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Fortalecimento de Associações de Remanescentes de Quilombos do Vale do Ribeira (SP)

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Fortalecimento de Associações de Remanescentes de Quilombos do Vale do Ribeira (SP)

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Universidade Estadual de Campinas

PREAC

Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários Programa Universidade Solidária

Projeto

Fortalecimento de Associações de Remanescentes de Quilombos do Vale do Ribeira (SP)

Coordenadores

Celso Costa Lopes Miriam Dupas Hubinguer

Parceria Institucional

UNISOL - Universidade Solidária - Programa Quilombos

Patrocínio

UFRJ-CNPq PREAC/UNICAMP

R E L A T Ó R I O T É C N I C O

14 de março de 2004

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Participantes do Projeto

Unicamp

Bruna M. Vasconcelos Celso Costa Lopes Elisangela Coelho

Flavio Fernando Boni Francine Baruffi

Glaucia de Moura

Karin Deleuse Blikstad Marcelo Mazzola

Mateus Duque Erthal Patricia Carneiro de Oliveira

Pedro Henrique Pereira Costa Wilon Mazalla Neto

ComunidadesAndré Lopes

André Luis P. de Moraes Carlos Roberto de Silva Moraes

Flávio Martins de França Maurício Pereira Pupo

Galvão

Claudina Rodrigues dos Santos Eliseo Henrique dos Santos

Jaziel Aparecido Santos Jovita Furquim

Ivaporunduva

Denildo R. Moraes José Rodrigues Silva Maria da Guia Silva

São Pedro Amarildo M. de França

Antonio Morato Edson Rodrigo da Silva

Mauricio P. Lupo Nodir Dias da Guia

Sapatú

Geraldo Furquim Gizele Souza Silva Pereira Ilza de Andrade S. Pereira Maria Gonçalves Fonseca

Equipe Autora do Relatório

Bruna M. Vasconcelos Celso Costa Lopes Elisangela Moura

Flavio Fernando Boni Francine Baruffi

Glaucia de Moura

Karin Deleuse Blikstad Marcelo Mazzola

Mateus Duque Erthal Patricia Carneiro de Oliveira

Pedro Henrique Pereira Costa Wilon Mazalla Neto

Campinas, 14 de março de 2004

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Í N D I C E

APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................... 6 1 AS COMUNIDADES ................................................................................................................................. 7 2 DESENVOLVIMENTO .......................................................................................................................... 10 3 MÉTODOS E RESULTADOS................................................................................................................ 14

3.1 CONSTRUÇÃO COLETIVA DO PROJETO................................................................................... 14 Primeira visita precursora..................................................................................................................... 14 Segundo encontro da capacitação ......................................................................................................... 14 Segunda visita precursora ..................................................................................................................... 15 Terceiro encontro da capacitação ......................................................................................................... 15 Quarto encontro da capacitação ........................................................................................................... 15 Terceira visita precursora ..................................................................................................................... 16 Visitas familiares ................................................................................................................................... 16 Reuniões comunitárias........................................................................................................................... 17 Reunião de consolidação ....................................................................................................................... 18

3.2 OFICINA DE COORDENADORES ................................................................................................ 19 Primeiro Encontro – Ivaporunduva – 26 de julho ................................................................................. 19 Segundo encontro – Ivaporunduva – 9 de agosto .................................................................................. 20 Terceiro encontro – Galvão – 30 de agosto........................................................................................... 23

3.3 OFICINA DE ENCONTROS............................................................................................................ 24 Primeiro encontro – São Pedro – 21 de setembro ................................................................................. 24 Segundo encontro – André Lopes – 27 de setembro .............................................................................. 26 Terceiro encontro – Sapatú – 18 de outubro ......................................................................................... 27

3.4 OFICINA DE PROJETOS ................................................................................................................ 27 Primeiro encontro – São Pedro – 21 de setembro ................................................................................. 27 Segundo encontro – André Lopes – 27 de setembro .............................................................................. 28 Terceiro encontro – Sapatú – 18 de outubro ......................................................................................... 29

3.5 HISTÓRIAS, CASOS E LENDAS ................................................................................................... 29 Primeiro encontro – Galvão – 10 de agosto.......................................................................................... 29 Segundo encontro – São Pedro – 31 de agosto...................................................................................... 31

3.6 DANÇAS .......................................................................................................................................... 32 Primeiro ensaio – Sapatú – 8 de agosto ................................................................................................ 32 Segundo ensaio – Sapatú – 31 de agosto ............................................................................................... 33 Terceiro ensaio – Sapatú – 28 de setembro ........................................................................................... 34 Quarto ensaio – Sapatú – 18 de outubro ............................................................................................... 36

3.7 LEITURA E BRINCADEIRAS COM CRIANÇAS ......................................................................... 37 Ivaporunduva – 9 de agosto................................................................................................................... 37 Galvão – 10 de agosto ........................................................................................................................... 38 Galvão – 30 de agosto ........................................................................................................................... 39 São Pedro – 20 de setembro – manhã.................................................................................................... 41 São Pedro – 20 de setembro – tarde ...................................................................................................... 42 André Lopes – 21 de setembro............................................................................................................... 44 André Lopes – 18 de outubro................................................................................................................. 45

3.8 ERVAS ............................................................................................................................................. 46 Primeiro encontro.– Galvão –31 de agosto........................................................................................... 46 Segundo encontro – Galvão – 28 de setembro....................................................................................... 46

3.9 CAPOEIRA....................................................................................................................................... 47 André Lopes – 20 de setembro............................................................................................................... 47 André Lopes – 21 de setembro – construção de tambores..................................................................... 48 São Pedro 21 de setembro ..................................................................................................................... 48

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3.10 MÚSICA ........................................................................................................................................... 49 Encontro com violeiro João................................................................................................................... 49 Primeiro ensaio de trompete.................................................................................................................. 50 Segundo ensaio de trompete .................................................................................................................. 50

3.11 CAMINHADA ECOLÓGICA .......................................................................................................... 51 3.12 EVENTO DE ENCERRAMENTO ................................................................................................... 52

Mutirão para preparação da festa......................................................................................................... 52 Exposição............................................................................................................................................... 52 Apresentações ........................................................................................................................................ 53

4 ANÁLISE E AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES.................................................................................. 54 5 AVALIAÇÃO DO PROJETO ................................................................................................................ 58 6 CONCLUSÕES ........................................................................................................................................ 64 7 ANEXOS................................................................................................................................................... 65

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AAAPPPRRREEESSSEEENNNTTTAAAÇÇÇÃÃÃOOO

Este relatório técnico é referente ao trabalho desenvolvido pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) junto às comunidades dos bairros de André Lopes, Galvão, Ivaporunduva, São Pedro e Sapatú, através do Programa Quilombos da Universidade Solidária (UniSol) estabelecido em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) através de projeto coordenado pela Profa. Dra. Yvonne Maggie de Leers Costa Ribeiro.

O trabalho foi executado no âmbito da Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários da Unicamp (PREAC). Foi financiado pelo Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq), através da UFRJ, e pela própria PREAC. O projeto contou ainda com alojamento oferecido pelas Associações das cinco comunidades e com empréstimo de equipamentos da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp (FEA).

As atividades iniciarem-se em junho de 2003, com a elaboração da Proposta de Ação pelos coordenadores (Anexo I), a partir do convite da UniSol à Unicamp, e se estenderam até meados de dezembro, com a elaboração do presente documento.

As atividades em campo foram realizadas no período de junho a novembro e, em sua fase inicial, contemplaram a elaboração coletiva do Projeto Institucional. Este se encontra no Anexo II e sua leitura preliminar é recomendada, pois são descritas as atividades iniciais junto às comunidades – realizadas nos meses de junho e julho – que culminaram em substancial alteração da Proposta de Ação.

O relatório está organizado em sete capítulos. Inicialmente são apresentadas algumas características das cinco comunidades

participantes – localização geográfica; número de famílias, de habitantes e de associados; situação do processo de reconhecimento.

No segundo capítulo é descrito de que maneira o projeto foi desenvolvido e são apresentadas as etapas de sua execução e o cronograma das atividades realizadas.

Os métodos e resultados de cada atividade ou etapa – realizadas em campo no período de agosto a novembro de 2003 – estão descritos no capítulo 3.

No capítulo 4 são apresentadas a análise e avaliação dos resultados, comparando-os às metas e objetivos de cada atividade.

No capítulo 5 é apresentada uma avaliação do projeto. No capítulo 6 são apresentadas as conclusões, tendo como base a metodologia,

metas e objetivos do projeto inicial.

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111 AAASSS CCCOOOMMMUUUNNNIIIDDDAAADDDEEESSS

Segundo dados da Secretaria de Justiça e da Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo existem no estado trinta e cinco comunidades remanescentes de quilombos, em distintos estágios do processo de reconhecimento (Tabela 1). Tabela 1 – Comunidades de Quilombos no Estado de São Paulo e respectivos estágios do processo

de reconhecimento em janeiro de 2004.

Comunidade Processo de Reconhecimento Município Região

Camburi Em análise Caçandoca Reconhecida

Ubatuba Litoral Norte

Capivari Em análise Capivari Brotas Em análise Itatiba

Campinas

Cafundó Reconhecida Fazendinha dos Pretos Em análise Piraporinha Em análise

Salto de Pirapora

Camargo A iniciar Votorantim Fazendinha do Pilar Em análise Pilar do Sul Carmo Em análise São Roque

Sorocaba

Jaó Reconhecida Itapeva Itapeva Biguazinho Em análise Miracatu Morro Seco Em análise Iguape Mandira Reconhecida Cananéia

Baixo Vale do Ribeira e

Litoral Sul São Pedro Reconhecida Galvão Reconhecida Ivaporunduva Reconhecida Pedro Cubas Reconhecida Nhunguara Reconhecida André Lopes Reconhecida Sapatú Reconhecida Pedro Cubas de Cima Reconhecida Boa Esperança A iniciar

Eldorado Médio Vale do Ribeira

Maria Rosa Reconhecida Pilões Reconhecida São Pedro Reconhecida Nhunguara Reconhecida Praia Grande Reconhecida Porto Velho Reconhecida Bombas Em análise

Iporanga Médio e Alto Vale do Ribeira

Cedro A iniciar Ribeirão Grande A iniciar Terra Seca A iniciar Reginaldo A iniciar

Barra do Turvo

Cangume Em análise Itaóca

Alto Vale do Ribeira

(Fonte: Secretaria de Justiça e de Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo) Destas trinta e cinco, duas (São Pedro e Nhunguara) apresentam suas terras e domicílios familiares em região de fronteira de dois municípios e, portanto, aparecem duplicadas na Tabela 1.

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Cinco comunidades participaram do presente trabalho: André Lopes, Galvão, Ivaporunduva, São Pedro e Sapatú, todas no município de Eldorado. O número de famílias e da população de cada comunidade é mostrado na Tabela 2, na qual é apresentado também o número de associados nas respectivas associações de remanescentes de quilombos. Tabela 2 – Dados das cinco comunidades envolvidas neste trabalho

Associação Comunidade No de famílias

No de moradores

No de associados Fundação * Nome

André Lopes 73 327 98 1998 Associação de Remanescentes de Quilombos de André Lopes

Galvão 26 82 42 1999

Associação dos Remanescentes de Quilombos da Barra de São Pedro – Bairro Galvão

Ivaporunduva 80 278 110 1994 Associação Quilombo Ivaporunduva

São Pedro 30 115 54 1980 Associação Remanescentes de Quilombos de São Pedro

Sapatú 80 288 128 1998 Associação Remanescentes de Quilombos do Bairro Sapatu

(*) A maior parte teve origem em Associações de Bairro ou de Moradores (Fonte: Levantamento realizado junto às associações das cinco comunidades)

A Figura 1 mostra a localização das comunidades na região do Vale do Ribeira. A

Figura 2 mostra os territórios correspondentes a cada uma delas.

Figura 1 – Localização das comunidades participantes deste trabalho (Fonte: ITESP)

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Figura 2 – Territórios ocupados pelas comunidades participantes deste trabalho (Fonte: ITESP)

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222 DDDEEESSSEEENNNVVVOOOLLLVVVIIIMMMEEENNNTTTOOO

O trabalho foi desenvolvido de maneira participativa envolvendo a equipe da Unicamp, convidados (professores, alunos, funcionários da Unicamp e profissionais externos), coordenadores das associações, lideranças comunitárias e moradores em geral.

Foram adotadas metodologias nas quais a sensibilização, criatividade, integração e o caráter lúdico foram aplicados articuladamente entre si durante todo o trabalho, propiciando um processo coletivo de construção do conhecimento e fazendo dos participantes – equipe da Unicamp e moradores das comunidades – sujeitos do processo.

Os métodos e instrumentos específicos de cada etapa foram estabelecidos à medida que o trabalho se desenvolveu e serão apresentados detalhadamente, junto com os resultados correspondentes, na seção seguinte.

Na Figura 3 é mostrado de que maneira o trabalho desenvolveu-se.

Proposta de Ação

Pesquisas, Levantamentos e Encontros para Planejamento (equipe e convidados) Reuniões com Associações

Projeto

Visitas Familiares

Reuniões Comunitárias Reunião Geral de Coordenadores e Lideranças Comunitárias

Plano de Atuação

Atividades para Coordenadores das Associações e Lideranças Comunitárias Atividades Comunitárias Abertas

Oficina de Coordenadores Tema: Problemas e Meios de Solução Oficinas – Encontros – Ensaios

Oficina de Projetos Tema:

comunicação

Oficina de Encontros

Temas: resgate cultural,

integração e participação dos jovens

Grupo de Avaliação

Leituras, brincadeiras e caminhada

ecológica com crianças

Danças Histórias Casos e Lendas

Ervas Música Capoeira

Projeto de Telefonia

submetido a financiador

Organização e projeto de Encontro Regional

submetido a financiador

Gru

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ensa

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Ofic

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Evento de Encerramento

Figura 3 – Desenvolvimento do Trabalho

A Proposta de Ação (Anexo I) foi apresentada aos alunos na fase de inscrições e, posteriormente, à Associação de Ivaporunduva cujos coordenadores sugeriram substancial alteração da mesma, no sentido de envolver outras quatro comunidades vizinhas.

Assim, alternadamente em duas reuniões com as cinco associações e em dois encontros de planejamento da equipe, foi elaborado o Projeto (Anexo II).

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As visitas familiares e as reuniões comunitárias, realizadas em cada uma das cinco comunidades, forneceram os subsídios para que, na reunião geral de coordenadores e lideranças, fosse elaborado o Plano de Atuação.

Duas vertentes foram definidas: Oficina de Coordenadores, com o objetivo de integrar as associações e melhorar a capacidade de gestão e administração de seus coordenadores, e as Atividades Comunitárias Abertas, com o objetivo de fomentar e desenvolver o espírito associativista entre os moradores e de aumentar a participação dos mesmos nas respectivas associações.

A Oficina de Coordenadores, depois de dois encontros de trabalho, deu origem a

duas outras oficinas específicas, cada uma com metade dos integrantes iniciais: Oficina de Projetos, com o objetivo de capacitar os coordenadores na elaboração de projetos e de escrever um projeto específico de comunicação comum às cinco comunidades, e a Oficina de Encontros, com o objetivo de organizar encontros para integrar os moradores, aproximar os jovens das associações e valorizar a cultura quilombola.

O resultado tangível da Oficina de Projetos foi um projeto de Implantação de Sistema Telefônico nas cinco comunidades, submetido pelas associações a dois financiadores (Petrobrás e Banco do Brasil) e ainda sob análise dos mesmos.

O resultado tangível da Oficina de Encontros foi a programação do I Encontro de Comunidades Quilombolas do Vale do Ribeira: REVELANDO A CULTURA QUILOMBOLA, cuja organização contou com a colaboração de quase todos os membros da equipe da Unicamp, os quais submeteram projeto institucional à universidade. Foram obtidos apoios (UniSol, ITESP, FUNCAMP, FEA/Unicamp) e patrocínios (Banco do Brasil, PREAC/Unicamp). O evento realizou-se nos dias 13 e 14 de dezembro.

Os resultados tangíveis das Atividades Comunitárias foram: Leituras e Brincadeiras

com as crianças (em todas comunidades); Caminhada Ecológica (em André Lopes); Danças Tradicionais (Sapatu e São Pedro); Encontros com antigos moradores que contaram histórias, casos e lendas (São Pedro e Galvão); Ervas Medicinais (Galvão); Oficina de Capoeira (André Lopes)

A Tabela 2 mostra o cronograma geral do trabalho. As datas das atividades em

campo foram decididas nas reuniões com os coordenadores e lideranças.

Tabela 2 – Cronograma Geral do Trabalho Data Evento Resultado

02/06 Elaboração da Proposta de Ação

Proposta elaborada e enviada à Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários e à UniSol

3 a 6/6 Inscrição de alunos 13 alunos inscritos 14 e 15/6 Capacitação (1ª fase) Apresentação; conceitos e princípios; integração. 16 a 26/6 Levantamento de informações Dados e informações levantadas e analisadas

19 a 21/6 1ª viagem precursora – apresentação da Proposta de Ação

Contraproposta apresentada pela Associação de Ivaporunduva; encontro com coordenadores de outras 4 Associações; proposições das Associações

27 a 29/6 Capacitação da equipe – 2ª fase

Análise da resposta das associações; elaboração de pré-projeto de atuação; integração; planejamento das demais etapas de capacitação.

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Tabela 2 – Cronograma Geral do Trabalho (continuação) Data Evento Resultado

1/7 2ª viagem precursora (quatro integrantes da equipe)

Reunião com coordenadores das cinco associações; apresentação do pré-projeto; novas proposições.

4 a 6/7 Capacitação da equipe – 3ª fase

Elaboração da segunda versão de projeto; integração; oficinas e palestras específicas para equipe; planejamento para a primeira etapa em campo.

7 a 11/7 Preparação do material Obtenção e aquisição de materiais; obtenção, leitura e análise de publicações.

8/7 Capacitação da equipe –oficina de planejamento participativo

Conceitos, métodos e instrumentos.

9 a 11/7 3º visita precursora (dois integrante da equipe)

Reunião com coordenadores das cinco associações; apresentação da segunda versão do projeto; definição das primeiras etapas do projeto; logística definida.

16/7 Capacitação da equipe –oficina de planejamento participativo

Desenvolvimento de uma proposta de trabalho em campo

20 a 24/7 Visitas familiares e reuniões comunitárias

25/7 Oficina de trabalho da equipe

26/7 Encontro de coordenadores

Reconhecimento do local e contato com moradores, definição das atividades comunitárias, priorização dos problemas das coordenações, seleção dos meios para abordá-los; organização da logística.

1 a 4/08 Encontro da Equipe: Elaboração do projeto final Projeto e plano de atuação.

8 a 10/08 Oficina de Coordenadores e Atividades Comunitárias

Aprofundamento dos problemas através de árvores de relações. Identificação das lacunas de conhecimento e das necessidades de dados e de informações.

17 e 22/08 Reuniões da Equipe Avaliação e planejamento das duas oficinas de

coordenadores e das atividades comunitárias

29 a 31/08

Oficinas de Coordenadores e Atividades Comunitárias

Definição da abordagem para a busca de soluções aos problemas. Divisão do grupo em Grupo de Projeto (Telefonia) e Grupo de Encontro (Resgate Cultural e Integração).

19 a 21/09

Oficinas de Coordenadores e Atividades Comunitárias

Grupo Encontro: definição dos objetivos, metas e temas

Grupo Projeto: discutidos: introdução, justificativa, objetivo identificação de parceiros planejamento próxima etapa

21 e 25 Reuniões da Equipe Avaliação dos trabalhos. Identificação de informações e dados a pesquisar. Planejamento das atividades futuras.

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Tabela 2 – Cronograma Geral do Trabalho (continuação) Data Evento Resultado

26 a 28/09

Oficinas de Coordenadores e Atividades Comunitárias

Grupo Encontro: definição da abrangência, data, parceiros definição da programação e atividades

Grupo Projeto: definida a meta escritos: introdução, justificativa e objetivos levantados: recursos e orçamento

10/09 Reunião da Equipe Avaliação dos trabalhos. Planejamento das atividades futuras. Preparo de atividades e materiais.

17 a 19/09

Oficinas de Coordenadores e Atividades Comunitárias

Grupo Encontro: local e cronograma definidos edição do documento apresentação aos demais coordenadores decisões de encaminhamentos: parcerias, financiadores e organizadores

Grupo Projeto: escritos: recursos e orçamento documento impresso projeto apresentado e aprovado pelos demais coordenadores

decididos encaminhamentos e responsáveis entregue uma cópia do projeto para cada associação

19 e 30/10 Reuniões da Equipe

Avaliação dos trabalhos. Planejamento das atividades futuras.

7 a 9/11 Evento de Encerramento

Exposição dos materiais produzidos nas oficinas de coordenadores e atividades comunitárias. Exposição de artesanato. Exposição de fotos. Exposição de imagens de vídeo. Apresentação dos grupos de danças. Apresentação do coro de crianças. Apresentação dos capoeiristas. Apresentação de trompete Apresentação de clowns.

14 a 16/11

Encontro da Equipe: avaliação final e organização do relatório

Formato definido. Tarefas definidas e respectivos responsáveis.

20/11 a 20/02/04 Elaboração do Relatório Relatório.

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333 MMMÉÉÉTTTOOODDDOOOSSS EEE RRREEESSSUUULLLTTTAAADDDOOOSSS

Descreve-se nesta seção os métodos e instrumentos utilizados em cada etapa do trabalho. Os resultados são apresentados e analisados.

Para melhor compreensão, este capítulo está dividido nas seções abaixo, sendo que cada uma as atividades estão apresentadas em ordem cronológica:

construção coletiva do projeto oficina de coordenadores oficina de projetos oficina de encontros histórias, casos e lendas danças leitura e brincadeiras com crianças ervas música capoeira caminhada ecológica evento de encerramento

33 ..11 CCOO NNSS TT RRUU ÇÇÃÃ OO CC OOLL EETT IIVV AA DD OO PPRR OOJJ EETT OO

Primeira visita precursora data: 21 a 23 de junho participantes: Celso atividades:

contatos iniciais apresentação e discussão da proposta inicial à associação de Ivaporunduva contato e conversa com outras 4 comunidades levantamento de informações sobre comunidades levantamento de informações para logística de apoio

resultados: contra-proposta dos diretores da associação de Ivaporunduva envolvendo outras quatro associações

reformulação da proposta inicial devido a contra-proposta apresentada aceite das cinco comunidades com linhas gerais do trabalho

referência documental: Anexo III

Segundo encontro da capacitação data: 27 a 29 atividades (24 horas):

dinâmicas para integração e reflexão de conceitos reelaboração da proposta de trabalho com base nas demandas das comunidades e informações levantadas

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identificação das lacunas de informações e conhecimentos planejamento da 3ª etapa da capacitação

referência documental: Anexo IV Segunda visita precursora

data: 01/7 participantes: Bruna, Celso, Mateus, Wilon atividades:

reunião com lideranças das comunidades levantamento de informações para apoio local

resultados definição dos objetivos do projeto definição da dinâmica dos trabalhos

referência documental: Anexo V

Terceiro encontro da capacitação data: 4 a 6 de Julho colaboradores:

Tânia Grimberg (Grupo do Santo) – Oficina de Jogos Teatrais Day Andri (Rádio Muda) – Rádios Comunitárias Pedro Castello Branco (NEPAM/Unicamp) – Quilombos Paulo Souza (Central de Movimentos Populares) – Movimento Negro Olga Moraes (Centro de Memória/Unicamp) – Raízes, História Oral e

Cidadania Magali Mendes (IEL/Unicamp) – Organização de Eventos Quilombolas Denise Fraga (IEL/Unicamp) – Linguagem e Comunicação

atividades (24 horas): dinâmicas para integração e reflexão de conceitos palestras de convidados (5) oficina de convidados (1) detalhamento do projeto (atividades, materiais, cronograma) definição do orçamento

Quarto encontro da capacitação

data: 10 de Julho colaboradores:

Nilson Arraes (FEAgri/Unicamp) – Oficina Planejamento Participativo atividades:

Oficina sobre Planejamento Participativo: conceitos e instrumentos (2 horas) Leituras e estudos (individuais e em grupo)

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Terceira visita precursora data: 9 a 11 de julho participantes: Celso e Pedro atividades:

apresentação do projeto às lideranças das comunidades organização do apoio local (hospedagem e alimentação)

resultados: definição final do cronograma das atividades em campo encaminhamento de carta aos presidentes das cinco associações afixação de cartazes-convite nas cinco comunidades

referência documental: Anexos VI, e VII Visitas familiares No período de 20 a 24 de julho foram realizadas as seguintes atividades diárias, sendo um dia em cada uma das cinco comunidades:

às 9h - Apresentação ao Presidente da Associação das 9 às 16h - Visitas às famílias: convite e conversa das 17 às 18:30h - Reunião Comunitária das 20 às 22h - Avaliação e relatório do dia

As visitas familiares foram feitas em duplas e abrangeram todos os domicílios nos

quais havia algum membro familiar presente.

Organizando as visitas

Caminhando para as casas

Visitas familiares em Sapatú Em cada domicílio foi realizada uma conversa informal que seguiu, na medida da

receptividade do morador, o seguinte roteiro: 1. Quem somos? 2. Por quê viemos? 3. O que queremos de você? 4. Quais suas histórias? 5. Como é sua família? 6. Como é viver aqui? 7. Participa de alguma atividade cultural? 8. Quais as vivências comunitárias? 9. É da associação? Por que?

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10. Seus irmãos moram aqui? 11. Quais as dificuldades? 12. Faz artesanato? 13. Seus vizinhos, amigos fazem artesanato? 14. O que você gosta de fazer? 15. Avisar sobre a reunião comunitária 16. Entregar folheto.

Praticamente em todos os domicílios as duplas foram bem recebidas, a maior parte

das vezes com um café reforçado (cuscuz, mandioca, doces) e convites para almoço, deixando claro um aspecto cultural característico.

Foram encontrados moradores que não eram remanescentes de escravos e, muitos destes, mostraram-se distantes – e até refratários – do movimento pela emancipação e direitos das comunidades quilombolas.

Os resultados dessas visitas foram utilizados para subsidiar as decisões nas respectivas reuniões comunitárias, feitas sempre ao final da tarde em cada comunidade.

Reuniões comunitárias Todas as cinco reuniões comunitárias realizadas no período de 20 a 24 de julho seguiram o seguinte roteiro:

1. Identificação de todos os participante, com fita crepe 2. Abertura 3. Apresentação do nome das pessoas (dinâmica da bola) 4. Apresentação do Projeto 5. Explicação como vai ser a reunião (tempo, objetivos etc.) 6. Apresentação das sugestões de atividades sugeridas nas visitas familiares 7. Levantar mais sugestões de atividades 8. Escolhas! Decisão pelos moradores, em grupo, das atividades a serem

realizadas na comunidade. 9. Impressões, expectativas, comentários.. 10. Fechamento com dinâmica (eventualmente proposta pelos moradores) 11. Café com acompanhamento + Música de fundo ♫ ♪ ♪ ♫ ♪

André Lopes

São Pedro

Cenas das Reuniões Comunitárias nas Comunidades

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As reuniões comunitárias foram importantes para que a equipe da Unicamp conhecesse a maior parte dos moradores e para que estes tivessem a oportunidade de conhecer toda a equipe.

