fora dos clichês
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Entrevista com a fotógrafa Manu Leite para o guia Cenário Cultural ed. 46TRANSCRIPT
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26 Entrevista CENÁRIO CULTURALJoão Pessoa, 15 de ago. a 15 de set. de 2011.
por Emerson Cunha*
João Pessoa tem atraído cada vez mais pesso-as de outros estados que buscam um lugar
mais tranquilo para morar. Outras, porém, são atraídas pelo cenário de arte da capital; é o caso da fotógrafa Manu Dsouza, que expôs o ensaio Esconde Esconde, na Estação Cabo Branco, no mês de julho. Atenta à cidade e tendo por meta desenvolver seu trabalho por essas bandas para fugir dos clichês, ela nos revela alguns de seus projetos.
Você expôs recentemente, na Estação Cabo Branco, a exposição Esconde Esconde, sobre fragmentos do cotidiano carioca. Qual a relação artística com a sua cidade natal?A relação é a busca pelo inusitado, quando se pensa em paisagem urbana no Rio de Janeiro, a primeira coisa que vem à cabeça é o caos. É exatamente na contramão do senso comum que desenvolvo meu trabalho. Eu sou uma fotógrafa que não tem muita paciência para essa imensidão de imagens da era digi-tal, por isso sempre que penso num trabalho procuro de alguma forma clicar sob um aspecto diferente do geral. O Rio de Janeiro é uma cidade que respira cultu-ra e foi pensando nisso que eu resolvi dar um refresco àquelas imagens clichês e repetidas.Qual foi a repercussão do trabalho na cidade?A reação geral foi uma surpresa, porque todos espera-
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vam fotografias comuns, simplesmente documentais. E o que encontraram foi uma obra que vale muito mais pelo conceito do que pelas imagens em si.Artisticamente, o que atraiu você e seu trabalho a João Pessoa? Há um tempo trabalho com o meu marido, o também fotógrafo René Dsouza, nós temos um projeto de um blog de viagens chamado fotofamilia.blogspot.com, que consiste em viajar de carro pelo país e fazer um diário on-line em que postamos o olhar de cada membro da família (eu, René e nossos filhos Rebeca e Gabriel) sobre determinado local. Durante essas via-gens passamos por aqui e nos apaixonamos, como já tínhamos a intenção de mudar do Rio de Janeiro, du-rante um pôr do sol no Jacaré acabamos escolhendo João Pessoa como nosso novo lar.Como a produção artística pessoense e paraibana ecoa no Rio de Janeiro? Há alguma repercussão, ou ainda é um cenário incipiente?Infelizmente o que vai daqui para o Rio de Janeiro é aquele clichê da Paraíba pobre e desnutrida, aquelas imagens de crianças subnutridas, seca, pobreza e cor-rupção. As pessoas lá não fazem ideia do quanto esse estado é rico culturalmente. E não me refiro apenas à cultura popular, a Paraíba possui artistas contemporâ-neos maravilhosos que não deixam a dever em nada aos artistas de outros lugares.Quais os seus planos para a cidade? Novas exposi-ções, ideias de ensaios?Bem, estou montando na cidade junto com os fotó-grafos René Dsouza e Paulo Villar a CASA DAS ARTES VISUAIS, onde teremos uma galeria de artes visuais, estúdio fotográfico e escola de artes com cursos livres. Agregado a tudo isso, um aconchegante café cultural com ambientação retrô. Esperamos criar um espaço diferenciado que falta à capital paraibana. Na inaugu-ração da casa, teremos a minha exposição chamada “Novos Paraibanos”, que são retratos que trazem à tona a identidade e a personalidade dos novos e anti-gos moradores da capital da Paraíba que vêm revolu-cionando o rumo da cidade; mesclando percepções e estilos de vida múltiplos e transformando João Pessoa na capital do futuro, na mesma linha conceitual do meu último trabalho: na luta contra os clichês.
*Emerson Cunha. Editor-chefe da revista Cenário e do site GuiaCe-nario.com.br
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