gaskell 2002

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    3. E N T R E V I ST A S I N D IV I D U A l S E G R U P A I S ," ~ a , . . . ' "

    Palauras-chaoe: entrevista com grupos focais; moderador; dina-mica do grupo; materiais de estfmulo; entrevista individual emprofundidade; t6pico guia. . I. I .

    creveu Robert Farr (1982), "essencialmente uma tecnica, ou metodo,para estabelecer ou descobrir queexistem, perspectivas, ou pontos de "vista sobre os fatos, alem daqueles da pessoa que inicia a entrevista".o primeiro ponto de partida e0pressuposto de que 0mundo so-cial nao e urn dado natural, sem problemas: ele e ativamente cons-truido por pessoas em suas vidas cotidianas, mas nao sob condicoesque elas mesmas estabeleceram. Assume-se que essas construcoesconstituem a realidade essencial das pessoas, seu mundo vivencial.o emprego da entrevista qualitativa para mapear e compreend~r 0mundoda vidados respondentes e 0ponto de entrada para 0 cien-tista social que introduz, entao, esquemas interpretativos para com-preender as narrativas dos atores em termos mais conceptuais e ~bs-tratos, muitas vezes em relacao a outras observacoes, A entrevistaqualitativa, pois, fornece os daclos basicos para 0desenvolvimento ea cornpreensao das relacoes entre os atores sociais e sua situacao. 0objetivo e uma compreensao detalhada das crencas, atitudes, valorese motivacoes, em relacao aos comportamentos das pessoas em con-textos sociais espedficos ..

    3E N T RE V IS T AS IN D IV ID U A lS E G R U P AIS

    George Gaskell .

    Este capftulo c uma especie de "reflexaopessoal sobrc os 25 anoscle pesquisa qualitativa,e se fundamenta em varios cursosde treina-mento e em confcrencias nas quair participei. : E uma tcntativa deanalisar logicamentc 0conhecimento tacito que alguem desenvolvea partir cleurn sem numero de projetos. Embora as discuss6es con-ceptuais se refiram principalmente a pesquisa psicossocial, espe-ra-seque os que possuam outras convic

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    . . . . . , ~ . '- . ~1 l.11Io.1..." 1 .... 1"" "H"" lfIUUr""jv '- VI -U I,, v... _ ,., .. " .qualitativa pode Iornecer infonuaolo contextual valiosa para ajuclara explicar achados especificos.

    A versatilidade e valor da entrevista qualitativa sao evidenciadosno sell emprego abrangente em muitas disciplinas sociais cientificase na pesquisa social comercial, nas areas de pesquisa de audiencia ciamidia, relacoes publicas, marketing e publicidade.

    trevista, um sinal de que ha uma agenda a ser seguida, e (s ~ urn nurne-)"0de minutos e fixado a cada paragrafo) urn meio.de morutorar 0 an-damento do tempo da entrevista. Urn born t6picoguia ira criar urn re-ferencial faeil e confortavel para uma discussao, forne~endo ~ma pro-gressao l6gicae plausfvel atraves dos temas em foco, A rnedida qt~e0t6pico guia e desenvolvido, de se tO~"I~a~m l:mbrete para 0"pes~Ulsa-clor de que questoes sobre temas socials cientfficos devem ~~r apr esen-tadas em lima linguagem simples, empregando termos familiares aclap-taclos ao entrevistaclo. Finalmente, ele funciona como um esquemapreliminar para a analise clas transcricoes.

    o t6pico guia e,contudo, como sugere 0titulo, urn guia,. e naonos devemostornar.escravos dele, comose 0sucesso da pesqll!sa de-pendesse s6 disso. 0 entrevistador deve usa: sua ima~ina

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    P E SQ U IS A Q U AlI TA TI VA C OM T EX TO , I M AG E M E .S O M 4 4

    .vo, a margern de erro ligada a uma divisao de 50/50 cam qualquerindicador seria na regifta de mais au menos 20 parcento. Assim, se30 medicos Iorem entrevistados, a metade disser que eles iriam pres-crever remedies homeapaticos e a outra metade disser que eles nao .iriarn, poder-se-ia dizer cam segurall

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    ' - ,' . ._. IIWV ' - I ../W I .. ............, V. . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . " .com men;bros das organiza~~e~ ambientais, maes com filhos, pes-soas de diferentes crencas religiosas e pessoas envolvidas com agri-cultura. Dentro destes grupos, sera necessario levar em considers- .. 'I :;aose tais caractertsticas como genero, idade e educacao seriam re-levantesou nao. Sabe-se, por exemplo, que embora oshom ens ten-dam a ~ceitar maisas novas tecnotogias que as mulheres, a relacfiocom a idade nao e tao tranquila. Urna vez rna is 0pesquisador terade to.mar algumas decisoes entre os beneffcios de se pesquisar de-termmados segmentos e os custos de ignorar outros. Para tais esco-lhas, e indispensavel uma imaginaC;ao social cientifica. Nao existemrespostas corretas.