Todos moradores puderam participar, tanto associados quanto não-associados. A participação dos moradores foi significativa e a freqüência às reuniões foi considerada boa pelos moradores, segundo seus referenciais de outras reuniões locais:

20/7 - Sapatu - 42 presentes 21/7 - Ivaporunduva - 44 presentes 22/7 - São Pedro - 35 presentes

23/7 - André Lopes - 57 presentes 24/7 - Galvão - 49 presentes Como resultado, as seguintes atividades foram indicadas:

André Lopes - capoeira/ brincadeiras / educação ambiental / Galvão - histórias / música Ivaporunduva - teatro / histórias / violeiros São Pedro - histórias / dança / música / violeiro Sapatu - dança / música / histórias

Reunião de consolidação Tendo em vista o caráter coletivo da construção do projeto, em 25 de julho, depois das visitas familiares e reuniões nas cinco comunidades, a equipe reuniu-se durante todo o dia para preparar a reunião geral de coordenadores. As metas foram:

1. Refletir quanto às visitas: impressões e observações 2. Sistematizar os dados e informações levantadas 3. Refletir quanto às reuniões comunitárias: impressões e observações 4. Sistematizar os pedidos de oficinas abertas e decidir como atender 5. Organizar oficinas abertas (cronograma, responsáveis, comunidades,

logística) 6. Preparar documento para comunidades com organização das oficinas

abertas 7. Organizar dados e informações novos para a reunião geral de

coordenadores 8. Preparar material para a reunião geral de coordenadores

Como resultado, foram considerados os problemas identificados pelas lideranças

nas visitas precursoras e aqueles levantados pela equipe nas visitas familiares e reuniões comunitárias. Os problemas foram agrupados em 3 categorias: Comunicação; Gerenciamento; Formação e Participação.

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33 ..22 OOFF IICC IINN AA DDEE CC OO OORR DDEE NN AADD OORR EESS

Foram realizados três encontros na Oficina de Coordenadores. A meta desta Oficina foi realizar um diagnóstico dos problemas das comunidades – a partir daqueles anteriormente identificados – e fazer um planejamento de ações para buscar soluções. A seguir são descritos os três encontros. Primeiro Encontro – Ivaporunduva – 26 de julho

Local: Igreja Número de participantes: 20 Horário: 9:00 até 17:00 horas Participantes das Comunidades: Amarildo, André, Antônio, Da Guia, Edson, Elíseo, Flávio, Geraldo, Gisele, Jaziel, José Rodrigues, Jovita, Ilza, Maria, Maria da Guia, Maurício, Nodir, Pedro. Participantes da Equipe Unicamp: Bruna, Celso, Elis, Flávio, Francine, Gláucia, Karin, Marcelo, Mateus, Patrícia, Pedro e Wilon.

Objetivo Definição dos temas que seriam abordados nas oficinas de coordenadores. Planejamento das atividades do próximo encontro e das oficinas comunitárias.

Metodologia

Apresentação dos problemas anteriormente identificados, sistematizados em três categorias: 1) Gerenciamento das associações; 2) Formação e participação política; 3) Comunicação e informação;

Levantamento de outros problemas; Re-ordenamento dos problemas nas três categorias; Priorização coletiva de oito problemas; Sugestão, em grupos, dos possíveis meios de abordagem para solução dos

problemas considerados prioritários; Discussão e aprofundamento, coletivamente, dos meios para solução dos problemas

priorizados; Apresentação do resultado das visitas comunitárias, com as propostas de oficinas

demandadas em cada comunidade. Resultados A partir das discussões nos grupos sobre os principais meios para resolução dos oito problemas priorizados, foi elaborada a Tabela 4. Esta apresenta um resumo da grande abrangência do diagnóstico realizado, em que podem ser identificados problemas de falta infra-estrutura (telefone) e outros relacionados à perda cultural, falta de interesse dos jovens na associação, analfabetismo nas comunidades etc. Os meios identificados para resolução dos problemas foram diversos, entre eles: encontro para discutir cultura, meio ambiente e trabalho; pesquisa nas comunidades sobre o motivo da pouca participação dos jovens nas associações; elaboração de projetos etc.

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Tabela 4 – Problemas priorizados e meios para sua solução, segundo os coordenadores reunidos no primeiro encontro da Oficina de Coordenadores.

MEIOS PROBLEMAS PRIORIZADOS Projeto Pesquisa Organização de

Encontro Outros

1 - Dificuldade na Comunicação inter-comunidades sem transporte

Projeto de pedido de telefone

Pesquisa de diferentes formas de

comunicação

Carta aberta Parceria com advogados e Instituições

2 - Perda cultural Elaboração de um

projeto Cultural

Encontro para discutir Cultura / Meio Ambiente /

Trabalho

3 - As pessoas não acreditam na força e nem na importância da Associação para a comunidade crescer

Pesquisa sobre a

descrença na associação

Grupo de trabalho para montar conteúdo

sobre a função, importância, vitória e

dificuldades das associações

4 - Pouca formação política de lideres e da comunidade

Curso de formação política

Palestras intercomunidades para

expor a ação das associações

5 - Pouca participação dos jovens na associação

Pesquisa sobre a pouca

participação dos jovens

Encontro para discutir motivos e

soluções para a pouca participação

dos jovens

6 - Desconhecimento de métodos de elaboração de projetos

Curso básico de elaboração de

projetos

7 - Analfabetismo na Comunidade

Curso para a formação de

alfabetizadores

Parcerias para financiar

alfabetizadores locais

8 - Falta de interesse de associados e diretoria na associação

Pesquisa sobre falta de

interesse de associados e diretoria na associação

Encontro para discutir motivos e

soluções para a falta de interesse de associados e diretoria na associação

Os coordenadores também decidiram que nas próximas Oficinas seriam abordados

os seguintes temas: Diagnóstico, Levantamento de Informações, Projetos. Foi elaborado um calendário com o planejamento das ações da Equipe Unicamp nas

comunidades, com datas e atividades agendadas até o final do trabalho. Segundo encontro – Ivaporunduva – 9 de agosto

Local: Escola de Ivaporunduva Horário: 9:00 até 17:00 horas Participantes das Comunidades: Amarildo, André, Antônio, Da Guia, Edson, Elísio, Flávio, Geraldo, Gisele, Jaziel, José Rodrigues, Jovita, Ilza, Maria, Maria da Guia, Maurício, Nodir e Pedro. Participantes da Equipe UNISOL: Bruna, Celso, Francine, Marcelo, Mateus, Patrícia, Pedro e Wilon.

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Objetivos • Apresentar e discutir conceitos: diagnóstico, planejamento, elaboração de projetos. • Fazer diagnóstico crítico dos problemas priorizados no encontro anterior. • Identificar lacunas para o aprofundamento do diagnóstico e definir forma de

encontrar os dados e informações necessários Metodologia

11ºº)) Dinâmica do Barbante; 22ºº)) Explanação e discussão dos conceitos:

a. Estrutura de um projeto e função e cada item de elaboração; b. Diagnóstico crítico e planejamento- como funcionam estas ferramentas e

como podem contribuir na elucidação dos problemas apresentados. 33ºº)) Constituição de dois grupos em torno dos problemas relacionados entre si para

aprofundamento das discussões: o GRUPO 1

Pouca formação política de lideres e da comunidade; As pessoas não acreditam na força e nem na importância da Associação para a comunidade crescer;

Pouca participação dos jovens na associação; Falta de interesse de associados e diretoria na associação.

o GRUPO 2 Perda cultural; Analfabetismo na Comunidade; Dificuldade na Comunicação inter-comunidades sem transporte .

44ºº)) Dinâmica para elaboração de árvores de Relações Causa-Efeito para cada um dos problemas, onde cada participante defendia a opinião de outra pessoa no grupo;

55ºº)) Montagem das árvores de problemas, a partir da discussão no coletivo dos problemas centrais, aprofundou-se as causas (raízes) específicas de cada problema e conseqüências para a comunidade;

66ºº)) Identificação das relações entre as árvores de problemas; 77ºº)) Exposição e discussão entre todos participantes; 88ºº)) Identificação dos problemas centrais; 99ºº)) Identificação dos dados e informações faltantes para abordar os problemas centrais.

Discutindo a Árvore de Problemas

Dinâmica do Barbante

Segundo Encontro de Coordenadores – Ivaporunduva – 9 de agosto

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Resultados Nesta reunião o principal resultado foi o entendimento da complexidade de cada árvore de problema e a necessidade de outras informações para finalizá-las e entender suas correlações. Figura 4 – Árvore de Problemas resultante de Oficina de Coordenadores

Associação enfraquecida (menos beneficio para a Comunidade)

Dificuldade para colocar novas pessoas na diretoria da Associação

Pouca participação dos jovens na Associação.

Falta de interesse de associados e diretoria

na Associação.

As pessoas não acreditam na força e nem na importância da Associação para crescimento

da Comunidade

Jovens não se sentem

capacitados para atuar na

Associação.

Falta de incentivo dos mais

experientes.

Dificuldade de deixar o trabalho para realizar

as tarefas da Associação.

Pouca formação Política dos Líderes e

da Comunidade

Pessoas∗ que estão na Associação por

interesses pessoais e não por vontade de

participar.

* Remanescentes moradores e remanescentes que saíram da Comunidade

Influência das pessoas de fora da

Comunidade sobre as pessoas da

Comunidade causando descrença

na Associação.

Pessoas que não acreditam na posição de

remanescente de Quilombo.

Falta de interesse –

alguns acham que é perda de tempo.

Falta de conhecimento da cultura e da história

dos Quilombos.

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Para a continuidade do diagnóstico e definição das linhas de trabalho, os participantes identificaram as seguintes tarefas, para discussão no próximo encontro:

1. Qual é a Lei Federal e Regulamento da Embratel para instalação de telefonia pública?

2. Organizações que apóiam projetos comunitários, ambientais, etc. (quem são? Como Atuam? – dados das organizações).

3. Levantamento de formas “alternativas” de comunicação entre as comunidades. 4. Rádio Comunitária:

- Legislação para a sua implantação. - Buscar em comunidades experiências de rádios – atuação, custo de

implantação (material, treinamento, etc.). 5. Mobilizações (de pessoas): Quais? Quando? Número de pessoas?Por que? Como? 6. Vereador – como é sua eleição?

- Experiência de alguém das comunidades. 7. Analfabetismo – Quantos são? Quem são (bairro/idade)? Têm-se interesse em

estudar (quantos)? Quantos têm problema de visão (Que sabem? E que não sabem?).

8. Materiais utilizados para alfabetização de adultos e idosos? 9. Como é feito um projeto de alfabetização? 10. Valor da ajuda de custo para alfabetizadores comunitários. 11. Porque os jovens não se sentem capacitados para participar da associação? O que é

ser capacitado? 12. Quanto tempo você (associado) utiliza para as atividades da associação e para

trabalhar? As atividades da associação atrapalham o seu trabalho (para associados)? 13. Você participa das atividades da Associação? Se não, porquê? 14. Levantar dados sobre a associação: função, importância, história, vitórias,

dificuldades. Terceiro encontro – Galvão – 30 de agosto

Local: Centro Comunitário Horário: 10 até 17 horas Número presentes: Participantes das Comunidades: Amarildo, André, Antônio, Da Guia, Edson, Elísio, Flávio, Geraldo, Gisele, Jaziel, Jovita, Ilza, Maria, Maurício, Nodir e Pedro. Participantes da Equipe Unicamp: Bruna, Celso, Elis, Flávio, Francine, Gláucia, Karin, Mateus, Pedro e Wilon.

Objetivo

• Finalização das árvores de problemas; • Definição dos temas e divisão dos grupos de trabalho.

Metodologia

1º) Retomada das árvores de problemas; 2º) Refizeram-se os grupos para discussão das duas árvores de problemas.

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3º) Identificação de metas e atividades, baseado nas causas (raízes), para resolver cada problema;

4º) Discussão coletiva das árvores de problemas, discutidas nos dois grupos; 5º) Priorização de frentes de trabalho: cada participante recebeu um boneco de papel e

escolheu uma atividade pela qual se responsabilizaria em organizar. Desta forma, garantiu-se que o grupo se comprometeria a assumir tarefas que seriam cumpridas.

Resultado

Ao final da atividade definiram-se dois grupos de trabalho, que executariam tarefas independentes nas próximas Oficinas: • Grupo de Encontro Quilombola: com os objetivos de realizar um encontro entre as

comunidades quilombolas, buscando o resgate cultural e fortalecimento das associações.

Árvores de metas para sanar os problemas elencados Resgate Cultural:

1 – Divulgar a importância do mutirão para a vida comunitária. 2 – Fortalecer a cultura local, os costumes tradicionais. 3 – Conscientizar a juventude que, apesar das diferenças entre a cultura da cidade

grande e a cultura da comunidade, são muitas as qualidades, objetivos, e vontades de fazer parte da história dos Quilombos.

4 – Conscientizar os pais para passar a história dos antepassados para os filhos. 5 – Conseguir um espaço na mídia para divulgar os costumes e o dia a dia da

comunidade. 6 – Confrontar a ilusão sobre a vida nas grandes cidades com a realidade concreta. 7 – Dialogar com os organismos ambientais falando da forma que a comunidade

cultiva a terra e vive o dia a dia. 8 – Informar as comunidades da sua história: A vinda da África, a escravidão, as

lutas, a resistência quilombola, a fundação das comunidades, 9 – Formação e informação política. 10 – Divulgar a luta de negros que ficaram marcados na história da comunidade.

Fortalecimento das associações

1 – Capacitação dos jovens. 2 – Resgatar a cultura e história quilombola. 3 - Mostrar a força e importância das associações. 4 – Incentivar a participação dos jovens nas associações. 5 – Promover a formação política de líderes comunitários. 6 – Incentivar a participação de associados e diretoria nas associações.

• Grupo de Projetos: com o objetivo de elaborar de um projeto instalação de sistema de

telefonia para as cinco comunidades quilombolas.

33 ..33 OOFF IICC IINN AA DDEE EE NN CC OONN TTRR OO SS

Primeiro encontro – São Pedro – 21 de setembro Local: Igreja de São Pedro Horário: 9:00 até 17:00 horas Número de participantes: 11

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Objetivo

Definição do encontro Elaboração parcial do projeto do encontro (introdução, objetivos e metas,

justificativa) Iniciar elaboração das atividades do encontro

Metodologia

11ºº)) Dinâmica dos quebra-cabeças com peças trocadas – Grupo Encontros e Grupo Projetos juntos

22ºº)) Apresentação e discussão sobre funções e importância da estrutura de um projeto. 33ºº)) Construção dos objetivos e metas coletivamente. 44ºº)) Divisão em três grupos de trabalho

elaboração da introdução; elaboração da justificativa; sugestão de atividades para o encontro.

55ºº)) Apresentação e discussão coletiva do trabalho de cada grupo 66ºº)) Elaboração experimental de algumas atividades do encontro. 77ºº)) Definição coletiva:

temas; tamanho e abrangência; público alvo; forma de encaminhamento; divulgação.

Resultado

Objetivos do Encontro: fortalecimento das associações. resgate cultural.

Metas do Encontro: capacitação dos jovens. incentivar a participação dos jovens na comunidade. resgatar a cultura e a historia quilombola. promover formação política de lideres da comunidade. mostrar a importância das associações. incentivar a participação dos lideres e associados nas associações.

Temas do Encontro: “Modernidade x Tradição” O conforto e as facilidades do mundo moderno frente à desvalorização dos costumes tradicionais da região.

As Raízes Africanas e Portuguesas nas Comunidades Quilombolas. Referências Negras “O Mito da Cidade” – Os Prazeres e desprazeres de viver na cidade.

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Dinâmica dos quebra-cabeças com peças trocadas – São Pedro – 21 de setembro

Segundo encontro – André Lopes – 27 de setembro Local: Igreja Horário: 9:00 até 17:00 horas Número de participantes: 11

Objetivo

Detalhar características como abrangência, data e possíveis parceiros. Definir a programação do evento (metodologia, participantes, recursos

necessários). Metodologia

11ºº)) Reapresentação, em painéis, dos objetivos e metas do encontro e das árvores de problemas.

22ºº)) Discussão coletiva sobre a programação mais adequada para o encontro, definindo-se as atividades específicas.

33ºº)) Detalhamento, em discussão coletiva, de cada atividade quanto a: conteúdo recursos e materiais equipamentos custos

44ºº)) Elaboração da Metodologia para a realização do evento, parte integrante do documento a ser enviado aos eventuais parceiros e financiadores.

55ºº)) Decisão coletiva sobre: abrangência data do evento possíveis parceiros

Resultado

As atividades e o Programa do encontro foram definidos (Anexo VIII) Decisões:

Abrangência: Comunidades Quilombolas do Município de Eldorado e Iporanga. data: 12,13 e 14 de Dezembro. Possíveis parceiros: ITESP; Unicamp; Fundação Cultural Palmares; Prefeitura Municipal de Eldorado.

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Terceiro encontro – Sapatú – 18 de outubro

Local: Escola Municipal Horário: 9:00 até 17:00 horas Número de participantes: 10

Objetivo

Definir os elementos faltantes no projeto do Encontro. Definição do cronograma do encontro. Edição final do projeto do encontro.

Metodologia

11ºº)) Discussão coletiva para definição do cronograma e divisão do grupo para edição do projeto.

22ºº)) Apresentação da proposta do Encontro aos demais coordenadores. 33ºº)) Edição do documento final em computador.

Resultado

Local definido: Sapatú Cronograma definido Documento digitado

33 .. 44 OOFF IICC IINN AA DDEE PP RR OO JJEE TTOO SS

Primeiro encontro – São Pedro – 21 de setembro Local: Escola de São Pedro Horário: 9:00 até 17:00 horas Número de presentes: 12

Participantes: André, Antônio, Edson, Elísio, Jaziel, Ilza, Maria e Nodir. Participantes da Equipe Unicamp: Celso, Flávio, Francine e Marcelo. Objetivo

Início da elaboração do projeto de telefonia. Planejamento da reunião seguinte.

Metodologia

11ºº)) Apresentação da estrutura geral de um projeto com a identificação dos dados necessários, informações já levantadas, e dados e informações faltantes;

22ºº)) Divisão em três grupos de trabalho, a saber: o discussão e escrita da introdução e justificativa do projeto; o escrita dos objetivos e metas já levantados; o elaboração de agenda de atividades dos participantes.

Resultados

Foram elaborados pelos grupos os itens: objetivos, metas, introdução e justificativas, a partir de textos elaborados por duplas.

Foram escolhidos entre os participantes dois responsáveis pela digitação do texto.

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Foram identificados os possíveis parceiros na elaboração e execução do projeto, entre eles: ITESP, Fundação Palmares, Prefeitura de Eldorado, MOAB, MAB, Anatel e ISA.

Foram definidas, como necessárias para elaboração do projeto, as seguintes apresentações para próxima reunião:

• ITESP – atividades já desenvolvidas para implantação do sistema de telefonia naquelas comunidades;

• Empresa de equipamentos – alternativas tecnológicas de sistema telefônico local (Rádio, Celular Rural, etc).

Segundo encontro – André Lopes – 27 de setembro

Local: Centro Comunitário Horário: 9:00 até 17:00 horas Número de presentes: 12

Participantes: André, Edson, Elísio, Jaziel, José Rodrigues, Ilza, Maria e Nodir Participantes da Equipe Unicamp: Celso, Flávio, Marcelo e Patrícia. Objetivo

Identificar ações já realizadas pelo ITESP para implantação de sistemas de telefonia para as comunidades

Conhecer as opções técnicas de sistemas de telefonia que se adaptem às comunidades.

Finalizar os itens restantes para escrita do projeto. Metodologia

11ºº)) Explanação do ITESP sobre solicitações anteriores à Telefonica e Anatel; 22ºº)) Explanação sobre sistemas telefônicos feita pela empresa D-TEL; 33ºº)) Discussão para definição da melhor alternativa tecnológica; 44ºº)) Discussão sobre a forma de encaminhamento do projeto; 55ºº)) Divisão em grupos, compostos de 2 moradores e um membro de equipe, para:

escrever introdução, justificativas, objetivo e metas; escrever relação de recursos necessários e orçamento; estabelecer a agenda das atividades.

Resultado

Definida a meta do projeto: Instalação de duas linhas telefônicas com um PABX com controle de tarifação e cinco ramais, um para cada Comunidade.

Requisitado à empresa D-TEL orçamento para implementação deste sistema telefônico.

Listados como possíveis financiadores: Banco do Brasil, Fundação Banco do Brasil, Petrobrás, FUSTE, ITESP, ISA, Prefeitura de Eldorado, Fundação Palmares.

Elaborados os itens do projeto: introdução, justificativa, recursos necessários e orçamento.

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Terceiro encontro – Sapatú – 18 de outubro

Local: Escola. Horário: 9:00 até 17:00 horas Número de presentes: 12

Participantes: André, Edson, Elísio, Jaziel, Ilza, Maria, Nodir e Oziel. Participantes da Equipe UNISOL: Celso, Flávio, Francine e Patrícia. Objetivo

Finalizar o projeto a partir dos textos elaborados na reunião anterior Apresentar projeto para os demais coordenadores e lideranças Decidir os próximos encaminhamentos, em reunião conjunta com todos os

coordenadores e lideranças Metodologia

11ºº)) Apresentação dos itens do projeto, pelos respectivos grupos, e identificação das lacunas e informações necessárias para finalização daqueles não concluídos;

22ºº)) Decisão coletiva para complementação das lacunas, 33ºº)) Divisão em grupos para edição do projeto; 44ºº)) Leitura do projeto concluído para todo o conjunto de coordenadores e lideranças; 55ºº)) Decisões sobre o encaminhamento do projeto para financiadores.

Resultado

Finalização do projeto; Aprovação do projeto pelo conjunto de coordenadores e lideranças; Definição das possíveis fontes financiadoras; Encaminhamento do Projeto para Petrobrás, conforme sugerido por um dos

participantes (Oziel) e sob responsabilidade deste; Impressão e distribuição de cópias do Projeto para todas as comunidades (Anexo

IX).

33 ..55 HHII SSTT ÓÓRR II AASS ,, CCAA SS OOSS EE LL EENN DD AASS

Primeiro encontro – Galvão – 10 de agosto Participantes

D. Jovita, D. Horácia, D. Claudina e sete integrantes da Equipe Unicamp (Pedro, Elis, Mateus, Wilon, Karin, Celso e Pati).

Descrição

Foi contada por Dona Jovita a origem do bairro Galvão, a partir da história de outras comunidades locais (São Pedro e Ivaporunduva). Diversas personagens e fatos marcantes foram detalhados. Datas e locais foram citados. Algumas lendas e mitos também foram contados. A conversa durou cerca de uma hora e meia. A equipe gravou uma hora em vídeo e meia hora apenas em áudio. As gravações somente serão transcritas ou editadas depois de aprovação de D.Jovita, segundo o acordo prévio firmado com a equipe da Unicamp.

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página 30

ImpressõesImpressõesImpressõesImpressões de de de de KarKarKarKarinininin Deleuse Blikstad Deleuse Blikstad Deleuse Blikstad Deleuse Blikstad

Pela manhã nos reunimos com uma das anciãs da comunidade, a Dona Jovita. Começamos

conversando sobre a fundação da comunidade, as lutas, as discórdias, as dificuldades cotidianas,

os mistérios. A conversa foi registrada por dois gravadores portáteis e por uma filmadora. Não

houve constrangimento por parte da Dona Jovita, que fez relatos amplos, divertidos e alguns bem

pessoais. Às vezes aparecia alguém na janela ou na porta, observava e ia embora. Respeitavam a

fala da anciã. Só as brincadeiras das crianças que estavam acontecendo simultaneamente

atrapalharam a gravação de áudio, mas é claro que elas não tinham culpa. O registro da filmadora

nos valeu. Através dessa oficina foi possível conhecer mais a fundo a história e os impasses na

história das comunidades. Dona Jovita sabe muito bem do valor do passado e guarda com muito

zelo essas informações. Pediu-nos cuidado para com o que foi registrado. Prometemos que o

registro não seria divulgado sem sua autorização, e que ele se tornaria propriedade da própria

comunidade ficando aos seus cuidados. Nos despedimos, muito admirados.

Dona Jovita contando as histórias, casos e lendas

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Segundo encontro – São Pedro – 31 de agosto Participantes

20 moradores jovens e adultos, inúmeras crianças e 5 integrantes da equipe da Unicamp (Celso, Wilon, Fran, Mateus e Pati).

Descrição

Foi uma conversa informal, na qual os moradores contaram lendas regionais (lobisomem, bruxas, visagens), fábulas (macaco, jacaré, cobra), histórias dos antepassados e das origens das comunidades. Diversas personagens e fatos marcantes foram detalhados. Datas e locais foram citados. A conversa durou cerca de duas horas e meia. A equipe gravou duas horas em vídeo e meia hora apenas em áudio. As gravações somente serão transcritas ou editadas depois de aprovação dos moradores, segundo o acordo prévio firmado com a equipe da Unicamp.

Por fim cantaram uma música que fizeram especialmente para o encontro, que fala sobre a história dos quilombos e os benefícios de se morar neles. A letra, abaixo, foi fornecida pela autora (Elvira Morato) e transcrita literalmente.

Q u i l o m b o v i v e n d o s u a h i s t ó r i a Criancinha dos quilombo tão querendo aprender história de antigamente vovozinha para nós não esquecer Vovozinha, vovozinha Vocês são nossa raiz Precisamos saber tudo de vocês Para nós viver feliz Futuro dos quilombinho É nós que vamos crescer Ajudando a nossa comunidade Para nós não esquecer Essa coisa do passado Não pode se acabar Aqui criança vive sossegado Não queremos outro lugar

Não queremos essa iluzão De ir embora pra a cidade Aqui temos de tudo vovozinha O sucego e a liberdade Aqui é muito gostoso Tem de tudo quanto sabor Das águas cristalinas, das colinas Das matas e das flor Vovozinha vovozinha São riqueza do sertão Sua história são aqueles documento Das futura geração Passa o tempo que passa Não tiram de nossa mão Dos filhos dos escravos Dos quilombos que hoje vive no sertão (Elvira Morato)

As pessoas estavam um pouco acanhadas no início, porém por fim todos

participaram, contaram de brinquedos e de brincadeiras antigas, de estórias locais e do orgulho de morar lá. Só faltou a presença do Senhor Edu que iria contribuir ainda mais com atividade. Fechou-se a atividade com café e bolinhos de arroz feitos pela comunidade.

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33 ..66 DDAA NNÇÇ AASS

Primeiro ensaio – Sapatú – 8 de agosto Local: Salão Comunitário da Igreja Católica Horário: das 15h às 17h Participantes da comunidade: 12 dançadores e um violeiro; grupo de espectadores

de vinte pessoas. Participantes UniSol: Elis, Flávio, Gláucia, Mateus e Patrícia.

Objetivos

Desenvolver uma oficina comunitária de dança, através de ensaio do grupo já existente na comunidade, a fim de fazer o resgate cultural de suas tradições e transmitir aos jovens estas informações.

