gabriel sanches reckziegel...5 abstract reckziegel, gabriel sanches. the importance of military...
TRANSCRIPT
0
ACADEMIA MILITAR DAS AGULHAS NEGRAS
ACADEMIA REAL MILITAR (1811)
GABRIEL SANCHES RECKZIEGEL
IMPORTÂNCIA DAS OPERAÇÕES DE APOIO À INFORMAÇÃO EM PROL DO
BRABAT NA MINUSTAH
Resende
2016
1
GABRIEL SANCHES RECKZIEGEL
IMPORTÂNCIA DAS OPERAÇÕES DE APOIO À INFORMAÇÃO EM PROL DO
BRABATT NA MINUSTAH
COMISSÃO AVALIADORA
_______________________________________________
JOSÉ LUÍS DE GÓIS – Maj Inf
Orientador
_______________________________________________
Avaliador
_______________________________________________
Avaliador
Resende
2016
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à
Academia Militar das Agulhas Negras como parte dos
requisitos para a Conclusão do Curso de Bacharel em
Ciências Militares, sob a orientação do Maj Inf José
Luís de Góis.
2
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador, Major Góis, onde na medida do possível, transmitiu seus
conhecimentos, solucionou dúvidas, forneceu fontes, disponibilizou contatos e guiou para a
confecção do trabalho.
Ao Capitão André, do 1º BOAI, pela disponibilidade de seu tempo e a colaboração
imprescindível com o envio de materiais fundamentais para o trabalho de conclusão.
Aos meus professores e instrutores de todas as épocas, responsáveis por parte
considerável da minha formação e do meu aprendizado.
Aos meus pais, Sonia e Cildo, por todo apoio e estímulo dado, nunca medindo
esforços para me ajudar, sendo base da minha educação.
À minha companheira, Manoela, que apesar da distância, esteve presente em todos os
momentos, sempre me motivando, vibrando com minhas conquistas e me apoiando em
momentos difíceis.
Aos meus amigos de infância, por me auxiliarem a tornar quem sou hoje.
Aos meus companheiros de arma, discípulos de Osório, a amizade construída nessa
seita que chamamos de Cavalaria jamais será desfeita, que nossos estribos se choquem em
cavalgadas futuras e que possamos relembrar nossos feitos de glórias em dias futuros e
prósperos.
3
“Lute com determinação, abrace a vida com
paixão, perca com classe e vença com ousadia,
porque o mundo pertence a quem se atreve e a
vida é muito para ser insignificante.”
(Charles Chaplin)
4
RESUMO
RECKZIEGEL, Gabriel Sanches. A importância das Operações de Apoio à Informação
em prol do BRABAT na MINUSTAH. Resende: AMAN, 2016. Monografia.
Este trabalho tem por objetivo verificar como o emprego das Operações de Apoio à
Informação vem se ampliando nos cenários de atuação do Exército Brasileiro e contribuindo
para a ocorrência de resultados positivos nas Missões de Paz, em especial para a
MINUSTAH. Foram realizadas diversas pesquisas sobre como as guerras evoluíram ao longo
do tempo até a Era do Conhecimento, mostrando o surgimento de um novo ambiente
operacional. A pesquisa bibliográfica e documental realizada mostra que, graças às mudanças
do cenário, novos atores ganharam força, entre eles as Operações de Apoio à Informação
(OAI), responsável por persuadir e influenciar públicos-alvo. Os resultados apurados no
presente trabalho buscaram analisar como a doutrina das OAI é colocada em prática na
MINUSTAH, missão na qual o Brasil lidera o contingente militar em busca de pacificação do
Haiti. Tiveram ainda a finalidade de verificar a relevância e a importância do emprego de
tropas especializadas nessa capacidade, possibilitando o surgimento de melhores condições de
aceitação por parte da população e na conquista dos corações e mentes haitianos.
Palavras-chave: Operações de Apoio à Informação. MINUSTAH. Corações e mentes.
5
ABSTRACT
RECKZIEGEL, Gabriel Sanches. The importance of military information support
operations in support of BRABAT in MINUSTAH. Resende: AMAN, 2016. Monograph.
This paper aims to analyze how the use of the Military Information Support Operations has
been expanding in the Brazilian Army’s operational scenarios and contributing to the
occurrence of positive results for the Missions of Peace, especially for MINUSTAH. It was
performed several research on how the wars have evolved over time to the Knowledge Age,
showing the emergence of a new operating environment. The bibliographical and
documentary research performed shown that thanks to the changing scenario, new actors have
gained strength, including the Military Information Support Operations, responsible for
persuading and influencing audiences. The results obtained in this study sought to analyze
how the Military Information Support Operations are put into practice in MINUSTAH,
mission in which Brazil leads the Military Component of Haiti in search of peace. Also had
the purpose of verify the relevance and the importance of the use of specialized troops in
these capability, enabling the appearance of better conditions of acceptance by the population
and winning the hearts and minds haitians.
Keywords: Military Information Support Operations. MINUSTAH. Hearts and minds.
6
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 10
2 REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO.......................................... 13
2.1 Revisão da literatura e antecedentes do problema........................................... 13
2.2 Referencial metodológico e procedimentos....................................................... 14
3 AS OAI ATRAVÉS DA HISTÓRIA.................................................................. 16
3.1
3.1.1
O uso da persuasão..............................................................................................
Tomada da cidade de Aratta pelo Rei Enmerkar.................................................
16
16
3.1.2
3.1.3
3.1.4
3.1.5
3.1.6
3.1.7
3.1.8
3.1.9
3.1.10
3.1.11
3.1.12
3.1.13
3.1.14
3.1.15
O Cavalo de Tróia.................................................................................................
Gideão e seus trezentos homens...........................................................................
Ciro, O Grande......................................................................................................
Sun Tzu, o Comandante Psicológico...................................................................
Alexandre, O Grande............................................................................................
Genghis Kahn.......................................................................................................
Napoleão e o periódico “Le Moniteur”................................................................
1ª Guerra Mundial................................................................................................
2ª Guerra Mundial................................................................................................
Guerra da Coréia..................................................................................................
Guerra do Vietnã..................................................................................................
Guerra do Golfo....................................................................................................
Em território brasileiro.........................................................................................
Atualidades............................................................................................................
17
17
18
18
18
19
19
20
21
24
24
26
27
28
4 O SURGIMENTO DAS OAI.............................................................................. 32
4.1 A Evolução do Cenário........................................................................................ 32
4.2
4.3
4.4
4.5
O Novo Ambiente Operacional...........................................................................
As Operações de Informação..............................................................................
As Operações de Apoio à Informação................................................................
O 1º Batalhão de Operações de Apoio à Informação.......................................
33
34
35
37
5 AS OAI NO HAITI.............................................................................................. 39
7
5.1 O Conflito............................................................................................................. 39
5.2
5.3
5.3.1
5.3.2
5.3.3
5.3.4
5.3.5
5.4
5.4.1
5.4.1.1
5.4.1.2
5.4.1.3
5.4.2
5.4.2.1
5.4.2.2
5.4.2.3
5.4.2.4
5.4.3
5.4.3.1
5.4.3.2
5.4.3.3
5.4.4
5.4.4.1
5.4.4.2
5.5
O Destacamento de Operações de Apoio à Informação...................................
As Missões.............................................................................................................
Apoio às patrulhas e a Static Points.....................................................................
Apoio às operações de Check Points....................................................................
Apoio às atividades de Assuntos Civis..................................................................
Coleta de dados e pesquisa de opinião.................................................................
Monitoramento do moral da tropa.......................................................................
Os Veículos de Difusão........................................................................................
Veículos de Áudio.................................................................................................
Boato orientado.....................................................................................................
Rádio.....................................................................................................................
Alto-falante............................................................................................................
Veículos Visuais...................................................................................................
Cartazes.................................................................................................................
Panfletos................................................................................................................
Faixas....................................................................................................................
Outdoors................................................................................................................
Veículos Audiovisuais...........................................................................................
Cinema...................................................................................................................
Televisão................................................................................................................
Internet...................................................................................................................
Contato Pessoal.....................................................................................................
Comunicação face a face.......................................................................................
Reuniões e Congressos..........................................................................................
Resultados Conquistados....................................................................................
40
41
41
42
42
43
43
44
44
44
45
46
46
47
47
48
49
49
49
49
50
50
50
51
51
6 CONCLUSÃO...................................................................................................... 53
REFERÊNCIAS................................................................................................... 55
8
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 01 – Exemplos de cartazes da 1ª GM ……............................................... 21
Figura 02 – Jornal alemão "O Tufão"................................................................... 22
Figura 03 – Família alemã reunida para ouvir rádio............................................ 23
Figura 04 – Panfletos disseminados em janeiro de 2016..................................... 24
Figura 05 – Execução de oficial Vietcong........................................................... 25
Figura 06 – Panfleto disseminado pelos EUA...................................................... 26
Figura 07 – Pichações na Vila Cruzeiro - RJ....................................................... 28
Figura 08 – Slogans em embalagens de drogas.................................................... 29
Figura 09 – Andre Poulin, "garoto propaganda" do EI........................................ 30
Figura 10 – Propaganda EI x jogo "Call of Duty"................................................ 30
Figura 11 – Composição DOAI............................................................................ 40
Figura 12 – Uso de Alto-falante nas patrulhas..................................................... 41
Figura 13 – Apoio a Static Point..........................................................................
Figura 14 – Apoio à Check points........................................................................
Figura 15 – Distribuição de alimentos e plantio de árvores.................................
Figura 16 – Utilização das rádios locais...............................................................
Figura 17 – Equipamentos AF em Missões de Paz..............................................
Figura 18 – Colocação de cartaz no Haiti............................................................
Figura 19 – Panfleto disseminado (BRABAT 22)...............................................
Figura 20 – Utilização da conversa na conquista de corações e mentes..............
42
42
43
45
46
47
48
51
9
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ACISO
AF
APOP
BRABAT
Com Soc
DOAI
EB
EI
EUA
FARC
G Ciber
GE
Ações Cívico-sociais;
Alto-falantes;
Agentes Perturbadores da Ordem Pública;
Brazilian Battalion;
Comunicação Social;
Destacamento de Operações de Apoio à Informação;
Exército Brasileiro;
Estado Islâmico;
Estados Unidos da América;
Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia;
Guerra Cibernética;
Guerra Eletrônica;
OAI Operações de Apoio à Informação;
MINUSTAH
MONUSCO
Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti;
Missão das Nações Unidas na República Democrática do Congo;
ONU
Op Info
Op Psico
Organização das Nações Unidas;
Operações de Informação;
Operações Psicológicas;
PA
Tu Tat
Público-alvo;
Turma Tática;
URSS União das Repúblicas Socialistas Soviéticas;
VBC
1º BOAI
1ª GM
Viatura Blindada de Combate;
Primeiro Batalhão de Operações de Apoio à Informação;
Primeira Guerra Mundial.
10
1 INTRODUÇÃO
O Exército Brasileiro vem passando por constantes evoluções e aprimoramentos,
sendo tanto em relação a equipamentos como também em suas doutrinas e técnicas aplicadas.
Graças a essas transformações, pode-se ver uma grande mudança no ambiente operacional
atual, onde a dimensão física divide espaço com outras duas dimensões: a dimensão
informacional e a dimensão humana.
O Ambiente Operacional é caracterizado pela existência de três dimensões – física,
humana e informacional – cujos fatores a serem analisados interagem entre si,
formando o seu caráter único e indivisível. Sua compreensão constitui uma condição
fundamental para o êxito nas operações militares. (BRASIL, 2014, p. 2-2).
Nos conflitos contemporâneos, as dimensões humana e informacional ganharam
grande destaque, em que a análise do “terreno humano” se torna de extrema relevância para as
operações militares. Para que essa análise seja precisa e detalhada, as Operações de
Informação (Op Info) consistem no emprego integrado de capacidades relacionadas à
informação, assim como afetam as decisões oponentes e neutralizam os efeitos de ações
adversas na dimensão informacional , sendo as Operações de Apoio à Informação (OAI), uma
das capacidades das Op Info, responsável pela conquista dos “corações e mentes” de
públicos-alvo.
“Operações de Apoio à Informação – São definidas como procedimentos técnico-
especializados, aplicáveis de forma sistematizada, desde a paz estável, de modo a
influenciar públicos-alvo (PA) a manifestarem comportamentos desejáveis, com o
intuito final de apoiar a conquista de objetivos estabelecidos. Anteriormente
denominadas Operações Psicológicas (Op Psico)”. (BRASIL, 2014, parte II –
termos e definições)
O estudo referente às Operações de Apoio à Informação é relevante para o meio
militar, uma vez que se trata de uma doutrina que está presente nos exércitos mais adestrados
e bem equipados da atualidade, sendo considerada por muitos como um importante “vetor de
modernidade”, aonde o Brasil, de maneira gradativa, vem se aprimorando para que assim
possa, um dia, igualar-se a países com maior poderio militar.
A presente pesquisa busca tratar do tema sob a perspectiva das Operações de Paz, mais
especificamente, na Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (MINUSTAH),
missão esta em que o Brasil se encontra à frente do componente militar.
Foi delimitado o foco de pesquisa na verificação da importância e relevância das OAI
em prol do BRABAT na MINUSTAH. O contexto do estudo está limitado às experiências
colhidas pelo Destacamento de Operações de Apoio à Informação (DOAI) do 10º Contingente
11
do BRABAT, devido ao fato desse destacamento haver maior disponibilidade de informações
colhidas que contribuíram para a consolidação das OAI em Operações de Paz, assim como
orientar os contingentes subsequentes.
