fatores da satisfaÇÃo e fidelidade de clientes na … · 2017. 11. 2. · vii resumo da tese...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO FATORES DA SATISFAÇÃO E FIDELIDADE DE CLIENTES NA HOTELARIA: UM ESTUDO SOBRE A PERCEPÇÃO DOS GESTORES DE HOTÉIS por ADRIANA CAVALCANTE DE FARIAS BACHAREL EM TURISMO, 1993. TESE SUBMETIDA AO PROGRAMA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO NOVEMBRO, 2008 © 2008 ADRIANA CAVALCANTE DE FARIAS. TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. O autor, aqui designado, concede ao Programa de Engenharia de Produção da Universidade Federal do Rio Grande do Norte permissão para reproduzir, distribuir, comunicar ao público, em papel ou meio eletrônico, esta obra, no todo ou em parte, nos termos da Lei. Assinatura do Autor: ______________________________________________ APROVADO POR: ______________________________________________________________ Prof. Rubens Eugênio Barreto Ramos, D.Sc. – Orientador, Presidente ______________________________________________________________ Profa. Anatália Saraiva Martins Ramos, D.Sc. – Membro Examinador ______________________________________________________________ Profa. Tereza de Souza, Dr – Membro Examinador Externo

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

FATORES DA SATISFAÇÃO E FIDELIDADE DE CLIENTES NA HOTELARIA: UM ESTUDO SOBRE A PERCEPÇÃO DOS GESTORES DE HOTÉIS

por

ADRIANA CAVALCANTE DE FARIAS

BACHAREL EM TURISMO, 1993.

TESE SUBMETIDA AO PROGRAMA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE

MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

NOVEMBRO, 2008

© 2008 ADRIANA CAVALCANTE DE FARIAS.

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. O autor, aqui designado, concede ao Programa de Engenharia de Produção da Universidade Federal do Rio Grande do Norte permissão para reproduzir, distribuir, comunicar ao público, em papel ou meio eletrônico, esta obra, no todo ou em parte, nos termos da Lei.

Assinatura do Autor: ______________________________________________ APROVADO POR: ______________________________________________________________ Prof. Rubens Eugênio Barreto Ramos, D.Sc. – Orientador, Presidente ______________________________________________________________ Profa. Anatália Saraiva Martins Ramos, D.Sc. – Membro Examinador ______________________________________________________________ Profa. Tereza de Souza, Dr – Membro Examinador Externo

ii

Divisão de Serviços Técnicos Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede

Farias, Adriana Cavalcante de. FATORES DA SATISFAÇÃO E FIDELIDADE DE CLIENTES NA HOTELARIA: UM ESTUDO SOBRE A PERCEPÇÃO DOS GESTORES DE HOTÉIS / Adriana Cavalcante de Farias – Natal, RN, 2008. XV, 57 p. Orientador: Rubens Eugênio Barreto Ramos Tese (Mestrado). Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Tecnologia. Programa de Engenharia de Produção. 1. Satisfação do Cliente. 2. Fidelidade do Cliente. 3. Hotelaria. 4. I Ramos, Rubens Eugênio Barreto. II Título. RN/UF/BCZM CDU 658.xxx(xxx.x)

iii

SOBRE O AUTOR

CURRICULUM VITAE

Adriana Cavalcante de Farias é Bacharel em Turismo

pela Universidade Potiguar – UNP em 1993. Especialista

em Gestão de Negócios pela Universidade Federal do

Rio Grande do Norte – UFRN em 2002 e Especialista em

Administração Hoteleira pela Universidade Potiguar –

UNP em 2006.

Atuação Profissional

- Atuou como Professora Substituta do Curso de Turismo da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte; Coordenadora de Estágios e Professora do Curso de Turismo da

FACEX; Coordenadora Regional de Turismo e Hospitalidade do Serviço Nacional de

Aprendizagem Comercial do Rio Grande do Norte – SENAC/RN; Coordenadora e

Professora dos Cursos de Turismo e Hotelaria da Faculdade Câmara Cascudo – Estácio de

Sá; Chefe do Departamento de Turismo da Secretaria Especial de Comércio, Indústria e

Turismo da Cidade do Natal; Consultora do Serviço de Apoio a Micro e Pequenas

Empresas do Rio Grande – SEBRAE/RN no Programa de Qualidade Turismo Melhor;

Consultora da ONG RESPOSTA na elaboração do Guia de Procedimentos do Turismo

Sustentável e Infância para a Rede Atlântica de Hotéis – Instituto WCF e no Programa de

Capacitação para Colaboradores do Programa de Turismo Sustentável e Infância para a

Rede Atlântica de Hotéis – Instituto WCF. Consultora da BRAZTOA – Associação

Brasileira de Operadoras de Turismo nos Encontros de Qualificação e Negócios em

Turismo para o Estado do Rio Grande do Norte.

iv

Dedico este trabalho à todas as pessoas que acreditam que o conhecimento atua como

plataforma agregadora da sociedade, estabelecendo a relação entre o saber, sendo este

tradicionalmente ligado à educação escolar, e à experiência de vida da humanidade.

v

AGRADECIMENTOS

A Deus pela sua intervenção em minha vida;

À minha família pelo carinho, apoio e incentivo, assim como também pelo crédito e

investimento na minha formação pessoal e profissional;

Ao meu esposo, Bruno Lopes Tatagiba, pelas palavras e gestos de incentivo que me

dispensou, por todos os carinhos doados nos momentos mais oportunos.

Ao meu orientador, professor Rubens Eugênio Barreto Ramos, pela transmissão de

seus conhecimentos, pelo compartilhamento da sua inteligência e, acima de tudo, pela

paciência dispensada ao meu processo de aprendizado.

Às professoras convidadas para compor a banca, Prof. Anatália Saraiva Martins

Ramos e Prof. Aurélia Altemira Acuña Idrogo.

À secretária do Programa, Cleide, pela presteza com todas as minhas solicitações e

pelo seu constante sorriso simpático.

Aos meus amigos do PEP, Mario Marcelino, Glenda Jamile, Ana Patrícia, Michele

Galdino, que, com muita dedicação e entusiasmo, formaram, juntamente comigo, o grupo

de estudo mais irreverente do Programa: As super poderosas.

À AR Ponta Negra, em destaque para Ana Carla Vidal, Secretária Executiva, pela

disponibilidade apresentada em todas os momentos necessários para à realização da

pesquisa e pelo seu exemplo de profissionalismo.

Aos gestores hoteleiros, respondentes da pesquisa.

À ABIH RN, em especial aos hoteleiros Enrico Fermi e Kleber Torquato.

À ABIH Nacional, especialmente ao Sr. Cássio Cunha, Secretário Executivo.

À SECTUR, representada pelo Secretário Fernando Bezerril e por Marcelo Alvim,

pela sensibilidade e apoio concedido para a execução da pesquisa .

À SETUR, na pessoa de Rita Maria Silva de Souza, pela liberação dos dados

estatísticos para compor a pesquisa.

Ao SENAC RN, em especial ao Diretor Regional, Ronaldo Resende, e à Diretora

de Educação Profissional, professora Zilca Pascoal.

vi

Às minhas amigas, Vergas Vitória, Ana Paula Felizardo, Érika Wendelly, Meyre

Dutra e Mabel, pela participação em meu dia-a-dia durante o processo de construção do

trabalho.

E por fim, agradeço a todas as pessoas que contribuíram para a realização deste

momento da minha vida, por meio de atitudes, gestos, palavras, ações, pensamentos e

energias.

vii

Resumo da Tese apresentada à UFRN/PEP como parte dos requisitos necessários para a

obtenção do grau de Mestre em Ciências em Engenharia de Produção.

FATORES DA SATISFAÇÃO E FIDELIDADE DE CLIENTES NA HOTELARIA: UM ESTUDO SOBRE A PERCEPÇÃO DOS GESTORES DE HOTÉIS

ADRIANA CAVALCANTE DE FARIAS

Novembro, 2008

Orientador: Prof. Rubens Eugênio Barreto Ramos, D.Sc.

Curso: Mestrado em Ciências em Engenharia de Produção

Esta Tese investiga a percepção dos gestores de hotéis sobre os fatores que afetam a

satisfação e fidelidade dos clientes de hotéis. É feita uma pesquisa com gestores de meios

hospedagem e comparados os resultados com pesquisas com turistas internacionais,

nacionais e regionais a Natal sobre os fatores de sua satisfação e fidelidade ao hotel em que

se hospedaram. Os principais resultados sugerem uma divergência entre o que pensam os

gerentes e os clientes sobre os fatores da satisfação, mas uma certa convergência sobre os

fatores da fidelidade. A pesquisa sugere a necessidade da existência de sistemas de

medição permanente dos fatores da satisfação e fidelidade do cliente para manter um

alinhamento dos gerentes ao seu mercado.

viii

Abstract of Master Thesis presented to UFRN/PEP as fulfillment of requirements to the

degree of Master of Science in Production Engineering

FACTORS AFFECTING CUSTOMER SATISFACTION AND LOYALTY IN THE

HOSPITALITY: A STUDY ON THE PERCEPTION OF HOTELS MANAGERS

ADRIANA CAVALCANTE DE FARIAS

November, 2008

Thesis Supervisor: Professor Rubens Eugênio Barreto Ramos

Program: Master of Sciences in Production Engineering

This Master of Science Thesis deals with the perception of hotels managers about the

factors affecting the loyalty and satisfaction of its customers. It is surveyed a group of

managers attending a hotel industry meeting and the results of their responses are

compared with three surveys on tourist satisfaction and loyalty factors in Natal, Brazil,

including international, national and regional tourist. The main findings suggest a

divergence on the managers perception and the customer significant factors affecting

satisfaction surveyed, but a certain convergence on the factors affecting loyalty. The

research suggest a need for a customer satisfaction and loyalty measurement system in

order to contribute for the alignment of managers perception and its customers evaluations.

ix

SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 1

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ...................................................................................................................... 1

1.2 OBJETIVO ........................................................................................................................................ 5

1.3 RELEVÂNCIA ................................................................................................................................... 5

1.4 ORGANIZAÇÃO DA TESE .................................................................................................................. 5

CAPÍTULO 2 SATISFAÇÃO DO CLIENTE NO TURISMO E HOTELARIA ....................................... 7

2.1 O SETOR DE TURISMO ..................................................................................................................... 7

2.2 O SETOR HOTELEIRO ..................................................................................................................... 11

2.3 QUALIDADE E PROCESSOS DE UM HOTEL ...................................................................................... 17

2.4 QUALIDADE E SATISFAÇÃO DO CLIENTE ....................................................................................... 20

2.5 SATISFAÇÃO DO CLIENTE E SISTEMAS DE GESTÃO DA QUALIDADE .............................................. 22

2.6 MODELOS ÍNDICES DE SATISFAÇÃO DO CLIENTE ........................................................................... 25

2.7 O MODELO PROPOSTO POR JOHNSON ET AL. (2001)....................................................................... 27

2.8 ESTUDOS DE SATISFAÇÃO E FIDELIDADE DO TURISTA ................................................................... 29

2.9 SÍNTESE PARA PESQUISA ............................................................................................................... 35

CAPÍTULO 3 METODOLOGIA DA PESQUISA ..................................................................................... 37

3.1 MÉTODO DA PESQUISA .................................................................................................................. 37

3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA ............................................................................................................... 37

3.3 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS ........................................................................................... 37

3.4 COLETA DE DADOS ........................................................................................................................ 38

3.5 ANÁLISE DOS DADOS .................................................................................................................... 38

CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................................... 40

4.1 VALIDAÇÃO DA PESQUISA ............................................................................................................. 40

4.2 ANÁLISE DESCRITIVA .................................................................................................................... 45

4.3 ANÁLISE COMPARATIVA COM ESTUDOS ANTERIORES SELECIONADOS ........................................... 52

4.4 SÍNTESE DOS PRINCIPAIS RESULTADOS ......................................................................................... 55

CAPÍTULO 5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ........................................................................... 57

5.1 ANÁLISE DOS RESULTADOS E OBJETIVO ......................................................................................... 57

5.2 LIMITAÇÕES DA PESQUISA ............................................................................................................. 58

x

5.3 DIREÇÕES DE PESQUISA ................................................................................................................. 58

5.4 RECOMENDAÇÕES ......................................................................................................................... 58

REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................. 59

ANEXO 1 QUESTIONÁRIO........................................................................................................................ 65

ANEXO 2 HISTOGRAMAS ......................................................................................................................... 66

ANEXO 3 ANÁLISE DE CONFIABILIDADE .......................................................................................... 77

xi

LISTA DE TABELAS

Tabela 1.1 Crescimento de passageiros de transporte aéreo em Natal, 2003-2006 (Infraero

2004, 2005, 2006, 2007) ................................................................................................ 3

Tabela 1.2 Movimento internacional, Embarques + Desembarques – Natal, Fortaleza,

Recife, Salvador (Infraero 2004, 2007) ......................................................................... 3

Tabela 2.1 Síntese das variáveis significativas da satisfação de turistas em hotéis, estudos

selecionados ................................................................................................................. 35

Tabela 2.2 Síntese das variáveis significativas da fidelidade de turistas em hotéis, estudos

selecionados ................................................................................................................. 36

Tabela 4.1 Variância das respostas por gerente por grupos de fatores ................................ 41

Tabela 4.2 Análise de Confiabilidade dos itens/escala (alfa de Cronbach) ......................... 45

Tabela 4.3 Infra-estrutura Física .......................................................................................... 52

Tabela 4.4 Importância dos Serviços e Processos ............................................................... 53

Tabela 4.5 Importância do Pessoal ...................................................................................... 53

Tabela 4.6 Preço .................................................................................................................. 54

Tabela 4.7 Tratamento da Reclamação ................................................................................ 54

Tabela 4.8 Avaliação da Importância dos Fatores da Fidelidade ........................................ 55

Tabela 4.9 Síntese sobre Fatores da Satisfação – Maiores Convergências ......................... 55

Tabela 4.10 Síntese sobre Fatores da Satisfação – Maiores Divergências .......................... 56

Tabela 4.11 Síntese sobre Fatores da Fidelidade – Maiores Convergências ....................... 56

xii

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 Sistema Hotel (Castelli, 1999) ............................................................................ 20

Figura 2.2 Modelo geral das categorias de gestão do Prêmio de Baldrige .......................... 23

Figura 2.3 Modelo do PNQ .................................................................................................. 24

Figura 2.4 Modelo do Sistema de Gestão da Qualidade da ISO 9000: 2000 (Fonte: ABNT)

..................................................................................................................................... 24

Figura 2.5 Modelo do índice americano de satisfação - ACSI. Johnson et al. (2001) ......... 26

Figura 2.6 O Modelo ECSI (Ekröf, 2000) ........................................................................... 27

Figura 2.7 O Modelo Proposto. Johnson et al. (2001) ......................................................... 29

Figura 2.8 Estudo com turistas baseado no modelo do ACSI (Souza, 2001a,b) ................. 30

Figura 2.9 Fatores da Satisfação do Turista (Rodrigues, 2003)........................................... 31

Figura 2.10 Fatores da Fidelidade do Turista (Rodrigues, 2003) ........................................ 31

Figura 2.11 Fatores da satisfação e fidelidade do turista com hotéis – nacional (Carlos,

2004) ............................................................................................................................ 32

Figura 2.12 Fatores da satisfação e fidelidade do turista com hotéis – regional (Ferreira,

2004) ............................................................................................................................ 33

Figura 2.13 Fatores da satisfação e fidelidade do turista com hotéis – internacional

(González, 2005) .......................................................................................................... 34

Figura 4.1 Quantidade de apartamentos dos hotéis pesquisados ......................................... 43

Figura 4.2 Quantidade de leitos dos hotéis pesquisados segundo quantidade de

apartamento .................................................................................................................. 44

Figura 4.3 Principal segmento de mercado .......................................................................... 44

Figura 4.4 Avaliação sobre Ambiente Competitivo (Pesquisa) ........................................... 45

Figura 4.5 Avaliação da Importância para Satisfação de Fatores de Infraestrutura do Hotel

(Pesquisa) ..................................................................................................................... 46

Figura 4.6 Importância que o turista atribui à Qualidade dos Serviços e Processos do Hotel

na Opinião dos Gerentes .............................................................................................. 47

xiii

Figura 4.7 Importância que o turista atribui à Qualidade relacionada ao pessoal do Hotel na

Opinião dos Gerentes ................................................................................................... 47

Figura 4.8 Importância que o turista atribui aos preços praticados pelo Hotel na Opinião

dos Gerentes ................................................................................................................. 48

Figura 4.9 Percepção dos gerentes da avaliação dos clientes dos preços das diárias do Hotel

..................................................................................................................................... 49

Figura 4.10 Percepção dos gerentes da avaliação dos clientes dos preços do restaurante do

Hotel ............................................................................................................................. 49

Figura 4.11 Avaliação do Preço do Hotel – Turistas Internacionais (González, 2005) ...... 50

Figura 4.12 Avaliação do Preço do Hotel – Turistas Nacionais (Carlos, 2004) .................. 50

Figura 4.13 Avaliação das reclamações dos clientes na Opinião dos Gerentes .................. 51

Figura 4.14 Importância dos Fatores da Fidelidade (Pesquisa) ........................................... 51

xiv

LISTA DE SIGLAS, NOMES E ACRÔNIMOS.

