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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE FISIOLOGIA E COMPORTAMENTO CIÊNCIAS BIOLÓGICAS AMANDA KAROLINE TEIXEIRA DE SOUSA INFLUÊNCIA DA IDADE NA ESCOLHA DE SUBSTRATO PELO CARANGUEJO Ocypode quadrata (FABRICIUS, 1787). NATAL/RN 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE BIOCIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE FISIOLOGIA E COMPORTAMENTO

CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

AMANDA KAROLINE TEIXEIRA DE SOUSA

INFLUÊNCIA DA IDADE NA ESCOLHA DE SUBSTRATO PELO CARANGUEJO

Ocypode quadrata (FABRICIUS, 1787).

NATAL/RN 2018

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AMANDA KAROLINE TEIXEIRA DE SOUSA

INFLUÊNCIA DA IDADE NA ESCOLHA DE SUBSTRATO PELO CARANGUEJO Ocypode quadrata (FABRICIUS, 1787).

Trabalho de conclusão do curso de graduação em

Ciências Biológicas, Centro de Biociências da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como

requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel

em Ciências Biológicas, sob orientação do professor Dr.

Daniel Marques de Almeida Pessoa.

NATAL/RN 2018

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AMANDA KAROLINE TEIXEIRA DE SOUSA

INFLUÊNCIA DA IDADE NA ESCOLHA DE SUBSTRATO PELO CARANGUEJO Ocypode quadrata (FABRICIUS, 1787).

Trabalho de conclusão do curso de graduação em

Ciências Biológicas, Centro de Biociências da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como

requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel

em Ciências Biológicas, sob orientação do professor Dr.

Daniel Marques de Almeida Pessoa.

APROVADA EM ____/____/ 2018

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________________ Profº Dr. Daniel Marques de Almeida Pessoa Universidade Federal do Rio Grande do Norte

(Orientador)

_______________________________________________________________ Profº Dr. Andre Carreira Bruinjé

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Membro)

_______________________________________________________________ Profº Dr. Arrilton Araújo de Souza

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Membro)

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer a todos que me aguentaram, chamando insistentemente,

toda semana, pra ir à praia. Principalmente àqueles que, de fato, se mostraram

dispostos a me acompanhar, Thalita Feires, Beatriz Azevedo, Wagner Melo e Manoel

Lucas; a companhia de vocês, sem dúvida, fez esse trabalho mais feliz. A Ruanderson

Cosme, que me ajudou demais quando o assunto envolveu números, sem você eu teria

perdido um tempo enorme tentando descobrir como fazer as coisas. Independente da

quantidade de tempo que cada um dedicou a mim, vocês me ajudaram, me escutaram,

deram suas opiniões e também dividiram suas angústias acadêmicas comigo, vocês

não tem noção do quanto são importantes pra mim.

Aos meus pais, Alderi e Ramalho, e irmão, Bruno, que mesmo sem entender

muitas coisas, sempre se preocuparam comigo e com os problemas que eu tive que

superar desde o inicio do curso. Vocês venceram comigo.

Às pessoas incríveis que conheci durante todo o curso, em especial a Alana,

Ingrid, Geovanna, Heloisa, Iara, Clarice, Rafaelly, Jorge e aos outros amigos que fiz na

melhor turma de ciências biológicas que já existiu na UFRN. As aflições pré-prova, as

experiências, as histórias e as tantas e tantas e tantas risadas que dividimos durante

esse curso jamais serão esquecidas.

A todo o pessoal do Laboratório de Ecologia Sensorial, por serem tão

inspiradores, companheiros e maravilhosos. É sempre muito bom conhecer pessoas

como vocês. E ao professor Daniel Pessoa, poucas pessoas tem a sorte de ter um

orientador tão paciente e cheio de boas ideias. Obrigada por ser um excelente

professor e por me apresentar ao mundo da comunicação animal.