Faz-se necessário definir alguns conceitos que se entendem como fundamentais para o
desenvolvimento do assunto, que serão discutidos em meio ao trabalho. Dentre os quais
destacam-se: o entendimento das Quatro Gerações da Guerra de Lind, ex-assessor legislativo
de dois senadores dos EUA e autoridade em guerra de movimento, para assim verificar a
evolução dos conflitos até os dias atuais; o entendimento do conceito de amplo espectro, para
assim haver melhor compreensão do o ambiente operacional; o conhecimento das Operações
de Informação, contribuinte para obtenção da Superioridade de Informações nos combates; e
os conceitos relativos às Operações de Apoio à Informação, foco do estudo.
Optou-se pelo método hipotético-dedutivo para abordagem do tema, empregando-se a
pesquisa documental e bibliográfica.
Os objetivos foram:
- identificar e analisar como as OAI são empregas no Haiti, a fim de verificar a
relevância dessa capacidade nas Operações de Paz.
- identificar como as OAI têm influenciado na obtenção de resultados positivos para o
BRABAT, o que permite verificar se têm cumprido suas missões.
- verificar a importância dessa capacidade para o cumprimento da missão no país
caribenho, a fim de comprovarmos que as OAI são uma das capacidades que criam condições
de aceitação por parte da população haitiana, colaborando assim com o BRABAT.
As principais fontes foram manuais que possibilitaram o conhecimento necessário
sobre as OAI:
- Manual de Campanha C45-4 Operações Psicológicas (1999), manual brasileiro em
vigor, que apresenta diversos conceitos e meios utilizados para que assim, haja o devido
entendimento da doutrina;
- Manual FM 3-05.301 Psychological Operations Process, Tactics, Techniques, and
Procedures (2007), manual americano sobre as OAI, que mostra como a doutrina brasileira
está alinhada com a norte-americana;
- Manual EB20-MF-10.103 Operações (2014), manual brasileiro que apresenta a
doutrina básica de operações do Exército Brasileiro e estabelece os fundamentos básicos das
operações militares terrestres para o emprego da Força Terrestre;
12
- Manual de Campanha EB20-MC-10.213 Operações de Informação (2014), manual
brasileiro que apresenta a doutrina básica das Operações de Informação no contexto das
Operações de Amplo Espectro.
Além dos manuais citados, foi também de grande valia o Caderno Tático Operações
Psicológicas Missões de Paz (2009), trabalho baseado em experiências colhidas pelo DOAI
do 10º Contingente da MINUSTAH.
A presente monografia está assim estruturada:
No segundo capítulo, será tratado da revisão da literatura e antecedentes do problema,
analisando ideias imprescindíveis para a compreensão do assunto. Após, será apresentado o
referencial metodológico, onde irá ser definido o problema, a hipótese, os objetivos e os
procedimentos de pesquisa.
No terceiro capítulo, será apresentado de maneira cronológica, fatos e campanhas
históricas nos quais verificou-se o emprego da persuasão, tendo participação nos mais
variados conflitos.
No quarto capítulo, será verificada a evolução dos combates até o surgimento do
cenário atual, que ocasionou no desenvolvimento e criação de operações específicas, entre
eles as OAI, primordial para influir nas atitudes e emoções de determinados públicos-alvo
para assim atingirem determinados comportamentos.
No quinto capítulo, será apresentada uma breve explicação da situação haitiana que
desencadeou a missão da MINUSTAH, assim como é organizado o DOAI e os mais variados
meios de difusão e missões das OAI em território caribenho, mostrando assim como vêm
contribuindo para a conquista dos corações e mentes da população e ajudando a manter o
ambiente seguro e estável no Haiti.
No sexto e último capítulo, será retomado os objetivos da pesquisa, a fim de verificar
se eles foram plenamente atingidos. Então, serão corroboradas ou refutadas as hipóteses
apresentadas e serão verificados os resultados alcançados no trabalho.
13
2 REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO
O tema de pesquisa insere-se na área de Operações Militares, conforme definido na
Portaria nº 734, de 19 de agosto de 2010, do Comandante do Exército Brasileiro.1
2.1 Revisão da literatura e antecedentes do problema
A arte da persuasão e a da influência sobre públicos-alvo é uma tática que vem se
desenvolvendo e se aprimorando ao longo da história, presente nos mais variados conflitos e
fatos históricos, como mostra Mota:
Ao longo da história do homem no planeta Terra, desde relatos bíblicos a fatos
históricos cientificamente comprovados, o emprego das ações de persuasão, das
ações de influenciação, do controle de massas populacionais, etc podem ser
referenciados. Em realidade o grande marco histórico de uso militar, e considerado
pelos diversos exércitos mundo afora, está balizado pelo uso da persuasão como
instrumento empregado nas operações militares. (MOTA, 2013, p.15).
Antes designada por Operações Psicológicas, hoje essa doutrina é conhecida e
aplicada pelo Exército Brasileiro por meio das Operações de Apoio à Informação (OAI),
caracterizando-se como umas das capacidades das Op Info. As OAI, cada vez mais, vêm
sendo empregadas, colaborando com a obtenção de resultados positivos em diversas missões
que contam com a participação do Exército Brasileiro.
A importância das Op Psico tem aumentado em função da evolução dos métodos
científicos de atuação sobre a motivação humana e do desenvolvimento dos meios
de comunicação social de alta tecnologia, que já tornaram desprezíveis as distâncias,
os acidentes do terreno e as massas líquidas. Ou seja, as fronteiras físicas já cederam
lugar à fronteira psicológica. (BRASIL, 1999, p. 1-2).
Com a criação da palavra escrita, o homem se tornou capaz de utilizar uma das armas
mais poderosas já criadas, que é a capacidade de persuadir. Este marco mostra que
gradativamente a força física foi perdendo espaço até o atual momento.
Atualmente no mundo globalizado, a opinião pública desempenha um grande papel
nas decisões dos combates, sendo as OAI uma importante ferramenta para a modificação de
1 BRASIL, Secretaria Geral do Exército. Portaria n. 734, de 19 ago. 2010. Conceitua Ciências Militares,
estabelece a sua finalidade e delimita o escopo de seu estudo. Disponível em:
<http://www.decex.ensino.eb.br/port_/port_2010/port734_decex_de_19_ago_2010.pdf>. Acesso em: 20 maio
2016.
14
atitudes e pensamentos do público-alvo. “A opinião pública assume papel relevante na tomada
de decisão nos níveis político, governamental ou militar”. (BRASIL, 1999, p. 1-2).
A MINUSTAH é a missão na qual o Brasil assumiu a liderança no restabelecimento da
paz no Haiti, sendo o mais próximo de um combate real que o país enfrentou atualmente,
sendo palco para o aperfeiçoamento técnico e operacional do Exército Brasileiro, incluindo
ações de OAI, de grande relevância na pacificação.
Com isso pode-se ressaltar que as OAI são um antigo meio de combate, mas que
somente nos tempos atuais, devido às novas características dos teatros de operações, está
ganhando o devido destaque, havendo o interesse de apresentar e destacar sua importância e
relevância na atuação do Exército Brasileiro no Haiti, como é abordado neste trabalho.
2.2 Referencial metodológico e procedimentos
Visando investigar o emprego das OAI na Missão de Paz no Haiti, foram formulados
para pesquisa os seguintes problemas:
- As Operações de Apoio à Informação são uma das capacidades que criam condições
de aceitação por parte da população haitiana, fazendo com que esta colabore com as ações do
BRABAT?
- As Operações de Apoio à Informação têm realmente cumprido com o seu papel e
ajudado na pacificação do Haiti?
Em vista dos problemas apresentados, partiu-se das hipóteses consecutivas:
- Se as OAI tivessem sido empregadas desde o início da MINUSTAH em 2004, então
possivelmente o emprego de meios, o desgaste da tropa e os danos colaterais teriam sido
menores.
- Se o Brasil tivesse iniciado suas ações por meio da opressão e da violência e não
utilizando técnicas objetivando a conquista do apoio da população, então os conflitos teriam
sido maiores e o Haiti sofreria com as devidas consequências, decorrentes dessa forma de
atuação e da falta de sensibilidade em relação à situação do povo haitiano.
De acordo com o objetivo geral que foi verificar como o emprego das Operações de
Apoio à Informação vem se ampliando nos cenários de atuação do Exército Brasileiro e
contribuindo para a ocorrência de resultados positivos para a missão de paz no Haiti,
estabeleceu-se os seguintes objetivos específicos:
- identificar e analisar como são executadas as OAI no Haiti, a fim de verificar a
relevância dessa capacidade nas Operações de Paz.
15
- identificar como as OAI têm influenciado na obtenção de resultados positivos para o
BRABAT, o que permite verificar se têm cumprido suas missões.
- verificar a importância das OAI para o cumprimento da missão no país caribenho, a
fim de comprovar que as OAI são uma das capacidades que criam condições de aceitação por
parte da população haitiana, colaborando assim com o BRABAT.
Com o propósito de operacionalizar a pesquisa, foram adotados os procedimentos
metodológicos descritos abaixo.
Primeiramente, foi delimitado o tema devido à sua relevância no contexto das
operações militares modernas, em que o emprego das OAI vem se ampliando e evoluindo
gradativamente no Brasil. Além disso, a Missão de Paz no Haiti é uma missão muito
importante para o Brasil, possuindo em seus contingentes grupos especializados em OAI.
Após a escolha do tema, foi realizada uma pesquisa de natureza bibliográfica e
documental em obras que tratam do emprego das OAI em meio ao cenário atual, bem como
sobre a atuação do Brasil na MINUSTAH. Manuais como o Manual de Campanha C45-4
Operações Psicológicas (1999) e o Manual FM 3-05.301 Psychological Operations Process,
Tactics, Techniques, and Procedures (2007), respectivamente manuais brasileiro e americano
em vigor, o Manual EB20-MF-10.103 Operações (2014), o Manual de Campanha EB20-MC-
10.213 Operações de Informação (2014) e o Caderno Tático Operações Psicológicas Missões
de Paz (2009), forneceram as bases conceituais do estudo referente às OAI, à transformação
da doutrina militar terrestre e ao emprego das OAI no Haiti. Também foram importantes
artigos publicados e documentos produzidos por diversos autores, em que se verificaram
opiniões variadas sobre os conflitos atuais (quarta geração) além do emprego das OAI nos
combates.
A partir dessas pesquisas, foi delimitado o trabalho baseado nas experiências colhidas
pelo DOAI do 10º Contingente do BRABAT, por haver uma maior disponibilidade de
informações relativas a esse contingente que poderiam ser aproveitadas pela pesquisa e que
foram compiladas com a finalidade de consolidar a doutrina do emprego das OAI em
Operações de Paz.
Por fim, os conhecimentos colhidos foram confrontados com as hipóteses propostas
para que fossem confirmadas ou descartadas.
16
3 AS OAI ATRAVÉS DA HISTÓRIA
Sem receber a denominação atual e pelo fato de inexistir uma doutrina consolidada em
épocas passadas, muitos líderes militares se valeram de suas técnicas e instrumentos, pois
sabiam que a conquista do “terreno humano” é tão importante quanto a do terreno físico.
Mostrando, assim, que a arte de persuadir é uma arma poderosa, se utilizada corretamente nos
campos de batalha.
3.1 O uso da persuasão
Ao longo da História, a influenciação psicológica e as OAI vêm sendo empregadas em
larga escala, estando cada vez mais presentes no cenário atual.
De acordo com o Manual de Campanha C 45-4 – Operações Psicológicas, “A guerra
sempre foi o confronto entre vontades. O convencimento obtido por meio da persuasão
provou ser mais eficaz do que até mesmo a completa dominação pela força”. (1999, p.1-1)
“Em realidade o grande marco histórico de uso militar, e considerado pelos diversos
exércitos mundo afora, está balizado pelo uso da persuasão como instrumento
empregado nas operações militares. Esta persuasão era trabalhada de diversas
formas, quais sejam: convencimento, dissuasão, receio, medo, influenciação, etc.”
(MOTA, 2013).
Dessa forma, podem-se encontrar inúmeras passagens históricas que caracterizam o
emprego de influenciação psicológica e das OAI.
3.1.1 Tomada da cidade de Aratta pelo Rei Enmerkar
Ocorrida em 3000 antes de Cristo, é descrita como o mais antigo emprego da
persuasão para o combate que se tem notícia. Com o intuito de tomar a cidade de Aratta, o
Rei Enmerkar, utilizou-se da infiltração de agitadores e sabotadores na cidade, para assim
disseminar boatos referentes à superioridade bélica que possuía, estimulando a insegurança, o
medo e a agitação do povo da cidade, até sua completa rendição. (BRASIL, 1999).
17
3.1.2 O “Cavalo de Tróia”
Os poemas épicos da Ilíada e Odisseia, de Homero, retratam o episódio muito
conhecido, do “Cavalo de Tróia”. Na história, é relatado um conflito entre gregos e troianos,
ocorrido entre os anos de 1300 e 1200 antes de Cristo, com duração de aproximadamente 10
anos e que de, acordo a literatura, custou a vida de muitos heróis de ambos os lados, entre eles
Aquiles e Heitor.