AR Ponta Negra – Associação Representativa de Ponta Negra

ACSI – American Customer Satisfaction Index

BRAZTOA – Associação Brasileira de Operadoras de Turismo

COFINS - Contribuição para Financiamento da Seguridade Social

ECSI - European Customer Satisfaction Index

EMBRATUR – Instituto Brasileiro de Turismo

FPNQ - Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade

FNRH - Ficha Nacional de Registro de Hóspedes – FNRH

FECOMERCIO RN – Federação do Comércio de Bens e Serviços do Rio Grande do Norte

GQT – Gestão da Qualidade Total

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INFRAERO - Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária

ISO - International Organization for Standardization

NCSB – Norwegian Customer Satisfaction

PAS - Pesquisa Anual de Serviços

PNQ - Prêmio Nacional da Qualidade

SETUR RN – Secretaria de Estado do Turismo do Rio Grande do Norte

SEBRAE RN - Serviço de Apoio a Micro e Pequenas Empresas do Rio Grande do Norte

SCSI – Swedish Customer Satisfaction Index

SCSB - Swedish Customer Satisfaction Barometer

TQM –Total Quality Management

UH - Unidade Habitacional

1

Capítulo 1

Introdução

Este trabalho apresenta um estudo de fatores que influenciam a satisfação e a

fidelidade do turista, analisando a percepção de gerentes de hotéis e comparando-a à de

estudos anteriores. A pesquisa foi realizada com gerentes de hotéis da região hoteleira de

Ponta Negra na cidade de Natal/RN.

Este capítulo apresenta a contextualização da satisfação e fidelidade do

consumidor, a caracterização do setor turístico e do setor hoteleiro, objetivos, relevância, e

a organização geral da tese.

1.1 Contextualização

De acordo com Teixeira (1998), a atividade turística é caracteristicamente de

natureza terciária, unindo numa grande teia pessoas que, na maioria das vezes, nem se

conhecem para prestar ao viajante serviços requeridos em atendimento aos seus desejos e

necessidades. O autor afirma ainda que constituem nessa teia os agentes de viagem,

operadores turísticos, hoteleiros, locadores de veículos, guias, companhias de transporte

aéreo, rodoviário, marítimo ou fluvial, restaurantes, bares, casas de show, entre tantos

outros que atendem diretamente ao viajante.

Segundo Castelli (2000), o serviço é o resultado de um conjunto de ações que

fazem com que o produto passe às mãos do consumidor, que através do serviço, pode-se

vender tanto um bem material quanto um bem imaterial.

Na hotelaria, o seu produto é o serviço. Identificar as características do produto

hoteleiro é determinante para avaliar se ele está realmente adequado às necessidades dos

hóspedes, para pensar em estratégias de comunicação e distribuição, conseqüentemente

favorecendo o incremento das vendas do empreendimento. Para o hotel, oferecer um bom

2

produto, de forma competitiva, é fazer com que os serviços prestados aos hóspedes pelo

hotel devam atender às necessidades dos mesmos, melhor do que os concorrentes.

O hotel possibilita, por meio de sua infra-estrutura, a oferta de serviços turísticos

disponíveis aos hóspedes, necessários ao ato do consumo turístico, sendo em alguns casos

o equipamento hoteleiro o único promotor desses serviços. Entende-se que o grande

desafio do gestor hoteleiro é garantir a seus hóspedes e aos visitantes qualidade em seus

produtos e serviços e, conseqüentemente, assegurando-lhes a satisfação dos mesmos.

Para Gonzalez (2005), a idéia dominante era que bastava para as empresas

conseguir níveis altos de satisfação para garantir que os clientes iriam continuar dando

preferência aos seus produtos e serviços. Porém, em função de pesquisas realizadas, os

resultados apontaram que os clientes mudavam de fornecedor freqüentemente. A relação

entre satisfação e fidelidade passou a ser estudada de forma mais minuciosa.

Evolutivamente, as empresas passaram a compreender que a fidelidade dos clientes

garantiria os futuros retornos financeiros. Para Fornell et al (1992), os clientes fiéis não são

necessariamente satisfeitos, mas clientes satisfeitos possivelmente são clientes fiéis.

Estudos realizados têm procurado estabelecer relações entre a qualidade do produto ou

serviço para com a satisfação e fidelidade do cliente, associados à lucratividade da

empresa.

O presente estudo se propõe a essa investigação, pois visa pesquisar os fatores que

afetam a satisfação do turista com o hotel e sua respectiva fidelidade, na perspectiva dos

gestores hoteleiros.

Em Natal, o crescimento do fluxo de turistas e da oferta de hotéis aumenta a

importância do turismo para a economia local e torna a competição no setor hoteleiro

intensa. A satisfação e fidelidade de clientes é um tema central em um mercado

competitivo, e o mesmo se passa no setor hoteleiro. Enquanto estudos de clientes têm

apontado fatores importantes na satisfação e fidelidade na visão desse segmento, pouco se

tem explorado sobre qual a percepção do lado da oferta, isto é, a visão dos gerentes.

O crescimento do fluxo de turistas em Natal tem sido significativo a partir do início

dos anos 2000. A Tabela 1.1 apresenta o crescimento do tráfego aéreo em Natal de 2003 a

2006, no qual se evidencia este crescimento.

3

Tabela 1.1 Crescimento de passageiros de transporte aéreo em Natal, 2003-2006 (Infraero 2004, 2005,

2006, 2007)

Ano Total Internacional Doméstico

Pax

%

crescimento

Pax %

crescimento % do total

Pax %

crescimento % do total

2003 437.576 50.844 12% 386.732 88%

2004 563.976 29% 92.361 82% 16% 471.616 22% 84%

2005 649.572 15% 122.547 33% 19% 527.025 12% 81%

2006 695.978 7% 124.595 2% 18% 571.384 8% 82%

A Tabela 1.2 mostra o crescimento relativo de Natal em relação aos outros

principais destinos do Nordeste em 2003 e 2006, onde o fluxo direto de turista

internacional ultrapassou Recife e está próximo a Fortaleza, uma cidade com tamanho 4

vezes superior a Natal.

Tabela 1.2 Movimento internacional, Embarques + Desembarques – Natal, Fortaleza, Recife, Salvador

(Infraero 2004, 2007)

Natal Fortaleza Recife Salvador Total

E+D % E+D % E+D % E+D % E+D

2003 101.687 20% 156.366 30% 123.392 24% 135.228 26% 516,673

2006 249.189 23% 268.281 25% 171.950 16% 374.692 35% 1.064.112

De acordo com a SETUR RN – Secretaria de Estado do Turismo do Rio Grande

do Norte, 650.232 passageiros, domésticos e internacionais, desembarcaram no

Aeroporto Internacional Augusto Severo no ano de 2005, sendo que 438.554

utilizaram vôos regulares e 210.056 utilizaram vôos fretados. A grande demanda

desses passageiros usufrui dos serviços hoteleiros, por meio dos pacotes turísticos

comercializados pelas operadoras de turismo em seus estados de origem.

Ainda segundo a SETUR RN, o parque hoteleiro nacional possui hoje

aproximadamente 25 mil meios de hospedagem, e desse universo 18 mil meios de

hospedagem são hotéis e pousadas. No geral, 70% são empreendimentos de pequeno porte.

Isso representa mais de um milhão de empregos e a oferta de aproximadamente um milhão

de apartamentos em todo Brasil.

4

O setor hoteleiro investe cerca de 8 a 12% em tecnologia, e muitos

empreendimentos devem receber recursos da ordem de R$ 5 bilhões nos próximos anos

em modernização. Pode-se considerar que a hotelaria nacional movimenta hoje cerca de

US$ 8 bilhões ao ano. Esse setor, enfim, possui um patrimônio de R$ 78,7 bilhões, gasta

em média R$ 2 bilhões por ano com mão de obra e mais de R$ 30 milhões com o COFINS

- Contribuição para Financiamento da Seguridade Social.

De acordo com a SETUR RN, em 2001, 683.945 UH´s – Unidades Habitacionais

foram ocupadas na rede hoteleira da grande Natal. No ano de 2005, esse número cresceu

para 960.812, apresentando um expressivo aumento do setor hoteleiro na região. Outro

forte indicador que aponta esse crescimento é o número de pernoites gerados pela rede

hoteleira. Em 2001, foram gerados 1.397. 827 pernoites. Em 2005, esse indicador apontou

um resultado de 1.965.271 pernoites.

A SETUR RN informa, ainda, que, em 2001, a rede hoteleira da região da Grande

Natal recebeu 382.573 hóspedes em seus equipamentos. No ano de 2005, esse número

totalizou em 564.836 hóspedes, reconfirmando o expressivo desenvolvimento da hotelaria

na região.

Assim, diante do exposto, percebe-se o crescimento da oferta hoteleira na

cidade de Natal, por meio dos dados apresentados acima e sua forte influência na

economia do RN. E, nesse contexto, a satisfação e fidelidade do turista com o hotel

contribui para a satisfação e fidelidade do turista com o destino com os conseqüentes

impactos econômicos na cidade.

Diversos estudos têm também visado estabelecer mecanismos que tentar relacionar

a qualidade do produto ou serviço à satisfação e fidelidade do cliente e à lucratividade da

empresa, dentre eles Heskett (1994), Reichheld e Sasser (1996), Anderson et al, (1997),

Anderson e Mittal (2000), Edvarsson et al, (2000), Zeithaml & Bitner (2001), Gustafsson e

Johnson (2002). Estes estudos apresentam a existência de uma relação positiva existente

entre a satisfação do cliente, a fidelização do cliente para a empresa e a lucratividade da

empresa.

No caso do presente estudo, diversos estudos têm sido conduzidos sobre o turista

em Natal (Carlos, 2004; Ferreira, 2004; Filgueira, 2001; González, 2005; González e

Ramos, 2005; González, Ramos e Amorim, 2005; Rodrigues, 2003; Rodrigues e Ramos,

2004; Souza, 2001; Souza, Ramos e Ramos, 2002), dos quais três deles fornecem uma base

5

para compreensão dos fatores que afetam a satisfação e fidelidade de turistas com hotéis

em Natal, nos três principais segmentos que visitam a cidade – internacional (González,

2005), nacional (Carlos, 2004) e regional (Ferreira, 2004).

Todavia, se há diversos estudos sobre a importância da satisfação e fidelidade do

cliente, assim como de sua percepção de satisfação e fidelidade, os estudos sobre a visão

dos gestores das organizações sobre esses mesmos clientes são em número muito menor. É

nesse contexto que se insere este trabalho.

1.2 Objetivo

O objetivo dessa pesquisa é investigar os fatores que influenciam na satisfação

e fidelidade do cliente na perspectiva dos gestores de hotéis comparando com estudos

anteriores com turistas no setor hoteleiro.

1.3 Relevância

O estudo da satisfação e fidelidade do cliente ainda necessita de avanço nas

pesquisas. Os modelos propostos, desenvolvidos ao longo do tempo, necessitam,

também, de aprimoramento, objetivando atingir uma medida mais precisa dos

construtos envolvidos, assim como o inter-relacionamento entre estes.

Na área acadêmica o trabalho visa contribuir para o estudo de fatores que

afetam a satisfação e fidelidade do cliente em geral, completando uma lacuna

existente sobre pesquisa com gestores hoteleiros, em particular, serviços prestados

pela rede hoteleira. Visa contribuir na discussão dos modelos teóricos que podem

servir de base para a construção e fidelidade de clientes em hotéis.

Em termos práticos, esse trabalho contribui para um melhor conhecimento do

gestor hoteleiro da cidade de Natal.

1.4 Organização da Tese

O presente trabalho está dividido em cinco capítulos, incluindo esta

introdução.

O segundo capítulo apresenta uma revisão teórica, fundamentada por meio da

literatura do objeto em estudo, Satisfação e Fidelidade, apresentando os conceitos

sobre os Sistemas de Gestão da Qualidade, o desenvolvimento e aplicação dos

Modelos Índices de Satisfação do Consumidor.

6

O terceiro capítulo apresenta a metodologia aplicada na execução da pesquisa,

incluindo o método da pesquisa, população, instrumento de coleta de dados, coleta de

dados e a técnica da análise de dados.

O quarto capítulo discorre sobre os resultados da pesquisa de campo, análise e

interpretação, diagnosticando o perfil dos gestores.

O quinto capítulo trata-se das conclusões finais e recomendações relacionadas

ao trabalho, as limitações da pesquisa e as indicações para estudos futuros.

7

Capítulo 2

Satisfação do Cliente no

Turismo e Hotelaria

Este capítulo tem por objetivo apresentar uma revisão teórica pertinente ao tema da

pesquisa.

Inicialmente apresenta-se uma revisão sobre o setor de turismo. Em seguida

apresenta-se uma revisão sobre hotelaria, qualidade e satisfação do cliente, e pesquisas

sobre satisfação e fidelidade do turista. Por fim, apresenta-se uma síntese da revisão para a

pesquisa foco desse trabalho.

2.1 O Setor de Turismo

2.1.1 Caracterização

O turismo, em virtude de ser uma atividade multidimensional e de caráter

global, pode ser observado sob vários enfoques e abordagens, destacando-se

diferentes aspectos. Sendo assim, é possível observar que há vários conceitos

firmados a respeito do turismo, na ótica de pesquisadores e estudiosos.

Lage e Milone (1991) dizem que “o turismo, de forma ampla, é assumido

como a ciência, a arte e a atividade de atrair, transportar e alojar visitantes, a fim de

satisfazer suas necessidades e seus desejos”. Essa afirmativa demonstra a importância

que se deve dar ao atendimento das expectativas dos clientes, assim como a complexa

caracterização dessa atividade econômica.

A atividade turística pode ser considerada como uma atividade complexa, que se

originou pela necessidade de deslocamento das populações dentro do espaço físico

mundial. Viajar sempre foi uma ação que se origina de um contexto dentro do qual está

8

inserida a sociedade em um determinado momento histórico. Representa um dos elementos

componentes da vida econômica, social e cultural da humanidade no decorrer de cada

época e cada civilização.

Segundo Mota (2001), as viagens iniciaram-se na Grécia, no século VIII a.C.,

porque as pessoas viajavam para ver os jogos olímpicos a cada quatro anos.

Essas informações podem apontar como a atividade turística já está presente na

atividade de relacionamento humano desde tempos remotos, podendo não ter sido

denominada como nos tempos modernos, mas representando uma circulação de pessoas

entre países e regiões, em busca de atrativos nem sempre envolvidos com nações ou

organizações nacionais. Esses movimentos eram predominantemente desenvolvidos por

pessoas ou grupos de pessoas.

Na Antiga Grécia, havia muitas alternativas de lazer: atividades culturais e

artísticas, cursos, conferências, festivais públicos e muitas outras solenidades, além das

competições esportivas − os jogos olímpicos, em honra de Zeus.

Com diversificação de caminhos e a possibilidade de trafegar por estradas mantidas

pelo governo, os romanos tinham maior variedade de destinos e possibilidades de alcançar

os pontos e locais de diversão e lazer para realizar o turismo.

