gazeta rural nº 246

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Director: José Luís Araújo | N.º 246 | 30 de Abril de 2015 | Preço 2,00 Euros Água em 2050? www.gazetarural.com

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A escassez de água que em 2050 ameaça a segurança alimentar e os meios de subsistência é o tema de capa da Gazeta Rural nº 246. Na edição de 30 de Abril abordamos ainda a Expo Trás-os-Montes, que aposta na internacionalização e competitividade do território, na Expoflorestal que se realiza em Maio, e em torno da qual apresentamos duas entrevistas em torno do sector, uma com o presidente da Cedrus e outra com o coordenador técnico da AFBV. Nesta edição, entre outros temas, falamos ainda da VIII Feira Nacional do Mirtilo; da Rota dos Vinhos do Dão; da nova visão da CAP para a Agricultura Portuguesa; dos produtores de kiwi que preparam aumento de vendas para a Europa; da Feira do Morango em São Pedro Velho de Mirandela; da Universidade de Aveiro que criou drone para avaliar florestas, dos produtores transmontanos preocupados com vespa que pode dizimar castanha; da Grande Mostra de Vinhos de Portugal em Albufeira e das Corridas de Cavalos que atraem investidores estrangeiros.

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Director: José Luís Araújo | N.º 246 | 30 de Abril de 2015 | Preço 2,00 Euros

Água em 2050?

www.gazetarural.com

Sumário

04 Escassez de água em várias partes do mundo

ameaça a segurança alimentar e os meios de

subsistência

05 Expo Trás-os-Montes aposta na

internacionalização e competitividade do território

8 Mangualde promove Produtos da Terra e o

Cabrito

09 “A generalidade da floresta na região está

abandonada ou mal gerida”, diz presidente da

Cedrus

10 “A floresta da região tem dado passos

positivos na sua evolução”, refere o coordenador

técnico da AFBV

12 Albergaria-a-Velha recebe a maior edição de

sempre da Expoflorestal

14 X Jornadas Etnobotânica/VII Fim-De-Semana

da Urtiga em Fornos de Algodres

15 Sever do Vouga prepara VIII Feira Nacional do

Mirtilo

18 Região Exportação de vinhos do Alentejo

cresceu 5,10% em 2014

19 Turistas já podem fazer Rota dos Vinhos do Dão

22 CAP apresentou visão para a Agricultura

Portuguesa

24 Produtores de kiwi preparam aumento de

vendas para a Europa

25 Morango estanca emigração em São Pedro

Velho de Mirandela

26 Projecto floresta segura ensina agricultores a

fazer queimadas em segurança

27 Universidade de Aveiro cria drone para avaliar

florestas

29 Governo dos Açores quer ajuda excepcional de

Bruxelas

32 Produtores transmontanos preocupados com

vespa que pode dizimar castanha

35 Grande Mostra de Vinhos de Portugal em

Albufeira

37 Corridas de Cavalos atraem investidores

estrangeiros

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Em 2050 haverá água suficiente para a produzir os alimen-tos necessários para alimentar a população global que se es-pera que superará os 9 mil milhões de pessoas, mas o consumo excessivo, a degradação e o impacto das alterações climáticas irá reduzir a disponibilidade de água em várias regiões, espe-cialmente em países em desenvolvimento, segundo advertiram a FAO e o Conselho Mundial da Água (CMA) num relatório publi-cado recentemente.

O documento “Rumo a um futuro de segurança hídrica e ali-mentar”, pede políticas governamentais e investimentos dos sectores público e privado para garantir que a produção agrí-cola, animal e piscatória seja sustentável e contemple também a salvaguarda dos recursos hídricos. Estas acções são essenciais para reduzir a pobreza, aumentar os rendimentos e assegurar a segurança alimentar de muitas pessoas que vivem em zonas ru-rais e urbanas, segundo destaca o relatório.

“A segurança alimentar e hídrica estão estreitamente ligadas. Acreditamos que desenvolvendo abordagens locais e fazendo os investimentos certos, os líderes mundiais podem assegurar que

Em 2050 em várias partes do mundo

A escassez de água ameaça a segurança alimentar e os meios de subsistência

haverá um volume suficiente, qualidade e acesso a água para garantir a segurança alimentar em 2050 e na posteridade,” dis-se Benedito Braga, presidente do Conselho Mundial da Água, ao apresentar o relatório no VII Fórum Mundial da Água em Daegu e Gyeongbuk, Coreia do Sul. “A essência do desafio é adoptar programas que envolvam investimentos com benefícios a longo prazo, como a reabilitação de infra-estruturas. A agricultura tem de seguir o caminho da sustentabilidade e não o da rentabilidade imediata”, acrescentou Braga.

“Numa época de alterações aceleradas e sem precedentes, a nossa capacidade de proporcionar uma alimentação adequa-da, inócua e nutritiva de forma sustentável e equitativa é mais relevante que nunca. A água, como um elemento insubstituível no alcance deste fim, está já sob pressão pelas crescentes exi-gências dos outros usos, agravada por uma governança débil, falta de capacidade e falta de investimentos,” disse a directora geral Adjunta da FAO, Maria Helena Semedo. “Este é o momento oportuno para rever as nossas políticas públicas, os marcos de investimento, estruturas de governança e instituições. Estamos

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a entrar na era de desenvolvimento pós-2015 e devemos marcá--la com compromissos sólidos,” acrescentou.

A agricultura continuará a ser a maior consumidora de água

Em 2050 serão necessários mais 60% de alimentos – até 100% nos países em desenvolvimento – para alimentar o mundo e a agricultura vai manter-se como o maior sector consumidor de água a nível mundial, o que representa em muitos países cer-ca de 2/3 ou mais da disponibilidade procedente de rios, lagos e aquíferos.

Mesmo com o crescimento da urbanização, em 2050 grande parte da população mundial e a maioria dos mais pobres conti-nuarão a obter sustento através da agricultura. Ainda assim, este sector verá o volume de água disponível reduzir-se devido a uma maior competição por parte das cidades e indústria, indica o re-latório conjunto da FAO e do CMA.

Como tal, através da tecnologia e das práticas de gestão, os agricultores, especialmente os pequenos agricultores, terão de encontrar maneiras de aumentar a sua produção com uma dis-ponibilidade limitada de terra e água.

Actualmente, a escassez de água afecta mais de 40% da po-pulação mundial, uma percentagem que alcançará os 2/3 em 2050. Esta situação deve-se em grande parte a um consumo ex-cessivo de água para a produção alimentar e agrícola. Por exem-plo, em grandes zonas da Ásia meridional e oriental, no Médio Oriente, Norte de África e América Central e do Norte, é usada mais água subterrânea do que a que pode ser reposta natural-mente. Em algumas regiões a agricultura intensiva, o desenvol-vimento industrial e o crescimento das cidades são responsáveis pela contaminação das fontes de água, acrescenta o relatório.

Alterações nas políticas e nos investimentos

São necessárias melhorias destinadas a ajudar os agriculto-res a aumentarem a produção de alimentos utilizando recursos hídricos cada vez mais limitados, incluindo no campo da fitoge-nética e da zoogenética. Será também fundamental capacitar os agricultores para que façam uma melhor gestão dos riscos asso-ciados à escassez de água, segundo a FAO e o CMA. Isto requer uma combinação de investimentos públicos e privados, assim como programas de formação de apoio.

Para fazer frente à degradação e desperdício, as instituições gestoras da água devem ser mais transparentes nos seus meca-nismos de atribuição e fixação de preços, argumentam as duas organizações. Essencialmente, os direitos à água devem ser atri-buídos de forma justa e inclusiva.

Em particular, o relatório salienta a necessidade de garantir a segurança da posse da terra e da água e o acesso ao crédito para potenciar o papel das mulheres, que em África e na Ásia são responsáveis por grande parte da actividade agrícola.

Fazer frente às alterações climáticas

Os efeitos do aquecimento global, incluindo padrões inco-muns de precipitação e temperatura e os fenómenos meteoroló-gicos extremos cada vez mais frequentes, como secas e ciclones, terão um impacto crescente, em particular sobre a agricultura e os recursos hídricos, adverte o relatório.

Das zonas montanhosas proveem até 80% dos recursos hí-dricos mundiais, mas o retrocesso dos glaciares que vem sendo observado, como consequência das alterações climáticas, põe

em perigo a existência destes recursos no futuro.As florestas, por outro lado, consomem a água mas também a

fornecem – pelo menos 1/3 das maiores cidades do mundo ob-tém parte importante da sua água potável de zonas florestais.

Isto sublinha a necessidades de intensificar os esforços para proteger as florestas e as zonas montanhosas onde tem origem grande parte da água doce do mundo.

O relatório apela por políticas e investimentos para melhorar a adaptação às alterações climáticas a nível das bacias hidrográfi-cas e agregados familiares, assim como melhorar as instalações de armazenamento de água, a captura e a reutilização de águas residuais, assim como a investigação que gera sistemas de pro-dução agrícola mais resilientes para os pequenos agricultores.

O Fórum Mundial da Água, que decorreu de 12 a 17 de Abril) é o maior evento internacional destinado à procura de soluções conjuntas a muitos dos desafios hídricos do planeta. Para além de produzir o relatório conjuntamente com o Fórum Mundial da Água, a FAO apresentou também no Fórum, em conjunto com vários parceiros, a Visão 2030 e o Quadro Global de Acção, um conjunto de directrizes e recomendações para melhorar a ges-tão das águas subterrâneas.

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Segundo Eduardo Malhão, presidente do NERBA

Expo Trás-os-Montes 2015 aposta na internacionalização

e competitividade do territórioGazeta Rural (GR): O que se pode esperar da edição

2015 da Expo Trás-os-Montes?Eduardo Malhão (EM): O conceito da Expo Trás-os-Montes

renova-se de ano para ano em função de cada ciclo. Por isso mesmo, a próxima edição irá focar-se muito na temática da in-ternacionalização e na competitividade do território numa pers-pectiva de valorização dos seus recursos endógenos e da ne-cessidade premente da captação de investimentos indutores da fixação de empresas e de população.

A Expo Trás-os-Montes é também um evento comunicacio-nal e um instrumento de marketing territorial, que visa transpor-tar para o exterior uma imagem positiva do território, das suas empresas e das suas gentes. Daí o interesse na organização de diversos fóruns temáticos que terão lugar nesta edição e que re-alçam de forma impressiva a identidade e os laços fortes que o território assume historicamente com a diáspora e com a coope-ração transfronteiriça.

Bragança recebe de 29 a 31 de Maio a Expo Trás--os-Montes, certame é uma “mostra selectiva das melhores empresas e produtos da região”, segundo o presidente do NERBA - Núcleo Empresarial do Distrito de Bragança.

À Gazeta Rural, Eduardo Malhão realça a importân-cia da Expo Trás-os-Montes para uma região “que co-meça a estar na moda”, referindo que o certame pre-tende ser “uma rampa de lançamento que catapulte as nossas empresas para o mercado global e as ajude a internacionalizar, através da partilha de experiências e de modelos, com parceiros internacionais que irão es-tar presentes na mostra”.

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Gazeta Rural (GR): O que se pode esperar da edição 2015 da Expo Trás-os-Montes?

EM: Sendo esta apenas a quarta edição do evento, aquilo que se espera é que seja intuído por todos os parceiros participantes e pe-los principais atores regionais que a Expo Trás-os-Montes é um cer-tame que se diferencia das diversas feiras temáticas realizadas nos restantes concelhos do distrito de Bragança. Desde logo por ser o único que faz da marca “Trás-os-Montes” a sua principal bandeira. Depois, porque é uma mostra selectiva das melhores empresas e dos melhores produtos da região e que transporta uma mensagem positiva das capacidades de Trás-os-Montes, muito ligadas à sua vocação agrícola e à sua ruralidade, as quais fazem parte da sua identidade, da sua cultura e da sua história.

Pretende-se também que a Expo Trás-os-Montes seja uma rampa de lançamento que catapulte as nossas empresas para o mercado global e as ajude a internacionalizar, através da partilha de experiências e de modelos, com parceiros internacionais que irão estar presentes na mostra.

GR: O que podem os visitantes encontrar no evento?EM: Fundamentalmente irão encontrar produtos endógenos

de excelência, que são uma verdadeira dádiva da natureza e que podem ser adquiridos directamente aos produtores, designada-mente azeite, vinho, queijos, pão, enchidos, amêndoa, castanha, entre outros. Para além disso, os visitantes podem estabelecer contactos e parcerias de futuro com empresários e gestores competentes que lideram as melhores empresas da região. O tu-rismo, a animação, a gastronomia, os serviços, o conhecimento e a inovação são também áreas importantes com uma presença significativa e de relevo no certame, as quais suscitarão certa-mente muito interesse da parte dos visitantes.

“Trás-os-Montes começa a estar agora na moda”

GR: Que importância tem este evento para a pro-moção de Trás-os-Montes?

EM: Um pouco também fruto da realização da Expo Trás--os-Montes, este território vasto e riquíssimo em recursos naturais começa a estar agora na moda. As pessoas voltam a falar de Trás-os-Montes e a querer visitar a região, sobretudo pela sua famosa gastronomia e pela sua hospitalidade.

Sendo um dos principais territórios do país ao nível da produção da castanha, do azeite, do vinho, da amêndoa, do mel e dos enchidos, tem surgido bastantes unidades agro--industriais nestes sectores que potenciam a valorização da agricultura e dos terrenos até aqui incultos. Há como que um regresso à terra e uma valorização da agricultura, assumin-do-se por esta via de novo a vocação histórica do território. Quem visita Trás-os-Montes fica deslumbrado com a quali-dade de vida que aqui existe, sobretudo comparando com o seu custo bastante competitivo e atractivo. Bragança dista apenas duas horas do litoral e é servido actualmente pela A4, IP2 e IC 5, vias de comunicação bastante seguras, cómodas e rápidas. Por isso é extremamente fácil e barato chegar até um dos territórios mais bonitos de Portugal, que fica bem no seu topo e que está a dois pequenos passos de Espanha.

Para concluir, repito que a Expo Trás-os-Montes cons-titui uma excelente oportunidade para visitar Bragança e a região e assim verificar in loco o seu nível de desenvol-vimento, desfrutando das suas paisagens, das suas áreas protegidas, da sua gastronomia, dos seus produtos DOP e dos seus restaurantes e unidades hoteleiras de excelen-te qualidade e que rivalizam com o melhor que existe em Portugal.

