fatos&artefatos 2008 1
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Fatos e Artefatos como Construes Sociotcnicas
1 Perodo de 2008
NCE/CC!"#Estudos de Ci$ncia e %ecno&o'ia
C(di'o) #A*+,1 ou #A*88-Prof. "an da Costa #arues
e!mai&)imaruesufr.3r
C4PPE/PESC"nform5tica e Sociedade
C(di'o) C4S+1+Prof. 6enriue Cu7ierman
e!mai&) cu7iercos.ufr.3r
4r'ani9a:o da disci;&ina/;esuisa
A cada um dos encontros corresponde um material de leitura previamente indicado (veja abaixo o
calendrio). Todo o livro Cincia em Aoe alguns textos ainda a definir sero lidos ao longo docurso. De um encontro para outro, podero ser indicados um ou mais textos complementares e ouavanados! relacionados ao tema do encontro. "ste material complementar no ser focali#ado e
discutido detal$adamente em sala, e, portanto, sua leitura no % obrigat&ria embora seja
recomendada.
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Fatos e Artefatos como Construes Sociotcnicas
o nico mito puro a idia de uma cincia purificada de qualquer mitoCic$el 2erres
4 novo campo de con$ecimentos, genericamente denominado "studos de *i@ncia e
Tecnologia 0 "*T, tra# implicaes importantes para a compreenso, o sentido, o ensino e a prtica
do desenvolvimento cient6fico e tecnol&gico. A ci@ncia e a tecnologia ocidentais so $istoricamente
apresentadas e ensinadas como se constitu6ssem um con$ecimento EpuroF, e, portanto, separvel do
mundo social. 4s "*T postulam 7ue esta Epure#aF no fa# sentido, uma ve# 7ue fatos e artefatos, se
e 7uando atingem uma forma final ou estabili#am5se por per6odos mais ou menos longos, fa#em5no
atrav%s de uma rede complexa de condicionalidades e interaes justapondo materiais $eterog@neos
onde se sociali#am elementos $umanos e no $umanos. Assim, fatos e artefatos constituem e so
constitu6dos pelas c$amadas redes sociot%cnicas. Desta forma, pode5se desconstruir as muitas lin$as
divis&rias convencionais entre ci@ncias naturais e ci@ncias sociais, mostrando a impossibilidade de
se dissociar o natural! ou t%cnico! do social! ou cultural!.
1ara compreender a fabricao de um fato cient6fico e3ou de um artefato tecnol&gico, isto %,
o duplo movimento pelo 7ual % constru6do e encontra seu espao de aceitao e circulao, %
necessrio analisar as redes sociot%cnicas 7ue engendra e pelas 7uais % engendrado, sem as 7uais
seria esva#iado de todo conteGdo e todo futuro. 1ara descrever estas tramas, aonde 7uer 7ue elas
levem, % fundamental a noo de rede sociot%cnica, o fio de Ariadne destas histrias confusas-.Bm fato3artefato no % somente fruto de uma evid@ncia natural ou da pura e simples observao ou
ainda de um g@nio inventivo privilegiado. 4 con$ecimento cient6fico e tecnol&gico % feito demGltiplas operaes efetuadas sobre uma multido de representantes, de intermedirios de todos os
g@neros, aliados ou adversrios, seres $umanos ou no, 7ue so numerosos, dispersos, long6n7uos,
inacess6veis, intocveis mas 7ue se encontram tradu#idos e articulados em uma rede sociot%cnica.
4 curso pretende percorrer um conjunto de temas para discusso brevemente resumido a
seguir:
5 =m o&ar sociotcnico
?eprodu#ir ante as c$amadas sociedades modernas o mesmo ol$ar do antrop&logo
frente ;s c$amadas culturas pr%5modernas!, estudadas por ele de tal forma 7ue se
pode v@5lo passar, sem mudar seus instrumentos de anlise, da meteorologia ao
sistema de parentesco, da nature#a das plantas ; sua representao cultural, daorgani#ao pol6tica ; etnomedicina, das estruturas m6ticas ; etnof6sica ou ;s t%cnicas
de caa.