Os destinos em outros continentes atraíram, primeiramente, os mais ricos e, depois,

os que procuravam novas oportunidades profissionais e de negócios. Foram os atrativos

turísticos que atraíram empreendimentos para o “Novo Mundo”.

Argumenta Barreto (1997) que, mais adiante na história, no fim do século XVI,

após grande interrupção, por interferência de guerras e disputas territoriais em todo o

território europeu, o Renascimento trouxe o desenvolvimento das artes, das ciências e das

letras, transformando os costumes e promovendo um retorno à curiosidade e ao gosto pelo

conhecer. As viagens se expandiram com a aristocracia, demonstrando status e poder

econômico.

Foi por essa ocasião que surgiu o capitalismo, o qual veio contribuir, com a oferta

de motivos, para os deslocamentos dos compradores e vendedores dos produtos da

indústria e do comércio, passando as viagens a serem consideradas indispensáveis para a

execução dessas transações.

9

Em seus estudos, Lage e Milone (1991) afirmam que, verdadeiramente, a história

do turismo começou no século XIX, mais precisamente no ano de 1841, quando se

organizaram as primeiras atividades turísticas por iniciativa de algumas pessoas de

destaque que estavam envolvidas nas primeiras iniciativas do segmento. Dentre esses,

podem-se destacar: Thomas Cook, Henry Wells, George Pullmann, Thomas Bennet, Louis

Stangen e Cesar Ritz

O ato de viajar, nos dias de hoje, tornou-se imprescindível para a

humanidade. A massificação do turismo pode ser justificada por alguns fatores

socioeconômicos, dentre os quais se mencionam: a prosperidade, o aumento da população,

a urbanização, a industrialização, a expansão do nível de negócios, maior disponibilidade

de renda, a ampliação do tempo livre e, por fim, os avanços tecnológicos e de

comercialização dos bens e serviços turísticos.

Atualmente, as viagens turísticas ocupam lugar de respaldo e destaque nas relações

econômicas, sociais e políticas das sociedades. Podem manifestar-se de forma distinta

quanto às motivações, aos meios de transportes, aos períodos de duração, aos meios de

hospedagem, ao tamanho dos grupos e às categorias da viagem. O turismo, sendo

caracterizado como um tipo de serviço para alguns dos homens da sociedade industrial

moderna, passou a integrar a vida de todas as nações e a contribuir de maneira significativa

em todos os setores, tornando-se imprescindível para as atividades econômicas do século

XXI.

O turismo manifesta-se de diversas maneiras quanto às formas de motivações,

sendo considerados os seus vários tipos de vivências, seja por meio de negócios, seja pelos

atrativos naturais e culturais, seja por outros tipos de segmentação turística que levam ao

crescimento da demanda e da oferta turística.

De acordo com Ruschmann (2001) o crescimento da demanda e,

conseqüentemente, da oferta turística, tornou o mundo inteiro acessível aos viajantes

ávidos por novas e emocionantes experiências em regiões com recursos naturais e culturais

consideráveis.

Os números crescentes das viagens vêm de maneira significativa impulsionando o

turismo, seja regional, nacional, seja internacional, o que se deve à associação do constante

desejo da sociedade de conhecer novos lugares e atrativos naturais e culturais com as

10

facilidades que o mundo oferece como meios de transportes rápidos e confortáveis e meios

de hospedagem que procuram se adequar às necessidades de cada turista.

Assim, os diversos segmentos que envolvem a atividade turística promovem

a realização das aspirações daqueles que viajam, não importando se o fim seja lazer, saúde,

negócio ou outros.

Cabe ressaltar, então, que o turismo hoje já é considerado um fenômeno social por

envolver, além do turista, a comunidade receptora, pessoas que trabalham diretamente na

atividade turística e organizações governamentais e não governamentais no mundo inteiro,

tornando-se imprescindível nas atividades econômicas e políticas do século XXI.

2.1.2 O Turismo no Brasil

O turismo vem se tornando um instrumento que traz grande impulso ao crescimento

econômico, na medida em que oferece excelente lucratividade. No entanto, nem sempre foi

assim. Furtado (2000, p. 78) diz:

Ao longo de décadas acreditou-se que, simplesmente, o fato de possuirmos um

deslumbrante acervo ambiental fosse suficiente para satisfazer a todas as

exigências do mercado internacional, tornando o Brasil um destino turístico

procurado internacionalmente.

A autora ressalta que, apesar de contar com “um vasto acervo de hábitos,

culturas e tradições”, além de possuir recursos naturais incomparáveis − qualidade

capaz de transformar um potencial turístico em um produto diferenciado a ser

comercializado nas prateleiras das operadoras e agências de viagens, o Brasil, até a

pouco, jamais se preocupara em planejar, lapidar e embalar convenientemente a sua

matéria-prima turística.

Para o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em 2002 e 2003,

o valor total de despesas com viagens, R$ 17,096 bilhões, representou 1,7% dos gastos das

famílias brasileiras naquele período. O mesmo órgão informa ainda que um total de 5,4

milhões de pessoas estavam ocupadas nas atividades características do turismo, e que, em

2003, as famílias brasileiras gastavam 1,7% do total de seus orçamentos com viagens (R$

17,096 bilhões).

A PAS - Pesquisa Anual de Serviços, estimou que em 2003 havia 352.224

empresas em atividades relacionadas ao setor do turismo, que representaram um valor

bruto de produção de R$ 76 bilhões, ocupando mais de 2 milhões de pessoas, 2,5% do total

11

de ocupados no país naquele ano, e totalizando salários da ordem de R$ 15,3 bilhões (3,3

% do total de remunerações).

Afirma-se que o turismo brasileiro atingiu recordes que evidenciam um crescimento

acima da média mundial. O crescimento do turismo internacional no mundo, com relação

às chegadas de turistas estrangeiros, foi da ordem de 5,5%, nos anos de 2004 e 2005. No

Brasil, este crescimento, no mesmo período, atingiu o patamar de 12,5%, conforme dados

apontados pela EMBRATUR – Instituto Brasileiro de Turismo. Ainda segundo a

EMBRATUR, a receita cambial turística do Brasil em 2005 alcançou a ordem de US$ 3,86

bilhões, superando o ano de 2004 em 19,83%.

O histórico entre janeiro de 2002 e dezembro de 2005 apresenta um crescimento

relevante da receita cambial turística, observa-se que em todos os meses dos anos de 2004

e 2005 houve aumento de gastos estrangeiros no Brasil, em relação ao mesmo período nos

anos de 2003 e 2004. Outro dado observado é o crescimento da entrada de turistas

estrangeiros no país. Do ano de 2002 até o ano de 2005, o crescimento foi da ordem de

43%.

2.2 O Setor Hoteleiro

2.2.1 Caracterização

Para a EMBRATUR, por meio do Regulamento Geral dos Meios de Hospedagem, a

definição oficial de empresa hoteleira é a pessoa jurídica, constituída na forma de

sociedade anônima ou sociedade por quotas de responsabilidade limitada que explore ou

administre por meio de hospedagem e que tenha em seus objetivos sociais o exercício de

atividade hoteleira.

Para Torre (2001, p. 29), o conceito de hotel “é uma instituição de caráter público

que oferece ao viajante alojamento, alimentação e bebida, bem como entretenimento, e que

opera com a finalidade de obter lucro”.

A hospedagem é uma das mais antigas atividades desenvolvidas no mundo pela

humanidade, a sua evolução vem se dando gradativamente através dos tempos, seguindo as

tendências impostas pelo mercado como forma de sobrevivência.

Segundo Duarte (1996) os primeiros locais para hospedagem surgiram em meados

do século IV a.C., devido ao intercâmbio comercial já existente entre as cidades européias

12

e a região mediterrânea. Os albergues, que nada mais eram do que partes de residências ou

até mesmo os quartos, eram operados de forma artesanal.

Assim, no decorrer da história, percebe-se que à medida que as atividades

econômicas evoluíam, as atividades realizadas pelos homens foram ganhando proporções

cada vez maiores, forçando estes a realizarem viagens para fazer negócios. Nestas viagens,

precisava-se de um local onde se pudesse repousar e alimentar -se, nasceu, neste momento,

a forma básica da hotelaria, com o objetivo de prestar apenas serviços elementares e de

necessidades humanas, como o abrigo e a alimentação.

Na época do Império Romano havia os hostellun, que eram uma espécie de

palacetes em que reis e nobres se hospedavam em suas viagens. A reputação desses

estabelecimentos variava de acordo com o luxo e os serviços cerimoniais oferecidos aos

clientes (DUARTE, 1996).

Percebe-se que, neste momento, começava a existir a busca pela diferenciação entre

os empreendimentos, já que neste período a reputação ocasionava uma procura maior pelo

estabelecimento.

Ao final da Idade Média, devido ao crescimento das cidades e com o início da

Revolução Mercantil, houve um considerável desenvolvimento das estalagens, que

passaram a oferecer não só a alimentação e alojamentos, mas também cocheiras e

alimentação para cavalos, troca de parelhas e serviços de manutenção e limpeza para as

charretes ou para outro tipo de veículo (DUARTE, 1996).

É possível então perceber que vem de longo tempo a relação com o preço, conforto

e luxo. Este fato se faz ainda hoje, já que, quanto maior a diária cobrada, melhor tende a

ser o estabelecimento, tanto em termos de estrutura, quanto em termos de serviços.

Com o passar dos anos, a melhoria da qualidade das acomodações e a mudança no

perfil dos clientes influenciaram o desenvolvimento da atividade hoteleira em toda a

Europa, passando a ter a capacitação do pessoal como necessária. Além disso, começam a

mudar também os motivos das viagens, buscando-se, atividades de lazer.

O mercado, buscando um novo segmento, passa a construir hotéis em locais com

atrativos turísticos, como demonstra o desenvolvimento de hotéis em áreas como: Cape

May, Quedas do Niagara e Long Branch, que surgiram no período de XIX.

13

De acordo com Duarte (1996), César Ritz, suíço e filho de camponeses, construiu

em 1870 o primeiro estabelecimento hoteleiro em Paris, sendo considerado o marco inicial

da hotelaria planejada no mundo.

Neste mesmo período, surge o Hotel Savoy, que marca o nascimento de um novo

conceito de hotel, sendo considerado o primeiro hotel europeu de luxo, apresentando uma

série de inovações, como por exemplo, a iluminação elétrica, quartos com banheiro

privativo, boletim informativo em diversos idiomas, dentre outros.

Nos Estados Unidos, ocorreu um rápido crescimento da hotelaria; isso em parte é

explicado pela presença dos caminhos de ferro. Em toda a América do Norte observa-se

que a maioria dos hotéis ia sendo construída nas imediações das ferrovias, a medida que

estas iam aumentando (DUARTE, 1996).

A privacidade, conceituada como a maior inovação do Hotel Tremont House,

construído em 1829, logo foi copiada pelos concorrentes, que passaram a construir hotéis

mais finos e luxuosos. Em cada cidade, embora não fosse viável, foi construído um hotel

Tremont House com intenção de impressionar os visitantes, o que levou à abertura e

fechamento de dezenas de hotéis. Nos serviços, o Hotel Tremont House inovou com o

aparecimento do mensageiro, que, entre outras funções, localizava hóspedes no hotel.

Todos estes serviços tornaram o citado hotel como um hotel luxuoso e requintado.

Segundo Duarte (1996), até o fim do século XIX, o desenvolvimento da atividade

hoteleira se deu de forma desordenada, o que chegou a comprometer a qualidade tanto dos

serviços quanto da parte física dos hotéis, além de haver poucos hotéis bem conceituados e

os que existam cobravam preços altíssimos. Observa-se, contudo, uma grande quantidade

de pequenos hotéis, geralmente próximos às estações ferroviárias, sem conforto, carentes

em normas de serviços, boa alimentação e limpeza.

Percebe-se com isso que a concorrência entre hoteleiros nas diversas localidades

culminou em desvios na tradição inicial norte-americana, que propunha hotéis destinados à

satisfação e igualdade de tratamento.

A expansão da atividade hoteleira no mundo foi interrompida com a Primeira

Guerra Mundial. Entretanto o período que compreende de 1910 a 1920 foi considerado a

“bonança da tempestade”, pois foi o segundo período de maior crescimento no setor

hoteleiro. Alcançou-se o pico, tanto em número de construções quanto em número de

dólares gastos. Este fato se deu devido à confiança que os empresários norte-americanos

14

tinham em relação à falta de limites da prosperidade da nação. Os hoteleiros americanos

consideravam ilimitada a demanda de serviços e por isso investiram fortemente no

segmento.

Embora a América do Norte tenha passado por um período de grande

desenvolvimento, observa-se que na década de 30 obteve-se o maior declínio na hotelaria

nos Estados Unidos. A grande recessão causada na economia em 1929 fez com que 85%

das propriedades ficassem sob a intervenção judicial ou fossem liquidadas.

Apesar de alguns especialistas financeiros afirmassem que a indústria hoteleira

jamais se recuperaria, observou-se que com a Segunda Guerra Mundial, o setor recuperou-

se. Isto ocorreu porque milhares de pessoas tiveram que se deslocar de suas casas a fim de

seguir para as áreas de concentração e de produção de armamento, levando assim ao

aumento da demanda por apartamentos e serviços. Naquela época era comum ver pessoas

dormindo nos lobbies dos hotéis, visto que não havia quartos suficientes.

Andrade e Brito (2000) colocam que, no período Pós-Guerra, o turismo passou a

ser uma atividade econômica significativa, sobretudo em países desenvolvidos, em que

ocorrera um crescimento e ampliação da renda da população, gerando desta forma mais

disponibilidade financeira para a prática de atividade de lazer.

O processo de desenvolvimento e de globalização da economia mundial gerou um

considerável fluxo de viagens tanto nacionais quanto internacionais, ampliando os

investimentos no setor de lazer e turismo, sendo este o grande promotor das redes

hoteleiras em todo o mundo.

2.2.2 A Atividade Hoteleira no Brasil

No Brasil a hotelaria não evoluiu, durante muitos anos, simplesmente porque não

havia nenhum tipo de viajante. Não existia o comércio. Os bandeirantes não ficavam nos

vilarejos porque estavam à procura de ouro ou prata para a Coroa Portuguesa, além de

escravizar os índios (DUARTE, 1996).

Durante o século XVII, atividade hoteleira era exercida com outros tipos de ofícios

como: os de barbeiro, alfaiate e sapateiro, sendo ao mesmo tempo vendeiros, estalajadeiros

e artífices. Todos considerados vendedores de alimentos e hospedagem sem distinções.

Naquela época, não havia nenhum controle sobre a atividade; o caos era tamanho que

naquele século que a edilidade, usando seu poder de policiamento, sugeriu, e o Procurador

15

da Câmara aceitou, que houvesse “vendeiros e taverneiros em separado”. A partir de então

os mesmos começam a ser definidos, para efeito de tributação.

Percebe-se, então, que, a partir deste fato, passa-se a ter um mínimo de qualidade

nos serviços prestados em tais empreendimentos.

Em 1808, com a chegada da Coroa Portuguesa ao Rio de Janeiro e a abertura dos

portos, o fluxo de estrangeiros que vieram exercer funções diplomáticas, científicas e

comerciais aumentou e, conseqüentemente, também cresceu o número de meios de

hospedagem. Nos anos posteriores, os das casas de pensão, hospedarias e tabernas

passaram a denominar suas empresas de hotéis, para dar maior conceito aos seus

estabelecimentos, independente do padrão dos serviços ou do número de quartos. A partir

de 1870, começam a aparecer na capital paulista os primeiros hoteleiros.

Durante a melhor fase de desenvolvimento econômico do segundo império

brasileiro, juntamente com as alterações políticas ocorridas desde a época da

independência, a pressão em favor da abolição da escravatura e a mudança do governo

para República, constituíram fatores determinantes para o crescimento da atividade

hoteleira em São Paulo.

A substituição da mão-de-obra escrava pela imigrante, proporcionou o surgimento

de novas atividades tanto comerciais quanto industriais.

Por volta do fim do século XIX, as precárias casas de hospedarias foram

transformadas em hotéis, sendo que no período em que surgiram os primeiros trens da São

Paulo Railway, ligando São Paulo a Santos e posteriormente a Jundiaí, ocorreu uma grande

impulsão da atividade hoteleira.

