futsal – jogo e esporte uma relaÇÃo de … · o futsal é uma atividade bastante praticada no...
TRANSCRIPT
Universidade de Brasília
FRANCISCO DE ASSIS SALDANHA FERREIRA
FUTSAL – JOGO E ESPORTE
UMA RELAÇÃO DE INTERAÇÃO
NO PROGRAMA SEGUNDO TEMPO
Recife
2007
FRANCISCO DE ASSIS SALDANHA FERREIRA
FUTSAL – JOGO E ESPORTE UMA RELAÇÃO DE INTERAÇÃO
NO PROGRAMA SEGUNDO TEMPO
Relato de Experiência apresentado ao Curso de Especialização em Esporte Escolar do Centro de Educação à Distância da Universidade de Brasília em parceria com o Programa de Capacitação Continuada em Esporte Escolar do Ministério do Esporte para obtenção do título de Especialista em Esporte Escolar.
Orientador: Professor Ms. Luís Fernando Maia
FRANCISCO DE ASSIS SALDANHA FERREIRA
FUTSAL – JOGO E ESPORTE UMA RELAÇÃO DE INTERAÇÃO
NO PROGRAMA SEGUNDO TEMPO
Relato de Experiência apresentado ao
Curso de Especialização em Esporte Escolar do Centro de Educação à Distância da Universidade de Brasília em parceria com o Programa de Capacitação Continuada em Esporte Escola do Ministério do Esporte para obtenção do título de Especialista em Esporte Escolar.
Orientador: Professor Ms. Luiz Fernando Pinto
Maia Aprovado em __/__/____
BANCA EXAMINADORA _________________________________________ Professora Ms. Lucila Souto Mayor Rondon Mestre em Psicologia Comunitária UNB _________________________________________ Professor Ms. Luiz Fernando Pinto Maia Mestre em Administração UPE
AGRADECIMENTOS Aos colegas que direta ou indiretamente contribuíram para a conclusão do trabalho Aos alunos que contribuíram para que o Projeto Segundo Tempo fosse realizado. A todo corpo docente da UNB que estiveram presente nesta jornada
SUMÁRIO
1. Introdução...........................................................................................................06 2. Leitura da Realidade Geral.................................................................................09
3. Leitura da Realidade Específica.........................................................................12
4. Aspectos Relevantes, positivos e negativos dos trabalhos desenvolvidos do PST
na localidade.......................................................................................................17
5. Análises, Críticas e Sugestões............................................................................20
6. Conclusão...........................................................................................................25
7. Bibliografia....................................................................................................... 26
8. Anexos............................................................................................................... 28
1- INTRODUÇÃO
O futsal é uma atividade bastante praticada no país, especialmente nas escolas,
pois há espaços para que se jogue sem muitos aparatos. Dentro do âmbito escolar ele é
muito praticado, e é por isso que, mesmo com a diminuição dos campos de várzeas, as
crianças e jovens que ficaram sem muitas opções para jogar, praticam o jogo
diariamente, sendo ele um destaque como prática esportiva.
O jogo e o esporte têm despertado durante séculos, interesses de diversos
estudiosos Na idade contemporânea, estes interesses têm sido ampliados e para entendê-
lo e compreendê-lo melhor, devemos buscar informações em alguns pesquisadores
estudiosos, que nos possibilite perceber sua essência, seu conceito e suas características,
na interação e contribuir para a construção do conhecimento teórico-metodológico da
prática do jogo-esporte futsal.
Para Huizinga (1988) a intensidade do jogo como o seu poder de fascinação não
é explicado por análises biológicas. Portanto, ao considerar esta intensidade, essa
fascinação como também esta capacidade de excitar, verifica-se a essência e a
característica principal do jogo. O autor ainda considera o ato de jogar uma “totalidade”
no moderno sentido da palavra e assim deve ser avaliado e compreendido.
Eleonor Kunz, (1994), abordou o problema da mudança necessária do tema
Esporte escolar; sua concepção é voltada para uma mudança didática do esporte escolar
nas práticas das atividades de Educação Física. A idéia inicial é de que “É uma
irresponsabilidade pedagógica trabalhar o esporte na escola que tem por conseqüência
provocar vivências de sucesso para uma minoria e vivência de insucesso ou de fracasso
para maioria”.
O esporte é caracterizado de várias formas como atividade física, a exemplo do
lazer, da recreação, esporte escolar, entre outras. Observa-se que o jogador de futsal é
profissional, então o jogo é trabalho, para os “peladeiros” de final de semana o jogo é
lazer.
Apesar das várias tentativas de diferenciar o esporte do jogo, entendendo o
primeiro como sendo mais competitivo e o segundo menos competitivo e mais
educativo; os diversos autores não conseguem parcelar essa diferenciação, e que o
esporte e o jogo se completam, um sempre dependendo do outro.
No jogo e no esporte a competição é um fator principal, o que não significa que
as disputas não possam ser leais e respeitosas mesmo havendo o confronto entre ambos
para obter um resultado. O grande segredo ético e moral, relacionados ao jogo e ao
esporte estão intrínsecos nessas atividades, de forma que a competição, a disputa, o
ganhar e o perder podem ser objetos de absorver valores para formação integral do
homem, fazendo-o pessoa capaz de interagir como o objeto do conhecimento adquirido
no jogo ou no esporte e a possibilidade desse mesmo homem absorver valores éticos,
retirando do que é competitivo, o respeito ao resultado fazendo-o agente transformador
para uma sociedade mais justa.
Huizinga (1988) analisa que a desobediência a essas regras acarreta “a
derrocada do mundo do jogo”, pois ao acabar o jogo, logo após o apito do juiz é
quebrado o feitiço e recomeça então a vida “real”. Durante a realização do jogo, os
costumes, as leis da vida cotidiana perdem validade. Este afastamento temporário “do
mundo habitual” é inteiramente comum no mundo das crianças e jovens.
