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Fundação Universidade Federal do Rio Grande Departamento de Ciências Fisiológicas -
Farmacologia
Opióides
Daniela Martí Barros
• Opióides - são todas as drogas, naturais e sintéticas, com propriedades semelhantes à morfina, incluindo peptídeos endógenos.
• Opiáceos - são substâncias (alcalóides) derivadas do ópio, como a morfina e algumas semi-sintéticas como a codeína.
Histórico do Ópio
• Obtido da planta denominada Papaver somniferum, por incisão da bolsa de sementes após as pétalas terem caído. O látex branco, torna-se marrom e endurece. Esta goma marrom é o ópio.
• Utilizado a mais de 6.000 anos, pelos egípcios, gregos e romanos.
• Contém cerca de 20 alcalóides, incluindo morfina, codeína, tebaína e papaverina.
• Em 1803, Sertürner, farmacêutico alemão isolou o principal alcalóide do ópio Morfina
Papaver somniferumPapaver somniferum
Obtenção do Ópio
Alterações Estruturais
• As propriedades antagonistas estão associadas à substituição do radical metil no átomo de hidrogênio por grupos maiores, por exemplo, alil no caso da naloxona.
• Substituições nos grupos C3 e C6 da morfina alteram as propriedades farmacocinéticas.
• A substituição por um grupo metil no radical hidroxila fenólico em C3 diminui a suscetibilidade da molécula ao metabolismo hepático de primeira passagem.
Ex: codeína maior potência oral: parenteral.
Estrutura química dos analgésicos opióides
• Fenantrênicos
Agonistas fortes
- Morfina, Hidromorfona, Oximorfona
Agonistas Leves a Moderados
- Codeína, Oxicodona e Hidrocodona
Agonistas-antagonistas mistos
- Nalbufina, buprenorfina
Antagonistas
- Nalorfina, Naloxona e Naltrexona
• Fenilepitilamidas
Agonistas fortes
- Metadona
Agonistas leves a moderados
- Propoxifeno
• Fenilpiperidinas
Agonistas fortes
- Meperidina, Fentanil (principais análogos sintéticos)
Agonistas leves a moderados
- Difenoxilato
Derivados sintéticos de estrutura não relacionada com a MORFINA
• Morfinanos
Agonistas fortes
- Levorfanol
Agonistas-antagonistas mistos
- Butorfanol
Antagonistas
- Levalorfan
• Benzomorfanos
Agonistas-antagonistas mistos
- Pentazocina
Derivados sintéticos de estrutura não relacionada com a MORFINA
Farmacocinética
• Principais locais de absorçãoabsorção: via subcutânea, transdérmica, intramuscular, mucosa do nariz, boca e TGI.
• A biodisponibilidade dos opióides utilizados por via oral sofre redução devido ao metabolismo de primeira passagem.
• Ajuste da dose administrada por via oral>via parenteral.
• Os comprimidos de opióides possuem duas formas de apresentação Liberação imediata
Liberação lenta
Liberação Imediata
• absorção rápida
• picos plasmáticos elevados
• riscos de toxicidade
• maior incidência de efeitos colaterais
Liberação lenta
• conc. equilíbrio 24 h
• dupla matriz
• conc analgésicas eficazes por mais tempo (8 -12 h)
• sem picos plasmáticos de toxicidade
Distribuição
• Ligação a proteínas plasmáticas albumina e alfa-1 glicoproteína ácida.
• Distribuição em tecidos altamente vascularizados
pulmões, fígado, baço e rim
• A conc é menor no tecido muscular, mas este consiste no principal reservatório, devido ao seu volume.
• A conc no SNC é relativamente baixa em relação a outros órgãos, devido à barreira hematoencefálica.
• Compostos como a heroína e codeína atravessam mais facilmente a barreira hematoencefálica
• Esta barreira não está presente em neonatos.
Metabolismo
• Conjugação com ácido glicurônico (morfina)
• Os ésteres (meperidina e heroína) são hidrolizados por esterases hepáticas.
Excreção
• Podem ser excretados em forma inalterada ou em compostos polares pela urina.
• Os glicuronídeos são excretados na bile.
Vias de administração
• Via retal (supositórios)
• Via epidural (anestesia)
• Via transdérmica (efeitos sistêmicos) cataplasma de fentanil
• Via intranasal
• Analgesia controlada pelo paciente (CAME) - geralmente injeções endovenosas.
Farmacodinâmica
• Receptores opióides - (um), (capa), (delta),(sigma)
• Receptores ligados à proteína G
• Analgesia ao nível supra-espinhal como propriedades euforizantes, depressoras respiratórias e de dependência física decorrem da combinação de receptores e .
• Receptor pode estar relacionado com efeito disfóricos, alucinógenos e estimulantes cardíacos.
Receptores Opióides
(mu) analgesia supra-espinhal, depressão respiratória, euforia e dependência física
(capa) analgesia espinhal, miose, sedação e disforia
(delta) alterações no comportamento afetivo
(sigma) disforia, alucinações, estimulação vasomotora.
Distribuição dos receptores
• corno dorsal da medula espinhal
• certas regiões subcorticais do cérebro (tálamo, substância cinzenta periaquedutal, locais rostrais e ventrais na medula oblonga)
Efeitos dos Opióides
Sistema Nervoso Central
• Afinidade por receptores
• Analgesia - alteração da percepçãopercepção da dor e da reaçãoreação do paciente a esta dor.
