gastal susana imaginario urbano relento texto praca

9
Imaginário urbano: relendo o texto praça Susana Gastal 1 Giulio Carlo Argan, na sua condição de ex-prefeito de Roma e especialista em história da arte e da cultura, lamentava que os gestores públicos tivessem «deixado de sonhar Roma, para projetá-la» 2 , pois, para ele, a estrutura do espaço não estaria na realidade objetiva, mas no pensamento que a percorre e cria. De concluir, também, que uma cidade «não se funda, se forma» 3 e, para termos uma Cidade melhor, preciso, antes, acalentar no imaginá- rio a Cidade que desejamos. Na busca de um melhor entendimento do fenômeno urbano, uma presença absoluta no mundo globalizado, talvez seja conveniente abandonar os conceitos quantitativos – nú- mero de habitantes, dimensões físicas, capa- cidade econômica e outros – ou mesmo os conceitos qualitativos – sua hegemonia sobre regiões do entorno, sua antiguidade, sua produção cultural... –, e propor uma leitura semiótica da Cidade como uma outra forma de encaminhar novos olhares que possam identificar problemas e refletir sobre suas possíveis soluções. Pensar a Cidade a partir de um olhar semiótico, supõe uma primeira aproximação que exige aprofundar os conceitos Cidade e Urbano, entendendo-se a primeira como o espaço físico e as inter-relações sócio- econômicas ali efetuadas e, o segundo, implicando um modo de vida, uma sensibi- lidade e uma cultura, vivenciadas como imaginário 4 . O Urbano nasceu na Cidade, mas se espalhou para além dos seus limites, de maneira que, hoje, «para lá da cidade, ainda cidade» 5 . Mas seria uma ilusão pós-moderna pensar que o Urbano pode viver sem a Cidade como suporte físico de experincias e fazeres: como o pastoral estaria para o campo, o Urbano está para a Cidade, alimentado por visões de realidades urbanas densas 6 . Henry Lefebvre outro que compartilha a diferenciação entre Cidade e Urbano, vendo na primeira a realidade imediata e, no se- gundo, a realidade social, pois o «urbano não uma alma, um espírito, uma entidade filo- sófica» 7 , mas é composto de relações a serem concebidas e construídas pelo pensamento. Para o filósofo, esta posição significa olhar a Cidade como texto escrito e a realidade Urbana como conjunto de signos, um campo de relações de espaços e tempos compostos por ritmos cíclicos e durações lineares, «significantes cujos significados procura- mos» 8 , isto, realidades prático-sensíveis que permitam realizar o significante no espaço. Percorrer a construção de significado do Urbano pode ser uma maneira enriquecedora de alcançar uma aproximação mais precisa para a compreensão da Cidade: como, em diferentes tempos e locais, a Cidade induziu a comportamentos e maneiras de pensar que extrapolaram o momento histórico específi- co que os gerou, e passaram a povoar um imaginário que viria a constituir os signos Urbanos. Solucionar esta equação significa buscar como a Cidade, mais do que vivenciada, foi sonhada em diferentes mo- mentos e como este sonho marcou, ou, como prefere Lefebvre, fecundou 9 os momentos posteriores na forma de novos imaginrios sobre a Cidade. Ou ainda, como proposto por Walter Benjamin, citando Jules Michelet, como «cada época sonha a que lhe seguir». 10 1. O olhar semiótico sobre a cidade e o urbano Para Roland Barthes, a possibilidade de uma semiótica da cidade é uma prática recente e enriquecedora. O semiota cita Kevin Lynch para sugerir a metodologia de traba- lho: «pensando-a com os próprios termos da consciência que dela se apercebe, isto é, pretendendo reencontrar a imagem da cidade nos leitores dessa cidade» 11 . Na cidade submetida ao olhar semiótico, Barthes vê um conflito entre a funcionali- dade «e aquilo que eu chamarei o seu conteúdo semântico (...) (por exemplo) que

Upload: aukanaii

Post on 14-Feb-2016

9 views

Category:

Documents


4 download

DESCRIPTION

Urbano

TRANSCRIPT

207SEMIÓTICA E TEXTO

Imaginário urbano: relendo o texto praçaSusana Gastal1

Giulio Carlo Argan, na sua condição deex-prefeito de Roma e especialista em históriada arte e da cultura, lamentava que os gestorespúblicos tivessem «deixado de sonhar Roma,para projetá-la»2, pois, para ele, a estruturado espaço não estaria na realidade objetiva,mas no pensamento que a percorre e cria. Deconcluir, também, que uma cidade «não sefunda, se forma»3 e, para termos uma Cidademelhor, preciso, antes, acalentar no imaginá-rio a Cidade que desejamos.

Na busca de um melhor entendimento dofenômeno urbano, uma presença absoluta nomundo globalizado, talvez seja convenienteabandonar os conceitos quantitativos – nú-mero de habitantes, dimensões físicas, capa-cidade econômica e outros – ou mesmo osconceitos qualitativos – sua hegemonia sobreregiões do entorno, sua antiguidade, suaprodução cultural... –, e propor uma leiturasemiótica da Cidade como uma outra formade encaminhar novos olhares que possamidentificar problemas e refletir sobre suaspossíveis soluções.