No ensino do jogo e do esporte com a visão voltado para o caráter pedagógico
dessa atividade, é necessário perceber o desenvolvimento integral do indivíduo, a
socialização e a promoção social, buscar como meio de manutenção da saúde, do
desenvolvimento pessoal, da auto-estima, do conhecimento da modalidade futsal;
compreendendo nesse processo educativo que o homem deve se entender e se fazer no
mundo no âmbito dos sistemas formais de ensino e como fora dele.
Nesse sentido o jogo e o esporte entendido como escolar, comunitário ou de alto
rendimento, toma como referência os praticantes o local onde é realizada, a linha de
estudo do professor e não somente seus elementos constitutivos primários. O local e os
praticantes podem ser diferentes, porém, essencialmente os jogos e os esportes são os
mesmos.
Não temos dúvidas de que a indefinição tanto conceitual como de conteúdo do
esporte e do jogo são iniciativas existentes e que parecem ter sido inócuos.
O esporte e o jogo são realmente fenômenos de difícil compreensão, mas é
preciso mudar o ensino-aprendizagem em busca de concretizar novos objetivos na
educação e nas metodologias, inclusive nos processos pedagógicos. O jogo é uma
categoria maior, uma metáfora da vida, uma simulação lúdica da realidade, que se
manifesta, se concretiza, quando as pessoas praticam esportes (Freire e Scaglia, 2003).
A relação existente entre o jogo e o esporte tem de fundamental as atividades
corporais, as habilidades e o domínio da técnica de cada jogador, se relaciona não na
reduzida idéia de equipe ou conjunto somente para vencer, mas sim na perspectiva de
compreensão das múltiplas determinações no desempenho de um jogo, com isso
queremos dizer que erros/acertos, vontade afetiva, valores éticos, morais e políticos,
habilidades e domínios técnicos são determinações para as mudanças qualitativas.
Magnane (p. 54) diz que “o esporte é uma atividade de prazer, podendo deixar
de exercer este papel com relativa facilidade, quando converte a prática esportiva em
profissão. O esporte é uma atividade de prazer na qual domina o esforço físico de quem
participa. Ele não é diferente do jogo e do trabalho praticado de maneira esportiva, que
comporta regulamentos e instituição específicas, e é suscetível de transformar-se em
atividade profissional”. Portanto, é preciso modificar os processos do ensino-
aprendizagem, as condições próprias, materiais e de recursos humanos qualificados
preparados para este desafio.
Diante do exposto, o presente relato tem como objetivo geral:
• Analisar e aplicar a teoria e a prática do jogo e do esporte futsal,
relacionando e interagindo novas metodologias e novos processos pedagógicos
que promovam a todos sem seletividade na pratica do jogo e do esporte futsal.
E como objetivos específicos:
• Apresenta uma prática prazerosa sem frustrar às competições
pedagógicas.
• Reforçar a teoria e a prática dos jogos e esporte futsal, em busca do
coletivismo e da atuação com mais inteligência e mais criatividade.
• Despertar a ligação da técnica, à disciplina e o estudo sobre determinada
atividade do jogo ou do esporte.
• Desmistificar a ascensão social de alguns jogadores/esportistas e
disseminar um discurso social, baseado na possibilidade de ensino-
aprendizagem para todos.
Nesse sentido experenciamos a atividade do jogo e a atividade do esporte na
modalidade futsal para ser uma referência no âmbito escolar, de uma práxis voltada para
o conhecimento teórico-prático mais aprofundado e de maior constância nas vivências
da comunidade e criando uma cultura de totalidade e participação de todos,
indiscriminadamente, engajada no projeto político pedagógico escolar.
2- LEITURA DA REALIDADE GERAL - descrição geral do contexto, aspecto
geográfico, econômicos, cultural, sociais e políticos da localidade.
A realidade da comunidade escolar é composta por muitos elementos de outras
realidades, já que a condição de sobrevivência e a estrutura sócio-político-econômica de
apoio e ajuda as classes menos favorecidas, não é prioridade, mesmo com a grande
necessidade da população.
A Escola Estadual Dom Bosco, localizada no bairro de Casa Amarela, na parte
norte do Recife no estado de Pernambuco, ainda é uma referência sócio-cultural e
educacional da região norte, sendo muito conhecida e solicitada para que os jovens
possam ter acesso a um pouco mais de estrutura educacional.
O bairro de Casa Amarela é cercada de localidades subjacentes a que têm na
parte central o que se refere ao comércio, essas localidades subjacentes são: Nova
Descoberta, Vasco da Gama, Morro da Conceição, Sítio Grande, Parnamirim e
Monteiro. Elas se apóiam diretamente nesse grande bairro de Casa Amarela para
produção de mão de obra, comércio e vida social, crescendo assim a população nesta
localidade, tendo também os morros e periferias necessidade desse bairro para que o
comércio local sobreviva.
O transporte no bairro de Casa Amarela é bastante intenso, com várias linhas de
ônibus circulando em direção ao centro do Recife, tendo assim uma grande
movimentação da população para ir ao trabalho. Existe ainda a bicicleta, transporte
usado por grande número de populares que fazem seu deslocamento não só para escola
mais para localidades mais próximas, onde existem escolas e trabalho. A população
utiliza também a caminhada para deslocamentos, especialmente as crianças e jovens,
principalmente aqueles com menor condição econômica.
O bairro, por ser um dos maiores do Recife, concentra uma população de
condição econômica pobre, como também famílias com renda de três a quatro salários,
essa diversidade ainda é maior quando se relata a condição de vida dos nossos alunos. A
razão dessa variedade econômica é o comércio de grande porte geográfico na
localidade, onde muitos trabalhadores são os próprios donos do seu negócio.