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A Grandiosa Feira de Santa Cruz, o maior evento de arte equestre realizado na região do Douro, regressa este ano para oferecer mais uma vez um programa de iniciativas de grande qualidade, no qual o cavalo é “rei e senhor”. A beleza ímpar do mundo equestre está assim de volta à cidade de Lamego, entre os próximos dias 1 e 3 de Maio.

No conjunto de eventos, de carácter gratuito, que a edição 2015 apresenta destaca-se a realização das Corridas de Passo Travado – Concurso Único, Prémio “Rufino Rilhado” a atribuir ao conjunto cavaleiro/cavalo que melhor se apresenta na corrida e que demonstra de uma forma fidedigna o passo travado segun-do as regras de que há memoria neste concelho e a Corrida de Galope Amador.

No entanto, os milhares de aficionados que visitarem a cida-de de Lamego naqueles dias vão ter muito mais para admirar: a tradicional Feira Anual, uma noite de fados, com artistas locais e regionais no Teatro Ribeiro Conceição, e um desfile de passeios de charretes que promete fazer as delícias de todas as gerações e que percorrerá as principais ruas da cidade. Também será ofe-recido um espectáculo de equitação clássica pelo Centro Hípico do Vale do Sousa e aulas de equitação à população.

Conhecida popularmente por “3 de Maio”, a Feira de Santa Cruz é uma iniciativa organizada pela Câmara de Lamego, em parceria com outras instituições, e visa valorizar a arte equestre e promover o convívio e a boa disposição entre a população.

Feira de Santa Cruz decorre de 1 a 3 de Maio

Lamego recebe o maior evento

de arte equestre do Douro

No fim-de-semana de 23 e 24 de Maio, Mangualde acolhe mais uma edição da Feira dos Produtos da Terra e do Fim-de--semana Gastronómico do Cabrito. A IV Feira dos Produtos da Terra, que decorre no Largo Dr. Couto, procura dinamizar os produtores da terra e promover os produtos que a região nos oferece. Estes são os objectivos pelo qual a Câmara Municipal de Mangualde, em parceria com a Cooperativa Agropecuária dos Agricultores de Mangualde (COAPE), voltam a apresentar esta feira que conta com o apoio da Cidade d’Excelência As-sociação e do Gabinete de Agricultura de Mangualde.

Diversos produtos, entre os quais, o vinho, o mel, o queijo, a fruta (maçã, cereja, mirtilo), licores, a doçaria, as batatas, as cebolas, as ervilhas, as favas, as couves, o feijão, as azeito-nas, os ovos, os frutos secos, o azeite, os enchidos, a pastela-ria, o artesanato, entre outros, fazem parte integrante deste fim-de-semana gastronómico que será de novo um marco no município de Mangualde.

Fim-de-semana Gastronómico do Cabrito

Naqueles dias decorre em paralelo o Fim-de-semana

Gastronómico do Cabrito nos restaurantes aderentes. Assim, será possível deliciar-se nos restaurantes aderentes com pra-tos que têm como ingrediente principal o cabrito.

Nos dias 23 e 24 de Maio, no Largo Dr. Couto

Mangualde promove Produtos da Terra

e o Cabrito

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Gazeta Rural (GR): O que é a Cedrus?José Alberto Abrantes (JAA): A Cedrus é uma associação sem fins lucrativos, fundada em 2002 por um grupo de pessoas interessadas na floresta e no seu desenvolvimento, no contexto do movimento associativo florestal nacional.

A Cedrus tem como objectivo o desenvolvimento florestal no distrito de Viseu, garantindo um conjunto de serviços e apoio técnico aos nossos associados e a todos os interessados nes-ta área, que visem um melhor ordenamento da floresta e a sua gestão. Para o efeito, entre outros, prestamos aconselhamento técnico, procedemos a avaliações e levantamentos cartográfi-cos, elaboramos planos de gestão florestal e fazemos acompa-nhamento de projectos.

Através da sua equipa de sapadores florestais, a CEDRUS executa no terreno todas as tarefas de intervenção florestal, que incluem limpeza e manutenção, ordenamento de espaços e a actividade relacionada com a prevenção de incêndios.

GR: Como está a floresta na região de Viseu?JAA: Está mal. Salvaguardando algumas manchas de inter-

Diz o presidente da Associação de Produtores Florestais de Viseu

“A generalidade da floresta na região está abandonada ou mal gerida”

venção pública ou associativa, a generalidade da floresta está abandonada ou mal gerida. O esforço individual de alguns pro-prietários e produtores florestais em cuidar da sua parcela não é suficiente para motivar a grande maioria que continua a ignorar a necessidade de gerir ou de deixar gerir as suas matas. É im-portante que as políticas públicas promovam a gestão agrupa-da de propriedades, seja sob a forma de emparcelamento ou de fomento e simplificação do funcionamento das ZIF.

GR: Quais os principais problemas?JAA: A floresta como realidade económica, social e ambiental toca em muitos interesses e levanta problemas complexos a cada momento. Para além das dificuldades estruturais, que se ligam ao desequilíbrio territorial e à crescente desertificação do interior, penso que, no momento actual e na nossa região, o principal problema prende-se com o absentismo dos proprie-tários, que poderia ser ultrapassado não apenas com sensibi-lização mas, fundamentalmente, pela aplicação concreta de legislação que obrigue a cuidar ou deixar cuidar a floresta. E este problema deveria ser de resolução prioritária.

No fundo, reforçar e concretizar as orientações políticas e estratégicas que estão anunciadas e que a actual legislação ain-da não concretiza. E aí as associações de produtores florestais poderão ter um papel importante a desempenhar, como dinami-zadores da mudança de atitude dos proprietários. Para que isso aconteça, importa garantir o apoio das entidades públicas do sector e concretizar as anunciadas medidas de apoio à preven-ção e ao ordenamento da nossa floresta.

GR: O ano de 2015 começou com alguns grandes in-cêndios. Neste aspecto, como está a prevenção dos incêndios na região?JAA: Os últimos incêndios vieram mostrar que o problema de fundo subsiste e que está para ficar. A floresta na nossa região está mal cuidada ou abandonada. Enquanto a aposta e investi-mento na prevenção não for efectiva, continuaremos a apagar incêndios.

“A floresta na nossa região está mal cuida-da ou abandonada”, quem o diz é José Alberto Abrantes, presidente da Cedrus - Associação de Produtores Florestais de Viseu, que reúne cerca de 700 associados, sendo que 2são muito me-nos a pagar cotas”, aponta o dirigente.

Em entrevista à Gazeta Rural, o presidente da Cedrus defende a “aplicação concreta de legis-lação que obrigue a cuidar ou deixar cuidar a floresta”, referindo que “enquanto a aposta e in-vestimento na prevenção não for efectiva, con-tinuaremos a apagar incêndios”.

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Gazeta Rural (GR): Quais são os maiores problemas da floresta?Luís Sarabando (LS): Na nossa região os principais proble-mas prendem-se com a grave situação fitossanitária de alguns povoamentos, com a entrada de novas pragas e doenças, no-meadamente o gorgulho e a micosfarela, que afecta a principal espécie que ocupa o nosso território, que é o eucalipto. Um outro problema de base, antigo, são os excessos que foram cometidos na ocupação com eucalipto, que devem ser gradualmente corrigidos no sentido da sustentabilidade da

Numa região onde predomina a pequena pro-priedade, a Associação Florestal do Baixo Vouga procura ser o polo aglutinador de centenas de pequenos proprietários florestais, com os pro-blemas inerentes à pequena propriedade.

O coordenador técnico da Associação Flores-tal do Baixo Vouga, em conversa com a Gazeta Rural, diz que a aposta na floresta, na região, “é rentável”, mas “há um problema de ordenamen-to florestal que é necessário corrigir”. Luís Sa-rabando diz que o ministério da Agricultura tem de passar das palavras aos actos, reconhecendo “que a floresta é um sector estratégico e agilizar todo o processo de funcionamento, para que os proprietários florestais sejam aliciados a fazer investimentos”. É que, refere, “fazer uma planta-ção continua a ser complicado”.

Diz o coordenador técnico da Associação Florestal do Baixo Vouga

“A floresta da região tem dado passos positivos na sua evolução”

própria espécie e do aproveitamento de todo o seu potencial.Temos pela frente alguns desafios, como o de recuarmos no tempo e abandonarmos algumas áreas marginais a favor de outras espécies, de avançar com a protecção das linhas da água e de encontrar um enquadramento que nos permita também compartimentar o território e torná-lo menos sensível à propagação de incêndios. Temos um problema de ordenamento que é necessário corrigir ao longo do tempo. A par disso, os grandes desafios são claramente avançar com a melhoria do ordenamento existente; o aumento da produtividade das espécies, pela utilização de boas práticas florestais de plantas com melhoramento e elevado potencial genético e pela presença dos proprietários em acções de gestão florestal. Este trabalho tem vindo a ser conseguido de uma forma muito consistente nos últimos anos. Recordo que a AFBV tem 700 associados, com cerca de 15 mil hectares, que representam cerca de 20% da mancha florestal na nossa região, o que é muito significativo. A floresta da região tem dado passos muito positivos na sua evolução, nomeadamente com o desenvolvimento dos sistemas de certificação florestal, que é hoje um importante requisito do sector florestal.

GR: No que toca ao pinheiro bravo, o nemátodo ainda é um problema?LS: O problema do nemátodo não se fez sentir muito na região. Temos alguma mortalidade no pinhal, que é natural e sempre existiu. Aqui, o nemátodo não tem atingido o panorama que vi-mos noutras regiões. A grande mancha de pinhal são as matas nacionais na franja litoral, onde os problemas não são de maior. Temos também as zonas mais altas das cumeadas, que asso-ciadas às áreas de baldios, têm alguns sintomas de declínio do pinhal, mas não temos a certeza que seja o nemátodo. Pode ser o normal fim da exploração do pinho, pois na maior parte dos casos são áreas entre 50 e 80 anos de idade. Pode, por isso, ser um declínio natural.

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GR: A aposta na floresta é rentável?LS: A floresta na nossa região já é rentável, pois está basicamente vocacionada para o conceito produtivo. O que, na minha opinião, há a fazer passará pelo estímulo ao proprietário para gerir a floresta. Isto passa muito por um trabalho do ministério da Agricultura de reconhecimento claríssimo, não apenas em palavras mas em actos, de que a floresta é um sector estratégico e que é necessário agilizar todo o processo de fun-cionamento, para que os proprietários florestais sejam aliciados a fazer investimentos.Temos ouvido falar na revisão da lei dos licenciamentos das arborizações e na comunicação social até ouvimos dizer que era a liberização do eucalipto e que era permitido fazer tudo e mais alguma coisa. A verdade é que os factos não evidenciam isso. Fazer uma plantação continua a ser complicado. O sistema de licenciamento continua a ser complexo e injusto, porque, não existindo capacidade de fiscalização, apenas as pessoas que querem trabalhar na legalidade têm problemas e é uma minoria. Na nossa região, neste momento, nem 10% das plantações estão licenciadas, o que é gravíssimo. Quem avança para o licenciamento são as pessoas que aderem às soluções de desenvolvimento, como as ZIFs e a certificação, porque essas assumem-se como autocumpridores, e os constrangimentos vão existindo sobre quem quer andar legal e quer trabalhar de forma correta. É preciso passar das palavras aos actos e em vez de dizermos apenas que o sector florestal é estratégico e muito importante para o país, passarmos por reconhecer quais os verdadeiros problemas e tentar corrigi-los. Outra situação prende-se com a agilização da posse da terra. Mais de 25% da titularidade dos prédios da nossa região são indivisos. Isto quer dizer que são propriedade das famílias, das heranças, em minifúndio. Sito um caso, em que são 27 herdeiros, que vivem nos cinco continentes, tem mais de três gerações e alguns já não falam português. Quer dizer que este território será sempre abandonado. Portanto, é necessário perceber de que forma contornamos a titularidade, pois quando quero aderir uma solução de desenvolvimento da floresta, a certificação, fazer vendas via certificação com poder de responsabilidade, tenho que demonstrar que sou o legitimo titular ou representante do

p a t r i m ó n i o . Se não sou, não consigo aderir às soluções. Portanto, vou continuar a fazer aquilo que sempre fiz, que é ter um terreno abandonado e não me vou chatear com os meus familiares, porque eles não aceitam que se faça alguma coisa e que se tomem decisões. Estes são problemas que condicionam tudo o resto.

GR: A Associação é uma entidade certificadora?LS: É uma entidade gestora de um sistema de certificação (SGFS Baixo Vouga), que detém hoje 3055 hectares de floresta certificados e foi o primeiro sistema de certificação regional em Portugal pelo esquema PEFC. Tem diferenças para os sistemas individuais ou de grupo. É um sistema mais apropriado para adesão da pequena propriedade e temos tido evolução da adesão das áreas e pessoas. Temos 3055 hectares de área aderente, pertença de 262 pessoas e estão distribuídos em 2700 parcelas de terreno. Por aqui se demonstra a complexidade de trabalhar nas áreas de minifúndio, não apenas pela dificuldade de trabalhar de forma eficiente em termos económicos e de fazer as operações florestais, mas pela dificuldade e complexidade de comunicar com tanta gente. Por aqui se percebe a grande dificuldade, para conseguirmos documentação actualizada, trabalhos a tempo e horas.

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A nona edição da Expoflorestal vai decorrer de 8 e 10 de Maio em Albergaria-a-Velha e conta com mais de duas centenas de expositores. Depois de anunciados os apoios da Presidência da República, do Ministério da Agricultura e do Mar, da CIRA e do Município de Albergaria-a-Velha, a organização conta com os patrocínios do Grupo Portucel Soporcel, Caixa de Crédito Agrí-cola, Forestcorte Máquinas, Pinto & Cruz e Dmcar.

Para que esta edição tenha êxito e atinja os objectivos pre-tendidos, a organização da Expoflorestal conta com as parcerias efetuadas com a ACT, AIFF, Centro Pinus, FNAPF, Forestis, Glo-bulus, Art Seguros, Prokura, Sitio do Passal e Conservatório de Música da Jobra, na Branca.

No que toca à divulgação, a Expoflorestal tem parcerias com meios de comunicação social que, desde cedo, quiseram asso-ciar-se a este evento, reconhecido como sendo o mais impor-tante da fileira florestal na Península Ibérica.