Graças a um artifício orquestrado por Ulisses, os gregos construíram um grande cavalo
de madeira, sendo dado aos troianos como presente, fingindo uma retirada. Acreditando que
tratava-se de um gesto simbólico de rendição da guerra, os troianos levaram o cavalo para o
interior de seus muros. Escondidos dentro do cavalo, os soldados gregos saíram de seu
interior, abrindo as portas do reino para os demais soldados que se encontravam prontos para
destruir Tróia.2
Apesar de haver discordâncias sobre a real ocorrência do episódio escrito na Grécia
Antiga, a história é um bom exemplo de como se pode iludir e influenciar nas opiniões e
comportamentos de um determinado público-alvo.
3.1.3 Gideão e seus trezentos homens
Nesta passagem da Bíblia (Juízes, capítulo 7), ocorrida em 1000 antes de Cristo, relata
um embate entre os israelitas (comandados por Gideão) e os midianitas, que possuíam um
exército muito mais numeroso.
Sabendo da dificuldade de obter a vitória, Gideão dividiu seus trezentos homens em
três grupos, entregando a cada homem um clarim e um jarro com uma tocha dentro dele.
Distribuindo-se à noite e cercando o acampamento do inimigo, foi dado o sinal, momento em
que cada um quebrava seu jarro e soava o clarim simultaneamente. 3
Os midianistas, confusos e com medo, acreditando estarem cercados e atacados por
muitos homens, fugiram, dando assim a vitória para os israelitas.4 Gideão mostra como se
pode influenciar no comportamento e atingir a vitória.
2 Disponível em: < http://www.significados.com.br/cavalo-de-troia/>. Acesso em: 15 jun. 2016.
3 Disponível em: < https://www.jw.org/pt/publicacoes/livros/historias-biblicas/3/exercito-de-gideao/>. Acesso
em: 7 maio 2016. 4 Ibid.
18
3.1.4 Ciro, O Grande
Antigo rei da Pérsia, Ciro II, conhecido como Ciro, o Grande, foi um grande rei no
Império Aquemênida entre 559 e 530 antes de Cristo, conhecido por ser conquistador e
lembrado pela criação de sua guarda imperial, Os Imortais.
“Este corpo de exército era conhecido como Imortais, porque sua força era
invariavelmente mantida; se um homem era morto ou ficava doente, a vaga que ele
deixava era imediatamente preenchida, de modo que sua força nunca era maior ou
menor que 10000 homens”. (BRIANT, 1996, p. 261).
Essa técnica utilizada dava a impressão que nenhum Imortal morria, causando assim
um efeito psicológico sobre o inimigo que o enfrentava.
3.1.5 Sun Tzu, o Comandante Psicológico
Conhecido por deixar como legado o mais antigo documento referente a questões de
guerra e estratégia militar, Sun Tzu é reconhecido mundialmente por ter influenciado muitas
figuras históricas, devido a sua obra “A Arte da Guerra”.
Na obra citada, Sun Tzu afirma: “Lutar e vencer todas as batalhas não é a glória
suprema. A glória suprema consiste em quebrar a resistência do inimigo sem lutar”. Mostra
que a utilização de todo e qualquer artifício para obter o resultado desejado (neste caso, a
vitória), sem desgastar a tropa e os seus meios, é o mais importante. Revelando claramente
que nem sempre a força do maior exército ganha as batalhas, esse General fala sobre acabar
com a vontade de combater do inimigo e assim obter o êxito.
3.1.6 Alexandre, O Grande
Alexandre, O Grande, foi outro grande conquistador que se valeu da utilização de
técnicas de persuasão.
19
De acordo com Rouse (2005), em certo momento da batalha Alexandre percebeu que
suas tropas estavam bastante dispersas no terreno. Decidiu, então, recuar para reagrupar, mas
essa ação podia levar a uma perseguição, por parte do inimigo, destruindo assim suas forças.
Alexandre percebeu que poderia intimidar a força oponente para que este parasse de
avançar sobre ele. Dessa forma, instruiu seus armeiros a fazer várias couraças e capacetes em
grandes dimensões. Ao se retirarem à noite, deixaram as armaduras, que foram encontradas
pela força oponente.5
As armaduras em grandes dimensões, juntamente com as histórias que ouviram de
viajantes sobre a selvageria do exército de Alexandre, causaram dúvida e medo suficiente
para a força oponente não prosseguisse na perseguição.6
3.1.7 Genghis Kahn
Há relatos de que Genghis Khan disse uma vez: “Eu sou o castigo de Deus. E se você
não cometeu grandes pecados, Deus não teria enviado um castigo como eu”.
Genghis Kahn, juntamente com seu exército mongol, era responsável por várias
atrocidades e destruições por onde passavam, utilizando-se do medo e do terror para fazerem
sua fama.
“Os mongóis permitiam que notícias a respeito de suas atrocidades se espalhassem,
pois isso aterrorizaria e desmoralizaria os inimigos que estivessem em seu caminho.
Adversários, propositalmente não mortos, e mercadores serviam muito bem para
esse fim”. (SAVIAN; LACERDA, 2011, p. 99).
3.1.8 Napoleão e o periódico “Le Moniteur”
Napoleão Bonaparte é reconhecido mundialmente por suas conquistas, além de ser um
estrategista brilhante e habilidoso político, valendo-se muitas vezes da influenciação
psicológica, dizendo: “No mundo existem dois poderes: a mente e a espada. Com o decorrer
do tempo, a mente vencerá a espada”, mostrando que a persuasão pode vencer a força bruta e
assim conquistar a vitória.
5 ROUSE, Ed. Psychological Operations/Warfare. Disponível em: <http://www.psywarrior.com/psyhist.html>.
Acesso em: 23 abr. 2016. 6 Ibid.
20
Uma de suas ações conhecidas foi o controle e edição do famoso periódico “Le
Moniteur” (O Monitor, em português), que foi declarado periódico oficial em dois de
dezembro de 1799, que tinha por principal objetivo informar boletins da Grande Armada e
artigos polêmicos contra a Inglaterra, principal inimiga da França na época. Napoleão alegava
que o que o jornal valia mais que um exército de cem mil homens, utilizando-se do jornal para
difundir suas ideias contra seu inimigo, a Inglaterra. (BRASIL, 1999)
3.1.9 1ª Guerra Mundial
Conflito de proporções globais que assumiu dimensões catastróficas, ocorrida entre os
anos de 1914 e 1918, entre duas alianças político-militar: a Tríplice Aliança (composta por
aliança entre Alemanha, Império Austro-húngaro e Itália) e a Tríplice Entente (composta por
Rússia, França e Inglaterra).7
É a partir da Primeira Grande Guerra que se verifica o marco de transição entre a
influenciação psicológica e a sistematização da doutrina, contribuindo para a formação das
OAI na atualidade. Esse conflito permitiu que um relevante recurso persuasivo estivesse à
disposição de um Comandante Militar.
As OAI foram empregadas em grande escala, utilizando-se da propaganda, por ambos
os lados do conflito, tanto por parte dos alemães como também pelas forças aliadas (Reino
Unido, França e EUA).
No cenário da primeira guerra, as nações envolvidas empregaram os cartazes de
propaganda de diversas formas: como meio de justificação do envolvimento no conflito,
assim como meio de recrutamento de homens, dinheiro e outros recursos para as campanhas
militares.8
7 FERNANDES, Cláudio. Primeira guerra mundial. Brasil Escola. Disponível em:
<http://brasilescola.uol.com.br/historiag/primeira-guerra.htm>. Acesso em: 5 maio 2016. 8 Disponível em: <http://www.momentosdehistoria.com/MH_06_01_Patriotismo.htm>. Acesso em: 15 jun. 2016
21
Figura 1 - Exemplos de cartazes da 1ª GM
Fonte: Propositto Design9
Na Figura 1, pode-se verificar os diversos cartazes de propaganda na Primeira Guerra
Mundial. Acima à esquerda, cartaz britânico referente ao recrutamento de soldados com a
frase: “Seu país precisa de você!”. Acima à direita, cartaz americano caracterizando o alemão
como um monstro e incentivando o povo americano a combatê-lo, dizendo: “Destrua este
louco bruto! Aliste-se no Exército dos EUA.” Abaixo à esquerda, cartaz francês retratando um
soldado feliz em ir para guerra pelo seu país. Abaixo à direita, cartaz alemão retratando a
cooperação entre o soldado e o trabalhador, dizendo: “Trabalhando pela vitória! Passagem
para a paz!”.
3.1.10 2ª Guerra Mundial
Conflito que envolveu dois grupos de países: Eixo (composto por Alemanha, Itália e
Japão) e Aliados (composto por França, Inglaterra, União Soviética, Estados Unidos, entre
9 Disponível em: <http://www.propositto.com.br/wordpress/2010/11/13-cartazes-de-propaganda-da-primeira-
guerra-mundial/>. Acesso em: 8 maio 2016.
22
outros). Ocorrido entre os anos de 1939 e 1945, foi travado, em grande parte, em território
europeu.10
Devido à magnitude do conflito, a atuação das OAI foi imprescindível, estando
presente em ambos os lados novamente, sendo ainda mais incisivas as formas de utilização.
Por parte da Alemanha, houve a criação, em 13 de março de 1933, do Ministério da
Propaganda, comandado por Joseph Goebbels. “Uma mentira repetida mil vezes torna-se
verdade” era uma máxima, cuja autoria é atribuída a Goebbles, que caracterizava os métodos
de persuasão empregados pela máquina de propaganda da Alemanha Nazista.
Esse ministério tinha como principal função dirigir e controlar a imprensa, a literatura,
as artes visuais, o filme, o teatro, estações de rádio, materiais escolares e a música na
Alemanha Nazista, ou seja, todos os meios de comunicação do país à época, com um único
objetivo: transmitir e difundir a mensagem nazista com sucesso.11
Um exemplo da influência nazista sobre o povo alemão é verificado através do jornal
Der Stürmer (O tufão, em português). Esse jornal era vendido em todas as calçadas e esquinas
da Alemanha e promovia propaganda antissemita por meio de caricaturas e acusações contra
judeus, com o objetivo de conquistar o público alemão e incitá-lo para o extermínio de
judeus.12
(Figura 2).
Figura 2 - Jornal alemão "O Tufão"
Fonte: Calvin College
13
10
FREITAS, Eduardo de. Resumo da segunda guerra mundial. Brasil Escola. Disponível em: <
http://brasilescola.uol.com.br/geografia/resumo-segunda-guerra-mundial.htm >. Acesso em: 1 maio 2016. 11
Disponível em: < https://www.ushmm.org/outreach/ptbr/article.php?ModuleId=10007677 >. Acesso em: 23
abril 2016. 12
Disponível em: < https://www.ushmm.org/wlc/ptbr/article.php?ModuleId=10007821 >. Acesso em: 23 abril
2016. 13
Disponível em: < http://research.calvin.edu/german-propaganda-archive/sturmer.htm>. Acesso em: 16 jun.
2016
23
Na Figura 2, pode-se verificar um exemplar do jornal alemão “O Tufão”. De acordo
com o jornal citado, é repassada a mensagem de que os judeus são insaciáveis e que possuem
como objetivo devorar o mundo.
O cinema na época foi muito explorado pelos nazistas, tendo um grande papel na
disseminação das ideias do antissemitismo racial, da superioridade do poder militar alemão e
da essência malévola de seus inimigos. Os filmes nazistas retratavam os judeus como seres
“sub-humanos”, como foi o caso do filme “O Eterno”, de 1940, de Fritz Hippler. Outros
filmes como “O Triunfo da Vontade” de 1935 da mais famosa cineasta alemã, Leni
Riefenstahl, exaltava Hitler e o movimento Nacional Socialista.14
Outra tecnologia emergente nesse período foi a difusão via rádio, meio esse que
transmitia os famosos discursos de Hitler para as residências, as fábricas e pelas ruas das
cidades, com a utilização de alto-falantes. Sabendo das possibilidades dos rádios, o Ministério
investiu na produção de um rádio barato, o Volksempfänger, conhecido como “Rádio do
Povo”, para assim aumentar as vendas desse equipamento. Em 1935 foram vendidos
aproximadamente 1,5 milhão desses rádios, dando à Alemanha um dos maiores públicos de
ouvintes do mundo.15
(Figura 3).
Figura 3 - Família alemã reunida para ouvir rádio
Fonte: Antique radio
16
Na Figura 3, é uma foto promocional retratando de maneira idealizada a família da
classe trabalhadora alemã. Pode-se perceber a mãe tricotando, o pai lendo jornal e as crianças
sorrindo abraçando um gatinho enquanto todos ouvem o rádio.
14
Disponível em: < https://www.ushmm.org/wlc/ptbr/article.php?ModuleId=10005202 >. Acesso em: 23 abr.
2016. 15
Disponível em: < https://www.ushmm.org/wlc/ptbr/article.php?ModuleId=10007821 >. Acesso em: 23 abr.
2016. 16
Disponível em: < http://antiqueradio.org/VolksempfaengerVE301dyn.htm>. Acesso em: 16 abr. 2016.
24
3.1.11 Guerra da Coréia
Conflito armado entre Coréia do Norte e Coréia do Sul entre os anos de 1950 e 1953,
em meio ao cenário geopolítico entre EUA (capitalismo) e URSS (socialismo).
Esse período serviu como palco para o aperfeiçoamento de diversos meios de difusão.