Pensar a Cidade a partir de um olharsemiótico, supõe uma primeira aproximaçãoque exige aprofundar os conceitos Cidade eUrbano, entendendo-se a primeira como oespaço físico e as inter-relações sócio-econômicas ali efetuadas e, o segundo,implicando um modo de vida, uma sensibi-lidade e uma cultura, vivenciadas comoimaginário4. O Urbano nasceu na Cidade, masse espalhou para além dos seus limites, demaneira que, hoje, «para lá da cidade, aindacidade»5. Mas seria uma ilusão pós-modernapensar que o Urbano pode viver sem a Cidadecomo suporte físico de experincias e fazeres:como o pastoral estaria para o campo, oUrbano está para a Cidade, alimentado porvisões de realidades urbanas densas6.

Henry Lefebvre outro que compartilhaa diferenciação entre Cidade e Urbano, vendona primeira a realidade imediata e, no se-gundo, a realidade social, pois o «urbano não

uma alma, um espírito, uma entidade filo-sófica»7, mas é composto de relações a seremconcebidas e construídas pelo pensamento.Para o filósofo, esta posição significa olhara Cidade como texto escrito e a realidadeUrbana como conjunto de signos, um campode relações de espaços e tempos compostospor ritmos cíclicos e durações lineares,«significantes cujos significados procura-mos»8, isto, realidades prático-sensíveis quepermitam realizar o significante no espaço.

Percorrer a construção de significado doUrbano pode ser uma maneira enriquecedorade alcançar uma aproximação mais precisapara a compreensão da Cidade: como, emdiferentes tempos e locais, a Cidade induziua comportamentos e maneiras de pensar queextrapolaram o momento histórico específi-co que os gerou, e passaram a povoar umimaginário que viria a constituir os signosUrbanos. Solucionar esta equação significabuscar como a Cidade, mais do quevivenciada, foi sonhada em diferentes mo-mentos e como este sonho marcou, ou, comoprefere Lefebvre, fecundou9 os momentosposteriores na forma de novos imaginriossobre a Cidade. Ou ainda, como proposto porWalter Benjamin, citando Jules Michelet,como «cada época sonha a que lhe seguir».10

1. O olhar semiótico sobre a cidade e ourbano

Para Roland Barthes, a possibilidade deuma semiótica da cidade é uma práticarecente e enriquecedora. O semiota cita KevinLynch para sugerir a metodologia de traba-lho: «pensando-a com os próprios termos daconsciência que dela se apercebe, isto é,pretendendo reencontrar a imagem da cidadenos leitores dessa cidade»11.

Na cidade submetida ao olhar semiótico,Barthes vê um conflito entre a funcionali-dade «e aquilo que eu chamarei o seuconteúdo semântico (...) (por exemplo) que

208 ACTAS DO III SOPCOM, VI LUSOCOM e II IBÉRICO – Volume II

Roma provoca um conflito permanente entreas necessidades funcionais da vida modernae a carga semântica que lhe é comunicadapela história»12. A cidade seria um tecidoformado não de elementos iguais, mas deelementos fortes e elementos neutros «ou,como dizem os lingüistas, de elementosmarcados e de elementos não marcados (...).Como é evidente, cada cidade possui essaespécie de ritmo (...)»13. E Barthes conclui:

A cidade é um discurso, e esse dis-curso é verdadeiramente uma lingua-gem: a cidade fala aos seus habitan-tes, nós falamos à nossa cidade, acidade onde nos encontramos simples-mente quando a habitamos, a percor-remos, a olhamos. (...). O verdadeirosalto científico será conseguido quan-do se puder falar da linguagem dacidade sem metáforas14.

O problema colocado pelo teórico aosinvestigadores é justamente como passar dametáfora à análise, nas aproximações doobjeto cidade. E sobre isso, Barthes dá trêsconselhos. No primeiro, lembra que o sim-bolismo, enquanto discurso geral em relaçãoà significação, já não pode ser concebidocomo a «correspondência regular entresignificantes e significados»15, tornando asignificação semântica – isto é, uma lista designificados e seus correspondentessignificantes – «caduca» e levando ao des-crédito a «palavra «símbolo», pois esse ter-mo deixou sempre supor, até hoje, que arelação significante se apoiava na presençado significado»16. Em termos de análise daCidade, isto significa recusar uma divisãoentre lugares com função significante e outroscom função de significado. Um mesmo bairropode ter vários significantes: «os significa-dos passam, os significantes ficam»17.