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RESUMO

A camuflagem é um recurso utilizado por diversas espécies que possibilita que os

organismos mesclem a sua própria coloração à do habitat em que vive, tornando difícil

sua detecção por predadores em potencial. A camuflagem pode ocorrer por mudança

fisiológica, por ação de Homônios que ativam pigmentos presentes nas células do

animal, por mudança comportamental, quando o animal se enfeita utilizando materiais

encontrados no ambiente, ou quando ele escolhe permanecer em um tipo de substrato

que condiz com a sua aparência. Os indivíduos da espécie de caranguejos Ocypode

quadrata, passam por uma visível mudança de coloração ao longo do seu

desenvolvimento, tornando os jovens e adultos completamente distintos. Além da

aparência, ambos parecem divergir quanto à preferência de utilização das áreas da

praia, onde jovens são mais encontrados em substrato escuro e adultos em substrato

claro. Apesar de sua ampla distribuição e de apresentar potencial para estudos

relacionados à coloração e camuflagem, não há, até o momento, estudos que avaliem

esta diferença de preferencia de background em relação a idade para essa espécie.

Diante disso, utilizando experimentos comportamentais, avaliamos se a idade influencia

na escolha de background. Os caranguejos foram submetidos a experimento de

escolha de substrato, onde uma arena foi dividida em duas partes iguais, com um lado

composto por areia escura e o outro por areia clara com parte da vegetação, imitando a

aparência dos habitats. O tempo em que cada um dos caranguejos passou no lado

claro ou escuro foi contabilizado com a intenção de identificar algum tipo de preferência.

Os resultados mostraram que não houve diferença estatística entre o tempo que

adultos e jovens passaram em ambas as áreas, apesar de apresentarem uma leve

preferência por substratos que combinem com o seu padrão de cores. Também não

houve diferença entre a quantidade de indivíduos jovens e adultos que preferiram

determinado lado. Esses resultados podem ter relação com tamanho amostral reduzido

ou o habito noturno da espécie. Além disso, essa espécie apresenta grande habilidade

para fuga, que pode vir a ser seu principal mecanismo antipredatório.

Palavras-chave: Camuflagem; mudança de cor; correspondência de background; maria-

farinha.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 7

2. OBJETIVOS ............................................................................................................. 11

2.1. GERAL ................................................................................................................. 11

2.2. ESPECÍFICO ........................................................................................................ 11

3. HIPÓTESES E PREDIÇÕES ................................................................................... 11

3.1. HIPÓTESE ........................................................................................................... 11

3.2. PREDIÇÕES ........................................................................................................ 11

4. METODOLOGIA ...................................................................................................... 12

4.1. ÁREA DE ESTUDO .............................................................................................. 12

4.2. COLETA DOS ANIMAIS E EXPERIMENTO DE ESCOLHA DE BACKGROUND 13

4.3. ANÁLISE ESTATÍSTICA ...................................................................................... 14

5. RESULTADOS ........................................................................................................ 14

6. DISCUSSÃO ............................................................................................................ 14

7. CONCLUSÃO .......................................................................................................... 16

8. REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 17

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1. INTRODUÇÃO

Um dos grandes desafios a serem superados pelos organismos é a predação

(ENDLER, 1981; STEVENS & MERILAIATA, 2009). Esta, é responsável direta pelo

controle e distribuição das populações, além da seleção de alguns comportamentos e

características morfológicas nas presas (DYER, 1995; BEGON ET AL., 2007). Tais

adaptações são conhecidas como mecanismos antipredatórios (EDMUNDS, 1974),

podendo ser classificados como primários e secundários. Os mecanismos

antipredatórios primários são empregados anteriormente ao encontro da presa com o

predador e têm o objetivo de evitar que esse predador detecte e/ou ataque a presa

(ROBINSON, 1969; EDMUNDS, 1974), como é o caso do mimetismo, do aposematismo

e da camuflagem (EDMUNDS, 1974; GENTRY & DYER, 2002). Já os mecanismos

secundários são empregados após a presa ser vista pelo predador como, por exemplo,

comportamentos de luta e/ou fuga (ROBINSON, 1969; EDMUNDS, 1974).

Os padrões de cores dos animais estão fortemente relacionados aos

mecanismos de defesa primários e têm grande importância na dinâmica entre as

espécies, não apenas sob o contexto predatório, mas também na termorregulação e na

comunicação intra e interespecífica (ENDLER, 1978). No que diz respeito à predação, a

camuflagem é possivelmente uma das formas mais comuns que um organismo tem

para evitar o confronto com possíveis predadores, utilizando uma combinação entre o

seu padrão de cores e o habitat onde está inserido, além de formatos e

comportamentos diferenciados (COTT, 1940). Contudo, não são apenas aspectos

envolvendo a presa que influenciam a sua visibilidade, propriedades relacionadas ao

predador, como suas técnicas de caça e acuidade visual, são também fatores de

elevada importância. Assim como as propriedades ligadas ao ambiente, como os

padrões de cores do próprio background, que podem, ou não, contrastar com o

organismo (ENDLER, 1978).