Enquanto o desenvolvimento da hotelaria paulista esteve atrelado ao turismo de

negócios, no Rio de Janeiro, na época a capital do país, ganhou destaque internacional por

suas belezas naturais e música popular.

Segundo Duarte (1996), o marco hoteleiro carioca foi o Copacabana Palace, que

influiu na transformação do estado como pólo de turismo e lazer. Em agosto de 1922, foi

inaugurado o Hotel Glória, que conta atualmente com 700 apartamentos.

De forma geral, a hotelaria teve um grande desenvolvimento na década de 40,

principalmente na região Sudeste do país, devido ao incentivo dado pelos governos

estaduais. Nesse período, foram construídos os seguintes hotéis-cassino: Parque Balneário,

16

Grande Hotel de Araxá e o Grande Hotel São Pedro. Este último que depois de uma

restauração, passou a abrigar a maior escola de hotelaria da América Latina, atualmente

sob a administração do SENAC – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial, direção

regional de São Paulo.

Contudo, com a proibição do jogo no Brasil, os investimentos no setor hoteleiro

sofreram um declínio. Essa medida promoveu o crescimento de algumas redes hoteleiras,

como a Rede Othon, Vila Rica e Luxor, todas com capital fechado e administração

familiar.

Já em 1972, Duarte (1996) informa que a Rede Hilton, juntamente com recursos em

condomínio, inaugura o São Paulo Hilton, marcando a virada na administração de familiar

para a “profissional”.

Percebe-se, atualmente, uma tendência das cadeias hoteleiras em ampliar a

participação no mercado brasileiro, sobretudo no segmento dos hotéis econômicos.

Os novos ritmos de vida e da demanda de bens e serviços fizeram com que os

padrões da indústria hoteleira recorressem a modelos e serviços que estivessem

compatíveis com este novo cenário, procurando superar as ameaças provocadas pelas

mudanças de hábitos da humanidade.

Diante do exposto, afirma-se que a necessidade de conhecimento e planejamento da

atividade aplicada ao ramo hoteleiro implicará a qualidade dos serviços oferecidos aos

usuários, permitindo uma avaliação permanente dos serviços.

2.2.3 A Atividade Hoteleira no Rio Grande do Norte

Segundo o jornal O Poti, em 31 de dezembro de 2006, o Estado do Rio Grande do

Norte recebeu no ano de 2006, um total de 2.224.809 turistas. Sendo que estes geraram

uma receita de US$ 573 milhões. Ainda segundo o mesmo veículo, atualmente o Estado

disponibiliza 42.306 leitos. A atividade turística proporciona para o Estado do Rio Grande

do Norte 120.000 empregos diretos e 540.000 empregos indiretos. A capital do Estado,

Natal, recebe 24 vôos internacionais, 18 vôos charters (vôos semanais) e seis vôos

regulares (Lisboa-Natal), através da companhia aérea TAP – Transportes Aéreos

Portugueses. Para a FECOMERCIO RN – Federação do Comércio de Bens e Serviços do

Rio Grande do Norte, Natal dispõe de 126 hotéis, representando 27% dos equipamentos

de hospedagem do estado, oferecendo 27.014 leitos, com previsão de mais 1.138 que

estão em fase de construção, nas 815 futuras unidades de hospedagem.

17

A atividade turística na capital aloca 6.202 funcionários fixos e 852 funcionários

indiretos em seus equipamentos e serviços turísticos na capital potiguar, ainda de acordo

com a FECOMÉRCIO.

Para a SETUR RN, através dos indicadores básicos do turismo no Rio Grande do

Norte, no período de 2001 a 2005, afirma que no ano de 2005, os turistas que visitaram

Natal, permaneceram, em média, 3,46 dias, sendo os meses de janeiro, julho e dezembro de

maior número de hóspedes nos empreendimentos hoteleiros da Grande Natal. A SETUR

RN informa que, ainda no mesmo ano, e na mesma região, o mês de janeiro obteve

108.762 unidades ocupadas.

2.3 Qualidade e Processos de um Hotel

A EMBRATUR delega à hotelaria a responsabilidade pelos serviços de

hospedagem e que estes estão sujeitos às normas legais que regem as atividades comerciais

ou empresariais. Essas normas são adaptadas às mudanças de comportamento do

consumidor.

De acordo com a normativa nº 429 de 2002 da EMBRATUR, por meio do

Regulamento geral dos Meios de Hospedagem, os serviços e gestão mínimos necessários

ao hóspede, são:

a) Portaria/recepção apta a permitir a entrada, saída, registro e liquidação de conta dos

hóspedes, durante as 24 horas do dia;

b) Registro obrigatório do hóspede no momento de sua chegada ao estabelecimento.

Mediante preenchimento da Ficha Nacional de Registro de Hóspedes – FNRH;

c) Limpeza e arrumação diária da Unidade Habitacional – UH, fornecendo e trocando o

enxoval de cama e banho, bem como de artigos comuns de higiene pessoal por conta do

estabelecimento;

d) Serviços telefônicos prestados aos hóspedes de acordo com os regulamentos internos

dos estabelecimentos e as normas e procedimentos adotados pelas concessionárias dos

serviços, ou pelo poder concedente;

e) Imunização permanente contra insetos, roedores;

f) Pessoal de serviço em quantidade e com a qualificação necessária ao perfeito

funcionamento do meio de hospedagem;

18

g) Pessoal mantido permanentemente uniformizado, de acordo com a função exercida;

h) Instrumento para pesquisar opiniões e reclamações dos hóspedes e solucioná-las;

i) Observância das demais normas e condições necessárias à segurança, saúde e higiene e

conservação do meio de hospedagem, para atendimento ao consumidor.

A deliberação normativa nº 429 de 2002, quando comparada à deliberação

normativa nº 387 de 1998, proporciona com mais ênfase a qualificação nos itens:

segurança, saúde/higiene, conservação/manutenção, atendimento ao hóspede, instigando

uma melhoria na política de seleção e capacitação dos colaboradores, em nível de

qualidade dos serviços. Ao contrário do regulamento anterior, em que o espaço físico do

hotel era tratado como prioridade, o atual regulamento prioriza a qualidade dos serviços

prestada ao hóspede.

Duas mudanças apresentadas na deliberação normativa nº 429 de 2002, quando

comparada à deliberação normativa nº 387 de 1998, são quanto o regulamento do sistema

de classificação dos meios de hospedagem e à classificação dos meios de hospedagem na

categoria cinco estrelas super luxo.

Segundo Kuazaqui (2000), a proposta conceitual do hotel visa atender às

necessidades de grupos definidos de consumidores – hóspedes, de acordo com seus

padrões de necessidade racional e psicográfica.

O serviço hoteleiro, assim como um produto palpável, deve atender a um desejo ou

necessidade do mercado. Enquanto quem compra um automóvel avalia a sua cor, sua

resistência, sua mecânica, o consumidor do serviço hoteleiro se apóia em impressões sobre

a postura dos recepcionistas, pela imagem do estabelecimento, pelas condições do

atendimento prestado pelos colaboradores. As atitudes e os procedimentos devem ser

seguidos para que o serviço fique dentro do padrão. Além dos procedimentos específicos

da rotina hoteleira, deve-se levar em consideração também o desempenho para que haja um

excelente serviço.

Segundo Ricci (2002), a magia do serviço hoteleiro, aliada ao estado do espírito do

cliente somada aos serviços prestados, as instalações, etc, faz com que seja definida a

qualidade do hotel.

Para Castelli (1999), a Gestão da Qualidade Total (GQT), pode ser descrita como

sendo um modelo gerencial em que a empresa, através da gestão dos processos, busca

19

satisfazer à necessidades de todas as pessoas com as quais tem compromisso. Para o autor,

a GQT pode ser classificada em dois tipos: Gerenciamento pelas diretrizes e

Gerenciamento da Rotina, sendo este último mais afeto às funções operacionais. O mesmo

autor recomenda que para a hotelaria seja adotado o Gerenciamento da Rotina, pois uma

vez que nele se concentra a quase totalidade do quadro funcional.

Segundo Falconi apud Castelli (1999), o Gerenciamento da Rotina consiste nas

ações e verificações diárias conduzidas para que cada pessoa possa assumir as

responsabilidades no cumprimento das obrigações conferidas.

Na GQT, os indivíduos executam as tarefas que, de forma concatena, formam um

processo. Para Castelli (1999), o processo consiste numa série de atividades ou tarefas

entre si ordenadas, visando à consecução de uma meta, ou seja: de resultados que podem

ser bens ou serviços. Ainda segundo Castelli (1999), o processo pose ser compreendido

também como sendo um conjunto de causas (fatores da qualidade) que provoca um ou

mais efeitos (características da qualidade). O referido conjunto de causas obedece a uma

tipologia que, para as empresas prestadoras de serviços é chamada de fatores de serviço e

para o caso de produtos industriais é chamado de fatores de manufatura. Ou seja, o hotel

possui processos de manufatura e processos de serviços.

Para o hotel, o processo é indicado como crítico quando seus resultados acumulam

muitas reclamações dos hóspedes.

Os setores que concentram os principais processos de um hotel, são: reservas,

hospedagem, alimentos e bebidas, eventos, lazer, manutenção, lavanderia e gerência geral

ou gerência operacional.

20

Figura 2.1 Sistema Hotel (Castelli, 1999)

2.4 Qualidade e Satisfação do Cliente

A qualidade, para Deming (1990), começa com a intenção que é determinada pelos

dirigentes com vistas a alcançar o público interno e externo, tanto os atuais como os

futuros. Juran (1992) classifica a qualidade como adequação ao uso. Significa que a

organização terá de adequar a sua estrutura às necessidades de mercado. Crosby (1990)

afirma que qualidade é fazer bem desde a primeira vez. Para Feigenbaum (1994) qualidade

é definida como a combinação de características de produtos e serviços referentes ao

marketing, à engenharia, à produção e à manutenção, através dos quais produtos e serviços

prestados corresponderão às expectativas do cliente. Essas definições expressam o desejo

de mostrar, de forma simples e objetiva, uma formulação teórica capaz de diagnosticar a

importância da qualidade para as organizações.

A crescente sociedade de serviços indica a qualidade como meio de alcançar e

manter uma vantagem competitiva junto ao mercado. A compreensão dos serviços tem

sido vista como uma questão crítica para os fabricantes de bens tangíveis, assim como

também as organizações em geral e instituições prestadoras de serviços nos setores público

e privado. Atualmente, as instituições e organizações prestadoras de serviços percebem

notoriamente a grande concorrência e, portanto, somente as soluções técnicas não são

suficientes para estabelecer um diferencial competitivo no universo da produção. Nos

21

serviços, a fonte para essa posição competitiva está na qualidade da oferta deles. Percebe-

se que as organizações que produzem serviços ou bens, pretendentes a ocupar um espaço

diferenciado no contexto mercadológico, deverá aprimorar a qualidade destes bens ou

serviços oferecidos.

Para Motta (1995), a capacidade criativa de inovar é o grande desafio das

organizações, na medida em que a competitividade global exige métodos inovadores de

gerenciamento. Desta forma, o que deve ser feito é olhar com inteligência para as novas

ferramentas oferecidas pela qualidade, dentro de uma perspectiva futurista e inovadora.

Os principais autores que exploram conceitos sobre a qualidade de serviços são:

Normann (1991), Albrecht (1998), Carlzon (1992), Parasuraman, Zeithaml & Berry

(1985), , Zeithaml & Bitner (2003). Alguns desses autores apresentam um instrumento

desenvolvido para qualificar a qualidade dos serviços, sob a ótica dos processos nos

serviços, denominado de Ciclo de Serviços e Momento da Verdade (MV).

A expressão “Momento da verdade” foi utilizada pela primeira vez pelo sueco

Richard Normann (1991), que a sugeriu a Carlzon (1992) a aplicar esse termo no momento

em que a empresa de aviação que dirigia encontrava-se em situação de crise. Para Carlzon,

todo o contato entre o usuário e o funcionário da companhia representava um Momento da

Verdade. Segundo ele, o Momento da Verdade é demonstrado por aquele instante em que

o usuário entra em contato com qualquer setor do seu negócio e, com base nesse contato,

forma uma opinião sobre a qualidade do serviço.

Albrecht (2002), argumenta que o Ciclo de Serviços permite identificar cada

Momento da Verdade para o cliente, possibilitando, assim, o planejamento e a atuação para

a qualidade, contemplando o conjunto das experiências dos serviços oferecidos. O mesmo

autor afirma que, na administração de serviços, a hora da verdade é qualquer episódio no

qual o cliente entra em contato com qualquer aspecto da organização e obtém uma

impressão da qualidade de seu serviço.

No Ciclo de Serviços não são avaliados em sua execução os procedimentos

técnicos, mas também os fatores emocionais que envolvem as pessoas que executam. São

essas experiências que formaram os multiplicadores positivos ou negativos vivenciados

pelo cliente. O modelo do Momento da Verdade envolve, de um lado, o esquema de

referências dos usuários, representado pelas atitudes, valores, crenças, sentimentos, desejo

e expectativas, e de outro lado, o esquema de referências dos funcionários, também

22

representado pelas atitudes, valores, crenças, sentimentos, desejos e expectativas. O

Momento da Verdade, nesse contexto, depende situação de que as interações ocorram.

Para Castelli (1999) o momento da verdade se caracteriza pela interação que ocorre

entre funcionários e hóspedes durante a consumação do produto-serviço hoteleiro. Nesse

momento, o hóspede examina se está recebendo o que foi prometido, os seus desejos, suas

necessidades e suas expectativas, e se foi compensado pelo o que pagou.

O conceito de satisfação ocupa uma relevante posição na prática de marketing,

sendo identificado como seu efeito principal, relacionando compra e consumo com pós-

compra, bem como mudanças de atitude, repetição de compra e lealdade à marca.

Alguns autores dessa área foram responsáveis pelo desenvolvimento da teoria da

satisfação, dentre eles destacam-se: Cardozo (1965), sendo este o primeiro a investigar a

satisfação do consumidor, utilizando-se da psicologia social, Howard e Shet (1969),

desenvolveram o modelo do comportamento do consumidor, apresentando os conceitos de

pré e pós-compra, Oliver (1977), que focou o seu trabalho nos antecedentes da satisfação.

Para o autor, o consumo do produto ou serviço revela o nível da qualidade percebida.

De acordo com Kotler (2000), a satisfação do cliente consiste na sensação sobre um

produto em relação às expectativas do comprador. Se o desempenho alcançar as

expectativas, o cliente ficará satisfeito. Se o desempenho for além das expectativas, o

cliente ficará altamente satisfeito.

Para Zeithaml e Bitner (2003), a satisfação é uma avaliação feita pelo cliente com

respeito a um produto ou serviço como atendendo ou não as necessidades e expectativas do

cliente. A falha em ir ao encontro das necessidades e expectativas do cliente é identificada,

pressupostamente, como causadora da insatisfação para com o produto ou serviço. A

satisfação do cliente é influenciada pelos atributos específicos do produto ou do serviço e

pelas percepções de qualidade.

2.5 Satisfação do Cliente e Sistemas de Gestão da Qualidade

A aplicação dos conceitos e princípios da Qualidade tem ocorrido nas organizações

através da implementação de Sistemas de Gestão da Qualidade, especialmente os baseados

nos modelos do Prêmio Nacional da Qualidade Malcolm Baldrige dos EUA e da ISO 9001.

No Brasil, também, há o modelo do Prêmio Nacional da Qualidade derivado inicialmente

do Baldrige.

23

O Prêmio Nacional da Qualidade Malcolm Baldrige dos EUA, instituído pelo

Governo dos Estados Unidos em 1987, contém como um dos seus componentes centrais o

foco no clientes e em sua satisfação. A Figura 2.2 apresenta o modelo geral onde se

percebe que a liderança (direção, gerência) da organização é o primeiro componente do

modelo de gestão o qual age em termos estratégicos e com foco no cliente em busca dos

resultados.

Figura 2.2 Modelo geral das categorias de gestão do Prêmio de Baldrige

O Prêmio Nacional da Qualidade – PNQ do Brasil, foi criado em 1992 pela

Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade – FPNQ, considerando como um

reconhecimento pela excelência na gestão das organizações com sediadas no Brasil. Assim

como o Baldrige, o PNQ também possui como duas importantes categorias de gestão a

Liderança e Cliente, como se vê na Figura 2.3.