Entre eles, destaca-se a difusão de panfletos, sendo utilizada a disseminação aérea, em que
fardos de panfletos eram lançados ao ar. Destaca-se ainda a utilização de alto-falantes, em
processo experimental, equipados em aeronaves e também em unidades móveis ao longo da
linha de frente. (BRASIL, 1999)
A Guerra da Coréia gerou a divisão do território em Norte e Sul, além de atritos que
ocorrem até os dias de hoje. No começo deste ano, 2016, a Coréia do Norte lançou
aproximadamente um milhão de panfletos com propaganda contra Seul, na Coréia do Sul,
demonstrando o caráter atual das OAI.17
(Figura 4).
Figura 4 - Panfletos disseminados em janeiro de 2016
Fonte: G1 Globo.com
18
3.1.12 Guerra do Vietnã
Foi outro conflito de caráter ideológico, entre capitalismo e socialismo, envolvendo o
Vietnã do Norte e o Vietnã do Sul, ocorrido no período de 1955 e 1975.
17
Disponível em: < http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/01/coreia-do-norte-lanca-panfletos-com-
propaganda-contra-seul.html >. Acesso em: 24 abr. 2016. 18
Disponível em: <http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/01/coreia-do-norte-lanca-panfletos-com-
propaganda-contra-seul.html>. Acesso em: 23 abr. 2016.
25
Os Estados Unidos da América (EUA) entraram nesse novo conflito com a
justificativa de impedir o Vietnã do Norte (socialista) impor uma ditadura no país. Nesse
sentido, a ação militar norte-americana contou com o apoio do congresso, da imprensa e da
população dos EUA.
Nesse conflito, a imprensa teve grande papel na derrota dos EUA. A partir do
momento em que houve uma enorme quantidade de jovens americanos mortos na guerra,
aliada à divulgação de diversas atrocidades cometidas pelo Exército Americano (uso de
napalm, bombardeios indiscriminados, além de massacres civis), passou a existir uma onda
crescente de rejeição à guerra.19
(Figura 5).
Figura 5 – Execução de oficial Vietcong
Fonte: Curiosos no Mundo – O teu mundo da curiosidade
20
A Figura 5 retrata a execução de Nguyen Van Lem, oficial Vietcong, pelo General sul-
vietnamita Nguyen Ngoc Loan, chefe da polícia nacional, mostrando como as imagens do
conflito repercutiram pelo mundo pelos jornais, revistas e televisão. O fotojornalista Eddie
Adams ganhou o Prêmio Pulitzer daquele ano (01/02/1968) pela foto.
O repúdio à guerra foi tão grande que gerou manifestações e passeatas não só nos
EUA, mas também em todo o continente, mostrando assim a influência que a mídia e a
imprensa têm sobre a população.21
19
Disponível em : < http://www.fca.pucminas.br/omundo/a-influencia-da-comunicacao-na-guerra-do-vietna/>.
Acesso em: 24 abr. 2016. 20
Disponível em: < http://curiososnomundo.blogspot.com.br/2012/11/imagens-chocantes-da-guerra-do-
vietna.html >. Acesso em: 23 abr. 2016. 21
Disponível em : < http://www.fca.pucminas.br/omundo/a-influencia-da-comunicacao-na-guerra-do-vietna/>.
Acesso em: 24 abr. 2016.
26
3.1.13 Guerra do Golfo
Conflito entre Iraque e as forças da Coalizão Internacional, liderada pelos EUA,
ocorrido entre 1990 e 1991, com a aprovação do Conselho de Segurança das Nações Unidas
para assim libertar o Kuwait, que havia sido ocupado e anexado pelas forças iraquianas, sob o
comando de Saddam Hussein.
As OAI das forças de Coalizão tiveram um papel diferenciado, devido ao fato que o
foco de seu emprego era quebrar a resistência iraquiana e, ao mesmo tempo, aumentar o
sentimento de medo por parte dos soldados de Saddam Hussein. A soma dos bombardeios
com a interdição das linhas de suprimento tornaram os soldados iraquianos vulneráveis às
ações empregadas pelas OAI. (BRASIL, 1999).
Nesse conflito foram disseminados milhares de panfletos sobre os iraquianos,
encorajando a deserção, explicando como deveriam se render e mostrando as vantagens de
rendição. (Figura 6).
Figura 6 - Panfleto disseminado pelos EUA
Fonte: BBC Brasil.com
22
A Figura 6 retrata um dos diversos panfletos disseminados pelos EUA. Acima do
panfleto está escrito: “Não arrisque sua vida nem a de seus companheiros”. A mensagem
escrita abaixo diz: “Deserte agora e volte para sua casa. Veja seus filhos crescerem, estudarem
e prosperarem.”
22
Disponível em: < http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2003/030317_propaganda.shtml>. Acesso em: 30
abr. 2016.
27
Como consequência, a vontade de combater dos iraquianos havia sido tão perturbada
que não havia mais uma forte oposição, de modo que esses panfletos eram vistos nas mãos e
nos bolsos dos desertores. Sobre isso, um general iraquiano declarou: “Os panfletos tiveram
um impacto significativo sobre os soldados que desertaram”. (BRASIL, 1999, A-13).
3.1.14 Em território brasileiro
Assim como ocorreu em vários países, o Brasil também já foi palco de influenciação
psicológica. Nesse sentido pode-se destacar um personagem, Caxias, e um evento, a Guerra
de Canudos.
Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, patrono do Exército Brasileiro,
conhecido como “O Pacificador”, graças à sua participação em diversos combates e descrito
por muitos como um dos maiores oficiais militares da história do Brasil, também se valeu de
táticas de influenciação psicológica.
Exemplo disso, retrata-se na carta enviada por Caxias ao Maj Francisco Galvão de
Barros França, comandante de grupo rebelde que marchava sobre Pinheiros-SP, durante a
Revolução Liberal de 1842.
“Amigo Sr. Major Galvão. Que pretende? Quer, com efeito, empunhar armas contra
o governo legítimo do nosso Imperador? Não o creio, porque o conheço de muito
tempo, sempre trilhando a carreira do dever e da honra. Eu aqui estou, e não lhe
menciono minhas forças para que não julgue que exagero. Responda-me e não se
deixe fascinar por vinganças alheias. Acampamento de Pinheiros, 26 de maio de
1842. Seu amigo e camarada – Barão de Caxias.” (BRASIL, 1999, p. 2-1)
O objetivo da carta é claro, convencer o Major Galvão a não continuar com a revolta.
Pode-se notar também que Caxias emprega temas de dever e honra, além da legitimidade do
Imperador. Outro fato interessante que pode ser notado é a maneira com a qual Caxias lida
seu adversário, utilizando os termos “amigo e camarada”. Mas o que é observado como mais
importante, refere-se ao momento em que Caxias aborda o efetivo de suas forças, insinuando
ser muito maior que o do Maj Galvão. (BRASIL, 1999, p. 2-2).
Graças a essa carta, Caxias atingiu seu objetivo e causou dúvidas em seu adversário,
demonstrando o poder que a persuasão e a influência têm sobre um público-alvo.
Abordando agora um importante conflito que é verificado o emprego da influência
psicológica no Brasil, destaca-se a Guerra de Canudos. Confronto ocorrido no interior do
28
estado da Bahia em 1896, entre o Exército Brasileiro e integrantes de um movimento popular
de cunho político, social e religioso, comandado por Antônio Conselheiro.
Nesse confronto, pode-se perceber o emprego de técnicas de influenciação
psicológica, caracterizadas pela exposição do corpo empalado do Coronel Antonio Moreira
César e de caveiras ao longo da estrada de acesso ao Arraial de Canudos, com a finalidade de
causar medo às tropas e inibir futuros ataques ao mencionado arraial.23
3.1.15 Atualidades
No mundo atual, percebe-se de maneira clara o emprego intensivo das OAI, de modo
que essa capacidade é utilizada não somente por forças militares preparadas, mas também
pelo crime organizado e por organizações terroristas.
No Brasil, em comunidades carentes sob o domínio de facções criminosas, como por
exemplo, as comunidades do Alemão, da Penha e da Maré, todos no Rio de Janeiro, são
observadas pichações em muros enaltecendo essas facções e também ironizando as ações do
Exército, empregado na pacificação dessas mesmas comunidades. 24
(Figura 7).
Figura 7 - Pichações na Vila Cruzeiro - RJ
Fonte: Estadão
25
23
DA CUNHA, Euclides. Os Sertões: Campanha de Canudos. São Paulo: Ateliê Editorial, 2001, p. 492 24
Disponível em: < http://www.forte.jor.br/2013/02/14/o-uso-de-operacoes-psicologicas-pelo-crime-organizado/
>. Acesso em: 24 abr. 2016. 25
Disponível em: < http://topicos.estadao.com.br/fotos-sobre-vila-cruzeiro/pichacao-em-parede-assinada-pelo-
comando-vermelho-cv-alerta-moradores-da-vila-cruzeiro,F94DCAD3-5E8A-4B7E-8F33-1FB5F70E088C >.
Acesso em: 23 abr. 2016.
29
Na Figura 7 retrata um exemplo de muro com pichações realizadas pelo Comando
Vermelho, com o intuito de alertar os moradores da Vila Cruzeiro – RJ.
Os Agentes Perturbadores da Ordem Pública (APOP) provocam o confronto com
tropas do EB que, por sua vez, empregam a força necessária para debelar essas ações. Em
resposta, em curtos intervalos de tempo, eclodem manifestações populares, organizadas e
patrocinadas por APOP, com a utilização de faixas e cartazes de boa qualidade, previamente
confeccionados, contendo mensagens contra a presença e ações do EB nessas comunidades.
Foi observado também que facções como o Comando Vermelho, filmavam suas ações para
depois editar e veicular vídeos no YouTube das Forças legais sendo alvejadas.26
Para evidenciar força, as facções se valem da difusão de boatos ameaçando tanto as
tropas do Exército como também colaboradores, além de utilizarem slogans em embalagens
de drogas (“lança míssil”, “respeita o crime”, etc.) acompanhados com a inicial da facção e a
imagem de algum traficante ou arma.27
(Figura 8).
Figura 8 - Slogans em embalagens de drogas
Fonte: Forças Terrestres
28
Em virtude do uso dessa capacidade pelo crime organizado, há o emprego de uma
equipe de ligação OAI pelo Exército Brasileiro, representado por um oficial e um ou dois
praças, sempre presente para apoiar as tropas do Exército nas Operações Arcanjo e São
Francisco.
O Estado Islâmico (EI) é uma organização terrorista islâmica da atualidade que vem
empregando intensamente as OAI, não só para a propagação do terror, como também para o
recrutamento de combatentes.
26
Disponível em: < http://www.forte.jor.br/2013/02/14/o-uso-de-operacoes-psicologicas-pelo-crime-organizado/
>. Acesso em: 24 abr. 2016. 27
Ibid. 28
Ibid.
30
Há aproximadamente 30 mil combatentes estrangeiros no EI. Esse grande número de
estrangeiros decorre da alta capacidade dessa organização terrorista em utilizar os meios de
comunicação de massa para persuadir jovens a integrar suas fileiras.29
Um exemplo é o caso do jovem canadense Andre Poulin, de 24 anos, um jovem
comum até que, por meio da Internet, acabou recrutado pelo grupo, após aprender a fabricar
explosivos e se converter ao Islã.30
(Figura 9)
Figura 9 - Andre Poulin, "garoto propaganda" do EI
Fonte: Uol Notícias
31
Outro meio empregado por esse grupo é a utilização da cultura popular ocidental.
Fazendo gravações inspiradas em filmes (“Jogos Vorazes” e “Jogos Mortais”) e jogos
eletrônicos (“Call of Duty” e “Grand Theft Auto”), além da utilização de dezenas de
plataformas virtuais diferentes (Facebook, Twitter, Whatsapp, entre outros), essa organização
tem atraído um grande número de jovens ao redor do mundo.32
(Figuras 10)
Figura 10 - Propaganda EI x jogo "Call of Duty"
Fonte: Vídeo do YouTube: “How ISIL imitates first-person shooters and action movies”
33
29
Disponível em: < http://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2014/08/13/recrutados-pela-internet-
estrangeiros-se-juntam-a-extremistas-do-estado-islamico.htm>. Acesso em: 24 abril 2016. 30
Disponível em: < http://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2014/08/13/recrutados-pela-internet-
estrangeiros-se-juntam-a-extremistas-do-estado-islamico.htm>. Acesso em: 24 abr. 2016. 31
Ibid. 32
Disponível em: < http://brasil.elpais.com/brasil/2015/11/18/internacional/1447804524_276473.html>. Acesso
em: 24 abril 2016. 33
Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=7lwiEn7CXts&app=desktop >. Acesso em: 14 maio
2016.
31
Em relatório apresentado à ONU pelo pesquisador espanhol Javier Lesaca, estima-se
que o EI publicou aproximadamente 920 campanhas audiovisuais em 22 meses, em trabalho
com 33 produtoras diferentes. 34
34
Disponível em: < http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2016/01/1735556-aparato-midiatico-expande-alcance-
do-estado-islamico.shtml>. Acesso em: 24 abril 2016.
32
4 O SURGIMENTO DAS OAI
Neste capítulo, será abordado como ao longo dos anos houve diversas mudanças
significantes no combate, devido ao desenvolvimento de novas tecnologias e o surgimento de
novos fatores que influenciam nos conflitos.