Convidar o grupo para se apresentar no Evento Final, no dia 08 de novembro.

Descrição

Esta oficina iniciou-se às 15h no galpão da Igreja Católica de Sapatú. No local, reúne-se o grupo de danças tradicionais desta comunidade, formado quase que totalmente por idosos. O grupo tem aproximadamente quinze pessoas.

Este primeiro encontro foi fundamental para a equipe conhecer as características, problemas e desafios que o grupo de dança enfrenta. A falta de participação e transmissão das tradições foi preocupação latente no grupo. Os jovens não se interessam pelas danças tradicionais, até caçoam e dão pouco valor.

Havia dificuldades na parte musical. Eles já não têm mais violeiros ou rabequeiros. Poucas pessoas na comunidade tocam instrumento e há dificuldades no ensino musical às novas gerações. Além disso, o violonista possuía um violão velho com cordas já desafinadas.

O grupo foi, quase que exclusivamente, formado por mulheres que se apresentaram com roupas típicas destas danças. Elas contaram que antigamente os homens participavam mais. Com a falta destes, algumas delas fizeram a vez do homem nas danças.

As danças que eles praticam atualmente são a “Nhamaruca” e “Graciana”. Estas danças são típicas do folclore caipira e paulista. O violonista ‘Seu João’, chamado de “violeiro” pela comunidade, informou-nos que antigamente o conjunto musical era maior: viola, violão, rabeca e pandeiro. Isto permitia até que tocassem outros ritmos utilizados pela cultura caipira: fandango, caninha-verde, catira, cururu, mão-esquerda, quadrilha, etc. Resultado

Os moradores dançaram a Nhamaruca e a Graciana, havendo até participação de alguns jovens da comunidade e da equipe da Unicamp.

Foi marcado um novo ensaio para dia 31 de agosto, com presença da equipe UniSol. O grupo entusiasmou-se com o convite pra apresentação do Evento Final e disse que seriam convidados mais jovens da comunidade para o próximo ensaio.

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Segundo ensaio – Sapatú – 31 de agosto Local: Salão Comunitário da Igreja Católica de Sapatú Horário: 15h30min às 17h30min. Participantes da comunidade: 12 dançadores e um violeiro; jovens e crianças (20). Participantes UniSol: Bruna, Flávio, Gláucia, Pedro e Wilon.

Objetivos

Provocar um ensaio do grupo de dança já existente na comunidade, a fim de fazer o resgate cultural de suas tradições e transmitir aos jovens estas informações.

Apresentar ao grupo gravações de outras danças caipiras tradicionais. Registrar o ensaio em vídeo.

Descrição

O ensaio começou com uma hora de atraso por causa da logística do UniSol no local: preparação de material, travessia de balsa, estrada de terra. A equipe UniSol pediu desculpas e perguntou ao grupo como eram as danças da região, a história do grupo e suas dificuldades.

Seguiu-se uma discussão sobre a situação do grupo de dança, sua relação com a comunidade e perspectivas de continuidade. O grupo de dança explicou que tinham dificuldades de organização e participação da comunidade. As danças tradicionais eram vistas pelos jovens como uma nostalgia dos idosos, e não como um elo de ligação com a tradição e motivadora da integração comunitária. Os jovens que ali estavam, esperavam um outro tipo de oficina de dança, com coreografias mais modernas e comuns à diversão (forró, axé, hip-hop).

Na seqüência, Pedro, da equipe UniSol, apresentou gravações (três fitas cassetes) com modas de viola e cantigas de danças da cultura caipira paulista. O grupo reconheceu o fandango e a cana-verde. Esta última, dança típica do interior paulista e que as comunidades quilombolas também praticavam, despertou no grupo o interesse de praticar esta dança, pois estavam ficando com monotonia por dançarem apenas dois ritmos. A equipe UniSol se comprometeu a levar outra pessoa dos quilombos que soubesse esta dança ou arranjar algum material em filme para exibi-lo ao grupo numa próxima oportunidade.

O terceiro momento foi o ensaio em si, que seria filmado. Por isso, foi proposto ao grupo que o ensaio fosse filmado pela equipe da Unisol, e que o material registrado seria entregue ao grupo. Após o consentimento, prosseguimos com o ensaio.

As mulheres vestiram suas “saias típicas”, de chita florida, que acrescentaram mais pompa e formosura ao bailado. A nhamaruca é uma dança em que o violeiro canta todos os versos e os dançadores ficam em par (homem e mulher), fazendo uma coreografia em roda com bate-palmas e bate-pés. A graciana é uma dança de roda de mãos dadas em que, a partir de um verso principal, derivam outros que são declamados, improvisados ou decorados. O par que declama fica no centro da roda.

Após as danças, todos se deliciaram com café e cuscuz de arroz de arroz com amendoim, gentileza preparada com zelo pela comunidade.

Resultados

Foi marcado um novo ensaio para o dia 28 de setembro, a fim de preparar-se uma apresentação para o Evento Final.

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Houve integração do grupo de dança com alguns jovens e participação ativa de membros do UniSol no ensaio.

Impressões de Pedro PereiraImpressões de Pedro PereiraImpressões de Pedro PereiraImpressões de Pedro Pereira

O atraso já era grande. Os preparativos de finalização do fim de semana e a demora nos

transportes nos atrasaram em uma hora. Contudo, chegamos no pequeno salão da igreja onde o

grupo de dança ensaia, e estavam todos lá nos esperando. Pedimos mil desculpas e prometemos

que isso não aconteceria novamente. Eles aceitaram e começamos a conversar. Tivemos um

pequeno bate-papo sobre as danças da região, sobre a história do grupo e as dificuldades que

estavam enfrentando. Percebemos que o grupo encontrava muita dificuldade em se organizar e

em contar com a participação da comunidade. As danças tradicionais, como havíamos pensado

anteriormente, como sendo um elo de ligação com a tradição e motivadora da integração da

comunidade, aparecia mais como um grande sonho nostálgico dos idosos da comunidade. A

juventude que ali estava presente esperava um outro tipo de oficina de dança, com coreografias

mais modernas e comuns à diversão da comunidade, como o forró. Em seguida, apresentei uma

fita k7 com gravações de modas de viola, dentre elas uma gravação da caninha-verde, uma

dança típica do interior paulista, que as comunidades já dançaram. Surgiu o interesse para que

numa próxima oportunidade, aprendêssemos a dançar a cana-verde, já que os dois folguedos que

a comunidade já dançava estavam muito repetitivos. Prometi que levaria alguém de uma outra

comunidade para nos ensinar e mais material audiovisual com novas danças. Em seguida,

partimos para o “ensaio”, que seria registrado em filme. Houve um rebuliço geral, e as mulheres,

por zelo, correram atrás das saias de chita colorida para que o bailado ficasse ainda mais

formoso. A comunidade, atualmente, dança dois folguedos. Uma é a Nhamaruca, em que o

violeiro canta todos os versos e os dançadores bailam em par, numa coreografia de roda, muito

simples, com bate-palmas e bate-pés. A outra, a Graciana, é também uma dança de roda de mãos

dadas, que a partir de um verso principal, derivam uma infinidade de versinhos poéticos que de

tempos em tempos são declarados de uma pessoa para outra no meio da roda. São danças muito

singelas, que falam da realidade e dos sentimentos da comunidade. As dançadoras, por zelo,

correram atrás das saias de chita coloridas para que o bailado ficasse ainda mais formoso. Foi

um momento muito agradável, repleto de poesia. Só depois de nos cansarmos bastante, quando já

era umas 17:30h, é que paramos, tomamos um cafezinho com cuscuz de arroz e amendoim e nos

despedimos.

Terceiro ensaio – Sapatú – 28 de setembro

Local: Salão Comunitário da Igreja Católica de Sapatú Horário: 15h às 17h30min. Participantes: Pedro, Bruna, 2 violeiros, cerca de 10 dançadores, 15 espectadores.

Descrição

A oficina começou às 15h no galpão da Igreja Católica de Sapatú. Enquanto esperávamos o restante do grupo chegar, iniciamos uma conversa informal sobre as danças tradicionais da região, suas origens e sua história. Foram apresentados um livro com várias fotografias antigas sobre as danças, instrumentos musicais e tocadores da região do Vale do Ribeira.

Em seguida, Dona Elise, uma das coordenadoras do grupo, sugeriu que colocássemos no som a fita cassete com o registro da cana-verde, porque ela tinha uma sugestão de coreografia. Puxou um dos integrantes da equipe pelo braço e começou a invenção. Os violeiros presentes se apressaram para acompanhar a melodia de cana-verde e em poucos instantes já haviam aprendido a modinha. A nova coreografia causou estranhamento e muitas risadas. O restante do encontro prosseguiu com o bailado de Nhamaruca e Graciana.

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Impressões de Pedro PereiraImpressões de Pedro PereiraImpressões de Pedro PereiraImpressões de Pedro Pereira

Dessa vez não houve atraso. Pouco a pouco vão chegando as pessoas da comunidade. Enquanto

isso a prosa rola solta... Passada meia hora de espera, iniciamos conversando sobre as danças. A

conversa foi acontecendo tão naturalmente que não sentimos necessidade de expor o que

havíamos pesquisado sobre as danças tradicionais do interior paulista. Em seguida, apresentamos

o material de áudio pesquisado e lamentamos não haver conseguido algum vídeo de cana-verde

ou alguma pessoa para nos ensinar a dança. Mas era tão grande a vontade de dançar da Dona

Elise, uma das lideranças do grupo, que ela propôs uma coreografia que ela mesma havia

elaborado. Colocamos a fita k7 no som, e logo logo os violeiros presentes, que haviam levado um

aplificador foram ouvindo e reproduzindo a modinha da cana-verde. Desligamos o som e já

tínhamos a melodia. Dona Elise puxou o Pedro pelo braço e eles saíram puxando o restante do

grupo, já que faltava ânimo à maioria das pessoas. Aos poucos fomos nos contagiando. Nessa

hora percebemos como era importante que os membros da equipe Unisol se envolvessem,

celebrando o momento e dançassem, servindo de estímulo para os integrantes do grupo mais

abatidos. A coreografia improvisada ficou muito boa, apesar de Dona Elise insistir que a dança

não era daquele jeito, aquilo era uma somente uma idéia sua, baseada em observações suas ao

assistir outros grupos dançando a cana-verde. Dona Elise mostrou se preocupar muito com o

grupo, já estava até fazendo suas pesquisas e criações. Sentimos bastante essa firmeza em suas

palavras. Depois da cana-verde, engatilhamos logo a nhamaruca e a graciana, mas para estas os

ânimos estavam em baixa. Os dançadores estavam relutantes e desanimados, parecendo estar

sempre na espera que algo acontecesse. As lideranças do grupo em determinados momentos

criticaram essa postura, e o clima ficava tenso, refletindo no ânimo das danças. Depois de

ensaiar cada uma, combinamos o próximo encontro e propomos que o grupo se apresentasse nos

próximos eventos que organizaríamos. Fizemos novas promessas de levar vídeo e pessoas para

ensinarem novas coreografias, o grupo estava enfrentando dificuldades.

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Quarto ensaio – Sapatú – 18 de outubro Local: Salão Comunitário da Igreja Católica de Sapatú Horário: 15h às 17h30min. Participantes: Pedro, Elis, Gláucia, Wilon, violeiro João e cerca de 10 integrantes.

Descrição

Esta oficina aconteceu na informalidade num dia de muito sol e desânimo. Dançar era inviável, pois não haviam dançadores suficientes e dispostos. Iniciamos então uma discussão aberta e franca sobre a situação em que se encontrava o grupo de dança, suas carências, organização, falhas, propósitos e perspectivas. Foi mais de uma hora de discussão, de onde tiramos uma lista com fatos, críticas e propostas para o desenvolvimento do grupo de dança.

Impressões de Pedro PereiraImpressões de Pedro PereiraImpressões de Pedro PereiraImpressões de Pedro Pereira

O dia estava tórrido, o sol judiava. Além disso, o forró da noite anterior havia derrubado todo

mundo, era o “domingo da ressaca”. Esses foram os argumentos que o grupo precisava para

alegar a indisposição para dançar. E novamente houve problemas em conseguir material de áudio

e vídeo e pessoas que conhecessem outras coreografias para a oficina. Não havia sido por falta

de trabalho e insistência nossa. Diante desse impasse, decidimos conversar sobre os problemas

do grupo, o momento exigia e era extremamente necessário. A conversa foi longa, com alguns

momentos de tensão, mas foi possível tirar várias conclusões que estão relatadas na avaliação da

oficina de danças.

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33 ..77 LLEE IITT UURR AA EE BB RRII NN CCAA DDEE IIRR AA SS CCOO MM CCRR IIAA NNÇÇ AA SS

Com as crianças, em geral, foram desenvolvidas as seguintes atividades: histórias

leitura, pela equipe Unicamp, de livros infantis que foram escolhidos anteriormente e também livros que as próprias crianças tinham na escola

oral, pela equipe da Unicamp e pelas crianças mais velhas representação e encenação

desenhos e pinturas – crianças representavam contadas e outros temas brincadeiras –brincadeiras locais e jogos cooperativos

Nas seções a seguir são descritas as atividades realizadas em cada uma das comunidades e são apresentados os resultados observados.

Ivaporunduva – 9 de agosto

horário: 9h participantes da comunidade: 15 crianças participantes UniSol: Pati, Elis, Gláucia, Flávio e Mateus

Objetivo

Desenvolvimento de uma oficina comunitária de brincadeiras antigas e leitura, através de livros escolhidos pela equipe UniSol e da própria comunidades.

Descrição

Foram contadas as histórias dos livros: Nós, Voou meu chapéu, A velhinha que dava nome as coisas, De repente!, Pedro e Tina, Estela, Trem da amizade.

Foram feitos vários desenhos coletivos. Foi dado um papel A4 para cada criança desenhar enquanto tocava uma música; quando a música parava, elas trocavam o papel com o amigo do lado e continuavam as pinturas. Foram feitas seis trocas de papel. Ao final desta atividade foi feito um "varal" de desenhos. Foram utilizados folhas brancas, giz de cera, canetinhas, lápis de cor, papel crepon e cola.

Brincamos com as crianças diversos tipos de brincadeiras ensinadas por elas e por nós.

Dança da Cadeira Cooperativa – A equipe fez cadeiras de folhas de papel no chão e as crianças circulavam ao redor delas enquanto tocava uma música. Quando a música era interrompida, todas as crianças deveriam se sentar. O número de “cadeiras” foi sendo reduzido pela equipe a cada recomeço da música e as crianças tinham que sentar no colo de outra ou dividir o espaço de uma “cadeira”.

Batata Frita... 1,2,3 – Brincadeira que as crianças propuseram. No "3" todas as crianças se deitaram no chão e não podiam se mexer. Quem se mexesse saía do jogo. A equipe sugeriu mudar a regra: quem se mexesse pagaria uma prenda, imitaria uma galinha, ou dava um abraço em um amiguinho, por exemplo.

Boneca de Lata – Consiste em contar uma história sobre uma boneca de lata bem velhinha e depois cantar a música abaixo.

♫ "Minha boneca de lata bateu com a cabeça no chão, demorou mais de um dia pra fazer a arrumação, desamassa aqui, desamassa aqui pra ficar boa (...) " ♪

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No final das atividades pintamos bolinhas com tinta guache os rostos das crianças e

demos uma bexiga e um pirulito pra cada uma, como agradecimento por terem participado das atividades até o final.

Resultado

De uma maneira geral esta atividade funcionou bem. As crianças respeitaram os espaços e a dinâmica da atividade. Tiveram dificuldade com o conceito direita/esquerda e precisaram de ajuda da equipe nesta fase.

As crianças prestaram atenção, dentro do limite delas, e pareciam gostar das histórias, principalmente quando a história do livro era relacionada com aquilo que elas faziam no seu dia a dia.

Observamos que a presença de cadeiras "de verdade" é importante para o sucesso desta atividade pois muitas vezes se perdeu o espaço imaginário de uma cadeira e as crianças se jogavam e pulavam nas outras. Algumas se ficaram excluídas nesses momentos.

Em relação as mudanças das regras do jogo as crianças aceitaram bem e a maioria pavaga com um abraço, com isso conseguimos aproximar ainda mais as crianças umas das outras.

As crianças gostaram das dinâmicas das brincadeiras que foram bastante motoras.

Brincadeiras em Ivaporunduva Galvão – 10 de agosto

Horário: 10:30h Participantes da comunidade: 20 crianças Participantes UniSol: Pati e Gláucia

Objetivo

Desenvolvimento de uma oficina comunitária de brincadeiras antigas e leitura, através de livros escolhidos pela equipe UniSol e da própria comunidades.

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Descrição

Esta oficina teve inicio as 10:30h no centro comunitário do bairro Galvão. Foram contadas as histórias dos livros: Nós, Voou meu chapéu, A velhinha que

dava nome as coisas, De repente!, Pedro e Tina, Estela, Trem da amizade e Poesia a gente inventa.

As crianças fizeram uma roda e prestaram atenção o tempo todo. Quando eram usados elementos do cotidiano delas havia mais participação e mais atenção.

Foi dado um papel A4 para cada criança desenhar enquanto tocava uma música; quando a música parava, elas trocavam o papel com o amigo do lado e continuavam as pinturas. Foram feitas seis trocas de papel. Ao final desta atividade foi feito um "varal" de desenhos. O material utilizado foi: folhas brancas, giz de cera, canetinhas, lápis de cor.

Tivemos diversas brincadeiras sugeridas por nos e por elas, entre elas Escravos de Jó – uma grande roda, cantando e passando caixinhas de fósforos ao ritmo da música e seguindo a letra.

No final das atividades pintamos bolinhas com tinta guache os rostos das crianças e demos uma bexiga e um pirulito pra cada uma, como agradecimento por terem participado das atividades até o final.

Resultados

A atividade funcionou bem. Havia crianças maiores que ajudaram as menores a passar os desenhos.

Na brincadeira de Escravos de Jó apenas uma das crianças conhecia a brincadeira. Foi bem difícil. A equipe tentou ensinar a música no início mas não funcionou bem.

Galvão – 30 de agosto

Horário: 10h Participantes da comunidade: 10 crianças Participantes UniSol: Pedro, Patrícia, Flávio e Gláucia

Objetivo

Desenvolvimento de uma oficina comunitária de brincadeiras antigas e leitura, através de livros escolhidos pela equipe UniSol e da própria comunidades.

Descrição

Com as crianças, em geral, foram desenvolvidas as seguintes atividades: leituras, desenhos, brincadeiras e músicas.

Foi dado um papel A4 para cada criança desenhar enquanto tocava uma música; quando a música parava, elas trocavam o papel com o amigo do lado e continuavam as pinturas. Foram feitas seis trocas de papel. Ao final desta atividade foi feito um "varal" de desenhos.

As brincadeiras foram desenvolvidas no campinho de futebol, primeiro fizemos um alongamento com as crianças e em seguida começamos um toque de bola, os adultos da

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comunidade se mobilizaram e também participaram da pelada. Logo em seguida brincamos de roda e quem estivesse dentro da roda recitava um versinho.

Com as flautas da Pati e o trompete do Flávio, fizemos uma demonstração de como tocar esse instrumento, logo em seguida com a curiosidade das crianças, ensinamos superficialmente como tocá-los.

Resultados

Houve total participação das crianças e dos adultos e a participação destes motivou muito as crianças. Foi grande o interesse das crianças com a musica.

Impressões de Pedro PereiraImpressões de Pedro PereiraImpressões de Pedro PereiraImpressões de Pedro Pereira

Devido aos imprevistos por causa do

atraso de parte da equipe que ainda não

havia chegado na comunidade, iniciamos

leitura de livros dentro do centro

comunitário com aproximadamente dez

crianças.

Após a chegada do restante da equipe

interrompemos a atividade e nos dirigimos

ao campinho. Iniciamos um alongamento

com algumas crianças. Com a

movimentação mais crianças chegaram e

participaram da atividade.

Depois disso trouxemos alguns

instrumentos (flautas e trompete) para as

crianças tocarem e ouvir. Após algum

tempo começamos a brincar de futebol

“dois toques” observando preceitos de

inclusão e cooperação, sem disputa e

equipes adversárias. Até os adultos

(coordenadores) entraram na brincadeira

com as crianças na pausa do café.

Encerramos as atividades para o almoço.

Na parte da tarde a situação não estava

boa. A equipe estava confusa por causa do

incidente da noite anterior, quando a

Kombi que trazia metade da equipe,

inclusive a mim, ficou em um

engarrafamento durante 10 horas pela

madrugada adentro. A parte da equipe que

já estava em Galvão ficou

preocupadíssima. Além disso, quando

chegaram na comunidade na noite anterior,

não havia energia elétrica e estavam com

poucos cobertores, passaram um aperto

que influenciou negativamente no trabalho

em Galvão.

As brincadeiras das crianças foram salvas

por elas próprias. O ânimo era tão intenso

que a alegria transbordava e acabou por

me contagiar.

Abandonei a idéia de representar o neguim d´água, personagem de uma lenda local, e

fui brincar com as crianças no campo, a bel

prazer. Levei algumas sugestões de

brincadeiras que falavam de natureza, de

cooperação e de lendas brasileiras. As

brincadeiras foram muito bem recebidas,

só algumas ficaram um pouco confusas por

dificuldades minhas em administrá-las. As

crianças estavam muito excitadas e

impacientes. Não dava tempo de eu ficar

relembrando as regras no livro que eu

levei. Elas queriam ação o tempo todo.

Alternando a isso, brincamos com as

brincadeiras locais, que eram de

conhecimento de todos. A Gláucia

participou das brincadeiras de roda, foi

muito bom. Foi muito bom até elas

começarem a me fisgar. Eram muitos

pedidos diferentes e simultâneos, e eu era

um só. Não dava para atender a todos

desejos. Tentei me desdobrar o máximo

possível, chegando a carregar várias

crianças de cavalinho, sendo que em um

momento, foram duas crianças, uma nas

costas e uma nos braços ao mesmo tempo.

Enquanto isso outras crianças pediam para

brincar de uma coisa, outras queriam

brincar de outra. Eu não dei conta e me

faltou pedagogia. Já estava todo suado,

com o corpo dolorido e todo picado. As

crianças de lá têm uma brincadeira que

imitam a picada fininha da abelha. Foi

vítima diversas vezes. Já estava esgotado.

Resultado: a noite vinha chegando (já

estávamos brincando há umas 3 horas),

tive que finalizar as brincadeiras e uma das

crianças terminou chorando. Acho que tudo

isso é natural, só que poderia ser atenuado

com a presença de mais monitores. Senti

falta da presença da equipe e de um

planejamento mais consistente.

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São Pedro – 20 de setembro – manhã

Horário: 9h Participantes da comunidade: cerca de 22 crianças Participantes UniSol: Pati e Karin Convidados: integrantes do grupo de capoeira

Objetivo

Desenvolvimento de uma oficina comunitária de brincadeiras antigas e leitura, através de livros escolhidos pela equipe UniSol e da própria comunidades.

Descrição

Esta atividade teve inicio às 9h no centro comunitário do bairro São Pedro. Foram resgatadas as brincadeiras das crianças: duro ou mole, ciranda, mão

esquerda, pega-pega. Foi proposta a brincadeira de, em roda, cantar músicas que eles conheciam e passar

uma bola no círculo. Quem estava com a bola no fim da música, falava para os outros imitar animais (cobras, macacos, cachorros, gatos, formigas, entre outros), ou dar um abraço em um amigo.

Foi feita uma roda e cada criança contou uma história que sabia e as outras escutaram. Surgiram várias histórias com animais (macacos, cobras, leões, entre outros) e alguns contos de fada clássicos (Branca de Neve, Cinderela, entre outros). Algumas das histórias as crianças escutaram dos avós e pais, outras da professora.

Foi pedido às crianças que fizessem uma coleta de material natural (folhas, flores e galhos do chão) para fazer um desenho. O material de todos foi juntado e foi feito um desenho coletivo no chão. Surgiu uma árvore.

As crianças sugeriram ir até uma parte do rio onde costumam nadar. Lá foram encontradas pedras que foram utilizadas como tinta para pintar todos: crianças e equipe.

Resultados

Esta atividade teve total participação das crianças, sem haver dispersão.

Desenhando com material da natureza

Pintura com pedras do rio

Brincadeiras em São Pedro

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São Pedro – 20 de setembro – tarde Horário: 14h Participantes da comunidade: 26 crianças Participantes UniSol: Pati, Fran e Pedro

Objetivo

Desenvolvimento de uma oficina comunitária de brincadeiras antigas e leitura, através de livros escolhidos pela equipe UniSol e da própria comunidades.

Descrição

Houve de inicio desta atividade um chamamento, dois integrantes da equipe, com fantasias e vestimentas (Pati como passarinho e Fran como Vovozinha) foram agrupando as crianças, se apresentando e conversando com as pessoas que passavam. As crianças adoraram ajudar a vovó a caminhar com sua bengalinha e queriam ficar nas "asas" e correr atrás do passarinho. O passarinho contou a história "Pássaro Encantado" de Rubem Alves, com adaptações à realidade local.

Pássaro EncantadoPássaro EncantadoPássaro EncantadoPássaro Encantado

(Rubem Azevedo Alves)(Rubem Azevedo Alves)(Rubem Azevedo Alves)(Rubem Azevedo Alves)

AdaptaçãoAdaptaçãoAdaptaçãoAdaptação

Era uma vez uma menina que tinha como

seu melhor amigo, um Pássaro Encantado.

Ele era encantado por duas razões.

Primeiro porque ele não vivia em gaiolas.

Vivia solto. Vinha quando queria. Vinha

porque amava. Segundo, porque sempre

que voltava suas penas tinham cores

diferentes, as cores dos lugares por onde

tinha voado. Certa vez voltou com penas

imaculadamente brancas, e ele contou

histórias de montanhas cobertas de neve.

Outra vez suas penas estavam vermelhas,

e ele contou histórias de desertos

incendiados pelo sol. Era grande a

felicidade quando estavam juntos. Mas

sempre chegava o momento quando o

pássaro dizia: "Tenho de partir." A menina

chorava e implorava: "Por favor não vá

fico tão triste. Terei saudades e vou

chorar...". "Eu também terei saudades",

dizia o pássaro. "Eu também vou chorar.

Mas vou lhe contar um segredo: eu só sou

encantado por causa da saudade que faz

com que as minhas penas fiquem bonitas.

Se eu não for não haverá saudade. E eu

deixarei de ser o Pássaro Encantado e

você deixará de me amar."E partia.

A menina sozinha, chorava. E foi numa

noite de saudade que ela teve a idéia: "Se

o Pássaro não puder partir, ele ficará. Se

ele ficar, seremos felizes para sempre. E

para ele não partir basta que eu o prenda

numa gaiola." Assim aconteceu. A

menina comprou uma gaiola de prata, a

mais linda.Quando o pássaro voltou eles

se abraçaram, ele contou histórias e

adormeceu. A menina, aproveitando-se do

seu sono, o engaiolou. Quando o pássaro

acordou ele deu um grito de dor. "Ah!

Menina...que é isso que você fez?

Quebrou-se o encanto. Minhas penas

ficarão feias e eu me esquecerei das

histórias. Sem a saudade o amor irá

embora...". A menina não acreditou.