24

Figura 2.3 Modelo do PNQ

A ISO 9000 é um conjunto de normas desenvolvidas com o objetivo de sistematizar

normas e procedimentos que assistam às organizações na implementação e operação do

gerenciamento de um sistema de qualidade. A liderança da Direção da organização é a

base do sistema de gestão enquanto que o objetivo final do mesmo é a satisfação do cliente

(ABNT, 2000). A Figura 2.4 ilustra o modelo da ISO 9000:2000.

Figura 2.4 Modelo do Sistema de Gestão da Qualidade da ISO 9000: 2000 (Fonte: ABNT)

25

2.6 Modelos Índices de Satisfação do Cliente

Os Índices de Satisfação do Cliente são indicadores que evoluíram a partir da

década de 1980. Os principais modelos nos anos 2000 são o Índice de Satisfação

Americano (American Customer Satisfaction Index – ACSI) e o Índice Europeu de

Satisfação do Cliente (European Customer Satisfaction Index – ECSI).

2.6.1 Modelo Índice de Satisfação Americano

O Modelo Índice de Satisfação Americano (American Customer Satisfaction Index

– ACSI) foi desenvolvido pela University of Michigan Business School e a American

Society for Quality, apresentado por Fornell et al (1996).

De acordo com Johnson et al. (2001), o ACSI é baseado nas especificações do

Modelo Sueco para sua criação, sendo formado por 6 (seis) construtos: Expectativas do

Consumidor, Qualidade Percebida e Valor Percebido como construtos antecedentes e

Reclamações e Fidelidade como construtos conseqüentes.

Inicialmente, a abrangência da pesquisa incluiu 200 companhias de 35 indústrias

americanas. Atualmente, a pesquisa é aplicada em 7 (sete) setores da economia, 39

indústrias, inclusive companhias de e-commerce e e-business, e mais de 200 agências

governamentais.

Ainda de acordo com Johnson et al (2001), as principais diferenças existentes entre

o Modelo ACSI e o Modelo SCSB são a inclusão do construto Qualidade Percebida, que é

tratado diferentemente do construto valor percebido, e a inclusão das medidas relacionadas

às Expectativas do Consumidor.

Em 1996, o Modelo ACSI foi expandido para mensurar dois fatores da qualidade

percebida: Qualidade do Produto (tangibilidade) e Qualidade do Serviço (intagibilidade),

Fornell (1996). Também foram utilizados outros fatores para medir a Qualidade

Percebida, a exemplo da customização, confiabilidade e qualidade geral.

No Modelo Americano existem duas medições para Fidelidade. A primeira

medição é uma classificação da probabilidade de recompra pelos clientes, e a segunda foi

desenvolvida para duas classificações: o grau para que a empresa poderia elevar seu preço

até onde o cliente estaria disposto a continuar a comprar, e a segunda classificação é o grau

de desconto que a empresa deveria oferecer para que o cliente continuasse a comprar

Rodrigues (2004).

26

Figura 2.5 Modelo do índice americano de satisfação - ACSI. Johnson et al. (2001)

2.6.2 Modelo Índice de Satisfação Europeu

O Modelo Europeu (European Customer Satisfaction Index – ECSI) teve início em

1999, tomando como base a experiência positiva dos Modelos Sueco e Americano, sendo

mais uma variação do segundo modelo. Foi desenvolvido no ano de 2000 com a adesão de

12 países europeus, denominados a seguir: Bélgica, Dinamarca, Espanha, Finlândia,

França, Grécia, Islândia, Itália, Reino Unido, Suécia, Suíça e Portugal.

O ECSI apresenta em sua estrutura os construtos Expectativas do Cliente,

Qualidade Percebida, Valor Percebido, Satisfação do Cliente, Fidelidade do Cliente e

Imagem. A diferença da abordagem para com o Modelo ACSI é nos construtos Qualidade

Percebida e Imagem da Empresa. O Modelo Europeu inclui a modalidade Imagem da

Empresa como um construto antecedente da Satisfação, exercendo influência direta na

Expectativa do Cliente, Satisfação e Fidelidade, e excluindo o construto Reclamações dos

Consumidores como uma conseqüência do construto Satisfação.

Os construtos que antecedem a Satisfação são: Imagem, Expectativa do Cliente,

Valor Percebido e Qualidade Percebida do Produto ou Serviço, tendo como construto

conseqüente da Satisfação: Fidelidade do Cliente.

O construto Qualidade Percebida do Produto é a avaliação da experiência recente

de consumo de produtos, enquanto que a Qualidade Percebida de Serviços é a experiência

27

recente do serviço associado ao produto. Para Eklöf (2000), esta distinção é uma

característica padrão do Modelo.

Segundo Anderson et al (1994), Valor é o nível percebido da qualidade do produto

relativa ao preço pago. É definido como a razão da qualidade relativa ao preço. De acordo

com Anderson e Sullivan (1993) e Fornell (1992), espera-se que o construto Valor

Percebido tenha impacto no construto Satisfação e seja afetado positivamente pelo

construto Qualidade.

Argumenta Andreassen e Lindestad (1998) que se percebe uma relação positiva

entre Imagem Corporativa e a intenção de compra do cliente, sendo que a imagem neste

modelo é mais representativa do que quando comparada aos demais, pois na sua estrutura é

antecedente para os construtos: Expectativa do Cliente, Satisfação do Cliente e Fidelidade

do Cliente.

Figura 2.6 O Modelo ECSI (Eklöf, 2000)

2.7 O Modelo proposto por Johnson et al. (2001)

Johnson et al (2001) propõem um novo modelo, baseado na revisão e análise dos

modelos existentes o qual destinava originalmente a ser um novo Modelo para o índice

Norueguês de Satisfação do Cliente, o que acabou não acontecendo (a Noruega adota o

ECSI). Esse modelo inclui novos construtos e substituição de outros construtos existentes

28

em outros modelos, visando contribuir e aprimorar os índices nacionais de satisfação do

cliente.

A primeira mudança, de uma série de modificações ocorridas, foi a substituição do

construto Expectativa do Cliente pelo construto Imagem da Empresa como conseqüente do

construto Satisfação. Argumenta Johnson et al (2001) que o efeito da satisfação sobre a

imagem da empresa reflete no aumento do grau de experiência de compra e consumo do

cliente e na consistência das experiências do cliente no decorrer do tempo.

A segunda mudança sugerida foi a substituição do construto Reclamação do Cliente

por Gerenciamento de Reclamações. O tratamento concedido às reclamações poderá

refletir diretamente sobre Satisfação, assim como sobre a Fidelidade.

Quando as reclamações dos consumidores são bem gerenciadas poderão ter reflexos

positivos na Satisfação, uma vez que um tratamento precário destinado às reclamações dos

consumidores provocará um reflexo negativo. Na composição estrutural do Modelo NCSB

apresenta-se o construto Tratamento de Reclamações e suas relações utilizando linhas

pontilhadas (figura 2.6) significando que elas se aplicam exclusivamente aos clientes que

reclamam e avaliam as questões relacionadas a este construto.

A terceira mudança recomendada é eliminar a duplicidade existente entre os

construtos Qualidade Percebida e Valor Percebido. Tendo em vista que a Qualidade faz

parte do Valor, esta relação apresenta-se um pouco confusa. Johnson et al (2001) indicam a

substituição do construto Valor Percebido pelo preço puro.

A quarta alteração está relacionada à uma melhor compreensão e predição sobre

Fidelidade do Cliente como fator para a performance benchmark. A recomendação foi a

inclusão de Imagem da empresa, Compromisso Afetivo e Compromisso Calculado como

construtos antecedentes da Fidelidade. De acordo com a estrutura apresentada, Satisfação

tem efeito direto sobre Fidelidade, assim como a Imagem da Empresa também poderá

afetar a Fidelidade.

Johnson et al (2001) estabelecem distinção entre os construtos Compromisso

Afetivo e Compromisso Calculado. O construto Compromisso Afetivo extrai sentimento

afetivo, direcionado ao lado emocional, de uma relação que os clientes tem com marcas ou

organizações e o nível de confiança que desse processo resulta. O construto Compromisso

Calculado é direcionado para o racional, via de regra é voltado para os aspectos

29

econômicos. Os dois construtos mencionados são modelados como mediadores do efeito

do construto Satisfação em Fidelidade.

Por fim, a última recomendação é considerar a relação do efeito de Preço em

Fidelidade. Neste momento o construto Qualidade é dividido em drivers (Johnson;

Gustafsson 2000).

Figura 2.7 O Modelo Proposto. Johnson et al. (2001)

2.8 Estudos de Satisfação e Fidelidade do Turista

2.8.1 Estudos sobre Satisfação e Fidelidade do Turista em Geral

Dois estudos relacionados ao escopo desta pesquisa sobre satisfação e fidelidade

geral do turista são os realizados por Souza (2001) e Rodrigues (2003), que são relatados

em Souza, Ramos e Ramos, 2002, e Rodrigues e Ramos, 2004).

Souza (2001) realizou estudo da medição da satisfação e comportamento do

consumidor pautado nas informações de 305 turistas que visitaram a Cidade do Natal/RN

em 2001. O estudo usou o modelo do ACSI e aplicou regressão múltipla para o modelo de

30

satisfação e de fidelidade, buscando descrever os relacionamentos existentes entre a

satisfação e seus antecedentes e conseqüentes. Os resultados do estudo sugerem que a

satisfação dos turistas não é influenciada pelas expectativas sendo influenciada

positivamente pelas preferências pessoais, qualidade e desconfirmação das expectativas, e

negativamente influenciada pelos preços. A satisfação, por seu turno, influencia

diretamente a lealdade, ou seja, a probabilidade dos turistas voltarem à Cidade.

As variáveis de qualidade significativas foram Atrativos Naturais e Serviços de

Passeios. A Qualidade dos Hotéis foi significativa apenas ao nível p = 0,10, valor acima do

definido para significância da pesquisa (p ≤ 0,05), o que significou no estudo que se de um

lado os hotéis não estavam contribuindo para a satisfação, também não estavam

contribuindo para a insatisfação – não eram, assim, um problema. A Figura 2.8 apresenta

os resultados do estudo.

Figura 2.8 Estudo com turistas baseado no modelo do ACSI (Souza, 2001a,b)

Rodrigues (2003) pesquisou 230 turistas nacionais que visitaram Natal usando um

modelo de fatores da satisfação e fidelidade baseado no modelo proposto por Johnson et al.

(2001). As variáveis independentes selecionadas para entrarem no modelo explicam em

44,15% a dispersão dos dados em relação à satisfação dos turistas. Das variáveis

independentes incluídas no modelo, as que mostraram significância foram: a qualidade do

ambiente físico, a qualidade das informações transmitidas e a qualidade da cidade de

Natal/RN (Figura 2.9).

31

Figura 2.9 Fatores da Satisfação do Turista (Rodrigues, 2003)

As variáveis explicativas da fidelidade adotadas foram satisfação geral, preço,

imagem, compromisso calculado e compromisso afetivo. Dessas, apenas a variável

imagem obteve relevância significativa, com R2 = 0,4620 (Figura 2.10), embora também a

dimensão do compromisso afetivo tenha tido alta colinearidade com a imagem.

Figura 2.10 Fatores da Fidelidade do Turista (Rodrigues, 2003)

32

2.8.2 Estudos sobre satisfação e fidelidade de turistas em hotéis

Para o escopo deste trabalho, foram selecionados estudos com turistas em hotéis

realizados na cidade de Natal – Carlos (2004), Ferreira (2004) e Gonzáles (2004), todos

aplicando modelos baseados no modelo proposto por Johnson et al. (2001) e usando

regressão múltipla para análise dos modelos.

Carlos (2004) pesquisou o turista nacional que utilizou somente o hotel como

equipamento de hospedagem e o avião como meio de transporte. Foram entrevistados 198

turistas. As variáveis independentes identificadas como significativas no referido estudo ao

Modelo NCSB, foram: Limpeza e Higienização do apartamento, Arrumação do

apartamento, Área de Lazer do Hotel, presteza dos funcionários e o Preço. Destacam-se:

Serviço de Alimentação, Segurança, Serviço de Passeio, Serviço de Telefonia e Qualidade

Geral do Hotel como algumas das variáveis que não foram explicadas pelo modelo. As

variáveis independentes selecionadas para compor o modelo expressam 64,30% da

variação na Satisfação, os antecedentes da Fidelidade explicam em 52,95% da variação da

Fidelidade, isto é, intenção em retornar ao mesmo hotel (Figura 2.11).

Figura 2.11 Fatores da satisfação e fidelidade do turista com hotéis – nacional (Carlos, 2004)

33

Ferreira (2004) pesquisou o turista regional (nordestino) que utilizou o ônibus ou

carro particular como meio de transporte. Foram entrevistados 92 turistas. As variáveis

independentes favoráveis ao Modelo Norueguês – NCSB, foram: Limpeza e Higienização

do apartamento, Conservação da Piscina, Bar e Restaurante, Serviço de Telefonia,

Serviço de Passeio, Qualidade Geral do hotel, Preço em relação à Qualidade, Preço em

relação aos outros Hotéis e maneira como foi solucionado um problema pelo hotel. As

variáveis independentes selecionadas para compor o modelo explicam em 68,58% da

variação da Satisfação, os construtos antecedentes da Fidelidade explicam em 56,2% da

variação da Fidelidade. (Figura 2.12)

Figura 2.12 Fatores da satisfação e fidelidade do turista com hotéis – regional (Ferreira, 2004)

O estudo de González (2005) e o de González e Ramos (2005) pesquisaram 381

turistas internacionais que se hospedaram nos hotéis de Natal. Os resultados evidenciaram

que as principais variáveis influenciadoras da satisfação foram: o quarto do hotel, a

cordialidade de seus funcionários, seu restaurante relativo à comida e o preço pago ao hotel

que explicaram em 56,0% a variação da satisfação com os hotéis. Em relação aos

construtos que influenciaram a fidelidade dos hóspedes, encontrou-se: a satisfação dos

34

hóspedes, a imagem do hotel e o compromisso afetivo, os quais explicaram 53,0% da

variabilidade dos dados. O gerenciamento de reclamações resultou como um fator

fundamental para a satisfação e a fidelidade do turista (Figura 2.13).

SatisfaçãoR²=0,56

R² (Q34) =0,48

SatisfaçãoR²=0,56

R² (Q34) =0,48

Preço/qualidade (Q32)b=0,15

Preço/qualidade (Q32)b=0,15

Quarto do hotel(Q4)

b=0,19

Quarto do hotel(Q4)

b=0,19

Cordialidade doPessoal (Q13)

b=0,26

Cordialidade doPessoal (Q13)

b=0,26

Gerenciamento de reclamações

(Q34)

Gerenciamento de reclamações

(Q34)

Fidelidade R²=0,53

R² (Q34) =0,35

Fidelidade R²=0,53

R² (Q34) =0,35

Imagem do hotelb=0,40

Imagem do hotelb=0,40

b=0,70

b=0,34

Restaurante relativo

à comida (Q18)b=0,20

Restaurante relativo

à comida (Q18)b=0,20

Compromisso Afetivob=0,34

Compromisso Afetivob=0,34

Banheirodo

quarto(Q6)

Banheirodo

quarto(Q6)

Eficiênciado pessoal

(Q14)

Eficiênciado pessoal

(Q14)

Restauranterelativoserviço(Q17)

Restauranterelativoserviço(Q17)

b=0,40SatisfaçãoR²=0,56

R² (Q34) =0,48

SatisfaçãoR²=0,56

R² (Q34) =0,48

Preço/qualidade (Q32)b=0,15

Preço/qualidade (Q32)b=0,15

Quarto do hotel(Q4)

b=0,19

Quarto do hotel(Q4)

b=0,19

Cordialidade doPessoal (Q13)

b=0,26

Cordialidade doPessoal (Q13)

b=0,26

Gerenciamento de reclamações

(Q34)

Gerenciamento de reclamações

(Q34)

Fidelidade R²=0,53

R² (Q34) =0,35

Fidelidade R²=0,53

R² (Q34) =0,35

Imagem do hotelb=0,40

Imagem do hotelb=0,40

b=0,70

b=0,34

Restaurante relativo

à comida (Q18)b=0,20

Restaurante relativo

à comida (Q18)b=0,20

Compromisso Afetivob=0,34

Compromisso Afetivob=0,34

Banheirodo

quarto(Q6)

Banheirodo

quarto(Q6)

Eficiênciado pessoal

(Q14)

Eficiênciado pessoal

(Q14)

Restauranterelativoserviço(Q17)

Restauranterelativoserviço(Q17)

b=0,40

Figura 2.13 Fatores da satisfação e fidelidade do turista com hotéis – internacional (González, 2005)

35

2.9 Síntese para Pesquisa

2.9.1 Sobre fatores da satisfação

A Tabela 2.1 apresenta uma síntese consolidada dos estudos selecionados (Carlos,

2004, Ferreira, 2004, González, 2005).