    Em sintese, 0objetivo da pesquisa qualitativa e apresentar umaamostra do espectro dos pontosde vista. Diferentemente da arnostrado lev~n~amento, onde _a an:ostra probabilistica pode ser aplicadana ~alona dos _casas,nao existe urn rnetodo para selecionar os en-

    ' , . < ' tr;vlstados das m~estigac;oes qualitativas. Aqui, devido ao faro de onumero de entrev.lstad?sse5 nec~ssar.iamente pequeno, 0pesquisa-dor deve usar sua unaginacao social cientffica para montar a seleciod~: respondentes. Emboracaracterfsticas sociodemognl.ficas pa-drao possam ser relevantes, e ce~-tamente 0sao para questoes politi-case de.consumo: s.ena mars eficiente e produtivo pensar em termosde amble~tes soc~als.l'elevantes J?ara outros t6picos em questao. Emalgumas crrcunstancias, a pesqUlsa pode assumir urn procedimentopor fases. Neste caso, a primeira fase pode empregar urn delinea-r~ento,d.e am~strabaseado emtodas as informa

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    . P ES QU IS A Q UA lIT AT IV A C OM T EX TO , I MA G E M E S O M.. ~ ~ .VII/a nola deprecauaio na entreuista qualitatiua

    Becker & Geer (1957) afirrnam que a observacao participante e"a forma mais compIeta de informacao sociologica". Como tal, elafornece urn marco referencial diante do qual sepodemjulgar outrosrnetodos ou, como eles colocam, "conhecer que tipo de inforrnacaonos escapa quando empregamos outros rnetodos", Em cornparacaocom 0 intenso trabalho de campo da observacaoparticipante, Bec-ker ~ Geer apresentarn tres Iirnitacoes, ou falhas, com respeito it en-trevista, Fundamentalmente, elas surgem do fato de que 0entrevis-tador se ap6ia na informacao do entrevistado no que se refere asacoes que ocorrerarn em outras circunsrancias de espa~o e tempo.'. . Em tal situacao, 0 entrevistador nao pode cornpreender plena-mente a "linguagem local": a conota~~o de alguns term os comunspode ser totalmente diferente. Em segundo lugar, pOl' divers as ra-zoes, 0entrevistado pode ornitir detalhes importantes. Pode ser quealgumas coisas Ihe parecam apenas algo dado, aceito sem discussao;==.coisas podem ser diflceis de ~erem ditas com palavras, ou 0entrevistado pensa que seria descortes.ou mostraria falta de.sensibi- .l idade. Em terceiro lugar, urn entrevistado pode versituacoes atra-yes de "lentes distorcidas", e fornecer uma versao que seja engana-dora e impossfvel de ser testada ou verificada.

    Estas l imi tacoes da entrevista podem levar 0pesquisador a fazerfalsas lnferencias a respeito de situa~oes ou acontecimentos. Na ob-s6va

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    P ES QU IS A Q UA LIT AT IV A C OM T EX TO , IM AG EM E S OM

    . . mos corn sentidos e sentirnentos sobre 0mundo e sobre osaconteci-mentes, existem diferentes realidades possfveis, dependendo da si-tuacfio e da natureza ciainteracao. Deste modo; ;aentrevista e uma 'tarefa comum, urna partilha e uma negociacao de realidades. Aoanalisar a producao de conhecimento social, ou representacoes, Bauer& Gaskell (1999) afirmam que 0sistema social mlnimo implicado narepresentacao e uma triade dialogica: duas pessoas (sujeito 1e sujei-to '2) que estao preocupadas com umobjeto (O) em relacfio a urnprojeto (P), em uma dimensao de tempo. Este triangulo de media-c;ao,prolongado no tempo (S-O-S), e a unidade basica de comunica-c;aopara a elaboracaode sentido. Sentido nao e uma tarefa indivi-dual ou privada, mas e sempreinfluenciado pelo "outre", concretoau imaginado, '

    Tendo istoem mente, considerernos a profundidade da entrevis-taoEla e uma conversacao uma um, uma interacao dfade. Mas ela di-fere de conversacoes comuns sob diversos aspectos. Ela dernora maisque uma hora e se da.entre duas pessoasque nao se conheciam an-tes. Existeaqui urn papel relacional incornum. Espera-se que umapessoa, 0 entrevistador, faca as perguntas; e espera-se do outre, 0entrevistado, que responda a elas. 0 topico e uma escolha do entre-vistador; 0 entrevistado pode ou nao ter pensaclo seriamente no as-'sunto anteriormente.