“Este ano temos uma aposta clara na comunicação e divul-gação do evento, com o envolvimento de inúmeros parceiros de divulgação, nomeadamente da imprensa generalizada, do sec-tor florestal e ainda algumas rádios regionais”, diz a organização, frisando que “este é um aspecto fundamental para o objectivo comum de levar a Expoflorestal mais além”.

O grande objectivo da organização é mesmo ultrapassar a meta dos 30 mil visitantes que foram conseguidos em 2013, algo que será perfeitamente exequível, se for tida em conta a qualida-de dos expositores que vão ocupar os 70 mil metros quadrados

Entre os dias 8 e 10 de Maio

Albergaria-a-Velha recebe a maior edição de sempre da Expoflorestal

do parque de Cepos e Biomassa do Grupo Portucel Soporcel.Luís Sarabando, da Associação Florestal do Baixo Vouga

(AFBV), acredita que a edição 2015 “será a melhor edição de sempre”, com “mais de 200 expositores”, pelo que “estamos com grandes expectativas de que seja um grande evento”.

O presidente da AFBV diz que “os desafios da floresta e do eucalipto para desenvolvimento florestal do país”, são temas centrais da Expoflorestal, onde serão também debatidas “as questões fitossanitárias, a certificação e a qualidade do traba-lho florestal, uma preocupação que o sector tem demonstrado”, refere Luís Sarabando.

O dirigente diz que o sector “está empenhado em dignificar e valorizar o trabalho florestal, muito apreciado, mas que, por vezes, tem uma imagem negativa na sociedade”. “Queremos co-meçar a limpar essa imagem e isso passa por trabalhar com as empresas, dando-lhes melhores condições, utilizando as melho-res práticas florestais”, sustenta.

Ao longo dos três dias do evento, a organização tem previs-to diversos seminários e workshops, com temas subordinados à fileira florestal. De referir que esta edição de 2015 do evento vai ser inaugurada, no dia 8 de Maio, pela Ministra da Agricultura e do Mar, Assunção Cristas.

A Expoflorestal é uma organização da Associação Florestal do Baixo Vouga (AFBV), da Associação dos Bombeiros Voluntários de Albergaria-a-Velha e da Associação Nacional de Empresas Florestais, Agrícolas e do Ambiente (ANEFA).

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Numa iniciativa da Confraria da Urtiga e da União de Fregue-sias Juncais, Vila Ruiva e Vila Soeiro do Chão, vai decorrer no fim-de-semana de 16 e 17 de Maio, em Fornos de Algodres, as X Jornadas Etnobotânica/VII Fim-De-Semana da Urtiga, que este ano abordam o tema “Plantas e Religião”.

A iniciativa conta com o apoio da Câmara de Fornos de Al-godres; Rede Social de Fornos de Algodres; Associação Huma-nitária de Bombeiros Voluntários de Fornos de Algodres; União de Freguesias de Cortiçô e Vila Chã e Lagar de Azeite “Casa do Cabo”. As inscrições podem ser feitas através dos emails [email protected]; [email protected].

O programa é o seguinte:

Dia 16 de Maio 2015 (sábado)9h00 - Encontro dos participantes no Centro Cultural Municipal

(atrás da Câmara) - Abertura do Secretariado - Abertura da Exposição “Plantas Santas”9h30 - Saída de campo para recolha e observação de plantas |Per-

curso: Maceira – Cortiçô - Degustação de sabores micológicos em Maceira13h00 - Piquenique partilhado, em Cortiço no Lagar de Azeite “Casa

do Cabo” (Ou opção Menu Bubbas | Bar ambulante)15h00 - PAINEIS | Local: Centro Cultural Municipal - “Hierbas, santos, vírgenes y ermitas a este lado de la Penín-

sula”, por Prof. Emílio Branco (Etnobotânico) - “ Plantas Utilizadas nas Cerimónias Quaresmais de Idanha-

-a-Nova” , por Prof.Vasco Teixeira (antropólogo) - “As Cabeleira do Santo Sepulcro, por Prof. António Catana

(historiador)17h00 - Encerramento das actividadesDia 17 de Maio 2015 (domingo) | DIA das Confrarias10h00 - Sessão de Boas-Vindas às Confrarias e Confrades convida-

dos/as - VII Cerimónia de Entronização na Confraria da Urtiga, Local: Paços de Município de Fornos de Algodres11h00 - Desfile das Confrarias pelas ruas da Vila12h00 - Palestra “Estudo Sobre as Propriedades Anti-Oxidantes da

Urtiga”, por Mestre, Ana Rita Carvalho | Faculdade de Farmácia da Uni-versidade de Coimbra

13h00 - Bênção dos estandartes - Almoço de confraternização das Confrarias

A decorrer nos dias 16 e 17 de Maio, em Fornos de Algodres

“Plantas e Religião” é o tema das X Jornadas Etnobotânica/VII Fim-De-Semana da Urtiga

Nos dias 8, 9 e 10 de Maio, Pinhel vai recuar no tempo e viver três dias de grande animação ao estilo medieval. Partindo da grande praça central da cidade, frente aos Paços do Concelho, e prosseguindo pelas ruas do Centro Histórico, a Feira Medieval culminará junto ao Castelo de Pinhel, local de singular beleza e encanto, com as melhores vistas da cidade…

Assim se anuncia esta I Feira Medieval de Pinhel – A Cida-de do Falcão. Manjares, tabernas, cortejos, torneios, teatro, música, dança e animação de rua são alguns dos ingredien-tes para que não perca uma visita até ao nordeste da Beira. Do programa de destacar uma forte componente cénica baseada na representação da Lenda do Falcão, uma lenda associada à história de Pinhel e que lhe dá o epíteto de Cidade Falcão.

Do vasto programa, realce ainda para a realização de uma Ceia Medieval, a 9 de Maio, pelas 19,30 horas e sujeita a inscri-ção prévia.

De 8 a 10 de Maio, no Centro Histórico de Pinhel

Cidade do Falcão promove I Feira Medieval

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A VIII Feira Nacional do Mirtilo já tem data marcada. Vai decor-rer em Sever do Vouga entre 25 e 28 de Junho no Parque Urbano da Vila e espaços adjacentes. O evento irá contar com cerca de uma centena de expositores e espera atrair largas dezenas de mi-lhares de visitantes durante os quatro dias.

A Feira Nacional do Mirtilo vai aliar uma componente lúdica com outra direccionada para os profissionais do sector. Assim, o certame vai manter a sua aposta numa forte componente técnica, onde estarão representados expositores directamente ligados à fileira do mirtilo, em particular, e à dos pequenos frutos, em geral.

Pretende-se que este seja um espaço dedicado aos agentes que operam na área dos pequenos frutos, com particular incidên-cia no mirtilo, onde possam trocar ideias e experiências e onde possam ficar a par das mais recentes inovações relacionadas com esta fileira e estabelecer negócios e contactos.

Outra aposta a manter será a realização de palestras técnicas. Este ano, uma dessas palestras irá contar com a participação de uma comitiva de uma associação de produtores de pequenos fru-tos do estado brasileiro do Rio Grande do Sul, que irão falar sobre as técnicas de produção de mirtilos naquela região do Brasil. Os

produtores brasileiros irão aproveitar a estadia em Portugal para visitar vários produtores de mirtilos da região e ficarem, assim, a par da realidade portuguesa.

Além desta, outras palestras técnicas estão previstas para decorrer durante os dias da Feira Nacional do Mirtilo. A organi-zação irá ainda manter as visitas abertas ao Campo Experimental de Pequenos Frutos da Agim, situado junto ao recinto da Feira do Mirtilo, bem como as visitas técnicas a pomares de mirtilos na região.

Outras actividades relacionadas com a Feira Nacional serão a apanha do mirtilo, onde o visitante pode pegar numa cesta e experimentar a tarefa de apanhar este fruto, os passeios pela vila em comboio turístico, animação musical, animação infantil e workshops de culinária.

A Feira Nacional do Mirtilo terá, como habitual, espaços de-dicados às artes e ofícios, à gastronomia, aos viveiristas e aos produtores que vendem o mirtilo em fresco e seus derivados. Destaque ainda para a transmissão em directo do programa da SIC “Portugal em Festa” durante toda a tarde de domingo, dia 28 de Junho.

De 25 a 28 de Junho, no Parque Urbano da Vila

Sever do Vouga prepara VIII Feira Nacional do Mirtilo

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A Casa de Laraias, localizada na freguesia de Tra-vanca, no concelho de Amarante, é uma sociedade familiar produtora de vinhos verdes, que está no mercado com as marcas Casa de Laraias e Pinga-ços. A exportação é prioridade deste produtor, que aposta em vinhos de qualidade superior.

Como acontece com a maior parte das quintas do Entre Douro e Minho produtoras de Vinho Ver-de, tem raízes profundas no passado e na tradição. Com vinhas no concelho de Amarante e no Vale do Sousa, a Casa de Laraias aposta nas castas tradicionais da região, como Avesso, Alvarinho, Pedernã, Trajadura e Azal. E mais recentemente Loureiro. Produz os seus vinhos a partir das uvas oriundas de vinhas próprias em Sistema de Pro-tecção Integrada, o que lhes confere um ca-rácter específico, único e saudável. O produtor aposta também no estreitar das relações com a terra, as vinhas e as uvas, de modo a garantir que os seus néctares tenham os melhores in-gredientes, o que possibilita fornecer vinhos de qualidade reconhecida.

João Pedro Matos, gerente da empresa, questionado sobre a aposta no Avesso, diz ser “suspeito”, pois gosta da casta. “Temos a vinha num local bastante apropriado, numa encosta solarenga, que permite uma boa maturação das uvas e, por consequência, uma boa graduação e ate é o primeiro a co-

Produtor de vinho verde de Amarante

Casa de Laraias aposta na qualidade e na exportação

lher”. “é um vinho muito aromático e com grau”, refere. O gerente da Casa de Laraias é um dos defensores da

extensão da produção de Alvarinho em toda a região dos vinhos verdes. “Concordo que seja extensível a

toda a região”, referindo mesmo ser “uma ilegalida-de”, pois, sublinha, “não há castas só para aquela

região”, numa referência a Melgaço e Monção. Há muito que se sabe que o consumidor

tem uma boa receptividade aos vinhos ver-des. Para João Pedro Matos “o mercado

dos vinhos verdes, neste momento, está muito bom”. No entanto, o produtor não

esquece “a série de asneiras feitas há uns anos”, mas que, entretanto, “fo-

ram corrigidas e agora a qualidade dos nossos vinhos nada tem nada

com o que se passava há 20 anos e nós já engarrafamos há cerca

de 30”.O mercado de exporta-

ção escoa a maior parte dos vinhos deste produ-

tor. “Temos um vinho de qualidade, logo com

outro preço e, como tal, temos vendido

mais para fora”, refere João Pedro

Matos.

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Os cinco melhores vinhos verdes da colheita 2014 são os arin-tos Quinta de Linhares e Modestu’s e os alvarinhos Dona Pater-na, Quinta das Pereirinhas e Terras de Monção.

A eleição dos melhores vinhos verdes é uma iniciativa anual da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVR-VV) e os vencedores deste ano foram conhecidos durante um jantar-gala que teve lugar no Palácio da Bolsa.

Os cinco melhores receberam os prémios ‘Best Of’, a principal categoria deste concurso, e foram escolhidos por um “júri inter-nacional composto por especialistas provenientes dos princi-pais mercados de exportação”, de acordo com a CVRVV. “Desde 2009 que a CVRVV inclui a categoria ‘Best Of’ no concurso Me-lhores Verdes, destinada a promover um ‘Top 5’ alvo de maior di-vulgação e promoção internacional”, refere a própria Comissão.

O vinho verde Quinta de Linhares é produzido em Penafiel e o Modestu’s é feito com uvas da sub-região de Basto, ao passo que os alvarinhos Dona Paterna, Quinta das Pereirinhas e Terras de Monção vêm da sub-região de Monção e de Melgaço, que faz fronteira com a Galiza.

O concurso distinguiu com ouro 12 vinhos seleccionados por um júri composto por representantes da Associação de Es-canções de Portugal, de comissões vitivinícolas e da Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Norte e por jornalistas e enólogos. Nessa categoria, destaque para a Quinta de Gomariz, da sub-região do Ave, com dois vinhos eleitos, o Rosé Colheita Seleccionada Padeiro e o Colheita Seleccionada Alvarinho Re-gional Minho.

Curvos Branco Superior, Estreia Tinto, Messala Alvarinho, S.

Vencedores conhecidos em jantar-gala no Palácio da Bolsa

Dois arintos e três alvarinhos são os melhores vinhos verdes de 2014

Caetano Escolha Arinto, Encostas de Caíz Grande Escolha Aves-so, Quinta da Levada Azal, Quinta de Linhares Loureiro, Santa Cristina Trajadura, Muralhas de Monção Espumante Branco Bru-to Alvarinho e Aguardente Ferreirinha são os outros premiados dos com ouro. Foram ainda premiados com prata 17 vinhos entre “tintos, brancos, rosados, espumantes e aguardentes”, indicou ainda a CVRVV.

A entidade acrescenta que, com mais de 250 referências ins-critas, concurso Melhores Verdes 2015 registou “uma grande participação de vinhos monovarietais”, embora os lotes predo-minem, como acontece, tradicionalmente, na Região

Para Manuel Pinheiro, presidente da CVRVV, “num ano em que se discute o novo regime de direitos de plantação e o alarga-mento do plantio, sendo que a Região dos Vinhos Verdes está a trabalhar com stocks esgotados, é urgente captar novos in-vestimentos em novas vinhas” para que a produção e as vendas cresçam.

Manuel Pinheiro disse ainda a “região tem de assumir um novo desafio, que é a viticultura”. É preciso investir em “novas planta-ções” uma vez que todo o vinho produzido está a ser vendido, insistiu, reforçando que esta é a “nova fronteira” que a região tem pela frente.

“As exportações estão a ser a locomotiva comercial dos vi-nhos verdes. Têm uma quota que já ultrapassa 40 por cento da produção”, destacou também. Manuel Pinheiro afirmou esperar que a meta dos 50 por cento seja alcançada até ao final desta década. Os vinhos verdes estão presentes em “111 mercados”, disse.

