feira agroecológica e solidária de itapipoca

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A comercialização de alimentos agroecológicos no semiárido: a experiência da feira agroecológica e solidária de itapipoca Quintal Agroecológico Criação de Galinhas e Gansos Itapipoca-CE / Novembro 2011 Feira Agroecológica e Solidária de Itapipoca, surgiu em dezembro de 2005 a A partir da iniciativa de um grupo de agricultores/as, que finalizavam o "Curso de Formação de Agentes Multiplicadores/as em Agroecologia" promovido pelo Centro de Estudos do trabalho e de Assessoria ao Trabalhador (CETRA), entidade de Assessoria Técnica e Extensão Rural no Território Vales do Curu e Aracatiaçu. O curso aconteceu em três turmas sendo a primeira em 2004 com participação de 54 agricultores e agricultoras de alguns municípios do do território. A feira agroecológica e solidária de Itapipoca foi criada com o intuito de o grupo continuar se encontrando e, ampliando para um número maior de pessoas, produtoras e consumidoras, o sentido da produção agroecológica e da organização da agricultura familiar. «Eu mesmo pude comercializar meus produtos e participar dos momentos de formação. Aprendi muito e hoje valorizo com muito gosto o que produzo e comercializo»,reforça seu Chico Batista, agricultor/assentado da reforma agrária no assentamento Várzea do Mundaú- Trairi/CE e que comercializa na feira de Itapipoca. No início a feira acontecia uma vez por mês, e teve a participação direta de cerca com 18 feirantes. Atualmente, funciona quinzenalmente, sempre as quartas feiras, e tem a participação direta de 10 feirantes. A mesma possibilita que a produção excedente dos quintais e dos roçados, cheguem à mesa das pessoas da cidade através do/a próprio/a agricultor/a, além do aumento da renda e do poder de consumo das famílias agricultoras. A feira é gerida pela Rede de Agricultores/as Agroecológicos do Território - uma articulação formada por cerca de 120 agricultores e agricultoras agroecológico de diversos municípios do território e que há 6 (seis) anos fortalecem a agricultura familiar por meio da Agroecologia e da Socioeconomia Solidária. É importante ressaltar que os produtos vendidos são de qualidade e com preços justos. Com isso vem se estabelecendo ao longo dos 06 anos de existência uma relação de confiança e proximidade entre as famílias produtoras e consumidoras. “A feira não visa apenas o financeiro... mas também por a gente saber que estamos passando de bom para outras pessoas...mostrando o que estamos fazendo em nossos quintais. (Maria Jose Alves- ZEZA – agricultora e coordenadora da Rede de Agricultores/as Agroecológico/as). Na feira agroecológica e solidária são comercializados alimentos e outros produtos que fazem parte do cotidiano da família, do cardápio cultural e do sabor regional como é o caso da galinha com tapioca.Encontra-se ainda mel; goma fresca e torrada para tapioca e de carimã, frutas como: coco, laranja, siriguela, murici, mamão, tangerina, caju, banana, cana, manga, goiaba, acerola, caju, abacaxi, ata; espécies medicinais como mastruz, babosa, meracilina em planta, hortelã; legumes e hortaliças como jerimum, batata doce, maxixe, tomate, pimentão, macaxeira; coentro, cebolinha, alface e outros produtos como: ovos de galinha caipira, farinha, molhos de pimenta, colorau, café, sucos, bolos diversos, mudas, sementes, artesanatos, calda de nim, sementes, etc. A feira se configurou para além de um espaço de comercialização de produtos agroecológicos. Ela, também, é um espaço de resgate cultural a partir das músicas regionais e/ou danças folclóricas que ajudam na animação do evento. . É um espaço de trocas de saberes e sementes, de conhecimentos entre feirantes e consumidores/as ou entre

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Sistematização da Feira

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Page 1: Feira Agroecológica e Solidária de Itapipoca

A comercialização de alimentos agroecológicos no semiárido:

a experiência da feira agroecológica e solidária de itapipoca

Quintal Agroecológico

Criação de Galinhas e Gansos

Itapipoca-CE / Novembro 2011

Feira Agroecológica e Solidária de

Itapipoca, surgiu em dezembro de 2005 a Apartir da iniciativa de um grupo de

agricultores/as, que finalizavam o "Curso de Formação

de Agentes Multiplicadores/as em Agroecologia"

promovido pelo Centro de Estudos do trabalho e de

Assessoria ao Trabalhador (CETRA), entidade de

Assessoria Técnica e Extensão Rural no Território Vales

do Curu e Aracatiaçu. O curso aconteceu em três

turmas sendo a primeira em 2004 com participação de

54 agricultores e agricultoras de alguns municípios do do território. A feira agroecológica e solidária de Itapipoca foi criada com o intuito de o grupo continuar

se encontrando e, ampliando para um número maior de pessoas, produtoras e consumidoras, o sentido

da produção agroecológica e da organização da agricultura familiar. «Eu mesmo pude comercializar meus

produtos e participar dos momentos de formação. Aprendi muito e hoje valorizo com muito gosto o que

produzo e comercializo»,reforça seu Chico Batista, agricultor/assentado da reforma agrária no

assentamento Várzea do Mundaú- Trairi/CE e que comercializa na feira de Itapipoca. No início a feira

acontecia uma vez por mês, e teve a participação direta de cerca com 18 feirantes. Atualmente, funciona

quinzenalmente, sempre as quartas feiras, e tem a participação direta de 10 feirantes. A mesma

possibilita que a produção excedente dos quintais e dos roçados, cheguem à mesa das pessoas da cidade

através do/a próprio/a agricultor/a, além do aumento da renda e do poder de consumo das famílias

agricultoras. A feira é gerida pela Rede de Agricultores/as Agroecológicos do Território - uma articulação

formada por cerca de 120 agricultores e agricultoras agroecológico de diversos municípios do território e

que há 6 (seis) anos fortalecem a agricultura familiar por meio da Agroecologia e da Socioeconomia