    Nesta estranha situacao, 0 entrevistado pede se sentir urn tantoconstrangiclo e talvez urn POllCO hesitante e delensivo, Que papcl de-veriam os entrevistados assumir nesta conversacao de desiguais? Po-dem eles confiar no entrevistador, podem dizer o que realmente sen-tern? Sua tendencia inicial podeser seguir as normas da conversacaocoticliana, limitar as respostas aquilo que se presume ser relevante einformative (Grice, 1975), e adotar posicoes com respeito aos proble-mas queestejam de acordocom alguma auto-imagern especifica.Para contrabalancar estas tendencias compreensiveis e encorajaro entrevistado a falar longamente, a se expandir em aspectos de sua,vida e ser sincero, 0 entrevistador cleve deixar 0 entrevistado a V011- ,tade e estabelecer urna relacfio de confianca e seguranca, 0 que se.0:~~umachamar clerappoTt.Jl>t9,

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    ............. ,PESQUISA QUAlITATIVA COM TEXfO, IMAGEM E S OM...... : ' '.proprios pontos de vista e opinioes. Ainteracao do grupo pode gerar .ernocao, humor, espontaneidade e intuicoes criativas. As pessoas nosgrupos estao mais propensas a acolher novas ideias e a explorar suasimplicacoes. Descobriu-se que os grupos assumern riscos maiores emo~tl-amuma polarizacao de atitud~s - um movimento para posicoes..mars extrernadas. Combase nestes criterios, 0grupo focal e urn ambi-ente rnais natural e holistico em que os participantes levam em consi-deracao os pontos de vista dos outros na formulacao de suas respostase comentam suas proprias experiencias e as dos outros,

    Fundamentados nestas consideracoes, podemos sintetizar asca-racterlsticas centrais da entrevista deirupo: . .

    1.Urna sinergia emerge da interacao social. Em outras palavras,o grl.lpo e mais clo que a soma de suas partes. .2. E posstvel observar 0processo.do grupo, a dinamica cia atitu-de e da mudanca de opinifio e a : lideranca de opiniao.. .3. Em lIIll grupo pode existir llIil nlvel de envolvirncnto cmocio-nal que rararnente Cv isto tni lima entrevistaa dois.,

    .\1

    Subjacentes ao grupo focal exfstem varies referenciais sobl:e aprocesso de formacao do grupo. Por exemplo, Tuckman (1965) iden-tificou quatro etapas de desenvolvimento. Primeiro, existe uma etapacle "formacao", em que ha certa confusao e incerteza, a criacao de fa-miliaridacl~ e as inlcios do estabelecimento da identidade do grupo.Isto e seguido peIa etapa "tempestuosa", onde h a conflito entre osmembros do grupo e entre 0grupo como urn todo e 0 lider. Se estepertodo de conflito e solucionado, 0grupo se tom a coeso - e a etapadas "normas", Com ospapeis definidos e 0glUpO estavel, e alcancadaa etapa de "desempenho" quando 0pesquisador podera executar urnverdadeiro e valioso trabalho de investigacao, Gordon & Langmaid(19~8) acrescentam urna fase final,' a do "luro". Aqui, a medida que asessao grupal chega ao final, e a gravador esta desligado, acontecemdiscussoes serniprivadas entre osproprios mernbros do grupo e entrealguns dogrupo e 0moderador. Ha mais coisas adizer, explicaccesparatornadas de posicao embaracosase, demaneira mais geral, urna ... rect::fitrada para 0mundoreal:O i ' n c i ' d e l ~ a : d o rgostaria que 0gravador .ainda estivesse ligado pois temas de algurna significancia podem serlevantad?s. Em tais circunstancias, e sempre uma boa ideia tomar no-tas depois que os participantes deixaram a sala.

    . c - '" , - ;'ir:- 7 6 . . :. . .