Encontram-se também lojas de médio e pequeno porte que são os micro-empresários, e
que residem na mesma localidade. Existe um comércio chamado de feira de Casa
Amarela que fica no centro do bairro. Ela é cercada de pequenas e grandes lojas dos
mais variados produtos, e que aos sábados, a população aumenta consideravelmente
podendo chegar num quantitativo de quatro mil pessoas presente no comércio fazendo
compras ou indo a trabalho. É nesse ciclo grandioso, que o aspecto econômico emerge
dando suporte a variada condição de renda familiar.
Sobre o aspecto cultural, social e o político, existem muitos movimentos que
fazem a comunidade se mobilizar, atuando mais diretamente nas instituições públicas.
Existe por exemplo, um local para as ações sócio-culturais, chamado de Sítio da
Trindade, que tem uma administração municipal, voltada para vários eventos sociais e
culturais, que atende a população de baixa renda que é a grande maioria, tendo
atividades como, a ginástica diária no programa municipal da Academia da Cidade,
atendendo em média quinhentas pessoas e outras atividades como: a caminhada na pista
do parque, encontro de jovens, cursos de dança, de música, aulas livres em espaços
abertos, desfiles de bandas marciais entre outras. Durante todas as atividades festivas de
destaque como o carnaval, São João, Natal, são realizados shows com atrações artísticas
e de entretenimento: grupos de danças folclóricas, quadrilhas juninas, parque de
diversões, praça de alimentação e muitas outras atividades. Essas atividades são
realizadas especialmente aos sábados e domingos, criando assim um grande centro de
encontro da população desse bairro das diversas classes sócio-econômicas. Esse espaço
também oferece abertura para o trabalho político da comunidade, das associações de
bairros, sendo cada uma delas agentes integrantes nas decisões da melhoria da
localidade e suas adjacências, com encontros periódicos para planejamento e execução
das atividades. O Sítio da Trindade enfim é um dos pólos culturais que a prefeitura do
Recife criou para que sistematicamente ocorram atividades durante finais de semana.
Uma outra instituição importante é o hospital público Agamenon Magalhães que
tem um atendimento aberto para toda a população da cidade, oferecendo uma condição
igual à todos os hospitais públicos do país, em que o atendimento e a estrutura geral
não chegam a ser de boa qualidade e não atendem a todos os necessitados. Mesmo
assim, por estar próximo dessa localidade, oferece um apoio hospitalar para a massa
popular do bairro, sendo de fácil acesso.
O bairro tem toda uma estrutura de uma pequena cidade com bancos,
supermercados de pequeno e grande porte, feira, comércio em geral, lojas, escolas
públicas e privadas, hospitais, delegacia entre outros. Realmente é uma pequena cidade
na sua estrutura geográfica.
A realidade sócio-política tem crescido a cada dia, pois no contexto da
localidade, as mudanças estão sempre acontecendo. Os esportes nos bairros são sempre
constantes, com campeonatos e torneios da comunidade, sendo esta atividade esportiva,
um palanque político para deputados e vereadores da cidade. Existem muitas
propagandas através dos carros de som, panfletagem, cartazes, outdoor na divulgação
das atividades sociais e esportivas; os discursos políticos são sempre realizados na parte
central da localidade com os discursos políticos no centro da comunidade. Por isso a
atuação política neste contexto é sempre bem explorada, pelos órgãos e candidatos
porque Casa Amarela possui uma população de um enorme número de eleitores.
Toda essa realidade local tem como componente principal, as condições de vida
do cidadão brasileiro, que é cercada por esses aspectos, sócio-político-econômicos,
refletindo diretamente nas necessidades da localidade, consequentemente influenciando
o contexto da escola, que é dependente dessa macro estrutura, e que sofre mudanças
constantes mediantes as variações do mercado econômico, da vida cultural, social e
político da localidade. O cidadão nosso aluno, que está envolvido na prática do
Programa Segundo Tempo, sofre os reflexos de todo esse contexto. Nesse sentido
entendemos que:
“Na escola a prática pedagógica não deve esquecer a realidade
concreta da escola e os determinantes sociais que a circundam”.
(Veiga, 1988 p. 17)
É sabido que a condição sócio-político-econômica do país está sempre em
mudanças constantes e por sua vez interferem na realidade do contexto local. A cidade
do Recife nesses últimos cinco anos, a exemplo da violência na sociedade, bateu
recorde, sendo a segunda maior capital violenta do país. Diante desse quadro a
localidade da escola, por ser muito populosa, recebe reflexo imediato desse tipo de
comportamento social, sendo essa variável um dos pontos de evasão nas aulas regulares
escolar e no PST.
3-LEITURA DA REALIDADE - o contexto de Programa Segundo Tempo em si,
estrutura, organização e funcionamento dos trabalhos, aspectos didático-pedagógicos.
A estrutura e organização do Programa Segundo Tempo iniciou com um
encontro de professores orientados pela comissão central do curso fazendo indicativo
sobre os objetivos a serem alcançados para que o projeto representasse um novo
caminho metodológico e pedagógico do ensino da educação física mediante o jogo e o
esporte. Após dadas as orientações iniciais cada professor partiu para elaborar o seu
planejamento de trabalho em cada núcleo escolar procurando colocar em prática todas
as propostas discutidas durante o encontro. Os subsídios adquiridos foram de grande
valia para que nós educadores pudéssemos pesquisar e coletar dados que serviram para
o suporte teórico-prático no dia-a-dia das aulas.
A Escola estadual Dom Bosco possui uma quadra coberta, com boas condições
de espaço e piso de cimento, sendo utilizada por vários professores durante o dia entre
outras atividades além das esportivas, por exemplo, a da feira de conhecimentos.
O material didático-pedagógico foi de pouca qualidade e quantidade, para
atender o número de alunos inscritos no projeto. Foram apresentados estagiários no
transcorrer do projeto, mas a freqüência dos mesmos, não tinha um controle nem uma
sistemática de presença devido à formulação dos contratos com as instituições. A
motivação dos alunos, no entanto seu desejo de fazer as aulas, era muito grande, apesar
essas dificuldades e as de locomoção, fora do horário de aula, pois as condições sócio-
econômicas das famílias refletem nas possibilidades de deslocamentos.