O segundo conselho de Barthes alertaque «o simbolismo deve ser definido essen-cialmente como o mundo dos significantes,das correlações, que nunca podemos fecharnuma significação plena, numa significaçãoúltima (...). Assim descobrimos que, quandose quiser fazer a semiologia da cidade, pro-vavelmente será necessário levar mais lon-ge e com uma minúcia maior a divisãosignificante».18

O terceiro conselho de Barthes encami-nharia ao pós-moderno, embora o semiólogofrancês não utilize esta categorização: «asemiologia nunca postula a existência de umsignificado definitivo. O que quer dizer queos significados são sempre significantes paraos outros, e reciprocamente».19 Para Barthes,vista desse modo, a Cidade apresentará umadimensão, que ele chama de dimensão eró-tica:

O erotismo da cidade é o ensinamentoque podemos tirar da natureza infi-nitamente metafórica do discursourbano. Utilizo a palavra erotismo noseu sentido mais lato (...) emprego in-diferentemente erotismo ousocialidade. A cidade, essencial esemanticamente, é o lugar do encon-tro com o outro, e é por essa razãoque o centro é o ponto de reunião detoda a cidade; o centro-da-cidade éinstituído, antes de mais nada, pelojovem, pelo adolescente.20

Barthes prefere deixar claro que não estápropondo uma metodologia de análise daCidade, porque na aproximação com o fe-nômeno é recomendável tentar compreendero seu jogo de signos, a exemplo do leitorde um poema:

(...) a cidade é uma escrita; quem sedesloca na cidade, isto é, o utente dacidade (o que todos nós somos), é umaespécie de leitor que, conforme asobrigações e os seus deslocamentos,faz um levantamento antecipado defragmentos do enunciado para osactualizar em segredo.21

Seguindo Barthes, olhar a Cidade e oUrbano primeiro nos seus signos e nos seustextos, seria buscar compreendê-la na suariqueza maior e, talvez, desvendar um poucoda sua complicação22, do seu sentido. DavidHARVEY busca Saussure para afirmar queo sentido é determinado na relação entrepalavras, não destas com a coisa em si.

Aplicado ao espaço, significa dizer queele só ganha expressão em estruturas derelacionamentos significantes, e não na sim-ples distribuição de objetos – casas, edifíci-

209SEMIÓTICA E TEXTO

os, ruas, praças, monumentos... – na suasuperfície. Daí o Urbano, mas, de muitasformas, também a Cidade, serem o resultadoda rede de tecituras entre o que é fixo noespaço e o que flui em forma de desloca-mentos de pessoas, bens materiais e simbó-licos, comportamentos e culturas, para osquais contribuem as percepções presentes,assim como a memória e as utopias. A Cidadeé um texto; se texto, escrita, um sistema designificação alimentado por códigos. Omesmo se dá com o Urbano.

2. Retomando a teoria do Texto

A categoria Texto, como colocado parafins desta análise, leva a retomar-se RolandBarthes em “Da obra ao texto”, no qual osemiota francês teoriza sobre a abrangênciae implicações da substituição da categoriaobra pela categoria texto. «Perante a obra– noção tradicional, por muito concebida, eainda hoje, de uma maneira, se assim se podedizer, newtoniana – produz a exigência deum objeto novo, obtido por deslize ou in-versão das categorias anteriores [marxismo,freudismo e estruturalismo]. Esse objeto é oTexto»23. Mais do que um objeto, paraBarthes, o texto é um campo metodológico,pois, ao contrário da obra, também estariaaberto à contradição, por seu repúdio aonominalismo das teorias tradicionais, isto é,das formas universalizantes e gerais, «e aintensificação do desejo do estético de seidentificar cada vez mais de perto com o aquie o agora de uma situação única e de umaexpressão única»24. Esse texto-campo-metodológico «só se experimenta num tra-balho, numa produção»25.

Se a obra centra-se no campo do signi-ficado, o texto

(...) pratica o recuo infinito do sig-nificado (...), o seu campo é o dosignificante; o significante não deveser imaginado como a «primeira partedo sentido», o seu vestíbulo material,mas sim, ao contrário, como seurecuo; do mesmo modo, o infinito dosignificante não remete para qualqueridéia de inefável (de significadoinomeável), mas para a de jogo (...);a lógica que rege o texto não é

compreensiva (definir «o que querdizer» a obra), mas metonímica; otrabalho das associações, das conti-güidades, das referências coincidecom uma libertação da energia sim-bólica (...). A obra (...) é mediocre-mente simbólica (...); o Texto é ra-dicalmente simbólico: uma obra deque se concebe, percebe e recebe anatureza integralmente simbólica, éum texto.26

Se significante, o texto é plural; ser pluralnão implica ser ambíguo em termos deconteúdo, mas carregar uma «pluralidadeesteneográfica dos significantes que o tecem(etimologicamente o texto é um tecido)»27,sua metáfora é a rede.

Outro teórico que se dedica à reflexãosobre o texto é Umberto Eco. Para Eco, otexto é um artifício, «objeto que a interpre-tação constrói na tentativa de validar-se comobase naquilo que constitui»28. Para atingir esseobjetivo de construir o objeto texto, há «umsistema de relações internas que atualizacertas ligações e narcotiza outras»29, masdentro de sua própria ontologia, que deve serrespeitada.