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Os vinhos do Alentejo registaram no ano passado um aumento de ex-portações de 5,10%, em comparação com 2013, com os principais merca-

dos externos, Angola, Brasil e Estados Unidos, a crescerem.Segundo a Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA), mais de

20 milhões de litros de vinho engarrafado e certificado seguiram para exportação, tendo 29% dessas vendas acontecido no mercado europeu, enquanto 71% teve como destino países fora da União Europeia (UE). Em comparação com 2013, realçou a CVRA, a exportação dos vinhos do Alen-tejo no ano passado cresceu 5,10%.

“Os sete principais mercados, que representam 93% do volume das ex-portações para fora da UE, cresceram”, com Angola a subir 5%, o Brasil 15% e os Estados Unidos da América 6%, indicou o mesmo organismo.

Quanto às exportações para países da União Europeia, também regis-taram um incremento, neste caso de 7%, quando comparado com período homólogo. “Estes valores demonstram a aposta contínua dos agentes económicos dos vinhos do Alentejo nos mercados de exportação”, con-gratulou-se a CVRA.

O Alentejo é a região líder no mercado nacional, quer na quota de mercado em volume (44,7%), quer em valor (45,5%), de acordo com a comissão vitivinícola, citando os dados ACNielsen na categoria de vi-nhos engarrafados de qualidade com classificação DOC e IG.

Um total de 263 produtores e 97 comerciantes estão agrupados pelos vinhos do Alentejo, que representam quase 21 mil hectares de área total de vinha, sendo a aprovada para DOC Alentejano de quase 14,5 mil hectares.

A Comissão Vitivinícola Regional Alentejana, criada em 1989, é um organismo de direito privado e utilidade pública que certifica os vinhos DOC Alentejo e os vinhos Regional Alentejano. A entidade é responsável pela promoção dos vinhos do Alentejo no mercado nacional e em mercados-alvo internacionais.

Adega de Vidigueira premiada em concursos internacionais

Nove dos vinhos da Adega Cooperativa de Vidigueira, Cuba e

Alvito (ACVCA), produzidos com uvas dos seus associados foram recentemente premiados em três concursos internacionais.

Segundo a ACVCA, o vinho Vidigueira Grande Escolha Tinto de 2012 e o recentemente lançado Licoroso Vidigueira DOC Tin-to de 2013 foram premiados com medalhas de ouro no CINVE 2015 – Concurso Internacional de Vinhos e Espirituosos, que de-correu na cidade espanhola de Vallodolid. Já os vinhos Vidigueira Reserva Branco de 2013 e Vidigueira Grande Escolha Branco de 2013 foram distinguidos com medalhas de prata no XIII Concurso Internacional de Vinhos Bacchus, que decorreu na capital espa-nhola, Madrid.

Os vinhos Vidigueira Antão Vaz Branco de 2013, Vidiguei-ra Branco de 2013, Vila dos Gamas Master Selection Branco de 2014, Vidigueira Tinto de 2014 e Vila dos Gamas Master Selec-tion Tinto de 2013 foram galardoados com medalhas de prata no Wine Masters Challenge XII World Wine Contest, que decorreu em Março no Estoril (Cascais).

Em comparação com o ano de 2013

Exportação de vinhos do Alentejo cresceu 5,10% em 2014

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A Região Demarcada do Dão já tem ao dispor dos turistas uma rota dos vinhos que envolve 41 vitivinicultores e que numa primeira fase representou um investimento superior a 465 mil euros.

Na cerimónia de lançamento da rota, o presidente da Comissão Vitivinícola Regional (CVR) do Dão, Arlindo Cunha, afirmou que o início da Rota representa “o passar de um velho sonho ao início da construção de uma realidade”, depois de uma primeira tentativa gorada em 2000.

Arlindo Cunha frisou que a Região Demarcada do Dão “pro-duz vinhos que o país e o mundo conhecem pelo seu carácter e elegância” e tem “recursos com enorme potencial para serem ex-plorados, criando valor económico através do turismo”, concreta-mente “um património vitivinícola enraizado na cultura das suas gentes”. “Apesar desse potencial, o Dão era, de entre as denomi-nações de origem históricas do nosso país, a única que ainda não tinha uma rota de vinhos”, referiu.

O projecto foi apoiado pelo Plano Operacional do Centro, tendo a componente nacional sido financiada pela Comunidade Inter-municipal da Região Dão Lafões e pela CVR Dão. Segundo aquele responsável, a Rota dos Vinhos do Dão “não irá, certamente, fun-cionar na perfeição, sobretudo, nos primeiros tempos”. “Mas ire-mos melhorando à medida que a formos construindo e também alargando, pois este é um processo aberto”, garantiu.

Uma segunda fase do projecto será dedicada à sinalética na

Welcome Center fica instalado na sede da CVR, em Viseu

Turistas já podem fazer Rota dos Vinhos do Dão

rede viária e ao “conjunto de apoios a pequenos investimentos nas adegas para se criarem condições de melhor acolhimento aos enoturistas”, avançou.

O vice-presidente da Câmara de Viseu, Joaquim Seixas, con-siderou que se trata “de um projecto de importância capital para toda a região, não apenas para a promoção dos vinhos, mas tam-bém para a tornar cada vez mais atractiva em termos turísticos”. Lembrou que a autarquia também tem vindo a assumir a condição de Viseu enquanto cidade vinhateira, tendo já realizado várias ini-ciativas nesse sentido, no âmbito da boa relação que tem com a CVR Dão.

A Rota dos Vinhos do Dão tem uma plataforma na Internet onde são apresentados os roteiros, as adegas e os serviços que a integram, é fornecida informação institucional e através da qual é possível marcar visitas. Em breve, haverá também uma aplicação para dispositivos móveis.

No dia do lançamento foi inaugurado o Welcome Center da Rota dos Vinhos do Dão, que ficará no Solar dos Vinhos do Dão, em Viseu. O espaço dispõe de duas salas de provas de vinhos, de uma mediateca e de uma sala de exposições.

A Rota dos Vinhos do Dão resultou de quase dois anos de tra-balho, durante os quais foram realizados estudos, inquéritos e vi-sitas aos locais, em articulação com várias entidades públicas e privadas.

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A Festa do Alvarinho e do Fumeiro de Melgaço, que vai de-correr entre os dias 1 e 3 de Maio, completa este ano vinte anos a promoção do que de melhor se faz no concelho, revelou a Câ-mara local.

Este ano a iniciativa vai contar com a participação de 74 ex-positores, distribuídos por uma área coberta com cerca de cinco mil metros quadrados. Cerca de 31 são expositores de vinho Al-varinho, da Sub-região de Monção e Melgaço, 18 de fumeiro e produtos locais, 17 de artesanato, instituições e associações, e ainda com 8 tasquinhas.

A Festa do Alvarinho e do Fumeiro, organizada pelo Município de Melgaço desde 1995, apresenta este ano como novidade uma aplicação móvel dedicada ao evento, onde se pode encontrar toda a informação sobre a festa, desde os expositores ao pro-grama, reúne ainda outras indicações úteis sobre alojamento, entre outros.

Com a participação de 74 expositores

Melgaço Festa do Alvarinho

e do Fumeiro completa 20 anos

Associação de Produtores Florestais de ViseuRua do Arrabalde, N.º 25 | 3500 – 084 Viseu

Tlf 232 432 559 Tlm: 963 426 322/ 913 357 209 Fax: 232 432 559E-mail: [email protected]

Apresentação do Serviço

CUIDAR A FLORESTA

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Os jardins e o Palácio do Marquês de Pombal vão ser palco da terceira edição do evento enogastronómico “Há Prova em Oei-ras - Gastronomia e Vinhos 2015”, que terá lugar de 1 a 3 de Maio.

A iniciativa, organizada pela da Câmara Municipal de Oeiras, tem como objectivo não apenas promover este monumento nacional, que detém uma riqueza histórica e patrimonial única, mas também divulgar a restauração do concelho de Oeiras e os vinhos da região vitivinícola de Lisboa, particularmente os que pertencem à rota de Bucelas, Carcavelos e Colares.

Tendo como público-alvo as famílias e apreciadores de vinho e gastronomia, o evento “Há Prova em Oeiras” estará organizado numa lógica tripartida: uma área indoor de exposição, prova e venda de vinhos com produtores e distribuidores de Lisboa e ou-tras regiões de Portugal; uma área de degustação gastronómica com restaurantes seleccionados de Oeiras - venda de comidas e bebidas; e, um conjunto de actividades paralelas na área dos vinhos e gastronomia, como workshops com profissionais de re-ferência do sector.

Jardins e Palácio do Marquês de Pombal

“Há Prova em Oeiras” promove a gastronomia

e vinhos da região

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A produção agrícola portuguesa deve assentar na oferta “de qualidade, diversificada e única” de produtos com valor acrescido nos mercados de consumo, sustenta a Confede-ração dos Agricultores Portugueses (CAP) num documento prospectivo para 2020.

A “Visão 2020 da Agricultura Portuguesa”, apresentada no último dia do congresso da CAP, pretende “afirmar a excelên-cia e singularidade da agricultura portuguesa nos mercados de consumo”, aumentando a competitividade dos produtos agrícolas “nos mercados de consumo mais exigentes e nos segmentos de procura de maior valor”.

O documento centra-se em sectores de produção que se destacam “quer pelo seu carácter único, quer pelo valor in-corporado nos processos de produção, quer pela valorização e procura dos mercados internacionais”. É o caso das frutas e hortícolas frescos, que viram as suas exportações aumentar de 400 milhões de euros em 2005, para 900 milhões de euros em 2013, ou do tomate de indústria, 95% do qual é exportado.

Já as exportações de vinho atingiram um recorde de 729 milhões de euros em 2014, chegando a 146 destinos, dos quais dez novos mercados. No que diz respeito ao azeite, Portugal

Em documento apresentada no último dia do congresso

CAP defende produção agrícola de “qualidade, diversificada e única”

encontra-se entre os cinco maiores exportadores, conse-guindo a autossuficiência em 2013 e vendendo ao estrangeiro 380 milhões de euros em 2014.

Ainda “insuficiente” em termos de auto aprovisionamento, a produção de milho tem também “uma janela de oportunida-de” proporcionada pela barragem de Alqueva. Também mais explorado deve ser o potencial do arroz, já que Portugal é o principal consumidor europeu deste alimento e possui uma variedade exclusiva (Carolino).

Na pecuária, o documento da CAP destaca o crescimento das exportações do sector avícola entre 2002 e 2013 (553% a nível dos pintos e 249% de ovos) e a rentabilidade do sector do leite, que factura cerca de 1300 milhões de euros por ano. Valoriza também o “enorme capital” dos cerca de 140 pro-dutos com Denominação de Origem Protegida (DOP) “cujas características qualitativas decorrem do saber fazer dos pro-dutores”.

O documento refere ainda a posição “destacadíssima” de Portugal na produção de cortiça, que representa mais de me-tade do total mundial, e a posição “fortemente competitiva” da indústria de pasta e papel que representa 4% do PIB na-

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cional.O objectivo da CAP para 2020 é conquistar maiores quotas

de mercado e aumentar a atractividade do sector, enquanto actividade “com potencial de rentabilidade e capaz de atrair e captar investimento nacional e investimento directo estran-geiro”.

O documento foca igualmente a necessidade de valorizar “a dimensão local da produção agrícola e da sua especificida-de”, mantendo a “base demográfica do território rural” atra-vés da diversificação das actividades económicas.

Falta de terra para cultivar é problema para novos agricultores

A ideia de que a terra está ao abandono não corresponde à verdade, disse o presidente da CAP, João Machado, assegurando que é difícil encontrar bons terrenos agrícolas.

Segundo o último inquérito do Instituto Nacional de Estatísti-ca (INE) à estrutura das explorações agrícolas, relativo ao ano de 2013, a Superfície Agrícola Não Utilizada (SANU) diminuiu cerca de 20% relativamente a 2009, apresentando o valor mais baixo desde que há registos estatísticos (pouco mais de 100 mil hec-tares) “.

Os dados estatísticos são confirmados pelo dirigente da CAP: “Não há abandono (...). Falta terra”, apesar de ainda se manter a ideia de que está tudo abandonado. “Portugal não tem muitos terrenos de grande qualidade. Quando vamos para culturas mui-to intensivas, onde temos de ser muito competitivos, precisamos de qualidade e aí é difícil de arranjar terrenos e são caros”, diz João Machado.

O clima mediterrânico atlântico não propicia solos adequa-dos a produzir com muita rentabilidade e em grande quantidade. “Nós não temos solos muito ricos, temos um país muito aciden-

tado, portanto os nossos melhores solos, que estão normalmen-te nas bacias dos rios não são muitos. Esses já estão quase todos aproveitados”, explicou. O que não significa que não existe capa-cidade de crescimento.

João Machado defende que é possível crescer mais, mas não em tudo: “Não podemos ser competitivos em tudo. Temos de de-finir muito bem aquilo que queremos em termos de produtos e tentar fazer vingar os nossos produtos nesses mercados pela sua diferença e pela sua qualidade”. Também fundamental é desen-volver as áreas de comercialização e ‘marketing’, acrescentou.

A bolsa de terras “é um bom veículo” para ajudar na instala-ção de novos agricultores, mas falta “um longo caminho” para que seja mais útil, segundo o presidente da CAP. “Estamos numa fase embrionária ainda. Falta habituação das pessoas para po-rem lá as terras e irem lá à procura das terras”, afirmou o mes-mo responsável, adiantando que a bolsa deve ser acompanhada com incentivos fiscais.

Seminário “Dinâmica da ocupação florestal do território”

Tem lugar a 11 de Junho, no Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas (CNEMA), em Santarém, no âmbito da Feira de Agricultura, o seminário “dinâmica da ocupação florestal do território – economia e regulação”.

O evento é organizado pela CAP, assinalando em 2015 o 40º aniversário da Confederação, com a colaboração do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, da Federação Nacio-nal das Associações de Proprietários Florestais, da Associação Florestal de Portugal, do Fórum Florestal e da União da Floresta Mediterrânica.

A 52ª Feira Nacional de Agricultura/62ª Feira do Ribatejo realiza-se de 6 a 14 de Junho, no CNEMA, em Santarém.

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O III Congresso Nacional do kiwi, que decorreu em Felgueiras, ocorre no momento em que o sector se prepara para corresponder à crescente procura do mercado europeu. “Dentro de cinco anos, o sector poderá estar a produzir cerca de 35 mil toneladas por ano”, explicou Rui Pinto, director da Cooperativa Agrícola de Felgueiras.