Fazer uma leitura da realidade escolar é de fundamental importância, para que
possamos compreender e resgatar elementos característicos de uma prática pedagógica,
voltado para o social. APLLE, (1989 p. 111) aponta a relação entre as características
internas das escolas, a cultura vivida dos estudantes dentro delas, e as necessidades de
acumulação e legitimação às quais as escolas devem responder.
Cabe observar os elementos para compreender o que ocorre nas escolas e nas
experiências de vida e da percepção da realidade vivida por aqueles educados na escola,
o objetivo deve ser o de elevar o nível de compreensão desta realidade por parte do
educando, que deve ultrapassar a percepção do censo comum em direção a formulação
mais elaboradas e organizadas (RODRIGUES, 1986, p. 89).
O plano de trabalho nas aulas do Programa Segundo Tempo foi descrito de
acordo com algumas vivências, já experenciada pelos alunos, nas quais o grupo
desenvolveu os temas das aulas, valendo-se das referencias de atividades anteriores,
identificando a cada aula proposta, a criatividade e a necessidade do trabalho coletivo.
O esporte escolar pode reforçar a cooperação, através da criatividade crítica do
professor, da educação, da sensibilidade, da ética, da estética e dos conhecimentos
construídos pela experiência dos alunos (FREIRE, 2003, pg. 53). O sentido da
cooperação e criatividade perpassou por todos os momentos das aulas, mesmo diante de
algumas dificuldades, com a possibilidade de usar um bom espaço para melhor acolher
os alunos, e por conseqüência elaborar atividades em grupos ou em duplas. Esses
espaços para as aulas eram variados, ou seja, em certos momentos tivemos a quadra
com piso, e em outros momentos, uma simples quadra cimentada, dificultando o
processo pedagógico necessário para a busca da criatividade do aluno.
A proposta pedagógica e metodológica para o ensino do Futsal levando em
consideração a relação do jogo e do esporte foi delimitada a partir da análise de todo o
programa desenvolvido pelos estudos trazidos nos livros do Programa Segundo Tempo.
O referencial conceitual para a construção das atividades, baseou-se na realidade da
Escola Dom Bosco de Casa Amarela, permitindo, destacar três categorias básicas
determinantes do processo de ensino sendo acompanhadas sistematicamente, que foram
o ensino do Jogo e do Esporte na prática, que é o plano central do trabalho, as
exposições verbais de orientação e a avaliação para retomada do conteúdo significativo
nessa aprendizagem.
Essas categorias são estruturadoras do processo de trabalho pedagógico,
constituindo-se elementos que podem alterar significativamente a configuração do
ensino e da aprendizagem, mudança do foco na busca do conhecimento. Segundo Veiga
(1989), a prática pedagógica não deve esquecer a realidade concreta da escola e os
determinantes sociais que a circundam. A teoria e a prática não existem isoladas, uma
não existe sem a outra, mas encontram-se em indissolúvel unidade. Nesse sentido o
planejamento de ensino foi voltado para a participação, cooperação e a criatividade
atendendo a realidade dos alunos e fazendo-os refletir criticamente sobre cada uma das
atividades vivenciadas.
Os jogos e o esporte Futsal, foram conduzidos de modo que transmitiram a
cultura vivida dos alunos e, ao mesmo tempo contribuíram para a produção do
conhecimento. Os conteúdos significativos desenvolvidos tiveram a preocupação de
viabilizar situações pedagógicas nas quais o professor e o aluno foram sujeitos do
processo, com a interação entre alunos, criando espaços de diálogo que normalmente
acontecia durante e antes as aulas, com uma avaliação constante das atividades.
Segundo Brandão (1988), a participação na produção, na gestão e no usufruto
das diferentes práticas, devem também se caracterizar pela presença constante do valor
do coletivismo nas relações estabelecidas entre os participantes. A compreensão e a
criatividade também fazem parte de uma metodologia respaldada por uma pedagogia
inovadora, permitindo o educando vivenciar um processo ensino-aprendizagem de
exploração do conteúdo a ser trabalhado diversificando a obtenção de um repertório de
experiências motoras e principalmente de relações sociais críticas para ação do jogo e
do esporte.
O processo foi conduzido reforçando o objetivo central de cooperar mais e
competir menos, aprendendo a criar, fazendo das vivências um ciclo de aprendizagem
integral da criança e do jovem. Por isso fizemos as atividades como chutar a gol, com
apenas uma meta, dando oportunidade de defesa e ataque, jogos recreativos de jogar
sem barra, em movimentação constante com a bola, sem a preocupação do alvo e sim o
deslocamento individual em duplas, trio e pequenos grupos. Todas essas propostas de
jogar e brincar jogando vai apontar a um comportamento de cooperação e criatividade
de movimentos para ampliar a ação do jogo.
Muitas são as possibilidades de explorar as “habilidades de natureza aberta são
as requeridas no interior dos jogos, ou seja, condutas motoras que surgem a partir das
exigências organizacionais dos jogos (por exemplo, os passes exigidos no jogo de
bobinho com os pés)” (Pedagogia do Esporte, 2004, p.25). As exigências do jogo
desencadeiam essas habilidades de natureza aberta; segundo (GRAÇA, 1995): elas
realizam-se sempre em situações de envolvimento imprevisível, a sua oportunidade e
em parte a sua execução estão dependentes das configurações particulares de cada
momento do jogo, que ditam o tempo e o espaço para a sua realização.
O jogo tem uma relação de interação com o esporte a partir de uma visão de
ensino-aprendizagem na construção de conhecimento de maneira interligadas e
dependentes um do outro. De maneira similar, Graça (1995) posiciona-se dizendo que
um modelo para o ensino dos jogos coletivos deve inicialmente, partir da simplificação
do jogo formal em formas modificadas de jogo, criando um modo de integrar formas de
exercitar e as formas de jogo no transcorrer das aulas. Nessa perspectiva de ensinar a
jogar jogando algumas atividades foram importantes para aproximar o jogo do esporte,
colocando situações contextualizadas, mantendo a essência do jogo de futsal.