O texto é um mundo possível30, umacadeia de enunciados, ligados por vínculo decoerência, emitida ao mesmo tempo com baseem diferentes sistemas semióticos. «A noçãode mundo possível é útil para uma teoria danarratividade porque ajuda a decidir em quesentido uma personagem narrativa não podecomunicar com suas contrapartes do mundoatual».31

Esse mundo possível do texto exige nãoapenas um leitor receptor, como o tratava aTeoria da Comunicação nos seus primeirospassos. O Umberto Eco de Estrutura ausentefalava em código como «modelo de uma sériede conversões comunicacionais que se pos-tula existir como tal, para explicar a possi-bilidade de explicação de certas mensagens»32

e exige um leitor em condições de compar-tilhar, portanto, decifrar, a mensagem. Ocódigo «estabelece que um determinadosignificante denota um determinado signifi-cado»33. O código, como apresentado nosprimeiros escritos do teórico italiano, carre-garia valores de determinado grupo, emdeterminada época, que se definiriam pelo

210 ACTAS DO III SOPCOM, VI LUSOCOM e II IBÉRICO – Volume II

modo como se opusessem a outros elemen-tos do sistema. É, portanto, fenômeno decultura.

Em suas reflexões mais recentes, UmbertoEco, embora trabalhando com a mesmaquestão, amplia e aprofunda os conceitos,passando a considerar o texto em seu mo-mento gerativo, no qual o leitor tem parti-cipação ativa, já que o texto, agora, é vistocomo o tal objeto que a interpretação cons-trói. Desaparece, portanto, a figura do recep-tor como figura passiva, subjugada aoautoritarismo de uma obra e de um autor,ou mesmo de um código rígido – como odo dicionário –, acrescido o conceito deenciclopédia, como apresentado adiante.

Para o Eco dos anos 1980, a semióticatem «estatuto teórico epistemológico»34, umsistema em que o plano da expressão/forma/substância está em correlação arbitrária como plano do conteúdo/forma/substância. Essaorganização sistemática do mundo, por ar-bitrária, requer um leitor apto à recepção, paraque então se dê a semiose, pois o quecaracteriza o sistema semiótico é a suainterpretabilidade, não a sua monoplana-ridade»35.

Na teoria textual, leitor é uma posiçãoa ser preenchida dentro do texto, num pro-cesso de geração de sentido que envolveriatambém o contexto. No contexto enunciativoestará o locus do sentido, não mais pura esimplesmente centrado no autor, no texto ouno mesmo no leitor, isolados edescontextualizados. Daí o texto ser aberto,instigante, plural, em diálogo com um con-texto e com um sujeito leitor. Se aberto eplural, o texto é o território onde interagemoutros textos, nos levando a outra das con-tingências semióticas da pós-modernidade: aintertextualidade envolvendo todos os con-textos – histórico, social, econômico,lingüístico e mesmo o psicológico –, que sedão enquanto textos.

Daí a proposta de uma aproximação aCidade e ao Urbano e, mais especificamen-te, à Praça enquanto Textos.

3. O Texto Praça

Submetidos à diversidade e riqueza deestímulos, alguns textos serão especialmenteimportantes para alimentar a intertextualidade

do imaginário Urbano que, por sua vez, seráperseguido na construção da Cidade. A Cidadenão como um padrão repetido em diferentesespaços, mas a Cidade como o conjunto dediferenças entre as cidades, nas diferentesformas de recuperação do Urbano.

No recorte proposto, a Praça é, talvez,a matriz mais forte, pela sua reiterada pre-sença desde os primórdios helênicos. Outramatriz importante é o Monumento, que nasua origem junto a natureza, servia parasaudar a divindade, urbanizou-se e, a partirda Renascença, na forma de prédios ou ruínasda cultura grega e romana, agregou-se àCidade e ao imaginário Urbano,semantizando-se em novo texto. Cujosignificante seria o passado como um outrotempo, diferente do atual, e, na sua sucessão,a idéia de História. Outro importante legadodo período medieval ao imaginário coletivoserá a matriz Palco. O Palco tem no teatroo seu significado maior, mas não são apenasos atores – que, aliás, transformam a praça,as escadarias da igreja e outros fóruns emespaço de atuação – que vivem papéis ealmejam a visibilidade. A Cidade passará ater no Palco um dos seus textos mais im-portantes, pois, para além do espaço físicoteatro, a cidade feita Palco será o lugar quetodo urbanita buscará para o exercício doolhar e ser olhado, a visibilidade como valorsignificante.

Os textos Praça, Palco e Monumentotinham em comum a exaltação ao espaçopúblico como significantes do encontro, datroca (de mercadorias, de bens simbólicos,de crenças, saberes e história) e da celebra-ção. A inter-relação complexa dessessignificantes marcará o Urbano etransparecerá na Cidade concreta na formade prédios e distribuição espacial.