Nas palavras do antigo Secretário de Defesa dos EUA, William Perry, percebe-se
essas mudanças: “Vivemos numa era comandada pela informação. Descobertas tecnológicas
(…) estão alterando a face da guerra e a maneira como nos preparamos para enfrentá-la”.
As mudanças forçaram os países para que se adaptassem e evoluíssem cada vez mais
em termos táticos e tecnológicos, sendo propício para que doutrinas como, por exemplo, as
OAI, surgissem e ganhassem força devido ao seu contato com o “terreno humano”.
4.1 A Evolução do Cenário
Segundo especialistas como William S. Lind, ex-assessor legislativo de dois senadores
dos EUA e autoridade em guerra de movimento, podemos dividir a evolução dos combates
em quatro gerações se iniciando com a Paz de Vestfália, em 1648, época em que se dá o início
do sistema moderno do Estado Nação, considerado por muitos como um marco para a
diplomacia moderna.35
A partir de então, se iniciou a 1ª Geração das Guerras, tendo como principal
característica o emprego do “Princípio das massas” (combate na hora e local decisivo) e da
guerra de linha e coluna (campo de batalha era ordenado e formal). Além disso, a distinção do
“militar” e do “civil” era bem clara, graças ao uso de uniformes, por exemplo.36
Com o avanço tecnológico, mosquetes de alma raiada e em seguida metralhadoras,
fizeram dos combates de tática em linha e coluna obsoletos, até mesmo suicidas, devido ao
grande poder de fogo e precisão dos armamentos. 37
Surge então a Guerra de 2ª Geração, compreendida entre 1860 até a Primeira Guerra
Mundial, em que a solução estava no maior poder de fogo da época, no fogo concentrado, ou
35
AUGUSTO, Pedro. Paz de Vestfália. Disponível em: < http://www.infoescola.com/historia/paz-de-vestfalia/
>. Acesso em: 03 abr. 2016. 36
LIND, William S. Compreendendo a Guerra de Quarta Geração. Military Review (Edição Brasileira), p. 12,
jan./fev. 2005. Disponível em: < http://www.ecsbdefesa.com.br/defesa/fts/MR%20WSLind.pdf >. Acesso em:
16 abr. 2016. 37
Ibid., p.12.
33
seja, o fogo de artilharia indireto. A doutrina podia ser resumida da seguinte forma: “A
artilharia conquista e a Infantaria ocupa”, sendo o objetivo o atrito.38
Começaram a surgir novas fontes de poder de fogo, maiores até que a artilharia, com a
criação dos blindados e da aviação, iniciando assim a Guerra de 3ª Geração. 39
Não se baseando no atrito, muito menos no poder fogo, a Guerra Relâmpago ou
Blitzkrieg (outros nomes referentes à Guerra de 3ª Geração) era baseada na velocidade e na
surpresa. Há uma mudança tática, em que, no ataque, as forças militares procuram adentrar à
retaguarda do inimigo e causar colapso da retaguarda para frente e, na defesa, a ideia é atrair o
inimigo.40
Na Guerra de 4ª Geração, os Estados perdem a posse sobre a guerra, ou seja, não estão
presentes somente nesse cenário forças militares especializadas. Nascem os conflitos
assimétricos contra órgãos não-estatais (combatentes irregulares) como Al-Qaeda, o Hamas,
Hezbollah, as FARC e o Estado Islâmico.41
Destaca-se também nessa fase, uma guerra com geometria variável e ordenamento
difuso, além do papel importante de meios de tecnologia da informação.42
Para os coronéis chineses Qiao Liang e Wang Xiangsui, no livro “A Guerra Além dos
Limites” (1999), para atingir a vitória nesse tipo de guerra, como a Guerra de 4ª Geração, os
meios empregados ultrapassam as atividades militares.
Aquele que pretende vencer as guerras atuais ou aquelas do futuro, quer dizer, ter a
vitória firmemente segura em suas mãos, deverá “combinar” todos os recursos de
guerra à sua disposição e utilizá-los como meios para a condução da guerra. E até
mesmo isso não será suficiente. Ele terá de combinar aqueles recursos de acordo
com as exigências das regras da vitória.43
4.2 O novo ambiente operacional
De acordo com o Manual Operações (2014, p. 2-2), “As variações no caráter e na
natureza do conflito, resultantes das mudanças tecnológicas e sociais, impõem uma visão que
38
Ibid., p. 13. 39
LIND, William S. Compreendendo a Guerra de Quarta Geração. Military Review (Edição Brasileira), p. 13,
jan./fev. 2005. Disponível em: < http://www.ecsbdefesa.com.br/defesa/fts/MR%20WSLind.pdf >. Acesso em:
16 abr. 2016. 40
Ibid., p. 13 41
Ibid., p.14 42
Ibid., p.14. 43
LIANG, Qiao; XIANGSUI, Wang. Guerra além dos limites. E-book. p. 205, 1999. Disponível em: <
https://www.egn.mar.mil.br/arquivos/cepe/GUERRAALEMLIMITES.pdf >. Acesso em: 10 abr. 2016.
34
também considere as influências das dimensões humana e informacional sobre as ações
militares e vice-versa”.
Dessa forma, pode-se observar que na Dimensão Humana, a análise do “terreno-
humano” (características socioculturais existentes em um determinado ponto no tempo e no
espaço geográfico) tem a mesma relevância e importância que a dimensão física, análise dos
fatores do terreno e as condições meteorológicas.
O Manual Operações (2014) orienta as tendências estratégicas presentes nesse novo
ambiente operacional:
a) crescente importância da Informação;
b) evolução de capacidades próprias das guerras irregulares;
c) prevalência dos aspectos não militares na solução de conflitos;
d) expansão e escalada dos conflitos para além dos espaços geográficos do campo de
batalha.
Nota-se então que num mesmo local pode estar sendo realizado um conjunto de ações
militares, como por exemplo, operações ofensivas, defensivas e de pacificação, além de ações
subsidiárias e de caráter humanitário.
A presença desses diversos atores atuando num mesmo ambiente caracteriza o amplo
espectro, assim como a facilidade e velocidade de como circulam as informações.
Mais uma vez, o Manual Operações (2014), orienta e fundamenta o conceito de amplo
espectro:
As Operações no Amplo Espectro são, portanto, o Conceito Operativo do Exército,
que interpreta a atuação dos elementos da Força Terrestre para obter e manter
resultados decisivos nas operações, mediante a combinação de Operações Ofensivas,
Defensivas, de Pacificação e de Apoio a Órgãos Governamentais, simultânea ou
sucessivamente, prevenindo ameaças, gerenciando crises e solucionando conflitos
armados, em situações de Guerra e de Não Guerra. (BRASIL, 2014, p. 3-6).
4.3 As Operações de Informação
Vive-se a chamada “Era do Conhecimento” ou “Era da Informação”, onde há
um contínuo avanço tecnológico e o fluxo de informações no mundo é dinâmico. Analisando
pelo olhar militar, pode-se afirmar que aquele que possuir o maior número de informações
(conhecimento), por exemplo, sobre as forças adversas, o terreno e a população local, obtêm a
vantagem.
Com o objetivo de ampliar, aprimorar e complementar as ações e operações realizadas
no amplo espectro surgem as Op Info.
35
O Manual Operações (2014) conceitua esse tipo de operação:
Consistem na atuação, metodologicamente integrada, de capacidades relacionadas à
informação, em conjunto com outros vetores, para informar e influenciar grupos e
indivíduos, bem como afetar o ciclo decisório de oponentes, ao mesmo tempo
protegendo o nosso. (BRASIL, 2014, 6-9).
As Op Info integram todas as atividades relacionadas à informação, se ramificando em
Comunicação Social (Com Soc), Guerra Eletrônica (GE), Guerra Cibernética (G Ciber),
Inteligência e as OAI.
4.4 As Operações de Apoio à Informação
Conhecidas pela antiga denominação Operações Psicológicas, as OAI são um importante
conjunto de ações que tem a capacidade de interferir no combate ou até mesmo defini-los.
Comumente associada pelos leigos com tortura, campos de concentração e lavagem
cerebral, as Operações Psicológicas, não possuem qualquer ligação com essas práticas, mas sim,
fala sobre a mudança de comportamento produzida pela aplicação eficaz da propaganda e
contrapropaganda.44
Se valendo do Manual Operações Psicológicas (1999), é extraído sua conceituação básica:
“É o conjunto de ações de qualquer natureza, destinadas a influir nas emoções, nas atitudes e
nas opiniões de um grupo social, com a finalidade de obter comportamentos
predeterminados.” (BRASIL, 1999, 1-5).
Assim pode-se inferir que as OAI utilizam comunicações, de forma controlada, com o
objetivo de influenciar, persuadir e modificar tanto atitudes como comportamentos de um
determinado público-alvo, estando essas ações limitadas apenas pela criatividade daqueles que a
utilizam.45
Graças ao novo ambiente operacional pode-se identificar as características específicas
desse tipo de conflito, como forças irregulares dispersas em meio à população local, dando
relevância ao conceito das “Considerações Civis”.
A consciência da importância de tal conceito se mostrou a partir do momento em que o
Exército dos EUA, em junho de 2007, adicionou em seus tradicionais fatores de decisão (Missão,
44
MARCELO, João. Operações Psicológicas – A trajetória brasileira da arte de persuadir. Revista Âncoras e
fuzis – Corpo de Fuzileiros Navais, p. 4, 20 Dez. 2006. Disponível em: <
https://www.mar.mil.br/cgcfn/downloads/ancorasefuzis/34ancfuz.pdf >. Acesso em: 09 abr. 2016. 45
ROUSE, Ed. Psychological Operations/Warfare. Disponível em: <
http://www.psywarrior.com/psyhist.html>. Acesso em: 23 abr. 2016.
36
Inimigo, Terreno, Meios e Tempo) as Considerações Civis, em seu mais relevante Manual de
Campanha, o FM 3-0, OPERATIONS.46
Após esse fato, outros exércitos seguiram a mesma linha de raciocínio e atualização, como
foi o caso do Brasil, conforme explicitado no Manual Operações (2014):
As Considerações Civis são, enfim, traduzidas pela influência das instituições civis,
das atitudes e atividades das lideranças civis, da população, da opinião pública, do
meio ambiente, de infraestruturas construídas pelo homem, das agências civis, com
capacidade de influir e formar opiniões entre os nacionais ou internacionais, no
Espaço de Batalha. (BRASIL, 2014)
No que diz respeito à população que está disposta em meio ao cenário de atuação das OAI,
destaca-se o grupo social ou conjunto de pessoas para o qual são dirigidas as ações, também
conhecido como público-alvo.
Os públicos-alvo são grupos que compartilham do mesmo pensamento (opinião-pública),
os quais, ao serem influenciados, adotarão o comportamento desejado, revelando que o
conhecimento sobre o público-alvo é fundamental para o planejamento e a execução das OAI.
Segundo o Manual Operações Psicológicas (1999, p. 1-5), entre os objetivos gerais das
OAI, estão:
a) Apoiar a consecução dos objetivos nacionais, explicitados na Constituição
Brasileira;
b) Fortalecer a vontade nacional e o moral de nossas tropas, de forma permanente;
c) Influenciar neutros favoravelmente aos objetivos da Nação brasileira;
d) Enfraquecer, em caso de guerra, a vontade de grupos inimigos e o moral de suas
tropas;
e) Influenciar a opinião pública favoravelmente à imagem do Exército.
Para que esses objetivos gerais possam ser atingidos com sucesso, as OAI empregam uma
série de instrumentos para assim atingir um público-alvo definido, fazendo uso de técnicas de
propaganda e de contrapropaganda.
“A propaganda constitui o instrumento mais poderoso para influenciar a opinião pública”.
(BRASIL, 1999, p. 2-1). Graças à ajuda de meios modernos de propagação, uma palavra, imagem
ou mensagem pode com rapidez ser transmitida a todos os lugares, conferindo papel essencial nas
OAI.
O Manual Operações Psicológicas (1999, p. 2-22), também conceitua a contrapropaganda:
“é a propaganda com a finalidade de rebater e neutralizar a propaganda adversa”, sendo necessária
uma análise da propaganda adversa, além de um profundo conhecimento do público-alvo.
46
PINHEIRO, Alvaro de Souza. As considerações civis, O terreno humano e o conflito do séc. XXI.
Disponível em: <http://www.eceme.ensino.eb.br/eceme/publicacoes-eceme-5/artigos-
anteriores/item/download/122_3ac483a63b4faa8b661362ac297e2a9b>. Acesso em: 09 abr. 2016.
37
A utilização dessas duas poderosas técnicas aliada a ações comunitárias, empreendimentos
governamentais, demonstrações de força e ações de presença, por exemplo, possibilita que as OAI
sejam capazes de afetar e influenciar o ambiente operacional, podendo assim garantir a vitória
com a preservação de vidas e a economia de meios.
4.5 O 1º Batalhão de Operações de Apoio à Informação
Possuindo o lema: "Preservar vidas e economizar meios", o 1º BOAI, vem
participando ativamente em operações em todo o território nacional desde o momento de sua
criação.
Criada em 22 de julho de 2002 pela Portaria Nº 336, a Unidade de Operações
Psicológicas, ficou sediada na cidade do Rio de Janeiro, sendo subordinada ao Núcleo da
então recém-criada Brigada de Operações Especiais.
