acredita em concorrentes, muito pelo contrário,
procura produzir um leite com qualidade, dentro dos padrões e com um bom
custo-benefício.
Com uma visão holística, a administração da fazenda procura inovar e
investir em novas tecnologias, buscando estar à frente dos demais produtores
de leite da região.
No entanto, os concorrentes da Fazenda Brasília são todos os
produtores rurais da região que também realizam a criação de gado leiteiro
para a venda do leite.
5 FORNECEDORES
A função do fornecedor, dentro da atual logística, é a de ser parceiro da
operação, que compreende desde o desenvolvimento do produto até o preço,
qualidade e prazos, visando sempre à satisfação do cliente. (MARTINS; ALT,
2003).
Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica que, no exercício da sua atividade profissional econômica, lança produtos ou serviços no mercado de consumo. A atividade profissional da pessoa física ou jurídica deve ser, em qualquer hipótese, o meio para que o consumidor proceda a aquisição do produto ou do serviço. (LISBOA, 2012, [s.p.]).
A Fazenda Brasília, atualmente, conta com vários fornecedores que são
responsáveis por garantir a alimentação, medicamentos, produtos de ordenha
para a criação e manejo do gado e também com fornecedores que garantem a
manutenção da fazenda.
21
A administração da fazenda busca fazer a aquisição dos produtos da
propriedade em Lins/SP e na cidade vizinha Promissão/SP. Porém, sempre
que necessário, busca os produtos em outras regiões do estado e do Brasil,
levando em conta o custo-benefício, mas sempre zelando pela qualidade dos
produtos adquiridos.
Abaixo, alguns de seus principais fornecedores de alimentos
concentrados, medicamentos, produtos para ordenha, ferramentas e utensílios
em geral.
Figura 6: Fornecedores
Fonte: autores, 2017.
6 ORGANOGRAMA
A Fazenda Brasília conta com 3 (três) colaboradores, sendo que cada
um deles possui as suas atribuições, que são realizadas diariamente.
Figura 7: Organograma da Fazenda
Fonte: autores, 2017.
22
As atividades na fazenda são exercidas da seguinte forma: a) Regina Lefèvre Malzoni de Souza: proprietária, responsável pela
parte financeira e por tomar medidas emergenciais;
b) Rodrigo Malzoni de Souza: administrador e responsável pela parte
financeira, por tomar medidas emergenciais, cuidar de todos os
animais, pedir insumos pecuários e agrícolas, e supervisionar todas
as funções dos funcionários;
c) Roberto Edson de Souza: gerente, supervisiona a ordenha, a
qualidade do leite, o trato dos animais, o bezerreiro, cuida de todos
os animais, ajuda na inseminação dos animais, da parte agrícola, da
manutenção da fazenda, e passando informações diárias a Rodrigo
Malzoni, administrador;
d) Carlos Alexandre Figueiredo da Silva: funcionário e responsável pela
ordenha, por toda parte agrícola, cuidados com todos os animais e
pela manutenção da fazenda;
e) Thainá Roberta de Souza: funcionária responsável pela qualidade do
leite, saúde dos animais, limpeza e higiene da ordenha.
7 RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL
De acordo com Daft (2010), responsabilidade social é diferenciar o certo
do errado e, com isso, fazer apenas o certo. É obrigação de todos realizarem
ações que beneficiarão o bem-estar das pessoas e também os das empresas.
Para algumas pessoas, é difícil entender esse conceito devido ao tipo de
crença que cada cidadão tem de diferentes formas de pensar. Antigamente, os
gerentes consideravam os ambientalistas como pessoas extremistas de
periferia. Nos dias de hoje, é um assunto muito importante entre os líderes de
negócios de todos os departamentos e todos eles estão embarcando na
questão que se refere ao ambiente.
A administração da fazenda entende que precisa melhorar bastante
nesse setor. Está com um projeto de irrigação, que será implantado em 2018,
quando utilizarão os dejetos produzidos na fazenda para adubação dos
piquetes rotacionados.
23
Esse projeto irá favorecer a fazenda e muito, tanto na parte de custos,
que diminuirão devido à economia com utilização desse adubo natural, como
na parte ambiental.
Até o momento, os únicos meios que a fazenda possui para cuidar do
meio ambiente são a reciclagem e a preservação das áreas nativas.
Em relação à ação social, no momento, a fazenda não tem feito nada a
respeito, mas futuramente irá traçar estratégias relacionadas ao tema.
24
CAPÍTULO II
GESTÃO DE CUSTOS
1 CONTABILIDADE
“Contabilidade é a ciência que estuda os fenômenos patrimoniais,
preocupando-se com realidades, evidências e comportamentos dos mesmos,
em relação à eficácia funcional das células sociais.” (SÁ, 1998, p.42).
De acordo com Ching (2001), a principal função da contabilidade é gerar
informações precisas e úteis, para que o gestor possa tomar decisões
econômicas com sucesso.
1.1 Contabilidade de custos
A contabilidade de custos surgiu da contabilidade financeira, na primeira
década do século XX. Naquela época, as organizações eram carentes de
relatórios gerenciais financeiros, utilizados tanto na área operacional (avaliação
e controle de estoque), quanto na área administrativa (balanço dos resultados
da empresa). (CHING, 2001).
Para facilitar o gerenciamento das empresas em geral, os
administradores passaram a fazer uso da contabilidade de custos que é o
segmento da ciência contábil especializado na gestão do custo e dos preços de
vendas de produtos e serviços oferecidos pela empresa. (PADOVEZE, 2013).
Ela irá gerar informações em forma de relatórios para os usuários
responsáveis por tomar as decisões, que são os empresários (próprios donos),
diretores e gestores, que necessitam de informações rápidas e confiáveis;
auxiliará na determinação de desempenho, planejamento e controle de
operações.
Além disso, a contabilidade de custo tem várias funções tais como:
coletar dados operacionais, classificar e registrar, em várias áreas da empresa,
sendo eles internos, e às vezes, externos. (LEONE; LEONE, 2010).
25
2 TERMINOLOGIAS
Segundo Wernker (2004), para conseguir o objetivo de ter uma gestão
de custo eficiente é necessário compreender os conceitos básicos relacionados
ao tema.
As palavras como custo, despesa, consumo, gasto e prejuízo são
usadas largamente como sinônimos, contudo devem fazer uma separação
técnica entre as principais terminologias por expressarem a mesma coisa, com
o objetivo de clarear seus significados e assim facilitar a utilização no modelo
de decisão empresarial. As diferenças terminológicas surgiram devido às
necessidades contábeis, legais e fiscais e, por esse motivo, seu significado é
muito importante, e podem ser mantidas para escopo gerencial de custo.
(PADOVEZE, 2013).
2.1 Custos
Custos são todos os gastos realizados no seguimento de fabricação de
bens ou de prestação de serviços. Em se tratando de indústria, são os fatores
usados na produção, tais como matérias-primas, salários sociais dos
funcionários da fábrica, energia elétrica, água, queda no valor das máquinas,
dos móveis e das ferramentas usadas no processo de trabalho. (WERNKE,
2004).
De acordo com Padoveze (2013), os custos são os gastos usados na
fabricação de um produto, exceto investimento. Resumindo, custos são todos
os gastos efetuados pela empresa e esses gastos são relacionados aos
produtos.
2.2 Despesas
As despesas são todos os gastos que estão ligados às áreas
administrativas e comerciais para vender e distribuir os produtos e, após o
produto ser vendido, o seu custo transforma-se em despesas. (PADOVEZE,
2013).