A produção actual, no conjunto do país, de cerca de 20 mil toneladas, é insuficiente para satisfazer as encomendas de países europeus, sobretudo

de Espanha e França, mas também do mercado nacional. “Isso abre-nos exce-lentes perspectivas”, exclamou. Por isso, prosseguiu o dirigente, estão a ser feitos muitos in-

vestimentos em pomares e em equipamentos de armazenamento. Só em Felgueiras, concelho que tem a maior área de produção do país, no próximo ano entrarão em produção várias ex-plorações, a maioria de jovens agricultores, duplicando a produção actual de 800 toneladas.

Também os equipamentos de frio, destinados a armazenamento, estão a ser reforçados. No conjunto do país há cerca de 600 produtores daquele fruto, concentrados sobretudo no Vale

do Sousa e Oliveira do Bairro.No congresso participaram dezenas de produtores, técnicos nacionais e estrangeiros,

nomeadamente de Itália e Espanha, bem como dirigentes do sector que discutirem aspec-tos ligados à produção, conservação e comercialização de kiwi.

O congresso foi organizado da Associação Portuguesa de Kiwicultores e Cooperativa Agrícola de Felgueiras.

Ministra da Agricultura destaca potencial exportador do sector

A ministra da Agricultura disse, em Felgueiras, que o sector da produção de kiwis apre-senta um grande potencial de crescimento, sobretudo no mercado da exportação. “A mi-nha convicção é de que se trata de um sector com grande potencial de crescimento. Nós

temos kiwis de muito boa qualidade que ombreiam ou superam os melhores do mundo. So-mos o quarto produtor europeu de kiwi e o décimo mundial”, afirmou.

Após ter discursado no III Congresso Nacional do Kiwi, que decorreu em Felgueiras, aos jornalistas a governante disse haver cada vez mais pequenos e jovens agricultores a olharem

para as possibilidades de crescimento do sector. “Estando a produção bem organizada, pode ser adequada a pequenas parcelas, como temos na região norte do país”, assinalou.

Assunção Cristas recordou, por outro lado, que os agricultores com pequenas parcelas não estão impedi-dos de produzir, desde que estejam associados através da organização de produtores. Esse processo, assinalou,

“permite depois abastecer mais mercados internacionais”. O kiwi já é exportado para muitos países e pode chegar a muitos outros”, sublinhou.

Na produção de kiwi 46% dos produtores estão organizados, uma média acima da nacional na agricultura. Para a ministra, o trabalho de organização da produção, “que no caso do kiwi se vê de forma exemplar”, é algo que o Governo quer prosseguir, “apoiando com majorações no PDR 2020”.

A propósito do Plano de Desenvolvimento Rural do anterior quadro comunitário, a governante recordou que dos 40 mi-lhões de euros investidos no sector, 25 milhões reportaram a explorações de jovens agricultores. Aqueles investimentos, con-cluiu, traduziram-se em mais 850 hectares de produção de kiwis.

III Congresso Nacional decorreu em Felgueiras

Produtores de kiwi preparam aumento

de vendas para a Europa

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A produção de morango tornou-se numa imagem de marca de São Pedro Velho, uma aldeia de Mirandela, no distrito de Bra-gança, impulsionada por antigos emigrantes sazonais que estão a afastar outros conterrâneos do mesmo destino.

Entre Abril e Novembro, cinco produtores dão trabalho prati-camente diário a uma média de “50 a 60 pessoas” e comercia-lizam cerca de 100 toneladas de morango por ano com um valor aproximado de 150 mil euros, numa aldeia com 200 habitantes.

Os dados foram avançados por Carlos Pires, presidente da junta de freguesia que há sete anos promove uma feira em torno deste produto e que no fim-de-semana de 09 e 10 de Maio leva à aldeia milhares de forasteiros à “procura do morango” e de ou-tros atractivos locais.

Tudo começou há um quarto de século com dois dos muitos casais que iam para França fazer as campanhas da apanha do morango com contratos sazonais.

O autarca contou que resolveram apostar nesta cultura na própria terra e fizeram do morango um negócio com venda ga-rantida para o comércio transmontano, para Espanha, e a con-quistar grandes superfícies instaladas na região.

O presidente da junta destacou a “importância desta produ-ção na economia local e empregabilidade”. O morango “sai qua-se diariamente e os produtores empregam uma média de 50 a 60 pessoas e têm de recorrer a aldeia anexas”, como indicou. “Isso

Impulsionada por antigos emigrantes sazonais

Morango estanca emigração em São Pedro Velho

faz com que essas pessoas já tenham um planeamento anual e sabem que vão trabalhar, o que as afasta da emigração”, vincou.

O fruto ganhou dimensão e surgiu a ideia de divulgar ainda mais este produto com a Feira do Morango. Na edição anterior, venderam-se “oito toneladas de morango em dois dias” entre os 50 expositores que apresentam também outros produtos locais, como o vinho.

O programa do evento dá ainda a conhecer outras potencia-lidades da aldeia, nomeadamente num passeio pedestre “à pro-cura dos morangos” que começa num forno comunitário, onde se cozem os típicos doces económicos e pão.

Ao longo do percurso, feito no ano passado por 200 pessoas, dá-se a conhecer monumentos e a paisagem, e o processo de produção do rei na festa com paragem num morangal, onde os participantes podem colher e levar uma caixa do fruto. No re-gresso à aldeia, nova paragem numa plantação de framboesa onde os espera o pão e os doces confeccionados no forno da aldeia.

No recinto da feira há espaço para as crianças e um restau-rante típico, além de animação e expositores ligados ao ensino, nomeadamente a Escola de Turismo que fará demonstrações de culinária com o produto em destaque. O morango contagiou a aldeia, onde nas casas são visíveis vasos com morangueiras ou carretas que vão também enfeitar a feira.

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A Escola Nacional de Bombeiros (ENB) lançou a edição deste ano do projecto “floresta segura”, que tem como missão ensinar os agricultores e a população rural a fazer queimadas e fogueiras em segurança.

Desenvolvida desde 2012 pela ENB, em parceria com grupo Portucel Soporcel, o projecto “Floresta Segura” tem como ob-jectivo a redução da ocorrência de incêndios florestais através da sensibilização da comunidade rural, para os princípios básicos de prevenção.

Este ano, o programa vai ter 15 acções de sensibilização de boas práticas, durante os meses de Abril e Maio, em aldeias dos concelhos da Azambuja, Monchique, Paredes, Cartaxo e Odemi-

Lançado pela Escola Nacional de Bombeiros

Projecto “floresta segura” ensina agricultores a fazer queimadas em segurança

ra, adianta a ENB, em comunicado. Segundo a Escola Nacional de Bombeiros, as acções de sensibilização visam ensinar os agricul-tores e a população rural a efectuar queimas e fogueiras seguras.

A ENB refere ainda que o programa “floresta segura” assume um papel activo na prevenção dos incêndios florestais e na pro-tecção das populações, nomeadamente através da realização de acções teóricas e práticas em numerosas localidades.

A maioria dos incêndios florestais em Portugal resulta de práti-cas de uso do fogo negligente ou intencional. A sessão de lança-mento do projecto vai decorrer no concelho da Azambuja e conta com a presença do secretário de Estado da Administração Interna, João Almeida.

Têm um papel importante no ciclo do carbono

Solos saudáveis são a base da produção

alimentarSolos saudáveis são a base da produção mundial de alimen-

tos e devem tornar-se um elemento chave nas políticas públi-cas, assegurou Moujahed Achouri, director da Divisão de Terras e Água da FAO, ao intervir na terceira Semana Mundial do Solo, em Berlim. A Semana Mundial do Solo reúniu mais de 550 parti-cipantes de 78 países que trabalham na gestão sustentável do solo e na governança da terra.

“Os solos são essenciais para alcançar a segurança alimentar e nutricional e têm o potencial de ajudar a mitigar os impactos negativos das alterações climáticas,” disse Achouri, acrescen-tando ainda que as pressões nos recursos do solo estão a atingir limites críticos.

Para além de sustentarem 95% da produção alimentar, os solos acolhem mais de um quarto da biodiversidade do planeta, são uma fonte importante de produtos farmacêuticos e desem-penham um papel fundamental no ciclo do carbono, acrescen-tou. Ao mesmo tempo, o nível de degradação do solo - estima-do em 33% mundialmente - é “alarmante” e tem o potencial de ameaçar a segurança alimentar e enviar muitas pessoas para a pobreza, advertiu Achouri.

Uma gestão sustentável do solo, por sua vez, pode contribuir para a produção de mais alimentos e mais saudáveis. A FAO fez um apelo internacional aos responsáveis pela gestão dos solos e das políticas que dizem respeito a este recurso, para que traba-lhem em conjunto para reduzir a degradação do solo e recuperar as terras já degradadas.

Atenção mundial sobre os solos

A Semana Mundial do Solo 2015 coincide com o Ano Inter-nacional dos Solos, que pretende sensibilizar para os benefícios, muitas vezes não reconhecidos, dos solos na saúde humana e no desenvolvimento sustentável.

A Semana do Solo deste ano destacou a necessidade de in-cluir assuntos relacionados com o solo nos Objectivos de De-

senvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ODS), que estão neste momento a ser discutidos. “Se queremos satisfazer a ne-cessidade primordial da humanidade de contar com segurança alimentar e nutricional, mitigar as alterações climáticas e alcan-çar o desenvolvimento sustentável, os recursos do solo devem ter a atenção mundial que merecem,” disse Achouri.

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Um drone desenvolvido na Universidade de Aveiro (UA) tem capacidade para monitorizar efeitos como a seca, doenças e fungos nas árvores, cobrindo até 50 mil metros quadrados de floresta, em apenas 10 minutos.

O equipamento é resultado de um projecto de investigação dos departamentos de Ordenamento e Ambiente, de Química, de Biologia e da Escola Superior de Tecnologia de Águeda da UA, com o objectivo de monitorizar o estado da saúde das áreas flo-restais.

A tecnologia acoplada ao veículo aéreo não tripulado (VANT) permite avaliar o grau de impacto de vários factores de ‘stress’ numa área florestal, seja os causados pela falta de água ou de nutrientes, seja os provocados por doenças ou ataques de in-sectos e fungos.

“Nesta primeira fase, desenvolvemos um sistema para a mo-nitorização de plantações de eucalipto, tendo em conta a rele-vância económica destas plantações”, revela Jan Jacob Keizer, investigador e coordenador do projecto na UA.

O eucalipto é a espécie florestal dominante em Portugal, re-presentando mais de 6% do total da superfície florestal, perfa-

Cobre até 50 mil metros quadrados de floresta, em apenas 10 minutos

Universidade de Aveiro cria drone para avaliar florestas

zendo 812 mil hectares. No Brasil, em 2012, a área ocupada por florestas plantadas de eucalipto totalizava mais de cinco milhões de hectares, o que representa 70,8 por cento do total de flores-tas brasileiras plantadas.

O drone da Universidade de Aveiro consegue rapidamente perscrutar áreas florestais de grandes dimensões, podendo mo-nitorizar 50 mil metros quadrados a cada 10 minutos.

A tecnologia desenvolvida pela equipa de investigadores baseia-se num sistema de monitorização em que imagens mul-tiespectrais [imagens adquiridas em diferentes comprimentos de onda que resultam na captura separada de cores] são adqui-ridas, através do veículo aéreo de asa rotativa com propulsão eléctrica, com um sensor multi-espectral”.

Os drones da UA podem ser enviados em missão sob solici-tação dos produtores florestais, “podendo monitorizar, de forma expedita”, alterações no coberto florestal.

“Num voo pode-se avaliar a eficácia de um tratamento con-tra uma praga ou determinar a mortalidade de plantas recente-mente plantadas após dias de geada ou de seca”, exemplifica o coordenador.

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Representantes de 39 países de todos os continentes estive-ram reunidos no Ministério do Ambiente, em Lisboa, para debater o nitrogénio, considerado “o padrinho das alterações climáticas”.

Os cientistas e os representantes de Governos e organismos internacionais, como a OCDE, UNEPE, UNECE, FAO, WHO e WMO, estão mandatados pelas Nações Unidas para apresentar, nos próximos quatro anos, orientações à escala global e regional, com vista à melhoria da gestão do nitrogénio, no âmbito do pro-jecto Towards INMS-International Nitrogen Management Sys-tem e da TFRN - Task Force on Reactive Nitrogen.

“Estamos a reunir informação científica credível para mostrar aos políticos que melhorar a gestão do nitrogénio representa uma grande oportunidade para o Mundo. Devemos avaliar a efi-ciência do uso do nitrogénio na Economia à escala global, pro-curando formas de maximizar a eficiência dos inputs de nitrogé-nio necessários à produção de alimentos e energia”, afirma Mark Sutton, coordenador do projecto Towards INMS e investigador do Natural Environment Research Council, na Escócia, uma das entidades financiadoras.

O nitrogénio ou azoto (N) é o quinto elemento químico mais abundante no Universo, 78% do ar que respiramos é nitrogénio

Loteamento Outeiro dos Pombos, Bairro Belo Horizonte, Lote 8, 1º | 3660-456 São Pedro do SulTlf.: 232712159 | Tlm.: 968449240 | 963839985 | 939189973 www.matospinho.com | E-mail: [email protected]

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Exploração FlorestalComercio de Madeiras

PlantaçõesElaboraçao de ProjetosLimpeza de Vegetação

Vigilancia e Combate a Incêncios

Exploração FlorestalComercio de Madeiras

PlantaçõesElaboraçao de ProjetosLimpeza de Vegetação

Vigilancia e Combate a Incêncios

Representantes de 39 países estiveram reunidos em Lisboa

Cientistas e governantes mundiais discutem gestão eficiente do nitrogénio

na sua forma pura. Quando transformado, este elemento quími-co é usado em todo Mundo na agricultura (como fertilizante), na indústria e nos transportes, mas quando em excesso é também uma fonte de poluição que urge combater. Só na Europa o custo da poluição com origem no nitrogénio está estimado entre 70 a 320 mil milhões de euros/ano.

Fertilizantes mais verdesConsiderando que 50% a 70% do nitrogénio fornecido às

culturas agrícolas se perde no meio ambiente, a melhoria da eficiência dos fertilizantes é a chave para reduzir a poluição. “Estamos a trabalhar com os fabricantes em novos métodos de preparação dos fertilizantes que minimizem a libertação de nitrogénio para a atmosfera, através da sua decomposição mais lenta no solo, portanto melhor aproveitados pelas plan-tas, o que significa que os agricultores estarão a adquirir um produto com maior valor”, explica Mark Sutton, acrescentan-do que “à medida que os agricultores usam melhor o nitrogé-nio, tornam-se menos vulneráveis à variação dos preços dos fertilizantes”.