Aprofundando o texto Praça, se a suaconstrução de sentido inicia entre os gregos,onde a praça será o espaço das trocas e dasdecisões políticas, a Praça medieval agregaráa função de espaço de trocas de trocas demercadorias, ao se instituir como mercado.Na Idade Média, o espaço do mercadoacabará sendo o local de referência não sópara as trocas de mercadorias, como espaçopara o encontro e a festa, legando àcontemporaneidade um imaginário no quala Praça, independente do espaço físico assim

211SEMIÓTICA E TEXTO

denominado, «pode estar onde quer que hajadivertimento, convergência de curiosos,consumo cultural diversificado».36

O texto Praça alimentará com estessignificantes um imaginário Urbano que aCidade buscará materializar nos séculossubseqüentes, quer no centro do núcleointeriorano, quer nas ruas comerciais dasgrandes metrópoles. Um texto que no ima-ginário pós-moderno, ao procurar reconstituirespaços de festa e de encontro, das trocasde bens materiais e de bens simbólicos comliberalidade de acesso e informalidade de uso– ou seja, a Praça –, permanecerá ativo. Naalma dos shoppings centers metropolitanos,nos hall de entrada de hotéis e edifícioscorporativos, nos bares da Cidade ou na rodado cafezinho em escolas e escritórios, lá estaráa Praça.

Se a Cidade é a materialização, no es-paço, do Urbano, esta materialização não serestringe aos seus elementos fixos: praças,monumentos, igrejas, indústrias, casas, ruase muitos outros. Em torno e no interior dosfixos há todo um mundo em movimento, ondecirculam pessoas, mercadorias, relaçõessociais, manifestações culturais, para além dosimples trânsito de veículo individuais oucoletivos. Eles constituem os fluxos que, juntocom os fixos, formam a Cidade. Daí a tesede Argan de que a Cidade se forma. Ou talvez,tornando a questão mais complexa, a Cidadese constituiria não apenas na soma, mas noconflito dos fluxos com os fixos.

Se na pré-modernidade os fluxos cons-tituíam-se dos diversos movimentos quelevavam à cidade os produtos que ela nãoproduzia no seu interior, mais recente, osfluxos correspondem aos deslocamentos dosujeito na própria Cidade: o sujeito que vaide casa para o trabalho tem no seu universosensível não apenas o lugar de moradia e,na outra ponta, o lugar da atividade profis-sional, mas a Cidade será, cada vez mais,o trajeto entre os dois, o que leva Virilio aafirmar que não habitamos o estacionário, maso tempo gasto mudando de lugar. Nestalógica, o território percorrido será, cada vezmais, condenado à invisibilidade.37

Outra questão contemporânea, os deslo-camentos no território ampliam-se em velo-cidade e diversidade de origem, tanto dasmercadorias como dos fluxos. Acrescente-se

a isso que, agora, muitas mercadorias tam-bém se dão na forma de fluxos. Os fluxos,tão importantes quanto os fixos para cons-tituição da Cidade enquanto um lugar, sesubmetidos à velocidade, contribuirão parasua desconstituição; sob a lógica do desa-parecimento ante os sentidos, fato e imagi-nação não mais, necessariamente, se fundem.Sob influência dos fluxos cria-se o que MarcAuge38 e outros têm denominado de não-lugar. O não-lugar associa-se aos fluxos,caracterizando-se não apenas pelo seu uso,mas também pelas relações que os indiví-duos desenvolvem com ele, implícita umadesmaterialização e uma forma específica decomunicação.

Nesta lógica dos não-lugares, a Praça –na sua origem, um fixo – fórum da festa eda sociabilidade e do encontro, torna-se cadamais um fluxo. Na condição de fluxo, aban-dona os espaços públicos de livre acesso, paratransitar por espaços privados ou privatizados:shoppings centers, casas noturnas, parquesde lazer diversos, postos de gasolina... A Praçaabandona os lugares, para freqüentar, nãoraro, esses ditos não-lugares.

Seria necessário, ainda, lembrar que, naIdade Média, as trocas culturais se davamna Praça. Ao longo da modernidade, asatividades econômicas e a cultura eruditadeixam a Praça para abrigar-se em espaçosfechados, os fixos. Na contemporaneidade,a cultura, que era um produto, aparece cadavez mais como um serviço. E este serviço,antes intrínseco a um fixo – galeria de arte,museu, teatro – passa a estar na fábrica, nocampo de futebol, no meio do parque, in-centivando sua condição de fluxo, diminu-indo a importância do lugar para sua rea-lização. Na transição da cultura produto àcultura serviço, também se passa do fixo aofluxo. Os novos fluxos culturais, liberadosdos espaços auráticos modernos, recons-tituirão a Praça onde quer que pousem nasuas migrações.

A Praça, por sua vez, ela mesma, tam-bém dar-se-á agora, cada vez mais, comofluxo. Submetida à hegemonia dos fluxos, aPraça enquanto um fixo parece fragilizada.Mas, como demonstrado por Kevin Lynch39,são os fixos – a Praça entre eles – que marcamconcretamente as Cidades como lugares eorientam o traçado do deslocamento dos

212 ACTAS DO III SOPCOM, VI LUSOCOM e II IBÉRICO – Volume II

fluxos. Os marcos – como Lynch denominaos fixos que se destacam no imaginário quecada morador constrói da Cidade – contri-buiriam para a familiaridade do observadorcom o entorno. Também serviriam para fixare fortalecer um centro ou centralidades emtorno dos quais a Cidade se organiza.