Solidária. É importante ressaltar que os produtos vendidos são de qualidade e com preços justos. Com

isso vem se estabelecendo ao longo dos 06 anos de existência uma relação de confiança e proximidade

entre as famílias produtoras e consumidoras. “A feira não visa apenas o financeiro... mas também por a

gente saber que estamos passando de bom para outras pessoas...mostrando o que estamos fazendo em

nossos quintais. (Maria Jose Alves- ZEZA – agricultora e coordenadora da Rede de Agricultores/as

Agroecológico/as). Na feira agroecológica e solidária são comercializados alimentos e outros produtos

que fazem parte do cotidiano da família, do cardápio cultural e do sabor regional como é o caso da

galinha com tapioca.Encontra-se ainda mel; goma fresca e torrada para tapioca e de carimã, frutas como:

coco, laranja, siriguela, murici, mamão, tangerina, caju, banana, cana, manga, goiaba, acerola, caju,

abacaxi, ata; espécies medicinais como mastruz, babosa, meracilina em planta, hortelã; legumes e

hortaliças como jerimum, batata doce, maxixe, tomate, pimentão, macaxeira; coentro, cebolinha, alface e

outros produtos como: ovos de galinha caipira, farinha, molhos de pimenta, colorau, café, sucos, bolos

diversos, mudas, sementes, artesanatos, calda de nim, sementes, etc. A feira se configurou para além de

um espaço de comercialização de produtos agroecológicos. Ela, também, é um espaço de resgate

cultural a partir das músicas regionais e/ou danças folclóricas que ajudam na animação do evento. . É um

espaço de trocas de saberes e sementes, de conhecimentos entre feirantes e consumidores/as ou entre

Page 2: Feira Agroecológica e Solidária de Itapipoca

os próprios feirantes. Os feirantes se reúnem periodicamente com o objetivo de discutir a gestão e

operacionalização da feira. Estas reuniões, em geral, acontecem nas áreas dos próprios feirantes e

oportuniza conhecer as experiências de quem está produzindo e comercializando na feira, realizar

práticas, como é o caso da elaboração de compostagem e biofertilizantes, discutir sobre manejo

sustentável, doenças, e trocar sementes. Os intercâmbios também oportunizam aos consumidores/as

conhecer as áreas dos agricultores/as confirmando o que os mesmos compram e consomem.

As mulheres tem se destacado e mostrado grande importância na realização da feira, seja na

organização dos produtos e da produção, quanto na agregação de valor a partir do beneficiamento e

da própria comercialização.

A feira de Itapipoca possui 20

barracas completas (com coberta, saia

e bancada), uma balança e bancos de

sentar sendo um por barraca A infra

estrutura foi adquirida a partir de um

projeto de apoio e fomento a

comercialização que o CETRA elaborou

e re c e b e u f i n a n c i a m e n to d a

Cooperação Internacional Manos

Unidas, a mesma entidade também

a p o i o u a f o r m a ç ã o d e

multiplicadores/as em Agroecologia.

A feira tem renda média em torno de

R$500,00 a 900,00 por mês. Dentre os

resultados que a feira agroecológica e

solidária de Itapipoca podemos citar: a persistência do grupo em manter a feira apesar dos desafios; a

integração entre agricultores/as, a formação de consciência dos/as feirantes e consumidores para o

consumo de alimentos saudáveis; o aumento na renda familiar e poder de consumo dos

agricultores/as feirantes, a visibilidade e referência da feira agroecológica e solidária no território e no

estado; a assiduidade dos consumidores/as que compartilham a existência da feira com outras

pessoas conhecidas; e principalmente o surgimento de mais duas feiras agroecológicas e solidárias no

território, situadas nos municípios de Trairi, com dois anos de existência, e no município de Tururu que

tem 01 ano de existência. Para os/as feirantes são muitas as lições aprendidas ao longo destes 06 anos

de feira. Vale destacar aqui a importância da agroecologia na produção de alimentos saudáveis e de

qualidade, o respeito pela natureza, o envolvimento da família; a troca de conhecimentos entre

agricultores-feirantes e consumidores/as, a organização e união do grupo onde juntos/as encontram

forças para superar as dificuldades do dia a dia e participar da construção coletiva e da segurança e

soberania alimentar e nutricional no território. Dentre os diversos desafios citamos: a participação e

envolvimento de mais famílias agricultoras agroecológicas para comercializar diretamente, a

descontinuidade dos projetos de assistência técnica que fragilizam o acompanhamento da produção e

comercialização, mais projetos que apõem investimento nas áreas e as atividades da feira, o difícil

acesso para transportar os produtos, além da revisão da legislação que regulamenta a certificação e

que não atende às necessidades da agricultura familiar.

Diversidade na produção

DO VALE DO CURU E ARACATIAÇU

Realização:Fórum Microregional

Pela Vida no Semi-Aridode Itapipoca.