No jogo de barrinhas, em que dividimos os alunos em pequenos grupos, foram
observados os fundamentos como chute, passe, drible e condução são observados, e a
ocupação do jogar em pequeno espaço sem chutar bola ao alto na meta, pois a meta é
baixa. A percepção espaço-tempo também foi observada. Essa atividade do jogo de
barrinhas pode ser realizada com grupos pequenos e grandes e havendo espaço pode-se
variar o tamanho do campo de jogo.
A segunda atividade utilizada foi um jogo mais ampliado, do que o jogo de
barrinhas, no qual colocamos as quatro metas a ser jogada e dois grupos, divididos, cada
um defendia duas metas e fazia ataques em outras duas. Nesta atividade houve uma
cooperação mútua entre os componentes de cada equipe organizando as defesas e os
ataques das duas metas.
Uma terceira atividade usada foi um grande jogo Divididos os alunos em dois
grupos, o diferencial está no número de bolas que fazem parte do jogo, podendo ser
duas a três bolas a ser jogada. Um outro componente desse jogo é a alteração da regra
do lateral, pois não tem a saída de bola, o espaço da quadra é fechado por paredes.
A quarta atividade proposta foi o jogo com uma meta, dividimos o grupo em
dois grupos, eles jogavam visando retirar a bola do outro grupo e construir uma forma
ofensiva de chegar ao gol. Nesta atividade os alunos ocupavam o mesmo espaço para
defender e atacar.
É importante ressaltar que todas as atividades foram importantes em sua prática,
mas que a compreensão e a lógica do movimento e/ou jogo foi fundamental na
aprendizagem. A partir dessas aprendizagens a mudança de comportamento dos alunos
foi significativa, eles demonstraram capacidade de entender os conteúdos significativos
propostos.
Portanto, para o ensino do jogo, segundo Werner, Thorpe, Bunken (1996), os
professores devem propor atividades que sejam compatíveis com o nível de habilidade
dos alunos, e assim, mediante desafios táticos, eles são levados a obter sucesso durante
todo o processo de aprendizagem do jogo, sentindo-se competentes a cada passo. Para
isso, o professor pode e deve modificar os jogos, alterando suas regras e equipamentos,
criando um ambiente desafiador que leve os alunos a melhorarem suas habilidades e a
rapidez nas tomadas de decisão no momento de solucionar um problema exigido por
uma situação de jogo qualquer.
4- ASPECTOS RELEVANTES - positivos e negativos dos trabalhos desenvolvidos no
PST na localidade
Ao desenvolver uma proposta na relação de interação no ensino do jogo e do
esporte, alguns aspectos positivos se destacaram, dando sentido ao ensino-aprendizagem
do Futsal. Dar possibilidades de uma prática pedagógica aberta para a consideração das
opiniões e decisões dos alunos, para construir alternativas de atividades, foi de
relevância significativa, pois os alunos se motivaram, buscando a investigação escolar,
trazendo dados das suas realidades, contribuindo na construção dos objetivos, conteúdos
e procedimentos para vivência da atividade. As informações trazidas, além de contribuir
com a caminhada do aluno fora e dentro da escola, ampliaram o mundo de
conhecimentos de cada um deles.
A pesquisa escolar e as experiências vividas no cotidiano, contribuíram para o
crescimento da relação da teoria e prática dos jogos e esportes.
Um outro ponto importante foi a contribuição dos colegas profissionais, que
sempre buscar o conteúdo do projeto, levando o assunto para sua disciplina, na
possibilidade interdisciplinar do alguns temas. Nos comentários realizados pelos alunos
durante as aulas, ficou evidente a questão da totalidade, numa dimensão sócio-
intracionista, em que o aluno percebe as possibilidades da rede de conhecimentos
agirem sobre cada momento do ensino-aprendizagem.
Totalidade é o fortalecimento da unidade do homem (consigo, com o outro e
com o mundo), considerando a emoção, a sensação, o pensamento e a intuição como
elementos indissociáveis desta mesma unidade, favorecendo o desenvolvimento do
processo de auto-conhecimento, e auto-estima e auto-superação, visando a preservação
da sua individualidade em relação às diversas outras individualidades, tendo em vista o
contexto uno e diverso no qual está inserido (Esporte Educacional, 1996, p.19).
A interdisciplinaridade é um elemento educacional didático que possibilitou
mais um momento de crescimento e entendimento das relações existentes entre os
conteúdos educacionais. A questão quantitativa, em relação ao número de alunos
participantes, a relação entre os grupos, a exemplo do queimado que, na divisão das
equipes e a forma de jogar, foi refletida na aula, como a questão da exclusão de alunos
que são menos fortes para o arremesso e os mais “fracos” para ter posse da bola, essas
questões foram colocadas durante todo o processo avaliativo dos conteúdos
significativos, eram sempre explicitadas, e percebemos a necessidade e desejo de
aprender os encaminhamentos realizados. Nesse sentido visualiza-se o conceito de
corporeidade em todo o processo e que, segundo Sentin (), diz que: O homem não age
apenas por partes, mas age como um todo o pensar, as emoções, os gestos são humanos,
não são ora físicas, ora psíquicas, mas sempre total: o homem e corporeidade e como tal
é movimento, é gesto, é expressibilidade, é presença.