Tabela 2.1 Síntese das variáveis significativas da satisfação de turistas em hotéis, estudos selecionados

Variáveis Regional

(Ferreira, 2004)

Nacional

(Carlos, 2004

Internacional

(Gonzáles, 2004)

Higienização *

Área de Lazer / Piscina * *

Presteza dos Funcionários *

Limpeza do Apartamento * **

Limpeza do Hotel ** **

Arrumação do Apartamento ** **

Bar e restaurante * *

Serviço de Telefonia *

Serviços de Passeio *

Qualidade Geral do Hotel *

Atendimento Recepção **

Café da Manhã **

Apartamento *

Cordialidade do Pessoal *

Eficiência do Pessoal **

Preço * *

* significativa ao nível p < 0,05 ** colinear com r > 0,60

Estes fatores serão usados para comparar com a visão dos gestores sobre os fatores

da satisfação dos clientes do hotel.

2.9.2 Sobre fatores da fidelidade

A Tabela 2.2 apresenta a síntese dos fatores relacionados a fidelidade nos estudos

selecionados, os quais serão comparados com a visão dos gestores.

36

Tabela 2.2 Síntese das variáveis significativas da fidelidade de turistas em hotéis, estudos selecionados

Variáveis Regional

(Ferreira, 2004)

Nacional

(Carlos, 2004

Internacional

(Gonzáles, 2004)

Satisfação * * *

Compromisso Afetivo * * *

Imagem * * *

Gerenciamento de Reclamações * *

Compromisso Calculado *

Preço

* significativa ao nível p < 0,05 ou colinear com r > 0,60

O capítulo a seguir apresenta a metodologia da pesquisa e sem seguida os

resultados e discussão da análise comparativa.

37

Capítulo 3

Metodologia da Pesquisa

Este capítulo apresenta uma descrição da metodologia utilizada na pesquisa de

campo aplicada, para alcançar os objetivos traçados.

Apresenta-se o tipo de pesquisa realizada, população e amostra, elaboração do

instrumento de pesquisa, descrição do processo de coleta e a técnica de análise dos dados.

3.1 Método da Pesquisa

Segundo Lakatos (2000), o método é o conjunto das atividades sistemáticas e

racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo, traçando os

caminhos a ser seguidos, identificando erros.

A fim de atender o objetivo da pesquisa, que consiste no entendimento do inter-

relacionamento entre o construto Satisfação e seus antecedentes e conseqüentes, realizou-

se uma pesquisa exploratória para verificar a intensidade desse fenômeno.

3.2 População e Amostra

Para Marconi (2002), a população é o conjunto de seres ou inanimados que

apresentam pelo menos uma característica em comum.

Foram determinados como população de interesse da pesquisa elementos que

tivesse como principal característica a atuação em gestão de hotéis. Dessa forma,

indicaram-se os gerentes de hotéis associados à AR Ponta Negra, sendo estes hoteleiros,

gestores em meios de hospedagem. A amostra foi estabelecida de modo intencional e com

base nos dados apresentados pela Associação Representativa de Ponta Negra.

3.3 Instrumento de Coleta de Dados

Utilizou-se para pesquisa de campo um questionário estruturado (Anexo I),

fundamentado no modelo proposto por Johnson et al. (2001) e tentando equacionar os

estudos anteriores.

38

Para Andrade (2003), quanto ao questionário, a preferência deve recair sobre o

emprego de perguntas fechadas, ou seja, as que pedem respostas curtas ou previsíveis.

O questionário final foi subdividido em três partes: A primeira parte é formada

sobre perguntas tipo quebra-gelo, a segunda parte está relacionada com a satisfação e

fidelidade e os construtos que podem influenciá-lo diretamente ou indiretamente, sendo

estes: qualidade, preço, imagem, reclamação e compromisso afetivo. Em qualidade foram

usados variáveis de três grupos – qualidade da infraestrutura física do hotel, qualidade dos

serviços e processos, e qualidade do pessoal.

A terceira parte do questionário está relacionada sobre o perfil do empreendimento

hoteleiro representado pelo seu gestor.

O questionário foi elaborado com perguntas fechadas, tratadas em escalas de

diferencial semântico e natureza intervalar de 10 pontos. Em consonância com os objetivos

a serem atingidos na pesquisa.

3.4 Coleta de Dados

De acordo com Marconi (2002), a coleta de dados é a etapa da pesquisa em que se

inicia a aplicação dos instrumentos elaborados e das técnicas selecionadas, a fim de se

efetuar a coleta de dados prevista.

Para Andrade (2003), todas as etapas da coleta de dados devem ser esquematizadas,

a fim de facilitar o desenvolvimento da pesquisa, bem como assegurar uma ordem lógica

na execução das atividades.

O método utilizado para coleta de dados foi a entrevista pessoal. Os gestores foram

abordados durante a entrevista, ocorrida nos dias 06 a 17 de agosto de 2006. A equipe

envolvida nesta pesquisa foi formada por duas pessoas, incluindo a autora desta tese.

3.5 Análise dos Dados

A análise realizada consiste em uma análise descritiva da percepção dos gerentes e

de uma análise comparativa com estudos anteriores.

Para a análise comparativa, considerou-se o seguinte método:

a) Os fatores (variáveis) que foram significativos ou com colinearidade nos

modelos de regressão dos estudos anteriores (González, 2005; Ferreira, 2004; Carlos,

2004) que foram consideradas como importantes para os clientes;

39

b) Os fatores (variáveis) assinalados como de importância máxima em cada escala

de importância (1 a 10) foram consideradas como de alto grau de certeza da percepção dos

gerentes de que sejam realmente importantes para seus clientes;

c) É comparada a convergência entre os fatores identificados em a) e b).

40

Capítulo 4

Resultados e Discussão

O propósito deste capítulo é apresentar os dados encontrados na pesquisa de campo

e realizar análise descritiva exploratória com apresentação de tabelas e figuras.

Inicialmente são discutidos os resultados encontrados com base no questionário

composto pelos seguintes blocos temáticos: A (questões gerais), B (infra-estrutura física do

hotel), C (serviços), D (pessoal do hotel), E (importância dos preços), F (preços

praticados), G (reclamação), H (satisfação; compromissos calculado e afetivo, imagem e

fidelidade). Em seguida, são apresentadas as comparações dos resultados com as pesquisas

apresentadas no capítulo 2.

4.1 Validação da Pesquisa

4.1.1 Amostra

A amostra da pesquisa foi composta de hoteleiros e gestores de hotéis, associados

da AR Ponta Negra – Associação Representativa de Ponta Negra, ocorrida em Natal/RN.

A ASSOCIAÇÃO REPRESENTATIVA DE PONTA NEGRA, é uma entidade civil, sem fins

lucrativos nem caráter político-partidário, com sede em Natal/RN, composta por meios de

hospedagem e equipamentos turísticos e que em seus objetivos comuns aos seus associados

estão o desenvolvimento de ações efetivas, visando à melhoria dos serviços prestados ao

mercado turístico. Sua área de atuação é o Bairro de Ponta Negra, principal região

receptiva da cidade, onde se concentra o maior número de meios de hospedagem, segundo

a SETUR RN, e recebe uma das maiores demandas de turistas que visitam o estado do Rio

Grande do Norte. Ainda segundo esse órgão, concentram-se em Ponta Negra 20 Meios de

Hospedagem, totalizando 1.424 Unidades Habitacionais, 3.506 leitos.

Dado esse fato, acima explicitado, a análise foi baseada em 12 hoteleiros, sendo, no

total, 16 hoteleiros associados à AR Ponta Negra. Os demais hoteleiros que não foram

entrevistados justificaram a impossibilidade de conceder a entrevista em função de suas

ocupações profissionais.

41

A Tabela 4.1, por sua vez, apresenta a variância das respostas de cada gerente por

grupo de fatores e para todos os fatores. Como se observa, para todos os gerentes há

variância em suas respostas no conjunto dos fatores e em cada grupo de fatores, o que

significa que cada fator foi analisado separadamente pelos respondentes e considerado com

diferente grau de importância. Essa análise sugere que todos os pesquisados responderam

de modo refletido cada pergunta.

Tabela 4.1 Variância das respostas por gerente por grupos de fatores

Gerente Grupos de Fatores

Infraestrutura do Hotel

Serviços e Processos

Pessoal, Preço, Reclamações Fidelidade Todos

1 1,24 1,33 4,17 1,57 1,76

2 1,29 0,62 1,47 0,33 0,99

3 0,81 0,18 0,57 0,62 0,51

4 1,90 0,99 1,47 0,62 1,27

5 1,48 1,57 1,47 0,24 1,14

6 0,24 0,49 0,27 0,33

7 1,48 2,25 2,80 2,07

8 0,90 0,49 0,00 0,29 0,86

9 2,24 3,29 0,97 3,21

10 0,95 0,28 1,37 0,70

11 0,57 0,00 1,07 0,67 0,60

12 0,57 1,11 0,40 0,62 0,70

Para Duarte (1996), o gestor hoteleiro é responsável pela coordenação de todos os

processos organizacionais, promovendo a sintonia entre cada um dos setores do hotel, no

sentido de sensibilizar o pessoal para a melhor qualidade e maior produtividade,

otimizando a rentabilidade do empreendimento.

Os segmentos de mercado dos respondentes da pesquisa são compatíveis aos

segmentos de mercado dos estudos realizados anteriormente, sendo estes: internacional,

nacional e regional. Os gestores entrevistados, hospedam turistas em seus

empreendimentos hoteleiros, por meio de acordo comerciais com operadoras e agências de

turismo, convênios e acordo com empresas.

Para Andrade (1998) o turismo nacional, também denominado como turismo

doméstico ou turismo interno, é o conjunto de atividades especializadas de natureza

turística, acionado por habitantes de determinado país, que viajam, hospedam-se, sem

deixar o território nacional. No Rio Grande do Norte, o turismo nacional é representado

42

por mais da metade da demanda total dos turistas que chegam ao estado. Para a SETUR

RN, em 2005, os principais estados emissores, foram: São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito

Federal.

A principal característica econômica do turismo nacional é circulação do capital

nacional dentro do seu próprio país, promovendo a redistribuição da renda nacional, por

isso os governos estimulam todas as formas de praticar o turismo nacional, visando, além

do bem-estar dos cidadãos, ao crescimento da própria política econômica nacional.

Conforme Andrade (1998), o turismo internacional, também conhecido como

turismo externo, é o conjunto de atividades turísticas exercidas por cidadãos que

ultrapassam ou viajam além do território do país de sua residência em direção a um ou

mais países receptivos. Ainda de acordo com a SETUR RN, em 2005, o turismo

internacional foi representado no Rio Grande do Norte, em sua maioria, pelos seguintes

países emissores: Portugal, Espanha e Argentina.

Ao contrário do turismo nacional, o turismo internacional estimula a formação de

correntes turísticas ou de demandas externas ao receptivo em país ou países, que não o da

pátria dos turistas.

Andrade (1998) afirma que a principal característica econômica do turismo

internacional é a evasão de capital nacional, isto é, evasão de divisas do país emissor,

aplicado na oferta de bens e serviços turísticos estrangeiros. Como conseqüência da evasão

de capital para aquisição de bens e serviços turísticos em países estrangeiros, constata-se o

desequilíbrio econômico do país emissor, em especial se esse país encontrar-se em situação

de dívidas e possuir moeda fraca.

O turismo regional é aquele praticado nas dimensões territoriais regionais do local

em que o turista reside. Quanto aos fatores econômicos e financeiros, o turismo regional

muito se assemelha ao turismo nacional. A principal diferença entre o turismo regional e o

turismo nacional é tão somente a questão geográfica, pois o turismo regional é praticado na

região de origem do turista e o turismo nacional é praticado no país de origem do turista.

Para a SETUR RN, em 2005, o estado do Rio Grande do Norte teve como principais

representantes da demanda de turistas regionais, os Estados de Pernambuco, Ceará e

Paraíba, respectivamente.

43

4.1.1.1 Perfil - Quantidade de Apartamentos

Os hotéis apresentam uma grande variedade de tamanhos. A comparação e a

compreensão das diferenças entre eles são difíceis se não se determinar um padrão de

classificação por tamanho ou porte para a indústria hoteleira. Essa classificação se baseia

no número de unidades habitacionais de cada estabelecimento hoteleiro. Para Castelli

(1999), as empresas hoteleiras podem ser classificadas, quanto ao seu tamanho, em

pequenas, médias e grandes. A medida para fundamentação dessa classificação pode ser a

unidade habitacional, o número de leitos ou a receita anual. Segundo Duarte (1996), a

empresa hoteleira, quanto ao número de unidades habitacionais, se classifica como

pequena, quando o número de apartamentos varia de 01 a 40, média, de 41 a 200 e grande,

quando atinge um número maior que 200 apartamentos.

Conforme Figura 4.1, observa-se que 9 hotéis dentre 12 possuem mais de 50

apartamentos sendo que 6 destes possuem entre 51 a 100 apartamentos.

Figura 4.1 Quantidade de apartamentos dos hotéis pesquisados

4.1.1.2 Perfil - Quantidade de Leitos

Dentre os hotéis pesquisados, 6 possuem entre 101 e 200 leitos. Observa-se que

existe uma variação do número de leitos independente da quantidade de apartamentos, pois

esta classificação está presente nos hotéis de 0 a 50, 51 a 100 e 101 a 200 apartamentos

(ver Figura 4.2).

44

Figura 4.2 Quantidade de leitos dos hotéis pesquisados segundo quantidade de apartamento

4.1.1.3 Perfil - Principal Segmento de Mercado

Como mostra a Figura 4.3, todos os hotéis pesquisados têm como principal

segmento de mercado o lazer sendo que 7 destes também visam negócio. Observa-se que

os três hotéis com até 50 apartamentos visam apenas lazer.

Figura 4.3 Principal segmento de mercado

Pelo exposto, a amostra cobre uma gama de hotéis em tamanho e capacidade, e é

direcionada para os mercados de lazer e negócios, compatível com o estudo proposto.

45

4.1.2 Validação do Questionário

A análise de confiabilidade usando o Alfa de Cronbach mostra que os fatores

definidos nas variáveis B4 (Localização do Hotel), B5 (Ambiente Físico do Bar) e B7

(Área de Lazer) não se mostraram confiáveis para análise. Para os outros fatores, a análise

mostrou que o questionário foi satisfatório, com alfa > 0,70 (Tabela 4.2). As variáveis

Localização do Hotel, Ambiente Físico do Bar e Área de Lazer não podem ser usadas na

análise adiante.

Tabela 4.2 Análise de Confiabilidade dos itens/escala (alfa de Cronbach)

Fatores Variáveis Alfa de Cronbach Análise

Infraestrutura B1, B2, B3, B6 0,49 -

Infraestrutura B1,B2, B3, B6 0,75 Ok

Serviços e Processos C1, ..., C10 0,89 Ok

Fidelidade H1, ..., H7 0,73 Ok

4.2 Análise Descritiva

Todas as variáveis foram analisadas de forma descritiva. Inicialmente será feita a

análise descritiva sobre os hotéis aqui representados e logo em seguida a parte do

questionário que corresponde ao grau de importância dada pelos entrevistados para cada

variável analisada. Por último, será apresentada uma análise comparativa levando em

consideração as dissertações comentadas neste trabalho.