Em 2003, com a finalidade de integrar-se a então Brigada de Operações Especiais, foi
transferida para a cidade de Goiânia – GO. Empregada pela primeira vez como Unidade de
Operações Psicológicas em 2004, por ocasião da Operação Timbó II, na região Amazônica.
Em 03 de janeiro de 2012, através da Portaria nº 013, de 03 de janeiro de 2012, o
Comandante do Exército, no uso de suas atribuições, decidiu transformar o Destacamento de
Operações Psicológicas em 1º Batalhão de Operações Psicológicas, pertencendo subordinada
ao Comando de Operações Especiais, Grande Comando Operacional integrante do Comando
Militar do Planalto.
O Batalhão contribuiu na redução da violência em diversos locais do Rio de Janeiro,
como por exemplo, o Complexo do Alemão, da Penha e da Maré. Além disso, possui uma
participação bastante ativa na MINUSTAH, missão criada pela ONU para a restauração da
paz no Haiti, onde os militares especializados em OAI vêm atuando cada vez mais na
conquistar dos corações e mentes do povo haitiano, condição essencial para a pacificação
daquele país.47
Nas atuais dependências do 1º BOAI são conduzidas os Cursos de Operações de
Apoio à Informação (COAI), com duração de 12 semanas, mesclando disciplinas nas áreas de
Ciências Humanas, Técnicas Operacionais de Operações à Informação e outras, relacionadas
47
GOMIDE, Raphael. Para conquistar “corações e mentes”, Exército faz Natal no Alemão ocupado. Último
Segundo, 2011. Disponível em: http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/rj/para-conquistar-coracoes-e-mentes-
exercito-faz-natal-no-alemao-o/n1597413860301.html>. Acesso em: 15 abr. 2016.
38
a outras capacidades, como Guerra Cibernética, Inteligência, Comunicação Social entre
outras.48
Ao término do Curso, o militar especialista em Operações de Apoio à Informação está
habilitado a integrar a Companhia e a Seção de Planejamento de Operações de Apoio à
Informação no 1º BOAI, bem como compor Seções ou células de OAI em Comandos
Militares de Área e/ou células de Op Info de Estado Maior Conjunto ou em Operações
Interagências.49
48
Início do Curso de Operações de Apoio à Informação. Disponível em: <
http://www.copesp.eb.mil.br/index.php/editoria-b/1-boai/164-curso-oai>. Acesso em: 23 abr. 2016. 49
Ibid.
39
5 AS OAI NO HAITI
Nesse capítulo, será abordado brevemente sobre os motivos que levaram ao
envolvimento do Brasil na MINUSTAH, assim como a constituição do Destacamento de
Operações de Apoio à Informação (DOAI) e da Turma Tática (Tu Tat), responsáveis pelas
ações das OAI em solo haitiano. Será verificado também, as missões realizadas e os veículos
de difusão utilizados pelos militares de OAI no Haiti, observando nos resultados
conquistados.
5.1 O Conflito
Após a renúncia do então presidente do Haiti, Jean-Bertrand Aristide, somado à
turbulência política e à onda de violência que assolava o país caribenho, o Conselho de
Segurança da ONU, em fevereiro de 2004, criou a Missão das Nações Unidas para
Estabilização do Haiti (MINUSTAH).50
Os objetivos da MINUSTAH estão descritos na resolução 1542/2004 do CS/ONU51
,
sendo importante destacar:
- Apoiar o Governo em transição, para garantir um ambiente seguro e estável;
- Auxiliar na supervisão, reestruturação e reforma da Polícia Nacional do Haiti;
- Auxiliar a restauração e manutenção da regra de direito, segurança pública e da
ordem pública no Haiti;
- Apoiar os processos constitucionais e políticos;
- Ajudar na organização, acompanhamento e realização de eleições livres e
municipais, parlamentares e presidenciais;
- Proteger civis sob ameaça iminente de violência física.
O Brasil, em 2004, visando ajudar o Haiti, assim como ampliar ainda mais sua
influência na América Latina e no mundo, além de prestígio internacional com um papel de
destaque, assumiu o compromisso de liderança militar da força da ONU no Haiti.52
50
COMPANHIA Brasileira de Paz completa uma década no Haiti. Portal Brasil, 10 jun. 2015. Disponível em:
<http://www.brasil.gov.br/defesa-e-seguranca/2015/06/companhia-brasileira-de-paz-completa-uma-decada-no-
haiti>. Acesso em: 30 abr. 2016. 51
SECURITY council establishes un stabilization mission in haiti for initial six-month period. United Nations,
30 abr. 2004. Disponível em: < http://www.un.org/press/en/2004/sc8083.doc.htm>. Acesso em: 14 maio 2016. 52
GOMBATA, Marsílea. Missão brasileira no Haiti completa 10 anos em meio a incertezas. Carta Capital, 01
jun. 2014. Disponível em: < http://www.cartacapital.com.br/internacional/minustah-completa-10-anos-em-meio-
a-incertezas-7340.html>. Acesso em: 07 maio 2016.
40
Desempenhando esse papel há doze anos, atualmente, é conhecido como o país mais
contribuinte de tropas para as Missões da ONU na MINUSTAH, sendo reconhecido pelo seu
sucesso na Missão de Paz.
5.2 O Destacamento de Operações de Apoio à Informação
O 1º BOAI, juntamente com seus destacamentos são, por ora, as únicas estruturas
inteiramente capacitadas à proposição de campanhas de OAI.53
Na organização do DOAI, encontra-se a Turma Tática (Tu Tat), que é o elemento que
oferece suporte de OAI a nível Batalhão e inferiores, “a Tu Tat é de muitas maneiras a ligação
mais crucial para todo o processo de OAI, isto porque pertence em contato direto com o
público-alvo e, portanto, pode imediatamente avaliar o impacto das OAI no PA.” (Doutrina 1º
BOAI)
Os dados colhidos (“feedback”) pela Tu Tat são de grande importância ao Comandante
do DOAI e podem determinar, muitas vezes, o sucesso das OAI nas áreas de atuação.54
Podendo ser comandada por um Oficial ou um Sargento, a Tu Tat é indissolúvel,
preferencialmente apresentando na sua constituição especialistas gráfico/web (confecção de
produtos visual gráficos e Internet) e áudio/vídeo (confecção de produtos sonoros e visuais).
Seu efetivo é variável de acordo com a missão e o seu sigilo, de modo que é a menor fração
de OAI.55
(Figura 11).
Figura 11 - Composição DOAI
Fonte: Doutrina 1º BOAI
53
Doutrina 1º BOAI. 54
Ibid. 55
Ibid.
41
5.3 Missões do DOAI
Mesmo com um grupo efetivo, a Tu Tat possui inúmeras atribuições, o que enseje a
presença de militares qualificados e preparados para desempenhar as mais diversas atividades
referentes às OAI, apoiando, de várias formas, às missões do BRABAT.
5.3.1 Apoio a patrulhas e Static Points
De acordo com o Caderno Tático Operações Psicológicas Missões de Paz (2009), a
fim de otimizar os trabalhos do DOAI e melhor apoiar as patrulhas do BRABAT, são
realizadas diversas atividades simultaneamente, por exemplo: disseminação de mensagem por
alto-falantes (AF), disseminação de panfletos e cartazes e coleta de dados junto à população
haitiana, por meio de entrevista e pelo contato pessoal. Todas essas atividades podem ser
realizadas pela Tu Tat isoladamente ou em acompanhamento a patrulhas. (Figura 12).
Figura 12 - Uso de Alto-falante nas patrulhas
Fonte: Caderno Tático Operações Psicológicas Missões de Paz trabalho útil, Cap André (2009, p. 12).
Em relação ao apoio do DOAI a Static Points, de acordo com o Caderno Tático
Operações Psicológicas Missões de Paz (2009, p.17), “tem como objetivo aumentar a
visibilidade das ações e minimizar qualquer reatância que possa ocorrer por parte do público-
alvo com relação à presença das tropas no Haiti”. (Figura 13).
42
Figura 13 - Apoio a Static Point
Fonte: Caderno Tático Operações Psicológicas Missões de Paz trabalho útil, Cap André (2009, p. 17).
5.3.2 Apoio às operações de Check Points
Ainda de acordo com o Caderno Tático Operações Psicológicas Missões de Paz
(2009), normalmente essas operações causam transtornos, devido ao fato de dificultar o
direito de ir e vir da população, assim como causam constrangimento aos indivíduos, em
decorrência de realização de revistas. Esse constrangimento é acentuado quando essas revistas
são realizadas por tropas estrangeiras que integram a Missão de Paz. (Figura 14).
Figura 14 - Apoio à Check points
Fonte: Caderno Tático Operações Psicológicas Missões de Paz trabalho útil, Cap André (2009, p. 17).
Assim, o DOAI têm uma grande responsabilidade: “tem a possibilidade de apoiar as
ações de check points minimizando os efeitos indesejáveis advindos desse tipo de operação”.
(Caderno Tático Operações Psicológicas Missões de Paz , 2009, p. 17).
5.3.3 Apoio às atividades de Assuntos Civis
As atividades de assuntos civis são regularmente executadas pelo BRABAT, sob a
forma de Ações Cívico-sociais (ACISO). (Figura 15).
43
“Este tipo de atividade oferece inúmeras possibilidades de interação com o público-
alvo, uma vez que o caráter assistencialista das ACISO tende a gerar laços de confiança e
união muito desejáveis para as Operações Psicológicas”. (Caderno Tático Operações
Psicológicas Missões de Paz, 2009, p. 23).
Figura 15 - Distribuição de alimentos e plantio de árvores
Fonte: Caderno Tático Operações Psicológicas Missões de Paz trabalho útil, Cap André (2009, p. 23).
5.3.4 Coleta de dados e pesquisa de opinião
O conhecimento sobre o público-alvo é de extrema importância para as ações das OAI
em território haitiano, sendo a coleta de dados e a pesquisa de opinião elementos que facilitam
esses conhecimentos.
“O contato com o público-alvo, obtido na aplicação das pesquisas de opinião, tem
proporcionado uma aproximação entre o entrevistador e o entrevistado, gerando confiança e
oferecendo tranquilidade aos entrevistados para abordarem assuntos sensíveis”. (Caderno
Tático Operações Psicológicas Missões de Paz, 2009, p. 25).
5.3.5 Monitoramento do moral da tropa
De acordo com o Caderno Tático Operações Psicológicas Missões de Paz (2009),
existem diversos fatores que somados podem afetar a tropa, gerando um decréscimo natural e
progressivo na motivação pessoal e profissional dos membros nas Missões de Paz, entre eles
se destacam: afastamento e problemas familiares, idioma, convivência em grupo, riscos e o
stress.
“Devido a este fato, há a necessidade de um monitoramento constante do
comportamento e das atitudes das tropas, em todos os níveis de comando, a fim de se evitar
uma situação indesejada”. (Caderno Tático Operações Psicológicas Missões de Paz, 2009, p.
27).
44
5.4 Veículos de difusão
De acordo com o Manual Operações Psicológicas (1999), é descoberto o que são os
veículos de difusão: “todos os recursos, processos e técnicas capazes de fazer com que as
referidas mensagens atinjam o público-alvo”. (BRASIL, 1999, p. 3-1).
Classificados de maneira genérica pelo mesmo manual, os veículos de difusão são
divididos em:
- Áudio (exemplo: rádio e alto-falante);
- Visuais (exemplo: cartaz e panfleto);
- Audiovisuais (exemplo: cinema e televisão);
- Contato pessoal (exemplo: comunicação face a face e palestras) e eventos de
mobilização de massa (exemplo: festivais).
Segundo o Caderno Tático Operações Psicológicas Missões de Paz (2009), alguns
veículos de difusão terão prioridades sobre outros, devido às características específicas e às
particularidades existentes. Porém somente o especialista em OAI terá condições de escolher
qual o melhor veículo para transmitir determinada mensagem, por possuir conhecimentos
sobre os meios disponíveis, o terreno e o público-alvo, além da situação existente e as
imposições do escalão superior.
5.4.1 Veículos de Áudio
Veículo que utiliza apenas o som para a transmissão de suas mensagens, sendo por
isso facilmente captadas, “a música e o canto (hinos, marchas, cânticos, etc.), por exemplo,
têm sido sempre empregados para influenciar na conduta dos homens, sendo de fato
energéticos e alavancas poderosas para as Op Psico”. (BRASIL, 1999, p. 3-2)
Os principais veículos áudio são o rádio, o alto-falante e o boato orientado. O principal
veículo utilizado pelas OAI no Haiti é o alto-falante.
5.4.1.1 Boato orientado
Segundo o Manual Operações Psicológicas (1999), conhecido como “balão de ensaio”,
o boato orientado é uma notícia lançada por agentes especializados e difundida pelo próprio
público no qual é dirigida a mensagem, sendo a conversa o meio de propagação.
45
Além disso, tem como característica ser dificilmente controlado assim como
impossível de rastrear sua origem, devido ao fato de que é rapidamente espalhado, se
tornando um processo poderoso, impreciso e incerto.
5.4.1.2 Rádio
Conforme o Caderno Tático Operações Psicológicas Missões de Paz (2009), é um
excelente meio de divulgação de mensagens em Missões de Paz, por possuir uma grande
abrangência e rapidez de comunicação, conhecido por ser um instrumento de “propaganda a
domicílio”.