26
Despesas expressam o valor dos bens ou serviços consumidos direta ou indiretamente para obtenção de receitas, de forma voluntária. Esse conceito é utilizado para identificar os gastos não relacionados com a produção, ou seja, os que se referem às atividades não produtivas da empresa. Geralmente, são essas atividades e despesas financeiras. Exemplos: Salários e encargos sociais da administração (despesas administrativas), juros bancários pagos (despesas financeiras) e propaganda (despesas comerciais). (WERNKE, 2004, p.12).
2.3 Gastos
Na visão de Padoveze (2013), gastos para o produto são feitos em
processo de produção, são os gastos industriais denominados custos.
Gastos são todas as ocorrências de pagamentos ou de recebimentos de ativos, custos ou despesa. Significam receber os serviços e os produtos para consumo em todo o processo operacional, bem como os pagamentos efetuados e os recebimentos de ativos. Como se pode verificar, gastos são ocorrências de grande abrangência e generalização. Gasto também é sinônimo de dispêndio, o ato de despender. (PADOVEZE, 2013, p.16).
Gastos são um conjunto que engloba todos os itens como exemplo:
gastos podem ter relações com investimentos, quando é contabilizado no ativo
da empresa. Gastos também são utilizados para definir os fatos financeiros
ocorridos em uma empresa que utiliza recursos ou geram dívidas. (WERNKE,
2004).
Para Martins (2003, p.17), gasto é “compra de um produto ou serviço
qualquer, que gera sacrifício financeiro para a entidade (desembolso), sacrifício
esse representado por entrega ou promessa de entrega de ativos
(normalmente dinheiro)”.
2.4 Investimentos
Investimentos são todos os tipos de gastos existentes que irão beneficiar
a empresa futuramente, como exemplo: aquisição de ativos, como estoque e
máquinas, em caso de compra, a empresa desembolsa recursos, focando em
um lucro futuro sob a forma de produtos fabricados. (WERNKE, 2004).
27
“Investimentos são todos os bens e direitos registrados no ativo das
empresas para baixa em função de venda, amortização, consumo,
desaparecimento, perecimento ou desvalorização.” (SANTOS, 2005, p.25).
2.5 Perdas
Segundo Oliveira e Perez Junior (2000), perdas são gastos anormais ou
involuntários que não resultam em um novo bem ou serviços e muito menos
produzirão receitas.
De acordo com Martins (2003), perdas são bens ou serviços consumidos
de forma irregular e involuntária.
Perdas são os fatos ocorridos em situações excepcionais que fogem à normalidade das operações da empresa. Tais itens não são considerados operacionais e não fazem parte dos custos de fabricação dos produtos. Constituem-se de eventos ocasionais e indesejados, como a deterioração anormal de ativos causados por incêndios ou inundações, furtos etc.(WERNKE, 2004, p.12).
2.6 Desperdícios
Os desperdícios são o conjunto que envolve os custos e as despesas
usados de forma não adequada dentro de uma empresa. Em outras palavras,
são as atividades que não acrescentam valor e que resultam em gastos de
tempo, dinheiro, recursos sem lucro e, assim, somando custos sem
necessidades aos produtos. (WERNKE, 2004).
De acordo com Padoveze (2013), desperdício não é uma terminologia
técnica de custos, mas tem sido muito utilizada, quando se refere à gestão ou
diminuição de custos. Alguns dicionários definem o desperdício como gasto
sem aproveitamento, ou seja, gastos sem necessidade. Esse tipo de
comportamento não é aceito nas empresas e quando o processo, tarefa ou
atividade pode ser realizado de forma mais econômica e não é feito, tem-se
uma situação concreta de desperdício.
A figura 8 traz como os gastos estão relacionados aos seus respectivos
conceitos básicos associados a características principais de cada um. Percebe-
28
se que os gastos têm relação com investimentos, perdas, despesas,
desperdícios e custos.
Figura 8: Conceitos básicos associados a suas características principais.
Gastos
Investimentos (benefício futuro)
Perdas (gasto involuntário)
Despesas (administração)
Desperdícios (não agregam valor)
Custos (fábrica)
Fonte: Wernke, 2004, p.12.
3 CLASSIFICAÇÃO E COMPORTAMENTO DOS CUSTOS
3.1 Objeto e comportamento dos custos
De acordo com Padoveze (2013), o objeto de custo é a unidade que
queira ter o custo específico apurado, é o item que será a meta de uma
mensuração monetária e seu objetivo é obter um custo total ou unitário. O
objeto de custo pode ser classificado como um produto, serviço, mercadoria,
atividade, um processo e outros. Dos objetivos de custo, o que mais se
pretende mensurar são os produtos e serviços executados e vendidos pela
empresa.
O comportamento de custo designa a evolução do seu valor, sendo ele
fixo e variável. Em se tratando do volume de atividade, quando a evolução do
custo aumenta e o volume aumenta ou diminui, tem sua característica de
variabilidade, sendo assim, torna-se um custo variável, e se não sofrer
alterações, não aumenta e nem diminui, é classificado como custo fixo.
3.2 Classificação dos custos
Os custos possuem várias classificações na área contábil, porém em
termos gerenciais pode ser classificado em várias categorias: quanto à tomada
de decisão, como custos relevantes e custos não relevantes; quanto à
identificação como custos diretos e custos indiretos e, quanto à variação do
volume produzido, como custos variáveis e custos fixos.
29
Abaixo, a classificação dos custos será abordada de forma mais
detalhada.
Figura 9: Principais classificações dos custos
Classificação Categorias
Quanto à tomada de decisão Relevantes Não relevantes
Quanto à identificação Diretos Indiretos
Quanto ao volume produzido Variáveis Fixos
Fonte: Wernke, 2004, p.13.
3.2.1 Classificação quanto à tomada de decisão
Quando relacionado à tomada de decisão, os custos podem ser
classificados como relevantes e não relevantes.
3.2.1.1 Custos relevantes
Os custos relevantes são aqueles que se alteram de acordo com a
decisão tomada (WERNKE, 2004).
3.2.1.2 Custos não relevantes
Os custos não relevantes, independentemente da decisão que venha a
ser tomada, este não terá alteração nenhuma (WERNKE, 2004).
3.2.2 Classificação quanto à identificação
Os custos também podem ser classificados em relação ao bem,
produtos ou serviço que a empresa está produzindo ou irá fornecer ao cliente.
3.2.2.1 Custos diretos
Os custos diretos são aqueles que podem ser fisicamente identificados
30
para um segmento particular em consideração. (PADOVEZE, 2013).
O custo direto é o custo que pode ser diretamente apropriado a cada tipo
de bem ou órgão, no ato de sua ocorrência, ou seja, está diretamente ligado a
cada tipo de bem ou função de custo. São exemplos de custos diretos: matéria-
prima direta e mão-de-obra direta. (DUTRA, 2003).
O gasto facilmente apropria-se às unidades produzidas, ou seja, são aqueles que podem ser identificados como pertencentes a este ou aquele produto... Correspondem aos gastos específicos do produto ou serviços, ou seja, não sendo produzida ou executado o serviço, esses gastos não ocorrem. (WERNKE, 2004, p.13).
Segundo Padoveze (2013), os custos serão diretos se for:
a) capaz de apurar ou determinar uma relação direta com o produto
final;
b) provável identificá-los no produto final;
c) nítido e precisamente específico do produto final, e não se misturar
com os demais produtos;
d) capaz de mensurar seu envolvimento no produto final etc.
Para Oliveira e Perez Junior (2000), os custos diretos são aqueles que
podem ser mensurados e distinguidos aos produtos ou serviços e valorizados,
com certa facilidade. Assim, não necessitam de critérios de rateios para serem
destinados aos produtos fabricados ou serviços prestados, já que são
facilmente identificados.