• Euforia - sensação agradável de flutuar e estar livre da ansiedade e do desconforto.
• Sedação - sonolência e turvação da consciência
• Depressão respiratória - inibição dos mecanismos do tronco cerebral
Efeitos dos Opióides
Sistema Nervoso Central
• Supressão da tosse -mais especificamente a codeína.
• Miose -
• Rigidez no tronco - aumento do tônus nos grandes músculos do tronco, interferindo na ventilação
• Náuseas e vômitos - ativação da zona desencadeante quimiorreceptora do tronco cerebral.
Efeitos dos Opióides
Efeitos Periféricos
• Trato Gastrointestinal
- efeitos constipantes: da motilidade do estômago e aumento do tônus, produção de secreção gástrica.
- aumento do tônus do intestino delgado e espasmos periódicos.
- aumento do tônus do intestino grosso e das ondas propulsivas constipação
Efeitos dos Opióides
Efeitos Periféricos
• Trato Biliar
- contração do músculo liso biliar, pode ocasionar cólicas biliares.
• Trato genitourinário
- depressão da função renal ( do fluxo plasmático renal)
- do tônus do esfíncter uretral pode levar à retenção urinária.
Efeitos dos Opióides
Efeitos Periféricos
• Útero
- pode haver prolongamento do trabalho de parto
• Neuroendócrino
- estimulação da liberação do hormônio antidiurético, prolactina e somatotropina.
Uso dos opióides
• O tratamento da dor é essencial para a prática médica
• Há inúmeras situações em que é necessário proporcionar analgesia antes do diagnóstico definitivo.
Uso dos opióides
•Alguns questionamentos...
- É necessária a analgesia?
- O analgésico opióide vai obscurecer os sinais e sintomas?
- Os analgésicos opióides podem agravar a situação do paciente?
- Há possibilidade de interações medicamentosas significativas?
Uso dos opióides
• Analgesia
- a dor intensa e constante é aliviada com uso de opóides.
- a dor associada ao câncer e outras doenças terminais
- a administração do opióide a intervalos fixos é mais eficaz no alívio da dor do que a quando solicitada.
- utilização em obstetrícia - atenção - os opióides atravessam a BHE do feto, podendo provocar depressão respiratória.
Uso dos opióides
• Edema agudo de pulmão
- o mecanismo provável é redução na percepção de falta de ar ...
- da pré-carga (redução do tônus venoso)
- da pós-carga (diminuição da resistência periférica)
Uso dos opióides
• Tosse
- atualmente seu uso está bastante pelo desenvolvimento de antitussígenos sintéticos que não causam dependência.
Codeína, dextrometorfano, levopropoxifeno
• Diarréia
- elixir paregórico
Uso dos opióides
• Anestesia
- medicação pré anestésica - propriedades sedativas, ansiolíticas e analgésicas
- podem ser usados com drogas anestésicas primárias (fentanil)
- analgésicos regionais ( ação direta sobre a medula espinhal) quando administrados nos espaços epidural ou subaracnóide da medula espinhal reversão com naloxona
Efeitos tóxicos dos analgésicos opióides
• Comportamento agitado, tremor, reações disfóricas
• Depressão respiratória
• Náuses e vômitos
• Aumento da pressão intracraniana
• Constipação
• Retenção urinária
• Urticária (mais freqüente com adm parenteral)
Interações das drogas opióides
• Sedativos-hipnóticos: maior depressão do SNC, particularmente depressão respiratória.
• Tranquillizantes antipsicóticos:Sedação maior; efeitos variáveis sobre a depressão respiratória; acentuação dos efeitos cardiovasculares (ações muscarínicas e alfa-bloqueadoras).
• Inibidores da MAO: Contra-indicação relativa a todos os analgésicos opióides pela elevada incidência de coma hiperpirético e hipertensão.
Efeitos indesejados
• Tolerância - necessidade de doses cada vez maiores para produzir analgesia.
• Dependência -
• Síndrome de abstinência que pode ser precipitada pelo uso de um antagonista opióide
Preparações disponíveis
-- Alfentanil (Alfenta) parenteral
- Buprenorfina ( Buprenex) parenteral
- Butorfanol (Stadol) parenteral e nasal
- Codeína, sulfato ou fosfato (genérico) oral e parenteral
- Dezocina (Dalgan) parenteral
- Fentanil (Sublimaze) parenteral e sist. Transdérmico
- Hidromorfona (Dilaudid) oral, parenteral e retal
- Levorfanol (Levo-Dromoran) oral e parenteral
- Meperidina (genérico, Demerol) oral e parenteral
- Metadona (Dolofina) oral
Preparações disponíveis
--Morfina, sulfato (genérico, outros) oral, oral de liberação prolongada (MS-Contin), parenteral e retal
- Nalbufina (genérico, Nubain)
- Oxicodona (genérico) oral
- Oximorfona (Numorphan) parenteral e retal
- Pentazocina (Talwin) oral e parenteral
- Propoxifeno (genérico, Darvon Pulvules, outros) oral
- Sufentanil (Sufenta) parenteral
Combinações analgésicas
- Codeína/acetaminofeno
- Codeína/ aspirina
- Hidrocodona/acetaminofeno
- Oxicodona/acetaminofeno
- Oxicodona/aspirina
- Propoxifeno/aspirina