Pensou que ele acabaria por

acostumar.Mas não foi isso que

aconteceu. Caíram suas plumas e o

penacho. Os vermelhos, os verdes e os

azuis das penas transformaram-se num

cinzento triste. E veio o silêncio: deixou

de cantar. Também a menina se

entristeceu. Não era aquele o pássaro que

ela amava. E de noite chorava pensando

naquilo que havia feito com seu

amigo...Até que não mais agüentou. Abriu

a porta da gaiola. "Pode ir, Pássaro", ela

disse." Volte quando você quiser..." .

"Obrigado, menina", disse o Pássaro. "Irei

e voltarei quando ficar encantado de

novo. E você sabe: ficarei encantado de

novo, quando a saudade voltar dentro de

mim e dentro de você!

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página 43

Passarinho

Vovozinha

Brincadeiras em São Pedro Passarinho e Vovozinha cantaram a música da "Boneca de Lata" e da "Serpente". A

maioria delas participou, outras somente olhavam e riam. “Boneca de Lata” consiste em cantar e tocar as partes do corpo que se fala e no fim

(desamassa aqui) tocamos todas as partes já faladas.

♪♫ "Minha boneca de lata bateu com a cabeça no chão Demorou mais de 1 dia pra fazer a arrumação Desamassa aqui, demassa aqui ... pra ficar boa. ♪♫ Minha boneca de lata bateu o pescoço no chão Demorou mais de 2 dias pra fazer a arrumação Desamassa aqui, desamassa aqui... pra ficar boa. ( ... ) " ♪♫ (a música continua por várias partes do corpo como : barriga, bumbum, perna joelho, etc. até ao 10º dia)

Já a "Música da Serpente" começa com uma pessoa contando a história de uma

serpente que perdeu vários pedaços de seu rabo na mata e agora está procurando por eles. Essa mesma pessoa começa cantando e chamando os outros para serem parte do seu rabo, até todos serem a serpente.

♪♫ "Essa é a história da Serpente que desceu do morro para procurar um pedacinho do seu rabão. Ei... você aí! É um pedacinho do meu rabãaaaooo." ♪♫

Foi feita uma caminhada até o Rio para esperar o Menino do Rio (Pedro). Mas este não apareceu por erro de comunicação entre a equipe.

As crianças folhearam vários livros e acharam várias vovós e passarinhos. Livros usados: "Histórias da mãe preta" (Heloísa Pietro), "Saci e Curupira", "A

cortina de vovó", "Poemas para brincar" e "Um passarinho me contou" (de José Paulo Paes), "Guilherme Augusto de Araújo Fernandes" (de Mem Fox), "Máscaras" (de Dominique Mães), "Histórias Africanas para contar" (de Rogério Andrade Barbosa) e "Brimbau" (de Raquel Coelho). Foi contada também a história “Uma Festa no Céu”.

Cada criança desenhou aquilo que gostava e muitas delas desenharam pássaros e vovós. O material utilizado nesta atividade foi: papel e giz de cera.

Brincamos ainda com as brincadeiras ensinadas por elas: Ovo choco e Ciranda.

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Resultado Esta atividade obteve grande envolvimento por parte das crianças uma vez que os

UniSoles já haviam brincado com elas na parte da manha. As crianças estavam bastante agitadas, havia barulho no Centro Comunitário (música de forró).

André Lopes – 21 de setembro

Horário: 15h Participantes da comunidade: 20 crianças Participantes UniSol: Gláucia, Elis, Mateus e Pedro

Objetivo

Desenvolvimento de uma oficina comunitária de brincadeiras antigas e leitura, através de livros escolhidos pela equipe UniSol e da própria comunidades.

Descrição

Houve de inicio desta atividade um chamamento, por um membro de nossa equipe que se caracterizou de defunto de André Lopes.

Essa atividade inicio-se as 15:00h na casa de uma moradora da comunidade. Com as crianças, em geral, foram desenvolvidas as seguintes atividades: leituras,

desenhos e brincadeiras. Lemos dois livros (as mascaras e o berimbau) e em seguida foi dado um papel A4

para cada criança desenhar o que elas tinham entendido das historias contadas. Fizemos suas próprias mascaras de seus desenhos e colocamos um palito de sorvete

para que elas pudessem segura-las. Ao final desta atividade foi feito um "varal" de desenhos.

O material utilizado foi: folhas brancas, giz de cera, canetinhas, lápis de cor, cola e palito de sorvete.

Resultado

Apesar da equipe não estar integrada neste dia, a oficina aconteceu da melhor forma possível com total participação das crianças.

Impressões de Gláucia de Moura Impressões de Gláucia de Moura Impressões de Gláucia de Moura Impressões de Gláucia de Moura

Chegamos em André Lopes próximo das 15:00h, já havia a presença de varias pessoas.

Enquanto eu a Elis e o Mateus arrumávamos o espaço em que iríamos trabalhar com as crianças,

o Pedro fantasia-se de defunto de André Lopes e com isso saiu a chamar as crianças que

estavam mais distantes.

A performance do Pedro estava ótima é só algumas crianças se assustaram o restante que era a

maioria adorou, até as senhoras se envolveram na brincadeira.

Começamos a ler os livros (as mascaras e o berimbau – livros levado pela Pati), em seguida

sugeri que as crianças fizessem mascaras do que elas quisessem e assim começaram a desenhar,

no final colei palitos de sorvetes nas mascaras para elas poderem segurar, fizemos um varal e

expomos as mascaras que ficaram com elas.

Para finalizar os meninos de capoeira de André Lopes começaram a tocar e rolou uma roda de

capoeira entre nos.

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André Lopes – 18 de outubro Horário: 9h Participantes da comunidade: 20 crianças Participantes UniSol: Gláucia, Wilon e Pedro

Objetivo

Desenvolvimento de uma oficina comunitária de brincadeiras antigas e leitura, através de livros escolhidos pela equipe UniSol e da própria comunidades.

Descrição

Essa atividade teve inicio às 9:00h na casa de uma moradora da comunidade. Com as crianças, em geral, foram desenvolvidas as seguintes atividades: leituras,

desenhos e brincadeiras. As brincadeiras de um modo geral foram as mais comuns como a do “passa anel” e

“quem é esse” (combina-se entre duas crianças uma terceira escolhida e as demais crianças tem que adivinhar que é essa terceira escolhida).

Resultado

Esta atividade aconteceu com a equipe muito cansada devido às várias atividades do dia anterior. Por parte das crianças tudo foi muito bem.

Impressões de Gláucia de MouraImpressões de Gláucia de MouraImpressões de Gláucia de MouraImpressões de Gláucia de Moura

Havíamos preparado a encenação da lenda do neguim d´água para apresentarmos para a

garotada. O Pedro foi até o rio mais próximo se maquiar e aguardar as crianças, que chegariam

com o Wilon, ao som da flauta. O que aconteceu foi que o Pedro observou uma boiada se

aproximando e se instalando bem no caminho que as crianças chegariam. Depois de esperar

muito, quase uma hora na mesma posição e todo enlambuzado de barro, o Pedro achou que as

crianças voltariam ao se depararem com a boiada. Retirou a maquiagem e foi atrás do restante da

equipe verificar o que havia acontecido. Com muita dificuldade, Pedro conseguiu se esquivar da

boiada e com enorme surpresa, encontrou a criançada a caminho, ansiosa para ver o neguim

d´água. Quando as crianças viram o Pedro ainda com restos de maquiagem no rosto, houve um

estranhamento total. Souberam que neguim d´água não estava mais lá, e foi grande a decepção.

Mas para não perder o ânimo, a equipe, apesar de desestruturada com a notícia, foi acompanhar

a criançada até a cachoeira, o calor estava muito forte. Chegando lá, tomamos banho e nadamos

com as crianças. Na volta, fomos ouvindo os passarinhos e identificando alguns piados. Nos

dirigimos até o centro comunitário e ficamos brincando de passa anel, por sugestão das crianças.

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33 ..88 EERR VVAA SS

Primeiro encontro.– Galvão –31 de agosto Local: Terrenos do bairro Horário: 09 às 14h Participantes da comunidade: Dona Jovita Participantes UniSol: Elis, Gláucia, Karin e Mateus.

Objetivos

Registrar as principais ervas utilizadas pelos antepassados quilombolas, a fim de fazer o resgate cultural dessa tradição e arquivar essas informações para as futuras gerações.

Descrição

Esta oficina iniciou-se às 9h no Bairro de Galvão. Andamos pelo bairro catalogando as ervas indicadas por dona Jovita.

Este primeiro encontro foi fundamental para a equipe conhecer as tradições da medicina popular do bairro.

Os hospitais ficam longe dos quilombos e os meios de transporte bastante escassos, assim, por diversas vezes a medicina popular é o único auxilio possível.

As principais dificuldades apontadas são as perdas dessas tradições, já que os mais velhos não conseguem o interesse dos mais novos para que sejam repassados esses conhecimentos.

Poucas pessoas na comunidade ainda têm conhecimento das ervas e domínio das técnicas da cura popular.

Resultado

Conseguimos catalogar 36 ervas e marcamos um novo encontro para 28 de Setembro, com a presença da equipe UniSol, dona Jovita e dona Horácia.

Segundo encontro – Galvão – 28 de setembro Local: Mata do Bairro do Galvão Horário: 8h30min às 16h30min. Participantes da comunidade: Dona Jovita Participantes UniSol: Elis, Marcelo, Mateus, Tomate e Wilon.

Objetivos

Registrar as principais ervas utilizadas pelos antepassados quilombolas, a fim de fazer o resgate cultural dessa tradição e arquivar essas informações para as futuras gerações.

Descrição

Entramos na mata a procura de ervas faltantes para nosso registro e novamente estávamos acompanhados por Dona Jovita. Fomos até sua capova, que é uma roça no meio da mata. Depois de 8h de caminhada finalizarmos nosso trabalho. Resultados

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Catalogamos mais 19 ervas a fim de preparar um registro para arquivo e apresentação no evento final.

Ervas Observadas: Abuto, Alfavaca, Algodão, Anador, Aruca, Azedinha, Boldo, Betori, Capissoró, Cana do Brejo, Carqueja, Caruru, Cibalena, Cubatão, Cupaubã, Dipirona, Embaúba Branca, Embaúba Roxa, Enxerto, Erva santa Maria, Erva Santa, Estomasil, Fé da terra, Fumo, Gegéfa, Guaxumã, Hortelã gordo, Juá, Maracujá Preto, Marcequinha, Mentrasto, Napoleão, Novalgina, Pacova, Palmito Jussara, Pega-peguinha, Picão, Pixirica, Poá-poã, Quaro, Quebra Pedra, Quina miúda, Rabo de Jacu ou bacoeira, Rama de Mandioca, Rosa mata Pasto, Rubim, Sabugueiro, São Fidélis, São Simão, Saudade, Sene, Sete sangrias, Sussussaiá, Tanchais, Tuncum, Vassoura Rainha.

X

33 ..99 CCAA PPOO EEII RR AA

André Lopes – 20 de setembro Presentes: Bruna, Karin, Jassa, Fifa, Alex, Zê, Jú. Material: instrumentos de capoeira. Moradores presentes: 30 Em nossa primeira semana de trabalho de campo, nas comunidades quilombolas do

Vale do Ribeira, foram decididas quais seriam as atividades comunitárias a serem desenvolvidas. A comunidade de André Lopes havia escolhido trabalhar com a capoeira, uma vez que existe lá um grupo de jovens e crianças que já a praticavam.

A idéia de criar um evento envolvendo a capoeira foi muito bem acolhida pelos membros da equipe Unisol. Uma parte da equipe já freqüentava um grupo de capoeira da Unicamp e em pouco tempo já havia cinco pessoas desse grupo,incluindo o mestre Jassa, que se entusiasmaram com a idéia de ir jogar capoeira com os quilombolas de André Lopes. A equipe Unisol organizou toda a questão logística e logo em seguida começaram as idéias do que poderia ser trabalhado com os moradores de lá.

André Lopes tinha um grupo de capoeira ativo, que jogava regularmente e contava com a presença de um mestre capoeirista pago com dinheiro público. Mas esse compromisso municipal não durou muito tempo. Hoje eles não possuem nenhum mestre e não praticam mais a capoeira, apesar de ainda terem forte interesse em continuar.

No sábado, dia 20 de setembro, já em campo, o grupo chegou em André Lopes com uma kombi carregada de instrumentos e capoeristas devidamente vestidos. Entraram no centro comunitário, onde havia dois rapazes vestidos como manda o figurino e algumas garotas formando uma platéia ainda tímida.

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O pessoal de Campinas dispôs todos seus instrumentos no chão enquanto se perguntavam se iriam aparecer outras pessoas, além de tentar incentivar os rapazes a tocar os instrumentos. No início os moradores da comunidade se mostraram um pouco intimidados com a presença das pessoas de fora, que a eles talvez parecessem um grupo de profissionais na eminência de avaliá-los.

Em pouco tempo a cena já era bem diferente. O mestre Jassa não teve dificuldades em se intrometer entre os jovens, brincar com eles, chamá-los pelos apelidos, ganhar sua empatia. Todos pareciam mais à vontade depois do seu esclarecimento a respeito da relação que há hoje entre a capoeira e o espírito de amizade e descontração.

Os instrumentos foram os primeiros a se manifestar. De repente o clima do ambiente mudou. Ouvia-se o som dos instrumentos em sintonia, o característico berimbau, a percussão, o reco-reco, o agogô, o pandeiro, o abe; um conjunto com o poder de levar todos ao mesmo lugar, ao movimento.

André Lopes – 21 de setembro – construção de tambores Presentes: Wilon, Bruna, Flávio, Jassa, Alex, Fifa, Ju e Zê. Material: bambu, corda, arame, couro de boi, ferramentas. Moradores presentes: 30 O grupo de capoeira além de não ter um mestre têm apenas o berimbau, o que lhes

limita o desenvolvimento de suas habilidades com os instrumentos musicais. Tendo em mente essas condições foi desenvolvida uma oficina de construção de

instrumentos utilizados nas rodas de capoeira,para familiarizar os capoeiristas da comunidade com os instrumentos existentes que eles desconhecessem. O grupo do mestre Jassa levou alguns materiais necessários para a fabricação e se informaram daqueles que poderiam ser obtidos na própria comunidade.

A atividade foi realizada na casa de um membro da comunidade.e quem comandou a atividade foi um membro de grupo de capoeira, Alex, que passava aos membros da comunidade as técnicas de construção do tambor.

Alex levou os bambus preparados, e explicou como se faz para prepará-los; a lua certa para cortá-los e como tratá-los na fogueira. As pessoas da comunidade levaram o couro de boi, furadeira e outras ferramentas.

Após uma breve explicação, começaram a construção dos tambores: furaram o bambu, prepararam e furaram o couro, montaram com arame e por fim fizeram a amarração.

Durante a oficina Alex incentivava a participação de todos os membros da comunidade. Os jovens e crianças se empenharam na construção dos instrumentos e com o auxilio dos membros mais velhos da comunidade construíram os três tambores para o grupo de capoeira de André Lopes.

São Pedro 21 de setembro Presentes: Wilon, Bruna, Pati, Karin,Fran, Marcelo, Jassa, Alex, Fifa, Ju e Zê. Material: instrumentos de percussão. Moradores presentes: 40 Foi feita uma roda com todas as pessoas da comunidade ( crianças, jovens e

adultos). A atividade teve três etapas : Roda de Capoeira na qual várias pessoas jogaram, algumas apenas olhavam e cantavam. Algumas pessoas tocaram instrumentos (berimbau,

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agogô, atabaque, pandeiro). Depois foi feita uma Roda de Samba : as pessoas ficaram um pouco acanhadas pra entrara na roda e dançar.

O mestre Jassa iniciou uma conversa descontraída sobre o espírito da Capoeira, da história e objetivo da mesma. Então a Dona Elvira cantou a música "Quilombo vivendo sua história" de sua autoria.

De forma geral a comunidade foi bastante participativa e gostou da atividade. Questionaram sobre a possibilidade de eles terem uma pessoa para ensinar Capoeira continuamente.

Capoeria em São Pedro

33 ..11 00 MMÚÚ SSII CCAA

Encontro com violeiro João Local: residência do violeiro João Horário: 18h Participantes: Pedro, violeiro João e Dona Esperança

Objetivo

Registro sonoro e transcrição das letras e versos da Nhamaruca e Graciana.

Descrição

Já era noite quando bati à porta de Seu João. Ele e sua mulher aguardavam na habitual tranqüilidade. Havíamos combinado que ele tocaria as canções das danças nhamaruca e graciana para que fossem feitos o registro escrito das letras e versos e a gravação de áudio das modinhas. Tudo transcorreu na informalidade. Seu João tocou o violão e cantou, Dona Esperança recitou os versos e eu bati mãos e pés. O encontro durou cerca de 1 hora e trinta minutos, e ao fim tínhamos em mãos o registro sonoro em fita de vídeo e quatro folhas de versos transcritas. Então nos despedimos, só depois de tomar o costumeiro cafezinho.

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Resultado

A gravação foi de muito amadorismo. Não contávamos com o equipamento adequado de gravação, e a informalidade do momento incorreu em muitos improvisos. O material foi guardado, mas não chegou a se transformar em fita k7 e livro de versos. Contudo, o material servirá de base para o trabalho que provavelmente acontecerá em 2004 com o grupo de dança de Sapatú. Primeiro ensaio de trompete

Data: 21 de setembro 2003. Horário: 11h30min às 12h30min. Local: residência do Maurício, na Comunidade de André Lopes. Participantes: Maurício (Comunidade de André Lopes) e Flávio (UniSol).

Objetivo

Desenvolvimento de uma prática musical, voltada ao aprendizado de trompete.

Descrição

Essa atividade havia sido combinada informalmente no dia anterior (20/set), durante a oficina de coordenadores. Às 1130hs Flávio dirigiu-se a casa de Mauricio, situada em frente à casa que estava ocorrendo a construção de tambores. Ambos conversaram sobre suas experiências musicais. Flávio contou sobre sua iniciação musical em banda Marcial e o caminho até a faculdade de música. Maurício teve um ensino musical ligado à Igreja Evangélica. Tocaram hinos da Igreja e alguns estudos técnicos do instrumento. Maurício mostrou dificuldades na execução das notas que são sustenidas e bemolizadas. Flávio descreveu como se processava estas alteraçãoes nos tudos do trompete com a utilização dos pistões e as correções de afinação necessárias. Além disso, entregou um rascunho da formação da escala cromática, prometendo entregar um material mais adequado num novo encontro. Encerram a atividade às 12h30min combinando um novo encontro no próximo retorno.

Resultados

Foram trocas informações musicais entre os dois participantes. Marcou-se um novo encontro e ensaio.

Segundo ensaio de trompete Data: 18 de outubro 2003. Horário: 11h30min às 12h30min. Local: residência do Maurício, na Comunidade de André Lopes. Participantes: Maurício (Comunidade de André Lopes) e Flávio (UniSol).

Objetivos

Continuar os assuntos musicais que haviam sido abordados na oficina anterior; Apresentar ao Maurício gravações modernas de trompetistas.

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Descrição

Neste dia, Flávio levou um cd com diversas gravações de trompetistas importantes da atualidade. Fizeram uma apreciação musical de concertos barrocos, clássicos e de repertório contemporâneo. Num segundo momento, Flávio deixou com Maurício uma tabela sobre como fazer a escala cromática no trompete e resolveu algumas dúvidas.

No momento final, foram abordados aspectos técnicos do instrumento e Flávio deixou alguns exercícios para Maurício desenvolver sonoridade no trompete. Situações como: relaxamento, respiração, postura corporal, ritmo e explicação das notas enarmônicas (sustenidos e bemóis) na escala cromática foram comentadas.

Resultados

Entrega de material musical para Maurício: tabelas, partituras e cd. Trocas e esclarecimentos de informações musicais.

33 ..11 11 CCAA MMII NNHH AA DDAA EE CC OOLL ÓÓGG IICC AA

Atividade: Caminhada Ecológica Data: 27/09 Local: André Lopes Duração: 5 horas. Participantes:

Unisol: Mateus e Bruna; Comunidade: Carlos (Duco), Sr. Aquilino, cerca de 25 crianças.

A atividade da caminhada ecológica foi organizada por sugestão dos membros da

comunidade que trabalham na caverna do diabo e vêem muita importância na educação das crianças em relação às questões ambientais.

A atividade foi organizada pela equipe Unisol e por Carlos (mais conhecido como Duco), da comunidade de André Lopes. As atividades começaram na casa de um membro da comunidade (Gi), quando Sr. Aquilino apareceu e contou a história da onça no buraco. e fez as crianças darem muita risada.

Em seguida foi apresentado um teatrinho de fantoches, contando a história da onça e do cutelinho durante um incêndio na floresta, com a participação das crianças como outros bichos.

Duco conversou depois com as crianças sobre como a atividade de cada um, mesmo que pareça pequena, pode fazer a diferença quando todos fazem a sua parte.

Depois, mais uma história. Desta vez Duco contou a história da raposa, da cobra e do bebê. Conversou com as crianças sobre a importância de não se julgar as pessoas apressadamente e com preconceitos.

Finalmente, a caminhada. Foi feita uma gincana com as crianças para que elas saíssem buscando lixo na comunidade, além de uma conversa sobre a importância de não sujar a sua própria casa. As crianças contaram que na casa delas há a separação de alguns tipos de lixo, e a coleta durante a gincana foi feita seletivamente.

Para fechar o trabalho foram todos os participantes juntos para o local predileto das crianças, uma cachoeira chamada “Salto” e no caminho (cerca de 10 minutos de caminhada) as crianças foram, foram muito participativas e todos da equipe Unisol e da comunidade envolvidos consideraram que a atividade foi realizada com grande êxito.

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33 ..11 22 EEVV EENN TT OO DDEE EE NNCC EERR RRAA MM EENN TTOO

Mutirão para preparação da festa Conforme acordado entre o grupo de coordenadores, a equipe da Unicamp e

representantes de todas as comunidades estariam realizando a montagem da estrutura da festa no dia 7/Nov (sexta) na comunidade de São Pedro.

Chegamos já atrasados (em torno de 9h) com o pessoal de Ivaporunduva e Galvão para iniciar o mutirão. Ao chegar muitas pessoas de São Pedro já estavam roçando a grama próxima à igreja e ao local da festa. A Kombi retornou para pegar as pessoas de André Lopes e Sapatú e iniciamos o trabalho decidindo as prioridades.

Como primeira atividade fomos cortar lenha para assar os frangos. Subimos em direção à capova de um dos moradores e cada qual trouxe o tanto de madeira que pode carregar e outros esperavam para cortar próximo ao forno.

Na seqüência fomos cortar bambus para montar a estrutura das barracas que seriam cobertas com uma lona plástica emprestada da comunidade de Ivaporunduva. Enquanto cortávamos os bambus chegou às pessoas de André Lopes e Sapatú que ajudaram no corte e na montagem das barracas e colocação da lona plástica.

Por volta de 1h terminada as tarefas “mais pesadas” todos foram almoçar, respeitando a ordem: primeiro os adultos se servem e depois as crianças. Para o almoço, levamos arroz, carne e verduras que foram complementadas e preparadas pelas mulheres da comunidade.

Depois do almoço a Kombi foi levar o pessoal de Sapatú e André Lopes e nos continuamos fazendo outras atividades, tais como: instalação elétrica, forrar as mesas, etc.

No Sábado concentramos mais as atividades na montagem do galpão para a exposição. Já o pessoal da comunidade ficou com as tarefas de assar os frangos durante todo o dia.

Exposição A exposição foi montada com a participação de membros da comunidade que

trouxeram seus trabalhos para mostra no dia 8 de Novembro na comunidade de São Pedro. Como primeira atividade organizamos o espaço e dispomos os materiais e obras de

arte que vieram dos cinco quilombos participantes. A exposição contou com uma mostra de fotografias das oficinas, paisagens e

encontros nas comunidades. Essas fotos façam organizadas em painéis e em uma exposição contínua em power point.

A arte quilombola foi demonstrada em artesanato, ferramentas, esculturas, brinquedos, músicas, folhas e sementes.

O evento contou com um vídeo composto de depoimentos e momentos do trabalho, contou ainda com livros infantis confeccionados pela parceria Unicamp e crianças quilombolas. O livro de ervas ficou parcialmente pronto e foi apresentado na exposição.

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Apresentações Das 18 às 23h foi realizada uma série de apresentações, intercaladas com o

tradicional bingo das festas dessas comunidades quilombolas. A partir das 23h ocorreu o forró, também uma manifestação das comunidades em seus dias festivos.

As apresentações foram:

• Grupo de Mão Esquerda de São Pedro – essa apresentação foi uma surpresa preparada pela comunidade de São Pedro, já que eles não haviam decidido pelos ensaios propostos pela equipe da UniSol; o grupo apresentou-se inclusive com camisetas próprias.

• Dona Elvira e as Crianças (Música: “Quilombo vivendo sua história.”) – foram três momentos: somente meninas, somente meninos e, por último, todos juntos; foram acompanhados por violão.

• Dona Jovita (Música: “Por que os negros moram lá?”) – o canto deu-se sem acompanhamento de instrumento.

• Capoeira – foi feita uma roda, com a participação de moradores de São Pedro, André Lopes, membros da equipe UniSol e do grupo de capoeira do Mestre Jahça.

• Roda de Samba – conduzida pelo grupo de capoeira do Mestra Jahça, teve a participação de muitos moradores.

• Clown (Equipe Unicamp) – quatro integrantes da equipe da UniSol fizeram duas encenações.

• Perna de Pau (Unicamp) – integrante do grupo de capoeira apresentou-se em uma perna de pau, dançando, brincando com os clowns e com as crianças.

• Grupo de Nhamaruca de Sapatú – o grupo apresentou-se com figurinos, estando presentes todos os que participaram dos ensaios, com exceção do violeiro João, que estava acamado e que foi substituído às pressas.

Impressões de Pedro PereiraImpressões de Pedro PereiraImpressões de Pedro PereiraImpressões de Pedro Pereira O evento final estava em rebuliço. O grupo de dança da mão esquerda de São Pedro já havia se

apresentado; Dona Elvira já havia colocado todos para cantar os quilombinhos, a capoeira já havia

demandado mandinga, a roda de samba do crioulo doido saculejou a cambada, a diva sertaneja

Dona Jovita já havia dado o ar da sua graça... e o grupo de dança de Sapatú? Estavam todos num

canto, alegando que o violeiro João adoeceu e estava acamado. Mas a vontade de se apresentar

era grande. Resolvemos improvisar. Convidamos um violeiro presente na festa para conduzir a

modinha e o Pedro aproveitou o registro da letra da nhamaruca para puxar a toada. Apesar da

insegurança do improviso, o grupo se saiu bem, e proporcionou mais um momento de alegria para

o evento.

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444 AAANNNÁÁÁLLLIIISSSEEE EEE AAAVVVAAALLLIIIAAAÇÇÇÃÃÃOOO DDDAAASSS AAATTTIIIVVVIIIDDDAAADDDEEESSS

Danças - Sapatú

Os impasses existentes no grupo de dança ultrapassavam as possibilidades de atuação desse projeto Unisol. Foram necessárias as quatro oficinas até termos uma conversa ampla, franca e esclarecedora. No último bate papo, chegamos às seguintes conclusões:

1) a organização interna do grupo está deficiente; 2) falta motivação na comunidade em participar do grupo; 3) faltam recursos financeiros para materiais; 4) o grupo demonstra interesse em aprender novas danças; 5) há necessidade de troca de experiências com grupos já organizados,

colaborando para encontrar alternativas para impasses.