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O Secretário Regional da Agricultura e Ambiente reafirmou, em Ponta Delgada, que o Governo dos Açores está empenha-do em manter a “pressão” junto da Comissão Europeia para a obtenção de ajudas adicionais face ao desmantelamento de quotas leiteiras que, destacou, ocorre numa situação de quase “anormalidade” nos mercados internacionais.

“É esse o esforço que temos feito”, assegurou Luís Neto Vi-veiros, em declarações aos jornalistas após uma reunião de tra-balho com a Ministra da Agricultura e do Mar, referindo o apoio conseguido junto da Conferência dos Presidentes das Regiões Ultraperiféricas e da Comissão de Recursos Naturais do Comité das Regiões.

O titular da pasta da Agricultura recordou ainda o recente en-contro mantido com o Comissário Europeu da Agricultura e De-senvolvimento Rural na sua deslocação a Portugal, que aceitou o convite para visitar os Açores no próximo ano. “É nesse sentido que os Açores têm trabalhado, evidenciando nas negociações os nossos constrangimentos em termos de produção”, frisou Neto Viveiros, apontando “a distância dos mercados, a pulverização das explorações e a pequena dimensão do tecido empresarial agrícola”.

Questionado pelos jornalistas sobre os apoios à produção lei-teira já existentes no POSEI, Luís Neto Viveiros frisou que este programa foi “desenhado” para um cenário que não coincide com o que está a ocorrer nos mercados internacionais.

Para o Secretário Regional, o desmantelamento do regime de quotas e a consequente liberalização ocorre numa conjuntura de “regressão” de consumo nos países emergentes, de exceden-te de oferta derivada do aumento de produção devido às boas condições climatéricas e ao embargo russo. “Estamos numa si-tuação quase que diria de alguma anormalidade relativamente àquilo que se previa e, portanto, com base em todos estes argu-

Face ao desmantelamento de quotas leiteiras

Governo dos Açores quer “ajuda excepcional” de Bruxelas

mentos, é essa pressão que temos colocado em todos os fóruns em que temos assento e que continuaremos a fazer”, afirmou.

Relativamente à reunião de trabalho com a Ministra da Agri-cultura e do Mar, em que foram analisadas matérias como a Segurança Social, o seguro agrícola, as linhas de crédito anun-ciadas pela Comissão Europeia e a revisão futura do POSEI, Luís Neto Viveiros registou a garantia dada por Assunção Cristas de “envolvimento“ na defesa das pretensões e preocupações apre-sentadas pela Região. “Tem um entendimento idêntico sobre as potencialidades que temos de diferenciação, de valorização de produtos e é por essa via que teremos todos que caminhar”, sa-lientou, considerando que foi trilhado “um caminho comum que é bom para a Região e, naturalmente, também é bom para o País”.

Sobre a linha de apoio à promoção de produtos, Neto Viveiros clarificou que é uma ajuda estabelecida pela Comissão Europeia, reforçada em termos de envelope financeiro para o todo comu-nitário na sequência do embargo da Federação Russa aos pro-dutos lácteos europeus para ajudar a procurar mercados alter-nativos e a que as empresas dos Açores, entendendo vantajoso, se podem candidatar.

Caça reabre nas ilhas Graciosa e S. Jorge

A Secretaria Regional da Agricultura e Ambiente determinou a reabertura da caça nas ilhas Graciosa e S. Jorge. Nas restan-tes ilhas do arquipélago dos Açores mantém-se a proibição na sequência da ocorrência de um surto da Doença Hemorrágica Viral (DHV) nas populações coelhos-bravos (Oryctolagus cuni-culus L.).

A reabertura da caça nas ilhas afectadas irá sendo decidida em função do período de quarentena aconselhado após o último registo de coelhos mortos com sinais de contaminação por DHV e dos censos realizados às populações.

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A Syngenta trouxe a Portugal uma equipa de investigado-res da Universidade Politécnica da Catalunha que sensibilizou os agricultores portugueses para adaptar o volume óptimo de calda a aplicar consoante a vegetação das culturas, alertando também para as Boas Práticas na pulverização e calibração de pulverizadores. As Jornadas de Calibração realizaram-se na Es-cola de Agricultura e Desenvolvimento Rural de Ponte de Lima e na Escola Profissional do Montijo, nos meses de Março e Abril, reunindo várias dezenas de técnicos e agricultores.

A equipa da Unidade de Mecanização Agrária (UMA) da Uni-versidade Politécnica da Catalunha, veio a Portugal pelo segun-do ano consecutivo, no seguimento de um protocolo de coope-ração com a Syngenta, para partilhar os seus conhecimentos sobre aplicação de produtos fitofarmacêuticos e calibração de pulverizadores.

As Jornadas constaram de uma parte teórica, subordinada às Boas Práticas Agrícolas ligadas à pulverização, tipo de bicos e tamanho de gota, procedimentos de regulação e ajuste de equi-pamentos de aplicação. Seguiu-se uma parte prática em cam-po, onde foi calibrado um pulverizador hidráulico de barras e um atomizador, e aplicada a calda com os dois equipamentos. Usan-do papel hidrosensivel foi possível observar a diferença da pul-verização obtida com bicos convencionais, bicos anti-deriva e bicos de duplo jato e concluiu-se que em muitas situações a per-centagem de cobertura não difere muito aplicando metade do volume de calda. “O erro mais frequente em muitas explorações agrícolas é o facto de desconhecerem os parâmetros básicos de regulação do equipamento – caudal dos bicos, pressão e veloci-dade de trabalho. Sem conhecer estes parâmetros é impossível ajustar a priori o volume de calda antes de iniciar a aplicação”, afirmou Jordi Llorens Calveras, um dos investigadores da UMA que esteve em Portugal.

“O mau funcionamento dos equipamentos de aplicação – falta de manómetros ou manómetros não adequados, bicos em mau estado ou fugas no sistema hidráulico - tem consequências, entre elas a ineficácia dos produtos aplicados ou mesmo a fito-toxicidade e queimaduras nas folhas das plantas”, acrescenta o formador espanhol. Na escolha dos bicos é fundamental ter em conta o tipo de equipamento de aplicação, a pressão de traba-lho, o tamanho da gota, a situação meteorológica (vento, tem-

Em Ponte de Lima e no Montijo

Syngenta promoveu jornadas sobre calibração de pulverizadores

peratura, humidade) e o tipo de praga ou doença que se preten-de controlar.

A equipa de Jordi Llorens Calveras dedica-se ao estudo de no-vas tecnologias de ajuste e regulação da quantidade de calda a aplicar mediante as características da vegetação da cultura, fa-cultando aos agricultores ferramentas que facilitam o cálculo do volume óptimo a aplicar (l/ha). Outra das preocupações da equi-pa da UMA é a redução da deriva da calda. UMA é o coordenador para Espanha do projecto europeu TOPPS-Prowadis, dedicado às Boas Práticas Agrícolas para protecção da água.

Jornadas de Vinha levam 140 viticultores a Palmela

A Syngenta realizou, em Palmela, umas Jornadas Técnicas de Vinha. A Associação de Viticultores do Concelho de Palme-la (AVIPE) associou-se ao evento com uma apresentação sobre eficiência da aplicação de produtos fitofarmacêuticos.

Estiveram em destaque os fungicidas Pergado F e Dynali e o insecticida Luzindo, três produtos-chave do portfólio Syngen-ta para protecção da cultura da vinha, e o sistema de gestão de efluentes fitossanitários Heliosec.

Num momento em que se inicia o ciclo vegetativo da vinha, a Syngenta reuniu viticultores e técnicos da Península de Setúbal para debater a protecção da cultura e apresentar soluções in-tegradas. Além do seu completo portfólio, que inclui fungicidas e insecticidas para controlo e prevenção das pragas e doenças que atingem a vinha, a Syngenta está a fazer uma clara aposta no aconselhamento técnico e formação dos agricultores no que se refere à aplicação dos produtos fitofarmacêuticos, de modo a aumentar a eficácia com a dose mínima necessária.

Heliosec: a solução natural para os restos de calda

Dar o destino correto aos restos de caldas, minimizando o seu impacto no meio ambiente e garantindo a segurança dos aplica-dores é uma preocupação da Syngenta. O Heliosec, um inovador sistema de gestão dos efluentes fitossanitários, onde se englo-

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bam os efluentes resultantes da lavagem dos pulverizadores como os restos de calda, é a solução que a empresa propõe às explorações agrícolas. Este produto atua por desidratação natu-ral, através da acção do sol e do vento.

Nestas Jornadas o Heliosec suscitou o interesse de técnicos e viticultores, que se vêem confrontados com legislação ambiental cada vez mais apertada e com exigências crescentes de alguns mercados consumidores de vinho no que toca à responsabilida-de ambiental dos produtores/engarrafadores.

As Jornadas de Vinha Syngenta fazem parte de um conjunto de eventos comemorativos do aniversário do Ridomil e do Topa-ze, que assinalam este ano 35 e 30 anos, respectivamente. Estes são dois dos fungicidas mais consagrados do portfólio Syngenta e que continuam no topo das preferências dos agricultores por-tugueses.

Syngenta promoveu Jornadas Técnicas de Milho nos Açores

A Syngenta realizou neste mês de Abril as Jornadas Técni-cas do Milho, nas cidades de Ponta Delgada e da Horta, nos Açores. O evento decorreu apenas alguns dias após o fim do regime de quotas leiteiras na União Europeia, a 31 de Março.

Neste novo cenário de liberalização da produção de leite e perante a descida dos preços pagos ao produtor, os agricul-tores têm pela frente o desafio de reduzir custos na alimenta-ção dos animais para manter a competitividade do sector. A Syngenta assume-se como o parceiro que oferece sementes

de milho e soluções de proteção da cultura tecnologicamente inovadoras, que garantem a rentabilidade do agricultor.

Mais de 500 agricultores das ilhas de São Miguel e do Faial participaram nas Jornadas Técnicas do Milho organizadas pela Syngenta e pelo seu distribuidor Agroutil na Região Autónoma dos Açores, nos primeiros dias de Abril. O evento realiza-se anualmente e é um importante ponto de encontro do sector agrícola açoriano, permitindo a reflexão sobre temas da actua-lidade e o contacto com novas soluções do portfólio Syngenta.

Numa conjuntura de descida do preço do leite pago ao produtor e perante um mercado liberalizado e muito competi-tivo, os agricultores açorianos precisam de ser mais eficientes na produção e de reduzir custos com a alimentação dos ani-mais. A cultura do milho apresenta nesta matéria uma vanta-gem competitiva, uma vez que alimentar os animais à base de silagem sai mais barato do que investir em alimentação à base de concentrados. Por outro lado, e face aos apoios comunitá-rios de que a Região Autónoma dos Açores dispõe – cerca de 400€ por cada hectare de milho produzido –, é previsível um aumento da produção de milho nos próximos anos. Recorde--se que a área de milho na região oscila entre os 9.000 e os 10.000 hectares.

“Creio que a área de milho vai manter-se, mas há margem para aumentar a produtividade da cultura entre 25% a 30% nos próximos anos. Devido ao elevado preço dos terrenos, a opção é fazer rotação de culturas. Penso que os agricultores vão deixar de fazer algum azevém e optar pelo milho silagem, que além de ser mais produtivo (65 a 75 ton/ha), tem uma ajuda comunitária”, afirma João Oliveira, sócio-gerente da Agroutil, em jeito de antevisão.

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Os produtores de castanha em Trás-os-Montes mostram-se preocupados com a vespa do castanheiro, praga que foi detec-tada recentemente na região e que, se não for combatida, pode eliminar 70% da produção nos próximos anos.

“O receio da quebra de produção é fundamentado. Se não fizermos nada, em três a quatro anos temos uma redução da produção em Trás-os-Montes que pode atingir os 70%”, afirmou, em Vila Real, o presidente da Associação Nacional da Castanha, RefCast, José Gomes Laranjo.

A região transmontana representa 80% da produção de cas-tanha em Portugal, de que resulta um rendimento anual de cerca de 50 a 60 milhões de euros. Depois de, em Maio do ano passa-do, ter sido detectado o primeiro foco da vespa do castanheiro em Portugal, na região de Barcelos, foram agora notificados dois casos desta praga em Trás-os-Montes, um confirmado em Car-razedo de Montenegro, concelho de Valpaços, e outro por con-firmar em Bragança.

Dinis Pereira é produtor em São João da Corveira, Valpaços, e mostrou-se muito preocupado com mais esta praga que está a afectar os soutos. “Principalmente na nossa região, em que a economia assenta 80 ou 90% sobre a produção de castanha e estamos a ver que está tudo em risco de, dentro de dois ou três anos, não termos produção de castanha”, afirmou à margem de uma reunião dos associados da RefCast.

Este produtor, que colhe cerca de 40 toneladas de castanha por ano, considerou que houve “um descuido muito grande” por parte de todos, desde produtores a entidades oficiais. “A ânsia de meia dúzia de pessoas de ganhar dinheiro fácil acabou por introduzir uma praga que já se esperava, mas não se adivinhava

Presidente da ANC diz que é necessário agir

Produtores transmontanos preocupados com vespa que pode dizimar castanha

que fosse a tão curto prazo”, frisou.José Gomes Laranjo explicou que os focos desta praga foram

detectados em novas plantações, feitas este Inverno e com cas-tanheiros híbridos “importados um pouco à margem da lei, cas-tanheiros que não tinham os passaportes fitossanitários e que, infelizmente, a maioria deles, estava infectada”, salientou. O pre-sidente da RefCast acrescentou que “foram plantados milhares de castanheiros destes um pouco por toda a região de Trás-os--Montes”.

Agora, segundo o também investigador da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, é importante que os produtores estejam atentos às novas plantações, detectem os focos de in-fecção e atuem de imediato eliminando os galhos infestados. “Temos uma janela de oportunidade de um mês para actuar e se fizermos uma acção drástica durante este mês conseguiremos ainda minimizar o impacto desta cultura”, salientou. Explicou que durante este período será possível ver “os castanheiros infesta-dos e a praga ainda não saiu do castanheiro para ir contaminar as árvores adultas que estão a dar fruto”.