Na natureza é possível observar diferentes formas de manifestação da

camuflagem. Existem animais que se enfeitam utilizando materiais do meio (algas,

lama, folhas secas, etc.). Por exemplo, algumas espécies de caranguejo aranha se

enfeitam utilizando pedaços de algas para evitar serem detectados pelos predadores

(WICKSTEN, 1993). Além disso, outros, como o caranguejo Carcinus maenas, utilizam

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pigmentos e células especializadas (cromatóforos) presentes no corpo para tornar seu

padrão de cores compatível com diferentes backgrounds (STEVENS ET AL., 2014). Há

também os que escolhem ativamente um tipo específico de background que combine

com seu padrão de coloração. Por exemplo, o caranguejo Ocypode pallidula (UY ET

AL., 2017) que possui variação na cor da carapaça, o caranguejo de cor clara

apresenta preferência por substrato claro, enquanto o de cor escura apresenta

preferência por substrato escuro e o intermediário não apresenta preferência por

nenhum dos substratos.

A capacidade de modificar a coloração é uma característica presente em

diferentes espécies, como em camaleões (STUART-FOX ET AL., 2008), cefalópodes

(ZYLINOKI & JOHNSEN, 2011), peixes (MARSHALL & JOHNSEN, 2011) e crustáceos

(FINGERMAN, 1956; DETTO ET AL., 2008). Essa mudança pode ser rápida e levar de

segundos e minutos (KELMAN ET AL., 2006; STUART-FOX ET AL., 2008) até horas,

dias ou meses (CLARKE & SCHLUTER, 2011; STEVENS ET AL., 2013, 2014).

Mudanças ontogenéticas da cor ocorrem ao longo do desenvolvimento do animal e, em

geral, são respostas a mudanças no comportamento ou no hábitat que tornam

necessárias a elaboração de adaptações morfológicas antipredatórias ou que indiquem

maturidade sexual (COTT, 1940; ENDLER, 1978; BOOTH, 1990; CARO, 2005).

Entretanto, trabalhos que envolvam mudanças lentas de coloração são relativamente

recentes e escassos quando comparados aos inúmeros trabalhos focados em rápidas

alterações de cor (STEVENS ET AL., 2014), abrindo um leque de possibilidades para

novos estudos envolvendo diferentes os táxons.

Em crustáceos, é comum haver mudanças ontogenéticas na coloração (DETTO

ET AL, 2008). Dentro desse grupo um exemplo interessante a ser investigado é o da

espécie de caranguejo Ocypode quadrata (FABRICIUS, 1787) que é um representante

do gênero Ocypode, família Ocypodidae, conhecido popularmente como maria-farinha,

caranguejo-fantasma, vasa-maré, espia-maré, guaruça e guriça (SAWAYA, 1939;

SANTOS, 1982). Seu nome faz referência ao formato quadrado da sua carapaça. Os

indivíduos jovens dessa espécie apresentam um complexo padrão de manchas em tons

de cor semelhante a areia distribuídas de forma irregular que difere bastante de sua

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aparência adulta, quando adquirem uma coloração branco-amarelada, com região

ventral e quelas brancas (FIGURA 1).

A maria-farinha possui intenso período de atividade noturno, embora esse

comportamento esteja mais relacionado à temperatura do que ao fotoperíodo, havendo

uma faixa mínima tolerável que está entre 14 e 25 °C (BLANKENSTEYN, 2006). Ainda

segundo BLANKENSTEYN (2006), o comportamento noturno presente nessa espécie

também poderia ter evoluído como um mecanismo de proteção contra a predação. Eles

podem apresentar um comportamento alimentar bastante flexível, mas são

essencialmente predadores (WOLCOTT, 1978). Sua dieta é composta por bivalves,

insetos, vegetação e detritos orgânicos, o que os torna grandes retransmissores de

energia entre diferentes níveis tróficos (PHILLIPS, 1940; FALES, 1976; WOLCOTT,

1978).