4.2.1 Sobre o Ambiente Competitivo

Há uma unanimidade sobre o ambiente competitivo e a importância da satisfação e

fidelidade do cliente para o sucesso do hotel como mostra a Figura 4.4.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

A1 A2 A3

P0-5

P6-8

P9

Legenda: P0-5 – % de respostas de 0 a 5 P6-8 – % de respostas de 6 a 8 P9 – % de respostas de 9 e 10 A1 – Grau de Competição no setor A2 – Importância da Satisfação do hóspede A3 – Importância da Fidelidade do hóspede

Figura 4.4 Avaliação sobre Ambiente Competitivo (Pesquisa)

46

Todos os respondentes consideram que a competição é alta e que a satisfação e

fidelidade do hóspede são essenciais ao sucesso do hotel. Todavia, como visto

anteriormente, apenas dois dos hotéis pesquisados possuem um programa específico para

fidelidade do cliente.

Estas respostas servem como base para entender adiante o alinhamento da

percepção destes pesquisados em relação aos seus clientes.

4.2.2 Sobre a Visão dos Gerentes da Importância dos Fatores da Satisfação

4.2.2.1 Importância que o Turista Atribui à Qualidade da Infra-estrutura Física do Hotel

na Opinião dos Gerentes

Os itens deste bloco avaliam a infra-estrutura da unidade habitacional (UH),

banheiro do apartamento, limpeza, localização, bar, restaurante e área de lazer. Como

mostra a Figura 4.5, observa-se que todos os itens são importantes na opinião dos gerentes,

mas a limpeza do hotel e sua localização se destacam como mais importantes. O banheiro

teve menor destaque.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

B1 B2 B3 B4 B5 B6 B7

< 7

7 ou 8

9 ou 10

Legenda: B1 – Infraesturura do Apartamento B2 – Banheiro do Apartamento B3 – Limpeza do Hotel B4 – Localização do Hotel B5 – Ambiente físico do Bar B6 – Ambiente físico do Restaurante B7 – Área de Lazer

Figura 4.5 Avaliação da Importância para Satisfação de Fatores de Infraestrutura do Hotel (Pesquisa)

4.2.2.2 Importância que o Turista Atribui à Qualidade dos Serviços e Processos do Hotel

na Opinião dos Gerentes

Os itens que compõem este bloco estão relacionados à avaliação do check-in,

enxoval, café (variedade), café (qualidade), telefone, internet, segurança, restaurante

(serviço), restaurante (comida) e check-out. De acordo como apresenta a Figura 4.6,

observa-se também que todos os itens são avaliados como importantes na opinião dos

gerentes, porém foi atribuído ao check-out a maior importância. O serviço de internet foi

avaliado como menos importante.

47

Legenda: C1 – Check-in C2 – Enxoval C3 – Café da manhã (variedade) C4 – Café da manhã (qualidade) C5 – Serviço de Telefonia C6 – Serviço de Internet C7 – Segurança do Hotel C8 – Restaurante do Hotel (serviço) C9 – Restaurante do Hotel (comida) C10 – Check-out

Figura 4.6 Importância que o turista atribui à Qualidade dos Serviços e Processos do Hotel na Opinião

dos Gerentes

4.2.2.3 Importância que o Turista Atribui à Qualidade Relacionada ao Pessoal do Hotel

na Opinião dos Gerentes

Os itens desse bloco avaliam a hospitalidade e a eficiência da equipe representante

do empreendimento hoteleiro. Os dois itens avaliados foram considerados como

importantes na opinião dos gerentes, sendo o item hospitalidade o que recebeu maior

crédito (Figura 4.7).

88%

90%

92%

94%

96%

98%

100%

102%

Hospitalidade Eficiência da equipe

< 7

7 ou 8

9 ou 10

Figura 4.7 Importância que o turista atribui à Qualidade relacionada ao pessoal do Hotel na Opinião

dos Gerentes

0% 10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8 C9 1C

< 7 7 ou 8

9 ou 10

48

4.2.2.4 Importância que o Turista Atribui aos Preços Praticados pelo Hotel na Opinião

dos Gerentes

Os itens que formam esse bloco consideraram da diária do hotel e do restaurante.

Conforme Figura 4.8, os dois itens avaliados foram considerados como importantes na

opinião dos gerentes, sendo o item restaurante o que recebeu maior destaque dentre os

entrevistados. Formar preços não é uma tarefa simples na hotelaria, é necessário conhecer

o perfil de custos do empreendimento e saber calcular o ponto de equilíbrio, pois sem essas

informações além de dificultar o cálculo dos preços, inviabiliza os possíveis negócios com

agências de turismo e outros intermediários.

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

Diária do hotel Restaurante

< 7

7 ou 8

9 ou 10

Figura 4.8 Importância que o turista atribui aos preços praticados pelo Hotel na Opinião dos Gerentes

4.2.2.5 Avaliação dos Preços Praticados pelo Hotel na Opinião dos Gerentes

A percepção dos gerentes é bem diferente da de seus clientes. Como se vê nas

Figuras 4.9 e 4.10, os gerentes pesquisados consideram que praticam preços altos de

diárias e do restaurante enquanto seus clientes, sejam eles internacionais ou internacionais

consideram que os preços praticados são competitivos (Figuras 4.11 e 4.12).

49

Avaliação do Preço Percebido - Diária

E1 = 12*1*normal(x; 8,3333; 1,2309)

8%

17%

25%

33%

17%

6 7 8 9 10

E1

0

1

2

3

4

5N

o o

f o

bs

Escala: 1 – Muito Barato 5 – Justo 10 – Muito Caro

Figura 4.9 Percepção dos gerentes da avaliação dos clientes dos preços das diárias do Hotel

Avaliação do Preço Percebido - Restaurante

E2 = 12*1*normal(x; 8,75; 1,2881)

8% 8%

17%

33% 33%

6 7 8 9 10

E2

0

1

2

3

4

5

No

of

ob

s

Escala: 1 – Muito Barato 5 – Justo 10 – Muito Caro

Figura 4.10 Percepção dos gerentes da avaliação dos clientes dos preços do restaurante do Hotel

50

y = 375 * 1 * normal (x; 5,690666; 1,49698)

Q32

No d

e o

bs

0,8%1,9%

3,5%

12,0%

24,0%

34,7%

11,5%

8,5%

2,4%

0,8%

0

9

18

27

36

45

54

63

72

81

90

99

108

117

126

135

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Escala: 1 – Muito Barato 5 – Justo 10 – Muito Caro

Figura 4.11 Avaliação do Preço do Hotel – Turistas Internacionais (González, 2005)

normal (x; 5,30682; 1,54445)

3,4%

1,1%

3,4%

17,6%

23,9%

39,8%

4,5% 4,0%

2,3%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Escala: 1 – Muito Barato 5 – Justo 10 – Muito Caro

Figura 4.12 Avaliação do Preço do Hotel – Turistas Nacionais (Carlos, 2004)

4.2.2.6 Avaliação das Reclamações na Opinião dos Gerentes

Neste bloco, são avaliados o item referente à forma de como o hotel trata a

reclamação apresentada pelo hóspede e o item relacionado a solução apresentada pelo hotel

para o hóspede. Como mostra a Figura 4.13, todos os itens foram considerados como

importantes na opinião dos gestores, sendo o item “solução apresentada” como o mais

importante.

51

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

Forma como o hotel trata a

reclamação

A solução apresentada

< 7

7 ou 8

9 ou 10

Figura 4.13 Avaliação das reclamações dos clientes na Opinião dos Gerentes

4.2.2.7 Avaliação de Itens que podem Influenciar na Fidelidade do Turista na Opinião dos

Gerentes

A Figura 4.14 mostra a opinião dos gerentes quanto à importância desses itens na

fidelidade do cliente.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

H1 H2 H3 H4 H5 H6 H7

<P7

P7/9

P9

Legenda: P9 - % de respostas 9 ou 10 P7/9 - % de respostas 7 ou mais, mas menores que 9 <P7 - % de respostas menores que 7 H1 – Satisfação com o Hotel H2 – Vantagens Econômicas H3 – Relação Afetiva com o Hotel H4 – Recomendação de outros H5 – Tratamento de Reclamações H6 – Imagem do Hotel H7 – Marca do Hotel

Figura 4.14 Importância dos Fatores da Fidelidade (Pesquisa)

Observa-se, portanto, que todos os itens são importantes (100% para P7) e que os

itens de satisfação e recomendação de outros são de máxima importância. Ainda segundo

a opinião dos gerentes, o maior objetivo do empreendimento hoteleiro é atingir a plena

satisfação dos hóspedes em relação às suas expectativas.

52

4.3 Análise comparativa com estudos anteriores selecionados

Como apresentado no Capítulo 3 Metodologia a análise comparativa irá considerar

a proporção de gestores que responderam o valor máximo da escala (10) como um grau de

certeza com os fatores que foram significativos ao nível p = 0,05 das pesquisas com

turistas. Considera-se assim que respostas abaixo de 10 revelam alguma dúvida do gestor

se aquele fator é importante para seu cliente.

4.3.1 Fatores da Satisfação do Turista

4.3.1.1 Avaliação da Importância da Infra-estrutura Física

Conforme Tabela 4.3, observa-se que apenas em um item (localização do hotel) há

uma convergência de certeza para 75% dos gerentes de que este fator é importante para

seus clientes. Pode-se analisar ainda que cerca de metade dos pesquisados teve uma

convergência com seus clientes em limpeza do hotel e ambiente físico do hotel. Todavia, os

resultados sugerem que para metade ou mais dos gestores não há uma convicção de que os

outros itens sejam fatores que afetam a satisfação de seus clientes.

Diante do exposto, percebe-se uma divergência entre a avaliação dos gestores

quanto aos atributos da infra-estrutura física do equipamento hoteleiro e a avaliação dos

hóspedes, o que sugere uma interpretação de falta de alinhamento com o mercado.

Tabela 4.3 Infra-estrutura Física

Item Critério P10

Segmentos

Internacional

(Gonzáles, 2004)

Nacional

(Carlos, 2004)

Regional

(Ferreira, 2004)

Infra-estrutura da UH 17% * * *

Banheiro do apartamento 33% * *

Limpeza do hotel 58% * * *

Localização do hotel 75% *

Ambiente físico do bar do hotel 50% *

Ambiente físico do restaurante 33% *

Área de lazer 33% * *

* Significativo ao nível p < 0,05

53

4.3.1.2 Avaliação da Importância dos Serviços e Processos

Nos serviços e processos, apenas no café da manhã e o check-out houve uma

convergência de mais da metade dos pesquisados com as opiniões manifestas pelos

clientes. Além da divergência dos outros itens, chama a atenção ao fator segurança ser tão

pouco percebido como central pelos clientes como fator da satisfação.

Tabela 4.4 Importância dos Serviços e Processos

Item Critério

P10

Segmentos

Internacional

(Gonzáles, 2004)

Nacional

(Carlos, 2004)

Regional

(Ferreira, 2004)

Check-in 42% * *

Enxoval 33% * *

Café da manhã (variedade) 58% * * *

Café da manhã (qualidade) 67% * * *

Serviço de telefone 33% * * *

Serviço de internet 25% *

Segurança no hotel 8% * * *

Restaurante do hotel (serviço) 50% * *

Restaurante do hotel (comida) 42% *

Processo do check-out 58% * *

* Significativo ao nível p < 0,05

4.3.1.3 Avaliação da Importância do Pessoal

No fator Pessoal já aparece uma visão distinta das anteriores, com alto grau de

convergência pelo menos com dois segmentos de mercado, especialmente o internacional.

Tabela 4.5 Importância do Pessoal

Item Critério

P10

Segmentos

Internacional

(Gonzáles, 2004)

Nacional

(Carlos, 2004)

Regional

(Ferreira, 2004)

Hospitalidade 83% *

Eficiência da equipe do hotel 75% * *

* Significativo ao nível p < 0,05

54

4.3.1.4 Avaliação do Preço

Conforme Tabela 4.6 há uma divergência para 80% dos gestores de que o preço não

seja um fator para os clientes, ao menos os segmentos internacional e nacional. Essa

divergência aumenta quando se trata dos preços do restaurante, os quais não aparecem

como fator da satisfação dos turistas pesquisados.

Tabela 4.6 Preço

Item Critério P10

Segmentos

Internacional

(Gonzáles, 2004)

Nacional

(Carlos, 2004)

Regional

(Ferreira, 2004)

Diária do hotel 17% * *

Restaurante 33%

* Significativo ao nível p < 0,05

4.3.1.5 Avaliação do Tratamento da Reclamação

De acordo com a Tabela 4.7, nota-se uma convergência em que o tratamento das

reclamações não é um fator significativo para os clientes. Esse resultado não seria esperado

nem para os clientes nem para os gestores e pode dever-se ao fato de que os casos de

reclamação seriam em número reduzido.

Tabela 4.7 Tratamento da Reclamação

Item Critério

P10

Segmentos

Internacional

(Gonzáles, 2004)

Nacional

(Carlos, 2004)

Regional

(Ferreira, 2004)

Forma como o hotel trata a reclamação

17%

A solução apresentada 33%

* Significativo ao nível p < 0,05

55

4.3.2 Fatores da Fidelidade do Turista

Pelo que se observa da Tabela 4.8, há uma convergência razoável de quase 2/3 dos

pesquisados com a percepção de seus clientes quanto a Satisfação do Cliente e Imagem do

Hotel serem fatores da fidelidade, todavia essa convergência é menor com a dimensão

Compromisso Afetivo. No caso do Gerenciamento de Reclamações e Compromisso

Calculado há uma não convergência com o importante segmento do turista internacional.

Tabela 4.8 Avaliação da Importância dos Fatores da Fidelidade

Item Critério

P10

Segmentos

Internacional

(Gonzáles, 2004)

Nacional

(Carlos, 2004)

Regional

(Ferreira, 2004)

Satisfação com o hotel 67% * * *

Compromisso Afetivo 50% * * *

Imagem 63% * * *

Gerenciamento de Reclamações 25% * *

Compromisso Calculado 25% *

* Significativo ao nível p < 0,05

4.4 Síntese dos Principais Resultados

4.4.1 Fatores da Satisfação

A Tabela 4.9 sintetiza os principais alinhamentos entre as pesquisas com os clientes

e a pesquisa com gestores. Embora isso ocorra em vários fatores, deve se destacar que o

café da manhã e limpeza não têm a importância devida para os gestores.

Tabela 4.9 Síntese sobre Fatores da Satisfação – Maiores Convergências

Item Critério

P10

Segmentos

Internacional

(Gonzáles, 2004)

Nacional

(Carlos, 2004)

Regional

(Ferreira, 2004)

Hospitalidade 83% *

Localização do hotel 75% *

Eficiência da equipe do hotel 75% * *

Café da manhã (qualidade) 67% * * *

Café da manhã (variedade) 58% * * *

Processo do check-out 58% * *

Limpeza do hotel 58% * * *

Restaurante do hotel (serviço) 50% * *

56

Ambiente físico do bar do hotel 50% *

A Tabela 4.10 sintetiza os principais desalinhamentos, dentro os quais destaca-se a

segurança do hotel e a infraestrutura da unidade habitacional.

Tabela 4.10 Síntese sobre Fatores da Satisfação – Maiores Divergências

Item Critério

P10

Segmentos

Internacional

(Gonzáles, 2004)

Nacional

(Carlos, 2004)

Regional

(Ferreira, 2004)

Segurança no hotel 8% * * *

Infra-estrutura da UH 17% * * *

Serviço de telefone 33% * * *

Diária do hotel 17% * *

Banheiro do apartamento 33% * *

Área de lazer 33% * *

4.4.2 Fatores da Fidelidade

Já no campo da fidelidade do cliente há uma maior convergência com os principais

fatores que afetam a mesma por parte dos clientes, como se vê na Tabela 4.11.

Tabela 4.11 Síntese sobre Fatores da Fidelidade – Maiores Convergências

Item Critério

P10

Segmentos

Internacional

(Gonzáles, 2004)

Nacional

(Carlos, 2004)

Regional

(Ferreira, 2004)

Satisfação com o hotel 67% * * *

Imagem 63% * * *

Compromisso Afetivo 50% * * *

Pelo exposto, parece haver maior alinhamento nos fatores da fidelidade que nos da

satisfação. E como a satisfação é um dos principais fatores da fidelidade, esse alinhamento

pode resultar em uma taxa de fidelidade menor que a esperada dado que a percepção dos

gestores é a base de suas decisões e ações gerenciais no hotel.