O Programa Segundo Tempo idealizado pelo Ministério do Esporte como forma
efetiva de democratizar o acesso a prática esportiva nos estabelecimentos públicos de
educação do Brasil e do tornar verdadeiro o meio de atividades esportivas no contra
turno escolar, visa, também colaborar para inclusão social, o bem-estar físico, a
promoção da saúde e do desenvolvimento intelectual de crianças e adolescentes,
principalmente dos que se encontram em situações de vulnerabilidade social. Programas
como estes exigem de professores e monitores o conhecimento das condições objetivas
da realidade brasileira, da realidade atual do esporte no país e das bases científico-
metodológicas específicas para o ensino e treinamento de atividades esportivas
(Manifestações dos jogos, livro 4, 2005, p.29)
Todo esse conceito estabelecido no PST se torna positivo na medida em que,
todos os intermediários, agentes atuantes no processo, possam ser efetivos e
transparentes na ação educativa junto à escola.
Quanto aos entraves, é evidente que algumas dificuldades fizeram parte desse
processo, algumas delas com maior ênfase, como é o caso da estrutura da escola em seu
contexto organizacional, dificultando a realização das aulas em alguns dias. Algumas
vezes o aluno chegava à escola, e por motivo de falta de água, construção de um espaço
ou concerto de encanação entre outros, não realizava a atividade.
Uma outra dificuldade fortemente apresentada foi a quantidade de material
esportivo, em contrapartida ao grande número de alunos para realizar as atividades,
sabe-se que esse problema não é de hoje, mas que sempre existiu uma população grande
e carente para realizar atividade no âmbito escolar e sempre é pouco a condição material
e humana para produzir conhecimento. Essa questão é macro-política e que ultrapassa
os muros da escola, quando se tenta solucionar e, por menor que seja a solução, as
dificuldades são grandes. Cabe ao educando refletir e sensibilizar a comunidade para
que o material mínimo necessário possa chegar a nossas mãos. Mesmo assim nunca foi
empecilho para que as aulas não fluíssem.
Outro ponto importante de ser relatado, na questão estrutural, foi o constante
rodízio de monitores no período de realização do Programa Segundo Tempo, não havia
possibilidade de uma melhor adaptação e consequentemente um desenvolvimento por
parte dos que estavam conduzindo o processo educacional, toda essa inconstância da
presença dos estagiários refletia na maior aceleração na aprendizagem dos alunos.
Percebia-se que os convênios com as Faculdades e as Universidades sofriam
interrupções, havendo momentos em que nem estagiário tínhamos para apoio
pedagógico, causando insegurança da organização do trabalho.
Portanto, é preciso estar atento às facilidades e as dificuldades de realizar as
atividades, não esmorecer diante dos impasses, e sim interagir junto ao aluno, a escola,
e a comunidade, para darmos prosseguimento ao maior projeto, que é incluir cada
criança e cada jovem no ambiente escolar proporcionando-lhe, bem-estar físico,
desenvolver o seu potencial intelectual, incluí-lo socialmente e desenvolvendo suas
habilidades e competências, tornando-o um virtuoso cidadão.
5- ANALISES CRÍTICAS E SUGESTÕES que podem ser amparados em coleta de
dados.
Há muito tempo existe uma preocupação em relação às metodologias do jogo e
do esporte, e qual a interação existente entre os dois temas. Alguns autores, a exemplo
do HUIZINGA (1988) trazem diversas contribuições, quando caracteriza o jogo em
várias faces, como jogo livre, sendo próprio de liberdade, o jogo relacionado com o real
e o simbólico, o jogo pelo jogo, sem considerar a vida comum e o jogo como fenômeno
cultural, toda essa visão vem questionar a forma de como a aprendizagem do jogo pode
ser desenvolvida em cada realidade.
O esporte por sua vez, também se apresenta com suas características, no trato do
conhecimento, em que a realidade das comunicações (a mídia), influencia na forma de
aprender o esporte. Na aprendizagem do esporte Futsal consideramos fundamentais as
atividades corporais, as habilidades e o domínio da técnica de cada aluno com as suas
possibilidades motoras e que não se relacione a reduzidas idéias de equipe ou conjunto
somente para vencer, mas sim na perspectiva de compreensão das múltiplas
determinações do desempenho de um jogo ou esporte, sendo assim queremos destacar
também os valores ético, morais e políticos, vontade coletiva são determinações para as
mudanças qualitativas.
No Programa Segundo Tempo, o jogo e o esporte, apresentam-se como meio de
formação integral do ser humano, mesmo diante da moderna sociedade tecnológica,
complexa no sistema educacional, onde há diferenciações de papéis, como educação
para jovens e adultos, educação para pessoas portadoras de necessidades especiais, entre
outras. Neste sentido, o papel educacional do jogo e do esporte é reconhecido com um
dos mais ricos patrimônios da humanidade, sendo um fenômeno social, em que os
projetos sociais se destinam a inclusão social, e é no Programa Segundo Tempo que
encontramos espaço de ensino-aprendizagem, capaz de aprimorar as atividades
esportivas preocupada com um olhar educativo-pedagógico possível de minimizar a
exclusão, o trabalho precoce, e a discriminação.
Desse modo, a aprendizagem do jogo e do esporte atua como um vetor de
socialização de desenvolvimento da personalidade, de facilitador das interpretações,
mediador da inter-relação das funções intelectuais, dos conhecimentos das reais
possibilidades motoras, da formação de conceitos passíveis de oferecer soluções as
situações de jogo/esporte como meio de oportunizar a soma de experiências e vivências
de movimento.
Segundo Seaglia (1999), uma boa metodologia, respaldada por uma inovadora
pedagogia, não é a aquela que demonstra um gesto para ser imitado, automatizado, mas
é aquele que permite ao educando vivenciar um processo de ensino-aprendizagem, na
qual por meio da possibilidade de exploração a criança constrói não um gesto motor
apenas, mas uma conduta motora fruto de sua competência interpretativa.
A diversidade e totalidade presente nesse projeto e nas atividades desenvolvidas
nas aulas do Futsal, buscando e fazendo entender a relação existente entre o jogo e o
esporte, são fundamentos essenciais como a parte teórica da forma de entender e fazer
do educador-professor.