5 =niersa&idade
Ao inv%s de comear por leis universais 5 sociais ou naturais 5 e de tomar
conting@ncias locais como sendo particularidades to exc@ntricas a ponto de se
elimin5las ou proteg@5las, principia5se de localidades incomensurveis,
desconectadas e irredut6veis, as 7uais, ento, a um preo muito elevado, terminam
por ve#es, e provisoriamente, vinculadas por conexes mensurveis. Bniversalidade
ou ordem no so regras mas sim excees. ocalidades, conting@ncias ou
agrupamentos se parecem mais com ar7uip%lagos em um oceano do 7ue com lagospontuando uma terra firme.
- AT4B?, /runo, -HH=,amais fomos modernos. ?io de Ianeiro, "ditora =.
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5 %ecnoci$ncia
Desistir de 7ual7uer discurso ou opinio acerca da ci@ncia e da tecnologia j prontas
e estabelecidas para, ao contrrio, seguir cientistas e engen$eiros em aoJ desistir de
7ual7uer deciso sobre a subjetividade ou a objetividade de uma afirmao com base
simplesmente em seu exame para, ao contrrio, seguir sua $ist&ria tortuosa na
medida de sua andana de mo em mo, durante a 7ual cada um a transforma mais e
mais em fato ou artefatoJ abandonar a sufici@ncia da 'ature#a como principal
explicao para o encerramento das controv%rsias para, ao contrrio, contabili#ar a
longa e $eterog@nea lista de recursos e aliados 7ue cientistas e engen$eiros reGnem
para tornar imposs6vel 7ual7uer dissenso. 4 retrato da tecnoci@ncia revelado por
este m%todo % o de uma ret&rica fraca 7ue, com o passar do tempo, torna5se cada ve#
mais forte ; medida 7ue os laborat&rios vo sendo e7uipados, os artigos publicados e
novos recursos arregimentados para suportar controv%rsias cada ve# mais acerbas.
5 %radu:o
A noo de traduopermite a possibilidade de fundir as noes de interesse eprograma de pes7uisa de uma maneira mais sutil. Traduo implica em
deslocamento, traio, ambigKidade. 2ignifica, portanto, 7ue se parte da no
e7uival@ncia entre interesses ou jogos de linguagem, e 7ue, portanto, o objetivo da
traduo % tornar e7uivalentes duas proposies. Desta forma, 7uestes particulares
(como o oramento da ci@ncia ou a ar7uitetura de um c$ip) podem tornar5se
solidamente vinculadas a 7uestes maiores (a sobreviv@ncia do pa6s ou o futuro dos
computadores), to bem vinculadas 7ue ameaar as primeiras e7uivale a ameaar as
Gltimas. 2utilmente urdida e cuidadosamente lanada, esta fin6ssima rede
sociot%cnica pode ser extremamente Gtil para manter os grupos em suas mal$as.
5 En'enaria etero'$nea
Cais 7ue propriamente gerado pela operao de um m%todo cient6fico privilegiado, ocon$ecimento % um produto social. 1ode ser encarado como produto ou efeito de
uma rede de materiais $eterog@neosJ um processo de Eengen$aria $eterog@neaF na
7ual partes e pedaos do social, do t%cnico, do conceitual e do textual so
conjuntamente conformados, e ento convertidos em um conjunto de produtos
cient6ficos igualmente $eterog@neos.
5 >edes Sociotcnicas
A tecnoci@ncia % feita em lugares relativamente novos, raros, caros e frgeis 7ue
reGnem enormes 7uantidades de recursosJ esses lugares podem vir a ocupar posies
estrat%gicas e a ter relaes uns com os outros. 1ortanto, a tecnoci@ncia pode ser
descrita simultaneamente como um empreendimento demiGrgico 7ue multiplica onGmero de aliados e como uma reali#ao rara e frgil da 7ual s& ouvimos falar
7uando todos os outros aliados esto presentes. 2e a tecnoci@ncia pode ser descrita
como sendo to poderosa e ainda assim to fraca, to concentrada e to dilu6da,
significa 7ue tem as caracter6sticas de uma rede. A palavra rede indica 7ue os
recursos esto concentrados em alguns locais 5 os n&s 5 7ue esto ligados uns aos
outros 5 as ligaes e a trama: essas conexes transformam os recursos espal$ados
em uma rede 7ue parece se estender por toda parte.