Mas há, ainda, um fluxo que se impõe aessa Cidade já submetida à desmaterialização:o tempo. A Cidade constrói-se no tempo eocupa um território, onde entrecruzam-se fixose fluxos, lugares e não-lugares; nos lugares,as marcas do local construídas no tempo; nosnão-lugares, o espaço dos fluxos e daatemporalidade. O lugar tem pouco espaço paraa dimensão dos fluxos contemporâneos, o não-lugar se antepõe aos fixos.

Embora as leituras tradicionais da Cida-de em geral restrinjam-se a destacar o con-flito entre os fixos dos lugares e o avançodos fluxos na forma de trânsito de veículos,propõe-se aqui demonstrar que essa contra-dição pode envolver fluxos e fixos mais sutis,como a cultura e as transações comerciais,os lugares e os não-lugares. A tecnologialevará a questão a outro patamar.

O conflito entre fluxos e fixos, em ter-mos tecnológicos, se dá porque a tecnologia,em especial a de comunicação, vive doUrbano, alimentada e alimentando um ima-ginário de festa, saber e visibilidade, em quea Praça, o Palco, o mercado, a escola e mesmoa fé – vide os inúmeros programas religiosasou a aquisição de canais de rádio e televisãopor grupos religiosos – teriam seu fórumvirtualizado nos meios de comunicação, umaconstrução de imaginário mais sofisticada doque dos filmes e vídeos a recriar a Cidadenos seus temas e cenas.

A Cidade, enquanto a presentificação dosfixos, está cada vez mais reduzida à imagemvista da janela do carro, do ônibus ou dotrem, no percurso entre a moradia e o tra-balho, um espaço de desaparição e, nestacontingência, um vazio a ser preenchido porimaginários. A questão dialética é a inversão:o imaginário Urbano, apropriado pelos meiosde comunicação, apresenta-se como imageme, assim, é ele a Cidade. E a Cidade, quedeveria se dar ao sensorial como imagem,na desmaterialização a que é submetida nopercurso, torna-se espaço aberto ao preen-chimento por imaginários.

E a Praça? A Praça manter-se-á tantocomo um fixo, em novos espaços públicoscomo as ruas, ocupadas por caminhantes defim-de-semana, adolescentes em skates oucrianças em bicicletas; ou, ainda, em Praçascriadas nos shoppings com a finalidade deincentivar o encontro. Mas, cada vez mais,a Praça será um fluxo que se dá onde querque haja o desejo do estar-juntos para con-fraternização, trocas de mercadorias ou tro-cas simbólicas. A Praça ainda será centralnos projetos de revitalização das Cidades,quando surgem as demandas por resignifi-cação de fixos, cada vez mais abandonadospelos fluxos econômicos, na sua peregrina-ção em busca de vantagens comerciais.

A Cidade do lugar e, por excelência aCidade da Praça como expressão genuína dolugar, vê seu significante migrar das imagensaos imaginários, ao mesmo tempo em quea Cidade desmaterializa-se ante o olhar deseus usuários. A Praça sobrevive comodemanda das comunidades, porque estásolidamente consolidada no imaginário Ur-bano e, como tal, continua a alimentar aCidade.

4. Encaminhamentos complementares

A Cidade na era da reprodutibilidadeaudiovisual40, será composta por várias ci-dades na Cidade e da hegemonia absolutado Urbano sobre o rural: da terra comolaboratório da experiência humana, passa-seà Cidade como espaço de elaboração cultu-ral. Fragmentada, vê-la como montagem esimultaneidade atinge uma radicalidade nãopensada pelo primeiro momento moderno, ediversidade parece uma palavra insuficientepara as possibilidades que ela apresenta,representa e mantém em ação e suspensão.

McLuhan, nos seus textos fundadores,falava na Cidade que se avizinhava como umaaldeia global. Embora seja discutível utilizara expressão aldeia para caracterizar a Cidadesob a égide dos meios de comunicação, jáque no contexto utilizado pelo teórico ca-nadense a expressão carregaria o recuo dosignificante para um momento anterior,quando os aglomerados urbanos seriammenos densamente povoados, mas em queprevaleceria uma certa ingenuidade, franque-

213SEMIÓTICA E TEXTO

za e afetividade permeando as relaçõessociais: o utopismo dos anos 1960 via essapossibilidade, de um retorno ao pastoral, nosmeios de comunicação que avançavam sobreo mercado. Sob um novo internacionalismoglobal, fronteiras espaço-temporais seriamderrubadas.

Se a metáfora da aldeia global foi útilno que se refere à difusão do imagináriotecnológico implícito nos meios de comuni-cação, em termos de imaginário Urbano elademarcará menos esse sentimento moderno-pastoral implícito na idéia de aldeia e maiso sentimento pós-moderno de globalização,no avanço de um imaginário Urbano queprivilegia a cidade como grande e complexaque é, em si, o oposto da aldeia.