“As mensagens rádio podem ser disseminadas por meio de equipamentos próprios ou
por meio de emissoras de rádios locais, existentes na área de operação da Missão de Paz”
(Caderno Tático Operações Psicológicas Missões de Paz, 2009, p. 6), onde são considerados
vários fatores como: os custos, os horários, o tempo de exposição e a frequência que será
veiculada a mensagem.
Na MINUSTAH, pode-se perceber a utilização desse meio através das emissoras de
rádio locais. O rádio é utilizado para transmitir informações de utilidade pública para
população haitiana, valendo-se então da credibilidade e da audiência do programa para assim
transmitir suas mensagens. (Figura 16).
Figura 16 - Utilização das rádios locais
Fonte: Caderno Tático Operações Psicológicas Missões de Paz trabalho útil, Cap André (2009, p. 7).
46
5.4.1.3 Alto-falante
“O alto-falante pode ser empregado em instalações fixas, montado em viaturas,
embarcações e helicópteros, ou conduzido pelo próprio pessoal de Op Psico” (BRASIL, 1999,
p. 3-4), com isso percebe-se uma grande flexibilidade deste meio de difusão.
De acordo com o Caderno Tático Operações Psicológicas Missões de Paz (2009, p.3),
“A disseminação de Spot Alto-Falante, quando há possibilidade de meios (carro de som e
equipamento para transmissão) é a forma mais rápida, barata e eficaz de se atingir
determinado público-alvo numa Missão de Paz”. (Figura 17).
Os equipamentos utilizados abordados pelo Caderno em Missões de Paz são:
- O equipamento portátil AF AN/LSS – 800C (veicular);
- Sistema de som civil (instalado em VBC).
Figura 17 - Equipamentos AF em Missões de Paz
Fonte: Caderno Tático Operações Psicológicas Missões de Paz trabalho útil, Cap André (2009, p. 5).
5.4.2 Veículos Visuais
“Geralmente, a palavra escrita tem mais credibilidade do que a palavra falada, apesar
de ser menos influente que esta.” (BRASIL, 1999, p.3-6), realçando assim o poder singular
que esse veículo de difusão possui.
Segundo o Caderno Tático Operações Psicológicas Missões de Paz (2009, p.7), “na
elaboração de produtos gráficos deve haver a preocupação em utilizar imagens, figuras,
situações, símbolos e textos que estejam alinhados com a cultura e com a percepção do
público-alvo e que possam atrair a atenção para o produto”.
47
Com isso, pode-se verificar que deve ser realizado um grande estudo e levantamento
de dados sobre o público-alvo, para assim serem usados em prol das OAI. Dentre os veículos
visuais, podem ser citados os seguintes exemplo: jornais, revistas, livros, folhetos, faixas,
pichações, panfletos, cartazes, peças e objetos.
5.4.2.1 Cartazes
De acordo com o Manual Operações Psicológicas (1999, p. 3-16), “Próprio para ser
afixado em ambientes amplos, como paredes e armações de madeira, deve ser exposto em
locais onde possa ser facilmente visto pelo público-alvo”.
O Caderno Tático Operações Psicológicas Missões de Paz (2009, p. 8) também menciona: “O
cartaz é um produto visual que possui um forte apelo pela imagem, devendo a expressão
escrita ser objetiva e com frases, quase um slogan”. (Figura 18).
Figura 18 – Colocação de cartaz no Haiti
Fonte: 1º BOAI, Cap André
5.4.2.2 Panfletos
“O Panfleto é uma folha de papel de pequeno formato, impressa ou desenhada,
normalmente em ambos os lados, e destina-se a difundir, de forma simples, uma mensagem.”
(BRASIL, 1999, p. 3-12).
Meio visual muito utilizado pelas OAI, conhecido por ter sido amplamente utilizado
em campanhas como a Guerra da Coréia e a Guerra do Golfo, o panfleto serviu para o
desgaste do moral inimigo.
48
Outra característica importante que é destacada pelo Caderno Tático Operações
Psicológicas Missões de Paz (2009, p. 9), “seu texto deve conter a mensagem a transmitir e
deve ser claro, simples e objetivo e estar de acordo com o idioma do país em que as tropas de
uma Missão de Paz estão atuando”. (Figura 19).
Figura 19 - Panfleto disseminado (BRABAT 22)
Fonte: Retirado de vídeo “Brabat 22 – Disseminação aérea de produtos gráficos”
56
“Os militares estão aqui para ajudar a população, trazendo paz e segurança para você e
sua família. Colabore!”. Texto originalmente escrito em creole e traduzido para o português.
O referido panfleto foi disseminado por meio de lançamento aéreo, durante a Operação
Saturação, desencadeada pelo BRABAT 22.
5.4.2.3 Faixas
A faixa é outro meio visual bastante empregado nas Missões de Paz. Permite grande
disseminação da mensagem, “é uma mensagem gráfica, geralmente escrita em pano, destinada
a ser pendurada ou amarrada em locais diversos, bem como conduzida por pessoas ou
veículos, de modo que possa ser lida pelo público-alvo”. (BRASIL, 1999, p. 3-10).
Além disso, o Caderno Tático Operações Psicológicas Missões de Paz (2009, p. 9)
destaca: “Sua principal restrição é a sua efemeridade no tempo e a limitação das mensagens”.
56
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=VrGkQo1-8GU>. Acesso em: 11 out. 2015.
49
5.4.2.4 Outdoors
Segundo o Caderno Tático Operações Psicológicas Missões de Paz (2009, p. 10),
“possui as mesmas características do cartaz, porém, exige a existência de meios, mão-de-obra
especializada e locais apropriados no país onde a Missão de Paz se desenvolve para a sua
viabilidade”.
“É um veículo de percepção involuntária (não optativo), ou seja, passa a mensagem
independentemente da vontade de quem vê, constituindo-se em verdadeiro grito na parede”
(BRASIL, 1999, p. 3-17), gerando assim uma grande vantagem do seu uso.
5.4.3 Veículos Audiovisuais
Os veículos audiovisuais são a soma dos elementos do som e da imagem para assim
difundir a mensagem, sendo assim um veículo que atrai grande atenção do público-alvo. São
veículos audiovisuais o teatro, o cinema, a televisão e a Internet.
5.4.3.1 Cinema
Os filmes são um ótimo meio de difusão de mensagens. “A eficácia do cinema, como
veículo de difusão de mensagens, decorre da sensibilidade da mente humana às imagens
visuais, especialmente à realidade que procura retratar”. (BRASIL, 1999, p. 3-21).
Esse meio requer a soma de diversos fatores para o seu sucesso, não só recursos
financeiros e técnicos, mas também pessoal especializado, tempo e instalações adequadas,
limitando esse veículo, mas se utilizado adequadamente, pode vir a ser um grande veículo de
persuasão.
5.4.3.2 Televisão
Difundido em todo o mundo, esse veículo exerce uma grande influência sobre as
pessoas. “Une a sugestão das imagens, próprias do cinema, ao imediatismo do rádio”.
(BRASIL, 1999, p. 3-22).
50
Além disso, outras características importantes da televisão são “a rapidez com que
atinge o público-alvo, o realismo e a clareza com que pode apresentar as mensagens, e o
impacto emocional que pode causar quando utilizada”. (BRASIL, 1999, p. 3-23).
5.4.3.3 Internet
Meio mundialmente difundido, a Internet tem grande influência sobre a vida dos
indivíduos, sendo atualmente de fácil acesso por todos, além de possibilitar conexões em
qualquer lugar do planeta.
“A Internet, rede mundial de computadores, atinge diretamente o segmento formador
de opinião e tem alcance ilimitado, constituindo-se em um excelente meio para as Op Psico
estratégicas”. (BRASIL, 1999, p. 3-23).
5.4.4 Contato Pessoal
Podendo ser transmitido pela comunicação face a face, palestras, discussões dirigidas,
reuniões e congressos, “no contato pessoal, normalmente o comunicador fica apto a verificar
imediatamente o impacto de sua mensagem na audiência ("feedback"), podendo ajustar seu
discurso, a fim de obter a resposta desejada.” (BRASIL, 1999, p. 3-24).
5.4.4.1 Comunicação face a face
Conhecida como o melhor meio de persuasão, a comunicação face a face é muito
emprega na Missão de Paz no Haiti.
“As conversas, entrevistas e outras formas de comunicação face a face constituem, em
muitos casos, o veículo mais eficaz para transmitir uma ideia a determinado público.”
(BRASIL, 1999, p. 3-25). (Figura 20).
51
Figura 20 - Utilização da conversa na conquista de corações e mentes
Fonte: 1º BOAI, Cap André
“A conversa, por exemplo, é a forma mais usual de manter relações sociais, sendo
principalmente por meio de sua multiplicação que se geram e espalham opiniões”. (BRASIL,
1999, p. 3-25).
5.4.4.2 Reuniões e Congressos
Eventos que podem ser uma grande oportunidade para a difusão de mensagens,
“destinam-se à análise e debate de um ou mais temas, com o objetivo de formulação de
conclusões, sugestões, recomendações ou propostas”. (BRASIL, 1999, p. 3-27).
5.5 Resultados conquistados
Apesar dos grandes gastos desprendidos para a MINUSTAH (segundo dados da Folha
de S Paulo online, aproximadamente 2,7 bilhões de reais entre 2004 e 2013)57
, a atuação dos
militares brasileiros é reconhecida não somente pelo povo haitiano, mas também pelas mais
diversas autoridades internacionais, devido a grande capacidade de desenvoltura com que
57
FREITAS, Olívia. Saiba mais: Brasil já gastou quase R$ 3 bi em operação militar no Haiti. Folha Online, São
Paulo, 31 maio 2014. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2014/05/1462936-saiba-mais-
brasil-ja-gastou-quase-r-3-bi-em-operacao-militar-no-haiti.shtml>. Acesso em: 02 abr. 2016.
52
combina as funções militares (patrulhamento, por exemplo) juntamente com as atividades
sociais e de cunho humanitário que exerce.58
Grandes acontecimentos destacam a participação brasileira no Haiti59
:
- Redução da criminalidade e estabilização no conflitos de gangues;
- Fortalecimento do ambiente político-institucional;
- Pacificação do bairro de Cité Soleil, o mais violento da capital;
- Construção de hospitais, escolas, rodovias e iluminação pública;
- Apoio na formação da Polícia Nacional Haitiana;
- Consultas médicas e odontológicas e distribuição de água potável.
Os resultados da atuação da Missão na MINUSTAH são incontestáveis. A referida
missão propiciou ao Brasil considerável aperfeiçoamento técnico-operacional, acesso às
tecnologias de ponta, além do reconhecimento internacional, da integração com outros países
e de sensível melhora na coordenação entre as próprias forças brasileiras.60
O fato do Comando do Componente Militar da MINUSTAH ser sucedido por
Generais brasileiros, desde o início da missão até os dias atuais, aliado à expansão de atuação
brasileira em outras missões da ONU (General Carlos Alberto dos Santos Cruz foi designado
Comandante do Componente Militar da MONUSCO na República Democrática do Congo),
caracterizando o prestígio do Brasil perante a comunidade internacional, elevando o país em
posição de destaque como um importante ator global.
58
O Brasil na Minustah (Haiti). Ministério da Defesa. Disponível em: <http://www.defesa.gov.br/relacoes-
internacionais/missoes-de-paz/o-brasil-na-minustah-haiti >. Acesso em: 08 maio 2016. 59
Ibid. 60
Ibid.
53
6 CONCLUSÃO
A presente pesquisa teve como objetivo analisar a importância e relevância das OAI
em prol do BRABAT na MINUSTAH.
Assim, buscou-se analisar o surgimento e o aprimoramento das OAI através da
história até os dias atuais, o desenvolvimento dessa capacidade pelo Exército Brasileiro e
como a mesma é empregada pelo Brasil em solo haitiano.
Visando facilitar o entendimento do tema, foram definidos os conceitos das Quatro
Gerações da Guerra de Lind, os conceitos de amplo espectro, o de Operações de Informação e
o de Operações de Apoio à Informação.
Devido aos grandes avanços tecnológicos, houve a necessidade de uma mudança no
ambiente operacional, onde elementos antes não levados em consideração tornaram-se de
grande relevância, como é o caso das considerações civis. Essa incorporação corroborou para
que novos atores se formassem e ganhassem força, exemplo das Op Info, capazes de informar
e influenciar grupos e indivíduos.
Frente as capacidades das Op Info, as OAI têm como missão conquistar e influenciar
públicos-alvo, sendo empregadas em diversas missões, tanto em território nacional quanto
internacional, utilizando-se da arte da persuasão.
Ao longo das pesquisas sobre a MINUSTAH, verificou-se que as OAI, por meio dos
DOAI, tiveram e ainda têm grande importância na missão em território caribenho, por
possibilitar a conquista da simpatia do povo haitiano, assim como a diminuição da resistência
da população em relação à presença do Exército Brasileiro, auxiliando assim na pacificação
do território.
Além de participar de ações específicas de persuasão, o DOAI ainda participa de
outras atividades, apoiando de várias formas a Missão de Paz, como, por exemplo: operações
de check points, atividades de assuntos civis, monitoramento do moral da tropa e apoio às
patrulhas, mostrando-se bastante ativo e flexível em suas atividades.