De acordo com BRANCO ET AL. (2010), a amplitude do nicho ecológico dessa

espécie resulta em um baixo número de competidores, já quando a questão é

predação, não há relatos da existência de predadores terrestres. No Brasil existem

registros de predação por corujas (GIANUCA, 1997), falcões e gaivotas

(BLANKENSTEYN, 2006).

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FIGURA 1. Indivíduos da espécie Ocypode quadrata. (a) Juvenil e (b) Adulto.

O. quadrata é um caranguejo semi terrestre, típico de praias arenosas tropicais e

subtropicais. Sua ocorrência foi descrita ao longo da costa oeste do atlântico, nas três

Américas, desde Rhode Island (EUA) até o Rio Grande do Sul (Brasil) (MELO, 1996).

Ele é o único representante do gênero Ocypode no litoral brasileiro. É um animal

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escavador, constrói tocas em grande parte da região entremarés (a área entre a linha

das marés baixa e alta, que sofre a ação da maré no decorrer do dia) e do supralitoral

(região da encosta das dunas, acima da linha da maré alta, raramente sofre

inundações) (MELO, 1996; TURRA ET AL., 2005). De acordo com ALBERTO &

FONTOURA (1999), há uma preferência para a construção das tocas na região central

da praia. Elas podem ultrapassar um metro de profundidade, frequentemente inclinadas

e em forma de “J” (BARNES & RUPPERT, 1996) ou de "U" (ALBERTO & FONTOURA,

1999). Com o distanciamento da linha d’agua a abundância de caranguejos diminui,

mas há um aumento no diâmetro das tocas (ALBERTO & FONTOURA, 1999;

HILLESHEIM, 2005). Isso indica que indivíduos maiores (adultos) têm preferência por

regiões mais afastadas da água, caracterizadas por solo de areia clara, de granulação

fina e com cobertura vegetal parcial, enquanto os juvenis estão distribuidos na zona

baixa e mediana da entremarés, composta por areias mais escuras, grossas e sem a

presença de vegetação (DUNCAN, 1986; TURRA ET AL., 2005; LIMA, 2011) (FIGURA

2). Para FISHER & TEVESZ (1979), essa diferença de distribuição é causada pela

baixa resistência dos juvenis à desidratação, somada à sua falta de habilidade em

cavar tocas fundas, ao contrário do que acontece com os indivíduos adultos. O grande

impacto causado pelo tráfego intenso de pessoas nas praias torna o hábito de se

esconder em tocas um importante fator de sobrevivência para a maria-farinha

(WOLCOTT, 1978).

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FIGURA 2. (a) Gradiente de cor da areia da praia. A área superior, de areia clara e presença de

vegetação faz parte da região supralitoral. Enquanto a área abaixo, de areia escura faz parte da

região entremarés (b) Vegetação rasteira das dunas composta por Salsa-da-praia e capim-da-praia.

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Mesmo sendo uma espécie facilmente encontrada em quase toda a costa do

continente americano a maior parte dos trabalhos concentra-se na bioecologia e

distribuição desses animais. Porém, não há estudos relacionados à camuflagem e que

demonstrem a importância da coloração em Ocypode quadrata. Este trabalho, portanto,

busca avaliar se indivíduos adultos e juvenis de Ocypode quadrata, apresentam

preferência diferente por diferentes extratos da praia.

2. OBJETIVOS

2.1. GERAL

Avaliar a influência da idade sobre a preferência do caranguejo Ocypode

quadrata por diferentes tipos de substratos.

2.2. ESPECÍFICO

Relacionar a preferência por diferentes estratos da praia com um aumento da

camuflagem de adultos e juvenis.

3. HIPÓTESES E PREDIÇÕES

3.1. HIPÓTESE

Haverá diferenças na preferência de substrato entre Ocypode quadrata jovens e

adultos.

3.2. PREDIÇÕES

3.2.1. Os caranguejos jovens, por exibirem um padrão de manchas irregulares

semelhante a areia molhada da praia, irão escolher ativamente a areia de cor mais

escura;

3.2.2. Caranguejos adultos, que possuem carapaça e patas de coloração branco-

amarelada, com região ventral e quelas brancas, irão escolher preferencialmente

substratos claros.