    3. ENTREVISTAS INDIVIDUAlS E GRUPAIS.......... ' , ,., ' .A tarefa do rrioderador e facilitar 0progresso do grupo em dire-

    < . ; 3 . 0 a etapa final, a do "desempenho", que num grupo focal tfpico de.uma sessao de 90minutos pode compreender entre 15e45 minutos.Tendo discutido alguns t6picos conceituais subjacentes a entre-.vista individual e grupal,retornamos aoproblema de decidir comoselecionar entre os dois enfoques. Embora muitos pesquisadores te-nham articulado muitobern razoes de quando e pOl'que se deve em-

    pre gar urn 0:l outro enfoque, a literatura de pesquisa sobre 0proble-ma e bastante confusa (Morgan, 1996). Nao ha um consenso sobrequando um metoda tern probabilidade de ser mais eficaz. Alguns su- .gerem que os grupos sao mais criativos, outros nao; alguns recomen-dam entrevistas individuais para topicos mais delicados, mas outrospesquisadores foram bern-sucedidos explorando comportamentossexuais com grupos focais. COin toda probabilidade, isto dcpendecianatureza do topico de pesquisa, dos objetivos da pesquisa, dos ti-pos cleentrevistados e ate certo ponto das habilidades epreferencias'pesscais do pesquisador. Nflo ha I)esqu}sa metodologica suficientepara. tirar conclusoes seguras e rapidas. E possfvel , con tudo, fazer al-.gumas observacoes gerais que podern ~udar ospesquisadores a COI1- ..siderar as opcoes e fazer urna decisao bern funclamentada.

    Para 0mesmo mimero de entrevistados, 0grupo focal e mai~efi-caz.0gnlpO fornece criterios sobre 0 consenso emergente e a ma-neira como as pessoas lidam com as divergencias. Em uma sessaogrupal, as pessoas podem ser criativas..o pesquisador/moderadorpode explorar metaforas e imagens, e empregar estlmulos de tipoprojetivo. Na .situacao grupal, a partilha eo contraste deexperienciasconstroi urn quadro de interesses e preocupacoes comuns que, emparte experienciadas por todos, sao raramente articuladas por urntmlcO indivlduo. 0 gmpo e antes mais como urna novela, uma pers-pectiva sobre a vida cotidiana mostrada apenas quando se 'assiste atodo 0programa e nao apenas pela contribuicao deurn (ll1ic?ator,Rd, contudo, algumas desvantagens na tecnica dos grupos focaisque vern ilustrar as vantagens da entrevista individual. Primeiro, osparticipantes em urn grupo focal tendem a serv atecerto popto, au-. tQ.~.~eletivos.Nem todos os convidados se apresentam e alguns grl.l-pos planejados sao diflceis de recrutar, pOl'exemplo, minorias etni-cas, os velhos e portadores de deficiencias, mfies com filhos muitopeqllenos. Do mesmo modo, e diffcil, mas nfio impossivel, recrutarentrevistados c1entro de uma elite sempre muito ocupada, !)'arauma

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    ' L .. J; . . .. ,:VI . .. . . . .. " J , . , " ~ " , . , . , . , 'i.".,............., ........,.,

    sessao degrupo. Estds problemas de selecao podem ser evitadosatraves de entrevistas individuais, onde a entrevista pode ser agen~dada para urn tempo e lugar conveniente para ().entrevistado. Emsegundo lugar, nao e exequfvel dirigir a aten~ao parauma pessoaparticular em uma discussao de grupo, do mesmo modo como seconsegueem uma entrevista individual. Com urn entrevistado ape-nas, podemos conseguir detalhes muito mais ricos a respeito de ex-periencias pessoais, decisoes e sequencia das acoes, .corn perguntasindagadoras dirigidas a motivacoes, em urn contexto de informacaodetalhada sobre circunstancias particulares da pessoa. 0 que 0 en-trevistado diz, e a rnaneiracornoa entrevista sedesenvolve, pode es-tar relacionado aoutras caracterlsticas relevantes do individuo deurn modo tal que nao e possfvel dentro da discussao e subsequenteanalise de urn grupo focal.

    Na ' rabebi5:1,as v:ll~i,;svantagens das entrevistas individuals egrupais sao tentativarnente sintetizadas, Devido a estas diferentesvantagens e lirni tacoes dos grupos focais e das entrevistas indivi-duais, alguns pesquisadores optam par uma juncao dos dois meto-dos dentro do mesmo projeto: urn enfoque multimetodo que tem al-guma jus tificacao. ..