3.2.2.2 Custos indiretos
Os custos indiretos possuem relação com o produto final, mas não de
forma direta. São os gastos que não podem ser destinados de forma direta ou
objetiva aos produtos, a outro segmento ou atividade operacional, e caso sejam
atribuídos aos produtos, serviços ou departamentos, esses gastos, serão
mediante os critérios de rateio. São considerados os gastos que a empresa tem
para exercer suas atividades, mas que não possuem relação direta com um
produto ou serviço especifico, pois se relacionam com vários produtos ao
mesmo tempo. (WERNKE, 2004).
31
Segundo Oliveira e Perez Junior (2000), os custos indiretos são aqueles
que, por não serem plenamente identificados nos produtos ou serviços, não
podem ser apossados de forma direta para as unidades específicas, ordens de
serviço ou produto, serviços executados, etc. Precisam, deste modo, da
utilização de algum método de rateio para a sua alocação.
Conforme Dutra (2003, p. 43) “rateio é uma divisão proporcional por uma
base, cujos dados tenham valores conhecidos em cada uma das funções de
custos e que julga que o custo ocorre nas mesmas proporções dessa base”.
3.2.3 Classificação quanto ao volume de produção
Os custos diretos e indiretos podem ser classificados de duas formas,
quando se refere à atuação vinculada ao volume de produção, ou até mesmo
às vendas: em fixos ou variáveis.
3.2.3.1 Custos variáveis
Os custos variáveis são aqueles que se alteram em função do volume de
produção, ou seja, à medida que a quantidade produzida ou vendida aumenta,
ele aumenta também; e à medida que a quantidade produzida diminui, ele
diminui, na mesma proporção.
Os custos variáveis são os que estão diretamente relacionados com o volume de produção ou venda. Quanto maior for o volume de produção, maiores serão os custos variáveis totais. São os valores consumidos ou aplicados que têm seu crescimento vinculado à quantidade produzida pela empresa. Têm seu valor determinado em função de oscilações na atividade da empresa, variando de valor na proporção direta do nível de atividades (WERNKE, 2004, p.14).
Definem-se custos variáveis como aqueles que variam em função da
variação do volume de atividade, ou seja, da variação da quantidade produzida
no período. Quanto maior o volume de atividade no período, maior será o custo
variável e, ao contrário, quanto menor o volume de atividade no período, menor
será o custo variável. (DUTRA, 2003).
32
A figura 10 demonstra com bastante clareza o conceito dos custos
variáveis, à medida que a quantidade produzida ou vendida vai crescendo, os
custos variáveis também crescem.
Figura 10: Representação gráfica dos custos variáveis
($)
Custos variáveis
Unidades produzida/vendida
Fonte: Wernke, 2004, p.15.
Conforme Oliveira e Perez Junior (2000), os custos variáveis são
aqueles que mantêm uma relação direta com o volume de produção ou serviço
e, consequentemente, podem ser identificados com os produtos. Dessa
maneira, o total dos custos variáveis cresce, à medida que o volume de
atividades da empresa aumenta. Na maioria das vezes, esse crescimento, no
total, evolui na mesma proporção do acréscimo no volume produzido.
3.2.3.2 Custos fixos
Já os custos fixos, independentemente do volume de produção ou de
vendas, não será alterado devido a esta variação.
Os custos fixos são os gastos que tendem a se manter constantes nas alterações de atividades operacionais, mesmo que o volume de produção ou venda se altere. São os custos que têm seu montante fixado sem vínculo com o aumento ou diminuição da produção. Assim esses custos permanecem no mesmo valor independente da quantidade produzida ou vendida (WERNKE, 2004, p.14).
Definem-se custos fixos como aqueles de estrutura que ocorrem período
após período, sem variações ou cujas variações não são consequências de
33
variações do volume de atividade, em períodos iguais. Um exemplo
característico é o aluguel de imóvel ocupado por certa indústria, cujo valor
mensal é o mesmo em cada período, independentemente do volume de
produção, em cada período considerado. Mesmo que o valor do aluguel seja
reajustado na renovação do contrato, o custo continua fixo, pois houve apenas
uma atualização do valor contratado. (DUTRA ,2003).
Já na figura 11, diferentemente da figura anterior, à medida que a
quantidade produzida ou vendida vai crescendo, os custos fixos permanecem
constantes.
Figura 11: Representação gráfica dos custos fixos
($)
Custos fixos
Unidades produzidas /vendida
Fonte: Wernke, 2004, p.15.
Os custos fixos são aqueles que permanecem ininterruptos dentro de
determinada capacidade instalada, independente do volume de produção.
Como resultado, não são identificados como de produção do período, mas
como custo de um período de produção. (OLIVEIRA; PEREZ JUNIOR, 2000).
Segundo ambos, os custos fixos têm como principais características:
a) o valor total continua constante dentro de certo intervalo de volume
de produção, considerando normal, chamado de intervalo de
significância; e
b) o valor por unidade produzida/vendida muda de acordo com a
variação no volume de produção, por se tratar de um valor fixo total
desfeito por uma quantidade maior ou menor de produção/vendas;
3.2.3.3 Custos semivariáveis
34
Os custos semivariáveis são os custos que, dependendo do nível de
produção ou venda, passa a variar, no entanto, possuem uma parcela fixa.
Na visão de Wernke (2004), os custos semivariáveis são aqueles que
variam de acordo com o volume produzido ou de venda, mas não exatamente
na mesma proporção. Eles possuem uma parcela fixa, a partir da qual passam
a ser variáveis.
3.2.3.4 Custos semifixos
Já os custos semifixos são aqueles que variam de acordo com certos
intervalos, e só irão variar, se acontecer uma mudança de faixa dentro deste
intervalo.
Segundo Wernke (2004), os custos semifixos são aqueles que
permanecem constantes dentro de certos intervalos, alterando-se em degraus
até atingir um novo patamar de atividade.
4 A IMPORTÂNCIA DO CONTROLE DE CUSTOS
Santos (2005, p.23) afirma que “o coração estava para a vida do corpo,
assim como o controle de custos estava para a empresa”.
O setor administrativo precisa estar bem informado, com uma boa
preparação, gestão de custos e de lucro, para estar à frente dos concorrentes
no setor em que atua. (SANTOS, 2005).
Desta forma, entende-se que, se uma empresa pretende ser competitiva,
além de ter um controle contínuo e conhecimento de mercado, ela dever ter em
seu quadro funcionários capacitados e competentes que possam tomar
decisões coerentes para o alcance de bons resultados.
4.1 Gestão estratégica de custos
A superioridade competitiva de uma empresa está em sua maior ou
menor habilidade em estruturar sua cadeia de valores, estabelecer um
posicionamento estratégico condizente com a realidade de seus negócios e
35
gerenciar de forma eficaz os fatores que direcionam os custos. (WERNKE,
2004).
Figura 12: Gestão estratégica de custos
Fonte: Shank e Govindarajan (apud WERNKE, 2004, p.64)
“A cadeia de valores é uma reunião de atividades que são executadas
para projetar, produzir, comercializar, entregar e sustentar seu produto”.
(WERNKE, 2004, p. 65).
A cadeia de valores fragmenta a empresa nas atuações de significância
estratégica, buscando entender as reações dos custos, dos elementos
presentes e das capacidades de distinção. Posicionamento estratégico é
essencial para poder ter vantagem competitiva.
Se uma empresa tem a intenção de estar no mercado de forma
competitiva, precisa tomar um posicionamento estratégico, tendo em vista
ganhar vantagens na área de atuação. (WERNKE, 2004).
A estratégia competitiva busca determinar um posicionamento de lucro
sustentável em comparação aos efeitos que mostram quem é o concorrente no
mercado de atuação. (PORTER, 1997 apud WERNKE, 2004).
No tocante à análise dos direcionadores de custos, Wernke (2004)
mostra que essa ferramenta é usada para determinar os custos.