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4. METODOLOGIA

4.1. ÁREA DE ESTUDO

A coleta e experimento ocorreram nos meses de fevereiro e março nas praias de

Genipabu (Coordenadas: -5.691539, -35.207405), Santa Rita (Coordenadas: -5.695889,

-35.195009), e Redinha Nova (Coordenadas: -5.727697, -35.202820), que fazem parte

da APA Jenipabu (Área de Proteção Ambiental Jenipabu), situada entre os municípios

de Natal e Extremoz, Rio Grande do Norte. Essa unidade de conservação foi criada em

1995 com o intuito de conservar os diversos ecosistemas presentes no local. (FIGURA

3)

FIGURA 3. Delimitação da APA JENIPABU. Localização das praias onde o experimento com a

maria-farinha foi realizado.

Fonte

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em

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4.2. COLETA DOS ANIMAIS E EXPERIMENTO DE ESCOLHA DE BACKGROUND

As coletas dos animais foram realizadas entre as 6h e 9h da manhã. Os

caranguejos foram capturados através de busca ativa com o auxílio de uma pá, para

cavar nos locais onde havia presença de tocas, e uma rede de captura. Eles foram

acomodados juntos em recipientes de plástico com aberturas que permitiam a entrada

de ar. No total, 18 caranguejos foram capturados, sendo 13 adultos e 5 juvenis.

O experimento de escolha de background é uma adaptação do experimento

realizado por UY ET. AL (2017). Para o experimento foi montado um cercado medindo

70 cm de comprimento x 35 cm de largura x 10 cm de altura, essa arena foi dividida em

duas partes iguais onde um lado foi preenchido com areia clara retirada do supralitoral

e parte da vegetação ali presente (denominado área C), enquanto a outra metade foi

preenchida com areia escura oriunda da região entremarés (área E). No centro foi

colocado um cilindro de PVC para reter o caranguejo durante o tempo de habituação

(FIGURA 4).

FIGURA 4. Arena de escolha de substrato. Areia clara com vegetação e areia escura com cilindro de

PVC no centro para reter o animal.

Com o cercado montado, um caranguejo por vez foi posicionado no centro da

arena e mantido dentro do cilindro por 5 minutos. Ao fim desse tempo o cilindro foi

retirado e o caranguejo foi observado a uma distância de 4 m durante 10 minutos. O

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tempo de permanência de cada caranguejo foi cronometrado e marcado a cada vez que

havia mudança de lado. Todos os animais foram submetidos ao experimento duas

vezes em sequência e os 5 primeiros minutos de cada experimento foram

desconsiderados para evitar contabilizar o tempo que cada animal passou imóvel em

uma única posição ao início de cada rodada. Com o final do experimento os

caranguejos foram marcados com caneta permanente, para evitar sua recaptura, e

soltos próximos ao local de captura.

4.3. ANÁLISE ESTATÍSTICA

A análise foi realizada através do programa BioEstat 5.0. O tempo gasto por

indivíduo em cada lado da arena foi contabilizado. Os dados foram rodados pelo teste

de Shapiro-Wilk e apresentaram normalidade (W = 0,9629; p = 0,6259). Então, foi

utilizando o teste t pareado para comparar o comportamento de jovens nos dois

substratos e adultos nos dois substratos, e o teste t para amostras independentes para

analisar se a idade foi um fator influenciador na escolha do substrato.

5. RESULTADOS

Não houve diferença significativa no tempo em que os adultos (t = 0,6215; gl =

12; p = 0,2729) ou juvenis (t = -0,3454; gl = 4; p = 0,3736) passaram na área clara e na

área escura. Da mesma forma, adultos e juvenis não diferiram com relação a utilização

da área clara (t = 0,656; gl = 16; p = 0,2605) ou da escura (t = -0,656; gl = 16; p =

0,2605) (FIGURA 5).

6. DISCUSSÃO

O tamanho da amostra não foi suficiente para revelar se há, ou não, relação

entre a idade do caranguejo Ocypode quadrata e a sua preferência por um tipo

específico de substrato. Nesses resultados, os indivíduos jovens e adultos não

apresentaram diferença significativa no tempo em que utilizaram a área clara e a área

escura. Considerando o baixo n, vemos que a média de tempo em que cada grupo

passou em ambas as áreas é possível observar uma pequena diferença entre o tempo

de permanência de jovens e adultos em cada área, com jovens passando mais tempo

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em substrato escuro, enquanto adultos permaneceram mais tempo em substrato claro

(FIGURA 5). O tempo de duração do experimento também pode ter contribuído para um

resultado final que não apresentou diferença estatisticamente significativa.