    Entrevista individualTabela 3.1 - Uma slntese da indica ..Diffceis de recrutar, por exemplo, pessoasde ida de, mdes com filhos .pequenos, pessoas dcentesEntrevisfados do elite oude olto statusCricncos menores de sete anos

    Orientaro pesquisador para um campo.de investiqocdo e parolinguagem localExplorar especlro de atitudes, opinioes ecomporlamentosObserver as processos de consenso ediverqencioAdicionar detolhes contexfuais a achadosquantitativosAssuntos de interesse publico oupreocupocoo comum, porexemplo, politico, midia, comportomentode consumidores, 'lozer, novas tecnologiasAssuntos e questoes de naturezarelativamente nco familiar, ou hipotetico. ',-

    Nooperlencentes a origens tao diverscsque possam inibir a porticipccco nodiscussco do t6pico

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    A natureza pratica das entrevistasA enireuisia com gruj JOfoca l

    . Poder-se-ia caracterizar 0grupo focal como sendo parecido,coma descricao feita pOl'Habermas (1992) da esfera publica ideal. E urndebate aberto e acessivel a todos: osassuntos em questao.sao de inte-resse com urn; as diferencas de status entre os participantes nao saolevadas em consideracao; e 0debate se fundamenta em uma discus-sao racional, Nesta caracterfst ica final, aideia de "racional" nao eque a discussaodeva ser 16gica au desapaixonada, 0 debate e umatroca de pontes de vista, ideias e experiencias, emboraexpressasemocionalmente e sem 16gica, mas sern privilegiar individuos parti-culares ou posicoes.

    o gr~lpo focal tradicional compreende seis a oito p~ssoas desco-nhecidas anteriormente, que se encontrarn em urn ambiente confer-tavel por urn tempo entre uma a duas IJ.9ds. Os participantes e 0rnoderador sentam num circulo, de tal modo que possa haver umcontato frente a frente entre cadaum, Quando as pessoas se senta-ram, a primeira tarefa do moderadore apresentar a si pr6prio, 0 as-sunto.ea ideia de uma discussao grupal.Para cornecar .este processo,o moderador pede a cada part ici-panteque se apresentedizendo 0nome, e pode acrescentar urn pe-dido paraque adicionem algurna inforrriacaopessoal que nao causepolernica. Cada contribuicao terrnina corn 0 moderador dizendo"obrigado", usando 0primeiro norrie da pessoa, Feito isso, 0mode-rador toma nota dos nomes e das posicoes na sala. Como na pesqui-sa em profundidade, 0moderador tern urn t6pico guia que sintetizaas questoes e assuntos ci a discussao. 0 moderador encoraja ativa-mente todos os participantes a falar e a responder aos cornentarios eobservacoes dos outros membros do giupo. Quando a pessoa A dizalgo, omoderador pode agradecer, dizendo de novo seu nome, e sevolta a pessoaC, perguntando alguma coisa cornorr 'Eu estava muitointeressado no ponto de vista de Pedro, isso esta de acordo com suaexperiencia?" 0 objetivo e avancar a partir de urn!discussao Iidera-.d a pelo moderador, para uma discussaoonde as 'participanres rea-

    '. gerp,_uns aos outros.Mas 0moderador deve ser algo rnais.que urn facilitador da dis-cussao. Noespfrito das advertencias de Becker & Geer, e fundamen-tal que 0moderador nao assuma Ilada como sendo padfico. Talvez

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    P E S Q U IS A Q U A LI T AT IV A COM T E XT O, I MA G E M E SOM. .. . . . .. . ... .~ . . . . ... . . . .. . . . . . . . . . . . ... '. ......... . . . . . .. . . . . . . .. . .as indagacoes mais comuns que podem se seguir a urn cornentariosejam perguntas imediatas de efeito: "0 que voce quer dizer comisso?" e "POl' que isso e assim?"

    Vejarnos alguns exemplos. Se urn termo interessante ou uma fra-se surgir na discussao pergunte sempre: "Quando voce diz X, 0quevoce quer dizer com isso?" Se 0participante faz urna afirmacfio fac-Iual, 0moderador pode perguntar: "E voce pensa que isso e uma coi-sa boa 011 ruim?" Do mesmo modo, se algucm diz que 11:10 gosta dealgo, 0.moderador pode provocar: "En tao voce diz que n.io gostadisso, 0que e isso]" E, a carla vez que um mernbro do grupo respon-de a lima indagac;ao para posterior informac;ao, 0 moderador devevoltar-se aos outros membrosdo grupoe perguntar a opiniao c1elessobre 0 assunto. E claro que nao e sempre necessario que 0 rnodera-dor indague, po is outros membros do grupo podem espontanea-mente entrar na discussao com cornentarios e POl1tOS de vista.