A atividade teve dificuldade em integrar a Comunidade, pois os jovens não têm interesse em se interar com as danças tradicionais.A existência de algum projeto de dança na escola, com remuneração das pessoas da comunidade, possibilitaria um trabalho duradouro e atraente também para as futuras gerações.

Existe a necessidade de uma parceria mais consistente para que o resgate das danças seja realizado com o tempo e a estrutura necessária para o grupo comunitário.

Deve ser ressaltado que as danças observadas não são de origem africana, aproximando-se das danças caipiras do interior do Estado de São Paulo. Há, inclusive, fortes restrições por parte dos moradores na utilização de instrumentos – tambores, atabaques – típicos de danças afro-brasileiras, os quais são associados à umbanda e ao candomblé, manifestações consideradas “negativas” pelas cinco comunidades quilombolas. Brincadeiras com crianças – Todas comunidades

O trabalho com as crianças não encontrou muitas dificuldades, apesar da faixa etária variada.

Em Ivapurunduva, tivemos uma visão clara diante da dificuldade de cada criança em distinguir localizações como direita e da esquerda.

Em Galvão, as crianças tiveram um bom desenvolvimento desenhando. Exploramos muito essa atividade por serem crianças de menor idade.

Em São Pedro, encontramos crianças também curiosas, preocupadas com a vida fora do Vale.

Em André Lopes, tivemos um bom rendimento com as crianças que mostraram sempre interessadas pelas historias contadas por nós e pelas brincadeiras ensinadas por elas a nós.

Em Sapatú, encontramos dificuldade em reunir as crianças para as atividades devido à grande extensão da comunidade, a qual se encontra ao longo de 5 km de estrada. Observamos também um grande desinteresse por estórias antigas e algumas brincadeiras. Caminhada Ecológica – André Lopes

Os integrantes da equipe Unisol/Unicamp e da comunidade que participaram na organização e desenvolvimento desta atividade a consideram de grande êxito. As crianças e os adolescentes da comunidade mostraram bastante interesse e a participação foi total.

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As histórias foram ouvidas com grande atenção, e para isso contribuíram muito dois fatos principais:

• o narrador ser um membro da comunidade (Duco e Sr. Aquilino), falando com linguagem acessível e usando “ganchos” que aproximavam as histórias da realidade dos participantes;

• o material usado para criar o ambiente de “contar histórias” (o teatro de marionetes e o cenário, mesmo improvisados).

Na coleta de lixo – na comunidade e durante a caminhada – surpreendeu a

quantidade de lixo trazido pelas crianças. Todos os sacos recolhidos foram colocados para coleta do caminhão da prefeitura no local adequado. Nesta etapa da atividade, as crianças se esforçaram muito, chegando a escavar o caminho até o “Salto” (cachoeira localizada na comunidade) em busca de lixo que pudesse ser recolhido.

Vale citar que a atividade da caminhada ecológica foi organizada por sugestão dos membros da comunidade que trabalham na Caverna do Diabo e vêem muita importância na educação das crianças em relação às questões ambientais.

Os objetivos de educação ambiental, entretenimento e valorização de contadores de história locais foram, na opinião dos organizadores, alcançados. Capoeira - André Lopes e São Pedro Como os moradores quilombolas já tinham praticado a capoeira, essa era uma atividade muito esperada por todos, que tinham vontade de treinar, mas por falta de instrumentos e um instrutor não encontravam caminho para fazê-lo. A equipe de capoeira do Grupo Cultural Semente de Esperança, de Campinas, já havia trabalhado durante bastante tempo com moradores de periferia no município de Campinas e isso facilitou seu trabalho com as comunidades quilombolas. O Grupo Cultural Semente de Esperança procura trabalhar a capoeira trazendo junto valores como integração, respeito, cooperação, amor pela vida, pelo próximo e pela natureza e valorização da cultura negra, por ser a capoeira uma luta inicialmente praticada por negros fugidos nos quilombos como forma de resistência ao sistema escravista da época.

Tudo isso formou um conjunto de fatores para que a atividade de capoeira fosse muita boa. Tivemos um retorno muito grande da comunidade que ficou muito satisfeita com os momentos de integração gerados na oficina entre toda a comunidade, desde as crianças até os mais velhos.

Durante a oficina de capoeira os mais velhos davam incentivos e risadas enquanto os mais novos faziam os difíceis exercícios de alongamento, e batiam palma quando estes estavam na roda jogando. Já na oficina de tambores os mais velhos ficaram o tempo todo por perto ajudando os mais novos na confecção dos instrumentos.

Outro fator importante é que a capoeira trabalha com a auto-estima e confiança dos jovens, fazendo muitas vezes com que esses se sintam mais motivados.

De maneira geral a comunidade gostou muito das atividades desenvolvidas gerando inclusive a apresentação do grupo no evento final deste mesmo projeto, e o interesse que o Grupo fizesse um trabalho permanente na comunidade. Ervas - Galvão

As comunidades, em especial a de Galvão, na qual foi desenvolvida a maior parte do trabalho, demonstraram grande interesse em relação às ervas medicinais e remédios tradicionais caseiros.

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De acordo com as conversas e depoimentos, dois motivos principais podem explicar tal interesse: 1) falta de recurso para procurar ajuda médica sempre que alguém da comunidade fica doente e, 2) busca de reconhecimento e valorização dos costumes antigos. As pessoas mais novas da comunidade respeitam os mais velhos que tem um maior conhecimento sobre as ervas e gostam de aprender sobre elas.

Tivemos bons resultados nesta atividade com a total colaboração da dona Jovita que sempre nos auxiliou.

No primeiro encontro foi utilizada a câmera digital para registro das ervas, enquanto notas eram feitas sobre forma de preparo, uso e peculiaridades de cada uma das ervas apontadas por Dona Jovita e Dona Horácia (ambas da comunidade de Galvão). Além disso, um integrante da equipe Unisol/Unicamp ficou responsável por recolher e catalogar amostras das ervas, sempre que possível, facilitando o reconhecimento posterior das fotos retiradas da câmara digital.

A metodologia foi eficiente, os participantes (Dona Jovita, Dona Horácia e equipe Unisol/Unicamp) se mostraram preparados e empolgados com a experiência. Os resultados corresponderam às expectativas, sendo catalogadas 36 ervas neste primeiro dia.

No segundo encontro a metodologia foi mantida, mas a equipe não tinha disponível desta vez a câmera digital. A solução encontrada foi usar uma VHS normal, esperando a digitalização posterior das imagens captadas. Esta digitalização não foi tecnicamente possível e as ervas catalogadas neste segundo dia (19 ervas) não contaram com o registro fotográfico.

Desta forma, a equipe acredita que os resultados deste segundo dia foram, sim, satisfatórios, mas prejudicados pela falta de equipamento (câmera digital).

É preciso ressaltar que D. Jovita e D. Horácia somente concordaram com esta atividade depois que a equipe UniSol comprometeu-se a não divulgar os resultados obtidos. Esta posição dessas duas moradoras é partilhada por todos os moradores e Associações das cinco comunidades devido ao receio de que o conhecimento que elas possuem possam vir gerar benefícios a pessoas de fora sem que os moradores recebam qualquer compensação, em especial, renda.

Mesmo assim, como afirmou D.Jovita, as informações prestadas foram incompletas e pouco detalhadas. No caso de haver uma parceria que garanta à ela e à comunidade o direito de recebimento de renda (por direitos autorais e por conhecimento tradicional), todas as informações seriam completas, assim como as descrições de preparo e uso. Histórias Casos e Lendas - Galvão e São Pedro Com a ânsia dos idosos de contar os “causos” da comunidade e dos mais novos de terem contato com tais “causos” surgiu essa oficina. Em especial, este oficina foi muito motivada pela comunidade de São Pedro, onde há moradores antigos conscientes da necessidade do registro da memória, por acreditarem que a transmissão oral está cada vez mais difícil, tanto pelo falecimento dos mais velhos quanto pela perda do hábito das conversas e rodas de histórias, devido à maior participação da televisão no cotidiano das famílias. Nessa comunidade há, inclusive, um trabalho que já está sendo feito, embora de maneira aleatória: os mais antigos juntam-se e contam as histórias dos tempos antigos e das origens da comunidade, enquanto que os jovens, por saberem escrever, vão fazendo um diário. A oficina contou sempre com a presença de jovens, crianças e adultos muito interessados em escutar o que se falava, o que propiciou mais um momento de integração do grupo com a comunidade e principalmente entre a própria comunidade. A equipe teve muita dificuldade de arquivar todos os relatos e histórias contadas, pois na presença de câmeras e gravadores (que foram utilizados com o consentimento de

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todos os participantes da Oficina) estes se sentiam de certo modo inibidos em falar ou então ficavam prestando muita atenção na câmara e esqueciam o que diziam. Porem quando a Oficina oficialmente acabou e as câmaras e gravadores foram desligados, todos se sentiram livres para tomar um cafezinho com bolinhos de pão e conversar mais livremente sobre as histórias. Música

A oficina de música – aulas de trompete – foi uma atividade que nasceu do encontro entre Flávio e Maurício nas reuniões com os líderes da comunidade. Ela atingiu os objetivos propostos inicialmente e estes foram os resultados alcançados:

1. apresentação e entrega de material didático-informativo ao aluno participante. 2. performance e ensaios dos envolvidos.

As limitações encontradas para a realização de um trabalho efetivo de aprendizado

musical ocorreram devido à falta de tempo e reduzido número de encontros (apenas dois), em virtude das atividades prioritárias do UniSol.

Oficina do Encontro A oficina de Encontro tinha como objetivos gerais à organização de um encontro para fortalecimento das associações e para resgate cultural.

Para isso os coordenadores responsáveis tiveram que aprender também noções básicas de elaboração de projeto, tendo sido bem sucedidos neste sentido, pois foram os próprios coordenadores que se dividiram em grupos e escreveram as partes do projeto, com algum auxilio dos membros da equipe, os quais se limitavam a dar explicações sobre o conteúdo de cada parte e algumas sugestões. Como este era um projeto que circularia internamente e também iria ser enviado para alguns patrocinadores, não existia uma exigência tão rigorosa quanto à formalidade da escrita, deixando assim os quilombolas mais à vontade para escrever à sua própria maneira. Algumas outras etapas do projeto, como a definição da programação do Encontro, foram discutidas com todo o grupo e todos davam palpites sobre as atividades que achavam relevantes, sobre as pessoas mais indicadas a participar e objetos a serem expostos e desta maneira a programação do Encontro foi tomando forma. Foi uma oficina proveitosa para que os coordenadores entrassem em contato com elaboração de projetos e organização de encontros culturais, de maneira que futuramente pudessem organizar outros encontros como este. No entanto, devido ao pouco tempo que tivemos para organizar e executar o projeto, fica claro que as comunidades ainda precisariam de alguma orientação na organização de um outro encontro como este, principalmente no que diz respeito a procurar patrocinadores, uma vez que grande parte deste trabalho foi feita pela equipe da Unicamp, que tinha facilidades de comunicação, como telefone e e-mail para entrar em contato rápido com patrocinadores. Foi muito relevante no desenvolvimento da atividade à participação ativa dos membros da comunidade que junto com as pessoas da equipe da Unicamp montaram o projeto e definiram o que seria importante para a comunidade em um encontro como este.

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Oficina de Projeto A metodologia de Diagnóstico e Planejamento Participativo, utilizada para a realização desta oficina, atingiu os objetivos propostos inicialmente – a elaboração de um projeto em conjunto. Foi proporcionada a efetiva mobilização dos membros da comunidade na elaboração de um projeto para solucionar um problema considerado prioritário para as cinco comunidades: inexistência de comunicação telefônica. A equipe observou que o curto tempo de trabalho não foi suficiente para que toda a metodologia de elaboração de projetos e o formalismo da escrita formal fossem totalmente apreendidas pelos participantes da oficina, sendo necessário mais tempo de estudo e trabalho. Destacam-se como principais resultados alcançados:

1. participação ativa dos membros das comunidades na discussão e elaboração das diversas etapas do projeto;

2. finalização do projeto e seu encaminhamento a possíveis financiadores (Petrobrás e Banco do Brasil).

Atualmente, o projeto de telefonia encontra-se com financiadores e a gestão e

decisão dos próximos encaminhamentos está inteiramente sob responsabilidade das comunidades.

555 AAAVVVAAALLLIIIAAAÇÇÇÃÃÃOOO DDDOOO PPPRRROOOJJJEEETTTOOO

Este projeto foi inovador, tanto para a Unicamp quanto para as comunidades envolvidas.

No caso da Unicamp, foi o primeiro projeto de reuniu simultaneamente distintas comunidades e que foi elaborado, organizado e executado de forma totalmente participativa, envolvendo durante 6 meses uma equipe de 13 pessoas da Unicamp e 20 lideranças de 5 comunidades.

Da parte das comunidades, foi a primeira oportunidade de realizar um trabalho participativo e de se articular constantemente para todas as etapas de decisão e operacionalização do mesmo.

As visitas quinzenais às comunidades possibilitaram o trabalho com uma

metodologia que muito acrescentou aos participantes: o Planejamento Participativo, também conhecido como Construção Participativa.

O uso de tal metodologia foi fundamental no desenvolvimento das Oficinas de Coordenadores. Propiciou à equipe da Unicamp conhecer melhor a realidade e os problemas das comunidades e sentir mais confiança no trabalho a ser realizado junto com os quilombolas. Permitiu ainda a participação ativa de coordenadores das associações e de lideranças comunitárias na construção deste projeto, fato relevante principalmente porque este estava diretamente ligado com as suas comunidades, suas vidas.

Para que tal objetivo fosse alcançado foi necessário grande esforço por parte da equipe da Unicamp e por parte dos moradores participantes.

A maioria dos membros da equipe teve o primeiro contato com a metodologia do Planejamento Participativo nesse trabalho e tal fato gerou a necessidade de intensos estudos e busca por bibliografias e pessoas para que o conhecimento fosse adquirido – isso

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muito vezes gerou incertezas, inseguranças e conflitos nas decisões de como conduzir um grupo de Planejamento Participativo.

Para os moradores participantes também foi necessário significativo esforço para adotar em seus processos de decisão novos métodos, instrumentos e critérios que se originaram de uma outra racionalidade; para representar adequadamente suas respectivas comunidades; para articular os interesses de sua própria comunidade aos interesses das demais quatro. Na maior parte das comunidades, especialmente as mais coesas, houve reuniões comunitárias paralelamente a este projeto, para que as lideranças fizessem consultas e coletassem as decisões coletivas, antes de encaminhá-las às oficinas.

Essas lideranças comunitárias, através desse processo participativo de planejamento e da realização de tarefas (em especial as consultas às suas respectivas comunidades), apresentaram e discutiram seus problemas, familiarizaram com estes, descobriram novos (em suas próprias comunidades e nas demais), encontraram suas causas, e desta forma perceberam eventuais soluções para muitos deles.

Outro fator que gerou certa dificuldade para a equipe foi a própria abordagem

metodológica do projeto, pois esta apresenta um caráter imprevisível, ou seja, as atividades dependem das decisões coletivas para a sua construção e como os quilombolas têm um sistema de organização comunitária diferente – suas decisões são sempre tomadas por consenso, não há votação e decisão pela maioria – ficou complicado planejar atividades futuras, ou fechar o cronograma de trabalho, devido à demora em se obter as decisões dos moradores no período de tempo disponível e inicialmente previsto. Por outro lado o hábito da equipe, de decidir rapidamente para satisfazer o cronograma de trabalho, se preciso sob votação pela maioria, produzia um ambiente tenso e fomentava a sensação de vencedores e perdedores. Esse foi o descompasso inicial entre equipe e os moradores, cada um estava acostumado com seu sistema de trabalho. Mas com o passar das reuniões (Oficinas) tal diferença foi amenizada, com cada um aprendendo com o outro.

O inicio das Oficinas de Coordenadores foi realmente o momento que o grupo enfrentou as maiores barreiras, mas no decorrer do trabalho vimos que estas foram superadas e as metas alcançadas. Para eliminar o descompasso inicial e fortalecer a metodologia utilizada, foi introduzida uma estratégia inicialmente não prevista: reuniões com um representante de cada comunidade foram realizadas entre as etapas da Oficina de Coordenadores, para avaliação e redirecionamento das atividades, contribuindo para ressaltar pontos positivos e melhorar as falhas das Oficinas; contando com número reduzido de participantes, estas reuniões permitiram que todos se sentissem à vontade para manifestar-se.

A alternância dos locais de realização das Oficinas de Coordenadores contribuiu

para a integração entre as comunidades pois diversas lideranças só conheceram suas comunidades vizinhas graças às reuniões de trabalho deste projeto. Esta estratégia permitiu também que os moradores participantes entrassem em contato direto com os principais problemas das demais comunidades e criassem laços de companheirismo.

As Atividades Comunitárias Abertas (dança, capoeira, ervas etc), embora não

fossem o foco principal deste projeto, trouxeram importantes informações à equipe e às lideranças comunitárias e permitiram atingir, de forma complementar às Oficinas de Coordenadores, a missão de fortalecer e integrar as cinco comunidades quilombolas.

Através das atividades (brincadeiras, leituras, encenações e contação de histórias) com as crianças foi possível observar o grande potencial de se trabalhar com este segmento

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da população quilombola. Receptivas, criativa, ativas e interessadas, as crianças demonstraram que querem participar de atividades organizadas, que não são comuns nas comunidades, salvo aquelas promovidas pelas escolas locais. Foram observadas algumas dificuldades de percepção espacial e de conexão com a história quilombola, aspectos que poderiam ser melhor trabalhados no contexto escolar. No trabalho com as crianças houve limitações, por parte da equipe, de natureza organizacional e pedagógica; já que pouco tempo foi dedicado a esta preparação, devido à intensidade exigida para a preparação das Oficinas de Coordenadores.

A dança tradicional em grupos mostrou-se importante como atividade comunitária para integração e valorização cultural. Pelos relatos feitos pelos moradores e pelas observações da equipe, pode-se constatar o risco que as comunidades têm de extinção deste tipo de manifestação. Os mais velhos, que melhor dominam as danças, não se sentem valorizados – pelos demais comunitários e pelos jovens e crianças – por esta atividade. É difícil para os dançarinos disporem de tempo devido à concorrência com atividades domésticas, agrícolas e de geração de renda. Moradores vinculados a igrejas evangélicas, mesmo que ainda saibam dançar, não mais o fazem. Não há mais rabequeiros e, dos poucos violeiros que ainda existem, a maior parte não conhece as músicas dessas antigas danças. Há, por outro lado, grande interesse em se recuperar o hábito de dançar e, preferencialmente, de fazer apresentações nas comunidades e fora delas, especialmente com benefícios econômicos e financeiros.

A capoeira foi a principal atividade aberta de integração em cada comunidade e entre as comunidades. Embora já existam muitos moradores que praticam capoeira, a abordagem levada pelo Grupo Cultural Semente de Esperança surpreendeu e agradou os capoeiristas locais e os demais moradores. A capoeira não foi apresentada como uma luta, mas sim como um jogo de ritmo, dança e ginga no qual os participantes não são adversários, mas sim companheiros que estão aprendendo um com o outro. A experiência anterior das comunidades, com um instrutor de capoeira de Eldorado, havia sido de luta, disputa e de agressão, o que havia afugentado crianças e jovens – em especial mulheres. Foi apresentado também o contexto histórico da capoeira e seu caráter de união entre os integrantes dos antigos quilombos no Brasil, que não eram somente os negros fugidos, mas também negros libertos, índios e brancos. Além do jogo em si, esta atividade também teve oficina de ritmo, samba de roda e de construção de instrumentos (a partir dos recursos naturais locais). Esta última motivou os moradores da comunidade de André Lopes a pensar em uma atividade para geração de renda. O sucesso desta atividade levou a um projeto de extensão de 12 meses de duração a ser realizado pela Unicamp e Grupo Cultural Semente de Esperança.

A atividade de histórias, casos e lendas foi a mais representativa do objetivo das lideranças de resgatar e valorizar a memória das comunidades quilombolas. Os moradores antigos sentem muito prazer em contar suas lembranças; vários jovens mostram-se interessados nesta recuperação, especialmente porque lhes dá um forte sentimento de identidade e de pertencimento; algumas crianças também gostam de ouvir os mais antigos, entretanto são muito ativas e facilmente se dispersam neste tipo de atividade. Os participantes destas atividades sugeriram duas estratégias para esta recuperação: 1) a criação de um espaço de encontro para que os mais novos pudessem ouvir e tomar conhecimento, como havia anteriormente à eletricidade e à televisão; 2) a produção de material escrito que pudesse ser lido pelas crianças e, eventualmente, aproveitado pela escola. Formalmente apenas duas comunidades fizeram esta atividade, mas nos contatos informais com os demais moradores sempre foi possível ouvir sobre as origens e histórias antigas das comunidades. Há um imenso campo a ser trabalhado junto a essas comunidades, não só para que se possa recuperar suas histórias mas também para gerar produtos e atividades que permitam a obtenção de renda para as mesmas.

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O levantamento de ervas medicinais, realizado em Galvão, teve um caráter superficial e apenas ilustrativo. Questões relativas aos direitos autorais e ao reconhecimento dos conhecimentos tradicionais ainda devem ser resolvidas para que esta ação possa ser aprofundada. As lideranças comunitárias têm plena consciência de que podem ser utilizadas indevidamente para que terceiros se beneficiem em detrimento de seus direitos.

A caminhada ecológica realizada em André Lopes mostrou a necessidade de um processo de educação ambiental com caráter lúdico, de maneira a envolver as crianças e adolescentes, já que a maior parte dos jovens e adultos têm plena consciência dos problemas ambientais causados pela deposição de resíduos e pelo uso inadequado dos recursos naturais. Entretanto, esta questão não é simples e deve sempre ser abordada de uma maneira ampla. Aspectos econômicos, que afetam diretamente a sobrevivência das famílias, estão associados ao uso dos recursos naturais locais, especialmente florestais, água e solo (para agricultura). Estão em curso estudos e discussões sobre políticas públicas e legislação ambiental, de maneira a assegurar simultaneamente a conservação ambiental e a sobrevivência da população. As limitações para o correto destino do lixo são as mesmas da zona urbana: hábitos dos moradores e visitantes, possibilidades econômicas dos moradores, participação da municipalidade.

Todas as atividades comunitárias abertas atingiram os objetivos propostos, embora em alguns casos as metas estabelecidas não tenham sido totalmente atingidas. Foi através destas atividades que a equipe pôde ampliar suas relações a outros moradores, além das lideranças participantes das Oficinas de Coordenadores. Através destas atividades o projeto teve maior visibilidade e as Associações foram valorizadas: todas as demandas apresentadas pelos moradores nas atividades abertas foram encaminhadas às lideranças; os participantes das atividades abertas foram sempre motivados para apresentar às associações suas reivindicações. Foi também, através destas atividades que os moradores, em geral, tomaram contato com o projeto e com a equipe.

A equipe da Unicamp teve uma oportunidade única de crescimento pessoal, que se

iniciou pela constituição da própria equipe, a qual contou com pessoas de diversas áreas (engenharias, tecnologia, ciências sociais e música) e com pensamentos e ideologias bem heterogêneos. Soma-se a isso a superação das inúmeras inseguranças do grupo quanto ao pouco conhecimento das comunidades aonde o projeto viria a se realizar e as incertezas sobre o próprio trabalho.

Outra grande oportunidade de crescimento foi o contato com a cultura quilombola. Durante as visitas as comunidades, de maneira geral, as pessoas foram muito receptivas, se mostrando interessadas no trabalho e alegres em dizer como viviam ali e em contar suas histórias. As comunidades que abrigavam temporariamente a equipe da Unicamp, uma comunidade diferente a cada visita, sempre encontravam uma maneira de fazer uma socialização para os membros da equipe participarem, e estas socializações foram muito importantes para a integração entre equipe e comunidade e para que a equipe compreendesse melhor os costumes e valores das comunidades quilombolas.

Apesar de todas as vantagens e o crescimento propiciado pelo projeto, a equipe

Unisol/Unicamp teve problemas com a logística. Houve atrasos provenientes de engarrafamentos na BR-116, uma estrada muito perigosa. O transporte de material (alimentos, colchões e equipamentos) de uma comunidade para outra muitas vezes tomava muito tempo e energia, fazendo a equipe se atrasar para seus compromissos ou deixar de fazer reuniões e discussões para organizar o alojamento. Tanto em Eldorado como em

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Campinas, a cada quinze dias tinha que ser organizado e obtido todo o material a ser levado, feita a compra de comida e materiais de consumo, realizado o transporte.

A obtenção de material para o trabalho foi problemática: para realizar algumas atividades a equipe teve que disponibilizar material pessoal, emprestar de terceiros e de Unidades da Unicamp. Algumas atividades tiveram que ser reorganizadas ou canceladas pela falta dos materiais necessários para a sua realização – o que muitas vezes gerou desmotivação da equipe.

Os quilombolas têm clareza da necessidade de união e resgate cultural. Crêem que

sem essas vertentes possivelmente não existirá um futuro comum melhor a todos. Identificam que atualmente um dos maiores problemas quilombolas é o confronto

direto entre passado e presente e que as comunidades quilombolas do Vale do Ribeira têm como desafio conciliar esses caminhos.

Algumas questões permeiam as conversas dos moradores com os quais a equipe teve maior contato:

- Como enfrentar as dificuldades financeiras sem perder as tradições? - Como encarar a modernidade que também traz consigo as drogas e a violência? - Como contornar o descaso político e traçar metas? - Como trazer os jovens quilombolas para as discussões? - Que comunidades queremos para as próximas gerações?

RESUMO

Quanto à metodologia do projeto

Abordagem participativa Para as Oficinas de Coordenadores as associações decidiram pela participação de até

quatro coordenadores ou lideranças de cada comunidade. Efetivamente houve a participação de quatro moradores de São Pedro, quatro de André Lopes, quatro de Sapatú, dois de Galvão (eventualmente três) e um de Ivaporunduva (alternando entre quatro coordenadores). Todas as etapas foram participativas.

As Atividades Comunitárias Abertas contaram com a participação dos moradores interessados, independente de serem associados ou não.

Os participantes são agentes ativos dos processos de decisão e organização, cabendo à equipe da Unicamp o papel de mediadora, questionadora e facilitadora.

Tanto nas Oficinas de Coordenadores quanto nas Atividades Comunitárias Abertas os participantes tiveram plena liberdade de propor e decidir quais, quando, aonde e como seriam as atividades, resguardadas as decisões sobre métodos e instrumentos da trabalho escolhidos pela equipe. Quanto às metas do projeto

Realização de oficina de elaboração de projetos, com foco em três tipos: infraestrutura, cultural e de capacitação e formação.

elaboração de um projeto de infraestrutura em comunicação - Realizado.

elaboração de um projeto cultural - Realizado

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elaboração de um projeto de capacitação e formação – Não realizado

Realização de encontros comunitários (forma e temas a definir) com a participação de

convidados externos.