A importância da mídia na elaboração doimaginário Urbano seria de domínio do sensocomum: filmes como Blade Runner impõemuma visão de Cidade, e nos muitos títulos deWoody Allen, Nova York e seu way of lifesão actantes, com função importante naconstrução do enredo. Já a presença da mídiano espaço da Cidade pode ser menos óbvia.Para David Harvey41, mudanças na maneiracomo pensamos, imaginamos e racionalizamosestão fadadas a terem conseqüências materi-ais, e os meios de comunicação, em especialos audiovisuais, marcam imaginários e modode pensar. As cidades seriam compostas por«redes sociais no espaço, criadas, mantidas emanipuladas por uma série ampla dos meiosde comunicação de massa»42.

Depois, por um lado, a realidade serámontada para imitar imagens da mídia e poroutro, politicamente mais complexo, há aquestão de o espaço ser conquistado pelaprodução do espaço43. O mesmo com osmeios de comunicação: as redes criadas pelamídia impressa e eletrônica e, mais recen-temente, pelos computadores, constroemnovos espaços, que só existem enquanto ese redes de informação, independentes doterritório percorrido.

Da mídia enquanto modelo à Cidade dareprodutibilidade audiovisual daí decorrente,é a fantasy city44 que se impõe, cuja eco-

nomia está enraizada no turismo, esportes,cultura e entretenimento, construindo oimaginário da Cidade em festa a partir, emmuito, da tecnologia acumulada pelo grupo(de comunicação) Walt Disney. Se antes afantasy city ficava restrita aos parquestemáticos, ela agora ocupa o espaço urbanoem experimentos nos quais Barcelona foi umadas pioneiras, ao transformar o porto localem área de lazer.

A exemplo da Disneylândia, espera-senesses espaços a materialização em Praçase Palcos da imaginação aliada à tecnologia,com um visual de grande beleza cênica. ComoBarcelona consagrou, o empreendimentobaseia-se em uma estrutura que atenda quatroeixos: Comprar, Divertir-se, Comer e Dor-mir. HANNIGAN, ao sistematizar o assunto,propõe um quinto eixo: Educação e Cultura.A filosofia desta urbanização explicita-sequando o autor fala em shopertaiment,eatertaiment, edutaiment.

A fantasy city recuperará o imaginárioUrbano no qual a cidade é o local da Festa,do Saber, da Cultura, da Representação. Mas,agora, Festa, Saber, Cultura e mesmo o Palcoda Representação, são produtos cuidadosa-mente comercializados, na sua exaltação deum Urbano que, reprimido na modernidadesob o imaginário da poluição e precáriaqualidade de vida, serão justamente asmatrizes que o pós-moderno irá recuperar.E como os meios de comunicação são umapresença efetiva na construção e reproduçãodo imaginário Urbano, cada vez mais,marcam o próprio texto da Cidade.

Seguindo o que este texto buscou per-seguir a partir dos enfoques utilizados porteóricos que se debruçam sobre a Cidade, emgeral houve um recuo do significado Praça,como um fixo na Cidade, e um avanço dossignificantes festa e espaço de trocas sim-bólicas a ela agregados. Cada vez mais, ascidades que alcançam ser denominadasmetrópoles pós-modernas têm na sua dimen-são buscarem constituir-se enquanto prazer,lazer e, de modo mais factual que o sentidofigurado utilizado por Barthes, erotismo.

214 ACTAS DO III SOPCOM, VI LUSOCOM e II IBÉRICO – Volume II

Bibliografia

Argan, Giulio Carlo, História da artecomo história da cidade. São Paulo, MartinsFontes, 1992.

Augé, M., Não-lugares. Introdução a umaantropologia da supermodernidade. Campi-nas, Papirus, 1994.

Barthes. R., A aventura semiológica,Lisboa, Edições 70, 1987.

Barthes. R., O rumor da língua, Lisboa,Edições 70, 1987b.

Benjamin, Walter, The archades project/+, Londres, Harvard University Press, 1999.

Eco, U., A estrutura ausente, São Paulo,Perspectiva/Edusp, 1971.

Eco, U., Seis passeios pelos bosques daficção, São Paulo, Companhia das Letras,1999.

Eco, U., Semiótica & filosofia da lingua-gem, São Paulo, Ática, 1991.

Hannigan, John, Fantasy City – Pleasureand profit in the postmodern metropolis,Londres, Routledge, 1999.

Harvey, David, A condição pós-moder-na/, São Paulo, Loyola, 1992.

Jameson, F., As marcas do visível, Riode Janeiro, Graal, 1995.

Jameson, F., Pós-modernismo: a lógicacultural do capitalismo tardio, São Paulo,Ática, 1996.

Le Goff, Jacques, O apogeu da cidademedieval, São Paulo, Martins Fontes, 1992.

Lefebvre, Henry, O direito à cidade, SãoPaulo, Moraes, 1991.

Lynch, Kevin. /A imagem da cidade,Lisboa, Presença, 1988.

Mcluhan, M. et al., Guerra e paz naaldeia global, São Paulo, Record, s/d.(Copyright 1971).

Vi rilio , P. et al., Guerra pura, São Paulo,Brasiliense, 1984.