    . r ..Outra pratica proveitosa e 0moderador ir trocando a perspecti-va do grupo do geral para 0particular. Se uma afirmacaogeral e fei-:ta, 0 model'adc:r pode pedir urn: exernplo dela, econtinuar depois

    I perguntando "E esse urn born exernplo, pode trazer outros?" De rna-neira oposta, a ," discussao sobre um/caso especffico pode provocar aintervencao: "E esse urn caso tlpico, eo que em geral acontece?"(osmoderadores podem usar recursos de livre associacao, figu-

    J ras, desenhos, fotografias e mesmo dramatizacoes como materiaisU deestimulo par. a provoca1' ideias e discussao, como uma estrategiade fazer com. que as pessoas usem sua irnaginacao e desenvolvarnideias e assuntos.Vejamos os seguintes exemplos: .As so ci ad io l iv r e: para se descobrir como as pessoas imaginam urn

    assunto, isto e , qual a perspectiva que trazern, e para compreender agama de outros conceitos e ideias com ele relacionadas, a associacaolivre pode ser iluminadora. 0 moderador pede perguntar: "Harnuita gente falando de engenharia genetica hoje erndia: 0que vo-I cespensam da expressao engenhariageneticaque palavras, OU [1'

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    I .._,_" . .> < :' -' , . .. .. .. , , -, ,- ,, \ . . . .. , , . .. , '~_"" , .... ,. '-I ....... "._.....,.... "".......

    . .veladora, Vejamos un\ estudo sobre relacoes entre medico e pacien-teoAlguern pede tomar duas pessoas e dar auma opapel de medico,dizendo-se que ele/eia esta atrasado e esta pressionado pelo tempo,enquanto que ao outro nao sao dadas tais inforrnacoes. Dois .outrosparticipantes do gntpO sao instruidos para que clesempenhem 0 pa-pel de pacientes, E surpreendente como as pessoas desempenhambem.os papeis, e Ievam as instrucoes a serio. Os papeis sao desernpe-nhados e 0 restante do grllpo (0 publico) pode cornentar, aplaudirau oferecer suasexperiencias para ilustrar a qualidade no desempe-nho do papel, Novamente, 0comportamento, eo que e dito pelosque desempenham as papeis, e uma fonte de inforrnacoes em simesma, mas isto tambern serve como base para uma discussao maisampla no ropico em questao,

    Embora a entrevista tradicional com grupo focal empregue pes-soas desconhecidas, esta nao e uma precondicao. Na verdade, ha ve-zes em que a familiaridade anterior.e uma vantagem. Estudos de cul-turas organizacionais e de grupos socials particulares tern vantagensquando se tornarn pessoas. que partilham urn meio social cornum.Aqui, 0moderador provavelmente sera um estranho e podera fazeruso disto .para tirar proveito. 0moderadorpode tomar a posicao deurn observador ingenue e pedir instrucoes, ou pedir que the ensinernalguns pontos especfficos. A s pessoas aproveitam a oportunidadepara falar sobre 0papel de ensinar e na medida em queeles, individu-almente e coletivamente, explicarn sua situacao, alguns aspectos doconhecimento tacito auto-evidente sao elaborados de um modo queseria diffcil de conseguir a partir de urn conjunto de perguntas.A entrevista individual

    A entrevista individual ou de profundidade e uma conversacaoque dura normalmente entre uma hora e uma hora e meia. Antes ciaentrevista, 0 pesquisador tera preparado urn topico guia, cobrindoostemas centrais e osproblemas da pesquisa (ver acima). A entrevis-ta corneca com alguns comentarios introdutorios sobre a pesquisa,uma palavra de agraclecimento ao entrevistado porter concordadot ; _ J : P falar, e um pediclo p.ara gravara s~!>s~o.O entrevistaclor deveseraberto e descontraido coni respeitoa grava~ao que pode serjustif i-cacla como uma ajuda a memoria ou UI11 registro util cIaconversacaopara uma analise posterior. Isto pcrmiteao entrevistador concen-trar-se no que e clito em vez de fica!"fazenclo anotacoes. Confira scm-