Não realizado

Realização de atividades comunitárias com caráter integrativo e de valorização da cultura quilombola.

em todas as comunidades:

∗∗∗∗∗∗∗∗ histórias, casos e lendas – Realizado somente em Galvão e São Pedro ∗∗∗∗∗∗∗∗ brincadeiras – Realizado em todas

em comunidades específicas

∗∗∗∗∗∗∗∗ músicas e danças – Realizado em Sapatu ∗∗∗∗∗∗∗∗ capoeira – Realizado em André Lopes e São Pedro ∗∗∗∗∗∗∗∗ ervas (adicional) – Realizado em Galvão ∗∗∗∗∗∗∗∗ caminhada ecológica (adicional) – Realizado em André Lopes

Organização de um evento final com caráter cultural e festivo.

Realizado

Quanto aos objetivos específicos do projeto

1. Os seguintes objetivos específicos foram atingidos: Capacitar coordenadores das associações envolvidas na elaboração de projetos de

interesse das comunidades através da elaboração de projetos concretos. indicadores:

projeto de telefonia elaborado e submetido a financiadores

projeto de encontro cultural elaborado, financiado e executado

Integrar as associações. indicadores:

projetos elaborados por todas associações e para as cinco comunidades

discussão integrada de problemas e soluções

2. Os seguintes objetivos específicos não puderam ser verificados:

Fomentar e desenvolver o espírito associativista entre os moradores. indicadores:

aumento do número de associados

aumento do número de participantes nas assembléias comunitárias

aumento do número de associados com mensalidade em dia

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Aumentar a participação dos moradores nas respectivas associações. indicadores:

ampliação dos moradores que participam das coordenadorias das associações

Melhorar a capacidade de gestão e administração das coordenadorias das associações. indicadores:

diminuição da necessidade de parcerias externas para a administração e gestão das associações

aumento do numero de moradores capazes de administrar as associações

666 CCCOOONNNCCCLLLUUUSSSÕÕÕEEESSS

A. O projeto, desde sua elaboração até sua conclusão, foi totalmente participativo. B. A aplicação do princípio da participação no desenvolvimento do projeto trouxe um

envolvimento efetivo das lideranças comunitárias e dificuldades adicionais quanto ao seu gerenciamento e quanto à capacitação da equipe.

C. O planejamento participativo mostrou-se estratégia fundamental no desenvolvimento deste trabalho e produziu definições por parte das lideranças participantes que, embora por vezes inesperadas à equipe, permitiram a integração das diferentes associações em torno de um mesmo objetivo comum e negociado.

D. As decisões coletivas foram tomadas pelas lideranças participantes sempre de maneira consensual e as eventuais divergências de posições foram explicitadas e esmiuçadas em processos de esclarecimentos e negociações sucessivas, sem prejuízo de nenhum dos integrantes.

E. A oficina de coordenadores mostrou-se atividade importante na interação e integração entre as distintas associações.

F. A estratégia de realizar a oficina de coordenadores em diferentes comunidades permitiu que lideranças conhecessem melhor – e algumas pela primeira vez – as comunidades vizinhas.

G. Sete carências – ou problemas – pode ser apontado como os eixos das reivindicações das cinco comunidades: geração de renda; integração e articulação entre comunidades; integração intra comunidade; infra-estrutura comunitária, atendimento dos direitos básicos e cidadania; organização e capacidade gerencial das associações; perda de manifestações culturais tradicionais e enfraquecimento da identidade coletiva; divergência dos objetivos dos jovens e dos mais antigos.

H. O trabalho atingiu a maior parte aos objetivos específicos propostos; alguns destes somente poderão ser comprovados com resultados que ainda deverão ser levantados pelas associações das cinco comunidades.

I. Pode-se afirmar, pelas ações decorrentes deste trabalho, que as comunidades encontram-se mais fortalecidas e integradas e que, portanto, o objetivo foi atendido.

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777 AAANNNEEEXXXOOOSSS

I. Proposta de Ação da Unicamp

II. Projeto Final elaborado com as lideranças comunitárias

III. Relatório da primeira visita precursora

IV. Anteprojeto da equipe para enviar às lideranças comunitárias

V. Relatório da segunda visita precursora

VI. Carta aos presidentes das cinco associações

VII. Cartaz-convite para as cinco comunidades

VIII. Atividades e Programa do Encontro Quilombola

IX. Projeto de Telefonia

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ANEXO I

Proposta de Ação da Unicamp

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UNISOL Programa Quilombos

PROPOSTA DE AÇÃO NAS COMUNIDADES IVAPORUNDUVA E SAPATU

(Vale do Ribeira, SP)

Celso Costa Lopes Miriam Dupas Hubinguer

Junho de 2003 ANTECEDENTES

Desde 2001, uma equipe multidisciplinar da Unicamp vem realizando pesquisa junto à comunidade de Ivaporunduva detectando certos aspectos que impedem ou dificultam o desenvolvimento comunitário.

Ivaporunduva é composta em sua grande parte por agricultores familiares que vivem da bananicultura com sérias dificuldades de comercialização da produção e obtenção de renda. Isto acarreta que os jovens não tenham interesse na continuidade das práticas agrícolas e encontrem-se sem perspectiva, dado que inexistem ofertas de emprego na região, por ser esta a mais pobre do Estado de São Paulo.

A comunidade é relativamente organizada, contando com uma Associação de Moradores que tem obtido vários recursos e benfeitorias, restringindo no entanto seu uso apenas aos associados.

Há diversos grupos (ONG´s e Universidades) atuando no local, em parcerias interessantes à Associação e aos moradores, mas sem integração e por vezes com sobreposição desnecessária ou conflito de ações e interesses.

Embora haja um conjunto razoável de projetos em execução, os moradores apresentaram à equipe da Unicamp algumas carências, por exemplo, treinamento em informática aos jovens, em cálculo de preços e custos dos doces que fabricam, em serviços de hotelaria.

Vizinha a Ivaporunduva, há outra comunidade remanescente de quilombo, Sapatu. Tendo conhecimento da pesquisa em desenvolvimento pela Unicamp, a Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo (ITESP) solicitou uma ação junto a essa comunidade para o treinamento em processamento de doce de banana, já que essa instituição construiu um prédio para instalação de uma fábrica de derivados de banana. Entretanto em visita ao local, percebeu-se em conversa com um morador, que o prédio teria sido construído sem a aceitação consensual da comunidade, informando o mesmo que alguns querem continuar apenas com a atividade agrícola e outros, em virtude do desenvolvimento do ecoturismo na região, querem usar o prédio para montar um pequeno restaurante. Isto evidencia a falta de integração comunitária e falta de articulação desse órgão público com a comunidade. Eventualmente, a existência de conflitos entre os moradores.

JUSTIFICATIVAS E RESULTADOS ESPERADOS

A experiência da Unicamp no Programa UNISOL desde 1996, aliada à oportunidade oferecida pelo Programa Quilombos, permite a apresentação da presente proposta. Adicionalmente, o professor responsável por este trabalho (Celso Costa Lopes), além de já ter participado do módulo Especial (1999 e 2000), atuou na equipe de coordenação geral e de capacitação de sete equipes nos módulos Nacional e Especial (2001) e atualmente desenvolve projeto de pesquisa participativa junto à comunidade de Ivaporunduva, coordenando equipe multidisciplinar de seis pesquisadores.

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A análise preliminar da situação dessas duas comunidades remanescentes de quilombos traz a expectativa de que os princípios estabelecidos pela Unicamp para a ação comunitária, bem como as estratégias usualmente utilizadas nas respectivas atividades, podem contribuir no desenvolvimento dessas comunidades. Especificamente, os seguintes resultados são esperados: A) Fortalecer o associativismo nas comunidades, articulando os moradores em um diálogo de

inclusão, e capacitando os coordenadores e diretores das Associações na gestão de recursos e na habilidade de integração dos comunitários. Como diretriz, pode-se trabalhar na identificação dos conflitos existentes, fazendo-os vir à tona em um processo participativo e democrático, de maneira que as atitudes de exclusão (e de auto-exclusão) possam ser mitigadas.

B) Resgatar a auto-estima dos jovens e capacitá-los para a obtenção de renda em atividades que possam ser desenvolvidas localmente ou ainda naquelas competências pessoais exigidas pelo mercado de trabalho local. Não há a pretensão de substituição ou concorrência às ações de capacitação profissional existentes, mas antes se deseja potencializar as mesmas e gerar demandas para outras inexistentes, incentivando os moradores para que se articulem com órgãos públicos e instituições de caráter social no atendimento das demandas identificadas.

C) Capacitar os moradores para que possam enfrentar as dificuldades tecnológicas, comerciais e organizacionais das suas atuais atividades produtivas com finalidade de geração de renda. Como diretriz, será dada ênfase no aprimoramento da capacidade de articulação e integração entre as famílias, no contexto do associativismo e cooperativismo, e destas com agentes do desenvolvimento local.

D) Fortalecer, integrar e articular as diferentes atividades de pesquisa e de desenvolvimento que estão sendo aplicadas nas comunidades por distintos atores. A efetividade de tais projetos no desenvolvimento socioeconômico e cultural das comunidades pressupõe a participação crítica de todas as famílias, sem exclusão. Alguns projetos, já conhecidos, mostram o potencial transformador de uma ação integrada e sinérgica entre os diferentes atores (outros serão melhor detalhados na viagem precursora): • projeto do NEPA/Unicamp, financiado pelo CNPq Agricultura Familiar (R$80.000,00)

e pela PREAC/Unicamp (R$30.800,00) • projeto de bananicultura do ISA, financiado pelo MMA/PD-A • projeto de artesanato do ISA, financiado pelo MMA/PD-A • projeto de melhoria de infraestrutura das comunidades quilombolas do ITESP,

financiado pelo Estado de São Paulo • programa de desenvolvimento do ITESP, institucional

E) O aprimoramento da autonomia das comunidades de maneira que estas se tornem efetivos

agentes na escolha e construção de seu caminho de desenvolvimento, criando criticamente com os órgãos públicos, universidades e instituições sociais uma relação de parceria e colaboração, em substituição à relação de dependência e paternalismo.

OBJETIVO

Aprimorar a capacidade das famílias e comunidades de enfrentamento e superação de suas dificuldades de desenvolvimento socioeconômico e de obtenção de renda, através da integração e participação comunitárias, da capacitação em processos produtivos e organizacionais, e da articulação crítica com agentes externos do desenvolvimento local.

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OBJETIVOS ESPECÍFICOS (METAS)

É evidente que não se pode, sem a viagem precursora, antecipar as demandas das comunidades. Entretanto, pelo conhecimento que se tem das mesmas, pode-se esperar as seguintes metas:

capacitar moradores em atividades que gerem renda ou aumentem a empregabilidade; desenvolver o espírito associativista e fortalecer as Associações dos moradores através

do envolvimento e participação das famílias; capacitar as lideranças e coordenadorias das Associações na gestão dos recursos

coletivos e na integração dos comunitários; articular Associação, moradores e os distintos atores que executam projetos na

comunidade e promover um plano estratégico de ações integradas; formar agentes multiplicadores entre os moradores que foram capacitados.

PRINCÍPIOS DE AÇÃO COMUNITÁRIA

A atuação da Unicamp no Unisol se dá sob os seguintes princípios: - formação de equipes multidisciplinares; - construção coletiva dos projetos de atuação: equipe (professores e alunos), comunidade

e parcerias; - trabalho de campo envolvendo todas as expressões organizadas, formais e informais da

comunidade (diretoria de associação e lideranças), promovendo a interlocução e integração das mesmas;

- respeito e inclusão das diversidades culturais; - avaliação constante do processo (seleção, preparação, atuação e elaboração do relatório)

por meio de indicadores construídos coletivamente pelos participantes e, - desenvolvimento de uma visão de extensão universitária vinculada ao ensino e em

parceria com a pesquisa. METODOLOGIA

As ações específicas somente serão definidas após a viagem precursora e posterior detalhamento do projeto. Entretanto, é diretriz a utilização de situações essencialmente participativas nas quais a sensibilização, criatividade, integração e o caráter lúdico são aplicados articuladamente no processo de construção do conhecimento e de desenvolvimento de competências individuais ou coletivas. Alguns exemplos de estratégias ou atividades podem ser aqui citados, que já foram anteriormente utilizados por equipes da Unicamp em suas ações comunitárias.

oficinas (de teatro, de artesanato, de leitura, de pintura, de fabricação, de brinquedos e brincadeiras, de instrumentos musicais etc)

reuniões comunitárias ou por grupos comunitários planejamento participativo avaliação participativa resgate histórico e produção de memória escrita exposição da produção de grupos comunitários feira de produção e artes shows com os próprios moradores curso de treinamento capacitação de gestores de conselhos comunitários

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integração de idosos e crianças através do “contar histórias” resgate cultural e documentação dos resultados (em vídeo) desenvolvimento e capacitação de lideranças atividades de sensibilização e integração brincadeiras dirigidas com crianças e adolescentes

PLANEJAMENTO

seleção dos alunos Será feita divulgação do projeto junto aos alunos de graduação de todos os cursos da Unicamp que apresentarão, na inscrição, suas experiências e expectativas quanto à extensão comunitária.

Serão selecionados trinta alunos através da análise das fichas de inscrição, privilegiando a multidisciplinaridade e a ausência de participação no Unisol. Esses alunos passarão por um final de semana de atividades com total de 16 horas, realizando trabalhos em equipes e participando de dinâmicas com as quais serão selecionados dez, que melhor se adaptem a este tipo de trabalho coletivo.

Além desses dez alunos serão convidados, após a viagem precursora, mais três que já tenham participado do Unisol, reforçando as áreas de conhecimento mais demandadas pelas comunidades.

Além do professor responsável, integrarão a equipe outros quatro membros, professores e pesquisadores que atuam em comunidades.

viagem precursora Será feito o levantamento das reivindicações em reunião comunitária previamente agendada, na qual serão aplicadas situações de integração e sensibilização, além da exposição do Programa Quilombos do Unisol e da proposta da Unicamp. Nessa reunião serão escolhidas, pelos presentes, as lideranças e representantes comunitários que farão a interlocução com a equipe da Unicamp e cuidarão dos preparativos prévios e das condições de apoio. Os dados qualitativos e quantitativos dos aspectos socioeconômicos e culturais da comunidade serão levantados junto às associações e moradores. A infraestrutura de apoio e logística será caracterizada. Os locais serão fotografados e gravados em vídeo.

Serão realizadas visitas às famílias, na busca de informações complementares. As decisões sobre o projeto serão tomadas coletivamente pelas lideranças e

representantes comunitários. As tarefas e responsabilidades para a preparação da estadia da equipe serão definidas com os mesmos. capacitação da equipe

Após a viagem precursora e estando constituída a equipe, sua preparação terá o mínimo de 40 horas de atividade, em dois finais de semana prolongados (de sexta a domingo) incluindo pernoite. As seguintes etapas serão realizadas:

1º) desenvolvimento de uma dinâmica coletiva de trabalho: formação da equipe; desenvolvimentos de lideranças; 2º) detalhamento do projeto de atuação na comunidade, partindo das observações realizadas na viagem precursora e das demandas captadas pelo professor-responsável (na existência de ações envolvendo parceiros colaboradores das comunidades, serão feitos contatos com os mesmos) ; 3º) capacitação específica para os temas que deverão ser tratados em campo (com participação de outros docentes da universidade, pesquisa de materiais, realização de oficinas, etc.) 4º) elaboração dos planos de ação:

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- atividades - participantes - locais - materiais - datas e horários - indicadores para avaliação

infra-estrutura local Definidos os planos de ação, será realizada uma viagem pelo professor responsável e dois membros da equipe para ultimar os preparativos das atividades e da infra-estrutura de apoio (alojamento e refeições). desenvolvimento das ações De maneira a compatibilizar a atuação dos alunos com suas atividades de aulas e de propiciar a adequada continuidade às ações nas comunidades, o trabalho compreenderá etapas em que toda equipe conduz atividades localmente, etapas em que moradores organizados em grupos de trabalho desenvolvem atividades sem a presença da equipe e etapas de acompanhamento nos intervalos entre as ações presenciais.

As ações conduzidas por toda a equipe junto às comunidades serão realizadas em três períodos: 1º) na última quinzena de julho 2º) na última semana de agosto 3º) na última semana de setembro Entre esses períodos os Grupos de Trabalho (GT) constituídos exclusivamente por moradores desenvolverão as atividades planejadas. Serão realizados dois encontros de acompanhamento em meados de agosto e em meados de setembro, em data agendada com os GT´s. Participarão desses encontros o professor responsável e parte da equipe de alunos, de acordo com a natureza das atividades dos GT´s. Os GT´s terão os números dos telefones da equipe, de maneira que possam fazer contato a qualquer tempo, se necessário. avaliação A avaliação será feita através dos indicadores das ações específicas e de reuniões gerais com a comunidade. relatório O relatório será elaborado coletivamente pela equipe e será constituído por: descrição e análise das atividades; avaliação das ações e do projeto; fotos; impressões pessoais; documentos e outros materiais produzidos pela comunidade. COORDENAÇÃO

Professor Responsável e coordenador da equipe em campo: Celso Costa Lopes telefones: (19) 3788-7773 (Unicamp) / 3289-6151 (res) / 9700-1681 (cel) e-mail: [email protected]

Na seleção, capacitação desenvolvimento das ações e avaliação participarão ex-coordenadores de equipes de campo e do Programa Unisol da Unicamp, além de pesquisadores que atualmente atuam em comunidades.

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Para a capacitação serão convidados professores de diversas áreas da Unicamp (Artes Cênicas, Artes Plásticas, Filosofia, Educação, Sociologia, Antropologia, Lingüística, Medicina, Engenharia, Educação Física) que já participaram de outras capacitações, além de colaboradores externos à Unicamp e alunos que já atuaram no Unisol. CRONOGRAMA

PERÍODO ETAPA DO PROJETO 3 a 6 de junho inscrição de alunos 7 a 10 de junho 1ª seleção de alunos 14 e 15 de junho (sábado das 9h às 18h e domingo das 8 às 17h = 16 horas em atividades)

capacitação (1ª fase) e avaliação dos alunos selecionados

18 de junho constituição da equipe 19 a 21 de junho viagem precursora 27 a 29 de junho (contínuo, de sexta 19h a domingo 12h = 22 horas em atividades) capacitação – 2ª fase

1 a 3 de julho arranjo da infraestrutura local 4 a 6 de julho (contínuo, de sexta 19h a domingo 12h = 22 horas em atividades) capacitação – 3ª fase

7 a 11 de julho preparação do material pelas equipes 12 a 27 de julho 1º período da ação em campo a agendar (2 dias)r encontro de acompanhamento 25 a 31 de agosto 2º período da ação em campo a agendar (2 dias)r encontro de acompanhamento 22 a 28 de setembro 3º período da ação em campo outubro confecção do relatório

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ANEXO II

Projeto Final elaborado com as lideranças comunitárias

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Universidade Estadual de Campinas

PREAC

Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários Programa Universidade Solidária

Projeto:

Fortalecimento de Associações de Remanescentes de Quilombos do Vale do Ribeira

(SP)

Coordenadores: Celso Costa Lopes

Miriam Dupas Hubinguer

Parceria Institucional:

UNISOL - Universidade Solidária - Programa Quilombos

Patrocínio:

UNISOL-CNPq UNICAMP/PREAC – Fundo de Apoio à Extensão - FAE

31 de Julho de 2003

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Equipe Autora: da Unicamp

Bruna M. Vasconcelos Celso Costa Lopes Elisangela Moura Flavio Fernando Boni Francine Baruffi Glaucia de Moura Karin Deleuse Blikstad Marcelo Mazzola Mateus Duque Erthal Miriam Dupas Hubinger Patricia Carneiro de Oliveira Pedro Henrique Pereira Costa Wilon Mazalla Neto

das Comunidades

Amarildo M. de França Antonio Morato Claudina Rodrigues dos Santos Doraci Furquim Edson Rodrigo da Silva Eliseo Henrique dos Santos Geraldo Furquim Gino Florindo dos Santos Gizele Souza Silva Pereira Ilza de Andrade S. Pereira Jaziel Aparecido Santos José Rodrigues Silva Jovita Furquim Maria da Guia Silva Maria Gonçalves Fonseca Mauricio P. Lupo Nodir Dias da Guia

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APRESENTAÇÃO Este é um projeto participativo. É soma dos esforços multidisciplinares e multiculturais de equipe da Unicamp,

de moradores remanescentes de quilombos dos bairros de André Lopes, Galvão, Ivaporunduva, São Pedro e Sapatu (município de Eldorado – SP) e de coordenadores de suas respectivas associações.

É também um projeto em construção. A dinâmica do trabalho comunitário, pautada na relação dialógica dos

participantes e na ação reflexiva, complementa continuamente este projeto transformando-o, dando-lhe diferentes faces e aproximando-o, a cada vez, da identidade dessa população quilombola, na sua específica expressão em parceria crítica com a Universidade Pública.

Com tais características, sua completa e detalhada descrição não é possível a

priori. Assim, o presente documento procurará mostrar, prioritariamente, as possibilidades e potencialidades ao longo e ao cabo do trabalho já em andamento, a partir das dúvidas e certezas atuais.

Para maior clareza, a seção Antecedentes e Preparativos, apresentada em base

cronológica, resgata as origens formais do projeto e explicita o referencial conceitual através dos princípios, diretrizes e estratégias deste trabalho comunitário.

As demais seções complementam o documento: Objetivo, Objetivos Específicos,

Metas, Metodologia, Cronograma de Atividades, Recursos Necessários.

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ANTECEDENTES E PREPARATIVOS Este projeto tem origem em convite da Coordenação da Universidade Solidária para a participação da Unicamp em seu Projeto Quilombos. Cronologia A elaboração deste projeto foi feita a longo de aproximadamente cinco semanas com a participação da equipe da Unicamp e dos coordenadores das associações de remanescentes de quilombos dos bairros André Lopes, Galvão, Ivaporunduva, São Pedro e Sapatú. Para melhor compreensão das diversas fases de elaboração do projeto foi organizada a tabela abaixo com a cronologia dos eventos mais relevantes.

Data Evento Resultado 02/06 elaboração da Proposta de Ação proposta elaborada e enviada à PREAC e UniSol 3 a 6/6 inscrição de alunos 13 alunos inscritos

14 e 15/6 capacitação (1ª fase) apresentação; conceitos e princípios; integração 16 a 26/6 levantamento de informações dados e informações levantadas e analisadas

19 a 21/6 1ª viagem precursora –

apresentação da Proposta de Ação

contraproposta apresentada pela Associação de Ivaporunduva envolvendo 5 Associações; encontro com coordenadores de outras 4 Associações; levantamento de

proposições das Associações

27 a 29/6 capacitação da equipe – 2ª fase análise da resposta das associações; elaboração de pré-

projeto de atuação; integração; planejamento das demais etapas de capacitação

1/7 2ª viagem precursora (com 3 integrantes da equipe)

reunião com coordenadores das cinco associações; apresentação do pré-projeto;

4 a 6/7 capacitação da equipe – 3ª fase elaboração da segunda versão de projeto; integração;

oficinas e palestras específicas para equipe; planejamento para a primeira etapa em campo

7 a 11/7 preparação do material obtenção e aquisição de materiais; obtenção, leitura e análise de publicações

8/7 capacitação da equipe –oficina de planejamento participativo conceitos, métodos e instrumentos

9 a 11/7 3º visita precursora (com um integrante da equipe)

reunião com coordenadores das cinco associações; apresentação da segunda versão do projeto; definição das

primeiras etapas do projeto; logística definida

16/7 capacitação da equipe –oficina de planejamento participativo desenvolvimento de uma proposta de trabalho em campo

20 a 24/7 visitas familiares e reuniões comunitárias

25/7 oficina de trabalho da equipe

26/7 encontro de coordenadores

reconhecimento do local e contato com moradores definição das atividades comunitárias

priorização dos problemas das coordenações e seleção dos meios para aborda-los

organização da logística

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Constituição, Preparação e Capacitação da Equipe da Unicamp A equipe foi continuamente preparada e capacitada para o projeto porém pode-se destacar, formalmente, os seguintes momentos neste processo:

1º encontro - apresentação da proposta; conceitos e princípios; integração; constituição da equipe: 14 e 15/6 (12 horas)

1ª visita precursora: 21 a 23/6 levantamento e leitura de informações: 16 a 26/6 2º encontro - análise da resposta dos coordenadores; integração; planejamento das

demais etapas de capacitação: 27 a 29/6 (24 horas) levantamento e pesquisa de dados, informações e publicações: 30/6 a 3/7 2ª visita precursora (3 integrantes da equipe): 1/7 3º encontro - elaboração da proposta de projeto (oficinas e atividades); integração;

oficinas específicas; planejamento dos preparativos para a primeira etapa em campo: 4 a 6/7 (24 horas)

oficina de planejamento participativo: preparativos: obtenção e aquisição de materiais; obtenção de publicações: 7 a 17/7 3º visita precursora (1 integrante da equipe): 9 a 11/7 primeira etapa em campo: contato inicial e reformulação de (pré)conceitos

A Proposta de Ação da Unicamp

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Em resposta a demanda da UniSol, foi preparada a Proposta de Ação nas Comunidades Ivaporunduva e Sapatu - Vale do Ribeira, SP, tendo a mesma sido encaminhada à UniSol e à da Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários – PREAC. Na elaboração desta proposta foram respeitados os princípios da atuação da Unicamp no Programa Universidade Solidária (ver quadro ao lado).

Princípios de Atuação da Unicamp no Programa Universidade Solidária

formação de equipes multidisciplinares; construção coletiva dos projetos de

atuação: equipe (professores e alunos), comunidade e parcerias;

trabalho de campo envolvendo todas as expressões organizadas, formais e informais da comunidade (diretoria de associação e lideranças), promovendo a interlocução e integração das mesmas;

respeito e inclusão das diversidades culturais;

avaliação constante do processo (seleção, preparação, atuação e elaboração do relatório) por meio de indicadores construídos coletivamente pelos participantes e,

desenvolvimento de uma visão de extensão universitária vinculada ao ensino e em parceria com a pesquisa.

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A Proposta de Ação foi elaborada pelos professores Celso Costa Lopes e Miriam Dupas

Hubinger (com a colaboração do professor Sandro Tonso) que, em uma análise inicial a partir de sua experiência prévia em Ivaporunduva em projeto de pesquisa participativa, apontaram a existência das seguintes dificuldades nas comunidades:

(a) desinteresse dos jovens pelas práticas agrícolas e interesse de permanência na comunidade;

(b) baixa renda familiar e inexistência de oportunidades de trabalho e de geração de renda;

(c) conflitos entre moradores em relação aos objetivos e organização comunitários; (d) dificuldades na gestão e administração das associações; (e) pouca articulação institucional entre as associações e parceiros do desenvolvimento

local ou, quando existente, falta de integração entre distintos parceiros .Dado o excesso de subjetividade dessa análise e o fato de que as lideranças comunitárias não haviam sido ainda formalmente ouvidas, o objetivo da proposta foi construído de forma ampla e de maneira que incorporasse as associações e os comunitários no processo de definição, construção e execução de projeto futuro (ver quadro ao lado). A visita precursora, etapa importante da metodologia de ação da UniSol, seria o marco para o início do projeto.