A diversidade foi a multiplicidade de idéias e conceitos repassadas ao professor
pelos alunos, com uma grande variedade de experiências vividas em sua realidade, e
que diante das diferenças de indivíduos e de suas idéias pode-se construir coletivamente
um trabalho pedagógico consistente e relacional entre teoria e prática. A totalidade
apresentou-se, nos momentos coletivos de problematização e reflexões dirigidas ao
aluno, eles foram capazes de relacionar sua vida ao movimento jogo/esporte
vivenciados durante as aulas.
Passivamente, o contexto geral do Programa Segundo Tempo encaixou com os
objetivos e necessidades da escola, do aluno e da comunidade a que pertence.
Criticamente se fez observar todo o projeto, inicialmente a organização do trajeto e
encaminhamentos dos módulos, que teoricamente tem muita contribuição a ser refletida,
mas a sua prática estrutural e organizacional interferiu no trabalho realizado dentro da
escola. O estudo deveria vir paralelamente com o nosso momento prático na escola, no
mesmo período da realização das atividades, certamente muitos dos conceitos e dos
processos metodológicos e pedagógicos, poderiam ser incrementados nas aulas do
Programa Segundo Tempo e assim em cada passo dado, haveria uma reformulação e
novos encaminhamentos para um possível acerto das ações pedagógicas dos
educadores-professores.
Toda a parte teórica vem contribuir mais que significativamente, contribui
profundamente na prática do dia-a-dia da escola, no que se refere ao planejamento
político-pedagógico escolar. Durante o desenvolvimento do tema Futsal uma relação de
interação entre jogo e esporte, necessitam de toda essa bagagem dos módulos para que
pudéssemos construir ainda mais junto aos alunos os conhecimentos, as competências e
as habilidades.
A produção do conhecimento em relação ao tema foi satisfatória, diante do
envolvimento e desejo dos alunos a cada aula, percebia-se a ânsia na aprendizagem e na
troca de experiências entre eles.
Algumas sugestões podem ser viabilizadas no Programa Segundo Tempo, tanto
no âmbito maior, que é a sua organização e estrutura, podendo ser encaminhados novos
programas, que sejam paralelos ao estudo-curso, dando suporte teórico em busca de
mais qualidade de ensino-aprendizagem, quanto na atividade interna da escola em que a
prática realizada, criou maiores motivações gerando outras práticas como um torneio
incentivo de Futsal masculino e feminino. Como segunda possibilidade, a abertura de
uma escolinha de futsal, com um número limite de inscrições, mas com um período
demarcado, para que se realize outro grupo participante dos quais ainda não tiveram
oportunidade; isso a cada semestre, duas escolinhas, com o total de quatro escolinhas de
futsal misto durante o ano, tentando atender um maior número de alunos independente
da faixa etária.
Foi realizada uma coleta de dado, para verificar as motivações dos alunos quanto
a criação de um torneio incentivo de Futsal e a criação de escolinhas, visando ampliar,
um maior número de participantes no processo ensino-aprendizagem, no tema do jogo-
esporte futsal.
A coleta serviu, para diagnosticar o resultado do trabalho realizado e viabilizar
outras atividades possíveis durante o ano escolar, para dar continuidade ao processo
ensino-aprendizagem, estimulado uma cultura corporal de movimentos, jogo e esporte,
levando os alunos a ocupar o seu ócio dando-lhe oportunidade de fazer, refletir e
analisar suas possibilidades de atuação dentro e fora da escola.
Realizou-se um questionário de cinco (5) perguntas, destacando os principais
focos do Programa Segundo Tempo com o tema Futsal Jogo e Esporte uma relação de
interação. Participaram cinqüenta (50) alunos, sendo vinte e oito (28) do sexo masculino
e vinte e dois (22) do sexo feminino, com faixa etária entre 14 e 19 anos. A mostra foi
realizada durante as aulas expositivas, resultando nos seguintes percentuais:
TABELA 1 – Você já participou de alguma atividade esportiva
OPÇÕES RESULTADO
Muitas vezes 30%
Algumas vezes 60%
Nenhuma vez 10%
A tabela demonstra que algumas vezes a maioria participou de alguma atividade
esportiva, pois a escola oferece a atividade de Educação Física, alguns projetos sociais
aos sábados e ainda tem campeonatos e torneios na comunidade. Acredita-se que se
alguém nunca participou, foi porque em determinado momento, teve dificuldade de
tempo para participar, já que são muitas opções no ambiente escolar.
TABELA 2 – O que você mais gostou nas aulas?
OPÇÕES RESULTADO
Brincadeiras 5%
Pequenos jogos 10%
Jogo de futsal 80%
A tabela 2, o resultado de 80%, demonstra o grande interesse do jogar o futsal,
pois diariamente eles jogam pelada em qualquer espaço da escola ou comunidade.
Quanto às brincadeiras e os pequenos jogos, alguns ainda, tem o interesse de conhecer
algo a mais do que o jogo propriamente dito.
TABELA 3 – O que você achou das aulas teóricas?
OPÇÕES RESULTADO
Ótima 5%
Boa 10%
Regular 85%
A tabela 3 indica o desinteresse dos alunos em aulas expositivas, explicitando
que a atividade prática é bastante motivada. É sabido desse interesse, pois durante as
aulas, os alunos verbalizam comentários a respeito dessa metodologia.
TABELA 4 – Qual a motivação na participação das aulas?
OPÇÕES RESULTADO
Muitas vezes motivado 90%
Poucas vezes motivado 5%
Nenhuma vez motivado 5%
A tabela 4 apresenta o interesse dos alunos pelas aulas estando sempre
motivados, mesmo com alguns temas como atividades-brincadeiras, com um percentual
baixo de interesse específico, conforme quadro-tabela par.
TABELA 5 – Que outra atividade você gostaria de participar?