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    .pre duas vezes, antes da entrevista, se 0gravador est} funcionando etome cuidado para apertar os botoes corretos na hora cia entrevista.Para fazer comqu~.;1 entrevista deslanche.e util comecar com algu-mas perguntas bem simples, interessantes eque nao assustem. 0en-trevistador deve estar atento e interessado naquilo que 0entrevista-do diz: devem ser dados encorajamentos atraves de contato com 0olhar, balancando a cabeca e outros reforcos, Introduza 0 tema deuma conversacao pincando um ponto e perguntando pOl' mais al-guns detalhes. Alguns entrevistados precisam de algum tempo parase ciescontrair, mas i5S0e normal. A medidaque a entrevista avanca,o entrevistador necessita ter as perguntas namernoria, conferindoocasionalmente 0topico guia, maso foco da at~n~ao deve estar naescuta e entendimento do que esta sendo dito. E importante dar aoentrevistado tempo para pensar, e pOl' isso as pausas nao devem serpreenchidas com outras perguritas.' .. . .Alguns exemplos de perguntasMuitas destas podem serseguidas poi- indagacoesposteriores.Convidando para fazer descricoes:

    Poderia falar-me sobre 0 tempo em que voce. ..?o que vem a mente quando voce pensaem ... ?Como voce descreveria .. .para alguern que nao teria passado pori5S0antes?

    E levando as coisas adiante:Poderia dizer-me alga mais sobre .. .?o que faz voce sentir-se assim?E isso e importante para voce? Como e isso?

    Provocando informacaocontextual:Quando voce ouviu falar sobre x peli'p~'i'~;~{~a vez, onde voceestava e com quem voce estava?o que as outras pessoas que estavarn tom voce clisseram naquelaocasiao?Quai foi sua reacao imecliata?

    :. -.~, jj./

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    P E SQ U IS A Q U AL IT A TIV A C OM T El

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    ...................................................................

    A analise nao e urh processo puramente mecanico, Eladependede intuicoes criativas, qlle podem muito hem ocorrer quando 0pes-quisador esta falando com um amigo ou colega, ou naqueles mo-mentos de reflexao ao dirigir, caniinhar ou tomando um banho.A medida que a interpretacao vai se processando, retorne ao ma- .terial bruto,tanto para as transcricoes quanta para as gravacoes.Algumas vezes, urn unico comentario assurnira repentinamente UlUsignificado importante e ira sugerir urn novo modo de olhar para as

    entrevistas; oytras vezes, os dados podemreforcar a analise que estasendo feita. E vitalgarantir que toda interpretacao esteja enraizadanas pr6priasentrevistas, detal modo que, quando a analise e feita, 0corpus pode ser trazidoparajustificar as conclusoes,Progtama c om pu ta do ri za do p a ra a na li se q ua li ta ti oa d e i nf orm a fo es( Com pu te r- as si st ed Q u ali ta tiv e D at a A n al ys is S oj iu m re - C A QDA S )

    Desenvolvimentos recentes.de software implementam as tecni-cas tradicionais de analise de textosem uma interface com 0 usaproveitoso do computador. Muitos dos elementos destes desenvolvi-mentes de software provierarn deprocessaclores de texto padrfiojafunc;ao de cortar e colar, por exemplo). Mas 0 importantee que ospacotes rnais avancados oferecem aspectos adicionais, muitas vezesorientados teoricamente, que van alem de rneras manipulacoes dotexto, em direcao a uma facilitacao da interpretacao, Funcoes comu-mente acessfveis incluem: .Ci iao io d e memorai u lo s : acrescenta corncntririos ao processo de analise.Codif i ca f (lO , e ti q:ne tar{lO , rotulaaio: identifica unidadcs similarcs dotexto.Recupetaoio (retrieuing]: encontra uniclacles na mesma categoria.Ligflf(IO: texto-texto, c6digo-texto, mernorando-texto, mernornn-do-c6digo,c6digo-c6digo.Procura booleana: encontra combinac;6es especfficas de c6digos taisC0l110 relacoes "e", "ou", "nao".

    . .. J n te ? ia ce gTd fi ca : representaas relaC;9j:sentre c6digos e textos.COlllj)amfi5es entre iextos de d i fe re n te s o ri ge ns : categorias socials, seriestemporais,