57

Capítulo 5

Conclusões e Recomendações

Este capítulo apresenta uma síntese geral da Tese, apresentando os principais

tópicos da pesquisa bibliográfica, a metodologia da pesquisa de campo e seus resultados

obtidos. Apresenta também uma análise crítica do trabalho, suas limitações e direções,

visando a trabalhos futuros na área do turismo e hotelaria. Sua estrutura é composta de

cinco seções, sendo estas: análise dos resultados e objetivos, limitações da pesquisa,

direções da pesquisa, recomendações e conclusões.

5.1 Análise dos resultados e objetivo

O principal objetivo a ser atingido por este trabalho é a validação do Modelo Índice

de Satisfação Norueguês (NCSB), através de uma compreensão sobre uma inter-relação

dos construtos antecedentes e conseqüentes da satisfação e fidelidade do cliente, objetivo

principal deste estudo.

A pesquisa bibliográfica foi realizada em livros, artigos, jornais e internet e

contempla os temas qualidade, satisfação do cliente, fidelidade do cliente, modelos

nacionais e internacionais de satisfação.

Os resultados obtidos sugerem que o objetivo inicial, investigar os fatores que

influenciam na satisfação e fidelidade do cliente na perspectiva dos gestores de hotéis

comparando com estudos com turistas no setor hoteleiro, foi alcançado.

Os pesquisadores em satisfação e fidelidade do cliente poderão utilizar os

resultados da presente pesquisa como referencial, em função das informações que

contribuem para ampliar o conhecimento do modelo de satisfação que foi aplicado.

58

5.2 Limitações da Pesquisa

O presente estudo limita-se aos gestores de hotéis em Ponta Negra, Natal/RN. Por

focar em uma amostra específica, não pode ter seus resultados generalizados. Resultados

de maior alcance poderiam ser obtidos com a ampliação da pesquisa.

A pesquisa por ser de corte transversal, só permite apresentar um perfil estático da

situação, necessitando de pesquisas mais longitudinais para acompanhar o ritmo e direção

da adoção de inovações tecnológicas por parte dos turistas.

As limitações citadas acima não desvalorizam o trabalho realizado, uma vez que

este possibilita a validação do Modelo NCSB e aponta informações para melhorias a serem

implementadas pelos gestores da rede hoteleira.

5.3 Direções de Pesquisa

Futuras pesquisas poderão ser desenvolvidas com a aplicação do mesmo modelo

(NCSB), a outros grupos de gestores e a outras regiões do país, objetivando uma maior

compreensão das variáveis mais influentes da satisfação e fidelidade do cliente.

5.4 Recomendações

Aos gestores de hotéis da cidade de Natal/RN, recomenda-se que considerem e

implementem dentro de sua política gerencial os fatores que levam a satisfação e,

sobretudo, à fidelidade do turista e que possam acompanhar continuamente a avaliação dos

seus hóspedes sobre os seus serviços, mediante técnicas e modelos adequados à sua

realidade, para que assim possam situar o equipamento numa posição competitiva no

mercado hoteleiro, que, como os demais setores da economia, é avaliado por uma clientela

cada vez mais exigente.

Às associações de classe, recomenda-se que desenvolva junto aos seus associados o

hábito de monitorar sua política gerencial visando um maior alinhamento com seus clientes

e seu mercado e disponibilizem investimentos para a capacitação direcionada à gestão.

À SETUR RN recomenda-se a inserção de novas variáveis em seus formulários,

visando a coleta de informações mais precisas, não somente sobre a satisfação do turista,

mas também sobre a fidelidade do turista.

À ABIH RN recomenda-se o acompanhamento continuado sobre a opinião e

avaliação dos hóspedes sobre serviços, mediante técnicas adequadas à realidade hoteleira.

59

Referências

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maneira de tratar os seus clientes. São Paulo. Pioneira Thomson Learning. 2002.

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65

Anexo 1 Questionário

66

Anexo 2 Histogramas

Histogram (Dados.sta 42v*13c)

B1 = 12*1*normal(x; 8,5833; 0,9003)

8%

42%

33%

17%

7 8 9 10

B1

0

1

2

3

4

5

6

No

of

ob

s

Histogram (Dados.sta 42v*13c)

B2 = 12*1*normal(x; 8,25; 1,4848)

17%

8%

42%

0%

33%

6 7 8 9 10

B2

0

1

2

3

4

5

6

No

of

ob

s

67

Histogram (Dados.sta 42v*13c)

B3 = 12*1*normal(x; 9,3333; 0,9847)

8% 8%

25%

58%

7 8 9 10

B3

0

1

2

3

4

5

6

7

8

No

of

ob

s

Histogram (Dados.sta 42v*13c)

B4 = 12*1*normal(x; 9,5; 1)

8% 8% 8%

75%

7 8 9 10

B4

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

No

of

ob

s

Histogram (Dados.sta 42v*13c)

B5 = 12*1*normal(x; 8,3333; 2,871)

8%

0% 0% 0% 0% 0% 0%

17%

8%

17%

50%

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

B5

0

1

2

3

4

5

6

7

No

of

ob

s

68

Histogram (Dados.sta 42v*13c)

B6 = 12*1*normal(x; 9; 0,9535)

8%

17%

42%

33%

7 8 9 10

B6

0

1

2

3

4

5

6

No

of

ob

s

Histogram (Dados.sta 42v*13c)

B7 = 12*1*normal(x; 8,8333; 0,9374)

50%

17%

33%

8 9 10

B7

0

1

2

3

4

5

6

7

No

of

ob

s

Histogram (Dados.sta 42v*13c)

C1 = 12*1*normal(x; 9,1667; 0,8348)

25%

33%

42%

8 9 10

C1

0

1

2

3

4

5

6

No

of

ob

s

69

Histogram (Dados.sta 42v*13c)

C3 = 12*1*normal(x; 8,8333; 1,2673)

8% 8% 8%

42%

33%

6 7 8 9 10

C3

0

1

2

3

4

5

6

No

of

ob

s

Histogram (Dados.sta 42v*13c)

C4 = 12*1*normal(x; 9,1667; 1,1934)

17%

8%

17%

58%

7 8 9 10

C4

0

1

2

3

4

5

6

7

8

No

of

ob

s

Histogram (Dados.sta 42v*13c)

C5 = 12*1*normal(x; 9,4167; 0,9962)

8% 8%

17%

67%

7 8 9 10

C5

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

No

of

ob

s

70

Histogram (Dados.sta 42v*13c)

C6 = 12*1*normal(x; 8,4167; 1,7299)

8%

0% 0%

8%

33%

17%

33%

4 5 6 7 8 9 10

C6

0

1

2

3

4

5

No

of

ob

s

Histogram (Dados.sta 42v*13c)

C7 = 12*1*normal(x; 6,9167; 3,5537)

17%

0% 0% 0% 0%

8%

0%

17% 17% 17%

25%

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

C7

0

1

2

3

4

No

of

ob

s

Histogram (Dados.sta 42v*13c)

C8 = 12*1*normal(x; 8,1667; 1,4668)

8% 8% 8%

17%

50%

8%

5 6 7 8 9 10

C8

0

1

2

3

4

5

6

7

No

of

ob

s

71

Histogram (Dados.sta 42v*13c)

C9 = 12*1*normal(x; 9,3333; 0,7785)

17%

33%

50%

8 9 10

C9

0

1

2

3

4

5

6

7

No

of

ob

s

Histogram (Dados.sta 42v*13c)

C10 = 12*1*normal(x; 9,25; 0,7538)

17%

42% 42%

8 9 10

C10

0

1

2

3

4

5

6

7

No

of

ob

s

Histogram (Dados.sta 42v*13c)

C11 = 12*1*normal(x; 9,4167; 0,9003)

8%

0%

33%

58%

7 8 9 10

C11

0

1

2

3

4

5

6

7

8

No

of

ob

s

72

Histogram (Dados.sta 42v*13c)

D1 = 12*1*normal(x; 9,8333; 0,3892)

17%

83%

9 10

D1

0

2

4

6

8

10

12

14

No

of

ob

s

Histogram (Dados.sta 42v*13c)

D2 = 12*1*normal(x; 9,6667; 0,6513)

8%

17%

75%

8 9 10

D2

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

No

of

ob

s

Histogram (Dados.sta 42v*13c)

E1 = 12*1*normal(x; 8,3333; 1,2309)

8%

17%

25%

33%

17%

6 7 8 9 10

E1

0

1

2

3

4

5

No

of

ob

s

73

Histogram (Dados.sta 42v*13c)

E2 = 12*1*normal(x; 8,75; 1,2881)

8% 8%

17%

33% 33%

6 7 8 9 10

E2

0

1

2

3

4

5

No

of

ob

s

Histogram (Dados.sta 42v*13c)

F1 = 11*1*normal(x; 8,5455; 0,9342)

9%

45%

27%

18%

7 8 9 10

F1

0

1

2

3

4

5

6

No

of

ob

s

Histogram (Dados.sta 42v*13c)

F2 = 11*1*normal(x; 8,7273; 1,1037)

18% 18%

36%

27%

7 8 9 10

F2

0

1

2

3

4

5

No

of

ob

s

74

Histogram (Dados.sta 42v*13c)

G1 = 12*1*normal(x; 9; 1,4771)

8%

0% 0%

17%

25%

50%

5 6 7 8 9 10

G1

0

1

2

3

4

5

6

7

No

of

ob

s

Histogram (Dados.sta 42v*13c)

G2 = 12*1*normal(x; 9,4167; 0,9962)

8% 8%

17%

67%

7 8 9 10

G2

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

No

of

ob

s

Histogram (Dados.sta 42v*13c)

H1 = 9*1*normal(x; 9,4444; 0,8819)

22%

11%

67%

8 9 10

H1

0

1

2

3

4

5

6

7

No

of

ob

s

75

Histogram (Dados.sta 42v*13c)

H2 = 8*1*normal(x; 8,75; 1,0351)

13%

25%

38%

25%

7 8 9 10

H2

0

1

2

3

4

No

of

ob

s

Histogram (Dados.sta 42v*13c)

H3 = 8*1*normal(x; 9,25; 0,8864)

25% 25%

50%

8 9 10

H3

0

1

2

3

4

5

No

of

ob

s

Histogram (Dados.sta 42v*13c)

H4 = 8*1*normal(x; 9,25; 0,8864)

25% 25%

50%

8 9 10

H4

0

1

2

3

4

5

No

of

ob

s

76

Histogram (Dados.sta 42v*13c)

H5 = 8*1*normal(x; 8,75; 1,0351)

13%

25%

38%

25%

7 8 9 10

H5

0

1

2

3

4

No

of

ob

s

Histogram (Dados.sta 42v*13c)

H6 = 8*1*normal(x; 9,375; 0,9161)

25%

13%

63%

8 9 10

H6

0

1

2

3

4

5

6

No

of

ob

s

Histogram (Dados.sta 42v*13c)

H7 = 8*1*normal(x; 9,125; 0,8345)

25%

38% 38%

8 9 10

H7

0

1

2

3

4

No

of

ob

s

77

Anexo 3 Análise de

Confiabilidade

Fatores: Infraestrutura do Hotel

Summary for scale: Mean=62,4545 Std.Dv.=3,83050 Valid N:11 (Dados.sta)

Cronbach alpha: ,495869 Standardized alpha: ---

Average inter-item corr.: 0,00000

variableMean if

deleted

Var. if

deleted

StDv. if

deleted

Itm-Totl

Correl.

Alpha if

deleted

B1

B2

B3

B4

B5

B6

B7

53,90909 9,90083 3,146558 0,471798 0,366611

54,36364 6,95868 2,637931 0,615814 0,205226

53,18182 10,51240 3,242283 0,304681 0,430189

52,90909 12,62810 3,553604 -0,037681 0,563874

53,36364 12,04959 3,471251 -0,008180 0,571193

53,45454 9,52066 3,085557 0,494413 0,347917

53,54546 12,79339 3,576785 -0,041079 0,556589

Summary for scale: Mean=44,6667 Std.Dv.=3,52480 Valid N:12 (Dados.sta)

Cronbach alpha: ,657012 Standardized alpha: ---

Average inter-item corr.: 0,00000

variableMean if

deleted

Var. if

deleted

StDv. if

deleted

Itm-Totl

Correl.

Alpha if

deleted

B1

B2

B3

B4

B6

36,08333 8,24306 2,871072 0,485432 0,579612

36,41667 4,74306 2,177856 0,746943 0,382626

35,33333 8,05556 2,838231 0,456750 0,586207

35,16667 10,30556 3,210227 0,027113 0,752920

35,66667 8,22222 2,867442 0,445700 0,592342

Summary for scale: Mean=35,1667 Std.Dv.=3,35297 Valid N:12 (Dados.sta)

Cronbach alpha: ,752920 Standardized alpha: ---

Average inter-item corr.: 0,00000

variableMean if

deleted

Var. if

deleted

StDv. if

deleted

Itm-Totl

Correl.

Alpha if

deleted

B1

B2

B3

B6

26,58333 7,909722 2,812423 0,340874 0,790167

26,91667 3,576389 1,891134 0,875688 0,466019

25,83333 6,805556 2,608746 0,530811 0,707143

26,16667 6,805556 2,608746 0,559883 0,694898

Análise Fatorial Fator 1 Fator 2 B2 0,927855 0,213770 B3 0,812438 -0,173553 B6 0,775660 0,037251 B1 0,327367 0,856905 B4 -0,207549 0,838634 Autovalor (eigenvalue) 2,272864 1,514798 Variância Explicada 0,454573 0,302960

78

Fatores: Serviços e Processos do Hotel

Summary for scale: Mean=89,7000 Std.Dv.=8,68012 Valid N:10 (Dados.sta)

Cronbach alpha: ,892035 Standardized alpha: ---

Average inter-item corr.: 0,00000

variableMean if

deleted

Var. if

deleted

StDv. if

deleted

Itm-Totl

Correl.

Alpha if

deleted

C1

C3

C4

C5

C6

C7

C8

C9

C10

C11

80,50000 59,65000 7,723341 0,657483 0,883403

80,80000 54,56000 7,386474 0,601932 0,884164

80,70000 55,41000 7,443789 0,624460 0,881971

80,40000 54,84000 7,405404 0,803511 0,871444

81,30000 44,61000 6,679072 0,830122 0,869536

81,40000 51,24000 7,158212 0,637119 0,884368

81,20000 49,16000 7,011419 0,943781 0,856794

80,40000 59,44000 7,709734 0,644358 0,883496

80,50000 59,05000 7,684400 0,712984 0,880948

80,10000 67,89001 8,239539 -0,039638 0,907424

Fatores: Pessoal e Preço

Summary for scale: Mean=34,8182 Std.Dv.=2,85721 Valid N:11 (Dados.sta)

Cronbach alpha: ,653304 Standardized alpha: ---

Average inter-item corr.: 0,00000

variableMean if

deleted

Var. if

deleted

StDv. if

deleted

Itm-Totl

Correl.

Alpha if

deleted

E1

E2

F1

F2

26,27273 4,743801 2,178027 0,395768 0,611498

25,81818 4,876033 2,208174 0,388609 0,615254

26,27273 4,380166 2,092885 0,602928 0,475472

26,09091 4,628098 2,151302 0,372352 0,632143

Fatores da Fidelidade

Summary for scale: Mean=63,8750 Std.Dv.=4,05101 Valid N:8 (Dados.sta)

Cronbach alpha: ,733769 Standardized alpha: ---

Average inter-item corr.: 0,00000

variableMean if

deleted

Var. if

deleted

StDv. if

deleted

Itm-Totl

Correl.

Alpha if

deleted

H1

H2

H3

H4

H5

H6

H7

54,50000 10,75000 3,278719 0,511617 0,687209

55,12500 9,85938 3,139964 0,585888 0,665610

54,62500 11,73438 3,425547 0,341072 0,725433

54,62500 11,48438 3,388860 0,389250 0,715102

55,12500 12,60938 3,550968 0,118157 0,782156

54,50000 10,00000 3,162278 0,668835 0,648750

54,75000 10,68750 3,269174 0,600020 0,670175