Objetivo apresentado na Proposta de

Ação da Unicamp Aprimorar a capacidade das famílias e comunidades de enfrentamento e superação de suas dificuldades de desenvolvimento socioeconômico e de obtenção de renda, através da integração e participação comunitárias, da capacitação em processos produtivos e organizacionais, e da articulação crítica com agentes externos do desenvolvimento local.

Na impossibilidade de antecipar as demandas das comunidades sem a viagem precursora foram definidas algumas metas possíveis (ver quadro abaixo).

As metas possíveis apresentadas na Proposta de Ação da Unicamp capacitar moradores em atividades que gerem renda ou aumentem a empregabilidade; fortalecer as Associações dos moradores através do envolvimento e participação das

famílias; capacitar as coordenadorias das Associações na gestão dos recursos coletivos; articular Associação, moradores e os distintos atores que executam projetos na

comunidade e promover um plano estratégico de ações integradas; formar agentes multiplicadores dentre os moradores que foram capacitados.

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Dado o caráter participativo do projeto, as ações específicas nas comunidades não puderam ser definidas por ocasião da elaboração da proposta inicial. Entretanto, adotou-se como diretriz a utilização de situações essencialmente participativas nas quais a sensibilização, criatividade, integração e o caráter lúdico são aplicados articuladamente no processo de construção do conhecimento e de desenvolvimento de competências individuais ou coletivas. Alguns exemplos de estratégias e atividades, anteriormente utilizadas por equipes da Unicamp em suas ações comunitárias, foram citados (ver quadro ao lado).

Estratégias e Atividades: exemplos oficinas (de teatro, de artesanato, de leitura, de pintura, de fabricação, de brinquedos e brincadeiras, de instrumentos musicais etc) reuniões comunitárias ou por grupos comunitários planejamento participativo avaliação participativa resgate histórico e produção de memória escrita exposição da produção de grupos comunitários feira de produção e artes shows com os próprios moradores curso de treinamento capacitação de gestores de conselhos comunitários integração de idosos e crianças através do “contar histórias” resgate cultural e documentação dos resultados (em vídeo) desenvolvimento e capacitação de lideranças atividades de sensibilização e integração brincadeiras dirigidas com crianças e adolescentes

Os resultados esperados, apresentados na Proposta de Ação, cobriram razoável escopo de possibilidades sem, entretanto, descaracterizar os objetivos e princípios de atuação.

Resultados Esperados – apresentados na Proposta de Ação A) Fortalecer o associativismo nas comunidades, articulando os moradores em um diálogo de inclusão,

e capacitando os coordenadores e diretores das Associações na gestão de recursos e na habilidade de integração dos comunitários. Como diretriz, pode-se trabalhar na identificação dos conflitos existentes, fazendo-os vir à tona em um processo participativo e democrático, de maneira que as atitudes de exclusão (e de auto-exclusão) possam ser mitigadas.

B) Resgatar a auto-estima dos jovens e capacitá-los para a obtenção de renda em atividades que possam ser desenvolvidas localmente ou ainda naquelas competências pessoais exigidas pelo mercado de trabalho local. Não há a pretensão de substituição ou concorrência às ações de capacitação profissional existentes, mas antes se deseja potencializar as mesmas e gerar demandas para outras inexistentes, incentivando os moradores para que se articulem com órgãos públicos e instituições de caráter social no atendimento das demandas identificadas.

C) Capacitar os moradores para que possam enfrentar as dificuldades tecnológicas, comerciais e organizacionais das suas atuais atividades produtivas com finalidade de geração de renda. Como diretriz, será dada ênfase no aprimoramento da capacidade de articulação e integração entre as famílias, no contexto do associativismo e cooperativismo, e destas com agentes do desenvolvimento local.

D) Fortalecer, integrar e articular as diferentes atividades de pesquisa e de desenvolvimento que estão sendo aplicadas nas comunidades por distintos atores. A efetividade de tais projetos no desenvolvimento socioeconômico e cultural das comunidades pressupõe a participação crítica de todas as famílias, sem exclusão. Alguns projetos, já conhecidos, mostram o potencial transformador de uma ação integrada e sinérgica entre os diferentes atores (outros serão melhor detalhados na viagem precursora):

E) Aprimorar a autonomia das comunidades de maneira que estas se tornem efetivos agentes na escolha e construção de seu caminho de desenvolvimento, criando criticamente com os órgãos públicos, universidades e instituições sociais uma relação de parceria e colaboração, em substituição à relação de dependência e paternalismo.

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A Proposta de Ação, assim concebida e elaborada, seria então apresentada aos presidentes das associações de remanescentes de quilombos dos bairros Ivaporunduva e Sapatú na primeira visita precursora. O objetivo desta visita foi o aprimoramento da proposta, segundo os interesses e possibilidades das duas Associações. A resposta das comunidades: primeira visita precursora

Em 21 de Junho a Proposta de Ação anteriormente descrita foi apresentada, pelo prof. Celso Lopes, inicialmente à coordenação da Associação Quilombo Ivaporunduva.

Os coordenadores dessa Associação sugeriram reformulação significativa da proposta, colocando-se dispostos a participar de um projeto que envolvesse cinco comunidades vizinhas com o objetivo de capacitar suas coordenações na gestão das associações, de alcançar maior integração entre as mesmas e de propiciar a articulação destas com organizações, órgãos públicos e instâncias que afetam o desenvolvimento local.

Em decorrência dessa mudança de perspectiva, foram feitas visitas, juntamente com o Sr. José Rodrigues da Silva (presidente da associação de Ivaporunduva) aos bairros São Pedro, Galvão, André Lopes e Sapatú, com a intenção de apresentar a idéia de Ivaporunduva e de delinear melhor a ação da Unicamp-UniSol. Essas conversas foram realizadas com a coordenadoria da associação de São Pedro, com o presidente da associação de Galvão, com o presidente da associação de Sapatu e com membro da diretoria da associação de André Lopes. Todos concordaram com a participação e fizeram diversas reflexões e sugestões, tendo ficado agendada uma reunião para 1 de Julho.

No quadro abaixo é apresentada a síntese da proposta elaborada nesses encontros com as coordenações das cinco associações.

Sugestões feitas nos encontros com as associações de Ivaporunduva, São Pedro, Galvão, André Lopes e Sapatu

Capacitar as associações para: organização interna procedimentos administrativos (contabilidade, ata, registros, contas etc) melhorar articulação entre associações aumentar capacidade de reivindicação coletiva junto a órgãos públicos uso de ferramentas (informática, matemática etc) melhorar informação e comunicação fazer projetos para captação de recursos obter informações sobre oportunidades (recursos, capital, parcerias etc) buscar soluções para problemas comuns (saúde, telefonia, transporte etc) ser multiplicadores de outras pessoas

Ações voltadas para as diretorias/coordenações (e lideranças próximas) de 5 ou 6 comunidades: adultos e maiores de 16 anos (homens e mulheres).

Atividades realizadas quinzenalmente, entre sexta e segunda, com um período maior, talvez até novembro (para não prejudicar as atividades cotidianas dos moradores).

Atividades realizadas alternadamente nas comunidades participantes. Trabalhar valores associativistas com as crianças (escolas municipais da 1ª a 4ª série). Equipe da Unicamp em período inicial mais longo (7 a 10 dias) visitara as comunidades e

conversa com os moradores, de maneira a “sentir” o ambiente no qual ocorrerão as ações. Trabalhar com produção de material áudio-visual (vídeo, fotos) para apoio em atividades de

capacitação, já que há razoável parcela dos moradores que são analfabetos.

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A proposta das comunidades: segunda e terceira visitas precursoras

Depois da primeira visita às cinco coordenações de associações, a equipe da Unicamp, já em sua segunda fase de capacitação, elaborou a segunda proposta que foi apresentada (por Celso, Bruna, Marcelo e Wilon) no dia 1 de Julho em reunião com a presença de 15 pessoas, entre coordenadores de associações e lideranças das cinco comunidades.

Em síntese, os presentes apresentaram dificuldades das associações, propuseram a execução de oficinas para capacitação de até quatro coordenadores de cada associação e também algumas atividades comunitárias a serem definidas pelos moradores. Decidiram que o trabalho se desenvolveria em 6 fins de semana alternados, sendo que as oficinas deveriam ser realizadas aos sábados, uma vez em cada bairro. Além disso, decidiu-se uma primeira etapa em campo para que a equipe conhecesse melhor a realidade local, para que os moradores fossem ouvidos quanto às atividades e para a realização de um encontro de coordenadores com o objetivo de decidir sobre o projeto e sua execução. Elaboração coletiva do projeto: a primeira etapa do trabalho em campo

No período de 19 a 27 de Julho a equipe da Unicamp realizou a primeira etapa do trabalho em campo, com o objetivo de conhecer melhor a realidade das cinco comunidades, apresentar a proposta ao conjunto de moradores de cada comunidade, levantar e analisar dados e informações adicionais e definir coletivamente o projeto, através das associações locais.

As seguintes atividades foram realizadas: visita a todas as famílias dos cinco bairros para convida-las a uma reunião comunitária; conversa (na forma de entrevista semi-estruturada) com alguns moradores para levantar

os anseios dos moradores quanto às atividades abertas propostas e identificar as potencialidades e restrições locais;

reunião comunitária em cada uma das cinco comunidades avaliação das informações e impressões e posterior definição da forma de condução da

reunião de coordenadores; condução da reunião de coordenadores das associações para a definição do projeto.

Visitas às famílias

As visitas tiveram como objetivos: permitir à equipe da Unicamp o conhecimento mais próximo da realidade local; apresentar-se aos moradores; convidar os moradores para uma reunião comunitária realizada no mesmo dia; obter subsídios para o encontro de coordenadores que decidiria pela forma de continuidade do projeto.

Em duplas (um homem e uma mulher) a equipe visitou todas as casas de cada uma das cinco comunidades. Um convite para a reunião comunitária foi entregue a cada família. Em alguns casos não foram encontrados moradores nas casas e as duplas deslocaram-se até áreas próximas de roças para encontra-los.

As entrevistas semi-estruturadas basearam-se em roteiro previamente definido pela equipe (ver quadro na página a seguir).

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Roteiro das EntrevistasRoteiro das EntrevistasRoteiro das EntrevistasRoteiro das Entrevistas

• Quem somos? • Por quê viemos? • O que queremos de você? • Quais suas histórias? • Como é sua família? • Como é viver aqui? • Seus irmãos moram aqui?

• Participa de alguma atividade cultural? • Quais as vivências comunitárias? • É da associação? Por que? • Quais as dificuldades? • Faz artesanato? • Seus vizinhos, amigos fazem artesanato? • O que você gosta de fazer?

Reuniões Comunitárias

Foi realizada uma reunião comunitária em cada uma das cinco comunidades no período de 20 a 24 de Julho, uma em cada dia, sempre ao fim da tarde (das 16:30 às 18:00).

Todos moradores puderam participar, tanto associados quanto não-associados. A freqüência às reuniões foi considerada boa pelos moradores:

20/7 - Sapatu - 42 presentes 21/7 - Ivaporunduva - 44 presentes 22/7 - São Pedro - 35 presentes

23/7 - André Lopes - 57 presentes 24/7 - Galvão - 49 presentes

As reuniões comunitárias desenvolveram-se nas seguintes fases:

abertura - com dinâmica para apresentação das pessoas introdução – objetivos e tempo da reunião

apresentação do projeto – quem somos; o que é a UniSol e seu histórico; o que é o projeto Quilombos; qual o trabalho que a Unicamp irá realizar atividades comunitárias – apresentação de propostas da equipe da Unicamp e de outras sugeridas pelos moradores durante as visitas familiares; indicação escolha das atividades mais interessantes para a comunidade

encaminhamentos – explicação das etapas seguintes encerramento – dinâmica

Como resultado, as seguintes atividades foram indicadas: André Lopes - capoeira/ brincadeiras / educação ambiental / Galvão - histórias / música Ivaporunduva - teatro / histórias / violeiros São Pedro - histórias / dança / música / violeiro

Sapatu - dança / música / histórias

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Avaliação das visitas e preparação do encontro de coordenadores Durante todo dia 25 de Julho, através de oficina de trabalho, a equipe avaliou os

resultados das visitas e reuniões comunitárias e preparou o Encontro com Coordenadores. Encontro de Coordenadores

O Encontro de Coordenadores realizou-se no dia 27/8 na igreja de Ivaporunduva, sendo os participantes dos demais bairros transportados pela equipe. O Encontro desenvolveu-se na seqüência mostrada abaixo e seus resultados estão incorporados nas demais seções deste documento:

Introdução apresentação do objetivo e abordagem do projeto apresentação do objetivo e metas do Encontro dinâmica de apresentação

Quais os problemas no funcionamento das associações? • apresentação dos problemas das associações aglutinados em três blocos distintos

segundo as categorias identificadas previamente nas visitas precursoras (comunicação e informação; administração e gestão; participação e integração); dois tipos de problemas foram apresentados:

o aqueles anteriormente identificados pelos coordenadores nas visitas precursoras

o aqueles apontados pelos moradores durante as visitas familiares e reuniões comunitárias (estes foram destacados dos anteriores através da anotação de um asterisco)

• reorganização, coletivamente pelos participantes, dos problemas entre os três blocos (com opção de criar blocos adicionais) – nuvens de problemas

• indicação. individualmente pelos participantes, de problemas adicionais e colocação destes problemas nas nuvens existentes (com opção de abrir outras nuvens)

• nova reorganização dos problemas entre as nuvens, envolvendo negociação entre os participantes

• priorização, individualmente pelos participantes, dos problemas (muito importante; importante; nada importante) através de selos coloridos

• elaboração negociada de uma lista de prioridades com oito problemas Como esses problemas serão trabalhados nas oficinas?

• apresentação, pela equipe, dos meios anteriormente identificados pelos coordenadores nas visitas precursoras e de outros meios que a equipe sugeriu

• formação de quatro grupos de trabalho com um integrante de cada associação, um coordenador (equipe) e um anotador (equipe) para seleção do(s) meio(s) mais adequado(s) para buscar resolver os dois problemas que o grupo recebeu

• colocação das sugestões dos grupos em uma matriz de problemas x meios • diminuição da complexidade da matriz (equipe) • solução negociada para encontrar os meios mais adequados para buscar soluções aos

problemas identificados

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Planejamento da Oficina de Coordenadores • quais atividades? – negociação entre grupo de coordenadores e equipe da Unicamp,

mediada pelo professor coordenador • quem participa? – manifestação individual dos participantes • quando e onde serão realizadas?

Planejamento das Atividades Comunitárias • apresentação dos resultados sistematizados das visitas e reuniões comunitárias

o atividades em todas as comunidades (brincadeiras; histórias, lendas e casos) o atividades específicas por comunidade (capoeira, música, dança)

• apresentação dos objetivos das atividades comunitárias: resgate histórico-cultural, integração e valorização do associativismo.

• entrega de tarefa para que coordenadores decidam com suas respectivas comunidades os horários das atividades

Organização da infraestrutura e apoio logístico • transporte local • hospedagem • refeições

OBJETIVO DO PROJETO Fortalecer as associações de remanescentes de quilombos de cinco bairros do município de Eldorado: André Lopes, Galvão, Ivaporunduva, São Pedro, Sapatu.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS Melhorar a capacidade de gestão e administração das coordenadorias das

associações.

Capacitar coordenadores das associações envolvidas na elaboração de projetos de interesse das comunidades através da elaboração de projetos concretos.

Integrar as associações.

Fomentar e desenvolver o espírito associativista entre os moradores.

Aumentar a participação dos moradores nas respectivas associações.

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METAS 1. Realização de oficina de elaboração de projetos, com foco em três tipos: infraestrutura, cultural e de capacitação e formação.

elaboração de um projeto de infraestrutura em comunicação (objeto a definir na oficina). elaboração de um projeto cultural (temas a definir na oficina). elaboração de um projeto de capacitação e formação (temas a definir na oficina).

2. Realização de encontros comunitários (forma e temas a definir) com a participação de convidados externos. 3. Realização de atividades comunitárias com caráter integrativo e de valorização da cultura quilombola. em todas as comunidades

histórias, casos e lendas brincadeiras

em comunidades específicas músicas e danças

capoeira 4. Organização de um evento final com caráter cultural e festivo.

METODOLOGIA

A abordagem metodológica é essencialmente participativa. Ou seja, os coordenadores das associações que participam das oficinas e os moradores que participam das atividades abertas são agentes ativos dos processos de decisão e organização, cabendo à equipe da Unicamp o papel de mediadora, questionadora e facilitadora.

A seguir, para efeito puramente de organização, os três principais eixos de ação são melhor detalhados. Entretanto, na realidade, é buscada uma relação sinérgica entre os mesmos. Oficina de Coordenadores

A oficina de coordenadores tem como objetivo a elaboração dos projetos e a organização de encontros comunitários, estes com finalidades diversas. Os coordenadores decidiram por um início conjunto, no qual serão abordados os aspectos comuns. Depois, o grupo se dividiria em um grupo de projeto e um grupo de encontro, sendo que cada um destes poderia se subdividir posteriormente para tratar de temas específicos, embora com atividades conjuntas.

Os objetivos específicos de cada oficina serão definidos durante o processo, de acordo com o andamento dos trabalhos. No caso dos encontros, ainda há falta de clareza dos coordenadores e da equipe quanto ao seu desenvolvimento. No caso dos projetos há

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maior clareza. Entretanto, a princípio e como um caminho balizador, estima-se a seguinte seqüência:

dia 1

desvendamento e formalização dos conceitos planejamento, projeto, encontro comunitário; diagnóstico crítico dos problemas apresentados; discussão de causas e

conseqüências; árvore de problemas; identificação de lacunas do conhecimento; métodos e instrumentos para levantamento e recuperação de dados e informações

dia 2 reconstrução da problemática a partir do resultado do levantamento; focalização dos temas dos projetos; definição dos objetivos dos projetos e encontros; elaboração das

justificativas, relevância e resultados esperados; o início e o fim do processo.

dia 3 métodos, técnicas, instrumentos, tecnologia, procedimentos, atividades; organização dos meios.

dia 4 materiais, recursos, custos, orçamento; parceiros, colaboradores e financiadores; indicadores e critérios de avaliação; documentação e memória.

dia 5 edição final; aprovação; divisão de responsabilidades.

evento final apresentação dos resultados dos levantamentos; apresentação dos projetos e das propostas de encontros;

Atividades Comunitárias

Todas atividades comunitárias terão abordagem participativa na sua construção e desenvolvimento. Duas atividades comunitárias serão realizadas em todas as comunidades: 1) brincadeiras; 2) histórias, casos e lendas.

No caso dessas atividades gerais, é diretriz a intencionalidade da equipe da Unicamp de propor e aplicar procedimentos que sensibilizem os moradores que estiverem participando das mesmas (por exemplo, pela arte, imaginação, jogos, criatividade, desafios, dinâmicas) com o objetivo de motiva-los e envolve-los de maneira que possam retomar lembranças, inspirar processos de criação, resgatar a memória. Que possam, assim, re-significar o presente antes de construir o futuro.

Dentre as estratégias possíveis para a integração intra e intercomunitária, a equipe buscará suscitar necessidades ou demandas por colaboração; por exemplo, na “contação” de histórias e lendas, pode propor a preservação da memória não somente pela tradição da transmissão oral mas também através do registro documental da mesma, em escrita, foto, som e vídeo. Poderá, ainda, motivar e incorporar novos moradores em tarefas de apoio à documentação que permitam, inclusive, a capacitação desses moradores nos instrumentos, técnicas e tecnologia dessas mídias.

Outra possibilidade é buscar transferir histórias e lendas para jogos , cenas e encenações, lidando inclusive com a oralidade e a comunicação, algumas das deficiências apontadas pelos coordenadores.

As brincadeiras serão realizadas paralelamente à oficina de coordenadores, com as crianças, adolescentes, jovens e idosos da comunidade que estará sediando a oficina. A equipe pode propor o resgate as brincadeiras que os mais jovens sabem e, posteriormente, incentiva-los a buscar os mais velhos de maneira a conhecer outras já esquecidas. Os mais velhos podem ser diretamente convidados e motivados a participar. Poderão ser propostas brincadeiras cooperativas e que tragam valores associativistas e de integração. Em algumas

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comunidades serão organizadas brincadeiras temáticas (lixo, meio ambiente) como solicitado nas reuniões comunitárias.

Há assim, diversas possibilidades que a equipe da Unicamp poderá explorar e desenvolver adequadamente aos objetivos do projeto, o qual não pode aqui ser melhor explicitado porquanto ainda em construção, tanto pelos moradores quanto pela equipe.

No momento, é importante ressaltar que conceitos, valores e atitudes relativos à integração, associativismo e valorização da cultura quilombola podem ser trabalhados com os moradores nestas atividades, por formas ainda a serem definidas.

Além dessas atividades comuns e gerais, em determinadas comunidades (ou conjunto de comunidades) serão desenvolvidas atividades específicas, de acordo com os resultados das reuniões comunitárias e do encontro de coordenadores. Essas atividades ainda estão em processo de organização, pois contam com significativo potencial de integração intercomunidades (e, portanto, com proporcional dificuldade de operacionalização). Os coordenadores presentes ao encontro têm a tarefa de consultar suas respectivas comunidade para que seja verificado o melhor horário de realização. Posteriormente a equipe analisará as sugestões das cinco comunidades e. à luz da viabilidade logística e de recursos, definirá uma agenda e os procedimentos. Assim, neste momento, tem-se apenas as indicações feitas durante o encontro de coordenadores.

No bairro André Lopes, com possibilidade de participação de moradores de Ivaporunduva, Galvão, São Pedro e, especialmente, Sapatu, serão desenvolvidos encontros de capoeira. Em São Pedro, com participação de moradores de Ivaporunduva e Sapatú, serão desenvolvidos encontros de dança (e talvez música) tradicional. Em Sapatú, o tema é dança e música. Em Ivaporunduva, teatro.

Nestas atividades específicas a equipe será a facilitadora para que os participantes se organizem e se integrem em um processo de preparação de uma “obra” para ser apresentada no evento final sem, entretanto, acentuar o caráter finalista dos encontros. Pelo contrário, ênfase deverá ser apresentada no processo de socialização, criação e reconstrução.

É possível a articulação temática nestas atividades. Por exemplo, pode-se propor nos encontros de capoeira a construção de instrumentos característicos; a necessidade de documentação pode ser apresentada, assim como podem ser utilizadas as histórias e lendas associadas a esta manifestação artística e cultural. O mesmo se aplica para os encontros de dança, música e teatro. Há ainda, evidentemente, clara possibilidade de articulação e integração entre estas atividades específicas.

Como nas atividades gerais, as competências individuais e coletivas da equipe serão a base para as decisões continuadas ao longo de todo o processo, respeitados os objetivos do projeto. Evento Final

O evento final será organizado pelos participantes das oficinas de coordenadores e das atividades comunitárias, prioritariamente, podendo haver a interação com outros moradores.

Além da apresentação dos resultados alcançados ao longo dos cinco finais de semana, o evento terá caráter festivo e cultural, propiciando a integração e a articulação das comunidades quilombolas.

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CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES Junho

14 e 15 – seleção e 1ª etapa da capacitação 21 a 23 – 1ª visita precursora 27 a 29 – 2ª etapa da capacitação

Julho

1 – 2ª visita precursora 4 a 6 – 3ª etapa da capacitação 7 a 11 – 4ª etapa da capacitação 9 a 11 – 3ª visita precursora 19 a 27 – 1ª etapa do trabalho em campo

Agosto 1 a 4 – elaboração do projeto

8 – viagem, preparativos 9 e 10– oficinas e atividades 17 e 22 – reuniões da equipe para avaliação e planejamento 29 – viagem, preparativos 30 e 31 – oficinas e atividades

Setembro

19 – viagem, preparativos 20 e 21 – oficinas e atividades 21 e 25 – reuniões da equipe para avaliação e planejamento 26 – viagem, preparativos 27 e 28 – oficinas e atividades

Outubro

10 – reunião da equipe para avaliação e planejamento 12 – festa tradicional em Ivaporunduva 17 – viagem, preparativos 18 e 19 – oficinas e atividades 19 e 30 – reuniões da equipe para avaliação e planejamento

Novembro

7 – viagem, preparativos 8 e 9 – evento final 14 a 16 – Reunião de avaliação final e organização do relatório 28 a 30 – Edição do relatório

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RECURSOS NECESSÁRIOS seleção

alimentação: refeições e gêneros alimentícios materiais de consumo: papelaria, filme, fita equipamentos: TV, vídeo, CD player, filmadora, máquina fotográfica materiais de consumo:

capacitação

alimentação: refeições e gêneros alimentícios materiais de consumo: papelaria, filme, fita equipamentos: TV, vídeo, CD player, filmadora, máquina fotográfica, computador, impressora

visitas precursoras

transporte: 1 carro (próprio) combustível e pedágio: 900km alimentação: refeições e gêneros alimentícios equipamentos: máquina fotográfica, filmadora materiais de consumo: filme, fita

primeira etapa em campo – 19 a 27 de Julho

transporte: 3 carros (próprios) combustível e pedágio: 900km cada carro alimentação: refeições e gêneros alimentícios – inclui participantes da oficina de coordenadores materiais de consumo – parte deste ainda será definido ao longo do processo equipamentos: CD player, filmadora, máquina fotográfica, computador, impressora serviços: cozinheira, fotocópias e revelação de fotos ajuda de custo: 12 pessoas

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etapas em campo quinzenais (cinco) transporte: 1 kombi (Unicamp) e 1 Van (Unicamp) [incluso combustível, pedágio e diária do motorista] alimentação: refeições e gêneros alimentícios – inclui participantes da oficina de coordenadores materiais de consumo: papelaria, informática, imagem, outros específicos para atividades equipamentos: TV, vídeo, CD player, filmadora, máquina fotográfica, computador, impressora serviços: cozinheira, fotocópias e revelação de fotos ajuda de custo: 12 pessoas

evento final

transporte: 1 kombi (Unicamp) e 1 Van (Unicamp) [incluso combustível, pedágio e diária do motorista] alimentação: refeições e gêneros alimentícios materiais de consumo: papelaria, informática, imagem, outros específicos para atividades equipamentos: TV, vídeo, CD player, filmadora, máquina fotográfica, computador impressora, serviços: fotocópias. revelação de fotos e impressão de pôsteres ajuda de custo: 12 pessoas

produção da documentação

materiais de consumo: papelaria, informática, imagem equipamentos: TV, vídeo, CD player, filmadora, máquina fotográfica, computador, impressora, computador com placa de captura de vídeo e software de edição serviços: fotocópias. revelação de fotos, roteirização e edição de vídeo, correio

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ORÇAMENTO

Unisol Unicamp Comunidade

Material de Consumo (*) Papelaria (papel, lápis de cor, cola, fita adesiva etc). Filmespara vídeo e fotos. 30,00

AlimentaçãoSuprimentos adquiridos em supermercado e pagamento de refeições. Base de cálculo: R$15,00/pessoa.dia - 2 dias 34 pessoas - 2 dias 16 pessoas

926,20

TransporteTotal Capacitação 956,20 0,00

Alimentação 169,46

Combustível 543,99

Pedágio 46,00

Pernoite 19,00

Total Visitas Preparatórias 778,45

Especificação e base de cálculo PrevistoEtapa

Visi

tas

Prep

arat

ória

sFinalidade

Cap

acita

ção

da

Equi

pe

contrapartida das comunidades, a negociar em escolas ecentros comunitários. definido

Total Hospedagem

Ônibus. Consulta a empresa = 1 viagem (ida e volta em diasseparados) - 11 pessoas - R$600,00/viagem. 1.200,00

Carro. Locação de 3 veículos em 7 fins de semana. 6.300,00Combustível para 3 veículos e 7 finais de semana. Base decálculo: 800km - 10km/l - R$2,00/litro 3.360,00

Pedágio (2) para 3 veículos e 7 finais de semana. 357,00Transporte interno para locomover equipe e llidarenças. Serãoutilizados os veículos locados pela equipe. Combustível. Basede cálculo: 6 fins de semana - 80km/veículo - 10km/litro -R$2,00/litro

288,00

Total transporte 4.005,00 7.500,00 0,00

Período em julho - contratação cozinheira para encontrocoordenadores 50,00

Período em julho - mantimentos para equipe. Base de cálculo:12 pessoas - 9 dias - 4 refeições/dia - R$4,00/refeição 1.728,00

Período em julho - mantimentos para coordenadores. Base decálculo: 20 pessoas - 1 dia - 2 refeições/dia - R$4,00/refeição 160,00

Finais de semana - contratação cozinheira para encontrocoordenadores (6 encontros) 300,00

Finais de semana - mantimentos para equipe. Base de cálculo:12 pessoas - 2 dias/fim de semana - 4 refeições/dia -R$4,00/refeição

2.688,00

Finais de semana - mantimentos para coordenadores. Base decálculo: 20 pessoas - 1 dia/fim de semana - 2 refeições/dia -R$4,00/refeição

960,00

Total Alimentação 5.886,00 0,00 0,00

Ajuda de Custo Para despesas pessoais dos integrantes da equipe. Base decálculo = 12 pessoas - R$250,00/pessoa 3.000,00

Material de Consumo (*)Artigos de papelaria, informática, filmes . Outros recursospoderão ser necessários, dependendo das atividades definidaspelas comunidades.