OPÇÕES RESULTADO
Torneio de Futsal 30%
Escolinha de Futsal 40%
Jogos Internos de Futsal 30%
A tabela 5 – O nivelamento do interesse nas três atividades propostas, é
perceptível, no cotidiano escolar, onde os alunos já participam de torneio na
comunidade e jogos internos promovido pelo Grêmio Estudantil. Quanto a escolinha de
futsal é uma novidade possível de realização, em que um grande número de
participantes afeririam a sua motivação em aprender o jogo/esporte, mesmo sendo por
um período determinado.
Por fim, a coleta de dados focaliza as necessidades e interesses dos nossos
alunos, sendo um apanhado geral dos objetivos atingidos no PST, na atividade Futsal –
Jogo e Esporte uma relação de interação. A partir desses dados poderemos argumentar
os novos desejos do alunado, em usufruir da atividade da Educação Física, Jogo e
Esporte, prevista no Currículo Escolar e no projeto político-pedagógico da Instituição.
6 – CONCLUSÃO
Conforme a fundamentação do presente estudo, o processo ensino-aprendizagem
através do jogo para desencadear conhecimento do esporte, foi um parâmetro para as
aulas de Educação Física no ambiente da escola. Pois apresentou um resultado de
satisfação dos alunos e muita motivação no aprender de uma determinada modalidade.
Diante das respostas obtidas em geral, os índices foram bastante expressivos,
como vemos na pergunta que se refere ao desejo de participar das aulas e a outra que é o
que você mais gostou das aulas, ressalta o despertar da prática do PST.
A escolha adequada das atividades para a prática do Jogo/Esporte é outro fator
que trouxe significado no ensino, na medida em que os alunos visualizaram nesses
momentos, uma relação existente com as atividades do seu dia-a-dia, em que eles
sempre estão jogando e brincando de futsal no seu tempo livre.
Agora, a possibilidade do presente sistema metodológico e pedagógico,
dependerá de uma conscientização de todo o contexto escolar, vestir a idéia e torná-la
momento cultural dos alunos na prática da escola, através da postura dos professores,
em observar as possibilidades e apresentarem estímulos aos alunos no sentido da
cooperação com os colegas, na organização de suas dificuldades e discutir questões
sugeridas a partir do desenvolvimento do trabalho, assim percebo que o esporte é
tratado como atividade física individual e coletiva, levando a auto-satisfação,
alcançando o desejo de conhecer e o prazer da atividade com o desafio da inclusão
social.
Com essas possibilidades, a escola dará um salto de qualidade na área das
atividades esportivas, em que a relação do jogo/esporte existe interação e dependência
no ensino-aprendizagem. A escola poderá ser também um modelo positivo do sistema
educacional da localidade, incrementando inclusive o número de alunos que se fazem
presentes no âmbito escolar, atendendo aos objetivos do PST, que é o da participação
em massa da comunidade e a inclusão social dos mais necessitados.
Buscar uma melhor qualidade de vida para os educandos, é uma função
primordial de qualquer escola.
7- REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
APLE, Michael W. Educação e poder. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989.
BRANDÃO, Kátia. Lazer e Atividade Física Comunitária: Uma perspectiva de
autogestão social. In: GEBARA A. e Passos, S. C. E., Educação Física e Esporte na
Universidade: Brasília: MEC, 1988, p. 325-336.
FREIRE, J.B., SCAGLIA, Alcides. Educação como prática corporal. Scipione, 2003
Elemento de pesquisa em esporte escolar: monografia. / Bernardo Kipnis, Ana Cristina
de David.-1. ed. – Brasília: Universidade de Brasília, Centro de Educação a
Distância, 2005.
FREIRE, J.B. Educação de corpo inteiro. São Paulo: Scipione, 1989.
GRAÇA A. O ensino dos Jogos Desportivos. Porto: Faculdade de Ciências do Desporto
e de Educação Física, 1995.
HUIZINGA, Johan. Homo Ludens. São Paulo: Perspectiva, 1988.
Manifestações dos esportes/ Comissão de Especialistas de Educação Física [do
Ministério do Esporte]. – Brasília: Universidade de Brasília /CEAD, 2005.
Manifestações dos jogos / Micheli Ortega Escobar et al.- Universidade de Brasília,
Centro de Educaçãoa Distância, 2005.
KUNZ, Elenor.Transformação didático-pedagógica do Esporte.Ijuí: Unijuí, 1994.
MAGNANI, J. G. C. Antropologia e Educação Física. In: Carvalho, Y.M; Rúbio, K.
Educação Física e Ciências Humanas. São Paulo: Hucitec, 2001
RODRIGUES, Neidson. Por uma Nova Escola: o transitório e o permanente na
educação. São Paulo: Cortez, 1986.
SANTIN, Silvino. Educação Física – Uma Abordagem filosófica da corporeidade. Ijuí,
RS, 1987.
SCAGLIA, A.J. O futebol que aprende e o futebol que ensina. Campinas – São Paulo,
1999.
VEIGA, Ilma Passoas Alencastro. A Prática pedagógica do professor de didática.
Campinas, 1989
WERNER, P. Thopper, R. BUNKER, D: Teaching Games or understanding – Evolution
of de model. Toperd, Reston/VA, v. 67,n1, p. 28-33, 1996.
(1996) – Esporte Educacional / Uma proposta renovada. (Comissão de Professores de
UPE – GSEF – Recife).
8- ANEXO
1- Você já participou de alguma atividade esportiva?
( ) muitas vezes
( ) poucas vezes
( ) nenhuma vez
2- O que você mais gostou nas aulas?
( ) brincadeiras
( ) pequenos jogos
( ) jogo de futsal
3- O que você achou das aulas teóricas?
( ) ótima
( ) boa
( ) regular
4- Qual a motivação na participação das aulas?
( ) muitas vezes motivado
( ) poucas vezes motivado
( ) nenhuma vez motivado
5- Que outra atividade você gostaria de participar?
( ) Torneio de Futsal
( ) Escolinha de Futsal
( ) Jogos Internos de Futsal