“No processo de gestão estratégica de custos, após a análise da cadeia
de valores, devem-se identificar e analisar os determinantes de custos (ou
direcionadores de custos”.(WERNKE, 2004, p. 68).
5 MÉTODOS DE CUSTEIO
As organizações estão com dificuldades em avançar de forma eficiente
em suas atividades. Não mantendo um acompanhamento contínuo e
GESTÃO ESTRATÉGICA
DE CUSTOS
CADEIA DE VALORES
POSICIONAMENTO ESTRATÉGICO
DIRECIONADORES DE CUSTOS
36
controlado dos processos, não utilizando a tecnologia da informação, ficam
competitivamente prejudicadas. Sabe-se que o sistema da informação tornou-
se uma ferramenta fundamental para o controle de custos. (WERNKE, 2004).
Na medição do ganho em produtos e serviços, utiliza-se como causa o
preço do mercado. Por precisar analisar o resultado, o ponto mais importante
será método de custeio. (PADOVEZE, 2013).
A entrega de valores “reais” dos produtos, agora faz parte dos maiores
objetivos da gestão de custos. (WERNKE, 2004).
Os métodos de custeamentos mais conhecidos ou utilizados são o custeio por absorção, o custeio baseado em atividades (Activity Based Costing:ABC), o custeio direto ou variável e o custeio pelo método das unidades de esforço de produção. (WERNKE, 2004, p.20).
5.1 Custeio por absorção
“Consiste na apropriação de todos os custos de produção aos bens
elaborados, e só os de produção”, (MARTINS, 1996, p.41).
O custeio por absorção se soma aos produtos. De forma geral os custos
do setor da fábrica, sendo os mesmos: diretos ou indiretos, fixos ou variáveis.
No geral, esse método de custeio por absorção costuma ser criticado.
(WERNKE, 2004).
Entra nesse modelo de custeamento todos os procedimentos que
empregam de forma indiferente todos os custos, para chegar ao custo unitário.
(PADOVEZE, 2013).
O método de custeio por absorção, também chamado custeio pleno ou Integral, é o mais utilizado quando se trata de apuração de resultado e consiste em associar aos produtos e serviços os custos que ocorrem na área de elaboração, ou seja, os gastos referentes as atividades de execução de bens e serviços, (DUTRA, 2003, p. 226).
O notável método de custeio por absorção, que leva consigo este nome,
acaba sendo responsável pelos demais conceitos de absorção. (PADOVEZE,
2013).
37
Para Wernke (2004), no geral, esse método de custeio por absorção
costuma ser criticado.
A maior desvantagem do custeio por absorção está ligado na forma que
são feitos os rateios dos custos, nos setores da empresa e/ou produtos.
(WERNKE, 2004).
“A forma de custeio por absorção é entendida como básica na avaliação
de estoque utilizando a contabilidade, com o objetivo de levantamento do
balanço patrimonial e de resultados”. (SANTOS, 2005, p. 82).
Figura13: Custeio por absorção
Fonte: Martins, 2015, p.37.
5.2 Custeio ABC (Activity Based Costing)
De acordo com Wernke (2004), o custeio ABC prioriza a atividade da
empresa como um ponto chave na análise dos custos, levando-se em
consideração como os mesmos se comportam.
Na visão tradicional (custeio absorção), os produtos ou serviços (centro de custos ou de responsabilidade) consomem recursos. Na metodologia ABC, supõe-se que serviços ou produtos consomem atividades e que são essas atividades que consomem os recursos (WERNKE, 2004, p.22).
38
O comportamento dos custos por atividade é analisado por esse método.
Nessa forma de análise observam-se os seus comportamentos. (WERNKE,
2004).
Baseando-se no ABC pode-se ter a perspectiva de uma atribuição plena
em todos os custos e despesas das mercadorias. (MARTINS, 1996).
5.3 Custeio direto ou variável
Custeio direto ou variável é um modelo que prevê uma adequação de
caráter gerencial, com reflexão apenas nos custos variáveis dos produtos
vendidos, sendo os custos fixos separados e considerados como as despesas
da data. Considera-se esse processo apenas para os custos variáveis de
produção e de venda do produto ou serviço como matéria- prima, mão-de-obra
direta, serviços prestados por terceiro na aplicação do produto, imposto sobre
vendas, comissões e muito mais. (WERNKE, 2004).
Um suporte, que, no Custeio Direto ou Custeio Variável, será destinado
aos produtos, apenas os custos varáveis, separando os fixos considerando-os
como despesas, obtendo-se o resultado. (MARTINS, 1996).
5.4 RKW
De acordo com Martins (2008), o RKW é um método de custos criado
com a finalidade de auxiliar na fixação de preços. Ele reside no rateio não
apenas de custos de produção, mas assim como em todas as despesas da
empresa, principalmente no ramo financeiro. Seu objetivo é chegar aos custos
de produzir e vender produtos.
O RKW é um procedimento que se iniciou na Alemanha e é uma técnica
reconhecida no Brasil, contudo este método é similar aos outros já existentes
internamente. A Sigla RKW significa: Reichskuratorium Fur Wirtschaftlichtkeit.
(MARTINS, 1996).
6 ANÁLISE DE CUSTO / VOLUME / LUCRO
39
O exame de custo / volume / lucro são formas com objetivos de
demonstrativos que expõe as inter-relações das vendas, custos, graus do
trabalho desenvolvido e o lucro. Trata-se de fatores bastante usados no
planejamento e análise do lucro. (WERNKE, 2004).
6.1 Margem de contribuição
A margem de contribuição é a quantia decorrente da venda, após tirado
os custos e despesas variáveis, alocado ao produto vendido. (WERNKE, 2004).
A margem de contribuição é a margem bruta, obtida pela venda de um produto ou serviço, que excedem seus custos variáveis. Em outras palavras, a margem de contribuição é o mesmo que lucro variável unitário, ou seja, o preço unitário do produto deduzido de custos e despesas variáveis necessários para produzir e vender o produto. (PADOVEZE, 2013, p. 295).
A margem de contribuição total precisa ser superior aos custos fixos.
Dessa forma, a organização poderá obter lucro. Se a margem de contribuição
for inferior ao custo fixo, significa que a empresa está em prejuízo. (TÓFOLI,
2012).
“A maximização da margem de contribuição unitária de um produto
isolado necessariamente não maximiza a margem de contribuição como um
todo”. (TÓFOLI, 2012, p.140).
6.2 Ponto de equilíbrio
Significa a quantidade de produtos que a empresa tem que produzir ou
vender, para poder pagar os custos e despesas fixas e variáveis, que tem
participação na produção e venda do produto. O ponto de equilíbrio é aqueles
que a empresa não tem nem lucro e nem prejuízo. (PADOVEZE, 2013).
O ponto de equilíbrio tem esse nome, quando as vendas e os custos se
igualam em somatória, mostrando a capacidade mínima com a qual a empresa
deve trabalhar. Também conhecido como ponto de ruptura. É importante
entender esse ponto: sabe-se que ele é o ponto em que a empresa não tem
lucro e nem prejuízos. Através disso, entende-se que essa técnica é utilizada
40
em gestão de curto prazo, pois não dá para pensar em longo prazo, se a
empresa não der resultado (PADOVEZE, 2013).
Existem situações em que o Mix de Produtos são muitos, ficando
complicado identificar as despesas fixas para cada um deles, sendo preciso
fazer um levantamento geral em valores. Dessa forma, deve-se aplicar o ponto
de equilíbrio nas vendas, o mínimo a ser vendido. (PADOVEZE, 2013).
Em algumas situações, faz se necessário um estudo de ponto de equilíbrio, procurando-se evidenciar alguma situação ou mesmo um cálculo rápido, que mostre o mínimo de atividade no qual a empresa pode atuar em determinadas situações não habituais. (PADOVEZE, 2013, p. 300).