Esta vespa aloja os seus ovos nos gomos dos castanheiros. Só quando estes formam novos ramos é que se percebem as defor-mações e inchaços nas folhas. Depois de infectados, os ramos não conseguem dar mais fruto.

José Gomes Laranjo referiu que estão a ser feitos ensaios a nível da luta biológica contra esta praga, que consiste na intro-dução nas áreas afectadas de parasitóides, insectos que são ca-pazes de exterminar esta vespa.

A vespa do castanheiro entrou na Europa através da Itália, onde já dizimou uma percentagem significativa da produção.

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A ministra da Agricultura elogiou o dinamismo da agricultura portuguesa, defendendo que o sector já constitui “uma boa oportunidade para os jovens e para os menos jovens em Portugal, porque tem um dinamismo extraordinário”, afirmou Assunção Cristas, sublinhando que “a execu-ção dos fundos comunitários no sector é exemplar e muito acima da média da União Europeia”.

A titular da pasta da Agricultura recordou que “o Programa de Desenvolvimento Rural 2020 (PDR 2020) já está em funcionamento, com muitas candidaturas recebidas”. “A nossa balança comercial melhora de ano para ano. Temos um défice agro-alimentar para colmatar, mas nestes anos diminuiu em mais de 1.300 milhões de euros”, comentou.

Segundo Assunção Cristas, aquele resultado deve-se “a um extraordinário dinamismo das exportações e também à substituição de importações”. A ministra recordou que, “só no ano passado, as exportações do sector agrícola aumentaram 7,8 por cento em relação ao ano anterior e as importações diminuíram 2,9 por cento”. “No conjunto de todos os produtos agrícolas, nos últimos anos, abrimos 72 mercados. Este trabalho é feito para que os nossos produtores possam aproveitar e acrescentar mais valor e rendimento nas suas explorações”, vincou.

A governante recordou também que o próximo quadro comunitário “tem respostas ade-quadas para o apoio ao investimento, à investigação, à inovação e seguros de colheitas”.

Diz a ministra Assunção Cristas

A agricultura “já é uma boa oportunidade para os jovens”

Para quem factura até 10 mil euros por anoPequenos agricultores devem entregar facturas

em Julho para serem reembolsados do IVA

A ministra da Agricultura e do Mar alertou os agricultores que facturam até 10 mil eu-ros por ano que devem entregar já em Julho as facturas das despesas que tiveram com a produção para serem reembolsados do Imposto sobre Valor Acrescentando.

Assunção Cristas fez este apelo no final de uma visita a uma exploração agrícola de legu-mes na Feiteira de Cima, em Santana, na Região Autónoma da Madeira, propriedade de João Hilário Gouveia. “Trago uma mensagem para os pequenos agricultores, aqueles que estão fora do regime do Imposto sobre Valor Acrescentando (IVA) para que, vendendo a organizações de produtores, a cooperativas, ou a supermercados, possam guardar as suas facturas e fazer o pedido para reembolso do novo regime do IVA forfetário que permite, a quem, por ano, factura até 10 mil eu-ros, apresentar facturas daquilo que compram para fazer as suas produções, seja as sementes, seja os adubos, seja os fertilizantes”, disse.

A ministra da Agricultura e do Mar referiu ainda que os pequenos agricultores podem pedir o reembolso duas vezes por ano e a primeira vez vai ser já, agora, em Julho, para poderem beneficiar do reembolso em seis por cento sobre o volume de vendas que fazem. “São seis por cento do volume das vendas que lhes compensa um bocado aquilo que pagaram no imposto quando adquiriram os seus produtos”, afirmou.

A ministra considerou esta possibilidade como “muito importante” porque “quer dizer que um agricultor que tenha de facturação por ano até 10 mil euros pode estar a receber 600 euros de reembolso do IVA duas vezes por ano, podem ser 300 euros num semestre e mais 300 euros no outro semestre”. Para isso, lembrou ser importante que “os agricultores adiram a este modelo e também, para isso, podem organizar-se melhor”. A ministra sustentou que a agricultura “é uma aposta deste Governo, e para continuar”, disse.

“A agricultura tem um papel importante na economia do país, tem tido excelentes resultados mas o Governo acredita que é possível continuar a trabalhar e ter ainda melhores resultados no país e, também, aqui, na Madeira, que é uma região deficitária no sector agro-alimentar”, concluiu.

Assunção Cristas visitou a Madeira onde presidiu à apresentação pública da "Estratégia do Mar para a Região" numa iniciativa da Associação Comercial e Industrial do Funchal e, na Câmara de Santana, participou numa sessão de esclarecimento dirigida a agricul-tores.

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OPI

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Há quem pense que uma alimentação equilibrada fica cara e que o peixe é um luxo inacessível para orçamentos mais reduzi-dos. Apesar de a proteína do peixe ser muito mais benéfica para a saúde do que a da carne, nem todas as famílias a incluem re-gularmente na lista de compras, por acharem que fica cara. Não é assim!

Para ter refeições de peixe, saborosas e nutritivas, não precisa de gastar uma fortuna. Aliás, ao contrário das ideias feitas que existem, os peixes mais baratos, disponíveis no mercado e captu-rados no nosso mar, como a cavala, o carapau ou a sardinha, são os mais benéficos para a saúde. São muito ricos em ácidos gor-dos polinsaturados, como os Ómega 3 e Ómega 6, substâncias muito importantes para a saúde, sobretudo ao nível do sistema circulatório e imunitário.

O peixe congelado é outra opção para refeições económi-cas e saudáveis, pois é mais acessível que a maioria do pescado fresco, tem os mesmos valores nutricionais e está sempre pronto a preparar. A descongelação é um processo e deve-se, de pre-ferência, descongelar na embalagem de compra, no frigorífico. Não sendo possível, pode-se usar o microondas ou optar pela

Comer bem e barato é possívelcozedura sem previamente descongelar, em alguns casos.

Temos também que falar nas conservas portuguesas, acessí-veis e versáteis, com que rapidamente se prepara uma refeição para toda a família, a preços controlados. O bacalhau é outra boa opção para cortar nos custos, mas não no sabor. Depen-dendo do seu tamanho, existe no mercado a preços acessíveis, e é um fiel amigo para a saúde e para a carteira.

Ou seja, o pescado proporciona refeições completas, do pon-to de vista nutricional, e com elevados benefícios para a saúde e para a manutenção de um peso saudável. Claro que o peso calórico de uma refeição com peixe depende muito do modo de confecção. Deve-se privilegiar os cozidos, grelhados e, sempre que se adicionar gordura, o azeite deve ser a escolhida!

Já sabe, é possível comer bem e barato. Se procura uma ali-mentação equilibrada, corte nas calorias, mas não desista do sa-bor! Descubra tudo aquilo que o mar lhe oferece. Vá ao mercado e deixe-se tentar por um peixe diferente. Na secção de congela-dos, descubra as novidades! E lembre-se que não há só conser-vas de atum e sardinha!

Cíntia Machado (Fileira do Pescado)

São más notícias para a Antártida. No futuro, devido às alte-rações climáticas, a acidificação do Oceano Antárctico poderá tornar-se num dos maiores problemas para os organismos ma-rinhos que lá vivem.

Numa definição simples, acidificação dos oceanos deve-se ao dióxido de carbono, que se encontra no ar, se dissolver-se na água, tornando-a mais ácida. As regiões polares, e particu-larmente a Antártida, são consideradas como áreas que mais observem o dióxido de carbono. Mais, sendo a Antártida uma das regiões do planeta que tem mostrado sinais de mudanças ambientais bastante rápidas e profundas, um grupo de 11 cien-tistas, de 9 países (Alemanha, Argentina, Canadá, Espanha, Es-tados Unidos da América; França, Nova Zelândia, Reino Unido e Portugal), desenvolveu um estudo para avaliar e quantificar essas mudanças pela primeira vez. Os resultados, publicados na prestigiada revista científica Global Change Biology, mos-tram que grande parte do Oceano Antárctico vai ser afectada por processos associados às alterações climáticas, e que essas áreas vão ser maiores do que as observadas no passado.

A pesquisa revela também que, no futuro, os factores am-bientais que causam Stress ao ecossistema marinho do Oceano Antárctico poderão chegar a 86% de todo o Oceano Antárcti-co.

Este foi o primeiro estudo a quantificar os múltiplos factores ambientais que afectam o Oceano Antárctico como um todo, e quais as áreas que poderão ser mais afectadas no futuro. As re-giões costeiras junto ao continente, e particularmente a Penín-

Os grandes desafios do planeta: A Antártida estará em risco no futuro?

sula Antártica, vão ser as regiões mais afectadas por estes múl-tiplos stresses ambientais (como por exemplo: degelo, aumento da temperatura, diminuição do gelo marinho), alertando-nos para onde deveremos focar os nossos estudos científicos futu-ros. O nosso maior desafio futuro será avaliar os efeitos destes factores ambientais na vida dos animais, e em toda a cadeia alimentar, que vivem no Oceano Antárctico e qual a severidade desses factores nas diferentes regiões deste Oceano. É nisso que se está a trabalhar agora.

Esta investigação inclui a contribuição de uma equipa da Universidade de Coimbra, resultado de um esforço nacional de vários anos para realizar investigação internacional e multidis-ciplinar que possua implicações planetárias.

Nestes últimos anos, a ciência polar teve o apoio vários intervenientes da esfera científica, educacional e política na-cional. Aqui, o papel do Prof. Luiz Mendes-Vitor (presiden-te do Comité Português para o Ano Polar Internacional) e do Prof. José Mariano Gago (ex-Ministro da Ciência) foi relevante no impulsionar a ciência polar de qualidade. Ambos faleceram neste último ano, que se traduziu numa perda para toda a co-munidade científica portuguesa. Recordo-me com um sorriso de ambos conversarem comigo dizendo: “Estão a fazer um bom trabalho...mas existirá ainda muito mais por fazer. Continuarei atento!” Onde quer que estejam, para o bem da ciência em Por-tugal, espero que sim.

José Xavier Ciência Viva

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O moscatel é ingrediente de vinhos, cocktails, gelados, com-potas e até bombons, apresentados nos dias 9 e 10, na Casa da Baía, em Setúbal. O programa comemorativo do Dia do Mosca-tel, efeméride que se assinala a 10 de Maio, inclui cursos, apre-sentações e degustações, numa iniciativa organizada pela Câ-mara de Setúbal, pela Escola de Hotelaria e Turismo de Setúbal e pela Casa Agrícola Horácio Simões, com o apoio da Rota dos Vinhos da Península de Setúbal

O evento começa com o curso “O Moscatel e o Chocolate”, conduzido por Filipe Cardoso, da Confraria do Moscatel, e pelo chef Nuno Gil, da Confeitaria São Julião, dia 9, às 10,30 horas, que ensina, nomeadamente, as metodologias aplicadas na prova de chocolate, o que une o moscatel ao chocolate e as diferentes formas de produzir aquele vinho.

Um espaço dedicado à promoção e venda de gelados artesa-nais da Ice Gourmet realiza-se das 14 às 24 horas, enquanto das 15 às 18 horas há uma venda e promoção de cocktails de Mosca-tel de Setúbal e degustação de pastéis regionais, uma iniciativa do DejaVu Bar.

O “Moscatdinner – Harmonizações com Moscatel de Setú-bal”, um jantar de degustação com a apresentação de moscatéis da Casa Agrícola Horácio Simões, com a presença do produtor, é servido às 20 horas. A refeição tem o valor de 25 euros para adultos e de 10 no caso de menu infantil. O DejaVu Bar propor-ciona, das 21,30 às 24 horas, mais um espaço de promoção e venda de cocktails, em que o Moscatel de Setúbal continua a ser ingrediente

O Espaço Multiusos de Albufeira vai receber de 16 a 18 de Maio a sétima edição da Grande Mostra de Vinhos de Portugal, or-ganizada pela Confraria Bacchus de Albufeira, com o apoio da autarquia local, entre outras entidades. Cerca de oitenta produ-tores das várias regiões vinícolas nacionais estarão presentes no certame que espera mais de dez mil visitantes.

Ao longo do fim-de-semana, visitantes, nomeadamente tu-ristas que por esta altura demandam o Algarve, bem como pro-fissionais do sector e da restauração têm oportunidade de co-nhecerem o melhor que se produz em Portugal.

A Mostra integra, além da degustação de vinhos, sessões de showcooking de tributo à dieta mediterrânica, harmonizados com vinhos de diferentes castas, workshops, provas comentadas, abertura de garrafa a fogo, sorteio de prémios pelos visitantes, momentos musicais e um concurso de vinhos. Em competição estarão vinhos tintos, brancos, rosés e licorosos, cujos prémios serão anunciados no dia da abertura, num jantar de gala para o efeito.

De entre os produtores presentes, destaque para a Casa de Sezim e Rebouça Alvarinho, dos Vinhos Verdes; Valle Pradinhos, de Trás-os-Montes, Dona Berta e Quinta Frades, do Douro; Quin-ta da Fata e Lusovini, do Dão; Companhia das Quintas e Quinta Folgorosa, de Lisboa; Adega de Almeirim e a Adega do Cartaxo, do Tejo; Adega Cantanhede, da Bairrada; Sivipa e Adega de Pal-mela, da Península de Setúbal; Herdade da Mingorra e J. Portugal

De 16 a 18 de Maio no Espaço Multiusos de Albufeira

VII Grande Mostra de Vinhos de Portugal espera mais de dez mil visitantes

Ramos, do Alentejo. Do Algarve, presentes, entre outros, os vi-nhos da Quinta João Clara, Quinta do Barranco Longo, Quinta da Malaca ou Quinta dos Vales

Do programa, constam ainda workshops de iniciação à prova de azeites, apresentação da Rota dos Vinhos e um colóquio te-mático “Conversas com Vinho”. Exposição de queijos, enchidos e doçaria regional são outros produtos que os visitantes podem encontrar nesta mostra.

Nos dias 9 e 10, na Casa da Baía

Setúbal comemora o Dia do Moscatel

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A Guarda tem uma nova associação que pretende contribuir para o desenvolvimento sociocultural e económico daquela re-gião, apostando no empreendedorismo e no apoio aos jovens na criação do próprio emprego, anunciaram os fundadores.

A nova colectividade, designada Oficina Nove - Associação de Empreendedores da Guarda, foi criada oficialmente a 19 de Feve-reiro por nove jovens que vivem e trabalham naquela cidade.