_______________________________1 Pontifícia Universidade Católica do Rio

Grande do Sul; Universidade de Caxias do Sul.2 Giulio Carlo Argan, História da arte como

história da cidade, São Paulo, Martins Fontes,1992, p. 213.

3 Giulio Carlo Argan, História da arte comohistória da cidade, São Paulo, Martins Fontes,1992, p. 234.

4 David Harvey, A condição pós-moderna, SãoPaulo, Loyola, 1992, p. 265.

5 Giulio Carlo Argan, /Histria da arte comohistória da cidade, São Paulo, Martins Fontes,1992, p. 222.

6 Fedric Jameson, As marcas do visíve, Riode Janeiro, Graal, 1995, p.41.

7 Henry Lefebvre, O direito cidade, SãoPaulo, Moraes, 1991, p.49.

8 Henry Lefebvre, O direito cidade, SãoPaulo, Moraes, 1991, p. 81.

9 Henry Lefebvre, O direito cidade, SãoPaulo, Moraes, 1991, p.127.

10 Walter Benjamin, The archades project,Londres, Harvard University Press, 1999, p.4:«Each epoch dreams the one to follow».

11 Roland Barthes, A aventura semiológica,Lisboa, Edições 70, 1987, p. 183.

12 Roland Barthes, A aventura semiológica,Lisboa, Edições 70, 1987, p. 183.

13 Roland Barthes, A aventura semiológica,Lisboa, Edições 70, 1987, p. 184.

14 Roland Barthes, A aventura semiológica,Lisboa, Edições 70, 1987 p. 184.

15 Roland Barthes, A aventura semiológica,Lisboa, Edições 70, 1987, p. 185.

16 Roland Barthes, A aventura semiológica,Lisboa, Edições 70, 1987 p. 185.

17 Roland Barthes, A aventura semiológica,Lisboa, Edições 70, 1987, p. 186.

18 Roland Barthes, A aventura semiológica,Lisboa, Edições 70, 1987, p. 186-187.

19 Roland Barthes, A aventura semiológica,Lisboa, Edições 70, 1987, p. 187.

20 Roland Barthes, A aventura semiológica,Lisboa, Edições 70, 1987, p. 187.

21 Roland Barthes, A aventura semiológica,Lisboa, Edições 70, 1987, p. 187.

22 David Harvey, A condição pós-moderna,São Paulo, Loyola, 1992, p. 36.

23 Roland Barthes, O rumor da língua, Lis-boa, Edições 70, 1987, p. 56.

24 Fredric Jameson, Pós-modernismo: a ló-gica cultural do capitalismo tardio, São Paulo,Ática, 1996, p. 168.

25 Roland Barthes, O rumor da língua, Lis-boa, Edições 70, 1987, p 56.

26Roland Barthes, O rumor da língua/, Lis-boa, Edições 70, 1987, p. 57.

27 Roland Barthes, O rumor da língua, Lis-boa, Edições 70, 1987, p. 57.

28 Umberto Eco, Seis passeios pelos bosquesda ficção, São Paulo, Companhia das Letras, 1999,p.15.

29 Umberto Eco, Seis passeios pelos bosquesda ficção, São Paulo, Companhia das Letras, 1999,p. 81 e 170.

215SEMIÓTICA E TEXTO

30 Umberto Eco, Seis passeios pelos bosquesda ficção, São Paulo, Companhia das Letras, 1999,p. 168.

31 Umberto Eco, Seis passeios pelos bosquesda ficção, São Paulo, Companhia das Letras, 1999,p. 171.

32 Umberto Eco, A estrutura ausente, SãoPaulo, Perspectiva/Edusp, 1971, p.391.

33 Umberto Eco, A estrutura ausente, SãoPaulo, Perspectiva/Edusp, 1971, p. 25.

34 Umberto Eco, Seis passeios pelos bosquesda ficção/ São Paulo, Companhia das Letras, 1999,p. 105.

35 Umberto Eco, Seis passeios pelos bosquesda ficção, São Paulo, Companhia das Letras, 1999,p. 37.

36 Jacques Le Goff, O apogeu da cidademedieval/, São Paulo, Martins Fontes, 1992, p.207.

37 Paul Vi rilio et al., Guerra pura, São Paulo,Brasiliense, 1984, p.63.

38 Marc Augé, Não-lugares. Introdução a umaantropologia da supermodernidade, Campinas,Papirus, 1994.

39 Kevin Lynch, A imagem da cidade, Lisboa,Presença, 1988.

40 Eduardo Subirats, Vanguarda, mídia,metrópoles, São Paulo, Studio Nobel, 1993.

41 David Harvey, A condição pós-moderna,São Paulo, Loyola, 1992, p.110.

42 David Clark , Introdução à geografia ur-bana, São Paulo, Difel, 1985, p 72.

43 David Harvey, A condição pós-moderna,São Paulo, Loyola, 1992, p.234.

44 John Hannigan, Fantasy City – Pleasureand profit in the postmodern metropolis, Londres,Routledge, 1999.