geologia ambiental - o caso da barragem de vaiont 4

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24/02/2015 Geologia Ambiental O Caso da barragem de Vaiont http://w3.ualg.pt/~jdias/GEOLAMB/GAn_Casos/Vaiont/Vaiont_3.html 1/4 Geologia Ambiental Elementos de apoio preparados por J. Alveirinho Dias 99 mod. Mar 06 Casos de Estudo O caso da Barragem de Vaiont, Itália, 1963 1 2 3 4 5 5. A Catástrofe Como se referiu, nos dias 8 e 9 de Novembro de 1963, e apesar de se estar numa fase de rebaixamento do nível da albufeira (para tentar controlar a velocidade de reptação), as expressões da instabilidade da vertente setentrional do Monte Toc, na margem esquerda da albufeira de Vaiont, atingiram níveis sem precedentes: fissuração na encosta (que chega a surgir em instalações dos operários), velocidades de reptação que aumentavam rapidamente, atingindo mais de dez centímetros por dia, etc. Ás 22:39 do dia 9 de Novembro de 1963 verificouse cedência muito rápida da vertente, e uma massa enorme de materiais incoerentes (solo, rególito, etc.), juntamente com as árvores da floresta, os campos agrícolas e as casas que aí existiam, desceu a encosta com velocidade elevada e penetrou subitamente na albufeira da barragem. A O ruído foi ensurdecedor e a estação sísmica existente nas instalações da barragem registou, na altura, um abalo sísmico fortíssimo. A zona movimentada, com área de quase 3km2, tinha 1,8 km de comprimento, 1,6km de largura, e cerca de 150m de espessura. Foram mobilizados cerca de 270 milhões de metros cúbicos de material. Embora a velocidade média de deslocação tenha sido, segundo as diferentes estimativas, de 72 a 90km/h, é possível que, ao penetrar na albufeira, a velocidade tenha atingido os 110km/h. A súbita penetração de tão grande massa no reservatório provocou a deslocação de mais de 50 milhões de m3 de água, o que gerou uma onda ("splash") de grande altura (cerca de 250m) que, segundo o sentido da propagação, se pode considerar que actuou como 3 grandes ondas. Uma atacou a vertente oposta, onde se localiza Casso (a mais de 960 metros de altitude, ou seja, mais de 250m acima do plano de água, que se encontraca, na altura, a 700,42 m), onde cobriu as casa situadas na parte mais baixa mas sem provocar consequências mais graves. Outra das ondas propagouse para montante da albufeira, onde o vale do Vaiont é mais largo, o que provocou o abaixamento da altura da onda, o que evitou que Erto fosse atingida. Porém, mesmo assim, flagelou as aldeias de Frasegn, Le Spesse, Cristo, Pineda, Ceva, Prada, Marzana et San Martino, provovando 158 mortos. . Fig. 23 Vista, de montante para jusante, da área afectada pela movimentação. (foto: E. Bromhead, extraºida de <www.kingston.ac.uk/~ku00323/slides>) Fig. 24 Vista aérea da barragem de Vaiont e áreas circundantes no dia seguinte à tragédia. (adapt. de </www.wineathomeit.com/scuse>

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Estudos sobre desastres naturais

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    http://w3.ualg.pt/~jdias/GEOLAMB/GAn_Casos/Vaiont/Vaiont_3.html 1/4

    GeologiaAmbiental ElementosdeapoiopreparadosporJ.AlveirinhoDias99mod.Mar06

    CasosdeEstudoOcasodaBarragemdeVaiont,Itlia,1963

    1 2 3 4 5 5.ACatstrofe Comosereferiu,nosdias8e9deNovembrode1963,eapesardeseestarnumafasederebaixamentodonveldaalbufeira(paratentarcontrolaravelocidadedereptao),asexpressesdainstabilidadedavertentesetentrionaldoMonteToc,namargemesquerdadaalbufeiradeVaiont,atingiramnveissemprecedentes:fissuraonaencosta(quechegaasurgireminstalaesdosoperrios),velocidadesdereptaoqueaumentavamrapidamente,atingindomaisdedezcentmetrospordia,etc. s 22:39 do dia 9 de Novembro de 1963verificouse cedncia muito rpida davertente, e uma massa enorme de materiaisincoerentes (solo, reglito, etc.), juntamentecom as rvores da floresta, os camposagrcolaseascasasqueaexistiam,desceuaencosta com velocidade elevada e penetrousubitamentenaalbufeiradabarragem.A

    Orudo foi ensurdecedor ea estao ssmicaexistente nas instalaes da barragemregistou, na altura, um abalo ssmicofortssimo.Azonamovimentada,comreadequase 3km2, tinha 1,8 km de comprimento,1,6km de largura, e cerca de 150m deespessura. Foram mobilizados cerca de 270milhes de metros cbicos de material.Embora a velocidade mdia de deslocaotenha sido, segundo as diferentes estimativas,de72a90km/h,possvelque,aopenetrarnaalbufeira, a velocidade tenha atingido os110km/h.