3.077,90

Equipamentos Filmadora e câmera. Aplicação em metodologia de trabalho nacomunidade e para produção de documentação. 3.500,00

Serviços de Terceiros - P. Física (*) Edições de vídeo 1.500,00

Serviços de Terceiros - P. Jurídica (*) Fotocópias, impressões, revelação de filmes. 710,00

Total Atividades em Campo e Relatório 18.178,90 11.000,00 0,00

Impostos e Taxas CPMF 0,38%

Total Geral 19.913,55 11.000,00 0,00

Ativ

idad

es e

m C

ampo

e R

elat

ório

Hospedagem

Transporte

Alimentação

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EQUIPE Bruna M. Vasconcelos Graduação em Engenharia de Alimentos - 4º ano Elisangela Moura Graduação em Tecnologia da Construção Civil - 3º ano Flavio Fernando Boni Graduação em Música - 3º ano Francine Baruffi Graduação em Engenharia de Alimentos - 4º ano Glaucia de Moura Graduação em Tecnologia Sanitária e Ambiental - 3º ano Karin Deleuse Blikstad Graduação em Ciências Sociais - 1º ano Marcelo Mazzola Pós-Graduação em Engenharia Agrícola - Doutorado 1º ano Mateus Duque Erthal Graduação em Engenharia Elétrica - 5º ano Patricia Carneiro de Oliveira Graduação em Engenharia de Alimentos - 4º ano Pedro Henrique Pereira Costa Graduação em Ciências Sociais - 2º ano Wilon Mazalla Neto Graduação em Engenharia de Alimentos - 4º ano Celso Costa Lopes Professor Coordenador Miriam Dupas Hubinger Professor Coordenador Substituto

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ANEXO III

Relatório da primeira visita precursora

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Unicamp Unisol – quilombos Relato preliminar sobre viagem precursora Celso Lopes Data da visita: 21 e 22/6 Comunidades visitadas: Ivaporunduva, Galvão, São Pedro, Sapatu, Pedro Cubas Principal resultado: A Associação Ivaporunduva, primeira visitada, aceitou parcialmente a proposta da Unicamp e fez outra proposta, de acordo com as necessidades de todas as comunidades quilombolas. Fomos então visitar outras 4 associações, que aceitaram a proposta de Ivaporunduva e a complementaram. Em síntese, a proposta coletivamente construída é:

Capacitar as associações para: organização interna procedimentos administrativos (contabilidade, ata, registros, contas etc) melhorar articulação entre associações aumentar capacidade de reivindicação coletiva junto a órgãos públicos uso de ferramentas (informática, matemática etc) melhorar informação e comunicação fazer projetos para captação de recursos obter informações sobre oportunidades (recursos, capital, parcerias etc) buscar soluções para problemas comuns (saúde, telefonia, transporte etc) ser multiplicadores de outras pessoas Ações voltadas para as diretorias/coordenações (e lideranças próximas) de 5 ou 6 comunidades: adultos e maiores de 16 anos (homens e mulheres). Atividades realizadas quinzenalmente, entre sexta e segunda, com um período maior, talvez até novembro (para não prejudicar as atividades cotidianas dos moradores). Atividades realizadas alternadamente nas comunidades participantes.

Em complementação, fiz outras propostas que foram inicialmente aceitas:

Trabalhar valores associativistas com as crianças (escolas municipais comunitárias da 1ª a 4ª série). Equipe da Unicamp teria um período inicial mais longo (7 a 10 dias) para visitar todas as comunidades e conversar com os moradores, de maneira a “sentir” o ambiente no qual ocorrerão as ações. Trabalhar com produção de material áudio-visual (vídeo, fotos) para apoio em atividades de capacitação, já que há razoável parcela dos moradores que são analfabetos.

Ficou decidido, de comum acordo, que dia 1/7 (terça-feira) haverá uma reunião com 3 a 4 membros das coordenações dessas associações (e eventualmente de outras que se interessarem), na qual essas propostas serão trabalhadas e discutidas, e serão definidos os detalhes do projeto Unisol.

Suporte às ações: Podemos utilizar as escolas municipais nas comunidades, bastando que as coordenações das associações façam o pedido oficial. Há chuveiro e banheiro nessas escolas. Para as atividades há em cada comunidade o centro comunitário, salão e igreja. As refeições serão preparadas por moradoras, ao custo de R$7,00.

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Para o deslocamento local a Associação Ivaporunduva disponibilizará um trator com carreta e um caminhão (quando preciso trafegar no asfalto), com custo por km rodado. Há ainda a necessidade de transporte e refeição para os participantes das atividades que se deslocarão de uma comunidade a outra. Não se encontrou ainda solução para esta questão. Uma atividade específica – capacitação em informática – requer computadores, além dos 2 disponíveis localmente. Será tentado o empréstimo de alguns pela Unicamp. Outra opção é buscar parceria/projeto já como parte de uma oficina de projetos. Conseqüências:

A proposta encaminhada anteriormente pela Unicamp precisa ser reformulada quanto ao objetivo geral, metas, ações e prazos.

Os princípios de atuação não se alteram. Na reunião do dia 1/7 já estaremos em ação, com aplicação de instrumentos de planejamento.

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ANEXO IV

Anteprojeto da equipe para enviar às lideranças comunitárias

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Unicamp

Unisol 2003 – quilombos Proposta de ações para a comunidade: Para as lideranças das associações: - Oficinas

• Comunicação e informação • Órgãos públicos • Administração e gestão • Participação e integração comunitária

Para a comunidade: - Bibliotecas - Oficinas

• Culturais • Jogos e brincadeiras

- Contadores de histórias (histórias locais) - Oficina de fabricação de tijolos (condicionada a existência das máquinas)

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ANEXO V

Relatório da segunda visita precursora

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Unicamp Unisol – quilombos Relato preliminar sobre segunda viagem precursora Celso Lopes Data da visita: 01/07 Presentes na reunião: 14 membros das coordenadorias das Associações de Ivaporunduva, Sapatu e André Lopes (Galvão e São Pedro tiveram impedimentos de transporte) e 4 integrantes da equipe da Unicamp. Principal resultado: Apresentamos a proposta de 4 oficinas para lideranças e 6 oficinas abertas.

Para lideranças • Comunicação e informação • Órgãos públicos • Administração e gestão • Participação e integração comunitária

Abertas: - Bibliotecas - Oficinas

• Culturais • Jogos e brincadeiras

- Contadores de histórias (histórias locais) - Oficina de fabricação de tijolos (condicionada a existência das máquinas)

Apresentamos um cronograma com 8 dias em julho e 6 fins de semana alternados, sendo que no último haveria um evento final integrado, com apresentação de todos os resultados Os presentes discutiram e fizeram várias solicitações e sugestões de mudança. Em síntese, a equipe da Unicamp deveria elaborar o seguinte projeto:

Fazer apenas 2 oficinas para os membros das coordenações das Associações e lideranças: cada comunidade enviaria 4 a 5 pessoas os temas específicos seriam decididos pelos integrantes, no primeiro encontro as refeições dos participantes seriam custeadas pelo projeto o transporte dos participantes seria organizado pelo projeto, pois eles não tem possibilidade de veículos

as oficinas seriam realizadas de acordo com as possibilidades das comunidades e da equipe; demandas sem recursos seriam trabalhadas na elaboração de um projeto para execução futura

buscar maneira que não haja exclusão dos analfabetos Não fazer oficina de tijolos: colher mais informações e avaliar. Fazer oficinas abertas de acordo com interesses de cada comunidade, possibilidades da equipe e com a logística:

decididas pelas comunidades através de levantamento feito pela equipe: cada comunidade poderia ter oficinas diferenciadas poderia haver integração entre comunidades nessas oficinas os resultados das oficinas abertas que estariam sendo realizadas na mesma comunidade que a oficina de liderança seriam apresentados à noite, como maneira de lazer e integração

fazer o resgate da cultura e história

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Evento final incluir caráter festivo

Ficou decidido que de 9 a 11/7 a equipe apresentaria o projeto aos presidentes das

Associações.

Suporte às ações: Confirmado o uso das escolas municipais nas comunidades. Na comunidade de Ivaporunduva a equipe se hospedará em uma casa alugada por um projeto de pesquisa da Unicamp. Para as atividades há em cada comunidade o centro comunitário, salão e igreja. As refeições coletivas (quando houver oficina de lideranças) serão preparadas por moradoras, ao custo de R$50,00, devendo a equipe levar os mantimentos. Para o deslocamento local a equipe ficou de analisar o orçamento, para ver se é possível a locação de veículos, de maneira a fazer o transporte inclusive das lideranças. Conseqüências:

Os princípios de atuação não se alteram. O projeto será detalhado pela equipe em sua 3ª Etapa de Capacitação. O orçamento deverá ser refeito.

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ANEXO VI

Carta aos presidentes das cinco associações

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Aos Presidentes das Associações Fizemos estes cartazes depois de conversar com os presidentes e coordenadores das Associações. Infelizmente, por causa da chuva, não conseguimos ir ate São Pedro e Galvão, nem na casa do André (de André Lopes). Se algum de voces quiser, converse com as 5 Associações e nos avisem, para podermos mudar o que for preciso. Se voces concordam com o cartaz, por favor:

- divulgar o convite em sua comunidade - escolher os 4 representantes para participar da reunião e oficinas das lideranças

No dia 26 estaremos cedo nas comunidades de Sapatú, André Lopes, Galvão e São Pedro para buscar os representantes de carro, para chegar em Ivaporunduva as 8:30h. Depois da reunião levaremos todos de volta, saindo de Ivaporunduva às 17h. Se a comunidade de Ivaporunduva for fazer alguma atividade festiva no dia 26 à noite, o jantar será providenciado pelo projeto para os participantes (lideranças). Obrigado! Celso e Pedro (Unicamp) Telefones: (19) 3788-7773 ou (19) 3289-6151 Para a Associação de Ivaporunduva:

1) Favor solicitar a escola para alojar a equipe de 19 a 27 de julho 2) Favor combinar com a Maria da Guia fazer o almoço e o jantar do dia 26 (vamos trazer os

mantimentos: arroz, feijão, frango, farinha mandioca, salada e vamos comprar mandioca de voces). São 30 pessoas.

3) Favor combinar com o Paulo o uso da cozinha para fazer as refeições.

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ANEXO VII

Cartaz-convite para as cinco comunidades

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP PROGRAMA UNIVERSIDADE SOLIDARIA

C O N V I T E

Reunião Comunitária Pauta: 1) Apresentação da Proposta de Trabalho 2) Escolha das atividades que serão realizadas em cada comunidade Data e Local: Sapatú ----------- 20 de julho (domingo) Ivaporunduva --- 21 de julho (segunda) São Pedro ------- 22 de julho (terça) André Lopes ---- 23 de julho (quarta) Galvão ----------- 24 de julho (quinta) Horário: das 16:30 as 17:30h

Observação: No dia da reunião a equipe da Unicamp vai passar em cada casa da comunidade e vai apresentar a proposta das atividades para crianças, jovens, adultos e idosos (teatro, musica, tradições etc).

Reunião de Lideranças Pauta: 1) Discussão das necessidades para organização e integração das Associações 2) Planejamento dos próximos 5 Encontros de Trabalho (Oficinas) Data e Local: 26 de julho das 9 as 16:30h em Ivaporunduva Cada coordenação deve indicar um grupo de ate 4 pessoas para participar desta reunião e dos 5 Encontros de Trabalho (Oficinas) O almoço e o transporte dos participantes serão por conta do projeto. Calendário As Atividades Comunitárias e as Oficinas de Lideranças acontecerão nas seguintes datas: 9 e 10 de agosto 30 e 31 de agosto 13 e 14 de setembro 27 e 28 de setembro 25 e 26 de outubro Evento de Encerramento Data: 8 e 9 de novembro (sábado e domingo) O local e a programação serão decididos pelas lideranças e pelos participantes das atividades comunitárias.

Sábados e domingos A programação será decidida nas reuniões comunitárias e na reunião das lideranças

O local de cada reunião será decidido pela Associação

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ANEXO VIII

Atividades e Programa do Encontro Quilombola

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Encontro das Comunidades Quilombolas do Vale do Ribeira

Programação: Dias 12, 13 14 de Dezembro.

ATIVIDADES 1 - Trabalho no tempo antigo Conteúdo :

Costumes e práticas relacionadas ao cultivo rural Metodologia

Apresentação do Vídeo “Mutirão em Ivaporunduva” Bate-Papo: comentários sobre o vídeo e exposição sobre a forma de plantar, de

trabalhar, comidas típicas e outros assuntos relacionados a prática agrárea Duração: 1h30 Participantes

Convite a Dona Elvira ( Da Guia e Amarildo), Pessoas que participaram do Mutirão, David (Da Guia), Brasílio e Onésio (Maurício) .

Recursos e Materiais Fita de Vídeo: “O Mutirão em Ivaporunduva” (Amarildo e Da Guia) Televisão Vídeo Cassete

2 - Raízes Conteúdo:

A origem e história dos Quilombos. a vinda da África, a escravidão, as lutas, A resistência quilombola, a fundação das comunidades

A lutas e dificuldades dos negros brasileiros. A situação de outros quilombos pelo Brasil Metodologia:

Filme sobre os temas (Unicamp). Membros Antigos, Pesquisadores falando sobre o tema. Membros das comunidades falando sobre personagens (Vandir e Carlito)

importantes na trajetória e lutas dos quilombos Recursos e materiais

TV e vídeo cassete Livros Fotos

Participantes

Convite a Dona Jovita e Elísio (Jaziel), Pesquisadores (Unisol), Pesquisadores (Unicamp), Seu Edu e Vando (Amarildo e Da Guia).

3 - O Jovem no Brasil Hoje Conteúdo: Formação Política: Como nosso sistema político funciona; Injustiças Sociais; Organização Coletiva; Diretos do Cidadão. Metodologia:

Palestra espositiva -órgãos externos. Membro das comunidades falando sobre atuação política nos Quilombos. Filme temático

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Demonstração de arte negra. Recursos e materiais

Filme (Unicamp) Possíveis materiais trazidos pelos palestrantes

Participantes

Convite a U-Negro, Geledés, Cot, Afrobrás –possíveis parceiros- (Unicamp), Zé Rodrigues (Unicamp), Moises, Vandir (Da Guia), Violeiro de Ivaporunduva.

4 - A comunidade e a Associação Conteúdo: 1) História das associações:

O que a comunidade acha das associações? Como surgiu? Conquistas. Função (o que faz). Funcionamento. Como a associação está agora?

2) Melhorias (Sugestões). Metodologia:

Bate-papo; Fotos; Café (descontrair); Intervalo com violão e piadas.

Recursos e materiais:

Centro comunitário; Cadeiras; Café; Fotos e Reportagens.

Participantes:

Convite a D. Elvira e Aurico (São Pedro), D. Jovita e Horácio (Galvão); João e Odacílio (André Lopes); Zé Rodrigues e Ditão (Ivaporunduva); Seu Pedro e Josias (Sapatu).

Para as piadas, Antônio Jorge - Pedro Cubas – (Da Guia) e na viola, Josias e Zé Rodrigues (Da Guia e Geraldo). 5 - Exposição: Conteúdo:

Mostra de vestimentas antigas e tradicionais, ferramentas, acessórios fotos (ontem e hoje), brinquedos.

Metodologia, Recursos e Materiais:

Ferramentas: Roda (Geraldo e Gi), Tipiti (Da Guia), Pilão (Todos), Gamela (Da Guia), Saraquá e Piquá (Da Guia).

Artesanato (Cada comunidade). Brinquedos (Amarildo). Acessórios: Cuia (Maurício), Rede, Esteira Banco, Tapete, Peneira e Pá

(Amarildo), Carma (Da Guia). Vestimentas: Butina e Chapéu, Saias.

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Responsáveis pela Organização: Gi, Elísio, Mateus e Pedro. 6 – Ilusão: Cidade e Campo: Conteúdo:

Abordagem dos aspectos positivos e negativos relativos a: Cidade X Interior; Modernidade X Tradição.

Metodologia:

Bate-papos: jovem de fora, algum morador da periferia de grandes cidades, morador que saiu da comunidade, antigo morador que permaneceu na comunidade, morador de Ivaporunduva que morou em Santos.

Filme temático. Recursos e Materiais:

Filme (Unisol). Participantes:

Serão feitos convites a Gilberto (Amarildo), Dona Ilza (Gi), Magali (Unisol). 7 – Costumes: Conteúdo e Metodologia: Serão abordados os seguintes temas:

Questões de Respeito. Bate-papo com Maria da Glória (responsável: Pedro). Beneficiamento de Alimentos. Bate-papo, Demonstração de Pilão de Arroz,

Exposição de Cará (São Pedro e André Lopes) e Fotos (Geraldo). Ervas Medicinais. Apresentação do trabalho que já está sendo feito – D. Jovita e D.

Horácia (Jaziel). Festas Tradicionais como Leilão, Baile. Fotos (Festa do Lavrador), Bate-papo

sobre dança (Pedro, Aquilino e Elisa, de Sapatu, e Maria da Gloria, de André Lopes) e Apresentação de Vídeo (São Pedro).

Brincadeiras – Bonecas, (D. Jovita), Peteca (Gi), Entruide, Bodoque, Xipoca e Vum-vum (Amarildo e Da Guia). Ensinar a montar e brincar.

Casas de Pau-a-pique. Fotos e Explicações (Maurício e Elis). Recursos e Materiais:

Beneficiamento de Alimentos: Fotos e Pilão. Ervas Medicinais: Catálogo. Festas Tradicionais como Leilão, Baile: Fotos e Vídeo. Brincadeiras: Palha de milho, pena, madeira, corda/imbira, bambu, barbante, facão

e tesoura. Casas de Pau-a-pique: Fotos.

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ANEXO IX

Projeto de Telefonia

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Comunidades Remanescentes de Quilombo do Vale do Ribeira

Sistema Telefônico para as Comunidades Quilombolas dos Bairros de Sapatu, André Lopes, Ivaporunduva, Galvão e São

Pedro

Outubro, 2003 Proponente Executor: Associação de Remanescentes de Quilombos de André Lopes Presidente: André Luiz Pereira de Moraes Co-executores: Associação Remanescentes de Quilombos do Bairro Sapatu Presidente: Pedro Pereira Associação dos Remanescentes de Quilombos da Barra de São Pedro – Bairro Galvão Presidente: Jaziel Aparecido Santos Associação Quilombo Ivaporunduva Presidente: José Rodrigues da Silva Associação Remanescentes de Quilombos de São Pedro Presidente: Antonio Morato

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APRESENTAÇÃO Esse projeto foi elaborado por cinco Associações Quilombolas do Vale do Ribeira; bairros de São Pedro, Galvão, Ivaporunduva, Sapatu e André Lopes, pertencentes ao município de Estância Turística Eldorado, litoral sul do estado de São Paulo. Todas as comunidades que aqui estão relacionadas são descentes de escravos que vivem da agricultura de subsistência; comunidades que já têm uma luta muito importante há mais de 400 anos. Comunidades No de famílias No de

moradores No de associados

Fundação

São Pedro 30 115 54 26/10/1980 Galvão 26 82 42 27/11/1999 André Lopes 73 327 98 28/08/1998 Sapatu 80 288 128 08/08/1998 Ivaporunduva 80 278 110 INTRODUÇÃO

Nenhuma de nossas comunidades possui telefone e não há meios de sermos atendidos pela empresa de Telefonia da Região. Histórico

Foi enviado em junho de 2002 um pedido de telefone público ou privado pelo ITESP (Instituto de Terras do Estado de São Paulo) junto à empresa Telefónica. Após a coleta de algumas informações sobre as comunidades a Telefónica respondeu negativamente (Carta AnexoI) afirmando que não era meta da empresa. Devido a resposta negativa da Telefónica, o ITESP fez novo pedido desta vez junto a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). Esta fez uma visita técnica levantando a viabilidade da instalação do telefone. O ITESP ficou responsável por verificar o número de habitantes das duas comunidades mais populosas, André Lopes e Ivaporunduva, já que, para a instalação de um telefone público, a comunidade deveria ter mais de 300 habitantes, segundo o Programa de Universalização da Telefonia Fixa. Constatou-se que a comunidade de André Lopes tinha 349 habitantes e então estes dados foram levados junto a Anatel. Essa respondeu negativamente afirmando que para a comunidade usufruir desse direito era necessário atender ao conceito de Aglomerado Populacional, que segundo o IBGE, diz-se o conjunto de domicílios situados a menos de 50 metros entre si (Carta Anexo II). Depois disso, o ITESP verificou que o Governo Federal criou um órgão chamado FUST (Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações) após a privatização do setor de telecomunicações. Este serviria para financiar instalações de telefones em Comunidades não atendidas pela Empresas de Telefonia. Porém, este Fundo, apesar de possuir verbas, ainda não está regulamentado.

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A única alternativa é um sistema próprio de telefonia que atenda as cinco Comunidades que poderia ser: Rural Cel e o Monocanal. Justificativas - Comunicação: A falta de telefone obriga as pessoas das Comunidades se deslocarem por quilômetros, enfrentando muitas dificuldades; estradas de terra, travessia de barco e balsa; por vezes atrasando e perdendo informações, notícias, recados e emergências.

O telefone facilitaria a comunicação, mobilização e integração entre as Comunidades e com outras cidades, principalmente a cidade de Eldorado, que fica a 60 quilômetros de distância. Além disso, faz com que os contatos com as entidades parceiras, Órgãos Governamentais, ONG`s, entre outros, seja estabelecida de forma rápida e eficiente. - Inclusão Digital: Atualmente é de suma importância a inclusão digital. Considerando que as comunidades quilombolas são agentes formadores da sociedade brasileira, faz-se necessário usufruir as facilidades que os meios digitais proporcionam para eficiente realização das tarefas. Considerando também a carência de informações que sofre toda a população brasileira, as Comunidades Quilombolas estão excluídas desse acesso de forma singular. Portanto é fundamental o telefone como meio de acesso para inclusão digital; seja através da internet ou outras formas possíveis de inclusão. Sendo assim um importante veículo para obter e repassar informações, levando sempre em consideração a especificidade das várias maneiras de organização social dos Quilombolas. - Questão Ambiental: A obtenção do telefone possibilitaria as denúncias sobre degradação ambiental nas comunidades, pois estas estão preocupadas com o uso consciente dos recursos naturais, já que a maior parte da Mata Atlântica do Estado de São Paulo está no Vale do Ribeira onde estão localizadas as Comunidades. Algumas questões em destaque: 1. Queimas feitas por fazendeiros da região, 2. Poluição da água, 3. Pesca predatória, 4. Desmatamento, 5. Extração clandestina de palmito, 6. Concentração de lixo nas estradas, 7. Degradação dos atrativos turísticos da região (cavernas e cachoeiras), - Saúde; Os médicos do Programa de Saúde da Família só fazem consultas nas Comunidades uma vez por semana; dessa forma as emergências têm que ser

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encaminhadas para atendimento em Eldorado. Em função disso o telefone é importante para chamar a ambulância em emergências como partos, acidentes, atropelamentos, já que algumas das comunidades se situam a beira da estrada. Devido à distância entre Eldorado e as comunidades, a comunicação fica difícil e lenta, pois mesmo quando alcançam a cidade, demoram a chegar até as comunidades. Por isso o telefone é essencial para agendar e remarcar consultas médicas; agendar ambulância para fora do município de Eldorado, já que existem pacientes que necessitam de atendimento em especialidades médicas que não são oferecidas. O telefone é importante para saber tanto do cancelamento de consultas quanto das reuniões que acontecem em outras cidades, das quais participam os agentes de saúde que habitam as comunidades, já que freqüentemente as informações chegam defasadas. META

Instalação de duas linhas telefônicas com um ramal de PABX com controle de tarifação em cada uma das cinco Comunidades.

DESENVOLVIMENTO

Será realizado um estudo de viabilidade técnica por uma empresa especializada que fará as medidas de sinais na região das cinco comunidades. Com os resultados deste estudo a empresa irá elaborar um projeto composto por antenas, receptores, transmissores e outros equipamentos que atendam as metas deste projeto. Depois da liberação dos recursos, serão feitas as obras de infra-estrutura necessárias, instalação e teste dos equipamentos. Com o sistema em operação, será feito um treinamento de operação e manutenção básica do sistema operante para três moradores de cada comunidade. O projeto será gerenciado por um grupo formado por um representante de cada uma das cinco comunidades. Ao final do projeto será feito um relatório descritivo técnico-financeiro. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES (em anexo) ORÇAMENTO (em anexo)

ANEXO 1 Resposta da Empresa Telefónica ao pedido do ITESP para instalação de telefones públicos em comunidades quilombolas de Eldorado (SP)

ANEXO 2 Resposta da ANATEL ao recurso do ITESP, visando a instalação de telefones públicos em comunidades quilombolas de Eldorado (SP)

ANEXO 3 Cronograma de Atividades

ANEXO 4 Recursos e Orçamento