Segundo os promotores, a associação pretende oferecer “uma solução integrada de serviços e de espaços”, e proporcionar “fa-cilidades administrativas, informáticas, humanas, formativas, de ‘know-how’, a todas as pequenas empresas que se encontrem na fase de arranque do negócio, ou já estabelecidas, que necessitem de reduzir os seus custos fixos”.

Para concretizar os objectivos propostos, irá disponibilizar a “custo reduzido” um espaço de ‘cowork’ (escritórios partilhados por mais do que uma entidade ou empresa) e dará apoio à incuba-ção e à domiciliação virtual de empresas.

A Associação de Empreendedores da Guarda foi pensada pe-los fundadores “como um espaço de partilha de conhecimento, inovação, empreendedorismo e cultura”. A nova colectividade também pretende, entre outras acções, organizar eventos sociais, desportivos, culturais, de solidariedade social, ambiental e forma-tivos, actuar na área da educação, da formação profissional e da promoção do emprego, na promoção e divulgação das artes, ar-tesanato e cultura regional.

Designada Oficina Nove

Guarda tem nova associação para apoiar jovens na criação do próprio emprego

A Oficina Nove surgiu de uma conversa de café entre três amigos - Magda Martins, designer de interior, 38 anos, Diogo Loureiro, empresário, 40 anos, e Rui Coelho, designer gráfico, 38 anos - que decidiram fazer “algo pela cidade da Guarda” e ajudar os jovens no início da carreira profissional. “Como todos passámos pela necessidade de ter um espaço e de ajuda no iní-cio da nossa actividade profissional, decidimos criar a associa-ção para ajudar os jovens”, contou Magda Martins

A responsável assegura que a Associação de Empreende-dores da Guarda “não é mais uma associação”, porque os seus responsáveis pretendem que se distinga na vertente do em-preendedorismo. “Queremos dinamizar a cidade com jovens empresários, jovens criativos e artísticos e queremos ser aces-síveis a qualquer instituição ou empresa que se queira juntar”, disse.

Os nove elementos fundadores estão todos a trabalhar, mas “todos querem dar o seu contributo para ajudar os jovens a criar emprego e a dinamizar a economia local”, sublinhou Diogo Loureiro, outros dos fundadores. No seu arranque, a associa-ção abrangerá apenas o território do concelho da Guarda, mas, segundo Rui Coelho, também mentor do projecto, futuramente o raio de acção “será alargado” a todo o distrito da Guarda.

A sede da Oficina Nove funcionará nas instalações de uma empresa local (M5 Business Center), no âmbito de um protocolo estabelecido entre ambas as entidades.

O Município de Vila de Rei procedeu a abertura de um concur-so público com vista à construção de um Lagar e de uma unidade de embalamento, pelo preço base de 200.000,00€.

A infra-estrutura terá como prazo máximo de construção de três meses, sendo implementada na Zona Industrial do Souto com cerca de 650 m2 de área bruta de implementação.

Posteriormente será lançado também igual procedimento para os equipamentos afectos às unidades de transformação e embalamento.

Com um custo de cerca de 200 mil euros

Município de Vila de Rei avança com construção de Lagar

F I C H A T É C N I C A

Ano X - N.º 245Director José Luís Araújo (CP n.º 7515), [email protected] | Editor Classe Média C. S. Unipessoal, Lda.Redacção Luís Pacheco | Departamento Comercial Filipe Figueiredo, Fernando Ferreira e José MartinsOpinião Miguel Galante | Apoio Administrativo Jorge Araújo Redacção Praça D. João I Lt 363 Fracção AV - 3510-076 Viseu | Telefones 232436400 / 968044320E-mail: [email protected] | Web: www.gazetarural.comICS - Inscrição nº 124546Propriedade Classe Média - Comunicação e Serviços, Unipessoal, Limitada | Administração José Luís AraújoSede Lourosa de Cima - 3500-891 ViseuCapital Social 5000 Euros | CRC Viseu Registo nº 5471 | NIF 507021339 | Dep. Legal N.º 215914/04Execução Gráfica NovelGráfica | Telf. 232 411 299 | E-mail: [email protected] | Rua Cap. Salomão 121-123, 3510-106 ViseuTiragem média Mensal Versão Digital: 80000 exemplares | Versão Impressa: 2000 exemplaresNota: Os textos de opinião publicados são da responsabilidade dos seus autores.

Ricardo Aires, presidente da autarquia de Vila de Rei, salienta que “está dado o primeiro passo para a definitiva implementação de um equipamento tão necessário para o Concelho. Muito breve-mente os vilarregenses deixarão de ter de ir para fora do conce-lho transformar a sua azeitona. Estamos certos que esta medida constituirá um estímulo para que os vilarregenses voltem a cuidar das suas propriedades agrícolas, assim como, para o surgimento de empreendedores nesta área, encontrando nesta unidade uma forma de rentabilização dos seus excedentes agrícolas.”

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Breves

Bruxelas classifica chouriça e presunto de Melgaço como produtos protegidos

A Comissão Europeia vai acrescentar a chouriça de carne e o presunto de Melgaço à lista de produtos com Indicação Geográfica Protegida (IGP). A chouriça de Melgaço é produzida a partir de carne de porco de raça bísara e é um enchido tradicional curado pelo fumo, de forma cilíndrica, em forma de ferradura, de cor castanha clara, com diâmetro entre os 2 e os 3 centímetros de comprimento e que pode variar entre os 30 e 35 cm. Este enchido é confeccionado a partir de pedaços pequenos de carnes do lombo, lombelos, cachaço, toucinho, aparas e gorduras. O presunto de Melgaço é também produzido no município de Melgaço a partir de perna de porco de raça bísara. Estas denominações como IGP passam a integrar a lista de mais de 1.200 produtos protegidos.

Anselmo Ralph e Richie Campbell na Feira de Maio em LeiriaOs concertos de Anselmo Ralf, Pedro Abrunhosa, D.A.M.A e Richie Campbell são o

destaque da Feira de Maio, certame que arranca no dia 01 de maio em Leiria e que quer afirmar-se como o melhor da região Centro.

“Queremos consolidar a Feira de Maio como o maior evento da região Centro”, afirmou o vereador Vítor Marques na conferência de imprensa de apresentação da iniciativa, nos Paços do Concelho de Leiria.

Vítor Marques, que tem o pelouro do desenvolvimento económico, realçou que os concertos, no estádio municipal, entre os dias 21 e 23 de Maio, integram um novo con-ceito a lançar na edição 2015 da Feira de Maio, o “Leiria Festival”.

A Feira de Maio, que ocupa uma área de 50 mil metros quadrados junto à zona des-portiva, vai contemplar cerca de 230 expositores, o mesmo número da edição passada, esperando chegar ao meio milhão de visitantes. Equipamentos de diversão, espaços de doçaria e farturas, stands de associações, tasquinhas, expositores de automóveis e má-quinas, e empresas são as presenças habituais num certame que se estende ao topo nor-te do estádio municipal que vai albergar, também, o espaço “Leiria tem saúde”, com pa-lestras e rastreios gratuitos, além de animação no âmbito de uma parceria com o Inatel.

O mercado francês é o primeiro a dar sinais sobre o potencial de Portugal en-quanto futuro mercado de corridas de ca-valos, na sequência da aprovação da lei das Apostas Hípicas em Fevereiro passado pelo Governo português.

A demonstrar isso mesmo está o canal de televisão Equidia, que está em Portu-gal para conhecer mais sobre o potencial do mercado nacional. A equipa francesa irá filmar a Reunião de Corridas de Cava-los, inserida no Campeonato Nacional de Corridas de Cavalo de Galope e Trote, a 1 de Maio, no Hipódromo de Felgueiras – Quinta da Granja.

Já confirmada está a presença do Se-cretário de Estado da Alimentação e da Investigação Agroalimentar, Nuno Vieira e Brito, e da subsecretária de Estado Adjun-ta do vice-primeiro-ministro, Vânia Dias da Silva, para além outras individualidades do Estado Português, das autarquias e do mundo empresarial e associativo.

A Liga Portuguesa de Criadores e Pro-prietários de Cavalos de Corrida (LPCPCC) reconhece o interesse de vários parceiros internacionais, mas os franceses - com grande experiência neste mercado – es-tão na linha da frente, reconhecimento do trabalho da associação portuguesa com as congéneres Cheval Français e da France Galop.

“Apesar do estado embrionário da acti-vidade em Portugal, os franceses, que têm uma das mais desenvolvidas indústrias de corridas de cavalos do mundo, olham para o potencial de crescimento de Portugal com bastante interesse, até porque esta seria uma oportunidade para darem a co-nhecer os seus cavalos – o Puro Sangue In-glês, o Puro Sangue Árabe e, em particular, o Trotador Francês”, afirma Ricardo Carva-lho, presidente da LPCPCC.

A Liga salienta ainda que também o mercado português se entusiasmou com este novo segmento de actividade. “Refle-xo da elevada expectativa criada em torno das corridas de cavalos em Portugal é o número crescente de autarquias que já ma-nifestaram à LPCPCC, o interesse em cons-truir hipódromos e o número significativo de investidores nacionais e estrangeiros interessados em investir na actividade”, ex-plica Ricardo Carvalho.

Com a aprovação da lei que atribui, em exclusivo, a exploração das Apostas Hípi-cas à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, mercado das corridas de cavalos podem vir a gerar 300 M€/ano e cerca de 6 mil postos de trabalho.

Com a aprovação de nova lei

Corridas de Cavalos

atraem investidores estrangeiros

Fernanda Amaral é produtora de fumeiro na Quinta do Pontim, em Fornos de Algo-dres. Cresceu numa família com tradição na produção de fumeiro típico da região e resolveu assumir-se como a terceira geração desta actividade.

“A ideia de produzir fumeiro já tinha alguns anos, prosseguindo uma tradição de fa-mília, pois já vem do tempo da minha avó, passou para a minha mãe e eu, como herdei o gosto, decidi dar-lhe continuidade e licenciei a actividade”, contou à Gazeta Rural.

Aproveitando a experiência adquirida ao longo de duas gerações, Fernanda Amaral apostou na produção de fumeiro típico da zona de Fornos de Algodres, onde a matéria--prima, adquirida num matadouro da zona, lhe fornece carne de qualidade”.

“A matéria-prima é fundamental, bem como todos os outros ingredientes para se ter um bom produto”, diz a produtora, que sustenta ser “essencial fazer tudo com muito carinho e gosto, o tal saber-fazer e com prazer”.

Fernanda Amaral decidiu apostar numa novidade. “Pensei na saúde dos consumi-dores e decidi não secar o enchido da forma tradicional, mas sim por desidratação. Utilizo forno de lenha, mas não fumo direto, pois hoje em dia relaciona-se o cancro de estômago com as toxinas do fumo dos enchidos”.

Produzido à moda antiga, Fernanda Amaral faz também questão de não colocar qualquer aditivo, mas apenas alho natural, picado na hora, um ingrediente que não pode faltar para proporcionar o gosto ao fumeiro. Chouriça, morcela de sangue com carne e a farinheira são alguns dos seus enchidos.

Refira-se que para além das feiras onde a Fernanda participa para promover e ven-der os seus enchidos, pode encontrá-los no centro de Fornos de Algodres, junto ao mercado, numa loja aberta ao público, recentemente inaugurada pela produtora.

Produtora em Fornos de Algodres

Enchidos de Fernanda Amaral secam por desidratação

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O Júri do V Concurso Internacional de Azeites Virgem Extra – Prémio Ovibe-ja reuniu-se em Beja para apreciar 116 amostras provenientes de 10 países.

Portugal conquistou os três primeiros prémios nas categorias de Frutado Maduro e Frutado Verde Ligeiro. Arrecadou ainda menções honrosas

nestas duas categorias.Na categoria de Frutado Verde Médio, Espanha alcançou o pri-

meiro e o segundo prémio e Itália arrecadou o terceiro. Quanto ao Frutado Verde Intenso a melhor classificação foi para uma empresa

Italiana, sendo que Espanha alcançou os segundo e terceiro lugares. A presidência do Júri foi assumida, mais uma vez, por José Gouveia, professor ca-

tedrático jubilado do Instituto Superior de Agronomia, e contou com cerca de 40 jurados em representação de 10 países, de entre os quais se contam as estreias do Japão e dos Esta-

dos Unidos. Os azeites seleccionados vão ser dados a provar aos visitantes no decorrer da 32ª Ovibeja que se realiza de 29 de Abril a 3 de Maio. O Concurso de Azeites Virgem Extra é organizado pela ACOS – Associação de Agricultores do

Sul – entidade organizadora da Ovibeja - conta com o apoio da Casa do Azeite e da Divisão da Compe-titividade e dos Mercados Agrícolas do GPP – Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral

do Ministério da Agricultura. Tem o patrocínio exclusivo do Crédito Agrícola (CA).

No concurso Internacional de Azeites Virgem Extra – Prémio Ovibeja

Azeites portugueses conquistam os três primeiros prémios em duas categorias

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Amarante vai ser a “capital da doçaria conventual" no fim-de--semana de 8 a 10 de Maio. Numa organização da Associação Empresarial de Amarante (AEA), com o apoio do Município, decor-re nos Claustros do Convento de São Gonçalo, a décima edição da “Feira dos Doces Conventuais”, que reúne expositores de vários pontos do país.

Esta iniciativa, que conta com cerca de quatro dezenas de ex-positores e espera receber mais de vinte mil visitantes. O evento visa promover produtos regionais de excelência e assim contribuir para o crescimento da economia e turismo local.

A Feira integra uma agenda cultural diversificada, com workshops e muita animação, sendo um dos workshops dirigi-do aos mais pequenos que vão aprender a confeccionar doces conventuais. Os vinhos e licores, para acompanhar as diferentes iguarias, são produtos que também vão estar em destaque nes-tes dias. Realizada pela primeira vez em 2005, a “Feira dos Doces Conventuais de Amarante” tem vindo a registar, em cada ano, um aumento do número de expositores e de público.

Amarante, recorde-se, é uma referência incontornável na área da doçaria conventual, sobretudo através do legado das irmãs Clarissas do Convento de Santa Clara, cujas receitas tradicionais estão na base das “lérias”, “papos-de-anjo”, “foguetes” ou das “brisas do Tâmega”.

No fim-de-semana de 8 a 10 de Maio

Amarante recebe Feira dos Doces Conventuais

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