41
CAPÍTULO III
GESTÃO DE CUSTOS: FAZENDA BRASÍLIA
1 INTRODUÇÂO
Toda organização para ser competitiva e manter-se no mercado,
independente do ramo em que venha atuar, necessita de planejamento,
controle efetivo sobre suas atividades e, acima de tudo, deve ter uma gestão
de custos eficiente em seus processos.
Basicamente, a gestão de custos consiste em um gerenciamento eficaz
dos gastos da empresa, desde o seu processo produtivo até a entrega do
produto final ao cliente.
A gestão de custos permitirá ao administrador/gestor identificar os
investimentos realizados, os custos gerados e, a partir, daí determinar o preço
do seu produto ou serviço. Além disso, a gestão de custos possibilitará obter
informações sobre o desempenho das atividades da empresa, amplificar as
receitas e, consequentemente, a sua lucratividade, reduzir gastos e eliminar
custos desnecessários, reconhecer oportunidades de investimentos e,
principalmente, proporcionar tomadas de decisões acertadas, conscientes e
seguras a partir de informações rápidas e confiáveis, diminuindo os riscos do
negócio.
Para isso, o administrador/gestor deve ter uma visão holística do seu
negócio, conhecendo-o a fundo, de ponta-a-ponta; estar inteirado de tudo o
que acontece na economia/mercado, em especial, no seu seguimento;
gerenciar com empenho, dedicação, controle e precisão. Afinal, um bom
gerenciamento é fundamental para o crescimento e sucesso das empresas.
Contudo, apesar da importância e dos diversos benefícios que um bom
gerenciamento proporciona, muitas empresas aventuram-se no mercado e não
fazem uso dos conceitos de custos em seu dia-a-dia, por diversos motivos:
falta de estrutura, falta de conhecimento, falta de controle ou por descuido. A
consequência é simples - a sobrevivência curta no mercado.
Administradores/empresários/gestores sonham com uma empresa
42
sólida, todavia, isso é resultado da forma como a empresa está sendo dirigida,
pois muitos se preocupam apenas com o saldo financeiro do caixa no final do
expediente e não têm ideia do trajeto que o dinheiro faz dentro da empresa.
Com o objetivo de verificar a importância da gestão de custo no
processo de produção de leite, foi realizada uma pesquisa de campo descritiva
com abordagem qualitativa, na Fazenda Brasília de Lins, no período de
fevereiro a outubro de 2017.
A Fazenda Brasília está localizada na via de acesso Lins/Guaimbê, 5 Km
após a sorveteria Fazendinha Tropical, Bairro, Paças do Tabocal, em Lins/SP.
A principal atividade econômica da empresa é a produção de leite, sendo
fornecedora direta da Nestlé de Araçatuba/SP. A fazenda é uma herança
familiar, de propriedade da Sr.ª Regina Lefevre Malzoni de Souza, cuja
administração é comandada por seu filho, Rodrigo Malzoni de Souza.
Para a realização da pesquisa, utilizaram-se os seguintes métodos e
técnicas:
Método de Estudo de Caso: foi realizado um estudo de caso na Fazenda
Brasília de Lins, quando se analisou a importância da gestão de custos na
produção do leite.
Métodos de observação sistemática: foram observados, analisados e
acompanhados os procedimentos aplicados à gestão de custos no processo de
produção do leite.
Método Histórico: foi observada a evolução histórica da Fazenda Brasília
de Lins.
Técnicas
Roteiro de Estudo de Caso (APÊNDICE A).
Roteiro de Observação Sistemática (APÊNDICE B).
Roteiro do Histórico da Fazenda Brasília de Lins (APÊNDICE C).
Roteiro de entrevista para o gestor de custos de produção da empresa
(APÊNDICE D).
Outros registros: dados ilustrativos.
2 O PROCESSO DE PRODUÇÃO DO LEITE NA FAZENDA BRASÍLIA E
SEUS CUSTOS
43
2.1 Produção pecuária
A palavra pecuária tem origem latina e significa cabeça de gado. É o
nome dado à criação, domesticação e reprodução de gado para fins
econômicos ou de consumo, isto é, corresponde a qualquer atividade que se
refira a gado e rebanhos: criação de bois, porcos, aves, ovelhas búfalos, sendo
ela desenvolvida, via de regra, na área rural.
Já a expressão produção pecuária remete não só a criação de rebanhos,
mas também às etapas do processo produtivo, desde o nascimento dos
animais até a venda de seus produtos.
Figura 14: Alimentação do gado
Fonte: Fazenda Brasília, 2017.
A pecuária divide-se em dois tipos de criação, sendo elas a pecuária
intensiva e extensiva podendo ser também de leite ou de corte:
a) Pecuária intensiva: utilizam-se de tecnologias mais avançadas,
requer mais investimentos nas instalações e alimentação, permite ter
um quadro reduzido de trabalhadores, porém exige mais empenho
dos mesmos. Os resultados obtidos através deste tipo de criação
são maior produtividade e maior controle sobre os rebanhos.
b) Pecuária extensiva: quando há a utilização de técnicas tradicionais,
44
sem muita tecnologia e com baixos investimentos. Os rebanhos
ficam livres em grandes áreas de terras, o que exige maior número
de funcionários para o manejo do gado e a alimentação consiste,
basicamente de, pastagens naturais. Os resultados obtidos são mais
demorados.
c) Pecuária de leite: caracteriza-se pela produção de leite e derivados.
d) Pecuária de corte: caracteriza-se pela produção de carne para
consumo.
A Fazenda Brasília, objeto deste estudo, tem como a principal atividade
econômica a produção de leite, sendo fornecedora direta da Nestlé de
Araçatuba/SP. Os administradores utilizam o método de criação intensiva do
gado, fazendo uso de tecnologia de reprodução, nas ordenhas e na
refrigeração do leite. Além disso, o gado possui uma alimentação balanceada,
com concentrados (sais minerais e vitaminas) e volumosos (pastagem, milho,
sorgo, feno, silagem, farelo de milho, proteínas e energéticos), o que garantirá
uma dieta saudável, crescimento na produtividade e a qualidade do seu
produto. O milho e sorgo são cultivados na própria fazenda e parte da
produção é utilizada para fazer a silagem, que será consumida pelo gado no
período de seca.
A Fazenda atualmente possui cerca de 120 cabeças de gado, que
produzem entre 15 e 20 litros por dia. A raça do gado é a girolando,
considerada atualmente uma das melhores raças de produção leiteira.
A seguir, as etapas do processo produtivo da Fazenda Brasília.
2.2 O Processo produtivo na Fazenda Brasília
2.2.1 Alimentação
No tocante à alimentação podem-se destacar: o milho, o farelo de milho,
o farelo de soja, o sorgo, o feno, a silagem e a pastagem.
O milho é um tipo de cereal conhecido por ser um alimento muito
nutritivo, que possui como característica grãos grandes de cor amarelada e que
são consumidos também por seres humanos e amplamente utilizados na lida
45
no campo, na alimentação de animais. Seu nome cientifico é Zea mays.
O farelo de milho é um alimento animal rico em proteína, obtido a partir
da moagem do milho, utilizado como complemento de dieta animal.
Já o farelo de soja é semelhante ao farelo de milho e trata-se de um
alimento proteico, obtido a partir da moagem da soja, utilizado como
complemento de dieta animal.
O sorgo é um cereal originado da África que possui característica
semelhante a do milho. É rico em ferro, magnésio, fósforo e zinco. Seu nome
científico é Sorghum Bicolor.