5 %eoria Ator!>ede ? %A>
4s agentes sociais nunca esto locali#ados unicamente em corpos mas, ao contrrio,
um ator % uma rede moldada por relaes $eterog@neas, ou um efeito produ#ido poreste tipo de rede. 4 argumento % 7ue pensar, agir, escrever, amar, trabal$ar por um
salrio 5 todos os atributos 7ue normalmente designamos a seres $umanos, so
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gerados em redes 7ue passam e se ramificam, ao mesmo tempo, no corpo e al%m do
corpo. Da6 o termo ator5rede 5 um ator % tamb%m, e sempre, uma rede. A TA?
prope 7ue as sociedades modernas no podem ser descritas sem 7ue se as
recon$eam como possuidoras de um carter fibroso, filiforme, tramado,
encordoado, capilar, imposs6vel de ser apreendido pelas noes de n6veis, camadas,
territ&rios, esferas, categorias, estruturas, sistemas. 1ara a TA? % absolutamente
imposs6vel compreender o 7ue mant%m coesa uma sociedade sem reinjetar na suafabricao os fatos manufaturados pelas ci@ncias naturais e sociais e os artefatos
projetados pelos engen$eiros.
5 Centro de c5&cu&o/m(eis est5eis e com3in5eis
4 con$ecimento no % algo 7ue possa ser descrito por si mesmo ou por oposio a
EignorLnciaF ou EcrenaF, mas apenas por meio do exame de todo um ciclo de
acumulao: como tra#er as coisas de volta para um lugar em 7ue algu%m as veja
pela primeira ve# e outros possam ser novamente enviados para tra#er mais coisas de
volta. *omo familiari#ar5se com coisas, pessoas e eventos distantesM 4u seja: como
agir a distLncia sobre eventos, lugares e pessoas no familiaresM ?esposta: desde 7ue,
de alguma forma, se traga de volta esses eventos, lugares e pessoas. *omo fa#er issose esto distantesM Nnventando meios de (a) torn5los m&veis de forma a tra#@5los de
voltaJ (b) torn5los estveis para 7ue possam ser tra#idos e levados sem distoro,
decomposio ou deteriorao, e (c) torn5los combinveis de forma 7ue, 7ual7uer
7ue seja sua constituio, possam ser acumulados, agregados, ou embaral$ados como
um mao de cartas. 2e essas condies forem atendidas, ento uma pe7uena
cidade#in$a provinciana, um obscuro laborat&rio ou uma insignificante empresa de
fundo de 7uintal, inicialmente to fracos 7uanto 7ual7uer outro lugar, se
transformaro em centros capa#es de dominar a distLncia muitos outros lugares.
5 Estudos de casos
Ementa)
Fatos e Artefatos como Construes Sociotcnicas !4s laborat&rios e suas redes. [email protected] literatura cient6fica. 4s laborat&rios. As m7uinas. As profisses. 4s tribunais da ra#o. 4s
centros de clculo. A teoria Ator5?ede. 4s estudos de caso. Tecnoci@ncia e pol6tica. 4s alunos
escol$em um artefato tecnol&gico desenvolvido no /rasil e fa#em sua anlise sociot%cnica como
trabal$o prtico.
>efer$ncias *i3&io'r5ficas adicionais)
/44?, David, -HH-,!no"ledge and #ocial $mager%. *$icago, BniversitO of *$icago 1ress
"*P, udiQ, -H9R,&a gnesis % el desarrollo de un hecho cient'fico. Cadrid, Alian#a.
+A?ASA, Donna I., -HH-, #imians( c%)orgs and "omen: the rein*ention of nature.'e orQ,?outledge.
AT4B?, /runo, -H99, +he ,asteuri-ation of rance.Cassac$usetts, +arvard BniversitO 1ress.UUUU, -HH=,amais fomos modernos.?io de Ianeiro, "ditora =.
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AS, Io$n, 88,Aircraft #tories: /ecentering the 0)1ect in +echnoscience. DuQe Bniv 1ress.
UUUUU,-H9H, 4 aborat&rio e suas ?edes!. Nn *A4', Cic$el (org),&a #cience et ss reseau.(1aris, a D%couverte.
UUUUU,-HH8, 'otes on t$e T$eorO of t$e Actor5'etorQ: 4rdering, 2trategO, and +eterogeneitO!.
2Ostems 1ractice, v. >, n. =.
"'4N?, Timot$O, -HH