FIGURA 5. Tempo de permanência de Ocypode quadrata jovens e adultos em cada área da arena. As

linhas centrais representam a média, as caixas representam o desvio padrão, e as barras representam os

valores máximos e mínimos.

De acordo com esses resultados, os animais não prefiriram uma área em

detrimento da outra. É possível que devido ao comportamento mais noturno dessa

espécie, provavelmente uma adaptação contra predação ou estresse térmico

(BLANKENSTEYN, 2006), a coloração da areia da praia tenha tanta relevância quando

se tem o hábito de deixar a toca à noite.

É possível também que o caranguejo Ocypode quadrata utilize a sua grande

capacidade de fuga como principal mecanismo antipredatório. Uma vez que esse

hábito, além de evitar predadores, também é relevante para impedir atropelamentos

(WOLCOTT & WOLCOTT, 1984). Quando se deparam com alguma ameaça esses

caranguejos logo iniciam uma intensa corrida, que pode ter como objetivo final suas

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próprias tocas, algum abrigo em um lugar próximo ou o mar (XIMENEZ, 2011). Apesar

disso, WOLCOTT & WOLCOTT (1984) mostraram que eles não apresentam uma

resposta de fuga eficiente no escuro, permanecendo imóveis. Isso leva a crer que

durante o dia, quando se sentem expostos, fugir é uma opção melhor do que tentar se

camuflar.

Outro ponto a ser levantado é se essa diferença de coloração encontrada entre

jovens e adultos não poderia ser utilizada como um indicativo de maturidade sexual.

Apesar de não haver trabalhos desse tema que utilizem a maria-farinha, DETTO ET AL.

(2008) encontrou indícios de que a mudança ontogenética de cor em Uca capricornis

fornece informações sobre o sexo e maturidade.

Não realizamos medições da coloração dos animais, de forma que não se sabe

se o brilho refletido pela areia e pelo corpo do caranguejo é captado da mesma forma

pela visão humana e de predadores. Essas são questões importantes que deverão ser

abordadas em experimentos futuros.

A escassez de trabalhos envolvendo o tema torna essa pesquisa um ponto inicial

para próximos trabalhos. Dito isso, há uma gama de possibilidades e uma grande

necessidade de estudos futuros que ressaltem o papel da coloração da maria-farinha.

7. CONCLUSÃO

De acordo com os nossos resultados, por causa do baixo n amostral não é

possível relacionar a idade e a preferência do caranguejo por um tipo de substrato.

Com os resultados obtidos nessas condições, concluímos que apesar de adultos

passarem mais tempo em substrato de areia clara e dos juvenis passarem mais tempo

em substrato de areia escura, na mesma linha das hipóteses propostas neste estudo,

como essas diferenças não se mostraram estatisticamente significativas, o Ocypode

quadrata não altera sua preferência por substrato mais claro ou escuro ao longo de seu

desenvolvimento ontogenético. É necessário um experimento complementar, com o

número desejável de indivíduos, para atestar, ou não, esses resultados.

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8. REFERÊNCIAS

ALBERTO, R. M. F.; FONTOURA, N. F. Distribuição e estrutura etária de Ocypode quadrata (Fabricius, 1787) (Crustacea, Decapoda, Ocypodidae) em praia arenosa do litoral sul do Brasil. Revista Brasileira de Biologia, v. 59, n. 1, p. 95-108, 1999.

BARNES, R. D.; RUPPERT, E. E. Zoologia dos invertebrados. 6. ed. São Paulo: Roca, 1996.

BEGON, M.; TOWNSEND, C. R.; HARPER, J. L. Ecologia: De indivíduos a ecossistemas. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007.

BLANKENSTEYN, A. O uso do caranguejo maria-farinha Ocypode quadrata (Fabricius) (Crustacea, Ocypodidae) como indicador de impactos antropogênicos em praias arenosas da Ilha de Santa Catarina, Santa Catarina, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, v. 23, n. 3, p. 870-876, 2006.

BOOTH, C. L. Evolutionary significance of ontogenetic colour change in animals. Biological Journal Of The Linnean Society, v. 40, n. 2, p. 125-163, 1990.

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