O sal mineral é a combinação do sal comum (cloreto de sódio) com
nutrientes minerais necessários para suplementar a alimentação do gado,
sendo os mais conhecidos: cálcio, cobre, potássio, magnésio, selênio, etc.
O feno é um composto de ervas, plantas, pastagens (capins, grama ou
relvas) e leguminosas que são cortadas, secas e, posteriormente,
desidratadas, utilizado na alimentação de animais ruminantes. Este composto,
ainda que utilizado por muitos produtores o ano todo, possui maior demanda
em épocas de seca e de inverno, pois embora tenha sofrido um processo de
desidratação, traz consigo a preservação de seus nutrientes, que são
importantíssimos para a garantia de uma boa dieta e produtividade de bovinos.
A silagem é uma espécie de ração processada na própria propriedade,
que possui como ingredientes forragens úmidas e/ou grãos (plantas, napiê,
sorgo, milho, entre outros). Esses componentes são triturados juntos por
completo, “pé inteiro”, e sofrem um processo de fermentação em meio
anaeróbico, ou seja, em um ambiente em que não há presença de oxigênio.
Após este processo, essa mistura é colocada e compactada em silos (cilindros
de metal ou concreto, utilizado para a armazenagem dos alimentos) para
descansar/curtir e é utilizada para o consumo dos animais. Quando não
armazenada em silos, a silagem pode ser colocada na própria superfície,
compactada e coberta por uma lona com face preta e branca, onde permanece
a fim de curtir.
A pastagem é um alimento vegetal (gramíneas), que cresce na
superfície do solo e que serve como alimentação de animais ruminantes.
46
2.2.2 Ordenha mecânica
Na Fazenda Brasília, no preparo para ordenha, as vacas saudáveis são
levadas para a sala de ordenha, previamente limpa e que possui um sistema
de ordenhadeiras, onde será realizada a retirada do leite.
Figura15: Sala de Ordenha
Fonte: Fazenda Brasília, 2017.
Inicialmente, são retirados os primeiros jatos de leite para a verificação
de anormalidades em sua aparência e/ou secreção. Além disso, por meio
desse processo, é feita a eliminação de bactérias e impurezas que possam
estar no canal do teto da vaca. Caso o leite apresente grumos, pus ou sangue,
a vaca pode estar com mastite.
Figura16: Verificação de impurezas/mastite.
Fonte: Fazenda Brasília, 2017.
47
Para este procedimento, é utilizado um recipiente de fundo preto, onde
os jatos serão coletados e, após a verificação, se não for detectado nenhuma
irregularidade, é dado sequência a ordenha. Caso contrário, o leite é
descartado em um outro recipiente para melhor análise e a vaca é separada
das demais para receber os devidos cuidados.
Após, é feita a higienização dos tetos, em que a lavagem é feita com
água potável, corrente e produtos de higienização. No caso da higienização,
deverá ser feita com bastante cuidado, para que resíduos dos produtos não
contaminem o leite.
Em seguida, os úberes são secados com papel descartável.
Figura17: Higienização e secagem dos tetos
Fonte: Fazenda Brasília, 2017.
Depois de todas as etapas acima é dado início à ordenha das vacas.
Assim que se colocam as teteiras, é dado início à ordenha das vacas
sadias, ou seja, é feita a retirada (sucção) do leite. A ordenha é realizada duas
vezes ao dia, sendo uma às 06 horas e outra às 15 horas, pelos funcionários.
Finalizada a ordenha, é realizada a retirada da teteiras dos úberes das
vacas. Essa ação inspira cuidados, para que não haja traumas nos úberes.
É realizada a limpeza dos tetos, também conhecida como pós-dipping
(desinfecção dos tetos), que consiste em um sistema de desinfetar e purificar
os tetos da vaca, por meio da imersão (mergulho) em uma substância sanitária.
Por meio do pós-dipping, os tetos ficam protegidos contra contaminação e
agentes infeciosos (vírus, bactérias, fungos, entre outros).
48
Após a ordenha e limpeza dos úberes, é feita a retirada e limpeza dos
equipamentos utilizados, bem como da sala de ordenha, para que a mesma
esteja em condições adequadas de uso na próxima ordenha. A higienização
das teteiras é uma etapa importantíssima, para garantir que os resíduos da
última ordenha não contaminem a próxima.
Figura 18: Retirada das teteiras
Fonte: Fazenda Brasília, 2017.
Durante a ordenha, o leite é conduzido para tanques de armazenamento
por meio de tubulações, para que seja resfriado. Esses tanques ficam em um
local arejado a 4ºC.
Figura 19: Tanque de resfriamento
Fonte: Fazenda Brasília, 2017.
49
Com um caminhão tanque isotérmico, funcionários da Nestlé vão até a
fazenda, para apanhar o leite que está armazenado e levá-lo até a indústria
(em no máximo 48 horas), onde receberá todos os tratamentos para a
comercialização do mesmo e de seus derivados.
Figura 20: Caminhão isotérmico - Nestlé
Fonte: Autores, 2017.
2.3 Os custos de produção do leite na Fazenda Brasília
Atualmente, a Fazenda Brasília produz aproximadamente 800 litros de
leite por dia e conta com um sistema de controle de qualidade rigoroso, a fim
de garantir um produto confiável e satisfatório a sua cliente Nestlé.
Além de um amplo controle de sua produção de leite, a Fazenda
Brasília faz uso de ferramentas administrativas, para controlar a sua atividade e
principalmente os custos envolvidos na propriedade, com o propósito de
garantir o crescimento sustentável, permanente e confiável, que proporcione
decisões coerentes e adequadas e, consequentemente, mais resultados com
menos custos.
50
A seguir, uma das ferramentas utilizadas na fazenda para gerenciar as
sua atividades que envolvem custos. Os custos de fevereiro a agosto são
realizados e de setembro a outubro são provisionados.
Quadro 1: Custos com funcionários (Custo Fixo)
Fonte: Fazenda Brasília, 2017.
A Fazenda Brasília contava com a mão-de-obra de quatro funcionários
até o mês de Agosto/2017. Atualmente conta com um custo de mão-de-obra de
três funcionários, que recebem o salário livre de qualquer desconto. A
administração da fazenda optou por pagar os encargos (FGTS e INSS) à parte.
Quadro 2: Custos com alimentação do gado (Custo Variável)
Fonte: Fazenda Brasília, 2017.
Devido à área extensa que a fazenda possui, faz plantação de milho e
de sorgo, sendo uma parte destinada à alimentação do gado e outra, destinada
à produção de silagem, que também será consumida pelo gado. Além disso, a
fazenda também faz a aquisição de concentrados proteicos (farelo de soja),
concentrados energéticos (milho de grão a granel) e sais minerais, que são
utilizados para complementar a dieta do gado, por serem ricos em fibras,
energia, proteínas e nutrientes. A produção da silagem ajuda muito na redução
dos custos de volumosos. Já o milho, é comprado em grãos e triturado na
própria fazenda, em equipamento apropriado, diminuindo também este custo.
Quadro 3: Custos com tratos culturais (Custo Fixo)
Fonte: Fazenda Brasília, 2017.
Os custos com tratos culturais englobam aqueles com o preparo de solo
51
para o plantio de milho e sorgo, que são feitos no segundo semestre do ano.
Para realizar este preparo, a fazenda compra o calcário, importantíssimo para
corrigir deficiências de magnésio e cálcio no solo. Sua finalidade é diminuir a
acidez do solo. Os meses de outubro e novembro são considerados meses das
águas, pela grande incidência de chuva. Por esse motivo, a fazenda realiza
todo este trabalho no mês que antecede este período. Para isso, conta com o
auxílio de um agrônomo, que passa a lição de casa na medida correta, para
que o objetivo final seja atingido.
Quadro 4: Custos veterinária (Custo Fixo)
Fonte: Fazenda Brasília, 2017.