    A sbita penetraode to grandemassa noreservatrio provocou a deslocao de maisde50milhesdem3degua,oquegerouumaonda ("splash") de grande altura (cerca de250m)que,segundoosentidodapropagao,sepodeconsiderarqueactuoucomo3grandesondas.

    Umaatacouavertenteoposta,ondeselocalizaCasso (a mais de 960 metros de altitude, ouseja,mais de 250macimadoplanode gua,queseencontraca,naaltura,a700,42m),ondecobriu as casa situadas na parte mais baixamassemprovocarconsequnciasmaisgraves.

    Outradas ondas propagouse paramontanteda albufeira, onde o vale do Vaiont maislargo, o que provocou o abaixamento daaltura da onda, o que evitou que Erto fosseatingida. Porm, mesmo assim, flagelou asaldeiasdeFrasegn,LeSpesse,Cristo,Pineda,Ceva, Prada, Marzana et San Martino,provovando158mortos.

    .Fig. 23 Vista, de montante para jusante, da rea afectada pela movimentao. (foto: E. Bromhead,extraidade)

    Fig. 24 Vista area da barragem deVaiont e reas circundantes no dia seguinte tragdia. (adapt. de

    mailto:[email protected]://w3.ualg.pt/~jdias/GEOLAMB/GAn_Casos/Vaiont/Vaiont_3.htmlhttp://w3.ualg.pt/~jdias/GEOLAMB/GAn_Casos/Vaiont/Vaiont_1.htmlhttp://w3.ualg.pt/~jdias/GEOLAMB/GAn_Casos/Vaiont/Vaiont_2.htmlhttp://w3.ualg.pt/~jdias/GEOLAMB/GAn_Casos/Vaiont/Vaiont_4.htmlhttp://w3.ualg.pt/~jdias/GEOLAMB/GAn_Casos/Vaiont/Vaiont_5.html
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    Uma outra onda propagouse parajusante, galgando o paredo dabarragem, e propagouse com grandevelocidade e altura na parte inferior doestreito vale do Vaiont, penetrando comgrandeenergianovaledorioPiave.Podeafirmarse que esta grande onda (commais de 50 milhes de m3) apenasprovocou danos menores na barragem,tendo a infraestrutura permanecidointacta, o que atesta a qualidade daconstruo.Aindaassim,arrasoupartedocoroamento,tendodesaparecidocercadeummetrodapartesuperior, verificandose,nesteprocesso,ademoliodoedifciode dois andares da central e dasinstalaesdos operrios, tendoperecidoas54pessoasqueapermaneciam.

    ..

    Fig.2MapadelocalizaodabarragemdeVaiontcomindicaodasprincipaisreasafectadas. Naparte terminal do vale do Vaiont a onda tinha 70m dealtura e deslocavase com grande velocidade, sendoacompanhadaporumanuvemformadapelasgotasdeguaatomizadas pela elevada turbulncia do fluxo. Tal frentelquida de grande altura (como se fosse uma parede emmovimentomuitorpido)provocou,noar,umagrandeondade choque, que acabou, tambm, por provocar danossignificativos.

    As localidades situadas nas margens do Piave, a altitudesmais baixas, a comear por Longarone, foramcompletamente devastadas. As linhas frreas da estao deLongaroneforamarrancadasedobradasvriasvezes.

    Cercade80%dasvtimasmortais (1450)causadaspor esteeventoestavamemLongaroneenascomunidadesvizinhasdeRivalta,Pirago,FaeVillanova.552das1225habitaesqueaqui existiam foram destrudas, sendo a mais flagelada alocalidadedePiragoRivalta onde, das 159 casas existentes,nenhuma resistiu ao impacte da onda. Das 372 casas quehavia no ncleo urbano de Longarone, apenas 11sobreviveram.

    Vrias outras localidades foram inteira ou parcialmentedestrudas,designadamenteRivalta,Pirago,Fa,VillanovaeCodissago(quefoiamaisatingida,tendoseregistadoa109mortes).EmPiragoapenasocampanrioficoudep.

    Ao subir as encostas marginais do Piave o fluxo perdiavelocidade e iniciavase o refluxo, gerandose uma ondareflectida que se propagava em sentido contrrio ao daprincipaleacabavaporatingir,novamente,reasjvarridaspelaondainicial.

    OfluxodorioPiavesvoltouscondiesnormaispassadasmaisdedezhoras.

    Fig. 25 Fotografia recente da rea, tirada de Casso. Vse bem o paredo dabarragem (visto de montante). A vertente do outro lado do vale foi a que cedeu,sendovisvel, na parte superior, a cicatriz damovimentao e, na inferior, amassamovimentada.Noteseadiferenadealtitudeentre abarragemeCasso (ondehouvecasas cobertas pela gua). (foto extrada de ).

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    Oficialmente, a tragdia saldouse em 1917 mortos e umnmeroquaseinsignificantedeferidos.

    Fig. 26 Aspecto da povoao de Pirago aps a catstrofe. Apenas o campanriopermaneceudep.(fotoZanfron)

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    .Fig.27VistadeLongaronenodiaseguintecatstrofe.(). .Fig.28Aspectodadestruio.().

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    .Fig.29VistadeLongaronenodiaseguintecatstrofe.().

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