Dessa maneira, as hipóteses foram corroboradas, uma vez que, ao defrontar os
questionamentos com as experiências colhidas pelo 1º BOAI, as OAI vêm sendo empregadas
ao longo dos contingentes da MINUSTAH, contribuindo para a preservação das vidas não só
das tropas no Haiti e dos haitianos, mas também a economia dos meios empregados,
permitindo que os danos colaterais sejam os menores possíveis. Vale destacar também o fato
de que, em boa parcela, graças às ações realizadas pelos DOAI, o Haiti hoje se encontra em
situação segura e estável, em decorrência da sensibilidade e do trato que os militares
54
brasileiros, particularmente os especialistas em OAI, tiveram com a população local, o que
contribuiu e ainda tem contribuído para o sucesso da missão.
No decorrer da pesquisa, pode-se observar, também, que as OAI empregam táticas e
procedimentos usados, desde tempos remotos e que hoje estão presentes nos exércitos mais
adestrados e equipados da atualidade, de modo que, aos poucos, está recebendo o devido
destaque.
Além disso, para o Exército Brasileiro, esse estudo sobre as OAI tem grande
importância devido à possibilidade de evidenciar que o emprego dessa capacidade vem se
ampliando de maneira gradativa nos cenários de atuação do Exército, sendo necessária a
constante atualização e aprimoramento acerca do assunto.
55
REFERÊNCIAS
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. Informação e documentação – numeração
progressiva das seções de um documento escrito – apresentação (ABNT NBR 6024:2003).
Rio de Janeiro: ABNT, 2003. 3 p.
A DISSEMINAÇÃO da Informação Jornalística Nazista. United States Holocaust
Memorial Museum. Disponível em: <
https://www.ushmm.org/wlc/ptbr/article.php?ModuleId=10007821 >. Acesso em: 23 abril
2016.
A INFLUÊNCIA da Comunicação na Guerra do Vietnã. O Mundo, 22 maio 2014.
Disponível em : < http://www.fca.pucminas.br/omundo/a-influencia-da-comunicacao-na-
guerra-do-vietna/>. Acesso em: 24 abr. 2016.
A PROPAGANDA que caiu do céu no Iraque. BBC Brasil, 17 mar. 2003. Disponível em: <
http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2003/030317_propaganda.shtml>. Acesso em: 30
abr. 2016.
ARTIAGA, Rodolfo Raja Gabaglia. O Brasil e a intervenção humanitária no Haiti,
MINUSTAH (2004-2011). Rio de Janeiro: UFRJ, 2012. Dissertação (Título de Mestre em
Economia Política Internacional)
AS FERRAMENTAS ocidentais para atrair os ‘millennials’ ao Estado Islâmico. El País, 18
nov. 2015. Disponível em: <
http://brasil.elpais.com/brasil/2015/11/18/internacional/1447804524_276473.html>. Acesso
em: 24 abril 2016.
AUGUSTO, Pedro. Paz de Vestfália. Info escola. Disponível em: <
http://www.infoescola.com/historia/paz-de-vestfalia/ >. Acesso em: 03 abr. 2016.
BARBOSA, Ciro de Oliveira. Operações Psicológicas – A vitória da inteligência sobre a
força. Rio de Janeiro: Escola de Guerra Naval, 2003. Monografia
BERCITO, Diogo. Aparato midiático expande alcance do Estado Islâmico. Folha de S.
Paulo, São Paulo, 31 jan. 2016. Disponível em: <
http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2016/01/1735556-aparato-midiatico-expande-alcance-
do-estado-islamico.shtml>. Acesso em: 24 abril 2016.
56
BRABAT 22 - Disseminação Aérea de Produtos Gráficos. Disponível em: <
https://www.youtube.com/watch?v=VrGkQo1-8GU>. Acesso em: 11 out. 2015
BRASIL. Ministério da Defesa. Exército Brasileiro. C45-4: operações psicológicas. 3. Ed.
Brasília: EGGCF, 1999. Disponível em: <http://docslide.com.br/education/manual-de-
campanha-operacoes-psicologicas-c-45-4.html>. Acesso em: 12 mar. 2016.
BRASIL. Ministério da Defesa. Exército Brasileiro. EB20-MF-10.103: Operações. 4. Ed.
Brasília: EGGCF, 2014.
BRASIL. Ministério da Defesa. Exército Brasileiro. EB20-MC-10.213: Operações de
Informação. 1. Ed. Brasília: EGGCF, 2014.
BRASIL, Secretaria Geral do Exército. Portaria n. 734, de 19 ago. 2010. Conceitua Ciências
Militares, estabelece a sua finalidade e delimita o escopo de seu estudo. Disponível em:
<http://www.decex.ensino.eb.br/port_/port_2010/port734_decex_de_19_ago_2010.pdf>.
Acesso em: 20 maio 2016.
BRIANT, Pierre. Histoire de l’empire perse: De Cyrus à Alexandre. Paris, 1996.
Caderno Tático Operações Psicológicas Missões de Paz (2009), Capitão André (1º BOAI)
COMPANHIA Brasileira de Paz completa uma década no Haiti. Portal Brasil, 10 jun. 2015.
Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/defesa-e-seguranca/2015/06/companhia-brasileira-
de-paz-completa-uma-decada-no-haiti>. Acesso em: 30 abr. 2016.
CORÉIA do Norte lança panfletos com propaganda contra Seul. G1 Globo, 18 jan. 2016.
Disponível em: < http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/01/coreia-do-norte-lanca-
panfletos-com-propaganda-contra-seul.html >. Acesso em: 24 abr. 2016.
DA CUNHA, Euclides. Os Sertões: Campanha de Canudos. São Paulo: Ateliê Editorial,
2001.
Doutrina 1º Batalhão de Operações de Apoio à Informação (1º BOAI)
ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA. Exército Americano. FM 3-05.301: Psychological
Operations Process, Tactics, Techniques, and Procedures. August 2007.
FERNANDES, Cláudio. Primeira Guerra Mundial. Brasil Escola. Disponível em:
<http://brasilescola.uol.com.br/historiag/primeira-guerra.htm>. Acesso em: 5 maio 2016.
FREITAS, Eduardo de. Resumo da segunda guerra mundial. Brasil Escola. Disponível em:
< http://brasilescola.uol.com.br/geografia/resumo-segunda-guerra-mundial.htm >. Acesso em:
1 maio 2016.
57
FREITAS, Olívia. Saiba mais: Brasil já gastou quase R$ 3 bi em operação militar no Haiti.
Folha de S. Paulo, São Paulo, 31 maio 2014. Disponível em:
<http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2014/05/1462936-saiba-mais-brasil-ja-gastou-quase-r-
3-bi-em-operacao-militar-no-haiti.shtml>. Acesso em: 02 abr. 2016.
GERMAN Propaganda Archive. Calvin College. Disponível em: <
http://research.calvin.edu/german-propaganda-archive/sturmer.htm>. Acesso em: 16 jun.
2016.
GERMAN Volksempfaenger VE 301 Dyn Radio (1938). Antique Radio. Disponível em: <
http://antiqueradio.org/VolksempfaengerVE301dyn.htm>. Acesso em: 16 abr. 2016.
GIDEÃO e seus 300 homens. Testemunhas de Jeová. Disponível em: <
https://www.jw.org/pt/publicacoes/livros/historias-biblicas/3/exercito-de-gideao/>. Acesso
em: 7 maio 2016.
GOMBATA, Marsílea. Missão brasileira no Haiti completa 10 anos em meio a incertezas.
Carta Capital, 01 jan. 2014. Disponível em: <
http://www.cartacapital.com.br/internacional/minustah-completa-10-anos-em-meio-a-
incertezas-7340.html>. Acesso em: 07 maio 2016.
GOMIDE, Raphael. Para conquistar “corações e mentes”, Exército faz Natal no Alemão
ocupado. Último Segundo, 2011. Disponível em:
http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/rj/para-conquistar-coracoes-e-mentes-exercito-faz-natal-
no-alemao-o/n1597413860301.html>. Acesso em: 15 abr. 2016.
How ISIL imitates first-person shooters and action movies. Disponível em: <
https://www.youtube.com/watch?v=7lwiEn7CXts&app=desktop >. Acesso em: 14 maio
2016.
IMAGENS chocantes da guerra do Vietnã. Curiosos no Mundo. Disponível em: <
http://curiososnomundo.blogspot.com.br/2012/11/imagens-chocantes-da-guerra-do-
vietna.html >. Acesso em: 23 abr. 2016.
INÍCIO do Curso de Operações de Apoio à Informação. Comando de Operações Especiais,
15 mar. 2016. Disponível em: < http://www.copesp.eb.mil.br/index.php/editoria-b/1-
boai/164-curso-oai>. Acesso em: 23 abr. 2016.
58
KUHN, Adriana. Guerra e Persuasão: Estudo de casos de operações psicológicas do
Exército Brasileiro no Haiti. Porto Alegre: PUC-RS, 2006. Dissertação (Título de Mestre em
Comunicação Social)
LIANG, Qiao; XIANGSUI, Wang. A Guerra Além dos Limites – Conjunturas sobre a
guerra tática na era da globalização. Pequim: PLA Literature and Arts Publishing House,
1999.
LIND, William S. Compreendendo a Guerra de Quarta Geração. Military Review (Edição
Brasileira), p. 12, jan./fev. 2005. Disponível em: <
http://www.ecsbdefesa.com.br/defesa/fts/MR%20WSLind.pdf >. Acesso em: 16 abr. 2016.
MARCELO, João. Operações Psicológicas – A trajetória brasileira da arte de persuadir.
Revista Âncoras e fuzis – Corpo de Fuzileiros Navais, p. 4, 20 Dez. 2006. Disponível em: <
https://www.mar.mil.br/cgcfn/downloads/ancorasefuzis/34ancfuz.pdf >. Acesso em: 09 abr.
2016.
MOTA, Eugenio Pacelli Vieira. As operações psicológicas no desenvolvimento de uma
mentalidade de defesa. Rio de Janeiro: ESG, 2013. Monografia (Graduação em Altos
Estudos de Política e Estratégia).
O BRASIL na MINUSTAH. Ministério da Defesa. Disponível em:
<http://www.defesa.gov.br/relacoes-internacionais/missoes-de-paz/o-brasil-na-minustah-haiti
>. Acesso em: 08 maio 2016.
O USO de operações psicológicas pelo crime organizado. Forças Terrestres, 14 fev. 2013.
Disponível em: < http://www.forte.jor.br/2013/02/14/o-uso-de-operacoes-psicologicas-pelo-
crime-organizado/ >. Acesso em: 24 abr. 2016.
PINHEIRO, Alvaro de Souza. As considerações civis, O terreno humano e o conflito do
séc. XXI. Disponível em: <http://www.eceme.ensino.eb.br/eceme/publicacoes-eceme-
5/artigos-anteriores/item/download/122_3ac483a63b4faa8b661362ac297e2a9b>. Acesso em:
09 abr. 2016.
PROPAGANDA e Censura Nazista. United States Holocaust Memorial Museum.
Disponível em: < https://www.ushmm.org/outreach/ptbr/article.php?ModuleId=10007677 >.
Acesso em: 23 abril 2016.
RAÍNHO, Carlos Manuel Ramos da Silva. O contributo das operações psicológicas em
apoio às forças presentes no teatro de operações do Afeganistão. Lisboa: Academia
Militar, 2012. Monografia (Relatório Científico Final do Trabalho de Investigação Aplicada)
RECRUTADOS pela internet, estrangeiros se juntam a extremistas do Estado Islâmico. Uol
Notícias, 13 ago. 2013. Disponível em: < http://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-
59
noticias/2014/08/13/recrutados-pela-internet-estrangeiros-se-juntam-a-extremistas-do-estado-
islamico.htm>. Acesso em: 24 abril 2016.
ROUSE, Ed. Psycological Operation Warfare. Psy Warrior. Disponível em:
<http://www.psywarrior.com/psyhist.html>. Acesso em: 23 abr. 2016.
SAVIAN, Elonir José; LACERDA, Paulo Henrique Barbosa. Manual Escolar de História
Militar Geral. 3. Ed. Resende: Academia Militar das Agulhas Negras, 2011.
SECURITY council establishes un stabilization mission in haiti for initial six-month period.
United Nations, 30 abr. 2004. Disponível em: <
http://www.un.org/press/en/2004/sc8083.doc.htm>. Acesso em: 14 maio 2016.
SIGNIFICADO de Cavalo de Tróia. Significados. Disponível em: <
http://www.significados.com.br/cavalo-de-troia/>. Acesso em: 15 jun. 2016.
TEIXEIRA, Rodrigo. 12 Cartazes de Propaganda da Primeira Guerra Mundial. Propositto
Design. Disponível em: <http://www.propositto.com.br/wordpress/2010/11/13-cartazes-de-
propaganda-da-primeira-guerra-mundial/>. Acesso em: 8 maio 2016.
TZU, Sun. A Arte da Guerra. Porto Alegre: Ed. L&PM. 2005. (Coleção L&PM. v. 207).
VERENHITACH, Gabriela Daou. A MINUSTAH e a política externa brasileira:
motivações e consequências. Santa Maria: UFSM, 2008. Dissertação (Título de Mestre em
Direito da Integração)
VILA Cruzeiro. Estadão. Disponível em: < http://topicos.estadao.com.br/fotos-sobre-vila-
cruzeiro/pichacao-em-parede-assinada-pelo-comando-vermelho-cv-alerta-moradores-da-vila-
cruzeiro,F94DCAD3-5E8A-4B7E-8F33-1FB5F70E088C >. Acesso em: 23 abr. 2016.