Para conseguir atingir um alto nível de qualidade e produtividade, os
animais contam com cuidados especiais e acompanhamento veterinário, sendo
utilizados produtos variados de acordo com as necessidades: vacinas (febre
aftosa, brucelose, leptospirose, clostridioses, entre outras) probióticos,
antibióticos, vermífugos, ectoparasiticidas, endoparasiticidas, vermífugos e
demais medicamento preventivos. Além do mais, a fazenda realiza,
internamente, inseminação em suas vacas, utilizando como material o sêmen,
o nitrogênio líquido, luva de palpação e bainha descartável.
Quadro 5: Custos com ordenha (Custo Fixo)
Fonte: Fazenda Brasília, 2017.
A ordenha é realizada diariamente, duas vezes ao dia: uma no período
da manhã (6h) e outra no período da tarde (15h) e, para isso, é necessário o
consumo de alguns materiais para a higienização e limpeza da mangueira, das
vacas, dos equipamentos de ordenha e manutenção quando necessário, no
intuito de remover as impurezas e garantir um ambiente limpo e apropriado
para a execução das atividades.
52
Quadro 6: Custos com equipamentos (Custo Fixo)
Fonte: Fazenda Brasília, 2017.
A fazenda possui um trator, que é um maquinário essencial na lida
diária. Ele é utilizado diariamente no preparo e no transporte dos alimentos que
são consumidos pelos animais e consome como combustível o óleo diesel, que
entra como um custo com equipamentos.
Quadro 7: Custos com energia (Custo Fixo)
Fonte: Fazenda Brasília, 2017.
A fazenda não possui vários relógios de energia, sendo assim, toda
energia consumida na casa dos funcionários, na casa do proprietário, nos
equipamentos da fazenda são centralizados em um único relógio de energia.
Quadro 8: Custos com consultoria (Custo Fixo)
Fonte: Fazenda Brasília, 2017.
Para ter uma melhor assistência, a fazenda conta com a consultoria de
um escritório contábil e de um engenheiro agrônomo.
O escritório se responsabiliza pela parte contábil da fazenda, controles
diversos, bem como orientações diversas. Já o engenheiro agrônomo é
responsável por passar a lição de casa aos funcionários para melhor
produtividade do solo.
Quadro 9: Custos com frete (Custo Variável)
Fonte: Fazenda Brasília, 2017.
53
Todas as compras feitas pela fazenda de concentrados e volumosos
trazem consigo cobranças de fretes, devido à distância percorrida para a
entrega da mercadoria.
Quadro 10: Custos totais por mês
Fonte: Fazenda Brasília, 2017.
Somando-se os custos dos funcionários, da alimentação do gado, dos
tratos culturais, de veterinária, ordenha, equipamentos, energia, consultoria e
frete, obtêm-se os custos totais gerados na Fazenda Brasília.
Quadro 11: Quantidade de litros produzidos por mês
Fonte: Fazenda Brasília, 2017.
A Fazenda Brasília vende uma pequena quantidade do leite produzido a
terceiros (empresa II), cujo padrão não atende as normas estabelecidas pela
sua principal cliente, a Nestlé (empresa I).
Quadro 12: Total de custos variáveis por mês
Fonte: Fazenda Brasília, 2017.
Para identificar os custos variáveis por mês, somaram-se os custos com
alimentação do gado e frete. Posteriormente, dividiu-se este resultado pela
quantidade de leite produzido na fazenda.
Quadro 13: Preço de venda por mês - Nestlé
Fonte: Fazenda Brasília, 2017.
54
Para encontrar a margem de contribuição unitária, subtraiu-se da média
do preço de venda (receita de leite vendida dividida pela quantidade de leite
produzida e fornecida a Nestlé), o custo variável unitário, como resultado
alcançou-se a margem de contribuição de cada litro de leite.
Simplificando os apontamentos, percebe-se que a empresa praticou um
prejuízo no período, custos fixos:
Lucro: m x q – CF
L= 0,69 x 156. 650 – 152.338,94
L= (44.250,44)
3 PARECER FINAL
No terceiro capítulo, descreveu-se todo o funcionamento da Fazenda
Brasília, a qual conta com o apoio de consultores especializados nas áreas
contábeis e agrônomas, que dão todo o suporte, para que a empresa seja
subsistente, organizada e controlada.
Por meio do estudo realizado, comprovou-se a tese inicial de que o
gerenciamento dos custos contribui para um controle efetivo, que impacta
diretamente nos resultados de uma empresa, principalmente em se tratando da
atividade produtiva de leite que desprende muitos custos na alimentação do
gado, visto que estes influenciarão rigorosamente na sua produtividade.
Todos os processos são bem estruturados e trabalham de forma
sistêmica, para garantir um produto de excelente qualidade. Porém, através do
levantamento de dados e a convivência durante este período, notou-se que
este ramo de atividade traz pouca lucratividade. No caso analisado, percebe-se
um prejuízo na ordem de R$ 44.250,44 ao ano e que os custos estão um tanto
quanto elevados. Trata-se de um segmento difícil, que requer bastante
empenho, dedicação e amor.
55
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
Produzir leite de forma sustentável demanda um cuidado redobrado, em
se tratando de fatores sanitários e econômicos, assim como requer cuidados
especiais com possíveis impactos ambientais que tal atividade, bem como
tantas outras, podem provocar.
No decorrer da realização do presente trabalho, identificou-se que,
durante o processo de ordenha, as vacas produzem bastante dejetos e, dar um
destino correto a eles, é essencial para que não haja a contaminação do solo,
dos lençóis freáticos e de lagoas próximas.
Os proprietários preocupam-se muito com isso, tanto é que atualmente
os dejetos são alocados em uma fossa, juntamente com a água utilizada na
limpeza da ordenha e, posteriormente, este material é utilizado como adubo
nas pastagens. No entanto, este processo é um ponto a ser melhorado. A
seguir, apresentar-se-ão duas alternativas para o adequado destino dos
dejetos produzidos na fazenda: uma a longo prazo, com o custo médio-alto que
é a digestão anaeróbia a partir de biodigestor e outra, a curto prazo e com
baixo custo, que são as esterqueiras.
Com o avanço tecnológico, fazendeiros e sitiantes tem utilizado a
tecnologia aliada a investimentos em infraestrutura, para dar um destino
apropriado aos dejetos e, em contrapartida, beneficiar-se de forma lucrativa e
sustentável. Uma das alternativas para o manejo dos dejetos provocados pela
criação de gado de leite é a reciclagem dos dejetos a partir da digestão
anaeróbia, a qual é conhecida como um processo em que ocorre a
decomposição de matéria orgânica em um ambiente com ausência de oxigênio.
A partir deste processo, obtêm-se o biogás e biofertilizantes. Para isso, é
necessária uma caixa de contenção de areia, a aquisição de um biodigestor e
um motor de combustão.
Na prática, funciona da seguinte forma: os resíduos (fezes, urina e água
utilizada na limpeza da ordenha) obtidos durante o processo de ordenha são
canalizados e levados para a caixa de contenção de areia para ser decantado.
Logo após, vai para o biodigestor para ser fermentado. O gás metano que é
56
produzido neste processo é conduzido para um motor de combustão e, a partir
daí, chega-se ao biogás e ao biofertilizante. O biogás pode ser utilizado para
gerar energia e o biofertilizante pode ser utilizado como adubo orgânico. Os
benefícios são a higiene (limpeza, ausência de mosca e demais vetores que
transmitem doenças, bem como ausência de mau cheiro), economia (utilização
dos subprodutos proporcionados pelo biogestor) e preservação do meio
ambiente.