    J..t NT R EV IS T AS .l ND IV ID U AI S E G R UP A IS

    Os principals resultados do CAQDAS sao os seguintes: primeira-mente, codificar, cortar e colar produzern textos impresses de todasaspassagens do texto que se refiram a mesma categoria, por exe~-plo, codigosdo tema, c6digos do entrevistado e aspectos formals.Isto fornece uma sintese de todos os elementos relevantes do textoque pertencam a urn c6digo especffico de interesse. Esta forma cleprocluto euma maneira eficiente de representaros elementos textu-ais, de tal modo que 0pesquisador pode ilustrar sua interpretacaocom citacces selecionadas.A interface grafica e/ou 0mapeamentocognitivo oferece a opor-tunidade cledesenvolver uma representacao grafica da estrutura derelacoes entre osc6digos no texto: Eta pode serhierarquica, usandocategorias superordenadase subordinadas interligadas, ou pode en-volver diferentes form as de ligacao, tais corno "causal", "associati-va", "contraditoria' ' e outras. A representacao.grafica do texto e 0lu-gar onde aspectos do texto e preconcepcces te6ricas se encontrarnem um procedimento formal e interativo.: .. ..

    A maioria dos pacotes de software para' analise. quantitativa pro-duz urn resultado opcional de frequencias de codigo, que pode serintroduzido em uma posterior analise .estanstica, por exemplo, noSPSS~Esta facilidade fornece uma ligaC;ao.entre os enfoques qualita-tivo e quanti tat ivo e propicia a oportunidade de abordagens comotracar perfis, tabulacoes cruzadas e analise de correspondencia. Ha,na literatura academica, muitos exernplos interessantes de interpre-tacoes complementares obtidas atraves de analise qualitativa e nu-merica. Uma caracteristica destespacotes de software e que elesabrern novas opcoes, sern fechar as antigas.

    H a muitos pacotes disponjveiscoriio 0CAQDAS. Todosexigemalgum tempo para se poder rnaneja-los, ,mas 0 esforco pode valer apena, particularrnente com urn C 0 1 - } J U . ~ .c:1;eexto medic ou grancI~.Dois destes pacotes populares sao 0 NUD*IST, baseado 11,1 leonafunclamentacla dos interacionistas sirribolicos, e 0ATLAS/ti, que etambern compatfvelc6m a Teoria Fiindarnentada, mas oferece,alem elisso,uma funcao ele interface gl:afica, valendo-se das ideias ciateoria da mem6ria semantica, 0 CAQDAS ira fazer, no minimo, 0que os pesquisadores sempre fizerarri, rriasfad issomais sistematica-mente e de forma mais eficiente. Errivez de tel' sistemas de cartoes ecanetas para marcar 0 texto, 0cornputador mant~~ 0sistema d~ fi-chas, e permite modificacoes e mudancas na analise com relativa-

    !IiI1!IIbiii

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    P ES QU IS A Q UA lIT AT IV A C OM T EXT O. IM AG EM E S O M" _ 0 , -

    mente menos esforco. Urn pOSSIVe! desenvolvimento destas novasferramentas sera que os procedirnentos padrao para lidar com da-dos textuais se tornern urn lugar comum e oferecam umreferencialdentro do qual se podem definir padr6es basicos de qualidade e ava-liacao para pesquisa qualitativa,

    . .E necessaria, contudo, uma palavra de precaucao, Seria desas-troso cair na armadilha do "rnito do computador", urn pressupostode que pacotesde software irao substituir as habilidades e sensibili-

    . dades do pesquisador. Oscomputadores nao farao nunca 0trabalhointuitive e criativo que e parte essencial da analise qualitativa. No, .Imaximo, eles irao apoiar 0processo e oferecer uma representacaodo resultado da analise. Devido ao fato de que os pacotes de compu-tador possuem muitas possibilidades, ' eles contern 0perigo de que 0pesquisador fique absorvido na tecnologia e perea a visao do texto,I

    I

    Pass os na entrevista qualitati.va .Note-se que na pesquisa concreta estes pass os nao estaoern uma

    sequencia linear. Oprocesso de pesquisa e circular e ref lexive, POl 'exernplo, depois de algumas entrevistas, tanto 0topico guia, comoa selecao dos entrevistados pode m'udar. Do mesmo modo, a analisee parte do contfnuo processo de pesquisa. .1. Prepare a topico guia.2. Selecione 0 metodo de entrevista: individual, grupal ou umacornbinacio dos dois,

    3. D elinc ie urna estrategia para a sde~rlo dos entrevistados,4. Realize as entrevistas.5. Transcreva as.entrevistas.6. Analise 0corpus do texto,Referencias bibliograficas~~QJ!:!(~M . w . & GASKEL~:.q;':( 1.9.99}:to~ya;:cls ~parac1igm for Rese-. arch on Social Representations,jollmal f or t he T h eo ry o j S o ci al B eh ao i-Our, 29 (2): 163-86. .

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