Uma outra alternativa de baixo custo que também dá resultado são as
esterqueiras, a qual um local aberto no solo, impermeabilizado por plástico
altamente resistente à agentes físicos e químicos, conhecido como lona
geomembrana. Alí os dejetos ficam armazenados, sofrem fermentação e
depois, o produto obtido, o chorume pode ser utilizado como fertilizante.
Durante o processo de fermentação, os dejetos precisam ser misturados uma
vez por semana, com a presença de oxigênio para a sua melhor
decomposição.
As esterqueiras devem ser construídas longe de residências (200
metros no mínimo) e de estábulos (20 metros no mínimo), devido à presença
de moscas e mau cheiro, porém, ainda assim, é uma solução sustentável.
57
CONCLUSÃO
Com base na fundamentação teórica, constatou-se que a gestão de
custos em uma empresa é de suma importância para sua sobrevivência, pois
sem essa ferramenta o gestor não conseguirá evitar gastos desnecessários e
desperdícios durante a produção, bem como aumentar as suas receitas.
Nota-se não somente a importância da gestão de custos para um
negócio, mas compreendem-se, com clareza, os diversos métodos de
custeamento, que vêm ao encontro das necessidades da empresa.
Quando devidamente utilizado, bem aplicado e com um bom sistema de
gerenciamento, os métodos de custeamento permitem que o gestor possa ver
como se encontra a situação financeira de sua empresa, facilitando tomar as
providências necessárias para a melhoria dos resultados.
A produção de leite é a principal atividade realizada na fazenda. Além
disso, ela se beneficia da própria plantação de milho e sorgo, que são
utilizados na alimentação do gado. O intuito é reduzir os custos com a compra
de alimentos concentrados e dar um destino adequado e eficiente à área
disponível da fazenda.
Conclui-se que, embora os custos da fazenda não estejam tão baixos,
os proprietários possuem controles rigorosos de suas atividades, partindo da
premissa de melhorias contínuas e investimentos, com a finalidade de produzir
um produto de excelente qualidade, satisfazendo os seus clientes a um custo
flexível.
58
REFERÊNCIAS
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Empresariais, [s.l], 12 mar. 2014. Disponível em:
<http://adaptive.com.br/aprenda-como-escolher-mix-de-produtos-e-aumente-ja-
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59
_______________. Contabilidade de Custos. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2008. MARTINS, P. G.; ALT, P. R. C. Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais. São Paulo: Saraiva, 2003. MELDAU, D.C. Feno. Infoescola, [s.l.:s.d]. Disponível em:<http://www.infoescola.com/pecuaria/fenacao-feno/>. Acesso em: 10 set. 2017. MELDAU, D.C. Silagem. Infoescola, [s.l.:s.d]. Disponível em:<http://www.infoescola.com/zootecnia/silagem/ >. Acesso em: 10 set. 2017. MORAES, P. L. Leite. Alunos Online, [s.l.], [2000]. Disponível em: <http://www.alunosonline.com.br/biologia/leite.html>. Acesso em: 06 mai. 2017. OLIVEIRA, L. M.; PEREZ JR, J. H. Contabilidade de Custos para não Contadores. São Paulo: Atlas, 2000. PADOVEZE, C. L. Contabilidade de Custos: teoria, prática, integração com Sistemas de Informações (ERP). São Paulo: Cengage Learning, 2013. PARENTE, J. Varejo no Brasil: gestão e estratégia. São Paulo: Atlas, 2000. PECUÁRIA. Sua pesquisa, [s.l.:s.d]. Disponível em:< http://www.suapesquisa.com/pesquisa/pecuaria.htmlink>. Acesso em: 10 set. 2017. PRODUTOS nestlé. Nestlé. Disponível em:< https://www.google.com.br/search?q=produtos+nestle&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwj8y6i7rpzXAhVKjpAKHcPaDf0Q_AUICygB&biw=1280&bih=651>. Acesso em: 06 mai. 2017. SÁ, A. L. Teoria da Contabilidade. São Paulo: Atlas, 1998. SAL MINERAL. Iepec, [s.l.:s.d]. Disponível em:< http://iepec.com/sal-comum-e-mistura-mineral-sal-mineralizado-sao-mesma-coisa/>. Acesso em: 10 set. 2017. SANTOS, J. J. Análise de Custos: sistema de custeio marginal, relatórios e estudo de casos. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2005. SILAGEM. Sementes Agroceres, [s.l.:s.d]. Disponível em:<http://www.sementesagroceres.com.br/pages/Silagem.aspx>. Acesso em: 10 set. 2017. SORGO. Sorgo. net. br, [s.l.:s.d]. Disponível em:< http://sorgo.net.br/>. Acesso em: 10 set. 2017. TÓFOLI, I. Administração financeira Empresarial. São José do Rio Preto: Raízes Gráfica e Editora, 2012.
60
WERNKE, R. Gestão de Custos: uma abordagem prática. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2004.
61
APÊNDICES
62
APÊNDICE A – ROTEIRO DE ESTUDO DE CASO
1 INTRODUÇÃO
Será realizado um levantamento de dados da gestão de custos no
processo de produção do leite com o objetivo de verificar a sua importância.
1.1 Relato do trabalho realizado referente ao assunto estudado
As informações serão coletadas através de entrevista para o gestor de
custos de produção da Empresa de Lins em visita ao local da empresa.
1.2 Discussão
Através da pesquisa será realizado confronto entre teoria e prática,
através de referencial teórico estudado.
1.3 Parecer Final
Parecer final sobre o caso e sugestões sobre melhorias.
63
APÊNDICE B – ROTEIRO DE OBSERVAÇÃO SISTEMÁTICA
I DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
Empresa:
Localização:
Cidade: Estado:
Atividade:
II ASPECTOS A SEREM OBSERVADOS
1 Gestão de custos.
2 Custos diretos e indiretos.
3 Métodos de custeamento.
4 O processo de produção do leite.
5 O preço do leite.
6 A importância da gestão de custos no processo produtivo do leite.
64
APÊNDICE C – ROTEIRO DO HISTÓRICO DA EMPRESA
I DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
Empresa:
Localização:
Cidade: Estado:
Atividade:
Data da Fundação:
II ASPECTOS HISTÓRICO DA EMPRESA
1 Surgimento
2 Missão, Visão, Valores, Crenças
3 Evolução
4 Produtos
5 Serviços
6 Concorrentes
7 Clientes
8 Fornecedores
9 Projeto de Expansão
10 Organograma
11 Responsabilidade Social e Ambiental
12 Propagandas e Promoções
65
APÊNDICE D – ROTEIRO DE ENTREVISTA PARA O GESTOR DE CUSTOS
DE PRODUÇÃO DA EMPRESA
I DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
Empresa:
Localização:
Cidade: Estado:
Atividade:
Data da Fundação:
II PERGUNTAS ESPECÍFICAS
1. Qual a importância do controle de custos para a empresa?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
2. Qual o método que a empresa utiliza para apurar os seus custos?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
3. Quais os aspectos que mais influenciam nos resultados da empresa?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
4. Relacione quais são os custos fixos, variáveis, diretos e indiretos que a fazenda
possui, considerando os custos da produção do leite e da própria fazenda?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
66
5. Quais são os custos que a fazenda possui na plantação de milho / 5.1 E na
plantação de sorgo?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
6. Quanto em média a fazenda gasta por mês na compra de milho e farelo,
utilizado como complemento na alimentação do gado?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
7. Qual é o gasto anual da fazenda com medicação, vacinação e demais produtos
veterinários?
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8. Atualmente, quanto a mão de obra representa sobre o total de custos da
fazenda?
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9. O que a empresa tem feito para reduzir os custos e melhorar os seu lucro?
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10. Na sua opinião, o controle efetivo dos custos pode evitar prejuízos futuros?
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